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A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • JULHO DE 2006 A Liahona MATÉRIA DA CAPA: O Testemunho do Profeta sobre a Trindade, p. 2 Chamada para o Fracasso? p. 26 Menina-Moça É Prefeita por um Dia, p. 44 O Próximo Passo: Moças, p. A10 Julho de 2006 Vol. 59 Nº. 7 A LIAHONA 26987 059 Publicação oficial em português d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley, Thomas S. Monson, James E. Faust Quórum dos Doze: Boyd K. Packer, L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott, Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland, Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf, David A. Bednar Editor: Jay E. Jensen Consultores: Monte J. Brough, Gary J. Coleman, Yoshihiko Kikuchi Diretor Gerente: David L. Frischknecht Diretor Editorial: Victor D. Cave Editores Sêniores: Larry Hiller, Richard M. Romney Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg Gerente Editorial: Victor D. Cave Gerente Editorial Assistente: Jenifer L. Greenwood Editores Associados: Ryan Carr, Adam C. Olson Editor(a) Adjunto: Susan Barrett Equipe Editorial: Shanna Butler, Linda Stahle Cooper, LaRene Porter Gaunt, R. Val Johnson, Carrie Kasten, Melvin Leavitt, Sally J. Odekirk, Judith M. Paller, Vivian Paulsen, Jennifer Rose, Christy Rusch, Don L. Searle, Rebecca M. Taylor, Roger Terry, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe, Julie Wardell, Kimberly Webb Secretário(a) Sênior: Monica L. Dickinson Gerente de Marketing: Larry Hiller Gerente Gráfico da Revista: M. M. Kawasaki Diretor de Arte: Scott Van Kampen Gerente de Produção: Jane Ann Peters Equipe de Diagramação e Produção: Cali R. Arroyo, Collette Nebeker Aune, Brittany Jones Beahm, Howard G. Brown, Julie Burdett, Thomas S. Child, Reginald J. Christensen, Kathleen Howard, Denise Kirby, Tadd R. Peterson, Randall J. Pixton Diretor de Impressão: Craig K. Sedgwick Diretor de Distribuição: Kris T Christensen A Liahona: Diretor Responsável: Wilson R. Gomes Produção Gráfica: Eleonora Bahia Editor: Luiz Alberto A. Silva (Reg. 17.605) Tradução: Edson Lopes Assinaturas: Cezare Malaspina Jr. © 2006 Intellectual Reserve, Inc. Todos os direitos reservados. O texto e o material visual encontrado n’ A Liahona podem ser copiados para uso eventual, na igreja ou no lar, não para uso comercial. O material visual não pode ser copiado se houver qualquer restrição indicada nos créditos constantes da obra. As dúvidas sobre direitos autorais devem ser encaminhadas para Intellectual Property Office, 50 East North Temple Street, Salt Lake City, UT 84150, USA; e-mail: [email protected]. A Liahona pode ser encontrada na Internet em vários idiomas no site www.lds.org. Para vê-la em inglês clique em “Gospel Library”. Para vê-la em outro idioma clique no mapa-múndi. REGISTRO: Está assentado no cadastro da DIVISÃO DE CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS, do D.P.F., sob nº 1151-P209/73 de acordo com as normas em vigor. “A Liahona” © 1977 d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acha-se registrada sob o número 93 do Livro B, nº 1, de Matrículas e Oficinas Impressoras de Jornais e Periódicos, conforme o Decreto nº 4857, de 9-11-1930. Impressa no Brasil por Prol Editora Gráfica – Avenida Papaiz, 581 – Jd. das Nações – Diadema – SP – 09931-610 ASSINATURAS: A assinatura deverá ser feita pelo telefone 0800-130331 (ligação gratuita); pelo e-mail [email protected]; pelo Fax 0800-161441 (ligação gratuita); ou correspondência para a Caixa Postal 26023, CEP 05599-970 – São Paulo – SP. Preço da assinatura anual para o Brasil: R$ 18,00. Preço do exemplar em nossa agência: R$ 1,80. Para Portugal – Centro de Distribuição Portugal, Rua Ferreira de Castro, 10 – Miratejo, 2855-238 Corroios. 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A LIAHONA, JULHO DE 2006 P A R A O S A D U LT O S 2 14 20 25 30 32 36 40 48 Mensagem da Primeira Presidência: Nestes Três Creio Presidente Gordon B. Hinckley Com Asas de Águia Élder Dieter F. Uchtdorf O Canto dos Justos Mensagem das Professoras Visitantes: Fortalecer a Família A Plenitude do Evangelho: Despojar-nos do Homem Natural Camboja — Terra de Paz em Construção Marissa A. Widdison Romper os Grilhões do Pecado Élder H. Ross Workman Vozes da Igreja Vá Ver os Meninos Mary Rich Goodwin Fiel à Minha Decisão Yazmin Ojeda A Bênção Joel R. Bryan Comentários 36 Romper os Grilhões do Pecado IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR Estas idéias podem ajudá-lo a usar esta edição d’A Liahona para reforçar seu ensino tanto na sala de aula como em casa. “De Navio, Carrinho de Mão ou Tênis”, página 10: Com toda a família, façam de conta que são exploradores e desenhem um mapa que represente a jornada de uma pessoa pela vida. Nos depoimentos dos jovens portugueses, encontre algumas qualidades pessoais e princípios do evangelho que nos ajudem a percorrer o caminho em segurança. Anote-os no mapa. Testifique-lhes que podemos traçar destemidamente um curso que nos conduzirá a Jesus Cristo. “Com Asas de Águia”, página 14: Peça aos membros da família que façam aviões de papel e tentem fazê-los voar. Fale sobre o que seria necessário para construir um avião de verdade. Leia a história dos irmãos Wright e identifique os três requisitos para um vôo bem-sucedido. Designe membros da família para ler o artigo e indicar como esses três princípios podem aplicar-se a nossa própria vida. PA R A O S J O V E N S 9 10 24 26 44 O A M I G O — PA R A A S C R I A N Ç A S Mensagens Instantâneas Sorrisos Apesar das Provações María Luisa González Haro De Navio, Carrinho de Mão ou Tênis Adam C. Olson Pôster: Apoio Mútuo Apesar dos Gritos, Latidos e da Chuva Katharina Betz Birch Prefeita por Um Dia Paul VanDenBerghe A2 A4 A6 A8 A10 A13 26 Apesar dos Gritos, A14 Latidos e da Chuva A16 Ao procurar o anel CTR escondido nesta edição, lembre-se sempre de fazer suas orações. Vinde ao Profeta Escutar: Pautem Sua Vida pela Fé Presidente Thomas S. Monson Tempo de Compartilhar: O Pai Celestial Ouve e Responde às Orações Linda Magleby Da Vida do Presidente Wilford Woodruff: Este É o Lugar Minha Irmã, Meu Exemplo Shanna Butler Bem-vindas às Moças Kimberly Webb Caixa Dominical: O Lápis que Gira A10 Bem-vindas às Moças De um Amigo para Outro: Abençoados pelo Sacerdócio Élder Douglas L. Callister Testemunha Especial: Adivinhe Quem É NA CAPA João Batista Batiza Jesus, de Greg Olsen. Reprodução proibida. CAPA DE O AMIGO Fotografia: Miriam Oliveira Versiani Nery, com a utilização de modelos. TÓPICOS DESTA EDIÇÃO “Romper os Grilhões do Pecado”, página 36: Leia a seção “A Escravidão Espiritual” e fale de coisas específicas que conduzem à escravidão espiritual. Escreva as respostas em tiras de papel e faça com elas uma corrente. Leia os dois últimos parágrafos do artigo e discuta maneiras pelas quais o Salvador pode ajudar a romper os grilhões do pecado. Rasgue as argolas da corrente de papel e fale sobre como podemos permanecer livres da escravidão espiritual. “Minha Irmã, Meu Exemplo”, página A8: Discuta o que significa ser honesto. Leia a citação do Presidente James E. Faust. Sem esquecer as histórias do artigo, distribua folhas com outros relatos que contenham exemplos de honestidade e desonestidade. Permita que cada membro da família leia uma história ou a dramatize e discuta as bênçãos decorrentes da honestidade. “Abençoados pelo Sacerdócio”, página A14: Mostre objetos de valor, tanto material como espiritual. Peça aos familiares que escolham qual é o mais precioso. Leia o artigo. Volte a apontar os objetos e discuta por que têm valor. Testifique da necessidade de darmos prioridade às coisas de importância espiritual. A=O Amigo Honestidade, A8 Arbítrio, 14, 30, 36 Inspiração, 40 Atitude, 9, 14, 26 Jesus Cristo, 2, 30, 36 Autodomínio, 14, 30 Moças, A10 Ajuda Humanitária, 32 Mutual, 24, A10 Bênção do Sacerdócio, 9, Noite Familiar, 1 32, 42, A14 Obediência, A8 Caixa Dominical, A13 Obra missionária, 26, 32 Camboja, 32 Oração, 14, A4 Educação, 44 Padrões, 44 Ensino Familiar, 8, 42 Pai Celestial, 2, 14 Espírito Santo, 2, 14 Pecado, 36 Estudo das escrituras, 14 Pioneiros, A6 Exemplo, 10, 41, 42, A8 Professoras visitantes, 25 Expiação, 30 Progresso Pessoal, A10 Fé, A2 Provações, 9, 20 Finanças, 25 Sacrifício, 36 Hinos, 20 Sociedade de Socorro, 25 História da família, 32 Templo, 25, 41 Homem natural, 30 Trindade, 2 FUNDO © ARTBEATS “CREMOS EM DEUS, O PA I E T E R N O ( . . . ) ” Creio sem hesitação nem reservas em Deus, o Pai Eterno. Ele é o grande Criador, o governante do universo. MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA Nestes Três Creio PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY DO PÓ, UM PLANETA NASCEU, CORTESIA DA NASA/JPL – CALTECH T odos os membros da Igreja certamente conhecem a primeira regra de fé. Ela ocupa uma posição central em nossa religião. É significativo que, ao fixar os elementos básicos de nossa doutrina, o Profeta Joseph tenha escolhido como os primeiros: “Cremos em Deus, o Pai Eterno, e em Seu Filho, Jesus Cristo, e no Espírito Santo.” (Regras de Fé 1:1) A importância conferida a essa declaração harmoniza-se com outra afirmação do Profeta: “O primeiro princípio do evangelho consiste em conhecer com certeza o caráter de Deus” (History of the Church, volume 6, p. 305). Essas declarações de enorme relevância e abrangência coadunam-se com as palavras do Senhor em Sua grandiosa oração intercessória: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3). Lembro-me de ler um panfleto há alguns anos redigido por um crítico, um inimigo da Igreja cujo desejo era abalar a fé dos fracos e menos esclarecidos. O folheto retomava falácias que vinham sendo repetidas por mais de um século. Ele alegava explicar as crenças que nós, os membros de A Igreja de Jesus de Cristo dos Santos dos Últimos Dias, nutrimos. Sem querer entrar em conflito com os amigos de outras religiões, muitos dos quais conheço bem e muito respeito e estimo, aproveito esta oportunidade para definir minha posição sobre este que é o mais importante de todos os assuntos teológicos. Creio sem hesitação nem reservas em Deus, o Pai Eterno. Ele é meu Pai, o Pai de meu espírito e o Pai do espírito de todos os homens. Ele é nosso grande Criador, o governante do universo. Ele dirigiu a criação desta Terra em que vivemos. O homem foi criado à Sua imagem. Conhece-nos pessoalmente. É um ser real e distinto. Ele possui um “corpo de carne e ossos tão tangível como o do homem” (D&C 130:22). À Sua Imagem No relato da criação da Terra, aprendemos: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis 1:26). Poderia haver declaração mais clara e explícita? O fato de o homem ter sido criado à imagem de Deus constituiria um rebaixamento para Ele, como afirmam alguns? Muito pelo contrário, isso deveria suscitar no coração de todos os homens e mulheres Eles são seres distintos, mas unos em propósito e empenho. Associam-se para levar a efeito o grandioso e divino plano de salvação e exaltação dos filhos de Deus. A L I A H O N A JULHO DE 2006 3 J 4 FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN, COM UTILIZAÇÃO DE MODELOS; JOÃO BATISTA BATIZANDO JESUS, DE GREG OLSEN, REPRODUÇÃO PROIBIDA todo o coração, poder, mente e força. Sua sabedoria é uma maior auto-estima, como filhos de Deus. As palavras maior que a de todos os homens. Seu poder é superior de Paulo aos santos em Corinto aplicam-se a nós hoje ao da natureza, pois Ele é o Criador Onipotente. Seu tanto quanto aos destinatários originais da epístola. Ele amor excede o de qualquer pessoa, pois estende-se a ensinou: todos os Seus filhos, e Sua obra e glória é levar a efeito “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o a imortalidade e vida eterna de Seus filhos de todas as Espírito de Deus habita em vós? gerações. (Ver Moisés 1:39.) Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (I Coríntios 3:16–17). Nosso Pai Todo-Poderoso Lembro-me de uma ocasião, há mais de 70 anos, Ele “amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho quando eu era missionário e estava discursando numa unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, reunião ao ar livre no Hyde Park, em Londres. mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Ao apresentar minha mensagem, um homem Ele é o Todo-Poderoso perante o qual me interrompeu-me bruscamente para indagar: ajoelho com respeito e reverência. É a Ele que “Por que não seguem a doutrina bíblica que busco com temor e tremor. É a Ele que adoro ensina em João: ‘Deus é Espírito’?” e dou honra, louvor e glória. Ele é meu Pai Abri minha Bíblia no versículo citado e li-o Celestial, que me convidou a buscá-Lo em orainteiramente para ele: ção, comunicar-me com Ele, e com a promessa “Deus é Espírito, e importa que os que o segura de que me ouvirá e responderá. adoram o adorem em espírito e em verdade” Agradeço-Lhe pela luz, conhecimento e esus disse (João 4:24). compreensão que concedeu a Seus filhos. que aqueles Eu disse: “Claro que Deus é espírito, que O tinham Agradeço-Lhe por Sua voz, que proclamou assim como você, e é a união do espírito e verdades eternas com poder e promessas visto também do corpo que faz de você um ser vivo, assim grandiosas. Agradeço-Lhe por Sua declaração tinham visto o como eu”. Pai. Será que não no batismo de Seu Filho Amado nas águas do Cada um de nós é um ser dual, com uma Jordão, quando Sua voz foi ouvida dizendo: se poderia dizer entidade espiritual e outra física. Todos conhe- o mesmo de um “Este é o meu Filho amado, em quem me cemos a realidade da morte, quando o corpo filho que se parece comprazo” (Mateus 3:17). perece, e todos sabemos também que o espíAgradeço-Lhe por Sua declaração semecom o pai? rito continua a viver como um ser individual e, lhante no Monte da Transfiguração, quando um dia, no plano divino possibilitado pelo sacrifício do Se dirigiu novamente a Jesus, Seus apóstolos e também Filho de Deus, haverá a reunião do corpo com o espírito. anjos, quando “seis dias depois, tomou Jesus consigo a O fato de Jesus declarar que Deus é um espírito não nega Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em o fato de Ele ter um corpo, assim como se eu afirmar que particular a um alto monte, sou um espírito não estou excluindo a existência de meu E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplancorpo. deceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas Não comparo meu corpo com o Dele quanto ao reficomo a luz. namento, capacidade, beleza e esplendor. O corpo Dele E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando é eterno, o meu é mortal. Mas isso apenas aumenta com ele. minha reverência por Ele. Adoro-O “em espírito e em E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom verdade”. Considero-O minha fortaleza. Oro a Ele para é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, receber sabedoria superior à minha. Procuro amá-Lo de um para ti, um para Moisés, e um para Elias. ( . . . ) E E M S E U F I L H O, JESUS CRISTO (...) Quando Jesus foi batizado por João Batista no Rio Jordão, a voz de Seu Pai foi ouvida declarando a filiação divina de Jesus, e o Espírito Santo manifestou-Se na forma de uma pomba. A L I A H O N A JULHO DE 2006 5 E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o” (Mateus 17:1–5). Agradeço-Lhe por Sua voz ter sido ouvida novamente quando o Senhor ressurreto foi apresentado ao povo do Hemisfério Ocidental com a voz de Deus declarando: “Eis aqui meu Filho Amado, em quem me comprazo e em quem glorifiquei meu nome” (3 Néfi 11:7). Causa-me assombro, reverência e gratidão o fato de o Pai ter aparecido nesta dispensação e declarado, ao apresentar o Senhor ressurreto a alguém que O buscara em oração: ESPÍRITO SANTO ” (Regras de Fé 1:1) Seu Primogênito Creio no Senhor Jesus Cristo, o Filho do Deus eterno e vivo. Creio Nele como o Primogênito do Pai e o Unigênito do Pai na carne. Creio Nele como ser individual, separado e distinto de Seu Pai. Creio na declaração de João, que iniciou seu evangelho com estas palavras majestosas: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. (...) E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1:1–2, 14). Creio que Ele nasceu de Maria na linhagem de Davi, como o Messias prometido, O Espírito Santo é o Testificador da Verdade, capaz de ensinar aos homens coisas que eles não conseguem ensinar uns aos outros. que de fato foi o Unigênito do Pai e que Seu nascimento cumpriu a grandiosa declaração profética de Isaías: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6). Creio que em Sua vida mortal Ele foi o único homem perfeito a pisar na Terra. Creio que em Suas palavras se encontram luz e verdade que, se observadas, salvarão o mundo PINTURA DE MICHAEL T. MALM (...) E NO “Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!” (Joseph Smith — História 1:17). e trarão exaltação à humanidade. Creio que em Seu sacerdócio repousa a autoridade divina: o poder para abençoar, para curar, para administrar os assuntos terrenos de Deus, para ligar no céu o que for ligado na Terra. Creio que, ao realizar o sacrifício expiatório e oferecer Sua vida no monte do Calvário, Ele expiou os pecados da humanidade, aliviando-nos do fardo do pecado caso abandonemos o mal e O sigamos. Creio na realidade e poder de Sua Ressurreição. Creio na graça de Deus manifestada em Seu sacrifício e redenção e creio que por meio de Sua Expiação, sem nenhuma exigência de nossa parte, é oferecido a cada um de nós o dom da ressurreição dos mortos. Creio ainda que, por meio desse sacrifício, é concedida a todos os homens e mulheres, todos os filhos e filhas de Deus, a oportunidade de alcançar a vida eterna e a exaltação no reino de nosso Pai, caso demos ouvido e obedeçamos a Seus mandamentos. na ocasião em que, como Senhor ressurreto, convidou os discípulos desanimados: “Vinde, comei. (…) (...) [Jesus] tomou o pão, e deu-lhes e, semelhantemente o peixe” (João 21:12–13). As escrituras falam de outras pessoas a quem Ele Se mostrou e com quem falou, como o Filho de Deus vivo e ressurreto. Da mesma forma, Ele apareceu nesta dispensação, e aqueles que O viram declararam: “E agora, depois dos muitos testemunhos que se prestaram dele, este é o testemunho, último de todos, que nós damos dele: Que ele vive! Porque o vimos, sim, à direita de Deus; e ouvimos a voz testificando que ele é o Unigênito do Pai — Que por ele e por meio dele e dele os mundos são e foram criados; e seus habitantes são filhos e filhas gerados para Deus” (D&C 76:22–24). Esse é o Cristo em quem creio e de quem testifico. O Espírito Santo Divino Salvador e Redentor Jamais houve na Terra um homem tão grandioso. Nenhuma outra pessoa fez um sacrifício comparável ou concedeu bênção semelhante. Ele é o Salvador e o Redentor do mundo. Creio Nele. Declaro Sua divindade sem a menor sombra de dúvida. Amo-o. Pronuncio Seu nome com respeito e reverência. Adoro-O como adoro Seu Pai, em espírito e em verdade. Agradeço-Lhe e ajoelho-me diante de Seus pés, mãos e lado feridos, assombrado com o amor que Ele me oferece. Graças sejam dadas a Deus por Seu Filho Amado, que estendeu o braço há tanto tempo e disse a cada um de nós: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28–30). Ele vive, as primícias da Ressurreição. Sei que Ele vive hoje de modo tão real, certo e individual quanto Esse conhecimento vem das escrituras e esse testemunho, do poder do Espírito Santo. É um dom, sagrado e maravilhoso, concedido por revelação do terceiro membro da Trindade. Creio no Espírito Santo como personagem de espírito que ocupa um lugar ao lado do Pai e do Filho. Esses são os três Seres que compõem a Trindade. A importância desse papel fica evidente nas palavras do Senhor, que disse: “Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro” (Mateus 12:31–32). O fato de o Espírito Santo ser reconhecido no meridiano dos tempos como membro da Trindade fica evidente na conversa entre Pedro e Ananias, quando este último reteve parte do dinheiro ganho com a venda de um terreno. “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás A L I A H O N A JULHO DE 2006 7 o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo (...)? (...) Não mentiste aos homens, mas a Deus” (Atos 5:3–4). O Espírito Santo é o terceiro membro da Trindade, o Consolador prometido pelo Salvador, que ensinaria a Seus seguidores todas as coisas e faria com que recordassem todas as coisas ditas por Ele (ver João 14:26). O Espírito Santo é o Testificador da Verdade, capaz de ensinar aos homens coisas que eles não conseguem ensinar uns aos outros. Nas palavras grandiosas e desafiadoras de Morôni, é-nos prometido um conhecimento da veracidade do Livro de Mórmon “pelo poder do Espírito Santo”. E em seguida, Morôni declara: “E pelo poder do Espírito Santo podeis saber a verdade de todas as coisas” (Morôni 10:4–5). Creio que esse poder e dom está a nosso alcance hoje em dia. Três Seres Distintos Assim, creio em Deus, o Pai Eterno, e em Seu Filho, Jesus Cristo, e no Espírito Santo. Fui batizado no nome desses três. Fui casado em nome dos três. Não tenho dúvidas sobre a Sua existência real como seres separados e distintos. Essa individualidade ficou evidente quando Jesus foi batizado por João Batista no Rio Jordão. Na água, estava o Filho de Deus. A voz de Seu Pai foi ouvida declarando a filiação divina de Jesus, e o Espírito Santo manifestou-Se na forma de uma pomba (ver Mateus 3:16–17). Sei que Jesus afirmou que aqueles que O tinham visto também tinham visto o Pai. Será que não se poderia dizer o mesmo de um filho que se parece com o pai? Quando Jesus orou ao Pai, certamente não estava orando para Si mesmo! Eles são seres distintos, mas unos em propósito e empenho. Associam-se para levar a efeito o grandioso e divino plano de salvação e exaltação dos filhos de Deus. Em Sua bela e tocante prece no jardim antes de Sua traição, Cristo orou ao Pai a respeito dos apóstolos, a quem Ele amava, dizendo: “E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim; Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, 8 e eu em ti; que também eles sejam um em nós” (João 17:20–21). É essa união perfeita entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo que liga esses três seres na unidade da divina Trindade. E o maior dos milagres e a maior das maravilhas é que Eles Se interessam por nós e que somos motivo de grande preocupação para Eles. E estão ao alcance de todos nós. Aproximamo-nos do Pai por meio do Filho. Ele é nosso intercessor diante do trono de Deus. Como é maravilhoso podermos comunicar-nos com o Pai em nome do Filho. Presto testemunho dessas verdades grandiosas e sublimes. Faço-o pelo dom e poder do Espírito Santo, no sagrado nome de Jesus Cristo. ■ I D É I A S PA R A O S M E S T R E S FAMILIARES Depois de estudar a mensagem em espírito de oração, escolha um método de ensino que estimule a participação dos ouvintes. Seguem-se alguns exemplos: 1. Peça aos membros da família que repitam a primeira regra de fé. Discuta a natureza e o papel divino de cada membro da Trindade. Relate a experiência missionária do Presidente Hinckley sobre a natureza de Deus. Convide diferentes pessoas da família a prestarem seu próprio testemunho a respeito de um membro da Trindade. 2. Antes de sua visita, prepare três tiras de papel: em cada uma, escreva uma palavra, expressão ou escritura do artigo que faz referência a um membro da Trindade. Durante a visita, leia-as e peça aos membros da família que identifiquem qual membro da Trindade é citado em cada descrição. Fale do testemunho do Presidente Hinckley acerca de cada personagem. 3. Leia os comentários do Presidente Hinckley sobre a natureza pessoal de Deus. Peça à família que fale de ocasiões em que tenha sentido uma união semelhante. Discuta maneiras pelas quais eles podem aprofundar seu testemunho sobre os membros da Trindade. MENSAGENS INSTANTÂNEAS SORRISOS APESAR DAS PROVAÇÕES M A R Í A LU I S A G O N Z Á L E Z H A R O Q ILUSTRAÇÃO: KEITH LARSON uando eu tinha 17 anos, saí de casa em Guadalajara, México, para estudar no Benemérito de las Américas, instituição da Igreja para os jovens no México. Eu estava muito feliz lá, embora minhas condições de saúde não fossem as melhores. Sempre havia pessoas dispostas a ajudar-me e incentivar-me, mas minha enfermidade continuava a piorar e eu não sabia o que havia de errado comigo. Por fim, consegui uma dispensa de uma semana da escola para voltar para casa e fazer alguns exames. Quando cheguei a casa, sofri paralisia facial total. Fui hospitalizada em estado grave com falência renal. Não me lembro do que aconteceu nas duas semanas seguintes. Minha mãe disse-me que eu não conseguia enxergar, ouvir ou comer nada. Fui desenganada pelos médicos, pois meus sinais vitais não davam nenhuma esperança de sobrevivência. Minha mãe telefonou ao bispo, que veio e me deu uma bênção. Senti o poder do sacerdócio e comecei a recuperar-me. Fiquei em cadeira de rodas por algum tempo, mas não conseguia erguer a cabeça e nem ver ou ouvir. Com a ajuda dos membros de minha ala e seus jejuns e orações, continuei a melhorar. Comecei a fazer hemodiálise. Minha mãe doou-me um rim e os médicos fizeram o transplante. Contudo, cinco meses depois meu organismo rejeitou o órgão e hoje estou novamente fazendo hemodiálise. Estou na lista de espera para outro transplante renal. Apesar dessas provações, o Pai Celestial deu-me a oportunidade de formar-me no seminário e concluir meu Progresso Pessoal, o que me trouxe imensa satisfação. Sei que ainda vou demorar muito a recobrar a saúde, mas sou grata ao Senhor por esta experiência, pois fortaleceu meu testemunho, que continua a crescer a cada dia. Acho que todos nós temos provações diferentes a sobrepujar antes de alcançar nosso galardão eterno. “E dou a fraqueza aos homens a fim de que sejam humildes; (...) então farei com que as coisas fracas se tornem fortes para eles” (Éter 12:27). Acima de qualquer coisa, o que desejo é poder regressar à presença de meu Pai Celestial. Sei que conseguirei se for fiel e obediente. Às vezes não é fácil aceitar a vontade do Senhor, mas tento enfrentar minhas tribulações com um sorriso e recordar que não estamos aqui na Terra por muito tempo em comparação à eternidade. Quando desanimo, penso no hino “Conta as Bênçãos” (Hinos, 57) e então me sinto feliz de novo. Esse hino traz-me paz e gratidão. Lembrome das pessoas que me amam, incluindo um Pai Celestial amoroso que me abençoou com forças. ■ Assim como os exploradores do passado, representados no Monumento aos Descobrimentos ao fundo, Leandro Pedro e seus amigos em Portugal (detalhe) são gratos pela oportunidade de tornar-se os líderes da Igreja de amanhã, preparando-se por meio da fidelidade hoje. Leandro Pedro, Guilherme Abreu, Francisco Silva, Catiana Silva 10 e Teresa Silva. De Navio, Carrinho de Mão ou Tênis Jovens inspirados em Portugal estão traçando uma rota para Cristo e também dando um bom exemplo. A DA M C . O L S O N Revistas da Igreja FOTOGRAFIAS: ADAM C. OLSON; ILUSTRAÇÕES: SCOTT GREER L eandro Pedro, de 16 anos, já ouviu muitas histórias na Escola Dominical sobre a fé dos pioneiros que atravessaram as planícies. Ele sempre admirou a coragem que tiveram para caminhar rumo ao desconhecido. Isso o faz lembrar-se de alguns homens que desempenharam um papel-chave na história de seu próprio país, Portugal. Antes de os pioneiros poderem atravessar as vastas e desabitadas planícies da América do Norte, rotas para o Novo Mundo tiveram de ser descobertas por exploradores corajosos como Cristóvão Colombo, Américo Vespúcio e Fernão de Magalhães durante a Era dos Descobrimentos, no fim do século XV e início do século XVI. Muitos desses exploradores receberam treinamento de navegação em Portugal ou foram patrocinados pelo governo português. Leandro e seus amigos da Estaca Lisboa Portugal contemplam, no estuário do rio Tejo, o Oceano Atlântico. Foi perto desse ponto, no Monumento aos Descobrimentos, que muitos desses grandes exploradores navegaram rumo a águas desconhecidas que, segundo as crenças de muitos da época, acabavam por levar o homem à beira da Terra ou esquentavam cada vez mais, até fazer o mar ferver. Contudo, assim como os pioneiros, esses exploradores eram destemidos. “Havia perigos”, diz Guilherme Abreu, de 13 anos. “Eles precisavam de muita coragem.” “Nem todos acreditavam que eles teriam sucesso”, concorda Catiana Silva, de 14 anos. “Os exploradores foram à frente e os outros os seguiram”, prossegue Leandro. “Eles tinham um propósito e os demais os acompanharam em seus sonhos.” O mesmo se deu com os pioneiros de 1847. O mesmo se repete com os jovens da Igreja hoje. Exploradores Modernos Num mundo cheio de riscos, onde tantos navegam às cegas pelos mares da vida sem bússola nem mapa, quem mostrará o caminho? Quem serão os bravos exploradores com visão? “Seremos nós”, responde Guilherme, referindo-se aos jovens da Igreja. “Temos a fé dos exploradores. Procuramos. Exploramos. A L I A H O N A JULHO DE 2006 11 CORAGEM PARA LIDERAR Encontramos a palavra do Senhor.” Esses jovens portugueses compreendem que a coragem e fé que possuem inspirarão outras pessoas a segui-los. “Nossa família nos seguirá por meio de nosso exemplo”, crê Teresa Silva, de 15 anos. “Nossos amigos nos seguirão”, diz Guilherme. E dentro de poucos anos, os jovens de hoje serão os líderes da Igreja de amanhã. “Precisamos preparar-nos para ser o futuro”, afirma Catiana. Mares Perigosos A atividade de um explorador no século XV não era a mais segura do mundo – tanto no Velho quanto no Novo. Era preciso coragem. Muitos sofriam com as más condições de nutrição, deparavam-se com motins na tripulação, sobreviviam a naufrágios ou eram mortos em terras desconhecidas. O mundo de hoje também apresenta perigos. A influência de Satanás costuma intensificar as tempestades da vida. “Por onde quer que passemos, sempre há algum perigo à nossa espreita”, diz Catiana. Ela e seus amigos sugeriram vários instrumentos importantes nos quais todos os exploradores jovens devem basear-se para navegar em meio às tempestades da vida. A oração e o estudo das escrituras estão no topo da lista. “Devemos seguir o profeta”, acrescenta Leandro. “Também precisamos ser corajosos”, afirma Francisco Silva, de 14 anos, ao olhar os muitos exploradores representados no Monumento aos Descobrimentos. “Nem sempre é fácil permanecermos fiéis a nossas crenças quando os amigos zombam de nós.” Mas o que teria acontecido se Colombo houvesse se preocupado mais em ser aceito do que em agir segundo suas convicções? 12 “Deus os abençoe, meus queridos jovens amigos. Vocês são a melhor geração que já tivemos. Vocês conhecem melhor o evangelho. São mais fiéis em seus deveres. São mais fortes para enfrentar as tentações que virão. Vivam de acordo com seus padrões. Oro para que tenham a orientação e proteção do Senhor. Ele nunca os deixará sozinhos. Ele irá consolá-los. Ele irá sustê-los. Ele irá abençoálos, magnificá-los e tornar sua recompensa agradável e bela. E vocês verão que seu exemplo atrairá outros que serão encorajados por sua força.” Presidente Gordon B. Hinckley, “Um Estandarte para as Nações, uma Luz para o Mundo”, A Liahona, novembro de 2003, p. 84. A Terra Prometida O profeta Néfi, do Livro de Mórmon, anteviu a Era dos Descobrimentos, que foi inspirada por Deus: “E olhei e vi entre os gentios um homem que estava separado da semente de meus irmãos pelas muitas águas; e vi que o Espírito de Deus desceu e inspirou o homem; e indo esse homem pelas muitas águas, chegou até a semente de meus irmãos que estava na terra da promissão. E aconteceu que vi o Espírito de Deus inspirar outros gentios; e eles saíram do cativeiro, atravessando as muitas águas” (1 Néfi 13:12–13). Esses exploradores ajudaram a preparar o caminho da Restauração do evangelho. Faziam parte do plano de Deus para pôr o rapaz de 14 anos certo no lugar certo no momento certo. As conseqüências são as bênçãos e promessas desfrutadas pelos membros da Igreja de todo o mundo por causa da Restauração do evangelho por intermédio do Profeta Joseph Smith. Leandro e seus amigos sentem também que foram inspirados pelo Espírito, que os impele a traçar uma rota segura, tendo fé em Cristo, rumo a outra terra prometida — uma terra cheia “do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar” (Isaías 11:9) e que, além disso, EXPLORADORES PORTUGUESES DETALHE DE CRISTO COM MENINO, DE CARL HEINRICH BLOCH V ários exploradores famosos tinham laços com Portugal durante o período a que os historiadores chamam de Era dos Descobrimentos. Alguns eram portugueses, outros estudaram navegação em Portugal ou navegaram sob a bandeira portuguesa. Entre eles, podemos citar: Cristóvão Colombo — A famosa viagem desse célebre explorador italiano que ligou os hemisférios oriental e ocidental nos tempos modernos teve como base o aprendizado adquirido ao viver em Portugal. Américo Vespúcio — Ao navegar sob bandeira portuguesa, esse cartógrafo italiano mostrou que as Américas (denominação baseada em seu próprio nome) eram continentes e não ilhas. Fernão de Magalhães — Esse explorador português esteve à frente da primeira circunavegação do globo terrestre, passando pelo estreito de Magalhães, na extremidade meridional da América do Sul. lhes permitirá voltar a viver com Deus. “Se formos fiéis, haverá mais pessoas humildes e justas”, diz Leandro. “Se formos fiéis”, conclui Guilherme, “alcançaremos a vida eterna.” É uma rota que o Salvador ajudará qualquer pessoa a seguir, seja a bordo de um navio, puxando um carrinho de mão ou usando tênis. ■ Bartolomeu Dias — Esse explorador português foi o primeiro europeu a dobrar o Cabo da Boa Esperança na extremidade sul da África em busca de uma rota marítima para o Extremo Oriente. Vasco da Gama — Também português, apoiou-se no sucesso de Bartolomeu Dias e foi o primeiro europeu a chegar ao Extremo Oriente por via marítima. Pedro Álvares Cabral — Esse explorador português estabeleceu o processo de colonização portuguesa no que viria a tornar-se o Brasil. Hoje, uma nova geração de exploradores está crescendo entre os mais de 37.000 membros da Igreja que vivem em Portugal. A Missão Portugal Lisboa foi criada em 1974 com quatro missionários transferidos do Brasil. A Missão Portugal Porto foi criada em 1987 e a Missão Cabo Verde Praia foi formada em 2002, cobrindo os Açores e a Ilha da Madeira, territórios portugueses. A Estaca Lisboa Portugal, a primeira das seis estacas do país, foi criada em junho de 1981. A LIAHONA JULHO DE 2006 13 Com Asas de Águia É L D E R D I E T E R F. U C H T D O R F Do Quórum dos Doze Apóstolos Os irmãos Wright perceberam que uma máquina voadora viável precisaria de um piloto para controlá-la, asas para produzir sustentação e um motor para mantê-la no ar. Princípios semelhantes aplicam-se a sua própria jornada pela existência mortal, rumo ao destino da vida eterna. 14 sempre que se propunham a realizar um projeto, dedicavam-se ao máximo e trabalhavam em equipe. Os irmãos Wright comprometeram-se a fazer o que ninguém jamais conseguira antes. Despenderam o tempo necessário na preparação. Foram fiéis e perspicazes o bastante para apreciar e incorporar os avanços feitos pelas pessoas do passado. E enfrentaram o problema linha sobre linha, preceito sobre preceito. Perceberam que havia três requisitos principais para uma máquina voadora viável: primeiro, o piloto precisa ser capaz de controlar a aeronave; segundo, as asas têm que ILUSTRAÇÃO: DAVID MEIKLE; FOTOGRAFIAS HISTÓRICAS GENTILMENTE CEDIDAS PELA BIBLIOTECA DO CONGRESSO, DIVISÃO DE GRAVURAS E FOTOGRAFIAS; FOTOGRAFIAS: ROBERT CASEY E WELDEN C. ANDERSEN, COM UTILIZAÇÃO DE MODELOS E m 17 de dezembro de 1903, um sonho da humanidade realizou-se quando Wilbur e Orville Wright realizaram o primeiro vôo controlado e motorizado. A distância voada foi de 37 metros — cerca da metade do comprimento de um Boeing 747 — e a duração foi de apenas 12 segundos. Isso é menos que o tempo necessário para galgar os degraus que levam à cabine do piloto num 747. Pelos padrões atuais, foi um vôo curtíssimo, mas naquela época foi uma proeza que poucos acreditavam ser possível um dia. Wilbur e Orville tinham pais que haviam incentivado a instrução, a religiosidade e os valores familiares. Ambos os irmãos tiveram várias doenças e problemas na família. Passaram por períodos difíceis de provação, perplexidade e até desespero, sem certeza de terem sucesso. Tentaram diferentes atividades profissionais, como artes gráficas, conserto e fabricação de bicicletas e, por fim, a invenção de aviões. No decorrer de sua vida, produzir sustentação; terceiro, ela deve ser motorizada a fim de permanecer no ar.1 Eles tinham definido suas metas e trabalharam com diligência para atingi-las, uma por uma. Leonardo da Vinci afirmou: “Alguém cujo olhar está voltado para as estrelas não recua”.2 Princípios e requisitos semelhantes aplicam-se a sua própria jornada pela existência mortal em direção à meta da vida eterna. Vocês precisam aprender e seguir princípios divinos ao prepararem-se para subir com asas de águia. Primeiro: É Preciso Aprender a Controlar-se Somente quando adquirirem a compreensão espiritual de quem são é que vocês poderão aprender a controlar a si mesmos. Ao aprenderem a dominar a si próprios, assumirão o controle de sua vida. Se quiserem transformar o mundo, primeiro têm de mudar a si mesmos. O Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) gostava de citar um autor conhecido: “A maior batalha da vida é travada nas câmaras silenciosas da alma. Uma vitória no interior do coração humano vale cem conquistas nos campos de batalha do mundo. Alcançar o autodomínio é a melhor garanOs princípios divinos tia de que vocês dominarão as precisam ser aprendidos demais situações. Conheçam a e seguidos em sua prepasi mesmos. A coroa do caráter ração para subir com é o autocontrole”.3 Ouçam e sigam os conseasas de águia. lhos dos profetas, videntes e reveladores, que os ajudarão a alcançar o verdadeiro autodomínio. Escutem e apliquem os sussurros do Espírito. O Espírito influenciará sua consciência e os ajudará a aperfeiçoar-se à medida que se empenharem em pequenos gestos de autodomínio –– como controlar seus pensamentos, palavras e atos — o que conduzirá ao autodomínio de todo o seu ser, mente, corpo e espírito. Lembrem-se de que a ira é a raiz de inúmeros perigos. Suas escolhas refletem seu autodomínio. Elas os levarão a seu destino eterno se forem feitas sob a direção e o controle divinos. Permaneçam moralmente puros. Mantenham a mente e o coração puros. Seus pensamentos A L I A H O N A JULHO DE 2006 15 banais, vazias ou irrefletidas, mas comunicações cheias do profundo desejo de unidade com o Pai Celestial. A oração, se feita com fé, é aceitável a Deus em todas as ocasiões. Se em algum momento vocês sentirem que não conseguem orar, essa é a situação em que definitivamente devem orar. Néfi ensinou com simplicidade: “Se désseis ouvidos ao Espírito [de Deus] que ensina o homem a orar, saberíeis que deveis orar; porque o espírito mau (...) ensina-lhe que não deve orar” (2 Néfi 32:8). O Presidente Harold B. Lee (1899–1973) afirmou: “A oração sincera do coração justo Segundo: Sua Atitude Determinará Sua a aerodi- abre para qualquer pessoa a porta da sabedonâmica, a Altitude ria e força divinas naquilo que ela busca em Os irmãos Wright sabiam que, além de man- gravidade e o atrito retidão”.5 A obediência garante resposta para noster a aeronave sob controle, precisavam produ- opõem-se à sustentazir uma força de sustentação suficiente para ção. Esse mesmo prin- sas orações. Lemos no Novo Testamento: manter a máquina voadora no ar. Os dicionácípio fundamental faz “E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus rios descrevem essa sustentação no contexto parte integrante do mandamentos, e fazemos o que é agradável aerodinâmico como: força que carrega ou plano de salvação à sua vista” (I João 3:22). dirige algo de uma posição mais baixa para desde o início. O Profeta Joseph Smith aprendeu em uma uma mais elevada; força que ergue um objeto revelação que lhe foi concedida em Kirtland em 1831: a um novo nível ou altitude; força que age na direção “Aquele que pede em Espírito pede de acordo com a vonascendente, opondo-se à ação da gravidade. tade de Deus; portanto é feito como pede” (D&C 46:30). O Salmista fixa metas ainda mais elevadas: “A ti, Senhor, A fim de elevarem, melhorarem e desenvolverem seu levanto a minha alma” (Salmos 25:1) e: “Levantarei os relacionamento com Deus como filhos espirituais Dele, meus olhos para os montes, de onde vem o meu socorro” (Salmos 121:1). Ele convida vocês a voar com as águias, em vocês têm a oportunidade única de conversar com a fonte suprema de sabedoria e compaixão do universo. vez de ciscar com as galinhas. As orações diárias, simples, porém sinceras e eficazes, Erguer os olhos ao Deus do céu é um processo de ajudarão vocês a elevar sua vida a um patamar espiritual desenvolvimento de sua própria espiritualidade pessoal. É superior. Em suas preces, vocês louvam a Deus, dão um desejo de viver em harmonia com o Pai; o Filho, nosso Salvador; e o Espírito Santo. É também a capacidade de ser graças a Ele, confessam suas fraquezas, fazem pedidos segundo suas necessidades e expressam devoção proverdadeiramente “submisso, manso, humilde, paciente, funda ao Pai Celestial. Ao fazerem isso em nome de Jesus cheio de amor, disposto a submeter-se a tudo quanto o Cristo, o Redentor, vocês envidam um esforço espiritual Senhor achar que lhe deva infligir, assim como uma que resulta em maior inspiração, revelação e retidão — criança se submete a seu pai” (Mosias 3:19). Oração sincera. Com a atitude correta — que, a propóe não hipocrisia — e trazem a luz do céu para clarear sito, também é necessária para produzir a sustentação para sua vida. o vôo do avião — vocês conseguirão comunicar-se de Tudo isso me faz lembrar de minha vida profissional modo eficaz com o Pai Celestial, em vez de apenas pronun- como comandante numa companhia aérea: decolar em ciar orações. Serão capazes de orar de sorte que as palaum dia chuvoso de um aeroporto mal iluminado, alçar vôo vras atravessem o teto da casa e não sejam repetições entre nuvens sombrias, espessas e ameaçadoras e depois, determinarão seus atos. Controlem seus pensamentos. Não se submetam à tentação. Aristóteles afirmou: “Da mesma forma que temos o poder de agir, temos o poder de não agir”.4 Com sabedoria, controlem e escolham cuidadosamente o que vocês permitirão que entre em sua casa ou escritório por meio do computador ou da televisão. Optem por ler materiais, ver filmes e programas de televisão e buscar outras formas de entretenimento que tragam pensamentos bons e edificantes em vez de desejos nocivos. N 16 subitamente, ao atravessá-las e ganhar altitude, chegar à luz do sol e navegar num céu azul sem fim, sentindo-me livre, em segurança e finalmente em casa. Mas essa sensação maravilhosa representa apenas uma pequena parte do que podemos vivenciar com nossas orações diárias. Oposição e arbítrio. Uma palavra de advertência: em aerodinâmica, a gravidade e o atrito agem em oposição à sustentação. Esse mesmo princípio fundamental faz parte integrante do plano de salvação desde o início. Conforme Leí explicou: “Porque é necessário que haja uma oposição em todas as coisas” (2 Néfi 2:11; grifo do autor). E como o anjo ensinou ao rei Benjamim: “Porque o homem natural é inimigo de Deus (...) a não ser que ceda ao influxo do Santo Espírito” (Mosias 3:19; grifo do autor). Isso nos leva ao grandioso dom de Deus a Seus filhos: o arbítrio. Leí ensinou essa doutrina de suma importância a seus filhos. Ele disse: “O Senhor Deus concedeu, portanto, que o homem agisse por si mesmo. (...) E são livres para escolher a liberdade e a vida eterna por meio do grande Mediador de todos os homens, ou para escolherem o cativeiro e a morte, de acordo com o cativeiro e o poder do diabo; pois ele procura tornar todos os homens tão miseráveis como ele próprio” (2 Néfi 2:16, 27). Vocês têm o arbítrio e a liberdade de escolha. Mas na verdade, o arbítrio não é livre no sentido de gratuito. O arbítrio tem seu preço. Precisam arcar com as conseqüências de suas escolhas. O arbítrio humano foi comprado com o preço do sofrimento de Cristo. O poder da Expiação de Cristo anula os efeitos do pecado com a condição do arrependimento sincero. Por meio da Expiação universal e infinita do Salvador, todos foram redimidos da Queda e tornaram-se eternamente livres para agir por si mesmos (ver 2 Néfi 2:26). O arbítrio é uma questão espiritual. Sem conhecimento das alternativas, vocês não poderiam escolher. O arbítrio é tão importante em sua vida que vocês não só podem escolher a obediência ou a rebeldia, mas precisam fazê-lo. Nesta vida, vocês não podem permanecer neutros; não podem abster-se do ato de receber ou rejeitar a luz de Deus. Ao aprenderem a C omo comandante numa companhia aérea, lembro-me de atravessar nuvens escuras, chegar à luz do sol e navegar num céu azul sem fim, sentindome livre, em segurança e finalmente em casa. Mas essa sensação maravilhosa representa apenas uma pequena parte do que podemos vivenciar com nossas orações diárias. A ssim como os aviões necessitam da força de um motor para voar, vocês precisam seguir a fonte verdadeira e completa de poder a sua disposição para ajudá-los a alçar vôo e cumprir o propósito de sua criação. Trata-se do poder de Deus. 18 usar o dom do arbítrio para tomar decisões corretas, vocês aumentarão sua sustentação e altitude espirituais. Logo reconhecerão também outra fonte grandiosa de verdade espiritual: a palavra escrita de Deus. Banquetear-se com a palavra. Elevar o olhar para o céu exige uma atitude positiva. Com essa postura, surge o desejo de banquetearmo-nos “com a palavra de Cristo” (2 Néfi 31:20) e não só folhearmos esporadicamente as escrituras ou as palavras dos profetas. Banquetear-se inclui examinar, refletir, perguntar, orar e viver de acordo com a palavra de Deus. Leiam as santas escrituras como se elas tivessem sido escritas para vocês — pois de fato o foram. Néfi disse: “Eis que as palavras de Cristo vos dirão todas as coisas que deveis fazer” (2 Néfi 32:3). Uma escritura marcante do Novo Testamento, Tiago 1:5, desencadeou o maravilhoso processo que culminou com a Restauração de todas as coisas. Posso pedirlhes que reservem tempo para banquetearse com a palavra de Deus? Ela está a nosso alcance 24 horas por dia e sete dias por semana, mas não deve ser tratada como um produto de consumo rápido e descartável. Jesus pedia aos ouvintes que fossem para casa e meditassem sobre o que lhes ensinara (ver 3 Néfi 17:3). O ato de ponderar, banquetear-se e meditar os ajudará a saber “em que fonte procurar a remissão de seus pecados” (2 Néfi 25:26). Orar e banquetear-se com a palavra de Deus são dois elementos de uma atitude voltada para o céu que também contribuirá para aumentar sua ética profissional e sua disposição de servir e edificar as pessoas. Isso os ajudará a desempenhar suas responsabilidades da Igreja com o desejo de magnificar seus chamados, sem tentar engrandecer-se perante as pessoas. Com essa atitude divina, vocês se preocuparão mais com a maneira pela qual servem em vez de o cargo onde servem. O rei Benjamim ensinou: “E eis que vos digo estas coisas para que aprendais sabedoria; para que saibais que, quando estais a serviço de vosso próximo, estais somente a serviço de vosso Deus” (Mosias 2:17). E fazemos isso “[levantando] as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados” (Hebreus 12:12). Terceiro: Vocês Precisam Encontrar a Verdadeira Fonte do Poder Divino e Confiar Nele Os irmãos Wright precisavam de um motor para fazer seu avião voar. Sem isso, não haveria sustentação ou propulsão para permitir o vôo — na realidade, não haveria avião. Vocês dispõem de uma fonte verdadeira e completa de poder para ajudá-los a cumprir o propósito de sua criação. Trata-se do poder de Deus, que e honesta: ‘Pai, quero tomar a melhor decisão. Quero fazer exerce uma influência sutil e amorosa na vida de Seus o que é correto. Isto é o que acho que devo fazer; mostrafilhos, elevando-os e dando-lhes sustentação. Manifesta-se me se é o curso certo’. Ao fazerem isso, vocês poderão como a Luz de Cristo, o Espírito de Cristo, o Espírito de sentir um ardor no peito, caso a decisão seja correta. (...) Deus, o Espírito Santo e o dom do Espírito Santo. Quando vocês aprenderem a andar pelo Espírito, nunca O Espírito Santo é chamado de Consolador. cometerão erros”.8 O Profeta Joseph Smith referia-se aos susA origem latina da palavra “conforto”, próxima surros do Espírito como repentinas “correntes de consolo, é com fortis, que transmite a idéia de idéias“.9 de força na união. À medida que o Espírito O Espírito Santo os tornará independentes. Santo visitar o seu espírito, vocês se tornarão Espírito Se vocês aprenderem a ter o Espírito Santo mais fortes do que seriam sozinhos. Ao receSanto será o como companheiro constante, todas as outras berem o Espírito Santo, recebem vigor, força, vento sob suas asas, coisas necessárias se ajustarão. Por meio de sua paz e consolo. semeando em seu retidão pessoal, o Espírito de Deus os guiará O Profeta Joseph Smith ensinou: “Existe coração a firme para que aprendam a controlar-se, melhorar sua uma diferença entre o Espírito Santo e o dom altitude, alcançar patamares espirituais mais do Espírito Santo. Cornélio recebeu o Espírito convicção da divinelevados e achar a verdadeira fonte do poder Santo antes de ser batizado, que para ele foi o dade do Senhor Jesus Cristo. divino e confiar nela. poder persuasivo de Deus sobre a veracidade do Evangelho; mas só poderia receber o dom do Espírito Santo depois de ser batizado. Se ele não tivesse O Vento Sob Suas Asas Para retomarmos a metáfora do vôo de uma aeronave, tomado sobre si esse sinal ou ordenança, o Espírito Santo muitas coisas são necessárias para fazer um avião voar em que o convencera da verdade de Deus ter-se-ia apartado segurança, mas a mais importante, como eu costumava dele. Antes de obedecer a essas ordenanças e receber o dizer, é o “vento sob as asas”. Sem ele, não há sustentação, dom do Espírito Santo pela imposição de mãos, segundo ascensão nem vôo rumo à imensidão azul ou a destinos a ordem de Deus, ele não poderia ter curado enfermos 6 belos e longínquos. ou expulsado o espírito mau de um homem”. O Élder Parley P. Pratt (1807–1857), do Quórum dos O Espírito Santo será o vento sob suas asas, semeando Doze Apóstolos, ensinou que o Espírito Santo “inspira em seu coração a firme convicção da divindade do Senhor virtude, gentileza, bondade, ternura, cortesia e caridade. Jesus Cristo e Seu lugar no plano eterno de Deus, seu Pai Desenvolve beleza nas pessoas, tanto física como moral. Eterno. Por meio do Espírito Santo, conhecerão seu lugar Contribui para a saúde, o vigor, o ânimo e o entrosanesse plano e seu destino divino e eterno. Vocês se conmento social. Melhora e revigora todas as faculdades do verterão ao Senhor, Seu evangelho e Sua Igreja e jamais homem físico e intelectual. Fortalece, reanima e tonifica se afastarão. ■ os nervos. Em suma, é (...) medula para os ossos, alegria De um discurso proferido num devocional da Universidade Brigham Young em 11 de novembro de 2003. para o coração, luz para os olhos, música para os ouvidos 7 e vida para todo o ser”. NOTAS .mit.edu/Aristotle/nicomachaen 1. Ver Tom D. Crouch, The O Presidente Marion G. Romney (1897–1988), primeiro .3.iii.html.) Bishop’s Boys: A Life of Wilbur conselheiro na Primeira Presidência, incentivou-nos: “Vocês 5. Stand Ye in Holy Places (1974), and Orville Wright (1989), p. 318. p. 166. podem tomar decisões corretas em todas as áreas de sua 6. History of the Church, volume 2. The Notebooks of Leonardo vida se aprenderem a seguir a orientação do Espírito Santo. 4, p. 555. da Vinci, ed. Irma A. Richter 7. Key to the Science of Theology, (1980), p. 261. Podem fazer isso caso se disciplinem para sujeitar seus pró9a ed. (1965), p. 101. 3. The Miracle of Forgiveness prios sentimentos aos sussurros do Espírito. Examinem seus 8. Conference Report, outubro (1969), p. 235. de 1961, pp. 60–61. 4. Nicomachean Ethics, trans. problemas e tomem decisões em espírito de oração. Então, 9. History of the Church, W. D. Ross, volume 3, capítulo levem essas resoluções e digam a Ele, numa súplica simples volume 3, p. 381. 5 (ver Internet, http://classics O A L I A H O N A JULHO DE 2006 19 O Canto dos Um Alicerce de Fé na Selva Os anos de 1998 e 1999 foram um período de acontecimentos terríveis no Congo. Fugi de minha cidadezinha por causa da guerra e passei mais de sete meses vagando pela selva com um grupo de pessoas de minha cidade. Não tínhamos como voltar para casa. Todas as noites, nosso grupo reunia-se para orar e cantar, e uma pessoa de cada vez propunha um hino. Quando chegou minha vez, sugeri “Que Firme Alicerce” (Hinos, 42). Embora ninguém mais conhecesse esse hino, senti que correspondia exatamente a nossas preocupações. Cantei “Que Firme Alicerce” muitas vezes naqueles sete meses. Isso me trazia consolo em meus momentos de solidão e sofrimento, quando a vida era tão difícil devido às doenças e à fome na selva. Eu cantava sozinho, mas a letra e a melodia penetravam os ouvidos e coração dos outros: “Na vida ou na morte, no fausto ou na dor, / Quer pobres ou ricos tereis o seu amor. / No mar ou na terra, em todo lugar, / De todo perigo (...) vos há de livrar”. Por causa dessas palavras, algumas pessoas manifestaram interesse em aprender mais sobre a Igreja. Um dos homens de nosso grupo era o líder de uma igreja em nosso país. Depois de voltarmos a nossa cidade, ele disse-me que queria conhecer o evangelho melhor. Atendi a seu pedido, seguindo o exemplo dado por Alma em Mosias 18. (Ver os vv. 8–10.) Por fim, ele filiou-se à Igreja. O hino “Que Firme Alicerce” tocou-me a alma e trouxe-me grande alegria e consolo enquanto eu estava longe da civilização e dá-me grande alegria hoje quando 20 vejo que contribuiu para a conversão de um bom irmão. Thierry Alexis Toko, República do Congo Os Hinos Reconfortam-me a Alma Os hinos sagrados traziam-me paz mesmo antes de tornar-me membro da Igreja. Converti-me ao evangelho muito antes de ser batizada, pois meus pais exigiram que eu esperasse a idade de 18 anos, a maioridade legal. Sentia-me grata pela preocupação deles comigo, mas era uma situação difícil. Eu sonhava em ter uma família santo dos últimos dias que estudasse as escrituras em conjunto, realizasse a noite familiar e na qual os membros prestassem testemunho uns aos outros. Eu gostaria que minha mãe me perguntasse sobre meu Progresso Pessoal das Moças, em vez de ridicularizar-me por não tomar chá. Eu queria que meu pai compreendesse que meu desejo de unir-me à verdadeira Igreja de Deus era sincero, não fanático. Ao enfrentar as críticas, percebi que as tribulações eram um teste de minha fé. Ainda assim, meu coração estava pesado. Frustrada e exausta, assisti a uma conferência de estaca apenas 43 dias antes de completar 18 anos. Assim que me sentei no salão onde se desenrolava a reunião, senti imediatamente o Espírito. Naquele instante, encontrei meu refúgio. Entre dois discursos inspiradores, os missionários de tempo integral cantaram “Amai-vos Uns aos Outros” (Hinos, 197), primeiro em inglês e depois em chinês. Não compreendi a letra em inglês e mal conhecia os dois missionários, mas fui profundamente tocada. O hino parecia descrever A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, na qual os membros verdadeiramente se amavam e se importavam uns com os outros. Quando eu estava na Igreja, sentia-me em casa; as pessoas amavam-me e apoiavam-me. FOTOGRAFIAS: JOHN LUKE; ILUSTRAÇÃO: GREGG THORKELSON Membros da Igreja contam como os hinos lhes trouxeram paz e coragem ao coração em momentos difíceis. Justos Hoje sou membro da Igreja e ainda enfrento dificuldades semelhantes às do passado. Contudo, quando me sinto triste e solitária, canto hinos, e isso consola meu coração. Os hinos saciam meu coração sedento e alimentam minha alma faminta. Trazem paz em momentos de exaustão e dão-me coragem para seguir avante. Fazem-me perceber que Deus sabe quem eu sou e me ama. Wen Siuan Wei, Taiwan Os Hinos Levaram-me ao Batismo Em 28 de outubro de 2000, mudei-me para uma casa que ficava atrás de uma capela santo dos últimos dias. Ao arrumar minhas coisas em minha primeira noite lá, vi que havia movimento na Igreja. Como não estava acostumada a tanto ruído à noite, no início fiquei incomodada. Então, uma senhora da Igreja veio a minha casa e convidou-me para a A L I A H O N A JULHO DE 2006 21 atividade daquela noite. Como eu pertencia a outra religião, recusei e disse que não queria misturar minhas crenças. Durante a atividade, ouvi os membros da Igreja cantar hinos e achei as músicas muito belas. No domingo, levantei-me cedo e fui a minha igreja, mas quando voltei para casa, vi que a capela estava cheia de gente e, mais uma vez, ouvi hinos. As músicas eram lindas e senti algo tocar-me profundamente o coração. À tarde, havia novamente pessoas na capela. Dessa vez, desliguei a televisão e prestei atenção à música que vinha de lá. Enquanto eles cantavam, fiquei perto da janela. Senti algo especial, uma enorme paz no coração. Eu queria sair para o jardim a fim de estar mais perto deles. Minhas emoções eram tão fortes que comecei a chorar. Minha filha e eu saímos. Um homem da Igreja aproximou-se, olhou para mim e convidou-nos para assistir a um batismo. Inicialmente recusei, mas depois senti que deveria entrar. Chamei minha filha, mas ela não queria acompanhar-me. Mesmo assim, não resisti. Por fim, minha filha também veio e assistimos ao batismo. Emocionei-me e senti-me tocada pelo Espírito. Em 10 de dezembro de 2000, eu e minha filha fomos batizadas na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Os hinos mudaram minha vida. Eu era uma pessoa profundamente triste e hoje sou feliz. Sou grata pelos hinos que louvam e exprimem amor ao Senhor. Eles ajudaramme a chegar ao batismo. Certa noite, por volta das 3 h da manhã, nosso telefone tocou. Quando atendi, no início não entendi o que dizia a mulher do outro lado da linha. Ela estava transtornada, mas eu não fazia idéia de como ajudar ou o que dizer. Iniciei uma prece silenciosa. Ao orar, reconheci que era a voz daquela irmã menos ativa que conhecêramos recentemente. Embora eu não conseguisse compreendê-la completamente, senti que ela estava sentindo solidão e precisava saber que era amada. Mas como eu poderia dizer-lhe isso? Não conseguia achar palavras em inglês, muito menos em coreano. De repente, lembrei-me de que tinha memorizado a letra do hino “Sou um Filho de Deus” (Hinos, 193) em coreano. Depois que a irmã parou de falar, perguntei pausadamente se poderíamos entoar esse hino juntas. Ela concordou. Quando cantamos, tive uma sensação maravilhosa de paz e consolo. Era como se o Pai Celestial estivesse abraçando nós duas, lembrandonos de seu amor por nós e dando-nos a certeza de que estaria sempre do nosso lado quando precisássemos Dele. Depois de terminarmos de cantar, a irmã disse-me que estava melhor e desejou-me boa noite. Voltei para o quarto, impressionada com o Espírito que ainda reinava em meu coração. Senti-me imensamente grata por saber que quando um filho de Deus pede ajuda numa noite escura, o Pai Celestial está sempre a postos para responder. Diantha Smith, Utah, EUA Carmelinda Pereira da Silva, Brasil Um Espírito de Paz em meio a Turbulências Um Filho de Deus Servi como missionária em Seul, Coréia, e acabara de ser transferida para uma nova área. Eu achava a cidade de vários milhões de habitantes assustadora, e minha fluência no coreano ainda deixava muito a desejar, mas eu sabia que estava onde o Senhor desejava. Certo dia, eu e minha companheira tivemos a bênção de conhecer um membro que não freqüentava a Igreja havia anos. O pai dela falecera recentemente e ela precisava muito de consolo espiritual e emocional. Fomos visitá-la em sua casa, mas não consegui entender quase nada da conversa. 22 Minha família entrou para a Igreja em 1977, quando eu tinha 11 anos de idade. Naquela época, uma violenta guerra civil acabara de eclodir em nosso país natal, El Salvador. A crise política era grave, e havia constantes confrontos armados entre o exército e os rebeldes, o que forçou o governo a fixar um toque de recolher às 18 h para todos os cidadãos. Não havia liberdade de reunião nem de expressão, e sentíamo-nos ameaçados tanto pelo exército como pelos rebeldes. Esses acontecimentos levaram muitas pessoas a procurar meios de emigrar para qualquer lugar que conseguissem. Minha família não constituía exceção. Meu pai aceitou uma proposta de trabalho na Venezuela na esperança de tirar-nos do perigo. Durante algum tempo, minha mãe ficou sozinha com as crianças, como chefe da casa. A guerra foi um período difícil para a Igreja. O mesmo vôo que levou meu pai para a Venezuela transportou os últimos 15 missionários para fora de El Salvador. Isso significava o fim de qualquer chance para a população de receber os mensageiros do evangelho de Jesus Cristo por muito tempo. No fim de 1979, nós e outros membros da Igreja, principalmente os jovens, começamos a fazer a obra missionária por nossa própria conta. Organizamos pequenos corais e cantávamos nas ruas para dar esperança ao povo. Ao fazermos isso, travamos contato com muitas pessoas que se interessaram em aprender sobre o evangelho. Ao mesmo tempo, aprendemos a viver em condições perigosas. Sempre que havia confrontos ou explosões, jogávamo-nos no chão e esperávamos que tudo logo voltasse à normalidade. Nossa mãe cobria-nos com colchões para proteger-nos. O que nos trouxe paz naqueles momentos difíceis foram os hinos. Deitados no chão, segurávamos o hinário e nossa mãe incentivava-nos a cantar “Vinde, Ó Santos” (Hinos, 20), “Que Firme Alicerce” (42), “Que Manhã Maravilhosa” (12), “No Monte a Bandeira” (4), “Ó Meu Pai” (177), “Assombro Me Causa” (112) e muitos outros hinos que nos consolavam em nossas adversidades. Naquela época, chorávamos muito por causa da tensão, mas ao entoar os hinos, ganhávamos coragem para enfrentar a terrível situação. Algum tempo depois, nosso pai conseguiu levar-nos para a Venezuela, onde começamos uma nova vida. Agradecemos ao Pai Celestial por manternos juntos e com vida. Por meio dessa experiência, aprendi que os hinos convidam um espírito de paz em momentos difíceis. ■ Ana Gloria Hernández de Abzuela, Venezuela A L I A H O N A JULHO DE 2006 23 SEM VOCÊ, NÃO É A MESMA COISA. (Ver D&C 84:110.) 24 FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND, COM UTILIZAÇÃO DE MODELOS APOIO MÚTUO MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES Fortalecer a Família Em espírito de oração, leia a mensagem a seguir e escolha as escrituras e ensinamentos que melhor atendam às necessidades das irmãs que você visita. Fale de suas experiências e de seu testemunho e incentive as irmãs a fazerem o mesmo. Bênçãos de pertencer à Sociedade de Socorro: A Sociedade de Socorro promove o viver previdente, a administração sábia do lar e a participação no trabalho do templo e de história da família para ajudar cada irmã a honrar seu legado. Bonnie D. Parkin, presidente geral da Sociedade de Socorro: “Minha asso- ciação à Sociedade de Socorro me renovou, fortaleceu e fez com que me comprometesse a ser melhor esposa e mãe e melhor filha de Deus. Meu coração cresceu no entendimento do evangelho e no amor pelo Salvador e pelo que Ele fez por mim. Assim, a vocês, queridas irmãs, eu digo: Compareçam à Sociedade de Socorro! Ela encherá seu lar de amor e caridade, e nutrirá e fortalecerá tanto vocês como sua família” (“Como a Sociedade de Socorro Abençoa Sua Vida?”, A Liahona, novembro de 2004, p. 35). Como a Administração Sábia do Lar Fortalece nossa Família? D&C 93:43, 50: “Terás que pôr em ordem tua casa. (...) Sejam mais diligentes e interessados em casa”. Provérbios 31:10, 13, 25, 27: “Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis. (...) [Ela] trabalha de boa vontade com suas mãos. (...) A força e a honra são seu vestido, e se alegrará com o dia futuro. (...) Está atenta ao andamento da casa.” Presidente Gordon B. Hinckley: “Rogo-lhes que sejam comedidos em suas despesas, controlem-se no que se refere a compras, que evitem ao máximo as dívidas, que as paguem assim que possível e se livrem da servidão. (...) Se já pagaram suas dívidas, se têm uma reserva, mesmo que seja pequena, mesmo que chegue a tempestade, terão abrigo (...) e paz no coração” (“Para os Rapazes e para os Homens”, A Liahona, janeiro de 1999, p. 66). De que Forma a Adoração no Templo e o Trabalho de História da Família Fortalecem nossa Família? Presidente Ezra Taft Benson (1899–1994): “O templo traz-nos cons- tantemente à lembrança o fato de que Deus deseja que a família seja eterna. (...) Freqüentem o templo (...) a fim de terem direito às bênçãos mais elevadas do sacerdócio. (...) (...) Quando forem ao templo e realizarem as ordenanças da casa do Senhor, receberão certas bênçãos: Receberão o Espírito de Elias, que voltará seu coração para seu cônjuge, seus filhos e seus antepassados. Amarão sua família com um amor ILUSTRAÇÃO: SHANNON CHRISTENSEN mais profundo do que jamais amaram antes” (“What I Hope You Will Teach Your Children about the Temple”, Tambuli, abril–maio de 1985, pp. 2, 6). Presidente Howard W. Hunter (1907–1995): “Freqüentem o templo com a maior regularidade que as circunstâncias permitam. Mantenham uma fotografia do templo exposta no lar para que seus filhos a vejam. Ensinem-lhes os propósitos da Casa do Senhor. Incentive-os desde a tenra infância a prepararem-se para ir lá. (...) Coletem informações sobre a história de sua família e preparem o nome de seus antepassados para as ordenanças sagradas realizadas somente no templo. Essa pesquisa familiar é essencial para o trabalho do templo, e as pessoas que o realizarem certamente serão abençoadas” (“Exceeding Great and Precious Promises”, Ensign, novembro de 1994, p. 8). ■ Apesar dos Gritos, Latidos e da CHUVA Eu ouvira meus amigos contar histórias extraordinárias sobre sua missão. Então por que eu estava tão infeliz? “P or que você não me disse como é horrível?”, escrevi ao Élder Newman, um de meus instrutores no Centro de Treinamento Missionário. Quando cheguei ao campo missionário há 20 anos, foi dificílimo, e odiei as primeiras semanas. Eu estava disposta a ir até o fim da missão, pois não era de desistir no meio do caminho, mas jamais poderia dizer a alguém que tinham sido os melhores 18 meses da minha vida. O Élder Newman respondeu: “Lamento que você se sinta assim, Síster Betz. Na verdade, eu e o Élder Bradford tentamos avisar todos vocês. Sempre tentamos, mas ninguém quer acreditar. Não se preocupe. As coisas vão melhorar. E quando chegar a hora de voltar para casa, você ficará feliz por ter servido em uma missão”. Assumi a resolução de tornar minha experiência a melhor possível. Afinal de contas, eu tinha certeza de que o Pai Celestial queria que eu fosse à missão, e eu não podia negar o Espírito que sentira ao buscá-Lo e apresentar-Lhe minha decisão de servir. Muitos de meus amigos tinham servido ou estavam servindo como missionários e pareciam compreender coisas no evangelho que, por algum motivo, estavam fora de meu alcance. Todos os meus amigos missionários contavam histórias extraordinárias de pessoas cuja vida fora tocada pelo evangelho e de milagres 26 que eles testemunhavam diariamente. Todos diziam que servir em uma missão era a melhor coisa que já tinham feito, e suas experiências tinham-me ajudado a tomar a decisão de servir. Contudo, lá estava eu no norte da Alemanha com dificuldade para adaptar-me ao novo fuso horário, a uma companheira sênior quase tão inexperiente quanto eu e a baixas temperaturas em junho, em pleno verão boreal. Estávamos sempre encharcadas, pois pegávamos chuva pelo menos duas vezes por dia. Nossa aparência levava a crer que percorrêramos extensos pântanos e lamaçais. O fato de andarmos de bicicleta não melhorava em nada a situação. Morávamos no topo de uma das poucas colinas existentes no norte da Alemanha e parecia que nossos pesquisadores moravam todos no alto de outra. Contudo, muito mais desanimador era minha consciência de ainda não ter aprendido a reconhecer a sutil influência do Espírito. Isso muito me preocupava, e eu achava que estava fadada ao fracasso como missionária. E nem fazia dois meses que eu chegara à Alemanha. Contudo, o incrível foi descobrir que o Élder Newman tinha razão. As coisas de fato melhoraram. Nenhuma das dificuldades desapareceu, mas aprendi a reconhecer e apreciar os bons momentos. Houve, por exemplo, a viagem de volta de minha ILUSTRAÇÃO: SCOTT SNOW KAT H A R I N A B E T Z B I R C H A L I A H O N A JULHO DE 2006 27 segunda conferência de zona. Trocamos de trem e, ao conversarmos distraidamente com uma senhora sobre o novo Templo de Freiberg, percebi que fizéramos uma parada numa cidade que não estava prevista. Demo-nos conta de que pegáramos o trem errado e logo saltamos. Infelizmente, o próximo trem na direção certa só passaria duas horas depois e nossa conexão posterior só poderia ser feita bem mais tarde. Ao esperarmos naquela estação ferroviária, tivemos tempo para ler “O Messias Inconveniente”, um artigo do Élder Jeffrey R. Holland, na época presidente da Universidade Brigham Young, que constava da Ensign que acabáramos de receber. Suas observações pareciam ter sido feitas sob medida para mim: “Assim, peço-lhes que sejam pacientes nas coisas do Espírito. Talvez sua vida seja diferente da minha, mas duvido muito. (...) Minha missão não foi fácil. (...) (...) Todos, com exceção de uns raros privilegiados, precisarão realizar a obra de Deus de maneira modesta e em circunstâncias prosaicas. À medida que vocês se empenharem para conhecê-Lo e saber que Ele os conhece; à proporção que investirem seu tempo e enfrentarem as inconveniências em seu serviço discreto e humilde, vocês de fato verão cumprir-se a seguinte escritura: ‘Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos’ (Mateus 4:6). Pode ser que isso não ocorra de imediato; é bem provável que não, mas há um propósito para essa demora. Dêem valor a seus fardos espirituais, pois Deus se comunicará com vocês por meio deles e usará vocês para fazer a obra Dele caso os carreguem a contento” (Tambuli, março de 1989, 23; Ensign, fevereiro de 1984, p. 70). Minha experiência no campo missionário ajudou-me a compreender essas palavras, e o Espírito prestou-me um testemunho contundente, penetrante e consolador dessas verdades naquela solitária estação de trem. Já estava ficando tarde, certa noite em que eu e a Síster Gubler batíamos nas portas de um grande prédio de apartamentos. Ficamos meio surpresas quando uma senhora idosa convidou-nos para entrar, mas nós duas sentimos seu grande sofrimento. Quando nos sentamos em sua sala escura, ela contou-nos a história da morte de seu marido e do desprezo que lhe reservavam seus enteados. Sabíamos que ela precisava urgentemente sentir o amor do Pai Celestial por ela. Pedi a Bíblia dela e li as seguintes belas palavras: “Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim; (...) e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o 28 meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11:29–30). O Espírito entrou na sala. À medida que lágrimas banhavam o rosto de nós três, eu e minha companheira prestamos testemunho a ela de que o Pai Celestial conhecia sua dor e a amava. Pelo menos uma conversão ocorreu naqueles momentos breves e preciosos: a minha. Gradualmente, percebi que minha percepção estava mudando. As pessoas continuaram a gritar conosco, os cachorros continuaram a latir para nós, continuamos a molhar-nos na chuva, a ver palestras serem canceladas sem aviso prévio e a ser ignoradas; minha mochila ficou ainda mais pesada; minhas roupas desgastavam-se a cada dia; e a responsabilidade de tocar a vida de milhares de pessoas às vezes parecia um peso insuportável. Contudo, as grosserias magoavam-me cada vez menos, as dores e penas diminuíam e a vida ficava cada vez mais luminosa à medida que meu testemunho se fortalecia. Senti mudanças acontecerem dentro de mim e daqueles a quem ensinávamos o evangelho. Havia Uwe, um ambientalista jovem e idealista que ouviu o plano de salvação e soube que a mensagem era verdadeira. Ele percorreu oito quilômetros de bicicleta para ir à Igreja num domingo de manhã em resposta a nosso convite, ainda que não houvesse espaço nos bancos da capela para suas pernas longas e enfiadas numa calça de couro. Quando ele orou de joelhos pela primeira vez, sentimos a paz que entrou em seu coração e vimos seu semblante transformar-se. Um médico e sua esposa tentavam opor-se a tudo o que lhes ensinávamos, mas de alguma forma não conseguiam. Embora não tenham aceitado o evangelho restaurado de Jesus Cristo naquela época, permitiram com prazer que seus filhos visitassem o ramo em Glückstadt para as reuniões dominicais e outras atividades. Certo dia, quando eu e minha nova companheira, a Síster Neumann, estávamos ensinando uma jovem adorável, seu namorado, Tom, veio visitá-la. Ela já nos avisara que ele não queria que ela continuasse as palestras. Tom viu nossas bicicletas em frente à casa e sabia que estávamos lá naquela manhã, assim decidiu esperar na rua até sairmos. Enquanto aguardava, sua curiosidade aumentou e ele pensou em cada vez mais perguntas que poderia fazer-nos. Por fim, seu interesse foi maior que suas reservas, e ele entrou para pôrnos à prova. Depois de explicarmos brevemente os princípios básicos do evangelho e esboçarmos a Apostasia e a Restauração, marcamos uma data para começarmos a ensiná-lo: na noite seguinte. Ele foi batizado dez semanas depois. Senti uma alegria tão grande que me disporia a servir como missionária por mais 10 anos se pudesse. Astrid e Jennifer, irmãs, encontraram a Igreja antes de serem encontradas pelos missionários. O interesse de Jennifer surgiu quando ouviu falar da Igreja numa aula de religião na escola, o que a levou a fazer algumas pesquisas. Na biblioteca local, achou edições traduzidas para o alemão do Livro de Mórmon e A Igreja Restaurada, de William E. Berrett. Ela e Astrid leram essas obras juntas. Consultaram a lista telefônica de Bremen para ver se encontravam um endereço dessa igreja “americana”, sem acreditar inicialmente que de fato achariam algo. Tiveram a feliz surpresa de verificar que havia uma capela em sua própria cidade. Escreveram para lá perguntando como poderiam filiar-se a essa Igreja restaurada de Jesus Cristo. É claro que tivemos um prazer enorme em ajudar. Os Oehlers, os Kaldeweys, a dona Sirisko, o senhor Lange, o senhor Todt e milhares de outras pessoas pararam para conversar ou ouvir, ainda que por alguns momentos — às vezes mais — a fim de podermos prestar testemunho e plantar uma semente do evangelho. Nesta vida, nunca verei os frutos que a maioria dessas sementes produzirão, mas os Claassens foram batizados depois que fui transferida de sua cidade, e a dona Mahnke adquiriu um testemunho e filiou-se à Igreja muito depois de minha desobrigação da missão. O Élder Newman tinha razão. Quando chegou a hora de deixar a Alemanha, meu coração se expandira a ponto de encerrar um mundo totalmente novo cheio de pessoas, idéias, tradições e costumes — sem falar nas impressões espirituais — que ficarão gravados nele para sempre. Aprendi a amar, a doar e a sofrer por pessoas que antes eu considerava meros estranhos. Depois que voltei para casa, ao trabalhar com os missionários no CTM, tentei ajudá-los a ver que, embora houvesse bênçãos grandiosas reservadas para eles, a missão às vezes seria penosa. Eles nunca entendiam muito bem. Na verdade, eu nem esperava isso deles — essa consciência viria bem depois. ■ “Dêem valor a seus fardos espirituais, pois Deus se comunicará com vocês por meio deles.” Ao ler essas palavras numa solitária estação de trem, o Espírito prestou-me testemunho de sua veracidade. A L I A H O N A JULHO DE 2006 29 A PLENITUDE DO EVANGELHO Despojar-nos do Homem Natural Continuação de uma série em que se examinam doutrinas ímpares de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. D urante séculos, filósofos e teólogos vêm debatendo a questão da natureza humana. Ao longo dos anos, três filosofias gerais predominaram: que as pessoas são fundamentalmente boas, que são intrinsecamente más e que são neutras (uma página branca a ser preenchida). Podemos ser gratos ao fato de o evangelho restaurado de Jesus Cristo revelar a verdadeira natureza do homem e conferir propósito, significado e direção ao desafio da vida de despojar-nos do “homem natural” (Mosias 3:19). Uma Natureza Dual Por causa da Queda de Adão e Eva, “toda a humanidade se transformou num povo perdido e decaído” 30 (Alma 12:22). O rei Benjamim ensinou que o homem decaído ou “natural é inimigo de Deus e tem-no sido desde a queda de Adão e sê-lo-á para sempre; a não ser que ceda ao influxo do Santo Espírito e despoje-se do homem natural e torne-se santo pela expiação de Cristo, o Senhor” (Mosias 3:19). O Presidente David O. McKay (1873–1970) ensinou que, por causa da Queda, temos uma natureza dual: “Uma parte dela está ligada à vida terrena ou animal; a outra, à divindade. A menos que um homem se dê por satisfeito com o que designamos como mundo animal, com o que o mundo animal lhe tem a oferecer, cedendo sem esforço aos caprichos de seus apetites e paixões e deslizando cada vez mais nos domínios da permissividade, ele deve, por meio do autodomínio, erguer-se e buscar os deleites intelectuais, morais e espirituais que dependerão das escolhas que ele fizer todos os dias, ou melhor, em todos os momentos de sua vida”.1 como freqüentar as reuniões dominicais, servir Nosso espírito vem da presença de Deus, no templo e estudar as escrituras. e “todo espírito de homem era inocente no princípio” (D&C 93:38). Nosso corpo físico também é um dom de Deus. Um Modificar nossa Natureza recisamos de motivo pelo qual queríamos vir a esta Terra O alimento e o exercício espirituais podem alimento e era o desejo de tornar-nos mais semelhantes fortalecer-nos em nosso empenho de goverexercício ao Pai Celestial, que tem um corpo físico. nar o corpo, mas essa meta torna-se muito espirituais para Conseqüentemente, um de nossos desafios mais fácil se o corpo puder ser santificado de controlar o corpo e na mortalidade é aprender a administrar e seu estado corrupto ou “natural”. (Ver Morôni mantê-lo sujeito à usar nosso corpo a contento, bem como cui- vontade de Deus. 10:32—33.) Essa santificação vem por meio dar dele. Se pudermos governar as tendênde Cristo e do ministério do Espírito Santo. cias naturais da carne, nos ergueremos rumo ao tipo de O Élder Parley P. Pratt (1807–1857), do Quórum dos vida espiritual descrita pelo Presidente McKay. Contudo, Doze Apóstolos, ensinou que “o dom do Espírito Santo se permitirmos que o “homem natural” tome as rédeas, (...) aviva todas as faculdades intelectuais, aumenta, nos veremos em posição de inimizade com Deus e Seus expande, amplia e purifica todas as paixões e afetos e propósitos. (Ver Mosias 3:19.) adapta-os, pelo dom da sabedoria, a seu uso lícito”.3 As paixões não são intrinsecamente más. Nas pessoas justas, as paixões podem ser um meio de promover grandiosas A Batalha obras de retidão. O Élder Melvin J. Ballard (1873–1939), do Quórum dos Portanto, a mensagem do evangelho é que não Doze Apóstolos, ensinou que “todos os ataques empreenprecisamos entregar-nos a nossas fraquezas e desejos didos pelo inimigo de nossa alma para aprisionar-nos visada carne. As boas novas do evangelho ensinam que, rão à carne, pois ela é composta de terra não redimida, e por meio da Expiação de nosso Salvador e do uso adeele tem poder sobre os elementos da Terra. Sua estratégia baseia-se nos desejos, apetites e ambições da carne. Toda a quado do arbítrio, podemos passar por uma mudança fundamental em nossa natureza. O Presidente Ezra Taft ajuda que recebermos do Senhor para socorrer-nos nessa Benson (1899–1994) ensinou que o mundo tenta “molluta virá por meio do espírito que habita este corpo mordar o comportamento humano, mas Cristo pode mudar tal. Assim, essas duas forças de peso estão agindo sobre a natureza humana”.4 De fato, como declarou Pedro, nós por esses dois canais. (...) Se desejarem um espírito forte que domine o pelo poder do Senhor podemos ser “participantes da corpo, devem certificar-se de que seu espírito receba natureza divina, havendo escapado da corrupção, que alimento espiritual e exercício espiritual. (...) pela concupiscência há no mundo”. (Ver II Pedro 1:3— Os homens ou mulheres que não receberem alimento 4.) Por meio da Expiação de Cristo, o ser humano pode nem exercício espiritual acabarão por enfraquecerem-se despojar-se do homem natural e tornar-se santo, “subespiritualmente e a carne prevalecerá. Já os que obtiverem misso, manso, humilde, paciente [e] cheio de amor” tanto alimento como exercício espiritual controlarão esse (Mosias 3:19). ■ corpo e o manterão sujeito à vontade de Deus.”2 NOTAS O Élder Ballard identificou várias formas de alimento e 1. Gospel Ideals (1953), pp. 347–348. 2. “The Struggle for the Soul”, Tambuli, setembro de 1984, p. 37. exercício espirituais: orar, tomar o sacramento e servir ao 3. Key to the Science of Theology, 9a ed. (1965), p. 101. 4. “Born of God”, Ensign, novembro de 1985, p. 6. próximo. As escrituras e os profetas mostram-nos outras, À ESQUERDA: FOTOGRAFIA © GETTY IMAGES; À DIREITA: FOTOGRAFIA: JAVIER CORONATI, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS; FOTOGRAFIA DE FUNDO © DYNAMIC GRAPHICS P A L I A H O N A JULHO DE 2006 31 Camboja Terra de Paz em Construção Em 1994, o Camboja abriu as portas para os missionários de proselitismo, que hoje contam com o apoio entusiasta de mais de 6.000 membros. MARISSA A. WIDDISON Revistas da Igreja D esde o reconhecimento oficial da Igreja pelo governo cambojano em 1994, histórias de fé, coragem e conversão (como as de Kun) passaram a integrar o legado pioneiro desse país. A vida de inúmeras pessoas é modificada diariamente e os missionários continuam a trabalhar lado a lado nesse país asiático tropical. Em 1994, o Élder Donald Dobson e a Síster Scharlene Dobson foram transferidos de seu trabalho na Índia para servirem como os primeiros missionários do Camboja. Em 27 de março desse mesmo ano, foi realizada num hotel a primeira reunião da Igreja no Camboja, com uma participação de seis membros e nove pesquisadores. Em 9 de 32 maio de 1994, a irmã Pahl Mao tornou-se o primeiro membro batizado no país. Dois anos depois, em maio de 1996, o Presidente Gordon B. Hinckley visitou o Camboja e dedicou-o para a pregação do evangelho orando de pé numa colina com vista para o rio Mekong. A obra começava oficialmente! Estender uma Mão Amiga: Ajuda Humanitária Em 1993, Larry R. White estava servindo como presidente da Missão Tailândia Bangcoc quando ouviu um relato favorável do progresso religioso no Camboja. Acompanhado do Élder John K. Carmack, dos Setenta, e do irmão Vichit Ith, membro residente em Bangcoc, foi ao Camboja consultar representantes governamentais sobre a possibilidade de iniciar o trabalho missionário e programas humanitários. Foi concedida autorização para a realização de projetos humanitários. Desde essa época, muitos missionários humanitários serviram no país. Recentemente, o Élder Robert Scholes e a Síster Virginia Scholes serviram como diretores nacionais da Latter-day Saint Charities, uma organização filantrópica patrocinada pela Igreja que costuma trabalhar em conjunto B O J A M A C FOTOGRAFIA: CHHOUR MALY E DAVID L. FRISCHKNECHT, CORTESIA DE RACHEL PACE E JUSTIN JOHNS; FOTOGRAFIA DE PÁSSARO © CORBIS IMAGES; MAPA: THOMAS S. CHILD Phnom Penh com governos locais e entidades civis para auxiliar pessoas necessitadas em países do mundo inteiro. Eles compreendem que o poder do serviço caritativo pode derrubar barreiras, desfazer diferenças políticas e conferir credibilidade ao nome da Igreja. Quando o Élder e a Síster Scholes ouviram que anualmente mais de 500 cidadãos cambojanos são mutilados, feridos ou mortos devido a minas terrestres não identificadas, decidiram fazer algo para ajudar as vítimas. Uniram esforços com a Wheelchair Foundation e a Cruz Vermelha cambojana para participar de um projeto que denominaram “Combinação Tríplice”, que deu a muitas vítimas de minas terrestres, bem como outros deficientes físicos, cadeiras de rodas novas. História da Família: Um Valor em Comum Numa cultura em que o culto aos antepassados faz parte das tradições, não é de admirar que os cambojanos se interessem pelo trabalho genealógico da Igreja. Os missionários idosos Élder Michael Frame e Síster Donna Frame organizaram e ministraram vários seminários de história da família em Phnom Penh, a capital do Camboja. Nos últimos anos, centenas de homens e mulheres assistiram a esses eventos, custeados pela Latter-day Saint Charities e ministrados por missionários humanitários. “Há muitos cambojanos que sobreviveram aos horrores da era Pol Pot, quando muitos arquivos foram destruídos”, conta a Síster Frame. “Queremos ajudar as famílias a registrar sua própria história para que seus filhos e netos possam lê-las. Desejamos mostrar como é fácil registrar um gráfico de história da família.” Pessoas interessadas vieram de toda a cidade de Phnom Penh para assistir às aulas de história da família e receberam informações preciosas sobre o registro de histórias familiares, instruções sobre como entrevistar pais e avós e coletar Página ao lado: Populares atravessam uma ponte sobre o rio Mekong; santos dos últimos dias usam bonecos para mostrar a importância da saúde; um riquixá percorre as ruas de Phnom Penh; uma capela da Igreja em Phnom Penh. Acima: famílias e missionários reunidos para um batismo; barcos no rio Mekong. A LIAHONA JULHO DE 2006 33 dados importantes e interessantes sobre os antepassados. Depois de testemunharem longos anos de conflitos políticos, muitas pessoas, compreensivelmente, estão interessadas em preservar informações familiares para a posteridade. Abaixo, da esquerda para a direita: As Sísteres Sodalys Sean e Rachel Pace; o irmão Eng Bun Huoch; a irmã Chea Sam Nang; jovens missionárias e pessoas da comunidade O Proselitismo no Camboja Graças ao trabalho dos missionários humanitários e dos élderes e sísteres de proselitismo, milhares de cambojanos aceitaram o evangelho. Num dia de preparação na Missão Camboja Phnom Penh, o Élder Trent Nielson, de Mesa, Arizona, estava vendo seus companheiros missionários começarem uma partida de futebol. Como o campo ficava ao lado de uma escola, a atividade dos élderes atraiu a atenção de alguns adolescentes locais, que se aproximaram do Élder Nielsen e perguntaram por que tantos americanos estavam jogando futebol no Camboja. Ele explicou que eles eram todos missionários, professores do evangelho de Jesus Cristo. Os jovens queriam saber qual era a remuneração desses professores. Quando ouviram que os missionários arcavam com suas próprias despesas, ficaram pasmos. Por que alguém faria algo assim? Logo a curiosidade dos rapazes levou a instigantes perguntas espirituais, e eles ficaram fascinados com a mensagem dos missionários. Pouco tempo depois, o Élder Nielson estava ensinando dez jovens no gramado de um campo de futebol sobre a Restauração do evangelho. 34 ajudam na limpeza após um incêndio em Phnom Penh. O membro do grupo que inicialmente se mostrara mais hostil foi o que acabou por manifestar maior interesse pelo evangelho. Ele e outros pediram um Livro de Mórmon. O Élder Nielson percebeu que não tinha um número suficiente de exemplares para dar a cada rapaz interessado, assim foi buscar mais nas bolsas dos missionários que estavam jogando futebol. Antes de o grupo partir, o Élder Nielson disse-lhes como poderiam obter mais informações sobre a Igreja. Missionárias e Membros Cambojanos A chegada das primeiras missionárias foi comemorada em Phnom Penh como sinal de maturidade na extraordinária expansão da Igreja na área. As Sísteres Megan Jones, Kirsten Downing e Rachel Pace chegaram à capital em 21 de agosto de 2003. Em seu primeiro dia, essas missionárias foram fazer proselitismo no Mercado Central, a feira mais freqüentada da cidade. Estavam um pouco tensas, mas as companheiras — as primeiras missionárias cambojanas, as Sísteres Sokhom Suon, Molis Soun e Sodalys Sean — sentiam-se à vontade, pois estavam em terreno familiar. A familiaridade geográfica é apenas um exemplo de como TRABALHAR COM FÉ “A Igreja cresceu em todo o mundo de forma que o número de membros fora da América do Norte excede o da América do Norte. Tornamo-nos uma grande família internacional, espalhada por 160 nações. (...) Grande é nossa esperança e forte a nossa fé. (...) Repito agora o que disse 10 anos atrás, vamos ‘[tomar] mais consciência (...), [vejamos] mais além e [ampliemos] nossa visão para melhor compreender e entender a grandiosa missão da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em relação ao milênio’.” que a lançou violentamente contra o os missionários nativos fazem uma asfalto. Ninguém quis tocá-la antes de contribuição valiosa à obra. Os missioidentificá-la, e como ela estava seminários cambojanos também parecem consciente, não conseguiu responder apreciar a oportunidade de servir em às perguntas das pessoas aglomerasua pátria e levam um entusiasmo condas a sua volta. Ela ficou deitada na tagiante a todos os lugares por onde rua, sem atendimento, por quase passam. duas horas. “Quero dizer a todos os membros No hospital, um médico examinou da Igreja que adorei minha missão”, seus ferimentos e disse que os ossos disse o membro cambojano Eng Bun da perna direita tinham sido “estilhaHuoch, que foi batizado em 25 de çados”. Sua intenção era amputar outubro de 1998. Ele serviu como imediatamente a perna logo acima do missionário em Phnom Penh dois joelho ou, na melhor das hipóteses, anos depois. “Servir numa missão não tentar, com o uso de placas e parafué fácil, mas vale a pena. Faltam-me sos, restituir a estrutura óssea natural. palavras para descrever como foi uma A família de Sam ficou arrasada e teleexperiência importante e proveitosa Presidente Gordon B. Hinckley, fonou para o presidente de ramo Un em minha vida. Em minha missão de “Comentários de Abertura”, Son e o casal missionário Élder LaVon dois anos, aprendi técnicas de lideA Liahona, maio de 2005, pp. 4–6. Day e Síster Marianne Day. Esses líderança e ensino e a ser um melhor res pediram aos médicos que não amigo, filho e membro.” tomassem nenhuma medida antes Depois de voltar para casa em 17 da chegada deles. de julho de 2002, o Élder Huoch conDepois de chegarem ao hospital, o seguiu um emprego que lhe permitiu Presidente Son e o Élder Day deram melhorar sua qualidade de vida. Seu uma bênção a Sam. Apesar de inicialtestemunho estava fortalecido e ele sentia-se mais preparado para lidar com os desafios da vida. mente protestar, o médico concordou em adiar um pouco a cirurgia. Nesse ínterim, examinou as últimas radiografias “Agradeço ao Senhor por Ele ter trazido o evangelho ao e viu algo em que não conseguia acreditar: a perna não Camboja antes de eu ultrapassar a idade de servir numa apresentava nenhuma fratura ou sinal de traumatismo! O missão”, regozija-se. “Eu ficaria muito triste se perdesse a único ferimento real era o rompimento de um músculo e oportunidade de realizar esta obra maravilhosa.” Graças aos missionários — tanto élderes como sísteres, um enorme corte, que ele costurou com vários pontos. O médico parecia não ter explicação para a mudança repencambojanos e estrangeiros — a obra está avançando a tina no estado de saúde de Sam. cada dia. Com algumas outras intervenções cirúrgicas e transplantes de pele, Sam recobrará o uso completo da perna. Abençoados pelo Poder do Sacerdócio O poder do sacerdócio é uma influência estabilizadora na vida dos recém-conversos cambojanos à medida que Camboja: Rumo a uma Vida Tranqüila amadurecem no evangelho. Muitas pessoas, como Sam O Camboja é um país pequeno, mas em seu povo reina Nang, receberam milagres médicos que continuam a forum forte espírito. Ao empenharem-se para promover a paz talecer-lhes a fé. nessa região antes devastada pela guerra, os missionários e Bem cedo certa manhã, Sam estava a caminho do trabasantos cambojanos preparam o caminho para que as geralho de motocicleta e foi atingida por um enorme caminhão ções futuras prosperem no evangelho. ■ A LIAHONA JULHO DE 2006 35 ÉLDER H. ROSS WORKMAN Dos Setenta A Sacrificar o objeto do desejo ou paixão é a chave para libertarmo-nos do cativeiro. abominável prática da escravidão existiu em várias civilizações no decorrer da história do mundo. Ficamos estarrecidos ao ver homens, mulheres e crianças reduzidas à condição de mercadorias a serem vendidas, compradas ou submetidas a tratamento degradante para servir aos interesses e lucros de outrem. Indignamo-nos ao ler descrições da desumanidade do homem para com seus semelhantes nesse tipo de relato e ficamos horrorizados ao ouvirmos falar de casos de escravidão que persistem ainda hoje em algumas partes do mundo. Então como é que muitas pessoas abrem mão conscientemente de sua liberdade e submetem a si mesmas e seus entes queridos ao cativeiro do mestre cujo único objetivo é torná-las “tão miseráveis como ele próprio”? (2 Néfi 2:27) A Escravidão Espiritual Muitos pensam na escravidão apenas como a sujeição a alguém. O cativeiro físico é de fato terrível, mas seus efeitos podem não durar eternamente. O maior cativeiro é estar submetido ao pai das mentiras — uma forma de escravidão muito mais devastadora e que tem o potencial de durar mais tempo. O mais surpreendente é que esse cativeiro espiritual resulta de escolhas pessoais, quando alguém se entrega voluntariamente a desejos e paixões desenfreados. Uma pessoa pode ser 36 cativa do pecado ou da busca de honras do mundo como a fama, o poder político ou a posição social. Uma pessoa pode também estar em cativeiro devido à preocupação obsessiva com atividades como esportes, música ou outras diversões. Uma causa particularmente insidiosa de cativeiro é a tradição. Existem tradições em todas as culturas. Em alguns países, as tradições tribais exercem uma influência enorme. Algumas dessas tradições são maravilhosas, preservando a cultura e definindo a ordem social. Já outras são contrárias ao evangelho e ao governo do sacerdócio e, se seguidas cegamente, resultam em escravidão. Até mesmo tradições individuais e familiares podem levar ao cativeiro espiritual. As tradições que forem contrárias aos princípios do evangelho ofendem ao Espírito e, se perpetuadas, prejudicam a capacidade da pessoa de ser guiada pelo Espírito a fim de reconhecer as escolhas justas que aumentariam a liberdade. Vejamos, por exemplo, as tradições familiares relacionadas à observância do Dia do Senhor. Como sua família se sente quando um grande evento esportivo entra em conflito com as responsabilidades da Igreja? Ceder a influências iníquas diminui nossa liberdade e aumenta o perigo da escravidão. Pouco a Pouco A liberdade de escolhermos tudo o que é necessário é um dom concedido por Deus a Seus filhos. Assim, podemos escolher a FOTOGRAFIAS: CANDELARIA ATALAYA Romper os Grilhões do Pecado liberdade e a vida eterna por meio de Cristo ou optar pelo cativeiro e a morte segundo o poder do inimigo (ver 2 Néfi 2:27). Sempre ouvimos que somos livres para escolher qualquer curso que desejarmos, mas não para evitar as conseqüências dessa decisão. O cativeiro espiritual raramente resulta de uma única escolha ou acontecimento. O que costuma acontecer é entregarmo-nos pouco a pouco, até que se torna dificílimo readquirirmos a liberdade. Certa vez, um rapaz suplicou-me ajuda. Ele viciara-se em pornografia, que acessava em casa no computador. Isso lhe causava um sentimento de culpa tão forte que não se sentia à vontade para ir à Igreja ou cumprir suas designações do sacerdócio. Isso teve efeitos negativos em sua vida social. Ele sentia-se tentado a passar horas e horas sozinho em frente ao computador olhando o que, como veio a reconhecer depois, só O cativeiro espiritual raramente resulta de uma única escolha ou acontecimento. O que costuma acontecer é entregarmo-nos pouco a pouco, até que se torna dificílimo readquirirmos a liberdade. A LIAHONA JULHO DE 2006 37 Um Exemplo de Sacrifício: os Casais Missionários Os casais que estiverem em boas condições físicas e financeiras são instados a fazer o sacrifício de servir numa missão de tempo integral. É claro que a saúde frágil, recursos financeiros insuficientes e outras circunstâncias podem inviabilizar a missão. Contudo, uma análise cuidadosa dos motivos de um casal para não servir pode revelar o risco de estar aprisionado pelos desejos do mundo. A preocupação com a casa, carros ou barcos; a obsessão com investimentos; planos de viagens; o 38 desejo de aproveitar de uma casa de veraneio; e obstáculos semelhantes levam à pergunta: vocês se sentem livres para escolher uma missão? Se não, por quê? Decidiram deixar-se escravizar pelas coisas do mundo? Vejamos as escolhas feitas por um casal fiel. Pouco tempo depois de comprarem uma fazenda para passarem sua aposentadoria, sentiram-se compelidos a aceitar um chamado missionário. Foram designados para servir numa cidadezinha longe de outras unidades da Igreja. Construíram sua própria casa, cavaram seu próprio poço, supriam todas as suas necessidades pessoais e faziam proselitismo de bicicleta. Embora as condições de vida fossem extremamente difíceis, eles tiveram um sucesso maravilhoso ao ensinar, treinar os membros locais e trazer conversos para o evangelho. No curso de sua missão, esse casal recebeu uma carta de um membro da família contando que sua fazenda fora arrombada e todas as ferramentas e máquinas agrícolas tinham sido roubadas. O familiar pedia-lhes que voltassem para casa e tentassem reparar os estragos e cuidar da propriedade, que era vital para eles. O presidente da missão deulhes liberdade para fazê-lo. Ao refletir sobre a escolha à sua frente, o casal resolveu ficar. Eles não se sentiam escravizados por seus bens materiais. Tinham a liberdade de escolher o serviço do Senhor e assim o fizeram. A Lição de Balaão Uma história que me intriga bastante no Velho Testamento é a do profeta Balaão, que nos ensina muito sobre a escravidão e a liberdade. Balaão era um profeta israelita que morava perto da fronteira de Moabe na época em que Moisés estava conduzindo os filhos de Israel pelo deserto. Balaque, o rei moabita, temendo a incursão dos filhos de Israel que À ESQUERDA: ABRAÃO LEVANDO ISAQUE PARA SER SACRIFICADO, DE DEL PARSON; À DIREITA: CRISTO E O MANCEBO RICO, DE HEINRICH HOFMANN, CORTESIA DE C. HARRISON CONROY CO. O Senhor exige sacrifícios para testar os fiéis. Ele pediu a Abraão que sacrificasse seu filho Isaque. Ordenou ao mancebo rico: “Vai, vende tudo que tens e dá-o aos pobres”. lhe trouxe frustração e desespero. Era como se tivesse sido acorrentado por um mestre cujo único objetivo era fazê-lo infeliz. Ele não decidira repentinamente deixar-se escravizar pela tela do computador. Na verdade, decidira em certo momento que olhar imagens destrutivas “apenas uma vez” não faria mal e satisfaria uma “curiosidade”. “Uma vez” tornou-se duas e em seguida várias vezes, até virar um forte vício que debilitou sua liberdade de escolha. Só depois de estar acorrentado por essa dependência é que ele reconheceu que se submetera espontaneamente ao cativeiro. Caso estejamos sucumbindo à escravidão espiritual, talvez não reconheçamos de imediato a perda crescente de liberdade em nossa vida. Contudo, quanto maior for o cativeiro espiritual que vivenciarmos, escolhermos ou permitirmos, menor liberdade de escolha sentiremos em questões de importância espiritual. Alguns tentam explicar a escravidão espiritual como algo que lhes foge ao controle. Mas lhes foge mesmo? Em geral, a liberdade de escolha pode ser medida pela disposição de sacrificar aquilo que constitui o objeto de desejo ou paixão. Assim, o sacrifício é um parâmetro, um guia e a chave para libertarnos da escravidão. estavam transitando pela península do Sinai, pediu a Balaão que os amaldiçoasse. Balaão buscou a vontade do Senhor quanto ao assunto. Em resposta, o Senhor instruiu-o: “[Não] amaldiçoarás a este povo, porquanto é bendito” (Números 22:12). Quando Balaão deu a conhecer a resposta do Senhor, os ministros do rei tentaram Balaão com promessas ainda maiores de presentes: grandes riquezas e honras do mundo. Embora Balaão inicialmente tivesse se recusado a opor-se à vontade de Deus, o rei moabita procurou seduzi-lo com bens materiais, posições de destaque e influência política. Pouco a pouco, Balaão fez concessões em seu chamado divino à medida que aumentava sua vontade de receber as honras do rei. Por fim, inflamou-se tanto em seu desejo de ganhar as coisas prometidas pelo rei que conspirou para lançar uma praga sobre os filhos de Israel. (Ver Números 31:16.) Ele fez escolhas que o tornaram escravo de sua sede das riquezas e do poder prometidos pelo rei. Ao agir assim, perdeu a vida pela espada de Israel — assim como a liberdade espiritual que outrora tivera (ver Números 31:8). O Exemplo de Cristo Algumas pessoas sentem que estão na escravidão por causa de sua pobreza. A pobreza pode de fato ser restritiva, limitando algumas das escolhas que uma pessoa pode fazer. Contudo, a pobreza não é uma causa de escravidão no sentido espiritual. O Jesus mortal tinha poucos bens e dependia dos outros para comer e manter-se. No entanto, não estava na escravidão. Sua disposição de sacrificar tudo o que o Pai Celestial exigia e de guardar todos os Seus mandamentos trazia-lhe a suprema liberdade. O Senhor exige sacrifícios para testar os fiéis. Ele pediu a Abraão que sacrificasse seu filho Isaque. Ordenou ao mancebo rico: “Vai, vende tudo que tens e dá-o aos pobres” (Mateus 19:21). O Profeta Joseph Smith e os santos pioneiros fizeram grandes sacrifícios para estabelecer a Igreja “no cume dos montes” (Isaías 2:2). O Senhor pede a nós também que façamos sacrifícios. O profeta Leí, em seu último discurso registrado a seus filhos, suplicou-lhes: “Quisera que (...) sacudísseis as pavorosas correntes que vos prendem, que são as correntes que prendem os filhos dos homens, de modo que são levados cativos ao eterno abismo da miséria e da dor” (2 Néfi 1:13). Suas palavras assemelham-se à mensagem do Salvador: “Todo aquele que comete pecado é servo do pecado” (João 8:34). E como uma pessoa pode “[sacudir] as pavorosas correntes” da escravidão espiritual? Ao purificarmos nosso coração e voltarmo-nos para o Salvador com a firme determinação de cumprir Seus mandamentos, Ele aumentará nossa força pelo poder de Sua graça. Então, cada decisão justa que tomarmos pode conduzir a outras escolhas corretas no futuro. A luta para escaparmos do cativeiro espiritual e recobrarmos nossa liberdade nem sempre é um processo fácil; de fato, pode levar-nos ao fogo do ourives. Contudo, devido à Expiação e ao grandioso dom do arrependimento, foi-nos prometido: “Ainda que vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve” (Isaías 1:18). O Salvador prometeu: “Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (João 8:31–32) Ponhamos em prática em nossa vida esses princípios que sabemos ser verdadeiros. Em vez de submetermo-nos ao cativeiro, façamos escolhas justas e “[permaneçamos] na (...) palavra” do Salvador. Então, seremos verdadeiramente livres. ■ A LIAHONA JULHO DE 2006 39 Vá Ver os Meninos Mary Rich Goodwin N ossa casa em Manti, Utah, era pequena e nossa família muito unida. Nossos filhos, Stewart e Chandler, sempre brincavam juntos e dividiam um quarto. O quarto era pequeno, e eles pareciam não se importar de dormir juntos numa cama de solteiro, cada um ocupando uma das extremidades. Os dedos de seus pés mal chegavam à metade da cama, e muitas vezes ouvíamos os sons de risadas quando eles encostavam nos pés um do outro. Eles logo cresceram e não cabiam mais na cama, então visitamos várias lojas e decidimos comprar um beliche. Eles ficaram empolgadíssimos quando meu marido, Rex, montou as novas camas. Ele colocou uma tábua no alto da cama de cima para impedir que Stewart, de quatro anos, caísse. Chandler era mais novo e menor e ficou na cama de baixo. Depois da oração familiar, eles subiram, muito contentes, na nova cama, e ouvimos seus risos e cochichos mesmo depois de fecharmos a porta. Algum tempo depois, eles adormeceram, e a casa ficou em silêncio. As tarefas domésticas, como a louça e a roupa suja, mantiveram-me ocupada no restante da noite, e apertei com força as mãos do Rex quando fizemos nossa oração noturna. Por fim, deitamo-nos, exaustos depois do longo dia de trabalho. Acho que, 40 em questão de segundos, caí num sono profundo. Por volta das 2h da manhã, acordei, abri os olhos, olhei o relógio e estava prestes a epois da voltar a dormir oração quando ouvi uma familiar, voz muito suave: os meninos subi“Vá ver os meniram no beliche nos”. Olhei para novo, e ouvimos o Rex para ver se seus risos e cochiestava acordado, chos mesmo com a porta fechada. D ILUSTRAÇÃO: SAM LAWLOR VOZES DA IGREJA mas dormia profundamente. Fechei os olhos de novo, mas tornei a ouvir: “Vá ver os meninos”. Meu corpo estava tão cansado que eu nem tinha certeza de estar acordada e mais uma vez fechei os olhos para voltar a dormir, quando ouvi a voz pela terceira vez: “Vá ver os meninos”. Minha mente encheu-se de histórias que eu ouvira sobre a voz mansa e delicada. Eu não conseguia imaginar por que eu deveria ir ver as crianças, mas por fim saí da cama e fui até o seu quarto. Atravessei o corredor escuro e passei pela cozinha. Tudo estava calmo. Andei pela sala e finalmente cheguei ao quarto dos meninos. Ouvi um tênue choro. Quando abri a porta com o cuidado de não fazer ruído, olhei para o beliche novo e, horrorizada, vi o Chandler pendurado na cama de cima. Seu corpinho magro deslizara pela brecha entre o colchão e a tábua protetora, e sua cabeça ficara presa. Seu corpo estava pendurado para fora da cama, flácido. Como seu rosto estava coberto pelo colchão, isso abafava os gritos que ele conseguia emitir. O Stewart estava dormindo profundamente na cama de baixo, sem se dar conta dos apuros do irmão. Eles deviam ter trocado de cama depois de os pormos para dormir naquela noite. Sem tardar, tirei Chandler pela brecha e abracei-o com força. Seus olhos assustados e rasos d’água encontraram os meus. Dei-me conta de que ele escapara da morte por um triz. Embalei-o até dormir e coloquei-o na cama de baixo, ao lado do irmão. A imagem de Chandler pendurado no alto do beliche não me saía da mente. Eu sabia que ele não teria sobrevivido por mais do que alguns minutos. Ao ver meus dois filhos dormindo, senti o Espírito protetor do Senhor em meu coração e percebi que vivera um milagre naquela noite. Depois de voltar para o meu quarto, ajoelhei-me e agradeci ao Pai Celestial pelos sussurros insistentes que eu ouvira e pela segurança de nossa família. ■ Fiel à Minha Decisão Yazmin Ojeda E u tinha 11 anos de idade quando conheci a Igreja. Desde o momento em que entrei numa capela pela primeira vez, senti um espírito maravilhoso. Continuei a freqüentar por vários meses e nesse meio tempo fiz 12 anos e comecei o programa de Progresso Pessoal nas Moças. Dois meses depois, em 14 de agosto de 1994, fui batizada. Os membros da ala ficaram surpresos ao verem uma menina de 12 anos ser batizada sozinha, sem os pais. Como isso acontecera? Eu pedira permissão a meu pai para ser batizada e ele respondera: “Você é uma moça inteligente e saberá que decisão deve tomar”. Eu já decidira no coração que jamais me privaria do sentimento maravilhoso que me acompanhava desde que eu travara contato com o evangelho verdadeiro. Na escola secundária, vivi anos maravilhosos e difíceis ao mesmo tempo, pois durante a adolescência os jovens anseiam pelo apoio dos pais. Não era fácil ser o único membro da Igreja em casa quando meus pais faziam coisas que iam de encontro aos ensinamentos do evangelho. Mas eu lembrava-me sempre do que Néfi dissera: “Se (...) perseverardes até o fim, eis que assim diz o Pai: Tereis vida eterna” (2 Néfi 31:20). Anos depois, meus irmãos mais novos foram batizados, mas meus pais não. Os missionários conversaram com eles, mas eles não queriam Q uando o Presidente Hinckley visitou nossa ilha e incentivou-nos a freqüentar o templo, tomei a firme decisão de que me casaria para a eternidade. A LIAHONA JULHO DE 2006 41 converter-se. Fiquei triste com essa decisão, mas eu sabia que dera um bom exemplo. Aos 16 anos de idade, viajei para o Templo em Orlando, Flórida, e foi uma das experiências mais belas de minha vida. Fui sozinha e tive a oportunidade de ser batizada por meus antepassados. Dois anos depois, quando recebi meu Certificado de Reconhecimento das Moças, mal conseguia conter a alegria. Eu sentia que o Pai Celestial estava satisfeito comigo. Quando o Presidente Gordon B. Hinckley visitou nossa bela ilha de Porto Rico e discursou para os membros, tive o privilégio de cantar no coro. Ele incentivou-nos a freqüentar o templo na ilha vizinha da República Dominicana. Assim fiz, e nesse templo tomei a firme decisão de que me casaria para a eternidade com um exmissionário. Atingi essa meta ao conhecer um portador digno do sacerdócio que fizera missão. Fomos selados no Templo da República Dominicana para o tempo e a eternidade. Hoje temos um filhinho e estou servindo na presidência das Moças da estaca. Meus pais ainda não são membros, mas fico satisfeita com o exemplo que lhes dou. Procuro concentrarme nas qualidades deles e esquecer suas imperfeições. Sei que pertenço à Igreja verdadeira e que Jesus Cristo é meu Salvador. Meu sonho, e oro por isso, é ser selada um dia a meus pais e irmãos. Amo este evangelho que trouxe tanta alegria e esperança a minha vida. ■ 42 A Bênção Joel R. Bryan E van Payne era o dono e gerente de um posto de gasolina e oficina em Thousand Oaks, Califórnia. Era muito alegre e sorridente e sempre se lembrava do nome das pessoas. Conhecia todos os clientes, bem como os filhos e carros deles. Evan trabalhava infatigavelmente, seis dias por semana, e procurava genuinamente ajudar as pessoas. Oferecia trabalho a adolescentes que tinham problemas familiares ou estavam preparando-se para a missão ou voltando dela. Ficava no posto até tarde da noite ou chegava muito cedo de manhã para atender a um cliente. Quase todos na cidade conheciam Evan Payne e gostavam dele. Evan também tinha uma agenda cheia no lar e na Igreja. Ele e sua esposa, Becky, tinham cinco filhos, de 7 a 13 anos. Ele servira duas vezes como conselheiro no bispado, bispo e no momento era conselheiro na presidência da estaca. O Evan era jovem, atlético, feliz e extrovertido. Tinha cabelo castanho escuro e um rosto bonito. Adorava esquiar e jogar beisebol e basquete. Assim, mal pude acreditar quando me disseram que estava com leucemia. Nos meses que se seguiram ao diagnóstico, houve vários jejuns na família, ala e estaca. Evan passou por quimioterapia e radioterapia. Como o câncer não regrediu, seus irmãos fizeram testes para verificar se poderiam servir de doadores de medula óssea. Nenhum deles era compatível. Ele e Becky colocaram todos os negócios em dia e prepararam-se para o pior, mas apesar do sofrimento, Evan permanecia otimista e positivo. Continuava a trabalhar quase todos os dias, embora seu sofrimento fosse visível. Certo dia, o telefone de meu escritório tocou. “Joel”, disse Evan, “quais são seus planos para hoje à noite? Gostaria que me acompanhasse para dar uma bênção a um membro de sua ala. Estaria disponível?” “Claro”, respondi. “Quem vamos abençoar?” “Sally Carlisle. (O nome foi alterado.) É uma irmã idosa de San Diego. Ela está na cidade visitando a filha, Joan Wilson, que não está ativa na Igreja. Eu deveria levar o mestre familiar dos Wilson, mas não sei quem é, e ela precisa da bênção com urgência. Pode vir buscar-me?” De repente, senti um aperto no coração e uma enorme culpa. Por vários meses eu fora designado como mestre familiar da família Wilson, mas nem sequer telefonara para eles. Em várias ocasiões, eu planejara telefonar ou fazer uma visita, mas a cada vez racionalizava e achava um pretexto para adiar. Eu não cumprira meu dever. Eu disse a Evan que o buscaria às 19 h. Durante o trajeto de carro, Evan explicou que os Wilson eram fregueses de seu posto de gasolina havia muitos anos. Joan fora criada na Igreja, mas se afastara no início da fase adulta. Casara-se com Mike Wilson, que não era membro da Igreja, e eles tinham criado os quatro meninos na religião de Mike. Evan explicou que daríamos uma bênção à mãe de Joan, que estava com uma forte gripe. Joan telefonara para Evan no posto e solicitara sua presença. Ele era o único membro da Igreja que ela conhecia. Quando chegamos à casa dos Wilson, Joan recebeu-nos à porta, mas logo pediu licença, retirou-se e deixou-nos a sós com sua mãe. Sally explicou o quanto gostaria que a filha voltasse para a Igreja e como orava para que o Mike e a Joan viessem a receber as bênçãos do evangelho. Depois de conversarmos por alguns minutos, ungi-a e o Evan abençoou-a. Foi uma bênção simples de saúde e consolo. Ao levar o Evan de volta para casa, senti-me agradecido por ter presenciado aquela bênção do sacerdócio. Fiquei grato também por conhecer a família Wilson e passar aqueles momentos com Evan Payne, que faleceu poucos meses depois. Nos anos seguintes, visitei a família Wilson com regularidade. Eles recebiam-me bem e lembravam-se de mim como o amigo do Evan. Inicialmente, falávamos apenas sobre o Evan e como fora uma influência positiva em nossa comunidade. Continuei como mestre familiar dos Wilson durante 15 anos e tentei ser como o Evan e ajudar em tudo que eu podia. O Mike e a Joan tornaram-se bons amigos meus e abençoaram minha vida. Embora a Joan não tenha voltado à atividade e Mike não tenha entrado para a Igreja, sempre serei grato por seu amor e amizade. Eu estava servindo como bispo quando a Joan faleceu. Na época de sua morte, o Mike fez uma grande doação ao fundo missionário da ala. Esse dinheiro permitiu-nos ajudar um missionário da ala que se filiara à Igreja quando adolescente e não contava com auxílio financeiro da família para servir. A contribuição do Mike tocou indiretamente a vida de muitos conversos que esse jovem élder ensinou. Embora eu tenha certeza ngi a irmã de que a intenção do Evan Carlisle e não era dar-me lições de o Evan abenmoral naquela noite há tançoou-a. Ao levá-lo tos anos, aprendi que realide volta para casa, zar a obra do Senhor não é senti-me grato por um fardo. Tento, como o passar aqueles Evan, interessar-me verdamomentos com deiramente pelos filhos do Evan Payne. Pai Celestial e preocupar-me com eles. E, como mestre familiar, procuro ser tão fiel quanto o Evan e agir segundo a vontade do Salvador. ■ U A LIAHONA JULHO DE 2006 43 PA U L VA N D E N B E R G H E Revistas da Igreja PREFEITA PO R Imagine que você é um jovem santo dos últimos dias que mora em Trujillo, Peru. Agora imagine que é o prefeito. FOTOGRAFIAS: PAUL VANDENBERGHE, CORTESIA DO JORNAL EL HERALDO, TRUJILLO, PERU Um jornal local publicou um artigo sobre Amy Arreátegui Pozo. Nas fotografias da reportagem (página oposta), Amy reúne-se com o verdadeiro prefeito de Trujillo e consulta a agenda de seu dia como prefeita. 44 É difícil fazer escolhas certas aos 15 anos de idade. Mas quando suas decisões afetam a vida de centenas de milhares de pessoas, a pressão torna-se ainda maior. Essa foi a situação com a qual se deparou Amy Arreátegui Pozo ao ser escolhida entre 123 alunos para ser a prefeita de Trujillo, Peru, a terceira maior cidade do país. Prefeita por um dia, para sermos mais claros. Quando Amy era Menina-Moça na Ala Mousserat, Estaca Trujillo Peru Laureles, freqüentava uma escola secundária chamada Academia de Engenharia. “Uma de minhas metas”, conta, “era tornar-me a prefeita estudantil [algo como presidente do grêmio estudantil] da escola, e realizeia. Era meu sonho. Minha meta seguinte era vencer o concurso ‘Prefeito por um Dia’, e aqui estou. Finalmente consegui. O que me ajudou a ganhar foi minha autoconfiança.” É claro que o fato de mostrar que tinha várias idéias excelentes para melhorar as escolas e bairros da cidade também contribuiu. Foi muito trabalhoso levantar idéias para o concurso, mas triá-las e decidir quais incluir foi muito fácil. Para isso, Amy usou um método no qual aprendeu a confiar — um método que lhe proporcionou a confiança mencionada. É o processo de pedir e receber respostas por meio da oração. “Sempre orem ao Pai Celestial ao tomarem uma decisão e assim sempre farão a escolha correta”, diz Amy. Esse é um dos motivos pelos quais ela conseguiu desempenhar tão bem a responsabilidade quando a Cidade de Trujillo emitiu o decreto que a reconhecia como “prefeita por um dia”. A câmara de vereadores reuniu-se para respaldar suas atividades durante suas 24 horas como prefeita. Todos os contratos, decisões e autorizações teriam valor legal. Prefeita por um Dia Amy chegou à prefeitura às 7h30, antes mesmo que o Prefeito José Murgia Zannier, prefeito de Trujillo há mais de 10 anos. Depois de ser empossada oficialmente, reuniu-se com o Prefeito Murgia para consultar a agenda do dia e coordenar alguns detalhes. Assim começou seu dia atarefado como prefeita. No veículo oficial da prefeitura, Amy fez uma visita para inspecionar um parque onde a cidade pretendia edificar um centro esportivo e recreativo. Em seguida, visitou uma escola pública, onde se reuniu com o diretor e verificou o andamento da construção de duas salas de aula. UM D IA A LIAHONA JULHO DE 2006 45 De volta à prefeitura, Amy reuniu-se com um representante da defensoria pública e com o diretor da Creche San José. Sem tardar, Amy decidiu mandar um grupo de operários à creche para fazerem alguns consertos necessários. Ela recebeu ainda visitas de várias outras escolas em busca de fundos. Numa entrevista coletiva, Amy lançou seu programa de liderança juvenil chamado “Um Desafio para o Futuro”. Desde a criação desse programa, líderes adolescentes de mais de 100 escolas da cidade se reúnem mensalmente com autoridades governamentais para tratar das necessidades da educação. Em seguida, Amy presidiu uma sessão na câmara de vereadores, abrindo os trabalhos e lendo a lista de presença. Também plantou uma árvore na reinauguração de um parque municipal reformado e ouviu as reivindicações dos moradores da área. À noite, assistiu a um evento cultural numa das praças da cidade. Foi um dia carregado para Amy, uma jovem descrita por um dos jornais locais como “notável na inteligência, sobriedade, eloqüência e capacidade de liderança, mas, acima de tudo, em suas metas e objetivos arrojados”. Educação e Prioridades A experiência de Amy ao servir como prefeita por um dia abriu-lhe os 46 olhos para as muitas necessidades da comunidade. Uma dessas, a educação, já era um dos focos dos planos e programas de Amy. Contudo, ela tem consciência de que embora a escola seja fundamental, há outros aspectos importantes de nossa vida que devem ter primazia sobre a educação secular. “Sinto que aqui em Trujillo, que é considerada a capital cultural do Peru, muitos deixam a Igreja de lado e dão mais atenção aos estudos”, diz Amy. “Há muitos jovens da Igreja que não vão para a missão para darem continuidade aos estudos na universidade ou que param de ir ao instituto e às reuniões da Igreja.” Assim, ao mesmo tempo em que estuda com afinco na escola e pretende ser psicóloga, Amy também se dedica a fundo a seu chamado como professora na Escola Dominical e a seu progresso espiritual pessoal. Ela compreende que há um tempo para tudo: para os estudos, para a Igreja e para os amigos, familiares e diversões. É uma questão de perspectiva e prioridade. Amy explica: “O profeta deseja que os jovens obtenham o máximo de instrução possível, e o Senhor sempre preparará o caminho para isso, assim não precisamos sair da Igreja para fazer algo de natureza secular. Embora seja importante terminar os estudos, ainda mais importante é cumprir os mandamentos de nosso Pai Celestial”. Princípios Acima dos Amigos Os jovens do Peru enfrentam muitas das mesmas dificuldades que a juventude do mundo todo. As tentações para seguirem os caminhos do mundo são chamativas: pornografia, imoralidade e desonestidade. “A moda e todas as tendências, como a música, também constituem um problema, pois a maioria de nós está cercada de não-membros, então às vezes é fácil sermos influenciados por nossos amigos e não nossos princípios”, diz Amy. Ela salienta que não devemos ceder às pressões das pessoas que gostariam que rebaixássemos nossos padrões. “Outro problema”, cita ela, “é que quando um jovem entra para a Igreja, às vezes perde amigos.” Amy sente-se abençoada por ter achado amigos e força entre seus familiares, membros da ala e colegas no seminário. Eles sempre estiveram a seu lado para apoiá-la e incentivá-la a seguir o Senhor. A fotografia do jornal (página oposta) mostra Amy reinaugurando um parque municipal que passara por reformas. Detalhe: Amy (no centro, à frente) de pé com amigos do seminário. Confiança nas Decisões Agora que Amy sentiu na pele como é governar Trujillo, quais são seus planos para o futuro? “Vou começar como prefeita na escola”, explica, “e depois talvez prefeita de uma unidade local e depois prefeita de um distrito e por fim a primeira mulher presidente do Peru.” Amy diz que falta a muitos jovens a confiança para traçar metas e alcançá-las, pois não compreendem por que estão aqui na Terra e o que devem fazer na vida. Ao construir sua vida em torno do evangelho, Amy adquiriu a confiança necessária para ter êxito em qualquer coisa que almejar em retidão. “Aproximo-me do Pai Celestial ao orar e pedir Sua confirmação em qualquer decisão que preciso tomar”, diz ela. “É muito especial para mim sentir Seu Espírito e saber que aprova minhas escolhas. Ao contar com Seu endosso, sinto que as coisas sempre terminarão bem.” ■ A LIAHONA JULHO DE 2006 47 COMENTÁRIOS Uma Fonte de Conhecimento A Liahona na Internet A Liahona é uma fonte de conhecimento para mim e ajuda-me a superar as dificuldades do cotidiano. A entrevista com o Élder Henry B. Eyring intitulada “Uma Conversa a respeito do Estudo das Escrituras”, na edição de julho de 2005, foi sensacional. Graças a esse artigo, aprendi a usar as escrituras de modo mais eficaz. Sou muito grato pela revista A Liahona e por seu conteúdo. Sintome ainda mais agradecido por poder acessá-la na Internet e assim lê-la onde quer que eu esteja. De vez em quando, leio A Liahona na Internet e isso me ajuda muito. Eu gostaria de ver o Livro de Mórmon inteiro disponível na Internet e, se possível, todas as escrituras em espanhol. Seria uma bênção lê-las em qualquer lugar. José Carrasco Benites, Peru Um Recurso Importante Desde que me filiei à Igreja, adoro ler A Liahona em tonganês. Ela tornou-se um importante recurso para mim à medida que minha compreensão do evangelho aumentou. Sou professor do instituto e gosto de usar A Liahona para preparar minhas aulas, discursos e pensamentos espirituais. Em geral, dou especial atenção às mensagens da Primeira Presidência. Os princípios e doutrinas do evangelho que elas ensinam tornam-se uma luz para minha vida. Ao ler A Liahona diligentemente e estudar as escrituras, sinto um poder divino e a orientação do Espírito Santo, o que me ajuda a permanecer no caminho estreito e apertado nesta jornada perigosa. Também gosto de ler notícias sobre os membros da Igreja de outros países. Saiatua ‘Ie’ula Fa’apoi, Nova Zelândia 48 Nota do redator: A Liahona está disponível na Internet em 12 idiomas. Vá a www.lds.org e clique no mapamúndi. Em seguida, selecione um idioma. As escrituras em espanhol agora estão também disponíveis em www.lds.org. Segue abaixo um pôster em potencial sem título nem texto. Ajude-nos a transformar essa fotografia num pôster. Que verdade do evangelho essa fotografia pode ilustrar? Escreva um título curto e criativo (de 1 a 6 palavras) para a parte superior do pôster e um texto para a parte inferior. Você pode até inserir uma referência das escrituras. Consulte edições anteriores e a página 24 desta edição para ver exemplos de pôsteres. Precisamos de suas idéias antes de 15 de agosto de 2006. Envie-as para: Liahona Poster 50 E. North Temple St. Rm. 2420 Salt Lake City, UT 84150-3220, USA Ou por e-mail para: [email protected] PLANEJAR COM ANTECEDÊNCIA Você é um recém-converso ou conhece alguém que seja? Não perca a edição de outubro de 2006 da revista A Liahona. Ela se destinará especialmente aos membros novos da Igreja e poderá ser oferecida pelos demais leitores a seus amigos recém-conversos. FOTOGRAFIA: DAVID TIPLING © GETTY IMAGES Sandro Everaldo Ponte Machado, Brasil AJUDE A CRIAR UM PÔSTER PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S • J U L H O D E 2 0 0 6 OAmigo VINDE AO PROFETA ESCUTAR Pautem Sua Vida pela Fé P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N instrutor, que abriu um grande e belo sorriso samoano. Em seu idioma, fez o anúncio às crianças. Elas manifestaram radiantes m meio à confusão de nossa época, sua aprovação. a fé segura torna-se uma âncora O professor então revelou-me o motivo em nossa vida. Se buscarmos o de sua alegria e a das crianças. Ele disse: Pai Celestial em oração pessoal e familiar, “Quando soubemos que um membro do desenvolveremos o que o grande estadista Quórum dos Doze Apóstolos viria visitaringlês William E. Gladstone descreveu nos aqui em Samoa, tão longe da sede da como a maior necessidade do mundo: Igreja, eu disse às crianças que se orassem “Uma fé viva num Deus pessoal”. O Presidente com sinceridade e intento e exercessem fé Onde quer que estejamos, nosso Pai Monson ensinou como nos relatos antigos da Bíblia, o apósCelestial pode ouvir e responder às oraque, se vivermos tolo visitaria nossa pequena vila de Sauniatu ções feitas com fé. com fé, o Espírito e, por meio de sua fé, seria inspirado a cumHá muitos anos, em minha primeira visita Santo estará primentar cada uma delas com um aperto à aldeia de Sauniatu, em Samoa, eu e minha conosco. de mão”. esposa tivemos uma reunião com um grande Não pude conter as lágrimas quando aqueles menigrupo de criancinhas—quase 200 no total. Ao fim de nos e meninas maravilhosos andavam timidamente até nossa mensagem para essas crianças tímidas, porém linnós e sussurravam com ternura o doce cumprimento das, sugeri ao professor samoano que encerrássemos a samoano: “Talofa lava”. Fora uma profunda expressão reunião. de fé. Quando ele anunciou o último hino, senti-me comSe vocês, queridos e jovens amigos, pautarem pelido a cumprimentar pessoalmente cada uma daquesua vida pela fé, merecerão a companhia do Espírito las crianças. Vi no relógio que não teria tempo para tal Santo. Terão “um perfeito esplendor de esperança” privilégio, pois tínhamos um vôo marcado para fora (2 Néfi 31:20). ● do país, assim ignorei a impressão recebida. Antes da última oração, senti mais uma vez que devia apertar De “O Farol do Senhor: Mensagem para os Jovens da Igreja”, a mão de cada criança. Comuniquei esse desejo ao A Liahona, maio de 2001, pp. 2–7. Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência A2 FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY; ILUSTRAÇÃO: PAUL MANN E Cole Dobre Dobre O Pai Celestial Ouve e Responde às Orações Dobre Nota: Caso não queira arrancar as páginas da revista, faça uma fotocópia desta atividade, copie-a à mão ou imprima-a da Internet no site www.lds.org. Para a versão em inglês, clique em “Gospel Library”. Para os demais idiomas, clique no mapa-múndi. TEMPO DE COMPARTILHAR O Pai Celestial Ouve e Responde às Orações “Sê humilde; e o Senhor teu Deus te conduzirá pela mão e dará resposta a tuas orações” (D&C 112:10). L I N DA M A G L E B Y O Pai Celestial ama-nos e deseja que oremos a Ele. Podemos orar a qualquer momento e em qualquer lugar. Ele ouve e responde a nossas preces. Charlotte Clark tinha apenas seis anos de idade quando sua família saiu de Nauvoo, Illinois, e viajou para o Oeste, rumo ao Vale do Lago Salgado. Era uma caminhada extremamente longa. Charlotte andou tanto que logo gastou seu único par de sapatos. Todas as noites, quando se ajoelhava para orar, Charlotte pedia um par de sapatos ao Pai Celestial. Certo dia, Charlotte e sua irmã estavam colhendo frutas quando Charlote avistou um par de sapatos. Ela e a irmã correram até a mãe e o pai e disseram: “O Pai Celestial enviou-me sapatos, e cabem perfeitamente!” O pai de Charlotte ficou preocupado, pois os sapatos podiam pertencer a alguém que os perdera. Ele disse a Charlotte que se os sapatos fossem de alguém de sua companhia de carroções, seria preciso devolvê-los. A família de Charlotte mostrou os sapatos a todos, mas ninguém se apresentou como dono. A oração de Charlotte foi respondida. O Pai Celestial atende a nossas orações. As respostas nem sempre chegam da forma esperada, mas Ele responderá da maneira que for melhor para nós. Podemos orar a Ele a qualquer momento, em qualquer lugar. ILUSTRAÇÃO: DILLEEN MARSH § Atividade Para lembrar-se das partes da oração, recorte as formas da página A4 nas linhas pretas cheias. Dobre nas linhas pontilhadas e cole a forma maior para fazer um tubo achatado. Na tira estreita, escreva nas linhas algumas coisas pelas quais você é grato e algumas bênçãos que pede ao orar. Deslize a tira estreita para dentro da parte dobrada. Você pode deixar esse lembrete sobre o travesseiro para não se esquecer de orar antes de dormir. À noite, coloque-o ao lado da cama para lembrar-se de orar pela manhã. Idéias para o Tempo de Compartilhar 1. Use a leitura dramática (ver Ensino, Não Há Maior Chamado [1999], p. 177) para contar a história de Daniel. Antes da Primária, prepare um roteiro simples empregando como guia Daniel 6. Use palavras tiradas diretamente das escrituras para narrar os fatos. Os participantes incluem um narrador, Daniel, o rei Dario, vários presidentes e príncipes e leões. Os presidentes e príncipes poderiam, por exemplo, ler o versículo 8: “Agora, pois, ó rei, confirma a proibição, e assina o edito”. Daniel diria o que está escrito no versículo 22: “O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões”. Discuta como as escrituras registram a história de outras pessoas cujas orações foram respondidas. Separe a Primária em grupos e dê a cada um deles uma referência das escrituras sobre pessoas cujas orações foram respondidas, como Ana (I Samuel 1:8–20), Zacarias (Lucas 1:5–13), Néfi (1 Néfi 17:8–10), Enos (Enos 1:1–6) e Alma, o Pai (Mosias 27:8–14). Peça às crianças que leiam as histórias e depois contem ao grupo como o Pai Celestial respondeu às orações. Testifique-lhes que o Pai Celestial ouve e responde às orações hoje. 2. Convide duas ou três pessoas da ala para vestirem-se como pioneiros e contarem histórias verídicas sobre como o Pai Celestial respondeu às orações dos pioneiros. Conte histórias na primeira pessoa (ver Ensino, Não Há Maior Chamado, pp. 165, 179). Use relatos de sua própria família ou conte a história de Charlotte Clark, contida nesta página. Preste testemunho de que o Pai Celestial atenderá a suas orações. ● O AMIGO JULHO DE 2006 A5 DA VIDA DO PRESIDENTE WILFORD WOODRUFF Este É o Lugar Em 1847, os pioneiros santos dos últimos dias estavam viajando pelo que hoje constitui os Estados Unidos para encontrar a terra prometida no Oeste. Os santos não sabiam exatamente para onde iriam. Brigham Young era o presidente do Quórum dos Doze Apóstolos na época. Era o único que sabia onde o Senhor desejava estabelecer Sião. Mas ele estava muito doente. Em 24 de julho de 1847, o Élder Woodruff conduzia a parelha de cavalos que levava o carroção rumo ao Vale do Lago Salgado. O Presidente Young ia deitado atrás. Pai Celestial, por favor abençoa o Presidente Young para que ele saiba para onde levar os santos. Élder Woodruff, preciso continuar a viagem para o Oeste. Mas está doente demais! ILUSTRAÇÃO: SAL VELLUTO E EUGENIO MATTOZZI Que nada! Basta que me coloque no fundo do seu carroção. A6 Assim que viu o vale desértico do Grande Lago Salgado, o Presidente Young pediu ao Élder Woodruff que parasse. Este é o lugar certo; pois o Senhor já o mostrou a mim numa visão. Vinte e dois anos depois, o Élder Woodruff recordou esse acontecimento ao escrever em seu diário. Hoje participei da comemoração do Dia dos Pioneiros. Atualmente, somos mais de 100.000 almas. Vejam quanto Deus já fez! Adaptado de Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Wilford Woodruff (2004), pp. 146–150. O AMIGO JULHO DE 2006 A7 “Cumpri todas as promessas que fizestes uns aos outros” (D&C 136:20). Minha Irmã, Meu Exemplo SHANNA BUTLER Revistas da Igreja Baseado numa história verídica A8 à praia com alguns amigos e seus pais. Minha mãe deulhe as mesmas instruções que me dera anos antes: vá e divirta-se, mas não nade. Quando minha irmã chegou à praia, os pais de seus amigos disseram-lhe que podia nadar. Eles não contariam para sua mãe, então não havia mal algum. Ainda que achasse que minha mãe jamais saberia, minha irmã disse aos pais dos amigos que não iria nadar, pois sua mãe proibira e ela queria ser obediente. Os adultos tentaram convencê-la que não havia problema, mas ainda assim ela se recusou, pois sabia que devia fazer o que é certo, e eles estavam tentando induzi-la a um erro. O dia de minha irmã na praia foi tão quente quando o meu na piscina, e ela queria nadar tanto quanto eu. Mas minha irmã mais nova tornou-se meu grande exemplo ao optar por honrar nossos pais e obedecer a eles. Quando minha mãe me contou essa história sobre minha irmã, confessei-lhe que mentira no passado. Ela ficou grata por eu ter finalmente dito a verdade. Ela estava orgulhosa de minha irmãzinha, que escolhera obedecer, e eu também. ● ILUSTRAÇÃO: STEVE KROPP; FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY Q uando eu tinha cerca de oito anos, morei na Jamaica. As temperaturas podem ser bem altas naquele país. Fiquei muito animada quando um dia minha tia convidou-me para ir com ela e meu primo à casa de um amigo que tinha piscina. Uma piscina refrescante num dia ensolarado parecia uma excelente idéia. Minha mãe disse que eu poderia ir, mas não devia nadar, pois ela não sabia quem estaria lá para cuidar de nós. Garanti-lhe que só colocaria os pés na água, para refrescar-me. Quando chegamos à casa, meu primo pulou imediatamente na piscina. Alguns de nossos amigos que estavam lá também começaram a nadar. Todos insistiram para que eu entrasse na piscina e finalmente cedi. Estava muito calor e achei que minha mãe não iria saber, pois minha tia não contaria para ela. Eu sabia que não era certo pedir a minha tia que guardasse segredos para minha mãe, mas assim mesmo brinquei um pouco com meus amigos na piscina. O tempo todo, fiquei com medo do que aconteceria se minha mãe descobrisse minha desobediência. Quando voltei para casa, meu cabelo estava um pouco úmido, embora eu tivesse tentado ao máximo mantê-lo fora da água. Minha mãe perguntou-me se eu nadara, e eu menti. Disse-lhe que não. Senti-me péssima por causa disso durante muito tempo, mas não queria problemas. Alguns anos depois, quando minha irmã, Briélan, estava com sete anos de idade, foi convidada para ir “A honestidade é uma parte importante do caráter. (...) A honestidade começa quando somos jovens.” Presidente James E. Faust, Segundo Conselheiro na Primeira Presidência, “Buscamos Estas Coisas”, A Liahona, julho de 1998, pp. 48—51. Bem-vindas às Moças K I M B E R LY W E B B Revistas da Igreja Mensagem especial para as meninas de 11 anos. M utual. Progresso Pessoal. Tema das Moças. Já ouviram essas palavras antes? Se forem meninas prestes a completar 12 anos de idade, logo as ouvirão constantemente. Pedimos à irmã Susan W. Tanner, presidente geral das Moças, e à sua segunda conselheira, a irmã Elaine S. Dalton, que nos contassem tudo o que vocês precisam saber sobre o ingresso na Organização das Moças. A primeira coisa? “Amamos vocês!” diz a irmã Tanner. “Vocês são tão doces, belas e animadas! Desejam fazer o bem em sua vida. Ficamos contentes com sua entrada na Organização das Moças e estamos de braços abertos para recebê-las e ajudá-las a sentirem-se em casa.” Seu Primeiro Domingo nas Moças Finalmente vocês completaram 12 anos! O que vai ser diferente nesse domingo? Em vez de irem para o tempo de compartilhar, vão participar da reunião das Moças. A irmã Tanner conta: “Lá, haverá pessoas amorosas para recebê-las: líderes das Moças que vêm observando seu progresso e que lhes darão calorosas boas-vindas, uma presidência de classe das Abelhinhas e outras amigas”. Abelhinha é uma jovem de 12 ou 13 A10 anos de idade—em outras palavras, vocês! As jovens de 14 a 15 anos são chamadas Meninas-Moças, e as de 16 a 18, Lauréis. Embora a organização das Moças seja diferente da Primária, não há nada a temer. “Vocês foram preparadas com amor na Primária e estão prontas”, garante a irmã Dalton. “Vocês têm as bases de um forte testemunho, e ele continuará a crescer à medida que vocês progredirem nas Moças”. O Tema e os Valores das Moças “Somos filhas de um Pai Celestial que nos ama e nós O amamos.” Vocês ouviram a mesma mensagem na Primária, explica a irmã Tanner, ao aprenderem a cantar “Sou um Filho de Deus” (Músicas para Crianças, pp. 2–3). Mas não se trata de uma nova estrofe do hino—é a primeira frase do tema das Moças. “É muito importante que essa mensagem entre em seu coração”, ressalta a irmã Tanner. “Se vocês tiverem um firme testemunho de que são filhas espirituais amadas por Ele, isso afetará tudo em que vocês pensarem e sua maneira de reagir diante de todas as dificuldades da vida. Isso lhes dará coragem.” A irmã Dalton acrescenta: “Se vocês souberem quem são, terão força, desejo e comprometimento para servirem de testemunha de Deus. Isso é de suma importância nestes últimos dias”. Pertencer às Moças pode ajudá-las a prepararem-se para o futuro, ao aprenderem sobre os sete valores que constam do tema: fé, natureza divina, valor individual, conhecimento, escolhas e responsabilidades, boas obras e integridade. Ao se levantarem para recitar o tema, não se preocupem se ainda não souberem as palavras de cor. Em pouco tempo, não só as memorizarão, mas também desejarão viver de acordo com elas. FOTOGRAFIAS: MIRIAM OLIVEIRA VERSIANI NERY, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS Progresso Pessoal “Adoro o nome Progresso Pessoal, pois corresponde exatamente ao que é”, diz a irmã Tanner. “O plano do Pai Celestial consiste em fazer com que cada um de nós progrida no decorrer da vida.” Assim como o programa Fé em Deus, da Primária, o Progresso Pessoal é uma maneira de “aproximá-las do Pai Celestial. Vocês terão a oportunidade de praticar a obediência aos mandamentos e aos convênios assumidos”, diz a irmã Tanner. Contudo, o Progresso Pessoal é diferente de Fé em Deus porque as metas estão divididas em sete categorias—que correspondem aos sete valores das Moças. A irmã Dalton salienta: “Ao trabalharem em seu Progresso Pessoal, vocês usarão as escrituras, e elas as ajudarão a sentir o Espírito”. Vocês começarão a compreender melhor as escrituras, seu próprio potencial infinito e seus convênios batismais. Assim, estarão preparadas para fazer convênios no templo. “É por isso que o livro de Progresso Pessoal tem o templo na capa”, observa a irmã Tanner. “Isso as ajuda a lembrarem-se de que o Progresso Pessoal é uma forma de preparação.” Atividades e Serões A noite de atividades, ou Mutual, é realizada semanalmente. Em geral, vocês se reunirão com as moças ou apenas a classe das Abelhinhas, mas uma vez por mês a atividade contará também com a presença dos rapazes. Pode ser que vocês participem de um evento cultural, prestem serviço, aprendam a fazer algo ou pratiquem algum esporte—com divertimento garantido! Pertencer às Moças também pode dar-lhes a oportunidade de participar de serões, conferências de jovens e outras reuniões. Todos os anos, assistirão a uma sessão especial transmitida ao mundo inteiro, da mesma forma que a conferência geral. É a reunião geral das Moças, no O AMIGO JULHO DE 2006 A11 sábado que antecede a conferência geral de abril. Nela, ouvirão conselhos de nossos profetas e líderes especialmente destinados a vocês. Acampamento “Esse é o momento em que vocês terão a chance de deixar o resto do mundo para trás e entrar no belo mundo criado pelo Pai Celestial e sentir o amor Dele por vocês”, explica a irmã Tanner. Além de se divertirem muito ao ar livre, terão “a sensação maravilhosa de pertencer à família eterna do Pai Celestial”. Vocês andarão, cantarão, rirão, aprenderão e farão objetos artesanais; mas muitas jovens concordam que a reunião de testemunho é a melhor parte de todas. Esperem, Isso Não É Tudo! Vocês não só receberão muitas bênçãos ao pertencerem às Moças; também doarão muito de si mesmas. A irmã Dalton diz: “Nas Moças, vocês poderão desenvolver mais os seus talentos e usá-los também para abençoar o próximo. Vocês podem preparar-se agora para as Moças com seus próprios talentos”. Se estudarem piano, por exemplo, poderão ser convidadas a tocar nas reuniões de abertura das Moças ou Mutual. Vocês poderão até receber seu primeiro chamado nas Moças. Cada classe, se for grande o bastante, tem uma presidente, duas conselheiras e uma secretária. A irmã Dalton comenta: “A presidência de classe se preocupará com vocês e fará tudo a seu alcance para que se sintam felizes e sejam informadas de todas as atividades. Ao observarem-nas, prestem bem atenção, pois um dia vocês poderão ser chamadas para integrar uma presidência de classe. Nesse papel, aprenderão qualidades de A12 liderança que as ajudarão ao longo de toda a sua vida”. Outra maneira de contribuir é manterem sempre o ânimo. A irmã Tanner diz: “Tragam seu entusiasmo ao entrarem para as Moças! Visitei um grupo de Moças com cerca de sete jovens. A mais novinha sempre levantava a mão quando havia uma pergunta e tinha boas idéias. Pensei: ‘Ela não tem medo!’” Não tenham medo de serem vocês mesmas e receberão ainda mais. Quando concluírem o programa de Progresso Pessoal, receberão este medalhão. O Progresso Pessoal é uma maneira de preparar-se para o templo. Uma Moça Onde Quer Que Esteja Talvez sua ala ou ramo seja pequeno demais para que sua classe tenha uma presidência. Talvez morem longe e não tenham como participar das atividades semanais. Mas ainda assim vocês podem participar das Moças! Mesmo que sejam a única moça de sua ala ou ramo, podem recitar o tema semanalmente. Podem aprender a viver de acordo com os valores da organização e trabalhar em seu Progresso Pessoal. A irmã Tanner conclui: “Onde quer que estejam e sejam quais forem suas circunstâncias, vocês são moças de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Sempre podem progredir na esfera pessoal para chegarem ao templo e virem a Cristo”. É esse o propósito das Moças. ● CAIXA DOMINICAL Conte uma de suas histórias favoritas das escrituras. ILUSTRAÇÃO: SHAUNA MOONEY KAWASAKI; ABAIXO: IMAGEM DE UM LÁPIS © NOVA DEVELOPMENT Cante um de seus hinos preferidos da Primária com os demais participantes. Instruções O Lápis que Gira 1. Recorte cada quadrado. 2. Coloque os quadrados num saco de papel, feche-o e agite-o para misturar as peças. 3. Peça aos participantes que se sentem em círculo no chão. 4. Coloque um lápis no centro do círculo e escolha um participante para girar o lápis. Quando o lápis parar, a pessoa para quem ele apontar deve tirar um quadrado do saco de papel e responder à pergunta que ele contiver ou fazer o que ele indicar. Então, é a vez dela de girar o lápis. ✄ Este é um jogo divertido para a noite familiar ou pode ser acrescentado em sua Caixa Dominical. (Ver A Liahona, junho de 2006, p. A16) Diga uma maneira de preparar-se para ser um missionário de tempo integral algum dia. Dê um abraço no papai ou na mamãe. Mostre o que deve fazer durante uma oração. Fale de algo bom que alguém fez para você. Conte uma experiência que você teve ao tentar ser como Jesus. Diga três coisas pelas quais você é grato. Por que tomamos o sacramento? Diga três coisas que você pode fazer no Dia do Senhor. Explique por que comemoramos o Natal. O que você está aprendendo na Primária ou na Escola Dominical? Diga algo de que você gosta na pessoa sentada a sua frente. Por que comemoramos a Páscoa? Diga uma coisa que o profeta pediu que fizéssemos. Diga um milagre realizado por Jesus. Quem visitou Joseph Smith no Bosque Sagrado? Qual é o nome de nosso profeta atual? Diga por que somos batizados. Diga uma maneira de honrar seus pais. Nota: Caso não queira arrancar as páginas da revista, faça uma fotocópia desta atividade, copie-a à mão ou imprima-a da Internet no site www.lds.org. Para a versão em inglês, clique em “Gospel Library”. Para os demais idiomas, clique no mapa-múndi. O AMIGO JULHO DE 2006 A13 DE UM AMIGO PARA OUTRO Abençoados pelo D De uma entrevista concedida pelo Élder Douglas L. Callister, dos Setenta, a Marissa A. Widdison, das Revistas da Igreja. A14 urante o tempo em que eu e minha esposa servimos na Europa Oriental, moramos na Rússia. Certo dia, passamos uma hora no Hermitage, famoso museu de São Petersburgo. O guia advertiu-nos: “Tenham cuidado para não tocar em nenhum desses importantes tesouros, pois no Hermitage encontra-se a grande riqueza da Rússia”. O dia seguinte era domingo e durante a reunião sacramental uma menina foi confirmada membro da Igreja. Quando eu e outros portadores do Sacerdócio de Melquisedeque estávamos em volta dela e impusemos as mãos sobre sua cabeça, veio-me à mente o seguinte pensamento: “As riquezas da Rússia não estão no Hermitage, mas são suas crianças. Como portadores do sacerdócio, temos autorização para aproximar-nos, impor as mãos sobre sua cabeça e abençoá-las”. Há alguns anos, nosso filho mais novo teve um sério tumor ósseo nas costas. Quando foi hospitalizado para ser operado, ouvi os médicos conversarem sobre sua situação. Diziam que era provável que nada pudesse ser feito para salvar a vida de nosso menino. Quando fui ao quarto de meu filho, tentei incentivá-lo. Tranqüilizei-o dizendo que estava recebendo o melhor tratamento médico existente. Ele comentou: “Pai, não estou contando com os médicos, mas com minha bênção. O Senhor impôs as mãos sobre minha cabeça e abençoou-me. E tenho fé no cumprimento da bênção”. Meu filho foi curado. Sua vida é um exemplo do poder de uma bênção do sacerdócio. Uma das lições que aprendi em meu serviço na Igreja é que nosso Pai Celestial ama as criancinhas. Adora abençoá-las e, com freqüência, abençoaas por meio de Seus servos do sacerdócio. ● ILUSTRADO POR ROBERT MCKAY; À ESQUERDA: FOTOGRAFIA DE CRAIG DIMOND, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS “Ele (...) pegou as criancinhas, uma a uma, e abençoou-as” (3 Néfi 17:21). Sacerdócio TESTEMUNHA ESPECIAL 2 3 4 ? Os membros do Quórum dos Doze Apóstolos são chamados como profetas, videntes e reveladores para serem testemunhas especiais de Jesus Cristo. Têm a responsabilidade de testificar Dele ao mundo inteiro. 5 Reposta: o Élder Joseph B. Wirthlin A16 FOTOGRAFIAS: CRAIG DIMOND, © PHOTODISC, © GETTY IMAGES, E CORTESIA DA FAMÍLIA WIRTHLIN 1 Como filho mais velho da família, deu um bom exemplo a suas duas irmãs e dois irmãos. Era bondoso, prestativo e bom aluno. Uma de suas histórias favoritas das escrituras é a do nascimento do Salvador. Ele sempre gostou de estudar, desde o jardim de infância até a faculdade. Gostava de muitas disciplinas diferentes, mas sua predileta era História. Seus pais ensinaram-lhe sobre as bênçãos resultantes do trabalho. Quando criança e jovem, estava sempre ocupado trabalhando na horta e cuidando dos coelhos, galinhas e cachorros da família. Ele e a esposa, Elisa, casaram-se no Templo de Salt Lake. Ela disse que ele era “bondoso e gentil” e que gostava É Consegue adivinhar quem é? Leia as pistas sobre este membro do Quórum dos Doze Apóstolos. A resposta encontra-se abaixo. M AD I E Q H UE N I V “da espiritualidade dele”. Ele serviu como missionário na Alemanha, Áustria e Suíça. À mesa do jantar aos domingos, ele perguntava aos filhos o que tinham aprendido na Escola Dominical. Eles falavam de suas aulas e ele aprofundava os assuntos usando as escrituras. Ele e a esposa tiveram sete filhas e um filho. 6 7 8 Palavras de Sabedoria “Temos as escrituras que revelam a palavra de Deus à humanidade em todas as épocas. Ao banquetearmo-nos com as palavras de Deus, abrimos a mente para as verdades eternas e o coração aos serenos sussurros do Santo Espírito.” (“Um Passo de Cada Vez”, A Liahona, janeiro de 2002, p. 29) L I A H O N A JANUARY 2005 F16 REPRODUÇÃO PROIBIDA Na Tempestade, de Byron Pixton Neste sesquicentenário dos pioneiros de carrinhos de mão, recordamos as 10 companhias de carrinhos de mão que saíram da cidade de Iowa, no Iowa, e Florence, no Nebraska, para o Vale do Lago Salgado entre 1856 e 1860. Embora a maioria dessas companhias tenha viajado mais de 1.600 quilômetros sem maiores dificuldades, duas foram surpreendidas por fortes nevascas extemporâneas no Wyoming, onde muitos morreram. “Creio em Deus, o Pai Eterno, e em Seu Filho, Jesus Cristo, e no Espírito Santo. (...) Não tenho dúvidas sobre a realidade e individualidade Deles. Essa individualidade ficou evidente quando Jesus foi batizado por João Batista no rio Jordão. Na água, estava o Filho de Deus. A voz de Seu Pai foi ouvida declarando a filiação divina de Jesus, e o Espírito Santo manifestou-Se na forma de uma pomba.” Ver Presidente Gordon B. Hinckley, “Nestes Três Creio”, p. 2.