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ISSN:1517-8595 ISSN:1517-8595 volumeVolume 8, vúmero 2, julho - dezembro, 2006 5, Número 1, janeiro - julho, 2003. Universidade Federal de Campina Grande Centro Centro de Tecnologia de Ciências e Recursos e Tecnologia Naturais Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Brazilian Journal Agro-industrial Products UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE Reitor: Thompson Fernandes Mariz Vice-Reitor: José Edilson de Amorim ISSN 1517-8595 Campina Grande, PB v.8, n.2, p.95-190, 2006 PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Pró-Reitor: Michel François Fossy EDITOR Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS Diretor: João Batista Queiroz de Carvalho EDITOR ASSISTENTE Maria Elita Martins Duarte CORPO EDITORIAL Alexandre José de Melo Queiroz - DEAg/UFCG/Paraíba Carlos Alberto Gasparetto - FEA/UNICAMP/São Paulo Evandro de Castro Melo - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Santos e Silva - DEAg/UFCG/Paraíba José Helvécio Martins - DEA/UFV/Minas Gerais Jose Manuel Pita Villamil - DB/UPM/Espanha Josivanda Palmeira G. de Gouveia - DEAg/UFCG/Paraíba Leda Rita D'antonino Faroni - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Cardoso Almeida - DEAg/UFCG/Paraíba INFORMAÇÕES GERAIS A Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais é publicada semestralmente, podendo editar números especiais caso exista essa necessidade. A Revista tem por objetivo divulgar trabalhos técnicos científicos, técnicos, notas prévias e textos didáticos, originais e inéditos, escritos em português, espanhol e inglês, nas áreas do conhecimento em: Propriedades Físicas dos Materiais Biológicos; Armazenamento e Secagem de Produtos Agrícolas; Automação e Controle de Processos Agroindustriais; Processamento de Produtos Agropecuários; Embalagens; Qualidade e Higienização de Alimentos; Refrigeração e Congelamento de Produtos Agrícolas e Processados, além do Desenvolvimento de Novos Equipamentos e de Produtos Alimentícios. Os artigos publicados na Revista estão indexados no AGRIS AGROBASE e no CAB ABSTRACT. INFORMACIONES GENERALES Lincoln de Camargo Neves Filho - FEA/UNICAMP/São Paulo Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - EMBRAPA/Paraíba Rogério dos Santos Serôdio - CEPLAC/Bahia Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Sandra Maria Couto - DEA/UFV/Minas Gerais Satoshi Tobinaga - FEA/UNICAMP/São Paulo Silvio Luis Honório - FEAGRI/UNICAMP/São Paulo Tetuo Hara - CENTREINAR/Minas Gerais Vicente de Paula Queiroga - EMBRAPA/Paraíba Vivaldo Silveira Junior - FEA/UNICAMP/São Paulo REVISÃO DE TEXTOS Português: Marli de Lima Assis José Salgado de Assis Inglês: Ápio Cláudio de Lima Assis REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Renato Fonseca Aragão Os assuntos, dados e conceitos emitidos por esta Revista, são da exclusiva responsabilidade dos respectivos autores. A eventual citação de produtos marcas comerciais não significa recomendação de utilização por parte da Revista. REVISTA BRASILEIRA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS PUBLICAÇÃO SEMESTRAL Av Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 La Revista Brasileña de Productos Agroindustriales tiene una edición semestral, pudiendo editar números especiales caso exista esta necesidad. La Revista tiene por objetivo hacer una divulgación de los trabajos científicos, técnicos, notas previas y textos didácticos, originales e inéditos, escritos en portugués, español o ingles, en las áreas de conocimiento en: Propiedades Físicas de los Materiales Biológicos; Almacenamiento y Secado de Productos Agrícolas; Automación y Control de los Procesos Agroindustriales; Procesamiento de los Productos Agro-pecuarios; Embalajes; Calidad y Higienización de los Alimentos; Refrigeración y Congelamiento de los Productos Agrícolas y Procesados, así como también el Desarrollo de nuevos Equipos y de nuevos Productos Alimentares. Los artículos publicados en la Revista están indexados en AGRIS AGROBASE y en el CAB ABSTRACT. GENERAL INFORMATION The Brazilian Journal of Agro-industrial Products will have a has a semestral edition, but it can have special numbers if this is necessary. The purpose of the Journal is to spread Scientific and technical works, previous notes and didactic, original and unpublished works, written in Portuguese, Spanish and English about Physical Proprieties of Biological Materials; Storage and Drying of Agricultural Products; Automation and Control of Agro-industrial Processes; Processing of Vegetal and Animal Products; Packing; Quality and Healthily of Foods; Refrigeration and Freezing of Agricultural Products already processed besides the Development of New Equipment FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais/ Brazilian Journal Agro-Insustrial Products v.8, n.2, (2006). Campina Grande: Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências e Tecnologia, 2006. Campina Grande, Volume 8, Número 2, Julho-Dezembro, 2006. Semestral ISSN 1517-8595 ISSN 1517-8595 Tiragem 500 exemplares. CAPA: rosas. produção de flores em estufa. Site da RBPA http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa. 1. Engenharia Agroindustrial-Períodicos. 2. Agroindústria. 3. Produtos Agroindustriais. 4. Engenharia de Alimentos. 5. Engenharia Agrícola. CDD 631.116 ISSN 1517-8595 Volume 8, Número 2, Julho-Dezembro, 2006 SUMÁRIO/ CONTENTS Artigos Científicos Página UTILIZAÇÃO DE CONVERSORES ANALÓGICO-DIGITAIS ENDEREÇÁVEIS PARA MEDIÇÕES DE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS (Using addressable analogical to digital converters for measuring environmental variables) José Helvecio Martins, Paulo Raimundo Pinto, Daniela de Carvalho Lopes, Paulo Marcos de Barros Monteiro, José Eduardo Carvalho Monte ............................................................................................................................................................................. 95 DETERMINAÇÃO DO CALOR ISOSTÉRICO DE SORÇÃO E DA ENTROPIA DIFERENCIAL DO CAJÀ EM PÓ MICROENCAPSULADO COM DIFERENTES FORMULAÇÕES (Determination of the isosteric heat of sorption and of entropia diferencial of caja powdered microencapsulado with different formulations) Yvson Costa e Silva, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Anna Sylvia R. de R. M. Cavalcanti , Manuel Adalberto Guedes, Camila Carol Albuquerque Oliveira ........................................................................... 103 ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE UMA BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA COM POLPA DE UMBU (Spondias tuberosa sp.) (Elaboration and characterization of a dairy fermented drink produced with umbu (Spondias tuberosa sp.) pulp) Calila Teixeira Santos, Gutto Monzelle Rios Marques, Gabrielle Cardoso Reis Fontan, Rafael da Costa Ilhéu Fontan, Renata Cristina Ferreira Bonomo, Paulo Bonomo ..................................................................................................................... DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE DIFUSÃO LIQUIDA DOS GRÃOS DE FEIJÃO (Liquid diffusion coeficient determination of edible beans) Paulo César Corrêa, Osvaldo Resende, André Luís Duarte Goneli, Fernando Mendes Botelho, Bruna Lourenço Nogueira UMA EQUAÇÃO EMPÍRICA PARA DETERMINAÇÃO DE TEOR DE ÁGUA DE EQUILÍBRIO PARA GRÃOS (An empiric equation to determine the equilibrium moisture content of grains) Wilton P. da Silva, Mário E. R. M. Cavalcanti Mata, Jürgen W. Precker, Cleide M. D. P. S. e Silva, Cleiton D. P. S. e Silva, Diogo D. P. S e Silva, Antonio Gilson Barbosa Lima ..................................................................................................... CINÉTICA DE SECAGEM DO FARELO DE MAMONA (Kinetics drying of bran of castor) Marcondes Barreto de Sousa, Juarez de Paz Pedroza, Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão, Liv Soares Severino, Francisco Pinheiro Dantas .......................................................................................................................................................... AVALIAÇÃO DA ACEITAÇÃO DE PASSAS DE JACA ELABORADAS POR DIFERENTES TRATAMENTOS DE SECAGEM (Acceptance of jack fruit raisins elaborated by different drying treatments) Sânia Mara Pereira Ugulino, Deyzi Santos Gouveia, Maria Elita Martins Duarte, Mário Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Sibele Thaís Guimarães Duarte, Priscila Bezerra Santana ....................................................................................................... ESTUDO DA DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DA FRUTA DA PALMA (FIGO DA ÍNDIA) (Study of the osmotic dehydration of the fruit of the palm (fig of the indian) Cláudia Dourado Medeiros, Josilene de Assis Cavalcante, Odelsia Leonor Sánchez de Alsina ................................................ 111 117 127 135 143 153 EFEITOS DA SECAGEM CONVECTIVA E A VÁCUO SOBRE PARÂMETROS DE QUALIDADE DE FATIAS DE BERINJELA (Convective and vacuum drying of aubergine slices: a comparative study) Felipe Richter Reis, Maria Lucia Masson, Nina Waszczynskyj ................................................................................................... INFLUÊNCIA DO TEMPO DE IMERSÃO EM SOLUÇÃO DE CÁLCIO E DO COZIMENTO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO MAMÃO TIPO PASSA (Influence of the immersion time in calcium solution and the cooking on the physical-chemical characteristics of papaya “passas” Rossana Catie Bueno de Godoy, Alexandra Pereira dos Santos, Edneide Luciana Santiago Matos, Jaeveson da Silva, Nina Waszczynskyj ................................................................................................................................................................................ QUALIDADE, PROCEDÊNCIA E PERDAS PÓS-COLHEITA DE ROSAS DE CORTE COMERCIALIZADAS EM CAMPINA GRANDE-PB (Origin, quality, and postharvest losses of cut roses marketed in Campina Grande-PB) Flávio Farias Gurjão, José Alves Barbosa, Raffael Alves Rocha da Silva, Diego Lima da Silva Gomes , Arthur Hennys Diniz Barbosa, Marcelo Santos Silva, Walter Esfrain Pereira .................................................................................................. 163 171 177 MARTINS, José Helvecio; PINTO, Paulo Raimundo; LOPES, Daniela de Carvalho; MONTEIRO, Paulo Marcos de Barros; MONTE, José Eduardo Carvalho. Utilização de conversores analógicodigitais endereçáveis para medições de variáveis climáticas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.95-102, 2006. Costa e Silva, Yvson; CAVALCANTI MATA, Mario Eduardo R. M.; DUARTE, Maria Elita Martins; CAVALCANTI , Anna Sylvia R. de R. M.; GUEDES, Manuel Adalberto; OLIVEIRA, Camila Carol Albuquerque. Determinação do calor isostérico de sorção e da entropia diferencial do cajà em pó microencapsulado com diferentes formulações. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.103-109, 2006. SANTOS, Calila Teixeira; MARQUES, Gutto Monzelle Rios; FONTAN, Gabrielle Cardoso Reis; FONTAN, Rafael da Costa Ilhéu; BONOMO, Renata Cristina Ferreira; BONOMO, Paulo. Elaboração e caracterização de uma bebida láctea fermentada com polpa de umbu (Spondias tuberosa sp.) . Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.111-116, 2006. CORRÊA, Paulo César; RESENDE, Osvaldo; GONELI, André Luís Duarte; BOTELHO, Fernando Mendes; NOGUEIRA, Bruna Lourenço. Determinação do coeficiente de difusão liquida dos grãos de feijão. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.117-126, 2006. SILVA, Wilton P. da; CAVALCANTI MATA, Mário E. R. M.; PRECKER, Jürgen W.; SILVA, Cleide M. D. P. S. e; SILVA, Cleiton D. P. S. e; SILVA, Diogo D. P. S e; LIMA, Antonio Gilson Barbosa. Uma equação empírica para determinação de teor de água de equilíbrio para grãos. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.127-138, 2006. SOUSA, Marcondes Barreto de; PEDROZA, Juarez de Paz; BELTRÃO, Napoleão Esberard de Macêdo; SEVERINO, Liv Soares; DANTAS, Francisco Pinheiro. Cinética de secagem do farelo de mamona. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.139-146, 2006. Ugulino, Sânia Mara Pereira; Gouveia, Deyzi Santos; Duarte, Maria Elita Martins; Cavalcanti Mata, Mário Eduardo R. M.; Duarte, Sibele Thaís Guimarães; Santana, Priscila Bezerra. Avaliação da aceitação de passas de jaca elaboradas por diferentes tratamentos de secagem. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.147-156, 2006. MEDEIROS, Cláudia Dourado; CAVALCANTE, Josilene de Assis; ALSINA, Odelsia Leonor Sánchez de. Estudo da desidratação osmótica da fruta da palma (figo da índia). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.157-166, 2006. REIS, Felipe Richter; MASSON, Maria Lucia; WASZCZYNSKYJ, Nina. Efeitos da secagem convectiva e a vácuo sobre parâmetros de qualidade de fatias de berinjela. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p. 167-173, 2006. GODOY, Rossana Catie Bueno de; SANTOS, Alexandra Pereira dos; MATOS, Edneide Luciana Santiago; SILVA, Jaeveson da; WASZCZYNSKYJ, Nina. Influência do tempo de imersão em solução de cálcio e do cozimento nas características físico-químicas do mamão tipo passa. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.175-180, 2006. GURJÃO, Flávio Farias; BARBOSA, José Alves; SILVA, Raffael Alves Rocha da; GOMES , Diego Lima da Silva; BARBOSA, Arthur Hennys Diniz; SILVA, Marcelo Santos; PEREIRA, Walter Esfrain. Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte comercializadas em Campina Grande-PB. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.181-194, 2006. UTILIZAÇÃO DE CONVERSORES ANALÓGICO-DIGITAIS ENDEREÇÁVEIS PARA MEDIÇÕES DE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS (Using addressable analogical to digital converters for measuring environmental variables) José Helvecio Martins, Paulo Raimundo Pinto, Daniela de Carvalho Lopes, Paulo Marcos de Barros Monteiro, José Eduardo Carvalho Monte DETERMINAÇÃO DO CALOR ISOSTÉRICO DE SORÇÃO E DA ENTROPIA DIFERENCIAL DO CAJÀ EM PÓ MICROENCAPSULADO COM DIFERENTES FORMULAÇÕES (Determination of the isosteric heat of sorption and of entropia diferencial of caja powdered microencapsulado with different formulations) Yvson Costa e Silva, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, Anna Sylvia R. de R. M. Cavalcanti , Manuel Adalberto Guedes, Camila Carol Albuquerque Oliveira ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE UMA BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA COM POLPA DE UMBU (Spondias tuberosa sp.) (Elaboration and characterization of a dairy fermented drink produced with umbu (Spondias tuberosa sp.) pulp) Calila Teixeira Santos, Gutto Monzelle Rios Marques, Gabrielle Cardoso Reis Fontan, Rafael da Costa Ilhéu Fontan, Renata Cristina Ferreira Bonomo, Paulo Bonomo DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DE DIFUSÃO LIQUIDA DOS GRÃOS DE FEIJÃO (Liquid diffusion coeficient determination of edible beans) Paulo César Corrêa, Osvaldo Resende, André Luís Duarte Goneli, Fernando Mendes Botelho, Bruna Lourenço Nogueira UMA EQUAÇÃO EMPÍRICA PARA DETERMINAÇÃO DE TEOR DE ÁGUA DE EQUILÍBRIO PARA GRÃOS (An empiric equation to determine the equilibrium moisture content of grains) Wilton P. da Silva, Mário E. R. M. Cavalcanti Mata, Jürgen W. Precker, Cleide M. D. P. S. e Silva, Cleiton D. P. S. e Silva, Diogo D. P. S e Silva, Antonio Gilson Barbosa Lima CINÉTICA DE SECAGEM DO FARELO DE MAMONA (Kinetics drying of bran of castor) Marcondes Barreto de Sousa, Juarez de Paz Pedroza, Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão, Liv Soares Severino, Francisco Pinheiro Dantas AVALIAÇÃO DA ACEITAÇÃO DE PASSAS DE JACA ELABORADAS POR DIFERENTES TRATAMENTOS DE SECAGEM (Acceptance of jack fruit raisins elaborated by different drying treatments) Sânia Mara Pereira Ugulino, Deyzi Santos Gouveia, Maria Elita Martins Duarte, Mário Eduardo R. M. Cavalcanti Mata, Sibele Thaís Guimarães Duarte, Priscila Beserra Santana ESTUDO DA DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DA FRUTA DA PALMA (FIGO DA ÍNDIA) (Study of the osmotic dehydration of the fruit of the palm (fig of the indian) Cláudia Dourado Medeiros, Josilene de Assis Cavalcante, Odelsia Leonor Sánchez de Alsina EFEITOS DA SECAGEM CONVECTIVA E A VÁCUO SOBRE PARÂMETROS DE QUALIDADE DE FATIAS DE BERINJELA (Convective and vacuum drying of aubergine slices: a comparative study) Felipe Richter Reis, Maria Lucia Masson, Nina Waszczynskyj INFLUÊNCIA DO TEMPO DE IMERSÃO EM SOLUÇÃO DE CÁLCIO E DO COZIMENTO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICOQUÍMICAS DO MAMÃO TIPO PASSA (Influence of the immersion time in calcium solution and the cooking on the physical-chemical characteristics of papaya “passas” Rossana Catie Bueno de Godoy, Alexandra Pereira dos Santos, Edneide Luciana Santiago Matos, Jaeveson da Silva, Nina Waszczynskyj . QUALIDADE, PROCEDÊNCIA E PERDAS PÓS-COLHEITA DE ROSAS DE CORTE COMERCIALIZADAS EM CAMPINA GRANDE-PB (Origin, quality, and postharvest losses of cut roses marketed in Campina Grande-PB) Flávio Farias Gurjão, José Alves Barbosa, Raffael Alves Rocha da Silva, Diego Lima da Silva Gomes , Arthur Hennys Diniz Barbosa, Marcelo Santos Silva, Walter Esfrain Pereira Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.95-102, 2006 ISSN 1517-8595 95 UTILIZAÇÃO DE CONVERSORES ANALÓGICO-DIGITAIS ENDEREÇÁVEIS PARA MEDIÇÕES DE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS José Helvecio Martins1, Paulo Raimundo Pinto2, Daniela de Carvalho Lopes3, Paulo Marcos de Barros Monteiro4, José Eduardo Carvalho Monte2 RESUMO A utilização de dispositivos eletrônicos endereçáveis em sistemas de automação vem aumentando consideravelmente, assim como o desenvolvimento e a aplicação de sistemas automáticos, para o setor agrícola, têm sido bastante incentivados. Devido à complexidade destes sistemas e à necessidade de maior confiabilidade e simplicidade em suas estruturas, novas formas de transmissão de dados têm sido propostas e estudadas. Neste trabalho, instrumentos digitais para medições de temperatura do ar, umidade relativa do ar, radiação solar e velocidade do ar foram desenvolvidos com base em conversores analógico-digitais endereçáveis. A utilização dos dispositivos propostos possibilita a implantação de sistemas de monitoramento e controle com apenas três fios, conectados diretamente a um computador, responsável pelo gerenciamento da transmissão e pelo tratamento dos dados. Calibrações e validações preliminares foram realizadas com os instrumentos digitais endereçáveis desenvolvidos, resultando em medidas com exatidão e precisão elevadas. Palavras-chave:dispositivos eletrônicos endereçáveis, temperatura do ar, umidade relativa do ar, radiação solar, velocidade ar. USING ADDRESSABLE ANALOGICAL TO DIGITAL CONVERTERS FOR MEASURING ENVIRONMENTAL VARIABLES ABSTRACT The use of addressable electronic devices in automation systems has been increased considerably, as the development and the application of automatic systems in agriculture have been quite motivated. Due the complexity of these systems and the need for more reliability and simplicity in its structures, new data transmissions ways have been proposed and studied. In this work, digital instruments for measuring air temperature, air relative humidity, solar radiation and air speed based on addressable analogical to digital converters were developed. Using the proposed devices is possible to implement monitoring and control systems with only three cables, directly connect to a computer, responsible to manage and to manipulate the data. Preliminary calibrations and validations were accomplished using the developed addressable digital instruments resulting in measures with high accuracy and precision. Keywords: addressable electronic dispositives, air temperature, air relative humidity, solar radiation, air speed. Protocolo 886 de 20/10/2006 1 Professor Titular (Ph.D), Engenheiro Agrícola. Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Engenharia Agrícola (UFV/DEA). Av. PH Rolfs, s/n, Campus Universitário, CEP: 36570-000, Viçosa, MG. Tel: 3899-1896. E-mail: [email protected] 2 Engenheiro eletricista (MS), doutorando em Engenharia Agrícola. Centro Federal de Educação Tecnológica de Ouro Preto (CEFET-OP), R. Pandiá Calógenas, s/n, CEP:35400-000, Ouro Preto, MG. E-mail: [email protected] , [email protected] 3 Cientista da Computação (DS), bolsista pós-doutor da FAPEMIG. UFV/DEA. Tel. 3899-1930. E-mail: [email protected] 4 Engenheiro eletricista (DS). Universidade Federal de Ouro Preto, Departamento de Engenharia de Automação e Controle e de Técnicas Fundamentais (UFOP/DECAT). Escola de Minas, Campus Universitário, Morro do Cruzeiro, Ouro Preto, MG, CEP: 35400-000. E-mail: [email protected] 96 Utilização de conversores analógico-digitais endereçáveis para medições de variáveis climáticas INTRODUÇÃO Cada vez mais a agricultura brasileira depende da automação, seja pela crescente complexibilidade dos processos ou pelo fato das novas tecnologias auxiliarem na sustentabilidade dos processos produtivos e no desenvolvimento econômico e social. Um dos maiores desafios é a transformação dos conhecimentos adquiridos em tecnologias e produtos eficazes ao desenvolvimento do sistema produtivo agrícola pois, a aplicação da automação é ampla e pode contribuir para o desenvolvimento em várias áreas, principalmente em sistemas de produção de produtos tropicais e também em temas que envolvam a agricultura de precisão, zootecnia de precisão e agricultura familiar tecnificada (Cruvine & Neto, 1999). Particularmente, o monitoramento das variáveis climáticas é de fundamental importância para o correto manejo da maioria dos processos agrícolas, tornando-se evidente a necessidade de equipamentos eficientes e de baixo custo, capazes de medir e transmitir os dados coletados para computadores, telefones celulares ou outros dispositivos de armazenamento de dados. Dentre as tecnologias disponíveis, os dispositivos eletrônicos endereçáveis têm se mostrado uma opção interessante para o monitoramento e o controle de processos agrícolas pois, possibilitam a aquisição, a transmissão e a manipulação dos dados, utilizando-se estruturas menos complexas e com menor custo, além de resultar em dados confiáveis (Steidle Neto, 2003). A tecnologia 1-wireTM, desenvolvida pela Dallas Semiconductor, é caracterizada por uma rede de transmissão de dados que se baseia em dispositivos eletrônicos endereçáveis e tem se destacado, quando comparada a outras tecnologias semelhantes, devido à sua versatilidade, às facilidades em sua implantação, à ampla documentação disponível gratuitamente e ao seu protocolo de comunicação simples. As redes 1-wireTM são compostas por um computador ou um microcontrolador (atuando como o mestre do sistema e sendo responsável pelo gerenciamento de toda a transmissão de dados), e dispositivos remotos, como sensores, adaptadores, chaves eletrônicas e outros, atuando como escravos e conectados à rede por dois ou três fios (Lopes, 2006). Assim, o objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento de instrumentos digitais, Martins et al. baseados na tecnologia 1-wireTM, para medição da temperatura do ar, da umidade relativa do ar, da radiação solar e da velocidade do ar, utilizando-se conversores analógico-digitais endereçáveis. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Instrumentação do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa e nos Laboratórios de Instrumentação Eletrônica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Ouro Preto (CEFET OP). Instrumentos digitais foram desenvol-vidos para medições de temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do ar e radiação solar com base em conversores analógico-digitais endereçáveis localizados no dispositivo DS2438, da série 1-wireTM. Este dispositivo foi projetado para o monitoramento de carga em baterias, e por isso, contém conversores analógico-digitais para temperatura e tensão. O DS2438 possui ainda 40 bytes de memória não volátil, que são utilizados para armazenagem de informações sobre a calibração e o endereço do dispositivo, além de um sensor de temperatura capaz de fornecer valores digitais de 13 bits para cada dado medido. Isso corresponde a um tempo de conversão da temperatura na forma digital de, aproximadamente, 10 ms e uma faixa de medição de temperatura variando de –55 C a +125 C, com resolução de 0,03125 C para temperaturas compreendidas entre –40 e 85 C (Dallas Semiconductor, 2003). O conversor analógico-digital principal do DS2438 executa a conversão de 10 bits de uma entrada de 0 a 10 V, ou a conversão de 9 bits de um sinal de tensão de 0 a +5 V com um multiplexador interno que permite ler a tensão aplicada ao seu pino da fonte de potência. O outro CAD tem o objetivo de medir a tensão desenvolvida por grandes correntes de bateria que circulam através de um resistor externo de 0,05 com uma precisão assinalada de 10 bits de 250 mV na leitura máxima da escala. (Awtrey, 2002). Cada dispositivo DS2438 possui um código de identificação próprio, gravado a laser no processo de fabricação em um chip de memória ROM. Esse código de identificação é constituído por 64 bits seqüenciais, sendo que os 8 primeiros bits representam a família à qual o dispositivo pertence (sensor, adaptador, chave eletrônica, etc), os 48 bits seguintes Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.95-102, 2006 Utilização de conversores analógico-digitais endereçáveis para medições de variáveis climáticas correspondem ao número serial único e individual que endereça o dispositivo e os últimos 8 bits se referem a um código de verificação de redundância cíclica relacionado aos 56 bits iniciais, indicando a existência ou Martins et al. 97 não de erros (Monteiro, 2001). Os circuitos integrados DS2438 estão disponíveis no mercado com encapsulamento SOIC, de 8 terminais, conforme mostrado na Figura 1. Figura 1 – Esquema do circuito integrado DS2438 Utilizando-se um único DS2438 foi possível desenvolver um instrumento digital endereçável conjugado para medição da temperatura e da umidade relativa do ar. A medição da temperatura ar foi realizada pelo sensor de temperatura interno ao DS2438 e a medição da umidade relativa do ar foi realizada conectandose um sensor de umidade relativa a um dos conversores analógico-digitais do DS2438. O sensor de umidade relativa empregado foi o HIH3610 que opera na faixa entre 4 e 5,8 VDC (calibrado em 5 VDC), com tensão de saída variando de 0,8 a 3,9 VDC, de acordo com a variação de umidade relativa (0 a 100%, sem condensação). A exatidão deste sensor é de 2% e a sua resolução é de 0,04% para valores de umidade relativa na faixa de 5 a 95% e temperaturas na faixa de 0 a 50ºC. Para a temperatura de 25 ºC e baixa velocidade do ar, o tempo de resposta do HIH3610 é de 15 s. A corrente elétrica de operação deste dispositivo é igual a 200 A, sendo possível utilizá-lo com segurança em redes 1-WireTM (Neurologic Research, 2003; Honeywell, 2003). Como o sensor HIH3610 é fotossensível, tomou-se o cuidado de protegê-lo contra a luz quando estava em operação. Na Figura 2 encontra-se o esquema do circuito utilizado para a realização das medidas de temperatura e umidade relativa do ar ambiente. Neste circuito um capacitor de 0,1 F (C1) e um diodo (D2) formaram um retificador de meia onda que alimenta o sensor de umidade e o dispositivo DS2438, caso a alimentação parasita for utilizada. Outro diodo (D1) foi localizado entre a linha de dados e o referencial, protegendo o circuito contra oscilações no sinal que ultrapassem os limites mínimos e máximos de tensão. Um resistor de 100 K (R1) e um capacitor de 0,01 F (C1) constituíram um filtro responsável por proteger a transmissão da tensão de saída do sensor de umidade ao DS2438. Essa tensão é proporcional à tensão de alimentação, sendo que a conversão dos dados medidos para valores de umidade relativa foi realizada por meio da equação 01 (Awtrey, 2000). UR (Vs / Va ) (0,16 / 0,0062) 1,0546 0,00216 Ts (1) em que, UR é a umidade relativa do ar (%), Vs é a tensão de saída do HIH3610 (V), Va é a tensão de alimentação (V) e Ts é a temperatura medida pelo DS2438 (C). Um circuito bastante parecido com o desenvolvido para medição de temperatura e umidade relativa do ar foi utilizado para medição da velocidade do ar. A diferença entre os dois circuitos está na conexão de um transdutor de velocidade (tacômetro) a um dos conversores analógico-digitais no lugar do sensor HIH3610, como mostra a Figura 3. Assim, quando o ar passa pelas hélices do tacômetro, as rotações em seu rotor são convertidas em um sinal de tensão elétrica proporcional à velocidade do ar. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.95-102, 2006 98 Utilização de conversores analógico-digitais endereçáveis para medições de variáveis climáticas Martins et al. Figura 2 – Circuito utilizado para medir a temperatura e a umidade relativa do ar Figura 3 – Circuito utilizado para medir a velocidade do ar A relação de proporcionalidade entre o sinal de tensão elétrica do tacômetro e a velocidade do ar. foi verificada durante o período de testes em que as tensões geradas em função da velocidade do vento no circuito desenvolvido foram registradas juntamente com a velocidade do ar medida por um anemômetro de fio quente (fabricado pela Alnor Company, modelo AVT55, considerado como um instrumento padrão), obtendo-se o gráfico mostrado na Figura 4 e a equação 2. Figura 4 – Relação entre as tensões geradas pelo instrumento digital endereçável e os valores de velocidade do ar coletados pelo anemômetro padrão. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.95-102, 2006 Utilização de conversores analógico-digitais endereçáveis para medições de variáveis climáticas var= 9,4403/(1+exp(-(Vt -1,573)/0,5556)) (2) em que var é a velocidade do ar (m/s) e Vt é a tensão na saída do tacômetro (V). Também no instrumento digital endereçável para medição de radiação solar, o circuito básico contendo um DS2438 foi utilizado. Neste caso, no entanto, uma célula solar foi conectada à entrada de corrente de um dos conversores analógico-digitais do DS2438, como mostra a Figura 5. Os resistores R1 e R2 Martins et al. 99 (ambos de 10 kΩ) constituem um divisor de tensão, necessário para limitar o valor típico de tensão de 450 mV, gerado pela célula solar, ao valor máximo absoluto de 300 mV, permitido ao DS2438. Os valores dos resistores para o divisor de tensão foram escolhidos de forma a evitar carregar indevidamente a célula com sua capacidade máxima. Uma vantagem desse procedimento é que várias células podem ser montadas para facear diferentes setores do céu, para cobertura de horizonte-a-horizonte. Figura 5 – Circuito utilizado para medir a radiação solar Nos testes realizados com o instrumento digital endereçável para medição da radiação solar utilizou-se, como instrumento padrão, um piranômetro, fabricado pela Kipp&Zonen, que ser baseia em uma célula fotovoltaica de silício monocristalino para coletar medidas solari- métricas. As tensões geradas em função da radiação solar no coletor fotovoltaico do instrumento digital endereçável foram relacionadas aos valores de radiação solar obtidos pelo instrumento padrão, gerando o gráfico mostrado na Figura 6 e a Equação 3. Figura 6 – Relação entre as tensões geradas pelo instrumento digital endereçável e os valores de radiação solar coletados pelo piranômetro padrão R = 108,27 V2sol – 340,59 Vsol (3) em que R é a radiação solar (W m-2) e Vsol é a tensão gerada na célula solar (V). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.95-102, 2006 100 Utilização de conversores analógico-digitais endereçáveis para medições de variáveis climáticas Os instrumentos digitais endereçáveis desenvolvidos neste trabalho podem ser conectados à rede 1-wireTM utilizando-se dois ou três fios, dependendo do tipo de alimentação do sistema. Na alimentação parasita a fonte de energia responsável por alimentar os dispositivos escravos é a carga armazenada em um capacitor, existente no circuito de alimentação parasita, localizado nos DS2438. Ou seja, neste tipo de alimentação os instrumentos digitais endereçáveis são energizados pela própria linha de transmissão de dados, sendo necessários apenas um condutor de aterramento e outro para a tansferência de informações. Mas, problemas de interrupção na transmissão de dados podem ocorrer em redes 1-WireTM com extensos comprimentos, com muitos dispositivos escravos conectados ou quando a corrente fornecida pelo mestre não for suficiente para manter a tensão de operação dos escravos. Para evitar este tipo de problema recomenda-se a utilização da alimentação externa. Neste tipo de alimentação, os dispositivos escravos obtêm energia para operar a partir de uma fonte de alimentação externa regulada de 5 Vcc que pode ser posicionada de maneira remota em relação ao mestre e mais próxima dos escravos. Devido ao uso da fonte de alimentação externa, este tipo de alimentação exige um condutor específico para alimentar os dispositivos, um condutor para transferência de dados e outropara o aterramento (Monteiro, 2001; Steidle Neto, 2003). Martins et al. Um programa computacional também foi desenvolvido para gerenciar a transmissão dos dados e armazenar os dados coletados pelos instrumentos digitais endereçáveis. Este programa foi escrito em linguagem Java, com base em sub-rotinas disponibilizadas na Internet pela Dallas Semiconductor para acesso ao endereço dos DS2438 e para a transferência dos dados coletados. A linguagem de programação Java foi escolhida em função de sua versatilidade, que possibilita a aplicação do programa desenvolvido em diferentes sistemas operacionais, assim como a futura adaptação do programa a sistemas de computação móvel, como o envio dos dados pela Internet, por redes internas ou para celulares. Um adaptador universal DS9097U-009 da série 1-wireTM foi empregado para conectar os instrumentos digitais endereçáveis desenvolvidos ao computador contendo o programa computacional de gerenciamento da transmissão de dados. Este conector apresenta uma entrada DB-9 para conexão na porta serial do computador e uma entrada RJ-11 para os condutores da rede 1-wireTM. RESULTADOS E DISCUSSÃO As medidas realizadas pelos instrumentos digitais endereçáveis desenvolvidos foram comparadas aos dados coletados por instrumentos padrão, resultando em um grau de concordância satisfatório, como mostram as Figuras 7, 8, 9 e 10. Figura 5 – Comparação entre as temperaturas do ar medidas pelo instrumento digital endereçável desenvolvido e um termômetro padrão Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.95-102, 2006 Utilização de conversores analógico-digitais endereçáveis para medições de variáveis climáticas Martins et al. 101 Figura 6 – Comparação entre as umidades relativas do ar medidas pelo instrumento digital endereçável desenvolvido e um psicrômetro padrão Figura 7 – Comparação entre as velocidades do ar medidas pelo instrumento digital endereçável desenvolvido e um anemômetro padrão Figura 8 – Comparação entre as radiações solares medidas pelo instrumento digital endereçável desenvolvido e um piranômetro padrão Ressalta-se a necessidade de trabalhos futuros no sentido de ampliar as faixas de medição dos instrumentos digitais endereçáveis para medição de velocidade do ar e radiação solar, adaptando-os ainda mais às aplicações agrícolas. Para isso, serão necessárias Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.95-102, 2006 102 Utilização de conversores analógico-digitais endereçáveis para medições de variáveis climáticas calibrações e validações mais criteriosas, visando gerar novas equações que relacionem as tensões geradas pelos circuitos com as variáveis ambientais medidas para os novos intervalos de medição. Uma vantagem dos instrumentos digitais endereçáveis desenvolvidos é a padronização da maneira como os dados coletados são transmitidos. Tanto o mestre quanto os escravos são configurados como transceptores (transmissor-receptor), permitindo que os dados fluam, de maneira seqüencial, em ambas as direções, porém em apenas uma direção a cada vez (half-duplex). Essa característica contrasta com os métodos que incorporam uma variedade de circuitos de condicionamento de sinal, tais como amplificadores de instrumentação e conversores de tensão em freqüência, cujas saídas são diferentes e freqüentemente requerem cabos específicos e fontes de alimentação para cada sensor. Também, o endereço de identificação único ou número serial de cada conversor analógico digital permite que vários instrumentos digitais endereçáveis sejam conectados a uma mesma rede 1-wireTM, facilitando a sua localização, além de reduzir os custos de instalação e manutenção do sistema resultante. Utilizando-se outros dispositivos da série 1wireTM, como sensores e contadores, é possível desenvolver outros instrumentos digitais endereçáveis, como pluviômetros, psicrômetros e sensores para direção do vento. CONCLUSÃO Os instrumentos digitais endereçáveis desenvolvidos podem ser empregados para medir a temperatura do ar, a umidade relativa do ar, a velocidade do ar e a radiação solar com execelente precisão e baixo tempo de resposta. Sistemas que utilizem estes dispositivos resultaram em estrutura física menos complexa e com menor custo operacional, já que o número de condutores utilizados na conexão dos instrumentos será menor e um único Martins et al. programa computacional será capaz de gerenciar a transmissão e manipulação dos dados coletados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Awtrey, D. 1-Wire Humidity Sensor. Sensors Magazine. Disponível em: http://www. sensorsmag.com. Acesso em: Agosto de 2000. Awtrey, D. 1-Wire Addressable Digital Instruments for Environmental Monitoring. Sensors Magazine. Disponível em: http://www. sensorsmag.com. Acesso em: Junho de 2002. Cruvine, P. E.; Neto, L. M. Subsídios para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro: o programa automação agropecuária, visão e estratégias. Comunicado técnico, EMPRAPA, n.32, p.1-4, 1999. Dallas Semiconductor. DS2438: smart battery monitor. Disponível em: http://www. maxim-ic.com. Acesso em: Janeiro de 2003. Honeywell. Interactive Catalog Replaces Catalog Pages. Disponível em: http:// phanderson.com/ 3605.pdf. Acesso em: Janeiro de 2003. Lopes, D.C. Simulação e controle em tempo real para sistemas de aeração de grãos. Viçosa, UFV, 2006, 140 p. (Tese de Doutorado). Monteiro, P.M.B. Tecnologia 1-wireTM aplicada ao controle em tempo real de sistemas de aeração de grãos. Viçosa, UFV, 2002. 135p. (Tese de Doutorado). Neurologic Research. Catálogo de produtos. Disponível via URL. Disponível em: http://www.neurologic-research.com/Data sheets/1250bro2.pdf. Acesso em: janeiro de 2003. Steidle Neto, A. J. Avaliação do sistema 1wireTM para aquisição de dados de temperatura em instalações agrícolas. Viçosa, UFV, 2003, 110 p. (Dissertação de Mestrado). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.1, p.95-102, 2006 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.103-109, 2006 ISSN 1517-8595 103 DETERMINAÇÃO DO CALOR ISOSTÉRICO DE SORÇÃO E DA ENTROPIA DIFERENCIAL DO CAJÀ EM PÓ MICROENCAPSULADO COM DIFERENTES FORMULAÇÕES Yvson Costa e Silva1, Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata2, Maria Elita Martins Duarte2, Anna Sylvia R. de R. M. Cavalcanti3, Manuel Adalberto Guedes4, Camila Carol Albuquerque Oliveira5 RESUMO Foram obtidos o calor isostérico de sorção e a entropia diferencial do cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina, 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado e 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado a partir de suas isotermas de equilíbrio higroscópico obtidas nas temperaturas de 10 a 50ºC. Com base nos resultados obtidos, pôde-se concluir que com a redução do teor de umidade, ocorre aumento da energia necessária para a remoção de água do produto, quanto maior a presença de maltodextrina na formulação do cajá em pó microencapsulado, maior a necessidade de energia para se remover água do produto, o modelo de calor isostérico integral de sorção se ajustou bem aos dados experimentais, apresentando coeficiente de correlação superior a 99% para as três formulações estudadas, há forte dependência da entropia diferencial do cajá em pó microencapsulado com o seu teor de água e que quanto menor a quantidade de maltodextrina na formulação do cajá em pó, menor a sua entropia diferencial, indicando maior mobilidade das moléculas de água, para o cajá em pó com 15% de maltodextrina em sua formulação, que com as demais. Palavras-chave: Calor isostérico, entropia, atividade de água, cajá. DETERMINATION OF THE ISOSTERIC HEAT OF SORPTION AND OF ENTROPY DIFERENCIAL OF CAJA POWDERED MICROENCAPSULADO WITH DIFFERENT FORMULATIONS ABSTRACT They were obtained the heat isosteric heat and the entropy differential of the caja powdered microencapsulate with 15% of maltodextrine, 10% of maltodextrine + 5% of modified starch and 7,5% of maltodextrine + 7,5% of starch modified starting from its isotherms of balance hygroscopic obtained in the temperatures from 10 to 50ºC. With base in the obtained results, it could be ended that with the reduction of the humidity text, it happens increase of the necessary energy for the removal of water of the product, as larger the maltodextrine presence in the formulation of the caja powdered microencapsulated, larger the need of energy to remove water of the product, the model of heat integral isosteric of sorption was adjusted well to the experimental data, presenting coefficient of superior correlation at 99% for the three studied formulations, there is fort dependence of the entropy differential of the cajá powdered microencapsulado with its text of water and that as smaller the amount of maltodextrine in the formulation of the powdered, smaller caja its entropy differential, indicating larger mobility of the molecules of water, for the powdered caja with 15% of maltodextrine in its formulation, that with the others. Keywords: isosteric heat, entropy, water activity, caja Protocolo 866 de 30/04/2006 1 Químico Industrial Mestre em Engenharia Agrícola, Doutorando em Engenharia Química (UFRN), 2 Professor Associado da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande-PB, Brasil Email: [email protected] e [email protected] 3 Estudante de Desenho Industrial, Universidade Federal de Campina Grande Email: [email protected] 4 Físico, Unidade Acadêmica de Engenharia Elétrica, Núcleo de Energia, email: [email protected] 5 Design Industrial, Unidade Acadêmica de Desenho Industrial – UFCG Email: [email protected] 104 Determinação do calor isostérico de sorção e da entropia diferencial do cajà em pó.... INTRODUÇÃO O estudo das propriedades termodinâ-micas dos alimentos é fundamental para analisar o comportamento da água durante a secagem. Pode-se determinar o ponto final do processo, onde o produto permanece estável e com um teor de água ótimo, e a energia mínima necessária para realizá-lo (Aviara & Ajibola, 2002). Estas propriedades também dão uma idéia da microestrutura associada com a interface água-alimento. (Rizvi, 1995). O calor isostérico líquido é definido como o calor de sorção total no alimento menos o calor de vaporização da água a certa temperatura (Tsami, Maroulis, Morunos-Kouris, & Saravacos, 1990), e é considerado um indicador das forças atrativas intermoleculares entre os sítios de sorção e o vapor de água (Wang & Brennan,1991). O conhecimento do calor isostérico de sorção é de grande importância nos projetos de equipamentos de secagem, devido ao fato que o calor de vaporização da água sorvida é mais alto que o calor de vaporização da água pura, quando o alimento é desidratado a baixos níveis de umidade (King, 1968). A entropia diferencial de um material é proporcional ao número de sítios de sorção disponíveis a um nível específico de energia (Madamba, Driscoll, & Buckle, 1996), indicando o estado de mobilidade das moléculas de água no produto. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi determinar o calor isostérico de sorção e a entropia diferencial do cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina, 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado e 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado. Costa e Silva et al. higroscópico em produtos biológicos, foram obtidos os dados para o desenvolvimento deste trabalho. Um método largamente usado para se calcular o calor isostérico de sorção, seja pelo processo de adsorção ou pelo de dessorção, é dado pela equação de Clausius-Clayperon (Iglesias e Chirife, 1976): ln(aw) qst = T RT 2 (1) onde aw é a atividade de água (decimal), T, a temperatura em absoluto (Kelvin), qst, o calor isostérico líquido de sorção (kJ.kg-1) e R, constante universal dos gases (8,314 kJ.kmol1 .K-1). Integrando a Equação (1) e assumindo que o calor isostérico líquido de sorção é independente da temperatura, podemos encontrar o calor isostérico líquido de sorção (qst), para cada teor de umidade de equilíbrio, conforme a equação a seguir (Wang e Brennan, 1991): q 1 ln(aw) = - st . C R T (2) onde C é uma constante do modelo. O calor isostérico integral de sorção (Qst), em kJ.kg-1, é obtido adicionando-se aos valores de calor isostérico líquido de sorção (qst), o valor do calor latente de vaporização da água livre (L) de acordo com a seguinte equação: Qst qst L A exp( B Ue) L (3) onde A e B são coeficientes do modelo. MATERIAIS E MÉTODOS Para o desenvolvimento deste trabalho, foram utilizadas isotermas de equilíbrio higroscópico de cajá em pó microencapsulado, nas temperaturas de 10 a 50ºC. As isotermas de equilíbrio higroscópico foram obtidas no Laboratório de Transferência em Meios Porosos, do Departamento de Engenharia Química do Centro de Ciências e Tecnologia da UFCG, Campus I, em Campina Grande – PB, utilizando o método dinâmico com o equipamento Thermoconstanter Novasina TH-2. A partir dos modelos comumente usados para modelagem de isotermas de equilíbrio O calor latente de vaporização da água livre, para uma temperatura T, foi determinado utilizando a equação 4: L = 2502, 2 - 2,39.T (4) A entropia diferencial pode ser determinada utilizando a equação 5: ln( aw) Qst S RT R (5) onde S é a entropia diferencial do produto. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.103-109, 2006 Determinação do calor isostérico de sorção e da entropia diferencial do cajà em pó.... RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Figuras 1, 2 e 3, estão as curvas do logaritmo neperiano da atividade de água(decimal), para específicos valores de umidadede equilíbrio (% b.s.), em função de Costa e Silva et al. 105 valores do inverso da temperatura absoluta (Kelvin) para o cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina, 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado e 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado, respectivamente. Figura 1 - Curvas do logaritmo neperiano da atividade de água (decimal), para específicos valores de umidade de equilíbrio (% b.s.), em função de valores do inverso da temperatura absoluta (Kelvin) para o cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina Figura 2 - Curvas do logaritmo neperiano da atividade de água (decimal), para específicos valores de umidade de equilíbrio (% b.s.), em função de valores do inverso da temperatura absoluta (Kelvin) para o para o cajá em pó microencapsulado com 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.103-109, 2006 106 Determinação do calor isostérico de sorção e da entropia diferencial do cajà em pó.... Costa e Silva et al. Figura 3 - Curvas do logaritmo neperiano da atividade de água (decimal), para específicos valores de umidade de equilíbrio (% b.s.), em função de valores do inverso da temperatura absoluta (Kelvin) para o cajá em pó microencapsulado com 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado Os valores do calor isostérico líquido de sorção (qst), em kJ.kg-1, para o cajá microencapsulado nas três formulações foram calculados de acordo com a Equação 2 e representados pelas inclinações das retas mostradas na Figura 3. Para o calor isostérico integral de sorção (Qst), em kJ.kg-1, foram adicionados, aos valores de qst, o valor do calor latente de vaporização da água livre (L), que representa a menor quantidade de energia necessária para evaporar a água, calculado para temperatura de 30 °C, resultando em um valor de 2430,5 kJ.kg-1. Os valores de Qst do cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina variaram de 3792,243 a 5330,573 kJ kg-1, enquanto que para o cajá em pó microencapsulado com 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado, variaram de 3474,844 a 4439,267 kJ kg-1, e para o cajá em pó microencapsulado com 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado, os valores de Qst variaram de 3127,592 a 4296,9 kJ kg-1, indicando que quanto maior a presença de maltodextrina na formulação do cajá em pó microencapsulado, maior a necessidade de energia para se remover água do produto. Nas Figuras 4, 5 e 6, são apresentados os valores do calor isostérico integral de sorção (Qst), em kJ.kg-1, em função do teor de umidade de equilíbrio (% b.s.), estimados de acordo com a Equação 3, para o cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina, 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado e 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado, respectivamente. De acordo com as Figuras 4, 5 e 6, observase que, com a redução do teor de umidade, ocorre aumento da energia necessária para a remoção de água do produto. Segundo AlMuhtaseb et al. (2004), este comportamento também é observado em diversos produtos biológicos. Na Tabela 1 encontram-se os parâmetros do modelo usado (Equação 3) para descrever calor isostérico integral de sorção (Qst) em função do teor de umidade de equilíbrio e o coeficiente de correlação para o cajá em pó nas três formulações. Na Figura 7 encontram-se os valores de entropia diferencial em função do teor de água de equilíbrio do cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina, 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado e 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.103-109, 2006 Determinação do calor isostérico de sorção e da entropia diferencial do cajà em pó.... Costa e Silva et al. 107 Figura 4 – Valores observados e estimados do calor isostérico integral de sorção em função do teor de umidade de equilíbrio para o cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina. Figura 5 – Valores observados e estimados do calor isostérico integral de sorção em função do teor de umidade de equilíbrio para o cajá em pó microencapsulado com 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.103-109, 2006 108 Determinação do calor isostérico de sorção e da entropia diferencial do cajà em pó.... Costa e Silva et al. Figura 6 – Valores observados e estimados do calor isostérico integral de sorção em função do teor de umidade de equilíbrio para o cajá em pó microencapsulado com 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado. Tabela 1 - Parâmetros do modelo usado para descrever calor isostérico integral de sorção (Qst) em função do teor de umidade de equilíbrio e o coeficiente de correlação para o cajá em pó nas três formulações Parâmetros A B M15 3115,5 1,012 M10 2173,203 0,895 M7,5 1990,53 1,2964 R2 (%) 99,78 99,19 99,47 M15 – cajá em pó microencapsulado com 15% de maltodextrina. M10 – cajá em pó microencapsulado com 10% de maltodextrina + 5% de amido modificado. M7,5 – cajá em pó microencapsulado com 7,5% de maltodextrina + 7,5% de amido modificado. \ Figura 7 - Entropia diferencial de sorção do cajá em pó microencapsulado em função do teor de água de equilíbrio Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.103-109, 2006 Determinação do calor isostérico de sorção e da entropia diferencial do cajà em pó.... Os resultados mostraram forte dependência da entropia diferencial do cajá em pó microencapsulado com o seu teor de água. Observou-se também que quanto menor a quantidade de maltodextrina na formulação do cajá em pó, menor a sua entropia diferencial, indicando maior mobilidade das moléculas de água, para o cajá em pó com 15% de maltodextrina em sua formulação, que com as demais. CONCLUSÕES Com a redução do teor de umidade, ocorre aumento da energia necessária para a remoção de água do produto. Quanto maior a presença de maltodextrina na formulação do cajá em pó microencapsulado, maior a necessidade de energia para se remover água do produto. O modelo de calor isostérico integral de sorção se ajustou bem aos dados experimentais, apresentando coeficiente de correlação superior a 99% para as três formulações estudadas. Há forte dependência da entropia diferencial do cajá em pó microencapsulado com o seu teor de água. Quanto menor a quantidade de maltodextrina na formulação do cajá em pó, menor a sua entropia diferencial, indicando maior mobilidade das moléculas de água, para o cajá em pó com 15% de maltodextrina em sua formulação, que com as demais. Costa e Silva et al. 109 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Al-Muhtaseb A.H.; Mcminn W.A.M.; Magee T.R.A. Water sorption isotherms of starch powders. Part 2: Thermodynamic characteristics. Journal of Food Engineering, v.62, p. 135–142, 2004. Aviara, N. A.; Ajibola, O. O. Thermodynamics of moisture sorption in melon seed and cassava. Journal of Food Engineering, v.55, p. 107–113, 2002. Iglesias, H.; Chirife, J. Prediction of the effect of temperature on water sorption isotherms of food material. Journal of Food Technology, Oxford, v.11, p.109-116, 1976. King, C. J. Rate of moisture sorption and desorption in porous, dried foodstuffs. Food Technology, v.22, p. 509–514, 1968. Madamba, P. S.; Driscoll, R. H.; Buckle, K. A. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.103-109, 2006 110 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.110, 2006 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.111-118, 2006 ISSN: 111 ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE UMA BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA COM POLPA DE UMBU (Spondias tuberosa sp.) Calila Teixeira Santos1, Gutto Monzelle Rios Marques1, Gabrielle Cardoso Reis Fontan1, Rafael da Costa Ilhéu Fontan2, Renata Cristina Ferreira Bonomo3, Paulo Bonomo4 RESUMO Nesta pesquisa teve-se como objetivo o desenvolvimento de uma bebida láctea fermentada à base de soro de queijo mussarela e polpa de umbu. Foram avaliadas as características físicoquímicas e físicas a aceitação sensorial, além do efeito da temperatura e da concentração de soro sobre a massa específica das bebidas que foram formuladas variando-se, somente, a concentração de soro (20%, 40%, 60% e 80%). A partir dos resultados obtidos e das análises estatísticas verificou-se que os valores para as características físico-químicas e aceitação sensorial não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos 20%, 40% e 60% (P > 0,05). A partir dos resultados obtidos das análises físico-químicas e sensorial pode-se concluir que a melhor bebida foi aquela que apresentou concentração de soro de 60%, devido a utilização de maior quantidade de soro. Para a análise da influência da concentração de soro e temperatura sobre a massa específica foi ajustado um modelo linear múltiplo sem interação dos parâmetros, com coeficiente de determinação satisfatório. Palavras-chave: densidade, calor específico, resíduo, aceitação sensorial. ELABORATION AND CHARACTERIZATION OF A DAIRY FERMENTED DRINK PRODUCED WITH UMBU (Spondias tuberosa sp.) PULP ABSTRACT This paper had as objective the development of a dairy fermented drink produced with mozzarella cheese whey and umbu pulp. Were studied physical-chemistries characteristics and sensorial acceptance, besides the effect of temperature and whey concentration (20%, 40%, 60% e 80%) on specific mass on the different drink formulations. With obtained results and statistical analysis it was verified that physical-chemistries characteristics and sensorial acceptance values didn't present significant difference among the treatments 20%, 40% e 60% of whey concentrations (P > 0,05). From obtained results of physical-chemistries and sensorial analysis it can be concluded that the best drink was these who presented whey concentration of 60%, due the larger whey quantity used. To influence of whey concentration and temperature on specific mass, a multiple linear model without interaction of the parameters was fitted, presenting a satisfactory determination coefficient. Keywords: Specific mass, specific heat, residue, sensorial acceptance. Protocolo 868 de 30/04/2006 1 Mestrandos em Engenharia de Alimentos–UESB [email protected]; [email protected], [email protected] Laboratório de Engenharia de Processos da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Praça Primavera, 40, Campus de Itapetinga, Itapetinga – BA. CEP 45700-000. Tel: (77)3261-8600. 2 Professor Assistente – Departamento de Tecnologia Rural e Animal – UESB. [email protected] Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Praça Primavera, 40, Campus de Itapetinga, Itapetinga – BA. CEP 45700-000. 3 4 Professora Adjunto – Departamento de Tecnologia Rural e Animal – UESB. [email protected] Professora Adjunto – Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais – UESB. [email protected] 112 Elaboração e caracterização de uma bebida láctea fermentada com polpa de umbu ......... Santos et al. INTRODUÇÃO A conservação de frutas na forma de sucos, polpas e outros produtos surgiu para aumentar o oferecimento das mesmas e para utilização dos excedentes de produção. A polpa de fruta congelada é o produto obtido da parte comestível da fruta, após trituração e/ou despolpamento e preservação por congelamento (Brunini et al., 2002). Alguns trabalhos científicos têm apresentado dados que apontam uma ingestão insuficiente de vários nutrientes por parte da população mundial como um todo (Carvalho, 1996). Para tentar amenizar esse quadro e atender as recomendações em relação aos teores de compostos responsáveis pela manutenção da saúde, que devem estar presentes em produtos novos lançados no mercado, além de atender a padrões de identidade e regulamentos referentes a alimentos já existentes, é que tem sido feito o enriquecimento de produtos alimentícios. Produtos lácteos, farinhas, cereais, biscoitos, enfim, produtos com expressivo consumo pela população em geral têm sido os mais utilizados para esse fim (Carvalho, 1996). A utilização de soro de queijo na elaboração de bebidas lácteas constitui-se numa forma racional de aproveitamento deste produto secundário que apresenta excelente valor nutritivo. Como destacam Tamime (1997) e Tamime & Robinson (1991), tem aumentado de maneira notável o consumo dessas bebidas fermentadas que se caracterizam por apresentar baixa viscosidade. O Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade de Bebidas Lácteas especifica que bebida láctea é o produto obtido, a partir de leite ou leite reconstituído e/ou derivados de leite, fermentado ou não, com ou sem adição de outros ingredientes, onde a base láctea representa pelo menos 51% (m/m) do total de ingredientes do produto (Brasil, 1999). O soro representa de 85-90% do volume de leite utilizado na fabricação de queijos, retendo ao redor de 55% dos nutrientes do leite. Alguns autores salientam que 50% da produção mundial de soro é tratada e transformada em vários produtos alimentares, sendo que deste total quase a metade é usada diretamente na forma líquida (Almeida et al., 2001). Buscando-se evitar essa perda de nutrientes, reduzir gastos com tratamentos de resíduos e aumento da receita, desenvolveu-se mais uma opção de sabor para as bebidas Lácteas Fermentadas, que além de aproveitarem o soro irão usar outra matéria prima pouco aproveitada que é o umbu. O umbuzeiro (Spondias tuberosa A. Camara) é uma anarcadiácea que se destaca entre as fruteiras nativas do trópico semi-árido brasileiro. Seus frutos são consumidos pela população tanto “in natura” como na forma de doces, sorvetes ou polpa industrializada. Plantios comerciais são inexistentes e os frutos comercializados são resultantes do extrativismo (Santos & Nascimento, 1998). Os frutos possuem excelente sabor e aroma, boa aparência e qualidade nutritiva, muito consumidos na forma “in natura”, apresentando rendimento médio de 55 a 65% em polpa, com potencial para a sua utilização na forma processada como polpa congelada, sucos, néctares e sorvetes (Lima et al., 2002) O objetivo deste trabalho foi verificar a aceitação sensorial e determinar as características físico-químicas e físicas de bebidas lácteas fermentadas adicionadas de polpa de umbu em diferentes concentrações de soro de queijo. MATERIAL E MÉTODOS Elaboração das bebidas fermentadas Foi utilizado leite pasteurizado com teor de gordura padronizado a 3% e soro derivado do processamento de queijo mussarela. Na elaboração do produto foram testadas quatro diferentes concentrações (%v/v) de soro, no que chamaremos de “base láctea”. Essa base láctea foi fermentada com cultura termofílica para iogurte a 43ºC até que a acidez atingisse 70ºD (0,7% em acido lático, com cerca de 4,5 horas de fermentação). Em todas as formulações foi utilizado leite em pó integral em quantidade suficiente para se ter um mínimo de proteínas lácteas igual a 1,5%, em massa, seguindo a legislação vigente (Brasil, 1999). Às diferentes misturas foram adicionados 12% (m/v) de polpa de umbu e 12% (m/v) de açúcar, em relação à base láctea. Os experimentos foram realizados em dias diferentes, totalizando três repetições. Todas as análises físico-químicas e de massa específica foram feitas em triplicata. Análises físico-químicas Foram realizadas em todas as amostras análises de pH, acidez (% m/v de ácido lático), gordura (% m/v), umidade (% m/v), extrato seco total (EST, %) e extrato seco Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.111-118, 2006 Elaboração e caracterização de uma bebida láctea fermentada com polpa de umbu ......... Santos et al. desengordurado (ESD, % m/v) de acordo com as Normas do Instituto Adolfo Lutz (1985). Cpa = Cpw.Mw.(Te-Tw)+Ccal.(Te-Ti) Ma.(Ti-Te) 113 (2) Massa específica A densidade ou massa específica das bebidas fermentadas, determinada através do método picnométrico, foi analisada em um esquema fatorial 4 x 5,com quatro níveis para o teor de soro (20%, 40%, 60% e 80%) e cinco níveis para a temperatura (5ºC, 20ºC, 35ºC, 50ºC e 65ºC), com três repetições. O valor da massa específica para a amostra foi obtido a partir da Equação 1: A H 2O mA mV mH 2O mV (1) em que: Cpa= calor específico da amostra (kJ/kg.K), Cpw= calor específico da água (kJ/kg.K), Mw= massa de água adicionada (kg), Te= temperatura de equilíbrio (K), Tw= temperatura inicial da água (K), Ccal= capacidade calorífica do calorímetro (kJ/K), Mc= massa do calorímetro (kg), Ti= temperatura inicial da amostra e do calorímetro (K), Ma = massa da amostra (kg). em que, Análise sensorial ρA é a massa específica da amostra (kg/m3) a uma dada temperatura, ρH2O é a massa específica da água (kg/m3) na mesma temperatura, mA é a massa (kg) do picnômetro com a amostra, mH2O é a massa do picnômetro (kg) com a água mV é a massa do picnômetro (kg) vazio. Para a avaliação sensorial dos tratamentos, foi realizado um teste de aceitação com uma escala hedônica de nove pontos (variando de “gostei extremamente” a “desgostei extremamente”), com 60 provadores nãotreinados de ambos os sexos, com as amostras apresentadas codificadas e aleatorizadas em cabines individuais. Calor específico Análise estatística O calor específico foi determinado com a utilização de um calorímetro de mistura, construído com uma ampola de garrafa térmica comercial, com capacidade para 1000 mL, envolvida por uma camada de 0,05 m de isolante térmico constituído de lã de vidro e tendo como invólucro um cilindro de PVC de 0,15 m de diâmetro. O fechamento da ampola foi feito com uma rolha de borracha, por meio da qual foi introduzida a haste de um termopar com precisão de 0,1ºC. Para as determinações do calor específico, os materiais foram embalados em sacos de polietileno de baixa densidade, termosselados e imersos em um banho termostático a uma temperatura de 30ºC, por um período de aproximadamente 30 min. O calor específico foi calculado com o uso da Equação 2: Os resultados obtidos para as análises físicoquímicas e aceitação sensorial foram submetidos à Análise de Variância (ANOVA, com P<0,05) e teste de Tukey (P<0,05). Os resultados obtidos para densidade foram submetidos à análise de regressão linear múltipla com o teste t de Student a 5% de probabilidade. As análises foram realizadas no programa SAEG (Ribeiro Júnior, 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir dos resultados obtidos, verificou-se que os valores para pH, cinzas, gordura, Extrato seco desengordurado e CP, não apresentaram diferença significativa entre os tratamentos (P > 0,05). Na Tabela 1 estão apresentados os valores médios dos resultados obtidos das análises para estes parâmetros. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.111-118, 200 114 Elaboração e caracterização de uma bebida láctea fermentada com polpa de umbu ......... Santos et al. Tabela 1 - Valores médios obtidos para o pH, cinzas, gordura, CP e ESD para as quatro formulações de bebida láctea fermentada ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA MÉDIA pH 3.67 ± 0.35 CINZA (%) 0,37 ± 0,14 GORDURA (%) 0,78 ± 0,39 ESD (%) 21,97 ± 0,97 3,88±1,48 CP (kJ/kg.K) Os resultados para o Extrato seco Total EST, acidez e para o teor umidade apresentaram diferença significativa entre os tratamentos (P<0,05), sendo suas médias submetidas ao teste Tukey (P<0,05). Na Tabela 2 são apresentados os valores médios dos resultados obtidos das análises para estes parâmetros e o resultado do teste de Tukey Para o EST verificou-se que os tratamentos com 20%, 40% e 60% de soro não diferiram entre si apresentando médias superiores aos tratamentos com 80% de soro, que não diferindo do tratamento com 60% de soro. Essa diferença se deve ao fato da utilização de diferentes teores de soro nas misturas, pois o teor de extrato seco do leite é, em geral, duas vezes maior que o do soro de queijo. No entanto, o acréscimo de leite em pó para que cada formulação se adequasse à legislação vigente faz com que as formulações com 20%, 40% e 60% não apresentasse diferença entre si. Para os teores de umidade, verificou-se que o tratamento com 20% de soro foi inferior aos tratamentos com 40%, 60% e 80% de soro. Não diferindo dos tratamentos com 40% e 60% de soro. Para a acidez verificou-se que o tratamento com 80% de soro diferiu do tratamento com 20% sendo inferior a este. Isto pode ser explicado devido as diferentes proporções soroleite utilizado para elaboração das bebidas. O mesmo foi observado por Almeida et al. (2001) ao estudar bebidas lácteas fermentadas e preparadas com soro de queijo minas frescal. A partir dos resultados obtidos da massa específica ajustou-se um modelo linear múltiplo, onde se verificou maior influência do teor de soro na massa específica, quando comparado à variação de temperatura. O melhor modelo foi selecionado com base na simplicidade para descrição do fenômeno. O valor de probabilidade para o erro tipo I foi inferior a 0,1% (P<0,001), sendo, portanto, a regressão significativa com pequena margem de erro, de forma que o modelo ajustado é adequado para estudar o fenômeno e com coeficiente de determinação satisfatório (R2= 0,822). A partir do modelo ajustado, Equação 3, é possível gerar uma superfície que representa a influência das variáveis concentração de soro e temperatura no valor da variável resposta massa específica, o que pode se observado na Figura 1. 1079,27 0,14T 0,17C S (3) em que, é a massa específica em kg/m3, T é a temperatura em ºC e Cs é a concentração do soro em %. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.111-116, 2006 Elaboração e caracterização de uma bebida láctea fermentada com polpa de umbu ......... Santos et al. 115 1,090 1,088 1,084 80 1,078 Temp 30 30 eratu 20 ra (ºC ) 10 20 o( çã en 40 40 nc 50 Co 60 tra 1,076 % 60 50 de 70 ro 1,080 ) 1,082 so 3 (Kg/m ) ) 1,086 Figura 1 - Efeito da Temperatura (ºC) e Concentração de soro(%) na massa específica da bebida láctea A partir dos resultados obtidos na avaliação sensorial foi realizada a análise de variância (ANOVA) e em seguida o teste de Tukey, verificando-se que não existe diferença significativa (P <0,05) entre três das quatros formulações de bebida láctea fermentada. Observando a Tabela 3, verifica-se que as formulações A, B e C situam-se entre os termos hedônicos “gostei ligeiramente” e “gostei moderadamente, enquanto a formulação D se situa entre os termos “indiferente” e “gostei ligeiramente”. A partir dos resultados obtidos pode-se concluir que as diferentes formulações apresentaram características físico-químicas e sensorial semelhantes, com exceção da formulação com 80% de soro que diferiu sensorialmente das demais. Assim sendo a formulação C (60% de soro) foi escolhida como a melhor, por apresentar aceitação sensorial igual ás melhores formulações e aproveitar uma grande quantidade de soro em sua elaboração sem perda de qualidade. na densidade da bebida fermentada. Tabela 3 – Notas médias obtidas da análise sensorial para as quatro formulações de bebida láctea FORMULAÇÃO B MÉDIA* 6,93 a A 6,54 a C 6,22 a D 5,29 b Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05). CONCLUSÕES Pode-se verificar que as bebidas lácteas não apresentam diferença estatística para pH, teor de cinzas, gordura e extrato seco desengordurado -ESD. Em relação ao calor especifico, não se constatou diferenças significativas entre os tratamentos. Em relação à concentração de soro e temperatura observou-se a influência das mesmas na massa específica das bebidas lácteas. Verificou-se também, que com a Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.111-118, 200 116 Elaboração e caracterização de uma bebida láctea fermentada com polpa de umbu ......... Santos et al. elevação da concentração de soro ocorre um aumento no valor da massa específica, ocorrendo o inverso para a temperatura. Para o teste de aceitação observou-se que as formulações com 20%, 40% e 60% de soro não diferiram significamente entre si. Entre as bebidas a que continha 60% de soro pode ser selecionada como a melhor, por apresentar a maior média e aproveitar uma grande quantidade de soro em sua elaboração sem perda de qualidade. REFERÊNCIASBIBLIOGRÀFICAS Almeida, K.; E.; Bonassi, I. A.; Roça, R. O.Características físicas e químicas de bebidas lácteas fermentadas e preparadas com soro de queijo minas frescal. 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O volume de cada grão, considerado um esferóide, foi obtido por meio da medição dos três eixos ortogonais ao longo do processo de secagem e a contração volumétrica dos grãos foi determinada pela relação entre o volume para cada teor de água e o volume inicial. Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que a contração volumétrica dos grãos introduzida no modelo da difusão líquida melhora a estimativa do coeficiente de difusão durante a secagem do feijão. O coeficiente de difusão aumenta com a elevação da temperatura, apresentando valores entre 2,21 x 10-10 e 9,08 x 10-10 m2 s-1, considerando a contração volumétrica dos grãos. A relação do coeficiente de difusão com a temperatura de secagem pode ser descrita pela equação de Arrhenius, que apresenta uma energia de ativação para a difusão líquida no processo de secagem do feijão de 40,08 kJ mol-1. Palavras-chave: difusão líquida, teor de água, modelo matemático. LIQUID DIFFUSION COEFICIENT DETERMINATION OF EDIBLE BEANS ABSTRACT The present work aimed to verify the influence of the edible bean shrinkage on determining the coefficient of diffusion and to obtain the activation energy of the drying process under different drying air conditions. Edible beans harvested with moisture content of 0.92 (d.b.) were dried at drying air temperature of 25, 35, 45 and 55°C and Relative Humidity within 23 and 75%. Volume of each grain, assumed as a spheroid, was obtained by measuring three orthogonal axis along the drying process and the shrinkage was determined through the relationship between water volume of each corresponding moisture content and its initial volume. Based on the results it can be concluded that the grain shrinkage used in the liquid diffusion model improve the coefficient of diffusion estimation during the edible bean drying. The coefficient of diffusion increases as the drying air temperature increases presenting values between 2.21 x 10-10 and 9.08 x 10- 10 m2 s-1, assumed the grain shrinkage. The relationship between the coefficient of diffusion and the drying air temperature can be described through the Arrhenius equation in which presents the activation energy for liquid diffusion of 40.08 kJ mol-1. Keywords: liquid diffusion, moisture content, mathematical model. 1 Prof. Adjunto, Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, UFV, Viçosa, MG, telefone: 31 3891 2270, e-mail: [email protected] 2 Professor Adjunto, Departamento de Agronomia, Universidade Federal de Rondônia, UNIR, Rolim de Moura, RO, telefone: 69 3442 1119, e-mail: [email protected] 3 Doutorando em Engenharia Agrícola, Bolsista CNPq, Universidade Federal de Viçosa, email: [email protected] 4 Estudante Engenharia Agrícola e Ambiental, Universidade Federal de Viçosa, e-mail: [email protected] 5 Estudante Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Viçosa, e-mail: [email protected] 118 Determinação do coeficiente de difusão liquida dos grãos de feijão INTRODUÇÃO A conservação pela secagem baseia-se no fato de que tanto os microrganismos como as enzimas e todo o mecanismo metabólico necessitam de água para suas atividades. Com a redução da quantidade de água disponível até níveis seguros para armazenagem, serão reduzidos a atividade de água, a velocidade das reações químicas no produto e o desenvolvimento de microrganismos (Christensen e Kaufmann, 1974). No estudo de sistemas de secagem, desenvolvimento e aperfeiçoamento de equipamentos utilizados para a secagem de grãos, dimensionamento, otimização e determinação da viabilidade da aplicação comercial, é de fundamental importância a simulação e a obtenção de informações teóricas a respeito do comportamento de cada produto durante a remoção de água. Para a simulação, cujo princípio se fundamenta na secagem de sucessivas camadas delgadas do produto, utiliza-se um modelo matemático que representa, satisfatoriamente, sua perda de água durante o período de secagem (Berbert et al., 1995). Diversos modelos matemáticos têm sido utilizados para descrever o processo de secagem de produtos agrícolas. Embora várias teorias tenham sido propostas para predizer o comportamento da secagem de grãos e sementes, na maioria das vezes, as relações semi-empíricas e empíricas têm sido as melhores opções para predizer o processo de secagem, apesar de sua validade estar restrita às condições sob as quais os dados experimentais foram obtidos (Brooker et al., 1992). Estes modelos baseiam-se, geralmente, em variáveis externas em relação ao produto, como a temperatura e a umidade relativa do ar de secagem, não fornecendo, entretanto, indicações sobre os fenômenos de transporte de energia e de água no interior dos grãos, considerando, ainda, que todo o processo de secagem ocorre somente no período de taxa decrescente. Brooker et al. (1992) relatam que a maioria dos modelos empregados para representar a secagem dos produtos agrícolas foi desenvolvida, negligenciando-se a importância da contração volumétrica do produto durante o processo de desidratação. Segundo Prado et al. (2000), a remoção de água durante a secagem dos produtos biológicos gera a redução da tensão existente no interior das células, promovendo, assim, a sua contração Corrêa et al. volumétrica. Para Ramos et al. (2005), estas modificações também devem ser incluídas nos modelos para uma completa descrição e análise do fenômeno. A secagem envolve o movimento da água do interior para a periferia do grão por meio de mecanismos distintos. Vários autores têm proposto que o principal mecanismo de transporte de água seja a difusão líquida (Fortes e Okos, 1980; Geankoplis, 1983). A difusão ocorre nos sólidos de estrutura fina e nos capilares, poros e nos pequenos orifícios cheios de vapor. Contudo, a teoria de difusão não considera o encolhimento, o endurecimento da casca e as isotermas de sorção (BarbosaCánovas e Veja-Mercado, 2000). O mecanismo da difusão líquida é muito complexo devido à diversidade da composição química e estrutura física dos produtos. Os dados disponíveis na literatura apresentam elevada variação nos seus valores, não só devido à complexidade dos produtos, como também em função dos diferentes métodos de estimação, tipo de material, teor de água, processo de secagem e metodologia utilizada para sua obtenção. Segundo Brooker et al. (1992), na teoria da difusão líquida, a segunda lei de Fick tem sido utilizada para estabelecer a difusão da água em função do gradiente de concentração. U* U* D t x x (1) em que: U*: teor de água do produto, decimal (b.s.); D: coeficiente de difusão líquida, m2 s-1; t: tempo, s; e x: distância em relação a um ponto de referência no corpo, m. A variação do teor de água em função do tempo de secagem, para materiais homogêneos com coeficiente de difusão constante, é representada pela seguinte equação: 2 U* c U* U* D t r r r2 (2) em que: r : distância radial ou espessura, m; Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.117-126, 2006 Determinação do coeficiente de difusão liquida dos grãos de feijão c = 0 para corpos planos, 1 para corpos cilíndricos e 2 para corpos esféricos. U* U*e U*i U*e 6 1 n 2 π 2 D t 3 2 9 R n 2 exp π2 n 1 (3) em que: RU: 119 agrícolas tropicais e a limitação de informações teóricas a respeito dos fenômenos que ocorrem durante a secagem do feijão, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de verificar a influência da contração volumétrica na determinação do coeficiente de difusão, bem como obter a energia de ativação do processo de secagem do feijão sob diversas condições de ar. Crank, citado por Brooker et al. (1992), apresenta a solução analítica para a forma geométrica esférica: RU Corrêa et al. razão do teor de água do produto, adimensional; U*i : teor de água inicial, (decimal b.s.); teor de água de equilíbrio, (decimal b.s.). n: número de termos; R: raio equivalente, m; U*e : A solução analítica dessa equação apresentase na forma de uma série infinita, podendo o número finito de termos (n) no truncamento determinar a precisão dos resultados. Afonso Júnior e Corrêa (1999) avaliaram os resultados da secagem de sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.), cultivar Ouro Negro, com ajuste do modelo de difusão líquida para a forma geométrica esférica, com aproximação de oito termos, e verificaram que a aproximação da série foi adequada e forneceu estimativa satisfatória da taxa de secagem do produto. Resende et al. (2005) avaliaram a inclusão da contração volumétrica no modelo da difusão líquida durante a secagem de arroz em casca e concluíram que a contração volumétrica do produto foi insuficiente para melhorar o ajuste do modelo. Os autores obtiveram valores para o coeficiente de difusão entre 6,32 x 10-11 e 22,78 x 10-11 m2 s-1 para a faixa de temperatura de 25 °C a 55 °C. Durante a modelagem e simulação dos processos de secagem de produtos agrícolas, diversos autores correlacionaram satisfatoriamente o coeficiente de difusão com os coeficientes dos modelos ajustados aos parâmetros de secagem, principalmente temperatura, umidade relativa e vazão do ar (Madamba et al., 1996; Afonso Júnior e Corrêa, 1999; Ozdemir e Devres, 1999; Azzouz et al., 2002, Mohapatra e Rao, 2005; Doymaz, 2005a; Doymaz, 2005b, Resende et al., 2005). Considerando a importância do estudo teórico do processo de secagem dos produtos MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Propriedades Físicas e Qualidade de Produtos Agrícolas, pertencente ao Centro Nacional de Treinamento em Armazenagem (CENTREINAR), localizado na Universidade Federal de Viçosa - UFV, Viçosa, MG. Para a condução do experimento, foram utilizados grãos de feijão do grupo vermelho, cultivar vulgarmente denominado de “vermelhinho”, cultivados na safra de inverno do ano de 2003 no município de Cajuri-MG e colhidos manualmente, com teor de água de, aproximadamente, 0,92 (decimal b.s.). O teor de água do produto foi determinado pelo método de estufa, a 105 ± 1 °C, durante 24 horas (Brasil, 1992). A secagem do produto foi realizada em condições controladas de temperatura (25, 35, 45 e 55 °C) e umidade relativa do ar de secagem entre 23 e 75%, totalizando quatorze combinações. Estas condições de ar foram fornecidas por meio de uma unidade condicionadora de atmosfera, de fabricação da empresa Aminco. Foram colocadas no interior deste equipamento bandejas removíveis com fundo telado para permitir a passagem do ar através da massa do produto, contendo cada uma, inicialmente, 50 g de feijão, em duas repetições. O fluxo de ar foi monitorado com o auxílio de um anemômetro de lâminas rotativas e mantido constante em torno de 4 m3 s-1 m-2. A temperatura e a umidade relativa do ar foram monitoradas por meio de psicrômetro instalado próximo às bandejas, contendo as amostras. Durante o processo de secagem, as bandejas com as amostras foram pesadas periodicamente. A secagem do feijão prosseguiu até que o produto atingisse seu teor de água de equilíbrio com a condição do ar especificada. Para a determinação da razão do teor de água do feijão, para as diferentes condições de secagem, utilizou-se a seguinte expressão: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.117-126, 2006 120 Determinação do coeficiente de difusão liquida dos grãos de feijão RU Corrêa et al. hilo U* U*e (4) U*i U*e b c a em que: RU: razão do teor de água do produto, adimensional; U* : teor de água do feijão, (decimal b.s.); U*i : teor de água inicial, (decimal b.s.); U*e : teor de água de equilíbrio, (decimal b.s.). O coeficiente de difusão foi obtido para duas condições, com e sem a contração volumétrica dos grãos, por meio do ajuste aos dados experimentais de secagem do modelo matemático da difusão líquida. Foi utilizada a solução analítica da equação para a forma geométrica esférica (Brooker et al., 1992), com aproximação de oito termos (Equação 3). O número de termos foi estabelecido quando a variação do coeficiente de difusão foi inferior a 0,1 x 10-13 m2 s-1. Para o ajuste do modelo foram realizadas análises de regressão não linear, pelo método Gauss-Newton, utilizando-se o programa computacional STATISTICA 5.0®. O raio equivalente, utilizado no modelo da difusão líquida, é definido como o raio de uma esfera com o volume igual ao do grão, sendo determinado por meio da medição dos três eixos ortogonais (comprimento, largura e espessura), como proposto por Mohsenin (1986) e representado na Figura 1, em dez grãos ao longo do processo de secagem, com auxílio de um paquímetro digital. O volume de cada grão, considerado um esferóide, foi obtido utilizando-se a seguinte expressão: Vg = π a b c 6 em que: a: maior eixo do grão, mm; b: eixo médio do grão, mm; c: menor eixo do grão, mm. Figura 1. Desenho esquemático do grão de feijão com suas dimensões características. Para verificar a influência da contração volumétrica no coeficiente de difusão, o experimento foi analisado segundo o esquema fatorial 14 x 2 (quatorze condições de ar e duas condições de contração), no delineamento inteiramente casualizado, com duas repetições. As médias foram comparadas, utilizando-se o teste de Tukey, adotando-se o nível de 5% de probabilidade. Para avaliar a influência da temperatura no coeficiente de difusão ao longo da secagem do feijão, foi utilizada a equação de Arrhenius, descrita da seguinte forma: E K = K o exp a R Ta (6) em que: K: Ko: Ea: R: parâmetro analisado; fator pré-exponencial; energia de ativação, kJ mol-1; constante universal dos gases, 8,314 kJ kmol-1 K-1, sendo para o vapor d’água 0,4619 kJ kg-1 K-1; e Ta: temperatura absoluta, K. RESULTADOS E DISCUSSÃO (5) Os valores do raio equivalente dos grãos de feijão (R), utilizados no modelo da difusão líquida para a determinação do coeficiente de difusão durante a secagem em diversas condições de temperatura e umidade relativa do ar, são apresentados nas Tabelas 1 e 2. Observase que os valores do raio equivalente diminuíram com a redução do teor de água do produto, devido, essencialmente, a contração volumétrica dos grãos de feijão durante a secagem. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.117-126, 2006 Determinação do coeficiente de difusão liquida dos grãos de feijão 121 Corrêa et al. Tabela 1 - Valores do raio equivalente (x 10-3 m) e do teor de água (U*, decimal b.s.) dos grãos de feijão, obtidos durante a secagem em diversas condições de ar, para as temperaturas de 25 e 35 °C 401% U * 0,925 0,678 0,554 0,471 0,412 0,325 0,273 0,237 0,159 0,155 0,147 0,147 301% U * 0,915 0,690 0,528 0,429 0,364 0,285 0,131 0,122 0,101 0,100 0,095 - R (m) 8,96 8,46 8,25 8,15 8,05 8,06 7,96 7,91 7,88 7,87 7,92 - R (m) Temperatura 25 °C 601% * U R (m) 751% U * 8,90 8,20 8,04 7,95 7,94 7,92 7,92 7,85 7,86 7,84 7,83 7,83 - 0,914 8,84 0,915 0,683 8,35 0,695 0,569 8,15 0,564 0,486 8,01 0,455 0,423 7,95 0,382 0,336 7,91 0,343 0,287 7,92 0,317 0,193 7,92 0,241 0,184 7,91 0,234 0,178 7,85 0,230 7,89 0,179 0,230 0,172 7,84 0,225 0,223 Temperatura 35 °C 501% 601% * * U R (m) U R (m) 0,948 0,730 0,546 0,439 0,321 0,250 0,216 0,137 0,133 0,128 - 9,02 8,46 8,17 7,97 7,92 7,86 7,85 7,81 7,77 7,74 - 0,941 0,753 0,572 0,430 0,370 0,287 0,240 0,152 0,149 0,144 - 8,85 8,30 8,05 7,92 7,91 7,88 7,83 7,80 7,80 7,78 - R (m) 8,56 8,10 7,84 7,62 7,55 7,53 7,50 7,49 7,45 7,46 7,47 7,47 7,44 751% U* R (m) 0,915 0,617 0,499 0,427 0,364 0,283 0,246 0,225 0,202 0,203 0,207 0,203 8,84 8,12 8,00 7,76 7,81 7,74 7,71 7,68 7,71 7,82 7,72 7,71 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.117-126, 2006 122 Determinação do coeficiente de difusão liquida dos grãos de feijão Corrêa et al. Tabela 2 - Valores do raio equivalente (x 10-3 m) e do teor de água (U*, decimal b.s.) dos grãos de feijão, obtidos durante a secagem em diversas condições de ar, para as temperaturas de 45 e 55 °C 301% U * 0,929 0,479 0,325 0,243 0,193 0,159 0,138 0,123 0,105 0,086 0,087 0,086 231% U * 0,947 0,569 0,398 0,287 0,238 0,153 0,109 0,089 0,066 0,065 - R (m) 8,96 8,34 8,16 8,16 8,17 8,19 8,13 8,08 7,99 7,98 - R (m) Temperatura 45 °C 401% * U R (m) 601% U* 8,79 8,22 8,14 8,11 8,13 8,14 8,11 8,06 8,01 7,98 7,99 7,99 0,935 8,97 0,927 0,489 8,32 0,543 0,333 8,23 0,382 0,246 8,22 0,296 0,198 8,21 0,236 0,146 8,16 0,151 0,123 8,13 0,137 0,113 8,12 0,126 0,099 8,06 0,125 0,097 8,07 0,096 8,04 Temperatura 55 °C 301% 401% * * U R (m) U R (m) 0,942 0,569 0,400 0,235 0,167 0,125 0,079 0,078 0,077 0,076 0,072 8,47 8,29 8,14 8,11 8,14 8,09 7,94 7,94 7,93 7,91 7,93 Na Tabela 3, são apresentados os valores médios do coeficiente de difusão obtidos durante a secagem do feijão nas diferentes condições de temperatura e umidade relativa do ar, considerando a contração volumétrica dos 0,956 0,603 0,419 0,275 0,192 0,145 0,120 0,110 0,097 0,092 0,087 8,87 8,20 8,06 8,02 7,98 7,96 7,95 7,96 7,92 7,89 7,85 R (m) 8,86 8,23 8,12 8,09 8,07 8,05 8,05 8,02 8,03 501% U * 0,940 0,648 0,386 0,276 0,192 0,152 0,135 0,100 0,100 - R (m) 8,84 8,30 7,93 7,83 7,76 7,74 7,70 7,65 7,65 - grãos (raio equivalente variável), utilizando o raio equivalente inicial dos grãos e mantendo-o constante ao longo da secagem. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.117-126, 2006 Determinação do coeficiente de difusão liquida dos grãos de feijão 123 Corrêa et al. Tabela 3 - Coeficiente de difusão obtido durante a secagem do feijão nas diversas condições, considerando a contração volumétrica dos grãos (R variável), utilizando o raio equivalente inicial dos grãos (R constante) e mantendo-o constante ao longo da secagem Coeficiente de difusão x 10-10 (m2 s-1) Condição de secagem Temperatura (°C) 25 35 45 55 Umidade relativa (%) R variável R constante 401 2,65 b 3,32 a 601 2,81 b 3,42 a 751 2,21 b 2,77 a 301 3,28 b 3,97 a 501 3,16 b 4,03 a 601 3,22 b 4,00 a 751 3,79 b 4,81 a 301 7,08 b 8,26 a 401 7,43 b 8,82 a 601 6,24 b 7,44 a 231 9,08 b 10,89 a 301 8,66 b 9,34 a 401 8,51 b 10,38 a 501 5,72 b 6,43 a Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste Tukey (Diferença mínima significativa: 0,36 x 10-10; CV: 3,03%). Analisando os resultados, verifica-se que, para todas as condições de secagem, o coeficiente de difusão para o feijão, considerando a contração volumétrica dos grãos (R variável), foi significativamente inferior aos valores obtidos a partir do raio equivalente inicial dos grãos (R constante) e mantendo-o constante, ou seja, desprezando a redução de volume do produto ao longo da secagem. Brooker et al. (1992) relatam que a maioria dos modelos empregados para representar a movimentação de água nos produtos agrícolas foi desenvolvida negligenciando a importância da contração volumétrica do produto. Ramos et al. (2005) também ressaltam que as modificações volumétricas devem ser incluídas nos modelos para uma completa descrição e análise deste processo. Desta forma, os resultados observados no presente trabalho comprovam a importância e a necessidade da introdução desta variável no modelo de difusão líquida para uma estimativa mais precisa do coeficiente de difusão. Durante a secagem dos grãos de feijão, os coeficientes de difusão apresentaram -10 magnitudes entre 2,21 x 10 e 9,08 x 10-10 m2 s-1, considerando a contração volumétrica dos grãos e entre 2,77 x 10-10 e 10,89 x 10-10 m2 s-1, utilizando o raio equivalente inicial dos grãos, para a faixa de temperatura de 25 a 55 °C. Os valores do coeficiente de difusão calculados para o feijão estão coerentes com os relatados na literatura para secagem de produtos agrícolas que, de acordo com Madamba et al. (1996), apresentam-se na ordem de 10-9 a 10-11 m2 s-1. Doymaz (2005a) relatou magnitudes para o coeficiente de difusão nos grãos de feijão verde entre 4,27 x 10-10 e 1,30 x 10-9 m2 s-1 para temperaturas entre 50 °C e 70 °C. Por outro lado, Resende et al. (2005) obtiveram valores de 6,32 x 10-11 a 22,78 x 10-11 m2 s-1 para o arroz em casca, durante a secagem na faixa de temperatura entre 25 °C e 55 °C e Sacilik (2007) encontrou magnitudes de 8,53 x 10-11 a 17,52 x 10-11 m2 s-1 para a coeficiente de difusão das sementes de abóbora durante a secagem nas temperaturas de 40, 50 e 60 °C. De um modo geral, para uma mesma temperatura, não se verifica qualquer tendência de variação do coeficiente de difusão com a umidade relativa do ar. Entretanto, com a elevação da temperatura, os valores do coeficiente de difusão aumentaram sensivelmente, corroborando os resultados relatados por Doymaz (2005b) para quiabo, que variaram entre 4,27 x 10-10 a 1,30 x 10-9 m s-1 para a faixa de temperatura entre 50 e 70 °C. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.117-126, 2006 124 Determinação do coeficiente de difusão liquida dos grãos de feijão A dependência do coeficiente de difusão com relação à temperatura do ar de secagem tem sido satisfatoriamente descrita pela equação de Arrhenius (Ramesh, 2003; Doymaz, 2005a; Corrêa et al. Doymaz, 2005b; Sacilik, 2007; Doymaz, 2007; Celma et al., 2007). Na Figura 2 estão apresentados os valores de ln (D) em função do inverso da temperatura absoluta (1/Ta). -23,0 25°C -22,0 ln (D) 35°C 45°C 55°C -21,0 -20,0 30 31 32 33 34 1/T x 104 (K-1) Figura 2 - Representação de Arrhenius para o coeficiente de difusão, em função da temperatura do ar de secagem, obtido considerando a contração volumétrica dos grãos durante a secagem do feijão. A inclinação da curva da representação de Arrhenius fornece a relação Ea/R, enquanto a sua interseção com o eixo das ordenadas indica o valor de Do. A Equação (7) apresenta os coeficientes da equação ajustada para o coeficiente de difusão do feijão, calculados de acordo com a Equação (6). 40082, 72 k = 3,02 10-3 exp R Ta (7) Como pode ser observado na Equação 7, a energia de ativação para a difusão líquida do feijão foi de, aproximadamente 40,08 kJ mol-1. Nos processos de secagem, quanto menor a energia de ativação maior será a difusividade de água no produto. Kayacier e Singh (2004) relatam que a energia de ativação diminui com a elevação do teor de água do produto. O valor da energia de ativação encontrado neste trabalho está coerente com os valores de 39,5 e 35,4 kJ mol-1 observados para o feijão verde por Senadeera et al. (2003) e Doymaz (2005a), respectivamente. Na literatura especializada, são relatadas diversas magnitudes da energia de ativação para inúmeros produtos agrícolas, conforme apresentados na Tabela 4. Tabela 4 - Energia de ativação (Ea) para diversos produtos agrícolas Produto Arroz cozido Soja Ervilhas verdes Cenoura Semente de abóbora Cebolinha Champignon em conserva Milho Arroz em casca Frutos de café Ea (kJ mol-1) 36,40 28,80 28,40 28,36 33,15 29,10 - 42,10 23,90 - 31,50 29,60 34,80 22,60 Referência Ramesh (2003) Kitic e Viollaz (1984) Simal et al. (1996) Doymaz (2004) Sacilik (2007) Park et al. (1996) Bróvia et al. (1997) Doymaz e Pala (2003) Resende et al. (2005) Corrêa et al. (2006) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.117-126, 2006 125 Analisando os resultados indicados na Tabela 4, verifica-se que a energia de ativação para a difusão de água nos grãos de feijão foi superior aos valores encontrados na literatura para diversos produtos agrícolas, para a faixa de temperatura analisada. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que: a contração volumétrica dos grãos introduzida no modelo da difusão líquida melhora a estimativa do coeficiente de difusão ao longo da secagem do feijão; o coeficiente de difusão aumenta com a elevação da temperatura, apresentando valores entre 2,21 x 10-10 e 9,08 x 10-10 m2 s-1, considerando a contração volumétrica dos grãos, durante a secagem do feijão; e a relação do coeficiente de difusão com a temperatura de secagem pode ser descrita pela equação de Arrhenius, que apresenta uma energia de ativação para a difusão líquida no processo de secagem do feijão de 40,08 kJ mol-1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Afonso Júnior, P.C.; Corrêa, P.C. Comparação de modelos matemáticos para descrição da cinética de secagem em camada fina de sementes de feijão. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.3, n.3, p.349-353, 1999. Azzouz, S.; Guizani, A.; Jomaa, W.; Belghith, A. 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O suco de pinha preparado com diferentes percentagens de leite foi submetido às análises químicas e físico-químicas (açúcares totais, redutores e não redutores, sólidos solúveis totais, sólidos totais, pH, cinzas, acidez em ácido cítrico e relação de SST/ATT) e ao teste de aceitação sensorial, quanto aos aspectos cor, sabor, aroma e aparência.De acordo com o teste de aceitação sensorial, a amostra integral apresentou as maiores médias entre as amostras estudadas, para todos os atributos. O blend com 25% de leite, segundo os provadores, obteve valores médios de aceitação maiores nos atributos aparência, cor e aroma, que os verificados para as amostras com outros percentuais de leite. Palavras-chave: Suco de pinha; Teste de aceitação sensorial; “Blends” (misturas) PHYSIOCHEMICAL EVALUATION AND SENSORIAL ACCEPTANCE TEST OF THE PINE CONE JUICE AND OF THE PINE CONE-MILK BLEND ABSTRACT The physiochemical and sensorial characteristics of the pine cone juice and of the pine conemilk blend were studied in the proportions of: 25%, 50% and 75% of milk. The prepared pine cone juice with different percentages of milk was submitted to the chemical and physiochemical analyses (total sugar, reducer and no reducer, total soluble solids, total solids, pH, ashes, acidity in citric acid and relationship of SST/ATT) and to the sensorial acceptance test, in relation to color, flavor, aroma and appearance. According to the sensorial acceptance test, the integral sample presented the largest averages among the studied samples, for all the attributes. According to the tasters, the blend with 25% of milk obtained larger medium values of acceptance in the attributes of appearance, color and aroma than the ones verified for the samples with other percentile of milk. Keywords: Pine cone juice, sensorial acceptance test, “Blends” Protocolo 883 de 08/08/2006 1 Engenheira de Alimentos, Mestre em Engenharia Agrícola, Email: [email protected] e [email protected] 2 Professor Associado da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande-PB, Brasil Email: [email protected] e [email protected] 128 Avaliação físico-química e teste de aceitação sensorial do suco de pinha e do blend pinha-leite INTRODUÇÃO A família Annonacea é composta por aproximadamente 120 gêneros com distribuição tropical e subtropical em todo o mundo, em que Annona é o gênero mais importante dentro dessa família, com cerca de 50 espécies. No Brasil, as anonáceas são cultivadas praticamente em todo o território, no Nordeste, a graviola (Annona muricata) é a preferida pela população, e no Sudeste a pinha (Annona squamosa) é a mais plantada (Santos et al., 2005). A espécie foi introduzida no Brasil por Diogo Luís de Oliveira, Conde de Miranda (Araújo et al., 1999). A pinha é consumida in natura com uso restrito na agroindústria, como produto congelado ou processado para obtenção de polpa, refresco, mouse e sorvete, já que a polpa tem limitações para o processamento industrial devido ao escurecimento do suco, produzido em razão da presença das enzimas polifenoloxidases (Almeida et al., 2005). Segundo Muniz et al. (2002), a ata ou pinha, embora comercializada em vários estados brasileiros, apresenta uso muito restrito na agroindústria; é bastante aromática, de sabor agradável, açucarada e com baixa acidez; apresenta 48,13% de rendimento de polpa e teores médios de sólidos solúveis totais de 27oBrix, 15,96% de açúcares redutores e pH em torno de 5,23. De acordo com Silva (1997), a importância da ciência e da tecnologia de alimentos na melhoria da qualidade de vida do ser humano, é ressaltada pela vital necessidade de se ter alimentos saudáveis, com alto valor nutricional, disponíveis e acessíveis à população. A escolha do leite para compor o blend de pinha se deve ao fato de que este produto e os seus produtos derivados estão entre os gêneros alimentícios fundamentais na alimentação do homem. É difícil imaginar uma alimentação completa sem o leite e seus derivados, visto que o leite contém uma série de substâncias nutritivas e ativas em uma concentração relativamente alta e em proporções fisiologicamente equilibradas (Silva, 1997). A impressão sensorial tende a atribuir critérios de qualidade que condicionam a aceitação ou rejeição do produto pelo consumidor (Queiroz, 1984). O aspecto é provavelmente o atributo de qualidade que determina o valor comercial de um produto, pois o consumidor associa determinada qualidade com o aspecto. O sabor Gouveia et al. das frutas, bem como de seus sucos, é o resultado de uma interação de características de odor, gosto e sensações táteis, determinando o equilíbrio de sensações características de cada produto (Wills et al, 1984). Atributos sensoriais são as características de odor, gosto, textura e aparência, constituindo-se na percepção semântica. Odor e gosto são componente gerais decorrentes de estímulos químicos, enquanto a textura é função da estrutura física de estímulos dos receptores táteis da boca (Bourne, 1982). O controle da qualidade dos atributos sensoriais do suco de pinha com adição de leite requer avaliação dos aspectos físicos, químicos e sensoriais. A avaliação das propriedades sensoriais dos alimentos envolve um conjunto de técnicas denominadas de análise sensorial. Em geral essas técnicas são utilizadas com grandes grupos de consumidores para avaliação da preferência ou aceitação e com pequenos grupos para detectar aspectos sensoriais mais específicos (Treptow, 1993). A análise sensorial, segundo Aldrigue et al. (2003) tem como objetivo: Medir a qualidade do alimento em programas de controle de qualidade Determinar a variedade adequada da matéria-prima Determinar o melhor tipo de processamento e de armazenamento Correlacionar análise física x química Determinar a reação do consumidor Desta forma, este trabalho teve como objetivo avaliar física, química e sensorialmente teste de aceitação sensorial utilizando o método de escala, da polpa integral e dos blends de pinha por meio da adição de quantidades variáveis leite, esperando obter um “blend” que mantivesse as melhores características sensoriais. MATERIAIS E MÉTODOS Os ensaios deste trabalho foram conduzidos no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas na Universidade Federal de Campina Grande, PB. Obtiveram-se as pinhas (Annona squamosa L.) de produtores rurais da cidade de João Pessoa PB. Escolheram-se as frutas de melhor aspecto, dando preferência aos exemplares mais firmes, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.127-133, 2006 Avaliação físico-química e teste de aceitação sensorial do suco de pinha e do blend pinha-leite sem danos aparentes na casca e em estágio de maturação semelhante em todo o lote. O suco de pinha preparado com diferentes percentagens de leite (Figura 1) foi submetido às análises químicas e físico-químicas (açúcares totais, redutores e não redutores, sólidos solúveis totais, sólidos totais, pH, cinzas, acidez em ácido cítrico e relação de SST/ATT (Instituto Adolfo Lutz, 1985)) e ao teste de aceitação sensorial, quanto aos aspectos cor, sabor, aroma e aparência. Tabela 1: Formulações utilizadas % Pinha % Leite 75 25 50 50 25 75 Os testes foram realizados com quatro tipos de sucos: o primeiro suco foi feito com polpa de pinha “in natura”; o segundo, com polpa de pinha com adição de 75% de leite; o terceiro, com polpa de pinha e adição de 50% de leite e o quarto com polpa de pinha com adição de 25% de leite. Esses sucos foram submetidos a testes de aceitação quanto a aparência, cor, sabor e Gouveia et al. 129 aroma, por uma equipe de 35 provadores, não treinados. As amostras ofertadas para análise foram devidamente codificadas e oferecidas em copos plásticos de 40 ml. Os sucos in natura e os sucos com adição de leite, foram avaliadas quanto aos atributos sabor, cor, aroma e aparência em testes de consumidor, utilizando-se a escala hedônica estruturada de 9 pontos (1 = desgostei extremamente; 2= desgostei muito; 3 = desgostei moderadamente; 4 = desgostei ligeiramente; 5 = nem desgostei, nem gostei; 6 = gostei ligeiramente; 7 = gostei moderadamente; 8 = gostei muito; 9 = gostei extremamente); juntamente com os sucos foi servida água mineral. A preferência da bebida foi determinada por análise sensorial seguindo-se um questionário (Figura 1) elaborado quanto aos diferentes graus de sabor da bebida. Análise Matemática Os parâmetros sensoriais foram avaliados por meio de análises de Tukey, através do programa Assistat versão 7.2. Figura 1: Questionário utilizado para análise sensorial Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.127-133, 2006 130 Avaliação físico-química e teste de aceitação sensorial do suco de pinha e do blend pinha-leite RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização físico-química Tem-se na Tabela 2, os valores médios dos parâmetros físico-químicos da polpa de pinha integral e com adição de leite integral. Observase que o pH e o teor de acidez total titulável da polpa integral estão na mesma faixa de valores determinados por Salgado et al. (1999) ou seja, de 5,49 unidades de pH e 0,45 de acidez. Verifica-se que a adição de leite à polpa de pinha provocou aumento significativo do pH com o aumento da concentração, correspondendo a um acréscimo no pH da amostra com maior proporção de leite de 17,26%, devido ao pH do leite integral ser maior ao da polpa de pinha. Em geral, o pH das frutas gira em torno de 3,5, valor este que expressa a presença dos ácidos no suco e corresponde melhor à sensação de sabor que o teor total de ácidos (Vicenzi, 2006). Com relação à acidez total titulável da polpa de pinha integral, constatou-se que ocorreu um decréscimo de 35,72% na amostra com 75% de leite, comportamento previsto em razão do leite ter baixa acidez o que contribui para diluição dos ácidos orgânicos existentes na polpa. Da mesma forma como ocorreu com a acidez total titulável e os açúcares, os sólidos solúveis totais também diminuíram Gouveia et al. significativamente com a adição de leite às amostras. Os sólidos solúveis totais (ºBrix) da polpa de pinha integral estão na mesma faixa de valores determinados por Alves et al. (2000), Muniz (2002) e Ugulino et al. (2005). A redução máxima do ºBrix foi de 45,66%, verificado na amostra com maior percentual de leite. Os valores de sólidos totais da polpa integral são maiores ao determinado por Ugulino (2005). Os sólidos totais diminuíram com o aumento da concentração de leite; e houve redução de 49,4% nos sólidos totais da amostra com 75% de leite em relação a polpa integral de pinha. O teor de cinzas da polpa de pinha integral diminuiu em 10,11% em relação à amostra com 75% de leite. A relação entre os sólidos solúveis totais e a acidez titulável (SST/ATT) foi maior nas amostras com 25 e 75% de leite, respectivamente, em relação à polpa integral, e menor na amostra com 50% de leite. Salgado et al. (1999) encontraram para a polpa de pinha integral, valores de SST/ATT na ordem de 32,06, em que os Sólidos Solúveis Totais - SST foram iguais a 14,43 ºBrix e a Acidez Total, 0,45%; relação que está bem abaixo da encontrada neste trabalho (68,266) e cujo fato pode ser explicado em virtude de ter obtido um valor de Sólidos Solúveis Totais - SST mais elevado, na ordem de 28,4 ºBrix. Tabela 2: Paramentos físico-químicos da polpa de pinha integral e a diferentes percentuais de leite Concentração pH Acidez total titulável (%ácido cítrico) Sólidos solúveis Sólidos totais totais (%) (º Brix) 15,467 ± 0,306 Polpa Leite 25% 75% 6,4 ± 0,053 0,270 ± 0,014 50% 50% 6,0 ± 0,055 75% 25% Integral Cinzas (%) SST/ATT 14,727 ± 0,765 0,720 ± ,0241 57,285 0,344 ± 0,046 18,067 ± 0,808 20,005 ± 0,250 0,784 ± 0,023 52,520 5,6 ± 0,035 0,357 ± 0,042 23,667 ± 0,416 24,012 ± 0,224 0,795 ± 0,030 66,294 5,4 ± 0,053 0,417 ± 0,065 28,467 ± 0,503 29,108 ± 0,467 0,801 ± 0,082 68,266 Na Tabela 3 se encontram os valores médios dos açúcares das polpas de pinha integral e com diferentes percentuais de leite. Os valores de açúcares totais e redutores encontrados são maiores que os obtidos por Salgado et al. (1999) que foram de 11,57% e 10,91%, Alves et al. (2000) que foram de 19,3% e 15,96% e Ugulino et al. (2005) de 15,90% e 15,20%, respectivamente. Observa-se, ainda, que houve uma diminuição nos teores de açúcares totais, de 55,36%, açúcares redutores de 36,55% e nos açúcares não redutores, de 15,25%, todos em relação à amostra com maior quantidade de leite. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.127-133, 2006 Avaliação físico-química e teste de aceitação sensorial do suco de pinha e do blend pinha-leite Gouveia et al. 131 Tabela 3: Valores médios dos açúcares da polpa de pinha integral e a diferentes percentuais de leite Concentração Polpa Leite Açúcares redutores Açúcares não redutores Açúcares totais 25% 75% 12,920 ± 0,979 11,002 ± 1,473 14,588 ± 1,340 50% 50% 14,988 ± 0,000 11,031 ± 1,124 26,019 ± 2,075 75% 25% 18,440 ± 1,910 12,736 ± 0,934 31,510 ± 1,114 20,365 ± 0,000 12,983 ± 1,354 32,682 ± 2,184 Integral Análise sensorial O perfil dos consumidores que participaram do teste de aceitabilidade é mostrado na Figura 2, na qual se verifica que a maioria dos provadores que participaram era do sexo masculino e na faixa etária entre 20 e 30 anos de idade. Sexo Homens Mulheres Idade (anos) Homens Mulheres 20 - 30 31 - 40 41 - 55 Figura 2: Perfil dos provadores participantes no teste sensorial Na Tabela 3 se encontram as aceitabilidades médias dos atributos aparência, aroma, sabor e cor de cada uma das amostras avaliadas, juntamente com os resultados da análise de variância e do teste de Tukey. Com relação ao atributo aparência, a amostra integral foi a que apresentou maior aceitação sendo igual estatisticamente, à concentração de 75% de polpa + 25% de leite e 25% de polpa + 75% de leite, sendo esta última também igual, estatisticamente, à amostra com 50% de polpa + 50% de leite. Para o atributo cor, as amostras integral e com 75% de polpa + 25% de leite obtiveram a melhor aceitação desse atributo, sendo iguais estatisticamente. As amostras com 50% de polpa + 50% de leite e com 25% de polpa + 75% de leite, são iguais estatisticamente entre si, porém com percentuais de aceitação menores Idade (anos) às amostras anteriores. Nos atributos sensoriais sabor e aroma, todas as amostras foram iguais estatisticamente 20 - 30 com exceção da amostra com 25% de polpa + 31 - 40 75% de leite, que teve sua média inferior41à- 55 das demais concentrações. As aceitações médias para as amostras com 50% de polpa + 50% de leite e com 25% de polpa + 75% de leite se encontram na faixa de aceitação para todos os atributos entre as categorias “gostei ligeiramente” e “desgostei ligeiramente”. Com base nas médias obtidas no teste de aceitação, construíram-se os perfis de respostas sensoriais dos atributos avaliados, para as polpas integrais e com diferentes percentuais de leite. Encontram-se na Figura 3, os perfis sensoriais obtidos para polpas integrais e com diferentes percentuais de leite. Percebe-se, na Figura 3, que a polpa integral foi avaliada como a melhor em todos os atributos sensoriais, enquanto nas amostras com adição de leite a que apresentou melhor aceitação na aparência, cor e aroma, foi a amostra com 75% de polpa e a melhor aceitação para o atributo sabor, foi a de 50% de polpa. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.127-133, 2006 Avaliação físico-química e teste de aceitação sensorial do suco de pinha e do blend pinha-leite 132 Gouveia et al. Tabela 3: Aceitação média dos atributos aparência, cor, aroma e sabor, da polpa de pinha integral e com adição de diferentes percentuais de leite Concentrações Atributos Polpa Leite Aparência Cor Sabor Aroma 25% 75% 6,54 ab 6,46 b 4,63 b 5,06 b 50% 50% 6,20 b 6,43 b 6,63 a 6,26 a 75% 25% 7,43 a 7,47 a 6,40 a 6,97 a Polpa integral 7,46 a 7,53 a 7,20 a 7,37 a MG 6,914 6,97 6,21 6,41 DMS 0,99 0,95 1,17 1,139 DMS - Diferença mínima significativa MG - Média geral Obs.: Médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a nível de 5% de significância 9 Cor 100% de polpa 8 75% de polpa + 25% de leite 7 50% de polpa + 50% de leite 6 25% de polpa + 75% de leite 5 4 3 2 -9 -8 Sabor 1 Aparência -7 -6 -5 -4 -3 -2 -1 -1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 -2 -3 -4 -5 -6 -7 -8 -9 Aroma Figura 3: Perfil sensorial obtido segundo teste de aceitação para a polpa de pinha integral e a diferentes percentuais de leite. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.127-133, 2006 Avaliação físico-química e teste de aceitação sensorial do suco de pinha e do blend pinha-leite CONCLUSÕES Os parâmetros físico-químicos acidez total titulável em ácido cítrico, sólidos solúveis totais (ºBrix), cinzas, sólidos totais, açúcares redutores, não-redutores e totais das polpas de pinha, foram influenciados e tiveram seus teores diminuídos quando adicionados de diferentes percentuais de leite. A adição de leite à polpa de pinha, provocou aumento significativo do pH com o aumento da concentração. De acordo com o teste de aceitação sensorial, a amostra integral foi a que apresentou as maiores médias entre as amostras estudadas, para todos os atributos. A amostra com 75% de polpa e 25% de leite, segundo os provadores, obteve valores médios de aceitação maiores nos atributos aparência, cor e aroma, que os verificados para as amostras com outros percentuais de leite. No teste de aceitação sensorial não ocorreu preferência na amostra com maior percentual de leite; fato este que pode ser considerado devido à preferência dos consumidores por sabores mais intensos da fruta, em que a diluição tornou a amostra menos doce, ocasionando preferência pela polpa integral ou com o menor percentual de leite. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aldrige, M.L.; Madruga, M.S.; Fioreze, R.; Soares, J. Aspectos da ciência e tecnologia de alimentos. ed. João Pessoa: Editora Universitária - UFPB, 2003. Vol.2, 229 p. Almeida, R.F.; Pereira, T.; Monteiro, A.R.; Viana,A.P. Armazenamento de Pinha (Anona squamosa) sob Refrigeração. Disponível em: <http://www.ufpel.tche.br/ sbfruti/anais_xvii_cbf/poscolheita/816.htm>. Acesso em: 24 out.2005. Alves, R.E.; Filguieras, H. A.C.; Moura, C.F.H. Caracterização de frutas nativas da América Latina. Jaboticabal: UNESP/SBF, 2000. Association Of Official Analytical Chemists AOAC. Official methods of analysis of AOAC international. Williams, S. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.127-133, 2006 134 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.134, 2006 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.135-146, 2006 ISSN 1517-8595 135 CINÉTICA DE SECAGEM DO FARELO DE MAMONA Marcondes Barreto de Sousa1, Juarez de Paz Pedroza2, Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão2, Liv Soares Severino3, Francisco Pinheiro Dantas3 RESUMO Objetivou-se, com o presente trabalho, determinar as curvas de secagem e a umidade de equilíbrio higroscópico do farelo de mamona (Ricinus communis L.), a fim de estudar os efeitos das condições de secagem nas espessuras de camadas de um, três e cinco cm, nas temperaturas de 50, 60, 70 e 80°C. Os resultados da cinética de secagem foram ajustados pelos modelos matemáticos de Page e Thompson. Os resultados obtidos deixaram claro que as curvas de secagem se ajustaram bem aos modelos matemáticos, apresentando coeficiente de determinação (R2) superior a 0,99. Palavras-chave: Ricinus communis L., umidade de equilíbrio KINETICS DRYING OF BRAN OF CASTOR ABSTRACT It was objectified with the present work to determine the curves of dryness and moisture of equilibrium hygroscopic of the bran of castor (Ricinus communis L.) in order to study the effects of the conditions of dryness, in the thicknesses the coats of one, three and five cm, in temperature of 50, 60, 70 and 80°C. The effects in the kinetic of dryness went adjustable in the models mathematician by Page and Thompson. The results got left clear that curves of dryness they were adjusted well in the models mathematician, by Page showing coefficient of determination (R2) high 0,99. Keywords: Ricinus Communis L., equilibrium moisture INTRODUÇÃO A mamoneira (Ricinus communis L.) é uma oleaginosa originária, possivelmente, da Etiópia, no leste da África. Esta planta apresenta grande potencial para ser cultivada em amplas áreas do território brasileiro, em razão de apresentar expressiva resistência à seca, exigência em calor e luminosidade, além de se adaptar perfeitamente ao clima semiárido ( Cartaxo et al., 2004 ); além disso, a extraordinária multiplicidade de aplicações industriais de seu óleo e do valor agregado da torta e farelo como fertilizante orgânico e suplemento protéico para alimentação animal, quando destoxicada, situa a mamona entre as oleaginosas tropicais mais importantes da atualidade (Fornazieri Júnior, 1986). Protocolo 901 de 28/06/2006 1 Mestre em Engenharia Agrícola, UFCG; Av. Aprígio Veloso 882, Bodocongó, CEP 58109-709, Campina Grande, PB. Fone (83) 3310-1185, [email protected] 2 UAEAg/CTRN/UFCG. E-mail: [email protected]; CNPA/EMBRAPA. E-mail: napoleã[email protected] 3 CNPA/EMBRAPA. E-mail:[email protected], 3Pós-graduando em Engenharia Agrícola, UFCG, [email protected] 136 Cinética de secagem do farelo de mamona Segundo Severino (2005), a torta é o principal subproduto da cadeia produtiva da mamona, produzida a partir da extração do óleo das sementes, enquanto o farelo, a partir do processo mecânico de prensagem das sementes e da extração à base de solvente, na proporção aproximada de 1,2 tonelada para cada tonelada de óleo extraída, corresponde a 55% de massa das sementes, valor que pode oscilar de acordo com o teor de óleo da semente e do processo industrial de sua extração. No Brasil, o Nordeste poderá expandir sua área em mais 4,0 milhões de hectares em condições de sequeiro, para produzir mamona, sendo o óleo a matéria-prima essencial para a produção do biodiesel, enquanto o resíduo, a torta e o farelo, poderão ser a base para recuperação dos seus solos, que se encontram degradados e empobrecidos. De acordo com Beltrão (2002), poder-se-á cultivar cerca de até 6,0 milhões de hectares por ano com mamona na região, com produção total de resíduos de aproximadamente 3,0 milhões de toneladas. Com esta quantidade provável de torta e farelo de mamona, torna-se oportuno dar, a esses resíduos, um destino ambientalmente correto, uma vez que seu uso, como adubo orgânico e/ou concentrado para ração animal, vem se destacando, segundo diversos pesquisadores; nos dois casos, é imprescindível o processo de destoxicação, todos eles por extrusão; após isto, é conveniente a secagem do material. A operação unitária de secagem é importante, uma vez que visa preparar o produto para a armazenagem; entretanto, se mal conduzida, poderá prejudicar a qualidade comercial do produto ou, por outro lado, acelerar o processo de deterioração durante a armazenagem; assim, o conhecimento do mecanismo de ação da água entre os materiais biológicos e o ambiente é de grande importância no processamento da secagem. Quanto aos efeitos da umidade na conservação do farelo de mamona, a literatura não faz qualquer menção. De acordo com Oliveira et al. (2004), a maioria dos produtos biológicos apresenta propriedades de ceder ou absorver umidade do ar circundante e, quando submetidos a uma mesma temperatura, a umidade contida no material tende a entrar em equilíbrio com a umidade relativa do ar; contudo, quando a pressão de vapor do material é menor que a do ar, o material tenderá a absorver umidade e, em situação inversa, ele cederá umidade para o ar, fenômeno que ocorre em função, possivelmente, da relação entre a Sousa et al. pressão de vapor da água do material e a pressão de vapor da água do ambiente. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas (LAPPA) da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, no Centro de Tecnologia e Recursos Naturais (CTRN) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Utilizou-se o farelo de mamona, produzido pelo processo de prensagem mecânica das sementes e pela extração à base de solvente químico, obtido na Bom Brasil, na cidade de Salvador, BA. A secagem foi realizada em uma estufa com circulação de ar e velocidade de 1,5 m/s, em camadas de um, três e cinco centímetros de espessura, com controle das temperaturas de 50, 60, 70 e 80°C e com três repetições. O farelo foi secado em bandejas de alumínio de 15 x 25 cm e levado à estufa de leito fixo. Foram feitas leituras de 15, 30 e 60 minutos, em uma balança analítica, acompanhando-se a perda de massa versus tempo, até se atingir massa constante. Modelos matemáticos Para o ajuste matemático das curvas de cinética de secagem do farelo de mamona, utilizaram-se os modelos matemáticos de Page (1949) e Thompson, citado por Brooker et al., (1974), através do programa computacional Statistica, versão 5.0. Equação de Page: RU = e –Kt n (1) em que: RU= razão de umidade (adimensional) K, n constantes do modelo que dependem das condições de operação do processo de secagem e características do material a ser secado t = tempo (min). Equação de Thompson: t = ln (RU)A + ln (RU)B t = ln (RU) (2) A + B Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.135-142, 2006 Cinética de secagem do farelo de mamona onde A e B são constantes relacionadas à temperatura do ar e RU é a razão de umidade. 137 Sousa et al. virtude de sua natureza empírica, essas equações só podem ser usadas para predizer dados de secagem para as condições de temperatura, espessuras de camada e velocidade do ar de secagem estudadas. Observa-se uma importante diminuição no tempo gasto para secar o farelo de mamona, em função da elevação da temperatura e redução na espessura da camada de secagem. A aplicação dessas equações confirma os resultados obtidos por Alsina et al., 1996. RESULTADOS E DISCUSSÃO Tem-se, nas Figuras de 1 a 6, as curvas de secagem ajustadas pelas equações de Page e Thompson, para farelo de mamona, nas temperaturas de 50, 60, 70 e 80°C e nas espessuras de um, três e cinco cm, no programa computacional Statistica versão 5.0. Em Farelo 1 cm Page Razão de umidade em base seca (RUBS) 1,0 50°C 60°C 80°C 70°C 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (hora) Figura 1 - Curvas de secagem de farelo de mamona nas temperaturas de 50, 60, 70 e 80°C, em camada de um cm de espessura, no modelo de Page Farelo 3 cm Page Razão de umidade em base seca (RUBS) 1,0 50°C 70°C 60°C 80°C 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Tempo (hora) Figura 2 - Curvas de secagem de farelo de mamona nas temperaturas de 50, 60, 70 e 80°C, em camada de três cm de espessura, no modelo de Page Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.135-142, 2006 Cinética de secagem do farelo de mamona 138 Sousa et al. Farelo 5 cm Page 1,0 Razão de umidade em base seca (RUBS) 50°C 60°C 70°C 80°C 15 20 25 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 5 10 30 Tempo (minuto) Figura 3 - Curvas de secagem de farelo de mamona nas temperaturas de 50, 60, 70 e 80°C, em camada de cinco cm de espessura, no modelo de Page Farelo 1 cm Thompson Razão de umidade em base seca (RUBS) 1,0 50°C 60°C 70°C 80°C 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 2 4 6 8 10 12 Tempo (hora) Figura 4 - Curvas de secagem de farelo de mamona nas temperaturas de 50, 60, 70 e 80°C, em camada de um cm de espessura, no modelo de Thompson Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.135-142, 2006 Cinética de secagem do farelo de mamona 139 Sousa et al. Farelo 3 cm Thompson Razão de umidade em base seca (RUBS) 1,0 50°C 60°C 80°C 70°C 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Tempo (minuto) Figura 5 - Curvas de secagem de farelo de mamona nas temperaturas de 50, 60, 70 e 80°C, em camada de três cm de espessura, no modelo de Thompson Nota-se que as curvas de cor verde representam temperatura de 80°C, nas espessuras de um, três e cinco cm na secagem do farelo de mamona; já as curvas de 80°C mostram maior tendência de redução na razão de umidade mais acentuada que nas curvas de 70°C que, por sua vez, demonstram redução mais rápida que as curvas de 60°C; estas últimas são mais rápidas que as curvas de 50°C; por sua vez, as curvas de 50°C não tiveram, na espessura de cinco cm, uma inclinação acentuada como nas demais temperaturas, devido às espessuras das camadas que dificultam a retirada da umidade, e em virtude da temperatura de secagem ser próxima à temperatura ambiental demonstrando, assim, a influência das temperaturas e das espessuras das camadas sobre as velocidades em que transcorreram as secagens, que foram apresentadas nos modelos matemáticos. Farelo 5 cm Thompson Razão de umidade em base seca (RUBS) 1,0 50°C 60°C 80°C 70°C 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 5 10 15 20 25 30 Tempo (minuto) Figura 6 - Curvas de secagem de farelo de mamona nas temperaturas de 50, 60, 70 e 80°C, em camada de cinco cm de espessura, no modelo de Thompson Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.135-142, 2006 Cinética de secagem do farelo de mamona 140 Sousa et al. Na temperatura de 50°C e se usando um cm, o tempo de secagem foi de 14 horas; a três cm, foi de 24 horas e a de cinco cm, de 33 horas; a 60°C, a um cm, durou nove horas; a três cm, gastou 19 horas e a cinco cm, 29 horas. Em relação à temperatura de 70°C, a camada de um cm gastou oito horas na secagem; a de três cm, 15 horas e a de cinco cm, 27 horas; na temperatura de 80°C, com um cm de espessura, a secagem durou oito horas; a três cm, levou 14 horas e a cinco cm, 23 horas. Nas temperaturas de 70 e 80°C, na espessura de um cm a secagem do farelo de mamona teve o mesmo tempo de secagem, ou seja, oito horas; nas curvas, o declive é diferente porém o tempo é equivalente, fato que se deve à variação de ± 5°C na temperatura da estufa. A velocidade de secagem na espessura de um cm da camada do farelo de mamona foi de 54,16% mais rápida que na espessura de três cm e 34,82% mais rápido em relação à espessura de cinco cm; as curvas de secagem se apresentaram com boa definição, sem grandes flutuações nos pontos indicados, boa condição de homogeneidade da estufa. Com relação ao efeito da temperatura observa-se que, quanto maior, mais rápida se dará a remoção de água do farelo de mamona, ou seja, a secagem, independentemente da espessura da camada do produto, evidencia que a temperatura é o fator que exerce maior influência na cinética de secagem de produtos agrícolas. Com respaldo nos resultados apresentados nos modelos matemáticos de Page e Thompson, verifica-se que a secagem do farelo de mamona para as condições estudadas nas Figuras de 1 a 6, ocorreu em concordância com Prado (1998), Yoshida (1997) e Gouveia (1999). Nas Tabelas 1 e 2 se encontram não só os parâmetros dos modelos matemáticos Page e Thompson, ajustados às curvas de secagem do farelo de mamona, nas diferentes temperaturas e espessuras mas, também, os coeficientes de determinação R2. Todos os modelos se ajustaram bem aos dados experimentais das secagens e os coeficientes de determinação apresentaram valores superiores a 0,9961, podendo ser usados na previsão da cinética de secagem do farelo de mamona. Por outro lado, o modelo de Thompson mostrou coeficiente de determinação semelhante ao de Page, com valores superiores a 0,9940, fato constatado por Doymaz (2005), na cinética de secagem do figo, obtendo-se valores de R2 oscilando entre 0,9512 a 0,9982. Quanto ao parâmetro k da equação de Page, seus valores cresceram com a elevação da temperatura, o que também foi comprovado por Silva et al., (2004). Nas temperaturas de 50, 60, 70 e 80°C, o parâmetro n aumentou proporcionalmente à temperatura, o qual tem efeito moderador para corrigir os possíveis erros resultantes da resistência interna à transferência de umidade. Os parâmetros A e B da equação de Thompson aumentaram com o aumento da temperatura e decresceram com o aumento da espessura das camadas, e tiveram valores negativos. Na espessura de um cm o parâmetro A variou de -3,0212 a -1,3055; na camada de três cm, a variação foi de -8,8815 a -4,1426; e, na camada de cinco cm de espessura, oscilou entre -15,4198 a -7,6839. O parâmetro B variou na camada de um cm, de -0,1736 a -0,0167; para três cm, oscilou entre -0,8631 a -0,3468 e na espessura de cinco cm variou de -1,8281 a 0,6899. Tabela 1 - Parâmetros das curvas de secagem do farelo de mamona e coeficiente de determinação (R2) ajustados ao modelo matemático de Page Modelo Espessura (cm) 1 Page 3 5 Parâmetros Temperatura (°C) K n 50 60 70 80 50 60 70 80 50 60 70 80 0,3303 0,3402 0,4549 0,5664 0,1085 0,1289 0,1576 0,1955 0,0656 0,0727 0,0822 0,1062 1,0428 1,2489 1,2490 1,2657 1,0807 1,1408 1,1789 1,1885 1,0691 1,1249 1,1446 1,1501 R2 0,9988 0,9991 0,9994 0,9992 0,9985 0,9981 0,9982 0,9989 0,9961 0,9965 0,9981 0,9983 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.135-142, 2006 141 Tabela 2 - Parâmetros das curvas de secagem do farelo de mamona e coeficiente de determinação (R2) ajustados ao modelo matemático de Thompson Modelo Espessura (cm) 1 Thompson 3 5 Parâmetros Temperatura (°C) A B 50 60 70 80 50 60 70 80 50 60 70 80 -3,0212 -2,3978 -1,8327 -1,3055 -8,8815 -6,5661 -5,1883 -4,1426 -15,4198 -11,5672 -9,9193 -7,6839 -0,1736 -0,1827 -0,1153 -0,0167 -0,8631 -0,6173 -0,4945 -0,3468 -1,8281 -1,1940 -0,9707 -0,6899 CONCLUSÕES De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, conclui-se que: O percentual de razão de umidade em base seca determinado e usado para descrever o fenômeno de secagem, ajustou-se bem aos dados experimentais obtidos para o farelo de mamona, nas temperaturas de 50, 60, 70 e 80°C. O tempo médio requerido para o farelo de mamona atingir a umidade de equilíbrio, depende da temperatura e da espessura da camada. Na espessura de um cm o tempo gasto na secagem do farelo foi 54,16% mais rápido que a espessura de três cm e esta última secou 34,82% mais rápido que a camada de cinco cm, nas temperaturas de 50, 60, 70 e 80°C. A secagem foi bastante influenciada pela espessura da camada, sendo processada mais lentamente sempre que se aumenta a espessura, em razão da dificuldade de penetração de ar quente no interior da camada, retardando a remoção da água do produto. Os modelos matemáticos de Page e Thompson utilizados para prever o equilíbrio higroscópico da torta e do farelo de mamona, se ajustaram satisfatoriamente aos dados experimentais sendo que o modelo de Page mostrou melhores ajustes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS R2 0,9940 0,9954 0,9956 0,9940 0,9997 0,9977 0,9966 0,9967 0,9966 0,9963 0,9987 0,9990 Alsina, O.L.S.; Aragão, R.F.; Monteiro, L.F. Estudo sobre as condições de secagem de vagens de algaroba, In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 25, Congresso Latino-Americano de Engenharia Agrícola, 2, 1996, Bauru. Resumos..... Bauru: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 1996. CD Rom. Beltrão, N.E de M. Torta de mamona (Ricinus communis L.): fertilizante e alimento. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2002. Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying ceral grains. Westport, Conn. Avi, 1974, 265p. Cartaxo, W.V.; Beltrão, N.E de M.; Silva, O.R.R.F da; Severino, L.S.; Suassuna, N.D.; Soares, J.J. Cultivo de mamona no semiárido brasileiro. Campina Grande. Embrapa/Algodão, 2004. 20p. Doymaz, I. Sun drying of figs: an experimental study. Journal of Food Eng., v.71, n.4, p.403-407, 2005. Fornazieri Júnior, A. Mamona: uma rica fonte de óleo e de divisas. São Paulo: Ícone, 1986. 71p. Gouveia, J.P.G. Avaliação da cinética de secagem de gengibre (Zingiber officinalle, Roscoe) em um secador de leito fixo. 1999. 161p. Tese de Doutorado. UNICAMP, Campinas. Oliveira, L.M.; Oliveira, P.A.P.L.V. Re-visão: principais agentes antimicrobianos utilizados em embalagens plásticas. Brazilian Journal of Food Tecnology, v.7, n. 2, p. 161-165, 2004. Page, G.E. Factores influencing the maximum of air drying shelled corn in Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.135-142, 2006 142 Cinética de secagem do farelo de mamona thin layer. MSc. Thesis, USA. Purdue University, Indiana, 1949. Prado, M.E.T. Secagem de tâmaras (Phoenix dactylifera L.) para a obtenção de tâmara passa. 1998. 149p. Tese de Doutorado. UNICAMP, Campinas. Severino, L.S. O que sabemos sobre torta de mamona. In: Ministérios da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento. Campi-na Grande, 2005. (Documento 134). Sousa et al. Silva, C.V.; Barbosa, C.P.I.; Paula, M.L.; Coelho, N.R.A. 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Cavalcanti Mata2, Sibele Thaís Guimarães Duarte3, Priscila Beserra Santana4 RESUMO Desidratação osmótica em solução de sacarose a 40 °Brix, com cozimento prévio e também sem o cozimento, com posterior secagem à temperatura de 45°, 60° e 75°C foram os tratamentos aplicados à polpa de jaca em fatias com vistas à elaboração de passas de jaca (dura). A avaliação sensorial foi feita com base na aceitação e aparência das passas nas diferentes temperaturas aplicadas. Trinta e cinco consumidores potenciais do produto foram selecionados em função da disponibilidade e interesse em participar dos testes. Foi utilizada a escala hedônica de 9 pontos, onde os provadores avaliaram as amostras. A caracterização físicoquímica das passas de jaca também foi realizada. Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Os resultados obtidos mostraram que a passa tratada em solução de sacarose a 40° Brix, com cozimento prévio e secas à temperatura de 45°C foi a preferida pelos degustadores. Palavras-chave: passa de jaca; avaliação sensorial; processamento; caracterização físicoquimica. ACCEPTANCE EVALUATION OF JACK FRUIT RAISINS ELABORATED BY DIFFERENT DRYING TREATMENTS ABSTRACT Osmotic dehydration in sucrose solution at 40°Brix, with pre-cooked and, also, non pre-cooked, and later dried the temperature of 45°, 60° and 75°C had been applied in the slices of jack pulp to the elaboration of the jack pulp raisins (Hard). The sensorial evaluation was made based on the acceptance and appearance of the raisins at the different applied temperatures. Thirty five potential consumers of the product had been selected in function of the availability and interest in participating of the tests. Hedonic scale of 9 points was used. The physical-chemistry characterization of the jack fruit raisins had been also accomplished. The experimental data were submitted to variance analysis and the averages have been compared by Turkey’s test at level of 5% probability. The obtained results had shown that the raisin treated in sucrose solution at 40° Brix, pre-cooked previously and dried at 45°C was the favorite for the tasters. Keywords: jack fruit raisins, sensory evaluation, processing, physical-chemical characterization. Protocolo 886 de 23/10/2005 1 Engenheira de Alimentos, Mestre em Engenharia Agrícola - UFCG, Email: [email protected] 2 Professor Associado da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Campina Grande-PB, Brasil Email: [email protected] e [email protected] 3 Administradora de Empresas, Mestre em Engenharia de Produção Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Email: [email protected] 4 Engenheira Civil, Mestranda em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, Email: [email protected] 144 Avaliação da aceitação de passas de jaca elaboradas por diferentes tratamentos de secagem Ugulino et al. uma grande variabilidade que pode ser reduzida com a utilização de provadores treinados. Algumas vezes o uso de análise instrumental é preferível devido à possibilidade de se realizar os ensaios em condições adequadas de controle (Esteller, 2004). Segundo Aldrige et al. (2003), cada alimento específico tem uma aparência esperada, que os observadores associarão com aceitação, indiferença ou rejeição; por outro lado, as características visuais do alimento induzem o consumidor a esperar certo sabor correspondente, haja vista que, cada vez que está diante de determinada imagem, ele se recordará de tudo o que já aprendeu sobre aquele alimento, em particular. O objetivo deste trabalho foi avaliar a aceitação sensorial da passa de jaca (dura), submetidos a pré-tratamentos osmótico em solução de sacarose a 40° Brix com cozimento prévio e também sem o cozimento, e secadas a temperatura de 45°, 60° e 75°C. INTRODUÇÃO Na indústria competitiva a qualidade vem se tornando uma das grandes armas para a obtenção de vantagens no mercado. Os métodos disponíveis para o levantamento das causas de problemas de qualidade de alimento, são de três tipos: físico-químicos, microbiológicos e sensoriais. O meio mais simples, rápido e direto de acesso às causas de defeitos de qualidade, é a avaliação sensorial; além disso, não há método analítico isolado que possibilite avaliar satisfatoriamente o sabor, a sensação oral ou a aparência dos alimentos (Bodyfelt et al., citados por Chaves, 1993). O uso de uma equipe de provadores graduados substitui o “expert”, ou degustador treinado em determinado produto. A análise sensorial tem várias aplicações, como em controle de qualidade, desenvolvimento de novos produtos, teste de consumidores, estudos de percepção humana, correlação com medidas físicas, químicas e instrumentais (Amarine et al., citados por Almeida, 1996). A análise sensorial é um campo muito importante na indústria de alimentos, uma vez que pode contribuir para o desenvolvimento da qualidade de um produto alimentício; estuda a determinação dos sabores agradáveis dos alimentos e bebidas, e é feita através dos órgãos dos sentidos, principalmente do gosto, olfato e tato, quando um alimento é ingerido (Aldrige et al., 2003). Análise sensorial inclui cheiro, sabor, som e toque. A avaliação de textura pelo tato inclui o uso dos dedos, lábios, língua, palato e dentes. Em geral, os métodos sensoriais estão sujeitos a MATERIAL E MÉTODOS Matéria-prima Foram utilizadas, neste estudo Jaca dura, adquirida no mercado local e na região semiárida da Paraíba. Preparo das passas de jaca O fluxograma de trabalho para produção da passa de jaca é mostrado na Figura 1. MATÉRIA-PRIMA SELEÇÃO HIGIENIZAÇÃO DESPOLPAMENTO MANUAL CORTE DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA 40 ° Brix TRATAMENTO TÉRMICO SECAGEM 45, 60 e 75 °C CARACTERIZAÇÃO FISICO-QUIMICA CINÉTICA DE SECAGEM ANALISE SENSORIAL: COR, SABOR, AROMA E APARÊNCIA Figura 1. Fluxograma do processo de obtenção de jaca em passa Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.143-152, 2006 Avaliação da aceitação de passas de jaca elaboradas por diferentes tratamentos de secagem Ugulino et al. Caracterização físico-quimica As determinações realizadas nas passas de jaca após o processamento foram açúcares redutores e açúcares totais, cinzas (AOAC, 1997), acidez total, Teor de água, pH e sólidos solúveis totais (Instituto Adolfo Lutz, 1985). As determinações foram realizadas em triplicata e os resultados expressos em percentuais (%). 145 secador de bandejas, com circulação de ar para realização de secagem nas temperaturas de 45, 60 e 75ºC. O ponto final de secagem foi definido em torno de 18% b.u., conforme ensaios preliminares; para este fim, usou-se um desidratador de frutas Polidryer PD-25 (Figura 2). Pré-tratamentos Desidratação osmótica Os frutos foram colocados em xarope nas concentrações de 40 °Brix para incorporação de açúcar. Prepararam-se os xaropes osmóticos utilizando-se açúcar cristalizado, na proporção produto: solução de 1:4. Os xaropes de sacarose foram preparados por meio de adição de açúcar à água, até atingir o teor de sólidos solúveis desejado sob aquecimento, para facilitar a dissolução; após se colocar a fruta no xarope, manteve-se o processo sob aquecimento de 43°C. Acompanhou-se o peso da fruta periódicamente, em intervalos de 0, 15, 30, 45, 75, 120, 180, 270, 390, 540, 720, 930, 1170, 1710 minutos, totalizando 28,5 horas de osmose. Perda de água: Três pedaços da polpa da jaca devidamente identificadas eram retirados da solução e pesados em balança modelo PC 440 com precisão de 0,001g. Ganho de Soluto: O ganho de soluto foi acompanhado determinando-se a matéria seca. Amostras da jaca eram retiradas nos intervalos estabelecidos e, em seguida, levadas para estufa, a 105°C, até peso constante. Cozimento Metade dos frutos obtidos do processo de osmose foi levado a cozimento em fogão a gás, com leve e permanente agitação, para manter a uniformidade durante o cozimento preservando, assim, a integridade do fruto. Esta agitação foi manual e o cozimento realizado no próprio xarope, em fogo brando, durante 20 minutos após a fervura. Secagem Após a cocção as jacas foram secas em papel absorvente para retirada do excesso de xarope da sua superfície; depois, colocada no Figura 2. Secador de bandejas Polidryer PD-25 Determinou-se, antes do início da secagem o teor de água inicial da jaca, de acordo com A.O.A.C. (1997). Teste de aceitação sensorial Trinta e cinco consumidores potenciais do produto foram selecionados em função de consumir a passa de jaca, a disponibilidade e o interesse em participar do teste. Os provadores analisaram as amostras pelo teste de avaliação de atributos, utilizando uma escala de intervalos estruturada de 1 a 9 em que, para os atributos Aparência Geral, Cor, Aroma e Sabor, o valor 1 se refere a condição péssima, nada característico à passa de jaca, e o valor 9 corresponde a ótimo, totalmente característico a passa de jaca, anotando-se o quanto gostou ou desgostou nos respectivos questionários (Figura 3). Empregou-se, nesta pesquisa, o delineamento inteiramente casualizado onde todos os provadores avaliaram seis amostras (três amostras com cozimento prévio e três amostras sem o cozimento). Para execução dos testes, as amostras foram disponibilizadas aos provadores todas de uma vez, embaladas em saquinhos plásticos, codificados com números de três dígitos aleatórios; juntamente com a passa foram servidos biscoito tipo água e sal e também água mineral. Os degustadores foram instruídos a fazer uma pausa entre uma análise e outra, servindo-se desses dois produtos no Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.143-152, 2006 146 Avaliação da aceitação de passas de jaca elaboradas por diferentes tratamentos de secagem Ugulino et al. sentido de minimizar os efeitos do sabor residual deixado na boca pela prova anterior. Figura 3-Questionário do teste de aceitação sensorial. Análise estatística Os resultados foram analisados com o objetivo de identificar o melhor tratamento, no que se refere à conservação das características da jaca passa com a pré-secagem osmótica a 40 °Brix com cozimento e também sem o cozimento prévio, secas às temperaturas de 45, 60 e 75°C. Os parâmetros sensoriais foram avaliados segundo delineamento inteiramente casualizado e aplicado o teste de Tukey para comparação entre médias, a 5% de probabilidade, quando o teste F da análise de variância foi significativo, para tanto se utilizou o programa Assistat versão 7.2. RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização físico-química da jaca in natura. Os valores médios da caracterização inicial das jacas “in natura” encontram-se na Tabela 1. Tabela 1. Valores médios das características físico-químicas da jaca “in natura”, Campina Grande, PB, 2006 Jaca "in natura" Açúcares redutores (%glicose) 1,816 0,111 Açúcares totais (%) 11,569 0,552 Açúcares não redutores (%) 9,752 0,455 Acidez total (% ácido cítrico) 0,147 0,0042 Teor de água (%) 66,01 0,185 Cinzas (%) 0,450 0,034 pH 4,7 0,020 Sólidos solúveis (ºBrix) 26,00 0,872 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.143-152, 2006 147 Avaliação da aceitação de passas de jaca elaboradas por diferentes tratamentos de secagem Ugulino et al. O valor médio do teor de água da polpa da jaca “in natura” encontrado neste estudo foi inferior aos obtidos por Victor Manuel et al. (2006) que obteve 78,90% e de Silveira (2002) que foi de 80,43%; Victor Manuel et al. (2006) encontraram acidez total de 3,69 (meq/100g amostra), enquanto o valor obtido nesta pesquisa foi de 0,147 (meq/100g amostra). O teor de cinzas encontrado por Silveira (2002) foi de 1,02% e foram duas vezes maiores do que o encontrado nesta pesquisa (0,45%). O valor do pH 4,7 da jaca é igual ao obtido por Victor Manuel et al. (2006). O valor dos sólidos solúveis foi de 26°Brix, enquanto que o valor encontrado por Victor Manuel et al. (2006) foi de 19,5 ºBrix, valor este inferior ao da jaca utilizada nesta pesquisa. Os resultados da análise de variância dos parâmetros físico-químicos da jaca “in natura” e após cada tratamento (3 temperaturas de secagem 45, 60 e 75°C) x (1 soluções de sacarose 40°Brix) x (2 tratamentos térmicos pré-secagem, jaca com cozimento e sem cozimento prévio), totalizando 6 tratamentos, estão apresentados na Tabela 2. Tabela 2. Análise de variância das características físico-químicas da jaca, Campina Grande, PB, 2006 QUADRADO MÉDIO Açúcares redutores Açúcares não redutores FV GL Tratamentos 6 403,92 ** Resíduo Total 14 20 278,37 ----- 5436,79 ----- 3752,61 ----- 0,087 ----- 3,47 7,58 10,13 5,80 CV(%) Açúcares totais Teor de água 93,33 ** 61,63 ** QUADRADO MÉDIO Cinzas pH Acidez 55,04 ** ºBrix Tratamentos 6 331,19 ** 3,054 * 1561,28 ** Resíduo Total 14 20 6136,94 ----- 0,085 ----- 1,83 ----- 4283,33 ----- 12,64 0,296 1,836 CV(%) 7,06 ** Significativo a nível de 1% de probabilidade * Significativo a nível de 5% de probabilidade ns Não significativo Conforme pode ser observado na Tabela 2, houve diferença significativa entre os valores médios de todos os parâmetros físico-químicos analisados para a jaca após cada tratamento. Na Tabela 3 encontram-se os resultados da análise dos valores médios dos açúcares redutores, açúcares totais e açúcares não redutores da jaca “in natura” e da passa de jaca em cada tratamento. Observando os dados da Tabela 4 se nota maior concentração desses açúcares em ralação 590,69 ** ao “in natura”, havendo, porém, estabilidade entre alguns tratamentos. O produto elaborado conforme tratamento T4 (40°Brix; sem cozimento; 60°C) apresentou os maiores valores para todos os teores de açúcares. Na Tabela 4 encontram-se os resultados da análise dos valores médios da acidez, teor de água, cinzas, pH e sólidos solúveis da jaca “in natura” e da passa de jaca em cada tratamento. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.143-152, 2006 148 Avaliação da aceitação de passas de jaca elaboradas por diferentes tratamentos de secagem Ugulino et al. Tabela 3. Valores médios dos açúcares redutores, totais e não redutores da jaca “in natura” e da passa de jaca em cada tratamento, Campina Grande, PB, 2006 Tratamentos *(concentração da solução; trat. térmico; temperatura) Açúcares redutores (% glicose) In natura 1,816 d 11,569 e 9,752 d T1 (40°Brix; com cozimento; 45°C) 12,813 a 37,264 c 24,450 c T2 (40°Brix; sem cozimento; 45°C) 11,646 b 48,163 b 36,516 b T3 (40°Brix; com cozimento; 60°C) 8,624 c 25,491 d 16,867 cd T4 (40°Brix; sem cozimento; 60°C) 13,068 a 62,073 a 49,005 a T5 (40°Brix; com cozimento; 75°C) 11,473 b 49,259 b 37,785 b T6 (40°Brix; sem cozimento; 75°C) 8,703 c 50,222 b 41,519 ab MG 9,735 40,577 30,842 DMS 0,942 8,582 8,719 Açúcares totais (% glicose) Açúcares nãoredutores (% glicose) Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey a nível de 1% de probabilidade. *Definição dos tratamentos: (Concentração da solução de secagem osmótica; Tratamento térmico dado antes da secagem; temperatura de secagem). Tabela 4. Valores médios da acidez, teor de água, cinzas, pH e sólidos solúveis da jaca “in natura” e da passa de jaca em cada tratamento, Campina Grande, PB, 2006 Tratamentos Sólidos Acidez Cinzas *(concentração da solução; trat. térmico; pH solúveis (% ac. Cítrico) (%) temperatura) (ºBrix) In natura 0,147 d 0,450 a 4,7 c 26,00 f T1 (40°Brix; com cozimento; 45°C) 0,362 a 0,431 a 4,4 e 69,33 ab T2 (40°Brix; sem cozimento; 45°C) 0,276 bc 0,440 a 4,6 d 66,33 bc T3 (40°Brix; com cozimento; 60°C) 0,254 c 0,443 a 4,4 e 65,66 c T4 (40°Brix; sem cozimento; 60°C) 0,318 b 0,393 a 4,4 e 62,33 d T5 (40°Brix; com cozimento; 75°C) 0,253 c 0,308 a 5,2 a 58,66 e T6 (40°Brix; sem cozimento; 75°C) 0,307 b 0,371 a 5,1 b 70,00 a MG 0,274 0,405 4,723 59,76 DMS 0,044 0,142 0,038 3,06 Médias seguidas da mesma letra não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey a nível de 1% de probabilidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.143-152, 2006 149 Avaliação da aceitação de passas de jaca elaboradas por diferentes tratamentos de secagem Ugulino et al. Pela Tabela 4 se nota que todos os valores para cinzas são iguais estatisticamente. O produto que teve o tratamento T5 (40°Brix; com cozimento; 75°C) foi o que resultou em um maior teor do pH (5,2) seguido do tratamento T6 (40°Brix; sem cozimento; 75°C) com pH 5,1. O valor de pH mais baixo foi conseguido quando as jacas foram tratadas sob a denominação de T1 (40°Brix; com cozimento; 45°C), T3 (40°Brix; com cozimento; 60°C) e T4 (40°Brix; sem cozimento; 60°C) onde o pH foi de 4,4 para todos. O pH encontrado por Victor Manuel et al. (2006), na desidratação da polpa de jaca, apresentou comportamento semelhante ao encontrado neste trabalho. Os sólidos solúveis obtidos por Victor Manuel et al. (2006), na desidratação da polpa de jaca, foram semelhantes ao encontrados neste trabalho, cujo valor médio foi de 68,58 °Brix. Aceitação sensorial das passas de jaca Estão contidas na Tabela 5, as médias de 35 valores atribuídos pelos provadores aos 4 atributos sensoriais: Aparência Geral, Cor, Aroma e Sabor, analisados para classificar as passas de jaca. Tabela 5. Valores médios atribuídos pelos provadores aos atributos sensoriais das passas de jaca, elaboradas com uma concentração da solução osmótica de 40°Brix, com cozimento e sem cozimento e completada com secagens nas temperaturas de 45, 60 e 75°C Atributos Sensoriais Tratamentos *(concentração da solução; trat. térmico; temperatura) T1 (40°Brix; com cozimento; 45°C) Aparência Cor Sabor Aroma 6,83 ± 2,18 6,83 ± 1,95 7,03 ± 1,96 6,31 ± 1,43 T2 (40°Brix; sem cozimento; 45°C) 6,54 ± 2,57 6,66 ± 2,25 6,03 ± 2,66 5,66 ± 2,44 T3 (40°Brix; com cozimento; 60°C) 6,91 ± 2,28 6,54 ± 2,03 6,8 ± 1,81 6,54 ± 2,08 T4 (40°Brix; sem cozimento; 60°C) 6,34 ± 1,98 6,83 ± 1,60 6,29 ± 1,92 6,03 ± 2,12 T5 (40°Brix; com cozimento; 75°C) 6,06 ± 2,24 6,26 ± 2,06 5,54 ± 2,01 6,00 ± 1,75 T6 (40°Brix; sem cozimento; 75°C) 6,29 ± 2,49 6,40 ± 1,99 5,57 ± 2,29 5,40 ± 2,38 * Secagem osmótica com 40°Brix; Tratamento térmico com cozimento ou sem cozimento; temperatura de secagem a 45°, 60° ou 75°C. Com base nas médias obtidas no teste de aceitação, levantaram-se os perfis de respostas sensoriais dos atributos avaliados, para as diversas passas de jaca elaboradas conforme tratamentos osmóticos (40°Brix), com cozimento e sem cozimento e com secagem complementar as temperaturas de 45, 60 e 75 °C. Na Figura 4 se encontram os perfis sensoriais obtidos para as passas de jaca elaboradas com tratamento em solução de sacarose a 40°Brix, com cozimento prévio e secagem nas temperaturas de 45, 60 e 75 °C, respectivamente. Percebe-se, na Figura 4, que a passa de jaca submetida à temperatura de secagem de 45°C, foi avaliada como a melhor passa em relação ao sabor e à cor, enquanto a passa de jaca secada a 65°C foi mais aceita quanto ao aroma e à aparência, porém com médias muito próximas da passa seca a 45°C; segundo tais observações, considerar-se que a passa de jaca mais aceita entre as passas elaboradas com tratamento osmótico a 40 °Brix e com cozimento prévio, foi a que teve uma posterior secagem a temperatura mais amena de 45 °C (codificada como T1). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.143-152, 2006 150 Avaliação da aceitação de passas de jaca elaboradas por diferentes tratamentos de secagem Ugulino et al. D Cor 9 8 7 T1 6 5 5 T3 4 T5 3 0 1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Sabor Aparência 2 1 2 3 4 -5 5 6 7 8 9 * -5 0 Aroma 5 T1 - Passa elaborada com tratamento osmótico a 40 °Brix, com cozimento prévio e secadas a temperatura de 45°C T3 - Passa elaborada com tratamento osmótico a 40 °Brix, com cozimento prévio e secadas a temperatura de 60°C T5- Passa elaborada com tratamento osmótico a 40 °Brix, com cozimento prévio e secadas a temperatura de 75°C Figura 4. Perfil sensorial pelo segundo teste de aceitação para passa de jaca com pré–secagem osmótica em xarope de sacarose a 40°Brix e cozimento prévio, seguida de secagem nas temperaturas de 45, 60 e 75 °C Seguindo a linha das observações, feitas anteriormente, para as passas que passaram pelo processo de cozimento, percebe-se pela Figura 5 que, entre as passas sem cozimento e elaboradas com pré-secagem osmótica a 40°Brix, existe uma maior aceitação por aquelas secas a temperaturas mais amenas, em que a maior média obtida para aparência foi para a passa seca a 45° C e, para a cor, sabor e aroma, a maior aceitação foi para a passa seca a 60°C. Este fato pode ser justificado pelos comentários contidos nos questionários com respeito as passas secas em temperaturas mais elevadas; alguns faziam menção ao fato da passa estar muito dura, com dificuldade de morder, enquanto outros não conseguiam mastigá-la, houve até quem dissesse que estava queimada; esses fatos também foram observados durante os ensaios e a preparação das amostras para análise; aquelas que possuíam maior teor de sólidos solúveis e foram submetidas a secagem a 75 °C, foram caramelizadas, no entanto aquelas que foram précozidas ganharam em aparência e textura, uma vez que continuavam tenras enquanto aquelas que não foram pré-cozidas adquiriram consistência dura, aparência vítrea e traços de açúcar queimado; daí a preferência por aquelas obtidas por secagem a 45°C. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.143-152, 2006 151 Avaliação da aceitação de passas de jaca elaboradas por diferentes tratamentos de secagem Ugulino et al. D Cor 9 8 7 6 T2 5 5 T4 4 T6 3 0 1 9 8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Sabor Aparência 2 1 2 3 4 -5 5 6 7 8 9 -5 * 0 Aroma 5 T2 - Passa elaborada com tratamento osmótico a 40 °Brix, sem cozimento prévio e secadas a temperatura de 45°C T4 - Passa elaborada com tratamento osmótico a 40 °Brix, sem cozimento prévio e secadas a temperatura de 60°C T6 - Passa elaborada com tratamento osmótico a 40 °Brix, sem cozimento prévio e secadas a temperatura de 75°C Figura 5. Perfil sensorial obtido pelo teste de aceitação para passa de jaca com pré–secagem osmótica em xarope de sacarose a 40°Brix, sem cozimento prévio, seguida de secagem nas temperaturas de 45, 60 e 75 °C CONCLUSÕES Os teores de açúcares redutores, totais e não redutores aumentaram mais nas passas elaboradas no tratamento T4 (40°Brix; sem cozimento; 60°C), Os parâmetros físico-químicos pH, teor de água e sólidos solúveis totais (ºBrix), das jacas-passas foram semelhantes aos encontrados na literatura. Os teores de Cinzas de todas as amostras analisadas foram, estatisticamente, iguais Sensorialmente, a melhor aparência e o melhor aroma foram atribuídos a passa elaborada com solução osmótica de 40°Brix, com o cozimento e secada a temperatura de 60°C (tratamento T3), mas nos outros atributos (cor e sabor) a jacapassa tratada em solução de 40°Brix, com o cozimento prévio, também seca a temperatura de 45°C (tratamento T1), foi a preferida pelos degustadores. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.143-152, 2006 152 Avaliação da aceitação de passas de jaca elaboradas por diferentes tratamentos de secagem Ugulino et al. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aldrige, M.L.; Madruga, M.S.; Fioreze, R.; Soares, J. Aspectos da ciência e tecnologia de alimentos. ed. João Pessoa: Editora Universitária - UFPB, 2003. 2v. 229 p. Almeida, T.C.A. de. Analise sensorial: Efeitos da memória. 1996. 121f. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.143-152, 2006 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.153-162, 2006 ISSN 1517-8595 153 ESTUDO DA DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA DA FRUTA DA PALMA (FIGO DA ÍNDIA) Cláudia Dourado Medeiros1, Josilene de Assis Cavalcante2, Odelsia Leonor Sánchez de Alsina3 RESUMO A maioria das frutas tropicais são altamente perecíveis, com vida útil curta, que implica em perdas na produção. A fim de minimizar essas perdas várias pesquisas envolvendo a desidratação osmótica estão sendo realizadas. Esse trabalho teve como principal objetivo estudar a desidratação osmótica da fruta da palma (figo da índia), como pré-tratamento a secagem em leito fixo. As condições operacionais para o estudo da desidratação osmótica foram: concentração da solução osmótica de 20, 30, 40 e 50 °Brix, tempo de imersão na solução de sacarose que variou de tempos curtos (30 a 270 min) e tempos longos (4 a 48 h) e efeito da agitação magnética. Todos os testes foram realizados à temperatura ambiente. Análises físicoquímicas como redução de peso (RP), ganho de açúcar (GA) e umidade foram realizadas. Foi verificado um aumento gradativo na redução de peso (RP) bem como no ganho de açúcar (GA) e uma diminuição do teor de umidade quando a concentração de sacarose e o tempo de imersão foram aumentados. O feito da agitação não foi significativo. O tempo de operação para atingir condições estáveis foi de aproximadamente 20 horas. Palavras-chave: Fruta da palma, desidratação osmótica, sólidos solúveis (°Brix) STUDY OF THE OSMOTIC DEHYDRATION OF THE FRUIT OF THE PALM (FIG OF THE INDIAN) ABSTRACT Most of the tropical fruits are very pereshible with a short life, which causes production losses. In order to minimize these losses research about osmotic dehydration was developed. The present work deals with the osmotic dehydration of prickly pear by sucrose solutions as a pretreatment before the convective drying. The following operational conditions were used: sucrose concentration 20, 30 40 and 50 oBrix; short immersion time from 30min to 270min and long immersion time 4 hs to 48 hs; with and without agitation. All the experimental runs were performed at ambient temperature. The process performance was evaluated by means of the weight reduction (RP) sugar gain (GA) and moisture content (X). It was verified that the osmotic dehydration is improved by increasing the oBrix of the solution and the immersion time. No significant influence of agitation was observed in the present conditions. The operation time to attain stable conditions was about 20 hours. Keywords: pickly pear, osmotic dehydration. Protocolo 889 de 15/12/2006 1 Aluna IC/PIBIC/UAEQ/UFCG 2 Pesquisadora DCR/FAPESQ-PB/CNPq. E-mail: [email protected] 3 Profa. da Unidade Acadêmica de Engenharia Química/UFCG. Av. Aprígio Veloso, 882, Bodocongó, Campina Grande-PB, CEP. 58109-970, Tel. (83) 33101115. E-mail: [email protected] 154 Estudo da desidratação osmótica da fruta da palma (figo da índia) indica, para a produção de frutas se concentra no estado de São Paulo por obra dos colonos italianos, que trouxeram da terra natal tanto o gosto pelo figo quanto as técnicas de manejo INTRODUÇÃO A desidratação osmótica, além do seu baixo custo energético frente a outros métodos de desidratação, adéqua a todas as escalas de produção, sendo uma alternativa tecnológica à redução das perdas pós-colheita (Aguiar et al., 2002). Silveira & Alves (2002) citam como vantagens da desidratação osmótica: (i) a diminuição do teor de umidade inicial do alimento em torno de 20-50%, (ii) a conservação das características organolépticas e nutricionais que visa primeiramente melhorar a qualidade ao produto e (iii) a redução do tempo de secagem convectiva e custo do processo. Enquanto que Travaglini et al. (1997) citam como desvantagens: (i) a permanência de uma indesejável fina camada de açúcar na superfície da fruta e (ii) a tendência da fruta se tornar rançosa e com teor de umidade muito baixo. A sacarose como agente osmótico pode reduzir a acidez natural das frutas, aumentando o sabor doce no produto final Goularte et al. (2000). Dentre as espécies frutíferas que se constituem em alternativa econômica para o semi-árido brasileiro e que podem contribuir com o desenvolvimento da região, destaca-se a fruta da palma forrageira, conhecido também como fruto da Índia. O cultivo da palma forrageira, cujo nome científico é Opuntia fícus (a) Medeiros et al. (Glass, 2004). De acordo com Corbo et al. (2004) a fruta da palma é uma baga com aparência oval, de casca grossa carnosa (30 a 40% do peso da fruta) envolvendo uma polpa suculenta com muitas sementes revestidas de uma camada dura (5 a 10% do peso da polpa). A fruta da palma (figo da índia) é rica em vitamina C, cálcio e fibras (Cantwell, 2001). Quando madura, sua polpa é suculenta e de sabor doce, as sementes têm coloração escura e são comestíveis. MATERIAS E METODOLOGIA Matéria prima A fruta da palma (figo da Índia), utilizada neste trabalho, é proveniente da região do cariri paraibano. As mesmas foram colhidas em estado de maturação apropriada para o consumo, acondicionadas em caixas e transportadas ao Laboratório de Transferência em Meios Porosos e Sistemas Particulados do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Campina Grande. A fruta da palma, do plantio à colheita, é mostrada na Figura 1. (b) (c) (d) Figura 1 - Fruta da palma (figo da Índia): (a) plantio da palma forrageira, (b) florada que se transforma no fruto (c) frutos para colheita e (d) fruta com maturação apropriada para consumo. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.153-162, 2006 Estudo da desidratação osmótica da fruta da palma (figo da índia) Para cada experimento realizado, as frutas foram lavadas e cortadas nas extremidades e descascadas cuidadosamente devido aos pequenos espinhos que constituem a sua casca. Depois de descascadas, as frutas foram cortadas em fatias de aproximadamente um centímetro de espessura. Caracterização da fruta da palma (°Brix) A determinação do teor de sólidos solúveis (°Brix) da polpa da fruta foi feita utilizando o refratômetro de Abbe. A polpa da fruta foi macerada para obtenção de uma amostra isenta de resíduo, que pudesse ser utilizada no equipamento para uma leitura apropriada. Preparo da solução osmótica A solução osmótica foi preparada misturando-se água destilada com sacarose (açúcar comercial), sob temperatura ambiente, para a obtenção de uma solução (xarope) com a concentração desejada que variou entre 20 ºBrix e 50 ºBrix. Estas concentrações foram escolhidas com base nos dados da literatura consultada para outras frutas (Mauro et al., 2004; Silva et al., 2006; Torres et al., 2006). Condições de processamento As fatias da fruta da palma foram pesadas e colocadas em cestas individuais e numeradas confeccionadas com tela de alumínio. Estas cestas foram então imersas na solução osmótica num recipiente à temperatura ambiente e sem agitação. Na primeira etapa dos experimentos, destinada a uma análise preliminar do comportamento da desidratação osmótica, o tempo de imersão foi de 24 horas. As concentrações de sacarose utilizadas foram de 20 0Brix e 50 0Brix. Nas primeiras 4,5 horas do experimento uma amostra foi retirada a cada 30 minutos para análise. Também foi analisada a amostra após o tempo final de 24 horas. A partir dos resultados exploratórios obtidos na primeira etapa foi projetada uma série de experimentos realizados na segunda etapa, com um tempo total de imersão de 48 horas. Foram utilizadas soluções com 40 0Brix e 50 0Brix. Amostras individuais foram retiradas a cada 4 horas para análise, exceto em dois intervalos separados por períodos de aproximadamente de 12 horas. Medeiros et al. 155 Para análise do efeito da agitação sobre o processo de desidratação osmótica da fruta da palma, numa terceira etapa, foram realizados experimentos sob agitação magnética de 30030 rpm com concentrações de 30, 40 e 50 °Brix. Decorrido o tempo estipulado preliminarmente, as amostras foram retiradas da solução osmótica e colocadas sobre papel absorvente. Após a retirada do excesso de solução, as amostras foram pesadas para o cálculo da redução de peso (RP); em seguida as mesmas foram divididas em duas partes: uma parte foi macerada para a determinação do °Brix para o cálculo do ganho de açúcar (GA), e a outra parte foi utilizada para a determinação da umidade final da amostra pelo método da estufa: secagem da amostra a 105°C durante 24 horas. Cálculo das estudadas propriedades características Os cálculos da redução de peso (RP) e do ganho de açúcar (GA) e umidade foram feitos de acordo com as Normas Analíticas estabelecidas pelo Instituto Adolfo Lutz (1985). A redução de peso da fruta da palma após a desidratação osmótica foi calculada através da Equação 1: RP m o mf mo (1) onde: mo = massa inicial(g) m f = massa final (g) O ganho de açúcar (sólidos solúveis) da fruta da palma após a desidratação osmótica foi calculado através da Equação 2: m f y f mo yo GA mo (2) onde: mo = massa inicial(g) mf = massa final (g) yo = fração de sólidos solúveis inicial yf = fração de sólidos solúveis final A umidade em base seca da fruta da palma antes e após a desidratação osmótica foi calculada através da Equação 3: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.153-162, 2006 Estudo da desidratação osmótica da fruta da palma (figo da índia) 156 X mi mss mss (3) onde: mi = massa da alíquota colocada na estufa mss = massa final da amostra após a secagem em estufa (g) RESULTADOS E DISCUSSÃO Após várias medições foi obtido para a fruta da palma in natura o °Brix médio igual a 9,70,3. Os resultados obtidos na primeira etapa, onde os experimentos foram realizados sem agitação e à temperatura ambiente, são apresentados nas Figuras 2 e 3 que ilustram a Medeiros et al. redução de peso (RP) e o ganho de açúcar (GA) durante a desidratação osmótica da fruta da palma, respectivamente.. Analisando a Figura 2 pode-se observar que para as amostras imersas na solução de 20 °Brix, após uma rápida redução de apenas 2% nos primeiros 30 minutos, praticamente não ocorreu variação posterior na redução de peso durante todo o experimento. Entretanto, para a solução de 50 °Brix houve uma perda em torno de 10% nos primeiros 30 minutos com um aumento significativo da redução de peso das amostras nas 6 horas seguintes e atingindo aproximadamente 35% de perda de massa ao final das 24 horas. °Brix = 50 °Brix = 20 35 30 RP(%) 25 20 15 10 5 0 0 5 10 15 20 25 tempo (h) Figura 2 - Redução de peso (RP) da amostra na desidratação osmótica. °Brix = 50 °Brix = 20 12 10 GA (%) 8 6 4 2 0 0 5 10 15 20 25 tempo (h) Figura 3 - Ganho de açúcar (GA) da amostra na desidratação osmótica. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.153-162, 2006 Estudo da desidratação osmótica da fruta da palma (figo da índia) Como a redução de peso das amostras foi analisada apenas no intervalo de 0,5 a 4,5 horas e após 24 horas, pode-se observar que para a solução de 50 °Brix é necessário um estudo mais detalhado das amostras no intervalo de tempo não analisado. Na Figura 3 observa-se que ao longo do tempo do tempo de imersão, ocorreu um ganho de açúcar (GA) para as amostras em ambas as soluções. No entanto, o comportamento é semelhante ao observado para a perda de peso. Para a solução de 20 °Brix, no intervalo de 0,5 a 4,5 horas e após 24 horas o aumento do ganho de açúcar foi pequeno, já para a solução de 50 °Brix o aumento foi considerável. Também neste caso é evidente a necessidade de um estudo no intervalo não analisado. De acordo com as observações verificadas na primeira etapa dos experimentos de desidratação osmótica, optou-se: (i) pela não utilização da solução de 20 °Brix, pois esta não apresentou variações consideráveis na faixa estudada, (ii) pela variação do tempo de Medeiros et al. 157 imersão da amostra e (iii) pela utilização de também de solução de 40 °Brix. Nas Figuras 4, 5 e 6 são apresentados os resultados de redução de peso (RP), ganho de açúcar (GA) e umidade (X), obtidos durante a desidratação osmótica da fruta da palma na segunda etapa. Nesta etapa os experimentos também foram realizados à temperatura ambiente e sem agitação. A partir dos resultados apresentados nas Figuras 4 e 5 foi observado que com o aumento do tempo de imersão das amostras nas soluções osmóticas ocorreu aumento gradativo na redução de peso (RP) bem como no ganho de açúcar (GA), tanto para as amostras na solução de 40 °Brix quanto para as amostras na solução de 50 ºBrix. Observa-se que, no intervalo de tempo estudado, a solução de 50 °Brix apresentou em geral os melhores resultados, com uma redução de peso em torno de 36% e ganho de açúcar de 17 %. 40 RP (%) 30 20 40 °B rix 50 °B rix 10 0 10 20 30 40 50 tem po (h) Figura 4 - Redução de peso (RP) da amostra na desidratação osmótica. 20 GA (% ) 15 10 5 40 °B rix 50 °B rix 0 0 10 20 30 40 50 tem po (h) Figura 5 - Ganho de açúcar (GA) da fruta da palma na desidratação osmótica. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.153-162, 2006 158 Estudo da desidratação osmótica da fruta da palma (figo da índia) Medeiros et al. inicial com 50 oBrix em quanto que com 40 o Brix a umidade final resultou em aproximadamente 40% da umidade inicial. Observa-se ainda na Figura 6 que após 20 horas as amostras não apresentaram variação significativa do teor de umidade indicando ter atingido equilíbrio com o meio. Nas Figuras 7 a 15 se verifica o efeito da agitação magnética sobre o processamento da fruta de palma com soluções de 30, 40 e 50 °Brix. Através dos resultados experimentais foram obtidas as curvas características da desidratação da fruta da palma. Na Figura 6 é representada a umidade em base seca normalizada com a umidade inicial em função do tempo para processamento com solução de sacarose nas concentrações de 40 e 50 ºBrix e para tempo total de imersão de 48 horas. Foi observado que, para ambas as concentrações utilizadas, houve redução do teor de umidade, atingindo até 25% do valor 40 °Brix 50 °Brix 1,0 (X/Xi) 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 10 20 30 40 tempo (h) Figura 6 – Efeito da concentração da solução no teor de umidade da fruta da palma. 20 RP (%) 16 12 8 4 sem agitação com agitação 0 0 4 8 12 16 20 24 28 32 tempo (h) Figura 7 - Redução de peso da fruta da palma para solução osmótica com °Brix = 30%. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.153-162, 2006 Estudo da desidratação osmótica da fruta da palma (figo da índia) Medeiros et al. 159 32 28 24 RP (%) 20 16 12 8 sem agitação com agitação 4 0 0 4 8 12 16 20 24 28 32 tempo (h) Figura 8 - Redução de peso da fruta da palma para solução osmótica com °Brix = 40%. 36 32 28 RP (%) 24 20 16 12 8 sem agitação com agitação 4 0 0 4 8 12 16 20 24 28 32 tempo (h) Figura 9 - Redução de peso da fruta da palma para solução osmótica com °Brix = 50%. 10 GA (%) 8 6 4 2 sem agitação com agitação 0 0 4 8 12 16 20 24 28 32 tempo (h) Figura 10 – Ganho de açúcar da fruta da palma para solução osmótica com °Brix = 30%. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.153-162, 2006 160 Estudo da desidratação osmótica da fruta da palma (figo da índia) Medeiros et al. 16 GA (%) 12 8 4 sem agitação com agitação 0 0 4 8 12 16 20 24 28 32 tempo (h) Figura 11 – Ganho de açúcar da fruta da palma para solução osmótica com °Brix = 40%. 16 GA (%) 12 8 4 sem agitação com agitação 0 0 4 8 12 16 20 24 28 32 tempo (h) Figura 12 – Ganho de açúcar da fruta da palma para solução osmótica com °Brix = 50%. 1,0 0,8 X/Xo 0,6 0,4 0,2 sem agitação com agitação 0,0 0 4 8 12 16 20 24 28 32 tempo (h) Figura 13 - Teor de umidade da fruta da palma para solução osmótica com °Brix = 30%. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.153-162, 2006 Estudo da desidratação osmótica da fruta da palma (figo da índia) Medeiros et al. 161 sem agitação com agitação 1,0 0,8 X/Xo 0,6 0,4 0,2 0,0 0 4 8 12 16 20 24 28 32 tempo (h) Figura 14 - Teor de umidade da fruta da palma para solução osmótica com °Brix = 40%. sem agitação com agitação 1,0 0,8 X/Xo 0,6 0,4 0,2 0,0 0 4 8 12 16 20 24 28 32 tempo (h) Figura 15 - Teor de umidade da fruta da palma para solução osmótica com °Brix = 50%. Foi observado que a agitação magnética não influenciou na redução de peso (Figuras 7, 8 e 9) e no ganho de açúcar (Figuras 10, 11 e 12) da fruta da palma para a faixa de °Brix estudado, uma vez que ambas as curvas - com agitação magnética e sem agitação magnética apresentam a mesma tendência de comportamento, ou seja, com o aumento do tempo de imersão das amostras nas soluções osmóticas ocorreu uma perda gradativa de peso bem como no ganho de açúcar, não se observando diferenças significativas nas taxas de GA e RP. Analisando as Figuras 13, 14 e 15, nas quais são mostradas as curvas características da umidade normalizada em base seca nas concentrações de sacarose de 30, 40 e 50 ºBrix, respectivamente, foi observado que a taxa de saída de água do interior do material também não foi favorecida pela agitação magnética. Estes resultados são fortes indícios de que a resistência predominante para a transferência de massa estaria no interior da fruta, ao menos nas condições estudadas. As curvas apresentadas confirmam ainda que com 20 horas de processamento são alcançadas condições de equilíbrio, independente da agitação e do oBrix da solução osmótica. CONCLUSÕES Foi estudada a desidratação osmótica do figo de palma com solução de sacarose de diversas concentrações, a temperatura Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.153-162, 2006 162 Estudo da desidratação osmótica da fruta da palma (figo da índia) ambiente, de aproximadamente 25oC. Foi encontrado que as taxas de transferência de massa são favorecidas pelo aumento do oBrix da solução mas não houve efeito significativo da agitação, indicando que a resistência dominante é interna. Condições estáveis são obtidas após aproximadamente 20 horas de processamento. Nas condições mais favoráveis, com a solução de 50 oBrix , após esse tempo a fruta perdeu 36% de peso, apresentou um ganho de açucares de 15% e sua umidade caiu para 25% do valor inicial. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio financeiro da FAPESQ-PB/CNPq. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Aguiar, S.F.; Gaspareto, O.C.P.; Magalhães, M.M.A.; Oliveira, G.L. Estudo da desidratação osmótica da banana nanica. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Química (COBEQ), XIV, 2002, Natal, Anais. Natal: UFRN, 2002. (CD Rom). Cantwell, M. Manejo pós-colheita de frutas e verdures de palma forrageira. In: Barbera, G., Inglese, P., Barrios, E. P. Agroecologia, cultivo e usos da palma forrageira. Paraíba: SEBRAE, 2001. cap 14, p. 123139. Corbo, M. R.; Altieri, C.; D’amato, D.; Campaniello, D.; Del Nobile, M. A.; Sinigaglia, M. Effect of temperature on shelf life and microbial population of lightly processed cactus pear fruit. Postharvest Medeiros et al. Biology and Technology, v. 31, n. 1, p. 93104, 2004 Glass, V., Sabor entre espinhos. http://globoruraltv.globo.com/GRural/0,270 62,LTO0-4370-135244,00.html. 10 Nov. 2004. Goularte, V.D.S.; Antunes, E.C.; Antunes, P.L. 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A cor foi medida com um espectrofotômetro de refletância e expressa nos espaços de cores L*a*b* e L*C*h*. As curvas da cinética de secagem foram ajustadas por um modelo exponencial. O produto final da secagem convectiva apresentou umidade em base seca de 0,2636, bem abaixo do apresentado pelo produto da secagem a vácuo (0,6860), o que sugere que o primeiro possui maior vida de prateleira. A cor das berinjelas desidratadas pelo processo convectivo foi menos escurecida quando comparada ao produto da secagem a vácuo, conforme os valores de luminosidade (L*): 47,63 (convectiva) e 24,2 (a vácuo). Apenas o coeficiente de reidratação foi superior para as berinjelas desidratadas a vácuo: 101,68 % contra 37,4% para secagem convectiva. As propriedades de cor L*, para ambos os processos, e a* e hab, para o processo a vácuo, apresentaram correlação significativa a 5% com a umidade das fatias em base seca, sugerindo que a cor varia linearmente com a umidade das fatias durante os processos estudados. Palavras-chave: berinjela, secagem, cor, umidade. CONVECTIVE AND VACUUM DRYING OF AUBERGINE SLICES: A COMPARATIVE STUDY ABSTRACT The objective of this study was to evaluate quality characteristics of aubergine slices, namely moisture content, color and capacity of rehydration, as affected by convective and vacuum drying. Moisture content and coefficient of rehydration were calculated by gravimetric methods. Color of the slices was measured by means of a HunterLab reflectance spectrophotometer and expressed in the L*a*b* and L*C*h* color spaces. Drying kinetics were fitted well (R2 > 0.95) by an exponential model generated by the Excel software. The final product obtained by convective drying presented lower moisture content on dry basis (0.2636) than the product of vacuum drying (0.6860), suggesting that the former has a longer shelf life. Color of aubergine slices dehydrated by convective drying was less darkened by the drying process (L* = 47,63) than the ones dehydrated by vacuum drying (L* = 24,2). On the other hand, the coefficient of rehydration was higher for slices dehydrated by vacuum (101,68% versus 37,4 %). The L* value (for both processes), the a* and hab values (for the vacuum process) were significantly correlated with moisture content (dry basis) at 5% level, suggesting that color changes linearly with moisture content during the evaluated processes. Keywords: aubergine, drying, color, humidity. Protocolo 891 de 27/08/2006 1 Eng. de Alimentos, mestrando, Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos, Depto. de Engenharia Química, UFPR, Caixa Postal 19011, CEP 81531-990, Curitiba-PR, (00XX41) 33613232, [email protected]. 2 Eng. Química, D.S., Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos, Depto. de Engenharia Química, UFPR, (00XX41) 33613192, [email protected]. 3 Eng. Química, D.S., Professora Sênior do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Alimentos, Depto. de Engenharia Química, UFPR, (00XX41) 33613232, [email protected]. 164 Efeitos da secagem convectiva e a vácuo sobre parâmetros de qualidade de fatias de berinjela Reis et al. cor e o coeficiente de reidratação do produto final. INTRODUÇÃO A berinjela (Solanum melongena L.) é uma planta pertencente à família das solanáceas. Os frutos da berinjela, cuja textura remete à carne, são utilizados para a alimentação em todo o mundo. De acordo com a FAO (2006), foram produzidas 540 toneladas de berinjela no Brasil no ano de 2004, valor pequeno quando comparado aos maiores produtores mundiais. Sendo assim, o mercado de produção de berinjela no país possui um potencial de crescimento. A berinjela possui alta umidade, o que se reflete em uma alta perecibilidade. Para aumentar a vida útil da berinjela e dessa forma diminuir as perdas pode-se aplicar o processo de secagem. Algumas vantagens de se utilizar a secagem são: maior vida de prateleira, agregação de valor ao produto e facilitação do transporte. Um recente estudo foi conduzido por Gras et al. (2002), propondo um alimento funcional à base de berinjela desidratada e impregnada osmoticamente. A cor é um atributo muito importante para qualquer alimento por ser o fator inicial na escolha do produto pelo consumidor. Ao se aplicar um processo tecnológico sobre um alimento, deve-se ter o cuidado de conferir uma aparência desejável ao produto final. No caso da secagem, deve-se utilizar uma combinação tempo/ temperatura que seja eficaz na remoção da água, para aumentar a vida de prateleira do alimento, mas que não escureça demais o produto. A secagem dos frutos da berinjela foi estudada anteriormente por Ertekin & Yaldiz (2004), que investigaram a influência da secagem convectiva sobre a cor de fatias de berinjela expressa nos espaços de cor L*a*b* e L*C*h*. Dentre os processos de secagem, Ferreira & Júnior (1999) relatam que a secagem a vácuo é uma forma muito eficiente de secar materiais porque diminui a pressão de vapor da água e provê um maior gradiente de temperatura entre o meio de aquecimento e o material. Poucos são os estudos envolvendo berinjela processada, especialmente desidratadas a vácuo. Portanto, o objetivo deste estudo foi comparar os efeitos dos processos de secagem convectiva, que é um processo convencional, e a secagem a vácuo sobre parâmetros de qualidade de fatias de berinjela, especialmente o teor de umidade, a MATERIAIS E MÉTODOS Frutos de berinjela sadios foram adquiridos na cidade de Curitiba no mês de março de 2006. O processamento e as análises foram efetuados no Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal do Paraná durante o referido mês. Inicialmente, as partes verdes dos frutos foram removidas e descartadas. A polpa restante foi lavada em água corrente e fatiada à espessura média de 1,8167 x 10-3 m sendo então dividida em duas amostras. Uma das amostras (amostra A) foi desidratada em um secador convectivo de bandejas (Fabbe, modelo 170), ajustado para operar a 65±1°C. A vazão do ar de entrada foi mantida em 2,84 x 10-4 m3/s e a velocidade do ar de secagem a 3,0 m/s, condições que foram medidas através de um anemômetro portátil (Testo, modelo 405-V1). A umidade relativa do ar de entrada era 25% e a temperatura ambiente 24±1°C no dia do experimento, registradas através de um termo-higrógrafo do tipo gravador em tambor (Lambrecht, série 252). A cada trinta minutos, uma amostra de berinjela era retirada do secador para medidas de umidade e cor. A umidade das fatias foi determinada em quadriplicata por gravimetria fazendo-se uso de uma balança digital (Gehaka, modelo BG 200) acoplada a um secador infravermelho (Gehaka, modelo SI 4040) operando a 105±1°C. A amostra B foi desidratada em uma estufa a vácuo (Quimis, modelo Q319V6) operando a 65±1°C. Durante o processo, a pressão no interior da câmara variou entre -80.000 Pa e 60.000 Pa. A umidade das fatias ao longo do processo foi determinada da mesma forma utilizada nos ensaios de secagem convectiva. As operações de secagem foram interrompidas quando a taxa de evaporação medida foi igual 2g evaporado/ hora. A taxa média de evaporação dos processos foi calculada utilizando-se da equação 1, que é a forma analítica da equação proposta por Sharma et al. (2000). Na wo( xf xi ) t (1) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.167-173, 2006 Efeitos da secagem convectiva e a vácuo sobre parâmetros de qualidade de fatias de berinjela em que Na é a taxa média de evaporação, w0 é o peso de sólidos secos, xi e xf são as umidades inicial e final do alimento em base seca, respectivamente e t é o tempo de secagem. A medição da cor das amostras ao longo da operação de secagem foi feita utilizando-se um espectrofotômetro de refletância (HunterLab, modelo MiniScan XE Plus). O aparelho foi previamente calibrado utilizando padrões de cor fornecidos pelo fabricante. As leituras foram efetuadas em quadriplicata em regiões prédefinidas de modo a obter uma amostra representativa do todo. O ângulo do observador utilizado foi o de 10° e o iluminador foi o D65. A cor foi expressa nos espaços cromáticos L*a*b* e L*C*h*. O primeiro consiste em três coordenadas Cartesianas: a luminosidade (L*), cujos valores variam de 0 a 100, a tonalidade esverdeada-avermelhada (a*) e a tonalidade azulada-amarelada (b*) que não limites numéricos específicos. O espaço L*C*h* é composto pela mesma coordenada L* do espaço L*a*b* e pelas coordenadas polares denominadas saturação (Cab*) e ângulo de tom (0<hab≤360°), que foram calculados pelas equações 2 e 3, respectivamente. A saturação dá uma dimensão da mistura da cor com o branco. O ângulo de tom é uma propriedade qualitativa relacionada ao comprimento de onda das cores espectrais, utilizado para expressar a diferença entre as diversas cores existentes. A variação total de cor (ΔE) em relação à berinjela in natura também foi calculada neste estudo, através da equação 4. C* a *2 b *2 (2) h ab tan 1 (b * (3) ) a* ΔE ΔL *2 Δa *2 Δb *2 (4) O coeficiente de reidratação (C.O.R.) das amostras foi calculado pelo método utilizado por Prabhanjan et al. (1995), através da equação 5, C.O.R. mrh(100 Min) mdh(100 Mdh) (5) na qual mrh é a massa da amostra reidratada, Min é a umidade da amostra (% base úmida) antes de secar, mdh é a massa da amostra usada no teste e Mdh é a umidade da amostra seca. 165 Reis et al. Regressões do tipo exponencial foram aplicadas às cinéticas de secagem. As medidas de cor foram submetidas a uma análise de variância e, quando necessário, ao teste de médias de Tukey. Correlações entre cor e umidade também foram efetuadas. As análises foram efetuadas através dos programas computacionais Excel (Microsoft, versão 2002) e MSTAT-C (Michigan State University, versão 2.10). RESULTADOS E DISCUSSÃO As curvas que descrevem a cinética de secagem de acordo com os modelos gerados pelo programa computacional Excel para os processos estudados são apresentadas na Figura 1. As medidas experimentais foram ajustadas pelo modelo exponencial apresentado na equação 6: Y a exp(bX) (6) Os ajustes apresentaram valores de R2 > 0,95. Esse resultado é similar ao encontrado por Velic et al. (2004), quando constataram que um modelo exponencial foi capaz de descrever com grande precisão a variação da umidade de maçãs durante a operação de secagem convectiva. A amostra A (desidratada convectivamente) apresentou umidade final de 0,2636 em base seca e a umidade final da amostra B (desidratada a vácuo) foi de 0,6860 em base seca (Figura 1). A taxa de evaporação média observada para o processo de secagem convectiva foi de 24,0620 x 10-3 kg água / h e do processo de secagem a vácuo foi de 21,3841 x 10-3 kg água / h. Convertendo estes valores para kg água/ kg ss.h, tem-se que a taxa de evaporação do processo de secagem convectiva foi 5,1547 kg água/ kg ss.h e da secagem a vácuo foi de 8,8095 kg água/ kg ss.h. Ambos os resultados foram superiores ao valor de 4,54 kg água/ kg ss.h encontrado por Ertekin & Yaldiz (2004), onde a operação de secagem foi realizada à temperatura de 70°C, velocidade do ar de 2 m/s, e fatias de berinjela de 6,35 x 10-3m. Os valores das médias das medidas de cor das propriedades de cor L*, a*, b*, Cab* e hab para a amostra A ao longo do processo convectivo são mostrados na Tabela 1. Com exceção do valor L*, as coordenadas de cor da amostra A não apresentaram mudança significativa em relação à amostra in natura, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.167-173, 2006 166 Efeitos da secagem convectiva e a vácuo sobre parâmetros de qualidade de fatias de berinjela mostrando que o processo de secagem convectiva se mostrou adequado na manutenção das características visuais da berinjela. Os valores de L* para o produto da secagem convectiva estão dentro da faixa encontrada por Reis et al. Ertekin & Yaldiz (2004) e o valor final Cab* medido nas fatias da amostra A foi semelhante ao observado nas fatias desidratadas a 30°C naquele estudo. 20 Secagem convectiva a 65°C Teor de umidade (kg água/kg matéria seca) 18 16 Secagem a vácuo a 65°C 14 y = 25,862e0,0369x; R2 = 0,9676 12 10 y = 18,424e0,0506x; R2 = 0,95 8 6 4 2 0 0 18 36 54 72 90 108 126 144 Tempo (s x 10-2) Figura 1 - Cinéticas de secagem ajustadas ao modelo exponencial para as operações convectiva e a vácuo a 65°C Tabela 1 - Médias das propriedades de cor L*, a*, b*, Cab* e hab das fatias de berinjela ao longo da operação de secagem convectiva Tempo (s) 0 1800 3600 5400 7200 9000 10800 12600 L 72,633a* 71,477a 73,507a 73,553a 69,413a 55,207bc 52,057c 47,6330c a 2,890ab 0,555b 1,355b 1,807ab 2,590ab 4,057a 2,445ab 3,355a b 24,943ab 25,043ab 25,093ab 27,927a 26,265ab 23,827ab 20,995b 21,923b Cab 26,215a 26,567a 25,815a 29,937a 26,684a 25,813a 23,262a 22,992a hab 83,390a 88,742a 86,909a 83,241a 84,368a 80,331a 83,348a 81,311a * Letras distintas na vertical mostram diferenças significativas entre as médias pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade. Observou-se que os valores de E ou variação total de cor em relação à berinjela in natura para os processos estudados foram próximos para as amostras desidratadas pelos dois processos estudados. Analisando as propriedades de cor embutidas no valor E, percebe-se que a variação de L* para a amostra A foi próxima a da amostra B. No entanto, a variação de a* foi bem superior na amostra B do que na amostra A, bem como a variação da coordenada b*. Nesse caso, o valor de E analisado isoladamente poderia levar à conclusão incorreta de que a variação das coordenadas de cor que o compõe foi igual nos dois processos, quando na verdade a mudança de cor foi mais severa na amostra B, desidratada a vácuo. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.167-173, 2006 Efeitos da secagem convectiva e a vácuo sobre parâmetros de qualidade de fatias de berinjela Hunterlab (1996) já havia chamado a atenção sobre este problema que pode ocorrer eventualmente ao se utilizar o valor E para comparar cores de objetos. Na secagem a vácuo, ao contrário do que foi observado na secagem convectiva, outros parâmetros de cor além do L* foram afetados. As propriedades de cor a* e hab (Tabela 2) Reis et al. 167 variaram significativamente em relação à berinjela in natura com a aplicação da secagem a vácuo. O valor L* diminuiu, ou seja, a cor da amostra aproximou-se da cor preta. O produto final da secagem a vácuo apresentou uma luminosidade menor do que o produto final da secagem convectiva. Tabela 2 - Médias das propriedades de cor L*, a*, b*, Cab* e hab das fatias de berinjela ao longo da operação de secagem a vácuo. Tempo (s) L a B Cab hab a* a a a 0 47,563 2,395 21,125 21,299 83,757a 1800 43,873a 4,035a 20,753ab 20,467a 78,805a ab b a 3600 39,067 7,267 22,470 23,617a 72,043b 5400 29,675bc 8,695bc 19,667ab 21,527a 65,725c c c b 7200 24,200 9,440 15,315 19,998a 58,230d * Letras distintas na vertical mostram diferenças significativas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. O valor da coordenada hab diminuiu ao longo da operação de secagem a vácuo, o que significa que o tom das fatias mudou de amarelado para avermelhado na direção horária do espaço de cores polar L*C*h*. Esta variação de cor também foi denotada pelo aumento no valor da coordenada a* (vermelhidão) das fatias Este resultado é semelhante ao observado por Karabulut et al. (2007) durante a secagem de damasco e por Leeratanarak et al. (2006) na secagem convectiva de batatas. Observou-se uma correlação significativa entre L* e umidade (base seca) das fatias ao nível de 5%, para as duas amostras, bem como uma correlação significativa entre a*, b* e umidade, para a amostra B (Tabela 3). Tais correlações são um indício de que a cor da berinjela, quando expressa nas coordenadas correlacionadas, variou proporcionalmente à umidade das fatias em base seca. O coeficiente de reidratação do produto da secagem convectiva da secagem a vácuo são mostrados na Figura 2. Tabela 3. Coeficientes (r) da correlação entre umidade (base seca) e coordenadas de cor L*, a*, b*, Cab* e hab para os processos convectivo e a vácuo. Coeficientes de correlação L a b Cab hab Processo convectivo 0,760* -0,486 0,367 0,344 0,551 Processo a vácuo 0,946* -0.965* 0,395 0,850 0,889* * Significativo a 5% de probabilidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.167-173, 2006 168 Efeitos da secagem convectiva e a vácuo sobre parâmetros de qualidade de fatias de berinjela Reis et al. Coeficiente de reidratação % 120 100 80 60 40 20 0 Secagem convectiva Secagem a vácuo Figura 2. Coeficientes de reidratação dos produtos da secagem convectiva e da secagem a vácuo O produto da secagem a vácuo (amostra B) demonstrou maior capacidade de reidratação (C.O.R. = 101,68%) do que o produto da secagem convectiva (Amostra A, C.O.R. = 37,41%). O valor do coeficiente de reidratação inerente à amostra A foi similar ao observado por Ertekin & Yaldiz (2004) para fatias de 6,35 x 10-3m de espessura. CONCLUSÕES A secagem a vácuo foi menos efetiva na remoção de água das berinjelas do que a secagem convectiva, o que é um indício de que fatias de berinjela desidratadas convectivamente possuem uma maior vida de prateleira. O produto final da secagem convectiva é mais claro e menos avermelhado do que o produto final da secagem a vácuo, ou seja, o processo convectivo preservou melhor a aparência do produto. A cor das fatias variou linearmente com o teor de umidade quando expressa pelas propriedades a*, hab e L*. A única característica do produto final superior no produto da secagem a vácuo foi o coeficiente de reidratação, cerca de 2,7 vezes superior ao do produto da secagem convectiva. AGRADECIMENTOS À CAPES e ao CNPq pelo auxílio financeiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ertekin, C.; Yaldiz, O. Drying of eggplant and selection of a suitable thin layer drying model. Journal of Food Engineering, Londres, v.63, p.349-359, 2004. FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. The Faostat Core Production Data. http://faostat.fao.org/site/ 340/default.aspx. 15 Nov. 2006. Ferreira, F. C.; Júnior, V. S. Secagem a vácuo a diferentes pressões: avaliações físicas e sensoriais de manjericão. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande-PB, v.1, p. 59-65, 1999. Gras, M.; Vidal-Brotons, D.; Betoret, N.; Chiralt, A.; Fito, P. The response of some vegetables to vacuum impregnation. Innovative Food Science & Emerging Technologies, Amsterdam, v.3, p.263-269, 2002. Hunterlab. CIE L*a*b* color scale. Applications Note, Reston, v.8, n.7, p.1-4, 1996. Karabulut, I; Topcu, A.; Duran, A.; Turan, S.; Ozturk, B. Effect of hot air drying and sun drying on color values and b-carotene content of apricot (Prunus armenica L.). Lebensmittel-Wissenschaft und Techno- Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.167-173, 2006 Efeitos da secagem convectiva e a vácuo sobre parâmetros de qualidade de fatias de berinjela logie - Food Science and Technology, Amsterdam, v. 40, n.5, p.753-758, 2007. Leeratanarak, N.; Devahastin, S.; Chiewchan, N. Drying kinetics and quality of potato chips undergoing different drying techniques. Journal of Food Engineering, Londres, v.77, p.635-643, 2006. Prabhanjan, D. G.; Ramaswamy, H. S.; Raghavan, G. S. V. Microwave-assisted convective air drying of thin layer carrots. Journal of Food Engineering, Londres, v. 25, p.283–293, 1995. Reis et al. 169 Sharma, S.K.; Mulvaney, S.J.; Rizvi, S.S.H. Food process engineering: theory and laboratory experiments. Nova Iorque: John Wiley & Sons, 2000. 348p. Velic, D.; Planinic, M; Tomas, S.; Bili, M. Influence of airflow velocity on kinetics of convection apple drying. Journal of Food Engineering, Londres, v.64, p.97-102, 2004. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.167-173, 2006 170 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.170, 2006 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.171-176, 2006 ISSN 1517-8595 171 INFLUÊNCIA DO TEMPO DE IMERSÃO EM SOLUÇÃO DE CÁLCIO E DO COZIMENTO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO MAMÃO TIPO PASSA Rossana Catie Bueno de Godoy1, Alexandra Pereira dos Santos2, Edneide Luciana Santiago Matos2, Jaeveson da Silva1, Nina Waszczynskyj3 RESUMO A cultura de mamão gera significativas perdas pós-colheita, portanto, necessita de pesquisas que diminuam ou evitem essas perdas. A elaboração de passas de mamão consiste em uma alternativa de aproveitamento dessa fruta quando do excesso de produção que demanda baixos investimentos mas que necessita de padronização. O uso de solução saturada de cálcio é comum na elaboração de produtos desta natureza, no entanto, pouco se sabe a respeito dos efeitos deste tratamento. Este estudo teve por objetivo avaliar as características físico-químicas de passas de mamão imersas em solução de cálcio durante 0, 5, 10, 15 e 20 minutos e cozidas por 10, 20 e 30 minutos. Avaliou-se pH, sólidos solúveis totais, acidez total titulável, açúcares redutores e açúcares totais. Os dados foram submetidos a análise de variância e de regressão, considerando probabilidade de 5%. O aumento do tempo de exposição à solução saturada de cálcio teve influência no pH, acidez total titulável, teores de sólidos solúveis totais, açúcares redutores e açúcares totais. O tempo de cozimento não influenciou as características físico-químicas das passas de mamão. Palavras-chave: processo, padronização, produtos. INFLUENCE OF THE IMMERSION TIME IN CALCIUM SOLUTION AND THE COOKING ON THE PHYSICAL-CHEMICAL CHARACTERISTICS OF PAPAYA “PASSAS” SUMMARY Papaya’s crop produces high levels of losses pos-harvest; therefore, it needs industrialization support. The manufacturing of papaya “passas” consists in a cheaper alternative of use but requests standardization. The utilization of saturated calcium solution is common in processing products like these, however, little it is known regard to that. The objective of this study was to evaluate physical chemical characteristics of papaya “passas“ immersed in calcium solution during 0, 5, 10, 15, 20 minutes and cooked in different times (10, 20, 30 minutes). Total soluble solids, total titrable acidity, pH, total sugars and reducer sugars were analyzed. The dates were submitted to variance and regression analysis considering 5% of probability. The increase of exposition time to saturated calcium solution influenced: total soluble solids, total titrable acidity, pH, total sugars and reducer sugars. It was observed fewer influence by the time cooking on the physical-chemical characteristics of papaya “passas”. Keywords: processing, standardization, products. Protocolo 894 de 17/09/2006 1 Pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Caixa Postal 7, Cruz das Almas - BA: E-mail: [email protected]; [email protected] 2 Estudantes de Agronomia – UFBA, Cruz das Almas - BA, bolsistas da FAPESB. Estudantes de Agronomia UFBA, Cruz das Almas - BA, bolsistas da FAPESB. E-mail:[email protected]; [email protected] 3 Professora da Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR. E-mail: [email protected] 172 Influência do tempo de imersão em solução de cálcio e do cozimento nas características físico-químicas do mamão... Godoy et al. INTRODUÇÃO O mamão é uma boa fonte de cálcio e excelente fonte de provitamina A e ácido ascórbico (De Martin et al., 1995). O Brasil é um dos maiores produtores de mamão, produzindo em torno de 1,5 milhões de toneladas em 2005 (IBGE, 2007), o que responde por 26% da produção mundial (FAO, 2007). No contexto interno o Estado da Bahia responde por 46% da oferta total brasileira (IBGE, 2007). Apesar do volume de produção, o país ainda não é considerado um grande exportador, por não atender às exigências do mercado externo, principalmente do mercado americano. Como agravante o mamão não suporta temperaturas baixas, dificultando seu armazenamento contribuindo para aumentar as perdas. A industrialização, portanto, seria um dos grandes suportes ao desenvolvimento da cultura do mamoeiro em nosso meio (Embrapa, 2002; De Martin et al., 1995). A fabricação de passas de mamão surge como uma alternativa de baixo investimento para o seu aproveitamento, evitando perdas acentuadas. De acordo com De Martin et al. (1995) para a obtenção de passas de mamão são necessárias as seguintes etapas: seleção das frutas, lavagem, descascamento, retirada das sementes, corte em cubos, impregnação lenta com sacarose e glicose até 70ºBrix, repouso pôr 24 horas, lavagem e secagem em estufa a 60ºC até umidade final de 25%. A desidratação osmótica decorrente da impregnação lenta de xaropes consiste na remoção da água de uma solução diluída contida para uma solução mais concentrada. Isto contribui para a prevenção da deterioração uma vez que favorece a redução da atividade de água (aw) e dificulta a proliferação de microorganismos e reações enzimáticas que possam ocasionar alterações. Além disso eleva o teor de sólidos (Aguirre e Filho, 2002; Bobbio,1992; De Martin et al,1995). A temperatura favorece o aumento da permeabilidade da membrana plasmática. Com a fervura ocorre o amolecimento dos frutos, a entrada de sólidos, a inativação de enzimas e a redução da quantidade de microorganismos (Galli et al, 1996; Cruess, 1886; Evangelista, 1987). Os sais de cálcio em alimentos tem sido utilizado como coadjuvante da tecnologia de fabricação. Sua função é impedir o amolecimento excessivo do produto pelo calor mantendo a estrutura dos tecidos (Anvisa, 1997; Evangelista, 1987). O cálcio quando entra em contato com a água ocorre uma reação de síntese com a formação de hidróxido de cálcio, que se impregna na fruta reagindo com o gás carbônico do ar atmosférico. Esta reação dá origem ao carbonato de cálcio e vapor de água, formando uma camada cristalina de carbonato de cálcio na superfície dos pedaços da fruta. Considerando-se as limitações tecnológicas dos processos tradicionais de fabricação de passas de mamão com qualidade padrão, a determinação do tempo de imersão na solução de cálcio e o tempo de cozimento são importantes para a obtenção de um produto com textura, cor e sabor adequados. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do tempo de imersão em solução de cálcio e do tempo de cozimento nas características físicoquímicas e químicas do mamão tipo passa. MATERIAL E MÉTODOS No experimento foram utilizados frutos de mamão da variedade Tainung 1, selecionados na fazenda experimental da Escola de Agronomia da UFBA, Cruz das Almas - BA, em estádio de maturação 1. Os frutos foram lavados, descascados, descaroçados e cortados em cubos de 40 mm x 40 mm. Os tratamentos estudados foram imersão em solução de cálcio por 0, 5, 10, 15 e 20 minutos e cozimento por 10, 20 e 30 minutos, dispostos em esquema fatorial 5 x 3. Em seguida os frutos foram impregnados lentamente com xarope de sacarose e glicose a 10% até atingirem concentração final de 70° Brix. Posteriormente foram lavados e submetidos à secagem a 65 °C até umidade final de 25%. O término da secagem foi estipulado quando o produto final atingiu 75% de sólidos solúveis. As análises físico-químicas realizadas foram: sólidos solúveis (SST), acidez total titulável (ATT), obtidos através dos métodos 932.14 C e 942.15 A, respectivamente (A.O.A.C., 1990); açúcares redutores (AR) e açúcares totais (AT) pelo método de Lanara (1981) e pH por leitura em pHmetro digital. Todas as análises foram feitas em triplicata. Os dados foram submetidos a análise de variância (Delineamento Inteiramente Casualizado) e de regressão, considerando uma probabilidade de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve efeitos significativos para pH quanto ao tempo de imersão e quanto à interação tempo de imersão x tempo de cozimento. Para sólidos solúveis totais (SST), açúcares redutores (AR) e açúcares totais (AT) houve alterações significativas em todos os tratamentos bem como na interação. Não houve efeitos significativos para a acidez total titulável (ATT), conforme (Tabela 1). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.171-176, 2006 Influência do tempo de imersão em solução de cálcio e do cozimento nas características físico-químicas do mamão... Godoy et al. Em geral, o tempo de cozimento não influenciou significativamente as características avaliadas, 173 exceto para açúcares totais, que diminuiu à medida que aumentou o tempo de cozimento (Figura 1). Tabela 1- Resumo da análise de variância para, SST, ATT, AR e AT de frutos de mamão tipo passa. FV gl Quadrados médios SST ATT AR ° Brix % % pH AT % 7,00 90,0 6,13 78,8 5,25 67,5 4,38 56,3 Brix º pH TI (I) 4 1,0445** 22,672** 0,00044ns 4,677** 522,42** TC (C) 2 0,0010ns 24,416** 0,00007ns 0,587* 228,97** ns IxC 8 0,0294* 16,856** 0,00005 2,161** 33,08** Erro 30 0,0082 0,363 0,00004 0,85 10,60 CV, % 1,68 0,80 15,20 8,74 5,60 Média 5,38 75,49 0,04 10,58 58,12 ns , **, * = não significativo e significativos a 1 e 5%, respectivamente 3,50 45,0 2,63 33,8 1,75 22,5 0,88 11,3 0,00 0,0 0 10 20 30 0 5 10 Tempo de cozimento (min) (a) 20 25 30 35 (b) 12,0 0,044 10,5 0,038 9,0 Açúcares redutores 0,050 0,031 Acidez 15 Tempo de cozimento (min) 0,025 0,019 0,013 7,5 6,0 4,5 3,0 0,006 1,5 0,000 0,0 0 5 10 15 20 25 30 35 0 5 10 Tempo de cozimento (min) 15 20 25 30 Tempo de cozimento (min) (c) (d) 70,0 61,3 Açucares totais 52,5 43,8 AT = 65,933 - 3,905**X R2 = 1 35,0 26,3 17,5 8,8 0,0 0 5 10 15 20 Tempo de cozimento (min) 25 30 35 (e) Figura 1 - Comportamento do pH (a), SST (b), ATT (c), AR (d) e AT (e) quanto ao tempo de cozimento de mamão tipo passa. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.171-176, 2006 35 174 Influência do tempo de imersão em solução de cálcio e do cozimento nas características físico-químicas do mamão... Godoy et al. A acidez não foi influenciada pelo tempo de cozimento. O mamão é um fruto considerado de baixa acidez (De Martin et al, 1995; Aguirre e Filho, 2002). O pH aumentou com o tempo de imersão na solução saturada de cálcio, apresentando valores entre 4,94 e 5,77 (Figura 2). O que pode estar relacionado com a formação de compostos alcalinos durante a reação que favorecem a elevação do pH. 5,9 pH10 min = 5,3684 - 0,1726X + 0,0208X² - 0,0006X3 R2 = 0,82 5,8 3 2 3 2 5,7 pH20 min = 5,1257 - 0,0332X + 0,0073X² - 0,0002X R = 0,95 5,6 pH30 min = 5,2040 - 0,1220X + 0,0177X² - 0,0005X R = 0,88 pH 5,5 5,4 5,3 5,2 5,1 5,0 4,9 4,8 0 5 10 15 20 Tempo de imersão (min) 10 min de cozimento 20 min de cozimento 30 min de cozimento Figura 2 - Mudança de pH quanto ao tempo de imersão na solução de cálcio do mamão tipo passa Verificou-se diminuição da acidez com o aumento do tempo de imersão na solução saturada de cálcio (Figura 3), com variação de 0,03 a 0,053, seguindo a mesma tendência de aumento do pH. 0,053 0,045 Acidez 0,038 0,030 0,023 Acidez = 0,04040 + 0,00140X - 0,00009X2 R2 = 0,65 0,015 0,008 0,000 0 5 10 15 20 Tempo de imersão (min) Figura 3 - Mudança da ATT quanto ao tempo de imersão na solução de cálcio do mamão tipo passa A tendência dos teores de sólidos solúveis totais foi de aumento com o tempo de imersão na solução de cálcio, sendo que a 20 minutos houve maior oscilação nos teores de SST passando de 70,9ºBrix para 79,3ºBrix (Figura 3). Houve aumento gradual nos teores de SST com o tempo de cozimento com exceção do tempo 15 min que apresentou redução e posteriormente acréscimo nos teores de SST, mas no final do processo, ficaram próximos aos dos demais tratamentos (Figura 1). Durante o processo osmótico, o xarope com alta concentração de solutos e baixa atividade de água, em contato com a fruta que tem alta atividade de água produz uma diferença de pressão osmótica que facilita a passagem de água da fruta para o xarope e do açúcar presente no xarope para a fruta (Bobbio, 2001). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.171-176, 2006 Influência do tempo de imersão em solução de cálcio e do cozimento nas características físico-químicas do mamão... Godoy et al. Observou-se, na Figura 5, aumento nos teores de açúcares redutores totais com o aumento do tempo de imersão na solução de cálcio. Rodrigues et al. (2002) estudando a textura, teor de umidade e açúcares redutores em mamões desidratados osmoticamente com lactato de cálcio, constataram que o tratamento que continha maior concentração desse aditivo apresentou menor incorporação de açúcares redutores. 80 175 Como mostrado na Figura 1 houve oscilações nos teores de açúcares redutores totais com o tempo de cozimento. Nos tratamentos com maior tempo de exposição à solução de cálcio (15 e 20 min) observou-se aumento nos teores de açúcares redutores. Nos tempos de imersão (Figura 6), houve aumento nos teores de açúcares totais com o aumento da exposição à solução saturada de cálcio com valores entre 49,0 a 72,9%. 3 2 Brix10 min = 73,071 - 1,021X + 0,1838X² - 0,0062X R = 0,90 79 3 2 3 2 Brix20 min = 74,521 + 0,791X - 0,1697X² + 0,0071X R = 0,85 78 Brix30 min = 77,698 - 1,038X + 0,1154X2 - 0,0031X R = 0,82 77 Brix º 76 75 74 73 72 71 70 0 5 10 15 20 Tempo de imersão (min) 10 min de cozimento Figura 4 - Mudança dos SST quanto ao tempo de 20 min de cozimento 30 min de cozimento imersão na solução de cálcio do mamão tipo passa 14,0 Açúcares redutores 12,3 10,5 8,8 7,0 3 2 3 2 AR10 min = 9,4492 + 0,4741X - 0,0356X² + 0,0007X R = 0,98 5,3 AR20 min = 10,0830 - 0,3466X + 0,0521X² - 0,0016X R = 0,96 3,5 AR30 min = 10,4220 - 0,7015X + 0,0915X² - 0,0026X3 R2 = 0,99 1,8 0,0 0 5 10 15 20 Tempo de imersão (min) 10 min de cozimento 20 min de cozimento 30 min de cozimento Figura 5 - Mudança de AR quanto ao tempo de imersão na solução de cálcio do mamão tipo passa. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.171-176, 2006 176 Influência do tempo de imersão em solução de cálcio e do cozimento nas características físico-químicas do mamão... Godoy et al. 80 70 Açúcares totais 60 50 40 30 AT10 min = 56,4900 - 0,9318X + 0,2768X² + 0,0107X R = 0,58 20 AT20 min = 50,2980 - 1,2412X + 0,3002X² - 0,0099X R = 0,93 3 3 2 2 AT30 min = 50,3820 - 2,7064X + 0,4048X² - 0,0119X3 R2 = 0,61 10 0 0 5 10 15 20 Tempo de imersão (min) 10 min de cozimento 20 min de cozimento 30 min de cozimento Figura 6 - Mudança de AT quanto ao tempo de imersão na solução de cálcio do mamão tipo passa CONCLUSÕES O aumento do tempo de exposição à solução saturada de cálcio influenciou no pH, acidez, teores de sólidos solúveis totais, açúcares redutores e totais do produto final. O tempo de cozimento pouco não influenciou as características químicas e físico-químicas das passas de mamão. AGRADECIMENTOS Corn Products, FAPESB. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aguirre, J. M.; de Filho, J. G. Desidratação de frutas de frutas e hortaliças. Campinas: ITAL, 2002. A.O.A.C. Official methods of analysis. 15. ed. Arlington: Association of Official Analytical Chemists, 1990. p.912-1011. Bobbio, P. A. Química do processamento de alimentos. São Paulo: Varela, 1992. Cruess, W. V. Produtos industriais de frutas e hortaliças. São Paulo: Edgar Blucher Ltda, 1986. De Martin, Z.J.; Nisida, A.L.A.; Medina, J.C.; Baldini, V.L.S. Processamento: produtos, características e utilização. In: Medina, J.C.; Bleinroth, E.W.; Sigrist, J.M.; De Martin, Z.J.; Nisida, A.L.A.C.; Baldini, V.L.S.; Leite, R.S.S.F.; Garcia, A.E.B. Mamão: cultura, matéria-prima e aspectos econômicos. Campinas: ITAL, 1995. 367p. (Série Frutas Tropicais, n.7). Embrapa. Disponível em: <http://atlas.stc.embrapa.br/pdf/pad/pad2002/dezembro/1803.pdf> Acesso em: 25 set. de 2004. Evangelista, J. Tecnologia de alimentos. Rio de Janeiro: Atheneu, 1987. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.171-176, 2006 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.177-190, 2006 ISSN 1517-8595 177 QUALIDADE, PROCEDÊNCIA E PERDAS PÓS-COLHEITA DE ROSAS DE CORTE COMERCIALIZADAS EM CAMPINA GRANDE-PB Flávio Farias Gurjão1, José Alves Barbosa1, Raffael Alves Rocha da Silva2, Diego Lima da Silva Gomes2 , Arthur Hennys Diniz Barbosa3, Marcelo Santos Silva4, Walter Esfrain Pereira1 RESUMO Rosas de corte consistem em um dos mais nobres, mais tradicionais e mais preferidos tipos de flores ofertados no mercado mundial, sendo amplamente valorizadas comercialmente. No entanto, rosas são altamente perecíveis, exigindo manuseio apropriado visando a manutenção da qualidade e redução das perdas pós-colheita. O objetivo deste trabalho foi avaliar a procedência, manuseio e as perdas pós-colheita de rosas de corte comercializadas em três estabelecimentos comerciais (I, II, e III) de Campina Grande no período de junho a dezembro de 2006. As rosas foram avaliadas no momento da recepção nesses estabelecimentos, sendo registrada a sua procedência. A avaliação foi feita quanto a qualidade da coloração e defeitos das hastes. O município de Holambra – SP supre mais de 90% da demanda de rosas comercializada no Estabelecimento I. Nos estabelecimentos II e III a maioria das rosas comercializadas foi procedente do Estado de Pernambuco. As rosas procedentes de Holambra – SP apresentaram comprimentos de hastes, diâmetros e vida útil pós-colheita superiores as do estado de Pernambuco; As técnicas de manuseio e conservação pós-colheita mais efetivas foram observadas no estabelecimento I, em relação aos empregadas nos estabelecimentos II e III; As perdas mais significativas em rosas foram relacionadas a danos fisiológicos, principalmente os causados por estresses hídricos. Palavras-chave: Rosas sp., perdas, deterioração, descartes, , comercializada ORIGIN, QUALITY, AND POSTHARVEST LOSSES OF CUT ROSES MARKETED IN CAMPINA GRANDE-PB ABSTRACT Cut roses consist one of the more noblemen, more traditional and more favorite types of flowers presented at the world market, being valued thoroughly commercially. However, roses are highly perishable, demanding appropriate handling seeking the maintenance of the quality and reduction of the post-harvest losses. This work had as objective evaluates the origin, handling and the post-harvest losses of cut roses marketed in three commercial establishments (I, II, and III) of Campina Grande in the period of June to December of 2006. The roses were appraised in the moment of the reception in those establishments, being registered the origin and appraised the quality of the coloration and defects of the stems. The municipal district of Holambra - SP supplies more than 90% of the demand of roses marketed in the Establishment I. In the establishments II and III most of the marketed roses was coming from the State of Pernambuco. The roses coming from Holambra - SP introduced lengths of stems, diameters and post-harvest life useful superiors the one of the state of Pernambuco. The handling techniques and postharvest conservation more effective were observed in the establishment I, in relation to the maids in the establishments II and III. The most significant losses in roses were related to physiologic damages, mainly caused them by hydric stresses. Keywords: Rosa sp., loss, deterioretion, discard, marketed. ___________________ Protocolo 867 de 15/08/2006 1 Professor Associado do Departamento de Ciências Fundamentais e Sociais [email protected] 2 UFPB – CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia – PB, E-mail: [email protected] 2 .Alunos de Graduação de Agronomia estagiários do Laboratório de Biologia e Tecnologia Pós-colheita 3 Professor de Fisologia da UNESC- Campina Grande - PB 2 UFPB – CCA, C. Postal 02, 58.397-000 Areia – PB, E-mail: [email protected] 4 Bolsista do CNPq 178 Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte .......... Gurjão et al. INTRODUÇÃO Estima-se que a floricultura brasileira movimente no mercado interno valores em torno de 750 milhões de dólares ao ano (Ministério da Agricultura, 2006). Apesar do Brasil não ser um exportador tradicional de flores e plantas ornamentais o setor vem se impondo nos últimos anos no cenário internacional como um referencial de qualidade e competitividade (Junqueira & Peetz, 2002). A roseira é uma planta arbustiva, perene, de crescimento ereto, caule lenhoso e normalmente espinhoso. As folhas são pinadas, caducas e compostas de cinco a sete folíolos ovulados. Os ramos basais são grossos que permitem formar seu esqueleto e produzir hastes florais comercializáveis. As flores se desenvolvem no ápice contendo geralmente 5 lóbulos laterais e frutos carnosos (Bañon Arias et al., 1993). O gênero Rosa sp. é originário da Ásia difundindo-se para a Europa e América. Segundo a taxonomia, pertence a Classe das Angiospermas, Subclasse Dicotiledanea, Ordem Rosales e Família Rosaceae (Urcullu, 1953). No Brasil, as seis principais espécies de flores de corte produzidas são crisântemo, rosa, gipsofila, alpínia, strelitzia e helicônia e as de vaso são violeta, crisântemo, orquídea, azaléia, prímula e ciclâmen (Ibraflor, 2002). A produção nacional de espécies floríferas envasadas atinge 13% entre todos os tipos de flores e de plantas ornamentais produzidos, perdendo apenas para flores de corte (29%) como rosa e crisântemo. Desta porcentagem, o ciclâmen é sexta flor mais produzida ficando a sua frente flores como crisântemo, orquídea e violeta (Ibraflor, 2002). No Nordeste, a produção de flores e plantas ornamentais concentra-se nos estados de Pernambuco, Bahia, Ceará e Alagoas, numa área privilegiada em relação a clima e potencial hídrico. A floricultura tem sido considerada ultimamente como a forma avançada de agricultura, que utilizando de técnicas modernas torna-se um dos setores de maior rentabilidade por área cultivada. Possibilitando a geração de empregos contribuindo para a ocupação da mão de obra local e fixação do homem no campo (Carraro & Cunha, 1994). Na Paraíba a produção comercial ainda é de pequena dimensão. Os municípios de Alhandra e Conde têm pequenas áreas cultivadas com plantas tropicais; o município de Lagoa Seca cultiva flores diversas como antúrio, crisântemos e folhagem (carinho de mãe), enquanto que no município de Pilões é cultivado o crisântemos em estufa (Sebrae, 2005). Atualmente as variedades de rosas são distintas principalmente pela coloração das pétalas, forma do botão, tamanho das hastes, produtividade (haste.m-1) e resistência a doenças (Casarine, 2004). O armazenamento é considerado uma das etapas mais importantes para manutenção do equilíbrio entre mercado distribuidor e consumidor de flores de corte (DiasTagliacozzo & Castro, 2002). Pelo fato das plantas ornamentais, particularmente flores de corte, ter uma vida útil muito limitada; as flores se deterioram rapidamente, como ocorre com frutas e hortaliças, por causa de processos fisiológicos catabólicos que ocorrem mais intensamente após a colheita (Hardenburg et al., 1988). Devido a esse fato, técnicas de conservação que contribuam para manter a qualidade floral pós-colheita são exigidas. A vida pós-colheita de flores de corte varia grandemente (Powell, 1989). A longevidade das flores é determinada por vários fatores pré e pós-colheita e está relacionada, também, com as características genéticas e anatômicas de cada espécie e entre cultivares. Como fatores pré-colheita, podemos citar o estado de maturação, sombreamento da cultura e cultivar e como fatores pós-colheita, a temperatura de armazenamento e a umidade relativa, intensidade luminosa, entre outros (Nowak & Rudnicki, 1990). Entre os principais problemas que a floricultura brasileira tem que superar está o manejo pós-colheita inadequado. Ainda faltam conhecimentos e tecnologias de colheita e póscolheita que visem à redução de perdas, que no Brasil chegam atingir 40% da produção (DiasTagliacozzo & Castro, 2002). As principais causas das perdas pós-colheita de flores compreende o esgotamento das reservas (Hardenburg et al., 1988), ataque de patógenos (Hammer,1990), ponto de colheita inadequado e o murchamento, seja por um processo fisiológico natural ou pela obstrução dos vasos pela ação de bactérias (Van Doorn & Witte, 1991). Além destes fatores, destacam-se também os danos mecânicos provocados durante a fase de produção e/ou armazenamento e comercialização, juntamente com a temperatura inadequada durante o transporte e armazenagem (Prince & Cunningham, 1987). Também, a presença do etileno, mesmo em pequenas quantidades, acelera a taxa respiratória e a senescencia precoce das folhas (Mason & Miller, 1991), dependendo da Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.177-190, 2006 Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte .......... Gurjão et al. concentração do fitohormônio, do tempo de exposição e da temperatura do ambiente (Nowak et al.,1991). A magnitude das perdas pós-colheita de flores no Brasil até o consumo final, é de no mínimo 30%. Como reflexo de tal fato, tem-se a necessidade de utilizar tecnologia póscolheita, visando um manejo que venha proporcionar a manutenção da qualidade e redução de perdas na cadeia produtiva. O manejo correto engloba processos específicos como, o rápido resfriamento, transporte refrigerado, armazenagem e manuseio adequado (Arruda et al., 1996) em conseqüência da alta perecibilidade e da manipulação excessiva No transporte as perdas chegam a 10%, enquanto no mercado varejista essas perdas podem chegam a 50% de toda produção (Farina & Veruggio, 1996). Face ao exposto, o objetivo desse trabalho foi avaliar a procedência e os agentes promotores das perdas no comercio varejista de Campina Grande-PB. MATERIAL E MÉTODOS Esta pesquisa foi realizada em floriculturas do município de Campina Grande-PB, consideradas de porte entre médio e grande, médio e pequeno portes, denominados de estabelecimentos I, II e III, respectivamente. Nestes estabelecimentos foram avaliadas as procedências, características das rosas comercializadas, as perdas qualitativas e quantitativas, em todas as etapas da cadeia de comercialização As etapas de aquisição, triagem e comercialização das rosas, nos dias em que ocorria o recebimento do produto foram acompanhadas durante os meses de junho a dezembro de 2006. As rosas foram avaliadas no momento da recepção nas floriculturas, levando-se em consideração a procedência, o aspecto visual e físico, através da coloração, comprimento, diâmetro e defeitos das hastes. Diariamente foram acompanhados a evolução das perdas, tanto qualitativamente quanto quantitativamente. Após as coletas, as rosas aptas para a comercialização e os descartes, foram transportadas acondicionados em caixas de poliestireno expandido ao Laboratório de Biologia e Tecnologia Pós-colheita, do Centro de Ciências Agrárias – CCA- Campus II, da Universidade Federal da Paraíba em Areia - PB. 179 Caracterização das doenças Rosas com sintomas de doenças fúngicas foram retirados segmentos das pétalas, haste e folhas e encaminhadas ao Laboratório de Fitopatologia, do Departamento de Fitotecnia, CCA/UFPB, onde foi realizada identificação dos fitopatógenos presentes nas amostras. Isolamento e identificação dos fungos Os procedimentos de isolamento constaram da desinfestação superficial de fragmentos de tecidos lesionados com lavagem com água corrente e sabão para limpeza superficial e retirada de restos de solo e possíveis organismos oportunistas. O material foi transferido para câmara de fluxo laminar, onde foi seccionado com auxílio de pinça e bisturi em pequenos segmentos (aproximadamente 1 cm) da área de transição da lesão (tecido sadio + tecido doente) Em seguida transferiram-se os segmentos de tecido para placas de Petri iniciando a desinfecção superficial com etanol 70% por aproximadamente 30 segundos, hipoclorito de sódio a 4,0%, por aproximadamente 1 min e duas lavagens consecutivas em água destilada esterilizada (ADE). Os segmentos foram incubados em posições eqüidistantes, em placas de Petri, contendo BDA à 25 + 20C., durante 7 dias, sendo efetuada a identificação dos fungos com auxílio de microscópio estereoscópico. Quantificação das perdas Os descartes foram recolhidos em bandejas plásticas, onde foram separadas por tipo de danos e quantificadas. As perdas foram avaliadas tomando como base o volume de entrada e o volume descartado obtido diretamente dos comerciantes. As perdas quantitativas totais foram calculadas pela fórmula: % perdas = (Vent. –Vdesc.) x 100/Vent. onde, Vent = volume de entrada do produto apto para comercialização em maço e Vdesc. = volume de produto descartado em maço. Análises estatísticas Os dados de procedência e perdas póscolheita foram avaliados através de análise de distribuição de freqüência, considerando 100% Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.177-190, 2006 180 Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte .......... Gurjão et al. das hastes recebidas. Os dados referentes à avaliação da qualidade das flores comercializadas e descartadas através da avaliação das características físicas e físicoquímicas foram submetidos à análise de variância e os resultados foram submetidos à regressão polinomial. Os modelos de regressão polinomial foram selecionados com base na significância do teste F de cada modelo testado e, também, pelo coeficiente de determinação (CD), sendo utilizadas curvas com CD mínimo de 0,60. Brasil apresenta uma demanda sazonal, com maiores demandas nas datas comemorativas. Holambra - SP - 92% Bezerros - PE - 2% Gravaté de Bezerros - PE - 1% Gravatá - PE - 1% Guaranhuns - PE - 4% 2% A 1% 1% 4% RESULTADO E DISCUSSÃO O maior fornecedor de rosas de corte para o estabelecimento I de grande porte, foi o Estado de São Paulo que supriu 92% do total comercializado, todas as rosas vindas do Estado de São Paulo foram produzidas na cidade de Holambra. Apenas 8% foram produzidas no estado de Pernambuco dos municípios de Garanhuns, Bezerros, Gravatá de Bezerros e Gravatá, com 4, 2, 1 e 1% respectivamente Figura (1 A). Nos estabelecimentos II e III, o percentual de rosas procedentes de Holambra-SP, foram de 7%, a oferta no varejo nos estabelecimentos 2 e 3, foram supridas pelos municípios de Bezerros-PE e Gravatá-PE. Na Figura (1B), observa-se que o estabelecimento II de médio porte, 47% do total comercializado foram proveniente de Bezerros-PE, Gravatá de Bezerros-PE, Gravatá-PE e Garanhuns-PE foram responsáveis por 29, 5 e 12 % respectivamente. O estabelecimento III (Figura 1C), caracterizada como floricultura de pequeno porte, 67% de todas as rosas comercializadas foram proveniente do município de Bezerro– PE, seguida de Gravatá de Bezerros-PE com 13%, Gravatá-PE e Garanhuns-PE supriram a demanda em 7 e 4% respectivamente. Os volumes comercializados em hastes, mostraram crescimento no período avaliado, respondendo a um comportamento quadrático, com coeficientes de determinação variando de 0,87 a 0,94. Esse comportamento é respaldado pelas datas comemorativas que se concentraram nos meses de agosto: quando da comemoração do dia dos pais, novembro: data comemorativa aos finados e dezembro: data onde as famílias caracteristicamente consumidoras de flores presenteiam, decoram seus lares e ambientes de trabalho. Esses dados mostram compatibilidade com Almeida e Aki (1995) e Claro (1998) que afirmam que o consumo de flores de corte no 92% Holambra - SP -7% Bezerros - PE - 47% Gravaté de Bezerros - PE - 29% Gravatá - PE - 5% Guaranhuns - PE - 12% B 29% 5% 12% 7% 47% Holambra - SP - 7% Bezerros - PE - 67% Gravaté de Bezerros - PE - 13% Gravatá - PE - 7% Guaranhuns - PE - 4% C 13% 7% 6% 7% 67% Figura 1- Procedência das rosas sp. Comercializadas no varejo em 3 Estabelecimentos, Estabelecimento I (1A), Estabelecimento II (1B) e Estabelecimento III (1C), durante os meses de julho a dezembro em Campina Grande – PB. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.177-190, 2006 Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte .......... Gurjão et al. Em relação às perdas, observou-se um declínio ao longo do período avaliado em todos os estabelecimentos de comercialização Figura 2B. Esse comportamento responde a um modelo quadrático, com coeficientes de determinação variando de 0,79 a 0,88. Provavelmente esse declínio nas perdas no período avaliado, esteja associado à sazonalidade da demanda e da procura, visto que, os varejistas conhecendo a oscilação de mercado, o que possibilita uma programação na aquisição, de acordo com a época e a procura pelo produto (Marques et al., 2002), tornando as perdas dependentes do volume adquirido, como também das condições de armazenamento, que geralmente são inadequados. Pela Figura 2B, observou-se que a Floricultura I, caracterizada como de grande porte, as perdas de rosas de corte foram muito inferiores quando comparadas com as outras duas floriculturas de médio e pequeno porte. Isso provavelmente esteja associado ao manejo, armazenamento e manuseio na comercialização. Das rosas comercializadas no estabelecimento I, mais de 90% são oriundas de Holambra-SP. Isso se deve ao grau de exigências dos consumidores, sendo essas rosas de primeiríssima qualidade, onde o aspecto visual são notadamente superiores as das rosas produzidas em Pernambuco, justificando os valores que em média encontram-se entre 50 a 70% superior aos valores comercializados pelos produtores pernambucanos. O manejo empregado pelo estabelecimento I, abrange técnicas adequadas desde o recebimento até a entrega ao consumidor final. Após o recebimento, as rosas são colocadas em ambiente ventilado e arejado por 24 horas para maior abertura dos botões, após as primeiras 24 horas do recebimento pelo estabelecimento para comercialização, são aparadas, em torno de 20mm da haste, de forma inclinada, logo em seguida colocadas imersas em solução de hipoclorito 2%, em torno de 150 mm da haste e armazenada em câmara fria, com as haste na posição vertical imersa na mesma solução. A cada dois dias são feitas aparas de 20 mm de forma inclinada e a solução de hipoclorito de sódio na concentração de 2% v/v são substituídas. A vida útil pós-colheita das rosas, na etapa de comercialização no estabelecimento I, varia de 10 a 12 dias. 181 No estabelecimento II, considerada de médio porte, o armazenamento é completamente irregular e inadequado. Os maços são colocados na refrigeração da mesma forma que são recebidos pelo atravessador e amontoados horizontalmente uns sobre os outros, além da falta de sanitização o que favorece a disseminação de fitopatógenos que levam a deteriorização das rosas. Não são feitas assepsias diárias, nem aparas nas hastes, contribuindo para o déficit hídrico levando a senescência e perdas comerciais. No entanto, no estabelecimento II, as perdas econômicas são amenizadas com a utilização das rosas que se encontram deterioradas, nas características visuais sendo retiradas as pétalas e folhas com sintomas de murchas, queimaduras e escurecimento, e então são utilizadas principalmente em arranjos funerários, em passagem de noivas e chuva de pétalas, com valores inferiores comercialmente. Esse procedimento é acompanhado pelas demais floriculturas, e, em média, a vida útil das rosas comercializadas no estabelecimento II encontra-se em torno de 5 dias. No estabelecimento III, de pequeno porte, suas perdas são relativamente inferiores às perdas ocorridas na Floricultura II. Esse fato pode ser explicado inicialmente pelo volume adquirido para comercialização ser praticamente o volume comercializado diariamente e ao manejo aplicado durante o armazenamento e comercialização. Esse estabelecimento tem empregado alguns tratamentos que, comparados com os dispensados pelo estabelecimento II, mostra evolução na redução das perdas e na qualidade das flores. O estabelecimento 3, ao receber os maços de rosas, que são em pequena quantidade, são aclimatizados imersos em água pura durante 6 horas para reduzir o estresse sofrido pelo órgão vegetal por ocasião do transporte. Em seguida são armazenados em sistema refrigerado e após 24 horas são retirados, aparado 20 mm da haste em corte inclinado e colocados imersos em solução de hipoclorito de sódio na concentração de 2%, durante as 8 horas que corresponde ao horário comercial, sendo recolocadas em ambiente refrigerado até o dia seguinte. O tempo de vida de prateleira situa-se em torno de 8 dias. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.177-190, 2006 182 Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte .......... Gurjão et al. Fluxo de comercialização (Haste) A YC1 = 232,36x2 - 1485,6x + 5664 YC2 = 145,61x2 - 525,76x + 2997,8 YC3= 78,429x2 - 323,11x + 2526,4 5500 5000 R2 = 0,9404 R2 = 0,9358 R2 = 0,8752 4500 4000 3500 3000 2500 2000 1 2 3 4 5 6 Período de coleta (Mês) Fluxo de perdas (Haste) B YP1 = -6,6429x2 + 20,214x + 210 YP2 = 5,75x2 - 159,79x + 2267,4 YP23= -10,286x2 + 46,514x + 231,2 2500 R2 = 0,798 R 2 = 0,8829 R2 = 0,7924 2000 1500 1000 500 0 1 2 3 4 Período de coleta (Mês) 5 6 Figura 2. Fluxo mensal de Rosa sp. comercializadas (2A) e Descartadas (2B) em Campina Grande – PB durante o período de julho a dezembro de 2006. (1 = julho; 2 = agosto; 3 = setembro; 4 = outubro; 5 = novembro, 6 = dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo). A vida pós-colheita das flores está relacionada com o déficit hídrico (Watson & Shirakawa, 1967). Segundo Paul e Goo (1985), esse déficit é causado pela obstrução dos tecidos vasculares. A remoção da parte obstruída, cerca de 20 mm, pode reduzir os estresses hídricos, que pela formação de colunas de água sob tensão pode ocasionar a formação de bolhas de ar nos terminais dos vasos do xilema. Quando essas bolhas se fixam nos cruzamentos desses vasos, provocam o impedimento do fluxo de água promovendo o murchamento dos botões Rogers, (1973). De acordo com Reid & Dodge (2001), o efeito do aparo das hastes facilita e reativa o fluxo de líquidos através dos vasos do xilema impedindo que as flores sofram mudanças morfológicas visíveis tais como, perda de brilho, turgescência, descoloração com aparecimento de manchas e escurecimento, além de necrose acompanhada de colapso da haste e abscisão das pétalas (Paul, 1982; Paul & Goo, 1985). O comprimento das hastes variou de 520 a 680 mm, para as rosas comercializadas, enquanto nas rosas descartadas essa variação foi de 500 a 680 mm. Tanto as rosas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.177-190, 2006 183 Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte .......... Gurjão et al. comercializadas, como as descartadas o comprimento das hastes apresentaram comportamento quadrático cujos coeficientes de determinação variou de 0,79 a 0,88% para as flores comercializadas (Figura 3A), enquanto nas flores descartadas esse coeficiente variou de 0,74 a 0,86% (Figura 3B). O diâmetro das hastes das rosas comercializadas variou com a origem da produção das rosas. As rosas produzidas em São Paulo apresentaram diâmetro superior aos das rosas produzidas em Pernambuco (Figura 4.A), da ordem de 16% em relação as rosas Comprimento da haste (mm) 70 65 comercializadas no estabelecimento II , e 30% em relação as rosas comercializadas no estabelecimento III. Isso mostra que as rosas comercializadas no estabelecimento I, cuja procedência é quase totalmente de HolambraSP, suas hastes apresentam maiores calibres, o que acarreta maior quantidade de vasos do xilema e possibilita maior fluxo de água, retardando o processo degenerativo causado pelo estresse hídrico e proporcionando maior tempo de vida útil. Além do manejo mais apropriado empregado pelo referido estabelecimento. Y1C1= 1,7679x2 - 12,918x + 76,9 R2 = 0,8042 Y2C2= 1,4107x2 - 10,246x + 69,3 R2 = 0,7922 Y3C3 = 0,7362x2 - 5,2453x + 60,367 R2 = 0,8152 A 60 55 50 45 1 2 3 4 5 6 Comprimento da haste (mm) Período de coleta (Mês) Y1D1 = 0,2236x2 - 0,318x + 61,809 Y2D2 = -0,2355x2 + 3,0038x + 47,756 Y3D3 = 0,8214x2 - 4,2643x + 54,8 70 R2 = 0,8276 R2 = 0,8833 R2 = 0,7847 65 60 B 55 50 45 1 2 3 4 5 6 Período de coleta (Mês) Figura 3 - Tamanho médio das hastes (mm) das Rosas (rosa sp.) comercializadas (3A) e descartadas (3B) em Campina Grande-PB durante no período de julho a dezembro de 2006. (1= julho; 2 = agosto; 3 = setembro; 4 = outubro; 5 = novembro, 6 = dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.177-190, 2006 184 Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte .......... Gurjão et al. Diâmetro da Haste (mm) Y1C1= -1,0469x2 + 9,9177x + 64,412 Y2C2 = 0,5714x2 - 2,2571x + 67,4 2 90 Y3C3= 0,0357x + 0,8929x + 54 R2 = 0,8179 R2 = 0,7703 R2 = 0,7808 85 80 A 75 70 65 60 55 50 1 jul 2 ago 3 4 set out nov Período de coleta (Mês) Período de coleta (Mês) 5 6 dez Diâmetro da haste (mm) Y1D1 = 1,4464x2 - 10,325x + 89,7 R 2 = 0,7764 Y2D2 = 0,9643x2 - 7,0357x + 65 R 2 = 0,7857 Y3D3 = 0,9107x2 - 8,575x + 64,7 R 2 = 0,8796 85 80 75 70 65 60 55 50 45 40 B 1 jul ago2 4 nov set 3 deout Período coleta (Mês) 5 dez 6 Período de coleta (Mês) Figura 4 - Diâmetro médio das hastes (mm) das Rosas (Rosa sp.) comercializadas 4A) e descartadas(4B) em Campina Grande – PB, durante o período de julho a dezembro de 2006. (1 = julho ; 2 = agosto; 3 = setembro; 4 = outubro; 5 = novembro; 6 = dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo). O tamanho médio dos botões das rosas foi superior no Estabelecimento I em relação aos outros dois Estabelecimentos (Figura 3A e 3B). Isto se deve ao produto comercializado, visto que, 92% das rosas comercializadas no Estabelecimento I, são originadas de HolambraSP. Essas rosas apresentam maiores hastes e diâmetros (calibre das hastes), os botões apresentaram maiores e com diâmetro maiores (calibres dos botões) de modo que seus aspectos visuais são mais agradáveis, conseqüentemente custam mais caras do que as produzidas no Nordeste. Apesar desse inconveniente econômico, a parcela consumidora de flores de corte de maior poder aquisitivo, especialmente de rosa, preferem as rosas originadas de São Paulo, em detrimento das produzidas em Pernambuco. O tamanho dos botões respondeu Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.177-190, 2006 185 Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte .......... Gurjão et al. a um comportamento quadrático cujos coeficientes de determinação para as rosas comercializadas variou de 0,79 a 0,89, enquanto nas rosas descartadas esses coeficientes oscilaram de 0,74 a 0,87. As rosas comercializadas nos estabelecimentos II e III são quase que totalmente produzidas no estado de Pernambuco, essas rosas apresentam disparidade quanto a forma, tamanho e diâmetro das hastes, devido seleção inapropriada, associada ao manejo inadequado, Tamanho do botão (mm) 70 o que torna mais vulnerável ao estresse hídrico ocasionando perdas na comercialização. As rosas descartadas procedentes de São Paulo apresentaram diâmetro superior aos descartes procedentes de Pernambuco. Tanto as rosas comercializadas como as descartadas apresentaram um comportamento quadrático cujos coeficientes de determinação que variaram de 0,77 a 0,81 para as rosas comercializadas nas três floriculturas, enquanto as rosas descartadas apresentaram coeficientes de correlação oscilando de 0,77 a 0,87 (Figuras 4 A e 4B). Y1C1= 0,1429x2 + 0,3429x + 56,8 R2 = 0,7915 Y3C3 = -0,2143x2 + 2,3571x + 41 R2 = 0,8095 Y2C2= -0,1964x2 + 2,5179x + 49,5 R2 = 0,8889 65 60 55 A 50 45 40 1 2 3 4 5 6 Período de coleta (Mês) Tamanho do botão (mm) 60 55 Y1D1 = -0,125x2 + 1,7036x + 49,1 R2 = 0,7484 Y2D2= 0,3393x2 - 2,0321x + 53,3 R2 = 0,8666 y3D3 = 0,3036x2 - 1,525x + 36,9 R2 = 0,759 50 B 45 40 35 30 1 Jul ago2 4 nov Período Períodode decoleta coleta(Mês) (Mês) set 3 out 5 dez 6 Figura 5. Tamanho médio do botão (mm) das Rosas (Rosas sp.) comercializadas (5A) e Descartadas (5B) em Campina Grande-PB. Durante o período de julho a dezembro de 2006 (1 = julho; 2 = agosto; 3 = setembro; 4 =outubro; 5 = novembro , 6 = dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.177-190, 2006 186 Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte .......... Gurjão et al. O diâmetro médio dos botões no Estabelecimento I, variou de 71 a 88 mm, no Estabelecimento II, o calibre dos botões foi intermediário oscilando entre 50 a 58 mm enquanto no Estabelecimento III essa variação ficou entre 46 e 49 mm. Nos descartes os botões do Estabelecimento I variaram de 70 a 78 mm, no Estabelecimento II oscilaram entre Y1 = -1,0469x2 + 9,9177x + 64,412 Y3= -0,1607x2 + 1,5536x + 44,5 Y2 = -0,0893x2 + 1,9679x + 48,3 100 Diâmetro do botão (mm) 46 e 48 mm, enquanto no Estabelecimento III variaram de 39 a 46 mm (Figura 6A e 6B). Tanto as rosas comercializadas como as descartadas responderam a um modelo quadrático, o coeficiente de determinação para as rosas comercializadas que oscilou entre 0,75 a 0,81. Enquanto para as rosas descartadas esses coeficientes oscilaram entre 0,72 e 0,84. R2 = 0,8179 R2 = 0,7597 R2 = 0,7801 90 80 70 A 60 50 40 1 2 3 4 5 6 Período de coleta (Mês) 2 2 Y1= -0,1429x + 2,4286x + 68 R = 0,8418 Y2 = 0,2679x2 - 1,7607x + 49,1 R2 = 0,7268 2 2 Y3 = 0,0357x + 0,9786x + 38,2 R = 0,8582 80 Diâmetro do botão (mm) 75 70 65 B 60 55 50 45 40 35 30 1 2 3 4 5 6 Período de coleta (Mês) Figura 6 - Diâmetro médio do botão (mm) das Rosas sp. comercializadas(6A) e descartadas (6B) em Campina Grande-PB. Durante o período de julho a dezembro de 2006. (1 = julho; 2 = agosto; 3 = setembro; 4 = outubro; 5 = novembro, 6 = dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo). O número de folhas por haste foi superior nas rosas comercializadas em relação às rosas descartes nos estabelecimentos avaliados (Figura 7A e 7B). Isto provavelmente encontrase associado à evolução no estádio de maturação das rosas que, com o passar do tempo de armazenamento, sofrem processos bioquímicos e fisiológicos deteriorativos desencadeado pelo estresse sofrido quando da colheita, transporte, armazenamento e manuseio na comercialização. Tais processos estão associados ao estresse hídrico devido a técnicas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.177-190, 2006 Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte .......... Gurjão et al. inadequadas de armazenamento que provocam diminuição ou cessa completamente o transporte de água através dos vasos do xilema F1C1 187 provocando perdas de turgescência, da coloração, aparecimento de manchas escuras e abscisão das pétalas e das folhas. F2C2 F3C3 Y2C2 = não ajustado R< 0,7 12 11 Y3C3 = não ajustado R< 0,7 10 9 8 (unid.) Folhas por haste (unid.) Y1C1 = não ajustado R< 0,7 13 7 A 6 5 1 2 3 4 5 6 Período de coleta (Mês) F1D1 F3D3 Y1C1 = não ajustado R< 0,7 9 Folhas por haste (unid.) F2D2 8 Y2C2 = não ajustado R< 0,7 7 Y3C3 = não ajustado R< 0,7 6 5 B 4 3 2 1 2 3 4 5 6 Período de coleta (Mês) Figura 7 - Número de folhas por haste (unidade) nas Rosas sp. comercializadas e descartadas em Campina Grande – PB. Durante o período de julho a dezembro de 2006. ( 1 = julho; 2 = agosto; 3 = setembro; 4= outubro; 5 = novembro, 6 = dezembro). (Cada ponto corresponde a média de 4 semanas do mês, respectivo). De todas as rosas sp. expostas para comercialização 25% foram descartadas em decorrência de algum tipo de dano, apenas 75% foram comercializadas. Observa-se que esse percentual ainda encontra-se num patamar acima dos observados em países desenvolvidos. Das rosas comercializadas nos estabelecimentos avaliados, 86% das perdas correspondem a danos mecânicos como hastes quebradas, botões machucados, hastes partidas e botões destacados, 14% compreenderam perdas por danos fisiológicos, promovidos por estresses hídricos causados pela obstrução nos vasos do xilema o que impede a circulação da água, provocando desidratação da haste e do botão com perda de vigor das pétalas (Figura 9). Percentagem de comercializadas Percentagem de perdas 25% 75% Figura 8 - Percentagens de rosas sp. comercializadas e descartadas em Campina Grande – PB. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.177-190, 2006 188 Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte .......... Gurjão et al. Percentagem de comercializadas sanitização são as principais causas das perdas por doenças nos Estabelecimentos. Percentagem de perdas Floricultura I A Perdas Mecãnicas Perdas Fisiológicas 25% 92% 75% Figura 9 - Total das perdas de Rosas sp. comercializadas nas floriculturas de Campina Grande-PB. As perdas no Estabelecimento I, causadas por danos mecânicos foram de 92% enquanto as causadas por danos fisiológicos corresponderam a 8%. Esses valores mostram que os danos fisiológicos foram amenizados pelos tratamentos pós-colheita dispensado as rosas durante a comercialização (Figura 10 A). No Estabelecimento II, as perdas mecânicas foram de 13%, as perdas fisiológicas corresponderam a 15% e as perdas fitopatogênicas, 12% (Figura 10B). No Estabelecimento III, 77% das perdas foram causadas por danos fisiológicos, 11% por danos mecânicos e 12% por fitopatógenos, causadas pelo Mofo cinzento causado por Botrytis cinérea, desencadeando a podridão de órgãos florais e manchas cinzentas nas folhas com presença de estruturas do patógeno (Figura 10C). Esses dados revelam que os Estabelecimentos II e III, apresentaram dados inversos aos apresentados pela Estabelecimento I, onde as maiores perdas foram causadas por danos mecânicos. Tais como, hastes partidas, botões e hastes machucadas. Isso provavelmente deve estar relacionado com a falta de praticas de manejo pós-colheita, principalmente no momento de embalar, acondicionamento no transportar e no manejo e recebimento pelo Estabelecimento. Esses fatores influenciam na vida útil de comercialização aumentando assim as perdas e contribuindo para a desvalorização do produto reduzindo a margem de lucro dos comerciantes. A falta de utilização de técnicas de manejo e armazenamento adequados associado a falta de 8% B Floricultura II Perdas Mecânicas Perdas Fisiológicas Perdas Fitopatogênicas 75% 13% Floricultura III C 12% Perdas Mecânicas Perdas Fisiológicas Perdas Fitopatogênicas 77% 11% 12% Figura 10 - Perdas nos Estabelecimento I(10A) Estabelecimento II (100B) e Estabelecimento III (11C) de Rosas sp. comercializadas em Campina Grande-PB CONCLUSÕES A cidade de Holambra –SP supre mais de 90% da demanda de rosas comercializada no Estabelecimento I, caracterizada por consumidores das classes mais abastadas financeiramente; Nos Estabelecimentos II e III a maioria das rosas comercializadas são procedentes de plantios do Estado de Pernambuco, com Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.8, n.2, p.177-190, 2006 Qualidade, procedência e perdas pós-colheita de Rosas de corte .......... Gurjão et al. destaque para os seguintes municípios: Bezerros, Gravatá, Gravatá de Bezerros e Garanhuns; As rosas procedentes de Holambra –SP, apresentaram hastes com comprimentos e diâmetros e vida útil pós-colheita, superiores as das rosas produzidas no estado de Pernambuco;. A Floricultura I utiliza técnica de manuseio e conservação pós-colheita mais eficientes do que as empregadas pelos estabelecimentos II e III; As perdas mais significativas em rosas estão relacionadas a danos fisiológicos, principalmente os causados por estresses hídricos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida , F. R. de F.; Aki, A. Y. Grande crescimento no mercado de flores. Agroanalysis, Rio de Janeiro, v. 15, n. 9, p. 811, 1995. Arruda, S.T.; Matsunaga, M.; Okuyama, M.H. Sistema de cultivo e custos de produção de crisântemo de vaso. Informações Econômicas, São Paulo, v.26, n.4, p.3138,1996. Bañon Arias, S.; Cifuentes Romo, D.; Hernandes, J.A.F.; Beneventes- Garcia. A. La Rosa. 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Artigos Técnicos: Devem ser redigidos em linguagem técnica de fácil compreensão, sobre assuntos de interesse da comunidade que demonstrem uma contribuição significativa sobre o assunto. Os artigos devem conter: Titulo, Autor(es), Resumo, Palavras-chave, Título em inglês, Abstract, Key words, Introdução, Descrição do Assunto, Conclusões e Referências Bibliográficas. Texto: A composição dos textos deverão ser feitas no Editor de texto - Word para Windows versão 6.0 ou superior, utilizando fonte Times New Roman, tamanho 11, exceto para as notas de rodapé e título, que deverão apresentar tamanho 8 e 12, respectivamente. O formato do texto deverá ter a seguinte disposição - tamanho carta, orientação de retrato disposto em duas colunas, margens superior e inferior, direita e esquerda de 2,5 cm, numeradas, espaço simples e no máximo de 20 laudas. Todos os itens deverão estar em letra maiúscula, negrito, itálico e centralizados, exceto as Palavras-chave e Keywords e Subítens que deverão ser alinhados a esquerda em letras minúsculas e com a primeira letra em maiúscula. Os nomes dos autores deverão estar dois espaços simples abaixo do título, escritos por extenso e em negrito, separados por vírgula. Os nomes dos autores serão numerados com algarismos arábicos que terão a cada número uma chamada de rodapé onde se fará constar a sua função, titulação, instituição, endereço postal e eletrônico (email), telefone e fax. O texto deverá ser alinhado nos dois lados e com a tabulação de 1cm para o inicio de cada parágrafo. Figuras Tabelas e Fotos - Deverão ser inseridas logo abaixo do parágrafo onde foram citadas pela primeira vez. Nas legendas, as palavras Figura, Tabela e Foto devem estar em negrito e ter a letra inicial maiúscula e seu enunciado deverá ser alinhado à esquerda abaixo da primeira letra após a palavra Figura. As grandezas devem ser expressas no Sistema internacional. Exemplos de citações bibliográficas quando a citação possuir apenas um autor: ...Almeida (1997), ou ...(Almeida, 1997); quando a citação possuir dois autores: .... Almeida & Gouveia (1997), ou ....(Almeida & Gouveia, 1997); quando a citação possuir mais de dois autores: ....Almeida et al. (1997).... ou (Almeida et al., 1997). A referência deverá conter os nomes de todos os autores. Los textos deberán ser encaminados al editor de la Revista en disquete y 2 vías impresas, o por e-mail [email protected]. Artículos Científicos: deberán tener la siguiente secuencia: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en ingles, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Artículos Técnicos: Deben ser escritos en lenguaje técnica de fácil comprensión, en asuntos de interés de la comunidad que demuestren una contribución significativa en el asunto. Los artículos deben contener: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en inglés, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Texto: La composición del texto deberá ser echa en el Editor de texto - Word para Windows versión 6.0 o superior, utilizando la fuente Time New Roman, tamaño 11, excepto para la notas de rodapié y titulo, que deberán tener tamaño 8 y 12 respectivamente. El formato del texto deberá tener la siguiente disposición – Tamaño carta, orientación de retrato en dos columnas, márgenes suprior y inferior, derecha y izquierda de 2,5 cm, enumeradas, espacio simples y en el máximo de 20 laudas. 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En las legendas, las palabras Figuras, Tabla y Foto deben estar en negrito y tener la letra inicial mayúscula y en su enunciado deberá ser alineada por la izquierda con la primera letra después de la palabra Figura. Las unidades deben ser expresas en el sistema internacional Ejemplos de citaciones bibliográficas cuando la citación tiene un solo autor: ...Almeida (1997), o ...(Almeida, 1997); cuando la citación tiene dos autores: .... Almeida & Gouveia (1997), o ....(Almeida & Gouveia, 1997); cuando la citación tiene mas de dos autores: ....Almeida et al. (1997).... o (Almeida et al., 1997). Las referencias deberán contener los nombres de todos los autores. The texts should be sending to the Editor of the Journal in diskette and 2 printed sheets, or by e-mail [email protected]. Scientific articles: they should have the following sequence: Title, Author (s’), Abstract, Keywords, Title, Abstract and Key words in Portuguese, Introduction, Materials and Methods, Results and Discussion, Conclusions, Acknowledgements (optional) and Bibliographic References. Technical articles: They should be written in technical language of easy understanding, on subjects of the community's interest that demonstrate a significant contribution on the subject. The goods should contain: I title, Author (s’), Abstract, Keyword, Title in Portuguese, Abstract, Key words, Introduction, Description of the Subject, Conclusions and Bibliographic References. Text: The composition of the texts should be made in the text Editor - Word for Windows version 6.0 or superior, using source Times New Roman, size 11, except for the baseboard notes and title, that should present size 8 and 12, respectively. The format of the text should have the following disposition - size letter, orientation of arranged picture in two columns, margins superior and inferior, right and left of 2,5 cm, numbered, simple space and up to a maximum of 20 pages. All main items should be in capital letter, bold type, italic and centralized, except for Keywords and sub-items that should be aligned to the left in lower letter and with the first letter in capital letter. The authors' name should be two simple spaces below the title, written for complete name and in boldface, separated by comma. The authors' names will be numbered with Arabic ciphers that they will have to each number a baseboard call where it will make to consist its function, title, institution, postal and electronic address (email), telephone and fax. The text should be aligned in the two sides and with the tabulation of 1cm to the beginning each paragraph. Figures, Tables and Photos - they should be inserted soon below the paragraph where they were mentioned for the first time. In the legend, the words illustration, Controls and Photo should be in boldface and have the initial letter capital one and its statement should be aligned to the left below the first letter after the word it represents. The units should be expressed in the international system. Examples of bibliographical citations when the citation just possesses an author: ....Almeida (1997), or ....(Almeida, 1997); when the citation possesses two authors: .... Almeida & Gouveia (1997), or ....(Almeida & Gouveia, 1997); when the citation possesses more than two authors: ....Almeida et al. (1997).... or (Almeida et al., 1997). The reference should contain all the authors' names. Exemplos de referências bibliográficas: Ejemplos de referencias bibliográficas: Example of the bibliographic references: As referências bibliográficas deverão estar Las referencias bibliográficas deben ir en orden The list of bibliographic references must be in dispostas, em ordem alfabética, pelo sobrenome alfabética considerando el apellido del primer alphabetic order according to surname of first do primeiro autor. autor. author. a) Livro Martins, J.H.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Introdução a teoria e simulação matemática de secagem de grãos. 1.ed. Campina Grande : Núcleo de Tecnologia em Armazenagem, 1984. 101p. b)Capítulo de Livros Almeida, F. de A.C.; Matos, V.P.; Castro, J. de; Dutra, A.S. Avaliação da quantidade e conservação de sementes a nível de produtor. In: Almeida, F. de A.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. (ed.). Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Campina Grande: UFPB/SBEA, 1997. cap. 3, p.133-188. c) Revistas Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D.; Figueiredo, R.M.F.; Queiroz, A.J. de M. Perda da qualidade fisiológica de sementes de arroz (Oryza sativa L.) armazenadas sob condições controladas. Revista Brasileira de Armazenamento. Univ. Federal de Viçosa, Viçosa-MG. v.24, n.1, p.10-25, 1999. d) Dissertações e teses Queiroz, A.J. de M. Estudo do comportamento reológico dos sucos de abacaxi e manga. Campinas: UNICAMP/FEA, 1998. 170p. (Tese de Doutorado). e) Trabalhos apresentados em Congressos (Anais, Resumos, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Figueirêdo, R.M.F. de; Martucci, E.T. Influência da viscosidade das suspensões na morfologia do particulado de suco de acerola microencapsulado. In: Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, 25, 1998, São Carlos, Anais... São Carlos: UFSC, 1998. v.2, p.729-733. ou (CD Rom). No caso de disquetes ou CD Rom, o título da publicação continuará sendo Anais, Resumos ou Proceedings, mas o número de páginas será substituído pelas palavras Disquete ou CD Rom. f) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. a) Libro Cox, P.M. Ultracongelación de alimentos. 1.ed. Zaragoza : Editorial Acribia, 1987. 459p. b)Capítulo de Libro Moreno, F. Alteraciones fisicoquímicas en alimentos durante su congelamiento y subsecuente almacenaje. In: Parada, A.; Valeri, J. (ed.). Biología de los alimentos a baja temperatura. Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Caracas: UCV, 1997. cap. 2, p.218-237. c) Revistas Diniz, P.S.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D. Determinación del contenido de humedad máxima para crioconservación de semillas recalcitrantes de maíz. Ingeniería Rural y Mecanización Agraria en el ámbito Latinoamericano. La Plata, Argentina, v.1, p.373-377, 1998. d) Disertaciones y Tesis Zanetta, J. Transferência de calor em congelación de alimentos. Valparaíso : Universidad Católica de Valparaíso, 1984. 95p. (Tesis de Maestría). e) Trabajos presentados en Congresos (Anales, Resúmenes, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Cavalcanti Mata, M.E.R.M; Braga, M.E.D.; Figueirêdo. R.M.F; Queiroz, A.J.M. Influencia de los daños mecánicos superficiales en la germinación de semillas de maíz en función de su grado de humedad y de la velocidad de rotación de la desgranadora mecánica. In: I Congreso Ibero-Americano de Ingenieria de Alimentos, Anales... Valencia, España, Tomo II, Capítulo III, p. 385-397, dez. 1996 o (CD Rom). a) Book Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. New York, The AVI Van Nostrand Reinhold, 1992, 450p. b) Chapter in a book Schaetzel, D.E. Bulk storage of flour In: Christensen C.M. (2aed.). Storage of cereal grains and their products. St. Paul, Minnesota : American Association of Cereal Chemist, 1974. cap. 9, p.361-382. c) Journals Biswal, R.N., Bozokgmehk, K. Mass transfer in mixed solute osmotic dehydration of apple rings. Trans. of ASAE, v.35, n.1, p.257-265, 1992. d) Dissertation and Thesis Fortes, M. A non-equilibrium thermodynamics approach to transport phenomena in capillary-porous media with special reference to drying of grains and foods. Purdue University, 1978, 226 p. (Thesis Ph.D.). e) Papers presented in congress (Annals, Abstracts, Proceedings, Diskettes, CD Roms)) Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Menegalli, F.C. Bean seeds drying simulation. In: InterAmerican drying Conference, 1, 1997, Itu Proceedings… Campinas-SP, Brazil : UNICAMP, July, 1997. v. B, p.508-515. or (CD Rom). In case of diskettes or CD Rom, the title of the publication still will be Annals, Abstract or Proceedings, but the page number should be substituted by words Diskettes or CD Rom. h) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuEn caso de disquetes o CD Rom, el título de la seum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.htm1# publicación continuará siendo Anales, sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. Resúmenes o Proceedings, mas el número de las páginas serán substituido por la palabra Disquete o CD Rom. g) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. ENDEREÇO ADDRESS DIRECCIÔN Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Caixa Postal 10.078 CEP. 58109-970 - Campina Grande, PB, BRASIL Fone: (083)2101-1288 Telefax: (083)2101-1185 E-mail: [email protected] ou [email protected] Home Page: http//www.lappa.deag.ufpb.rbpa LABORATÓRIO DE CRIOGENIA O Laboratório de Criogenia da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, desenvolve trabalhos de ponta a ultrabaixas temperaturas de modo a atender o desenvolvimento tecnológico do País. As pesquisas com criogenia concentram-se em: Crioconservação de sementes Sementes de espécies florestais Sementes de interesse econômico das regiões do País Sementes de plantas medicinais Sementes de espécies ameaçadas de extinção Congelamento a ultrabaixas temperaturas de alimentos Congelamento de carnes (bovinos, caprinos, suínos) Congelamento de moluscos e crustáceos Congelamento de pescados Esterilização de materiais biológicos Limites de termo-resistência de fungos e bactérias Sistemas de agregação de partículas de sujidade Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 - Fones: (83) 2101-1288; 2101-1551 - Fax: (83) 2101-1185 E-mail: [email protected] TRANSPORTE DE CALOR E MASSA EM SÓLIDOS HETEROGÊNEOS: UM ESTUDO TEÓRICO VIA ANÁLISE UTILIZAÇÃO DE CONVERSORES ANALÓGICO-DIGITAIS ENDEREÇÁVEIS MEDIÇÕES DE VARIÁVEIS CONCENTRADA (Heat and mass transfer in heterogeneous solids: A theoretical PARA study by lumped analysis) CLIMÁTICAS (Using addressable analogical to digital converters for measuring environmental variables) Genival da Silva Almeida, Fabrício José Nóbrega Cavalcante, Antonio Gilson Barbosa de Lima José Helvecio Martins, Paulo Raimundo Pinto, Daniela de Carvalho Lopes, Paulo Marcos de Barros Monteiro, José Eduardo Carvalho Monte ATIVIDADE DE ÁGUA, CRESCIMENTO MICROBIOLOGICO PERDA DE DIFERENCIAL MATÉRIA SECADO DOS GRÃOS DETERMINAÇÃO DO CALOR ISOSTÉRICO DE SORÇÃO E DAE ENTROPIA CAJÀ EM DE PÓ CAFÉ (Coffea arabicaCOM L.)DIFERENTES EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE of ARMAZENAMENTO (Water MICROENCAPSULADO FORMULAÇÕES (Determination the isosteric heat of sorption and ofactivity, entropia microbiological dry matter loss of different the coffee grains (Coffea arabica L.) in different storage conditions) diferencial of caja increase powdered and microencapsulado with formulations) Paulo Césare Afonso Júnior, PauloR.César Corrêa, Fabrício Schwanz da Silva, DeiseAnna Menezes Yvson Costa Silva, Mario Eduardo M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte, SylviaRibeiro R. de R. M. Cavalcanti , Manuel Adalberto Guedes, Camila Carol Albuquerque Oliveira AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FARINHAS DE MANDIOCA DURANTE O ARMAZENAMENTO ELABORAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE UMA BEBIDA LÁCTEA FERMENTADA COM POLPA DE UMBU (Spondias (Physicochemical evaluation of the cassava flour during the storage) tuberosa sp.) (Elaboration and characterization of a dairy fermented drink produced with umbu (Spondias tuberosa sp.) pulp) Cândido JoséSantos, Ferreira Neto, Rossana Feitosa de Cardoso Figueirêdo, Alexandre José de Melo Calila Teixeira Gutto Monzelle Rios Maria Marques, Gabrielle Reis Fontan, Rafael da Costa IlhéuQueiroz Fontan, Renata Cristina Ferreira Bonomo, Paulo Bonomo EFEITO DO BENEFICIAMENTO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS GRÃOS DE ARROZ DETERMINAÇÃO DO COEFICIENTE DIFUSÃO LIQUIDA DOS GRÃOS DEphysical FEIJÃO (Liquidofdiffusion DE DISTINTAS VARIEDADES (EffectDE of the beneficiation in the mechanical and properties the rice coeficient grains of determination of edible beans) different varieties) Paulo César Corrêa, da Osvaldo DuarteAndré Goneli, Fernando Botelho, Bruna Lourenço Nogueira Fabrício Schwanz Silva,Resende, Paulo André CésarLuís Corrêa, Luís DuarteMendes Goneli, Rodrigo Martins Ribeiro, Paulo César Afonso Júnior UMA EQUAÇÃO EMPÍRICA PARA DETERMINAÇÃO DE TEOR DE ÁGUA DE EQUILÍBRIO PARA GRÃOS (An empiric equation to determine the equilibrium moisture content of grains) COMPONENTES QUÍMICOS E ESTUDO DA UMIDADE DEM.EQUILÍBRIO EM VAGENS DE Diogo ALGAROBA Wilton P. da Silva, Mário E. R. M. Cavalcanti Mata, Jürgen W. Precker, Cleide D. P. S. e Silva, Cleiton D. P. S. e Silva, D. P. S e Silva, Antonio Gilson Barbosa (Chemical components andLima study of the equilibrium moisture content in mesquite beans) Francisco de Assis Cardoso Almeida, José Euflávio da Silva, Maria Elessandra R. Araújo, Josivanda Palmeira Gomes de Gouveia, Silvana A. de Almeida CINÉTICA DE SECAGEM DO FARELO DE MAMONA (Kinetics drying of bran of castor) Marcondes Barreto de Sousa, Juarez de Paz Pedroza, Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão, Liv Soares Severino, Francisco Pinheiro Dantas OBTENÇÃO DO MELHOR PROCESSO DE EXTRAÇÃO E FERMENTAÇÃO DO CALDO DE ALGAROBA (Prosopis juliflora (Sw.) DC) PARA OBTENÇÃO DEELABORADAS AGUARDENTE best processTRATAMENTOS determination ofDE extraction and AVALIAÇÃO DA ACEITAÇÃO DE PASSAS DE JACA POR(The DIFERENTES SECAGEM (Acceptance of of jack fruit raisins elaborated different(SW.) dryingDC) treatments) fermentation the mesquite (Prosopisby juliflora broth to obtain liquor) Sânia Mara Pereira Ugulino, SantosR.M. Gouveia, Maria Elita Mário Braga, EduardoVital R. M.deCavalcanti Mata, Sibele Thaís Clóvis Gouveia Silva, MarioDeyzi Eduardo Cavalcanti Mata,Martins MariaDuarte, Elita Duarte Sousa Queiroz Guimarães Duarte, Priscila Bezerra Santana ESTUDODA DADESIDRATAÇÃO SOLUBILIDADE DAS PROTEÍNAS PRESENTES NO DE LEITE NA CLARA DE of OVO ESTUDO OSMÓTICA DA FRUTA DA PALMA (FIGO DASORO ÍNDIA) (Study of theEosmotic dehydration the (Analysis of whey and egg white proteins solubility) fruit of the palm (fig of the indian) Daniela Helena Medeiros, Pelegrine, CarlosdeAlberto Gasparetto Cláudia Dourado Josilene Assis Cavalcante, Odelsia Leonor Sánchez de Alsina EFEITOS DA SECAGEM CONVECTIVA E A VÁCUO SOBRE PARÂMETROS QUALIDADEDE DE FATIAS DE BERINJELA ANÁLISES DO CONSUMO ENERGÉTICO E SENSORIAL EMDESECAGEM MANJERICÃO SOB (Convective and vacuum drying of aubergine a comparative study) DIFERENTES TRATAMENTOS DEslices: AR (Energetic consumption and sensorial analysis of basil drying under several Felipe Richter Reis, Maria Lucia Masson, Nina Waszczynskyj kinds of air treatment) Anamaria Caldo Tonzar, Vivaldo Silveira Júnior. INFLUÊNCIA DO TEMPO DE IMERSÃO EM SOLUÇÃO DE CÁLCIO E DO COZIMENTO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO MAMÃO TIPO PASSA (Influence of the immersion time in calcium solution and the cooking on the physicalchemical characteristics of papaya “passas” PRODUÇÃO DE PASSAS DE ACEROLA EM SECADOR DE BANDEJA (Production of acerola raisins in tray Rossana dryer) Catie Bueno de Godoy, Alexandra Pereira dos Santos, Edneide Luciana Santiago Matos, Jaeveson da Silva, Nina Waszczynskyj Marcos F. de Jesus, Viviane L. Scaranto, Vahideh R. R. Jalali, Gabriel Franciso da Silva QUALIDADE, PROCEDÊNCIA E PERDAS PÓS-COLHEITA DE ROSAS DE CORTE COMERCIALIZADAS EM CAMPINA GRANDE-PB (Origin, quality, and postharvest losses of cut roses marketed in Campina Grande-PB) AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DA POLPA DE da UMBU EM PÓ of the stability the Barbosa, umbu pulp Flávio Farias Gurjão, José Alves Barbosa, Raffael Alves Rocha Silva, Diego Lima(Evaluation da Silva Gomes, Arthur HennysofDiniz Marcelo powder) Santos Silva, Walter Esfrain Pereira Pablícia Oliveira Galdino, Alexandre José de M. Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Ranilda Neves G. da Silva ESTUDO DAS ALTERAÇÕES DO HIDROXIMETILFURFURAL E DA ATIVIDADE DIASTÁSICA EM MÉIS DE ABELHA EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO (Study of the hidroximetilfurfural alterations and the diastase activity in honey of bee in different condition of storage) Zilmar Fernandes Nóbrega Melo, Maria Elita Martins Duarte, Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata