Apresentação - David Leo Levisky

Transcrição

Apresentação - David Leo Levisky
Adolescência e Violência
Conseqüências da Realidade Brasileira
DAVID LÉO LEVISKY (ORG.)
Adolescência e
Violência
Conseqüências da Realidade Brasileira
Casa do Psicólogo®
© 2000 Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, para qualquer finalidade,
sem autorização por escrito dos editores.
1ª Edição
2000
2ª Edição
2002
Produção Gráfica
Renata Vieira Nunes
Revisão Gráfica
Geuid Dib Jardim
Capa
Adriana Blay Levisky
Maria Eugênia F. Leme
Com utilização das imagens das esculturas El animal herido (1951); El otro animal
herido (1951); Salvador de Auschwitz (1951), em homenagem ao arquiteto, escultor e
pintor Mathias Goeritz (1915 – 1990), in Los ecos de Mathias Goeritz — Catálogo de
exposición, Antiguo colegio de San Ildefonso, Ciudad de México, 1997.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Adolescência e violência: consequüências da realidade
brasileira / David Léo Levisky (org.). — São Paulo: Casa
do Psicólogo, 2000.
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 85-7396-093-0
1. Adolescência 2. Psicologia do adolescente 3. Violência
I. Levisky, David Léo.
00-2885
CDD-155.5
Índices para catálogo sistemático:
1. Adolescência e violência: Psicologia do adolescente 155.5
2. Violência e adolescência: Psicologia do adolescente 155.5
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Reservado todos os direitos de publicação em língua portuguesa à
Casa do Psicólogo Livraria e Editora Ltda.
Rua Mourato Coelho, 1059 Vila Madalena 05417-011 São Paulo SP
Tel.: (11) 3034 3600 e-mail: [email protected]
In Memoriam de
Stanislau Krynski (Março — l996),
Mestre e amigo.
Pioneiro da Psiquiatria da Infância
e da Adolescência no Brasil.
Autores
Amélia Thereza De Moura Vasconcellos
Psiquiatra da Infância e da Adolescência.Membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.Ex-Presidente da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil (Nacional).
Diretora do Instituto de Psiquiatria e Psicoterapia da Infância e da
Adolescência.
David Leo Levisky
Psiquiatra da Infância e da Adolescência.Analista Didata da
Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.Assistente Estrangeiro da Faculdade de Medicina de Paris (Hôpital de la
Salpétrière).Ex Presidente da Associação Brasileira de Neurologia
e Psiquiatria Infantil (Capítulo Paulista).
Eva Blay
Profa.Titular de Sociologia da Universidade de São Paulo.
Senadora da República.
Elizabeth L.M.Smeke
Profa.Titular do Departamento de Medicina Social. Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas (UNICAMP).
8
David Léo Levisky
José Ottoni Outeiral
Psiquiatra da Infância e da Adolescência. Membro da Sociedade Psicanalítica de Pelotas.
Maria Ivone Accioly Lins
Pedagoga pela Universidade Federal de Pernambuco.Psicóloga
pela Universidade Católica de Louvain.Psicanalista pela Sociedade de Psicanálise do Rio de Janeiro.Doutora em Psicanálise pela
Universidade de Paris-X,Nanterre.
Maria Lúcia Vieira Violante
Psicanalista.Mestre em Psicologia Social.Doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP).
Maurício Knobel
Prof..Emérito pela Universidade de Campinas (UNICAMP).
Prof. de Psiquiatria Geral,da Infância e da Adolescência da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas
(UNICAMP). Psicanalista pela Associação Internacional de Psicanálise (IPA).
Roosevelt M.S.Cassorla
Prof.Titular do Departamento de Psicologia Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Campinas
(UNICAMP).Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
Stanislau Krynski
Prof.Titular de Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade
de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Agradecimentos
Contribuiram para a realização deste livro: Dr. Benjamin
Kopelman, Dra. Ruth Blay Levisky e Sra Edith Rubinstein que participaram na organização do I Encontro Adolescência e Violência:
consequências da realidade brasileira”, juntamente com os professores: Renato Mezan, Nancy Cardia, Melany Schvartz Copit, Lino
de Macedo, Raul Gorayeb e Virgínia Leone Bicudo.
David Léo Levisky
Índice
Apresentação ................................................................................. 15
Aspectos do Processo de Identificação do Adolescente na
Sociedade Contemporânea e suas Relações com a Violência
David Léo Levisky ....................................................................... 19
Adolescência: Uma Questão de Classe Social e Gênero
Eva Blay ........................................................................................ 35
O Adolescente e a Violência: Um Processo em
Busca da Identidade
Stanislau Krynski ......................................................................... 41
Normalidade, Responsabilidade e Psicopatologia da
Violência na Adolescência
Maurício Knobel .......................................................................... 47
A Perversidade da Exclusão Social
Maria Lucia Vieira Violante ........................................................63
Violência em Serviços Públicos de Saúde Mental:
Uma experiência clínica com adolescentes
Maria Ivone Accioly Lins ............................................................77
12
David Léo Levisky
Comportamento Suicida no Adolescente:
Aspectos Psicossociais
Roosevelt M.S.Cassorla & Elizabeth L.M. Smeke .................... 99
Tendência Anti-Social e Patologia do Espaço Transicional
José Ottoni Outeiral .................................................................. 121
Violência e Educação
Amélia Thereza de Moura Vasconcellos .................................. 135
“A questão não é saber, pois, se um homem é forte ou fraco, mas se pode aturar
a medida de sofrimento, moral ou físico,
não importa, que lhe é imposta”.
(Werther, Goethe, l77l)
Apresentação
Este livro é fruto das ansiedades que vem tomando conta de
vários segmentos de nossa sociedade face às inúmeras formas de manifestação de violência da sociedade contra o adolescente e deste
contra a sociedade à qual ele pertence.Múltiplos são os fatores que
intervem neste processo intenso e dinâmico, onde nem sempre as ações
vividas como violentas se dão de forma intensional e premeditada.
Mas, a intensidade, a continuidade ou a imprevisibilidade de certas
ações ou processos relacionais acabam por adquirir um caráter violento e desestabilizador da qualidade das interrelações sociais.
Na elaboração do processo adolescente, coincidindo com o
surgimento da capacidade reprodutora, o psiquismo humano se
reestrutura. O jovem adquire e desenvolve potencialidades simultaneamente a um complexo processo de perdas, desinvestimentos e
reinvestimentos afetivos. Novos valores éticos e morais serão incorporados à identidade que se delinea.
Durante este período de transição o aparelho psíquico do adolescente é vulnerável e suceptível às influências de pressões internas e externas, biológicas, psicológicas, sociais, éticas, morais, políticas, econômicas...
Numa sociedade onde a violência está banalizada, ou não é
identificada como um sintoma da patologia social, corre-se o risco
de se transformá-la num valor cultural válido a ser incorporado.
Geram-se na sociedade, ainda que inconscientemente, condições
para que a violência física e moral se transforme num elemento de
16
David Léo Levisky
afirmação do jovem dentro desta cultura. É o que se observa na
passividade, no conformismo, na lei de Gerson, nos jeitinhos e quebra-galhos, na desconsideração pelo próximo, que nada mais é do
que uma projeção da desconsideração por si mesmo.
Face ao clima social dominante na realidade brasileira e internacional deste fim de século e preocupados com o futuro de nossos
filhos, com a herança cultural que estamos deixando para as futuras
gerações, um grupo desvinculado de qualquer ação governamental
se mobilizou no sentido de promover a reflexão e possíveis atitudes
preventivas com vistas a se alcançar melhores condições de saúde
física e mental
Entendemos que este movimento espontâneo seja resultante da
falência das organizações governamentais. Nossa “ideologia”, acima de qualquer tendência político-partidária, é de que pertencemos
a uma mesma sociedade, ou a grupos sociais que se interagem. Portanto, somos todos agentes modificadores e receptores das ações e
consequências construtivas e violentas reinantes na sociedade contemporânea. O que procuramos é encontrar caminhos para uma melhor qualidade de vida.
Acreditamos que a ampliação dos níveis de compreensão psicológica e psicanalítica dos fenômenos sociais possa contribuir para
o encontro de estados de equilíbrio mais suportáveis e adequados.
Para a elaboração deste livro reunimos profissionais reconhecidamente competentes e preocupados com a qualidade das relações humanas. Procuramos dar ênfase ao pensamento psicanalítico,
mas não só a ele, pois entendemos que esta via é um componente
auxiliar importante para a compreensão de modelos de funcionamento do psiquismo humano, extraídos de vivências clínicas.
O conhecimento psicanalítico envolve a relação conscienteinconsciente bem como as formulações metapsicológicas. Através
destas últimas pode-se estabelecer o arsenal teórico-conceitual do
funcionamento mental, em seus aspectos estrutural, dinâmico e econômico. Leva ainda em conta os processos adaptativos, defensivos
e suas manifestações psicossociais, a interação entre a realidade
subjetiva e o mundo objetivo, veiculados pela família, pela sociedade, através da Cultura.
A seleção dos temas deveu-se às prioridades das manifestações psicossociais e foram motivos de debates durante o “I Encontro Adolescência e Violência: consequências da realidade brasileira”, realizado em outubro de l994, em São Paulo, na Escola Paulista
de Medicina.
Adolescência e Violência
17
Pretendemos com a publicação deste livro compartilhar, difundir e multiplicar os agentes interessados na compreensão e busca
de caminhos para uma relação democrática e construtiva, onde o
adolescente é peça chave neste processo, por estar em franco desenvolvimento e ser capaz de contribuir para uma “revolução” mais
criativa das relações psicossocias.
Estamos convencidos de que compete a cada um de nós dar
uma parcela de contribuição para a melhoria da qualidade de vida
do país. É preciso preservar e aprimorar a qualidade das relações
humanas, dentro de critérios de justiça dos direitos universais e individuais, dos grupos minoritários, respeitadas as diferenças, os interesses e os bens comuns da sociedade.
David Léo Levisky