5. Sugestões para o Plano Estratégico de
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5. Sugestões para o Plano Estratégico de
Coordenação geral do trabalho Tereza Cristina de M. Romero Teixeira Instituto IDEIAS Execução do trabalho Cecíla Häsner Consultora em Gestão Ambiental Apoio Célia Perin SEBRAE Maria da Gloria Brito Abaurre IEMA JULHO 2008 PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais SUMÁRIO AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................................... 8 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 9 1.1 OBJETIVOS ...................................................................................................................................................... 13 1.2 METODOLOGIA .............................................................................................................................................. 14 2. DEFINIÇÕES DO MERCADO DE BENS E SERVIÇOS AMBIENTAIS NA ESFERA INTERNACIONAL E NACIONAL .................................................................................................................. 15 2.1 NOS FOROS INTERNACIONAIS: OMC, OCDE, APEC, UNCTAD, EU, MERCOSUL E BANCO MUNDIAL. 17 OMC...................................................................................................................................................................... 17 OCDE .................................................................................................................................................................... 20 APEC .................................................................................................................................................................... 20 UNCTAD .............................................................................................................................................................. 21 UE ......................................................................................................................................................................... 22 MERCOSUL ......................................................................................................................................................... 23 BANCO MUNDIAL ............................................................................................................................................. 24 2.2 ABORDAGEM DOS BSA NO BRASIL. .............................................................................................................. 26 3. PANORAMA DO MERCADO AMBIENTAL NO COMÉRCIO INTERNACIONAL .......................... 30 4. IDENTIFICAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA DE INTERESSE ECONÔMICO PARA O ESPÍRITO SANTO .......................................................................... 35 4.1. IDENTIFICAÇÃO DOS BENS E SERVIÇOS AMBIENTAIS ................................................................................ 35 4.2 PERSPECTIVAS IDENTIFICADAS PARA O MERCADO AMBIENTAL EM BENS E SERVIÇOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA PARA O ES ............................................................................................................... 38 5. SUGESTÕES PARA O PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES ................................................................................................................................................ 41 6. CONCLUSÕES ............................................................................................................................................... 44 7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ................................................................................................................ 46 ANEXO I: LISTA DOS BENS AMBIENTAIS ................................................................................................ 50 ANEXO II: LISTA DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS..................................................................................... 61 PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais ANEXO III: PROPOSTA DOS EUA E EU A OMC ....................................................................................... 66 ANEXO IV: USO DE MECANISMOS DE PAGAMENTOS POR SERVIÇOS AMBIENTAIS NA CONSERVAÇÃO DO SOLO E ÁGUA. AUTOR: SHIGEO SHIKI ............................................................. 67 PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais FIGURAS Figura 1: Esquema mostrando a dimensão do mercado ambiental, sendo o resultado da atuação do Estado e a demanda da Sociedade. ______________________________________________________________________________________ 10 Figura 2: Estrutura, Conduta e Performance (ECP) das indústrias ambientais. Fonte: ABREU M.C.S., RADOS G.J.V., FIGUEREIDO JUNIOR H.S. As pressões ambientais da estrutura da indústria. RAE-eletrônica, v.3, n.2, Art.17, jul/dez, 2004. __________________________________________________________________________________________________ 11 Figura 3: Esquema da estratégia dos trabalhos em desenvolvimento. __________________________________________ 13 Figura 4: Esquema mostrando a evolução histórica dos selos verdes. __________________________________________ 16 Figura 5: Esquema mostrando as principais abordagens dos Bens e Serviços Ambientais. __________________________ 26 Figura 6: Mercado de Bens e Serviços Ambientais no mundo. Fonte: ETAP (2004). ________________________________ 31 Figura 7: Mercado de Bens e Serviços Ambientais do Reino Unido dividido por setor. Fonte: ETAP (2004). _____________ 31 Figura 8: Participação dos Países em Desenvolvimento (PEDs) e Países Desenvolvidos (PDs) nas exportações. _________ 32 Figura 9: Balança Comercial de Bens Ambientais no Brasil entre os anos 2002 e 2004, segundo a lista da OCDE e APEC. Os 6 valores das importações e exportações estão em milhões (10 ) de dólares. Fonte: dados originais do MDIC e cedidos gentilmente pelo prof. Shigeo Shiki. _____________________________________________________________________ 33 Figura 10: Exportações, Importações e a Balança Comercial (exportação – importação) média dos três anos em estudo 3 (2002, 2003 e 2004) separados pelos diferentes setores industriais dos bens ambientais. Os valores estão em dólares (10 ) FOB (Free On Board). BIT – Bens de Informática e Telecomunicações; BK – Bens de Capital. Fonte: dados originais do MDIC e cedidos gentilmente pelo prof. Shigeo Shiki. _____________________________________________________________ 34 Figura 11: Esquema mostrando as diferentes etapas envolvidas na elaboração do Plano Estratégico de Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima no ES. ________________________________________________________________ 43 PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais TABELAS Tabela 1: Resumo das classificações de Bens e Serviços Ambientais segundo os principais foros internacionais. ________ 22 Tabela 2: Resumo das principais abordagens dos Bens Ambientais. ___________________________________________ 25 Tabela 3: Levantamento dos possíveis Bens (produtos e tecnologias) e Serviços Ambientais Amigáveis com o Clima de interesse econômico para o estado do ES, aqui identificados. ________________________________________________ 36 PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais LISTA DE ACRÔNIMOS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas APEC – Asia Pacific Economic Community BSA – Bens e Serviços Ambientais CTE – Commitee on Trade and Environment (WTO) EGS – Environmental Goods and Services EPPs – Environmentally Preferable Products GATS – General Agreement on Tariffs of Services GATT – General Agreement on Tariffs and Trade HS – Harmonized system ISO – International Standard Organization OCDE – Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico OMC – Organização Mundial do Comércio PSA – Pagamento de Serviços Ambientais UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Agradecimentos Agradecemos a contribuição do professor Shigeo Shiki do Departamento de Economia e Meio Ambiente do Ministério do Meio Ambiente, bem como, a todos os que participaram do Workshop “Mercado Ambiental” realizado em abril de 2008, quando apresentamos os primeiros resultados desse trabalho. Agradecemos especialmente ao SEBRAE-ES, nas pessoas do Superintendente João Felício Scárdua, do Diretor Técnico Evandro Barreira Millet, do Gerente da Unidade de Indústria Mario Barradas e da Gestora do Programa Célia Perin. Agradecemos ainda a Secretaria de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos Maria da Gloria Brito Abaurre e do Senador Renato Casagrande pelo apoio a iniciativa de realizarmos esse trabalho. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 1. Introdução O mercado ambiental é referido na literatura internacional como o mercado verde, devido aos selos verdes colocados nas embalagens dos produtos que trazem algum benefício ao meio ambiente. Não obstante, é possível encontrar outras denominações, como o econegócio (do inglês ecobusiness), definido pelo Instituto Inovação como “o segmento de mercado que reúne produtos e serviços que se propõem solucionar problemas ambientais ou que utilizam métodos mais racionais de exploração dos recursos naturais para a produção de bens e serviços”. O mercado ambiental é muito mais abrangente que os produtos “verdes”, ele é resultado da interação de duas esferas: a do Estado e a da Sociedade Civil. O Estado intervém por meio de políticas públicas, como os Instrumentos de Controle, que corresponde ao marco regulatório (legislações), e os Instrumentos Econômicos, correspondentes aos incentivos fiscais. A sociedade civil atua conforme o grau de sensibilização que tenha com o meio ambiente onde vive (consciência ambiental), por exemplo, através da demanda por produtos menos nocivos ao meio ambiente ou através de exigências de maior responsabilidade ambiental nas empresas. Esta interação repercute na estrutura de mercado ambiental, que são as transações comerciais de produtos e serviços, conhecidos como bens e serviços ambientais (figura 1). PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais ESTADO: SOCIEDADE: Marco Regulatório Responsabilidade Sócioambiental Incentivos Fiscais Controle e Incentivo MERCADO AMBIENTAL Demanda por produtos verdes Consciência Ambiental Figura 1: Esquema mostrando a dimensão do mercado ambiental, sendo o resultado da atuação do Estado e a demanda da Sociedade. A crescente demanda pelo mercado ambiental, ou também referida como bens e serviços ambientais, se deve as fortes pressões que as indústrias vêm sofrendo pelas ações governamentais (marco regulatório), mudanças no comportamento social e nas inovações tecnológicas que visam proporcionar algum tipo de benefício ao meio ambiente, seja na prevenção ou na remediação de problemas gerados nos processos produtivos e seus produtos. Estas pressões ou choques interferem na Estrutura, Conduta e Performance das indústrias ambientais (figura 2). As pressões internacionais também influenciam positivamente no crescimento do mercado ambiental, exercidas através dos Acordos Multilaterais de Meio Ambiente (AMUMA), como o Protocolo de Montreal em relação aos gases destruidores da camada de ozônio, como o Protocolo de Cartagena, da Convenção da Biodiversidade visando diminuir as taxas de extinção de espécies, as Metas do Milênio estabelecidas pelas Nações Unidas para melhorar o acesso ao saneamento básico, o Protocolo de Quioto sobre o Mudança Climática, entre outros. Essa demanda crescente tem se refletido PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais nas taxas de crescimento do mercado ambiental no mundo, chegando a 8% ao ano (UNCTAD, 2003), com os países desenvolvidos dominando este mercado (ao redor de 90%). INDÚSTRIA Choque Ação Governamental PRODUTORES Estrutura de Mercado Performance Ambiental Conduta Ambiental Feedback Feedback Ação da Sociedade INOVAÇÃO Cooperação vs Rivalidade Figura 2: Estrutura, Conduta e Performance (ECP) das indústrias ambientais. Fonte: ABREU M.C.S., RADOS G.J.V., FIGUEREIDO JUNIOR H.S. As pressões ambientais da estrutura da indústria. RAE-eletrônica, v.3, n.2, Art.17, jul/dez, 2004. A complexidade do mercado ambiental não se restringe somente à dinâmica de mercado, mas também na sua delimitação. O que realmente podemos considerar como mercado ambiental? Quais são os negócios ambientais que são relevantes para o desenvolvimento sustentável? A definição deste mercado tem sido um dos temas mais polêmicos e controvertidos nos últimos tempos, sendo discutida em diferentes foros internacionais, sem chegar a um consenso. A definição de bens e serviços ambientais (BSA), ou seja, produtos, tecnologias e serviços associados com a gestão do meio ambiente, é um dos temas mais relevantes das negociações internacionais, principalmente depois da Declaração de Doha em 2001 (rodada de Doha), da Organização Mundial do Comercio – OMC, que celebrou o compromisso de avançar no processo de liberalização do comércio destes “Bens e Serviços Ambientais”, reduzindo ou eliminando as barreiras PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais tarifárias ou não tarifárias (inciso III, parágrafo 31). Em discussão estão o acesso privilegiado de alguns produtos e serviços a mercados tradicionais e os monopólios. A importância de levar a diante as negociações de BSA dentro do âmbito da OMC é o efeito positivo que terá na abertura de mercado para os países em desenvolvimento, ampliando a transferência de tecnologia, o que pode repercutir favoravelmente na capacidade doméstica (nacional) em produzir estes BSA (ICTSD, 2007). Ainda não existe um consenso sobre a definição dos BSA. A falta de consenso se deve aos diferentes interesses econômicos e ambientais dos países e organizações envolvidas nas negociações comerciais. Bem e serviço ambiental é uma classificação especial que surgiu para incrementar e incentivar o uso e o comércio internacional, os quais seriam beneficiados por vantagens tarifárias e não tarifárias (restrições ambientais, sanitárias). Em geral, observa-se pouco interesse por parte dos países em vias de desenvolvimento em relação ao Mercado Ambiental. Poucos países têm se pronunciado ao respeito, com exceção da Colômbia, que conta com um Plano Estratégico de Mercados Verdes, com uma classificação própria dos bens e serviços ambientais de interesse para o desenvolvimento sustentável do seu país e diferentes metas de fortalecimento e de fomento deste mercado (Rep. Colômbia, 2002). O Chile tem se destacado através pelo desenvolvimento de vinhos orgânicos e manejo florestal sustentável. No caso do Brasil, poucas iniciativas foram desenvolvidas para fomentar o mercado verde, e o país carece de uma estratégia nacional que valorize e fomente os diferentes setores produtivos diretamente relacionados com os bens e serviços ambientais. Dentro deste contexto, o presente trabalho pretende contribuir com o maior entendimento do mercado ambiental, principalmente no que se refere aos bens e serviços ambientais, e identificar os negócios ambientais que sejam benéficos para o clima e que representem oportunidades de desenvolvimento econômico para o estado do Espírito Santo. O presente trabalho está dividido em cinco partes: a primeira parte se limita a trabalhar com os conceitos de bens e serviços ambientais e sua contextualização nos diferentes foros internacionais e no Brasil; a segunda parte mostra um panorama econômico do mercado ambiental no mundo; a terceira parte identifica algumas oportunidades de negócios relacionados com bens e serviços ambientais amigáveis com o clima; a quarta parte refere-se a proposta de desenhar um Plano Estratégico de Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima, de forma participativa, delineando futuras ações para PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais fomentar o mercado ambiental no Espírito Santo; a quinta e última parte é a conclusão do trabalho que inclui algumas observações. A figura abaixo resume a estratégia dos trabalhos em desenvolvimento. Figura 3: Esquema da estratégia dos trabalhos em desenvolvimento. 1.1 Objetivos Essa primeira etapa do trabalho tem como objetivo principal fazer uma abordagem dos conceitos básicos que fundamentam o mercado ambiental atual, com foco nos bens e serviços ambientais no estado do Espírito Santo que contribuam com a mitigação do efeito estufa, ou da Mudança Climática. A estrutura do presente estudo consiste na Introdução e Metodologia (Capítulo 1): Capítulo 2: Definições do Mercado de Bens e Serviços Ambientais na esfera Internacional e Nacional; Capítulo 3: Panorama sobre o Mercado de Bens e Serviços Ambientais no Comércio Internacional; Capítulo 4: Identificação de Alguns Bens e Serviços Ambientais Amigáveis com o Clima de Interesse Econômico para o ES; PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Capítulo 5: Sugestões para o Plano Estratégico de Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima para o ES ; Capítulo 6: Conclusões. 1.2 Metodologia A metodologia de trabalho consiste em: i. Levantamento bibliográfico sobre os conceitos básicos do Mercado Ambiental utilizados no Brasil, no Mercosul e outras instâncias internacionais, como a Organização Mundial do Comércio – OMC, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, a Conferencia das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD e o Banco Mundial; ii. Levantamento dos principais bens e serviços ambientais utilizados no Brasil e no mundo, destacando os produtos e tecnologias amigáveis com o clima; iii. Sugestões para o Plano Estratégico de Ação para fomentar Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima; PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 2. Definições do Mercado de Bens e Serviços Ambientais na Esfera Internacional e Nacional Muito antes da discussão sobre a definição de BSA chegar à mesa de negociações comerciais, o mercado ambiental teve sua primeira iniciativa formal, especificamente de produtos sustentáveis, nos anos setenta, com a iniciativa do Comércio Justo, promovido pela UNCTAD (Borregaard et al. 2003, UNCTAD). Somente a partir dos anos 90 se produz um aumento notório do comércio regido por critérios ambientais ou éticos, e atualmente milhares de organizações, produtores, empresas e companhias de marketing alternativo se encontram agrupadas nas associações de comércio justo e comércio ambiental, também referido como comércio ecológico ou ético (Borregaard et al 2003). O comércio justo apresenta uma taxa de crescimento a partir dos anos setenta próxima de 10% ao ano, chegando a movimentar US$ 400 milhões ou 0,01% do comércio global em 2000, destacandose a organização inglesa Traidcraft pcl. Já o mercado ecológico ou ético estava vinculado principalmente aos programas de rotulagem ambiental até a década de noventa. O primeiro programa de rotulagem ambiental foi desenvolvido pelo governo alemão em 1977, o Blau Engel (Anjo Azul), o qual representava uma inovação no mercado, por analisar o impacto do produto de forma mais abrangente, independente e, portanto, de maior credibilidade. O objetivo do programa era identificar para o consumidor os produtos que, avaliados segundo critérios ambientais pré-estabelecidos e amplamente discutidos com representantes dos diversos setores da sociedade, acarretavam menor impacto sobre o meio ambiente comparados a seus similares no mercado. Somente em fins dos anos oitenta, os produtores passaram a incorporar cada vez mais, em suas estratégias de comercialização, o uso de rótulos (selos verdes) com declarações relativas à ambientalidade do produto em si, como a biodegradabilidade, ou de seu processo de produção, como afirmações sobre conteúdo reciclado ou ausência de gases que afetam a camada de ozônio. Dessa forma, surgem outras iniciativas de caráter voluntário de rotulagem ambiental em diversos países: Canadá com o programa Environmental Choice (1988); Japão com o EcoMark; na Finlândia, Noruega e Suécia, o Nordic Swan (1989); Nova Zelândia o Environmental Choice (1990); Índia o EcoMarket (1991); França o NF-Environnement (1991); iniciativa privada dos Estados Unidos criou o Green Seal (1989) e na Espanha a Marca AENOR 15Medio Ambiente (1992). No Brasil, o PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais programa de rotulagem ambiental começou a ser delineado após a Conferencia do Rio, o programa Marca ABNT – Qualidade Ambiental (1995) (Campos&Correa, 1998). Este movimento relativamente tardio do Brasil se deve em geral a uma dificuldade estrutural básica para estabelecer programas próprios de rotulagem ambiental em países em desenvolvimento, em razão dos seus baixos níveis de renda per capita, ou seja, o mercado doméstico para “produtos verdes” é pequeno, obrigando os produtores a se submeterem aos programas de rotulagem, originários dos mercados de destino das suas exportações (Braga&Miranda, 2002). Acordos Multilaterais do Meio Ambiente 1970 1980 1990 2000 Figura 4: Esquema mostrando a evolução histórica dos selos verdes. Existem duas visões para definir o que são os bens e serviços ambientais. A primeira delas considera aqueles serviços como sendo oferecidos pela natureza de forma gratuita, como a função das florestas e matas na regulação do regime de chuvas, controle da erosão, retenção de água e nutrientes. Deste ponto de vista, os bens e serviços ambientais fazem parte da natureza e, portanto, são PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais considerados como um bem público e não possuem mercado, pois pertencem a ninguém e a todos ao mesmo tempo, só podendo ser avaliados economicamente de forma indireta (Rezende et al, 2002). Esta visão é compartilhada pela Millennium Ecosystem Assessment - MA, vinculada a ONU, que considera os serviços ambientais como benefícios que o ser humano obtém dos ecossistemas e, portanto, a apropriação e o uso destes serviços não são mediados ou transacionados pelo mercado. A segunda visão trata os bens e serviços dentro do contexto de mercado, de bens privados, e, desta forma, uma melhor compreensão do que são estes produtos, tecnologias e serviços passíveis de serem comercializados, ajuda na sua valorização econômica e na sua liberalização comercial entre países. Dentro desta visão de mercado, os serviços ambientais podem ser catalogados de acordo com sua função. Segundo Batista (2007) os serviços ambientais podem ser classificados em aqueles capazes de proporcionar bem-estar humano, relacionados com a eliminação de resíduos e atividades de infraestrutura, ou aqueles relacionados à gestão ambiental, capazes de regular os impactos da atividade humana sobre o meio ambiente. Com este intuito, este capítulo abordará as diferentes definições e abordagens dos bens e serviços ambientais nos diferentes foros internacionais e como o assunto é tratado no Brasil. 2.1 Nos foros internacionais: OMC, OCDE, APEC, UNCTAD, EU, Mercosul e Banco Mundial. OMC Os bens ambientais não contam com uma classificação específica em nível multilateral1. O comércio de bens se enquadra no Acordo Geral de Comercio de Bens do GATT 2 e são classificados de acordo com o Sistema Harmonizado de Nomenclatura Alfandegária (HS). Na Declaração Ministerial de Doha, o artigo 31(iii) estabelece um mandato específico para que os países membros da OMC 1 Acordo Multilateral compreende os acordos comerciais ou não comerciais (ambientais) entre diferentes países, como a OMC, NAFTA, Mercosul, CBD etc. 2 O GATT, Acordo Geral sobre Tarifas Alfandegárias e Comércio, foi criando em 1947, logo após a 2ª Guerra Mundial, e tinha o propósito de administrar e promover o desenvolvimento econômico no mundo e após a “Rodada Uruguay”, a partir de 1º de janeiro de 1995, entra em vigor a OMC. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais decidam quais destes produtos correspondem a bens ambientais com o propósito da liberalização comercial. Os serviços ambientais já contam com um reconhecimento dentro da OMC (especificamente a partir de 1991) e são classificados segundo o Acordo Geral do Comércio de Serviços (GATS) numa Lista de Classificação Setorial de Serviços (W/120), a qual é baseada na classificação de produtos das Nações Unidas CPC. A classificação da OMC é uma indicação dos tipos de serviços, não chega a ser uma lista exaustiva nem definitiva, e se baseia segundo o meio de contaminação ou poluição (ver tabela 1). A classificação de serviços ambientais abrange basicamente quatro setores relacionados com a infra-estrutura de: tratamento de águas residuais ou esgoto, tratamento e disposição de resíduos, saneamento e similares, e outros setores relacionados com a proteção ambiental. A maior limitação da classificação da OMC é que não representa o estado atual das indústrias ambientais, pois considera unicamente o controle da poluição e não contempla serviços de prevenção (Batista 2007, Togeiro&Ferreira 2006). Ademais, existe sobreposição nas classificações de serviços ambientais com outros setores de serviços do GATS (exemplo: educação), além da classificação não contemplar serviços de engenharia, inspeção e auditoria, os quais se encontram inseridos na classificação de outros setores profissionais do GATS. A liberalização do comércio de serviços implica na abertura dos mercados dos EstadosMembros da OMC através da gradual diminuição das barreiras ao comércio dos mais diversos setores de serviços. Esta diminuição das barreiras comerciais dos serviços é mais complexa que as barreiras impostas aos bens na medida em que são extremamente difíceis de serem mesuradas (Batista, 2007). As barreiras comerciais relativas aos serviços ambientais costumam ser basicamente de origem regulatória, ou seja, os Estados-Membros costuma prestar esses serviços por si próprios ou através de empresas cujo capital majoritário é nacional (Batista, 2007). Segundo o acordo do GATS, há quatro modos de prestação de serviços: Prestação Transfronteiriça (Modo Um): transação comercial física ou eletrônica através das fronteiras dos Estados-Membros do acordo. Exemplos: serviços de transporte aéreo ou marítimo; Consumo no exterior (Modo dois): o consumidor de um determinado serviço se desloca para o território de outro Estado-membro a fim de ter acesso a ele. Exemplo: serviços de turismo, educação ou saúde; PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Presença Comercial (Modo Três): investimento direto com o propósito de fornecer um determinado serviço no território de outro Estado-membro. Exemplo: serviços de telecomunicação e serviços ambientais; Presença de Pessoas Físicas (Modo Quatro): movimento temporário de um prestador de um determinado serviço, o qual tem que se deslocar até o território de outro Estado-membro para prestá-lo. Exemplo: serviços profissionais ou consultorias de diferentes áreas, tais como arquitetura, engenharia, gestão, entre outros. No Mandato de Doha, a discussão sobre bens e serviços ambientais foi distribuída em três instancias negociadoras da OMC: O Grupo de Negociação em Acesso a Mercados de Produtos NãoAgrícolas (NAMA em inglês) encarregado da liberalização de bens ambientais; o Comitê de Comércio e Meio Ambiente Sessão Especial (CTE-SS em inglês) encarregado de discutir as definições de bens ambientais; a Sessão Especial do Conselho para o Comércio de Serviços (CTS-SS) discute a liberalização de serviços ambientais (Togeiro&Ferreira, 2006). Esta divisão de tarefas dificulta a agilidade em avançar sobre o tema da liberalização comercial de bens e serviços ambientais. A discussão sobre uma lista de bens ambientais ainda segue vigente, no âmbito do CTE-SS, tem três abordagens principais: Enfoque conceitual (top-down approach) – defende a relevância em estabelecer critérios precisos antes de estabelecer uma lista de bens ambientais; Enfoque de lista (bottom-up or list-driven approach) – favorece a elaboração de uma lista de bens ambientais, mesmo sem critérios previamente estabelecidos. Enfoque de projeto (environmental project approach) – este enfoque faz parte da proposta apresentada pela Índia em 2005 e favorece a liberalização temporária de bens e serviços ambientais especificados em projetos ambientais, elaborados segundo critérios definidos pelo CTE-SS e com o aval das Autoridades Nacionais Designadas. Esta proposta foi reformulada e reapresentada pela Índia e subscrita também pela Argentina, ante a crítica de sua temporariedade e da complexidade de sua operacionalização. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais OCDE A classificação dos serviços ambientais realizada pela OCDE em 1992 é definida como “atividades que produzem bens e serviços para medir, prevenir, limitar, minimizar ou corrigir danos ambientais na água, ar e solo, assim como problemas relacionados com resíduos, ruídos e ecossistemas. Tecnologias limpas, processos, produtos e serviços que reduzem o risco ambiental e minimizam a poluição e uso de materiais são também considerados parte da indústria ambiental”. Os serviços ambientais se encontram divididos em três grandes setores, dependendo do uso final (tabela 1) e são os mais utilizados atualmente pelos países (Borregaard et al, 2002). A crítica principal a esta classificação é que ela não soluciona o problema de sobreposição dos setores de serviços do GATS e reflete o forte interesse econômico e comercial dos países desenvolvidos membros da OCDE. Os países desenvolvidos têm o seu mercado interno praticamente saturado, e por isso são os mais interessados em promover a liberalização comercial destes bens e serviços ambientais, com a finalidade de ampliar seu mercado para os países em desenvolvimento. APEC O Acordo de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (APEC3) elaborou uma lista de 109 produtos segundo o uso final (tabela 1), baseando-se na classificação da OCDE, e teve o propósito de acelerar as negociações comerciais entre os países membros (Steenblik, 2005). Todas estas abordagens, feitas pela OMC, OCDE e a APEC, tem uma contextualização tradicional dos bens e serviços ambientais, focado no tratamento de um problema ambiental específico (define o produto ambiental pelo seu uso final) e, portanto, tem um campo de abrangência muito restrita. Tanto a lista da OCDE como da APEC mostram uma grande variedade de produtos destinados em sua maioria ao controle da poluição, e muitos deles com uso múltiplo, não exclusivamente ambiental, o que gera muita controvérsia sobre o real benefício ambiental da liberalização comercial destes produtos (Togeiro&Ferreira, 2006). Como exemplo de uso múltiplo, pode se citar o caso das tubulações (pipes) que servem tanto para transporte de petróleo como para estações de saneamento (tratamento de água e esgoto). 3 Criada em novembro de 1989, a APEC é o primeiro fórum para facilitar o crescimento econômico, a cooperação, o comércio e o investimento na Bacia do Pacífico. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais UNCTAD A Conferencia das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) define como serviços ambientais tradicionais aqueles serviços de infra-estrutura pública de água potável, tratamento de águas residuais e gestão de resíduos, enquanto que os serviços relacionados com o cumprimento da legislação ambiental, de saneamento e medidas corretivas são serviços de uma “próxima geração”. Estes últimos serviços ajudam as empresas a reduzir a contaminação como parte do processo encaminhado a lograr um aproveitamento eficiente dos recursos, uma alta produtividade e uma maior competitividade, os quais não são impulsionados unicamente por normas e regras já estabelecidas. A classificação sugerida pela UNCTAD divide os serviços em quatro partes (tabela 1) e destaca que a prestação de serviços ambientais vai acompanhada do fornecimento de bens ambientais, enfatizando que os bens e serviços ambientais formam um conjunto integrado para fazer frente a um problema ambiental determinado (Borregaard et al, 2002). Geralmente são os serviços que desempenham o papel principal, pois é o conhecimento (know-how), o savoir-faire, que é imprescindível para poder desenvolver e aplicar uma determinada tecnologia. A UNCTAD propôs uma segunda contextualização dos bens ambientais, definindo-os como Produtos Ambientalmente Amigáveis (EPPs). Os EPPs são produtos que causam menos dano ambiental em algum estágio de seu ciclo de vida se comparados com produtos alternativos que cumprem a mesma função, ou são produtos cuja produção ou venda gera benefícios ao meio ambiente (UNCTAD, 1995). Em 2003, a UNCTAD criou uma lista dessas EPPs que contém produtos que podem ser qualificados como bens ambientais, baseada em suas características de consumo e eliminação, mas não baseada em seus métodos e processos de produção (PPMs). A lista contém fibras naturais, tinturas, sabões e outros produtos naturais, incluindo produtos florestais não-madeireiros e foi reconhecida por muitos países, especialmente países em desenvolvimento. A proposição da UNCTAD para as classificações dos BSA é vista com bons olhos pelos países em desenvolvimento e de menor desenvolvimento relativo, pois segundo Batista (2007) “pressupõe que o espaço reservado para o estabelecimento de políticas públicas deve ser preservado e assume a premente necessidade de estruturas regulatórias bem arquitetadas para que as negociações tendentes à liberalização dos serviços ambientais sejam-lhes vantajosas”. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Segundo o estudo estatístico realizado pela UNCTAD (2003), pode-se constatar uma enorme disparidade entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento (PEDs) no que diz respeito ao conteúdo das listas da APEC e OCDE. Pelo critério utilizado nas listas, todos os PEDs são importadores líquidos de tais bens. Mais especificamente, considerada a lista de bens e serviços ambientais proposta pela APEC e OCDE, os países desenvolvidos possuem 80% das exportações de bens ambientais enquanto que os PEDs, apenas 15%. Outro fato interessante é que a maioria dos bens ambientais incluídos nessas listas possui múltipla utilidade. Isto pode trazer resultados incertos no que diz respeito aos benefícios ambientais e ainda comprometer um mercado no qual os PEDs apresentem uma taxa de crescimento maior do que a dos países desenvolvidos. Estes últimos não apenas são exportadores líquidos dos bens contidos nas listas como também possuem um mercado estabilizado com tarifas reduzidas e um baixo crescimento (UNCTAD, 2003). UE A União Européia (UE), também utilizando como base os trabalhos da OCDE, sugeriu uma lista dividida em sete setores ao CTE-SS da OMC, tendo como base a lista da OCDE (ICTSD, 2007). Esta nova proposta inclui: (i) água para uso humano e tratamento de esgoto; (ii) tratamento de resíduos sólidos e perigosos; (iii) proteção do meio atmosférico e do clima; (iv) remediação e limpeza do solo e da água; (v) abatimento do ruído e vibração; (vi) proteção da biodiversidade e paisagem; (vii) outros serviços ambientais. Esta proposta teve uma alta aceitação pelos membros da OMC, exceto o item (i), pois a água para uso humano não é considerado um serviço ambiental per se (ICTSD, 2007). Tabela 1: Resumo das classificações de Bens e Serviços Ambientais segundo os principais foros internacionais. A. Classificação dos Serviços Ambientais Classificação dos Bens Ambientais OMC APEC Serviços relacionados com o Tratamento de água 1 Controle da Poluição Atmosférica servida B. Tratamento e Disposição de Resíduos sólidos C. Serviços relacionados com a saúde (saneamento) e 3 similares 2 Gestão de Eficiência Energética e Calor Monitoreamento e Analise PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Outros 4 Abatimento de Ruído e Vibração OCDE 5 Outros sistemas de Reciclagem A. Manejo da Poluição 6 Tratamento de Água Potável 1 Controle da Poluição Atmosférica 7 Remediação e Limpeza 2 Gestão de Águas Residuais 8 Resíduos Sólidos / Perigosos 3 Gestão de Resíduos Sólidos 9 Gestão de Águas Residuais 4 Remediação e Limpeza 10 Plantas de Energias Renováveis 5 Abatimento de Ruído e Vibração 6 Monitoramento, Análise e Avaliação Ambiental B. Tecnologias e Produtos Limpos 1 Processos e Tecnologias Eficientes 2 Produtos mais Eficientes C. Grupo de Manejo dos Recursos 1 Controle de Poluição atmosférica indoors 2 Abastecimento de Água Potável 3 Materiais Recicláveis 4 Plantas de Energias Renováveis 5 Gestão de Eficiência Energética e Calor 6 Agricultura e Pesca Sustentável 7 Silvicultura Sustentável 8 Manejo de Riscos Naturais 9 Ecoturismo 10 Outros D. UNCTAD EPPs Produtos Ambientalmente Preferíveis UNCTAD 1 Serviços de Infraestrutura Ambiental 2 Serviços de combate a Contaminação Atmosférica 3 Serviços de Saneamento e Medidas Corretivas 4 Serviços de Apoio ou Auxiliares MERCOSUL Dentro do âmbito do Mercosul (Mercado Comum do Sul), o debate sobre BSA tem sido realizado por um Grupo Ad Hoc sobre Bens e Serviços Ambientais do Sub-Grupo de Trabalho 6 PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais (SGT-6), que se fundiu com o Grupo Ad Hoc Competitividade e Meio Ambiente, com abertura da agenda para a discussão de consumo e produção sustentável e pagamentos por serviços ambientais4. BANCO MUNDIAL A última proposta para abordar de uma forma diferenciada o mercado de BSA e de modo a favorecer os países em desenvolvimento, tem sido realizada pela equipe do Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento, vinculado ao Banco Mundial, e fazem referencia a um pacote de Bens e Tecnologias Amigáveis com o Clima (CFGT) (Banco Mundial, 2008). A proposta tem como foco estimular o uso e o desenvolvimento de produtos, tecnologias e serviços relacionados com a mitigação do efeito estufa. Este trabalho conduz a uma proposta de inserir esta classificação dentro da lista de Bens e Serviços Ambientais da OMC e que visa reduzir as tarifas alfandegárias e as barreiras não tarifárias, de modo a facilitar o livre comércio destes produtos e tecnologias, o que repercutiria favoravelmente nas metas de redução de emissões de dióxido de carbono estabelecida no Protocolo de Quioto no anexo B. As tecnologias consideradas como adaptáveis para a mitigação de mudança climática incluem: eficiência no uso final e conservação da energia (elétrica e de automóveis); geração de energia; seqüestro de carbono e armazenamento (CCS); fontes alternativas de energia; agricultura e pesca (incentivos para florestas) (Banco Mundial, 2008). Negociações de BSA na OMC Uma das últimas proposições à OMC, realizada pelos Estados Unidos e a União Européia, contempla-se uma lista de 43 produtos com a finalidade de promover o comércio de bens ambientais amigáveis com o clima. A proposta inclui a redução de barreiras tarifárias, até o fim do ano de 2008 (chegando até a tarifa zero até 2013), e identificação de barreiras não-tarifárias para produtos ambientais amigáveis com o meio ambiente, como quotas de importação e exportação (incluindo os países membros sujeitos a fórmula NAMA - Non-Agricultural Market Access, exceto para países menos desenvolvidos, os LDC – Least Developed Countries), assim como a necessidade de avançar em negociações plurilaterais relacionadas com os serviços ambientais, especificamente os de arquitetura e engenharia e construção ambiental. 4 O último relatório sobre a reunião do Grupo Ad Hoc sobre BSA do Mercosul data de agosto de 2006, e está disponível no site: http://www.ambiente.gov.ar PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais A tabela 2 resume as diferentes abordagens e contextualizações dos BSA expostos neste capítulo. Tabela 2: Resumo das principais abordagens dos Bens Ambientais. Bens Ambientais Produtos Amigáveis – EPPs Tradicionais O que são Produtos e Tecnologias Amigáveis com o Clima considerados Produtos que substituem seus Produtos e tecnologias importantes ambiental com Ambientalmente Bens na ou o proteção similares relacionados amigáveis processo que não com o são relacionados com uma meio melhor de ambiente. eficácia energética. despoluição e seu controle. Benefícios Solução de um problema Diminuir os danos ambientais Mitigar o efeito estufa. Ambientais ambiental. causados pelos produtos similares. Interesse Países Desenvolvidos Favorecer os produtos Aumentar o volume de Econômico interessados em liberar o produzidos pelos países em exportações comércio internacional para desenvolvimento. importações exportar principais seus produtos e tecnologias. causadores e nos países do efeito estufa. Limitações Não abrange provenientes produtos Não do inclui métodos manejo processos de produção. Ex. como sustentável da biodiversidade, alumínio produzido nem produtos provenientes da energias renováveis. agricultura. Ex. etanol. e Não inclui o atividades ecoturismo, com educação ambiental. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Direcionado a Solucionar Problemas Ambientais Bens Ambientais Tradicionais Produção EPPs Qualquer uso Consumo Disposição Bens e Tecnologias Amigáveis com o Clima Mitigar o efeito estufa Figura 5: Esquema mostrando as principais abordagens dos Bens e Serviços Ambientais. 2.2 Abordagem dos BSA no Brasil. No Brasil existe uma preocupação jurídico-legislativa em relação aos bens e serviços ambientais, já que a Constituição Federal fala de recursos ambientais incluindo entre eles: a água, as ilhas, a plataforma continental, recursos da zona econômica exclusiva, mar territorial, as cavidades territoriais e subterrâneas, as florestas, a flora e a fauna, as praias, os sítios arqueológicos, préhistóricos, paleontológicos, paisagísticos, artísticos e ecológicos, os espaços territoriais especialmente protegidos. Assim, legalmente, os recursos ambientais incluem em sua relação recursos não naturais, sendo, portanto, um conceito mais amplo (Rezende et al, 2002). A valorização econômica destes recursos pode ser realizada segundo suas características: i. Públicos; ii. Privados; iii. Externalidades, definido como “efeitos externos de qualquer processo de produção ou consumo que beneficiam (externalidade positiva) ou prejudicam (externalidade negativa) terceiros” (Rezende et al., 2002). PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Em relação ao entendimento do que são os bens e serviços ambientais de interesse ao desenvolvimento econômico do país, o Brasil prefere balancear as negociações do NAMA (referente a produtos não-agrícolas) e o Acordo em Agricultura, visando um equilíbrio entre as negociações dos produtos agrícolas e bens industriais na área ambiental (Togeiro&Ferreira, 2006). O posicionamento brasileiro frente à classificação de serviços ambientais estabelecidos pela OMC é de cautela, pois apesar de não estar atualizada com a realidade do mercado global, trata-se de evitar uma revisão mais profunda que possa repercutir nas negociações de outras categorias de serviços, e, portanto, limita-se a utilizar a lista como está descrita no máximo se admite excluir a distribuição de água potável (Togeiro&Ferreira, 2006). O comércio de água engarrafada tem mostrado um forte crescimento nos últimos anos (exemplos: água da França, Evian e Perrier) e uma grande preocupação de organizações não-governamentais pelo passivo ambiental gerado pelo transporte marítimo5. O Brasil defende uma abordagem conceitual dos bens ambientais visando proteger o mercado nacional de alguns bens que aparecem nas listas submetidas à CTE-SS, como a lista da OCDE e que fazem parte de setores com elevada proteção tarifária, como o setor da indústria de celulose, máquinas e equipamentos mecânicos e elétricos, e o setor automotivo (Togeiro&Ferreira, 2006). O Brasil decidiu não aderir à proposta apresentada pela Índia, na abordagem de projeto, pois considerou que o enfoque está voltado para países importadores de bens e serviços ambientais, e não favorece ao país, que tem um grande potencial no comércio de EPPs (Togeiro&Ferreira, 2006). Em 2005, o Brasil entregou uma proposta à OMC, TN/TE/W/59, objetivando promover o desenvolvimento de comunidades locais que produzem bens intensivos em recursos naturais, como tinturas naturais e agricultura orgânica, e assim obter um ganho triplo, ou seja, preservação do meio ambiente, liberalização comercial e redução da pobreza. Esta proposta sugere inserir a classificação dos EPPs da UNCTAD na lista de bens ambientais, assim como bens industriais utilizados para fins ambientais, tal como, controle da poluição e resíduos, destacando o motor flex desenvolvido no país. Um dos grandes problemas relacionados em incorporar esta lista de EPPs nas negociações comerciais, está vinculado com os critérios em base as características de métodos e processos de produção (PPM – 5 Comentários realizados pelo representante do International Development Research Centre (IDRC), Anthony Nyong, no evento “The Future of Agriculture”, a Global Dialogue amongst Stakeholders, organizado pelo International Chair WTO/Regional Integration, International Centre for Trade and Sustainable Development (ICTSD) e o International Food and Agricultural Trade Polixy Council (IPC), nos dias 30 e 31 de maio de 2008, Barcelona – Espanha. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais em inglês) dos bens ambientais, ou seja, produtos similares menos nocivos ao meio ambiente. O alumínio é um bom exemplo, pois mesmo que ele seja produzido com energia limpa (carvão vegetal), ele não se diferencia como produto final do seu similar, produzido de forma menos sustentável. Um exemplo da repercussão negativa pela falta de estabelecer uma lista mais criteriosa sobre bens ambientais, pode se citar o caso do etanol. O etanol, um dos principais bens ambientais exportados pelo país, é considerado pela OMC como um bem agrícola e, portanto, não se beneficia de uma redução de tarifas para sua comercialização internacional, por isso o interesse em ampliar a lista de BSA na pauta de negociações da OMC. Em outubro de 2007, o Brasil submeteu outra proposta à OMC, JOB (07)/146, com o intuito de contribuir com a discussão sobre bens ambientais no âmbito da Rodada de Doha, em relação as barreiras tarifárias e não-tarifárias. A proposta argumenta que a liberalização comercial de bens ambientais não deve estar focada para aumentar as vendas destes produtos, mas deve promover a participação dos países em desenvolvimento neste comércio, levando em consideração as diferenças de desenvolvimento entre os países, as suas necessidades sócio-econômicas, e garantir um real benefício ambiental. Desta forma, pretende-se apoiar o desenvolvimento de indústrias locais que contemplem padrões de consumo de energia sustentáveis. Estes bens ambientais incluiriam produtos agrícolas, não incluídos nas listas tradicionais de BSA, e principalmente os biocombustíveis. O Brasil também quer incluir os produtos orgânicos e para evitar a crítica pelo uso de critério PPM, recomenda que a parte regulatória de padrões técnicos seja feita por outro organismo multilateral, a FAO. A FAO administra o “Codex Alimentarius Committees”, reconhecido pelo Acordo SPS (Sanitary and Phyto-Sanitary Measures) e suas normas podem ser adotados por todos os países membros da OMC. A carta também menciona a importância de promover e facilitar a transferência de tecnologia entre países desenvolvidos e em desenvolvimento para tecnologias limpas e ambientais, através de concessões tarifárias. Esta carta menciona a proposta feita pela Argentina e a Índia, a qual inclui uma lista de produtos que contemplam as necessidades do país, mas questiona o problema da dualidade no uso dos bens ambientais pelas indústrias. Esta proposta vem de encontro com as políticas adotadas pelo país em promover a exportação do etanol. Uma das primeiras iniciativas nacionais para discutir este de bens e serviços ambientais no âmbito da sociedade e do meio empresarial foi a realização do I Workshop sobre Bens e Serviços PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Ambientais em 2003, organizado pela FGV de São Paulo, tendo seu foco principal nas indústrias ambientais nacionais. Outras iniciativas dentro do Brasil se destacam para estimular o desenvolvimento sustentável por meio de estímulo ao comércio de BSA na região. A primeira delas foi a Oficina sobre Mercados para Bens e Serviços Ambientais no Mercosul, promovida pelo Instituto Banco Mundial e o Banco do Brasil, em 2004, em Florianópolis-SC. A Oficina contou com a participação de profissionais ligados a setores produtivos, de serviços, acadêmicos e da sociedade civil. A Oficina foi concebida com o objetivo de estabelecer as bases conceituais e os elos institucionais primários com a finalidade de atingir três metas: Em curto prazo: criar um Fórum internacional, articulado virtualmente, cujo conteúdo e dinâmica sejam voltados à discussão propositiva de assuntos em torno da criação, fomento e desenvolvimento de mercados de bens e serviços ambientais no Mercosul; Em médio prazo: promover estratégias para que, no Mercosul, torne-se componente central a geração de negócios sustentáveis que produzam bens ou ofereçam serviços ambientais; estratégias que incluam a formulação de políticas públicas, transferência de tecnologia, e incentivos financeiros; Em longo prazo: contribuir para a criação de mercados de bens e serviços ambientais no Mercosul, bem como para a implementação de instrumentos regulatórios e financeiros voltados para a sustentabilidade desses mercados. Outra iniciativa apoiada pelo Instituto Banco Mundial teve a parceria da ONG Planeta Orgânico SESC Pantanal, Banco do Brasil, Fundação Banco do Brasil e FEMA Mato Grosso, na realização da Oficina sobre Mercados para Bens e Serviços Ambientais na Amazônia. No mesmo ano, realizou-se em Brasília o I Fórum Internacional sobre Bens e Serviços Ambientais no Mercosul, promovido por diversas instituições, entre elas o Instituto do Banco Mundial6. 6 A agenda deste Fórum se encontra disponível no endereço eletrônico: http://info.worldbank.org/etools/docs/library/142189/DescMercosulBiodStrat.pdf PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 3. Panorama do Mercado Ambiental no Comércio Internacional Existem duas correntes principais que impulsionam o mercado de serviços ambientais nos países: i) os requerimentos ambientais, seja impostos pela regulamentação doméstica (governamental) ou estrangeira (normas do comércio em outros países), seja impostos pelo regulamento de responsabilidade social e ambiental das empresas; ii) tendência geral das indústrias manufatureiras em contratar serviços ambientais (OCDE, 2005). Cabe relembrar que o mercado de bens ambientais é associado ao de serviços, portanto o mercado ambiental total é impulsionado pelos mesmos fatores descritos acima. Este mercado ambiental se concentra atualmente nos BSA relacionados com o manejo e controle da poluição no tratamento de resíduos, água e tratamento de água potável. Segundo a OCDE, a indústria de bens e serviços ambientais a nível global cresceu 14% entre os anos 1996 e 2000, passando de US$ 453 bilhões para US$ 518 bilhões, e a tendência para os próximos anos é de uma taxa anual de crescimento de 8%. Os ingressos gerados pela provisão de serviços correspondem a 50% do mercado, enquanto que o restante corresponde aos bens ambientais, divididos entre as vendas de equipamentos e os recursos ambientais como água e energia (Borregaard et al, 2002). De acordo com o estudo do Banco Mundial (2008), o volume do comércio de produtos e tecnologias amigáveis com o clima pode apresentar um crescimento anual entre 7 e 14%, tendo um impacto positivo nos projetos MDL através de um aumento da transferência de tecnologia de produtos relacionados com a produção de energias renováveis. O estudo também comenta a velocidade do crescimento do comércio internacional destas tecnologias, que tem praticamente dobrado desde 2002, e onde os países em desenvolvimento também apresentam um crescimento muito rápido nestes últimos anos. O mercado ambiental é altamente concentrado nos países desenvolvidos, chegando a ter 87% da participação dos ingressos gerados pelos BSA, distribuídos nas seguintes regiões: EUA (38%), UE ocidental (29,5%), Japão (19,3%), Ásia (4,2%), América Latina (1,9%), Oriente Médio (1%) e África (0,5%). Dentro dos países da América Latina, destacam-se o Brasil, México, a Argentina e o Chile (Borregaard et al, 2002). PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Um estudo mais recente, realizado pela Environmental Tecnologies Action Plan – ETAP, mostra um comportamento similar do mercado de BSA no mundo (figura 5), destacando os setores de Tratamento de Água e Esgoto, seguido do Tratamento de Resíduos no caso específico do Reino Unido (figura 6). Figura 6: Mercado de Bens e Serviços Ambientais no mundo. Fonte: ETAP (2004). Figura 7: Mercado de Bens e Serviços Ambientais do Reino Unido dividido por setor. Fonte: ETAP (2004). PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Os países em desenvolvimento são os principais importadores de produtos e tecnologias ambientais, e pouco tem a oferecer em troca. O estudo realizado pelos autores Claro & Lucas (2006) mostra que o comércio mundial de EPPs corresponde a 9,8% do total de bens ambientais comercializados, enquanto que as tecnologias ambientais exportadas chegaram a 90,2% em 2003. Um estudo similar mostrou a mesma tendência para a exportação de bens ambientais (figura 7), de um total de 369 bilhões de dólares comercializados em 2003, somente 20,1% corresponderam as exportações realizados pelos países em desenvolvimento (PEDs), o que faz dos PEDs países importadores líquidos destes produtos (ICTSD, 2007). Exportação de Bens Ambientais 20% 80% PEDs PDs Figura 8: Participação dos Países em Desenvolvimento (PEDs) e Países Desenvolvidos (PDs) nas exportações. Segundo um levantamento realizado pelo Ministério de Desenvolvimento e Indústria (MDIC), a balança comercial brasileira dos bens ambientais que figuram nas listas da OCDE e na APEC é negativa nos anos 2002 a 2004 (figura 8). Entretanto, a diferença entre exportação e importação (balança comercial) vem diminuindo gradativamente, chegando a cair 33,4% entre os anos 2002 e 2004, o que pode sugerir que o país começa a ser mais competitivo nesta área. Esse levantamento não inclui os produtos derivados da biodiversidade (EPPs), produtos orgânicos ou o etanol, limitando-se a produtos industriais, ademais suas funções não são exclusivas para beneficiar o meio ambiente. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 5000 4000 106 US$ 3000 Importação 2000 Exportação 1000 Balança Comercial 0 2002 2003 2004 -1000 -2000 Anos Figura 9: Balança Comercial de Bens Ambientais no Brasil entre os anos 2002 e 2004, segundo a lista da OCDE e APEC. Os valores das importações e exportações estão em milhões (10 6) de dólares. Fonte: dados originais do MDIC e cedidos gentilmente pelo prof. Shigeo Shiki. A figura 9 mostra a média das exportações, importações e a balança comercial dos anos 2002 a 2004 por setor industrial. O setor automotivo abrange 61% das exportações dos itens de bens ambientais e é o único setor que apresenta uma balança comercial positiva. O setor que lidera as importações, com uma participação de 51% das importações, é o setor bens de capital (BK), ou seja, equipamentos de indústrias. A partir desses resultados infere-se que a inovação desse setor está concentrada na aquisição de bens e não no desenvolvimento tecnológico na área ambiental. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 2,500,000.0 2,000,000.0 1,000,000.0 Importações 500,000.0 Exportações Balança Comercial Vidros Têxtil Siderúrgico Químicos P. Minerais P. Consumo Plásticos Obras de pedra, cimento Metal não ferroso BK Madeiras e derivados (1,500,000.0) Diversos (1,000,000.0) BIT (500,000.0) Automotivo Aparelhos de ótica etc 103 US$ FOB 1,500,000.0 Setores Figura 10: Exportações, Importações e a Balança Comercial (exportação – importação) média dos três anos em estudo (2002, 2003 e 2004) separados pelos diferentes setores industriais dos bens ambientais. Os valores estão em dólares (10 3) FOB (Free On Board). BIT – Bens de Informática e Telecomunicações; BK – Bens de Capital. Fonte: dados originais do MDIC e cedidos gentilmente pelo prof. Shigeo Shiki. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 4. Identificação de Bens e Serviços Ambientais Amigáveis com o Clima de Interesse Econômico para o Espírito Santo 4.1. Identificação dos Bens e Serviços Ambientais Os resultados do levantamento de bens e serviços ambientais se encontram detalhados separadamente nos anexos I (bens ambientais) e II (serviços ambientais) e foram realizadas levando em consideração a classificação sugerida pela OCDE por ser a mais utilizada até o presente momento e os setores produtivos de maior destaque no país. Este levantamento inclui a classificação sugerida pela UNCTAD, os EPPs, os quais estão inseridos no item 10 (Outros) e que tratam principalmente de produtos derivados da biodiversidade e seu manejo sustentável. A partir desse levantamento podemos observar que muitos bens ambientais aparecem várias vezes na lista. Isto ocorre devido ao tipo de classificação, que deve estar de acordo com o uso final do produto. Também é possível observar um número muito grande de categorias relacionadas com os bens ambientais que tem a finalidade de corrigir a poluição e um número relativamente pequeno de produtos derivados do manejo sustentável da biodiversidade, sejam eles nas categorias de agricultura e pesca sustentável, silvicultura, manejo dos recursos naturais e “outros”, onde se encontram os EPP (anexo I). O documento original com a lista de Bens Ambientais Amigáveis com o Clima proposta pelos EUA e da EU se encontra no anexo III. A partir desta lista, elaborou-se um novo levantamento de produtos, tecnologias e serviços amigáveis com o clima que são de interesse para o desenvolvimento econômico local, descritos na tabela 3, os quais pretendem contribuir com os objetivos do Fórum Capixaba de Mudança Climática, favorecendo o mercado de bens ambientais mitigadores do efeito estufa. Entre eles, destaca-se o pagamento por serviços ambientais pelo seu rol importante na conservação da biodiversidade e na regulação do clima. O Pagamento pelos Serviços Ambientais (PSA) das Bacias Hidrográficas está sendo bem difundido em diversos países, e, no ano passado, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) promoveu um curso de capacitação nesta área para os países da América PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Latina e o Caribe. O objetivo foi apoiar a formação de profissionais do setor público e privado sobre os conceitos teóricos e práticos necessários para o estabelecimento de um sistema de PSA das bacias hidrográficas. A Costa Rica foi uma das pioneiras desta iniciativa, estabelecendo em 1996 um programa de PSA para promover a proteção das florestas e seu manejo sustentável, realizado através de pagamento aos proprietários das florestas pelos seguintes serviços ambientais: mitigação dos gases de efeito estufa; proteção da biodiversidade; proteção da(s) bacia(s) hidrográfica(s); e a proteção da beleza cênica (Miranda et al, 2003). O programa é coordenado através de um Fundo Nacional de Financiamento Florestal, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, e o pagamento varia conforme as atividades desenvolvidas pelos proprietários, desde a conservação (US$ 50 ha/ano) ao reflorestamento (US$ 450 ha/ano). O pagamento é realizado por um período de cinco anos, e o proprietário cede seus direitos dos serviços ambientais ao Fundo Nacional. No Brasil, algumas iniciativas neste sentido vêm alcançando excelentes resultados. Por exemplo, as municipalidades de diversos estados, entre as quais as do Paraná e Minas Gerais, recebem um percentual adicional do imposto de circulação de mercadorias e serviços (ICMS Ecológico) a título de compensação pela conservação de áreas protegidas. Esquemas de pagamento por serviços ambientais estão sendo estabelecidos em municípios como Extrema-MG, Rio Claro- (Mayrand&Paquin, 2004). Segundo o trabalho do professor Shigeo Shiki (ver artigo completo no anexo IV), o conceito de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) pode ser um instrumento inovador de política para subsidiar programas de conservação de solo e água, sendo extremadamente útil para contribuir na reversão de problemas de mau uso do solo pelas práticas agrícolas insustentáveis, entre as quais o desmatamento e queimadas, erosão, a construção inadequada de estradas e outras obras de infraestrutura, que se apresenta dramática em algumas regiões do Brasil. Tabela 3: Levantamento dos possíveis Bens (produtos e tecnologias) e Serviços Ambientais Amigáveis com o Clima de interesse econômico para o estado do ES, aqui identificados. BENS AMBIENTAIS Etanol SERVIÇOS AMBIENTAIS Pagamento por Serviços Ambientais das Bacias Hidrográficas Biodiesel Serviços relacionados com PCH Carvão Vegetal Projetos MDL e Créditos de Carbono PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Gás Metano proveniente de aterros sanitários Gás Natural Equipamentos e Turbinas para energia Eólica Consultoria sobre Métodos e Processo de Produção mais Eficiente. Consultoria em Produção Mais Limpa. Serviços relacionados com o tratamento de resíduos sólidos Equipamentos para produção de Energia Solar (ex. Serviços relacionados com a reciclagem (ex. Coleta células fotovoltáicas, espelhos especiais) Equipamentos para a construção de PCHs Químicos para tratamento de resíduos líquidos(lodo ativado, hidróxido de alumínio etc) Materiais Reciclados(latas, plástico, PVC, vidro, papel, pneu, lubrificantes etc) Seletiva, Catadores, triagem etc) Serviços relacionados com o tratamento de água usada e potável. Consultoria sobre Ciclo de Vida de um produto Serviços de geração (gestão) e transmissão da energia Redução e Manejo da Mudança Climática: regulação Produtos derivados da agrobiodiversidade hídrica, dos gases efeito estufa, controle da erosão e retenção de sedimentos. Produtos Orgânicos Regulação dos gases efeito estufa Produtos não-madeiráveis: óleos essenciais, tintas naturais, fitoterápicos, plantas ornamentais, entre Consultoria em Pecuária Orgânica outros Equipamentos (containers ou tanques) para digestores Consultoria em agricultura orgânica (hortigranjeiros, anaeróbicos cereais, leguminosas, oleaginosas, etc) Equipamentos para tratamento e disposição de resíduos sólidos Consultoria em pesca e aquicultura sustentável Boilers (caldeiras) e seus componentes que visem economia de energia. Ex. caldeiras aquecidas a energia Consultoria em silvicultura sustentável solar. Peças automotivas: motor flex, escapamento com Consultoria em produção de Biocombustíveis: conversores catalíticos etc. biodiesel e biocombustíveis de segunda geração. Compressores para refrigeração Manejo de Riscos Naturais Equipamentos para Intercambio de calor Georeferenciamento, Sistema Geográfica (SIG), Análise Espacial de Informação PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Equipamentos direcionados a prevenção de Riscos Consultoria em Certificação: Carbon Free, FSC, Ambientais Termostatos e manostatos produtos orgânicos, entre outros Estudos Hidrogeológicos, químicos, oceanográfico, ecotoxicológicos etc 4.2 Perspectivas identificadas para o Mercado Ambiental em Bens e Serviços Ambientais Amigáveis com o Clima para o ES O mercado ambiental de bens e serviços ambientais no Espírito Santo pode ser mais bem compreendido quando se analisa qual é a demanda por este mercado e qual é a real oferta destes produtos, tecnologias e serviços no estado. A demanda está diretamente relacionada com as atividades econômicas ou os setores produtivos, os quais segundo a Secretaria de Desenvolvimento do Estado são: Bebidas & Alimentos, Café, Construção Civil, Fruticultura, Metalmecânico, Moveleiro, Rochas Ornamentais, Silvicultura, Vestuário. O setor de Petróleo & Gás, descrito como uma cadeia produtiva, e o Turismo & Lazer são outros setores que repercutem positivamente no desenvolvimento econômico do estado. Os setores que mais demandam BSA são aquelas atividades intensivas em recursos naturais, geradoras de resíduos sólidos e em demandantes de energias, destacando-se os seguintes setores: metalmecânico, construção civil, petróleo e gás e rochas ornamentais. Cabe ressaltar a importância do combate à poluição atmosférica da Região Metropolitana da Grande Vitória, a qual é a maior demandante de BSA nesta área, e que também tem sido foco de pesquisa e desenvolvimento (P&D) nas indústrias, especificamente da Arcelor-Mittal e da Vale. O estudo da oferta em bens e serviços ambientais não foi objeto do presente trabalho, pois depende da identificação dos setores que são ofertadas, os quais podem ser divididos em: 1) Setor Industrial – Nacional ou Estrangeiro; 2) Terceiro Setor – inclui os centros de pesquisa e as ONGs; 3) Governo – Federal (IBAMA, IDAF), Estadual (IEMA) e municipais (principalmente as Secretarias de Meio Ambiente); PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais O levantamento econômico do mercado de bens e serviços ambientais permitirá evidenciar a oferta real no estado. Não obstante, considerando os principais setores produtivos, pode se inferir que o setor industrial e o informal predominam no mercado de bens relacionado com a categoria Manejo da Poluição – Gestão dos Resíduos Sólidos e Materiais Recicláveis. Existe uma necessidade em fomentar políticas voltadas para a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P&D&I), tanto em Centros de Pesquisa, Universidades, como nas próprias indústrias, tendo como finalidade desenvolver tecnologias alternativas no processo produtivo e soluções que minimizem a geração de resíduos sólidos. Para colocar em prática tal política é preciso contar com o apoio de instituições de financiamento e incentivos fiscais, assim como estimular a população ao consumo sustentável, evitando, por exemplo, o excesso de embalagens. O governo é um ator importante no monitoramento e licenciamento ambiental, mas também tem um papel importante como gestor de áreas de conservação em geral, incluindo programas de PSA, além dos programas de educação ambiental e monitoramento, análise e controle da poluição. O setor de Turismo e Lazer pode aproveitar mais o potencial do estado, fomentando mais a pesca esportiva em alto mar, visitação de parques e reservas biológicas, como a Reserva Augusto Ruschi em Santa Tereza, a lagoa de Juparanã, o parque do Caparaó, a foz do rio Piraqueaçu em Santa Cruz e muito mais áreas que podem servir de exemplo pela beleza e manejo sustentável. Os serviços relacionados com a rotulagem ambiental no Brasil carecem de uma regulação estrita, pois a rotulagem se baseia em selos de auto-declaração, bastando dizer alguma qualidade do produto. A concessão desses selos é realizada através do escritório nacional de registro de Marcas, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, que examina os requisitos de distinguibilidade, mas não o mérito de veracidade na aplicação dessas marcas. Isto pode gerar certa confusão nos consumidores sobre o tipo de produto que estão adquirindo nas prateleiras, pois muitos produtores fazem propaganda enganosa. Os consumidores devem ser orientados a conhecer quais são os órgãos credenciados para as certificações ambientais. No estado do ES, a Chão Vivo é responsável pela certificação de produtos orgânicos. O sistema de normatização (ISO), diferentemente dos programas de rotulagem, se referem a um documento de caráter voluntário, aprovado por uma instituição credenciada que prevê regras, diretrizes ou características para produtos ou processos definidos. A norma ISO 14.001 tem como objetivo orientar e ajudar as empresas a monitorar, compreender e melhorar seu ordenamento ambiental, sendo PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais por isso muito criticada por ambientalistas, pois não mede o comportamento ecológico da empresa, limitando-se à eficácia do sistema de ordenamento ambiental. Não obstante, a ISO 14001 é importante na medida em que força as empresas a reconhecer a existência dos problemas ambientais e tratar de solucioná-los (IISD/UNEP, 2001). PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 5. Sugestões para o Plano Estratégico de Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima no ES Com a finalidade de incentivar a produção de bens e serviços ambientais que favoreçam a conservação da biodiversidade, a qualidade do meio ambiente e que contribua com as metas do Fórum Capixaba de Mudanças Climáticas, o presente trabalho propõe a elaboração de um Plano Estratégico de Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima no Espírito Santo. Esse Plano permitirá fomentar e impulsionar o fortalecimento de um novo e promissor setor produtivo como suporte ao desenvolvimento sustentável do estado, criando ferramentas para dar a conhecer os produtos, tecnologias e serviços disponíveis aos consumidores e empresários. Abaixo relacionamos algumas sugestões iniciais de estratégias e ações para o Plano Estratégico de Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima no Espírito Santo: Estratégia 1: Promoção do setor de Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima Fazer um Diagnóstico e dimensionar o Mercado dos Bens e Serviços Ambientais existentes no estado do ES; Criar indicadores que ajudem no diagnóstico, monitoramento e valoração desse mercado ao longo do tempo; Identificar gargalos e oportunidades de negócios ambientais amigáveis com o clima em conjunto com os atores envolvidos diretamente com a cadeia produtiva dos bens ambientais amigáveis com o clima; Fortalecimento da Cadeia Produtiva de Bens Ambientais Amigáveis com o Clima; Fortalecimento e Ampliação da Oferta de Produtos e Tecnologias Amigáveis com o Clima e sua Comercialização; Fortalecimento da Participação de Serviços Ambientais Amigáveis com o Clima; Fortalecimento para a criação de projetos MDL nas micro-bacias hidrográficas, na agricultura familiar, entre outros; Fortalecimento do Biocomércio na região; PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Fortalecimento do Ecoturismo; Estratégia 2: Sensibilização dos Consumidores e Empresários sobre a os Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima; Programas de Rotulagem Ambiental; Pesquisa de Mercado sobre o perfil do consumidor; Campanhas de Divulgação e Conscientização; Divulgar a importância do Consumo Sustentável; Estratégia 3: Coordenação dos diferentes atores e iniciativas existentes para o fortalecimento dos Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima; Criar um Grupo de Empreendedores em Negócios Ambientais no ES; Criar parcerias interinstitucionais entre Municipalidades, Governo, Setor Privado e Terceiro Setor; Estabelecer acordos de cooperação com o Fórum Capixaba de Mudanças Climáticas; Formular projetos comuns por bacias hidrográficas, ecossistemas e comunidades do ES; Estratégia 4: Estabelecimento de Ferramentas Financeiras para apoiar o desenvolvimento de Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima; Estabelecer Mecanismos Econômicos que facilitem o acesso a recursos de capital; Criar Mecanismos de compensação ou bônus aos agricultores na preservação ambiental, através da implementação de Pagamento de Serviços Ambientais; Estratégia 5: Fomento a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação de Produtos e Tecnologias Ambientais Amigáveis com o Clima; Incentivar P&D&I no setor empresarial e parcerias com Instituições de Ciência e Tecnologia Programas de Rotulagem Ambiental; Estratégia 6: Estabelecimento de instrumentos jurídicos para suporte aos Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima Estabelecer instrumentos jurídicos reguladores; PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Com base nos dados aferidos na segunda etapa dos trabalhos, sugerimos para a elaboração do Plano a seguinte estratégia: Figura 11: Esquema mostrando as diferentes etapas envolvidas na elaboração do Plano Estratégico de Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima no ES. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 6. Conclusões O trabalho mostrou que na atualidade o mercado ambiental é baseado nos bens e serviços ambientais segundo a visão tradicional imposta pelos países desenvolvidos, e que estes estão focados na solução de problemas ambientais, conhecidos como end-of-pipe, e não inclui produtos e serviços que são de interesse para países em desenvolvimento e megadiversos, como o Brasil. Os produtos derivados do manejo e uso sustentável da biodiversidade fazem parte dos Produtos Ambientalmente Amigáveis (EPPs), definido pela UNCTAD, mas que não entram na classificação de bens da OMC, apesar da forte pressão que os G-777 vêm fazendo ao Comitê de Assuntos relacionados com o Comércio e Meio Ambiente (CTE) da OMC. A sugestão do Banco Mundial de incluir os Bens e Tecnologias Amigáveis com o Clima na liberalização comercial de bens e serviços ambientais poderá trazer muitos benefícios ao Brasil, pois contempla a geração de energias renováveis, seqüestro de carbono e seu armazenamento, pontos aonde o país vem demonstrando capacidade tecnológica e interesse econômico. Os serviços ambientais derivados diretamente da conservação de florestas devem ser mais bem abordados, de modo a favorecer e beneficiar o clima como um todo, através do regime de chuvas, fixação do carbono, entre outros. Considerando que o bioma da Mata Atlântica abrange todo Espírito Santo e é um dos HotSpot, é primordial direcionar esforços para a utilização sustentável dos remanescentes da mata e programas que fomentem o reflorestamento, como o programa dos Corredores Ecológicos. Neste sentido, a elaboração de um Plano Estratégico que impulsione o Mercado Ambiental será de suma relevância para criar sinergias entre os diferentes atores envolvidos neste mercado, como os setores governamentais, empresas e o terceiro setor. Samuel Benchimol, amazonense, foi um dos primeiros autores a sugerir em 1992 a criação de um “Imposto Internacional Ambiental a ser pago a Tesouraria Internacional do Meio Ambiente a ser “criada” dentro da Organização das Nações Unidas” (o que poderia ser atualmente o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA). Este imposto deveria ser “pago pelos países e 7 O Grupo dos 77 (G-77) é uma organização intergovernamental das Nações Unidas, estabelecido em 15 de junho de 1964, formada inicialmente por setenta e sete países em desenvolvimento para divulgar e promover os seus interesses econômicos frente aos foros econômicos internacionais e para promover a cooperação de desenvolvimento Sul-Sul. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais indústrias reconhecidamente poluidores que causam graves danos ambientais, como os gerados pelo efeito-estufa, chuvas ácidas, rompimento da camada de ozônio”. Esta idéia está sendo novamente debatida no âmbito do Fórum Mundial para Mudanças Climáticas, levando em conta o interesse internacional em manter em pé florestas nativas como a Amazônia. Esta seria uma forma de estimular governos de países megadiversos a combater o desmatamento e favorecer o manejo e uso sustentável das florestas. A partir deste trabalho podemos inferir as seguintes conclusões: O Brasil carece de uma classificação específica para os bens e serviços ambientais; As classificações de BSA são principalmente referidas as listas da OMC, OCDE e da UNCTAD, sendo a da OCDE a mais utilizada até o presente momento; Os bens ambientais que contribuem com a mitigação dos gases efeito estufa estão sendo priorizados na agenda da liberalização comercial da OMC; Os setores de bens e serviços ambientais que são sugeridos no presente trabalho merecem ser priorizados no estado do ES e no país são: P&D&I em tecnologias limpas; produção mais limpa; produtos e tecnologias amigáveis com o clima; EPPs; materiais reciclados; energias renováveis; agricultura e pesca sustentáveis; silvicultura; projetos MDL e seqüestro de Carbono; manejos e uso sustentável da biodiversidade e paisagismo; Os setores produtivos identificados que mais demandam a utilização de BSA no ES são: Metalmecânico, Construção Civil, Moveleiro e Rochas Ornamentais; O Econegócio de BSA gera maior competitividade ao país e poderá garantir maior inserção do ES a nível nacional, além de contribuir com a sustentabilidade sócio-ambiental; Urge a necessidade de criar uma estratégia de fomento ao mercado ambiental, através de um Plano Estratégico de Negócios Ambientais Amigáveis com o Clima, um sistema integrado de incentivo aos bens e serviços ambientais no estado do Espírito Santo. Neste Plano sugere-se incorporar as seguintes ações: Atuação governamental (marco regulatório e incentivos fiscais); Atuação dos Centros de Pesquisa e Desenvolvimento (voltados para a inovação de novos produtos e tecnologias amigáveis com o clima); Atuação do Setor Industrial (maior envolvimento das micro, pequenas e médias empresas); Atuação do Terceiro Setor (universidades, ONGs, entre outros) fomentando o consumo sustentável. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 7. Bibliografia Consultada ABREU M.C.S., RADOS G.J.V., FIGUEREIDO JUNIOR H.S. As pressões ambientais da estrutura da indústria. RAE-eletrônica, v.3, n.2, Art.17, jul/dez, 2004. BATISTA A.C.M. O comércio de serviços ambientais na OMC sob uma perspectiva desenvolvimentista. IDCID, 2007. Disponível em: http://www.idcid.org.br/files/363008- 85be8df848aa290c659df50643e38df8.doc Acesso: 16/06/08. BENCHIMOL S. Amazônia: A Guerra na Floresta. 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TN/TE/W/59 INSTITUIÇÕES INTERNACIONAIS CEPAL – Comisión Económica para América Latina y el Caribe: www.eclac.cl EBIUSA – Environmental Business Journal: www.ebiusa.com ICTSD – International Centre of Trade and Sustainable Development: www.ictsd.org IISD – International Institute for Sustainable Development: www.iisd.org Millennium Ecosystem Assessment: www.millenniumassessment.org OECD – Organisation for Economic Co-operation and Development: www.oecd.org PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento: www.undp.org RIDES – Recursos e Investigación para el Desarrollo Sostenible: www.rides.cl The Group of G-77: www.g77.org The World Bank: www.worldbank.org UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development: www.unctad.org UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change: www.unfccc.int WTO – World Trade Organization: www.wto.org INSTITUIÇÕES NACIONAIS ECOECO – Sociedade Brasileira de Economia Ecológica: www.ecoeco.org.br IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis: www.ibama.gov.br IDCID – Instituto de Direito do Comércio Internacional e Desenvolvimento: www.idcid.org.br PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais MCT – Ministério de Ciência e Tecnologia: www.mct.gov.br MMA – Ministério do Meio Ambiente: www.mma.gov.br SEDES – Secretaria de Estado de Desenvolvimento: www.sedes.es.gov.br PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais ANEXO I: LISTA DOS BENS AMBIENTAIS Levantamento dos Bens Ambientais que são comercializados internacionalmente e que são de maior relevância para o estado do Espírito Santo. A. Gestão/Manejo da Poluição 1 Controle da Poluição Atmosférica 1.1 Equipamentos Portáteis Bombas à vácuo Compressores para equipamentos de refrigeração Compressores de ar montados sobre rodas para facilitar o transporte Outros compressores de ar ou gás Peças para os compressores 1.2 Conversores catalíticos Aparelhos para filtrar ou purificar gases Peças para os aparelhos para filtrar ou purificar 1.3 Sistema de Recuperação Química Fluxo de Calcário Cal hidratado ou apagada Hidróxido e Peróxido de Magnésio Terra ou Lama/Lodo Ativada Aparelhos para filtrar ou purificar gases Peças para os aparelhos para filtrar ou purificar 1.4 Coletores de Poeira Aparelhos para filtrar ou purificar gases Peças para os aparelhos para filtrar ou purificar 1.5 Separadores/Precipitadores Produtos de Fibra de Vidro Máquinas para liquifazer o ar ou gases Máquinas para tratamento de materiais por troca de calor Aparelhos para filtrar ou purificar gases Peças para os aparelhos para filtrar ou purificar 1.6 Incineradores/ Depuradores PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Equipamentos não elétricos (forno, fornalha, incinerador etc) Aparelhos para filtrar ou purificar gases Peças para os aparelhos para filtrar ou purificar Fornalhas de resistência elétricas Industriais ou de laboratório Fornalhas dielétrica e de indução Industriais ou de laboratório Outras fornalhas ou fornos Peças para as fornalhas, fornos etc 1.7 Equipamento para Controle do Odor Sprays, pós ou líquidos 1.8 Equipamento para Controle da Poluição Atmosférica Amostradores de Grande Volume (PTS e MP10) Amostradores de Pequeno Volume (Trigás) Coletor Isocinético 2 Gestão de Águas Residuais 2.1 Sistema de Aeração Compressores usados em equipamentos de refrigeração Compressores de ar montado sobre rodas Outros compressores de ar ou gás Peças para os compressores 2.2 Sistema de Recuperação Química Fluxo de Calcário Cal hidratado ou apagado Hidróxido e Peróxido de Magnésio Clorina Amoníaco Anidro Hidróxido de Sódio sólido Hidróxido de Sódio em solução Hidróxido e Peróxido de Magnésio Terra ou Lama/lodo Ativada Hidróxido de Alumínio Dióxido de Manganês Outros óxidos de manganês Monóxido de Chumbo Sulfato de Sódio Outros sulfatos PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Fosfinatos e Fosfonatos Fosfato de triamônio Fosfato de monosódio ou disódio Fosfato de trisódio Fosfato de potássio Calcio hidrogenortofosfato Outros fosfatos de calico Outros fosfatos Carbono ativado Aparelhos para filtrar ou purificar água Outros equipamentos para purificar água Peças dos equipamentos para filtrar e purificar água 2.3 Sistema de Recuperação Biológica Bioremediadores (microorganismos saprófitas da fauna nativa); plantas aquáticas, fungos etc 2.4 Sistema de Sedimentação Gravitacional Agentes floculantes 2.5 Sistema de Separação Óleo/Água (separação de hidrocarbonetos) Centrífugas Partes/Peças das Centrífugas Aparelhos para filtrar ou purificar água Outros equipamentos para purificar água Peças dos equipamentos para filtrar e purificar água Electrobombas Submersíveis para águas Carregadas Electrobombas Submersíveis para Captações Electrobombas para Águas Limpas de Superfície Bombas submersíveis multicelulares para furos/poços abertos Bombas centrífugas multicelulares verticais inoxidáveis Electrobombas centrifugas monobloco de eixo horizontal em ferro fundido Electrobombas centrifugas monobloco de eixo horizontal inoxidáveis Electrobombas submersíveis de drenagem inoxidáveis Grupos hidropressores 2.6 Telas/Filtros Artigos de plástico Aparelhos para filtrar ou purificar água Outros equipamentos para purificar água PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Peças dos equipamentos para filtrar e purificar água 2.7 Tratamento de Esgoto Agentes floculantes Telas tecidas de pile e materiais de têxtil de telas de chenille Tanques cilíndricos Tanques prismáticos Latões Turbinas Hidráulicas Partes/Peças das Turbinas Incinerador não elétrico Máquinas de Pesagem Outros (sprays, pós, fornalhas etc) 2.8 Controle da Poluição da Água/ Equipamentos de Reutilização de águas residuais Medidores de pH, temperatura, pressão, ORB Kit para analisar DBO, coliformes fecais Eletrodos e sondas 2.9 Bens e Equipamentos de Gestão Eficiente de Água Artigos de ferro fundido Equipamento de raiz de controle Bombas de Deslocação Positivo manuais Outras Bombas de reciprocação de deslocação positiva Bombas rotatórias de deslocação positiva Bombas – centrífugas Outras bombas Válvulas para reduzir a pressão e vazão da água (torneiras, privadas, caixas de água) Válvulas de verificação Válvulas de segurança Outros tipos de válvulas Instrumentos para medir o fluxo de líquidos e níveis Instrumentos para medir e checar a pressão 3 Gestão de Resíduos Sólidos 3.1 Equipamento de Tratamento e Estocagem de Resíduos Perigosos Artigos de concreto, cimento Artigos de chumbo Aparelho de calefação do espaço e do solo PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Lasers Vitrificação Desidratação dos resíduos sólidos 3.2 Equipamento de Limpeza e Coletores de Lixo Lixeiras e artigos de toalete (casa e banho) em plástico Artigos de Limpeza: Vassouras, rodos etc Máquinas para limpeza Containers para lixo Sacolas e bolsas para lixo 3.3 Equipamentos de Disposição de Resíduos Compactadores / compressores Depósito de Veículos Velhos Depósito de Pneus Velhos Outros 3.4 Equipamento de Manutenção de Resíduos 3.5 Equipamentos de Separação de Lixo Separadores Magnéticos 3.6 Equipamentos de Reciclagem Separadores Magnéticos Maquinários para limpeza de garrafas etc Maquinários para misturar e compactar materiais (terra, areia, pedras...) Outras máquinas para misturar e triturar/moer Outras máquinas, funções individuais Máquinas para destruir pneus 3.7 Equipamentos de Incineração Fornalhas, incineradores etc Partes/peças de fornalhas não elétricas Fornalhas de resistência elétricas Industriais ou de laboratório Fornalhas dielétrica e de indução Industriais ou de laboratório Outras fornalhas ou fornos Peças para as fornalhas, fornos etc 4 Remediação e Limpeza 4.1 Absorventes e adsorventes 4.2 Limpeza Aparelho de calefação para espaço e solo PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Lasers Vitrificação 4.3 Equipamentos de Tratamento de Águas Produtos químicos tenso-ativos Equipamentos para limpeza de água causada pro derramamento de óleo Outras máquinas e equipamentos 5 Abatimento de Ruído e Vibração 5.1 Amortecedores/Silenciadores Peças para motores a pistão de combustão interna Peças para motores a diesel ou semi-diesel Silenciadores e tubos de escapamento para motores de veículos 5.2 Materiais para Medir e Analisar o nivel de Barulho Decibelímetro 5.3 Sistemas de Controle de Vibração 5.4 Barreiras nas autoestradas 6 Monitoramento, Análise e Avaliação Ambiental 6.1 Equipamentos de Medição e Monitoramento Termómetros, pirómetros, pipetas Hidrómetro, barómetro etc Outros equipamentos para medir líquidos ou gases Partes/peças para medição de líquidos e gases Instrumentos para medição de gases e fumaça Cromatografia Espectómetros Fotômetros Outros instrumentos de análises físico e químicos Peças dos instrumentos (micrótomos) Medição da radiação ionizante Instrumentos óticos Outros instrumentos de medição e análise Manostat Instrumentos de controle (regulação hidráulica e pneumática) Outros instrumentos de controle Testes de emissões Medição de ruído PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 6.2 Sistemas de Amostragem 6.3 Equipamentos de processo e controle Termostatos Controle Elétrico de Processo Monitoramento On-board 6.4 Equipamento de Aquisição e Processamento de Dados 6.5 Outros Instrumentos B. Produtos e Tecnologias Limpas 1 Processos e Tecnologias Eficientes Planta Eletroquímica Aparelho para cozimento da pulpa Delignificação de oxigênio Limpeza Ultrasônica Outros 2 Produtos mais Eficientes Substituto dos CFC Peróxido de Hidrogênio Pinturas e vernizes Compressores com baixos níveis de barulho Outros C Grupo de Manejo dos Recursos 1 Controle de Poluição atmosférica indoors 2 Abastecimento de Água Potável 2.1 Tratamento de água potável 2.2 Sistemas de Purificação de água Clorina 2.3 Distribuição e Abastecimento de Água Potável Água mineral, natural ou artificial Intercambiadores iônicos para Polímeros Água Destilada para condutividade 3 Materiais Recicláveis Papel Reciclado Plástico Reciclado (garrafas pet, sacolas plásticas etc) Alúminio Reciclado Pneu Reciclado PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Vidro Reciclado Óleo Residual de Cozinha Outros (embalagens tetrapak etc) 4 Plantas de Energias Renováveis 4.1 Energia Solar Células Fotovoltálticas Aquecimento de água a gás Outros 4.2 Energia Eólica Turbinas eólicas Moinhos de vento Outros 4.3 Energia de Marés 4.4 Energia Geotérmica 4.5 Outras Hidroelétricas (PCH) Etanol (também consideradas EPP) - a OMC considera como produto agrícola Biodiesel (também consideradas EPP) Metanol Carvão Vegetal Também consideradas EPP) Gás Metano de Aterro Sanitário Gás Natural 5 Gestão de Eficiência Energética (elétrica e calor) Catalisadores Unidades Isoladoras de vidro de múltiplas paredes Produtos de fibra de vidro Unidades de intercambio de calor Partes do equipamento de intercambio de calor Bombas de calor Plantas de Calefação urbana Caldeiras de resíduos Fornos: outros combustíveis além de petróleo e gás Lâmpadas fluorescentes e catodos caloríficos Carros elétricos / utilitários motor flex Células combustíveis PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Oferta de gás, metros de produção e calibração Oferta de líquido, metros de produção e calibração Termostatos 6 Agricultura e Pesca Sustentável 6.1 Agricultura orgânica (também considerada um EPP) Açúcar Mascavo Amendoim Cacau Cachaça cana-de-açúcar Café Citrus Côco Cogumelos Eucalipto Frutas (banana, goiaba, laranja, limão, mamão, jabuticaba, manga, maracujá da caatinga etc) Feijão Gengibre Hortaliças Hortigranjeiros e cereais Inhame e mandioca Milho Olericolas Palmito Pimenta-do-reino polpa de palmito jussara Processamento de Frutas Pecuária (Aves, ovinos, gado e Caprinos) Umbu 6.2 Insumos para agricultura orgânica 6.4 Pesca Sustentável e Aquicultura Sustentável Pescados de Associações de Pescadores Artesanais Camarões, Maricultura (vieiras, cultivo de mexilhões etc) e Peixes provenientes da aqüicultura sustentável 6.4 Materiais para Pesca Sustentável PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Redes artesanais para pesca Barcos de pequeno porte - pesca artesanal Long-line Tanques, tanques-redes Viveiros 7 Silvicultura Sustentável Mudas de plantas silvestres Maquinários Insumos (adubo orgânico) Móveis de Madeiras Certificadas Carvão Vegetal Certificada Lenha Certificada Escoras Certificadas para construção civil Papel e derivados Certificados Celulose certificada Chapas de madeira certificada Produtos secundários 8 Manejo de Riscos Naturais Imágens por Satélite Instrumentos Sismicos Software de Estudo e Análise de Riscos (SIG etc) 9 Ecoturismo Canoas, embarcações sem motor Asa-delta Cordas para rappel Outros produtos relacionados com a instalaçao de infraestrutura para atividades de ecoturismo 10 Outros Produtos Ambientalmente Amigáveis - EPP Produtos Amigáveis com o Clima - CFG 10.1 Manejo da Biodiversidade e Paisagem (produtos não-maderáveis) Resinas, Látex Fitoterápicos Ervas Óleos Essenciais e oleaginosas Corantes e tintas PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Fibras naturais Papel livre de clorina "chlorine free" Refrigerantes sem gases CFC Sabão, sabonetes e Detergentes naturais (sem fosfato) Pinturas a base de água Energias renováveis (álcool, H-Bio, Biodiesel etc.) Bambu Plantas ornamentais (orquídeas, bromélias etc.) Espécies de animais silvestres 10.2 Manejo da Biodiversidade e Paisagem Material para cadastrar animais e aves (anéis, chips) 10.3 Artesanatos Panelas de Barro Artesanato indígena Artesanato de materiais reciclado PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais ANEXO II: LISTA DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS Levantamento dos Serviços Ambientais que são comercializados internacionalmente e que são de maior relevância para o estado do Espírito Santo. A. Gestão/Manejo da Poluição 1 Controle da Poluição Atmosférica 1.1 Consultoria em Gestão da Poluição Atmosférica (projetos de engenharia e controle de processos poluentes) 1.2 Estudos de Dispersão (modelagem matemática) 1.3 Serviços relacionados com a produçao de equipamentos, materias, construção e instalação para abatimento/remediação da pol. Atm. 2 Gestão de Águas Residuais e Reaproveitamento de Água 2.1 Consultoria em Gestão de Resíduos Líquidos (águas compactas, águas residuais compactas, separadores de gorduras, separadores de HC) 2.2 Projetos e Monitoramento para Tratamento de Resíduos Líquidos Industriais e reaproveitamento 2.3 Projetos e Monitoramento para Tratamento de Esgoto ( Estações de Tratamento de Águas Residuais, Estações Elevatórias etc) 2.4 Consultoria para o Reuso e aproveitamento de águas pluviais 2.5 Projetos de Sistema de Tratamento com Plantas Emergentes (banhados construídos) 2.6 Serviços relacionados com a produçao de equipamentos, materias, construção e instalação para tratamento de água 2.7 Controle da qualidade das águas residuais, lodos ativados etc 3 Gestão de Resíduos Sólidos 3.1 Consultoria em Resíduos Sólidos (planejamento de aterros sanitários) 3.2 Projetos e Consultoria para Tratamento de Resíduos Hospitalares 3.3 Projetos e Consultoria para Tratamento de Resíduos Perigosos 3.4 Projetos e Consultoria para Tratamento de Resíduos Industriais 3.5 Transporte de Resíduos 3.6 Disposição Adequada de Resíduos 3.7 Compostagem de Resíduos Orgânicos 3.8 Serviços relacionados com a produção de equipamentos, materias, construção e instalação para tratamento de resíduos 4 Remediação PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 4.1 Consultoria em remediação (identificação, ensaios ou análises de mostragem, remediação de areas contaminadas e degradadas) 4.2 Consultoria para a indústria extrativa (mineração) - planos ambientais e de recuperação paisagística 5 Abatimento de Ruído e Vibração 5.1 Consultoria em Poluição Sonora e Vibração 5.2 Sistema de Medição e Monitoramento Sonora e vibração 5.3 Serviços relacionados com a produçao de equipamentos, materias, construção e instalação para abatimento do ruido e vibração 6 Monitoramento, Análise e Avaliação Ambiental 6.1 Consultoria em Estudos de Impacto Ambiental, Licenciamento Ambiental, Diagnósticos de Qualidade 6.2 Sistema de Monitoramento Contínuo de Emissões (estudo de dispersão de partículas hídrica e atmosférica etc) 6.3 Serviços relacionado com instalação e manutenção de equipamentos 6.4 Serviços relacionados com a adiministração pública (monitoramento, fiscalização, taxas, departamentos e secretarias ambientais) 6.5 Sistema de Manejo Ambiental relacionado com a ISO 14001 (auditoria, consultoria, certificadora) 6.6 Gerenciamento de Condicionantes 6.7 Gestão Portuária e Navegação (diminuição de impactos) 6.8 Auditorias Ambientais 6.9 Plano Municipal de Meio Ambiente 6.9 Gerenciamento Ambiental 6.10 Geomática 7 Pesquisa e Desenvolvimento na Área Ambiental 7.1 Análise de Laboratório 7.2 P&D de novas tecnologias ambientais B. Produtos e Tecnologias Limpas 1 Processos e Tecnologias Eficientes 1.1 Consultoria em Produção Mais Limpa que visem a diminuição de insumos, gasto energético, resíduos, emissões e utilização de co-produtos 1.2 Consultoria sobre Tecnologias Amigáveis com o Clima (CFT) 1.3 Consultoria sobre Produtos Ambientalmente Amigáveis (EPPs) 1.4 Consultoria sobre Métodos e Processo de Produção mais Eficiente dos EPPs C Grupo de Manejo dos Recursos 1 Controle de Poluição atmosférica indoors 1.1 Consultoria em Poluição indoors PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 2 Abastecimento de Água Potável 2.1 Consultoria em abastecimento de água potável 2.2 Distribuidoras de água potável 2.3 Distribuidoras de água mineral 2.4 Serviços relacionados com o Tratamento de água potável 2.5 Serviços relacionados com a produçao de equipamentos, materias, construção e instalação para abastecimento de água potável 2.6 Mapeamento hidroquímico de aquíferos/poços artesianos 2.7 Consultoria sobre a qualidade da água e seu monitoramento (água de poço artesiano, rios, lagoas etc) 2.8 Gestão sobre consumo sustentável e reaproveitamento de água potável (irrigação, mananciais, cisternas, águas naturais) 3 Materiais Recicláveis 3.1 Consultoria sobre 3R (reciclar, reutilizar e reduzir). 3.2 Distribuidoras de equipamentos para a reciclagem 3.3 Serviços relacionados com a reciclagem (ex. Coleta Seletiva, Catadores, triagem etc) 3.4 Consultoria sobre Ciclo de Vida de um produto 3.5 Consultoria sobre a Tratabilidade e Reciclagem de Resíduos 4 Plantas de Energías Renováveis 4.1 Produção de equipamentos e materiais para plantas de energias renováveis (eólica, PCH, solar, biomassa etc) 4.2 Consultoria e engenharia relacionado com a substituição e produção de energias renováveis 4.3 Serviços relacionados com o Desenho Industrial (designer), construção e instalação 4.4 Serviços de geração (gestão) e transmissão da energia 5 Redução e Manejo do Cambio Climático 5.1 Regulação dos gases efeito estufa 5.2 Regulação do clima 5.3 Regulação hídrica 5.4 Controle da erosão e retenção de sedimentos 5.5 Consultoria sobre Créditos de Carbono 5.6 Projetos MDL (mecanismo de desenvolvimento limpo) 6 Agricultura e Pesca Sustentável 6.1 Consultoria em agricultura orgânica (hortigranjeiros, cereais, leguminosas, oleaginosas, etc) 6.2 Consultoria em pesca e aquicultura sustentável 6.3 Controle biológico e polinização 6.4 Aquicultura sustentável PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 6.5 Certificadoras de agricultura orgânica 7 Silvicultura Sustentável 7.1 Consultoria em silvicultura sustentável 7.2 Reflorestamento para Sequestro de Carbono 7.3 Certificadoras de Manejo sustentável de florestas 8 Manejo de Riscos Naturais 8.1 Consultoria sobre riscos naturais (estudo de análise de risco) 8.2 Georeferenciamento, Sistema de Informação Geográfica (SIG), Análise Espacial 8.3 Planejamento de Ordenamento Territorial (regional, municipal e setorial) 8.4 Estudos Hidrogeológicos, químicos, oceanográfico, ecotoxicológicos etc 9 Ecoturismo 9.1 Trilhas ecológicas 9.2 Agroturismo (hotel Fazenda etc) 9.3 Canoagem e rafting 9.4 Vôos de Asa-delta, Para-gliding 9.5 Rappel 9.6 Outros serviços relacionados com o ecoturismo 10 Outros 10.1 Manejo da Biodiversidade e Paisagem (produtos não-maderáveis) Extrativismo sustentável 10.2 Manejo da Biodiversidade e Paisagem Serviços relacionados com a Conservação e o manejo sustentável da biodiversidade e paisagismo Monitoramento de parques e áreas de preservação ambiental (IEMA, IDAF) Manejo em Bacias Hidrográficas Recuperação de sítios arqueológicos Recuperação de matas ciliares, nascentes etc 10.3 Artesão (reaproveitamento de material reciclado, paneleiras) 10.4 Educação Ambiental (programas para a população em geral) 10.5 Editora de Revistas especializadas em Meio Ambiente 10.6 Energias Renováveis (etanol, biodiesel etc) Consultoria e serviços associados a produção de energias renováveis 10.7 Educação Superior direcionada para a área ambiental (Engenharia Ambiental, formação de técnicos) 10.8 Cursos e Treinamento de Profissionais para atuar na área ambiental (monitoramento e avaliação da qualidade do ar e água etc) 10.9 Consultoria Jurídica na área Ambiental PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais 10.10 Consultoria Financeira (captação de recursos e investimentos) 10.11 Agroturismo 10.12 Pesca Esportiva e Vela 10.13 Gastronomia orgânica (restaurantes, comidas preparadas etc) 10.14 Arquitetura, construção sustentável e ecodesigner 10.15 Mercado Solidário 10.16 Outros PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais ANEXO III: PROPOSTA DOS EUA E EU A OMC Este documento encontra-se em formato pdf e só está disponível na forma impressa. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais ANEXO IV: USO DE MECANISMOS DE PAGAMENTOS POR SERVIÇOS AMBIENTAIS NA CONSERVAÇÃO DO SOLO E ÁGUA. Autor: Shigeo Shiki8 Introdução A louvável iniciativa da Agência Nacional de Águas (ANA) para integrar ações governamentais para a conservação do solo e da água veio num momento oportuno para chamar a atenção para o problema da mudança no uso da terra no Brasil. O mau uso do solo pelas práticas agrícolas insustentáveis, entre as quais o desmatamento e queimadas, a construção inadequada de estradas e outras obras de infra-estrutura, a não observância de critérios do zoneamento agrícola têm sido apontados como alguns dos males causadores de milhões de hectares de terras degradadas no Brasil. A ameaça imediata é a queda na produção de alimentos e fibras pela queda de produtividade dos solos e na produção de água alimentadora das grandes bacias hidrográficas pela falta de conservação das matas ciliares e erosão dos solos. Em outros termos, existe um processo de redução acentuada dos serviços ecossistêmicos ou ambientais, com grandes prejuízos para os proprietários da terra e para a sociedade toda. O conceito de pagamento por serviços ambientais pode ser um instrumento útil para contribuir na reversão deste quadro que se apresenta dramática em algumas regiões. A erosão gera perdas de fertilizante, calcário e adubo orgânico da ordem de R$ 7,9 bilhões por ano e se acrescentarmos o efeito da erosão na depreciação da terra e outros custos conservação das estradas, tratamento de água, teriam um total de R$ 13,3 bilhões de prejuízo por ano, segundo estimativa do GEO Brasil (2002). Para a elaboração do Plano Nacional de Combate à Desertificação, concentrada no Nordeste Brasileiro, o MMA calcula ainda que 1,5 milhões de km² ou 154,9 milhões de hectares estão com algum processo de degradação. Outros problemas como a arenização, salinização e contaminação da água por fertilizantes e agrotóxicos constituem preocupação conservacionista (Geo Brasil, 2002). 8 Professor titular doutor do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia e Gerente de Projeto do Departamento de Economia e Meio Ambiente do Ministério do Meio Ambiente. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Estes dados mostram a enorme perda da capacidade dos ecossistemas em prover serviços ambientais necessários ao bem estar humano e ressaltam o tamanho do desafio para o governo e para os proprietários de terra. Este texto procura trazer alguns elementos do conceito de pagamentos de serviços ambientais como um instrumento inovador de política para subsidiar programas de conservação de solo e água. 4) Evolução conceitual de conservação do solo e água Programas de conservação do solo e água no mundo têm um caso emblemático nos Estados Unidos da América e Canadá na década de 1930, período de severas tempestades de poeira conhecidas como Dust Bowl, que causaram enormes prejuízos agrícolas e ambientais nas terras de pradaria. Causadas pelo mau uso da terra, em décadas de produção extensiva e sem técnicas preventivas de erosão, milhões de hectares de terra tornaram-se improdutivas e centenas de milhares de pessoas foram forçados a migrar em direção ao Oeste, principalmente os sem terras (arrendatários). A tragédia foi descrita por Steinbeck em Vinhas da Ira, um romance clássico ganhador do Prêmio Pulitzer (Joy, 1995). Em 1933, uma das primeiras medidas do Presidente americano na época, Franklin Roosevelt foi criar o Serviço de Conservação do Solo, hoje ampliado para Serviço de Conservação de Recursos Naturais. O Brasil recebeu fortes influências desta experiência americana, que difundiu práticas mecânicas de conservação do solo, como curvas de nível, terraços e rotação de culturas, sobretudo a por meio do Programa Usaid de Cooperação Técnica e os Ministérios da Agricultura e da Educação. Comissões temáticas foram criadas para dar origem, ainda na década de 1950 ao sistema ACAR (Associação de Crédito e Assistência rural) e a Comissão de Solos do Departamento Nacional de Pesquisa Agropecuária (DNPA). O próprio sistema de classificação de solos utiliza o modelo americano, resultante desta cooperação. Programas mais recente na história da conservação do solo e água no Brasil tem uma abordagem territorial de microbacias hidrográficas como unidade de planejamento, que permite o manejo integrado do espaço. Representa um avanço conceitual porque permite integrar elementos ambientais de difícil solução quando a unidade de planejamento é a propriedade individual de produção rural. Elementos ambientais como confluência de água, matas ciliares, pequenos lagos, reservas de biodiversidade, traçado de estradas e conectividade são passíveis de planejamento integrado no espaço de microbacia, com ganhos conservacionistas óbvios para todos. Iniciou no Paraná, com o programa Paraná Rural, mas hoje estados PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro entre outros adotam esta mesma política conservacionista e se difundem mundo afora (Silva, 1994, Fleishfresser, 1999). O programa de microbacias do Rio de Janeiro tem o apoio financeiro do Global Environmental Facility (GEF), que financia somente programas que tragam um claro ganho ambiental. Isto significa que o GEF reconhece nestes programas ganhos ambientais adicionais ou provimento real de serviços ambientais dos ecossistemas no espaço conformado pelas microbacias. 5) Conceito de Pagamentos por Serviços Ambientais A noção de pagamentos por serviços ambientais vem recebendo atenção crescente com algumas experiências bem sucedidas como as da recuperação da cobertura florestal devastada ao longo de décadas pela agricultura predatória na Costa Rica e na proteção dos rios que abastecem de água que abastece a cidade de Nova York. Há um crescente reconhecimento de que a economia e meio ambiente não são mundos distintos, mas que o bem estar da sociedade humana depende diretamente da capacidade dos ecossistemas de proverem serviços ambientais. O estudo do economista inglês Nicholas Stern (2006) recentemente divulgado mostra que é mais barato mitigar os impactos das mudanças climáticas agora do que não fazer nada e pagar pelos prejuízos das catástrofes que já estão acontecendo em maior intensidade e freqüência. O atual modo de produzir e consumir, fortemente embasada na matriz energética de origem fóssil, vem gerando gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global, alterando o funcionamento dos ecossistemas. É o que comprova definitivamente o último relatório do IPCC (2007), que, junto com os estudos de Stern, vem provocando alterações estratégicas nas relações econômicas internacionais. Estudos com modelos regionais coordenados pelo pesquisador José Marengo, do INPE apontam cenários de alterações severas no regime de chuvas, podendo prejudicar regiões de alta produtividade agrícola do Centro-Sul, com impactos diretos na economia. Outra forma expressar esta realidade é o reconhecimento do valor dos ecossistemas e dado que grande parte dos valiosos serviços ambientais são gratuitamente acessíveis na natureza, e portanto, não sancionados pelo mercado. Há uma imensa riqueza contida numa floresta em pé (biodiversidade, estoque de carbono), mas não entra na contabilidade nacional como tal. Há alguns ensaios de contabilização do que se chama de capital natural proposta por acadêmicos (Costanza et al. 2004), construindo um índice PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais computando a variação do inventário natural denominado Índice de Progresso Genuíno (GPI). Em adição ao Produto Interno Bruto (PIB) em valores da paridade do poder de compra (PPC), o Produto de Serviço Ecossistêmico ou Ambiental (PSE) dá uma dimensão da variação do valor do estoque de recursos naturais. Sutton e Costanza (2002) calcularam este índice para todos os países do mundo e o resultado para o Brasil apontou o produto ambiental 2,5 vezes maior que o PIB, num total de US$ 3.561,66 bilhões. Com o desmatamento e queimadas, o manejo predador da terra que produzem perdas de serviços ambientais, esta conta diminui e a cada vez que esforços são feitos para recuperar áreas degradadas com reflorestamento, boas práticas agrícolas, esta conta aumenta. Os pagamentos por serviços ambientais nada mais são do que mecanismos de compensação econômica aos provedores, isto é, aqueles que fazem aumentar a capacidade dos ecossistemas de restaurar ou melhorar suas funções. O conceito de serviços ambientais ou ecossistêmicos mais aceito e internacionalmente utilizado é o oferecido pela Avaliação Ecossistêmica do Milênio (MA, 2003), que os classifica em Serviços de Suporte, Aprovisionamento, de Regulação e Culturais, conforme Quadro abaixo. Q Quuaaddrroo 11 -- AAvvaalliiaaççããoo E Eccoossssiissttêêm miiccaa ddoo M Miillêênniioo -- SSeerrvviiççooss AAm mbbiieennttaaiiss Serviços de Aprovisionamento Serviços de Regulação Serviços Culturais Produtos Benefícios obtidos da regulação Benefícios intangíveis obtidos dos de processos ecossistêmicos ecossistemas obtidos dos ecossistemas a) ALIMENTOS b) REGULAÇÃO DO CLIMA c) ESPIRITUAIS E RELIGIOSOS d) ÁGUA DOCE e) REGULAÇÃO DAS f) PAISAGÍSTICO DOENÇAS g) FIBRAS h) REGULAÇÃO DA ÁGUA i) ESTÉTICOS j) PRODUTOS QUÍMICOS k) PURIFICAÇÃO DA ÁGUA l) SENTIDO DE LUGAR n) POLINIZAÇÃO o) PATRIMÔNIO CULTURAL q) INSPIRADORES m) RECURSOS GENÉTICOS p) MADEIRA Serviços de Suporte Serviços necessários para a produção de todos os outros serviços ecossistêmicos FORMAÇÃO DO SOLO VIDA NA TERRA – BIODIVERSIDADE CICLAGEM NUTRIENTES DE PRODUÇÃO PRIMÁRIA PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Fonte: Millenium Ecosystem Assessment, 2003. Ecossistema, segundo o MA, significa uma dinâmica complexa de comunidades de planta, animal e microorganismos e seu ambiente não vivo interagindo como uma unidade funcional. Ecossistemas variam daqueles relativamente não alterado, como as florestas naturais, as zonas costeiras, a paisagens com padrões mistos de uso humano e ecossistemas que são intensamente manejados e modificados pelos homens, tais como terras agrícolas e áreas urbanas. Os serviços ecossistêmicos ou ambientais são os benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas. Estes incluem os serviços de aprovisionamento tais como alimento, água, madeira e fibra; serviços de regulação que afetam o clima (seqüestro de carbono), enchentes, doença, dejetos e qualidade da água; serviços culturais que provêem benefícios recreacionais, estéticos e espirituais; e serviços de suporte tais como a formação do solo, fotossíntese e ciclagem de nutrientes. São funções de um ecossistema que provêem valores diretos ao bem-estar dos humanos, por meio da manutenção de um meio ambiente saudável. Notese que dentre os benefícios estão produtos tangíveis e valorizados, mercadorias transacionadas e consumidas sob diversas formas conforme a disponibilidade e capacidade de tecnologia e investimentos produtivos. Daily e Ellison (2002) notam que os serviços ecossistêmicos fornecem, não somente alimento, mas limpam o ar e a água da Terra, protegem os elementos e oferecem serenidade para os espíritos humanos. As florestas purificam a água e reduzem os riscos potenciais de enchentes, seca e deslizamentos. Estas mesmas florestas abrigam pessoas das tempestades do inverno e o calor do verão e provê casas para muitos dos seus outros habitantes. Mais ainda, ajudam a estabilizar o clima absorvendo dióxido de carbono da atmosfera. As terras úmidas provem outros serviços valiosos: os rios pantanosos reduzem o fluxo de água, protege as casas e estradas de inundação. Nas zonas costeiras, habitats semelhantes alimentam peixes jovens, ostras, e outros alimentos marinhos. Os recifes de corais oferecem beleza rara e oportunidades recreacionais enquanto suprem os povos com 10% dos peixes consumidos globalmente. Nas regiões agrícolas, as cercas vivas e os remanescentes dos habitats nativos dão abrigo a abelhas e outros insetos que polinizam as culturas. Cerca de 1/3 das colheitas de cerca de 1 em cada 3 culturas é possível graças ao trabalho dos polinizadores. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Todos os ecossistemas abrigam diversidade biológica, mantendo uma “biblioteca” de genes com valores ainda a ser descobertos para futuros produtos farmacêuticos e industriais. Eles mantêm a biodiversidade e a produção de bens ecossistêmicos, tais como alimentos do mar, forragem, madeira, combustíveis de biomassa, fibras naturais e muitos produtos farmacêuticos, industriais e seus precursores (Daily, 1997). Esta definição de serviços como função é contestada por Klyne (2007) e Boyd e Banzhaf (2006), ao considerar a função ou processo ecossistêmico distinto do serviço, que seria também o produto final do processo. Assim, “[S]erviços ecossistêmicos seriam resultados específicos destes processos que seja diretamente diretamente sustenta e melhora a qualidade de vida (como faz a proteção natural dos raios ultravioleta do sol) ou mantém a qualidade dos bens ecossistêmicos (como a purificação da água pela floresta mantém a qualidade da água dos rios). Por exemplo, as forças do vento e da água, tornada possível pela energia solar e gravidade, produz o serviço que chamamos de „translocação de nutrientes‟. De modo semelhante, microorganismos no solo e rio, procurando preservar suas condições próprias de preservação da vida, remove contaminantes da água, produzindo o serviço de „purificação da água‟” (Klyne, 2007). Bishop e Landell-Mills (2006), por exemplo, partem do reconhecimento de que as florestas provêem uma gama de benefícios ambientais e incluem a proteção de bacias hidrográficas, que permitiriam serviços como: regulação do fluxo da água – isto é, a manutenção do fluxo no período das secas e o controle das enchentes; manutenção da qualidade da água – isto é, a minimização das cargas de sedimentos, cargas de nutrientes, de químicos e salinidade; controle da erosão do solo e do assoreamento; redução da salinidade do solo e/ou regulação dos níveis de lençol freático a manutenção dos habitats aquáticos (a redução da temperatura aquática por meio do sombreamento dos rios e córregos); a redução da perda da diversidade biológica e cultural causada principalmente pela perda dos habitats; o seqüestro de carbono pela floresta, removendo da atmosfera o gás de efeito estufa, através de atividades de florestamento e reflorestamento; PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais a redução de emissões de GEE pela substituição de combustíveis fósseis por combustíveis oriundos da biomassa; as emissões evitadas pela conservação da floresta em pé. O conceito de PSA requer ainda a definição do que é pagamento, quem provê e quem recebe por estes serviços. Estes são os elementos básicos para a criação de um mercado que ainda incipiente mas de rápido crescimento, estimulado pela ratificação do Protocolo de Quioto, em 2006. O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo vem permitindo os países do Não-Anexo I como o Brasil a participar do mercado global de carbono. Este mercado tem favorecido os serviços de redução de emissões de gases de efeito estufa pela queima de metano dos aterros sanitários, pela substituição de fontes de energia fóssil por renováveis. O MDL se junta ao mercado formal de serviços ambientais como um instrumento econômico adicional, sobretudo no setor energético e de saneamento básico. Projetos florestais ainda tem interesse limitado por causa de sua temporariedade e maior risco, mas tende a crescer por causa interesse dos governos em estimular a conservação de florestas e beneficiar a população local. É o caso do Proambiente no Brasil e de outros projetos na América Latina, que associam os diversos serviços da floresta, principalmente com a conservação e limpeza da água. Vários programas estaduais e municipais – Programa Matas Ciliares em São Paulo, Ecocrédito em Rio Claro-MG, Produção de água em Extrema-MG – têm esta característica, indicando o crescimento deste mercado ainda marcadamente institucional. No entanto, o mercado privado tem feito avanços, embora pouco visíveis por se tratar de acordos voluntários e grandemente devido a falta de regulamentação. É o caso de financiamento das empresas de projetos de “neutralização” do carbono e de projeto de conservação da biodiversidade, como o projeto Oásis-Mata Atlântica, da Boticário. A caracterização do mercado de pagamento por serviços ambientais (PSA) é feita pela existência de uma transação contratual entre um comprador e um vendedor por um ou um conjunto de serviços ambientais, ou uma prática de manejo/uso da terra passível de assegurar tais serviços. O agente econômico vendedor ou recebedor do pagamento pelo serviço ambiental é denominado de provedor ou prestador do serviço. Para uma melhor transparência na transação, pode-se distinguir: a) o serviço ambiental como produto final, cujo provedor é a natureza ou o ecossistema e, PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais b) os processos ecossistêmicos cuja execução é feita pelo prestador de serviços. No caso do provedor de serviços ambientais, os produtos podem se apresentar sob a forma de bens (alimentos, fibras, essências, óleos), ou sob a forma de serviços propriamente ditos (água limpa, a redução do risco de enchente, do risco de fogo na floresta, etc). Surge aqui o agente econômico beneficiário do serviço ambiental que dentro do mecanismo de desenvolvimento do mercado, se transforma num pagador. Daí a necessidade de estabelecer o princípio do beneficiário-pagador (também usuário-pagador) hoje usufruem destes serviços como um bem comum. Este é o principal campo de negociação dos serviços ambientais, primeiro no campo político do reconhecimento, e depois no campo econômico, do pagamento em si. Os beneficiários dos serviços ambientais Para a melhor compreensão e formulação de estratégia de negociação, é útil separar os serviços ambientais pela abrangência do benefício. Assim, os serviços podem ser globais, quando os benefícios atingem a todos no planeta, como é o caso da regulação do clima pelo seqüestro de carbono atmosférico e a conservação da biodiversidade, cujo legado é para as gerações atuais e futuras do planeta. O fato de o Brasil ter a maior floresta contínua do planeta em extensão e riqueza biológica faz com que este potencial de reconhecimento e valorização o torne um poderoso negociador no cenário global, como é o caso da proposta brasileira de floresta em pé, na Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas. No âmbito desta convenção, o Protocolo de Quioto já estabelece um mecanismo apropriado de mercado para valorizar o serviço ambiental de redução de emissões de gases de efeito estufa. Neste mercado, com a ratificação pelo Brasil do Protocolo e pela adoção das regras, as negociações estão ocorrendo normalmente, e o Brasil é o terceiro maior ofertante de carbono. Os serviços ambientais globais devem ser reconhecidos e fundamentados como base para negociação da compensação internacional aos países provedores. Outros benefícios dos serviços ambientais têm alcance local ou regional. Exemplos de benefícios dos serviços providos incluem: água limpa provida por florestas protegidas em propriedades rurais a montante de um rio que abastece um município a jusante a redução do assoreamento de reservatórios de usinas hidrelétricas prestados por agricultores a montante pela manutenção de suas matas ciliares PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais a melhoria ou manutenção da produtividade agrícola pelo trabalho dos insetos polinizadores de plantas de interesse dos agricultores comerciais ou produtores de subsistência a melhoria da produtividade agrícola pela recuperação de solos degradados, que aumentam a biodiversidade, melhoram a capacidade de ciclagem de nutrientes o aumento de oferta de bens ambientais alimentares ou industriais pelo reflorestamento de espécies nativas apreciação da beleza natural, a cultura e tradição locais pelos provedores de serviços de turismo ecológico a manutenção da produtividade natural das espécies marinhas alimentares pela proteção de manguezais. Evidentemente, estes benefícios locais se misturam também com as de benefícios globais, como a de conservação da biodiversidade e regulação do clima global. Cabe aos promotores deste mercado a proposta do melhor desenho do projeto, diante do interesse de possíveis demandadores e o custo de transação que podem estar envolvidos. A Organização das Nações para a Agricultura e Alimentação (FAO) ilustrou um conjunto de opções de gestão ambiental das explorações agrícolas e das paisagens rurais, classificadas em 3 grandes categorias de serviços ambientais. Os serviços de absorção de carbono e redução de emissões de gases de efeito estufa são os que contam com mecanismos de mercado mais bem regulados (MDL) embora o seu desenho e implementação contem com dificuldades devido a complexidade de medição e verificação, o que eleva o custo de transação a níveis impraticáveis em pequena escala. Os serviços de proteção de água contam com mecanismos de gestão já em operação no Brasil, como o programa de produção de água da ANA/SRHU/MMA, e constituem um mercado bastante promissor devido a demanda cada vez maior de água limpa. Os serviços de conservação da biodiversidade contam com algumas experiências como os projetos do FUNBIO, o do Proambiente, em geral, combinado com outros serviços ambientais providos pelo ecossistema. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Quadro 2 - Opções de Gestão Ambiental, por categorias de serviços ambientais. Serviço Ambiental Opções de Gestão no Âmbito das Opções de Gestão no Âmbito da Explorações Agrícolas Paisagem Abso Absorção de carbono Gestão e enriquecimento da matéria orgânica do rção nos solos de agroecologia, conservação do solo, melhoria na Absorção de carbonos Aumento ordenação do dosuso/área pastos. de cultivos perenes, arranjo Reflorestamento, regeneração em plantas perenes da exploração florestal, sistema agroflorestal, árvores e florestas Carb solo, freqüência reduzida de cultivos, adoção da ono e natural de regeneração natural, prolongamento do período de da emissão da maquinaria agrícola, evitar Redução dos incêndios de floresta e dos Redu Redução de emissões Gestão pousio, sistemas silvopastoris. carbono desmatamento. incêndios causados por práticas de pousio ção de Redução de emissões Melhoria na alimentação do gado, gestão do solo Proteção de solos húmicos de perturbações de de metano húmico Gase s de Efeit o Estuf a Prot Regulação do fluxo de Maior eficiência no uso da irrigação, proteção de Construção de estradas e caminhos bem eçã o de mic roba cias água áreas úmidas, drenagem da exploração agrícola, desenhados, revegetação de terras nuas Manutenção da Redução do uso produtos agroquímicos, filtro de Manutenção de filtros vegetais perenes que ordenamento dosde pastos qualidade da água enxurrada agrícola, melhoria na eficiência no uso protegem as canalizações de água nutrientes dos solos, gestão de enxurrada e da Construção Controle da erosão e de Conservação sedimentação de estradas e caminhos e capa permanente do solo, adoção da agricultura de assentamentos; revegetação das matas ciliares. conservação, ordenamento de pastos Salinização e regulação Cultivo de árvores Plantação estratégicas de árvores na do lençol freático Recarga de aquiferos paisasgem Coleta de águas tanto no âmbito das parcelas como Coleta de águas da comunidade/sub-bacias Controle de inundações no das explorações agrícolas Derivação e tanques de armazenamento hidrográficas Canais de drenagem e tanques de armazenamento, manutenção e inundações naturais Prot Proteção . do habitat Proteção de zonas de criação, manutenção de fontes Redes de áreas naturais dentro e ao redor das para espécies silvestres de água pura, fontes de alimentos naturais, dentro explorações agrícolas, áreas protegidas ao redor de parcelas, programação de cultivos, públicas e privadas Bio dive Conectividade espécies móveis aumento de espécies de cultivos/diversidade para Setos vivos, quebraventos, eliminação de barreiras Redes de áreas naturais dentro e fora das varietal impenetráveis explorações agrícolas PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Quadro 2 - Opções de Gestão Ambiental, por categorias de serviços ambientais. rsid Proteção ade comunidades terr ameaçadas do ponto de agrícolas e outras terras Proteção de espécies Eliminação de ameaças procedentes de produtos Barreiras para excluir a fauna silvestre de vista ambiental estr e de Restauração ou proteção de parcelas cultivadas de Manutenção de corredores que conectam hábitat natural silvestres hábitat naturais através de explorações químicos tóxicos, proteção de zonas de criação, terras agrícolas, compensação aos agricultores práticas não letais de controle de pragas dos danos causados pela fauna silvestre às Proteção de hábitat de Prevenção da contaminação do curso de água Revegetação reservas e aos natural cultivos.ao longo das margens, espécies aquáticas causada por resíduos de cultivos e do gado, assim proteção ou restauração de várzeas como por produtos agroquímicos, proteção ou restauração de várzeas nas explorações agrícolas Fonte: FAO, 2008 Valoração dos serviços ambientais A valoração econômica de serviços ambientais é necessária para orientar as decisões políticas quanto às prioridades para conservação e uso sustentável. Os valores são associados a atributos distintos de cada ecossistema: ambientais, sociais, culturais e econômicos. As dimensões de escassez ou abundância de determinado bem e a demanda por este bem, afetam o valor a ser auferido em determinado momento. Como bens e serviços transacionados no mercado, o seu valor é sancionado pelo preço nos seus diferentes mercados. São valores estimados com base em demandas correntes, são valores de uso ou de utilidade imediata para a sociedade. No entanto, muitos serviços ambientais não dispõem de mercado e, portanto requerem métodos próprios de estimação do seu valor, monetário ou não monetário dos benefícios imediatos ou futuros gerados por estes serviços. O mercado não reconhece as demandas ou as necessidades vitais de gerações futuras. A literatura denomina de valor de opção aquele que se baseia na possibilidade de uso direto ou indireto no futuro. Em muitos casos, o valor dos serviços não são percebidos pelos potenciais provedores e portanto, fazem uso alternativo dos ecossistemas porque trazem benefícios econômicos imediatos. Os agricultores, por exemplo, derrubam a mata nativa e desenvolvem atividades agrícolas porque elas vão trazer maior bemestar do que a mata conservada que lhes poderia estar fornecendo produtos extrativos (madeira, alimentos, resinas, óleos medicinais), água limpa, absorção de carbono, entre outros serviços. A diferença PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais entre o benefício monetário e consumptivo que a atividade agrícola proporciona e o benefício da conservação da mata pode ser considerado o custo de oportunidade do provimento de serviços ambientais. Esta noção de custo de oportunidade é fundamental para definir o valor do pagamento que vai estimular o provimento dos serviços ambientais. Estudos da FAO (2007) mostram que quanto menor o custo de oportunidade ou mesmo quando este custo é nulo, é maior a chance de sucesso de um programa de pagamentos por serviços ambientais. 6) Mecanismos de Pagamentos por Serviço ambiental Entende-se por mecanismo de pagamento por serviço ambiental um conjunto de instrumentos e regras de procedimento para a criação de um mercado de serviços ambientais. O mecanismo mais conhecido e mais rigorosamente regulado é o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), criado e desenvolvido no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (UNFCCC). Este mecanismo deu um impulso muito grande ao mercado de carbono e o Brasil se tornou um dos países exportadores mais promissores neste comércio. Este mecanismo pode funcionar na sua plenitude no Brasil porque é signatária do Protocolo de Quioto e Membro não-Anexo 1, da Convenção e adotou as regras do PQ baixando as Resoluções, da Comissão Interministerial de Mudanças Climáticas, a Autoridade Nacional Designada para o MDL no Brasil. No entanto, a redução dos gases de efeito estufa é um dos serviços ambientais que apresenta potencial de mercado. Na Convenção de Mudanças Climáticas já se pensa em outro mecanismo fora do Protocolo de Quioto, de pagamento por redução do desmatamento, que é a forma de uso da terra que mais contribui para a emissão de gases de efeito estufa no Brasil. Pelo inventário brasileiro, ¾ das emissões tem esta origem. Para os demais serviços ambientais, como a conservação da biodiversidade, apesar do reconhecimento internacional do alto valor inerente para a atual e para as futuras gerações, não existe um mecanismo semelhante, de mercado ou não. As medidas de incentivo positivo multilateral que estão sendo discutidos na Convenção de Diversidade Biológica (CBD) estão longe de um desfecho operacional. No plano nacional, existe um esforço governamental para o estabelecimento de um marco legal conceitual para permitir que o poder público possa fazer investimentos em conservação e recuperação dos serviços ambientais. Tal iniciativa se justifica pela enorme demanda por serviços ambientais e a insuficiência dos PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais instrumentos de fiscalização e orientação técnica para conter o desmatamento, a erosão do solo, a perda de fertilidade, a poluição hídrica e outras formas de uso inadequado do solo. A deterioração dos serviços ambientais é também fonte de agravamento da pobreza, pela queda de produtividade dos ecossistemas. No entanto, com um mercado de reduções certificadas de emissões relativamente aquecido e com financiamentos disponíveis, com projetos de proteção da água possíveis a partir mecanismos de cobrança permitidos pela lei 9344/1997, esquemas privados de “neutralização de carbono das empresas, estão disponíveis as condições para se desenhar programas e projetos de pagamentos por serviços ambientais de sucesso. O esquema abaixo, desenhado pela FAO apresenta exemplos de como pode funcionar um programa para os agricultores. Quadro 3 - Desenho de Programas de Pagamentos por Serviços Ambientais 1 3 2 4 Mudança no Uso da Terra Benefícios Obtidos Serviço Ambiental Prestado Mecanismo de Pagamento - Absorção de carbono no solo - Proteção de microbacias - Conservação da Biodiversidade - Venda de créditos de carbono - Pagamentos de usuários de água - Preços competitivos de produtos - Agroecologia - Mitigação de mudança climática - Água limpa - Resistência melhorada -Reflorestamento - Sistema agroflorestal Pagamentos por serviços ambientais a agricultores aaaagricultprovedores Fonte: FAO, 2007 O Ministério do Meio Ambiente assumiu, em 2004, um programa desenhado pela sociedade civil da Amazônia, o PROAMBIENTE. A unidade regional é denominada de Pólo Pioneiro, inicialmente prevista em onze localidades nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Amapá, Roraima, Pará, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais O esquema de funcionamento pode ser resumido conforme Quadro 4. QUADR 4 -: DESENHO DE GESTÃO DO PROGRAMA PROAMBIENTE Instrumentos Plano de Escala de Implementação Desenvolvimento – Unidade de regional (um diagnóstico rural participativo Gestão paisagem Conselho ou Gestor mais Local municípios) Plano de Utilização – planejamento Unidade de exploração Conselho Gestor individual ou coletivo da mudança agrícola ou unidade de Local no uso da terra Organização conservação de grupos Local (10 a 15 produtores Conselho comunitários de prestadores de familiares ) Gestor Local serviços ambientais Acordo Comunitário – instrumento Local Conselho coletivo de compromisso com a Local Gestor prestação dos serviços ambientais Pagamentos por Ambientais Serviços Regional Conselho Nacional/FNMA A implementação do Programa requer articulação de vários instrumentos de política como a assistência técnica, crédito rural diferenciado, compras públicas (PAA), apoio institucional a projetos ambientais que devem ser integrados na unidade regional. Esta é a ação real exercida pelo Ministério do Meio Ambiente. A principal lacuna e o grande desafio do MMA para o funcionamento do esquema do Proambiente é a definição de um marco legal conceitual e a viabilização de uma fonte de financiamento dos pagamentos por serviços ambientais. PLANO ESTRATÉGICO DE NEGÓCIOS AMBIENTAIS AMIGÁVEIS COM O CLIMA NO ES Parte 1 – Contextualização de Bens e Serviços Ambientais Em síntese, um mecanismo de pagamentos por serviços ambientais (PSA) pode se constituir num instrumento bastante eficaz de conservação do solo e água, com possibilidade de implementação dentro de programas de microbacias hidrográficas e outros programas socioambientais. Bibliografia Bishop, J. Landell Mills (2005) “Serviços Ambientais Florestais: Informações Gerais”. In: Pagila, S. Bishop, J. e Landell Lills, N. (orgs) Mercados para serviços ecossistêmicos: Instrumentos econômicos para conservação e desenvolvimento – Rio de Janeiro: REBRAF, 164 p. Boyd, J. Banzhaf, S. 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