FOlHa caRiOca em novo formato

Transcrição

FOlHa caRiOca em novo formato
cidadania &
sustentabilidade
Dia Internacional
dos Direitos
Humanos
BAIRROS CARIOCAS
Urca: clima
bucólico em meio
à metrópole
ARTE & CULTURA
Roteiro Cultural
para curtir a Lapa
no calor do verão
1
A Praia das Conchas e ao fundo a
Praia do Peró, em Cabo Frio
27,5cm
20,5cm
Nossos leitores pediram e este
é nosso presente de Natal:
FOLHA CARIOCA
em novo formato
2
3
editorial & sumário
capa:
05 Arlanza Crespo
Um verão diferente
06 Alexandre Brandão
08 Samantha Quintans 11 Sandra Jabur
12 Iaci Malta
13 Luiza Miriam
19 Mauro Giorgio
25 Tamas
26 Oswaldo Miranda
Um roteiro para fugir dos lugares comuns
e curtir recantos ainda pouco explorados
em Búzios e Cabo Frio
27 Gisela Gold
20
33 Haron Gamal
Curta nossa página
/folhacarioca
COMES
BEBES
BAirros
Cariocas
arte & cultura
14
Roteiro Cultural
traz especial sobre
a Lapa e Santa
Teresa
34
www.folhacarioca.com.br
• Galeria de imagens de Búzios e Cabo Frio
• Programação de Verão da
Região dos Lagos
• Mais dicas culturais da Lapa e
de Santa Teresa
Divulgação / Páprica Fotografia
NA WEB
Hermano
28
&
Como desfrutar
das delícias de fim
de ano sem brigar
com a balança
Urca: um dos
mais tranquilos e
apaixonantes do
Rio de Janeiro
Arthur Moura
4
Mesmo quem não se anima
com o fim do ano, se prepara, de alguma forma, para o
começo do próximo. Nós antecipamos uma das resoluções
de 2014: adotamos formato
tradicional de revista (20,5cm
x 27,7). Tudo para atender as
solicitações de nossos leitores.
Como a virada acontece na
estação preferida dos cariocas, apresentamos em nossa
matéria de capa algumas dicas
charmosas para fugir do trivial e
curtir outras atrações de Búzios
e de Cabo Frio, dando início ao
nosso Projeto Verão.
Na seção Bairros Cariocas
estivemos onde nasceu a nossa
cidade: Urca, quase “uma cidadezinha do interior dentro de
uma grande metrópole”. E é
possível curtir tantas confraternizações com disciplina? Sim! E
em Comes & Bebes mostramos que muitos se preocupam
com isso optando, inclusive,
por ceias menos calóricas.
Para as noites quentes do
Rio, o Roteiro Boêmio Cultural
da Lapa e de Santa Teresa traz
samba de raiz, choro, blues e
rock and roll, tudo bem diversificado do jeitinho que seus
frequentadores merecem.
É tempo de mudança e de
renovação! “É de altos espíritos
aspirar coisas altas” (Cervantes).
E que assim seja para todos
vocês, leitores queridos que
nos acompanharam por mais
um ano: excelentes mudanças!
Boa leitura e boas festas!
colunas &
artigos
Arthur Moura
No calor
das
mudanças
A rlanza Crespo | quem é quem
[email protected]
Vivendo e aprendendo
Se coincidências existem não sei. Alguns dizem que sim, outros dizem que não, que
o nome é sincronicidade. Enfim, estava eu no armarinho da minha amiga Dó, aliás, o
último armarinho do Leblon, quando parei para prestar atenção na conversa de uma
moça. Ela falava algo que eu nunca tinha ouvido antes, e olha que eu sou (como diz a
minha filha) “cascuda”. Fiquei curiosa, é claro, e me meti na conversa. Por fim já tínhamos até amigos em comum. Peguei o telefone dela, fiquei de visitá-la um dia. Fui.
Ela se chama Suzana Didier,
tem 56 anos, é carioca e mora
no Leblon. É fonoaudióloga, psicomotricista e terapeuta craniosacral. E era disso que eu nunca
tinha ouvido falar. Não conhecia
mas sabia que precisava, olha
que coisa doida!
Essa terapia, chamada craniosacral, surgiu no Oriente e só
a partir do século 19 que os médicos americanos começaram a
estudá-la de forma mais enfática.
Ela não tem contraindicação, e
desperta o poder de autocura
do corpo, proporcionando um
grande bem estar. A sessão se
assemelha a uma sessão de relaxamento, os toques das mãos
são em zonas específicas, e não
invasivas. Existem duas linhas: a
biomecânica e a biodinâmica,
que tem toques mais sutis e que
trabalha mais com a inteligência
do próprio corpo, que conduz
a sessão. A Suzana é da linha
biodinâmica.
Fui só uma vez lá, mas minha conversa com ela foi muito
elucidativa, afinal são 35 anos de
formação. Ela me falou dos benefícios, desde a modificação da
qualidade do sono, as melhoras
nos processos alérgicos respiratórios, a melhora no humor,
na depressão, na ansiedade,
enfim, a melhora na qualidade
de vida como um todo. Até
nos casos de Parkinson ela é
eficaz. Também para idosos e
crianças, melhorando em muito
o desempenho escolar. É uma
terapia muito especial, porque
não é medicamentosa. Não
importa a idade nem o estado
geral, pois ela atua na saúde.
No final de nossa entrevista
ela perguntou se eu queria
fazer uma sessão. E eu fiz. Foi
como se eu tivesse dormido
por muitas horas e acordasse
depois de uma ótima noite de
sono, só que eu não dormi. Era
exatamente o que eu estava
precisando!
Quando o profissional é
bom a gente ergue as mãos
pro céu, porque atualmente,
nesse mundo louco, está cada
vez mais difícil encontrar alguém
que ame sua profissão e dê o
seu melhor.
E ao terminar a entrevista
ela me disse: “É uma honra
mediar a terapia, e a cada paciente atendido a gratidão se faz
presente diante da oportunidade
singular e maravilhosa do amor
incondicional”.
5
a lexandre brandão | no osso
[email protected]
Pensando alto
No agora há muitos tempos. Enquanto alguns transitam na mais sofisticada banda
de internet, outros não chegaram sequer ao telefone ou à luz elétrica. Enquanto a
indústria diz estar pronta para oferecer roupas íntimas que não deixam escapar o
pior de nossos cheiros, o esgoto ainda é uma realidade de poucos.
6
Sempre ouvi a história segundo a qual político não gosta
de investir em esgoto porque é
uma obra subterrânea e invisível.
Preferem pontes, ruas, praças.
Ou metrô, subterrâneo visível
e transitável. No novo filme de
Bruno Barreto, “Flores raras”, o
foco é a relação amorosa entre a
poeta americana Elizabeth Bishop
e Lota de Macedo Soares, brasileira que, depois de botar a cara
a tapa e convencer o governo da
então Guanabara da importância
da obra, comandou a criação do
Parque do Flamengo — embora
não fosse, como dá a entender
o filme, arquiteta. Sob sua coordenação estavam nomes como
Affonso Eduardo Reidy, Sérgio
Bernardes, Burle Marx e outros
tantos, estes, sim, donos das pranchetas que definiram a feição do
parque. No filme, Lota aconselha
Carlos Lacerda a esquecer essa
coisa de esgoto e apostar numa
obra vultosa, ao mesmo tempo
bela e útil, neste caso para o
lazer da população. Se foi licença
poética do cineasta, não sei, mas
não tenho dúvida de que a opção
estivesse sobre a mesa. A situação
do esgoto era mais aguda nos
anos de 1960, quando se fez a
obra, portanto, não havia como
não estar em debate.
Ganhamos todos com o
Aterro, é certo. Mas muitos continuaram e continuam sofrendo
das doenças causadas pela falta
de esgoto e, de quebra, talvez
poucos tenham desfrutado ou
desfrutem ainda do parque.
Escrevo uma frase lugar-comum: viver é optar. Ou isso
ou aquilo. A maneira como escolhemos, no Brasil, não tem sido
feita de forma clara e democrática.
Houve, e não sei como anda,
o orçamento participativo nas
gestões do PT em Porto Alegre,
primeiro, e em outras cidades
depois. A ideia é ótima. A população discute — em seus bairros
e levando-se em consideração
que não há dinheiro para tudo
— se é melhor asfaltar uma rua
ou colocar mais um poste de luz.
Se houver a opção pelo poste,
o asfalto da rua necessariamente
ficará para amanhã (e não esquecido para sempre). Nunca a
participação política foi tão radical.
Nessa solução, problemas há aos
montes (como se escolhe quem
representa a comunidade? Quem
fiscaliza a obra? Como tratar o
descumprimento de um acordo
por parte do município? Quanto
do orçamento é, de fato, aberto
à negociação?), mas o sujeito está
metido até o talo nas questões de
sua cidade.
A exposição de Sebastião
Salgado, Gênesis, até há pouco
tempo aqui no Rio — e agora em
São Paulo —, é um registro de vários tempos no tempo presente.
Acredito que o desenvolvimento
também deve ter princípios.
Isso quer dizer que as fronteiras
agropecuárias têm de respeitar
os indígenas, sua cultura, seu habitat natural (tão bem retratados
por Salgado). Mas não vai faltar
terreno para plantar e, com isso,
alimentar sete bilhões de pessoas
no mundo? Ora, vamos comer
insetos. A ONU testa um projeto
que transforma insetos em pó comível (tipo shake). Fonte fabulosa
de proteína, essa criação requer
pouco espaço. Não torçam o nariz, cedo ou tarde nos acostumaremos. Conheço gente que não
se arrisca ainda hoje na culinária
japonesa, mas, principalmente, os
mais novos, aqui no Brasil mesmo,
já nascem hábeis com o hashi, o
pauzinho com que se come sushi
ou yakisoba.
Ufa, me entusiasmei e disparei a falar feito um doido. Peço-lhe
desculpas, leitor, mas é o Brasil
que me tira do sério. Prometo
não cometer erro semelhante
outra vez. Agora vou me recolher
e pensar baixinho um monte de
coisas da pá virada, todas com um
quê de pecado.
77
s
amantha quintans | tudonovodenovo
[email protected]
Quais são as suas mais
sinceras intenções?
Dezembro. Fim de ano. Natal. Tenho tanto a desejar,
pra mim e pra você. Tenho tanto pra te contar...
8
Quais são as suas intenções
para com 2014? O calendário
insiste em correr com os dias
e a generosa Copacabana já
prepara a festa da passagem. Receberá os cariocas e seus amigos
com fogos de artifício, música e
cores, anunciando a chegada do
Ano Novo. Réveillon: derivada
da palavra réveiller, quer dizer
despertar. Está se aproximando
o despertar de mais um grande
ano, pre-pa-ra ! Numerólogos
afirmam que 2014 será regido
por Júpiter, o maior planeta do
sistema solar trará boa sorte
para humanidade. Que assim
seja! Li sobre isso nas bancas
de jornais, aliás ótimas opções
para comprar CDs. Adquiri um
do Tim Maia, “Racionais”, mais
barato que bananas, uh, que beleza! As revistas com brindes em
miniaturas são bastante variadas,
agradam em cheio a criançada e
os colecionadores, são uma boa
opção de presente de última
hora. Se ainda falta comprar
alguns regalos, as lojas de rua espalhadas pela cidade oferecem
variedade de produtos e preços.
Entre uma compra e outra, você
respira e contempla a paisagem,
mas não esqueça de organizar
uma lista. Poupa tempo, abor-
recimento e dinheiro. Revele
seus sentimentos, declare-se.
Em dezembro o amor e as boas
intenções estão em alta, é o tal
do espírito natalino. Um cartão
bem escrito derrete o mais duro
dos corações! Quando as doze
badaladas abrirem o portal do
tempo, lembre-se do que disse
Miguel de Cervantes, “É de altos
espíritos aspirar coisas altas”. Só
depois faça seus pedidos, pule as
ondas ou coma as uvas. Quais
são suas mais sinceras intenções
para com 2014?
Já faz algum tempo venho
observando a organização e
dedicação dos pais lá do clube.
Mergulham, pegam onda, penteiam as madeixas das meninas,
encorajam os moleques a ousarem nos mergulhos profundos,
brincam de bonecas, cada um
do seu jeito, alimentam e vestem seus pupilos com segurança
e carinho. É impressão minha ou
os pais estão mais participativos
e presentes na infância dos
filhos? Um viva! Assisti na TV
a uma terapeuta que afirmou:
crianças que se divertem com o
pai, sem a influência da presença
da mãe, crescem mais inteligentes e seguras. Faço votos de
que esse número de pais cresça
a cada ano.
Na sequência de palestras
sobre mulheres que inspiram
mulheres, a ilustre convidada
Mônica Goldenberg e seus
comentários sobre a breve
vida da carismática Leila Diniz,
levaram-me a profundos questionamentos sobre sexualidade,
liberdade, velhice e verdade.
Tenho tanto pra te falar, o
ano já vai terminar e eu aqui
pensando se toda mulher é
mesmo um pouco Leila Diniz.
Vou assistir “Todas as mulheres
do mundo”, 1967, de Domingos de Oliveira. Enquanto isso,
aguardo o topless, democraticamente, conquistar as areias
cariocas. “A arte de ser, sem
esconder o ser”, Drummond.
Por hora deixei as etiquetas um
pouco de lado, resolvi trocar
tudo de lugar, sair da zona de
conforto para abrir caminhos,
planejar a partir de sonhos. A
dica mais útil que hoje posso te
oferecer é a da couve, conhece?
Aí vai: triture grande quantidade
de folhas no liquidificador com
pouca água. Congele a pasta em
formas de gelo, use os cubos
um por vez na mistura do suco
verde. Sujeira todos os dias
desanima, mas suco verde todos
os dias emagrece!
Não leve Dezembro de
mim assim tão rápido, quero
sorver cada gota de seus dias.
Em Dezembro começam as férias, esquenta o verão... Preciso
de tempo para reavaliar meus
projetos, comprar um biquíni
que me vista bem, quero tempo
para experimentar uma receita
nova ainda este ano, quero
brindar com minhas amigas,
todas elas. Tenho tanto pra falar,
ouvir, viver antes que 2013 acabe... Não quero que dezembro
escorra por entre meus dedos.
Dezembro está aqui, rindo pra
mim, me convidando a ser feliz.
Eu vou, vou ser feliz hoje. Vou
ser feliz em dezembro. Porque
o ano acaba, mas a vida continua
e tout nouveau nouveau, no mais
charmoso Francês.
Foto: Aryelle Amaral
SAÚDE
& BEm-ESTAR
9
SAÚDE
& BEm-ESTAR
Publieditorial
80 anos de medicina
10
10
1933: dois médicos com grande clientela se unem para criar
uma instituição que possa atender os seus clientes, poupando
assim o tempo de percurso
entre diversos hospitais. Eram
eles: Aluizio Marques, psiquiatra;
e Genival Londres, cardiologista.
Naquela época, essas especialidades demandavam longas
permanências, pois não existiam
métodos e medicamentos que
as abreviassem. Surgia então
o Sanatório São Vicente em
prédio alugado na Rua Marquês
de São Vicente. Em 1942, outro
médico, João Borges Filho, cujo
pai era dono de toda a Gávea,
se junta aos fundadores e criam
uma sociedade com a incorporação do atual terreno: a Clínica
de Repouso São Vicente. Um
sobrinho de João Borges, Rafael
Borges Dutra, foi o responsável
pela construção do prédio próprio, para onde seriam transferidas as internações.
1949: após sete anos de construção, são inauguradas as novas
instalações, com presenças
ilustres, como o Presidente da
República, Eurico Gaspar Dutra;
e o Prefeito do então Distrito
Federal, Ângelo Mendes de
Moraes. Um dos médicos de
maior clientela era Clementino
Fraga Filho, médico dos mais
conhecidos artistas de nossa
cidade que fizeram parte de nossa história. Os mais freqüentes
eram Vinicius de Moraes, que
dizia ter a chave do hospital,
e Grande Otelo, que dizia ter
um quarto cativo. De outro,
o virtuoso Baden Powell, de
quem recebemos uma aula da
verdadeira Medicina: enquanto
nos brindava com uma belíssima
apresentação, entra no recinto
uma paciente psiquiátrica falando
alto e atrapalhando a música.
Todos pediam para ela se calar,
mas Baden interrompeu o espetáculo e convidou-a para sentar
ao seu lado e perguntou qual a
música que ela gostaria de ouvir;
e voltou a tocar. Foi ele quem viu
que, no hospital, o paciente era
mais importante que o artista.
1970: em um tempo absolutamente fantástico, apenas nove
meses de construção - sob a
batuta do arquiteto Rolf Hütter
e do construtor Rafael Borges
Dutra, surge um hospital moderníssimo para a sua época.
Um Centro Cirúrgico composto de quatro salas, central de
esterilização e vestiários, um
Centro Radiológico totalmente
equipado e diversos quartos reformados. Em setembro desse
ano tiveram início as atividades
cirúrgicas: Antonio Luiz Medina,
Geraldo Terreri, Urbano Fabrini
e Ivan Lemgruber foram nossos
pioneiros nessa fase. Mas ainda
em meio às obras tivemos o
nosso primeiro parto no dia
31 de julho, muito antes de
pensarmos em ser uma maternidade. No início de 1971
chega Fernando Paulino e com
ele muitos médicos famosos em
nossa cidade. Em 18 de outubro
de 1972 ele funda o Centro de
Estudos e Pesquisas Genival
Londres (CEGEL), principal
responsável pelo progresso do
hospital.
1975: iniciamos nosso setor
de maternidade, palco de nascimentos famosos – como Sasha,
filha de Xuxa, que ganhou incontáveis matérias na imprensa. No
final da década foi criado o serviço de Residência Médica sob
a batuta de Félix Zyngier, logo
reconhecido pela Comissão
Nacional de Residência Médica.
1990 e 2000: Na década de
90 foi criado o pioneiro Gávea
Transplante e, em um prazo
absolutamente recorde (10
meses), foi o primeiro hospital
das Américas a receber o certificado ISO 9002. No ano 2000
a Clínica inaugurou a Unidade
do Coração, lançou o primeiro
EMERGÊNCIA
Tel.: 2529-4505
Dr. Luiz Roberto Londres
médico e Diretor-Presidente da
Clínica São Vicente
GERAL
Tel.: 2529-4422
Programa de Terapia Celular
em hospital privado no Rio de
Janeiro e inaugurou o Serviço de
Queimados, também o primeiro
em uma instituição privada no
Sudeste do país.
Século XXI: Em época de tantas mudanças, quando a Medicina aos poucos se transforma em
comércio, a Clínica São Vicente
permanece fiel à sua missão e
aos princípios que regem a sua
atividade. A pessoa do paciente
é o nosso foco, e a pessoa do
médico é aquela que acolhemos
para praticar sua profissão. Pois,
para nós, a Medicina é, antes de
tudo, um encontro de pessoas.
Muitos foram responsáveis por
essa trajetória, mas gostaria de
citar Danilo Perestrello, com
sua Medicina da Pessoa. A ele e
a tantos outros devo eu e deve
a Clínica São Vicente a noção
de nossa missão e do nosso
foco constante. Em todos os
níveis são elas, pessoas, o centro
de nossa atividade: pacientes,
acompanhantes, médicos e
suas equipes e funcionários. E
agradeço a todos os mestres, a
partir de meu pai, de nunca ter
deixado o foco assistencial ser
eclipsado por um viés comercial,
de nunca ter deixado os números serem mais importantes que
as pessoas.
S
andra Jabur
[email protected]
Benefícios das atividades
aquáticas nos transtornos do
espectro do autismo
A atração que os autistas sentem pela água é inexplicável
cientificamente. Numa época pensava-se que esta seria
a volta ao útero materno, mas não foi comprovado. O
importante é que na água eles se sentem livres, diminuem as estereotipias, que são os movimentos repetitivos e as ecolalias, que são palavras e frases repetitivas.
Eles ficam calmos na água, têm percepção espaço-temporal, ao mesmo tempo em que sentem liberdade se
sentem seguros num ambiente acolhedor e limitado.
Temos tido bastante experiência com crianças e adultos autistas na natação. A criança deve
começar o mais precocemente
possível, com a autorização do
pediatra. O bebê deve estar
com a presença da mãe ou pai,
ou alguém com que tenha bastante afinidade. Se não for possível, com o próprio professor
como bebê personal. E depois,
a partir de dois anos ou mais vai
para a turminha. Esta experiência tem sido muito boa porque
ele consegue ficar na turma com
outras crianças realizando as
tarefas propostas, participando
ativamente no ritmo dele.
O importante é a iniciação
deixando a criança livre, sentindo
este prazer enorme de estar na
água, de mexer com a água, sentir a água, acariciando e aconchegando seu corpo, como se fosse
um envelope envolto pela água.
Essa sensação tátil provocada
pela água em todo o seu corpo,
estimulando-o ao máximo sem
invadir o seu espaço, ajuda seu
crescimento como ser humano.
É preciso saber esperar pela
reação e oferecer um ambiente
próprio com muitas cores, brinquedos, mostrando o que pode
ser feito e interagindo com eles
seguindo os seus movimentos.
Ser criança junto com eles. Estas
são as melhores estratégias.
O adulto autista deve ser
tratado como adulto e não ser
infantilizado. Eles podem nadar
bem, realizar vários exercícios
coordenados com a respiração
na piscina, e nados submersos.
Devemos colocar alguns limites
quanto ao comportamento,
horários, certos rituais são amenizados com o tempo com
conversas, exemplos.
As propriedades físicas da
água, como empuxo, que é a flutuação, facilita os movimentos, a
pressão hidrostática exercida em
volta de todo o corpo, abraçando o corpo, criando resistência
na inspiração e facilitando a expiração, estimulando o controle
respiratório e facilitando a fala.
A turbulência, este movimento
da água em redemoinhos, fortalece a musculatura, melhora
a circulação e cria um ambiente
interessante e estimulante.
A água encanta o autista e
favorece seu desenvolvimento
psicomotor, cognitivo, afetivo e
socializador.
A natação especial para os
autistas deve ser rica de experiências como também é para as
outras crianças. Hoje em dia, as
classificações caíram em desuso,
são analisados os transtornos do
espectro autista,
Nada é definitivo e imutável.
Ninguém poderá determinar o quanto ele vai desenvolver-se, que objetivos propostos ele
vai alcançar, o quanto ele será
capaz de realizar.
O importante é oferecer um
leque de oportunidades e riqueza de experiências, na água e na
vida diária, para que os autistas
sejam capazes de descobrir seu
potencial.
11
I
aci malta
[email protected]
Salvas aos cidadãos
paraguaios!
É isso mesmo, parabéns aos cidadãos paraguaios que, sem confrontos e sem
quebradeiras, rapidamente conseguiram reverter uma decisão que dava imunidade a parlamentares suspeitos de corrupção. Temos muito que aprender com
nossos vizinhos paraguaios.
12
12
Adorei o “não ao desaforo”, adorei a postura de vários proprietários de não aceitar a
entrada em seus restaurantes dos senadores
que votaram pela concessão de imunidade.
Essa foi uma maneira muito clara de repúdio
aos parlamentares que votam contra os interesses do povo, privilegiando o corporativismo. Quisera eu que tivéssemos em Brasília
proprietários de restaurantes que fizessem o
mesmo, que mostrassem o quanto um parlamentar que não atua a favor do povo e do país
não é bem vindo!
Essa experiência dos paraguaios nos mostra como os recursos da internet podem ser
usados para, pacificamente, abrir caminho para
a expressão direta da opinião dos cidadãos.
Mostra também como uma boa ideia, simples,
mas profundamente expressiva, pode desencadear a adesão de outros que também se
sentem igualmente afrontados, desrespeitados.
Realmente estou morrendo de inveja!
Imaginem que maravilha seria se aqui tivéssemos políticos que pedissem desculpas por
votarem contra os interesses do povo; se
nossos parlamentares faltosos reconhecessem
que não merecem privilégios e até pedissem
desculpas pelos abusos cometidos. Os nossos
parlamentares já condenados só dizem que
estão sendo perseguidos, são inocentes, nada
fizeram..., são as vítimas! Confesso que eu quase chego a parabenizar também os senadores
paraguaios suspeitos de corrupção, só por não
transformarem a nós, cidadãos brasileiros, em
perseguidores e a eles em vítimas.
cidadania
&
sustentabilidade
COLUNISTA CONVIDADA | Luiza Miriam Ribeiro Martins
10 de dezembro – Dia Internacional dos Direitos Humanos:
Sem direito a comemorações
Todos os seres humanos nascem
livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência,
devem agir uns para com os outros
em espírito de fraternidade
Artigo 1º da Declaração Universal
dos Direitos do Homem
Em 10 de dezembro de
1948, a Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas
(ONU) adotou a Declaração
Universal dos Direitos Humanos. O documento proclama
“o ideal comum a ser atingido
por todos os povos e todas as
nações, com o objetivo de que
cada indivíduo e cada órgão da
sociedade, tendo sempre em
mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito
a esses direitos e liberdades...”
Essa declaração foi assinada
por 58 Estados. E, em 1950,
a ONU estabeleceu que nesta
data, seria celebrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos.
Muitas declarações dão
maior ou menor enfoque ao aspecto cultural e mais importância
a determinados direitos de acor-
do com a história do país. À visão
ocidental-capitalista dos direitos
humanos, centrada nos direitos
civis e políticos, como a liberdade de expressão e de voto,
se opôs o bloco socialista, que
privilegiava a satisfação das necessidades elementares, porém
suprimia a propriedade privada e
a possibilidade de discordar e de
eleger representantes.
No entanto, há teorias que
defendem o universalismo dos
direitos humanos e se contrapõem ao relativismo cultural.
A celebração deste dia é um
dos pontos altos na agenda das
Nações Unidas, daí decorrendo
iniciativas mundiais de defesa dos
direitos do homem.
A realidade brasileira
Nós, do grupo Tortura Nunca Mais – RJ acompanhamos as
questões ligadas aos direitos humanos, tendo como foco principal o esclarecimento e punição
dos crimes de Estado cometidos
durante a ditadura civil-militar
brasileira, e também a situação
atual dos direitos humanos em
seus mais diversos aspectos.
A polícia tortura e mata. O
estupro e a violência doméstica
fazem parte do cotidiano de
inúmeras famílias. Crimes hediondos institucionais não são
desvendados e perseguem a
memória de vítimas injustiçadas.
As ruas servem de abrigo para
grande população de excluídos.
As mulheres continuam sofrendo violências pelo seu gênero.
Homossexuais, índios, negros
e outros “diferentes” sofrem
discriminação. Falta saúde para
a população. As escolas não
têm a qualidade que crianças
e jovens necessitam. O transporte não atende à demanda
dos trabalhadores. Os serviços
públicos são lentos e desiguais.
As riquezas concentram-se em
mãos de privilegiados.
Este país existe: é o Brasil,
2013.
Maquete de monumento
criado por Oscar Niemeyer
e que se tornou a marca do
GTNM/RJ
Não temos, portanto, muito
o que comemorar. Havemos
de celebrar este dia com a luta
contra a opressão. As entidades
de Direitos Humanos não têm
descanso. A todas elas e aos
cidadãos que lutam por mais dignidade para os seres humanos, o
nosso abraço fraterno.
Reflitamos a máxima do
Grupo Tortura Nunca Mais do
Rio de Janeiro, que há quase 30
anos luta pelos direitos humanos:
Pela Vida, pela Paz
Tortura Nunca Mais
*Luiza Mirian é 1ª Secretária dlo
Grupo Tortura Nunca Mais / RJ
Novo site do
GTNM/RJ no ar
O grupo acaba de lançar seu novo site e agora
dispõe de uma ferramenta
eficiente para amplificação
de nossa luta e a criação de
canais interativos com os
cidadãos e entidades. Com
navegação mais intuitiva,
a nova página permite o
acesso a todos os dossiês
de mortos e desaparecidos
do regime miltar, além de
artigos assinados e notícias
sempre atualizadas. Acesse: www.torturanuncamais.org.br e compartilhe
nossas informações.
13
comes
&
bebes
Fim de ano de bem
com a balança
É possível sobreviver às confraternizações e festas de família
equilibrando o prazer de comer com o controle das calorias
14
Dezembro vai se aproximando do fim e, junto ao novo
ano que chega, um enorme
número de festas e confraternizações ocupam nossas agendas.
É festa da empresa, encontros
com os amigos, reuniões familiares, ceia de N’atal, final do ano,
ufa... Festas regadas, diga-se de
passagem, a incontáveis delícias
e muita abundância.
Muita gente adora, enquanto outro grupo se arrepia só de
pensar nas consequências na
balança. “Comecei o regime
no começo de outubro, já
pensando no fim do ano e no
verão”, conta a bancária Fabiana
Hertsan, que vem tentando
‘enxugar três quilinhos’ para
passar ilesa pelas comilanças. “É
um desespero e não tem para
onde correr, pois são encontros
importantes e queridos. Não
posso deixar de ir na festa do
serviço, ou não me reunir com
minhas amigas antes do ano
acabar, tampouco faltar à ceia na
casa da minha mãe. O negócio é
se preparar antes e olhar a boca
para diminuir o dano”.
Maneirar o único verbo
capaz de equilibrar a matemática da balança. A nutricionista
Natália Araújo explica que não
vale a pena deixar de comer
as deliciosas comidas deste
período do ano ou então o
seu prato preferido, só para
não engordar. “O importante
é comer pequenas porções e
mastigar corretamente, pois
quem tem uma má mastigação
acaba comendo muito rápido e
ingerindo uma maior quantidade
de alimento. Procure se servir
das saladas primeiro e evitar as
frituras. Também é recomendável a ingestão de muitas frutas e
muita água ao longo do dia. Se
manter hidratado é o primeiro
passo para passar bem pelas
festas de fim de ano”, dá a dica.
Água é a
melhor bebida
Prestar atenção à hidratação
neste período é mesmo muito
importante pois, além das
temperaturas altas e do
sol forte tão comuns na
estação que começa,
as bebidas são outro
fator presente em
todas as confraternizações.
“É inevitável
tomar uma
cerveja bem gelada com o calorão
que tem feito, ainda mais com
tanta festa e bebida liberada,
mas tomo cuidado para não dar
vexame na festa da
firma, nem estragar o
Natal de ninguém. Beber é
bom, mas com responsabilidade”, diz o designer Wagner de
Oliveira.
Natália explica que a bebida desidrata e, se não houver
atenção, o dia pode ser bem
ruim para o beberrão. “O ideal
é deixar as bebidas para o momento do brinde, mas se você
não é desses, tome ao menos
um copo de água para cada um
de bebida que ingerir. Assim
você aumenta a sensação de
saciedade, diminui a quantidade
de bebida ingerida e mantêm
a hidratação. Seu corpo agradecerá”.
A nutricionista diz que também que não é recomendável
ficar longos períodos sem se
alimentar. “Procure ter um excelente café da manhã, isso irá
ativar o seu metabolismo desde
cedo, o que acarreta uma maior
sensação de saciedade. Ao longo do dia, se alimente de algo
leve a cada três horas, assim será
mais fácil não exagerar na hora
da ceia. Mais importante do que
comer em quantidade, como
muita gente faz, é ter atenção à
qualidade do que se come. Para
compensar os alimentos mais
calóricos, substitua os doces por
frutas na hora da sobremesa. Há
muitas comemorações, comidas
e bebidas diferentes neste período. Se não houver cuidado, é
fácil ganhar peso”, alerta.
A preocupação com a saúde
e com a balança tem alterado
inclusive os tradicionais cardápios desse período. João
Batista, gerente do tradicional
Restaurante e Sorveteria Lopes,
em Copacabana, conta que é
possível perceber uma mudança
nos pedidos dos clientes nos
últimos cinco anos. “As pessoas
buscam cada vez mais os produtos mais lights. Até com o
tradicional peru houve uma mudança, as pessoas pedem só o
peito, por ser mais magro. Nos
últimos anos também aumentou
consideravelmente os pedidos
de chester e carnes brancas no
natal. Há oito anos era somente
peru, atualmente os pedidos de
chester quase empatam”.
Menos gente à mesa
A bibliotecária Katarina Vasconcelos é uma adepta do cardápio mais light. “Apesar da
comilança ser grande, há muitas
boas opções de saladas para
acompanhar as carnes e não é
preciso se afundar na rabanada.
Procuro evitar muitos carbohidratos, comer carnes brancas
ou mais magras com muitos
legumes e verduras. Só assim
para não enlouquecer”, explica.
Natural de Fortaleza, Katarina
mora há quatro anos no Rio de
Janeiro e nem sempre consegue
voltar para a terra natal nas festas
de fim de ano.
“Às vezes, por conta do trabalho ou do preço da passagem,
não consigo ir passar o Natal com
meus pais e, para não ficar triste,
reúno os amigos que, como eu,
estão longe da família. Fazemos
nossa ceia, cada um colabora
como pode e ficamos todos
felizes por estarmos juntos com
pessoas queridas”, conta. Essa
é uma tendência cada vez mais
comum nas grandes cidades, de
ceias menores.
Segundo Batista, além do
tipo de pedido ter mudado, a
quantidade das encomendas
também vem se alterando. “Os
pedidos agora costumam ser
menores, para servir menos pessoas. São um ou dois pratos principais com acompanhamentos,
normalmente. Tudo depende
da quantidade de pessoas reunidas. Antigamente o costume
era preparar toda a ceia e reunir
muita gente, familiares, amigos e
agregados. Quem era o anfitrião
sempre oferecia uma mesa farta
e as encomendas de ceias contemplavam tudo. Atualmente as
reuniões parecem ser menores,
cada um leva um prato para
auxiliar e a fartura se mantêm
com a colaboração de todos”,
diz o gerente do restaurante, que
trabalha com encomendas de
ceia natalina há mais de 25 anos.
Sejam quais forem as confraternizações que você tenha neste
final de ano, aproveite com sabedoria e alegria com aqueles com
quem convive e são importantes
em sua vida. Seja moderado nas
escolhas alimentares, não extrapole nas bebidas e se hidrate.
Assim, não haverá tempo ruim
nos dias seguintes. BOAS FESTAS
e um MARAVILHOSO ANO
2014 para todos.
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G ASTRONOMIA CARIOCA
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G ASTRONOMIA CARIOCA
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mAURO GIORGIO
[email protected]
Pode vir quente , de novo...
Acontece de maneira silenciosa. Não há senha, mas todos reconhecem a mudança sutil e reagem quase ao mesmo tempo. No Rio, a primavera é a antessala, a mais curta das estações. À medida que os termômetros começarem a acreditar que os 30 graus são seu “ponto zero”, o verão invade a cidade e modifica o comportamento
do mais desatento de seus moradores. É como se estalassem os dedos lá no céu e toda paisagem ganhasse
novas cores, cheiros, significados. Viramos o centro do mundo, um lugar onde tudo pode acontecer.
E a cada verão aparece um
carioca renovado, pronto para
adotar novas gírias, consagrar
novos points, novos sambas,
para repetir “que esse verão tá
quente mesmo”, pronto para
aproveitar o melhor da cidade
e também para enfrentar as
pendências e os problemas de
décadas de descaso. Sobram
belezas e questões o ano inteiro,
é verdade. Mas é quando o calor
aumenta e a preocupação em
saber se vai dar praia obscurece
as demais que o carioca parece
abrir as portas de sua casa para
o mundo. E se nem tudo está
no lugar, não tem problema. Vai
assim mesmo.
A moda vem da rua e da
areia, desde o formato dos biquínis da temporada a um novo jeito
de amarrar a canga. As novidades
no comportamento vêm de surpresa.
Expressões que já foram “E
aí?”, “Qual foi?”, “Já é” e “Só
se for agora”, “Formô” brotam
espontaneamente e se alastram como uma boa fofoca ou
arrastão em domingo de sol.
Debate-se: Quem será a nova
musa das areias? Até que idade
dá para usar biquíni? Qual a nova
fronteira da vaidade masculina,
depois da adesão à depilação?
Que romance vai dar o que
falar em revistas, redes sociais
e rodas de praia? E até quando
a cidade aguenta outro verão
sem que nada tenha sido feito
para amenizar suas mazelas,
da intermitente falta d’água aos
surtos de dengue? Mas os analistas de comportamento que me
desculpem. O verão carioca e
suas tendências desafiam qualquer teoria.
Vai ser o último
verão antes da Copa do Mundo.
Por isso, não vale usar o bordão
“Imagina na Copa”, porque ela
já chegou. Rezemos, pois precisaremos de toda ajuda para que
tudo corra bem.
Modismos vêm e vão.
Alguns acabam incorporados ao cotidiano da
cidade no resto do ano
e convivem com tradições. Por enquanto, prefiro ficar com elas e aguardar
as novidades com muito mate,
água de coco geladíssima e a
brisa das noites quentes que
é perfeita para
namorar.
Mauro Giorgi é
economista e assina o Blog Tudo Sobre
Tudo
19
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capa
Praia da Ferradurinha – Búzios
TEXTO_Juliana Alves
FOTOS_Arthur Moura
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Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, São Pedro da
Aldeia, Iguaba Grande, Cabo
Frio, Carapebus, Casimiro de
Abreu, Macaé, Quissamã, Maricá, Rio das Ostras, Saquarema e Araruama são os 13 municípios que formam a Região
dos Lagos, também conhecida
como Costa do Sol. Muitos
possuem (ou já tiveram) casas
de veraneio por lá, conhecem
boas pousadas e campings, ou
mesmo fizeram bate e volta
para comer um bom peixe
ou banhar-se nas mais lindas
Forte de São Mateus
– Cabo Frio
lagoas e praias dessa parte do
território fluminense. Nesta
edição, a Folha Carioca decidiu
explorar duas belezas especiais
dos aproximados 2.000 km²:
Búzios e Cabo Frio.
Ambas possuem pontos turísticos dos mais diversos como
praias de mar aberto e também
com águas calmas cercadas por
restingas e dunas, ilhas, parques
florestais, restaurantes de todos
os tipos e para todos os bolsos,
assim como os hotéis e as
pousadas. Mesmo com tantas
opções, é comum fazer essa
viagem e visitar os mesmos lugares, sem perceber detalhes que
ainda mantêm a Região bastante
charmosa e atraente.
A grande Cabo Frio
A infraestrutura de Cabo
Frio já permite que os moradores tenham certa independência
da temporada. Mercados, lojas
de roupas, sapatos, móveis
planejados, todos os bancos,
hospitais, fábricas e até aeroporto internacional, cuja pista é considerada uma das mais seguras
do país. Um importante ponto
comercial é a Rua dos Biquínis,
com 150 lojas especializadas
e confecções em toda a sua
extensão, que garantem grande
Forte de São Mateus
variedade e preços acessíveis. E
boa parte de seus produtos são
exportados para todo o mundo.
Passando por lá, a recomendação é continuar a estrada em direção à Praia das
Conchas, um paraíso de águas
calmas, transparentes e rasas, com ventos frescos, areia
branca e limpa, tudo bastante
convidativo para crianças e para
quem quer fugir da badalação.
A pequena Conchas é considerada Área de Preservação
Ambiental (APA) e se você
estiver em Peró, basta caminhar
até ‘a ponta direita’ (estando de
frente para o mar) para chegar
Vista das praias das Conchas e Peró
Praia dos Ossos – Búzios
lá e comer um bom dourado
ao molho de camarão e pirão
no Quiosque do Ratatá.
Nas ondas do Forte
Na orla mais badalada, o
destaque fica para o recém-reformado Forte de São Mateus.
De acordo com especialistas, as
rochas que formam a base da
construção feita pelos portugueses entre 1616 e 1620, são de
milhões de anos. As linhas retas
predominam em sua arquitetura
e tudo é construído com pedra,
argamassa e óleo de baleia.
Desde 1956, o monumento
foi tombado pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN) e as únicas
alterações referem-se à iluminação. Ivan Boquimapani Amador
é o guardião do Forte. Dos seus
33 anos de Prefeitura, 20 foram
dedicados ao local: “Eu trabalho com essa vista maravilhosa
sabendo que estou em frente
à África do Sul. É só seguir reto
durante 20 dias e 20 noites! Por
aqui passam turistas do Brasil e do
mundo, principalmente argentinos; e todos gostam tanto quanto
eu”. Antes de sair desse lado
da praia, suba o caminho para
o Mirante do Canal do Itajuru,
todo construído em madeira: são
imagens e sensações imperdíveis.
A novidade na Praia do
Bairro da
Passagem –
Cabo Frio
Forte é a Praça dos Quiosques
inaugurada no último dia 5: os
modernos 15 estabelecimentos
contam até com áreas Vips para
pequenas reuniões. Para a realização das obras, foi necessária
a demolição da antiga pista de
skate. Porém, os amantes desse
esporte podem aguardar a inauguração da nova pista com quase
1800 metros de pura diversão,
o dobro do tamanho da anterior,
planejados com o apoio dos
skatistas da região.
Onde tudo começou
Não tão distante desse ponto da cidade, está escondido o
Bairro da Passagem, um lugar ao
longo do Canal de Itajuru onde
se instalaram os primeiros núcleos de moradores de Cabo Frio,
por volta do século XVIII. O
largo foi tombado pelo IPHAN,
fato que colabora com a conservação da arquitetura em estilo e
pintura coloniais que lembram
Paraty. Na pracinha, está a igreja
de São Benedito, construída em
1761 para os negros, já que
eram proibidos de frequentar a
igreja no Centro. Atualmente,
suas portas se abrem somente
às quartas-feiras, das 07h às
10h, para orações comunitárias.
Durante o passeio, vale a pena
passar pelo Sr. Valcir, do Exóticos, e também degustar o risoto
Um verão diferente
Um roteiro para fugir dos lugares comuns e curtir
recantos ainda pouco explorados em Búzios e Cabo Frio
21
capa
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Negro de Lagostini, do Galápagos (reserva: (22) 2643-4097).
O traslado até o outro lado
do Itajuru pode ser feito ali
mesmo, no Bairro da Passagem,
em pequenas embarcações dos
pescadores locais (cerca de R$
3,00). Chegando lá, é a hora de
colocar o tênis e se aventurar
pela trilha até a selvagem Praia
Brava, onde antigamente encontravam-se muitos praticantes do
nudismo (recomenda-se não fa-
zer esse caminho sozinho e com
equipamentos caros). O mar é
claro e as ondas são excelentes
para os surfistas. O outro acesso é pela Ilha do Japonês, uma
das preciosidades de Cabo Frio
banhadas pelas águas do Canal
e cheia de quiosques de sapê.
Campo em meio
a praias
Na Zona Rural de Cabo Frio,
nosso objetivo foi resgatar mais
um pouco de história através
da Fazenda Campos Novos.
Localizada em Tamoios, o 2º
Distrito de Cabo Frio que pleiteia
a emancipação, foi erguida pela
Companhia de Jesus por volta
de 1690 e já hospedou gente
importante como o príncipe D.
Pedro de Alcântara de Orleans
e Bragança (1925), e os pesquisadores Auguste de Saint-Hilaire
e Charles Darwin. Atualmente,
Campos Novos é a sede da
Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento e está
fechada para reforma totalmente
supervisionada pelo IPHAN, já
que é mais uma preciosidade
tombada oficialmente desde 23
de novembro de 2011.
Até agora, foram encontrados centenas de vestígios da
época, como pedaços de louças,
ossos humanos e até de baleia,
uma curiosidade à parte. Junior
Genro, um dos cuidadores do
À esquerda, praia das
Conchas; acima, Ivan
Amador, guardião do Forte
local e um grande conhecedor
da região, de quilombolas (cinco
ao redor) e de suas personalidades com mais de 100 anos
de idade, informou que até
mesmo o cemitério ao lado da
residência foi tombado. “A antiga
área será preservada e haverá
novo espaço para enterrar as
pessoas da região. A equipe
do IPHAN está realizando um
Casa Grande e
a capela Santo
Inácio, na fazenda
Campos Novos,
e construção
identificada como
uma possível
senzala
Praia de João Fernandes
trabalho perfeito. Certamente
levará alguns anos, mas tudo
será restaurado de acordo com
a arquitetura da época, inclusive
a torre da capela Santo Inácio
que, segundo pinturas antigas,
foi modificada”.
Búzios doce Búzios
Como cresceu a antiga vila
de pescadores... E sem perder
seu charme! Os moradores
usufruem a estrutura do lugar,
mas o turismo ainda é a maior
fonte de renda. Entre 1728 e
1768, antes da chegada dos
grandes navios norte-americanos exploradores, os habitantes
sobreviviam da pesca de baleias,
das quais eram extraídos o óleo
e as barbatanas, e suas ossadas
eram abandonadas na praia dos
Ossos, batizada assim justamente por isso. Na época, a praia da
Armação abrigou a fábrica de
queima de gordura e tanques de
armazenamento de óleo.
Em 1743, foi fundada a
pequena capela de Sant’Anna, a
mais antiga da cidade, instalada
na Travessa dos Ossos, vizinha
do escondidinho cemitério do
município. Esta santa é conside-
rada padroeira da Armação dos
Búzios por ter ajudado, segundo
a lenda, um navio carregado de
escravos a ancorar em segurança. Durante o início do século
XX, Búzios, ainda o 3º Distrito
de Cabo Frio, comercializava
peixe e banana. O engenheiro
Eugenne Honold tornou-se proprietário da Fazenda Campos
Novos e estendeu suas propriedades até a Praia dos Ossos, o
que mais tarde abandonou após
a extinção da plantação devido a
um incêndio.
23
Acima, escultura
de pescadores e
ao fundo, a prática
que inspirou a
artista Christina
Motta, na praia da
Armação
Jovem e cheia de
histórias
Boa parte das praias é formada por águas calmas e claras,
e o tom de cada uma varia de
acordo com a mágica luz solar
e as pedras ao redor. Citar a
atriz francesa Brigitte Bardot é
obrigação ao tentar explicar um
pouco da evolução local, já que
sua passagem por lá, em 1964,
popularizou a cidade recém-emancipada de Cabo Frio (Lei
nº 2493, de 28 de Dezembro
de 1995; instalação do município em 01 de janeiro de 1997).
E muitos nem sabem que a praia
dos Ossos ficou em evidência
em dezembro de 1976, devido ao assassinato da socialite
Ângela Diniz, conhecida como
“A Pantera de Minas”, um crime
cometido por Raul Fernando do
Amaral Street, o Doca Street.
Essa é uma das inúmeras
lembranças de Ismael Araújo,
capa
24
24
carioca por nascença e buziano
por adoção. Desde pequeno,
aprendeu muito com as matas
e os mares do lugar e hoje
trabalha como taxista marítimo.
“Saindo dos Ossos, encontramos o Iate Clube Armação dos
Búzios, de onde saem as velas
que competem nas regatas. Lars
Grael, uma verdadeira simpatia,
esteve aqui nesta 8ª Regata de
Veleiros.” Ismael conta que a
escultura dos três pescadores
puxando a rede no mar, foi em
homenagem a três buzianos que
saíram rumo a Vitória do Espírito Santo para pescar, e nunca
chegaram lá ou sequer voltaram.
Praia do Canto, a pequenina
dos Amores, das Virgens, Azedinha, Azeda, João Fernandes, João
Fernandinho, e mais tantas outras
completam a beleza natural do
lugar. Só não pode deixar de passar pela formosa Ferradurinha,
uma beleza rara bem na ponta
esquerda (de frente para o mar)
da Praia de Geribá, onde está a
trilha de acesso. “Antigamente,
era fácil encontrar tartarugas na
praia da Tartaruga, mas sem a
proteção que impedia embarcações de se aproximarem da orla,
elas sumiram, não se sentem
mais seguras”.
E para fugir do trivial, prepare seu tênis, converse com
Porto da Barra: gastronomia e arte a céu aberto; embaixo, a Orla Brigitte Bardot
um nativo, até mesmo os que
trabalham com passeios de bug,
entre outros, e siga para a afastada Tucuns. Chegando lá, após
um mergulho cauteloso por ser
mar aberto, delicie-se na caminhada em meio à Mata Atlântica
da Serra das Emerências, uma
importante Área de Proteção
Ambiental (APA) repleta de
pau-brasil e de espécies como
o mico-leão-dourado.
A Ampla, com o apoio da
Enel, R&D Aneel, está investindo em transformações para
obter eficiência energética e
sustentável: o projeto quer fazer de Búzios a primeira cidade
inteligente da América Latina.
Uma das novidades é estimular
o aluguel de bicicletas elétricas
através das pousadas Tangarás,
dos Reis, Byblos, Pontal da
Ferradura, Búzios, Corais e
Conchas e do Albergue de La
Langouste Hotel. Vale a pena
informar-se, deixar o carro de
lado e trafegar melhor por lá!
Dia e noite
O Bar do Zé, com seu
risoto de lagosta, queijo brie e
aspargos frescos, o Sawasdee,
especialista em comida tailandesa, e o Buda Beach, com
música ao vivo são alguns dos
restaurantes da Rua das Pedras
e da Orla Brigitte Bardot. E,
reaberto há um mês, o Trópico
Por do sol em Geribá
ESPECIAL DE VERÃO:
Não perca, em Janeiro:
• Esportes radicais e de aventura
• Mais sobre a Região dos Lagos
• Os encantos da Costa Verde
Búzios, open bar, oferece transmissões variadas no seu telão e,
aos domingos, uma excelente
roda de samba com o couvert
de R$ 10,00.
Ao lado da Colônia de
Pescadores, em Manguinhos,
está o Porto da Barra. São 15
restaurantes espalhados por
uma área bastante arborizada,
com lago artificial e deck de
madeira que deixam o local
com jeitinho de parque. Lojas
de decoração e arte, como a
nova Tombuctu, especializada
em peças originais da África
do Sul, e restaurantes como
o Anexo, Belli Belli, Juanito,
Zuza, especialista em frutos
do mar e o Quadrucci, italiano
e contemporâneo com suas
deliciosas entradas clássicas de
praia, complementam a noite
buziana. E ainda tem estacionamento! ! Enfim, pense em um
verão diferente, programe-se
e boa viagem!
t
amas
[email protected]
Instante
fugaz
Pensamentos
pró fundos
Poeta
convidado
O passado tem dois S.
Olhando para eles
vejo imagens antigas onde
sibilo sons
saboreio o silêncio
supero o sarampo
sigo sonhos
sonho subversão
suspeito da salvação
salvo a sanidade
sofro de sinusite
solto o sorriso
suplico sexo
separo sentimentos
sopro saxofone
sepulto um segredo
sinto saudades
sou sozinho.
O passado tem dois S.
O presente tem um.
O futuro nenhum.
-Paixão
é um terremoto
no coração.
George Kraus
(original em inglês – Tradução Juliana Santos)
-Dúvidas, tenho muitas
dívidas, também
dádivas, amém.
-Se ROMA é AMOR
ao contrário,
é possível amar
em Roma?
-Procuro uma palavra simples
que me faça feliz.
-Envoltos por uma placenta
de incertezas, estamos.
-Sempre ao lado
o imponderável.
O espectro de neve
Ele olha o espectro de neve no vento
Que cai dos altos pinheiros na luz do sol
Os pinhos brilham na luz da manhã
O gelo reflete o frio sol de Fevereiro
Que ascende ondas silenciosas
De neve de um vento escuro deixado para traz
Ele conclui que caminha sozinho
Embora ouça o soar do carrilhão na varanda
Que anuncia o que pode e não pode ser visto
25
O swaldo miranda
[email protected]
What a wonderful
world!
26
26
Em dois Natais passados
(e eu já vou para o meu 94ª),
sugeri a Rosamarie, que em seu
programa na Rádio Imperial,
Petrópolis, em vez de colocar
melodias tradicionais (Noite
Feliz e etc), inovasse, com a
bela composição de Bob Thiele,
George David Weiss e Robert
Thiele Jr., What a wonderful
World, na voz de Lois Armstrong. Foi o que ela fez em sua
mensagem original, com o agrado de muitos ouvintes. Ao fim
do canto, Rosemarie declamava
para o público, em tradução
livre, direta, não integrada à
melodia, uma síntese dos versos, identificando assim o que
fora interpretado pelo famoso
cantor-trompetista americano.
Vamos então a Armstrong:
I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and
for you
And I think to myself, what a
wonderful world.
I see skies of blue clouds of white
Bright blessed days, dark sacred
nights
And I think to myself, what a
wonderful world.
The colors of a rainbow, so pretty,
in the sky
Are also on the faces of people
going by
I see friends shaking hands,sayin
“how do you do?”
They’re really sayin, “I love you”.
I hear babies cry, I watch them
grow
They’ll learn much more, than I’ll
never know
And I think to myself, what a
wonderful world
E aqui, então, a beleza desses versos em Português:
Eu vejo as árvores verdes
/ Rosas vermelhas, também /
E as vejo florescer para mim e
você / Eu penso comigo / Que
mundo maravilhoso! / Eu vejo
os céus tão azuis e as nuvens tão
brancas / O brilho abençoado
do dia e a escuridão sagrada
da noite / E eu penso comigo /
Que mundo maravilhoso! / As
cores do arco Iris, tão bonitas,
no céu / Então também nos
rostos das pessoas que se vão /
Vejo amigos apertando as mãos /
Dizendo: Como vai você? / Eles
realmente dizem: Eu te amo! /
Eu ouço crianças chorando / E
as vejo crescer / Elas aprenderão
muito mais do que eu jamais
saberei / Eu penso comigo: Que
mundo maravilhoso! / Sim, eu
penso comigo: Que mundo
maravilhoso!
E é este, de coração, o
meu desejo para todos vocês
nesse 2014 que vem por aí...
deixando-nos contagiar pela
mesma alegria que Satchmo, o
boca de mochila, nos passava
com seu canto-sorriso, seus
scats e seu espetacular trompete
– sons que ficam para sempre
em nossa memória.
Feliz Ano Novo!
g isela gold
[email protected]
SAUDADE – O
amigão Maurício Azêdo, meu
presidente na ABI, deu de
partir aos 78. Devo-lhe uma
homenagem – as Bodas de
Platina, pelo que achou que
fiz na área da comunicação.
Quatro páginas no jornal e
abertura de site na internet. Fazíamos permuta de exemplares, com bilhetinhos
carinhosos. Fez muito em todas as áreas em que militou, deixando na nossa casa
– a ABI - a marca do seu trabalho. Um homem do Brasil. Três dias de luto no
estado. Disfarço a tristeza que toma meu coração. E eu estou certo de sua bela e
justa acolhida no reino de Deus.
JORNAL DO COMÉRCIO: “Despesas do governo crescem e contas se agravam”. Santo Deus: não haveria melhor prenúncio para o ano que vem?
HISTÓRIA: “Dia 25 faz 2013 anos que nasceu Jesus, na cidade de Belém, Terra
de Canaã, onde há a Basílica da Natividade, na qual se encontra a manjedoura,
seu berço. Nela se colocava comida para os animais. Jesus passou a infância em
Nazaré, onde há a Basílica da Anunciação. Foi ali que um anjo avisou à mãe de
Jesus, Maria, que ela teria um filho santo. Jesus passou infância em Carfanaum, costa
da Galiléia, aonde se deu o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes para
alimentar os pobres. Muitos acreditavam que Jesus fosse filho de Deus. Os que
não acreditavam, mandaram matá-lo. No lugar em que ELE morreu foi enterrado
e ressuscitado, fica a Igreja do Santo Sepulcro”. Teria eu acertado no resumo da
biografia não autorizada de Jesus, o menino cujo nascimento estamos festejando?
JORNAL NACIONAL: “No Brasil 26 milhões de toneladas de alimentos vão
para o lixo todos os anos”. No mundo há um bilhão de pessoas passando fome.
Vai dai que... não sei...
O FURACÃO – O Haiyan arrasou com Tacoblan, Filipinas. Navios voando,
10 mil mortos, cinco milhões de desabrigados e U$ 14 bilhões de prejuízos. Uma
ideia: fosse aqui com o epicentro no Rio, atingiria até Brasília!
ZECA PAGODINHO: Lançou DVD no Faustão, festejando 30 anos de carreira.
Trabalhou em escritório, foi office boy. Cantou com sua entourage, músicos, coro,
bailarinas(!). Atire a primeira pedra/ Ataulfo, Foi um
rio que passou em minha vida/ Paulinho da Viola,
Trem das 11/Adoniran Barbosa e A sorrir (O sol
nascerá)/ Cartola e Elton Medeiros. Aqui a capa
do seu primeiro LP. Arlindo Cruz assina: ”- Vai em
frente, parceiro. Mil felicidades! “É de fevereiro de
1986. Não deu outra pro Jessé Gomes da Silva
Filho, que assim terminou o papo com Faustão: Deus me deu tudo que eu pedi.
Boa de ouvido
Agnalda tinha uma mania de respeitar seu coração.
Sempre que o bandido falava para olhar ali, ela olhava.
Ai dela se questionasse. Podia ser a rainha da Inglaterra
passando que ela não arredava o pé dali.
E tanta coisa boa passava pela moça, era gente
para conversar no balcão de padaria, mas a cabeça
continuava mirando o que o coração mandou. Até o
arco-íris do outro lado surgia. Mas a íris de Agnalda
ficava cinza quando não mirava o que coração mandou.
Até o momento que a moça se deu conta de um
detalhe importante: ela mirava o que o coração falara,
mas o alvo não lhe devolvia o olhar. Esse sim olhava as
cores, as pessoas nos balcões de padaria, os transeuntes em outras esquinas nas quais Agnalda não pisava.
Os dias mudavam de roupa, até o sol inventava de
alaranjar diferente, mas Agnalda continuava ali de olho
parado. Cada minuto era eterno e demorava a passar.
A passageira que nunca saltava do ônibus, assim sentia.
Hora dessas uma poeira honesta invadiu a vista
da moça e sem perceber Agnalda olhou para o lado
oposto. Alguém lhe perguntou as horas, logo depois na
fila da feira comentaram que a banana estava de graça.
Conversa vai, conversa vem, ela pegou-se distraída
com os olhos. Eles relaxavam enquanto os ouvidos
se abriam para o mundo. Um mundo que dormiu
enquanto Agnalda paralisava o olho.
As horas passaram e Agnalda teve medo de se
contar um segredo: foi muito feliz com seus ouvidos.
Era bom descansar os olhos de um coração cego de
tanto ver uma coisa só. E de tanto ver uma só coisa,
esqueceu que também batia. E batida não se vê, se
escuta. Escuta como quem percebe que o mundo lá
fora pode ser gentil com quem ouve. Lembrou de
pessoas que a tocaram pelos ouvidos. Como canção
que emociona sem precisar que olho veja nada.
27
B airros cariocas
TEXTO e fotos_LILIBETH CARDOZO
Um bairro que preserva o clima
bucólico e as belezas naturais,
mas convive com problemas que
ameaçam a qualidade de vida
28
Cariocas (ou não), por
diferentes razões, escolheram
a Urca, bairro onde nasceu a
cidade de São Sebastião do Rio
de Janeiro, para morar. Sendo
pequeno como um berço, o
bairro aconchega pouco mais
de 7 mil pessoas e parece um
povoado no meio da grande
metrópole.
Um pouco da
história de onde o
Rio começou
A história do povoamento
das terras do que hoje é conhecido como Urca remonta ao
início da cidade do Rio de Janeiro. Até o final do século XIX,
o bairro não existia, porque as
águas da baía de Guanabara
batiam diretamente nas rochas
que circundam os morros da
Urca e do Pão de Açúcar. O
acesso só era possível pela
praia, de fora, na Fortaleza de
São João.
Estácio de Sá, sobrinho do
Governador Geral Mem de
Sá, em 1º de março de 1565,
fundou a cidade, construindo,
na entrada da baía, em uma
praia localizada entre os morros
Pão de Açúcar e Cara de Cão,
uma fortificação composta por
casinhas simples feitas de troncos
de madeira e barro, cobertas de
palha, ao lado das quais perfurou
um poço para abastecimento de
água potável. Na pequena vila,
batizada em homenagem a Dom
Sebastião, rei de Portugal, foram
estabelecidas as bases para sua
colonização.
Em 1921, a Sociedade Anônima Empresa da Urca, assinou
um contrato para a construção
do bairro e de um cais ligando a
praia da Saudade (na entrada do
bairro) à Fortaleza de São João.
Para a área onde se pretendia
construir o Hotel Balneário,
aumentou-se a faixa de areia
com diques de proteção contra
a água do mar. A praia ficou
com o mesmo formato atual.
O prédio do Hotel Balneário
nunca se tornou um grande
empreendimento, mas ficou
famoso quando foi transformado
no Cassino da Urca, em 1933,
com jogos e shows de artistas
nacionais e internacionais. Em
1946, o estabelecimento foi
fechado devido à proibição dos
jogos de azar.
Na década de 50, o prédio
voltou a ser ocupado, dessa
vez pela TV Tupi, canal 6, dos
Diários e Emissoras Associados,
que ficou ali até fechar as portas
em julho de 1980.Desde 21 de
novembro de 2006, o local,até
então sob posse da prefeitura,
foi cedido sem licitação pública
ao Instituto Europeu de Design-IED, uma instituição estrangeira,
com contrato de concessão de
50 anos. O IED, com direito de
ter mil e quinhentos alunos, professores, técnicos e auxiliares,
segundo estudos de urbanismo
e meio ambiente, não cabe na
Urca. Militantes do movimento
pela preservação dos recantos
cariocas afirmam que uma escola deste porte provocará um
fluxo de carros que, em poucos
meses, sufocará o bairro.
Foto: Arthur Moura
Um passeio pela Urca
Moradores são
apaixonados pelo
bairro
Do tecido costurado pelo
homem com os fios da natureza
nasceu o espaço urbano em que
a convivência se harmoniza. E
na Urca ainda se encontram os
retalhos feitos com os primeiros
fios, trazidos por Estácio de Sá,
quando, em meio à mata, abrindo trilhas, ouvindo pássaros,
com medos e bravuras, fundou
nossa cidade. Florence Mellon é
francesa e recém-chegada à cidade. Junto com sua família, veio
pro Rio devido à transferência de
seu marido para uma empresa
multinacional e nos diz: “A Urca
parece uma aldeia. Quando chegamos à cidade, visitamos outros
bairros e conhecemos mais
famosos da Zona Sul, mas foi
aqui que encontramos identidade. Temos três filhos e estamos
muito felizes neste lugar”.
Nascida na Urca, Pilar Domingo também vê o bairro com
os mesmos olhos carinhosos.A
artista plástica sempre morou ali
e vive em uma casa na primeira
rua aberta na cidade, com sua
mãe Conchita, 95 anos, seu
irmão Pedro Benet, e sua filha
Maria Matina, que se dedica
à arte-terapia. “A Urca é uma
nau: é o dentro que vê o fora.
O Pão de Açúcar é uma obra do
sagrado. Nossas casas fazem um
muro de onde contemplamos os
barquinhos navegando sobre os
telhados”.
Um passeio pelo bairro da
Urca começa e acaba em beleza
e prazer. Entrando pela Avenida
Pasteur, prédios antigos e de
arquitetura secular compõem
a boa recepção. A imagem da
imponente pedra do Pão de
Açúcar afaga o coração que,
nesta época do ano, exibe suas
entranhas de diferentes nuances
construídas pelo tempo, onde
nascem pequenos arbustos que
colorem de verde e de vida a
paisagem.
Beatriz e Bernardo moram
próximo à estação do bondinho
e vivem o cotidiano da convidativa Praia Vermelha. “Esta área
tem uma energia fantástica devido ao turismo intenso que acontece por conta do Pão de Açúcar.
Mas ando bastante decepcionada
com a falta de cuidado dos próprios moradores e com a falta
de união e de entusiasmo da
associação de moradores. Além
disso, a prefeitura custa a atender as nossas reinvindicações
relacionadas às necessidades do
bairro”, desabafa Beatriz.
Um passeio pelo ancoradouro, batizado pelos moradores de
“quadrado”, descortina a baía.
Os barquinhos têm diferentes
cores e tamanhos, todos de madeira e carregados de histórias
dos pescadores. Uma volta no
quadrado e a Rosa dos Ventos,
delicadamente desenhada na calçada com pedras portuguesas no
início da amurada, é lugar seguro
para admirar o espelho d’água
brilhante da baía. O reflexo brilha à luz intensa da chegada do
verão. A imagem refletida prateia
o olhar, e o leve vento provoca
uma serpentina tremulante de
brilho. Peixes resistentes ao lixo
dão rabanadas no ar e comemoram à luz do meio da tarde.
Raros pescadores, voltando lá
pelas 15h em pequenas embarcações, cumprimentam um ou
outro marinheiro de imponente
lancha que chega ao Iate Clube
do Rio de Janeiro.
A Rua Marechal Cantuária,
com o pequeno comércio,
comemora as alianças com os
compradores e guarda a tradição
de receber pedidos e entregar
mercadorias nas casas. E por lá
ainda existem os mercadinhos
que preservam o costume antigo da confiança e anotam em
cadernos ‘os fiados’ por anos de
vizinhança. Fianças modernas
ficam fora da Urca!
Encontramos alguns antigos
moradores que guardam a
memória do bairro com muito
carinho. Dona Nancy tem 85
anos de idade e há 76 vive na
Urca. Ela nos conta: “minha
casa foi construída por meu
29
B airros cariocas
Dona Nanci 85 anos e há 76
anos assistindo a Urca mudar.
Foto: Hermano
30
pai, no terreno comprado pela
minha mãe, na pedreira, antes
do aterro. Eu não poderia viver
em outro lugar; é o último bairro
do Rio onde há alguma tranquilidade”. Na Urca, a respiração
não é ofegante, e passear pelas
calçadas tem ares de exercitar o
viver com identidade, conhecendo a história do bairro, das casas,
das famílias.
As amendoeiras fazem o
convite ao passeio pela amurada
até o Forte São João. A água da
baía bate em fracas ondas nas
pedras, fazendo espuma. Pescadores solitários apreciam a paisagem, namorados se abraçam
enquanto admiram as nuvens
que cobrem e descobrem a
imagem do Cristo Redentor e
gaivotas mergulham destemidas
em busca de peixinhos que as
alimentem.
Quase ao fim da amurada,
alguns visitantes, atraídos pelo
álcool, falam alto e se embriagam
de indelicadezas, não se importando com os vizinhos. Pintam
de cores turvas o colorido dos
seus passeios, sujando o chão e
se esquecendo de que bares são
lugares e nem todos os lugares
são bares. No portão da Fortaleza São João, pode ser agendada
uma visita às origens da cidade,
no exato lugar onde fica o berço
da sua criação. Nesse cenário,
encontramos João Quintanilha,
60 anos de idade vividos “neste paraíso”, como acentua, e
completa: “É o melhor do Rio.
Aqui tudo se faz a pé, conheço
todo mundo, é onde estão meus
amigos. Temos o que há de mais
importante na vida: sossego,
ótimas relações de vizinhança,
bares alegres e a bela Fortaleza
de São João”.
Na Urca residem muitos
estrangeiros, artistas e pessoas
que valorizam o sossego e são
encantados pelas belezas natu-
rais. Dona Claudia, 81 anos, é
geógrafa e curte, em sua linda casinha, a aposentadoria. Vinda da
Itália com os pais, aos dois anos
de idade, aqui viveu e fez sua família. Sua irmã Luciana é nascida
no bairro e também construiu
sua família na mesma edificação
construída pela família com
quatro unidades domiciliares
que descem pela pedra da Urca.
Mauro, filho da Dona Claudia,
acompanha a mãe no carinho
e satisfação com a residência e
nos diz: “Não existe outro lugar
no Rio de Janeiro como a Urca.
Daqui minha família só sai no
Dona Claudia é uma geógrafa que aos 81 anos curte, em sua
linda casinha, a aposentadoria.
fim da vida”.
A Urca tem singularidades,
e talvez a mais importante seja
o fato de não ser um lugar de
passagem, preservando, dessa
forma seu pouco movimento de
curiosos. Lars Grael, conhecido
atleta brasileiro, viveu a maior
parte de sua vida em Niterói,
e recentemente escolheu o
bairro para morar com a família.
“Estamos aqui há três anos, mas
sempre olhamos a Urca como
uma possibilidade de residência.
Fizemos uma escolha acertada.
Parece uma cidadezinha do
interior dentro de uma grande
João Quintanilha: “aqui nasci
e vivo. É o melhor lugar para
se viver no Rio!”
Ricardo Cravo Albin, “Viver na
Urca é prazer e sofrimento”.
metrópole. Nossos três filhos
(25, 16 e 13 anos) também
gostam muito.”
Ricardo Cravo Albin, um
guardião de um dos maiores
acervos da Música Popular Brasileira e fundador do Instituto Cravo Albin, já teve um escritório
no Cassino da Urca. Em 1989
comprou o imóvel que ocupa no
primeiro edifício da Avenida São
Sebastião e fala com emoção:
“Quando conheci o imóvel, fui
tomado de paixão. Depois convenci minha família de que um
sobrenome se perde no tempo
e que a criação do Instituto marcaria para sempre na história da
cidade o que se produziu e se
produz na nossa cultura musical.
Comprei a cobertura e fizemos
uma bela obra. Perto da pedra,
conservamos um velho casarão
onde criamos o Largo da Mãe
do Bispo. Aqui sou feliz, embora
tenha de conviver com descaso
de muitos por este bairro que
merecia ser tratado como uma
joia, pois é único na geografia
carioca. Enquanto eu viver,
lutarei por este acervo da MPB,
e gostaria que, depois de minha
morte, a cultura carioca continuasse o meu trabalho. Espero
quea prefeitura ofereça um
espaço adequado para guardar
tudo isso. Doarei com prazer,
mas preciso de segurança em
relação aos cuidados. É muita
história e cultura bastante útil
para a memória, pesquisa e
história de nossa produção
cultural”.
Lars Grael e sua esposa- viemos há pouco tempo e
estamos adorando.
31
arte
&
cultura
GARIMPO CULTURAL
Texto_Juliana
Marques alves
Fotos: Divulgação
Na escadaria da Lapa
Elefante
O elenco vive em uma época onde ninguém mais envelhece e não há mortes
de causas naturais. A partir dos 25 anos, todos passam a tomar uma pílula e
Probástica Cia. de Teatro
Preço: R$ 1,99
permanecer jovens e com saúde plena por séculos. É um drama familiar que
Temporada:
Endereço: Rua Manoel Carneiro,
usa essa hipótese como instrumento lúdico para o questionamento do valor
21, 22 e 23 de dezembro
12, escadaria do Seláron - Lapa
da morte e do envelhecimento para o homem atual.
Horário: 20h
Sede das Cias - Tel.: (21) 2137-1271
A Prostituta Respeitosa
Lizzie, a prostituta respeitosa, é vítima de abuso sexual e testemunha um
Horário: 20h - Grupo Fragmento
assassinato no trem. A partir disso, ela se vê envolvida em uma questão racial,
Preço: R$ 20,00
no sul dos Estados Unidos, e tanto o negro, acusado injustamente, quanto
Endereço: Rua Manoel Carneiro, 12,
alguns brancos, que representam o culpado, dependem de seu testemunho.
escadaria do Seláron - Lapa
Temporada: 17, 18 e 19 de dezembro
Sede das Cias - Tel.: (21) 2137-1271
32
Paixão pela dança faz escola
Dançar, manter o corpo em forma
através de provas”. A idade mínima
e a mente em ordem. Encantar-se
para fazer parte da escola é de nove
pelo que faz bem aconteceu com
anos e os homens também são muito
Maria Elizabeth Turetta de Azevedo,
bem-vindos, apesar de ainda serem
fundadora do Espaço Étnico de
poucos os que se dedicam a essa arte.
Dança, no Irajá: “Sempre gostei.
Músicas e figurinos específicos com-
Comecei ainda pequena com
põem as danças espanhola, do ven-
balé moderno, jazz e sapateado,
tre, cigana e tribal, folclore árabe,
e depois me apaixonei por outras
bollywood, entre outras, e ainda a
modalidades”.
dança mix, uma fusão de estilos ins-
Escola: Espaço Étnico de Dança
E sua paixão transformou-se em
pirada pela música. Quem assiste às
Rua Cisplatina, 121 – Irajá (prox. a
A banda de Surf-a-billy, Os Carbura-
profissão: “Abri o Espaço Étnico
apresentações também aprende um
estação Irajá do Metrô)
dores, atacam em Cabo Frio. O trio
de Dança em 2010 e, além da
pouco sobre cada uma com as breves
Informações: 3361-2842
vai apresentar sua mistura de rockabilly
prática, ensino a história de cada
explicações que antecedem a entrada
dos anos 50, psychobilly e surf music
modalidade. Uma vez por mês,
dos alunos. “A dança é minha filosofia
Show de encerramento do
instrumental dos anos 80, show do
discutimos o conteúdo das apostilas
de vida, meu jeito de ser, e só estou
ano letivo de 2013 – Espaço
seu cd Na Onda do Natal.
distribuídas e todos são avaliados
viva devido a essa terapia”.
Étnico de Danças
Natal
Musical
Data: 21 de dezembro
Data: 25 de dezembro
Horário: 18h
Horário: 20h
Preço: R$ 25,00
Preço: 10,00
Endereço: Rua Conde de Bonfim,
Endereço: Rua José Bonifácio, 440 –
451 – Tijuca Tênis Clube
Cabo Frio – RJ – Don Caballero
h aron gamal
[email protected]
literatura
A
que não
deve nada a ninguém
Resenha de “Barba ensopada de sangue”, de Daniel
Galera, Companhia das letras,
423 páginas.
Daniel Galera tornou-se um
escritor respeitável nos últimos
anos. Após três livros de muito
boa repercussão (“Até o dia
em que o cão morreu”, “Mãos
de cavalo” e “Cordilheira”), o
autor lançou, em 2012, “Barba
ensopada de sangue”, romance
extenso, algo incomum entre
os autores contemporâneos. O
livro é digno de ser lido não apenas pela história narrada, mas
pelas questões que apresenta.
Galera é um escritor auspicioso
para a nossa literatura, porque
se revela um autor maduro,
que não se deixa levar pelas
exigências de mercado.
O livro começa com uma
espécie de prólogo onde um
narrador em primeira pessoa
fala sobre a morte de um tio que
ele nunca conheceu pessoalmente e que viveu a maior parte
da vida no litoral catarinense,
em Garopaba. O narrador está
na cidade com a família devido
à morte desse tio. Portanto,
desde o início, percebe-se que
o personagem principal do romance já está morto. Esse fato
incomoda um pouco, mas não é
tão relevante para o desenrolar
da história. Tudo não passa de
um intrincado jogo em que Galera nos mostra as entranhas da
tessitura de um romance. Após
o breve prólogo, a narrativa se
apresenta em terceira pessoa.
É o momento, então, em que
passamos a conhecer a vida
desse personagem, que não é
nenhum escritor, nem mesmo
um intelectual, mas um homem
que treina atletas para as mais diversas competições, sobretudo
as de triatlo.
Na literatura brasileira de
hoje, é grande o número de romances que trazem em primeiro
plano a vida de um escritor, ou
mesmo de alguém importante
no mundo das ideias. Não é aqui
o caso. Embora um personagem
adjacente seja escritor, o fato é
apenas mencionado, trata-se
do pai do personagem que nos
fala no prólogo. O romance
desenvolve-se em torno do
homem que vê a atividade física
como meio de lhe garantir a sobrevivência. Ele não só prepara
atletas, mas também dá aulas
de natação, e nas temporadas
de verão do litoral catarinense
ainda trabalha como salva-vidas.
O primeiro capítulo apresenta o motivo de todo o restante do livro. Num sítio em
Viamão, no Rio Grande do
Sul, pai e filho conversam. O
assunto é sobre o avô do rapaz,
que desapareceu numa praia do
litoral de Santa Catarina. O pai
toca em fatos que jamais revelou
a pessoa alguma da família. O
filho, que o está visitando, escuta
e passa ter interesse pela histó-
ria. Mas no fim
deste primeiro
capítulo, quem
se surpreende
é o próprio filho (e também
o leitor!). O pai
lhe pede que dê
um fim à cadela
que já o acompanha durante
mais de quinze
anos, porque,
no dia seguinte,
vai-se matar.
Contanto assim, este início
de romance soa meio absurdo,
mas a história transcorrerá dentro da mais perfeita coerência e
se mostrará muito próxima a
uma narrativa policial em grande
estilo.
No momento seguinte o filho chega a Garopaba, a mesma
cidade em que viveu e desapareceu o avô, e ali se instala. Ele
tem a intenção de desvendar o
mistério.
Dentre as questões que
o livro apresenta, pode-se
ressaltar que a literatura para
ser boa não precisa querer
provar nenhuma grande ideia,
ou mesmo filosofia. Outro
ponto, também digno de nota,
é sobre as relações familiares,
ponto turvo no relacionamento
humano.
O romance de Daniel Galera leva o leitor a paisagens
33
muito bonitas e a acidentes
da natureza dignos de nota. É
muito boa a criação de tipos
e também de personagens
complexas, como a ex-mulher
do treinador de atletas, que
pouco aparece na narrativa mas
tem grande importância. Num
mundo pleno de contradições,
a amizade e o companheirismo são temas relevantes no
enredo.
Enfim, trata-se de uma história bem tramada, com todos
os componentes necessários
para mostrar que a boa literatura não precisa de firulas, e
que as pessoas comuns podem
ser ótimas personagens de
romance. O mais interessante
em tudo isso é que o autor
conduz a narrativa sempre
de modo a surpreender o
leitor, não fazendo concessão
alguma.
arte
&
cultura
O palco principal
da música no Rio de Janeiro
O panorama diversificado da Lapa embala os amantes de todos os estilos
musicais e faz da região a melhor opção para as noites do verão carioca
TEXTO_Victor Ribeiro
De pandeiro e violão
Os ritmos brasileiros, em suas mais diversas vertentes, são o carro chefe da programação do bairro.
Chorinho, samba, MPB e ritmos folclóricos, como o maracatu e o jongo, fazem a trilha sonora de diversas
casas de shows, bares e festas. Afinal, “quem não gosta de samba, bom sujeito não é...”.
Paprica fotografia/Divulgação
34
Pré-Carnaval
No esquenta do carnaval de
2014, a principal pedida para os
próximos dias é acompanhar o
circuito de ensaios dos blocos de
rua, que já começam a aparecer
pelas agendas e aglomerar foliões.
Fundição Progresso –
30/12 – Pré Réveillon do
Casuarina e Bangalafumenga / Encerramento
com o Bloco do Sargento
Pimenta
Divulgação
A região central das cidades grandes é tradicionalmente conhecida como
área de convergência
de pessoas e culturas.
No caso do centro do
Rio, a região da Lapa foi
historicamente se confirmando como um espaço
de encontro de artistas,
amantes da boa música,
profissionais diversos, comerciantes, que a transformaram em um dos
polos culturais e turísticos
mais conhecidos do
mundo. Neste verão não
poderia ser diferente:
uma extensa programação cultural e a grande
diversidade gastronômica
da região oferecem tudo
para entreter cariocas
e turistas de todos os
gostos e estilos.
Horário: Abertura da Casa 22h
Censura: Não recomendado
para menores de 18 anos.
fundicaoprogresso.com.br
Arthur Moura
&
JD Oliver / Divulgação
arte
cultura
Brasilidade
Quem está o ano todo em clima de samba sabe que a Lapa reserva o melhor da programação do gênero, por respeito e tradição.
São várias casas onde a batucada dá o ritmo e a diversão é garantida.
Carioca da Gema - Rogê
- todos os domingos de
dezembro no Carioca da
Gema - 22hs
O carioca Rogê apresenta
um repertório de músicas próprias e versões para clássicos
da música brasileira, em uma
mistura de ritmos que é garantia
de descontração.
AV. Mem de Sá, nº 79
Tel.: 2221-0043
Rio Scenarium - TURMA
DO ESTÁCIO – Todas as
quartas de dezembro 19h30
A turma de sambistas revive,
na Lapa, a essência da tradição
do samba, que foi reinventado
no bairro do Estácio. Nessa
trajetória, passaram por diversas rodas de samba, escolas de
samba e blocos de carnaval.
Com vigor e pegada forte, eles
cantam belos sambas do velho
Estácio e de sambistas como
Candeia, Paulinho da Viola e
Martinho da Vila.
Domingo 22/12
20h00 - DNA do Samba
23H00 - Velha Guarda Musical
Da Vila Isabel
23H30 - Dj Marcello Sabre
Rua do Lavradio, 20- Centro
Antigo – Rio de Janeiro – RJ
(próximo à Praça Tiradentes) Tel:(21)3147-9005
Alegria do Choro
O chorinho é outro gênero musical muito presente na região
do centro, e que costuma ter adoradores fiéis. Para quem quiser
ouvir as belas frases melódicas de Jacob do Bandolim, Pixinguinha e
demais mestres do choro, a programação é quente.
Bar do Marcô
Uma boa opção para ouvir
choro em Santa Teresa é o bar
do Marcô. Este bar e restaurante tem ambiente acolhedor,
com dois sofás no fundo e uma
sacada com uma bela vista da
Baía da Guanabara. Aos sábados
e domingos, você pode provar
a feijoada com uma variada
programação de música ao vivo.
De sexta a domingo, você
poderá ouvir chorinho e ainda
bossa nova, samba, MPB.
Marcô - Endereço Rua Almirante Alexandrino, 412
Santa Teresa, Rio de Janeiro Telefone: (21) 2531 8787
35
arte
&
cultura
Guitarras e amplificadores
Na cena plural da Lapa há também opções pra roqueiro nenhum
botar defeito. Em extrema harmonia, a música convive bem no Rio
de Janeiro, e nos brinda com uma agenda que passeia pelos gêneros
musicais e garante diversão para todos os gostos. Do cavaquinho
pra guitarra é um pulo, e se encontra de tudo para os amantes dos
power trios, blues bands, overdrives etc.
Divulgação
Teatro Odisséia - Saidera
2013 com Dead Fish (ES) +
Plastic Fire + Jason.
A banda capixaba retorna
à Cidade Maravilhosa para um
show especial, apresentando sua
nova formação. No intervalo, o
36
DJ Fild com o melhor do rock,
punk e hardcore.
Av. Mem de Sá, 66 - Lapa
Capacidade : 500 pessoas
Horário : 17-00 hrs
Classificação : 18 anos
Ingressos apenas na hora
Divulgação
Fundição
Progresso
- O Rappa
31/01/2014
- 22hs
Show da turnê ‘Nunca Tem
Fim’. Turnê do
novo trabalho da
banda que arrasta multidões por
onde passa.
Início das vendas - 15/12
fundicaoprogresso.com.br
Rio, Rock & Blues – Uma
Noite no Tennessee com
Jack Daniel´S
Todas as quintas-feiras, o Rio
Rock & Blues apresenta bandas
que tocam o melhor do rock e
do blues num clima para você se
sentir nos bares do Tennessee
em plena Lapa. Além da música,
a casa oferece dose dupla de
Jack Daniel´s. Venha curtir uma
noite especial ao som de boa
música.
Data: Todas as quintas-feiras
Horário: a partir das 18h até o
último cliente
Preço da entrada: R$ 15,00
Lista-amiga: R$ 10,00
Rua do Riachuelo, 20 - Lapa
Tel. 2222.2334
C asa & Serviços
37
O nde encontrar
• Ações de Rua
• Livrarias
• Bancas
• Cafés
• Restaurantes
• Espaços Culturais
• Lojas
• Academias
38
COPACABANA
Banca do Babau
Rua Inhangá
esquina c/ NSC
Banca Tia Vânia
Rua Xavier da Silveira, 45
Banca Xavier da
Silveira
Rua Xavier da Silveira, 40
Espaço Brechicafé
R. Siq. Campos 143 - loja 31
Tel: 2497-5041
Graça Brechó
Av. N.S.Copabana 959
- Loja E
Ao lado do Cine Roxy
Livraria Nobel
Rua Barata Ribeiro, 135
Tel.: 2275-4201
Rest. Príncipe de
Mônaco
Rua Miguel Lemos,
18- Loja A
Shopping 195
Av. N.S.Copacabana, 195
Sorveteria Lopes
Av. N.S.Copacabana,
1.334 - loja A
Theatro Net
Rua Siqueira Campos N° 143 - 2º Piso.
GÁVEA
15ª DP – Gávea
R. Major Rubens Vaz,
170 Tel.: 2332-2912
Banca da Bibi
Shopping da Gávea 1º
piso Tel.: 2540-5500
Banca da Gávea
R. Prof. Manoel Ferreira,
89 Tel.: 2294-2525
Banca Dindim da
Gávea
Av. Rodrigo Otávio, 269
Tel.: 2512-8007
Banca New Life
R. Mq. de São
Vicente,140
Tel.: 2239-8998
Banca Speranza
Praça Santos
Dumont, 140 Tel.: 2530-5856
Casa da Táta
R. Prof. Manoel
Ferreira,89
Tel.: 2511-0947
Chaveiro Pedro e Cátia
R. Mq. de São Vicente,
429 - Tels.: 2259-8266 Igreja N. S. da
Conceição
R. Mq.de São Vicente, 19
Tel.: 2274-5448
Menininha
Rua José Roberto Macedo
Soares, 5 loja C
tel.: 3287-7500
Restaurante Villa 90
Rua Mq. de São Vicente,
90 - Tel.: 2259-8695
HUMAITÁ
Banca do Alexandre
R.Humaitá esq. R.Cesário
Alvim Tel.: 2527-1156
Mutações
Largo dos Leões, 81 loja C
Tel: 2530-4201
IPANEMA
Banca do Renato
Rua Teixeira de Mello, 30
Budha Spa Ipanema
Rua Visconde de Pirajá,
365/B, Sobreloja 201
Tel: 2227-0265
Centro Cultural Laura
Alvim
Av. Vieira Solto, 176)
Supervídeo
Rua Visconde de Pirajá, 86
lj.C e D Tel.: 21 2522-6893
JARDIM BOTÂNICO
Posto Ypiranga
Rua Jardim Botânico, 140
Tel:2540-1470
Supermercado Crismar
Rua Jardim Botânico, 178
Tel: 2527-2727
LAGOA
Bistrô Guy
Rua Fonte da
Saudade, 187
LARGO DO MACHADO
Shopping Sáo Luiz
Rua do Catete 311
LARANJEIRAS
Barraca de CDs Raros Marcelo
Praça São Salvador
(21) 9973-6021
Casa da Leitura
Rua Pereira da Silva, 86
Mundo Verde
Rua das Laranjeiras, 466
– loja D
Tel.: 3173-0890
LEBLON
Armazém do Café
Rua Rita Ludolf, 87
Tel.: 2259-0170
Banca Canto Livre
Rua Gen. Artigas, s/nº
Tel.: 2259-2845
Banca do Mário
Rua Gen. Artigas, 325
Tel.: 2274-9446
Banca do Vavá
Rua Gen. Artigas, 114
Tel.: 9256-9509
Banca Rainha
R. Rainha
Guilhermina,155
Tel.: 9394-6352
Banca Scala
Rua Ataulfo de Paiva, 80
Tel.: 2294-3797
Banca Top
Rua Ataulfo de Paiva, 900
esq. Rua General Urquisa
Tel.: 2239-1874
Café com Letras
Rua Bartolomeu
Mitre, 297
Café Hum Leblon
Rua Gen. Venâncio Flores,
300 - Tel.: 2512-3714
Central de Compras
do Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 556
Centro Empresarial
Leblon Av. Ataulfo
de Paiva, 204
Cidade do Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 135
Entreletras
Shopping Leblon nível
A3
Embalo Bar
R Dias Ferreira, 113
Fotografia Digital
Av. Afranio de Melo
Franco, 310
Rio Flat - Apart Hotel
Rua Almirante Guilhem,
332
Vitrine do Leblon
Av. Ataulfo de
Paiva, 1079
LAPA
Bar da Nalva
Rua Silvio Romero,
3 - Esquina com
Rua do Riachuelo
SANTA TERESA
Banca Chamarelli
Rua Áurea, 02
Banca do Lgo. dos
Guimarães
Largo dos Guimarães s/nº
Bar do Gomes
Rua Áurea, 26
Esquina de Santa
Rua Monte Alegre, 348
Tel.: 2508-7112
URCA
Banca da Deusa
Banca da Teca
Banca do Círculo
Militar
em frente ao Círculo
Militar
Banca Ernesto e Bia
Av. Portugal, 936
Banca Garota da Urca
Av. João Luíz Alves, 56
Bar Belmonte
Av. Portugal 986
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Foto de Arthur Moura
Diagramação e Ilustração
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Yuri Bigio e Marcela da Fonseca
Fotografia
Arthur Moura e Fred Pacífico
Revisão
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