Simone de Beauvoir

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Simone de Beauvoir
Sarau Eletrônico
Simone de Beauvoir
Em 2008 comemoram-se os 100 anos de nascimento de Simone de Beauvoir, uma das principais referências do
movimento feminista. Leia aqui um pouco da sua biografia.
SIMONE DE BEAUVOIR
(1908 – 1986)“Cada manhã, antes mesmo de abrir os olhos, reconheço minha cama, meu quarto. Mas se
durmo à tarde, em meu estúdio, experimento, às vezes, ao acordar, um espanto pueril: por que sou eu? O que me
surpreende – como à criança quando toma consciência de sua própria identidade – é o fato de encontrar-me
aqui, agora, dentro desta vida e não de uma outra: por que acaso? Se a considero do exterior, em primeiro lugar parece
inacreditável que eu tenha nascido. A penetração de um determinado óvulo por um determinado espermatozóide,
implicando o encontro e o nascimento de meus pais e de todos os seus ancestrais, não tinha uma chance entre milhares
de ocorrer. Foi um acaso, conforme o estado atual da ciência, totalmente imprevisível, que me fez nascer mulher.
Depois, para cada instante de meu passado mil futuros diferentes me parecem concebíveis: adoecer e interromper meus
estudos; não conhecer Sartre; qualquer outra coisa. Jogada no mundo, fui submetida a suas leis e a seus acidentes,
dependendo de vontades alheias, de circunstâncias, da história: estou, portanto, justificada por sentir minha contingência;
o que me atordoa é que ao mesmo tempo não o estou. O problema não existiria se eu não tivesse nascido: tenho que
partir do fato de que existo. E, certamente, o futuro daquela que fui podia fazer-me diferente do que sou. Mas então seria
essa outra quem se interrogaria sobre si mesma. Para aquela que diz: eis-me, não há conciliação possível. No entanto,
essa necessária coincidência do sujeito com sua história não é suficiente para dissipar minha perplexidade. Minha vida:
familiar e distante, ela me define e eu sou exterior a ela. O que é exatamente esse objeto bizarro?”
(Simone de Beauvoir. Balanço Final. Traduzido por Rita Braga. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982, p. 09).Simone
Lucie-Ernestine-Marie-Bertrand de Beauvoir nasceu na capital francesa, Paris, em 09 de janeiro de 1908, onde viveu a
maior parte de sua vida e faleceu, em 14 de abril de 1986. Em 1929 licenciou-se em Filosofia pela Sorbonne, onde
conheceu Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista com quem viveu até a sua morte. Este relacionamento amoroso entre
Simone e Sartre pautou-se pela liberdade, tanto que ambos sempre moraram em residências separadas e possuíram
seus amantes. Sartre chegou a dizer que o relacionamento de ambos era o de um amor essencial, o que não os impedia
de possuir amores contingenciais.Licenciada, Simone de Beauvoir trabalhará como professora no interior da França até
a publicação do seu primeiro livro, o romance A Convidada, em 1943, quando então passa a se dedicar quase que
exclusivamente aos seus escritos, que não são poucos. Autora de dezenas de livros, Simone praticou a ficção e a filosofia
como faces de uma mesma moeda. Muitos dos seus textos são autobiográficos. Escreveu romances, ensaios, teatro,
memórias, impressões de viagens e, apesar de ter dito por diversas vezes que não era dada a escrever cartas, são
volumosos os livros organizados a partir das correspondências que trocou com intelectuais, leitores e amantes –
destaque para o volume Cartas a Nelson Algren, que reúne as missivas trocadas com seu amante estadunidense.Em
1954 recebeu o prêmio Goncourt por seu romance Os Mandarins, a mais importante distinção literária francesa. Neste
romance, Simone de Beauvoir reflete a respeito dos meios freqüentados pela intelectualidade francesa de esquerda após
o fim da II Guerra Mundial.Intelectual engajada, combateu o capitalismo, o imperialismo, o colonialismo, o nazismo e foi
uma das principais pensadoras do existencialismo francês. Porém notabilizou-se principalmente por suas reflexões a
respeito da condição da mulher e das questões de gênero. Tornou-se famoso um depoimento seu publicado no jornal Le
Monde, em 1978, onde afirmou que “não se nasce mulher, torna-se”. Defendeu em suas obras, e
principalmente nos volumes de O Segundo Sexo, a tese de que a feminilidade, bem como a virilidade e a masculinidade
são fabricações sociais.Como feminista, ajudou a fundar, em 1974, a Liga do Direito das Mulheres, e é considerada uma
das principais referências do pensamento feminista ocidental.Bibliografia de Simone de Beauvoir:Romance: A
Convidada (1943); O Sangue dos Outros (1945); Todos os Homens são Mortais (1946); Os Mandarins (1954); As Belas
Imagens (1966); A Mulher Desiludida (1968); Quando o Espiritual Domina (1979).
Memórias: Memórias de Uma Moça Bem Comportada (1958); A Força da Idade (1960); A Força das Coisas (1963); Uma
Morte Muito Suave (1964); Balanço Final (1972); A Cerimônia do Adeus (1981); Journal de Guerre (1990).
Correspondência: Lettres à Sartre – I e II (1990); Cartas a Nelson Algren (1997); Correspondance Croisée (2004).
Teatro: Les Bouches Inutiles (1945).
Ensaio: Pyrrhus et Cinéas (1944); Por Uma Moral da Ambigüidade (1947); L’Amérique au Jour le Jour (1947);
L’Existencialisme et la Sagesse des Nations (1948); O Segundo Sexo – I e II (1949); Privilèges (1955);
Deve-se Queimar Sade? (1955); O Pensamento de Direita, Hoje (1955); A Longa Marcha (1957); Djamila Boupacha
(1962); A Velhice (1970).Para saber mais:
Links externos: O site http://www.simonebeauvoir.kit.net/ apresenta uma série de artigos a respeito da escritora Simone
de Beauvoir, bem como comentários sobre sua bibliografia, imagens, cronologia e uma série de informações a respeito
desta que se constitui como um ícone do movimento feminista.
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Produzido em: 1 October, 2016, 19:22

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