LITERATURA BRASILEIRA FICHA 16 — Arcadismo – Poesia épica

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LITERATURA BRASILEIRA FICHA 16 — Arcadismo – Poesia épica
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Nome: _______________________________________________________________________
Série/Ano: _____
Turma: _____
Grau: _____
Nº _______
Matrícula Nº: _____________ Data: ____/____/_____
Profª. Bianca Campello
LITERATURA BRASILEIRA
FICHA 16 — Arcadismo – Poesia épica: o índio novamente em foco
Durante o Arcadismo, dois poemas épicos de relevância foram escritos: O Uraguai, de José Basílio da
Gama, e Caramuru, do Frei José de Santa Rita Durão. Nas duas obras existe um embrião de elementos que
serão eleitos como símbolo da nacionalidade brasileira, tema muito explorado pelo movimento seguinte, o
Romantismo: o índio valoroso, “bom selvagem”, e a natureza exuberante.
Santa Rita Durão e Caramuru
Nascido na cidade mineira de Mariana, em 1722, Frei José de Santa Rita Durão
foi um religioso agostiniano brasileiro. Doutor em Filosofia e Teologia, disciplina da qual
foi professor, pela Universidade de Coimbra, foi perseguido durante o governo de
Pombal, o que o levou a morar na Espanha, França e Itália. Trabalhou em Roma como
bibliotecário durante mais de 20 anos, até a queda "viradeira" (queda de Pombal e
restauração da cultura passadista), quando retornou ao país luso. Morreu sem nunca
regressar ao Brasil em 24 de janeiro de 1784.
Características do texto
Caramuru é um texto de estrutura conservadora, embora seja posterior ao inovador O Uraguai. Publicado em 1781, o livro teve repercussão tão fria que, afirma uma
lenda, o autor rasgou seus originais.
Dividido de acordo com a convenção camoniana, Caramuru estrutura-se em 10
cantos, compostos por estrofes em oitava rima e verso decassílabo. Sua construção
lógica também segue os padrões clássicos, sendo composta por intróito (proposição, invocação e dedicatória),
narração e epílogo.
Intróito
Proposição
Anuncia o tema que desenvolverá e o herói da estória.
Invocação
Solicita das Musas (divindades greco-latinas que inspiravam os artistas) a
inspiração e a habilidade necessárias para fazer o texto.
Dedicatória
Oferecimento do texto para alguma figura célebre, geralmente seu mecenas.
Narração
Epílogo
Relato dos fatos propriamente dito.
Conclusão sobre os acontecimentos, em que se avaliam suas conseqüências.
Tema: ficção ou realidade?
Caramuru conta a história do descobrimento e conquista da Bahia por Diogo Álvares Correia Cabral da
Silva Sousa, português que naufragou na região e vivendo entre os índios tupinambás, facilitou o contato dos
primeiros administradores da região e os missionários que para lá se dirigiram.
A história deste náufrago é recheada por elementos lendários. Sabe-se que, de fato, ele chegou à costa
baiana nas proximidades do rio Vermelho, na baía de Todos os Santos, provavelmente entre 1500 e 1510. Seus
companheiros foram mortos pelos tupinambás, mas Diogo conseguiu sobreviver e passou a viver entre eles, de
quem recebeu a alcunha de Caramuru. O significado do nome, por sinal, é polêmico. Alguns historiadores
afirmam ser "moréia", enquanto outros afirmam ser seria "pau que cospe fogo" ou ainda "Homem trovão da
Morte Barulhenta”, e outras variações. Estes significados estão ligados à lenda de que recebeu o apelido ao
afugentar índios que queriam lhe devorar, matando um pássaro com um tiro de mosquete.
É fato, também, que Diogo foi acolhido por Taparica, o líder espiritual da tribo, e que este lhe deu em
casamento uma das filhas, Paraguaçu. Eles fiixaram-se no que se tornou o município de Cachoeira, onde
mantiveram, ao longo de quarenta anos, contatos com navios europeus que lá aportavam. As relações
comerciais com normandos levaram-no a visitar a França entre 1526 e 1528. Lá Paraguaçu foi batizada,
passando a chamar-se Catarina do Brasil, em homenagem a Catherine des Granches, que foi sua madrinha. Há
documentos que atestam que na mesma ocasião foi batizada outra índia, Perrine, o que dá margens à lenda de
que várias índias (os números vão de cinco a centenas), por ciúmes, se jogaram ao mar para acompanhar o
Caramuru.
Paraguaçu e Diogo tiveram muitos filhos, dos quais três foram armados cavaleiros por Tomé de Sousa
pelos serviços prestados à Coroa Portuguesa.
Canto I
Após apresentar a terra a ser cantada e o herói cujos feitos serão
narrados, o poeta pede a Deus que o auxilie na realização do intento e
dedica o poema a D. José I, pedindo atenção para o Brasil, principalmente
a seus habitantes primitivos, apontados como dignos e capazes de serem
integrados à civilização cristã.
A narração começa na nona estrofe com o naufrágio. Diogo Álvares
Correia e sete companheiros conseguem se salvar. Índios tupinambás
surgem na praia e observam com desconfiança. Um dos náufragos morre
e os gentios comem sua carne; os demais são presos em uma gruta perto
do mar, onde são bem alimentados. Notando que os índios desconhecem
armas de fogo, Diogo, durante passeios na praia, retira a pólvora e a
munição dos destroços, guardando-as na gruta. Finge-se doente e começa
a usar uma espingarda como cajado.
Tempos depois, quando os portugueses são levados para o ritual
antropofágico, o sacrifício é interrompido por um ataque dos índios caetés.
Não era assim nas aves fugitivas,
Que umas frechava no ar, e outras em laços
comDe
arteum
o caçador
vivas;
varão emtomava
mil casos
agitados,
Uma,Que
porém,
nos líquidos
espaços
as praias
discorrendo
do Ocidente,
recôncavo
Faz Descobriu
com a pluma
as setasafamado
pouco ativas,
Da capital
Deixando
a lisabrasílica
pena ospotente;
golpes laços,
Do Filho
do Diogo
Trovãoe denominado,
Toma-a
de mira
o ponto aguarda:
Queum
o peito
soube
fera gente,
Dá-lhe
tiro e domar
derriba-a
coaàespingarda.
O valor cantarei na adversa sorte,
Pois só conheço herói quem nela é forte.
Estando a turba longe de cuidá-lo,
Fica o bárbaro ao golpe estremecido
E cai por terra no tremendo abalo
Da chama do fracasso e do estampido;
Qual do hórrido trovão com raio e estalo
Algum junto aquém cai, fica aturdido,
Tal Gupeva ficou, crendo formada
No arcabuz de Diogo uma trovoada.
Canto II
Diogo veste uma armadura para ajudar os companheiros. Em fuga vários tupinambás se escondem na
gruta. Entre eles está o cacique Gupeva, que se depara com Diogo e cai tremendo. Os que o seguiam fazem o
mesmo, pois acham que veem um demônio. Diogo levanta a viseira e diz que aquilo o protege, afastando o
inimigo, desde que não se coma carne humana. Ele vai Gupeva para dentro da gruta e acende uma candeia.
Revela-se o interior da gruta e tudo que foi resgatado do naufrágio. Os índios olham com indiferença, sem
cobiça. Gupeva encanta-se com a beleza da Virgem Maria em uma gravura, achando-a tão bela que deve ser
esposa ou mãe de Tupã. Diogo aproveita para catequizá-lo.
Saindo da gruta, o índio, agora manso, fala a seu povo. Conta-lhes que Tupã mandara Diogo para protegêlos. Para comemorar, os tupinambás saem para caçar. Diogo usa a espingarda, aterrorizando todos, que
exclamam e gritam: “Tupã Caramuru!”. Diogo afirma-lhes que, como eles, é filho de Tupã, a quem se submete.
Afirma também que, como filho do trovão, queimará aquele que negar obediência a Gupeva.
Caramuru instala-se na aldeia. Faz-se referência a Paraguaçu, noiva prometida de Gupeva, uma índia
branca e de traços finos e suaves que sabe falar português. Diogo pede para vê-la e eles se apaixonam.
Canto III
À noite, Gupeva e Diogo conversam com Paraguaçu como intérprete. Gupeva explica as concepções de seu
povo sobre o tempo, o Céu, o Inferno. O português se admira com as noções religiosas da tribo e conclui que
Deus, de alguma maneira, comunica-se com eles. Concluindo a conversa, o cacique diz que estão para ser
atacados pelos inimigos; Caramuru aconselha-o a ter calma. Chegam os ferozes índios Caetés, sob o comando
de Jararaca. Ao primeiro estrondo do mosquete, batem em retirada.
Canto IV
Jararaca convoca as nações indígenas com que tinha aliança e conta
que Gupeva prostrou-se aos pés de um emboaba, oferecendo-lhe até a
própria noiva. O cacique alerta-os que, se todos agirem assim, correm o
risco de serem desterrados e escravizados em sua própria terra, enchendo
de emboabas a Bahia. Diz que apesar do raio do Caramuru ser verdadeiro,
ele nada teme, porque não vem de Deus. A guerra tem início.
Vereis as nossas gentes desterradas
Entre os tigres viver no sertão fundo,
Cativa a plebe, as tabas arrombadas;
Levando para além do mar profundo
Nossos filhos e filhas desgraçadas;
Ou, quando os deixem cá no nosso mundo,
Poderemos sofrer, Paiaiás bravos,
Ver filhos, mães e pais feitos escravos?
Canto V
Depois da batalha, os amantes discorrem sobre o mal que habita o ser humano e qual a razão de Deus
para permiti-lo. Em seguida, na ilha de Itaparica, o herói faz com que todos os índios se submetam a ele.
Canto VI
Os chefes oferecem suas filhas a Diogo, para que ele os honre com o parentesco. Caramuru aceita o
parentesco, mas não as filhas. Sente saudades da Europa e parte com Paraguaçu em um barco francês. Índias
apaixonadas por Diogo lançam-se às águas para acompanhá-lo. Moema, a mais bela, consegue alcançar o
leme, lamenta seu amor não correspondido e implora que Diogo a mate com seu raio. Ela desmaia e
desaparece. No barco, relata-se o descobrimento do Brasil ao comandante.
Das frutas do país a mais louvada
Canto VII
Na França, o casal é recebido na corte e Paraguaçu é batizada como
Catarina, em homenagem à rainha Catarina de Médicis, mulher de Henrique
II, sua madrinha. Diogo lhes descreve toda exuberância da flora e fauna
brasileiras.
É o régio ananás, fruta tão boa,
Que a mesma natureza namorada
Quis como a rei cingi-la da coroa.
Tão grato cheiro dá, que uma talhada
Surpreende o olfato de qualquer pessoa;
Que, a não ter do ananás distinto aviso,
Fragrância a cuidará do Paraíso.
Canto VIII
Henrique II se dispõe a ajudar Diogo a doutrinar e assimilar os índios, oferecendo-lhe tropa e recompensa.
Fiel a Portugal, Diogo recusa. Na viagem de volta ao Brasil, Catarina-Paraguaçu profetiza o futuro do Brasil,
descrevendo a Bahia, suas povoações, igrejas, engenhos, fortalezas. Fala sobre seus governadores e a luta
contra os franceses, aliados aos Tamoios.
Canto XIX
Prosseguindo em seu vaticínio, Catarina-Paraguaçu descreve a luta contra os holandeses que termina com
a restauração de Pernambuco.
Canto X
A visão de Catarina-Paraguaçu se transforma na visão da Virgem Maria sobre a criação do universo.
Chegando ao Brasil, o casal é recebido por uma caravela de Carlos V, que agradece o socorro dado a
náufragos espanhóis. A história de Pereira Coutinho é narrada, enfatizando-se o apoio dos tupinambás na
dominação dos campos da Bahia e no povoamento do Recôncavo baiano.
Na cerimônia realizada na Casa da Torre, o casal transfere os poderes sobre a terra para D. João III,
representado na pessoa do primeiro Governador Geral, Tomé de Souza. A penúltima estrofe canta a
preservação da liberdade do índio e a responsabilidade portuguesa de convertê-los. Na última estrofe (epílogo),
Diogo e Catarina, por decreto real, recebem as honras da colônia lusitana.
Basílio da Gama e O Uraguai
José Basílio da Gama nasceu em São João Del Rey, em 1741. Ingressou na
Companhia de Jesus como estudante, mas não chegou a se formar, pois a ordem foi
expulsa do território português dois anos depois. Muda-se, então, para Portugal e
depois para Roma. Admitido na Arcádia Romana, adotou o pseudônimo de Termindo
Sipílio.
Em 1768, um ano após regressar ao Brasil, foi levado a Lisboa, sob a acusação
de ser partidário dos jesuítas. Condenado ao degredo em Angola, livrou-se da pena
após escrever um poema encomiástico louvando o casamento da filha do Marquês de
Pombal (então Conde de Oeiras), de quem se tornou protegido. Em 1769 escreve e
publica O Uraguai, também dedicado a Pombal em um soneto que antecede o primeiro canto. Conheceu então uma série de êxitos sociais, recebeu carta de fidalguia e
nobreza e publicou mais um poema, Quitúbia (1791). Hostilizado após a morte de
Pombal, faleceu em Lisboa, em 1795.
Características do texto: O Uraguai é um texto épico que destoa da herança camoniana. Escrito em versos
brancos, sem estrofação, contém apenas cinco cantos e se inicia diretamente na ação. Essa quebra da tradição
clássica aliada à simpatia pelo indígena são elementos pré-românticos da obra. A escolha do tema a ser
narrado também destoa da tradição épica, pois as batalhas que formaram a Guerra Guaranítica só se
encerraram definitivamente em 1767, dois anos antes da produção do poema.
Tema: Deu-se o nome de Guerra Guaranítica aos violentos conflitos
entre índios guaranis e tropas espanholas e portuguesas no sul do
Brasil após a assinatura do Tratado de Madri, em 1750. Por este
tratado os guaranis da região dos Sete Povos das Missões deveriam
deixar o território pertencente a Portugal, transferindo-se para o
outro lado do rio Uruguai.
Com o apoio parcial dos jesuítas, no início de 1753, os guaranis
começaram a impedir os trabalhos de demarcação da fronteira e
anunciaram que não sairiam da região dos Sete Povos. Em resposta,
as autoridades enviaram tropas contra os nativos, e a guerra teve
início em 1754. Os castelhanos atacaram pelo sul, e os portugueses,
sob o comando do general Gomes Freire de Andrade, pelo rio Jacuí.
As tropas reuniram-se na atual fronteira com o Uruguai, e atacaram
frontalmente os batalhões indígenas. Durante três anos, os guaranis
resistiram bravamente, liderados pelo cacique Sepé Tiraju, que
comandou milhares de índios até ser assassinado na Batalha de
Caiboaté, em fevereiro de 1756. A partir desta data a resistência dos
nativos foi minando, mas as batalhas só foram realmente encerradas
em 1767. Tamanha resitência indígena se deve às táticas de
guerrilha empregadas pelos guaranis, que usaram o conhecimento da
floresta a seu favor.
Segundo Darcy Ribeiro, as missões foram “a tentativa
mais bem sucedida da Igreja Católica para cristianizar e
assegurar um refúgio às populações indígenas,
ameaçadas de absorção ou escravização (...),organizá-las
em novas bases, capazes de garantir sua subsistência e
seu progresso”. A extinção das missões e a transferência
dos guaranis não só era a deportação de mais de trinta mil
pessoas mas também “a espoliação, a ruína e o infortúnio,
a destruição do trabalho de muitas gerações,”.
Ficção x Realidade
Para agradar o Marquês de Pombal, Basílio da Gama atribui
toda a culpa das mortes ocorridas no conflito aos jesuítas,
personificando em Balda o vilão inescrupuloso. Os fatos, entretanto,
apontam que oficialmente a Igreja aceitou o acordo luso-espanhol e ordenou que as missões fossem deixadas,
mas alguns jesuítas preferiram ser considerados rebeldes a trair a confiança dos guaranis, entre eles o Padre
Lourenço Balda, cura da missão de São Miguel.
Outros personagens da obra também são figuras históricas, como os líderes Gomes Freire de Andrade,
Conde de Bobadela, e o cacique Sepé.
Canto I
Começa com a descrição do movimento das tropas lusas no campo de batalha coberto de destroços e de
cadáveres, principalmente de indígenas. Este canto saúda o General Gomes Freire de Andrade, que explica as
razões da guerra. Ocorre a primeira investida dos portugueses enquanto esperam reforço espanhol.
Canto II
Índios prisioneiros são soltos e relata-se o encontro entre os caciques Sepé e Cacambo e o comandante
português, Gomes Freire de Andrade, à margem do rio Uruguai. O acordo é impossível porque os jesuítas
portugueses se negam a aceitar a nacionalidade espanhola. Ocorre então o combate entre os índios e as tropas
luso-espanholas. Os índios lutam valentemente, mas são vencidos pelas armas de fogo dos europeus. Sepé
morre em combate. Cacambo comanda a retirada.
Canto III: O general Gomes Freire de Andrade acampa às margens de um rio. Do outro lado, Cacambo
descansa e sonha com o espírito de Sepé, que o incita a incendiar o acampamento inimigo. Cacambo atravessa
o rio e provoca o incêndio. Depois, regressa para a sede. Surge Lindóia. A mando de Balda, Cacambo é preso e
envenenado. Tanajura, a velha feiticeira, propicia visões a Lindóia, viúva de Cacambo e irmã de Sepe. A índia
“vê” o terremoto de Lisboa e a reconstituição da cidade pelo Marquês de Pombal.
Canto IV: Ocorrem as maquinações de Balda, que pretende entregar Lindóia e o comando dos indígenas a
Baldeta, seu filho. O episódio mais importante deste canto é a morte de Lindóia, um trecho de rara beleza lírica
no poema. Padres e índios fogem. O exército entra no templo e com sua chegada, os índios se retiram,
queimado a aldeia.
Canto V: A perseguição aos fugitivos resulta na prisão de Balda. O poeta dá por encerrada a tarefa e despedese, ressaltando que os jesuítas foram responsáveis pelo massacre dos índios. Faz-se uma homenagem ao
general Gomes Freire de Andrade, que respeita e protege os índios sobreviventes.
EXERCÍCIOS
1. (UFAC-2007) O Arcadismo brasileiro surgiu por volta de 1700, tingindo as artes de uma nova
tonalidade burguesa, só NÃO se pode afirmar que:
a) Tem suas fontes nos antigos grandes autores gregos e latinos, dos quais imita os motivos e formas.
b) Apresentou uma corrente de conotação ideológica, envolvida com as questões sociais do seu tempo, com a
crítica aos abusos de poder da Coroa Portuguesa.
c) Legou a nós os poemas de feição épica Caramuru, de Frei José de Santa Rita Durão e O Uraguai, de Basílio
da Gama, no qual se reconhece qualidade literária destacada em relação ao primeiro.
d) Teve em Cláudio Manuel da Costa o representante que, de forma original, recusou a motivação bucólica e os
modelos camonianos da lírica amorosa.
e) Em termos dos valores estéticos básicos, norteou a produção dos versos de Marília de Dirceu, obra que
celebrizou Tomás Antonio Gonzaga e que destaca a originalidade de estilo e de tratamento local dos temas pelo
autor.
CARAMURU – CANTO VI
ESTROFE XLII
Perde o lume dos olhos, pasma e treme
Pálida a cor, o aspecto moribundo;
Com mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre as salsas espumas desce ao fundo.
Mas na onda do mar, que, irado, freme,
Tornando a aparecer desde o profundo,
– Ah! Diogo cruel! – disse com mágoa,
E sem mais vista ser, sorveu-se na água.
DURÃO, Santa Rita. Caramuru: poema épico do
descobrimento da Bahia. 3. ed. Rio de Janeiro:
Agir, 1977. p. 87.
moribundo: que está morrendo
salsas: salgadas
freme: vibra, ruge
MEIRELLES, Vítor. Moema. 1866. Disponível em: <http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f9/ Vitor_m
eirelles_-_moema02.jpg>. Acesso em: 03 set. 2008.
2. (UEG SAS 2008) Moema, personagem indígena do poema épico Caramuru, apaixonada pelo
colonizador Diogo Álvares, serviu de inspiração para a pintura de Vítor Meirelles. Pensando nisso e
na relação entre a estrofe e a pintura, é CORRETO afirmar:
a) Na pintura e na estrofe, há elementos que remetem à presença de Diogo.
b) O contraste entre Moema e a paisagem é forte na estrofe e na pintura.
c) A estrofe e a pintura colocam em primeiro plano a figura feminina.
d) A posição social de Moema é destacada na estrofe e na pintura.
3. (UFJF 2004.2) No poema épico Uraguai, observa-se a ambigüidade ideológica de Basílio da Gama,
que se mostra dividido entre
a) a exaltação do indígena e a obediência à Coroa portuguesa.
b) a exaltação do negro e os interesses dos senhores de escravos.
c) a exaltação do indígena e a louvação da catequese jesuítica.
d) a exaltação do negro e a obediência à Coroa portuguesa.
e) a exaltação do negro e do indígena e a louvação da catequese jesuítica.
4. (UEPG PSS 2002) O texto I, abaixo, é um excerto do poema Caramuru, de Santa Rita Durão, e o
texto II faz parte de uma reportagem da revista Galileu, edição de abril de 2002. Com base na
leitura desses dois textos, assinale a alternativa correta.
I
Já estava em terra o infausto naufragante,
Rodeado da turba americana;
Vêem-se com pasmo ao porem-se diante,
E uns aos outros não crêem da espécie humana:
Os cabelos, a cor, barba e semblante
Faziam crer àquela gente insana
Que alguma espécie animal seria,
Desses que no seu seio o mar trazia.
Algum, chegando aos míseros, que à areia
O mar arroja extintos, nota o vulto;
Ora tenta despir e ora receia
Não seja astúcia, com que o assalte oculto.
Outros, do jacaré tomando a idéia,
Temem que acorde com violento insulto,
Ou que o sono fingindo os arrebate
E entre presas cruéis no fundo os mate.
II
AMBIENTALISTAS ACUSAM TRIBOS DE INVADIR ÁREAS DE
CONSERVAÇÃO, MAS INDIGENISTAS DIZEM QUE ELES TÊM
PRECONCEITO E DESINFORMAÇÃO
a) O texto árcade apresenta um índio europeizado, e o texto
moderno, um índio globalizado.
b) Os textos (árcade e moderno) apresentam um índio idealizado.
c) O índio é apresentado como sendo desprovido de passividade:
no texto árcade, frente ao processo de colonização, e,
modernamente, frente às ações de sobreposição das áreas
indígenas e áreas de conservação.
d) O índio é apresentado como sendo passivo: no texto árcade,
frente ao processo de colonização, e no texto moderno, frente
às ações de sobreposição das áreas indígenas e de conservação.
e) As alternativas b e d estão corretas.
5. (UFV PASES 2005) Caramuru, de Santa Rita Durão, é um poema épico do Arcadismo brasileiro
que:
a) se refere, historicamente, à colonização do Brasil, narrando a luta do povo indígena contra a invasão dos
holandeses no nordeste.
b) antecipa, através das descrições e exaltação da natureza brasileira, a temática nacionalista presente no
Romantismo.
c) narra as aventuras do náufrago português Diogo Álvares Correia, ressaltando a preocupação do autor com os
aspectos verdadeiros dos acontecimentos.
d) se diferencia, quanto à forma, da epopéia camoniana; mas se assemelha, quanto ao conteúdo, às peripécias
narradas em Os Lusíadas.
e) contrapõe a religião indígena com a fé católica dos portugueses, defendendo a permanência dos mitos e
crenças dos índios brasileiros.
Bárbaro (a bela diz), tigre e não homem...
Porém o tigre por cruel que brame,
Acha forças amor, que enfim o domem;
Só a ti não domou, por mais que eu te ame:
Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem,
Como não consumis aquele infame?
Mas pagar tanto amor com tédio e asco...
Ah! Que o corisco és tu...raio...penhasco.
6. (UFV PASES 2005) Leia o fragmento ao lado, extraído do
poema épico Caramuru. A “bela diz” e “aquele infame” referemse respectivamente a:
a) Moema e Diogo.
b) Paraguaçu e Caramuru.
c) Catarina e Caramuru.
d) Moema e Gupeva.
e) Paraguaçu e Diogo.
7. (UFV 2009) Leia o texto:
Brazil com S
Rita Lee
Quando Cabral descobriu no Brasil o caminho das Índias
Falou ao Pero Vaz para Caminha escrever para o rei
Que terra linda assim não há
Com tico-ticos no fubá
Quem te conhece não esquece
Meu Brazil é com S
O caçador de esmeraldas achou uma mina de ouro
Caramuru deu xabu e casou com a filha do Pajé
Terra de encanto, amor e sol
Não fala inglês nem espanhol
Quem te conhece não esquece
Meu Brazil é com S
E pra quem gosta de boa comida aqui é um prato cheio
Até Dom Pedro abusou do tempêro e não se segurou
Oh! Natureza generosa
Está com tudo e não está prosa
Quem te conhece não esquece
Meu Brazil é com S
Na minha terra onde tudo na vida se dá um jeitinho
Ainda hoje invasores namoram a tua beleza
Que confusão veja você
No mapa-mundi está com Z
Quem te conhece não esquece
Meu Brazil é com S
Conforme Gadamer, filósofo alemão e teórico da
moderna teoria literária, toda interpretação de uma
obra do passado consiste num diálogo entre passado
e presente. Considere as afirmativas abaixo,
referentes à canção de Rita Lee:
I. O título e o último verso de cada estrofe remetem a um
ideal nacionalista que pretendia garantir a identidade
cultural do Brasil, tema este valorizado e representado no
Romantismo do século XIX.
II. A canção de Rita Lee e Roberto de Carvalho não apenas
apresenta intertextos com os documentos descritivos da
Literatura de Informação do Quinhentismo brasileiro, mas
também faz citações de elementos culturais marcantes do
Brasil, como a música e a exuberância da natureza.
III. Os personagens históricos citados na canção assumem
uma função de representar uma visão do historiador em
detrimento do ficcionista, privilegiando a natureza da
literatura de expressar a verdade da história.
Está CORRETO o que se afirma em:
a) II, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I, II e III.
d) I e III, apenas.
8. (UNIMONTES PASES 2007) Todas as alternativas sobre a obra Caramuru, de Basílio da Gama,
estão corretas, EXCETO
A) É um poema que apresenta dados sobre a vida de várias nações indígenas; por isso, o herói é representado
por um personagem de uma das tribos do recôncavo baiano.
B) O poema descreve os costumes, os hábitos e ritos dos indígenas e as riquezas e belezas naturais do Brasil,
revelando uma visão exótica e nativista da terra.
C) Trata-se de um poema épico sobre a conquista da Bahia, no século XVI, por Diogo Álvares Correia,
português que ajudou os jesuítas na catequese dos índios.
D) O texto reconstrói o passado histórico da colonização portuguesa, no Brasil, no século XVI, com ênfase em
elementos da religiosidade cristã e em diálogo com os mitos greco-latinos e indígenas.
9. (UNIMONTES PASES 2008) Leia o texto abaixo.
Perde o lume dos olhos, pasma e treme,
Pálida cor, o aspecto moribundo;
Com mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre as salsas escumas desce ao fundo:
Mas na onda do mar, que irado freme,
Tornando a aparecer desde o profundo,
Ah Diogo Cruel! disse com mágoa,
E sem mais vista ser, sorveu-se n’água.
Choraram da Bahia as ninfas belas,
Que nadando a Moema acompanhavam;
E vendo que sem dor navegam delas,
À branca praia com furor tornavam:
Nem pode o claro herói sem pena vê-las,
Com tantas provas, que de amor lhe davam;
Nem mais lhe lembra o nome de Moema,
Sem que ou amante a chore, ou grato gema.
(DURÃO, 2005, p.192-193.)
Com base nas estrofes retiradas da obra Caramuru, de Santa
Rita Durão, assinale a alternativa INCORRETA.
A) O narrador descreve a morte da personagem Moema que se atira
no mar por causa do herói Diogo
Álvares Correia.
B) As estrofes apresentam oito versos decassílabos com rimas
externas AB, AB, AB, CC.
C) O texto explicita um diálogo intertextual com elementos da
religiosidade que é traço recorrente do
poema épico.
D) Para Moema, o herói Diogo Álvares Correia é representado como
cruel, principalmente por não amá-la.
10. (UFRGS 2006) Assinale a alternativa correta em relação a O Uraguai, de Basílio da Gama.
a) Trata-se de um poema épico em que o autor ataca o governo português.
b) O poema representa um marco importante na passagem do Arcadismo ao Barroco.
c) No poema, o autor evidencia simpatia para com as atitudes intervencionistas do Marquês do Pombal.
d) O poema segue a estrutura camoniana de Os Lusíadas , mantendo o teor tradicional das cinco partes da
epopéia.
e) O poema narra a luta entre os exércitos português e espanhol pela dominação do território das Missões
jesuíticas.
11. (UFJF 2008) Com base nos cantos II, III e IV de O Uraguai, de Basílio da Gama, qual das
alternativas abaixo está CORRETA ao associar canto, nome da personagem e ação?
a) No canto II, o índio Sepé guerreia contra as tropas portuguesas e espanholas e acaba morrendo em
combate.
b) No canto III, Cacambo salva os índios que pode e se retira da guerra.
c) No canto III, a imagem de Cacambo se apresenta a Sepé, que está dormindo, e a ele diz para reagir aos
acontecimentos da guerra, incendiando o local onde estavam os inimigos.
d) No canto IV, a índia Tanajura, que amava Cacambo, recusa-se a casar com Baldeta e escolhe morrer,
retirando-se para um bosque, onde se deixa picar por uma serpente.
e) No canto II, Catâneo e o general Gomes Freire de Andrade organizam as tropas espanholas e portuguesas
para a guerra.
12. (UFJF 2009.1) Leia as considerações abaixo sobre O Uraguai, de Basílio da Gama:
I. O escritor escolheu as Missões Jesuíticas como espaço, o século XVIII como época e a guerra guaranítica
como tema e fez um poema que apresenta questões relevantes quanto à identidade regional.
II. Sepé Tiaraju era o corregedor da comunidade de São Miguel durante a guerra guaranítica no século XVIII.
No poema, ele é uma das personagens principais e, mesmo assim, não atua entre os comandantes da reação
indígena contra a destruição dos Sete Povos das Missões.
III. O poema exalta os feitos do general Gomes Freire de Andrade, comandante do exército português, e
condena as ações dos padres da Companhia de Jesus, representando-os como grandes vilões. Isso revela o
antijesuitismo do autor.
Qual(is) está(ão) CORRETA(s)?
a) I, II e III
b) Apenas I e II
c) Apenas I e III
d) Apenas II e III
e) Apenas III
13. (UFJF 2009.2) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, referentes à obra
O Uraguai, de Basílio da Gama.
(___) É um poema épico escrito em 1769. Narra os episódios da Guerra Guaranítica ocorrida na Colônia dos
Sete Povos das Missões, na qual os exércitos português e espanhol lutaram unidos contra os índios para
garantir a posse das terras pelos espanhóis, questão esta estabelecida no Tratado de Madri, assinado pelos reis
de Portugal e Espanha em 1750 para definir suas fronteiras na América.
(___) O autor louva a ação do exército português e trata os índios positivamente. Entretanto, condena a ação e
a moral dos jesuítas no trabalho das Missões.
(___) O poema pertence ao arcadismo. Um dos episódios em que aparecem as características deste período
literário encontra-se no “Canto Quarto”, na descrição do antigo bosque no qual se passa a cena da morte da
índia Lindóia.
(___) Sepé Tiaraju é representado como uma figura submissa frente a Gomes Freire de Andrade e covarde no
momento em que morre em combate, atingido por uma lança e por um tiro. Sendo assim, O Uraguai não
contribui para a construção da imagem de Sepé como um herói da Guerra Guaranítica, como o fizeram vários
outros livros literários.
(___) Após a luta, os padres jesuítas insistem em permanecer no local e continuar o trabalho das Missões, não
deixando, assim, os índios sobreviventes desamparados.
A seqüência CORRETA de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
a) F – V – V – F – F
b) F – V – F – V – V
c) V – F – F - V – V
d) V – V – F – V – F
e) F – V – V – F – V