Na hora de remover tatuagens, vem o drama da dor e os riscos

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Na hora de remover tatuagens, vem o drama da dor e os riscos
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Correio Braziliense Online - DF
30/07/2010
Ciência e Saúde
Online
Na hora de remover tatuagens, vem o drama da dor e os riscos
(Silvia Pacheco)
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Aranhas, duendes, flores, nomes, cupidos, símbolos de uma época ou de
um romance pregados no corpo como tatuagens
Carregadas de significados, as tatuagens perpetuam na pele um momento
especial da vida, um amor, uma convicção política, etc. Mas o tempo passa, a vida
muda e, em alguns casos, essas figuras podem perder o significado que antes
possuíam, passando a se tornar indesejáveis. Mas como fazer para livrar-se da
tatuagem, indaga a maioria dos que se arrependem de ter os sinais na pele.
Até há alguns anos a saída era apenas a retirada cirúrgica e a dermoabrasão
(raspagem), métodos até hoje utilizados, mas que deixam uma cicatriz parecida
com uma queimadura. Atualmente, já é possível apagar tatuagens sem deixar as
marcas do passado, utilizando-se o laser. “É possível remover a tatuagem
completamente. Porém, em alguns tipos pode ser que fique um sombreado que
com o tempo vai desaparecendo”, avalia o dermatologista Gilvan Alves, presidente
da Sociedade Brasileira de Dermatologia Regional DF.
O tratamento é feito em várias sessões — com duração de 15 minutos cada —,
cujo número vai depender do tamanho da tatuagem, da profundidade do pigmento
na pele e, também, das cores usadas nos desenhos. “Na maioria das vezes, a
média é de seis a 20 sessões, com intervalos de dois meses, no mínimo”, informa
o dermatologista Erasmo Tokarski, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Dermatológica Regional DF.
O tratamento das tatuagens com o laser era feito com aparelhos que vaporizavam
os tecidos, como o laser de argônio e de dióxido de carbono, que apresentavam
resultados fracos para a remoção dos pigmentos e alta incidência de efeitos
colaterais e complicações, como cicatrizes. O princípio da fototermólise seletiva
revolucionou o tratamento das tatuagens. Esta técnica utiliza lasers que atingem
um alvo específico, no caso das tatuagens, um tipo de cor. Esse alvo atrai o raio,
absorvendo a sua energia, o que causa a sua destruição sem dano aos tecidos
adjacentes.
Cores
A maior dificuldade na remoção da tatuagem são as cores. O amarelo e o
vermelho são os pigmentos mais difíceis de serem removidos. “Essas cores
exigem uma associação de lasers para despigmentar. Normalmente, são usados
dois tipos de lasers diferentes para alcançar o resultado”, disse Gilvan. De acordo
com Tokarski, o vermelho e o amarelo exigem uma intensidade maior de luz para
desaparecer.
O cirurgião explica que para essas cores são aplicadas ondas de luz mais curtas e
intensas do que para as tintas preta e azul. “Eu diria para não fazer uma tatuagem.
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Mas se quiser fazer, faça com cores escuras, de preferência preta e azul, que são
bem mais fáceis de serem removidas”, sugere Erasmo.
Outra dificuldade na remoção do desenho é a profundidade com que foi cravada
na pele. Segundo Tokarski, quando a tatuagem é benfeita, fica na mesma
profundidade e isso facilita uma ação melhor do laser no pigmento. “O problema é
quando o tatuador ultrapassa a membrana basal, que divide a epiderme da derme.
Nesse caso, a pessoa vai precisar de mais sessões para chegar até o pigmento”,
explica Tokarski.
A localização também é outro fator que dificulta a remoção do desenho. Os
dermatologistas listam o peito, as costas, a nuca e os dorsos das mãos e dos pés
como os locais mais difíceis de se obter um bom resultado. O motivo é que esses
lugares apresentam grande probabilidade de desenvolver queloide (cicatriz
saliente, dura, de cor rosa), apesar de sumir a tatuagem, segundo Gilvan Alves.
Dói no corpo e no bolso
A geóloga Letícia Lemos, 31 anos, está na oitava sessão de laser para remover
um duende que tatuou nas costas quando tinha 17 anos. “A tatuagem não me
atrapalha em nada, mas ela não tem mais nada a ver comigo. Por isso decidi
removê-la”, justifica. “Vi a cirurgia plástica e a raspagem, mas todas iriam deixar
cicatriz”, ponderou Letícia, agora satisfeita com os resultados do laser.
A estilista Fernanda Ferrugem, 33, não teve a mesma sorte de achar um
tratamento a laser e retirou sua antiga tatuagem — uma aranha na mão. “Não
conhecia outro método. Aproveitei que iria para a mesa de cirurgia, por conta de
outro problema, para me livrar da tatuagem”, disse. O resultado foi uma cicatriz
que parece queimadura. “Ainda bem que o desenho era pequeno e não senti dor”,
contou.
“Para fazer uma tatuagem, a pessoa leva até três sessões, ou seja, sofre três
vezes. Para retirá-la é quase um ano. O sofrimento é maior”, compara Tokarski.
Para amenizar a dor, é recomendável usar uma pomada anestésica 30 minutos
antes da sessão.
A fotógrafa Priscilla Debatista Brito, 30 anos, está no fim do tratamento. Ela
começou as sessões há exatamante dois anos e só agora sua tatuagem — um
tribal no braço — está sumindo. “Na primeira sessão, quase morri de dor. Achei
que não fosse aguentar. Mesmo com um jato gelado, que a assistente joga
enquanto o laser atua, é como se estivesse queimando a pele”, relata. “O alívio é
que a dor vai diminuindo no decorrer das sessões”, comemora. “Tatuagem é algo
permanente. Dá para remover, mas existem os ônus que a pessoa paga, a dor e o
dinheiro gasto”, avalia Gilvan Alves. Dependendo do tamanho da tatuagem, uma
sessão pode custar de R$ 550 a R$ 1,2 mil.
Três perguntas para
Erasmo Tokarski Cirurgião dermatologista
A aplicação do laser é segura?
Estes lasers, que são específicos para agir no pigmento, têm sido largamente
aplicados aqui no Brasil e no exterior por milhares de pacientes e não se
conhecem efeitos danosos à saúde. Em geral o risco de cicatriz é mínimo, pois a
luz do laser danifica apenas a tinta da tatuagem e não a estrutura da pele. Dentro
da sala de procedimento com laser, a permanência só é permitida com o uso de
óculos especiais.
O que acontece após o tratamento?
Imediatamente após a exposição ao laser, a região tratada se torna ligeiramente
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branca, o que usualmente regride em 20 minutos. Nos dias seguintes uma
casquinha irá se formar na região, que em alguns casos terá a mesma cor da
antiga tatuagem; isso ocorre porque a tinta superficial estará saindo naquela
crosta. A pele habitualmente volta ao normal de 10 a 15 dias faltando apenas a
repigmentação natural através da melanina (pigmento marrom-escuro encontrado
na pele, pelos e íris).
Quais são os efeitos colaterais?
A nossa pele tem um pigmento natural que é exatamente a melanina, que também
absorve a energia do laser. Nas pessoas com a pele escura, a área tratada pode
ficar um pouco mais clara por um período de alguns meses. A melanina
normalmente volta a repovoar essa área restaurando a cor natural, mas a tinta da
tatuagem, uma vez retirada, não volta mais.
Tokarski remove a laser um duende desenhado nas costas de Letícia
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| Incluída em: 30/07/2010 10:25:00 | Jornalista: Silvia Pacheco
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