SHOWMAN Em discurso em Iowa, Trump tenta converter fãs em
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SHOWMAN Em discurso em Iowa, Trump tenta converter fãs em
SHOWMAN Em discurso em Iowa, Trump tenta converter fãs em eleitores © MARK KAUZLARICH/REUTERS TODOS DE OLHO EM TRUMP O bilionário deixou de ser um aspirante-piada à Presidência dos EUA, preocupa seriamente os outros pré-candidatos republicanos e já encosta em Hillary Clinton nas pesquisas NATHALIA WATKINS A LIDERANÇA DE DONALD TRUMP nas primárias UHSXEOLFDQDVGHVDmDDOÐJLFDGDSROËWLFDDPHULFDQD3HOD QRUPDFRQVWUXËGDSHODH[SHULÈQFLDDFXPXODGDGHHOHLÆÔHVSUHVLGHQFLDLVFRQVHFXWLYDVRVFDQGLGDWRVGHFRPSRUWDPHQWRGHVWUXWLYRHRVoutsidersDVSLUDQWHVGHIRUDGR FDPSRPDMRULWÀULRGRVSDUWLGRVHVWÅRIDGDGRVDRIUDFDVVR (PRELOLRQÀULRLQGHSHQGHQWH5RVV3HURWIRLRTXHQD KLVWÐULDUHFHQWHFKHJRXPDLVSHUWRGHGHVPHQWLUHVVHFRUROÀULRPDVFRQVHJXLXDSHQDVRWHUFHLUROXJDUQDGLVSXWD HOHLWRUDO7UXPSFRQFRUUHÃLQGLFDÆÅRGR3DUWLGR5HSXEOLFDQRSDUDDFDQGLGDWXUDSUHVLGHQFLDOPDVQÅRGHL[DGHVHU um outsider$OÇPGHYRFLIHUDUFRQWUDRSUHVLGHQWH%DUDFN 2EDPDDSUÇFDQGLGDWDPDLVIRUWHGR3DUWLGR'HPRFUDWD +LOODU\&OLQWRQHFRPRÇGHHVSHUDUQHVWDIDVHGDFDPSDQKDFRQWUDRVRXWURVUHSXEOLFDQRVTXHTXHUHPWHURQRPH QDVFÇGXODV7UXPSID]SRXFRFDVRGDFÖSXODHGROHJDGR SROËWLFRGRSUÐSULRSDUWLGR&RQWUDWRGDVDVSUHYLVÔHVDV RSLQLÔHVPDLVHVWDSDIÖUGLDVPDQLIHVWDGDVSRU7UXPSVHUYHPPDLVSDUDPDQWÈORHPHYLGÈQFLDGRTXHSDUDDUUDQKDUVXDLPDJHPjªXPFDVRLQÇGLWRQDKLVWÐULDSROËWLFD PRGHUQDGRV(VWDGRV8QLGRVwGL]DFLHQWLVWDSROËWLFD5HEHFFD'HHQGD8QLYHUVLGDGHGR7H[DV $SRSXODULGDGHGH7UXPSQÅRVLJQLmFDTXHRVDPHULFDQRVDOPHMHPRUHWURFHVVR2IHQÑPHQRÇIUXWRGHFLUFXQVWÁQFLDVHVSHFLDLVGDVTXDLVHOHVRXEHWLUDUSURYHLWR j7UXPSHQWHQGHRPRPHQWRGHGLYLVÅRGHQWURGR3DUWLGR 20 DE JANEIRO, 2016 53 Republicano e a insatisfação com a classe política. Também usa com habilidade a atenção da imprensa”, diz a cientista política Christina Greer, da Universidade Fordham. Sete meses após o magnata do setor imobiliário anunciar sua pré-candidatura, a possibilidade de que ele tropece nas próprias bobagens ou na inexperiência política foi descartada. Para Trump, aliás, tropeções convertem-se em saltos. As bravatas lançadas contra imigrantes mexicanos, muçulmanos, mulheres e até um reSÐUWHUGHmFLHQWHDMXGDUDPDFRORFÀ lo à frente nas pesquisas de intenção de voto entre os republicanos e apenas 2 pontos porcentuais atrás de Hillary Clinton, num hipotético enfrentamento entre os dois. As primárias republicanas, processo pelo qual os eleitores de cada estado dão seu veredicto sobre quem deve ser o indicado do partido para as eleições de novembro, iniciam-se em fevereiro em Iowa. Trump e o senador texano Ted Cruz aparecem como favoritos no estado. Apesar de designar poucos delegados e, portanto, ter influência limitada na nomeação do candidato, Iowa será o primeiro termômetro da campanha. A estratégia de Trump é manter-se no noticiário a qualquer custo, com propostas como a deportação em massa de imigrantes e insultos tanto a políticos republicanos (o senador John McCain, que foi prisioneiro durante a Guerra do Vietnã, não é um herói, segundo o bilionário) como a democratas, como o ex-presidente Bill Clinton (a quem acusou de ter um “terrível histórico de abuso de mulheres”). “Os apoiadores de Trump admiram sua capacidade de falar o que pensa e não acham que ele seria tão radical no governo”, diz o cientista político David Karol, da Universidade de Maryland. Ele completa: “Todo es- 54 20 DE JANEIRO, 2016 A popularidade de Trump não significa que os Estados Unidos estejam abraçando a xenofobia ou o racismo, mas um rechaço à política tradicional ENTRELINHAS Obama criticou Trump em discurso sobre o Estado da União se espetáculo político faz parte de uma estratégia pragmática e oportunista para obter sucesso e poder”. Trump sempre foi nacionalista e populista, mas não tem o hábito de se DWHUDSULQFËSLRVLGHROÐJLFRV(OHMÀ circulou entre as legendas democrata e republicana e foi candidato por um SDUWLGRPHQRU'HVGHRLQËFLRGRnHUte com a Presidência, em 1988, ostentou posições contra e a favor do aborto e do controle de armas, e foi até menos rigoroso no que diz respeito a políticas migratórias. Na atual campanha, tenta provar que é o único ca- paz de transformar os Estados Unidos em uma grande potência novamente. “Seus eleitores identificam coragem nele e acham que o país está em decadência, e que não ocupa o lugar de direito no mundo. Portanto, acham que o sucesso de Trump será convertido em êxito político”, diz Rebecca Deen. A desenvoltura diante das câmeras foi fundamental para a consolidação da base de Trump, de maioria branca e com pouca escolaULGDGH2QRYDLRUTXLQRFXMDIRUWXQD é estimada em 4,5 bilhões de dólares, associa sua riqueza à garantia de in- © CARLOS BARRIA E SCOTT AUDETTE/REUTERS A VIDA É UM CIRCO Na Flórida, um elefante desfila com slogan de campanha de Trump: “Devolva a grandeza dos EUA” dependência política. O empreendedor fez milhões como produtor e apresentador do programa O Aprendiz, criado em 2003, e conseguiu expandir os empreendimentos imobiliários que herdou. Seu nome está em hotéis, arranha-céus, agência de modelos e até em uma pista de patinação no gelo no Central Park. O excêntrico empresário despertou raro consenso na semana passada ao ser criticado por republicanos e democratas. “Precisamos rejeitar qualquer tipo de política que mira em pessoas por causa de raça ou religião”, disse Obama no discurso sobre o Estado da União, proferido na terçafeira 12. Em seguida, foi a vez de a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, mostrar o desagrado republicano. “Em tempos de ansiedade, pode ser tentador seguir o chamado das vozes mais raivosas. Precisamos resistir a essa tentação”, disse ela, que é cotada para vice-presidente da chapa republicana. Donald Trump guarda poucos traços do tradicional conservadorismo partidário, o que o deixa sem o apoio dos correligionários. Entre eleitores, a base parou de crescer. “Sua retórica o prejudicou, mesmo que o dano não seja visível neste momento. Será difícil que supere os 25-30% de apoio para vencer”, diz o americano Kyle Kondik, do Centro de Política da Universidade de Virgínia. Se for verdade que Trump atingiu o seu teto eleitoral, há chance de que Marco Rubio ou Ted Cruz vença a indicação. Em nível nacional, só 37% dos americanos têm uma imagem positiva de Trump. Mas, se superar os obstáculos das primárias, Trump se beneficiará da voz dos tradicionais re- publicanos que abominam o partido opositor. “Desde 2000, em quarenta dos cinquenta estados americanos, o vencedor é sempre do mesmo partido. Se Trump for nomeado, é provável que receba uma grande parcela desses votos — ainda que parte dos eleitores esteja contrariada”, diz o cientista político David Karol. Se chegar à Presidência americana, Trump não poderá causar o mesmo estrago de outros demagogos do extremo oposto do espectro político, como o venezuelano Hugo Chávez. No sistema americano, em que as instituições são fortes e independentes, há pouca margem para estripulias. É possível que essa certeza nunca seja posta à prova. Seja como for, Trump já deixou sua marca na política americana. Cabe aos outros candidatos entender a mensagem e reinventar-se. ƒ 20 DE JANEIRO, 2016 55
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