DUPLA AFINADA

Transcrição

DUPLA AFINADA
metropolis
julho / agosto 2011 # ano 1 # número 2
Solidariedade
Pessoal do jurídico
faz ações sociais
Memória
Os acervos pessoais
dos funcionários
Dupla afinada
Conheça a rotina do
usuário Beto e de seu
cão-guia Simon
Meio Ambiente
A nova máquina de
lavar trens
bons REFLEXOS
A abertura das Estações Luz e República da Linha 4-Amarela terá
impacto positivo em todo o sistema de transporte de São Paulo
Saúde e paz
Como as artes marciais
podem ajudá-lo a ter mais
qualidade de vida
metropolis
na internet
A partir desta
edição, você vai
encontrar este
ícone pelas páginas
da revista. Ele
indica que há
mais conteúdo
exclusivo no site da
Metropolis.
Folheie e navegue!
revista.metrosp.com.br
palavra do presidente
Fazer o melhor, sempre
revista Metropolis chega à sua segunda edição a tempo de registrar um momento crucial para o Metrô. O amadurecimento da Linha
4-Amarela, com a iminente abertura das estações Luz e República,
vai materializar o sonho que todos compartilhamos de oferecer um
sistema de transporte cada vez mais integrado à população da Grande
São Paulo. Como nos informa a reportagem de capa, as novas paradas
inserem o Metrô em novos eixos de circulação, o que vai facilitar a vida dos usuários
e ajudar a desafogar determinadas rotas.
Mais do que falar do próprio Metrô, porém, Metropolis tem como objetivo mostrar
como vivem, o que fazem e o que pensam os funcionários da companhia, seja em momentos de trabalho ou durante as horas de lazer. Esta edição traz uma série imperdível de histórias de colegas que se desdobram em ações sociais, que se preocupam com o bem-estar
físico e psicológico das pessoas, que colecionam pedaços da nossa história e que ajudaram
a trazer importantes avanços tecnológicos ou operacionais ao Metrô, entre outras.
Ao ler estes relatos, tive renovado meu orgulho de fazer parte de uma companhia que
abriga tanta gente boa – nos vários sentidos que a palavra pode ter. Esta edição de Metropolis também evoca a memória daquele que, por 36 anos, foi um pilar do nosso corpo
técnico, uma liderança que sabia extrair o melhor das pessoas e, acima de tudo, uma figura
humana excepcional. A perda repentina do diretor Sergio Salvadori, no dia 9 de junho, foi
um choque difícil de absorver. Aproveito o espaço para, mais uma vez, oferecer meus sentimentos à família e para conclamar os funcionários a homenagear a memória de Sergio
fazendo o que ele certamente gostaria que todos fizéssemos: o melhor, sempre.
Em tempo: Metropolis ganhou uma versão em papel, atendendo a diversos pedidos de
leitores que apreciaram a edição exclusivamente eletrônica do primeiro número da revista.
Boa leitura.
Sérgio Henrique Passos Avelleda,
Diretor-presidente da Companhia do Metropolitano
de São Paulo - Metrô
3
sumário
julho / agosto 2011
06 personalidade
Uma perda irreparável
07 metrô pelo mundo
Paris, a cidade-metrô
08 minha estação
O time da solidariedade
Museu em casa
26 próxima estação
Cheia de Luz
29 POR DENTRO DO METRÔ
Energia visível
36 memória
Acervos particulares
38 vou de metrô
Uma dupla muito especial
40 do lado de fora
Muito além da Catedral
14 VIDA DIGITAL
Fazendo arte... digital
20
integração
para valer
Com as novas estações Luz e República, a
Linha 4-Amarela cria novas possibilidades de
conexão para os usuários do metrô e ajuda a
desafogar a rede
16 AÇÃO CULTURAL
A arte como diálogo
30 FUI, VI E GOSTEI
O andarilho
32 CAMINHOS Do SUCESSO
O topo pode ser aqui
34 MEU DINHEIRO
Como poupar?
42 OLHAR ARTÍSTICO
O destino na janela do trem
44 AGENDA LEGAL
Programação artística
47 causos do metrô
Histórias dos funcionários do Metrô
12 DE BEM COM A VIDA
Saúde e sabedoria
18 LINHA do meio ambiente
Limpo e sustentável
Para festejar e refletir
metropolis
Conselho Editorial: Alfredo Falchi Neto - Aluizio Gibson - Carlos Roveri - Cleri Ane Ventura - Epaminondas Duarte - José Aloisio N. de Castro - Marcelo Cunha - Marcio Kerr Martins - Sérgio Henrique Passos Avelleda Maria Cristina Bastos - Valéria Cabral - Walter Castro - Wilmar Fratini - Redação: Edição João Paulo Nucci - Reportagem Carmen Amorim - Jacqueline Matoso Rodrigues - Thais Cortez - Direção de arte e
coordenação on-line Bruno Pansarello - Edição de arte e projeto gráfico Rebeca Esteves - Revisão Flávia Busato Delgado - Fotos Digna Imagem - Jornalista responsável João Paulo Nucci (MTB 46.065/SP)
Julho/Agosto 2011 - Ano I, Número 2
A revista Metropolis é uma publicação eletrônica e impressa da Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô.
cartas
mensagens e comentários
A publicação do primeiro número da revista Metropolis, em maio, rendeu centenas de
mensagens e comentários de leitores. Confira abaixo a opinião de alguns colegas.
Metropolis
Achei boa a iniciativa da revista.
Espero que ela dure bastante.
Edilson Pereira de Souza,
via e-mail
Parabenizo a todos os envolvidos
pela criação da revista Metropolis.
Os artigos estão bem equilibrados
e com ótima diagramação. A capa
do primeiro número é um primor
de modernidade.
José Edmirson Inojosa,
via e-mail
Gostaria de saber o que é preciso
para publicar alguma matéria na
revista. Quais assuntos são pertinentes e como devo proceder?
Helder Soares, via e-mail
Reposta do editor: Caro Helder,
a Revista está aberta a sugestões
de pauta de todos os leitores. Fique
à vontade para encaminhar suas
ideias sobre qualquer tema. Elas
serão avaliadas pelo Conselho Editorial e, se aprovadas, serão feitas
reportagens baseadas nelas.
Memória
Quero dar os parabéns à equipe do
Centro de Memória. O Centro é um
sonho que se tornou realidade com
muita dedicação e empenho dos
profissionais envolvidos no projeto.
Desejo sucesso a todos.
Cláudia Neves Antonio
Evangelista, em comentário
sobre a reportagem a respeito
do Centro de Memória
Olhar Artístico
Parabéns pela matéria sobre o Adoniran Barbosa. Estava excelente.
São bons tempos que não voltam
mais. Pena que eu nasci em 1983,
gostaria de ter vivido aquela época
gloriosa de São Paulo.
Murilo Jareno, em comentário
publicado sobre a matéria “É o
pogréssio”
Devemos prestigiar os artistas da
nossa terra paulistana. O Adoniran
Barbosa seria hoje severamente
criticado pelos “intelectuais” por
sua maneira simples e singela de
compor e cantar.
Flávio J., em comentário sobre
a mesma reportagem
Minha Estação
Como integrante do M.C. Furacão da
Estrada, sinto-me orgulhoso de ter
tido nosso grupo citado na primeira
edição da Metropolis. As reuniões
em Itaquera são uma delícia.
Wanderley Recalchi, em comentário sobre a reportagem
“Adrenalina e filantropia sobre
duas rodas”
Achei o máximo uma chef metroviária. Se a Silvia Tomaselli abrir um
curso para ensinar algumas
de suas receitas, podem me
colocar na lista.
Cristiane Biano, em comentário
sobre o texto “A chefe que também é chef”
Ação Cultural
Transporte não é só levar as pessoas de um lado para o outro. É
também abrir espaço para que as
pessoas possam admirar e contemplar arte e se extasiar com o
talento de algum gênio.
Jaziel Nascimento, em comentário sobre a reportagem “A obra
de arte mais vista de São Paulo”
De bem
com a vida
O doutor Maurício está absolutamente correto quando fala sobre os
perigos dos quilinhos a mais
de uma alimentação incorreta. É
por isso que um grupo de metroviários fundou a Equipe dos Atletas
Metroviários, que começou
como brincadeira mas já conta com
mais de 180 atletas, entre funcionários e familiares. Convido a todos a
conhecerem o nosso trabalho.
Celso Luiz Motta, em comentário sobre a matéria “O peso das
nossas escolhas”
Se quiser comentar, criticar ou dar sugestões para as próximas edições da revista, escreva para
[email protected] ou faça comentários nas reportagens publicadas no site revista.metrosp.com.br.
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personalidade
uma perda irreparável
A morte repentina do diretor Sergio Salvadori, aos 65 anos
de idade, provocou grande consternação
A
noite da quinta-feira,
dia 9 de junho, foi de
grande pesar para os
funcionários do Metrô. O falecimento de Sergio Eduardo
Favero Salvadori, diretor de
Engenharia e Construções da companhia, provocou grande consternação. Aos
65 anos, Salvadori
sucumbiu a um infarto fulminante em sua
casa. Foi enterrado no
dia seguinte, em Itu,
com símbolos de suas
grandes paixões: um
capacete do metrô e
uma camiseta do São
Paulo Futebol Clube.
Salvadori ingressou na companhia em
1975 e participou ativamente das construções de todas
as cinco linhas do metrô.
Especialista em grandes estruturas, o engenheiro também acompanhou obras dos
terminais de ônibus da Barra Funda e do Tietê, da rede
de trólebus do ABC e dos
shoppings Tatuapé e Santa
Cruz, entre outras.
6
Nascido em Itu em 1946,
Salvadori formou-se em Engenharia em 1969 na USP de São
Carlos. Antes de ingressar na
companhia, fez estágio profissional na França e participou
dos projetos do Metrô de São
Paulo e do Rio de Janeiro, além
de contribuir para a construção
de sistemas de água e esgoto.
Trabalhou ininterruptamente
no Metrô entre 1975 e 2007,
quando foi nomeado diretor
de Infraestrutura da São Paulo
Transportes (SPTrans).
Entre 2008 e janeiro de
2011, foi superintendente de
obras viárias da Secretaria de
Infraestrutura Urbana e Obras
da Prefeitura de São Paulo.
Salvadori retornou ao Metrô
no início do ano para ocupar
a diretora de Engenharia e
Construções, cargo
que já havia exercido. “Foi um choque
para todos que o conheciam e uma perda verdadeiramente
irreparável para o
Metrô”, diz Alberto
Horta, assessor da
diretoria de Engenharia e Construções, que trabalhou
e foi amigo de Salvadori por 35 anos.
“Ele estava no auge
de sua capacidade e
muito envolvido com os novos projetos da companhia.”
Salvadori era reconhecido pelo alto conhecimento
técnico, pela dedicação ao
trabalho e pelo bom humor
inabalável, mesmo nas situações mais tensas. Casado
com Regina Maria Maia Salvadori, deixa três filhos: Renato, Paula e Raquel. ●
Paris,
a cidade-metrô
P
aris é conhecida como “cidade-luz”, mas
também poderia ser chamada de “cidade-metrô”. Inaugurado em 1900, o sistema da capital francesa é das mais extensas e
bem distribuídas redes metroviárias do mundo.
Atualmente, a Régie Autonome des Transports
Parisiens (RATP) opera 14 linhas e 300 estações
espalhadas por 214,5 quilômetros de linhas. É o
quarto do mundo em extensão e o segundo em
número de linhas e estações (nesses quesitos,
perde apenas para Nova York, que tem 22 ramais e
424 estações). A distância média entre as estações
é de 560 metros. O sistema conta com uma das
estações mais movimentadas do mundo, a Châtelet Les Halles, que recebe mais de oitocentos mil
passageiros por dia. A região metropolitana de
Paris tem cerca de 11 milhões de habitantes.
O interessante é que a maior parte da malha metroviária de Paris foi construída até 1935,
o que explica o aspecto antigo (e charmoso) da
maioria das estações. Nessa época, já existiam
13 linhas em operação. Desde então, foram
construídas apenas extensões e uma nova linha,
a 14, inaugurada em 1998. Conhecida como Méteor, a Linha 14 é das mais modernas do mundo
em termos operacionais e de tecnologia.
Paris foi o primeiro metrô do mundo a adotar a automação integral, com trens sem condutores. Na Linha 14, a venda de bilhetes é totalmente automática, bem como o funcionamento
das portas da plataforma. Os trens são do tipo
gangway (com salão contínuo), com seis carros e
quatro motores por composição. Em algumas linhas, as composições operam sobre pneus.
metrô pelo mundo
Com 214,5 quilômetros, a rede
da capital francesa é das
maiores e mais bem distribuídas
do mundo
por conrado grava de souza
Todas as estações de metrô parisiense operam das 5h30 a 1h15, sete dias por semana. Muitas foram transformadas em verdadeiros museus
abertos, com grandes vitrines expondo obras de
arte. Várias têm suas instalações pintadas com
cores bem vivas e outras possuem música ambiente, mas no quesito acessibilidade ainda há
muito a ser feito. As estações são antigas, com
manutenção deficiente das estruturas civis e
poucos elevadores e escadas rolantes.
Em janeiro deste ano, foram anunciados investimentos de 32 bilhões de euros na construção de um sistema automatizado de metrô em
torno da Grande Paris – uma espécie de “metroanel”. Os investimentos também serão dirigidos
para a modernização e a ampliação das atuais
linhas que cortam a cidade. ●
Trem e fachada do metrô
de Paris
Veja galeria de fotos completa no site
revista.metrosp.com.br
Conrado Grava de Souza é assessor da presidência do Metrô de São Paulo e presidente do
Committee of Metros. Morou na França em 1977, está na companhia desde 1984 e já foi diretor de
operações da companhia.
7
minha estação
O time da
solidariedade
Há nove anos,
a equipe do
departamento
jurídico do Metrô
se mobiliza para
promover ações
sociais
E
A advogada Neusa Maria é a organizadora das ações sociais do grupo
8
m 2002, o então gerente do departamento
jurídico do Metrô, Sérgio Avelleda, hoje presidente
da companhia, resolveu criar
uma série de grupos entre
os funcionários da área que
compartilhavam interesses
em comum. Nove anos depois, o Time da Solidariedade permanece em plena
atividade. Cerca de sessenta
pessoas participam de atividades como arrecadação e a
entrega de produtos em abrigos, escolas e asilos.
Quem lidera o trabalho
é a advogada Neusa Maria
Aparecida Matheus, de 50
anos, há 23 no Metrô, hoje
na coordenadoria de controle externo. Por meio de
amigos e conhecidos, Neusa estabelece a instituição
que será ajudada e a forma
como o material necessário
(ou o dinheiro) será arrecadado. Em seguida, informa por
e-mail sobre a campanha.
A Caminho da Vida é uma das
associações beneficentes ajudadas
pelo time da solidariedade
Budista praticante, a doutora Neusa sempre procurou
ser solidária. “Por dez anos,
trabalhei como monitora em
um grupo de alfabetização
de adultos”, diz. No budismo, o altruísmo é considerado o caminho que leva as
pessoas à iluminação.
Renata Fagioli Nogueira,
advogada na área consultiva
do Metrô, sempre participa
das ações do Time da Solidariedade. Ela diz que se envolve com prazer pois sabe que
as doações terão destino cer-
to. “Acho legal ajudar, desde
que a gente saiba para onde
os recursos estão indo”, diz a
doutora Renata. Ela própria já
organizou com os colegas um
movimento de arrecadação de
água, produtos de limpeza e
de higiene para a região de São
Luiz do Paraitinga no início de
2010, quando a cidade foi devastada por uma enchente.
O Time da Solidariedade
também já comprou cobertores e colchas que foram
entregues em um asilo e já
organizou a pintura da fa-
chada da Casa Abrigo, uma
instituição do bairro da Aclimação que abriga crianças
que foram afastadas de seus
pais judicialmente. O pessoal
do Metrô ainda montou uma
biblioteca na casa com a doação de livros dos colegas.
Novas ações estão previstas
para o Dia das Crianças e para
o Natal. “Nosso trabalho é de
formiguinha”, diz Neusa. “É
muito gratificante poder ajudar pessoas e diminuir um
pouquinho o sofrimento de
cada um”, completa.
9
minha estação
Ari Barroso mostra algumas das
centenas de peças históricas e
curiosas em sua casa em Piracaia
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10
Museu em casa
Ari Barroso coleciona todo tipo de antiguidades e já lotou
quatro quartos e a garagem de sua casa em Piracaia
M
óveis, utensílios domésticos, livros, discos, aparelhos eletrônicos, carros, armas. A lista
é extensa. O metroviário Ari
Barroso, de 57 anos, já perdeu
a conta de quantos objetos antigos guarda em sua casa em
Piracaia, a 82 quilômetros de
São Paulo. No total, são quatro
quartos ocupados com sua coleções. Na garagem, são 11 automóveis históricos, dentre os
quais uma picape Ford de 1929
e dois DKW dos anos 1960.
Faz 27 anos que Barroso
começou a colecionar todo
tipo de antiguidades. “Vi uma
espada e uma espingarda em
uma loja de artesanato de
Embu das Artes e não resisti.”
A última aquisição foi feita no
início de junho em um bazar
próximo à Estação Armênia
do metrô: um disco da cantora
e atriz alemã Marlene Dietrich
lançado em 1952. O preço foi
uma pechincha: R$ 5,00.
Barroso aproveita suas viagens pelo exterior – já esteve
na França, na Itália, em Portugal, na Bélgica, no Chile, na
Bolívia, na Argentina, no Mé-
xico e em Cuba – e pelo Brasil
para garimpar objetos para seu
acervo. Sempre traz alguma
coisa, mesmo que a mercadoria não esteja necessariamente
à venda. “Às vezes vou à casa
de alguém e, se gosto de alguma coisa, pergunto se a pessoa
não quer vender”, diz. “Aí negocio e acabo trazendo.”
O metroviário adora comprar, mas nem pensa em vender peças de sua coleção. Já
recebeu inúmeras propostas,
mas seu sonho é manter tudo
sob seu controle para que, um
dia, possa montar um museu
em sua cidade. O local já tem
até nome. “Vai se chamar Casa
de Ari Barroso”, diz. Alguns
objetos históricos de Piracaia
– como uma máquina de beneficiamento de café utilizada
na região nos anos 1930 – também constam do acervo.
Metroviário há 37 anos,
Barroso é advogado e hoje
atua na gerência de Custos.
Na companhia, já foi técnico
de equipamentos, desenhista
e projetista do departamento
de Engenharia e também já
trabalhou na área de compras.
O fato de ser quase homônimo do compositor de “Aquarela
do Brasil” (cujo nome é grafado
com y) é apenas uma coincidência, e não uma homenagem. “Ari é um nome tradicional na minha família”, diz. ●
O desejo do colecionador é que tudo termine preservado
11
de bem com a vida
saúde e sabedoria
Faça como os
colegas Serginho e
Ariovaldo: pratique
artes marciais para
manter a forma
e aproveitar seus
ensinamentos
P
raticar artes marciais
é uma ótima forma de
deixar o sedentarismo,
reduzir o estresse e, de quebra, entrar em contato com
a sabedoria oriental. Que o
diga o agente de segurança Sérgio Antônio da Silva,
de 48 anos, mais conhecido
como Serginho. Ele é lutador
profissional e já foi técnico
e árbitro de kick boxing – uma
luta travada basicamente
com golpes desferidos com
o pé. Praticante há 29 anos,
Serginho coleciona títulos
estaduais e brasileiros e já
representou o País em mundiais em Budapeste (Hungria) e em Kiev (Ucrânia).
12
O agente de segurança Serginho (na foto acima, de preto)
é treinador de kick boxing
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Em meio a tantos chutes e socos, Serginho
se define com um homem de paz. É evangélico,
casado e trabalha no Metrô há 25 anos. Sua paixão pelas artes marciais já transbordou até para
as bibliotecas. Ele acaba de lançar Kick Boxing,
A Arte de Ensinar, seu segundo livro sobre o tema.
O primeiro, Kick Boxing, foi escrito há dez anos.
Além do aspecto competitivo, Serginho ressalta o bem-estar proporcionado pela prática da
modalidade. “O kick boxing relaxa física e mentalmente”, diz o atleta. “A prática ajuda a manter a
forma, proporciona equilíbrio pessoal e melhora a
autoestima.” Não há idade para começar, segundo
ele. “Tenho alunos com idade entre oito e oitenta
anos.” As crianças são especialmente beneficiadas, de acordo com Serginho. “O esporte educa.
Os mais jovens aprendem a ser disciplinados e a
importância da hierarquia e do companheirismo.”
O coordenador de Saúde e Qualidade de
Vida do Metrô, Maurício Monteiro Alves, apoia
a prática de artes marciais para quem deseja
entrar em forma. É preciso, segundo ele, apenas se certificar de ser orientado por profissionais competentes. “Qualquer prática que retira
o indivíduo do sedentarismo é saudável e faz
bem”, diz o doutor Maurício.
Outro especialista em artes marciais do
Metrô é o engenheiro do departamento de Planejamento Ariovaldo Veiga, de 50 anos. Ele
pratica diversas modalidades desde os tempos
de faculdade, mas é no tai chi chuan que busca
diariamente saúde, sabedoria e qualidade de
vida. Há nove anos, Ariovaldo lidera um grupo
de adeptos da prática chinesa que trabalham na
sede da rua Augusta. “O tai chi chuan traz equilíbrio, melhora a circulação e dá flexibilidade ao
corpo”, diz. Além disso, as artes marciais trazem
ensinamentos práticos que podem ser aplicados no cotidiano. “Quando surge uma discussão e sou agredido, faço como na luta: deixo a
agressão passar, sem me deixar ser atingido por
ela”, completa Ariovaldo. ●
O engenheiro Ariovaldo (na foto acima, à frente
do grupo) é mestre em tai chi chuan
Para o doutor Maurício, do Metrô,
as artes marciais são uma ótima
opção para quem deseja fazer
alguma atividade física
13
vida digital
fazendo arte...
digital
O arquiteto Carlão começou
meio sem querer a manipular
imagens no computador e já
expôs até na Bienal
O
Acima, três exemplos da arte de Carlão
14
arquiteto Carlos Alberto Loureiro, mais
conhecido como Carlão, trabalha há 31 anos no
Metrô e, há dez, desenvolve
uma atividade paralela: faz
arte digital. A veia artística de Carlão começou a ser
explorada quando ele quis
fazer uma camiseta estampada com a foto de sua filha.
Para conseguir um efeito especial, começou a manipular
a imagem até que ela ficasse
formada apenas por sombras. “Penei horrores até
conseguir o resultado que
queria”, diz Carlão. “Descobri depois que um único comando faria a mesma coisa.”
Desde então, a manipulação
de imagens em programas
como o Photoshop e o Corel
Draw virou o principal hobby
do arquiteto.
Carlão gosta de criar
“formas malucas”, abstratas,
muitas vezes definidas aleatoriamente pelos softwares
que usa. “No Corel Draw,
você mexe e fica esperando
o resultado, que é meio sem
controle”, segundo ele. A liberdade do meio digital o
atrai. Às vezes, passa horas
criando um desenho, para
chegar ao final e apagá-lo.
Em outras ocasiões, dá uma
nova chance para a obra e
continua a mexer e a remexer nela, até que o resultado
lhe agrade. Quando gosta
mesmo de algum trabalho,
Carlão o imprime, emoldura
e presenteia amigos e familiares. Duas de suas obras
decoram a sala de sua casa.
Quando está sem inspiração para criar, Carlão
pega referências na Internet.
Carlão com algumas de suas obras e sua ferramenta de trabalho, o computador
Ele baixa fotos encontradas em mecanismos
de busca e trabalha sobre elas. Foi aí que descobriu que, como todo artista que se preze,
possui diferentes fases em seu trabalho. No
momento, está entretido com uma série de
desenhos inspirados nas obras do arquiteto
Oscar Niemeyer – seu preferido, até o momento, é uma série que fez sobre o edifício Copan.
“O desenho digital permite
criar várias versões da mesma
ideia”, diz Carlão
Carlão já tentou pintar à moda antiga, com
tinta e pincel, mas desistiu logo de cara. “A vantagem do desenho digital é a possibilidade de se
fazer várias versões do mesmo trabalho, com mudanças de cores, sombras e recortes”, diz Carlão.
“Uma mesma imagem pode gerar várias outras.”
Ainda que una conceitos de arquitetura
e fotografia aos seus desenhos, Carlão o faz
de maneira livre e quase acidental. O desgaste mental da organização de ideias, planejamentos e cálculos ele deixa para seu trabalho
com a arquitetura. “E com muito prazer”, diz.
Seus quadros digitais permitem, segundo ele,
bons resultados sem muito esforço. Muitas
vezes, no entanto, ele se surpreende ao ver
quantas horas passou trabalhando em uma
mesma imagem.
O hobby que nasceu casualmente acabou
levando Carlão a expor, mesmo que por apenas dois dias, na 28ª Bienal Internacional de
São Paulo, em 2008. Ele aproveitou a performance do artista Maurício Ianês, que consistia em ficar nu e sobreviver aos dias da exposição contando apenas com o que recebia
dos visitantes, para doar uma de suas obras.
Carlão levou seu quadro “Fogueira” e acabou
ganhando seu espaço na principal mostra de
artes do País. ●
15
AÇÃO CULTURAL
A instalação “Caleidoscópio”, na Estação Brás, brinca com o reflexo da imagem dos próprios observadores
a arte A
como
diálogo
“Caleidoscópio”, obra
de Amélia Toledo na
estação Brás, brinca
com a imagem do
próprio observador
16
artista plástica Amélia Toledo, de 84 anos,
acredita que uma obra
de arte cumpre seu papel
quando consegue estabelecer um diálogo com as pessoas que a observam. Seu
trabalho “Caleidoscópio”, instalado na Estação Brás desde 1999, faz justamente isso:
cria uma relação direta com
as milhares de pessoas que
passam por ela diariamente.
Ninguém que caminha pela
estação consegue ficar indiferente à enorme instalação,
que conta com 25 peças de
aço de 2 metros de altura por
1,25 metro de largura. Dis-
postas de maneira a permitir
a circulação das pessoas, as
placas refletem e distorcem,
de forma lúdica, a imagem
dos observadores.
As placas possuem diferentes tratamentos. Umas são
escovadas, outras são polidas,
outras tantas são coloridas, o
que cria um jogo cromático
interessante para quem se
aventura pelo interior do caleidoscópio criado por Amélia Toledo. “O visitante faz
um percurso entre o real e o
virtual e incorpora-se à obra
incluindo sua própria imagem distorcida entre os reflexos”, diz a artista.
Amélia Toledo (no alto, à direita) se sente
realizada quando usuários do metrô
interagem com a obra (fotos acima)
Veja galeria de fotos completa no site
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Ainda em plena atividade artística, a paulistana Amélia iniciou a carreira aos 13 anos,
quando aprendeu a pintar e a modelar com
um mestre japonês. Passou parte da infância
na Alemanha, o que lhe permitiu um contato
direto com os museus europeus. Ela trabalha
com os materiais mais diversos. É fascinada
por pedras desde criança e utiliza a matéria-prima para fazer desde delicadas joias até
gigantescas instalações que ocupam espaços
públicos Brasil afora.
Amélia não é a única artista da família.
Seu filho Moacyr Toledo, com quem às vezes
assina peças em parceria, é artista plástico.
Sua mãe era desenhista e auxiliava o marido,
médico patologista, a registrar suas descobertas científicas. Sua avó produzia peças em
alto relevo, das quais ainda preserva algumas
em seu ateliê. ●
17
linha do meio ambiente
Logotipo do
projeto Linha
do Meio
Ambiente
O novo equipamento de lavagem substitui uma máquina que permaneceu em operação por 37 anos em Jabaquara
limpo e A
sustentável
Nova Máquina de Lavar Trem
reaproveita até 70% da água
utilizada em cada ciclo
18
nova Máquina de Lavar Trem (MLT) do
Metrô, que opera no pátio Jabaquara
desde abril, tem a capacidade de reutilizar
a própria água. “Isso torna o processo ambientalmente mais correto e nos enquadra nas normas
estabelecidas pelo ISO 14000 [a principal certificação da área ambiental]”, diz Moysés Magalhães
Peitl, engenheiro de desenvolvimento do Metrô e
responsável pelo projeto da máquina.
O princípio da MLT é o mesmo dos lava-rápidos: o trem é conduzido pelo interior da
máquina, onde as composições recebem jatos
d’água e sabão e são esfregadas por grandes
cerdas rotativas. A água que escorre do trem
é recolhida em canaletas e direcionadas a um
reservatório de 40 mil litros. A água então é tratada, recebe cloro e fica pronta para um novo
ciclo. Apenas no enxágue final do trem é utili-
Peitl: ISO 14000 em ação
zada água “nova”, o que permite o
reaproveitamento de cerca de 70%
do que foi gasto em cada lavagem.
Antes da chegada da nova MLT,
o Metrô utilizava no Jabaquara uma
máquina que operou por 37 anos e
que possuía menos cerdas e menos
mobilidade. “A nova máquina possui uma escova horizontal e seis
verticais. Há ainda um pórtico móvel, que lava as máscaras do trem”,
afirma Reginaldo Martins, projetista elétrico da Ceccato, empresa que
desenvolveu a máquina. O controle
é feito automaticamente por um
funcionário de uma cabine externa,
e cada lavagem demora cerca de
vinte minutos.
A limpeza da parte interna dos
carros é feita diariamente por uma
equipe de funcionários que trabalha de madrugada. Os trens são lavados ao longo do dia, nos horários
de menor movimento de público
nos pátios de suas linhas. A nova
máquina deverá ser instalada futuramente também nos pátios de Itaquera e Capão Redondo.
para festejar e refletir
Metrô faz palestras e recebe certificação no Dia do Meio Ambiente
O
Dia Internacional do
Meio Ambiente – 6 de junho – foi especial para o
Metrô. A companhia recebeu da
Fundação Vanzolini a certificação da ampliação do escopo do
sistema ISO 14001 – o que quer
dizer que a área de operações
agora também trabalha sob um
rígido código de gestão ambiental – e ainda realizou duas
palestras no âmbito do programa Linha do Meio Ambiente.
Os convidados da Gerência de
Meio Ambiente e Sustentabilidade (GMS) foram o economista Sérgio Besserman, da
Câmara Técnica de Desenvolvi-
mento Sustentável da Prefeitura do Rio de Janeiro e a jornalista especializada Flávia Lippi,
que comanda o Instituto de
Desenvolvimento
Humano
Lippi. Besserman falou de
sustentabilidade tendo como
ponto de partida as cidades e
a sociedade, enquanto Lippi
tocou na questão da mudança
de hábitos individuais.
A semana do Meio Ambiente também foi comemorada pela companhia com a
distribuição de estojos confeccionados com o material
remanescente dos painéis
informativos utilizados nas
divulgações institucionais do
Metrô. O mimo foi batizado
de “metrobag” e fez sucesso
entre os funcionários. A companhia também organizou dez
exposições com o tema "Florestas" para marcar a data.
A cerimônia da ISO 14001
contou com as presenças dos
secretários estaduais do Meio
Ambiente, Bruno Covas, e dos
Transportes Metropolitanos,
Jurandir Fernandes. “Mudança ambiental é mudança de
atitude”, disse Covas. “Não
vamos conseguir mudar o
ambiente se não mudarmos
nossos hábitos.” ●
19
capa
20
Integração
para valer
Com as novas estações Luz e República, a Linha 4-Amarela
cria novas possibilidades de conexão para os usuários
do Metrô e ajuda a desafogar a rede
A torre da Estação da Luz da CPTM
é refletida nas instalações da nova
estação da Linha 4-Amarela
21
capa
inauguração das estações Luz e República da Linha 4-Amarela – prevista para
os próximos meses,
mas ainda sem data
definida – vai, além
de beneficiar centenas de milhares
de usuários que circulam pela região central
de São Paulo, provocar reflexos positivos em
toda a malha de transportes da cidade. O perfil integrador do mais novo ramal do metrô – que
vai passar a cruzar com a Linha 3-Vermelha na
República e já se conecta com a Linha 2-Verde
na Paulista e com os trens da CPTM em Pinheiros
e, em breve, na Estação Luz, que também terá
ligação direta com a Linha 1-Azul – passará a ter
efeitos práticos com as duas novas estações. “As
estações Luz e República serão os dois principais
pontos de transferência da linha”, diz José Eduardo Stavale, chefe da área de sistemas do departamento de construção da Linha 4-Amarela. “As
novas alternativas para os usuários certamente
vão ajudar a desafogar estações como a Sé e
A claraboia garante a iluminação natural na Estacão Luz
22
Paraíso.” Quem vem da Zona Leste, por exemplo, passará a ter a República como alternativa
de transferência rumo à Zona Oeste da cidade.
Bem como o usuário que parte da Zona Sul já
se beneficia da possibilidade de transferência na
Linha 2-Verde para acessar a região central. Antes do início das operações das estações
Luz e República, que estão em fase final de
obras de acabamento, a Linha 4-Amarela tem
quatro estações em funcionamento: Butantã,
Pinheiros, Faria Lima e Paulista. Quando estiver
totalmente concluída, em 2014, a linha contará
também com as estações Vila Sônia (que será o
terminal na ponta Oeste do trajeto), Morumbi,
Fradique Coutinho, Oscar Freire e Higienópolis.
No total, serão 11 estações em 12,8 quilômetros de trajeto. A linha começou a operar em
maio de 2010, com a abertura do trecho Paulista-Faria Lima. Estima-se que até 840 mil usuários irão utilizar o ramal diariamente, quando
ele estiver em operação plena.
As estações Luz e República serão duas
das mais movimentadas do Metrô já na inauguração. A Estação Luz, que é contígua à histórica estação ferroviária da Luz e integrada
à estação Luz da Linha 1-Azul, deverá ter um
movimento diário de 104 mil pessoas. A possibilidade de integração com seis diferentes
linhas da CPTM garante uma demanda robusta para a estação. Apesar de levarem o mesmo nome, as duas estações Luz do Metrô são
independentes entre si, embora sejam conectadas. A nova estação da Linha 4-Amarela foi
construída em uma área que antes era ocupada por imóveis residenciais e comerciais,
muitos deles em estado bastante depreciado
no momento da desapropriação. “O entorno
da estação, que é bastante degradado, certamente vai se valorizar muito daqui em diante”, diz Stavale. “A estação faz parte de um
projeto maior de reurbanização dessa região.”
As estações Luz e República seguem o padrão moderno e agradável da Linha 4-Amarela
A estação, que é subterrânea, se integra
à cidade na forma de uma praça localizada
entre as avenidas Prestes Maia e Brigadeiro
Tobias. A área será aberta à passagem da população e só não ocupa o quarteirão inteiro
pois dois imóveis tombados precisaram ser
mantidos em pé, apesar do péssimo estado
de conservação em que se encontram. Há espaço reservado também, em uma das pontas
da praça, para a criação de uma galeria comercial. Do nível da rua, vê-se apenas a enorme claraboia que cobre e ilumina a estação.
Por dentro, a Estação Luz segue o padrão das
novas estações do Metrô: tem luz natural abundante, que chega inclusive às plataformas, localizadas a 31 metros sob o chão, e é decorada
em cores claras. A linha de bloqueios é feita
com os modelos novos, de chapas de vidro
que se abrem para a passagem do usuário. Nas
entradas em que há integração com a CPTM ou
com a Linha 1-Azul, não há bloqueios, e sim
um sistema que conta o número de passantes
por infravermelho. O leito do trem, como em
todas as outras estações da Linha 4-Amarela,
é protegido por portas-plataforma, o que aumenta a segurança dos usuários.
23
capa
A Estação Luz foi construída em um terreno
arenoso e com muita água, o que trouxe desafios técnicos específicos para o Metrô. Aquela
região era, no passado, a várzea do rio Tamanduateí, o que torna o piso bastante instável. “Por
causa disso, era preciso endurecer o terreno
com o concreto antes de fazer a escavação”, diz
Eduardo Cyrino, engenheiro responsável pelo
meio ambiente na Linha 4-Amarela. Se, por um
lado, a fragilidade da área tornou o processo
de escavação mais complicado, por outro permitiu que três poços fossem cavados no local
– e não apenas um, como ocorre normalmente.
Pelo processo habitual, o espaço aberto pelos
poços laterais seria cavado a partir de dentro do
poço principal, e não por cima. “Com esse método inovador, conseguimos economizar tempo
e dinheiro”, diz Alberto Lima, engenheiro responsável pela construção da Linha 4-Amarela.
Grandes vigas foram instaladas entre os poços
para dar estabilidade à estação. As obras da Estação Luz começaram em 2005 e envolveram,
em seu auge, 700 homens trabalhando simulta-
24
neamente. Assim que os poços terminaram de
ser escavados, o shield (equipamento de perfuração mais conhecido como “tatuzão”) chegou à
Estação Luz e abriu os túneis.
Mas, em termos de desafio técnico, é difícil
superar o que aconteceu durantes as obras da
nova estação República, que fica sob a praça
de mesmo nome. Nesse ponto, o shield precisou
passar sobre a estação da Linha 3-Vermelha
da República – que foi construída em um nível
mais baixo pois à época já havia a previsão da
passagem da Linha 4-Amarela. Os pilares existentes, porém, impediam que o gigantesco “tatuzão”, de mais de mil toneladas, passasse por
ali. Para que isso ocorresse, foi realizada uma
operação conhecida tecnicamente como “transferência de carga”, que envolveu a remoção dos
pilares e a criação de uma nova estrutura de
sustentação para toda a estrutura. “É como se
o shield precisasse passar por dentro de um gol,
sendo que ele é mais largo do que as traves”, diz
Lima. “O que a gente fez foi ampliar o tamanho
do gol, colocando um novo travessão e, depois,
As estações Luz e República são integradas com outras linhas do Metrô e com a malha ferroviária da CPTM
novas traves.” Falando assim, parece algo simples, mas a operação levou três meses de intensa
preparação e meticulosa execução. E a Estação
República, que recebe sessenta mil pessoas por
dia, jamais deixou de operar durante o processo
– a não ser no fim de semana em que o shield atravessou o local, em maio de 2009. A abertura do
túnel, enfim, foi um sucesso: prevista para ocorrer em 48 horas, durou apenas 32 horas.
Estima-se que a nova estação receba 96 mil
pessoas por dia. Ao contrário da Estação Luz, que
ocupa um área nova para o Metrô, a Estação República foi construída sobre a estação da Linha
3-Vermelha. “É uma estação dentro da outra”, diz
Stavale. Esteticamente, porém, a diferença entre
as duas linhas é notável: a nova Estação República segue o padrão da Linha 4-Amarela, com suas
tonalidades claras e sua atmosfera moderna. ●
A Linha 4-Amarela corta a cidade no sentido Zona Oeste-Centro e terá 11 estações quando estiver em pleno funcionamento
25
próxima estação
cheia de luz
Iluminação natural e modernidade das instalações impressionam
funcionários em visita às obras da estação Luz
N
o dia 14 de junho, a diretoria de Engenharia e Construções do Metrô organizou uma
visita de funcionários de diversas áreas da
companhia à Estação Luz da Linha 4-Amarela. “A
ideia é que esse grupo tenha o privilégio de conhecer o futuro do Metrô em nome dos nossos
quase nove mil funcionários”, diz Carlos Roveri,
assessor da diretoria e organizador da visita. O
pessoal se reuniu na sede do Metrô da rua Boa
Vista pela manhã e, ainda por lá, ouviu uma rápida palestra do engenheiro responsável pela construção da Linha 4-Amarela, Alberto Lima, sobre
as obras da estação. Depois todos seguiram até a
Estação Luz da Linha 1-Azul, onde um tapume decorado com uma bela foto do túnel do novo ramal
ainda a separa das obras da nova estação.
26
Os engenheiros Eduardo Cyrino e Ana Lúcia
Cunha receberam o grupo e passaram a dar explicações técnicas sobre a construção da estação
(veja reportagem na página 21). O pessoal desceu
até o nível da plataforma e, depois, subiu até a praça que servirá de entrada para a estação – como
as vinte escadas rolantes ainda não estavam funcionando, os funcionários exibiram sua boa forma
física a o percorrer a pé os mais de trinta metros
que separam o fundo da estação do nível da rua.
Já na praça, puderam notar o contraste entre a
modernidade e beleza das instalações do metrô
com o degradado entorno da estação.
Confira a seguir a impressão de cada um
dos visitantes sobre a Estação Luz da Linha
4-Amarela:
ive uma impressão
muito boa da estação, mas o lado externo assusta um pouco.
Acho que terá de ser feito
um esforço especial de segurança aqui na área. Lá
dentro, o que me chamou a
atenção foi a claridade e a
facilidade de locomoção. Os
espaços são bastante largos
e bem iluminados.
T
que mais me chamou a atenção foi a
praça, que tem área
verde. São Paulo estava
precisando disso. Para
mim, que sou funcionário
novo, a construção toda
me impressionou bastante. É uma construção grandiosa mesmo.
o
Davi Ambrozio Lóio,
engenheiro ambiental
estação tem um tamanho impressionante.
As vigas são enormes.
Em termos de arquitetura, está
maravilhosa. Ela é muito clara,
a claraboia ficou magnífica. E
também vai ser muito útil para
quem toma trem aqui na Luz.
a
Conceição Aparecida
Campos Sperandio trabalha
no departamento de segurança
da gerência de operações
Kozo Sugawara, analista de
planejamento do departamento
de Segurança da Informação
estação é muito bonita. Existe um salto em
termos estéticos muito
grande quando você compara, por exemplo, com a Linha
1-Azul. O povo merece isso,
coisas bonitas e funcionais.
Aqui também há uma preocupação grande com a sustentabilidade. A luz e a ventilação
são naturais. A parte tecnológica também é de ponta. Tudo
isso vai trazer mais qualidade
de vida para o paulistano, que
é, no fim das contas, o objetivo de todos nós do Metrô.
a
Ayres Rodrigues
Gonçalves, engenheiro,
trabalhou na construção da
Linha 2-Verde
A claraboia (foto à esquerda, no alto) garante a luz natural até o nível da
plataforma, enquanto a praça sobre a estação (acima) será aberta ao público
27
próxima estação
a
Estação Luz ficou maravilhosa. É a prova de
que o metrô está cada
vez mais moderno. A dimensão me impressionou muito.
A estação é enorme e a iluminação natural chama muita atenção.
chei a estação bonita, é bem iluminada,
a concepção dela é
nova. A integração com as
outras linhas e com os trens
é de grande importância para
a sociedade.
a
Rodrigo Daniel Okajima,
engenheiro civil da gerência de
planejamento
ejo um choque tecnológico e cultural. A estação é tão moderna e
fica no centro antigo, ao lado
de construções históricas como
a Pinacoteca e a tradicional Estação da Luz. A construção tem
tudo o que há de melhor no
mundo hoje. A integração também vai ser muito importante
para a população. Integrações
estão muito centralizadas, vai
ter triangulação das linhas.
v
Grupo de nove funcionários de diferentes áreas do Metrô visitou as instalações
no dia 14 de junho
Alessandro Godoy
Coelho, engenheiro civil, trabalha no projeto do monotrilho
28
Zilma soares da Silva,
secretária da gerência de
planejamento
qui a tecnologia é de
ponta. Essa estação
vem ao encontro do
desejo do cidadão, do usuário do metrô. É mais uma
possibilidade moderna e de
qualidade para esse usuário. Quanto mais o metrô
cresce, melhor ele atende às
pessoas.
a
José Edmirson Inojosa,
trabalha na ouvidoria
estação ficou fantástica. É a primeira vez
que tenho o prazer
de ver uma estação antes de
ser inaugurada. Ela é bonita,
ampla, não dá aquela sensação de confinamento.
a
Flavio Luiz Jabbur
Ferreira, analista de concepção de projetos da gerência de
planejamento ●
por dentro do metrô
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revista.metrosp.com.br
energia visível
Pontos de energização da Linha
5-Lilás ganham sinalização
para aumentar segurança
O
s 8,4 quilômetros de extensão da Linha 5-Lilás ganharam, recentemente,
uma nova tecnologia no seu sistema
de eletrificação que aumentou a confiabilidade da operação e a segurança para os usuários. Os pontos exatos onde a energia elétrica entra em contato com os pantógrafos
que ficam sobre os carros – chamados tecnicamente de zonas de ponteamento da rede
aérea – foram mapeados e demarcados com
sinais em vermelho fluorescente.
Isso permite que os operadores dos trens
identifiquem imediatamente os pontos onde
há energia, em caso de parada do trem. “Dessa forma, o usuário não sofre os transtornos
de eventuais paralisações do serviço”, diz o
engenheiro elétrico Eduardo Casado. “As decisões são tomadas de maneira mais rápida,
pois há uma comunicação mais ágil entre os
operadores de trens e o sistema de eletrificação do Centro de Controle Operacional.”
“Quando acontecia alguma pane na rede,
os técnicos levavam um tempo muito longo
para identificar o ponto exato do problema”,
diz Marcos Vicentini, coordenador de gerência de operações. Com o novo sistema, fica
mais fácil saber quando o trem está parado
em uma região com possibilidade de integração de circuitos elétricos e traçar estratégias
mais seguras para a resolução do problema.
Além da demarcação com luz fluorescente, há faixas em branco e vermelho a 120 metros de cada ponto de energização. Essa dis-
Vicentini e Casado (no alto) em um dos pontos sinalizados; medida facilita o trabalho de gente como o coordenador da central
de operações Salvador Gil de Oliveira (na foto do meio), o analista Gildo Coelho de Lima (abaixo, à esquerda) e do operador
de trem Laurivaldo dos Reis
tância é suficiente para que o operador atue
de forma preventiva, parando o trem antes
de tocar o ponto de energia em caso de algum problema na rede. Após cada ponto de
energia, a sinalização muda para vermelho
e amarelo, de forma que o operador esteja
sempre ciente de onde está exatamente em
relação aos pontos de energização. ●
29
fui, vi e gostei
Nelson segue para suas andanças com, no máximo, cinco quilos de material na mochila
o andarilho
O engenheiro civil
Nelson Fernandes
da Silva Filho faz
questão de incluir
longas caminhadas
em suas viagens
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revista.metrosp.com.br
30
C
ajado na mão para se defender dos perigos ao longo do caminho, chapéu, botas
de tecido impermeável e roupas muito
leves. Na mochila, vão duas peças de roupa, um
casaco, amêndoas, frutas e água – nunca mais do
que cinco quilos de material. Afinal, quanto menor o peso nas costas, melhor o desempenho na
caminhada e menor o cansaço. A rotina de um
andarilho não é nada fácil. A recompensa é que
“a cabeça segue leve, os olhos descansam com
as paisagens e o estresse fica pelo caminho”, diz
Nelson Fernandes da Silva Filho, de 58 anos, engenheiro civil do Metrô e praticante de longas caminhadas desde a década de 1970.
Nelson desbrava o interior de São Paulo a pé
Caminhar, para Nelson, é uma forma de
"deixar o estresse pelo caminho"
O desafio de vencer longas distâncias começou quase quarenta anos atrás, quando Nelson e
um grupo de amigos que passeavam por Ilha Bela,
no litoral de São Paulo, decidiram atravessar a floresta tropical que cobre o local no sentido oesteleste, até a praia dos Castellanos. “Foram sete horas de caminhada. Chegamos à praia no final do
dia e tivemos que dormir na casa de um caiçara.
Mas toda aventura é bem-vinda quando se tem 19
anos de idade”, diz o engenheiro-aventureiro.
Pouco tempo depois, Nelson já estava de
novo com a mochila nas costas. Daquela vez, viajou por um mês com seu irmão gêmeo, Edson, de
São Paulo até a Bolívia. De São Paulo a Corumbá
os dois seguiram de ônibus. Em Puerto Suarez,
na Bolívia, pegaram o trem. Naquela época, anos
1970, o “trem da morte” que vai até Santa Cruz de
La Sierra, tinha uma estrutura precaríssima. Passageiros e cargas se amontoavam nos vagões.
Nelson e o irmão chegaram até o Peru, onde
visitaram várias cidades históricas, como Pisac,
Cusco e Machu Picchu. “Chegamos ao vale sagrado da civilização inca em pleno inverno. Vi
neve pela primeira vez. Guardo até hoje a imagem surpreendente da arquitetura local e da
tecnologia usada para o sistema de drenagem.
Tudo era fascinante para um estudante de engenharia.” Mochila nas costas entre a Bolívia e o
Peru significa tomar banho frio, andar bastante
e dormir pouco em pousadas e abrigos. “Mas as
paisagens são deslumbrantes”, diz.
Nelson faz caminhadas frequentes nas cidades próximas da capital paulista nos finais de
semana. O próximo desafio é completar o Caminho da Fé, um percurso de mais de trezentos
quilômetros entre Águas da Prata e Aparecida, no
interior de São Paulo. Há dois anos, ele fez parte
do percurso com o filho, Pedro. Foram três dias de
caminhadas entre vales, montanhas e estradas de
terra na Serra da Mantiqueira. “Em média, fazíamos sete horas de caminhada por dia. É tempo de
sobra para pensar, trocar ideias e vencer obstáculos juntos. Exercitamos a paciência e a resistência
ao cansaço. Ganhei algumas bolhas no pé e não
consegui chegar até final do percurso. Mas, sem
dúvida, fiquei muito mais próximo do meu filho.”
Nelson pretende fazer agora mais um trecho do
Caminho da Fé, de 86 quilômetros. Desta vez, ele
segue viagem com um colega de trabalho. ●
31
caminhos do sucesso
o
topo
pode
ser aqui
Sentir-se realizado profissionalmente é mais
importante do que buscar altos cargos.
Talvez você já tenha chegado lá
32
V
ocê já parou para se perguntar se gosta do que
faz? Se a resposta for sim,
considere-se um profissional
realizado. Você pode estar no
topo da sua carreira e nem se
deu conta disso. Para os especialistas em recursos humanos,
a dificuldade de entendimento é compreensível. A grande
maioria de profissionais associa o ápice da vida profissional
à conquista de altos cargos.
Mais importante do que isso,
porém, é sentir-se bem onde
quer que você esteja. “Sucesso
na carreira tem mais a ver com
estar feliz do que atingir o topo
da hierarquia”, diz Regina Camargo, consultora de Recursos
Humanos. “Há outros valores
que fazem com que as pessoas
se sintam realizadas na profissão que escolheram.”
O professor americano
Brooklyn Deerh, da Universidade de Utah, identificou cinco
pontos que orientam as escolhas profissionais, segundo Regina: além da ascensão a novos
cargos, há o gosto pelo desafio,
a autonomia, a segurança e o
equilíbrio entre a vida pessoal
e profissional. Quem opta pela
primeira via deve ter clareza se
o novo cargo vai permitir que
se faça o que gosta. Junto com
um salário maior, mais status
e poder, vêm outras responsabilidades. “Toda mudança tem
um preço. Não se deve idealizar a ascensão”, diz Regina.
“Muita gente sofre porque não
conseguiu perceber as consequências desse processo.”
Para ajudar seus profissionais a descobrir realmente onde
querem chegar na carreira, o
Metrô criou o programa Gestão
da Sucessão. Pela primeira vez
na história da empresa, as competências e os potenciais de
um grupo de 1,5 mil funcionários estão sendo mapeados. No
Roberta e Marise: ascensão profissional não deve ser idealizada
futuro, eles poderão ser aproveitados em cargos executivos
ou estratégicos na companhia
apropriados a seus perfis.
Além de criar expectativas
de ascensão profissional, o
programa está ajudando muita gente a se conhecer melhor e, com isso, a organizar
a própria carreira. “O Gestão
da Sucessão não é garantia de
promoção, mas permite que
os participantes ampliem o
autoconhecimento e identifiquem no que ainda podem
melhorar”, diz a coordenadora
de Recursos Humanos do Metrô, Roberta Marino Rosinholi.
O programa de Gestão da
Sucessão reflete, segundo Roberta, uma mudança na cultura
da empresa. Uma mudança gradual, mas que já é sentida no
departamento onde trabalha.
“Hoje somos mais requisitados”, diz. Segundo ela, nos próximos anos, uma boa parte da
atual geração que trabalha no
Metrô vai se aposentar. “Precisamos preparar as pessoas que
vão continuar levando a empresa pra frente”, afirma.
A analista de Recursos Humanos Marise Malzoni Gomes,
uma das idealizadoras e líder do
programa Gestão da Sucessão,
diz que trabalhar no Metrô significa estar sempre sob novos
desafios. “O Metrô é dinâmico,
está sempre mudando. E nós
temos de acompanhar esses
movimentos”, afirma Marise. ●
33
meu dinheiro
como poupar
Por menos que seja a quantia, sempre dá
para começar a fazer um pé-de-meia
E
quilibrar o orçamento familiar é sempre
uma árdua tarefa, principalmente quando aparecem os inevitáveis imprevistos.
Mas, se você souber conjugar o verbo “economizar” com a ajuda da família, ficará bem mais
fácil cobrir os gastos extras. O primeiro passo
para quem quiser ter mais folga financeira e
não sofrer demais com qualquer emergência é
começar a poupar sistematicamente, qualquer
que seja a quantia. Um bom começo pode ser
a restituição do imposto de renda ou o abono
das férias, por exemplo.
Por menor que seja a aplicação, o resultado final pode surpreender, diz o especialista
em matemática financeira José Dutra Vieira
Sobrinho. Ele indica a boa e velha caderneta
de poupança para quem quiser começar. “A caderneta não paga imposto de renda na hora do
resgate nem tem taxa de administração”, diz
o economista. “A previsão da poupança para
2011 é de uma rentabilidade na casa dos 7,5%.”
A desvantagem é que se o aplicador sacar o
34
dinheiro fora da data do vencimento mensal
da aplicação, ele perde a rentabilidade acumulada naquele mês.
O consultor Mauro Halfeld diz que a poupança deve ser reservada apenas para quantias pequenas. Outra opção interessante para
quem tem pouco capital de reserva é, segundo ele, o Tesouro Direto (disponível em www.
tesourodireto.gov.br), que aceita aplicações
mínimas de R$ 200. É um investimento tão seguro quanto a poupança, pois a liquidez é garantida pelo Tesouro Nacional. Os custos também são baixos, comparados a outros produtos
financeiros, segundo Halfeld. E há uma série
de diferentes possibilidades de investimento,
o que exige um certo conhecimento prévio do
investidor. “A pessoa investe com objetivos definidos e pode levar em conta fatores como prazo, taxa de juros e risco”, diz Halfeld.
Quem tem mais dinheiro sobrando – na
faixa dos R$ 5 mil – pode tentar os fundos de
renda fixa. Mas é preciso muita atenção e al-
Mauro Halfeld
guns cálculos para garantir
um bom negócio. “Os fundos
são conservadores, mas é
preciso ficar de olho na taxa
de administração cobrada
pelos bancos”, diz Halfeld. O
economista Dutra Sobrinho
fez as contas e concluiu que
os fundos de renda fixa não
valem a pena quando a taxa
cobrada for igual ou superior
a 2,5% ao ano. “Nesse caso,
sitivo dos fundos é a possibilidade de saque a qualquer
momento sem perdas – ao
contrário do que acontece
na poupança. O rendimento,
nesse caso, é integral até o
momento do saque.
Quem tem quantias maiores para investir consegue
condições melhores nos fundos. Basta negociar com o
gerente a diminuição da taxa
Tem mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro. É professor universitário
e colunista de finanças da
revista Época e da rádio CBN.
José Dutra Vieira Sobrinho
Para quem está começando com pequenos
valores, a poupança é sempre a melhor opção
é melhor ficar mesmo com a
poupança.”
Outro detalhe importante é que, nos fundos, o
investidor paga imposto de
renda sobre a rentabilidade
– a alíquota varia de 15% a
22,5%, de acordo com o tempo do investimento. Ou seja:
nesse caso, deixar o dinheiro parado acaba sendo uma
vantagem. Outro ponto po-
de administração ou mesmo
a aplicação em papéis emitidos pelo próprio banco – os
chamados DIs (Depósitos Interbancários) ou os Certificados de Depósitos Bancários,
(CDBs). É importante observar ainda se a instituição financeira é de primeira linha,
pois o risco do investimento
está atrelado diretamente à
saúde financeira do banco. ●
É professor de matemática
financeira e colabora com diversos veículos de comunicação.
35
memória
L
Luiz Henrique (acima) com sua coleção de bilhetes;
Nelson também guarda preciosidades
acervos
particulares
Os colegas Luiz Henrique e Nelson
Alonso são apaixonados pela
companhia a ponto de manterem
coleções próprias de objetos
alusivos à história do Metrô
36
uiz Henrique Alves Madeira, de 53 anos, é
apaixonado por trens desde criança. “Entre um Autorama e um Ferrorama, sempre preferi o Ferrorama”, diz. Nascido e criado
em Guaxupé (MG), ele foi iniciado no universo
ferroviário logo cedo, por um padrinho que era
maquinista da extinta Companhia Mogiana de
Estradas de Ferro. A fascinação infantil com a
ferrovia virou profissão e hobby. Com 33 anos de
Metrô, o atual supervisor de tráfego do pátio Jabaquara é, além de funcionário dedicado e apaixonado pelo que faz, um historiador amador da
companhia e da história do transporte ferroviário
no Brasil e no mundo. Ele guarda, entre outros
objetos, uma coleção com cerca de setenta bilhetes do metrô de São Paulo e de cidades como
Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Buenos Aires e
Nova York. “Quando alguém viaja para o exterior
e pergunta se quer que traga alguma coisa, eu
sempre peço tíquetes de metrô.”
Seu acervo conta com bilhetes utilizados
nos testes da inauguração da Linha 1-Azul, em
1974, e da Linha 2-Verde, nos anos 1990, vários
diferentes tipos de tíquetes de serviço e modelos emitidos em datas comemorativas, como o
aniversário de 450 anos de São Paulo, em 2004.
Também há uma série de bilhetes escolares, de
idosos e de integração com outros sistemas de
transportes. “Dá para contar a história do Metrô”,
diz Luiz Alves, manipulando a pasta onde guarda
suas preciosidades. Os bilhetes dos primórdios
do Metrô são especialmente interessantes, pois
trazem o dia e o horário em que poderiam ser
utilizados por usuários convidados a conhecer
o sistema. Um dos exemplares da coleção traz a
data de 23 de março de 1974 e o horário em que
ele poderia ter sido utilizado: 16h45.
Luiz Henrique se lembra muito bem que esses horários eram respeitados à risca, embora
ainda nem fosse funcionário do Metrô. “Eu cheguei a pegar um bilhete desses, mas eu morava
longe e não tinha como vir na data marcada.”
Também é curioso observar como as mensagens
aos usuários estampadas nos tíquetes mudam
ao longo dos anos. Nos primeiros anos da operação, mas mensagens eram educativas de como
utilizar os trens – uma delas dizia, por exemplo,
para se respeitar o toque da campainha que
aponta o fechamento das portas. Mais para o final dos anos 1970, quando o País vivia uma escassez de combustível, os bilhetes incentivavam
as pessoas a economizar gasolina.
O colecionador começo a juntar os bilhetes
logo que entrou no Metrô e não parou mais. Os
modelos mais antigos foram doados por funcionários que sabiam do interesse dele. Luiz Henrique coleciona também fotos de trens e metrôs
do mundo todo. Já tem cerca de oito mil imagens
em seu acervo. Ele também guarda outros objetos alusivos ao metrô, como a medalha distribuída para os funcionários na inauguração da
Estação Sé e um chaveiro com os dizeres “Nós
construímos o Metrô”, distribuído em 1974.
Quem também mantém um acervo próprio
de objetos históricos do metrô é Nelson Alonso, de 58 anos, coordenador de manutenção de
linha permanente da Linha 3-Vermelha no pátio
Itaquera. Funcionário desde março de 1974, ele
guarda medalhas e broches comemorativos emitidos pela companhia em diferentes épocas. Mas
o grande destaque de sua coleção é uma peça
provavelmente única: um crachá emitido pelo
Exército para controlar o acesso à visita do então presidente Ernesto Geisel à Linha 1-Azul, em
março de 1975. “Era época de ditadura, então o
controle era super rígido”, diz Nelson. “O Geisel
chegou a desistir de percorrer um trecho da linha
porque havia suspeita de bomba.”
Na época, Nelson era técnico de manutenção responsável pelo funcionamento das
escadas rolantes. O problema é que, bem na
hora que a comitiva presidencial chegou à
Estação Santana, que estava sendo inaugurada, a escada de acesso à plataforma parou
de funcionar. Nelson entrou no fosso do aparelho e, manualmente, fez com que a escada
voltasse a operar. “O Geisel passou por cima
de mim”, diz Nelson. Por ter ficado longe da
vista dos militares, ele não teve seu crachá
requerido de volta. O curioso é que, além de
dizer que “é obrigatório o uso dessa identificação ostensivamente”, o crachá informava
claramente que “seria recolhido para fins de
controle” após a cerimônia. Só sobrou o do
Nelson para contar a história. ●
Os bilhetes e o crachá
históricos ajudam a contar
a história do Metrô
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37
vou de metrô
É
Beto e Simon desembarcam na Estação Marechal Deodoro
uma dupla
muito especial
O deficiente visual Beto
conta como é usar o Metrô
diariamente com a ajuda de seu
cão-guia Simon
38
manhã de segunda-feira na estação Palmeiras-Barra Funda do metrô e uma cena
chama a atenção: um homem e seu cachorro seguem em direção às escadas rolantes para
pegar o trem, acompanhados por olhares curiosos. Algumas pessoas desviam, outras interrompem a caminhada para observar melhor e muitos
abrem espaço para a dupla, que segue em frente
com passos precisos. O homem é um deficiente
visual e o cachorro que o acompanha é quem indica o caminho. Quem está por perto consegue
ouvi-lo dando instruções ao cão, em inglês: “Find
the escalator, Simon. Good boy!” (“Encontre a escada rolante, Simon. Bom garoto!”).
Simon é um labrador retriever de sete anos
que foi treinado para ser cão-guia em uma escola
americana – por isso responde melhor a comandos em inglês. Todos os dias, conduz Alberto
Pereira, de 35 anos, conhecido como Beto, para
onde quer que ele precise ir. Durante a semana, os
dois saem diariamente de Jundiaí, onde moram,
chegam de ônibus à Barra Funda e seguem até a
Estação Marechal Deodoro, próxima ao trabalho
de Beto. No Metrô, o acesso de cães guia é liberado desde meados da década passada. Beto e
seu escudeiro Simon são bem conhecidos e por
todos os funcionários que trabalham nas estações
– uma situação que se repete em outras estações,
com outros deficientes visuais que também se
utilizam de cães para se locomover pela cidade.
Uma leve e imperceptível parada de Simon
avisa Beto que o próximo passo é o degrau de
uma escada; ao entrar um pouco em seu caminho
ou afastar-se de seu condutor, Simon mostra para
qual lado Beto deverá virar. No metrô, os dois chegam com bastante segurança e precisão à beira da
via e param sempre antes da linha amarela. Quando o trem chega, entram juntos e, ao ouvir “find a
chair” ("encontre uma cadeira"), Simon guia Beto
até um assento livre.
Por terem a enorme responsabilidade de conduzir pessoas que não enxergam, os cães-guia
precisam estar concentrados em seu trabalho e
nunca devem ser distraídos, a não ser que o deficiente visual permita. “Antes de brincar ou passar
a mão no cachorro, a pessoa tem que pedir autorização. Quando o cão está nos guiando, qualquer
distração pode se tornar um problema”, afirma
Beto. Também não deve ser oferecido nenhum
alimento aos cães-guia, pois eles seguem dietas
rigorosas para manter a saúde. “Ele foi treinado
para ignorar as pessoas, mas como todo cachorro, se algo for oferecido a ele, a possibilidade dele
pegar é razoável”, comenta Beto.
Saindo do metrô, Simon e Beto andam por
cerca de cinco quarteirões até chegar ao trabalho de Beto, que é consultor em inclusão e
acessibilidade na organização não-governamental LaraMara, de apoio a deficientes visuais. Beto perdeu completamente a visão aos 13
Depois de sair do metrô, a dupla caminha alguns
quarteirões até o trabalho de Beto
anos de idade e
é guiado por Simon há quatro
anos. Locutor
por formação,
trabalhou por
várias rádios do
interior antes
de ingressar na
LaraMara, instituição que conheceu ao fazer
um curso de computação.
Beto começou a cogitar a ter um cão-guia
em 2005, quando ajudou os profissionais da
TV Globo na criação do personagem deficiente
Jatobá para a novela América. Jatobá tinha um
cão-guia, o que despertou o interesse de Beto
na possibilidade de também ganhar um companheiro que o ajudasse nas tarefas do cotidiano.
Há quatro anos e meio, Beto se candidatou no
Instituto de Responsabilidade e Inclusão Social
(Iris) para receber um. Após três meses de avaliações, ele recebeu Simon de uma escola do
estado de Michigan, nos Estados Unidos. Desde então, ambos são inseparáveis em jornadas
pelo Brasil e pelo mundo, em viagens que Beto
faz para dar palestras sobre inclusão social de
deficientes visuais. “Temos uma cumplicidade
muito grande, quase telepática. Ele hoje é indispensável na minha vida”, diz.
O cão-guia trabalha até aproximadamente
dez anos de idade. Depois disso, começa a ter
problemas de visão e audição e é recomendado que ele se aposente. Nessa hora, o usuário tem três opções: devolvê-lo à escola que o
doou, encontrar uma família que queira cuidar
dele ou ficar com o cão, mesmo que ele não
seja mais utilizado como guia. Beto já decidiu
que vai ficar com Simon, sem dúvida. “Por toda
a dedicação que recebi, pretendo retribuir até
o fim da vida dele.” ●
39
do lado de fora
muito além da Catedral
Faça um revelador passeio pelas igrejas e capelas
do entorno da Estação da Sé
A
Detalhe
de um dos
vitrais da
Catedral
da Sé
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40
Praça da Sé é o marco zero de São Paulo, sede de uma das
principais catedrais do País, um dos pontos mais movimentados da cidade e, é claro, abriga a maior e mais concorrida
estação do metrô. Pergunte, porém, a qualquer um dos milhões de
paulistanos que circulam por lá a origem do nome “Sé”. Pouquíssimos vão saber informar que o nome deriva da expressão em latim
“sedes episcopali”, ou sede da igreja, em português.
A vocação religiosa da região – que concentra também um vigoroso comércio popular e diversas instituições de serviço público,
como o Poupatempo e o fórum da Praça João Mendes – vai muito
além da majestosa Catedral da Sé, inaugurada em 1954 após quatro
décadas de construção. O entorno da praça conta também com duas
igrejas e duas capelas de grande valor histórico e arquitetônico. Em
meio à atmosfera sempre caótica do centro da cidade, descobrir e
visitar a paz que reina nas igrejas do entorno da Sé é um passeio e
tanto – mesmo para quem não professa a fé católica.
A Igreja da Ordem Terceira do Carmo, por exemplo, localizada a
pouco mais de duzentos metros da Praça da Sé, na avenina Rangel
Pestana, data originalmente do século
XVI e possui uma
importante coleção
de arte sacra do período colonial. O templo é tombado pelo Instituto Artístico e Histórico Nacional
(Iphan). A Igreja de São Gonçalo, por sua vez, foi
construída em taipa em 1724 e sobreviveu firme
às inúmeras transformações urbanísticas pelas
quais São Paulo passou. Ela fica na Praça João
Mendes, logo atrás da Catedral da Sé.
Perto dali, na rua Tabatinguera, fica a Capela
do Menino Jesus e Santa Luzia, construída em estilo neogótico em 1901. A capela foi construída a
pedido de uma grande dama da sociedade paulistana da época, chamada Anna Maria de Almeida Lorena Machado. Ela resolveu fazer o templo
após ter sobrevivido a um naufrágio que a trazia
de volta de uma viagem à Europa.
Outro local que vale muito a pena visitar é a
Capela Padre Anchieta, que fica no Pátio do Colégio, o local de fundação da cidade que fica a
poucos metros da Sé. Além do templo, funciona
no local o Museu Padre Anchieta, que apresenta relíquias dos jesuítas e uma impressionante
coleção de arte sacra.
As igrejas e capelas da Sé são testemunhos
históricos de uma região que passou por profundas transformações ao longo das décadas. A
principal delas, nos anos 1970, foi motivada pela
construção da Estação Sé do metrô. A região toda
foi reurbanizada, em um processo que envolveu
inclusive a primeira implosão de um prédio realizada na América Latina. O edifício Mendes Caldeira, de trinta andares, veio abaixo em poucos segundos. “Foi uma ousadia técnica para a época”,
diz o engenheiro Luiz Carlos de Assis, que trabalhou nas obras da estação a partir de 1975.
Durante as escavações, foram encontradas ossadas do antigo cemitério da Igreja do Carmo, o
que assustou muita gente. “Tinha funcionário que
não queria mais trabalhar lá”, diz Assis. O proces-
Em sentido horário, as
igrejas: Da Ordem Terceira
do Carmo, Padre Anchieta,
São Gonçalo e Menino Jesus
e Santa Luzia
so de impermeabilização e
o uso de sistema de bombeamento de concreto na
construção da Sé também
ficaram para a história da
engenharia do metrô, pela
quantidade de material utilizado: 2,8 mil metros
cúbicos de concreto.
A obra incluiu a pavimentação, a reurbanização e o paisagismo das praças da Sé e Clóvis Bevilaqua. Trinta e três anos depois de inaugurada,
a Estação Sé permanece grandiosa, não só em
tamanho, mas também em movimento. Por lá,
passam diariamente 652 mil usuários, entre embarques e transferências. Contabilizado o total de
desembarques na estação, o número sobre para
735 mil pessoas. ●
41
olhar artístico
o destino
na janela
do trem
No cartaz, um trem separa os protagonistas
M
artin é um pianista solitário e atormentado. Vive uma
profunda crise pessoal, da
qual não sabemos a origem.
Para fugir de (ou enfrentar)
seus demônios, resolve criar
um jogo no qual coloca seu
destino em questão. Funciona assim: ele traça uma
rota prévia no metrô e, ao
entrar no trem, escolhe uma
mulher. Se ela seguir exatamente o roteiro previsto, o
jogo está ganho. O destino
de ambos terá caído na armadilha criada por Martin.
42
O filme “Jogo Subterrâneo”, de
2005, tem o Metrô como cenário
e personagem de uma trama
cheia de mistérios e surpresas
A realidade, é claro, não
funciona exatamente da maneira prevista pelo pianista,
que acaba tendo encontros
atribulados com mulheres
misteriosas e fascinantes
como a tatuadora Tânia, a
prostituta Ana e a escritora
deficiente visual Laura.
A trama do filme “Jogo
Subterrâneo”, dirigido por
Roberto Gervitz em 2005,
leva o espectador a uma
viagem pela mente doentia de Martin (interpretado
por Felipe Camargo) e pelas
estações, túneis e trens do
metrô de São Paulo, onde
foi rodado. Grande parte do
filme – especialmente sua
primeira hora – tem o metrô como cenário e personagem do enredo. O diretor
não tem nenhuma intenção,
porém, em parecer realista. Tanto a história quanto a participação do metrô
no filme são de interpretação absolutamente livre. A
“licença poética” adotada
por Gervitz leva Martin, por
exemplo, a seguir placas das
fictícias Linha Amarela e Linha Lilás em uma estação da
cidade...”. Em outro trecho notável, o personagem de Cortázar diz a Ana que “não é
possível que nos separemos assim, antes de
nos termos encontrado.” O autor argentino,
porém, limita-se a descrever o jogo, sem detalhar o perfil do protagonista. As características de Martin e das mulheres com as quais
ele se encontra foram criadas por Gervitz e
pelo roteirista Jorge Durán.
O conto de Cortázar pode ser encontrado no livro “Octaedro”, cuja edição mais
recente em português é a da editora Civilização Brasileira, de 2005. O livro está esgotado, mas cópias usadas podem ser achadas facilmente no site Estante Virtual (www.
estantevirtual.com.br). Já o filme de Gervitz
saiu em DVD e está disponível na 2001 Vídeo
(www.2001video.com.br) para locação ou venda. ●
Para o diretor
Gervitz, filmar no
Metrô foi um desafio
crédito: VALÉRIA GONÇALVEZ/AGÊNCIA ESTADO/AE/Código da imagem: 87828
Linha 2-Verde (a Linha 4-Amarela não existia à época das filmagens, enquanto a Linha
5-Lilás não se encontra com a Linha 2-Verde
em nenhum ponto). Em outras ocasiões, Martin embarca na estação de uma determinada
linha e, aparentemente sem ter feito transferência, surge em outro ramal.
Mas as imprecisões que podem incomodar um pouco quem conhece bem a malha
paulistana são absolutamente perdoáveis,
pois Gervitz aproveita muito bem a arquitetura e a atmosfera do metrô para desenvolver
sua história. “O metrô de São Paulo é super
hi-tech, é tudo muito pensado”, diz o diretor
na entrevista que acompanha o DVD da obra.
“A coisa fria das estações faz um contraponto
à história de amor.” À época do lançamento,
os críticos foram especialmente elogiosos
com a atuação dos atores principais – além
de Felipe Camargo como protagonista, “Jogo
Subterrâneo” traz belas interpretações de
Daniela Escobar (como Tânia), Maria Luisa
Mendonça (Ana) e Julia Lemmertz (Laura).
O filme foi rodado nos intervalos da operação, durante as madrugadas. “Tinha que ser
tudo muito rápido e eficiente”, disse Gervitz
sobre o desafio de filmar no metrô. “Tínhamos
apenas quatro horas de trabalho por noite.”
A companhia, inclusive, aparece nos créditos
como apoiador da realização do filme.
A obra de Gervitz é baseada no conto
“Manuscrito achado num bolso”, do escritor
argentino Julio Cortázar (1914-1984). Originalmente, a história se passa nos subterrâneos de Paris, onde o autor morou a maior
parte de sua vida. No texto, o protagonista
(que no livro não tem nome) acredita que
uma “...vidraça de janela no metrô podia me
trazer a resposta, o encontro com uma feli-
agenda legal
programação julho 2011
FILE PAI – Paulista Avenida Interativa
Crédito: Lawrence Malstaf/Galerie Fortlaan 17, Gent (B)
ESTAÇÕES: BRIGADEIRO | TRIANON-MASP | CONSOLAÇÃO | VILA MADALENA – de 18 a 28
O FILE PAI pretende destacar a
importância da arte pública interativa, a fim de compreender
e absorver os novos fenômenos
sociais proporcionados pela tecnologia. São trabalhos que se
diversificam nas várias áreas da
cultura digital, uma das principais tendências e movimentos
da contemporaneidade.
Nesta edição, o FILE PAI traz um
novo evento chamado ANIMA+,
que mostra projetos clássicos e
experimentais de diferentes gêneros de animação.
Na obra Shrink, do artista belga Lawrence Malstaf, o corpo fica suspenso verticalmente, embalado a vácuo
Em 2010, o FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica – lançou o
FILE PAI (Paulista Avenue Interactive), um projeto de arte pública digital que
ocupou vários espaços na Avenida Paulista, com obras de arte interativas. O
evento atraiu mais de oitocentos mil visitantes e este ano está de volta.
PATROCÍNIO: Santander e Lei de Incentivo à Cultura – MinC
INSTITUIÇÕES PARCEIRAS: Santander Cultural, FIESP e SESI
REALIZAÇÃO: FILE – Electronic Language International Festival – www.file.org.br
CURADORIA: Ricardo Barreto e Paula Perissinotto
44
Cena de “Marionettes”, filme de
Tamas Waliczky, Hungria
linha 1 - azul
ESTAÇÃO JARDIM
SÃO PAULO
O FUTURO DA AMAZÔNIA – 10 a 31
O objetivo desta exposição é trazer
ao público, em um ensaio didático e
otimista, registros das belezas paisagísticas, da biodiversidade e das
ameaças que pairam sobre a maior
floresta do planeta.
FOTÓGRAFO: Araquém Alcântara
CURADOR: Matthew Shirts
PATROCÍNIO: Abril, CPFL Energia, Bunge,
Petrobras, Grupo Camargo Corrêa e Caixa
REALIZAÇÃO: Planeta Sustentável e National
Geographic
APOIO: Virada Sustentável
ESTAÇÃO LUZ
SILENCIOSO CONTAR – 10 a 31
Esta série de fotografias apresenta cenários rotineiros com ações atemporais
e causas subjetivas. O objetivo é mostrar as relações de tempo, espaço e intensidade que construímos com nossos
sentimentos. A leitura pode se aplicar
ao tempo de agora e de ontem, aos lugares de dentro e de fora; à muita ou
pouca intensidade.
FOTÓGRAFA: Karen Montija
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Rose de Paulo
CURADORIA: Mali Frota Villas-Bôas
REALIZAÇÃO: Metrô de São Paulo e Galeria Mali
Villas-Bôas
ESTAÇÃO SÃO BENTO
NEM TUDO ACABA
EM PIZZA – 1º a 31
As obras foram criadas em caixas de
pizza, com a técnica do “virando do
avesso”, movimento criativo dos artistas e artesões para despertar um olhar
para a reciclagem por meio da Arte.
ARTISTAS DA OFICINA VIRANDO DO AVESSO
PRODUÇÃO: Kaká de Andara e Rose de Paulo
PATROCÍNIO: Virando do Avesso e Instituto Mais
REALIZAÇÃO: Chiron Produção
APOIO: www.fibops.com.br e
www.versaocultural.blogspot.com
ESTAÇÃO SANTA CRUZ –
Vitrine Lasar Segall
FLORESTAS DE SEGALL – 10 a 31
O tema das florestas ocupou os últimos anos de vida de Segall, motivando
o surgimento de pinturas, aquarelas e
desenhos inspirados em suas recordações da terra natal, Vilna (Lituânia),
e nos longos períodos que passou em
Campos do Jordão – SP. Na exposição,
podemos observar algumas reproduções desse importante período criativo
do artista e vivenciar uma experiência
artística caracterizada por uma grande
carga simbólica, de ritmos e de cores.
REALIZAÇÃO: Metrô de São Paulo
e Museu Lasar Segall
rani Tenonde Porã está inserida na
APA Capivari-Monos, na região sul
da capital, e possui cerca de 900
habitantes. As legendas das obras
são trechos de "O Guarani", de
José de Alencar.
FOTÓGRAFO: J. Andrade – "www.jotandrade.com
APOIO: Aldeia Tenonde Porã
REALIZAÇÃO: Agência Ambiental Pick-upau
www.pick-upau.org.br
PATROCÍNIO: FEMA, SVMA e PMSP
ESTAÇÃO VILA MADALENA
DIVERSIDADE DAS FLORESTAS
BRASILEIRAS – 10 a 31
linha 2 - verde
ESTAÇÃO SACOMÃ
O BRASIL QUE FAZ – 10 a 31
O objetivo da artista em suas telas
é apresentar gente simples; pessoas que, fora do circuito do poder, da
fama, dos palcos e cenários, fazem
a vida dar seus saltos, trabalham
para a evolução do nosso povo.
ARTISTA: Silvia Contardi
PRODUÇÃO EXECUTIVA: Rose de Paulo
CURADORIA: Mali Frota Villas-Bôas
REALIZAÇÃO: Metrô de São Paulo e Galeria
Mali Villas-Bôas
ESTAÇÃO ANA ROSA
MEIO AMBIENTE E SAÚDE:
O DESAFIO DAS METRÓPOLES
– 10 a 31
Ao mostrar imagens dos problemas
ambientais urbanos da metrópole, a
exposição pretende induzir o espectador a refletir sobre como a cidade interfere na saúde de seus moradores e
que “Mudança Inspira Mudança”.
REALIZAÇÃO: Instituto Saúde
e Sustentabilidade – www.
saudeesustentabilidade.org.br
PATROCÍNIO:Grupo Raia, Saraiva, Enterpa,
Clínica Medicina da Mulher e Fakiani
Construtora
APOIO: Virada Sustentável
ESTAÇÃO PARAÍSO
VILLAS – GUARANI M'BYA
TENONDE PORÃ – 10 a 31
A exposição mostra o cotidiano da
maior aldeia indígena da cidade de
São Paulo. A Terra Indígena Gua-
Utilizando-se de pesquisas e observações pessoais, o artista procura
mostrar, em uma série de 10 obras,
uma visão panorâmica das florestas
regionais brasileiras e suas mais diversas fontes naturais. As pinturas
são todas a óleo em tela de algodão.
ARTISTA: Nerival Rodrigues –
[email protected]
ESTAÇÃO TRIANON-MASP
– Vitrine do MASP
VIDA DE CÃO – 10 a 31
Instalação que discute, por meio de
uma narrativa em três cenas, o confinamento e a ânsia pela liberdade.
Foi realizada inicialmente no ano de
2001, em São Paulo, para a mostra
"48 horas" e refeita em 2010, para o
"Salão Nacional de Itajaí", em Santa Catarina.
ARTISTA: Eduardo Verderame –
www.everderame.wordpress.com
CURADORIA: Regina Silveira
REALIZAÇÃO: Metrô de São Paulo e
MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis
Chateaubriand
ESTAÇÃO CLÍNICAS
PLATAFORMA CIDADES
SUSTENTÁVEIS – 10 a 31
O século XXI revelou a Era Urbana, quando a população mundial
passou a se concentrar majoritariamente nas cidades. Pautar a
sustentabilidade nas cidades é um
grande passo para construirmos
um novo paradigma de desenvol-
45
agenda legal
linha 3 - vermelha
ESTAÇÃO TATUAPÉ
MESTRE SALA E PORTA BANDEIRA – 1º a 31
crédito: site www.silviogalvao.com.br
vimento. Hoje, várias alternativas podem ser adotadas para
melhorar a realidade do planeta.
A exposição mostra imagens de
experiências bem-sucedidas em
algumas partes do mundo.
REALIZAÇÃO: Rede Brasileira por Cidades
Justas e Sustentáveis, Rede Nossa São
Paulo e Fundação Avina –
www.cidadessustentaveis.org.br
APOIO: Virada Sustentável
ESTAÇÃO TRIANONMASP – Vitrine do MASP
CARRO DE MÃO – 10 a 31
Sobreposição de desenhos feitos
com carvão sobre papel japonês
ultrafino (tissue paper), distribuídos em quatro folhas penduradas
paralelas ao vidro, mas não alinhadas. Uma sequência de desenhos
que simulam o deslocamento de
um carro de mão, como frames
sobrepostos de um filme que mostra o movimento dos carros tracionados por catadores de lixo pelas
ruas da cidade.
ARTISTA: Renata Pedrosa –
www.renatapedrosa.com.br
CURADORIA: Regina Silveira
REALIZAÇÃO: Metrô de São Paulo e
MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis
Chateaubriand
linha 5 - lilás
ESTAÇÃO LARGO TREZE
FLORESTAS – 10 a 31
As obras dos 12 artistas, trabalhadas em diferentes suportes de
papel e com diferentes técnicas,
nos fazem refletir sobre os nocivos
impactos que provoca a inadequada exploração florestal. O objetivo
é alertar, com recursos plásticos
e visuais, para a exploração florestal sem o devido manejo dos
recursos naturais.
ARTISTAS DO GRUPO OKA – www.okaarte.
wordpress.com – [email protected]
CURADORIA: Oscar D'Ambrosio
46
Nas roupas, bordados e adereços, foram utilizados materiais reciclados e reutilizados, como garrafas PET, CD's e lacres de alumínio
O artista Sílvio Galvão trabalhou no departamento de cenografia da TV Cultura
como chefe de efeitos especiais. Para a realização das esculturas de Mestre
Sala e Porta Bandeira, foram feitos estudos e pesquisas de materiais para
atingir o efeito “hiper-realista” das peças.
CRIAÇÃO: Silvio Galvão – www.silviogalvao.com.br | MESTRE ARTESÃO: Sandro Rodrigues |
EXECUÇÃO: COOPERAACS [email protected] | REALIZAÇÃO: Metrô de São Paulo
ESTAÇÃO SÉ
OLHARES SOBRE A ÁGUA
E O CLIMA – 10 a 31
Exposição de algumas imagens vencedoras do primeiro concurso homônimo de foto e vídeo, realizado em 2010,
que teve como objetivo retratar a água
e o clima em suas mais diversas manifestações. A proposta é incentivar a sociedade a refletir sobre a necessidade
de preservar a água e cuidar do clima.
REALIZAÇÃO: WWF-Brasil – www.wwf.org.br,
Grupo HSBC www.hsbc.com.br e ANA – Agência
Nacional de Águas – www.ana.gov.br
APOIO: CET-Água e Virada Sustentável
ESTAÇÃO SÉ
VILA ZELINA – BAIRRO
LESTE EUROPEU
DE SÃO PAULO – 10 a 31
A exposição do bairro de Vila Zelina
mostra imagens desde a sua fundação,
em 27 de outubro de 1927 até os dias
atuais. Fundado por 11 comunidades,
imigrantes do leste europeu, o bairro
preserva, ainda hoje, os aspectos da
cultura de seus países de origens.
PATROCÍNIO: Slaviantours – www.slaviantours.
com, Revistaria Rosa Mística – lcdamaral@terra.
com.br, Colégio Franciscano São Miguel Arcanjo
– www.colegiosaomiguel.com.br
APOIO: Subprefeitura da Vila Prudente
REALIZAÇÃO: Associação dos Moradores do
Bairro de Vila Zelina - AMOVIZA –
www.amoviza.org.br
ESTAÇÃO BRÁS
ATLÂNTICA – DOS ÍNDIOS
A NÓS – 10 a 31
Com destaque para a flora, a exposição apresenta detalhes da Mata Atlântica pertencente à Área de Proteção
Ambiental Capivari-Monos, classificada como Floresta Ombrófila Densa
Montana. As imagens foram feitas em
regiões ainda pouco habitadas e ao
longo da Represa Billings.
FOTÓGRAFO: J. Andrade – www.jotandrade.com
APOIO: Terra Indígena Guarani Tenonde Porã
REALIZAÇÃO: Agência Ambiental Pick-upau –
www.pick-upau.org.br
PATROCÍNIO: FEMA, SVMA e PMSP
causos do metrô
Histórias dos funcionários do Metrô
o cachorro tem dona
Por José Edmirson Inojosa
H
á algum tempo, um cão sem dono perambulava
pelas redondezas da Estação Sacomã. Fazia ponto em frente à estação e botava medo nos transeuntes
e usuários com sua aparência assustadora, cheio de
sarna e feridas por todo o corpo. Ele era manso, nunca ameaçou ou atacou ninguém, mas realmente seu
estado físico lastimável causava medo nas pessoas.
A prefeitura foi acionada para recolher o cachorro, mas ele deu um baile nos agentes do Controle de
Zoonoses. Ele continuava a aparecer na estação, mas
sem horário certo. Enfim, a Zoonoses conseguiu localizá-lo, mas não o capturou por estar sem espaço físico para abrigá-lo. Uma ONG de proteção de animais, a
Projeto Natureza em Forma, acabou recolhendo o cão.
Ele foi medicado, vermifugado, chipado e castrado.
Foi quando descobrimos que o cão, na verdade, tinha uma amiga protetora que
mora nas redondezas da estação,
a dona Marli. Ela estava desesperada com o sumiço
do animal e ficou feliz em
saber que o seu Negrão
estava sob cuidados veterinários. Assim que ele
tiver condições físicas, ela
vai adotá-lo em definitivo. O
Negrão é um cachorro de sorte.
o silêncio das
línguas cansadas
por roberto de lacerda
O
Metrô muitas vezes nos concede alegrias inesperadas.
Um usuário de óculos escuros
se aproximou de mim, na Estação
Tiradentes, e me pediu dois bilhetes. Quando lhe entreguei os tíquetes e o troco, disse assim:
– Eu também quero o silêncio
das línguas cansadas...
Ele tirou os óculos e, com os olhos
começando a lacrimejar, me disse:
– Foi uma das mais belas abordagens que já recebi. Todos vocês
do Metrô são assim?
Respondi que muitos de nós somos dotados de alta sensibilidade.
O compositor Zé Rodrix agradeceu, recolocou os óculos e foi
embora pensativo. Ele é o autor da
canção “Casa no Campo”, imortalizada por Elis Regina e da qual eu
tirei a frase com que o saudei.
Poucos meses depois desse encontro, Zé Rodrix morreu prematuramente, aos 52 anos, em 2009.
José Edmirson Inojosa e Roberto de Lacerda são funcionários do Metrô.
Contribua com suas histórias enviando seus causos para [email protected].
47
Confira também
nesta edição de
Metropolis:
A artista Amélia Toledo
fala sobre a instalação
“Caleidoscópio”, que fica
na Estação Brás
Os causos do Metrô,
contados pelos próprios
funcionários
Opções de lazer no entorno
da Estação Sé
U m guia básico de
investimentos
metropolis
a revista corporativa do metrô