FOlHa caRiOca em novo formato
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FOlHa caRiOca em novo formato
cidadania & sustentabilidade Dia Internacional dos Direitos Humanos BAIRROS CARIOCAS Urca: clima bucólico em meio à metrópole ARTE & CULTURA Roteiro Cultural para curtir a Lapa no calor do verão 1 A Praia das Conchas e ao fundo a Praia do Peró, em Cabo Frio 27,5cm 20,5cm Nossos leitores pediram e este é nosso presente de Natal: FOLHA CARIOCA em novo formato 2 3 editorial & sumário capa: 05 Arlanza Crespo Um verão diferente 06 Alexandre Brandão 08 Samantha Quintans 11 Sandra Jabur 12 Iaci Malta 13 Luiza Miriam 19 Mauro Giorgio 25 Tamas 26 Oswaldo Miranda Um roteiro para fugir dos lugares comuns e curtir recantos ainda pouco explorados em Búzios e Cabo Frio 27 Gisela Gold 20 33 Haron Gamal Curta nossa página /folhacarioca COMES BEBES BAirros Cariocas arte & cultura 14 Roteiro Cultural traz especial sobre a Lapa e Santa Teresa 34 www.folhacarioca.com.br • Galeria de imagens de Búzios e Cabo Frio • Programação de Verão da Região dos Lagos • Mais dicas culturais da Lapa e de Santa Teresa Divulgação / Páprica Fotografia NA WEB Hermano 28 & Como desfrutar das delícias de fim de ano sem brigar com a balança Urca: um dos mais tranquilos e apaixonantes do Rio de Janeiro Arthur Moura 4 Mesmo quem não se anima com o fim do ano, se prepara, de alguma forma, para o começo do próximo. Nós antecipamos uma das resoluções de 2014: adotamos formato tradicional de revista (20,5cm x 27,7). Tudo para atender as solicitações de nossos leitores. Como a virada acontece na estação preferida dos cariocas, apresentamos em nossa matéria de capa algumas dicas charmosas para fugir do trivial e curtir outras atrações de Búzios e de Cabo Frio, dando início ao nosso Projeto Verão. Na seção Bairros Cariocas estivemos onde nasceu a nossa cidade: Urca, quase “uma cidadezinha do interior dentro de uma grande metrópole”. E é possível curtir tantas confraternizações com disciplina? Sim! E em Comes & Bebes mostramos que muitos se preocupam com isso optando, inclusive, por ceias menos calóricas. Para as noites quentes do Rio, o Roteiro Boêmio Cultural da Lapa e de Santa Teresa traz samba de raiz, choro, blues e rock and roll, tudo bem diversificado do jeitinho que seus frequentadores merecem. É tempo de mudança e de renovação! “É de altos espíritos aspirar coisas altas” (Cervantes). E que assim seja para todos vocês, leitores queridos que nos acompanharam por mais um ano: excelentes mudanças! Boa leitura e boas festas! colunas & artigos Arthur Moura No calor das mudanças A rlanza Crespo | quem é quem [email protected] Vivendo e aprendendo Se coincidências existem não sei. Alguns dizem que sim, outros dizem que não, que o nome é sincronicidade. Enfim, estava eu no armarinho da minha amiga Dó, aliás, o último armarinho do Leblon, quando parei para prestar atenção na conversa de uma moça. Ela falava algo que eu nunca tinha ouvido antes, e olha que eu sou (como diz a minha filha) “cascuda”. Fiquei curiosa, é claro, e me meti na conversa. Por fim já tínhamos até amigos em comum. Peguei o telefone dela, fiquei de visitá-la um dia. Fui. Ela se chama Suzana Didier, tem 56 anos, é carioca e mora no Leblon. É fonoaudióloga, psicomotricista e terapeuta craniosacral. E era disso que eu nunca tinha ouvido falar. Não conhecia mas sabia que precisava, olha que coisa doida! Essa terapia, chamada craniosacral, surgiu no Oriente e só a partir do século 19 que os médicos americanos começaram a estudá-la de forma mais enfática. Ela não tem contraindicação, e desperta o poder de autocura do corpo, proporcionando um grande bem estar. A sessão se assemelha a uma sessão de relaxamento, os toques das mãos são em zonas específicas, e não invasivas. Existem duas linhas: a biomecânica e a biodinâmica, que tem toques mais sutis e que trabalha mais com a inteligência do próprio corpo, que conduz a sessão. A Suzana é da linha biodinâmica. Fui só uma vez lá, mas minha conversa com ela foi muito elucidativa, afinal são 35 anos de formação. Ela me falou dos benefícios, desde a modificação da qualidade do sono, as melhoras nos processos alérgicos respiratórios, a melhora no humor, na depressão, na ansiedade, enfim, a melhora na qualidade de vida como um todo. Até nos casos de Parkinson ela é eficaz. Também para idosos e crianças, melhorando em muito o desempenho escolar. É uma terapia muito especial, porque não é medicamentosa. Não importa a idade nem o estado geral, pois ela atua na saúde. No final de nossa entrevista ela perguntou se eu queria fazer uma sessão. E eu fiz. Foi como se eu tivesse dormido por muitas horas e acordasse depois de uma ótima noite de sono, só que eu não dormi. Era exatamente o que eu estava precisando! Quando o profissional é bom a gente ergue as mãos pro céu, porque atualmente, nesse mundo louco, está cada vez mais difícil encontrar alguém que ame sua profissão e dê o seu melhor. E ao terminar a entrevista ela me disse: “É uma honra mediar a terapia, e a cada paciente atendido a gratidão se faz presente diante da oportunidade singular e maravilhosa do amor incondicional”. 5 a lexandre brandão | no osso [email protected] Pensando alto No agora há muitos tempos. Enquanto alguns transitam na mais sofisticada banda de internet, outros não chegaram sequer ao telefone ou à luz elétrica. Enquanto a indústria diz estar pronta para oferecer roupas íntimas que não deixam escapar o pior de nossos cheiros, o esgoto ainda é uma realidade de poucos. 6 Sempre ouvi a história segundo a qual político não gosta de investir em esgoto porque é uma obra subterrânea e invisível. Preferem pontes, ruas, praças. Ou metrô, subterrâneo visível e transitável. No novo filme de Bruno Barreto, “Flores raras”, o foco é a relação amorosa entre a poeta americana Elizabeth Bishop e Lota de Macedo Soares, brasileira que, depois de botar a cara a tapa e convencer o governo da então Guanabara da importância da obra, comandou a criação do Parque do Flamengo — embora não fosse, como dá a entender o filme, arquiteta. Sob sua coordenação estavam nomes como Affonso Eduardo Reidy, Sérgio Bernardes, Burle Marx e outros tantos, estes, sim, donos das pranchetas que definiram a feição do parque. No filme, Lota aconselha Carlos Lacerda a esquecer essa coisa de esgoto e apostar numa obra vultosa, ao mesmo tempo bela e útil, neste caso para o lazer da população. Se foi licença poética do cineasta, não sei, mas não tenho dúvida de que a opção estivesse sobre a mesa. A situação do esgoto era mais aguda nos anos de 1960, quando se fez a obra, portanto, não havia como não estar em debate. Ganhamos todos com o Aterro, é certo. Mas muitos continuaram e continuam sofrendo das doenças causadas pela falta de esgoto e, de quebra, talvez poucos tenham desfrutado ou desfrutem ainda do parque. Escrevo uma frase lugar-comum: viver é optar. Ou isso ou aquilo. A maneira como escolhemos, no Brasil, não tem sido feita de forma clara e democrática. Houve, e não sei como anda, o orçamento participativo nas gestões do PT em Porto Alegre, primeiro, e em outras cidades depois. A ideia é ótima. A população discute — em seus bairros e levando-se em consideração que não há dinheiro para tudo — se é melhor asfaltar uma rua ou colocar mais um poste de luz. Se houver a opção pelo poste, o asfalto da rua necessariamente ficará para amanhã (e não esquecido para sempre). Nunca a participação política foi tão radical. Nessa solução, problemas há aos montes (como se escolhe quem representa a comunidade? Quem fiscaliza a obra? Como tratar o descumprimento de um acordo por parte do município? Quanto do orçamento é, de fato, aberto à negociação?), mas o sujeito está metido até o talo nas questões de sua cidade. A exposição de Sebastião Salgado, Gênesis, até há pouco tempo aqui no Rio — e agora em São Paulo —, é um registro de vários tempos no tempo presente. Acredito que o desenvolvimento também deve ter princípios. Isso quer dizer que as fronteiras agropecuárias têm de respeitar os indígenas, sua cultura, seu habitat natural (tão bem retratados por Salgado). Mas não vai faltar terreno para plantar e, com isso, alimentar sete bilhões de pessoas no mundo? Ora, vamos comer insetos. A ONU testa um projeto que transforma insetos em pó comível (tipo shake). Fonte fabulosa de proteína, essa criação requer pouco espaço. Não torçam o nariz, cedo ou tarde nos acostumaremos. Conheço gente que não se arrisca ainda hoje na culinária japonesa, mas, principalmente, os mais novos, aqui no Brasil mesmo, já nascem hábeis com o hashi, o pauzinho com que se come sushi ou yakisoba. Ufa, me entusiasmei e disparei a falar feito um doido. Peço-lhe desculpas, leitor, mas é o Brasil que me tira do sério. Prometo não cometer erro semelhante outra vez. Agora vou me recolher e pensar baixinho um monte de coisas da pá virada, todas com um quê de pecado. 77 s amantha quintans | tudonovodenovo [email protected] Quais são as suas mais sinceras intenções? Dezembro. Fim de ano. Natal. Tenho tanto a desejar, pra mim e pra você. Tenho tanto pra te contar... 8 Quais são as suas intenções para com 2014? O calendário insiste em correr com os dias e a generosa Copacabana já prepara a festa da passagem. Receberá os cariocas e seus amigos com fogos de artifício, música e cores, anunciando a chegada do Ano Novo. Réveillon: derivada da palavra réveiller, quer dizer despertar. Está se aproximando o despertar de mais um grande ano, pre-pa-ra ! Numerólogos afirmam que 2014 será regido por Júpiter, o maior planeta do sistema solar trará boa sorte para humanidade. Que assim seja! Li sobre isso nas bancas de jornais, aliás ótimas opções para comprar CDs. Adquiri um do Tim Maia, “Racionais”, mais barato que bananas, uh, que beleza! As revistas com brindes em miniaturas são bastante variadas, agradam em cheio a criançada e os colecionadores, são uma boa opção de presente de última hora. Se ainda falta comprar alguns regalos, as lojas de rua espalhadas pela cidade oferecem variedade de produtos e preços. Entre uma compra e outra, você respira e contempla a paisagem, mas não esqueça de organizar uma lista. Poupa tempo, abor- recimento e dinheiro. Revele seus sentimentos, declare-se. Em dezembro o amor e as boas intenções estão em alta, é o tal do espírito natalino. Um cartão bem escrito derrete o mais duro dos corações! Quando as doze badaladas abrirem o portal do tempo, lembre-se do que disse Miguel de Cervantes, “É de altos espíritos aspirar coisas altas”. Só depois faça seus pedidos, pule as ondas ou coma as uvas. Quais são suas mais sinceras intenções para com 2014? Já faz algum tempo venho observando a organização e dedicação dos pais lá do clube. Mergulham, pegam onda, penteiam as madeixas das meninas, encorajam os moleques a ousarem nos mergulhos profundos, brincam de bonecas, cada um do seu jeito, alimentam e vestem seus pupilos com segurança e carinho. É impressão minha ou os pais estão mais participativos e presentes na infância dos filhos? Um viva! Assisti na TV a uma terapeuta que afirmou: crianças que se divertem com o pai, sem a influência da presença da mãe, crescem mais inteligentes e seguras. Faço votos de que esse número de pais cresça a cada ano. Na sequência de palestras sobre mulheres que inspiram mulheres, a ilustre convidada Mônica Goldenberg e seus comentários sobre a breve vida da carismática Leila Diniz, levaram-me a profundos questionamentos sobre sexualidade, liberdade, velhice e verdade. Tenho tanto pra te falar, o ano já vai terminar e eu aqui pensando se toda mulher é mesmo um pouco Leila Diniz. Vou assistir “Todas as mulheres do mundo”, 1967, de Domingos de Oliveira. Enquanto isso, aguardo o topless, democraticamente, conquistar as areias cariocas. “A arte de ser, sem esconder o ser”, Drummond. Por hora deixei as etiquetas um pouco de lado, resolvi trocar tudo de lugar, sair da zona de conforto para abrir caminhos, planejar a partir de sonhos. A dica mais útil que hoje posso te oferecer é a da couve, conhece? Aí vai: triture grande quantidade de folhas no liquidificador com pouca água. Congele a pasta em formas de gelo, use os cubos um por vez na mistura do suco verde. Sujeira todos os dias desanima, mas suco verde todos os dias emagrece! Não leve Dezembro de mim assim tão rápido, quero sorver cada gota de seus dias. Em Dezembro começam as férias, esquenta o verão... Preciso de tempo para reavaliar meus projetos, comprar um biquíni que me vista bem, quero tempo para experimentar uma receita nova ainda este ano, quero brindar com minhas amigas, todas elas. Tenho tanto pra falar, ouvir, viver antes que 2013 acabe... Não quero que dezembro escorra por entre meus dedos. Dezembro está aqui, rindo pra mim, me convidando a ser feliz. Eu vou, vou ser feliz hoje. Vou ser feliz em dezembro. Porque o ano acaba, mas a vida continua e tout nouveau nouveau, no mais charmoso Francês. Foto: Aryelle Amaral SAÚDE & BEm-ESTAR 9 SAÚDE & BEm-ESTAR Publieditorial 80 anos de medicina 10 10 1933: dois médicos com grande clientela se unem para criar uma instituição que possa atender os seus clientes, poupando assim o tempo de percurso entre diversos hospitais. Eram eles: Aluizio Marques, psiquiatra; e Genival Londres, cardiologista. Naquela época, essas especialidades demandavam longas permanências, pois não existiam métodos e medicamentos que as abreviassem. Surgia então o Sanatório São Vicente em prédio alugado na Rua Marquês de São Vicente. Em 1942, outro médico, João Borges Filho, cujo pai era dono de toda a Gávea, se junta aos fundadores e criam uma sociedade com a incorporação do atual terreno: a Clínica de Repouso São Vicente. Um sobrinho de João Borges, Rafael Borges Dutra, foi o responsável pela construção do prédio próprio, para onde seriam transferidas as internações. 1949: após sete anos de construção, são inauguradas as novas instalações, com presenças ilustres, como o Presidente da República, Eurico Gaspar Dutra; e o Prefeito do então Distrito Federal, Ângelo Mendes de Moraes. Um dos médicos de maior clientela era Clementino Fraga Filho, médico dos mais conhecidos artistas de nossa cidade que fizeram parte de nossa história. Os mais freqüentes eram Vinicius de Moraes, que dizia ter a chave do hospital, e Grande Otelo, que dizia ter um quarto cativo. De outro, o virtuoso Baden Powell, de quem recebemos uma aula da verdadeira Medicina: enquanto nos brindava com uma belíssima apresentação, entra no recinto uma paciente psiquiátrica falando alto e atrapalhando a música. Todos pediam para ela se calar, mas Baden interrompeu o espetáculo e convidou-a para sentar ao seu lado e perguntou qual a música que ela gostaria de ouvir; e voltou a tocar. Foi ele quem viu que, no hospital, o paciente era mais importante que o artista. 1970: em um tempo absolutamente fantástico, apenas nove meses de construção - sob a batuta do arquiteto Rolf Hütter e do construtor Rafael Borges Dutra, surge um hospital moderníssimo para a sua época. Um Centro Cirúrgico composto de quatro salas, central de esterilização e vestiários, um Centro Radiológico totalmente equipado e diversos quartos reformados. Em setembro desse ano tiveram início as atividades cirúrgicas: Antonio Luiz Medina, Geraldo Terreri, Urbano Fabrini e Ivan Lemgruber foram nossos pioneiros nessa fase. Mas ainda em meio às obras tivemos o nosso primeiro parto no dia 31 de julho, muito antes de pensarmos em ser uma maternidade. No início de 1971 chega Fernando Paulino e com ele muitos médicos famosos em nossa cidade. Em 18 de outubro de 1972 ele funda o Centro de Estudos e Pesquisas Genival Londres (CEGEL), principal responsável pelo progresso do hospital. 1975: iniciamos nosso setor de maternidade, palco de nascimentos famosos – como Sasha, filha de Xuxa, que ganhou incontáveis matérias na imprensa. No final da década foi criado o serviço de Residência Médica sob a batuta de Félix Zyngier, logo reconhecido pela Comissão Nacional de Residência Médica. 1990 e 2000: Na década de 90 foi criado o pioneiro Gávea Transplante e, em um prazo absolutamente recorde (10 meses), foi o primeiro hospital das Américas a receber o certificado ISO 9002. No ano 2000 a Clínica inaugurou a Unidade do Coração, lançou o primeiro EMERGÊNCIA Tel.: 2529-4505 Dr. Luiz Roberto Londres médico e Diretor-Presidente da Clínica São Vicente GERAL Tel.: 2529-4422 Programa de Terapia Celular em hospital privado no Rio de Janeiro e inaugurou o Serviço de Queimados, também o primeiro em uma instituição privada no Sudeste do país. Século XXI: Em época de tantas mudanças, quando a Medicina aos poucos se transforma em comércio, a Clínica São Vicente permanece fiel à sua missão e aos princípios que regem a sua atividade. A pessoa do paciente é o nosso foco, e a pessoa do médico é aquela que acolhemos para praticar sua profissão. Pois, para nós, a Medicina é, antes de tudo, um encontro de pessoas. Muitos foram responsáveis por essa trajetória, mas gostaria de citar Danilo Perestrello, com sua Medicina da Pessoa. A ele e a tantos outros devo eu e deve a Clínica São Vicente a noção de nossa missão e do nosso foco constante. Em todos os níveis são elas, pessoas, o centro de nossa atividade: pacientes, acompanhantes, médicos e suas equipes e funcionários. E agradeço a todos os mestres, a partir de meu pai, de nunca ter deixado o foco assistencial ser eclipsado por um viés comercial, de nunca ter deixado os números serem mais importantes que as pessoas. S andra Jabur [email protected] Benefícios das atividades aquáticas nos transtornos do espectro do autismo A atração que os autistas sentem pela água é inexplicável cientificamente. Numa época pensava-se que esta seria a volta ao útero materno, mas não foi comprovado. O importante é que na água eles se sentem livres, diminuem as estereotipias, que são os movimentos repetitivos e as ecolalias, que são palavras e frases repetitivas. Eles ficam calmos na água, têm percepção espaço-temporal, ao mesmo tempo em que sentem liberdade se sentem seguros num ambiente acolhedor e limitado. Temos tido bastante experiência com crianças e adultos autistas na natação. A criança deve começar o mais precocemente possível, com a autorização do pediatra. O bebê deve estar com a presença da mãe ou pai, ou alguém com que tenha bastante afinidade. Se não for possível, com o próprio professor como bebê personal. E depois, a partir de dois anos ou mais vai para a turminha. Esta experiência tem sido muito boa porque ele consegue ficar na turma com outras crianças realizando as tarefas propostas, participando ativamente no ritmo dele. O importante é a iniciação deixando a criança livre, sentindo este prazer enorme de estar na água, de mexer com a água, sentir a água, acariciando e aconchegando seu corpo, como se fosse um envelope envolto pela água. Essa sensação tátil provocada pela água em todo o seu corpo, estimulando-o ao máximo sem invadir o seu espaço, ajuda seu crescimento como ser humano. É preciso saber esperar pela reação e oferecer um ambiente próprio com muitas cores, brinquedos, mostrando o que pode ser feito e interagindo com eles seguindo os seus movimentos. Ser criança junto com eles. Estas são as melhores estratégias. O adulto autista deve ser tratado como adulto e não ser infantilizado. Eles podem nadar bem, realizar vários exercícios coordenados com a respiração na piscina, e nados submersos. Devemos colocar alguns limites quanto ao comportamento, horários, certos rituais são amenizados com o tempo com conversas, exemplos. As propriedades físicas da água, como empuxo, que é a flutuação, facilita os movimentos, a pressão hidrostática exercida em volta de todo o corpo, abraçando o corpo, criando resistência na inspiração e facilitando a expiração, estimulando o controle respiratório e facilitando a fala. A turbulência, este movimento da água em redemoinhos, fortalece a musculatura, melhora a circulação e cria um ambiente interessante e estimulante. A água encanta o autista e favorece seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo, afetivo e socializador. A natação especial para os autistas deve ser rica de experiências como também é para as outras crianças. Hoje em dia, as classificações caíram em desuso, são analisados os transtornos do espectro autista, Nada é definitivo e imutável. Ninguém poderá determinar o quanto ele vai desenvolver-se, que objetivos propostos ele vai alcançar, o quanto ele será capaz de realizar. O importante é oferecer um leque de oportunidades e riqueza de experiências, na água e na vida diária, para que os autistas sejam capazes de descobrir seu potencial. 11 I aci malta [email protected] Salvas aos cidadãos paraguaios! É isso mesmo, parabéns aos cidadãos paraguaios que, sem confrontos e sem quebradeiras, rapidamente conseguiram reverter uma decisão que dava imunidade a parlamentares suspeitos de corrupção. Temos muito que aprender com nossos vizinhos paraguaios. 12 12 Adorei o “não ao desaforo”, adorei a postura de vários proprietários de não aceitar a entrada em seus restaurantes dos senadores que votaram pela concessão de imunidade. Essa foi uma maneira muito clara de repúdio aos parlamentares que votam contra os interesses do povo, privilegiando o corporativismo. Quisera eu que tivéssemos em Brasília proprietários de restaurantes que fizessem o mesmo, que mostrassem o quanto um parlamentar que não atua a favor do povo e do país não é bem vindo! Essa experiência dos paraguaios nos mostra como os recursos da internet podem ser usados para, pacificamente, abrir caminho para a expressão direta da opinião dos cidadãos. Mostra também como uma boa ideia, simples, mas profundamente expressiva, pode desencadear a adesão de outros que também se sentem igualmente afrontados, desrespeitados. Realmente estou morrendo de inveja! Imaginem que maravilha seria se aqui tivéssemos políticos que pedissem desculpas por votarem contra os interesses do povo; se nossos parlamentares faltosos reconhecessem que não merecem privilégios e até pedissem desculpas pelos abusos cometidos. Os nossos parlamentares já condenados só dizem que estão sendo perseguidos, são inocentes, nada fizeram..., são as vítimas! Confesso que eu quase chego a parabenizar também os senadores paraguaios suspeitos de corrupção, só por não transformarem a nós, cidadãos brasileiros, em perseguidores e a eles em vítimas. cidadania & sustentabilidade COLUNISTA CONVIDADA | Luiza Miriam Ribeiro Martins 10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos: Sem direito a comemorações Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade Artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos do Homem Em 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O documento proclama “o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades...” Essa declaração foi assinada por 58 Estados. E, em 1950, a ONU estabeleceu que nesta data, seria celebrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos. Muitas declarações dão maior ou menor enfoque ao aspecto cultural e mais importância a determinados direitos de acor- do com a história do país. À visão ocidental-capitalista dos direitos humanos, centrada nos direitos civis e políticos, como a liberdade de expressão e de voto, se opôs o bloco socialista, que privilegiava a satisfação das necessidades elementares, porém suprimia a propriedade privada e a possibilidade de discordar e de eleger representantes. No entanto, há teorias que defendem o universalismo dos direitos humanos e se contrapõem ao relativismo cultural. A celebração deste dia é um dos pontos altos na agenda das Nações Unidas, daí decorrendo iniciativas mundiais de defesa dos direitos do homem. A realidade brasileira Nós, do grupo Tortura Nunca Mais – RJ acompanhamos as questões ligadas aos direitos humanos, tendo como foco principal o esclarecimento e punição dos crimes de Estado cometidos durante a ditadura civil-militar brasileira, e também a situação atual dos direitos humanos em seus mais diversos aspectos. A polícia tortura e mata. O estupro e a violência doméstica fazem parte do cotidiano de inúmeras famílias. Crimes hediondos institucionais não são desvendados e perseguem a memória de vítimas injustiçadas. As ruas servem de abrigo para grande população de excluídos. As mulheres continuam sofrendo violências pelo seu gênero. Homossexuais, índios, negros e outros “diferentes” sofrem discriminação. Falta saúde para a população. As escolas não têm a qualidade que crianças e jovens necessitam. O transporte não atende à demanda dos trabalhadores. Os serviços públicos são lentos e desiguais. As riquezas concentram-se em mãos de privilegiados. Este país existe: é o Brasil, 2013. Maquete de monumento criado por Oscar Niemeyer e que se tornou a marca do GTNM/RJ Não temos, portanto, muito o que comemorar. Havemos de celebrar este dia com a luta contra a opressão. As entidades de Direitos Humanos não têm descanso. A todas elas e aos cidadãos que lutam por mais dignidade para os seres humanos, o nosso abraço fraterno. Reflitamos a máxima do Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, que há quase 30 anos luta pelos direitos humanos: Pela Vida, pela Paz Tortura Nunca Mais *Luiza Mirian é 1ª Secretária dlo Grupo Tortura Nunca Mais / RJ Novo site do GTNM/RJ no ar O grupo acaba de lançar seu novo site e agora dispõe de uma ferramenta eficiente para amplificação de nossa luta e a criação de canais interativos com os cidadãos e entidades. Com navegação mais intuitiva, a nova página permite o acesso a todos os dossiês de mortos e desaparecidos do regime miltar, além de artigos assinados e notícias sempre atualizadas. Acesse: www.torturanuncamais.org.br e compartilhe nossas informações. 13 comes & bebes Fim de ano de bem com a balança É possível sobreviver às confraternizações e festas de família equilibrando o prazer de comer com o controle das calorias 14 Dezembro vai se aproximando do fim e, junto ao novo ano que chega, um enorme número de festas e confraternizações ocupam nossas agendas. É festa da empresa, encontros com os amigos, reuniões familiares, ceia de N’atal, final do ano, ufa... Festas regadas, diga-se de passagem, a incontáveis delícias e muita abundância. Muita gente adora, enquanto outro grupo se arrepia só de pensar nas consequências na balança. “Comecei o regime no começo de outubro, já pensando no fim do ano e no verão”, conta a bancária Fabiana Hertsan, que vem tentando ‘enxugar três quilinhos’ para passar ilesa pelas comilanças. “É um desespero e não tem para onde correr, pois são encontros importantes e queridos. Não posso deixar de ir na festa do serviço, ou não me reunir com minhas amigas antes do ano acabar, tampouco faltar à ceia na casa da minha mãe. O negócio é se preparar antes e olhar a boca para diminuir o dano”. Maneirar o único verbo capaz de equilibrar a matemática da balança. A nutricionista Natália Araújo explica que não vale a pena deixar de comer as deliciosas comidas deste período do ano ou então o seu prato preferido, só para não engordar. “O importante é comer pequenas porções e mastigar corretamente, pois quem tem uma má mastigação acaba comendo muito rápido e ingerindo uma maior quantidade de alimento. Procure se servir das saladas primeiro e evitar as frituras. Também é recomendável a ingestão de muitas frutas e muita água ao longo do dia. Se manter hidratado é o primeiro passo para passar bem pelas festas de fim de ano”, dá a dica. Água é a melhor bebida Prestar atenção à hidratação neste período é mesmo muito importante pois, além das temperaturas altas e do sol forte tão comuns na estação que começa, as bebidas são outro fator presente em todas as confraternizações. “É inevitável tomar uma cerveja bem gelada com o calorão que tem feito, ainda mais com tanta festa e bebida liberada, mas tomo cuidado para não dar vexame na festa da firma, nem estragar o Natal de ninguém. Beber é bom, mas com responsabilidade”, diz o designer Wagner de Oliveira. Natália explica que a bebida desidrata e, se não houver atenção, o dia pode ser bem ruim para o beberrão. “O ideal é deixar as bebidas para o momento do brinde, mas se você não é desses, tome ao menos um copo de água para cada um de bebida que ingerir. Assim você aumenta a sensação de saciedade, diminui a quantidade de bebida ingerida e mantêm a hidratação. Seu corpo agradecerá”. A nutricionista diz que também que não é recomendável ficar longos períodos sem se alimentar. “Procure ter um excelente café da manhã, isso irá ativar o seu metabolismo desde cedo, o que acarreta uma maior sensação de saciedade. Ao longo do dia, se alimente de algo leve a cada três horas, assim será mais fácil não exagerar na hora da ceia. Mais importante do que comer em quantidade, como muita gente faz, é ter atenção à qualidade do que se come. Para compensar os alimentos mais calóricos, substitua os doces por frutas na hora da sobremesa. Há muitas comemorações, comidas e bebidas diferentes neste período. Se não houver cuidado, é fácil ganhar peso”, alerta. A preocupação com a saúde e com a balança tem alterado inclusive os tradicionais cardápios desse período. João Batista, gerente do tradicional Restaurante e Sorveteria Lopes, em Copacabana, conta que é possível perceber uma mudança nos pedidos dos clientes nos últimos cinco anos. “As pessoas buscam cada vez mais os produtos mais lights. Até com o tradicional peru houve uma mudança, as pessoas pedem só o peito, por ser mais magro. Nos últimos anos também aumentou consideravelmente os pedidos de chester e carnes brancas no natal. Há oito anos era somente peru, atualmente os pedidos de chester quase empatam”. Menos gente à mesa A bibliotecária Katarina Vasconcelos é uma adepta do cardápio mais light. “Apesar da comilança ser grande, há muitas boas opções de saladas para acompanhar as carnes e não é preciso se afundar na rabanada. Procuro evitar muitos carbohidratos, comer carnes brancas ou mais magras com muitos legumes e verduras. Só assim para não enlouquecer”, explica. Natural de Fortaleza, Katarina mora há quatro anos no Rio de Janeiro e nem sempre consegue voltar para a terra natal nas festas de fim de ano. “Às vezes, por conta do trabalho ou do preço da passagem, não consigo ir passar o Natal com meus pais e, para não ficar triste, reúno os amigos que, como eu, estão longe da família. Fazemos nossa ceia, cada um colabora como pode e ficamos todos felizes por estarmos juntos com pessoas queridas”, conta. Essa é uma tendência cada vez mais comum nas grandes cidades, de ceias menores. Segundo Batista, além do tipo de pedido ter mudado, a quantidade das encomendas também vem se alterando. “Os pedidos agora costumam ser menores, para servir menos pessoas. São um ou dois pratos principais com acompanhamentos, normalmente. Tudo depende da quantidade de pessoas reunidas. Antigamente o costume era preparar toda a ceia e reunir muita gente, familiares, amigos e agregados. Quem era o anfitrião sempre oferecia uma mesa farta e as encomendas de ceias contemplavam tudo. Atualmente as reuniões parecem ser menores, cada um leva um prato para auxiliar e a fartura se mantêm com a colaboração de todos”, diz o gerente do restaurante, que trabalha com encomendas de ceia natalina há mais de 25 anos. Sejam quais forem as confraternizações que você tenha neste final de ano, aproveite com sabedoria e alegria com aqueles com quem convive e são importantes em sua vida. Seja moderado nas escolhas alimentares, não extrapole nas bebidas e se hidrate. Assim, não haverá tempo ruim nos dias seguintes. BOAS FESTAS e um MARAVILHOSO ANO 2014 para todos. 15 G ASTRONOMIA CARIOCA 16 17 G ASTRONOMIA CARIOCA 18 mAURO GIORGIO [email protected] Pode vir quente , de novo... Acontece de maneira silenciosa. Não há senha, mas todos reconhecem a mudança sutil e reagem quase ao mesmo tempo. No Rio, a primavera é a antessala, a mais curta das estações. À medida que os termômetros começarem a acreditar que os 30 graus são seu “ponto zero”, o verão invade a cidade e modifica o comportamento do mais desatento de seus moradores. É como se estalassem os dedos lá no céu e toda paisagem ganhasse novas cores, cheiros, significados. Viramos o centro do mundo, um lugar onde tudo pode acontecer. E a cada verão aparece um carioca renovado, pronto para adotar novas gírias, consagrar novos points, novos sambas, para repetir “que esse verão tá quente mesmo”, pronto para aproveitar o melhor da cidade e também para enfrentar as pendências e os problemas de décadas de descaso. Sobram belezas e questões o ano inteiro, é verdade. Mas é quando o calor aumenta e a preocupação em saber se vai dar praia obscurece as demais que o carioca parece abrir as portas de sua casa para o mundo. E se nem tudo está no lugar, não tem problema. Vai assim mesmo. A moda vem da rua e da areia, desde o formato dos biquínis da temporada a um novo jeito de amarrar a canga. As novidades no comportamento vêm de surpresa. Expressões que já foram “E aí?”, “Qual foi?”, “Já é” e “Só se for agora”, “Formô” brotam espontaneamente e se alastram como uma boa fofoca ou arrastão em domingo de sol. Debate-se: Quem será a nova musa das areias? Até que idade dá para usar biquíni? Qual a nova fronteira da vaidade masculina, depois da adesão à depilação? Que romance vai dar o que falar em revistas, redes sociais e rodas de praia? E até quando a cidade aguenta outro verão sem que nada tenha sido feito para amenizar suas mazelas, da intermitente falta d’água aos surtos de dengue? Mas os analistas de comportamento que me desculpem. O verão carioca e suas tendências desafiam qualquer teoria. Vai ser o último verão antes da Copa do Mundo. Por isso, não vale usar o bordão “Imagina na Copa”, porque ela já chegou. Rezemos, pois precisaremos de toda ajuda para que tudo corra bem. Modismos vêm e vão. Alguns acabam incorporados ao cotidiano da cidade no resto do ano e convivem com tradições. Por enquanto, prefiro ficar com elas e aguardar as novidades com muito mate, água de coco geladíssima e a brisa das noites quentes que é perfeita para namorar. Mauro Giorgi é economista e assina o Blog Tudo Sobre Tudo 19 19 capa Praia da Ferradurinha – Búzios TEXTO_Juliana Alves FOTOS_Arthur Moura 20 20 Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Cabo Frio, Carapebus, Casimiro de Abreu, Macaé, Quissamã, Maricá, Rio das Ostras, Saquarema e Araruama são os 13 municípios que formam a Região dos Lagos, também conhecida como Costa do Sol. Muitos possuem (ou já tiveram) casas de veraneio por lá, conhecem boas pousadas e campings, ou mesmo fizeram bate e volta para comer um bom peixe ou banhar-se nas mais lindas Forte de São Mateus – Cabo Frio lagoas e praias dessa parte do território fluminense. Nesta edição, a Folha Carioca decidiu explorar duas belezas especiais dos aproximados 2.000 km²: Búzios e Cabo Frio. Ambas possuem pontos turísticos dos mais diversos como praias de mar aberto e também com águas calmas cercadas por restingas e dunas, ilhas, parques florestais, restaurantes de todos os tipos e para todos os bolsos, assim como os hotéis e as pousadas. Mesmo com tantas opções, é comum fazer essa viagem e visitar os mesmos lugares, sem perceber detalhes que ainda mantêm a Região bastante charmosa e atraente. A grande Cabo Frio A infraestrutura de Cabo Frio já permite que os moradores tenham certa independência da temporada. Mercados, lojas de roupas, sapatos, móveis planejados, todos os bancos, hospitais, fábricas e até aeroporto internacional, cuja pista é considerada uma das mais seguras do país. Um importante ponto comercial é a Rua dos Biquínis, com 150 lojas especializadas e confecções em toda a sua extensão, que garantem grande Forte de São Mateus variedade e preços acessíveis. E boa parte de seus produtos são exportados para todo o mundo. Passando por lá, a recomendação é continuar a estrada em direção à Praia das Conchas, um paraíso de águas calmas, transparentes e rasas, com ventos frescos, areia branca e limpa, tudo bastante convidativo para crianças e para quem quer fugir da badalação. A pequena Conchas é considerada Área de Preservação Ambiental (APA) e se você estiver em Peró, basta caminhar até ‘a ponta direita’ (estando de frente para o mar) para chegar Vista das praias das Conchas e Peró Praia dos Ossos – Búzios lá e comer um bom dourado ao molho de camarão e pirão no Quiosque do Ratatá. Nas ondas do Forte Na orla mais badalada, o destaque fica para o recém-reformado Forte de São Mateus. De acordo com especialistas, as rochas que formam a base da construção feita pelos portugueses entre 1616 e 1620, são de milhões de anos. As linhas retas predominam em sua arquitetura e tudo é construído com pedra, argamassa e óleo de baleia. Desde 1956, o monumento foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e as únicas alterações referem-se à iluminação. Ivan Boquimapani Amador é o guardião do Forte. Dos seus 33 anos de Prefeitura, 20 foram dedicados ao local: “Eu trabalho com essa vista maravilhosa sabendo que estou em frente à África do Sul. É só seguir reto durante 20 dias e 20 noites! Por aqui passam turistas do Brasil e do mundo, principalmente argentinos; e todos gostam tanto quanto eu”. Antes de sair desse lado da praia, suba o caminho para o Mirante do Canal do Itajuru, todo construído em madeira: são imagens e sensações imperdíveis. A novidade na Praia do Bairro da Passagem – Cabo Frio Forte é a Praça dos Quiosques inaugurada no último dia 5: os modernos 15 estabelecimentos contam até com áreas Vips para pequenas reuniões. Para a realização das obras, foi necessária a demolição da antiga pista de skate. Porém, os amantes desse esporte podem aguardar a inauguração da nova pista com quase 1800 metros de pura diversão, o dobro do tamanho da anterior, planejados com o apoio dos skatistas da região. Onde tudo começou Não tão distante desse ponto da cidade, está escondido o Bairro da Passagem, um lugar ao longo do Canal de Itajuru onde se instalaram os primeiros núcleos de moradores de Cabo Frio, por volta do século XVIII. O largo foi tombado pelo IPHAN, fato que colabora com a conservação da arquitetura em estilo e pintura coloniais que lembram Paraty. Na pracinha, está a igreja de São Benedito, construída em 1761 para os negros, já que eram proibidos de frequentar a igreja no Centro. Atualmente, suas portas se abrem somente às quartas-feiras, das 07h às 10h, para orações comunitárias. Durante o passeio, vale a pena passar pelo Sr. Valcir, do Exóticos, e também degustar o risoto Um verão diferente Um roteiro para fugir dos lugares comuns e curtir recantos ainda pouco explorados em Búzios e Cabo Frio 21 capa 22 22 Negro de Lagostini, do Galápagos (reserva: (22) 2643-4097). O traslado até o outro lado do Itajuru pode ser feito ali mesmo, no Bairro da Passagem, em pequenas embarcações dos pescadores locais (cerca de R$ 3,00). Chegando lá, é a hora de colocar o tênis e se aventurar pela trilha até a selvagem Praia Brava, onde antigamente encontravam-se muitos praticantes do nudismo (recomenda-se não fa- zer esse caminho sozinho e com equipamentos caros). O mar é claro e as ondas são excelentes para os surfistas. O outro acesso é pela Ilha do Japonês, uma das preciosidades de Cabo Frio banhadas pelas águas do Canal e cheia de quiosques de sapê. Campo em meio a praias Na Zona Rural de Cabo Frio, nosso objetivo foi resgatar mais um pouco de história através da Fazenda Campos Novos. Localizada em Tamoios, o 2º Distrito de Cabo Frio que pleiteia a emancipação, foi erguida pela Companhia de Jesus por volta de 1690 e já hospedou gente importante como o príncipe D. Pedro de Alcântara de Orleans e Bragança (1925), e os pesquisadores Auguste de Saint-Hilaire e Charles Darwin. Atualmente, Campos Novos é a sede da Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento e está fechada para reforma totalmente supervisionada pelo IPHAN, já que é mais uma preciosidade tombada oficialmente desde 23 de novembro de 2011. Até agora, foram encontrados centenas de vestígios da época, como pedaços de louças, ossos humanos e até de baleia, uma curiosidade à parte. Junior Genro, um dos cuidadores do À esquerda, praia das Conchas; acima, Ivan Amador, guardião do Forte local e um grande conhecedor da região, de quilombolas (cinco ao redor) e de suas personalidades com mais de 100 anos de idade, informou que até mesmo o cemitério ao lado da residência foi tombado. “A antiga área será preservada e haverá novo espaço para enterrar as pessoas da região. A equipe do IPHAN está realizando um Casa Grande e a capela Santo Inácio, na fazenda Campos Novos, e construção identificada como uma possível senzala Praia de João Fernandes trabalho perfeito. Certamente levará alguns anos, mas tudo será restaurado de acordo com a arquitetura da época, inclusive a torre da capela Santo Inácio que, segundo pinturas antigas, foi modificada”. Búzios doce Búzios Como cresceu a antiga vila de pescadores... E sem perder seu charme! Os moradores usufruem a estrutura do lugar, mas o turismo ainda é a maior fonte de renda. Entre 1728 e 1768, antes da chegada dos grandes navios norte-americanos exploradores, os habitantes sobreviviam da pesca de baleias, das quais eram extraídos o óleo e as barbatanas, e suas ossadas eram abandonadas na praia dos Ossos, batizada assim justamente por isso. Na época, a praia da Armação abrigou a fábrica de queima de gordura e tanques de armazenamento de óleo. Em 1743, foi fundada a pequena capela de Sant’Anna, a mais antiga da cidade, instalada na Travessa dos Ossos, vizinha do escondidinho cemitério do município. Esta santa é conside- rada padroeira da Armação dos Búzios por ter ajudado, segundo a lenda, um navio carregado de escravos a ancorar em segurança. Durante o início do século XX, Búzios, ainda o 3º Distrito de Cabo Frio, comercializava peixe e banana. O engenheiro Eugenne Honold tornou-se proprietário da Fazenda Campos Novos e estendeu suas propriedades até a Praia dos Ossos, o que mais tarde abandonou após a extinção da plantação devido a um incêndio. 23 Acima, escultura de pescadores e ao fundo, a prática que inspirou a artista Christina Motta, na praia da Armação Jovem e cheia de histórias Boa parte das praias é formada por águas calmas e claras, e o tom de cada uma varia de acordo com a mágica luz solar e as pedras ao redor. Citar a atriz francesa Brigitte Bardot é obrigação ao tentar explicar um pouco da evolução local, já que sua passagem por lá, em 1964, popularizou a cidade recém-emancipada de Cabo Frio (Lei nº 2493, de 28 de Dezembro de 1995; instalação do município em 01 de janeiro de 1997). E muitos nem sabem que a praia dos Ossos ficou em evidência em dezembro de 1976, devido ao assassinato da socialite Ângela Diniz, conhecida como “A Pantera de Minas”, um crime cometido por Raul Fernando do Amaral Street, o Doca Street. Essa é uma das inúmeras lembranças de Ismael Araújo, capa 24 24 carioca por nascença e buziano por adoção. Desde pequeno, aprendeu muito com as matas e os mares do lugar e hoje trabalha como taxista marítimo. “Saindo dos Ossos, encontramos o Iate Clube Armação dos Búzios, de onde saem as velas que competem nas regatas. Lars Grael, uma verdadeira simpatia, esteve aqui nesta 8ª Regata de Veleiros.” Ismael conta que a escultura dos três pescadores puxando a rede no mar, foi em homenagem a três buzianos que saíram rumo a Vitória do Espírito Santo para pescar, e nunca chegaram lá ou sequer voltaram. Praia do Canto, a pequenina dos Amores, das Virgens, Azedinha, Azeda, João Fernandes, João Fernandinho, e mais tantas outras completam a beleza natural do lugar. Só não pode deixar de passar pela formosa Ferradurinha, uma beleza rara bem na ponta esquerda (de frente para o mar) da Praia de Geribá, onde está a trilha de acesso. “Antigamente, era fácil encontrar tartarugas na praia da Tartaruga, mas sem a proteção que impedia embarcações de se aproximarem da orla, elas sumiram, não se sentem mais seguras”. E para fugir do trivial, prepare seu tênis, converse com Porto da Barra: gastronomia e arte a céu aberto; embaixo, a Orla Brigitte Bardot um nativo, até mesmo os que trabalham com passeios de bug, entre outros, e siga para a afastada Tucuns. Chegando lá, após um mergulho cauteloso por ser mar aberto, delicie-se na caminhada em meio à Mata Atlântica da Serra das Emerências, uma importante Área de Proteção Ambiental (APA) repleta de pau-brasil e de espécies como o mico-leão-dourado. A Ampla, com o apoio da Enel, R&D Aneel, está investindo em transformações para obter eficiência energética e sustentável: o projeto quer fazer de Búzios a primeira cidade inteligente da América Latina. Uma das novidades é estimular o aluguel de bicicletas elétricas através das pousadas Tangarás, dos Reis, Byblos, Pontal da Ferradura, Búzios, Corais e Conchas e do Albergue de La Langouste Hotel. Vale a pena informar-se, deixar o carro de lado e trafegar melhor por lá! Dia e noite O Bar do Zé, com seu risoto de lagosta, queijo brie e aspargos frescos, o Sawasdee, especialista em comida tailandesa, e o Buda Beach, com música ao vivo são alguns dos restaurantes da Rua das Pedras e da Orla Brigitte Bardot. E, reaberto há um mês, o Trópico Por do sol em Geribá ESPECIAL DE VERÃO: Não perca, em Janeiro: • Esportes radicais e de aventura • Mais sobre a Região dos Lagos • Os encantos da Costa Verde Búzios, open bar, oferece transmissões variadas no seu telão e, aos domingos, uma excelente roda de samba com o couvert de R$ 10,00. Ao lado da Colônia de Pescadores, em Manguinhos, está o Porto da Barra. São 15 restaurantes espalhados por uma área bastante arborizada, com lago artificial e deck de madeira que deixam o local com jeitinho de parque. Lojas de decoração e arte, como a nova Tombuctu, especializada em peças originais da África do Sul, e restaurantes como o Anexo, Belli Belli, Juanito, Zuza, especialista em frutos do mar e o Quadrucci, italiano e contemporâneo com suas deliciosas entradas clássicas de praia, complementam a noite buziana. E ainda tem estacionamento! ! Enfim, pense em um verão diferente, programe-se e boa viagem! t amas [email protected] Instante fugaz Pensamentos pró fundos Poeta convidado O passado tem dois S. Olhando para eles vejo imagens antigas onde sibilo sons saboreio o silêncio supero o sarampo sigo sonhos sonho subversão suspeito da salvação salvo a sanidade sofro de sinusite solto o sorriso suplico sexo separo sentimentos sopro saxofone sepulto um segredo sinto saudades sou sozinho. O passado tem dois S. O presente tem um. O futuro nenhum. -Paixão é um terremoto no coração. George Kraus (original em inglês – Tradução Juliana Santos) -Dúvidas, tenho muitas dívidas, também dádivas, amém. -Se ROMA é AMOR ao contrário, é possível amar em Roma? -Procuro uma palavra simples que me faça feliz. -Envoltos por uma placenta de incertezas, estamos. -Sempre ao lado o imponderável. O espectro de neve Ele olha o espectro de neve no vento Que cai dos altos pinheiros na luz do sol Os pinhos brilham na luz da manhã O gelo reflete o frio sol de Fevereiro Que ascende ondas silenciosas De neve de um vento escuro deixado para traz Ele conclui que caminha sozinho Embora ouça o soar do carrilhão na varanda Que anuncia o que pode e não pode ser visto 25 O swaldo miranda [email protected] What a wonderful world! 26 26 Em dois Natais passados (e eu já vou para o meu 94ª), sugeri a Rosamarie, que em seu programa na Rádio Imperial, Petrópolis, em vez de colocar melodias tradicionais (Noite Feliz e etc), inovasse, com a bela composição de Bob Thiele, George David Weiss e Robert Thiele Jr., What a wonderful World, na voz de Lois Armstrong. Foi o que ela fez em sua mensagem original, com o agrado de muitos ouvintes. Ao fim do canto, Rosemarie declamava para o público, em tradução livre, direta, não integrada à melodia, uma síntese dos versos, identificando assim o que fora interpretado pelo famoso cantor-trompetista americano. Vamos então a Armstrong: I see trees of green, red roses too I see them bloom for me and for you And I think to myself, what a wonderful world. I see skies of blue clouds of white Bright blessed days, dark sacred nights And I think to myself, what a wonderful world. The colors of a rainbow, so pretty, in the sky Are also on the faces of people going by I see friends shaking hands,sayin “how do you do?” They’re really sayin, “I love you”. I hear babies cry, I watch them grow They’ll learn much more, than I’ll never know And I think to myself, what a wonderful world E aqui, então, a beleza desses versos em Português: Eu vejo as árvores verdes / Rosas vermelhas, também / E as vejo florescer para mim e você / Eu penso comigo / Que mundo maravilhoso! / Eu vejo os céus tão azuis e as nuvens tão brancas / O brilho abençoado do dia e a escuridão sagrada da noite / E eu penso comigo / Que mundo maravilhoso! / As cores do arco Iris, tão bonitas, no céu / Então também nos rostos das pessoas que se vão / Vejo amigos apertando as mãos / Dizendo: Como vai você? / Eles realmente dizem: Eu te amo! / Eu ouço crianças chorando / E as vejo crescer / Elas aprenderão muito mais do que eu jamais saberei / Eu penso comigo: Que mundo maravilhoso! / Sim, eu penso comigo: Que mundo maravilhoso! E é este, de coração, o meu desejo para todos vocês nesse 2014 que vem por aí... deixando-nos contagiar pela mesma alegria que Satchmo, o boca de mochila, nos passava com seu canto-sorriso, seus scats e seu espetacular trompete – sons que ficam para sempre em nossa memória. Feliz Ano Novo! g isela gold [email protected] SAUDADE – O amigão Maurício Azêdo, meu presidente na ABI, deu de partir aos 78. Devo-lhe uma homenagem – as Bodas de Platina, pelo que achou que fiz na área da comunicação. Quatro páginas no jornal e abertura de site na internet. Fazíamos permuta de exemplares, com bilhetinhos carinhosos. Fez muito em todas as áreas em que militou, deixando na nossa casa – a ABI - a marca do seu trabalho. Um homem do Brasil. Três dias de luto no estado. Disfarço a tristeza que toma meu coração. E eu estou certo de sua bela e justa acolhida no reino de Deus. JORNAL DO COMÉRCIO: “Despesas do governo crescem e contas se agravam”. Santo Deus: não haveria melhor prenúncio para o ano que vem? HISTÓRIA: “Dia 25 faz 2013 anos que nasceu Jesus, na cidade de Belém, Terra de Canaã, onde há a Basílica da Natividade, na qual se encontra a manjedoura, seu berço. Nela se colocava comida para os animais. Jesus passou a infância em Nazaré, onde há a Basílica da Anunciação. Foi ali que um anjo avisou à mãe de Jesus, Maria, que ela teria um filho santo. Jesus passou infância em Carfanaum, costa da Galiléia, aonde se deu o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes para alimentar os pobres. Muitos acreditavam que Jesus fosse filho de Deus. Os que não acreditavam, mandaram matá-lo. No lugar em que ELE morreu foi enterrado e ressuscitado, fica a Igreja do Santo Sepulcro”. Teria eu acertado no resumo da biografia não autorizada de Jesus, o menino cujo nascimento estamos festejando? JORNAL NACIONAL: “No Brasil 26 milhões de toneladas de alimentos vão para o lixo todos os anos”. No mundo há um bilhão de pessoas passando fome. Vai dai que... não sei... O FURACÃO – O Haiyan arrasou com Tacoblan, Filipinas. Navios voando, 10 mil mortos, cinco milhões de desabrigados e U$ 14 bilhões de prejuízos. Uma ideia: fosse aqui com o epicentro no Rio, atingiria até Brasília! ZECA PAGODINHO: Lançou DVD no Faustão, festejando 30 anos de carreira. Trabalhou em escritório, foi office boy. Cantou com sua entourage, músicos, coro, bailarinas(!). Atire a primeira pedra/ Ataulfo, Foi um rio que passou em minha vida/ Paulinho da Viola, Trem das 11/Adoniran Barbosa e A sorrir (O sol nascerá)/ Cartola e Elton Medeiros. Aqui a capa do seu primeiro LP. Arlindo Cruz assina: ”- Vai em frente, parceiro. Mil felicidades! “É de fevereiro de 1986. Não deu outra pro Jessé Gomes da Silva Filho, que assim terminou o papo com Faustão: Deus me deu tudo que eu pedi. Boa de ouvido Agnalda tinha uma mania de respeitar seu coração. Sempre que o bandido falava para olhar ali, ela olhava. Ai dela se questionasse. Podia ser a rainha da Inglaterra passando que ela não arredava o pé dali. E tanta coisa boa passava pela moça, era gente para conversar no balcão de padaria, mas a cabeça continuava mirando o que o coração mandou. Até o arco-íris do outro lado surgia. Mas a íris de Agnalda ficava cinza quando não mirava o que coração mandou. Até o momento que a moça se deu conta de um detalhe importante: ela mirava o que o coração falara, mas o alvo não lhe devolvia o olhar. Esse sim olhava as cores, as pessoas nos balcões de padaria, os transeuntes em outras esquinas nas quais Agnalda não pisava. Os dias mudavam de roupa, até o sol inventava de alaranjar diferente, mas Agnalda continuava ali de olho parado. Cada minuto era eterno e demorava a passar. A passageira que nunca saltava do ônibus, assim sentia. Hora dessas uma poeira honesta invadiu a vista da moça e sem perceber Agnalda olhou para o lado oposto. Alguém lhe perguntou as horas, logo depois na fila da feira comentaram que a banana estava de graça. Conversa vai, conversa vem, ela pegou-se distraída com os olhos. Eles relaxavam enquanto os ouvidos se abriam para o mundo. Um mundo que dormiu enquanto Agnalda paralisava o olho. As horas passaram e Agnalda teve medo de se contar um segredo: foi muito feliz com seus ouvidos. Era bom descansar os olhos de um coração cego de tanto ver uma coisa só. E de tanto ver uma só coisa, esqueceu que também batia. E batida não se vê, se escuta. Escuta como quem percebe que o mundo lá fora pode ser gentil com quem ouve. Lembrou de pessoas que a tocaram pelos ouvidos. Como canção que emociona sem precisar que olho veja nada. 27 B airros cariocas TEXTO e fotos_LILIBETH CARDOZO Um bairro que preserva o clima bucólico e as belezas naturais, mas convive com problemas que ameaçam a qualidade de vida 28 Cariocas (ou não), por diferentes razões, escolheram a Urca, bairro onde nasceu a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, para morar. Sendo pequeno como um berço, o bairro aconchega pouco mais de 7 mil pessoas e parece um povoado no meio da grande metrópole. Um pouco da história de onde o Rio começou A história do povoamento das terras do que hoje é conhecido como Urca remonta ao início da cidade do Rio de Janeiro. Até o final do século XIX, o bairro não existia, porque as águas da baía de Guanabara batiam diretamente nas rochas que circundam os morros da Urca e do Pão de Açúcar. O acesso só era possível pela praia, de fora, na Fortaleza de São João. Estácio de Sá, sobrinho do Governador Geral Mem de Sá, em 1º de março de 1565, fundou a cidade, construindo, na entrada da baía, em uma praia localizada entre os morros Pão de Açúcar e Cara de Cão, uma fortificação composta por casinhas simples feitas de troncos de madeira e barro, cobertas de palha, ao lado das quais perfurou um poço para abastecimento de água potável. Na pequena vila, batizada em homenagem a Dom Sebastião, rei de Portugal, foram estabelecidas as bases para sua colonização. Em 1921, a Sociedade Anônima Empresa da Urca, assinou um contrato para a construção do bairro e de um cais ligando a praia da Saudade (na entrada do bairro) à Fortaleza de São João. Para a área onde se pretendia construir o Hotel Balneário, aumentou-se a faixa de areia com diques de proteção contra a água do mar. A praia ficou com o mesmo formato atual. O prédio do Hotel Balneário nunca se tornou um grande empreendimento, mas ficou famoso quando foi transformado no Cassino da Urca, em 1933, com jogos e shows de artistas nacionais e internacionais. Em 1946, o estabelecimento foi fechado devido à proibição dos jogos de azar. Na década de 50, o prédio voltou a ser ocupado, dessa vez pela TV Tupi, canal 6, dos Diários e Emissoras Associados, que ficou ali até fechar as portas em julho de 1980.Desde 21 de novembro de 2006, o local,até então sob posse da prefeitura, foi cedido sem licitação pública ao Instituto Europeu de Design-IED, uma instituição estrangeira, com contrato de concessão de 50 anos. O IED, com direito de ter mil e quinhentos alunos, professores, técnicos e auxiliares, segundo estudos de urbanismo e meio ambiente, não cabe na Urca. Militantes do movimento pela preservação dos recantos cariocas afirmam que uma escola deste porte provocará um fluxo de carros que, em poucos meses, sufocará o bairro. Foto: Arthur Moura Um passeio pela Urca Moradores são apaixonados pelo bairro Do tecido costurado pelo homem com os fios da natureza nasceu o espaço urbano em que a convivência se harmoniza. E na Urca ainda se encontram os retalhos feitos com os primeiros fios, trazidos por Estácio de Sá, quando, em meio à mata, abrindo trilhas, ouvindo pássaros, com medos e bravuras, fundou nossa cidade. Florence Mellon é francesa e recém-chegada à cidade. Junto com sua família, veio pro Rio devido à transferência de seu marido para uma empresa multinacional e nos diz: “A Urca parece uma aldeia. Quando chegamos à cidade, visitamos outros bairros e conhecemos mais famosos da Zona Sul, mas foi aqui que encontramos identidade. Temos três filhos e estamos muito felizes neste lugar”. Nascida na Urca, Pilar Domingo também vê o bairro com os mesmos olhos carinhosos.A artista plástica sempre morou ali e vive em uma casa na primeira rua aberta na cidade, com sua mãe Conchita, 95 anos, seu irmão Pedro Benet, e sua filha Maria Matina, que se dedica à arte-terapia. “A Urca é uma nau: é o dentro que vê o fora. O Pão de Açúcar é uma obra do sagrado. Nossas casas fazem um muro de onde contemplamos os barquinhos navegando sobre os telhados”. Um passeio pelo bairro da Urca começa e acaba em beleza e prazer. Entrando pela Avenida Pasteur, prédios antigos e de arquitetura secular compõem a boa recepção. A imagem da imponente pedra do Pão de Açúcar afaga o coração que, nesta época do ano, exibe suas entranhas de diferentes nuances construídas pelo tempo, onde nascem pequenos arbustos que colorem de verde e de vida a paisagem. Beatriz e Bernardo moram próximo à estação do bondinho e vivem o cotidiano da convidativa Praia Vermelha. “Esta área tem uma energia fantástica devido ao turismo intenso que acontece por conta do Pão de Açúcar. Mas ando bastante decepcionada com a falta de cuidado dos próprios moradores e com a falta de união e de entusiasmo da associação de moradores. Além disso, a prefeitura custa a atender as nossas reinvindicações relacionadas às necessidades do bairro”, desabafa Beatriz. Um passeio pelo ancoradouro, batizado pelos moradores de “quadrado”, descortina a baía. Os barquinhos têm diferentes cores e tamanhos, todos de madeira e carregados de histórias dos pescadores. Uma volta no quadrado e a Rosa dos Ventos, delicadamente desenhada na calçada com pedras portuguesas no início da amurada, é lugar seguro para admirar o espelho d’água brilhante da baía. O reflexo brilha à luz intensa da chegada do verão. A imagem refletida prateia o olhar, e o leve vento provoca uma serpentina tremulante de brilho. Peixes resistentes ao lixo dão rabanadas no ar e comemoram à luz do meio da tarde. Raros pescadores, voltando lá pelas 15h em pequenas embarcações, cumprimentam um ou outro marinheiro de imponente lancha que chega ao Iate Clube do Rio de Janeiro. A Rua Marechal Cantuária, com o pequeno comércio, comemora as alianças com os compradores e guarda a tradição de receber pedidos e entregar mercadorias nas casas. E por lá ainda existem os mercadinhos que preservam o costume antigo da confiança e anotam em cadernos ‘os fiados’ por anos de vizinhança. Fianças modernas ficam fora da Urca! Encontramos alguns antigos moradores que guardam a memória do bairro com muito carinho. Dona Nancy tem 85 anos de idade e há 76 vive na Urca. Ela nos conta: “minha casa foi construída por meu 29 B airros cariocas Dona Nanci 85 anos e há 76 anos assistindo a Urca mudar. Foto: Hermano 30 pai, no terreno comprado pela minha mãe, na pedreira, antes do aterro. Eu não poderia viver em outro lugar; é o último bairro do Rio onde há alguma tranquilidade”. Na Urca, a respiração não é ofegante, e passear pelas calçadas tem ares de exercitar o viver com identidade, conhecendo a história do bairro, das casas, das famílias. As amendoeiras fazem o convite ao passeio pela amurada até o Forte São João. A água da baía bate em fracas ondas nas pedras, fazendo espuma. Pescadores solitários apreciam a paisagem, namorados se abraçam enquanto admiram as nuvens que cobrem e descobrem a imagem do Cristo Redentor e gaivotas mergulham destemidas em busca de peixinhos que as alimentem. Quase ao fim da amurada, alguns visitantes, atraídos pelo álcool, falam alto e se embriagam de indelicadezas, não se importando com os vizinhos. Pintam de cores turvas o colorido dos seus passeios, sujando o chão e se esquecendo de que bares são lugares e nem todos os lugares são bares. No portão da Fortaleza São João, pode ser agendada uma visita às origens da cidade, no exato lugar onde fica o berço da sua criação. Nesse cenário, encontramos João Quintanilha, 60 anos de idade vividos “neste paraíso”, como acentua, e completa: “É o melhor do Rio. Aqui tudo se faz a pé, conheço todo mundo, é onde estão meus amigos. Temos o que há de mais importante na vida: sossego, ótimas relações de vizinhança, bares alegres e a bela Fortaleza de São João”. Na Urca residem muitos estrangeiros, artistas e pessoas que valorizam o sossego e são encantados pelas belezas natu- rais. Dona Claudia, 81 anos, é geógrafa e curte, em sua linda casinha, a aposentadoria. Vinda da Itália com os pais, aos dois anos de idade, aqui viveu e fez sua família. Sua irmã Luciana é nascida no bairro e também construiu sua família na mesma edificação construída pela família com quatro unidades domiciliares que descem pela pedra da Urca. Mauro, filho da Dona Claudia, acompanha a mãe no carinho e satisfação com a residência e nos diz: “Não existe outro lugar no Rio de Janeiro como a Urca. Daqui minha família só sai no Dona Claudia é uma geógrafa que aos 81 anos curte, em sua linda casinha, a aposentadoria. fim da vida”. A Urca tem singularidades, e talvez a mais importante seja o fato de não ser um lugar de passagem, preservando, dessa forma seu pouco movimento de curiosos. Lars Grael, conhecido atleta brasileiro, viveu a maior parte de sua vida em Niterói, e recentemente escolheu o bairro para morar com a família. “Estamos aqui há três anos, mas sempre olhamos a Urca como uma possibilidade de residência. Fizemos uma escolha acertada. Parece uma cidadezinha do interior dentro de uma grande João Quintanilha: “aqui nasci e vivo. É o melhor lugar para se viver no Rio!” Ricardo Cravo Albin, “Viver na Urca é prazer e sofrimento”. metrópole. Nossos três filhos (25, 16 e 13 anos) também gostam muito.” Ricardo Cravo Albin, um guardião de um dos maiores acervos da Música Popular Brasileira e fundador do Instituto Cravo Albin, já teve um escritório no Cassino da Urca. Em 1989 comprou o imóvel que ocupa no primeiro edifício da Avenida São Sebastião e fala com emoção: “Quando conheci o imóvel, fui tomado de paixão. Depois convenci minha família de que um sobrenome se perde no tempo e que a criação do Instituto marcaria para sempre na história da cidade o que se produziu e se produz na nossa cultura musical. Comprei a cobertura e fizemos uma bela obra. Perto da pedra, conservamos um velho casarão onde criamos o Largo da Mãe do Bispo. Aqui sou feliz, embora tenha de conviver com descaso de muitos por este bairro que merecia ser tratado como uma joia, pois é único na geografia carioca. Enquanto eu viver, lutarei por este acervo da MPB, e gostaria que, depois de minha morte, a cultura carioca continuasse o meu trabalho. Espero quea prefeitura ofereça um espaço adequado para guardar tudo isso. Doarei com prazer, mas preciso de segurança em relação aos cuidados. É muita história e cultura bastante útil para a memória, pesquisa e história de nossa produção cultural”. Lars Grael e sua esposa- viemos há pouco tempo e estamos adorando. 31 arte & cultura GARIMPO CULTURAL Texto_Juliana Marques alves Fotos: Divulgação Na escadaria da Lapa Elefante O elenco vive em uma época onde ninguém mais envelhece e não há mortes de causas naturais. A partir dos 25 anos, todos passam a tomar uma pílula e Probástica Cia. de Teatro Preço: R$ 1,99 permanecer jovens e com saúde plena por séculos. É um drama familiar que Temporada: Endereço: Rua Manoel Carneiro, usa essa hipótese como instrumento lúdico para o questionamento do valor 21, 22 e 23 de dezembro 12, escadaria do Seláron - Lapa da morte e do envelhecimento para o homem atual. Horário: 20h Sede das Cias - Tel.: (21) 2137-1271 A Prostituta Respeitosa Lizzie, a prostituta respeitosa, é vítima de abuso sexual e testemunha um Horário: 20h - Grupo Fragmento assassinato no trem. A partir disso, ela se vê envolvida em uma questão racial, Preço: R$ 20,00 no sul dos Estados Unidos, e tanto o negro, acusado injustamente, quanto Endereço: Rua Manoel Carneiro, 12, alguns brancos, que representam o culpado, dependem de seu testemunho. escadaria do Seláron - Lapa Temporada: 17, 18 e 19 de dezembro Sede das Cias - Tel.: (21) 2137-1271 32 Paixão pela dança faz escola Dançar, manter o corpo em forma através de provas”. A idade mínima e a mente em ordem. Encantar-se para fazer parte da escola é de nove pelo que faz bem aconteceu com anos e os homens também são muito Maria Elizabeth Turetta de Azevedo, bem-vindos, apesar de ainda serem fundadora do Espaço Étnico de poucos os que se dedicam a essa arte. Dança, no Irajá: “Sempre gostei. Músicas e figurinos específicos com- Comecei ainda pequena com põem as danças espanhola, do ven- balé moderno, jazz e sapateado, tre, cigana e tribal, folclore árabe, e depois me apaixonei por outras bollywood, entre outras, e ainda a modalidades”. dança mix, uma fusão de estilos ins- Escola: Espaço Étnico de Dança E sua paixão transformou-se em pirada pela música. Quem assiste às Rua Cisplatina, 121 – Irajá (prox. a A banda de Surf-a-billy, Os Carbura- profissão: “Abri o Espaço Étnico apresentações também aprende um estação Irajá do Metrô) dores, atacam em Cabo Frio. O trio de Dança em 2010 e, além da pouco sobre cada uma com as breves Informações: 3361-2842 vai apresentar sua mistura de rockabilly prática, ensino a história de cada explicações que antecedem a entrada dos anos 50, psychobilly e surf music modalidade. Uma vez por mês, dos alunos. “A dança é minha filosofia Show de encerramento do instrumental dos anos 80, show do discutimos o conteúdo das apostilas de vida, meu jeito de ser, e só estou ano letivo de 2013 – Espaço seu cd Na Onda do Natal. distribuídas e todos são avaliados viva devido a essa terapia”. Étnico de Danças Natal Musical Data: 21 de dezembro Data: 25 de dezembro Horário: 18h Horário: 20h Preço: R$ 25,00 Preço: 10,00 Endereço: Rua Conde de Bonfim, Endereço: Rua José Bonifácio, 440 – 451 – Tijuca Tênis Clube Cabo Frio – RJ – Don Caballero h aron gamal [email protected] literatura A que não deve nada a ninguém Resenha de “Barba ensopada de sangue”, de Daniel Galera, Companhia das letras, 423 páginas. Daniel Galera tornou-se um escritor respeitável nos últimos anos. Após três livros de muito boa repercussão (“Até o dia em que o cão morreu”, “Mãos de cavalo” e “Cordilheira”), o autor lançou, em 2012, “Barba ensopada de sangue”, romance extenso, algo incomum entre os autores contemporâneos. O livro é digno de ser lido não apenas pela história narrada, mas pelas questões que apresenta. Galera é um escritor auspicioso para a nossa literatura, porque se revela um autor maduro, que não se deixa levar pelas exigências de mercado. O livro começa com uma espécie de prólogo onde um narrador em primeira pessoa fala sobre a morte de um tio que ele nunca conheceu pessoalmente e que viveu a maior parte da vida no litoral catarinense, em Garopaba. O narrador está na cidade com a família devido à morte desse tio. Portanto, desde o início, percebe-se que o personagem principal do romance já está morto. Esse fato incomoda um pouco, mas não é tão relevante para o desenrolar da história. Tudo não passa de um intrincado jogo em que Galera nos mostra as entranhas da tessitura de um romance. Após o breve prólogo, a narrativa se apresenta em terceira pessoa. É o momento, então, em que passamos a conhecer a vida desse personagem, que não é nenhum escritor, nem mesmo um intelectual, mas um homem que treina atletas para as mais diversas competições, sobretudo as de triatlo. Na literatura brasileira de hoje, é grande o número de romances que trazem em primeiro plano a vida de um escritor, ou mesmo de alguém importante no mundo das ideias. Não é aqui o caso. Embora um personagem adjacente seja escritor, o fato é apenas mencionado, trata-se do pai do personagem que nos fala no prólogo. O romance desenvolve-se em torno do homem que vê a atividade física como meio de lhe garantir a sobrevivência. Ele não só prepara atletas, mas também dá aulas de natação, e nas temporadas de verão do litoral catarinense ainda trabalha como salva-vidas. O primeiro capítulo apresenta o motivo de todo o restante do livro. Num sítio em Viamão, no Rio Grande do Sul, pai e filho conversam. O assunto é sobre o avô do rapaz, que desapareceu numa praia do litoral de Santa Catarina. O pai toca em fatos que jamais revelou a pessoa alguma da família. O filho, que o está visitando, escuta e passa ter interesse pela histó- ria. Mas no fim deste primeiro capítulo, quem se surpreende é o próprio filho (e também o leitor!). O pai lhe pede que dê um fim à cadela que já o acompanha durante mais de quinze anos, porque, no dia seguinte, vai-se matar. Contanto assim, este início de romance soa meio absurdo, mas a história transcorrerá dentro da mais perfeita coerência e se mostrará muito próxima a uma narrativa policial em grande estilo. No momento seguinte o filho chega a Garopaba, a mesma cidade em que viveu e desapareceu o avô, e ali se instala. Ele tem a intenção de desvendar o mistério. Dentre as questões que o livro apresenta, pode-se ressaltar que a literatura para ser boa não precisa querer provar nenhuma grande ideia, ou mesmo filosofia. Outro ponto, também digno de nota, é sobre as relações familiares, ponto turvo no relacionamento humano. O romance de Daniel Galera leva o leitor a paisagens 33 muito bonitas e a acidentes da natureza dignos de nota. É muito boa a criação de tipos e também de personagens complexas, como a ex-mulher do treinador de atletas, que pouco aparece na narrativa mas tem grande importância. Num mundo pleno de contradições, a amizade e o companheirismo são temas relevantes no enredo. Enfim, trata-se de uma história bem tramada, com todos os componentes necessários para mostrar que a boa literatura não precisa de firulas, e que as pessoas comuns podem ser ótimas personagens de romance. O mais interessante em tudo isso é que o autor conduz a narrativa sempre de modo a surpreender o leitor, não fazendo concessão alguma. arte & cultura O palco principal da música no Rio de Janeiro O panorama diversificado da Lapa embala os amantes de todos os estilos musicais e faz da região a melhor opção para as noites do verão carioca TEXTO_Victor Ribeiro De pandeiro e violão Os ritmos brasileiros, em suas mais diversas vertentes, são o carro chefe da programação do bairro. Chorinho, samba, MPB e ritmos folclóricos, como o maracatu e o jongo, fazem a trilha sonora de diversas casas de shows, bares e festas. Afinal, “quem não gosta de samba, bom sujeito não é...”. Paprica fotografia/Divulgação 34 Pré-Carnaval No esquenta do carnaval de 2014, a principal pedida para os próximos dias é acompanhar o circuito de ensaios dos blocos de rua, que já começam a aparecer pelas agendas e aglomerar foliões. Fundição Progresso – 30/12 – Pré Réveillon do Casuarina e Bangalafumenga / Encerramento com o Bloco do Sargento Pimenta Divulgação A região central das cidades grandes é tradicionalmente conhecida como área de convergência de pessoas e culturas. No caso do centro do Rio, a região da Lapa foi historicamente se confirmando como um espaço de encontro de artistas, amantes da boa música, profissionais diversos, comerciantes, que a transformaram em um dos polos culturais e turísticos mais conhecidos do mundo. Neste verão não poderia ser diferente: uma extensa programação cultural e a grande diversidade gastronômica da região oferecem tudo para entreter cariocas e turistas de todos os gostos e estilos. Horário: Abertura da Casa 22h Censura: Não recomendado para menores de 18 anos. fundicaoprogresso.com.br Arthur Moura & JD Oliver / Divulgação arte cultura Brasilidade Quem está o ano todo em clima de samba sabe que a Lapa reserva o melhor da programação do gênero, por respeito e tradição. São várias casas onde a batucada dá o ritmo e a diversão é garantida. Carioca da Gema - Rogê - todos os domingos de dezembro no Carioca da Gema - 22hs O carioca Rogê apresenta um repertório de músicas próprias e versões para clássicos da música brasileira, em uma mistura de ritmos que é garantia de descontração. AV. Mem de Sá, nº 79 Tel.: 2221-0043 Rio Scenarium - TURMA DO ESTÁCIO – Todas as quartas de dezembro 19h30 A turma de sambistas revive, na Lapa, a essência da tradição do samba, que foi reinventado no bairro do Estácio. Nessa trajetória, passaram por diversas rodas de samba, escolas de samba e blocos de carnaval. Com vigor e pegada forte, eles cantam belos sambas do velho Estácio e de sambistas como Candeia, Paulinho da Viola e Martinho da Vila. Domingo 22/12 20h00 - DNA do Samba 23H00 - Velha Guarda Musical Da Vila Isabel 23H30 - Dj Marcello Sabre Rua do Lavradio, 20- Centro Antigo – Rio de Janeiro – RJ (próximo à Praça Tiradentes) Tel:(21)3147-9005 Alegria do Choro O chorinho é outro gênero musical muito presente na região do centro, e que costuma ter adoradores fiéis. Para quem quiser ouvir as belas frases melódicas de Jacob do Bandolim, Pixinguinha e demais mestres do choro, a programação é quente. Bar do Marcô Uma boa opção para ouvir choro em Santa Teresa é o bar do Marcô. Este bar e restaurante tem ambiente acolhedor, com dois sofás no fundo e uma sacada com uma bela vista da Baía da Guanabara. Aos sábados e domingos, você pode provar a feijoada com uma variada programação de música ao vivo. De sexta a domingo, você poderá ouvir chorinho e ainda bossa nova, samba, MPB. Marcô - Endereço Rua Almirante Alexandrino, 412 Santa Teresa, Rio de Janeiro Telefone: (21) 2531 8787 35 arte & cultura Guitarras e amplificadores Na cena plural da Lapa há também opções pra roqueiro nenhum botar defeito. Em extrema harmonia, a música convive bem no Rio de Janeiro, e nos brinda com uma agenda que passeia pelos gêneros musicais e garante diversão para todos os gostos. Do cavaquinho pra guitarra é um pulo, e se encontra de tudo para os amantes dos power trios, blues bands, overdrives etc. Divulgação Teatro Odisséia - Saidera 2013 com Dead Fish (ES) + Plastic Fire + Jason. A banda capixaba retorna à Cidade Maravilhosa para um show especial, apresentando sua nova formação. No intervalo, o 36 DJ Fild com o melhor do rock, punk e hardcore. Av. Mem de Sá, 66 - Lapa Capacidade : 500 pessoas Horário : 17-00 hrs Classificação : 18 anos Ingressos apenas na hora Divulgação Fundição Progresso - O Rappa 31/01/2014 - 22hs Show da turnê ‘Nunca Tem Fim’. Turnê do novo trabalho da banda que arrasta multidões por onde passa. Início das vendas - 15/12 fundicaoprogresso.com.br Rio, Rock & Blues – Uma Noite no Tennessee com Jack Daniel´S Todas as quintas-feiras, o Rio Rock & Blues apresenta bandas que tocam o melhor do rock e do blues num clima para você se sentir nos bares do Tennessee em plena Lapa. Além da música, a casa oferece dose dupla de Jack Daniel´s. Venha curtir uma noite especial ao som de boa música. Data: Todas as quintas-feiras Horário: a partir das 18h até o último cliente Preço da entrada: R$ 15,00 Lista-amiga: R$ 10,00 Rua do Riachuelo, 20 - Lapa Tel. 2222.2334 C asa & Serviços 37 O nde encontrar • Ações de Rua • Livrarias • Bancas • Cafés • Restaurantes • Espaços Culturais • Lojas • Academias 38 COPACABANA Banca do Babau Rua Inhangá esquina c/ NSC Banca Tia Vânia Rua Xavier da Silveira, 45 Banca Xavier da Silveira Rua Xavier da Silveira, 40 Espaço Brechicafé R. Siq. Campos 143 - loja 31 Tel: 2497-5041 Graça Brechó Av. N.S.Copabana 959 - Loja E Ao lado do Cine Roxy Livraria Nobel Rua Barata Ribeiro, 135 Tel.: 2275-4201 Rest. Príncipe de Mônaco Rua Miguel Lemos, 18- Loja A Shopping 195 Av. N.S.Copacabana, 195 Sorveteria Lopes Av. N.S.Copacabana, 1.334 - loja A Theatro Net Rua Siqueira Campos N° 143 - 2º Piso. GÁVEA 15ª DP – Gávea R. Major Rubens Vaz, 170 Tel.: 2332-2912 Banca da Bibi Shopping da Gávea 1º piso Tel.: 2540-5500 Banca da Gávea R. Prof. Manoel Ferreira, 89 Tel.: 2294-2525 Banca Dindim da Gávea Av. Rodrigo Otávio, 269 Tel.: 2512-8007 Banca New Life R. Mq. de São Vicente,140 Tel.: 2239-8998 Banca Speranza Praça Santos Dumont, 140 Tel.: 2530-5856 Casa da Táta R. Prof. Manoel Ferreira,89 Tel.: 2511-0947 Chaveiro Pedro e Cátia R. Mq. de São Vicente, 429 - Tels.: 2259-8266 Igreja N. S. da Conceição R. Mq.de São Vicente, 19 Tel.: 2274-5448 Menininha Rua José Roberto Macedo Soares, 5 loja C tel.: 3287-7500 Restaurante Villa 90 Rua Mq. de São Vicente, 90 - Tel.: 2259-8695 HUMAITÁ Banca do Alexandre R.Humaitá esq. R.Cesário Alvim Tel.: 2527-1156 Mutações Largo dos Leões, 81 loja C Tel: 2530-4201 IPANEMA Banca do Renato Rua Teixeira de Mello, 30 Budha Spa Ipanema Rua Visconde de Pirajá, 365/B, Sobreloja 201 Tel: 2227-0265 Centro Cultural Laura Alvim Av. Vieira Solto, 176) Supervídeo Rua Visconde de Pirajá, 86 lj.C e D Tel.: 21 2522-6893 JARDIM BOTÂNICO Posto Ypiranga Rua Jardim Botânico, 140 Tel:2540-1470 Supermercado Crismar Rua Jardim Botânico, 178 Tel: 2527-2727 LAGOA Bistrô Guy Rua Fonte da Saudade, 187 LARGO DO MACHADO Shopping Sáo Luiz Rua do Catete 311 LARANJEIRAS Barraca de CDs Raros Marcelo Praça São Salvador (21) 9973-6021 Casa da Leitura Rua Pereira da Silva, 86 Mundo Verde Rua das Laranjeiras, 466 – loja D Tel.: 3173-0890 LEBLON Armazém do Café Rua Rita Ludolf, 87 Tel.: 2259-0170 Banca Canto Livre Rua Gen. Artigas, s/nº Tel.: 2259-2845 Banca do Mário Rua Gen. Artigas, 325 Tel.: 2274-9446 Banca do Vavá Rua Gen. Artigas, 114 Tel.: 9256-9509 Banca Rainha R. Rainha Guilhermina,155 Tel.: 9394-6352 Banca Scala Rua Ataulfo de Paiva, 80 Tel.: 2294-3797 Banca Top Rua Ataulfo de Paiva, 900 esq. Rua General Urquisa Tel.: 2239-1874 Café com Letras Rua Bartolomeu Mitre, 297 Café Hum Leblon Rua Gen. Venâncio Flores, 300 - Tel.: 2512-3714 Central de Compras do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 556 Centro Empresarial Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 204 Cidade do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 135 Entreletras Shopping Leblon nível A3 Embalo Bar R Dias Ferreira, 113 Fotografia Digital Av. Afranio de Melo Franco, 310 Rio Flat - Apart Hotel Rua Almirante Guilhem, 332 Vitrine do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 1079 LAPA Bar da Nalva Rua Silvio Romero, 3 - Esquina com Rua do Riachuelo SANTA TERESA Banca Chamarelli Rua Áurea, 02 Banca do Lgo. dos Guimarães Largo dos Guimarães s/nº Bar do Gomes Rua Áurea, 26 Esquina de Santa Rua Monte Alegre, 348 Tel.: 2508-7112 URCA Banca da Deusa Banca da Teca Banca do Círculo Militar em frente ao Círculo Militar Banca Ernesto e Bia Av. Portugal, 936 Banca Garota da Urca Av. João Luíz Alves, 56 Bar Belmonte Av. Portugal 986 Bar e Restaurante Urca Rua Cândido Gafrée, 205 www.folhacarioca.com.br Fundadora Regina Luz Conselho Editorial Paulo Wagner Lilibeth Cardozo Vlad Calado Arquimedes Celestino Fred Pacífico (MTbE-26424/RJ) Reportagem Fred Pacífico e Juliana Alves Design e Criação www.Ideiatrip.com.br Projeto gráfico Vlad Calado Capa Foto de Arthur Moura Diagramação e Ilustração Carlos Pereira, Luiz Perdomo, Yuri Bigio e Marcela da Fonseca Fotografia Arthur Moura e Fred Pacífico Revisão Marilza Bigio e Carmen Pimentel Colaboradores Alexandre Brandão, Arlanza Crespo, Gisela Gold, Haron Gamal, Iaci Malta, Luiza Miriam Ribeiro Martins, Mauro Giorgio, Oswaldo Miranda, Samantha Quintans, Sandra Jabur e Tamas Desenvolvimento web Rafael Siebers Mídias Sociais Juliana Alves Distribuição Gratuita Publicidade Verônica Lima, Angela Bittencourt, Solange Santos e Thúlio Correa (21) 2253-3879 [email protected] Uma publicação: www.arquimedesedicoes.com.br Av. 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