ARTIGO PRÁTICAS ESPORTIVAS E O SERVIÇO MILITAR Carlos
Transcrição
ARTIGO PRÁTICAS ESPORTIVAS E O SERVIÇO MILITAR Carlos
ARTIGO PRÁTICAS ESPORTIVAS E O SERVIÇO MILITAR Carlos Bolli Mota Érico Felden Pereira Pereira Clarissa Stefani Teixeira RESUMO Este artigo trata do binômio práticas esportivas e trabalho; para isso, escolheu-se investigar algumas relações entre essas práticas em militares, por se tratar de uma profissão que historicamente possui grande relação com o esporte. Dessa forma, 605 militares do sexo masculino com idade média de 28,82 8,75 anos, da Aeronáutica, responderam a um questionário com perguntas abertas sobre suas práticas esportivas dentro e fora do meio militar, a freqüência com que praticam tais modalidades, os principais motivos que os levam a prática de exercícios físicos, entre outras. As análises das respostas permitem vislumbrar os seguintes resultados: grande parte dos militares pratica exercícios físicos uma vez na semana, sendo o futebol e o atletismo as modalidades mais citadas, com o primeiro sendo a modalidade mais praticada em forma de competição. Verificou-se ainda que a melhora do condicionamento físico e a saúde são os principais motivos dos militares para a prática de esportes. Palavras-chave: serviço militar, práticas esportivas, trabalho. + O serviço militar obrigatório no Brasil, em caráter universal, foi regulamentado em 1908; anteriormente, o recrutamento não era sistematizado. Sua obrigatoriedade começou a vigorar em 1916, quando a iminência das guerras e a política nacional exigiam dos militares características de atletas. O serviço militar é considerado ainda uma instituição fundamental para fornecer uma "idéia de Pátria" a juventude; ate hoje poucas modificações ocorreram nas leis que o ' Universidade Federal d e S a n t a Maria. It Miii. Pcluc. Fis., Viqosa, v. 14, ri. I , p. 7-18: 2006 7 regulamentam (KUHLMANN, 2001). Os militares, segundo Gallardo (2000), exerceram grande influência na cultura esportiva do Brasil, inclusive na Educação Física. O trabalho com o corpo e os militares sempre tiveram relação próxima devido as características dessa carreira, porém as novas tecnologias vêm mudando a atuação destes, exigindo cada vez mais alto conhecimento técnico de diversas rotinas, dando ao serviço militar características semelhantes aos trabalhos realizados fora das Unidades Militares. O trabalho, segundo Roeder (2003), ocupa um espaço muito importante na vida das pessoas, ou seja, quase todo mundo trabalha, e uma grande parte da vida é passada dentro de organizações. Possui também um importante valor na sociedade, e as pessoas começam a ingressar nele cada vez mais jovens. Contudo, o miindo do trabalho moderno parece tomar uma configuração sentida pelo homem como mental e espiritualmente pouco saudável. Pode-se dizer tranqüilamente que muitas pessoas adoecem por causa do trabalho. De acordo com Arendt (1909), o trabalho é uma das condições básicas para a vida humana; ele produz um rriundo artificial de coisas, buscando transcender as vidas individuais. Ao acrescentar objetos ao nii.indo, o trabalho possibilita a criacão de um ambiente de coisas permanentes, com as quais nos familiarizamos através do uso. Pode ser considerado basicamente como o conjunto de ações que levam a produção d e bens individuais e coletivos, promovendo o desenvolvimento pessoal, familiar e até de uma nação. Por outro lado, as variáveis intervenientes no trabalho podem gerar agressões ao trabalhador; nesse sentido, Dejours ( 1 992) esclarece que a organização do trabalho pode estabelecer uma relação de dominação da vida psíquica do sujeito e da ocultação de seus desejos. A qualidade de vida no trabalho é um tema facilmente percebtdo nos estudos do binômio indivíduo-organização e que possS:' ! I sua importância reconhecida há várias décadas, o que ~onI:ibu::.i ;?<iraa existência de várias abordagens sobre o tema. Seu grasde objztivo 6 inelhorar o bem-estar do trabalhador, aliado a melhoria do desenpenho organizacionai. Na atualidade, observa-se expressiva preocupação com a disseminação dos princípios da qualidade de vida nc trabalho, em empresas de todo o mundo, através da fiiosofia e de métodos y ~ i e buscam maior- satisfação do indil/iduo no trabalho. Duarte e De Pinho (1995) afirmam que, diante dos problemas que a sociedade atual vive, o corpo humano está envolvido de uma forma geral em uma complexa 8 K. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 14, n. I . p. 7- 18,2006 fusão entre os aspectos físicos, psicológicos e sociais, os quais se inserem em um entendimento mais complexo de saúde. O estilo de vida proveniente da era industrial vem, por um lado, promover comodidade e desenvolvimento das atividades diárias e, por outro, esse avanço tecnológico é desvantajoso, pois limita a realização dos movimentos, dispensando os esforços físicos que possibilitam a conservação e o bom funcionamento das capacidades funcionais dos indivíduos. Com o decorrer do tempo, o homem foi modificando sua forma de trabalhar. O tipo de trabalho e seus componentes sofreram alterações, entre as quais o ambiente físico e psicológico; o mcjdo de pr-odução e, ainda, a renda obtida de sua execução são determinantes do bem-estar dos indivíduos (MAKCHIOR; HAMANN, 2000). E rriuito difícil estabelecer uma relação direta entre a prática de exercícios físicos e o cleserripenho no trabalho, porém alguns estudos indicam que a prática de exercicios físicos 63 a dimiriuição de lesões ocasionam, por exemplo, diminuição de afastamentos por atestados rnedicos. Estudos confirmam ainda que os militares que apresentam menores níveis de aptidão física estão mais propensos a lesões arliculares (ACHOUR JUNIOR, 1995). Ainda de acordo com Achour Jiinior (1995): são bastante restritas as empresas que investem no exercício no meio do trabalho, que podern vir a ter uma resposta profilática i desorderii musculoesquei~tica,por atuarem especificamente ncs componentes da aptidão física relacioriados a promoção da saúde. O exercício físico deve ter espaço tanto no zmbiente escolar como no local de trabalho e deve ainda incentivar a necessidade de um estilo de vida ativo por toda a vida, evitando despesas pessoais como transpor-te e exames médicos. Nesse contexto, o meio militar talvez seja um dos que mais ofereçam condições para aliar a prática de exercici~sfísicos e o trabalho. estilo de vida Considerando que a manutenyão de i ~ m fisicarriente ativo também pode contribtiir para reduzir aig~.ins aspt.ctf.>s negativos que se fiianifsr;lciin com a aposerituc!cria, ciliirio a deprcssao, reta!-c!aridç o apc7reciimc:rito de falhas ria çaíide e a dependcncia (Ic autrcis pessoas para o Uesei-ilpenho de tarefa.; :,c: viiin dizri;, (GALLAt-iUE; Gi?ML!IL',2003 j, hern co~moa çresc~íiiepreocur;atj:~ci ~r3i.l-t íoi-irias de aliar !r-2t)oiho e çaiicie e o gra:iiie coniiii:~eiii~? dt:: mi!ltárf:r ern nosso país, es!e trabalho buscou ide~tificarc+ anaiisar alguma:; características c~!nportarnentaisde niilitai-es em reiayão ZI pr5tic;: c'c; exercicios fisicoç. K. Mil;. Educ. Fís., Viçosa, v. 14, n. 1, p. 7-18,2000 9 A amostra deste estudo foi formada por 605 militares do sexo masculino com idade média de 28,82 I 8,75 anos, da Aeronáutica. Os militares responderam a um formulário com perguntas abertas que buscavam identificar questões relacionadas a prática de exercícios físicos dentro e fora da Unidade Militar e permitiram que as informações fossem divulgadas. Foram realizadas análises da frequência e do percentual das respostas. RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste item estão apresentados e discutidos os resultados obtidos através das análises das respostas aos questionários. Dessa forma, apresentam-se as informações referentes a práticas de modalidades esportivas pelos militares dentro e fora da Unidade Militar, seus objetivos com prática esportiva, suas opiniões sobre a importância da prática de exercícios físicos, entre outros aspectos investigados. Tabela 1 - Freqüência semanal de prática de exercícios físicos dos militares Frequencia semanal Praticantes (%) 1 vez 2 vezes 3 vezes 4 vezes 5 vezes 7 vezes Não possuem freqüência definida 21 50 19.90 G,69 0,64 1.11 0.64 49,52 A Tabela 1 apresenta a frequência semanal de prática de exercícios físicos daqueles militares que praticam pelo menos uma modalidade dentro ou fora do meio militar. O maior percentual de militares (21,50°/~) realiza exercícios uma Única vez na semana, e 19,90% praticam duas vezes. Pieron (2004) afirma que diversos estudos têm sugerido uma periodicidade de no mínimo três vezes por semana, com a duração de pelo menos uma hora por semana etn atividades físicas. Segundo o mesmo autor, nota-se que pelo menos 6,69% dos militares estão seguindo uma periodicidade, visto que estes 1O R . Min. Educ. Fis., Viçosa, v. 14, n. 1, p. 7-18,2006 são os que praticam atividades com periodicidade mínima de três vezes na semana. A participação pouco freqüente não permite cumprir as recomendações referentes a uma prática mínima que provoque efeitos ligados a saúde. Alem disso, o autor salienta que o atual modelo usado é o Paradigma da Saúde e Atividade Física, que preconiza atividades físicas regulares durante a vida, voltando-se mais para a quantidade física necessária para a saúde e não para marcas alcançadas. Cada vez mais se reconhece o valor das atividades que aumentam o gasto energético ao longo do dia - maior que o valor de atividade de moderada a intensa em uma só prática. A falta de tempo e a falta de incentivo foram motivos apontados por diversos militares para a pouca ou nenhuma prática esportiva. Muitos, inclusive, não participam das atividades de Educação Física proporcionadas na Unidade Militar, percebendo-se, que aliado aos motivos apontados pelos militares, há também falta de interesse pelas atividades motoras proporcionadas. Este estudo mostra que 49,52% dos militares não possuem freqüência definida. Cada vez mais estudos têm apontado a regularidade da prática de exercícios como um fator importante na busca de urri estilo mais saudável. A prática de atividades regiiiares (6 a 7 dias na semana), em intensidades moderadas, de forma contínua ou acumulada, tem se mostrado benéfica na redução do risco de diversas doenças. Considera-se uma duração muito curta aquelas atividades realizadas em menos de uma tiora por semana, uma duração moderada aquelas realizadas de duas a três horas por semana e de larga duração aquelas com mais de quatro horas por semana (American Heart Association apud NAHAS, 1997; PIERON, 2004). Considerarido que a aderência e manuten~ãoa programas de exercícios físicos está intimamente ligada aos fatores motivacioneis dos sujeitos, a tabela a seguir wostra os fatores motivacionais que ievam os militares a praticar- exercícios físicos. Tabela 2 - Objetivos dos miiitarea com a prática de exercícios ffsicos -- - i? Mii-i Lduc Pis.. \/i(«sa, L. 14. t i 1 , p. 7-18, ?OU6 -- ----- -' 1 A Tabela 2 mostra os objetivos dos militares com a prática de exercícios físicos. A maior parte deles busca um aprimoramento do condicionamento físico, uma melhor aptidão física. Asaúde e a estética também são motivos importantes. Além disso, o trabalho também é um motivo citado, indicando que muitos militares reconhecem a relação de sua atuação profissional com um bom desempenho físico. Verificouse ainda que 9,56% dos militares buscam mais do que um objetivo com a prática de exercícios físicos. O condicionamento físico e a saúde são aspectos qiie podem possuir uma relação íntima. Maskatova (1997) afirma que as qualidades físicas diretamente relacionadas a saúde, como a composição corporal, resistência cardiorrespiratória, flexibilidade e resistência muscular localizada, formam tarribém a base para o desempenho atlético. Em relação ao conceito de saúde, percebe-se que se está longe de estabelecer um consenso. Todavia, parece ser universal o entendimento de que saiide não se resume apenas a ausencia de doença. Há uma tendência em se mudar de um paradigma biológico para ecológico, definindo saúde como urna condição multidimensiorial, avaliada numa escala contínua, resiiltante de complexa interação de fatores hereditários, ambientais e do eçtiio de vida (BCIIJCHARD et ai. apud NAtiAS, i997) Do ponto de vista psicossocial, ap:irecern os di\/cctrsos níveis de exiaências da vida ern sociedade e dar relações: com outros seres h:;manos, seja em nivel comuriitarto ou no irabaliio, capr-izes d e grrcqi :.insiedade e estresse. Eril nível individual. os fatores riai.; in~prirtantes íelcicionam-se coin o estilo de vÍda pessoal, iriciuináo die.tri, exercícioc, fisicos. comportamento preventivo e ,:;orrtrole do estrerse (9OUCHAF;D ct a!., 1990). As chamadas doença.; cr6nico-degenerativas (doei173 arterial cororiariana, acidente vascular cerebral, cânccr, diabetes e as doenças pulmonares obslrutivas crônicas), lideres ,.:i-ri mortalidade prec,oce nos países iridustrializados, estão ;rissociadas ao h3kito de fumar, a dieta inadequada e a inatividade física. Governos e organizações não-(iovern3mentais em todo o r n u ~ d o particularmente . nos países v a i s derjenvolvidoç, passaram a corisiderar a promoç5o cla atividade física copio q~iestãoediicacicnal e de saúde pública de grande importância. Trata-se de uma tentativa de reverter o crescerite quadro de inatividade presente ria chaniada "era tecnológica" (últimos 50 anos), que afeta mais significativamente os países industrializados e as áreas i i r b a ~ a sem particular (NAHAS, 1999). O trabalho como um motivo para a prática de exercícios físicos, embora não seja o principal fator motivacional, demonstra que os niilitares reconhecem a relação do trabalho rnilitar com uma boa aptidão física, que foi o motivo mais citado; assim, os motivos para melhorar o condicionamento físico e o trabalho estão relacionados. Outro motivo importante citado pelos rnilitares se refere a estética, que reflete a motivação de muitas pessoas, militares ou não, para a prática de exercícios fisicos. Saritin (2002) afirma que uma importante fonte para definir os perfis corporais é constituída pelos padrões de beleza assumidos pela sociedade; cada sociedade, em caaa época, estabelece quais modelos de beleza devem ser seguidos. Embora a busca pela estética tenha grande influência da cultura da época, da midia, entre outros, pode-se utilizar dessa motivação no sentido de as pessoas aliarem a busca da estética com a saúde e o lazer, adquirindo um gosto pelas práticas esportivas. Uin fator que pode interferir nas práticas de exercícios f í s i c a é a ir-icidência de lesões. Contudo. neste estudo verificou-.se que 87,90°/0 dos militares niinca tiveram nenhcm tipo de lesao com a prática de exercicios fisicos. Davidoff (2001) afirma que o hornem é u n ser que tem necessidades; a medida que uma delas B satisfeita, logo surge outra em seli lugar. Nesse sentido, Maslow (1970) class:ficou-as em unia escaia de irnportâricia. Eni uni nivel inferior colcicou as necessidades fisiológicas (dormir, comer. exercitar-seji acima delas, as necessidades de proteçiio (estabilidade r i s emprego, favoritisrrio oii discriminação rio trabalho}; quando a s riecessidades fisioiócjicaç e dtt proteção estão satisfc?iias, passam a ser mais in-tportantes as fiecessidades sociais; e, acl~ricidestas, as necess!dades egocêr?tricns (auto-estima, auto realizr!c;ac, corifiariqa, independencia, reputação, status, aprovação, respeito). Considerando que é a formci de exerciiaç2o e as modalidades que os sujeitos mais gostam de praticar um importante fator rnotivacional para a mandtenção de um estilo de vida mais ativo e saddavel, as próximas duas tabelas (3 e 4) listam as modalidades esportivas praticadas pelos militares dentro e fora do meio militar e também aquelas em que os rnilitares competem. I<. Min. Educ. Fis., Viçosa, v. 14.11. 1.13.7- lX,2000 I3 Tabela 3 - Modalidades esportivas realizadas dentro e fora da Unidade Nlilitar Modalidades Percenlual de militares que realizam a modalidade no meio militar Percentual de militares que realizam a modalidade fora do meio militar Atletismo Basquete 31.37 1.91 31.53 3.66 Bocha 0.00 0,16 Paddle 0,OO 0.16 TBnis 0.48 0.00 Tiro Vdlei Não fazeni nenhuma atividade 0,16 4.94 32.32 0.32 13.06 28.34 Caminhada Ciclismo Futebol Lutas Musculação Natação Orientação Tabela 4 - Modalidades esportivas de competição realizadas pelos militares dentro e fora da Unidade Militar - de competição Atletismo Basquete Bocha Percentual de militares qiie Percentual de militares qiie competem no meio militar competem fora do meio militar 0,00 0.48 0,80 0,48 0.00 0.32 Ciclismo Fiitebol 0.00 0.16 5.57 6.05 Handebol Liitas Naiação Orientação Tenis Tiio Vôlei 0.00 0,16 0,OO 0,16 0,48 0.32 0,3? 0.16 0.32 0.48 0.16 0.64 0.32 0.96 Conforme mostra a Tabela 3, o futebol e o atletisiiio foram as modalidades mais citadas, praticadas tanto no meio militar como fora dele. sendo a corrida a prova do atletismo mais praticada, citada por 29,94% dos militares como uma modalidade realizada de;-rtro do meio militar e poi. 30,10% fora desie. L'erifica-se ainda cjue 489 miliiarei., praticam apenas unia modalidade. 172 praticam duas :;riodalidades? 21 praticam três modalidades G 3 militares são praticaqteç de quatro I4 R. Min. Educ. Fis.. Viçosa. v. 14.11. I . p. 7- I S. 2000 modalidades; 32,32% afirmam não praticar nenhuma modalidade esportiva na Unidade Militar e 28,34% fora dela. Pode-se ainda observar que 64,51% dos militares praticam mais de uma modalidade fora do meio militar. Analisando os dados apresentados na Tabela 4 a respeito das modalidades em que os militares participam de competições, verificase que o futebol é a modalidade de competição mais realizada tanto dentro como fora da Unidade Militar. Estranhamente, o atletismo, que é uma modalidade bastante praticada como forma de exercitação, foi muito pouco citado como uma modalidade de competição, demonstrando que em militares da Aeronáutica o atletismo é mais praticado com outros objetivos além das competições. Paim (2001) afirma que o futebol constitui-se num fenômeno esportivo principalmente no Brasil, onde contribui para a elevação do espírito social; conforme os dados deste estudo, é uma opção de prática esportiva de grande número de militares. Conhecer os fatores motivacionais para a prática esportiva e as modalidades mais praticadas pode ser um primeiro passo para a implementação de programas de exercícios físicos para os trabalhadores. Nahas (1999) fala que, em qualquer intervenção para promover um estilo de vida mais ativo, as atividades devem ser tão naturais e prazerosas quanto possível, de acordo com as preferências e possibilidades individuais, para que possam ser incorporadas ao diaa-dia das pessoas. Pesquisas recentes têm demonstrado que o apoio familiar e dos amigos é fundamental para a continuidade num programa de exercícios. Também é um fator importante o acesso fácil aos locais de prática (ciclovias, piscinas, ginásios, trilhas para caminhadas, quadras de esportes). Neste estudo, verificou-se que 97,13% dos militares consideram a prática de exercícios regulares essencial para a vida das pessoas, o que é um fator importante para a inserção em programas esportivos. Por fim, é importante salientar que, na discussão entre saúde e trabalho, uma atividade profissional na qual a pessoa não gosta do que faz, precisando realizar tarefas em ritmo acelerado, exigindo pouco ou muito de suas capacidades e submetendo-se a problemas interrelacionais com superiores, pode levar a sérios distúrbios psíquicos (ROEDER, 2003); e que a prática de exercícios físicos, aliada a uma organização do trabalho que se preocupe com o bem-estar destes, R. Min. Educ. Fis., Viçosa. v. 14, n. I , p. 7-18,2006 15 poderá contribuir tanto para a saúde dos trabalhados como para melhui rendimento no trabalho. Esta pesquisa buscou investigar algumas questões relacionadas ao serviço militar e a prática de exercícios físicos. Assim, uma apreciação global do estudo efetuado indica as seguintes conclusões: a maior parte dos militares pratica exercícios uma ou duas vezes na serriatia; os fatores motivacionais rnais relevantes para esta prática são o aprimoramento do condicionamento físico e a saúde; e as modalidades esportivas que os militares aiais praticam são o futebol e o atletismo, sendo a primeira a modalidade rnais praticada de fornia competitiva. A partir desses dados, acredita-se q u e p o d e m ser implementados alguns programas que incentivem os militares a praticarem exercícios físicos com maior frequêricia e que atendam as suas motivações para que se rnaritenhan~na ativiaade por um grande período de tempo, incentivando um estilo de vida mais ativo. Acredita-se que maiores investigações relacionando a prática de exercícios fisicos e o trabalho, com diferentes trabalhadores eni diferenciadas ocupações, são extremarnerite relevantes na sociedai?e atual e que a partir desses estudos se possam criar formas de tornaro trabalho profissional mais saudáve! e prazeroso a todos. ABSTRACT Sport Practices and Miiitary Service This article is about the binomial of sporting practices arid job. For that was chilsen to investigate some relations betweeri ttiose practice ir1 mi!itary because ii is a profession that historical has yrea:: relation wiih spoít. Pherefore, 605 so!diei-s of the cnalv sex with rrieari ages of 28,,82 2 8,75 years old ir? t h e aeroriautics have answeied to a questionnaire with open questionç abcut spoiiing prac!ic,e insidt.; aric! outside the military environniegt. the fi-equency ihat they prciciiíx sirc;ii n-indaiities, thc: rneari reasons that take thei7i tu practice pi:ysicqI exercises, amorig others. The arislyses of the answers aliow glimpsing the following results: a large tail of the soldiers practice physical sports 16 R. Min. Educ. F'is., Viçosa, v. 14, n. 1, p. 7- 18,2006 once a weeK, b;.cn soccet. and atl-iletics the rnost quo:ed and tlié first been the rnost pi-acticed rnodality iri a championship model. Was yet checked that the iniprovement of physical condiiior! and health are the principal reasons for Lhe sport activity of the s:>ldiers. Keywords: militaiy service, sporting practice, job. ACHOUK JUNIOR, A. Estilo de vida e desordem na coluna lombar: uma resposta dos componentes da aptidão física relacionada a saíide. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Londrina, v. 1, n. 1, p. 36-56, 1995. ARENDT, H. A condição humana. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense universitária, 1989. BOUCHARD, C.: SHEPARD, R. 3 . ; STEPHENS, T.; SUTTON, J. R.; McPHERSON, E?. O. Exercise, fitness and health: the consensus statement. Champaign, IL: Hurnan Kinetics, 1990. DAVIDOFF, L. L. Introdução A psicologia. 3. ed. Sao Paulo: Ivlakron Books, 2001. DEJOURS, C. A loucura do trabalho. 5. ed. São Paulo: Cortez, 1992. PINHO, R. A,; DUARTE, M. F. S. Análise postura1 em escolares de Florianópolis - SC. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, Londrina, v. 1, n. 2, p. 49-58, 1995. GALLAHUE, D . L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desei~volvimentoniotor: bebês, crianças, ado!escentes e adultos. São Paulc: Phorte, 2001. GALLARDO, J. S. P. Educação Física: contribuições a formação profissional. Ijuí: UNIJU~,2000. KUHLMANN, P. R. L. Serviço militar obrigatório no Brasil: continuidade ou mudança? Seciv-ity and Defense Studies Review, v. 1, 2001. Disponível em: ~http:í/www3.ndu.edu/ctids/journaI/PDF/i(uIiImanfinal.pdf> Acesso em: 09/0112005. R. Min. Cduc. Fib., Viqosa, v. 14, ii. 1, p. 7 - 18,2006 17 HAMANN, L. L-.; MARCHIOR. M. R. C. T. Doenças osteomusculares reiacionadas ao trabalho (DORST): um estudo de caço. Série de Ciências Biológicas e da Saúde, Santa Maria, v. 1 , n. 1, p. 61-75, 2000. h4ASKATOVA. A. K Fisiologia: seleção de talentos e prognóstico das capacidades motoras. Jcrndiaí: 4pice, 1497. MASLOW, A. h. Motivation and personality. New Yol k: liarper & Kaw Publishers, 1970. NAHAS, M. V. Atividade fís~cacomo fator de qualidade de vida. Revista Artus, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 21-27, 1997. NAHAS, M. V. Obesidade, controle de peso e atividade física. iondrina: Midiograf, 1999. PAIM, M. C. C. Fatores motivacionais e desempenho no futebol. Revista da Educação FísicalUEM, v. 12, n. 2, p. 73-79, 2001. PlERON, M. Estilo de vida, prática de atividades físicas e esportivas, qualidade de vida. Fitness & Performance Journal, Rio de Janeiro, v . 3 , n . I , p . 10-18,2004. ROEDER, M. A. Atividade física, saúde mental & qualidade de vida. Rio de Janeiro: Shape, 2003. SANTIN, S. Textos malditos, Porto Alegre: EST Edições, 2002. Universidade Federal de Santa Maria Faixa de Camobi km 9 CEP: 97105-900 Telefone: 32208271 Fax: 32208616 e-mail: [email protected]