Canto ou Fibra - Qual o mais fácil de Selecionar

Transcrição

Canto ou Fibra - Qual o mais fácil de Selecionar
CANTO OU FIBRA
QUAL O MAIS FÁCIL DE SELECIONAR ?
Luiz Antonio Taddei
Einstein dizia: “o grande desafio é
montar o problema. A partir daí pelo
menos mil pessoas podem resolvê-lo”.
Recentemente estabeleceu-se uma discussão sobre o tema título e
muito embora tenha nascido especialmente referindo-se aos canários da
terra, é abrangente às demais espécies de pássaros nativos canoros
que participam de torneios em todo Brasil.
O assunto teve início quando um criador de menos vivência, colocou a
questão:
“em sua opinião, quais os prós e os contra em criar canários de fibra e de canto?”
Era uma tomada de posição. Amante das duas modalidades e sendo
ainda iniciante, estava indeciso no caminho a seguir; ele só queria obter
informações de criadores mais experientes antes de optar pelo caminho
a seguir.
“Opção por fibra ou canto: As dificuldades vão ser iguais,
com manejos distintos. Aqui vai da predileção de cada um.
Erroneamente, assim como acontece com outras espécies,
existe uma afirmação de que pássaros considerados
descarte para canto podem ir para fibra”. Rogério Fujiura,
criador e pesquisador –(São Paulo-SP).
Seja qual for a modalidade ou finalidade da criação: Canto, Fibra,
Mutações e sei lá mais o que pode ter de finalidades, TODAS SÃO
IGUALMENTE DIFÍCEIS.
Talvez, por pensarem que entre as qualidades naturais de nossos
pássaros está a "valentia", acreditem mais fácil selecionar Fibra, puro
engano. Tudo é difícil; ainda não temos literatura consistente, ainda
estamos todos no início e ainda carecemos de experiências e
informações. Mas, também, não tenho dúvidas que sejam quais forem
os objetivos, caminhamos para alcançá-los. Já temos um grande
contingente de apaixonados que já se convenceu que ou criamos nossos
pássaros de torneios e consequentemente campeões ou nossa atividade
estará liquidada.
Para os passarinheiros, não existem pássaros melhores que os de sua
própria criação. Mas, qual é o divisor de águas ??? Como saber e avaliar
se estamos alcançando os objetivos propostos ???
“Em Fibra, para podermos ter a avaliação correta se o
pássaro vai ou não ser de "ponta", temos que aguardar o
seu amadurecimento (o canário tornar/virar amarelo), e
principalmente testá-lo em rodas. De pouca valia são os
testes feitos em "demandas", "poeiras", "badernas", etc....
Podem ser excelentes pássaros quando em confronto com
poucos pássaros, com muita fibra, e desapontarem quando
expostos na roda”. Rogério Fujiura, criador e pesquisador –(São
Paulo-SP).
“Canto: Não dá para se iludir. A partir do momento que o
pássaro está com o canto aberto, o resultado é bom ou
ruim. Rapidamente são exteriorizados os predicados de
que o pássaro é dotado, como se pode avaliar a qualidade
do trabalho que está sendo desenvolvido. Em curto prazo
deparamos-nos com a hora da verdade vejo esta
peculiaridade como justificativa para a maioria fugir desta
modalidade. Vislumbro com estas minhas afirmações
tentar estimular os amigos à reflexão, pois podemos fazer
melhor
que
reproduzir
os
Sicalis
pautados
por
casualidades”. Ivan de Souza Neto, criador e pesquisador de
canários de canto – Campinas – SP.
Muitas vezes e muitos criadores já conseguiram 1 produto de ponta,
isso nada significa como criação ou mesmo como seleção natural (entre
quantos caçados???) Conseguir 1 é Pura Sorte. Loteria. O Objetivo da
Criação é termos a maioria significativa do plantel com os mesmo
padrões,
qualidades
e
comportamento.
Aí
se
consegue
PERIÓDICAMENTE ou REGULARMENTE pássaros de ponta. Esse deve ser
o objetivo.
A IMPORTÂNCIA DAS LINHAGENS
A hereditariedade é um fenômeno biológico que permite aos
reprodutores passarem para seus descendentes suas boas ou más
qualidades.
Já comentamos em outra oportunidade da alta carga (se não total) de
heteroze em nossos pássaros. Todos tiveram origem em silvestres
incorporados aos nossos viveiros. Vejam isso:
“Ovos cozidos, bem duros, passados em peneira fina”
(Constantino Junqueira – 1938 – “Observações práticas sobre a criação de
algumas aves indígenas em cativeiro” - Revista Indústria Animal – Vol. 1 –
nº 1).
Ao longo dos últimos 30 ou 40 anos, graças ao esforço e iniciativa de
passarinheiros estudiosos do comportamento e manejo dos pássaros, a
procriação está praticamente dominada, porém a grande maioria dos
cruzamentos ainda é feito de forma aleatória sem metas e objetivos
pré-definidos, mantendo-se a heteroze, ou seja, cruzamento de
indivíduos não aparentados.
Darwin sustentou a opinião de que todas as espécies domésticas de
galinhas descendiam do Gallus bankiva (espécie originária do sul do
Himalaia). A execução de obstinados projetos de seleção, transformou,
em não poucos anos, essa galinha selvagem nas diversas linhagens e
raças que hoje conhecemos de altas posturas e conversões
alimento/peso, ornamentais e de combate.
A
consangüinidade tem sido o melhor meio usado para o
aperfeiçoamento das raças e a maioria delas nada mais são do que uma
seleção esmerada de produtos consangüíneos. A união de reprodutores
consangüíneos é praticada quando se procura elevar ao mais alto grau
as boas qualidades de determinada raça, linhagem ou indivíduo.
Em geral, a grande massa de aficionados ainda se apega ao empirismo
desconhecendo as técnicas de seleção e os avanços dos estudos, dos
demais criadores e das pesquisas. Esse desconhecimento gera, de um
mesmo casal de reprodutores, a mais variada e heterogênea geração:
filhos expoentes ao lado de medíocres. É certo que a utilização de
campeões como padreadores do plantel, deve, pelo menos em tese, ir
agregando qualidades ao plantel, porem é um erro apegar-se ao
princípio de que só nos darão bons produtos os descendentes de
indivíduos excepcionais, deixando de lado o valor das linhagens, o que é
mais essencial.
Assim, um espetacular campeão, cruzado com uma fêmea de igual
qualidade, poderá formar uma geração totalmente heterogênea e sem o
menor valor, isto porque suas qualidades podem ter sido herdadas por
simples atavismo, sem caracteres fixos das famílias e linhagens às
quais pertencem. Muitas vezes esses bons caracteres provem de
ancestrais muito distantes, com mínimas probabilidades de
perpetuação.
Isso não ocorre só com nossos pássaros. Na criação de cavalos de
corrida, com seleção e registros há mais de 300 anos, de ocorrência em
muitos países do mundo, sempre com o mesmo objetivo, todos os
padreadores são testados e consagrados nas pistas e nem por isso só
nascem campeões. Nascem milhares sem a mínima chance de
competição. Que o digam os fabricantes de rações para cães.
E para mostrar que não estamos sozinhos quando se trata de
competições de avaliações de desempenho de alados, observem que os
criadores de pombos enfrentam desafios iguais e apesar de estarem,
aparentemente, a nossa frente, uma vez que a columbofilia de
competição e universal. Tanto lá, como cá encontramos a mesma
situação e dificuldades. Essas aves, conhecidas popularmente pelos
leigos como “pombos-correio”, tem competições duríssimas em
distâncias superiores a 400 quilômetros. Na avaliação dos filhotes e
pombos novos, fazem “treinos” com distâncias de 35 a 45 quilômetros;
muitos são os participantes e centenas ou mesmo milhares são soltos
em grandes revoadas. Mas vejam uma avaliação de importante
selecionador brasileiro:
“Como os criadores inteligentes sabem muito bem, em
treinos iniciais, não se pode tirar nenhuma conclusão
precipitada, mas como alegria de pombo meia-asa dura
pouco, alguns tem que vibrar logo porque, depois... só
Deus sabe”.
... Estou só no aguardo, já tem muito pombinho meia-asa
(meia asa é pombo cruzado com ornamental, pombo mal
cruzado, mal alimentado, mal tudo...) chegando de bico aberto
e asa baixa; só chegarão à frente se for uma sorte muito
grande, que vez ou outra acontece... mas, não esquenta
não que alegria de pombo meia-asa dura pouco”.
Para cada escolha existem muitas variáveis e detalhes a serem
estudados, analisados e incluídos nos objetivos da criação. Mas, seja
qual for a seleção, o item 1 em todas as modalidades é a higidez do
pássaro.
Diz o publicitário Julio Ribeiro:
“A apreensão da verdade é o primeiro passo para quem
quer entender as coisas. Neste processo é fundamental o
interesse; a capacidade de se encantar com o problema.
Carlos Bernardo Pecotche, um dos maiores humanistas da
nossa época, disse que as coisas guardam um segredo que
só se revela para quem tem interesse em conhecê-las”.
Disse em outro texto que um dos fatores de êxito é o
Compartilhamento. Agora, acrescento: Envolvimento. Lembre-se que
nada tem solução se você não estiver a fim de entender.

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