Judo

Transcrição

Judo
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE DESPORTOS
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
DISICIPLINA: TEORIA E METODOLOGIA DO JUDÔ (Licenciatura)
PROFESSORA: DRA. SARAY GIOVANA DOS SANTOS
Florianópolis, 2007
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SUMÁRIO
Glossário
................................................................
03
Aborgadem Geral
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Origem do Judô
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Jigoro Kano e a criação do Judô
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O Judô no Brasil
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Princípios judoísticos
................................................................
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Aprendizagem do Judô
................................................................
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Local de prática
................................................................
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Vestimenta
................................................................
21
Saudações
................................................................
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Deslocamento sobre o tatame
................................................................
26
Posições básicas
................................................................
27
Pegadas
................................................................
28
Fases de aplicação de uma técnica
................................................................
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Fases de treinamento
................................................................
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Amortecimento de quedas
................................................................
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Divisão das técnicas
................................................................
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Ensino aprendizagem
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desenvolvimento no ensino
................................................................
43
Graduações
................................................................
46
Arbitragem
................................................................
48
Referências
................................................................
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Influência do crescimento e
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GLOSSÁRIO
ashi pé, perna
mate parar
ashi-waza técnica de perna
migi direito
atemi pancada, golpe
nage arremesar
barai ou harai varredura
ne-waza téc. no solo
buguei artes marciais
obi faixa
dan grau do professor
osae-komi imobilização
do caminho
quimono ( judogui ) vestimenta
dojo local de treino
rei reverência
eri gola do judogui
samurai aquele que serve
gyaku inversa
sensei professor
hajime começar
seoi ombro
handori simulação luta
shiai competição
hansouku-make desqualificação
shime estrangulamento
hantei decisão
sono-mama pare como está
hara barriga
soremade fim da competição
hidari esquerda
soto lado de fora
hiji cotovelo
sutemi arremesso com sacrifício
hiza joelho
tachi-waza téc. de arremesso em pé
ippon pontuação para golpe perfeito
tatame material que compõe o dojo
jigotai posição defensiva
te mão
jitsu técnica
toketa imobilização desfeita
joseki altar
tori atacante
ju flexível ou suave
tsukuri entrada da técnica
juji cruzado
uchi interno
judogui uniforme de judô
kata movimentos técnico pré-estabelecidos
uchikomi exercícios repetitivos
katsu ressuscitamento
uke defensor
kiai berro, grito
ukemi amortecimento de quedas
ko menor
waza-ari pont. p/golpe dois
kodokan escola japonesa de judô criada por Jigoro Kano
yoko lado
yoshi reinicio da luta
kubi pescoço
kyu graduação de faixa abaixo da preta
yuko pont. p/golpe menor que o waza-ari
koka pont. p/ golpe, menor que o yuko
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ABORDAGEAM GERAL
O Judô é um esporte que pode ser considerado como uma arte e uma filosofia
de vida, podendo assim, ser visto como um dos esportes mais completos, pois como
cultura física todas as partes do corpo entram em ação de todas as formas e se
desenvolvem harmoniosamente, adquirindo força e flexibilidade. Filosoficamente
seus princípios e sua disciplina complementam o trabalho que permite um
desenvolvimento global do indivíduo.
Devido a estes adjetivos, segundo Alvim (1975) é que o Judô atrai em todo o
mundo milhões de pessoas de ambos os sexos e idade variadas, e, no Brasil, de
acordo com Franquini (1999) são mais de dois milhões de praticantes, tendo como
principal meio de atração a sua importância na formação da personalidade. Ao se
estudar a abrangência educacional do Judô, se observa que desde a sua origem a
preocupação do seu criador foi de abordar uma arte onde o objetivo principal era que
o indivíduo tivesse um desenvolvimento integral.
A prática do Judô, abrange muitas formas de trabalho, como os "Kata" que
são formas clássicas de execução do movimento das técnicas; as diversas variações
das técnicas introduzidas para efeito de combate denominado de "Waza". As
divisões e sub-divisões de técnicas como as de projeção "Nage-Waza", as de
imobilizações "Katame-Waza" e ainda as técnicas vitais -"Atemi-Waza".
Para Alvim (1975) o Judô Kodokan apresenta uma estrutura extensa e rígida,
e também pouco conhecida pela maioria dos nossos judoístas e instrutores. O
praticante graduado deve ter curiosidade para as técnicas desconhecidas e nossos
instrutores devem mostrar a seus alunos a beleza do Judô em seu todo, e não como
ocorre em muitas escolas, onde se dá ênfase as técnicas de competição, de jogar,
estrangular e imobilizar. A técnica de defesa pessoal “GOSHINJUTSU-NO-KATA’’,
por exemplo, é pouco praticada entre nós, sendo, no entanto a continuação lógica
para judoistas graduados ou avançados em idade, e que ainda queiram permanecer
ativos nas salas de treinamento.
Outra forma de prática que atualmente é realizada apenas precedendo a
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exames de graduação (preta para cima), são os “Kata” que pode ser traduzido como
forma ou modelo, é um ritual de formas determinadas, imutáveis, medidas
sincronizadas e previamente ensaiadas, até um máximo possível de perfeição de
movimentos e concentração, tendo como objetivo final no caso do Judô, a
perpetuação da modalidade. Sendo eles oficialmente oito com a inclusão do ShinKime-No-Kata (nova forma de defesa pessoal do Judô):
- Nage-No-Kata – é o primeiro composto por 15 projeções, dividido em cinco
grupos de três projeções, aplicadas pela direita e esquerda;:
- Katame-No-Kata – são técnicas de solo, compõem-se de três grupos de
cinco técnicas, aplicadas apenas pelo lado direito;
-Kime-No-Kata – é um kata de defesa pessoal, executado com as mãos nuas
e também com espadas longas e curta, sendo executado em duas posições:
ajoelhado e em pé;
- Ju-No-Kata – que se baseia no princípio de JU – suavidade é talvez um dos
mais belos. È composto de três grupos de cinco técnicas;
- Koshiki-No-Kata – é um kata que tem suas origens nas lutas com armaduras,
é composto por 21 técnicas que se apresentam de forma repetitiva, mesmo iniciando
o ataque de maneira diversificada;
- Itsutsu-No-Kata – é o mais profundo, de difícil compreensão e desenvolvido
por Jigoro Kano quando tinha apenas 21 anos, ainda não foi completada parando
nas cinco primeiras técnicas as quais não foram sequer dado nomes. Refere-se a
forças cósmicas dentro de um contexto, fazendo menção a movimentos centrífugos,
ondulares e rítmicos;
- Sei-Ryoku-Zenyo – este seria o último Kata oficial do Kodokan, se não fosse
a inclusão do Goshin-Jitsu. A finalidade deste kata é desenvolver o corpo e mente.
Divide-se em dois grupos, sendo o primeiro de 28 técnicas realizadas
individualmente e o segundo grupo de 20 técnicas realizadas em duplas;
- Goshin-Jitsu ou Shin-Kime-No-Kata (nova forma de defesa pessoal) – com o
intuito de reintegrar com a atualidade a defesa pessoal, o Kodokan em 1953 nomeou
vinte e um mestres para compor esse Kata, que ficou pronto em 1956 e ficou
composto de vinte e uma formas (Virgílio, 1986).
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Outras práticas que caem no esquecimento ou pouco utilizadas nos dojôs
brasileiros, por falta de conhecimento e embasamento suficiente para a aplicação
correta é o “kiai”, que pode ser traduzido como Ki- espírito e Ai- união, ou seja união
dos espíritos. O Kiai, segundo Virgilio (1986, p. 140) pode ser definido “como uma
concentração de forças físicas, morais, intelectuais e espirituais de cada um, usadas
para atingir uma meta ideal” . Já para Robert (s/d) o kiai é uma espécie de grito
especial , não modulado, emitido para reanimar ou subjugar e submeter o adversário
ou ainda fazê-lo cair em síncope.
O kiai aplicado em artes marciais tem a respiração como base, ou seja, no
momento da execução de um golpe, primeiro inspiramos e prendemos o ar, já com
70 a 80% do golpe em andamento, vem a explosão e a saída do ar, que preso,
escapa com violência emitindo um som que caracteriza o kiai. A percepção e a
sincronia coma respiração do adversário é muito importante, pois a defesa se
fundamenta no ar comprimido no “tandem” (baixo ventre). Portanto nosso ataque
deve ser efetuado antes da inspiração do oponente, pois assim este perde grande
parte de sua estabilidade e poder de defesa.
O grito é fundamental no kiai, pois ele paralisa e desnorteia o adversário,
quando o grito chega ao sistema nervoso central ele age como inibidor ou
estimuladores, dependendo da forma que foi emitido. Os sons graves, de grau de
intensidade menor, travam e demoram os movimentos respiratórios e cardíacos,
baixam a pressão arterial e detêm a tensão nervosa. Os sons agudos, de escala
elevada, aceleram a respiração, o coração e excitam a tensão nervosa. Quando
ocorre um ataque no momento certo, com técnica excelente acrescido de um
poderoso kiai, o organismo do atacado registra o som e o processo, segundo Robert
(s/d, p. 383) é o seguinte:
“ – registro de som e inibição nervosa cardio-respiratória;
- despertar no subconsciente dos reflexos instintivos;
- desconexão nervosa com o córtex cerebral e aumento da emotividade
(thalamus);
- perturbação do equilíbrio neuro-vegetativo e aumento dos fenômenos
inibidores”.
O kiai deve ter convicção, força, concentração e muito treino, e, só deve ser
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executado após domínio de várias técnicas de projeção e desenvolvimento de auto
domínio, auto conhecimento mediante as práticas de yoga (respiração), meditação,
exercícios de contração e descontração mentais, dentre outros.
Outra prática abandonada é o chamado “mukusô”, ato de fechar os olhos e
fazer silêncio, meditar. Esse procedimento deve ser utilizado ao final de uma sessão
de treinamento, antecipando a saudação final, todos em sei-za (ajoelhado), o sensei
ou o aluno mais graduado profere o comando de mukusô, para o qual os alunos
fecham os olhos com o intuito de: relembrar o aprendizado, o desenvolvimento
conseguido naquela sessão; relembrar os erros para saná-los e os acertos para
reforçá-los e aprimorá-los; relembrar as atitudes morais durante as sessões. Com
isto reforçando aspectos inerentes da filosofia do judô, dentre a qual deve ser
sempre
reforçado:
NINTAI
(perseverança,
paciência),
DORYOKU
(esforço,
empenho) e HISSHYÔ (ei de vencer).
Infelizmente, em nossas Associações, muito vem se perdendo na medida que
o conhecimento judoístico vem sendo passado de gerações que cada vez menos se
aprimoram teoricamente, afunilam apenas para a formação física, a destreza e as
competições em geral, e, relega-se a um segundo plano a formação moral e
espiritual através do Judô, que é sem dúvida o ponto alto desse esporte. Segundo
Sugizaki apud Shinohara (1980, p. 1), citando as palavras de Jigoro Kano, as quais
definem os propósitos da disciplina do Judô:
“ Judô é o caminho para a mais eficiente utilização das forças físicas e
espirituais. Pelo seu treinamento em ataques e defesas, educa-se o
corpo e o espírito e torna a essência espiritual do Judô uma parte do
seu próprio ser. Desta forma será capaz de aperfeiçoar a si próprio e
contribuir com algo para valorizar o mundo. Esta é a meta final da
disciplina do Judô”.
Ainda, em reforço, segundo Sugizaki apud Shinohara (1980), a formação
espiritual que deveria ser inerente ao treinamento do judoca, não tomou parte do
progresso evolutivo do Judô, mas pelo contrário, ficou retraída e na sua grande
maioria esquecida. Essa realidade foi comprovada por Santos e outros (1990), que
ao estudarem a aplicação dos princípios judoísticos na aprendizagem do Judô,
concluíram que muito embora técnicos e atletas admitam que o Judô possui uma
filosofia, não demonstraram conhecimento da mesma. Infelizmente essa foi uma
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realidade detectada nos anos noventa, e atualmente, como será que o quadro se
apresenta?
Autores remanescentes, tais como Yerkow (1974), comentava da existência
de controvérsias em pontos de vista e na divisão das escolas nas formas e opiniões
em como ocorre a aprendizagem e até mesmo o treinamento de Judô. Uma opinião é
que toda a finalidade é simplesmente derrotar o adversário, e a outra consiste em
ensinar os significados da palavra JU e DO (caminho da suavidade). Isto implica no
estudo e na prática dos verdadeiros princípios da arte.
Virgilio (1986) comenta que, independente do objetivo com que se pratica
Judô, tanto sendo para fins recreativos, competitivos, defesa pessoal ou lazer, os
conhecimentos sobre os princípios e a filosofia do Judô devem ser constantemente
embutidos em seus praticantes de maneira séria e responsável para que haja um
progresso técnico, físico, moral e intelectual.
Desta forma, este acervo fica como um alerta para que futuros educadores de
Judô busquem mais referenciais, desenvolvendo um excelente trabalho de base,
realmente objetivando aproveitar o Judô como um todo, utilizando todo o seu
conteúdo paulatinamente, para realmente auxiliar no desenvolvimento do seu
educando.
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A ORIGEM DO JUDÔ
Para verificar a abrangência educacional que constitui o Judô, se faz
necessário uma retrospectiva histórica para observar que desde a sua origem a
preocupação do seu criador era realmente de abordar uma arte onde o objetivo
principal era auxiliar no desenvolvimento do educando. Assim, vale salientar como
surgiu o Judô.
O Judô moderno teve a sua origem em formas de arte guerreira de lutas corpo
a corpo, que estiveram no auge no século XVI, no feudalismo nipônico, que
normalmente eram chamadas de ju-jitsu (técnica da ligeireza).
De acordo com Robert (s/d), alguns historiadores japoneses, colocam que o
ju-jitsu já existia no ano 660 a.C. No entanto, um antigo relato sobre dois lutadores,
por volta de 230 a.C., conta que Nomi-No-Sukume e Taima-No-Kuemaya,
enfrentaram-se utilizando técnicas do sumo, do ju-jitsu e do karate, na qual Nomi-NoSukume foi considerado vencedor ao matar seu adversário com golpes de pés.
Naquela é poça a luta corpo a corpo não obedecia nenhum tipo aade regra. Após
este período técnicas foram elaboradas, umas utilizadas como lutas puras e simples
e outras utilizando austúcia, habilidade e técnica, um espécie de ju-jitsu.
A criação dessas técnicas utilizadas no ju-jitsu propriamente dita, tem
explicação em contos, cujas descrições possuem algumas verdades históricas. Três
lendas falam dessas prováveis origens, citas entre os séculos XIV e XVI.
A primeira conta que um médico e filósofo japonês, Shirobei-Akyama, estava
convencido que a origem dos males humanos seria resultado da má utilização do
corpo e do espírito. Deste modo partiu para estudos de técnicas terapêuticas
chinesas, estudou o princípio do taoísmo, acupuntura e algumas técnicas de wu-chu,
luta chinesa que usava as projeções, as luxações e os golpes. Quando Shirobei
retornou ao Japão passou a ensinar seus discípulos o que havia assimilado do
princípio positivo da filosofia taoísta, tanto na medicina como na luta, ou seja, ao mal
ele opunha o mal, a força , a força. No entanto este princípio só se aplicava a
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doenças menos complexas como em situações fáceis de lutas, ao enfrentar um
oponente mais forte não dava resultados. Assim, seus discípulos o abandonaram e
ele perplexo retirou-se para um apequeno templo e por cem dias meditou. Durante
este espaço, tudo foi colocado em questão, a filosofia chinesa ying e yang, a
acupuntura e por fim todos os métodos de combate, na medida que “opor uma ação
a outra ação não é vantajoso a não ser que a minha força seja superior à força
adversa”. Certo dia quando passeava no jardim doa templo enquanto nevava,
escutava os estalidos dos galhos das cerejeiras que se quebravam sob ao peso da
neve. Por outro lado, observou um salgueiro que com o peso da neve curvava os
seus ramos até que a neve era depositada no solo e depois retornava a sua posição
inicial. Desta observação Shirobei concluiu que ao positivo devia opor-se o seu
complemento o negativo, a força devia reagir com flexibilidade. Com esta observação
e reflexão o médico aperfeiçoou o ataque e defesa na luta corpo a corpo e criou
centenas de golpe e o seu método foi chamado de YOSHIN-RYU ou Escola do
Coração de Salgueiro.
A segunda lenda, conta de que em 1650 um bonzo chinês chamado Chen
Yung Ping, instalou-se no templo Kokushoji, na região do Edo (Tóquio), e propunhase a ensinar os japoneses, cultos, caligrafia e filosofia chinesa. Naquela época Edo
era visitada pelos samurais, os quais eram excelentes guerreiros e entre eles, uma
classe mais inferior de samurais chamada de kachis é que mantinha a ordem na
cidade, normalmente entregando-se a numerosos combates corpo a corpo. Uma
noite quando Chen Yunag voltava após ter ministrado lições para um alto funcionário
do Shogun, via-se obrigado a aceitar a escolta de três kachis. No entanto quando o
pequeno grupo atravessa as muralhas da cidade foram atacados por bandidos
armados, os kachis rodearam o monge e após uma grande batalha foram
desarmados e era necessário lançar-se em um combate corpo a corpo. Foi então
que Chen, rápido como um relâmpago atirou-se aos agressores e com habilidade
incrível derrubou um bandido, depois o outro e mais outro e estes, surpreendidos
correram aterrorizados. Os três samurais cheios de admiração apelo monge
reconduziram-lhe ao templo e pediram para que ele confiasse o segredo da sua
força.. Mas Chen permaneceu em silêncio, chegando ao destino saldou os seus
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guardiões e retirou-se. Os três permaneceram na porta do templo e ali adormeceram
e no dia seguinte voltaram a pedir ao monge. O sábio sorriu e disse que a sua arte
não era para espíritos simples, mas para aqueles com alma forte. No entanto os
kachis insistiam e vendo o entusiasmo destes, Chen decidiu aceitá-los como
discípulos. Por um grande período, no maior segredo, individualmente ele ensinou os
kachis, sendo que cada um estudou um método diferente, um especializou-se nas
projeções, o outro nas luxações e estrangulamento e o terceiro em golpes aplicados
em pontos vitais.
Posteriormente os três saíram divulgando suas técnicas pelo
Japão afora.
Outra história versa sobre Takenuchi Hisamori que era excelente na arte do jôjitsu (varapau). Na ânsia de se aperfeiçoar retirou-se para um templo perdido nas
montanhas, onde se dedicou a estudar a arte. De pé frente a uma arvore
concentrava-se e deslocava-se com ligeireza até perto da árvore e a atacava-a com
força e rapidez. Ficava horas fazendo uchi-komi, era um exercício físico e mental.
Uma tarde, completamente exausto, deixou-se cair e adormeceu, e apareceu um
misterioso monge que explicou para Takenuchi que ele deveria reduzir o tamanho do
varapau para ganhar rapidez e precisão; mostrou-lhe como se deslocar mais
facilmente, aproveitando os erros do adversário e empregando ou um varapau curto
ou uma espada pequena e por fim, ensinou-lhe cinco formas de imobilizar o
adversário. Na verdade o cérebro de Takenuchi acabara de sintetizar todos os
reflexos acumulados pela experiência e acabou de aplicar o seu saber criando o
gokusoku – arte de combater sem armaduras. Este achado permitiu desenvolver
outras artes marciais, tais como o aiki-jitsu, o tam-bô e outras, e foi de grande
influência para o ju-jitsu.
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JIGORO KANO E A CRIAÇÃO DO JUDÔ
Alguns homens pelo seu espírito empreendedor, pela sua abnegação, pela
fidelidade aos seus ideais e, ainda, pela perseverança, liderança e inteligência,
marcaram de forma indelével o seu caminhar e pela estrada percorrida, ficaram os
frutos de suas obras a beneficiar a humanidade: arte, invenções, conquistas,
trabalhos e tantos outros motivos pelos quais ficaram conhecidos e são lembrados.
Jigoro Kano, criador do Judô, está certamente entre esses beneméritos,
portanto, nada mais justo, que se conheça uma breve biografia do pai inconteste do
nosso esporte.
Nasceu em 28 de outubro de 1860 (muitas controvérsias em função desta
data) em Mikage, no distrito de Hyogo – Japão, era o terceiro filho de Jirosaku
Maresiba Kano, intendente naval do Shugunat Tokugawa.
De saúde delicada, o jovem Jigoro Kano media apenas 1,50 metro, pesando
apenas uns escassos 48 quilos, porém, compensava seu pequeno porte físico com
tenacidade impar, coragem invulgar e, sobretudo, vontade férrea e inteligência
brilhante. Aos 16 anos, decidiu fortificar seu corpo, praticando a ginástica, o remo e o
basebol. Mas estes desportos eram demasiado violentos para a sua débil
constituição. Além disso, nas brigas entre estudantes, Kano era sistematicamente
vencido. Ferido na sua qualidade de filho de um samurai decidiu estudar o ju-jitsu. O
seu primeiro professor foi Hachinosuke Fukuda, da Escola Tenjin-Shinyo-Ryu (1877).
Sob a direção deste mestre, Kano iniciou-se nos mistérios do ju-jitsu da Escola
“Coração de Salgueiro”. Em 1879, com a idade de 82 anos, Fukuda morre e Kano
herdou os seus arquivos. Tornou-se seguidamente aluno do Mestre Iso, um
sexagenário que possuía segredos de uma escola derivando igualmente de TenjinShingo. Jigoro Kano treina-se, enquanto prossegue seus estudos e torna-se em
breve vice-presidente da escola. Infelizmente, Iso morreu muito cedo e o nosso
jovem encontra-se novamente sem mestre. Devorou todos os livros e documentos,
mais um bom professor era-lhe indispensável. Foi então que encontrou mestre
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Iikugo, que lhe ensinou a técnica da escola Kito na qual aprendeu o combate com
armadura.
Pouco a pouco Jigoro Kano foi analisando e sintetizando os conteúdos
absorvidos nas diversas escolas, criando um sistema próprio de disciplina,
continuando, no entanto, a treinar-se com mestre Iikugo até 1885. Em fevereiro de
1882, com a idade de 22 anos, instalou-se no pequeno templo budista de Eishosi, da
seita Jôdo. É neste templo, berço do Judô, que Jigoro Kano instala o seu primeiro
dojô.
Vivendo nas dependências do templo com alguns alunos e uma velha criada,
dedicou-se pacientemente a elaborar um novo método, um sistema de educação
física e formação de caráter, baseado no ju-jitsu. Mas, por outro lado, o ju-jitsu
possuía, a par de muitas qualidades, enormes defeitos. Era preciso podá-los e
organizar, simultaneamente, um método de treino similar ao de certos desportos
ocidentais.
Kano fez a síntese das melhores técnicas, escolheu os golpes mais eficazes e
os mais racionais; eliminou as práticas perigosas e incompatíveis com o fim elevado
que visava. Aperfeiçoou a maneira de cair e inventou o principio das quedas de
amortecimento. Criou uma vestimenta especial de treino (judogui), pois o antigo traje
do ju-jitsukas provocava freqüentemente ferimentos. Dedicou-se particularmente aos
métodos de projeção, aperfeiçoando vários de sua autoria.
O ju-jitsu era uma prática guerreira baseada na ligeireza do corpo e do
espírito. Kano pensou que a sua nova arte devia ter outro nome, pois o fim visado
era completamente diferente. O seu anseio era descobrir uma autêntica forma de
viver, baseada na racional utilização da energia humana e, chamou esta nova ciência
de JUDÔ.
Sendo assim, em 1882 ele criou a sua escola chamada Kodokan onde
começou a difundir a sua arte chamada Judô. Jigoro Kano disciplinou e definiu os
objetivos da nova arte que segundo Alvim (1975) são:
-
Cultura e desenvolvimento do físico:
-
Cultura e desenvolvimento da vontade e da moral;
-
Capacidade de competir vitoriosamente.
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Com tais objetivos, nenhum praticante poderá se considerar autêntico e
legítimo judoísta sendo excepcional na prática de apenas um destes objetivos, por
exemplo, o de competir vitoriosamente.
Síntese das grandes etapas da vida de Jigoro Kano
Entra na Universidade Imperial de Tóquio em 1877; torna-se aluno do mestre
Fukuda (jiu-jitsu); em 1878, funda, o primeiro clube de basebol do Japão (Kasei
Baseball Club); em 1879 estudo ju-jitsu na escola do mestre Iso; em 1881 é
licenciado em letras e estuda o ju-jtsu da escola Kito; em 1882 termina os seus
estudos de ciências estéticas e morais e funda em fevereiro deste mesmo ano a sua
escola, o Kodokan, e em agosto é nomeado professor no Colégio dos Nobres; em
1884 é adido ao Palácio Imperial; em 1885 obtém a 7ª
categoria imperial; é
nomeado vice-presidente do Colégio dos Nobres, passando a reitor do mesmo dois
anos depois; de 1889 a 1891 percorre a Europa como adido ao ministério do Ministro
da Educação Nacional e diretor da Escola Normal Superior, em setembro de 1893,
foi nomeado secretário do Ministro da Educação Nacional; em 1895, obtém a 5ª
categoria imperial; cria em 1897, a Sociedade Zoshi-Kai e funda os institutos Zenyo
Seiki, Zenichi, etc., para a cultura dos jovens; edita a Revista Kokusiai; em 1898 é
diretor da Educação primária, no ministério da Educação Nacional; em 1899, tornase presidente da comissão do Butokukai (Centro de Estudos das Artes Militares); em
outubro de 1905, obtém a 4ª categoria imperial; funda em 1907 no Butokukai os três
primeiros katas do Judô; em 1909, modifica os estatutos da Kodokan, tornando-o
uma sociedade pública; torna-se o primeiro japonês membro do Comitê Olímpico
Internacional; em 1911 é eleito presidente da Federação Desportiva do Japão; em
1912 e 1913 é enviado em missão cultural à Europa e à América; funda em 1915 a
revista do Kodokan e recebe neste mesmo ano, do rei da Suécia, a medalha dos 7º
Jogos Olímpicos; em 1920 consagra-se inteiramente ao Judô; em 1921 demite-se da
presidência da Federação Desportiva do Japão; em 1922, passa a ter lugar na
Câmara Alta; em 1924 é nomeado professor honorário da Escola Normal Superior de
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Tóquio; em 1928 participa na assembléia geral dos Jogos Olímpicos e nos próprios
jogos; em 1932 desloca-se aos Estados Unidos para assistir aos Jogos Olímpicos;
torna-se conselheiro do Gabinete de Educação Física do Japão; participou por duas
vezes no Conselho dos Jogos Olímpicos, no qual lançou os convites para os jogos
japoneses (1932 – 1934); em 1936 assiste aos X! Jogos Olímpicos de Berlim; a 4 de
maio de 1938, morre a bordo do navio que o transportava ao Cairo onde se realizava
a assembléia geral do Comitê Internacional dos Jogos Olímpicos; recebe o título
póstumo de 2º Grau Imperial.
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O JUDÔ NO BRASIL
No final da década de 20, segundo Virgilio (1986) os imigrantes japoneses
introduziram o Judô no Brasil, embora de forma desorientada e sem planejamento,
apesar de terem surgido aqui exímios lutadores como Eisei Maeda, Takashi Saigo e
Géo Omori. A prática do Judô naquela época era individualista e não havia
preocupação em desenvolver um trabalho de base.
Entre 1924 e 1935, o Brasil recebeu cerca de 190.000 imigrantes japoneses,
sendo que a maioria deles fixou-se em São Paulo, vindo a ser o berço do Judô
brasileiro, pois lá lutar era particularidade de alguns colonos, pela própria
contingência da situação.
Era tudo improvisado e os professores não seguiam qualquer tipo de método
educativo, pois não possuíam formação pedagógica, de sorte que os brasileiros não
conseguiam seguir disciplina tão ferrenha, além do misticismo que envolvia as aulas.
O Judô era tão pouco conhecido, falava-se em Jiu-Jitsu ou sistema Kano de JiuJitsu.
Na década de 40, o Judô começou a ser difundido entre os brasileiros e, em
1950, era grande o número de praticantes deste esporte. Em 1958 fundava-se a
primeira Federação de Judô no Brasil, Federação Paulista de Judô e o Sr. Jose
Lúcio Moreira da Franca foi o primeiro presidente por dez anos de seus principais
fundadores (VIRGILIO, 1986).
A seguir, outros Estados como Minas Gerais e Paraná fundaram também suas
Federações. Com a fundação da Confederação Brasileira de Judô, em 16 de março
de 1969, o Judô brasileiro teve grande impulso, depois se filiou à Federação
Internacional e à União Panamericana de Judô.
Atualmente o Judô Brasileiro é muito respeitado dentre todas as modalidades
esportivas do país, sendo um dos esportes que mais destaca-se a nível de
competições internacionais.
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PRINCÍPIOS JUDOÍSTICOS
Para Alvim (1975) o próprio nome dado à arte já explica as finalidades desta, e
a denominação "JUDO" segundo explicado pelo seu criador, tem o seguinte
significado: JU - gentIl ou natural DO - princípio, filosofia
JUDO - "princípio gentil ou natural'
A palavra "JU” tem seu significado histórico, um sentido de difícil apreensão
por nós latinos, pois se traduz por "gentil". Preferimos a tradução "natural" que nos
dá a idéia de lógico ou inteligente, os quais são inerentes ao Judô.
Por outro lado Arpin (1970) traduz Judô como:
JU – flexibilidade DO - caminho
Lassere (1975) traduz JUDO como "via da suavidade".
Independente de várias colocações, também pode ser definido, segundo Alvim
(1979) como a arte de combater sem armas e também como o meio do fraco vencer
o forte.
Conforme Virgílio (1986), Jigoro Kano deixou 2(dois) princípios como máximas
de seus ensinamentos: - SEIRYOKU ZENYO (o meIhor uso da energia) e JITA
KYOEI (prosperidade e benefícios mútuos).
O principio SEIRYOKU ZENYO (o melhor uso da energia) foi criado com base
na observação feita pelo filósofo japonês, na neve conforme origem, conhecido
também como o principio da doçura ou da não resistência, tido ainda como "ceder
para vencer", este é aplicado mais ao físico, mas conforme a ideologia de Jigoro
Kano deveria ser elevado também ao plano intelectual, moral e espiritual.
Desta forma, a melhor maneira de vencer é não opor resistência à força, mas,
pelo contrário, ceder aparentemente, adaptar-se, desviar seu objetivo e utilizá-lo em
seu proveito (LASSERRE, 1975).
A prática do Judô ensina a utilizar ao máximo e no sentido mais eficaz a nossa
energia mental e física. Este princípio é válido não somente para o Judô, mas
também em todas as situações e circunstâncias de nossas vidas, e são estas
18
conotações que devem ser passadas para nossos iniciantes e praticantes, mostrar
sempre este outro lado do Judô, ou seja, o quanto que ele pode ser útil no dia a dia
do seu praticante.
De acordo com Virgílio (1986, p. 25-28) existem nove “princípios” que
compõem o “espírito do judô”, esses princípios marcam as maneiras de percorrer o
“suave caminho”, cujo estudo de seus fundamentos, dão base para a compreensão e
o progresso do Judô, sendo eles:
1. Conhecer-se é dominar-se e dominar-se é triunfar;
2. Quem teme perder já está vencido;
3. Somente se aproxima da perfeição quem a procura com constância,
sabedoria e, sobretudo humildade;
4. Quando verificares que nada sabes, terás feito teu primeiro progresso na
aprendizagem;
5. Nunca te orgulhes de haver vencido um adversário. Ao que venceste hoje,
poderá derrotar-te amanhã. A única vitória que perdura é a que se
conquista sobre a própria ignorância;
6. O judoca não se aperfeiçoa para lutar, luta para se aperfeiçoar;
7. O judoca é o que possui inteligência para compreender aquilo que lhe
ensinam e paciência para ensinar o que aprendeu aos seus semelhantes;
8. Saber cada dia um pouco mais, utilizando o saber para o bem, este é o
caminho do verdadeiro judoca;
9. Praticar o Judô é educar a mente a pensar com velocidade e exatidão,
bem como o corpo a obedecer com justeza. O corpo é uma arma cuja
eficiência depende da precisão com que se usa a inteligência.
Esses “princípios” marcam o caminho do progresso e aprofundamento no
conhecimento e prática do Judô. A eles devem os judocas a sua atenção, obediência
e cuidados, aplicando-os na prática e no cotidiano em suas próprias vidas.
Para Alvim (1975), muitos documentos históricos mostram o espírito e a
finalidade do Judô concebido por seu pai e fundador, onde eles revelam a
preocupação de Jigoro Kano, de usar inteligência e ponderadamente a energia,
nunca a gastando violenta e desordenadamente, mesmo quando seu adversário ou
19
eventuais obstáculos, de início se apresentarem fáceis e a vitória já lhes parecer
assegurada. E entre muitos dizeres de Jigoro Kano, algumas de suas "máximas",
segundo Arpim (1971), deveriam ser seguidas pelos judoístas:
1. Vencer o hábito de usar a força conta força é uma das coisas mais difíceis
do treinamento do Judô. Caso não se consiga isto, não se pode esperar progresso;
2. A idéia de considerar os outros como inimigos só pode ser loucura e fonte
de regressos;
3. O Judô é uma arte e uma ciência. Ele deve ser mantido acima de toda
escravidão artificial e deve ser livre de qualquer influência financeira comercial e
pessoal.
4. A medida que se progride no estudo do Judô, o sentido de confiança em si
mesmo, base do equilíbrio mental, se desenvolve.
5. O Judô pode ser considerado como uma arte, ou uma filosofia do equilíbrio,
bem como um meio para cultivar o sentido e o estado de equilíbrio.
6. A simplicidade é a chave de toda a arte superior, da vida e do Judô.
7. O Judô deve existir para o benefício do homem e não o homem para o Judô
Baseados em toda uma gama de estudos de Jigoro Kano, vê-se o quanto de
benefícios pode-se angariar de uma prática sadia do Judô, procurando ensinar esses
princípios e máximas não apenas na prática em si, mas também para a formação do
caráter, utilizando essas em situações no cotidiano.
20
APRENDIZAGEM DO JUDÔ
Para Yerkow (1975), os mestres da Kodokan (nome da escola fundada por
Jigoro Kano), buscaram desde a origem do Judô, formas de assegurar um bom
progresso para a aprendizagem, e, desde 1920, os mais qualificados mestres
traçaram o que eles chamaram de “os cinco princípios para o período de
aprendizagem”.
Cada período compreende oito técnicas, num total de 40. Ensina-se ao
principiante a primeira técnica do primeiro período e quando este demonstrar
domínio desta, passa-se para a aprendizagem das seguintes. A rapidez dessa
progressão depende especialmente da sua capacidade de assimilação e de sua
habilidade para levar a prática o que se aprendeu.
Os
cinco
períodos
de
aprendizagem
foram
denominados
de
“GOKYONOWAZA”. Cada aprendiz mostra certas preferências por determinadas
técnicas e com a prática aprimora-as para melhor desempenho.
A prática do Judô segundo Carrillo (1974), por ser um esporte de
características físicas e psíquicas, deve ser conduzida de forma a aumentar e
reforçar
características
positivas,
tais
como:
audácia,
vontade,
humildade,
sociabilidade, tendência a superação, ao trabalho, ao estudo. Por outro lado
reduzindo
tendências
negativas,
como:
complexos,
orgulho,
individualismo
excessivo, agressividade.
Portanto, a prática do Judô, assim como em outras modalidades, deve ser
formativa e para tal deve ser desenvolvida de forma progressiva, metódica,
respeitando e adequando à individualidade biológica dos seus praticantes.
21
LOCAL PARA A PRÁTICA
DOJÔ -
é o local onde se estudo e se pratica o Judô, cuja palavra
desmembrada quer dizer: DO = meio ou via; JÔ= lugar preciso.
TATAME - a colocação de vários tatames forma o dojô. O tatame tradicional
era confeccionado de palha de arroz prensada e costurada, coberta com lona de
algodão, medindo 176,0 x 89,0 x 6,0 cm. Atualmente são utilizados materiais
sintéticos, sendo que de acordo com Santos (2003), uns (nacionais) são compostos
de copolímero etileno acetato de vinila (EVA), texturizado e siliconizado, medindo
199,0 x 99,0 x 4,0 cm, outros (importado) são de espuma reconstituída de grânulos
de poliuretano reciclados de 0,8 cm de diâmetros, aglutinados com adesivo de
poliuretano especial bicomponente, coberto por lona de vinil impermeável com base
de látex antiderrapante, com dimensões de 200,0 x 100,0 x 3,8 cm.
SHIAI-JÔ
- local de competição, onde é montada, tantas áreas quanto
necessário para o número de judocas participantes. Normalmente se montam quatro
áreas.
VESTIMENTA
JUDOGUI – também conhecido como kimono deve ser composto de três
peças: wagui (parte superior, casaco ou paletó), shita-baki (calças) e obi (faixa), os
quais devem respeitar as regras oficiais em função as dimensões e cores. Cada
atleta deve ter no mínimo um de cada cor (branca e azul).
Um dos aspectos que se pode exemplificar como forma de educação, se
utilizando a prática do Judô, é a forma como o praticante trata a sua vestimenta, ou
seja, o seu judogui. Levar o praticante a manter bem dobrado, carregá-lo
adequadamente e manter a higiene, é o primeiro passo disciplinador utilizado por
22
educadores que preservam a ideologia do Judô.
Também faz parte da vestimenta, o chinelo, que inclusive deve ser carregado
com o judogui. Tendo em vista o tatame, no qual se pratica de pés descalços, manter
os pés limpos faz parte da higiene, portanto é imprescindível o uso de chinelos para
se locomover do local que se veste o judogui até o local da prática propriamente dita.
23
SAUDAÇÕES
Toda sessão, invariavelmente, segundo muitos autores, a exemplo Alvim
(1975), deverá ser precedida da saudação. Este procedimento também será
realizado ao terminar a aula. É um gesto que atende aos princípios filosóficos
educacionais qual sejam, respeito ao companheiro, sinceridade e camaradagem.
Desta forma, através do Judô, iguala vencedor e vencido, reduzindo o orgulho a uma
situação racional e não de prepotência.
Como este esporte tem origem oriental, paira um conservadorismo importante
nas formas de executar as saudações, sendo comum em todos os dojôs do mundo,
preservando assim costume da origem do esporte.
SAUDAÇÃO EM PÉ – (RITSU-REI)
De acordo com Inokuma e Sato (1980):
a) em pé, calcanhares unidos, pequena abertura da parte anterior dos pés;
b) as mãos espalmadas ao longo dos braços, apoiando de leve na lateral das
coxas;
c) pequena inclinação do corpo a partir da cintura, formando um ângulo de
aproximadamente 30 graus em relação à posição vertical do corpo;
d) quanto às duas mãos, o movimento é descrito partindo das laterais das coxas
vindo ligeiramente à frente, deslizando com naturalidade em direção aos
joelhos.
SAUDAÇÃO AJOELHADO – (ZAREI)
É preconizada uma forma correta também de se ajoelhar, obedecendo a uma
ordem lógica de movimentos:
a) partindo da posição em pé, afasta-se a perna esquerda (hidari) e ajoelha-se.
Posteriormente a direita (migui), com o mesmo procedimento;
b) os pés apoiados nos artelhos, estende-os sentando-se buscando o conforto
desta posição;
c) os joelhos deverão paralelamente oferecer uma abertura, em torno de dois
24
punhos e as mãos espalmadas sobre as coxas;
d) para o movimento de saudar, flexiona o tronco à frente mantendo contato dos
pés com o glúteo, tocando as mãos no solo em formato de triângulo, olhar voltado
para frente observando o companheiro que está sendo saudado.
25
Antecedendo a saudação, os judocas devem se posicionar frente ao sensei,
sendo que os mais graduados se posicionarão da esquerda para a direita do joseki,
ou seja, o sensei estando de frente para os judocas, da sua esquerda para a direita,
deve comandar a saudação. Caso tenha um aluno graduado com conhecimento para
tal, o mesmo poderá fazê-lo.
Estando em zarei, o sensei comanda ketuskei (atenção) e neste momento
prevalece o silêncio e a concentração, pois além do corpo e o espírito estarem se
preparando para o início de uma atividade, o respeito para com o local, impera.
Assim, o sensei vira-se pela sua direita para o altar onde se encontra uma gravura ou
fotografia de Jigoro Kano e comanda shome ni rei e todos executam a saudação
verbalizando oneiga-shimasu. Em seguida o sensei vira-se novamente para os
judocas, da sua esquerda para a direita e comanda sensei ni rei, todos se inclinam
saudando-se, verbalizando conforme o horário que a aula está ocorrendo, se for pela
manhã ohaio-gosaimasu, se for a tarde konitiuá e se for a noite konbauá.
Ao final de uma sessão de aula executa-se o mesmo ritual, só que agora se
inverte a saudação, a primeira é entre sensei e judocas, e após o ketuskey “sensei ni
rei”, pronuncia-se durante a inclinação arigatô-gosaimasu; após o sensei vira-se para
Jigoro Kano, e comanda shome ni rei e todos executam a saudação para Jigoro
Kano, pronunciando também arigatô-gosaimasu”; novamente o sensei vira-se para
os judocas e comanda “rei” e todos finalmente verbalizam saionara quando de dia, e
oiasaminasai quando for a noite, no caso de todos retornarem aos seus lares para
repousar.
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DESLOCAMENTO SOBRE O TATAME (SHINTAI)
É a forma de se deslocar sobre o tatame, seja apenas se locomovendo de um
lugar para outro, seja durante os treinamentos e "shiais", seja também na
apresentação de algumas formas de "kata.
Segundo Virgilio(1986) as formas de deslocamento são:
AYUMI-ASHI - é um passo normal igual ao nosso andar natural, apenas mais baixo e
quase não se desprende do tatame.
SURI-ASHI - é um passo mais arrastado em que o peso do corpo situa-se mais nas
pontas dos pés que deslizam sem perder o contato com o tatame e que quando se
movimentam o fazem com uma certa cadência.
TSUGI-ASHI - ao contrário das movimentações anteriores, um pé nunca ultrapassa o
outro no deslocamento, seja para frente ou para trás. Assim um pé avança ou
retrocede deslizando e firma-se para só então o outro deslocar e situar-se lago atrás
ou na frente do primeiro. O tsugi-ashi é usado principalmente na execução de
algumas formas de katas.
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POSIÇÕES BÁSICAS DO CORPO
Shizen-tai é a posição natural do judoca para enfrentar seu adversário, que
conforme Virgilio (1986) pode ser frontal (Shizen-hon-tai), ou modificada para a
direita (Migui-Shizentai), ou ainda para a esquerda (Hidari-Shizentai).
Jigo-tai é a posição de defesa, sendo frontal (Jigo-hon-tai) posição de defesa
fundamental, que também poderá ser pela esquerda (Hidari-jigotai) ou pela direita
(Miji-Jigotai).
28
PEGADAS (KUMI-KATAS)
Conforme Yerkow (1974), são chamadas de kumi-katas, as fases de segurar o
kimono, sendo duas as principais formas de pegadas:
a) Pegada na posição natural direita: basta segurar a gola do oponente com a
mão direita e a manga com a mão esquerda, estando ambos frente a frente. O
contrário deverá ocorrer quando se desejar uma pegada esquerda.
b) Pegada na posição de auto-defesa: o procedimento é idêntico para a ação
das mãos, diferindo quanto à posição da postura defensiva, pois deverá ser
observada suas exigências.
Estas formas de pegar propiciarão o futuro desequilíbrio do adversário. Para
isto, existe uma lógica comportamental, isto é, se o atacante executar uma pegada
direita, imediatamente o defensor deverá procurar a mesma pegada e vice-versa.
A pegada poderá variar, dependendo da técnica a ser utilizada, com as
características de abordagem desta, porém precedendo a diferentes técnicas a
pegada sempre será, na posição natural direita ou esquerda.
29
FASES DE APLICAÇÃO DE UMA TÉCNICA
Quando precede a aplicação de uma técnica, há duas possibilidades: uma é
preparar o adversário para receber a técnica escolhida puxando-o ou empurrando-o,
conforme a direção em que se pretende projetar. A outra é aproveitar um
desequilibro eventual ou aproveitando a própria força do oponente para aplicar a
técnica mais oportuna.
Seja qual for o caso, a essa quebra de equilíbrio do adversário, a essa
preparação dá-se o nome de “kuzushi” e esta casa-se perfeitamente e
harmoniosamente com a máxima que nos deixou Jigoro Kano – um mínimo de força
para a máxima de eficiência – o “kuzushi” pode ser direcionado para qualquer um
dos pontos cardeais ou colaterais portanto, pode se realizado em oito direções
possíveis:
- Mae kuzushi (à frente);
- Ushiro kuzushi (atrás);
- Migui-yoko-kuzushi (à direita, ao lado);
- Hidari- yoko-kuzushi (à esquerda, ao lado);
- Migui-uchiro (direita para trás);
- Hidari-uchiro (esquerda para trás);
- Migui-mae (frente “a direita);
- Hidari-mae (frente “a esquerda).
Uma vez dominado o “kuzushi”, passa-se ao tsukuri”, que é o início do “kake”.
Este início é muito importante, pois há uma técnica bem definida a seguir, esta é a
diferença entre uma bela projeção e uma projeção infeliz; e a finalização do golpe
damos a terminologia de “kake”.
Portanto as fases de aplicação de uma técnica são: kuzushi (desequilíbrio),
tsukuri (preparação) e kake (execução).
Após o atleta dominar uma técnica, automatizando-a, estas três fases não são
notadas distintamente, tornando-se um todo devido à rapidez na execução do
movimento.
30
FASES DE TREINAMENTO
Existem várias formas de treinamento para as técnicas que compõem o Nagewaza, as quais conforme Virgilio (1986) são:
TENDOKU-RENSHIU - é o treinamento solitário utilizando aparelhos ou espelho
onde procura-se lapidar as técnicas e melhorar a velocidade.
UCHI-KOMI - geralmente trabalhado aos pares onde o objetivo é aprimoramento da
técnica, da rapidez e da força localizada, é denominada de entrada pois realiza-se o
trabalho de kuzushi e tsukuri rapidamente, sem entanto finalizar o movimento (kake).
YAKU-SOKU-GEIKO - e um treino aos pares, livre e bem leve, sem defesa,
aproveitando toda e qualquer oportunidade de golpe. O objetivo principal é
condicionar os sentidos para o aproveitamento das oportunidades que vierem a
surgir durante o combate.
KAKARI-GEIKO - é um treino onde ocorre o ataque consecutivo de esquerda e
direito (hidari e migui) com leve defesa do companheiro.
RENRAKU-HENKA-WAZA - este tipo de treino permite o estudo e aperfeiçoamento
das técnicas que se seqüência, que se completam.
KAESHI-WAZA - são as técnicas usadas nos contra-golpes, é quando o adversário
depois de um ataque insuficiente, abre a guarda e oferece oportunidade para ser
contragolpeado.
RANDORI - é um treinamento livre e completo, é aqui que o atleta emprega todo o
seu conhecimento e capacidade. Estuda as suas potencialidades e falhas, pode-se
dizer que é a prova final antecedendo o "shiai".
SHIAI - é a luta em si, demonstra efetivamente como estão seus estudos.
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AMORTECIMENTO DE QUEDAS (UKEMI)
A importância do amortecimento de quedas para a prática do Judô, segundo
Lasserre (1975), constitui a base das projeções de todas as técnicas, pois se não se
domina a técnica de cair não se domina a técnica de projetar. A experiência mostra
que fatores psicológicos podem justificar a citação anterior, pois se existe receio de
cair, conseqüentemente se terá receio de projetar, tendo em vista as conseqüências
dolorosas e traumáticas que uma queda mal realizada pode causar.
Conforme Roquette (1994), além da prática dos ukemi ser um aspecto
fundamental na segurança da prática desportiva, há uma grande vantagem do ponto
de vista do desenvolvimento motor no jovem praticante, na medida que se trata de
habilidades motoras relativamente complexas que exigem um bom nível de
coordenação neuromuscular.
Para Roquette (1994, p. 48):
os tradicionais ukemi, não são mais do que formas de absorção
e dissipação de uma determinada energia cinética, da qual o
corpo vem animado no momento do choque com o solo, através
de mecanismos energéticos simples, com o objetivo de prevenir
situações traumáticas e os efeitos indesejáveis das vibrações.
Em função da alta complexidade dos movimentos, bem como da falta e ou pouca
utilização de processos educativos para a correta iniciação no ensino-aprendizagem
dos ukemi, é que muitos iniciantes, em função do medo que esta prática mal
executada propicia, desistem da prática do Judô.
Além disso, de acordo com Gama (1986), crescente é o número de praticantes já
graduados com medo, não querendo cair e não sabendo cair adequadamente, pois
não tendo domínio da técnica, caem de forma contraída, gerando dores e muitas
vezes se machucando.
O estudo, o domínio e a constante prática dos ukemi vão além do simples ato
automatizado, esta prática assim como todas as demais técnicas utilizadas no Judô,
conforme os ensinamentos deixados por Jigoro Kano, devem ser utilizadas para a
educação do corpo e do espírito.
32
Várias são as formas de se amortecer uma queda, em função dos diferentes tipos
de técnicas de projeção, deste modo, os ukemi são classificados em função da
direção da queda e realizados em função do tipo de técnica que se é projetado.
Neste estudo se utilizou as subdivisões citadas por Robert (198?), Branco e outros
(1983), sendo eles: mae-ukemi, uchiro-ukemi; yoko-ukemi e zempô-kaiten-ukemi. A
seguir far-se-á uma breve descrição destes, realizados a partir da posição natural
fundamental, segundo Santos (2003).
1) mae-ukemi – queda frontal ou queda facial (Figura 1)
Esta queda é pouco utilizada em treinamento, porém muito em competição, pois
quando o atleta cai no plano sagital no sentido antero-posterior, não significa
pontuação para quem projeta. A execução deste ukemi trata de deixar o corpo
projetar-se no sentido antero-posterior com flexão de ombros no plano sagital
anterior, com as mãos em pronação, fletidas em relação ao punho. Conforme o corpo
for se aproximando do solo, flexiona-se o membro superior e o impacto será
amortecido em função da batida das mãos e antebraços no solo, concomitante
ocorre a elevação do quadril e para isso, os pés em hiperextensão dorsal em contato
com o solo.
2
1
3
Figura 1 - mae-ukemi – queda frontal ou queda facial
Fonte: Alvim (1975, p.18)
33
2) uchiro-ukemi- queda para trás (Figura 2).
Partindo da posição natural fundamental, os membros superiores são
flexionados no plano frontal, a cabeça é levemente fletida para frente e flexiona os
membros inferiores e inicia um rolamento para trás, e, no momento em que a
região dorsal tocar no solo, os braços e mãos executam a batida no solo estando
os braços afastados do corpo em torno de 30º e os membros inferiores são
elevados no sentido do eixo longitudinal.
2
3
Figura 2 - uchiro-ukemi- queda para trás
Fonte: Alvim (1975, p. 18)
3) yoko-ukemi - queda lateral, podendo ser direita ou esquerda (Figura 3).
Para a queda lateral direita, na posição fundamental, flexiona-se o membro
superior direito a frente do corpo, desliza o membro inferior direito na mesma direção
e sentido, flexiona o membro inferior esquerdo até o calcâneo ficar próximo ao glúteo
e a perna esquerda estará deslizando e estendida à frente, o corpo cai para o lado e
no momento de tocar o solo é realizada a batida da mão e antebraço, que devem
formar com o corpo um ângulo aproximado de 30º;
34
1
2
3
Figura 3 - yoko-ukemi - queda lateral
Fonte: Alvim (1975, p. 17)
4) yoko-ukemi – queda com rolamento para frente, podendo ser pela direita ou
pela esquerda (Figura 4).
Esta técnica é a mais utilizada, tanto em treinamento como em competições, pois
grande parte das técnicas de projeção do grupo Tati-Waza (técnica em pé), são
finalizadas com este tipo de amortecimento de queda. O zempô-kaiten-ukemi-hidari,
partindo da posição fundamental, avançar a perna direita no plano sagital,
flexionando os membros inferiores apoiar a mão direita, no tatame ao lado do pé
direito com os dedos um pouco voltados para trás. A mão esquerda da mesma forma
apoiada no tatame, porém com os dedos voltados para o lado direito do executante.
O corpo é inclinado no sentido antero-posterior rolando sobre o ombro esquerdo,
sendo que o membro superior permanece semi-fletido em arco, as costas
encurvadas e a cabeça colocada entre os ombros. Após o rolamento, quando as
costas tocarem o tatame, o braço e a mão esquerda executam a batida, finalizando o
movimento com toda a lateral esquerda do corpo tocando o tatame, sendo que o
membro inferior esquerdo semi-flexionado tocando no solo com a lateral e o membro
inferior direito semi-flexionado no sentido longitudinal, apenas com a planta do pé
tocando o tatame.
35
Figura 4 - yoko-ukemi – queda com rolamento para frente
Fonte: Alvim (1975, p. 18)
36
DIVISÃO DAS TÉCNICAS
Jigoro Kano, conforme Lasserre (1975), após a criação do Judô, dividiu a sua
atividade em três grupos de técnicas: Nage-waza (técnica de projeção), Katamewaza (técnica de imobilização) e Atemi-waza (técnica de atacar os pontos vitais do
corpo).
Para dar um caráter pedagógico e facilitar ainda mais o
aprendizado,
subdividiu ainda as técnicas de Nage-waza em Tati-waza (técnica de projeção com
permanência em pé) e seria executada sob três aspectos:
1) Te-waza: - técnica de projeção com os braços;
2) Koshi-waza: - técnica de projeção com os quadris:
3) Ashi-waza: - técnica de projeção com pernas e pés.
E ainda na divisão de Nage-waza entra o sutemi-waza (técnica de projeção
com sacrifício do corpo), que se divide em Mae-sutemi-waza (sacrifício com queda
para frente) e Yoko-sutemi-waza (sacrifício com queda para o lado).
O grupo de técnica Katame-waza, subdivide-se em três outros grupos:
1) Osae-waza: - imobilização no solo:
2) Shime-waza: - técnica de estrangulamento:
3) Kansetsu-waza: - técnicas de chaves nas articulações.
Divisão das Técnicas (JUDOINFO, 2006)
NAGE-WAZA (67 técnicas de projeção)
Te-Waza (15): Seoi Nage, Tai Otoshi, Kata Guruma, Sukui Nage, Uki Otoshi, Sumi
Otoshi, Obi Otoshi, Seoi Otoshi, Yama Arashi, Morote Gari, Kuchiki Taoshi, Kibisu
Gaeshi, Uchi Mata Sukashi, Kouchi gaeshi, Ipon Seoinage.
Koshi-Waza (11): Uki Goshi, O Goshi, Koshi Guruma, Tsurikomi Goshi, Harai Goshi,
Tsuri Goshi, Hane Goshi, Utsuri Goshi, Ushiro Goshi, Daki Age*,Sode Tsurikomi
Goshi.
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Ashi-Waza (21): Deashi Harai, Hiza Guruma, Sasae Tsurikomi Ashi, Osoto Gari,
Ouchi Gari, Kosoto Gari, Kouchi Gari, Okuriashi Harai, Uchi Mata, Kosoto Gake,
Ashi Guruma, Harai Tsurikomi Ashi, O Guruma, Osoto Guruma, Osoto Otoshi,
Tsubame
Gaeshi.
Sutemi-Waza (20)
Mae-Sutemi-Waza: Tomoe Nage, Sumi Gaeshi, Ura Nage, Hikikomi Gaeshi, Tawara
Gaeshi.
Yoko-Sutemi-Waza: Yoko Otoshi, Tani Otoshi, Hane Makikomi, Soto Makikomi, Uki
Waza, Yoko Wakare, Yoko Guruma, Yoko Gake, Daki Wakare, Uchi Makikomi, Kani
Basami ∗, Osoto Makikomi, Uchi Mata Makikomi, Harai Makikomi, Kawazu Gake
Como podem ser observadas, muitas são as técnicas de projeção trabalhadas
na prática do Judô, porém, em 1895 foi estipulado o “Go Kyo No Waza” com fins
didáticos, nos quais, quarenta e duas técnicas foram divididas em cinco grupos. A
proposta era estabelecer um parâmetro de preparação dos dangai (portadores de
kyus (faixa azul)) que aspirassem uma promoção à categoria de “yudansha” (faixaspretas).
Em 1920, o “Go Kyo No Waza” foi revisado e dividido em cinco grupos com
oito técnicas cada, em um total de 40 e as técnicas são ensinadas até os dias atuais,
sendo:
Grupo 1: De-ashi-barai; Hiza-guruma; Sasae-tsuri-komi-ashi; Uki-goshi; O-soto-gari;
O-goshi; O-uchi-gari; Seoi-nage.
Grupo 2: Ko-soto-gari; Ko-ouchi-gari; Koshi-guruma; Tsukuri-komi-goshi; Okuri-ashibarai; Tai-otoshi; Harai-goshi; Uchi-mata.
∗
Técnicas proibidas para utilização em “shiais”.
38
Grupo 3: Ko-soto-gake; Tsuri-goshi. Yoko-otoshi; Ashi-guruma; Hane-goshi; Haraitsuri-komi-ashi; Tomoe-nage; Kata-guruma.
Grupo 4: Sumi-gaeshi; Tani-otoshi; Hane-maki-komi; Sukui-nage; Utsuri-goshi; Oguruma; Soto-maki-komi; Uki-otoshi.
Grupo 5: O-soto-guruma; Uki-waza; Yoko-wakare; Yoko-guruma; Ushiro-goshi; Uranage; Sumi-otoshi; Yoko-gake.
Com relação ao grupo de técnica Katame-waza (técnica de domínio no solo)
também é subdivido em três outros grupos:
1) Osae-waza (07): Kuzure Kesa Gatame, Kata Gatame (1), Kami Shiho Gatame,
Kuzure Kami Shiho Gatame, Yoko Shiho Gatame (1), Tate Shiho Gatame (1), Kesa
Gatame (1).
2) Shime-waza (12): Nami Juji Jime (1), Gyaku Juji Jime (1), Kata Juji Jime (1, 2),
Hadaka Jime (1,2), Okuri Eri Jime (1, 2, 3), Kataha Jime (1, 2, 3), Do Jime*, Sode
Guruma Jime, Katate Jime, Ryote Jime (1), Tsukomi Jime, Sankaku Jime.
3) Kansetsu-waza (10): Ude Garami, Ude Hishigi Juji Gatame, Ude Hishigi Ude
Gatame (1, 2, 3), Hiza Gatame (1, 2), Ude Hishigi Waki Gatame (1, 2, 3), Ude Hishigi
Hara Gatame (1, 2 ), Ashi Garami ∗, Ude Hishigi Ashi Gatame, Ude Hishigi Te
Gatame, Ude Hishigi Sankaku Gatame.
Por fim, citam-se as técnicas pertinentes ao Atemi-Waza, cujos movimentos
visam ataques a pontos vitais, a serem utilizados na autodefesa. Não são ensinados
na maioria das Instituições que trabalham com o ensino-aprendizagem do Judô, em
função de serem técnicas perigosas que exigem além do conhecimento técnico, uma
situação de desenvolvimento interior em nível de mestre.
∗
Técnicas proibidas para utilização em “shiais” (JUDOINFO, 2006)
39
Sendo elas:
ATEMI-WAZA (JUDOINFO, 2006)
Ashi-ate-waza (6): Ushiro-geri *, Yoko-geri *, Naname-geri *, Mae-geri *, Taka-geri *,
Mae-ate
*.
Ude-ate-waza (16): Ushiro-ate *, Kirioroshi *, Naname-uchi *, Naname-ate *, Yoko-ate
*, Kami-ate *, Tsukiage *, Shimo-tsuki *, Ushiro-tsuki *, Ushiro-sumi-tsuki *, Tsukkake *,
Yoko-uchi *, Ushiro-uchi *, Uchioroshi *, Tsukidashi *, Ryogan-tsuki *.
40
ENSINO APRENDIZAGEM
A prática do Judô para crianças quando iniciada de forma coerente auxilia no
desenvolvimento global da criança, ou seja, contribuiu para um desenvolvimento
cognitivo, afetivo, moral e psicomotor.
Pra tal, o sensei deve ter consciência e conhecimento do quanto pode
desenvolver nos seus educandos, utilizando um planejamento direcionado e
realizando avaliações sistemáticas para acompanhar o desenvolvimento, desta
forma, as ações desenvolvidas surtirão melhores efeitos.
Muito embora exista o Gokyonowaza e muitas outras variações de técnicas, o
sensei deve utilizar seus conhecimentos para o trabalho individualizado, ou seja, os
conteúdos ministrados em termos de grau de dificuldade e exigências motoras
dependerão de fatores tais como, idade, biótipo, características psicológicas, nível de
aprendizado, desempenho demonstrado, enfim, tratar a individualidade do iniciante.
No processo de iniciação é que deve haver os maiores cuidados, pois um
movimento automatizado erroneamente, é muito mais difícil de ser corrigido. Os
receios para a realização do movimento devem ser respeitados e processos
educativos devem ser criados como meio de amenizar as dificuldades. Como
exemplo, pode-se citar a iniciação do zempô-kaiten-ukemi. Este movimento é o mais
complexo e mais utilizado nos amortecimentos de quedas, porém, nem todos os
iniciantes têm domínio do corpo para executá-lo partindo da posição de quatro ou
mesmo de cinco apoios (posição inicial, e a maioria dos iniciados aprendem este
ukemi). Assim, a utilização de um procedimento educativo básico se faz necessário,
porém, antes de realizar o movimento é de primordial importância, que este seja
descrito; que o objetivo seja apresentado (significado do que se está fazendo); e,
principalmente, solicite-se que seja sentido (sinestesia). Demonstrar o movimento
facilita o aprendizado, porém, o mais significativo é que se perceba mental e
fisicamente o que está sendo realizado.
Ao se iniciar os ensinamentos das diferentes técnicas existentes, é comum
que o futuro judoca apaixone-se por uma determinada técnica e esta venha a tornarse a sua técnica de preferência (tokui-waza). Assim, estudos apontam que técnicas
41
(tokui-waza) são escolhidas, normalmente, por interferência do sensei, ou seja,
muitos escolhem porque o próprio mestre a utilizava, ou porque teve maiores
facilidades para aquele movimento, ou ainda, porque achava a técnica bonita
(SANTOS et al., 1993). Porém, em muitos casos, nem sempre a técnica escolhida é
a melhor para o biótipo do judoca, a qual com o tempo de prática ou por prática
indevida acaba trazendo danos ao organismo. A exemplo pode-se citar Silva (1989),
que encontrou encurtamento de antebraço dominante, em função da exigência
unilateral de uma técnica de preferência.
Assim, o sensei além do conhecimento técnico da modalidade, entre outros
cuidados, deve observar o movimento realizado e apresentar os significados do que
está solicitando, pois deveria utilizar a prática bilateral, haja vista que pesquisas já
demonstraram desvios posturais e assimetrias de circunferência de membros
inferiores e superiores, advindos do longo tempo de prática unilateral (SANTOS,
1993).
Deste modo, quando se enfatiza o respeitar a individualidade do praticante, é
no sentido de conhecer e respeitar os seus limites, saber o momento de incentivar,
ouvir, elogiar, corrigir e, principalmente, não dar prioridade àqueles que demonstram
maiores aptidões. A sabedoria da arte de ensinar está em tentar manter o equilíbrio;
estar sempre atento; prestar atenção aos mínimos detalhes e aprender com as
dificuldades e facilidades apresentadas. Aliás, a sabedoria de vida, está em saber
manter o equilíbrio em tudo, pois, a natureza rejeita os extremos.
A arte de ensinar, educar e contribuir na formação dos sujeitos engloba vários
fatores, um deles é não apresentar sempre tudo pronto, ou seja, apresentar uma
situação e deixar que os educandos a resolvam; propiciando que o aprendiz tome
decisões, vivencie e avalie a opção que tomou e deixar que a criatividade aflore e
que iniciativas sejam tomadas.
Deve-se
utilizar
do
movimento
e
das
técnicas
para
que
haja
o
desenvolvimento também das capacidades do corpo; capacidade de percepção de
domínio, pois “conhecer-se é dominar-se e dominar-se é triunfar”. Ao introduzir
qualquer aprendizado, deve-se incentivar a percepção do movimento, para que,
mediante essa percepção, ocorra o autoconhecimento; que seja trabalhada as
42
possibilidades e que o educando seja motivado para que consiga, aliás, deve-se
sempre reforçar que “eu não consigo” não existe, tudo que se quer e esforça-se para
fazê-lo, consegue-se. Tem um ditado popular que diz “quem espera sempre
alcança”, pois é, já viram uma pessoa que prosperou em negócios; ou uma que teve
excelentes resultados atléticos; ou outra que passou no vestibular para um curso
concorridíssimo, ficarem sentadas, esperando por milagres? Então o ditado deve ser
“quem vai a luta, quem persevera, sempre alcança”; a perseverança é um dos
principais requisitos apresentados e desenvolvidos por um judoca de essência.
Um fato bastante abordado até agora foi a questão de introjetar os princípios
que Jigoro Kano tanto idealizou para que realmente ocorra o desenvolvimento da
moral do sujeito. Aproveitando a taxionomia que trata do domínio afetivo, pode-se
apresentar de que forma os princípios podem ser introjetados nos praticantes, de
forma a fazer parte do seu eu, da sua forma de ser e ver o mundo, isso somente
dependerá da maneira como o conteúdo for apresentado. Por isso, reforça-se a
importância de um ótimo embasamento teórico do professor, associado ao
conhecimento vivenciado.
Em termos de aprendizagem do movimento propriamente dito, todo o
processo inicia desde a colocação do judogui, a entrada no dojô, as saudações, a
adaptação ao tatame, a forma de deslocamento, posições do corpo, pegadas,
amortecimento de quedas, técnicas de projeção e de solo e treinamento
propriamente dito, até se chegar a Randori e Chiai. Poder-se-ia citar vários
processos educativos e pedagógicos que serviriam como exemplo daquilo que foi
explanado, porém, com tal feito estar-se-ia menosprezando a capacidade de o leitor
compreender o que se está dizendo e utilizar deste conhecimento para elaborar uma
aula com criatividade, com objetivos pré-elaborados; uma aula receptiva; uma aula
que traga novidades e não a mesmice. Ministrar uma aula não é só desenvolver
atividades ou que divirtam ou que sejam maçantes, mas sim que, por trás de cada
brincadeira, atividade divertida ou exercícios repetitivos, esteja um intuito. Assim, não
é elaborar uma atividade e justificar que a repetição da mesma ocorre porque as
crianças e/ou os alunos gostam, porque é divertida ou porque ouviu dizer que dá
resultados, mas porque se tem domínio da real contribuição com a ministração das
43
mesmas.
Neste sentido, conhecer o educando é primordial. Utilizar a avaliação
diagnóstica (no início do aprendizado), formativa (durante) e somativa (final) é
imprescindível para o processo educativo, pois se evidencia o quanto está se
contribuindo e onde há necessidade de se investir mais ou menos. Ações préelaboradas fazem parte de um aprendizado mútuo, de um benefício mútuo.
INFLUÊNCIA DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO NO ENSINOAPRENDIZAGEM
Muitos são os fatores que influenciam no processo ensino-aprendizagem quer
seja para crianças, jovens, adultos e idosos, sendo eles aqueles relacionados a
hereditariedade, ou seja, a transmissão de características por meio genético dos pais
para filhos; os relacionados ao sistema neuro-endócrino, os quais agem ou inibem as
funções glandulares do organismo; aqueles relacionados as substâncias nutritivas
necessários para o metabolismo do corpo; e, por fim, aqueles relacionados ao nicho
ecológico, ou seja local onde se vive e a forma de interagir com o meio ambiente.
Assim, mesmo cientes dos diferentes tipos de interferências no processo de
ensino aprendizagem, existem alguns conceitos que devem ser relembrados e
levados em consideração quando da utilização de métodos para o ensino de
diferentes conteúdos inerentes a prática do Judô,, sendo:
1) Crescimento – refere-se ao crescimento no tamanho do corpo e corre como
resultado da hiperplasia (aumento no número das células) hipertrofia
(aumento do tamanho da célula) ou aumento nas substâncias intercelulares.
Para o ensino de diferentes tipos de técnicas, deve ser levado em
consideração a idade óssea da criança, para que sejam ensinados
movimentos que venham a inibir esse crescimento, quer seja em termos do
tipo de técnica, quer seja a execução unilateral.
2) Maturidade - Descreve-se como o processo que conduz ao estado maduro. É
descrito como o processo de obtenção do estado de maturidade. Diferentes
44
sistemas biológicos alcançam o estado de maturidade em diferentes
momentos; por exemplo, a maturidade sexual habitualmente ocorre antes da
maturidade óssea. O nível de maturidade não necessariamente acontece
paralelamente à idade cronológica e é amplamente determinada pela herança
biológica. Em geral existe uma correlação positiva entre nível de maturidade e
rendimento físico, especialmente no menino durante a adolescência. A
maturidade precoce, no sexo masculino, obtém maior sucesso em esportes
competitivos, especialmente os que exigem força e potência, a maturidade
tardia é visto ser mais vantajoso para o sexo feminino, especialmente àquelas
engajadas em atividades que exijam agilidade e altos níveis de força e
potência, em ambos os casos a prática do Judô indicada. Porém, a relação
entre maturidade e rendimento físico é composta por uma união entre a idade
cronológica e as alterações no tamanho, proporções e composição corporal.
3) Desenvolvimento – está intensamente relacionado ao crescimento e
maturidade, ocorrendo em um contexto biológico e comportamental. Para a
nossa área maior ênfase é dada ao desenvolvimento motor, que pode ser
definido como as mudanças progressivas no rendimento motor, resultante do
crescimento, maturidade e, desenvolvimento biológico e comportamental.
No processo de crescimento e desenvolvimento humano, medidas físicas podem
fornecer importantes informações sobre o estado o nutricional e de saúde da criança
e, as alterações na proporcionalidade que ocorrem durante a infância e préadolescência
está
diretamente
associada
desde
ao
processo
de
ensino-
aprendizagem até a performance motora e eficiência mecânica.
Considerando as a lei de alternância de Godin, a qual aponta para o crescimento
assimétrico dos segmentos corporais, além dos membros (braços e pernas) que
também, normalmente, crescem mais rápidos do que o tronco, afetando a
localização do centro de gravidade. Assim, o crescimento assimétrico pode interferir
na postura quanto no centro de gravidade, as quais podem afetar o equilíbrio e a
coordenação em algumas atividades e, ainda, o comprimento dos membros pode
afetar a capacidade de aplicar força, especialmente quando existe um potencial
45
atraso
no
desenvolvimento
muscular
em
relação
ao
comprimento
ósseo,
característica dos estirões de crescimento.
Face a estes conhecimentos e respeitando a individualidade biológica de cada
jovem, o ideal é não ser definido o tokui-waza, antes do fechamento epifisário,
principalmente se for técnica que necessite de maior utilização de força, como é o
caso de técnicas de koshi-waza e algumas de te-waza. Assim, o ideal é utilizar a
riqueza dos movimentos das técnicas de ashi-waza, os quais, além de propiciarem o
desenvolvimento das capacidades perceptivas estarão agilizando o processo das
qualidades físicas intervenientes para uma futura prática mais efetiva do Judô.
46
AS GRADUAÇÕES
Antigamente as artes de lutar desarmadas não tinham categorias, graus,
uniformes ou faixas. Este processo de oferecer
faixas
segundo a perícia do
praticante é relativamente novo, as primeiras faixas foram dadas aproximadamente
há 85 anos (TEGNER, 1969).
Para as graduações existe uma regra, uma pessoa não pode atribuir-se a si
própria uma classificação, tal julgamento deve ser dado por pessoas que estejam na
posição de avaliar, normalmente, professores faixas-pretas.
No Judô existem diferentes esquemas na classificação por faixa. No Japão
prevalece o seguinte esquema: - Faixa branca para principiante, faixa marrom para
os graus intermediários e faixa preta para os graus avançados. Nos Estados Unidos
o sistema é o mesmo com acréscimo da faixa verde, qualificando um grau que fixa
entre o principiante e o intermediário. A Europa, mais independente da orientação do
Japão, tem um diferente sistema, dando na faixa de cor a cada grau nas
classificações.
No esquema branco-marrom-preta, não há diferença entre a pessoa no seu
primeiro dia de treino e aquele que irá no dia seguinte lutar pela obtenção da faixa
marrom, entretanto, há grande diferença na habilidade dos dois e deveria ser
assinalada, como fazem os europeus. Na Europa, em partes dos Estados Unidos da
América do Sul e no Canadá, o esquema de cores é o seguinte: - branca, amarela,
laranja, verde, roxa, marrom, preta, vermelha e branca.
Conforme Lasserre (1975), essas faixas são denominadas de graus que por
sua vez são classificadas em "KYU" até a faixa preta e "DAN" para os graus
superiores.
KYU:
6º Kyu - faixa branca
5º Kyu – faixa amarela
4º Kyu - faixa laranjada
3º Kyu - faixa verde
2º Kyu - faixa roxa
47
1º Kyu - faixa marrom
DAN:
SHO-DAN
lº DAN: faixa preta
NI-DAN
2º DAN: faixa preta
SAN-DAN
3º DAN: faixa preta
IO-DAN
4º DAN: faixa preta
GO-DAN
5º DAN: faixa preta
ROKU-DAN
6º DAN: faixa vermelha e branca
SHIGUI-DAN
7º DAN: faixa vermelha e branca
HAGHI -DAN
8º DAN: faixa vermelha e branca
KU-DAN
9º DAN: faixa vermelha
JU-DAN
10º DAN: faixa vermelha
Os critérios para a promoção de faixas dependem dos dirigentes das Federações
dos Estados, assim como dos mestres, podendo haver promoções, dependendo do
nível e idade do atleta.
Além do conhecimento prático descrito, supõe-se que o praticante recebe durante
todo o processo embasamento teórico, pois no judô é imprescindível que a teoria e
prática caminhem juntos, pois segundo o próprio Jigoro Kano, nenhum praticante
poderá ser um autêntico judoísta, sendo excepcional apenas na prática do judô. Ele
deve ter um conhecimento geral do judô, usando-o de maneira a lhe proporcionar o
bem físico e moral.
48
ARBITRAGEM - Regras de Arbitragem (Adaptado da FPJ, 2007)
As regras de arbitragem foram aprovadas em reunião do Comitê Executivo em Paris, França
em Outubro de 1997 e em vigor desde 1 de Janeiro de 1998, com algumas modificações.
ARTIGO 1 – ÁREA DE COMPETIÇÃO
A área de competição terá no mínimo 14m x 14m e no máximo 16m x 16m e será coberta
por tatame ou material similar, geralmente de cor verde.
A área de competição será dividida em duas zonas. A demarcação entre estas duas zonas
será denominada zona perigosa e estará indicada por uma área vermelha, aproximadamente
com a largura de 1m, formando parte ou estando anexada à área de competição, paralela
aos 4 lados da mesma.
A área interna e incluindo a zona perigosa é chamada a área de combate e terá sempre no
mínimo 8m x 8m e no máximo 10m x 10m. A área exterior à zona perigosa será chamada
área de segurança e terá 3 metros de largura.
Uma fita adesiva azul e uma branca, aproximadamente com 10cm de largura e 50cm de
comprimento serão fixadas no centro da área de competição à distância de 4m uma da
outra, para indicar as posições nas quais os competidores deverão começar e terminar o
combate. A fita azul estará à direita do árbitro e a branca à sua esquerda.
A área de competição deverá ser fixada a uma superfície resistente ou plataforma (ver
apêndice).
Quando duas ou mais áreas de competição contíguas estiverem a ser utilizadas, a área de
segurança comum mínima permitida será de 4m.
Uma zona livre, no mínimo de 50cm deverá ser mantida à volta da área de competição.
Nota: Quando as regras se referem a um judogui azul, fita azul, bandeiras azuis, marcador
azul, etc., é lícito aos organizadores da competição que especifiquem que ambos os
competidores usarão um judgui branco; o primeiro competidor a ser chamado usará um cinto
vermelho conjuntamente com o cinto da graduação, o segundo usará um cinto branco
conjuntamente com o cinto da graduação e o equipamento (bandeiras, fita, marcador, etc.)
será vermelho em vez de azul.
APÊNDICE ARTIGO 1
Área de Competição
No caso de Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo, eventos continentais ou da FIJ, a
área de competição geralmente deverá a dimensão máxima.
49
Tatames
Geralmente medem 1m x 2m, feitos de palha prensada ou mais freqüentemente, de espuma
prensada.
Devem ser firmes debaixo dos pés e ter a capacidade de absorver o choque durante o ukemi
e não deverão ser escorregadios nem muito ásperos
Os elementos que constituem a superfície para a competição deverão estar alinhados sem
espaços entre eles, formando uma superfície lisa e fixados de forma a não se moverem.
Plataforma
A plataforma é opcional e deve ser feita de madeira maciça, de forma que fique com uma
certa flexibilidade e deve medir aproximadamente 18m de lado sem nunca exceder os 50cm
de altura.
50
ARTIGO 2 – EQUIPAMENTO
a) Cadeiras e Bandeiras (Juizes)
Duas cadeiras leves devem ser colocadas na área de segurança em cantos diagonalmente
opostos da área de competição e numa posição que não obstrua a visão dos juizes,
membros da comissão e dos marcadores. Uma bandeira azul e uma bandeira branca
deverão ser colocadas num suporte afixado em cada cadeira.
b) Marcadores
Para cada área de competição haverá 2 marcadores que indicam os resultados
horizontalmente, não excedendo os 90cm de altura e os 2m de comprimento, colocados fora
da área de competição de onde possam ser facilmente vistos pelos árbitros, membros da
comissão, oficiais e espectadores.
As penalizações devem ser imediatamente convertidas em vantagens e registrados nos
quadros. Contudo os quadros devem estar apetrechados com um mecanismo que vá
registrando as penalizações recebidas pelos competidores (ver exemplo no apêndice).
Haverá duas cruzes em azul e branco, respectivamente, no topo do marcador para indicar o
1º e 2º exames efetuados pelos médicos (ver artigos 8º e 29º - apêndice)
Sempre que sejam usados marcadores eletrônicos devem estar sempre disponíveis
marcadores manuais para apoio. (ver apêndice)
c) Cronômetros
Deverão haver os seguintes cronômetros:
•
•
•
Tempo Geral – um
Osaekomi – dois
De reserva – um
Sempre que forem usados cronômetros eletrônicos, também deverão ser utilizados
cronômetros manuais para controlo. (ver apêndice)
d) Bandeiras (Cronometristas)
Os cronometristas utilizarão as seguintes bandeiras:
•
•
Amarela – tempo geral
Verde – duração do osaekomi
Não será necessário usar as bandeiras amarela e verde quando estiver a ser utilizado um
relógio eletrônico que mostre a duração do combate e do osaekomi. Contudo, estas deverão
existir sempre de reserva.
e) Sinal de Tempo
51
Deverá haver uma campainha, ou sinal sonoro similar, que indique ao árbitro o fim do tempo
estabelecido para cada combate.
f) Judogui Azul e Branco
Os competidores deverão usar um judogui azul ou branco. (o 1º competidor a ser chamado
usará o judogui azul, o 2º usará o branco)
APÊNDICE ARTIGO 2 - EQUIPAMENTO
Posição dos marcadores/membros da mesa de prova/cronometristas
Os marcadores e os cronometristas devem ficar de frente para o árbitro e à vista da mesa de
provas.
Distância dos espectadores
Como norma geral, não deverão ser permitidos espectadores a menos de 3 metros da
superfície da área de competição (ou plataforma).
Cronômetros e marcadores
Os cronômetros devem ser acessíveis às pessoas responsáveis pela sua precisão e o seu
funcionamento deve ser verificado regularmente antes e durante a competição.
Os marcadores devem corresponder às exigências da FIJ e estar à disposição dos árbitros
em caso de necessidade.
Cronômetros e marcadores manuais devem ser usados simultaneamente com o
equipamento eletrônico em caso de falha do mesmo.
b) Marcador Manual
BRANCO
0
0
AZUL
0
0
0
0
WAZA-ARI
YUKO
KOKA
WAZA-ARI
YUKO
KOKA
shido
shido
shido
shido
shido
shido
52
ARTIGO 3 – UNIFORME DE JUDÔ (Judogui)
Os competidores usarão um judogui obedecendo às seguintes condições:
a. Robusto e feito de algodão ou outro material semelhante, em boas condições (sem
remendos nem rasgões). O material não deve ser grosso ou espesso de forma a
evitar que o oponente faça a pegada.
b. De cor azul para o primeiro competidor e branco ou quase branco para o segundo
competidor.
c. Marcas permitidas
i.
ii.
iii.
iv.
v.
vi.
Abreviaturas Olímpicas Nacionais (nas costas do casaco)
Emblema Nacional (no lado esquerdo do casaco). Tamanho máximo 100 cm
quadrados.
Marca do fabricante (na extremidade inferior da frente do casaco e na
extremidade inferior da perna esquerda das calças). Tamanho máximo 25 cm
quadrados.
Marcas nos ombros (desde a gola – ao longo dos ombros – pelo braço abaixo
– em ambos os lados do casaco). Comprimento máximo 25 cm e largura
máxima 5 cm.
Indicação da classificação (1º, 2º ou 3º) nos Jogos Olímpicos ou nos
Campeonatos do Mundo, numa área de 6cm x 10cm na extremidade inferior
esquerda do casaco.
O nome do competidor pode ser usado no cinto, na parte frontal inferior do
casaco e na parte frontal superior das calças e medirá no máximo 3cm x
10cm. Também o nome do competidor ou abreviatura podem ser colocados
(impressos ou bordados), por cima da abreviatura olímpica nacional, mas de
forma alguma numa posição que evite que o oponente agarre a parte de trás
do casaco. O tamanho das letras terá no máximo 7cm de altura e o
comprimento do nome no máximo terá 30cm. Esta área retangular de 7cm x
30cm deverá estar localizada a 3cm abaixo da gola do casaco e a
identificação das costas deverá estar fixada 4cm abaixo desta área.
a. O casaco deve ser suficientemente comprido de forma a cobrir as coxas e deverá no
mínimo atingir os pulsos, quando os braços estão caídos ao lado do corpo. O corpo
do casaco deve ser usado com a parte esquerda por cima da direita e deve ser
suficientemente amplo de forma que se sobreponha a 20cm do nível da base do
tórax. As mangas do casaco poderão no máximo atingir a articulação do pulso e estar
no mínimo a 5cm acima da mesma articulação. Deverá existir um espaço de 10cm a
15cm entre as mangas e o braço (incluindo ligaduras), em todo o comprimento da
manga.
b. As calças, sem quaisquer marcas, devem ter comprimento suficiente para cobrir as
pernas e deverão no máximo atingir a articulação do tornozelo e estar a um mínimo
de 5cm acima da mesma articulação. Deverá existir um espaço de 10cm – 15cm
entre a perna e a calça (incluindo ligaduras) em todo o comprimento da perna da
calça.
c. Um cinto forte, de 4cm ou 5cm de largura, de cor correspondente à graduação deverá
ser utilizado por cima do casaco e ser suficientemente comprido para dar duas voltas
53
à cintura e ficar com 20cm a 30cm de cada lado depois de atado com um nó direito,
apertado de modo a impedir que o casaco fique demasiado solto.
d. As competidoras deverão usar sob o casaco:
i) Uma camiseta branca simples ou quase branca, com mangas curtas,
resistente, suficientemente comprida para ser usada por dentro das
calças, ou:
ii) um colan branco ou quase branco com mangas curtas.
APÊNDICE Artigo 3 – Uniforme de Judô (Judogui)
Se o Judogui de um competidor não estiver de acordo com o estipulado neste artigo, o
árbitro deverá ordenar ao atleta que troque, o mais rapidamente possível, por um judogui
que satisfaça o estipulado.
O Judogui suplementar do competidor deve ser levado pelos treinadores para a sua cadeira
que se encontra junto da área de competição.
Para verificar se as mangas do casaco dos competidores respeitam o comprimento
requerido, o árbitro fará com que o atleta levante ambos os braços, completamente
estendidos para a frente, à altura dos ombros, enquanto efetua o controlo.
ARTIGO 4 – HIGIENE
a.
b.
c.
d.
O Judogui deverá estar limpo, seco e sem odor desagradável.
As unhas dos pés e das mãos deverão ser cortadas curtas.
A higiene pessoal do atleta deverá ser de um elevado nível.
O cabelo comprido deverá ser preso de modo a evitar incomodar o outro competidor.
APÊNDICE Artigo 4 - Higiene
Todo o competidor que não obedeça aos requisitos constantes dos artigos 3 e 4 será
impedido no seu direito de competir e o opositor ganhará o combate por Kiken-gashi, de
acordo com a regra de "maioria de três" (ver artigo 28).
54
ARTIGO 5 – ÁRBITROS E OFICIAIS
Geralmente, o combate será dirigido por um árbitro e dois juizes, sob a supervisão da
Comissão de Arbitragem.
O árbitro e os juizes serão auxiliados pelos cronometristas e membros da mesa de prova.
APÊNDICE Artigo 5 – Árbitros e Juizes
Os cronometristas e outros membros da mesa de provas, bem como outros assistentes
técnicos deverão ter no mínimo 21 anos de idade, três anos de experiência como árbitros
nacionais e um bom conhecimento de regras de competição.
O comitê organizador deve assegurar-se que todos foram criteriosamente treinados como
oficiais técnicos. Haverá no mínimo dois cronometristas, um para registrar o tempo real do
combate e outro especificamente para o tempo de osaekomi.
Se possível haverá uma terceira pessoa, para supervisionar os dois cronometristas a fim de
evitar erros ou esquecimentos.
O cronometrista do tempo geral (tempo real do combate) põe o cronômetro a funcionar ao
ouvir "Hajime" ou "Yoshi" e para-o quando ouvir "Mate" ou "Sonomama".
O cronometrista do Osaekomi põe o cronômetro a funcionar ao ouvir "Osaekomi", para-o ao
ouvir "Sonomama" e reinicia-o ao ouvir "Yoshi".
Ao ouvir "Toketa" ou "Mate", pára o cronômetro e indica o número de segundos decorridos
ao árbitro, ou ao expirar do tempo de "Osaekomi" (25 segundos quando não havia
pontuação prévia ou 20 segundos quando o atleta que controla em Osaekomi tenha obtido
um Waza-ari ou o seu oponente tenha sido punido com um Keikoku) indica o fim do combate
através de um sinal sonoro.
O cronometrista do tempo de Osaekomi deverá levantar uma bandeira verde durante a prova
sempre que tenha parado o cronômetro ao ouvir Sonomama e deverá baixar a bandeira
quando reiniciar o cronômetro ao ouvir Yoshi.
O cronometrista do tempo real (tempo de combate efetivo) deverá levantar uma bandeira
amarela sempre que tenha parado o cronômetro ao ouvir a voz e ver o sinal de Mate ou
Sonomama e baixará a bandeira quando reiniciar o cronômetro ao ouvir Hajime ou Yoshi.
Quando expirar o tempo de combate os cronometristas deverão informar o árbitro através de
um sinal sonoro claramente audível (ver artigos 10, 11 e 12 das regras de competição).
Os membros da mesa de provas devem assegurar-se de que estão totalmente informados
acerca dos sinais e gestos para indicar o resultado de um combate.
55
Além das pessoas acima mencionadas, deverá haver quem se encarregue de efetuar o
registro geral dos combates.
Se forem utilizados sistemas eletrônicos, os procedimentos serão iguais aos acima descritos.
Contudo, deverão assegurar-se de que estão disponíveis meios de registro manuais.
ARTIGO 6 – POSIÇÃO E FUNÇÃO DO ÁRBITRO
O árbitro normalmente deverá permanecer na área de competição. Ele deverá conduzir o
combate e administrar as decisões. Deverá ainda assegurar-se de que as mesmas são
corretamente registradas.
APÊNDICE Artigo 6 – Posição e função do árbitro
O árbitro deve assegurar-se de que tudo está correto, tal como: área de competição,
equipamentos, uniformes, higiene, oficiais, etc., antes do início do combate.
Ao anunciar uma opinião, mantendo o gesto apropriado, o árbitro deverá estar colocado de
modo a observar pelo menos um juiz de forma a ficar imediatamente ciente de alguma
opinião divergente. Contudo, o árbitro deve assegurar-se de que não perde de vista a ação
continuada dos atletas em qualquer momento.
Em certos casos, tais como quando os competidores estão em Ne-waza e voltados para
fora, o árbitro poderá observar a ação da zona de segurança.
Antes do início de uma prova, os árbitros e juizes deverão familiarizar-se com o som ou
outros meios de indicar o fim do combate no seu tapete. Quando assumem o controlo de
uma área de competição o árbitro e juizes devem assegurar-se de que a superfície do tapete
está limpa e em boas condições, que as cadeiras dos juizes estão em posição correta, que
não existem intervalos entre os tapetes e que os competidores estão de acordo com os
artigos 3 e 4 das regras de competição. Os árbitros devem assegurar-se de que não há
espectadores, claques ou fotógrafos em posições tais que possam incomodar ou constituir
perigo para os competidores.
56
ARTIGO 7 – POSIÇÃO E FUNÇÃO DOS JUIZES
Os juizes auxiliarão o árbitro e sentar-se-ão em cantos opostos, fora da área de competição.
Cada juiz deverá indicar a sua opinião fazendo o gesto oficial apropriado, sempre que a
mesma seja diferente da do árbitro, quer na avaliação técnica, quer na aplicação do castigo
anunciado pelo árbitro.
Se o árbitro expressar uma opinião de valor mais elevado que as dos 2 juizes no que
respeita à vantagem técnica ou castigo, deve alterá-la para a do juiz que expressou o valor
mais elevado.
Se o árbitro expressar uma opinião de valor mais baixo que a dos dois juizes no que respeita
à vantagem técnica ou castigo, deve alterá-la para a do juiz que manifestou o valor mais
baixo.
Se um juiz expressar uma opinião de valor mais alto que a do árbitro e o outro juiz um valor
mais baixo, o árbitro mantém a sua opinião.
Se ambos os juizes manifestam uma opinião diferente da do árbitro e este não reparar nos
seus gestos, deverão levantar-se, mantendo o gesto efetuado até que o árbitro repare e
altere a sua decisão. Se depois de alguns segundos o árbitro não tiver reparado nos juizes
que estão levantados, o juiz que estiver mais próximo do árbitro deve imediatamente
aproximar-se e informá-lo da opinião da maioria.
O juiz deverá, através do gesto próprio, manifestar a sua opinião acerca da validade de
qualquer ação junto ao limite ou fora da área de combate.
Qualquer discussão é possível e necessária somente se o árbitro ou um dos juizes tiver visto
algo que os outros não viram e que possa alterar a decisão.
Os juizes devem também observar que os resultados registrados pelo marcador estão
corretos e em conformidade com os resultados anunciados pelo árbitro. Se devido a uma
razão considerada necessária pelo árbitro, um competidor tiver que se ausentar
temporariamente da área de competição, um dos juizes deve obrigatoriamente acompanhálo, a fim de verificar se não ocorre nenhuma anomalia. Esta autorização deverá ser dada em
circunstâncias excepcionais (trocar o judogui em caso de não conformidade com as normas).
APÊNDICE Artigo 7 – Posição e função dos juizes
O árbitro e os juizes devem abandonar a área de competição durante as apresentações ou
qualquer demora no programa.
O juiz deve sentar-se com os pés afastados, fora da área de combate e deve colocar as
mãos, com as palmas voltadas para baixo, nos joelhos.
Um juiz deve verificar se o quadro está incorreto e deve chamar a atenção do árbitro para o
erro cometido.
57
Um juiz deve ser rápido a afastar-se e a retirar a sua cadeira, se a sua posição for perigosa
para os competidores.
Um juiz não deve antecipar-se ao gesto do árbitro para assinalar um resultado.
Numa ação no limite da área de combate, o juiz deve de imediato fazer o gesto para mostrar
se a ação foi DENTRO ou FORA.
Se um competidor tiver que mudar alguma parte do uniforme fora da área de competição e o
juiz que o acompanha não for do mesmo sexo, um oficial designado pelo diretor da
arbitragem deverá substituir o juiz a acompanhar o competidor.
Se a sua área de competição não está a ser utilizada e está a decorrer um combate na área
adjacente, o juiz deverá retirar a sua cadeira se esta constituir perigo para os competidores.
ARTIGO 8 – GESTOS
a) O ÁRBITRO
O árbitro deverá fazer os gestos a seguir indicados quando tomar as seguintes decisões:
i.
ii.
iii.
iv.
v.
vi.
vii.
viii.
ix.
x.
xi.
IPPON : Levantará um braço com a palma da mão virada para a frente, bem acima
da cabeça.
WAZA-ARI : Levantará um braço com a palma da mão virada para baixo
lateralmente, à altura dos ombros.
WAZA-ARI-AWASETE-IPPON: Primeiro o gesto de Waza-ari, depois o de Ippon.
YUKO : Levantará um dos braços, com a palma da mão virada para baixo, a 45º ao
lado do corpo.
KOKA : Levantará um dos braços dobrado com o polegar virado para o ombro e
cotovelo ao lado do corpo.
OSAEKOMI : Apontará com o seu braço estendido, palma da mão virada para baixo,
de frente para os competidores e inclinando o corpo para a frente na direção deles.
OSAEKOMI-TOKETA : levantará um dos braços à frente e movê-lo-á da direita para a
esquerda, com o polegar para cima rapidamente, duas ou três vezes, enquanto se
inclina para os competidores.
HIKI-WAKE : Levantará um dos braços bem alto, baixando-o depois à frente do corpo
(com o polegar para cima), mantendo-se nessa posição durante algum tempo.
MATE : Levantará uma das mãos à altura do ombro, com o braço aproximadamente
paralelo ao tatame, deverá mostrar a palma da mão (dedos voltados para cima) ao
cronometrista.
SONOMAMA : Deverá inclinar-se para a frente e tocar nos dois competidores com a
palma das mãos.
YOSHI : Tocará com firmeza nos dois competidores com as palmas das mãos,
exercendo pressão sobre eles.
58
xii.
xiii.
xiv.
xv.
xvi.
xvii.
xviii.
PARA INDICAR O CANCELAMENTO DUMA OPINIÃO EXPRESSA : deverá repetir
com uma mão o mesmo gesto enquanto levanta a outra acima da cabeça, à frente e
acena da direita para a esquerda duas ou três vezes.
HANTEI : Na preparação do anúncio de Hantei, o árbitro deverá levantar as mãos em
frente a 45º com a bandeira correta em cada mão, então no anúncio de Hantei,
levantará a bandeira acima da cabeça para indicar a sua opinião.
KACHI (Para indicar o vencedor de um combate) : Levantará uma mão, palma para
dentro acima da altura do ombro, em direção ao vencedor.
INDICAR AO(S) COMPETIDOR(ES) PARA REAJUSTAR O JUDOGUI : Cruzar com a
mão esquerda sobre a direita, palmas das mãos voltadas para dentro à altura do
cinto.
PARA ATRIBUIR UMA PENALIZAÇÃO (Shido, Hansoku-make) : Aponta em direção
do competidor com o indicador estendido e a mão fechada.
NÃO-COMBATIVIDADE : Rodar com um movimento para a frente os antebraços à
altura do peito e apontar depois com o indicador na direção do competidor.
FALSO ATAQUE : Manter ambos os braços paralelos, em frente, com as mãos
fechadas e depois efetuar uma descida com ambas as mãos.
APÊNDICE Artigo 8 – Gestos
Quando não seja bem claro, o árbitro pode, depois do gesto oficial, apontar para a marca
azul ou branca (posição inicial) para indicar qual o competidor que marcou ou foi penalizado.
Para indicar ao(s) competidor(es) que se pode sentar de pernas cruzadas na posição inicial,
se prevê uma interrupção longa, o árbitro deverá apontar na direção da posição inicial com
uma das mãos abertas e a palma da mão voltada para cima.
Os sinais de Yuko e Waza-ari devem iniciar-se com o braço à frente do peito e depois para o
lado até à posição final correta.
Os sinais de Koka, Yuko, Waza-ari devem ser mantidos enquanto se realiza um movimento
de rotação, para se assegurar que o resultado é claramente visível para os juizes. Contudo
deve ter-se cuidado enquanto se faz a rotação para manter os competidores no seu campo
de visão.
Quando for atribuída uma penalização a ambos os competidores, o árbitro deverá fazer o
gesto adequado e apontar alternadamente para os dois competidores (o indicador esquerdo
para o competidor à sua esquerda e o indicador direito para o competidor à sua direita).
Se for necessário efetuar um gesto de retificação, este deverá ser feito o mais rapidamente
possível, após o gesto de anulação.
Nada se dirá quando se anula um resultado.
Todos os gestos devem ser mantidos de 3 a 5 segundos.
Para indicar o vencedor, o árbitro retomará a posição que ocupava no início do combate,
dará um passo em frente, indicará o vencedor e depois recuará um passo.
59
Para indicar que considera que o competidor que está a realizar uma técnica de projeção
tenha permanecido dentro da área de combate, o juiz levantará uma mão no ar e baixá-la-á
à altura do ombro com o polegar para cima e o braço estendido no prolongamento da linha
limite da zona de combate, mantendo-se nessa posição por alguns momentos.
Para indicar que na sua opinião um dos competidores saiu da zona de combate, o juiz
levantará uma das mãos à altura do ombro com o polegar para cima e braço estendido ao
longo da linha limite da zona de combate e movê-la-á da direita para a esquerda ou viceversa, várias vezes.
Para indicar que na sua opinião, um resultado, penalização ou opinião dada pelo árbitro de
acordo com o artigo 8 a) não é válida, o juiz levantará a sua mão acima da cabeça e movêla-á da direita para a esquerda duas ou três vezes.
Para indicar que a sua opinião difere da do árbitro, o juiz fará um dos gestos do artigo 8 a)
Em situações de Hantei os juizes devem segurar as bandeiras nas mãos corretas. Depois do
árbitro ter anunciado Hantei, os juizes deverão de imediato erguer ou a bandeira azul, ou a
branca acima da cabeça para indicar aquele que consideram ser o competidor que é
meritório da decisão.
Quando os juizes desejam que o árbitro anuncie Mate em situação de Ne-waza (por
exemplo, não progressão), devem efetuar um gesto, levantando ambas as mãos à altura dos
ombros com as palmas viradas para cima.
APÊNDICE Artigo 8 – Gestos
Ippon
Waza-ari
60
Yuko
Koka
Waza-ari-awasete-ippon
Osaekomi
61
Mate
Toketa
Sonomama
Yoshi
62
Cancelamento de uma opinião
xiii) Compor o Judogui
Kachi
Penalização
63
Não combatividade
Dentro
Fora
64
Não válido
Mate em Ne-waza
ARTIGO 9 – LOCALIZAÇÃO ( Áreas válidas)
O combate deverá desenrolar-se na área de combate. Qualquer técnica aplicada quando um
ou ambos os competidores estão fora da área de combate, não será reconhecida. Por
exemplo, se um dos competidores tiver nem que seja um só pé, mão ou joelhos fora da área
de combate enquanto estiver na posição de pé, ou mais de metade do seu corpo fora da
área de combate ao efetuar Sutemi-waza, será considerado como estando fora da área de
combate.
Exceções:
a. Quando um dos competidores projeta o seu adversário para fora da área de combate,
mas ele próprio permanece dentro da mesma o tempo suficiente para que o resultado
da técnica seja claramente visível, a técnica será considerada válida. Quando uma
projeção é iniciada com os dois competidores dentro da área de combate, mas
durante a projeção, o competidor a ser projetado sai da área de combate, a ação
poderá ser considerada para efeitos de pontuação, se a projeção for ininterrupta e o
competidor que executa a projeção continuar dentro da área de combate o tempo
suficiente para que o resultado da ação seja claramente aparente.
b. Em Ne-waza, a ação é válida e poderá continuar enquanto qualquer dos
competidores tiver alguma parte do corpo em contato com a área de combate.
c. Se no decurso de um ataque como O-Uchi-Gari ou Ko-Uchi-Gari o pé ou a perna do
Tori sai da área de combate e se move sobre o tapete na área de segurança, a ação
65
será considerada válida para efeitos de pontuação, desde que o Tori não coloque
nenhum peso sobre o pé ou perna enquanto permanece fora da área de combate.
APÊNDICE Artigo 9 – Localização (Áreas válidas)
No caso de Osaekomi no limite – se a parte do competidor tocando a área de combate, for
levantada e perder o contato com o tapete, o árbitro anunciará Mate.
No caso em que o Tori perca o contato com o tapete e caia fora da área de combate durante
a execução de uma projeção, a técnica só será considerada para efeitos de pontuação se o
Uke cair antes de qualquer parte do corpo do Tori tocar fora da área de combate.
Como a zona perigosa faz parte da área de combate, qualquer competidor cujos pés toquem
ainda a zona perigosa, na posição de pé, deve ser considerado como estando dentro da
área de combate.
Ao executar Sutemi-waza, uma projeção é considerada válida se o Tori tiver metade ou mais
de metade do seu corpo dentro da zona de combate (portanto, nenhum dos pés do Tori
deverá deixar a área de combate antes que as suas costas ou ancas toquem o tapete).
Se o atleta que projeta cair fora da área de combate enquanto decorre uma projeção, a ação
apenas será considerada para efeitos de pontuação se o corpo do oponente tocar o tapete
antes do corpo daquele que projeta. Portanto, se um joelho, mão ou qualquer parte do corpo
do atleta que projeta tocar na área de segurança antes do seu oponente, qualquer resultado
obtido não será considerado.
Uma vez iniciado o combate os competidores apenas poderão sair da área de competição,
se for dada permissão pelo árbitro. A permissão será apenas concedida em circunstâncias
excepcionais, tais como a necessidade de trocar o Judogui que não esteja de acordo com o
artigo 3 ou que esteja sujo ou rasgado.
ARTIGO 10 – DURAÇÃO DO COMBATE
Para Campeonatos do Mundo e Jogos Olímpicos a duração do combate é:
o
o
Masculinos – 5 minutos de tempo real
Femininos – 4 minutos de tempo real
Qualquer competidor tem o direito de descansar entre os combates por um período de 10
minutos.
APÊNDICE Artigo 10 – Duração do combate
A duração dos combates e a forma de competição deve ser determinada de acordo com o
Regulamento do Torneio.
66
O árbitro deve estar informado da duração dos combates antes de entrar para a área de
competição.
ARTIGO 11 – PARAGEM DO CRONÓMETRO
O período de tempo decorrido entre o anúncio de Mate e Hajime e entre Sono-mama e Yoshi
por parte do árbitro, não contará para a duração do combate.
ARTIGO 12 – SINAL DE TEMPO
O fim do tempo determinado para o combate será indicado ao árbitro pelo soar de uma
campainha ou de outro método audível semelhante.
APÊNDICE Artigo 12 – Sinal de tempo
Quando estiverem a ser utilizadas várias áreas de competição simultaneamente – é
necessária a utilização de diferentes sinais sonoros.
O sinal sonoro deve ser suficientemente audível para ser ouvido acima do ruído dos
espectadores.
ARTIGO 13 – TEMPO DE OSAE-KOMI
•
•
•
•
Ippon : total de 25 segundos
Waza-ari : 20 segundos ou mais, mas menos do que 25 segundos
Yuko : 15 segundos ou mais, mas menos do que 20 segundos
Koka : 10 segundos ou mais, mas menos do que 15 segundos
Um Osaekomi de menos de 10 segundos será contabilizado como um ataque.
APÊNDICE Artigo 13 – Tempo de Osae-komi
Quando o Osaekomi é anunciado simultaneamente com o sinal sonoro, o tempo de combate
será prolongado até ser anunciado Ippon (ou equivalente), ou o árbitro anunciar Toketa ou
Mate.
ARTIGO 14 – TÉCNICA COINCIDENTE COM O SINAL DE TEMPO
Qualquer resultado imediato de uma técnica começando simultaneamente com o sinal
sonoro é válido.
67
No caso do osaekomi ser anunciado simultaneamente com o sinal sonoro, o tempo de
combate será prolongado até ser marcado Ippon ou o árbitro anunciar Toketa ou Mate.
APÊNDICE Artigo 14 – Técnica coincidente com o sinal de tempo
Qualquer técnica aplicada depois de soar a campainha ou qualquer outro sinal sonoro
indicador do fim do combate, não será válida, mesmo que o árbitro não tenha ainda
anunciado Sore-made.
Embora uma técnica de projeção possa ser aplicada simultaneamente com a campainha, se
o árbitro decidir que ela não foi efetivamente coincidente, este deverá anunciar Sore-made.
ARTIGO 15 – INÍCIO DA COMPETIÇÃO
Antes do início de cada competição o árbitro e os juizes deverão estar juntos, dentro do
limite da área de competição (e centrados) e devem saudar o Joseki antes de tomarem os
seus lugares. Para deixarem a área de competição deverão igualmente saudar o Joseki.
Os competidores deverão saudar dentro e fora da área de competição e da área de combate
no começo e fim de cada combate. Depois de feita a saudação para a entrada na área de
combate, os competidores avançarão para as respectivas marcas e deverão saudar-se
simultaneamente e dar um passo em frente. Uma vez o combate terminado e o árbitro ter
atribuído o resultado, os competidores deverão simultaneamente dar um passo atrás e
saudarem-se (ver Guia da Saudação) .
O combate começará sempre na posição de pé.
Apenas os membros da Comissão de Arbitragem poderão interromper o combate. (ver Artigo
17)
APÊNDICE Artigo 15 – Início do combate
O árbitro e os juizes devem estar sempre em posição de iniciar o combate antes da chegada
dos competidores à área de combate. O árbitro deverá estar ao centro, dois metros atrás da
linha que separa os competidores no início do combate. O árbitro deve estar de frente para a
mesa dos cronometristas e marcadores.
A saudação de pé (Ritsu-rei) efetuada pelos competidores, deverá ter um ângulo de 30º
relativamente à cintura. Se os competidores não procederem à saudação, o árbitro ordenará
que o façam. Aqueles que se recusarem a fazê-lo, esse fato será comunicado ao Diretor
Desportivo da FIJ, ou ao Diretor do Torneio (ver Guia da Saudação).
68
ARTIGO 16 – ENTRADA EM NE-WAZA (TRABALHO NO SOLO)
Os competidores poderão mudar de posição de pé para Ne-waza nos casos seguintes, mas
o árbitro poderá ordenar a ambos que retomem a posição de pé, se o emprego da técnica
não for contínuo:
A. Quando um competidor, depois de obter algum resultado com uma técnica de
projeção, passa sem interrupção para Ne-waza e toma a ofensiva.
B. Quando um dos competidores cai no chão, depois da aplicação sem êxito duma
técnica de projeção, o outro pode tirar vantagem da posição de desequilíbrio do seu
oponente para levá-lo para o solo.
C. Quando um competidor obtém algum resultado considerável através da aplicação de
Shime-waza ou Kansetsu-waza na posição de pé e muda sem interrupção para Newaza.
D. Quando um dos competidores leva o seu oponente para Ne-waza através de uma
aplicação particularmente habilidosa de um movimento que não é qualificado
enquanto técnica de projeção.
E. Em qualquer outro caso em que o competidor caia ou esteja prestes a cair, não
coberto pelas subsecções precedentes deste artigo, o outro competidor pode tirar
vantagem da posição do seu opositor, para entrar em Ne-waza.
APÊNDICE Artigo 16 – Entrada em Ne-Waza
Quando um competidor puxa o seu oponente para Ne-waza sem ser de acordo com o artigo
16 e o seu oponente não aproveita para continuar em Ne-waza, o árbitro deverá anunciar
Mate, parará o combate e aplicará shido ao competidor que infringiu o artigo 27.
ARTIGO 17 –APLICAÇÃO DE MATE
O árbitro anunciará Mate para interromper temporariamente o combate nos seguintes casos,
anunciando "Hajime" para recomeçar:
A. Quando um ou ambos os competidores saem da área de combate (ver "Exceções" no
artigo 9).
B. Quando um ou ambos os competidores executam um dos atos proibidos.
C. Quando um ou ambos os competidores estão lesionados ou doentes.
D. Quando é necessário, para um ou para ambos os competidores, que ajustem o
Judogui.
E. Quando em Ne-waza não se verifica um progresso aparente.
F. Quando um competidor retoma a posição de pé ou semi erguido da posição de Newaza suportando o seu oponente nas costas.
G. Quando um competidor permanece de pé, ou a partir de Ne-waza retoma a posição
de pé e ergue o seu oponente que está de costas com a(s) sua(s) perna(s) à volta do
corpo do competidor que está de pé, claramente do tapete.
H. Quando um competidor executa ou tenta executar Kansetsu-waza ou Shime-waza a
partir da posição de pé e o resultado não é imediatamente aparente.
I. Em qualquer outro caso que o árbitro considere necessário.
J. Quando o árbitro e juizes ou a Comissão de Arbitragem desejem conferenciar.
69
APÊNDICE Artigo 17 – Aplicação de Mate
Ao anunciar Mate, o árbitro deve ter o cuidado de manter os competidores no seu campo de
visão, para o caso de eles não terem ouvido a voz de Mate e continuarem a lutar.
O árbitro não deverá anunciar Mate para evitar que os competidores saiam da área de
combate, a menos que a situação seja considerada perigosa.
O árbitro não deverá anunciar Mate quando um competidor que escapou, por exemplo, a
Osaekomi, Shime-waza, Kansetsu-waza, parece necessitar de um repouso ou pede para
descansar.
O árbitro anunciará Mate quando um competidor que está deitado no tapete de barriga para
baixo, com o adversário às costas, consegue levantar-se e as suas mãos ficam livres do
tapete, indicando a perda de controle por parte do oponente.
Se o árbitro se enganar e der Mate durante o Ne-waza e os competidores se separarem em
conseqüência disso, o árbitro e os juizes podem, se for possível, de acordo com a regra de
"maioria de três", repor os competidores numa posição tão próxima quanto possível da
posição original e recomeçar o combate, se com esse fato retificar uma injustiça para com
um dos competidores.
Depois do anúncio de Mate, os competidores deverão voltar o mais depressa possível para a
posição em que iniciaram o combate.
Quando o árbitro tiver anunciado Mate o(s) competidor(es) deve(m), ou permanecer de pé se
o árbitro lhe(s) indicar para ajustar(em) o judogui, ou pode(m) sentar-se se for previsível uma
longa interrupção. Apenas quando da observação médica poderá um competidor adaptar
qualquer outra posição.
ARTIGO 18 – SONO-MAMA
Em qualquer caso em que o árbitro deseje parar temporariamente o combate, por exemplo,
para se dirigir a um ou a ambos os competidores sem que estes alterem as suas posições,
ou para atribuir uma penalidade sem que o competidor que não é penalizado perca a sua
posição vantajosa, o árbitro anunciará Sonomama. Para recomeçar o combate anunciará
Yoshi. Sonomama só poderá ser aplicado em Ne-waza.
APÊNDICE Artigo 18 – Sono-mama
Sempre que o árbitro anuncie Sonomama, deverá ter o cuidado de verificar que não existe
mudança de posição ou pegas de qualquer dos competidores.
Se, durante o Ne-waza um competidor mostra sinais de lesão, o árbitro deverá anunciar
Sonomama se tal for necessário e depois colocar os competidores na posição que
mantinham antes de ser anunciado Sonomama – e depois anunciar Yoshi.
70
ARTIGO 19 – FIM DO COMBATE
O árbitro deverá anunciar Soremade e terminará o combate:
a.
b.
c.
d.
e.
f.
Quando um competidor marca Ippon ou Waza-ari-awasete-ippon (artigos 20 e 21).
Em caso de Sogo-gashi (artigo 22).
Em caso de Fusen-gashi ou Kiken-gashi (artigo 28).
Em caso de Hansoku-make (artigo 27).
Quando um competidor não pode continuar devido a uma lesão (artigo 29).
Quando o tempo geral do combate tenha expirado (ver Hantei). Após o árbitro ter
anunciado Soremade, os competidores deverão regressar às posições iniciais.
O árbitro designará o vencedor de acordo com o seguinte critério:
i.
ii.
iii.
iv.
v.
Quando um competidor tiver obtido Ippon ou equivalente, ele será declarado
vencedor.
No caso em que ambos os competidores marquem Ippon ou Sogo-gashi em
simultâneo, o árbitro anunciará Hiki-wake e os competidores deverão ter o direito de
disputar um novo combate imediatamente. Se um dos competidores exercer o direito
de disputar o combate novamente e o outro declina, o competidor que deseja efetuar
o novo combate será declarado vencedor por Kiken-gashi.
No caso em que a ambos os competidores seja aplicado Hansoku-make
simultaneamente, ou quando a um competidor for aplicado Hansoku-make e lhe for
simultaneamente aplicado Sogo-gashi, o árbitro deverá anunciar Sore-made e
nenhum dos competidores continuará a competição.
Quando não tenha havido Ippon ou equivalente, o vencedor será declarado com base
no seguinte critério: Um Waza-ari prevalece sobre qualquer número de Yukos, um
Yuko prevalece sobre qualquer número de Kokas.
Quando não existe nenhum resultado registado, ou os pontos são os mesmos para
cada um dos atletas (Waza-ari, Yuko, Koka), o árbitro efetuará o gesto e anunciará
Hantei.
Antes do anuncio de Hantei, o árbitro e juizes devem ter avaliado qual o competidor
que eles consideram ser o vencedor, tendo em consideração as diferenças
verificadas na atitude durante o combate ou na habilidade e eficiência das técnicas.
O árbitro adicionará a sua opinião à dos juizes e declarará o resultado de acordo com
a maioria das três opiniões.
APÊNDICE Artigo 19 – Fim do combate
Tendo anunciado Soremade, o árbitro deverá manter os competidores no seu campo de
visão, para salvaguardar o caso de não terem ouvido a voz e continuarem a combater.
O árbitro deve indicar aos atletas para ajustarem os seus judogui, se necessário, antes de
indicar o resultado.
Realizar a saudação em ritsurei para o oponente.
71
Após o árbitro ter indicado o resultado do combate, os competidores deverão dar um passo
atrás para as respectivas linhas azul e branca, efetuando a saudação de pé abandonando a
área de combate.
Uma vez que o árbitro tenha anunciado o resultado do combate aos competidores, não lhe
será possível alterar esta decisão depois da equipa de arbitragem ter abandonado a área de
competição.
Se o árbitro indicar como vencedor o atleta errado, os dois juizes devem assegurar-se de
que o árbitro altera a decisão errada, antes que a equipa de arbitragem abandone a área de
competição.
Todas as ações e decisões tomadas de acordo com a regra de maioria de três pelo árbitro e
juizes serão definitivas e sem apelo.
ARTIGO 20 – IPPON
O árbitro anunciará Ippon quando, na sua opinião uma técnica aplicada corresponde aos
critérios seguintes:
a. Quando um competidor com controle, projeta o adversário claramente de costas com
considerável força e velocidade.
b. Quando um competidor mantém o adversário em Osaekomi-waza e este último é
incapaz de sair da imobilização durante 25 segundos, após o anuncio de Osaekomi.
c. Quando um competidor desiste, batendo 2 vezes ou mais com a mão ou pé ou
dizendo Maitta, geralmente como resultado de uma técnica de imobilização, Shimewaza ou Kansetsu-waza.
d. Quando um competidor está incapacitado devido ao efeito de Shime-waza ou
Kansetsu-waza.
Equivalência: se um competidor for penalizado com Hansoku-make, o outro competidor será
declarado vencedor.
APÊNDICE Artigo 20 – Ippon
Técnicas simultâneas – Quando ambos os competidores caem no tapete depois daquilo que
parece tratar-se de ataques simultâneos e o árbitro e juizes não podem julgar qual a técnica
dominante – não deverá ser atribuído nenhum resultado.
Se o árbitro erradamente anunciar Ippon durante o Ne-waza e em conseqüência os
competidores se separem, o árbitro e os juizes deverão, se possível, de acordo com a regra
de maioria de três, voltar a colocar os competidores numa posição tão próxima da original
quanto possível e recomeçar o combate, se ao fazê-lo retificar uma injustiça cometida para
um dos competidores.
72
Se um dos competidores deliberadamente faz uma "ponte"(cabeça e calcanhares em contato
com o tapete), depois de ter sido projetado - embora o competidor possa ter impedido o
critério necessário para Ippon, o árbitro poderá apesar disso conceder Ippon ou qualquer
outro valor que ele considere que a técnica mereça a fim de desencorajar esta prática.
O uso de Kansetsu-waza utilizado para projetar o adversário não será considerado para
efeitos de pontuação.
NOTA: No caso de Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo, competições Continentais e
da FIJ, as regras serão aplicadas conforme estão regulamentadas. Nas provas Nacionais os
organizadores estão autorizados a provir daquilo que considerem necessário para a
segurança dos competidores ao nível que se aplica o torneio. Por exemplo, num grau de
competição mais baixo, os organizadores podem autorizar aos árbitros que concedam Ippon
quando o efeito da técnica seja suficientemente aparente, ou no caso de provas para
crianças, podem impedir Shime-waza e Kansetsu-waza conjuntamente..
ARTIGO 21 – WAZA-ARI-AWASETE-IPPON
Se um competidor obtiver um segundo Waza-ari num combate (ver artigo 23), o árbitro
deverá anunciar Waza-ari-awasete-ippon.
ARTIGO 22 – SOGO-GASHI (VITÓRIA COMPOSTA)
O árbitro anunciará Sogo-gashi nos seguintes casos:
a. Quando um competidor tiver obtido um Waza-ari e a seguir o seu opositor é punido
com Shido.
b. Quando um competidor cujo adversário já fora penalizado com Keikoku obtém de
seguida um Waza-ari.
ARTIGO 23 – WAZA-ARI
O árbitro anunciará Waza-ari quando , na sua opinião, a técnica aplicada corresponde aos
seguintes critérios:
a. Quando um competidor projeta o seu adversário com controlo, mas a técnica carece
parcialmente num dos quatro elementos necessários para Ippon (ver artigo 20 (a) e
Apêndice).
b. Quando um competidor controla o seu adversário com Osaekomi-waza e este último
é incapaz de sair da imobilização durante 20 segundos ou mais, mas menos que 25
segundos.
73
Equivalência : Se um competidor tiver sido penalizado com o 3º Shido, será atribuído
imediatamente um Waza-ari ao adversário
APÊNDICE Artigo 23 – Waza-ari
Embora o critério para Ippon- claramente de costas, com velocidade e força possa ser
evidente numa projeção como seja Tomoe-nage, se houver interrupção numa projeção,
Waza-ari é o máximo que deverá ser atribuído.
ARTIGO 24 – YUKO
O árbitro anunciará Yuko quando, na sua opinião, a técnica aplicada corresponde aos
seguintes critérios:
a. Quando um competidor projeta o adversário com controlo, mas a técnica carece
parcialmente em dois dos três outros elementos necessários para Ippon.
Exemplos:
1. Faltando parcialmente o elemento "claramente de costas" e faltando também
um dos outros dois elementos, "força" e "velocidade".
2. Claramente de costas mas faltando parcialmente os outros dois elementos,
"velocidade" e "força".
a. Quando um competidor controla o seu adversário com Osaekomi-waza e este último
é incapaz de sair da imobilização durante 15 segundos ou mais, mas menos que 20
segundos.
Equivalência: Se um competidor tiver sido penalizado com o 2º Shido, será atribuído
imediatamente um Yuko ao adversário
APÊNDICE Artigo 24 – Yuko
Independentemente de quantos Yuko tenham sido anunciados, nenhum número será
equivalente a Waza-ari. O número total de Yuko será registado.
ARTIGO 25 – KOKA
O árbitro anunciará Koka quando, na sua opinião, a técnica aplicada corresponde aos
seguintes critérios:
74
a. Quando um competidor com controlo projeta o seu adversário sobre um ombro ou
coxa(s) ou nádegas, com velocidade e força.
b. Quando um competidor controla o seu adversário com Osaekomi-waza e este último
é incapaz de sair da imobilização durante 10 segundos ou mais, mas menos que 15
segundos.
Equivalência: Se um competidor tiver sido penalizado com Shido, será atribuído
imediatamente um Koka ao adversário.
APÊNDICE Artigo 25 - Koka
Independentemente de quantos Koka tenham sido anunciados, nenhum número será
equivalente a Yuko ou Waza-ari. O número total de Koka será registado.
Projetar um oponente sobre a frente do corpo, joelhos, mão ou cotovelo, contará apenas
como qualquer outro ataque. Da mesma maneira um Osaekomi até 9 segundos será contado
como um ataque.
ARTIGO 26 – OSAE-KOMI-WAZA
O árbitro anunciará Osaekomi quando, na sua opinião, a técnica aplicada corresponde aos
seguintes critérios:
a. O competidor imobilizado deve estar controlado pelo seu adversário e deve ter as
suas costas, os dois ombros ou um ombro em contato com o tapete.
b. O controlo pode ser feito de lado, por trás ou por cima.
c. O competidor que está a imobilizar não deve ter a(s) sua(s) perna(s) ou corpo
controlado pelas pernas do adversário.
d. Pelo menos um dos competidores deve ter qualquer parte do seu corpo em contato
com a área de combate quando do anuncio do Osaekomi.
e. O competidor que está a imobilizar deverá ter o corpo em posição quer de Kesa ou
Shiho, por exemplo semelhante às técnicas de Kesa-gatame ou Kami-shiho-gatame.
APÊNDICE Artigo 26 – Osaekomi-waza
Se um competidor que está a controlar o seu adversário em Osaekomi, muda para outro
Oseakomi, sem perder controle, o tempo de Osaekomi continuará até que seja anunciado
Ippon (ou Waza-ari ou equivalente no caso de Waza-ari-awasete-ippon) ou Toketa ou Mate.
Quando no decorrer de um Osaekomi é o competidor que está em posição vantajosa quem
comete uma infração meritória de castigo, o árbitro anunciará Mate, fará os competidores
voltarem às posições iniciais, atribuirá o castigo (e qualquer pontuação resultante do
Osaekomi), recomeçando então o combate, pela voz de Hajime.
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Quando no decorrer de um Osaekomi é o competidor que está em posição desvantajosa
quem comete uma infração meritória de penalidade, o árbitro anunciará Sonomama, atribuirá
a penalidade e recomeçará o combate tocando em ambos os competidores
simultaneamente, anunciando Yoshi.
Se ambos os juizes estão de acordo em que existe uma situação de Osaekomi, mas o
árbitro não o anunciou - deverão efetuar o sinal de Osaekomi e, pela regra da maioria de
três, o árbitro anunciará Osaekomi imediatamente.
O árbitro anunciará Mate no caso de Osaekomi no limite, quando uma parte do competidor
ainda em contato com a área de combate, fica no ar (por exemplo, é levantada e perde o
contato com o tatame).
Deve ser anunciado Toketa se, durante o Osaekomi o competidor que está a ser imobilizado
é bem sucedido em controlar "em tesoura" a perna do adversário, quer por cima quer por
baixo da perna.
Se em Ne-waza, depois de anunciado Sonomama, a penalidade a ser a dado é Hansokumake, deve ser anunciado Mate, atribuído Hansoku-make e o fim do combate com Soremade.
Em situações em que as costas do Uke deixam de estar em contato com o tapete (por
exemplo "ponte"), mas o Tori mantém o controlo, o Osaekomi continuará.
ARTIGO 27 ATOS PROIBIDOS E PENALIDADES
A divisão das infrações anteriormente era em shido, chui e keikoku atribuídas de acordo com
a infração realizada. Atualmente, é aplicado o shido de forma acumulativa, até a terceira vez,
na quarta se aplica o hansoku-make, muito embora, dependendo da infração poderá receber
o hansoku-make sem ter sido penalizado por nenhum shido.
Sempre que um árbitro atribua uma penalidade, deve demonstrar com um ato simples a
razão para tal penalidade pode ser dado após a voz de Soremade para qualquer ato proibido
durante o tempo real de combate, em situações excepcionais, para atos realizados depois do
final do combate, desde que a decisão não tenha sido dada.
Atos proibidos e castigos correspondentes:
a. Shido (1º; 2º e 3º ) é atribuído a qualquer competidor que tenha cometido infração:
i.
ii.
Não efetuar a pega intencionalmente a fim de evitar qualquer ação no
combate.
Adaptar, na posição de pé uma atitude excessivamente defensiva
(Geralmente mais de 5 segundos).
76
iii.
iv.
v.
vi.
vii.
viii.
ix.
x.
xi.
xii.
xiii.
xiv.
xv.
xvi.
xvii.
xviii.
xix.
xx.
xxi.
Efetuar uma ação que dê a impressão de um ataque mas que mostra
claramente que não há a mínima intenção de projetar o adversário. (FALSO
ATAQUE)
Permanecer de pé, com os dois pés completamente na zona perigosa A NÃO
SER QUE – para começar um ataque, executar um ataque, contra-atacar ou
defender-se de um ataque. (Geralmente mais de 5 segundos)
Na posição de pé, segurar continuamente a extremidade da(s) manga(s) do
adversário com intenção defensiva (Geralmente mais de 5 segundos) ou
agarrar a manga torcendo-a.
Na posição de pé, manter continuamente os dedos do adversário de uma ou
duas mãos entrelaçados, com o intuito de evitar qualquer ação no
combate.(Geralmente mais de 5 segundos)
Intencionalmente desarranjar o próprio judogui ou desapertar e apertar o cinto
ou as calças, sem autorização do árbitro.
Puxar o adversário para o chão de forma a iniciar Ne-waza a menos que
esteja de acordo com o artigo 16.
Inserir um ou mais dedos dentro da manga do adversário ou na extremidade
inferior das calças deste último, ou ainda agarrar-lhe a manga torcendo-a.
Na posição de pé, efetuar qualquer pega que não seja a "normal" sem atacar.
(Geralmente de 3 a 5 segundos)
Na posição de pé, após o Kumi-kata ter sido estabelecido, não realizar
qualquer movimento de ataque. (ver Apêndice NÃO COMBATIVIDADE).
Na posição de pé, agarrar-se ao pé(s), perna(s) ou perna(s) das calças do
adversário, com a(s) mão(s) a menos que se tente simultaneamente realizar
uma técnica de projeção.
Enrolar a extremidade do cinto ou do casaco à volta de qualquer parte do
corpo do adversário.
Colocar o judogui na boca.
Colocar a mão, braço, pé ou perna diretamente na face do adversário.
Colocar o pé ou perna no cinto, gola ou lapela do adversário.
Aplicar Shime-waza usando a extremidade do casaco ou cinto, ou usando
apenas os dedos..
Aplicar "tesoura de pernas" ao tronco (dojime) , pescoço ou cabeça do
adversário (tesoura com os pés cruzados enquanto estica as pernas).
Bater com o joelho ou pé a mão ou braço do adversário, com o intuito de o
fazer largar a pega.
Dobrar para trás o(s) dedo(s) do adversário com o intuito de o obrigar a largar
a pega.
De Tachi-waza ou Ne-waza sair da área de combate ou intencionalmente
forçar o adversário a sair da área de combate.(ver artigo 9 – "Exceções")
b. Hansoku-make é aplicado a qualquer competidor que tenha cometido uma infração
muito grave (ou que tenha já sido penalizado com o terceiro shido e volte a cometer
uma infração de qualquer tipo).
i. Realizar qualquer ação que possa por em perigo ou lesionar o adversário,
Tentar projetar o adversário enrolando uma perna à volta da perna do
adversário, enquanto está voltado mais ou menos na mesma direção que o
opositor e caindo para trás em cima dele (Kawasu-gake).
ii. Aplicar Kansetsu-waza a qualquer outra articulação que não a do cotovelo.
iii. Levantar o opositor que está deitado no tapete e atirá-lo de novo para o
tapete.
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iv. Varrer a perna de apoio do adversário da parte de dentro, quando este está
aplicar uma técnica como seja Harai-goshi, etc.
v. Desrespeitar as instruções do árbitro.
vi. Fazer comentários desnecessários, observações ou gestos pejorativos ao
adversário ou ao árbitro durante o combate..
vii. Realizar quaquer ação que possa por em perigo ou lesionar o adversário,
especialmente no pescoço ou coluna vertebral, ou estar contra o espírito do
judô.
viii. Cair diretamente no tapete enquanto aplica ou tenta aplicar técnicas tais
como Waki-gatame.
ix. Mergulhar de cabeça no tapete, inclinado-se para a frente e para baixo,
enquanto executa ou tenta executar técnicas como Uchi-mata, Harai-goshi,
etc.
x. Atirar-se para trás intencionalmente quando o adversário está a agarrar-se às
costas e quando qualquer dos competidores tem o controlo do movimento do
adversário.
xi. Usar um objeto rígido ou metálico (coberto ou não).
APÊNDICE Artigo 27 – Atos proibidos e penalidades
Árbitros e juizes estão autorizados a aplicar penalidades de acordo com a intenção ou
situação e no melhor interesse do desporto.
Se o árbitro decidir penalizar o(s) competidor(es) (exceto no caso de Sonomama em Newaza) deverá parar temporariamente o combate, fazer os competidores voltarem às
posições iniciais e anunciar o castigo enquanto aponta para o(s) competidor(es) que tenham
cometido o ato proibido.
Antes de atribuir Hansoku-make, o árbitro deverá consultar os juizes e tomar a sua decisão
de acordo com a regra de maioria de três. Quando ambos os competidores infrinjam as
regras em simultâneo cada um será penalizado de acordo com o grau de infração. Não
obstante, a equipe de arbitragem poderá tomar a sua decisão final neste assunto de acordo
com o artigo 30 – Situações não cobertas pelas regras.
Hansoku-make em Ne-waza deverá ser aplicado da mesma forma que em Osae-komi.
Quando um dos competidores puxa o adversário para Ne-waza sem ser de acordo com o
artigo 16 e o seu opositor não aproveita para continuar em Ne-waza, o árbitro anunciará
Mate, parando temporariamente o combate e castigará com Shido o competidor que infringiu
o artigo 16.
ARTIGO 28 – FALTA DE COMPARÊNCIA E DESISTÊNCIA
A decisão de Fusen-gashi deve ser dada ao competidor cujo adversário não compareça ao
seu combate. Um competidor que não esteja na posição inicial depois de três (3) chamadas
com um (1) minuto de intervalo, perderá o combate.
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O árbitro deve estar seguro antes de dar a decisão de Fusen-gashi, que recebeu autorização
para o fazer da Comissão de Arbitragem.
A decisão de Kiken-gashi será dada a qualquer competidor cujo adversário desista da
competição por qualquer razão, durante o combate.
APÊNDICE Artigo 28 – Falta de comparência e desistência
Lentes de contato flexíveis- Se um competidor durante um combate, perder as suas lentes
de contato e não conseguir de imediato recuperá-las, depois de informar o árbitro que não
pode continuar a competir sem elas, o árbitro depois de consultar os juizes, dará a vitória ao
seu adversário por Kiken-gashi.
ARTIGO 29 – LESÃO, DOENÇA OU ACIDENTE
A decisão de Kachi ou Hiki-wake quando um dos competidores está impedido de prosseguir
devido a lesão, doença ou a acidente durante o combate, será dada pelo árbitro após
consulta com os juizes ou da própria aquiescência do atleta em não poder competir. dico.
APÊNDICE Artigo 29 – Lesão, doença ou acidente
Em caso de lesão o médico poderá ser chamado apenas para averiguação do caso. Se tocar
no atleta e/ou afirmar que o mesmo não se encontra em condições de continuar o combate,
o juiz atribuirá final de luta e vitória para seu oponente.
ARTIGO 30 – SITUAÇÕES NÃO PREVISTAS PELAS REGRAS
Quando surgir qualquer situação não abrangida pelas regras, ela será resolvida e a decisão
dada pelos árbitros depois de consultada a Comissão de Arbitragem.
GUIA DA SAUDAÇÃO
Este guia de saudação é adaptado do guia da saudação da FIJ.
Uma parte da etiqueta do judô, o Rei, é uma tradição que reflete o respeito e disciplina, que
permite que tornem únicas as atividades do nosso desporto. O guia da saudação, deverá
como tal ser seguido de uma forma respeitosa.
Todos os rei na posição de pé devem ter um ângulo de 30º relativamente à cintura.
1. Rei Inicial – Cerimônias de Abertura
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1. Enquanto os competidores estão alinhados na área de competição, como última
atividade de cerimônia de abertura, todos os árbitros devem estar alinhados, lado a
lado, à frente dos competidores e oficiais de frente para o Joseki.
2. Após a ordem de Kiotsuke, rei, oficiais, competidores e árbitros saúdam o Joseki.
3. De imediato, os árbitros dão meia volta no sentido dos ponteiros do relógio ficando de
frente para os competidores e após a voz de rei, todos se saúdam mutuamente.
4. Então, por ordem e de acordo com os eventos programados, os árbitros, oficiais e
competidores abandonam a área de competição para que o torneio comece.
1. Rei Final – Cerimônia de Encerramento
1. Enquanto os competidores estão alinhados na área de competição, como última
atividade da cerimônia de encerramento, os árbitros devem estar alinhados, lado a
lado, à frente dos competidores, de frente para o Joseki.
2. Após a ordem de Kiotsuke, os árbitros dão meia volta no sentido dos ponteiros do
relógio, ficando de frente para os competidores e, com a ordem de rei, todos se
saúdam.
3. Então os árbitros dão meia volta no sentido dos ponteiros do relógio, de frente para o
Joseki e após a ordem de rei saúdam em direção do Joseki.
4. Depois disso, por ordem e de acordo com os eventos programados, os árbitros e
competidores deixam a área de competição, terminando o evento.
ÁRBITRO E JUIZES
1. No início da competição individual
1. Antes do primeiro combate de cada sessão de shiai, a primeira equipa de árbitros
designados percorre ao longo do limite exterior da área de competição numa única
fila (juiz, árbitro, juiz)em direção a uma posição central, antes da área de combate e
de frente para o Joseki, depois sobem para a área de competição.
2. Uma vez numa posição central na área de competição, lado a lado, o árbitro e os
juizes saúdam o Joseki.
3. Daí o árbitro e os juizes caminham para a zona perigosa, agora na área de combate,
onde pela segunda vez saúdam o Joseki.
4. Enquanto permanecem na zona perigosa, árbitro e juizes saúdam-se mutuamente. O
árbitro dá um passo atrás, enquanto os juizes se voltam um para o outro, para a
saudação.
5. De imediato, o árbitro e os juizes tomam os seus lugares. O juiz que alcançar em
primeiro lugar a cadeira, permanecerá em frente da mesma esperando pelo outro
juiz, e juntos sentar-se-ão simultaneamente. Este mesmo procedimento para se
sentarem, deve ser seguido após cada conferência.
6. Para o primeiro combate de cada sessão de shiai, o árbitro deve assegurar-se que os
primeiros dois competidores cumprem o previsto na subsecção 9.2.
7. A primeira equipa de árbitros deve abandonar a área de competição seguindo o
procedimento de saudação previsto na seção 6.
8. O juiz com a distância mais curta deve caminhar lentamente e o outro juiz deve
caminhar mais rapidamente, de forma a que ambos se encontrem junto do árbitro par
efetuarem a saudação, ao mesmo tempo.
1. Árbitro e Juizes seguintes
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1. Depois da primeira equipa de oficiais designados para o primeiro combate, todos os
grupos subsequentes de árbitros e juizes, antes de tomarem as suas posições,
devem seguir o procedimento de saudação tal como está estabelecido em 3.1, 3.2 e
3.5.
2. Cada equipa subsequente de árbitros, à excepção da última equipa de cada sessão,
devem deixar a área de competição seguindo a cerimônia designada na seção 6.
1. Mudança de funções entre árbitro e juiz
1. A seguir a um combate, uma vez que o resultado tenha sido anunciado e os
competidores tenham deixado a área de combate, se o árbitro é chamado a mudar de
posição com um juiz, ambos os árbitros devem aproximar-se dentro da zona
perigosa. Uma vez frente a frente devem saudar-se antes de tomarem as novas
posições. Passando um pelo outro, o novo árbitro dirige-se para dentro, tomando o
caminho mais curto, para a posição de Hajime.
1. Equipe de arbitragem abandonando a área de competição
1. A seguir a um combate, uma vez que o resultado tenha sido anunciado e os
competidores tenham deixado a área de combate, se o árbitro e juizes deixarem a
área de combate, devem caminhar em direção ao limite exterior da área de
competição. De frente para o Joseki numa posição central, com o árbitro ao meio, em
simultâneo devem saudar o Joseki e depois abandonar a área de competição.
1. Equipe de arbitragem no fim do shiai
1. A seguir ao último combate de cada sessão e depois do resultado ter sido anunciado,
para além do explicitado no sub-artigo 9.6, o árbitro e os juizes devem caminhar em
direção à zona perigosa e uma vez lá dentro, de frente para o Joseki, lado a lado com
o árbitro no centro, devem saudar o Joseki.
2. Enquanto na zona perigosa, o árbitro dá um passo atrás e os juizes voltam-se um
para o outro para se saudarem e finalmente os três saúdam-se entre si.
3. Árbitro e juizes caminham então em direção ao limite da área de competição para
uma posição central, de frente para o Joseki, com o árbitro no meio, saúdam em
direção ao Joseki e depois abandonam a área de competição.
COMPETIDORES
1. Competidores entrando e abandonando a área de competição
1. Após a entrada e saída da área de competição os competidores devem saudar o
Joseki.
1. Ritsu Rei entre os competidores
Aos competidores requer-se adesão aos princípios gerais do guia da saudação e às regras
de arbitragem da FIJ. Aos competidores que não saúdem de acordo com o disposto nestas
diretrizes, ser-lhes-á pedido que o façam. Aqueles que recusem será comunicado ao Diretor
Desportivo da FIJ ou ao Diretor do Torneio. Sob a autoridade dos diretores do evento, o
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competidor será desclassificado da competição e em caso de medalha, esta ser-lhe-á
retirada e/ou a classificação obtida.
1. Os competidores devem avançar para a posição central no limite da área de combate
e saudar, depois os competidores avançam para dentro da área de combate para as
respectivas marcas e saúdam.
2. Os dois primeiros competidores de cada dia de um torneio, antes do seu combate,
devem cumprir o seguinte:
a. Ficar frente a frente atrás das marcas correspondentes, e sob a indicação do
árbitro, os competidores devem voltar-se em direção do Joseki.
b. Após a ordem de rei, devem saudar.
c. Os competidores devem voltar-se e ficar de frente um para o outro novamente
e seguir o determinado no ponto 9.3 destas diretrizes.
1. Os dois competidores, permanecendo atrás das suas marcas correspondentes e sem
receberem qualquer ordem devem saudar-se simultaneamente, dando um passo em
frente e permanecer na posição normal de pé esperando que o árbitro ordene
Hajime.
2. Uma vez terminado o combate e o árbitro tenha ordenado Soremade, os
competidores devem permanecer à frente das suas marcas correspondentes e
aguardar o resultado. Os competidores devem nesta altura ter o seu judogui
composto.
3. O árbitro avança um passo, atribui o resultado e recua um passo; a seguir ao anuncio
do resultado os competidores simultaneamente dão um passo atrás e saúdam-se.
4. Os últimos dois competidores do dia de cada torneio, depois do seu combate ter
terminado,
deverá
cumprir-se
o
seguinte:
a) Depois de seguir os pontos 9.4 e 9.5 e por indicação do árbitro para ficarem de
frente para o Joseki, os competidores devem seguir o disposto de (a) e (b) do ponto
9.2 e depois 9.7.
5. Os competidores movem-se para trás para a posição central no limite da área de
combate e devem saudar, depois abandonam a área de competição de acordo com o
previsto no artigo 8.
A etiqueta da saudação do judô, coloca este desporto à parte dos restantes desportos
internacionais. Os gestos são de respeito, apreciação e cortesia. O árbitro e os juizes têm
um papel fundamental em manter este fato único, certificando-se de que a saudação é
realizada de acordo com este princípio geral.
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REFERÊNCIAS
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