1 | Considerações iniciais

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1 | Considerações iniciais
1 | Considerações iniciais
• A cultura digital não provoca uma ruptura com as culturas contemporâneas.
Sempre haverá o contexto social, que não pode se separar do “virtual”; Nem
sempre o “novo” traz novidades – às vezes apenas reforça o que está dado;
• Definição de virtual (Muniz Sodré): “(...) [virtual] indica uma dinâmica de
realização do real – a capacidade de passar de um nível da ordem para outro
mediante a integração de suas possibilidades –, portanto, o potencial de
produção de todos os campos humanos de ação. Integra, assim, a estrutura do
real – seu horizonte necessário no interior da tradição filosófica – e pode gerar
realidades que dependerão necessariamente da ordem humana (Sodré, 2008, p.
123)”;
• Traços preferenciais de um novo formato de comunicação: seu caráter
descentralizado e seu modelo não-linear;
• É insustentável o jornalismo atualmente praticado no Brasil, porque centrado na
lógica dualista do emissor-receptor e em um modelo linear já desconstruído por
Paulo Freire e diversos autores deste campo de estudo (Santos, 2002);
• O jornalismo como locus privilegiado de difusores dos bons costumes e da ética
pública;
2 | Contexto histórico
1.Ativismo de mídia:
“A maneira como indivíduos recebem a produção de mídia, a absorvem e finalmente
se apropriam desta para seus próprios fins é um tema estudado dentro da
comunicação nos chamados estudos de recepção. Um dos autores mais importantes,
referência básica nesse campo, é o francês Michel de Certeau, com sua obra “A
invenção do cotidiano”. Neste trabalho, o autor mostra a maneira como a sociedade
se relaciona com a mídia e a cultura de massa de uma maneira geral, de forma
alguma passiva, mas consciente e produtiva, tentando sempre ocupar os “espaços
vazios” de poder dar novos usos, maneiras de fazer, aos elementos de seu
cotidiano.” (Silva, UERJ, 2009)
“(...) John Thompson, em “Mídia e Modernidade”, dá destaque a essa temática
de forma bastante clara e direta, mostrando que dentro do processo de recepção
sempre há leituras que não refletem especularmente o discurso do emissor.” (Silva,
UERJ, 2009)
3 | Contexto social
•
A discussão da Propriedade: “Poder assegurado pelo grupo social à utilização
dos bens da vida psíquica e moral” (C.Beviláqua); direito de usar, gozar e dispor
dos bens e de reavê-los do poder de quem quer que, injustamente, os possua.
(DP&A editora, 2002)
•
§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de
conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas
naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como
evitada a poluição do ar e das águas. (Artigo 1228 do CCB)
•
Retoma discussão: (1) softwares não-proprietários; (2) possibilidade de constituir
grupos transnacionais com poucos recursos (mas tem de ter! Ex. website).
3.1 O ativismo de mídia e o contexto social
“Atualmente, existem quatro linhas de abordagem principais sobre o conceito de
ativismo de mídia”, sendo que em todas fica claro que “o suporte técnico não define
a prática, visto que para cada prática com tecnologias avançadas existe uma
análoga com tecnologias 'arcaicas'”. (Silva, UERJ, 2009)
a) Tem como referência uma “economia política da comunicação que revela
disparidades sociais de acesso à informação, controle dos meios de comunicação
no Brasil e no mundo por grandes corporações e principalmente o desequilíbrio
entre as etapas de produção e recepção (consumo) de produtos midiáticos”. A
isto se contrapõe os media watchers. “A agenda desses grupos será sempre a
agenda das manchetes dos noticiários, obstinados em demonstrar erros e acertos
no cotidiano das redações dos grandes jornais (...)”;
b) Tem como referência o uso da mídia pelo ativismo (mídia alternativa ou mídia
comunitária). Estes grupos de ativistas ou grupos minoritários procuram “ocupar
os espaços e exercer seu direito de se comunicar”. Envolve meios “alternativos”
com profundas diferenças (“nova” e “velha” esquerdas);
c) Tem como referência a ideia de “mídia independente”, que se confunde com a
formação da rede Indy Media (ANTOUN, Seattle, 2001), criada em 2001 em
Seattle e que possui mais de 200 coletivos em mais de 50 países nos 5
continentes, com diversos grupos dissidentes sendo criados.
Contrapõem-se à grande mídia e guardam diferenças pontuais com a “mídia
alternativa”, por supostamente não se ater a “interesses específicos” (sindicais,
partidários, financeiros) ou que visam qualquer tipo de controle e censura;
d) O quarto grupo “faz da arte (…) uma forma de se contestar conceitos básicos,
como a própria linguagem da mídia, os conteúdos e o modo como eles são
apresentados, e também oferecem uma nova perspectiva sobre a relação entre
produção e consumo dos produtos midiáticos”. Este conceito “enfatiza,
claramente, uma noção de que o ativismo de mídia se faz como uma forma de
rever as próprias bases de como a mídia é e foi entendida até hoje, em conteúdo
e em forma”.
A. “Tem origem nas vanguardas artísticas europeias, que revolucionaram o
conceito de arte no final do século XIX e no início do século XX”. Em geral
“rompem com as correntes marxistas”; Surgem aí frases de impacto como “O
álcool mata. Tomem LSD”, “Amem-se uns aos outros” e “É proibido
proibir”.
B. Meios têm uma característica experimental: fanzines, rádios “livres”, vídeo-
arte e, por fim, a “mídia tática”, cuja intenção era “intervir na cultura de
massa sem dever necessariamente se comprometer com o sistema” (Lovink &
Schneider, 2003). Surge mais espaço na Internet.
OBSERVAÇÃO
A nova ordem, que sugere uma nova forma de cidadania global, pode ser tanto
homogênea (como o era, dentro de certos limites, a ordem em torno de Estadosnação) quanto heterogênea. E este cenário é de fato complexo: a nova ordem gira
em torno de novos atores como movimentos sociais autônomos (Via Campesina,
Greenpeace, Anistia Internacional), grupos de profissionais (como os vinculados à
cultura digital, acadêmicos etc), organizações não governamentais (WWF,
ActionAid etc), coletivos armados (Al Qaeda, FARC-EP etc), organismos
internacionais que reforçam seus papéis (intervenções militares das Nações Unidas,
intervenções financeiras do Banco Mundial etc), empresas transnacionais (Nike,
Coca-Cola, Microsoft), Estados-nação que buscam exercer liderança global e grupos
de interesse diversos (grupos religiosos, movimentos étnicos etc).
Regido pelos três princípios que fundamentaram a Internet e que (ainda)
dominam, atualmente, a lógica da rede: (i) Sua estrutura descentralizada; (ii) Poder
computacional distribuído através dos nós da rede; e (iii) redundância de funções na
rede, diminuindo o risco de desconexão. Estas características, aponta Castells,
“corporificavam a resposta-chave para as necessidades militares de capacidade de
sobrevivência do sistema: flexibilidade, ausência de um centro de comando e
autonomia máxima de cada nó” (2003, p.20).
(e) O mais recente é a “ação direta online” (último tópico a ser abordado).
4 | Usos das redes com fins políticos
• Dentro do contexto social de dinamização da sociedade, os grupos que
historicamente buscavam mudanças globais políticas, sociais e culturais. Vamos
aos casos.
a) O primeiro uso no Brasil
No dia 8 de dezembro de 1988, um ponto de uma seleta rede de computadores
interligados – a Internet – dava uma de suas primeiras contribuições às comunidades
de base no Brasil. Um ativista da área ambiental tornava público, por meio de uma
mensagem eletrônica pequena e simples, o covarde assassinato do líder ambientalista
Chico Mendes. Em pouco tempo a mensagem teve ampla repercussão, em várias
línguas, com traduções sempre voluntárias, “numa divulgação sem controle e de
agilidade antes nunca vista”1.
Este foi o primeiro dos diversos usos no Brasil desta nova tecnologia que, aliada
às técnicas da pesquisa científica, repercutiu de tal forma que acabou por reestabelecer uma série de paradigmas da comunicação e, no caso deste trabalho, sua
utilidade para o fortalecimento de comunidades locais e com interesses específicos.
b) “Manifesto Cripto-Anarquista”
O autor do “Manifesto Cripto-Anarquista”, Timothy C. May:
Um espectro está assombrando o mundo moderno, o espectro da criptoanarquia. A tecnologia de computação está prestes a dar a indivíduos e grupos
1
LIMA, Paulo, SELAIMEN, Graciela Baroni. Desafios para a inclusão digital no terceiro setor, publicado no Observatório da Imprensa, 19/8/2003. In: SILVEIRA, Sérgio
Amadeu, CASSINO, João. (organizadores). Software Livre e Inclusão Digital. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2003.
a capacidade de comunicar e interagir de um modo totalmente anônimo... O
Estado, é claro, tentará desacelerar ou deter a difusão desta tecnologia, citando
preocupações de segurança nacional, seu uso por traficantes de drogas ou
sonegadores de impostos e temores de desintegração social... Mas isso não
deterá a difusão da cripto-anarquia. Assim como a tecnologia da imprensa
alterou e reduziu o poder das guildas medievais e a estrutura de poder social,
do mesmo modo os métodos de criptografia alterarão fundamentalmente a
natureza das corporações e a interferência governamental nas transações
econômicas... Esta descoberta aparentemente menor, saída de um ramo arcano
da matemática, virá a ser os alicates que desmantelarão o arame farpado
erguido em torno da propriedade intelectual. Levantem-se; vocês não têm nada a
perder a não ser suas cercas de arame farpado.2
2
Reproduzido pelo grupo de pesquisas da Escola de Comunicação da UFRJ “Ciberidea”, em http://www.eco.ufrj.br/ciberidea/artigos/media/pdf/Internetcrono.htm ; Acessado em
junho de 2003.
c) Os zapatistas
“No sentido estrito de conflito militar tradicional, a revolta zapatista está
confinada a uma zona limitada, no estado sulista de Chiapas. Todavia, em função da
habilidade de estender seu alcance político através das modernas redes de
computadores, os zapatistas teceram um novo sistema de luta, para levar sua
revolução por todo o México e ao redor do mundo”3 (Cleaver, 1998)
Meios utilizados pelos zapatistas:
1. Mensagens instantâneas;
2. Produção e circulação de vídeos;
3. Compilação de entrevistas e músicas pró-zapatistas em fitas e CD rom;
4. Rádio (legal e “pirata”);
3 CLEAVER, H. Os Zapatistas e a teia eletrônica da luta. Lugar Comum – Estudos de mídia, cultura e democracia, Nepcom, Rio de Janeiro, n. 4, p.139-163, jan/abr. 1998.
5. TV comunitária.
Como ficaram conhecidos: “(...) nas primeiras horas do dia 1 de janeiro de 1994,
trouxeram com eles uma declaração de guerra impressa contra o governo mexicano e
pela liberação do povo de Chiapas e do México. A notícia dessa declaração foi
veiculada através do telefonema de um estudante para a CNN”, que chamou os
jornalistas.
O único jornal que publicava na íntegra, em manipulações, as declarações do
EZLN era o La Jornada, de circulação limitada. Os que discordavam da posição
oficial do governo e da mídia:
“O que fizeram foi muito simples: digitavam ou decompunham os comunicados e
textos reformatando-os e os enviavam pela Net para audiências potencialmente
receptivas em todo o mundo. Essas audiências incluíam, primeiramente, newsgroups
da Usenet, associações da Peacenet e listas da Internet, cujos membros já se
preocupavam com a vida social e política do México”, bem como grupos
humanitários, redes de povos indígenas e simpatizantes, grupos de ativistas
simpatizantes em geral e, por fim, a rede feminista que se opunha à sociedade
matriarcal e denunciou o estupro de mulheres zapatistas por parte dos soldados.
Os relatos foram traduzidos e, à medida em que aumentava o número de curiosos
em Chiapas, os relatos se confirmavam. À época os militantes italianos cunharam o
termo contro-informazione. Só então surge o site como elemento organizador. Tem
início aí, chegando ao nível governamental em diversos outros países, a “guerra
cibernética” (detalhes no artigo citado).
d) Centro de Mídia Independente
O Centro de Mídia Independente, uma rede de "open-publishing", teve atuação
destacada durante as manifestações de Seattle, pois criou uma alternativa de
informação ao público mundial, que era visivelmente manipulado com informações
pitorescas sobre o ocorrido no ano de 1999 nesta cidade. Quando o Estado de
Emergência foi anunciado pelo prefeito, durante a reunião da OMC, havia uma
enorme defasagem de informação a respeito do que estava acontecendo. (Henrique
Antoun, 2001)
Não havia editores, nem um "centro". O "open-publishing" se baseia na livre
publicação de textos, fotos e vídeos sob a perspectiva do movimento social presente à
manifestação. Foi a partir deste fato que o CMI começou a se multiplicar por todo o
mundo. Eis como eles se definem (IMC, about us, indymedia.org):
O Independent Media Center (Centro de Mídia Independente) é uma rede de
comunicação de protestos dirigida coletivamente visando a criação de narrações
radicais, acuradas e apaixonadas da verdade. Nós funcionamos através do amor
e inspiração de pessoas que continuam a trabalhar por um mundo melhor, apesar
das distorções e má vontade da mídia corporativa para cobrir esforços para
libertar a humanidade.
e) MoveOn.org e a guerra do Iraque
A guerra de informação durante a invasão do Iraque foi um exemplo emblemático
das novas formas de atuação. Enquanto a grande mass media estadunidense e
mundial se inclinava para uma "leitura" claramente pró-EUA, agências menores de
noticias, media árabe, bloggers, coletivos sociais antiguerra, ativistas diversos e a
imprensa independente davam outras versões do conflito.
Esse eclético "mass media alternativo" difundia notícias e imagens que
normalmente não chegavam aos telespectadores pelas emissoras de TV e grandes
agências internacionais. Seus conteúdos proliferavam rapidamente pela rede,
alcançando milhões de pessoas conectadas, ávidas por informações do conflito.
Ademais, havia uma grande difusão de e-mails, mensagens SMS,
comunicações por telefonia móvel e transmissões ao vivo do front, via satélite. Isto
desencadeou uma verdadeira guerra de informação para conquistar corações e
mentes.
Neste mesmo contexto, uma organização surgida unicamente com base na
rede, a MoveOn.org, conseguiu a proeza de organizar o maior protesto já realizado
nas ruas de Nova Iorque, levando 250 mil pessoas às ruas para se manifestarem
contra a guerra, no dia 15 de fevereiro de 2003. Além de difusão de mensagens, o
MoveOn levantou recursos, através de seu site, para estender sua campanha
publicitária para emissoras de TVs, periódicos e rádios.
5 | Quanto aos movimentos sociais
MACHADO, Jorge Alberto S.. Ativismo em rede e conexões identitárias: novas perspectivas para os movimentos sociais.
Sociologias [online]. 2007, no. 18 [citado 2009-03-29], pp. 248-285. Disponível em: <http://www.scielo.br>
a) Questão da institucionalização nos sistemas políticos
A incorporação dos movimentos sociais como parceiros do governo democrático
tem contribuindo para uma crescente institucionalização dos mesmos dentro dos
sistemas políticos. Ainda que admitamos que este não é o caso da maioria, os
movimentos sociais já entraram em uma fase em que não podem ser mais
definidos genericamente como "não-institucionais", conforme destacam alguns
autores (Melucci, 1999; Pasquino, 1994: 791).
b) Distintos propósitos
Ao contrário do que afirmam alguns autores (como Alexander, 1998), nem todo
movimento social se insere numa luta por uma melhor distribuição das
recompensas e sanções ou tem exatamente um "adversário" – como afirmam
Castells (2001) e Touraine (1995). Diferentemente de outros tempos, muitos
movimentos sociais visam a cooperação, o voluntariado ou a preservação
cultural. Não deve haver necessariamente um problema distributivo ou alguma
contestação, para sua existência. As motivações podem ser as mais diversas, tais
como uma crença religiosa, um ideal, uma identificação com um grupo ou
interesse específico em um certo contexto.
Ainda que admitamos que a distribuição de recursos – sejam recursos
financeiros, prestígio ou poder – ou a existência de um "adversário" possa
estar direta ou indiretamente relacionada com suas motivações, este já não é
um elemento definitivo nos processos de formação de tais coletivos sociais. Há
outros aspectos, de caracteres identitários, vinculados ao crescente
multiculturalismo das sociedades contemporâneas e ao incremento da
possibilidade de agenciamentos do indivíduo em relação ao amplo arco de
interesses, relacionamentos e visões do mundo às quais é confrontado – que
assumem importância cada vez maior como liame do sujeito com os coletivos
sociais.
Ainda MACHADO (2007):
1 Proliferação e ramificação dos coletivos sociais. A rapidez e alcance das novas
tecnologias de informação permitem uma proliferação das organizações civis e dos
coletivos sociais, assim como uma integração eficiente e estratégica entre os mesmos;
baseada principalmente no idealismo e voluntarismo de seus membros, incentivados
pela relação custo-benefício bastante favorável. Surgem novas formas de alianças e
sinergias de alcance global. Com isso, aumentaram enormemente as formas de
mobilização, participação, interação, acesso à informação, bem como a provisão de
recursos, as afiliações individuais e as ramificações entre os movimentos sociais.
2 Horizontalidade e flexibilidade das redes. As organizações tendem a ser cada vez
mais horizontais, menos hierarquizadas, mais flexíveis, com múltiplos nós, conectadas
a numerosas microredes ou células que podem ser rapidamente ativadas. Conforme
Castells (2001: 426), os novos movimentos sociais se caracterizam cada vez mais por
"formas de organização e intervenção descentralizada e integrada em rede".
3 Tendência coalizacional. Atuam crescentemente em forma de rede coalizacionais
(Diani, 2003, Escobar, 2000), de alcance mundial, em torno de interesses comuns e
com base na infra-estrutura de comunicação propiciada pela Internet.
4 Existência dinâmica ou segundo objetivos ou fatos. Têm grande dinamismo,
podem formar-se, alcançar certos objetivos, causar impacto e repercussão, expandirse por razão de um fato político e da mesma forma, podem rapidamente se
desmanchar ou desaparecer, conforme a situação (passado o fato, com o objetivo
alcançado ou o fracasso).
5 Minimalismo organizacional-material. A sede física se tornou irrelevante: fax,
telefone ou endereço postal passam a ser itens secundários. A possibilidade de
operação a um custo muito baixo incentiva a associação individual, a emergência de
novos movimentos sociais e as associações dos movimentos entre si.
6 Universalismo e particularismo das causas. Ainda que possa parecer contraditório,
os ideais podem ser universalistas e particularistas. Podem atender a uma ou a um
conjunto de aspirações de coletivos sociais bastante pequenos e específicos (e até
mesmo, geograficamente separados). No entanto, ainda que ligadas a uma causa ou
tema específico, as lutas podem orientar-se cada vez mais com relação a um quadro
mais amplo de lutas, que diz respeito a princípios de aceitação universal, como
desenvolvimento sustentável, direitos humanos, direito à autodeterminação dos povos,
combate ao racismo e formas de discriminação, democracia, liberdade de expressão,
etc.
7 Grande poder de articulação e eficiência. Permitem a organização de protestos
simultâneos em diferentes cidades e países, assim como a articulação local de vários
grupos de manifestantes dispersos. Ao contrário do que se possa crer, a convergência
de interesses não se dá somente no plano "virtual". Ela se materializa também por
ações concretas. É o caso, por exemplo, das ações do 'Move On', 'No Border',
'Oxfam', 'Confédération Paysanne', ATACC, grupos Okupa, entre outros. Sua
geometria pode ser variável, concentrando e ativando seus nós e combinando
estratégias variáveis conforme a necessidade.
8 Estratégias deslocalizadas de ideologias compartilhadas. As estratégias no espaço
dos fluxos são deslocalizadas, buscam ligar identidades, objetivos, ideologias e visões
de mundo compartilhadas. Identidade e solidariedade passam a desempenhar papéis
fundamentais para a formação de tais redes. Essa característica se associa ao que
Castells chama de identidades de resistência. Segundo ele, esta se daria em
"sociedades civis em processo de desintegração" em que a identidade seria um
elemento de "resistência comunal" (2001: 25).
9 Multiplicidade de identidades / circulação de militantes. Permite a circulação dos
militantes nas redes. Um mesmo ativista pode estar enredado com outras causas, com
outros atores coletivos; pode militar em vários movimentos e, mesmo transmitir sua
reivindicações nas diferentes redes de que participa (através de suas conexões
identitárias). Como a união de seus membros pode ser apenas específica ou pontual,
não é incomum a participação de um mesmo indivíduo em diferentes movimentos
sociais, compartilhando um interesse com pessoas que, em outras dimensões da vida
social, têm aspirações, valores e crenças bem diferentes.
MACHADO, Jorge Alberto S. Ativismo em rede e conexões identitárias: novas perspectivas para os movimentos sociais .
Sociologias [online]. 2007, no. 18 [citado 2009-03-29], pp. 248-285. Disponível em: <http://www.scielo.br>
6 | Webativismo hoje
O mais recente é a “ação direta online”, proporcionada pelo:
✗ Desenvolvimento da Internet nos últimos 5 a 10 anos;
✗ Aumento da adesão da (i) sociedade civil; (ii) governos e empresas; e (iii)
público em geral;
✗ Adaptação cultural das pessoas ao meio digital e barateamento das
ferramentas;
✗ Sincronização da cultura digital 1.0 aos dispositivos móveis;
✗ Lançamento de ambientes mais 'amigáveis' ao usuário final.
São exemplos desta ação:
http://paneladepressao.org.br/campaigns/173
http://www.causes.com/actions/1695943?recruiter_id=152515232
http://www.amnesty.org/en/activism-center/activism-tools
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Participe/Ciberativista/
Ações audiovisuais:
http://catarse.me/pt/dominiopublico
http://vimeo.com/44276508
[Belo Monte, anúncio de uma guerra]
http://vimeo.com/32115701
[Movimento Gota D'Água]
http://vimeo.com/11166795
[Mineria a cielo abierto]
http://www.consciencia.net/gblog/a-caminho-da-copa-e-das-olimpiadas/
http://www.consciencia.net/gblog/a-margem-do-xingu-vozes-nao-consideradas/
http://www.consciencia.net/gblog/um-novo-angulo-sobre-a-ocupacao-de-wall-street-revela-a-forte-microcomunidadeque-se-formou-la/
7 | Continuamos a conversar!
@GustavoBarreto_
facebook.com/GustavoBarretoRJ
[email protected]
www.midiacidada.org

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