caderno etc

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caderno etc
Parte Integrante de A NAÇÃO 380 - 11 a 17 de Dezembro de 2014 - Não pode ser vendido separadamente
Etc.
A Nação
INSÓLITO
Concurso de
gravidez no liceu
Pedro Gomes
E2 Vida
Etc. A Nação
Nº 380 | De 11 a 17 de Dezembro de 2014
A Nação
»»O risco é real e as autoridades
nacionais e locais já admitiram a
possibilidade. A lava, que há quase 20 dias, ora mais forte, ora mais
branda, já destruiu Chã das Caldeiras (96% de Portela e mais de
70% de Bangaeira), avança agora
em direcção a Cutelo Alto, Fonsaco, Boca Curral e Monte Barro,
(Mosteiros), desalojando, ao concretizar-se, mais 2 mil pessoas.
Financeiramente, os danos totais
ainda não estão contabilizados,
mas fica a certeza de uma tristeza imensa que tão cedo será difícil de apagar dos rostos daqueles
que tudo perderam: casas, “ganha
pão”, animais e bens.
A
•Gisela Coelho
situação na ilha do
Fogo continua a
agravar-se. A erupção vulcânica prossegue o seu caminho, deixando
atrás um rasto de destruição
sem par nos tempos recentes
em Cabo Verde. Há receios de
que o avanço da lava pode ganhar novas configurações, todas elas nada auspiciosas. As
autoridades nacionais e locais
tentam agora agir por antecipação, traçando os possíveis
cenários.
Se no início da erupção,
muitos não acreditavam na
devastação que a lava poderia
causar dizendo que “o vulcão
é amigo”, agora já não restam
dúvidas. Em 15 dias, Chã das
Caldeiras foi praticamente dizimada e o principal povoado,
Portela, foi engolido em 96%
pela lava, cinza e outros materiais expelidos. Pousada, escola primária, igrejas, posto sanitário, parte da Adega de Chã
e mais de 60 casas, sem contabilizar animais e centenas de
hectares aráveis.
Depois de Portela, a lava tomou Bangaeira de assalto e na
terça-feira, 9, por altura do fecho desta edição, mais de 70%
dessa localidade já tinha sentido na “pele” o poder do mar de
lava, que assumia já duas frentes, ainda que um caudal mais
QUASE 20 DIAS DA ERUPÇÃO NO FOGO
Mosteiros so
estreito do que apresentava na
segunda-feira, 8.
Segundo fonte oficial do Governo, que tem estado avançar
com relatórios diários sobre
o comportamento do vulcão
(para evitar alguma desinformação que se registou na primeira semana do ocorrido), “a
lava já saiu de Bangaeira”, consumindo mais terreno ao longo
de uma extensão de “300 metros”.
Mais desalojados
E é aqui que reside mais uma
ameaça a novos povoados, desta feita já em território do município dos Mosteiros. Pois, a
lava, imparável, já ruma a Fernão Gomes, uma zona desabitada, mas sobranceira a Cute-
lo Alto, Fonsaco, Boca Curral e
Monte Barro. Nestas localidades, estima-se uma população
de cerca de duas mil pessoas,
que estão agora na iminência de terem de ser evacuadas.
Um desfecho que só virá com
o desenrolar da situação, e, ao
acontecer, estes desalojados
juntar-se-ão aos 1200 evacuados de Chã das Caldeiras, desde o início da erupção a 23 de
Novembro último.
É que, apesar da “trégua”
dada pelo vulcão na terça-feira,9, segundo o Governo, “a tendência da lava se deslocar em
direção a Fernão Gomes mantém-se, faltando cerca de três
quilómetros”, ou seja, “aproximadamente três dias” para,
“eventualmente, atingir este local”. Esta previsão “tornar-se-á
realidade, caso não haja interrupção das actividades vulcânicas”.
Mesmo assim, depois de
uma reunião ao fim do dia de
segunda-feira, 8, entre todas
as autoridades e entidades envolvidas, incluindo presidentes
das três autarquias, a ministra
da Administração Interna, Marisa Morais (há vários dias no
Fogo) e o Serviço Nacional de
Protecção Civil, entre outras, a
decisão é “pôr em curso diversas medidas de prevenção, pensando sempre na probabilidade
do pior cenário, que é o de invasão da lava aos povoados de
Cutelo Alto e Fonsaco, se tornar realidade”.
Aliás, citado pela própria
autarquia dos Mosteiros no seu
site oficial, Arlindo Lima, pre-
sidente do Serviço Nacional de
Protecção Civil (SNPC), admite que “no cenário que todos
os estudos apontam, as lavas
tomarão a zona de Mosteiros
Trás”, onde ficam precisamente essas localidades.
Por isso mesmo, as autoridades avançaram, inclusive,
com uma acção de “sensibilização e informação” às gentes
de Cutelo Alto e Monte Barro,
Boca Curral e Fonsaco, “a fim
de ensinarem à população os
procedimentos adequados em
caso de evacuação”, garante o
Governo.
Evacuações
voluntárias
Arlindo Lima confirmou
ao A NAÇÃO ter conheci-
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Vida E3
A Nação
A Nação
Foto: Orlando Rodrigues - Jornalista
O mundo “abraça”
Cabo Verde
ob ameaça
mento de pessoas residentes naquelas duas localidades ameaçadas, que já estão
a evacuar a área e a se instalarem nas zonas de Ribeira
Ilhéu e Atalaia, levando consigo alguns bens, incluindo
móveis. Uma espécie de evacuação voluntária, tendo em
conta a ameaça da lava invadir as suas localidades.
Ao se verificar a necessidade de evacuação de mais duas
mil pessoas, coloca-se agora,
novamente, o problema do alojamento para as eventuais vítimas, assim como alimentação,
acesso à educação e saúde, e
também bens de higiene pessoal.
O Estádio Municipal dos
Mosteiros, Francisco José Rodrigues, é, para já, o espaço en-
contrado para instalar essas
pessoas, embora o presidente
do SNPC indique ainda o antigo aeródromo desse concelho para albergar um centro
de evacuados, caso não couber toda a gente no estádio. O
Governo garante que “a maior
preocupação, neste momento,
é criar condições logísticas e
sanitárias” nesse espaço e “garantir a colocação imediata
das crianças nas escolas, para
além do apoio psicológico às
famílias, tal como vem acontecendo nos outros centros de
acolhimento”.
300 tendas
Mas, para isso, serão necessárias mais tendas, mais colchões, mais cobertores e len-
çóis, entre outros bens de primeira necessidade. Arlindo
Lima avançou ao A NAÇÃO
que, a verificar-se a necessidade de evacuação da população
de Mosteiros Trás, serão necessárias cerca de 300 tendas. “Já
temos parte delas no Fogo, mas
chegarão mais nos próximos
dias”, revelou ao A NAÇÃO.
Questionado sobre as condições em que estão a viver os
desalojados de Chã das Caldeiras, aquele responsável afirmou que a situação é “muito
melhor” e “mais positiva”, comparativamente aos primeiros
dias. Inclusive, avançou que já
há pessoas a residir nas casas
construídas em 1995 e que as
autoridades já estão a fazer intervenções de requalificação.
Nos últimos dias, é incrível a intensificação da
ajuda internacional a Cabo
Verde, mas também nacional, para apoiar as vítimas da erupção do vulcão
do Fogo. Essa ajuda surge
nas mais diversas formas,
material e financeira, sem
ser possível ainda quantificar quanto dinheiro existe já a favor das vítimas
da catástrofe que afecta
aquela ilha.
Muitas vozes defendem contudo que deve ser
uma única entidade a gerir esse património e apontam a Cruz Vermelha com
a entidade mais indicada.
Seria esta que depois, em
coordenação com as autoridades locais e nacionais,
deverá dar o melhor destino ao dinheiro, sendo que
essa verba deverá contribuir para um recomeço
sustentável da vida dos
desalojados.
Enquanto isso, as ajudas materiais (alimentos,
roupas e outros) não param de chegar ao armazém da Casa das Bandeiras, em São Filipe.
A par disso, vários países têm manifestado o seu
apoio. Desde logo Portugal
que esta semana decidiu
enviar duas ambulâncias,
além de outros equipamentos que haviam sido
transportados pela fragata Álvares Cabral, que esteve de 4 a 8 no Fogo, trazendo wc’s portáteis, colchões, tendas, comida, cobertores, e a ajuda de uma
equipa médica.
De Angola deve chegar
por estes dias dois aviões
e um barco, carregados de
alimentos e materiais de
construção civil. E A NAÇÃO sabe que no próximo
sábado, 13, a TV angolana
ZIMBO fará um programa
dedicado a Cabo Verde. O
objectivo é sensibilizar as
pessoas para o drama que
se vive na ilha do Fogo,
levando-as a apoiar, com
dinheiro e outros meios.
Uma das entidades envolvidas é a Associação de
Amizade Cabo Verde-Angola e a Embaixada cabo-verdiana em Luanda. De
resto, naquele país residem acima de 30 mil cabo-verdianos, fora os seus
descendentes.
Também a Guiné Bissau, outro país irmão, através do seu Ministro dos
Negócios
Estrangeiros,
Mário Lopes da Rosa, que
esteve esta semana na cidade da Praia, doou seis
mil contos a Cabo Verde. Quem prometeu também ajudar é o presidente do Congo, Denis Sassou
Nguesso, que, no passado
fim de semana, fez questão de passar por Cabo
Verde para exprimir às autoridades cabo-verdianas
a sua solidariedade.
A NAÇÃO sabe ainda
que o Brasil, Japão e os
Estados Unidos da América também já garantiram
apoio a Cabo Verde, estando ainda por definir os
moldes. Ainda nos EUA,
há várias acções em curso,
neste momento, envolvendo os municípios de Brockton e Boston, e incluindo a “Capeverdean American Community Development” (CACD), que já conseguiu arrecadar cerca de
mil e 300 contos.
GC
E4 Vida
Etc. A Nação
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A Nação
»» A
duas semanas do Natal, ainda é pouco evidente a
mostra dessa festa em São Vicente. Nas ruas não se notam
enfeites nem a animação típica da época. Um cenário que
se reflecte nas próprias vendas das lojas que, por agora,
só recebem pessoas que pesquisam os preços. Mas ainda
assim há gente que não tem
motivos de queixas.
N
Sem razões de queixa
•Letícia Neves
uma ronda pela cidade do Mindelo, verifica-se que o clima de
Natal ainda se mostra um pouco tímido. Algo sentido pelos comerciantes como
é o caso da responsável da loja
de brinquedos da Terra Nova.
Este estabelecimento aberto
no ano passado por esta altura,
mas que agora, em 2014, experimenta um ambiente diferente. “Abrimos a 12 de Dezembro
de 2013, mas logo naquela altura tivemos um boom de clientes
aqui para as compras, mas neste ano o fluxo é bem menor, com
menos venda. Por agora, só tem
vindo pessoas à pesquisa de
preços”, informa Arlete Fortes.
Contudo, essa comerciante
está esperançada que tudo mude
a partir da próxima semana. “Na
verdade, é por essa altura que as
pessoas começam a receber os
salários, que as empresas entregam os cheques-brinde.
Esperança
Aí o ambiente pode mudar,
porque os brinquedos são os primeiros presentes que se compra”,
salienta Arlete Fortes, confiante
na escolha dos produtos que a
loja de Terra Nova disponibiliza,
já que afirma ser “de qualidade e
também acessível aos bolsos de
todas as camadas sociais”.
O mesmo acontece com “Pam-Pam,” estabelecimento comercial
chinês que, conforme a sua gerente, ainda só recebeu clientes a
pesquisar os preços. “As compras
são essencialmente de produtos
em promoção e de enfeites para
casa”, explica Li, que espera maior
afluência mais lá para a última semana antes do Natal. A joia da Coroa não
tem razões de queixa
Com produtos “de qualidade, diversificados e acessíveis a
todos”, assim se mostra a loja de
brinquedos “Joia da Coroa”, da Sociedade Vasconcelos Lopes. Um
estabelecimento aberto todos os
anos, somente por essa época natalícia, e que agora em 2014 não
tem de quê queixar-se. “As vendas
estão indo muito bem desde que
abrimos no dia 2 de Dezembro,
porque as pessoas dizem estar a
aproveitar para fazer as compras
com antecedência antes das enchentes habituais dos dias próximos do Natal”, esclarece Balbina
Barbosa.
No entanto, no geral, a atmosfera natalícia no Mindelo afigura-se algo murcho por agora,
tanto é que por enquanto não foram colocados as luzes e o presépio pela Câmara Municipal, também há poucas lojas enfeitadas.
Enfim, pouco brilho e cores na
época em que se anuncia o nascimento do menino Jesus. Mas
também há quem defenda que se
tudo for colocado muito cedo faz
perder um tanto da magia que é
o Natal.
Natal ainda
tímido no Mindelo
A loja de
brinquedos da Terra
Nova espera receber
mais clientes a
partir de 15 de
Dezembro
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Educação E5
A Nação
A Nação
INSÓLITO
O
•Silvino Monteiro
insólito foi avançado ao A NAÇÃO por
uma fonte que não
quis ser identificada, mas que garante tratar-se
de um concurso entre rapazes do 10º, 11º e 12º anos. Ao
que pudemos apurar, as consequências do referido concurso já são visíveis nos corredores daquele estabelecimento
de ensino. Inclusive, já se pode
constatar a presença de cerca
de duas dezenas de alunas grávidas, sendo muitas delas ainda estudantes do 7º ano de escolaridade e com apenas 12 e
13 anos de idade.
Confrontada com esta situação, a diretora do “Pedro Gomes”, Maria José Pires, admitiu
que há um aumento de alunas
grávidas naquele estabelecimento de ensino, mas escusou-se a entrar em pormenores,
alegando que ia reunir-se com
várias entidades. Desde então,
aquela responsável deixou de
Concurso de gravidez
no Liceu Pedro Gomes
»»Um grupo de rapazes que estudam no Liceu Pedro Gomes, na cidade da
Praia, resolveu fazer um concurso entre si para ver quem consegue engravidar o maior número de alunas possível. O caso está a indignar os responsáveis
daquele estabelecimento de ensino secundário e pais e encarregados de educação. Ao todo já se contabilizam cerca de duas dezenas de alunas grávidas.
atender os vários telefonemas
do A NAÇÃO. A mesma não admitiu, mas também não negou
ter ou não conhecimento do referido concurso que está a indignar os pais que dele tomaram conhecimento.
A nossa reportagem conseguiu chegar à fala com algumas alunas, que confirmaram
a existência de “várias alunas
grávidas”, sendo a maioria “do
período da manhã”. Contudo,
disseram não ter conhecimento
de “nenhum concurso” levado a
cabo pelos próprios alunos.
De referir que, em 2013, no
segundo trimestre, tinham
sido registados cerca de 10 casos de gravidez precoce nessa
escola, o que demonstra que o
liceu Pedro Gomes é uma das
escolas com alto índice de gravidez durante o ano lectivo.
Segundo as nossas fontes,
trata-se de uma situação preocupante, uma vez que provoca
uma mudança brusca na vida
das alunas envolvidas, tendo
em conta que, além destas ainda se encontrarem em idade
escolar, está-se perante uma
gravidez não planificada. De
mais a mais, teme-se que o número de alunas grávidas possa
vir a aumentar porquanto ain-
da nem sequer terminou o primeiro trimestre de aulas, ou
seja, caso o mal não for cortado pela raiz, a situação poderá
alastrar-se, trazendo com ela o
insucesso escolar e outras consequências nefastas para as referidas alunas.
Por isso, os responsáveis de
educação naquele estabelecimento escolar, pais e encarregados de educação e toda a comunidade educativa mostram-se chocados e pedem que sejam adoptadas, com urgência,
medidas visando uma mudança de atitude dos adolescentes
implicados. E6 Música
Etc. A Nação
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A Nação
ANTÃO BARRETO: DECANO DOS TOCADORES DE GAITA
A
•Deisy de Pina
ntão Martins Barreto é o segundo
dos quatro filhos
de Venceslau Barreto e Josefa Mendes Martins. Nasceu na Achada
Ponta, Santa Cruz, a 12 de Dezembro de 1919. A paixão pela
música era inevitável.
“Quase todos os meus familiares cantavam ou tocavam”,
confessa. “Ninguém me ensinou a tocar. O meu pai e os
meus irmãos tocavam, via-os,
no que decidi aprender sozinho. As ideias inquietavam-me
o sono, por vezes, eu levantava-me da cama para tocar. Depois de saciado, voltava para a
cama”.
E com a sua gaita, andou por
todos os concelhos de Santiago, animando festas municipais, casamentos, baptismos,
entre outras celebrações.
Mulato, irmão de Antão já
falecido, era conhecido como
grande cantor em toda a ilha
de Santiago, mas sobretudo no
interior. Quando convidado, levava Antão para o acompanhar
com a sua gaita e a festa, ao que
consta, era sempre “rija”. “Mulato tinha uma grande voz,
cantava muito bem. Nem Sema
Lopi se comparava a ele”, garante Antão.
Como a maioria dos tocadores, Antão não abria mão de
um bom grogue. No entanto,
diz que quem lida com a música deve tomar “cuidado redobrado”, porque o álcool pode
dar “balanço negativo”, afectando o talento de quem quer
viver da música. “Se um tocador beber muito não dá balanço. Então, na próxima, em vez
de o chamarem, procuram um
outro. Por isso é que nós, no
nosso tempo, bebíamos pouco.”
Divertido e lúcido, é com humor que Antão Barreto confessa que a dança não é o seu
forte. Mas, na gaita, assegura,
“não havia ninguém igual”. E
mais do que isso, vários foram
os tocadores que aprenderam a
tocar com ele, ajudando a perpetuar o funaná, um género de
música perseguido pelas autoridades civis e religiosas de então.
“No meu tempo a música era
feita com mais sinceridade”
»»Em tempos idos chegou a ser figura assídua nas grandes festas da
ilha de Santiago. Tocou com Sema Lopi, Nha Nácia Gomi e Codé di Dona.
Hoje, aos 94 anos, Antão Barreto relembra esse passado com saudade.
Para além de tocador, foi pescador, agricultor, pastor, militar e professor
de música de várias gerações. Uma vida rica ao serviço dos outros.
“Nha Nácia Gomi tinha uma
voz grosa. Eu acompanhava-a
com a minha gaita. Já o Codé
di Dona e o Sema Lopi aprenderam a tocar comigo. Inicialmente, tocavam somente o ferro, mas, com o tempo, o Sema
veio aprender a tocar a gaita e
tornou-se num dos grandes tocadores de Santiago. O Codé a
mesma coisa”.
Naquele tempo, segundo
este ancião, a música era mais
um hobby do que uma pro-
fissão, propriamente. No seu
caso, o que sustentava a casa,
mesmo, era a agricultura, a
pesca e a pecuária.
“De manhã eu ia pastorear.
Havia mais de 500 cabeças de
gado (bois e cabras). Algumas
eram nossas, outras dos vizinhos, amigos, inclusive de pessoas que moravam mais distante. Outrora, íamos à pesca.
Por vezes, íamos à noite, outras
de dia. Na agricultura, cultivávamos banana, cana, muitas
outras hortícolas. Não havia
falta de trabalho”.
Com a idade Antão Barreto
foi chamado para o serviço militar obrigatório. Viajou por todas as ilhas do arquipélago, conheceu e conviveu com muita
gente, inclusive Juvenal Cabral,
bem como o mais famoso dos
seus filhos, Amílcar.
Enquanto militar, Antão esteve em Portugal onde chegou
a participar num concurso de
tocadores de gaita. Para su-
pressa dos portugueses, mostrou o que sabia fazer, vencendo a garrafa de vinho, o prémio
do concurso. A partir disso surgiram vários convites para actuar. Na região de Lisboa, tocou em Cruz de Pau, Baixa da
Banheira, entre outros sítios.
Sem esquecer, nunca, de presentear os cabo-verdianos que
residiam nessas localidades
com a sua música.
Depois de prestar o serviço
militar, Antão Barreto casou-se com uma conterrânea em
Santa Cruz com quem teve
uma dezena de filhos. Estes
não aprenderam a tocar, mas
os netos parecem querer retomar a veia artística do avô.
Hoje, Antão leva uma vida apaziguada na zona que o viu nascer, Achada Ponta.
Agora, em relação ao passado, Antão Barreto entende que,
no seu tempo, a cultura era encarada de uma outra forma,
“com mais sinceridade”. “A cultura naquele tempo tinha mais
força e o segredo era a sinceridade. Hoje, as pessoas não
se importam em fazer música
para alegrar os outros, tudo é
levado pela onda da violência”.
Por ocasião do 30º aniversário da independência de Cabo
Verde, em 2005, a Câmara Municipal de Santa Cruz homenageou-o com um diploma de
mérito de cidadania. Mais um
tributo veio do Centro Cultura
Norberto Tavares, em Santa Catarina, em 2009, por ocasião do
dia da cultura, 18 de Outubro.
Embora com menos intensidade, em comparação com o
antigamente, já que a idade não
perdoa. Ainda hoje, Antão Barreto não se esquece das notas
musicais e não larga o seu instrumento, que, acima de qualquer trabalho, é a sua diversão.
Aos 94 anos, sempre que pode,
faz o gosto aos dedos, percorrendo as teclas da sua gaita.
Etc. Nº 380 | De 11 a 17 de Dezembro de 2014
Música E7
A Nação
A Nação
N
•Carla Gonçalves
a estrada desde os anos
noventa, Belmiro Semedo diz que é chegado o momento de colocar no
mercado um novo trabalho,
que, além das músicas, também deverá trazer um pouco
da sua vida pessoal e artística.
“Um DVD ‘Best of’ com a minha biografia para que as pessoas saibam, no fundo, quem
sou eu”, revela ao A NAÇÃO.
É através de um vídeo que já
circula no Youtube com o nome
“Belmiro nunca pára” que o artista começa, para já, a promover aquilo que está por vir.
“Através das imagens naquele
canal as pessoas podem ter um
cheirinho na filmagem do que
vai acontecer em 2015”, afirma.
“As pessoas ouvem falar de mim
mais como irmão do Gil Semedo do que artista”, reforça.
Para separar as coisas e mostrar aos mais distraídos que,
para além do irmão de “Nôs líder”, é também um músico de
mão cheia, Belmiro lançou-se
assim neste projecto “para co-
Belmiro Semedo lança
“Best” em 2015
»»Belmiro
Semedo já está a preparar o seu DVD de
“Best Of”. Um trabalho que vai mostrar quem é ele realmente, já que, conforme diz, muitos desconhecem a sua
verdadeira faceta. Humana e artística.
Belmiro
Semedo (à
direita) no
espectáculo
de Gil
Semedo
nhecerem-me mais”. Conforme
deixa a entender, o DVD deverá
ser lançado no verão de 2015.
Bio
Belmiro Semedo Moreira é
natural de Chã de Tanque, concelho de Santa Catarina, ilha
de Santiago. Nasceu a 20 de Dezembro de 1961 e emigrou juntamente com a família para a
Holanda quando tinha 19 anos.
Na família corre der esto o sangue artístico, prova disso é que
é irmão de outros dois músicos,
Gil Semedo e Vado Semedo, e
primo de Gylito Semedo.
A carreira musical de Belmiro iniciou em 1990. O seu primeiro trabalho discográfico
foi “Spaçu eh largu pa kem ki
gosta”. Em seguida veio “Stabilidade” que fez muito sucesso entre os fãs e em 1998 grava
“Ku Más Unidádi”.
Ao trabalho mais recente foi
lançado em 2007, e deu o nome
de “Valor Humano”, mas tem
algumas outras participações,
como no disco do primo Gilyto
Semedo. E8
Etc. Lusof
A Nação
A Nação
»»Vieram de São Tomé e Príncipe para participar na FIC. Trouxeram os seus produtos e criações. Fizeram-se e deram-se a
conhecer. Respondem por cooperativa “Uê Tela”, que em português significa “Olhar da Terra”. Apesar das disparidades com
Cabo Verde, acreditam que há
muitas sinergias e contactos a
desenvolver na área do artesanato entre os dois arquipélagos, já
que o mercado pode funcionar
nos dois sentidos.
A
•Gisela Coelho
cooperativa “Uê Tela”
resultou de um ambicioso projecto iniciado em 2009, entre o Brasil, São
Tomé e Príncipe (STP) e a Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), que passou
pela criação de uma linha de
artesanato própria que identificasse o país.
O conceito passou pela busca de materiais na origem, ou
seja, provenientes da terra,
criando condições e conhecimentos através da formação
com técnicos brasileiros, para
a criação de objectos de decoração, mobiliário, papelaria artesanal, tecidos de algodão tingidos com vegetais, vestuário e
acessórios de moda desenvolvidos nas oficinas e cursos ministrados aos artesão.
O produto final foi a criação não só da própria cooperativa para dar continuidade
e sustentabilidade ao projecto, como a colecção “Fédu cu
món”, ou seja, “feito à mão”. A
ideia, revela Odair Ramos, presidente da “Uê tela”, foi criar
mais do que uma marca, uma
“identidade” para o artesanato
local, para que “o turista ou alguém que nos visite identifique
desde logo um artesanato original do nosso país”.
COOPERATIVA “UÊ TELA”
Artesãos de São Tomé e
troca de parcerias e con
Abertura de mercado
Mas, tal como acontece em
outros países do continente
africano, incluindo Cabo Verde, também em STP “o ramo
de artesanato é um ramo ainda pequeno”. Por isso, a cooperativa esteve recentemente em
Amílcar Baía, estilista de São
Tomé e Príncepe
Odair dos Ramos, presidente da Uê
Tela, São Tomé e Príncepe
Cabo Verde, no quadro da FIC
(Feira Internacional de Cabo
Verde) em busca de uma “abertura” para mostrar os seus produtos. “Cabo Verde que é um
país irmão e vizinho, que fala
a mesma língua e que pode ser
uma oportunidade para os nossos produtos”, salienta Odair
Ramos.m que nos visite identifique desde logo o asil, S.os
tambse, em particular, com tecido europeus, como o chifon
Sobretudo agora que STP
está a desenvolver uma nova
forma de produzir papel. “Temos o nosso papel que é feito
com o tronco da bananeira. É
uma experiência nova que estamos a desenvolver. Esse papel
já conquistou o nosso mercado, alguns mercados da CPLP
e da América Central, nomeadamente o Brasil, para onde já
começámos a exportar papel,
fonia
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E9
Arte
sustentável
Aos 30 anos de
idade, Odair Ramos
nunca teve vontade de emigrar, mas já
se aventurou por outros países em formações no Brasil, Angola, Congo, Portugal,
só para citar alguns,
e garante “estar feliz
onde estou”, sobretudo quando tem a missão de “dar a conhecer” o artesanato do
seu país, tornando-o
sustentável.
Uma missão que
parece estar a rumar a bom porto. É
que dos 116 artesãos
que compõem a cooperativa que dirige, a
“Uê Tela”, que agrupa criadores de todo
São Tomé e Príncipe,
“a maioria já vive dos
produtos que faz”. Incluindo, descendentes
de cabo-verdianos de
terceira geração que
vivem nas zonas de
Boa Entrada, Santa
Catarina e Trindade.
O entrevistado do A
NAÇÃO acredita que
o trabalho desenvolvido pela cooperativa
santomense poderia
ser “um exemplo a seguir” pelos artesãos
cabo-verdianos. “Nós
poderíamos
passar
boas experiências aos
artesão de Cabo Verde como a importância
de trabalhar em grupo, de juntar a madeira e a costura e a fusão
dos materiais. É uma
experiência que poderiam aproveitar”. Contudo, saliente que os
artesãos
santomenses também poderiam
“aprender” com os cabo-verdianos.
e Príncipe buscam
nhecimentos
mas também produtos feitos
a partir desse papel”, revela o
presidente da “Uê Tela”.
Cadernos, abajur, caixas e bijuterias são alguns dos produtos que já são comercializados
no Brasil. “Temos uma loja em
São Paulo que compra os nossos produtos e temos outra empresa parceira, que também já
compra esses produtos para le-
var para o mercado brasileiro”.
Além das peças artesanais
e do papel, que “vem da terra”,
a cooperativa destaca-se ainda
no tingimento de tecidos, feitos à base de casca de madeiras, como da cajamangueira
ou do caroceiro, entre outras.
“Compramos tecidos em algodão e tingimos com padrões
retirados das antigas casas co-
loniais”, explica.
Além do tingimento, a “Uê
Tela” tenta acrescentar ainda
mais-valia aos produtos, através dos bordados que adiciona
ao próprio tecido africano. O
objectivo é fazer chegar essas
peças ou tecidos tingidos ao
mercado nacional, um mercado que o Odair Ramos acredita
estar em “crescimento”. Singrar é difícil
Amílcar Baía, conhecido por “Nino”, é um jovem
estilista de moda licenciado em economia, mas que
desde muito cedo mostrou
ter um dom para as artes
manuais, e acabou por criar
a sua marca própria “Knn
Polegar S.T”. Um processo que diz não ter sido “fácil”, sobretudo para alguém
que quer singrar num país
com as dificuldades de São
Tomé e Príncipe.
“Tenho conseguido ir a
algumas feiras internacio-
nais no Brasil e Portugal
e, agora, em Cabo Verde.
É importante esta troca de
experiências entre artesãos
de países lusófonos e as
oportunidades de abertura
de mercado aos nossos produtos”, conta.
Nino define-se como um
estilista de fusões entre
a tradição da sua terra e o
mundo moderno. “Trabalho muito com mistura do
tecido africano e o tecido
santomense, em particular, com tecidos europeus,
como o chiffon, organza ou
sedas”. O resultado são peças originais, algumas vistosas, para um público específico, mas também peças mais simples para um
estilo mais casual e informal.
GC
Nº 380 | De
E10 Opinião
Etc. A Nação
Nº 380 | De 11 a 17 de Dezembro de 2014
A Nação
Esquecer: estratégia para (re)
produção da identidade nacional
As nações constroem-se a partir
de um conjunto de estratégias, tendo em vista a realização e (re) produção de uma nação positiva. Para
muitas, como é o caso de Cabo Verde,
as estratégias passam pela emigração,
educação e pelo esquecimento.
Falemos do esquecimento.
Todas as nações convivem com
episódios marcantes, que funcionam
como princípios organizadores temporais e espaciais das suas gentes e
das suas agendas de construção identitária. Estes episódios localizam estrategicamente a nação perante os
outros, redimensionando o quadro
das relações entre o Nós e os Outros.
Por conseguinte, os processos
de construção identitária enquanto nação fazem-se a partir de jogos
que exigem posicionamentos perante estes Outros e que na maioria das vezes geram ou são gerados
a partir de contextos de conflitos.
Neste jogo há um apelo à construção de memórias colectivas, por um
lado porque alguns momentos biográficos deste processo, que é continuo, estão lá, localizados temporalmente no passado, por outro lado
estas memórias quase que têm o papel de organizar o processo de construção futura.
Conhecer os processos de construção destas memórias, testar a
importância que a nação hoje dá às
suas memórias como mecanismos
de construção identitária, avaliar as
resistências e as contra-resistências
em relação à memoria, são exercícios que levantam várias questões,
centrais para a análise do próprio
processo de construção da identidade nacional.
Existe uma política de esquecimento em Cabo Verde? Ela é consciente? Se sim, quais são as suas
consequências para hoje e para
amanhã? Se sim, o que foi esquecido? Que critérios foram usados
para estabelecer acontecimentos
e pessoas a serem fixadas na nos-
sa memória colectiva? Como justificar a negação de outros para que
entrassem nos nossos reportórios
da memorização?
Responder a estas questões implica desde logo assumir que as estratégias são colectivas, isto é, que a participação acaba por ser de todos, mas
que a intensidade desta é desigual,
porque todos não possuem os mesmos recursos e interesses. Na verdade
poderemos estar frente a participantes que assumem mais activamente
o papel de produtores das memórias
enquanto que outros, sem dominarem todos os requisitos exigidos pela
máquina de produção, ficam apenas
com o papel de reprodutores.
Se neste enredo temos cúmplices
também temos vítimas. É que produzir memórias é um projecto politico, de visibilidade de algumas vozes e de silenciamento de outros.
Poder-se-á dizer que num jogo de
escolhas, escrever e contar a história de uma nação implica que cer-
tos acontecimentos e pessoas não
mereçam, em determinado tempo,
o lugar de actores e figuras da produção da nação e da sua identidade.
Com efeito, esta leitura das estratégias nos permite, por exemplo,
analisar os processos de inclusão e
de exclusão, de construção de figuras de referências e identificação das
vítimas do esquecimento, num jogo
entre exacerbação e amnésia colectiva e aqueles que têm poder de dirigir
esta máquina da memorização. As vítimas de esquecimento tornam-se ausentes na história, não encontram espaço de pertença na memória colectiva nacional, as suas vozes
são secundarizadas, caladas, subjugadas a uma zona escondida. Em
concreto, Cabo Verde e os cabo-verdianos, nesta politica do esquecimento, “distraem-se” de três factos
importantes.
Uma sociedade que esquece não
consegue se projectar, sobretudo no
contexto global, já que precisa de
Celeste
Fortes*
referências históricas para se posicionar nesta arena de relações e de
competições como os Outros.
O esquecimento é uma estratégia que muitas vezes cria fissuras
inter-geracionais, deixando um espaço de desencontro, entre os projectos que cada geração tem para o
país.
Dar voz a todos, permitindo que
todos sejam sujeitos, facilita a construção de uma sociedade democrática e o exercício de honestidade
identitária.
*Antropóloga
Etc. Nº 380 | De 11 a 17 de Dezembro de 2014
Opinião E11
A Nação
A Nação
Políticas públicas
Constou-me que no dia 20 de Novembro passado, à tarde, um advogado e uma advogada se pronunciaram
acaloradamente contra certas posições por mim defendidas de manhã,
ao usar a palavra numa palestra sobre
o Cadastro.
Foi pena não se terem manifestado no debate ocorrido comigo presente. Agradecer-lhes-ia e responderia
como estivesse ao meu alcance.
Mas considerando que se trata de
assuntos de grande importância para
o país, vou retomá-los sucintamente
naquilo que a todos interessa.
Defendi que num país exíguo
como Cabo Verde seria importante
haver uma definição de área máxima
de terrenos que o Estado pudesse vender em propriedade perfeita a um só
particular, bem como das circunstâncias em que se pudesse optar por venda e não por outra modalidade de cedência (aforamento, arrendamento,
superfície…).
O edil de Ribeira Grande, Orlando Delgado, colocou a questão inversa, também pertinente em termos de
políticas públicas, a de limitar o fraccionamento da propriedade rústica.
Recordei que um diploma de 1901
(que vigorava ainda em 1969, aquando da aprovação do Regulamento de
Ocupação e Concessão de Terrenos ROCT), limitava a venda de terrenos
pelo Estado a particulares a um máximo de 50 hectares, se resolvida pelo
Governo (em Lisboa) ou de 5 hectares, se resolvida pelo Governador da
província.
Acrescentei que para o ROCT, que
veio reduzir muito a área vendável, a
venda só podia incidir sobre terenos
“ocupados por prédios urbanos ou adquiridos para construção deles”. A área
máxima de venda passou para 2 hectares ou 5 hectares, conforme o terreno fosse em zona urbana das povoa-
ções classificadas, ou nos subúrbios
destas.
Áreas maiores cabiam em aforamento (“terrenos para fins agrícolas,
agro-pecuários, industriais ou ainda
silvícolas” e em arrendamento (“terrenos para a criação de gado e indústrias dela derivadas”); e muito maiores eram as concedíveis mediante
um contrato especial autorizado pelo
Conselho de Ministros.
Face a esse regime legal, só revogado pela Lei dos Solos, de 2007, considerei ser de duvidar das alegadas
propriedades sobre grandes descampados (de centenas de hectares, hoje
próprios para urbanização) que certos
herdeiros titulares de matriz arvoram
e sobre as quais conseguem inscrever
direito de propriedade no registo predial, seja através de justificações notariais ou outros expedientes.
Nas escrituras públicas de venda encontram-se amiúde ambiguidades de expressão entre o domínio
útil (do foreiro) e a propriedade perfeita e o foreiro acaba por vender o direito de propriedade que não tem. O
caso do aforamento de Salinas de Pedra de Lume, uma jazida mineral que
em 1999 é vendida como se fosse propriedade perfeita, é exemplo paradigmático.
Pela legislação da contribuição
predial rústica de 1963 a matriz era
dada a possuidores “por qualquer título”, nada tendo a ver com o direito
de propriedade. A este propósito mostrei como as justificações notariais,
pelas quais se chega à propriedade e
à inscrição predial a partir da matriz, criaram um caos de duplicação
de inscrições prediais no país e saudei
o Decreto-Lei n.º 45/2014 que veio limitar a área para tais justificações a 1
hectare (ainda assim cerca de campo
e meio de futebol!).
Nesse ponto um dos advogados
terá defendido que os interessados
devem fazer tantas justificações notariais de área menor quantas forem
necessárias para somarem toda a área
que pretendam. Não tecerei comentários sobre esta lição de como defraudar a lei.
Chocada com uma minha afirmação de que sobre terrenos do Estado
não pode haver usucapião, a advogada
alertou que o Estado não tem terras
em Cabo Verde, pois elas foram doadas desde a data dos descobrimentos.
Aqui nem sei bem o que dizer! É
que a ser verdade, o Estado teria passado alguns séculos na ilusão de ter
terrenos em Cabo Verde, regulando
por várias vezes no século XX a disposição desses terrenos a favor de particulares. E teria continuado nesse logro desde a Independência até hoje!
Enfim … a palavra “doação” usada pelo Infante D. Henrique no século XV haveria de ter um significado muito diferente da mesma palavra
hoje em dia, não é?!.
Porém, critiquei o diploma de
2014 na parte em que num aspecto
aprimora, mas noutro inviabiliza as
justificações administrativas, processo pelo qual o Estado pode registar em
seu nome os terrenos que lhe pertençam por não terem algum dono conhecido.
A advogada manifestou alto descontentamento pela minha afirmação de propriedade do Estado sobre
terrenos sem dono conhecido e acusou o Estado de estar a roubar terrenos de privados com as justificações
administrativas.
Como direi?!... Vem-me aqui à memória que no meu tempo de infância dizíamos que achado no chão é de
cachorro e gato. É que essa máxima
não se aplica aos terrenos sem dono
conhecido (esses são exactamente o
nosso chão), que têm e devem ter um
dono, que é o Estado, o nosso Estado.
Sempre foi assim e isso não corresponde a qualquer estatização:
- O artigo 1345.º do Código Civil
de 1967, ainda vigente, diz: “As coisas
imóveis sem dono conhecido consideram-se do património do Estado”;
- O artigo 14.º do Decreto-Lei n.º
2/97, de 21 de Janeiro (a memória é
importante nesses casos, quando se
fala de estatização) vai no mesmo
sentido e até permite ao Estado tomar
posse administrativa do imóvel; e
- A lei de solos, de 2007, não diz
coisa diferente no artigo 15.º.
Tudo isso pode ser repetido para a
questão de proibição de usucapião de
terrenos do Estado, prevista no ROCT
para os chamados “terrenos vagos” e
expressivamente na dita lei de 1997
(veja-se a data!) para todo e qualquer
bem do Estado.
Quanto à justificação administrativa, ela vem sendo sujeita a críticas
que invertem a verdade. É um instituto que existe desde o tempo colonial, tendo sido revisto no referido diploma de 1997 (novamente a memória…) e depois melhorado em 2008.
A Portaria que aprovara o Código do Registo Predial de 1967, vigente
até 2010, até permitia inscrever a favor do comprador os terrenos vendidos pelo Estado sem este os ter inscritos antes em seu nome. O problema é
que os novos Códigos do Notariado e
do Registo Predial, de 2010, exigem o
registo prévio em nome do Estado, o
que agudiza a necessidade de recurso
à justificação administrativa.
Mas o Estado promove a justificação administrativa para ter os seus
terrenos (não os de particulares) inscritos no registo predial em seu nome.
O que é de criticar no Decreto-Lei
45/2014 é que, cedendo a essas críticas sem fundamento nenhum, ele até
dificulta a justificação administrati-
Rui
Araújo
va, obrigando o Estado a provar perante o conservador por que forma
adquiriu direito sobre o terreno, coisa
que a nunca o Estado fora obrigado. E
isso é que é estatização, senhores!
O Estado de Cabo Verde tem terrenos que não comprou, nem lhe foram
doados. Adquiriu todo o território
com a Independência Nacional, incluindo os terrenos que eram do Estado Português e da Província de Cabo
Verde e tudo o que ainda não pertencia a privados. Quem tem de provar
que adquiriu são os particulares e os
municípios. Os terrenos que eles não
adquiriram são do Estado.
Penso que já é tempo de os nossos juristas (magistrados, notários,
conservadores, advogados), políticos
e doutores desta terra se habituarem
a não retirar tudo comodamente da
Constituição ou das ideologias (como
é muito comum hoje em dia) e se aterem um pouco à nossa realidade histórica, social e jurídica, estudando-a.
Só assim teremos políticas públicas
coerentes e verdadeira Justiça.
Talvez o Estado não precise de terreno algum para instalar quartel caso
seja invadido pela Rússia ou EUA (ou,
sejamos práticos, por S. Tomé, nosso
colega), mas acredito que sim, precisará dele para não ter de o comprar a
preço de especulação se for necessário
realojar algum povoado, porque um
vulcão “explodiu”.
E12 Ensaiu
Etc. A Nação
Nº 380 | De 11 a 17 de Dezembro de 2014
A Nação
DUDU – pintor i ativista sosial
Marsianu nha Ida
padri Nikulau Ferera
[email protected]
Pa fika rejistadu pa iternidadi, N
sa ta ben dexa un brevi omenajen
pa pintor i ativista sosial Dudu Rodrigues (Filomeno Henrikson Alves
Rodrigues) ki dexa-nu na 2 di Novenbru di 2014 na flor di idadi.
Dja ten uns 5 anu ki N konxe-bu kantu N ba odja un spozison di
bus pintura la na Palasiu di Kultura Ildo Lobo.
Na bus kuadru, 2 kuza enkanta-m: sforsu pa mostra nos Storia,
non kel kontadu pa skravokratas i
ses admiradoris, mas sin, kel xintidu pa skravus ki ta konstitui maioria smagador di nos antepasadus;
uzu, na lejendajen di kuadrus, di
nos lingua ki staba skrebedu rispetandu alguns regra di alfabetu kabuverdianu.
Ami ki staba ndogadu di louvaminhas “sivilizasional” di skravokratas i ses storiadoris; ami ki
staba, na altura, ku mas gana pa
alarga persentajen di sidadons ki
ta uza nos alfabetu.
Ku korason ta bodjibodji, N txiga pertu di bo – un joven delgadu i
di pentiadu rasta – pa N fla-bu ma
N kre kunpra es kuadru li http://
tinyurl.com/mzc4lqv ki ten, di skerda pa direita i di baxu pa riba: na
treva, skravu akorentadu djuntu
Pilorinhu Sidadi Velha; na penunbra, Amílcar Cabral, ku nos mar na
petu, ta suri konfianti pa nos futuru; i na klaridadi, un kriansa riba di
flor di jirasol ta goza nos liberdadi
rekonkistadu.
Bu fika kontenti i bu fla-m ma
kel era bu midjor kuadru.
N aproveita pa N konfesa-bu
kuze ku kuze na kel spozison ki
kai-m dentu goto.
Mas kontenti inda bu fika! Bu
manifesta dizeju di prende alfabetu kabuverdianu.
Enkantadu, N manifesta-bu nha
disponibilidadi pa djuda-bu prende
bazis di alfabetu kabuverdianu i N
dexa-bu ku un rizumu (na un pajina so) di regras di es alfabetu.
Nu kontinua diskuberta di valoris mural di kada un kantu bu ben
nha kaza traze-m kel kuadru.
Dipos, bu konvida-m pa N ba
nxina serka di 50 joven di DJUNTARTI (asosiason ki djunta diversus tipu di arti, sima Hip-Hop,
pintura, poezia, grafiti, teatru,
dansa, etc.), regras baziku di alfabetu ofisial di nos lingua na Dia di
Erois Nasional di anu 2010 na sedi
di Fundason Amílcar Cabral i na
anbitu di atividadis ki bu organiza
pa omenajia es nos libertador.
Na porta prinsipal di sedi di Fundason Amílcar Cabral, staba fiksadu
algu ki dexa-m sabi: un jornal di paredi ki bo ku otus joven di Hip-Hop
faze. Es jornal staba na nos lingua i
skrebedu ku nos alfabetu!
Mas tardi, N bisti kamizola di
jornalista pa, atraves di es benditu
jornal, N publika un entrevista ku
bo. Es entrevista pirmiti-m diskubri dezignadamenti: bu militansia
enkuantu skuteru katoliku i en prol
di idozus akamadu; bu sakrifisiu pa
afasta jovens di kabesa-rixu atraves
di mini-festivais di Hip-Hop ki bu
ta organizaba mensalmenti la Sentru Kultural Franses enton instaladu na Plateau; bu sforsu pa promove formason, na pintura, di krian-
sas karensiadu di bu bairu – Txadinha. Enfin, un joven pintor i ativista sosial inbuidu di prufundu amor
pa prosimu ki ta trabadjaba di grasa
en prol di idozus, jovens i kriansas.
Subsekuentimenti, N sigi xeiu
di emoson, asves prezensialmenti,
bus numerozu susesu i atividadi.
Alguns di es, N rijista nes jornal.
Dudu, obrigadu pa tudu alegria
ki bu da-nu!
Ku dor na korason i iternu sodadi.
Opinião
Que Líder o PAICV precisa para
a nova era?
Como é sabido por todos, o Partido Africano para Independência
de Cabo Verde – PAICV está a viver
um momento crucial da sua história, por estar a realizar disputas
internas para a sua liderança entre três camaradas, por um lado e,
por outro, por estar sempre na linha da frente na transformação de
Cabo Verde.
Cabo Verde é aquilo que é hoje
graça aos homens e às mulheres do
PAICV que, de certa forma, souberam colocar à disposição do país
toda a sua sensatez e sapiência, tornando assim Cabo Verde de um
país improvável para um país provável, sem descorar as contribuições valiosas dos outros atores políticos e sociais. Porém, quer queiramos, quer não, o atual líder do
PAICV vai deixar marcas indeléveis
no país, que permanecerão na história. No entanto, poderia ter feito mais e melhor se fosse, de certa
forma, mais dialogante, mais humilde e mais certeiro na escolha
dos seus correligionários. Ele foi e
será sempre um visionário e um sonhador que sonhou com um Cabo
Verde diferente para a sua gente e
transformou o seu sonho em realidade. Ele é um empreendedor que
viu as oportunidades para Cabo
Verde onde ainda ninguém via e
aproveitou-se delas para transformar o país. Ele soube exatamente a
hora de entrar e definiu com grande lucidez a hora da saída. Portanto, substituir o atual líder da PAICV nesta conjuntura em que o país
está a viver não é uma tarefa fácil.
O mundo de hoje, pela sua configuração socioeconómica, pela capacidade humana de comunicação
na aldeia global, pela velocidade
imprimida em todos os contextos,
gera um leque vasto de possibilidades que podem gerar incertezas,
que muitas vezes podem deixar o
líder indeciso. Por exemplo, como
decidir mesmo quando as melhores
opções não se enquadrem dentro
sua da conceção político/ideológica? Qual o caminho a tomar? Qual
modelo é o mais adequado?
A nova era, exige do líder do
PAICV a cordialidade, o respeito, a
coresponsabilidade e a ética como
virtudes que potencializam o ambiente harmonioso e produtivo. O
líder do PAICV deve ser o exemplo
e a referência para os demais. Se ele
não corresponder as essas expectativas compromete toda equipa e,
consequentemente, os resultados
da organização.
Não importa quão maravilhoso
seja a visão, o líder eficiente deve
usar uma metáfora, uma palavra
ou um modelo para tornar a sua visão clara para os outros. O PAICV
precisa hoje, mais de que nunca, de
alguém com capacidade de tornar
as ideias tangíveis e reais
O novo líder do PAICV tem de
ter senso crítico, não desprezar o
passado, pensar o presente para
projetar-se no futuro. Ser criativo, corajoso, confiante, otimista,
arrojado, saber ouvir, pensar antes
de agir e, principalmente, considerar o todo, devem ser os princípios fundamentais da sua lideran-
ça. Nunca temer a crítica ou posicionar-se negativamente frente a
ela, vê-la de forma positiva e construtiva
O líder para o PAICV atual tem
de ter a consciência clara que em
qualquer organização as pessoas
são mais importantes que as estruturas. As pessoas são a força viva
que dinamizam toda a sociedade,
por isso, devem ser o foco principal
da liderança.
Para liderar um partido como o
PAICV com o seu passado, fundado
por um líder como Amílcar Cabral,
tem de ser alguém que seja capaz de
o projetar para o futuro, o que não
é uma tarefa para qualquer um.
Tem de ser de facto, um líder com
todos requisitos para uma liderança mobilizadora e transformadora, uma pessoa com uma enorme
competência técnica, autoridade
política e moral e reconhecida por
todos.
* Economista e Mestre em Gestão
de empresas e em Economia Aplicada, Professor universitário na Uni-CV
José Antonio
Fernandes*
Nº 380 | De 11 a 17 de Dezembro de 2014
Etc. A Nação
Classificados E13
A Nação
DIRECÇÃ0 GERAL DOS REGISTOS, NOTARIADO E IDENTIFICAÇÃO
1° CARTORIO NOTARIAL DA REGIAO DA PRAIA
NIF•353331112 • TEL 2617935
EXTRACTO
Para efeito da segunda publicação nos termos do disposto no artigo 86º-A do
Código do Notariado, aditado pelo Decreto-Lei nº 45/2014, de 20 de Agosto, B.O.
nº 50 – Iª Série, que no dia vinte e sete de Novembro de dois mil e catorze, de folhas 48 a 49, do livro de notas para escrituras diversas número 136, deste Cartório
Notarial, foi exarada uma escritura de habilitações de herdeiros, por óbitos de Bernardino Tavares e José Maria Varela Tavares, nos termos seguintes:
Que, têm perfeito conhecimento, que no dia um de Maio de dois e seis na
freguesia de Santíssimo Nome de Jesus, concelho da Praia faleceu Bernardino Tavares, no estado do viúvo, que foi natural da freguesia de Nossa Senhora da Graça,
concelho da Praia, e teve a sua última residência em São Martinho Grande, Praia.
Que, o falecido não fez testamento, nem qualquer outra disposição de última
vontade e deixou como únicos descendentes sucessíveis os seus filhos:
Manuel Varela Tavares, unido de facto com Maria Gomes Tavares, natural da
freguesia de Nossa Senhora da Graça, concelho da Praia. residente em Palmarejo,
Praia;
Felismina Tavares Varela, casada com Manuel Vitorino Lopes Semedo, sob
o regime de comunhão de adquiridos, natural da freguesia de Santíssinto Nome de
Jesus, concelho da Praia, residente em França;
Egídio Varela Tavares, solteiro, maior, natural da freguesia de Santíssimo
Nome de Jesus, concelho da Praia, residente ern França;
José Maria Varela Tavares, solteiro, maior, natural da freguesia de Santíssimo Nome de Jesus, concelho da Praia, ja falecido.
Que, têm perfeito conhecimento, que no dia vinte e quatro de Agosto de dois
e seis, no Hospital da Praia, freguesia de Nossa Sennora da Graça, faleceu José
Maria Varela Tavares, no estado de solteiro, maior, natural que foi da freguesia
de Santíssimo Nome de Jesus, concelho da Praia, e teve a sua última residência em
Achadinha, Praia.
Que, o falecido não fez testamento, nem qualquer outra disposição de última
vontade e deixou como únicos descendentes sucessíveis os seus filhos Adilson
Macedo Varela Tavares e Felisberto Macedo Varela Tavares, ambos solteiros,
maiores, naturais da freguesia de Nossa Senhora da Graça, concelho da Praia e
residentes em Portugal.
E, que não existem outras pessoas que segundo a lei possam concorrer à sucessão.
Cartório Notarial da Região de Primeira Classe da Região da Praia, aos 28 de
Novembro de 2014.
CONTA 4008/2014
Art. 20.4.2 1000$00
Selo do Acto 200$00
Total 1.200$00. Importa o presente em mil e duzentos escudos
TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DA PRAIA
3º JUÍZO CÍVEL
ANÚNCIO
Processo: Execução Ordinária nº 19/2012
Exequente: Banco Comercial do Atlântico, S.A.
Executada: Helena Jacqueline Teixeira Semedo Barros
Quantia exequenda: 17.511.951$00
Faz saber que nos autos acima indicados, encontra-se designado o dia 22 de
Dezembro do ano 2014, pelas 09 horas, na secretaria do referido Juízo para a
abertura de propostas, que sejam entregues até esse momento, pelos interessados, na compra do seguinte bem imóvel: Bem a vender:
“Prédio Urbano, moradia primeiro andar, construído de pedras e blocos, assente em argamassa de cimento e areia coberto de betão armado, do
qual fazem partes integrantes as seguintes fracções:
Rés-do-chão, fracção B habitação T2, composta por dois quartos, uma
sala comum, uma cozinha, duas casas de banho, hall, circulação e duas varandas, correspondente a uma área de 34,89%;
Primeiro andar, fracção C, habitação T2, composta por dois quartos,
uma sala comum, uma cozinha, duas casas de banho, hall, circulação, duas
varandas correspondentes a uma área de 34,89%, inscrito na matriz urbana sob o nº 12084/1, com o valor matricial de 6.120.000$00, confrontados
por todos os lados com terrenos municipais descrito na Conservatória dos
Registos Predial, Comercial e Automóveis da Praia, sob o nº 19.625, a fls
19, do livro B/74.”
O imóvel pertence à executada Helena Jacqueline Teixeira Semedo Barros,
maior, divorciada, residente em Terra Branca – Cidade da Praia.
Valor base: 6.120.000$00 (seis milhões e cento e vinte mil escudos)
Será aceite a melhor proposta de valor igual ou superior ao valor base, não
podendo ser consideradas propostas de valor inferior. Os proponentes devem
juntar à sua proposta, como caução, cheque visado à ordem deste Juízo no montante de 4.284.000$00 (quatro milhões, duzentos e oitenta e quatro mil escudos),
corresponde a 70% do valor base do bem, artº 768º do C.P.C.
Sendo aceite alguma proposta, é o proponente, ou preferente, notificado,
para no prazo de quinze (15) dias, depositar, à ordem deste Juízo, a parte do preço em falta, artº 776º nº 1 do C.P.C.. É fiel depositário o Sr. Marcos Fernandes
Furtado, maior, empresário, residente em Achadinha de Meio-Cidade da Praia,
que o deve mostrar a pedido de qualquer interessado, art. 770º do C.P.C. Encontra-se apenso reclamação de crédito nº 56/13, feita pelos reclamantes Mário
Xavier Moniz e esposa, cujo crédito no montante de 1.455.000$00 (um milhão
quatrocentos e cinquenta e cinco mil escudos), o que foi reconhecido e graduado
a ser pago pelo produto da venda, conforme a sentença proferida nos referidos
autos.
E14 Classificados
Etc. A Nação
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A Nação
POSTOS DE VENDA DO A NAÇÃO
SANTO ANTÃO
SÃO VICENTE
PORTO NOVO
Paulo Guilherme - Alto Peixinho
RIBEIRA GRANDE
Ponto Laranja – Povoação
PAUL
Veleiro
SAL
ESPARGOS
Esplanada Bom Dia
Quiosque Palona
Restaurante Americo’s / Bar ASA (Aeroporto)
Shell
SANTA MARIA
Enacol
Sport Club Santa Maria
CAMPIN
Posto de Shell Campin
CHÃ DE CEMITÉRIO
Enacol - HD Comércio Greal - Estrada de Rª
de Julião
Ponto Laranja-John Miller-Av. da Manuel de
Matos
MONTE SOSSEGO
Bento S.A - Rua 1
Cyber Navitel -Av. da de Holanda
RIBEIRA BOTE
Posto Shell Rotunda
MINDELO
Fragata, Av. da 5 de Julho
MADEIRALZINHO
Posto Enacol Fonte Meio
BOA VISTA
RABIL
Bar ASA
Boas Compras
Service Point e Shell
SANTIAGO
PRAIA
Festarola
Shell Terra Branca
Cyber Sofia
Cores e Doces
Pastelaria Vilú
Quiosque Praça Alexandre Albuquerque
Nice Burguer
Shell Chã d’Areia
Shell Avenida
Shell Fazenda
Achada Sto. António
Terra Branca
Plateau
Plateau
Plateau
Plateau
Aeroporto
Chã d’Areia
Av. Lisboa
Fazenda
Papelaria Pedro Cardoso
Fazenda
Vip Fácil- Enacol Fazenda (Novo)
Casa dos sabores
Fazenda
Pastelaria Bom Gosto
Mini-Mercado A Delícia
Multi Choice
E.neves papelaria – Praia Shopping (Novo)
ASSOMADA
Enacol Bolanha
Enacol Nhagar
Fernando Tavares (Sr. Toko)
Quioque da Praça
Shell Bolanha
Shell Nhagar
TARRAFAL
Shell Tarrafal
Palmarejo
Palmarejo
Palmarejo
Palmarejo
Kebra Canela
MAIO
Sr. Nelson De Melo
ILHA DO SÃO NICOLAU
Casa Morais – Ribeira Brava
ILHA DA BRAVA
Shell Brava
FOGO
República de Cabo Verde
TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DOS MOSTEIROS
Cidade de Igreja – Telefone 2831307 – Fax nº 2831047 – C.P. 8110
ANÚNCIO
herdeira legitimária e com direito à sua
O EXMº SR. DR. PAULO AIRES,
JUÍZ DE DIREITO DO TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DOS MOSTEIROS
Pelo Tribunal da Comarca dos Mosteiros, correm termos nesta Comarca, uns autos de Acção Ordinária de Investigação de
Paternidade registados sob o nº 33/14, que
a autora Maria Nascimento Antunes move
contra herdeiros de Francisco Rodrigues
Pires, senhores Lucindo Garcia Pires, Nicolau Garcia Pires, João Francisco Canuto
Pires, Paula Canuto Pires, Paulo Canuto
Pires e António Garcia Pires, maiores de
idade, operários, cidadãos EUA, com última
residência conhecida em Sumbango, Mosteiros, são estes réus citados, para no prazo de
VINTE DIAS, acrescido de dilação de QUARENTE DIAS, a contar da data da afixação
do último anúncio, contestarem, querendo, os
presentes autos, cuja cópia da petição inicial
encontra-se à disposição na Secretaria deste
Tribunal, cujo pedido consiste em declarar-se que a autora é filha legítima do falecido Francisco Rodrigues Pires, para todos
os efeitos legais e que nessa qualidade lhe
assiste todos os direitos consignados, e
portante, entre outros, o direito de suceder na herança do falecido pai, como sua
quota-parte; Devendo ainda ser conferida
à autora o apelido “Pires” do falecido pai
e ainda a menção expressa do nome dos
avós paternos, Amâncio Rodrigues Pires e
Antónia Galvão Pires; De que toda as suas
defesas devem ser deduzidas na contestação;
De que a falta de contestação não importa a
confissão dos factos articulados pela autora;
De que é obrigatória a constituição de advogado; De que caso contestarem a acção,
deverão pagar o preparo inicial em CINCO
DIAS, sob pena de efectuá-los acrescido da
taxa de justição igual ao dobro da sua importância; e que querendo e necessário for,
poderão requerer o benefício de assistência
judiciária; De que gozam ainda da faculdade
de requerer à Ordem dos Advogados de Cabo
Verde (OACV), através da sua sede na Praia,
o benefício de Assistência Judiciária no que
toca a Assistência judicial, por Advogado,
dentro do prazo de DOIS DIAS, a contar
da citação, apresentando desde logo os elementos comprovativos da sua insuficiência
económica, e podendo aquela instituição ser
contactada por telefone ou fax.
Cidade de Igreja, Mosteiros, 30-10-2014
MESTRE SONKO
ESTE ESPAÇO PODE SER SEU!
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Grande cientista espiritualista, com os mais
fortes poderes, trata e ajuda a resolver
qualquer que seja o seu caso de difícil solução,
com a mais rapidez. Exp: amor, sorte, negócio,
união, prender e desviar, afastar aproximar
pessoas amadas, doenças espirituais, justiça,
estudos, maus-olhados, inveja, etc.
Lê sorte, dá previsão de vida e futuro pelo bom
espírito e forte talismã.
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Etc. Nº 380 | De 11 a 17 de Dezembro de 2014
A Nação
Variedades E15
A Nação
“PRATO CHEIO”
Caça palavras
Frango Assado com Abacaxi
KIM ALVES;
BETU;
TIBAU;
PAULINO VIEIRA;
HERNANI ALMEIDA;
CONSTANTINO CARDOSO;
HOMERO FONSECA;
TCHECA;
PRINCEZITO;
ARY MORAIS
Ingredientes
• 1 Frango aos pedaços
• 1/2 Pimento Vermelho picado
• 1 Tomate maduro às rodelas
• 1 Rodela de abacaxi aos cubos
• 2 Ramos tomilho
• 4 Batatas médias partida em
quartos
• 1 Cebola grande às rodelas
• 1 Dente de alho picado
• 2 Colheres de sopa de Azeite
• 1 Chávena de vinho branco
• Sal, pimenta, piri-piri em pó q.b.
Modo de preparação
Comece por colocar em lume médio/
forte um grelhador com o azeite e deixe aquecer bem.
Coloque o frango e o abacaxi no grelhador, tempere com o sal a pimenta
e o piri-piri e deixe ficar bem lourinho, mais ou menos 10 minutos, em
cada lado.
Ligue o forno a 250º. Num tabuleiro
de ir ao forno, comece por colocar a
cebola, o pimento, o tomate e o alho.
Depois, quando o frango estiver bem
dourado no grelhador, transfira-o
para o tabuleiro, regue com azeite e o
vinho. Leve ao forno por 15 minutos.
Leve de novo o grelhador ao lume
(sem o lavar para aproveitar a gordura e o sabor do frango), coloque mais
uma colher de sopa de azeite, deixe
aquecer bem e coloque as batatas,
deixe-as cozinhar cerca de 3 minutos
de cada lado, até começarem a ganhar cor.
Em seguida, retire o tabuleiro do forno, vire o frango, disponha as batatas
e coloque-o novamente no forno por
mais 20 minutos e está pronto a servir.
Muito fácil e super delicioso, o sabor
do abacaxi com o pimento vermelho
é soberbo!
Descubra os nomes de
dez compositores caboverdianos da actualidade
VAMOS RIR
Bêbado roubado
Um homem, já podre de bêbado, sai do bar e, no caminho para casa,
acaba por dormir num canto dum beco. No dia seguinte, já recuperado
da bebedeira, repara que lhe roubaram o relógio e ao voltar para casa,
vê um homem a usar o seu relógio. Enche-se de coragem e aproxima-se dele:
- Hei amigo, esse relógio aí é meu!
Responde-lhe o outro homem com ar de gozo:
- Não é nada teu! Este relógio tirei de um bêbado ontem à noite num
beco, que até abusei dele sexualmente e tudo.
Muito atrapalhado responde o homem:
Tem razão sim! Não é o meu mesmo, mas que parece, parece…
Criança no cemitério
Fonte: http://dicasedoces.blogspot.pt/…/frango-assado-com-abacaxi
A criança vai com os pais ao cemitério.
No fim, o miúdo diz ao pai:
Pai, podem-se enterrar duas pessoas na mesma campa? - Não, meu filho, enterram-se sempre as pessoas em campas diferentes.
- Mas eu
vi...
- Viste o quê?
- Vi uma campa onde dizia “Aqui jaz um advogado e
um homem honesto.”
TALENTO
Cláudia Sofia Rodrigues
Lubrano, é uma jovem natural de Ribeira da Barca,
concelho de Santa Catarina, em Santiago, com forte
aptidão pelo estilo musical
Hip-hop e dança contemporânea.
Estudante do 11º ano
de escolaridade, no liceu
Amílcar Cabral, Claúdia
conta que a sua paixão
pela música veio através
do pai que frequentemente
organiza tocatinas de música tradicional, aos fins
de semana, em casa com
os amigos. “Cresci num
ambiente de música tradicional, mas acabei por
fugir um pouco do padrão
que encontrei em casa. A
minha forma de ser e estar identifica-se mais com
o estilo musical Hip-hop. É
por isso, que canto e danço este tipo musical”.
No entanto, confessa
que teve algumas dificuldades no início para começar a cantar o Hip-hop no
palco. “Foi graças ao meu
produtor DJ 100% Juiz,
que faz parte do recém-criado grupo Terra Estúdio, que está a trabalhar
para lançar a nossa carreira e a gravação dos nossos
trabalhos”.
A jovem que foi eleita
miss Santa Catarina, em
2011, já dispõe de oito músicas prontas, e várias outras prestes a serem concluídas. Cláudia diz que
as suas músicas estão a
ser bem aceites pelo público, o que lhe deixa mui-
to feliz e super confiante.
“Existem várias mulheres
que cantam e que gostam
do estilo musical Hip-hop
em Cabo Verde. É pena
que ainda sentem receio
de enfrentar as críticas
da sociedade. E, muitas
vezes, são estes assuntos
que retrato nas minhas
músicas”.
Cláudia Lubrano conta
que o seu sonho é levar o
“rap crioulo” o mais longe possível, mas também
gostava de ser jornalista.
E16 Agenda
Etc. A Nação
Nº 380 | De 11 a 17 de Dezembro de 2014
A Nação
Acontece
Tito Paris, Espaço Musical Gamboa, Praia,
sábado 13.
“Africa Fashion
Event”, Ipercentro, Platô, Praia,
de 7 a 13.
12 horas “non stop” Cesária Évora, Rádio Morabeza, entre as 7h00 e as
19h00, quarta-feira, 17.
Dany Santoz, Soft
Club, Praia, sexta-feira,12,
“No olhar das crianças”
em CD e livro infantis
Desfile de moda, CM e
a ORIXA Design, Hotel Praia-mar, Praia,
sábado, 13, 20h00.
Voz de Cabo Verde,
Espaço Musical Gamboa, Praia, quinta-feira, 11, 22h00.
XXI Aniversário Skybosurf, Praia Grande,
São Vicente, sábado
13, e domingo,14.
»»O projeto Espaço Gota d´Art, que trabalha com
A
apresentação do livro e CD que constituem o projecto “No
olhar das crianças”
acontece na Assembleia Nacional, na Praia, a partir das 17horas e, segundo os promotores
estão previstos espectáculos
de dança e música, remetendo
para o universo que o projecto
aborda.
“No olhar das crianças”, consiste assim, “num conjunto de
pequenas estórias que se desenvolvem a partir de três pequenas perguntas: “1- O que é que
mais gostas em ser criança? 2
- Quais são as diferenças entre
as crianças e os adultos? 3 - Se
uma fada te desse uma varinha
mágica com o poder de mudar
o mundo, o que farias?”.
A partir daqui, é um mundo de surpresas pelas mãos dos
crianças, lança no próximo domingo, 14, na Praia, um
CD e livro infantis educativos, intitulados “No olhar
das crianças”. Uma sugestão de prenda para os mais
novos, nesta quadra natalícia, que sensibiliza para a
aprendizagem através da arte.
mais novos. É que são várias as
“pequenas grandes” respostas
(e verdades) que serviram de
base para o desenvolvimento
das “pequenas estórias de um
novo mundo”, narradas pelas
próprias crianças que, através
da música, da dança e do teatro
expressam a sua simplicidade,
sinceridade e criatividade.
Conforme os promotores,
a “partir da parte musical foi
produzido o CD de música infantil, composto por 10 faixas”,
que “servirá de base à coreografia das danças”.
As canções do CD serão,
também, a banda sonora da
representação teatral das es-
tórias e as músicas são da autoria do músico N´du Carlos e
a coreografia está a cargo da
dançarina Elizabeth Fernandes “Bety”, os responsáveis do
Espaço Gota d´Art.
O evento pretende, ainda,
segundo os mesmos, “cumprir
um papel social, proporcionando o acesso gratuito a um
determinado número de crianças afectas a serviços ligados à
protecção da infância”, mas as
“empresas e instituições também são convidadas a adquirir
o CD e o livrinho infantil, que
poderão constituir óptimas
prendas para as crianças nesta
quadra natalícia”.
Aconteceu
5º Aniversário Remember Time com
DJ Ivan Lluv, Discoteca Zero Horas,
Praia, sábado, 6.
Exposição Krobo,
Nho Eugénio, Praia,
sexta-feira, 5

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