Aos 4 anos - Associação Chão d`andar

Transcrição

Aos 4 anos - Associação Chão d`andar
i dos Pais
Aos 4 anos
Aos 4 anos de idade várias competencias intelectuais e emocionais surgem mais
integradas dando à criança um acréscimo de autonomia e iniciativa no contexto das
relações com os adultos e os seus amigos (aumenta a capacidade de compromisso,
planeamento, de prontidão para a realização de tarefas, etc.) reforçando o seu interesse
por aprender.
As crianças desta idade, estão por isso mais capazes de serem, e demonstrarem
ser, mais capazes de envolver-se em iniciativas e em geral são muito activos e
propositivos, continuando a explorar e adquirir informações sobre o seu mundo, sobre
como ele funciona.
Isto implica, o desafio de aprender a usar o poder que o crescimento confere,
quer física quer psicologicamente. Por exemplo, descobrir que os comportamentos têm
consequências, promove o desenvolvimento de um novo pensamento moral que lhes
permitirá adquirir comportamentos socialmente adequados.
No entanto, como o balanço entre autonomia/afirmação e consequências da
realidade/regras sociais, não se faz sem contradições naturais, por vezes as crianças
destas idades podem ser resistentes a instruções dos seus pais, e procurar experimentar a
força e o exercício de poder em certas situações relacionais ou outros desafios. Deste
equilíbrio, resultará um sentimento de competência e segurança em si e nos outros,
importante para a estabilidade e organização da sua personalidade.
Desenvolvimento Psicológico
A criança com quatro anos possui uma imaginação muito viva que a leva a
interessar-se por tudo o que a rodeia. Ela gosta de experimentar diferentes “identidades”
e papeis nos jogos de faz de conta e de se envolver em brincadeiras de fantasia. Este
Clínica do Desenvolvimento Psicoafectivo - Lisboa | www.chaodandar.pt | www.peopletopeople.pt
gosto é concordante com as perguntas fazem sobre tudo o que as rodeia (como?, por
quê?, quando?, por quanto tempo?, etc.) na tentativa de compreender o mundo e as
causa dos acontecimentos que observam. Adicionalmente, a criança com quatro anos
caracteriza-se por ter muita energia, pelo que este período poderá ser esperado ocorrer
inquietação motora e psicológica. Uma das repercussões desta característica é a
possibilidade da criança mostrar-se desorganizada para falar ou agir.
Nesta altura, a criança vê-se confrontada com poder apresentar dificuldades em
aceitar as regras do comportamento que fazem parte da socialização, bem como aceitar
as críticas face ao seu comportemanto. Pode necessitar de chamar a atenção dos outros
através de diferentes comportamentos.
A criança adquire nesta fase alguma estabilidade na avaliação de atributos
pessoais, que faz em função das suas experiências concretas de sucesso ou insucesso. É
uma fase em que a criança manifesta a vontade de se afirmar e ao mesmo tempo o
desejo de agradar.
As tentativas de marcar a sua vontade manifestam-se por vezes em
comportamentos de recusa e de birras, acompanhadas de pequenas frases (cerra os
dentes para mostrar que não quer comer, atira o jogo que não quer arrumar ou grita
quando não quer ir dormir) . As birras e exigências ficam com o tempo “mais
sofisticadas” de forma a garantir a atenção dos pais e imposição da sua vontade.Ao
mesmo tempo, a criança começa a aprender algumas regras, limites e a conhecer o
ambiente do seu quotidiano, criando expectativas sobre as suas experiências rotineiras.
A noção de certo e errado vai emergindo de forma directa, nomeadamente, “
portei-me mal porque a mãe se zangou”, “fui bonita porque o pai me deu um doce” “
dou um rebuçado ao João para ele ser meu amigo”. Nesta fase está a começar a aprender
a controlar o seu comportamento, pelo que a criança começa a ter capacidade intenção
de um comportamento, fazendo um plano rudimentar num período do tempo, inibindo
comportamentos e suspendendo as suas acções.
Na medida em que a criança começa a adquirir cada vez mais consciência do seu
lugar no mundo, podem surgir nela alguns medos associados a ruídos e ao escuro, numa
Clínica do Desenvolvimento Psicoafectivo - Lisboa | www.chaodandar.pt | www.peopletopeople.pt
tentativa de se proteger física, ou psicologicamente, dos estímulos que a criança perceba
como ameaçadores.
Coordenação Motora
A habilidade para as crianças desenvolverem o controlo pelo seu próprio corpo
cresce vertiginosamente durante a época da infância, pelo que no âmbito da
coordenação motora, aos quatro anos, as crianças ganham maior habilidade para
exercícios físicos do tipo: atirar uma bola pelo alto ou dar saltos mais longos e com
maior força.
Coordenação mão-olho
É expectável que com a chegada dos quatro anos, haja tarefas de precisão na
vida quotidiana da sua criança que esta possa começar a cumprir com maior
assertividade: ajudar a pôr a mesa, lavar-se e secar-se a cara e as mãos, ajudar a fazer a
cama, arrumar a roupa, levar um copo com agua com maior estabilidade, etc.
No entanto, no que respeita aos trabalhos manuais, a criança poderá demonstrar
menor destreza: será capaz de copiar um circulo e duas retas em perpendicular sendo
possível que chegue a desenhar uma pessoa. O uso de objetos alheios que requeiram de
maior coordenação, como por exemplo, as tesouras, evidenciam uma maior dificuldade.
Desenvolvimento Emocional
Ao nível emocional, as crianças desta fase são normativamente inseguras, como
resultado da sua crescente autonomia e independência. Ainda assim, o seu
desenvolvimento emocional e mental é, de certa forma, limitado, pelo que têm
dificuldade em aceitar críticas, assumir a culpa e as derrotas. É um período no qual a
criança ainda se coloca no centro do mundo, apresentando, por vezes, atitudes
autocentradas, sendo, muitas vezes, negativas, exigentes e apresentam dificuldades ao
nível da adaptação a novas situações. É ainda frequente que exibam comportamentos de
Clínica do Desenvolvimento Psicoafectivo - Lisboa | www.chaodandar.pt | www.peopletopeople.pt
violência e que se voltem a observar episódios de “birra” ou pedidos de apoio e afecto
que recordam idades mais precoces que devem ser atendidos e acompanhados de uma
compreensão das situações, com a ajuda dos adultos. Nestas situações é importante
também ouvir os “porquês” das crianças, antes de fechar as conversas.
Desenvolvimento Social
A partir desta idade é frequente que as crianças não gostem de ser beijadas em público,
especialmente os meninos. Começamos também a observar nesta idade, que as crianças
se começam a identificar com adultos fora da família (p.ex., o/a professor/a, vizinho/a,
etc.). É também nesta fase que os meninos se identificam fortemente com o pai.
As amizades das crianças desta idade são ainda algo instáveis, mas já tendem a
estabilizar-se mais em relação a idades anteriores. Por vezes são “cruéis” com os pares,
e isto decorre das capacidades de empatia ainda em desenvolvimento.
A criança desta idade tem uma grande necessidade de ser vencedora, pelo que pode
procurar mudar as regras dos jogos e atividades, a fim de atender às suas necessidades,
o que dificulta os jogos e atividades grupais.
Desenvolvimento da Fala/Linguagem
A conversa de uma criança com quatro anos começa a mostrar-se mais
elaborada: nota-se que inicia a utilização de outros tempos verbais mais complexos para
relatar narrativas próprias das suas experiências pessoais, podendo utilizar o calão ou
inventar palavras novas.
Adaptação Escolar
Através do tempo, as crianças aprendem a focar a sua atenção por mais tempo
numa só atividade, mas por enquanto, a criança com quatro anos poderá facilmente
alternar de atividades, ainda que não tenha acabado a anterior. No entanto, a sua
concentração será suficiente para começar a jogar sossegadamente em cima de uma
Clínica do Desenvolvimento Psicoafectivo - Lisboa | www.chaodandar.pt | www.peopletopeople.pt
mesa ou poderá executar trabalhos depois de observar os modelos concretos, ainda que
por enquanto apresente pouca habilidade para os trabalhos manuais.
A sua grande energia deverá ser empregue preferivelmente em atividades livres
que permitam uma expressão mais ampla daquilo que acontece dentro do mundo interno
das nossas crianças, como emoções, desejos, sentimentos, etc.
Como pai/mãe
Como pai/mãe pode apoiar o seu filho em superar os desafios desta idade
fornecendo informações sobre o mundo, esclarencendo fantasias, expectativas ou medos
desadequados, respondendo às muitas perguntas que as crianças desta idade
normalamente transportam dentro de si, dando-lhes a liberdade e oportunidade para
explorar e experimentar (dentro dos limites de segurança) e pensar, permitindo
“falhanços” naturais, colocando-se nos momentos de frustração como suporte
emocional, contendo as tristezas e zangas, e ajudando a reflectir sobre as experiências,
como por exemplo, as consequências positivas e negativas de forma adequada à
compreensão nesta idade.
Neste sentido os pais são bons parceiros de nos jogos de fantasia, promovendo o
prazer da brincadeira e da exploração, ao mesmo tempo que podem ajudar a distinguir
entre fantasia e realidade. É importante envolver-se nas actividades que interessam ao
seu filho, promover as relações com as outras crianças, promover a diversificação de
actividades de lazer e convívio, dando-lhes oportunidades para tomar decisões sobre
coisas que lhes possam afectar, de modo que eles ganhem uma sensação de controle e
poder sobre suas vidas, sabendo que os crescidos estão disponíveis e os podem ajudar a
reconhecer limites ou regras importantes, o que cumpre uma função reasseguradora.
A equipa Chão d’andar
e-mail: [email protected]
© Chão d’andar
Clínica do Desenvolvimento Psicoafectivo - Lisboa | www.chaodandar.pt | www.peopletopeople.pt