Secretaria de Planejamento e Gestão
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_________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 1 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 2 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Governador Geraldo Alckmin Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional Secretário Julio Semeghini Secretária-Adjunta Cibele Franzese Chefe de Gabinete Joaldir Reynaldo Machado CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DAS REGIÕES DO ESTADO DE SÃO PAULO − REGIÃO ADMINISTRATIVA DE MARÍLIA − ABRIL, 2013 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 3 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 4 O trabalho Caracterização Socioeconômica das Regiões do Estado de São Paulo apresenta um estudo detalhado das Regiões Administrativas-RAs e Metropolitanas-RMs paulistas no campo econômico, demográfico, social e de rede urbana. Permite conhecer cada uma dessas regiões, auxiliando o Governo estadual a adequar suas politicas às principais características regionais. Na Caracterização, são apresentadas, inicialmente, as caracterizações político-administrativa, histórica e de infraestrutura viária da região e, a seguir, uma síntese analítica do conteúdo do conjunto do trabalho. No que diz respeito aos Aspectos Econômicos, foram identificados os principais produtos agropecuários e industriais e os principais serviços da região, abordando o encadeamento existente entre os setores e seu papel no desempenho econômico regional no período 1996 a 2008. Foram apresentados, ainda, dados de infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica, emprego, valor adicionado e valor adicionado fiscal, exportação e importação de produtos industriais, arranjos e aglomerados produtivos, entre outros dados e informações considerados relevantes na caracterização da região. As características sociais das Regiões Administrativas e Metropolitanas são avaliadas a partir do Índice Paulista de Responsabilidade Social-IPRS, desenvolvido pela Fundação Seade, com o objetivo de caracterizar os municípios paulistas no que se refere às dimensões de renda, longevidade e escolaridade. Quanto ao tema da rede urbana, é possível verificar como se organiza a ocupação do território regional em metrópoles, aglomerações urbanas e centros urbanos. Em demografia, encontram-se informações como porte populacional dos municípios, taxa de crescimento da população, índice de envelhecimento e razão de dependência da população potencialmente inativa, além de projeções, até 2020. Este trabalho auxilia, portanto, os setores público e privado e a população em geral, em seus interesses e campos de atuação distintos, no conhecimento das regiões do Estado de São Paulo. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 5 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 6 Apresentação .............................................................................................................................. 5 Caracterização ............................................................................................................................ 9 Aspectos Econômicos .................................................................................................................. 13 Agropecuária ........................................................................................................................ 13 Indústria e Serviços .............................................................................................................. 20 Desempenho Econômico, 1996 a 2008 ............................................................................... 43 Aspectos Demográficos .............................................................................................................. 47 Aspectos Sociais e IPRS................................................................................................................ 53 Rede Urbana ............................................................................................................................... 55 Centro Regional de Marília ................................................................................................ 57 Centro Regional de Ourinhos ............................................................................................. 60 Destaques da Região .................................................................................................................. 63 Números da Região ................................................................................................................... 64 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 7 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 8 Situada no centro-oeste do Estado de São Paulo, a Região Administrativa de Marília ocupa uma área de 18.458 km2, que corresponde a 7,4% do território paulista, sendo composta por 51 municípios distribuídos em três Bacias Hidrográficas: Médio Paranapanema (Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos-UGRHI 17); Aguapeí (UGRHI 20); e Peixe (UGRHI 21). RA de Marília 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 Álvaro de Carvalho Alvinlândia Arco Íris Assis Bastos Bernardino de Campos Borá Campos Novos Paulista Cândido Mota Canitar Chavantes Cruzália Echaporã 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Espírito Santo do Turvo Fernão Florínia Gália Garça Herculândia Iacri Ibirarema Ipaussu João Ramalho Júlio Mesquita Lupércio Lutécia 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 Maracaí Marília Ocauçu Óleo Oriente Oscar Bressane Ourinhos Palmital Paraguaçu Paulista Parapuã Pedrinhas Paulista Platina Pompeia 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 Quatá Queiroz Quintana Ribeirão do Sul Rinópolis Salto Grande Santa Cruz do Rio Pardo São Pedro do Turvo Tarumã Timburi Tupã Vera Cruz _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 9 A interligação com o restante do território nacional é feita através das rodovias estaduais Abrão Assed (SP 333) e Comandante João Ribeiro de Barros (SP 294) e da rodovia federal BR 153. Os municípios mais ao sul são, também, servidos pela Rodovia Raposo Tavares (SP 270) e pela BR 369. Assis, Paraguaçu Paulista e Quatá são interligados pela SP 284. É servida, ainda, pela ferrovia América Latina LogísticaALL, além dos aeroportos de Marília, Ourinhos, Assis e Tupã. A formação da RA se deu no contexto da ocupação da região oeste do Estado, que teve, no café e nas ferrovias, os principais elementos de seu desenvolvimento. Infraestrutura Viária Estado de São Paulo e RA de Marília Fonte: Secretaria de Logística e Transportes. Elaboração: SPDR/UAM. Com seu solo fértil e a consolidação de uma infraestrutura de transporte, a região passou a atrair pioneiros interessados no cultivo do café. Paralelamente a essa cultura, foram desenvolvidas lavouras de subsistência, como arroz, feijão, milho e mandioca, devido à grande dificuldade de transporte e à facilidade de produzi-las no local. A partir da década de 1940, algodão começou a ser cultivado, atraindo algumas unidades processadoras para o município de Marília. A modernização do setor primário, a partir de década de 1970, resultou no aumento de produtividade, em função da integração com a agroindústria, determinando o perfil econômico que prevalece até os dias atuais, assentado, principalmente, no setor agroindustrial. Marília, sede da RA, polariza ampla área do centro-oeste do Estado, com articulações que se estendem a vários municípios do norte do Paraná. No entanto, seu grau de polarização não é tão acentuado como _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 10 ocorre em outros polos de Regiões Administrativas, visto que as atividades econômicas regionais se distribuem mais uniformemente entre os demais subcentros regionais: Ourinhos, Assis e Tupã. Até por isso, a região conta com dois Centros Regionais: Marília e Ourinhos. Como mostra a seção REDE URBANA, a atividade econômica do município de Marília, principalmente o comércio e os serviços, atrai pessoas de diversos municípios, tais como: Garça, Assis, Pompeia, Ourinhos etc., para compras e lazer. Marília é, também, centro universitário e de saúde. A influência de Ourinhos, por sua vez, se desenvolve num raio de 40 a 50 quilômetros e o fortalecimento das relações regionais é produzido pelos setores de prestação de serviços e de comércio, com afluxo de pessoas de cidades vizinhas, do Estado de São Paulo e norte do Paraná. No setor de serviços, destacamse saúde e educação. A estrutura econômica da RA é caracterizada pela integração entre atividades primárias e secundárias. Conforme pode ser visto ao longo da seção INDÚSTRIA E SERVIÇOS, a agroindústria é o principal segmento da indústria de transformação. As divisões mais representativas são de fabricação de produtos alimentícios, biocombustíveis, têxteis e confecções, móveis e produtos de madeira que se destacam em termos de geração de empregos e valor adicionado fiscal-VAF. Adicionalmente, destaca-se a metal-mecânica. Destes segmentos, ocupam posição importante, nas exportações, o de alimentos, combustíveis e metal-mecânica que, juntos, representaram 63% do total exportado pela região, em 2009. Em 2008, os municípios que mais concentraram empregos, nos principais segmentos da indústria regional, foram: Marília, Ourinhos, Assis, Santa Cruz do Rio Pardo, Paraguaçu Paulista, Tupã, Tarumã, Pompeia, Chavantes, Cândido Mota, Espírito Santo do Turvo, São Pedro do Turvo, Palmital, Canitar, Ibirarema, Gália e Garça. O comércio ocupava, em 2008, a primeira posição em número de estabelecimentos, com cerca de 40% do total regional, enquanto, nos serviços, esse percentual foi de 28%. Já em termos de empregos, a liderança ficou com os serviços, com 23%, seguido de perto pela indústria de transformação (22%) e o comércio (21%). O dinamismo de alguns dos municípios da RA está diretamente ligado ao seu perfil agroindustrial, como pode ser observado na seção DESEMPENHO ECONÔMICO. Dentre as localidades consideradas dinâmicas, Bernardino de Campos, Espírito Santo do Turvo, Queiroz e Tarumã devem seu bom desempenho econômico à expansão do complexo agroindustrial da cana-de-açúcar, com implantação e ampliação de usinas e destilarias na região, como ressaltado na seção INDÚSTRIA E SERVIÇOS. Da mesma forma, na seção AGROPECUÁRIA, sobressai o incremento da área ocupada, na RA, com cana-de-açúcar, entre 1995/96 e 2007/08, que passou de 207 mil hectares para 440 mil, com crescimento superior a 100%. A cana ocupava, em 2007/08, 25% do total da área da região. Em 1995/96, esse percentual era de 12%. Dentre as culturas da região, também apresentaram expansão de área: laranja, mandioca e seringueira. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 11 A seção de DEMOGRAFIA aponta baixo crescimento populacional, de 0,59% ao ano, no período 2000/2010, contra a média estadual de 1,09%. Paralelamente, a taxa de crescimento populacional do município-sede foi de 0,95%, enquanto outros 17 municípios apresentaram taxas negativas. Na seção ASPECTOS SOCIAIS, observa-se que a região apresenta condições de escolaridade e longevidade melhores que as de riqueza, à semelhança de outras regiões do oeste e noroeste paulista. No ranking estadual do Índice Paulista de Responsabilidade Social-IPRS, ocupa a 13ª colocação na dimensão de riqueza, a quarta, em escolaridade, e a sétima, em longevidade. A distribuição dos 51 municípios da região, nos grupos do IPRS, mostra grande concentração nos Grupos 3 e 4. No Grupo 3, encontram-se 24 localidades caracterizadas por exibir bons indicadores sociais, mas indicador baixo de riqueza. Outros 21 municípios classificaram-se no Grupo 4 que, à semelhança do anterior, apresenta baixo indicador de riqueza, mas um dos indicadores sociais desfavorável. Apenas o município de Pedrinhas Paulista foi classificado no Grupo 1, com bons indicadores de riqueza, longevidade e escolaridade, e cinco municípios foram inseridos, no Grupo 5, com resultados insatisfatórios nas três dimensões do Índice. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 12 AGROPECUÁRIA A economia regional é baseada em diversificada produção agropecuária, com forte integração com a agroindústria. O Levantamento das Unidades de Produção Agropecuária-LUPA1 apresenta, entre outros recortes territoriais, informações agrupadas segundo os Escritórios de Desenvolvimento Rural-EDRs2. Agrupamentos de EDRs possibilitam avaliação da produção das Regiões Administrativas, levando em conta sua diversidade. No caso da RA de Marília, serão considerados, aqui, os municípios dos EDRs de Assis3, Marília4, Ourinhos5 e Tupã6. São incluídos: o município de Júlio de Mesquita, que se encontra no EDR de Lins, mas pertence à RA de Marília; e o de João Ramalho pertencente ao EDR de Presidente Prudente, mas que se encontra na RA de Marília. Adicionalmente, são excluídos os municípios de Piraju, Sarutaiá, Taguaí e Tejupá, que fazem parte do EDR de Ourinhos, mas pertencem à RA de Sorocaba. Da mesma forma, são excluídos os municípios de Inúbia Paulista, Lucélia, Osvaldo Cruz, Pracinha, Sagres e Salmourão, que fazem parte do EDR de Tupã, mas pertencem à RA de Presidente Prudente. A área total7 ocupada com atividades agropecuárias, na região, segundo o LUPA, permaneceu estável, entre 1995/96 e 2007/08. A área ocupada com cana, contudo, cresceu de 207 mil hectares para 440 mil, ou 113%, no período considerado. Dentre as culturas, também apresentaram incrementos de área: laranja, mandioca e seringueira. Já o plantio de amendoim, milho e soja tiveram decréscimos expressivos, pois dos 31 mil ha de amendoim, de 1995/96, por exemplo, passou-se a 15 mil, em 2007/08. Da mesma forma a área de milho se reduziu, no mesmo período, de 206 mil ha para 149 mil, e a de soja, de 234 mil ha para 152 mil. A cana-de-açúcar é predominante, na RA. Em 2010, seu Valor da Produção Agropecuária-VPA foi de R$ 1,7 bilhão, ou 8,7% do Estado, e a cana contribuiu com 40% do VPA regional8. A cana ocupava, em 2007/08, 25% do total da área da região. Em 1995/96, esse percentual era de 12%. Em termos de EDRs, os aumentos foram, também, expressivos. No de Assis, por exemplo, a cana ocupava 138 mil ha, em 1995/96, e, em 2007/08, passou a 252 mil, representando 40% da área total do EDR. No caso do de Tupã, a cana passou de 17 mil ha, em 1995/96, para 87 mil, em 2007/08, e a cana representou 24% da área total, no último ano-safra. 1 SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. Instituto de Economia Agrícola. Levantamento censitário de unidades de produção agrícola do Estado de São Paulo - LUPA 2007/2008. São Paulo: SAA/CATI/IEA, 2008. Disponível em: <http://www.cati.sp.gov.br/projetoLUPA>. Acesso em: 23 mai. 2011. 2 O Levantamento das Unidades de Produção Agropecuária (LUPA) apresenta dados relativos às explorações agropecuária do Estado de São Paulo. Segundo corte regional, estão disponíveis informações para: o total do Estado; conjuntos de municípios, agrupados segundo os 40 Escritórios de Desenvolvimento Rural (EDR); e os 645 municípios de São Paulo. 3 Compõem o EDR de Assis: Assis, Borá, Campos Novos Paulista, Cândido Mota, Cruzália, Echaporã, Florínea, Ibirarema, Lutécia, Maracaí, Palmital, Paraguaçu Paulista, Pedrinhas Paulista, Platina, Quatá e Tarumã. 4 Compõem o EDR de Marília: Álvaro de Carvalho, Alvinlândia, Fernão, Gália, Garça, Lupércio, Marília, Ocauçu, Oriente, Oscar Bressane, Pompeia, Quintana e Vera Cruz. 5 Compõem o EDR de Ourinhos: Bernardino de Campos, Canitar, Chavantes, Espírito Santo do Turvo, Fartura, Ipauçu, Óleo, Ourinhos, Piraju, Ribeirão do Sul, Salto Grande, Santa Cruz do Rio Pardo, São Pedro do Turvo, Sarutaiá, Taguaí, Tejupá e Timburi. 6 Compõem o EDR de Tupã: Arco Iris, Bastos, Herculândia, Iacri, Inúbia Paulista, Lucélia, Osvaldo Cruz, Parapuã, Pracinha, Queiroz Rinópolis, Sagres, Salmorão e Tupã. 7 SEGUNDO o LUPA, a área total compreende: área com cultura perene; área com cultura temporária; área com pastagem; área com reflorestamento; área de vegetação natural; área em descanso, também conhecida como de pousio; área de vegetação de brejo e várzea; e área complementar compreende as demais terras da UPA, como aquelas ocupadas com benfeitorias (casa, curral, estábulo), represa, lagoa, estrada, carreador, cerca, bem como áreas inaproveitáveis para atividades agropecuárias. 8 TSUNECHIRO, Alfredo et al. Valor da Produção Agropecuária e Florestal do Estado de São Paulo em 2010. São Paulo: Informações Econômicas, volume 41, nº. 5, maio de 2011. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 13 Na região de Assis, segundo estudo do Instituto de Economia Agrícola-IEA9, o maior número de fornecedores de cana encontra-se no estrato que entrega menos de 16 mil toneladas de cana à usina. A maior quantidade da produção entregue representa 43% do total regional e pertence ao estrato acima de 56 mil toneladas. Adicionalmente, as operações de plantio e colheita são realizadas pelo produtor fornecedor, não se utilizando dos serviços fornecidos pelas usinas. O plantio, normalmente, é realizado de forma manual pela maioria dos produtores. Os produtores de menores áreas trabalham em parceria com a usina que realiza o corte de mudas e a adubação no plantio, além da colheita manual. Aqueles que possuem maiores áreas e produção realizam o plantio manual e a colheita por conta própria, de forma manual e/ou mecânica. Para esse sistema de produção e respectiva matriz de coeficientes técnicos da região de Assis, a produtividade média dos produtores é de 90 t/ha10. O estudo Região de Influência das Cidades-Regic 200711 permite conhecer o destino da produção agropecuária de municípios selecionados do Estado12. Segundo o Regic, na RA, a cana destina-se aos diversos municípios que possuem uma ou mais usinas e destilarias. Tarumã, por exemplo, possui duas usinas em operação e recebe cana dos municípios de Cândido Mota, Cruzália, Echaporã, Florínia, Maracaí, Pedrinhas Paulista e Platina13. 9 OLIVEIRA, Marli Dias Mascarenhas; NACHILUK, Kátia; TORQUATO, Sérgio Alves. Sistemas de produção e matrizes de coeficientes técnicos da cultura de cana-de-açúcar no Estado de São Paulo. São Paulo: Informações Econômicas, volume 40, nº. 6, junho de 2010. 10 OLIVEIRA. Op. cit. 11 BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Diretoria de Geociências, Coordenação de Geografia. Região de Influência das Cidades - Regic, 2007. Rio de Janeiro: 2008. 12 DE ACORDO com a metodologia do Regic, foi perguntado, no item “Agropecuária – Distribuição da Produção”, qual o destino da maior parte da produção local. O seu Banco de Dados, contudo, não contem informações para a totalidade dos municípios do Estado de São Paulo, sendo, portanto, aqui utilizado o conjunto de informações existentes. O Regic aponta, ainda, que se identificam, pelo menos, cinco padrões distintos na distribuição da produção: o dos produtos de consumo imediato, para regiões vizinhas; o de produtos para agroindústria, presentes em pontos específicos do Estado; o de produtos destinados a centros atacadistas; o de produtos para abastecimento de cadeias varejistas; e o de produtos destinados à exportação, fluindo para cidades portuárias. 13 BRASIL. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Relação de Fornecedores de Etanol Cadastrados. Disponível em: www.anp.gov.br. Acesso em: 4 out 2011. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 14 Distribuição geográfica da área cultivada de cana-de-açúcar 2007/2008 RA de Marília e Estado de São Paulo Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, CATI/IEA, Projeto LUPA. Elaboração: SPDR/UAM. A área ocupada com mandioca, na RA, apresentou aumento de 167%, entre 1995/96 e 2007/08, passando de 12 mil para 32 mil ha. Em termos de EDRs, os aumentos foram expressivos no de Marília, por exemplo, onde a lavoura ocupava 517,6 ha, em 1995/96, e passou a 4,3 mil ha, em 2007/08. No caso do de Assis, a área cultivada passou de 6,2 mil ha, em 1995/96, para 18,9 mil, em 2007/08. Os municípios de Campos Novos Paulista, Palmital, Echaporã, Ocauçu e São Pedro do Turvo foram responsáveis, em 2007/08, por 53% da área cultivada regional. Estudo do IEA14 aponta que o destaque na produção estadual de mandioca para a indústria continua sendo a região de Assis, que concentra 42% do total do Estado. Encontram-se, na região ou próxima a ela, algumas das principais indústrias processadoras do Estado de São Paulo e do Paraná, o que garante a demanda necessária para o volume de produção regional, que é a terceira maior produtora de féculas do país, atrás apenas da região noroeste e do extremo oeste do Paraná. Além da demanda proveniente das indústrias, a elevada oferta regional também é resultado do crescimento da produtividade, demonstrando que os produtores têm mantido investimentos em melhoria da produção, com o objetivo de aumentar os ganhos com a cultura15. Segundo o Regic, na RA, a mandioca destina-se aos diversos municípios da própria região, com destaque para Garça, Ocauçu e Palmital16. O município de Ocauçu, por exemplo, possui cinco fábricas de farinha e, num raio de 100 quilômetros, há mais 17 dessas empresas, além de fecularia17. 14 SANTINI, Giuliana Aparecida; OLIVEIRA, Sandra Cristina; PIGATTO, Gessuir. Análise da relação das variáveis preço e produção da mandioca tipo indústria no Estado de São Paulo, 1996 a 2008. São Paulo: Informações Econômicas, volume 40, nº. 3, março de 2010. 15 SANTINI. Op. cit. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 15 Distribuição geográfica da área cultivada de mandioca 2007/2008 RA de Marília e Estado de São Paulo Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, CATI/IEA, Projeto LUPA. Elaboração: SPDR/UAM. A região é importante produtora estadual de café ainda que a área ocupada tenha decrescido 18%, entre 1995/96 e 2007/08. A produção se concentra nos EDR de Marília e Ourinhos e os municípios de Álvaro de Carvalho, Gália, Garça, Lupércio, Marília, Ocauçu, Vera Cruz, Fartura e Timburi responderam por 71% do total regional, em 2007/08. No planalto de Garça – Marília, a cultura ocupa, principalmente, as áreas mais altas, com os melhores solos, em uma altitude média de 600 m18, e reúne 13 municípios, posicionando-se, atualmente, como um dos polos dinâmicos da cafeicultura paulista, que se caracteriza pela preponderância de lavouras novas e do emprego mais frequente de irrigação 19. Adicionalmente, há empenho dos cafeicultores em promover salto da produtividade e, consequentemente, da produção obtida. Os talhões em formação já se aproximam das 3 mil plantas/ha com aumento substancial na densidade média, frente às áreas atualmente em produção20. 16 BRASIL. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Relação de Fornecedores de Etanol Cadastrados. Disponível em: www.anp.gov.br. Acesso em: 4 out 2011. 17 OCAUÇU (Município). Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, 2010 – 2013. Prefeitura Municipal de Ocauçu, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, Casa da Agricultura de Ocauçu, Escritório de Desenvolvimento Rural de Marília. Ocauçu: 15 de dezembro de 2010. 18 CAFEICULTURA. Campinas: Revista Casa da Agricultura, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), ano 13, nº. 3, julho/agosto/setembro de 2010. 19 LEVANTAMENTO revela previsão para próxima safra de café no estado de São Paulo. Disponível em: http://www.revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=32324. Acesso em: 25 abr. 2012. 20 TORRES, Antonio José et. al. Segunda Estimativa de Safra Cafeeira Paulista, 2011/12. Análises e Indicadores do Agronegócio, v.6, n.5, maio 2011. Disponível em: www.iea.sp.gov.br. Acesso em: 25 abr. 2012. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 16 A característica marcante da região é a bebida “dura”, o que significa, segundo classificação do padrão do café, bebida obtida com grãos verdes e pequeno grau de fermentação, que é o padrão da maioria dos cafés brasileiros21. Segundo o Regic, o café produzido na RA destina-se, basicamente, a outros municípios da região. Alguns municípios destinam parte de sua produção a Piraju, na RA de Sorocaba, e outros, diretamente para Santos. Distribuição geográfica da área cultivada de café 2007/2008 RA de Marília e Estado de São Paulo Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, CATI/IEA, Projeto LUPA. Na RA, a área ocupada por seringueiras passou de 4,5 mil ha, em 1995/96, para 6,3 mil, em 2007/08. Em termos de EDR, destacam-se os de Marília e Tupã, onde os municípios Garça, Marília, Iacri, Parapuã e Tupã contribuíram, em 2007/08, com 71% do total da região. Em Parapuã, há uma usina de beneficiamento do látex, que produz a “folha fumada brasileira”, utilizada pelas indústrias de pneumáticos, produtos esportivos, calçados, cola e adesivos22. Na década de 1980, os produtores da região de Marília iniciaram o plantio de seringueiras como cultivo alternativo ao café que estava com preços muito baixos. As seringueiras são investimento de longo prazo, por começarem a produzir látex, para extração, só depois de sete anos. Dependendo da 21 CAFEICULTURA. Op. cit. SERINGUEIRAS: Estado de São Paulo desponta como produtor de látex. CATI on line, 6 a 11 de outubro de 2008. Disponível em: http://www.cati.sp.gov.br/new/produtos/publicacoes/cationline/62/col62.htm. Acesso em: 27 abr. 2012. 22 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 17 tecnologia aplicada, contudo, têm uma longa vida útil, e com as novas técnicas de sangria, chegam a produzir por 35 a 40 anos23. Distribuição geográfica da área cultivada de seringueira 2007/2008 RA de Marília e Estado de São Paulo Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, CATI/IEA, Projeto LUPA. Elaboração: SPDR/UAM. Em termos de produção animal, a região tem, na pecuária bovina, importante atividade econômica. Os dados do LUPA indicam que, entre 1995/96 e 2007/08, o plantel de bovinos de corte se reduziu 7%, enquanto, na bovinocultura mista e de leite, houve queda nos plantéis de 18% e 47%, respectivamente. Informações do Regic apontam intensa comercialização de bovinos, entre os municípios da região e de regiões vizinhas. Entre os principais municípios a que se destinam bovinos da RA de Marília, destacam-se: na RA de Bauru, Lins; e na de Presidente Prudente, Martinópolis, Presidente Prudente e Rancharia. Na pecuária de corte, o sistema de exploração predominante é o extensivo. Os pecuaristas do município de Marília, por exemplo, que possui o segundo maior um rebanho do Estado com mais de 95 mil cabeças, têm como tradição explorar a fase de cria, para posterior venda de bezerros para pecuaristas especializados nas fases de recria e engorda. Para a comercialização de animais destinados à fase de cria e recria, os pecuaristas recorrem a leilões ou comercializam animais através de intermediários, na propriedade. Os produtores, que completam o ciclo ou são especializados na fase de engorda, tem, como opção de comercialização, vários frigoríficos, em um raio de 100 quilômetros24. 23 NOVAS tecnologias aumentam vida útil dos seringais. CATI on line, 14 a 19 de janeiro de 2008. Disponível em: http://www.cati.sp.gov.br/Cati/_principal/UltimasNoticias.php?codUltimas=123 . Acesso em: 26 abr. 2012. 24 MARÍLIA (Município). Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, 2010 – 2013. Prefeitura Municipal de Marília, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de Marília, Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Marília, Casa da Agricultura de Marília. Marília: 05 de março de 2010. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 18 Distribuição geográfica da bovinocultura de corte 2007/2008 RA de Presidente Prudente e Estado de São Paulo Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, CATI/IEA, Projeto LUPA. Elaboração: SPDR/UAM. Quanto à avicultura de postura, houve aumento de 25%, em termos regionais. Destacam-se os municípios de Bastos, Herculândia, Iacri, Parapuã, Queiroz e Tupã, no EDR de Tupã, que respondem por 31% do total estadual. A região de Bastos possui o maior plantel de aves de postura e produção de ovos do país e sua economia gira em torno do comércio de ovos, desde a década de 1950. Essa região produtora compreende, além de Bastos, outros 16 municípios que se caracterizam por terem na avicultura de postura importante fonte de renda25. 25 CORREZOLA, Luis de Macedo. Frequência de reações sorológicas para Mycoplasma gallisepticum em aves de postura de granjas comerciais localizadas no Estado de São Paulo. Instituto Biológico, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios. São Paulo, 2010. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 19 Distribuição geográfica da avicultura para ovos 2007/2008 RA de Presidente Prudente e Estado de São Paulo Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, CATI/IEA, Projeto LUPA INDÚSTRIA E SERVIÇOS INVESTIMENTOS INDUSTRIAIS E DE SERVIÇOS NA RA A RA, como outras regiões do oeste paulista, teve na expansão da ferrovia e na produção do café os principais elementos de seu povoamento, tendo os trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana atingido Ourinhos e Salto Grande, ao sul, e os trilhos da Estrada de Ferro Noroeste alcançado Araçatuba, ao norte da região. Na segunda metade dos anos de 1910, foi aberto um caminho rodoviário, transversal aos eixos ferroviários, interligando-os. O município de Marília, na ausência de eixo ferroviário, se apoiou no transporte por caminhões e ônibus e em uma rede rodoviária, que viria lhe dar vantagens no abastecimento das localidades não servidas diretamente pelos trilhos da Sorocabana e da Noroeste26. Nessa época, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro abriu nova estrada rodoviária pelo espigão até o rio Paraná, estimulando a ocupação da área e demarcando os locais onde iria construir novas estações ferroviárias. O marco da futura estação de Marília assentava-se próximo ao entroncamento das duas rodovias que cruzavam a região. Quando os trilhos da Companhia Paulista chegaram a Marília, entre 1928 e 1929, a cidade já polarizava vários municípios, constituindo-se seu principal centro comercial e prestador de serviços27. 26 ZIMMERMANN, Gustavo. A Região Administrativa de Marília., São Paulo no Limiar do Século XXI, Cenários da Urbanização Paulista, Regiões Administrativas, 1992. 27 Idem. Ibidem. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 20 A ocupação econômica deveu-se, também, à elevada fertilidade das terras situadas no topo do espigão e à possibilidade de se destinar as terras baixas aos imigrantes detentores de pequenos capitais, resultando na plantação de cafezais, na criação da pecuária e na diversificação da produção de alimentos. A crise de 29 da economia cafeeira atingiu a região e estimulou a produção de algodão, em função da expansão da indústria têxtil paulista e das exportações do produto. Nessa época, o município de Marília tornou-se o principal produtor de algodão do Estado e o maior centro populacional do Oeste paulista. Os pequenos produtores rurais do Oeste paulista contavam com um contingente importante de imigrantes, que influenciaram na formação e na diversificação produtiva regional. Os imigrantes alteraram a relação com a terra, aumentando a produtividade e a variedade de produtos e exigindo maior geração de excedente para o sustento da família, o que fortaleceu a renda local e o comércio. Por outro lado, a especulação imobiliária e a crise financeira dos grandes produtores rurais do café ajudaram a estabelecer um processo de parcelamento da terra no campo, atraindo novos habitantes à região. Assim, o mercado consumidor local se desenvolveu, auxiliando no processo de diversificação produtiva regional28. Por volta de 1940, o algodão ganhou impulso, na região. Várias agroindústrias se instalaram em Marília, especialmente as voltadas ao beneficiamento do algodão, como as Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo e Anderson Clayton. Os ramos de produtos alimentícios e têxtil lideravam a produção industrial e, em segundo plano, os segmentos de madeira, material de transporte e editorial e gráfica. No entanto, mesmo com a implantação de indústria química, na região, nos anos 50, a estrutura industrial concentrava-se nos ramos tradicionais, o que acabou fragilizando a interação entre a indústria de transformação e a produção agrícola e diminuindo a participação econômica e populacional regional, no contexto estadual29. Nos anos 50, nas sub-regiões de Marília e Tupã, a estrutura produtiva do campo se alterou com a ocupação de terras incultas ou improdutivas por pastagens, o que deu impulso à indústria madeireira. Nos anos 60, as pastagens absorveriam, também, as áreas plantadas com lavouras, de modo que, na década seguinte, o total das pastagens chegou a representar cerca de 10% do total estadual, ocupando 60% das terras regionais30. A partir da década de 1960 e, principalmente na década de 1970, o setor primário se modernizou, utilizando novo arcabouço técnico e mecanização, desde a produção da matéria-prima até seu processamento, o que resultou no aumento da produtividade da agropecuária e no estreitamento dos laços com as indústrias químicas e do ramo metalomecânico, dando início ao perfil agroindustrial ainda vigente. Assim, criou-se a “indústria para a agricultura”, com a produção de implementos agrícolas e insumos, e a “indústria da agricultura”, responsável pelo processamento da matéria-prima agrícola, ampliando a dependência recíproca das atividades agropecuárias e industriais31. Nas décadas de 1960 e 1970, após a crise do algodão, a RA voltou-se, por certo período, à extração do óleo de amendoim. Com a introdução das culturas da soja e do trigo e de pastagens cultivadas e com o aumento das culturas da cana-de-açúcar e do café, nos anos 70, intensificou-se o processo de expulsão 28 ROSALINO, Luis Fernando. Perfil econômico e mudanças na estrutura produtiva das Cidades médias paulistas. Universidade Estadual Paulista - UNESP, Presidente Prudente, 2007. 29 ZIMMERMANN, Gustavo. Op. cit. 30 Idem. Ibidem. 31 ROSALINO, Luis Fernando. Op. cit. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 21 populacional do campo, refletindo a diminuição da produção das pequenas propriedades e o aumento da utilização mais intensiva das terras e da mecanização agrícola32. Com o consequente aumento da urbanização, ganhou vulto, no período, o setor terciário, sobretudo em Marília e nos principais centros urbanos regionais. No setor industrial, ocorreu a instalação e a expansão de unidades de produção de bens intermediários e de capital, além da ampliação de seu tradicional ramo de alimentos33. Nos anos 80, expandiu-se a pecuária e, em função do Proálcool, o cultivo da cana-de-açúcar. A indústria se diversificou e contou com a entrada de capitais nacionais ou internacionais de fora, trazendo inovações para as unidades industriais, embora o capital local ainda mantinha-se forte e importante, na economia regional34. A partir daí, a região passa a ampliar sua agroindústria sucroalcooleira e de fabricação de biocombustíveis. Na década de 1980, foram instaladas novas empresas do setor sucroalcooleiro em Borá, Parapuã, Espírito Santo do Turvo, Ipaussu e Paraguaçu Paulista. Nos anos 2000, as unidades que eram especializadas na produção de cachaça ou de açúcar transformaram-se em unidades sucroalcooleiras, produzindo açúcar e etanol. Hoje, 14 municípios35 possuem unidades sucroalcooleiras36. Segundo a Pesquisa de Investimentos Anunciados no Estado de São Paulo-PIESP, da Fundação Seade, de 2005 a 2011, a RA continuou recebendo anúncios de empreendimentos predominantemente na indústria de alimentos e bebidas, tanto para o consumo final como, principalmente, para o setor agroenergético, este com investimentos que vão da base agrícola à indústria sucroalcooleira e de biocombustíveis. Segundo a PIESP, a indústria foi alvo da maior parte dos investimentos divulgados, nesse período, com empreendimentos anunciados nos ramos de: • alimentos e bebidas, com: a expansão de usina açucareira, em Quatá; a implantação de usina produtora de açúcar e álcool, em Maracaí; a construção de usina sucroalcooleira, em Tupã; a expansão de usina sucroalcooleira, em Tarumã; a ampliação e a modernização da fábrica da CocaCola, incluindo a expansão da produção de garrafas PET retornáveis para a mesma fábrica, em Marília; a implantação e a expansão de usinas sucroalcooleiras, em Rinópolis e Tupã; e a expansão da fábrica de amido de mandioca e milho, em Palmital; • metalurgia básica, para a implantação de usina produtora de energia elétrica, em Ourinhos; • refino de petróleo e álcool, com a construção de usina produtora de biodiesel, em Ourinhos; • equipamentos médicos, ópticos, de automação e precisão, para a ampliação de linha de equipamentos cardiovasculares, em unidade instalada em Pompeia; • produtos farmacêuticos, com a ampliação de empresa produtora de ingredientes naturais (leveduras) destinados à alimentação humana e à nutrição animal, em Quatá; • máquinas e equipamentos, com a expansão de fábrica produtora de colheitadeiras para a lavoura da laranja, em Pompeia; e • produtos químicos, em Palmital. 32 ZIMMERMANN, Gustavo. Op. cit. Idem, ibidem. 34 GOMES, Maria Terezinha Serafim . A desconcentração industrial e o crescimento da indústria no interior do Estado de São Paulo-Brasil. In: 12 Encuentro de Geógrafos de América Latina.Caminhando em uma América Latina em transformação., 2009, Montevidéu. 12 Encuentro de Geógrafos de América Latina.Caminhando em uma América Latina em transformação. Montevideu -Uruguai, 2009. 35 Os quatorze municípios, a maioria localizada na porção sul da região, são: Bernardino de Campos, Borá, Canitar, Espírito Santo do Turvo, Ibirarema, Ipaussu, Maracaí, Ourinhos, Paraguaçu Paulista, Parapuã, Platina, Quatá, Queiroz e Tarumã. 36 TSUKADA, Claudia Yuri Perereira de Sousa. Os efeitos da expansão do setor sucroalcooleiro sobre o desenvolvimento de municípios da Região Administrativa de Marília-SP. UNESP, Presidente Prudente, setembro de 2011. 33 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 22 Nos serviços de utilidade pública, destacaram-se os de: • eletricidade, gás e água quente, para a construção de duas usinas cogeradoras de energia elétrica, em Paraguaçu Paulista e Tarumã; e • captação, tratamento e distribuição de água, para a construção de nova Estação de Tratamento de Água da Sabesp, em Paraguaçu Paulista, e a expansão da rede de abastecimento de água, também pela Sabesp, em Assis. No comércio, os empreendimentos anunciados estiveram relacionados a: • o varejo e à reparação de objetos, com: a implantação de hipermercado e de núcleo comercial, em Assis; a implantação de supermercado e a expansão de shopping center, em Marília; a instalação de unidade varejista da rede Walmart, em Marília; a implantação de supermercado, em Santa Cruz do Rio Pardo; a abertura de novas lojas, em Marília; a construção do supermercado, em Assis; e a implantação de unidade varejista, em Marília; • o atacado, com a instalação de unidade atacadista da rede Walmart, em Marília; e • o comércio e a reparação de veículos automotores e varejo de combustíveis, em Assis, e, em Marília, com a inauguração de concessionária. Nos serviços, destacaram-se os segmentos de: • saúde e serviços sociais, com a ampliação da Santa Casa de Marília e a aquisição de equipamentos hospitalares e novos leitos para crianças com câncer, além da ampliação do Lar São Vicente de Paula, também em Marília; • educação, com ampliação de centro universitário, em Marília; • alojamento e alimentação, em Marília e Assis; • atividades jurídicas, de contabilidade e assessoria empresarial, em Marília e Assis; e • atividades auxiliares da intermediação financeira, em Marília. Na agropecuária e pesca, houve anúncio de expansão de área de cultivo da cana-de-açúcar, em Quatá. Assim, a região recebeu, nos últimos anos, anúncios de novos empreendimentos que mantiveram sua estrutura econômica agroindustrial, com predomínio da fabricação de produtos alimentícios. Neste segmento, os investimentos anunciados no período de 2005 a 2011, para a expansão de usinas sucroalcooleiras, refletiram a alta das cotações do açúcar no mercado internacional. O setor de serviços, nos últimos anos, tendeu a se concentrar no município-polo de Marília, relacionando-se fortemente com a indústria, como acontece com o setor de saúde e os serviços sociais e a fabricação de equipamentos médicos, ópticos, de automação e precisão e de produtos farmacêuticos. EMPREGOS E ESTABELECIMENTOS SEGUNDO A RAIS DE 2008 A região possui forte perfil agropecuário com encadeamento agroindustrial como, por exemplo, a extração de látex para a fabricação de produtos de borracha, a produção da cana-de-açúcar para a fabricação de açúcar e álcool e a produção de carne bovina, ovos, amendoim, leite, milho, soja, entre outros, para a indústria de alimentos. Na RA de Marília, o comércio ocupa a primeira posição em número de estabelecimentos, com 40,6% do total de empresas formais, seguido dos serviços (27,9%) e do setor primário (19,5%). _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 23 Participação dos Setores no Total dos Estabelecimentos Formais RA de Marília − RAIS 2008 Fonte: MTE/RAIS 2008. Elaboração: SPDR/UAM. Em termos de vínculos empregatícios, a liderança fica com os serviços (22,8%) seguido de perto pela indústria de transformação (22,1%) e o comércio (21,1%). Participação dos Setores no Total dos Empregos Formais RA de Marília − RAIS 2008 Fonte: MTE/RAIS 2008. Elaboração: SPDR/UAM. Em termos de emprego formal, a principal participação da região no total de cada setor de atividade econômica estadual é dada pelo setor primário, responsável por 9,6% do total de empregos desse setor do Estado, enquanto todos os demais setores têm participação menos relevante no total estadual. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 24 Participação da RA de Marília no Total de Empregos Formais do Estado − RAIS 2008 Fonte: MTE/RAIS 2008. Elaboração: SPDR/UAM. De acordo com os dados da RAIS 2008, os 51 municípios da RA possuem 23.901 estabelecimentos, que representam 2,8% do total de empresas do Estado, e empregam 208.497 pessoas, correspondendo a 1,8 % do total de empregos formais estadual. A maioria dos municípios da região tem a agropecuária integrada à agroindústria como base de sua economia. Embora, o emprego encontre-se bem distribuído entre os setores de serviços, comércio e indústria de transformação, a participação do setor primário regional é alta (17,2% do total dos empregos da região), correspondendo à terceira maior participação desse setor na estrutura econômica regional entre as regiões paulistas, atrás apenas da RA de Barretos (25,8%) e da RA de Registro (19,6%). Com a base agroindustrial, os serviços exigidos pela economia da região são simples e as atividades mais modernas de apoio às empresas e às pessoas37, embora desenvolvidas nos principais centros regionais, não se destacam no conjunto da região. A indústria de transformação responde por 22,1% do total de vínculos empregatícios e por 7,3% dos estabelecimentos, tendo como principais participações no emprego as fabricações de: produtos alimentícios e bebidas (41,7%); produtos do setor metal-mecânico (21,1%); produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,9%); produtos têxteis e confecções (6,0%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (5,4%); móveis e produtos de madeira (4,7%); e produtos de borracha e de material plástico (4,4%). Assim, a maioria das divisões de destaque na indústria de transformação da RA é agroindustrial. 37 A RA de Marília não se destaca em atividades de tecnologia da informação, prestação de serviços de informação, seguros e resseguros, atividades auxiliares dos serviços financeiros, atividades de sedes de empresas e consultoria em gestão empresarial, serviços de arquitetura e engenharia, P&D científico e publicidade e pesquisas de mercado. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 25 Produtos Alimentícios − Distribuição de Empregos RA de Marília Fonte: MTE/RAIS 2008. Elaboração SPDR/UAM. Fabricação de Bebidas − Distribuição de Empregos RA de Marília Fonte: MTE/RAIS 2008. Elaboração SPDR/UAM. A fabricação de produtos alimentícios é responsável por 8,3% do total de empregos formais. Além da produção de açúcar, o aglomerado produtivo de produtos alimentícios de consumo final de Marília é um dos elementos dinamizadores da economia regional, envolvendo indústrias de biscoitos, doces, balas, chocolates, snaks, confeitos, carne bovina industrializada, café beneficiado, produtos derivados do leite, alimentos congelados, farináceos, cereais, condimentos, temperos, açúcar, entre outros. O setor metal-mecânico regional − sobretudo em seus segmentos de máquinas e equipamentos e produtos de metal − tem relevante participação na região e no conjunto do Estado, destacando-se, como principais fabricantes, os municípios de Marília, Pompeia, Ourinhos, Chavantes, Assis, Tupã, Garça, Santa Cruz do Rio Pardo e Bastos. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 26 O comércio é responsável por 21,1% dos empregos e por 40,6% dos estabelecimentos, enquanto que os serviços respondem por 22,8% dos vínculos empregatícios e por 27,9% dos estabelecimentos, o setor terciário totaliza, portanto, 43,9% dos empregos formais e 68,4% dos estabelecimentos. Nos serviços de utilidade pública, destacam-se os de captação, tratamento e distribuição de água e os de eletricidade e gás, pela presença, no rio Paranapanema, de represas e das seguintes usinas hidrelétricas-UHE: a UHE de Chavantes, localizada no município do mesmo nome; a UHE Canoas I, em Cândido Mota; a UHE Canoas II, em Palmital; e a UHE Salto Grande ou Lucas Nogueira Garcez, em Salto Grande. O quadro a seguir mostra os municípios, por ordem de participação, que mais se sobressaem, em termos de empregos, nas principais atividades industriais e de serviços da região. Principais Atividades da RA de Marília, segundo a RAIS de 2008 ATIVIDADE INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO Produtos Alimentícios Bebidas Produtos de Madeira Biocombustíveis Máqs., aparelhos e materiais elétricos Máquinas e equipamentos Móveis SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA Eletricidade e gás Captação, tratamento e distribuição de água CONSTRUÇÃO CIVIL Obras de infraestrutura COMÉRCIO Com.e reparaç. de veícs. automotores e motocic. Comércio varejista SERVIÇOS Ativ.de cinema,vídeos,programas tv, som e mús. Educação Atenção à saúde humana Serviços de assistência social s/alojamento Serviços domésticos PARTICIPAÇÃO NO TOTAL ESTADUAL PRINCIPAIS MUNICÍPIOS 5,5% 6,6% 2,8% 7,7% 2,5% 2,9% 2,4% Marília,Sta.Cruz R.Pardo,Ourinhos,Tarumã,Ipaussu,Tupã,Paraguaçu Pta. Marília, Cândido Mota, Palmital, Assis Ipaussu, Sta. Cruz do Rio Pardo, Tupã, Gália, Marília, Garça Parapuã, Canitar, Espírito Sto.Turvo, Tarumã, S.Pedro Turvo, Ibirarema Garça, Marília Pompeia, Ourinhos, Marília, Chavantes Ourinhos, Tupã, Marília, Assis 2,5% 3,4% Chavantes, Assis, Ourinhos, Marília, Paraguaçu Pta., Tupã, Palmital Marília, Ourinhos, Garça, Assis, Tupã 1,9% Marília, Assis, Tupã, Ourinhos, Tarumã 2,2% 2,2% Marília, Ourinhos, Assis,, Tupã, Sta.Cruz do Rio Prado Marília, Assis, Ourinhos, Tupã, Sta.Cruz do Rio Pardo, Garça 1,9% 2,0% 2,3% 3,3% 2,3% Marília, Tupã, Júlio Mesquita, Assis, Ourinhos Marília, Assis, Ourinhos, Tupã, Garça Marília, Tupã, Ourinhos, Assis, Garça, Sta.Cruz do Rio Pardo Ourinhos, Garça, Assis, Marília, Tupã, Sta.Cruz do Rio Pardo Assis, Marília, Tupã, Paraguaçu Paulista Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, 2008. Elaboração SPDR/UAM. A estrutura industrial − formada por segmentos tradicionais, que não requerem o desenvolvimento de um setor terciário de vanguarda − explica a predominância de ocupações com baixa exigência de especialização e/ou escolaridade, conforme apontada na publicação FOCO 2010, da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado, tais como: trabalhador da cultura de cana-de-açúcar, trabalhador agropecuário em geral, tratorista agrícola, faxineiro e alimentador de linha de produção. Outras ocupações estão associadas ao nível de ensino fundamental, mas com necessidade de algum tipo de treinamento, normalmente no próprio local de trabalho, como recepcionista, auxiliar de escritório e vendedor no comércio varejista. Já a ocupação de auxiliar de enfermagem é a que exige dos profissionais maior nível de escolaridade e qualificação, inclusive com cursos específicos, para que possam exercer suas atividades38. 38 FUNDAÇÃO SEADE. FOCO 2010. Publicação integrante do Diagnóstico para Ações Regionais da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo – Região Administrativa de Marília, 2010. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 27 A sede e o principal polo regional é Marília, embora divida algumas de suas funções com os subcentros de Ourinhos, Assis e Tupã, já que suas atividades comerciais e de serviços também atraem população de municípios do seu entorno. A área de educação é um exemplo disso, pela presença de um campus da UNESP em cada um desses quatro centros regionais. Na estrutura econômica de Marília, o setor primário (1,9%)39, os serviços de utilidade pública (0,9%) e a indústria extrativa (0,02%) têm pouco peso, em termos de empregos formais, enquanto que os serviços ocupam 33,6% do total dos vínculos empregatícios, o comércio 24,2%, a indústria de transformação 23,4% e a administração pública 9,5%. Em 2008, o setor da construção civil representou 6,5% do total dos empregos formais do município, envolvidos, principalmente, em obras de infraestrutura. Apesar de abrigar atividades econômicas diversificadas, é a atividade industrial e, particularmente o ramo alimentício, que imprime a identidade de Marília40. Na indústria de transformação do município-polo, destacam-se os ramos de produtos alimentícios, responsável pelo título de “Capital Nacional do Alimento” e por 54,7% do total dos empregos. Seguem as atividades de fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (15,1%), bebidas (5,4%), máquinas e equipamentos (4,8%), produtos de borracha e de material plástico (3,6%), confecção de vestuário e acessórios (3,4%), e produtos químicos (2,7%). No terciário, a cidade abriga centros de compra no atacado e no varejo e se destaca nas áreas de educação e saúde. Na área educacional, Marília possui estabelecimentos de ensino de todos os níveis. No terceiro grau, entre outras instituições, destacam-se: a Universidade Estadual Paulista-UNESP, com cursos de graduação nas áreas de Arquivologia, Biblioteconomia, Ciências Sociais, Filosofia, Pedagogia, Relações Internacionais, Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional; a Universidade de MaríliaUnimar; a Faculdade de Medicina de Marília-Famema; e o Centro Universitário Eurípedes de MaríliaUnivem. Na área de atenção à saúde humana, Marília oferece serviços médicos e odontológicos e equipamentos de alta qualidade, abrigando vários hospitais, entre eles o Hospital das Clínicas de Marília e o Hemocentro da Famema, o Hospital da Escola de Medicina da Unimar e a Santa Casa. VALOR ADICIONADO E VALOR ADICIONADO FISCAL O Produto Interno Bruto-PIB regional foi, em 2009, de R$ 14.849,29 milhões, correspondendo a 1,4% do PIB estadual. Os maiores PIBs municipais são os de Marília (R$ 3.433,11 milhões), seguido de Ourinhos (R$ 1.470,18 milhões), Assis (R$ 1.258,17 milhões) e Tupã (R$ 926,17 milhões), que respondem por 47,7% do PIB regional. Dos 51 municípios da região, 30 tiveram, em 2009, um PIB inferior a R$ 100,00 milhões e 13 deles apresentaram um valor inferior a R$ 50,00 milhões, sendo o menor PIB municipal o de Fernão (R$ 15,92 milhões). O PIB per capita da RA, de R$ 15.878,60, está abaixo da média paulista (R$ 26.567,47) e varia de R$ 7.457,96, em Júlio de Mesquita, a R$ 70.011,12, em Queiroz. Somente quatro municípios da região (Queiroz, Borá, Maracaí e Florínia) possuem um PIB per capita superior ao da média estadual. O município-sede de Marília tem um PIB per capita de R$ 15.994,87, ligeiramente superior ao regional. 39 As condições do relevo e do solo de Marília não são propícias para a agricultura. BOMTEMPO, Denise Cristina. Dinâmica territorial, atividade industrial e cidade média: as interações espaciais e os circuitos espaciais da produção das indústrias alimentícias de consumo final instaladas na cidade de Marília – SP. UNESP, Presidente Prudente, 2011. 40 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 28 Refletindo, sobretudo, o aumento da produção da cadeia produtiva da cana-de-açúcar, de 1999 a 2009, a agropecuária e, principalmente, a indústria cresceram em participação no PIB regional, em detrimento do setor de serviços, conforme gráfico a seguir. Fonte: Fundação Seade. Elaboração SPDR/UAM. De acordo com os dados de valor adicionado -VA utilizados para cálculo do PIB, os Serviços geraram um VA de R$ 9.094,5 milhões, em 2009, ou 67,6% do VA regional e 1,4% do estadual, tendo a Administração Pública, com R$ 2.065,05, representado 22,7% desse total. A Indústria contribuiu com um VA de R$ 3.398,5 milhões, ou 25,3% do VA regional e 1,3% do VA industrial do Estado. Contrastando com esses dois setores, a Agropecuária, com um VA de R$ 958,3 milhões ou 7,1% do VA total da região, tem a maior participação no VA total do mesmo setor estadual (6,5%). Os dados de Valor Adicionado Fiscal41 da Fundação Seade são utilizados, aqui, para avaliar a participação regional e estadual dos principais ramos da indústria. De acordo com estes, o VAF da RA, em 2009, foi de R$ 11,53 bilhões. O setor industrial, com R$ 5,41 bilhões, tem a maior participação setorial no VAF total (46,9%), tendo como principais contribuições os segmentos de: Produtos Alimentícios (61,3%), Máquinas e Equipamentos (9,8%), Combustíveis (8,3%), Bebidas (5,8%), Produtos de Metal (3,7%), Produtos Plásticos (2,2%) e Móveis (2,0%). A indústria regional contribui com 1,5% do total do VAF industrial do Estado, onde os segmentos de Produtos Alimentícios (7,0%), Móveis (4,2%) e Bebidas (3,9%) são os que têm maior participação no total estadual. A tabela a seguir mostra os municípios da RA que mais contribuem para o VAF das principais atividades regionais. 41 O Valor Adicionado Fiscal é obtido, para cada município, através da diferença entre o valor das saídas de mercadorias e dos serviços de transporte e de comunicação prestados no seu território e o valor das entradas de mercadorias e dos serviços de transporte e de comunicação adquiridos, em cada ano civil. É calculado pela Secretaria da Fazenda e utilizado como um dos critérios para a definição do Índice de Participação dos Municípios no produto da arrecadação do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 29 Principais Atividades da RA de Marília, segundo o Valor Adicionado Fiscal − VAF de 2009 PARTICIPAÇÃO ATIVIDADE NO TOTAL PRINCIPAIS MUNICÍPIOS ESTADUAL Assis,Chavantes,Ourinhos,Paraguaçu Pta,Parapuã, Rinópolis,Salto Gde,StaCruzRPardo Indústria Extrativa 2,1% Indústria de Transformação 1,5% Marília,Pompeia,Ourinhos,Tarumã,Sta.CruzR.Pardo,Maracaí,ParaguaçuPta.,Queiroz Produtos Alimentícios 7,0% Marília, Maracaí, Ourinhos, Tarumã, Sta.CruzR.Pardo, Queiroz, Quatá, ParaguaçuPta. Bebidas 3,9% Palmital, Assis, Marília,Ourinhos, Cândido Mota, Gália, Garça, Campos Novos Pta. Combustíveis 1,1% Esp.StoTurvo,Ourinhos,StaCruzRPardo,Ibirarema,S.PedroTurvo,Canitar,Platina,Tarumã Máquinas e equipamentos 2,2% Pompeia, Ourinhos, Marília, Chavantes, Assis, Bastos Produtos de metal 1,3% Marília, Assis, Oriente, Tupã, Chavantes Móveis 4,2% Ourinhos, Tupã, Marília Produtos plásticos 1,0% Pompeia, Marília, Ourinhos, Garça 1,5% Marília, Assis, Ourinhos,ParaguaçuPta., Tupã, Sta,CruzR.Pardo, Garça, Cândido Mota Comércio atacadista 1,5% Paraguaçu Pta.,Marília,Assis,Cândido Mota,Ourinhos,Sta.Cruz R.Pardo,Bastos,Maracaí Comércio varejista 1,5% Marília, Ourinhos, Assis, Tupã, Sta.Cruz do R.Pardo, Garça, Paraguaçu Pta. 1,4% Marília,Ourinhos,Assis,Chavantes,Tupã,Cândido Mota,StaCruz R.Pardo,Paraguaçu Pta. Comércio Serviços Fonte: Fundação SEADE. Elaboração SPDR/UAM. Embora com algumas variações, muitos dos municípios que mais empregam, no setor industrial da região, também aparecem como os que mais contribuem para o VAF da indústria, como é o caso de Marília, Ourinhos, Assis, Santa Cruz do Rio Pardo, Paraguaçu Paulista, Tupã, Tarumã, Pompeia, Chavantes, Cândido Mota, Espírito Santo do Turvo, São Pedro do Turvo, Palmital, Canitar, Ibirarema, Gália e Garça. Tais municípios encontram-se espalhados no território regional. O VAF do Setor Terciário regional foi, em 2009, de R$ 5,18 bilhões, ou 44,9% do VAF total da região, tendo o Comércio contribuído com 56,0% e os Serviços com 44,0%, destacando-se os municípios de Marília, Ourinhos, Assis, Paraguaçu Paulista, Tupã, Santa Cruz do Rio Pardo, Cândido Mota e Garça. EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES DA RA Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior-MDIC, a balança comercial da RA, em 2009, teve um déficit de US$ 14,44 milhões, com exportações de mercadorias e serviços no valor de US$ 224,89 milhões FOB e importações de produtos e serviços de US$ 239, 33 milhões FOB. As duas tabelas subsequentes referem-se, respectivamente, aos 40 primeiros produtos das listas dos principais produtos industriais exportados e importados pelos municípios da RA. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 30 Principais Produtos Industriais Exportados em 2009 Produtos* Principais Municípios Exportadores PRODUTOS ALIMENTÍCIOS AÇÚCAR DE CANA,EM BRUTO COMPLEMENTOS ALIMENTARES LEVEDURAS MORTAS, OUTS.MICROORGAN.MONOCELULS.MORTOS SUCOS DE LARANJAS,CONGELADOS,NÃO FERMENTADOS OUTS.AÇÚCARES DE CANA,BETERRABA,SACAROSE QUÍM.PURA,SOL. BOMBONS,CARAMELOS,CONFEITOS E PASTILHAS,SEM CACAU BAGAÇOS E OUTS.RESÍDUOS SÓLIDOS,DA EXTR.DO ÓLEO DE SOJA OUTS.CHOCOLATES E PREPARAÇÕES ALIMENTÍCIAS CONT.CACAU US$ FOB 69.915.145 Borá, Espírito Sto do Turvo, Tarumã, Ibirarema 30.225.152 14.899.599 Quatá Santa Cruz do Rio Pardo Quatá 10.278.928 8.535.260 Tarumã, Maracaí 8.214.161 Marília 7.691.626 Tarumã 6.000.000 Marília, Pompeia BOLACHAS E BISCOITOS ADICION.DE EDULCORANTES Marília 3.652.606 2.446.118 "WAFFLES" E "WAFERS" Marília 2.333.798 AMENDOINS PREPARADOS OU CONSERVADOS OUTS.FRUTAS DE CASCA RIJA,OUTS.SEMENTES,PREPARS/CONSERV Marília 1.958.312 OUTRAS PREPARAÇÕES PARA ALIMENTAÇÃO DE CRIANÇAS PRODUTOS DERIVADOS DE SUÍNOS OUTROS ÓLEOS DE ALGODÃO PRODUTOS METAL-MECÂNICOS OUTS.APARELHOS P/PULVERIZAR FUNGICIDAS/INSETICIDAS,ETC. APARS.MANUAIS P/PROJETAR,ETC.PRODS.P/COMBATE A PRAGAS OUTS.MÁQUINAS E APARELHOS MECÂNICOS C/FUNÇÃO PRÓPRIA PTES.DE OUTS.APARS.MECÂN.P/PROJETAR,ETC.LÍQUID/PÓ,ETC. Marília 1.605.137 Pompeia 1.266.761 Tupã 1.032.839 666.250 Paraguaçu Paulista 53.996.638 Pompeia 25.308.598 Pompeia 12.158.830 Garça, Ourinhos 4.872.956 Pompeia 2.821.240 ANIMAL/VEG. Ourinhos 1.717.501 OUTS.MÁQUINAS P/LIMPAR OU SELECIONAR OVOS OUTS.MÁQS.E APARS.DE ELEVAÇÃO,DE CARGA,DE DESCARGA,ETC. OUTS.MÁQS.E APARS. P/AMASSAR,ESMAGAR,MOER,SEPARAR,ETC. PTES.DE EXTINTORES/APARELHOS P/PULVERIZAR,ETC.MANUAIS Rinópolis 1.711.424 Garça 1.537.752 PTES.DE MONTA-CARGAS/ESCADAS ROLANTES Ipaussu 873.130 Pompeia 809.000 Garça 656.748 ARTS. E EQUIPAMENTOS P/CULTURA FÍSICA,GINÁSTICA,ETC. MÁQS.E APARS.P/DESOBSTRUÇÃO TUBULAÇÃO DE JATO ÁGUA Pompeia 547.840 Pompeia 497.418 OUTS.BOMBAS VOLUMÉTRICAS ROTATIVAS Pompeia 484.201 OUTROS PRODUTOS ÁLCOOL ETÍLICO N/DESNATURADO Tarumã 17.311.275 14.706.093 OUTRAS MADEIRAS SERRADAS/CORTADAS EM FOLHAS Marília 2.010.094 OUTROS LINTERES DE ALGODÃO Paraguaçu Paulista 595.088 Fonte: Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Elaboração SPDR/UAM. * O 2º (outros grãos de soja, exportados por Ourinhos), o 7º (algodão simplesmente debulhado, exportado por Paraguaçu Paulista), o 23º (café não torrado nem descafeinado em grão, exportado por Garça) e o 28º (outros grãos de amendoim descascados não torrados nem cozidos, exportados por Tupã) principais produtos de exportação da RA de Marília foram considerados agrícolas e, por isso, foram substituídos pelos quatro produtos industriais subsequentes. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 31 As exportações da RA mostram a importância da indústria de produtos alimentícios, seguida da indústria de produtos metal-mecânicos, estes desenvolvidos como apoio à agricultura e à indústria regional e, por isso, destinados, em grande parte, a esses mesmos setores. Principais Produtos Industriais Importados em 2009 Produtos* PRODUTOS QUÍMICOS OUTROS CLORETOS DE POTÁSSIO NITRATO DE AMÔNIO,MESMO EM SOLUÇÃO AQUOSA Principais Municípios Importadores US$ FOB 122.439.635 Ourinhos, Canitar, Assis 56.785.520 Ourinhos, Canitar 20.204.808 Canitar, Ourinhos, Assis 17.610.376 DIIDROGENO-ORTOFOSFATO DE AMÔNIO Ourinhos, Canitar 9.801.781 HIDROGENO-ORTOFOSFATO DE DIAMÔNIO Ourinhos, Canitar 6.156.851 SUPERFOSFATO,TEOR DE PENTOXIDO DE FÓSFORO>45% Ourinhos, Canitar 3.539.837 SULFATO DE AMONIO Ourinhos, Canitar 2.476.475 1.924.361 URÉIA COM TEOR DE NITROGÊNIO>45% EM PESO ÁCIDOS NUCLÊICOS E SEUS SAIS ADUBOS OU FERTILIZANTES C/NITRATO E FOSFATO ÁCIDO METACRÍLICO OUTS.REAGENTES DE DIAGNÓSTICO OU DE LABORATÓRIO Quatá Canitar, Ourinhos Palmital Marília PRODUTOS ALIMENTÍCIOS 1.958.954 1.115.508 865.164 78.477.285 ARROZ ("CARGO",CASTANHO),DESCASCADO,NÃO PARBOILIZADO Santa Cruz do Rio Pardo 36.003.345 ARROZ SEMIBRANQUEADO,ETC.N/PARBOILIZADO,POLIDO FILÉ/MERLUZA,OUTS.FILÉS DE PEIXES,TUBARÕESAZUIS,CONGELADOS GORDURAS E ÓLEOS,VEGETAIS,HIDROGENS.INTERESTERIFS.ETC. Santa Cruz do Rio Pardo 28.377.960 Marília 6.853.267 Marília, Pompeia Marília 3.687.675 1.806.298 Ourinhos 1.748.740 OUTROS CORTADORES DE GRAMA Pompeia 10.145.173 2.696.074 AVIÕES A TURBOÉLICE,ETC.MULTIMOTORES OUTS.APARELHOS/DISPOSIT.P/PREPAR.DE BEBIDAS QUENTES,ETC Palmital 1.720.000 Marília 1.286.603 Marília 1.085.665 Garça 1.903.012 AVELÃS FRESCAS OU SECAS,SEM CASCA FARINHA DE TRIGO PRODUTOS METAL-MECÂNICOS E ELÉTRICOS MÁQUINAS E APARS.P/IND.DE PANIFICAÇÃO,PASTELARIA,ETC. MÁQSFERRAM.P/ENROLAR,ARQUEAR,ETC.METAIS,C/CMDO.NUM. MÁQS.E APARS.P/ENCHER/FECHAR LATAS,CAPSULAR VASOS,ETC. Ourinhos 926.176 OUTROS MOTORES HIDRÁULICOS,DE MOVIMENTO RETILÍNEO Pompeia 527.643 PRODUTOS PLÁSTICOS 5.764.994 GARRAFÕES,GARRAFAS,FRASCOS, DE PLÁSTICOS 5.764.994 Marília Fonte: Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Elaboração SPDR/UAM. * O 38º principal produto importado pela RA (trigo e trigo com centeio, importado pelo município de Marília) não foi incluído na tabela, por ser considerado agrícola, tendo sido substituído pelo 41º principal produto industrial importado da lista. As principais importações regionais, por sua vez, referem-se a insumos e ao apoio, principalmente, à agricultura e a agroindústria de produtos alimentícios e bebidas, envolvendo produtos importados dos segmentos de produtos químicos, produtos alimentícios, máquinas e equipamentos e embalagens para bebidas. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 32 ARRANJOS OU AGLOMERADOS PRODUTIVOS Vários municípios da RA destacam-se pelo desenvolvimento de alguns ramos industriais e de serviços, como: Ourinhos, na produção de bebidas e álcool etílico, madeira e mobiliário, produtos metalmecânicos, químicos e de minerais não-metálicos; Assis, na fabricação de bebidas e produtos metalmecânicos; Tupã − estância turística, que possui o Museu Índia Vanuíre, com grande acervo indígena, e as Termas de Tupã −, na agroindústria processadora de carne, leite, amendoim, soja etc., e na fabricação de produtos minerais não-metálicos, metalúrgicos e de madeira e mobiliário; Cândido Mota, na fabricação de bebidas alcoólicas e no processamento da mandioca; Palmital, pelos alambiques e o processamento de subprodutos da mandioca; Paraguaçu Paulista − estância turística que tem como atrativos o Parque Aquático Benedicto Benício, o jardim japonês e as Termas de Paraguaçu −, também pelos alambiques e o beneficiamento de cereais; Gália, na fabricação de bebidas, produtos de madeira e fios de seda, beneficiando-se da sericultura local; e Pompeia, na fabricação de máquinas e equipamentos agrícolas. Assim como Tupã e Paraguaçu Paulista, Campos Novos Paulista, com rios, lama medicinal e fonte de água mineral, é outra estância turística42. No entanto, alguns municípios possuem arranjos ou aglomerados produtivos mais desenvolvidos, recebendo apoio de instituições públicas e/ou privadas. Na RA, a Secretaria do Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia do Estado implementa ações voltadas ao fortalecimento dos aglomerados produtivos de produtos alimentícios de consumo final de Marília e de eletroeletrônicos de segurança de Garça e do Arranjo Produtivo Local-APL de couros e calçados de Santa Cruz do Rio Pardo. • Aglomerado Produtivo de Produtos Alimentícios de Consumo Final de Marília43 Embora Marília se destaque nos ramos de metalurgia, artigos de vestuário, plásticos e bebidas, o aglomerado produtivo mais característico do município é o do ramo alimentício, voltado à fabricação de produtos alimentícios de consumo final. Nesse segmento, existem, na cidade, 57 estabelecimentos industriais produtivos instalados, sendo 28 microempresas, 17 pequenas empresas, sete médias empresas e cinco grandes empresas, envolvendo 5.605 empregos diretos, em 2008. A atividade industrial do ramo alimentício de consumo final está, em números absolutos, concentrada na metrópole paulistana, mas tem especial destaque, segundo os coeficientes de localização, concentração e especialização, no município de Marília, tanto em termos de estabelecimentos como de empregos ou valor adicionado fiscal. Depois dos municípios de São Paulo e Campinas, Marília concentra o maior número de estabelecimentos industriais de alimentos, ficando à frente de Campinas com relação aos empregos ocupados diretos. O movimento migratório campo-cidade, característico de meados do século XX, imprimiu necessidades de consumo de produtos industrializados à população. Marília, por estar distante da metrópole paulistana, além de concentrar atividades articuladas à agricultura e ao comércio, desenvolveu atividades industriais para abastecer o mercado local e regional com produtos que não chegavam ao interior paulista. Assim, a ausência de concorrentes, o desenvolvimento urbano e 42 FUNDAÇÃO SEADE. FOCO 2010. Publicação integrante do Diagnóstico para Ações Regionais da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo, 2010. 43 Esta seção foi elaborada com base na seguinte tese de doutorado: BOMTEMPO, Denise Cristina. Dinâmica Territorial, Atividade Industrial e Cidade Média: as interações espaciais e os circuitos espaciais da produção das indústrias alimentícias de consumo final instaladas na cidade de Marília – SP. UNESP, Presidente Prudente, 2011. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 33 a existência de um amplo mercado e a proximidade da matéria-prima permitiram que as empresas industriais alimentícias de consumo final se desenvolvessem, no município. A indústria de alimentos de Marília teve sua origem na década de 1940. As primeiras empresas industriais surgiram a partir dos investimentos de empresários locais, que haviam acumulado excedente na agricultura. A origem da atividade industrial da cidade está atrelada a: formação das atividades econômicas locais; investimentos dos imigrantes italianos e japoneses que se estabeleceram na cidade e se tornaram agentes da atividade industrial; situação geográfica do município, em especial devido à distância da metrópole paulistana; e disseminação do conhecimento adquirido pelos trabalhadores da indústria alimentícia, já que os funcionários que tinham experiência em indústrias maiores e saíam delas, acabavam montando seu próprio negócio, muitas vezes no ramo de alimentos. No início, a fabricação era de apenas um produto, por exemplo, amendoim japonês, pé-de-moleque, goma, balas, pirulitos, aumentando, paulatinamente, a diversidade produtiva. Com o cultivo existente de café, algodão, mamona, cana-de-açúcar e, a partir de 1950, do amendoim, junto com as empresas de capital local, foram instaladas agroindústrias beneficiadoras, de capital nacional e internacional, como a Anderson Clayton, a Sanbra, a J.P. Duarte, a Novaes, a Matarazzo, entre outras, que, em sua maioria, produziam óleos de mamona, algodão etc. Nas décadas de 1950 e 1960, a produção do algodão foi substituída pela cultura do amendoim, iniciando-se a produção de óleo de amendoim e seus subprodutos. Em fins da década de 1960, o amendoim entrou em declínio e o óleo de amendoim, aos poucos, foi substituído pelo de soja. A partir daí, a indústria alimentícia de Marília mudou de perfil, destacando a produção de bens não duráveis de consumo final. Ao longo dos anos, os empresários reinvestiram o capital acumulado na expansão da capacidade produtiva da indústria, por meio da compra de máquinas, equipamentos e da ampliação do espaço físico da fábrica. Se, primeiramente, os produtos alimentícios de Marília foram destinados a atender às necessidades da população local e regional, num segundo momento, devido a esses investimentos, a escala de distribuição se ampliou, chegando às regiões do Centro-Oeste, do Norte e do Nordeste do Brasil. A emergência e a importância do ramo alimentício de consumo final, ocorrida na década de 1970, resultaram da ação desenvolvida por agentes locais nas décadas anteriores, envolvendo a criação e a ampliação de empresas e a inovação tecnológica através da aquisição de novos equipamentos, que ampliaram e diversificaram a produção. Durante os anos 60, contribuíram para o crescimento da produção de alimentos na cidade: a fundação, em 1957, da Marilan, que começa produzindo balas, macarrão e biscoito; a produção de macarrão da indústria Novaes, criada em 1963; a compra, pela Ailiram, de um forno italiano para iniciar a fabricação de biscoitos e de equipamento automático para a fabricação de balas, permitindo o lançamento das balas Sete Belo e Campeão, que passaram a puxar as vendas dos demais produtos da fábrica; e o surgimento de várias pequenas indústrias de doces e outros tipos de alimentos, como a Dori, Adriam, a Guidi e Cia etc. Até a década de 1980, as indústrias alimentícias de consumo final instaladas na cidade, fossem elas pequenas, médias ou grandes empresas, eram, majoritariamente, de capital local. Nessa década, as empresas locais ampliaram o território de atuação e, sobretudo as grandes, passaram a competir no mercado com indústrias instaladas na metrópole paulistana. Nesse período, empresas de capital _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 34 nacional e transnacional foram atraídas a Marília, seja para instalar uma unidade produtiva do grupo ou para adquirir empresas locais, devido à proximidade da matéria-prima, em especial o amendoim cultivado na região, à existência de mão de obra e serviços qualificados, aos incentivos do poder público, com doação de terrenos e diminuição de impostos, e à boa localização do município no território paulista, permitindo a articulação com os Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. A chegada de empresas tecnologicamente avançadas a Marília intensificou a concorrência com as empresas locais que, para continuar no mercado, tiveram que se reestruturar e intensificar os investimentos. Grande parte das empresas industriais do ramo alimentício instaladas na cidade passou por processos de reestruturação. Marília se beneficia da atuação de uma rede organizada de agentes que dão suporte à indústria alimentícia, formada por associações, cooperativas, sindicatos e setor público, que concorrem para o aprimoramento empresarial e da mão de obra e contribuem para a consolidação das empresas industriais do ramo alimentício de consumo final, como a Associação Comercial e Industrial de Marília – ACIM44, a Associação das Indústrias Alimentícias de Marília-ADIMA45, a Cooperativa Agrícola Mista da Alta Paulista-CAMAP - Unidade de Tupã46, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Alimentícias-STIAM47, a Secretaria da Indústria e Comércio de Marília-SICM48, o Banco do Povo Paulista - Unidade de Marília49, o Centro Incubador de Empresa de Marília Miguel Silva50, o Centro Integração Empresa – Escola-CIEE de Marília51, o Ministério do Trabalho e EmpregoGerência Regional do Trabalho de Marília52, o Posto de Atendimento ao Trabalhador-PAT53, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas-SEBRAE de Marília54, entre outros. O município-polo possui uma rede estruturada de empresas e equipamentos prestadores de serviços e instituições de ensino públicas e privadas diretamente articuladas com o ramo industrial alimentício, incluindo: universidades, faculdades de tecnologias e escolas técnicas; transportadoras; laboratórios de análise; empresas de desenvolvimento de embalagens; empresas importadoras e 44 A Associação Comercial e Industrial de Marília – ACIM presta serviços a empresários, em geral sob a forma de treinamentos, seminários, cursos, consultoria e promoções, e dispõe de Cooperativa de Crédito, que oferece serviços bancários com menores custos. 45 A Associação das Indústrias Alimentícias de Marília – ADIMA, criada com o apoio do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo/Unidade Marília (CIESP), proporciona estrutura física e espaço de discussão e articulação entre os empresários, fornecedores e profissionais do ramo industrial de alimentos. Trabalha em parceria com instituições como SENAI, SEBRAE, CIESP, FIESP, SECEX, universidades públicas e privadas, além dos poderes públicos municipal e estadual, com foco especial voltado à pequena e média empresa. 46 A Cooperativa Agrícola Mista da Alta Paulista (CAMAP) Unidade de Tupã presta serviços aos agricultores da região (armazenamento de grãos, industrialização e comercialização de gêneros agrícolas etc.). Sua atuação em todas as fases do cultivo à pós-colheita do amendoim - seguindo normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA - contribui para que o produto não tenha aflotoxina, sendo utilizado com segurança pelas grandes indústrias alimentícias de Marília ou exportado. 47 O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Alimentícias – STIAM representa trabalhadores da indústria de alimentos de 32 cidades da RA de Marília, atuando para que programas de qualificação de mão de obra sejam implantados. 48 A Secretaria da Indústria e Comércio de Marília – SICM elabora políticas públicas de desenvolvimento industrial para o município, relacionadas à formação de mão de obra, a realização de obras de infraestrutura, a articulação das autarquias e entidades representativas do setor e a disponibilização de lotes nos distritos industriais para empresas que desejem se instalar, no município. 49 O Banco do Povo Paulista – Unidade de Marília é um programa de microcrédito da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho desenvolvido em parceria com as prefeituras. 50 O Centro Incubador de Empresa de Marília “Miguel Silva”, mantido financeiramente pelo SEBRAE, fornece estrutura física para a incubação de micro e pequenas empresas, nos dois primeiros anos de vida. 51 O Centro Integração Empresa – Escola - CIEE/Marília recruta estagiários para trabalhar nas empresas e, juntamente com o Centro Paula Souza (FATEC) e a Escola SENAI, oferece cursos técnicos. 52 O Ministério do Trabalho e Emprego mantém uma Gerência Regional do Trabalho, em Marília, composta por 59 municípios e com agências em Assis, Bastos, Paraguaçu Paulista, Tupã, Ourinhos e Santa Cruz do Rio Pardo, desenvolvendo atividades de auditoria, orientação, fiscalização, notificação e interdição de máquinas ou locais de trabalho. 53 O Posto de Atendimento ao Trabalhador – PAT, unidade de Marília, mantido pelos governos estadual e federal, atende trabalhadores e reivindicações do poder público local em conjunto com empresários do comércio e da indústria. 54 O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE/Marília desenvolve projetos e parcerias com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC/Marília, a ACIM, entre outras, com o objetivo de apoiar os empresários do setor, em especial os que almejam abrir ou reestruturar pequenas e microempresas. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 35 exportadoras; supermercados responsáveis pela distribuição direta ao consumidor; serviços de alimentação, limpeza e vigilância; consultoria financeira e jurídica etc. No município, existem dois grandes grupos de empresas alimentícias: a) as originárias do capital local, sejam micro e pequenas empresas que atuam em escala local e regional ou médias e grandes empresas que, nas décadas de 1970 e 1980, saíram de uma escala de distribuição local e regional, para atuar em escalas mais amplas (nacional e global); e b) as originárias de capital externo (nacional e transnacional), que se instalaram na cidade, no final da década de 1980. Hoje, a cidade abriga grandes empresas de capital local, como a Dori Alimentos Ltda. e a Marilan S/A, e de capital externo de outro país, como a Nestlé S/A Unidade de Marília, médias empresas de capital externo nacional como a Yoki Alimentos S.A., com duas unidades na cidade, e de capital local, como a Carino Ingredientes, a Maritucs e a Bel S/A. Marília concentra grande parte da produção de biscoitos do território brasileiro. Nesse segmento, além da Marilan S/A, originada na cidade, destaca-se, também, unidade produtiva da Nestlé S/A, ambas com vendas no território brasileiro e no exterior. Marília é o município que mais produz biscoitos (em quantidade), doces e confeitos de amendoim, no território brasileiro. As empresas de chocolates, derivados de cacau, balas e aperitivos salgados sólidos também têm presença de grupos nacionais, como a Yoki S/A (São Bernardo do Campo - SP)55, a Fritex S/A (São Paulo - SP) e a Dori Ltda. (Marília – SP), e multinacionais, como a Pepsico Co. (Estados Unidos) e a Iracema Ltda. (Estados Unidos e Inglaterra). A Pepsico Co. e a Yoki S/A estão presentes em todo o território brasileiro. A Fritex S/A concentra suas vendas em Minas Gerais, Espírito Santo, interior do Rio de Janeiro, Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e a Dori Ltda. vende para o interior de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Por fim, a Iracema Ltda. concentra suas vendas em Minas Gerais, Espírito Santo e interior do Rio de Janeiro. As duas grandes empresas industriais de capital local estão instaladas perto de eixos rodoviários: a Marilan S/A, produtora de biscoitos, encontra-se instalada às margens da Rodovia Estadual SP-333; e a Dori Ltda., produtora de confeitos de amendoim, gomas, balas, pirulitos e chocolates granulado, localiza-se próximo à Rodovia Estadual SP-294. A empresa multinacional Nestlé S/A, por sua vez, comprou a fábrica de biscoitos da Beatrice Food Corporation S.A., antiga Airilam Ltda., em 1981, localizada no anel central da cidade. As empresas de médio porte encontram-se instaladas nos distritos industriais e as empresas de pequeno porte encontram-se dispersas no espaço intraurbano do município. Entre os motivos elencados pelas empresas industriais alimentícias para continuarem investindo no município encontram-se: a boa localização no Estado, associada à boa qualidade de vida e infraestrutura de educação, saúde e consumo; a disponibilidade de mão de obra qualificada e a boa infraestrutura de transportes; a valorização do que é produzido ali, por se tratar da “Capital Nacional do Alimento”; a concentração de várias empresas da mesma área produtiva, criando sinergia industrial; e a economia diversificada do município, que permite que a renda seja internalizada na cidade. 55 Em 2012, a Yoki, foi adquirida por grupo estrangeiro. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 36 As micro e pequenas empresas alimentícias de Marília adquirem matérias-primas, insumos e máquinas e equipamentos, sobretudo, de municípios próximos ou de municípios paulistas. As médias empresas industriais possuem um circuito espacial produtivo mais complexo, adquirindo matérias-primas, insumos, serviços de múltiplas escalas e comercializando seus produtos tanto em pequenos estabelecimentos comerciais como em redes de hipermercados e supermercados atuantes no território brasileiro ou em outros países. Para tanto, as médias empresas tiveram que se reestruturar, organizando a gestão da empresa, adquirindo novas máquinas para o processo produtivo, fazendo investimentos em novas embalagens, lançando novas linhas de produtos e adotando normas de fabricação e controle de qualidade segundo padrões internacionais. Já o circuito espacial produtivo das grandes empresas envolve não apenas o território regional e nacional, como, também, o internacional. A Nestlé, unidade produtiva de Marília, por meio do centro de distribuição de Cordeirópolis, distribui em escala planetária para países do continente americano (Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai, Bolívia, Colômbia, países da América Central e México) e para Portugal, Sri Lanka e Hong Kong, e recebe matérias-primas para fabricação de biscoitos da França e da Suíça. Sua unidade de Marília deixou de produzir balas e doces e se especializou na produção de biscoitos. A organização da produção e do trabalho segue os preceitos da produção flexível e do modelo just-in-time, envolvendo e dinamizando todos os setores da economia mariliense, desde a agricultura, até os serviços articulados à produção industrial. Várias empresas industriais são subcontratadas da Nestlé, como é o caso da Carino Ingredientes, uma empresa de capital local de médio porte, que fornece matérias-primas processadas (castanhas, crocantes, recheios, caldas, geleias, pastas, mix e farinhas). Além do fornecimento de ingredientes processados, a Carino desenvolve e fabrica produtos de consumo final com rótulos das empresas compradoras atuantes no território brasileiro − como Kraft Foods, McDonalds, Unilever, Arcor, Bauducco, Hershey’s e Lacta – ou no exterior (Alemanha, Argentina, Chile, Peru, Venezuela e Marrocos), adequando sua produção às necessidades de cada cliente. A Marilan Alimentos S/A cresceu em Marília e tem hoje capacidade produtiva para fabricar 305 toneladas de biscoitos por dia. Fabrica, atualmente, 92 itens, sendo que, em média, 48 cumprem normas de exportação. Todos os produtos são fabricados em Marília e enviados para as filiais, que controlam a distribuição na respectiva região e mantêm relação direta com o escritório central de Marília. Por seu intermédio, Marília não é apenas um “ponto”, como acontece no caso da Nestlé, mas é o local onde as normatizações relacionadas ao processo produtivo são elaboradas e difundidas para os agentes articulados à atividade industrial, ocorrendo o controle de todos os processos relacionados ao circuito espacial da produção e da distribuição de biscoitos, além da gestão e da regulação da empresa. A distribuição dos biscoitos ocorre em todos os estados brasileiros e a empresa exporta para mais de 50 países de todos os continentes. A Dori Alimentos Ltda., empresa do ramo alimentício originada em 1995 de capital local, passou, a partir de 1988, por mudanças tecnológicas substanciais e pela definição de sua especialização produtiva: confeitos de amendoim e chocolate, balas, gomas, pirulitos e granulados. A empresa possui 117 produtos e é a quarta empresa que mais vende aperitivos salgados sólidos, no Brasil. As vendas para o mercado externo correspondem a 25% de toda sua produção e destinam-se, sobretudo, a países dos continentes americano, africano e asiático. A empresa possui representantes de distribuição em vários países da África, Europa, continente americano, Oceania, _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 37 Ásia e Oriente Médio. O principal comprador dos produtos da Dori, no exterior, é a rede americana Walmart. Para produzir de acordo com as determinações do cliente, a Dori investe constantemente em tecnologia, no processo produtivo e no desenvolvimento de novos produtos. Assim como acontece com a Marilan, a Dori, através de sua matriz localizada no município, articula inúmeros lugares envolvidos no circuito espacial produtivo da empresa, elaborando e controlando as normatizações, por meio de rede informacional. As médias e grandes empresas alimentícias de consumo final dinamizam a economia regional de várias formas, seja através de contratação de serviços de apoio a suas atividades, como de subcontratação de outras empresas industriais, compra de insumos agrícolas e industriais, aquisição de máquinas e equipamentos para o processo produtivo, emprego para trabalhadores de cidades menores do entorno de Marília etc. Em Marília, as grandes empresas da indústria de capital local do ramo alimentício de consumo final desenvolvem atividades de gestão, pesquisa e desenvolvimento, elaboram normas junto às instituições articuladas diretamente ao ramo alimentício e ao poder público e tomam decisões relevantes para todo o circuito espacial da produção, da distribuição e do consumo de seus produtos. Apesar de Marília ser uma cidade média, distante 443 quilômetros da metrópole paulista, o uso de redes técnicas materiais e imateriais, a partir da década de 1980, permitiu a algumas de suas empresas alimentícias a centralização, no município, do capital gerado na indústria e do comando do processo produtivo e distributivo, articulando lugares e agentes envolvidos nas diversas etapas do circuito da produção, da distribuição e do consumo. • Polo de Calçados de Santa Cruz do Rio Pardo A primeira fábrica de calçados de Santa Cruz do Rio Pardo foi fundada em meados da década de 1940. O polo calçadista se desenvolveria na década de 1950, primeiro, com a fabricação de botas e sapatos estilo country e casual e avançando, posteriormente, na produção de linha feminina para o dia-a-dia56. Segundo informações da Prefeitura Municipal, o município possui 32 indústrias de calçados, com produção diária de 25 mil pares de sapatos ou cerca de cinco milhões de pares/ano, constituindose o quarto polo calçadista do Estado de São Paulo. Destaca-se, hoje, na fabricação de calçados femininos e masculinos e emprega, diretamente, cerca de dois mil profissionais e, indiretamente, cerca de mil trabalhadores57. De acordo com a Abicalçados, o setor calçadista do município exporta seus produtos para países do Mercosul, Espanha, Portugal e Chile. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais-RAIS, o polo de couros e calçados de Santa Cruz do Rio Pardo tem forte predomínio do grupo de calçados, onde havia registro, em 2008, de 470 vínculos empregatícios. O único outro grupo de atividades do setor de couros e calçados era o de produtos de viagem e artefatos de couro, onde havia o emprego formal de apenas 20 trabalhadores. 56 SINDICATO DAS INDÚSTRIAS DE CALÇADOS, ARTEFATOS DE COURO E VESTUÁRIO DE SANTA CRUZ DO RIO PARDO. Agosto/2005. Em: http://www.abicalcados.com.br/polos-produtores.html&est=3. Entrada em 09 de janeiro de 2013. 57 PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTA CRUZ DO RIO PARDO. Em: http://www.santacruzdoriopardo.sp.gov.br/perfil.htm. Entrada em 09 de janeiro de 2013. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 38 Hoje, o polo conta com mão de obra qualificada e oferece produtos de alta qualidade e design arrojado. Desde agosto de 2004, conta com o Centro de Treinamento SENAI Geraldo Vieira Martins, uma unidade de 1.603 m2 focada na profissionalização do setor calçadista, implantada no município através de parceria entre Prefeitura Municipal, Federação das Indústrias do estado de São Paulo-Fiesp/Centro das Indústrias do Estado de São Paulo-CIESP e Sindicato das Indústrias de Calçados, Artefatos em Couro e Vestuário de Santa Cruz do Rio Pardo. Além de oferecer cursos de aprendizagem industrial nas áreas de calçado e vestuário, desde sua fundação, o SENAI participa ativamente na elaboração de cadernos contendo as tendências da moda do setor, colaborando, desse modo, no lançamento das novas coleções. O SENAI de Santa Cruz do Rio Pardo possui certificado na norma ISO 9001 e recebeu várias premiações em concursos, como o Francal Top de Estilismo 2005 e 2006 e o INOVA SENAI 2005, 2006 e 200758. Outra parceria importante para o desenvolvimento do polo calçadista é realizada com o SEBRAE que, junto com o SENAI, desenvolve programas de melhoria das indústrias. O Sindicato das Indústrias de Calçados, Artefatos de Couro e Vestuário de Santa Cruz do Rio Pardo e as empresas do polo calçadista do município vêm participando e expondo modelos de calçados em feiras, como: a Couromoda − a segunda feira de calçados e acessórios mais influente do mundo −, realizada no Parque de Exposições do Anhembi, em São Paulo, da qual participam compradores de todos os continentes; a feira realizada no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo, onde a indústria santacruzense Dedmar Calçados firmou vários contratos em âmbito nacional; e a FIMEC-Feira Internacional de Couros, Produtos Químicos, Componentes, Máquinas e Equipamentos para Calçados e Curtumes, realizada em Novo Hamburgo – RS, que teve a participação das indústrias santacruzenses Mauber, Dedmar, Botinas Peão e Erminio Paulim59. • Eletroeletrônicos de Segurança de Garça O parque industrial de Garça tem no setor de eletroeletrônicos seu principal destaque. Por seu intermédio, o município tornou-se referência nacional na fabricação de produtos eletroeletrônicos e ficou conhecido como a “Capital da Eletroeletrônica”. O setor engloba aproximadamente 70 empresas, especialmente dos segmentos de iluminação, automatização e segurança, que empregam cerca de dez mil trabalhadores. A maioria dessas empresas é de micro, pequeno ou médio portes, requerendo apoio tecnológico para seu desenvolvimento. O município, durante dezenas de anos, teve sua economia baseada, sobretudo, no agronegócio do café. No entanto, essa atividade econômica perdeu força nos anos 70, com a ocorrência de uma forte geada. Em 1983, foi criada no município, no fundo de uma oficina mecânica, a Portal, uma empresa voltada à automatização de portões que, posteriormente, mudou de nome para PPAPortas e Portões Automáticos e − com o crescimento do número de produtos e marcas do grupo − trabalha com a denominação Motoppar/Eletroppar e exporta seus produtos para 25 países. Esta primeira iniciativa, ainda na década de 1980, deu origem à abertura de outros estabelecimentos industriais fabricantes de produtos eletroeletrônicos, como portões eletrônicos, motores elétricos, segurança eletrônica, iluminação, reatores, no-breaks etc. 58 POLO CALÇADISTA-SP, SANTA CRUZ DO RIO PARDO. Em http://www.polocalcadista.com.br/index.htm. Entrada em 09 de janeiro de 2013. 59 Idem, ibidem. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 39 Com a implantação dessas indústrias, a cidade encontrou no setor eletroeletrônico uma alternativa econômica. Hoje, seu parque industrial possui várias empresas que atuam em segmentos correlatos, permitindo a geração de um número expressivo de empregos e o aumento da receita municipal. Segundo dados da RAIS de 2008, o município se destaca, entre outras, em atividades do setor metalomecânico, de fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos e, sobretudo, de fabricação de máquinas, aparelhos e material elétrico. Esta última divisão industrial, sozinha, respondia, em 2008, por 23% do total dos empregos formais do município. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio de Garça, entre as empresas atuantes no segmento eletroeletrônico do município, quatro são de grande porte (PPAPortas e Portões Automáticos, RCG-Tecnologia Eletromecânica, Garen Automação S/A e ECP-Eletromatic Controle e Proteção), cerca de 30% das demais empresas exercem atividades como “terceiras” para as quatro maiores, em áreas como ferramentaria, injeção plástica, usinagem etc., e a maioria atua como fornecedora de materiais diversos60. Boa parte da matéria-prima utilizada pela indústria eletrônica local é importada. Em setembro de 1996, foi inaugurado o Núcleo de Desenvolvimento Empresarial "Alfeu Rosário" / Incubadora de Empresas de Garça, graças aos esforços da FIESP/CIESP e da Prefeitura Municipal. A incubadora está voltada, prioritariamente, para empreendimentos da cadeia produtiva da eletroeletrônica, embora também atenda a empreendimentos industriais e de serviços diversos. Em setembro de 2007, a FIESP/CIESP retirou-se do projeto e, em novembro do mesmo ano, assumiu em seu lugar o Sebrae, em parceria com a Associação Comercial e Industrial de GarçaACIG e a Prefeitura Municipal. Desde outubro de 2008, a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica-ABINEE vem apoiando o processo de desenvolvimento do polo eletroeletrônico, tendo realizado esforços para a instalação de unidade do SENAI, no município; a elaboração, por comissão de estudos no âmbito do Comitê Brasileiro de Eletricidade, Eletrônica e Iluminação-COBEI/ABNT, de normas técnicas para os sistemas de alarmes, um dos destaques da indústria local; e a discussão com empresas locais sobre a questão do lixo eletrônico61. A Prefeitura Municipal, por intermédio de sua Secretaria de Indústria e Comércio, desde o início de 2009, está empenhada em organizar, desenvolver e expandir o polo eletroeletrônico do município, envolvendo todos os elos da cadeia produtiva62. Devido à ausência de organização dos agentes, empresários e entidades envolvidos no polo eletroeletrônico, em março de 2009, a Prefeitura Municipal/Secretaria de Indústria e Comércio promoveu evento visando atrair novos investimentos para o setor, aumentar a competitividade do segmento e desenvolver o arranjo produtivo local. O evento foi organizado pelo Sebrae de Marília e pela ABINEE, tendo a participação da Associação Comercial e Industrial de Garça, da FATEC, do CIESP-Marília e do BNDES. Na ocasião, foi anunciada a construção de novo distrito industrial na cidade, para abrigar novos empreendimentos63. 60 PORTAL VIGOR ECONÔMICO. Garça se firma como polo brasileiro da eletro-eletrônica Edição nº 1, outubro de 2007. Em: http://www.vigoreconomico.com.br/VIGORnews/newsDetail.asp?id=67. Entrada em 17 de janeiro de 2013. 61 ABINEE – Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica . Revista Abinee, Ano XI – Nº 51, maio de 2009. 62 PREFEITURA MUNICIPAL DE GARÇA. Prefeitura dá suporte à organização do setor eletroeletrônico de Garça. 11 de março de 2009. Em: http://www.prefgarca.sp.gov.br/html/modules/news/makepdf.php?storyid=1094. Entrada em 17 de janeiro de 2013. 63 Idem, ibidem. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 40 Segundo o projeto proposto nesse evento, o empresário interessado em participar do APL preenche uma ficha de adesão ao grupo e participa de um diagnóstico que verifica a necessidade tecnológica de sua empresa, a gestão empresarial e a participação em ações de mercado, como feiras e missões do setor eletroeletrônico. Num segundo momento, envolve-se no trabalho de organização estrutural da empresa e do APL de Eletroeletrônica, com o Comitê Gestor, integrado pela Prefeitura Municipal, a Fatec, a Etec Monsenhor Antonio Magliano, a ABINEE, o Sebrae, a ACIG, a Incubadora de Empresas, o CIESP, a Patrulha Juvenil Garcense e todas empresas envolvidas na cadeia produtiva. No município, funciona a unidade da Fatec do Centro Paula Souza, responsável pela qualificação de profissionais do polo eletroeletrônico e o apoio tecnológico a empresas do setor, com cerca de 700 alunos matriculados nos cursos de Mecatrônica Industrial, Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Gestão Empresarial64. A Fatec disponibiliza laboratórios de produção e mecatrônica industrial e de ensaios de materiais de qualidade da energia elétrica para as empresas do APL, já que boa parte destas não dispõe de recursos financeiros, físicos e humanos para manter equipamentos e laboratórios ou desenvolver novas tecnologias. Nos laboratórios da Fatec, são desenvolvidos ensaios, pesquisas, análises, aperfeiçoamento de produtos, estudos de viabilidade técnica e econômica, serviços de engenharia, documentação, informação, metrologia, normalização e certificação de conformidade, além de assessoria à propriedade industrial. A proposta desses laboratórios surgiu da articulação do Comitê Gestor e teve o aporte de recursos do Programa Estadual de Fomento aos Arranjos Produtivos Locais, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado65. No Brasil, existem somente três polos industriais considerados competitivos e concorrentes ao de Garça: um em Brasília/DF, outro em Santa Rita do Sapucaí/MG e um terceiro em Porto Alegre/RS. A Associação Comercial e Industrial de Garça considera que o APL eletroeletrônico se destaca pela abrangência de mercado, a mão de obra qualificada e o lançamento de novos produtos. CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA E DOS SERVIÇOS DA RA Na RA, a forte sinergia existente entre as atividades primárias e secundárias dinamiza a economia regional. A indústria tem um perfil agroindustrial marcado, sobretudo, pela presença de uma importante indústria de alimentos − que engloba a produção sucroalcooleira e de produtos alimentícios de consumo final −, que se beneficia da proximidade da produção agropecuária local. Nos últimos anos, tanto o setor primário como o secundário vem crescendo em participação no PIB regional, refletindo, principalmente, o aumento da produção da cadeia produtiva da cana-de-açúcar. A oferta recíproca de insumos entre os setores agropecuário e industrial acaba por fortalecê-los. A integração existente entre estes setores responde, em grande parte, pelo desenvolvimento do setor 64 JORNAL COMARCA DE GARÇA. Geraldo Alckmin inaugura novo bloco da Faculdade de Tecnologia em Garça. Garça, 22 de fevereiro de 2010. Em: http://www.portaldegarca.com.br/noticias-de-garca/25536-geraldo-alckmin-inaugura-novo-bloco-da-faculdade-de-tecnologia-emgarca. Entrada em 17 de janeiro de 2013. 65 Idem, ibidem. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 41 metal-mecânico regional, sobretudo em seus segmentos de máquinas e equipamentos e produtos de metal, que têm relevante participação na região e no conjunto do Estado. Embora o emprego encontre-se mais concentrado e distribuído entre os setores de serviços, comércio e indústria de transformação, o setor primário tem grande presença na estrutura econômica regional, respondendo, em 2008, por 17,2% do total dos vínculos empregatícios, a terceira maior participação do setor na estrutura econômica entre as regiões paulistas, atrás apenas das RAs de Barretos e de Registro. A indústria de transformação responde por 22,1% do total de vínculos empregatícios e por 7,3% dos estabelecimentos da região, tendo como principais participações no emprego as fabricações de: produtos alimentícios e bebidas (41,7%); produtos do setor metal-mecânico (21,1%); produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,9%); produtos têxteis e confecções (6,0%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (5,4%); móveis e produtos de madeira (4,7%); e produtos de borracha e de material plástico (4,4%), sendo a grande maioria agroindustrial. Com relação ao valor adicionado fiscal, o setor industrial é o que tem a maior participação setorial no VAF total (46,9%), devido às contribuições dos segmentos de: Produtos Alimentícios (61,3%), Máquinas e Equipamentos (9,8%), Combustíveis (8,3%), Bebidas (5,8%), Produtos de Metal (3,7%), Produtos Plásticos (2,2%) e Móveis (2,0%). Embora a indústria da RA de Marília contribua com apenas 1,5% do total do VAF industrial do Estado, os segmentos de Produtos Alimentícios (7,0%), Móveis (4,2%) e Bebidas (3,9%) têm importante participação no total estadual. As exportações regionais também mostram a importância da indústria de produtos alimentícios, seguida da indústria de produtos metal-mecânicos. As principais importações regionais, por sua vez, referem-se a insumos e ao apoio à agricultura e à agroindústria de produtos alimentícios e bebidas, envolvendo produtos importados dos segmentos de produtos químicos, produtos alimentícios, máquinas e equipamentos e embalagens para bebidas. Assim, apesar da relativa diversificação industrial ocorrida a partir de meados da década de 1960, a indústria de alimentos – formada, em grande parte, por fabricantes de produtos sucroalcooleiros e alimentícios de consumo final − é o segmento industrial mais relevante da região, tanto do ponto de vista do emprego como do VAF e da participação no comércio exterior. O aglomerado produtivo de produtos alimentícios de consumo final de Marília é um dos elementos dinamizadores da economia regional, envolvendo indústrias de biscoitos, doces, balas, chocolates, snaks, confeitos, carne bovina industrializada, café beneficiado, produtos derivados do leite, alimentos congelados, farináceos, cereais, condimentos, temperos, açúcar, entre outros. Destaca-se no contexto estadual, tanto em concentração de estabelecimentos e empregos como de valor adicionado fiscal. O valor adicionado da indústria regional tem forte contribuição das atividades das usinas hidrelétricas de Chavantes, Canoas I, Canoas II e Lucas Nogueira Garcez, localizadas ao sul da região, que produzem cerca de 6% de toda a energia gerada no Estado. A indústria encontra-se relativamente espalhada pelas quatro sub-regiões da RA, em função da natureza de seu parque industrial estar voltada à transformação de matérias-primas locais. Embora com algumas variações, muitos dos municípios que mais empregam, no setor industrial, também aparecem como os que mais contribuem para o VAF da indústria, como é o caso de Marília, Ourinhos, Assis, Santa Cruz do _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 42 Rio Pardo, Paraguaçu Paulista, Tupã, Tarumã, Pompeia, Chavantes, Cândido Mota, Espírito Santo do Turvo, São Pedro do Turvo, Palmital, Canitar, Ibirarema, Gália e Garça. Alguns aglomerados produtivos industriais são apoiados por entidades públicas e privadas por seu potencial de adensamento e desenvolvimento regional, destacando-se o de produtos alimentícios de consumo final de Marília, o de eletroeletrônicos de segurança de Garça e o APL de couros e calçados de Santa Cruz do Rio Pardo. Com a base agroindustrial, os serviços exigidos pela economia da região são simples e as atividades mais modernas de apoio às empresas e às pessoas, embora desenvolvidas nos principais centros regionais, não se destacam no conjunto da RA. A região foi alvo, nos últimos anos, de anúncios de empreendimentos que mantiveram sua estrutura econômica agroindustrial e o predomínio da fabricação de produtos alimentícios, cujos investimentos anunciados no período de 2005 a 2011, refletindo a alta das cotações do açúcar no mercado internacional, foram destinados à expansão de usinas sucroalcooleiras. Por outro lado, o setor de serviços, no mesmo período, tendeu a se concentrar no município-polo de Marília. Grande parte das empresas da região é de capital local e está ligada às atividades econômicas de ramos tradicionais, que têm como foco o mercado local. Daí, o predomínio, de empresas de menor porte. Já as empresas maiores, nas últimas décadas, vêm recebendo capital de fora da região, de origem nacional ou internacional. Grande parte das maiores e mais sofisticadas indústrias está localizada nos principais municípios da região, ganhando destaque Marília, dada sua condição de entroncamento rodoviário e município-sede regional. Apesar de abrigar atividades econômicas diversificadas e vir se consolidando como centro comercial atacadista e varejista e de serviços, é a atividade industrial e, particularmente o ramo alimentício, que imprime a identidade de Marília66, respondendo por 54,7% do total dos empregos do município e pelo título de “Capital Nacional do Alimento”. Apesar da importante participação da agropecuária e da indústria de alimentos da RA no contexto estadual, de abranger um grande número de municípios, que representam 7,9% do total de municípios paulistas, e de sua população representar 2,3% da população do Estado de São Paulo, a região possui um PIB que representa apenas 1,3% do PIB estadual, apontando para a necessidade de adensar suas cadeias produtivas e investir em atividades que agreguem maior valor aos produtos. DESEMPENHO ECONÔMICO, 1996 A 2008 Esta seção tem como objetivo analisar o desempenho econômico regional a partir do comportamento do PIB municipal, ao longo do período de 1996 a 2008. Para tanto, é utilizada a taxa média geométrica de crescimento do PIB ao ano (em %) e a metodologia proposta por Azzoni67, que permite a identificação 66 BOMTEMPO, Denise Cristina. Dinâmica territorial, atividade industrial e cidade média: as interações espaciais e os circuitos espaciais da produção das indústria alimentícias de consumo final instaladas na cidade de Marília – SP. UNESP, Presidente Prudente, 2011. 67 AZZONI, C. R. Identificação Empírica de Áreas Dinâmicas, Áreas Estagnadas e Áreas em Retrocesso: Possível Alternativa Metodológica. Ciclo de Seminários - Políticas Públicas em Debate. São Paulo: Fundap, 27 de junho de 2008. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 43 de municípios dinâmicos, estagnados e daqueles que acompanharam o ritmo de crescimento do conjunto do Estado68. A utilização de ambas busca uma avaliação mais completa, já que a metodologia adotada evita um problema geralmente encontrado em estudos que utilizam apenas a taxa geométrica de crescimento anual: municípios menores e mais pobres, com um pequeno incremento no PIB, podem apresentar crescimento excessivamente elevado69. A taxa geométrica de crescimento anual do PIB, por sua vez, capta a expansão dos municípios maiores e mais ricos que, em geral, na metodologia de Azzoni, sempre estão entre aqueles com maior PIB. Desta forma, não lhes é possível migrar para um grupo com valor do PIB superior, o que caracteriza o dinamismo na metodologia proposta. Em seu conjunto, a RA apresentou uma taxa média geométrica de crescimento real do PIB de 2,34% ao ano, inferior a média estadual de 3,58% ao ano, entre 1996 e 2008. Logo, a participação de municípios dinâmicos, nesta região, é relativamente baixa. Dentre seus municípios, 22,4% apresentaram dinamismo, enquanto 42,9% cresceram próximos a média do Estado e 34,7% apresentaram estagnação. Dentre as localidades consideradas dinâmicas, destacam-se Bernardino de Campos, Espírito Santo do Turvo, Queiroz, Ribeirão do Sul e Tarumã, com taxas médias geométricas de crescimento do PIB superiores a 5,0% ao ano. Em Ribeirão do Sul, o bom desempenho econômico está relacionado ao seu perfil agropecuário e ao setor industrial, com destaque para o segmento metalúrgico fabricante de acessórios para banheiro e para móveis, confeccionados em alumínio e latão. No setor primário, o município possui tradição na produção de grãos, gado de corte e de leite, mandiocultura, cafeicultura, fruticultura entre outras, no qual atuam grandes produtores e até pequenos produtores familiares. A fruticultura vem se destacando no município, com a produção de banana70 e amora preta71, nas quais são empregadas maior tecnologia nas lavouras72. Existem, ainda, projetos desenvolvidos com o objetivo de adequar a fruticultura às atuais exigências do mercado externo, que demandam produtos seguros e produzidos de forma sustentável73. O crescimento expressivo do PIB municipal em Bernardino de Campos, Espírito Santo do Turvo, Queiroz e Tarumã deve-se à expansão do complexo agroindustrial da cana-de-açúcar na região. A implantação e a ampliação de usinas e destilarias, nestes pequenos municípios, representa grande 68 Todos os valores referentes ao PIB, apresentados nesta seção, estão expressos segundo preços de 2000, ajustados pelo Deflator Implícito do PIB Nacional, conforme disponibilizado no site www.ipeadata.gov.br. Importante ressaltar que a serie histórica do PIB, utilizada neste estudo, tem algumas ressalvas por iniciar-se em 1996. A atual série oficial do PIB dos municípios brasileiros, calculada pelo IBGE em parceria com as instituições estaduais de estatística (em São Paulo, com a Fundação Seade), inicia-se em 1999. Como sua metodologia sofre frequentes mudanças, cada vez que isso ocorre, os dados pretéritos do PIB são recalculados, de modo a permitir sua comparabilidade temporal. 69 AZZONI. Op. cit. 70 LEONEL, Sarita; DAMATTO Jr., Erval Rafael. Caracterização das áreas de cultivo da bananeira ‘maçã’ na região de Ribeirão do Sul/SP. Ciência e Agrotecnologia. Lavras (MG); v. 31, n. 4, p. 958-965. agosto 2007. 71 DONÁ, Sergio, et. al. Rentabilidade econômica da amoreira preta na região paulista do Médio Paranapanema. Pesquisa & Tecnologia. Departamento de Descentralização do Desenvolvimento APTA Regional. 2011. Disponível em: <http://www.aptaregional.sp.gov.br/index.php/component/docman/doc_download/1148-rentabilidade-economica-da-amoreira-preta-naregiao-paulista-do-medio-paranapanema?Itemid=275>. Acesso em: 28 jun. 2012. 72 RIBEIRÃO DO SUL (Município). Plano municipal de desenvolvimento rural sustentável. Prefeitura Municipal de Ribeirão do Sul, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, Casa da Agricultura de Ribeirão do Sul, Escritório de Desenvolvimento Rural Ourinhos, Período de vigência: 2010 a 2013. Ribeirão do Sul, 10 de setembro de 2009. 73 Idem, ibidem. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 44 potencial de crescimento econômico, pois aumenta as oportunidades de emprego e de expansão dos rendimentos locais, traduzindo-se na ampliação do PIB municipal. Estudos74 indicam que o movimento acentuado de instalação de destilarias e usinas, nas diversas regiões do Estado, favoreceu o crescimento do emprego75 e das economias locais76. Este quadro deve-se ao seu elevado potencial de geração de empregos industriais e agrícolas77 que alimentam a demanda agregada e dinamizam a economia do município como um todo. Em Espírito Santo do Turvo, por exemplo, uma única unidade do setor sucroalcooleiro gera mais de três mil empregos diretos78, figurando como a maior empregadora do município que abrigava 4.301 habitantes, em 201179. O emprego no setor terciário é ampliado de forma indireta, através da utilização de serviços de apoio às atividades da usina (manutenção, transporte, assistência técnica, informática, segurança) e de serviços pessoais e urbanos por seus trabalhadores, contribuindo com a expansão do emprego e das atividades do setor terciário e configurando-se como elemento adicional de expansão do PIB. Outra fonte de dinamismo consiste no arrendamento de terras e na compra da cana-de-açúcar de produtores independentes. Neste último caso, o processo ocorre mediante contratos que podem envolver o financiamento dos custos de implantação da cultura e dos custos de produção, para pagamento posterior em produto80. O arrendamento das terras e a compra da cana de produtores independentes representam a entrada de novos recursos na economia municipal e, portanto, um estímulo ao crescimento local. As pesquisas sobre a distribuição regional da produção de açúcar e álcool, no território paulista, apontam o crescimento expressivo da produção em áreas consideradas não tradicionais nesta cultura, como o oeste e o noroeste do Estado, em simultâneo ao adensamento da produção nas regiões pioneiras, como Ribeirão Preto81. As regiões consideradas não tradicionais apresentaram-se como alternativa viável a sua expansão, devido à presença de terras disponíveis82 e à melhoria da infraestrutura de transporte no Estado, que facilitou sua condução até as usinas, as refinarias e o porto de Santos83. 74 CHAGAS, André Luis Squarize; TONETO Jr, Rudinei; AZZONI, Carlos Roberto. A expansão da cana-de-açúcar e seu impacto nas receitas municipais: uma aplicação de painéis espaciais dinâmicos para municípios do estado de São Paulo. In: SOBER-Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2009, Porto Alegre. Anais... XLVII Congresso SOBER-Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2009. 75 Vale lembrar que sua maior parte, no estado de São Paulo, é de trabalhadores formais. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), no Estado de São Paulo, o maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil, a formalização passou de 80,4%, em 1992, para 93,8%, em 2005. Ver MORAES, Márcia Azanha Ferraz Dias. Indicadores do Mercado de Trabalho do Sistema Agroindustrial da Cana-de-Açúcar do Brasil no Período 1992-2005. Estudos Econômicos, São Paulo, v. 37, n. 4, p. 875-902, out-dez. 2007. 76 VIAN, Carlos E.F.; BELIK, Walter. Os desafios para a reestruturação do complexo agroindustrial canavieiro do Centro-Sul. ECONOMIA, Niterói (RJ), v. 4, n. 1, p. 153-194, jan./jun. 2003. 77 Sobre o emprego agrícola na lavoura canavieira, vale destacar que a mecanização crescente da colheita e, portanto, da redução da demanda por trabalhadores, representa muito mais uma predominância da demanda por mão de obra mais especializada (tratoristas, operadores de máquinas, motoristas, técnicos, engenheiros agrônomos, etc.) e uma queda no contingente de migrantes sazonais ocupados nesta tarefa, do que uma diminuição dos postos de trabalho para a população local. No estado de São Paulo, 100% do cultivo, do carregamento e do transporte cana são mecanizados, enquanto, na colheita, a mecanização é de 35%, e, ainda assim, é relevante o emprego nestas atividades (MORAES, 2007). Ver também NOVAES, José Roberto Pereira; et al. Jovens migrantes canavieiros: entre a enxada e o facão. Relatório de situação-tipo para a pesquisa Juventude eIntegração Sul-Americana. Rio de Janeiro, 2007. 78 RIBEIRO, Helena; PESQUERO, Célia. Queimadas de cana-de-açúcar: avaliação de efeitos na qualidade do ar e na saúde respiratória de crianças. Estudos Avançados, v.24, n. 68, p.255-271,2010. 79 FUNDAÇÃO SEADE. Informações dos Municípios Paulistas, 2012. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/produtos/imp/>. Acesso em: 29 mai. 2012. 80 SEVERÍNIA (Município). Plano Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, 2010-2013. São Paulo: Prefeitura Municipal de Severínia, Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, Casa da Agricultura. 2010. 81 CHAGAS, A.L.S.; TONETO Jr, R.; AZZONI, C.R. op. cit. Ver também OLIVETTE, Mário Pires de Almeida; NACHILUK, Kátia; FRANCISCO, Vera Lúcia Ferraz dos Santos. Análise comparativa da área plantada com cana-de-açúcar frente aos principais grupos de culturas nos municípios paulistas, 1996-2008. Informações Econômicas, SP, v.40, n.2, fev. 2010. 82 BINI, Danton Leonel de Camargo. Mudanças na Composição das Culturas Agrícolas e a Urbanização na Região de Araçatuba, Estado de São Paulo. São Paulo: Informações Econômicas, volume 39, nº. 5, maio de 2009. 83 VIAN, C.E.F.; BELIK, W. Op. cit. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 45 O contexto positivo do setor, iniciado nos anos 2000, incentivou a expansão da agroindústria canavieira nas regiões consideradas não tradicionais, com reflexos sobre o PIB de seus municípios. No entanto, o fato do dinamismo econômico destas pequenas localidades estar, em muitos casos, associado à expansão do complexo agroindustrial da cana-de-açúcar não indica que apenas a instalação de usinas e destilarias provoca o crescimento econômico, mas que foi esta a tendência dos últimos anos, em função da conjuntura vivida pelo Estado. Esta conjuntura caracteriza-se pela maior demanda por açúcar no mercado externo, pela mudança no paradigma energético mundial, pela possibilidade de cogeração de energia elétrica a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar e pelo crescimento do consumo interno de álcool, desde 2003, com introdução dos carros flexfuel no Brasil. Somados a estes elementos, a elevação do preço do petróleo e a crise energética recente também incentivaram o aumento da produção de etanol84, representando novas oportunidades de crescimento para o setor, que se refletiram na instalação e na ampliação de usinas e destilarias no Estado85. Deste modo, é possível observar que o desempenho econômico positivo dos municípios da RA é explicado pelo contexto de expansão do complexo agroindustrial da cana-de-açúcar pelo interior do Estado, abrangendo as regiões oeste e noroeste, consideradas não tradicionais nesta cultura, e pelo incremento das atividades relacionadas à integração dos setores primário e secundário, características da estrutura econômica regional. Taxa média geométrica de crescimento do PIB ao ano (em %) RA de Marília e Estado de São Paulo – 1996 a 2008 Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Elaboração: SPDR/UAM. 84 85 CHAGAS, et al. Op. cit. Idem, ibidem; VIAN, BELIK. Op. cit.; OLIVETTE; et al. Op. cit. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 46 A população da RA de Marília, em 2010, era de aproximadamente 941 mil habitantes, representando um valor próximo 2,3% do total estadual, de acordo com dados do Censo Demográfico 2010. Observa-se que, nas últimas décadas, a RA, assim como outras regiões, vem seguindo a tendência estadual de decréscimo das taxas anuais de crescimento. Nota-se também que entre 1980 e 2010, a participação da população regional, em relação à estadual, diminuiu e suas taxas de crescimento foram inferiores às do Estado. Evolução da População Total Estado de São Paulo e RA de Marília – 1980 a 2010 Anos 1980 1991 2000 2010 População Total Distribuição RA de Estado de Relativa Marília São Paulo RA/ESP (%) 680 928 25 042 074 2,72 789 503 31 588 925 2,50 887 745 37 035 456 2,40 940 814 41 262 199 2,28 Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1980 a 2010. Taxa Geométrica de Crescimento Anual da População Estado de São Paulo e RA de Marília – 1980 a 2010 Fonte: IBGE. Censos Demográficos 1980 a 2010. Grande parte dos municípios da RA apresentou taxas de crescimento na faixa entre 0% e 1% ao ano, no período 2000/2010 (26 municípios). A taxa mais elevada foi observada em Queiroz (2,6%). Destaque para o fato de que 17 municípios, de um total de 51 da região, apresentaram taxas de crescimento negativas. O município de Marília registrou taxa de crescimento de 0,94%. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 47 Taxa Geométrica de Crescimento Anual da População (% ao ano) Estado de São Paulo e RA de Marília – 2000 a 2010 Fonte: IBGE. Censos Demográficos 2000 e 2010. Elaboração: SPDR/UAM. Em 2010, a RA apresentou grau de urbanização de 92,26%, abaixo da média estadual de 95,9%. No total, 18 municípios da região registraram urbanização acima de 90%. Observa-se que a região possuía, em 2010, maior concentração de municípios na faixa com até cinco mil habitantes (43,1%). Dentre os mais populosos, além do município de Marília, com mais de 216 mil habitantes, a RA contava com três municípios com população superior a 50 mil habitantes (Assis, Ourinhos e Tupã). Proporção de Municípios segundo Faixas de Tamanho da População Estado de São Paulo e RA de Marília – 2010 Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 48 Municípios segundo Faixas de Tamanho da População Estado de São Paulo e RA de Marília – 2010 Fonte: IBGE. Censos Demográficos 2000 e 2010. Elaboração: SPDR/UAM. A razão de dependência da população potencialmente inativa (43,8%) em relação a 100 pessoas em idade disponível para as atividades econômicas era, em 2010, superior à média estadual (41,5%). Este dado indica o contingente populacional potencialmente inativo a ser sustentado pela parcela da população potencialmente produtiva. O aumento da longevidade ocorrido nas últimas décadas na população paulista e brasileira influência diretamente nesse índice. Razão de Dependência e Índice de Envelhecimento Estado de São Paulo e RA de Marília – 2010 Fonte: IBGE. Censo Demográfico 2010. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 49 Razão de Dependência Estado de São Paulo e RA de Marília – 2010 Fonte: IBGE. Censos Demográficos 2000 e 2010. Elaboração: SPDR/UAM. A quantidade de idosos para cada 100 crianças, expressa pelo índice de envelhecimento, em 2010, era de 48,1%, superior à média estadual (36,5%). Destaca-se que o grupo etário com mais de 14 e menos de 65 anos representava quase 70% do total da população regional, percentual igual ao apresentado pelo Estado. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 50 Índice de Envelhecimento Estado de São Paulo e RA de Marília – 2010 Fonte: IBGE. Censos Demográficos 2000 e 2010. Elaboração: SPDR/UAM. Proporção da população total por grandes grupos etários Estado de São Paulo e RA de Marília – 1980 a 2020 Fonte: IBGE. Fundação Seade. O mesmo pode ser observado nas pirâmides etárias da população, que mostram que a RA apresentou acentuado envelhecimento da população entre 1980 e 2010, com provável prosseguimento desta _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 51 tendência até 2020. Verifica-se, também, redução do contingente de crianças e adolescentes com até 14 anos de idade em razão da queda das taxas de fecundidade e natalidade. Pirâmides Etárias Estado de São Paulo e RA de Marília – 1980 a 2020 Estado de São Paulo RA de Marília Fonte: IBGE. Fundação Seade. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 52 O estudo dos aspectos sociais da RA de Marília é desenvolvido a partir do IPRS, criado pela Fundação Seade, com o objetivo de proporcionar uma ferramenta analítica que traduza a situação de cada município paulista nas dimensões centrais do desenvolvimento humano. Desta forma, o índice é composto por diversos indicadores que medem a situação dos municípios em termos de renda, escolaridade e longevidade, apresentando uma tipologia, constituída de cinco grupos86, que resumem a situação de cada um, segundo as três dimensões citadas87. De modo geral, a RA apresenta condições de escolaridade e longevidade melhores que as de riqueza, à semelhança de outras regiões do oeste e noroeste paulista. No ranking estadual, a região ocupa a 13ª colocação na dimensão de riqueza, a quarta, em escolaridade, e a sétima, em longevidade. A maior parte de seus municípios enquadra-se nos Grupos 3 e 4 do Índice. No Grupo 3, encontram-se 24 localidades caracterizadas por exibir bons indicadores sociais, mas indicador baixo de riqueza. Outros 21 municípios classificaram-se no Grupo 4 que, à semelhança do anterior, apresenta baixo indicador de riqueza, mas um dos indicadores sociais desfavorável. Apenas o município de Pedrinhas Paulista foi classificado no Grupo 1, com bons indicadores de riqueza, longevidade e escolaridade, e cinco municípios foram inseridos, no Grupo 5, com resultados insatisfatórios nas três dimensões do Índice. No que se refere às variáveis que compõem a dimensão de riqueza, a RA teve ampliação no rendimento médio do emprego formal (8%), em ritmo superior ao do Estado (4%). Da mesma forma, o valor adicionado fiscal per capita cresceu (11%) mais acentuadamente que a média estadual (3%), resultado que se repetiu em cerca de 80% de seus municípios. A despeito dos avanços, a RA permanece entre as três regiões mais pobres do Estado. Na dimensão de longevidade, observa-se o seguinte movimento: a taxa de mortalidade infantil e a taxa de mortalidade das pessoas com mais de 60 anos permaneceram estáveis, enquanto a taxa de mortalidade perinatal e a taxa de mortalidade das pessoas entre 15 e 39 anos reduziram-se. É importante lembrar, todavia, que a taxa de mortalidade peritanal da região (15,0 por mil nascidos vivos) permanece acima da média do conjunto do Estado (13,9 por mil nascidos vivos). Segundo a Fundação Seade, esta taxa pode ser reduzida mediante aprimoramento das políticas e serviços de saúde materno-infantil, fatores associados à vulnerabilidade no período perinatal88. 86 Grupo 1 do IPRS: agrega municípios com elevados indicadores na dimensão de riqueza, escolaridade e longevidade. Grupo 2 do IPRS: engloba municípios que, embora apresentem indicadores de riqueza elevados, não exibem bons indicadores de escolaridade e longevidade. Grupo 3 do IPRS: grupo dos municípios com nível de riqueza baixo, mas com bons indicadores nas demais dimensões. Grupo 4 do IPRS: formado por municípios que apresentam indicadores de riqueza baixos e indicadores de longevidade e/ou escolaridade intermediários. Grupo 5 do IPRS: grupo dos municípios mais desfavorecidos em termos de riqueza, escolaridade e longevidade. 87 O ÍNDICE PAULISTA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL - IPRS tem como finalidade caracterizar os municípios paulistas no que se refere ao desenvolvimento humano, através de indicadores sensíveis a variações de curto prazo e capazes de incorporar informações relevantes referentes às diversas dimensões de renda, longevidade e escolaridade. Cada uma destas dimensões é expressa por meio de um indicador sintético que pode assumir valores entre 0 e 100. Os indicadores sintéticos são constituídos da combinação linear de um conjunto de variáveis, com ponderações específicas. A estrutura de ponderação foi obtida de acordo com um modelo de análise fatorial, em que se estuda o grau de interdependência entre diversas variáveis. Para maiores informações sobre a metodologia de cálculo dos indicadores, variáveis selecionadas, ponderações atribuídas a cada variável, entre outras informações, consultar http://www.seade.gov.br/projetos/iprs/ 88 FUNDAÇÃO SEADE, ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS, 2010. Disponível em: <http://www.seade.gov.br/projetos/iprs/>. Acesso em: 14 mai. 2012. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 53 Deste modo, os esforços regionais devem se concentrar nas ações de saúde para melhorar a atenção no pré-natal, no parto e ao recém-nascido. Vale ressaltar que o setor público vem trabalhando por isso, uma vez que a proporção de mães, com sete ou mais consultas no pré-natal, foi superior à média do conjunto do Estado, em 70% dos municípios da RA89. Em termos de escolaridade, os resultados são mais positivos, de modo que a região ocupa a quarta colocação no ranking. A taxa de atendimento escolar das crianças de 5 e 6 anos de idade, no entanto, reduziu-se de 89,4% para 86,9%, entre 2006 e 2008. Diferentemente, houve expansão da proporção de pessoas de 18 a 19 anos que concluíram o ensino médio (61,4%) e do percentual de pessoas de 15 a 17 anos que concluíram o ensino fundamental (79,1%). Estes bons resultados são confirmados por outros indicadores que não compõem o IPRS, como a taxa de distorção idade-série90, no ensino fundamental (8,0%) e no ensino médio (11,7%), que estão abaixo da média estadual de 10,2% e de 17,3%, respectivamente91. Do mesmo modo, no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo-Idesp, mais de 70% dos municípios da região tiveram pontuação acima da média paulista, nas etapas fundamental e média92. Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS RA de Marília e Estado de São Paulo – 2008 Fonte: Fundação Seade/Alesp, 2010. 89 SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Fundação Seade, Painel SP, 2011. Os dados referem-se ao ano de 2008. 90 As taxas de distorção idade-série indicam o percentual de alunos com pelo menos dois anos a mais que a idade adequada para cursar uma série de um determinado nível de ensino, em relação ao total de alunos dessa série e nível. 91 SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional. Fundação Seade, op. cit. Os dados referem-se ao ano de 2009. 92 Idem, ibidem. É importante lembrar que os resultados do Idesp referem-se apenas a rede estadual de ensino. Os dados apresentados são do ano de 2008. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 54 A Região Oeste do Estado foi ocupada no início do século XX. Sua exploração se intensificou nas décadas de 1920 a 1940, quando matas eram derrubadas para exploração de madeira e implantação de lavouras93. O café deu impulso ao desenvolvimento da região. Nas zonas mais antigas, as terras já apresentavam esgotamento, com consequente declínio de produção. Os agricultores passaram a buscar novas áreas que lhes propiciassem melhores rendimentos. A perspectiva da continuidade da construção da estrada de ferro e as matas inexploradas provocaram uma rápida valorização do solo, que estava sendo loteado e para onde se dirigiram não só antigos plantadores de café como novos imigrantes94. O panorama do uso de terras, das décadas de 1940 e 1950, aponta que o Estado estava quase totalmente ocupado, na forma de uma mancha entrecortada, como resultado das diversas frentes de desmatamento, concentrando-se junto ao rio Paraná e ao trecho final dos seus principais afluentes (Paranapanema, Peixe, Aguapeí e Tietê). Esta configuração justifica-se pelo próprio processo de ocupação, que se iniciou, principalmente, a partir dos principais espigões divisores de bacias95. O aumento da ocupação da região e a crise econômica de 1929 modificaram as atividades econômicas que lá se desenvolviam. Assim, o café deixou de ser o único motivo do avanço dos pioneiros e, juntamente com ele, aparecem o algodão, amendoim etc., além da implantação das fazendas de gado, na faixa dos solos menos nobres, fora dos espigões96. O algodão considerado, até então, cultura marginal, relegada às terras pobres e a uma classe de lavradores descapitalizada, adquiriu importância. Com seu desenvolvimento, expandiram-se, também, outras lavouras temporárias, cujo plantio era realizado de forma consorciada, entre as fileiras do cafezal97. A indústria de processamento do algodão, por sua vez, propiciou o desenvolvimento de outras culturas, com destaque para o amendoim98. Ao mesmo tempo em que a ocupação da bacia dos rios Peixe e Paranapanema crescia, houve implantação de rodovias, em complementação às ferrovias, potencializando a utilização do transporte rodoviário, com a utilização de caminhões para transportar produtos agrícolas, entre fazendas e estações ferroviárias99. 93 VIEIRA, Camilo Plácido; SALDANHA, Osvaldo Alves; CAMBRAIA, Luiz Antonio. Avaliação de cultivares de soja sobre braquiária no sistema plantio direto, safra 1998/99, em Piacatu, SP. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa Agropecuária Oeste, Ministério da Agricultura e do Abastecimento Comunicado Técnico, Nº 11, dez./99, p.1-3. Disponível em: http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/242260/1/COT111999.pdf. Acesso em: 13 abr. 2012. 94 RENOVAÇÃO de reconhecimento do curso de relações internacionais. Relatório Síntese. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP – Campus de Marília – SP. Disponível em: http://www.marilia.unesp.br/Home/Graduacao/RelacoesInternac/projeto.pdf. Acesso em: 25 abr. 2012. 95 OLIVEIRA, Edenis César. O Comitê de Bacia e a gestão das águas no Médio Paranapanema: Um Estudo Sob a Perspectiva do Desenvolvimento Sustentável. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências e Tecnologia - UNESP - Campus de Presidente Prudente. Presidente Prudente, 2009. 96 OLIVEIRA. Op.cit. 97 OLIVEIRA. Op.cit. 98 OLIVEIRA. Op.cit. 99 OLIVEIRA. Op.cit. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 55 As primeiras estradas, utilizadas como continuação dos trilhos férreos, foram as responsáveis pela ampliação, lateralmente ao eixo ferroviário, da área cultivada. Essas estradas também procuravam servir as pequenas lavouras distantes dos núcleos habitacionais que se desenvolveram junto às estações100. Mancha Urbana da RA de Marília Fonte: Google Maps. Elaboração: SPDR / UAM. 100 OLIVEIRA. Op.cit. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 56 Em termos de Rede Urbana, a RA conta com os Centros Regionais de Marília e Ourinhos. • Centro Regional de Marília Marília originou-se da junção de três patrimônios101 e foi ocupada, na década de 1920, em consequência da expansão cafeeira. Por encontrar-se no espigão ocidental da Serra dos Agudos, possui uma altitude que varia de 550 a 700 metros. Em 1919, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro alcançava Piratininga, com projetos de avançar pelo espigão, nas vertentes do divisor de águas dos rios Peixe e Aguapeí. Ainda 1916, os engenheiros da empresa haviam deixado um marco onde está, hoje, a cidade de Marília102. Já de início, o município passou a constituir-se como centro regional, situação reforçada pela condição de ponta de trilhos da estrada de ferro, cuja empresa construía estradas de rodagem para se antecipar aos trilhos, a oeste, além de transversais, para fazer concorrência às estradas de ferro Sorocabana e Noroeste103. Se o surgimento de Marília esteve associado à última etapa da expansão do cultivo de café, sua agricultura não se concentrou só nessa cultura, pois em meio às plantações de café eram cultivados milho, arroz etc. Esta característica tornou-se marco primordial para seu crescimento econômico, mesmo com a crise cafeeira de 1929104. Em meados da década de 1930, diversas fábricas de beneficiamento de algodão se instalaram na cidade ao lado das de beneficiamento de café, arroz, amendoim etc. Paralelamente, durante o período da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), houve crescimento do cultivo de amoreiras e da sericicultura com o objetivo de produzir seda para a confecção de paraquedas105. Entre os anos de 1940 e 1950, as indústrias instaladas na cidade ligavam-se ao primeiro processamento da produção agrícola. Contudo, houve necessidade de diversificar o parque industrial e, na década de 1960, surgiram indústrias de massas alimentícias e as fábricas de bebida e vinagre106. Em 1970, o gênero de alimentos era o de maior destaque no município, relacionado à produção de massas, balas e doces e não mais o de beneficiamento de produtos agrícolas para produção de óleo107. Na década de 1940, houve aumento de atividades artesanais para garantir o abastecimento do contingente populacional que chegava à cidade. Estes primeiros artesãos, que atendiam aos colonos da região, vão se expandir e especializar na produção de alguns tipos de alimentos, de 101 OS CHAMADOS patrimônios de Alto Cafezal, Marília e Vila Barbosa constituíam-se por proprietários particulares e sua posse foi registrada Paróquias de Igrejas, como era usual, no século XIX. 102 RENOVAÇÃO de reconhecimento do curso de relações internacionais. Relatório Síntese. Op.cit. 103 BALESTRIERO, Geraldo Élvio. Capital de Alta Paulista: uma história do município de Marília. Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Campinas, 1984. 104 BALDASSARINI, Jéssica de Sousa; HESPANHOL, Rosangela Ap. de Medeiros. Importância do município de Marília no cenário do centro oeste paulista. Em VI Encontro de Grupos de Pesquisa, Agricultura, Desenvolvimento Regional e Transformações Socioespaciais. Presidente Prudente, 23 a 26 de maio de 2011. Disponível em: http://www4.fct.unesp.br/encontros/engrup/Resumos/GEDRA%20%20Grupo%20de%20Estudos%20Din%E2mica%20Regional%20e%20Agropecu%E1ria%20-%20UNESP%20%20Presidente%20Prudente/GEDRA_Baldassarini_Importancia%20do%20munic%EDpioMar%EDlia.pdf. Acesso em: 04 mai.2012. 105 BALDASSARINI. Op.cit. 106 Renovação de reconhecimento do curso de relações internacionais. Relatório Síntese. Op. cit. 107 BALDASSARINI. Op. cit. _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 57 utensílios agrícolas etc., tornando-se fonte de iniciativas da criação de diversas indústrias, como serrarias, olarias e máquinas de beneficiamento de arroz etc.108. Nesse período, Marília já possuía um setor de comércio e serviços bem estruturado. Havia também agências bancárias e eficaz sistema de transportes, além das serrarias, olarias, fábricas de bala e massas que abasteciam toda a região. Na cidade, surgiram algumas empresas, no setor terciário, que estão entre as maiores do país como: o Banco Brasileiro de Descontos-Bradesco e a empresa de Transportes Aéreos Marília-TAM109. O espaço físico da cidade apresenta característica que interfere em seu uso, na medida em que a existência de escarpas íngremes separa o topo do relevo dos fundos de vale e define as áreas próprias à expansão urbana. Assim, a organização espacial da malha urbana é particular, principalmente pelo fato da estrada de ferro ter sido inaugurada após a formação da cidade, localizando-se no espigão, cercada de paredões íngremes110. Dessa forma, no divisor de águas, foi reservada uma faixa para a futura passagem da linha férrea e as ruas que iriam formar o novo município se espalharam por ambos os lados da ferrovia, não havendo continuidade entre elas. A área comercial não se concentrou em pontos tradicionais já tendo nascido dispersa pela área central111. O processo de crescimento envolveu três momentos. O primeiro abrange a fundação da cidade e vai até a segunda guerra, quando ocorreram os primeiros loteamentos. O segundo durou até a década de 1970 e, nele, e se deu passo a passo com o crescimento populacional. E o terceiro iniciou-se a partir de então, com a aceleração do crescimento da área urbana e a criação de grande número de loteamentos112. A localização das atividades econômicas, principalmente a industrial, ocorreu, já na década de 1940, no eixo criado pela ferrovia e as avenidas que faziam a interligação da cidade com os municípios vizinhos. Essa localização era procurada, pois, além da facilidade de transportes, se caracterizava como entrada e saída da cidade e propiciava instalação das unidades industriais em terrenos com topografia plana. Neste período, surgiram várias empresas com localizações dispersas pela área central, em sua maioria de pequeno porte, instalando-se em residências adaptadas ou pequenos barracões113. A partir de 1950, intensificou-se a expansão urbana em direção aos eixos norte e sul da cidade, acompanhando os contornos da ferrovia114, ao mesmo tempo em que seu crescimento seguia, também, o eixo rodoviário para Assis, a oeste, e ferroviário para Pompeia e Tupã, a norte e a noroeste115. 108 BALDASSARINI. Op. cit. BALDASSARINI. Op. cit. 110 NUNES, Marcelo. Produção do espaço urbano e exclusão social em Marília – SP. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP - Campus de Presidente Prudente. Presidente Prudente, 2007. 111 NUNES. Op. cit. 112 NUNES. Op. cit. 113 ZANDONADI, Júlio César. Novas centralidades e novos habitats: caminhos para a fragmentação urbana em Marília (SP). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP - Campus de Presidente Prudente. Presidente Prudente, 2008. 114 NUNES. Op. cit. 115 ZANDONADI. Op. cit. 109 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 58 Contudo, entre meados da década de 1960 e o início da década de 1970, a expansão territorial da cidade começou a se efetuar em níveis superiores ao do crescimento populacional, quando as descontinuidades territoriais passaram a ser tendência. O ritmo de crescimento, nas décadas posteriores, registrou mudanças no sentido da expansão que foi se direcionando para noroestesudeste116. Durante a década de 1970, a expansão se intensificou nas direções dos eixos rodoviários para Pompeia (noroeste), Lins (norte), Assis (oeste) e ao longo a rodovia Perimetral (sudeste). Os loteamentos, implantados em descontínuo a malha urbana já constituída, eram destinados aos segmentos sociais de menor poder aquisitivo, com lotes de pequenas dimensões e muitas unidades habitacionais117. Posteriormente, os eixos rodoviários em direção a Tupã, Garça, Assis, Lins e Ourinhos passaram a definir os vetores de expansão e a implantação das novas áreas industriais que surgiram em direção aos extremos leste e noroeste da cidade118. Ainda a partir da década de 1970, com o crescimento das empresas e a necessidade de áreas maiores, devido principalmente ao plano de ruas estreito da área central e ao aumento do preço dos imóveis neste setor, a maioria das empresas buscou novas instalações. A ocupação das indústrias atingiu, então, as rodovias, tendo sido criado o primeiro distrito Industrial, margeando a rodovia BR-153 em direção a Lins, na zona norte, que teve sua ocupação constituída a partir dos anos de 1980119. Outra área de concentração industrial já havia começado a se articular, desde os anos de 1960, com a pavimentação da rodovia que liga Marília a Bauru, nas saídas para Bauru e Ourinhos, a sudeste. Adicionalmente, a partir da década de 1990, a área margeando rodovia, na saída para Assis, a oeste, vem recebendo instalações industriais120. O crescimento territorial de Marília, entre os anos de 1970 e 1980, é explicado também pela regularização de loteamentos já existentes e pela ampliação do mercado imobiliário, sendo que, em meados da década de 1970, em boa parte do espaço urbano, a urbanização já havia atingido os limites impostos pela topografia e a formação de novos bairros, de mais difícil acesso, acentuou a mobilidade populacional121. Na década de 1990, iniciou-se a implantação de loteamentos fechados, sobretudo, na zona leste, seguindo a direção das vias principais de acesso à cidade, localizando-se nas extremidades do perímetro urbano122. No setor comercial, a abertura de novos estabelecimentos de pequeno porte e de Shopping Centers ocorreu, principalmente, na zona sul123. O município, por ocasião de sua fundação, percorria a faixa entre a margem direita do rio Peixe e o espigão Peixe – Tibiriçá124. Marília está localizada próxima às nascentes dos rios que formam as 116 ZANDONADI. Op. cit. ZANDONADI. Op. cit. 118 NUNES. Op. cit. 119 ZANDONADI. Op. cit. 120 ZANDONADI. Op. cit. 121 NUNES. Op. cit. 122 NUNES. Op. cit. 123 BALDASSARINI. Op. cit. 124 BALESTRIERO. Op. cit. 117 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 59 bacias hidrográficas dos rios Aguapeí e Peixe (UGRHI 20 e 21). O rio Tibiriçá, localizado ao norte da sede do município, é um dos principais formadores da Bacia Hidrográfica do Rio Aguapeí. Já a do Rio do Peixe, localizada ao sul da sede do município, tem diversos afluentes que possuem nascentes no centro urbano125. Marília abrigava 217 mil habitantes, em 2010, ou 23% do total da região. Sua taxa anual de crescimento populacional, entre 2000 e 2010, de 0,94% ao ano, foi superior à da RA, de 0,58%, mas inferior à média do Estado, de 1,09%. Destaque-se que o município registrou saldo migratório anual de 456 pessoas, enquanto o da região foi negativo (-895 pessoas)126. Atualmente, o município tem como destaques a indústria alimentícia, o setor de metalurgia, o comércio e a prestação de serviços127. No setor comercial, sobressaem: novos corredores comerciais, que atendem as áreas periféricas da cidade; e abertura de novos supermercados e Shopping Centers, que atraem pessoas de diversos municípios como Garça, Assis, Pompeia, Ourinhos etc., para compras e lazer128. A cidade é, também, um centro universitário e de saúde. No Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina, por exemplo, grande parte dos pacientes é de outras cidades da região, como Vera Cruz, Pompeia, Oswaldo Cruz, Oriente, e, até mesmo, de cidades mais distantes do Estado. Da mesma forma, a Santa Casa de Misericórdia de Marília auxilia no atendimento de pacientes de Getulina, Echaporã, Guaimbê, Osvaldo Cruz etc.129. • Centro Regional de Ourinhos Ourinhos surgiu de uma vila de trabalhadores que, em 1905, atuava no desmatamento das terras destinadas ao assentamento dos trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana. Em 1908, foi criado o posto da estrada de ferro, que quatro anos mais tarde seria transformado em estação, estendendo seus trilhos até Assis. Com isso, passou a ser localidade estratégica, por sua ligação com o norte do Paraná130. A Fazenda das Furnas daria origem ao núcleo urbano de Ourinhos e seu proprietário conseguiu que a criação da estação da Estrada de Ferro se situasse dentro de suas terras e fez com que o loteamento do local próximo à estação, com ruas largas e traçado retilíneo, se diferenciasse do padrão urbano predominante àquela época131. Com a chegada da estrada de ferro, a cidade tornou-se a porta de entrada para o norte do Paraná, onde a cafeicultura se expandia para novas áreas de colonização da Companhia de Terras Norte 125 MARÍLIA (Município). Op. cit. SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Economia e Planejamento, Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – Seade. Tendências Recentes da Migração nas Regiões Administrativas do Estado de São Paulo. Sumário Executivo. Resenha de Estatísticas Vitais do Estado de São Paulo, ano 11, nº 7. São Paulo, novembro 2011. 127 MARÍLIA (Município). Op. cit. 128 BALDASSARINI. Op. cit. 129 BALDASSARINI. Op. cit. 130 IZIDORO, Kivam Arruda; SILVEIRA, Márcio Rogério. O impacto socioespacial da ferrovia em Ourinhos/SP e a atuação do poder público municipal. Anais do II Ciclo de Idéias e Debates do GEDRI – 15 a 19 de outubro de 2007 – UNESP/Ourinhos. São Paulo. Disponível em: www.ourinhos.unesp.br. Acesso em: 21 mai. 2012. 131 SELANI, Reinaldo Luiz. A Evolução da cana-de-açúcar no Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Ourinhos e o papel das esferas públicas e das agroindústrias do açúcar e do álcool no processo de organização do espaço. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Geociências e Ciências Exatas. Rio Claro, 2005. 126 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 60 do Paraná, atraindo a população e investimentos para o município, que se desenvolvia de forma bastante rápida132. Na formação socioespacial de Ourinhos, podem ser delineados três períodos. No primeiro, que compreende as primeiras quatro décadas, em que destacam-se a economia cafeeira e o avanço do transporte ferroviário, com o crescimento urbano polarizado em torno da estação ferroviária, onde se concentravam hotéis, comércio atacadista, armazéns etc. Nos bairros ao norte da ferrovia, situavam-se a população de menor renda e atividades industriais como serralherias e outros empreendimentos. Ao sul e ao oeste da cidade, a população de mais alta renda e instituições e serviços públicos se instalaram133. Nesse período inicial, a partir da década de 1920, desenvolveram-se, também, olarias em decorrência da extração de argila de uma área do Rio Paranapanema. A produção dessas empresas tinha como principal mercado a própria cidade e o norte do Paraná. Desde os anos de 1980, no entanto, o setor entrou em crise, resultado do crescimento da concorrência, do barateamento do preço de seus produtos e de sua defasagem tecnológica134. No segundo período, aproximadamente dos anos de 1950 e 1980, a economia cafeeira e o transporte ferroviário são sobrepujados pelo avanço da agroindústria sucroalcooleira e do transporte rodoviário. Aparecem indústrias locais e há crescimento urbano, com a incorporação de novas áreas e criação de loteamentos, gerando expansão, de início, no sentido norte-sul e, posteriormente, leste-oeste. A população de mais alta renda intensifica a ocupação de novas áreas incorporadas a oeste da cidade, onde são construídos loteamentos mais modernos e bem estruturados135. Nessa fase, ainda, instalam-se unidades de armazenagem e distribuição de combustíveis, no município, pela sua localização estratégica na rede de transportes, com petróleo e seus derivados sendo movimentados através da ferrovia, armazenados na cidade e, posteriormente, redistribuídos através das rodovias136. No terceiro e último período, da década de 1980 até os primeiros anos da de 2000, houve a saída de diversas empresas do município. A retirada da ferrovia do centro da cidade, prevista no plano diretor de 1982, não se concretizou, continuando a diminuir a fluidez do espaço urbano, onde surgiram condomínios fechados e edifícios, em áreas centrais e arredores137. A área do município de Ourinhos é plana e delimitada por três cursos de água, principalmente. O maior, o Rio Paranapanema138, separa Ourinhos da cidade de Jacarezinho, no Paraná, ao Sul. O segundo, Rio Pardo, afluente do Paranapanema, impõe-se como barreira à expansão da área urbana, a leste e, também, a norte, quando faz a curva em direção ao Paranapanema, dividindo o 132 SELANI. Op. cit. BOSCARIOL, Renan Amabile; SILVEIRA, Márcio Rogério. Formação socioespacial e expansão urbana do município de Ourinhos. Anais do II Ciclo de Idéias e Debates do GEDRI – 15 a 19 de outubro de 2007 – UNESP/Ourinhos. São Paulo. Disponível em: www.ourinhos.unesp.br. Acesso em: 21 mai. 2012. 134 BOSCARIOL. Op. cit. 135 BOSCARIOL. Op. cit. 136 BOSCARIOL. Op. cit. 137 BOSCARIOL. Op. cit. 138 OURINHOS encontra-se na Bacia Hidrográfica do Médio Paranapanema, Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) 17. 133 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 61 município em duas partes. E o terceiro, Rio Turvo, que corta a parte leste do município, no sentido leste-oeste139. O município abrigava 103 mil habitantes, em 2010, ou 11% do total da RA. Sua taxa anual de crescimento populacional, entre 2000 e 2010, de 0,95% ao ano, foi superior à da região, de 0,59%, mas inferior à média do Estado, de 1,09%. Destaque-se que o município, à semelhança da sede regional registrou saldo migratório anual positivo, de 108 pessoas, enquanto o da RA foi negativo (-895 pessoas)140. A influência de Ourinhos se desenvolve num raio de 40 a 50 quilômetros e o fortalecimento das relações regionais é produzido pelos setores de prestação de serviços e de comércio. De inicio, o comércio restringia-se apenas a estabelecimentos de pequeno porte como casas de secos e molhados, por exemplo, suficientes para atender a demanda local. Posteriormente, o setor se ampliou e boa parte de seus clientes passaram a vir das cidades vizinhas, no Estado de São Paulo e norte do Paraná. No setor de serviços, destacam-se saúde e educação. Na saúde, Ourinhos conta com três hospitais e, na educação, quatro universidades, no centro e na periferia da cidade. Ressalte-se que um número expressivo de alunos matriculados não reside no município ou vem especialmente para estudar, o que reforça seu papel como centro regional141. 139 BOSCARIOL. Op. cit. SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional, Fundação Seade. Informações recentes revelam redução da migração no Estado de São Paulo e em suas metrópoles. São Paulo: SP Demográfico, ano 11, nº. 7, novembro de 2011. 141 OLIVEIRA FILHO, Altair Aparecido; SILVEIRA, Marcio Rogério. Ourinhos-SP: Formação socioespacial e dinâmica econômica no contexto regional. Anais do II Ciclo de Idéias e Debates do GEDRI – 15 a 19 de outubro de 2007 – UNESP/Ourinhos. São Paulo. Disponível em: www.ourinhos.unesp.br. Acesso em: 21 mai. 2012. 140 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 62 _________________________________________________________________________________________________________________________ Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 63 Números da Região ASPECTOS ECONÔMICOS ASPECTOS ASPECTOS DEMOGRÁFICOS Agropecuária Estado de São Paulo, RA de Marília e Municípios Álvaro de Carvalho Alvinlândia Área Total Pop. Total 2010 (km²) 2011 Indústria e Serviços Cana de Taxa de Mandioca - Bovinocult Crescim. Grau de Açúcar Área Tot. ura corte Nº de Populac. Urbaniz. Área Tot. Ocupada n. de Estabelec. 2010 Ocupada 2000 a 2007/2008 cabeças 2008 (% ) 2007/2008 2010 (% (ha) 2007/2008 (ha) a.a.) Produto Interno Bruto - PIB Nº de PIB 2008 Empregos (em R$ 2008 milhões) SOCIAIS Taxa média PIB per geométrica capita de crescim. 1996 a 2008 2008 (em (em R$) %) IPRS 2008 152,6 4.703 1,26 63,5 16,6 - 15.086 26 454 38,30 7.806,09 2,54 Grupo 4 85,0 3.016 0,57 89,8 15,7 132,4 8.248 34 68 26,47 9.231,13 3,50 Grupo 5 Grupo 4 Arco Íris 263,2 1.905 -1,17 57,0 5.191,9 725,7 23.491 17 34 40,15 19.817,06 - Assis 461,7 95.908 0,88 95,6 16.107,2 377,9 3.707 2.392 16.654 1.093,82 11.192,79 1,59 Grupo 3 Bastos 170,5 20.433 -0,06 86,1 2.703,6 42,8 12.246 434 2.697 301,48 14.138,90 3,90 Grupo 3 Bernardino de Campos 244,0 10.781 0,06 89,6 7.887,7 1,6 9.166 177 1.299 116,76 10.830,85 6,05 Grupo 4 Borá 118,7 806 0,13 77,9 4.258,0 130,8 7.279 12 22 21,60 25.896,30 7,39 Grupo 3 Campos Novos Paulista 484,6 4.573 0,82 77,7 6.240,1 5.947,0 17.869 39 136 65,12 13.182,02 8,54 Grupo 4 Cândido Mota 596,3 29.944 0,22 94,0 21.507,5 1.561,2 635 552 2.817 431,56 14.074,60 3,09 Grupo 3 Canitar 57,4 4.462 2,31 94,7 3.953,4 0,1 41 23 964 30,15 6.512,29 5,40 Grupo 5 Chavantes 188,2 12.108 -0,06 92,0 11.213,1 93,7 1.520 199 1.432 175,86 13.899,50 2,26 Grupo 4 Cruzália 149,2 2.246 -1,36 66,4 2.775,9 - 185 35 85 57,00 23.927,48 3,91 Grupo 3 Echaporã 514,6 6.274 -0,76 79,6 8.329,3 3.794,4 31.059 67 228 68,57 10.886,37 -1,31 Grupo 3 Espírito Santo do Turvo 191,3 4.301 1,45 85,5 5.702,0 45,3 7.784 48 363 93,37 21.410,56 6,23 Grupo 4 Fernão 100,3 1.575 0,86 54,4 178,7 70,5 4.508 19 65 17,82 11.770,73 - Grupo 3 Florínia 227,4 2.803 -0,99 88,8 10.233,9 14,5 235 32 70 95,75 33.211,26 1,89 Grupo 4 Gália 355,8 6.939 -1,13 74,5 91,9 240,4 18.438 107 573 64,88 9.606,03 -5,02 Grupo 5 Garça 555,8 43.112 -0,01 90,9 123,1 235,4 36.879 941 7.979 574,46 13.237,91 1,97 Grupo 3 Herculândia 365,1 8.764 0,85 91,1 7.747,3 526,8 35.278 95 552 94,54 10.472,53 2,58 Grupo 4 Iacri 324,0 6.387 -0,55 78,7 7.970,9 460,6 20.658 86 324 59,75 8.691,22 0,47 Grupo 4 Ibirarema 228,5 6.827 1,66 92,4 11.426,5 1.880,4 2.060 101 720 88,13 12.418,48 2,42 Grupo 5 Ipaussu 209,1 13.769 0,85 92,1 12.924,0 - 5.339 224 2.569 152,14 11.252,21 1,06 Grupo 4 João Ramalho 416,0 4.180 0,79 85,4 15.709,3 1,5 25.678 37 82 40,47 9.409,99 -2,60 Grupo 4 Júlio Mesquita 128,2 4.455 0,62 95,1 304,0 - 9.281 34 68 29,19 6.474,33 4,16 Grupo 4 39 250 44,14 10.068,01 3,02 Grupo 3 _________________________________________________________________________________________________________________________ Lupércio 155,0 4.365 0,29 88,8 66,5 364,2 Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 9.684 64 Números da Região ASPECTOS ECONÔMICOS ASPECTOS ASPECTOS DEMOGRÁFICOS Agropecuária Estado de São Paulo, RA de Marília e Municípios Área Total Pop. Total 2010 (km²) 2011 Taxa de Cana de Crescim. Grau de Açúcar Populac. Urbaniz. Área Tot. 2000 a 2010 Ocupada 2010 (% (% ) 2007/2008 a.a.) (ha) Indústria e Serviços Mandioca - Bovinocult Área Tot. ura corte Nº de Estabelec. Ocupada n. de 2007/2008 cabeças 2008 (ha) 2007/2008 Produto Interno Bruto - PIB Nº de PIB 2008 Empregos (em R$ 2008 milhões) SOCIAIS Taxa média PIB per geométrica capita de crescim. 2008 1996 a 2008 (em (em R$) %) IPRS 2008 Lutécia 474,6 2.698 -0,64 79,5 7.971,8 465,2 31.535 20 94 40,67 14.216,81 4,88 Grupo 3 Maracaí 533,0 13.363 0,25 90,6 18.291,9 190,9 2.805 219 1.447 365,41 26.760,06 5,94 Grupo 3 1.170,1 218.641 0,95 95,5 2.463,8 802,4 95.090 5.170 46.165 3.056,84 13.679,94 0,92 Grupo 3 300,3 4.163 0,00 79,9 1.627,7 2.302,1 13.724 45 164 43,40 10.027,66 4,95 Grupo 3 Marília Ocauçu Óleo 198,0 2.646 -1,11 66,0 1.949,0 - 9.069 13 20 31,10 11.396,97 4,46 Grupo 3 Oriente 217,8 6.116 0,34 93,4 3.063,2 - 15.110 63 477 49,23 7.764,19 6,74 Grupo 4 Oscar Bressane 221,4 2.536 -0,06 82,7 796,9 72,6 19.000 30 147 26,39 10.390,04 1,81 Grupo 3 Ourinhos 296,2 103.930 0,95 97,4 11.646,8 77,5 4.406 2.303 17.223 1.420,25 13.704,90 4,00 Grupo 4 Palmital Paraguaçu Paulista Parapuã Pedrinhas Paulista Platina Pompeia Quatá Queiroz Quintana Ribeirão do Sul Rinópolis Salto Grande Santa Cruz do Rio Pardo São Pedro do Turvo Tarumã Timburi Tupã Vera Cruz RA de Marília 549,0 21.233 0,24 91,7 24.336,5 2.104,7 1.671 392 2.460 360,27 16.235,87 4,34 Grupo 3 1.001,1 365,2 152,2 327,8 786,4 652,7 235,5 319,8 203,4 358,5 189,1 1.116,4 731,0 303,5 197,2 629,1 247,9 42.535 10.820 2.947 3.223 20.136 12.909 2.875 6.058 4.442 9.906 8.819 44.209 7.226 13.100 2.639 63.494 10.741 0,66 -0,24 0,28 1,07 0,94 0,94 2,59 0,98 -0,09 -0,32 0,40 0,72 0,44 1,83 -0,32 0,03 -0,29 90,6 82,0 84,4 78,7 93,0 93,9 84,9 91,5 74,1 86,9 90,3 91,4 71,6 94,1 72,7 96,0 87,0 55.750,6 11.013,3 795,8 7.895,3 8.161,9 30.868,9 7.105,4 5.155,6 3.857,3 8.332,7 3.609,0 23.844,6 7.069,0 25.165,1 300,5 6.421,2 42,5 693,2 164,1 1.588,2 40,6 116,4 1,2 1.329,2 161,4 615,5 1.398,2 2.796,5 4,0 855,8 28,0 25.383 21.217 1.051 1.640 54.171 24.368 16.052 28.730 1.863 28.263 4.579 39.634 36.326 829 9.506 47.044 21.245 731 168 33 19 419 193 23 72 60 144 112 950 49 285 20 1.699 114 4.076 2.272 210 154 5.823 1.237 296 542 359 672 810 6.580 440 3.521 52 10.738 579 600,21 139,55 70,30 55,13 429,18 239,33 101,03 56,01 64,90 76,63 109,43 708,52 80,16 272,72 28,93 790,21 92,92 13.564,44 12.259,30 24.049,40 16.411,14 21.461,06 19.197,44 35.939,97 9.484,32 13.955,06 8.089,15 12.259,44 16.371,00 10.842,20 20.737,74 11.271,14 12.331,93 9.232,48 3,59 2,89 4,21 4,64 2,68 4,75 15,88 3,83 7,22 1,07 2,91 4,45 3,19 5,32 4,95 2,18 -10,34 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 1 Grupo 4 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 4 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 3 Grupo 5 Grupo 3 Grupo 3 Grupo 3 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 4 18.519,7 946.041 0,59 92,3 440.214,4 32.454,9 860.665 19.116 147.063 13.130,20 13.690,77 2,34 N.A. 779.414 11.337.758 1.003.015,76 24.457,00 65 3,58 N.A. _________________________________________________________________________________________________________________________ Estado de São Paulo 248.209 41.692.668 1,09 95,9 5.497.139,1 61.591,8 Secretaria Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional Fonte:de Fundação Seade, 2011. 5.762.945 Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional Unidade de Articulação com Municípios Planejamento Regional Marcelo Sacenco Asquino Ivani Vicentini Maria Angélica Campello Pasin Portella Pereira Carmen Célia Granziera Miyake Leila Tendrih Manuela Santos Nunes do Carmo Pablo March Frota de Miranda Lima Sandra Matsuzaki Costa Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional Alameda Jaú, 389 Jardim Paulista CEP: 014020-000 São Paulo-SP Tel.: (11) 2575-5054 _________________________________________________________________________________________________________________________ www.planejamento.sp.gov.br [email protected] Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Regional • Unidade de Articulação com Municípios • Planejamento Regional 66