Jornal Cultivando Água Boa Ed. 23 (pdf / 4,42 MB)

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Jornal Cultivando Água Boa Ed. 23 (pdf / 4,42 MB)
J O R N A L D O P R O G R A M A S O C I O A M B I E N TA L D A I TA I P U B I N A C I O N A L
www.cultivandoaguaboa.com.br
Cultivando
FOZ DO IGUAÇU – JUNHO DE 2013 – Nº 23
Cidades Sustentáveis tem o
compromisso de 34 municípios do Oeste
Prefeitos que integram a Amop assinam carta-compromisso com a plataforma Cidades Sustentáveis
Nº 2 3
J u n h o 2 013
Cuidados com
a alimentação
BP3 define
prioridades do CAB
Alimentação
adequada é o caminho
para o combate à
obesidade infantil
Foram avaliadas
ações e realizadas
novas parcerias
com Itaipu
Páginas 16, 17 e 18
Páginas 6 a 10
Jornal C ul ti v ando Á gua B oa
It aip u B inacio nal
1
ENTRE ASPAS
FOCO
Compromissos com a Plataforma
Cidades Sustentáveis
Administrar um município sem a participação da sociedade é
condição praticamente impensável em tempos de intensa preocupação com os caminhos que tomam as cidades, estados e
países. Principalmente no Brasil, onde a população deu recentes amostras da sua força de mobilização e de sua vontade de
ser ouvida pelos governantes.
E essa preocupação não se resume apenas a questões financeiras ou orçamentárias, como mostraram as manifestações que
tomaram as ruas de todas as cidades brasileiras. As comunidades estão cada vez mais conscientes de seu papel e de sua
responsabilidade no desenvolvimento, com olhar atento para
todas as questões que envolvem a transparência, a conservação
do meio ambiente e sobretudo o bem-estar do cidadão.
Em Santa Helena, particularmente, a participação popular é a
guia mestra da administração, que entende que essa é a forma de
envolver a sociedade democraticamente, oferecendo ao cidadão
a possibilidade de acesso às informações e aos seus direitos.
Nesse sentido, a Plataforma Cidades Sustentáveis, do qual
Santa Helena e outros 34 municípios que integram a Associação dos Municípios da Região Oeste do Paraná (Amop) são
signatários, é um instrumento importante na busca do desen-
volvimento sustentável e preparação de um futuro melhor.
Os compromissos dessa plataforma consideram a participação
da comunidade na tomada de decisões, a economia urbana
preservando recursos naturais, a equidade social, o correto
ordenamento do território, a mobilidade urbana, a educação
e a cultura para a sustentabilidade, o clima e a conservação da
biodiversidade, entre outros aspectos relevantes.
Os indicadores e metas a cumprir não podem ser encarados
pelos administradores como amarras à liberdade de atuação,
mas como apontadores para um caminhar seguro na obtenção
de resultados significativos para os municípios.
Mais próximas do cidadão, as administrações municipais têm,
mais do que a oportunidade de influenciar comportamentos,
a possibilidade de discutir e propor ações que garantam esse
desenvolvimento sustentável.
Os desafios são grandes para aqueles que aceitaram essa responsabilidade, mas, com certeza, maiores ainda serão os resultados obtidos a partir de agora.
Outro aspecto relevante é a adesão em massa dos municípios
que integram a Amop. Isso está conferindo à nossa região o
pioneirismo na implantação conjunta da Plataforma Cidades
Sustentáveis. Muitos são os municípios Brasil a fora que já
implantaram essa plataforma e, embora unidos pelos mesmos
ideais, metas e compromissos, estão isolados geograficamente. Em nossa região, estamos conseguindo vencer as barreiras
geográficas e formando uma rede de municípios empenhados
na construção de um presente e, principalmente, um futuro
melhor para as próximas gerações.
O Conselho dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu, como
órgão representativo, também aderiu ao programa Cidades Sustentáveis em parceria com a Itaipu Binacional disponibilizando
pessoas e estrutura física para trabalhar com os municípios na
discussão dos eixos do milênio. Estamos pensando no desenvolvimento regional, em um município
ajudando o outro na construção de
cidades mais justas e que ofereçam
bem-estar aos seus cidadãos.
Jucerlei Sotoriva é prefeito de
Santa Helena e presidente do
Conselho dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu
2
3
Líderes discutem os desafios mundiais para preservação de recursos hídricos
4
Plataforma Cidades Sustentáveis ganha adesão de municípios da Amop
5
Novas administrações municipais na BP3 elegem prioridades
para os projetos que integram o Cultivando Água Boa
6
Produtores de alimentos orgânicos se mobilizam de olho na Copa e na Olimpíada
11
Criação de tilápia no lago de Itaipu pode duplicar safra nacional de peixes cultivados
12
Plano Safra de Pesca e isenção de licenciamento também
devem estimular produção de pescado
13
Indígenas de Ocoy ganham nova Casa de Reza e escola bilíngue
14
Ações na Comunidade Apepu ajudam a valorizar história e proteger propriedade
15
Com a obesidade infantil não se brinca
16
Itaipu e a preocupação com a alimentação
18
Visitas de campo: as ações do CAB na prática
19
Em questão – Isis de Palma fala sobre educação ambiental
20
Samek apresenta CAB a deputados
22
Itaipu participa de debates do Colóquio sobre Água e Florestas
22
Governo federal busca no CAB subsídios para políticas públicas para grandes obras do País
23
Empresas de energia alinham ações com compromissos da Rio+20
24
Coordenação de projetos da FAO abre escritório na Itaipu
26
Mais 48 mil árvores em Marechal Cândido Rondon
27
No aniversário do Refúgio, atividades que estimulam o respeito ao meio ambiente
27
No Chile, Itaipu participa de encontro dos Guardiões de Sementes Livres
27
Conferência nacional mobiliza estudantes
30
Passatempo
31
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a B o a
Ita i pu Bi na c i onal
Itaipu Binacional
Diretor-Geral Brasileiro:
Jorge Miguel Samek
Diretor de Coordenação e Meio Ambiente:
Nelton Miguel Friedrich
Superintendentes:
Newton Kaminski (Obras), Jair Kotz (Meio Ambiente) e
Marcos Baumgartner (Planejamento e Coordenação)
Assistente do diretor de Coordenação
e Meio Ambiente:
Pedro Irno Tonelli
Chefe da Assessoria de Comunicação Social:
Gilmar Piolla
Textos:
Romeu de Bruns, Stella Guimarães, Lucio Horta, Fabiane Ariello
- Divisão de Imprensa da Itaipu Binacional; (colaboração);
Ciliany Perdoná - Assessoria de Imprensa do Conselho dos
Municípios Lindeiros; Carla Nascimento - Comunicação Mais.
Edição:
Carla Nascimento
Coordenação:
Claudia Stella
Ilustração e diagramação:
Larissa Braga e Robson Rodrigues
Fotografia:
Adenésio Zanella, Alexandre Marchetti, Caio Coronel,
Nilton Rolin e acervo da Itaipu Binacional.
Impresso em agosto de 2013
Tiragem:
10.000 exemplares
A rotina intensa dos dias atuais leva as pessoas a prestarem
pouca atenção na nossa casa, o planeta Terra, e em atitudes
que podem levar a uma convivência mais harmoniosa com o
planeta. Por isso, pelo menos, dois dias do calendário estão
reservados a reflexões sobre esse tema: o Dia Internacional da
Mãe Terra ou Dia da Terra (22 de abril) e o Dia Mundial do
Meio Ambiente (5 de junho).
O Dia Mundial da Terra foi instituído em 1970 pelo senador
americano Gaylord Nelson (leia mais nesta página) e transformado em Dia Internacional da Mãe Terra pela Organização
das Nações Unidas (ONU) em 2009, por iniciativa da Bolívia.
combater o efeito estufa deve ser assinado (http://www.onu.
org.br/no-dia-internacional-da-mae-terra-onu-pede-acaocontra-mudancas-climaticas/).
Dia Mundial do Meio Ambiente
A cada ano 1,3 bilhão de toneladas de alimentos (um terço
da produção global) são desperdiçadas no mundo – equivalente a quantidade de alimentos produzidos em toda a África
Subsaariana (representada por cerca de dois terços de todo o
continente africano), segundo dados da Organização da ONU
para a Agricultura e Alimentação (FAO). Enquanto essa
Na Assembleia Geral da ONU que definiu a data, o presidente
da Bolívia, Evo Morales, considerou a decisão uma posição histórica. “Sessenta anos após a [Declaração Universal dos Direitos
Humanos], a Mãe Terra, finalmente, tem seus direitos reconhecidos”, disse após a aprovação unânime da proposta.
O texto lembra que Mãe Terra é uma expressão comum, utilizada para referir-se ao planeta Terra em diversos países e regiões, o que demonstra a interdependência
existente entre os seres humanos e as demais espécies vivas e
o planeta que habitamos (http://www.un.org/ga/search/view_
doc.asp?symbol=A/RES/63/278&referer=http://www.un.org/
en/events/motherearthday/index.shtml&Lang=S). Como o
dia 22 de abril já vinha sendo comemorado em vários países,
a ONU decidiu manter esse dia para as celebrações mundiais.
Em 2013, as comemorações do Dia da Mãe Terra ressaltaram
as Faces das Mudanças Climáticas, como um exercício de sensibilização com vistas a 2015, quando um novo tratado para
A produção global
de alimentos:
ocupa
é responsável por
de toda a terra
habitável do mundo
do desmatamento
usa
30%
25%
do consumo de
água potável
80%
gera
das emissões de
gases de efeito
estufa
é a maior causadora de perda de
biodiversidade e da mudança do uso da terra
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N º 23
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Ambiente, comemorado em 5 de junho. Com o tema “Pensar.
Comer. Conservar.” a ONU quis chamar a atenção para o fato
de que as escolhas de cada um em relação à comida também
têm impactos ambientais., com o desperdício de recursos naturais (água, terra) ou os utilizados para a sua produção.
Com essa discussão, a ONU teve por objetivo alertar que é
possível tomar atitudes ambientalmente corretas a partir da
própria casa e essas decisões – individuais ou coletivas – têm
o poder de reduzir o desperdício e o impacto ambiental para a
produção, trazem economia de dinheiro e pressionam os processos de produção para que se tornem mais eficientes.
Tomar decisões conscientes, segundo documento da ONU,
significa, por exemplo, selecionar alimentos que têm menor
impacto ambiental, como alimentos orgânicos que não usam
produtos químicos no processo de produção, ou optar por
comprar alimentos produzidos localmente, o que significa
que não houve emissão de poluentes gerados no transporte. Alimentos estragados também resultam em
maior emissão de metano – um dos gases de efeito
estufa mais potentes e que mais contribuem para a
mudança no clima.
No texto aprovado, a ONU reconhece que a Terra
e seus ecossistemas são nosso lar e que para alcançar um justo equilíbrio entre as necessidades econômicas, sociais e ambientais das gerações presentes
e futuras é necessário promover a harmonia com a
natureza e a Terra.
70%
DIRETORIA DE COORDENAÇÃO
Av. Tancredo Neves, 6.731
Foz do Iguaçu – PR - CEP 85.866-900
Fone (45) 3520-5724 | Fax (45) 3520-6998
E-mail: [email protected]
N º 23
Dia Internacional da Mãe Terra e Dia Mundial do Meio Ambiente destacam
No discurso, Morales lembrou que o século XX é “o
século dos direitos humanos” e o século XXI deve ser o
“século dos direitos da Mãe Terra”.
Índice
Terra: dias especiais para celebrar a vida e refletir sobre mudanças de hábitos e atitudes
Terra: dias especiais para celebrar a vida
e refletir sobre mudanças de hábitos e atitudes
Bacia do Paraná 3
Para celebrar a data, os 29 municípios da Bacia do
Paraná 3 (BP3) realizaram “paradas ecológicas” simultaneamente, com distribuição de sachês de mel, botons
e adesivos em pontos de grande circulação de pessoas.
Alguns municípios optaram também pela distribuição
de plantas medicinais e mudas de árvores nativas. “Com
pequenas atitudes podemos fazer diferença”, destacou a
gerente da Divisão de Educação Ambiental da Itaipu, Leila
Alberton. O mel distribuído foi produzido pela Cooperativa
Agrofamiliar Solidária dos Apicultores da Costa Oeste do Paraná (Coofamel).
imensidão de alimentos é jogada fora, 1 em cada 7 pessoas no
mundo passa fome e, a cada dia, mais de 20 mil crianças com
menos de 5 anos morrem porque não têm o que comer.
Esses contrastes foram destaque do Dia Mundial do Meio
O diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton
Friedrich, destacou o envolvimento comunitário como o grande
diferencial para que as mudanças que o planeta precisa aconteçam. “Estamos mostrando que um mundo melhor é possível
por meio de iniciativas coletivas, a exemplo do trabalho que vem
sendo realizado pelo programa Cultivando Água Boa, na BP3”.
Datas começaram a ser comemoradas nos anos 70
O Dia da Terra foi instituído pelo senador americano Gaylord Nelson, em 1970, e nasceu a partir de
uma ação popular local para aumentar a consciência ambiental. Excedendo as expectativas mais otimistas, cerca de 20 milhões de americanos participaram das atividades do primeiro Dia da Terra: 22
de abril de 1970. A participação neste dia aumentou a partir daí, chegando ao ápice em 1990. Dez
anos depois, 184 países realizaram celebrações formais do Dia da Terra.
Estocolmo 1972
O Dia Mundial do Meio Ambiente foi estabelecido pela Assembleia Geral das Nações Unidas para
marcar a abertura da Conferência de Estocolmo de 1972 e se tornou um dos principais veículos
das Nações Unidas para estimular a consciência global sobre meio ambiente e encorajar iniciativas. As celebrações temáticas sempre discutem a importância de cuidar da terra, da água e da
camada de ozônio, de reduzir as mudanças no clima e a desertificação e de investir em desenvolvimento sustentável.
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
I t a i pu B i n a c i o n a l
3
AMBIENTE
GESTÃO
Líderes discutem os desafios mundiais
para preservação de recursos hídricos
Plataforma Cidades Sustentáveis
ganha adesão de municípios da Amop
No Fórum Mundial de Meio Ambiente foram debatidas questões como acesso de todos à água de qualidade e em quantidade suficiente
A região será a primeira a se formar, no país, concentrando grande número de cidades participantes do programa
No Ano Internacional da Cooperação pela Água, Foz do
Iguaçu recebeu o Fórum Mundial de Meio Ambiente, que
reuniu lideranças empresariais, políticas, pesquisadores e
organizações socioambientais para debater ações relacionadas à preservação dos mananciais de água, o acesso à
água potável e ao saneamento. O fórum foi realizado nos
dias 21 e 22 de junho.
Prefeitos de 34 cidades que integram a Associação dos
Municípios do Oeste do Paraná (Amop) – 26 desses municípios pertencentes à Bacia do Paraná 3 – assinaram uma
carta-compromisso com a Plataforma Cidades Sustentáveis. Muitos já haviam assinado um documento em 2012,
enquanto ainda eram candidatos, se comprometendo em
adotar o programa. O objetivo é ampliar esse número entre
os 54 municípios integrantes da Amop. Com a assinatura
da carta-compromisso os municípios passam a adotar metas em diversos indicadores de sustentabilidade, tais como
coleta seletiva e reciclagem, saúde pública, mobilidade urbana e combate às mudanças climáticas.
Na abertura do evento, a ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira, referendou as ações de Itaipu, citando
a empresa como um exemplo a ser adotado na gestão
de recursos hídricos em reservatórios, por sua abordagem sistêmica e que leva em conta a geração de energia,
a produção de alimentos no entorno, o abastecimento das
cidades, entre outras questões.
Com a adesão de todos, a região irá se tornar uma referência para o programa. “A região é a única no Brasil a agregar
tantos municípios na Plataforma Cidades Sustentáveis. Em
outros Estados existem muitos municípios que integram o
programa, mas estão isolados. Com essa adesão, estamos
formando a primeira região a participar de forma conjunta”, diz o diretor de Coordenação e Meio Ambiente de Itaipu, Nelton Friedrich.
“Com as matas ciliares no entorno do reservatório e nas
microbacias, e outras ações visando a sustentabilidade, Itaipu
está prorrogando a vida útil de seu reservatório. E a capacidade de armazenamento de recursos hídricos per capita é hoje
uma questão estratégica”, afirmou a ministra, enfatizando
que a água será o tema central da discussão sobre desenvolvimento sustentável nos próximos 30 anos, período em que
a humanidade precisará fazer uma transição de sociedade
de consumo para uma sociedade de bem-estar.
Jorge Samek, diretor-geral brasileiro de Itaipu na abertura do Fórum Mundial de Meio Ambiente
Água e dependência
No primeiro dia do evento, Jean-Michel Cousteau, filho do
famoso oceanógrafo Jacques Cousteau e presidente da Ocean
Futures Society (OSF), chamou a atenção para o fato de que
existe apenas um sistema de água no mundo, do qual todos
dependem. “O momento é crítico. Precisamos encontrar
soluções para proteger os seres vivos do planeta”, afirmou
durante o painel “Serviços Ambientais dos Oceanos”. Para
ele, o Brasil pode ser o grande exemplo, convencendo outras
nações a proteger o meio ambiente.
O presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito
Braga, falou sobre a necessidade de se garantir a segurança
hídrica em todas as esferas, permitindo acesso a uma água
de qualidade e em quantidades suficentes. “Prover segurança hídrica à população é obrigação do Estado. As soluções
técnicas nós temos, mas a questão é política, necessita de
recursos financeiros”, disse Braga, que participou do painel
“A crise global da água”. Para ele, a articulação da sociedade
é importante para se definir uma política eficiente para as
águas, melhorando a qualidade de produção e distribuição.
O ativista Robert F. Kennedy Jr., advogado especializado
em direito ambiental, diz que a privatização da água é a pior
questão que o mundo enfrenta. “A água deveria ser um direito
para todos os seres humanos”, afirma.
Ele acredita que o capitalismo de livre mercado é a melhor
solução, mas precisa ser manejado com interesse social ou
as futuras gerações vão pagar pelos erros e exageros atuais.
E defende: “Devemos encorajar o uso mais racional da água,
mas não podemos restringir o uso pela população mais pobre
por meio de taxações”.
Kennedy Jr. citou um exemplo de Cochabamba, na Bolívia,
país onde a água foi privatizada de tal forma que pessoas
morreram por falta de acesso ao recurso. A população se
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desafios do desenvolvimento sustentável e não sustentado”.
“A diferença [das crises das antigas civilizações] para o
atual mundo globalizado é que ninguém estava colapsando
ao mesmo tempo. Porém, ela [a crise] revela que temos uma
vantagem sobre essas civilizações antigas: a capacidade de
saber que estamos vivendo uma crise histórica”. Para Marina
Silva, o Brasil reúne as melhores condições para a quebra
de paradigmas: é um País industrializado, com base de conhecimento tecnológico, detentor de 22% das espécies vivas
do planeta, 11% da água doce do mundo e 45% de matriz
energética limpa.
CAB no Fórum
Izabella Teixeira: água será
tema central de discussões
revoltou e obrigou as empresas francesa e americana que
gerenciavam a água a deixar o país. O ambientalista foi nomeado pela revista Time como um dos “Heróis do Planeta”,
por sua contribuição na luta para salvar o Rio Hudson, em
Nova York. É filho do ex-senador Robert F. Kennedy e sobrinho do ex-presidente dos EUA, John F. Kennedy, e do
ex-senador Ted Kennedy.
Fazendo um paralelo entre meio ambiente e as manifestações que ocorrem no Brasil, Marina Silva, ex-senadora e
ex-ministra do Meio Ambiente, disse que as manifestações
podem trazer mudanças necessárias e desejáveis.
“Estamos vivendo uma crise civilizatória, uma crise que
se constitui de múltiplas crises: social, econômica, ambiental, política e de valores”, disse Marina Silva na palestra “Os
Os resultados dos dez anos de trabalho do Programa Cultivando Água Boa foram apresentados durante o Fórum pelo
diretor de Coordenação e Meio Ambiente, Nelton Friedrich,
que participou do painel “Como as empresas podem ser mais
sustentáveis”, ao lado do ex-ministro do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior Luiz Fernando Furlan. o foco
da apresentação.
“Uma conferência como esta, de participação majoritariamente empresarial, é de grande importância porque as empresas têm, independentemente de seu porte, ou se são públicas
ou privadas, um papel a desempenhar no enfrentamento da
crise ambiental e social que se abate sobre o planeta”, afirmou
Friedrich. “Temos que compreender que ninguém pode estar
de fora dessa caminhada pela sustentabilidade. Alguns tem
uma responsabilidade maior que outros, mas todos têm que
somar esforços”.
O Fórum Mundial de Meio Ambiente, promovido pelo Lide
– Grupo de Líderes Empresariais, reuniu 405 empresários
para discutir ações relacionadas ao tema “2013: Ano Internacional da Cooperação pela Água”, com painéis e workshops.
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A divulgação do programa na região e a capacitação de
técnicos municipais têm apoio da Itaipu Binacional. “O
apoio da Itaipu se dá pelo alinhamento da Plataforma Cidades Sustentáveis com ações que já desenvolvemos no
âmbito do Programa Cultivando Água Boa. Com essa metodologia, os municípios passam a integrar uma rede que já
conta com mais de 200 cidades em todo o País, com metas
que são medidas ano a ano, permitindo um planejamento
de longo prazo”, afirma Friedrich.
“A Itaipu vem nos assessorando, o que é muito importante, principalmente para os municípios menores. Para
auxiliar na implantação, criamos grupos temáticos, reunindo prefeituras que têm prioridades semelhantes e cada
um implanta o programa de acordo com a sua realidade”,
diz o presidente da Amop e prefeito de Tupãssi, José Carlos Mariussi.
Santa Helena é um dos primeiros municípios a implantar
a metodologia. Uma das metas, por exemplo, é ampliar a
coleta seletiva, que hoje recolhe, aproximadamente, 60% do
lixo produzido. O objetivo é chegar a 100% nos próximos
anos. Para o prefeito de Santa Helena, Jucerlei Sotoriva, que
também preside a Associação dos Municípios Lindeiros, o
principal desafio é envolver a população.
“Tornar o município sustentável não é um projeto político, de um mandato. É um objetivo de longo prazo e, por
isso, tem que ser uma ação da sociedade como um todo. Assim, estamos focando na conscientização, principalmente
nas escolas, para preparar as próximas gerações e também
para que as crianças cobrem de suas famílias novas atitudes
que contribuam para a sustentabilidade”, afirma Sotoriva.
O coordenador do Movimento Nossa São Paulo e da Plataforma Cidades Sustentáveis, Maurício Broinizi, esteve em
Foz do Iguaçu, no dia 20 de junho, para conduzir um encontro com os prefeitos da Amop, na Usina de Itaipu.
Entre outros temas, a reunião debateu o Guia GPS (Gestão Pública Sustentável), uma espécie de roteiro de imN º 23
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Prefeitos de municípios da Amop reunidos na Itaipu: fortalecimento da região
plantação do programa, e também os princípios e valores
da plataforma.
Conforme Broinizi, em um País em que predomina a
gestão com foco no curto prazo, é fundamental que os
mandatários municipais tenham a capacidade de organizar sua agenda de modo a dar conta de temas que exigem
planejamento de longo prazo. “Para tornar um município sustentável, é fundamental que o prefeito e sua equipe
contem com um observatório que produza indicadores
fiéis, que permitam saber a situação real do município em
cada área”, explica.
Início
A implantação do programa Cidades Sustentáveis na
região Oeste teve início em novembro de 2011, com uma
apresentação realizada durante o Encontro Cultivando Água Boa. Em agosto de 2012, candidatos a prefeito e
presidentes de partidos políticos assinaram documento se
comprometendo a adotar as ferramentas do programa. Em
novembro passado, esse compromisso foi reforçado em
evento promovido pela Amop e também durante o encontro que celebrou os 10 anos do CAB.
“O que se propõe é um desafio estimulante e possível de
ser atingido. Temos, em nossa região, vários exemplos positivos, de cidades que estão fazendo a sua parte em busca
do desenvolvimento sustentável. O que precisamos é seguir
experiências bem-sucedidas, implantar um modelo de gestão compartilhada e mostrar os resultados que serão refletidos no bem-estar de todos”, acrescenta Nelton Friedrich.
Ao assinar a adesão de Foz do Iguaçu, o prefeito Reni Pereira enfatizou a necessidade de trabalhar com o conceito de
sustentabilidade em sua forma mais ampla, já que o tema é
normalmente associado apenas ao meio ambiente. “Hoje,
tudo está relacionado e passa pela sustentabilidade. Como
demonstram as recentes manifestações pelo País que partiram
da questão do transporte público, mas que se ampliam para
outros temas ligados a uma sociedade mais justa e sustentável”, afirma o prefeito.
Municípios que firmaram
compromissos com as metas da
plataforma Cidades Sustentáveis
Assis Chateaubriand
Palotina
Boa Vista da Aparecida
Pato Bragado
Campo Bonito
Quatro Pontes
Céu Azul
Ramilândia
Diamante do Oeste
Santa Helena
Entre Rios do Oeste
Santa Tereza
do Oeste
Formosa do Oeste
Foz do Iguaçu
Guaraniaçu
Itaipulândia
Marechal Cândido
Rondon
Maripá
Matelândia
Mercedes
Missal
Mundo Novo
Nova Santa Rosa
Santa Terezinha
de Itaipu
São José das
Palmeiras
São Miguel do Iguaçu
São Pedro do Iguaçu
Terra Roxa
Toledo
Tupãssi
Ubiratã
Vera Cruz do Oeste
Ouro Verde do Oeste
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5
ENCONTROS
Novas administrações municipais na BP3 elegem prioridades
para os projetos que integram o Cultivando Água Boa
Conclusão do
Corredor da
Biodiversidade
também é desafio
Prefeitos e equipes de governo dos 29 municípios da região participaram de encontros com coordenadores do CAB para definir novas ações e avaliar parcerias e convênios em desenvolvimento
Alinhar ações, estabelecer contato com as novas equipes
dos governos municipais, avaliar os convênios e traçar novos desafios para os projetos que compõem o Programa Cultivando Água Boa (CAB) em parceria com os municípios
foram os focos dos encontros de diálogos realizados de fevereiro a junho nas 29 cidades que integram a Bacia do Paraná
3. Foram definidos convênios (novos e a serem firmados nos
próximos 48 meses) num total de R$ 37.793.867,33, dos quais
R$ 20.355.085,63 são recursos de Itaipu e R$ 17.438.781,70
são contrapartida dos municípios. São 16 convênios em vigência, contemplando 86 microbacias, e 13 convênios em
processo de renovação, contemplando 69 microbacias.
Os encontros, comandados pelo diretor de Coordenação e
Meio Ambiente de Itaipu, Nelton Friedrich, juntamente com
a equipe que está na linha de frente do CAB, foram iniciados
no dia 6 de fevereiro e envolveram prefeitos, vice-prefeitos,
equipes de governo, além de representantes de entidades, organizações e as principais lideranças de cada município. “Podemos avaliar que a rodada de diálogos foi positiva em todos
os sentidos. Mais do que apresentar o que estamos fazendo
por meio da construção coletiva de ações que resultam em
qualidade de vida, nós ouvimos os anseios dos municípios e,
na medida do possível, estamos mobilizados para contribuir e
transformar ideias em ações de resultados” ressaltou Friedrich.
Para o prefeito de Itaipulândia, Miguel Bayerle, o encontro serviu para estreitar o relacionamento com Itaipu. “Temos orgulho em termos sido o parceiro inicial na implantação desse programa tão importante que é o Cultivando
Água Boa. Ficamos satisfeitos com as explanações apresentadas pelos técnicos e responsáveis e com certeza estaremos
ampliando nossas parcerias”, disse.
Cada município apontou suas prioridades de ação dentro
dos programas que compõem o Cultivando Água Boa, obedecendo características e necessidades próprias. Alguns pontos são comuns a vários municípios, entre eles, a melhoria
de pavimentação em estradas rurais, a coleta seletiva, o fortalecimento dos comitês gestores e a instalação de cisternas.
Comitês gestores
O fortalecimento dos 29 comitês gestores do programa,
com quase 2 mil representantes de diversos segmentos sociais, foi destacado como um dos principais desafios. “Precisamos estar fortalecidos, em sintonia, sempre, para que a
nossa região siga no ritmo constante de evolução ordenada
e participativa”, disse o diretor, e acrescentou que, apesar
dos números expressivos e dos resultados interessantes, “os
desafios são inúmeros”.
Sentimos um orgulho imenso de
fazer parte deste programa e, de
maneira integrada, por meio de uma
gestão compartilhada, promover o
desenvolvimento regional
Jucerlei Sotoriva, prefeito de Santa Helena e
presidente do Conselho de Desenvolvimento
dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu
“A construção de conhecimentos acontece no plural, pois
cada sujeito aprende e estabelece relações com os fatos, temas e busca soluções/respostas, a partir de horizontes ou de
cenários construídos. Isto é o que possibilita a maior (e talvez única) oportunidade de aprendizado e desenvolvimento. A verdade é que fazemos parte de uma aprendizagem
transformadora”, acrescentou Friedrich.
Cada um dos municípios da BP3 conta com um comitê
gestor que inclui representantes de Itaipu; órgãos municipais, estaduais e federais; cooperativas, empresas, sindicatos, entidades sociais, instituições de ensino, agricultores.
Os comitês, criados a partir de 2003, podem planejar, executar, monitorar e propor ações de melhoria contínua da
qualidade socioambiental das bacias hidrográficas, representando efetivamente, a comunidade.
Cisternas
A implantação de novas cisternas em prédios públicos
também fez parte dos desafios assumidos em todos os municípios da BP3. Para os coordenadores da Itaipu, além de
reforçar o armazenamento da água das chuvas quando che-
ga o período de escassez, as cisternas devem ser usadas também como material pedagógico para educação ambiental.
“Não é uma simples obra, por seu tamanho ou investimento, mas evidentemente, a primeira água, a partir da primeira cisterna, é de grande importância, não só pela água
em si, mas pela consciência que ela promove na vida das
pessoas”, resumiu o prefeito de Santa Helena e presidente
do Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu, Jucerlei Sotoriva.
Segundo Sotoriva, a cisterna representa um dos grandes
exemplos do Programa Cultivando Água Boa. “Sentimos
um orgulho imenso de fazer parte deste programa e, de
maneira integrada, por meio de uma gestão compartilhada,
promover o desenvolvimento regional.”
O projeto “Cisternas – reuso da água da chuva” foi criado
em 2009, como um projeto ecopedagógico. A Itaipu oferece tecnologia e materiais de construção e as prefeituras são
responsáveis pela mão de obra. A prioridade são escolas e a
zona rural, onde o uso da água é coletivo. A água captada é
usada para irrigação, construções, saneamento, limpeza, mas
não pode ser consumida porque não passa por tratamento
para esse uso. Além de reduzir o consumo de água da rede
pública e promover a melhoria da qualidade de vida, as cisternas têm por objetivo promover a educação da população
em questões de saúde, higiene, ecologia e cidadania.
Estradas rurais
A melhoria do sistema viário rural da BP3 faz parte do
programa de Gestão por Bacias, um dos pilares do CAB, e,
além de contribuir para melhorar a qualidade de vida dos
agricultores, tem por objetivo reduzir o aporte de sedimentos das estradas para o reservatório.
A base adotada por Itaipu para esse programa foi a política
nacional existente sobre o assunto que estabelece que planejar
o uso da terra e o manejo e conservação do solo é a forma mais
adequada de monitorar a qualidade da água de uma bacia.
Nos 29 municipíos da BP3, desde 2003, já foram adequados 693,56 km de estradas rurais; outros 905,35 km rece-
O programa Coleta Solidária é citado por vários prefeitos como um dos grandes desafios para essa nova fase nas
administrações municipais. O programa, que teve início
em 2003, desenvolve uma série de ações socioeconômicas
voltadas para os catadores de materiais recicláveis e já é um
modelo para o País.
Entre essas ações estão o apoio para aquisição de novas
tecnologias, como o carrinho elétrico; orientação para a organização em cooperativas; viabilização de barracões para
triagem, equipados com esteiras, prensas, balanças e outros
itens. O programa também se preocupa com a capacitação
das famílias através de cursos nas mais diversas áreas.
É o total a serem investidos através
dos convênios assinados e previstos
para os próximos 48 meses
R$ 20 mi
são recursos a
serem liberados
por Itaipu
R$ 17 mi
total
abastecedor comunitário
adequação de estradas
cascalhamento
recuperação e proteção de nascentes
J unho 2 0 1 3
76 km
9 km
81 km
6.526 ha
31
6
drenagem/eliminação de voçorocas
N º 23
34
130 km
terraceador
4.668 h
16
tanque-pipa
3
microbacias para monitoramento da
qualidade da água
4
microbacias para desenvolvimento dos
trabalhos
69
educação ambiental
22
N º 23
“O Corredor Ecológico de Santa Maria tem sido nesses 10
anos um importante espaço para a sensibilização e educação ambiental e também de pesquisa”, diz Edson Zanlorensi, Gerente da Divisão de Áreas Protegidas.
Desde sua criação foram plantadas 128 mil mudas de espécies florestais nativas, totalizando a recuperação de cerca
de 77 hectares de matas ciliares (96% do total de 80 hectares previstos). Até agora também foram instalados 68,2
quilômetros de cerca de proteção das matas ciliares (97,4%
do total de 70 km previstos). As áreas que faltam para a
conclusão do corredor ainda estão aguardando decisões do
Instituto Ambiental do Paraná (IAP). No total, as áreas interligadas chegam a 300 mil hectares.
Atividades a serem desenvolvidas
pelos novos convênios com os
municípios a serem firmados em 2013
distribuidor de dejetos
Ita i pu Bi na c i onal
Cisterna: armazenamento de água e material pedagógico
é o total da
contrapartida
dos municípios
O convênio de cooperação técnico-financeira com o município de São Miguel do Iguaçu para a realização das atividades de reflorestamento e manutenção florestal, construção de cercas, combate a incêndios florestais, entre outros
itens na área do Corredor Ecológico Santa Maria está em
fase de aditamento de prazo.
O Corredor Ecológico Santa Maria, iniciado em 2003 com o
plantio de mudas de espécies florestais nativas e construção de
cercas de proteção da mata ciliar, está localizado nos municípios
de Santa Terezinha do Itaipu e São Miguel do Iguaçu. Esse
espaço florestal de 13 km de extensão e 60 metros de largura
liga o Parque Nacional do Iguaçu a toda a faixa de proteção
do reservatório de Itaipu, passando pela Reserva Particular de
Patrimônio Natural (RPPN) Santa Maria (que cedeu o nome
ao corredor), com 240 mil hectares. O corredor permite a dispersão de genes da flora e o trânsito de animais, aumentando
suas chances de sobrevivência e de perpetuação das espécies.
R$ 37 milhões
conservação de solos
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a B o a
Coleta Solidária: municípios querem ampliar atendimento
INVESTIMENTOS
cerca de proteção da mata ciliar
6
“Confesso que fiquei surpreso. Se São Miguel do Iguaçu
já era parceira, hoje eu reitero essa parceria, com a missão
de finalizar, ainda este ano, a nossa parte no Corredor de
Biodiversidade Santa Maria”, declarou.
Conheça as prioridades definidas pelos municípios nas
páginas 8, 9 e 10.
calçamento poliédrico
Is dellat verferc hictur?
Heniento cum qui consequis
dolori coratque i
Dutra destacou que, até o encontro, conhecia o Programa
Cultivando Água Boa de maneira superficial e disse que ficou impressionado ao ser informado dos resultados alcançados nestes dez anos de atuação.
Coleta Solidária
Atividade
Estrada rural readequada:
ação faz parte do programa
de Gestão por Bacias
O prefeito de São Miguel do Iguaçu, Cláudio Dutra, eleito
no ano passado para seu primeiro mandato, assumiu, durante o encontro com a equipe do CAB, o compromisso de
finalizar a parte que cabe à administração no Corredor Ecológico Santa Maria.
beram cascalhamento e 46,90 km, calçamento poliédrico.
Além disso, foram instalados 158 abastecedores comunitários e 168 distribuidores de dejetos e realizada a conservação de solo em 20.274,68 ha.
J unho 2 0 1 3
Prefeitos também querem intensificar agricultura orgânica
Prefeitos também querem intensificar agricultura orgânica
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
I t a i pu B i n a c i o n a l
7
ENCONTROS - AS PRIORIDADES
Cascavel
Itaipulândia
Céu Azul
São José das Palmeiras
Santa Tereza do Oeste
Altônia
Principais desafios
Principais desafios
Principais desafios
Principais desafios
Principais desafios:
Principais desafios
- Realizar reuniões setorizadas para alinhas as ações;
- Centralizar comunicados e
convites no comitê gestor;
- Intensificar ações do comitê gestor.
- Reestruturação e transformação da Base
Náutica em Centro de Pesquisa;
- Inclusão de nova microbacia;
- Projeto de novo barracão para o Programa Coleta Solidária.
- Ampliar a compra direta – incentivo á produção
de orgânicos;
- Instalar cisternas nas escolas;
- Proteção de minas e reforço de hortas orgânicas;
- Reforçar a Associação de Catadores;
- Instalação de cisterna com equipamento
aeólico para o bombeamento da água
- Prazos para execução de atividades para 2013
no convênio Gestão por Bacias Hidrográficas
- Novas agendas específicas com os Programas.
- Divulgar o tema sustentabilidade junto a
empresários e trabalhadores
- Implantação de cisterna
- Substituição de árvores no município
- Estimular a produção de orgânicos no município
- Viabilizar projeto de pesca
- Implantação de cisternas nas escolas
- intensificar ações com a Associação de
Catadores de Materiais Recicláveis
Toledo
Medianeira
Maripá
Esse percorrido pela região é
mais uma ação que demonstra
o diálogo aberto entre a
Itaipu e os municípios
Principais desafios
Amarildo Rigolin, prefeito de
Santa Tereza do Oeste
- Implementar projeto de destinação adequada para carcaças de animais;
Marechal Cândido Rondon
O Cultivando Água Boa é um
exemplo extraordinário de boas
práticas socioambientais
Beto Lunitti, prefeito de Toledo
Principais desafios
- Implantação de cisterna em escolas;
- Definir novas ações dentro dos projetos do CAB.
Entre Rios do Oeste
Principais desafios
- Resgatar o projeto plantas medicinais
- Planejamento da gestão – realinhar o
convênio em vigência até 2015
- Viabilizar laboratório das orquídeas.
Missal
Ramilândia
Os desafios de uma administração
pública são imensos, mas
se temos bons parceiros, os
resultados aparecem
Fabian Vendrúsculo, prefeito de Guaíra
Principais desafios
- Intensificar o programa de Coleta Solidária;
- implantar ações para proteção de nascentes;
- intensificar projetos de educação ambiental.
Guaíra
Matelândia
- Inclusão de nova microbacia;
- Apoio ao Programa Coleta Solidária;
- Novas agendas específicas de cada programa.
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a B o a
Principais desafios
- Implantação de cisternas nos prédios públicos;
- Aprofundamento sobre o Programa Jovem Jardineiro para possível implantação no município;
- Apoio para questões ligadas aos catadores de material reciclável.
Ubaldo de Barros, prefeito
de Ramilândia
Quatro Pontes
Principais desafios
- Reforçar os comitês gestores e o coletivo
educador
- Instalação de cisternas em obras públicas
e escolas
- Pavimentação poliédrica
- Reforma do Museu em Porto Mendes
- Criação do memorial dos pioneiros do
município
- Ampliar a central de triagem de material
reciclável e renovação da tecnologia.
Estamos inseridos no
Cultivando Água Boa e os
resultados são surpreendentes
Adilto Ferrari, prefeito de Missal
Ouro Verde do Oeste
Diamante D’ Oeste
Principais desafios
Principais desafios
- Definição para programas de gestão
por bacias hidrográficas
- Novas agendas específicas para
projetos do CAB
- Realizar Oficinas do Futuro em
cada uma das oito microbacias
- Realizar o Pacto das Águas
- Reforçar as atividades do comitê gestor.
Santa Terezinha de Itaipu
Principais desafios
8
São atitudes como esta que
nos fazem ter orgulho da
parceria com Itaipu
Principais desafios
Ita i pu Bi na c i onal
Principais desafios
Principais desafios
- Consolidar o Parque Linear Beira Rio;
- Reestruturação da Base Náutica;
- Pavimentação poliédrica na área rural;
- Gabinete de gestão de crise para a
questão indígena.
- Instalação de cisternas
- Aditivo de prazo no convênio Gestão
por bacias hidrográficas
- Novas agendas específicas para
os projetos do CAB
Principais desafios
- Instalação de cisternas em escolas municipais;
- Reforçar comitês gestores;
- Reforçar o coletivo educador.
N º 23
J unho 2 0 1 3
N º 23
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J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
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9
ENCONTROS - AS PRIORIDADES
São Miguel do Iguaçu
MERCADO
Santa Helena
Produtores de alimentos orgânicos
se mobilizam de olho na Copa e na Olimpíada
Nova Santa Rosa
A criação de um núcleo local da Abrasos foi o primeiro passo; objetivo é divulgar e incentivar o consumo de alimentos orgânicos
Principais desafios
Principais desafios
Principais desafios
- Estabelecer novas parcerias
- Finalizar o Corredor de Biodiversidade Santa Maria
- Elaboração de um projeto voltado à atividade
pesqueira no terminal turístico local
- Realizar aditivo de prazo do convênio
Gestão por bacias vigente
- Novas agendas específicas de cada programa
- Cisterna de São Roque
- Incremento do Refúgio Biológico
- Reforçar os comitês gestores
- Reforçar o coletivo educador.
- Implantação de cisternas nos prédios públicos
- Aprofundamento sobre o programa
Jovem Jardineiro para possível
implantação no município
- Melhorar ações junto aos catadores de
material reciclável no município
- Solicitar aditivo de prazo no convênio
vigente, priorizando a realização das
atividades de maneira integrada.
Nós somos o Cultivando Água
Boa e sentimos orgulho em
fazer parte desta mudança
necessária para o planeta
Mercedes
Arnildo Rieger, prefeito
de Pato Bragado
Nossa parceria com a Itaipu
é consolidada e os frutos são
usufruídos por todos
Maurício Theodoro, viceprefeito de Cascavel
Vera Cruz do Oeste
O primeiro passo foi dado com a criação de um núcleo da
Associação Brasil Orgânico e Sustentável (Abrasos) – o único
fora das cidades sedes. Uma das razões para essa mobilização é
a existência do programa de agricultura orgânica, capitaneado
por Itaipu, há dez anos. “A região é uma das principais produtoras de orgânicos do Estado e Foz do Iguaçu, um dos principais
destinos turísticos do Brasil, do mundo. O destino vai estar em
evidência, mesmo não sendo sede”, afirma João José Passini, assessor da Diretoria de Coordenação e Meio Ambiente.
O núcleo da Abrasos reúne não só os produtores rurais, mas
também representantes da administração municipal, da Fundação Parque Tecnológico de Itaipu (FPTI) e dos setores de turismo,
hotelaria e alimentação, que estão discutindo diversas propostas
de ação. Essas propostas fazem parte de uma estratégia nacional
que inclui campanhas na grande imprensa, explicando o que é
agricultura familiar, o que são produtos sustentáveis, o que são
produtos orgânicos; fornecimento do kit alimentação para os voluntários que irão trabalhar nos eventos e de um kit com produtos
orgânicos não perecíveis (incluindo artesanato) para autoridades;
montagem de quiosques em estádios e pontos estratégicos onde
haverá transmissão de jogos via telão - em Foz do Iguaçu a ideia é
instalar um quiosque na Praça do Mitre ; e o chamado casamento,
que é o estabelecimento de uma relação de negócios entre as organizações da agricultura familiar e hotéis, bares e similares.
São Pedro do Iguaçu
Principais desafios
- Instalação de novas cisternas em escolas
- Estabelecer planejamento para
produção de orgânicos o ano todo
- Discussão sobre a questão indígena
- Trabalho de educação ambiental
junto às colônias de pescadores.
Os produtores de alimentos orgânicos da Bacia do Paraná
3 (BP3) estão de olho nos grandes eventos programados no
Brasil (Copa do Mundo, em 2014, e Olimpíada, em 2016) com
o objetivo de divulgar a agricultura orgânica e sustentável para
a população de forma geral, mas também para os setores de
alimentação e turismo, e ainda preparar agricultores e suas organizações para esse atendimento.
Principais desafios
- Melhorias das estradas rurais para o
escoamento da safra de grãos
- Implantação de cisternas em escolas do
municípios
“Mais do que trabalhar com metas quantitativas, para nós a
promoção e o legado são o que mais importa. Quando acabarem a Copa e a Olimpíada fica o legado: uma agricultura
familiar fortalecida, processos já empreendidos com produtos
no mercado, e um setor hoteleiro e de alimentação que passou
a entender e valorizar nossos produtores e produtos sustentáveis”, diz Passini.
Para ele, esse resultado já começou a aparecer. “Há anos estamos tentando fazer essa aproximação do produtor com
o setor hoteleiro.
Terra Roxa
Pato Bragado
Principais desafios
- Intensificar as ações com os jovens
- Construção da sede dos pescadores
- Fortalecimento do Comitê Gestor
10
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a B o a
Ita i pu Bi na c i onal
Principais desafios
Principais desafios
- Intensificar programa Coleta Solidária
- Intensificar trabalho com plantas medicinais
- Implantar o Programa Cidades Sustentáveis
- Adotar cisternas em todas as obras públicas
- Intensificar ações junto aos
catadores de recicláveis
- Estimular participação em cursos
de plantas medicinais.
N º 23
Alimentos orgânicos:
desejo de alimentação
saudável e bons preços
estimulam consumo
J unho 2 0 1 3
N º 23
J unho 2 0 1 3
Feira Vida Orgânica realizada na Usina de Itaipu: venda direta estimula consumo e garante melhores preços para os consumidores
No segundo encontro do núcleo Oeste do Paraná da Abrasos,
em maio, conseguimos reunir o setor da produção e do consumo: hotelaria, Abrasel [Associação Brasileira de Bares e Restaurantes], turismo, produtores e governo. Todos os setores
com disponibilidade de negociação”, comemora Passini.
O plano de trabalho aprovado pelos participantes da Abrasos
Oeste do Paraná inclui o levantamento da produção orgânica
e dos produtos em condições de serem colocados no mercado
e ainda as melhorias que podem ser feitas nos produtos (embalagem, apresentação etc).
Produção
Em 2001, havia 180 produtores de alimentos orgânicos na região.
Com o programa desenvolvido pela Itaipu, que incluiu assistência
técnica e esforço de orientação aos produtores rurais, esse número
pulou para 500 em 2006 e aí gradativamente até chegar aos atuais
1.200 produtores – nesse total estão incluídos os que trabalham
totalmente com agricultura orgânica, os que estão em conversão de
sistema de produção e os que adotam práticas agroecológicas, além
de comunidades indígenas e assentamentos. Com uma chamada
pública em andamento para assistência técnica, a meta é chegar a
2 mil produtores.
“Agora é o momento
chave para o estímulo: está tudo
muito bem encaixado, assistência técnica,
agricultores,
mercado; agora é hora de dar
um chacoalhão. É
o momento de ampliar
e qualificar”, diz Sérgio Angheben,
gestor do programa na Itaipu. Isso
significa, num primeiro momento,
a certificação e a ampliação no nú-
mero de produtores orgânicos e melhoria na apresentação
dos produtos com embalagem, rotulagem, formação de mix
de produtos.
Segundo Passini, com o crescimento do consumo de produtos orgânicos, hoje, na região, já existe uma demanda reprimida, mesmo com sobrepreço. “É comum agricultores receberem pedidos em feiras, mas não dão conta de atender”.
Consumo
Para o coordenador, dois fatores ajudam o crescimento do consumo desses produtos: uma conscientização da população por
alimentos mais saudáveis e a queda nos preços dos produtos orgânicos – há uma redução na diferença com o produto convencional
– principalmente na venda direta do produtor para o consumidor.
Segundo pesquisa de hábitos de compra feita pela Nielsen,
empresa global de informações sobre consumo, citada em reportagem publicada em junho pelo jornal Folha de S. Paulo, “o
apelo ‘saudável’ já fisga sete em dez brasileiros”. Outra pesquisa, a da Kantar Worldpanel, citada pelo mesmo jornal, mostra
que 10 milhões dos 47 milhões de lares pesquisados consomem alimentos orgânicos.
A estratégia utilizada pelos produtores da Bacia do Paraná
3 é focar a venda direta, ou seja, do produtor para o consumidor, através das diferentes feiras realizadas - como a que
acontece semanalmente na Usina de Itaipu - e de pontos de
venda nos diversos municípios. Há também o fornecimento
em grande volume para a merenda escolar com venda direta
para os municípios.
“Tudo isso estimula o consumo”, diz Passini. Os preços ainda são uma barreira, mas a expectativa é popularizar cada vez
mais os alimentos orgânicos. “Quando se estabelece o circuito
curto (venda direta produtor-consumidor) consegue-se diminuir o preço para o consumidor final que vai pagar o mesmo
preço que paga pelo convencional”, comenta João Luiz Casagrande Breinack, da Divisão de Ação Ambiental da Itaipu.
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
I t a i pu B i n a c i o n a l
11
PEIXES
MEDIDAS
Criação de tilápia no lago de Itaipu pode
duplicar safra nacional de peixes cultivados
Plano Safra de Pesca e isenção de licenciamento
também devem estimular produção de pescado
O cultivo da tilápia no Lago de Itaipu é uma antiga reivindicação dos pescadores da região; decisão ainda depende de liberações
Com o plano, Brasil espera ampliar produção nacional para 2 milhões de toneladas de peixes até o ano que vem, beneficiando 330 mil famílias
A criação da tilápia no reservatório da usina de Itaipu ganhou o apoio do ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo
Crivella, que vê na medida a possibilidade de amplo crescimento da produção nacional de peixes em reservatórios de hidrelétricas. “Basta termos a liberação da tilápia no reservatório
de Itaipu para obtermos uma produção de 400 mil toneladas
apenas no lago da usina”, disse o ministro. Esse volume duplicaria a produção brasileira com a aquicultura, que alcança hoje
400 mil toneladas.
No 1º Encontro Regional das Superintendências Federais da
Pesca e Aquicultura das Regiões Sul e Sudeste, o ministro Marcelo Crivella também entregou cheques simbólicos aos pescadores do Paraná contemplados com o crédito do Plano Safra
da Pesca e Aquicultura 2013. Foram dois cheques, um no valor
de R$ 450 mil e outro de quase R$ 39 mil.
As medidas do plano levam em conta que até 2015 o consumo brasileiro de pescado passará dos atuais 9 kg para 13,8
O cultivo da tilápia no Lago de Itaipu é uma reivindicação
dos pescadores da região. Em março, pescadores do reservatório da hidrelétrica de Itaipu entregaram um abaixo-assinado
com aproximadamente 1.800 assinaturas pedindo a liberação
do cultivo de tilápia.
A produção de tilápia no reservatório tem parecer favorável
do Ibama, mas ainda esbarra no Ministério do Meio Ambiente
e no acordo entre Brasil e Paraguai, que restringe o cultivo de
espécies tidas como exóticas para o local. A norma consta no
decreto 4.526/2002. Embora a tilápia seja encontrada em rios
a jusante e a montante do reservatório, em razão deste decreto não pode ser criada no lago. Segundo Crivella, o governo
brasileiro sinaliza para a liberação, mas depende do avanço
dessas negociações com o Paraguai. O país vizinho já teria se
manifestado favorável à mudança no acordo, mas ainda não
há prazo definido para isso.
De acordo com o monitoramento das condições ambientais
atuais do reservatório está comprovado que a tilápia não causa nenhum impacto ambiental. “Ela já é encontrada em grande
quantidade no Rio Paranapanema, não é predadora nem carnívora”, afirmou o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek.
“Temos 135 mil hectares de lâmina d’água e uma base científica
que pode contribuir para o desenvolvimento da aquicultura”,
completou.
“O reservatório é uma verdadeira fazenda, que está à disposição para a produção de proteína animal, mas cujo potencial
não vem sendo plenamente aproveitado. Acreditamos que com
a liberação do cultivo de tilápia, esse modelo de produção pode
ser replicado em outras hidrelétricas. Outro fator positivo é
que reduziria o interesse pela pesca predatória, permitindo o
fortalecimento da pesca esportiva, que é de grande interesse
para o desenvolvimento do turismo”, acrescentou Samek.
Além do abaixo-assinado apresentado em março, Crivella
também recebeu outros pedidos diretamente dos pescadores.
Eles solicitam facilidades para o abatedouro e na liberação de
certificações municipais e estaduais e junto à Vigilância Sanitária, além de cursos técnicos para abate.
PRODUÇÃO NACIONAL DE PEIXES - 2010
Se liberarem a tilápia, vai melhorar e muito a nossa renda. Esperamos também liberação dos recursos, para que ele chegue
nas mãos do pescador”, disse Ivo dos Santos, da Associação de
Pescadores Artesanais de Guaíra e Região. “Mais de 300 pessoas dependem dessa mudança apenas em Guaíra.”
pia ocorreria em pouco tempo, mas vários anos já se passaram
e a situação não mudou”, explicou Kist, justificando a mobilização dos pescadores. Kilst é um dos pioneiros da aquicultura na
região. Cultiva peixes em tanques-rede desde 1994.
Para o ministro, as vantagens da aquicultura no reservatório
de Itaipu são muitas, incluindo a existência de uma rede de
cooperativas do Paraná, que poderia escoar a produção. “Se as
cooperativas incorporarem o pescado, sem dúvida o peixe será
um dos principais produtos do Brasil.”
Para Samek, o resultado social e econômico da produção de
tilápia em Itaipu seria “tremendo”. “A tilápia é um peixe com
uma excelente taxa de conversão. Com um quilo de ração, se
produz um quilo de carne, diferentemente do pacu (espécie
que já vem sendo cultivada na região), que tem uma taxa de 1
para 400 gramas”, disse.
Outra vantagem da tilápia está no rápido crescimento do
peixe, permitindo duas “safras” anuais, contra apenas uma do
pacu. Na opinião do presidente da Colônia de Pescadores de
Entre Rios do Oeste, Walter Kist, a tilápia tem a vantagem de
ser mais conhecida e aceita pelos consumidores.“Quando começamos o cultivo do pacu, achávamos que a liberação da tilá-
“Itaipu é um modelo em termos de produção de pescado com
sustentabilidade e segurança ambiental. Só falta a viabilidade
econômica”, afirmou Marcelo Crivella, que fez um sobrevoo
na região do reservatório. As ações ambientais desenvolvidas
pela hidrelétrica receberam elogios de Crivella. “Esta empresa
é um orgulho para nós.”
Tilápia
Pacu
Duas safras anuais
Uma safra
Mercado consolidado
Mercado restrito
Disponibilidade de alevinos todo ano
Disponibilidade de alevinos uma vez por ano
Conversão alimentar mais eficiente:
Conversão alimentar pouco eficiente:
1 kg de ração
1 kg de carne
2 kg de ração
1kg de carne
“A pesca artesanal no rio não dá mais para nosso sustento.
12
J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a B o a
Ita i pu Bi na c i onal
participação no total
Pesca marinha
536.455
42,40%
Aquicultura continental
394.340
31,20%
Pesca extrativa continental
248.911
19,70%
85.057
6,70%
8 mil km
1.264.763
100%
de litoral e
Aquicultura marinha
Total
RANKING MUNDIAL DE PRODUÇÃO
2008
RK País
J unho 2 0 1 3
O Brasil tem
8,2 bilhões
de m3
2009
de água doce
Produção
%
Produção
%
57.827.108
40,64
60.474.939
41,68
2 Indonésia
8.860.745
6,23
9.815.202
6,76
3 Índia
7.950.287
5,59
7.845.163
5,41
4 Peru
7.448.994
5,23
6.964.446
4,80
5 Japão
5.615.779
3,95
5.195.958
3,58
6 Filipinas
4.972.358
3,94
5.083.131
3,50
7 Vietnã
4.585.620
3,22
4.832.900
3,33
1 milhão
8 EUA
4.856.867
3,41
4.710.453
3,25
9 Chile
4.810.216
3,38
4.702.902
3,24
de trabalhadores tiram
sua renda do pescado
10 Rússia
3.509.646
2,47
3.949.267
2,72
18 Brasil
1.156.423
0,81
1.240.813
0,86
1 China
Fonte: Ministério da Pesca e Agricultura
N º 23
PESCA EM
NÚMEROS
Toneladas
N º 23
J unho 2 0 1 3
A meta do plano é
produzir
2 milhões
toneladas anuais de
pescado até 2014
3 milhões
de empregos indiretos
são gerados
9
8,36
8
7,28
7
6,77
6,71
6,76
6,69
10
20
08
20
06
20
04
20
02
20
20
00
6
98
O anúncio foi bem recebido pelo ministro Crivella, que
aposta que o Paraná terá papel de destaque no desenvolvimento e crescimento da produção pesqueira nacional. Ele
lembrou a capacidade de produção no lago de Itaipu, que
tem, atualmente, um dos mais bem organizados projetos de
produção pesqueira do País, atendendo centenas de famílias
de moradores ribeirinhos.
9,75
19
O público-alvo do plano são aquicultores familiares e comerciais, pescadores artesanais, armadores de pesca, agricultores
familiares e indústrias do setor. Por meio de diversas linhas de
crédito, os pequenos pescadores e aquicultores podem investir
em novas estruturas, equipamentos e barcos.
em quilos por habitante
10
96
Hoje, são retiradas 1.300 toneladas de peixes do lago (pesca
extrativista e cultivo). “Mas a produção em aquicultura pode
chegar a 400 mil toneladas. Com apenas 1% das águas do lago
podemos dobrar a produção de pescado nacional [em aquicultura] e chegar a R$ 6 bilhões de renda que seriam injetados
na economia”, afirmou Crivella, que esteve em Foz do Iguaçu
para a abertura do 1º Encontro Regional das Superintendências Federais da Pesca e da Aquicultura das Regiões Sul e Sudeste, realizado em junho.
O Plano Safra da Pesca destina R$ 4,1 bilhões até 2014 para
a expansão da aquicultura, a modernização da pesca e o fortalecimento da indústria e do comércio pesqueiro no Brasil.
A meta é produzir 2 milhões de toneladas anuais de pescado
até 2014, beneficiando em torno de 330 mil famílias com mais
crédito, juros menores e prazos bem mais estendidos.
No encontro, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) anunciou que o Estado vai aderir à proposta do Ministério da Pesca
e Aquicultura e liberar os pequenos cultivos de pescado sem a
necessidade de licenciamento ambiental. São Paulo, Goiás, Rio
Grande do Norte e Pará já têm legislações específicas para incentivar a produção de pescado. O Paraná pretende liberar a
aquicultura sem a necessidade de licenciamento em até 2 hectares de lâmina d’água e simplificar o licenciamento, com redução
de custos, para projetos com tamanhos entre 2 e 10 hectares.
CONSUMO DE PEIXES NO BRASIL
kg
19
Cultivo de peixes em tanquesrede no Lago de Itaipu:
pescadores e produtores pedem
liberação do cultivo de tilápia
kg por habitante/ano. Já o mercado mundial demandará pelo
menos 100 milhões de toneladas adicionais de pescado até
2030, conforme prevê a Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO).
Muito espaço
para crescimento
A produção total de pescado do Brasil, em
2010, foi de 1,264 milhão de toneladas, de acordo com dados do Boletim Estatístico da Pesca
e Aquicultura, o mais recente estudo publicado
pelo Ministério da Pesca em Aquicultura. Desse
total, 37,9% são cultivados (aquicultura).
A pesca extrativa marinha vem se mantendo como a principal fonte de produção de
pescado nacional, sendo responsável por
536.455 toneladas (42,4% do total de pescado). Em seguida vêm a aquicultura continental
(394.340 toneladas - 31,2%), a pesca extrativa
continental (248.911 toneladas - 19,7%) e
aquicultura marinha (85.057 toneladas - 6,7%).
De acordo com o boletim, em 2010 a aquicultura (marinha e continental) registrou aumento
de 25,9% em relação a 2009. Isoladamente a
produção de tilápia, uma das espécies mais cultivadas no Brasil, dobrou entre 2003 e 2009. Em
2010, a produção chegou a 155 mil toneladas.
O boletim também mostra que o maior produtor mundial de peixes (dados de 2009) é a
China, com pouco mais de 60 milhões de toneladas. Desse total, 45 milhões de toneladas são
provenientes da aquicultura. Esse número mostra como o Brasil ainda tem muito a caminhar.
O consumo nacional de peixe ainda é baixo,
mas vem apresentando crescimento desde
2005. Naquele ano, cada brasileiro consumiu
6,66 kg, volume que passou a 9,75 kg em
2010. O consumo médio mundial é de 15,6 kg
por habitante e o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é que cada
pessoa consuma 12 kg de peixe por ano.
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TRADIÇÃO
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Indígenas de Ocoy ganham nova
Casa de Reza e escola bilíngue
Ações na Comunidade Apepu ajudam a
valorizar história e proteger propriedade
As duas obras foram entregues durante as comemorações pelo Dia do Índio realizadas nas aldeias da região
Propriedade ganhou um portal e foi cercada para ajudar a preservar nascente, mata ciliar e o pomar cultivado pela comunidade
Será um espaço para que
possamos refletir o presente
e o futuro do nosso povo
Cacique Daniel
Eventos valorizam povos
indígenas da BP3
As comemorações do Dia do Índio (19 de
abril) tiveram várias atividades nos territórios
indígenas Ocoy, Añetete e Itamarã. As ações
ajudam a preservar e valorizar a cultura Guarani, promovendo a aproximação entre índios e
não-índios.
Cerimônia na nova Casa de
Reza da Comunidade Ocoy em
comemoração pelo Dia do Índio
A Comunidade Tekoha Ocoy, de São Miguel do Iguaçu, ganhou
em abril, durante as comemorações pelo Dia do Índio, uma nova
Casa de Reza. Nas casas de reza (opy), os guaranis aprendem
não só assuntos ligados à religiosidade, mas também aspectos
de sua própria cultura.
As características do imóvel, do projeto arquitetônico ao
material empregado, foram definidas com a participação da
comunidade Avá-Guarani. A casa de reza é um local onde as
pessoas se reúnem para ouvir as palavras do rezador e de quem
acompanha a cerimônia ou ritual. Ali, conselheiros orientam
famílias sobre o respeito aos semelhantes, a pessoas de outras
etnias e aos recursos da natureza.
De acordo com o cacique Daniel, a nova Casa de Reza é uma
reivindicação antiga da comunidade e terá papel fundamental
para o fortalecimento da cultura indígena. “Será um espaço
ideal para que a comunidade possa se reunir e, principalmente, para que possamos refletir o presente e o futuro do nosso
povo”, explicou o cacique.
O diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton
Friedrich, destacou que a Casa de Reza é uma conquista fundamental para o fortalecimento da cultura e da espiritualidade
dos povos indígenas que vivem na região. “É mais um sonho
que se torna realidade”, avaliou. O prédio foi construído pela
Prefeitura de São Miguel do Iguaçu e comunidade indígena,
com material adquirido pela Itaipu.
A comunidade Ocoy recebeu ainda o Colégio Estadual Teko
Nemoingio. A escola atende cerca de 320 alunos, metade da
população que vive na aldeia. Além do ensino fundamental
e médio, oferece ainda educação para jovens e adultos. Serão
31 professores, dos quais 7 são indígenas e 3 têm formação
específica. As tradições da comunidade Guarani fazem parte
do currículo escolar. A escola é bilíngue, com a valorização
da língua Guarani e dos conhecimentos dos povos indígenas.
As atividades em Ocoy tiveram também a participação do
secretário de Educação do Paraná, Flávio Arns, autoridades
locais e coordenadores de projetos da Itaipu.
Artesanato produzido pelos
índios: preservação da cultura
No mês de abril de cada ano, a comunidade
Avá-Guarani abre suas aldeias para mostrar o
que produz em seus territórios. Canto e dança,
medicina fitoterápica e artesanato estão entre
as manifestações culturais apresentadas.
Neste ano, além dessas ações, três grupos de
alunos em idade escolar visitaram os territórios
Ocoy, Añetete e Itamarã com o objetivo de
aproximar as comunidades. Os curumins de todas as tribos puderam perceber, por meio de
conversas e brincadeiras, que não há diferença
alguma entre eles.
Desde o começo da construção da usina,
Itaipu auxilia as comunidades de guaranis que
vivem na região da Bacia do Paraná 3. A preocupação em preservar o modo de vida indígena, ameaçado pela crescente urbanização da
região, levou à criação, em 2003, projeto de
Sustentabilidade das Comunidades Indígenas,
que integra o Programa Cultivando Água Boa.
Também em 2003 foi criado o Comitê Gestor
Avá-Guarani, formado por representantes de diversas instituições públicas e parceiros de Itaipu.
A Comunidade Negra Quilombola Apepu, de São Miguel do
Iguaçu, ganhou portal e parte da propriedade, de quase três
alqueires, recebeu uma cerca que vai servir de proteção principalmente para a mata ciliar e nascente do rio e o pomar coletivo. As obras foram entregues em 11 de junho e estavam previstas em um termo de cooperação assinado pelos quilombolas
e a Itaipu Binacional durante a 10ª edição do Programa Cultivando Água Boa (CAB+10), em novembro do ano passado.
Portal na Comunidade Negra
Apepu: sonho realizado e
preservação da cultura
“A comunidade se sente agora mais protegida e valorizada.
O portal, principalmente, melhora a autoestima e todos estão
muito felizes com as novidades”, afirmou o coordenador do
Projeto Quilombola e do comitê gestor local do CAB, Adelar
Soares de Oliveira.
A solenidade em São Miguel reuniu integrantes das 5 famílias que vivem na comunidade – 75 pessoas –, representantes
indígenas, do poder público municipal, entidades civis e de
Itaipu. Mais do que isso, conseguiu reunir representantes de
três etnias: brancos, afrodescentes e indígenas.
Adelar de Oliveira disse que a cerca, com 1,5 mil metros de
extensão, vai contornar aproximadamente 80% da comunidade e será importante para proteger a mata ciliar, que sofre com
erosão, e também a nascente do rio que abastece a horta e um
pomar coletivo. Vai ajudar também a proteger os animais domésticos de ataques de predadores que vivem no Parque Nacional do Iguaçu.
A gerente da Divisão de Ação Ambiental, Marlene Curtis, disse que a construção do portal e da cerca tem por objetivo dar
sustentabilidade aos quilombolas e envolve outros parceiros,
como Prefeitura de São Miguel do Iguaçu, Emater, Rotary Internacional, Cresol, Eletrosul, Biolabore e Associação dos Produtores Orgânicos de São Miguel do Iguaçu (Aprosmi).
Uma das ideias é viabilizar na comunidade a produção de frutas para comercialização, incorporando uma nova alternativa de
renda para as famílias. Hoje, a produção de milho, mandioca e
feijão, principalmente, é voltada para a subsistência.
socialmente”, diz o diretor de Coordenação e Meio Ambiente,
Nelton Friedrich. “No caso dos quilombolas, trata-se da viabilização dos sonhos e da cultura da comunidade”, completa
Marlene Curtis.
“A Itaipu tem um compromisso de inclusão social e produtiva de catadores, pescadores, jovens, pequenos produtore, afrodescentes e indígenas, setores mais fragilizados econômica e
Na solenidade de entrega também estavam presentes a presidente da Associação Comunidade Negra Apepu, Aurora Correia; e o
cacique da reserva indígena do Ocoy, Daniel Maraka Miri Lopes.
Laranja dá nome à comunidade
formada no início do século passado
A comunidade de remanescentes de quilombolas escolheu o nome de Apepu em referência a
um tipo de laranja abundante na região, com a
qual são feitos doces e compotas.
Entre outras ações, o comitê busca o fortalecimento e a promoção da cultura Guarani, com
apoio à realização de eventos e a produção de
artesanato, por exemplo; e a melhoria da infraestrutura, com construção de casas, centros de
artesanato, casas de reza etc.
Segundo relatório do Grupo de Trabalho
Clóvis Moura (grupo interdisciplinar criado
em 2005 para estudar as comunidades negras
no Paraná), publicado em 2010, a história da
Comunidade Apepu está intimamente ligada à
família Correia.
São três as terras indígenas assistidas: Ocoy,
com 250 hectares, em São Miguel do Iguaçu;
Añetete, com 1.744 hectares, e Itamarã, com
242 hectares, ambas em Diamante D’Oeste.
Juntas, as três comunidades somam mais de
260 famílias e cerca de 1.300 pessoas.
Aurora Correia, hoje líder da comunidade,
relata no documento, que seu pai, Florentino
Correia, chegou à região ainda criança, com 5
anos, acompanhando os pais, escravizados em
uma fazenda em Minas Gerais e que vieram a
Laranjeiras do Sul (PR) após a libertação.
O avô de Aurora trabalhou na instalação da
linha telegráfica até Foz do Iguaçu e, quando
terminou o trabalho, ganhou 80 alqueires de
terras onde hoje é São Miguel do Iguaçu. Do
total de terras, restam apenas 20 alqueires,
os outros 60 alqueires foram comprados ou
tomados no avanço da fronteira agrícola no
sudoeste paranaense.
O relatório aponta como principais traços
culturais da comunidade a prática da medicina tradicional, o artesanato feito de trigo e
as festas para o padroeiro São João Batista e
para Nossa Senhora Aparecida. O fandango
é a principal dança. Além do doce de Apepu,
também são pratos típicos a serralha (verdura
utilizada para fazer salada) e a quirera (com
carne de Porco).
Aurora Correia, líder da comunidade quilombola
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SAÚDE
Com a obesidade infantil não se BRINCA
Estilo de vida e facilidade de acesso a produtos
industrializados contribuem para a obesidade
Pesquisa mostra que quase metade das crianças com idades entre 5 e 9 anos tem problemas de peso; tratamento requer um diagnóstico detalhado e orientação multidisciplinar
Os maus hábitos alimentares, aliados ao sedentarismo, estão
contribuindo para o aumento da obesidade infantil, que já
está se tornando uma epidemia, como mostram estudos
e estatísticas das últimas décadas.
que apenas um terço dos alunos matriculados no ensino fundamental da rede privada consome frutas e hortaliças em
cinco dias ou mais na semana. Já refrigerantes e frituras
fazem parte da rotina alimentar de 40% dos alunos.
O combate a esse mal passa pela adoção de
uma alimentação mais saudável, também
uma preocupação do Programa Cultivando Água Boa (CAB), que desenvolve várias ações para promover a
saúde e a qualidade de vida, como
a atenção à merenda escolar e a
agricultura orgânica (leia mais na
página 18), e que vem obtendo
bons resultados.
O resultado dessa mudança está cada vez
mais evidente: adultos com várias doenças
e problemas decorrentes da obesidade
(hipertensão, colesterol alto, diabetes,
doenças cardíacas), mas, o que é pior,
crianças apresentando os mesmos
problemas, principalmente o colesterol alto e a diabetes.
“A gente sempre soube que
obesidade na infância aumenta o risco de diabetes no adulto. Hoje não, a obesidade na
infância aumenta o risco de
diabetes na infância”, alerta
a endocrinologista. “Tenho
pacientes de 14, 15 anos com
diabetes tipo 2, que é provocada pelo esgotamento do
pâncreas. O que antes levava
40, 50 anos para acontecer agora está ocorrendo aos 15 anos”,
diz. E isso é consequência direta
do sedentarismo e da má alimentação, rica em gorduras e açúcares
presentes, principalmente, em alimentos industrializados como batatas chips e
refrigerantes, itens adorados pelas crianças.
A realidade
A Pesquisa de Orçamento
Familiar (POF), de 2009, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) mostra que 33,5% das
crianças com idades entre 5 e
9 anos estão com sobrepeso e
14,3% são obesas. Isso significa
que quase 5 em cada 10 crianças
dessa faixa etária têm problemas
de peso no Brasil. Em duas décadas, a ocorrência de obesidade nessa faixa etária passou de 4,1% para
16,6% entre os meninos e de 2,4% para
11,8% entre as meninas (veja gráfico).
Na faixa de 10 a 19 anos, 21,7% dos brasileiros apresentam excesso de peso – em 1970, este
índice estava em 3,7%. A manutenção do peso adequado desde a infância é um dos principais fatores para a
prevenção de doenças na fase adulta.
“Quanto mais cedo a criança estiver acima do peso e quanto
maior for o tempo em que ela permanecer acima do peso na
infância, maior o risco dela ser um adulto obeso. A criança que
chega até os 8 anos obesa, tem chance de 85% de ser um adulto
obeso”, explica a endocrinologista Carla Rigo Bürkle Cruz.
O excesso de peso e a obesidade são encontrados com grande frequência em todos os grupos
de renda e em todas as regiões brasileiras, embora, na
percepção da endocrinologista, crianças com maior poder de
compra e, portanto, maior acesso a alimentos industrializados, apresentam maior índice de obesidade.
Os maus hábitos alimentares dos estudantes brasileiros também podem ser constatados nos resultados da Pequisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense/2009). A avaliação apontou
EVOLUÇÃO DA OBESIDADE
Masculino
excesso de peso
Feminino
obesidade
excesso de peso
obesidade
34,8
1974-1975
32
1989
2008-2009
16,6
15
11,8
11,9
10,9
8,6
2,9
16
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4,1
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1,8
2,4
O primeiro passo para a reversão do quadro de obesidade
infantil é reconhecer erros. “A maior dificuldade é os pais
admitirem que erraram.” E a mudança tem de começar pela
família. “A família inteira tem de mudar seus hábitos alimentares. Se a família inteira não mudar, a criança não muda”,
enfatiza Carla Cruz.
A obesidade também é desencadeada por fatores ambientais,
além de biológicos, hereditários e psicológicos. “Hoje a criança
está mais ansiosa, participa muito dos problemas da família.
Criança tem de ser criança”, ressalta Carla Cruz. E ansiedade
pode levar a criança a comer compulsivamente, levando à obesidade e problemas decorrentes.
O tratamento da obesidade infantil requer um diagnóstico detalhado, orientação nutricional e mudanças comportamentais e no estilo de vida e pode envolver outros profissionais como nutricionistas e psicólogos, dependendo da
avaliação médica.
Atividades físicas e alimentação correta são a chave-mestra
do tratamento, que nem sempre é fácil. É preciso conscientizar os pais e convencer a criança que ela tem de mudar de
vida. “Quando a criança toma consciência do que está ocorrendo com ela, consegue mudar. Se um adulto sofre, criança
sofre em dobro. Para ela, diabetes, colesterol alto, problemas
no coração não querem dizer nada. É preciso tentar fazer
com que a criança entenda porquê tem de mudar seus hábitos, é preciso tocar a criança com problemas que ela entenda,
como a dificuldade de crescimento provocada pela obesidade, por exemplo”, explica Carla Cruz.
A médica lembra que, embora o cenário seja de alerta em
relação à alimentação, há mães que querem aprender e mudar
os hábitos. “Eu acho que é um bom sinal o fato de as mães
estarem buscando mais ajuda”, aponta.
É rotina no consultório da médica, que atende em Foz do
Iguaçu, a negativa dos pais em relação aos maus hábitos alimentares. “A criança de 5 anos de idade que só come biscoitos, chips e toma refrigerante não escolheu isso sozinha,
alguém comprou para ela.”
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Para a endocrinologista Carla Cruz, está faltando rigor
dos pais com a alimentação das crianças. “As crianças
não têm de comer só o que elas gostam, elas têm de comer o que é preciso, o que é saudável. A criança não pode
abrir mão de comer o que há na mesa e nem comer a
hora em que ela quer.”
Dicas para
evitar o
sobrepeso
Em entrevistas a veículos de comunicação, a cineasta
Estela Renner aponta o fenômeno da transição alimentar
A criança não pode ter mais
de 2 horas de atividades
paradas por dia somando
computador, TV, videogame;
O que é a Obesidade?
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo. Para o
diagnóstico em adultos, o parâmetro utilizado mais
comumente é o do índice de massa corporal (IMC),
calculado dividindo-se o peso do paciente pela sua
altura elevada ao quadrado. O peso está normal
quando o resultado do cálculo do IMC está entre
18,5 e 24,9. Para ser considerado obeso, o IMC deve
estar acima de 30.
“A genética é responsável, no máximo, por 40% da obesidade (varia de 24% a 40%). Essa genética se consegue mudar
com hábitos saudáveis. Não é a genética que deixou a criança
obesa. A criança é mais obesa hoje porque faz menos atividade física, tem mais videogame e alimentação inadequada”,
explica Carla Cruz. Esses hábitos nascem dentro de casa e é
fundamental investir em educação alimentar e na reestruturação dos hábitos familiares. “A criança não tem de aprender
com os pais a comer doce, a tomar refrigerante. Esse hábito
não pode vir de casa. Dentro de casa deve haver só hábitos
saudáveis”, insiste a endocrinologista.
Esse tipo de alimentação, que facilita o dia a dia dos pais, se
torna um hábito prejudicial e difícil de ser contornado. “Noventa por cento das crianças obesas hoje não comem frutas
e verduras. Tenho pacientes crianças que comem pizza às 10
horas da manhã. Virou hábito, as crianças não querem mais
levar fruta para o lanche na escola.”
A realidade brasileira das crianças com problemas de
como uma das grandes causas para a obesidade. “A gente
peso é mostrada no documentário “Muito Além do Peso”,
deixou de comer os produtos naturais, vindos da terra,
da cineasta Estela Renner, lançado no final do ano passado
para comer produtos industrializados, cheios de gordue disponível na internet (www.muitoalemdopeso.com.br).
ras, açúcares e sal.”
Em 1h20, o filme mostra histórias reais e alarmantes, discutindo a razão de as crianças brasileiras pesarem mais do
Em um estudo divulgado no início de junho, a FAO (Orque deveriam. Há depoimentos de pais, crianças, profisganização das Nações Unidas para Alimentação e Agriculsionais da saúde (médicos, psicólogos), chefs, merendeitura) alerta que governos, organizações, o setor produtivo e
ras de escolas. As respostas
a sociedade podem ajudar os
para o problema envolvem a
consumidores a tomar deciA FAO estima que 2 bilhões de
indústria alimentícia, o gosões mais saudáveis em relapessoas tenham deficiências de um
verno, pais e escolas desinção à alimentação por meio
ou mais micronutriente, enquanto
formados e a publicidade.
de informação clara e precisa
1,4 bilhão estão com sobrepeso, das e garantindo o acesso a aliNo documentário fica claro
mentos nutritivos e variados.
quais 500 milhões já são obesas
que boa parte do problema
se deve ao estilo de vida adoNesse mesmo estudo, a
tado pelas famílias. A correria do dia a dia e a facilidade no
FAO conclui que os problemas decorrentes da má alimentaconsumo de produtos industrializados, ricos em açúcar e
ção (a desnutrição, a carência de micronutrientes, o sobregorduras, são uma combinação perigosa.
peso e a obesidade) em todo o mundo impõem altos custos
às sociedades, principalmente pela perda de produtividade
Entre os muitos registros, o filme mostra mães que dão a
e gastos diretos com saúde. Esses custos representam até 5%
bebês refrigerantes no lugar de leite, ou a troca de frutas e
do PIB mundial, cerca de US$ 3,5 trilhões por ano (US$ 500
verduras por sanduíches de redes tradicionais de fast-food,
por pessoa/ano), equivalente ao PIB da Alemanha, a maior
salgadinhos ou bolachas recheadas.
economia da Europa.
As crianças não têm
de comer só o que
elas gostam, têm de
comer o que é preciso,
o que é saudável
Carla Rigo Bürkle Cruz, endocrinologista
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atividade física, no mínimo,
3 vezes por semana;
alimentação em horários definidos;
ensinar alimentação adequada
para as crianças;
evitar alimentos industrializados
e refrigerantes (substituir
por sucos feitos na hora)
Para crianças, o
cálculo do IMC
apenas não basta
para identificar a
obesidade. Fatores
como idade e sexo
também devem
ser considerados.
O ideal é procurar
ajuda de um médico.
Predisposição
genética
comer, no mínimo, de 2 a 3
porções de frutas por dia;
definir horário para dormir;
dormir 8 horas por dia;
evitar dividir com a
criança os problemas
que são dos adultos.
ou
Alimentação
inadequada
+
Sedentarismo
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
=
Obesidade
I t a i pu B i n a c i o n a l
17
SAÚDE
MODELO
Itaipu e a preocupação com a alimentação
Visitas de campo: as ações do CAB na prática
Várias ações do Programa Cultivando Água Boa ajudam a promover a saúde estimulando bons hábitos alimentares
Entre os que vêm conhecer as ações desenvolvidas na BP3 estão professores e estudantes universitários, jornalistas e delegações de governos
O combate à obesidade infantil passa por uma alimentação
mais saudável, pela mudança de estilo de vida e pelo combate
ao sedentarismo. E a alimentação saudável também é uma
preocupação que está na linha de frente do Programa Cultivando Água Boa (CAB), uma vez que é fundamental para a
promoção da saúde e da qualidade de vida e tem relação direta com a forma de produção e consumo responsáveis. “Nós
somos o que pensamos, o que sentimos, o que fazemos e o
que comemos. O ato de comer é um ato de vida, de saber e
sabor”, diz Nelton Friedrich, diretor de Coordenação e Meio
Ambiente da Itaipu.
A Itaipu recebeu, no primeiro semestre deste ano, 33 delegações que vieram à Itaipu conhecer as ações desenvolvidas
pelo Programa Cultivando Água Boa (CAB), nos 29 municípios da Bacia do Paraná 3. Esse número refere-se apenas
às visitas de campo, realizadas na BP3 - houve ainda visitas
internas, apenas às ações desenvolvidas na própria usina.
Luiz Yoshio Suzuke, assessor da Diretoria de Coordenação e Meio Ambiente, explica que os pedidos de visita são
frequentes e vêm aumentando ano a ano. “Vem crescendo,
principalmente, o pedido de grupos e instituições de outros
Estados e mesmo de outros países para conhecer as ações
do CAB. São visitantes que já têm informação a respeito do
programa e querem conhecer principalmente a forma como
acontecem as ações no campo”, explica Suzuke.
Incentivo à agricultura orgânica; capacitação de professores para utilização da Cartilha Mundo Orgânico que é distribuída a estudantes das escolas públicas da BP3; implantação de hortas orgânicas familiares e escolares; formação de
professores com enfoque em consumo consciente; formação
continuada de merendeiras e nutricionistas sobre gestão de
merenda escolar; e o concurso de receitas saudáveis das merendeiras da BP3 são algumas das ações realizadas por Itaipu
e parceiros partindo de uma visão sistêmica e englobando
diversos projetos do CAB.
Segundo Suzuke, o principal item durante as visitas é a
participação da comunidade nas ações. “Mostramos que não
fazemos nenhuma ação ambiental sem a participação da comunidade – democracia direta e participativa –, pois é ela
que irá desenvolver e manter as ações”, afirma. Por isso, os
grupos são levados aos atores: produtores rurais, lideranças comunitárias e integrantes dos projetos. “Após dez anos
de implantação do CAB, é necessário mostrar no campo as
ações executadas e deixarmos os protagonistas, os atores, as
pessoas que de fato trabalham as ações mostrarem e falarem
do programa”, ressalta Suzuke. “É juntando a teoria e a prática que podemos obter a síntese para o avanço que queremos.
E aí começar tudo de novo: da teoria para a prática.”
Merenda escolar
Segundo João José Passini, assessor da Diretoria de Coordenação e Meio Ambiente, o grande impulso por uma alimentação mais saudável nas escolas públicas foi a realização, em
2007, do primeiro concurso Receitas Saudáveis das Merendeiras da BP3. O primeiro concurso teve participação de 800
merendeiras. No segundo, realizado em 2009, foram 870 participantes. As receitas vencedoras foram publicadas em livros,
distribuídos em toda a região.
“Com esses concursos foi que conseguimos levar para as escolas e prefeituras o conceito de alimentação saudável. Principalmente no segundo, que previa receitas com produtos
orgânicos”, comenta Passini, lembrando que outras ações já
vinham sendo realizadas como o estímulo à produção orgânica junto a proprietários rurais da região, por exemplo.
Antes do concurso, merendeiras e nutricionistas participaram de cursos de capacitação sobre o melhor aproveitamento
de produtos, uma vez que, com a compra sendo feita pelo
município diretamente do produtor - por lei, prefeituras são
obrigadas a adquirir da agricultura familiar 30% dos produtos que compõem a merenda, fugindo assim de produtos industrializados - os alimentos chegam às escolas com ramas,
raízes, folhas, que também podem ser utilizadas como alimento, assim como as cascas. “As merendeiras não tinham
esse hábito principalmente porque a comida vinha enlatada”,
lembra João Luiz Casagrande Breinack, da Divisão de Ação
Ambiental da Itaipu.
Nos cursos de formação para nutricionistas e merendeiras,
a ementa incluiu desde a manipulação e higienização dos alimentos até o uso dos alimentos in natura de forma integral.
Para a nutricionista Vanessa Bragatto Richter, o concurso
foi importante porque valorizou as merendeiras, estimulou a
criatividade no preparo dos pratos e o consumo de alimentos regionais. “O concurso não ficou só nas merendeiras,
mas estimulou toda a comunidade escolar no debate sobre
alimentação saudável”, diz ela que participou do primeiro
concurso Receitas Saudáveis das Merendeiras da BP3 e hoje
é diretora do Departamento de Alimentação Escolar da Prefeitura de Guaíra.
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J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a B o a
Ita i pu Bi na c i onal
Alimentação saudável para os estudantes também é preocupação de Itaipu
Entre os grupos que visitaram o CAB neste ano estão órgãos
de imprensa (Gazeta do Povo, O Estado de São Paulo, Valor Econômico, O Globo e outros), universidades (Universidade de Brasília, Universidade Estadual de Ponta Grossa,
Universidade Federal de Espírito Santo, Instituto Federal do
Rio de Janeiro e outras), o Comitê Brasileiro da Comissão de
Integração Energética Regional (Bracier); uma comitiva do
governo de Goiás; o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Francisco Beltrão; a Delegación Paraguay - Consejo de Água
de La Cuenca Del Lago Ypacarai; e uma delegação sueca formada por vários ministros daquele país.
O concurso não ficou só nas
merendeiras, mas estimulou toda
a comunidade escolar no debate
sobre alimentação saudável
Vanessa Richter, nutricionista
O terceiro concurso para merendeiras deve ser realizado em
2014 e está em fase de organização. Segundo Leila Alberton,
gerente da Divisão de Educação Ambiental da Itaipu, o novo
concurso deve seguir a mesma linha do último, com a utilização de alimentos orgânicos nas receitas. “As linhas gerais do
concurso vão ser construídas participativamente, envolvendo
toda a região”, comenta. Assim como nos outros dois concursos, também haverá a capacitação de merendeiras e nutricionistas nos municípios da BP3.
Para Vanessa Richter, um novo concurso vai ajudar a manter o estímulo entre os profissionais que são responsáveis pela
alimentação das crianças, tarefa que exige atenção constante.
“Apesar da alimentação equilibrada que é servida na escola,
percebemos que muitas crianças trazem maus hábitos alimentares de casa. Há muito ingestão de alimentos rápidos, de fácil
preparo, chips, salgadinhos, balas, refrigerantes.” Vanessa Richter explica que foi realizada uma avaliação nutricional dos
alunos da rede municipal de ensino neste ano. “Constatamos
que 14% delas estão obesas e 16% com sobrepeso”, explica. Foram avaliados 2.960 dos 3.380 alunos da rede municipal. Para
as crianças com problemas de peso, foram agendadas consultas com nutricionistas e está sendo realizado acompanhamento também com os pais.
Com o trabalho nos 29 municípios, visando o incentivo à alimentação saudável chegou-se aos seguintes resultados nestes
Funcionários da Embrapa durante visita para conhecer projetos do Programa Cultivando Água Boa em Pato Bragado
Na prática
Concurso para merendeiras estimula criatividade e debate
10 anos de programa: 800 merendeiras formadas; 135.000 alunos beneficiados; 200 hortas orgânicas escolares; 1.200 hortas
orgânicas familiares, 2 livros Receitas Saudáveis das Merendeiras da BP3 e mais de R$ 10 milhões de compras da agricultura
familiar para a merend a escolar.
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O roteiro de visitas – normalmente de dois dias – contempla
algumas ações-modelo em Foz do Iguaçu e em cidades da região
de acordo com os focos de interesse dos grupos ou instituições.
Na região, são apresentados o Corredor da Biodiversidade
Santa Maria em Santa Terezinha de Itaipu, trabalho iniciado
há 10 anos e que envolve 70 famílias (leia mais na página 7);
a produção orgânica de alimentos em duas propriedades de
São Miguel do Iguaçu e também na sede da Associação de
Produtores de Orgânicos de São Miguel do Iguaçu (Aprosmi), onde é vendida a produção de 260 famílias associadas; o
programa Gestão por Bacias Hidrográficas, principalmente
a conservação de solos, adequação de estradas rurais e construção de cercas de proteção de matas ciliares; e o Centro
Avançado de Pesquisa (CAP), trabalho de mais de 12 anos
em parceira com a Prefeitura de Santa Helena e Iapar para
estimular a diversificação nas pequenas propriedades rurais,
promovendo a geração de renda e melhorando ambientalmente a propriedade.
Outras ações também merecem atenção nas visitas: o trabalho realizado junto às Comunidades Indígenas; a produção
de peixes em tanques-rede; o plantio de ervas medicinais; e o
projeto Coleta Solidária.
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Mestrandos da Unesp em propriedade de São Miguel do Iguaçu
Grupo da Universidade Federal do Rio de Janeiro
CARTAS
Ações socioambientais
Em primeiro lugar goraríamos de agradecer profundamente
acolhedora recepção e atenção que nos foi desprendida e
pela qualidade das visitas e experiências que conhecemos.
Também queremos parabenizá-los pela ação socioambiental na região da [Bacia do] Paraná III. É notório o
potencial das ações desenvolvidas para transformação da
realidade local e viabilização da agricultura familiar.
Prof. PhD Carlos Hugo Rocha
Universidade Estadual de Ponta Grossa, visita realizada nos dias 2 e 3 de maio
Trabalho de campo
Quero, em nome de toda a turma que participou da visita, lhes agradecer o carinho e a
atenção com que fomos todos tratados aí em
Foz. Ficamos em dívida com todos vocês e quero
que saibam que foi opinião unânime dos alunos que o trabalho de campo foi excelente.
José Carlos Milléo
Universidade Federal Fluminense, Niterói, visita realizada em 22 de fevereiro
Comunicação
À Emília, nosso agradecimento especial pela recepção no belíssimo Ecomuseu de Itaipu. Somos gratos também pela recepção
calorosa e impecável no Centro de Recepção de Visitantes da Usina de Itaipu com os profissionais de Comunicação Heloisa,
Patrícia, Flávio e Maristela, assim como pela excelente palestra dos profissionais do Departamento de Comunicação, representado pelo Anderson Andreata, da Universidade Federal da Integração Latino Americana-Unila. Posso afirmar que estes
foram os melhores momentos deste início de ano tão doloroso aqui em Santa Maria! Obrigada pelos excelentes momentos
que tivemos nesta visita técnica com nossos alunos de Relações Públicas da UFSM e pelo profissionalismo de todos vocês!
Giane Vargas Escobar
Universidade Federal de Santa Maria, visita realizada nos dias 14 e 15 de janeiro
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EM QUESTÃO
A responsabilidade
coletiva precisa
ser assumida e
compartilhada
porque senão
nós não vamos
vencer esse
impacto ambiental
tão grande, tão
devastador
Isis de Palma,
educadora
Isis de Palma é educadora com formação em comunicação e pedagogia e especialização
em comunicação educativa na Universidade de Roma, Itália. Sempre atuou no campo da
comunicação com foco para a educação e nos últimos 10 anos tem voltado o olhar para
a educação ambiental e projetos na área de comunicação, cultura e educação. “Vejo de
forma muito próxima a cultura e a educação, tendo a comunicação como linguagem”, diz.
Três projetos têm divido sua atenção atualmente: o Circuito de Aprendizagens, que são
redes sociais de relacionamento destinadas aos estudantes, educadores e voluntários do
Programa Mais Educação, desenvolvido pelo Ministério da Educação; o Refletir Brasil,
evento para discussões sobre o momento atual da evolução brasileira, realizado pela
primeira vez neste ano e cuja segunda edição, em 2014, já está sendo preparada; e ainda
o trabalho com o Núcleo de Novas Mídias de Paraty voltado para a formação de jovens.
Isis de Palma também participou do projeto e da organização das três primeiras edições das
Como a senhora avalia a evolução brasileira na discussão de
temas como educação e meio ambiente?
A educação é nosso grande desafio. Os resultados na educação são sentidos muito em longo prazo. Quando se pensa em
educação para que haja de fato um grande impacto é preciso
influenciar políticas públicas, nosso maior desafio. Nós, de
alguma forma, nos últimos dez anos, tivemos algum avanço.
Isso não é tratado pela mídia, então pouco se fica sabendo,
mas existe nas políticas públicas no Brasil um trabalho de
empoderamento da juventude, de levar o tema de participação política para a juventude. É preciso trabalhar na educação difusa e na educação estruturada. Acho que um grande
trabalho se tem feito, sobretudo na educação ambiental porque é uma educação que trabalha na base da sociedade. Esse
esforço vem sendo feito, mas ele não é aparente. E os desafios
são cada vez maiores porque a complexidade é muito maior,
o crescimento da população, os desafios ambientais, principalmente nas áreas urbanas, são cada vez maiores.
O caminho é trabalhar com os jovens?
Eu acredito que sim. Acredito muito nesse caminho. Talvez
seja um pouco precipitado fazer uma análise do que está
acontecendo no Brasil com essa quantidade imensa de manifestações, mas essa talvez seja uma pequena resposta. A
juventude está colocando seus desejos, está se posicionando,
se expressando, está dizendo que não é dessa forma, dizendo não à política tradicional, mas que é preciso construir.
E que as sociedades sustentáveis têm de ser construídas de
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Conferências Infanto-Juvenis pelo Meio Ambiente – o evento está em sua quarta edição.
Na Imagens Educação, sua empresa, atua nas áreas de educação, cultura e comunicação
há mais de 20 anos desenvolvendo projetos para governos, instituições e empresas. Para
ela, problemas ambientais só são resolvidos quando há a participação de todos os setores. “A responsabilidade coletiva precisa ser assumida e compartilhada porque senão
nós não vamos vencer esse impacto ambiental tão grande, tão devastador”, diz.
Nessa entrevista, a educadora e comunicadora fala de desafios para a educação e o meio
ambiente e de soluções que estão sendo propostas e discutidas, e principalmente, que
estão sendo implementadas. “É preciso entender que a questão ambiental vai muito
além de deveres e direitos. É preciso assumir responsabilidades e entender que planeta
é um bem coletivo, que é de todos e tem de ser cuidado por todos.”
uma outra forma, com uma nova política, um novo caminho
mesmo. Talvez a gente possa tirar uma lição, tentar ter uma
leitura de uma forma mais educativa, tentar ler o que essa
juventude está querendo dizer com essas manifestações.
E como a internet ajuda na educação ambiental?
É um grande facilitador. Esse projeto mesmo em que estou
envolvida, os Circuitos de Aprendizagem são plataformas
em que os estudantes, jovens, adolescentes, vão usar essa
linguagem lúdica e criativa dos jogos para trabalhar conteúdos. Os jogos que estão no mercado, de forma geral, são
inúteis e muitas vezes absolutamente maléficos e podem
contribuir para a construção de sociedades violentas, competitivas, no sentido inverso do que estamos propondo que
é justamente construir sociedades sustentáveis e colaborativas. A internet usada de forma educativa pode aproveitar e
adaptar essa linguagem para trazer novos conteúdos.
A internet valoriza, amplifica os espaços de participação
cidadã?
O uso da internet propicia novo cenário. A forma de as pessoas
se comunicarem hoje é tão rápida, tão ágil, tão imediata. Amplifica de fato. Amplificar é uma palavra boa porque dá uma
visão da mobilização que é possível para um evento, que de um
dia para o outro consegue mobilizar muita gente. A internet
facilitou tudo isso, embora venha no bojo um certo movimento de massa e parte despolitizada. Isso não tira o mérito
do movimento. Quem sabe as pessoas passem a discutir mais
e ocupar os espaços públicos com diálogos mais profundos.
Os problemas ambientais são imensos. É mais fácil trabalhar, conversar com a comunidade ou com o empresário?
Vou partir sempre do conceito de responsabilidade compartilhada. Acho que não é só o empresariado, não é só o governo, não é só a sociedade. Nós temos de atuar nesse diálogo e
repartir responsabilidades. Isso tem de ser compartilhado. A
responsabilidade coletiva precisa ser assumida e compartilhada
porque senão nós não vamos vencer esse impacto ambiental tão
grande, tão devastador. Na questão ambiental, a gente sempre
Nós já temos hoje os
primeiros refugiados
ambientais. A população
inteira de algumas ilhas
já foi transferida para o
continente porque a ilha
está desaparecendo. E
quem é o responsável por
isso? Não são eles
fala que é preciso um trabalho no nível global e local ao mesmo
tempo. O trabalho local é importantíssimo, temos a questão
urbana, cada vez está mais desafiante, com a vida em cidades se
tornando impossível, mas se não houver um trabalho também
global de mudança de mentalidade e de assumir responsabilidades globais nós não vamos conseguir ultrapassar essa barreira.
Por exemplo, a questão da elevação dos níveis dos mares: o
primeiro país que vai desaparecer é Bangladesh. Já existem pequenos países insulares que estão desaparecendo. Nós já temos
hoje os primeiros refugiados ambientais. A população inteira
de algumas ilhas já foi transferida para o continente porque
a ilha está desaparecendo. E quem é o responsável por isso?
Não são eles. Não são as populações de países mais pobres,
como Bangladesh, os emissores dos gases. São os países mais
ricos. Não existe uma lei universal para isso. Não existe uma
Declaração Universal das Responsabilidades Humanas como
existe a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Atividade do Refletir Brasil, uma das linhas de frente do trabalho de Isis de Palma
Usar a educomunicação
é um caminho para o
aprofundamento da
democracia, para a
democratização da
comunicação, para quebrar
a espinha dorsal do
monopólio da comunicação
Está sendo feito algo nesse sentido?
Estamos trabalhando numa rede internacional do Fórum
Ética e Responsabilidade uma lei internacional junto à ONU.
Só um avanço nesse nível, sendo reconhecido pelos países e
com os países assumindo responsabilidades coletivas, pode
mudar alguma coisa. É preciso definir quem é responsável
pelos mares, pelos oceanos, pela poluição dos mares, pela diminuição dos peixes e dos alimentos. Enfim, quem é responsável por isso? Os países têm de assumir de forma coletiva.
Os direitos humanos só serão respeitados se as responsabilidades forem assumidas. É como se fosse um tripé: a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi a maior
conquista da humanidade no pós-guerra; ao lado da Carta
das Nações Unidas; e precisamos a terceira base do tripé que
seria uma Declaração Universal das Responsabilidades Humanas. É uma batalha internacional política e jurídica.
Como essa batalha começou?
Começou com a Carta das Responsabilidades Humanas,
em meados dos anos 90. Essa rede internacional tem trabalhado e agora uma aliança internacional de juristas está
sendo formada para que se redija um documento para ser
encaminhado à ONU. Já existe uma minuta desse texto.
Houve uma tentativa nesse sentido na Rio+20, mas não
houve nenhum avanço.
Os conceitos de sustentabilidade, responsabilidade, solidariedade estão bem apreendidos?
Esses conceitos estão em construção. Há o perigo de esvaziamento do sentido quando essas palavras são muito usadas. A
publicidade, a sociedade de consumo tenta utilizar essas palavras para atrair mais consumo. São conceitos que precisam ser
cada vez mais discutidos e aprofundados. Acho que a gente
está num caminho, precisa ser mais debatido e trazer a discussão para valores mesmo. Que valores nós queremos modificar.
Seria a transvaloração, termo que a senhora já citou em
eventos recentes?
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Se nós queremos uma transformação, estamos querendo
mudar a forma. Transformar é mudar a forma, mas se estamos querendo uma mudança de valores, podemos falar
uma palavra nova, a transvaloração. Aprofundar a discussão
sobre valores. Que valores nós queremos para essa sociedade sustentável? Para construir uma sociedade sustentável,
quais são os valores que nós precisamos mudar? Queremos
continuar numa sociedade competitiva ou queremos uma
sociedade colaborativa? O coletivo ou o individual? Uma
sociedade para o ter ou para o ser? Isso só é possível com
responsabilidade compartilhada, só conseguimos transvalorar no momento em que tivermos assumido responsabilidades coletivas e compartilhadas. A responsabilidade não é
igual para todos, mas não isenta ninguém. Depende muito
do poder, da informação, do conhecimento – quanto maior
o poder, maior a informação, maior a responsabilidade. Todos temos responsabilidades.
A educomunicação é um caminho para a transvaloração? A
senhora poderia explorar um pouco mais esse conceito?
A educomunicação é uma linguagem. Vamos pegar, por
exemplo, uma escola. Um bom trabalho que está sendo feito,
um bom projeto, se não for comunicado ninguém vai ficar
sabendo. E através de bons exemplos, boas práticas, bem comunicados é que a gente consegue levar adiante, mostrar a
outras pessoas, criar exemplaridade. A base dessa linguagem
é que vai dar subsídios, elementos, mecanismos para que
crianças, adolescentes, jovens possam produzir o seu material
de comunicação. Terão oportunidade não só de serem consumidores de informação, mas produtores de informação.
Essa é a equação principal da educomunicação. É você criar
condições para que os indivíduos possam produzir informação. Com isso a gente volta na questão da internet, da comunicação em geral. Estamos propiciando a democratização da
informação. Usar a educomunicação é um caminho para o
aprofundamento da democracia, para a democratização da
comunicação, para quebrar a espinha dorsal do monopólio
da comunicação. A ideia, na educomunicação, é a formação
de indivíduos capazes de criar a sua própria comunicação.
A educomunicação já está enraizada?
Falta muito. Começou a ser usada na educação pública no
Brasil, tenho conhecimento, a partir das Conferências Infanto-Juvenis de Meio Ambiente, em 2003. Sempre foi uma linguagem, um instrumento importante em todas as conferências. Alguns projetos de ponta existem desde o início dos anos
90. No Estadão Escola [projeto desenvolvido pela Imagens
Educação, de Isis de Palma] nós usávamos educomunicação
fazendo formação em jornal, rádio, TV com pequenos projetos para que o aluno pudesse produzir seu próprio material
e usar os conceitos que estavam sendo trabalhados. Algumas
instituições estão fazendo projetos de educomunicação, mas
são ilhas. Para isso chegar a impactar mesmo a educação, só
por meio de políticas públicas para escola pública.
Como você vê a educomunicação contribuindo para o enraizamento da educação ambiental?
A educação ambiental tem se servido muito da educomunicação como linguagem justamente para amplificar o conceito de educação ambiental que é construir sociedades felizes,
críticas. A educomunicação vem junto, como uma linguagem muito forte para tornar esses jovens críticos, livres, mas
com produção de informação e transformação dessa informação em conhecimento. Educomunicação é um instrumento muito poderoso para se transformar informação em
conhecimento porque na medida em que o indivíduo está
trabalhando aquela informação, passando para um veículo,
ao destrinchar aquele assunto, como fazem os jornalistas,
está se transformando em um agente educador também. Está
colaborando para educar a comunidade ao divulgar aquele
trabalho, mas também traduzindo isso de forma simples,
concreta, objetiva para que seja comunicado de forma clara.
A educomunicação aproxima as comunidades?
É uma forma de a escola se comunicar com a comunidade,
trazer a vizinhança, os pais, os familiares. Traz a comunidade para dentro da escola. Imagina cada escola se transformando em um centro cultural com atividades fora do
período de aula. A gente tem uma carência tão grande de
centros culturais nesse País. Se cada escola se transformasse
num centro cultura, com vida ativa dentro da escola, transformaria o próprio espaço, seria muito rápido. Os espaços
físicos das escolas são muito tristes, fechados, feios, cheios
de grades, tudo o que a gente não queria. Queremos escolas
abertas, bem construídas, que atraem as pessoas.
Só conseguimos
transvalorar no momento
em que tivermos assumido
responsabilidades
coletivas e compartilhadas.
A responsabilidade não é
igual para todos, mas não
isenta ninguém. Todos
temos responsabilidades
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DIVULGAÇÃO
MODELO
Samek apresenta CAB a deputados
Governo federal busca no CAB subsídios para
políticas públicas para grandes obras do País
Diretor-geral da Itaipu atribui às parcerias os bons resultados obtidos pelo programa ao longo de seus 10 anos
O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, apresentou o Programa Cultivando Água Boa (CAB) durante sessão
ordinária da Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba.
Samek atendeu a um pedido da deputada estadual Luciana
Rafagnin (PT).
Busam reium quo del ele
dendiamus maxim quam
siminctum faccae omnis
Resultados alcançados pelo programa estão sendo avaliados pelo Ipea; comitiva conheceu de perto as ações desenvolvidas
É obra de uma
somatória...
Estamos
construindo
uma teia,
possibilitando
que quase
uma centena
de projetos
componham
o Cultivando
Água Boa
“Quando falamos de água, estamos falando de um bem universal. Cerca de 250 milhões de pessoas no mundo sofrem hoje
pela falta de água. É importante sabermos como usar e cuidar
deste bem e a Itaipu vai além de sua função de transformar
água em energia”, disse Luciana, ao falar da importância de os
deputados conhecerem as ações do programa.
A apresentação do CAB foi feita em 17 de junho e, antes da
exposição de Samek, os parlamentares assistiram ao vídeo
“Itaipu Sustentável”, que mostra o Sistema de Gestão da Sustentabilidade na empresa. De acordo com o diretor, os bons
resultados do Cultivando Água Boa (CAB) são possíveis graças ao envolvimento das pessoas e ao trabalho de parcerias.
“É obra de uma somatória: das prefeituras municipais, do
governo do Estado, das cooperativas, universidades, ONGs,
assentamentos, índios, fazendeiros... Estamos construindo
uma teia, possibilitando que quase uma centena de projetos
componham o Cultivando Água Boa”, ressaltou.
Jorge Samek, diretorgeral brasileiro de Itaipu
Resultados
Entre as ações realizadas pelo CAB em seus 10 anos de atividade estão a recuperação de microbacias, a proteção das matas ciliares e da biodiversidade e a disseminação de valores e
saberes que contribuem para a formação de cidadãos dentro
da concepção da ética do cuidado e do respeito com o meio
ambiente. Ações de educação ambiental e geração de renda
nas pequenas comunidades também são destacadas. Mais de
100 mil pessoas já foram beneficiadas de forma direta pelo
CAB em dez anos.
Também estiveram presentes à sessão o diretor jurídico
César Ziliotto; o conselheiro Orlando Pessuti; o superin-
tendente de Comunicação Social, Gilmar Piolla; o chefe da
Assessoria de Planejamento Empresarial, Daniel de Andrade Ribeiro; o assistente da Diretoria Geral Brasileira, Dalton
Fernando da Costa; e o chefe do Comitê de Relações Trabalhistas, Adriano Bardou Martins.
Itaipu participa de debates do
Colóquio sobre Água e Florestas
mesmo enfoque de sustentabilidade territorial. “Muitas iniciativas trabalham só a recuperação ambiental ou têm foco
no desenvolvimento socioeconômico. Mas o CAB consegue
trabalhar com esses dois enfoques de maneira harmônica”,
avaliou.
Na opinião de Tarcísio Nunes, que representou o MMA
na visita, existem muitas iniciativas positivas no campo socioambiental, mas o CAB é o único programa conhecido
com tantos projetos interconectados trabalhando com o
Entre as ações que conheceu de perto, Nunes destacou a
produção de mel em área de reserva legal, o tratamento de
dejetos da suinocultura para produção de energia (biogás) e
a criação de peixes em tanques-rede.
A visita é uma das etapas do processo para transformar
em política pública a metodologia utilizada pela Itaipu. As
discussões envolvem a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi
Hoffmann, e integrantes de órgãos do governo federal e da
coordenação do CAB. “Há um convencimento, por parte de
vários órgãos do governo federal, de que o Programa Cultivando Água Boa é algo diferente, algo concreto, não é só
uma proposta, é um instrumento que deveria ser reaplicado
em outros grandes empreendimentos”, afirma o superintendente de Meio Ambiente de Itaipu, Jair Kotz, lembrando
que todo empreendimento exerce influência na região onde
está sendo desenvolvido. “Entende-se que o que Itaipu faz
e a maneira como faz deveria ser um mecanismo a ser aplicado em todos esses grandes empreendimentos porque vai
muito além de compensar ou mitigar impactos, mostra que
empreendimentos podem ser efetivamente um fator de desenvolvimento, de sustentabilidade territorial em sua área
de influência.”
Comitiva no Sítio Fonte do Macuco, de José Maioli, cultivado no sistema de agrofloresta: árvores, arbustos, frutas e plantas medicinais
“O Cultivando Água Boa tem a condução da Itaipu, mas
é um programa que foi abraçado pelas comunidades e instituições parceiras. Esse é um ponto muito importante, que
dá credibilidade e potencializa os resultados”, disse Davison. “Por isso, a exemplo do que faz a Itaipu, queremos
envolver as comunidades do entorno de grandes empreendimentos, para que os benefícios gerados por esses empreendimentos também sejam repartidos com elas.”
O coordenador de Estudos em Sustentabilidade Ambiental do Ipea, Júlio Roma, explicou que, para avaliar os benefícios produzidos pelo CAB, serão feitos dois tipos de análise. No curto prazo, o instituto irá medir indicadores como
quanto foi investido, quantas pessoas foram beneficiadas,
que tipo de benefícios foram gerados (melhoria da renda,
por exemplo) e a percepção dos beneficiários.
Explanação
Ao lado do procurador da República no Paraná João Akira Omoto, o diretor de Coordenação falou sobre as
ações realizadas pela Itaipu para melhorar a biodiversidade e a importância do cuidado com o meio ambiente.
“O colóquio é uma oportunidade de aprender e compreender ações
concretas e resultados precisos, que enfocam não somente a dimensão
ambiental, mas a política, cultural e até a religiosa”, disse Friedrich.
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ambiente e, também, a organização das pessoas, levando a
sustentabilidade econômica, social e ambiental às comunidades. Então, faremos uma análise econômica, que permita
quantificar os benefícios e perceber a valoração do capital
natural nesse contexto”, afirmou Roma.
Segundo Pérsio Davison, secretário de Desenvolvimento
Sustentável da SAE-PR, que liderou a comitiva do governo
federal em visita à região atendida pelo CAB, o que mais
chama a atenção em relação ao programa é a participação
comunitária no planejamento e execução das ações.
Friedrich participou do painel “Água e Energia”, que teve ainda a presença do diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek.
“Admiramos a iniciativa do Supremo Tribunal Federal por colocar em discussão questões tão importantes em relação ao meio
ambiente”, disse Samek. “É importante caminharmos juntos no
desenvolvimento da nação e do meio ambiente”, completou.
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Para essa avaliação, um grupo formado por integrantes do
Ipea, da SAE, da Agência Nacional de Águas (ANA) e do
Ministério do Meio Ambiente (MMA) realizou uma visita,
em junho, à região da Bacia do Paraná 3 para conhecer de
perto os projetos desenvolvidos.
A visita
Os diretores de Itaipu, Nelton Friedrich (Coordenação) e Cezar Ziliotto (Jurídico), se apresentaram no Colóquio Internacional sobre Água e Floresta, evento que reuniu magistrados,
juristas e estudantes em Foz do Iguaçu, no fim de abril.
22
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) está
realizando uma avaliação dos resultados qualitativos e
quantitativos das ações socioambientais que integram o
Programa Cultivando Água Boa (CAB). O objetivo é fornecer subsídios para a Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República (SAE-PR) que pretende elaborar
políticas públicas com base em ações e resultados do programa para orientar grandes obras de infraestrutura ou que
envolvam a exploração de recursos estratégicos para o País.
No médio e longo prazo, o estudo irá compilar indicadores ambientais nas microbacias hidrográficas recuperadas, como qualidade da água, mudas plantadas e matas
protegidas, entre outros. “A filosofia do CAB é melhorar o
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Grupo de representantes do governo federal conhece criação de peixes em tanques-redes
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RESPONSABILIDADE
Programas sociais de Itaipu podem
ser replicados na América Latina
Os programas sociais e ambientais de Itaipu, como o Cultivando Água Boa, o Meninos do Lago e o Programa de Equidade de
Gênero poderão ser replicados em outras regiões brasileiras e
também em outros países, por meio do trabalho de empresas do
setor energético do Brasil e da América Latina.
Representantes de empresas do setor que participaram do IV
Seminário Internacional Gestão Socialmente Responsável do
Setor Energético na América Latina, promovido pelo Comitê
Brasileiro da Comissão de Integração Energética Regional (Bracier) estiveram na Usina de Itaipu e outros locais para conhecer
ações desenvolvidas pela binacional.
Foram visitados o Conselho Comunitário da Vila C e Centro de
Convivência Arnaldo Isidoro de Lima, construído com recurso
da Itaipu, Refúgio Biológico Bela Vista, o Canal da Piracema.
“Coração bom”
Amilkar Jaldin, da Cooperativa Rural de Eletrificacion (CRE), de
Santa Cruz, na Bolívia, disse ter ficado surpreso com o trabalho
desenvolvido pela Itaipu na Vila C. “Fiquei impressionado. Dificilmente uma empresa se preocupa com os trabalhadores depois
do fim do contrato. É preciso ter um bom coração”, disse. Segun-
do Jaldin, em Santa Cruz, as ações são diferentes. “Procuramos
cuidar para manter uma tarifa baixa e assim, beneficiar a população. Mas quem sabe, agora, possamos adotar novas práticas.”
De acordo com Ana Luiza Gonçalves, da Distribuidora da Eletrobras no Piauí, o trabalho desenvolvido por Itaipu é “gigantesco”, como a própria usina. “Nossas ações são em menor escala,
mas sabemos que se nossa matéria-prima vem da natureza, devemos compensar a comunidade de alguma forma.” E completou: “O cuidado de Itaipu com as nascentes é impressionante.
Com certeza vamos replicar na nossa região.”
Mulheres
Maria Guadalupe Gimenez, da Distribuidora Eletrobras no
Amazonas, levará a experiência de Itaipu no cuidado com as
mulheres. Para ela, o Programa de Incentivo à Equidade de Gênero da Itaipu deve ser replicado em todas as empresas do País.
Segundo Maria Guadalupe, as atividades desenvolvidas no Centro
de Convivência da Vila C e o uso dos dejetos dos animais para produção energia são outros bons exemplos. “No Amazonas temos
muitas pocilgas e vacarias. Acabar com os problemas causados
pelos dejetos e ainda ajudar a comunidade será muito positivo”.
Empresas de energia alinham ações com compromissos da Rio+20
Acesso à eletricidade e ações de responsabilidade socioambiental foram a linha mestre dos debates realizados em Foz do Iguaçu, que teve participação de 13 empresas
Empresas do setor energético da América Latina se encontraramm
em Foz do Iguaçu para alinhar as ações e discutir como podem
contribuir para que os compromissos da Rio+20 sejam cumpridos.
O encontro, o primeiro a ser realizado depois da Rio+20, ocorreu no Refúgio Biológico Bela Vista, em abril, durante o IV
Seminário Internacional Gestão Socialmente Responsável do
Setor Energético na América Latina, promovido pelo Comitê Brasileiro da Comissão de Integração Energética Regional
(Bracier) e pela Itaipu Binacional.
Quem é:
“A interação da sociedade com o nosso produto (energia) faz
com que seja fundamental que as empresas do setor desenvolvam ações de responsabilidade social. Esperamos que, a
partir do seminário, mais empresas se comprometam com os
objetivos estabelecidos pela Rio+20”, acrescentou o secretário
executivo do Bracier, Antônio Carlos Menezes.
Quem é:
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, enfatizou a
importância da energia como um vetor de desenvolvimento
sustentável e que a promoção do acesso à eletricidade é essencial para o cumprimento de outras metas estabelecidas pela
ONU, como os Objetivos do Milênio, por exemplo. Ele lembrou
também a necessidade de o Brasil dobrar a sua capacidade de
geração nos próximos anos e de aproveitar as fontes renováveis.
“Dentre essas 14 milhões de pessoas atendidas pelo Luz para
Todos, muitas iluminaram suas casas e até compraram uma
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Ita i pu Bi na c i onal
geladeira. Mas, no futuro, vão adquirir outros bens de consumo, como computador, ar condicionado, máquina de lavar
roupa. E o Brasil está se preparando para atender a essa demanda com toda sua matriz energética, que é muito rica e variada. A maioria dos países gostaria de ter as condições que o
Brasil tem para gerar energia”, completou Samek.
A interação da sociedade com o
nosso produto (energia) faz com que
seja fundamental que as empresas
do setor desenvolvam ações de
responsabilidade social
Antônio Carlos Menezes - secretário
executivo do Bracier
O diretor também fez uma defesa da hidreletricidade, a “mais barata e renovável das energias”, e da vocação natural do Brasil por
conta dos recursos hídricos que possui. “Acusam a hidreletricidade de insustentável por conta das áreas cobertas pelos reservatórios. No Brasil, se somarmos os reservatórios empregados para a
geração de energia, abastecimento e irrigação, o total equivale a
0,4% do território nacional. É muito pouco. E estamos falando da
geração de energia para 200 milhões de pessoas”.
Para o presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, a necessi-
dade de expansão do setor elétrico em um mundo que precisa,
ao mesmo tempo, reduzir os padrões de produção e consumo e
eliminar a pobreza, é um desafio tão grande que exigirá das empresas uma nova forma de governança, de maneira integrada com
os demais atores da sociedade. Na opinião de Abrahão, a Rio+20,
apesar de não ter produzido um documento conclusivo, com metas objetivas para cada país, estabeleceu as condições para que se
possa avançar na promoção do desenvolvimento sustentável.
“A energia seguramente será um dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que funcionarão de forma semelhante aos Objetivos do Milênio e que serão definidos em um
painel da ONU, provavelmente em 2015). E o Brasil, pelas suas
características, poderá ter um papel fundamental nesse tema
da energia, no cenário internacional”, afirmou Abrahão.
O diretor de Desenvolvimento Sustentável da Brasken e
membro da diretoria brasileira do Pacto Global, Jorge Soto,
também chamou a atenção para a importância do setor empresarial na promoção do desenvolvimento sustentável. Além
do documento final da Rio+20, (intitulado “O Futuro que
Queremos”), ONGs, grupos da sociedade civil, universidades,
empresas fecharam 705 compromissos voluntários visando o
desenvolvimento sustentável (200 só no setor empresarial).
“Na Rio 92, as empresas eram vistas como vilãs. Em 2002,
como necessárias. Em 2012, ficou claro que o setor empresarial
é imprescindível para a promoção do desenvolvimento susN º 23
J unho 2 0 1 3
tentável, e as empresas do setor energético têm um papel fundamental nesse processo” , sentenciou Soto destacando que,
além dos compromissos da Rio+20, o Brasil é hoje o terceiro
país em número de empresas comprometidas com os Objetivos do Milênio (são cerca de 500).
Para o representante da Petrobras, Armando Tripodi, a discussão sobre a responsabilidade social e ambiental impacta de
diferentes maneiras nas estratégias das empresas do setor de
energia. Para as que trabalham com fontes renováveis, a questão é como utilizar essas fontes da maneira mais inteligente, ter
políticas que estimulem o aproveitamento dessas fontes e promover o benchmarking das melhores práticas. Para as empresas que trabalham com combustíveis fósseis, mais poluentes,
se trata de como aproveitar essas matérias-primas com menos
impactos e com medidas de mitigação.
“O Brasil tem uma matriz energética invejável. Está caminhando para se tornar o segundo país no mundo em reservas provadas de petróleo. Ao mesmo tempo detém inúmeros recursos
naturais. Por isso, é imprescindível que o setor tenha políticas
sociais responsáveis, para que suas atividades sejam sustentáveis hoje e sempre”, afirmou.
Participaram do seminário internacional 113 representantes de
empresas de energia como a Eletrobras, Petrobras, Cemig, Copel,
Eletronuclear, Eletronorte, Yacyretá (Argentina-Paraguai), Salto
Grande (Argentina-Uruguai), EPM (Colômbia), entre outras.
N º 23
J unho 2 0 1 3
Representantes de empresas do setor energético em visita a espaços e programas de Itaipu
Uso de energias renováveis e universalização
de serviços são desafios na América Latina
Um dos desafios apontados durante o IV Seminário Internacional
Gestão Socialmente Responsável do Setor Energético na América
Latina são as diferentes realidades dos países da América Latina
em relação ao uso de energias renováveis e à universalização dos
serviços. O Brasil, por exemplo, tem uma situação privilegiada, com
mais de 80% de fontes renováveis na geração de eletricidade (e pouco menos de 50% se considerado o uso de combustíveis no país).
“A distribuição de eletricidade é o serviço público mais universalizado no Brasil. A maioria das empresas distribuidoras
atende a 100% dos domicílios em sua região”, apontou o pre-
sidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia
Elétrica (Abradee), Nelson Leite.
Porém, ele ressaltou que o setor precisa reduzir as perdas na
distribuição (entre a produção e o consumo o Brasil perde 17%
da energia gerada, o equivalente ao consumido pelo Paraná),
por conta de problemas técnicos somados a fraudes e furtos,
além de melhorar a eficiência energética. “No Brasil, cerca de
60 pessoas morrem por ano tentando fazer ‘gatos’ na rede elétrica. Esse é também um tema relacionado à sustentabilidade
do setor”, acrescentou Leite.
J o r n a l Cu l t i v a n d o Ág u a Bo a
I t a i pu B i n a c i o n a l
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CAMPANHA
EDUCAÇÃO
Coordenação de projetos da
FAO abre escritório na Itaipu
Mais 48 mil árvores em
Marechal Cândido Rondon
Objetivo é buscar experiências bem-sucedidas desenvolvidas na região Sul do Brasil
Objetivo é ampliar iniciativa de 2008, quando 44 mil mudas foram plantadas
na cidade; número equivale ao total de moradores
No aniversário do
Refúgio, atividades que
estimulam o respeito
ao meio ambiente
MODELO
Estante
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO)
abriu, em Foz do Iguaçu, um escritório da Unidade de Coordenação de Projetos da Região Sul do País. A iniciativa tem apoio
da Itaipu Binacional, Secretaria de Estado da Agricultura e do
Abastecimento (Seab) e Instituto Emater.
Diálogos Criativos
Autores: Domenico De
Masi e Frei Betto
Editora: Sextante
Os autores debatem alguns temas da pósmodernidade como tecnologia, consumo e
educação, oferecendo uma explicação sobre
os rumos da humanidade e a escolhas de
hoje que estão construindo o amanhã. O
debate tem mediação do psicanalista e educador José Ernesto Bologna.
Usina de Itaipu –
Integração Energética
entre Brasil e Paraguai
Autor: Miguel Zydan Sória
Editora: Universidade
Federal do Paraná
Com 250 páginas, o livro é um documento histórico e atual sobre Itaipu. Conta como a usina foi
construída desde o projeto, passando pela operação e finalizando com o desenvolvimento organizacional. O livro também traz explicações sobre
a engenharia financeira do empreendimento e os
principais projetos e programas desenvolvidos.
Sediada no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), a unidade, inaugurada em abril, é a segunda do Estado – a primeira fica em Curitiba
– e faz parte de um processo de descentralização das atividades do
órgão, que só mantinha escritórios nas capitais federais.
O objetivo da FAO é identificar no Sul do Brasil experiências
bem-sucedidas, sobretudo nas áreas da produção agrícola e das
tecnologias sociais. A ideia é replicar essas experiências em países
mais carentes da América do Sul, América Central, Caribe e,
principalmente, no continente africano.
Entre as atividades, iniciativas, programas e projetos a serem
“exportados” estão a promoção do desenvolvimento rural sustentável; a segurança alimentar e nutricional; a produção de
alimentos; a preservação ambiental; a conservação de solo e
água; a sanidade vegetal e animal; a promoção das energias renováveis e a inclusão sócio-produtiva, centrada na expansão e
no fortalecimento da agricultura familiar.
“O que temos aqui não é apenas um escritório. É uma plataforma de trabalho para que possamos trazer experiências, aportes,
contribuições, sempre neste grande esforço da FAO que é a erradicação da fome no mundo”, destacou durante a inauguração
É impossível evitar o estresse nessa era de
incertezas. O que se pode fazer para mudar essa
situação é tomar novas atitudes e gerenciar o
próprio estresse de modo a usá-lo a seu favor.
Neste livro, a autora ensina técnicas que ajudam
a responder com mais clareza e flexibilidade às
mudanças aceleradas ao nosso redor, desenvolvendo assim nosso pleno potencial.
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J o r n a l C u l t iv a n d o Ág u a B o a
Ita i pu Bi na c i onal
Uma das atividades mobilizou cerca de 90 alunos do 5º
ano da Escola Municipal Padre Luigi Salvucci. As crianças
assistiram à contação da história “João da Água”, ajudaram
a produzir um painel com materiais recicláveis (tampas de
garrafa pet) e participaram de muitas brincadeiras.
A iniciativa marca os 45 anos da Associação Comercial e Empresarial de Marechal Cândido Rondon
(Acimacar) e todas as mudas foram doadas por Itaipu.
do escritório o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic.
O diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, lembrou que a
região oeste do Paraná, com apoio da binacional, conseguiu formatar um processo de produção agrícola que promove o casamento
da agricultura familiar com a preservação do meio ambiente.
“A partir de agora, isso tudo passa a ser referência para a FAO
trazer delegações de todas as partes do Brasil, da América Latina, da África, da Ásia, da Europa, para que possamos mostrar
o desenvolvimento tecnológico que nós alcançamos”, indicou.
Também participaram da solenidade, o prefeito de Foz do
Iguaçu, Reni Pereira; o diretor superintendente da FPTI-Brasil,
Juan Carlos Sotuyo; e o diretor-presidente da Emater, Rubens
Niederheitmann – que representou o secretário de Estado da
Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
O diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, diz que com a iniciativa, o município “não fica apenas no campo do discurso, com palavras soltas, mas sim, concretizando o propósito de seus
ideais”. Para Friedrich, o projeto “é uma experiência
maravilhosa, que evidencia a ética do cuidado.”, disse.
O coordenador do projeto, Legário Gilberto von
Mühlen, destacou que a ideia é ampliar a campanha
realizada pela Acimacar em 2008, nas comemorações
do 40º aniversário da entidade. Naquela ocasião, foram plantadas
mais de 44 mil mudas de ipês. “Desta vez as espécies são, em
grande parte, aquelas que produzem flores e frutas, contribuindo
para a preservação da flora e da fauna.”
O plantio da primeira muda foi feito no dia 5 de abril durante a solenidade de lançamento da campanha. “Também temos
uma responsabilidade social e ambiental. Plantamos esta pri-
“As atividades envolvem projetos a respeito da fauna e da
flora, canal da piracema, histórico e informações sobre o
que o refúgio representa como unidade de preservação na
região”, explica a responsável pelas atividades, Lucilei Bodaneze Rossasi.
meira árvore e temos a certeza que, futuramente, nossos filhos
e netos estarão agradecendo por este ato”, disse Josué Maioli,
presidente da Associação Comercial.
Outro aspecto observado no trabalho foi estimular nas
crianças valores de cidadania. “A contação da história ‘João
da Água’, por exemplo, foi pensada para trabalhar com as
crianças como é importante a ação individual no processo
coletivo. Porque a história conta como uma criança persistiu em um trabalho e a atitude dela mudou o ambiente em
que vivia”, completou Lucilei.
Estiveram presentes também o prefeito de Marechal Cândido Rondon, Moacir Froehlich; diretores da associação comercial, vereadores, autoridades municipais, representantes de
entidades e empresas apoiadoras.
Além das crianças, a ação realizada no mês de junho mobilizou dois grupos de adultos que residem próximo ao
RBV e ao Ecomuseu – são os grupos Varanda e Comunidade do Refúgio, com total de aproximadamente 60 pessoas.
Plantio da primeira muda: preservando a flora e a fauna
NOTAS
CAB NO MUNDO
Itaipu participa de apresentação de dados
para formação da Agenda Pós-2015
No Chile, Itaipu participa de encontro dos Guardiões de Sementes Livres
A coordenadora do Programa de Incentivo à Equidade de Gênero da Itaipu, Maria Helena Guarezi, representou a Itaipu no
evento “Diálogo Social: Agenda Pós-2015 e Seguimento à Rio+20”, promovido pela Assessoria para Assuntos Internacionais
da Secretaria-Geral da Presidência da República. No encontro, realizado em abril, foram apresentados resultados da consulta
nacional realizada pela ONU e que foram utilizados na construção da Agenda Pós-2015. O documento foi lançado no final
de maio pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon e define novas ações para erradicar a pobreza extrema e alcançar a sustentabilidade e igualdade para todos.
Oficina sobre alimentos
Stress a seu favor –
como gerenciar sua vida
em tempos de crise
Autor: Susan Andrews
Editora: Agora
O plantio de 48 mil mudas nativas ao longo de
2013 é o desafio do projeto “Segunda árvore por
habitante – espécies nativas”, que está sendo desenvolvido em Marechal Cândido Rondon. O número
equivale ao total de habitantes do município.
O Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) completou 29 anos
em junho e, para marcar a data, a Divisão de Educação Ambiental organizou uma série de atividades com a comunidade da Vila C, vizinha o refúgio. Todas as oficinas realizadas
dentro do mês tiveram como foco o Refúgio.
A
Associação
Centro Integrado
Educação,
Natureza e Saúde de Foz do
Iguaçu (Aciens),
parceira do programa Plantas
Medicinais, do
Cultivando Água
Boa, promoveu oficina sobre alimentos funcionais, dirigida
a agentes de saúde que atuam na Vila C. O curso priorizou
alimentos e condimentos que podem ser cultivados em uma
pequena horta ou facilmente adquiridos. Os participantes tiveram a oportunidade de aprender como é o preparo de diversos
sucos e chás. A ideia é que a partir das informações obtidas na
oficina seja possível orientar as famílias atendidas pelo Posto
de Saúde da Vila C.
Rondon recebe
seis abastecedouros
Os moradores da bacia do Arroio Curvado, em Marechal Cândido Rondon, receberam seis abastecedouros comunitários em
abril. O diretor de Coordenação e Meio Ambiente, Nelton Friedrich, participou da solenidade de entrega. Cada tanque tem capacidade de 15 mil litros de água. Os abastecedouros foram construídos pela Itaipu em parceria com a prefeitura do município.
“Nossa parceria é consolidada e os frutos são para todos”, destacou Friedrich. O prefeito Moacir Froehlich ressaltou a importância das
parcerias com
Itaipu. “Temos
vontade de fazer ainda mais.
Aqui não só
falamos, mas
fazemos.”
N º 23
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A Itaipu apresentou o programa Desenvolvimento Rural
Sustentável e outras ações do Cultivando Água Boa voltadas
a produtores rurais durante o 2º Encontro dos Guardiões de
Sementes Livres, que foi realizado em Valparaíso, no Chile,
em abril. O evento, que contou com a participação de cerca
de 500 pessoas, teve como objetivo promover a diversidade e
a liberdade na produção de sementes, bem como o intercâmbio entre produtores.
O encontro foi uma realização conjunta da Rede de Sementes
Livres (www.redsemillaslibres.org), Instituto Morro da Cutia
de Agroecologia, Cooperativa Sin Fronteras e Associação de
Agricultura Biodinâmica do Chile, com participação da Associação de Agricultura Biodinâmica do Sul e da Kokopelli (organização com sede na França que estimula a troca de sementes). A Itaipu foi uma das apoiadoras da iniciativa.
as condições de produção de sementes em suas propriedades.
Uma das preocupações, por exemplo, está em diminuir a contaminação das lavouras e do mel.
Foi apresentado um modelo de colmeia construído em barro e
palha, fácil de montar e com materiais de baixo custo e alta disponibilidade nas propriedades rurais para estimular não só a produção de mel nas propriedades, mas para garantir a presença das
abelhas que têm papel fundamental na polinização das plantas e, em
consequência, na obtenção continuada de colheitas de alimentos.
O ponto alto do Sementes Livres foi a feira onde agricultores
fizeram entre si a troca de sementes de centenas de espécies.
A terceira edição do Encontro dos Guardiões das Sementes
Livres será realizada no Brasil, com coordenação de agricultores envolvidos na produção de sementes e de associações de
agricultura biodinâmica.
Outro propósito do evento foi ampliar, na América Latina, a
“Rede de Sementes Livres”, criada na cidade de Ollantaytambo
(Peru), em agosto de 2012.
Durante os dois dias do evento, os participantes debateram
temas relativos à produção de sementes sob as perspectivas
cultural, social e legal. A ideia é buscar a liberdade de produção, sem controle econômico, contaminação por transgênicos
e domínio da propriedade intelectual.
Os agricultores definiram também estratégias para melhorar
N º 23
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Mural
O Programa Cultivando Água Boa é conduzido e colocado em
prática por funcionários de Itaipu e centenas de pessoas que moram
nos 29 municípios da Bacia do Paraná 3. Nesta página e na próxima,
reservadas a homenagear quem atua no programa, registros de
momentos das festas nas comunidades indígenas realizadas em
abril, cursos, eventos e visitas à Itaipu e ao Cultivando Água Boa.
Guiomar Santana Neves, produtora rural,
presidente da Cooperativa Gran Lago
Edegar Kunumi Martins e Flávio Arns, secretário de Estado
da Educação
Indígenas da Comunidade Tekoha Añetete
Elisabete Florêncio da Silva, nutricionista
Claudio Dutra, prefeito de São Miguel
do Iguaçu e equipe de governo
Jovens professoras durante almoço e gravação
de reportagem para o Globo Rural
Delmira e Cleonice, diretora do Colégio
Estadual Indígena Teko Ñemoingo
Albertina Cattaneo da Silva, agente comunitária de saúde
Luiz Maturana (esq) no preparo de peixe durante
gravação do programa Globo Rural
Atendimento de saúde na comunidade
indígena Tekoa Añetete
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Ita i pu Bi na c i onal
João Tupã Naravy Centurião, da comunidade
indígena Ocoy
João Carlos Bernardes, Marlene Curtis e
o coronel Carlos Roberto Sucha
Gilmar Secco, Leila Alberton, Elaine e Alexandre dos
Santos, secretário de Agricultura de Mundo Novo
Margareth Hofstaetter, presidente da Cooperativa de
Agentes Ambientais de Marechal Cândido Rondon
Maria Guadalupe Gimenez, da Distribuidora
Eletrobras no Amazonas
Comitiva do governo federal durante almoço
em propriedade rural da região
Antonio Padilha na festa de inaguração da Casa
de Reza na comunidade indígena Ocoy
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N º 23
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Marcelo, Poier e Meron, trio de gestores de bacias
Ivolnei da Costa, aluno de Gastronomia do IFPR, serviu
risoto de tilápia para o ministro Marcelo Crivella
Pérsio Davison, secretário nacional de Desenvolvimento
Sustentável, com Walter Kist, presidente da
colônia de pescadores de Entre Rios do Oeste
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passa
tempo
MUNDO EM CONSTRUÇÃO
Conferência nacional mobiliza estudantes
Com debates e projetos, escolas e alunos se preparam para a IV Conferência Nacional InfantoJuvenil pelo Meio Ambiente
Escolas de todo o país estão se mobilizando para a IV Conferência Nacional InfantoJuvenil pelo Meio Ambiente, que
será realizada em novembro e tem como tema “Vamos Cuidar
do Brasil com Escolas Sustentáveis”. O principal objetivo do
evento é fortalecer a educação ambiental e envolver a comunidade escolar nas questões socioambientais.
plicando a importância da horta para a escola e a comunidade.
Essas atividades integram a metodologia proposta pela conferência para que todos os alunos sejam envolvidos. “A conferência é importante porque mostra que não estamos isolados
e que, avançando na questão do meio ambiente, o mundo será
melhor”, analisa Machiavelli.
Pelo menos duas escolas da região da BP3, ambas de Toledo, inscreveram projetos para a Conferência, que deve reunir,
aproximadamente, 700 crianças e adolescentes com idades entre 11 e 14 anos.
Pilhas
Os projetos das escolas de Toledo ainda serão avaliados em
conferências municipais e estaduais antes de passarem à etapa
nacional, mas já obtiveram sucesso: a participação dos alunos
e suas comunidades. “Estamos fazendo aquilo que acreditamos ser a educação. É uma conscientização. O propósito é
plantar uma semente para colher frutos lá na frente”, explica o
professor Lair João Machiavelli, diretor da Escola Estadual do
Campo de Novo Sobradinho, em Toledo.
A escola inscreveu o projeto Horta Orgânica, do qual participam 33 alunos. As plantas e temperos produzidos na horta
são usados diariamente na merenda escolar. “Mas o grande
propósito era que as famílias também começassem a produzir
essas hortas em suas casas e que os alunos percebessem que
têm responsabilidade com o meio ambiente”, explica o diretor.
Embora a maioria dos alunos more na zona rural, muitas famílias não tinham hortas em casa, realidade que já está mudando,
explica Machiavelli. A horta começou a ser cultivada há quatro
anos e, recentemente, ganhou apoio de Itaipu, que forneceu
mudas de ervas medicinais para a escola.
A partir da inscrição na Conferência, o projeto foi debatido
pelos 68 alunos que confeccionaram um cartaz e um painel ex-
Outro projeto inscrito para a conferência é o “Corrente da
Pilha”, desenvolvido pela Escola Estadual Dario Vellozo, também em Toledo. Inspirado no filme “A Corrente do Bem”
e coordenado pela professora Marylis Zeni, o projeto teve
início em março deste ano com o objetivo de coletar pilhas
usadas, garantindo a destinação correta para o material. Em
pouco tempo, a iniciativa extrapolou a sala de aula e envolveu a comunidade, obtendo, inclusive, patrocínio de instituições privadas, que forneceram material de divulgação e caixas
personalizadas para a coleta do material. “Tem um grupo que
coordena, mas todo mundo está participando, tomou uma dimensão que não estávamos prevendo”, diz o diretor auxiliar
da escola, Rosan Luis do Prado.
a criação de materiais de divulgação do trabalho (jornais, vídeos, spots entre outros meios). Os projetos são divididos em
subtemas: água, terra, fogo e ar.
Para colorir
Tirinha
Segundo a educadora Isis de Palma, que participou da organização das três edições anteriores da Conferência InfantoJuvenil pelo Meio Ambiente, a ideia é fazer com que os estudantes e as escolas assumam responsabilidades com o meio
ambiente através de uma ação concreta (projetos). “O programa das conferências, realizadas desde 2006, foi influenciado
pelo conceito de que é preciso assumir responsabilidades e
que o planeta é um bem coletivo, que é de todos e tem de ser
cuidado por todos”, diz Isis de Palma (leia entrevista com a
educadora nas páginas 20 e 21). De acordo com ela, pesquisa
realizada pelo Ministério da Educação mostra melhorias consideráveis em 77 pontos do País a partir de projetos locais criados por jovens que participaram das conferências.
O bicho-preguiça é um
mamífero com hábitos de
vida noturnos que vive na
Mata Atlântica. Possui
grandes garras, utilizandoas para subir e permanecer
na copa de árvores e dorme
14 horas
Use a imaginação e
aproximadamente
por dia.
dê cor ao bichinho
Associe as sombras
Ele conta que os estudantes estão entusiasmados e na expectativa com a seleção de projetos para a Conferência Nacional.
“Foi uma iniciativa tão simples. Começou como uma ideia local, foi tomando corpo e a sociedade comprou essa ideia. Os
estudantes começaram a sentir que esse projeto já está dando
frutos e que a ação que começou com eles se alastrou”, comenta.
O evento
Os trabalhos passam por seleções na cidade e também no
Estado, para depois seguirem para a Conferência Nacional,
onde serão escolhidos os projetos mais relevantes e transformadores. A metodologia prevê debates a partir da escola, com
Cartaz feito durante debates na escola Novo Sobradinho
Horta orgânica da Escola
Estadual do Campo de Novo
Sobradinho: projeto envolve
os estudantes e suas famílias
Caça-Palavras
Leia atentamente e aprenda sobre o projetos de conservação da
biodiversidade. Ao final, encontre as palavras destacadas!
Com o nascimento e sobrevivência de 11 harpias, o Refúgio Biológico Bela Vista, da
Itaipu Binacional, se consolidou como o promotor do mais bem-sucedido programa
de reprodução em cativeiro dessa que é uma das maiores aves de rapina do mundo.
A ideia de reproduzir a espécie em cativeiro surgiu em 2000, quando o Refúgio
Biológico recebeu um macho apreendido pela Polícia Civil. Dois anos mais tarde,
chegava a primeira fêmea. No dia 13 de março de 2006, os biólogos e veterinários
de Itaipu avistaram o primeiro ovo.
Harpia
Após quatro tentativas frustradas, nasceu no dia 15
de janeiro de 2009 o primeiro espécime mantido com
sucesso pelo projeto. Na sequência, vieram outros dez
filhotes – o último deles, de número 11, nasceu em
fevereiro deste ano.
Assim como a harpia, o Refúgio Biológico Bela Vista se
dedica à reprodução de outras espécies que se tornaram
raras na região, como o veado-bororó e o gato-maracajá.
Além de um criadoro de animais silvestres, o refúgio
mantém uma unidade de proteção ambiental aberta ao
público que contém apenas exemplares da fauna local.
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Horta Orgânica da Escola Estadual do Campo de Novo Sobradinho: ensinamentos para os estudantes e suas famílias
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MODELO
Margaret Groff recebe prêmio em Oslo
Prêmio concedido pela ONU Mulheres, em Nova York
Maria Helena Guarezi, recebe o Selo Pró-Equidade
A vitória das mulheres de Itaipu
Ações de equidade de gênero e empoderamento das mulheres ganham prêmios e são exemplo para o mundo
A Itaipu Binacional completa, neste ano, uma década de
ações voltadas para a equidade de gênero e empoderamento
das mulheres não só na empresa, mas também nos municípios que fazem parte da Bacia do Paraná 3, abrangendo
uma região com mais de 1 milhão de habitantes.
Os resultados mais recentes dessas ações foram o Prêmio Oslo
Business for Peace Award 2013, atribuído pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Câmara Internacional do Comércio e Fundação Business for Peace e concedido
à diretora financeira da Itaipu, Margaret Groff; o 1º Prêmio de
Liderança em Empoderamento das Mulheres, concedido pela
ONU Mulheres e Pacto Global; e ainda o Selo do Programa
Pró-Equidade de Gênero e Raça, concedido pela Secretaria de
Políticas para as Mulheres – este recebido pela quarta vez.
“É um reconhecimento da importância do trabalho que
Itaipu vem fazendo e de sua liderança no Brasil. Um reconhecimento do pioneirismo e protagonismo da empresa”,
diz Margaret Groff, que tem sob sua direção todas as ações
de equidade de gênero realizadas em Itaipu.
Esse reconhecimento, avalia a diretora, faz com que Itaipu
influencie também a mudança de pensamento em outras
empresas. “Nós já estamos fazendo diferença. Itaipu ganha
maior responsabilidade no incentivo para que outras empresas também adotem políticas de equidade de gênero”, diz.
Nos últimos dez anos, diversas ações foram postas em prática, com uma série de conquistas não só para as mulheres que
trabalham na usina, mas também para os homens. “Investir
em ações de equidade de gênero melhora o clima organizacional da empresa e também o resultado do negócio em si”, afirma
a diretora. A equidade de gênero que começou a ser desenhada em 2003 foi ganhando força na Itaipu e passou a integrar
o Plano Estratégico (2006), até se transformar em política da
empresa (2011), com diretrizes e objetivos estabelecidos.
Para Margaret Groff, as ações desenvolvidas durante esse
tempo mudaram a cultura empresarial dominante até 2003.
“O grande ganho foi o desenvolvimento da cultura da equidade de gênero e o respeito à gestão feminina”, avalia.
Em 2010, Itaipu foi uma das primeiras empresas a assinar os
Princípios do Empoderamento das Mulheres, lançado naquele mesmo ano pelo Fundo de Desenvolvimento para as Mulheres das Nações Unidas (Unifem) e o Pacto Global das Nações Unidas. Os Princípios de Empoderamento das Mulheres
são um conjunto de orientações sobre como empoderar as
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Ita i pu Bi na c i onal
mulheres no local de trabalho, mercados e comunidades.
“Antes a Itaipu era uma empresa masculina, onde as mulheres e seus fazeres não eram vistos. Hoje, a mulher participa em todos os processos. A grande conquista é a presença
feminina nos processos participativos”, diz Maria Helena
Guarezi, que coordena o Programa de Incentivo à Equidade
de Gênero. “Hoje a mulher é vista e reconhecida e esse é o
grande diferencial”, completa, avaliando que essa visibilidade contribui para mudanças criativas na empresa.
Esse reconhecimento passa pela carreira dentro da empresa. Na última década, o número de mulheres em cargos de
gerência dobrou, passando de 10% para 22% do total.
Fora dos muros
O Comitê de Equidade de Gênero, criado na Itaipu, começou, em 2004, a desenvolver também ações com os 29
municípios da Bacia do Paraná 3, realizando reuniões e debates. Entre os principais resultados obtidos até agora estão
o apoio a entidades da sociedade civil organizada para fortalecimento do Plano Nacional de Políticas para Mulheres,
fortalecimento de ações de enfrentamento à violência e ao
tráfico de mulheres, criação da Casa Abrigo entre outras.
Margaret Groff lembra que entre as ações desenvolvidas
com a comunidade está a inserção da mulher no mercado
de trabalho. “No momento em que você insere a mulher
no mercado de trabalho você dá dignidade a essa mulher.
Você está empoderando a mulher e também a família, com
o acesso a condições de vida digna.”
Itaipu foi pioneira em ações
de equidade de gênero
A Itaipu foi a primeira empresa do setor
elétrico brasileiro a adotar uma política de equidade de gênero, iniciativa da
primeira mulher a assumir uma diretoria na binacional, Gleisi Hoffmann, hoje
ministra chefe da Casa Civil. Ela foi diretora financeira entre 2003 e 2006 e antecedeu a atual diretora Margaret Groff.
Um dos primeiros movimentos, foi a inclusão de companheiros(as) em união estável,
inclusive homoafetivos, como dependentes
dos benefícios concedidos pela empresa.
Também podem ser apontadas outras
conquistas como o horário móvel, que
nasceu para facilitar mães e pais levarem
as crianças à escola; a dispensa da mulher para acompanhar filhos menores em
atendimento médico e em festividades
alusivas ao dia das mães e dos pais, sem
prejuízo da remuneração; extensão do
auxílio-creche aos homens; desenvolvimento por competências e aumento do
número de mulheres em cargos de chefia.
Partilhamos essas conquistas com o
protagonismo da mulher brasileira e,
em especial, o reconhecimento e a
homenagem às mulheres que estão à
frente das iniciativas que compõem
o Cultivando Água Boa. Devemos
festejar também as políticas públicas
que avançam significativamente
em nosso País para a valorização e
presença das mulheres.
Nelton Friedrich, diretor de
Coordenação e Meio Ambiente
N º 23
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