Boa comida e belas cerâmicas no restaurante São Rafael
Transcrição
Boa comida e belas cerâmicas no restaurante São Rafael
Gazeta das Caldas ID: 32308009 08-10-2010 Tiragem: 11000 Pág: 48 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,06 x 38,42 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 1 Boa comida e belas cerâmicas no restaurante São Rafael O São Rafael, integrado na histórica e sobrevivente Fábrica de Faianças Bordalo Pinheiro, na parte de trás, junto ao Museu da fábrica, é indiscutivelmente o restaurante mais bonito e bem decorado de toda a região. E ainda por cima, muito oportunamente, com peças do Bordalo ou suas réplicas, uma boa parte do próprio Museu da Casa, magnificamente expostas em belas vitrinas que cobrem duas largas paredes. Mas não se fica por aí: a decoradora, Zita Sottomayor, criou um ambiente causy, de clube, em que os diferentes e confortáveis sofás da espaçosa zona de bar formam uma sala bem simpática. E depois lá estão as chitas de Alcobaça, já na zona do restaurante, a fazerem as saias das mesas. Mesas impecavelmente postas e atoalhadas. Junte-se a isto uma excelente comida – e concluímos estar perante um privilégio raro de que as Caldas da Rainha podem e devem orgulhar-se. Este ar de clube torna a casa ideal para festas privadas, desde que se ande pela meia centena de convidados. E essa é uma das actividades ali bem exploradas. Neste conjunto de excelência, é preciso determo-nos no seu responsável mais directo, Manuel Carvalho, 57 anos, bom cozinheiro e experimentado chefe de sala. Ele já foi para aqui escolhido depois de se afirmar durante 15 anos num dos melhores restaurantes da zona, A Lareira (vindo já de uma escola que passou pelo Hotel Eduardo VII, Estoril Sol e o Timpanas – que pertencia ao Trio Odemira, e onde Carvalho se iniciou no seu gosto da fadistagem). Mas as inegáveis qualidades do Sr. Carvalho podem constituir um dos problemas deste restaurante, e explicar porque não está regularmente à cunha, como seria de esperar. É que ao dedicar-se quase sozinho, de forma empenhada, ao bar, à sala e à cozinha, acaba por afectar a desenvoltura do serviço – o que afastou alguns clientes apreciadores da casa. E já que estamos em maré de referir um problema, vamos então ao defeito mais óbvio deste restaurante: o preço excessivo dos vinhos, que dá mais nas vistas por a comida aparecer muito mais em conta (e, nos seus 20 a 25 euros por pessoa, ficar abaixo do que seria expectável numa casa desta categoria). Esta politica de preços altos Manuel Carvalho, bom cozinheiro e experimentado dos vinhos, que nos distinguia chefe de sala, é o gerente deste restaurante dos outros países, e felizmente está a ser alterada por todo o espumante da região (o super- nífico Chateaubriand rodelado, impede de resto os clien- bruto do Loridos, bem afinado ado por mil e um apetitosos tes de valorizarem a comida com pelo enólogo Vasco Penha Gar- acompanhamentos. Tamuma boa bebida, o que não é cia, se estiver disponível), ou um bém vale a pena provar o bom para o restaurante (cujo branco da casa das Gaeiras (a arroz de pato com frutos negócio é vender comida e não velha quinta dos Lupi ali em Óbi- secos. Vale a pena recoespecular com vinho). De resto, dos, que voltou a cuidar bem dos mendar contenção nos pios restaurantes são os maiores seus vinhos), e começar logo a cantes (afinal uma boa covendedores de vinho, e têm tam- esquadrinhar as peças articula- zinha deve ser contida em bém responsabilidade em esti- das com que Rafael Bordalo Pi- todos os condimentos). mular os produtores a aposta- nheiro caricaturizava as figuras O couvert é abundante rem na qualidade, e não apenas da época. (queijos, paté, presunto, nas gamas baixas. Mas fixemo-nos na comida: manteiga, pães vários) e bem Diz-se que as actividades de temos a garantia da qualidade apresentado, para ajudar os olaria da zona remontam à era das carnes e do peixe do dia (vin- vagares da casa. E depois, nas romana. Mas as faianças flore- do das águas batidas de Peni- entradas, há muita petisquiadas, tão características da ter- che). Os peixes servem-se gre- ce marisqueira: as amêijoas ra, seguindo um movimento in- lhados ou cozidos, em espeta- à Bulhão Pato, as vieiras graternacional de revivalismo de das ou catapana, e até já na mo- tinadas, as casquinhas de Palissy, apareceram já no Sécu- derna massinha de peixe fres- sapateira ao natural ou gralo XIX. E este é um lugar para as co. Conversado de antemão, faz- tinadas (conforme os calores admirarmos. se um homérico arroz de lagos- do tempo) e a salada de laVale a pena uma passagem ta. As carnes vão do excelente gosta. desapressada pelo bar, antes de rosbife ao fondu, passando peNas sobremesas, recoir para a mesa, com um copo de los belos steaks ou por um mag- mendam-se os morangos flambé ou os crepes São Rafael (uma espécie de Crepes Suzette, mas cheios de amêndoa ralada). Ou então a travessa de frutas (que é uma salada de frutas em muito melhor, sem a mistura ensopada das outras). O São rafael participou no 7º Concurso Gastronómico das Caldas da Rainha e Óbidos com uns lombinhos de tamboril e amêijoas na cataplana. Pedro d’Anunciação São Rafael R. Rafael Bordalo Pinheiro, 53 (por trás da fábrica) Caldas da Rainha Telef. 963911414 Encerra à segunda-feira Mesas impecavelmente postas e atoalhadas numa sala, obviamente, decorada com Não fumadores cerâmica bordaliana