NTD News for Africa

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NTD News for Africa
NTD News for Africa
Marco de
2012
Filariose linfática na República Democrática do Congo; mapeamento
sobreposto micro-estratificado (MOM) como pré-requisito para controlo e
vigilância.
Kelly-HopeLA, Thomas BC, Bockarie MJ, Molyneux DH. Parasit Vectors2011; 4:178. (A versão completa
deste artigo pode ser encontrada em:http://www.parasitesandvectors.com/content/4/1/178)
Introdução
A República Democrática do Congo (RDC) tem um fardo significativo de filariose linfática (FL), uma
doença incapacitante causada pelo parasita Wuchereria bancrofti. O programa nacional de FL planeia
iniciar a administração massiva de medicamentos (MDA) para interromper a transmissão; contudo, em
muitas áreas não pode utilizar o tratamento anual recomendado com ivermectin e albendazole devido ao
aumento do risco de eventos adversos graves (SAEs) nas populações co-endémicas Loa loa.Os autores
deste estudo procuraram rever, sintetizar e mapear os conhecimentos actuais sobre a distribuição do W.
bancroftina RDC, e os factores que terão impacto na eliminação da FL, tais como a co-endemicidade
doLoa loa, os programas de controlo da oncocerquíase através do ivermectin, actividades de
desparasitação dos helmíntos transmitidos pelo solo (STH) através do albendazole, e a distribuição de
redes mosquiteiras anti-malária. Foram utilizados sistemas de informação geográfica (GIS) para
estratificar dados e sobrepor mapas de doenças e intervenções de distribuição disponíveis através de
literatura científica e relatórios nacionais. Os autores chamaram a esta nova abordagem, mapeamento
sobreposto micro-estratificado (MOM) e defendem que determinará melhor os riscos e benefícios de
múltiplas intervenções na FL na RDC.
Distribuição da FL
No total, 11 estudos descrevendo a distribuição da infecção por W. bancrofti,sero-prevalência, estudo
clínico e entomologia na RDC, foram identificados e coligidos numa base de dados. A maioria dos estudos
foi realizada entre a década de 1930 e 1970 em áreas seleccionadas do país, sem que algum estudo
epidemiológico tenha sido publicado desde a década de 1970. Também, muito pouco se descobriu sobre
os mosquitos, e na década de 1930 foi publicado o último estudo epidemiológico, quando o Anopheles
funestus foi identificado como o mais importante vector na região Bas Congo. Os autores descobiram que
os dados nacionais e regionais variavam consideravelmente. A doença foi reportada como estando
espalhada especialmente na região norte, próximo das fronteiras internacionais com o Sudão do Sul,
República do Congo e República Centro Africana, e também na Província do Bas Congo, na RDC. Vários
estudos descobriram que a distribuição da FL estava intimamente associada ao Rio Congo e seus
afluentes. Foi produzido um mapa histórico da FL, com as regiões realçadas e comparadas a mapas de L.
loa.
A co-endemicidade da Loiasis
Foi criado um mapa histórico da distribuição da L. loaa partir de mapas e dados de estudos publicados na
década de 1960. As maiores infecções por L .loa foram associadas a zonas de florestas tropicais no Bas
Congo e nas Províncias Orientais. A prevalência em outras províncias do centro e norte revelou-se baixa,
em média, com alguns focos localizados. A doença não foi reportada na região montanhosa do sul, que
foi considerada não-endémica. Este mapa histórico foi comparado ao recente mapa produzido pelo
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procedimento de avaliação rápida para a Loiasis (RAPLOA) e revelou possuir amplas semelhanças
geográficas, com as duas zonas de elevado risco no Bas Congo e nas Provincias Orientais mostrando
significativa sobreposição. Isto sugeriu que a distribuição de loiasis não tinha mudado dramaticamente
durante 50 anos.
Comparações entre a co-endemicidade da FL e da L. loaforam limitadas devido à falta de detalhe e
número de dados geográficos disponíveis. Em geral, o mapa da FL e de dados indica que as áreas de
elevada prevalência ocorre em regiões específicas do Bas Congo, Bandundu, Équateur e Províncias
Orientais, e estavam associadas ao Rio Congo e seus afluentes. Isto, em termos gerais, contrastou com
as áreas de elevada prevalência da L. loa, que ocorreram principalmente na Província Oriental e zonas
específicas das Províncias do Bas Congo, Équateur e Maniema,e esteve intimamente associada a densas
florestas tropicais.
Riscos e benefícios das intervenções
Mapas estratificados relativos ao tratamento directo da oncocerquíase com ivermectin nas comunidades
(CDTI), o planeado controlo da STH utilizando albendazole, e distribuição de redes mosquiteiras e redes
impregnadas com insecticida (ITNs) mostraram haver riscos e benefícios associados às actuais e futuras
distribuições destas intervenções. Os riscos potenciais associados ao tratamento da oncocerquíase com
ivermectinem áreas com potencial co-endemia de FL e Loiasis estão concentrados na Província Oriental e
nas áreas do norte da Província de Équateur. As áreas que podem potencialmente beneficiar com a
administração de ivermectin foram consideradas extensas e incluem vastas áreas das Províncias de
Équateur e Kasai-Oriental, e áreas específicas das Províncias Oriental, Kasai-Occidental e Bas Congo. No
caso das STH, os riscos associados ao tratamento com albendazole foram considerados mínimos, contudo
os potencias benefícios foram também considerados enormes e similares aos do tratamento com
ivermectin. Finalmente, o principal risco associado às distribuições de redes mosquiteiras/redes
impregnadas com insecticida foram a baixa cobertura em zonas de potencialmente elevado risco de FL, e
áreas co-endémicas com elevado L.loa,enquanto que os benefícios incluem elevadas taxas de cobertura
nas zonas com elevado risco de FL no Bas Congo.
Conclusões
Este estudo realça o valor do mapeamento e sobreposição de distribuição das doenças e das
intervenções, para mostrar os potenciais riscos e benefícios associados a programas de controlo múltiplos
de grande escala em curso num país. Os autores sugerem e defendem que o MOM devia ser um prérequisito para planear quaisquer futuros programas de FL em países onde existe loiasis co-endémica e
outros programas de controlo que têm impacto nas estratégias de implementação e eliminação da FL.
Comentários do Editor
Mais de metade dos 30 países com endemia de FL em África ainda não implementaram a MDA para a
eliminação da doença, 11 anos depois do lançamento do Programa Global de Eliminação da FL, em
2000. Em alguns destes páises sem tratamento, é pouco provável que a MDA seja realizada com
albendazole e ivermectinem algumas zonas onde a FL e a Loiasis são co-endémicas, particularmente nas
regiões do centro de África. Com o objectivo da eliminação global da FL até ao ano 2020, há uma
necessidade urgente de micro-mapeamento de elevada resolução para demarcar as áreas onde a FL e a
Loiasis são co-endémicas, porque o tratamento com ivermectin pode causar eventos adversos graves em
algumas pessoas. O mapeamento da doença e planificação cuidadosa para a MDA são necessários para
minimizar o risco de SAEs. O actual documento forneceu uma ferramenta útil para os programas
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nacionais realizarem uma análise de situação dos riscos e benefícios no país. Isto ajudará os programas
nacionais a tomarem decisões informadas para a planificação detalhada da MDA.
O “NTD News for Africa” é uma publicação electrónica mensal que procura
divulgar pelos cientistas, planificadores de programas, decisores politicos e líderes de
opinião que trabalham no controlo das DTN em África, resultados das mais recentes
pesquisas e artigos publicados. É uma iniciativa conjunta da Liverpool School of
Tropical Medicine, Centro para Doenças Tropicais Negligenciadas, Sightsavers e
Helen Keller International, Escritório Regional para a África. Nós encorajamos os
membros desta rede para sugerir possíveis documentos de interesse e fornecer
comentários sobre os artigos seleccionados. "NTD News for Africa" é publicada em
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