Edição 87 - Conselho Regional de Fonoaudiologia
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Edição 87 - Conselho Regional de Fonoaudiologia
Futuro agora Tecnologia e Telessaúde, nossas aliadas: profissionais e pacientes unidos por redes e conectados a diversos programas, em prol da qualidade no atendimento E ditorial Um amplo espaço para reflexões Colega, T Foto: Gazeta emos o prazer de trazer a você mais um número da Revista da Fonoaudiologia. E, como não poderia deixar de ser, este número vem repleto de novidades. Para começar, nossa matéria de capa reflete a Fonoaudiologia de hoje: tecnologia aliada ao exercício profissional e as questões ligadas à telessaúde. Uma matéria que, com certeza, nos levará a novos questionamentos e ao desejo de nos aprofundarmos mais nesta área. Além disso, apresentamos um levantamento interessante das Associações/Sociedades que representam a Fonoaudiologia tanto no Brasil como no exterior. Se você souber de alguma outra que não foi citada, por favor, informe o Conselho para que possamos divulgar aos nossos colegas. A Revista falará sobre os distúrbios de voz relacionados ao trabalho e sobre afastamento no caso do profissional apresentar algum problema; apresentará a você um espaço criado no site do Ministério da Saúde com o que há de mais atualizado em legislação na área da saúde no Brasil, além de divulgar os últimos lançamento em livros técnicos na nossa área. Parabéns aos autores!!! Um assunto de grande importância: o CRFa sempre recebe solicitações para que faça divulgação da profissão. Como todos sabem, divulgar a profissão não é fácil, pois as mídias mais importantes são caras e muitas vezes querem um fato sensacionalista para publicar. Entretanto, temos conseguido divulgar nosso trabalho no “Seminário Qualidade de Vida em São Paulo”, evento realizado mensalmente na Câmara Municipal de São Paulo. É a segunda participação da atual gestão neste Seminário, e esperamos poder participar de outros eventos em que a Fonoaudiologia possa ser divulgada para a população. Para finalizar, leiam uma prévia do que aconteceu no Congresso da IAOM. Esta é a primeira vez que um Congresso da IAOM é realizado na América Latina. A edição brasileira contou com a participação recorde de 448 inscritos. O CRFa 2ª Região parabeniza a Dra. Irene Marchesan, presidente do evento, pela excelência e cuidado na organização. Como falei na abertura do evento: Apesar de tudo, das dificuldades que temos passado, temos certeza de que, com profissionais na Fonoaudiologia como Irene, teremos força e garra para enfrentarmos todas as adversidades. Thelma Costa Presidente do 9º Colegiado do CRFa. 2ª Região/SP Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 3 PRESIDENTE Thelma Costa 5 VICE-PRESIDENTE Ana Camilla Bianchi Pizarro DIRETORA-SECRETÁRIA Monica Petit Madrid DIRETORA-TESOUREIRA Silvia Tavares de Oliveira 6 CONSELHEIROS • Ana Camilla Bianchi Pizarro • Ana Leia Safro Berenstein • Andréa Cintra Lopes • Beatriz Ercolin • Fabiana Gonçalves Cipriano • Fabiana Regiani da Costa • Inayara Domenegheti de Carvalho • Irene Queiroz Marchesan • Katia de Cássia Botasso • Kelly Cristiane D’Amelio Pedroso • Maria Cristina Alves Corazza • Maria do Carmo Redondo • Mariene Umeoka Hidaka • Monica Petit Madrid • Regina Buozzi • Silvia Tavares de Oliveira • Soraya Margall • Teresa Maria Momensohn dos Santos • Thais Regina Raize • Thelma Costa DELEGACIA DA BAIXADA SANTISTA Rua Joaquim Távora, 93 – cj. 15 – Vila Matias CEP 11075-300 – Santos/SP Fone: (13) 3221-4647 – Fax: (13) 3224-4908 [email protected] DELEGACIA DE MARÍLIA Rua Paes Leme, 47 – 5º andar – sala 51 – Centro CEP 17500-150 – Marília/SP Fone/Fax: (14) 3413-6417 [email protected] DELEGACIA DE RIBEIRÃO PRETO Rua Bernardino de Campos, 1001 – 13º andar – cj. 1303 CEP 14015-130 – Ribeirão Preto/SP Fone: (16) 3632-2555 – Fax: (16) 3941-4220 [email protected] DEPARTAMENTOS CONTABILIDADE [email protected] DIVULGAÇÃO [email protected] DEPTO. PESSOAL [email protected] JURÍDICO [email protected] ORIENTAÇÃO E FISC. [email protected] RECEPÇÃO [email protected] REGISTROS/TESOURARIA [email protected] SECRETARIA [email protected] COMISSÕES • Audiologia • Divulgação • Educação • Ética • Legislação e Normas • Licitação • Orientação e Fiscalização • Saúde • Tomada de Contas 13 14 Reportagem e edição: • Maria Ligia Mathias Pagenotto • Márcia Coelho Pezenti • Sergio de Castro Rodrigues IMPRESSÃO Conpanygraf Presidente do CRFa-SP defende pontuação em atividades científicas Prêmio Viva Fonoaudiologia vai divulgar profissional Concurso em comemoração ao Dia do Fonoaudiólogo terá inscrições de 4 a 30 de outubro e é aberto a estudantes de cursos e graduação Fonoaudiólogos investem em novas tecnologias Profissionais de diversas áreas utilizam recursos cada vez mais sofisticados para pesquisa e comunicação com pacientes Protocolo orienta sobre distúrbios de voz Fonoaudiólogo conta com recurso para diagnóstico e tratamento das alterações de voz em ambientes de trabalho 22 Científico: sites que adoramos consultar Veja uma relação de sites de entidades e organizações que podem ser úteis aos fonoaudiólogos em diversas áreas 24 Clipping: Conheça o Alerta Legis Biblioteca virtual oferece dados sobre leis que influenciam no trabalho do fonoaudiólogo 25 Notas Notícias da delegacias e da atuação dos profissionais 27 Livros Veja lançamentos sobre atuação do fonoaudiólogo e exercícios de linguagem para reorganização neurofuncional TIRAGEM 13.500 exemplares Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região/SP Rua Tanabi, 64 – Água Branca CEP 05002-010 – São Paulo/SP Fone/Fax: (11) 3873-3788 – www.fonosp.org.br Evento de Motricidade Orofacial debate formação dos fonoaudiólogos Telessaúde conquista espaço entre fonoaudiólogos Modernos recursos promovem troca de informações entre profissionais, auxiliam diagnósticos e na formação dos profissionais 20 JORNALISTA RESPONSÁVEL Sérgio de Castro Rodrigues (MTb 23.903) REDAÇÃO Conexão Nacional (11) 3151-5516 e 3151-5752 wwww.conexaonacional.com.br [email protected] 39º Congresso da IAOM debate especialização Número recorde de participantes debateu formação profissional e tendências em Motricidade Orofacial como forma de qualificar e certificar especialistas COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO Teresa Maria Momensohn dos Santos – Presidente Ana Camilla Bianchi Pizarro Beatriz Ercolin Irene Queiroz Marchesan Thais Regina Raize PRODUÇÃO EDITORIAL E GRÁFICA Alexandre Barros e Leandro Perez VIANEWS Comunicação Integrada C ientífico Í ndice Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região 9º Colegiado A fonoaudióloga Thelma Costa, presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia - 2ª Região, manifestou, durante a 39th Annual Convention International Association of Orofacial Myology (IAOM), congresso na área de motricidade orofacial, realizado en tre os dias 27 e 29 de agosto, em São Paulo, sua insatisfação pela forma com que os cursos de especialização são certificados no Brasil. Thelma, especialista em audiologia, aproveitou a presença de diversas autoridades da Fonoaudiologia durante a abertura do evento para parabenizar a IAOM, “que oferece certificação e educação continuada a quem exercer a Envio de artigos, sugestões ou reclamações: [email protected] As opiniões emitidas em textos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. A reprodução de textos desta edição é permitida, exclusivamente para uso editorial, desde que claramente identificada a fonte. Textos assinados e fotos com crédito identificado somente podem ser reproduzidos com autorização, por escrito, de seus autores. Informamos que o CRFa. 2ª Região/SP não se responsabiliza pelos serviços prestados pelos anunciantes ou pelo que é anunciado nesta Revista. Thelma Costa, na abertura do IAOM: pontuação em cursos para formar especialistas especialidade” - no caso, a motricidade orofacial. “Esta é uma excelente ideia, uma prática comum a tantos países, que poderia servir de exemplo para nossas entidades quando pensarem nos títulos de especialistas”, disse Thelma para a plateia. Segundo ela, no Brasil o título é fornecido pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia. “No Irene Marchesan, na abertura do IAOM (esq.), com Licia exterior, a cada atividade Paskay, presidente do órgão científica que o profissional participa, vão sendo contados pon- trou que é possível fazer um congresso tos para que tire o título de especialista de qualidade a um custo que o fonoauem uma determinada área. A Sociedade diólogo pode pagar”, finalizou Thelma. Brasileira de Fonoaudiologia e a AcadeIrene Queiroz Marchesan, presidenmia Brasileira de Audiologia, que são te do evento, afirmou que os americaentidades científicas, poderiam também nos ficaram perplexos com a quantidade pontuar esses cursos”, sugeriu. de pessoas que se inscreveram - foram Para Thelma, esta seria uma forma 448 inscritos. “O maior congresso deles de garantir a qualidade da formação do foi em San Diego, nos EUA, e reuniu 110 especialista, tornando o processo menos pessoas”, disse Irene, satisfeita com a parburocrático e mais confiável. Ela apro- ticipação de profissionais de 12 países. veitou a ocasião para parabenizar os Durante o Congresso, foi lançada responsáveis pelo evento, em especial a a criação da ABRAMO – Associaprofa. dra. Irene Marchesan, do CEFAC. ção Brasileira de Motricidade Orofa“Esta é a primeira vez que um con- cial – e Irene aprovou o discurso de gresso da IAOM acontece na América Thelma. “A Sociedade Brasileira de Latina. Quero dar os parabéns à Ire- Fonoaudiologia, uma entidade cientíne pelo empenho de ter trazido este fica, deveria assumir a certificação dos evento para o Brasil. E e la ainda mos- cursos”, afirmou Irene. Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 5 R eportagem de C apa Telessaúde Aproximando profissionais de todo o país A tecnologia no setor encurta distâncias e favorece a troca de saberes E m Telessaúde, diversos são os recursos tecnológicos utilizados, pois este conceito está atrelado à promoção da saúde relacionada a serviços de informação, valendo-se de tecnologias de comunicação – das mais simples às mais complexas. É fato que, cada vez mais, novas possibilidades vêm sendo abertas aos profissionais por conta da telessaúde. Utilizando videoconferências, teleconferências, TELESSAÚDE Em Motricidade Orofacial Para Silmara Rondon, mestranda em Ciências da Reabilitação do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da FMUSP, orientada pela Professora Titular: Claudia Regina Furquim de Andrade, as novas tendências em telessaúde na área da Fonoaudiologia estão relacionadas à assistência e à educação em saúde. “Grandes atividades e ferramentas têm sido desenvolvidas com o objetivo de otimizar os serviços, melhorar a formação dos profissionais e ampliar a cobertura de atendimentos fonoaudiólogos para todo Brasil; porém, também é papel do fonoaudiólogo ficar atento às novas tendências para que se qualifique profissionalmente e faça um bom atendimento aos pacientes”, afirma. Silmara desenvolve ferramentas e estratégias educacionais relacionadas a diferentes áreas da Fonoaudiologia, entre elas, a motricidade orofacial. Os trabalhos são realizados sob a coordenação do professor doutor Chao Lung Wen e integram linhas de pesquisas relacionadas ao uso das ferramentas da Telemedicina e da Telessaúde para a promoção da tele-educação interativa. O público alvo são estudantes de gradu- educação continuada e à distância, o recurso promove a troca de informações na busca de diagnósticos, prevenção e tratamento de doenças, bem como atenção básica à saúde em locais de difícil acesso. Outra finalidade é aperfeiçoar o profissional da Fonoaudiologia. Tudo isto tendo em vista garantir melhor qualidade de vida aos pacientes. Conheça aqui como têm trabalhado neste sentido os profissionais entrevistados. ação das diferentes áreas da saúde, sobretudo de Fonoaudiologia. Na área de motricidade orofacial, Silmara realiza roteiros científicos para a construção de imagens e sequências dinâmicas em computação gráfica 3D. As imagens e roteiros são utilizados no Projeto Homem Virtual, ferramenta educacional que possibilita viajar pelo corpo humano online e conhecer sua anatomia e fisiologia. A solução é utilizada em cursos presenciais ou com interações à distância, em vídeos de educação aplicada, em aulas de cursos de graduação, pós-graduação e também para informar e educar pacientes e cuidadores. A fonoaudióloga também vem desenvolvendo um jogo educacional que explica o sistema miofuncional orofacial aos estudantes de Fonoaudiologia. O recurso apresentará informações teóricas e simuladores de casos clínicos relacionados à prática, e poderá ser utilizado nas universidades como apoio ao ensino e à aprendizagem na área de motricidade orofacial. Outros temas deverão ser desenvolvidos no Projeto Homem Virtual, entre eles as disfagias orofaríngeas, processamento motor da fala, fissuras labiopalatinas e doenças degenerativas que afetam o sistema miofuncional orofacial. Ela conta que recentemente começou a ser desenvolvido o Bebê Virtual. A ferramenta deverá ilustrar o de- senvolvimento da sucção e da deglutição no recém-nascido. “Acredito que os espaços colaborativos gerenciados pela web, cursos de interação à distância e o desenvolvimento de aplicativos e recursos audiovisuais podem trazer grandes benefícios a estudantes, profissionais, agentes comunitários e para a população em geral”, afirma. Lucinéia Cortes Modes, fonoaudióloga, mestre em Distúrbios da Comunicação Humana e Coordenadora do Setor de Fonoaudiologia do Complexo Hospitalar de São Bernardo do Campo, ministra um curso de educação à distância para 27 alunas de várias partes do Brasil no Instituto de Estudos Avançados da Audição (IEAA). A extensão é teórica e aborda a motricidade orofacial em neonatos. Durante o curso, todos os casos apresentados pelas alunas ou pela professora são discutidos com foco na atuação, e tem como principal objetivo atualizar e ajudar os profissionais na prática clínica. O curso tem 10 horas de duração e é dividido em módulos de duas horas. Os alunos se inscrevem pela internet e escolhem os horários das aulas que querem participar. “Todo processo é bem interativo. Grupos de discussão se formam e todos participam, pois as aulas são orientadas em tempo real”, explica Lucinéia. Acredito que os espaços colaborativos gerenciados pela web, cursos de interação à distância e o desenvolvimento de aplicativos e recursos audiovisuais podem trazer grandes benefícios a estudantes, profissionais, agentes comunitários e para a população em geral. Silmara Rondon, Fonoaudióloga da disciplina de Telemedicina da FMUSP 6 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 7 R eportagem de C apa Temos utilizado o webinar, um produto que agiliza nossas reuniões. Pagamos para uma central que organiza os encontros. Por meio de um link, é possível as pessoas se inscreverem e, no dia combinado para reunião, entrarem neste link. Para garantir a eficácia de materiais educativos que apresentam objetivo de ensino-aprendizagem, sejam eles relacionados à educação e/ou à saúde dentro da proposta de ensino mediado por tecnologia, faz-se necessária uma cuidadosa avaliação do mesmo. Ingrid Gielow, Coordenadora do Departamento de Voz da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa.) Alcione Brassolotto, Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo A fonoaudióloga revela que “é bem rica a experiência do curso, tendo em vista que alunas de diversas partes do país expõem seus problemas. E, automaticamente, disseminam o conhecimento para os demais, que não conhecem aquele universo. “Em nossas aulas, questões teóricas e práticas são apresentadas pelos alunos. Meu desafio é encontrar soluções para essas dúvidas e fazer com que o profissional consiga colocar em prática o conhecimento adquirido no curso em seu trabalho”, completa. Jeniffer de Cássia Rillo Dutka é fonoaudióloga e professora doutora da Universidade de São Paulo (USP). Atua na pós-graduação do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC) e na graduação do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), no gerenciamento de fissuras labiopalatinas e demais anomalias craniofaciais. Para ela, a telessaúde na área de fissura permite compartilhar informações rapidamente com pacientes, familiares, profissionais interessados em trocar conhecimentos, além de possibilitar o acompanhamento dos tratamentos à distância. “Após a fonoterapia intensiva realizada no hospital, muitos pacientes têm que retornar à suas cidades. Em diversos casos eles não têm um fonoaudiólogo com o qual possam dar continuidade à terapia, então priorizamos o contato com esses pacientes através de pro- gramas de mensagens instantâneas pela internet e, online, solucionamos dúvidas quanto aos exercícios e outros procedimentos. Depois da implementação das ações por meio da teleassistência, observamos que os pacientes apresentaram maior motivação em realizar os exercícios e melhor aderência ao tratamento”, explica. Atualmente, tanto no HRAC-USP quanto na FOB-USP, estão sendo desenvolvidos sites, tutores eletrônicos, DVDs e manuais informativos usando linguagem leiga e de fácil acesso para multiplicação de conhecimentos sobre comunicação e alimentação. Os projetos que estão em andamento no HRAC-USP envolvem a participação do Hospital na RUTE (Rede Universitária de Telemedicina), o Núcleo São Paulo do Programa Nacional de Telessaúde, as consultorias com a Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP e o Projeto Jovem Doutor do Centrinho. “De uma forma geral, verificamos um aumento gradual e consistente do envolvimento de fonoaudiólogos em iniciativas as quais permitem a globalização do conhecimento e a prestação de serviços à distância”, opina. Em Voz A fonoaudióloga Ingrid Gielow, doutora em Distúrbios da Comunicação Humana, Master Practitioner em PNL, é tam- bém autora de livros e softwares fonoaudiológicos para avaliação de voz. Coordenadora do Departamento de Voz da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa.) e professora do Centro de Estudos da Voz, Ingrid ministra muitos cursos do setor. Para ela, a tecnologia facilitou muito a relação com outros associados à SBFa. “Temos utilizado o webinar, um produto que agiliza nossas reuniões. Pagamos para uma central que organiza os encontros. Por meio de um link, é possível as pessoas se inscreverem e, no dia combinado para reunião, entrarem neste link”, explica. Segundo Ingrid, tem sido muito produtivo trabalhar desta forma com outros fonoaudiólogos. “São reuniões virtuais, mas os participantes podem levantar a mão, fazer perguntas. Abrimos o microfone e todos ouvem e fazem comentários”. Ela considera que este recurso ampliou a interatividade dos profissionais. O emprego da telessaúde ampliou, também, o alcance das votações da SBFa. “Antes disso, as votações ficavam restritas somente à realidade de São Paulo, sede da sociedade. Agora temos pessoas de Estados como Maranhão, Pará, Ceará e Rio Grande do Sul, para dar alguns exemplos, participando ativamente.” Segundo Ingrid, isso tornou a SBFa. de fato uma sociedade brasileira. “Há um envolvimento maior, que repercute também nas ações que fazemos para a socie- dade como um todo, como a campanha da voz, para dar um exemplo”, afirma. Atualmente, há alguns projetos em andamento na SBFa. em que os profissionais interessados em ministrar aulas virtualmente devem se inscrever. Em telessaúde, diz Ingrid, não é permitido que o profissional avalie um paciente, mas ele pode, por exemplo, orientar à distância um fonoaudiólogo para que avalie esse paciente. Na SBFa. também há muita troca de informações científicas por meio dos recursos da telessaúde. “Também fazemos supervisão, com troca de informações entre os profissionais. Isso ainda não é rotina na sociedade, mas é uma tendência que vem despontado com o desenvolvimento das tecnologias”, diz. Hoje, a SBFa. faz uma reunião mensal presencial e depois uma virtual. “Fica mais econômico fazer isso do que as pessoas de outros Estados terem de se deslocar para cá”, argumenta Ingrid. Em relação a cursos à distância, ela afirma que também já está atuando desta forma, oferecendo algumas possibili- dades aos interessados. A SBFa. também oferece grupos de estudos e alguns minicursos, de 1h30 no máximo de duração. “É uma maneira de levarmos conhecimento a outras regiões do país, com preços bem acessíveis”, diz. Mas, para a especialista, ainda não há o que substitua o contato pessoal. O uso de tecnologias de informática pelas áreas da educação e saúde com o objetivo de ensino e assistência tem crescido a cada dia. “Minha experiência em Telessaúde se deve ao trabalho que o Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOBUSP) vem desenvolvendo nessa área em parceria com a Disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Dentre os diversos instrumentos utilizados em Telessaúde, pude participar da criação de dois CD-ROMs, como parte do Projeto Homem Virtual”, diz a professora doutora Alcione Brassolotto, da FOB/USP. Seguindo esses princípios, foram criados os CDs Voz: Fonoaudiologia e Medi- cina, volumes 1 e 2, respectivamente em 2006 e 2007. No volume 1, segundo Alcione, encontram-se os seguintes conteúdos: comandos superiores e inervação do aparelho da fonação; anatomia funcional da laringe; ações fisiológicas da laringe; trato vocal; articulação dos sons (vogais e consoantes) e canto. O volume 2 apresenta como temas principais as Disfonias e Características Acústicas da Voz. Além da comunicação iconográfica do Homem Virtual, o CD-ROM contém sons, filmes, ilustrações diversas e textos. Este material foi desenvolvido para ser utilizado como instrumento didático, tanto para estudantes de graduação e pós-graduação, como por todas as pessoas interessadas na produção da voz humana falada ou cantada. “Para garantir a eficácia de materiais educativos que apresentam objetivo de ensino-aprendizagem, sejam eles relacionados à educação e/ou à saúde dentro da proposta de ensino mediado por tecnologia, faz-se necessária uma cuidadosa avaliação do mesmo”, diz Alcione. A extensão é teórica e aborda a motricidade orofacial em neonatos. Durante o curso, todos os casos apresentados pelas alunas ou pela professora são discutidos com foco na atuação, e tem como principal objetivo atualizar e ajudar os profissionais na prática clínica. Lucinéia Cortes Modes, mestre em Distúrbios da Comunicação Humana e Coordenadora do Setor de Fonoaudiologia do Complexo Hospitalar de São Bernardo do Campo 8 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 9 R eportagem de C apa Assim, segundo ela, foi desenvolvido um estudo que buscou avaliar a eficácia do CD-ROM Voz: Fonoaudiologia e Medicina (volume 1) do Projeto Homem Virtual, como um material de auto-aprendizado em duas populações: alunos do curso de Fonoaudiologia e de Canto Lírico. Os participantes foram orientados a estudar o material didático composto pelo CD-ROM e um guia auxiliar de estudo durante um mês e responder a dois questionários, pré e pós o estudo. Os resultados da avaliação do conhecimento dos alunos de Fonoaudiologia e Canto Lírico antes e após o estudo do CD-ROM permitiram concluir que este material foi um instrumento suficiente para aumentar de forma estatisticamente significante o conhecimento dos alunos em relação ao conteúdo proposto para o estudo. Segundo ela, está em fase de execução o trabalho que avaliará a eficácia do volume 2 do CD Voz. A partir da criação do CD, outros materiais foram desenvolvidos, especialmente para utilização em Ambientes Interativos de Aprendizagens (AIAs). Outra inserção em Telessaúde na área de voz é dentro do Projeto Jovem Doutor, um programa de prevenção e educação em saúde por meio da Tele-educação Interativa, de acordo com Alcione. Assim, utiliza recursos tecnológicos avançados em Telemedicina, como o Projeto Homem Virtual. O Departamento de Fonoaudiologia participou também em outro projeto da Faculdade de Medicina da USP, o Curso de Capacitação em Saúde Vocal para Agentes Comunitários de Saúde, como parte das atividades desenvolvidas pelo Núcleo São Paulo. “Diante dessa experiência em Telessaúde, o que impressiona nessas ações é a rapidez com que a informação atinge um número elevado de pessoas e a di- minuição da distância entre o profissional e a população que necessita dessas ações”, constata. Segundo ela, os profissionais que atuam com a população também têm uma maior proximidade com a comunicação à distância. “A forma interativa com riqueza de recursos audiovisuais dessas ações em Telessaúde é atrativa para o usuário e aumenta ainda mais a abrangência das ações”, conclui. Em Linguagem Para a Professora Doutora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP), Luciana Paula Maximino, a formação continuada por meio da telessaúde, nas subáreas da linguagem, é responsável por uma Fonoaudiologia de melhor qualidade nas diferentes regiões do país, gerando impacto mais efetivo na prevenção, diagnóstico e intervenção nos distúrbios da comunicação. Como exemplo, ela cita a possibilidade de acesso dos pacientes de áreas rurais aos serviços de diagnóstico e terapia de qualidade, o que gera diminuição de custos e flexibilidade de horário e local. “Há diversos estudos que utilizam a videoteleconferência para avaliar e reabilitar pacientes com apraxia, afasia e gagueira. E outros aplicativos também têm sido desenvolvidos para terapia fonoaudiológica, como, por exemplo, para a aprendizagem da leitura e escrita”, explica. Atualmente, um dos trabalhos desenvolvidos por Luciana junto à FOB/ USP consiste na aplicação de um modelo de tele-educação centrado na educação à distância na área da Linguagem Infantil. Utilizando um CD-ROM e um tutor eletrônico (website interativo), o curso proporciona aos estudantes de graduação em Fonoaudiologia aquisição de conhecimentos via autoaprendizado. “A utilização da tecnologia na área de educação pode capacitar os profissionais na busca de diagnósticos precisos e, consequentemente, fazer intervenções mais efetivas em pacientes”, afirma. No Departamento de Fonoaudiologia da FOB/USP, os trabalhos não param por aí. Luciana conta que desde 1996 são desenvolvidos projetos educacionais e de assistência, onde os docentes e pesquisadores são pioneiros na produção de materiais didáticos em CD ROM. Ela ainda acrescenta que, em 2004, um acordo de cooperação acadêmicocientífico foi firmado com a disciplina de Telemedicina do Departamento de Patologia da FMUSP, para a implementação de Telemedicina em Fonoaudiologia. O acordo visa a pesquisa e o desenvolvimento de projetos de tele-educação, teleassistência e integração multicêntrica. “A integração das diversas universidades do país certamente promoverá a criação e desenvolvimento de materiais didáticos, cursos, diagnósticos e tratamentos à distância, atingindo assim o principal objetivo: a melhor qualidade de vida dos pacientes”, afirma. Em Audiologia No Brasil, de modo geral, há grandes centros produtores de conhecimento e de fornecimento de serviços cada vez mais especializados, que contrastam com outras regiões onde o acesso à educação continuada e tratamento especializado é extremamente difícil ou inexistente. Quem diz isso é a fonoaudióloga Deborah Ferrari, professora doutora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP). Trata-se de um sistema que acompanha de forma interativa o aprendizado dos alunos, estimulando-os a aprimorar o conhecimento segundo o interesse de cada um. Para garantir o aprendizado, o Cybertutor utiliza textos interativos. Deborah Ferrari, professora doutora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP) Em relação à telessaúde, ela relata que há muitos tipos de atividades na área, como a teleconsulta, a tele-educação interativa e a rede de aprendizagem colaborativa, a televigilância e a pesquisa multicêntrica e a colaboração de centros de excelência. Deborah conta como começou o trabalho da Telefonoaudiologia na FOB. “No âmbito da tele-educação, desde 1998 o Departamento de Fonoaudiologia- FOB/USP e o grupo de pesquisa do Centro de Pesquisas Audiológicas (CPA) vêm se preocupando com a disseminação do conhecimento para locais distantes. A partir destas reflexões foram elaborados materiais educacionais tanto para a população em geral como para alunos de graduação e profissionais da Fonoaudiologia (educação continuada)”, explica. Segundo ela, a eficácia destes materiais foi verificada por meio de dissertações de mestrado, pesquisas de iniciação científica, tendo sido inclusive o tema da tese de doutoramento de uma docente do Departamento de Fonoau- diologia (Profa. Dra. Wanderléia Quinhoneiro Blasca). No final de 2003, o Campus USP Bauru ingressou na Advanced Academic Network at Sao Paulo (AANSP), tornando disponível uma maior velocidade e capacidade de compartilhamento de dados, bem como a possibilidade de uso de aplicações avançadas, como videoconferências e webconferências com qualidade de áudio e vídeo, o que facilitou a expansão dos projetos. Em parceria com a disciplina de Telemedicina da FMUSP, entre outros projetos, foram elaborados conteúdos educacionais utilizando o Cybertutor em diferentes áreas da Fonoaudiologia. “Tratase de um sistema que acompanha de forma interativa o aprendizado dos alunos, estimulando-os a aprimorar o conhecimento segundo o interesse de cada um. Para garantir o aprendizado, o Cybertutor utiliza textos interativos”, explica Deborah. Em março de 2004, professores das Disciplinas de Audiologia do Departamento de Fonoaudiologia e do CPA - HRAC/USP criaram o Departamento de Teleaudiologia junto ao Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde (CBTms - www.cbtms.com.br). O lançamento do Departamento de Teleaudiologia marcou também o início dos trabalhos do Fórum “Telessaúde e Audiologia”. Outros projetos foram lançados, como o Estação Digital Médica, desenvolvido por um consórcio de nove instituições. Em 2007, foi criada a Liga de Telessaúde, um curso de difusão aprovado pela Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. Desde o ano de 2003, o Departamento de Fonoaudiologia da FOB/ USP vem desenvolvendo ações voltadas à saúde auditiva infantil, com destaque para o programa de triagem auditiva neonatal inserido em um programa de saúde auditiva mais amplo. Neste contexto, destaca-se a atuação junto aos agentes comunitários de saúde e demais profissionais da Estratégia de Saúde da Família. Os programas são desenvolvidos Há diversos estudos que utilizam a videoteleconferência para avaliar e reabilitar pacientes com apraxia, afasia e gagueira. E outros aplicativos também têm sido desenvolvidos para terapia fonoaudiológica, como, por exemplo, para a aprendizagem da leitura e escrita. Luciana Paula Maximino, Professora doutora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP) 10 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 11 R eportagem de C apa Atualmente, tanto no HRAC-USP quanto na FOB-USP, estão sendo desenvolvidos sites, tutores eletrônicos, DVDs e manuais informativos usando linguagem leiga e de fácil acesso para multiplicação de conhecimentos sobre comunicação e alimentação. Jeniffer de Cássia Rillo Dutka, fonoaudióloga e professora doutora da Universidade de São Paulo (USP) em parceria com as Secretarias Municipais de Saúde de Bauru e de Sorocaba, ambos municípios do Estado de S. Paulo, tendo como coordenadora a Profa. Dra. Kátia Alvarenga. “Há muitas ações no Departamento de Fonoaudiologia da FOB/USP na área de telessaúde”, enfatiza Deborah. Segundo ela, essas atividades vêm sendo partilhadas com pesquisadores internacionais. Docentes deste departamento integram a Taskforce Audiology Telehealth da American Academy of Audiology, bem como o Teleaudiology Network. Em Saúde Coletiva A Professora Doutora Magali Caldana, da FOB/USP, conta que o trabalho que faz em telessaúde teve início a partir de uma parceria da Liga de Telessaúde da Faculdade de Odontologia de Bauru com a equipe de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP. “Nasceu pela necessidade de promover Educação em Saúde para a população de Monte Negro, município do interior de Rondô- nia em que o Projeto USP em Rondônia atua”, afirma. Este projeto desenvolve ações de extensão universitária desde 2002, com levantamentos epidemiológicos quanto às necessidades da população. Com o avanço do projeto são realizados atualmente atendimentos em todas as áreas da Odontologia e da Fonoaudiologia, totalizando até o momento mais de 40 mil procedimentos. Além disso, são realizadas atividades de Educação em Saúde e capacitação de agentes multiplicadores na região, como professores e profissionais da saúde, para otimizar a qualidade de vida da população local. Devido à distância geográfica entre Bauru-SP e Monte Negro-RO, e a necessidade da continuidade de Educação em Saúde à população, foram utilizados os recursos da Telessaúde. Em 2008, foi elaborado o Cybertutor “Envelhecimento” pela equipe do Departamento de Saúde Coletiva e de Fonoaudiologia da FOB, com desenvolvimento da equipe da Telemedicina da FMUSP, contando com quatro módulos sobre o assunto e destinado aos professores da rede pública de ensino do município. No mesmo ano, foi desenvolvido, pela mesma equipe, o Cybertutor “Inclusão Social”, contemplando assuntos de interesse dos profissionais envolvidos. No ano seguinte, foi iniciado o Curso de Aperfeiçoamento em Educação em Saúde, para profissionais da Educação e da Saúde do município, com aulas presenciais e à distância. Outra ação em Telessaúde, utilizando os recursos de Educação em Saúde, foi a elaboração e desenvolvimento do CD ROM Comunicação Humana: processos e distúrbios. O que o professor precisa saber!, como produto da dissertação de mestrado da fonoaudióloga Ariadnes Nóbrega de Oliveira. “Há muito o que fazer utilizando os recursos da Telessaúde, porém, em nossa área, são usados os mais simples, visto que trabalhamos com procedimentos em atenção básica e Educação em Saúde, com benefício a um grande número de pessoas”, conclui Magali. II Mostra de Fonoaudiologia na Atenção Básica O CRFa. 2ª Região, em parceria com a PUC/SP, está organizando a “II Mostra de Fonoaudiologia na Atenção Básica e I Encontro de Fonoaudiologia na Saúde Pública do Estado de São Paulo”. Em 2009, o evento conseguiu reunir diversas entidades da área (CFFa., SBFa., Cursos de Graduação em Fonoaudiologia do Estado) e profissionais inseridos na Atenção Básica, que inscreveram seus trabalhos, compartilharam suas experiências e avaliaram positivamente essa iniciativa. Neste ano, a partir das sugestões recebidas, à Mostra foi integrado o Encontro, que amplia a temática de forma a contemplar a participação dos fonoaudiólogos que atuam em outras áreas e níveis de atenção na saúde pública. Reiteramos a satisfação deste Regional em contar com sua presença e contribuição. Com certeza, o evento será uma oportunidade para a Fonoaudiologia registrar sua atuação na Saúde Pública. Data: 24/11/10, das 8h00 às 17h30 Local: Campus Monte Alegre da PUC-SP Inscrições: gratuitas, via e-mail, mediante o preenchimento de ficha de inscrição a ser enviada para o e-mail [email protected], até 22 de outubro de 2010. Para preencher a ficha de inscrição, acesse o nosso site: www.fonosp.org.br. Inscrição de Trabalhos: mediante preenchimento da ficha de inscrição e envio de um resumo, até 22 de outubro de 2010. As normas estão disponíveis no site www.fonosp.org.br. Os trabalhos selecionados para apresentação na Mostra serão publicados nos Anais. Prêmio Viva Fonoaudiologia homenageará projetos que divulguem a profissão Para comemorar o Dia do Fonoaudiólogo, os membros do Conselho Regional de Fonoaudiologia - 2ª Região criaram o prêmio “Viva Fonoaudiologia”. A proposta tem como objetivo incentivar a realização de projetos que divulguem a importância e os benefícios da Fonoaudiologia para a população e enobreçam a profissão. Abrange projetos idealizados por alunos, coordenados por docentes dos Cursos de Graduação das Universidades do Estado de São Paulo. O trabalho deve ser apresentado como relato de experiência e deve, necessariamente, já ter sido concluído. Formato: deve ser digitado em fonte Arial 12 e formatado com parágrafo justificado, espaçamento entre linhas de 1,5 em papel tamanho A4 e não deve ultrapassar 03 (três) páginas. Roteiro: deve apresentar, necessariamente, Justificativa (razões que explicam a realização do trabalho e o contexto para qual foi realizado; Objetivos (o que se pretendeu atingir); Metodologia (como o trabalho foi desenvolvido de forma sequencial - passo a passo) e Resultados e Conclusão. Seleção e premiação: serão considerados os seguintes critérios e pontuação. a) clareza entre os objetivos e os resultados alcançados (1.0); b) pertinência da ação desenvolvida com as características da comunidade a que se destina (1.0); c) criatividade, dinamismo da ação e benefícios trazidos para a comunidade (3.0); d) qualidade e abrangência dos resultados alcançados (2.0); e) potencial de replicabilidade (3.0). Uma comissão será responsável pela verificação da estrita compatibilidade dos trabalhos com os pressupostos estabelecidos no regulamento. Entre os trabalhos aprovados, 3 (três) serão selecionados e concorrerão a prêmios. Os organizadores anunciarão os vencedores no dia 09 de dezembro de 2010, durante o evento em comemoração ao Dia do Fonoaudiólogo. As inscrições são gratuitas Divulgação: através de mailing e envio de carta aos coordenadores das Universidades. Período de inscrições: de 04 a 30 de outubro de 2010. Os trabalhos deverão ser encaminhados via e-mail para [email protected] aos cuidados da Sra. Cláudia. Só serão considerados os trabalhos com data de envio da documentação dentro do prazo estabelecido. Será considerada a data de envio pela internet. R eportagem de C apa TECNOLOGIA Novas tecnologias para a profissão Conheça os recursos que fonoaudiólogos de diversas áreas estão Em Motricidade Orofacial Na área de paralisia facial, a fonoaudióloga Fernanda Chiarion Sassi utiliza rotineiramente a eletromiografia de superfície (EMGs). O recurso traz dados objetivos sobre o funcionamento muscular e complementa a avaliação clínica, permitindo o monitoramento objetivo dos tratamentos pré e pós-intervenção, e possibilitando maior compreensão sobre a relação de causa e efeito dos procedimentos utilizados. No tratamento, a fonoaudióloga ex- plica que a EMGs também favorece uma maior participação dos pacientes, uma vez que eles conseguem visualizar o que acontece com sua musculatura quando executam determinados movimentos e exercícios. Esse fato possibilita o desenvolvimento de pistas somestésicas do estado muscular, levando a um melhor automonitoramento e, consequentemente, maior aprendizado e manutenção dos resultados alcançados. Doutora em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP, membro da equipe de Funções da Face do Serviço de Fonoaudiologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e responsável pelo Ambulatório de Paralisia Facial, Fernanda explica que, mesmo com todos os be- nefícios, estudos realizados com a EMGs têm apontado que ela deve ser utilizada com conhecimento e parcimônia. “Como a instrumentação é de fácil uso, os erros são frequentes. A EMGs requer um bom conhecimento sobre a anatomofisiologia dos músculos da região de cabeça e pescoço, assim como um bom conhecimento sobre o instrumento em si e suas limitações”, explica. Dentro da mesma área, Laura Davison Mangilli, fonoaudióloga do Instituto Central do Hospital das Clínicas da FMUSP e do Serviço de Fonoaudiologia do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional, junto à titular do Departamento, Fga. Claudia Regina Furquim de Andrade, desenvolve utilizando em sua prática diária O profissional da Fonoaudiologia deve reconhecer na tecnologia e nos recursos de telessaúde importantes aliados na promoção do conhecimento na área, no melhor atendimento a pacientes, no desenvolvimento da carreira e na busca e troca ampliada de experiências e saberes diversos. As duas temáticas estão cada vez mais presentes nos diferentes segmentos de atuação da profissão. Nesta edição, a Revista da Fonoaudiologia mostra alguns profissionais que se destacam por seu trabalho desenvolvido utilizando recursos tecnológicos de ponta. Que benefícios a tecnologia traz à comunicação das pessoas e qual seu impacto na qualidade de vida dos pacientes atendidos com estes recursos? Em comum, todos ressaltam que a tecnologia deve ser adequadamente empregada, para que se obtenham os resultados esperados. Nunca, porém, os recursos tecnológicos devem substituir a avaliação clínica criteriosa. Vejam, a seguir, como ser relacionam com a tecnologia, em suas especialidades, os profissionais entrevistados. Muitos deles são produtores de novas tecnologias para a profissão. 14 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 15 R eportagem de C apa O desafio tecnológico deste programa foi lidar com as questões relacionadas às medidas de intensidade vocal, que sempre são dependentes do tipo de instrumento de gravação utilizado e também dependente da distância do microfone. Mara Behlau, diretora do Centro de Estudos da Voz – CEV projetos de pesquisa que tratam da utilização de Eletromiografia de Superfície e Ultrassonografia, em diferentes patologias da área de motricidade orofacial. “Os exames complementares, como, por exemplo, a Eletromiografia de Superfície e a Ultrassonografia dos músculos da face, vêm apresentando resultados muito eficazes. Assim como o biofeedback, a Eletromiografia de Superfície, como alternativa terapêutica, também tem se mostrado uma técnica eficiente e aplicável a determinados grupos de pacientes”, explica Laura. De acordo com a fonoaudióloga, a tecnologia na área de motricidade orofacial permite avaliação e mensuração dos achados de forma mais objetiva e direta. “Quando utilizamos a tecnologia, sempre com base em metodologias atuais e comprovadas, estamos objetivando a melhoria da instituição como um todo, pois temos como base das atividades o ensino, a pesquisa e a assistência. Desta forma, os pacientes serão beneficiados diretamente pela utilização destas tecnologias na demanda assistencial”, finaliza. Em Voz A análise acústica, parte complementar para a avaliação vocal e importante por fornecer medidas mais objetivas e registro do paciente na clínica vocal, é a grande responsável pela inserção da tecnologia na área de voz. Segundo a fonoaudióloga Miriam Moraes, mestre pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), antigamente somente grandes centros de pesquisa possuíam equipamentos capazes de extrair um espectrograma (gráfico tridimensional que permite a avaliação visual da onda sonora – eixo vertical frequência, eixo horizontal tempo e coloração intensidade) e o processo era lento, sendo que a análise era apenas realizada em amostras de poucos 16 segundos e o gráfico era queimado em papel térmico. “Este cenário representava uma realidade muito distante do dia a dia da clínica vocal”, diz Miriam. Segundo ela, com o advento dos computadores de uso pessoal, na década de 1990, o uso de softwares que realizam a análise acústica se tornou mais acessível e um grande esforço foi feito por parte de fonoaudiólogos brasileiros, como, por exemplo, a Dra. Mara Behlau, para que houvesse a popularização de tais recursos. “Um dos primeiros programas utilizados foi o GRAM, que na época era um freeware (baixado gratuitamente da internet). Os fonoaudiólogos da área de voz logo tornaram-se adeptos do uso de softwares para auxiliar e complementar suas avaliações. Com o passar do tempo um outro problema surgiu: como melhorar os programas utilizados, já que os programas que trazem maior número de informações são estrangeiros e de alto custo para a clínica brasileira?” Para Miriam, uma das saídas encontradas foi estabelecer uma parceria com uma empresa que estivesse disposta a produzir softwares de baixo custo para o Brasil. Em 2002, Mara Behlau, diretora do Centro de Estudos da Voz - CEV, firmou parceria com a CTS Informática e iniciou o trabalho de produzir uma série de softwares para facilitar o dia a dia do clínico. O primeiro programa lançado foi o Voxmetria (2002) e, na sequência, Fonotools (2003), VoxGames (2004), Fonoview (2005) e, em 2009, o Vocalgrama, no qual Miriam participou da construção do software. Ela conta que, junto ao seu projeto de mestrado, cujo objetivo era verificar o desempenho de pessoas com vozes normais e alteradas nas tarefas de Perfil de Extensão de Fala e Perfil de Extensão Vocal, usando um programa acústico bra- Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 sileiro, juntamente com Mara Behlau e a CTS Informática, Miriam desenvolveu o software Vocalgrama, que adiciona mais uma ferramenta para a clínica vocal. “O desafio tecnológico deste programa foi lidar com as questões relacionadas às medidas de intensidade vocal, que sempre são dependentes do tipo de instrumento de gravação utilizado e também dependente da distância do microfone”, explica. A saída, diz, foi trabalhar com medidas de dB relativo e adicionar ao programa um microfone com placa de som própria integrada, que se comunicasse com o programa de modo a garantir que as medidas obtidas por outros fonoaudiólogos fossem passíveis de comparação. Miriam afirma que, como resultado do mestrado, verificou que o Vocalgrama possibilita a distinção entre vozes saudáveis e alteradas, ou seja, o programa é útil à sua proposta. Atualmente, segundo ela, existem outros programas também disponíveis gratuitamente na internet, como o PRAAT, o que praticamente obriga o clínico que trabalha com voz a utilizar os recursos tecnológicos em seu dia a dia. A Professora Doutora da FOB/ USP Fga. Alcione Brasolotto, reconhece que a atuação fonoaudiológica na área de voz recebeu influência dos recursos tecnológicos atuais. “Inicialmente, a avaliação da voz era realizada basicamente por percepção auditiva de gravações armazenadas em equipamentos que não permitiam a qualidade de áudio exigida para uma refinada análise, na maioria das vezes. Hoje, os recursos de gravação digital permitem gravação sem ruídos, desde que sejam tomados cuidados em sua captura e armazenamento, o que aprimorou a qualidade da percepção auditiva”, enfatiza. Somado ao uso de protocolos com escalas que reduzem a subjetividade da análise perceptiva, a avaliação vocal auditiva continua sendo a forma prioritária em análise de vozes normais e alteradas, a qual se torna mais rica quando associada a outros recursos tecnológicos. A professora destaca que a avaliação das estruturas que produzem a voz, realizada pelo médico otorrinolaringologista, avançou sobremaneira com o advento das fibras óticas. As informações fornecidas por exames de imagem para o diagnóstico das disfonias e para a descrição do comportamento laringofaríngeo durante a fonação auxiliou o desenvolvimento de estratégias de reabilitação fonoaudiológica, de acordo com ela. “Especial avanço ocorreu na área com o uso de recursos computadorizados”, explica. O sinal sonoro pode ser analisado acusticamente, o que acrescentou informações visuais ao que antes era percebido apenas auditivamente. Essa associação de percepções auxiliou a melhor a compreensão do comportamento vocal e os recursos favoreceram a documentação da evolução do tratamento. “Embora esses recursos tecnológicos realmente tragam contribuições, atenção especial deve ser dada ao fato desses serem procedimentos complexos, que requerem embasamento teórico e treinamento para manuseio dos recursos computadorizados atualmente disponíveis. Assim, recomenda-se que antes de usá-los o fonoaudiólogo busque formação para isso”, ressalta ela. Alcione lembra que é formada em uma época em que não havia acesso a esse tipo de recurso. “Comparando com a época atual, com esse arsenal de recursos tecnológicos, interpretamos eventos já conhecidos com maior quantidade de informação, o que auxilia a identificação de etiologia e visão mais ampla das manifestações, o que, consequentemente, favorece a atuação fonoaudiológica mais precisa”, finaliza. Em Linguagem Claudia Regina Furquim de Andrade, professora titular de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da USP e coordenadora do Laboratório de Investigação Fonoaudiológica da Fluência, Funções da Face e Disfagia da Faculdade de Medicina da USP (LIF-FFFD FMUSP), está finalizando um projeto de pesquisa de grande porte, que será submetido à Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), para financiamento. O objetivo é fazer uso da defasagem do feedback auditivo (DAF), a longo prazo. Sendo assim, o participante do estudo receberá um equipamento de uso auricular individual e utilizará esse equipamento durante 12 meses em todas as situações de comunicação cotidiana. O ensaio clínico será controlado nas provas de fala e eletrofisiológicas auditivas. De acordo com a professora, todos os trabalhos desenvolvidos no LIF-FFFD priorizam a prática baseada em evidências, ensaios clínicos e o incentivo à tecnologia. Na área da gagueira, além do DAF também são utilizadas a eletromiografia de superfície (EMGs) e a estimulação elétrica por transdução (TES). “O uso da tecnologia no diagnóstico e tratamento da gagueira não é uma panacéia, é resultado de um processo de raciocínio clínico que envolve não só o conhecimento do distúrbio, como também a eficiência de cada equipamento frente às características do paciente. O que pode funcionar bem para uma pessoa não terá necessariamente o mesmo resultado positivo para outra, portanto a tecnologia deve ser usada com cuidado e bem fundamentada em base teórica”, explica. Débora Deliberato, docente do Departamento de Educação Especial e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Pau- lista (Unesp) de Marília, desenvolve um trabalho de tecnologia de comunicação alternativa visando o atendimento de crianças, jovens e adultos com diferentes necessidades de comunicação, bem como a capacitação de profissionais da saúde e educação. Todas as atividades são feitas em conjunto ao Laboratório de Tecnologia de Comunicação Alternativa da Faculdade de Filosofia e Ciências da Unesp de Marília. O objetivo é oferecer apoio nos atendimentos realizados aos pacientes com necessidades complexas de comunicação e aos cursos de Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Fisioterapia e Pedagogia. Os recursos utilizados variam desde cadernos e livros com adaptações até softwares específicos de alta tecnologia. Além disso, o laboratório também conta com outros facilitadores para o acesso aos equipamentos como, por exemplo, telas sensíveis ao toque e acionadores para computadores. “Sem dúvida, a tecnologia aliada ao trabalho do fonoaudiólogo pode garantir aos pacientes com deficiência e que não podem usar a linguagem falada a ampliação das possibilidades comunicativas. Mas o profissional deve usar métodos pertinentes para a realidade de cada paciente”, afirma. A fonoaudióloga também exemplifica que, na área de comunicação alternativa, os equipamentos vocalizadores ou comunicadores com voz digitalizada ou sintetizada, por exemplo, logo serão inseridos no Brasil. Atualmente, essas tecnologias são amplamente utilizadas no exterior e permitem aos diferentes usuários comunicar-se por diversos sistemas de representação. Em Audiologia Desde o desenvolvimento dos primeiros equipamentos para diagnóstico e reabilitação, muita coisa aconteceu na Sem dúvida, a tecnologia aliada ao trabalho do fonoaudiólogo pode garantir aos pacientes com deficiência e que não podem usar a linguagem falada a ampliação das possibilidades comunicativas. Mas o profissional deve usar métodos pertinentes para a realidade de cada paciente. Débora Deliberato, Departamento de Educação Especial e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Unesp Marília Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 17 R eportagem de C apa Saímos de aparelhos pesados, com qualidade de som muito ruim, para aparelhos extremamente sofisticados, menores, mais cômodos de serem usados e mais estéticos, quase tudo que uma pessoa com perda auditiva deseja e sonha. Teresa Maria M. dos Santos, Diretora do Instituto de Educação Avançado da Audição (IEAA) e professora da PUC-SP área da audiologia, de acordo com a Profa. Dra. Teresa Maria Momensohn dos Santos, diretora do Instituto de Educação Avançado da Audição (IEAA) e professora da PUC-SP. “Atualmente, temos softwares que permitem realizar desde uma audiometria tonal básica até softwares que permitem estudar as respostas evocadas que são geradas no sistema nervoso central em reposta à presença de um estímulo auditivo”, relata. Pensando na reabilitação das pessoas com problemas auditivos, o salto também foi muito grande. “Saímos de aparelhos pesados, com qualidade de som muito ruim, para aparelhos extremamente sofisticados, menores, mais cômodos de serem usados e mais estéticos, quase tudo que uma pessoa com perda auditiva deseja e sonha.” Além dos aparelhos auditivos, há o implante coclear, que é um processador de fala, inserido na cóclea através de um eletrodo, e que permite ao usuário receber o sinal acústico e ouvi-lo quase que dentro dos limiares de sensibilidade auditiva normais. Teresa defende que o uso correto da tecnologia é fundamental no processo de garantir qualidade de vida ao paciente. “É importante saber que, mesmo com o maior avanço possível na tecnologia, o sucesso dela não está simplesmente em estar lá, mas esse sucesso depende muito do uso e da experiência que um profissional fará dessa tecnologia. Não adianta ter uma tecnologia de primeiro mundo e não ter um profissional do mesmo nível”, pontifica. Em sua opinião, o desenvolvimento da tecnologia em sua área é muito rápido. Há alguns anos, as mudanças nos aparelhos auditivos aconteciam a cada 2 ou 3 anos. Hoje, segundo ela, ocorrem a cada 6 meses. “Em relação ao salto de qualidade, 18 volto a dizer que não é só a tecnologia que faz tudo isso, o profissional ainda é quem faz a diferença. O bom clínico, que sabe observar o paciente, que sabe colher informações sobre a história de saúde geral, de saúde auditiva, de desenvolvimento, vai saber interpretar melhor os registros gerados pelos equipamentos usados no diagnóstico”, insiste. Segundo ela, o Brasil hoje está no mesmo nível tecnológico de outros centros de pesquisa, de diagnóstico e de reabilitação. Ela acredita que a maioria dos fonoaudiólogos brasileiros tem acesso a esse conhecimento. Mas muitas vezes não os utilizam de forma correta por dificuldade para fazer os treinamentos necessários para ter mais segurança na sua manipulação. “Acredito que é necessário entender e admitir que para trabalharmos com toda essa tecnologia, tão sofisticada e de alto nível, é necessário conhecimento, treinamento e supervisão. Infelizmente não é só ligar o equipamento e ler o resultado que algumas máquinas já apresentam, é preciso interpretar essas informações sob o olhar de um fonoaudiólogo que conhece o paciente e conhece o equipamento”, finaliza. Em Saúde Coletiva Segundo a fonoaudióloga Kátia de Cássia Bottasso, tecnologia significa não só os instrumentos utilizados para produzirem saúde, mas também os saberes dos profissionais de saúde e dos usuários, bem como as relações estabelecidas entre os mesmos e os objetos com os quais os profissionais trabalham. “Na área da Saúde Pública são utilizadas as tecnologias leve, leve-dura e dura, sendo todas importantes”, explica. Tecnologia Dura: refere-se aos equipamentos e máquinas utilizadas nos cui- Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 dados à saúde. Tecnologia Leve-dura: refere-se às normas, aos protocolos, à epidemiologia, ao perfil da demanda, ao saber administrativo, os quais direcionam as ações dentro de um serviço. Tecnologia Leve: refere-se à interação e subjetividade entre os atores envolvidos, profissionais de saúde e usuários. Consequentemente, possibilita o acolhimento, vínculo, responsabilização e autonomia. “Embora todas as tecnologias sejam importantes para a saúde há, atualmente, a necessidade de um novo olhar e aplicação das tecnologias leves”, acredita Kátia. Para ela, os serviços terão mais resolutividade em suas ações se o profissional da saúde considerar os sujeitos como parte do processo, valorizar suas crenças e atitudes, operando para que respondam de modo participativo a um tratamento, uma orientação, um encaminhamento. “A utilização das tecnologias leve-dura e dura deve estar embasada nas leves, pois os profissionais da saúde terão melhores resultados na saúde da população, de acordo com o acolhimento e vínculo estabelecido”, diz. Kátia afirma que o Serviço de Fonoaudiologia do Município de Mogi Mirim, onde atua, foi construído pelos gestores e pela equipe. O ano de 2000 foi o marco da reconstrução do serviço, criação do processo de trabalho pautado nos princípios do Sistema Único de Saúde. Utiliza-se de todas as tecnologias: Tecnologia dura: equipamentos de audiologia - audiômetro, imitanciômetro, emissões otoacústicas e potencial evocado auditivo de tronco encefálico. Tecnologia leve-dura: tem o fluxograma de todas as ações nos níveis de atenção básica e especializada. Conta com um banco de dados, desde 1998, o que permite traçar o perfil da demanda. Tecnologia leve: é utilizada em todas as ações, considerando o usuário como parte do processo, respeitando suas crenças, atitudes e aspirações. Considera-se o acolhimento e o vínculo importantes para a resolutividade. “Acreditamos que a postura de escuta e acolhimento, como tecnologia, nos permite dar repostas mais adequadas aos usuários”, assegura. Em Disfagia Na área de disfagia, Irene Pedro Netto, fonoaudióloga do Hospital AC Camargo, em São Paulo, e doutora em Ciências pela Fundação Antônio Prudente, explica que as diversas ferramentas tecnológicas podem auxiliar os fonoaudiólogos na avaliação e em todo o processo terapêutico. “Podemos ter o auxílio não apenas dos exames médicos, mas também de aparelhos de monitoramento, biofeedback e de softwares didáticos sobre a dinâmica da deglutição”, elenca. No AC Camargo, a fonoaudióloga desenvolve linhas de pesquisa com uso de tecnologias na área de disfagia sob a orientação da dra. Elisabete Carrara de Angelis. Lá, realizam exames complementares à avaliação fonoaudiológica, como, por exemplo, a nasofibroscopia funcional da deglutição e a videofluoroscopia dinâmica da deglutição. Em pacientes disfágicos mais instáveis, que não estão sendo monitorados em unidades de terapia intensiva ou semi-intensiva, utilizam a oximetria de pulso. Além disso, na prática diária, Irene faz uso de softwares que explicam a dinâmica da deglutição de forma bem didática aos pacientes. Em matéria de novidades, a fonoaudióloga adianta que dois aparelhos foram adquiridos recentemente pelo Hospital AC Camargo, com o objetivo de auxiliar no tratamento e diagnóstico das disfagias. Tratam-se da Eletromiografia de Su- perfície e do aparelho Digital Swallowing Workstation (DSW) – a mais nova aquisição e inédita no país, que associa vários equipamentos numa única estação, propiciando uma avaliação completa de disfagias com precisão. Para Irene, a tecnologia auxilia na avaliação, no diagnóstico e planejamento terapêutico mais preciso e seguro, além de possibilitar a visualização dos eventos da deglutição de forma objetiva e indicar manobras que previnem a aspiração alimentar. “Apesar do avanço tecnológico da Fonoaudiologia na avaliação e reabilitação das disfagias, os profissionais devem ter em mente que a avaliação clínica é fundamental e deve ser aliada ao conhecimento científico”, conclui. O fonoaudiólogo Bruno Tavares de Lima Guimarães desenvolve, no Ceará, um trabalho através da eletroestimulação transcutânea. No atendimento clínico, faz utilização de estimulação elétrica funcional (FES), durante sessões associadas às condutas convencionais para a terapia da disfagia. Para ele, nesse caso, a eletroestimulação só apresentará bons resultados quando associada a técnicas que melhoram a funcionalidade da deglutição. Nos casos de disfonia, o fonoaudiólogo utiliza a eletroestimulação nervosa transcutânea (TENs). Ela favorece o relaxamento laríngeo, a drenagem linfática, o tônus muscular, além de ativar os pontos motores de músculos, a contração e relaxamento de grupos musculares pequenos e médios e favorecer a estimulação da deglutição. De acordo com Bruno, no dia a dia clínico, a tecnologia da eletroestimulação resulta em sensível aceleração no processo de recuperação da qualidade de deglutição dos pacientes com disfagia. Já na voz, com os pacientes disfônicos, os resultados eficazes somam mais de 80% dos casos atendidos. Em Educação Para a Fga. Fabiana Regiani da Costa, especialista em Linguagem pelo Núcleo de Linguagem, com atuação em fonoaudiologia escolar, a tecnologia em sua área é fundamental, mas ainda existem poucos programas que atendam às necessidades do setor. Em sua prática, ela se vale do PCS, um programa criado para trabalhar com crianças que apresentam comprometimento neurológico. “Este equipamento cria uma segunda forma de comunicação para a criança”, explica. Os fonoaudiólogos ajudam a montar uma prancha que a criança utiliza para se comunicar, empregando símbolos. “É o que chamamos de comunicação alternativa”, explica. Existem algumas outras formas de propiciar a possibilidade da comunicação alternativa às crianças. “O PCS é a mais conhecida”, conta Fabiana. Sua abrangência é muito grande, pois atende a crianças e adultos. Segundo Fabiana, a chamada comunicação alternativa é ainda uma área muito nova dentro da Fonoaudiologia, que deve se desenvolver bastante nos próximos anos. Ela também utiliza alguns programas que usam música, voltados para este público. “Eles despertam interesse em crianças com problemas de linguagem e escrita”, diz. Segundo Fabiana, a própria internet propicia recursos para o fonoaudiólogo que trabalha com educação. Há poucos softwares desenvolvidos especificamente para atender a fonoaudiologia educacional. “Tirando o PCS, não há nenhum outro reconhecido”, afirma. Há muitos avanços tecnológicos em audiologia e voz. Em motricidade oral, muita coisa também já está sendo desenvolvida. Já em relação à linguagem e educação, há poucos recursos tecnológicos sendo utilizados”, diz. “Muitos programas precisam ser adaptados do inglês para o português”, finaliza. A tecnologia auxilia na avaliação, no diagnóstico e planejamento terapêutico. Mas, apesar do avanço tecnológico da Fonoaudiologia na reabilitação das disfagias, os profissionais devem ter em mente que a avaliação clínica é fundamental e deve ser aliada ao conhecimento científico. Irene Pedro Netto, Fonoaudióloga do Hospital AC Camargo, em São Paulo (SP) Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 19 P rofissional A Fonoaudiologia e os distúrbios de voz relacionados ao trabalho Protocolo cria condições para efetiva atuação do fonoaudiólogo no diagnóstico e tratamento das alterações de voz em ambientes de trabalho O Em média, cinco dias de trabalho são perdidos nas escolas por conta de professores com problemas vocais problema é um velho conhecido, principalmente de quem depende da voz para trabalhar, mas a solução e os investimentos para combater esse mal ainda caminham a passos pequeninos. Antigamente, a Fonoaudiologia considerava que os distúrbios da voz eram decorrentes da falta de preparo e conhecimento do profissional que necessariamente precisa da voz para trabalhar, seja ele professor, ator, cantor, teleoperador, entre outros. Hoje se sabe que fatores ambientais e de organização do trabalho cola- boram para a ocorrência de distúrbios relacionados à voz. Ruídos no ambiente, excesso de atividades, má alimentação e noites mal dormidas podem agravar o contexto. A fim de mudar esse quadro e promover a assistência a esses profissionais, desde a década de 1990 pesquisadores da área de voz da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP) vêm promovendo seminários em prol do reconhecimento do distúrbio da voz relacionado ao trabalho. Nos últimos anos, o grupo de profissionais tem contado com a parceria do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de São Paulo (Cerest-SP) para elaboração de um documento que deverá ser enviado ao Ministério da Saúde, para reconhecimento no rol de Doenças Relacionadas ao Trabalho (DRT), mas ainda nada de concreto foi sancionado. De acordo com Léslie Piccolotto Ferreira, professora titular da PUC-SP, as diretrizes do Protocolo podem ser aplicadas em qualquer situação em que queixas relacionadas à voz forem mencionadas por qualquer trabalhador. “O fonoaudiólogo, junto a uma equipe de médicos do trabalho, tem condições de atuar no diagnóstico e tratamento da voz dos profissionais, como também promover a saúde e prevenir os distúrbios de voz”, explica. Em sala de aula Entre os profissionais que utilizam a voz como principal instrumento de trabalho, os professores são alvo da maioria das pesquisas e representam aproximadamente dois milhões e meio de trabalhadores no Brasil. Recentemente, o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP), junto com o Centro de Estudos da Voz e a Universidade de Utah, nos Estados Unidos, realizou uma pesquisa com professores e não professores de todos os estados do país. Nela foi relatado que, em média, cinco dias de trabalho são perdidos nas escolas por conta de professores com problemas vocais. Segundo Fabiana Zambon, fonoaudióloga do Sinpro-SP, 15,7% dos professores relataram que tiveram que mudar as atividades em classe por alguns dias, devido a uma alteração de voz, optando por interromper a aula expositiva e adotar uma vídeo-aula, por exemplo. Outros 16,7% consideraram mudar de atividade de trabalho no futuro por causa dos distúrbios da voz. Nas demais profissões, apenas 0,9% pensa em mudar de ocupação. ”Acredito que o afastamento do professor da sala de aula por conta de uma alteração de voz pode gerar um desgaste sócio-emocional tanto para ele quanto para o aluno”, opina Fabiana. A fonoaudióloga explica que na rede privada de ensino existe a recomendação do uso do microfone pelo professor que tem 50 alunos ou mais, porém admite que na rede pública o profissional de educação não tem esse recurso. “O Sinpro-SP oferece, há quase 10 anos, prevenção, tratamento e orientação vocal aos professores da rede privada de ensino, através do Programa de Saúde Vocal”, diz a especialista. Segundo Fabiana, a maioria dos professores já os procuram tarde. “Muitos não têm acesso a informações básicas que lhes permitam perceber uma alteração precocemente”, alerta. Para saber mais n Sobre o Programa do Sinpro-SP e obter material direcionado ao professor, acesse http://www.sinprosp.org.br/voz.asp. Mais de uma jornada de trabalho: distúrbios da voz nos call centers Rouquidão e nódulos nas pregas vocais – esses são os principais problemas observados nas centrais de atendimento telefônico (call centers). Ambos são causados pelo uso abusivo da voz e, apesar de a legislação determinar uma carga horária máxima de 6 horas diárias, ou de 36 horas semanais, muitos teleoperadores possuem mais de um emprego. Segundo a diretora da Linguagem Direta Fonoaudiologia e 1ª Tesoureira da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Fga. Juliana Algodoal, grande parte dos teleoperadores exageram na carga de trabalho e sobrecarregam as pregas vocais fazendo uso excessivo da voz. Para diagnosticar distúrbios da voz relacionados ao trabalho, o fonoaudiólogo necessita de um estudo epidemiológico com um grande número de profissionais de várias áreas da saúde. Porém, esse tipo de serviço ainda 20 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 é pouco utilizado pelas empresas. Por outro lado, o fonoaudiólogo tem a opção de utilizar a avaliação fonoaudiológica admissional ou demissional, que também pode dar bons parâmetros para a realização de seu diagnóstico. Na recuperação do teleoperador, vários fatores devem ser levados em conta. De acordo com Juliana, é primordial que as empresas promovam a saúde, investindo e cuidando de seus funcionários. “Há empresas que contratam equipes de fonoaudiólogos para realizar programas de saúde vocal. Para elas, o funcionário é importante e deve ser bem cuidado. O resultado é a diminuição do número de afastamentos por conta de distúrbios vocais e a satisfação do profissional. Os dois lados ganham”, enfatiza. Linguagem Direta Fonoaudiologia (www.linguagemdireta.com.br) Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 21 C ientífico Conhecimento ampliado: Organizações de interesse para o fonoaudiólogo O Conselho Regional de Fonoaudiologia - 2ª Região/São Paulo selecionou algumas entidades e associações de âmbito nacional e internacional, que julga importante o profissional da área conhecer. Confira, a seguir, os endereços eletrônicos dessas associações, com um pequeno resumo sobre a atuação de cada uma delas Nacionais: 1- Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia - SBFa. (www.sbfa.org.br/portal/index.php) Entidade de âmbito nacional, que fomenta a produção científica na área, aproximando profissionais de diversas regiões do país. A atual diretoria fundamenta seu trabalho em identidade e exercício profissional, representatividade nacional e internacional e modernização da estrutura da sociedade. 2- AbraGagueira (www.abragagueira.org.br) Organização não-governamental, sem fins lucrativos, que busca, através de diversos projetos. defender, elevar e manter a qualidade de vida de pessoas que gaguejam. 3- Instituto Brasileiro de Fluência - IBF (www.gagueira.org.br/home.asp) Traz serviços e informações de qualidade para portadores de gagueira, seus familiares e profissionais que atuam no controle do problema, e estimula a produção científica na área. 4- Associação Brasileira de Audiologia - ABA (www.audiologiabrasil.org.br) Fundada em 2001, tem por objetivo desenvolver a audiologia como ciência, nos âmbitos nacional e internacional, por meio da educação e da cultura, obedecendo aos princípios da participação democrática, da liberdade e da justiça social. 5- Academia Brasileira de Laringologia e Voz - ABLV (www.ablv.com.br) Associação médico-científica que congrega médicos otorrinolaringologistas, especialistas em laringologia e voz. Promove o fortalecimento da especialidade e o intercâmbio científico, técnico, cultural e social entre seus associados. 22 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 6- Associação de Medicina Intensiva Brasileira - AMIB (www.amib.com.br) Defende os interesses da classe e promove produção científica. Divulga eventos de interesse do setor e estimula a educação continuada. Fonoaudiólogos contribuem amplamente para a área. 7- Sociedade Paulista de Terapia Intensiva - SOPATI (www.sopati.com.br) Organiza congressos e eventos na área, muitos dos quais os fonoaudiólogos podem participar. Promove cursos de atualização científica e facilita o intercâmbio com profissionais do setor localizados em outras regiões do Brasil e no exterior. 8- Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva - SBMD (www.sbmd.org.br) Fonoaudiólogos participam dos colóquios desta entidade, que congrega especialistas da área, divulga iniciativas científicas do setor, publica artigos relacionados ao tema e oferece uma série de informações para o profissional. 9- Associação de Prevenção, Atendimento Especializado e Inclusão da Pessoa com Deficiência - APRAESPI (www.apraespi.org.br/index.htm) Localizada em Ribeirão Pires (SP), tem por objetivo reduzir a incidência de deficiências e atender pessoas portadoras de deficiências instaladas, através de programas de habilitação, reabilitação e educação. 10- Universo Autista (www.universoautista.com.br) Trata-se de um portal sobre o autismo, com diversas informações úteis a quem lida com o problema. Traz notícias a respeito do autismo, cursos relacionados à área, artigos científicos, entre outros dados. 11- Associação Brasileira de Problemas de Aprendizagem - ABRAPABR (www.abrapabr.org.br) Atua há 10 anos atendendo a demanda de crianças com problemas de aprendizagem, deficiências, vítimas de violência ou abandono, moradoras das comunidades e dos abrigos da prefeitura. 12- Associação Nacional de Dislexia - AND (www.andislexia.org.br) Congrega fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos, pedagogos, médicos, profissionais de áreas afins, familiares, disléxicos, instituições e associações que se dediquem ao aprofundamento dos estudos sobre dislexia. 13- Associação de Apoio ao Deficiente Auditivo - AADA (www.aadasjc.org/libras.html) Localizada em São José dos Campos (SP), atende crianças e adolescentes, prestando atendimento especializado, focado na qualidade de vida do deficiente auditivo, capacitando-o como cidadão. Internacionais: 14- American Academy of Audiology - AAA (www.audiology.org) A maior organização profissional do setor no mundo, dedica-se a promover qualidade de vida aos portadores de distúrbios audiológicos, fomentando a produção científica do setor e investindo em educação, pesquisa e políticas públicas voltadas para o segmento. 15- American Speech-Language-Hering Association - ASHA (www.asha.org) Congrega cerca de 140 mil membros, entre esses, fonoaudiólogos especializados nos distúrbios da audição, comunicação e linguagem, estimulando a produção científica. Busca tornar a comunicação humana acessível para todos e defende os direitos dos portadores de distúrbios da comunicação. 16- Associação Luso-Brasileira de Ciências da Fala - LBASS (www.experimentalprosodybrazil.org/lbass.html) Tem por finalidade promover, estimular e divulgar os estudos nas Ciências da Fala no Brasil e em Portugal, bem como estabelecer um canal de contato direto entre os estudos na área no Brasil, em Portugal e em outros países. 17- Audiology Online (www.audiologyonline.com) Portal que atua como fonte de informação para profissionais da audiologia. Promove o intercâmbio científico do setor, divulga cursos e produtos específicos para o público que atende. 18- International Association of Logopedics and Phoniatrics - IALP (http://ialp.info/joomla/) Objetiva desenvolver, em todo o mundo, o conhecimento humano a respeito das desordens da comunicação, provendo o intercâmbio científico. Busca promover a qualidade de vida em pessoas com distúrbios de voz, fala, linguagem, deglutição e audição. 19- Internacional Society of Audiology - ISA (www.isa-audiology.org) Tem sede em Genebra (Suíça) e congrega profissionais ligados à audiologia, estimulando pesquisas e promovendo eventos científicos do setor. 20- The Voice Foundation - VF (www.voicefoundation.org) Fundada em 1969, reúne médicos, pesquisadores, fonoaudiólogos, professores e artistas para compartilhar conhecimentos e experiências em relação aos cuidados com a voz. Realiza pesquisas na área. 21- Passy Muir (www.passy-muir.com) Site dirigido a profissionais e pacientes. Traz informações relativas à utilização e comercialização da válvula de fala de passy muir; descreve os critérios de indicação, contra-indicação e manejo da válvula de fala, além da apresentação de casos. 22- International Association of Orofacial Myology - IAOM (www.iaom.com) Discute questões relacionadas à motricidade orofacial, promovendo a troca de experiências entre pessoas ligadas à área em todo o mundo. Estimula ampla produção científica. 23- Academia Latinoamericana de Disfunciones Estomatognáticas - ALDE (www.aldeacademia.com.ar/) Instituição argentina interdisciplinar, cujo objetivo é estimular o desenvolvimento do estudo e da pesquisa de campo nas disfunções que atingem boca, dentes, mandíbulas e faringe. Participam médicos, fonoaudiólogos, dentistas, psicólogos e outros profissionais da saúde que atuam neste campo. 24- Dysphagia Online (www.dysphagiaonline.com) Foi projetado para médicos e fonoaudiólogos, cuidadores e pacientes que apresentam disfagia. Explica a fisiologia da deglutição, os sintomas da disfagia e aspectos relativos à alimentação. 25- Sociedade de Pesquisa em Disfagia (www.dysphagiaresearch.org) As informações fornecidas neste site destinam-se a educar o leitor sobre disfagia e tratamentos possíveis. É a organizadora do congresso anual de disfagia. Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 23 C lipping N otas Unesp de Botucatu deverá ter curso de Fonoaudiologia a partir de 2012 Alerta Legis possibilita contato do fonoaudiólogo com legislação de saúde Biblioteca virtual, com acesso pelo site do Ministério da Saúde, oferece dados atualizados sobre leis brasileiras importantes, que podem auxiliar a prática do fonoaudiólogo Q uem atua na área da saúde tem à disposição um canal aberto na internet com o que há de mais atualizado em matéria de legislação brasileira do setor. Trata-se do Alerta Legis, uma biblioteca virtual dentro do site do Ministério da Saúde, que pode ser acessada diretamente pelo endereço: http://bvsms.saude.gov. br/html/pt/legislacao/alertalegis.html Às segundas e quartas-feiras, os atos normativos do Poder Executivo e do Poder Legislativo – relacionados às questões de saúde e a assuntos correlatos –, publicados no Diário Oficial da União, são divulgados no Alerta Legis, separados por edições. Quem deseja acessar algum ato normativo na íntegra, deve clicar em cima do número da norma de interesse. Com dados desde fevereiro de 2005 até os dias atuais, o Alerta Legis traz uma tabela listando Tipo de Norma; Sua Origem: Data de Assinatura; Data do Diário Oficial da União; Seção; Página; Ementa. Tudo isso facilita sua navegação, tornando o serviço ágil para quem precisa utilizá-lo. O informativo possui ainda um email para contato, caso haja necessidade de dirimir dúvidas ou enviar sugestões para otimizar o serviço. Para tanto, basta enviar correspondência eletrônica para [email protected]. O espaço também disponibiliza dois telefones para contato: (61) 3315-3965 ou 3315-3219. Elaborado pela Coordenação Geral de Documentação e Informação do Ministério da Saúde, o Alerta Legis é uma ferramenta importante para atualiza- ção do profissional da área no que diz respeito às questões legais. Quem precisar de outras pesquisas no setor, pode se valer também do Saúde Legis, um sistema de pesquisa de legislação que reúne atos normativos do Sistema Único de Saúde (SUS), no âmbito da esfera federal. Segundo seus organizadores, estão disponíveis para consulta mais de 60 mil normas. É importante que o profissional fonoaudiólogo crie o hábito de consultar sites como este e se mantenha atualizado, pois a partir deste conhecimento poderão surgir ideias de novas atuações profissionais inclusive junto aos gestores. Esperamos, através destas informações, contribuir para o amadurecimento de nossa profissão. CRFa. 2ª Região participa do Seminário Qualidade de Vida em São Paulo No dia 9 de agosto, a Câmara Municipal de São Paulo foi palco do “Seminário Qualidade de Vida para um Envelhecimento Saudável”. Promovido pelo gabinete do deputado federal José Eduardo Cardozo, o evento teve como objetivo abordar temas que contribuem para a saúde, qualidade de vida e cidadania da pessoa idosa. Representando o Conselho Regional de Fonoaudiologia - 2ª Região/SP, a Profa. Dra. Fga. Yara Bohlsen, da PUC-SP, ministrou a palestra “Distúrbios do Equilíbrio no Idoso”. O tema despertou interesse dos representantes de entidades e de grupos da terceira idade que estavam presentes. 24 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 Yara Bohlsen falou sobre o diagnóstico da audição e reabilitação dos distúrbios vestibulares Profissionais da Delegacia Regional de Ribeirão debateram atuação na escola Fonoaudiologia Escolar é tema de fórum em Ribeirão Preto A Delegacia Regional de Ribeirão Preto do CRFa 2ª Região/SP promoveu, no dia 17 de agosto, fórum sobre fonoaudiologia escolar e educacional. Estiveram presentes o Fgo. Jaime Luiz Zorzi, representando o Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa.), e as Fgo. Monica Petit Madrid do CRFa, representante do CRFa. 2ª Região, e a Fga. Fabiana Bernardes de Ribeirão Preto. Durante o evento, cerca de 60 profissionais da jurisdição da Delegacia Regional de Ribeirão Preto discutiram a atuação do fonoaudiólogo no âmbito escolar, seus direitos e deveres. “Teste da orelhinha” agora é gratuito em maternidades públicas do Brasil Segundo lei aprovada pelo Senado em agosto, o exame de Emissões Otoacústicas Evocadas, o chamado “teste da orelhinha”, deverá agora ser oferecido gratuitamente, de forma obrigatória, em maternidades públicas do país. Mesmo estando incluído na tabela de procedimentos do SUS, o que, segundo o Ministério da Saúde, já indicaria sua obrigatoriedade, poucos hospitais na prática realizavam o teste. Agora, com a formalização da lei, o exame deverá ser aplicado em ampla escala em recém-nascidos, contribuindo para a detecção precoce das deficiências auditivas. Está tramitando na reitoria da Universidade Estadual Paulista (Unesp) a aprovação definitiva do curso de Fonoaudiologia do campus de Botucatu, a ser implantado na Faculdade de Medicina. A previsão é que o primeiro vestibular ocorra em 2012. O projeto pedagógico do novo curso foi concebido a partir de uma parceira entre professores da Medicina e da Faculdade de Filosofia e Ciências de Marília, também ligada à Unesp, que já conta com a carreira de Fonoaudiologia. Os alunos que ingressarem em Botucatu terão à sua disposição, para as aulas práticas, o Hospital das Clínicas local, o que facilitará a integração do futuro profissional com outras áreas da saúde. Especialista lança dicionário que decifra gírias utilizadas por músicos da MPB Você sabe o que quer dizer “pé de cachorro”, “acorde aranha”, “cantor voador”, “basoca” e “barriga”? Se não soube responder, provavelmente você não faz parte do universo dos cantores populares brasileiros. Mas, se estiver interessado em aprender um pouco sobre este mundo, consulte o GUIG – Dicionário de termos, gírias e expressões musicais –, escrito pela fonoaudióloga e pesquisadora Valéria Leal. A profissional, radicada em Salvador (BA), é preparadora vocal de diversos artistas da região, entre eles Margareth Menezes, Carlinhos Brown e Daniela Mercury, e desvenda nesta obra um pouco do trabalho de bastidores que realiza. Já está disponível nas livrarias. Associações se unem para a retirada de anúncios divulgados no Google que prometem curar gagueira Algumas associações britânicas e norte-americanas, além do Instituto Brasileiro de Fluência, estão em campanha para que o Google tire do ar anúncios e vídeos com técnicas que prometem curar a gagueira, problema que afeta 1% da população em geral. Segundo a fonoaudióloga Anelise Junqueira, em reportagem publicada na Folha de S. Paulo em 9/7/10, a gagueira só tem cura se for tratada na infância; após esta fase, é possível controlar o problema e conviver com ele. De acordo com especialistas, muitos pacientes gastam inutilmente dinheiro com técnicas diversas, como hipnose, ou softwares sem nenhuma comprovação científica. Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 25 N otas Em entrevista, Jaime Zorzi fala sobre o papel da Fonoaudiologia na educação Em reportagem publicada na Revista Educação, o fonoaudiólogo Jaime Zorzi fala sobre a importância da especialidade, em trabalho desenvolvido em parceria com as escolas. O texto relata o acompanhamento da melhora obtida no aprendizado de crianças da Escola Estadual Brigadeiro Faria Lima, de São Paulo, cujos professores foram orientados por uma equipe de especialistas do Instituto CEFAC, coordenados por Zorzi. A Fonoaudiologia Escolar-Educacional foi reconhecida como especialidade pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia em março, mas vale lembrar que a carreira nasceu ligada à escola no Brasil. Notas de falecimento A Fonoaudiologia ficou mais pobre, com a perda da competente profissional e amiga Paula Vegas, em 27/08/10. Paula era coordenadora do programa de amamentação e chefe do Centro de Referência da Saúde da Mulher e da Criança, da Secretaria de Saúde de Itanhaém, no litoral de São Paulo, desde 2001. Dentre suas inúmeros ações, coordenou uma gincana para incentivar a doação de leite materno entre as mães, para aumentar o estoque de leite no município. Em seu último dia de vida, inclusive, recebeu uma homenagem por essa campanha. Estava de viagem marcada para Cuba, pois havia Faleceu no dia 27 de agosto, em Ribeirão Preto a fonoaudióloga Sandra Regina Guimarães Bernardes. Sandra se formou na Unaerp - Universidade de Ribeirão Preto - no ano de 2005 e dedicou sua vida profissional à área de Audiologia. sido contemplada pela Organização Pan-Americana de Saúde com um curso de uma semana e de onde traria novos projetos para a região. Paula colaborou com a Delegacia de Santos do Conselho Regional de Fonoaudiologia, ao ministrar uma das palestras no Dia do Fonoaudiólogo, em 2007, quando falou sobre seu belíssimo trabalho com amamentação. Obrigada, Paula, por todo o seu trabalho pela fonoaudiologia e pela vida. Saudade! Delegacia da Baixada Santista (do Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região) Deixamos aqui nossa homenagem à profissional exemplar e ao ser humano que lutou bravamente pela vida. Delegacia de Ribeirão Preto Congresso da IALP premia trabalho brasileiro Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência Pela primeira vez, um trabalho brasileiro foi o ganhador do prêmio Student Award, concedido pela Internacional Association of Logopedics and Phoniatrics - IALP em seu 28º Congresso Anual, realizado entre os dias 22 e 26 de agosto em Atenas, na Grécia. O trabalho, intitulado “Speech disfluency types of fluent and stuttering individuals: age effects” (Tipologia de disfluências de fala em indivíduos fluentes e gagos: efeitos da idade), foi desenvolvido pela Dra. Fabiola Staróbole Juste, sob orientação da Profa. Dra. Claudia Regina Furquim de Andrade do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP. O trabalho será publicado na Folia Phoniatrica et Logopedica. No dia 21 de setembro, nas dependências da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo, ocorreu a solenidade em comemoração ao Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, instituído pela Lei nº 11.133, de 14/07/2005. O Conselho Regional de Fonoaudiologia - 2ª Região e outras instituições públicas e da sociedade civil, que atuam na defesa dos direitos da pessoa com deficiência, participaram do evento e aprovaram, por aclamação, o “Manifesto pelo avanço e não retrocesso das conquistas legais destinadas à inclusão das pessoas com Deficiência” (acesse o documento na íntegra em nosso site www.fonosp.org.br). Os presentes defenderam que não basta que o trabalhador com deficiência tenha respeitado o seu direito de inclusão no mercado de trabalho, conforme determina a Lei nº 8.213/91 (Lei de Cotas), mas que seja reconhecido e valorizado, com o envolvimento de toda a sociedade, em prol da defesa da cidadania. L ivros Exercícios de linguagem para reorganização neurofuncional O livro Uma letra pode mudar tudo, da fonoaudióloga com formação em reorganização neurofuncional Telma de Francisco Terçarolli, tem como objetivo auxiliar os processos terapêuticos e educativos através de exercícios compostos por pares de palavras, nos quais ocorre completa mudança de sentido com a troca de apenas um ou dois grafemas. Indicado para auxiliar nos tratamentos terapêuticos com crianças e pessoas com dislexia e dislalia, o livro é útil também ao ensino de português para estrangeiros. Com apresentação da pedagoga e fonoaudióloga Beatriz Alves Padovan, Uma letra pode mudar tudo apresenta exemplos diversificados, que fazem pensar e enriquecem o vocabulário, colaborando para a percepção auditiva e visual em diferentes faixas etárias. Uma letra pode mudar tudo - Telma de Francisco Terçarolli - Editora Revinter C lassificados Vendo audiômetro Beta 6000 - 2 canais - R$ 7.000,00, Audiômetro CAT742, com maleta - R$ 2.500,00 e Impedanciômetro MADZEN Zodiac 901, com impressora - R$ 8.500,00. Equipamentos em ótimo estado. Adriana (11) 9611-2074. Clínica Interdisciplinar – tenha seu consultório em casa de alto padrão, com ótima localização e qualidade de serviços. Próximo ao Parque Ibirapuera, com amplo estacionamento, internet, wirelles. Tel.: (11) 3885-3875 (Maria José). 26 Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 E xtravios Veja a lista de fonoaudiólogos que perderam carimbos e cédulas de identidade profissional Carimbo Edna Josiceli Sudatt..........................................................................CRFa. 11.875 Adriana Pizzo Gabanini......................................................................CRFa. 8.358 Angela Maria Silvia...........................................................................CRFa. 13.653 Cleusa Maria Cunha de Almeida.....................................................CRFa. 8.316 Priscilla Esteves Ciocchi (1) e Priscilla Ciocchi B. Ribeiro (2) 2 extravio de carimbos com sobrenomes diferentes;....................CRFa. 13.909 Cédula de identidade Mônica Mendes de Oliveira............................................................. CRFa. 6.323 BLOCO DE RECIBOS Viviane Kuperszmidt Gurfinkel.......................................................... CRFa. 3226 Experiências fonoaudiológicas compõem retrato da atuação do fonoaudiólogo Um grupo de fonoaudiólogas com capacitação em linguagem infantil, vasta experiência no tratamento de idosos e em saúde fonoaudiológica em geral compõem o livro Perspectivas Atuais em Fonoaudiologia: refletindo sobre ações na comunidade, da Pulso Editorial. Coordenado pelas profissionais Juliana Marcolino, Ana Paula Zaboroski e Jáima Pinheiro de Oliveira, o livro, lançado no dia 20 de agosto, descreve projetos de ações extensionistas, articulando pesquisa, ensino e extensão. Já no prefácio, a fonoaudióloga Léslie Piccolotto Ferreira, professora titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, afirma que este livro atende a escassez de publicações que retratam experiências fonoaudiológicas nas diversas realidades do nosso país, facilitando a aplicabilidade de seus resultados. O livro é dividido em três seções; na primeira, temos cinco capítulos sobre atuação fonoaudiológica com idosos; na segunda, seis capítulos retratam a promoção à saúde fonoaudiológica e, na terceira seção, são apresentadas propostas inovadoras sobre intervenção fonoaudiológica em linguagem infantil em seis capítulos. Perspectivas Atuais em Fonoaudiologia: refletindo sobre ações na comunidade De Juliana Marcolino, Ana Paula Zaboroski e Jáima Pinheiro de Oliveira - Pulso Editorial Revista da FONOAUDIOLOGIA • 2ª Região • nº 87 • out/nov/dez • 2010 27