Turismo e desenvolvimento local sustentável: elementos para

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Turismo e desenvolvimento local sustentável: elementos para
Número 24 Abril – Maio 2004
Turismo e
desenvolvimento
local sustentável:
elementos para um
debate
Conclusões da Reunião internacional de especialistas
organizada pelo Programa Delnet CIF/OIT
com o auspício de:
Colaboração técnica:
SUMÁRIO
1. Introdução
2. A importância do setor turismo nos processos de planejamento estratégico
de desenvolvimento dos territórios: Opiniões do grupo internacional de
especialistas
o
o
o
o
o
o
Christian Piller, Diretor do Escritório de Congressos de Salzburg e
Professor de Marketing e Turismo nas Universidades de Linz e Viena
(Áustria)
Josep Ejarque, Diretor de Turismo Torino (Itália);
Antonio Muñoz, ex Diretor de Turismo da Província de Sevilha,
Governo Provincial de Sevilha (Espanha) e Diretor Geral de Planificação
Turística da Junta de Andaluzia (Espanha)
Jesús Arce Fernández, Diretor do Departamento de criação de
produtos de turismo da Província de Sevilha (Espanha), do Governo
Provincial de Sevilha (Espanha)
Luis Rubio Pedraza, Chefe do Departamento de Desenvolvimento
Rural do Município de Alcalá la Real e ex Diretor do Programa de
Desenvolvimento Rural Integrado e Turismo da La Subbética (Espanha)
José López Gallardo, Responsável pela Contratação e Patrimônio do
Governo Provincial de Granada (Espanha)
3. O processo de configuração de um destino turístico
o
o
o
o
o
O caso da cidade de Salzburg (Áustria)
O caso da cidade de Turim (Itália)
O caso das Las Alpujarras (Espanha)
O caso da La Subbética (Espanha)
O caso da Província de Sevilha (Espanha)
4. Experiências de turismo e desenvolvimento local em Burkina Faso,
Colômbia e Croácia
o
o
o
Burkina Faso: “FESPACO” - Festival Pan-africano de Cinema e Televisão
Colômbia: “Ecoturismo como alternativa a uma zona cafezeira”
Croácia: “O Turismo na Costa da Dalmácia”
5. Seleção de documentos
desenvolvimento local
disponíveis
no
Infodoc
sobre
turismo
e
6. Instituições e eventos de interesse sobre turismo e desenvolvimento local
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EDITORIAL
Estimados leitores,
Na atualidade, é cada vez mais frequente falar de desenvolvimento local baseado no turismo, e
são muitos os territórios que estão protagonizando processos de recuperação e expansão
econômica, graças à extraordinária evolução que está vivendo este setor. Historicamente o
turismo mostrou a sua grande flexibilidade e versatilidade, ocupou posições relevantes nas
economias locais e, soube satisfazer e adaptar-se às demandas do constante fluxo que o torna
possível: o movimento das pessoas.
Neste contexto, pode-se afirmar sem reservas, que nos encontramos perante uma importante
atividade econômica, que confirmou o seu caráter transversal no panorama econômico, e se
manifesta como uma oportunidade estratégica de primeira magnitude para o âmbito local. Há
muitas razões para considerar que se deve prestar ao turismo um tratamento profundo e intenso,
que exige de um lado, a realização de uma análise pormenorizada dos seus pressupostos e
características intrínsecas, e por outro, estudar como articular os mecanismos para que façam
desta atividade uma verdadeira oportunidade para o desenvolvimento sustentável dos territórios e
das pessoas que neles moram.
Talvez mais do que qualquer outra atividade econômica, combina dinamicamente recursos
endógenos e exógenos, que corretamente vertebrados, propõem todo um catálogo de benefícios
sociais, econômicos, ambientais e culturais. Contudo, temos que ser conscientes que esta
atividade, se for mal planificada, e se se esquece a intervenção dos atores locais em todas as
fases do processo, pode envolver determinados riscos e, por conseguinte, provocar efeitos
nocivos e irrevocáveis para o desenvolvimento territorial.
Respeito pelo meio-ambiente e a cultura local, são as condições indispensáveis para fazer do
turismo uma atividade sustentável, mas não exclusivamente. O consenso e o diálogo a nível
local, são os apêndices precisos que devem ser impulsionados entre todos, para que o
desenvolvimento seja uma realidade a consolidar a médio e longo prazo.
Conscientes desta realidade, Delnet desde a ano de 2001, tem constatado esta necessidade
levantada por agentes locais e instituições de todo o mundo, que de um lado, pedem informação
sobre os instrumentos que são indefectíveis para articular o setor turismo com o conjunto da
economia local e poder medir o impacto da atividade quantitativa e qualitativamente, e por outro,
conhecer experiências que se estão implementando em diferentes latitudes, para encontrar
elementos comuns e/ou diferenciais que lhes possam ilustrar nos seus processos de
desenvolvimento.
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Esperamos que esta publicação possa servir como ponto de partida para realizar um breve mas
intenso resumo, que nos mostre as experiências, conhecimentos e recomendações do grupo
internacional de especialistas em turismo que o Delnet com o inestimável apoio da Fundação
CajaGRANADA, reuniu em Granada (Espanha) no mês de fevereiro deste ano, e por outro lado
nos aproxime das boas práticas da América Latina, África e Europa do Leste, para revelar de que
forma estão levando a cabo as suas iniciativas em matéria de desenvolvimento local baseado no
turismo.
Esperamos que estas páginas criem um quadro para um debate ativo e que constituam uma
válida contribuição a quem está interessado aos processos de desenvolvimento local e a uma
melhor gestão local do fenômeno turístico.
Boa leitura!
Frans Lenglet
Diretor do Departamento de Formação
Centro Internacional de Formação da OIT
Angel L. Vidal
Delnet Manager
Centro Internacional de Formação da OIT
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Introdução
Nos últimos anos, e devido ao crescimento do setor turístico, começou-se a falar sobre
turismo sustentável que, além de abranger as perspectivas de ócio e tempo livre para
os visitantes, considera uma série de postulados sócio-econômicos, meio-ambientais e
culturais que concernem o destino turístico. A sustentabilidade converteu-se, portanto,
num ponto de inflexão iniludível em qualquer modelo turístico que queira contribuir
para o desenvolvimento local e articular respostas às demandas dos territórios e seus
habitantes.
Poucos setores como o turismo encontram-se perante a necessidade de resolver, na
atualidade, esta difícil equação: crescimento sustentável a médio e longo prazo, e
otimização dos recursos para que esta atividade econômica tenha efeitos diretos e
imediatos nas suas economias. Evolução, transformação e expansão são termos
inerentes ao turismo que, nos últimos anos, tem vislumbrado como o setor privado e o
mercado lideram seus movimentos, fazendo que se abram novos horizontes para as
suas atividades e implementando-as em territórios diferentes dos tradicionais.
Isso nos leva a questionar se os modelos tradicionais de turismo se esgotaram e,
consequentemente, se é necessário buscar alternativas. O turismo representa uma
oportunidade para o desenvolvimento sócio-econômico de um território? A atividade
turística pode contribuir com algum valor agregado em termos de criação de emprego
e criação de entradas nas economias em processos de regressão e/ou reconversão?
O valor estratégico do turismo enquanto motor para o desenvolvimento dos territórios
tem sido observado pelos agentes locais de todo o mundo e, como consequência,
demanda-se mais informação e formação para enfrentar, com garantias de êxito, as
oportunidades que o turismo pode oferecer aos territórios onde atua.
O Programa Delnet do CIF/OIT já recebeu inúmeras consultas sobre este assunto.
Neste sentido, e desde uma perspectiva integral de desenvolvimento local, iniciou-se,
graças à decisiva colaboração financeira da Fundação CajaGRANADA, uma linha de
pesquisa para poder contribuir à identificação dos fatores e elementos que possam
converter o setor turístico num promotor decisivo e potente do desenvolvimento local
dos territórios. O primeiro passo nesse âmbito de idéias e estudos foi posto em
marcha com a organização em Granada (Espanha), entre os dias 5 e 7 de Fevereiro
deste ano, de uma reunião internacional de especialistas que contou com a presença
dos seguintes especialistas e responsáveis de turismo a nível local:
D Christian Piller, Diretor do Escritório de Congressos de Salzburg e Professor de
Marketing e Turismo nas Universidades de Linz e Viena (Áustria);
D Josep Ejarque, Diretor do Turismo Torino (Itália);
D Antonio
Muñoz, ex Diretor de Turismo da Província de Sevilha, Governo
Provincial de Sevilha (Espanha) e Diretor Geral de Planificação Turística da
Junta de Andaluzia (Espanha);
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D Jesús
Arce Fernández, Diretor do Departamento de criação de produtos de
Turismo da Província de Sevilha, do Governo Provincial de Sevilha (Espanha);
D Luis
Rubio Pedraza, Chefe do Departamento de Desenvolvimento Rural da
Junta de Alcalá la Real e ex Diretor do Programa de Desenvolvimento Rural
Integrado e Turismo da La Subbética (Espanha);
D José López Gallardo, Responsável pela Contratação e Patrimônio do Governo
Provincial de Granada (Espanha).
Ángel L. Vidal, manager do Delnet, e vários membros da equipe técnica do programa
juntaram-se a esse grupo de especialistas.
O objetivo principal do encontro era o de um intercâmbio de experiências e da
sistematização de idéias centrais no que se refere ao turismo e ao desenvolvimento
local sustentável. Num primeiro momento, as discussões estruturaram-se ao redor de
três eixos principais:
D Turismo e desenvolvimento local sustentável.
D Políticas locais versus ações não planejadas.
D Turismo: o aspecto local, nacional e internacional.
A partir das deliberações e das discussões entre a equipe Delnet e estes cinco
especialistas de diferentes latitudes da Andaluzia (Espanha) e Europa, surgiu este
último número do Notícias Delnet. Às conclusões da Reunião, foram incluídas várias
entrevistas pessoais com estes profundos conhecedores do turismo e do
desenvolvimento local, além de outras experiências de grande interesse que estão
sendo desenvolvidas nos países da Europa do Leste, América Latina e África. Tais
são os casos do Burkina Fasso, com o seu Festival de Cinema; o eco-turismo como
alternativa econômica, na Colômbia; e o turismo costeiro na Costa de Dalmácia, na
Croácia.
Nos exemplos analisados desde diferentes pontos de vista, neste número do Notícias
Delnet, é evidenciado como o turismo é um importante criador de riqueza e emprego a
nível local. Abrange-se variadas áreas geográficas e níveis de desenvolvimento que,
apesar de tudo, contam com problemas comuns na sua articulação: dificuldades de
coordenação, complementaridade e colaboração entre os setores público e privado;
limitações provenientes das fronteiras administrativas; necessidade de estabelecer
alianças sólidas entre os territórios; bem como problemas para consciencializar toda a
sociedade sobre a importância da atividade turística, entre outras questões.
O Programa Delnet do CIF/OIT procura contribuir com o esclarecimento de vários
conceitos básicos necessários para levar a cabo estratégias turísticas que apóiem,
estimulem e consolidem os processos de desenvolvimento local que estão sendo
realizados em diferentes lugares do mundo, em consonância com as regras da
sustentabilidade ambiental, cultural e social. Este número do Notícias Delnet constitui
o primeiro passo de uma linha de pesquisa que certamente dará frutos enriquecedores
para muitos territórios, com diversos níveis de desenvolvimento. Inicia-se um
interessante trabalho de exploração, rigoroso e sistemático, sobre turismo e
desenvolvimento local do qual, esperamos, obter-se-á resultados de grande utilidade
para os agentes sócio-econômicos locais.
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A importância do setor turismo nos
processos de planejamento estratégico de
desenvolvimento dos territórios: Opiniões
do grupo internacional de especialistas
No item que trataremos a seguir, analisam-se e sistematizam-se as reflexões que
surgiram na reunião internacional de especialistas em turismo e desenvolvimento local,
que se realizou na cidade de Granada (Espanha), durante o mês de fevereiro de 2004.
Consta de três itens, que incluem desde a análise da importância do setor turismo
para o desenvolvimento local de um território, até as políticas e ações concretas para
a criação de um produto turístico.
Durante o transcurso das deliberações, enfatizou-se especialmente a necessidade de
definir conceitos e esclarecer as confusões mais freqüentes que ocorrem em relação
ao turismo e, fundamentalmente, com a interpretação conceitual que, às vezes,
terminam na formulação de conclusões errôneas.
1. Reflexões prévias
1.1.
A importância do setor turismo para o desenvolvimento local de
um território.
Diante das perguntas sobre se é importante o setor do turismo para o desenvolvimento
local e por quê, os especialistas afirmam que a expansão do fenômeno turístico e o
progressivo desenvolvimento que o setor teve nas últimas décadas foram uma
situação comum observada em diversas latitudes de todo o mundo. A globalização
sem dúvida interveio nesta expansão, onde as fronteiras são praticamente
inexistentes.
Essa tão extraordinária evolução tem como características a mobilidade de pessoas e
recursos, o que permite afirmar, sem hesitações, que o turismo tem uma grande
capacidade para mostrar-se presente e condicionar o desenvolvimento social e
econômico dos territórios.
Poucos sub-setores da economia desfrutam de tamanha versatilidade e flexibilidade
para adaptar-se às condições próprias de cada território e de cada população.
Exatamente por isso é que se fala de turismo e de oportunidade estratégica para o
desenvolvimento local com cada vez maior frequência.
Mas isso nem sempre foi assim. A evolução do turismo tem a ver com o papel
realizado por alguns fatores econômicos e que, de forma gradual, colocaram-no no
lugar que atualmente ocupa. A crise dos setores primários como a agricultura, a
utilização de conceitos como a sociedade de bem-estar, o aumento do tempo livre, as
reformas trabalhistas com tendência a reduzir as jornadas de trabalho, a descoberta
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do potencial dos recursos meio-ambientais, culturais, gastronômicos, etc., são
elementos que foram perfilando o comportamento do setor e do mercado turístico.
Neste cenário, abre-se uma ampla variedade de possibilidades para a expansão do
turismo, sempre atento às conjunturas econômicas e sociais dos territórios.
Dependendo de como estes enfrentam seus processos de auge e/ou recessão
econômica e suas transformações produtivas, o turismo poderá ou não se converter
em uma alternativa viável.
É por isso que falar de oportunidade estratégica também exige que, paralelamente, se
adotem atitudes receptivas e abertas ao fenômeno do turismo e às atividades
inerentes ao setor. Em outras palavras, é preciso que se produza uma transformação
em termos de cultura e de mentalidade.
O turismo pode ser observado desde uma perspectiva dupla: como setor e como
atividade econômica. Como qualquer outra atividade que faz parte de uma economia
local, precisa ser minuciosamente analisada para detectar os elementos que possam
chegar a convertê-la num potente motor de desenvolvimento local.
Para um território dado, o turismo pode ser um importante instrumento de geração de
riqueza, em termos de criação de empresas e emprego. Entretanto, há muitos outros
efeitos que o turismo pode produzir e que podem ser muito positivos; assim, pode
contribuir a reforçar os valores próprios de um lugar, reafirmar a cultura local, abrir a
sociedade local às influências do exterior, munir um território de valores agregados,
etc.
Tais efeitos requererão da confluência de uma série de circunstâncias prévias, que
são necessárias para que o turismo realmente seja uma oportunidade. Por isso, é
fundamental saber gerenciar a oportunidade, analisando a realidade subjacente com
objetividade, para não cair na tentação de adotar modelos de desenvolvimento
turístico que perturbem a harmonia do desenvolvimento sócio-econômico, agridam a
cultura local, e provoquem um esgotamento acelerado dos recursos1.
Neste sentido, a “homogeneização” do turismo é apontada pelos especialistas como
uma das ameaças reais que pairam sobre o setor.
1.2.
O turismo como potencializador das singularidades territoriais.
A capacidade de potencialização do turismo não pode ser entendida sem uma análise
prévia sobre a evolução do setor ao longo do século passado, e, por tanto, das
tendências dos mercados turísticos.
1.2.1. O turismo quantitativo e o turismo qualitativo
Ao longo da história, a conduta dos mercados turísticos variou bastante. As tendências
e preferências dos visitantes estiveram caracterizadas pelas circunstâncias
econômicas e sociais da época em que viviam.
1
A Áustria é um claro exemplo de como se aproveitou e gerenciou esta oportunidade. O Turismo passou a ser a
atividade econômica que substituiu com sucesso os setores tradicionais da economia, que depois de um profundo
processo de recessão colocou muitos dos seus municípios numa situação econômica bastante complicada. Entretanto,
é importante sublinhar que esta oportunidade foi uma solução para alguns municípios, mas não para todos.
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Sintetizando, é possível falar da existência de duas grandes modalidades de
desenvolvimento turístico, que nasceram ao longo do século passado, e que
representam o comportamento dos mercados:
D Modelo de turismo quantitativo, também conhecido como o modelo 3 “S” (sun,
sand, sea) (sol, areia e mar).
D Modelo
de turismo qualitativo, também conhecido como 3 “L” (landscape,
leisure, learning) (paisagem, ócio e aprendizagem).
O primeiro deles nasceu após a Segunda Guerra Mundial e, sociologicamente, houve
duas circunstâncias que originaram seu desenvolvimento e consolidação. Por um lado,
os países do sul da Europa sofreram de modo muito peculiar os efeitos devastadores
da guerra, que deixaram suas economias em estado alarmante. Iniciado o processo de
reconstrução, estimulou-se uma passagem de divisas do norte para o sul, e um dos
métodos usados para isso foi o “turismo”. Por outro lado, os países do sul contavam
com recursos muito valiosos e escassos nos países do norte, o sol e o mar, sendo que
estes são a forte demanda turística que se mantêm até hoje.
As características principais desta modalidade turística são as mesmas de uma
atividade de massas, e se mede em função da obtenção de maiores ingressos
efetuados pelos turistas. É um modelo que não levou em conta fatores meioambientais, culturais e sociais para seu desenvolvimento e, portanto, não se pode falar
desta modalidade em termos de sustentabilidade a longo prazo.
O segundo deles é um modelo sobre o qual se começa a falar mais intensamente nas
duas últimas décadas do século passado. O seu aparecimento ocorre de maneira
desigual em distintas latitudes. Assim, por exemplo, na Áustria já se podia ver a sua
presença em princípios do século XX, enquanto que na Espanha ou Itália não se
começa a vislumbrá-lo até à metade da década de oitenta.
As características que definem este modelo são, por um lado, um desenvolvimento
respeitoso do meio-ambiente e da cultura local e, por outro, a potenciação dos valores
intrínsecos de cada sociedade, buscando a singularidade do lugar turístico, etc. É um
modelo incipiente, atualmente praticado por um grupo de minorias que,
fundamentalmente, buscam o “diferente”, a “peculiaridade”.
São duas maneiras contrapostas de entender o fenômeno turístico e que estão
passando por uma evolução desigual. Por isso, apesar da co-existência atual dessas
duas grandes modalidades, cada vez mais, se aprecia e se pede a substituição do
turismo 3 “S” pelo turismo 3 “L”.
1.2.2. A importância de interpretar a “demanda”
Já foi assinalado anteriormente que os comportamentos dos mercados são muito
suscetíveis às circunstâncias que ocorrem no seu contexto mais próximo. E neste
sentido, as transformações sociais em todos os seus âmbitos, e principalmente no
terreno sócio-laboral e na consciencialização pelo respeito do meio-ambiente, fizeram
com que as demandas do mercado se inclinassem para a procura de períodos mais
reduzidos de férias, a escolha de destinos turísticos que nos ofereçam algo “diferente”,
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alternativo ao habitual, perceber mais e melhor a integração com o meio-ambiente,
conhecer outras culturas, outras formas de entender a vida. Enfim, trata-se de
maximizar o tempo dedicado ao ócio.2
Os especialistas mostram que é este o primeiro pilar para se propor uma estratégia
de desenvolvimento da parte dos pequenos municípios que estão conjeturando a
possibilidade de converter o turismo na alternativa econômica para seu território.
Observando atentamente a tendência, poder-se-á interpretar adequadamente a
demanda e então evitar propor estratégias de desenvolvimento baseadas no turismo
que vão contra as preferências do mercado.
Prestar atenção é um processo que se bifurca em duas direções. Compreender a
demanda é tão necessário quanto considerar o território e a população local. É muito
importante tentar encontrar um equilíbrio entre as necessidades de uns e outros, para
evitar, por exemplo, reduzir o espaço da cultura local para o ceder à cultura do turista3.
Os especialistas observaram que nos últimos anos os destinos turísticos estão
crescendo de forma exponencial, e é muito provável que tal seja consequência de
terem realizado análises precipitadas e pouco ajustadas à realidade. É possível que
este fenômeno seja consequência direta da aplicação de modelos de turismo gerados
na Europa, como o turismo 3 “S”, aos países em desenvolvimento? - É possível. No
entanto, é essencial levar em conta várias perspectivas antes de aventurar-se com
uma resposta.
Sabe-se que, em turismo, uma visão “eurocêntrica” se está impondo, já que a Europa
conta com o principal mercado emissor de visitantes. Os países que podem ser
alternativos à Europa do Sul são os países das regiões da África do Norte e América
Central.
O turismo 3”L” é um modelo incipiente que ocupa posições importantes na Europa4.
Todavia, para os países em desenvolvimento pode não ser um modelo interessante já
que não produz lucros econômicos imediatos. Pelo contrário, o turismo 3”S”, enquanto
gera ingressos de modo imediato, converte-se num modelo mais atrativo para esses
países. Ainda assim, as desvantagens próprias desta modalidade não se neutralizam
pela obtenção de maiores lucros a curto prazo.
Desde o ponto de vista do turista do mercado europeu, os países em desenvolvimento
contam com a vantagem do baixo custo. Entre as desvantagens pode-se destacar o
fato de que, em algumas regiões, a presença real de riscos e os níveis de insegurança
freiam automaticamente a vontade dos visitantes de viajarem até lá. Como
conseqüência, o mercado se redireciona a lugares que ofereçam maiores garantias.
2
O mercado turístico europeu é um claro exemplo desta tendência. A substituição dos “grandes períodos de férias” por
períodos mais curtos e freqüentes durante um ano, investindo pouco tempo na mobilização.
3
Neste sentido temos, como exemplo do que está sucedendo em alguns destinos turísticos, o caso de Las Alpujarras
(Granada e Almeria – Espanha, Provença – França). O turismo de segunda residência – pessoas de outros países
que estabelecem residência no destino turístico, que neste caso concreto são cidadãos de cultura anglo-saxã -, está
fazendo com que parte da cultura estrangeira se tenha mudado para a localidade turística e sua influência começa a
ser notada. Já existem indicadores que mostram que, na parte ocidental deste destino, ocorre o aparecimento de
fisionomias estrangeirizantes.
E, para citar um caso extremo de homogeneização da oferta turística através de “um produto turístico”, temos o
fenômeno dos “clubes”, que se caracterizam por oferecer um pacote integrado e completo de serviços (incluído o
álcool que se consome) padronizado, sem levar em conta o lugar aonde chegam os turistas. Ou seja, oferece-se a
mesma coisa se a visita é a, por exemplo, Turquia ou Espanha, sem que em nenhum momento se considere a oferta
própria do local.
4
55% dos turistas ingleses viajou na temporada de 2003 sem pacotes turísticos, escolhendo a sua própria forma de
fazer turismo. Esta tendência pode ser observada já há alguns anos no Reino Unido.
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Saber interpretar os desejos do futuro visitante e analisá-los psicologicamente é o que
os especialistas denominam conhecer o cliente. Este é o segundo importante pilar
a ser considerado na hora de construir uma estratégia de desenvolvimento baseado
no turismo.
As grandes empresas de turismo, as operadoras turísticas, são especialistas em
realizar este tipo de análise, antecipando-se inclusive às tendências futuras do
mercado, para confeccionar ofertas que respondam adequadamente às demandas. É
por isso que realizaram uma prospecção de como as operadoras turísticas têm de
atuar no prazo de cinco anos. Falam da configuração futura de três grandes grupos:
D Operadoras superintegradas
D Operadoras especializadas
D Operadoras virtuais.
As operadoras responderão a qualquer exigência relacionada às preferências e ao
poder aquisitivo do turista. Desta forma, as superintegradas administrarão o turismo de
massas, fazendo que os turistas não tenham que se preocupar sobre como realizar a
sua viagem, o que comer, que lugares visitar, como se divertir, e tudo isso com preços
bastante interessantes. As especializadas estarão dirigidas aos “gostos” mais
requintados e com maior poder aquisitivo, alternando aventura e exotismo. Finalmente,
as virtuais serão as que, através da Internet, administrarão um mercado atualmente
incipiente, mas que está crescendo exponencialmente, e que se caracteriza pela
redução dos custos de administração e infinitas alternativas muito acessíveis para o
ócio, principalmente para os mais jovens.
Portanto, levando em consideração esses elementos, pode-se deduzir que é
fundamental para um país em desenvolvimento, saber como as grandes empresas do
setor do turismo estão se organizando e conhecer qual é o comportamento presente e
futuro do mercado. Somente desta forma, de acordo com os especialistas, um território
poderá enfrentar esta oportunidade com certa garantia de sucesso.
Esta mensagem deve reverberar nas administrações locais, que estarão encarregadas
de transmitir esta missiva claramente para todos os atores locais e empresários de
turismo que vão pôr esta atividade econômica em andamento. É tão importante como
o ponto anterior convencer que o modelo de turismo escolhido vai determinar o
desenvolvimento sócio-econômico do lugar e, portanto, é importante que haja o maior
consenso possível sobre este aspecto.
Por último, relativamente a esta questão, deve-se ser consciente de que um modelo
de turismo que funciona num lugar não necessariamente funcionará corretamente em
outro. Os sucessos do futuro e as singularidades de cada população e território
cumprem um papel crucial.
1.2.3. O sucesso de um “destino turístico emergente”
O nascimento de um destino turístico é um processo complexo. As dificuldades que
um destino turístico emergente tem de enfrentar fazem com que este, muitas vezes,
nem sequer chegue à sua etapa de maturidade.
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O bom funcionamento de um destino emergente não é diretamente proporcional
apenas ao número de turistas que receba. Este elemento é um mero indicador, uma
consequência, e nunca deve ser tomado como o ponto de referência e de partida para
interpretar o complexo ciclo de vida de um destino turístico5.
Por outro lado, não é fácil introduzir a priori um destino turístico emergente nos fluxos
e canais dos mercados já estabelecidos. Vender algo que acaba de começar inclui
muitas dificuldades e, as maiores resistências são impostas pelos grandes
intermediários, que cada vez se encontram mais especializados e são mais
autônomos na hora de tomar as decisões.
As estratégias parciais utilizadas pelos gestores municipais das administrações locais
também contribuem para esta situação um pouco caótica, já que eles insistentemente
esgotam seus esforços e recursos nas atividades de promoção, deixando de lado a
comercialização que não é menos importante.
Além disso, há um erro bastante comum que está em acreditar que um “produto
turístico” pode ser criado em qualquer lugar, sem levar em conta que há condições
prévias6 necessárias, como a ordenação do território, a preservação da oferta local e,
por último, o planejamento de atividades que sejam viáveis e não agressivas para com
o meio.
Neste campo econômico, como em tantos outros, o papel das administrações
públicas é vital. Elas terão que realizar um trabalho prévio, com visão de futuro, para
ajudar o município, os empresários locais e sua população a estarem preparados para
iniciar o caminho da atividade turística, desde a perspectiva de uma atividade
profissionalizada e economicamente rentável.
Portanto, as administrações locais terão que dinamizar o tecido socioeconômico da
localidade, incentivando e estimulando os empresários da região, para que invistam,
por exemplo, na criação de infra-estruturas de serviços turísticos através da
construção de alojamentos, pousadas, restaurantes, etc..
Por outro lado, esta iniciativa vai impulsionar uma co-liderança nos processos de
promo-comercialização7 com as operadoras, utilizando para isso diversas estratégias
econômicas e de comunicação (ações diretas e indiretas)8, para que trabalhem com o
destino que se pretende introduzir no mercado. Tratar-se-ia, então, de promover a
criação de alianças estratégicas resolutivas que, por um lado, facilitarão a introdução
do destino nos circuitos turísticos e, por outro, conservarão a capacidade por parte do
município para decidir sobre o seu próprio desenvolvimento turístico.
1.3.
A relação entre o setor do turismo e o emprego
O turismo é uma forma de criar novos empregos e/ou recolocação de excedentes
laborais provenientes de outros sub-setores da atividade econômica? Os especialistas
5
Um exemplo significativo é aquele representado pelo modelo desenvolvimentista de turismo implantado na Europa
nos anos 70, e que atualmente está sendo submetido a profundos processos de revisão.
6
Principalmente nos países em desenvolvimento e nas zonas rurais.
7
A promo-comercialização supõe completar um ciclo que culmina com a introdução efetiva do destino turístico no
mercado. Promover é a atividade de “dar a conhecer” e comercializar é “vender”.
8
Ações diretas (acordos diretos com os intermediários: agências de viagens, linhas aéreas, operadoras turísticas,…).
Ações indiretas (convênios com o setor privado para estabelecer canais de cooperação nas diferentes fases da
comercialização de um destino,…)
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sublinham que há décadas que o turismo faz muito alarde da sua pujança potencial e
capacidade para criar emprego.
Historicamente, e graças a seu crescimento acelerado, o setor sempre exigiu e
requereu uma incorporação massiva de mão-de-obra. Esta tendência continua vigente,
pois há inúmeros serviços turísticos criados que devem ser atendidos. Por sua vez,
está corroborada também a capacidade do setor para absorver os excedentes de
trabalho provenientes de outros sub-setores econômicos.
Falar da capacidade do setor neste assunto não é uma questão discutível. Entretanto,
o que adquire relevância é saber como se realiza tal incorporação. Ou seja, é preciso
saber que mecanismos estão sendo utilizados para ter uma mão-de-obra qualificada e
suficientemente preparada.
Os especialistas mostram que já não se notam os efeitos e consequências da
assimilação pouco controlada de mão-de-obra no setor. Afirmam que se a mão-deobra continua sendo pouco qualificada, isso incidirá diretamente na qualidade do
serviço prestado e na progressiva desvalorização do produto colocado no mercado.
Na análise do problema, identificam-se algumas das causas que configuraram a
realidade atual. Por um lado, ocorreram circunstâncias econômicas em alguns
territórios onde um trabalhador ou trabalhadora do setor primário, dado o declínio
econômico deste, passou diretamente a trabalhar no setor de turismo, inclusive
chegando a converter-se num operador turístico. Esta mudança brusca aconteceu
num curto lapso de tempo e, por tanto, não houve uma transição que estivesse
acompanhada de programas de formação e instrução adequados.
Por outro lado, em algumas regiões onde não havia uma tradição turística e,
principalmente, em termos de turismo rural, começou-se a trabalhar no setor de
maneira intuitiva9 e, como consequência, a qualificação dos recursos humanos ficou
relegada a um segundo plano.
Essa dissociação entre a evolução da atividade econômica e a formação dos recursos
humanos fica cada vez mais clara. Esta é uma discussão permanentemente aberta e
que enfatiza a já questionada idoneidade e validez de qualquer pessoa para passar a
formar parte da força de trabalho no setor turismo.
1.3.1. A importância da formação dos recursos humanos
Em todo caso, a mão-de-obra de recente incorporação ou a que provem de outros
sub-setores sofrem um problema com um denominador comum: a ausência de ofertas
formativas completas e integradas, que façam jus às necessidades de qualificação dos
recursos humanos e à demanda do mercado.
9
França e Áustria, no começo do seu desenvolvimento turístico, não tinham mão-de-obra especializada, já que as
iniciativas empresariais provinham do âmbito familiar. Só com o passar do tempo, e quando essas atividades chegaram
a um volume notável de lucro, houve uma necessidade de ampliação do negócio, e de contratação de pessoal. Foi aí
que se detectou, de parte das Administrações Públicas e do setor privado, a necessidade de estabelecer uma
formação específica. Deu-se categoria profissional a uma atividade que, no princípio, só era complementar à economia
familiar.
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Novamente, as administrações públicas locais vão ser as que terão que tomar as
rédeas desta questão. É muito importante que, juntamente com a gestão privada,
execute-se ações em dois sentidos bem distintos:
D Trabalho de sensibilização que, sendo promovido desde os poderes públicos
e dirigido essencialmente à população local e ao setor privado, enfatize a
importância que a formação dos recursos humanos tem para o setor. Uma
oferta turística competitiva implica necessariamente contar com pessoas
suficientemente qualificadas que saibam dar uma resposta idônea às
exigências do mercado. Deste modo, as ofertas turísticas vão evoluindo em
direção a um aperfeiçoamento da atividade turística.
D Desenhar, promover e executar programas formativos. Estes deverão ser
multidisciplinares e inter-setoriais, incluindo, entre outras coisas, a promoção, a
comercialização, a aprendizagem de idiomas, as tecnologias da informação e
comunicação (TIC’s), empreendimento, bem como as diferentes fórmulas que
possam contribuir para que o pequeno empresário realize sua atividade, tais
como o cooperativismo, associativismo, sociedades anônimas trabalhistas, etc.
A perspectiva da formação neste setor particular exige que não esteja dirigida apenas
aos recursos humanos que, de maneira direta, estão implicados na atividade turística.
Deverá estar dirigida também a todas as pessoas que, mesmo que não se encontrem
na frente da linha de valor de serviço prestado, também incidam com a sua atividade
na qualidade do serviço. Portanto, os destinatários da formação deverão ser tanto os
que se encontram na frente do atendimento (front office) como os que se encontram
detrás (back office).
1.3.2. As Agências de desenvolvimento turístico: a figura do Agente de
Desenvolvimento Turístico
Os especialistas coincidiram em que uma das principais dificuldades enfrentadas pelas
administrações públicas é, precisamente, a do trabalho de sensibilização, diante da
impossibilidade, às vezes, de compartilhar critérios com os atores locais e transmitir,
de forma constante e eficaz, idéias com este intuito.
Não obstante, e seguindo esta mesma linha, os especialistas também apontam que há
fórmulas de sucesso mais que comprovadas e que poderiam ser uma solução válida
para esta dificuldade. Eles sublinham a importância do trabalho realizado até agora
pelas Agências de Desenvolvimento Local. Hoje em dia, ninguém questiona a utilidade
destas estruturas e sua contribuição para os municípios onde atuam.
Por isso, as administrações públicas poderiam atuar em vários sentidos:
D Estimular a criação das Agências de Desenvolvimento Turístico, como um
dos primeiros investimentos a serem realizados pelo município que se
proponha introduzir-se na atividade turística. Esta seria a agência de referência
para o conjunto da sociedade civil e, particularmente, para os atores locais que
estejam envolvidos na gestão turística.
D Criar um Departamento de Desenvolvimento Turístico no âmbito de uma
Agência de Desenvolvimento Local já existente.
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D Paralelamente,
e em ambos casos, criar a figura do Agente de
Desenvolvimento Turístico (ADT). Esta figura profissional é imprescindível e
sua principal missão é ajudar um território a formar-se empresarialmente. Entre
outras coisas, o ADT pode contribuir com a geração de atividade econômica,
satisfazendo, assim, uma das mais elevadas aspirações dos poderes locais.
Além disso, o agente de desenvolvimento turístico, por sua própria natureza,
adotaria o papel de animador turístico, proporia a realização de atividades e o
desenho de estratégias alternativas às tradicionais, elaboraria a atividade
turística independentemente das temporadas, procuraria um maior
aproveitamento dos recursos disponíveis, conseguiria a fidelidade do cliente,
entre outras coisas.
As Agências de Desenvolvimento Turístico já são conhecidas em alguns países da
Europa. A França é um exemplo paradigmático da sua implantação e bom
funcionamento. Entretanto, trata-se de um fenômeno que não está generalizado e há
muitos países que ainda não contam com esta figura.
Em relação ao Agente de Desenvolvimento Turístico, os especialistas sublinham que,
no caso dos países em desenvolvimento seria de suma importância a incorporação
dessa figura. Contudo, ainda é necessário superar em muitos países algumas
tradições do setor turístico que condicionam as estruturas econômico-organizativas, e
que limitariam as funções e a eficácia operativa do ADT.
1.4.
A medição quantitativa e qualitativa do impacto turístico
A utilização de indicadores para a medição do impacto do turismo no desenvolvimento
sócio-econômico de um território é um dos temas sobre os quais os especialistas
mostram maior unanimidade. Eles coincidem que a medição dos indicadores
quantitativos é um trabalho que, por mais que implique certas dificuldades, não é
insolúvel, dado os inúmeros esforços que várias organizações e instituições têm
realizado, a nível nacional e internacional, para estabelecer modelos de medição que
ofereçam resultados ajustados à realidade.
A Organização Mundial do Turismo 10 , Agência Especializada das Nações Unidas,
criou um potente instrumento denominado Conta Satélite de Turismo. Com ela,
pretende-se responder às necessidades e características (para o total de um país e
referidas ao período de um ano), num quadro articulado de informação de caráter
econômico tanto para os que tomam decisões políticas como para os que decidem a
nível empresarial. Trata-se de um novo instrumento estatístico cujo desenho, baseado
num conjunto de conceitos, definições, classificações e tábuas, permite orientar os
países sobre a elaboração do seu próprio Sistema de Estatísticas Turísticas (SET).
Existem outros observatórios, nos níveis locais, municipais e regionais, que preferem
modelos de medição distintos, detalhando os critérios que, a seu ver, devem ser
incluídos nesta missão. Entretanto, pode-se afirmar que a existência de numerosos
critérios, e a utilização não unânime dos mesmos, aumenta a dificuldade para realizar
uma análise padronizada e para poder aceder a um sistema de interpretação único.
10
Organização Mundial do Turismo http://www.world-tourism.org/
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O problema aparece quando o que se pretende é medir dois aspectos bem
diferenciados:
DO
impacto sócio-econômico do turismo no desenvolvimento local de um
território.
D Os aspectos qualitativos do turismo.
Muitos países, na hora de avaliar o impacto qualitativo da atividade turística, no
âmbito do desenvolvimento local do seu território, enfrentam o problema de carecer
de base econométrica para o poder realizar. A experiência do Observatório de Lyon
(França) é um bom exemplo de medição do impacto. Outro exemplo é o Observatório
da Universidade de Viena MIS (Management Information System), que também se
sustenta sobre uma base econométrica. Este último observa 80 cidades de toda
Europa e é mantido pelas próprias entidades promotoras.
Geralmente, não se medem aspectos tão significativos como o grau de satisfação do
cliente, com uma avaliação de todas as atividades que, direta ou indiretamente, estão
relacionadas à atividade turística 11 . Não obstante, eles são de extraordinária
importância para detectar e corrigir os possíveis desvios que estejam ocorrendo na
aplicação das políticas turísticas.
De acordo com os especialistas, uma infra-estrutura científica de medição, a nível
territorial ou local do setor, deve poder medir os fatores tangíveis e os intangíveis, e
identificar as variáveis que incidam diretamente no êxito das políticas turísticas, bem
como os efeitos induzidos da atividade. Em outras palavras, deve-se tender a construir
modelos de medição quantitativos para medir o qualitativo.
Esta é uma premissa essencial que deve estar presente desde a concepção até a
implementação de um projeto turístico. Desta forma, um observatório de turismo
poderá cumprir com a sua finalidade básica que é fazer um seguimento do
planejamento, da gestão e da promo-comercialização do destino turístico, bem como
os elementos de primeira necessidade no desenvolvimento local territorial.
1.5.
As políticas locais de turismo, o planejamento estratégico e as
ações isoladas.
1.5.1. Os problemas mais frequentes do planejamento
Neste aspecto, os especialistas indicam que é necessário realizar uma reflexão prévia,
que principalmente nos mostre as tendências atuais neste sentido e, como
consequência, os problemas implicados.
Para seguir uma sequência, a primeira dificuldade com a qual nos enfrentamos no
momento de falar sobre planejamento estratégico é sua interpretação conceitual que
é abordada de maneira diferente, dependendo dos atores locais que participam no
processo, dentro de um mesmo território.
Por planejamento estratégico entendemos um modo sistemático e participativo de
administrar mudanças e de criar o melhor futuro possível para uma determinada,
11
Transportes, horários de museus, valorização de restaurantes, limpeza da cidade ou município, atenção sanitária,
segurança, etc…
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organização, entidade, empresa ou território. Trata-se de um processo criativo que
identifique e realize as ações mais importantes, levando em conta os pontos fortes e
débeis, e os desafios e oportunidades futuras. O planejamento estratégico em turismo
deve facilitar o consenso e chegar a posições comuns em assuntos como a criação do
produto, a promoção, a comercialização, etc..
Por outro lado, o planejamento estratégico aplicado ao território deve estabelecer uma
série de objetivos, a médio e longo prazo, sobre a organização do desenvolvimento do
território em questão. Por sua vez, há que definir as ações que permitam alcançar
estes objetivos, tendo em conta o comportamento provável dos meios local e externo.
Por estes motivos, é extremamente necessário que a planificação turística seja
contemplada e integrada no conjunto das políticas locais. Como prova de que nem
sempre é assim, pode-se mencionar o exemplo do continente europeu. Geralmente, o
único “planejamento” observado refere-se ao âmbito da promoção. A criação e o
desenvolvimento do produto não fazem parte da área de planejamento.
Num segundo aspecto, de fato são escassos os exemplos de planejamentos
estratégicos em turismo, mas mesmo assim existem. Entretanto, na hora de buscar
elementos em comum entre eles, surgem alguns déficits já desde a discussão inicial, e
que estão diretamente relacionados com as conclusões obtidas a partir dos projetos
de planejamento que no geral estão longe da realidade existente no território.
Algumas causas deste resultado têm a ver com os consultores e consultoras
encarregados de elaborar o plano estratégico. Esta tarefa muitas vezes é feita na base
de discussões de “laboratório” e não a partir da perspectiva do estudo de “campo”. Ao
não contarem com uma ampla participação real dos atores sócio-econômicos
considerarem a participação como uma mera consulta, o resultado obtido geralmente
está consideravelmente desviado da realidade.
1.5.2. A importância do planejamento estratégico em turismo
Do ponto de vista do território, tanto naqueles lugares onde há um tecido
empresarial turístico consolidado, como em outros onde este ainda não existe, o
planejamento estratégico é imprescindível, porque através dele será possível observar
os aspectos territoriais, sócio-econômicos, culturais e populacionais necessários, para
desenhar, prever e executar os objetivos que se pretendem alcançar, bem como ter
em mente os fatores de risco que são inerentes à atividade.
Através de um plano estratégico se pretende conseguir, em última instância, um
contexto territorial definido que saiba aproveitar as suas oportunidades, neutralize as
ameaças que se apresentem no ambiente externo, utilizando seus pontos fortes e
eliminando e/ou superando as debilidades internas.
Do ponto de vista dos atores, é necessário estabelecer novas dinâmicas de
planejamento e coordenação entre os setores público e privado. O diálogo deverá ser
fluído entre os diversos agentes envolvidos na atividade turística e deve ser
estabelecido desde o início, como base para alcançar acordos sobre o planejamento.
Os canais de cooperação entre os poderes locais e suas diversas áreas facilitarão a
criação de um processo participativo na tomada de decisões sobre as questões que
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possam afetar, direta ou indiretamente, o turismo 12 , o que equivale a criar uma
coordenação interinstitucional.
É importante considerar o que significa o planejamento estratégico em turismo.
Planejamento estratégico em turismo é sinônimo de visão integral, é ir além da simples
promoção. Maximizar os recursos disponíveis, arbitrando mecanismos para que cada
ator que faça parte da cadeia de valor assuma as diretrizes do enfoque integral para a
criação, a promoção e comercialização13 do produto14.
Por último, em relação às ações isoladas, os especialistas apontam que o melhor
seria estabelecer um planejamento estratégico, sobretudo nos destinos turísticos
emergentes. Não obstante, e levando em conta que a realidade social e econômica de
um território pode representar um obstáculo, as ações isoladas obtidas na base de
acordos por consenso, também pode constituir uma fórmula válida e eficaz para pôr
em marcha o processo. A obtenção de um acordo específico, na base de uma ação
isolada, limita sua eficácia temporariamente, enquanto que no planejamento
estratégico, realizado a médio e longo prazo, o nível de compromisso dos atores é
maior e, em princípio, oferece maiores garantias.
2. Propostas de atuação para a construção do produto.
Até agora foram realizadas várias avaliações sobre a importância do setor turismo,
bem como sublinhado os elementos que precisam de uma intervenção direta por parte
das administrações pública, em clara coordenação com o setor privado.
Também se mostrou em que medida é preciso articular um sistema que permita
construir canais para enfrentar as dificuldades e os desafios do futuro. Neste sentido,
os especialistas identificam, de forma sintética, que elementos são necessários para
construir um método eficaz para a gestão da atividade turística.
2.1. O diagnóstico prévio
O diagnóstico é o primeiro passo para estabelecer uma boa política de planejamento.
Para conhecer a realidade sócio-econômica de um território é essencial realizar um
bom diagnóstico prévio. O diagnóstico requer a recopilação e análise de uma série de
dados que ajudarão a conhecer mais e melhor a situação real, o estado das coisas e,
consequentemente, contribuirá para prever e dar soluções aos problemas discutidos.
Um diagnóstico prévio na área de turismo significa analisar a situação sócioeconômica do território, antes de começar a desenhar políticas estratégicas da
atividade turística.
Existem diversos métodos para realizar o diagnóstico. Talvez o mais amplamente
conhecido por sua eficácia é a análise DAFO (SWOT), que pode ser um bom ponto de
12
Coordenação entre as áreas políticas como cultura, urbanismo, segurança.
Os escritórios de turismo poderiam otimizar seus lucros, realizando atividades de criação e comercialização de
produtos. Estas só estão orientadas, na atualidade, à promoção.
14
As atrações como monumentos não são suficientes. É preciso desenhar boas políticas de marketing como as que
estão sendo implementadas em Salzburg (Áustria) e que levaram à criação do “Ano Mozart”.
13
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partida para analisar o território num primeiro momento e, posteriormente, analisar o
destino turístico. Ou seja, observando as Debilidades, Ameaças, Fortalezas e
Oportunidades, no passado, presente e no futuro, e nos níveis externo e interno.
A eficácia deste sistema se dá em função do estabelecimento de uma metodologia de
trabalho, concertada previamente entre todos os atores locais (formais e informais).
Nesta fase, pode ser muito útil a presença de um terceiro agente externo qualificado,
que poderia ser a figura do agente de desenvolvimento turístico, ou inclusive de uma
consultora especializada. É muito frequente, que nos momentos preliminares de um
planejamento estratégico, esteja presente a figura do “facilitador”, cuja missão principal,
tanto nesta fase como nas posteriores, é administrar o know-how, podendo ajudar o
município a tomar decisões corretas.
A nível conceitual, antes de iniciar o diagnóstico, é importante esclarecer vários
elementos. Por um lado, o destino turístico, que é o resultado da soma dos recursos
que existem e os serviços disponíveis num amplo contexto. É necessário definir com
caráter prévio os limites reais do território, sua demarcação geográfica e as fronteiras
político-administrativas; perfilar qual seria a atração que um multi-destino teria,
favorecendo a criação de uma nova oferta que supere as limitações territoriais.
Nos processos de planejamento
estratégico,
a
demarcação
DESTINO TURÍSTICO
territorial se impõe às vezes
como uma realidade muito
Contexto territorial amplo
limitante. Entretanto, quando se
fala de planejamento turístico, é
Recursos
Serviços
preciso considerar o fato de que
as
fronteiras
políticoadministrativas
não
necessariamente têm por quê
coincidirem com a geografia do destino turístico. Isto é importante, porque quando se
constrói um destino turístico deve-se pensar que, quando o visitante potencial viaja,
ele não está condicionado pelos possíveis limites administrativos do território.
Este fato constitui uma boa oportunidade estratégica de desenvolvimento e, portanto,
é necessário que as administrações se esforcem para alcançarem um bom grau de
comunicação e de coordenação entre elas e que consolidem as alianças
administrativas requeridas para lográ-lo.
Em primeira instância, para construir um destino turístico, é importante ter uma boa
visão estratégica e considerar uma ampla variedade de elementos que,
inevitavelmente, devem ser analisados com o intuito de elaborar uma estratégia viável.
Estes elementos afetam diretamente a qualidade do destino turístico e, por tanto, a
qualidade do produto que se pretende colocar no mercado.
2.2. A estratégia e os objetivos
A estratégia define as metas que se pretendem alcançar com a planificação. Para
atingir essas metas é necessário formular uma série de objetivos que, desde o aspecto
mais geral até o mais específico, irão delineando os resultados e as atividades
concretas de um plano estratégico.
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Existe uma confusão muito frequente na formulação dos objetivos no âmbito do
planejamento: identifica-se erroneamente os objetivos com os indicadores e,
particularmente, com os econômicos.
Um objetivo descreve a situação desejada pelos atores locais a longo, médio e curto
prazo, e as mudanças que esses atores querem realizar em termos globais. Os
indicadores são os critérios de êxito, mensuráveis e realistas, que permitirão aos
atores sócio-econômicos do nosso território e da sociedade no geral monitorar e
avaliar os frutos do planejamento.
Como se pode ver em ambos os conceitos, o indicador será um meio que contribui a
avaliar o grau de cumprimento de um objetivo e de um resultado, mas não pode ser,
em si mesmo, um objetivo. E, coerentemente, um objetivo não deve estipular uma
meta quantitativa concreta como, por exemplo, o aumento de um número determinado
de visitantes.
Por exemplo, aplicado ao âmbito do turismo, o objetivo do plano estratégico seria
aumentar a contribuição líquida do setor turístico, em termos de renda, à economia
local, e o grau de cumprimento do objetivo poderia ser avaliado através de indicadores
tais como: aumento de 15% do número de turistas, mantendo o nível médio de
despesa por turista, ou senão, aumento da despesa médio por turista de 15%
mantendo-se o número de turistas.
Mais detalhadamente, os resultados descrevem os efeitos esperados do
planejamento para os beneficiários diretos do mesmo. Portanto, os resultados devem
descrever a mudança ou mudanças que o projeto vai conseguir se for implementado
com sucesso e a tempo.
Por último, é preciso indicar que os objetivos específicos derivam do objetivo geral e
assumem sob o mesmo uma série de resultados que se obtêm através de atividades
concretas para o seu cumprimento. Há sempre várias hipóteses de risco que
abrangem dificuldades próprias do desenvolvimento das políticas estratégicas num
determinado momento.
Visão gráfica dos objetivos, resultados e atividades
Objetivo geral
Objetivos específicos
Resultados
Resultados
Atividades
Atividades
Atividades
Atividades
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2.3. As ações e políticas concretas
2.3.1. Criação do produto, promoção e comercialização
1. Análise dos recursos presentes no território. Os recursos podem ser naturais15
e/ou artificiais16. Conhecer o que está no território pode ajudar bastante a avaliação se,
num determinado momento, e acrescentando uma série de serviços, é possível fazer
com que esse território se converta num produto turístico.
Como já se mostrou neste documento, aqui também se produz uma confusão
terminológica de grande relevância. Um recurso turístico não é um produto turístico.
Esta idéia errônea está presente em vários municípios onde a atividade está a dar os
primeiros passos, causando fortes impactos que prejudicam as discussões e os
esforços dos atores locais.
Um território que esteja iniciando a sua atividade turística não pode nem deve pensar
que como possui com um recurso natural ou artificial, já conta também com um
produto turístico17. Um produto é a somatória dos recursos (naturais e/ou artificiais)
mais os serviços. Uma oferta turística, portanto, é a somatória do produto mais o preço.
Produto = Recurso (natural e/ou artificial) + serviço (s)
Oferta Turística = Produto + Preço
2. Conhecer o cliente. Já se disse antes que o fator cliente é essencial e deve ser
considerado para que não se cometam erros nas discussões. O produto que
construímos deve ser mostrado como atrativo para o futuro cliente. Se analisarmos as
preferências do cliente, poder-se-á visualizar com certa clareza o que é que o cliente
quer e, um passo mais adiante, como o quer.
3. A escolha de uma linha de negócio. Esta é uma decisão estratégica. Há muitas
linhas de negócio e, como assinalam os especialistas, quase todas já foram
“inventadas”. É muito interessante eleger uma linha de negócio que já exista, antes de
aventurar-se a desafiar a imaginação tentando inovar. A vantagem da escolha de uma
linha existente é que esta já conta com um valor muito útil para o território: um
mercado.
Na hora de optar por uma linha de negócio é fundamental não entrar em conflito com
as atividades econômicas desenvolvidas no território. O turismo per se é intensivo e
invasor, e é responsabilidade dos atores encontrarem um equilíbrio com o
desenvolvimento sócio-econômico existente. O turismo não deve ser agressivo com o
ambiente sócio-cultural, econômico e ambiental.
A inovação, após escolhida a linha de negócio (turismo de montanha, turismo cultural,
turismo sol e praia, turismo rural, etc…), deve estar na criação do produto. Quanto
mais inovador e diferenciado ele seja, maiores possibilidades de êxito terá a sua
comercialização.
15
Rios, montanhas, mar, clima …
Monumentos, museus, edifícios históricos para o uso civil, palácios religiosos…
17
O recurso “está” ou “existe”, e inclusive pode chegar a ser “construído”, como por exemplo, um centro de convenções
ou um ginásio de esportes. Mas isso não é, em si mesmo, um produto turístico no sentido estrito.
16
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4. Reengenharia do produto turístico. O produto tem seu próprio ciclo de vida:
nascimento, crescimento, maturidade e declínio. Com isso em mente, e quando o
produto se encontra nas suas duas últimas fases, deve-se pensar no processo de
reengenharia do produto, com o intuito de que este possa continuar sendo útil e
vigente para a atividade turística. As estratégias que podem ser desenhadas para isso
baseiam-se em quatro eixos: os recursos já existentes, os acontecimentos
aproveitáveis, os novos equipamentos e a utilização das tecnologias da informação e
comunicação.
No nosso território
Recursos já existentes
Eventos aproveitáveis
Novos equipamentos
Utilização das
Ex. Eventos esportivos
A construção de museus, centros
de convenções, etc…
Incorporação das
tecnologias da
TICs
informação e
comunicação, para inovar nossos
produtos e dar-lhes valor agregado.
No capítulo das confusões, também é importante mencionar que, em si mesmo, um
produto não deve ser confundido com seus complementos que geralmente o
acompanham e lhe dão entidade.
Quadro resumo
da criação
do produto
Análise dos
recursos
Escolha da
linha de
negócio
Análise da
probabilidade
de êxito
Analisar
sustentabilidade
econômica
+ Compatibilidade da
linha de negocio
Ciclo de vida do produto
Reengenharia
Recursos existentes
(preservação dos recursos +
sustentabilidade cultural)
Eventos aproveitáveis
Novos equipamentos
Recurso + serviço = produto
Produto + preço = OFERTA TURÍSTICA
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2.3.2. Aproveitamento
existentes e das novas
com
finalidade
turística
das
infra-estruturas
Num determinado território, provavelmente existem infra-estruturas que podem ser
muito úteis para o desenvolvimento do turismo e da economia local, e outras que
deverão ser criadas especificamente para atingir o mesmo fim18. A versatilidade e a
flexibilidade são essenciais para a reutilização das infra-estruturas já existentes.
A primeira etapa deveria consistir de uma análise e avaliação do que “já está” no
território e de como é possível aproveitá-lo, antes de criar novos elementos. Por um
lado, é preciso adaptar estas infra-estruturas existentes a novas necessidades
turísticas e, por outro, estabelecer uma cooperação inter-territorial efetiva para
aproveitar, compartilhar e melhorar as infra-estruturas.
O conceito de infra-estruturas não está sempre claro para todo mundo e pode ser
confundido com recurso. Aqui também se dá, frequentemente, outra confusão: infraestrutura não é a mesma coisa que recurso.
Quando se tem um mapa da situação e se avalia como se pode valorizar os elementos
disponíveis, será o momento de pensar em realizar ou não um grande investimento19.
Como já foi dito, o aumento dos usos e funções de infra-estruturas existentes, como os
escritórios de informação, também pode contribuir para facilitar e lucrar com o uso
turístico e, principalmente, beneficiar os visitantes que utilizarão os serviços.
Facilitando, por exemplo, a compra e a aquisição de ingressos para espetáculos,
ampliando os horários de atenção ao público, etc..
2.3.3. Boa gestão local: sinergias, coordenação e modelos de gestão e
organização
O estabelecimento de sinergias adequadas e mecanismos de coordenação, gestão e
organização dependem, em grande parte, do desenho da organização política. A
coordenação entre as áreas de cultura, desenvolvimento econômico (orçamentos) e
turismo20, e o estabelecimento de modelos organizativos que conjuguem as tarefas
técnicas e políticas21, são imprescindíveis para a boa administração local.
Neste sentido, é saliente a organização interna da administração local para facilitar,
assim, as relações externas que se estabeleçam com outras instituições de caráter
público e privado, e as alianças estratégicas entre os diversos poderes públicos e
destes com o setor privado.
18
No caso da Áustria, com o turismo rural aproveitaram-se as infra-estruturas existentes. Na zona norte de Granada,
criaram-se 500 lugares turísticos nos últimos anos. Outro exemplo é o da zona denominada Lingotto, em Turim (sede
até há pouco tempo da primeira fábrica da FIAT), que atualmente converteu-se num macro-centro comercial, cultural e
de congressos.
19
Em Bilbao (Espanha), o museu Guggenheim converteu-se no símbolo do design da modernização da ria que passa
pela cidade.
20
Algumas experiências interessantes estão sendo articuladas em alguns territórios, tais como, a Mesa de Turismo
posta em andamento pelo Município de Sevilha (Espanha), sob a coordenação dos encarregados do desenvolvimento
turístico. A idéia básica é que o turismo esteja presente na política municipal, no organograma e no orçamento.
Trata-se de compartilhar estratégias como limpeza, segurança ou urbanismo que afetam direta ou indiretamente a
gestão do turismo. Nestas questões, a Mesa de Turismo está criada para decidir, planejar, calendarizar, etc. Assim, é
importante mencionar também a idéia de balcão único, onde realizar todas as gestões relacionadas com o turismo.
21
Certamente, um técnico em turismo poderá não participar na natureza das atividades culturais, mas sim saber as
datas para deixá-las à disposição da promo-comercialização do destino turístico, incluí-las dentro das estratégias de
marketing.
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Por outro lado, quando se fala de sinergias efetivas para aumentar o valor agregado
de um produto turístico, o que se pretende expressar é que deve ser bastante visível
para o exterior e para os agentes envolvidos na administração turística, que qualquer
ação realizada em torno ao turismo tem um sentido, um porquê, um para quê. Não
duplicar atividades e não atrapalhar o trabalho das partes envolvidas é fundamental. A
informação deve ser fluída e bidirecional.22.
Por último, tem de se considerar os tempos turísticos, ou seja, levar em conta e com
suficiente antecipação, que tipo de turismo se pretende implantar: as ações genéricas
em cada tipo de turismo e os tempos necessários para seu planejamento e execução.
Assim, o turismo cultural, para ser convenientemente planejado, precisará, pelo menos,
de um ano de antecipação, estabelecer os contatos necessários no calendário de
eventos, e ser comunicado a todos âmbitos dos quais dependerá a capacidade para
prover serviços, hotéis, restaurantes, transportes, etc. Em certo tempo, e como alvo,
deve-se tender à ruptura da idéia de temporada no turismo, tentando fazer com que o
turístico seja um espaço atemporal, com uma programação de atividades que ocupe
grande parte dos meses do ano, lucrando ao máximo com a sua atividade.
2.3.4. Acessibilidade interna e externa
Segundo a Declaração de Montreal de 1996 23 , “o objetivo principal de todas as
iniciativas de desenvolvimento turístico deve ser a realização plena das
potencialidades de cada indivíduo, tanto como pessoas quanto como cidadãos”.
Portanto, o turismo pode e deve iniciar a promoção do desenvolvimento, a integração
e a coesão social considerando-se que, quando controlado e respeitando o meioambiente e as comunidades locais, o turismo constitui uma das esperanças
econômicas, sociais e culturais de muitas regiões em desenvolvimento.
Assim, a Declaração sublinha no artigo 3, que uma das metas é fazer que o ócio
turístico seja acessível a todos. “Para isso, deve-se identificar e implementar
medidas específicas: a definição de políticas sociais de turismo, a criação de infraestruturas, o estabelecimento de sistemas de apoio aos deficientes físicos, elevação
da consciência de outros treinamentos para recursos humanos, etc”.
Por tanto, a acessibilidade é uma das qualidades essenciais que um destino turístico
deve ter, e, por sua vez, determinará se o destino turístico é possível. Se não se
realiza uma adequada avaliação em conjunto dos recursos disponíveis no território, e
não se adapta o uso turístico dos mesmos, com a finalidade de conseguir uma
acessibilidade melhor, é fácil concluir que “o destino turístico que não é acessível, não
existe”.
Trata-se de um conceito muito amplo e que se pode abordar desde duas perspectivas:
Em primeiro lugar, tem de se considerar a acessibilidade externa, dado que esta
permite que o visitante aceda ao destino turístico. Neste aspecto, mais que a distância,
22
Por exemplo, é necessário dar andamento às medidas organizativas que evitem, a priori, problemas de calendário.
Se se elabora um calendário de um mês, pode-se distribuir entre hoteleiros e ter informação para distribuir e organizar
folhetos com eventos que serão celebrados numa ampla variedade de datas.
23
A Declaração de Montreal de 1996 teve origem no Congresso do Bureau Internacional du Tourisme Social (Escritório
Internacional para o Turismo Social”), e transformou-se numa nova “Carta de Fundação” para o turismo social. Na
Declaração de Manila de 1980, realizada pela OMT (Organização Mundial do Turismo), dá-se pela primeira vez a
associação dos termos “acessibilidade” e “turismo”.
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preza-se o fator tempo, ou seja, quantas horas há que gastar para chegar a um
território concreto, dependendo dos meios de transporte e das infra-estruturas
existentes. Deve-se considerar o tipo de oferta apresentado24.
Um ponto central é o tipo de informação que vamos a dar ao nosso cliente potencial
acerca da acessibilidade e, para isso, é imprescindível que previamente se obtenha
informação sobre o tipo de turismo que o cliente pretende realizar e o meio de
transporte que vai utilizar.
A acessibilidade interna significa basicamente facilitar ao visitante o acesso à oferta
turística do território. Este tipo de acessibilidade está intimamente relacionado com a
otimização das infra-estruturas existentes no território e a criação de outras novas que
sejam necessárias para o desenvolvimento turístico. Os seguintes elementos são
chaves:
D Informação
D Adaptação dos recursos/serviços aos horários do turista
D Viabilidade e redes de transporte público
D Sinalização
D Acesso aos recursos turísticos
D Integração das TIC’s para melhorar o acesso
D Mobilidade
Dentro da acessibilidade interna, é importante mencionar o papel das páginas Web
das instituições que se encarregam da promo-comercialização do destino turístico.
Não só no sentido de que funcionem como uma boa agenda de eventos pelos quais o
turista possa vir a interessar-se, mas também como um meio de informação interativo.
Desse modo, pode-se facilitar, através das páginas turísticas on-line, a compra das
entradas para os eventos culturais ou esportivos mais importantes da temporada,
conhecer informação útil sobre o lugar, meios de transportes, clima, etc.
Por sua vez, os especialistas sugeriram a idéia de antenas de boas-vindas nos
principais pontos de chegada do destino turístico (aeroportos, estações de trem e
ônibus, portos, etc.), que permitam dar a conhecer aos visitantes toda esta informação.
Tal também pode ser feito mediante a utilização das Tecnologias da Informação e
Comunicação (por exemplo envio de mensagens SMS aos telemóveis quando se entra
em determinada cidade, etc...).
2.3.5. Formação
Como já foi mencionado, a formação dos recursos humanos em turismo é fundamental
para o sucesso a médio e longo prazo de uma política de desenvolvimento local.
Pode-se afirmar que recursos humanos qualificados permitem o desenvolvimento,
enquanto que sua ausência o inibe. A formação é um elemento chave das estratégias
de desenvolvimento local baseadas no turismo. Como definir estratégias e estruturar a
formação de maneira eficaz e eficiente, com custos realistas e a serviço do
desenvolvimento local do território e dos seus cidadãos, é um dos pontos cruciais que
os atores sócio-econômicos locais têm que enfrentar.
24
Há destinos de turismo rural ou de aventuras para os quais o visitante reconhece um grau de dificuldade em termos
de acessibilidade inerente à própria oferta.
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É preciso estudar os assuntos e elementos que contribuem para definir e articular
estratégias de formação coerentes a nível local, intimamente vinculado com os outros
temas mencionados neste mesmo ponto do documento.
É fundamental para o estabelecimento de uma política moderna de formação no
território local, impulsionar a cultura da iniciativa em vez da cultura da passividade. É
importante criar um setor turístico, por exemplo, o setor hoteleiro, nos vários
municípios onde ele ainda não existe. A transferência de capital de um setor não
relacionado com o turismo para indústrias relacionadas com ele é essencial para um
território que queira basear seu desenvolvimento local no turismo. A iniciativa e o
espírito empreendedor são capacidades que podem ser aprendidas e transferidas, não
só individual, mas também socialmente.
A necessidade de uma permanente adequação aos processos de inovação
tecnológica e organizacional das empresas e dos trabalhadores, exige uma resposta
formativa para todos os atores sócio-econômicos que atuam no território.
Deve-se sempre considerar que se demandam recursos humanos preparados para
aceder e ocupar um emprego, encarar a competitividade, o aumento da qualidade, a
flexibilidade laboral, o trabalho autônomo, a maior produtividade, as inovações
tecnológicas, os câmbios organizacionais, a sociedade da informação, e assim por
diante.
A capacidade de gerar ofertas de formação realmente relevantes para os cargos e
setores que têm de contribuir para o desenvolvimento do turismo e para o próprio
desenvolvimento local permite não só satisfazer requerimentos já conhecidos e
detectar outros não manifestos, mas também despertar novas demandas.
A elaboração de planos regionais e locais que vislumbrem uma gestão coordenada da
formação com todos os atores envolvidos é uma ação prioritária para responder à
demanda, facilitar uma distribuição adequada de recursos, e contribuir com o
desenvolvimento de recursos humanos competentes.
Dada a sua essência flexível, os programas de formação devem oferecer, num
mercado tão competitivo e aberto como o turístico, respostas a todas aquelas pessoas
que necessitam e desejam formar-se, atualizar-se ou mudar de profissão e que, com
as modalidades tradicionais de formação, não conseguem atingir seus objetivos.
2.3.6. Alianças estratégicas e organização do setor turismo
As administrações públicas devem fomentar e facilitar o associativismo no setor
empresarial. A existência de associações contribui com a colaboração público-privada,
essencial para a realização de propostas imaginativas 25 . Uma associação de
empresários deve ser dinâmica e aberta, representante de todo o território e
preocupada com o desenvolvimento local, além de ser consciente da necessidade de
colaborar com as administrações públicas na análise e planejamento estratégico do
setor.
25
Como pode ser a utilização de fazendas tradicionais sevilhanas, na Espanha, para jornadas e congressos.
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Como conseguir uma associação representativa e integradora do setor turismo?
No processo de integração, também se deve contar com outros atores que, de forma
indireta, afetam a atividade turística. Esta estratégia participativa e de integração é
muito útil para aqueles municípios que estão entrando neste ramo. As iniciativas deste
tipo demonstram ser muitas vezes se mostram mais úteis nos destinos não
consolidados do que naqueles que já o são.
Desta forma, os destinos consolidados não se destacam pela sua capacidade de
inovação, e inclusive pode ocorrer uma desestabilização das estratégias levadas a
cabo pelas administrações públicas, em parceria com os agentes sociais e
econômicos do município. É por isso que o associativismo empresarial deve pôr sua
experiência e know-how ao serviço do município, para fomentar uma cooperação e
colaboração público-privada que tenda a construir modelos de desenvolvimento
sustentáveis.
Nos países em desenvolvimento, as alianças estratégicas implicam e exigem uma
grande participação de todos. As alianças público-privadas são essenciais (interinstitucionais), mas também entre as diversas autoridades locais (inter-administrativas).
Para criar e fortalecer estas alianças, os especialistas sugeriram, entre outras
coisas, uma boa análise não intuitiva dos atores, baseada em métodos de
comprovada eficácia como o DAFO (SWOT). Haveria que estudar quais são esses
atores locais, o nível de representatividade que eles têm, as relações entre eles, a
transparência entre o topo e a base das associações empresariais, etc.
Deste modo, e após um processo de verificação, poder-se-ia contar com um mapa de
atores 26 . Deve-se manter encontros e reuniões com a participação dos atores
identificados, aprofundando temas que vão além das disputas localistas. A elaboração
de uma “agenda” de trabalho prévia contribuiria para aumentar a eficácia destas
reuniões.
Deve-se fomentar e consolidar, por um lado, laços entre territórios afins em termos
de oferta turística, e por outro, uma massa crítica, buscando pontos de contato para
colaborar em assuntos chaves que permitam continuar no caminho da competitividade.
É ainda importante ser cuidadosos com as relações com os poderes sociais,
políticos e religiosos das comunidades (as instituições religiosas 27 , os meios de
comunicação, os líderes comunitários) com os quais se deve manter uma política
estruturada e clara.
2.3.7. Estimular o investimento no setor
Os investidores potenciais devem ver transparência e qualidade no produto no qual
vão investir. A qualidade do produto turístico não depende apenas das infra-estruturas
hoteleiras e de suas comodidades, mas de que a qualidade ambiental do meio e a
hospitalidade das comunidades receptoras do turismo, completem a excelência do
produto e do destino turístico.
26
O objetivo é manter contatos, e inclusive visitas de trabalho, para estudar como os atores em outros lugares se
coordenam na hora de realizar análises estratégicas. Com isso, por sua vez, gera-se o espírito de grupo entre os
agentes do território.
27
As autoridades religiosas podem ser determinantes na hora de usar o patrimônio cultural e religioso.
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É essencial promover ações ambientais e sociais como parte de um projeto de
desenvolvimento de turismo sustentável. Assim, seria interessante utilizar certificados
de sustentabilidade turística para distinguir as empresas que a promovem e a
capacitação da mão-de-obra empregada.
D Incentivos clássicos
o
o
o
o
Subvenções ou isenções fiscais para quem realize, por exemplo, a
reabilitação de imóveis tradicionais para o turismo rural.
Concessão do solo e licenças municipais.
Certificados de qualidade28.
Balcão único para realizar todo tipo de trâmites relacionados com o turismo,
graças a uma política de coordenação entre setores locais que criam
sinergias.
D Formação de recursos humanos, como se sublinha no ponto 2.3.5.
D Desde o início, participação de atores com capacidade de investimento,
especialmente entidades financeiras como Caixas de Poupança,
Cooperativas de Poupança e Crédito e instituições financeiras locais, que
muitas vezes estão profundamente ancoradas no território. Isto é
especialmente importante nos municípios pequenos que estão a dar os
primeiros passos no caminho do turismo. Também se poderá contar com as
entidades financeiras no geral e com empresas privadas de outros setores.
Neste sentido, é necessário consolidar o sistema financeiro, sobretudo nos
países mais instáveis e na maioria dos que se encontram em processos de
desenvolvimento, onde se carece de um sistema bancário eficaz e estruturado.
D Participação
de atores que saibam administrar. Deve-se criar e fomentar
um ponto de encontro na administração pública para facilitar o saber-fazer. No
caso do setor turístico, isso é um fator chave na busca de instrumentos que
criem conexão entre o financiamento e as técnicas necessárias para realizar
uma determinada atividade corretamente. É, por tanto, imprescindível ser
capaz de atrair capital e, também, conhecimentos.
D O nível local da administração pública deve funcionar como intermediário
e facilitador de contatos. Entre agentes públicos de desenvolvimento local e
as empresas privadas, deve-se potenciar um bom relacionamento entre o
aspecto mais econômico do turismo e os aspectos que implicam um
desenvolvimento sustentável, social, cultural e meio-ambiental.
28
O principal nesta iniciativa deve ser a gestão da qualidade da empresa, determinando as necessidades e
expectativas dos clientes, garantindo uma comunicação interna e externa eficaz, além de otimizar os processos
operativos.
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3. Conclusões
( O turismo é uma importante atividade que, desde as perspectivas social, econômica,
ambiental, cultural e de gestão, e desde sua própria consideração como atividade
econômica com entidade própria, confirma o seu caráter transversal no tecido sócioeconômico de um território. Reconhecer os níveis de intervenção, coordenação e
subordinação deste setor em relação à economia local, contribuirá a posicionar o turismo
no seu espaço e lugar precisos, para ser levado em conta pelas políticas locais.
( O turismo é uma oportunidade estratégica para os territórios, mas, para isso, precisa
ser observado desde a perspectiva local, adequando-se à realidade sócio-econômica e
sócio-cultural. Nas diversas fases de produção da atividade, todos os atores públicos e
privados devem estar envolvidos, juntamente com a população local, liderando alianças
estratégicas para a construção de destinos emergentes e dos produtos turísticos. Se não
for assim, pode converter-se numa atividade agressiva ao ambiente e geradora de novas
dificuldades.
( As
administrações públicas têm de impulsionar e liderar um ambicioso processo de
sensibilização sobre a importância da formação dos recursos humanos no setor
turismo. Além disso, têm de desenhar planos formativos integrais, que saibam responder
às demandas do mercado. O Agente de Desenvolvimento Turístico pode ser a peça
chave na cadeia de valor entre os poderes públicos e os atores sócio-econômicos do
território para ajudá-los a criar estratégias de desenvolvimento e fomentar um espírito
empresarial.
( No
turismo, é essencial medir não só os aspectos quantitativos, mas também os
aspectos qualitativos da atividade. A criação de infra-estruturas científicas em
pequenas unidades territoriais ou locais facilitaria a construção de modelos quantitativos
para medir os elementos qualitativos que incidem no desenvolvimento do território.
( Planejamento estratégico em turismo é sinônimo de visão integral. O planejamento
garante, por um lado, um “itinerário” de atividades e resultados previsíveis. Por outro
lado, é um excelente quadro para estabelecer a coordenação dos setores público e
privado, e, além disso, facilita a coordenação interinstitucional. Contudo, de acordo com
as dinâmicas territoriais, o estabelecimento de um diálogo permanente e fluído, baseado
no consenso, também pode dar eficácia às ações isoladas.
( O turismo pode ser um importante
motor do desenvolvimento local se ocupar um
espaço relevante e estratégico no desenho das políticas locais, se se impulsionar a
coordenação entre as administrações públicas e se se fomentar a cooperação públicoprivada.
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O processo de configuração de um destino
turístico: Os casos de Salzburg; Turim; Las
Alpujarras; La Subbética e da Província de
Sevilha
3
O caso da cidade de Salzburg (Áustria)
Christian Piller. Diretor do Escritório de Congressos de
Salzburg e Professor de Marketing e Turismo das
Universidades de Linz e Viena.
Destino Turístico: cidade de Salzburg
1. Poderia indicar brevemente quais são as características principais do destino
turístico de Salzburg? Qual tem sido a evolução do modelo turístico da cidade?
Falamos em Salzburg de quatro “USPs” (Unique Selling Propositions) que marcam a
oferta turística de Salzburg:
D Mozart.
o
Mozart nasceu em Salzburg e existem dois museus (a casa natal e a
casa onde viveu a família Mozart), e ainda a “Fundação Mozarteum”
com a maior biblioteca do mundo sobre o tema Mozart.
D O centro histórico com a fortificação – patrimônio mundial.
D Salzburg
o
- cidade dos festivais.
O festival de Salzburg, durante o verão, é o maior e mais famoso do
mundo, com 300.000 visitantes cada ano e com cerca de 290
representações que se desenvolvem durante 5 semanas. Para além
disso, decorrem outros festivais que se celebram durante todo o ano.
D The sound of music.
o
Este filme produzido em Hollywood e filmado em Salzburg há 40 anos
atrás, ainda é extremamente popular nos países anglófonos, assim
como na China, no Japão e em muitos outros países. Milhões de
visitantes vieram e continuam a vir a Salzburg por um único motivo: The
sound of music.
Historicamente, o turismo em Salzburg começou a ter um papel importante no começo
do século passado em ocasião da inauguração do Festival de Salzburg de 1920. A
combinação cultura, centro histórico barroco e cidade natal de Mozart, atraiu já nessa
altura muitos visitantes. Depois da segunda guerra mundial, o turismo teve uma
evolução enorme.
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2. O turismo na Áustria, e em particular em Salzburg, pode contar com uma
grande tradição. Na sua opinião, quais são os fatores presentes na gestão
turística que fazem deste um modelo sempre vigente e atrativo?
Do ponto de vista da gestão turística:
D Desde os anos trinta, existe na Áustria um departamento nacional do turismo e
desde os anos cinquenta existe uma rede de escritórios no estrangeiro, como
por exemplo na Espanha desde 1960.
D Ao
mesmo tempo instituíram-se nos nove estados (Landers) da Áustria
escritórios regionais e locais de turismo. No começo dos anos cinquenta, em
Salzburg estabeleceu-se o escritório de turismo.
D Desde
os anos sessenta, criaram-se um certo número de escolas
especializadas em turismo e gastronomia, e na Universidade de Economia em
Viena abriu-se o primeiro instituto focalizado no turismo.
Os fatores gerais mais importantes, promotores do turismo são, na minha opinião:
D Paisagens e montanhas de extrema beleza em combinação com um patrimônio
e uma oferta cultural de primeira qualidade.
D O maio mercado da Europa, o mercado alemão está ao nosso lado. Isto quer
dizer que a distancia geográfica é mínima e fala-se ainda o mesmo idioma que
na Áustria.
3. Quais são os principais desafios que o destino turístico está afrontando, a
médio e longo prazo?
D Permanecer
no nível elevado em que nos encontramos (em Salzburg e na
Áustria).
D Dotar
os nossos atributos tradicionais, que estão representados nos nossos
USP’s, de novos conteúdos para não perder a atenção das pessoas.
D Procurar
estratégias para fazer face aos novos competidores, tais como
parques temáticos e novos destinos (a Europa está perdendo mercados ou
parte dos mercados – market shares)
4. Turismo quantitativo ou turismo qualitativo? – Por que razão?
Cada destino aspira e deseja ter um turismo qualitativo, não obstante quase todos os
destinos turísticos vivam do turismo quantitativo. Quer dizer, é uma meta ou um desejo
que jamais se poderá alcançar. O objetivo deve ser: a porcentagem de turismo
qualitativo deve alcançar um nível ótimo.
Porque o turismo qualitativo:
D Traz mais entradas por visitante.
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D Melhora a imagem do destino.
D Em geral, deteriora menos a infra-estrutura do destino.
5. Como avaliaria a colaboração público-privada em Salzburg? Em que sentido?
A colaboração “público-privada” referida pelo termo inglês “Private-Public-Partnership”,
não existe em Salzburg.
O turismo e os subsetores associados (hotéis, gastronomia, transportes...), funcionam
em total independência do sector público.
Esta afirmação pode ser constatada ao observar a existência de numerosas
instituições que dispõem e geram os elementos que são vitais para configurar a oferta
turística, e que poder-se-iam organizar à volta da colaboração público-privada. No
entanto estas instituições encontram-se a cem por cento nas mãos do sector público: o
Palácio dos Congressos, o Parque das Exposições, a denominada Salzburg-Arena, o
Palácio dos Festivais, os museus, com alguma exceção, e os escritórios de turismo.
Salzburg Congress
Congress Services
Tourismus Salzburg GmbH
www.salzburgcongress.at
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Ficha técnica do destino turístico: cidade de Salzburg
(Áustria)
Meio físico
Situação geográfica
É uma das principais cidades da Áustria, República Federal situada na Europa central. É a capital do Estado federado de
Salzburg.
Superfície em kms
7.154 km2.(Estado Federado de Salzburg) http://www.austria-tourism.at
66 km2 (Salzburg, capital do Estado Federado) http://www.stadt-salzburg.at
Clima
Áustria pertence à zona climática transitória européia central. Na maior parte do seu território, os ventos predominantes
são de oeste e noroeste. As variações entre o dia e a noite e entre o Verão e o Inverno, são menos pronunciadas na parte
ocidental do País do que no leste.
A parte oriental demonstra um clima continental, enquanto que a região alpestre central tem as características do clima
alpestre (precipitação elevada, Verões curtos e Invernos longos). O resto do país pertence à zona climática européia
central transitória, que é caracterizada por um clima húmido e temperado.
População
Nº total de habitantes
482.365 habitantes no Estado Federado de Salzburg,
dos quais 144.000 aproximadamente vivem na cidade de Salzburg.
http://www.austria-tourism.at
Recursos naturais e/ou artificiais
Rios, mar, montanhas, lagos, etc…
A cidade está rodeada por colinas. Salzburg conta com um verdadeiro pulmão verde e com 150 km de caminhos para
andar de bicicleta. Par além disso, a cidade é cruzada pelo rio Salzach.
Em Hochkogel-Westwand, a 40 km do sul de Salzburg e a 1666 metros de altura, estão as Montanhas de Tennen em
Werfen, um autêntico "Mundo de Gelo ", com uma superfície de mais de 30.000 metros quadrados e um dos maiores
sistemas de grutas do mundo de 40 km. de comprimento.
Monumentos, centros de congressos, etc…
ƒ
Casas natal e familiar de Mozart, e a “Fundação Mozarteum” com a maior biblioteca do mundo sobre este compositor
austríaco.
ƒ
O centro histórico com a fortificação é Patrimônio da Humanidade.
ƒ
Palácio de Congressos de Salzburg.
O Festival de Salzburg, criado em 1920, de incontestável fama internacional, é complementado, por sua vez, pelo Festival
de Páscoa fundado pelo diretor de orquestra Herbert von Karajan.
Organização Político-Administrativa
Capital do Estado Federado autônomo (Lander) de Salzburg, dentro da República Federal da Áustria
Economia
Principais atividades econômicas:
Com o auge econômico da região de Salzburg, que se reflete também no setor de serviços, na sua indústria altamente
especializada e orientada para a exportação, para além da sua indústria turística extraordinariamente produtiva, se
produziu uma explosão cultural e científica. http://www.guiadelmundo.com/paises/austria/economia.html
Incidência de cada setor no PIB e população ativa ocupada
2,8% (variação do PIB real em 2003 na Áustria). Fonte: Embaixada da Áustria em Espanha
Mercado de Trabalho
População ativa
3,957 milhões (Total da Áustria). Fonte: Instituto de Consumo de Espanha
População desempregada
3,8%, em 2003 (desempregados da população ativa da Áustria). Fonte: Embaixada da Áustria em Espanha
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O caso da cidade de Turim (Itália)
Josep Ejarque. Diretor Geral de Turismo Torino
Destino Turístico: cidade de Turim
1) Pode-nos indicar brevemente quais são as principais características do
destino turístico e quais são os desafios delineados?
Turim é um destino turístico recente dentro do panorama italiano e europeu. A cidade
de Turim tem uma antiga tradição de cidade industrial e distrito de produção
automobilística. Desde alguns anos, a administração tem reconhecido a necessidade
de evitar a imagem de one company town (cidade dominada por uma só empresa) e
neste sentido tem decidido que o turismo pode tornar-se num elemento de
desenvolvimento e de transformação econômica.
Quanto às suas principais características, o destino conta com uma notável infraestrutura turística e de serviços, assim como de atrações interessantes tais como o
seu grande patrimônio barroco, a arquitetura, a história, a enogastromia, a cultura,
etc. .
Os desafios fundamentais são os seguintes: delinear e potenciar um destino turístico
integral e a criação de produtos e ofertas turísticas interessantes, situando-os no
mercado turístico. O nosso objetivo é o desenvolvimento do turismo e que este se
converta num sector importante da economia da cidade e do território. Neste sentido,
desejamos mudar a relação entre as diferentes tipologias de turismo de modo que em
2006 65% das pessoas façam turismo por razões de negócio, enquanto o restante
35% o faça por motivos de férias. Isto é importante se se tem em conta que em 1998
82% dos turistas que vinham a Turim o faziam por motivos ligados a atividades
comerciais e empresariais.
O nosso objetivo – incluído no Plano Estratégico 2002-2010 – visa manter o ritmo de
aumento de 3% anual de turismo. Enfim não se pode esquecer o desafio que
comporta a inserção de Turim como destino turístico dentro do mercado internacional.
Neste sentido o fato que os Jogos Olímpicos de Inverno terá lugar na cidade de Turim,
ajuda-nos muito.
O outro grande objetivo é o de incentivar a coordenação entre o sistema administrativo,
cultural e econômico para promover produtos e ofertas turísticas e culturais que
favoreçam o crescimento turístico.
Os objetivos estratégicos de Turim e de Turismo Torino1 – entidade de informação e
promoção do turismo de Turim - são as seguintes:
D Aumentar o número de visitantes e turistas na cidade de Turim.
1
Turismo Torino é a Agência de Promoção Turística da Área Metropolitana de Turim. Nasce em Fevereiro de 1998
como consórcio público-privado sem fins de lucro e com a missão de organizar a atividade de promoção, acolhimento,
informação e assistência turística de Turim e da sua Área Metropolitana. Atualmente a equipe está constituída por 36
pessoas, entre os escritórios de direção e os pontos informativos, realizando uma importante atividade nos processos
de planificação, consecução e administração de projetos, produtos, serviços e iniciativas para o desenvolvimento
turístico de Turim e a Área Metropolitana.
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D Contribuir ao desenvolvimento e melhoria da oferta turística, dos hotéis e das
estruturas de serviços
D Reforçar e melhorar a imagem turística de Turim
D Melhorar o serviço de hospitalidade e de informação
Temos também alguns objetivos operacionais:
Atirar novos turistas para:
D Introduzir-se em novos segmentos de mercado.
D Aumentar o fluxo turístico fora de temporada.
D Aumentar a permanência média dos turistas.
D Aumentar a estância média do turista.
D Aumentar o número de visitantes a Turim.
2) Que elementos destacaria como primordiais na hora de construir um destino
turístico em geral, e em particular, o destino: Turim? - Quais são as principais
oportunidades, forças, ameaças e debilidades do destino turístico que
representa?
Os elementos mais importantes consubstanciam-se na faculdade de dispor além de
atrações e recursos turísticos, também duma estrutura de serviços dum certo nível e
de alojamentos, que estejam facilmente conectados e que disponham de infraestruturas.
Os pontos fortes da cidade são os seguintes:
D Cidade de cultura e de arte barroca.
D História, sendo primeira capital da Itália.
D Cidade da FIAT e da Juventus.
D Capital dum território rico em gastronomia,
cultura, lagos e montanhas. É a
capital dos Alpes.
D Habitantes: 1.000.000 de habitantes.
D Numero de hotéis: mais de 200, 13.500 camas.
D Aeroporto internacional com numerosas conexões.
D Inventora do aperitivo e com tradição do chocolate.
D Mais de 40 museus, alguns de grande importância européia.
D Capital da arte contemporânea na Itália.
D Cultura do café, cafés históricos.
D Gastronomia e vinhos.
D Eventos musicais e artísticos.
D Grande oferta cultural.
Quando começamos a atuar este projeto em 1999, os pontos fracos da cidade eram
os seguintes:
D Hotéis pequenos e familiares. Ausência de cadeias e de marcas internacionais.
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D Mercado baseado na oferta, e não na demanda.
D Não era um destino turístico para o período de férias.
D Não era um destino de congressos.
D Ausência de uma imagem turística.
D Imagem totalmente e fortemente industrial.
As propostas de valor, ou seja, as oportunidades que temos e que podemos utilizar
são:
Turismo de férias:
D Arquitetura (barroco, estilo liberta...).
D História (primeira capital de Itália e cidade do Rei de Itália).
D Arte contemporânea.
D Cultura, museus e exposições.
D Sistema eficaz de transporte e fácil acessibilidade.
D Boas ligações aéreas.
D Lazer (ópera), música, jovens artistas, vida noturna.
D Enogastronomia.
D Compras e shopping.
Turismo de negócios:
D Fácil acessibilidade.
D Oferta de ligações aéreas.
D Infra-estruturas adequadas para congressos e reuniões.
D Lazer (ópera), música.
D Oferta complementar: golfe, cultura e esqui.
D Enogastromia.
D Operadores profissionais.
A partir de tudo isto construímos uma proposta turística, a partir de uma ótica
coordenada de criação e planificação turística, conectada ao marketing. Assim temos
várias USP (Usual Selling Proposte), que são:
D Turim, capital européia do Barroco
D Turim, cidade de arte contemporânea
D Turim, capital da enogastronomia
D Turim, cidade romântica
D Turim, capital da art de vivre
D Turim, cidade de cultura e arte
Tudo isto agrupado sob uma única UDP (Unique Destination Proposte), que se resume
a Turim te surpreende, dado que observamos que a afirmação que os turistas fazem é
que se surpreendem ao ver e encontrar em Turim coisas de que não estavam à
espera. É habitual que Turim seja uma surpresa agradável, e nós utilizamos isso como
argumento de marketing.
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3) Na sua opinião, é necessário integrar o planejamento estratégico do sector
turístico numa estratégia global de desenvolvimento local? Porquê? Esta
possibilidade está-se a realizar em Turim?
Sem dúvida nenhuma. O turismo é fator de desenvolvimento, é economia e, portanto
deve integrar-se na estratégia global. Isto porque para que o turismo possa existir, é
necessário aproveitar os recursos e as atrações, as quais podem estar por sua vez
geridas por outras áreas. O turismo cria-se e constrói-se por meio de sinergias e
mediante a colaboração de outros sectores.
É muito importante ter em conta que o turismo não é fácil nem automático. Por
demasiado tempo julgava-se, infelizmente, que o turismo era algo simples e natural,
mas posso assegurar-lhe que esta concepção está muito longe da realidade. Uma
cidade ou região pode ser muito bonita, todavia é muito difícil que possa surgir e
desenvolver-se um destino turístico e nomeadamente um sector turístico que
proporcione riqueza e trabalho no território, senão se trabalha adequadamente, com
programação e promoção e aplicando técnicas de gestão e de marketing.
Em Turim tentamos, mediante a coordenação do Plano Estratégico, que todas as
áreas de atividade tenham em conta as necessidades e os requisitos necessários para
o desenvolvimento turístico. Isto é muitas vezes difícil e complicado, apesar de existir
uma vontade de colaboração. Em muitos casos, contudo, o turismo não foi
considerado como um sector estratégico da economia.
4) Na sua opinião, que elementos devem intervir no destino: Turim para que este
se torne um modelo de turismo sustentável?
A sustentabilidade dum destino turístico é algo de que se fala com muita ligeireza. A
sustentabilidade consiste em assegurar a utilização dum bem ou dum recurso turístico
para que aporte benefícios à totalidade do sistema. Esta sustentabilidade tem que
fazer-se no respeito mais absoluto para não alterar o seu interesse e a sua utilização
atual e futura.
5) Como avaliaria o grau de colaboração entre os sectores público-privado no
processo atual e a coordenação entre os vários níveis da administração pública?
A colaboração entre o público e o privado está em aumento. Historicamente, houve no
turismo uma atitude do sector privado para aproveitar os esforços do sector público,
fundamentalmente no que respeita à promoção, o que levou a que muitas vezes os
empresários esperavam o turista em casa, já que a promoção era feita pelas
administrações.
Isto está alterando-se, e aumenta a colaboração, orientando-se em todos os sentidos
para o desenvolvimento turístico dos territórios, na realização de novos produtos, de
novas atrações turísticas, etc. .
No que respeita à coordenação entre os distintos níveis, tem-se que distinguir entre
vários casos. Normalmente não existe uma grande colaboração – por exemplo, às
vezes os departamentos de obras públicas, decidem iniciar uma obra ao meio do
período de férias, provocando assim problemas à viabilidade ou fechando um palácio
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ou museu – mas acredito que este é um problema que melhorará paulatinamente
quando se tiver consciência do papel que o turismo tem e terá sobre as economias
locais.
Turismo Torino
Itália
www.turismotorino.org
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Ficha técnica do destino turístico: cidade de Turim (Itália)
Meio físico
Situação geográfica
Turim é a capital do Piemonte, uma Região localizada ao Noroeste da Itália, no sopé dos Alpes.
Turim pertence à zona mais densamente povoada e ativa (de população ativa) do continente Europeu: um eixo sócioeconômico liga Turim com Paris e Londres passando por Alemanha, Suíça e a Região do Benelux. Turim também faz parte
do “arco latino” que une Madrid, Barcelona, o sul da França antes de seguir para a costa sudeste do Mediterrâneo.
Fonte:http://www.comune.torino.it/canaleturismo/it/territorio.htm
Superfície em kms
Cidade de Turim: 13.017 ha. / Área Metropolitana: 134.888 ha.
Clima
Continental. A Região do Piemonte diferencia-se por zonas montanhosas (entre 0°C e 11°C de temperatura média ao
longo do ano) e por zonas de planície (entre 11°C e 13° C de temperatura média ao longo do ano). Como é típico do clima
continental, os Invernos são muito frios e secos na montanha, frios e húmidos nas cidades; e os verãos apresentam
temperaturas muito altas nas cidades (até 38-40°C).
Fonte: http://www.comune.torino.it/canaleturismo/it/clima.htm
População
Nº total de habitantes
Cidade de Turim: 896.918 / Área Metropolitana (53 municípios): 1.696.263
(Fonte: http://www.comune.torino.it/canaleturismo/it/territorio.htm Ano de 2002)
Recursos naturais e/ou artificiais
Rios, mar, montanhas, lagos, etc…
Nos arredores da Cidade:
Alpes (montanhas):
A 1 hora da cidade (automóvel / trem (comboio) ) encontram-se zonas de deporte de Inverno conhecidas a nível
internacional: Bardonecchia, San Sicario, Sauze d'Oulx e Sestrières que também constituem metas de férias de verão.
Sempre perto da cidade (1/2 hora de automóvel / trem) encontram-se vales conhecidas pelo turismo de excursão:
Lanzo, Susa, Chisone, Germanasca e Pellice
Na Região encontram-se também uma parte do primeiro parque nacional constituído na Itália: Parque Nacional do Gran
Paradiso (Regiões Piemonte e Valle d’Aosta). Dentro do Parque (na Região de Valle d’Aosta), encontram-se três
importantes montanhas dos Alpes: Monte Bianco (4.810 metros), Monte Rosa e Cervino.
Outros parques da Região:
http://www.regione.piemonte.it/parchi/riv_archivio/2002/116apr02/rosp.htm
Rios e Lagos:
O rio Po é o mais largo da Itália (652 km) e nasce no Piemonte, no monte Monviso – Pian del Re. Os afluentes do Po são
rios alpinos que se caracterizam por ser muito secos no Inverno e ricos de água no verão, dependendo dos glaciais da
montanha.
Em todas as montanhas do território encontram-se centenas de micro-lagos alpinos e no norte da Região alguns dos lagos
maiores da Itália: lago d'Orta, lago di Viverone e a costa noroeste do Lago Maggiore (fronteira com Suíça).
Mar
Nem a cidade de Turim nem a Região Piemonte têm acesso direto ao mar, embora em muitos itinerários turísticos
incorpora-se o percurso até a costa do Mediterrâneo na Ligúria, já que os meios de transporte (trem e automóvel) permitem
chegar em menos de 2 horas.
Fontes:http://www.comune.torino.it/brochure/ita/pag21.htm / http://www.mediasoft.it/italy/piemonte/piemonte.htm /
http://www.pngp.it / http://www.comune.torino.it/canaleturismo/index.htm
Monumentos, centros de congressos, etc…
Na Cidade e na Área Metropolitana:
- Antiga cidade Romana, Turim conserva algumas ruínas e a estrutura urbana de tipo românico (cidade quadrada de
estradas paralelas e perpendiculares).
- Cidade Medieval e do Renascimento, palácios, igrejas e monumentos da época medieval e dos séculos XIV-XVII
- Cidade Barroca e do “Risorgimento”: palácios, igrejas e monumentos de arte barroca (1800)
- Capital italiana do "Art Noveau" também conhecida como “Arte Liberty”, do nome de Arthur Liberty, que por
primeiro a difundiu (entre o final do séc. XIX e o início do séc. XX)
Residências sabaudas, em Turim e em toda a região encontram-se os palácios residenciais mais importantes da dinastia
Savoia (monarca do Reino de Sardenha e Monarcas da Itália depois da unificação do território nacional).
Castelos medievais e de distintas épocas históricas - Piemonte (historicamente e geograficamente com a Valle
d’Aosta) é a Região italiana com o maior numero de castelos: atualmente mais de 500.
Observatório Astronômico de Turim, um dos mais importantes da Europa, fundado no ano de 1759.
http://www.to.astro.it/
Museus: arqueológicos, de história, ciências naturais, técnico-científicos, pinacotecas e espaços expositivos de arte
contemporânea. http://www.comune.torino.it/musei/
Religião - Na Catedral de Turim conserva-se o Santo Sudário que se supõe foi utilizado para envolver o corpo de Cristo
ao morrer.
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Organização político-administrativa
Turim é uma cidade de quase 1 milhões de habitantes. Tem o seu próprio município que administrativamente se coloca
dentro do território da Província de Turim, que por sua vez está na Região do Piemonte.
Economia
Principais atividades econômicas:
“Sem sombra de dúvida, o crescimento econômico de Turim e Piemonte a partir dos anos 50 baseou-se na produção
industrial e atualmente no sector automóvel (onde se inclui a produção de todos os meios de transporte) desempenha um
papel de protagonista na província de Turim pelo número de empresas e de empregados. Ainda no mesmo ramo, é muito
importante a produção aero espacial e aeronáutica. Segue-se a indústria mecânica (máquinas para oficinas, equipamentos
médicos, elétricos, de iluminação, robótica e mecânica de precisão) e o sector das linhas “brancas” de eletrodomésticos.
(…)
No que diz respeito ao emprego e à quantidade de empresas no território, o setor industrial continua a ter a liderança.
Porém, se consideramos a distribuição setorial do Piemonte em termos de valor acrescido, as porcentagens revelam
outros equilíbrios e colocam o setor terciário no primeiro lugar com 54% do valor acrescentado do Piemonte (54.8% em
2000 segundo as fontes do ISTAT, o Instituto Nacional de Estatísticas). Isto é sintoma de que algo está mudando: se por
um lado, o impacto social (emprego) permanece vinculado à indústria, na sua maioria à indústria do automóvel, por outro
lado o impacto econômico está mais distribuído entre os outros setores, especialmente em todos aqueles serviços que não
implicam produção e encontram-se englobados no terciário.
(…)
A comunidade local está a investir muito num novo sector: o turismo. Os Jogos Olímpicos de 2006 representam a primeira
oportunidade do milênio, mas certamente não a única. Em 2008, por exemplo, realizar-se-á em Turim o Congresso
Internacional de Arquitetos e Urbanistas: um público especialista dos aspectos ligados à valorização do território que terá
oportunidade para conhecer a cidade e fazer eco das transformações urbanas que estão em curso na cidade de Turim.
Com efeito, muitas áreas industriais, com a nova reestruturação urbana, passaram a residenciais ou dedicaram-se ao
comércio terciário. O objetivo consiste em que o turismo e a transformação do território se alimentem mutuamente e que as
mudanças de cidade industrial para cidade de serviços se reflitam nas estratégias urbanísticas. O turismo é um sector com
alto potencial de crescimento no Piemonte e as projeções, mesmo as mais negativas, prevêem um aumento no número de
visitas para os próximos anos.”
Fonte: ND pt 21 - Notícias Delnet Português - Agosto / Setembro 2003 - Estratégias Locais de Comércio Exterior
Incidência de cada setor no PIB e população ativa ocupada:
Região Piemonte - Composição setorial por valor adicional (Ano de 2000):
Agricultura 2.1% / Indústria 25%/ Construção 4.1% / Comércio e turismo 14 % / Serviços e terciário 54.8%
Província de Turim – População ativa ocupada (Ano de 2002)
Agricultura: 17.400 / Indústria: 347.900 / Serviços terciários: 546.400
Fonte: www.piemonteincifre.it
Mercado de Trabalho
População da Província de Turim
2.173.000 habitantes (a região Piemonte tem um total de 4.214.000 habitantes)
População ativa
Província de Turim: população ativa 912.000 (população com mais de 15 anos de idade com uma atividade produtiva)
Província de Turim: população ativa + à procura de emprego 972.000
População desempregada
Província de Turim:
População desempregada e à procura de emprego 60.000 (desempregados e à procura do primeiro emprego ou de outro
emprego)
População desempregada "extesa" : à procura de emprego + procura passiva: 86.000
Infra-estruturas
Rede viária
Região Piemonte (em Km.)
Auto-estradas: 799 Km. / Estradas nacionais: 2.956 Km. / Estradas provinciais: 18.862 Km. / Eixos de ligação: 11 Km.
Rede ferroviária
Departamento de Turim: 1.870 Km. de linhas ferroviárias em funcionamento / 5 Estações de trem na cidade de Turim:
Torino Dora, Torino Lingotto, Torino Porta Nuova, Torino Porta Susa, Torino Stura
Aeroportos
1 Aeroporto Internacional de Caselle Turim / 1 Aeroporto Le Valdigi Cuneo - de tamanho mais reduzido mas que serve
destinos nacionais e internacionais
Turismo
Principal tipologia de turismo
Atualmente trata-se na sua grande maioria dum turismo de negócios, todavia os jogos olímpicos invernais que terão lugar
em 2006 http://www.torino2006.org/ constituem uma ocasião para desenvolver e lançar outros tipos de turismo: desportivo,
cultural, enogastronómico, etc.
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Nº de visitantes: Nacionais e Estrangeiros. Tendências: Aumento e diminuição
Visitantes em 2002 referidos à Província de Turim, em estruturas hoteleiras e extra-hoteleiras:
713.289 Visitantes Nacionais
336.758 Visitantes Estrangeiros
Nº restaurantes
Região Piemonte Bares: 8.486 / Bares - restaurantes: 7.416 / Restaurantes: 2.725 / Círculos privados: 2.840 / Agroturismo: 546
Fonte: http://www.piemonteincifre.it
Nº hotéis e pensões
Hotéis: mais de 200 / Hotéis + outros tipos de alojamento: 268 ( Web do instituto de estatísticas oficial do Piemonte
http://www.piemonteincifre.it Dados de 2001)
Nº camas em hotéis e pensões
Camas em Hotéis: 13.500 camas/ Camas em Hotéis + noutros tipos de alojamento: 12.973 (do instituto de
estatísticas oficial do Piemonte / http://www.piemonteincifre.it Dados de 2001)
Incidência do turismo no Produto Interno
Região Piemonte - Composição setorial por valor adicional (Ano de 2000):
Agricultura 2.1% / Indústria 25% / Construção 4.1% / Comércio e turismo 14 % / Serviços e terciário 54.8%
Porcentagem de população ativa ocupada no setor turístico
Número de Empresas no Piemonte por setor econômico:
Turismo e Comércio = 119.083 (29.6% do total das empresas)
Empregados nas empresas de Turismo e Comércio no Piemonte:
252.516 (19.1% do total dos trabalhadores nas empresas)
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O caso de Las Alpujarras (Espanha)
José López Gallardo. Responsável pela Contratação e
Patrimônio do Governo Provincial de Granada.
Destino Turístico: Las Alpujarras – Granada
1. Poderia explicar muito brevemente como surgiu o processo de criação do
destino turístico das Alpujarras e em que momento se encontra atualmente? –
Pode ser considerado como um destino turístico consolidado?
La Alpujarra ou Alpujarras, dado que a utilização do singular ou plural é um assunto
controverso e existem defensores apaixonados dos dois termos, é uma denominação
mítica na literatura romântica e de investigação etnológica do século XIX e XX, sendo
o mais conhecido o escritor britânico Gerald Brennan. A difusão do nome juntamente
com a existência de um balneário de prestígio em uma das suas localidades (Lanjaron)
e a valorização do seu patrimônio arquitetônico a partir de 1980 com a declaração do
Barranco de Poqueira como conjunto histórico Artístico e o seu reconhecimento pela
UNESCO; fundaram as bases para a sua posterior potencialização. Em 1989 o
Gabinete de Economia através do IFA (Instituto de Fomento da Andaluzia) iniciou um
processo de participação de todos os setores sociais que se concluiu com a
elaboração do Plano de Desenvolvimento estratégico da Alpujarra. Apesar de
inicialmente contemplar somente a Província de Granada, a afinidade dos territórios
compreendidos pela delimitação territorial de Almería, levou à sua incorporação desde
a implementação do primeiro programa. Servindo como base o Plano mencionado,
com os seus sucessivos contributos, tem-se vindo a executar os programas da União
Européia Leader, Leader II e Leader plus e Proder.
Em todos eles, a promoção, diversificação, planificação e melhoria da qualidade dos
estabelecimentos turísticos foi o eixo central das ações. A declaração do maciço da
Sierra Nevada como Parque Natural e posteriormente os seus cumes como Parque
Nacional, constituem fatores que incrementam o interesse turístico da Alpujarra.
Neste momento existe uma oferta ampliada a toda a comarca, se bem de forma
desigual, estão-se a dar importantes avanços na diversificação e melhoria da
qualidade da oferta e a promoção defronta-se com grandes dificuldades. Existem
localidades e subzonas que podem ser consideradas como destinos turísticos
consolidados, mas tal não se pode dizer para o conjunto da zona que está submetida
a vai-vens na oferta e uma demasiada estacionalidade na demanda.
2. Poderia indicar se o destino turístico de Las Alpujarras foi fruto de um
processo de planejamento estratégico, ou foi fruto de uma soma de ações não
previamente planificadas?
Foi fruto, primeiro da existência de fatores naturais ou históricos (nome mítico, sistema
construtivo original, paisagem...) que facilitaram o processo, e, em segundo lugar, a
elaboração, consensual entre todos os setores sociais implicados e a aplicação do
Plano Alpujarra antes assinalado. A aplicação dos programas da UE trouxe os fundos
necessários para materializar o planificado.
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3. Que atores estiveram implicados no processo de criação do destino turístico,
desde o seu início? E, no seu caso, quais se foram incorporando paulatinamente?
Havia inicialmente um pequeno grupo empresarial com alguma experiência no setor
turístico, apesar de circunscrita a algumas localidades e um pequeno grupo que
procurava uma alternativa à crise da atividade produtiva anterior (agricultura e criação
de gado) que se incorpora desde o princípio na iniciativa da Administração regional
(IFA), Associações de Caráter Sócio-cultural e, inicialmente, de forma tímida mas com
grande impulso posterior das Corporações Locais. No trabalho de dinamização inicial
há que destacar o protagonismo da Associação Cultural de âmbito comarcal,
Abuxarra. Globalmente, deve-se assinalar a implicação mais forte inicialmente por
parte da Administração Regional e das Associações ou movimentos Sócio-culturais e
a posterior primacia dos empresários e corporações locais.
4. Podemos falar de Las Alpujarras como um modelo de turismo sustentável? Porquê?
Acho que sim. Por vários fatores. Em primeiro lugar por ser o resultado, numa parte
significativa, da aplicação de um projeto de planejamento estratégico. Em segundo
lugar, porque uma parte importante do seu território estar incluída em figuras de
proteção ambiental: Parque Natural, Parque Nacional e Conjunto Histórico Artístico. E,
em terceiro lugar, pela participação ativa de setores significativos da sua população
em defesa dos seus valores paisagísticos e arquitetônicos.
5. Para concluir, poderia indicar-nos brevemente, na sua opinião, quais são as
principais dificuldades que devem ser abordadas para fazer com que o modelo
que representa seja um modelo sustentável? - E quais são as principais medidas
desenhadas para mitigar as dificuldades?
As ameaças à sustentabilidade estão situadas em primeiro lugar na posição
dominante do setor turístico na zona, com tendência a suprimir os outros setores. É
imprescindível evitar o desaparecimento da atividade agrícola que provocaria a
modificação da paisagem, nesta zona de forma alarmante devido à peculiaridade dos
sistemas de regadio . Existe também uma tendência que nos indica que a afluência
turística pode modificar as formas de vida e a idiossincrasia da gente das nossas
aldeias. Isto juntamente com a tendência, cada vez mais importante, a receber
população estrangeira que reside de forma permanente na zona e que importa os seus
costumes.
As medidas que tentam combater as ameaças à sustentabilidade devem ser
encaminhadas ao fomento das atividades agrícolas comercialmente competitivas
(indústria vitivinícola e agricultura ecológica) fomento e diversificação do artesanato e
manutenção com fundos públicos dos sistemas de regadio tradicional conservando os
canais de água milenares e os sistemas de regadio. É muito mais difícil implementar
medidas para evitar a transformação de tradições e costumes populares apesar de
haver tentativas nesse sentido, pouco frutíferos até ao agora, por parte de
coletividades sociais e associações culturais da zona.
Governo Provincial de Granada (Espanha)
www.dipgra.es
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Ficha técnica do destino turístico: Las Alpujarras, Granada
(Espanha)
Situado no extremo oriental da Andaluzia (Sul de Espanha). Compreende parte das
províncias de Granada e Almería
Meio físico
Situação geográfica
A zona encontra-se no Sistema Penibético, que vai desde os cumes da Sierra Nevada e do seu lado sul até ao setor mais
setentrional da Serra de Gádor, passando pelo lado norte da Serra da Contraviesa y Lujar.
Superfície em kms
3.018 Km2
Clima
Clima Mediterrâneo e de Alta montanha. Podem-se distinguir três zonas claramente diferenciadas: a costeira, da Baja
Alpujarra até aos 500 m de altitude; a temperada dos 500m aos 1200 m de altitude; e a fria, que vai dos 1200 m até aos
cumes da Sierra Nevada.
População
Nº total de habitantes
77.645 habitantes
Recursos naturais e/ou artificiais
Rios, mar, montanhas, lagos,
etc.……
Na zona passa o rio Guadalfeo, o rio Adra e o rio Andarax, limitando ao norte com o rio Nacimiento, afluente do rio
Andarax e alcançando o sul da costa de Granada com o mar Mediterrâneo.
As montanhas existentes são: vertente sul da Sierra Nevada, a serra da Contraviesa, a serra de Lújar e a serra de Gádor.
Monumentos, centros de congressos, etc.…
Praticamente todas as povoações da zona têm pelo menos uma igreja e uma ermida, mas o mais singular é a arquitetura
popular.
Economia
Principais atividades econômicas:
- Atividades agrícolas
- Indústria agroalimentar: carne, vinho e azeite
- Comércio ao detalhe
- Turismo.
Mercado de Trabalho
População desempregada
1.769 desempregados
Infra-estruturas
Rede viária
A zona está circundada pelos seguintes eixos: CN-323 Granada-Motril, CN 340 Málaga-Almería, CN-324 Granada-GuadixAlmería. Nos três casos estão a construir auto-estradas.
O interior da zona possui um eixo viário principal: a C-332. e Lanjaron-Almería e a C.337 Puerto de la Ragua-Cherin
A comunicação dentro da Alpujarra é feita per rodovias (estradas) de caráter local, destacando-se: GR-411, GR-421 e AL441.
Rede ferroviária
Não existe. As estações mais próximas são Guadix, 50Km, Almería e Granada.
Aeroportos
Não existe. Granada e Almería distantes cerca de 100 Km.
Turismo
Nº restaurantes
7.071 lugares de restauração
Nº hotéis e pensões
658 camas em apartamentos, 1.730 camas em hotéis e 31 camas em casas rurais
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O caso da La Subbética, Córdova (Espanha)
Luis Rubio Pedraza. Chefe do Departamento de
Desenvolvimento Rural, Área de Desenvolvimento
Econômico do Município de Alcalá la Real (Jaén) e ex
Diretor do Programa de Desenvolvimento Rural Integrado e
Turismo da La Subbética.
Zona de atuação: La Subbética, Córdova.
1. Poderia explicar brevemente que papel representa e o lugar que ocupa o
Turismo no desenvolvimento sócio-econômico da zona que representa?
O turismo na La Subbética é uma aposta estratégica iniciada em finais dos anos
oitenta com a constituição de uma entidade supramunicipal de gestão
(Mancomunidad). Esta, ao contrário de outras surgidas para a prestação de serviços
(água, resíduos, etc.), nasce com a missão específica de promover o desenvolvimento
econômico dos municípios impulsionando o desenvolvimento turístico.
No momento em que se toma a decisão de apostar no turismo, a La Subbética é uma
área com uma economia muito dependente do setor primário, exceto o município de
Lucena, onde há também um elevado desenvolvimento do setor da madeira e móveis,
a cerâmica e o frio industrial, e no município de Priego, com uma forte presença do
têxtil e confecção.
O turismo naquela época não tinha nenhum peso econômico.
Atualmente, o turismo transformou-se num claro impulsionador do desenvolvimento
sócio-econômico. A sua importância no meio comarcal é crescente chegando a cobrir
diretamente a 7% do rendimento médio das famílias e a constituir a atividade
econômica com maior projeção em muitos municípios.
Hoje é inclusive uma atividade impulsionadora de outros ramos de atividade,
especialmente aqueles vinculados ao setor edilício e ao agroalimentar, ao potenciar a
reabilitação de casas e a venda direta de produtos locais respectivamente.
2. Na sua opinião, quais são as principais fortalezas com que conta a zona, e
estes podem ser valorizados numa estratégia de turismo e desenvolvimento
local?
La Subbética conta com múltiplos atrativos com elevado potencial do ponto de vista
turístico, mas basicamente estes podem ser agrupados nas seguintes categorias:
Na primeira incluiríamos todos os vinculados com o meio natural e que levaram então
à declaração da La Subbética como parque natural. Aqui podemos incluir:
1) O relevo cársico, com as suas grutas, falésias, torrentes e lagunas.
2) A flora, especialmente rica e variada devido às suas condições climáticas,
caracterizadas por invernos suaves e chuvosos e por verões tórridos, dando lugar a
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bosques onde convivem espécies atlânticas e tipicamente mediterrâneas e a
microclimas variados com múltiplos endemismos.
3) A fauna, especialmente rica em aves, muitas delas rapaces em perigo de extinção
mas com presença abundante na zona.
Na segunda incluiríamos os atrativos vinculados ao patrimônio histórico artístico.
La Subbética foi uma zona com ocupação muito antiga. Os primeiros testemunhos de
ocupação remontam ao Paleolítico Médio, ao período Neandertal, e deixaram vestígios
em numerosas grutas, especialmente na de Los Murciélagos. Mais abundantes são as
gravuras, pinturas, cerâmicas, sepulturas, etc., que provam a presença humana no
Paleolítico Superior e no Neolítico, que se mantêm no resto da pré-história e que se
multiplicam, dando mostra da importância histórica da zona, nos períodos romano,
árabe e medieval, deixando numerosos monumentos militares, civis e religiosos, tais
como castelos, atalaias, villas romanas, templos, etc., com as suas imagens,
cerâmicas, etc., todas elas já ou prestes a serem “museificadas”.
Na terceira incluiremos toda a riqueza ligada aos costumes e à cultura da comarca e
às suas formas tradicionais de vida e sua relação com o meio ambiente. Aqui incluemse: atividades e ofícios tradicionais (licores, caves, artesanato com oliveiras e esparto,
produção de azeites e queijos, carvão, etc.), gastronomia típica, etc.
3. Quais são as principais dificuldades que ainda estão presentes e principais
oportunidades que constata?
O turismo na La Subbética é uma atividade que está tendo um desenvolvimento muito
rápido e cujos promotores não são conhecedores de todas as normas reguladoras, o
que leva a alguns desacertos com as ordenanças municipais, com a legislação
ambiental e com a própria normativa turística. Em muitos casos, sobretudo no âmbito
municipal, não existe sequer a norma, o que provoca excessos que são difíceis de
neutralizar inclusive quando já de redige a norma reguladora.
D Os empresários turísticos em muitos casos carecem da formação adequada.
D As infra-estruturas municipais não estão adaptadas para receber a carga que
provoca a atividade.
D Não
existe uma organização ou organizações de tipo receptivo com
capacidade para canalizar a oferta zonal.
D Em muitos casos há um excesso de intervencionismo público na ação direta e
déficit na ação indireta (infra-estruturas).
D Falta uma adequada política de preços, especialmente na exploração dos bens
patrimoniais de domínio público.
D
Descoordenação entre a política de promoção e a oferta de produto.
As oportunidades vêm da demanda crescente dos recursos que possui a comarca e
do fato de ao ser uma atividade nova, ainda não muito desenvolvida, é possível o
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planejamento de um crescimento controlado e o desenho de políticas de qualidade e
de defesa dos recursos turísticos.
4. Pode-nos indicar brevemente quais são os projetos que estão a implementar,
assim como as previsões que têm para o futuro da zona?
Estão a levar a cabo diversos tipos de projetos. Uns estão orientados ao incremento
de lugares de alojamento, quer em pequenos hotéis como em casas rurais, outros ao
incremento da oferta de atividades lúdicas e culturais que propiciem uma estância
duradoura, outros à melhoria de serviços de gestão do patrimônio cultural, histórico
artístico e natural. Outros à restauração.
De forma mais lenta crescem os equipamentos públicos: sinalização, estacionamento,
regulação do tráfico, vigilância, etc. .
As previsões sobre o futuro turístico da zona são boas, dado que é cada vez mais
conhecida e esta mudando o modelo de férias para períodos mais curtos e menos
concentrados no tempo.
5. Como avaliaria o nível de colaboração público-privada na zona e quais são os
principais atores que estão atuando no processo?
O setor público é um ator chave no desenvolvimento turístico da zona. Foi-o no seu
nascimento e continuará a sê-lo. Até ao momento foi impulsionador da iniciativa
privada e inclusive empresário quando esta não surgia. Também teve um papel chave
na articulação do setor e na promoção.
De qualquer forma, o nível de desenvolvimento alcançado parece pedir uma mudança
de papel no setor público, que deveria orientar-se mais na direção das infla-estruturas
e para a regulação e o estabelecimento de normas claras e velar pelo seu
cumprimento, para tornar compatíveis os vários interesses, intra e intersetoriais, cujos
conflitos não eram patentes antes, dada a débil presença do setor turístico, e dentro
dele, a preeminência de umas atividades sobre outras que, inclusive, nem sequer
existiam.
É importante também a interação público privada em atividades de qualificação,
especialmente na certificação de qualidade e na promoção em mercados
internacionais, lutando contra a atomização zonal, e na busca de sinergias entre
destinos.
Município de Alcalá la Real (Espanha)
http://www.alcalalareal.com
Área de Desenvolvimento Econômico
[email protected]
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Ficha técnica do destino turístico: La Subbética (Espanha)
Meio físico
Situação geográfica
Sul da Província de Córdova.
Superfície em kms
1.594
Clima
Mediterrâneo
População
Nº total de habitantes
121.083
Recursos naturais e/ou artificiais
Rios, mar, montanhas, lagos, etc…
Zona de média montanha, interior, 4 lagunas e múltiplos ribeiras, só quatro rios permanentes (Genil, Guadajoz, Cabra,
Salado)
Monumentos, centros de congressos, etc…
Grutas pré-históricas, povoados ibéricos, villas romanas, castelos, atalaias, Igrejas, bairros e aldeias típicas. Não há
nenhum centro de congressos.
Economia
Principais atividades econômicas:
Agricultura, comércio, indústria, hotelaria e turismo, construção, serviços a empresas.
Incidência de cada setor no PIB e população ativa ocupada:
Agricultura: 29%; comércio 29%; indústria 16%; construção 8,19%; hotelaria e turismo 8,17%; serviços a empresas 5,4%;
outros 3,78%.
Mercado de Trabalho
População ativa
49129
População desempregada
12960
Infra-estruturas
Rede viária
N331; N432;A92;A340
Rede ferroviária
Não
Aeroportos
Não
Turismo
Principal tipologia de turismo
Cultural e de Natureza
Nº de visitantes
Nacionais: 154.000 / Estrangeiros: 56.000
Tendência
Aumento
Nº restaurantes
81
Nº hotéis e pensões
23
Nº camas em hotéis e pensões
1.033
Incidência do turismo no Produto Interno
8.17%
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O caso da Província de Sevilha (Espanha)
Antonio Muñoz. ex Diretor de Turismo da Província de
Sevilha, Governo Provincial de Sevilha e Diretor Geral de
Planificação Turística da Junta de Andaluzia
Destino turístico: Província de Sevilha
1. Poderia explicar brevemente no que consiste o destino turístico Província de
Sevilha e as suas principais características?
A evolução econômica da Andaluzia e de Sevilha não foi alheia à tendência
generalizada de terceirização, verifica-se um maior peso dos serviços em geral e do
turismo em particular. Assim sendo, o turismo foi e é para muitas zonas andaluzas um
motor criador de emprego e empresas.
Cada vez são mais os destinos turísticos que tentam valorizar os seus recursos,
promovê-los e comercializá-los com o intuito de atrair um maior número de visitantes
que lhes proporcionem riqueza, emprego e desenvolvimento.
As preferências dos consumidores, as exigências dos mercados e as sensibilidades
ambientais e culturais, levam a uma recusa do turismo de massa, a procura de
equilíbrio é fundamental se se pretende obter os objetivos postos.
O destino turístico “Província de Sevilha” conseguiu este equilíbrio e a sua missão
neste momento é mantê-lo, o que não é nada fácil.
A cultura, a natureza, a tradição e a história são as bases do destino “Província de
Sevilha”; ainda temos que fazer, devemos dar um salto qualitativo quanto ao
aproveitamento das potencialidades esquecidas constituídas pelos recursos culturais e
ambientais deste destino.
2. Qual é o desafio do Turismo da Província de Sevilha? – Quais são os seus
objetivos a médio e longo prazo?
O nosso desafio é colocar o destino “Província de Sevilha”, entre os destinos mais
apetecidos e valorizados do panorama do turismo de interior, aproveitando a sinergia
que na atualidade se está verificando e não perdendo nem uma só oportunidade de
desenvolvimento sustentável desta atividade.
Para o conseguir pusemo-nos vários objetivos a breve e longo prazo, a diversificação
e o incremento da oferta complementar é absolutamente necessário para o bom
desenvolvimento do setor e fundamentalmente a aposta na qualidade, a inovação, a
formação, as novas tecnologias, tudo isto sob o prisma da contínua evolução da
colaboração público-privada e com o objetivo final de conseguir a diferenciação do
destino “Província de Sevilha”.
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3. Poderia indicar quais são os principais obstáculos que a Província de Sevilha
tem que enfrentar como destino turístico e, no seu caso, que medidas estão
adotando para superar estes obstáculos?
Precisamos de incrementar a coordenação entre os vários agentes, não só do setor,
mas também de segmentos de atividade adjacentes, o artesanato, a indústria
agroalimentar, que evidenciam claramente a necessidade de aumentar o âmbito de
atuação.
O turismo está-se a convertendo numa disciplina mais ampla que a simples visita a um
lugar, trata-se de converter qualquer atividade em pólo de atração turística.
Atualmente, os requerimentos da demanda são muito extensos, o seu interesse infinito
e as suas características em contínua mudança, o que torna difícil qualquer
planificação a longo prazo.
A chave para superar a variabilidade do setor está na informação, é absolutamente
necessário conhecer a informação disponível, estatística e de opinião, quantitativa e
qualitativa; sempre na dimensão adequada para a eficaz e eficiente tomada de
decisões.
4. Poderia fazer uma descrição do mapa de atores que na atualidade estão
atuando no processo de construção e fortalecimento do destino?
Para alcançar os objetivos mencionados contamos com um empresariado dinâmico e
muito empreendedor, que confia plenamente no destino; uma população cada vez
mais consciencializada com a importância do turismo para a economia local e que
participa de alguma forma no seu desenvolvimento e por último o papel da
Administração Pública como eixo vertebral e conciliador do destino “Província de
Sevilha”, estou convencido que sem o bom funcionamento e coordenação destes três
atores não estaríamos neste equilíbrio a que antes me referia.
5. Como avaliaria a colaboração público-privada na Província e no seu caso esta
poderia ser melhorada? – E como?
Condicionar o desenho, tanto de políticas públicas, como de estratégias de empresas
turísticas, a critérios de qualidade constitui a base de una eficiente colaboração
público-privada, este é o nosso objetivo. A Província de Sevilha pode partir de uma
posição muito boa quanto à colaboração público-privada, apesar de se poder ainda
melhorar.
A colaboração público-privada é uma aposta pela qualidade, pelas novas tecnologias e
pela diferenciação e o nosso destino desfruta e desfrutará destas vantagens
competitivas.
Turismo da Província de Sevilha (Espanha)
http://www.turismosevilla.org/
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Ficha técnica do destino turístico: Província de Sevilha
(Espanha)
Meio físico
Situação geográfica
Noroeste da Andaluzia
Superfície em kms
14.036
População
Nº total de habitantes
1.727.603 (Dados de 2001)
Recursos naturas e/ou artificiais
Rios, mar, montanhas, lagos, etc…
292.610,91 Hectares de espaços protegidos (20.85% do território)
Monumentos, centros de congressos, etc…
388 bens de interesse cultural (99 na capital e 289 no resto da Província)
Economia
Principais atividades econômicas:
Serviços (70,81% da população ocupada) / Indústria (12,87% da população ocupada) / Construção (9,05% da população
ocupada) / Agricultura (7,27% da população ocupada)
Incidência de cada setor no PIB e população ativa ocupada:
Participação dos setores no Valor Agregado Bruto a preços básicos. Dados 2001. / Serviços 71,24% / Indústria 16,72% /
Construção 8,10% / Agricultura 3,94% / Serviços 64,94% (população ativa) / Indústria 11,47% (população ativa) /
Construção 9,38% (população ativa) / Agricultura 9,49% (população ativa) / Outros 4,72% (Dados de 2002)
Mercado de Trabalho
População ativa
762.100
População desempregada
153.182
Infra-estruturas
Rede viária
Principais vias de acesso: A-92, N-IV, A-4 e A-49 / Distâncias: Huelva: 94 Km / Ronda: 122 Km / Cádiz: 125 Km /
Marbella: 206 Km / Córdoba: 155 Km / Málaga: 219 Km / Granada: 258 Km / Madrid: 541 Km / Valência: 697 Km /
Barcelona: 1.023 Km
Rede ferroviária
O AVE, trem (comboio) de alta velocidade cobre o trajeto Madrid-Sevilha em apenas 2 horas e vinte minutos, alcançando
uma velocidade média superior aos 200 quilômetros por hora. O trânsito médio de trens AVE entre Madrid-Sevilha e viceversa é de 36 viagens diárias.
Trens regionais. Desde a estação de Santa Justa partem diariamente trens com destino a cada uma das províncias
andaluzas. A rede de trens Regionais Renfe conecta a Comunidade Autônoma de Andaluzia com as Comunidades
Autônomas de Castilla-La Mancha, Extremadura e Madrid.
Duas são linhas de trens de proximidade na província de Sevilha:
Linha C3 Sevilha-Cazalla de la Sierra/Constantina- Sevilha: paradas em La Fábrica, El Pedroso, Arenilla, Villanueva del
Río y Minas, Alcolea, Tocina, Los Rosales, Cantillana, Brenes, La Rinconada.
Linha C1 Sevilha-Lora del Río-Sevilha: paradas em Lora del Río, Guadajoz, Los Rosales, Cantillana, Brenes, La
Rinconada, Santa Justa, San Bernardo, Virgen del Rocío, Bellavista, Dos Hermanas, Don Rodrigo, Utrera.
Aeroportos
O aeroporto internacional de San Pablo, obra do arquiteto Rafael Moneo, está situado a somente 12 quilômetros da capital
Sevilha. Nele operam dez companhias aéreas, das quais sete são estrangeiras, conectando Sevilha com países como
Holanda, Reino Unido, Alemanha ou Bélgica e vice-versa.
Turismo
Principal tipologia de turismo
Cultural e de patrimônio
Nº de visitantes
Nacionais: província (462.414); capital (762.773) / Estrangeiros: província (306.994); capital (697.029)
Tendência
Aumento
Nº restaurantes
527(Sem contar a capital Sevilha) / 633 (Toda a província)
Nº hotéis e pensões
251 (Sem contar a capital Sevilha) / 341 (Toda a província)
Nº camas de hotéis e pensões
21.950 (Toda a província)
Porcentagem de população ativa ocupada no setor turístico
Aprox. 4%, não inclui todo o emprego indireto criado, somente hotelaria (23.525 trabalhadores na hotelaria. Dados de
2002)
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4
Experiências de turismo e desenvolvimento
local em Burkina Faso, Colômbia e Croácia
Burkina Faso: “FESPACO” - Festival Pan-africano de
Cinema e Televisão
Equipe Técnica do Delnet
Burkina Faso
Burkina Faso, um enclave de 274,000 Km² no centro da África Ocidental, é um País
sem acesso ao mar, a 500 km do Oceano Atlântico.
A 11 de Dezembro de 1958 o Alto Volta obtém a sua independência mas conserva o
seu nome colonial. Somente a 4 de Agosto de 1984, após a chegada ao poder de
Thomas Sankara em 1983 e da Proclamação da Revolução, o Alto Volta converte-se
em Burkina Faso “Terra de Dignidade”. Em 1987 o Presidente Blaise Compaore
promove o “Movimento de Correção” que deu lugar a um “Estado democrático” que
salvaguarda as liberdades políticas e econômicas.
Burkina é hoje um Estado constitucional. A Constituição adotada pelo referendo de
Junho 1991, assegura um Estado civil e democrático. A Constituição de Burkina
reconhece as liberdades de expressão e de associação para todos os cidadãos. A
constituição prevê algumas disposições para a vigilância dos organismos, os
gabinetes consultivos e outras entidades implicadas em questões de interesse
nacional: economia, sociedade, cultura, etc..
A gente e a cultura do Burkina Faso
Com nove milhões de habitantes e uma densidade de 33 habitantes por Km², Burkina
Faso é um dos Estados mais povoados da África ocidental. Todavia, a distribuição da
população é muito desigual. A meseta central é a região mais povoada: Ouagadougou
com os seus 400 habitantes por Km² constitui um bom exemplo.
Sessenta grupos étnicos diferentes povoam o País, cada um deles com o seu próprio
idioma nacional. Todavia, o francês é o idioma de trabalho, enquanto que o Mooré,
Dioula e o Fulfuldé (Peul) são as principais línguas locais.
Uma das principais características da “Terra da dignidade” é sem dúvida o forte apego
das pessoas às suas tradições culturais. Não é certamente uma casualidade, que o
País seja o anfitrião dos eventos culturais mais importantes do continente; é um
indicador de confiança das suas gentes no prometedor futuro das artes africanas. Tal
como sucede noutras sociedades africanas, a sociedade do Burkina não tem uma
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estrutural cultural sistematizada no moderno sentido do termo. Resulta difícil resumir
os principais eventos culturais que origina a notável diversidade cultural. Ainda assim é
possível indicar algumas das mais relevantes características e manifestações desta
vitalidade cultural. Para descobrir a cultura secretas destas sociedades é necessário
seguir os eventos que marcam a vida da sua população: rituais de iniciação, bodas,
colheitas, funerais, etc…
Hoje em dia é amplamente aceitado que a cultura impregna a vida duma nação.
Resulta assim necessário orientar a expansão cultural para que tenha um impacto
positivo sobre o desenvolvimento do conjunto do País. Sem dúvida alguma poder-se-ia
afirmar que a cultura é um importante atributo nacional que deve ser valorizado. O
Burkina Faso contribui certamente para forjar uma moderna identidade cultural
africana fundada nas origens da integração real africana.
O Festival Pan-africano de Cinema e Televisão de Ouagadougou (FESPACO)
Na capital de Burkina Faso, Ouagadougou, vivem cerca de um milhão de pessoas e a
cidade conta com grandes vias e avenidas sombreadas, estruturas arquitetônicas
modernas, bons hotéis, um palácio de congressos e um bosque com um lago, jardins
e aves exóticas. Refletem-se nela as origens da urbanização de qualquer grande
cidade européia, com agradáveis e amplas avenidas que são utilizadas e recorridas
diariamente por milhares de automóveis, motos e bicicletas.
Cada dois anos em Fevereiro, a cidade acolhe o Festival Pan-africano de Cinema e
Televisão de Ouagadougou (FESPACO). Fundado em 1969, o Festival tem-se
transformado num evento que goza de prestígio internacional.
A Cinemateca Africana de Ouagadougou
A Federação Pan-africana de cineastas tinha decidido constituir, desde 1973, um
arquivo de filmes africanos no Burkina Faso. Esta primeira iniciativa leva à criação em
1989, durante a comemoração do 20º aniversário da FESPACO, da Cinemateca
Africana, a qual contava com mais de 160 filmes de 16mm e 35mm. Em seguida, o
complexo foi ampliado com a construção de novas instalações. Em 1995 criou-se o
Centro de Conservação de Filmes, o qual na atualidade está totalmente equipado com
materiais para a verificação, montagem e visão de filmes. O Centro dispõe ainda dum
armazém com uma capacidade para mais de 10.000 filmes.
A Cinemateca Africana tem as seguintes funções: assegurar ao cinema africano uma
visibilidade permanente; valorizar as coleções de filmes africanos tendo por objetivo
estimular a reflexão e a investigação sobre o cinema africano; e permitir a visão
científica dos filmes sobre a África, o que poderá contribuir para um melhor
conhecimento da história contemporânea do continente. A Cinemateca poderá ainda
ser uma fonte de inspiração para os profissionais do cinema e do audiovisual; e a sala
de projeção da Cinemateca africana contribuirá para a educação cinematográfica do
público por meio duma programação regular de retrospectivas e da organização de
varias exposições1.
O dinamismo da promoção dos filmes africanos contribuiu para a constituição dum
cine clube na capital da indústria africana, Ougadougou. Através da iniciativa do
1
www.fespaco.bf/institut_image_son.htm
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FESPACO, o cine clube – que abriu oficialmente a 4 de Janeiro de 2002 – é uma
plataforma para atividades lúdicas e didáticas, onde o profissional e o amador, o
cinéfilo e o cineasta podem encontrar-se e intercambiar as suas experiências. O
desafio pedagógico é inegável. Para além disso, num contexto marcado pela escassez
de formação profissional no sector do cinema, o cine clube pode contribuir para a
iniciação e instrução dos jovens que sonham fazer parte das futuras gerações de
cineastas africanos.
Instituto de Formação Vocacional Regional (IRIS)
Após a independência, os técnicos cinematográficos africanos receberam uma
formação em imagens e sons nas escolas européias e soviéticas. Porém, o Instituto
Africano de Estudos Cinematográficos (INAFEC), estabelecido em 1976 e que foi a
única estrutura de formação que até então tivesse existido na África francófona subsahariana, conseguiu formar mais de 200 profissionais, isto até o seu fecho em 1986
por razões econômicas. Em 1997, a comunidade cinematográfica do Burkina Faso
percebe a entidade do problema e conclui que os profissionais do cinema não têm
recebido uma formação adequada. Esta constatação conduz a uma ambiciosa
proposição dum plano de revitalização do cinema e dos meios audiovisuais, que
culmina na criação do Programa de Relançamento da Formação em Imagens e Sons
(PROFIS) 2.
O programa foi ativado em 2000 e foi confiado à Direção de Cinematografia Nacional
que depende do Ministério da Cultura, Artes e Turismo do Burkina Faso. O programa
propõe-se o objetivo futuro de oferecer aos jovens africanos as ferramentas para uma
formação ainda mais técnica e artística. Tendo em conta os resultados até hoje
alcançados, os promotores do PROFIS prevêem constituir em Setembro de 2004 o
Instituto de Formação Vocacional Regional (IRIS) 3. Pretende-se assim proporcionar
aos estudantes uma formação vocacional de dois anos com o objetivo de iniciá-los na
utilização das novas tecnologias e desenvolver as suas competências no sector da
produção e realização de imagens, sons e montagem.
O Mercado Internacional do Cinema e da Televisão Africana (MICA)
O MICA foi organizado pela primeira vez em 1983, e tal como o FESPACO, a idéia da
sua constituição teve origem numa conferência que reuniu muitos cineastas, desta vez
em Niamey em 1982, na qual se propôs a institucionalização duma estrutura que
permitisse o contacto direto com os compradores e distribuidores.
O MICA tem-se transformado atualmente num verdadeiro mercado que oferece vários
serviços aos profissionais do cinema. Os filmes que acedem ao mercado são
apresentadas num catálogo nos idiomas de trabalho do Festival: francês e inglês. A
visão dos filmes faz-se por meio de equipamentos vídeo e tecnologia avançada,
instalados em cabinas construídas para esse propósito. A presença de stands para a
promoção é ainda outro dos serviços oferecidos para os sócios do Festival, para os
produtores e distribuidores de materiais cinematográfico, e para as agências de
comunicação e ONGs.
Perspectivas futuras do Festival.
O setor cinematográfico e audiovisual tem experimentado uma evolução tecnológica
constante. Este fator impõe aos profissionais africanos do cinema a necessidade de
2
3
www.profis.gov.bf
www.fespaco.bf/institut_image_son.htm
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compreender e apropriar-se de todas as novas tecnologias que influenciam a criação,
a produção e a difusão cinematográfica e audiovisual 4 . Hoje em dia a
profissionalização comporta de forma imprescindível a formação, na indústria
cinematográfica e audiovisual, de toda uma categoria de profissões que se têm
multiplicado e especializado.
FESPACO 2005 oferecerá a oportunidade de refletir e meditar sobre estas temáticas
tendo o dúplice objetivo de aportar novas idéias e iniciativas, e logo implementá-las
para que possam permitir à cinematografia africana contribuir ao desenvolvimento do
continente.
FESPACO tem mostrado um interesse particular perante esta situação em contínua
evolução, lançando as seguintes perguntas: Qual a situação, quais são os desafios e
quais as oportunidades em matéria de formação na África? Quais são os desafios da
profissionalização para o desenvolvimento duma indústria cinematográfica emergente
que aporta emprego e um valor acrescentado?
Entrevista a Ben Said
Programa Atividades para os Trabalhadores
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Comentarista radiofônico e apresentador de várias
edições do Festival (1985 - 2001)
Poder-nos-ia comentar o Festival Pan-africano de Cinema e Televisão de
Ougadougou e qual a sua influência no Burkina Faso?
O Festival é uma das principais atracções do País, juntamente com o orgulho da sua
gente. O Festival tem-se convertido num evento central que interessa toda a nação e
tudo se move à volta do evento. Refiro-me aos hotéis, aos bares, à rua, em definitiva,
todos aqueles lugares onde se desenvolve uma actividade económica local estimulada
pelo Festival. Naqueles dias a vida anda a grande velocidade com músicos nas ruas,
programas de rádio e contínuos debates sobre os filmes apresentados no Festival.
Os cinemas estão cheios de gente e floresce a arte local. Além disso, muitos visitantes
estrangeiros vêem ao Festival e trazem muito dinheiro ao País. Como resultado
Burkina tem mudado muito nos últimos dez anos.
Quem são as partes implicadas na organização do Festival?
Sendo o Festival o emblema da nação, eu diria que pertence a todos os Burkinabés. A
sociedade civil está implicada, assim como o governo e o sector privado.
O Presidente nomeia um Secretario Nacional e são muitos os doadores que
contribuem para que o evento tenha sucesso: a Cooperação Francesa, a União
Européia, a Cooperação Dinamarquesa, entre outros. Outros doadores tal como a
Rádio Internacional de França, TV5, dão formação directamente no terreno ao pessoal
local de forma a que no final do Festival, o pessoal tenha adquirido novas
competências profissionais.
4
http://www.fespaco.bf
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Qual é a principal influência do Festival sobre a cultura no Burkina Faso?
O evento é uma grande contribuição para a cultura africana no seu conjunto,
mostrando a África em modo diferente. Realmente, é a Africa mostrada e apresentada
por africanos, longe de qualquer estereótipo.
A boa gestão do Festival demonstra que aos Burkinabés que o cinema também é uma
industria e que “tudo é possível, quando se intenta”.
Quais são as perspectivas para o futuro do Festival?
O mais importante é que não mude de sede. Algumas pessoas desejariam
estabelecer uma rotação do evento, levando-o para outros países, especialmente
agora que é um evento famoso e de sucesso. Todavia, o FESPACO é como o festival
de Cannes, ou seja, pertence ao lugar onde surgiu. Ouagadougou é o “escaparate” do
cinema africano e temos que estar orgulhosos dele e apoiá-lo.
Algumas informações técnicas sobre o Festival
Nome
Festival Pan-africano do Cinema e da Televisão de Ouagadougou (FESPACO)
Endereço
01 BP. 2505 Ouagadougou, Burkina Faso / Tel : (226) 30 75 38; Fax : (226) 31 25 09
Internet : www.fespaco.bf - E-mail : [email protected]
Estatuto
FESPACO é uma Instituição Pública de caráter Administrativo sob a tutela do Ministério encarregado da Cultura do Burkina
Faso. FESPACO está estruturado em: departamentos e serviços.
História
O FESPACO foi constituído em 1969 em Ouagadougou por iniciativa dum grupo de cinéfilos.
A esperança e a admiração que suscitou no público e nos cineastas africanos, permitiu a institucionalização do FESPACO
em 7 de Janeiro de 1972. A partir da sua sexta edição, converte-se num Festival bienal iniciando no último sábado de
Fevereiro de cada ano ímpar.
Objetivos
Facilitar a difusão das obras cinematográficas africanas.
Permitir os contactos e os intercâmbios entre profissionais do cinema e dos meios audiovisuais.
Contribuir ao desenvolvimento e à salvaguarda do cinema africano, como meio de expressão, de educação e
consciencialização.
Atividades Principais
Festival bienal de filmes com um concurso reservado para os filmes realizados por autores africanos;
Mercado Internacional do Cinema e da Televisão Africana (MICA); Mercado de programas audiovisuais africanos
sobre África (16mm, 35mm, TV e vídeos), a sua visão é acessível a todos os profissionais do cinema;
- Cinemateca Africana: arquivos, filmes, base de dados e cinema móvel;
-Publicações sobre o cinema africano: catálogos, Fedespaco notícias, Fedespaco newsletters.
Outras Atividades
Projeções cinematográficas com finalidade não lucrativa nas zonas rurais, em associação com as ONG, as
escolas e outras instituições públicas e privadas;
Promoção do cinema africano nos festivais internacionais;
Organização de outras manifestações cinematográficas: semanas do cinema, primeiras visões de filmes, etc.
Projetos FESPACO
Construção da sede definitiva do FESPACO;
Reforço da base de dados sobre o Cinema Africano;
Constituição dum mercado permanente de filmes africanos;
- FESPACO XVIII, de 26 de Fevereiro a 5 de Março de 2005 sobre o tema: Formação e o desafio da
profissionalização
Países doadores
Burkina Faso, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Holanda, Suécia, Republica da China e outros
Organizações doadoras
AIF(ACCT), UNDP, UNESCO, UNICEF, União Européia, AFRICALIA e outras
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Colômbia: “Ecoturismo como alternativa econômica
de uma zona cafezeira”
Sandra Rendón, Presidente Conselho Sub-regional de
Turismo do Sudoeste de Antioquia, Funcionária de
COMFENALCO, Antioquia.
Margarita Jaramillo, Assessora SENA, Antioquia
1. Poderia descrever brevemente quais são as características e o perfil sócioeconômico do território que você representa?
O território em questão encontra-se situado no sudoeste do departamento de
Antioquia, República de Colômbia.
Está colocado num lugar privilegiado do
departamento do ponto de vista econômico e da sua localização estratégica, tanto a
nível departamental como nacional. Historicamente esta é uma região importante
porque foi protagonista do desenvolvimento da cultura do café, que permitiu o
progresso do interior do departamento. No entanto, esta posição privilegiada da subregião foi declinando reduzindo a sua participação no produto interno bruto pela crise
do setor cafezeiro nas últimas décadas.
A região do sudoeste é constituída por 23 municípios, com uma população aproximada
de 400 mil habitantes e uma extensão de 6.733 quilômetros quadrados (10.43% da
extensão total do departamento). 60% da população mora nas áreas rurais e 30% nas
zonas urbanas.
O principal produto agrícola continua a ser o café, seguindo as bananas, a cana de
açúcar e, em menores proporções frutos, feijão, hortaliças, juca, batata e milho.
De acordo com o uso do solo, nesta sub-região distinguem-se cinco zonas:
DA
zona cafezeira de vertentes médias e fortes, que ocupa uma extensão
aproximada de 64.567 hectares.
D A zona de gado.
D A zona de produção diversificada, orientada à substituição do café por outras
atividades produtivas agropecuárias e não agropecuárias, inspirada na
necessidade de criar fontes de renda nas regiões cafezeiras, a médio e longo
prazo.
D A zona de produção diversificada, orientada à substituição do café por outras
atividades produtivas agropecuárias e não agropecuárias, inspirada na
necessidade de criar fontes de renda nas regiões cafezeiras, a médio e longo
prazo.
D Área potencial para reflorestar correspondente a 293.634 hectares.
Para além disso na região existem aproximadamente 32.000 hectares que foram
declarados pela autoridade ambiental competente em diferentes categorias como
parques naturais nacionais, reserva natural e reserva florestal protegida.
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É uma zona de grande riqueza hídrica devido principalmente à sua conformação
montanhosa, a maioria dos municípios possuem as suas próprias fontes de água para
abastecer os aquedutos municipais.
A crise cafezeira provocou mudanças radicais na utilização do solo, com os
conseguintes conflitos que cria, com um processo acelerado de fragmentação da terra
criando problemas ambientais e incrementando a demanda de água, para além da
substituição do cultivo de café por pastos para o gado de duplo uso sem as práticas
culturais derivadas. Aspetos últimos que se estão a trabalhar com as entidades
ambientais e de assistência técnica agropecuária.
Na década de 90 um grupo de entidades vinculadas à Sub-região do Sudoeste
iniciaram um processo de reflexão perante a crise mundial do café e às suas
implicações econômicas futuras, realizando diferentes estudos e investigações que
possibilitaram que o turismo se tornasse uma alternativa de desenvolvimento
empresarial e regional. O turismo foi-se posicionando nos últimos tempos nos
principais corredores viários e nas zonas banhadas pelo rio Cauca (uma das principais
bacias hidrográficas do país), com riquezas naturais, paisagísticas, ecológicas,
históricas e culturais.
No setor industrial desenvolvem-se algumas pequenas indústrias, tais como a
transformação de madeira, a confecção e a agroindústria. Para além disso,
desenvolvem-se atividades comerciais e de serviços.
NOTA: Informação retirada na sua totalidade do documento: “Perfil Región del
Suroeste” Gobernación de Antioquia, Departamento Administrativo de Planeación.
Junho de 2002.
2. Na sua opinião, que elementos considera mais significativos para argumentar
que o Turismo, e em particular, o Ecoturismo, pode ser considerada como uma
alternativa econômica viável, numa economia tradicional?
Temos vários elementos:
2.1. Em 1996 após realizar vários estudos e investigações se chegou à conclusão que
o Turismo constitui uma alternativa de desenvolvimento econômico para a sub-região;
para além de alguns fóruns realizados em que se fortaleceu o caráter institucional do
turismo, tendo como resultado a realização de um Plano de Desenvolvimento Turístico
para o Sudoeste de Antioquia em 1997, onde se apresentou um diagnóstico,
caracterização do setor turístico, inventários turísticos, objetivos e orçamento. Com
todo o apoio anterior e localização das vocações turísticas nos diferentes municípios
que constituem o Sudoeste se apresenta um dos produtos turísticos desenhado com a
participação dos atores locais:
“SUDOESTE DE ANTIOQUIA: UMA HISTÓRIA DE CAFÉ, CARVÃO E ARRIEIROS”
Com esta frase o Sudoeste de Antioquia está a tornar reconhecido no panorama
nacional e internacional como uma região com grandes atrativos naturais, históricos,
culturais e grande oferta de hotel fazenda cafezeira, de gado, piscícolas, cana de
açúcar e confortáveis hotéis para que os turistas possam desfrutar de produtos
turísticos diferentes ao do “sol e praia”. Este é o resultado de vários anos de trabalho
das instituições públicas e privadas com representação na região, conjuntamente com
atores do setor privado e as prefeituras municipais.
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As mudanças nas demandas dos turistas atuais e potenciais, que estão começando a
escolher o agroturismo e o ecoturismo no lugar do “sol e praia”, por um lado; e a
oferta das regiões quanto a atrativos naturais, por outro, fizeram com que os atores
deslumbrem outras opções econômicas para o desenvolvimento das localidades.
Disto é uma demonstração o fato de que se conte com 12 hotel fazenda registradas,
mais de 50 hotéis familiares (a nível urbano), vários centros recreativos, hotéis,
pensões que prestam os seus serviços com uma boa satisfação por parte dos turistas.
2.2 Outro dos aspetos a destacar é o das potencialidades a nível do ecoturismo e o
agroturismo dada a oferta natural da região e as suas condições agroecológicas que
lhe permitirão desenhar produtos diferentes neste campo.
2.3 Por outro lado temos as condições sócio-econômicas da região, que não escapa
ao desemprego, dada a situação do setor cafezeiro mencionada anteriormente, que
apesar de continuar a cultivar e a produzir, não consegue ocupar durante todo o ano a
população, especialmente os jovens e as mulheres. Por isso o turismo e em concreto
o agroturismo e o ecoturismo apresentam-se como atividades promissoras de ser
desenvolvidas com maior dinamismo e de forma organizada, através de pequenas
empresas de serviços de guias, informadores turísticos, educadores ecológicos,
expedicionários, artesãos, prestadores de serviços complementares (hospedagem,
alimentação, transporte, etc.). Isto aproveitando uma capacidade instalada e as infraestruturas já existentes na região, pelo que não implica um grande investimento.
3. Que atores estão atuando neste processo de transição econômica da zona? –
Principalmente, que atores estão liderando esta iniciativa?
Podemos dizer que com o turismo, vêm-se novas alternativas econômicas, sem deixar
de reconhecer que as atividades agrícolas continuam a ser o motor de
desenvolvimento da região.
Com o Plano de Desenvolvimento Turístico do Sudoeste começa a sua
institucionalização, criam-se comitês turísticos municipais, para regionalizar a Política
Nacional de Turismo e o Conselho Sub-regional de Turismo do Sudoeste no ano de
1999.
O Conselho Sub-regional:
D É um espaço de confluência de organizações, instituições, líderes regionais e
entidades locais.
D Procura o desenvolvimento econômico e social da região a partir da atividade
turística.
D Lidera a promoção da atividade turística no Sudoeste de Antioquia através do
diálogo e concertação inter-institucional e de algumas estratégias de gestão.
D Realiza um trabalho orientado segundo os parâmetros da Direção Nacional de
Turismo.
Quem o constitui:
D Governo de Antioquia (Secretaria de Competitividade e Produtividade)
D Câmara de Comércio de Medellín para Antioquia
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D COMFENALCO Antioquia (Caixa de Compensação familiar)
D Encontro de Dirigentes do Sudoeste (líderes políticos,
de grêmios,
comunitários, empresariais)
D ASOGUIAN (Associação de Guias)
D Instituições educativas: Colegio Mayor de Antioquia, SENA
D 12 dos 23 municípios da região, representados por prefeitos ou funcionários
municipais, alguns com os seus comitês de turismo.
D Associação de Hotéis Fazenda
4. Poderia nos descrever brevemente que projetos estão a ser implementados
neste momento e quais são os principais desafios que estão enfrentando a
médio e longo prazo?
Resultado do plano de desenvolvimento turístico do sudoeste estão os 13 desafios do
turismo, que nos dão o norte do nosso que fazer para o futuro. Estes foram
atualizados no ano 2002 pelo conselho sub-regional .
D Definir, regulamentar e controlar a prestação dos serviços turísticos através da
capacitação com parâmetros de qualidade e eficiência.
D Desenvolver serviços
turísticos inovadores (cultura, recriação, meio ambiente),
procurando melhorar o nível de competitividade da Sub-região.
D Possuir
uma infra-estrutura viária que se converta num eixo articulador ao
interior da região e fora dela.
D Garantir a sustentabilidade ambiental face às atividades produtivas de acordo
com as normativas existentes.
D Promover,
difundir e articular os valores culturais com a atividade turística,
dando relevância ao cultural; incluindo este aspecto dentro do currículo a nível
educativo.
D Possuir
uma capacitação empresarial
características de cada município.
e
de
serviços
adequada
às
D Recuperar costumes e receitas da gastronomia da região e de cada município.
D Criação
e fortalecimento das Corporações municipais de Turismo de caráter
misto, onde se possa obter uma informação centralizada da Sub-região e se
promova o desenvolvimento econômico sustentável.
D Impulsionar a organização, capacitação e atualização dos diferentes atores que
intervêm na prestação dos diferentes serviços turísticos da Sub-região como
guias, motoristas, comerciantes hoteleiros, restaurantes, entre outros e que por
sua vez sejam regulados e vigiados com estatutos e tarifas estabelecidas.
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D Estabelecer
uma base de dados através da realização e atualização dos
inventários turísticos dos municípios, que funcione em Rede através de uma
página Web.
D Incluir
nos Planos de Ordenamento do Território os usos do solo para a
atividade turística.
D
Propor um sistema financeiro eficiente para a promoção e desenvolvimento do
turismo sustentável com uma aliança estratégica público - privada, constituindo
uma Corporação Turística para o Sudoeste de Antioquia.
D
Consolidar uma proposta de desenvolvimento turístico para o Ocidente do
País, articulando o Sudoeste de Antioquia com a restante rota do Ocidente
Colombiano.
Como se pode observar, vários destes desafios não dependem diretamente dos atores
comprometidos com a proposta, mas constituem grandes compromissos que exigem
intervenções em diferentes instâncias públicas e privadas.
O principal projeto liderado pelo Conselho de turismo no atual momento é a
constituição de uma Corporação Turística, como entidade de economia mista sem fins
de lucro, que tenha como objetivo a Promoção e o desenvolvimento integral da
atividade turística do Sudoeste com maior autonomia e através de uma gestão ágil e
moderna.
Mais do que projetos as instituições que constituem o conselho têm vindo a realizar
diversas atividades, tais como:
D Gestão local do turismo, através das prefeituras municipais, com o apoio das
entidades educativas.
D Capacitação em temas de: sensibilização turística, elaboração de inventários
turísticos, planificação e gestão turística local, guias. Para além de assessorias
para a constituição dos escritórios locais de turismo e para a criação de
empresas turísticas.
D Promoção
turística da sub-região através da participação em feiras, vitrinas
turísticas.
5. Por último, poderia-nos indicar, em sua opinião, em que medida se estão a
desenhar ações para fazer do turismo na zona uma atividade econômica
sustentável e, portanto, respeitosa para com o meio ambiente e a cultura local? E quais são as principais dificuldades que podem encontrar no desenvolvimento
deste processo?
Temos normativas em matéria ambiental ditadas pela autoridade competente, neste
caso a Corporação Autônoma Regional para o Centro de Antioquia que administra os
recursos naturais renováveis através de um conjunto de ações jurídicas e técnicas,
tanto para a concessão de autorizações e licenças ambientais exigidas pela lei e para
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o uso, aproveitamento e mobilização dos mesmos, como para regular o
desenvolvimento de atividades que possam afetar o meio ambiente.
Cada município conta com o seu Plano de Ordenamento do Território no qual também
se fazem considerações em relação ao uso do solo para as diferentes atividades
econômicas.
A principal dificuldade que enfrentamos neste processo é o comportamento dos
turistas que chegam ao território, os quais não têm uma cultura respeitosa do meio
ambiente e com os quais é necessário desenvolver um trabalho educativo neste
sentido.
As ações desenvolvidas para fazer do turismo na zona uma atividade econômica
sustentável, têm a ver concretamente com a capacitação por parte de
CORANTIOQUIA em associação com COMFENALCO (Caixa de Compensação
Familiar do grêmio dos comerciantes de Antioquia) que preside o Conselho Subregional de Turismo do Sudoeste onde se capacitaram 30 pessoas no ano 2002 com
curso sobre o tema “Assessoria às entidades territoriais para o uso sustentável dos
espaços públicos naturais na jurisdição do Sudoeste de Antioquia; igualmente têm-se
desenvolvido ações de capacitação dos diferentes atores como prestadores,
administrações municipais, entre outros, na planificação, gestão turística e
sensibilização turística.
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Croácia: “Turismo na Costa da Dalmácia”
Davor Njiric. Chefe do Departamento para
o Desenvolvimento do Turismo do
Ministério do Mar, Turismo, Transporte e
Desenvolvimento
Destino Turístico: “Costa de Dalmácia”
1) Qual é o modelo de desenvolvimento do setor turístico que existe na Croácia
e quais são as estratégias que se estão aplicando para que este seja
sustentável? - São estas estratégias sensíveis ao meio-ambiente?
Croácia é um país Mediterrâneo que tem uma consolidada e longa tradição no
desenvolvimento turístico. Semelhante a muitos países de forte desenvolvimento
turístico, a Croácia – ao longo das décadas passadas – tem aplicado
predominantemente o modelo de desenvolvimento turístico de massa. No entanto,
devido à ineficiente economia socialista, o aumento do turismo de massa não foi tão
dinâmico como naquele dos países pertencentes ao modelo de economia de mercado.
Portanto, hoje em dia a costa e as numerosas ilhas da Croácia, em comparação com
outros países Mediterrâneos, não estão congestionados, mas pelo contrario estão
menos desenvolvidas e urbanizadas. Assim sendo, o meio ambiente está mais
preservado e ainda não comprometido. Esta situação constitui uma grande vantagem
para a Croácia em relação aos outros países turísticos. Este potencial fornece
imensas oportunidades para reestruturar a oferta turística, e ainda torna possível
transferir o desenvolvimento turístico baseado no mercado de massa para uma oferta
turística de categoria superior e de maior qualidade. Hoje em dia ninguém apóia a
edificação de imensos hotéis, mas dá-se uma maior consideração às pequenas
construções mais respeitosas do meio ambiente.
A adoção de mecanismos adicionais são requisitos imprescindíveis para implementar
este modelo e torná-lo sustentável. Os documentos concernentes a Estratégias de
Turismo, baseado nos princípios de desenvolvimento sustentável, e o planejamento do
território regional e local serão adotados proximamente pelas respectivas autoridades.
2) Que atores participaram na fase inicial da promoção do turismo e, hoje em
dia, quais são os atores que determinam o setor do turismo?
O Instituto Nacional da Croácia para o Turismo (Croatian National Tourist Board CNTB) é a instituição central encarregada da promoção turística do pais desde os
tempos do antigo Estado Jugoslavo e por isso mantém uma longa tradição nesta
função. Contudo, somente após a declaração de independência, a Croácia
implementaria uma perspectiva moderna com a constituição de comunidades
turísticas. Isto levou à transformação da Direção do Instituto Nacional da Croácia para
o Turismo em uma instituição que engloba os conselhos regionais para o turismo e as
numerosas comunidades turísticas. O CNTB tem desenvolvido uma rede de sucursais
em muitos países Europeus e em vários países estrangeiros. As atividades de
promoção baseiam-se nas estratégias atualizadas de marketing e nas atividades afins
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cujos princípios de base implicam estratégias de marketing muito similares às dos
paises onde o setor turístico é muito desenvolvido.
3) Como é a coordenação entre a administração pública e as empresas
privadas? – Que influência tem no desenvolvimento local destas cidades?
A Croácia é um pais em transição que consagra particular atenção e um cuidado
especial na concretização de uma maior coordenação entre os setores público e
privado. No entanto e apesar das dificuldades, estão-se realizando progressos
consideráveis.
A Croácia é um país turístico, por conseguinte o seu potencial tem uma influencia
considerável sobre a economia nacional e local. O turismo é um setor que pode
acarretar um desenvolvimento significativo das cidades e das comunidades locais e
assim influir sobre o nível de vida das povoações sediadas nos destinos turísticos.
4) Quais foram as principais dificuldades que o turismo da costa da Dalmácia
sofreu como conseqüência do conflito nos Bálcãs? - Como se solucionaram
estes problemas?
Em 1991 a Croácia sofreu uma agressão e durante os cinco anos de guerra uma terça
parte do seu território ficou ocupada pelas forças da Sérvia e Montenegro. Quando a
ponte sobre a Maslenica (perto de Zadar) foi destruída, a integridade do território foi
posta em perigo. A parte norte do pais e a parte sul ficaram impedidas de comunicar
entre si. A Dalmácia era a região turística mais desenvolvida antes da guerra,
conseguindo criar aproximadamente 40% das receitas totais do turismo.
Lamentavelmente, esta foi a região do país onde maiores foram os estragos causados
pela guerra. Após a destruição da ponte sobre a Maslenica as vias de comunicação
para a Dalmácia foram cortadas e os aeroportos de Zadar e Dubrovnik foram
fechados. Equipamento e instalações turísticas sofreram saques e bombardeamentos.
Os estragos maiores foram infligidos à região de Dubrovnik, onde a maioria dos hotéis
foi objeto de intensos bombardeamentos e em seguida ficaram completamente
destruídos pelos incêndios. Para além dos estragos diretos, as piores consequências
da guerra foram, especialmente na Dalmácia, o colapso total do turismo comercial
durante cinco anos.
Em 1995, após a liberação dos territórios ocupados e o restabelecimento da
integridade territorial, iniciou-se na Croácia uma lenta recuperação das atividades
turísticas. Ao longo da guerra e também no pós-guerra a maioria das instalações
hoteleiras da Croácia, principalmente na zona costeira, foram utilizadas para acolher
os refugiados e as pessoas deslocadas oriundas das regiões ocupadas e devastadas
da vizinha Bósnia-Herzegovina. A intervenção do governo visava reembolsar parte dos
custos pelo alojamento destes refugiados nas instalações hoteleiras. A utilização das
instalações hoteleiras encontrou muitas dificuldades e a maioria dos hotéis
acumularam imensas dívidas que colocaram em risco a normal gestão das suas
instalações. Hoje em dia os refugiados e as pessoas deslocadas já não alojam nos
hotéis, mas estes precisam ainda de uma total reestruturação e renovação.
A Republica da Croácia tem investido, no pós-guerra, significativos fundos nas
seguintes áreas: renovação das habitações, construção de novas infra-estruturas e
instalações, tais como as indústrias e negócios destruídos, e ainda forneceu subsídios
para revitalizar o setor do turismo.
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Uma nova ponte foi construída sobre a Maslenica, os aeroportos de Zadar e Dubrovnik
após uma completa renovação estão novamente operativos e a auto-estrada que liga
Zabreb e Split foi consideravelmente melhorada. As obras de construção para a nova
auto-estrada entre Zagreb e Split começaram em 2002. Este projeto teve uma
prioridade elevada, devido a necessidade vital de ligar o norte e o sul das regiões
croatas. Em Junho de 2004, mais de 220 km de auto-estrada estarão completados.
Em Junho de 2005, finalizar-se-ão os restantes 50km.
Tendo como dúplice objetivo a recuperação das atividades turísticas e atingir em breve
os níveis de anteguerra, alguns subsídios foram atribuídos desde 1994 para garantir
paquetes turísticos oferecidos pelas agências turísticas domésticas e estrangeiras.
Desde 1998 autorizaram-se também concessões de subsídios às companhias
nacionais de vôos charter estacionais – Croácia Airlines – que transportam
passageiros desde as maiores cidades da Europa até Zadar, Split e Dubrovnik.
No período entre 1998 e 2001, as sociedades hoteleiras receberam uma ajuda
financeira gratuita para facilitar a preparação da temporada estacional turística. As
taxas de juro sobre os subsídios conferidos foram reduzidas ao mínimo para aquelas
sociedades que sofreram os maiores estragos diretos e indiretos ao longo da guerra,
aliviando-lhes assim as onerosas despesas de reestruturação dos próprios hotéis.
Muitos hotéis foram melhorados ao longo do processo de privatização. A industria
hoteleira deu um passo significativo na melhoria da qualidade das suas instalações.
Na atualidade, os hotéis na Croácia atingiram uma melhor qualidade e, portanto
colocam-se em uma categoria de mais alto nível. No período da renovação e
reestruturação, têm-se introduzido novos critérios de avaliação que assentam em
princípios rigorosos e atualizados.
Na Croácia existem ainda sociedades hoteleiras que não foram privatizadas e que são
proprietárias de hotéis que não foram reestruturados ou que ainda não estão
atualmente operativos.
Contudo, as estatísticas atuais revelam que a Croácia atingiu os níveis de tráfico
turístico de antes de guerra, em um contínuo crescimento, e que a oferta do setor
turismo apresenta elevados níveis.
5) Quais são os maiores problemas na atualidade e quais são os projetos para o
futuro?
Hoje em dia, e estima-se que também no futuro próximo, o principal problema está na
rápida degradação do meio-ambiente. O principal perigo resulta ser o aumento não
restringido na quantidade de apartamentos à venda no mercado de imóveis. A política
do meio-ambiente será salvaguardada somente através da correta implementação da
Estratégia de Desenvolvimento, parte integral da Estratégia Nacional para o
Desenvolvimento, e da adoção do planejamento do território regional e local. A idéia
que medidas adicionais são necessárias para conter a devastação do meio-ambiente aumento incontrolado de construções de vivendas - estão recebendo total apoio. Pelo
fato de a Croácia ter uma costa muito atrativa e maravilhosas ilhas, a forte procura no
mercado de apartamentos à venda pode comprometer toda a Estratégia de
Desenvolvimento. Não é fácil deter esta tendência, mas ela pode ser controlada e
restringida.
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Uma das dificuldades com que os investidores se defrontam é a desorganização do
cadastro e dos registros de propriedade dos bens imóveis. O governo da Croácia está
fazendo muitos esforços para que no futuro próximo seja possível resolver estas
dificuldades.
Atualmente há já importantes investimentos em curso, tais como a construção da autoestrada que ligará Zagreb com a costa da Dalmácia, especialmente com Zadar, e que
portanto aproximará mercados como o austríaco, o alemão, o checo ou o húngaro.
Para além disso no futuro próximo prevêem-se novos investimentos ou ecoinvestimentos. Projetos regionais e locais de planejamento do território abrirão novas
oportunidades para o desenvolvimento do setor turístico. A Croácia ainda não
aproveitou o seu potencial de desenvolvimento regional. O planejamento do território,
demarcando às zonas de desenvolvimento do setor turístico, criará as condições para
estimular o potencial eco-investimento.
Mais informação:
Croatian National Tourist Board
http://www.croatia.hr
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5
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6
Instituições e eventos de interesse
sobre turismo e desenvolvimento local
( Ligações a instituições de interesse
Instituições, programas e redes internacionais
Agência Européia do Meio Ambiente
http://www.eea.eu.int/
Página oficial da Agência Européia do Meio Ambiente, com notícias e reportagens
para a melhoria do meio ambiente na Europa.
Conselho Mundial de Empresas para o Desenvolvimento Sustentável
http://www.wbcsd.ch/templates/TemplateWBCSD4/layout.asp?MenuID=1
Conselho Mundial de Empresas para o Desenvolvimento Sustentável é uma união de
170 companhias internacionais unidas sob o objetivo comum, de promover um
desenvolvimento sustentável, baseado em três pilares básicos: crescimento
econômico, sustentabilidade ambiental e progresso social.
Convênio da Biodiversidade
http://www.biodiv.org/default.aspx
Página oficial do Convênio da Biodiversidade, realizado há mais de 10 anos atrás pelo
Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas.
Corporação para o Desenvolvimento Sustentável – Equador
http://www.codeso.com/Index.html
Organização não governamental que, em colaboração com o Ministério do Meio
Ambiente do Equador, trata temas como a energia alternativa, o turismo sustentável e
o desenvolvimento da comunidade.
Desenvolvimento Sustentável Internacional
http://www.sustdev.org/
Desenvolvimento Sustentável Internacional trabalha em programas de cooperação
com corpos internacionais - inclusive Agencias das Nações Unidas (CSD, UNIDO,
UNEP); o Conselho (WEC) de Energia do Mundo, a Autoridade Bancaria e o Conselho
Internacional para Iniciativas Ambientais Locais – construíram uma base de dados útil
para a tomada de decisões tanto dos representantes locais, regionais e nacionais, das
agencias de desenvolvimento, das comunidades de ONG’s, e para os responsáveis
internacionais das políticas de desenvolvimento.
Fórum Rural Mundial
http://www.ruralforum.net/home.asp
A Associação Fórum Rural Mundial (FRM) é uma entidade sem fins lucrativos, com
sede no País Basco (Espanha), que conta com representantes da Europa, Ásia,
América Latina e África. Serve de fórum de encontro, analise e observatório do
desenvolvimento rural.
IITP - Instituto Internacional para a Paz através do Turismo
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http://www.iipt.org/
O Instituto Internacional para a Paz através do Turismo, é uma organização sem fins
lucrativos dedicada a fomentar e facilitar as iniciativas de turismo que contribuam a
compreensão e às cooperações internacionais, uma melhoria da qualidade do meio
ambiente, à conservação da herança, e através destas iniciativas, ajuda a promover
um mundo pacífico e sustentável.
OMT – Organização Mundial do Turismo
http://www.world-tourism.org/
A Organização Mundial do Turismo (OMT) é a principal organização internacional no
campo do turismo e viagens. As Nações Unidas conferiu-lhe como missão, o papel
central e decisivo para promover o acesso a um tipo de turismo universal, responsável
e sustentável, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento econômico, o
reconhecimento internacional, a paz, a prosperidade, o respeito e o respeito dos
direitos humanos e das liberdades fundamentais.
Funcionando como uma organização englobadora do turismo mundial, a OMT
canalizara e promoverá a transferência de tecnologias e a cooperação internacional,
estimulando e favorecendo a colaboração entre os setores público-privado e
impulsionando a implementação do Código de Ética Mundial para o Turismo, com o
objetivo que todos os Estados membros, os destinos turísticos e a atividade
econômica maximizem os benefícios e os efeitos positivos do turismo - sobre a
economia, a sociedade e a cultura - e ao mesmo tempo, minimizem os impactos
sociais e ambientais.
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
http://www.unep.org/
Página com informações sobre o programa específico das Nações Unidas para o meio
ambiente.
Rede de turismo sustentável da Colômbia
http://www.humboldt.org.co/biocomercio/turismosostenible
Dentro do Instituto de Investigação de Recursos Biológicos Alexander Von Humboldt,
a rede de Turismo Sustentável da Colômbia, um órgão facilitador de processos para o
intercambio de informação e vinculação de atores interessados no desenvolvimento
desta temática.
REDESMA - Rede de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente, Bolívia
http://www.redesma.org/
REDESMA e um espaço virtual de integração e conhecimento que vincula diferentes
instituições assim como pessoas na Bolívia e no resto do mundo, interessadas na
temática do Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente.
Unidade Intersetorial para o Turismo da Organização de Estados Americanos
http://www.oas.org/main/main.asp?sLang=E&sLink=http://www.oas.org/usde
No dia 28 de junho de 1996, a Organização dos Estados Americanos, reconheceu a
importância do Turismo no hemisfério. Por este motivo e para reforçar o grupo de
turismo da OEA e as atividades que vinha desenvolvendo no setor do turismo, o
Secretário Geral da OEA criou a Unidade Intersetorial para o Turismo, que será a
direta responsável de tudo o que está relacionado com o Turismo, e seu
desenvolvimento no hemisfério.
WTTC - World Travel & Tourism Council
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http://www.wttc.org
Este e um fórum para os líderes dos negócios a nível global, que compreende
os presidentes e diretores generais de mais de 100 companhias mais
importantes do mundo. E a única instituição que representa o setor privado em
matéria de turismo e viagens a nível global. A missão principal de WTTC, e de
mostrar e dar conhecimento do impacto econômico da industria por excelência
geradora de riqueza e emprego. Este organismo adota iniciativas para animar e
trabalhar conjuntamente com os governos no desenho e adoção de políticas
que apostem no desenvolvimento sustentável do turismo.
Organismos oficiais
Europa
Conselho Nacional de Turismo da França
http://www.tourisme.gouv.fr/fr/z1/ministere_delegue/conseil_nat/missions.jsp
Página oficial de Turismo da República Francesa.
CSIC - Conselho Superior de Investigação Científicas, Espanha
http://www.tecnociencia.es/especiales/turismo_sostenible/2.htm
Espaço especial sobre turismo sustentável em Tecnologias, a publicação informativa
sobre ciência do Conselho Superior de Investigação Científica, do Ministério de
Educação e Ciência espanhol.
IET - Instituto de Estudos Turísticos, Espanha
http://www.iet.tourspain.es/
O Instituto de Estudos Turísticos é um órgão responsável pela investigação dos
fatores que influenciam o turismo, assim como a elaboração, recolha e valorização de
estatísticas, informações e dados relativos ao mesmo, integrando a Secretaria Geral
de Turismo da Secretaria de Estado de Comércio e Turismo do Ministério da
Economia, Espanha.
Instituto de Financiamento e Apoio ao Turismo de Portugal
http://www.ifturismo.min-economia.pt
É um instituto público que financia o investimento no setor do Turismo. Está tutelado
pelo Ministério da Economia e na dependência do Gabinete do Secretário de Estado
do Turismo, Portugal.
Instituto Nacional de Turismo da Áustria
http://www.austria-tourism.at
Página oficial do Instituto Nacional de Turismo da Áustria.
Instituto Nacional de Turismo da Croácia
http://www.croatia.hr/
Página oficial do Instituto Nacional de Turismo da Croácia.
Instituto Nacional de Turismo da Hungria
http://www.hungarytourism.hu
Página oficial de Turismo do Governo da Hungria.
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Instituto Nacional de Turismo da República Checa
http://www.czechtourism.com/
Página oficial do Governo da República Checa. Todas as atividades do gabinete se
concentram no desenvolvimento do turismo. A República Checa se apresenta no
exterior com cinco principais temas turísticos: encanto dos castelos, palácios e cidades
históricas; férias saudáveis e ativas; Praga dourada (em três concepções: histórica,
cultural e juvenil); os balneários: lugares de descanso e relaxamento; os monumentos
eclesiásticos e lugares de peregrinação.
Instituto Nacional Italiano para o Turismo
http://www.enit.it/chiSiamo.asp?lang=ES
Tem a missão de providenciar "a promoção turística da Itália no estrangeiro".
Persegue esta finalidade "adotando iniciativas para fazer conhecer no estrangeiro os
recursos turísticos nacionais e regionais e em particular os valores naturais,
ambientais, históricos culturais e artísticos do nosso país” e para assistir e oferecer
serviços técnicos para as empresas turísticas italianas para a sua penetração
comercial nos mercados estrangeiros.
PIQTUR - Programa de Intervenção para a Qualidade do Turismo – Portugal
http://www.ifturismo.min-economia.pt/ift_conteudo_01.asp?lang=pt&artigo=13453
Site oficial de Turismo do Governo de Portugal. Suas principais missões residem na
dinamização do mercado interno, a realização de projetos integrados para estruturar
os produtos turísticos inovadores e apoiar intervenções destinadas à sensibilização
potenciando desta forma uma efetiva implantação da cultura do Turismo.
América Latina
Instituto Costarriquense de turismo
http://www.visitcostarica.com/ict/paginas/tourismboard.asp
Promove o desenvolvimento turístico integral com o objetivo de melhorar o nível de
vida dos costarriquenses, mantendo um equilíbrio entre o econômico, o social, a
proteção do ambiente, a cultura e a infra-estrutura.
Instituto Hondurenho de Turismo
http://www.casapresidencial.hn/turismo/260703_1.php
Organismo dependente da Secretaria de Turismo da Presidência da República de
Honduras. O Instituto Hondurenho de Turismo, e o organismo executor de todas as
ações e políticas estabelecidas pela Secretaria do Turismo e relacionadas com o
desenvolvimento sustentável e o equilíbrio do setor em particular. Constitui-se então,
em uma entidade de caráter permanente, com personalidade jurídica e patrimônio
próprio, com autonomia administrativa e financeira com efeitos de facilitar sua ação
operativa.
Instituto Panamenho de Turismo
http://www.ipat.gob.pa/
Página oficial do Governo de Panamá, sua principal missão e a definição de objetivos,
a unificação de critérios e a execução de ações sujeitas a constante atualização
profissional, para posicionar o Panamá como destinação turística preferida.
Ministério de Turismo do Brasil
http://www.turismo.gov.br
Embratur, o Instituto Brasileiro de Turismo, organismo dependente do Ministério de
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Turismo do Brasil é o responsável pela promoção, divulgação e apoio à
comercialização dos produtos brasileiros no exterior.
Ministério de Turismo do Uruguai
http://www.mintur.gub.uy
Tem a missão de orientar, estimular, promover, regulamentar, investigar e controlar o
turismo e as atividades e serviços diretamente conectados ao mesmo.
Programa Nacional de Turismo Mexicano
http://www.sectur.gob.mx/wb2/sectur/sect_231_programa_nacional_de
Página oficial da Secretaria de Turismo do Governo do México. A principal missão da
Secretaria de Turismo de México e conduzir o desenvolvimento turístico nacional,
mediante as atividades de planejamento, impulso ao desenvolvimento da oferta, apoio
às operações dos serviços turísticos e a promoção, articulando as ações de diferentes
instancias e níveis de governo.
Secretaria de Turismo da Argentina
http://www.sectur.gov.ar/esp/menu.htm
Página oficial do Governo da Argentina. Sua principal missão é fazer do
desenvolvimento turístico uma política de Estado. Gerar através do turismo ingressos
genuínos e criar novos postos de trabalho. Animar as atividades turísticas,
convertendo a Argentina em um lugar de referência permanente. Fomentar a
profissionalização do turismo interno e receptivo internacional. Apostar em um
crescimento harmônico e sustentável da oferta, assim como impulsionar a colaboração
público-privado.
Secretaria Nacional de Turismo do Paraguai
http://www.senatur.gov.py
Secretaria Nacional de Turismo do Paraguai. Promove as atrações turísticas do
Paraguai. Também e, sobretudo, projeta as potencialidades da região, em busca de
oportunidades não só no campo turístico, mas sim em todos os setores que podem
contribuir para o seu desenvolvimento econômico e social.
Serviço Nacional de Turismo do Chile
www.sernatur.cl
O Serviço Nacional de Turismo do Chile orienta, consolida e dinamiza o
desenvolvimento do turismo em Chile, de forma sustentável, gerando mais
oportunidades para incorporar a comunidade, estimulando a competitividade e
transparência do mercado turístico através de linhas de ação, programas e projetos
que beneficiem os turistas, nacionais e estrangeiros, prestadores de serviços
turísticos, comunidades locais e ao país em seu conjunto.
América do Norte
Comissão Canadense de Turismo
http://www.canadatourism.com/ctx/app/
A Comissão Canadense de Turismo é uma sociedade do Estado que trabalha em
regime de parceria com a indústria canadense de turismo, para promover o Canadá
como um destino importante no âmbito mundial.
OTTI - Office of Travel and Tourism Industries
http://www.tinet.ita.doc.gov/
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Dentro do Departamento de Comércio e Turismo do Governo dos Estados Unidos da
América, a página de Turismo oferece informações sobre o setor e as políticas de
desenvolvimento do turismo nos EUA.
Turismo, Cultura e Recreação de Newfoundland e Labrador - Canadá
http://www.gov.nf.ca/tcr/
O mandato essencial consiste na elaboração de uma estratégia econômica que incida
no aumento de emprego na industria turística, fomentar a cultura local e as artes,
preservar e interpretar adequadamente os espaços naturais e culturais de seus
habitantes, assim como promover ativamente a recreação e os desportos.
Turismo Québec - Canadá
http://www.tourisme.gouv.qc.ca/mto/mto.html
Sua missão consiste em favorecer o crescimento da indústria turística do Québec.
Com este fim, suas ações se concentram em três elos: orientar e harmonizar a ação
governamental e privada em matéria turística; suscitar e promover o desenvolvimento
da oferta turística; e finalmente, assegurar a divulgação de Québec e de suas
experiências turísticas.
Turismo Nova Escócia – Canadá
http://www.gov.ns.ca/dtc/
Departamento de Turismo da Nova Escócia. Tem uma efetiva divisão de funções que
cobre os planos de desenvolvimento, marketing e operações na Nova Escócia.
Ásia e Pacífico
Autoridade de turismo da Tailândia
http://www.turismothailandes.com/portugues/inicio.htm
Informações de diferentes perspectivas das metas turísticas na Tailândia.
Gabinete de Turismo do Havaí
http://www.hawaii.gov/tourism/index.html
Esta página oficial do gabinete de Turismo do Havaí, encarregada de velar pelos
interesses do setor em um dos destinos turísticos de sol e praia mais conhecido a
nível internacional.
Ministério do Turismo da Índia
http://www.tourisminindia.com
Página oficial para a promoção do turismo na Índia, com informações sobre agências
turísticas, hotéis, e as principais cidades do País.
África
Autoridade de turismo – KwaZulu Natal
http://www.kzn.org.za/kzn/kznta/
Página oficial que contém, entre outras informações, as metas turísticas, os objetivos e
as perspectivas do turismo da região sul-africana.
Instituto de Turismo da África do Sul
http://www.southafrica.net/index.cfm?SitePageID=324
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Página oficial com os objetivos do Instituto de Turismo da África do Sul e informações
úteis para desfrutar das diferentes zonas das metas turísticas.
Ministério da Indústria, Comércio e Turismo de Moçambique
http://www.mozambique.mz/turismo/index.htm
Página oficial com informações sobre a estratégia nacional de turismo em
Moçambique.
Oceania
Departamento Australiano para os Negócios Estrangeiros e Comércio
http://www.dfat.gov.au/trade
Página oficial do turismo na Austrália, com informações sobre as políticas para seu
desenvolvimento e idéias sobre como desfrutar do principal país da Oceania.
Gabinete de Turismo e Esporte da Nova Zelândia
http://www.tourism.govt.nz/
Página oficial do Ministério de Turismo da Nova Zelândia, com as principais
estratégias para a promoção do setor turístico e sua influencia no desenvolvimento
sócio econômico do País.
( Eventos de interesse
ITB - Berlim, Alemanha
ITB Berlim é uma das grandes plataformas de lançamento anual da atividade turística.
Nela encontram-se os máximos expoentes do mercado turístico mundial. Tanto os
eventos centrais de exibição dos distintos segmentos turísticos, assim como as
atividades complementares que se desenham a cada edição, representam o amplo
espectro da indústria turística. É também o fórum para o desenvolvimento de novas
idéias, para contrastar perspectivas globais e estratégias de marketing.
A próxima edição terá lugar de 11 a 15 de Março de 2005.
Site: http://vip8prod.messe-berlin.de/vip8_1/website/MesseBerlin/htdocs/www.fair.itbberlin.de/index_e.html
FITUR- Madrid, Espanha
A Feira Internacional do Turismo, é um fórum único e consolidado para conhecer a
realidade do presente e futuro da indústria turística nacional e internacional. Este
evento, que celebrou em finais de Janeiro a sua 24ª edição, tem caráter anual e se
celebra em Madrid.
A Feira converteu-se em um dos melhores instrumentos para a promoção e
comercialização de produtos turísticos, e na melhor vitrina onde se refletem a evolução
e especialização do setor turístico, mostrando as últimas tendências, produtos e
serviços, destinos turísticos, desenvolvimentos em formação, consultadoria e
tecnologia aplicada ao turismo.
Site: http://www.fitur.ifema.es/ferias/fitur/entrada.html
IV Conferência Mundial de Viagens e Turismo - de 1 a 3 de Maio - Doha - QATAR
Os principais líderes empresariais mundiais do setor, juntamente com numerosos
especialistas e múltiplos meios de comunicação internacionais, reuniram-se no Qatar
no quadro da IV Conferência Mundial de Viagens e Turismo organizada pela World
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Travel & Tourism Council (WTTC) para debater os mais importantes desafios que
afetam o turismo neste ano de 2004.
Mais informação: WTTC-World Travel & Tourism Council
Telefone 44 870 727 9882
Site: http://217.76.144.254/excel01/contenido/portal/conozca_wttc_enlace.aspx
E-mail: [email protected]
Encontro Mundial das Culturas – de 9 de Maio a 26 de Setembro de 2004 Barcelona, Espanha
Barcelona será o centro do turismo mundial em 2004. Para além do Encontro Mundial
das Culturas e do ano de Dali, Gaudí, Picasso, a gastronomia, as praias e a natureza
se combinam para dotar o visitante de uma oferta variada e atrativa.
tel. +34 933209010
Site: http://www.barcelona2004.org/
8º Conferência anual sobre investimentos turísticos – de 10 a 12 de maio de 2004
- Jamaica
Prestigiosos especialistas em finanças, investigação e estratégias turísticas discutiram
sobre as mais importantes tendências de desenvolvimento do setor e das
oportunidades turísticas do Caribe.
Para ulteriores informações:
e-mail: [email protected]
Site: www.caribbeanhotels.org/investmentconference/Index.htm
Worldwide Advantages Sustained by Transforming Excess – de 12 a 14 de Maio
de 2004 - Malta
Esta conferência quer servir de plataforma na qual analisar a importância dos sistemas
revolucionários que se podem utilizar para converter o problema global dos resíduos
sólidos em novas e sustentáveis estratégias de desenvolvimento, diminuindo assim, a
escala global, os efeitos da contaminação do meio ambiente.
Para ulteriores informações:
e-mail: [email protected]
Site: www.integrated-waste-solutions.com
The Worldwide Exhibition for Incentive Travel, Meetings and Events – de 12 a 14
de Maio de 2004 - Frankfurt, Alemanha
IMEX se celebra uma vez ao ano para colocar em contacto os profissionais do setor
turístico com importantes perspectivas de encarar o influente mercado alemão. Neste
encontro, estiveram presentes 2.000 expositores de mais de 100 países de todo o
mundo, numa área de 11.000 metros quadrados, com representantes de institutos de
turismo regionais e nacionais, assim como grupos hoteleiros, linhas aéreas,
companhias de management de destinos turísticos, provedores de serviços e
associações de viagens.
Para ulteriores informações:
e-mail: [email protected]
Site: www.imex-frankfurt.com
IV Congresso Internacional Sobre Turismo Rural e Desenvolvimento Sustentável
– de 12 a 15 de Maio de 2004 - Santa Catarina, Brasil
Este congresso considera fundamental para o desenvolvimento do turismo rural, o
estabelecimento de políticas que possam normalizar as ações públicas e privadas.
Além disso, o evento analisa a dimensão do turismo rural para o desenvolvimento local.
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Entre os objetivos específicos das jornadas, destacam o debate sobre as atividades no
espaço rural, em combinação com as atividades agrícolas; analisar o papel das
populações locais no desenvolvimento do turismo; observar a influência do turismo no
meio ambiente e na vida dos cidadãos dos destinos turísticos; e comparar
experiências internacionais, nacionais, regionais e locais nesta matéria.
Para ulteriores informações:
site: http://www.ielusc.br/citurdes
Encontro colaboração público-privada no marketing turístico - 14 de Maio de
2004 - Estoril, Portugal
Organizado pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo de Estoril, o encontro analisa
em profundidade o caso deste destino turístico português partindo do ponto de vista da
importância da colaboração entre os setores público e privado para colocar em marcha
boas estratégias de marketing turístico.
Para ulteriores informações:
tel.: 00351213833394
e-mail: [email protected]
Site: www.eshte.pt/
European Travel Distribution Summit 2004 – de 17 a 19 de maio de 2004 Londres, Inglaterra
As companhias de viagens mais consolidadas e importantes da Europa encontram-se
em Londres. O encontro contará com mais de setenta relatores, mais de mil
representantes e quarenta expositores. As jornadas abordam, entre outras matérias, a
importância das novas tecnologias e as políticas de administração para a indústria do
turismo.
Os debates se organizam-se em três grandes grupos de análise: Distribuição na
indústria turística, Tecnologia sem fios e móvel no setor de turismo, e políticas de
gestão de preços na promo-comercialização turística.
Para ulteriores informações:
Tel. (44) 20 7375 7181
e-mail: [email protected]
Site: http://www.eyefortravel.com/
Workshop on Tourism Development: Exploring the Success of Niagara Tourism de 22 de Maio a 13 de Junho de 2004 - Niagara Falls, Canadá
Trata-se do estudo e análise aprofundada do caso das Cascatas do Niágara como
modelo de desenvolvimento turístico.
Para ulteriores informações:
Philbhert Suresh.CKO
e-mail: [email protected]
Site: www.niagarac.on.ca/features/tourism_on_the_lake/
Conferência Internacional do Turismo - 26 de Maio de 2004 - Dubai, Emirados
Árabes Unidos
O tema do encontro se concentra nas dimensões do turismo desde a perspectiva
regional,
Para ulteriores informações:
e-mail:[email protected]
Site: http://www.translogistique.org
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Spotlight Domestic Travel Roadshow - de 31 de Maio a 4 de Junho de 2004 Around South Africa - 9 cities
Estudo da organização e promoção de viagens na África do Sul, com o objetivo
principal de promover as viagens dentro deste país e as visitas regionais a países
vizinhos. No encontro, participarão agências de viagens de ócio e negócio da África do
Sul, operadores turísticos e imprensa de viagens, entre outros.
Para ulteriores informações:
Houston Travel Marketing
Derek Houston
e-mail: [email protected]
Site: http://www.houstonmarketing.co.za
Tourism Rendezvous - de 24 a 27 de Maio 2004 - Christchurch, Nova Zelândia
TRENZ é uma da rotas mais significativas do setor turístico da Nova Zelândia. De
caráter anual e internacional, este evento aborda as importantes oportunidades de
negócios turísticos na Nova Zelândia para operadores e companhias turísticas de todo
o mundo
Para ulteriores informações:
e-mail: [email protected]
Site: www.trenz.co.nz
I Seminário Internacional de Inovação e Turismo - de 26 a 28 de Maio de 2004 Palma de Maiorca, Espanha
O Seminário Internacional de Inovação e Turismo que organiza o Gabinete da
Economia, Fazenda e Inovação, e o Instituto de Turismo do Governo das Ilhas
Baleares (Espanha).
Para ulteriores informações:
Site: http://www.caib.es/root/index.es.jsp
International Rural Tourism Workshop - 2 e 3 de Junho de 2004 - Letônia
Este encontro está centralizado em quatro temas inter-relacionados: qualidade,
tecnologias da informação, meio ambiente e formação que serão abordados por
profissionais do turismo rural da Europa Ocidental e Oriental. Se criará um fórum para
trocar experiências práticas e soluções de diferentes territórios. Após as sessões de
trabalho, os participantes terão a oportunidade de desfrutar do programa social,
participando a visitas de trabalho organizadas pela EuroGites, a Federação Européia
de Turismo Rural.
Para ulteriores informações:
Latvian Country Tourism Association
Kugu street, 11 - 2nd floor RIGA LV-1048, Latvia
tel. (371) 7617600
fax: (371) 7830041
e-mail: [email protected]
Site: http://www.conferences.traveller.lv/
Meeting Place Mexico “The Meetings and Incentives Market”- de 2 a 7 de Junho
de 2004 - Veracruz, México
Para ulteriores informações:
International Liaisons: Marie-Claude Bouffard
Río Tiber 100 – 4° Piso Col. Cuauhtémoc
C.P. 06500, México D.F.
tel. (52) 55 51 48 22 98
fax (52) 55 51 48 22 52
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e-mail: [email protected]
site: http://www.meetingsmexico.com
Travel Turkey 2004 - de 3 a 6 de Junho de 2004 - Istambul, Turquia
O encontro pretende ser um ponto de encontro para profissionais dos serviços
turísticos turcos e internacionais, que terão a oportunidade de comprovar a qualidade
e sincera hospitalidade da Turquia, que frequentemente surpreende os que visitam
este destino pela primeira vez pelas suas atrações, variedade geográfica, diversidade
cultural e gastronômica. O turismo em Turquia apresenta uma grande variedade
temática de oportunidades para férias, como o eco-turismo, aventuras, esportes, arte e
cultura, com Istambul como grande ponto de referência.
Para ulteriores informações:
Mahir ERKAN
Hannover Messe International Istanbul Ltd.
Inonu Caddesi No: 53 Ongan Apt. K:3 D:8
80090 Gumussuyu/Taksim-Istanbul
tel. (90) 212 334 69 00
fax (90) 212 334 69 34
e-mail: [email protected]
Site: http://www.hf-turkey.com
SIMPOTUR – III Simpósio Brasileiro de Turismo - de 16 a 19 de Setembro de 2004
- Ouro Preto, Brasil
O turismo é um ramo do conhecimento em fase de desenvolvimento e consolidação.
Neste contexto, o Simpósio Brasileiro de Turismo, na sua terceira edição, pretende
fomentar estudos acerca do fenômeno turístico, abordando o tema “Atuação do
Profissional de Turismo". O III SIMPOTUR visa obter resultados significativos no que
tange ao papel desempenhado pelo turismólogo na sociedade pós-industrial, onde há
um aumento no tempo livre em função das transformações ocorridas no mundo do
trabalho, devido à revolução tecnológica.
Para ulteriores informações:
Site: http://www.bandeirante.org/
IX Encontro de Geografia do Turismo, Ócio e Recreação - de 21 a 23 de Outubro
de 2004 – Saragoça, Espanha
Neste encontro pretende-se abordar a incidência que esta intensificação da atividade
turística está a ter nos lugares de destino, explicando em que medida se traduz na
criação de uma nova estrutura turística no território, assim como na renovação,
remodelação e/ou ampliação da já existente. Ao mesmo tempo, presta-se atenção às
implicações derivadas desde ponto de vista setorial (agentes implicados, novos
processos, iniciativas e atividades), ambiental (os critérios de sustentabilidade nos
destinos turísticos), do planejamento (critérios, procedimentos) e da gestão
(experiências, propostas, realidades).
Para ulteriores informações:
Site: http://www.ieg.csic.es/age/turismo/
VIII Encontro Nacional de Turismo com Base Local (ENTBL) - 3 de Novembro de
2004, Curitiba, Brasil
O ENTBL 2004 tem se caracterizado como um evento que objetiva centrar o foco na
abordagem das múltiplas questões (econômicas, políticas, sociais, ambientais,
culturais e técnicas) e na diversidade de fatores que perpassam a expansão do
turismo no âmbito nacional, constituindo-se num importante fórum de discussão sobre
que tipo de desenvolvimento turístico se quer para o Brasil. O evento tem sido uma
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oportunidade para se questionar os interesses que permeiam o processo de
desenvolvimento do turismo no Brasil, notadamente, dos programas e projetos
executados no país, muitos deles decididos e implantados sem a menor participação
da sociedade, visando apenas e tão somente a exploração das riquezas naturais e do
patrimônio histórico-cultural.
Este ano o Encontro é dedicado ao tema “Planejamento do Turismo para o
Desenvolvimento Local”.
Para ulteriores informações:
Site: http://www.entbl.tur.br/
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O Programa Delnet do Centro Internacional de Formação da OIT, é
realizado graças ao apoio da Cidade de Sevilha, Espanha
(Município de Sevilha e Sevilha Global, Agência Urbana de Desenvolvimento) e da
Fundação CajaGRANADA, Espanha
e conta com a colaboração de:
• Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
• Fundação Interamericana (FIA / IAF)
• Programa de Melhores Práticas e Liderança Local de UNCHS – Habitat
• Escola Superior de Pessoal do Sistema das Nações Unidas (UNSSC)
Colaboram tecnicamente com Delnet:
Unidade de Coordenação de Gênero - CIF/OIT
Enfoque Global, Madrid, Espanha
EDITA:
CENTRO INTERNACIONAL DE FORMAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO
INTERNACIONAL DO TRABALHO
Viale Maestri del Lavoro, 10 • 10127 Turim, Itália. Fax: +39 011 693 64 77
Correio eletrônico:
Internet:
[email protected]
http://www.itcilo.org/delnet
As denominações usadas, conforme a prática seguida pelas Nações Unidas, e a forma de apresentação dos dados nas
publicações da OIT não implicam uma consideração crítica por parte da Organização Internacional do Trabalho em relação à
situação jurídica dos países, às áreas ou territórios citados ou às suas autoridades, nem sobre a delimitação das suas fronteiras. A
responsabilidade das opiniões expressas nos artigos, estudos e em outras colaborações assinados pertence, exclusivamente, aos
seus autores e a sua publicação não significa a aprovação da OIT. As referências a empresas ou a processos ou produtos
comerciais não implicam qualquer aprovação por parte da OIT, assim como o fato de empresas ou processos ou produtos
comerciais não serem mencionados não implica uma desaprovação.
Editado pelo Centro Internacional de Formação da OIT, Turim, Itália.
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