Nova Era Maçônica - Ação Maçônica Internacional

Transcrição

Nova Era Maçônica - Ação Maçônica Internacional
Nova Era Maçônica
novembro/dezembro
2006
1
Ano 4 número 35 – novembro/dezembro de 2006
Leia
a versão eletrônica
deste jornal, assim
como todos os
números anteriores:
www.gosp.org.br
Frontispício da edição
comemorativa do primeiro
centenário da Maçonaria
no Brasil. Vide pág. 3
“O homem tem virtudes porque é feito à imagem de Deus... e tem defeitos porque é apenas a imagem de Deus.”
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novembro/dezembro
2006
Nova Era Maçônica
Palavra do Grão-Mestre Estadual
Conforme o disposto na Lei nº 083 de
17-09-2005 E∴V∴ e por determinação do Egrégio Tribunal de Justiça
Eleitoral, no dia 10 de março de 2007
da E∴V∴ (sábado) será realizada a
eleição para preencher os cargos de Grão-Mestre e
Grão-Mestre Adjunto
do Grande Oriente de
São Paulo.
Parece-nos sábia e
justa a escolha de
tal data, porque
aos sábados a
grande maioria
das Lojas não
está em atividade e a grande
maioria dos Irmãos está livre
de seus afazeres
profissionais; é,
portanto, um dia
em que todos, ou
quase todos, podem comparecer
sem prejuízo de
suas atividades profanas e/ou maçônicas.
Como cidadãos, no mundo
profano, recentemente dedicamos dois domingos para o sagrado
exercício do voto livre e democrático.
Como maçons, certamente também saberemos dedicar o dia 10 de março
próximo para escolher nossos futuros
dirigentes estaduais.
Conclamamos todos a se organizarem
e prepararem suas Lojas para que o
evento possa contar com a participação
do maior número possível de eleitores,
o que garantirá aos eleitos uma maior
representatividade e legitimidade, essenciais para que um governo possa
ser democrático e justo.
As Lojas que ocupam um
mesmo templo devem
contactar-se, por meio
de seus VeneráveisMestres, para estabelecerem os diferentes horários
em que atuarão
suas oficinas
eleitorais.
Não permitam,
Ve n e r á v e i s Mestres, que
pequenos entraves burocráticos e administrativos ofusquem o brilho da
grande festa democrática de nossa
Sublime Instituição.
Aproveito também este
ensejo, para externar os
meus votos de boas festas
aos nossos Irmãos, Cunhadas,
Sobrinhos e Sobrinhas. Que o Grande Arquiteto do Universo possa proporcionar a todos um 2007 pleno de
realizações.
Cláudio Roque Buono Ferreira
Grão-Mestre do Grande Oriente
de São Paulo
Expediente
Grande Secretário de Cultura e Educação Maçônicas:
Wagner Veneziani Costa
Presidente do Departamento Editorial:
Carlos Brasílio Conte
Diretor de Arte: Celso Ferrarini Junior
Jornalista Responsável:
Alessandro Sani - MTB: 37401
Assistente Editorial: Rogério Quintino Corrêa
Colaboradores: Alan C. de Carvalho e Osmar de Carvalho
Revisão: Arlete Genari e Daniela Piantola
Toda e qualquer matéria publicada no jornal é de responsabilidade
total do autor, assim como figuras e fotos. Jornal produzido com
recursos próprios. Os Irmãos que quiserem colaborar com matérias
para o jornal devem entrar em contato com o Resp... Ir... Carlos Brasílio Conte, pelo e-mail: [email protected]
Capa: Fac-símile do frontispício da obra A Maçonaria no Estado
de São Paulo, editada em 1922
Apoio Cultural e patrocínio – Madras Editora
Impresso na Folhagráfica – Tiragem: 5 mil exemplares
Distribuição Gratuita
Editorial
Este é o primeiro número impresso do jornal Nova Era Maçônica e surge
graças ao empenho e à dedicação do Poderoso Irmão Wagner Veneziani
Costa, Grande Secretário de Cultura e Educação Maçônicas que, generosamente, providenciou, sem custo algum para o Grande Oriente de São
Paulo, a diagramação, editoração, impressão e distribuição deste veículo
informativo e cultural.
Conforme foi anunciado no editorial do mês anterior, a partir desta edição
o jornal Nova Era Maçônica chegará até seus leitores em duas versões: a
primeira, tradicional, on-line, que manteremos no site www.gosp.org.br,
onde também estarão disponíveis todos os números anteriores; a segunda,
impressa, que será oferecida graciosamente aos maçons e às Lojas.
É a Grande Secretaria de Cultura e Educação Maçônicas trabalhando em
prol de uma Maçonaria cada vez maior e melhor.
Carlos Brasílio Conte
Editor
Fórum Livre
Quem Instrui Quem?
Nas longas e agradáveis conversas que,
invariavelmente, acontecem após as
sessões maçônicas, no copo d`água,
um tema parece prevalecer sobre os demais: quem deve instruir os Irmãos
Aprendizes e Companheiros? A resposta óbvia, que todos sabemos e com
a qual concordamos, é que a instrução
está a cargo dos Irmãos Vigilantes; nisso concordam também as citações do
Regulamento Geral da Federação nas
páginas 10 e 39, edição de 2002. A
grande dúvida, porém, é a respeito de
QUAL deles instruirá os Irmãos Aprendizes e QUAL instruirá os Irmãos
Companheiros, tendo em vista que o
R.G.F. afirma genericamente: "Os
Aprendizes e Companheiros serão instruídos pelos Vigilantes de suas colunas". O que permanece confuso é: qual
é a coluna de cada um deles? Os Rituais
poderiam nos fornecer algumas indicações? Sim, mas infelizmente elas são
contraditórias. Querem exemplos? No
Ritual do Primeiro Grau, página 7, edição de 2001, afirma-se que o Irmão Primeiro Vigilante instrui os Companheiros; no Ritual do Segundo Grau, página 57, edição 2001, afirma-se que o
Irmão Primeiro Vigilante instrui os
Aprendizes. No Ritual de Instalação do
V∴M∴, página 4, edição de 1999, é
o Irmão Segundo Vigilante quem convida os Irmãos Aprendizes a cobrirem o
Templo e é o Irmão Primeiro Vigilante
quem convida os Irmãos Companheiros a cobrirem o Templo, embora isto
não prove que tenham também o encargo de instruí-los nessa mesma ordem. Alguns estudiosos afirmam que
se deve obedecer à ordem hierárquica
e, assim, o Primeiro Vigilante instruiria os Companheiros e o Segundo Vigilante instruiria os Aprendizes; outros
estudiosos afirmam o contrário, alegando que mais importante do que a ordem hierárquica é a posição geográfica: o Irmão Primeiro Vigilante, que
tem assento na Coluna do Norte, instrui os Aprendizes, que também lá
têm assento, e o Irmão Segundo Vigilante, que tem assento na Coluna
do Sul, instrui os Companheiros, que
lá têm assento.
Acrescente-se a esse "imbroglio"
que muitos Irmãos evocam, nesses
assuntos, a Tradição e os Usos e Costumes, dificultando ainda mais a questão.
Tudo isso no R∴E∴A∴A∴, ao
qual eu pertenço; se formos analisar
todos os Ritos, a confusão ficará ainda
maior. É uma discussão antiga, complexa, polêmica, que envolve saber jurídico, ilações e interpretações, bom senso e
preferências pessoais, além de uma forte
dose de ACHISMOS.
A solução, tal qual as equações de segundo grau, envolve sempre duas respostas diferentes, dependendo da fonte consultada. E ambas as respostas estão corretas. Pessoalmente, simpatizo
mais com a "tese hierárquica", segundo a qual o Irmão Primeiro Vigilante
instruirá os Companheiros e o Irmão
Segundo Vigilante instruirá os Aprendizes, mas meu conselho é que cada
Loja adote o seu sistema, após uma votação democrática e salutar.
Carlos Brasílio Conte
Autor do livro A Doutrina Maçônica,
Madras Editora.
Nova Era Maçônica
A Tradição Está Viva
Antonio Giusti, fundador e diretor da revista A Maçonaria no Estado de São Paulo, que, em 1922, publicou
uma edição comemorativa do primeiro centenário da
Maçonaria no Brasil, cuja capa ilustra a primeira página deste jornal. Da obra original, rara e valiosa, reproduziremos uma das primeiras páginas em fac-símile narrando a história dos primórdios de nossa Ordem no Brasil, com grafia de época, resgatando, assim, valores
que não devem ser esquecidos jamais.
À dir. Antonio Giusti 33∴ Gr∴Insp∴Ger∴ da Ord∴ e
Memb∴ Hon∴ do Sup∴ Cons∴ Fundador e diretor da
revista “A Maçonaria no Estado de São Paulo”
Matéria de Capa
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SUPONHAMOS QUE A VERDADE
SEJA O MORANGO
Algumas pessoas encontraram um livro sobre morangos
e, com o que conseguiram de
informação, criaram algumas
religiões defendendo o que
leram dizendo: “Nós lemos no
livro do morango que os verdadeiros morangos são frutas
que crescem no campo, no inverno...”
Outras pessoas que conseguiram algumas fotografias dos
morangos criaram outras religiões, cada uma delas dizendo: “Nós temos as fotografias dos morangos e podemos provar que eles são vermelhos, com folhas verdes,
tamanhos variados...”
Outras viram um campo de
morangos de longe e com o
que puderam observar criaram outras religiões dizendo:
“Nós vimos os campos de
cultivo dos morangos e pudemos constatar que eles são
plantados do jeito tal, colhidos de tal jeito...”
Ainda outras pessoas que puderam pegar nas mãos alguns
morangos, criaram outras religiões dizendo: “Nós pudemos tocar os morangos e podemos afirmar que eles têm
tamanhos variados, formatos
parecidos...”
Poucas pessoas, no entanto,
que conseguiram verdadeiramente comer morangos, não
criaram religião alguma.
Simplesmente saborearam as
frutas, mas não explicaram o
que haviam sentido.
Eu posso experimentar um
morango e descrevê-lo como
sendo doce, mas outra pessoa
pode provar do mesmo morango e achar que ele é azedo.
O importante é que nós tenhamos o direito de ver, cheirar,
tocar e degustar como quisermos ou pudermos, mas nunca
acreditar que a nossa maneira
é a única que existe.
Que a "verdade" seja sempre
maior do que a certeza e que
o amor seja sempre maior do
que a tolerância.
Ir ∴ Alan Christian de
Carvalho
O PODER DO PENSAMENTO
Garret Porte, um menino de 9
anos, estava com câncer. Não se
esperava que sobrevivesse quando começou a ser tratado por uma
terapeuta treinada em aplicar a
imaginação à cura. Ela o incentivou a fazer desenhos que mostrassem as células cancerosas
sendo atacadas e destruídas por
células saudáveis. Ele praticou
isso com afinco durante alguns
meses. O tumor começou a diminuir e, finalmente, desapareceu.
Outros tratamentos por si só não
tiveram êxito, mas combinados
com o poder do pensamento o
curaram. Ele então começou a
ensinar outras crianças com câncer a usar a visualização para curar-se. Criou um serviço telefônico para atender crianças doentes e contou sua história no livro I Choose Life (Escolho a
Vida), que escreveu com sua
terapeuta Patricia Norris.
Esse é apenas um exemplo, entre
a massa crescente de provas, de
que o pensamento é algo real e
pode gerar efeitos físicos. Longe
de ser apenas um acontecimento
interior, nossos pensamentos e
emoções podem afetar nossos
corpos, nossa saúde, nosso humor
e também outras pessoas.
Efeitos do Pensamento sobre a
Saúde
É um fato estabelecido que o
estresse tem uma forte relação
com muitas doenças, como a
pressão sanguínea, ataques do
coração e distúrbios digestivos.
Estudos mostram que a taxa de
mortalidade de viúvas e viúvos é
cerca de 40% mais elevada que a
média estatística. Acontecimen-
Artigos
tos como a morte da esposa e estados emocionais como a depressão podem afetar o sistema
imunológico. Atitudes, pensamentos e emoções não saudáveis
podem fazer-nos adoecer. Por outro lado, a visualização, a afirmação e uma atitude positiva aliviam
as enfermidades.
Visualização
A visualização também pode melhorar nosso desempenho. Atletas são treinados para repetir
mentalmente os feitos realizados.
Está demonstrado que o desempenho de uma tarefa é melhorado se, antes de praticá-la, a repetimos mentalmente. Como ensinam muitos grupos de "pensamento positivo", é possível até
mesmo manifestar algo que queremos, como um trabalho, uma
casa, um carro, um relacionamento. Contudo, o ponto de vista
teosófico enfatiza que muitas vezes conseqüências indesejáveis
resultam do uso egoísta e pessoal
do poder do pensamento e sugere
que o pensamento pode ser melhor usado quando dirigido para
a totalidade interior, a cura, a paz,
o amor e a unidade.
A telepatia ou transferência de
pensamentos de uma pessoa para
outra tem sido estudada há décadas e há provas experimentais
convincentes de que é genuína.
Em várias experiências, indivíduos conseguiram desenhar símbolos emitidos telepaticamente ou
escolher um desenho entre vários
que achavam ser o que estava sendo transmitido. E há muitos casos de telepatia espontânea na
qual alguém pensa em uma pessoa e aquela pessoa aparece ou
telefona ou alguém fica sabendo
mediante um sonho ou intuição
que uma pessoa amada está em
perigo, doente ou morreu. Os
exemplos do poder do pensamento são muito numerosos para descrever.
Campos Invisíveis ao Redor
de Nós
A filosofia esotérica oferece uma
explicação para o poder do pensamento. Essa visão, que sempre
esteve disponível através da história, de uma forma ou de outra,
para aqueles que buscam, retrata
o mundo físico como o resultado
de níveis energéticos superfísicos
do ser. O mundo consiste de campos interpenetrantes, cada qual
mais sutil e mais rarefeito do que
o anterior. Um dos campos é o
mundo das emoções, no qual nossos pensamentos surgem como
energias poderosas. Outro campo
sutil é o mundo do pensamento, no
qual o pensamento exerce uma força real. Há outros campos ainda
mais rarefeitos ligados às energias
intuicionais e espirituais.
Nova Era Maçônica
Todos os seres vivos possuem um
campo localizado (às vezes chamado de aura) dentro desses campos universais, assim como um
diminuto magneto possui um
campo magnético localizado dentro do campo magnético universal. Associada a cada campo universal e local há uma espécie de
matéria superfísica apropriada ao
mesmo. Os clarividentes, que
podem perceber esses níveis de
existência, descrevem o campo
emocional (muitas vezes referido como plano astral) como
contendo um tipo de matéria luminosa e fluídica em constante
movimento, com cores vibrantes
que se alteram com a mudança
dos sentimentos e das emoções.
Eles descrevem o campo (ou plano) mental como caracterizado
por um tipo de matéria mais rarefeita que reage aos pensamentos.
Todos os níveis se interpenetram
e interagem continuamente.
Nossas Energias Mentais e
Emocionais
Estamos sempre sentindo algum
grau de emoção e isso gera uma
vibração ou ritmo em nossa aura
ou campo característico daquela emoção. Por exemplo, o ritmo violento da cólera tem um
efeito muito diferente do ritmo
agradável do amor ou da alegria. Esses ritmos ou vibrações
na aura nos afetam fisicamente, especialmente por meio das
glândulas e hormônios. Padrões
de emoções repetidas podem influenciar profundamente nossa
saúde. Ansiedade e medo, cólera e ressentimento, e até mesmo uma excitação muito grande habitual podem sobrecarregar as glândulas, como as suprarenais, e gerar enfermidades,
enquanto que o relaxamento, a
felicidade, o entusiasmo e a
afeição podem ter um efeito
harmonizante, produtor da
cura.
As vibrações associadas com as
diferentes emoções são transmitidas ao campo circundante e
impingidas sobre as auras ou
campos dos que estão próximos.
Se uma rajada de emoções como
a cólera ou o amor é direcionada
a um indivíduo, ela tende a despertar o mesmo sentimento naquela pessoa, mesmo se ele ou
ela não estiverem fisicamente
presentes. Assim, nossos pensamentos e sentimentos não são
meramente interiores e privados,
eles afetam os demais e afetam
nossos campos e corpos.
Os clarividentes concordam que
as emoções afetam o campo e os
pensamentos fortes criam "formas de pensamento" na matéria
do campo mental. Essas formas
de pensamento podem ter vida
curta ou podem persistir longos
períodos, particularmente se o
pensamento é repetido com
freqüência. Se direcionadas a
alguém, tais formas de pensamento podem descarregar sua
energia na aura da pessoa e
influenciá-la. Assim, os pensamentos não apenas afetam as
pessoas a nossa volta; podem alcançar pessoas a distância. Somos influenciados mais do que
imaginamos pelos pensamentos e
sentimentos dos outros, assim
como por aqueles acumulados
nos campos em torno de nós. É
fácil perceber o intenso campo
emocional em um concerto de
rock ou em uma igreja antiga
onde a devoção foi nutrida por
anos. Mas podemos não perceber
os efeitos em nós dos campos
emocionais e mentais nos quais
vivemos todos os dias.
Ao praticarmos diariamente o envio de pensamentos e sentimentos positivos, talvez como parte
da meditação, estaremos erigindo
energias positivas em nós mesmos. Isso ajuda a proteger-nos de
influências negativas ou nocivas
impingidas em nós por outros ou
absorvidas do campo circundante. Estaremos também aprendendo a tomar conta de nossos
pensamentos e emoções em vez de
ficarmos a sua mercê. E estaremos
vertendo influências elevadoras,
úteis, nos campos ao redor de nós,
que podem servir de auxílio em vez
de obstáculo a outros.
Uso Construtivo de Nossas
Energias
Usamos nossas energias emocionais e mentais todo o tempo, geralmente de forma espontânea,
sem deliberação, e muitas vezes
somos inconscientes de estarmos
fazendo isso. Ainda assim, essas
energias influenciam a nós e aos
demais, mesmo que estivermos
desatentos a elas. Podemos
aprender a usar esses poderes de
forma construtiva em vez de
deixá-las surgir à vontade. Um
uso do poder do pensamento é
visualizar a nós mesmos ou outros bem e saudáveis ou imaginar fluxos de energia da cura alcançando um amigo doente. Podemos treinar conscientemente
para enviar paz, amor, afeição
ou força para aqueles que sabemos estar necessitados de tal auxílio ou enviar paz ao mundo.
Ou podemos projetar uma forma-pensamento de proteção e
segurança em alguém que sabemos estar em perigo. Podemos
visualizar a nós mesmos desempenhando bem uma tarefa ou
ver a nós mesmos ou a outros
confiantes e felizes. Essas são
apenas algumas formas construtivas com que podemos começar a usar nossos poderes do
pensamento e da emoção.
Artigos
Patrik Millikin http://oboi-design.com
Nova Era Maçônica
O Dever
A personalidade só é coerente
e definida em quem consegue
formular para si deveres inflexíveis, que impliquem um
pacto retilíneo com os preceitos da dignidade. Sem ser lei
escrita, o sentimento do dever
é superior aos mandamentos
revelados e aos códigos legais:
impõe o bem e execra o mal,
ordena e proíbe. Reflete na
consciência moral do indivíduo a consciência moral da
sociedade; julga em seu nome
as ações, cominando-as ou
vetando-as.
O dever não é vã premissa
dogmática de velhas morais
teológicas ou racionais. Mais
e melhor do que isso, é toda a
moral efetiva, toda a
moralidade prática: um compromisso entre o indivíduo e
a sociedade. Nasce e varia em
função da experiência social;
com ela se exalta ou se
abisma. À medida que a justiça vai consagrando os direitos humanos, surgem os deveres que são o seu complemento natural, os quais lhe
correspondem como a sombra
ao corpo. Visto que os homens
não vivem isolados, é dever de
cada um concorrer com o melhor do seu esforço para o
aperfeiçoamento de seu povo,
desempenhando com eficácia
as funções apropriadas às suas
aptidões. O homem que se es-
quiva aos deveres sociais é nocivo à sua gente, à sua raça, à
humanidade.
Nos jovens que não desonram
a sua mocidade, os deveres
são o reflexo dos ideais sobre
a conduta; quanto mais intensa for a fé num ideal, mais imprescindível será o sentimento que compele a servi-lo.
Se a moral é social, os deveres são sociais. É quimérica
toda noção de um dever que
não se refira ao homem e à sua
conduta efetiva; o dever
transcendental, divino ou categórico, foi uma hipótese ilegítima das antigas morais
especulativas. Em todas as raças e em todos os tempos existiu o sentimento do dever, porém concretamente manifestado em deveres variáveis com
a experiência social, distintos
em cada época e em cada sociedade, perfectíveis como a
própria moralidade. Aumentaram simultaneamente os direitos reconhecidos pela jutitiça
e os deveres impostos pela solidariedade. Reduzir o dever a
um mandamento sobrenatural
ou a um conceito da razão
implica subtraí-lo à sanção
real da sociedade e relegá-lo
a sanções hipotéticas e
indeterminadas.
Ignorando a origem social do dever, os estóicos não o puderam
definir, embora concebendo
magnificamente a perfeição
humana; por desconhecer essa
origem,
decidiram
os
dialéticos construir, com um
gênio admirável, absurdas
doutrinas do dever absoluto.
Absurdas como tudo o que
contradiz a natureza. Se a justiça fosse perfeita na sociedade, poderia ser concebido o
dever absoluto; mas essa hipótese não foi efetivamente
realizada em nenhuma sociedade, nem é mesmo possível
coisa alguma invariável numa
realidade que eternamente varia. A injustiça existiu e existe, criando o privilégio, que é
a violação do direito. Disso
não se conclui que não tenha
existido o dever, nem tampouco que deva existir, respeitando a injustiça.
O sentimento do dever, quando absoluto na consciência do
indivíduo, é relativo à justiça
da sociedade. Onde o direito
é violado, torna-se menos imperativo; quando todos os direitos são respeitados, cada
homem tende a cumprir os
seus deveres. Nenhuma força
coercitiva pode impor normas
de conduta contrárias à própria consciência moral. A obrigação do dever só reconhece
a sanção da justiça.
O homem que dobra a sua
consciência sob a pressão de
vontades alheias ignora o
maior de todos os prazeres,
que é proceder de acordo com
as suas tendências; priva-se da
satisfação do dever cumprido
pelo simples prazer de o cumprir. A obediência passiva é
domesticidade sem crítica e
sem fiscalização, indício de
submissão ou de aviltamento;
o cumprimento do dever implica inteireza e vigor, melhor
cumprindo-o quem se sente capaz de impor os seus direitos.
Afirmar que o dever é social
não significa que o Estado ou
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a Autoridade possam impor a
sua tirania ao indivíduo. O
sentimento do dever é sempre
individual, e nele se reflete a
consciência moral da sociedade; mas, quando o Estado ou
a Autoridade não representam
a lídima expressão da consciência social, pode consistir o
dever na obediência, embora
custe a própria vida. Assim
nos ensinaram com elevado
exemplo os mártires da independência, da liberdade, da
justiça. Quando a consciência
moral considera que a autoridade é ilegítima, obedecer é
covardia, e aquele que obedece atraiçoa os seus sentimentos de dever. Talvez seja essa
a única falta de Sócrates no
cárcere, desde que acreditemos na letra do seu platônico
diálogo com Criton, no qual o
respeito à lei impõe obediência à injustiça.
5
A sociedade e o indivíduo são
reciprocamente dependentes:
pelo respeito à justiça, avaliamos a civilização da primeira; pela austeridade no dever,
aquilatamos a moralidade do
segundo. A fórmula da justiça
social é garantir ao homem
todos os seus direitos; a fórmula da dignidade individual
é cumprir todos os deveres
correspondentes. Os países
novos devem seguir esse equilíbrio ideal. Aquele que sempre fala dos nossos direitos
sem nos recordar os nossos
deveres atraiçoa a justiça;
mancha, porém, a nossa dignidade que predica deveres
que não representem a conseqüência natural dos direitos
efetivamente exercitados.
J. Ingenieros, filósofo e
pensador argentino
Serviço
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História
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A República e o Papel dos Maçons Paulistas
menagem à lei Visconde do
Rio Branco, ou "do Ventre Livre" – no Rito Escocês e na
jurisdição do Grande Oriente
Unido; foi incorporada ao
Grande Oriente do Brasil, em
1883, e viria a abater colunas
cerca de dez anos depois.
Loja "VIRTUDE E CARIDADE", de Santa Bárbara do
Oeste, fundada a 16 de dezembro de 1881, no Rito Escocês
e na jurisdição do Grande Oriente Unido; incorporada ao
Grande Oriente do Brasil, em
1883, abateria colunas cerca
de cinco anos depois.
Em 1882, chegava ao fim a
cisão na Maçonaria brasileira,
com a fusão das duas Obediências. Saldanha, já doente
e cansado, sem poder comandar, convenientemente, o
http://daniellathompson.com
Com a morte do visconde do
Rio Branco, foram realizadas
novas eleições para a administração do Grande Oriente do
Brasil, a 27 de junho e a 4 de
julho de 1881, sendo eleitos o
conselheiro João Alfredo
Corrêa de Oliveira, como
Grão-Mestre e o almirante
Artur Silveira da Mota (futuro barão de Jaceguai),
paulista, como Grão-Mestre
Adjunto, ficando Francisco
Cardoso Júnior como GrãoMestre Honorário.
João Alfredo, devido às suas
viagens, não assumiu, todavia,
o cargo, sendo, a 29 de setembro, empossado apenas o almirante Artur Silveira da
Mota, como Adjunto e que
acabaria dirigindo o Grande
Oriente, como Grão-Mestre
São Paulo – Fim do século XIX
em exercício (ou interino), até seu Grande Oriente "Unido",
5 de maio de 1882, quando pedira demissão de seu cargo,
João Alfredo declarou não po- a 30 de março de 1882, incender aceitar o cargo; nessa oca- tivando, inclusive, a fusão,
sião, o almirante, declarando cujas negociações foram mais
a sua impossibilidade para incrementadas a partir do mocontinuar preenchendo o mento em que o Supremo
cargo, renunciou a ele, o Conselho dos Estados Unidos,
que fez com que a assem- jurisdição Norte, reconhecia o
bléia geral, a 24 de maio, Grande Oriente do Brasil, em
declarasse a vacância dos junho do mesmo ano, ocasião
cargos de Grão-Mestre e em que foram expedidas as paGrão-Mestre Adjunto e entre- tentes de reconhecimento múgasse o cargo de Grão-Mestre, tuo. Assim, a 18 de dezembro
novamente, a Cardoso Júnior, de 1882, era considerado exo qual, embora interino, aca- tinto o Grande Oriente Unibou assumindo todas as rédeas, do, antigo dos Beneditinos,
com poderes totais, diante da oficializando-se a união trinta
situação anômala, até 1885. dias depois, a 18 de janeiro de
Em 1881, mais duas Lojas se- 1883, permanecendo uma
riam fundadas na Província de Obediência única, sob o título
S. Paulo: Loja "VINTE E original: GRANDE ORIENOITO DE SETEMBRO", de TE DO BRASIL.
São José dos Campos, funda- Durante o ano de 1882, que
da a 15 de fevereiro de 1881 – marcaria a extinção do Grancom título distintivo em ho- de Oriente Unido, a Maçonaria
paulista passava por um período de dinamismo, com a fundação de mais cinco Lojas:
Loja "UNIÃO E LIBERDADE", de Faxinal (depois,
Itapeva), fundada a 13 de julho de 1882, no Rito Escocês
e na jurisdição do Grande
Oriente Unido; anexada ao
G.O. do Brasil com a incorporação do G.O. Unido a este, a
18/01/1883, abateria colunas
cerca de doze anos depois.
Loja "TRABALHO E HONRA", de Casa Branca, fundada a 31 de julho de 1882, no
Rito Escocês e na jurisdição
do Grande Oriente Unido; incorporada ao Grande Oriente
do Brasil em 1883, foi declarada extinta em 1904, quando
fez fusão com a Loja "UNIÃO
E CARIDADE II".
Loja "SÃO JOÃO", de
Guaratinguetá, fundada a 1o
de agosto de 1882, no Rito
Escocês e na jurisdição do
Grande Oriente do Brasil;
acabou sendo dissolvida pelo
Grande Oriente, menos de
um ano depois (a 19 de julho
de 1883), pelas graves irregularidades que apresentava.
Loja "SEGREDO 28", de Limeira, fundada a 20 de dezembro de 1882, no Rito Escocês e no Grande Oriente
Unido – apesar deste ter sido
declarado extinto dois dias
antes – tendo sido incorporada ao Grande Oriente do
Brasil a 18/01/1883, abatendo colunas cerca de três anos
depois.
Loja "ESTRELA DO ORIENTE", de São Carlos, fundada
a 20 de dezembro de 1882, no
Rito Escocês e no Grande
Oriente Unido (apesar da
extinção deste a 18/12); seria
incorporada ao Grande Oriente do Brasil cerca de um ano
depois da incorporação do
Grande Oriente Unido, vindo
a abater colunas cerca de dez
anos depois.
A 20 de janeiro de 1885, era
sancionada nova Constituição
do Grande Oriente do Brasil
e, no mesmo ano, era eleita a
nova administração, com Luiz
Antonio Vieira da Silva (depois
visconde Vieira da Silva),
como Grão-Mestre, e João
Baptista Gonçalves de
Campos, visconde de Jary,
como Adjunto.
No plano político-social,
prosseguia a luta abolicionista
e recrudescia a campanha republicana, com participação
ativa de muitas Lojas.
A campanha republicana, por
seu lado, era incrementada
pela Questão Militar, que, na
verdade, consistiu numa série
de atritos, acontecidos entre
1883 e 1889, entre os políticos
e os militares, causados pelo
brio dos militares e pela inabilidade de políticos e ministros.
Esses atritos iriam criar uma atmosfera propícia para o levante
militar final, em 1889, o qual
resultaria na implantação do
regime republicano, sob a liderança de maçons como
Benjamin Constant Botelho
de Magalhães e Manoel
Deodoro da Fonseca.
A Questão Militar, na realidade, não se limitou aos quartéis,
mas teve, também, escora política no Parlamento. Os partidos políticos, diante de suas
rivalidades, procuravam apoio
e proteção nas forças armadas,
entregando-se ao amparo dos
grandes chefes militares. Isso
já havia acontecido, com os liberais fazendo do general
Osório, maçom dos mais destacados, o seu conselheiro militar, enquanto que Caxias se
tornava, pelas circunstâncias,
o líder militar dos conservadores. Com a morte de ambos,
em 1879 (Osório) e 1880
(Caxias), os partidos saíram
atrás de substitutos, sendo que
os liberais o encontraram na
pessoa do general Correia da
Câmara, visconde de Pelotas
e senador pela província do
Rio Grande do Sul, enquanto
os conservadores faziam o
mesmo com Deodoro. Sendo,
todavia, Pelotas e Deodoro,
totalmente dedicados ao Exército, acima de qualquer rivalidade partidária, toda a participação do segundo nas questões militares com o império
seria apoiada, decididamente,
pelo primeiro, no Senado,
pois, mais do que as
questiúnculas partidárias, interessava manter a coesão do
Exército, que havia sustentado a independência e combatido para assegurar a unidade
nacional.
As questões principais foram
as punições, em 1885, do tenente-coronel Cunha Matos e
do major Sena Madureira pelo
ministro da Guerra (civil), por
críticas a este. As punições
foram consideradas uma injúria, pois Cunha Matos, em um
jornal diário, respondendo a
um deputado que o havia
ofendido, externara o conceito de que a causa de toda a discussão fora um erro do ministro. Em 1886, Deodoro – que
fora iniciado na Loja "ROCHA NEGRA", de S. Gabriel
(RS), a 20/9/1873 – então no
comando da guarnição do Rio
Grande do Sul e já com um largo prestígio no Exército, apoiou
o seu subordinado, Sena
Madureira, sustentando a legitimidade de sua posição. Ao
mesmo tempo, por inspiração de Benjamin Constant,
reuniam-se no Rio de Janeiro,
a 10 de outubro de 1886, os
oficiais do Exército e da Armada, presididos por ele e
pelo almirante Artur Silveira
da Mota (que tinha exercido o
Grão-Mestrado do Grande
Oriente do Brasil), para hipotecar solidariedade aos seus
camaradas Sena Madureira e
Cunha Matos. Demitido de
seu comando, por essa atitude, Deodoro recolheu-se à capital do império, onde o movimento aumentou, em 1877,
sempre dirigido por ele e por
Benjamin e com o apoio de
Pelotas, no Senado. Com esse
crescimento, Deodoro assina,
juntamente com Pelotas, o
manifesto "Ao Parlamento e à
Nação", redigido por Rui Barbosa, em que eram definidos
os pontos de vista da classe
militar; em junho de 1887, em
conseqüência, era instituído o
Clube Militar, com Deodoro
na presidência. E, nesse mesmo ano, quando os fazendeiros procuravam obter do governo a colaboração militar na
caça aos escravos fugidos, a
princesa regente, D. Isabel, recebia, por meio do Clube, uma
altiva mensagem, onde se solicitava que o Exército fosse
dispensado de tal missão vergonhosa de capitão-do-mato.
Apesar da intensa movimentação, os velhos militares, com
patente de major para cima, tinham grande respeito pelo imperador, que, durante a guerra
do Paraguai, tinha se mantido
firme ao lado dos alvos nacionais da campanha sustentada
pelas forças armadas. Os postos inferiores, entretanto, estavam preenchidos por jovens
alunos das escolas militares,
Marechal Deodoro da Fonseca
respostas das Lojas "ACÁCIA
RIOGRANDENSE", do Rio
Grande do Sul e "CARIDADE E SEGREDO", da Bahia,
as quais não foram muito animadoras, mostrando que a
opinião maçônica, dentro do
espírito democrático que deve
reger a instituição, refletia a
própria heterogeneidade da
sociedade brasileira.
A partir de 1887, quando o imperador, minado pela doença
(era diabético), ficara privado
de sua antiga energia, fazendo prever um fim próximo,
com a conseqüente ascensão
da princesa Isabel e de seu marido, conde D' Eu, ao trono, estabeleceu-se uma rede secreta
de intrigas, persistente e sutil,
mostrando uma figura
distorcida da princesa e do
conde francês: dizia-se que
Isabel era um mero instrumento da vontade do clero e que
seu marido era um avarento
aproveitador, afastado dos interesses brasileiros, o que estava longe da realidade, pois ele
era um soldado leal, altruísta e
capaz, mas que, devido a uma
surdez e ao forte sotaque, era
mantido isolado, nunca admitido na sociedade brasileira,
para a qual foi, até ao fim, "o
francês". Intrigas de bastidores! Coisas de uma política
muitas vezes desleal! Mas que
ajudariam a apressar o fim do
Império e o advento da República, desejada por segmentos
importantes da vida social brasileira.
Preparado em segredo, nos
meios militares e nas rodas republicanas, onde era expressivo o número de maçons, o
levante deveria ocorrer no dia
20 de novembro de 1889. Nos
dias 13 e 14, todavia, temendo-se hesitações e dificuldades de última hora e com a circulação do boato, entre os
muitos da época, de que o governo mandara prender
Deodoro, resolveu-se antecipar o golpe, começando a
movimentação das tropas na
madrugada do dia 15. Já no
dia 10, havia sido decidida a
queda do Império, numa reunião na casa de Benjamin
Constant, à qual estiveram
presentes os maçons paulistas
Francisco Glicério e Campos
Salles. O obstáculo, naquele
momento, era a afeição de
Deodoro ao imperador; para
transpô-lo, foi necessário todo
o poder de persuasão de Benjamin e de outros companhei-
7
http://www.igrejapositivistabrasil.org.br
de Campos, Pedro de Toledo,
Américo Brasiliense, Ubaldino do Amaral, Aristides
Lobo, Bernardino de Campos
e outros.
Além disso, várias Lojas e
obreiros aprovaram propostas
contrárias ao advento de um
terceiro reinado e pela implantação da república, enviando
seu parecer a todas as demais
Lojas, embora não tenha a
receptividade de algumas
sido boa.
Da província de S. Paulo, partiria uma das primeiras iniciativas maçônicas nesse sentido,
pelas Lojas "INDEPENDÊNCIA" e "REGENERAÇÃO
III", da cidade de Campinas,
as quais, a 20/6/1888, enviavam prancha às demais Lojas,
solicitando apoio para uma
conspiração que impedisse o
advento do terceiro reinado. O
descaso com os documentos
maçônicos – semelhante ao
descaso geral com os documentos históricos da nação –
impediu que respostas de muitas Lojas se é que houve resposta da maioria – fossem preservadas. Algumas, porém,
chegaram até nós: é o caso das
http://www.agbcuritiba.hpg.ig.com.br
os quais, além de não experimentarem sentimentos semelhantes aos dos oficiais
mais antigos, estavam altamente doutrinados pelo professor de maior prestígio da
Escola Militar, aquele que viria, por sua atuação, a ser
cognominado "o pai da República": o maçom e positivista
tenente-coronel Benjamin
Constant, que fazia aberta
apologia do movimento republicano e era um dos mais
categorizados críticos do governo imperial.
A par das atividades militares,
com a atuação de muitos
maçons, era grande a
efervescência nas Lojas e nos
clubes republicanos de inspiração maçônica, destacandose, nesse período, muitos
maçons civis, que seriam chamados de "republicanos históricos": Quintino Bocayuva
(fundador do jornal "A República" e futuro Grão-Mestre do
GOB), Campos Salles (futuro
presidente da República), Prudente de Moraes (primeiro
presidente civil da República),
Silva Jardim, Rangel Pestana.
Francisco Glicério, Américo
novembro/dezembro
2006
História
Nova Era Maçônica
Benjamin
ros de farda, pois, pelo seu
prestígio no Exército, teria que
caber, a Deodoro, o papel decisivo, no comando da tropa.
Convencido, por fim, de que
isso teria que ser feito, ele assumiu o comando do movimento.
Deposto todo o Conselho de
Ministros, presidido pelo visconde de Ouro Preto,
Deodoro, todavia, num rasgo
de sua antiga fidelidade a D.
Pedro II, não se dispunha a tomar providências para implantar a república, tendo declarado, a Ouro Preto, que iria mandar procurar o imperador, em
Petrópolis, para propor-lhe um
novo gabinete. Foi aí que,
mais uma vez, entrou em cena
Benjamin Constant, que fez
ver, a Deodoro, o perigo que
eles correriam, daí em diante,
por sua rebeldia, com a sobrevivência do governo imperial. E, assim, se fez a república
no Brasil. Chegada a notícia
da Proclamação da República
à Província de S. Paulo, um
dos primeiros atos concretos
foi a reunião dos propagandistas, no Clube Republicano, às
10 horas da noite, quando
Constant
Américo de Campos deu, aos
demais, ciência do que se passava, propondo a aclamação
de um governo provisório em
São Paulo. No dia seguinte, o
secretário interino da Comissão
Permanente do Partido Republicano, Campos Salles, endereçava oficio à Câmara Municipal, comunicando terem sido
aclamados, como membros do
Governo Provisório da província, os cidadãos tenentecoronel Joaquim de Souza
Mursa, Prudente de Moraes
Barros e Francisco Rangel
Pestana, tendo Bernardino de
Campos como chefe de polícia e o jornalista Júlio Mesquita como secretário do governo. Três dias depois, a 19/11,
Martinho Prado Júnior, conhecido como Martinico Prado
(1842-1906), maçom, como
Prudente, Campos Salles,
Rangel Pestana, Américo de
Campos, Bernardino de Campos e Júlio Mesquita, apresentava à Câmara Municipal de
S. Paulo, em nome do povo,
proposta de mudança de denominação de diversas ruas:
rua do Imperador, para rua
Marechal Deodoro; rua da
8
novembro/dezembro
2006
Imperatriz, para rua 15 de Novembro; rua da Princesa, para
rua Benjamin Constant; rua
Conde D' Eu, para rua Glicério;
rua do Príncipe, para rua
Quintino Bocaiuva; rua de S.
José, para rua Libero Badaró; e
rua Comércio da Luz, para avenida Tiradentes. A essa proposta, o vereador João Augusto
Garcia apresentou um adendo,
propondo que a praça Sete de
Abril passasse a ser praça 15
de Novembro; a essa emenda,
Domingos de Moraes ofereceu outra: que essa praça Sete
de Abril passasse a ser praça
da República.
Nessa época, São Paulo ainda
era uma cidade acanhada, com
7.000 casas e uma população
de cerca de 40.000 habitantes,
com sua atividade maior numa
pequena área central, delimitada pelos riachos e córregos
Tamanduateí, Anhangabaú e
Bexiga. Tinha, todavia, ligação ferroviária por meio das
linhas das Companhias Inglesa, Paulista, Sorocabana,
Mogiana, Ituana, Rio Claro e
Bragantina – com várias localidades, além de ligação com
a capital federal, pela Estrada
de Ferro do Norte e da navegação entre os portos de Santos e do Rio de Janeiro, o que
lhe prodigalizava intenso intercâmbio social, cultural e
político. Além disso, tinha a
sua Faculdade de Direito –
uma das duas primeiras do
Brasil, desde 1827 – o que a
transformava num importante centro cultural, antes de se
transformar, já no final do século XIX, no principal pólo
econômico e político do país,
graças à primazia de Santos,
como porto exportador.
No Grande Oriente, o GrãoMestre Luis Antonio Vieira da
Silva, que, como Ministro da
Marinha do império, por ocasião da assinatura da Lei Áurea, recebera, em janeiro de
1889, o título de visconde
Vieira da Silva, viria a falecer
a 3 de novembro daquele ano,
tendo pouco antes, no começo de outubro, autorizado a
instalação de uma Grande
Loja Provisória em S.Paulo.
Com a morte de Vieira da Silva, assumiria o cargo, interinamente, o Adjunto, visconde
de Jary. A este caberia, em
nome do Grande Oriente do
Brasil, se manifestar, aderindo à mudança de governo,
numa atitude coerente, além
de lógica.
Implantada a República,
Deodoro assumiria o poder,
como chefe do Governo Provisório, com um ministério totalmente constituído por
maçons: Quintino Bocayuva,
na pasta dos Transportes;
Aristides Lobo, na do Interior;
Benjamin Constant, na da
Guerra; Rui Barbosa, na da
Curiosidades
Na sessão de inauguração do Edifíco do GOSP, estiveram presentes, além das Altas Dignidades dos três
Poderes da Ordem, representações da Grande Loja
Distrital inglesa, do Grande Oriente Estadual
Tiradentes, de Minas Gerais, do Grande Oriente Estadual de Santa Catarina, da Grande Loja do Estado de
São Paulo e de 67 Lojas, não só do Estado de São
Paulo, mas, também, de Minas Gerais, da Bahia, de
Pernambuco e até dos Estados Unidos (a Loja
Harmony, de Nova York).
História
Fazenda; Campos Salles, na da
Justiça; Eduardo Wandenkolk,
na da Marinha; e Demétrio
Ribeiro, na da Agricultura. Esses homens foram escolhidos
pelo fato de representarem –
com exceção de Rui, que era
chamado de "republicano do
dia 16" – a nata dos "republicanos históricos", que, por feliz coincidência, pertencia ao
Grande Oriente do Brasil,
numa época em que a Maçonaria abrigava os melhores
homens do país e a elite intelectual da nação.
A 19 de dezembro do mesmo
ano de 1889, pouco mais de
um mês após a implantação da
república, Deodoro, sendo
chefe do Governo Provisório,
era eleito Grão-Mestre do
Grande Oriente do Brasil, tendo, como Adjunto, Josino
Nascimento da Silva. Ele só
iria tomar posse do cargo, todavia, a 24 de março de 1890,
enquanto o Adjunto só assumiria a 18 de agosto do mesmo ano. Deodoro, na realidade, pouco podia se dedicar ao
Grão-Mestrado, pois o novo
regime necessitava de consolidação e não contava com o
consenso de seus artífices, já
que, nos primeiros momentos,
havia duas correntes republicanas com idéias totalmente
antagônicas: uma, queria uma
república democrática representativa, enquanto que a outra desejava uma ditadura
sociocrática de tipo comtista,
ou seja, de acordo com a doutrina de Comte, o Positivismo
(e não se pode esquecer que
grandes expoentes do movimento, como Benjamin, Júlio
de Castilhos e Lauro Sodré,
eram positivistas). Acabaria
vencendo a corrente democrática, sustentada por Rui Barbosa, seu maior expoente e a
cuja diligência deve-se a elaboração do projeto de Constituição Provisória, em decorrência do qual se instalou, a
15 de novembro de 1890, o
Congresso Constituinte. Antes
disso, todavia, o Governo Provisório já executara a reforma
Nova Era Maçônica
institucional, inclusive com a
lei de 7 de janeiro de 1890,
que separava a Igreja do Estado e com a qual se tornava
impossível uma nova questão
como a de 1872.
No ano de 1890, na alvorada
da República brasileira, São
Paulo iria ver a fundação de
mais duas Lojas: Loja "ORDEM E PROGRESSO", da
Capital, fundada a 24 de fevereiro de 1890, no Rito Moderno, ou Francês, e na jurisdição do Grande Oriente do
Brasil, onde recebeu o número 428, no Registro Geral das
Lojas. Loja "HARMONIA E
CARIDADE", da Capital,
fundada a 12 de setembro de
1890, no Rito Adoniramita e
na jurisdição do G∴O∴ do
Brasil, onde recebeu o número 430, no Registro Geral. Em
novembro de 1890, em San-
tos, ocorreria um fato curioso e que mostra certa prevenção da população contra os
maçons: o Venerável da Loja
"FRATERNIDADE", Francisco Alves da Silva, fora nomeado Inspetor da Alfândega; em manifestação de regozijo, a Loja fez uma sessão extraordinária e os obreiros foram, incorporados e
todos para-mentados – e com
o estandarte da Loja – em
cortejo a pé até à casa dele.
Só o Porta-Espada não foi
com a espada, por recomendação da Loja, "para não
causar espécie aos profanos", segundo a ata.
Extraído do livro História do
GOSP, José Castellani, publicação do Grande Oriente de
São Paulo.
Meio Ambiente
A Importância do Rio Tietê
Um resumo da importância de
nossa rede hídrica e particularmente desse rio, tão famoso por fazer parte de nossa
história, é uma forma de o homenagearmos, buscando incentivar todos os que buscam
preservar os recursos hídricos
e o meio ambiente.
No Brasil, a rede de rios perenes é uma das mais extensas do mundo, devido ao clima e aos aspectos geológicos
que propiciam tais aspectos.
Concentra-se em 80% a produção hídrica do país distribuída em três unidades
hidrográficas: Paraná, Amazonas e São Francisco, as
quais abrangem 72% de nosso território. Só a Bacia Amazônica abrange 57% da superfície brasileira. A hidrografia
brasileira é rica em rios, porém há poucos lagos. A alimentação dos mesmos é obtida por meio das chuvas, ao
contrário dos rios europeus,
em que as. cheias e vazantes
variam de acordo com o derretimento de neve ou gelo. O
rio Amazonas, porém, obedece a um regime misto, pois seu
nível de água também é influenciado pelo derretimento de
neve na Cordilheira dos Andes. Mesmo com a profusão
de recursos hídricos, sua distribuição irregular e a qualidade nem sempre confiável das
águas são fatores limitantes ao
direito básico do ser humano
relacionado ao consumo de
água, tanto para a manutenção
da vida quanto para necessidades individuais. A água, tão
essencial quanto o ar, é a base
de nossas vidas, e a manutenção dos recursos hídricos é
obrigação de qualquer governo. Em virtude da importância da preservação dos recursos hídricos surgiu a necessidade de programas de
Pensamento
“Existe somente uma idade para a gente ser feliz... fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida...
tempo de entusiasmo e coragem... Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se presente e tem a duração do
instante que passa...” – Mário Quintana
conservação e recuperação
ambi-entais, nascendo na década de 70 o conceito de bacia hidro-gráfica como unidade de planejamento. As
bacias hidrográficas são
áreas ocupadas por um rio
principal e todos os seus
tributários (afluentes).
A Bacia do Rio Tietê é unidade hidrográfica da Bacia do
Rio Paraná, que se compõe
por seis sub-bacias, sendo que
a região metropolitana de São
Paulo está inserida na do Alto
Tietê. Tal bacia corresponde à
área drenada pelo rio Tietê,
desde sua nascente em
Salesópolis até a Barragem de
Rasgão. Sua área é de 5.985
km2, composta por 35 municípios. A gestão ambiental da
bacia que comporta o rio Tietê
torna-se complexa por diversos fatores, tais como: a interferência de obras hidráulicas;
ocupação desordenada proveniente de um modelo urbanístico que não previu as conseqüências que hoje se manifestam nos rios da bacia em questão; a poluição; o adensamento
da região metropolitana de
São Paulo, uma das maiores
no mundo, ocasionando problemas quanto à disponibilidade hídrica; a invasão em
áreas de mananciais. "Um
córrego, um riacho, um rio,
constantemente foram fontes
de vida para as pessoas, não
só a vida material, mas também inspiraram a literatura
Meio Ambiente
mundial, em que poesias e lendas povoavam a imaginação
da humanidade com personagens que viviam em suas
águas, representando, muitas
vezes, as aspirações do ser
humano. Nosso rio Tietê sempre foi fonte de referência para
os mais diversos segmentos
desde geógrafos e técnicos até
historiadores, não fugindo da
memória dos que viveram na
época a lembrança das águas
limpas nas quais se podia nadar, hoje em trechos poluídos
que estão em áreas urbanas. O
rio Tietê serviu como fator que
permitiu a interiorização de
São Paulo e do Brasil, quando das Bandeiras, trazendo a
expansão das cidades. É tal a
importância desse rio, que ninguém mais se conforma com
sua poluição, ninguém mais
quer que ele morra e a consciência ambiental, que atualmente vem crescendo, encontra ecos na população que está
aprendendo a ver, não só o rio
Tietê, mas todos os outros rios,
como parte de um todo do qual
fazemos parte e que deve ser
preservado e mantido em
constante harmonia."
Maria Cristina Greco
Informações relacionadas ao
meio ambiente (11) 6283-4489 ou
[email protected]
fonte de pesquisa:
www.cetesb.sp.gov.br
novembro/dezembro
2006
9
http://www.rededasaguas.org.br
Nova Era Maçônica
Clube Tietê – São Paulo em 1902
Curiosidades
Sabe-se que 3/4 da superfície do nosso planeta é coberta por água, sendo 97%
salgada e apenas 3% doce. Contudo, do percentual total da água doce existente,
a maior parte se encontra sob a forma de gelo nas calotas polares e geleiras,
parte é gasosa e parte é líquida – representada pelas fontes subterrâneas e superficiais. Já os rios e lagos, que são nossas principais formas de abastecimento,
correspondem a apenas 0,01% desse percentual, aproximadamente.
Mensagem
Construtores de Templos
Vós sois os construtores de templos do futuro. Com vossas
mãos, devem ser erguidos os domos e pináculos de uma civilização futura. Sobre a fundação que ditarem, o amanhã construirá um edifício muito mais nobre. Construtores dos templos
do caráter, enquanto isso, deveriam habitar um espírito iluminado; garantes da rocha do relacionamento; moldadores daqueles vasos criados para conter o óleo da vida: para cima e
para a tarefa indicada! Nunca antes na história os homens tiveram a oportunidade que
se vos oferece. O mundo espera-espera-espera pelos iluminados que virão dentre as colunas do pórtico. Humildade, lograda e atada, procura entrar para o templo da sabedoria.
Abram o portão e permitam que os merecedores adentrem. Abram o portão e deixem a luz
que é a vida dos homens brilhar. Apressem-se para acabar a habitação do Senhor, que o
Espírito de Deus possa vir e habitar entre Seu povo, santificado e submisso à Sua lei.
Manly P. Hall
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10 novembro/dezembro
2006
Arte Real
Nova Era Maçônica
William Logsdail (1859-1944) Piazza de San Marco - Veneza 1883
O Século XVIII e a Maçonaria na Itália
Mesmo não carecendo de figuras de destaque, com o passar do cientificismo e do ceticismo iluministas, os estudos esotéricos sofreram, no
século XVIII, uma abrupta
voz de prisão.
Personagens de relevo, como
o conde de Cagliostro que,
sob o título iniciático de
Grande Cofto, introduziu na
Europa amostras de Esoterismo egípcio, morreu
presumivelmente aprisionado
em São Léo, por Ordem da
Igreja Católica; como o
fantasmagórico conde de
Saint-Germain, iniciado
onipresente nas cortes européias que, segundo uma carta de Horace Walpole, de
1745, teria mais de uma vez
nascido em Asti e que, segundo outros, teria alcançado a
imortalidade ou, ao contrário,
talvez tivesse sido o lendário
Hebreu Errante, condenado a
vagar até o final dos tempos
por haver zombado de Cristo
durante o caminho para o
Calvário; como o grande alquimista napolitano, príncipe
de São Severo, ou como o
próprio Giacomo Casanova,
aventureiro e amante, mas
também grande bibliotecário.
Foi apenas nos últimos anos
do século, quando a expedição
de Napoleão ao Egito revelou
à Europa os mistérios dessa
antiga civilização e, com eles,
além das contribuições de um
Champollion e de um
Rosellini, a imagem esotérica
do Oriente refletida no apoio
de Bonaparte às concessões
maçônicas, foi que o interesse pelo lado "oculto" da vida
voltou a despertar, ressurgindo definitivamente nas primeiras décadas do século XX,
graças sobretudo ao trabalho
de Alphonse Louis Constant,
conhecido sob o pseudônimo
de Eliphas Levi.
O século XVIII não foi, todavia, isento de movimentos
ou doutrinas que proponham
princípios esotéricos no contexto de seus próprios rituais
ou de sua simbologia. Foi exatamente nas primeiras décadas
desse século que se tornou
sua coadjuvante oficial uma
instituição da qual se falou
muito nos séculos seguintes:
a Maçonaria. Desde sua criação oficial, a Franco-Maço-
naria, ou Livre Muradoria,
nasceu como uma entidade
extremamente complexa e
dificilmente enquadrável em
uma única corrente ideológica ou política, menos ainda
passível de ser limitada apenas ao âmbito iniciático,
esotérico e espiritual. Existiu, em suma, com a finalidade de servir à interpretação histórica, como duas
Maçonarias, a primeira
"explo-rável e analisável mediante instrumentos bem testados de pesquisa científica";
a segunda, impenetrável a esses instrumentos e exigindo "o
uso de outros e mais aptos
meios de pesquisa". Assim
afirma Natale Mario di Luca
em seu A Maçonaria - História, Mitos e Ritos, e prossegue:
"O próprio Esoterismo é para
todos os efeitos o universo
submerso e pouco visível da
Maçonaria, seu coração e sua
medula, verdadeiro e único fio
condutor de onde provém".
Em 24 de junho de 1717, dia
de São João Batista, quatro
Lojas de Londres reuniram-se
à meia-noite, próximo à Catedral de São Paulo, em uma
taverna chamada O Ganso
Grelhado, fundando e oficializando a primeira Grande
Loja da História, com o específico intento de unificar as
diversas filiações e os diversos regulamentos da Maçonaria. A tradição defende que tal
Loja seria derivada diretamente das antigas guildas de construtores medievais, ou seja, de
corporações de mestres conhecidas desde a mais remota
Antiguidade. Dos primeiros
colégios sacerdotais (assim
eram chamadas, antigamente,
as guildas de construtores) chegamos às corporações medievais, verdadeiros e autênticos
cenáculos nos quais eram conservados, além de aplicados, os
conhecimentos secretos sobre a
arte da construção. A Idade
Média é talvez um dos períodos de maior flores-cimento
de tais corporações, se observarmos que os construtores
das catedrais se beneficiaram, da parte das autoridades
eclesiásticas, de particulares
privilégios constituídos por
franquias, tribunais especiais
e isenções de vários tipos,
das quais deriva o termo in-
dependentes ou franco-pedreiro.
Na Idade Média a arte da construção recebia diferentes denominações, mas, acima de
qualquer outra denominação,
existia aquela da Arte Real, na
qual os segredos de engenharia eram transmitidos apenas
àqueles que se mostravam dignos. Tais modelos contribuíram para a criação do ideal de
construção da Obra Suprema,
da realização do que seria uma
Igreja Ideal, de um Templo
Perfeito que fosse imagem e
manifestação do divino. A arte
de erguer edifícios constituiu
assim uma ciência, uma filosofia, ou seja, uma verdadeira
e genuína doutrina transmitida no mais absoluto segredo.
A passagem da Maçonaria
Obrante para a Especulativa
moderna ocorreu inteiramente na Inglaterra, presumivelmente graças à presença de um número cada vez
mais considerável de maçons
aceitos, ou seja, de indivíduos que, mesmo pertencendo a
outros ofícios ou corporações,
eram acolhidos no contexto
dessa corporação.
Os antigos documentos maçônicos parecem, porém, insistir
em colocar as origens de tal
Ordem em um passado ainda
mais remoto, possivelmente no
antigo Egito. Em 1783, o GrãoMestre do condado de Kent,
George Smith, sustentou, em
diversas publicações, que a
Maçonaria teria dado origem
provavelmente a muitos dos
próprios mistérios da antiga terra dos faraós. Ignazio von Born,
conselheiro do rei austríaco
Giuseppe II, era da mesma opinião, tendo publicado, por sua
vez, um artigo que recebeu os
aplausos de seu confrade
Wolfgang Amadeus Mozart. A
lenda conta que em razão de
tal fascínio, Mozart começou
a compor sua Flauta Mágica,
narrativa de uma antiga lenda
egípcia. Os próprios rituais
http://www.ifao.egnet.net
egípcios, aqueles que permaneceram até nossos dias, evidenciam bem que poderia
existir um paralelismo entre os
antigos rituais religiosos ou
corporativos e os modernos rituais maçônicos. Mas podemos supor que se trate de meras especulações, carentes de
embasamento em provas histórico-arqueológicas, ou seja,
privados da necessária base de
cientificidade e rigor. Existem,
contudo, duas teorias bem distintas, propostas nas últimas
décadas, que poderiam lançar
mais luz sobre as míticas origens da Maçonaria. Indubitavelmente, a cada boa história, antes de identificar nexos
causais diretos e conexões
irrefutáveis entre os antigos
grupos egípcios e a moderna
Franco-Maçonaria, devemos
ser muito atentos e escrupulosos. Os dados que apresentaremos nesse contexto são de
algum modo indicativos de
uma forma de pensar e de uma
"formação prática" e religiosa que se perpetuou no tempo, chegando talvez a inspirar
ou permear os primórdios da
própria Maçonaria.
Bernard Bruyére
Entre 1920 e 1952, o
egiptólogo francês Bernard
Bruyère realizou no Egito fantásticas descobertas arqueológicas que poderiam responder
a algumas de nossas indagações. Bruyère encontrou, em
Deir el-Medineh, ao sul da necrópole de Tebas, um complexo de sepulcros e estruturas
pertencentes a uma fraternidade de arquitetos-pedreiros
dos fins da XVII dinastia, ou
seja, ao redor de 1315 a.C. Os
membros dessa fraternidade
eram habituados a se vestir
com aventais cerimoniais que
lhes permitiam distinguir-se
dos profanos, mas que incorporavam também um significado mais espiritual, representando as vestes divinas que o
construtor jamais deveria
macular com comportamentos
ou atitudes morais incorretas.
A subdivisão hierárquica era,
por sua vez, totalmente semelhante a dos modernos primeiros três graus maçônicos:
aprendiz, discípulo e mestre
pedreiro. As atividades dessa
frater-nidade de construtores
desenvolveram-se em dois níveis; o primeiro, obrante, que
exigia o máximo cuidado e conhecimentos durante a construção; e o segundo, especulativo, no qual se procurava conduzir o arquiteto a uma
mais elevada compreensão da
obra cons-truída, ou seja, a um
crescimento espiritual. A prova de uma possível ligação
com a atual Maçonaria foi encontrada em Deir el-Medineh,
uma apaixonante história referente ao assassinato de um mestre pedreiro, chamado
Neferhotep, pelas mãos de um
operário que pretendia roubar
seus segredos. Essa história
recorda muito a figura maçônica do mestre Hiram, morto
por três subordinados, novamente com o intuito de arrancar-lhe os segredos da arte de
construir. Ao mesmo Bernard
Bruyère impôs-se, durante a
investigação, à freqüente
constatação de que a
fraternidade de Deir elMedineh antecipava em tudo
e por tudo as características da
moderna Maçonaria.
Uma segunda e extremamente controversa hipótese sobre
as possíveis origens egípcias
da Maçonaria foi proposta em
1996 por dois estudiosos ingleses, Knight e Lomas, que
Arte Real
se debateram em um enigma
histórico sem precedentes e de
forte apelo para a tradição
maçônica: identificaram em
uma múmia descoberta em
1881 pelo egiptólogo Brugsch
o possível corpo do arquiteto
Hiram. O cadáver pertencia ao
faraó Seqnenrie Te'o, um dos
faraós que haviam sido confinados a Tebas, praticamente
ao lado de Deir el-Medineh,
durante a dominação dos
hicsos. Seu corpo apresenta
numerosas fraturas expostas
em nível craniano, indício de
uma morte provocada por
meio de um instrumento semelhante a um malhete ou
uma colher de pedreiro. O
faraó no Egito representava
tanto a figura política quanto
religiosa mais importante,
considerado a encarnação
terrena do deus Hórus. Nas
mãos do faraó eram também
mantidas as mais importantes
funções necessárias para se
governar o reino, entre as
quais mesmo a direção da Arte
Real, ou seja, da construção da
qual muito provavelmente o
faraó em pessoa constituía o
vértice, ocupando o papel de
Grão-Mestre. Por meio de minuciosa comparação com a
lenda maçônica e dos poucos
documentos que permaneceram até hoje sobre o faraó, os
dois autores concluíram que
existem fortes possibilidades
de que realmente Seqnenrie
seja o lendário arquiteto
Hiram da Maçonaria. A partir
de tais hipóteses surgiram
muitas polêmicas, como também profundas discussões que
não parecem ainda ter se apaziguado, mas, seja a hipótese
formulada pelos ingleses verdadeira ou falsa, essa como
que permitiu que legiões de
estudiosos convergissem seus
esforços para uma nova visão
do antigo passado da Maçonaria. A tradição maçônica
também liga-se à construção
do Templo de Salomão, em Jerusalém, e tem na figura de seu
construtor, Hiram, o símbolo
novembro/dezembro
2006
máximo do grau de Mestre
Maçom.
No século XVIII, a instituição
transformou-se oficialmente
de corporação de profissionais
para um grupo estritamente
especulativo, conservando porém os símbolos, os rituais, a
linguagem e os usos e assumindo a missão de cultivar o
"amor fraterno" e a "pedra
mestra". A ritualidade
iniciática continuou a constituir uma base imprescindível
para o desenvolvimento do
trabalho maçônico e a esse
respeito observamos que alguns desses ritos teriam provavelmente derivado das antigas iniciações obreiras e de
confraria, de alguns cultos
místicos da Antiguidade, de
rituais gnósticos, herméticos,
alquímicos e mitraicos. Essa
instituição adotou as expressões máximas dessas correntes culturais, introduzindolhes no âmbito de sua própria
ritualidade.
A iniciação, conforme vimos,
desempenhou um papel fundamental para o nascimento
no indivíduo de um novo espírito, de um novo hábito
mental, que permitia a passagem de uma condição inferior a uma superior, da pedra
bruta à pedra lapidada. O leigo é normalmente subordinado a uma série de atos e provas simbólicas e alegóricas, os
rituais, que o conduzem a uma
morte alegórica, para depois
renascer nas vestes de um
novo homem. Cada grau preserva conhecimentos específicos e é identificado por símbolos e rituais particulares. O
iniciado Aprendiz deve respeitar, além disso, o mais absoluto segredo sobre tudo o que
é realizado no interior da Loja,
que é reservado unicamente
aos iniciados, indispensável
para que se possa elevar acima do mundo material externo, ou seja, atingir o aprimoramento interior por meio do
auxílio de seus Irmãos. A regra do silêncio manifesta as
11
próprias
origens
do
Pitagorismo, uma corrente
esotérica que influenciou em
todas as épocas cultos místicos e seitas esotéricas. A Maçonaria manteve os três graus
iniciáticos, como ainda outros
elementos próprios desse culto.
Centro nevrálgico da nova
Maçonaria do século XVIII
foi a Loja, o Templo, que sofreu futuras variações com
base nos ritos e nos graus praticados. A Loja constitui a
imagem e o símbolo do Cosmos, local de união e crescimento dos iniciados, ou seja,
uma porta para uma nova
compreensão da Criação e do
ser humano. Do mesmo modo,
o símbolo adquire uma nova
força, assumindo o valor de
meio evocativo, ou seja, de investigação da verdade. A principal função do Simbolismo é
despertar no iniciado a intuição, meio pelo qual o
Esoterismo pode atingir a essência da realidade e dos fenômenos. Ex t r e m a m e n t e
emblemática é ainda a
confluência para a Maçonaria
de numerosos adeptos da
corrente esotérica Rosa-Cruz.
Trata-se dos primórdios dessa
http://www.comune.san-leo.ps.it
Nova Era Maçônica
Cagliostro
instituição e, a tal respeito, não
existem fontes documentais
claras no que tange às motivações desse notável afluxo,
ainda que numerosos estudiosos concordem com a afirmação de que provavelmente foram a base da criação dos altos graus dessa instituição. A
fundação londrina de 1717
suscita também numerosas
12 novembro/dezembro
2006
Giuseppe Garibaldi
bros da casa real.
A Maçonaria francesa ficou
conhecida desde então como
extremamente rica de ritos e
de figuras prestigiadas. O termo Loja foi rapidamente substituído por "Capítulo", enquanto novas formas de
Esoterismo pareceram estruturar-se ou insinuar-se nos diversos ritos. O mais importante Capítulo de que se tem notícia foi o de Clermont, do
qual saiu o Barão von Hundt,
que foi o criador da Maçonaria tedesca. Também nessa
grande ebulição francesa foram criados os Cavaleiros do
Oriente (1763), como também
os Eleitos de Cohen, pelas mãos
de Martinez de Pasqually, e a
Ordem Marti-nista, que se ligava à figura de Claude de Saint
Martin.
Em quase um século, a Maçonaria difundiu-se consideravelmente, ampliando sua atuação
e espalhando seus princípios de
igualdade, fraternidade e liberdade. Na Itália, em 1805, sob
a égide do regime napoleônico,
foi fundado o Grande Oriente
da Itália, instituído por um
conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, e preparado para
difundir novos ideais no país.
É provável que a primeira
Loja italiana remonte, entretanto, à Florença de 1731,
quando sabemos que a colônia inglesa toscana, por intermédio de Lord Holland Henry
Fox, importou a recém-nascida cultura maçônica para o território italiano. Sobre essa primeira Loja recaiu a dura perseguição imposta pela bula
pontif í c i a I n E m i n e n t i ,
inaugurando uma longa série
de excomunhões e condenações que a Igreja Católica faria imediatamente contra essa
Ordem. Toscana, Lazio,
Piemonte, Reino Lombardo,
Veneto e Nápoles, no espaço
das poucas décadas da segunda metade do século XVIII,
começaram a se transformar
em genuínas forjas do pensamento maçônico, espalhando e
Nova Era Maçônica
http://cronologia.leonardo.it
desmantelada, é identificada
ainda na Escócia do rei Robert
Bruce, que havia sido há pouco tempo excomungado pela
Igreja Católica. Atualmente, a
ligação ou a possível continuação da Ordem no seio
da Maçonaria é, no mínimo,
uma teoria fascinante, carente, porém, de confirmações ou
de indícios documentários ou
historiográficos inexpugnáveis. Talvez fosse mais simples supor que os Templários
tivessem exercido uma certa
influência sobre antigas
corporações escocesas, de
modo que fosse transmitida a
uma Maçonaria in fieri.
O século XVIIII assinalou na
Inglaterra e na França um momento fundamental para a difusão do pensamento maçônico. Se por um lado a Inglaterra podia ser considerada de
pleno direito o nascedouro
dessa nova instituição, a França havia constituído um sítio
alternativo, gerado pelo exílio
da família real dos Stuart e em
seguida de nobres e militares,
em grande parte maçons, irlandeses e escoceses que haviam acompanhado os mem-
http://www.nndb.com
indagações de solução nada
fácil. É certa e documentada a
presença, já no século XVII,
de Lojas espalhadas por toda
a Inglaterra, embora sensivelmente mais numerosas na Escócia, que se movimentavam
e trabalhavam quase unanimemente em pleno acordo com
os modernos ditames morais
da Ordem.
As afirmações de alguns autores, que vêem na Maçonaria uma filiação direta dos
Templários, são porém de se
considerar com muito cuidado. A Ordem do Templo constituiu, seguramente, um elemento importante na difusão
de novos ideais, e talvez mesmo de novas doutrinas, por
todo o mundo medieval.
Estruturou-se e funcionou por
meio de leis e códigos morais
identificáveis também no âmbito do ideal maçônico moderno e tornou-se muito provavelmente depositária de
uma antiga cultura descoberta sob a esplanada do
Templo de Jerusalém.
Uma presença templária depois de 1314, data em que a
Ordem foi definitivamente
Arte Real
Giuseppe
ampliando cada vez mais os ideais desta antiga instituição. Em
1814, a Maçonaria italiana sofreu, porém, um duro bloqueio,
causado por um edito do rei
Vittorio Emanuele I, que renovava a "proibição das assembléias e reuniões secretas, qualquer que seja sua denominação,
principalmente aquelas dos denominados Livres Pedreiros, já
proibidas pelo Edito Régio de
20 de maio de 1794". Entre
1821 e 1854 ocorreram bem
poucas iniciações sobre o território italiano; a maior parte verificou-se no exterior, como no
caso de Giuseppe Garibaldi,
embora secretamente continuassem a existir numerosas Lojas e diversos ritos. Nesse período se assiste, ainda, à fundação de diversos Grandes
Orientes, como o de Turim
(1859), da Sicília (1860), de
Nápoles (1861), de diversas
assembléias constituintes e à
transferência da sede de Florença para Roma. Amadureciam, entretanto, as condições
necessárias para que pudesse
ocorrer uma unificação com a
vertente de Palermo, enquanto em 1887 se verificaram
aquelas necessárias à reunificação com os Supremos
Conselhos de Turim e Roma.
Mazzini
A contraposição entre Igreja
Católica e Maçonaria tensionava-se cada vez mais, chegando ao seu auge em 1884, quando o papa Leão XIII publicou a
encíclica Humanum Genus, que
marcou o momento mais duro
do conflito entre as duas instituições. Em 1908 assistiu-se
aos desdobramentos de problemas causados pela unificação dos rituais, fatos que
conduzirão, em 21 de março
de 1910, à criação da Grande Loja.
A evolução italiana da Franco-Maçonaria foi contínua e
prolongou-se no tempo, abraçando as mais apaixonadas e
importantes mentes da cultura e favorecendo na Itália o
surgimento de novos ideais e
de uma nova moral. Seus
membros foram nomes da política e da cultura, de
Gioacchino
Murat
a
Giuseppe Garibaldi, de
Alfredo
Baccarini
a
Giuseppe Mazzini, de
Giosue Carducci a Gabriele
D'Annunzio, e tantos outros
personagens que demoraríamos a citá-los todos.
Extraído do livro Itália Esotérica,
de Enrico Baccarini e Roberto
Pinotti, Madras Editora.
Nova Era Maçônica
Filosofia Esotérica
novembro/dezembro
2006
13
te. Eventualmente algumas
pessoas podem vê-lo ao redor
de um cadáver, pois ele permanece ativo, por um certo
período de tempo, após a
morte física; os fantasmas que
rondam os cemitérios são
apenas esses corpos ainda não
desintegrados.
Em algumas seitas primitivas,
mas ainda com seguidores,
fazem-se rituais de evocação
desses "fantasmas" e eles então podem chegar a manifestar-se, embora sem nada a
oferecer senão a sua visão assustadora. O único objetivo
dessas cerimônias é a vaidade e a ostentação de "poder"
daqueles que os evocam.
O duplo-etérico desempenha
múltiplas funções, sendo as
mais importantes as seguintes:
1. Conter os Chakras, que
nada mais são que vórtices de
captação de energias diversas (prana, kundalini, fohat
e outras).
2. Captar e fazer circular em
nosso corpo físico denso essas energias espirituais.
O Prana e os Chakras serão estudados nos próximos capítulos.
Alma
A Alma humana, ao contrário do que muitos supõem,
não é imortal. Imortal é o Espírito, como adiante veremos.
A Alma é constituída de duas
partes distintas e independentes: a parte emocional (também chamada Corpo Astral
ou Emocional) e a parte mental (chamada Corpo Mental
Concreto).
O Corpo Astral é aquele que
contém os nossos sentimentos, emoções e desejos tais
como: amor, ódio, tristeza,
alegria, medo, etc. É a parte
irracional do Homem e também existe nos animais.
O Corpo Mental concreto é
aquele que nos diferencia dos
animais e nos dá a
racionalidade: a inteligência e
o raciocínio.
Obs.: Há, nos seres humanos,
um outro Corpo Mental chamado Mental Abstrato que,
em nosso atual estágio
evolutivo, não está completamente formado mas em vias
de formação, relacionado à
atividade espiritual e que será
estudado mais adiante. Por
ora, fiquemos com o seguinte
esquema:
Esses quatro Corpos ou Veículos Humanos (Quaternário
Inferior) representam a parte
mortal de cada um de nós; são,
portanto, diferentes em cada
uma de nossas encarnações,
constituindo a nossa "personalidade transitória".
Espírito
É o nosso "Eu" verdadeiro, a
nossa parte imortal, aquela
que permanece através de todas as nossas encarnações; é
aquela "Centelha Divina" que
existe em cada um de nós. O
Espírito também se apresenta
com um tríplice aspecto, ou
com três corpos:
• Corpo Mental Abstrato
Responsável pelo nosso intelecto quando focado em temas, questões e problemas relacionados à Espiritualidade.
Em nosso atual estágio de evolução, ainda não temos este
corpo totalmente desenvolvido, estando ele em formação;
somente quando alcançarmos
um grau maior em nossa linha
evolutiva esse corpo se manifestará plenamente e, por meio
dele, poderemos então entender certos conceitos que ainda não conseguimos resolver
como o Infinito, a Eternidade,
o Bem e o Mal e o próprio
conceito de Divindade.
Obs.: Em nossa condição atual
diferenciamos o bom do mau,
que são conceitos relativos e
Capa do livro Anatomia Esotérica - Madras Editora
Os Sete Corpos do Homem
A maior parte das religiões
ocidentais reconhece e admite que o Homem é formado de
duas partes distintas: corpo e
alma. Esse conceito, embora
correto, não é completo; e
além de tudo é confuso, pois
ouvimos falar de Alma e de
Espírito sem que se estabeleça a devida diferenciação.
Alma e Espírito são coisas
completamente diferentes,
como será visto adiante.
As religiões orientais
(Induísmo,
Budismo,
Teosofia, Yoga de Patânjali,
etc.) que são mais antigas e
esotéricas sabem que, na realidade, o Homem possui Corpo, Alma e Espírito; e sabem
mais: o Corpo divide-se em
Corpo Físico e Duplo-Etérico,
a Alma divide-se em Corpo
Astral e Mental Concreto, e
finalmente o Espírito é constituído por uma tríade: Mental Abstrato, Corpo Búdico e
Atmã, conforme será descrito
a seguir.
Corpo Físico
O corpo físico é, na verdade,
a ferramenta com que trabalha o nosso "Eu" Espiritual;
por isso é também chamado de
"veículo físico". Apesar de ser
a parte mais grosseira, a única visível e palpável, o corpo
físico ainda assim apresenta
duas divisões: corpo físico
propriamente dito e corpo
energético (também chamado
Duplo-Etérico).
O corpo físico propriamente
dito é objeto de estudo da Biologia, da Antropologia, da Medicina e de outras ciências experimentais e sobre ele nada
há a acrescentar do ponto de
vista da Espiritualidade e da
Magia.
O Duplo-Etérico ou Corpo
Bioenergético é um pouco
menos denso e só é visível
através das fotos Kirlian ou
dos sentidos de um clarividen-
bem diferentes, portanto, dos
conceitos de Bem e Mal, que
são absolutos; e isso não é
apenas um jogo de palavras,
mas uma profunda realidade
esotérica.
• Corpo Búdico
Relacionado com a Intuição,
a Premonição e outros Dons
do Espírito, assim como o
conhecimento acumulado em
todas as nossas vidas anteriores.
Obs.: O nome búdico significa iluminado e nada tem a ver
com a Religião Budista.
• Corpo Átmico ou Atmã
Também chamado de Corpo
Crístico, é verdadeiramente a
Divindade que habita em nós.
Esses três Corpos (Tríade Superior), que são a nossa verdadeira essência e parte espiritual, formam, esotericamente,
um triângulo, assim representado no Ocultismo:
Algum dia, em um futuro ainda
remoto, nas asas da evolução,
e, através de muitas reencarnações, teremos acesso a tudo isso
(premonição, intuição verdadeira, compreensão do que é a Divindade, consciência plena do
que é o Bem e o Mal, etc.)
Resumo:
A Tríade Superior e o
Quaternário Inferior são, no
seu conjunto, aquilo que os
Ocultistas denominam de O
Setenário, A Composição
Setenária do Homem
Os Sete Corpos Humanos
Os Sete Veículos do Homem
e que são representados tanto
no Ocultismo como, simbolicamente, no Avental do AprendizMaçom, da seguinte forma:
Obs.: O fio de Sutratma, também conhecido pelo nome de
Ponte de Anthakarana, é o elo
que une o Espírito à Matéria ou,
usando outras palavras, une a
Tríade Superior ao Quaternário
Inferior. Por esse fio é que nossas vivências e experiências nos
planos inferiores fluem para a
Tríade Superior e lá são "arquivadas", permanecendo no esquecimento até o momento em
que estivermos evolutivamente preparados para
resgatá-las.
Extraído do livro Magia
Cerimonial, de Carlos Brasílio
Conte, Madras Editora.
14 novembro/dezembro
2006
Página Literária
Nova Era Maçônica
Maçonaria – Escola de Mistérios – Wagner Veneziani Costa
É comum ouvirmos que a Maçonaria seja uma instituição que congrega homens de bons costumes, solidários e transformadores da sociedade. Há quem diga que sua origem,
apesar de não conseguirmos precisar com exatidão, remonte das primeiras civilizações do mundo
(egípcios, persas, gregos...), e esteja acumulando conhecimentos diversos desde então. Sobre esses alicerces, a Ordem se desenvolveu e
somou, à sua antiga sabedoria, novas formas de pensamento e simbolismos. Muito provável que não
tenha existido sob esse nome até o
séc IX, quando artesãos associaramse em guildas, criando a Maçonaria
Operativa, mais conhecida como “Pedreiros Livres”. Porém, não podemos
precisar se isso é verdade ou ficção.
O que podemos afirmar, é que a Maçonaria, sem sombra de dúvida, sempre
foi uma Escola Iniciática de Mistérios, alicerçada nos símbolos e na tradição.
Ninguém ensina Maçonaria para ninguém, precisamos vivenciá-la, coisa comum em qualquer escola iniciática. Cabe ao recipiendário praticar e absorver
cada palavra, cada símbolo e absorvê-los na sua existência. A Ordem não
oferece uma mudança imediata de sua personalidade. O que ela proporciona
é um caminho árduo e de autopercepção, que permite que o recipiendário encontre uma verdade e a sua liberdade, de acordo com a evolução de cada um.
Os Antigos Mistérios não deixaram de existir quando o Cristianismo se
tornou a religião mais poderosa no mundo, e a Maçonaria é a prova da sua
sobrevivência. Os Mistérios pré-cristãos assumiram, simplesmente, o simbolismo da nova fé, perpetuando por meio dos seus símbolos e alegorias
as mesmas verdades possuídas pelos sábios desde o princípio do mundo.
A estrutura simbólica da Maçonaria é muito rica e complexa, o que é uma
característica própria da Ordem. O candidato maçom é apresentado a essa
estrutura simbólica participando de episódios ritualísticos, chamados
‘Graus’, por meio dos quais a Instituição comunica seus ensinamentos de
moralidade velados por alegorias e ilustrados por símbolos, que têm origem, em parte, das práticas das guildas dos pedreiros medievais.
A interpretação dessa simbologia é responsabilidade individual do maçom;
e é no processo dessa interpretação pessoal que se pode entender a sobrevivência da Ordem Maçônica como um ‘Mistério’.
Em Maçonaria – Escola de Mistérios – A Antiga Tradição e Seus Símbolos, Wagner Veneziani Costa apresenta esse universo de Mistérios, pela
compilação de textos de autores consagrados, como J. D. Buck e
Oswald Wirth, além de fontes como Albert Pike, Saint-Ives d’Alveydre,
Eliphas Levi, Fabre d’Olivet, Helena Blavatsky, A. Leterre, C.W.
Leadbeater, entre outros.
A descrição dos Mistérios correlatos à Maçonaria, os Mistérios da Índia, os
Mistérios Egípcios, os Mistérios de Elêusis, os Mistérios Gregos, os Mistérios do
Cristianismo, os Mistérios dos Judeus e dos Essênios, os Mistérios Egípcios,
os Mistérios Cabírios, os Mistérios Sagrados de Zoroastro e de Mitra são temas
que valem ser conferidos neste compêndio maçônico. 672 páginas.
Ortodoxia Maçônica – J.M. Ragon
Durante sua trajetória maçônica, que
durou mais de 50 anos, J. M. Ragon
percorreu diversas cidades e pôde verificar que a erudição profana dos Irmãos era superior ao preparo maçônico; não havia sequer unicidade de
pensamento sobre a origem da Ordem. Diante disso, o autor dedicouse a um intenso trabalho de estudos e
pesquisas que pudesse oferecer um
material consistente aos maçons de
sua época.
O resultado desse empreendimento se
encontra nas páginas desta obra, cujos
ensinamentos não envelheceram com
o tempo e são de grande utilidade aos
maçons da atualidade.
Os documentos aqui apresentados
sobre Maçonaria jesuítica, escocismo,
estrita observância, diretórios escoceses, cavaleiros beneficentes da cidade santa e, sobretudo, a respeito dos fundadores dos diversos sistemas na Alemanha e na Suécia iniciam completamente o leitor que, se desconhece essas informações, pouco conhece a respeito da Maçonaria.
Ortodoxia Maçônica compreende uma espécie de biblioteca que contém um
repositório de documentos, códigos de instruções práticas e de qualidade intelec-
tual, na qual estão agrupados todos os fatos e tentativas do passado que poderiam orientar os maçons no futuro, a fim de oferecer à nobre Instituição a
perfeição de atitudes que ela espera de seus membros.
J. M. Ragon foi iniciado ainda jovem em Bruges, em 1804. Foi recebido na
Logia y Capitulo de los Verdaderos Amigos. É considerado um dos mais ilustres maçons e um dos mais notáveis escritores da Ordem, pois suas obras,
mais de dez, exerceram grande influência entre os Irmãos de sua época.
O autor foi membro do Grande Oriente do Rito de Misraim e da Ordem do
Templo de Fabre Palleprat. Fundou e presidiu a célebre Sociedade dos
Trinósofos, promovendo a união do Capítulo e do Areópago. Além disso, foi
um dos integrantes do Supremo Conselho – Summum Supremum Sanctuarium
– do Sagrado Círculo de Thelema (SCT).
Ragon realizou algumas representações ritualísticas maçônicas em público,
em 1817, cujos resultados influenciaram consideravelmente sua trajetória
iniciática. Depois desse episódio, o Grande Oriente proibiu que Ragon praticasse o Rito de Misraim. Ele atendeu à ordem e, dias depois, passou a trabalhar publicamente com o Capítulo dos Trinósofos.
Alguns diziam que Ragon possuía diversos documentos com os quais o famoso conde de Saint Germain lhe presenteara, e que, com ele, adquiriu notáveis conhecimentos a respeito da Maçonaria antiga. Helena Petrovna
Blavatski considerava-o um dos maiores conhecedores do Ocultismo, ainda que não tivesse sido iniciado nessa escola.
De suas diversas publicações, poucas podem ser encontradas, isso porque se
supõe que algumas pessoas misteriosas tenham adquirido a edição completa
de seus livros depois de sua morte. Portanto, suas obras são, hoje em dia,
raridades. 480 páginas.
novembro/dezembro
2006
Sociedade
Nova Era Maçônica
15
Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul
Orientações e Sugestões Para Formação Da Fraternidade Em Sua Loja
• Eleito o Venerável, automaticamente, sua esposa
torna-se Presidente da
Fraternidade e, na sua impossibilidade, a substituta
deverá ser indicada pelo
mesmo.
• A Presidente deverá, então,
formar a sua Diretoria, dando preferência às esposas
dos maçons que fazem parte da Diretoria eleita da Loja
Maçônica, ou, em caso de
alguma impossibilidade,
substituí-la por outra integrante.
• Feito isso, a Presidente
convocará uma reunião com
sua Diretoria para oficializar a sua composição, com
Livro de Presença e lavrando Ata pela secretária, com
a relação das componentes, com seus respectivos
cargos.
• Fazer Ata em toda reunião
de Diretoria com o respectivo Livro de Presença. As
reuniões são informais e podem ser feitas em uma sala
da Loja Maçônica, na casa
deu ma das integrantes da
Diretoria ou em algum lugar que for conveniente para
todas.
Nessa primeira reunião,
aprovar o Estatuto da
Fraternidade (modelo em
página da Internet). Fica a
critério da Fraternidade
optar em não registrar em
Cartório, havendo essa necessidade se a Fraternidade for
movimentar conta bancária ou ter empregados
contratados.
Mediante oficio, comunicar ao Venerável a formação de sua Diretoria.
Então, caberá à secretária
da Fraternidade tirar cópia
do Estatuto assinado, preencher as fichas de Cadastro da Fraternidade e de
Cadastro das Associadas
(modelo em página da
Internet), Carta de Apresentação do Venerável
Mestre e encaminhar para
o Grande Oriente do Brasil no endereço SGAS Quadra 913 - Conjunto
"H" - Brasília/DF - CEP:
70390-130, aos cuidados de
Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul, ou pelo e-mail
[email protected]
• Essa correspondência chegando à Secretaria do GOB,
será expedido o Certificado
de Registro, emitidas as
carteirinhas, que juntamente com os bótons deverão
ser remetidos para a
Fraternidade. Quando houver alteração de Diretoria ou
mudança no quadro das associadas (inclusão ou exclusão) deverá ser notificado o
Grande Oriente do Brasil.
• Caberá à Diretoria realizar
reuniões mensais, bimestrais ou trimestrais, conforme achar necessário, para
tratar de assuntos pertinentes à sua administração,
sempre com a lavratura de
respectivas Atas e Livro de
Presença.
• Quando houver iniciação,
a Presidente se encarregará
de formar uma Comissão de
duas integrantes para se di-
Programa Anual da Grande Secretaria de Cultura e
Educação Maçônicas do GOSP
M ÊS
EVEN TO
COM EN TÁR IOS
LOCAL
N o v e mb r o
11 / 11 / 0 6
R it ua is
Ca ba lís t ic o s
(aberto ao
p ú b lic o e m g e r a l)
E le a z e r H e p n e r
Te m p l o 7 d e
S e t e mb r o
D a s 9 :0 0 à s
1 2 :0 0
N o v e mb r o
2 5 / 11 / 0 6
E nc o nt ro da
A mi za d e
P r o c u r a r fa ze r u m
e nc o nt r o c o m
L o j a s d o in t e r io r
P r o c u r a r r e u n ir o ma io r
n ú me r o d e ma ç o n s p a r a
u m e n c o n t r o d e a miz a d e .
E. C . Ba ne s p a e m
Vin h e d o , à s 9 h ,
C o n d o mín io
M a r a mb a ia
F e v e r e ir o
24/02/07
Q u a lid a d e d e
Vid a e M a ç o n a r ia
e m A lt o M a r
E mb a r q u e 2 4 d e
fe v e r e ir o , a p a r t ir d a s
1 2 h, no P o r t o d e S a nt o s .
D e s e mb a r q u e e m 2 7 d e
fe v e r e ir o , à s 8 h , n o P o r t o
d e S a nt o s
N a v io :
M S C A r mo n ia
D e s t in o :
R io d e J a n e ir o
rigir à residência do
iniciante e acompanhar sua
esposa até as dependências da
Loja para participar da confraternização (se houver).
• Convidar a esposa ou esposas dos iniciados para
participarem de uma ou
mais reuniões da Diretoria
para que haja um entrosamento maior com as cunhadas, nascendo daí uma
familiaridade tão necessária
a esse relacionamento.
• Motivar as viúvas dos
maçons a participarem de
reuniões da Fraternidade
bem como de festividades
da Loja, oferecendo condução, se for necessário.
Procurar ser um grupo de
apoio às promoções da Loja
e se houver disponibilidade,
participar de alguma obra
social. No início pode-se
por exemplo, pedir 1 kg de
alimento, ou leite, etc. e
com essa arrecadação ajudar alguma instituição da
cidade. Nos finais de ano,
fazer campanhas como:
cestas básicas, cestas de
natal, presentes para algum
orfanato, etc.
• Promover pelo menos duas
reuniões festivas para comemoração de aniversário das
integrantes ou datas comemorativas (ex.: Dias das
Mães, Dias dos Pais, Sete
de Setembro, Páscoa, Natal, etc.)
• Na última reunião do
ano, apresentar relatório de
prestação de contas (se tiver) e de informação sobre
os serviços prestados ou
outras atividades para todas as integrantes da
Fraternidade, bem como
lavrar Ata e assinar o Livro de Presença.
Correspondência
Sr. Carlos Brasílio Conte
Tomei conhecimento de vosso endereço digital através do
jornal Nova Era Maçônica e resolvi lhe escrever.
Meu nome é Jeferson Rodrigues e o que me motiva a escrever esse e-mail é a grande admiração que tenho pelo
senhor. Há algum tempo venho acompanhando vosso trabalho, em revistas e outros periódicos que me podem chegar às mãos sendo eu um profano. Foi com muito entusiasmo que acompanhei suas palestras através da TV
Espiritualista, textos no Nova Era Maçônica entre outros.
Sou estudante Rosacruz AMORC e estou em processo de
admissão na Maçonaria, faltando bem pouco (caso não haja
impedimentos) para minha iniciação.
E será com orgulho redobrado que além de fazer parte desta Augusta instituição poderei chamar pessoas como o senhor, que enaltecem a Arte Real, de Irmão.
Um grande abraço e,
Pax Profundis!
Jeferson Rodrigues-Ibitinga/SP
16 novembro/dezembro
2006
Nova Era Maçônica
Mitologia
Hades – O Deus do Mundo Subterrâneo
por Wagner Veneziani Costa
O verbo grego correspondente a "mito" significa calar. O
silêncio sempre foi a marca da
Iniciação. O iniciado não desvela o sigilo que lhe foi transferido a não ser por meio de
parábolas ou alegorias (alegoria significa, literalmente, falar de outro modo).
Em uma definição bem simples, mito é uma história de
ficção ou parcialmente verdadeira. É obvio que um mito é
muito mais que isso... Um
mito é uma história religiosa.
Uma força ou entidade superior sempre está envolvida na
trama. Os deuses e deusas ou
outros seres sobrenaturais são
sempre reverenciados pela
humanidade. Considerando
como verdade, o mito é tido
como sagrado para aqueles que
fazem parte de sua cultura.
Ele oferece uma explicação
sobre algo desconhecido,
como a criação do Universo e
da Terra. Também tenta responder àquelas questões amplas e fundamentais que fazemos, como o significado e o
objetivo da nossa existência.
Um mito é parte de uma mitologia maior, que incorpora
muitos mitos. Todos eles interligados por uma semelhança ou um tema comum. Ao se
constituir desse modo, a Mitologia torna-se uma verdade
socialmente aceita.
Os mitos freqüentemente
enfocam histórias sobre a
interação direta entre os homens, os deuses e as deusas.
Muitas vezes esses deuses e
deusas são guiados pela emoção e não pela razão. Em virtude disso, a interação entre o
Jan Peter van Baurscheit, o velho (1669-1728) - Terracota
No princípio tudo era o Caos.
Tudo existia, porém não havia ordem. A fonte de todas as
coisas pairava latente em sua
natureza. Em um determinado instante, uma ordem se manifestou e surgiu então a primeira divindade concreta:
Gaia, a Terra, a Grande Mãe.
O Rapto de Perséfone por Hades
homem e a divindade nem
sempre é harmoniosa, e sim
quase sempre dramática.
Uma das principais funções do
mito é explicar o desconhecido. Os mitos sempre contêm
símbolos que coordenam os
anseios e temores humanos
com os grandes fenômenos
naturais.
Mitologia Grega
A Mitologia Grega é uma das
mais geniais concepções que
a humanidade produziu. Os
gregos, com sua fantasia, povoaram o céu e a terra, os mares e o mundo subterrâneo de
Divindades Principais e Secundárias. Amantes da ordem,
eles instauraram uma precisa
categoria intermediária para
os semideuses e heróis. A Mitologia Grega apresenta-se
como uma transposição da
vida em zonas ideais. Superando o tempo, ela ainda se
conserva com toda a sua sere-
nidade, equilíbrio e alegria.
O início da filosofia grega, no
século VI a.C., trouxe uma reflexão sobre as crenças e mitos do povo grego. Alguns
pensadores, como Heráclito,
os Sofistas e Aristófanes, encontraram na Mitologia motivo de ironia e zombaria. Outros, como Platão e
Aristóteles, prescindiram dos
deuses do Olimpo para desenvolver uma idéia filosoficamente depurada sobre a divindade. Enquanto isso, o culto
público, a religião oficial, alcançava seu momento mais
glorioso, em que teve como
símbolo o Partenon ateniense,
mandado construir por
Péricles. A religiosidade popular evidenciava-se nos festejos tradicionais, em geral de
origem camponesa, ainda que
remoçada com novos nomes.
Os camponeses cultuavam
Pã, deus dos rebanhos, cuja
flauta mágica os pastores
tentavam imitar; as ninfas,
que protegiam suas casas; e
as nereidas, divindades marinhas.
As conquistas de Alexandre,
o Grande, facilitaram o intercâmbio entre as respectivas
mitologias, de vencedores e
vencidos, ainda que fossem
influências de caráter mais cultural do que autenticamente religioso. Assim é que foram incorporados à religião helênica
a deusa frígia, Cibele, e os deuses egípcios Osíris, Ísis e
Serápis. Pode-se dizer que o
sincretismo, ou fusão pacífica das diversas religiões, foi a
característica dominante do
período Helenístico.
De acordo com os gregos, os
deuses habitavam o topo do
monte Olimpo, principal montanha da Grécia Antiga, morada dos deuses e deusas, centro de poder, por assim dizer.
Desse local, comandavam o
trabalho e as relações sociais
e políticas dos seres humanos.
Os deuses gregos eram imortais, porém possuíam sentimentos de seres humanos.
Ciúme, inveja, traição e violência também eram características encontradas no Olimpo.
Muitas vezes, apaixonavam-se
por mortais e acabavam tendo filhos com estes. Dessa
união entre deuses e mortais
surgiam os heróis.
Zeus, deus de todos os deuses,
senhor do Céu; Afrodite, deusa do amor e da beleza, talvez
você a conheça como Vênus
que é o nome romano dessa
deusa; Poseidon, irmão de
Zeus, deus dos mares, dos lagos e das nascentes; Hades,
deus dos mortos, dos cemitérios e do subterrâneo; Hera,
deusa dos casamentos e da
maternidade; Apolo, irmão
gêmeo de Ártemis, deus da
arquearia, da música, da poesia, das artes em geral;
Ártemis, deusa da caça e protetora das crianças; Ares, deus
da guerra, tinha prazer na destruição; Atena, deusa da sabedoria, da serenidade, da guerra, das artes e da técnica;
Hermes, deus do comércio, da
luta e da sorte, informalmente
era mais conhecido como o
mensageiro dos deuses;
Hefestos, divindade do fogo e
do trabalho.
Os gregos enxergavam vida
em quase tudo que os cercava, e buscavam explicações
para tudo. A imaginação criativa e fértil desse povo criou
diversos personagens e figuras mitológicas: os Heróis (seres mortais, filhos de deuses
com seres humanos, como por
exemplo: Heracles ou Hércules
e Aquiles); as Ninfas (seres femininos que habitavam os
campos, levando alegria e felicidade); os Sátiros (figura
com corpo de homem, chifres
e patas de bode); os Centauros
(corpo formado por uma metade de homem e outra de cavalo); as Encantadoras Sereias
Nova Era Maçônica
Voltando a Hades...
Hades ganhou o reino dos
mortos quando os irmãos divinos dividiram os domínios
entre si. Você pode pensar que
Hades ficou com a parte pior,
mas esse reino combinava perfeitamente com ele. Hades era
um deus solitário, sombrio e
sinistro, que adorava ficar sozinho. Embora fosse sempre
descrito pelos antigos como
sendo frio, ele nunca foi associado ao demônio. Era simplesmente o Senhor da Morte. Desempenhava suas atividades com um inegável senso
de responsabilidade e as completava com eficácia. Por isso,
não dava espaço para pena ou
qualquer outro sentimento que
novembro/dezembro
2006
pudesse atrapalhar seu trabalho.
Hades era um dos seis olímpicos originais. Como ele não
fazia nenhuma questão de estar entre os outros, e por isso
muito raramente visitava o
Monte Olimpo, ficou praticamente banido da companhia
de seus irmãos. E isso combinava perfeitamente com
Hades, pois não tinha a menor vontade de fazer parte do
que se deparou com a beleza
de Perséfone, filha de Deméter
e Zeus.
Como diz a lenda, Perséfone
estava colhendo flores em
uma planície na Sicília, acompanhada pelas ninfas, quando
Hades se deu conta dela, ficou
imediatamente impressionado
com sua beleza e sequer perdeu tempo em cortejá-la. Em
vez disso, simplesmente a
solo. Assim, acabava permanecendo apenas o necessário
no Monte Olimpo. Mas isso
não significa que Deméter não
se fazia notar entre os deuses.
Ao contrário de Hades, ela era
completamente envolvida com
os acontecimentos na morada
dos deuses olímpicos e sempre
participava de conselhos ou tribunais. Mas sua presença era
mais bem sentida na terra. Era
conselho divino. Mas nem por
isso os seus poderes eram menores, porque nenhum outro
deus se intrometia no Mundo
Subterrâneo. Ele tinha o controle absoluto de seu reino, e
mesmo Zeus evitava interferir no seu comando.
Embora Hades fosse um deus
completamente solitário e que
raramente deixava seu reino
para visitar a terra dos vivos,
dizem que ele visitou a terra
dos vivos pelo menos uma
vez. Foi durante essa visita
raptou e a levou para o Mundo Subterrâneo.
Lá, Perséfone ficou prisioneira. Como você pode imaginar,
sua mãe ficou completamente
deprimida com o desaparecimento repentino da filha e correu o mundo em busca de
Perséfone.
É importante, nesse ponto, falarmos sobre a deusa da fertilidade, da colheita e dos cereais,
Deméter. Deusa da terra, ela
preferia passar a maior parte
de seu tempo bem próxima ao
por isso que ela, mais do que
qualquer outro deus, podia reivindicar para si o controle da
terra. Com seu domínio, a terra era seu lar.
Deméter era uma deusa muito
popular por toda a Grécia antiga. Alguns mitos atribuem
essa popularidade ao fato de
ela sempre estar entre os homens, viajando de um campo
a outro. Outros dizem que sua
popularidade advém da necessidade de sua bênção. Como
era a deusa da colheita e dos
Bartholomaeus Spranger (1546-1611) - Atena e Hermes, Fresco - 1585
(mulheres com metade do corpo de peixe que atraíam os
marinheiros com seus cantos
atraentes e os hipnotizavam
com sua beleza); as Górgonas
(mulheres, espécies de monstros, com cabelos de serpentes, exemplo: Medusa); as
Quimeras, (uma mistura de
leão e cabra que soltavam
fogo pelas ventas).
Todos esses seres habitavam
o mundo material, tendo uma
enorme influência em suas
vidas. Bastava ler os sinais da
natureza, para conseguir atingir seus objetivos. A Pitonisa
era uma espécie de sacerdotisa,
importante personagem nesse
contexto. Os gregos consultavam-na em seus oráculos para
saber sobre as coisas que estavam acontecendo e também
sobre o futuro. Quase sempre,
a Pitonisa buscava explicações mitológicas para tais
acontecimentos. Agradar uma
divindade era condição fundamental para atingir bons resultados na vida material. Um
trabalhador do comércio, por
exemplo, deveria deixar o
deus Hermes sempre satisfeito, para conseguir bons resultados em seu trabalho.
Opa, eu fui convidado para escrever sobre Hades, o que estou fazendo?
Mitologia
17
cereais, os antigos dependiam
dela para conseguir a comida
necessária para sobreviver.
Era, portanto, natural que ela
gozasse de imenso prestígio
entre eles.
Por outro lado, sua popularidade pode ser creditada ao
simples fato de ela ser uma
deusa boa e generosa (representa o signo de Virgem – uma
virgem regando a terra com
ramos de trigo em sua mão).
Ao contrário de Poseidon, que
era mais temido do que amado, Deméter era mais amada
e respeitada do que temida.
Mas, de qualquer modo, ela
continuava sendo uma deusa
e por isso precisava ser reverenciada, pois detinha tanto o
poder da destruição quanto o
da criação.
Apesar de Deméter ser uma
deusa bondosa, não podemos
esquecer de que as divindades
sentiam as mesmas emoções
que os humanos. Em um instante, sua generosidade poderia transformar-se em crueldade, o que poderia deixá-la simplesmente assustadora. Quando Deméter perdeu sua filha,
deixou que a emoção tomasse controle, o que resultou
em tempos terríveis para a
humanidade.
Um outro exemplo da crueldade nada habitual de
Deméter foi vivenciada por
um ímpio jovem, Erísicton.
Erísicton era filho do rei de
Dotion. Ele teve a idéia de
construir um grande salão para
banquetes, mas precisava de
madeira para conseguir erguêlo. Como não tinha respeito
pelos deuses, entrou em um
bosque de carvalho sagrado,
que pertencia a Deméter, e foi
cortando as árvores de que
precisava para construir seu
salão.
Quando começou a cortá-las,
as árvores começaram a verter sangue dos ferimentos. Um
homem que por ali passava
chegou a alertá-lo para não
cometer tal sacrilégio, mas
Erísicton desafiou e degolou
Nova Era Maçônica
Mitologia
William Bouguereau - Dante e Virgílio no Inferno 1850
18 novembro/dezembro
2006
o pobre homem. E não parou,
continuou sua tarefa; três espíritos gritaram em desespero
e chamaram por Deméter.
Ela se aproximou de Erísicton
disfarçada de sacerdotisa. Em
um primeiro momento, implorou para que ele parasse de
cortar as árvores, mas quando
ele se negou a fazê-lo, ela ordenou que ele saísse do bosque. Rindo da audácia da sacerdotisa, Erísicton ameaçou-a
com um machado. Deméter
recuou e disse a ele para continuar porque ele iria mesmo
precisar de uma sala de jantar. Ela estava estarrecida com
esse ultrajante ato de sacrilégio. Era algo que ela não po-
deria deixar por isso mesmo.
Então, chamou Peina (a
Fome) para atormentar
Erísicton pelo resto de sua
vida. Peina ficou grata por ajudar Deméter e imediatamente
saiu em busca do garoto
inescrupuloso.
E foi feito, fazendo-o ter um
incontrolável desejo de comer
e nunca se sentir saciado. Ele
comia tudo o que via, mas sem
conseguir alívio. Em poucos
dias, ele gastou toda a sua fortuna em comida, embora ainda não se sentisse saciado.
Finalmente, tornou-se um pedinte, sem ter nada mais que
uma filha. Sua filha vendeu-se
como escrava para ajudá-lo a
conseguir alimento. Como
não dispunha de mais nada,
Erísicton começou a comer as
próprias pernas. Mas isso não
deu nenhum resultado e ele
continuou faminto. Erísicton
enlouqueceu, devorou o resto
de sua própria carne e, assim,
morreu.
Dá para perceber que Deméter
era uma deusa que não devia
ser contrariada. Doce como
uma flor, na maior parte do
tempo, ela tinha um lado cruel
que brilhava de tempos em
tempos, quando a situação pedia por isso.
Mas o mito mais popular estrelado por Deméter é aquele
em que divide o papel princi-
pal com sua filha Perséfone.
Lembra-se que Perséfone havia sido raptada por Hades e
do desespero de Deméter
quando soube disso? Deméter
não queria saber de mais nada,
e sim procurar a sua filha. Todas as suas tarefas e responsabilidades como deusa da
colheita e da fertilidade foram
postas de lado por causa da
tragédia. Em sua busca frenética, Deméter chegou a percorrer o mundo, vagou por toda a
Terra, por nove dias e nove
noites, com uma grande tocha
na mão. Durante esse tempo
ela não comeu, não dormiu,
nem bebeu.
No décimo dia, encontrou
Hécate, uma divindade menor,
que sabia do rapto, mas não
sabia informar quem o tinha o
praticado. Contudo, Hécate levou Deméter até Hélio, o deus
Sol, que, em virtude de sua
visão onisciente do mundo, tinha testemunhado o rapto.
Hélio contou a história que
havia presenciado para
Deméter e tentou convencerlhe de que sua filha estava
bem com Hades.
Deméter ficou tomada pela
fúria, pela dor e pela tristeza.
Abandonou o Monte Olimpo
e todas as suas responsabilidades como deusa. Sua saída
deixou o mundo em um verdadeiro caos, completamente
castigado pela seca e pela
fome. A terra agora era estéril, e tanto a vegetação nativa
quanto as plantações morreram, enquanto as novas se
recusavam a crescer.
Nas viagens narradas por
Homero, Deméter estava determinada a se esconder na
Terra até que sua filha
retornasse e, por isso, começou a vagar pelos campos. Algumas vezes ela era recebida
com acolhimento, outras vezes era ridicularizada. Quando foi recebida na casa de
Misme, ofereceram-lhe umas
bebidas, como um ato de bem
receber. Mas como ela sorveu
o líquido muito rapidamente,
porque obviamente estava
morrendo de sede, o filho de
Misme zombou dela. Furiosa
com o desrespeito às regras de
hospitalidade, Deméter atirou
sua bebida no garoto, transformando-o num lagarto.
Cheia de dor, transformou-se
em uma velha senhora enquanto estava em Elêusis. Lá,
parou ao lado de um poço para
descansar. A filha do rei Céleo
aproximou-se da velha senhora e a convidou para se refrescar em sua casa. Deméter,
tocada com o gesto de bondade da moça, concordou, e foi
com a garota até o palácio. Lá,
foi tratada com imensa cordialidade não só pela filha do rei
como também pela rainha.
Deméter ficou impressionada
com aquela casa e com uma
mulher em particular, Iambe,
que era a filha de Pan e uma
criada na casa de Céleo. Iambe
era jovem e era a única pessoa que fazia com que
Deméter sorrisse.
Deméter tornou-se criada da
casa dos Céleo, juntamente
com Iambe. Como logo ganhou a confiança da rainha,
tornou-se a babá do príncipe
Demofonte, em quem encontrou o consolo que só uma
criança poderia lhe oferecer.
Ela decidiu conceder a imortalidade ao menino. Para fazer isso, Deméter alimentouo com ambrosia e o colocou na
lareira para que o fogo queimasse a sua mortalidade. Mas ela
foi descoberta pela rainha,
que interrompeu a ação com
um berro. Deméter, furiosa
com a interrupção, deixou a
criança cair.
De volta à sua forma natural,
Deméter ordenou que a casa
real construísse um templo
para ela. Ensinou-os também
a praticar de modo adequado
os ritos religiosos em sua homenagem. Essa prática mais
tarde se tornou conhecida
como os Mistérios de Elêusis.
Esses Mistérios eram os ritos
religiosos praticados em homenagem a Deméter e Perséfone,
Nova Era Maçônica
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2006
Zeus não podia negar essa Lei.
Contudo, como Deméter estava tão desolada e como Hades,
em um certo sentido, havia desobedecido Zeus, este chegou
a um meio termo. Perséfone
viveria com Hades no Mundo Subterrâneo durante três
meses do ano e moraria com
sua mãe na terra nos outros
oito meses.
Perséfone tornou-se, assim, a
mulher de Hades e, depois,
rainha do Mundo Subterrâneo. Ela desempenhou muito bem suas tarefas como
mulher (esposa) e rainha.
Dizem que ela correspondeu
normalmente heróis, e um
terceiro bloco, para os muito
maus, aqueles que precisavam
de punição. Mas é óbvio que
existia muito mais do que "esses blocos de celas".
Dizem que quando uma pessoa morre, Hermes vem apanhar sua alma para guiá-la até
o Mundo Subterrâneo. Deve
também atravessar pelo menos um rio, pois são muitos
os rios que cercam a Terra
dos Mortos: Aqueronte, o
Rio da Dor; Cocito, o Rio da
Lamentação; Lete, o Rio do
Esquecimento; Pyriphlegethon, o Rio do Fogo; e Styx,
Depois de sofrer a recepção de
Caronte, o morto tinha que
passar por Cérbero, o cão de
Hades (cão com três cabeças
e três gargantas, que guardava as portas dos Infernos e do
palácio de Plutão, (o deus romano do Inferno ou do
Submundo). Cérbero nasceu
do gigante Tífon e de Equidna.
Ele agradava as almas infelizes que desciam aos infernos e
devorava as que dali queriam
sair. Quando Orfeu foi buscar
Eurídice, ele fez Cérbero
adormecer ao som de sua lira;
Héracles (Hércules) teve que
descer ao reino dos mortos
ao amor de Hades.
O Mundo Subterrâneo, a Terra dos Mortos, Região de
Baixo, a Morada de Hades,
Inferno, esses eram alguns
dos nomes que as pessoas
usavam para se referir ao
Mundo Subterrâneo, que
também tinha suas leis e possuía várias divisões. Imaginem uma prisão com diferentes blocos com celas. Um
bloco de celas era para as
pessoas comuns, outro para
os realmente excepcionais,
o Rio do Ódio. Para fazer essa
travessia, era preciso utilizar
os serviços de Caronte (filho
de Erebo e da Noite), o barqueiro dos mortos. Ele exigia
uma moeda como pagamento.
Contudo, apenas conduzia o
barco, e era a alma que teria
todo o trabalho de remar. Se,
por acaso, a alma não tivesse
dinheiro para pagar os serviços, era obrigada a vagar depois da linha do oceano por cem
anos, para depois ganhar direito de embarcar novamente.
como um dos 12 trabalhos exigidos por Euristeu; Enéias foi
visitado pelo fantasma de seu
pai na terra dos vivos e foi
visitá-lo na terra dos mortos,
antes de entrar pelos Portões
do Mundo Subterrâneo.
Cérbero adorava comer carne
fresca e certamente não era o
melhor amigo dos homens.
Mas parecia se dar bem com
as almas que ali entravam.
Ele só atacava as que tentassem fugir.
Viajando pela rua Divisória,
Paul Cézanne (1839-1906) - Pirâmide de Crânios
os mais importantes em toda a
Grécia antiga. Lembre-se que
foi na cidade de Elêusis que
Deméter permaneceu a maior
parte do tempo de luto por sua
filha. Ali, o templo foi
construído em sua honra e era
onde os Mistérios de Elêusis
eram praticados. Dizem que
foi a própria Deméter quem
instituiu o culto e ensinou o
povo como lhe prestar homenagens corretamente.
Como era um culto secreto,
era considerado uma religião
de mistério. Apenas aqueles
formalmente iniciados podiam participar, e nenhuma palavra sobre o que acontecia
durante os rituais podia ser
dita. Quem quisesse ser iniciado deveria antes preencher
alguns requisitos. Por exemplo, um devoto não poderia ter
derramado sangue em nenhum momento de sua vida.
As mulheres e os escravos eram
proibidos de participar.
Os mistérios religiosos incluíam os cultos Dionísicos, Órficos
e Cabiri, e, naturalmente, os
Mistérios de Elêusis.
Vamos conhecer o cativeiro de
Perséfone, o Mundo Subterrâneo. Zeus envia Hermes para
conversar com Hades para
convencê-lo a libertar Perséfone. Hades não poderia admitir desistir de Perséfone, mas a
mensagem enviada por
Hermes era para ser interpretada como uma ordem direta
de Zeus. Hades não tinha outra escolha a não ser deixar a
menina partir. Contudo, ele
utilizou um truque.
Via de regra, todo mundo que
comesse algum alimento nas
dependências do Mundo Subterrâneo não poderia retornar
à terra dos vivos. Enquanto
fingia acatar as ordens de Zeus
e libertar Perséfone, Hades
também enganou a menina,
dando-lhe algumas sementes
de romã. Perséfone comeu-as
enquanto ainda estava no
Mundo Subterrâneo, portanto, ela passara a pertencer
àquele Mundo.
Mitologia
19
a alma encontrava uma bifurcação, onde era recebida
pelos Juízes. Estes decidiam
para que parte do Mundo Subterrâneo a alma seria levada
para morar para sempre.
Tornou-se um hábito entre os
antigos colocar uma moeda
embaixo da língua dos entes
queridos que morriam. Isso
permitia que eles pudessem
pagar os serviços de Caronte
e cruzar o reino dos mortos.
Aqueles que não eram enterrados adequadamente, ou sequer
fossem enterrados, não conseguiam obter permissão para entrar no Mundo Subterrâneo e
ficavam vagando por cem anos.
Mas vamos saber mais a respeito daqueles "blocos de
cela". Elíseos, algumas vezes
conhecido como Campos
Elíseos, era uma ilha para os
abençoados. Era para onde os
muito bons, geralmente heróis, eram enviados depois da
morte. Elíseos era um paraíso
em todos os sentidos, onde homens e mulheres curtiam a
vida na morte. Jogava-se, tocava-se música e todo mundo
se divertia. Os campos eram
sempre verdes e o sol sempre
brilhava.
Alguns mitos, porém, não fazem distinção entre o esplendor de Elíseos e os Campos de
Asfodel. Aqueles que eram
mandados para os Elíseos não
podiam saber a diferença.
Como todas as almas eram
meramente almas, nenhuma
delas poderia adivinhar o que
estava acontecendo ao seu redor, e determinar o lugar onde
estavam. Mesmo assim, esse
é considerado o melhor "bloco" dos três.
Os Campos Asfodel era um
lugar de limbo. Não era nem
bom nem ruim; era um local
para o descanso final dos seres mais comuns. Esse lugar
era o que abrigava mais almas do que os Elíseos e o
Tártaro juntos.
As almas, geralmente nos
Campos de Asfodel, desempenhavam as mesmas atividades
realizadas em vida. A memória
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não era cultivada. Por isso,
uma alma existia e agia, na
maior parte do tempo, como
uma máquina, sem nenhuma
individualidade. Um lugar
neutro, sem nenhuma qualidade positiva nem negativa.
Um lugar monótono, sem
novidades.
O Tártaro, ficava abaixo do
Mundo Subterrâneo. Acreditava-se que a distância entre o
Mundo Subterrâneo e Tártaro
era a mesma entre a Terra e o
céu. Um lugar escuro e triste
e era onde os maus eram mandados para punição eterna.
Como o leitor percebeu, a menos que você fosse protegido
pelos deuses e fosse enviado
aos Elíseos, a vida depois da
morte não prometia muita
coisa. Os simples mortais,
realmente, não tinham o que
esperar da morte. Por causa
desse desalento é que muitos
ritos e cultos religiosos surgiram, como, por exemplo, muitas das crenças novas
centradas em uma divindade
individual (como Deméter e
Dionísio). Supostamente, essas divindades ofereciam
àqueles que tivessem fé os segredos do Mundo Subterrâneo, incluindo o mapa do lugar, com todos os seus rios e
nascentes, para se evitar beber
delas e, portanto, assegurar a
morada nos Elíseos. Começa
uma nova esperança de uma
pós-morte mais digna, muitos
se tornaram bastantes crentes
e devotos à sua religião e divindade.
Depois que a Grécia foi anexada ao Império Romano, a
Mitologia Grega passou a fazer parte de Roma, e os deuses e deusas apenas mudam de
nome. (Vide tabela ao lado)
Baseando-se no panteão das
divindades gregas, uma nova
psicologia foi apresentada por
Jean Shinoda Bolen (psiquiatra e analista junguiana) em
seu livro Os Deuses e o Homem, que usou os conceitos de
Carl Jung para estudar os oitos
deuses gregos que correspondem a oito tipos de perso-
nalidade masculina. Nas próximas linhas, transcreveremos
apenas os arquétipos de Hades:
"Todo aquele que gosta de
ficar sozinho, curte a privacidade e não se importa muito
com o que se passa no mundo, leva a existência de Hades.
O Hades 'puro' é solitário e
vive em seu reino interior. O
homem-Hades é introvertido
e geralmente alheio às regras
de etiqueta e frivolidades. Não
está 'nem aí' com o que as outras pessoas pensam dele. No
trabalho se afina com tarefas
repetitivas que lhe permitam
certa exclusão. No amor,
quando se apaixona, vive experiências profundas com sua
parceira e é somente ela que
consegue arrancá-lo da
toca.Todo homem-Hades tem
predisposição para ser solitário e sentir-se inadequado em
um mundo muito competitivo,
ele se recolherá para dentro de
sua concha interior e para uma
vida de esterilidade emocional. No mundo de Zeus, ele
enfrenta muitas dificuldades,
pois se sente inferior, um estranho no ninho. Fora de seu
reino, verifica que só é recompensado todo aquele que atinge
o topo, que adquire status, que
se expõe e que corre riscos.
Essa cultura extrovertida dominante é estranha ao homem
de Hades, porque lhe faltam a
ambição e a comunicação. A
menos que desenvolva outros
arquétipos, ficará à margem da
estrada e só se encaixará em
trabalhos que não ofereçam
desafios, pois sua vida real é
'interior'.
Um Hades comete todas as
'gafes' possíveis em reuniões
sociais e diante de uma mulher. É natural, portanto, que
muitas vezes seja rejeitado. A
única experiência sexual do
deus Hades foi com Perséfone
que a raptou e a estuprou. A
vida pode seguir o mito, mas
o homem-Hades que se cuide,
porque diferentemente de
Zeus e Poseidon, ele tem menos credibilidade e poder e
Nova Era Maçônica
Mitologia
N o me
G re g o
N o me
R o ma n o
A t ri but o s
Ze us
J ú p it e r
R e i d o O limp o e
d o s d e us e s
P o s e id o n
N e t uno
D e u s d o s ma r e s
e d a na ve ga ç ã o
Had es
P lu t ã o
D e us d o s
in fe r n o s
(tártaro)
Ares
Marte
D e us d a gue r r a
A fr o d it e
V ê nus
D e u s a d a b e le z a
C r o no s
S a t ur no
D e u s d o t e mp o
H e r me s
M e r c ú r io
D e us d o
c o mé r c io e d o
r o ub o
O ur a no s
U r a no
D e us d o
U n iv e r s o
Hera
J uno
D e u s a - r a in h a d o
O limp o
A t e na
M in e r v a
D e us a d o s a b e r
H é s t ia
Ve s t a
D e u s a d o fo g o e
d o la r
D io n is o
Ba c o
D e u s d a lu x ú r ia
e d o v in h o
Ero s
C u p id o
D e u s d o a mo r
P e r s é fo n e
P r o s é r p in a
D e u s a - r a in h a d o
Had es (tártaro
o u in fe r n o )
A p o lo
A p o lo
D e u s d a lu z e
do Sol
Á r t e mis
D ia n a
D e us a d a c a ç a
D e mé t e r
C eres
D e us a d a
a g r ic u lt u r a
Í r is
Í r is
D e us a d o a r c o ír is
Heb e
Heb e
D e us a d a
j uve nt ud e
H e fa ís t o s
Vu lc a n o
F e r r e ir o d o s
D e us e s
R é ia
C íb e le
D e u s a d a Te r r a ,
esposa de
S a t ur no
pode vir a ser denunciado e
rotulado.
O casamento para este homem
é crucial, pois sem ele será
solitário e excluído. É por
meio da esposa e dos filhos
que irá relacionar-se com a sociedade. Como pai é sombrio,
mal-humorado, sem emoção e
só espera de seus filhos organização e dever cumprido.
Entretanto, pode compartilhar
com as crianças o tesouro de
sua vida interior.
O maior problema que um homem-Hades cria para os outros sendo como ele é, é que
vive em um mundo 'a parte',
sem se dar chance de envolver-se emocionalmente com
outras pessoas. O que se espera é que ele se comunique e
nos conte o que acontece lá
embaixo. Amar alguém como
Hades é bem difícil, pois a
qualquer momento pode tornar-se invisível e inabordável.
O melhor modo de um Hades
crescer é combiná-lo com um
Hermes, pois era por intermédio deste último deus que as
imagens e as sombras do mundo inferior eram entendidas e
comunicadas aos outros."
O assunto é vasto e fascinante, mergulhe nesse mundo fantástico que é a Mitologia e
veja o quanto ainda temos para
aprender. Não tema, conheça
mais a respeito do mundo de
Hades, em suas leituras. Na
próxima edição, pretendo discorrer a respeito de outro deus
bastante interessante: Pan.
Bibliografia:
BOLEN, Jean Shinoda. Os
Deuses e o Homem. São Paulo: Paulus, 2002.
BOLTON, Lesley. O Livro
Completo da Mitologia Clássica – Deuses, Deusas, Heróis
e Monstros Gregos e Romanos
– de Ares a Zeus. São Paulo:
Madras Editora, 2004;
COSTA, Wagner Veneziani et
al. O Livro Completo dos Heróis, Mitos e Lendas. São Paulo: Madras Editora 2004.
Nova Era Maçônica
GSCEM
novembro/dezembro
2006
21
Wagner Veneziani Costa – Grande Secretário de Cultura e Educação Maçônicas do GOSP
Relatório de Atividades 2003-2006
Educação e Cultura são aspectos fundamentais na vida de
qualquer pessoa, pois é um
dos parâmetros de avaliação
de um indivíduo perante a sociedade. Um povo sem cultura e educação é facilmente dominado por seus algozes modernos. Um país que não valoriza a sua cultura e não se
preocupa em educar os seus
filhos tende a ser subjugado
pelas nações poderosas.
Diante disso, passamos a refletir no papel da nossa Sublime Ordem, cuja história tem
comprovado que há muito
tempo a Maçonaria faz parte
dos destinos cívicos e patrióticos dos brasileiros. Ao mesmo tempo, observamos que é
preciso que os nossos Obreiros também recebam os
ensinamentos da Cultura e da
Educação Maçônicas, para
que possam crescer na sua
senda. E para isso, é necessário que tenham acesso aos
meios para esse desenvolvimento.
Quando iniciamos nossa tarefa como Grande Secretário da
Grande Secretaria de Cultura
e Educação Maçônicas do
GOSP, em 2003, pensamos,
então, o que poderíamos promover na Maçonaria paulista
que comungasse com esse
ideal maçônico e patriótico.
Foi assim que encontramos no
nosso Regimento Interno (Decreto 026) as nossas atribuições gerais:
-Promover a Educação maçônica em geral.
-Promover a harmonia social
entre maçons.
-Zelar pela tradição maçônica
Estadual.
-Desenvolver pesquisas e atividades culturais.
- Promover e manter o acervo
Histórico e Cultural.
- Apoiar e incentivar os encontros entre maçons.
Após a leitura do Regimento,
era preciso partir para ação e
criar eventos pelos quais pudéssemos, na prática, conquistar os nossos ideais de crescimento, não individual, mas
coletivo.
Imbuídos da vontade de colaborar para o progresso de nossa Ordem e do nosso País,
reunimo-nos logo no início de
nosso mandato com o os presidentes dos departamentos,
para planejar nossas ações e
traçar nossas metas. Idéias foram surgindo e logo partimos
para a prática. Desde então, a
cada dois ou três meses, promovemos reuniões para fortalecer os nossos elos, viabilizar
os projetos e dar suporte aos
mesmos, não permitindo que
morra a chama do nosso ideal
maçônico.
Tenho a grata satisfação de
apresentar um resumo do resultado obtido durante nossa
gestão, no período de 2003 a
2006, com a ajuda de vários
Irmãos conscientes de suas
responsabilidades.
Trabalhos Desenvolvidos
Foram criados os seguintes
Departamentos:
1)
Conselho Consultivo –
Que é presidido pelo Grade
Secretário de Cultura e Educação Maçônicas do GOSP, o
Poderoso Irmão Wagner
Veneziani Costa. Sua finalidade é dar sustentação e
viabilização aos novos projetos e conselhos, pois acreditamos que toda ação pode ter um
resultado muito mais favorável quando é motivada ou
mesmo orientada por suas lideranças. Os Irmãos conselheiros, com sua experiência,
estão habilitados a avaliar
os meios mais práticos e viáveis para desenvolvimento das idéias que surgem
nas reuniões e que contribuem para resultados
satisfatórios dos projetos.
2) Departamento Cultural –
Presidido
pelo
Irmão
Humberto Álvares Junqueira.
Apóia, incentiva e dá sustentação aos cursos promovidos
pela GSCEM. É também o
responsável pela apresentação
do Coral Maçônico. Por meio
desse departamento, está sendo possível desenvolvermos
várias ações em nossa Secretaria, oferecendo diversos cursos gratuitos para os Irmãos,
de modo que possam enriquecer seus conhecimentos, aperfeiçoarem-se nas suas tarefas
em Loja, ou mesmo tomar
contato com algum tema de interesse geral.
Pensamos também nas Cunhadas, Sobrinhos e no público
em geral, e decidimos oferecer-lhes atividades culturais
nas nossas instalações, de
modo que pudéssemos
interagir
ainda
mais.
Contatamos alguns Irmãos especialistas em áreas diversas,
como saúde, arte, advocacia,
e os convidamos para proferir
palestras em nossos Templos.
Pudemos, assim, atender a esses anseios, e tudo graciosamente, de nossos familiares e
amigos.
No dia 2 de agosto de 2006,
realizamos uma reunião na
qual foram feitas avaliações e
análises críticas dos cursos
que promovemos até o momento, para que possamos
melhorar os vindouros, bem
como fomentar o envolvimento de todos os Irmãos
nessas atividades. Santos e
Ribeirão Preto são as próximas cidades onde nossos instrutores estarão para ministrar
cursos às Dignidades maçônicas dessas localidades.
Foi anunciado na ocasião,
um curso para Multiplicadores Culturais, com disponibilidade de 50 vagas.
Também foi proposta a formação de uma segunda equipe de
Instrutores dos Departamentos
de Cultura e Educação para o
curso de Oficiais, tendo em vista
a possibilidade de estarmos presentes em diversas regiões ao
mesmo tempo, ou mesmo não
sobrecarregando os mesmos Irmãos freqüentemente.
Já demos início à elaboração do
Calendário 2007 de Cursos, Palestras e outros eventos culturais e educacionais, para o qual
estamos aceitando sugestões.
3) Departamento de Acervo
Histórico e Cultural – presidido pelo Ir. Henrique Rajnowicz.
Sua missão é preservar, catalogar e organizar a BIBLIOTECA (livros), a HEMEROTECA (jornais e revistas),
a PINACOTECA (coleção de
quadros), a NUMISMÁTICA
(moedas, cédulas e medalhas)
– uma grande coleção de cédulas brasileiras será doada
pelo Poderoso Irmão Wagner
Veneziani Costa, a FILATELIA (coleção de selos) e a
GLIPTOTECA (coleção das
esculturas). No momento, as
instalações estão em reforma,
para que possamos ampliar o
espaço, tendo em vista o
grande crescimento de nossos acervos.
A Biblioteca foi totalmente
reformada, com a alteração de
todo o layout da planta anterior, tendo em vista que seu
acervo foi ampliado para
mais de 5 mil obras. Foi feita
a catalogação de todas essas
obras, que estão disponíveis
aos Irmãos para estudos e
pesquisas.
Com tudo isso, acreditamos
que poderemos preservar a
nossa História, não permitindo que jóias preciosas se percam no tempo, e que os nossos descendentes, que serão os
Aprendizes, Companheiros e
Mestres do futuro, possam ter
conhecimento do passado da
Ordem e construírem uma
nova História para a nossa sublime Instituição, sem se esquecerem ou terem conhecimento da essência de sua
ancestralidade e dos fatos e
acontecimentos que estarão
registrados nesses acervos culturais e educacionais.
Conseguimos disponibilizar diversas obras para download no
site do GOSP www.gsp.org.br,
totalmente gratuito. Inserimos
há pouco uma obra muito interessante sobre a Administração
de Loja Maçônica, Manual de
Hiram – Um Guia para o Venerável Mestre, de autoria de
um ex-Grão-Mestre, o Irmão
Wayne T. Adams, que gentilmente nos deu permissão para
viabilizar o seu trabalho na nossa Home Page. O tradutor da
obra é o Irmão Alberto
Conehero, que também nos cedeu os direitos de sua tradução.
Existem mais dois títulos de
conteúdo histórico à disposição no site do GOSP: A Iniciação de Jesus, do Dr. R.
Swinburne Cllymer e Secrets
et Mystéres de la Maçonnerie,
de Devolier.
4) Departamento de Incentivo
e Apoio aos ERACOM’S à
Educação e Cultura na Maçonaria – presidido pelo Irmão
Paulo Gonçalves Peres.
Incentiva, facilita e apóia os
22 novembro/dezembro
2006
estudos e pesquisas, assim
como a realização em todas as
regiões e Lojas Jurisdicionadas ao GOSP.
ODepartamento
disponibilizará os melhores trabalhos apresentados pelos Irmãos, no site do GOSP. Por
conta disso, já está com um
plano piloto no ar.
5) Departamento de Instrutores Culturais e Educacionais
– presidido pelo Irmão
Wagner Veneziani Costa.
Ministra palestras e cursos,
sem custos para os Irmãos, nas
mais diversas áreas do conhecimento humano. É o responsável pela formação de
Multiplicadores Culturais nas
regiões do interior do Estado.
Vamos trabalhar para aumentar o número de Irmãos aptos
a ministrar esses cursos e palestras, de modo que possamos atender aos vários pedidos das Lojas para que essas
atividades sejam desenvolvidas em suas localidades.
6) Departamento de Pesquisas
Históricas e Filosóficas para
todos os Ritos – presidido pelo
Irmão Valter Sérgio de Abreu.
Incentiva a pesquisa histórica
e filosófica dos Ritos regulares do GOSP. Em breve, colocará à disposição dos Irmãos
os melhores trabalhos, divididos por Grau, no site do
GOSP, www.gosp.org.br
Criará junto aos Grandes Secretários Adjuntos da Grande
Secretaria Ritualística, uma
programação de cunho
elucidativo, educativo, histórico e filosófico de cada um
dos Ritos Regulares no Brasil.
Com debates entre dignidades
e os irmãos participantes.
7) Departamento Editorial –
presidido pelo Irmão Carlos
Brasílio Conte.
Produz o jornal eletrônico
Nova Era Maçônica, disponível no site do GOSP, que é elogiado em diversos Orientes,
no Brasil e no exterior, fato
este comprovado pela grande
quantidade de cartas que recebemos freqüentemente. A
publicação já está em sua 33ª
edição. Aumentamos consideravelmente a paginação inicial,
pois passamos a receber vários
textos relevantes, a título de
colaboração, de autoria de diversos Irmãos, que enriquecem a cada mês o nosso jornal. Agora, também apresentamos a edição impressa deste jornal. Conseguimos desenvolver esse trabalho sem custo para o GOSP, pois contamos com a colaboração dos
jornalistas e da editoração
e da revisão, por meio da
Madras Editora.
Por ser também uma publicação virtual, as notícias podem
ser acessadas no mundo todo.
Todas as edições estão disponíveis para acesso.
8) Departamento Educacional
– presidido pelo Irmão Armando Ettore do Vallle.
Elabora e ministra os cursos
de Dignidades e Oficiais,
Motivacionais e de Administração em Loja. Atua sempre
em conjunto com o Departamento Cultural. Esses cursos
são oferecidos com o intuito
de que nossas Lideranças estejam mais bem preparadas
para as suas atribuições, dentro dos princípios maçônicos.
Todas as Palestras e os Cursos são inteiramente gratuitos, com apostilas que permitem consultas posteriores, no
dia-a-dia, de modo a sanar
todas as dúvidas ou mesmo
para orientação dos demais
Irmãos em suas Lojas. Ao final do curso, são entregues
os certificados de participação, enriquecendo os currículos de cada um. Os cursos
são ministrados sem ônus
para o participante. Cabe à
GSCEM bancar os gastos
gerais. Já foram entregues
mais de 5.250 certificados
para diferentes pessoas.
Durante os eventos, são
sorteadas algumas obras literárias entre a platéia, com o
intuito de difundir a leitura e
enriquecer os conhecimentos.
GSCEM
Cursos ministrados para
maçons:
1) Cursos de Administração
em Loja;
2) Cursos de Qualidade e Liderança em Loja Maçônica;
3) Cursos para Dignidades
Maçônicas;
4) Cursos para Formação de
Líderes;
5) Cursos para Mestre-de-Cerimônias;
6) Cursos para Oficiais;
7) Cursos para Orador;
8) Cursos para Veneráveis
Mestres.
Cursos ministrados para a Família Maçônica:
1) Cursos de Cabala;
2) Cursos de Motivação Pessoal;
3) Jornada Cabalista.
4) Cursos de Hermetismo;
5) Cursos de Redação e língua
portuguesa;
6) Qualidade de Vida.
Palestras realizadas:
1) A Divina Proporção;
2) A Obra de Leonardo Da
Vinci;
3) Avataras;
4) Igreja e a Maçonaria;
5) Influência de Pitágoras na
Maçonaria;
6) Legado de Pitágoras;
7) Padrão Setenário;
8) Departamento Esportivo e
Recreativo – presidido pelo Irmão Milton Nobre Branco.
Por considerar que esporte e
lazer são atividades vitais para
uma vida saudável, criamos
este Departamento. Seu objetivo é promover confraternizações de futebol, vôlei, basquete, tênis, natação e outras
modalidades esportivas entre
as Lojas, podendo participar
Cunhadas, Sobrinhos e Dependentes, com a finalidade
de arrecadações de alimentos
não-perecíveis, roupas e calçados para doações.
Fazer convênios com academias e quadras poliesportivas
para a Família Maçônica.
Trabalhar em conjunto com a
Prefeitura e Governo do Estado em projetos para tirar
Nova Era Maçônica
crianças das ruas (promovendo
campeonatos entre escolas).
Criar um banco de alimentos
não-perecíveis, roupas e calçados para doação aos mais
carentes.
O intuito dessas ações é trazer nossos familiares para as
nossas atividades beneficentes, com descontração e diversão, conseguindo unir ainda
mais os IIr. e seus familiares,
despertando a chama da Solidariedade e da Fraternidade
em seus corações.
10) Departamento de Administração Interna (DAI) –
presidido pelo Irmão César
Luis Bueno.
Coordena, planeja e administra os Coordenadores. Organiza e secretaria as reuniões entre os Departamentos da
GSCEM. É responsável pela
comunicação interna dos Irmãos dos Departamentos e
conta com três Divisões: Divisão de Pessoal, Divisão de
Logística e Apoio (viabiliza a
estrutura de todos os cursos e
eventos) e Divisão de Imprensa e Divulgação (Divulga todas as ações, cursos e palestras, de modo que todos os Irmãos possam tomar conhecimento das atividades desenvolvidas e delas participar.
Uma das ferramentas que passamos a utilizar para difundir
nossas atividades foi a
Internet. Procuramos cadastrar os endereços eletrônicos
todos os Irmãos do Estado de
São Paulo, para que recebessem as novidades da nossa
Secretaria, bem como de
todo o GOSP, o mais rápido
possível).
Publicações de obras
literárias
Publicamos o livro Manual
Completo para Lojas Maçônicas, de autoria dos Irmãos
Amado Espósito dos Santos,
Carlos Brasílio Conte, Cláudio Roque Buono Ferreira e
Wagner Veneziani Costa.
A primeira tiragem da obra (3
mil exemplares) foi distribuí-
da, gratuitamente, com um
exemplar para cada Loja e
para algumas Dignidades do
GOB e do GOSP e a todos os
Grão-Mestres e seus Adjuntos
em todo o País.
Recebemos farta correspondência dos Irmãos de todo o Brasil,
discorrendo acerca da importância dessa publicação para seus
trabalhos em Loja, pois o livro
é um guia para todas as atividades maçônicas na Loja. Estamos
preparando um livro sobre o
Rito Escocês Antigo e Aceito.
Viagens
Em janeiro de 2006, realizamos um cruzeiro marítimo,
denominado “Qualidade de
vida em alto mar”, no navio
Island Scape, quando tivemos
oportunidade de confraternizar com diversos Irmãos e
seus familiares. Foram vendidas 120 cabines para os
maçons. No próximo ano, faremos outra viagem semelhante,
para a qual já estamos com a turma fechada.
No último mês de julho, promovemos outro tour com a Família Maçônica, o qual chamamos de “Qualidade de vida em
terra.” O local escolhido foi
um aconchegante hotel na cidade de Itatiaia. Desse modo,
incentivamos a união entre os
Irmãos.
Estamos planejando uma viagem no início do ano de 2007 a
bordo do navio MSC Armonia
com destino ao Rio de Janeiro.
Apresentação
Apresentação de Coral Maçônico no Dia das Mães. Na
oportunidade, fizemos uma
homenagem a todas as nossas Cunhadas, mães de nossos
filhos, netos e sobrinhos, o
sustentáculo de nossos lares.
No Dia dos Pais, promovemos
um concerto musical: “A Flauta Mágica”, de Mozart, no
Templo Pirati-ninga, para
homenagear todos os pais.
Desse modo, foi possível
proporcionar cultura, lazer e
bem-estar entre as famílias.
Nova Era Maçônica
Atualização de Cadastro
do GOSP - Virtual
Começaremos a enviar por email informações úteis sobre
as determinações do nosso
Grão-Mestre, assim como
acerca das atividades as
educativas e culturais (cursos;
palestras; eventos em geral).
Para isso, estamos fazendo a
atualização dos dados
cadastrais de todos os Irmãos,
de modo virtual, pois isso
agiliza todo o nosso processo
de comunicação.
Atividades a serem
desenvolvidas em 2007
-Promoveremos, apoiados
pela Secretaria de Ritualística
e seus Secretários Adjuntos,
Dinâmicas Ritualísticas –
Vivências em todos os ritos
regulares (com liberdade de
interação);
- Palestras sobre os Ritos:
Escocês, Brasileiro, York,
Adoniramita, Schoreder e
Moderno;
-Promover encontro para debates e estudos maçônicos;
-Promover dois concursos
para a Família Maçônica:
Concurso de Artes (pintura,
escultura e artesanato) e Concurso Literário (contos, prosas
e poesias).
-Colocar mais alguns títulos à
disposição dos Irmãos no site
do GOSP, para download. O
Irmão José Castelani nos cedeu a obra A História do
Grande Oriente de São Paulo, e o Eminente Cláudio Roque Buono Ferreira nos cedeu
a obra Os Templários.
-Temos em nosso Acervo mais
ou menos 15 obras a serem
digitalizadas e colocadas à
disposição dos Irmãos no site
do GOSP. Reiteramos que
tudo isso será gratuitamente.
Considerações finais
Lembramos que o nosso trabalho na GSCEM só termina
em 10 de junho de 2007. Até lá,
queremos fazer muito mais atividades. Promoveremos todos
GSCEM
os cursos e palestras novamente, inclusive estamos com
um projeto para fazer isso eletronicamente, a exemplo de
filmagem dos cursos para as
Dignidades Maçônicas, pois
temos recebido pedidos de
todo o Brasil para realizarmos
nossos cursos em diversas localidades. Desse modo, poderemos disponibilizar gratuitamente esses cursos pela
Internet.
Fica aberto também o convite
aos Irmãos palestrantes para
integrarem nossos quadros de
colaboradores. Mandem seus
currículos para avaliação
(meu endereço eletrônico é:
[email protected]).
Nesses três anos, respondemos a aproximadamente 3 mil
e-mails, sanando, ou pelo menos tentando, às dúvidas de
Irmãos a respeito da Ordem
Maçônica e de nossos trabalhos. Neste momento, sentimos que cumprimos o nosso
propósito, mas ainda
estamos longe da Perfeição, o que poderá
novembro/dezembro
2006
ser conquistado quando os
aproximadamente 19 mil
Obreiros somarem fileiras
nesse trabalho, interagindo e
contribuindo para o progresso de nossa sublime Instituição.
Assim, então, sentiremo-nos
plenamente realizados.
Jamais diria que na Grande
Secretaria de Cultura e Educação Maçônicas há um Grande Secretário. Sinto não orgulho, mas satisfação por todos
prestarem seus apoios incondicionais à GSCEM. Tudo o
que foi realizado foi um trabalho de equipe, com espírito de União, porque acredito
piamente que ninguém faz
nada sozinho.
Meu muito obrigado a todos os
Irmãos que vestiram e suaram
suas camisas nessa jornada que,
23
repito, ainda não se findou.
Sabemos que a Educação é tão
importante, que Aristóteles
chegou a dizer que “a sorte de
um país está na Educação de
sua mocidade”. Por isso, acredito que não acumulamos
mais uma função na Maçonaria, mas que passamos a
desempenhá-la, com toda a
nossa vontade de formar uma
base consistente para a família maçônica e para a família
brasileira, com mais Cultura e
mais Educação!
Que o Grande Arquiteto do
Universo ilumine a todos com
sua Verdadeira Luz!
Eu Sou,
Wagner Veneziani Costa
Grande Secretário de
Cultura e Educação
Maçônicas do GOSP-GOB
AMI – Ação Maçônica Internacional
Apoio: GOSP – Grande Oriente de São Paulo
GSCEM – Grande Secretaria de Cultura e Educação Maçônicas
24 novembro/dezembro
2006
Madras Editora Apóia
Nova Era Maçônica
Tradição e Modernidade
TRADIÇÃO E MODERNIDADE
MENSAGEM DOS
CANDIDATOS
• Sensíveis aos estímulos e
apoios recebidos de lideranças e Lojas Maçônicas
de todo o Estado de São
Paulo, decidimos concorrer às eleições ao GrãoMestrado do GOSP em
março de 2007, priorizando a aplicação dos
ensinamentos iniciáticos
com ação e modernidade,
a fim de obter resultados
práticos e duradouros no
globalizado mundo eletrônico em que vivemos.
• Queremos promover a
reinserção política e social
da Maçonaria; valorizar o
rico potencial humano
existente nas fileiras do
GOSP; respeitar as mais
diversas vocações regionais por meio da necessária descentralização administrativa do GOSP, promovendo um proselitismo
responsável e pró-ativo
na ocupação de espaços
na Sociedade.
CONTEÚDO DO
PROGRAMA
1. Incentivar o conhecimento iniciático difundindo a cultura por meio
de agentes capacitados e
fomentando a realização
de encontros regionais
culturais.
2. Estimular a criação
de projetos sociais pelas
Lojas, caracterizando a
Maçonaria como uma instituição de Vanguarda na
Evolução Social, amparando os projetos em uma
Fundação/Instituto do
GOSP com o objetivo de
conseguir verbas para o
desenvolvimento das
tecnologias sociais.
3. Reinserção Política e
Social da Maçonaria no
cenário político e social do
Estado, solicitando a participação de todos, mobilizando os excelentes quadros de Construtores Sociais da Maçonaria Paulista.
4. Formatar a regionalização Administrativa do GOSP – Macro
Regiões Maçônicas.
5. Implantação de um
Plano Diretor para o
GOSP, com diretrizes
para execução de projetos
e ações administrativas a
longo prazo.
6. Direcionar a realização de convênios, preferencialmente aqueles destinados à Saúde, Educação e à formação universitária, objetivando a
minimização de custos
para a família maçônica.
7. Priorizar o crescimento qualitativo de Lojas onde não temos a representação do GOB incentivando a formação de
Triângulos.
8. Nova formatação do
Boletim Oficial – inclusão
dos destaques regionais.
9. Encontro Anual do
Colégio Estadual de Veneráveis Mestres, para debater e propor ações conjuntas das Lojas do
GOSP, na efetivação dos
objetivos maçônicos.
10. Geminação Internacional – Tratados de Aliança – estimular a realização de tratados internacionais com as Lojas do
GOSP objetivando intercâmbio cultural, estudos,
turismo e negócios em
nome da Aliança Maçônica Universal.
11. Fomentar a efetiva parceria do GOSP nas atividades paramaçônicas (Fraternidades Femininas, De
Molay, Lowtons, Filhas de
Jó, Garotas do Arco-Íris, Escoteiros, Bandeirantes) junto às Lojas da Jurisdição.
Maçonaria e Qualidade de
Vida em Alto Mar
Após o grande sucesso do verão passado, o luxuoso navio italiano MSC Armonia retorna para uma
nova viagem, passando por Ilha Bela e pelo Rio de
Janeiro, com partida no dia 24/02/07 e retorno
em 27/02/07 no porto de Santos. Reserve logo
sua cabine e não perca essa grande confraternização.
As vagas são limitadas.
Fone: (11) 3021-5008 – email: [email protected]

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