Iyar / Sivan 5772 1

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Iyar / Sivan 5772
Quando o grande sábio Rabino Naftali Tsevi Yehudá Berlin de Volodjin (1817 – 1893), o Netsiv, terminou
de escrever seu livro “Haamec Sheelá”, convidou alguns de seus alunos e parentes para uma pequena
comemoração.
Durante a refeição comemorativa, um dos presentes perguntou ao rabino o porquê daquela celebração.
Afinal, não existe nenhum costume judaico de fazer uma festa quando se termina de escrever um livro.
“Quando eu ainda era um garoto de doze anos”, respondeu o Netsiv com um sorriso, “eu não queria de
forma alguma estudar Torá. Meu pai contratou um professor, depois outro... mas nada adiantava. Certo
dia eu ouvi escondido uma conversa de meus pais. Meu pai dizia para minha mãe que parecia não ter
mais jeito. Que ele fizera de tudo para que eu estudasse Torá mas, como eu me recusava, seria melhor
que eu começasse a trabalhar para ajudar a família.”
“Quando eu ouvi isso”, continuou contando o Netsiv, “fiquei apavorado. Uma criança trabalhando
por não querer estudar era uma grande vergonha naquela época. Assim, saí correndo chorando do meu
esconderijo e implorei para que meu pai me desse uma nova oportunidade. Daquele dia em diante eu
realmente comecei a estudar.”
“Agora, imaginem vocês se eu não tivesse tomado a resolução de mudar meu comportamento e prosseguisse sem estudar, tornando-me um operário. Certamente continuaria sendo um bom judeu, frequentando
a sinagoga e fixando algum tempo por dia para estudar Torá. Porém, o que aconteceria depois dos meus
‘120 anos’ neste mundo? Quando eu me apresentasse no Mundo Vindouro me perguntariam por que eu
não escrevi um livro sobre as ‘sheiltot’ se eu tinha potencial para fazê-lo. O que eu responderia? Qual não
seria o meu constrangimento?
“Já que eu comecei a estudar e realmente consegui escrever este livro, será que não devo me alegrar?
Minha comemoração não é apenas por ter terminado de escrever um livro, mas principalmente porque
agora poderei dar uma resposta satisfatória nos Céus sobre como aproveitei minha vida!”
A comemoração do Netsiv trouxe um ensinamento de suma importância para todas as gerações – o
aproveitamento pleno do nosso potencial.
A maioria das pessoas, independente de sua autoconfiança, subestima sua capacidade para fazer o
bem. O comodismo e a ausência da ambição no âmbito espiritual são dos vícios mais condenáveis pelo
pensamento judaico.
Certamente, a maioria de nós não tem o potencial e as oportunidades para se tornarem sábios tão
geniais quanto o Netsiv. O Todo-Poderoso, no entanto, deu a cada um de nós um potencial enorme para
nos elevarmos espiritualmente e fazermos o bem. Esse potencial deve ser aproveitado ao máximo.
A cobrança no Mundo Vindouro não será, absolutamente, por que a pessoa não se comportou como
Moshê Rabênu, mas por que não foi “ela mesma”. Por que não aproveitou a capacidade e o potencial que
lhe foi concedido para alcançar o máximo de si mesma. Essa é uma cobrança terrível quando não pode
ser respondida, pois não existem explicações ou desculpas válidas para refutá-la.
Por outro lado, a Guemará diz que cada pessoa deve estar sempre se perguntando: “Quando serão
meus atos comparáveis aos de meus patriarcas Avraham, Yitschac e Yaacov?” Imediatamente surge a
questão: Por que devemos almejar algo que nunca poderemos alcançar? A resposta é simples: devemos
ansiar o máximo possível para que possamos alcançar o máximo de nós mesmos.
Muitas pessoas se sentem angustiadas por acharem que nunca alcançarão os níveis de espiritualidade
dos grandes tsadikim. O conhecimento de que a pessoa será julgada conforme seu próprio potencial é um
grande incentivo para continuar sempre perseguindo um objetivo que parece inalcançável.
O Netsiv teve a sorte de perceber o quanto seu potencial estava sendo subestimado quando era apenas
um garoto. Já Rabi Akiva, só reconheceu seu potencial com quarenta anos. Ainda assim, tornou-se um
dos pilares do nosso povo, o sustentáculo de toda a Torá oral. Portanto, nunca é tarde para começar a
Iyar / ser
Sivanvocê
5772mesmo – o máximo de você mesmo!
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Nº 119
Capa:
Portal Judaico
Brasileiro
Especial I,
pág. 12.
51 Datas e Dados
Datas e horários judaicos,
parashiyot e haftarot para
os meses de iyar e sivan.
55 De Criança
Para Criança
“Silencioso”.
Chayim Walder
49 Educação
Expediente
projeto gráfico e editoração: Equipe Nascente
editora: Maguen Avraham
tiragem: 11.500 exemplares
O conteúdo dos anúncios
e os conceitos emitidos nos artigos
assinados são de inteira responsa­bilidade
de seus autores, não representando,
necessariamente, a opinião da diretoria da
Congregação Mekor Haim ou
de seus associados.
Os produtos e estabelecimentos casher
anunciados não são de responsabilidade da
Revista Nascente. Cabe aos leitores indagar
sobre a supervisão rabínica.
“A Força da Persistência e
dos Elogios”.
10 Espaço do Leitor
Seu espaço para
sugestões, críticas, idéias,
colaborações e novidades.
A sua colaboração é
fundamental para que a
Nascente possa concretizar
sua proposta, que é a de
informar, esclarecer e ser
um intermediário para a
implantação de sugestões
da coletividade.
19 Dinheiro em Xeque
“A Salvação”.
A lei judaica sobre casos
polêmicos do dia a dia.
40 Entrevista
“Hatzalá – 3064-2020”.
42 Leis e Costumes
“Chazará”.
Rabino I. Dichi
21 Livros do Povo do Livro
“Sidur Sucath David Mekor Haim shel Chol”.
Rabino I. Dichi
A Nascente contém termos sagrados.
Por favor, trate-a com respeito.
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47 Mussar
“Amabilidades”.
Rabino Zvi Miller
12 Especial I
“Portal Judaico Brasileiro – www.revistanascente.com.br”.
38 Pensando Bem
“Pensamentos”.
45 Visão Judaica
“Responsabilidades”.
Rabino I. Dichi
30 Nossa Gente
Acontecimentos que foram destaque na colônia.
24 Especial II
A inauguração do novo prédio da Congregação, Centro Comunitário Moise e Chella Safra.
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Caros Amigos,
Por aproximadamente quarenta
anos a Cyrela teve um controle acionário único. Neste período, definimos
nossa cultura, forma de agir, e adotamos a ética como pilar fundamental.
A relação com nossos clientes, colaboradores, fornecedores, acionistas e
parceiros sempre foi muito importante para mim e para todos da minha
equipe.
Atualmente, a maioria das nossas ações em bolsa está pulverizada
entre pessoas físicas, instituições financeiras e fundos de investimentos,
prática comum de uma empresa de
capital aberto.
Por este motivo, por orientação do
Rabino Eliyashiv Shelita, autoridade
rabínica mor de Halachá de nossa geração, o Conselho de Administração
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decidiu implementar as atividades da
empresa segundo as práticas comerciais vigentes no país, respeitando o
interesse da maioria de seus acionistas, sem perder nossos princípios.
As empresas que estão sob controle acionário dos fundadores continuam com a tradição de respeito ao
Shabat.
Reforço que este é um assunto que
trata de leis complexas, e em consideração à santidade do Shabat, cabe
em cada caso consultar os rabinos
peritos nestas leis.
Elie Horn
Presidente Fundador da
Cyrela Brazil Realty
São Paulo
*
*
*
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Espaço do Leitor
Dear Editor,
It is a pleasure to hear from
sephardic communities around the
world. By the way, Chacham Menaged was my father’s teacher in Damascus, Syria, and he is very highly
regarded in Damascus for educating
the community in the sacred path of
Torah and mitsvot.
I’m very excited to hear about
your website and flattered to know
that you want to put my chazanut on
your website. You may put a link to
the audio on your website provided
you mention that it is from the Sephardic Hazzanut Project.
looking down from yeshiva shel ma’la
and are proud that you are continuing to help spread Tora throughout
the world.
Please feel free to make use of my
audios.
I have heard great things about
Rabbi Dichi Shelita from my aunt and
uncle in Brazil – you are certainly
lucky to have him leading your community.
Tizcu leshanim rabot,
Chazan Gad Dishi
Nova Iorque – EUA
*
Chazan Faraj Samra
Nova Iorque – EUA
*
*
*
Dear Editor,
I am sure our ancestors are
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*
*
Caro Editor,
Parabéns pelo novo site. Está
muito bom, gostei muito!
Isaac Michan
São Paulo
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Especial I
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Portal
Judaico
Brasileiro
www.revistanascente.com.br
Um site de verdade!
Foi lançado recentemente o
Portal Judaico Brasileiro, uma
realização da Revista Nascente.
Milhares de arquivos de
texto, fotos, áudios e vídeos
estão disponíveis em mais de
duzentas páginas do portal.
Leia a seguir um resumo do
conteúdo do site.
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Especial I
Revista Nascente
variados temas.
apenas 2m49s) e “Mussar 6” (1m59s),
por exemplo, tratam das más virtudes
Logo na abertura da Home Page,
Todos os vídeos estão editados de
aparecem as capas das seis últimas
forma sucinta – com excelente imagem
edições da Nascente. Basta escolher a
e som – levando em média apenas 3
Assista o “Mussar 15” (3m11s), so-
edição de interesse e autorizar a aber-
minutos para transmitir conteúdos
bre a gravidade do “lashon hará” e o
tura do “pop up” para ter-se acesso à
importantes em diferentes áreas judai-
“Mussar 37” (2m36s), que explica por
revista na íntegra.
cas.
que algumas pessoas negativas pare-
Mussar Todo Dia - comentários im-
Vídeos
portantes, mas sucintos, sobre mussar,
Onze “canais” de vídeos com histó-
a ética judaica. Rabino Isaac Dichi.
rias, comentários e explicações sobre
Os vídeos “Mussar 5” (duração de
de zombar e mentir.
cem ser bem sucedidas.
Conforme ensinam os livros sagrados, não há como um indivíduo consiga
aprimorar suas virtudes sem estudar
alguns minutos de mussar diariamente.
Halachá de Hoje - Breves halachot
– leis judaicas. Rabino Isaac Dichi.
No “Halachá 8” (3m13s), o Rabino
Isaac Dichi explica quais são as leis de
netilat yadáyim e as diferenças entre
as várias oportunidades que realizamos esta mitsvá.
Assista o “Halachá 20” (5m02s),
para aprender as primeiras leis do
Shulchan Aruch.
Assista o “Halachá 32” (2m11s),
sobre a importância da mitsvá de tsedacá.
Ofereça um vídeo em memória de
um ente querido. Faça sua solicitação
pelo email contato@revistanascente.
com.br. Uma bela introdução constará
no início do vídeo em prol de sua elevação espiritual.
Mensagem do Rabino - Lindas
mensagens judaicas. Rabino Isaac Dichi.
Não deixe de assistir aos vídeos
“Parcialidade” (2m27s), “Aceitar Repreensão” (0m36s) e “Tefilá Antes de
Tudo” (0m28s). São 3 minutos e 31
segundos com potencial para mudar o
rumo de sua vida!
Se você tiver mais 5 minutos, assista também ao vídeo “Teshuvá – Hashem nos Abre os Olhos”.
Linda História - O nome diz tudo –
belíssimas histórias judaicas, todas verídicas. Destaque para as histórias “Rezar Pelo Próximo” (1m29s), “Domingo”
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Especial I
(4m21s) e “Chá com Sal” (1m28s).
De Olho na Parashá - Comentários
sobre a parashá da semana. R. Daniel
Faour.
Toda semana um novo comentário
para sua mesa de Shabat.
Mitsvot em Prática - Demonstrações de como realizar uma mitsvá es-
de uma maneira muito especial pelo
já conceituado palestrante Clement
Aboulafia.
O vídeo “Gaivota” conta a surpreendente história da gaivota Jonathan
Livingston.
Palestra - Palestras judaicas na
íntegra.
pecífica na prática. Você tem ideia de
Assista à palestra ministrada pelo
como se estuda Torá em uma yeshivá?
Rav Harashi Yoná Metzger para as se-
Você sabe como amarrar as quatro
nhoras na Congregação (37m47s).
Infantil
Histórias infantis - Escritas, em
áudios e em vídeos.
Não deixe de mostrar para seus
filho os vídeos “O Galo, o Burro e a
Vela” e “Dama ben Netina”.
“Salvo Pela Lama” e “O Pequeno
Juiz” também são destaques nas histórias em áudio.
Dicionário Ilustrado - Dicionários
pictoriais para seu filho aprender he-
espécies de Sucot? Você sabe que há
muitos detalhes a serem observados ao
vestir o talit?
Leis e Costumes - Leis judaicas
específicas explicadas de forma clara
e objetiva.
“Tefilin - Importância e Intenções”
(5m18) explica quais são os pensamentos obrigatórios para que a mitsvá
seja válida. Conforme explicado neste
vídeo, podem existir muitos casos em
que pessoas colocam tefilin mas não
cumprem a mitsvá...
No vídeo “Repreender” (4m46) o
Rabino Isaac Dichi explica os detalhes
sobre a importante mitsvá de explicar
a um companheiro como ele pode melhorar suas atitudes; uma mitsvá muito difícil de ser cumprida em nossos
dias.
Boas Virtudes - Breves ensinamentos sobre midot – boas virtudes.
Assista o vídeo “Amar o Próximo”
(3m20s) para saber como cumprir esta
mitsvá na prática, com ações.
O vídeo “Não Envergonhar Devedor” (4m21s) trata de uma situação
muito comum e pouquíssimo conhecida do público em geral.
Tefilá - Explicações sobre trechos
das orações. R. Shalom Benamor.
“Tefilá com Choro” (1m38s) trata
de um assunto de indispensável conhecimento para os maridos.
Fantástico! - Pensamentos judaicos “fantásticos”. Clement Aboulafia.
Importantes conceitos expostos
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Especial I
braico de uma forma divertida.
Crianças não devem fazer uso da
Quem quer aprender a tradução
Internet sem a companhia de um adul-
e a explicação dos versículos da Torá
to responsável. Todas as autoridades
na íntegra, pode ouvir os áudios do R.
rabínicas são unânimes em alertar
Daniel Faour.
quanto aos riscos da má influência de-
O curso de tefilá do R. Shalom Be-
corrente do uso da Internet. Isso é ver-
namor enfatiza a explicação de cada
dadeiro para adultos e, pode ser ainda
trecho da Amidá – a Shemoná Esrê.
mais prejudicial, para crianças.
Áudios
Shiurim e palestras em áudio dos
rabinos: Isaac Dichi, Avraham Ser-
Nas “Palestras Fantásticas”, de
Clement Abouláfia, pode-se ouvir algumas das famosas palestras ministradas às quartas-feiras.
ruya, Daniel Faour, Shalom Benamor e
Músicas
Clement Aboulafia.
Arquivos de áudio de músicas de
Os áudios de “Pirkê Avot” e “Rambam” do Rabino Isaac Dichi, por
CDs judaicos.
exemplo, são uma excelente opção
Casher
para o crescimento em relação às boas
Estabelecimentos casher, matérias
virtudes.
Do famoso palestrante Rabino
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dos temas.
relacionadas com cashrut e 142 receitas casher.
Avraham Serruya, também há cente-
Se você é fornecedor de produtos
nas de palestras sobre os mais varia-
ou serviços casher, solicite a inclusão
Iyar / Sivan 5772
Especial I
de sua firma na relação dos estabelecimentos casher pelo email contato@
revistanascente.com.br.
Gente
Nossa Gente - Fotografias de eventos judaicos recentes.
Veja a cobertura da inauguração
da sinagoga Ôhel Yaacov, a querida
“Sinagoga da Abolição”, agora nos
Jardins.
Datas e Dados
Datas e Dados - Todas as comemorações do calendário judaico. Datas, horários, leis e explicações.
Velas de Shabat - Semana a semana.
Horários judaicos - Dia a dia.
Livros
Os livros publicados pela Congregação, na íntegra.
Fotos e vídeos das comemorações
de Purim, Lag Baômer, vários eventos
Departamentos
de Berit Milá, bar mitsvá e casamen-
Fotos e filmes das atividades do
tos, entre outros.
Recordar - Eventos judaicos dos
arquivos da Nascente.
Darkênu, Tsêmach e Comissão de
Damas.
Novidades da Fitoteca.
Uma galeria randômica de fotos e
vídeos apresenta eventos do passado,
desde o ano de 1975.
Chazanut
Matérias - Sobre as orações.
Tefilot de Shabat - Centenas de
Indicador
Indicador profissional de médicos,
advogados, professores particulares e
tradutores.
Solicite a inserção de seus dados! –
[email protected].
opções em áudio dos trechos cantados
pelos sefaradim nas orações de Sha-
Festas
bat, como o Cadish e a Kedushá.
Tudo que você precisa para or-
Pizmonim - Famosos poemas judaicos cantados.
Micrá - Leitura da Torá, das haftarot e meguilot.
ganizar sua festa: buffets, fotógrafos,
músicos, decoradores, estética e muito
mais. Solicite a inserção de sua firma!
– [email protected].
Selichot - Vídeos das famosas
Selichot recitadas no mês anterior a
Rosh Hashaná e Yom Kipur.
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Prestigie e participe do Portal Judaico Brasileiro, um site de verdade!
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Dinheiro em Xeque
A Salvação
Todas as dúvidas de nossos dias podem ser encontradas
em nossos livros sagrados!
A seguinte pergunta
A seguinte pergunta foi feita por um dos
acompanhado apenas pelo enfermeiro.
principais médicos do exército israelense ao
A minha pergunta é a seguinte: Qual
Rav Hagaon Rabino Yitschac Zilberstein She-
atitude eu deveria ter tomado naquela situa-
lita:
ção? Eu deveria ter acompanhado o soldado
“Prezado Rabino Yitschac Zilberstein Shelita,
ferido, deixando o pelotão sem um médico no
campo de batalha? Eles ficariam apenas com
Um determinado grupo de soldados foi en-
o enfermeiro. Ou seria melhor o enfermeiro
viado ao campo de batalha para lutar contra
acompanhar o soldado ferido e eu permanecer
o inimigo. Eu os acompanhei juntamente com
no campo de batalha junto aos soldados, para
um enfermeiro.
prestar o serviço médico quando se fizesse
No calor da batalha, um dos nossos sol-
necessário e para tranquilizá-los, já que sa-
dados foi baleado no peito. Debaixo de fogo
beriam que havia um médico por perto para
pesado, consegui retirar a bala do seu corpo,
qualquer eventualidade?”
porém seu estado era muito delicado. Ele precisava urgentemente ser levado de helicóptero
O Veredicto
para um hospital, para receber o tratamento
O Rav Zilberstein disse que, em situações
adequado.
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normais, o médico deve acompanhar o ferido
Era óbvio que se eu o acompanhasse no
para prestar-lhe socorro. Um médico não deve
helicóptero até o hospital, suas chances de
fazer cálculos em relação a eventuais aconteci-
sobreviver seriam maiores do que se ele fosse
mentos futuros, ainda incertos. O médico norIyar / Sivan 5772
se ele acompanhara o paciente no
helicóptero ou se permanecera com
os soldados no campo de batalha,
enviando o enfermeiro para acompanhar o soldado ferido.
O médico respondeu:
“Eu realmente não sabia como
proceder... Comecei a rezar para D’us
do fundo do meu coração, esperando
uma salvação!...
De repente, vi que enviaram um
helicóptero gigantesco que recolheu
o soldado ferido juntamente com todos os outros soldados, e todos fomos
salvos!”
malmente precisa se preocupar com
o médico com os soldados no campo
o doente que está à sua frente, e não
de batalha.
com pessoas saudáveis, que possam
Após enviar esta resposta do Rav
eventualmente vir a necessitar de
Elyashiv Shelita para o médico do
seus cuidados. No caso em questão,
exército, o Rav Zilberstein perguntou
caso este princípio se aplicasse, po-
como ele havia procedido. Perguntou
Do semanário “Guefilte-mail”
([email protected]).
Traduzido de aula ministrada pelo Rav
Hagaon Yitschac Zilberstein Shelita.
As respostas expostas não devem ser
utilizadas na prática sem o parecer de um
rabino com grande experiência no assunto.
deríamos afirmar que talvez os outros
soldados não viessem a se ferir no
campo de batalhas e a sua presença
não fosse necessária.
Mas, como este caso era especial,
dada a singularidade da situação de
guerra, a questão foi levado ao Gaon
Harav Yossef Shalom Elyashiv Shelita.
Ao ouvir o caso, o Gaon Harav
Elyashiv Shelita disse que o médico
deveria permanecer com os soldados
no campo de batalha. Os soldados que
estão lutando debaixo de fogo inimigo correm efetivamente um grande
perigo de vida. Sendo assim, mesmo
estando ainda saudáveis, eles têm o
mesmo status de um doente que está
diante do médico. Além disso, eles
ficariam mais tranquilos ao saber
que, em caso de alguém ser atingido,
haveria um médico de prontidão para
atendê-los.
Portanto, o enfermeiro deveria ser
enviado com o soldado ferido, ficando
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Livros do Povo do Livro
Sidur
Sucath David
Mekor Haim
Finalmente foi editado um sidur
sefaradi para os dias de semana
traduzido para o português,
transliterado, comentado e com
os procedimentos adequados para
cada momento das orações.
Capa dura
15,5cm X 23,0cm
1096 páginas
Após mais de dez anos de trabalho,
a Congregação está lançando o “Sidur
Sucath David Mekor Haim”. Trata-se
de um sidur com todas as orações diárias dos dias de semana.
Cada trecho das orações é apresentado em quatro espaços distintos:
1. Lashon hacôdesh: Texto original das orações em lashon hacôdesh
(hebraico original), com caracteres hebraicos bem definidos.
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2. Transliteração: Texto original
das orações em lashon hacôdesh, mas
com caracteres latinos, para quem ainda não conhece as letras hebraicas.
3. Tradução: Tradução das orações
em português, bem como leis e procedimentos relacionados com cada prece.
4. Comentários: Explicações dos
nossos sábios sobre as passagens em
questão, bem como as fontes bíblicas
dos versículos que as orações contêm.
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Estas quatro partes do sidur estão
publicadas em sincronia. Assim, em
cada página dupla do sidur, o leitor obtém a transliteração, a tradução, as leis
e os comentários relativos ao trecho
publicado em lashon hacôdesh.
O texto original das orações segue o
rito sefaradi, mas as leis e os comentários abrangem todos os ritos.
Além de servir como um livro de rezas, este sidur tem como intuito básico
Iyar / Sivan 5772
ser uma fonte de estudos e preparação
para as orações. Esta magnífica obra
muito auxiliará no entendimento das
orações e suas cavanot, tão necessárias e elementares nas preces – uma
função básica dos indivíduos neste
mundo.
Leia a seguir o conteúdo do sidur
referente à netilat yadáyim matinal
– a ablução das mãos realizada diariamente logo após o despertar:
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Livros do Povo do Livro
Transliteração
– recipiente – como uma bacia. A pia
dáyim até depois de fazer suas neces-
Após fazer netilat yadáyim, le-
também é considerada um recipiente
sidades e de vestir-se. Somente então,
para estes fins.
faça uma segunda ablução (proceden-
vanta-se as mãos e recita-se a seguin-
Mesmo abluindo em uma pia, de-
do da mesma maneira mencionada
Baruch Atá, Ad-nay, El-hênu mê-
vemos pegar uma caneca (ou um copo)
acima), recitando a berachá antes de
lech haolam, asher kideshánu bemits-
cheio de água com a mão direita, pas-
secar as mãos. Em seguida, recite o
votav vetsivánu al netilat yadáyim.
sar para a mão esquerda e despejar
“Asher Yatsar”.
te bênção:
Leis, Procedimento e Tradução
Não podemos andar mais de 4
1
água sobre a mão direita (cobrindo
Baruch - A Fonte das bênçãos és
toda a mão até o pulso). Em seguida,
Tu2, Hashem, nosso D’us, Rei do Uni-
passe a caneca para a mão direita e
verso, Que nos santificou com Seus
amot antes de fazer netilat yadáyim .
despeje água sobre a mão esquerda.
Mandamentos e nos ordenou a ablu-
Não havendo uma pia a uma distância
Repita esse procedimento por mais
ção das mãos.
menor que esta, é aconselhável colo-
duas vezes (completando três vezes
car, na noite anterior, perto da cama,
em cada mão alternadamente – seis
Onde encontrar
uma caneca cheia de água e uma ba-
vezes no total) (Ben Ish Chay, Toledot
Esta valiosa obra está à disposi-
cia para poder despejá-la. Esta nelitat
§1; Caf Hachayim 4:12).
yadáyim deve ser feita sobre um keli
ção dos interessados na secretaria da
Não faça a berachá de netilat ya-
Congregação.
Comentários
1. Quando um indivíduo acorda de manhã, é como se ele tivesse sido
reconhecemos que se não fosse pelo desejo Divino de nos agraciar, seríamos
criado novamente para servir ao Criador. Ele deve, portanto, santificar-se
destituídos de tudo. No momento da berachá, reconhecemos que nós real-
mediante a ablução das mãos, utilizando um recipiente, assim como o cohen
mente não somos os donos e os doadores, mas sim os solicitantes, aqueles
santificava suas mãos por meio do kiyor (lavatório utilizado no Templo) antes
que pedem e que recebem. Somos suplicantes perante o Criador. Recitada
de iniciar seu serviço no Templo Sagrado. Uma outra razão para a ablução
dessa maneira, uma berachá não é somente uma poderosa declaração de fé.
das mãos de manhã é que enquanto uma pessoa dorme, sua alma sagrada
Seu efeito causa uma resposta, uma reação por parte de D’us. O homem não
temporariamente afasta-se de seu corpo, permitindo, desta forma que um
está à deriva, sem rumo, jogado a esmo. Ele está em contato direto com o
rúach tum’á (espírito impuro) paire sobre seu corpo. Ao acordar, este rúach
Criador. A berachá então cria uma nova realidade, na qual as bênçãos da Fonte
tum’á se afasta, mas deixa um resíduo em seus dedos. Abluindo cada mão
Infinita podem fluir sobre aquele que pronunciou a berachá.
por três vezes alternadas (da maneira ritual), este resíduo é removido.
Interessante notar que tanto em lashon hacôdesh quanto em yidish não
2. Embora as palavras “baruch Atá” sejam comumente traduzidas como
se diz “recite” ou “diga” uma berachá, mas sim “taassê berachá” ou “mach
“bendito és Tu”, “abençoado sejas Tu” ou “louvado és Tu”, nossos sábios
a broche” – “faça” uma berachá. A sabedoria antiga passou a fazer parte da
traduzem essas palavras como “Tu és a Fonte de todas as bênçãos”. D’us não
nossa linguagem diária. Porque é verdade que nós não apenas dizemos uma
necessita de nossas bênçãos, nem é enriquecido por elas. Muito mais do que
berachá. A pronúncia de uma berachá é um ato criativo; nós “fazemos algo
um louvor ou uma bênção, a berachá se torna uma declaração, um testemunho
acontecer”. Por intermédio da berachá, estabelecemos a condição necessária
de que o homem tem total dependência em D’us por tudo o que ele tem. Nós
para que a bênção flua do D’us Infinito para o homem mortal.
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Especial II
Inauguração das
Sinceros agradecimentos a
pelo carinho e apoio que sem
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Novas Instalações
o casal Moise e Chella Safra
m pre prestaram à Congregação
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Pensando Bem
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Entrevista
3064-2020
Decore este número,
você pode salvar uma vida!
Voluntários formam a Hatzalá Brasil.
Uma instituição de socorro em situações de emergência que
está prestando um serviço maravilhoso em São Paulo.
Nascente: O que é a Hatzalá?
ótico. Em casos de emergência, a chegada de
Benjamin Sassoun: Hatzalá é um serviço
uma ambulância costuma demorar entre 40 e 60
voluntário que existe em muitos países onde há
minutos. Muitas vezes, este período de tempo re-
uma comunidade judaica. O principal objetivo
sulta na morte ou em danos irreversíveis do pa-
desta instituição é salvar e/ou ajudar pessoas
ciente. No momento, nenhuma entidade judaica
que se encontram em situação de emergência.
da cidade possui qualquer serviço de socorristas
com ambulância para casos de emergência.
Nascente: Por que precisamos de uma Hatzalá em São Paulo?
Beny: São Paulo é uma cidade que possui
uma grande comunidade judaica inserida em
uma população de aproximadamente 16 milhões
de pessoas. A cidade apresenta um trânsito ca40
Nos últimos anos ocorreram fatalidades na
comunidade pela falta do pronto atendimento
com ambulância e pela demora excessiva na
chegada da ambulância.
Foi a partir de constatações deste tipo que
surgiu a Hatzalá em São Paulo.
Iyar / Sivan 5772
é enviada ao local. Esse procedimento
rações em outubro de 2011. Nos pri-
ocorre de uma forma rápida e dinâ-
meiros meses atendemos em torno de
mica. Graças a D’us, temos alcançado
120 chamados de todo tipo de emer-
resultados bastante satisfatórios nas
gências: traumas, mal estar, AVC, etc.
ocorrências que assistimos.
O número vem crescendo a cada semana, confirmando a necessidade do
Nascente: Quem são e como são
serviço em nossa comunidade.
treinados os voluntários?
Nascente: Como a comunidade
Beny: O perfil de voluntários adotado na Hatzalá Brasil é o mesmo que
pode ajudar?
em outros países. Em geral são ho-
Beny: Cada um pode ajudar de sua
mens a partir de 25 anos de idade, que
maneira. Pode ser uma ajuda voluntá-
estão dispostos a prestar atendimento
ria para ser socorrista, ativista em al-
a qualquer momento do dia ou da se-
guma área, divulgando as atividades,
mana – inclusive no Shabat e em feria-
com ajuda financeira, etc.
dos judaicos.
Nascente: Como os interessados po-
Os voluntários são preparados em
duas etapas. Todos fazem um curso de
dem entrar em contato para ajudar?
Beny: Nosso e-mail é o: hatzala@
primeiros socorros básico de 20 horas
de duração. Os participantes cujos pro-
hatzala.com.br.
fessores julgam ter o perfil adequado
Temos uma conta corrente no Ban-
para socorristas fazem mais um curso
co Bradesco, agência 138-4. É a conta
Beny: A Hatzalá possui uma central
avançado de 60 horas. A última etapa
corrente 172861-0 em nome de: Asso-
telefônica exclusiva para esse serviço.
deste curso conta com simulações re-
ciação Hatzalá do Brasil. Nosso CNPJ é:
A telefonista aciona primeiramente os
alísticas.
13952181/0001-06
Nascente: Como funciona o serviço?
voluntários que estão mais perto da víNascente:
emergências
Nascente: E o mais importante,
rista de moto para prestar os primeiros
vocês já atenderam desde o inicio das
como contactar a Hatzalá em caso de
socorros junto com os voluntários. Em
atividades em São Paulo?
emergência?
tima. Em seguida, envia-se um socor-
caso de necessidade, uma ambulância
Quantas
Beny: A Hatzalá iniciou suas ope-
Beny: Pelo telefone 3064-2020.
Estatísticas dos Primeiros 6 Meses
Distribuição por idade
até 30
de 30 a 49
de 50 a 69
de 70 a 80
maior que 80
8
12
16
25
60
Evolução das ocorrências
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
15
23
24
26
14
19
Distribuição por ocorrência
Mal estar
Trauma
Lipotimia
Hipoglicemia
Hipertensão
CA
Outros
51%
18%
4%
4%
3%
3%
17%
Distribuição por localização
Bom Retiro
Higienópolis
Jardins
Outros
25
55
40
1
*Número de Atendimentos: 121
Iyar / Sivan 5772
41
Leis e Costumes
Chazará
Quando há dez homens rezando, após a Amidá de Shachrit,
Mussaf e Minchá, o chazan repete a Amidá em voz alta.
Rabino Isaac Dichi
Definição
necessário que dez homens acima de 13 anos
1) Nas orações de Shachrit, Mussaf e Minchá
tenham iniciado a Amidá juntos. De qualquer for-
(e Neilá no Yom Kipur), após terem rezado a Ami-
ma, é possível efetuar a Chazará se pelo menos
dá Beláchash (em silêncio), o chazan repete a
seis pessoas (dentre dez, no mínimo, presentes)
Amidá em voz alta. Isto foi instituído para aque-
incluindo o chazan, iniciaram a Amidá juntas.
les que não sabem rezar. Ouvindo atentamente
3) Se não houve pelo menos seis pessoas que
(entendendo) e respondendo amen, isentam-se
rezaram a Amidá juntas, mas há um minyan no
da obrigação de rezar a Amidá.
recinto, o chazan poderá falar a Amidá dele em
Em nossos dias, a Chazará não isenta da
voz alta até o fim da berachá de Atá Cadosh,
obrigação da Amidá, pois a pessoa precisaria
recitando a Kedushá em seu lugar (depois de
ter toda a sua atenção voltada para o chazan, não
mechayê hametim).
perdendo nenhuma palavra, e poucos entendem
todas as palavras proferidas pelo chazan.
Entre a Amidá e a Chazará
4) Deve-se permanecer parado, de pé (no
42
Condições para rezar a Chazará
lugar que chegar com os três passos para trás),
2) Para considerar-se que houve tefilá bet-
depois de concluir a Amidá, até o chazan che-
sibur (oração com a congregação), é necessário
gar em veneeman (ou pelo menos até quando o
que ao menos seis homens com mais de 13 anos
chazan der início à Chazará) e então voltar para
tenham iniciado a Amidá juntos (dentre dez,
o lugar anterior (três passos para frente) perma-
no mínimo, presentes). Para outras opiniões é
necendo de pé até depois de Hael hacadosh após
Iyar / Sivan 5772
Leis e Costumes
a Kedushá na Chazará.
gregação) deverá permanecer em si-
5) Quem que rezou com o público,
lêncio entre o término da Amidá e o
terminou sua Amidá antes do chazan
início da Chazará. Isto aprendemos do
e deu os três passos para trás – mesmo
livro Sháar Hacavanot, citado pelo Caf
que permaneça em pé neste lugar – não
Hachayim (cap. 124, par. 1), segundo o
deve se virar para o público que está
qual, em princípio, as 7 vezes que dize-
atrás antes que o chazan termine sua
mos o passuc “Hashem Hu Haelokim”
Amidá.
no final da Neilá de Yom Kipur deve-
Em Tefilat Arvit, por exemplo, não
riam ser ditos entre a Amidá de Neilá
se deve virar para trás em direção ao
e sua Chazará. Isto não é feito para não
público antes que o chazan inicie o Ca-
haver uma interrupção entre a Amidá
dish (sefaradim não se viram antes que
e a Chazará. Se nem este sagrado ver-
o chazan comece o Yehi Shem). Em Ar-
sículo pode ser recitado entre a Amidá
vit de Shabat não se deve virar até que
e a Chazará, muito menos é permitido
o chazan comece a recitar Vaychulu.
fazer interrupções com conversas.
Além disso, após dar os três passos
para trás, deve aguardar o chazan ter-
Durante a Chazará
minar sua Amidá e, somente quando
8) Quando o chazan der início à
ele iniciar o Cadish (ou Yehi Shem), po-
Chazará, deverá começar com o versí-
derá dar os três passos para frente.
culo Ad-nay sefatay tiftach ufi yaguid
De qualquer forma, todas as vezes
tehilatecha, da mesma maneira como
que terminar a Amidá, depois que der
inicia a Amidá Beláchash (a Amidá em
os três passos para trás, não deve voltar
silêncio). O chazan sefaradi recita esta
para frente antes que passe o tempo
frase em voz alta e o chazan ashkenazi
que leva para andar dois metros. O tem-
costuma dizê-la em voz baixa.
po que a pessoa leva para falar o Yehi
9) Não se pode sentar perto (dentro
Ratson após a Amidá já é suficiente
de um raio de 4 amot – aprox. 2 me-
para este efeito.
tros) de alguém que esteja na Amidá.
6) Quando o chazan terminar a
Da mesma maneira é proibido sentar-
sua Amidá Beláchash, não deverá in-
se num raio de 4 amot do chazan que
terromper com conversas. Mas poderá
estiver recitando a Chazará. Não se
responder amen se, por exemplo, ouvir
pode também passar dentro de quatro
berachot de um minyan vizinho.
amot à frente de alguém que esteja re-
7) Da mesma forma, o cahal (con-
Iyar / Sivan 5772
citando a Amidá.
43
Leis e Costumes
Mas se a pessoa sentada estiver rezando, poderá permanecer assim.
sidur e assim podiam prestar atenção
Entre os ashkenazim:
de forma minuciosa à Chazará.
- Há aqueles que se curvam em
Há ainda quem sustente que o mes-
12) Não se deve ler trechos de te-
“modim” (como no Modim da Amidá)
mo se aplica para quem estiver estudan-
filá ou estudar Torá quando o chazan
e assim ficam até o final do Modim De-
do (desde que pronuncie as palavras).
estiver na Chazará. Também escreve o
rabanan;
Basear-se nisto só em casos de necessi-
Mishná Berurá para aqueles que cos-
- Há aqueles que se curvam em “mo-
dade, como falta de lugar ou para uma
tumam colocar tefilin de Rabênu Tam,
dim” até “Sheatá Hu Hashem Elokênu”
pessoa fraca que precisa sentar.
que não o façam durante a Chazará.
e depois se endireitam;
10) Quando o chazan estiver na
13) Há quem sustente ser necessá-
Chazará, deve-se observar um silêncio
rio ficar de pé durante a Chazará. Po-
absoluto e pelo menos 9 pessoas devem
rém, quem estiver doente ou fraco, ou
responder amen a todas as berachot.
uma pessoa de idade, poderá sentar.
- Há aqueles que se curvam no início do Modim e novamente no final;
- Há ainda quem sustenta que se
inclina somente a cabeça no início;
O Mishná Berurá escreve que se o
14) Quando o chazan iniciar Mo-
Deve-se inclinar a cabeça (ou cur-
chazan estiver em dúvida se nove pes-
dim, todos devem se levantar para
var-se) na mesma direção que se faz a
soas presentes responderão amen ou
recitar o Modim Derabanan. Mesmo
Amidá (para o leste).
não, deverá condicionar para que sua
aqueles que não permanecem de pé
15) Quando responder amen após
tefilá valha como tefilat nedavá (ora-
durante toda a Chazará deverão se le-
hamachazir shechinatô Letsiyon, de-
ção espontânea) caso não haja nove
vantar neste trecho.
verá fazer uma pequena pausa entre o
pessoas respondendo.
Há legisladores que sustentam se-
O chazan deve recitar o Modim em
voz alta.
amen e o Modim anáchnu Lach, pois o
amen refere-se à berachá que já foi dita
rem suficientes cinco pessoas (com o
Depois que o chazan disser “ha-
chazan, seis – o que constitui a maioria
machazir Shechinatô Letsiyon”, os
16) Se por algum motivo a pessoa
de minyan), que já tenham terminado a
congregantes devem responder amen.
atrasou-se e não pôde rezar a Amidá
Amidá, respondendo amen – contanto
O chazan deve fazer uma pausa entre
junto com o tsibur, deverá fazer um es-
que haja outros quatro rezando a Ami-
as palavras “Letsiyon” e “Modim” para
forço dentro do possível e do permitido
dá. De qualquer maneira, o indicado
que o público responda amen.
para começar a Amidá dele junto com
e o Modim é um assunto novo.
em princípio é que se faça como o des-
O público deve fazer uma pequena
a Chazará do chazan. Esta conduta
crito acima – que todos os dez tenham
pausa entre este amen e o início do Mo-
também é considerada por muitos le-
terminado a Amidá para que haja pelo
dim Derabanan.
gisladores como tefilá betsibur.
menos nove respondendo amen.
11) O Mishná Berurá escreve em
nome do Shenê Luchot Haberit que viu
muitos “charedim el devar Hashem”
que acompanhavam a Chazará pelo
44
Enquanto o chazan recita o Modim
em voz alta, o público deve dizer o Modim Derabanan de pé em voz baixa.
Ao dizer “modim”, os sefaradim
inclinam somente a cabeça.
Do livro “Vaani Tefilá”.
Todas as fontes pesquisadas são citadas na
referida obra. Adquira gratuitamente um
exemplar na secretaria da Congregação
Iyar / Sivan 5772
Visão Judaica
Responsabilidades
Não devemos nos esquivar das responsabilidades,
sejam elas voluntárias ou não.
Rabino Isaac Dichi
As pessoas
As pessoas estão sujeitas a dois tipos de
responsabilidades:
1. Aquelas que automaticamente vêm ao
seu encontro.
2. Aquelas que são intencionalmente buscadas, como as profissionais por exemplo.
Nos dois casos, o indivíduo não tem o direito de se esquivar de seus deveres.
Vejamos um exemplo da Torá sobre o segundo tipo de responsabilidades:
Iyar / Sivan 5772
Yossef, o filho de Yaacov, foi vendido por
seus irmãos quando era jovem. Muitos anos depois, ele se tornou o vice-rei do Egito. Quando
os seus irmãos foram comprar mantimentos
no Egito, Yossef os reconheceu, mas não foi
reconhecido por eles. Em certa oportunidade,
Yossef disse a eles que o irmão caçula, Binyamin, deveria ficar retido no Egito e que os demais poderiam voltar para a sua terra. Então,
Yehudá imediatamente exigiu que Binyamin
45
Visão Judaica
voltasse com eles para a casa do pai.
na, partiu da cidade de Charan – da
veio ao seu encontro, de proteger o
Nesta oportunidade, Yehudá se dirigiu
casa de seu pai – e Lot, o seu sobri-
bezerro.
a Yossef, dizendo (Bereshit 44:32): “Ki
nho, partiu com ele. Depois de algum
Vejamos agora uma referência
avdechá arav et hanáar – Pois teu
tempo, Avraham e Lot se separaram.
muito clara sobre a responsabilidade
servo se deu por fiador do jovem”. O
Avraham foi morar em Kenáan e Lot,
de um yehudi em relação ao próximo:
comentarista Rashi explica, neste ver-
na cidade de Sedom. Como os habi-
A mishná (Shabat 54b) enuncia:
sículo, que Yehudá disse a Yossef: “Se
tantes de Sedom eram muito maus
“É proibido deixar um animal sair no
você quer saber por que justamente
e pecadores, D’us enviou dois anjos
Shabat com uma cinta em volta dos
eu, dentre todos os irmãos, senti-me
para a cidade: um para destruí-la e
chifres, e a vaca de Rabi El’azar ben
mais agredido por esta situação, é
outro para salvar Lot.
Azaryá saiu desta forma, desacatando
porque eu me vinculei a ele assumin-
Lot recebeu os dois anjos e pro-
a decisão dos sábios.” Sobre este inci-
do a responsabilidade de cuidar dele.”
tegeu-os dos perversos habitantes de
dente, a guemará explica que a vaca
Vemos, portanto, que zelar pelo irmão
Sedom, que intencionavam fazer mal-
em questão não era propriamente de
caçula foi uma iniciativa de Yehudá;
dades com eles. Naquela oportunida-
Rabi El’azar ben Azaryá, mas sim de
uma responsabilidade que ele buscou
de, Lot se expressou dizendo (Bereshit
seu vizinho. Já que Rabi El’azar não
sozinho e, posteriormente, não se es-
19:8): “Ki al ken báu betsel corati
o repreendeu, os sábios consideraram
quivou dela.
– Porque entraram à sombra de meu
como se aquela fosse a sua própria
Em todas as gerações, o Povo de
telhado”. Ou seja: “Porque eles estão
vaca.
Israel se organizou em kehilot – co-
sob os meus cuidados”. Lot defendeu
Sobre alguém assumir as respon-
munidades. Cada kehilá com o seu
os enviados, argumentando aos sodo-
sabilidades que vêm ao seu encontro,
rav, gabay, chazan e muitas outras
mitas que era responsável por aqueles
o livro Côvets Sichot traz um bonito
pessoas que se dedicaram por ela.
homens. Ele não se esquivou desta
comentário:
Com relação às responsabilidades
responsabilidade que aconteceu ines-
referentes à comunidade, o “Midrash
peradamente.
Rabá” (Yitrô, 27), em nome de Rav
Nechemyá, explica algo muito im-
Vejamos outro exemplo neste contexto.
De acordo com o que explicaram
nossos sábios (Berachot 8), depois
que foi destruído o Templo Sagrado,
D’us “repousa sobre quatro amot de
portante: quando alguém busca uma
A guemará (Bavá Metsiá 85a) con-
halachá”. Isto significa que a Presen-
responsabilidade para si, referente
ta que, certa vez, um bezerro que de-
ça Divina repousa nos lugares onde se
à comunidade, não deve fazer vista
veria ir para a shechitá – o abate ri-
estuda a Torá. Da passagem relatada
grossa às irregularidades que perce-
tual – escondeu-se embaixo da roupa
anteriormente, sobre Lot e a respon-
ber. Tal encarregado tem a obrigação
de Rabi. O sábio retirou o bezerro e
sabilidade que assumiu sobre os que
de advertir os implicados, sob pena
disse: “Vá para a shechitá, pois para
“entraram à sombra de seu telhado”,
de ser castigado junto com eles. Nes-
isso você foi criado.”
podemos deduzir também que aqueles
te sentido, não teriam sentido afir-
Por causa destas palavras, Rabi
que estiverem à sombra do “telhado
mações como: “Não tenho o direito
passou por muitas dificuldades em
do Eterno”, ficarão sob Seus cuidados,
de me intrometer em suas decisões
sua vida, que só cessaram depois do
pois Ele observará este mesmo con-
particulares”, ou: “Este conflito deve
seguinte acontecimento:
ceito e não Se eximirá desta respon-
ser resolvido entre eles; eu não tenho
nada a ver com isso!”
Certa vez, a empregada de Rabi
sabilidade.
estava varrendo o chão, encontrou
Portanto, quem desejar a garantia
O outro tipo de responsabilidades
alguns ratos e varreu-os. Ao observar
do mérito da Providência Divina, deve
a que as pessoas estão sujeitas englo-
a cena, Rabi disse: “Verachamav al
se vincular ao grupo de estudiosos
ba aquelas que automaticamente vêm
col maassav! – E a Sua piedade recai
dos centros de estudos judaicos. Cabe
ao seu encontro. Vejamos um exem-
sobre todos os seres.” Esta demons-
ressaltar ainda mais um ponto neste
plo, narrado pela Torá, de alguém que
tração de piedade em relação às ou-
sentido: as verdadeiras responsabi-
não se eximiu de uma responsabilida-
tras criaturas fez com que cessassem
lidades judaicas devem ser buscadas
de deste tipo.
os sofrimentos que vinha recebendo.
nestes centros, para que as boas in-
Quanto Avraham Avínu tinha 75
Vemos, portanto, que Rabi deveria
tenções sejam, na prática, proveitosas
anos, obedecendo a uma ordem Divi-
ter aceitado a responsabilidade, que
e meritórias.
46
Iyar / Sivan 5772
Mussar
Amabilidades
Seu crescimento pessoal depende dos
maravilhosos ensinamentos do mussar
Rabino Zvi Miller
O Segredo da Educação:
Carinho e Incentivo
cresceram e tornam-se dois dos mais
Certa vez, duas crianças muito
Esta conversa de Rabá com as
jovens estavam sentadas na presença
crianças nos ilumina sobre um dos
de Rabá, um dos maiores sábios do
pontos fundamentais da educação. Em
Talmud.
poucas palavras: educação é encoraja-
Rabá perguntou aos dois garotos
(Talmud Berachot 48a):
– Quando rezamos, a quem devemos dirigir nossas orações?
– Para D’us Todo-Poderoso – responderam.
– E onde D’us mora? – perguntou
Rabá.
Um dos rapazes apontou para o
teto, enquanto o outro foi para fora e
apontou para o céu.
ilustres de nossos sábios.
mento e incentivo.
Rabá lhes fez uma pergunta simples, a fim de evocar uma resposta
correta. Uma pergunta sobre o TodoPoderoso. Quando os meninos responderam, ele os elogiou como se fossem
grandes especialistas em D’us e na
Torá. Além disso, afirmou que se tornariam grandes estudiosos da Torá.
Rabá foi um dos maiores sábios de
sua geração. Ele foi o Rosh Yeshivá da
– Vocês dois se tornarão grandes
famosa academia de Pumbedita por
estudiosos da Torá! – disse-lhes Rabá.
22 anos. Podemos imaginar quanta
Os dois rapazes, Rava e Abayê,
confiança a sua declaração positiva
Iyar / Sivan 5772
47
Mussar
despertou em Abayê e Rava!
o quanto gostamos dele. Além disso,
Outro ponto a destacar é o seguin-
se o carinho existente no coração não
te: Como um homem tão importante
for expresso, a pessoa poderá até ser
e ocupado teve tempo para falar e
avaliada como um sujeito hostil.
incentivar crianças?
Ao conduzirmo-nos com uma en-
Seu cuidado inteligente e o encora-
tusiasmada simpatia, pouparemo-nos
jamento que demonstrou aos meninos
de ser percebidos como indiferentes.
geraram os mais doces dos frutos!
Além disso, os sábios do mussar ensinam que a nossa conduta externa
Que possamos incentivar outros
afeta o nosso “eu” interior. Assim,
a terem sucesso em seus empreendi-
quanto mais amizade oferecermos aos
mentos espirituais! O fato de nos im-
nossos amigos, mais vivenciaremos
portarmos com eles irá fortalecê-los,
sentimentos de amor dentro de nossos
bem como a nós mesmos, como os
corações.
sábios do mussar ensinam: “Aquele
O objetivo mais alto na interação
que vem iluminar os demais será ilu-
humana é esforçarmo-nos para ser-
minado!”
mos agradáveis aos demais o máximo
Sensibilidade nos
Manifestos
possível. Nossos sábios aconselham:
“Se queremos que as pessoas gostem
de nós, desejemos o que não deseja-
“Shamay disse: ‘Faça de seu estu-
mos”, ou seja, se queremos ser ama-
do de Torá algo fixo; fale pouco e faça
dos pelas pessoas, abramos mão de
muito; e receba todas as pessoas com
nossas vontades em favor da vontade
um semblante alegre’ (Avot 1, 15)”.
delas.
O segredo para o sucesso nos re-
Seguindo este caminho, nos pro-
lacionamentos interpessoais é saudar
tegeremos dos danos causados por
a todos que encontrarmos com um
inimizades. Além disso, teremos a
semblante alegre e sorridente. Desta
garantia de bons amigos, bem como
forma, as pessoas irão apreciar nossa
toda a bondade, paz, encorajamento
companhia, e teremos muitos amigos.
e alegria gerados por uma amizade
Mesmo que tenhamos sentimentos
agradável e alegre.
de carinho em nosso coração, se não
forem demonstrados, não haverá nenhuma maneira de o próximo avaliar
48
Baseado no comentário
do Rabênu Yoná sobre Pirkê Avot
Iyar / Sivan 5772
Educação
A Força da Persistência
e dos Elogios
Muito se escreve e se fala sobre o relacionamento educador–aluno e a ele
se atribui grande peso em todo o processo educativo. Do mesmo modo
como é importante, este relacionamento é complexo.
O relacionamento
O relacionamento educador–aluno seria
dos. Apesar de sentar na sala de aula e prestar
mais simples se todas as crianças reagissem de
atenção às explicações do educador, esta criança
maneira positiva aos estímulos educacionais,
não consegue captar o que estão tentando trans-
mas nem sempre isso acontece.
mitir a ela. Ela não tem problemas de compor-
O que ocorre então?
tamento, não atrapalha seus colegas, não é mal-
Após uma série de malsucedidas tentativas
educada e, neste sentido, pode ser considerada
no sentido de estimular uma determinada crian-
uma boa criança... Para sua infelicidade, no en-
ça, o orientador pode começar a tratá-la de ma-
tanto, ela simplesmente não consegue captar a
neira indiferente, insensível.
matéria dada.
O tratamento frio e alienado de um educador
Digamos que esta criança, de repente, faça
para com um aluno “desinteressado” pode cau-
uma pergunta interessante ou responda de ma-
sar um desestímulo em seu aprendizado. É mui-
neira brilhante a uma pergunta e que, à primei-
to importante que o educador esteja consciente
ra vista, o fato até pareça um milagre. Apesar
de que nem todas as crianças revelam o mesmo
disso, o educador, ofuscado pelo passado, não
grau de interesse pelos estudos, o que torna a
se comove, já que tem para si esta criança como
tarefa de educar um verdadeiro desafio.
uma “criança difícil”.
Analisemos o caso de uma criança que não
O fato de a criança ter perguntado ou res-
consegue absorver de maneira alguma os estu-
pondido algo de maneira inteligente, muitas ve-
Iyar / Sivan 5772
49
Educação
zes nem será considerado, mas visto
a criança compreende as coisas. Por
Desta forma, ela passará a se in-
apenas como um “brilho momentâ-
isso, no máximo sorririam no momen-
teressar pelas coisas e a responder
neo”. No melhor dos casos, o educador
to em que ela falou algo inteligente.
corretamente às questões. Tudo isso
sentirá pena desta criança, já que ela
A pergunta é: Será que todos nós,
graças à força da perseverança. É ób-
não foi agraciada com suficiente inte-
pais e educadores, estamos conscien-
vio que, para isso, pais e educadores
ligência ou capacidade de compreen-
tes de que este relacionamento frio e
precisam de “nervos de aço”, devem
são.
distanciado pode causar um desânimo
persistir obstinadamente e não desis-
O mesmo procedimento acontece
terrível na criança? Será que estamos
tir. Ao contrário, devem tentar desen-
com os pais da criança. Afinal, eles
cientes de que este desânimo pode
volver as idéias que a criança coloca
pensam conhecer a “mercadoria”.
afetar não somente seus estudos, mas
e estimulá-la em seus pensamentos.
Mesmo que a criança se esforce ten-
também o seu intelecto, D’us nos livre,
Todo e qualquer incentivo a cativará e
tando se comportar e prestando mais
podendo esta situação se tornar quase
os resultados serão espantosos. Pais e
atenção às coisas, eles podem não dar
irreversível?
mestres devem adotar uma fala bran-
uma atenção especial a ela, até no caso
do “brilho momentâneo”. Eles simples-
O que devemos então fazer numa
situação dessas?
da, e assim fazendo, o sucesso estará
garantido, com a ajuda de D’us.
mente continuarão na sua rotina e às
Antes de mais nada, devemos ter
Sobre isso, o Rabênu Bachyê nos
vezes até comentarão: “Ah! Eu na ida-
consciência de que palavras brandas
diz: “Não desista dizendo que não há
de dela...!”.
conseguem penetrar no coração dos
esperanças, pois a fala mansa e a dedi-
seres, principalmente nos mais jo-
cação deixam suas marcas no coração,
vens.
assim como a água persistente fura
Estes exemplos definitivamente não
são exagerados. Já ouvimos e vimos
situações parecidas. Muitos podem se
Sabemos também que toda crian-
perguntar: Por que os pais agem desta
ça, quando nasce, é abençoada pelo
maneira? Por que é difícil para alguns
Criador com uma medida de sabedo-
Portanto, a maneira correta e ga-
educadores agraciar a criança com
ria, inteligência e compreensão, com
rantida de, aos poucos, melhorarmos
elogios e estimulá-la perante os seus
exceção de uns poucos, Hashem nos
as maneiras e a conduta de uma crian-
colegas? Se fôssemos julgar meritoria-
livre.
ça, é através do uso de palavras ma-
as rochas. Ao desistirmos, estaremos
agindo como seus inimigos.”
mente, poderíamos talvez encontrar
Há crianças sobre as quais de-
cias e do diálogo. Só com o estímulo,
alguma resposta. Diríamos talvez que
cretou-se que nasceriam sábias e há
o incentivo e a persistência estaremos
eles desistiram após tantas tentativas
aquelas cuja sabedoria está encober-
realmente desenvolvendo a capacida-
de colocá-la no caminho correto, ao
ta e oculta. Para estas, precisamos de
de para que esta criança aprenda e
menos mediano, já que até então não
uma “escova” própria, para, com paci-
cresça.
obtiveram nenhum sucesso. Diante
ência e persistência, remover a poeira
deste quadro, eles teriam dificuldade
e começar a sentir sua beleza interior
em acreditar que estaria ocorrendo
e sua inteligência que começará então
uma mudança na maneira com a qual
a aflorar.
50
Talmud Torá Maguen Avraham
baseado no livro “Chanoch Lanáar”,
do Rabino Shaul Wagshal
Iyar / Sivan 5772
Datas e Dados
5772
Iyar
23 de abril a
21 de maio de 2012
ROSH CHÔDESH
Domingo e segunda-feira, dias 22 e 23 de abril.
Não se fala Tachanun no dia e em Minchá da véspera.
Acrescenta-se Yaalê Veyavô nas amidot e no Bircat Hamazon.
BIRCAT HALEVANÁ
Acrescenta-se Halel Bedilug em Shachrit.
PERÍODO PARA A BÊNÇÃO DA LUA
Acrescenta-se a oração de Mussaf.
Início (conforme costume sefaradi):
Sábado, 28 de abril, às 18h22m
PÊSSACH SHENI
(horário para São Paulo).
Domingo, 6 de maio – não se fala Tachanun.
Final: Sábado, 5 de maio, às 23h39m
Na época do Bêt Hamicdash, esta data representava uma
(em São Paulo).
segunda chance de trazer a Oferenda Pascal a quem não
tivera a oportunidade de fazê-lo em Pêssach.
LAG BAÔMER
Quinta-feira, 10 de maio – não se fala Tachanun (nem em Minchá da véspera).
Lag Baômer é uma alegre comemoração realizada no 33º dia da Sefirat Haômer.
A Sefirat Haômer é a contagem de 49 dias desde o dia em que era realizada
a oferenda do Ômer no Bêt Hamicdash, no segundo dia de Pêssach, até a festa de Shavuot.
Esta contagem é uma mitsvá da Torá. Durante os dias da Sefirat Haômer procuramos
nos elevar espiritualmente, aprimorando nossas virtudes interiores, para que estejamos
preparados para o dia de Shavuot, no qual se comemora a outorga da Torá.
Dois motivos tornam o dia de Lag Baômer festivo:
1. Neste dia cessou a epidemia que atacou os discípulos de Rabi Akivá.
2. É o dia da morte do grande sábio Rabi Shimon bar Yochai.
Antes da sua morte, Rabi Shimon pediu que o dia de seu passamento fosse
comemorado com grande alegria.
Iyar / Sivan 5772
51
Datas e Dados
5772
Sivan
22 de maio a
20 de junho de 2012
ROSH CHÔDESH
TACHANUN
‘Terça-feira, 22 de maio.
Não se fala Tachanun no dia e em Minchá da véspera.
Acrescenta-se Yaalê Veyavô nas amidot e no Bircat Hamazon.
Acrescenta-se Halel Bedilug em Shachrit.
Acrescenta-se a oração de Mussaf.
Não se recita Tachanun nos 12 primeiros dias
de sivan, até 2 de junho, inclusive.
SHAVUOT
Domingo e segunda-feira, 27 e 28 de maio. Recita-se o Halel completo nos dois dias.
Shavuot comemora o majestoso acontecimento testemunhado pelo povo de Israel sete semanas
depois de sua saída do Egito, quando estava acampado ao pé do Monte Sinai. Nesta ocasião,
D’us manifestou Sua vontade a Israel e nos revelou os Dez Mandamentos.
Embora estes mandamentos não cons­tituam toda a Torá, que consiste de 613 mandamentos – taryag
mitsvot – eles são o seu fundamento. Esses dez mandamentos se tornaram a base
das leis de grande parte da civilização ocidental. O nome Shavuot, pelo qual a Torá se refere a esta
data, significa sim­plesmente “semanas” e deriva do fato de Shavuot ser observado depois de se contar
sete semanas completas, a partir do segundo dia de Pêssach.
Ticun Lêl Shavuot: Durante a primeira noite de Shavuot existe o bonito costume de se passar a noite em
claro, estudando Torá e mishná. Este ano, o estudo se realizará no sábado à noite, 26 de maio.
Shavuot é chamada também de “Chag Habicurim” (Festa das Primícias), “Chag Hacatsir” (Festa da
Ceifa do Trigo) e “Zeman Matan Toratênu” (Época da Outorga da nossa Torá).
BIRCAT HALEVANÁ
PERÍODO PARA A BÊNÇÃO DA LUA
Início (conforme costume sefaradi): Domingo, 27 de maio, a partir das 18h01m (horário para São Paulo).
Final: Madrugada de segunda-feira, 4 de junho, às 6h42m (horário para São Paulo).
52
Iyar / Sivan 5772
Datas e Dados
Horário de Acender as Velas de Shabat
e Yom Tov em São Paulo
27 de abril -17h23m
04 de maio-17h18m
11 de maio-17h14m
18 de maio-17h11m
25 de maio-17h09m
26 de maio-a partir de 18h08m
Próximas Comemorações Judaicas
27 de maio -a partir de 18h08m
01 de junho-17h07m
08 de junho-17h07m
15 de junho-17h07m
22 de junho-17h09m
29 de junho-17h11m
Parashat Hashavua
28 de abril -
05 de maio -
12 de maio -
19 de maio -
26 de maio -
02 de junho -
09 de junho -
16 de junho -
23 de junho -
30 de junho -
Parashat: Tazria - Metsorá
Haftará: Vearbaá Anashim
Parashat: Acharê Mot - Kedoshim
Haftará: Halidrosh Oti Atem Baim (sefaradim)
Parashat: Emor
Haftará: Vehacohanim Halviyim
Parashat: Behar - Bechucotay
Haftará: Hashem Uzi Umauzi
Parashat: Bamidbar
Haftará: Vehayá Mispar Benê Yisrael
Parashat: Nassô
Haftará: Vayhi Ish Echad
Parashat: Behaalotechá
Haftará: Roni Vessimchi
Parashat: Shelach Lechá
Haftará: Vayishlach Yehoshua Bin Nun
Parashat: Côrach
Haftará: Vayômer Shemuel el Haam
Parashat: Chucat
Haftará: Veyiftach Haguil’adi
Horário das Tefilot
Shachrit -De segunda a sexta-feira - Três minyanim: 20 min. antes do nascer do Sol, 06h20m e 07h30m.
Aos sábados
- 08h15m (principal), 08h20m (Zechut Avot), 08h40m (ashkenazim)
e 08h40m (infanto-juvenil).
Aos domingos e feriados - 20 min. antes do nascer do Sol e 07h30m.
Minchá - De domingo a quinta - 15 min. antes do pôr-do-sol.
Arvit - De domingo a quinta - 10 min. após o pôr-do-sol e 19h00m.
Minchá de Êrev Shabat
27 de abril -17h23m
04 de maio-17h18m
11 de maio-17h14m
18 de maio-17h11m
25 de maio-17h09m
01 de junho-17h07m
08 de junho-17h07m
15 de junho-17h07m
22 de junho-17h09m
29 de junho-17h11m
Minchá de Shabat
28 de abril
05 de maio
12 de maio
19 de maio
Iyar / Sivan 5772
- 17h00m
- 16h55m
- 16h50m
- 16h50m
26 de maio - 16h45m
02 de junho - 16h45m
09 de junho - 16h45m
16 de junho - 16h45m
53
Datas e Dados
Tabela de Horários • Iyar / Sivan 5772
Junho
Maio
Abril
Alot
São Dia HasháPaulo char
23 5:16
54
24
25
26
27
28
29
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1
2
3
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5
6
7
8
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10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
1
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3
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6
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16
17
18
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5:35
5:36
Nets
Sof Zeman Keriat Shemá Sof Zeman Amidá
Zeman Hachamá
Minchá Sof Zem. Mussaf Pêleg Haminchá Shekiá
Tefilin (nasc. Sol) de alot de alot a do nets de alot do nets Chatsot Guedolá de alot do nets do nets de alot (pôra tset tset (72m) à shekiá a tset à shekiá
a tset à shekiá à shekiá a tset do-sol)
5:33
5:34
5:34
5:35
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De Criança para Criança
Silencioso
Chayim Walder
Meu nome é Eli.
Sou um garoto comum, um pouco alto e de olhos castanhos.
Nada de mais. Só um menino comum.
Mas eu tenho um problema – tenho dificuldade para falar! Fico em silêncio sem
motivo nenhum. Permaneço sentado na classe. Nunca atrapalho, mas também não participo das aulas. Simplesmente fico sentado, quieto.
Às vezes o professor me faz uma pergunta e então eu lhe respondo com uma voz
tão fraca que ele pergunta algumas vezes: “O quê? O que você disse?” No final, ele
sempre acaba se aproximando de mim, para poder ouvir minha resposta, ou me chama
até ele. E então eu digo, ou melhor, sussurro em seus ouvidos.
Ultimamente, ele nem tem me perguntado nada. Simplesmente, não está a fim de
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perder tempo.
Às vezes não entendo algo na aula, mas não pergunto. Tenho vergonha.
Mamãe diz que essa minha timidez é um problema. Ela diz: “O tímido não aprende,
você precisa esquecer sua vergonha e perguntar”.
Ela tem razão.
Mas quando eu quero falar, as palavras parecem cravar-se em minha boca, e não
querem sair. Então eu fico todo vermelho e sinto mais vergonha ainda...
Uma vez pensei comigo mesmo: “Por que isto acontece comigo?” Não encontrei
resposta, somente uma pequena lembrança me vem à mente quando penso sobre
isso.
Quando estava na primeira série, respondi algo para o professor. Não lembro se
eu não sabia a resposta ou se respondi errado. Eu só lembro que toda a classe riu de
mim. Eu era então um menininho pequeno de seis anos e decidi: “Chega! Não falo mais!
Assim, não rirão da minha cara.”
Hoje tenho dez anos e sei que aquela decisão não foi especialmente sábia. Amigos,
quase não tenho. Eles simplesmente não têm o que fazer com um garoto que não fala.
Eu bem que gostaria de ter amigos, mas minha vergonha acaba com tudo.
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Às vezes acontece de o professor perguntar algo na classe, sem que ninguém
saiba a resposta e eu, justamente, sei – mas mesmo assim, não levanto a mão. Tenho
vergonha.
Às vezes, o professor sacode meus ombros e diz delicadamente: “Acorde, grite, ria!”
E eu sorrio e permaneço em silêncio.
Ele é tão bom – meu professor. Ele tenta me ajudar a vencer minha timidez. Mas
ele não consegue.
Nem eu consigo.
Pode ser que, se viessem alguns amigos até mim e falassem comigo, me convidassem para participar dos jogos e me obrigassem a falar com eles – talvez isso
ajudasse.
Talvez alguém lhes diga isso. Eu tenho vergonha de dizer.
O professor aconselhou-me a falar em voz alta pouco a pouco. De início, um pequeno trecho, e depois um trecho maior, e maior.
Talvez eu tente fazer isso. Talvez.
Tradução de Guila Koschland Wajnryt
Permissões exclusivas para a Nascente.
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