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conexão PORTO ALEGRE | DEZEMBRO DE 2015 | Nº 6 jornaldoppe.wordpress.com PROGRAMA DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS | UFRGS Greves afetam o acesso a alimentos Nos últimos anos, o atendimento em vários restaurantes universitários da UFRGS tem sido interrompido devido a paralisações Marianela Zúñiga Entre o final de maio e o início de outubro de 2015, o RU do Centro fechou as portas. Foto: João Felipe Brum Entrevista Para sabermos mais detalhes da greve e da situação do RU, entrevistamos Ludymila Barroso, que ocupa o cargo de nutricionista chefe do RU do Campus Centro desde outubro de 2014. Ela é formada em Nutrição pela UFRGS (2013) e possui especialização em Segurança de Alimentos. As greves no RU do Campus Centro são frequentes? Ludymila Barroso – As greves que ocorrem no RU são de origem nacional, não apenas uma escolha deste RU. Não há uma frequência prédeterminada, depende do andamento das tratativas do sindicato com o governo. E qual foi o objetivo da última greve? Ludymila – O objetivo da última greve nacional foi reposição salarial pelo aumento da inflação, reajuste salarial, data-base, além de modificações no plano de carreira e melhorias das condições de trabalho. Quais foram os principais ganhos com a greve? Ludymila – Na verdade, os ganhos foram poucos, mas haverá um pequeno reajuste salarial. As greves dos servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) provocaram o fechamento dos serviços universitários nos últimos anos. Entre os serviços mais afetados, estão os restaurantes universitários (RUs), que oferecem, por preços acessíveis, alimentação a estudantes, professores e funcionários da universidade. Em 2015, a comunidade acadêmica foi surpreendida ao encontrar as portas do RU do Campus Centro fechadas no final de maio, e a paralisação seguiu até o início de outubro. De acordo com dados da universidade, o RU do Campus Centro é normalmente utilizado por mais de mil pessoas para almoçar e pouco menos da metade desse número para jantar. É frequentado principalmente por estudantes bolsistas, muitos deles estrangeiros que dependem em grande medida desse serviço para realizarem suas refeições diárias. Para garantir o atendimento, esse RU conta com cerca de 50 trabalhadores. Muitos estudantes contam unicamente com bolsas de estudos e não possuem outra fonte de renda. Além disso, o horário de estudos na universidade pode dificultar chegar a tempo de almoçar em lugares mais afastados. Assim, o serviço oferecido nos RUs é fundamental para grande parte da comunidade acadêmica. No caso dos estudantes O serviço do RU é uma obrigação ou um favor do governo para a comunidade? Ludymila – É uma política institucional das instituições federais de Ensino Superior, subsidiada pelo governo, consolidada em algumas universidades, como a UFRGS, e em desenvolvimento em outras. Algumas instituições preferem a concessão de auxílio-alimentação, pela complexidade que é a ad- que frequentam o RU do Campus Centro, uma das saídas encontradas foi realizar as refeições no RU do Campus Saúde, que permaneceu aberto. Entretanto, esse RU fica distante dos lugares onde muitos tinham aula e, por isso, não era uma alternativa possível para todos. Como conta a estudante colombiana Diana Manrrique, que frequenta o RU do Campus Centro cinco vezes por semana, “a gente não tinha RU perto e, quando tínhamos aula, a gente devia caminhar até o RU da Saúde, que estava em funcionamento”. “Acabei gastando dinheiro a mais por isso”, complementa Sammer Maravilha, estudante brasileira da UFRGS. Longe de conseguir um almoço pelo mesmo valor do RU, os alunos precisaram conter seus gastos durante a greve. De fato, os restaurantes em torno da universidade têm preços que ultrapassam as possibilidades dos estudantes bolsistas, que precisavam pagar até 15 vezes o preço do RU. Mesmo não sendo confortável a situação dos estudantes durante a greve, muitos se solidarizaram com as reivindicações dos servidores. Nathalia Valderrama, estudante colombiana da UFRGS, afirma que os trabalhadores têm direito de lutar por condições de trabalho melhores e se unir para evitar a exploração de sua mão de obra. No entanto, ela também acredita que a UFRGS demorou muito tempo para solucionar o impasse e negociar com os trabalhadores. ministração de restaurantes universitários, principalmente pela dificuldade de implementação de suas rotinas e de aporte de novas vagas de pessoal técnico-administrativo especializado. Quais são os próximos objetivos dos trabalhadores do RU? Ludymila – Seguir lutando por melhores condições e valorização do trabalho. 2| CONEXÃO PPE | PORTO ALEGRE | DEZEMBRO DE 2015 EM DEBATE Arquivo pessoal O drama dos refugiados Milhões de pessoas são forçadas a deixar seus países em função de conflitos Somos um Freddy Galileo Santa Cruz Nos últimos meses, o tema imigrantes e refugiados tem sido bastante discutido no mundo todo. Na Colômbia, onde nasci, devido a 50 anos de conflito armado, muitas pessoas têm deixado o país. Existem atualmente 396.633 refugiados colombianos em diferentes países do mundo, sendo que 2.872 deles foram explulsos principalmente por grupos violentos. Somente no Brasil, até 2013, havia 1.147 refugiados colombianos. Com o acordo de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), anunciado em Havana, Cuba, no ano passado, espera-se que aconteça a repatriação dos que foram expulsos do país e a cessação da emigração de colombianos para outros lugares no mundo. Muitos dos grandes países foram constituídos por imigrantes e refugiados. Isso ajudou muito no desenvolvimento dos mesmos. Por- tanto, as pessoas não precisam ver as imigrações e os refugiados como um problema, mas devem pensar sobre como eles podem contribuir para o desenvolvimento de sua região e como, em primeiro lugar, nós podemos ajudá-los. Eu tenho familiares que já foram imigrantes e que também precisa- “Muitos dos grandes países foram constituídos por imigrantes e refugiados” vam de ajuda. É agora o momento de agradecer e dar a mão aos novos imigrantes e refugiados e, juntos, desenvolvermos nossos países e buscar um futuro melhor. Acredito que temos que pensar que no mundo ninguém está isen- to de alguma calamidade, que pode acontecer pela ação da natureza, por algum conflito político. Ou ainda pode ser que algum dia queiramos estudar ou trabalhar em outro país, onde necessariamente precisaremos de ajuda e gostaremos de ser tratados da melhor maneira possível, com cordialidade. Portanto, hoje devemos pensar já não como países, tampouco como continentes – é hora de pensar como um só planeta, como espécie que habita um mesmo lugar, chamado Terra, e pensar sempre no bem comum. No momento em que o homem pensar dessa maneira, será possível dizer que, de fato, evoluímos. Como o cientista Stephen Hawking disse: “somos apenas uma raça avançada de macacos em um planeta menor que uma estrela de tamanho mediano. Mas podemos compreender o universo. Isso nos torna muito especiais”. Precisamos compreender que somos um só, uma só comunidade, e que devemos nos ajudar. Hora de acolher Karina Yang Cada vez mais haitianos chegam a Porto Alegre. A televisão, as revistas e os jornais estão cheios de notícias sobre preconceito, discriminação racial e crimes recentes relacionados aos refugiados. O assunto constitui atualmente um tema importante no Brasil e no mundo. Nós devemos acolher os refugiados? De acordo com estatísticas da ONU (Organização das Nações Unidas), em 2014, cerca de 1 milhão de pessoas se deslocaram, e isso efetivou uma gigante maré de refugiados no mundo. Ao mesmo tempo, cada país adotou atitudes e posturas diferentes para tratar os refugiados: alguns aceitaram, outros rejeitaram ou ficaram pensando demais. Na minha opinião, nós devemos acolher os refugiados sem hesitar. Por quê? Penso em dois aspectos para justificar a minha resposta. Não devemos deixar pessoas inocentes ficarem em países em guerra ou que não respeitem seus direitos básicos. Elas podem morrer “Na minha opinião, nós devemos acolher os refugiados sem hesitar” se não fugirem. Podem ser presas por organizações terroristas ou ser forçadas a se tornar membros dessas organizações. Elas não apenas não recebem direitos básicos, mas também podem ser vítimas de violência. conexão Nº 6 | Dezembro de 2015 Expediente Coordenação: Gabriela Bulla e Margarete Schlatter Edição e projeto gráfico: João Felipe Brum Produção: Caroline Wink Colaboração: Camila Alexandrini, Diego Grando, Janaína Vianna, Kétina Timboni, Laura Moreira, Melissa Kuhn Fornari e Willian Radünz E-mail: [email protected] Site: jornaldoppe.wordpress.com Devemos enxergar essas pessoas como iguais, como seres humanos com os mesmos direitos de todos os demais. Não é possível para os numerosos refugiados fugirem para outros países através dos meios normais. Eles só têm à disposição formas ilegais, e a maioria das formas ilegais são muito perigosas. Recebê-los e ajudá-los é a melhor maneira de contribuir para melhorar as suas vidas. Os refugiados podem perder a vida durante a travessia. Quando chegam ao destino, eles devem receber identidades autênticas, além de não ser discriminados por fugirem de guerras ou não ter os próprios direitos respeitados. Portanto, devemos nos esforçar para que essas pessoas tenham oportunidades. Acolham os refugiados, por favor. PROSA DO PROFESSOR Melissa Kuhn Fornari Ler e discutir Porto Alegre a partir de uma crônica de Luis Fernando Verissimo, pensar representações de arte e literatura a partir de uma crônica de Drummond, discutir questões de comportamento, relacionamentos e linguagem lendo Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu e Nelson Rodrigues com os alunos do PPE foram experiências que ampliaram minha visão sobre ensino de língua adicional, sobre cultura, sobre como discutir um texto literário, e fizeram toda a diferença na minha trajetória. A experiência como professora no curso de Contos e Crônicas me ensinou a trabalhar a partir das leituras dos alunos, e, assim, experiências prévias, expectativas, concepções culturais e formas de como falar sobre um texto se tornaram parte do que compartilhávamos em aula. Para mim, as discussões no curso eram sempre novas leituras, novas formas de olhar e de pensar interpretações e efeitos de sentido em um texto, enfim, representavam um constante descobrir e (re) conhecer, tanto em relação a textos e histórias quanto sobre formas de ensinar e aprender. Algumas tarefas eram elaboradas de forma a incen- tivar a discussão sobre a temática, como a partir de textos de Rubem Fonseca, Marçal Aquino, Marcelino Freire, e poemas de Quintana, por exemplo. Outras focavam na construção de personagens, na sequência de fatos narrados, na linguagem, e, a partir delas, os alunos comentavam se uma crônica de Fernando Sabino era engraçada, sobre formas de ler ironia e humor, sobre o gaúcho em trechos de um romance de Erico Verissimo e sobre como uma canção de Los Hermanos pode ajudar a refletir sobre um conto de Nélida Piñon. Muitas vezes, os alunos relacionavam o texto lido com histórias dos seus países, com crenças, com questões culturais e até com ditados populares, apontando pontos de contato (por vezes inesperados), como entre um trecho de um conto de Guimarães Rosa e um ditado chinês. As aulas me mostraram que no ensino e aprendizagem de línguas adicionais há sempre novas possibilidades a serem exploradas, e me ensinaram sobre como o texto literário pode nos ajudar a aprender mais sobre representações culturais, sobre língua, sobre si mesmo e sobre o outro. CARTA D OS EDITORES Caroline Wink e João Felipe Brum Nesta edição do Conexão PPE, acompanhamos estudantes de diferentes países no desafio de serem repórteres de um jornal em língua portuguesa. Para começar, eles tiveram de se apropriar dos principais gêneros jornalísticos, como a notícia, a reportagem e a entrevista. Foi um trabalho intenso de leitura e análise de publicações nacionais e internacionais, com destaque para o debate sobre a representação do Brasil em jornais dos países de origem dos alunos. Além disso, houve uma oficina de fotografia com o professor Mateus Pereira, que ofereceu diversas dicas importantes. Depois, a turma partiu para a experiência prática. Eles tiveram a liberdade de escolher suas pautas, mas levando em consideração a importância do tema para os leitores. Todos puderam compartilhar seus “esboços” de pauta com os colegas, que ouviram as ideias iniciais e fizeram sugestões. Por fim, cada um se dedicou à elaboração de seu texto a partir de entrevistas e coleta de informações, assim como à produção de fotos para compor as páginas do jornal. Além de reportagens e artigos de opinião, a edição também conta com roteiros de viagem e poemas. Boa leitura! CONEXÃO PPE | PORTO ALEGRE | DEZEMBRO DE 2015 REPORTAGEM Ativismo estudantil em alta Na UFRGS, alunos se engajam em lutas relativas a cortes, bolsistas e moradia Bert Venema No início do segundo semestre de 2015, entrei em uma universidade que passava por grandes transtornos. Os servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) estavam em greve por cortes na educação pública. Isso eu pude compreender; entretanto, quando vi que também os estudantes protestavam contra esses cortes, fiquei surpreendido. Não só estudantes como também professores explicavam nas aulas o que estava acontecendo e esclareciam porque era importante apoiar a luta dos trabalhadores contra esses cortes. As universidades na Holanda são lugares onde o foco está em estudar e, além disso, a gente não costuma se preocupar muito com a política nacional e, muito menos, com a política estudantil. Então, quando eu cheguei ao Brasil, não esperava ver tantas pessoas envolvidas na política. Inicialmente, o que me chamou a atenção foi o fato de que as pessoas andavam pelo campus com camisetas de Stalin, Mao TséTung e outras figuras históricas polêmicas. Ao ver esses alunos, eu me perguntava por que essas camisas eram usadas, mesmo quando esses líderes carregavam um legado polêmico. Uma dessas pessoas, certa vez, entrou no ônibus lendo o jornal A Verdade, que defende os interesses dos trabalhadores na luta de classes. Era, então, bem claro que esses estudantes se identificavam com essa ideologia e que, por isso, se vestiam assim. Mas o que eu ainda queria saber é como essas ideias poderiam ser aplicadas na universidade. Quer dizer, quais são exatamente as lutas importantes para eles na universidade? Além disso, causou-me estranheza o fato de que, nas salas de aulas, usualmente entravam participantes do movimento estudantil explicando por que lutavam. Entregavam jornais defendendo a posição de- les. Nos jornais, explicavam-se quais eram os problemas do país atualmente e como esses problemas afetavam os estudantes. O Movimento Estudantil brasileiro é constituído por estudantes que se organizam para alcançar certos objetivos nas universidades, mas também na política nacional. Já na época da ditadura militar, o movimento estudantil tinha um papel muito importante. Os Diretórios Centrais Estudantis (DCEs), as Uniões Estaduais dos Estudantes (UEEs) e a União Nacional dos Estudantes (UNE) influenciaram os rumos da política nacional. Essas instituições formavam uma importante fonte de oposição ao governo militar através de seus protestos para a volta da democracia. “Quando eu cheguei ao Brasil, não esperava ver tantas pessoas envolvidas na política” Para saber mais sobre a atuação do movimento estudantil na UFRGS, falei com David Pires, estudante de Engenharia de Energia de 23 anos. David, que se considera parte do movimento estudantil, explica que os maiores problemas na universidade hoje são os cortes na educação, que prejudicam o nível da educação pública. Além disso, ele menciona o fato de não haver igual representação do povo brasileiro nas universidades públicas no país. “Gostaria que a universidade fosse uma representação correta do Brasil. Temos um país tão diverso, mas eu não consigo ver isso na UFRGS. Acho que isso é um problema em todo país. Os grupos étnicos não são representados de forma igual”, complementa. Ainda há muita coisa para fazer, segundo David, para que esses desejos se tornem realidade, mas ele acredita que o movimento estudantil seja forte aqui. Como exemplo, explica que estudantes ocuparam a reitoria da universidade de 11 até 25 de setembro de 2015. Na ocupação, pediram por melhores condições para os bolsistas na UFRGS. “Bolsistas da UFRGS são obrigados a disponibilizar 20 horas todas as semanas para trabalho administrativo. Isso faz com que eles não possam usar esse tempo para estudar”, declara David. Mas esse não é o único motivo, ele explica: “As pessoas que vivem nas casas estudantis estão em um quarto com 20 pessoas e quase não há vagas para os novos estudantes que precisam de um quarto na cidade”. Na página “Ocupa Reitoria UFRGS 2015 - Permanência Estudantil” no Facebook, podemse encontrar mais dados sobre as condições dos bolsistas e de sua moradia. As pautas pelas quais os estudantes lutam são numerosas. Além das reivindicações dos bolsistas, exigem uma casa de estudantes no Campus do Vale e mais segurança para quem estuda na UFRGS. É imprescindível, para esse movimento, que os estudantes que moram nas casas da universidade tenham segurança, o que implica, por exemplo, que essas casas sejam equipadas com alarmes contra incêndio. E esses não são os únicos problemas contra os quais esse movimento luta. Por fim, entendi que o movimento estudantil é mais forte no Brasil do que na Holanda devido à sua trajetória. Desde a ditadura militar, os estudantes já são uma parte importante da política nacional. Além disso, eles são ativos porque têm um ideal pelo qual estão dispostos a lutar. Isso nós podemos ver no movimento da ocupação da reitoria e também em algumas aulas da UFRGS, interrompidas por estudantes. Também se pode ver o impacto do movimento nos cartazes e nas bandeiras espalhados pelos campi. |3 VOZES POÉTICAS Canção do exílio Jose Oviedo Perez Minha terra tem subúrbios Onde nem pássaros sussurram. As aves, que aqui gorjeiam, Lá esqueceram como cantar. Este céu tem mais poluição, Estas ruas têm mais assaltos, Mas estes bosques têm mais vida, Esta vida mais amores. Minha terra tem valores puritanos, Que tais não encontro eu cá. Em cismar – sozinho, à noite – Ou acompanhado na balada Mais prazeres encontro eu cá. Minha terra tem subúrbios, Onde nem pássaros sussurram. Mockingbird, Cardinal, Nightingale – Nem os nomes são bonitos como cá. Sabiá, Sabiá, Sabiá. Não permita Deus que eu morra Sem que eu volte para cá. Eu não desfruto dos primores Que se oferecem por lá. Ainda quero o céu poluído, E as ruas de assalto ladeadas De palmeiras, onde canta o Sabiá. Canção do exílio Guojin Huang - Bruno Minha terra tem montanhas, Onde mora uma muralha; As cercas, que aqui protegem, Não protegem como lá. Nossas campinas têm mais cavalos, Nosso inverno tem mais neves, Nossas cidades têm mais movimento, Nossa noite mais atrações. Estou sempre a procurar As belezas que parecem como lá; Minha terra tem montanhas, Onde mora uma muralha. Minha terra tem comida Mais variada do que cá; Estou sempre a procurar Sabores parecidos com os de lá. Espero que alguém me ajude A descobrir as belezas daqui Antes de eu voltar para lá. As universidades brasileiras costumam ser centros de ativismo estudantil. Na UFRGS, chamam a atenção cartazes, faixas e pichações que revelam as causas defendidas. Fotos: Bert Venema 4| CONEXÃO PPE | PORTO ALEGRE | DEZEMBRO DE 2015 O Parque Farroupilha reúne diversas atrações, como o Auditório Araújo Vianna (à esquerda), um lago com animais (à direita) e outros encantos para os visitantes. Fotos: Karina Espinoza ROTEIROS O passeio da borboleta na Redenção Um dos locais preferidos dos porto-alegrenses nos fins de semana, o parque oferece shows, brincadeiras, sombra e muita natureza Karina Espinoza Merchan Era um domingo de manhã, e uma pequena borboleta chegava na rodoviária da cidade com muita alegria para conhecer um enorme parque, do qual muitas das suas amigas tinham falado. Mas ela não sabia como chegar a ele. Então, decidiu pegar a rua da Conceição (rua que permite o transporte para vários bairros de Porto Alegre), e ali nossa pequena amiga observou muitas pessoas caminhando e, principalmente, muitos automóveis que circulavam rapidamente. Ao chegar ao viaduto, ela resolveu não o pegar, porque tinha muito barulho e escuridão, então pegou as escadas que ficam do seu lado e continuou voando. Chegou a uma praça em frente à igreja Nossa Senhora da Conceição, que tinha poucas pessoas andando. À distância, ela viu uma bela flor e voou até lá, comeu um pouco de néctar e continuou. Ao chegar à Avenida Osvaldo Aranha, viu os prédios muito grandes do Campus Centro da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Continuou voando até que finalmente encontrou o que estava procurando, o parque da Redenção, oficialmente chamado Parque Farroupilha. Viu que o parque era contornado pelas avenidas João Pessoa, José Bonifácio, Osvaldo Aranha e pelas ruas Setembrina e Engenheiro Luís Englert. A borboleta sentiu no ar algo diferente, que não sentia há muito tempo, uma brisa fresca emanada pelas milhares de árvores que nele es- tão plantadas. Além disso, percebeu o canto dos passarinhos, que voavam tranquilamente; assim, começou seu passeio pelo parque. Passou pelo Instituto de Educação General Flores da Cunha, que é o mais antigo estabelecimento de ensino secundário e de formação de professores da cidade, fundado em 1869. Depois, observou o Auditório Araújo Vianna, cenário de grandes espetáculos, que tem como meta resgatar e preservar a história musical e a importância cultural da cidade. Ao redor do parque, ela notou que muitas pessoas se exercitavam, algumas caminhavam por trilhas demarcadas, outras iam de bicicleta e outras jogavam futebol. Viu que muitas pessoas tiravam fotos do parque, e outras estavam reunidas conversan- do e curtindo a tranquilidade da natureza. Até os cachorros se divertiam. No seu passeio, a borboleta observou diversos recantos: Recanto Alpino, Recanto Oriental, Recanto Europeu e Recanto Solar, que davam a impressão de que o parque era maior do que é. Olhou os vários monumentos em cobre e mármore, mas o que chamou sua atenção foi o Monumento ao Expedicionário, um duplo arco do triunfo com esculturas em relevo que homenageiam os “pracinhas” da Força Expedicionária Brasileira, que lutaram na Segunda Guerra Mundial. Perto dali, viu um parque de diversões muito maneiro, com passeios de trenzinho e pedalinhos, desfrutado principalmente por crianças. Na Avenida José Bonifácio, a borboleta conheceu o famoso Brique da Redenção, espaço cultural que compreende a tradicional feira de artesanato, de artes plásticas e de antiguidades, onde os porto-alegrenses se reúnem para desfrutar das atrações do parque, tomar chimarrão e encontrar os amigos. Joaquim da Fonseca diz no texto “A Mal-Entendida”: “O Brique, na língua gaúcha, é o encurtamento de briqueabraque e é uma feira de antiguidades em que tudo, até revista da semana passada, é considerado antiguidade”. Ao final do seu longo passeio, a borboleta ficou cansada, mas muito satisfeita por ter conhecido esse belíssimo lugar e, especialmente, porque percebeu que as pessoas ainda tentam preservar a natureza, seus costumes e suas tradições. Conheça a sucursal do céu Cali é uma das principais cidades da Colômbia e conta com boas opções turísticas Dolly Alexandra Tartas Conhecida como a sucursal do céu, Cali é uma das cidades principais da Colômbia, localizada sobre a planície do rio do Cauca, no centro-oeste do país. Quem chega ao aeroporto internacional Alfonso Bonilla Aragón pode sentir um clima cálido e tropical ao passar pelo vale da cana-de-açúcar, fonte da indústria principal da região. No centro da cidade, concentram-se a maioria dos pontos turísticos. Para percorrer e visitar a cidade, inicie pelo local simbólico mais movimentado, a Praça de Caicedo, antigamente chamada de praça maior de altas palmeiras; nela, encontrará muitos vendedores ambulantes, engraxates e pessoas sentadas com muitas histórias para con- tar. Na frente da praça, o Palácio Nacional, imponente prédio branco estilo europeu, exibe aos seus visitantes um pequeno museu, que informa sobre o cultivo e o processamento da cana-de-açúcar. Caminhando duas quadras está a Ermita, uma igreja estilo gótica em miniatura edificada em 1942. Em diagonal ao templo, se encontra a ponte Ortiz, construída sobre o rio Cali, que liga a zona sul à zona norte da cidade. Mas, antes de atravessar a ponte para conhecer o lado norte, não deixe de visitar o Parque dos Poetas, que foi construído em 1995 com esculturas em homenagem aos poetas locais. Você pode fazer uma visita ao Teatro Jorge Issac, declarado monumento nacional com seu prédio em estilo neoclássico francês e assim chamado em tributo ao poeta valecaucano. O rio Cali, cercado de árvores, é uma pequena extensão do rio Cauca, que desemboca na cidade dando um ar de natureza no meio da zona urbana. Do lado norte, poderá fazer um passeio pelo Riacho. Depois de uma longa caminhada apreciando a paisagem, você chegará ao Gato do Rio, uma escultura de bronze acompanhada pelas figuras de várias gatas ao seu redor (elas são as namoradas do Gato), que enfeitam a beira do rio. A poucos passos e atravessando a rua, está o Museu A Tertúlia, onde você poderá encontrar exposições de arte moderna e contemporânea de diferentes artistas. Outro atrativo turístico é a escultura e o mirante de Sebastian de Belalcázar, chamado Praça de Caicedo, em Cali. Foto: Rafael Palacios, Wikimedia Commons assim em homenagem ao seu fundador. O lugar oferece uma linda visão panorâmica de Cali. Para visitar, é recomendável subir de táxi, porque ir a pé vai ser muito cansativo e difícil de chegar até o morro. Cali tem vários lugares para visitar, como o Teatro Municipal, a Praça de Touros de Caña- veralejo, a unidade esportiva Alberto Galindo Herrera, que tem sido cenário de importantes eventos, como os jogos mundiais e o festival mundial da salsa. Cali é uma cidade encantadora, que recebe os seus visitantes de braços abertos e cativa com suas paisagens, gastronomia e gente linda. CONEXÃO PPE | PORTO ALEGRE | DEZEMBRO DE 2015 |5 ROTEIROS Traçando a cidade: Bogotá, a capital da Colômbia Um passeio pela cidade revela surpresas como Monserrate e o Museu do Ouro Mayra Sánchez Nosso passeio começa na praça principal da cidade. A praça de Bolívar, cujo nome refere-se ao libertador Simón Bolívar, está rodeada pelos prédios mais importantes da cidade. Nela, você encontrará os principais ramos do poder: o Palácio de Justiça, o Congresso da República, a Catedral Primada e a Prefeitura de Bogotá. No centro da praça, você vai ver a estátua de Bolívar. De lá, é possível ver as colinas de Bogotá, um lugar que você vai adorar, pois tem a melhor vista da cidade. Para ir até lá, você pode subir de teleférico ou funicular. É só perguntar por Monserrate, e qualquer pedestre irá apontar o caminho. Seguindo na praça de Bolívar, na esquina, você pode visitar o Museu da Independência ou Museu do 20 de Julho, um lugar muito importante porque nele ocorreu um episódio conhecido como o Grito da Independência, no dia 20 de julho de 1810. Se você caminhar na direção sul da praça, vai encontrar o Palácio de Nariño, a residência oficial do Presidente da Colômbia. Nas imediações, também é possível observar outros prédios históricos, de arquitetura colonial, a maioria deles escritórios de instituições governamentais. Suba pela Rua 11, e na esquina da Carrera 5 você pode dar uma olhada no Centro Cultural Ga- briel García Márquez, um espaço dedicado à cultura. Tem uma livraria e uma galeria de arte. Não perca a oportunidade de tomar um bom café Juan Valdéz, um dos melhores da cidade e, sem dúvida, do mundo. Se você continuar para cima na Rua 11, olhe à esquerda e verá a maior biblioteca do país, a Luis Ángel Arango, ou, abreviadamente, BLAA. Saindo da biblioteca, bem em frente, você encontrará La Casa de la Moneda, um monumento nacional que atualmente abriga a coleção numismática e de arte do Banco da República. Ao lado, fica o Museu de Botero. A sua visita representa uma boa oportunidade para conhecer as obras doadas à As inesquecíveis festas de Cahuita No interior da Costa Rica, é possível participar de diversos festivais populares Jose Brenes-Andrade Na Costa Rica, temos festas pequenas nas cidades. Pode ser a festa do patrono do bairro ou a comemoração do aniversário do bairro. Qualquer pretexto é um bom motivo para comemorar. Além disso, alguns bairros podem ter mais de uma festividade por ano. Cada pequena cidade tem a oportunidade de fazer a sua própria festa, e é por isso que as pessoas da Costa Rica chamam essa tradição de “El Turno”. Minha esposa e eu sempre achamos que essas festas são uma das principais características das cidades e dos bairros do interior do país. Em certa ocasião, nas férias, a gente visitou uma cidade pequena do Atlân- tico de nome Cahuita. É uma pequena aldeia habitada por pessoas muito amigáveis e com uma cultura bem particular. As ruas não são asfaltadas e há casas tradicionais e cabanas muito simples. Nós gostamos demais de Cahuita, porque é uma aldeia com praias tri legais, com muita natureza, floresta, biodiversidade, cultura e festas. Ao lado da cidade está localizado o Parque Nacional Cahuita, que é um lugar maravilhoso e exuberante. É possível caminhar pelas trilhas, surfar, nadar, mergulhar; também é possível ver macacos, cobras, lagartos e muitas espécies de mamíferos e pássaros bem bonitos. Mas, naquela viagem de férias, também encontramos “El Turno de Cahuita”. Embora aquela aldeia seja muito tranquila, naqueles dias estava lá uma multidão. Foi uma experiência inesperada e inacreditável. Eles tinham passeios, algodão doce, música ao vivo, carnes grelhadas e comidas típicas da região. O festival durou três fins de semana, mas as pessoas queriam ainda mais festa. A minha esposa e eu gostamos demais dessa experiência inesquecível. Embora nós voltemos constantemente para aquele paraíso, nunca tivemos a sorte de estar de novo durante a festividade. Ainda nos lembramos com saudade dessa experiência, porque aproveitamos e conhecemos mais da cultura da cidade e fizemos amizade com uma galera muito legal. A bela cidade de Cahuita atrai multidões durante o período de festividades. Foto: Jose Brenes-Andrade A região histórica de Bogotá é imperdível. Foto: Katja Hasselkus, Flickr Colômbia pelo artista Fernando Botero, pintor, escultor e artista colombiano. Por fim, você pode ir à procura de um dos maiores tesouros da nossa cultura: a maior coleção de ouro pré-hispânico do mundo, com cerca de trinta e quatro mil peças de ouro. O Museu do Ouro, localizado a quatro quadras ao norte do Museu de Botero, preserva e exibe peças de ourivesaria e cerâmica de culturas indígenas do período pré-colombiano da atual Colômbia. Espero que você aproveite a visita ao centro histórico de Bogotá, um lugar com grande riqueza arquitetônica, cultural e gastronômica. A cidade da luz e os belos Alumbrados Em Medellín, o Natal é iluminado e encantador Sara Domínguez Cardozo É Natal. A alegria está nas ruas, a música forte não incomoda e as cores invadem o ar, sim, o ar. Todos os dias são dias de festa. Em Medellín, é Natal desde o primeiro dia de dezembro até 6 de janeiro. Na verdade, contando o momento em que as lojas enfeitam suas vitrines, é Natal de novembro a 8 de janeiro, se o Dia de Reis cair numa sexta-feira. É a melhor época do ano, sem dúvida. Em casa, o cheiro de sobremesas, bolachas e bolos que eu vendo para adoçar as vidas ao meu redor enche o andar inteiro do prédio com o cheiro de baunilha, canela, maçã, café, morango... Minha mãe adora quando fica uma “amostra” de sobremesa, o namorado de minha irmã adora quando uma bolacha quebra e não dá para ser vendida, eu adoro quando os pedidos são tantos que até meu pai junta-se à “linha de produção”. Colaboração familiar em doces jornadas até as duas da manhã. Na rua, o cheiro muda também. De vela, de fogão, de fogos de artifício, de doces de rua... Enfim, de Natal. Na cidade da eterna primavera, o clima é sempre bom. Mas, nesses dias, é sempre melhor ainda, e assim dá para percorrer a cidade olhando os Alumbrados. Os Alumbrados, a melhor parte do Natal (até melhor do que vender todas as bolachas), são o que torna Medellín o lugar com o melhor Natal do mundo. É que lá os enfeites são feitos de luz; as ruas, os parques, os prédios, ficam cheios de luzes e figurinhas natalinas. Sem contar o cenário principal: o rio. O rio que atravessa a cidade se torna por mais ou menos dois quilômetros um corredor que a cada ano conta uma história diferente: o percurso de Maria e José até o nascimento, contos internacionais de Natal, tradições do país... A cada ano é algo enorme, luminoso e encantador. Olhar os Alumbrados é algo indispensável no Natal medellinense. É ver todos os tipos de pessoas que habitam e visitam Medellín, é sentir o barulho e a bagunça de Natal, é comer algodão de açúcar, oblea com arequipe (um wafer gigante recheado com doce de leite), pipoca, manga verde com limão e sal e, para os mais corajosos, cachorro-quente e espetinho na rua. Os Alumbrados em Medellín são o Natal. É por causa deles que o ar se enche de cores e o coração, de alegria, e é por causa deles que, durante um mês inteiro, a capital da montanha rouba o título da capital da França e ostenta o nome de Cidade da Luz. 6| CONEXÃO PPE | PORTO ALEGRE | DEZEMBRO DE 2015 OPINIÃO Padrões de beleza: como nos afetam? Kay Mars Os estudantes Chris Taafe (esquerda) e Pedro Wang (direita) entrevistaram Sérgio Toniolo em sua casa no bairro Petrópolis. Foto: Arquivo pessoal REPORTAGEM Toniolo, o anti-herói da Capital Na década de 80, o ex-policial se tornou conhecido em função das pichações que espalhou por toda a cidade Chris Taafe Pedro Wang Muitas pessoas conhecem o pichador Sérgio Toniolo, um personagem famoso em Porto Alegre. Mas poucos sabem a história dele por trás das pichações. Hoje ele está se aproximando dos 70 anos, e tivemos a sorte de nos reunir com esse anti-herói e descobrir mais sobre a vida dele. Crescendo em Porto Alegre Nasceu em 1945, em Porto Alegre. Seus bisavôs estavam no primeiro navio de imigrantes que vinham da Itália. Toniolo cresceu e ainda reside no bairro Petrópolis, que, segundo ele, já foi o principal bairro da capital. Por conta da inexperiência de sua mãe, decidiram que ele moraria com o avô, que já tinha criado nove filhos. O pai era proprietário de um bar; e o avô, um empresário que foi um dos principais responsáveis pela construção da Igreja São Sebastião, na Protásio Alves. Como não havia muita tecnologia, a atividade favorita de Toniolo era o futebol. Ele relembra com saudade esses dias mais simples porque “o povo tá hoje em dia assim, domado que nem um gado [...] não pensa mais nada”, comenta. Para ele, a juventude foi uma felicidade. Juntando-se à polícia Aos 20 anos, Toniolo decidiu que “não queria trabalhar”. Então, através de conexões da família, ele entrou para a Polícia Civil. Ele gostava da experiência como policial até que viu que seu chefe estava se promovendo entre os funcionários para se tornar vereador de Porto Alegre. Depois disso, ele começou a publicar críticas nos jornais da cidade contra o seu chefe. Disseram que Toniolo não poderia escrever para as colunas porque era um funcionário público. Mas ele respondeu que era um brasileiro e, como qualquer brasileiro, ele tinha o direito de se expressar através dos meios de comunicação. Como resultado dessa disputa, Toniolo foi aposentado por “razões mentais”. Ele continua afirmando que nunca escreveu contra a polícia – ele escreveu contra o que havia de errado dentro da polícia. O político Depois da polícia e das escritas publicadas, Toniolo ganhou notoriedade e foi convidado para concorrer nas eleições do estado pelo PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro). Ele era conhecido por se colocar contra o sistema, e as crônicas dele conquistaram admiradores. Durante a campanha, quando ele era um candidato registrado, houve uma confusão: seu número de registro era 007, mas esse número também pertencia a outro candidato. Além disso, na sua ficha havia a informação que sua filiação era com o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Por isso, ele tentou concorrer pelo PDS (Partido Democrático Social) como o número 5143, mas foi proibido de participar. O pichador Foi naquele tempo, quando começou as ações de pichar, que ele ficou famoso. Toniolo conta: “Eu comecei a pichar porque em 1982 eu fui caçado da minha candidatura, fui impedido de concorrer. E como eu não tinha nada a perder, eu comecei a pichar de forma agressiva, a pichar como se eu fosse um candidato ainda”. Assim, ele pichou Toniolo 5143 em boa parte das paredes de Porto Alegre. Em 1984, ele decidiu avisar ao jornal e à rádio que iria pichar o Palácio Piratini no dia 17 de março, às 17h. Toniolo explica: “Sem avisar é sem graça, qualquer pessoa pode pichar em qualquer lugar sem avisar”. Mais do que isso, ele deu uma entrevista ao programa Guaíba Revista, perto do palácio, porque depois de pichar ele seria preso e não poderia falar. E assim aconteceu: enquanto ele pichava o seu nome no palácio, acabou detido, faltando apenas a letra “O” para completar. Levaram-no para o Hospital Psiquiátrico São Pedro, onde ficou internado por uma tarde. Deste dia até hoje, ele ainda faz pichações e cola adesivos com comentários contra todas as coisas que acredita que estão erradas. A vida depois Entre 2005 e 2011, Toniolo foi internado devido a problemas mentais, mas, de acordo com ele, isso só aconteceu por causa da justiça. Ele sempre comenta que o maior ladrão é a justiça. Mesmo que considere o Brasil hoje um “campão de ladrão”, ele nunca esteve fora do país nem tem vontade de ir, porque, segundo ele, “o meu país é aqui, então por que eu vou sair daqui? Vou ficar aqui, não vou fugir daqui”. Embora nunca tenha se casado, ele teve uma surpresa sete anos atrás, quando uma moça de 30 anos bateu na sua porta e afirmou ser sua filha. A primeira reação dele foi dizer “Acho que não é”, mas depois de um exame de DNA foi confirmado que ela era filha dele. Com muita alegria, Toniolo conta que agora ele tem um bom relacionamento com a filha e com a mãe dela, e com frequência as visita em Canoas. De fato, o que ele mais gosta de fazer hoje é visitar sua filha. Ele ainda mora no prédio em que cresceu, comendo as comidas favoritas dele: massa a alho e óleo, e sopa de capelete. Ele ainda gosta de escutar Roberto Carlos e Beatles. Se ele pudesse escolher jantar com uma pessoa, seria Tancredo Neves, e se ele pudesse pichar em qualquer lugar do mundo, seria na ONU. Você sabe que ele picharia? “TONIOLO”, é claro. Padrões de beleza são ubíquos hoje e afetam a nossa vida, incluindo a minha, de várias maneiras. Acho que padrões de beleza podem ser comparados com as morais e a moralidade na vida cotidiana. Muitas pessoas tendem a pensar em “preto e branco”. Elas determinam o que é bom e o que é ruim, e no caso dos padrões de beleza, o que é bonito e o que é feio. Para mim, que sou estudante de antropologia cultural, é bem interessante descobrir quem define os padrões de beleza na sociedade. Há só um padrão de beleza ou é possível que vários padrões coexistam? Padrões de beleza existem em vários aspectos da nossa vida. Um exemplo muito claro é o “projeto verão” da sociedade brasileira. Quando os dias alongam, muitos brasileiros começam a ir à academia para perder peso e entrar em forma para o verão. É algo familiar para mim. Também as mulheres holandesas querem se encaixar em seus novos biquínis e os homens querem mostrar seus corpos musculosos na praia, embora em menor extensão do que os brasileiros. Mesmo que eu quase nunca vá à academia, sempre tento pegar um bronzeado para não parecer um fantasma quando o verão chegar. Como o projeto verão mostrou que padrões de beleza podem incentivar pessoas a ir à academia para perder peso, padrões de beleza podem ter uma influência mais radical no corpo humano. Há séculos, pessoas vêm modificando seus corpos para obter a aparência que elas adoram. Frequentemente, isso pede mudanças radicais, resultando em cirurgia plástica. O Brasil é um dos países com a maior proporção de cirurgia plástica no mundo. O que faz com que os brasileiros façam uma visita ao cirurgião plástico mais jovens e com mais frequência do que, por exemplo, os holandeses? Nunca considerei ir ao cirurgião plástico. Estou bem contente com meu corpo e, por isso, eu acho que não vou tão cedo. Os padrões de beleza são onipresente e afetam a nossa vida, incluindo a tua e a minha, de várias maneiras. Mas não é uma coisa ruim. É loucura lutar contra os padrões. Sempre estiveram e sempre estarão presentes. A única coisa que nós não podemos esquecer é que a verdadeira beleza é a interior. CONEXÃO PPE | PORTO ALEGRE | DEZEMBRO DE 2015 |7 OPINIÃO Voto obrigatório: bom ou ruim? Enquanto no Brasil maiores de 18 anos devem votar, nos EUA o voto é facultativo Haley Hunter-Zinck Em 2012, o presidente americano Barack Obama foi eleito com só 30% de eleitores, menos de um terço da população de votantes. Mas essse número não é o mais baixo. Em 1996, por exemplo, o presidente Bill Clinton foi reeleito com votos de apenas 24% dos eleitores. Como a democracia mais antiga do mundo pode eleger um presidente com menos de um quarto do total de eleitores? A resposta é que as eleições americanas têm porcentagem de votantes muito baixa. Entre os países com voto facultativo, os Estados Unidos têm uma das taxas mais baixas do mundo, com uma média de 54% desde 1992. Por outro lado, apesar de sua atual impopularidade, a presidente brasileira Dilma Rousseff foi eleita com 41% dos eleitores em 2014. O Brasil é um dos 24 países que têm alguma forma de voto obrigatório. Por causa disso, em 2014, a percentagem de votantes foi quase 80%. Não é uma surpresa que o voto obrigatório aumente a porcentagem de votantes. Também, aumentar essa porcentagem tem muitas vantagens, como fazer os resultados da eleição mais representativos da população do país. Esse efeito, então, resulta em candidatos mais moderados. Com o voto facultativo, eleitores têm perspectivas políticas mais extremas e, portanto, elegem políticos com plataformas mais extremas também. Além disso, a moderação dos candidatos pode fazer o governo menos polarizado, evitando os impasses na legislação vigente no Congresso americano de hoje. Outra vantagem do voto obrigatório é que acaba sendo muito mais difícil tirar o direito de votar dos cidadãos do país. Por exemplo, nos Estados Unidos, alguns estados conservadores têm aprovado leis que exigem que eleitores tenham um documento para votar. Essas leis são injustas, porque afetam mais as minorias, que normalmente votam na esquerda. Se os Estados Unidos tivessem um sistema de voto obrigatório, seria mais difícil aprovar leis que dificultam o direito de voto. Contudo, os cidadãos de países com e sem o voto obrigatório têm várias objeções contra esse tipo de sistema. Uma dessas objeções, especialmente nos Estados Unidos, é que as pessoas não devem ser forçadas a votar se a votação entra em conflito com suas perspectivas pessoais ou suas crenças religiosas. Porém, com o sistema de voto obrigatório, cidadãos não são forçados a votar. Por exemplo, no Brasil, pessoas podem justificar seus votos facilmente ou, ainda, votar em branco. Cada ação é permitida e não traz nenhuma consequência ruim para o cidadão. Outra objeção é que esse sistema vai forçar pessoas que não são bem informadas a votar. Essas pessoas, então, elegeriam candidatos populares, como celebridades, que não são qualificados para serem deputados, senadores ou até presidentes. No Brasil, os eleitores utilizam urnas eletrônicas. Foto: Divulgação Por exemplo, Tiririca, um antigo palhaço, foi eleito como deputado federal de São Paulo, mas não tinha nenhuma experiência política. Entretanto, há alguns pontos a pensar sobre a eleição dessas celebridades. Em primeiro lugar, os eleitores dos Estados Unidos, um país com o voto facultativo, elegeram muitas celebridades também, incluindo Arnold Schwarzenegger, como governador do estado da Califórnia, e Ronald Reagan, como presidente. Em segundo lugar, pessoas sem experiência na política não são necessariamente políticos ruins. E, por fim, essa objeção assume que os eleitores atuais em países com o voto facultativo são bem informados. Embora eles votem voluntariamente, isso não garante que votem depois de fazer muita pesquisa. Há muitos equívocos nos argumentos contra o voto obrigatório. Sem dúvida, o voto obrigatório poderia resolver o problema da porcentagem baixa de votantes nos Estados Unidos e também trazer muitas outras vantagens, que ainda não são bem conhecidas por nós. REPORTAGEM Mudanças no meio ambiente, mudanças em nós Se o impacto ambiental resultante das ações das pessoas é cada vez maior, o que se pode fazer para minimizar os efeitos negativos? Iñigo Alexander Hoje, o meio ambiente passou a constituir uma parte mais importante da política internacional, e com razão. O mundo no qual vivemos está sujeito a mudanças climáticas nunca antes vistas e cada vez mais perigosas, tanto para nós mesmos como para o planeta. No entanto, ainda há muitas pessoas que não acreditam nos acontecimentos ligados a mudanças climáticas. Apesar do ceticismo, evidências comprovam que a consciência sobre a mudança climática e seus impactos é extremamente importante para a sobrevivência saudável do planeta e da população humana. De acordo com estatísticas publicadas pela National Aeronautics and Space Administration (NASA), 9 dos 10 anos mais quentes registrados ocorreram desde 2000. Isso levou a um aumento mundial das temperaturas em 0,8ºC e ao aquecimento dos mares. Esse aumento também gerou uma diminuição das camadas de gelo em uma escala global, o que significa um aumento do nível médio global do mar de 178mm nos últimos 100 anos, 3,22mm a cada ano. Além disso, os níveis de dióxido de carbono no ar são os mais altos dos últimos 650.000 anos. Esses fatos dizem muito sobre a situação na qual nos encontramos e sobre a nossa relacão com a mudança climática. Os efeitos da mudança climática já são vistos em Porto Alegre. Estudos ambientais mostram que o sul do Brasil poderá experimentar no futuro um aumento de 5% até 10% das chuvas e também um aumento da temperatura da região de até 4ºC. Além da estimativa calculada para o futuro, já sofremos as consequências diretas disso hoje. O fenômeno do El Niño é uma amostra das repercussões das mudanças climáticas no Brasil. Em 2015, houve o El Niño mais quente já registrado, o que causou uma primavera e um verão mais quentes do que normalmente acontece. Ramiro, morador de Porto Alegre há 27 anos, afirma que “cada inverno é mais quente que o último, agora quase nem preciso usar meu casaco”. O impacto ambiental também é influenciado pelas ações das pessoas que habitam o planeta Terra. Nossas ações diárias contribuem para a mudança climática, mesmo quando não per- “Nossas ações diárias contribuem para a mudança climática, mesmo quando não percebemos” cebemos. Há muitas maneiras fáceis de reduzir o impacto ambiental de cada indivíduo. Aqui estão algumas dicas: 1) Recicle, especialmente vidro. Vidro reciclado reduz a poluição do ar em 20% e a poluição da água em 50%. Se não for reciclado, pode demorar 1 milhão de anos para se decompor no meio ambiente. 2) Evite fazer refeições à base de carne. Isso ajuda o planeta e a sua dieta. São necessários mais de 9 mil litros de água para produzir meio quilo de carne bovina. Além disso, poupam-se árvores. Para cada hambúrguer originado de animais criados em fazendas, cerca de 55m² de mata foram destruídos. 3) Tome banhos mais curtos. A cada dois minutos a menos no banho, economizam-se mais de 37 litros de água. 4) Sempre que possível, compre de agricultores locais ou mercados de agricultores, assim apoiando a economia local e reduzindo a quantidade de gases do efeito estufa emitidos quando os produtos são transportados por caminhão. Lembre-se da quantidade de poluição gerada para trazer o alimento da fazenda para a sua mesa. Comprar verduras e frutas no Mercado Público é a maneira mais fácil de fazer isso, mas também há vários supermercados independentes pela cidade. 5) Antes de jogar algum item fora, pense se alguém está precisando dele. Doe para uma organização de caridade ou ofereça em algum site. No Facebook, você encontra grupos de trocas ou vendas. 6) Procure não usar sacolas de plástico para fazer compras. Uma sacola de plástico demora até mil anos para se degradar. Reciclando sacolas previamente usadas, podemos ajudar a diminuir o consumo de plástico. Essa solução já foi implementada em vários lugares do mundo e também no Brasil. Em dezembro de 2011, São Paulo aprovou uma lei que proíbe a distribuição gratuita de sacolas de plástico, e agora há um projeto de lei para proibi -las em nível nacional. 7) Em vez de usar lâmpadas convencionais, invista em lâmpadas de baixo consumo. É uma medida muito eficiente, que pode representar uma poupança de 80% em relação às lâmpadas incandescentes, cuja produção foi proibida na Europa em 2012. Agora mais do que nunca, é importante tomar uma atitude mais ecológica e implementar valores centrados no meio ambiente na sociedade. CONEXÃO PPE | PORTO ALEGRE | DEZEMBRO DE 2015 REPORTAGEM Porto Alegre, uma cidade quase alemã A mesa da tribo Na capital gaúcha, os interessados pela língua e cultura alemã podem fazer parte do grupo POA Stammtisch - em alemão, Stammtisch sig- nifica “a mesa da tribo”, uma oportunidade de estar entre amigos. Fotos: Lena Fischer No século XIX, muitos imigrantes alemães chegaram a Porto Alegre e se estabeleceram na cidade. Pouco a pouco, a cultura e a tradição alemã misturaram-se com vários âmbitos da vida brasileira. Hoje em dia, ainda se nota essa influência na vida cultural de Porto Alegre, e não apenas na culinária, mas também nos diferentes eventos que acontecem na capital. Saiba mais detalhes sobre essa herança germânica. Lena Fischer História Em 1772, Porto Alegre foi fundada por imigrantes portugueses que vieram dos Açores. Depois, no século XIX, muitos alemães, polacos e italianos imigraram para a cidade. Os primeiros imigrantes alemães vieram em 1824 e fundaram a cidade de São Leopoldo, localizada na região metropolitana de Porto Alegre. Considerada o berço da imigração alemã, a cidade foi nomeada em homenagem à arquiduquesa Leopoldina, da casa de Habsburgo. Leopoldina se casou com D. Pedro I, imperador do Brasil. Depois do casamento, ela trouxe colonos alemães para a sua nova pátria: camponeses pobres de Hunsrück e de Pommern, que sonhavam com uma vida melhor na América do Sul. Hoje, estima-se que pelo menos um quarto dos habitantes de Porto Alegre tenham raízes alemãs. Muitos ainda falam Hundsrückisch ou Pommersch, dialetos do alemão. Stammtisch Nesta época de globalização, muitas pessoas desejam aprender a língua alemã. Alguns já têm conhecimentos prévios do idioma, que aprenderam em casa com seus avós. Para as pessoas que querem conhecer ou praticar a língua alemã em Porto Alegre, existe uma tradição especial: o Stammtisch. Em alemão, Stammtisch é uma expressão que significa “a mesa da tribo”. É uma palavra que expressa tanto um encontro regular de pessoas quanto a mesa na qual esses sujeitos se reúnem. Nesse encontro, as pessoas vão para um local a fim de conversar, comer e jogar cartas. Sobretudo, bebe-se cerveja. Na Alemanha, esses encontros não são organizados, ou seja, as pessoas vão voluntariamente, embora normalmente se encontre sempre a Onde ir O grupo POA Stammtisch recomenda cinco lugares para quem tem interesse em conhecer o melhor da culinária alemã em Porto Alegre: mesma "tribo" num local. Já em Porto Alegre, o Stammtisch desvia-se da tradição alemã: os encontros são organizados e o local muda constantemente. Nesses encontros, habitantes de Porto Alegre com antepassados alemães, alemães que estão no Brasil e pessoas que simplesmente querem aprender a língua reúnem-se a cada semana para conversar, principalmente em bares e restaurantes vinculados à cultura alemã. Para saber qual será o próximo local a sediar o encontro, existe um grupo no Facebook, que se chama POA Stammtisch e conta com 525 membros (veja fotos ao lado). O atual organizador do evento, Eduardo Fasolo, explica que o POA Stammtisch é um grupo que se encontra ao redor de uma mesa para praticar e aprender o alemão. De acordo com Eduardo, a ideia de fundar esse grupo surgiu de uma alemã que já regressou ao seu país de origem. Atualmente, eles reúnem-se todas as quartas-feiras, às 20h. A respeito dos locais onde ocorre o evento, Eduardo comenta que há vários bares e restaurantes alemães em Porto Alegre, tais como Schnaps Haus (“Casa da aguardente”) ou Bierkeller (“Porão da cerveja”). Entretanto, seus lugares favoritos são Cuca Haus (“Casa da cuca”) e Biermarkt (“Mercado da cerveja”). Nesses restaurantes, pode-se comer butterbrezel (pão em formato de coração com manteiga), apfelstrudel (rolo de maçã) e, além disso, encontram-se várias cervejas importadas da Alemanha, como a Paulaner. Os membros do Stammtisch gostam da comida alemã, sobretudo do Brezel. Muitas vezes, as cervejas e as conversas do grupo são acompanhadas por essa iguaria. Os encontros aproximam os interessados pela cultura e pela língua alemã. Vanessa, intercambista da Alemanha na UFRGS e membro do POA Stammtisch, conta que, durante as reuniões do grupo, ela se sente como se estivesse na Alemanha. As- > Biermarkt (Rua Castro Alves, 442, Rio Branco) > Schnaps Haus (Rua Cândido Silveira, 222, Auxiliadora) > Cuca Haus (Rua São Luís, 1.101, Santana) sim, quando está com saudade do seu país, vai para o Stammtisch, fala alemão com os amigos e come comida alemã. Oktoberfest Não só a culinária porto-alegrense tem influência alemã. Na cidade, também se festejam algumas festas típicas da Alemanha – entre elas, a mais popular é, sem dúvida, a Oktoberfest. Em outubro, acontecem várias Oktoberfests em Porto Alegre. A maneira como os gaúchos festejam é resultado de uma mistura da cultura brasileira com a alemã. Poucas pessoas vão com a roupa tradicional para a festa, embora as mulheres gostem de pôr flores no cabelo. A música tem elementos típicos da Alemanha, mas as letras são cantadas em português. A bebida é evidentemente o chope (ou Schoppen, em baixo-alemão): um copo de meio litro de cerveja. Os encontros do grupo POA Stammtisch ocorrem todas as quartasfeiras, às 20h, e o local varia a cada semana. Para se manter informado, basta procurar o grupo no Facebook. Cultura viva A cultura alemã ainda sobrevive em Porto Alegre, embora seja constantemente alterada e misturada com os elementos da cultura brasileira, adquirindo novos contornos. De fato, o Rio Grande do Sul conserva fortemente suas raízes alemãs. Para quem quiser experimentar um pouco mais dessa cultura, recomenda-se visitar a cidade de Gramado, na serra. A 124 quilômetros da Capital, Gramado poderia ser qualquer cidade na Alemanha. No Lago Negro, por exemplo, encontram-se árvores cujas sementes foram trazidas da Floresta Negra, localizada no sudoeste da Alemanha. Além disso, pode-se visitar um parque de diversão que imita o castelo Schloss Neuschwanstein. Em suma, são várias atrações que aproximam os povos e que fazem com que imigrantes e intercambistas alemães possam se sentir em casa, apesar da distância. > Bierkeller (Rua João Abott, 596, Petrópolis) > Ratskeller Baumbach (Avenida Pará, 1.324, São Geraldo) Busque o grupo: www.facebook. com/groups/poastammtisch Um dos destaques das reuniões é a Paulaner, cerveja importada da Alemanha que faz grande sucesso entre os participantes. As cucas, comida típica alemã, são um dos pratos preferidos dos frequentadores do POA Stammtisch.