classificação dos sobrenomes italianos

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CLASSIFICAÇÃO DOS SOBRENOMES
ITALIANOS SEGUNDO SUA ORIGEM
Os sobrenomes têm uma origem diversificada dentro do contexto histórico e
linguístico medieval. Por isso se costuma falar de tipologia dos sobrenomes ou sua
classificação segundo suas origens históricas e linguísticas. Há estudiosos de
onomástica que propõem variadas classificações deles. A mais simples e prática, porém,
é a que os divide em quatro grandes grupos. Os dados estatísticos mencionados são
extraídos do livro intitulado Dizionario dei Cognomi Italiani (p.17), de Emidio De
Felice, Milão, Ed. Mondadori, 1978.
O ponto de partida para esta classificação é o significado final do sobrenome e
sua origem histórica, importando menos sua origem linguística ou etimológica. Esta
pode apresentar um segundo significado que é considerado o mais antigo, mas não
necessariamente o que define a classificação de determinado sobrenome num ou noutro
grupo. Exemplifica-se de maneira simples. O sobrenome Mantovani se classifica como
um toponímico, porquanto repete o gentílico que designa o cidadão natural da cidade
de Màntova (Mântua). Mesmo sabendo que Manthus era o deus dos infernos na
mitologia etrusca e que a denominação da cidade evocaria o nome dessa divindade, o
sobrenome Mantovani não se classifica como um eventual derivado de nome próprio. A
mitologia, neste caso, serve somente para explicar a origem do nome da cidade, embora
não se possa negar que, indiretamente, este significado distante também faz parte da
carga semântica do sobrenome.
O primeiro grupo dos sobrenomes italianos é representado pelos patronímicos
e matronímicos, ou seja, por aqueles que refletem diretamente o nome do pai ou da mãe
e expressam, em sua própria estrutura morfológica, as noções de paternidade ou
maternidade e de filiação. Esse tipo atinge aproximadamente 37% do universo dos
sobrenomes italianos. Exemplo: Filippi significa “filho de Filipe”.
O segundo grupo é o dos toponímicos que também representam
aproximadamente 37% do total dos sobrenomes italianos. Os toponímicos reconduzem
a um referencial de espaço físico ou geográfico, como nomes de localidades, de cidades,
de regiões, de países, de acidentes geográficos. Exemplo: Veronese significa cidadão
oriundo de Verona.
O terceiro grupo se compõe daqueles que remontam a uma profissão, a um
cargo, a uma função e repetem exatamente o vocábulo designativo dessa atividade
exercida. Calcula-se que este grupo responda por 10% dos sobrenomes italianos.
Exemplos: Sartore significa “alfaiate”, Ferraro indica “ferreiro”, Araldo recorda o
cargo de “arauto”, Giudice relembra a função de “juiz”.
O último grupo é representado pelos apelativos populares ou apelidos que
surgem como referência a características físicas, intelectuais, morais, a atitudes
comportamentais, a fatos peculiares ou insólitos relacionados com seus primeiros
portadores medievais. Neste grupo se classificam em torno de 15% dos sobrenomes
italianos. Exemplos: Gobbo significa “corcunda”, Piccolo se refere a “pequeno”, e
muitos outros como Onesto (honesto), Bello (belo), Dolce (doce, meigo).
Algumas considerações a respeito desta classificação merecem ser feitas. Apesar
de ser abrangente e incluir todos os sobrenomes, ela não dirime todas as dúvidas. Estas
persistem diante da dificuldade de interpretar fatos históricos ocorridos há séculos e
também por causa da deficiente e geralmente omissa documentação a respeito dos
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sobrenomes em si. O cronista medieval dificilmente se preocupava em explicar os
porquês de tal ou qual sobrenome.
Os sobrenomes, por exemplo, que evocam nomes de animais, podem ser
classificados tanto no primeiro grupo como no quarto. De fato, era tradição latina,
reforçada depois pela germânica, assumir ou atribuir aos filhos, como nome próprio, o
designativo de um animal. De tradição latina, tem-se ursus, lupus, leo, agnellus,
corvus (urso, lobo, leão, cordeiro, corvo), etc. Estes aparecem nos sobrenomes Orsi,
Lupo, Leone, Leoni, Agnelli, Corvi. De tradição germânica, quase os mesmos (beran,
wulfa, lewo, hrabhan: urso, lobo, leão, corvo) que são frequentes em nomes compostos
como Bernhardh, Hrothwulf, Lewonhardh, Berthrabhan. Introduzidos na Itália com as
invasões, estes complexos antropônimos foram latinizados em Bernardus, Rodolphus,
Leonardus, Bertrandus e nos quais se pode reconhecer facilmente os sobrenomes
italianos Bernardi, Rodolfi, Leonardi, Bertrami ou Beltrami.
Se o sobrenome que evoca um desses animais provém de um apelido, classificase no quarto grupo. De fato, era tradição latina e também germânica, atribuir nomes de
animais como apelido a pessoas que possuíssem a força e a imponência de um urso, a
sagacidade de um lobo, a coragem e a frieza de um leão, a mansidão de um cordeiro, a
visão inigualável de um corvo desde as alturas.
Alguns zoonímicos (sobrenomes derivados de nomes de animais) não deixam
dúvida de que se trata de uma profissão, como se pode notar nos apelativos Capra,
Pecora, Pecoraro, Vacca, Vaccari, Bovari, Dal Bò, Musso, Cavalli. Estes sobrenomes
recordam os pastores de cabras e ovelhas, os criadores de vacas, bois, burros e cavalos,
bem como os que se dedicavam à comercialização desses animais.
A bem da verdade, na interpretação do significado do sobrenome, sempre se
opta pelo sentido mais usual do termo que lhe deu origem, mesmo porque não há
documentos históricos que provem o contrário. Quando os há, e são raríssimos os casos,
não subsiste sequer a necessidade de aventar hipóteses e suposições.
(Fonte: Mioranza, Ciro – Filius Quondam – A origem e o significado dos sobrenomes
italianos – Ed. Larousse, São Paulo, 2010, 2ª. edição).
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