talita luana rosa

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talita luana rosa
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UNIVERSIDADE ALTO VALE DO RIO DO PEIXE – UNIARP
CURSO DE PEDAGOGIA
TALITA LUANA ROSA
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM CRIANÇAS DO ENSINO
FUNDAMENTAL COM FAMÍLIA DESESTRUTURADA.
CAÇADOR/SC
2010
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TALITA LUANA ROSA
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM EM CRIANÇAS DO ENSINO
FUNDAMENTAL COM FAMÍLIA DESESTRUTURADA.
Trabalho de conclusão de curso apresentado como
exigência para obtenção do titulo de licenciado em
pedagogia, ministrado na Universidade Alto Vale do Rio
do peixe – UNIARP, Caçador, sob orientação da
professora Msc. Sonia de Fátima Gonçalves.
CAÇADOR/SC
2010
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AGRADECIMENTOS
Inicialmente agradeço a Deus, por estar sempre ao meu lado me protegendo,
me orientando e me guiando durante toda minha vida e também durante esses
quatro anos de caminhada diária. Onde tive alegrias e tristezas, dificuldades e
superação, horas e horas dentro de um ônibus, noites e noites sem dormir, mas que
com a Sua ajuda tudo deu certo, e valeu muito a pena. Deus sou grata por tudo isso.
Agradeço aos meus pais Dirceu e Meri, pelo amor e carinho, pela educação e
ensinamentos, e até mesmo pelos sermões, que hoje entendo foram para o meu
bem. Sei que nesses quatro anos vocês fizeram de tudo para me ajudar, sempre me
apoiaram financeiramente e moralmente. Por isso mérito desta conquista também é
de vocês. Obrigado.
Ao meu namorado Charles, agradeço por entender e aceitar minha ausência
durante todos esses anos de curso. Por compartilhar comigo momentos de sorrisos
e lágrimas e por sempre me ajudar nos trabalhos. Divido com você, neste momento
alegria dessa vitória. Seu amor e compreensão foram fundamentais para que eu
chegasse até aqui. Obrigado.
A todos os professores pelo conhecimento transmitido, mas em especial a
minha orientadora Sônia. Obrigado pela dedicação, paciência e compreensão. Por
deixar disponível seu tempo livre para nos orientar e ajudar. Nunca esqueceremos.
As minhas queridas amigas agradeço por todo o companheirismo, pelos risos,
lágrimas, pelas conversas, conselhos e por todas as vitórias conquistadas juntas. O
carinho e admiração que tenho por vocês jamais esquecerei. Obrigada e amo vocês.
E por fim a todos que acreditaram no meu potencial, e torceram por mim,
obrigado.
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RESUMO
A estrutura familiar é a base na aprendizagem da criança, aquela que possui uma
família convencional, ou seja, que os pais mantêm um relacionamento tradicional.
No entanto, com o passar dos anos as estruturas familiares foram se alterando de
forma muito contundente. Neste sentido é que entra em questão a discussão da
afetividade no ambiente escolar. Nessa perspectiva, a presente pesquisa foi
desenvolvida com objetivo de analisar a afetividade na aprendizagem dos alunos e a
relação entre o desempenho do aluno com uma família estruturada com a não
estruturada, no qual vem afetando os alunos das séries iniciais em geral. Assim,
entender como tratar a dificuldade na aprendizagem da criança, sendo fundamental
compreender a afetividade na estrutura familiar, mostrando o bom relacionamento
entre os familiares. Nesse contexto, a estrutura familiar deve ser à base da
afetividade como meio de proporcionar uma boa aprendizagem.
Palavras-chave: Estrutura familiar, afetividade, aprendizagem.
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ABSTRACT
A family structure is the basis for learning the child, one that has a conventional
family, or that parents keep a traditional relationship. However, over the years the
family structures were changing was a very convincingly. In this sense we enter into
question the discussion of affection in the school environment. In that perspective,
this research was conducted with the purpose of analyzing the learning affection of
students and the relationship between the performances of a student with a family
structured with no structure, which has affected the students at the initial series in
general. Thus, understanding how to handle the difficulty in learning the child is
essential to understand the affection in the family structure, showing the good
relations between family members. In this context, the framework family should be
the basis of affection as a means of providing a good learning.
Key Words: Structure family, affection, learning.
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SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................
ABSTRACT .......................................................................................................
INTRODUÇÃO ..................................................................................................
CAPITULO I.......................................................................................................
1 REVISÃO TEÓRICA......................................................................................
1.1HISTÓRICO DA FAMILIA..............................................................................
1.2 A INSTRUÇÃO FAMILIAR: COMPLEXIDADE E DESAFIOS......................
1.3 ESTRUTURA FAMILIAR.............................................................................
1.4 DESESTRUTURA FAMILIAR .....................................................................
1.5 A IMPORTANCIA DA FAMILIA ..................................................................
1.6 ESCOLA .....................................................................................................
1.7 O PAPEL DA ESCOLA...............................................................................
1.8 AFETIVIDADE ............................................................................................
1.9 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ......................................................
1.10 FAMILIA X ESCOLA .................................................................................
1.11 A IMPORTANCIA DA FAMILIA NO PROCESSO DE ENSINO
APRENDIZAGEM ..............................................................................................
CAPITULO II .....................................................................................................
2 METODOLOGIA ............................................................................................
2.1 ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .........................................
2.1.1 Questionário aplicado a direção/orientação educacional..........................
2.1.2 Questionário aplicado a professores ........................................................
2.1.3 Questionario aplicado a psicologo............................................................
2.1.4 Questionario aplicado a pais ....................................................................
2.1.5 Analise Geral.............................................................................................
CAPITULO III ....................................................................................................
3 RELAÇÃO DO TEMA COM O CURSO DE PEDAGOGIA.............................
CONCLUSÃO.....................................................................................................
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho de conclusão de curso apresenta discussões sobre
„„Problemas de aprendizagem em crianças do ensino fundamental com famílias
desestruturadas‟‟.
A aprendizagem humana é um processo complexo de informações que está
ligada ao psicológico das crianças. É importante compreender estas dificuldades de
maneira a diminuir o impacto na vida do indivíduo.
A aprendizagem é uma mudança de comportamento que resulta da
experiência. A situação estimuladora, a pessoa que aprende e a resposta constituem
os elementos principais do processo ensino-aprendizagem.
Muitas vezes são os pais e familiares que contribuem para a insegurança dos
garotos e adolescentes.
Hoje muito se tem tratado das dificuldades de aprendizagem que os
estudantes têm na escola, se questionam os motivos que levam as mesmas a
fracassarem e o papel fundamental da família e da escola.
Embora as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente
com outras condições de incapacidade (por exemplo, deficiência sensorial,
deficiência mental, perturbação emocional ou social) ou com influências ambientais
(por
exemplo,
diferenças
culturais,
ensino
insuficiente/inadequado,
fatores
psicogenéticos), ou ainda e especialmente, com um déficit de atenção, os quais
podem causar problemas de aprendizagem, uma dificuldade de aprendizagem não é
devida a tais condições ou influências.
Essas definições ampliam ainda mais as divergências e os diferentes olhares
sobre a condição da não aprendizagem que não gera avanços quando os conceitos
apenas servem para rotular o estudante, deveriam servir para investigar todas as
influências que poderiam estar contribuindo para a dificuldade da aprendizagem.
As constituições das famílias modernas desde a mais pobre a mais rica
economicamente atua em diferentes momentos frente à vida escolar dos seus filhos.
A difícil arte de conciliar trabalho, casa é ainda mais pesada, dando sérias
conseqüências à dedicação aos filhos que acaba sendo prejudicada. As famílias
desestruturadas, pouco compreendem ou tem percepção destes eventos de
distanciamento entre seus pares, sentem, mais não compreendem.
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Neste difícil contexto a escola acaba tendo forte pressão e apelo social, pois a
sociedade acaba incumbindo-a de educar a criança como “a família substituta”, é
aquela que vai instruir dar valores, etc.
Existem casos de crianças que agridem na escola e são agredidos em casa
ou assistem agressões entre familiares. Outros possuem pais desempregados e sem
perspectiva de futuro; pais omissos e ou violentos física ou verbalmente; pai ou mãe
alcoólatras; pais separados. A aprendizagem humana é um processamento
complexo de informações, sendo que os processos centrais são modificações e
combinações que ocorrem nas estruturas cognitivas. No Brasil, cerca de 40% da
população que freqüentam as primeiras séries escolares tem algum tipo de
dificuldade de aprendizagem.
Crianças
de
ensino
fundamental
que
tem
famílias
desestruturadas
apresentam dificuldades de aprendizagem?
Os primeiros ensinantes são os pais, com eles aprendem-se as primeiras
interações e ao longo do desenvolvimento, aperfeiçoa. Estas relações, já estão
constituídas na criança, ao chegar à escola, que influenciará consideravelmente no
poder de produção deste sujeito. É preciso uma dinâmica familiar saudável, uma
relação positiva de cooperação, de alegria e motivação.
O principal desafio que tem os pais e professores que trabalham com crianças
que apresentam dificuldades é ajudá-las a ter confiança em si mesma, acreditar que
são capazes. Deve-se compreender que as pessoas aprendem de diferentes modos,
em tempos também desiguais. Por isso, os professores e a família têm uma grande
responsabilidade, pois devem perceber detectar o problema, e saber como intervir,
estimulando a criança a aprender com seus erros.
Mas há um grande contraponto neste mundo de intervenções que a escola e
família promovem focando nas dificuldades da criança é que se esquece que das
habilidades, dos talentos e do potencial destas crianças, desvirtuando do problema
poderíamos conquistar outro lado ainda pouco explorado. O individuo é o todo e não
partes... Por que fragmentá-lo?
O primeiro núcleo de relações da criança é a família, é nela que desenvolve o
caráter, limites e contratos de boa convivência. Depois disso, ela vai à escola, que
será um novo ambiente que ira ajudar a torná-la um cidadão.
A família é destinatária invariável do sucesso ou do fracasso escolar da
criança e quando estas sentem que seu filho não consegue adquirir o conhecimento
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escolar é irreal esperar que essas mães e pais compreendam a construção do
conhecimento necessário para conseguir a aprendizagem, mas a escola pode fazer
com que os pais se sintam bem no ambiente escolar; é preciso que saibam que a
escola lhes pertence e que está disposta a ajudar.
É necessário lidar com sensibilidade com esses pais e entender o significado
que a escola tem para as famílias; que experiências escolares os adultos tiveram na
infância? Como estão sendo tratados nas vezes em que comparecem à escola de
seus filhos? A escola acaba sendo uma segunda família, pois é onde a criança faz
amigos travam no relacionamento diferenciado com os professores que para eles
assumem o papel de pais.
É neste ambiente que aprende noções sobre cidadania e respeito das
diferenças. A família também deve procurar marcar presença e participar ativamente
da vida do filho no ambiente escolar
Por isso a escola deve procurar as inclinações sociais em que esta inserida
para que os professores possam debater maneiras de tentar superar todas essas
dificuldades e conflitos, pois percebem que se nada for feito em breve não se
conseguirá mais ensinar e educar.
A ausência dos pais é sempre justificada pela falta de tempo sendo um dos
principais argumentos utilizados para justificar, atualmente, as deficiências e lacunas
na educação dos filhos. Eles alegam que saem cedo para o trabalho e ficam fora
durante todo o dia.
Dentro deste novo cenário vem às mudanças que vieram rápido demais,
incluindo-se as novas tecnologias, acesso à informação, assimilação da mulher no
mercado de trabalho e estímulo à sociedade de consumo.
É necessário que no contexto escolar se busque compreender, conhecer,
considerar o ambiente onde a criança vive com sua família para compreender o que
ocasiona também a sua dificuldade de aprendizagem focando nas suas
possibilidades de conseguir o sucesso escolar desde que seja uma ação conjunta
envolvendo todos os atores desta situação.
O objetivo geral deste trabalho é estudar a influência de familias
desestruturadas em crianças de ensino fundamental que apresentam dificuldades de
aprendizagem.
E os objetivos específicos são descrever a importância da família na
construção da identidade, e da família na aprendizagem da criança, identificar as
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dificuldades de aprendizagem em crianças com famílias desestruturadas, construir
uma nova percepção do conceito de família e realizar pesquisa bibliográfica sobre o
assunto.
O primeiro capítulo do trabalho apresenta o referencial teórico sobre as
dificuldades de aprendizagem em crianças que tem família desestruturada.
O segundo capítulo descreve a metodologia utilizada para o desenvolvimento
do trabalho e as discussões dos resultados obtidos a partir dos questionários
aplicados a professores. E o terceiro capítulo enfatiza a relação do tema importância
do planejamento na educação infantil, com as disciplinas e o curso de pedagogia.
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CAPITULO I
1 REFERENCIAL TEÓRICO
Diante das situações de desafio que a criança aprende a construir seus
conhecimentos que devem ser desbloqueados dentro das possibilidades tanto da
família, como da escola.
A relação destes dois contextos se interpõe e se conflita na tentativa de se
achar um denominador comum que venha beneficiar o aluno.
Se o aluno for estimulado a desenvolver suas potencialidades, suas
habilidades indo de encontro ao seu sucesso escolar são de grande valia seu
estudo.
A dificuldade de aprendizagem deve apontar estratégias que possam
possibilitar um bom rendimento do aluno partindo de uma investigação junto à
família e também ao seu contexto escolar, desde suas relações com colegas,
professor e das metodologias adotadas dentro das práticas escolares, uma vez que
esta relação não se dá no vazio.
Existe um contexto de nuances variado que vai desde o espaço físico de sala
de aula até o mundo extra-escolar.
A escola precisa buscar não somente os seus interesses, mas que descubra
nas suas características e resistências mecanismos para não culpar a criança pelo
seu fracasso escolar.
1.1 HISTORICO DA FAMILIA
O termo “família” é derivado do latim “famulus”, que significa “escravo
doméstico”. Este termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo
social que surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e
também escravidão legalizada.
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No direito romano clássico a "família natural" cresce de importância - esta
família é baseada no casamento e no vínculo de sangue. A família natural é o
agrupamento constituído apenas dos cônjuges e de seus filhos. A família natural tem
por base o casamento e as relações jurídicas dele resultantes, entre os cônjuges, e
pais e filhos. Se nesta época predominava uma estrutura familiar patriarcal em que
um vasto leque de pessoas se encontrava sob a autoridade do mesmo chefe, nos
tempos medievais as pessoas começaram a estar ligadas por vínculos matrimoniais,
formando novas famílias. Dessas novas famílias fazia também parte a descendência
gerada que, assim, tinha duas famílias, a paterna e a materna.
Com a Revolução Francesa surgiram os casamentos laicos no Ocidente e,
com a Revolução Industrial, tornaram-se freqüentes os movimentos migratórios para
cidades maiores, construídas em redor dos complexos industriais. Estas mudanças
demográficas originaram o estreitamento dos laços familiares e as pequenas
famílias, num cenário similar ao que existe hoje em dia. As mulheres saem de casa,
integrando a população ática, e a educação dos filhos é partilhada com as escolas.
Os idosos deixam também de poder contar com o apoio direto dos familiares nos
moldes pré-Revoluções Francesa e Industrial, sendo entregues aos cuidados de
instituições de assistência (cf. MOREIRA, 2001).
Na altura, a família era definida como um “agregado doméstico (…) composto
por pessoas unidas por vínculos de aliança, consangüinidade ou outros laços
sociais, podendo ser restrita ou alargada” (MOREIRA, 2001, p. 22). Nesta definição,
nota-se a ambigüidade motivada pela transição entre o período anterior às
revoluções, representada pelas referências à família alargada, com a tendência
reducionista que começava a instalar-se refletida pelos vínculos de aliança
matrimonial.
Na cultura ocidental, uma família é definida especificamente como um grupo
de pessoas de mesmo sangue, ou unidas legalmente (como no casamento e na
adoção). A família poderia assim se constituir de uma instituição normalizada por
uma série de regulamentos de afiliação e aliança, aceites pelos membros. A família
vem-se transformando através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas,
econômicas e sócio-culturais do contexto em que se encontram inseridas. Esta é um
espaço sócio-cultural que deve ser continuamente renovado e reconstruído; o
conceito de próximo encontra-se realizado mais que em outro espaço social
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qualquer, e deve ser visto como um espaço político de natureza criativa e
inspiradora.
Assim, a família deverá ser encarada como um todo que integra contextos
mais vastos como a comunidade em que se insere.
Todo indivíduo possui uma família, independente de ser ela a desejável ou
não. A importância da família na vida do ser humano é indizível, vez que é a partir
dela que o 'homem' adquire os seus primeiros conceitos que formarão, ao longo do
tempo, as pilastras de seu caráter, servindo de orientação para os inúmeros
caminhos que a vida imporá durante sua trajetória.
Todavia mudanças ocorreram, muito mais no campo fático que jurídico. O pai,
em especial no Brasil e países do hemisfério sul, deixou de ser o "chefe" absoluto,
regente do núcleo familiar. O número de mães solteiras, separadas, e até de
'criações independentes', agigantam-se quotidianamente.
Algumas mães, diante da impossibilidade em disciplinar e sustentar seu filho,
o abandona em entidades assistências, em educandários anacrônicos, ou os
vendem ou mesmo os entregam à famílias estrangeiras, às vezes, por crerem
piamente de que, com a nova família, terão seus filhos uma chance de vida digna.
Para Osório (1996) a família "é uma unidade grupal onde se desenvolvem três
tipos de relações pessoais – aliança (casal), filiação (pais/filhos) e consangüinidade
(irmãos) – e que a partir dos objetivos genéticos de preservar a espécie, nutrir e
proteger a descendência e fornecer-lhe condições para a aquisição de suas
identidades pessoais, desenvolveu através dos tempos funções diversificadas de
transmissão de valores éticos, religiosos e culturais".
Para Minuchin (1982) a família "sempre tem passado por mudanças que
correspondem às mudanças da sociedade”, que "assume ou renuncia a funções de
proteção e socialização de seus membros em resposta às necessidades da cultura",
e que as funções da família atendem a dois objetivos: a proteção psicossocial de
seus membros e a acomodação a uma cultura e a transmissão dessa cultura.
Para o autor a família é a matriz do desenvolvimento psicossocial de seus
membros: um sentido de pertencimento e um sentido de ser separado. É a família
que dá a identidade, modelam e programam o seu comportamento da criança.
Para Ackerman (1986) a família é "a unidade básica de crescimento e
experiência, desempenho ou falha. É também a unidade básica de doença e saúde".
Afirma que a família está em constante transformação através dos tempos como
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produto de um processo evolutivo, e que molda-se às condições de vida que
predominam em um certo tempo e lugar.
1.2 A INSTITUIÇÃO FAMILIAR: COMPLEXIDADE E DESAFIOS
Estudar a família é algo complexo, pois não só envolve valores e atitudes,
como também um modelo normativo construído por cada indivíduo. Este modelo
elaborado pelo homem é histórico e preso às perspectivas diferentes das classes
sociais.
A família recebe a influência do tempo presente, sendo marcada pelas
transformações sociais, econômicas e políticas. É na convivência familiar que
valores, atitudes e concepções são forjadas. Atualmente, há diversos modelos de
núcleos familiares presentes no cotidiano escolar, com algumas mudanças sociais,
como o aumento do número de pais e mães solteiros e/ou separados, casais
morando sob o mesmo teto sem a oficialização do casamento, adoções individuais e
famílias homossexuais, com reflexos na estrutura e no modelo de família até então
considerado na sociedade como “normal”.
Como os papéis, as funções estão igualmente implícitas nas famílias . As
famílias como agregações sociais, ao longo dos tempos, assumem ou
renunciam funções de proteção e socialização dos seus membros, como
resposta às necessidades da sociedade pertencente. Nesta perspectiva, as
funções da família regem-se por dois objetivos, sendo um de nível interno,
como a proteção psicossocial dos membros, e o outro de nível externo,
como a acomodação a uma cultura e sua transmissão. A família deve então,
responder às mudanças externas e internas de modo a atender às novas
circunstâncias sem, no entanto, perder a continuidade, proporcionando
sempre um esquema de referência para os seus membros. (MINUCHIN,
1990).
Existe conseqüentemente, uma dupla responsabilidade, isto é, a de dar
resposta às necessidades quer dos seus membros, quer da sociedade (STANHOPE,
1999).
DUVALL e MILLER (apud STANHOPE, 1999) identificaram como funções
familiares, as seguintes: “geradora de afetto”, entre os membros da família;
“proporcionadora
de
segurança
e
aceitação
pessoal”,
promovendo
um
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desenvolvimento pessoal natural; “proporcionadora de satisfação e sentimento de
utilidade”, através das actividades que satisfazem os membros da família;
“asseguradora da continuidade das relações”, proporcionando relações duradouras
entre os familiares; “proporcionadora de estabilidade e socialização”, assegurando a
continuidade da cultura da sociedade correspondente; “impositora da autoridade e
do sentimento do que é correto”, relacionado com a aprendizagem das regras e
normas, direitos e obrigações características das sociedades humanas.
Para além destas funções, STANHOPE (1999) acrescenta ainda uma função
relativa à saúde, na medida, em que a família protege a saúde dos seus membros,
dando apoio e resposta às necessidades básicas em situações de doença. “A
família, como uma unidade, desenvolve um sistema de valores, crenças e atitudes
face à saúde e doença que são expressas e demonstradas através dos
comportamentos de saúde-doença dos seus membros (estado de saúde da família)”
(p. 503).
Para SERRA (1999), a família tem como função primordial a de protecção,
tendo sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de
problemas e conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões
externas. FALLON [et al.] (apud SERRA) reforça ainda que, a família ajuda a manter
a saúde física e mental do indivíduo, por constituir o maior recurso natural para lidar
com situações potenciadoras de stress associadas à vida na comunidade.
Relativamente à criança, a necessidade mais básica da mesma, remete-se para a
figura materna, que a alimenta, protege e ensina, assim como cria um apego
individual seguro, contribuindo para um bom desenvolvimento da família e
conseqüentemente para um bom desenvolvimento da criança.
A família é então, para a criança, um grupo significativo de pessoas, de apoio,
como os pais, os pais adotivos, os tutores, os irmãos, entre outros. Assim, a criança
assume um lugar relevante na unidade familiar, onde se sente segura. A nível do
processo de socialização a família assume, igualmente, um papel muito importante,
já que é ela que modela e programa o comportamento e o sentido de identidade da
criança. Ao crescerem juntas, família e criança, promovem a acomodação da família
às necessidades da criança, delimitando áreas de autonomia, que a criança
experiência como separação.
A família tem também, um papel essencial para com a criança, que é o da
afetividade. Deste modo, “(...) a família constitui o primeiro, o mais fundante e o mais
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importante grupo social de toda a pessoa, bem como o seu quadro de referência,
estabelecido através das relações e identificações que a criança criou durante o
desenvolvimento” (VARA, 1996, p. 8)."
1.3 ESTRUTURA FAMILIAR
Sobre a família contemporânea, observa-se que ela está mudando seus
padrões em um rítmo muito rápido, que "está se acomodando de forma notável à
crise social que é a marca de nosso período na história".
A família tem duas funções: assegurar a sobrevivência física e construir a
humanidade essencial do homem, e que os objetivos sociais atendidos pela família
são:
1. O fornecimento de alimento, abrigo e outras necessidades materiais que
sustentam a vida e protegem contra perigos externos, uma função melhor
desempenhada sob condições de unidade e cooperação social;
2. O fornecimento de uma união social que é a matriz para a ligação afetiva
das relações familiares;
3. A oportunidade de desenvolver uma identidade pessoal, ligada à identidade
familiar, essa união de identidade proporcionando a integridade física e a força para
enfrentar novas experiências;
4. A padronização dos papéis sexuais, que preparam o caminho para a
maturidade e desempenho sexual;
5 A educação dirigida à integração nos papéis sociais e à aceitação de
responsabilidade social, e,
6. O desenvolvimento da aprendizagem e o apoio à criatividade e iniciativa do
indivíduo.
O que entende-se por estrutura familiar é que ela compõe-se de um conjunto
de indivíduos com condições e em posições, socialmente reconhecidas, e com uma
interação regular e recorrente também ela, socialmente aprovada. A família pode
então, assumir uma estrutura nuclear ou conjugal que consiste num homem, numa
mulher e nos seus filhos, biológicos ou adaptados, habitando num ambiente familiar
comum.
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Por estrutura entende-se, "uma forma de organização ou disposição de um
número de componentes que se inter-relacionam de maneira específica e
recorrente" (WHALEY e WONG, 1989, p. 21).
1.4 DESESTRUTRURA FAMILIAR
O crescente número de relações pouco duradouras tem gerado uma
conseqüência drástica no que diz respeito à estrutura da família. Atualmente poucas
são as famílias onde se encontra pai, mãe e filhos vivendo em harmonia sob o
mesmo teto, o que gera certa desestrutura.
No entanto, alguns especialistas afirmam que este termo deve ser revisto.
Desestrutura familiar, por exemplo, não quer dizer, necessariamente, ausência de
pai ou de mãe; ou modelo familiar alternativo. A desestrutura tem a ver com as
condições mínimas de afeto e convivência dentro da família, o que pode ocorrer em
qualquer modelo familiar.
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) em 1990 surgiu com a
finalidade de garantir proteção integral à criança e ao adolescente. É um documento
importante pois a partir dele a criança passou a ser preocupação principal da
sociedade. Em 2006, foi criado o Plano Nacional de Convivência Familiar e
Comunitária, em conjunto com os conselhos nacionais da Assistência Social e dos
Direitos da Criança e do Adolescente. O Plano aposta que a família, mesmo quando
vivenciando limitações e dificuldades sociais, tem condições e potencialidade para
cuidar de seus filhos. Também prevê a recuperação do ambiente familiar e medidas
que busquem prevenir que crianças e adolescentes passem a viver nas ruas e fora
da escola.
Vários foram os fatores que ao longo da história abalaram e até os dias atuais
continuam abalando as estruturas familiares. Desde mudanças climáticas, guerras,
transição de governos, recessões, separações, disputas por terras e heranças,
mortes, álcool, drogas, doenças, miséria, religião, modismos e até mesmo
disparidades culturais entre cônjuges causaram e ainda causam, de alguma forma,
impacto negativo na estrutura das famílias; de modo que não há como proteger
cabalmente qualquer grupo familiar, nem eximi-lo de sofrer ataques do que quer que
seja.
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Por alguns instantes, chega-se a pensar que a família estaria entrando em
extinção. Na verdade, a família está sofrendo um processo de metamorfose e em
algum momento se estabilizará em seus novos e variados formatos.
Enquanto isso as crianças com dificuldades de aprendizagem enquanto
estatísticas apontam a desestrutura familiar como principal causa do fracasso
escolar.
Imersa em um contexto repleto de mudanças econômicas, políticas e,
sobretudo, sociais, a escola se depara com uma instituição familiar estruturada de
maneira diferente da de anos anteriores. Esta situação desencadeia conflitos entre
estas duas instituições sociais.
Percebe-se que as interações sociais entre estas duas entidades, escola e
família, não estão conectadas satisfatoriamente do ponto de vista dos professores,
necessitando, portanto, de uma reflexão maior, para que se estabeleçam vínculos
mais produtivos para todos os envolvidos.
Entende-se explicitamente que a família não dá apoio aos filhos e não se
envolve com suas atividades escolares, causando, assim, um obstáculo para o
trabalho do professor.
Este problema acentua-se mais nas famílias que têm uma situação
socioeconômica mais distante da cultura escolar, pois os pais não dispõem da
linguagem e dos costumes da instituição, não tendo também a mesma concepção
das classes mais favorecidas a respeito da escola. Verifica-se, assim, que a escola
contribui para reproduzir a hierarquia das posições sociais. E que não só a causa
das dificuldades de aprendizagem advém principalmente da questão familiar, mas
também que a solução delas se centrou ao redor do núcleo familiar deste educando.
Segundo esta autora, todo grupo familiar tem um modo particular de relacionar-se,
desencadeando “uma „cultura‟ familiar própria, com seus códigos, com uma sintaxe
própria para comunicar-se e interpretar comunicações, com suas regras, ritos e
jogos”. (SZYMANSKI, 2005, p.25).
A família, no aspecto mais fraternal, consiste na relação amorosa entre pais e
filhos. Onde pai e mãe somam esforços para a educação e o bem estar do filho,
isolando divergências e multiplicando gestos fraternais. Não há deveres e direitos
dogmáticos que não o do respeito recíproco e a própria afetividade, inerente a esta
célula familiar. O que porém, não se contrapõe ao dogmatismo jurídico acima, mas
sim, a seu modo, molda-se àquele.
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Entretanto, a família que serviu de espelho para os civilista de 1916 não
existe mais. Tratava-se pois, de um organismo familiar tradicional, patriarcal, regido
por um chefe, o homem da casa é quem dizia o que podia e não podia ser feito.
Onde a mulher era submissa e os filhos rigorosamente obedientes ao seu pai.
A família atual, contudo, divorciou-se do sistema patriarcal. Os pais possuem
direitos e deveres iguais para com seus filhos. No entanto, não exercem mais o
controle sócio-cultural e ético-religioso dos filhos, o mercado, a mídia, os 'games', a
informática,... assumiram grande parcela da educação das crianças e adolescentes,
que não estão mais atentos aos pais, mas sim ao programa de televisão, à moda,
aos vícios tidos como demonstradores de maturidade.
A família está se dissolvendo gradualmente. Pais estão se separando por
questões múltiplas: financeira, divergências pessoais, traição, conflito entre os
parentes, e inclusive devido aos filhos. Os filhos não respeitam mais os pais, não
correspondem mais na escola, valorizam mais o ensinamento apresentado entre os
amigos que ao dos pais, quando estes se portam a isto. A formação de gang's e a
dependência de vícios fortalecem a marginalização, a troca do lar pela rua.
Como conseqüência, o relacionamento com a família destes educandos gera
a sensação de “diferença”, de “ausência”, de “inadequação” e de “desinteresse”.
Percebeu-se nos relatos que a representação elaborada por este grupo sobre a
família ideal não condiz com a família concreta, com a família real de seu aluno.
1.5 A IMPORTANCIA DA FAMILIA
A família, que é uma das instituições mais antigas da sociedade, tem em seu
contexto fatores relevantes dirigidos a cada membro deste grupo. Os pais exercem
grande papel dentro da família, pois é através deles que a criança dá inicio a seu
contato social em nossa cultura. É na família que a criança forma sua primeira
ligações afetivas e encontra seus modelos. Porém, mesmo com todas as mudanças,
a família não perdeu seu papel representativo para a manutenção da espécie
humana. No âmbito da família moderna e contemporânea passou-se, através da
história, cada vez mais se admitir que a criança não estava madura para a vida, e
que é preciso submetê-la a um regime especial, o que chamamos hoje de educação,
19
como condição para que se integre ao mundo adulto, com isso a família retirou da
vida comum não apenas as crianças, mas uma grande parte do tempo e da
preocupação dos adultos, isso corresponde a uma necessidade de intimidade, e
também de identidade, cujos membros da família unem-se pelos afetos, costumes e
gêneros de vida. A concretização familiar como grupo social se dá a partir do
surgimento de novas gerações, onde são depositadas imagens da criança mesmo
antes do nascer, coisas como, expectativas, desejos e idealizações para a
continuação cultural.
A família depende, em grande parte, de sua organização social, política e
econômica para exercer suas funções, sendo esta a instituição responsável pela
integração da criança no mundo adulto. Para tanto, deve promover a socialização
infantil, na qual a criança aprende a desenvolver seus valores e a canalizar seus
afetos, avaliando e selecionando suas relações.
É no grupo familiar que se inaugura no desenvolvimento psicológico e o
sentimento de aceitação social, sendo nesse âmbito que a criança tem suas
primeiras e mais importantes relações. Tais relações preparam não só o
relacionamento com outras pessoas, mas também a evolução de sua personalidade,
o que realmente torna-se necessário para todas as crianças. É a família que, em
nossa cultura, dá a criança o suporte para enfrentar dificuldades, o que torna
necessário seu entendimento e a aceitação para trabalhar essa possível dificuldade.
Todos os pais sonham com o futuro de seus filhos, criam expectativas, idealizam e
fazem projetos em cima de suas fantasias.
Então, ao deparar-se com algo que foge a realização desses projetos, tende
ver frustradas suas expectativas. A partir disso, a família presencia fatos que se
opõem ao conceito tradicional de família, passando, por vezes, momentos de
discórdia e de confusão. Os membros individuais de uma família raramente
experimentam-se como parte integrante da mesma. Em geral, o ser humano
considera-se como unidade o indivíduo, ou seja, um todo interagindo com outras
unidades que influencia e é influenciado. No entanto, tais indivíduos são suscetíveis
às mudança que provem de sua própria dinâmica familiar. Essas mudanças
parecem ser comuns ao longo do tempo, no entanto, nesse momento ao falar de
mudança leva à idéia de algo inesperado que permeia a família, ou seja, conflitos
sociais e emocionais em um de seus membros, o que pode tornar-se um evento
desequilibrante dentro do contexto familiar.
20
A qualidade da Educação Infantil depende, cada vez mais, da parceria entre a
escola e a família. Abrir canais de comunicação, respeitar e acolher os saberes dos
pais e ajudar-se mutuamente. Eis algumas ações em que as únicas beneficiadas
são as nossas crianças pequenas. (Carraro, 2006)
Em seu lar a criança experimenta o primeiro contato social de sua vida,
convivendo com sua família e os entes queridos. As pessoas que cuidam das
crianças, em suas casas, naturalmente possuem laços afetivos e obrigações
específicas, bem como diversas das obrigações dos educadores nas escolas.
Porém, esses dois aspectos se complementam na formação do caráter e na
educação de nossas crianças.
A participação dos pais na educação dos filhos deve ser constante e
consciente. A vida familiar e escolar se completa.
Torna-se necessária a parceria de todos para o bem-estar do educando.
Cuidar e educar envolve estudo, dedicação, cooperação, cumplicidade e,
principalmente, amor de todos os responsáveis pelo processo, que é dinâmico e
está sempre em evolução.
Os pais e educadores não podem perder de vista que, apesar das
transformações pelas quais passa a família, esta continua sendo a primeira fonte de
influência
no
comportamento,
nas
emoções
e
na
ética
da
criança.
É fato que família e escola representam pontos de apoio e sustentação ao ser
humano e marcam a sua existência. A parceria família e escola precisa ser cada vez
maior, pois quanto melhor for a parceria entre ambas, mais positivos serão os
resultados na formação do sujeito.
A parceria com a família e os demais profissionais que se relacionam de
forma direta ou indireta com a criança é que vai ser o diferencial na formação desse
educando.
A vida nessa instituição deve funcionar com base na tríade pais – educadores
– crianças, como destaca Bonomi (1998). O bom relacionamento entre esses três
personagens, (dois dos quais são protagonistas na escola – educadores e crianças)
é fundamental durante o processo de inserção da criança na vida escolar, além de
representar a ação conjunta rumo à consolidação de uma pedagogia voltada para a
infância.
A fundamentação para a relação educação/escola/família como um dever da
última para com o processo de escolarização e importância de sua presença no
21
contexto escolar é publicamente amparada pela legislação nacional e diretrizes do
MEC, aprovadas no decorrer dos anos 90.
Pode-se citar: Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), nos
artigos 4º e 55; Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), artigos 1º, 2º,
6º e 12; Plano Nacional de Educação (aprovado pela Lei nº 10172/2007), que define
como uma de suas diretrizes a implantação de conselhos escolares e outras formas
de participação da comunidade escolar (composta também pela família) e local na
melhoria do funcionamento das instituições de educação e no enriquecimento das
oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos. Citamos ainda, a Política
Nacional de Educação Especial, que tem como uma de suas diretrizes gerais: adotar
mecanismos que oportunizem a participação efetiva da família no desenvolvimento
global do aluno.
O primeiro grupo de pessoas com quem a criança, ao nascer, tem contato é a
família. É interessante que logo a criança já demonstra suas preferências, seus
gostos e suas diferenças individuais. Também a família tem seus hábitos, suas
regras, enfim, seu modo de viver. É desse modo que a criança começará a aprender
a agir, a se comportar, a demonstrar seus interesses e tentará se comunicar com
esta família.
Está aí, neste círculo de pessoas que rodeiam a criança, a fonte original da
identidade da criança.
Desde cedo, os pais precisam transmitir à criança os seus valores, como,
ética, cidadania, solidariedade, respeito ao próximo, auto-estima, respeito ao meio
ambiente, enfim, pensamentos que leve essa criança a ser um adulto flexível, que
saiba resolver problemas, que esteja aberto ao diálogo, às mudanças, às novas
tecnologias.
A criança já aprende desde pequena o que a mãe não gosta, o que é
perigoso, o que pode e o que não pode fazer. Percebe-se, então, a importância da
orientação dos pais.
À família cabe entender que a criança precisa de liberdade, mas por si só não
tem condições de avaliar o que é melhor ou pior para ela mesma. A família é o
suporte que toda criança precisa e, infelizmente, nem todas têm. É o sustentáculo
que vai ajudar a criança a desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o
sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética,
22
estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança
na busca de conhecimento e no exercício da cidadania;
1.6 ESCOLA
Escola é uma instituição publica ou privada que tem como função ensinar a
vários indivíduos lições de como conviver em sociedade e também de instrui-los
através de matérias para que possam ter entendimento e conhecimento pra entrar
para o mercado de trabalho.
Toda a identificação do potencial de aprendizagem pressupõe a sua
ocorrência na escola. A identificação não é um diagnóstico. Trata-se de um processo
de despistagem e de rastreio visando uma intervenção pedagógica compensatória.
Na identificação, o importante é a utilidade da informação e a sua eficácia
pedagógica e numa qualquer estigmatização ou rotulação sutis. Quando os
problemas forem identificados precocemente pelo professor, os problemas
educacionais podem ser facilmente solucionados.
O papel da escola no desenvolvimento infantil ampliou-se e é através da
observação constante do escolar que ela trava uma relação de ajuda mais
ampla, orientando e verificando os aspectos intelectuais, emocionais, físicos
e mentais da criança. (COELHO, 1998, p.210 ).
Esta finalidade da identificação precoce é evitar as conseqüências do
insucesso escolar, devendo-se levar em conta os seguintes aspectos:
1. Compreensão auditiva.
Compreensão do significado das palavras discriminação de pares de
palavras, discriminação de frases absurdas, compreensão de histórias lidas,
compreensão dos diálogos realizados dentro da classe, memória de curto prazo
(palavras e frases), retenção da informação e execução de instrumentos verbais.
2. Fala.
Vocabulário, organização gramatical, formulação de idéias, contar histórias,
relatar fatos, experiências e acontecimentos, descrição de figuras e ilustrações,
explicação e fundamentação de opiniões, qualidade de voz e de entonação,
reproduções de canções e rimas, etc.
23
3. Percepção visual
Discriminação, identificação, memória, coordenação visomotora, relação
figura fundo, constância da forma, posição e relação de espaço, etc.
4. Orientação
Orientação espacial, apreciação das relações, lateralidade em si e nos
outros, direcionalidade, ritmo, apreciação do tempo.
5. Psicomotricidade.
Equilíbrio, imagem do corpo, imitação de gestos, desenho do corpo,
agilidade, motricidade fina, manipulação de objetos, etc.
6. Criatividade
Espontaneidade, curiosidade, exploração, dramatização, modelação,pintura
de desenho, invenção, imaginação, grafismo, etc.
7. Comportamento social
Cooperação com outras crianças e com adultos, atenção, organização,
outosuficiência, atividade lúdica, responsabilidade, cumprimento de tarefas, etc.
A identificação precoce não pode ser vista como uma medida sofisticada ou
supérflua. Em termos de objetivos sociais a identificação precoce pode salvar tempo
e dinheiro e, por isso, em si constitui uma medida de intervenção mais econômica e
mais socializadora. Quanto mais precocemente se intervir, mais processos de
compensação adaptativa se operam, como atestam os estudos de psicologia do
desenvolvimento. Quanto mais cedo for a intervenção, maior e mais fácil será a
apropriação das aquisições motoras, lingüísticas e cognitivas, visto obedecerem com
maior precisão, à hierarquia do desenvolvimento humano.
A prevenção de dificuldades de aprendizagem é possível e necessária.
Prevenindo problemas e despesas futuras, eliminando as condições desfavoráveis
que podem agravar o potencial de aprendizagem e de desenvolvimento da criança.
O sistema de ensino não pode continuar pelo sucesso escolar das crianças ou
esperar por condutas desviantes ou incontroláveis.
A identificação precoce não é uma dessas condutas, mas desde que seja
bem aplicada, é óbvio que ela minimiza efeitos secundários que podem refletir quer
socialmente quer educacionalmente.
24
1.7 PAPEL DA ESCOLA
É papel da escola formar cidadãos, dar ao alunos os ensinamentos de que
eles necessitam para viver e trabalhar neste mundo de evolução, bem como orientálos para a vida.
O pouco contato com os pais durante o dia-a-dia faz com que a
responsabilidade do ensino básico da criança fique delegada à escola. Se, antes, a
escola desempenhava a ação de educadora profissional, hoje, muitas vezes,
desenvolve também o papel de primeira formadora da consciência cidadã dos
jovens.
Quando a família não dispõe de tempo ou condições para dar a base afetiva e
educadora à criança, além de iniciar a vida escolar de forma bastante fragilizada, ela
pode desenvolver carências que vão além do âmbito escolar. A psicopedagoga
Clélia Estil, diretora da Associação Nacional de Dislexia (AND), afirma que a falta de
base familiar traz diversos efeitos negativos para a formação dos filhos. "Crianças
sem base afetiva estável carregam consigo medos e incertezas sobre suas
possibilidades de aprender, que se manifestam como vínculos negativos com a
aprendizagem".
A escola é considerada a extensão da família e, trabalhando juntas, as duas
instituições desempenham o papel de educadores. Muitas vezes, não é
simplesmente a educação apenas que leva a criança a ter solidez e confiança
naquilo que faz. Amor e atenção também são importantes. A especialista em
psicopedagogia Sônia Küster considera a escola um espaço onde a criança pode
ampliar suas relações sociais e diz que as atividades que envolvem a participação
dos pais lá desenvolvidas geralmente têm boa repercussão no contexto educacional.
A omissão familiar faz parte da realidade mundial e, de acordo com Sônia,
essa carência pode ser suprida com um bom clima relacional que depende muito
mais da qualidade das relações do que do tempo que os pais e os filhos passam
juntos. "Podemos nos fazer presentes por meio de telefonemas no meio da tarde, de
bilhetes deixados em lugares estratégicos e de tarefas colaborativas para a dinâmica
familiar".
25
1.8 AFETIVIDADE
Os educadores e a família das crianças, devem contribuir na formação da
personalidade e da construção do conhecimento da mesma.
A
questão
da
afetividade
tem
sido
bastante
discutida
por
professores, pais e educadores em que é percebida a importância da afetividade no
processo de ensino e aprendizagem. Mas o que é afetividade? Afetividade significa:
Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de emoções,
sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor ou prazer, de
satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria ou tristeza.
Uma educação entre professores e alunos que não aborde a emoção na sala
de aula como a afetividade traz prejuízos para a ação pedagógica, pois podem
atingir não só o professor, mas também o aluno. E se o professor não souber lidar
com crises emocionais isso poderá provocar desgastes físico e psicológico.
Para fazermos essa relação da afetividade com o processo de ensino e
aprendizagem, vamos falar sobre o desenvolvimento da criança através da interação
infantil, pois o professor competente poderá organizar uma ação adequada para as
reais necessidades dos seus alunos.
A aprendizagem da criança através da afetividade, tanto na família quanto na
escola, ocorre do real para o mental. Tudo o que a criança vê, ela processa e
mentaliza.
O desenvolvimento da inteligência, em grande parte, é função do meio social.
Para que ele possa transportar o nível da experiência ou da aprendizagem imediata
e concreta, tornam-se necessários os instrumentos de origem social, como a
linguagem e os diferentes sistemas de símbolos surgido desse meio.
A desestruturação familiar também abalará o comportamento infantil, e
também a maneira que essa criança receberá o conhecimento. Pois a maior
preocupação não é como a criança se socializa, mas como a sociedade socializa a
criança.
O potencial da criança torna-se criativo e expressivo quando ela é educada
com afetividade, através da educação familiar ela vive um mundo de verdades, pois
os pais lhe auxiliam também na construção do conhecimento.
26
A criança apropia-se dos bens culturais e, provavelmente, ingressa como
elemento do seu meio social.
Na nossa sociedade familiar as crianças possuem: Habilidades específicas,
pois a capacidade de aprendizagem é limitada, ou seja, aprendem algumas coisas e
outras não, geralmente tem pouca oportunidade de participação no cotidiano.
Através dessa exclusão social, a criança reflete a sua emoção na sala de aula, seja
ela alegria, cólera ou medo.
Assim o diálogo dos pais com as crianças muitas vezes depende do diálogo
do adulto com o seu passado, na sua infância, mas é muito importante saber ouvir
os filhos. Pois a criança sabe que poderá contar tudo aos pais sente-se mais forte,
participativa e confiante. Depois eles não devem deixar de ouvir o que ela que
contar. é a maneira de estar presente mesmo estando ausente".
Visto que as funções da família são: oferecer cuidados e proteção às
crianças; dar suporte à evolução da criança; contribuir para a socialização dos filhos
em relação aos valores socialmente constituídos; controlá-las e ajudá-las no
processo de escolarização e de instrução progressiva em outro âmbito e instruções
sociais; dar suporte para as crianças serem pessoas emocionalmente equilibradas,
capazes de estabelecer vínculos afetivos satisfatórios e respeitosos com os outros.
O trabalho para o desenvolvimento escolar das crianças deve ser conjunto, a
família tem a responsabilidade pela formação moral, e a escola de transmitir o
conhecimento necessário da aprendizagem de certos conteúdos essenciais como:
leitura, escrita etc., fazendo com que desperte aluno crítico, interessado e
participativo dentro da sociedade.
Colocar a família em primeiro lugar não é uma proposição ética tão óbvia,
trivial, nem tão aceita por aí. Basta entrar na internet e você encontrará
milhares de artigos que lhe dirão para colocar em primeiro lugar os outros a sociedade, os amigos, o dever, o trabalho, o cliente, raramente a
família.(STEPHEN KANITZ, Revista Veja edição 1739, ano 35, nº. 7, 20 de
fevereiro de 2002, página 26.)
1.9 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Os problemas de aprendizagem que podem aparecer tanto no início como
27
durante o período escolar surgem em situações diferentes para cada aluno, e isto
implica num amplo trabalho do professor junto à família da criança, para que se faça
uma análise das situações e levantar hipóteses, para descobrir o que impede o
aluno aprender. Por isso é necessário que se compreenda que dificuldade de
aprendizagem é o termo utilizado para designar desordens na aprendizagem de uma
forma bastante ampla, e são conseqüências de fatores que não apenas causas
orgânicas. Um aluno que apresenta dificuldade poderá necessitar de um
acompanhamento psicológico e ou atendimento pedagógico distinto.
(...) problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para
entender, recordar ou comunicar informações. Consideradas raras no
passado, as dificuldades de aprendizagem supostamente afetam, hoje em
dia pelo menos 5% da população ou mais de 12 milhões de americanos.
Muitas autoridades pensam que o número de indivíduos afetados é, na
verdade, muito maior, e os especialistas concordam que muitas crianças
não estão indo bem quanto poderiam na escola em virtude de deficiências
que não foram identificadas. Ano após ano, muitos desses jovens são
erroneamente classificados como tendo baixa inteligência, insolência ou
preguiça. Eles são constantemente isolados, por adultos ansiosos e
preocupados com seu desempenho acadêmico, a corrigirem-se ou
enforcarem-se. Quando as táticas comuns de recompensa e de punição
fracassam, pais e professores tornam-se frustrados, mas ninguém sente
maior frustração que os próprios estudantes. (SMITH, 2001,p.14).
Uma
criança
portadora
de
dificuldade
de
aprendizagem
deve
ser
encaminhada para este tipo de atendimento e para que não haja erro deve-se ter
muita cautela ao identificá-la, pois as conseqüências de uma rotulação e de um
encaminhamento indevido são lastimáveis. Para isso é preciso observar e analisar
profundamente vários fatores, entre eles: maturidade, prontidão, inteligência geral,
defeitos sensoriais, prejuízos motores, problemas emocionais e problemas
pedagógicos.
Embora as dificuldades de aprendizagem tenham-se tornado o foco de
pesquisa mais intensa nos últimos anos, elas ainda são pouco entendidas
pelo público em geral. As informações sobre dificuldades de aprendizagem
têm tido uma penetração tão lenta que os enganos são abundantes até
mesmo entre professor e outros profissionais da educação. (...) o termo
dificuldade de aprendizagem refere-se não a um único distúrbio, mas a uma
ampla gama de problemas que podem afetar qualquer área do
desenvolvimento acadêmico. (SMITH, 2001, p.14 )
As dificuldades de aprendizagem podem ter várias causas: os problemas
psicológicos que são complicados por seus ambientes familiar e escolar, o
28
funcionamento cerebral que é prejudicado por inúmeros fatores voluntários ou não
(desnutrição, rejeição, hereditariedade, influências ambientais, acidentes, etc.).
Na maioria das vezes, o verdadeiro fator incapacitante para muitas pessoas
não são suas dificuldades de aprendizagem e sim a percepção que os outros têm
delas. Inconscientemente, o amor, o carinho e a preocupação por aqueles que estão
próximo, que parecem vulneráveis, podem facilmente se tornar braços que, ao
abraçá-los, inconscientemente sufocam suas vidas e suas oportunidades. Afinal,
eles dependem de alguem para fortalecê-los e capacitá-lo, para que possa tirar o
maior proveito possível de suas vidas. O problema é que se condiciona a ver
primeiro a deficiência e depois a capacidade. Muitas vezes, le-se rótulos médicos
antes de realmente conhecer as pessoas em si, e de alguma forma presumindo de
antemão saber o que é melhor para elas, sem nunca considerar os seus próprios
desejos e suas próprias escolhas. Pensar que ser “especial” é ser melhor, mas isso
não pode estar muito distante da verdade. (JUPP,1998, p15 ).
Muitas
crianças
com
dificuldades
de
aprendizagem
lutam
com
comportamentos que ampliam ainda mais as mesmas. A mais saliente é a
hiperatividade, há também outros comportamentos problemáticos que:
Dificuldades para seguir instruções: A criança pede ajuda inúmeras vezes,
mesmo nas tarefas mais simples.
Imaturidade com a conversação: A criança age como se fosse mais jovem
que sua idade cronológica e pode preferir brincar com crianças menores.
Dificuldade com a conversação: A criança tem dificuldade em encontra a
palavra certa.
Inflexibilidade: A criança teima em continuar fazendo as coisas a sua
maneira, mesmo não dando certo.
Fraco planejamento e habilidade organizacionais: A criança não parece ter
qualquer sensação de tempo e organização em suas atividades.
Distração: A criança frequentemente perde a lição, as roupas e outros
objetos.
Falta de destreza: A criança parece desajeitada e sem coordenação.
Falta de controle dos impulsos: A criança toca tudo que prende seu
interesse, verbaliza suas observações, seu pensar, tem dificuldade para
esperar sua vez de falar.
29
Esses comportamentos surgem a partir das mesmas condições
neurológicas que causam problemas de aprendizagem. Infelizmente,
quando eles não são compreendidos como tais, só ajudam os pais e
professores de que a criança não está fazendo esforço para cooperar ou
não prestam a devida atenção. (SMITH, 2001, p.16 )
Muitas crianças com dificuldade de aprendizagem desenvolvem emocionais.
Começam a questionar sua própria inteligência, acham que não são capazes,
tendem a viver isolados, tem a auto-estima baixa, a frustração e a insegurança
podem acompanhá-las até a idade adulta.
Por isso é muito importante que pais e professores aprendam a lidar com esta
situação. Sua tarefa mais vital é lembrar a criança que ela é esplendida e capaz na
maior parte do tempo. As crianças que sabem de sua capacidade na maior parte das
coisas e que são completamente amadas não deixam que essas deficiências as
perturbem por muito tempo.
1.10 FAMILIA X ESCOLA
É dever da família educar seu filhos. Mas na escola o corpo docente assume
essa responsabilidade, sendo que a mesma ocupa um espaço importantíssimo na
vida do ser humano.
A escola precisa compreender a realidade que se processa além de sua
fronteira. A sociedade atual traz consigo exigências cada vez maiores, promovendo
situações conflituosas freqüentes. O rendimento escolar encontra-se prejudicado
quando fatores emocionais interferem no estado psicológico da criança. A falta de
amor, de carinho, de trato adequado, ou a presença de frustrações, separações,
abandono de lar, doenças são considerados influências negativas e exercer
limitações e bloqueios na aprendizagem.
Cabe à escola tentar suprir as necessidades afetivas das crianças com o
objetivo de minimizar conflitos gerados em decorrência do desequilíbrio oriundo da
família.
Na
escola
o
professor
deve
estar
sempre
atento
às
etapas
do
desenvolvimento do aluno, colocando-se na posição de facilitador da aprendizagem
e calcando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto.
30
É de suma importância, portanto, que o professor conheça o processo da
aprendizagem e esteja interessado nas crianças como seres humanos em
desenvolvimento. Ele precisa saber o que seus alunos são fora da escola e como
são suas famílias.
Quando um educador respeita a dignidade do aluno e trata-o com
compreensão ajuda construtiva, ele desenvolve na criança a capacidade de procurar
dentro de se mesma a resposta para seus problemas, tornando-a responsável e,
conseqüentemente, agente de seu próprio processo de aprendizagem.
A função educativa da família não representa, por conseguinte, apenas um
dever e um direito da mesma. É também resultado vivo e espontâneo de sua própria
natureza psicológica e social.
Desde tempo muito remoto a influência da família sempre foi considerada
como um elemento fundamental no desenvolvimento do caráter do
indivíduo. “Carl Jung dizia que a principal importância dessa influência
reside no fato de o lar e a vida familiar proporcionarem, através de seu
ambiente físico e social, as condições necessárias ao desenvolvimento da
personalidade da criança. (DROUET,1990, p.207 ).
Entre os grupos sociais a família quando bem organizada, dispõe das
melhores condições e dos recursos mais eficazes para educar as novas gerações.
Quando unido e espiritualizado pelos laços de amor, da confiança, da compreensão,
da solidariedade, o grupo familiar é o grupo ideal para a educação da criança.
1.11 A IMPORTANCIA DA FAMILIA NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
Pouco contato dos pais com os filhos no dia-a-dia pode prejudicar formação
cidadã da nova geração
A família deve ser a principal responsável pela formação da consciência
cidadã do jovem e também apoio importante no processo de adaptação das crianças
para a vida em sociedade. Uma boa educação dentro de casa garante uma base
mais sólida e segura no contato com as adversidades culturais e sociais,
características do período de amadurecimento. A ausência familiar gera graves
conseqüências na formação, alimentando valores egocêntricos, que levam os mais
jovens ao mundo do vício e das futilidades.
31
No entanto, desde o início do processo de industrialização, a sociedade passa
por transformações que resultam em uma postura cada vez mais individualista por
parte damaioria da população jovem. O ingresso da mulher nomercado de trabalho
diminuiu o tempo disponível para a dedicação aos filhos daquela que, antes, só se
dedicava quase que exclusivamente à formação das crianças.
O educador Antônio Carlos Gomes da Costa, um dos idealizadores do
Estatuto da Criança e do Adolescente, declara que a partir do momento em que as
crianças ficam soltas na comunidade e entregues às diversões eletrônicas, há uma
perda de referência em relação aos valores considerados importantes para o
desenvolvimento de uma base sólida. Porém, segundo ele, não basta apenas estar
presente, é preciso saber educar de forma correta. "O problema, a meu ver, não é o
tempo que os pais passam com os filhos. O desafio está na qualidade dessa
convivência, que deve ser marcada por um forte componente de presença
educativa", diz Costa.
O educador ainda afirma que, no Brasil, a ausência dos pais na formação dos
filhos é algo recorrente. "Existem muitos educadores familiares que não são pais
biológicos das crianças sob sua responsabilidade", revela.
A instituição familiar é responsável pelas primeiras experiências do individuo,
sendo estas, essenciais para o desenvolvimento sadio do eu, identidade, autoimagem,
auto-estima
que
serão
fatores
importantes
no
processo
ensino
aprendizagem.
Apesar de todas as modernidades do mundo atual, a família, no entanto é
„única‟ em seu papel determinante no desenvolvimento da sociabilidade, da
afetividade e do bem estar físico dos indivíduos, sobretudo durante o período da
infância e adolescência.
Para contextualizar a Psicopedagogia no fortalecimento dos vínculos
familiares, resgate do desejo e aceitação do problema de aprendizagem é
necessário ter uma clareza com relação ao termo família que é o primeiro modelo de
identificação oferecido à criança.
Segundo o dicionário o significado da palavra "família" é :
Pessoas aparentadas, que vivem, em geral, na mesma casa, particularmente o pai,
a mãe e os filhos. Pessoas unidas por laços de parentesco, pelo sangue ou por
aliança. Unidade espiritual constituída pelas gerações descendentes de um mesmo
tronco, e fundada, pois, na consangüinidade.
32
Essa era a idéia de família tradicional pretendida por muito tempo, até o
momento em que se percebeu que o termo família abrangia muito mais do que
simplesmente "o sangue". Na realidade, família condiz muito mais com
relacionamento ligado a afetividade e bem estar do que propriamente o laço
parental.
Partindo da situação caótica dentro das famílias, pode-se acompanhar uma
drástica mudança em padrões culturais trazendo a nova, ampla e diversificada
configuração de família contemporânea que se constitui em: tanto pessoas de laços
consangüíneos (tradicional com mãe, pai e filhos, ou avós que tomam conta dos
netos), como pessoas que possuem laços afetivos muito fortes (casais
homossexuais e de lésbicas, amigos, filhos adotados, enteados e enteadas,
padrasto e madrasta), com diversos moldes, onde ocorrem separações, junções,
recasamentos. Quanto mais moderna é uma sociedade, mais rapidamente muda e
age profundamente sobre si mesma e mais elimina as barreiras e as distâncias
herdadas do antepassados.
Com as transformações dos padrões familiares ocorrendo, muitos valores e
obrigações foram sendo esquecidos ou ignorados, por exemplo, houve uma
"desestruturação familiar" a qual, os pais se comportam como se estivessem na fase
de desenvolvimento vital dos filhos, sem medir conseqüências,e principalmente sem
se preocupar com os filhos. Desta forma competindo e agindo de forma imatura e
desorganizada, os filhos perdem seus padrões de referência, respondendo a isso,
com comportamento inadequado e sintomático.
Assim sendo, a família é constituída de pessoas reais com defeitos, méritos, e
que assim, vão construindo suas vidas em conjugação com a sociedade e pela
sobrevivência da sua família.
33
CAPITULO II
2 METODOLOGIA
O estudo proposto será levado a efeito tomando como pressuposto o método
indutivo e a pesquisa bibliográfica, com produção descritiva. Serão utilizados como
fontes de pesquisa estudos recentes, livros, páginas da internet, revistas, artigos e
outros que abordam o problema objeto desta pesquisa.
2.1 ANALISE DOS RESULTADOS E DISCUSSAO
2.1.1 Questionário para direção/orientação educacional
A diretora declara que na escola já teve experiência em trabalhar com
crianças que possuem família desestruturada
E que existe alguma diferença no desenvolvimento social em relação a
crianças com família desestruturada e crianças com família estruturada, tudo
depende a situação da familia, mas na maioria das vezes as crianças de familias
desestruturadas são mais carentes de atenção, inseguras, dependentes. Enquanto
das familias estruturadas são bem.
E que enquanto gestor percebe diferença em relação a uma criança com
família desestruturada no ambiente escolar.
Escola e Família são as principais instituições socializadoras de uma
sociedade. A Família é uma peça fundamental nesse intricado problema, uma vez
que a família desestruturada gera alunos problemáticos para a convivência social e
escolar.
As
raízes,
para
tais
situações,
säo
geradas
desde
questões
sócio/econômicas, etnicas e emocionais, com consequências danosas para todo o
conjunto da sociedade.
34
O ato de educar resulta da participação de todos. Aos pais cabe o
acompanhamento da educação de seus filhos, não delegando somente a escola, tão
grande responsabilidade.
Pais participantes, que demonstram interesse pelos assuntos escolares,
fazem os filhos perceberem que estudar é importante.
Na verdade, as famílias desestruturadas cujos pais que não tem controle, não
educam, não ensinam, e transferem todas as responsabilidades para a Escola.
Normalmente geram crianças com diversos problemas emocionais, tornando
inclusive a aproximação entre a escola e a família extremamente difícil.
2.1.2 Questionário para professores
No questionário aplicado a professores que atuam em sala de aula, iniciou-se
perguntando ha quanto tempo atuam no magistério.
A professora A respondeu que atua 7 anos, e a professora B ha 12 anos.
Ambas disseram que na escola já tiveram experiência em trabalhar com
crianças que possuem família desestruturada.
E enquanto professor as duas também percebem diferença em relação a uma
criança com família desestruturada no processo de ensino aprendizagem. A
professora A diz que a criança passa a ter um menor rendimento escolar, mais
problemas emocionais e auto-estima mais baixo. Pois elas sentem-se frustradas de
não terem mais pais e mães juntos. A professora B complementa que a criança não
consegue aprender da forma como deveria, sua capacidade torna-se limitada, por
isso o professor precisa estar atento a realiade da criança para ajudá-la.
Com relação ao acompanhamento por parte dos pais de uma criança com
família desestruturada se é igual aos demais e se existe alguma diferença que você
tenha percebido, a professora A responde que não geralmente estes pais transferem
todas as responsabilidades para a escola. O que torna uma criança insegura e com
receio de também ser abandonada pelas pessoas que mais ama: pai e mãe. Pois
ela certamente sentirá falta da presença segura e constante de um deles.
A professora B, pensa que seria necessario uma parceria entre pais e escola
frente à educação da criança, buscando uma linha de ação que permita sintonia,
para que elas se desenvolvam bem e consigam situar-se no mundo. Mas
35
infelizemente quando a familia é desestruturada isso não ocorre, os pais dificilmente
aparecem na escola, pois sabem que vão ouvir reclamações, e além da desestrutura
familiar tornam-se ainda mais ausentes na escola.
O que pode-se perceber é que sempre vão existir na escola, independente de
qual for, crianças que terão as familias desestruturadas, e que o professor deverá
saber como auxiliar estas crianças, caso estas venham apresentar algum tipo de
mudança no comportamento ou dificuldade de aprendizagem.
A Educação de valores passou a ser função não só da família como da
escola, que também está passando por um período de reformulação para agregar ou
devolver este papel. A Educação tradicional foi sendo questionada e os valores
morais re-significados; o que gera a principio, insegurança para todos os
responsáveis pela educação de nossas crianças. Não existe mais um único padrão
de estrutura familiar: pais separados, mulheres ou homens que criam sozinhos os
seus filhos, casais homossexuais, crianças educadas por avos, tios, entre outros.
Porém, com certeza, tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa:
preparar as crianças para o mundo; e assim como a família tem as suas
particularidades que a diferenciam da escola, a escola tem sua metodologia e
filosofia para educar as crianças.
2.1.3 Questionário para o psicólogo.
O psicologo entrevistado atua a 13 anos na profissão, e já teve experiência
em trabalhar com crianças que possuem família desestruturada, destacando
inclusive que é uma das maiores dificuldades encontradas.
Coloca que existe alguma diferença no desenvolvimento social em relação a
crianças com família desestruturada e crianças com família estruturada. Claro que
existem casos isolados, mas em familias desestruturadas os problemas pioram.
E que de acordo com a psicologia existe diferença em relação a uma criança
com família desestruturada no processo de ensino aprendizagem, pois existem
fatores emocionais sérios, que interferem na aprendizagem.
Em relação ao acompanhamento por parte de pai e mãe, mesmo sendo
separados, ser igual aos demais com familia estruturada e se existe alguma
diferença que você tenha percebido, o profissional coloca que nem sempre o que
36
precisa existir é o desejo de melhora dos pais. Eles devem investir na evolução dos
filhos. Investir tempo, orientação, organização, limites e muito amor.
Percebe-se que a questão da afetividade tem sido bastante discutida por
professores, pais e educadores em que é percebida a importância da afetividade no
processo de ensino e aprendizagem. Mas o que é afetividade? Segundo Ferreira
(1999, p.62) afetividade significa: Conjunto de fenômenos psíquicos que se
manifestam sob a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados
sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou
desagrado, de alegria ou tristeza.
Dessa forma, o professor e os colegas são interlocutores permanentes tanto
no desenvolvimento intelectual como do caráter da criança, o que poderá ser
preenchido individual e socialmente. Através dessas diversas interações, escola /
família, professor / aluno, o meio proporciona experiências essenciais para a
construção da personalidade da criança, caracterizando-a assim como ser humano,
como sujeito do conhecimento e do afeto, possibilitando um maior crescimento.
Lembrando também que a criança precisa ser reconhecida, ser elogiada, isso nutre
a afetividade da criança, pois demonstra o interesse do professor pela criança,
fazendo com que ela se sinta importante.
A escola, o educador e a família devem, pois, ser testemunhas da
possibilidade do conhecimento. A relação entre inteligência e afetividade, razão e
emoção no desenvolvimento do aluno e no contexto da educação estão inteiramente
ligadas ao desempenho escolar. Pois o desenvolvimento é um processo contínuo e
a afetividade tem um papel imprescindível nesse processo de desenvolvimento do
aluno, no entanto, o meio deve proporcionar relações de afetividade entre pais e
filhos, professores e alunos. Uma vez que a ausência de uma educação que aborde
a emoção tanto na sala de aula quanto na família traz prejuízos que não poderão ser
corrigidos
pela
ação
pedagógica
resultando
em
grandes
dificuldades
de
aprendizagem por parte do aluno.
2.1.4 Questionário para Pais
Foi aplicado um questionário para uma mãe de aluno que na estrutura
familiar, é separada, mora com a mãe e o filho.
37
Questionado “Como seu filho reage referente a desestruturação?” Ela
respondeu que no inicio, logo da separação foi dificil, mas como o filho ainda era
pequeno, foi se adaptando a situação.
A pergunta seguinte foi “Como aconteceu a desestruturação?”. Ela comenta
que ficaram casados até o filho completar um ano e meio, após se separaram e ela
foi morar com os pais.
Em seguida questionou-se “Você estava preparado(a) para educar seu filho
sozinho (a)?” A resposta que ela deu que é um processo com altos e baixos, ao
mesmo tempo que é tão gratificante ser especial para uma pessoa, em certos
momentos surge uma insegurança, se o caminho tomado é correto.
Em relação ao pensamento em relação a desestrutura familiar, a entrevistada
acredita ser mais valido, viver cada um em sua casa, do que viver juntos e infelizes.
Hoje pode dizer que ela e o filho são felizes.
Foi perguntado se é presente na vida escolar dos filhos, ela diz que
Acompanha todas as atividades, orienta as tarefas de casa, e procura trabalhar as
dificuldades dele.
Para concluir a pergunta “Seu filho já teve alguma dificuldade de
aprendizagem/reprovação pelo fato de ter a familia desestruturada?” Ela coloca que
dificuldade normal do processo de alfabetização, procura estar muito presente diante
disso.
Analisando esta mãe pode-se constatar que apesar da separação, o filho não
apresenta maiores dificuldades de aprendizagem, fato este que deve-se a presença
da mãe juntamente ao filho, principalmente auxiliando-o nas atividades e nas
dificuldades encontradas.
A questão da afetividade e do amor que a mãe demonstra pelo filho, ajuda
para que o mesmo não sinta ou tenha problemas maiores.
Educar os filhos sempre foi uma tarefa complexa para os pais, embora isso
não signifique que tais responsabilidades sejam compartilhadas de forma igualitária
entre o casal. Diversas pesquisas apontam que as mães tendem a envolver-se mais
do que os pais nas tarefas do dia-a-dia da criança e, geralmente, estão à frente do
planejamento educacional de seus filhos (Gauvin & Huard, 1999; Stright & Bales,
2003). Em contrapartida, observa-se um número crescente de pais que também
compartilham com a mulher ou até mesmo assumem as tarefas educativas e a
responsabilidade de educar os filhos, buscando adequarem-se às demandas da
38
realidade atual. Essas situações parecem acarretando transformações no exercício
da tarefa educativa nas famílias.
Durante a década de 1930 até meados da década de 1980, os pais,
geralmente, desempenhavam suas tarefas educativas baseados na tradicional
divisão de papéis segundo o gênero (Biasoli-Alves, Caldana & Dias da Silva, 1997).
Principalmente, a partir da década de 1980 os papéis parentais passaram por
transformações mais consistentes, apesar de suas representações ainda estarem
relativamente marcadas por modelos tradicionais de parentalidade e paternidade
(Trindade, Andrade & Souza, 1997). Importantes fenômenos e movimentos sociais,
tais como, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e sua maior participação
no sistema financeiro familiar acabaram por imprimir um novo perfil à família. Em
contraponto à estrutura familiar tradicional, com o pai como único provedor e a mãe
como única responsável pelas tarefas domésticas e cuidar dos filhos, o que vêm
ocorrendo na maioria das famílias brasileiras de nível sócio-econômico médio é um
processo de transição. Atualmente, em muitas famílias já se percebe uma relativa
divisão de tarefas, na qual pais e mães compartilham aspectos referentes às tarefas
educativas e organização do dia-a-dia da família.
As primeiras aprendizagens das crianças ocorrem na primeira relação com a
mãe (primeiras palavras, gestos...). Nesta relação à criança constrói seu estilo
particular de aprendizagem, que sofrerá modificações à medida que a criança se
relaciona com outros contextos. Segundo Almeida (1999, p. 48): Cada estágio da
afetividade, quer dizer as emoções, o sentimento e a paixão, pressupõem o
desenvolvimento de certas capacidades, em que se revelam um estado de
maturação. Portanto, quanto mais habilidade se adquire no campo da racionalidade,
maior é o desenvolvimento da afetividade. Sendo assim, as aprendizagens ocorrem,
inicialmente, no âmbito familiar e, depois, no social e na escola. Podemos observar
que existe uma grande dificuldade quando ocorre a separação da criança no meio
familiar para o meio escolar.
2.1.5 Analise Geral
Pode-se verificar que uma das bases do sucesso na aprenziagem é a autoestima. E também a valorização da afetividade é tão necessária quanto os cuidados
39
básicos de uma boa alimentação e conforto. É atra vés do afeto que garantimos a
autoconfiança da criança e a descoberta de que ela é capaz de realizar qualquer
ação obtendo êxitos.
É de extrema importância que pais tenham consciência de que o fracasso ou
o sucesso escolar de seu filho dependerá, na maioria das vezes, do sentimento de
amor e afeição para com ele. O desajuste emocional é muito simples de acontecer;
entretanto, a reconstrução geralmente é um processo lento, difícil e, por vezes,
impossível, com influências graves na alfabetização, causando a baixa auto-estima e
acarretando seqüelas. Esse dano emocional causado à criança pode ser comparado
a um cristal que, depois de quebrado, pode ser restaurado, mas as marcas da
junção permanecerão para sempre.
Ser pai e mãe com certeza, é prazeroso e gratificante, porém não é simples.
É necessária muita cautela e preparação, assim como para todo profissional que
precisa especializar-se em sua área para atuar com sucesso. É claro que todos
passam pela experiência de ser pais iniciantes, e todos cometem erros, pois eles
são inevitáveis, mas o importante é amar o filho incondicionalmente e buscar
constantemente o equilíbrio entre disciplina e amor.
Expressar apoio afetivo é de uma importância extraordinária dentro da
estrutura familiar. Um olhar carinhoso, um toque, ouvir e dar atenção aos
sentimentos de um filho bombeia-lhe energia e o motiva a retomar ao ponto de onde
parou. Essas demonstrações de afeto devem começar muito cedo, ainda no ventre
materno.
Dessa forma, quando a criança chegar à idade escolar, a alfabetização
acontecerá de maneira prazerosa e espontânea, e o sucesso a acompanhará em
todas as áreas de sua vida. Contudo, quando a criança chega à instituição escolar
prejudicada emocionalmente, cabe ao educador criar um ambiente acolhedor e
seguro, oportunizando a ela o relacionamento com mais crianças e a incentivando a
agir com autonomia, demonstrar seus interesses e expressar seus sentimentos.
É preciso que o professor confie e acredite na capacidade do aluno. Elogios,
incentivos e limites, quando transmitidos de forma sincera e afetiva, levam a criança
a valorizar sua auto-estima, desenvolver sua autonomia e ter progresso no mundo
da leitura e escrita. Nos dias em que vivemos, é pouco provável que a instituição
familiar se torne consciente da importância do seu papel. A tendência é que este
seja ignorado cada vez mais. Com base nessa constatação, caberá à escola
40
assumir a responsabilidade da família, e novos estudos se farão necessários sobre o
papel do professor frente à criança cujos pais não são preparadores emocionais,
pois é verdadeiramente impossível enxergar a educação sem afeto.
41
CAPITULO III
3 RELAÇÃO DO TEMA COM O CURSO DE PEDAGOGIA
Os professores necessitam de uma sólida formação inicial e de uma formação
continuada balizada no cotidiano. Acredita-se então, que a formação docente deve
ter os fundamentos teórico/metodológicos das áreas da educação como ponto de
estudo e compreensão, oferecendo condições para enfrentar os problemas do
cotidiano das instituições escolares.
Portanto, partindo do pressuposto de que a formação docente necessita de
uma busca contínua de aprofundamento teórico e metodológico, o trabalho
pedagógico deverá estar constantemente voltado para a reflexão e análise das
situações vivenciadas em um ensino gestado e gerado na própria escola. Assim, a
prática do professor passa a ser discutida com os profissionais da esfera escolar,
tornando-se fonte de contínua investigação por parte daqueles que a experienciam
na ação pedagógica. Constituir-se-á em um conjunto de atitudes refletidas no ato da
execução, e que podem ser revistas e (re) construídas no momento em que as
dificuldades surgirem.
Na ação pedagógica, o saber dos professores, muitas vezes é colocado em
cheque, pois em algumas situações ele não dá conta da diversidade de problemas e
necessidades dos alunos em processo de aquisição da leitura e da escrita. Segundo
Patto (1990) os professores encontram dificuldades na tentativa de transformar em
prática os conhecimentos teóricos adquiridos na formação inicial, e de executar em
seu cotidiano as bases teóricas discutidas, a fim de proporcionar a aprendizagem
dos alunos.
Ao se deparar em sala de aula com crianças que não aprendem da maneira
que o professor sabe ensinar, com dificuldaes muitas vezes vindas da
desestruturação vinda da familia e com professores que em muitos momentos não
sabem que atitudes tomar frente a essa situação, ocasionando lacunas no processo
de aprendizagem das crianças, precisamos certamente nos determinar diante
desses fatos e buscar alternativas reais para resolvê-los.
42
Neste estudo as disciplinas que contribuiram para o desenvolvimento foram
as seguintes:
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO: Contribui com o estudo o
desenvolvimento do ser humano em todos os seus aspectos: físico-motor,
intelectual, afetivo-emocional e social – desde o nascimento até a idade adulta.
PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM: estuda o complexo processo pelo qual
as formas de pensar e os conhecimentos existentes numa sociedade são
apropriados pela criança.
FUNDAMENTOS DA PSICOPEDAGOGIA: A melhor compreensão do
processo de aprendizagem. Ocupa-se do processo de aprendizagem humana: seus
padrões de desenvolvimento e a influência do meio nesse processo.
A formação do profissional que irá atuar na sala de aula, deve contemplar os
diversos fatores aos quaois o profissinal irá se deparar, entre eles a questão das
dificuldades de aprendizagem, uma vez que é uma realidade constante nas salas de
aula. A grade curricular do curso de pedagogia nas academias colabora e, em
muito, para essa falta de “formação” dos docentes. A neuropsicologia, uma disciplina
que trabalha especificamente com o desenvolvimento neural, é de suma importância
para a formação profissional de um indivíduo que atue na educação de crianças A
importância e a necessidade de serem realizadas pesquisas nesta linha e também
de uma formação que contemple o desenvolvimento da criança, se faz mais que
necessária, para que posteriormente não sejam vistas nas pesquisas do INEP, bem
como outros órgãos dessa mesma competência os índices alarmantes de evasão
escolar, que se escoram na pobreza e na miséria como fatores de risco.
43
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A familia recebe influencia do tempo presente, sendo marcada pelas
transformações sociais, economicas e politicas. É na convivencia familiar que os
valores, atitudes e concepções são forjadas. Atualmente a diversos modelos de
nucleos familiares presentes no cotidiano escolar, com algumas mudanças sociais,
como o aumento do numero de pais e mães solteiros e ou separados, casais
morando sobre o mesmo teto sem oficialização do casamento, adoções individuais,
casais homosexuais, com reflexos na estrutura e no modelo de família até então
considerado na sociedade como normal.
O numero de alunos com dificuldades de aprendizagem vem aumentando
consideravelmente nos ultimos anos. E o fator adentra o fator causa, a familia
aparece como um dos indicadores principais.
Ao longo dos anos, a questão do fracasso escolar já foi atribuída à criança, à
família, à escola, ao processo de ensino-aprendizagem. Sendo assim encontrar a
causa do insucesso escolar, das dificuldades de aprendizagem, direcionando a
culpa em algum dos agentes envolvidos no processo educativo, é uma posição
ingênua e limitada, já que se deixa de analisar cada contexto de uma maneira mais
critica e abrangente, desconsiderando-se, principalmente os fatores políticos e
filosóficos que constituem a educação em um dado momento social e cultural de
uma sociedade.
O fracasso escolar, na maioria das vezes é visto como um problema próprio
de cada aluno. No entanto, não podemos responsabilizar somente à ele, nem, tão
pouco ao professor, que geralmente não está preparado para a função de avaliar o
processo de aprendizagem, visto a ênfase na avaliação formativa, representada,
principalmente pelas provas, que categorizam o desempenho dos alunos.
Acreditamos, sobretudo, na necessidade de revisão dos paradigmas da avaliação do
desempenho escolar, bem como da educação como um todo, para que a
aprendizagem do aluno possa ir além das notas e menções e sim representar
conhecimentos significativos para a formação e desenvolvimento global do
educando.
Verifica-se, portanto que tanto o sucesso quanto o fracasso escolar,
dependem de vários fatores relacionados ao próprio educando, a seu meio familiar e
44
ao sistema escolar, no que diz respeito à seleção dos conteúdos, às formas de
avaliação, à qualidade e eficiência do ensino, à adequação da escola à diversidade
socioeconômica e cultural de seus alunos, etc.
A partir deste estudo é possivel concluir que as crianças que não recebem
afeto familiar e social, não são compreendidas e aceitas na sua individualidade
apresentam
mais
dificuldades
de
relacionamentos
interpessoais
e
consequentemente defasagens nas suas aprendizagens.
O fracasso escolar não se refere somente a repetências, desistências ou
dificuldades de aprendizagem dos conteúdos. A escola em sua proposta
democrática e social apresenta conteúdos que vão além das aprendizagens de
conteúdos comuns obrigatórios. Busca desenvolver habilidades para que a criança
ou o adolescente possa conviver e relacionar-se em uma sociedade, com igualdade
de condições. Diante deste aspecto, o aluno deve aprender tomar decisões, criticar,
planejar, organizar e muitas outras habilidades que serão essenciais para seu
sucesso tanto profissional quanto pessoal. A afetividade é um importante fator para
a contribuição da aprendizagem dessas habilidades já que estas estão intimamente
ligadas às emoções.
Segundo Freud (apud COSTA, 1994), a participação dos pais e fundamental
para o desenvolvimento sadio da mente da criança. E educá-las é decisivo para a
construção do lugar da criança no mundo. É de responsabilidade dos pais tais
problemas, já que estes tem uma participação importante na estrutura da mente.
Mas deixaremos claro que os problemas de aprendizagem não são culpa dos pais,
pois esses participam de forma inconsciente na educação dos filhos e carregam
conceitos e preceitos de longos anos. Uma criança que convive em um ambiente
familiar conturbado ou em uma família desestruturada (a situação socioeconômica
em condições de classe subalterna gera uma vida sofrida, desumana, privada de
informações), está carente não apenas de aspectos materiais, mas de esperanças,
de cuidados, de estímulos, o que pode retardar o amadurecimento de estruturas
necessárias ao aprendizado.
A escola, o educador e a família devem, pois, ser testemunhas da
possibilidade do conhecimento. A relação entre inteligência e afetividade, razão e
emoção no desenvolvimento do aluno e no contexto da educação estão inteiramente
ligadas ao desempenho escolar. Pois o desenvolvimento é um processo contínuo e
a afetividade tem um papel imprescindível nesse processo de desenvolvimento do
45
aluno, no entanto, o meio deve proporcionar relações de afetividade entre pais e
filhos, professores e alunos. Uma vez que a ausência de uma educação que aborde
a emoção tanto na sala de aula quanto na família traz prejuízos que não poderão ser
corrigidos
pela
ação
pedagógica
resultando
em
grandes
dificuldades
de
aprendizagem por parte do aluno.
Cabendo aos pais e aos professores construírem com o papel de afetividade
no desenvolvimento da criança, onde sejam trabalhadas as emoções de forma
prazerosa, pois o resultado do trabalho com essas emoções pode resultar em
grandes aprendizagens significativas, seja ela em casa ou na escola.
46
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