Impressões de um viajante erudito

Transcrição

Impressões de um viajante erudito
GAZETA
IMPERIAL
Jornal editado pelo Instituto Brasil Imperial
Agosto de 2015
Ano XIX Número 235
www.brasilimperial.org.br
Impressões de um viajante erudito
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Política
'República está com dias contados',
dizem monarquistas após protestos
Ricardo Senra - @ricksenra Da BBC Brasil em São Paulo
"Vamos juntos dar um basta a esta República e declarar
que a solução é Real", dizia o convite enviado via redes
sociais pela Casa Imperial - que representa a família real
brasileira - para os protestos contra o governo federal
realizados neste domingo.
No dia seguinte, a mesma página mostrava um dos
príncipes brasileiros, Dom Bertrand de Orleans e
Bragança, de terno, gravata e broche no peito esquerdo,
cercado de simpatizantes de camisa da CBF no asfalto
da avenida Paulista.
A seu lado, súditos empunhavam bandeiras verdeamarelas diferentes das que estamos acostumados: no
centro do tradicional losango amarelo, em vez do
círculo azul com o lema positivista "Ordem e
Progresso", um brasão imperial.
Após a manifestação, também pela rede social, a
realeza se disse impressionada com "o grande número
de cartilhas distribuídas e de Bandeiras Imperiais
avistadas em todo o Brasil".
Na avenida Paulista, a BBC Brasil conversou com Hayley
Rocco, que distribuía panfletos a favor da volta do
regime monárquico.
Monarquista, Hayley Rocco protestou e distribuiu panfletos em São
Paulo afirmando que 'imperadores nunca aumentaram seu salário, ao
contrário de políticos'
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Política
"Díreita? Esquerda? Siga o melhor caminho: monarquia",
dizia a revistinha de 30 páginas em sua mão, que incluía
uma oração a Nossa Senhora Aparecida ("restaurai o
Brasil monárquico") e listava "os benefícios trazidos pelo
império ao país" (como a Casa da Moeda e o Banco do
Brasil).
Rocco explicou sua participação no protesto: "A
monarquia foi o único período de estabilidade política,
institucional e econômica do Brasil", disse, enquanto
distribuía os livrinhos.
"Nunca um imperador, por exemplo, aumentou seu
salário", afirmou. "Já esses políticos..."
Em 2013, quando milhares de pessoas foram às ruas
com pautas que iam do fim das catracas no transporte
público a uma "intervenção militar" contra a corrupção,
os monarquistas pediram que seus seguidores ficassem
em casa.
"A prudência impõe aos monarquistas absterem-se de
qualquer participação em tais manifestações", dizia a
Casa, na época, em nota.
A reportagem procurou a Casa Imperial brasileira para
entender sua avaliação sobre a participação nos
protestos e questionou sua mudança de
posicionamento, mas não obteve resposta até o
fechamento desta reportagem.
Entusiastas da família real também comemoraram a
participação nos protestos. "Ressurge o império no
Brasil", celebrou a página "Causa Imperial", que reúne
mais de 17 mil seguidores no Facebook.
Em publicação desta segunda-feira, a página mostra
fotos de bandeiras imperiais na praia de Copacabana
acompanhadas de um longo texto, que exalta a presença
de monarquistas nas ruas.
"A presença maciça de centenas de monarquistas,
espalhados de norte a sul do Brasil, também evidenciou
que a própria República está com seus dias contados.
Este regime golpista e corrupto, que há quase 126 anos
vem corroendo nossa Pátria, logo cairá de podre."
Após rechaçar protestos de 2013, Casa Imperial conclamou seguidores
a protestarem no último domingo
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Artigo
Viagem a Portugal
Impressões de um viajante erudito – Tomar
Luís Severiano Soares Rodrigues
Economista, pós-graduado em história, sócio correspondente do
Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, Conselheiro Consultivo do
Instituto Cultural Dona Isabel I – A Redentora e membro do Instituto de
Pesquisa Histórica e Arqueológica do Rio de Janeiro (IPHARJ).
Dando continuidade a minha análise da boa gestão dos
bens culturais observada em Portugal, com vistas a
sensibilizar os responsáveis brasileiros pelo setor a
terem uma atitude mais inteligente no que tange a
gestão dos patrimônios histórico e artístico, damos aqui
um magnífico exemplo do Portugal Templário.
Tomar:
Cidade muito antiga, fundada pelo cavaleiro Gualdim
Paes, da ordem templária, que fica ao norte de Lisboa,
numa viagem de duas horas de trem (comboios como
eles dizem), que sai da estação de Santa Apolônia,
sendo a estação da cidade, terminal do ramal
ferroviário. Chegando-se à cidade tem-se logo a visão
do conjunto do Convento da Ordem de Cristo, que
domina todo o entorno. Na verdade um conjunto
monumental que abriga um castelo e o convento com
as várias alas que foram sendo construídas, ao longo
dos tempos. Construção que começa no século XII no
âmbito da reconquista e se estende por todo o período
que a Ordem foi sediada lá.
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Um esclarecimento que deve ser feito, é de que a Ordem de
Cristo vem a ser a sucessora da Ordem dos Templários em
Portugal, que abrigou inclusive os cavaleiros, após processo
canônico, em obediência à bula papal que extinguiu aquela
ordem militar monástica, que apurou não haver indícios, em
Portugal, das acusações a que foram expostos os cavaleiros
em França. Essa Ordem, para nós brasileiros, é de suma
importância, na medida em que, após a ascensão de Dom
João I, cuja tenacidade pessoal e a de seus partidários foi
que garantiu a independência portuguesa, este rei põe seu
valoroso filho Henrique como Grão Mestre da mesma, e este
como brilhante administrador, usará os recursos da mesma
para impulsionar a epopeia das navegações cujo maior fruto
vem a ser o Brasil. Valendo dizer que o Império do Brasil por
acordo com o Reino Português teve o direito de nacionalizar
as ordens antigas de forma honorífica, ou seja, tal qual o Rei
de Portugal ao Imperador do Brasil era facultado conceder as
Imperiais Ordens de Cristo, de São Bento de Aviz e a de São
Thiago da Espada, mostrando a importância da nossa
dinastia nacional, que inclusive provém do mesmo D. João I.
O Convento de Cristo, patrimônio da humanidade pela
Unesco, é um conjunto arquitetônico espetacular, não só
pelas dimensões, mas também pela qualidade
artístico/arquitetônica, onde o visitante se deslumbra com os
portais manuelinos, com os painéis da charola, com a
famosa janela manuelina, com os quatro claustros, com as
muralhas grandiosas, com as artes decorativas espalhadas
por todo o complexo, com as soluções arquitetônicas como
o aqueduto, além da floresta anexa ao convento.
Possui, Tomar, ainda várias igrejas de grande beleza e
singela simplicidade, que datam dos primórdios do reino, e
outras que datam do barroco lusitano. Vale destacar outras
instituições que também primam pela qualidade do
acervo, como o Museu Municipal com excelente acervo
de arte contemporânea. Outro elemento arquitetônico
que chama atenção vem a ser uma sinagoga, a mais
antiga do país, e uma das poucas que sobraram,
guardada por uma simpática senhora, que acolhe os
visitantes com admirável bonomia, no seu interior com
original abóbada e perfeita acústica, também guarda
um conjunto arqueológico e ritualístico de cunho
hebraico.
Continua no próximo número.
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Artigo
A triste realidade republicana
de cada dia
Luís Severiano Soares Rodrigues
Economista, pós-graduado em história, sócio correspondente do
Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, Conselheiro Consultivo do
Instituto Cultural Dona Isabel I – A Redentora e membro do Instituto de
Pesquisa Histórica e Arqueológica do Rio de Janeiro (IPHARJ).
Certa vez, há poucos anos atrás, viajando pelas Missões
no Rio Grande do Sul, um gaúcho me disse que poucos
cariocas passavam por lá, e de fato eu não tinha
encontrado nenhum por lá, mas continuando a conversa
comentei que no Estado do Rio de Janeiro nós tínhamos
cidades tranquilas como a que eu estava, no caso Santo
Ângelo; eu estava pensando em cidades como
Vassouras, mas o meu interlocutor estranhou a minha
afirmação, pois as notícias que chegavam do Rio de
Janeiro, era só casos de indivíduos matando e
roubando. Não posso negar que fiquei sentido com essa
imagem que o meu Estado tinha para aquele indivíduo,
no entanto, aí esta a realidade republicana que não me
deixa desmentir àquele indivíduo. De fato não tem
como a imagem do Rio de Janeiro ser melhorada, pois
são seguidas as ocorrências de violências brutais a quê
o povo do meu Estado está exposto. Já que no Rio de
Janeiro especificamente, em 2015, a realidade
republicana de cada dia começou o ano com vítimas de
balas perdidas para em seguida dar lugar as vítimas de
facadas a torto e a direito de bandidos por todas as
regiões do Estado. Se nos fixarmos em apenas dois,
dos casos mais recentes, ocorridos em maio, de crimes
cometidos com armas brancas (facas) podemos fazer
algumas análises curiosas da realidade
carioca/fluminense que são válidas para o Brasil como
um todo, posto que a realidade republicana brasileira é
uma só.
No primeiro caso dois menores de idade matam um
médico à facadas para roubar uma bicicleta em uma
área nobre da cidade. O saldo dessa situação é a perda
de um médico experiente que certamente era útil,
profissionalmente à sociedade, pagava seus impostos e
deixou dois filhos órfãos, em troca ficamos com os
menores, com fichas corridas extensas de crimes, que
como vemos não são uteis à sociedade e vão ficar
internados por no máximo três anos em instituição de
“recuperação”. Gerou-se toda uma revolta na
sociedade, e com isso andou no Congresso a tramitação
da revisão da maioridade penal de 18 para 16 anos, mas
já vários setores da sociedade tentaram barrar essa
tramitação inclusive o governo federal, além dos
demagogos de sempre a começar pelo presidente de
um partido que se diz de esquerda em programa
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político gratuito na televisão. Esses governos que não
resolvem os problemas sociais tentam assim não permitir
a solução possível nessa conjuntura. Alegam, eles,
demagogicamente, que o problema é social, só que a
sociedade já optou pela solução da redução da
maioridade penal, até porque ninguém acredita que
alguém que mata um indivíduo para roubá-lo faça-o sem
saber a gravidade do ato que está cometendo. O ministro
da justiça em entrevista televisiva deu uma alegação
bisonha para a posição do governo dizendo que “quando
você prende os menores de idade em instituições
destinada aos maiores de idade você aumenta a
criminalidade”, temos que questionar se alguém capaz de
falar tamanha besteira tem condição de ocupar um cargo
de tal envergadura, pois ele passa um atestado de
incompetência e admite que a sua pasta, em conjunto
com as secretarias estaduais de segurança e de
administração carcerárias são incapazes de dar ao país um
sistema carcerário que recupere os apenados. Em bom
tempo o controverso presidente da Câmara dos
Deputados conseguiu contornar as manobras dos
opositores à redução da maioridade penal e deu
sequência ao seu andamento, com proposta inclusive que
estabelece que os apenados menores de idade cumpram
as suas penas em instituição penal apropriada para a sua
faixa etária.
No segundo caso o Brasil todo viu as imagens de um
indivíduo fugindo em uma estação ferroviária após
esfaquear um estudante para roubar um telefone celular.
Logo de cara o bandido foi reconhecido, pois já possuía
uma folha corrida extensa desde a minoridade, agora já
maior de idade prosseguia sua carreira de criminoso. O
detalhe em questão é que recentemente havia estado preso
por seis meses, cumpridos esses voltou ao seu “trabalho”. A
primeira lição a ser tirada desse episódio é que penas
irrisórias são insuficientes para gerar um efeito punitivo, pois
um sistema punitivo tem que gerar no indivíduo à ele
submetido a capacidade de criar nesse indivíduo a condição
de arrependimento, através da perda da liberdade e convívio
social por muito tempo, então a prática atual de progressão
de pena à partir de um sexto da pena, podemos dizer que é
ridículo, devemos lembrar que um sexto é um terço da
metade, ou seja, um parcela ínfima, e nas condições atuais
em que a única certeza que o sistema penitenciário nos dá é
que o mesmo não tem como recuperar os presos, fazer tal
progressão é o mesmo que convidar os presos à
reincidência, pois repito, sabemos que ele não foi
recuperado. Outro elemento da punição que foi sendo
relaxado é o regime de visitas, que podemos dizer com
certeza, hoje é uma farra, com famílias inteiras visitando os
apenados semanalmente, com direito a visitas íntimas,
inclusive, ou seja, devemos perguntar: aonde está a
punição? Assim não se deviam estranhar as notícias de
presos que aproveitam os dias de visitas para fugir, ou então
as notícias de rebeliões que aproveitam o tumultuo desses
dias para serem começadas com as visitas como reféns.
Então as visitas deveriam ser repensadas à no máximo duas
por mês e no máximo uma visita por vez, e assim mesmo
limitada a uma conversa de no máximo trinta minutos em
lugar específico, que separa o preso da visita por uma
divisória de vidro, sendo o diálogo por um interfone, ou seja,
a ideia é punir o indivíduo, e não minorar a sua punição com
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visitas periódicas dos seus familiares. O que se deve
objetivar é recuperar o preso através da sua capacitação
para a vida em liberdade, mas ele deve através da punição
de reclusão, adquirir o arrependimento pela sua falta que
o privou do convívio em sociedade, ao qual ele não
desejará voltar. Como está, essa privação é pequena e não
é insuportável, assim vale a pena pagar pra ver, pois como
dissemos sabemos que o preso não foi recuperado para o
convívio em sociedade, através de uma capacitação para
o trabalho honesto. A segunda lição, que não chega a ser
uma lição, mas uma constatação é a de que de fato as
variáveis sociais a serem consideradas são muitas, mas o
bode expiatório sempre lembrado é a má distribuição de
renda, só que as duas melhores formas de distribuição de
renda que os governos poderiam e deveriam privilegiar
também ficam apenas na retórica, que são os
investimentos em saúde e educação, mas quase sempre
são tratados isoladamente e dissociados da ideia de
distribuição de renda, quando na verdade são partes
integrantes do problema. A educação dá as condições aos
indivíduos ascenderem sócio profissionalmente, mas o
quê a realidade republicana nos oferece é a de que dos
brasileiros alfabetizados só 30% não são analfabetos
funcionais, enquanto for assim, com uma massa gigante
de mão-de-obra desqualificada sendo ofertada a renda
das classes mais baixas dificilmente aumentará . A
realidade da saúde pública é na verdade comparável a um
filme de terror, só que real. Uma auditoria séria na forma
como as prefeituras utilizam as verbas do SUS, já nos
mostrariam descaminhos escandalosos. Em vez disso os
governos se fixam nas rendas compensatórias que são as
bolsas famílias, mas que são paliativos e a sua lógica deveria
ser temporária, mas como a realidade republicana vem
demonstrando, essas políticas, como são feitas atualmente,
visam apenas servir de muleta eleitoral para os partidos dos
governos que os implementam, daí as campanhas eleitorais
terroristas afirmando que eventuais sucessores
oposicionistas acabariam com os mesmos. Os braços
distributivos efetivos que são a educação pública de
qualidade efetiva e a saúde pública eficaz são negligenciados
(no quesito saúde englobamos o saneamento básico), basta
vermos a realidade desses setores, quando os mesmos são
destinados aos pobres do país, não precisamos dar mais
exemplos para o leitor fazer o seu julgamento. E podemos
afirmar que a república no Brasil sepultou a res pública em
15 de novembro de 1889, e o que vivemos hoje é um
arremedo de instituições nominalmente democráticas, das
quais os políticos se aproveitam para obterem benefícios
privados, que o diga a camarilha petista que em termos de
distribuição de renda incestuosa conseguiu resultados
espetaculares, que o diga o filho do ex-presidente Lula (este
um “palestrante” de “sucesso”, o Lulinha (este uma
“revelação” de tino “empresarial”), o ex-ministro Palocci
(este um “consultor” de “sucesso”), o governador mineiro
Fernando Pimentel (outro “consultor” de “sucesso”, o
companheiro Zé Dirceu (este o criador das “consultorias de
sucesso”), que aprendeu em Cuba técnicas de guerrilha para
entre outras coisas, fazer expropriações dos capitalistas via
roubos à bancos, conhecimento que ele teve de adaptar para
a conjuntura “democrática”, só para falar dos mais
conhecidos (como “consultores” de “sucesso”) e os
exemplos menores se multiplicam, e aí está a Petrobras
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espoliada que não me deixa mentir e como vimos
recentemente a casa caiu para o companheiro Dirceu e
esperemos que desse mato saia coelho, mas todos presos
após passarem pelo, quer dizer, pela Lava Jato.
Devemos pensar como seria hoje o dilema da guerrilheira
Dilma, quer dizer Estela, que ficou famosa ao roubar o cofre
de Ademar de Barros, na casa da amante dele, certamente
sem qualquer remorso por tratar-se de um político
reconhecidamente corrupto. Hoje Estela/Dilma teria uma
crise, pois os corruptos com cofres para serem roubados são
todos seus amigos, um inclusive seu criador, ou seja, como a
criatura poderia roubar o seu criador? De fato é um dilema
atroz.
As possibilidades de se melhorar a representação política
dos cidadãos através de um sistema eleitoral civilizado, qual
seja – o distrital misto, já foi jogado pelo ralo abaixo na
comissão do Congresso com vistas a reforma política, como
eu já previra, os deputados preferem manter o sistema atual,
onde eles se elegem. Além de nem pensar em clausulas de
barreira, que fariam os partidos e seus militantes passar por
aprendizados e evolução ideológica, antes de chegarem as
Câmaras superiores, ao invés das legendas de aluguél que
são atualmente. Assim vamos continuar com uma única
certeza, a de que a próxima legislatura será pior que a
anterior.
Com relação àquele companheiro lá nas Missões, eu tenho
que concordar: Tchê você tem razão, as balas perdidas
continuam e as facadas também, com tendência à piorar.
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Aniversários
Artigo
Artigo
"O espírito monárquico e a religião têm de
ser dados aos filhos a conta gotas, porque
se não ficam ateus e republicanos"
Nuno Saraiva
Isabel de Herédia (Isabel Inês de Castro Curvello de Herédia de
Bragança) é conservadora e mulher de fé. "Acredito que Nosso
Senhor vai-me guiando." Patrocina várias associações de
solidariedade social de apoio a crianças e doentes. E preside a Real
Ordem de Santa Isabel, de que fazia parte Maria de Jesus Barroso
e conta também com Manuela Eanes. "Somos cem senhoras
portuguesas. E depois há também extranumerárias, como era a
rainha Fabíola. A vocação é rezar pela união das famílias. A família
é a coisa mais importante que temos e que hoje é muito atacada
por diversas frentes. E um país para ir bem tem de ter famílias de
bem. Mas, além disso, todos os anos damos dinheiro. Procuramos
pelo país onde é que é mais preciso e cada ano damos a uma
instituição diferente. Não temos assim tanto como isso, mas este
ano vamos dar à Casa do Gaiato."
Atenta à realidade política, não perdoa a ruína a que foram
votados os setores produtivos nacionais após a adesão à CEE.
"Agora vêm-nos dizer que a agricultura e as pescas são muito
importantes, mas naquela altura não queriam saber disso para
nada. Uma das coisas que me fazem imensa impressão, e aí
também é a diferença que eu aponto entre um rei e um
presidente, é que um rei pensa a 100 anos para a frente. E um
presidente, pensa em quantos anos? Não quer dizer que não haja
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bons presidentes, mas quer dizer, pensa muito mais no curto
prazo. Agora, independentemente de monarquia ou
república, nesta altura temos é de nos unir todos para que o
país sobreviva, vá para a frente e tenha pelo menos mais mil
anos. Mas devia haver um grupo estratégico que pensasse
em 50 ou 100 anos para a frente."
É tempo de despedidas. São quase horas de jantar. Já de pé,
pergunto se a família é rica. "Para mim ser rico é uma pessoa
ter interesses e não se acomodar. No plano económico,
temos a sorte de fazer bem as contas. Se nós queremos e
temos de representar Portugal, claro que às vezes dava jeito
ter um bocadinho mais de dinheiro. Mas não estamos mal.
Não somos ricos, mas também não estamos desesperados."
Ao longo da conversa repetiu, várias vezes, que "o Duarte
era o meu melhor amigo" e que "nem eu sabia que ia casarme com ele". Não resisti, por isso, a perguntar se tem
memória do momento em que se apaixonou: "Foi quando
uma prima do meu marido, de quem eu gostava muito e que
é muito nossa amiga, se começou a interessar por ele e eu
fiquei furiosa. Foi aí que percebi que ali havia mais qualquer
coisa e que não era só uma grande amizade." E também
nesta história, de rainhas sem coroa que são pessoas como
as outras, apesar "dos altos e baixos como em todos os
casamentos", são felizes para sempre.
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Artigo
Por que as monarquias são ainda relevantes e
úteis no século XXI. Acha que monarquias são
ruins? Pense outra vez.
Victor Maciel Queiroz
A instituição da monarquia tem sido volta nas notícias
ultimamente, com a abdicação do antigo rei espanhol Juan Carlos I
e a ascensão de seu filho, Felipe (Philip) VI. Em outros lugares do
mundo, monarquias ainda fazem os eventos notícias e forma em
lugares tão distantes como a Tailândia, Butão, Bélgica, Marrocos e
Arábia Saudita. Para muitos leitores contemporâneos, monarquias
parecem ser sem propósito relíquias antiquadas, anacronismos
que devem eventualmente dar forma de repúblicas.
Pelo contrário, nada pode ser mais distante da verdade. As
monarquias têm um papel extremamente valioso para jogar,
mesmo no século XXI. Se algo seu número deve ser adicionado ao
invés subtraído. Para entender o porquê, é importante considerar
os méritos da monarquia objetivamente, sem recorrer a tautologia
que países deveriam ser democracias porque eles devem ser
democracias.
Existem várias vantagens em ter uma monarquia no século XXI.
Primeiro, como Serge Schmemann argumenta no The New York
Times, os monarcas podem subir acima da política, da forma que
um chefe de estado eleito não pode. Os monarcas representam
todo o país de uma forma líderes democraticamente eleitos não
podem e não. A escolha para o cargo político mais alto em uma
monarquia não pode ser influenciada por e de certa forma
apegada ao dinheiro, a mídia ou um partido político.
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Em segundo lugar e estreitamente relacionadas com o ponto
anterior é factício países como a Tailândia, a existência de
um monarca é muitas vezes a única coisa que mantém o país
volta da borda da guerra civil. Monarcas são especialmente
importantes em multiétnicas países como a Bélgica, pois a
instituição da monarquia une de etnias diversas e muitas
vezes hostis sob compartilhada lealdade ao monarca em vez
da um grupo étnico ou tribal. A dinastia de Habsburgo,
realizada em conjunto um país grande e próspero que
rapidamente balcanizados em quase uma dúzia de Estados
de não poder sem ele. Se a restauração do antigo rei do
Afeganistão, Zahir Shah, amplamente respeitado por todos
os afegãos, passou após a derrubada do Talibã em 2001,
talvez Afeganistão teria mais rapidamente subiram acima o
partidarismo e a rivalidade entre vários caudilhos.
Em terceiro lugar, as monarquias evitar o aparecimento de
formas extremas de governo em seus países, fixando a forma
de governo. Todos os líderes políticos devem servir como
primeiros-ministros e ministros do governante. Mesmo que
o poder real encontra-se com estes indivíduos, a existência
de um monarca dificulta a radicalmente ou alterar
totalmente a política de um país. A presença dos reis, no
Camboja, Jordan e Marrocos retém as piores e mais
extremas tendências de líderes políticos ou facções em seus
países. Monarquia também estabiliza países por encorajar
mudança lenta, incremental, em vez de oscilações extremas
na natureza dos regimes. As monarquias dos Estados árabes
estabeleceram sociedades muito mais estáveis do que os
Estados árabes não-monárquico, muitos dos quais passaram
por essas mudanças sísmicas ao longo da primavera árabe.
Em quarto lugar, as monarquias têm a gravitas e prestígio
para fazer o último recurso, difícil e decisões necessárias —
decisões que ninguém mais pode fazer. Por exemplo, Juan
Carlos de Espanha pessoalmente garantiu a transição do seu
país para uma monarquia constitucional com instituições
parlamentares e ficou embaixo de uma tentativa de golpe
militar. No final da segunda guerra mundial, o imperador
japonês Hirohito desafiou o desejo do seu exército para lutar
e salvou inúmeras de suas vidas por advogar para a rendição
do Japão.
Em quinto lugar, as monarquias são repositórios de tradição
e continuidade em tempos de mudança já. Eles lembram o
que representa um país e de onde veio, fatos que podem
muitas vezes ser esquecidos nas correntes de rápida
mudanças de política.
Finalmente, um pouco de manchas, monarquias podem
servir um chefe de estado de uma forma mais democrática e
mais diversificada do que a real política democrática. Uma
vez que qualquer pessoa, independentemente de sua
personalidade ou interesses, pode por acidente de
nascimento tornar-se um monarca, todos os tipos de
pessoas podem se tornar governantes em tal sistema. O
chefe de estado pode assim promover causas ou interesse
em questões e temas que não seriam significativos, como
exibições de Príncipe Charles na arquitetura provar se agita.
Os políticos, por outro lado, tendem a ter uma certa
personalidade — eles são em geral extrovertidos, pode fazer
ou levantar dinheiro e têm uma tendência a agradar ou
segurar pelo menos publicamente para vistas principais predefinidas. A presença de um chefe de estado, com um perfil
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psicológico diferente de um político pode ser refrescante.
A maioria das críticas de monarquia não é mais válida hoje,
se eles eram sempre válidos. Estas críticas são geralmente
alguma variação de duas idéias. Em primeiro lugar, o
monarca pode exercer o poder absoluto arbitrariamente,
sem qualquer tipo de verificação, assim governando como
um tirano. No entanto, na era atual, a maioria das
monarquias governam dentro de algum tipo de quadro
constitucional ou tradicional, que restringe e institutionalizes
seus poderes. Mesmo antes disso, os monarcas enfrentaram
restrições significativas de vários grupos, incluindo as
instituições religiosas, aristocracias, aos plebeus ricos e
mesmo. Costumes, que sempre forma de interações sociais,
também serviram para conter. Mesmo as monarquias que
eram absolutas na teoria foram quase sempre restrito na
prática.
Uma segunda crítica é que nem uma bom monarca pode ter
um sucessor indigno. No entanto, herdeiros de hoje são
educados desde o nascimento para seu futuro papel e vivem
no brilho total dos meios de comunicação de toda a sua vida.
Isso restringe o mau comportamento. Mais importante,
porque eles literalmente tem nascidos para governar, eles
têm formação constante, hands-on sobre como interagir
com as pessoas, os políticos e os meios de comunicação.
À luz de todas as vantagens da monarquia, é claro por isso
que muitos cidadãos das democracias têm hoje uma
nostalgia compreensível pela monarquia. Como em séculos
anteriores, a monarquia vai continuar a mostrar-se ser uma
instituição política importante e benéfica para onde ainda
sobrevive.
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