ARTIGO_Como determinar a duração de cada etapa do cronograma

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ARTIGO_Como determinar a duração de cada etapa do cronograma
Harruda Cursos
 CRONOGRAMAS
Tendo em vista a pouca
bibliografia existente voltada para a
execução do cronograma físico da
obra, ou ainda, a falta de uma
abordagem mais incisiva sobre o
assunto durante o ensino de graduação
em cursos de Engenharia Civil, o
dimensionamento dos prazos e
equipes de cada atividade continuam
sendo
uma
incógnita
para
Engenheiros e Construtoras. Muitos
acreditam
que
os
programas
informatizados resolvem todos os
problemas
e
menosprezam
a
importância do cálculo correto da
duração das atividades do cronograma
da obra. Isso fica mais evidente
quando são analisadas propostas
técnicas em Licitações Públicas.
A definição da duração de
uma
tarefa
é
extremamente
importante, pois resultará no dado
numérico de TEMPO em função do
qual o cronograma será gerado, sendo
por consequencia, responsável pela
obtenção do PRAZO TOTAL DA
OBRA e definição dos marcos
intermediários durante a fase do
planejamento.
Este artigo,
pretende
demonstrar um roteiro
de dois
métodos usados para o cálculo dos
prazos e equipes do cronogram de
Gantt. Dessa forma, o Engenheiro terá
o conteúdo técnico necessário para
que possa utilizar as ferramentas
existentes no mercado que agilizam a
elaboração de cronogramas, citando
duas, temos o MS-PROJECT e o
PRIMAVERA.
1.0 – Método da Composição de
Custo Unitário
Em princípio sabe-se que a
Composição de Custo Unitário, é a
união de insumos
necessários
(materiais,
mão-de-obra,
equipamentos
e
ferramentas),
acompanhados
das
respectivas
unidades e do consumo de cada item
para executar uma quantidade unitária
de serviço.
A composição fornece o
insumo de mão-de-obra, necessário à
execução de uma determinada tarefa,
com o respectivo coeficiente, isto é, o
tempo necessário para que o operário
(carpinteiro, pedreiro, armador e etc.)
execute uma unidade de referência
(m2, m3, kg) do serviço a ser
realizado.
As referências de praxe para a
obtenção dos coeficientes são as
tabelas da TCPO/Pini e o CUSTO NA
CONSTRUÇÃO do Stabile. Como
exemplo, tomando a composição do
Stabile no 90401 – Alvenaria de
parede divisória, esp. 10cm, bloco
cerâmico 10x20x20cm, onde o
elemento humano que comanda a
tarefa é o pedreiro, cujo índice é 1,00
Hh/m2.
Considerando
que
a
quantidade levantada em projeto seja
de 400m2 de alvenaria, a duração
total de horas de pedreiro para
executar essa tarefa é 400m2 x
1,00Hh/m2 = 400 Hh. Mediante esse
número será definida a duração do
tempo de serviço.
É notório que a duração é
inversamente
proporcional
ao
tamanho da equipe. As 400 horas de
pedreiro do exemplo citado podem
representar uma equipe de dois
homens trabalhando 200 horas cada
um, ou quatro homens trabalhando
100 horas, ou ainda oito homens
trabalhando por 50 horas. Em cada
situação a quantidade seria fixa,
variando apenas a duração em função
do número de equipes. Nesse
raciocínio, a relação seria Duração =
Quantidade / no de equipes, podendo
ainda ser expressa como Quantidade =
Duração x no de equipes. Se for
utilizada a jornada padrão de 8hs
diárias, pode ser calculado o prazo das
tarefas em dias. Para o caso em
questão é apresentada a seguinte
tabela:
Quantidade
Duração Duração
Equipe
(Hh)
(horas) (dias)
400
2
200
25
400
4
100
13
400
6
67
8
400
8
50
6
2.0–Método da Produtividade
É o processo básico mais eficaz para
a execução do Cronograma Físico de
Gantt. Sem o cálculo do QAP
(Quadro Auxiliar de Produtividade) o
procedimento
será
o
mesmo
apresentado pela grande maioria:
Estimar aleatoriamente os prazos das
atividades e, sobretudo, o erro no
planejamento da obra.
O QAP deve conter, em
princípio, todos os ítens do
levantamento dos serviços a seren
efetuados, seguindo o PLANO DE
CONTA ou a
EAP (Estrutura
Analítica de Processo) que permite
decompor a obra em pacotes de
trabalhos progressivamente menores,
em sequencia cronológica estudada, o
mais próximo possível daquilo que
vai ocorrer no canteiro, refletindo no
plano de ataque da obra. Outro dado,
O efetivo humano deve ser bem equacionado, influenciando na produtividade, reduzindo o custo direto e indireto da obra.
Harruda Cursos
a priori, são as QUANTIDADES
levantadas nos projetos;
daí a
necessidade de se ter em mãos o
ORÇAMENTO PARAMÉTRICO DA
OBRA. Na sequência, é necessário
também,
consultar
tabelas
de
produtividades como
indicadores
médio de campo, de onde se retiram
as equipes básicas necessárias e suas
respectivas produções
para uma
jornada diária de 8 (oito) horas.
Cabe aqui frisar, que esses
índices gerais são importantes como
parâmetros,
permitindo criar
estimativas quando não há dados
próprios apurados “in-loco” no
canteiro de obra, ajustando-os para a
realidade
específica
de
cada
construtora, em função do grau de
treinamento de suas equipes. É
importante lembrar a avaliação dos
desvios em relação ao planejamento
em vigor, a fim de propiciar a tomada
de medidas corretivas em tempo hábil.
A finalidade precípua do
QAP é a obtenção dos prazos totais
de cada serviço, através dos quais o
diagrama
de
barras
será
preenchido.
Com a obtenção destes prazos
o Engenheiro faz o jogo entre o
número de dias corridos, adequados à
execução do serviço, e o efetivo
disponível capaz de executá-lo neste
prazo. Do exemplo anterior, ou seja,
a quantidade levantada em projeto de
400m2 de alvenaria de ½ vez, e
através de consulta das tabelas de
produtividades é retirada a equipe
básica de um pedreiro (P) e um
servente (Sv),
indicando uma
produção média de 8,5 m2 por dia.
Se for efetuada a divisão da
Quantidade pela Produção média, será
obtido então 400m2 / 8,5 m2/dia, o
que resulta em um prazo máximo
corrido de 47 dias para uma equipe
básica de 1P+1Sv. A essa altura,
deverá entrar em cena o bom senso do
Engenheiro,
para determinar o
prazo desejado de execução da tarefa,
levando em conta os fatores inerentes
da obra. Assim sendo, definido o
prazo de 25 dias corridos é obtida a
equipe necessária, dividindo-se 47dias
/ 25dias, resultando em 2 Equipes e no
Efetivo do Serviço de 2P+2Sv. O
oposto poderá ser feito, ao fixar a
equipe disponível no canteiro e
dimensionar o prazo.
Esse constante jogo de efetivo
x prazo ou prazo x efetivo deverá
ser
bem
equacionado
pelo
Engenheiro, a quantidade excessiva
de operários nem sempre refletirá em
boa produtividade, haverá tempos
improdutivos em demasia e o não
cumprimento
dos
prazos
determinados na fase executivia da
obra. Será necessário a experiência e
o conhecimento dos intervenientes do
local, dos projetos e especificações
técnicas, do efetivo disponível e
demais informações ou imposições
existentes por força de contrato.
QUADRO AUXILIAR DE PRODUTIVIDADE - QAP
HARRUDA CURSOS
ITEM
Local:
SERVIÇOS
6.0
ALVENARIAS / Pavimento
6.1
Alvenaria de 1/2 Vez - (10x20x20)cm
UN QUANT.
m2
m2
m2
m2
400
400
400
400
NÚMEROS
Equipe Básica
1P + 1 Sv
1P + 1 Sv
1P + 1 Sv
1P + 1 Sv
Produção
8,5
8,5
8,5
8,5
DIAS EQUIPE
PRAZO
Adotado
Efetivo do
Serviço
2
47
2
25
2P + 2 Sv
2
47
4
13
4P + 4 Sv
2
47
6
8
6P + 6 Sv
2
47
8
6
8P + 8 Sv
m / dia
m / dia
m / dia
m / dia
Humberto Cabral Arruda
Engenheiro Civil
Mestre em Construção Civil
O efetivo humano deve ser bem equacionado, influenciando na produtividade, reduzindo o custo direto e indireto da obra.