CAPA Historia das Artes Visuais II - 3 periodo.cdr
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CAPA Historia das Artes Visuais II - 3 periodo.cdr
Heloisa de Lourdes Veloso Dumont Vivian da Silva Paulistch HISTÓRIA DAS ARTES VISUAIS II ARTES VISUAIS 3º PERÍODO Heloisa de Lourdes Veloso Dumont Vivian da Silva Paulistch HISTÓRIA DAS ARTES VISUAIS II ARTES VISUAIS 3º PERÍODO Montes Claros - MG, 2010 Copyright ©: Universidade Estadual de Montes Claros UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES REITOR Paulo César Gonçalves de Almeida IMPRESSÃO, MONTAGEM E ACABAMENTO VICE-REITOR João dos Reis Canela PROJETO GRÁFICO E CAPA Alcino Franco de Moura Júnior Andréia Santos Dias DIRETOR DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÕES Giulliano Vieira Mota CONSELHO EDITORIAL Maria Cleonice Souto de Freitas Rosivaldo Antônio Gonçalves Sílvio Fernando Guimarães de Carvalho Wanderlino Arruda REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA Telma Borges da Silva EDITORAÇÃO E PRODUÇÃO Alcino Franco de Moura Júnior - Coordenação Andréia Santos Dias Bárbara Cardoso Albuquerque Clésio Robert Almeida Caldeira Débora Tôrres Corrêa Lafetá de Almeida Diego Wander Pereira Nobre Gisele Lopes Soares Jéssica Luiza de Albuquerque Karina Carvalho de Almeida Rogério Santos Brant REVISÃO TÉCNICA Kátia Vanelli Leonardo Guedes Oliveira Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge - Unimontes Ficha Catalográfica: 2010 Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. EDITORA UNIMONTES Campus Universitário Professor Darcy Ribeiro s/n - Vila Mauricéia - Montes Claros (MG) Caixa Postal: 126 - CEP: 39041-089 Correio eletrônico: [email protected] - Telefone: (38) 3229-8214 Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Carlos Eduardo Bielschowsky Coordenador Geral da Universidade Aberta do Brasil Celso José da Costa Governador do Estado de Minas Gerais Aécio Neves da Cunha Vice-Governador do Estado de Minas Gerais Antônio Augusto Junho Anastasia Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior Alberto Duque Portugal Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes Paulo César Gonçalves de Almeida Vice-Reitor da Unimontes João dos Reis Canela Pró-Reitora de Ensino Maria Ivete Soares de Almeida Coordenadora da UAB/Unimontes Fábia Magali Santos Vieira Coordenadora Adjunta da UAB/Unimontes Betânia Maria Araújo Passos Diretor de Documentação e Informações Giulliano Vieira Mota Diretor do Centro de Ciências Humanas - CCH Mércio Coelho Antunes Chefe do Departamento de Artes Coordenadora do Curso de Artes Visuais a Distância Maria Elvira Curty Romero Christoff AUTORAS Heloisa de Lourdes Veloso Dumont Especialista em Arte-Educação e em História da arte pela Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, graduada em Educação Artística pela Unimontes. Professora do Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernandez e unimontes. Vivian da Silva Paulistch Doutora em História Cultural pela Universidade Estadual de Campinas, mestre em História da Arte e da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas, Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pelotas. Em 2004-05 foi bolsista por um ano pelo programa Amérique Latine do Paul Getty Institut em Paris no Instituto Nacional de História da Arte (INHA-Paris) afim de aprofundar as pesquisas do doutorado. SUMÁRIO DA DISCIPLINA Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Unidade 1: Período Barroco e Rococó . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 1.2 Pintura Barroca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.3 Arquitetura e esculturas Barrocas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Unidade 2: Neoclássico, Romantismo e Realismo. . . . . . . . . . . . . . . 25 2.1 Neoclássico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.2 Romantismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.3 Realismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Unidade 3: Impressionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 3.1 Principais artistas do Impressionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 3.2 Auguste Rodin (1840-1917) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 3.3 Pós-Impressionismo: Seurat, Gauguin, Cézanne, Van Gogh . . 48 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Unidade 4: Arte no século XX. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4.1 Fauvismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4.2 Cubismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 4.3 Futurismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 4.4 Expressionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 4.5 Dadaísmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 4.6 Surrealismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 4.7 O abstracionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 4.8 Expressionismo abstrato. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 4.9 Pop Art . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82 4.10 Optical Art . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Referências básicas, complementares e suplementares . . . . . . . . . . . 91 Atividades de aprendizagem - AA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 APRESENTAÇÃO Prezado acadêmico, Seja bem vindo a esta fase introdutória do conteúdo da Disciplina de Historia das Artes Visuais II do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Aberta do Brasil – UAB Unimontes. Nesta unidade, apresentaremos para você a História da Arte Europeia, iniciando pelo Barroco, que foi onde chegamos no módulo anterior, até a arte no século XX. E como fizemos anteriormente, faremos uma abordagem cronológica, por considerarmos a mais didática. Os objetivos principais deste módulo são: ? Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio artístico e sociocultural de outros povos e nações; ? Proporcionar o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética; ? Compreender e saber identificar a arte como fator histórico social contextualizado nas diversas culturas; ? Identificar as produções presentes nos principais movimentos artísticos, do Barroco à Arte Moderna. Voltamos a enfatizar que esta disciplina é de grande importância para sua formação artística e de arte educador. Diante disso, voltamos a recomendar muita leitura e pesquisa, ações necessárias para que você reconheça e compreenda a variedade dos produtos artísticos e as concepções estéticas presentes na história da arte. Apresentaremos o conteúdo, destacando os aspectos mais importantes de cada momento histórico e artístico, sempre considerando que a arte é o reflexo da sociedade que a produz e tem, portanto, a função de ilustrar o que é a realidade para cada momento da história. Para melhor compreensão, a disciplina será dividida em quatro unidades que, por sua vez, serão subdivididas em tópicos ou subunidades: Unidade 1: Período Barroco e Rococó 1.1 Introdução 1.2 Pintura Barroca 1.2.1 Caravaggio 1.2.2 Pietro da Cortona (Roma, 1596-1669) 1.2.3 Tintoretto (1518-1594) 1.2.4 Peter Paul Rubens (Espanha, 1577-1640) 7 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 1.2.5 Diego Velázquez (1599-1660) - Barroco - Pintura - Espanha 1.2.6 Rembrandt (1606-1669) – Pintura – Barroco – Países Baixos 1.3 Arquitetura e esculturas Barrocas 1.3.1 Bernini (1599-1667) – apogeu da Arquitetura barroca Unidade 2: Neoclássico, Romantismo e Realismo 2.1 Neoclássico 2.1.1 Arquitetura 2.1.2 Pintura 2.1.3 Escultura 2.1.3.1 Antonio Canova (1757-1822) 2.1.3.2 Thorvaldsen (1770-1844) 2.2 Romantismo 2.2.1 Pintura 2.2.2 Arquitetura 2.2.3 Escultura 2.3 Realismo 2.3.1 Pintura 2.3.2 Escultura – Auguste Rodin (1840-1917) Unidade 3: Impressionismo 3.1 Principais artistas do Impressionismo 3.1.1 Claude Manet (1840- 1926) 3.1.2 Camille Pissaro (1830-1903) 3.1.3 Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) 3.1.4 Frederic Bazille (1841-1870) 3.1.5 Mary Cassat (1844-1926) 3.1.6 Berthe Morisot (1841- 1895) 3.1.7 Edgar Degas (1834-1917) 3.3 Pós-Impressionismo: Seurat, Gauguin, Cézanne, Van Gogh 3.3.1 Paul Cézanne ( 1839-1906) 3.3.2 Georges Seurat (1859-1891) 3.3.3 Toulouse Lautrec (1864-1901) 3.3.4 Vincent Van Gogh (1853-1890) 3.3.5 Paul Gauguin (1848-1903) Unidade 4: Arte no século XX 4.1 Fauvismo 4.1.1 Henri Matisse (1869-1954) 4.1.2 André Derain (1880-1954) 4.1.3 Raoul Dufy (1877-1953) 8 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes 4.1.4 Maurice de Vlaminck (1806-1958) 4.1.5 Georges Rouault (1871-1958) 4.2 Cubismo 4.2.1 Pablo Picasso (1881-1973) 4.2.2 Georges Braque (1882-1963) 4.2.3 Cubismo Analítico 4.2.4 Cubismo Sintético 4.3 Futurismo 4.3.1 Principais artistas 4.4 Expressionismo 4.4.1 Die Brücke 4.4.2 Der Blaue Reiter 4.5 Dadaísmo 4.5.1 Marcel Duchamp (1887-1968) 4.6 Surrealismo 4.6.1 Joan Miró (1893-1983) 4.6.2 Salvador Dalí (1904-1989) 4.7 O abstracionismo 4.7.1 Vassily Kandisnsky (1912-1944) 4.7.2 Kazimir Malevitch (1878-1935) 4.7.3 Piet Mondriam (1872-1944) 4.8 Expressionismo abstrato 4.8.1 Jackson Pollock (1912-1956) 4.9 Pop Art 4.9 1 Andy Worhol (1930-1987) 4.9.2 Roy Lichetenstein (1923-1997) 4.9.3 Jasper Johns (1930- ) 4.10 Optical Art 4.10.1 Victor Vassarely (1908-1998) 4.10.2 Escher (1898-1972) Leiam muito, abram espaços para a interação com os colegas, para o questionamento, para a leitura crítica dos textos, enfim, mergulhem de fato na história da arte. Com imenso carinho, torcemos para que tenha um excelente aprendizado. As autoras 9 1 UNIDADE 1 PERÍODO BARROCO E ROCOCÓ 1.1 INTRODUÇÃO PARA REFLETIR Caro acadêmico, lembramos que nesta parte da Unidade serão apresentados vários artistas que ilustrarão a Arte do Barroco e do Rococó, quando, diferentemente da Arte renascentista, a emoção predomina sobre o racionalismo. O século XVII, na Europa, vê a plenitude de um momento artístico chamado Barroco (período que vai de 1600 a 1750) dominado pela irregularidade, a fantasia e a sobrecarga decorativa. As origens da palavra barroco são incertas, provavelmente derivada do espanhol barrueco e do português barroco, indicando um tipo de pérola de forma irregular e imperfeitamente redonda. Roma acabou se tornando o local de origem desse estilo, devido ao papado ter voltado a patrocinar a produção de obras de arte, com o objetivo de transformar a cidade na mais bela do mundo cristão. Entretanto, a arte Barroca não se restringiu à Europa católica. Desenvolve-se nos países protestantes e na arte Ibero-americana. Após a Reforma Protestante, se impõe a Contra-Reforma e o barroco torna-se sua expressão artística. A pintura e a escultura integraram-se na arquitetura, deixando de ter caráter apenas decorativo. Essa integração das artes começa a se concretizar no plano urbanístico de Roma em 1585, mas o Barroco aflora realmente com Bernini, Pietro da Cortona e Borromini, igualmente em Roma em 1930: a obra maior de Bernini é a colunata oval da Praça de São Pedro (veremos adiante). No Renascimento, já podemos perceber elementos da estética barroca em Michelangelo, considerado por muitos o precursor do barroco, pois já apresenta a força de expressão necessária para a obtenção de tais efeitos. Entre as obras desse artista, citamos o “Juízo Final”, afresco cujas características são plenas de intensidade expressiva e vigor, que se evidencia nas figuras que anunciam esse estilo. A arte barroca Europeia pode ser também definida como uma manifestação do poder estabelecido, isto é, o dos grandes monarcas, o da burguesia protestante e da Igreja triunfante. Os escritos e as ideias presentes na obra de Wöllflin reconhecem no Barroco uma categoria ideal, expressão de uma constante universal, de uma ‘visão do mundo’ em perpétua antítese com a visão clássica, que encontramos nas mais diferentes épocas e que teria relação com todas as formas da civilização. 11 Reforma Protestante: um movimento dinâmico de autorenovação na Igreja Católica, provocando consequências que ultrapassaram as questões da fé. Foi um movimento iniciado no sec. XVI por Martinho Lutero, protestando contra diversos pontos da doutrina da Igreja Católica. Contra Reforma: Movimento criado no seio da Igreja católica, em resposta à reforma protestante de Martinho Lutero. O naturalismo serviu à Igreja como instrumento da ContraReforma; o Classicismo, aos intelectuais; o Realismo, à burguesia e o Barroco à Igreja triunfante e aos monarcas absolutos. DICAS Heinrich Wöllflin (1864-1945): é um historiador suíço e teórico da arte. Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período B GC GLOSSÁRIO A E F Claro-escuro: grande contraste entre a luz e a sombra na representação de um objeto. Pode ser definido ainda como Perspectiva tonal. Naturalismo: É um movimento que busca a imitação da natureza com exatidão, privilegiando os temas da vida cotidiana. Figura 01: O Juízo Final. 1535-41. Michelangelo. H 137 X 122 cm. Afresco para a Capela Sistina, Vaticano. Fonte: http://www.christusrex.org/www1/sistine/40-Last.jpg- 24/08/2009 1.2 PINTURA BARROCA A pintura do período Barroco é uma pintura mais próxima do realismo, e tem como foco mais importante os retratos no interior das casas, nas paisagens e naturezas mortas, e ainda em cenas populares, como é o caso do Barroco Holandês. A expansão e o fortalecimento do Protestantismo levaram os católicos a lançar mão da pintura como meio de divulgação de sua doutrina, o que levou os artistas a buscarem um realismo o mais convincente possível. A pintura barroca tem características bem marcantes como: 1- composição assimétrica, com o uso exagerado de diagonais, revelando figuras retorcidas; 2- forte contraste de claro-escuro, visando intensificar a sensação de profundidade da pintura. 3- preferência por cenas de grande intensidade dramática, com temas realistas, a fim de atingir todas as camadas sociais; 4- uso da luz artificial, projetada para conduzir o olhar do expectador para os acontecimentos mais relevantes da obra. 12 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes 1.2.1 Caravaggio (1571-1610) Pintor italiano, filho de um arquiteto, teve seus primeiros ensinamentos em 1584, em Milão, com o pintor S. Peterzano. Nas suas obras da maturidade artística, acentua-se a representação da realidade mais brutal e mais imediata, utilizando-se de fortes contrastes de luz e sombra. É através dessa luz que o pintor modela as figuras e traduz os espaços e as situações, intervindo como uma aparição simbólica. Caravaggio procurava seus modelos entre os vendedores, músicos, pessoas do povo. O que mais caracteriza sua pintura é o modo revolucionário de utilização da luz, o qual será reutilizado por outros pintores. Essa luz não aparece como reflexo, mas é criada intencionalmente para dirigir a atenção do observador. O grande contributo que Caravaggio trouxe à pintura foi o uso magistral que fez do claro-escuro. Nesta pintura de Caravaggio, na figura 2, “A vocação de São Mateus”, seu realismo é tão inflexível, que um novo termo, naturalismo, seria necessário para distinguir esta peça da fase anterior, o Maneirismo e o Alto Renascimento, respectivamente. Isto se dá por ser a primeira vez que um tema sacro foi pintado de forma tão contemporânea da vida das pessoas dessa época. Figura 2: A vocação de São Mateus. 1596-98. Caravaggio. Óleo sobre tela, H 338 x 348 cm. Capela Contarelli, San Luigi dei Francesi, Roma. Fonte: JANSON; JANSON, 1996, p. 251. 13 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período Nesse ambiente de interior, veem-se dois grupos de homens; à esquerda, um grupo sentado em volta de uma mesa, portando armas e bem vestidos. À direita, outros dois homens com pés descalços e roupas simples. Ao fundo tem-se uma janela e um raio de luz que incide da direita para a esquerda. O grupo com trajes coloridos à esquerda seriam São Mateus, o cobrador de impostos e seus agentes armados. A religiosidade dessa cena pode ser apercebida pelo intenso raio de luz acima da figura, que seria a de Cristo, que ilumina o rosto e a mão do santo nesse interior sombrio, levando, assim, seu chamado até Mateus. É essa luz tão natural e ao mesmo tempo simbólica que conscientiza o espectador da presença divina. 1.2.2 Pietro da Cortona (Roma, 1596-1669) A pintura barroca desenvolveu-se também nos tetos de igrejas e palácios. Essa pintura, de efeito sobretudo decorativo, foi realizada em audaciosas composições de perspectiva. Assim, foi, por exemplo, o trabalho deste pintor e arquiteto italiano. Em Roma, pintou uma de suas principais obras: “História de Enée” no Palácio Pamphili (ver figura 3), que é seu trabalho mais importante na pintura religiosa. Figura 03: Enée arrivant à l’embouchure du tibre. Afresco do ciclo ‘A História de Enée’. Pietro da Cortona. Roma, Palácio Pamphili. Fonte: Encyclopédie de L’Art,1986, p. 794. A crítica moderna valorizou a obra de Pietro, reconhecendo nele um dos principais protagonistas da arte barroca. Ele obteve também um papel de destaque na arquitetura, que orientou para um novo classicismo, inspirado em Bramante e Palladio ainda que, ao mesmo tempo, com vigorosos efeitos plásticos, como os de Michelangelo. 14 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes 1.2.3 Tintoretto (1518-1594) PARA REFLETIR O pintor italiano foi aluno de Ticiano e os temas de seu mestre estão certamente presentes em suas primeiras obras, como em: Conversão de Saul (National Gallery of Arts, Londres) e Ecce Homo (Masp, São Paulo). Na pintura de Tintoretto, é notória a utilização dos efeitos contrastantes de luminosidade, o movimento agitado dos personagens e, enfim, a qualidade do toque pictural – rápido, descontínuo, carregado de tensão – permitiram ao artista condensar os diferentes momentos da ‘história’ em uma representação dramática que busca profundamente uma ligação emocional com o espectador. No quadro “São Jorge e o dragão” (ver figura 4), O /santo é apresentado derrotando o animal à beira do mar. A lenda refere-se a São Jorge, um cavaleiro da Cappadocia (Turquia), que salvou uma donzela de um dragão em Silene, na Líbia. O tratamento do tema é incomum: a figura da princesa é dominante, e no centro está um cadáver que o dragão estava prestes a comer. A figura de “Deus Pai”, bênção do santo, aparece no céu. A leitura da narrativa visual fica em torno da princesa. As cores azul e rosa estão presentes nas vestimentas tanto da princesa quanto em São Jorge. Figura 04: São Jorge e o Dragão. Tintoretto. 1560. Óleo sobre tela, 57.5 x 100.3. cm. National Gallery, Londres. Fonte: http://www.nationalgallery.org.uk/paintings/jacopotintoretto-saint-george-and-the-dragon 29/07/2009 15 Bramante: Foi um dos maiores arquitetos da Renascença. Conseguiu destaque através de seus estudos de geometria e da perspectiva. Sua obra mais importante foi o projeto da Basílica de São Pedro em Roma, que foi mais tarde complementado pelo artista Michelangelo. Vide site: http://www.pegue.com/artes/ berco.htm Palladio: Arquiteto Italiano, que criou o Palladianismo. Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período O pequeno tamanho da tela sugere que foi pintado para um ambiente doméstico ou para uso devocional. Como consequência desse ato de coragem cristã, houve muita conversão ao cristianismo. Mais tarde, ele foi perseguido e martirizado pelo imperador Diocleciano. 1.2.4 Peter Paul Rubens (1577-1640) Rubens foi o artista flamengo que ocupou um lugar de especial importância na pintura barroca internacional. O pintor cresceu na Antuérpia, capital dos Países Baixos Espanhóis e foi católico devoto por toda sua vida. Rubens teve o aprendizado com artistas locais, mas só desenvolveu seu estilo pessoal quando foi para a Itália, e lá foi influenciado pelo mestre Van Veen, que despertou em Rubens o gosto pela cultura clássica, fazendo com que ele permanecesse no país por oito anos. No entanto, preferiu se estabelecer na Antuérpia como pintor da Corte do regente espanhol, onde era respeitado não só como artista, mas também como diplomata. Na figura 5, temos uma pintura denominada “O Jardim do Amor”, uma composição que representa a entrada de um palácio onde um grupo de pessoas está cercado por alegres cupidos. Nessa obra tardia do mestre, a luminosidade delicada sugere grande calma e suavidade refinada. Figura 5: O Jardim do amor, 1632-34. Rubens. Óleo sobre tela. H 198 X 283 cm. Museu do Prado, Madri, Espanha. Fonte: PROENÇA, G., 2009, p. 143. PARA REFLETIR 1.2.5 Diego Velásquez (1599-1660) Para saber mais sobre a Capela Sisitina visite o site: http:\\www.historiadaartehp.hp g.ig.com.br/tetodacapelasistina. htm, e conheça mais sobre a Capela Sistina. Pintor espanhol nascido em Sevilha; sua pintura tinha certa intuição para o naturalismo, com predileção por cenas da vida popular, o que pode ser visto em suas primeiras obras. A influência de Caravaggio se verifica igualmente em seus quadros com temas religiosos, através de contrastes marcados pela luz e sombra. 16 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes “As meninas”, figura 06, um grande quadro localizado no Museu do Prado, em Madri, na Espanha, é uma de suas obras mais conhecidas. Trata-se da representação de um retrato de personagens da monarquia espanhola, numa cena que representa o momento em que o artista executa a obra. Na cena, o artista ser auto representa, tornando a imagem uma representação ao mesmo tempo cotidiana, espontânea e instigante. Figura 06: As Meninas. 1656. Diego Velázquez. Óleo sobre tela. H 317 X 274 cm. Museu do Prado, Madri, Espanha. Fonte: PROENÇA, G. 2009, p. 150. O quadro poderia ser intitulado “O artista em seu estúdio”, pois ele mostra-se a si mesmo trabalhando; no centro encontra-se a pequena Princesa Margarita e suas companheiras de brincadeiras e suas damas de honra. Os rostos dos pais, o rei e a rainha, aparecem no espelho da parede do fundo. A ambigüidade está no sentido de que: será que o espelho reflete apenas uma parte da tela? Em “As Meninas”, as variedades de luz direta e indireta são quase ilimitadas e o artista estabelece uma relação entre a imagem no espelho, as pinturas que ocupam a mesma parede e a ‘pintura’ do homem junto à porta aberta. A obra de Vélazquez foi muito apreciada pelas suas qualidades cromáticas e suas pinceladas, sendo considerada como uma antecipação da sensibilidade moderna. 17 DICAS Sugestão de Leitura: Leiam o Texto de Foucault “As meninas de Velasquez”. In: FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. Trad. Salma Tannus Muchail. Martins Fontes, 2002, p. 03-21. Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 1.2.6 Rembrandt (1606-1669) DICAS Lastman: foi um notório pintor de paisagens históricas. Para conhecê-lo melhor, visite site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Piet er_Lastman. Rembrandt foi o maior dentre os gênios da arte holandesa, pintor e gravador. Seus primeiros quadros e gravuras são na maior parte de temas religiosos e parecia estar próximo do estilo caravagesco e de Pieter Lastman (seu mestre). Suas primeiras pinturas são pequenas, fortemente iluminadas e de um realismo intenso. O artista possui uma predileção pelos efeitos de luz violentos e teatrais, e ao mesmo tempo por personagens em plena ação. A partir de 1630, desenvolveu um estilo maduro, com violentos contrastes luminosos, com uma vaga e misteriosa evocação de formas envoltas pela sombra, cuja interpretação emocional dos temas representados se aprofunda cada vez mais. Um exemplo disto é o quadro “O Cegamento de Sansão”, figura 07, onde o artista nos mostra a crueldade da história descrita no Velho Testamento em toda sua violência e esplendor. A inundação de uma luz brilhante, que se derrama sobre a cena escura, é teatral e confere intensidade ao drama. Figura 07: O Cegamento de Sansão. 1636. Óleo sobre tela. H 236 X 302 cm. Stadelsches Institut, Frankfurt, Alemanha. Fonte: JANSON; JANSON, 1996, p. 267. Rembrandt, em sua pintura, aparece orientado para uma representação sempre mais interiorizada da realidade e das aventuras humanas. O artista buscou compreender e expressar a verdade escondida, distanciandose cada vez mais das convenções artísticas e do sentido da ‘dignidade’ da sociedade contemporânea de sua época. 18 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes 1.3 ARQUITETURA E ESCULTURAS BARROCAS B GC GLOSSÁRIO A arte do período Barroco era dirigida a um grande público, com a intenção de persuadir e estimular as emoções, através de movimentos dinâmicos e predomínio de curvas, pelo jogo de luz e sombra e uso do dourado, e ainda pela dramaticidade e teatralidade das esculturas. A arquitetura, por sua vez, se inspira na arquitetura clássica, porém não podemos dizer que seja uma continuação do Renascimento, pois não segue fielmente as combinações da arte clássica, transformando os conceitos e elementos da arte renascentista. É um clássico rebelde, com o significado do “Grotesco”. 1.3.1 Bernini (1598-1680) Bernini foi arquiteto, escultor e decorador de teatros e festas italianas; seu talento precoce o torna um dos mais importantes artistas italianos do Barroco. A E F O termo, derivado do italiano grottesco (de grotta,"gruta" ou "cova"), surge na ornamental história da arte, aplicado a um estilo um estilo ornamental inspirado em decorações murais da Roma antiga, descobertas em ruínas escavadas no Renascimento. Fonte: http://www.itaucultural.org.br/a plicexternas/enciclopedia_ic/ín dex B GC GLOSSÁRIO A E F Colunatas: longa sequência de colunas ligadas por entablamentos que, Frequentemente, constituem um elemento autônomo, como na famosa colunata curva elíptica que Bernini desenhou para a Basílica de São Pedro. B GC GLOSSÁRIO A Figura 08: Colunata em frente à Basílica de São Pedro. 1657-66. Bernini. Vaticano. Fonte: http://www.christusrex.org/www1/citta/B2-Conciliazione.jpg. acesso 04/08/2009 Ao compararmos seu “Davi” ao de Michelangelo, (ver figura 09) vemos que o que caracteriza sua escultura como Barroca seria a presença de Golias. O Davi de Bernini (ver figura 10) não pode ser considerado como uma figura autônoma, mas como a metade de um par, pois a escultura barroca evita a auto-suficiência, tendo um ‘complemento invisível’. 19 E F Tour de force: É uma locução substantiva de origem francesa, que significa grande esforço, proeza, façanha. Fonte: http://br.answers.yahoo.com/qu estion/index? Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período A escultura barroca tem sido reconhecida por apresentar um tour de force, tentando obter efeitos ilusionistas, que estão além de seu campo. Segundo Proença, havia nas esculturas renascentistas um equilíbrio entre aspectos intelectuais e emocionais. Já nas obras barrocas, esse equilíbrio desaparece, dando lugar à exaltação de sentimentos. As formas procuram expressar o movimento e recobrem-se de efeitos decorativos. Predominam as linhas curvas, os drapeados das vestes e o uso do dourado. Os gestos e o rosto das personagens revelam fortes emoções e atingem uma dramaticidade desconhecida no Renascimento. [...] (PROENÇA, 2009, p. 138). Figura 09: David. 1501-04. Michelangelo. Mármore. H: 4,089m. Academia, Florença. Fonte: JANSON; JANSON, 1996, p. 212. Figura 10: David. 1623. Gian Lorenzo Bernini. Mármore, tamanho natural. Galeria Borghese, Roma. Fonte: JANSON; JANSON, 1996, p. 256. 20 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Algumas de suas obras serviram de elemento decorativo nas igrejas, como o baldaquino (ver figura 11) da Basílica de São Pedro no Vaticano. Bernini criou majestosas colunas retorcidas e decoradas com motivos florais para o baldaquino de bronze construído pelo Papa Urbano VIII, que foi colocado sobre o centro da cúpula projetada por Michelangelo. Figura 11: Baldaquino (1624-33) da Basílica de São Pedro, Vaticano. Fonte: http://www.christusrex.org/www1/citta/Baldachino.jpg.Acesso 29/07/2009 Sua obra-prima é a Capela Cornaro, que contém o famoso grupo de esculturas chamado “O Êxtase de santa Tereza” (figura12) na Igreja de Santa Maria della Vittoria. Segundo o relato da própria Santa, os ferimentos lhe causaram tanta dor, que se transformaram na experiência mística do amor que ela desejou que jamais acabasse. Nesta escultura, em que Tereza é visitada por um anjo que lhe fere o peito várias vezes por uma flecha, Bernini deu a essa experiência visionária uma sensualidade em que o êxtase da Santa é claramente físico. Figura 12: O Êxtase de Santa Tereza. 1645-52. Gianlorenzo Bernini. Mármore, tamanho natural. Capela Cornaro, Santa Maria della Vittoria, Roma. Fonte: JANSON; JANSON, 1996, p. 257 21 As duas figuras, em sua nuvem flutuante, são iluminadas (a partir de uma janela), de tal modo que parecem quase imateriais e o espectador as sente como visões. B GC GLOSSÁRIO A E F Baldaquino: É um elemento arquitectónico arquitectónicopara resguardo de altar, retábulo, escultura portal, etc. Fonte: http://pt.wikipedia.org/ wiki/Baldaquino Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 1.3.2 Borromini (1599-1667) – apogeu da Arquitetura barroca Francesco Borromini, arquiteto italiano, tem o começo de sua atividade artística em Milão. Trabalhou em Roma para Maderno, quando se torna colaborador da basílica de São Pedro, e para o palácio Barberini. Entre as suas principais obras está a fachada da Igreja “San Carlo alle Quattro Fontane” começada em 1665 e terminada em 1682 por seu sobrinho Bernardo. A complexidade geométrica das plantas dos edifícios de Borromini reflete o contraste de forças e de tensões que serviram como base para as obras do artista. Figura 13: Fachada e Planta, San Carlo alle Quatro Fontane, Roma.1638-67. Francesco Borromini. Fonte: JANSON, 1996, p. 258. Na Igreja San Carlo alle Quattro Fontane (figura 13), a sintaxe é nova e o jogo de superfícies côncavas e convexas faz com que a estrutura pareça elástica, com uma planta de forma oval, comprida nas extremidades, sugerindo uma cruz grega. Para os interiores, o efeito do modelo plástico é acentuado pela pureza das paredes, ligeiramente recobertas por pinturas que tomam lugar das ricas incrustações, escolhidas por outros arquitetos barrocos, o que contribui com a dinâmica espacial em função da incidência e difusão calculada da luz ou da penumbra delicada. 22 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Na fachada, as pressões e contrapressões alcançam uma intensidade máxima. O artista recua e arredonda as superfícies das paredes com um movimento suave, por vezes mais dramático ou então dá uma irresistível ligação vertical obtida pela continuidade perfeita das estruturas, de acordo com as características do Barroco. Assim, a obra é dirigida ao grande público, com a intenção de persuadir e estimular as emoções, através de movimentos dinâmicos e predomínio de curvas. REFERÊNCIAS ENCICLOPÉIE DE L’ART. Paris: Librairie générale française, 2000. GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Tradução Álvaro Cabral. Editora, 2002. JANSON, H. W. & JANSON, A. F. Iniciação à História da Arte. Trad. Jefferson Camargo São Paulo: Martins Fontes, 1996. JOBERT, B. Delacroix, le trait romantique. [Exposição, Paris, Bibliothèque nationale de France, 7 avril – 13 julho 1998]. Paris: Bibliothèque nationale de France, 1998. LACLOTTE, M. Orsay la peinture. Paris: Scala, 2003. PONCE DE LÉON, P. G. Breve história da Pintura. Trad. José Carlos Teixeira. Madrid: ed. Lisboa, 2006. PROENÇA, G. História da Arte. São Paulo: Ática, 2009. O LIVRO DA ARTE. Trad. Monica Stahel São Paulo: Martins Fontes, 1999. http://www.christusrex.org/www1/citta/B-Baldachino.jpg http://www.christusrex.org/www1/citta/B2-Conciliazione.jpg http://br.answers.yahoo.com/question/index h t t p : / / w w w. n a t i o n a l g a l l e r y. o r g . u k / c g i - b i n / We b O b j e c t s . d l l / CollectionPublisher.woa/wa/largeImage? http://www.christusrex.org/www1/sistine/40-Last.jpg 23 2 UNIDADE 2 NEOCLÁSSICO, ROMANTISMO E REALISMO 2.1 NEOCLÁSSICO O Neoclássico foi um movimento cultural e artístico que se difundiu entre a metade do século XVIII e o começo do século XIX, buscando retornar à arte da antiguidade clássica, considerada exemplo de equilíbrio e beleza. Esse movimento desenvolve-se paralelamente às pesquisas arqueológicas, especificamente a descoberta das cidades de Herculano e Pompeia, quando ocorre uma retomada da arte greco-romana. Esse fato também está ligado aos comportamentos típicos da filosofia das Luzes. Na metade do século XVIII, vê-se um apelo de volta à razão, influência da Revolução Francesa, apogeu da burguesia e início da revolução industrial. Nas artes bem como na economia, na política e na religião, esse movimento racionalista se contrapôs ao Barroco e ao Rococó. Nascido nas artes figurativas, o Neoclassicismo quis propor, contra as formas agitadas, o excesso e irregularidades do Barroco, os modelos de rigor e harmonia que pareciam até então pertencer somente à Antiguidade. O maior teórico desse período foi o historiador da arte Johann Winckelmann, que defendia uma arte feita de equilíbrio, de elegante precisão em detrimento do excesso de estilo e de expressões passionais. Nesse período é marcante a presença das academias de arte, difundidas como o lugar de formação do artista, privilegiando a formação técnica e o projeto. Em vista disso, fortalece o Academicismo nos temas e nas técnicas, cujas regras são ensinadas nas escolas ou academias. 2.1.1 Arquitetura O famoso tratado de Winckelmann pregou a imitação da ‘simplicidade nobre e grandeza calma’ dos gregos. O primeiro monumento desse novo estilo foi iniciado em Paris; trata-se do Panteão, projetado por Jacques Soufflot (1713-1780), e construído inicialmente para ser uma Figura 14: . Panteão Sainte Geneviève, Paris, 1755-92. Igreja. (ver figura14). Jacques G. Soufflot. Fonte: http://www.paris.org/Monuments/Pantheon /gifs/pantheon.html. 08/08/2009 25 B GC GLOSSÁRIO A E F Filosofia das Luzes: de acordo com o site: http://www.filosofianet.org/ modules.php, foi um movimento que “[...] surgiu no século XVIII, na França, Inglaterra e Alemanha. Caracteriza-se pela defesa da ciência e da racionalidade crítica, contra a fé, a superstição e o dogma religioso. Esse movimento tem dimensões literária, artística e política (defende as liberdades individuais e os direitos do cidadão contra o autoritarismo político e o abuso do poder). Os iluministas acreditavam que o homem poderia se emancipar através da razão e do saber, ao qual todos deveriam ter livre acesso. O racionalismo e a teoria crítica do pensamento contemporâneo podem ser considerados legados da tradição iluminista. Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período A arquitetura Neoclássica, de acordo os autores Pinto, Meireles e Cambotas, foi inspirada nos cânones estruturais, formais e estéticos da arte clássica e, [...] “preocupada em representar e servir o presente, [...] apresenta algumas características gerais” (PINTO, MEIRELES, CAMBOTAS, 2001, p. 634): Empregou materiais nobres, tradicionais – como a pedra, o mármore, o granito, as madeiras... – mas não rejeitou totalmente os modernos, como o ladrilho cerâmico e o ferro fundido, de mais baixo custo e maior funcionalidade. Fê-lo apropriadamente, sabendo explorar, em todos eles, as suas potencialidades naturais de resistência, textura, brilho, cor. Por esse motivo, os materiais eram normalmente deixados à vista, acentuando as estruturas que compunham. Usou processos técnicos avançados, do seu tempo, preferindo, contudo, os sistemas construtivos simples, aos quais soube aliar, quando necessário, esquemas mais complexos, estruturados a partir do arco redondo, da inspiração romana e adaptados aos modernos processos técnicos. (Pinto, Meireles, Cambotas, 2001, p. 634. O Panteão é o edifício representativo do novo Classicismo arqueológico e tecnicista; a Igreja se tornará um emblema de uma época e de uma virada cultural; foi proclamada em 1791, santuário laico da Nação, sob o nome de Panteão. Figura 15: Panteão Sainte Geneviève, Paris, 1755-92, Jacques G. Souflot. Fonte: Encyclopédie de L’Art, 2000, p. 950. 26 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Soufflot elaborou para esse projeto soluções de uma grande audácia estrutural: as naves interiores são divididas por altas colunas corintianas, com entablamento contínuo, sobre o qual Jean-Antoine Houdon apoia, com leveza, arcos e cúpulas; a planta tem a forma de cruz grega; a grande cúpula central se inspira na da Basílica de São Paulo de Londres. 2.1.2 Pintura Jacques Louis David (1748-1825) Pintor francês; começou seus primeiros trabalhos em Paris com quadros de temas mitológicos e históricos. Em 1775 obtém um prêmio e vai para Roma completar seus estudos, mudança que foi determinante para a nova orientação artística de David. Em Roma, David fez uma releitura profunda do Classicismo da Renascença (Rafael) e do século XVII (Poussin), num clima cultural muito movimentado dominado pelas teorias classicisantes de Winckelmann. Mas foi, sobretudo, o estudo da escultura antiga que fez com que a escultura de David tivesse como resultado o aspecto puro e rigoroso, evidente nas obras dessa época. David foi um dos protagonistas do Neoclassicismo europeu e um mestre indiscutível pela quantidade de alunos jovens que teve. Na sua pintura, o retorno ao ideal clássico adquire o caráter de uma finalidade ética programada, realizada com uma tenacidade muito além de toda incerteza e de toda contradição estética e formal. O quadro “Marat Assassine” (A Morte de Marat), pela profunda emoção que desperta, é considerado sua obra-prima. O tema representado é o assassinato de uma líder político em sua banheira. Figura 16: A Morte de Marat.1793. David. Óleo sobre tela, H 165 X 128 cm. Museu Real de Belas Artes, Bruxelas. Fonte: PROENÇA, G. 2009, p.173 Marat (personagem do quadro) tinha um doloroso problema de pele, que o obrigava a fazer seus escritos na banheira, sobre uma prancha de madeira que servia de base (escrivaninha). Charlotte Corday, jovem senhora, o interrompeu com uma petição pessoal e enfiou-lhe uma faca, enquanto ele lia o documento. David compôs a cena com exatidão e expressão rigorosa, o que resulta no testemunho público a um herói martirizado. 27 B GC GLOSSÁRIO A E F Entablamento: presente nos templos gregos; constitui-se do conjunto de arquitrave, friso e cornija. Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 2.1.3 Escultura O desenvolvimento da escultura no período Neoclássico segue o padrão da pintura e da arquitetura nesse turbilhão de mudanças sociais. Os escultores estavam também subjugados às estátuas da Antiguidade e ao mesmo tempo ao novo critério de um verismo absoluto. Um dos artistas que se destacou foi Jean-Antoine Houdon (17411828), escultor francês que estudou em Roma, realizando inúmeros estudos anatômicos. O artista realizou bustos, com um estilo marcado pelo realismo, colocando fortemente em evidência a anatomia e a expressão psicológica. (ver figura 17). Figura17: Voltaire. 1781. Houdon. Terracota e Mármore, H 119 cm. Museu Fabre, Montpellier, França. Fonte: http://collectionsonline.lacma.org/MWEBimages/eps 02_mm/full/M2004_5.jpg. 12/08/2009 A escolha por ater-se a uma concreta realidade humana dos modelos sempre fixados em um instante, ou um olhar ao espectador, permitia a Houdon evitar ceder às seduções do Rococó tardio ou de se adaptar mais tarde a certa frieza própria do gosto neoclássico, que não influencia seu último período de produção artística. De acordo com Pinto, Meireles e Cambotas, a escultura Neoclássica copiou a maneira de representação das formas clássicas com grande fidelidade, minúcia, perfeição e sentido estético. [...] “os corpos nus e seminus, de formas reais, serenas, em composições simples, mas expressivos e impessoais, revelando por vezes apenas o domínio dos cânones, sem a 28 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes força da imaginação e da liberdade criativas”. (Pinto; Meireles; Cambotas, 2001, p. 650). Dentre os artistas mais relevantes desse período, destacamos ainda Antonio Canova e Thorvaldsen. 2.1.3.1 Antonio Canova (1757- 1822) Artista Veneziano que abandonou lentamente o estilo Barroco e a Itália para atingir o ápice do Neoclássico na França. Suas “obras de temas Mitológicos, como: “A Vênus de Marte”, “Psiché reanimada por um beijo”, “Perseu” e outras, fizeram com que figuras públicas, como Napoleão Bonaparte, fossem transformadas em deuses romanos (figura 18). 2.1.3.2 Thorvaldsen (17701844) Escultor dinamarquês, estudou em Roma e, Figura 18: Estátua de Napoleão – Londres, 1806, através do artista Antonio Antonio Canova, mármore, alt. 340 cm. Fonte: Pinto, Meireles e Cambotas (2001, p. 651). Canova, conheceu a arte escultórica. Em função dessa influência, soube combinar com maestria a arte antiga e seus cânones formais, de grande refinamento e serenidade, com o gosto burguês da época. De acordo com Pinto, Meireles e Cambotas, sua obra era vista pelos críticos como produção de pouca originalidade, composta de [...] “uma fria elegância neoclássica como em “Jasão”. Contudo, pouco a pouco teve a sensibilidade do Romantismo transbordando em sua obra, como [...] “em Cristo abençoando a multidão, onde é nítida a tendência neoclássica, pois Cristo parece um deus grego, mas seu olhar e seus braços, dirigidos à multidão, são próprios do sentimentalismo romântico”. (PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 652) (figura 19). 29 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período Figura19: Cristo – 1821. Bertel Thorbaldsen, 345 cm. Fonte: http://www.thorvaldsensmuseum.dk/en/ collections/work/A82 - Acessado em 22/09/2009 2.2 ROMANTISMO B GC GLOSSÁRIO A E F Mitologia Nórdica: A mitologia nórdica é uma coleção de crenças e histórias compartilhadas por tribos do norte da Germânia (atual Alemanha), sendo que sua estrutura não designa uma religião, no sentido comum da palavra, pois não havia nenhuma reivindicação de escrituras que fossem inspiradas por algum ser divino. Fonte:http://pt.wikipedia.org/wi ki/Mitologia_nórdica. 12/08/2009 O Romantismo foi um movimento artístico europeu do começo do século XIX, no qual a aceitação e os limites históricos variam consideravelmente, segundo cada país. Primeiramente apresentado como posterior e reagindo contra o Neoclassicismo, vemos que a estética romântica desenvolve-se, de fato, paralelamente a este. O Romantismo caracteriza-se pela recusa de toda pretensão moralizante e pela importância concedida ao irracional. Ele se desenvolve primeiramente na Inglaterra e na Alemanha, com a literatura. Todos os artistas que aderem a essa tendência sustentam uma grande observação à literatura; remetem à honra da mitologia nórdica e concedem posição de destaque ao imaginário, ao mistério e ao fantástico. Os temas eram, em geral, fatos reais da história nacional e da cultura contemporânea dos artistas do período. Além disso, saliente-se que a natureza começa a ganhar importância e passa a ser o tema da pintura. Esse interesse por cenas contemporâneas se exprime através da realização das obras com formato grande e com extrema força de representação, de um cromatismo vibrante e de contrastes brutais de luz e sombra. Os contrastes de claro e escuro e a cor reaparecem produzindo efeitos de dramaticidade no espectador. Os românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista. Nesse sentido, pode-se dizer que uma das características mais marcantes desse movimento é a valorização dos sentimentos e da imaginação como princípios da criação artística. 30 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Negando a estética do Neoclassicismo, a pintura romântica se aproxima das formas barrocas. Assim, os pintores românticos como Goya e Delacroix recuperam o dinamismo e uma sugestão de agitação que tinha sido negada pelos Neoclássicos. Esse estilo desordena completamente a hierarquia dos gêneros, engajando assim um movimento continuado cujo prolongamento direto pode ser buscado no realismo dos anos de 1850. 2.2.1 Pintura Eugène Delacroix (1798-1863) A geração de artistas do Romantismo mescla a tendência de uma emoção intensa com a epopeia, alternando, nesses mesmos pintores, os temas ligados ao drama, à loucura e ao erotismo. Um exemplo é o quadro do artista francês Eugène Delacroix “A liberdade guiando o povo”, de 1830 (ver figura 20), largamente apreciado na exposição do Salão de 1831 na França. A representação realista da canaille (plebe) chocou grande parte da crítica. Sabe-se que, no entanto, a opinião política não era um critério determinante: pertencer à esquerda ou à direita teria aqui nessa representação menos consequências do que os pressupostos estéticos. Nessa obra (ver figura 20), todas as referências disparam frente a uma criação original e nova na sua aliança quase indissociável entre o realismo e idealismo. O rosto retratado como o perfil de uma medalha, o ombro desnudo, o boné vermelho, o gesto voluntário e decidido, o pano da bandeira (francesa) tricolor, transformam a mulher do povo em Liberdade. A composição do quadro acentua também um caráter simbólico, alcançado pelo valor da estrutura piramidal na qual está submetida. Delacroix colocou em primeiro plano os cadáveres, em uma posição que não parece ser relativamente estática, pois se relaciona com o movimento dos personagens de trás e que imprimem sua dinâmica à obra inteira. A “quente” tonalidade do conjunto faz ressaltar a Liberdade que se destaca sobre um fundo de nuvens que lembram sutilmente as três cores da bandeira. Figura 20: A Liberdade guiando o povo. 1830. Eugène Delacroix. Óleo sobre tela. H. 260 X 325 cm. Paris, Museu do Louvre. Fonte: JOBERT, 1997, p.131. 31 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período Francisco José Goya y Lucientes (1746-1828) Pintor e gravador espanhol, Goya foi também retratista da corte espanhola, da alta sociedade, de pessoas do povo e de cenas históricas. Além da pintura, se consagrou com desenhos, entre os quais citamos as séries “Álbum de Madri”, que satiriza costumes da sociedade de sua época; “Os desastres da guerra”, que retrata imagens do caráter desumano, desesperado e cruel da guerra e ‘Tauromaquia”,que contrasta os aspectos festivos e trágicos das touradas. Sua obra se apresentou, em sua maioria, em quadros de pequeno tamanho, representando cenas de loucura, de fanatismo, de bruxaria e de suplício. Na série de gravuras denominada Os caprichos (publicada em 1799), Goya busca exprimir com imaginação gradativamente dramática e satírica a revolta contra todo tipo de superstição, de malvadeza e de opressão. O quadro “Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808” (ver figura 21) evoca, de maneira épica, sua série anterior ‘Desastres da Guerra’. Esse quadro apresenta uma composição diagonal, onde vemos um grupo de soldados à direita, no instante anterior ao fuzilamento; um outro grupo de homens encontra-se à esquerda e um deles está com os braços erguidos para o alto. Essa cena, onde a luz concentrada está sobre o homem de camisa branca, representa o fuzilamento, por soldados franceses, de cidadãos espanhois contrários à ocupação de seu país pelo Imperador Napoleão I. Figura 21: Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808. 1814-15. Goya. Óleo sobre tela. H. 263 X 410 cm. Museu do Prado, Madri. Fonte: PROENÇA, 2009, p.176. Na obra de Goya é possível perceber a influência de Velázquez, além de se destacar a total liberdade de observação e execução, independente de todo ideal acadêmico de beleza e conveniência da época. O artista, através de sua criação, enfatizou a dramaticidades e constituiu um emocionante testemunho dos acontecimentos de sua época abrindo caminho a numerosas experiências artísticas, entre as mais importantes do século XIX. 32 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes 2.2.2 Arquitetura B GC GLOSSÁRIO As alternativas estilísticas sempre foram continuamente acrescidas, pelos arquitetos, através das mudanças artísticas de cada época. Em meados do século XIX, o Renascimento e, a seguir, o Barroco voltaram à moda, fechando o círculo do movimento de revivescência estilística. Essa última fase de arquitetura romântica, que se prolongou até 1900, atingiu seu apogeu na Ópera de Paris (ver figura 22) projetada pelo arquiteto francês Charles Garnier (1825-1898). A E F Ecletismo: Método que reune teses de sistemas diversos. Método que busca a conciliação de doutrinas diversas. Fonte: Dicionário Aurélio. B GC GLOSSÁRIO Figura 22: Ópera de Paris. 1861-74. Garnier. Fonte: http://www.paris.org/Monuments/Opera/gifs/opera.garnier.html Garnier utilizou elementos arquiteturais heterogêneos, essencialmente vindos da arquitetura clássica do século XVI, recompondo-os em um novo esquema, que privilegia as curvas e a percepção das estruturas pela exuberância da decoração e da policromia dos materiais. Essa estética de tipo barroco encarna a aspiração eclética da época. Pela sua originalidade, sua ampla concepção e a riqueza dos materiais utilizados, o “Ópera de Paris” torna-se o símbolo da festa imperial, mas também do modelo racionalista pelos seus dispositivos cênicos bem como pela sua distribuição rigorosa de funções e serviços, que serão utilizados por futuros teatros desse tipo. O caráter neobarroco que persiste nessa obra origina-se mais da profusão de escultura e ornamento do que do seu vocabulário arquitetônico. Nela vemos pares de colunas na fachada, citando o Palácio do Louvre, combinadas com uma ordem menor, que remete ao Renascimento italiano. 33 A E F Policromia: é o emprego de muitas cores num mesmo trabalho, formando um tom agradével (harmônico). B GC GLOSSÁRIO A E F Neobarroco: é um termo usado “para descrever criações artísticas, que contêm importantes aspectos do estilo Barroco. Esse estilo insere-se no contexto da segunda metade do século XIX, sobretudo a partir de 1880”. Fonte: http:\\ pt.wikipedia. org/wiki/neobarroco Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período O edifício reflete o gosto desta época, palco dos beneficiários da Revolução Industrial, enriquecidos e poderosos herdeiros da velha aristocracia, preferindo assim, estilos pré-revolucionários aos Clássico e Gótico respectivamente. Nessa arquitetura civil e comercial a introdução de novos materiais e técnicas viria a exercer profunda influência no estilo arquitetônico do final do século. O mais importante foi o ferro, nunca antes usado nas construções como material e estrutura. 2.2.3 Escultura Na escultura não houve nenhuma revivência do Gótico, mas sim uma adaptação do estilo Neoclássico. Segundo Pinto, Meireles e Cambotas, para contemplar o espírito Romântico, [...] a escultura teve de encontrar os meios técnicos e formais para exaltar os sentimentos e as emoções, ganhando expressividade e dinamismo. Várias são as modalidades da escultura neste período: a religiosa, a funerária, a histórica e monumental, o retrato, a caricatura e a de gênero. Dependendo da arquitetura ou isolada, a escultura romântica acompanhou as mudanças políticas e sociais do séc. XIX e, por isso, glorificou e deu vida aos homens importantes do seu tempo. A temática, vibrante e dramática, exaltava o sentimento ou imaginação e, consequentemente, inspirou-se na natureza (animais e plantas); em temas heróicos, baseados na Historia, na lenda ou na literatura [...]. Ainda de acordo com os autores, as normas de representação da perfeição das formas neoclássicas não foram seguidas na totalidade; os autores não deram preferência às composições estáticas e de superfícies lisas, mas procuraram a “expressividade exaltada dos sentimentos e emoções, o movimento e o dramatismo, demonstrando certo sentido teatral”. (PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS 2001, p. 668). Os escultores franceses românticos mais significativos foram: August Préault (1809-79); François Rude (1784-1855); Antoine-Louis Barye (1796-1875); Jean-Baptiste Carpeaux (1827-1875) e Frederic-Auguste Bartholdi (1834-1904). 34 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes François Rude (1784-1855) A sua obra prima é “A partida dos voluntários ou A Marselhesa” (figura23). Essa escultura foi colocada em um dos pilares do arco do triunfo da Estrela em Paris. Trata-se de uma série épica, que pelos personagens nus esculpidos à maneira clássica remete ao Neoclassicismo e, pela expressividade e entusiasmo, ao Romantismo. 2.3 REALISMO É um movimento Figura 23: A Marselhesa - calcário 1280 x 792 artístico que começa na com. François Rude. Fonte: Pinto; Meireles; Cambotas, 2001, p. 668. França nos anos de 1830 e se prolonga oficialmente até o fim do século XIX. A atitude realista procede, por um lado, de uma reorientação da iconografia no sentido de temas contemporâneos daquela época e retirados do universo cotidiano, e de uma vontade de criar, por outro lado, imagens acessíveis a todos, quer dizer, representações visíveis e compreensíveis. O Realismo se manifesta por uma formulação desnudada de pathos e pela busca de uma fidelidade franca e total à natureza, opondo-se abertamente às práticas acadêmicas ao longo dos anos de 1840. O movimento procurou representar diretamente a realidade com técnicas pictóricas que descartavam o ilusionismo da pintura acadêmica. O movimento encontrou seus fundamentos intelectuais somente em 1857 com a publicação do manifesto de Champfleury. Os artistas se inspirararam na pintura caravagesca italiana, na espanhola e na abundante produção de ilustrações das décadas anteriores. Com Courbet, particularmente, a realidade cotidiana, por vezes miserável, foi tratada numa escala de pintura de história, mas com uma visão desprovida de heroísmo. O fato de que esse movimento sempre foi associado às preocupações sociais ou políticas contribuiu para a exclusão desse termo de toda uma produção dotada de um realismo arqueológico ou naturalista no sentido científico do termo, como por exemplo, a pintura Neoclássica. 35 B GC GLOSSÁRIO A E F Pathos: é uma palavra grega que significa paixão, excesso, catástrofe, passagem, passividade, sofrimento e assujeitamento. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/ Pathos- 18/08/2009 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 2.3.1 Pintura Gustave Courbet (1819-1877) Pintor francês; instalou-se em Paris em 1839, a fim de se consagrar à pintura. Courbet era fascinado pela pintura veneziana, flamenga e holandesa dos séculos XVI e XVII, que ele copiava no Louvre (Paris). As obras que apresentou nos Salões de Paris foram motivo de muitos escândalos, por não seguirem os padrões acadêmicos e neoclássicos, até que um colecionador começa a se interessar por sua obra. Suas composições são executadas com uma pincelada nova, grossa e robusta, que dá aos seres e às coisas densidade e peso. As paisagens e as marinas são descritas em valores de verdes escuros ou representadas de cinzas. O público e a crítica reprovam a vulgaridade em Courbet e seus temas retirados dos camponeses e da indecência de seus nus tão sensuais. Na obra “Homem ferido” (figura 24), o autor subscreve a subjetividade, investindo a temática romântica de um artista heroicizado pelo sofrimento. A obra foi pintada em 1844 e retomada por Courbet dez anos mais tarde, após uma ruptura amorosa. A figura feminina que se apoiava originalmente no ombro do pintor, desapareceu para dar lugar a uma espada, e Courbet acrescentou no nível do coração, uma mancha vermelha de sangue em sua camisa. O artista articula, nessa obra, com ambiguidade e sedução, o registro autobiográfico mais íntimo, evocando um duelo e uma agonia confundidos com o abandono sensual do sono. Figura 24: L 'homme blessé (O homem ferido). Entre 1844 e 1854. Óleo sobre tela. H. 81,5 X 97,5 cm. Courbet. Paris, Museu D’Orsay. Fonte: Http://www.musee-orsay.fr/fr/collections/ oeuvres-ommentees/recherche.html? no_cache=1&zoom=1&tx_damzoom_pi1%5BshowUid%5D=1867 do Museu D’Orsay – acesso em 12/08/2009 36 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Figura 25: Courbet. Interior do meu atelier - Uma alegoria real resuminindo sete anos de minha vida de artista. Entre 1854 e 55. Óleo sobre tela. Paris, Museu D’Orsay. Fonte: www.1st-art-gallery.com/.../My-Atelier.html - 14/12/2008 -11:52min De acordo com Strickland (2004, p. 84), Gustave Couvert era um artista de grande pragmatismo, que “desafiou o gosto convencional por pinturas históricas e temas poéticos, insistindo que a pintura é essencialmente uma arte concreta e tem de ser aplicada às coisas reais e existentes”. Como resultado de toda esta praticidade, o artista utilizava temas ligados à vida cotidiana como: “O enterro do Conde de Ornans”, “Interior do meu atelier”, figura 26, obra que foi recusada por um júri, e considerada por Coubert como a sua mais importante obra, levando assim o artista a construir uma galeria particular para exposições, chamada de “Pavilhão do Realismo”, construída em um barracão. Ainda de acordo com Strickland (2004.p. 84), quando o artista foi convidado a pintar anjos respondeu: ”Nunca vi anjos. Se me mostrarem um, eu pinto”. Detestava a teatralidade da arte das academias. REFERÊNCIAS ENCYCLOPEDIE DE L'ART. Paris: Librairie générale française, 2000. GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Tradução Álvaro CabralSão Paulo: LTC Editora, 2002. JANSON, H.W. & JANSON, A. F. Iniciação à História da Arte. Trad. Jefferson Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1996. JOBERT,B. Delacroix, le trait romantique. [exposição, Paris, Bibliothèque nationale de France, 7 abril-13 julho 1998]. Paris: Bibliothèque nationale de France , 1998. 37 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período LACLOTTE, M. Orsay la peinture. Paris: Scala, 2003. PONCE DE LÉON, P.G. Breve história da Pintura. Trad. José Carlos Teixeira. Madrid: Ed. Lisboa, 2006. PRETTE, Maria Carla. Para entender a arte: história, linguagem, época e estilo. São Paulo: Globo, 2008 PROENÇA, G. História da Arte. São Paulo: Ática, 2009. O LIVRO DA ARTE. Trad. Monica Stahel. São Paulo: Martins Fontes, 1999. http://www.filosofianet.org/modules.php 38 3 UNIDADE 3 IMPRESSIONISMO O movimento Impressionista marcou a primeira revolução total na produção artística, desde o Renascimento. De acordo com Strickland, o impressionismo [...] “nasceu na França no início dos anos de 1860, na sua forma mais pura só durou até 1886; apesar disso determinou o curso da maior parte da arte que se seguiu”. (STRICKLAND, 2004, p. 96). Contou em seu elenco original com os artistas: Manet, Monet, Renoir, Degas, Pissaro, Sisley, Morisot e Mary Cassat, que tinham como maior propósito retratar as sensações vividas ao contemplar uma cena. O movimento artístico priorizava temas ligados às paisagens ao ar livre, beira de mar, ruas e cafés parisienses. Ainda segundo Strickland, o movimento surgiu depois que Renoir, Manet, Bazille e Sisley eram estudantes em um atelier parisiense, excepcionalmente unidos devido seu interesse comum em pintar a natureza ao ar livre, eles faziam excursões juntos para pintar com os artistas de Barbizon. Quando um professor pediu que pintassem a partir de modelos antigos, os jovens rebeldes deixaram o trabalho no curso formal. “Vamos sair daqui”, disse Monet “É um lugar insalubre”. Aclamaram Manet como seu ídolo, não pelo estilo, mas por sua independência. Rejeitados pelos guardiões do oficialismo, em 1874 os impressionistas decidiram mostrar seu trabalho como grupo – a primeira de oito exposições cooperativas. (STRICKLAND, 2004, p. 99). Ainda de acordo com o autor, essa nova forma de pintura era diferente das normas técnicas da pintura convencional. Aboliram o método de fazer esboços ao ar livre e concluir no atelier, o que, para eles, era uma heresia. Não mais usavam a luz e cor da forma tradicional, pois retratavam a vida momentânea, mostrando uma impressão descuidada da natureza. Além disso, a composição era desconsidera pelos impressionistas. Para Strickland, o Impressionismo muito contribuiu para a arte pictórica, pois a pintura a partir de então nunca mais seria a mesma. Para o autor, os pintores do século XX: “[...] ou expandiram a sua prática ou reagiram contra ela. Desafiando a convenção, esses rebeldes estabeleceram o direito do artista de experimentar com estilo pessoal.” (STRICKLAND, 2004, p. 99). 39 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 3.1 PRINCIPAIS ARTISTAS DO IMPRESSIONISMO Os artistas impressionistas eram unidos por uma busca incomum: a pesquisa de uma pintura naturalista e antiacadêmica. Nesse sentido, todos estavam atraídos, nos primeiros anos, pelo naturalismo de Courbet e as estampas japonesas, que começaram a se difundir na França e mostravam as possibilidades de síntese que se poderia obter através da estilização da linha e da cor. O Salão de 1863, onde Manet expõe “Le déjeuner sur l’herbe” (O almoço na grama), (Figura 26), marcou o começo do debate inflamado no qual contribuíram, não somente os jovens artistas, mas também Manet, Degas e a crítica de arte. Figura 26: Le Déjeuner sur l’herbe.1863, Óleo sobre tela, H 208 X 264, Museu D’Orsay, Paris. Édouard Manet. Fonte: LACLOTTE et al., 2003, p. 56. A pesquisa de uma nova pintura dá seus frutos entre 1867 e 1869, período no qual Monet, Pissaro e Renoir pintavam ao ar livre, na tentativa de reproduzir efeitos de luz sobre a água dos rios Sena e Oise. Monet, ao encontrar sua expressão máxima conciliando numa mesma pincelada vivacidade e fluidez, torna-se o fundador do grupo. Em 1874, Degas organizou em Paris a primeira exposição comum dos impressionistas no estúdio do fotógrafo francês Nadar, o que marcou o nascimento efetivo do movimento. Durante essa exposição foi usado, pela primeira vez, o termo impressionismo, retirado de um quadro de Monet, intitulado “Impressão, sol que se levanta”, de 1872. 40 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes O movimento não foi objeto por parte dos protagonistas de uma verdadeira elaboração teórica: o desejo comum de todos era praticar uma pintura fundada sobre a impressão frente ao tema. O registro dessa impressão visual mudaria conforme a variação, ao longo do dia, da incidência de luz sobre esse tema. A experiência de possibilidades infinitas da cor conduziria à utilização de pesquisas por parte de Chevreul sobre a decomposição das cores e a abolição dos tons de cinza e do preto da paleta dos impressionistas. Nesse sentido, a luminosidade e a expressão pictural, repousando sobre contrastes coloridos, torna-se cada vez maior. Os principais temas dos impressionistas eram as paisagens luminosas, os retratos delicados, as cenas da vida da pequena burguesia, que refletiam a vida de uma sociedade urbana e tranquila. Mesmo sendo parte de um mesmo movimento, durante os dez anos que trabalharam juntos, os impressionistas guardaram sua personalidade original: Manet manteve um enfoque na construção cromática, influenciando Pissaro e Cézanne; Cézanne se orienta para a pesquisa de estruturas das formas; Degas é influenciado pelas estampas japonesas, enquanto que Sisley, M. Cassat, B. Morisot, e Renoir se submetem mais fielmente à lógica do impressionismo que Monet leva ao extremo, chegando a alcançar, após 1889, uma pintura que poderíamos considerar informal. 3.1.1 Claude Monet (1840-1926) No quadro abaixo, em grande formato, denominado “Mulheres no jardim” (Figura 27), reconhecemos Camille Doncieux, com que Monet se casou em 1870. Esta obra foi iniciada ao ar livre, e segundo o testemunho de um amigo do artista, esta obra foi recusada no Salão de 1867. Nesta obra podemos observar características essenciais à obra de Monet: preservar na obra acabada a Figura 27: Mulheres no Jardim. 1866-7. Óleo sobre vivacidade do rascunho, tela, H 255 X 205, Museu D’Orsay, Paris. C. Monet. Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p. 64. operar a fusão das figuras com o espaço em volta, por um enérgico partido de oposição de luz e sombra e o espaço total da obra pintado com largas pinceladas justapostas. 41 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 3.1.2 Camille Pissaro(1830-1903) DICAS A representação das camponesas constitui um dos temas mais pessoais e mais fecundos do artista, longínquo eco aos camponeses de Millet. Com o quadro “Jovem camponesa fazendo fogo” (Figura 28) Pissaro torna-se um dos maiores representantes do Impressionismo, movimento do qual é um dos fundadores. Ver obras do artista Camile Pisssaro no site: http://www.mestresdapintura.c om.br/loja/impressionismocamille-Pissaro-c-43_61.html A partir de 1886, Pissaro passa a se interessar por pesquisas dos novos artistas, adotando uma pincelada dividida segundo o método experimentado por Georges Seurat (veremos no item 3.3). B GC GLOSSÁRIO A E F Divisionismo: Seurat acreditava que a arte deveria basear-se num sistema e conduziu o impressionismo a uma fórmula rigorosa. Inventou um método a que deu o nome “pintura óptica” (também conhecida como divisionismo, neo-impressionismo ou pontilhismo). O método consistia em colocar pingos de tinta lado a lado. Depois, eram fundidos aos olhos do observador. Seurat acreditava que esses pontos de cor intensa, dispostos sistematicamente em padrões precisos, imitariam os efeitos ressoantes da luz com maior fidelidade que a prática intuitiva e mais aleatória dos impressionistas. Fonte:http://www.portalartes.co m. br/portal/dicionario_read. asp?id=763 - 18/08/2009 Um grupo de pintores ‘independentes’, belgas, solicitou aos dois pintores, Pissaro e Seurat, em 1887 e 1889, a participação de ambos em Bruxelas na exposição dos XX. Na ocasião, Pissaro expôs o quadro “jovem camponesa fazendo fogo”. A partir desse momento, o artista se distancia do movimento impressionista e aproxima-se dos neo–impressionistas e a sua nova forma de pintura. Ao evitar a fragmentação muito acentuada da pincelada, “respeitando o máximo possível as leis das cores”, Pissaro desenvolve uma concepção pessoal do “divisionismo”, em que a trama fechada da feitura constitui uma matéria densa, fruto de um trabalho lento e cuidadoso, revelando um efeito luminoso doce e unificado. Figura 28: Jeune paysanne faisant du feu (Jovem camponesa fazendo fogo).1888 Óleo sobre tela, H 98,2 X 92,5 cm, Museu D’Orsay, Paris. Camille Pissaro. Fonte: http://www.musee-orsay.fr/fr/collections/oeuvres-commentees/peinture.html. acesso em 18/08/2009 42 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes 3.1.3 Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) A obra intitulada “Baile no Moinho da Galette” (Figura 29), uma das mais importantes de Renoir, na metade dos anos de 1870, foi exposta na exposição do grupo impressionista de 1877. Mesmo que o pintor tenha escolhido representar alguns de seus amigos, na tela ele se propõe primeiramente a promover a atmosfera alegre deste estabelecimento popular, em Montmartre. O estudo da massa de gente em movimento, em uma luminosidade por vezes natural e por outra artificial, é retratado por pinceladas vibrantes e coloridas. O sentimento de certa dissolução de formas foi uma das causas de reações negativas da crítica da época. Este quadro é uma das obras-primas do impressionismo pelo seu tema sobre a vida parisiense, seu estilo inovador, mas também por seu formato imponente. Figura 29: Bal au Moulin de la Galette (Baile no Moinho da galette) Montmartre 1876 Óleo sobre tela, H 131 X 175 cm , Museu D’Orsay, Paris. Renoir. Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p. 81. 3.1.4 Frederic Bazille Bazille, vindo de uma família de notários de Montpellier (França), se instala em Paris em 1862 para fazer estudos de medicina, antes de optar pela pintura. No atelier de Charles Gleyre torna-se amigo de Monet, Renoir e Sisley, com quem partilha sua admiração por Manet. Esse período de atelier proporciona a Bazille relações de amizade e intimidade que uniram esses artistas precursores. Na Figura 30, o artista retrata o atelier que dividiu com Renoir de 01 de Janeiro de 1862 a 15 de Maio de 1870, na Rua Condomine, em Paris. No centro do quadro, vemos Bazille com a paleta nas mãos. Manet, com de chapéu, observa o quadro sobre o cavalete. À direita, Edmond Maître, amigo de Bazille, está sentado ao piano. Em cima dele, uma natureza morta de Monet nos indica o fato de que Bazille o ajudava financeiramente através de compra de suas obras. 43 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período Figura 30: Atelier de Bazille.1870 – Óleo sobre tela, H 98 X 128, Museu D’Orsay, Paris. F. Bazille. Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p. 59. Alguns meses mais tarde, após sua morte durante os combates da guerra franco-prussiana, esse quadro foi lido como um emocionante testamento. 3.1.5 Mary Cassat (1844-1926) Na pintura, “Jovem Menina no jardim”, Mary Cassat usa uma paleta clara e viva, cores que caracterizam a obra da artista, pintora americana que introduziu o impressionismo junto a colecionadores e amadores do outro lado do Atlântico. Grande amiga de Degas, ela participou das exposições do grupo impressionista a partir de 1879. Os retratos de pessoas próximas, normalmente mulheres e crianças escolhidos da intimidade do seu cotidiano, são frequentes em sua obra. Figura 31: (Jovem Menina no Jardim) Jeune fille au jardim. Entre 1880 e1882 - Óleo sobre tela, H 92 X 65, Museu D’Orsay, Paris. Mary Cassatt . Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p. 80. “Jovem menina no Jardim”, também intitulada “Mulher costurando”, testemunha com originalidade a figura de uma mulher representada ao ar livre. O quadro foi exibido na sua última exposição coletiva, em 1886. O fundo, ricamente colorido, é estruturado por um caminho, larga faixa diagonal, que determina o plano de fundo. A artista valoriza a representação da jovem mulher, monumental em um primeiro plano. A pincelada rápida e em forma de estudo, no qual mostra a saia contrastante com o contorno justo e fechado do rosto e busto da mulher, evidencia que a artista não renunciou à precisão do desenho e da forma. 44 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes 3.1.6 Berthe Morisot (1841-1895) O quadro mais célebre de Berthe Morisot, “Le berceau” (O berço), foi pintado em 1872, em Paris. A artista representou uma de suas irmãs, Edma, tomando conta do sono de sua filha, Blanche. Foi a primeira vez que uma imagem de maternidade apareceu na obra de Morisot, tema que vai se tornar um dos seus prediletos. O olhar da mãe, a linha de seu braço esquerdo dobrado faz eco ao braço dobrado do bebê; os olhos fechados do bebê traçam uma diagonal que sublinha o movimento do mosqueteiro do plano de trás. Na diagonal ela une mãe e bebê. O gesto de Edma, que está retirando parte do véu do berço entre o espectador e o bebê reforça ainda mais o sentimento de intimidade e de amor protetor expresso no quadro. Berthe Morisot expôs “O Berço” na ocasião da exposição impressionista de 1874; foi a primeira mulher a expor com o grupo. Após várias tentativas de vender esse quadro, Berthe Morisot não o expõe mais e “O berço” ficou na família da artista até sua aquisição pelo Museu do Louvre em 1930. Figura 32: Le berceau (O berço) 1872, Óleo sobre tela, H 56 X 46, Museu D’Orsay, Paris. Berthe Morisot. Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p. 80. 45 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 3.1.7 Edgar Degas (1834-1917) DICAS Émile Zola: Conheça mais sobre o principal fundador do movimento naturalista, visitando o site: http://educacao.uol.com.br/bio grafias/ult1789u480.jhtm acesso: 29/07/2009 Diferentemente dos outros impressionistas, Degas é um pintor nitidamente urbano, que amava pintar os lugares fechados dos espetáculos, de lazer e de prazer. Na Figura 33, vemos um café, lugar de encontro da moda, uma mulher e um homem, sentados lado a lado, estão em um isolamento silencioso; os olhares são vazios e tristes, os traços desfeitos, além de um ar abatido. A obra talvez possa ser vista como uma denúncia dos efeitos do absinto, bebida alcoólica violenta e nociva que teve seu consumo proibido. Com esse mesmo sentido, pode-se aproximar este quadro do livro do escritor naturalista Émile Zola, intitulado L'Assommoir (Taberna), escrita alguns anos mais tarde. A dimensão realista é flagrante: o café pode ser identificado, chama-se "La Nouvelle Athènes", localizado na place Pigalle, em Paris, um lugar de reunião dos artistas modernos e do foyerintelectual da boemia. O quadro foi pintado em seu atelier e não no local. As personagens retratadas são indivíduos de sua relação pessoal: Ellen André era artista e modelo vivo para os pintores; Marcellin Desboutin era pintor e gravador. Degas precisou expressar publicamente que os personagens não eram alcoólatras. A composição descentralizada, tratando os espaços vazios e seccionando o cachimbo e a mão do homem foi inspirada nas estampas japonesas. O artista usa esse artifício nesta obra para, assim, reproduzir certo desequilíbrio etílico, inerente à cena representada. Expressiva e significante é também a presença de sombra dos dois personagens, na silhueta refletida pelo vasto espelho nas Figura 33: Dans un café, dit aussi L'absinthe (Em um café, dito Absintho) 1873. Óleo sobre tela, H 92 X 68, 5, costas dos dois. Museu D’Orsay, Paris. Edgar Degas. Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p. 78 46 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes 3.2 AUGUSTE RODIN (1840-1917) A escultura neste período não se preocupou com a idealização da realidade. O escultor que fez sua carreira internacional e mais se destaca é o francês Auguste Rodin (1840-1917). Teve sua formação na Escola especial de matemática e desenho com o professor H. Lecoq de Boisbaudran; depois fez o curso de escultura. Como foi recusado na Escola de Belas Artes, começou a trabalhar como decorador. Recusado no Salão (escultura-Homem com o nariz quebrado1864), parte para a Itália, onde admira e estuda a obra de Michelangelo. Rodin faz inúmeras mutações nas suas obras, elaborando expressões contrastantes por deformações violentas, às quais o artista submete seus personagens. Na obra que é um conjunto escultórico denominado “Os burgueses de Calais”, de 1895, Figura 34, temos a narração de um episódio da Guerra de Cem Anos entre a França e a Inglaterra. Os personagens são seis homens aristocratas da cidade de Calais (França), que estão se dirigindo ao acampamento inglês onde irão se apresentar para possivelmente morrer, evitando assim a destruição da cidade. Figura 34: Os burgueses de Calais. 1895. Jardins do Parlamento Britânico, Londres. Rodin. Fonte: PROENÇA, 2009, p.181. 47 PARA REFLETIR Guerra dos cem anos: foi um conflito que marcou o processo de formação das monarquias nacionais da França e da Inglaterra. Vide mais informações no site: www.mundoeducacao.com.br/. ../guerra-dos-cem-anos.htm acesso em: 26/08/2009 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 3.3 PÓS-IMPRESSIONISMO: SEURAT, GAUGUIN, CEZANNE, VAN GOGH O termo pós-impressionismo foi introduzido em 1910 pelo crítico inglês R. Fry, na ocasião da exposição “Manet e os pós-impressionistas”, organizada em Grafton, galeria de Londres. As obras que são apresentadas documentam uma reação ao Impressionismo, durante o período compreendido dos anos de 1880 e 1905. Manet é considerado como o ponto de partida da crise. Paul Cézanne (1839-1906) Filho de um banqueiro, Cézanne fez seus estudos em Aix e logo depois se liga à Émile Zola e, após estudos de Direito, faz sua primeira viagem a Paris em 1861. Para Prette, o artista [...] “transformou a visão de vibrações luminosas e cromáticas do Impressionismo em uma visão “mental” de formas plásticas, modeladas pela cor”. O que significa que para Paul Cézanne os elementos da natureza podem ser [...] “modelados segundo três formas fundamentais: a esfera, o cone, e o cilindro”. (PRETTE, 2008, p. 298). Figura 35: Natureza morta com maçãs e laranjas. Óleo sobre tela, Museu d'Orsay, Paris. Paul Cézanne. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_C%C3%A9zanne. Acessado em 26/09/2008. No quadro “Casas em Gardanne”, Figura 36, o artista já antecipa a visão do cubismo, onde pode ser percebida claramente a simplificação das formas. 48 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Figura 36: Casas de Gardanne, 1885-1886 – detalhe, óleo s/tela. NY Metropolitan Museum. Paul Cézanne. Fonte: PRETTE, 2008, p. 298. Georges Seurat (1859-1891) O tema do circo foi frequentemente tratado nos anos de 1880, em particular por Renoir e Degas. Mas “Circo” longe de toda visão anedótica de um lazer moderno, apresenta-se como uma das mais impressionantes aplicações das teorias divisionistas. Seurat interpreta teorias sobre os efeitos psicológicos da linha e da cor bem como da mistura ótica das cores. Seurat, com essa obra, Figura 37, ambiciona uma simbiose entre criação artística e análise científica, juntando-se assim a uma das grandes preocupações do século XIX. Figura 37: Cirque (Circo) 1890-1891, Óleo sobre tela, H 185 X 152, Museu D’Orsay, Paris. Georges Seurat. Fonte: LACLOTTE et al, 2003, p.103. 49 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período Toulouse Lautrec Toulouse Lautrec nasceu de uma família nobre da França, os Toulose. No entanto, devido a uma tragédia na infância – fraturas nas pernas - que as atrofiou, de modo que na vida adulta tinha as pernas curtas, como as de uma criança, e a cabeça e o torso de um adulto. Tornou-se alcoolatra e sinfilitico, preferindo a companhia de marginais e boêmios. De acordo com Strickland, a obra de Toulouse Lautrec se assemelhava à obra de Edgard Degas, tanto em estilo quanto em conteúdo. Para o autor, “[...] Lautrec deu, porém, sua própria contribuição substancial em litografia e cartaz, dois meios que, paraticamente inventou.“ (STRICKLAND, 2004, p. 115) Embora, a princípio, Degas humilhasse Lautrec devido ao seu ressentimento por causa dessas expropriações, foi o próprio Degas quem o reconheceu como impressionista. Figura 38: “No Moulin Rouge”, 1892, 120x 140 cm, óleo s/tela. ArtI Institute Of Chicago. Toulouse Lautrec. Fonte: http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/toulouse-lautrec Figura 39: Cartaz de Toulouse Lautrec para o Moulin Rouge, 1891. Fonte: http://www.wisegorilla.com/images/ Impressionism/368px-Toulouse-Lautrec.jpg acesso 04/07/2009 Lautrec, assim como Degas, desenhava seus temas a partir da vida contemporânea, ou seja, os cafés de Paris, os salões de dança e circos. Assim como Degas, Lautrec também se especializou em retratar momentos de movimento e de privacidade através de flagrantes e vislumbres da vida, usando para isso cortes abruptos, quase fotográficos. Usava composições assimétricas e tinha grande admiração pelas gravuras japonesas, com mostra a Figura 39. 50 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Van Gogh (1853- 1890) Van Gogh viveu muitos anos na França e conheceu o grupo de impressionistas. Teve uma vida muito dramática e conturbada, que culminou com o suicídio. Van Gogh tinha um temperamento extremamente inquieto, que expressava em sua obra, marcada pela originalidade. Usava as cores de maneira nova para a época, com pinceladas marcadas e uma pasta cromática densa, sendo as tintas muitas vezes usadas em estado puro. De acordo com Prette, na pintura de Van Gogh, "A pincelada constroi a imagem com traços vorticosos, às vezes feitos com o cabo do pincel ". (PRETTE, 2008, p. 304). O artista utilizou como tema principal a paisagem. A pintura de Van Gogh tem uma estrutura dinâmica, ondulada e os céus não são serenos, mas vincados de nuvens vorticosas e o sol e a lua espalham sua luz com raios de pura cor amarela. Na obra “O quarto de Van Gogh”, figura 40, o artista mostra a pobreza e sua vida material. Usou nesta obra cores complementares azul e laranja, em várias gradações. Figura 40: O quarto de Van Gogh em Arles, 1889. Oleo S/tela - Museu D ‘Orsay. Van Gogh Fonte: PRETTE, 2008, p. 304. A obra de Van Gogh transmite uma mensagem forte e apaixonada. Para Prette, a carga expressiva da sua pintura revela os estados de ânimo do artista, a sua alegria ou a própria dor. Os românticos comunicavam essas emoções com a pintura tradiconal; Van Gogh o fez usando a cor, a técnica, o desenho de modo expressivo. A Mensagem artistica, que caiu no vazio enquanto o artista estava vivo, foi recebida com entusiasmo pelos jovens pintores que viream depois dele, no início do século XX. ( PRETTE, 2008, p. 305). 51 PARA REFLETIR Vorticosos: Que se movem em espiral. Cores complementares: São as cores opostas no círculo cromatico, e o complemento de uma cor primária será sempre uma secundaria. São as cores que oferecem as melhores ombinações. Ex: Verde é complementar do vermelho. Artes Visuais DICAS Assista ao filme “Sonhos”, dirigido por Akira Kurosawa, onde Van Gogh frenético, lutando contra o tempo "que passava veloz como um trem", solitário, cria para um mundo que não a enxerga. Não existir apenas, mas existir também quando todos não mais existirem atenua-se o temor da morte, pela recompensa de não ser esquecido. Caderno Didático - 3º Período Na pintura “Noite estrelada”, Figura 41, o artista define e modela a imagem através do traço vigoroso. É uma das mais conhecidas obras do artista, e foi criada por ele em 1889, quando estava em um sanatório em Saint Remy de Provence. Marca o período em que Van Gogh rompe com o que se poderia chamar de fase impressionista, desenvolvendo um estilo próprio, no qual prevalecem as cores primárias em tons fortes, principalmente o amarelo, que era sua cor predileta. Figura 41: Noite estrelada, oleo s/ tela, 73,7 X 93,1 - Museu de arte Moderna de NY. Vincent Van Gogh. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Noite_Estrelada. acesso em: 16/08/2009 Van Gogh influenciou consideravelmente a arte do século XX; através de sua inovação estilística e do afastamento da técnica da pintura tradicional, torna-se o precursor do expressionismo. Paul Gauguin (1848-1903) Paulo Gouguin nasceu em Paris, porém, em seus primeiros sete anos de vida, morou no Peru, para onde seus pais mudaram após a chegada de Napoleão III ao poder. A pretensão do pai era trabalhar num jornal em Lima. Aos 35 anos, tomou a decisão de dedicar-se totalmente à pintura. Começou uma vida de viagens e boemia, o que resultou em uma produção artistica singular e determinante para as vanguardas do século XX. Não teve uma vida fácil, tendo atravessado diversas dificuldades econômicas, problemas conjugais, privações e doenças. Inicialmente, Gauguin ligou-se ao Impressionismo e participou da quinta exposição coletiva deste movimento em 1880. Mesmo tendo participado do evento, não se incorporou ao movimento Impressionista da época. 52 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Paul Gauguin desenvolveu as técnicas do "sintetismo" e a representação simbólica da natureza, nas quais são utilizadas formas simplificadas e grandes campos de cores vivas chapadas, que ele fechava com uma linha negra, mostrando forte influência das gravuras japonesas, como se vê na Figura 42. Sua pintura é caracterizada por: ? Natureza alegórica, decorativa e sugestiva; ? Formas dimensionais, estilizadas, sintéticas e estáticas. Figura 42: Parau Api (O que há de novo), 1892, óleo S/tela, 67x 91 cm, Paul Gauguin. Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 302. Em busca de temas novos para a pintura, Gauguin embarcou para as ilhas Marquesas, que eram colônias francesas, fixando-se no Taiti. Foi um dos primeiros a reconhecer o imenso valor estético da arte primitivista e a estudar a arte dos povos dos trópicos, como demonstrado na Figura 43. Figura 43: Arearea (Passatempo), 1892, detalhe, 0leo s/ tela, 75 x 94 cm, Paul Gauguin. Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 302. 53 B GC GLOSSÁRIO A E F Sintetismo: Técnica e estética pictórica francesa de fins da década de 1880, baseada no uso de grandes chapadas de cor com contornos vigorosamente cerrados. Fonte: http://www.dicio.com.br/sinteti smo. acesso em 16/08/2009 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período REFERÊNCIAS ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. Trad. Denise Bottmann e Frederico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. ENCYCLOPÉDIE DE L’ART. Paris: Librairie générale française, 2000. GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Tradução Álvaro Cabral. São Paulo: LTC Editora, 2002. GOMBRICH, E. H. História da arte. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1998. JANSON, H. W. & JANSON, A. F. Iniciação à História da Arte. Trad. Jefferson Camargo.São Paulo: Martins Fontes, 1996. JOBERT,B. Delacroix, le trait romantique. [exposição, Paris, Bibliothèque nationale de France, 7 abril-13 julho 1998]. Paris: Bibliothèque nationale de France , 1998. LACLOTTE, M. Orsay la peinture. Paris: Scala , 2003. PONCE DE LÉON. P. G. Breve história da Pintura. Editora Lisboa, 2006. PINTO, Ana Lídia; MEIRELES, Fernanda; CAMBOTAS, Manuela Cernadas. História da Arte Ocidental e Portuguesa – das origens ao final do Séc. XX. 2. ed. Portugal: Porto Editora, 2001. PROENÇA, G. História da Arte. São Paulo: Ática, 2009. O LIVRO DA ARTE. Trad. Monica Stahel São Paulo: Martins Fontes, 1999. STRICKLAND, Carol. Arte Comentada – da pré-história ao Pós-moderno. Trad. Ângela Lobo de Andrade. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. STRICKLAND, Carol. Arquitetura comentada. Trad. Fidelity Translations. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. 54 4 UNIDADE 4 ARTE NO SÉCULO XX Caros acadêmicos, Nesta unidade, apresentaremos a arte no século XX, período de grande transformação da arte, através de uma sucessão bastante caótica de vanguardas. Esse novo caminho é evidenciado por movimentos artísticos que rompem com os conceitos tradicionais da arte. Para Strickland, a arte no século XX provocou a “ruptura mais radical com o passado, levando o que Manet e Coubert iniciaram no século XIX – retratos da vida contemporânea e não de eventos históricos.” (STRICKLAND, 1999, p. 128). Ainda de acordo com o autor, a rejeição pelo passado e a busca incessante por liberdade de expressão libertavam o artista de agradar a um mecenas; dessa forma, eles elegiam a imaginação e as experimentações individuais como única fonte de inspiração. Essa liberdade fazia com que a obra de arte se distanciasse da ideia de retratar fielmente a natureza, tomando o caminho da abstração, a partir do qual dominam as linhas, as cores e as formas. Strickland ainda declara que a arte no século XX não apenas decretou que qualquer tema era adequado, mas também libertou a forma (como no cubismo) das regras tradicionais e livrou as cores (no fauvismo) da obrigação de representar com exatidão os objetos. Os artistas modernos desafiavam violentamente as convenções, seguindo o conselho de Paul Gauguin, para “quebrar todas as janelas velhas, ainda que cortemos os dedos nos vidros. (Strickland, 1999, p. 128). Assim, a arte moderna se constitui com uma série de movimentos que buscou a libertação da forma. 4.1 FAUVISMO O movimento fauvista teve início em 1904 na França (Paris); sua marca principal foram as cores intensas, fortes e explosivas, com o uso de pinceladas vigorosas, distorção das formas e da perspectiva. Buscam a simplicidade nas estruturas da composição e a utilização de pinceladas vigorosas, com motivos chapados e lineares. A estruturação dos rostos e objetos partia de poucos e simples elementos e a tela nua se incluía como parte do desenho completo. 55 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período A palavra Fauvismo ou Fouvismo, pode ser traduzida como “animal selvagem”, porque, de acordo com Strickland, na exposição em Paris, que inaugurou o movimento em 1905, o público teve uma reação bastante hostil, e o grupo formado por: Vlaminck, Derain, Dufy, Georges Braque e Rouault foram apelidados de “feras” (fauves em francês). (STRICKLAND, 1999, p. 130). Para Pinto, Meireles e Cambotas, a origem do fauvismo nasce de diversos ensinamentos e influências: ? De Cézanne, quando afirma que “à pintura já não cabe relatar, mas sim realizar-se a si mesma”, ou seja, a criação pictórica torna-se autônoma da realidade objetiva; ? De Van Gogh, quando diz: “em vez de procurar representar o que tenho diante dos olhos, sirvo-me da cor mais arbitrariamente, para me exprimir de uma maneira mais forte”; a cor e o individualismo expressivo marcarão, decisivamente, a pintura fauve; ? De Gauguin, pela utilização antinaturalista e planificada das formas, das cores e dos contornos a negro; ? E da arte oriental, em particular da pintura japonesa, planificada e de contornos lineares. (PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 744). Para os críticos, os fauvistas eram considerados “todos um pouco loucos”, pois usavam as cores sem referência à aparência real, buscando a autonomia da forma. Nessa direção, de acordo com Strickland, os fauvistas [...] se embriagavam com cores vibrantes, exageradas. Libertaram a cor do seu papel tradicional de descrever objetos para fazê-la expressar sentimentos. Depois de levarem as cores escaldantes ao extremo da não representação, os fovistas passaram a se interessar cada vez mais na ênfase dada por Cézanne à infra-estrutura, o que deu origem à revolução seguinte: O cubismo. (STRICKLAND, 2004, p.130). Dentre os principais mestres do Fauvismo, podemos destacar: Henri Matisse; Andre Derain; Vlaminck; Dufy; Rouault e Georges Braque. Georges Braque, contudo, será temporariamente fauvista, já que mais tarde, juntamente com Pablo Picasso, fundará o cubismo. Para André Derain, Raoul Dufy e Maurice Vlaminck a breve duração do Fovismo representou o melhor de suas obras. Dentre os fovistas, somente Henri Matisse continuou a explorar o potencial da cor pura, à medida que reduzia as formas e os signos se tornavam mais simples. 4.1.1 Henri Matisse (1869-1954) Foi o fundador do grupo fauvista, utilizando a cor como força 56 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes emocional, expressiva e decorativa. De acordo com Strickland, Matisse acreditava que “[...] a cor não nos foi dada para imitar a natureza, mas para expressar nossas próprias emoções” (STRICKLAND, 2004, p. 134), conforme ilustram as Figuras 44 e 45. Figura 44: Dança, 1909, MoMA – NY. Henri Matisse. Fonte: STRICKLAND, 2004, p. 135. Matisse é um dos expoentes do Fauvismo e um ícone da Arte Moderna. Para Argan, a obra “A Dança” é uma das obras-primas do nosso século; “[...] é a resposta serena, mas decididamente negativa, de Matisse ao cubismo triunfante”. (ARGAN, 1992, p. 259). Figura 45: A lista verde (Madame Matisse), 1905, óleo S/Tela-40,5 x 32, 5 cm. Henri Matisse Fonte: STRICKLAND, 1999, p. 134. 57 Ainda de acordo com Argan, o quadro tem uma significação mística: “[...] o solo é o horizonte terrestre, a curva do mundo; o céu tem a profundidade azul-turquesa, dois espaços interestrelares; as figuras dançam como gigantes entre a terra e o firmamento.” (ARGAN, 1992, p. 259). Nesse sentido, Matisse, através dessa obra, se contrapõe racionalmente ao cubismo, que analisa o objeto. Esse quadro é a síntese de um tema complexo, representado com muita simplicidade. Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 4.1.2 André Derain (1880-1954) De acordo com Strickland, André Derain, “[...] reduziu suas pinceladas ao código Morse: pontos e riscos de ardentes cores primárias explodindo, conforme suas palavras, como cargas de dinamite”(STRICKLAND, 2004, p. 131). Ainda de acordo com a autora, o artista nas primeiras décadas do séc. XX se manteve em evidência com Matisse, porém, mais tarde, buscou inspiração nos grandes mestres do Neoclássico, e seu trabalho tornou-se acadêmico. Foi um pintor autodidata, que iniciou sua carreira aos 15 anos de idade. No ano de 1900, se encontrou com Matisse e Vlaminck, passando a trabalhar juntos. A partir dessa parceira, começaram a desenvolver suas ideias com a cor em suas obras de arte. A sua obra mostrava características mais tranquilas do que as de seus colegas fauvistas. Figura 46: Mulher de combinação, 1906, Óleo s/ tela,100x 81 cm. André Derain. Fonte: ARGAN, 1992, p. 254. 4.1.3 Raoul Dufy (1877-1953) Ceramista, gravador, desenhista, ilustrador e colorista francês nascido em Le Havre. Conforme Strickland (1999, p. 132), o artista desenvolveu o seu estilo pessoal, contemplando suas obras pictóricas com estes temas. Iniciou sua formação artística como impressionista, porém, sob a influência de Matisse, evoluiu gradativamente e se destacou como um dos expoentes do fauvismo. 58 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Figura 47: As três sombrinhas, óleo s/ tela. Raoul Dufy. Fonte: www.diretoriodearte.com/uncategorized/fauvismo/, acesso 10/07/2009. 4.1.4 Maurice de Vlaminck (1806-1958) O pintor Maurice Vlaminck nasceu em Paris, descendente de uma família de músicos. Levado por esta influência, estudou violino na juventude, até tornar-se um ciclista profissional. Porém, sua carreira de ciclista foi finalizada após uma febre tifóide em 1986. A partir daí ingressou na carreira militar. Foi nessa época de sua vida que encontrou com André Derain; a partir de então começou a pintar. Durante a primeira década do século XX, morando em Paris, encontra com diversos pintores, entre eles Henri Matisse, se tornando conhecido entre os pintores fauvistas. Seu trabalho sofreu ainda influência da obra de Van Gogh e de Paul Cézanne, apesar de evitar as cores brilhantes que caracterizavam a obra desses dois artistas. Figura 48: Port Marly, óleo sobre tela. Vlaminck. Fonte: PRETTE, 2008, p. 310. 59 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 4.1.5 Georges Rouault (1871-1958) Filho de um marceneiro que trabalhava numa fábrica de pianos, teve seus primeiros contactos com a arte na Escola de Artes Decorativas em Paris. Apesar de sempre ter repudiado a definição de “arte sacra” aplicada à sua obra, se tornou um dos mais representativos artistas cristãos do século XX, devido à sua amizade com um escritor de temas religiosos, Léon Bloy, reafirmando assim sua fé católica e inspirando sua obra em temas de forte conteúdo social. De 1902 a 1917, suas aquarelas com temas de palhaços, prostitutas, juízes e cenas de tribunais parecem, através de pinceladas enérgicas e tonalidades sombrias, transpor a realidade. O cromatismo de suas telas foi aos poucos adquirindo luminosidade, com fortes contrastes e contornos negros, lembrando a técnica do vitral. 4.2 CUBISMO DICAS Visite o site: http://www.pitoresco.com.br/u niversal/picasso/picasso.htm e conheça mais sobre o artista Pablo Picasso. Figura 49: Ecce homo. George Roault. Fonte: http://www.sindone.org/it/icono/rouault2.htm, acesso em 20/05/2009. Iniciado em 1907, em Paris, o cubismo propôs reformular a maneira de representação dos objetos, que passaram a ser representados sob vários ângulos ao mesmo tempo. Para Strickland, o movimento durou “como forma pura de 1908 a 1914”. O autor afirma ainda que o estilo recebeu este nome “a partir do desdém de Matisse ao ver uma paisagem de Georges Braque como nada além de cubinhos”. (STRICKLAND, 1999, p. 138). Embora os quatro expoentes do Cubismo: Pablo Picasso, Georges Braque, Juan Gris e Fernando Léger desmembrassem os objetos em pedaços que não eram exatamente cubos, suas formas constituíram-se em volumes a partir da decomposição de planos e da rejeição de distinções entre figura e fundo. 60 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes É como se o artista se movimentasse em torno do objeto e captasse todas as suas faces de uma só vez. Para atingir esse objetivo, usou composições fundamentadas na estrutura do objeto representado. Dessa forma, simplifica sua natureza visual. O cubismo é marcado pela fragmentação e justaposição das figuras, usando o geometrismo. Assim, o artista tentava construir algo, em vez de copiar a imagem vista. De acordo com Pinto, Meireles e Cambotas, o nascimento do Cubismo é marcado pela obra de Picasso, intitulada “Les Demoiselles d”Avignon”(PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 758), conforme se vê na Figura 50, obra quedestaca as duas grandes influências do movimento cubista, que são: 1- O reconhecimento da obra de Paul Cézanne, cuja arte se caracteriza pela análise das formas e dos planos construídos por meio da cor; 2- A arte africana, com suas formas simplificadas e com volumes duros. O Cubismo se dividiu em duas fases distintas: Cubismo analítico e cubismo sintético, que serão analisados nos itens 4.2.3 e 4.2.4. 4.2.1 Pablo Picasso (1881-1973) De acordo com Strickland, Pablo Picasso “[...] aprendeu a desenhar antes de aprender a falar ”.(STRICKLAND, 1999, p. 136). Nasceu na Espanha e desde a adolescência dominava a arte de desenhar com perfeição. Picasso trabalhou com muitos estilos diferentes e teve nas mulheres sua principal fonte de inspiração. Em sua obra, encontramos duas importantes fases que marcaram a sua pintura: Figura 51: Mendigos na Praia. Pablo Picasso. Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 759. 61 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período Fase Azul: de 1901 a 1904, quando ainda era um artista pobre e desconhecido. Essa fase recebeu o nome de fase azul, em virtude das cores frias de azul índigo e cobalto usado pelo artista, retratando esqueléticos mendigos cegos e frangalhos humanos. Figura 51. Fase Rosa: pinturas feitas no período em que conheceu o seu primeiro amor, Fernande Olivier, que inspirou muitas de suas obras. Passou então a usar delicadas cores rosadas e tons de terra, em quadros com temas de artistas de circo, arlequins e acrobatas. As pinturas dessa fase são românticas e sentimentais. Figura 52. Figura 50: Les Demoisellles d”Avignon – 1906-07, óleo s/tela, 244 x 234 cm. Pablo Picasso. Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 759. Figura 52: A família de saltimbancos. Pablo Picasso. Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 760 62 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Como muitos de seus contemporâneos, Pablo Picasso estava à procura de novos meios pictóricos que enfatizassem a expressão. Essa busca o levou ao primitivismo da África, através das máscaras e objetos arcaicos, fonte de inspiração da tela “Demoiselles d’ Avignon”, Figura 50, cujos rostos assemelham-se às máscaras. Essa obra constitui o prenúncio do movimento cubista. Picasso reduz tudo a formas circulares, ovais e retangulares, com a deformação e a geometrização radical dos corpos, bem como a fragmentação do espaço em diferentes pontos de vista. 4.2.2 Georges Braque (1882-1963) Foi pintor e escultor e, juntamente com Pablo Picasso, fundou o cubismo. Iniciou sua ligação com as cores através da empresa de pintura decorativa de seu pai. A maior parte de sua adolescência foi passada em Le Havre. No ano de 1899 mudou-se para Paris onde, em 1906, expôs suas pinturas de cores puras de estilo fauvista. Em 1907, conheceu Pablo Picasso, com quem conviveu quase diariamente até 1914. 4.2.3 Cubismo Analítico Figura 53: Fruteira e Cartas ou Composição de Ás de Paus. Georges Braque. Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 761. O cubismo analítico foi a primeira fase do Cubismo, quando o artista analisava as formas dos objetos, fragmentando-os em pedaços distribuídos pela tela. Nessa fase, os artistas cubistas mostram simultaneamente, de forma multifacetada, os vários aspectos do motivo observado, fazendo com que o objeto apareça na tela como se estivesse quebrado ou explodido. Para exemplificar essa fase analítica da pintura Cubista, mostramos na Figura 56, a pintura “Retrato de Ambroise Vollard”, de Pablo Picasso, que segundo Strickland (1999, p. 138) representa a “quintessência do Cubismo analítico”. Nesta fase, Picasso e Braque trabalhavam com uma gama praticamente monocromática, preferindo apenas as cores marrom, verde e mais tarde o cinza, pois tinham como objetivo analisar a forma sem a distração das cores. 63 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período Figura 54: Retrato de Ambroise Vollard, 1910 – Pushkin State Museum of Fine Arts, Moscou. Pablo Picasso. Fonte: http:\\www.caleidoscopio.art.br/.../cubismo01.html, acesso em 13/04/2008. 4.2.4 Cubismo Sintético Picasso e Braque, entre 1912 e 1914, juntamente com o pintor espanhol Juan Gris, aderiram à colagem, incorporando letras em estêncil e tiras de papel às pinturas. De acordo com Strickland, na obra de arte “Bandolim”, Figura 55, Braque “desmonta o instrumento de cordas para recompor, ou “sintetizar”, suas linhas estruturais essenciais em papel corrugado e pedaços de jornal”. (Strickland 1999, p. 138). Figura 55: Bandolim, 1914, Ulmer Museum. Alemanha. Georges Braque. Fonte: STRICKLAND, 1999, p. 138. 64 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Fernand Léger (1881-1955) também contribuiu com o cubismo sintético, adicionando formas curvas ao estilo, que até então era bastante angular. Como essas formas tendiam a ser tubulares, ele foi apelidado de “tubista”. Para Strickland, Léger é mais conhecido por suas “[...] paisagens urbanas, industriais, cheias de formas metálicas, polidas, robóticas, humanóides, e bem definidas engrenagens mecânicas.” (STRICKLAND, 1999, p. 138). Ainda segundo Strickland, a qualidade do cubismo, de modo geral, deriva de sua ambivalência entre a representação e a abstração. No limite da dissolução do objeto em suas partes componentes, as alusões ao objeto oscilam dentro e fora da consciência. Baseado no mundo das aparências, o cubismo envia uma visão multifacetada, como um olho de mosca, da realidade. “Não é uma realidade que se possa pegar com as mãos. É mais como um perfume”, disse Picasso. “O aroma está em todo lugar, mas não se sabe bem de onde vem.” (STRICKLAND, 1999, p.138). O cubismo sintético, ao contrario do analítico que privilegia a forma, emprega cores fortes e formas decorativas; veja Figura 56. Figura 56: O Estúdio, 1928, MoMA, NY. Picasso. Fonte: STRICKLAND, 1999, p.138 4.3 FUTURISMO O movimento futurista surgiu em Fevereiro do ano de 1909, com o Manifesto Futurista do poeta Felippo Marinetti, publicado no jornal Le Figaro, em Paris. Esse texto expunha as propostas estéticas, artísticas e culturais do novo estilo. 65 Artes Visuais DICAS Visite o site http://pt.wikipedia.org/wiki/Ma nifesto_Futurista e conheça o manifesto completo Caderno Didático - 3º Período Para Pinto, Meireles e Cambotas, foi um manifesto extremamente polêmico, no qual Marinetti propunha combater qualquer forma de arte ligada à tradição, e exaltando a era industrial e tudo que ela representava, ou seja, o movimento das máquinas e a velocidade. O Manifesto afirmava: ”Um automóvel de corrida com o seu adorno de grossos tubos semelhantes a serpentes de metralha, é mais belo que a Vitória de Samotrácia”. (MARINETTI, apud PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 766). Os Futuristas condenavam a devoção aos antigos mestres e aos elementos da arte do passado, exaltando o momento presente, além de glorificarem as máquinas e as realizações da ciência moderna, representadas pelo dinamismo das formas em suas telas. De acordo com Strickland, o futurismo foi desenvolvido pelos seguintes artistas: Giacomo Balla, Carlo Carrà, Luigi Russolo, Gino Severini e Humberto Boccioni. Para a autora, os pintores combinavam as cores fortes do Fovismo com os planos fraturados do Cubismo para expressar propulsão. Em seu mais famoso quadro “Despertar da cidade” (Figura 57), Boccioni retratou trabalhadores e cavalos arrepiados como porcos espinhos com a marca registrada de suas “linhas de força” irradiando de todas as figuras para transmitir a idéia de velocidade. Ele tentou captar não só um “flagrante” congelado de um instante, mas uma sensação cinemática de fluxo. (STRICKLAND, 1999, p. 139). Para a autora, Figura 57: O despertar da cidade – 1910/11 – Óleo s/ tela. 199 x 301 cm. Museum of Modern art, Nova York. Umberto Boccioni (1882/1916). Fonte: História Geral da Arte, 1996 , p. 010. 66 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes O futurismo tinha como objetivo principal a representação da realidade dinâmica dos objetos ou seres, pois pretendiam representar na tela a cinemática das formas livres que evocavam a ideia de movimento, Figura 58. O futurismo foi um movimento de rebelião ativa e de afirmação das “novas e modernas energias da existência, aproximando-se, em termos emocionais, dos expressionistas, mas, em termos visuais e plásticos, assemelhando-se ao cubismo. Para Pinto, Meireles e Cambotas,”em vista disso sua plástica estava ligada em temas que se referia a qualquer assunto que implicasse velocidade e dinamismo (Figura 58), onde as formas e volumes do ciclista misturam se com as da própria bicicleta e com o fundo, formando um conjunto dinâmico, com movimentos circulares e arabescos, que são reforçados pelas cores vibrantes. (PINTO; MEIRELES, CAMBOTAS, 2001, p. 766). Figura 58: Dinamismo de um ciclista, 1913, óleo sobre tela, 70x 95 cm. Umberto Boccioni. Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 767. Ainda de acordo com as autoras, os artistas futuristas utilizaram: Recursos da fotografia e do cinema para alternar os planos, e ainda “[...] na sobreposição de imagens, ora fundidas ora encadeadas”; ? Grande mobilidade dos contornos das formas aparecem e desaparecem, de modo que o observador é transportado para o meio da pintura; ? Com relação à questão formal, predominam as linhas circulares emaranhadas, os espirais e elipses e ainda [...] “a geometrização dos planos em ângulo agudo e dinâmico, abolindo totalmente os ângulos retos cubistas na organização espacial, permitindo a sugestão da fragmentação da luz”. (PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p.766); 67 B GC GLOSSÁRIO A E F Cinemática: Parte da mecânica que estuda os movimentos sem se referir às forças que os produzem ou às massas dos corpos em movimento Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período ? As cores são muito contrastantes, variando entre os vermelhos fortes, verdes intensos, os amarelos e laranjas vivos, em composições violentas e chocantes. O futurismo foi disseminado por toda a Europa, com particular destaque para a Rússia, onde também já havia chegado o Cubismo, e tem em Malevitch seu principal representante. 4.3.1 Principais artistas Umberto Boccioni (1882-1916) Um dos artistas mais importantes do movimento. Além de importante pintor, foi igualmente escultor. Estudou a obra de Pablo Picasso para melhor introduzir na sua arte o dinamismo e a simultaneidade das formas. Figura 59. Figura 59: Estados de espírito I, Os Adeuses, 1911, óleo sobre tela. Umberto Boccioni Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 767. Giacomo Balla (1817-1958) Introduziu no movimento uma tendência abstrata. De acordo com Pinto Meireles e Cambotas, “[...]um recurso dos mais originais que ele usou para representar o dinamismo foi a simultaneidade, ou desintegração das formas, numa repetição quase infinita” (PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 768) que permitia ao observador captar de uma só vez todas as sequências do movimento. Figura 60. 68 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Figura 60: Mercurio passa diante do sol, 1914, 120x 100 cm. Giacomo Balla. Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 769. Carlo Carrá (1881-1966) Foi o artista que plasticamente mais se aproximou do cubismo. Participou de diversas edições da Bienal de arte de São Paulo”. Em sua obra “Manifesto intervencionista” Figura 61, assumiu a colagem com efeito plástico integral. Figura 61: Manifestação Intervencionista, 1914. Carlo Carrá. Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 769. 69 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período Gino Severini (1883 – 1966) Assim com Carlo Carrá, também foi o pintor Gino Severini do Futurismo italiano. Utilizou de sobreposições rítmicas sugeridas pelo cinema para atingir o movimento e o dinamismo que desejava em sua obra. Figura 62: O ataque, 1912, óleo sobre tela. Gino Severini. Fonte: PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 769. 4.4 EXPRESSIONISMO O Expressionismo foi um movimento artístico surgido em Munique a partir de 1910, que tinha como proposta principal a expressão do mundo interior do artista através da arte. Com essa proposta, os artistas expressionistas exploravam a expressividade da imagem através da distorção da figura, a fim de representar sua visão subjetiva da realidade. Utilizavam cores fortes, contornos abruptos, atmosfera densa e carregada, quase irreal. Um retrato ou uma paisagem poderia variar de acordo com o sentimento existente. Essa distorção das formas constituía uma nova estética, que incomodava bastante ao expectador, pois com o expressionismo houve um distanciamento da “beleza” que era conhecida pelo público em geral. O expressionismo foi, assim, uma tendência subjetiva que se fundamentou muito na arte do século XX, mas que se iniciou no séc. XIX com Van Gogh, Gauguin e Munch. Foi na Alemanha, com dois grupos chamados Brücke e Der Blaue que o expressionismo atingiu a maturidade. 70 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes 4.4.1 Die Brücke Fundado em 1905 por Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938), O Die Brücke foi o primeiro grupo alemão, segundo Strickland, “[...] a apreender o espírito da avant-garde”. Ainda de acordo com a autora, o nome significa “a ponte”, pois seus integrantes pensavam que sua obra “seria uma ponte para o futuro”. Para a autora, o grupo “[...] exigia liberdade de vida e ação contra as forças estabelecidas e ultrapassadas.” (STRICKLAND, 2004, p. 142). Durante a permanência do grupo, seus integrantes viviam e trabalhavam em comunidade, inicialmente em Dresden e em seguida em Berlim, com produção de obras intensas, angustiadas e com formas amplamente distorcidas e com cores fortes e extravagantes. O grupo se encerra em 1913, em consequência de alguns desentendimentos internos e com o desenvolvimento diferenciado de cada um dos seus membros. Destaca-se a figura humana nua em ambientes naturais. O vocabulário estético é reduzido a formas simplificadas, sem perspectiva e sem contrastes de cores saturadas, com a utilização de linha forte de contorno. A maior contribuição dos expressionistas desse grupo foi o renascimento das artes gráficas, principalmente da xilogravura. Com drásticos contrastes de preto-e-branco, formas cruas e linhas quebradas as xilogravuras expressavam perfeitamente as doenças da alma, tema bastante importante para a arte expressionista. Ernest Ludwig Kirchner Este artista resumiu o movimento expressionista, em sua obra, com a seguinte proposta: “Meu objetivo é sempre expressar a emoção e experimentar formas amplas e simples e cores claras.” (STRICKLAND, 2004, p. 143). Em obras como “Cena de Rua em Berlim”, Figura63, o artista destaca a vida urbana, representando-a com figuras de proporções distorcidas e feições desfiguradas. Depois da primeira guerra mundial, seu estilo se tornou ainda mais frenético e mórbido até que, apavorado com a ascensão do Nazismo, suicidou-se. Dentre os expressionistas mais relevantes estão: Edvard Munch, James Ensor e Oskar Kokoschka. Figura 63: “Cena de Rua em Berlim, 1913. Kirchner. Fonte: http:\\www.ocaiw.com/galleria_maestri/gallery, acesso 07/05/2009. 71 B GC GLOSSÁRIO A E F Xilogravura: de acordo com Dicionário Aurélio, é gravura em relevo sobre prancha de madeira. Estampa tirada por este processo. Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 4.4.2 Der Blaue Reiter Outro grupo da vanguarda expressionista alemã, que tinha uma organização menos rígida; foi chamado de “[...] Cavaleiro Azul Blaue Reiter em homenagem a um quadro de seu líder, Wassily Kandinsky”. (STRICKLAND, 1999, p. 143). Esse grupo foi fundado em Munique por volta de 1911 e tinha entre seus membros mais expressivos Wassily Kandinsky e Paul Klee (1879-1940). O grupo se dissolveu quando estourou a primeira guerra mundial, em 1914, deixando uma herança duradoura: a pesquisa artística de Kandinsky a respeito da pura abstração. Figura 64. Esse artista será estudado no item 4.7.1. Figura 64: Improviso 31 (batalha no mar), 1913. Kandinsky. Fonte: http://www.jokerartgallery.com/fotos/pin/Kandinsky/ Improvisation_31.jpg, acesso 07/05/2009. 4.5 DADAÍSMO O Dadaísmo surgiu em 1915, em Zurique, com o Cabaré Voltaire, que fez do deboche uma atitude filosófica. O Dada, como era chamado, foi um movimento anti-arte, cuja proposta não era a construção de algo, mas a negação de qualquer funcionalidade que a arte ou os objetos industrializados pudessem ter. Seus idealizadores tinham como meta fugir do convencional, dando um sentido ambíguo a tudo, satirizando a máquina e toda a sua produção. 72 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes B GC Conforme Strickland, GLOSSÁRIO em seus sete anos de vida, o dadaísmo muitas vezes parecia mesmo sem sentido, mas tinha um objetivo de não-semsentido: protestava contra a loucura da guerra. Nesse primeiro conflito global, anunciado com “a guerra para acabar com todas as guerras”, dezenas de milhares morriam diariamente nas trincheiras para conquistar uns poucos metros de terra calcinada e em seguida eram forçadas a recuar pelos contra-ataques. Dez milhões de pessoas foram massacradas ou ficaram inválidas. Não admira que os dadaístas achassem que não podiam confiar na razão e na ordem estabelecida. Sua alternativa foi subverter toda a autoridade e cultivar o absurdo. (STRICKLAND 2004, p. 148). O Dadaísmo se expandiu para a França, para a Alemanha e para os Estados Unidos, tendo como principal estratégia denunciar e escandalizar os modelos culturais, artísticos e políticos vigentes, tendo como base a descrença no progresso, instaurada pela primeira guerra mundial. O Dadaísmo rejeita todas as experiências formais e técnicas existentes, e propõe a utilização de materiais e técnicas da produção industrial. Dentre os artistas mais relevantes, citamos Marcel Duchamp, Jean Arp e Schwitters. 4.5.1 Marcel Duchamp (1887-1968) Artista francês, Marcel Duchamp frequentou em Paris a Academie Julian, onde pintou quadros impressionistas. Foi uma das figuras mais influentes da arte moderna. Segundo Strickland, além de lançar o Dadá e o Surrealismo, ele inspirou diversos outros movimentos, do pop ao conceitualismo. Duchamp se tornou uma lenda sem efetivamente produzir muitas obras. Apesar do sucesso do seu “Nu descendo a escada”, Duchamp abandonou a pintura no auge da fama. “Eu me interessava por idéias e não simplesmente pelos produtos visuais”, ele disse: “Eu queria colocar a pintura novamente a serviço da mente.” (STRICKLAND 2004, p. 148) Figura 65: Nu descendo uma escada nº 2, aquarela, tinta, lápis e pastel sobre papel fotográfico,147 x 89 cm. Marcel Duchamp. Fonte: http://www.niteroiartes.com.br /cursos/la_e_ca/trecho3.html#nu, acesso em 07/05/2009 73 A E F Anti-arte: “É uma arte experimental, fora dos padrões convencionais, superando os suportes clássicos do quadro e da escultura e invadindo o espaço para além de museus e de galerias. A anti-arte quebra a relação passiva do espectador com a obra, convidando-o e provocando sua participação direta no trabalho visto ou vivenciado”. Fonte: http://tropicalia.uol.com.br/site/ internas/marg_antiarte.php, acesso em: 17/08/2009 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período B GC GLOSSÁRIO A Readymade: Objeto de uso comum, preexistente à intervenção do artista, mas retirado do seu contexto e apresentado isoladamente ou inserido em composições. E F Duchamp sintetiza o pensamento artístico e estético dadaísta, buscando em sua obra demonstrar que qualquer objeto pode ser concebido como arte. Para ele, “[...] a concepção da obra de arte era mais importante que o produto acabado. Em 1913, ele inventou uma nova forma de arte chamada readymades (arte pronta)” (Stickland,2004. p. 148). O seu primeiro readymades foi a composição de uma roda de bicicleta montada sobre um banquinho de cozinha. Um dos seus readymades mais polêmicos foi um urinol de louça, com a assinatura R. Mutt. Figura 66. Figura 66: Fonte, 1917. Marcel Duchamp. Fonte: STRICKLAND, 2004, p. 148 4.6 SURREALISMO Para Prette, o Movimento Surrealista foi criado em 1924, em Paris, quando o poeta André Breton escreve o “Manifesto do Surrealismo” com base nas ideias de Apolinaire, sobre o estado de fantasia, buscando difundir um sentido de afastamento da realidade através da arte. Ainda de acordo com a autora, o movimento “[...] se forma gradualmente nos anos da Primeira Guerra Mundial, baseado nas experiências das outras vanguardas, principalmente do Expressionismo e do Dadá”. (PRETTE, 2008, p. 342). O Surrealismo foi um movimento que floresceu nos Estados Unidos nos anos 20 e 30, e que levou ao extremo o senso de irrealidade das imagens. O Surrealismo para Strickland, “[...] implica ir além do realismo, buscava deliberadamente inspiração no bizarro e irracional para expressar as verdades ocultas, inalcançáveis por meio da lógica.” (STRICKLAND, 2004, p. 149). 74 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Ainda de acordo com Strickland, o movimento teve duas formas: ? A prática da arte improvisada e distante do controle do consciente, como é o caso do artista espanhol Joan Miró e do alemão Marx Ernest; ? O uso de técnicas realistas para representar cenas alucinatórias que desafiavam o senso comum, como é o caso do artista espanhol Salvador Dali e do pintor belga René Magritte. (STRICKLAND, 2004, p. 149). O Surrealismo busca inspiração no subconsciente, aproximando figuras estranhas entre si, como já haviam feito os pintores dadaístas. As obras são caracterizadas por temas bizarros e insólitos, e os artistas declaravam [...] “viver com monstros na mente”. (PRETTE, 2008, p. 342). 4.6.1 Joan Miró (1893-1983) B GC GLOSSÁRIO O artista tentou banir a razão e soltar o inconsciente (Figura 67). Trabalhou com bastante espontaneidade; tinha como objetivo “expressar com precisão todas as fagulhas douradas que a alma solta” (Strickland, 2004, p. 149). Para André Breton, Miró foi o mais surrealista de todos. De acordo com Strickland, Miró Inventou signos biomórficos singular para objetos da natureza, como o sol, a lua e os animais. Com o passar dos anos, essas formas foram sendo progressivamente simplificadas até chegar a uma estenografia em pictogramas de formas geométricas e gotas parecidas com amebas – uma mistura de fatos e fantasia. Miro ainda colocava um ponto numa folha de papel sem acertar direto no alvo, disse o escultor surrealista Giacometti. As formas semi-abstratas de Miro, embora estilizadas, aludiam ludicamente aos objetos reais. Em cores vibrantes e sempre extravagantes, parecem quadrinhos de o u t r o p l a n e t a . “O importante é desnudar a alma”, disse Miro. “A pintura e a poesia são feitas quando se faz amor – um abraço total, a prudência é jogada para o alto, sem nada o c u l t a r . ” ( STRICKLAND, 2004, p. 149). Figura 67: Interior Holandês II, 1920. Joan Miro. Fonte: STRICKLAND, 2004, p. 149. 75 A E F Pictogramas: são símbolos gráficos que têm por objetivo informar alguma coisa. Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 4.6.2 Salvador Dalí (1904-1989) Artista Catalão, se destacou por sua obra de grande valor, que atrai a atenção pela extraordinária combinação de imagens extravagantes, oníricas, com primorosa plasticidade. Figura 69. Salvador Dalí foi um homem com grande carga de medos e neuroses, e deixava que isso alimentasse sua arte. De acordo com Stricklnad, Dalí [...] deixava uma tela ao lado da cama, olhava bem para ela antes de dormir e, ao acordar, registrava o que ele chamava de “fotografias de sonhos pintados à mão”. Ele afirmava que cultivava intencionalmente ilusões paranóicas a fim de ser medium para o irracional, mas que recuperava o controle conforme a sua vontade. (STRICKLAND, 2004, p. 151). Figura 68: A persistência da Lembrança, 1931. Salvador Dalí. Fonte:http:\\ www.essentialart.com, acesso em 14/05/2009. 4.7 O ABSTRACIONISMO Um trabalho pictórico abstrato é uma pintura que não imita a o real e, de acordo com Prette, [...] não imita a realidade, e da qual é excluído o objeto real da representação; não reproduz a natureza nem a vida, mas de uma e outra, por meio da sensibilidade do artista, extrai sensações, percepções em estado puro. O artista abstrato se libera da aparência da realidade à qual estamos acostumados e apresenta uma realidade toda sua, um pessoal e profundo sentimento do belo. Para tanto utiliza imagens elementares: formas irregulares ou geométricas, planos coloridos, linhas e pontos. (PRETTE, 2008, p. 328). A abstração é a negação da representação tradicional figurativa, na qual o mais relevante é a criação a partir dos próprios elementos plásticos: 76 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes linha, cor, forma, etc. Acontece o desaparecimento da imagem do objeto e a obra de arte deixa de ser uma referência objetiva da realidade. No abstracionismo encontramos duas vertentes: o abstracionismo geométrico e o lírico. ? Abstracionismo Lírico: Também chamado de abstracionismo expressivo, tem como ponto de partida para a construção da obra a inspiração, o instinto e a intuição. Geralmente procurava inspiração na música, buscando transformar manchas de cores e linhas em ideias simbólicas. ? Abstracionismo Geométrico: Também conhecido como abstracionismo formal, ao contrário do abstracionismo lírico, é focado na racionalização intelectual e científica. As formas e as cores são organizadas tendo como resultado apenas a expressão da concepção geométrica. Na obra abstrata, a imitação dá lugar à expressão dos sentimentos, através de cores, linhas e do desaparecimento do tema, e os efeitos de tons e formas se tornam mais importantes. Alguns dos principais artistas abstratos foram: Vassily Kandinsky, Malevitch, Paul Klee e Piet Mondriam. 4.7.1 Vassily Kandisnsky (1912-1944) Foi o criador da linguagem abstrata, através de uma nova e radical linguagem pictórica. Criou na década de 1910 seus primeiros estudos não figurativos, fazendo com que seja considerado o primeiro na produção de pinturas abstratas. Foi um dos maiores artistas do séc. XX, e que muito contribuiu para a criação de uma nova estética, e de novas técnicas. Responsável pela inovação nas artes plásticas, liberou a arte quando rompeu com as tradições e com tudo que era valorizado até então. De nacionalidade Russa, teve formação acadêmica em direito e economia, e escreveu sobre temas ligados à espiritualidade. Após contato com a arte Impressionista, através de uma exposição em Moscovo, onde se interessa por um quadro de Monet, passa a se interessar pela pintura. A necessidade de expressar suas percepções emocionais o leva a desenvolver um estilo pictórico abstrato lírico. Viveu parte de sua vida na Alemanha, onde passa a ensinar arte na Escola de vanguarda Bauhaus. De nacionalidade Russa, teve formação acadêmica em direito e economia, e escreveu sobre temas ligados à espiritualidade. Após contato com a arte Impressionista, através de uma exposição em Moscovo, onde se interessa por um quadro de Monet, passa a se interessar pela pintura. A necessidade de expressar suas percepções emocionais o leva a desenvolver um estilo pictórico abstrato lírico. Viveu parte de sua vida na Alemanha, onde passa a ensinar arte na Escola de vanguarda Bauhaus. 77 DICAS Visite o site: http:\\www.duplipensar.net/mat erias/ 2003-06-wassily-kandinskyvida-obra.html - 19k - e conheça mais da vida e obra do artista. PARA REFLETIR Bauhaus: ver sobre a Bauhaus na Enciclopédia Itaú cultural: http:\\www.itaucultural.org.br. Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período Figura 69: Improvisação 30 , 1913, Óleo s/tela. Vassily Kandinsky . Fonte: PRETTE, 2008, p. 328. Figura 70: Improviso 31 (batalha no mar), 1913. Vassily Kandinsky. Fonte: http://www.jokerartgallery.com/fotos/pin/Kandinsky/ Improvisation_31.jpg, acesso em 07/05/2009. 78 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes Figura 71: Circulo matizado, 1921, óleo s/tela. Vassily Kandinsky. Fonte: PRETTE, 2008, p. 328. 4.7.2 Kazimir Malevitch (1878-1935) Pintor abstrato soviético; nasceu em Kiev em 1878, tornou-se um dos mais relevantes artistas do abstracionismo geométrico. Fundou em 1915 a vanguarda russa, conhecida como Suprematismo, Figura72. O suprematismo tinha como característica principal a simplicidade das formas geométricas e o uso de cores primárias e secundárias, além do branco e do preto. De acordo com Prette, o termo “[...] indica o ponto supremo da simplificação da imagem”. (PRETTE, 2008, p. 331). Figura 72: Composição suprematista, “ avião em voo”, 1914. Kazimir Malevitch Fonte: PRETTE, 2008, p. 328. 79 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período B GC GLOSSÁRIO A 4.7.3 Piet Mondriam (1872-1944) E F Vanguarda: termo medieval da linguagem militar, que indica uma posição de primeira linha, um núcleo de combatentes especiais que precede o grupo de reconhecimento. No campo artístico, utilizado com o sentido de um grupo revolucionário, precursor. Nasceu na Holanda. Ingressou na carreira artística apesar da oposição de sua família, e estudou arte na Academia de Belas Artes de Amsterdã. Seus primeiros trabalhos eram pinturas de paisagens tranquilas em tons suaves de cinza e tons de verdes. A partir de 1908, passou a experimentar cores mais brilhantes, além de criar pinturas de árvores e folhas; aos poucos passa a desenvolver um estilo mais abstrato. O artista afirmava que a arte “[...] não é a natureza, porque o que importa é exprimir a nossa comoção diante da beleza: a síntese da clareza, da tranqüilidade e do equilíbrio.” (PRETTE, 2008, p. 334). O artista usou meios pictóricos elementares como a linha reta, que exprime um equilíbrio absoluto. Figura 73: Quadro nº 2, 1921, técnica: Óleo sobre tela. Piet Mondriam. Fonte: http://www.passeiweb.com/saiba_mais/arte_cultura/ galeria/piet_Mondriam/2#-, acesso em 20/07/2009. 4.8 EXPRESSIONISMO ABSTRATO Movimento surgido em 1940, em Nova York, através da associação de artistas unidos em torno do grande interesse pelas vanguardas europeias dos anos anteriores. Representa o florescimento explosivo da arte americana, através do artista Jackson Pollock e sua action painting,ou seja,pintura de ação. Para Strickland, a arte passa a ser uma ação desinteressada, que não permite valores sociais como o luxo, o bem estar e o poder. A Action Painting não representa em exprime uma realidade objetiva ou subjetiva, mas descarrega uma tensão que está acumulada no artista, através de uma pintura gestual. (STRICKLAND, 2004, p. 158). 80 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes O expressionismo abstrato tinha como objetivo principal expressar a vida interior através da arte. Usavam a técnica da livre aplicação da tinta, sem qualquer referÊncia à realidade visual. Acreditavam que a imagem não resultava de uma idEia pré-concebida, mas do processo criativo do artista. 4.8.1 Jackson Pollock (1912-1956) Considerado um dos maiores representantes do expressionismo abstrato. Sua vida foi marcada pelo alcoolismo e pela depressão, além das crises de fúria e de autodestruição. Foi considerado um gênio rebelde; pintou durante sua vida cerca de 340 telas, antes do suicídio aos 44 anos, quando joga seu carro contra uma árvore. De acordo com Strickland, o artista jogou fora pinceis, cavaletes, paleta e passou a “[...] arremessar salpicos de tinta num rolo de tela crua espalhado no chão d o c e l e i r o . ” (STRICKLAND, 2004, p. 159). O resultado eram quadros “pingados”, com uma rede densa de linhas fluidas entrelaçadas. Figuras 74 e 75. Figura 74: Jackson Pollock realizando uma action Paiting. Fonte: PRETTE, 2008, p. 347. Figura 75: Number 28, 1950. Jackson Pollock. Fonte: PRETTE, 2008, p. 347. 81 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 4.9 POP ART A Pop Art foi um movimento artístico que surgiu por volta de 1950. Manifestação cultural e artística essencialmente ocidental, nascida das inquietações da sociedade industrial e capitalista. Questionava as manifestações da cultura popular e criticava a posição das pessoas diante da sociedade de consumo. A Pop Art usava como tema básico as manifestações folclóricas urbanas da sociedade moderna, a publicidade e os meios de comunicação de massa. A obra pictórica do movimento Pop Art retratou o cotidiano e o reflexo da realidade, abordando as transformações culturais e ao mesmo tempo, levando uma reflexão a respeito dessas mudanças. Para Prette, na Pop Art “o objeto de consumo entra em cena”, com sua massificação através da publicidade: Figura 76: Objeto Lixo, uma velha vassoura, 1960, tinta a óleo s/ colagem. Jasper Johns. Fonte: PRETTE, 2008, p. 347. O Pop Art exalta o objeto banal, coloca o à mostra. As coisas que consumimos ou o que vemos todos os dias fogem à nossa atenção e, no entanto, convivemos com elas. Uma vassoura é uma vassoura: Jasper Johns não a apresentou sobre um pedestal como faria Duchamp, mas emplastada de pintura a vassoura adquire um efeito de baixo relevo sobre um fundo pictórico. (PRETTE, 2008, p. 238). Dentre os artistas de maior destaque, podemos citar Jasper Johns, Andy Warhol e Roy Lichetenstein. 4.9 1 Andy Worhol (1930-1987) Andy Warhol era filho de pais originários da Eslováquia, que migraram para os Estados Unidos durante a primeira Guerra Mundial. Aos 17 anos estuda no Instituto de Tecnologia em Pittsburgh, onde se graduou em Desenho. Logo inicia sua carreira como artista gráfico. Em Nova York, na década de 1960, vive uma guinada em sua carreira de artista plástico, a partir do momento em que passa a fazer quadros em acrílico, utilizando temas e conceitos da publicidade em sua obra. 82 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes O artista retratava em suas obras temas e objetos da vida cotidiana, das prateleiras dos supermercados e das manchetes de tablóides. Dentre outras coisas, destacamos ícones do cinema americano, como Marilyn Monroe, e do dia-a-dia, como as latas de sopa Campbell. Através de montagens, repetia as imagens utilizando a técnica de Silk Screen, representando o mundo da produção em massa. Figuras 77 e 78. Figura 77: Marilyn Monroe, 1962 – transparência fotográfica em cores e tintas industriais para impressão em offset. Andy Warhol. Fonte: PRETTE, 2008, p. 351. Figura 78: 100 latas de sopa Campbell, 1962. Andy Warhol. Fonte: STRICKLAND, 2004, p.175. 83 B GC GLOSSÁRIO A E F Silk Screen: Serigrafia ou silkscreen é um processo de impressão no qual a tinta é vazada – pela pressão de um rodo ou puxador – através de uma tela preparada. A tela, normalmente de seda, náilon ou poliéster, é esticada em um bastidor de madeira, alumínio ou aço. Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período B GC GLOSSÁRIO A Retícula: Malha de pontos, usada em reprodução de imagens com meios tons, em quadricromia e em efeitos gráficos diversos. 4.9.2 Roy Lichetenstein (1923-1997) E F Assim como Warhol, Roy Lichetenstein interpretou a cultura americana de massa em suas obras. O artista foi considerado um dos mais interessantes da Pop Art, e recorreu à técnica dos quadrinhos. De acordo com Prette, o artista fez suas obras “ampliando ao máximo a imagem e tornando muito evidente o preto dos contornos e a retícula tipográfica”. (PRETTE, 2008, p. 351). Partindo desse princípio, suas obras criam um efeito de granulação. Figura 79. Figura 79: Whaam!, 1964, litografia impressa em offset. Roy Lichtenstein. Fonte: PRETTE, 2008, p. 351. 4.9.3 Jasper Johns (1930) Nasceu no estado Norte Americano da Geórgia, e estudou na Universidade da Carolina do Sul. Conhece Robert Rauschenberg e Marcel Duchamp, quando volta para Nova York, e juntos redescobrem a arte contemporânea. Jasper Johns também se destacou entre os pioneiros da Pop Art americana. Iniciou sua carreira pintando objetos vulgares do cotidiano, Figura 80: Três bandeiras, 1958. Jasper Johns. como bandeiras, mapas e Fonte: STRICKLAND,1999, p.175. algarismos. Exemplo de uma das suas principais obras é o quadro "Três Bandeiras", Figura 80. 84 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes 4.10 OPTICAL ART Conhecida como Op Art, que significa “arte ótica”, a Optical Art é um gênero da pintura abstrata onde as formas e cores são organizadas de maneira a criar efeitos visuais que dão a impressão de movimento. Simboliza um mundo precário e instável, que sofre transformações a cada momento, provocando inquietações e vazios. Foi um movimento que representou a instabilidade do mundo, enfatizando a relação dinâmica entre o espectador e a percepção da pintura. Para Pinto, Meireles e Cambotas, a Op Art contempla duas finalidades: ? sugerir facilidades de racionalização para a produção mecânica ou para a multiplicidade; ? solicitar a participação ativa do contemplador para que a composição se realize completamente como “obra aberta”. (PINTO; MEIRELES; CAMBOTAS, 2001, p. 585). Os artistas mais importantes foram Victor Vassarely e Escher. 4.10.1 Victor Vassarely (1908-1998) Artista francês de origem Húngara, Vassarely criou a plástica cinética, fundamentada em pesquisas e experiências dos fenômenos de percepção óptica. Para Prette (2008, p. 353) suas composições são constituídas por figuras geométricas e pela “busca da vibração visual”, onde “côncavo e convexo, formas que diminuem em proporção geométrica, cores moduladas oportunamente sobre a superfície do quadro criam a ilusão óptica de avanço ou recuo da imagem”. Figura 81: Composição. Victor Vasarely. Fonte: http://www.sixdifferentways.com/wp-upload /2006/06/Victor-Vasarely.jpg acesso em 25/09/09. 85 B GC GLOSSÁRIO A E F Obra aberta: A obra de arte é aberta porque não comporta apenas uma interpretação. Termo criado por Umberto Eco, no livro A obra aberta. Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período 4.10.2 Escher (1898-1972) M. C. Escher baseia em conceitos matemáticos relacionados principalmente com a geometria, para criar sua arte. Apesar de seu trabalho permanecer praticamente ignorado até aos anos 50, hoje se tornou uma referência e continua a fascinar gerações pela sua singularidade e originalidade. Figura 82: Ar e água I, Xilogravura, 1938. Escher. Fonte: ERNST, 2007, p. 28. REFERÊNCIAS ARGAN, Giulio Carlo, Arte Moderna. Tradução Denise Bottmann e Frederico Carotti – São Paulo: Companhia das Letras, 1992. ENCYCLOPEDIE DE L’ART. Paris: Librairie générale française , 2000. GOMBRICH, E.H. Historia da arte. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1998. JANSON,H.W. & JANSON,A.F. Iniciação à História da Arte. São Paulo:Martins Fontes,1996. trad. Jefferson Camargol. PRETTE, Maria Carla. Para entender a arte: história, linguagem, época e estilo. São Paulo: Globo, 2008. REIS, Sandra Loureiro de Freitas. Educação artística - Introdução a Historia da arte. Belo Horizonte: UFMG, 1996. 86 Historia das Artes Visuais II UAB/Unimontes STRICKLAND, Carol, Arte Comentada - Da pré-história ao Pós-moderno. Tradução Ângela Lobo de Andrade. – Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. WOLFFLIN, Heinrich. Conceitos Fundamentais da Historia da arte. Tradução: Azenha JR, João. 3ª. Edição. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2001. 87 RESUMO Nesta disciplina, continuamos abordando a História das artes Visuais, iniciando pelo barroco até as últimas vanguardas da arte do século XX, onde procuramos ressaltar os pontos mais importantes da pintura, da escultura e arquitetura desses períodos. Através da arte Barroca, você pode conhecer um momento dominado pela irregularidade, pela fantasia e pela sobrecarga decorativa. Durante esse período, a arquitetura, a escultura e a pintura se uniram para criar a obra de arte total. A pintura e a escultura integraram-se na arquitetura, deixando de ter caráter decorativo e concebendo-se como elementos de representação que se realizavam no grande teatro arquitetônico. Logo depois, vimos o Neoclássico, um movimento cultural e artístico que se difundiu entre a metade do século XVIII e o começo do século XIX. Esse movimento, que se desenvolve paralelamente às pesquisas arqueológicas, pode ser ligado aos comportamentos típicos da filosofia das Luzes. Foi um movimento que quis propor os modelos de rigor e harmonia que pareciam até então pertencer somente à Antiguidade. Já o Romantismo foi um movimento artístico europeu do começo do século XIX, e teve como principais características a recusa de toda pretensão moralizante e a importância concedida ao irracional. Desenvolveu-se primeiramente na Inglaterra e na Alemanha, mais especificamente na literatura. Todos os artistas que aderem a essa tendência sustentam uma grande observação à literatura; remetem à honra da mitologia nórdica e concedem posição de destaque ao imaginário, ao mistério e ao fantástico. O Romantismo tinha como temas principais os fatos reais da história nacional e da cultura contemporânea dos artistas do período. Além disso, salienta-se que a natureza começa a ganhar importância e passa a ser o tema da pintura. O Realismo, movimento artístico que começa na França nos anos de 1830 e se prolonga oficialmente até o fim do século XIX, estava sempre associado às preocupações sociais ou políticas. O movimento Impressionista se desenvolveu na França entre 1874 e 1880, quando os artistas se sentiram fortemente atraídos pelo naturalismo de Courbet e pelas estampas japonesas que começaram a se difundir na França. Essas obras mostravam as possibilidades de síntese que se poderia obter através da estilização da linha e da cor. 89 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período Finalmente, toda a efervescência artística do século XX, com a arte norteada pela rejeição ao passado e a busca incessante por liberdade de expressão, libertava o artista de agradar a um mecenas. Consequentemente, elege-se a imaginação e as experimentações individuais como única fonte de inspiração. Nesse momento, o trabalho das vanguardas era fazer com que a obra de arte se distanciasse da ideia de retratar a natureza, tomando o caminho da abstração, onde dominam as linhas, as cores e as formas. SUGESTÕES DE FILMES PARA DEBATE Romantismo Sombras de Goya (Goya’s Ghosts). Sinopse: O pintor espanhol Francisco Goya (Stellan Skarsgärd) encara um escândalo quando sua maior musa, Inés (Natalie Portman), é acusada de heresia pelo monge Lorenzo (Javier Bardem) e enviada à prisão. Pós Impressionismo Sede de viver, 1956, direção Vincent Minneli. Uma adaptação brilhante da biografia Vincent Van Gogh (Kirk Douglas) escrita por Irving Stone. Van Gogh é o arquétipo do gênio artístico atormentado, cuja magnificência da obra contrasta com uma existência infeliz e amargurada que haveria de conduzi-lo ao suicídio. Anthony Quinn ganhou o Oscar por sua interpretação de Paul Gauguin, outro gênio da pintura amigo de Van Gogh. Duração: 122 minutos. Século XX Camille Claudel, 1988, direção Bruno Nuytten. Com Isabelle Adjani e Gérard Depardieu. Grande reflexão sobre o poder devastador da arte perante a fragilidade humana. A escultora Camille, irmã do poeta Paul Claudel, possui um relacionamento de 15 anos com Rodin, primeiramente seu professor e mais tarde seu amante. Camille passa por muitos sofrimentos, que a levam à loucura. Um filme muito interessante se atentarmos para o machismo existente na personalidade de Rodin. Os amores de Picasso, 1996, direção James Ivory. Conta a vida de Picasso sob a óptica de uma de suas muitas mulheres. 123 min. Basquiat – traços de uma vida, 1996, direção Julian Schnabel. Filho de pai haitiano e mãe porto-riquenha, Basquiat revela seu talento como grafiteiro. É assediado por marchand, até cair nas graças do pai da Pop-Art, Andy Warhol. Pollock – A saga do maior pintor expressionista da América. Direção de Ed Harris. Vencedor do Globo de Ouro e indicado ao prêmio da Academia como melhor ator. Harris, o qual fez sua estreia na direção, faz o papel principal e cuida da produção. O filme mostra a vida de um homem que foi apropriadamente chamado “um artista dedicado ao recolhimento, uma celebridade que ninguém entendeu”. 90 REFERÊNCIAS BÁSICAS ARGAN, Giulio Carlo, Arte Moderna. Tradução Denise Bottmann e Frederico Carotti – São Paulo: Companhia das Letras, 1992; GOMBRICH, E.H. Historia da arte. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1998. REIS, Sandra Loureiro de Freitas. Educação artística - Introdução a Historia da arte. Belo Horizonte: UFMG, 1996. STRICKLAND, Carol, Arte Comentada - Da pré-história ao Pós-moderno. Tradução Ângela Lobo de Andrade. – Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. WOLFFLIN, Heinrich. Conceitos Fundamentais da Historia da arte. Tradução: Azenha JR, João. 3ª. Edição. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2001 COMPLEMENTARES Bibliothèque nationale de France, 7 abril-13 julho 1998]. Paris: Bibliothèque nationale de France , 1998. CHING. Francis D.K. Dicionário Visual de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999. ENCYCLOPEDIE DE L’ART. Paris: Librairie générale française, 2000. Historia Geral da Arte – Pintura IV – Espanha: Ediciones Del Prado, 1996 http://tropicalia.uol.com.br/site/internas/marg_antiarte.php http://www .geometricasnet.wordpress.com/.../ http://www.enciclopedia.com.pt/articles http://www.jokerartgallery.com/fotos/pin/Kandinsky/Improvisation_31.jpg http://www.jokerartgallery.com/fotos/pin/Kandinsky/Improvisation_31.jpghttp://www.niteroiartes.com.br/cursos/la_e_ca/modulos2.html http://www.passeiweb.com/saiba_mais/arte_cultura/galeria/piet_mondrian /2#- 91 Artes Visuais Caderno Didático - 3º Período JANSON,H.W. & JANSON,A.F. Iniciação à História da Arte. São Paulo: Martins Fontes,1996. trad. Jefferson Camargol JOBERT,B. Delacroix, le trait romantique. [exposição, Paris, LACLOTTE,M. Orsay la peinture. Paris: Scala , 2003. O livro da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Tradução de Monica Stahel e autorização Phaidon Press. PINTO, Ana Lídia; MEIRELES, Fernanda; CAMBOTAS, Manuela Cernadas. História da Arte - Ocidental e Portuguesa, das origens ao final do Séc. XX. 2a. Edição, Portugal: Porto, Editora 2001. PONCE DE LÉON. P.G. Breve história da Pintura. Madrid: ed. Lisboa, 2006. Tradução de José Carlos Teixeira. PRETTE, Maria Carla. Para entender a arte: história, linguagem, época e estilo. São Paulo: Globo, 2008 PROENÇA, G. História da Arte. São Paulo: editora Ática, 2009. STRICKLAND, Carol, Arquitetura comentada. Tradução Fidelity Translations. – Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. www.diretoriodearte.com/uncategorized/fauvismo w w w . o c a i w .com/galleria_maestri/gallerywww.caleidoscopio.art.br/.../cubismo01.html www.sindone.org/it/icono/rouault2.htm, JONSON, H. W.; JONSON, Anthony F. Iniciação à História da arte. Tradução: Jefferson Luiz Camargo- 2ª. Edição – São Paulo: Martins Fontes, 1996. http:// noticias.terra.com.br/ ciência/interna Mattos, Paula Belfort. A arte de Educar. São Paulo: Editor Antonio Bellini, 2003, p. 150 PRETTE, Maria Carla. Para entender a arte: história, linguagem, época e estilo. São Paulo: Globo, 2008 92 ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM 1) Com referência ao período Barroco, as alternativas abaixo estão corretas, EXCETO: A) ( ) No movimento Barroco, a pintura e a escultura não se integraram na arquitetura, tendo apenas caráter decorativo. B) ( ) Roma acabou se tornando o local de origem deste estilo, devido ao papado ter voltado a patrocinar a produção de obras de arte com o objetivo de transformar a cidade na mais bela do mundo cristão. C) ( ) Michelangelo é considerado por muitos o precursor do Barroco, pois já apresenta a força de expressão necessária para a obtenção das características desse movimento artístico. D) ( ) A arte barroca em geral pode ser também definida como uma manifestação do poder estabelecido, isto é, o dos grandes monarcas, o da burguesia protestante e da Igreja triunfante. 2) Como eram os modelos que Caravaggio escolhia para representar em suas pinturas? E como a pintura desses modelos se caracteriza na obra de Caravaggio? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 3) Segundo Proença, “havia nas esculturas renascentistas um equilíbrio entre aspectos intelectuais e emocionais. Já nas obras barrocas, esse equilíbrio desaparece, dando lugar à exaltação de sentimentos. As formas procuram expressar o movimento e recobrem-se de efeitos decorativos. Predominam as linhas curvas, os drapeados das vestes e o uso do dourado. Os gestos e o rosto das personagens revelam fortes emoções e atingem uma dramaticidade desconhecida no Renascimento” (PROENÇA, 2009, p. 138). Com referÊncia à escultura no estilo Barroco, todas as alternativas abaixo estão corretas, EXCETO: A) ( ) Um dos artistas que mais se destacou na arte barroca foi Jean-Antoine Houdon (1741-1828), escultor francês que estudou em Roma, onde realizou inúmeros estudos anatômicos. 93 Caderno Didático - 3º período Artes Visuais B) ( ) A escultura barroca tem sido acusada de ser um tour de force, tentando obter efeitos ilusionistas que estão além de seu campo. C) ( ) Bernini criou majestosas colunas retorcidas e decoradas com motivos florais para o baldaquino de bronze construído pelo Papa Urbano VIII, que foi colocado sobre o centro da cúpula construída por Michelangelo, na Basílica de São Pedro, em Roma. D) ( ) Algumas das obras de Bernini serviram de elemento decorativo nas igrejas, como o baldaquino da Basílica de São Pedro no Vaticano. 4) Francisco José Goya y Lucientes (1746-1828), foi pintor e gravador, além de retratista da corte espanhola, da alta sociedade, de pessoas do povo e de cenas históricas. Goya se destaca por sua admiração pela obra de Velázquez e a uma total liberdade de observação e execução, independente de todo ideal acadêmico de beleza e conveniência. O artista, através de sua criação artística, deu uma dramaticidade e um emocionante testemunho dos acontecimentos de sua época, abrindo o caminho a numerosas experiências artísticas entre as mais importantes do século XIX. Com referência ao artista Francisco de Goya, analise o texto e marque “V” para Verdadeiro ou “F” para Falso: a) ( ) Verdadeiro b) ( ) falso 5) Relacione o nome do artista ao estilo artístico correspondente. 1. ( ) Francisco de Goya ( ) Barroco 2. ( ) Eduard Manet ( ) Romantismo 3. ( ) David ( ) Impressionismo 4. ( ) Caravaggio ( ) Neoclássico 6) O Romantismo caracteriza-se pela recusa de toda pretensão moralizante e pela importância concedida ao irracional. Ele se desenvolve primeiramente na Inglaterra e na Alemanha, com a literatura. Todos os artistas que aderem a essa tendência sustentam uma grande observação à literatura, remetem à honra da mitologia nórdica e concedem uma posição de destaque ao imaginário, ao mistério e ao fantástico. Com relação ao Romantismo, todas as alternativas abaixo estão corretas, EXCETO: A) ( ) Os temas eram em geral fatos reais da história nacional e da cultura contemporânea dos artistas do período. B) ( ) Os contrastes de claro e escuro e a cor reaparecem produzindo efeitos de dramaticidade no espectador. C) ( ) As paisagens luminosas, os retratos delicados, as cenas da vida da pequena burguesia refletiam uma sociedade urbana e tranquila. 94 História das Artes Visuais UAB/Unimontes D) ( ) Os Românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista. 7) A palavra Fovismo ou Fauvisno, pode ser traduzida “como animal selvagem”, isto porque, de acordo com Strickland, a exposição em Paris, que inaugurou o movimento em 1905, foi “[...] um desses momentos cruciais na história, que mudou para sempre nossa maneira de ver a arte. O público teve uma reação bastante hostil, e o grupo formado por Vlaminck, Derain, Dufy, Goerges Braque e Rouault foi apelidado de “feras” (fauves). (STRICKLAND,1999, p. 130). Analise o texto acima e marque “V” para Verdadeiro ou “F” para Falso: a) ( ) Verdadeiro b) ( ) Falso 8) Com relação à pintura fovista, analise as alternativas abaixo; todas estão corretas, EXCETO: A) ( ) O Movimento fauvista foi influenciado por Gauguin, pela utilização Naturalista e planificada das formas, das cores e dos contornos em negro; B) ( ) O Movimento fauvista sofreu influência da arte oriental, em particular da pintura japonesa, planificada e de contornos lineares. C) ( ) O Fauvismo sofre também influências da obra de Van Gogh, quando este diz que, “em vez de procurar representar o que tenho diante dos olhos, sirvo-me da cor mais arbitrariamente, para me exprimir de uma maneira mais forte”; a cor e o individualismo expressivo vão marcar, decisivamente, a pintura fauvista; D) ( ) O estilo Fauvista sofre também influencias de Paul Cézanne, pois o pintor afirma que “à pintura já não cabe relatar, mas sim realizar-se a si mesma”, ou seja, a criação pictórica torna-se autônoma da realidade objetiva. 9) O Movimento cubista foi iniciado em 1907, em Paris, e propôs reformular a maneira de representação dos objetos, que passaram a ser vistos pelo espectador sob vários ângulos ao mesmo tempo. O cubismo é marcado pela fragmentação e justaposição das figuras, usando o geometrismo. O artista tentava construir algo em vez de copiar a imagem vista. Analise o texto e marque “V” para Verdadeiro ou “F” para Falso: a) ( ) Verdadeiro b) ( ) Falso 10) Picasso e Braque entre 1912 e 1914, juntamente com o pintor espanhol Juan Gris, inventaram uma nova forma de arte, chamada de colagem, onde incorporaram letras em estêncil e tiras de papel às pinturas. Esse novo estilo de arte recebeu o nome de: 95 Caderno Didático - 3º período Artes Visuais a) ( ) Cubismo analítico b) ( ) Futurismo c) ( ) Cubismo sintético d) ( ) Surrealismo 11) De acordo com Strickland (2004, p.149), o Surrelaismo se apresentava de duas formas. Quais foram elas? 1______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 2______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 12) A expansão e o fortalecimento do Protestantismo levaram os católicos a lançar mão da pintura como meio de divulgação de sua doutrina, o que levou os artistas a buscarem um realismo mais convincente possível. Todas as características do Barroco abaixo estão incorretas, EXCETO: a) ( ) A composição simétrica, com o uso exagerado de diagonais, revelando figuras retorcidas; b) ( ) Forte contraste de claro-escuro, visando intensificar a sensação de profundidade da pintura; c) ( ) A preferência por cenas de grande intensidade dramática, com temas fora da realidade a fim de atingir, todas, poucas camadas sociais; d) ( ) O uso da luz natural para conduzir o olhar do expectador para os acontecimentos mais relevantes da obra. 13) A expansão e o fortalecimento do Protestantismo levaram os católicos a lançar mão da pintura como meio de divulgação de sua doutrina, o que levou os artistas a buscarem um realismo mais convincente possível. Todos os pintores abaixo, pertencem ao Barroco na Europa, EXCETO: a) ( ) Caravaggio b) ( ) Tintoretto c) ( ) Eugene Delacroix d) ( ) Peter Paul Rubens 96 História das Artes Visuais UAB/Unimontes 14) A artista Mary Cassat, foi grande amiga de Degas, e participou das exposições do grupo impressionista a partir de 1879. Os retratos de pessoas próximas, normalmente mulheres e crianças escolhidos da intimidade do seu cotidiano, são frequentes em sua obra. Analise as alternativas abaixo com relação às características da obra, todas de Cassat. Todas estão Incorretas, EXCETO: a) ( ) Paleta caracterizada por cores claras e vivas; b) ( ) A artista antecipa a visão do cubismo; c) ( ) A artista interpreta teorias sobre os efeitos psicológicos da linha e da cor; d) ( ) Desenhava seus temas a partir da vida contemporânea, dos cafés de Paris, dos salões de dança e do circo. 15) Van Gogh mostra em sua pintura uma estrutura dinâmica, ondulada; os céus não são serenos, mas vincados de nuvens vorticosas e o sol e a lua espalham sua luz com raios de pura cor amarela. Analise as alternativas abaixo, com relação à obra de Van Gogh, todas estão incorretas, EXCETO: a) ( ) A obra de Van Gogh transmite uma mensagem suave e muito apaixonada ; b) ( ) Usava cores de maneira nova para a época, com pinceladas marcadas e uma pasta cromática densa, sendo as tintas muitas vezes usadas em estado puro ; c) ( ) Van Gogh não desenvolve um estilo próprio ; d) ( ) Nas suas pinturas não é possível observar cores primárias em tons fortes, principalmente o amarelo, que era sua cor predileta. 16) Com relação à pintura fauvista, todas as alternativas abaixo estão Incorretas, EXCETO: a) ( ) Dentre os fauvistas, somente Henri Matisse não continuou a explorar o potencial da cor pura; b) ( ) O Movimento foi inaugurado em 1905, e obteve do público uma reação bastante amigável e acolhedora; c) ( ) A não utilização de pinceladas vigorosas e motivos chapados e lineares; d) ( ) O fauvismo teve como marca principal as cores intensas, fortes e explosivas, com o uso de pinceladas vigorosas. 17) Relacione as características de acordo com o Movimento artístico: 1. ( ) Fauvismo ( ) Pinturas eram feitas ao ar livre 2. ( ) Cubismo ( ) Inspiração no subconsciente 3. ( ) Impressionismo ( ) Objetos representados sob vários ângulos 4. ( ) Surrealismo ( ) Cores puras 97 Caderno Didático - 3º período Artes Visuais 18) A massificação dos objetos de consumo através da publicidade e a exaltação do objeto banal é colocada à mostra. Esta afirmativa refere-se a qual movimento artístico? a) ( ) Surrealismo b) ( ) Cubismo c) ( ) Pop Art d) ( ) Cubismo 19) A Op Art contemplava duas finalidades. Quais são elas? 1_______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2_______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 20) Analise as alternativas abaixo e marque “V’ para Verdadeiro ou “F” para Falso: a) ( ) A Op Art foi um movimento que representou a instabilidade do mundo, enfatizando a relação dinâmica entre o espectador e a percepção da pintura; b) ( ) Na Pop Art o artista retratava em suas obras temas e objetos da vida cotidiana, das prateleiras dos supermercados e das manchetes de tablóides; c) ( ) O expressionismo abstrato tinha como objetivo principal expressar a vida exterior através da arte; d) ( ) O Surrealismo foi um movimento que floresceu nos Estados Unidos nos anos 20 e 30, e que levou ao extremo o senso de realidade das imagens. 98