- iv rea | xiii abanne

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IV Reunião Equatorial de Antropologia e
XIII Reunião de Antropólogos do Norte e Nordeste.
04 a 07 de agosto de 2013, Fortaleza-CE.
Grupo de Trabalho: Etnobiografia: subjetivação e etnografia.
Título do Trabalho: Do intelectual engajado ao “antropólogo”: crise e
deslocamento no pensamento de Italo Calvino.
Camila Pierobon
e-mail: [email protected]
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais
Bolsista Cnpq
Caminhos para se entrar em crise
Nos domínios de que tratamos aqui, o conhecimento existe apenas em lampejos.
O texto é o trovão que segue ressoando por muito tempo.
Walter Benjamin - Passagens
Na passagem para a segunda metade do século XX, na Europa, mais
especificamente na Itália, surgia na cena literária um escritor que fazia de seus
textos experimentos na tentativa de compreender as diversas transformações
que ocorriam na sociedade italiana e também em sua própria vida. Observador
atento, leitor incansável e intelectual perplexo, Italo Calvino está entre os
literatos que não separaram “seus interesses literários de toda a complexa rede
de relações que liga entre si os diversos interesses humanos1” (CALVINO,
2009, p.09). Sua trajetória pessoal foi marcada por intensa autonomia
intelectual, responsabilidade ética e moral e empenho civil, que, na
compreensão de Alberto Asor Rosa, está presente em sua concepção de
literatura “(...) enquanto investigação, projeto e construção” (2001, p.XII).
Como lugar de experimentações e reflexões, sua escritura2 foi
elaborada percorrendo diferentes caminhos e testando diversas formas. Por
vezes, o escritor italiano desenvolvia seus pensamentos na elaboração de
narrativas ficcionais, ora o caminho escolhido andava pelos ensaios de crítica
literária e social, ou ainda por meio de cartas, relatos de viagem, entrevistas,
resenhas, prefácios, necrológios... Para Adriana Iozzi (2004, p.52), todas as
formas narrativas de Calvino são móveis e irrequietas, pois exploram “de forma
lúcida territórios que fazem fronteira com a literatura ou que vão além de seus
1
A frase citada encontra-se no ensaio "O miolo do leão", escrito em 1955, onde Calvino discutia a posição
e o papel do intelectual na literatura italiana daqueles anos. A argumentação é iniciada com o
questionamento sobre o lugar do personagem que, para Italo Calvino, seria um tema central para uma
literatura "que liga entre si os diversos interesses humanos". Tomei a liberdade de emprestar a frase de
Calvino por entender que ela me ajudaria a definir a sua posição na cena literária como intelectual e
escritor naquele momento.
2
Segundo Roland Barthes (1987, p.15.) “escritura”, “literatura” e “texto”, seriam, indiferentemente, “um
grafo complexo das pegadas de uma prática: a prática de escrever”. Utilizo as três categorias no trabalho
por entender, através da leitura de Barthes, que em todas as formas escritas está a inscrição do sujeito
como emissor de enunciados, como linguagem reflexiva e auto-referenciada, que coloca o sujeito no
centro do ato de enunciação.
limites afim de experimentar novos instrumentos de observação do real”. Sobre
o imbricamento entre o autor e seus escritos, Iozzi afirma que “em Calvino, o
escritor, o crítico literário e o intelectual crítico tendem a aproximar-se e a
fundir-se na mesma imagem” (idem, ibidem).
Dentre os textos ficcionais, encontramos narrativas formuladas no estilo
de um realismo à lá século XIX, como nos contos reunidos em Os amores
difíceis3, onde Calvino narra pequenas “aventuras” amorosas tecidas por um fio
cômico/irônico, que falam sobre as dificuldades cotidianas de comunicação. Na
denominada literatura do pós-guerra, nos deparamos com a novela As trilhas
dos ninhos da aranha, primeiro romance de Calvino, que traz características do
neo-realismo italiano, mas um tanto distorcidas4. Realismo radical está no
díptico “A vida difícil”, formado pelos contos A nuvem de smog e A formiga
argentina, onde protagonistas sem nome nem rosto refletem sobre o “mal de
viver” e as atitudes a tomar para poder enfrentá-lo. Ainda naqueles “anos
difíceis5”, o escritor italiano tentava entender o projeto iluminista de razão e
progresso inaugurado no século XVIII, e seus limites na Europa do século XX,
3
A definição dos contos, como inspiradas no realismo do século XIX, foi dada pelo próprio Calvino, em
um texto que ele não assinou, mas publicado como “Nota Introdutória” na edição de Giulio Einaudi, em
1970, traduzida no Brasil como apêndice d'Os amores difíceis. Sobre os contos, Calvino diz: “são todos –
ou quase todos – contos dos „anos 50‟ não só pela data em que foram escritos, mas porque
correspondem ao clima dominante na literatura italiana entre 1950 e 1960, anos em que muitos
romancistas e poetas se propõem a recuperar formas de expressão do século XIX” (CALVINO, 1992,
p.250).
4
Defino as características do livro As trilhas dos ninhos da aranha como neo-realismo, por Calvino
trabalhar temas quase que obrigatório na literatura do pós-guerra, a saber: a luta popular conta o
fascismo, na convergência entre estética e política de esquerda, com orientação no sentido de atualidade
social e de estudo do povo italiano no decorrer do imediato pós-guerra. No entanto, quando digo que as
características aparecem distorcidas, recorro à afirmação de Luiz Ernani Fritoli sobre Calvino e o neorealismo quando ele diz: “a quase ditadura da estética neo-realista exigia uma arte negativamente realista
e pragmática, que retratasse concretamente a realidade e representasse toda a negatividade dessa
realidade, de uma Itália levada às ruínas tanto material quanto culturalmente por mais de duas décadas
de governo fascista. Contraditoriamente, essa apregoada objetividade fotográfica na representação da
realidade não era buscada pela pena da maioria dos escritores quando se tratava da representação dos
personagens. A maior parte dos escritores (quase 100% intelectuais anti-fascistas) apresentava
personagens fascistas negativos e anti-fascistas positivos, de certo modo tirando-lhes a credibilidade
filosófica e, conseqüentemente, histórica. Contra essa objetivização redutora do indivíduo, Calvino propõe
seus personagens - embora somente esboçados como figura - como seres humanamente divididos, bons
e maus, apesar de jamais entrar nos meandros psicológicos do indivíduo. Seus personagens são em
grande parte tipos, mas nunca realmente estereótipos. Nesse sentido Calvino é mais realista do que os
neo-realistas” (FRITOLI, 2008, p.11).
5
“Anos difíceis” é uma adaptação do subtítulo “A geração dos anos difíceis”, presente no ensaio escrito
entre 1960 e 1962: Autobiografia política juvenil, onde Calvino relata sobre as transformações de suas
idéias provocadas pela experiência vivida na Segunda Guerra Mundial como partigiani e os caminhos que
o levaram a um engajamento político atuante, bem como os momentos de crise que o levaram à saída do
Partido Comunista Italiano.
recorrendo à elaboração de fábulas populares, contos fantásticos e romances
de cavalaria, como na trilogia Nossos Antepassados6.
Se nos textos ditos ficcionais Italo Calvino explorou uma pluralidade de
temas e formas, nos ensaios e nas “escritas de si7” o escritor segue o mesmo
caminho. “O miolo do leão” é o título do ensaio onde Calvino defende a relação
entre política e literatura, enfatizando na importância do engajamento político
como escritor, mas principalmente como “homem moderno8”. A imagem
positivada da União Soviética e as impressões críticas sobre os Estados
Unidos foram elaboradas em viagens feitas aos dois países, e aparecem
respectivamente em Taccuino di viaggio nell’Unione Sovietica e em “Diário
Americano”. A entrevista “O comunista partido ao meio” e a conferência
“Diálogo de dois escritores em crise”, trazem, cada um à sua maneira,
discussões sobre os caminhos da literatura italiana e reflexões sobre a Europa
do pós-guerra, entre outros assuntos.
Contos,
romances,
ensaios,
relatos
de
viagens,
entrevistas,
conferências... Um conhecedor da obra de Calvino facilmente perceberia que
os textos que apresento nesta introdução correspondem àqueles elaborados
entre os anos de 1950 e início de 19609. Diferentes formas textuais, escritas
em um período de dez anos, que trazem a inquietação e o não conformismo de
Calvino diante da perplexidade dos acontecimentos que compõem o século XX.
História e perplexidade se entrelaçam com a crise intelectual, artística e política
vivida por Calvino e com a sua necessidade de experimentar múltiplos
caminhos para enfrentá-la.
6
A idéia de que Calvino trabalha em sua trilogia Nossos Antepassados o projeto iluminista inaugurado no
século XVIII e seus limites no século XX, vem da leitura da tese Indizíveis, intangíveis, impossíveis:
mundos ficcionais em I nostri antenati de Italo Calvino, de Valéria Angélica Arauz. A trilogia compreende
os livros: O visconde partido ao meio, O cavaleiro inexistente e O barão nas árvores.
7
Em referência ao texto de Michel Foucault “A escrita de si”, entendo este processo como o lugar onde
um autor, exercendo a sua “função autor”, fala de sua vida, sentimentos, pensamentos, expondo questões
sobre si mesmo e sobre o momento histórico o qual pertence. As “escritas de si” trazem características
objetivas e subjetivas próprias do período em que estão sendo elaboradas, o que nos permite captar e
entender como esses anos foram pensados em sua época.
8
Nos anos de 1950, como veremos a diante, Calvino trabalha com a idéia de homem moderno de forma
generalizante e universalizante. O termo aparece entre aspas apenas para chamar a atenção de que não
uso o termo da mesma maneira com que Calvino trabalha nesse período.
9
Com exceção do romance As trilhas dos ninhos da aranha, publicado em 1947. Escolhi colocar esse
texto na apresentação do trabalho por ser o primeiro romance de Calvino e por ter grande importância na
sua trajetória como escritor e como crítico.
Para completar essa “arqueologia dos anos 50” faltaria incluir textos
importantes como os contos reunidos no livro Um general na biblioteca, as
polêmicas conferências O mar da objetividade e O desafio ao labirinto, um texto
que analisa as correntes do romance italiano, Três correntes do romance
italiano hoje, também uma autobiografia sobre sua participação como partigiani
na Segunda Guerra Mundial, L’entrata in guerra, e ainda as Fábulas italianas,
que Calvino escreveu após viajar e escutar as diversas histórias de pequenas
cidades e vilarejos na Itália, além de correspondências, artigos de jornais e
outros textos.
Ordenar e examinar a variedade de textos e temas do escritor italiano
nos permite construir seu percurso intelectual e entrelinhar os pontos e os
momentos em que suas concepções artísticas, políticas e intelectuais entram
em crise e passam por um processo não linear de transformações. Em meio a
um redemoinho objetivo e subjetivo, Italo Calvino mantém a idéia de que
presença do escritor é interna ao ato de escrever e que o estilo literário estaria
intimamente ligado à forma como seu autor entende e pensa o mundo social
em que vive. Assim, podemos ler a coleção de textos de Calvino como
testemunhos de uma época que abrem a possibilidade para pensamentos,
ações e reinvenções, por permitir, através de seus textos, a criação de zonas
de visibilidade de uma crise, difícil de ser compreendida e assimilada naquele
momento.
Crise, experiência e criação são as palavras-chave que direcionam
esse trabalho. O percurso que acompanharemos aqui é precisamente o início
do caminho que parte de um “intelectual engajado que aos poucos vai se
transformando em antropólogo” (IOZZI, 2004, p.12). Esse deslocamento
começa nos anos de 1950 e vai gradativamente construindo uma trajetória que
parte da “totalidade” para a “multiplicidade”.
Para horizontes mais vastos
Uma das qualidades literárias que Italo Calvino defendeu como
importante para ser preservada na literatura do novo milênio é a multiplicidade.
Este valor integraria as seis Lições Americanas, um ciclo de conferências que
seriam realizadas em Harvard, nas Charles Eliot Norton Poetry Lectures, no
ano letivo de 1985/1986. Junho de 1984 foi o mês que Calvino recebeu
oficialmente o convite para realizar as conferências e, segundo o testemunho
de Esther Calvino (CALVINO, 1990, p.5), desde que o marido recebera o
convite, fixar valores para o próximo milênio havia se tornado uma obsessão.
No entanto, a morte súbita do autor, que começava os preparativos para a
viagem, deixou o projeto inacabado.
Calvino elaborou cinco das seis conferências: leveza, rapidez,
exatidão, visibilidade e multiplicidade, que passariam apenas por uma pequena
revisão antes de serem finalmente apresentadas. Sobre o último valor,
consistência, foram encontradas somente algumas anotações.
Para definir cada uma dessas qualidades, o escritor italiano percorreu
diferentes caminhos que passaram por uma centena de nomes importantes (e
marginais) da literatura, mas não só. De Borges a Leskov, de Copérnico a
Valéry, de Wittgenstein a Ovídio, foram retirados fragmentos de textos e idéias
que o ajudariam a compor cada uma de suas lições.
Para começar a sua definição de multiplicidade, Calvino trouxe uma
extensa citação de seu conterrâneo Carlo Emilio Gadda, do romance Quer
pasticciaccio bruto de via Merulana, que Calvino via como o livro que continha
com precisão sua idéia de romance contemporâneo como enciclopédia, como
método de conhecimento, por estabelecer uma “rede de conexões entre os
fatos, entre as pessoas e entre as coisas do mundo” (CALVINO, 1990, p.121).
Através do texto de Gadda, Calvino defende a multiplicidade como “um
„sistema de sistemas‟, onde cada sistema particular condiciona os demais e é
condicionado por eles” (idem, ibidem), uma forma de pensar o mundo como um
“rolo, uma embrulhada, um aranzel, sem jamais atenuar-lhe a complexidade
inextricável”, um mundo onde “a presença simultânea de elementos
heterogêneos (...) concorrem para a determinação de cada evento” (idem,
ibidem). O espírito livre de Calvino o levou a testar o limite de cada uma de
suas idéias, assim, ele propõe, através do texto de Gadda, que cada objeto
mínimo possa ser o centro de uma rede de relações onde “de qualquer ponto
que parta, seu discurso se alarga de modo a compreender horizontes sempre
mais vastos, e se pudesse desenvolver-se em todas as direções, acabaria por
abraçar o mundo inteiro” (idem, p.123).
Outro caminho para compor a definição da multiplicidade como um
valor, está no exemplo do processo construtivo de Flaubert quando, para a
elaboração de seus dois simplórios Bouvard e Pécuchet, precisou “absorver”
mais de 1500 livros. Para escrever seu romance e criar dois “eternos copistas,
ao mesmo tempo sublimes e cômicos” (BARTHES, 2004, p.69), que estudavam
grandes obras cientificas e tentavam colocá-las em prática, Flaubert leu, além
de textos de literatura, manuais de agricultura, química, anatomia, medicina,
pedagogia. Segundo Calvino, o conhecimento como multiplicidade seria o fio
que ata as obras maiores, e que lhes daria a característica de:
enciclopédia aberta, adjetivo que certamente contradiz o adjetivo
enciclopédia, etimologicamente nascido da pretensão de exaurir o
conhecimento do mundo encerrando-o num círculo. Hoje em dia não é mais
pensável uma totalidade que não seja potencial, conjectural, multíplice
(CALVINO, 1990, p.131, grifo meu).
Para chegar à ideia de multiplicidade que Calvino defende nos anos de
1980, o escritor italiano percorreu uma longa discussão que teve início nos final
dos anos quarenta do século XX. A frase que destaco acima nos dá os
parâmetros para essa discussão. Uma totalidade que, hoje em dia, só pode ser
pensada de forma potencial, conjectural e multíplice, traz imbuída a informação
de que a idéia de totalidade foi pensada de outra maneira.
Os anos 50 e o Intelectual Engajado
Para reconstruir esse caminho recorro ao primeiro romance de Calvino,
As trilhas dos ninhos da aranha, escrito em 1947. Romance inaugural de um
estudante de letras, de 24 anos, que há pouco havia se mudado para Turim,
depois da experiência de dois anos na Segunda Guerra Mundial como
partigiani garibaldini, brigada de orientação comunista. O que ambienta o livro é
uma Itália assolada pela guerra e oprimida pelo nazi-fascismo que, para
Calvino, representa “a primeira descoberta do dilacerante mundo humano”
(CALVINO, 2006, p.162). A idéia do jovem escritor era realizar um testemunho,
no sentido que Giorgio Agamben apontaria anos mais tarde, como “aquele que
viveu algo, atravessou até o final um evento e pode, portanto dar o testemunho
disso” (2008, p.27), no caso de Calvino, um testemunho sobre as ações da
guerrilha na luta contra o fascismo italiano. Para Calvino, a arte entraria neste
contexto como um meio de recuperar os “valores humanos” que ainda
restavam (ARAUZ, 2009, p.16).
É importante apontar que naqueles anos finais da década de 1940, os
dirigentes do Partido Comunista Italiano passaram a exigir de seus membros, e
em especial dos intelectuais, a fidelidade aos preceitos marxistas e a
obrigatoriedade em se submeter à linha política do partido tanto no
pensamento quanto na produção artístico-literária, que deveria representar o
“verdadeiro herói comunista”. Absolutamente contrário a essas exigências e na
tentativa dar uma resposta crítica e ao mesmo tempo militante às diretrizes do
PCI, Italo Calvino constrói a narrativa As trilhas dos ninhos da aranha, onde,
através do ponto de vista de uma criança, testava saídas diferentes da visão
pessimista predominante da época. A presença do personagem infantil não era
algo recente, ele havia entrado na literatura do século XIX pela possibilidade de
propor uma postura de descoberta, de prova e de transformação de toda
experiência em vitória, como, segundo Calvino, só seria possível para as
crianças (2006, p.40).
No prefácio para a segunda edição do livro, escrito em 1964, Calvino,
que sempre se preocupava em explicar suas escolhas, trouxe um argumento
que nos ajuda a localizar e definir seu pensamento:
Minha reação daqueles tempos poderia ser enunciada assim: “Ah, é? Quem é
o „herói socialista‟? Querem o „romantismo revolucionário‟? pois eu escrevo
uma história de partigiani, em que ninguém é herói, ninguém tem consciência
10
de classe. Vou representar o mundo das „lingère ‟, o lupemproletáriado! (...)
E será a obra mais positiva, mais revolucionária de todas! Que importa quem
já é herói, quem já tem consciência? O que temos que representar é o
10
“Lingère, no dialeto milanês, indica o mundo dos marginalizados, dos miseráveis, da pequena
marginalidade” (CALVINO, 2004, p.14, nota do tradutor)
processo para chegar lá! Enquanto restar um único indivíduo aquém da
consciência, nosso dever será cuidar dele, e somente dele!”.
Era assim que eu pensava... Para depois sentir um remorso que me
acompanhou anos a fio. (CALVINO, 2004, p.14-15)
Naqueles anos, a idéia de literatura que Calvino tinha em mente estava
associada à ideia de intelectual engajado, ou seja, homens de consciência
representante ou representativa da classe operária, que conheceriam as “reais”
relações políticas e econômicas de dominação. O intelectual engajado seria
alguém esclarecido, que conheceria a “verdade”, podendo então revelá-la à
massa que, por sua vez, estaria aquém da “verdade” e do “conhecimento”. Na
definição de Michel Foucault (1979) esse seria o intelectual universal: aquele
que teria a consciência de todos e do todo, agentes da consciência e
representantes do conhecimento universal, como se a humanidade inteira
coubesse dentro de um sistema explicativo iluminista racional.
Para discutir o lugar e o papel do “intelectual” e da literatura no mundo
que se inaugurava com o fim de duas guerras mundiais, Calvino escreve o
ensaio “O miolo do leão”. Exposto pela primeira vez em Florença, no dia 17 de
fevereiro de 1955, Calvino discute no texto as possibilidades de uma literatura
objetiva, que contribuísse para a construção das consciências, colocando o
engajamento político do intelectual como tema central da discussão. Para
Adriana Iozzi (2004, p.81), esse ensaio é o mais apaixonado e combativo de
Calvino, que traz um discurso entusiasta, em primeira pessoa do plural, e tenta
sintetizar o problema de uma juventude político-literária cheia de energia.
No texto de Calvino, a literatura aparece como uma forma de
conhecimento capaz de dotar a realidade de sentido, como capacidade
humana de instrução de caráter prático, como norma de vida, como conselho,
como forma de sociabilidade, de vínculo entre os vários homens entorno de um
projeto coletivo. Segundo o autor:
Entre as possibilidades que se abrem para a literatura agir na história, esta é
a mais sua talvez, a única a não ser ilusória: compreender para que tipo de
homem ela, história, com seu labor múltiplo, contraditório, está preparando o
campo de batalha, e ditar-lhe a sensibilidade, impulso moral, o peso da
palavra, a maneira como ele, homem, deverá olhar à sua volta no mundo;
aquelas coisas, enfim, que somente a poesia – e não, por exemplo a filosofia
ou a política – pode ensinar. (CALVINO, 2009, p.09)
O tema do engajamento é um dos temas centrais do ensaio juntamente
com a da literatura como uma das formas de orientação consciente do homem
no mundo. Essa forma de concepção de literatura nos leva a aproximá-lo de
dois teóricos literários que também escreveram sobre a relação entre literatura
e engajamento, sob impacto da experiência da guerra: Georg Lukács com A
teoria do Romance em 1914 e Jean-Paul Sartre com Que é a literatura? em
1947. Ambos os autores, mutatis mutandis, acreditavam desenvolver teorias
que poderiam levar à “verdadeira narração”. Para esses intelectuais
engajados11, o romance seria a forma literária capaz de dar sentido ao mundo
degradado da sociedade capitalista, que aparecia como opaco, cruel, sombrio,
violento e desumano; o romance seria a forma literária que o leitor abriria a
possibilidade para livrar-se da opacidade, para encontrar orientação, para dotar
a realidade de sentido e reconstruir a unidade perdida, criando o vínculo em
torno de um projeto coletivo universal.
No ensaio de Lukács, o mundo capitalista aparece como um lugar não
mais perfeito e acabado12, abandonado por Deus, aberto e dinâmico,
contraditório e conflituoso, onde o narrador deveria orientar-se através do
pensamento racional antes de orientar-se no mundo; caberia ao narrador tentar
compreender os processos que levaram a construção da sociedade onde
habita o homem desorientado, que perdeu a segurança da existência na
tradição e nos costumes, que age através da racionalidade instrumental, da
lógica, do cálculo, mas que inevitavelmente sofre com qualquer de suas
escolhas. Assim, o romance seria “a história da alma que sai a campo para
conhecer a si mesma, que busca aventuras para por elas ser provada e,
pondo-se a prova, encontra sua própria essência” (LUCAKS, 2000, p.91, grifo
11
Lukács adota a postura de intelectual engajado alguns anos mais trade da publicação desse texto, mas
tomo aqui como nome por apresentar uma postura que leva à mesma direçao.
12
Sobre a perfeição do mundo grego, Lukács assim a descreve: “Afortunados os tempos para os quais o
céu estrelado é o mapa dos caminhos transitáveis e a serem transitados, e cujos rumos a luz das estrelas
ilumina. Tudo lhes é novo e no entanto familiar, aventuroso e no entanto próprio o mundo é vasto, e no
entanto é como a própria casa, pois o fogo que arde na alma é da mesma essência das estrelas;
distinguem-se nitidamente, o mundo e o eu, a luz e o fogo, porém jamais se tornaram para sempre
alheios uns aos outros, pois o fogo é a alma de toda luz e de luz veste-se todo fogo. Todo ato da alma
torna-se, pois, significativo e integrado nessa dualidade: perfeito no sentido e perfeito para os sentidos;
integrado, porque a alma repousa em si durante a ação; integrado porque seu ato desprende-se dela e,
tornado si mesmo, encontra um centro próprio e traça a seu redor uma circunferência fechada”. (2000,
p.25)
meu). Para o pensador húngaro, grosso modo, o romance seria a expressão
maior da sociedade capitalista, onde o romancista deveria reordenar um novo
sentido ao mundo sem sentido.
Jean-Paul Sartre, ao final da Segunda Guerra, formula as seguintes
perguntas: que é a literatura?, que é escrever?, por que se escreve e para
quem se escreve?. O filosofo francês via na narração a capacidade de livrar-se
da opacidade, de encontrar orientação, de dotar a realidade de sentido, de
trilhar o caminho para que o homem pudesse conhecer a si mesmo e aos
outros, de criar vínculos coletivos para projetos coletivos, de restabelecer a
função da palavra. Seu intuito era a recuperação total do mundo degradado e
sem sentido, para isso, cada livro deveria visar a construção da totalidade do
indivíduo fragmentado e destituído de sua essência. Assim, o tema que a
literatura deveria desenvolver seria a posição “do homem” no mundo, a
“essência” do universo humano mostrando-o “tal como ele é”, com o objetivo de
instaurar a liberdade humana numa sociedade sem classe. “É no amor, no
ódio, na cólera, no medo, na alegria, na indignação, na admiração, na
esperança, no desespero que o homem e o mundo se revelam em sua
verdade” (SARTRE, 1989, p.20).
É neste contexto intelectual de discussão sobre a função do romancista
como “intelectual engajado”, como intervenção ativa na história, como
construção e guia para um projeto coletivo universal e universalizante que as
reflexões de Calvino daqueles anos se inserem. Nas palavras de Calvino,
presentes em “O miolo do Leão”:
“as histórias que estou interessado em contar são sempre histórias de busca
de uma completude humana, de uma integração, a serem alcançadas
mediante provas práticas e morais de uma só vez, para além das alienações e
das divisões impostas ao homem contemporâneo. Acho que aqui deve ser
buscada a unidade poética e moral da minha obra” (CALVINO, 2006, p.24).
No entanto, o pensamento do autor italiano traz uma importante
característica que acompanhará toda a sua produção literária e crítica:
“encontrar o positivo em toda e qualquer realidade” (CALVINO, 2009, p.21).
Esta escolha vai gradativamente ganhando espaço com o passar dos anos.
Mesmo no texto de 1955, que Calvino diz partir da “absurda atrocidade do
mundo”, aquilo que lhe interessa “acima de qualquer coisa são as provações
que o homem atravessa e o modo como as supera” (idem, p.23). Isso não
significaria atenuar a “consciência aguda do negativo”, ao contrário, justamente
através da percepção do negativo é que seria possível perceber como
“continuamente debaixo dele, move-se e se atormenta alguma coisa, alguma
coisa que não podemos sentir como negativo, porque o sentimos como nosso,
como o que sempre e finalmente nos determina” (idem, p.22).
Nos anos de 1950 o positivo que Calvino encontrava estava
relacionado com a idéia de emancipação da classe operária. Mas, como diria
Gilles Deleuze, na conversa com Michel Foucault, “nenhuma teoria pode se
desenvolver sem encontrar uma espécie de muro e é preciso a prática para
atravessar o muro” (FOUCAULT, 1979, p.69). Um dos muros que se formava
vinha do próprio projeto comunista e as formas de efetivação do comunismo na
Rússia estalinista.
Comunismo, Partido e Crise
Para dar uma indicação deste cenário, em fevereiro de 1956 o líder
soviético Nikita Khruchtchev revelou em seu "Relatório Secreto" os diversos
crimes cometidos pelo regime stalinista até então inimagináveis por vários dos
filiados aos ideais comunistas. Calvino, que já apontava sinais de crise em
relação ao partido, coloca em questão a sua vinculação ao PCI e também
sobre o significado de declarar-se comunista.
No dia primeiro de agosto de 1957 o escritor piemontês escreve uma
carta em que comunica sua demissão do partido. Endereçada às várias
secretarias do PCI e à direção do jornal L'unità, principal jornal de esquerda
marxista italiano fundado em 1924 por Antônio Gramsci, onde Calvino fora
colaborador. A carta provocou grandes reações, comentadas nesse e em
outros jornais italianos da época.
Além de responder à reivindicação de fidelidade intelectual exigida pelo
PCI, a carta em que Calvino pede demissão do partido traz como pano de
fundo as perturbações levantadas no XX Congresso do Partido Comunista da
União Soviética. Nela, Calvino defende a sua liberdade de criação e a não
submissão às ordens do PCI. No trecho reproduzido abaixo, o autor italiano
apresenta seus argumentos:
[...] eu tinha um modo de conhecer a vida do Partido em todos os níveis, da
base ao vértice, seja com uma participação descontínua e às vezes com
reserva e polêmica, mas que sempre me traziam preciosas experiências
morais e humanas; tenho vivido sempre (e não somente desde o XX
Congresso) a pena de quem sofre os erros do próprio campo, mas mantendo
constante confiança na história; [...] a pobreza da literatura oficial do
comunismo me serve de estímulo a tentar dar ao meu trabalho de escritor a
marca da felicidade criativa; acredito que sempre consegui ser, dentro do
Partido, um homem livre. Esta minha atitude não sofrerá mudanças fora do
Partido, e pode ser garantido pela companhia que melhor me conhece, e sei
o quanto eu tenho que ser fiel a mim mesmo, e privado da animosidade e do
13
rancor. (CALVINO, apud MOYSÉS, p.59, tradução minha)
O cenário que se apresenta com essas (e outras) profundas e
importantes mudanças aparece no texto de Calvino através da experiência de
crise que irrompe sua vida nas décadas de 1950 e 1960. Crise é a palavra que
(des)orienta o pensamento do autor e marca um momento de transição em
suas reflexões e posições sobre seus temas mais importantes, pois coloca em
questão a existência naturalizada de conceitos e idéias que eram caras ao
escritor italiano: crise da literatura, crise do sentido da democracia, crise do
conceito de humano, crise da política, do partido comunista, da esquerda e do
marxismo e, também, crise da cidade. Em meio a estas reflexões, Calvino
define o significado de ser um escritor em situação de crise:
para um escritor, a situação de crise, quando uma determinada relação com
o mundo sobre a qual ele construiu seu trabalho se revela inadequada e é
necessário encontrar outra relação, outra maneira de considerar as pessoas,
a lógica das histórias humanas, essa é a única situação a dar frutos, a
permitir tocar alguma coisa verdadeira, a permitir escrever precisamente
aquilo que os homens necessitam ler, mesmo que não percebam ter essa
necessidade. (CALVINO, 2006, p. 80)
Este trecho foi escrito por Calvino entre março e abril de 1961, quatro
anos depois de desligado do partido, e integra a conferência intitulada Diálogo
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Texto original: [...] ho avuto modo di conoscere la vita del Partito a tutti i livelli, dalla base al vertice, sia
pure con una partecipazione discontinua e talora con riserve e polemiche, ma sempre traendone preziose
esperienze morali e umane; ho vissuto sempre (e non solo dal XX Congresso) la pena di chi soffre gli
errori del proprio campo, ma avendo costantemente fiducia nella storia; [...] lapovertà della letteratura
ufficiale del comunismo m‟è stata di sprone a cercar di dare al mio lavoro di scrittore il segno della felicità
creativa; credo d‟esser sempre riuscito ad essere, dentro il Partito, un uomo libero. Che questo mio
atteggiamento non subirà mutamenti fuori dal Partito, può essere garantito dai compagni che meglio mi
conoscono, e sanno quanto io tenga a esser fedele a me stesso, e privo d‟animosità e di rancori.
de dois escritores em crise. O ensaio relata seu encontro com o escritor italiano
Carlos Cassola e traz como tema a reflexão sobre a crise dos ideais que
orientavam a literatura durante o século XIX e que perduraram na primeira
metade do século XX.
Nessa discussão, enquanto Cassola tentava defender uma literatura
que estivesse voltada “aos sentimentos, ao contato direto com a vida dos
grandes escritores do século XIX”, Calvino o provoca dizendo que para fazer
uma literatura que dê conta de pensar os problemas existentes no mundo
contemporâneo é preciso que o romancista consiga expressar a vida moderna
“em sua dureza, em seu ritmo e também em sua mecanicidade e
desumanidade” (CALVINO, 2006, p.79).
Para nosso autor, os romances que nascem a partir dos anos de 1950
e 1960 não poderiam mais "ter a pretensão de nos informar sobre como é o
mundo", o máximo que se deviam fazer era descobrir "a maneira, as mil, as
cem mil novas maneiras em que nossa inserção no mundo se configura,
expressando pouco a pouco as novas situações existenciais" (CALVINO, 2006,
p.85).
Sobre a sua relação com o PCI, num texto de 1962 que leva o título
“Autobiografia política juvenil”, Calvino expõe as dúvidas sobre suas relações
com a forma de atuação política:
Há alguns anos não estou mais no Partido Comunista, também não entrei
para nenhum outro partido. Vejo a política mais em linhas gerais, e tenho
menos a sensação de estar envolvido nela e ser por ela co-responsável. Isso
é bom ou ruim? Entendo muitas coisas que antes não entendia, olhando-as
sob uma perspectiva menos imediata; mas, por outro lado, sei que só
podemos compreender a fundo aquilo que fazemos na prática com uma
assídua aplicação diária. (CALVINO, 2006, p.171)
Neste breve texto vimos o início da trajetória de Calvino como escritor e
na vida política, que começa como militante, mas que aos poucos se distancia
desse papel que marcou sua juventude. Nos primeiros textos de Calvino,
encontramos um projeto fundado no marxismo e na luta de classes, propondo
íntima relação entre arte e política, que Calvino não abandonará, mas passará
a trabalhar de outra forma.
A caminho da multiplicidade
No início dos anos de 1960, localizamos o começo de uma crise que irá
durar muitos anos e que transformará completamente a forma com que Calvino
pensa sua relação com a política e com a literatura. Naqueles anos, sua
vontade de “interpretar e guiar” um processo histórico começa a ruir e,
progressivamente, torna-se uma postura de questionamento sobre a literatura e
sua função. Entrelaçada com as transformações sobre o papel da literatura,
que parte da construção da totalidade para chegar à multiplicidade como
enciclopédia aberta, está a mudança do pensamento de Calvino sobre o papel
dos intelectuais. Neste trabalho não chegaremos até os anos de 1980, mas
gostaria de apontar o limite de seu pensamento sobre o assunto, que levará à
recusa completa daquele intelectual como guia e interprete da história. Em uma
entrevista de 1980, sobre seu livro de ensaios Assunto encerrado: discursos
sobre literatura e sociedade, Calvino diz as seguintes palavras:
Na realidade, o verdadeiro ensaio conclusivo deste livro, que não existe e que
talvez um dia venha a escrever, será um ensaio contra os intelectuais, um
ensaio para dizer o quanto os intelectuais são estúpidos e perniciosos, e
como é justo que suas pretensões fracassem. Mas infelizmente o fracasso
dessas pretensões leva à ruína. São pretensões de uma nocividade mortal.
(CALVINO, apud IOZZI, 2004, p.102)
O ponto de partida de Calvino, em todos os seus escritos, continua
sendo a absurda atrocidade do mundo. Para entendê-lo, Calvino faz de suas
experiências concretas o ponto de partida de seus ensaios e textos ficcionais.
Naquele momento, as desilusões com o PCI e com o papel do intelectual
engajado levaram à produção de “documentos” que podem ser lidos como
testemunho de uma crise intelectual num cenário mais amplo de crises.
Começamos a compor os problemas onde se encontra a crise
intelectual, artística e política de Calvino, que se inicia com uma idéia iluminista
do escritor, como aquele que tem a capacidade de entender o mundo por meio
de modelos racionais e de realizar seus projetos de renovação propondo novas
estruturas de organização através de seus livros, que vai passando
gradualmente para uma concepção mais ampla da literatura e mais modesta do
papel do escritor, que terá seu campo de ação focado em criações de
realidades fragmentárias e descontínuas.
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