protocolo - Saúde FOZ
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protocolo - Saúde FOZ
Prefeitura do Município de Foz do Iguaçu ESTADO DO PARANÁ Secretaria Municipal da Saúde PROTOCOLO DO PROJETO MUNICIPAL DE FITOTERAPIA APL FOZ DO IGUAÇU- PR JUNHO/2015 SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE Av. Brasil, 1637 sala 313 – Centro – 85851-000 - Foz do Iguaçu – Paraná TELEFONE: (45)2105-1129; e-mail: [email protected] PROJETO DO APL – FOZ DO IGUAÇU/PR EDITAL N°01/2012 DAF/FITO/SCTIE/MS PREFEITO MUNICIPAL: Reni Pereira SECRETÁRIO MUNICIPAL DA SAÚDE: Charlles Bortolo EQUIPE DE FITOTERAPIA MUNICIPAL / COORDENAÇÃO: Christiane Magdalena Lopes Pereira – Médica SMSA Elizabeta Damke – Enfermeira SMSA Elizabeth Parcinello – Dentista SMSA Flávia A. Barbosa Rastelli – Farmacêutica Bioquímica SMSA Noemi Weiss – Nutricionista SMSA APOIO TÉCNICO: Leandro de Albuquerque Medeiros – Farmacêutico Instituto de Desenvolvimento Educacional de Pernambuco; Evani Lemos de Araújo - Médica - Universidade Federal de Pernambuco; Magda Rhayanny Assunção Ferreira - Laboratório de Farmacognosia da Universidade Federal de Pernambuco; SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE Av. Brasil, 1637 sala 313 – Centro – 85851-000 - Foz do Iguaçu – Paraná TELEFONE: (45)2105-1129; e-mail: [email protected] Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas dê o primeiro passo. Martin Luther King SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE Av. Brasil, 1637 sala 313 – Centro – 85851-000 - Foz do Iguaçu – Paraná TELEFONE: (45)2105-1129; e-mail: [email protected] Apresentação A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos aprovada pelo Decreto n°5.813, de 22 de junho de 2006, que implementam ações de melhoria da qualidade de vida da população brasileira através de ações voltadas ao uso racional e acesso aos usuários do Sistema Único de Saúde- SUS às plantas medicinais e fitoterápicos, além do incentivo ao conhecimento tradicional das comunidades e utilização de nossa biodiversidade com a promoção de desenvolvimento de tecnologias fortalecendo os arranjos produtivos e melhorando a atenção à saúde da população. Nesse sentido, visando atingir os objetivos da Política Nacional do Ministério da Saúde, o município de Foz do Iguaçu, através de envio de uma proposta perante Edital n° 01/2012 DAF/FITO/SCTIE/MS, foi contemplado com recurso para implantação do projeto denominado: Arranjo Produtivo Local em Plantas Medicinal e Fitoterápico, possibilitando a ampliação de opções terapêuticas relacionadas à Fitoterapia no SUS. Com diversas ações, entre elas: a qualificação dos profissionais de saúde como médicos, enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e odontólogos, envolvidos nesta estratégia, através de capacitações destes para a prescrição e orientação da população quanto ao uso racional destes medicamentos. Este protocolo estabelece noções de farmacologia aplicada à fitoterapia, farmacotécnica, monografias de plantas medicinais e critérios de atendimento aos usuários e seu tratamento com plantas medicinais e fitoterápicos. Na promoção quanto à prevenção da saúde, de tratamento de patologias crônicas e situações clínicas advindas das especialidades estabelecidas, incorporando as práticas integrativas complementares do SUS, fomentando novos projetos e incentivo à pesquisa para nosso município almejando a promoção da saúde dos usuários. Neste contexto, Foz do Iguaçu propõe a se transformar num município forte regionalmente. Para tanto, a geração do conhecimento, a transferência desses para a sociedade e a responsabilidade ambiental são condições imprescindíveis no processo de desenvolvimento que se espera sustentável e contínuo. Criando um alicerce que ampara o desenvolvimento permanente do município, sendo assim, o Executivo municipal juntamente com o gestor municipal da Saúde, faz parceria com os Produtores da Bacia do Paraná III para consolidar sua opção pelo investimento em ciência, tecnologia e inovação com foco não apenas em resultados imediatos, mas também em longo prazo pretendendo fortalecer a Política de Saúde bem como melhorar os atendimentos aos munipices locais. Fitoterapia do Município de Foz do Iguaçu SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE Av. Brasil, 1637 sala 313 – Centro – 85851-000 - Foz do Iguaçu – Paraná TELEFONE: (45)2105-1129; e-mail: [email protected] 1 Sumário PROTOCOLO GERAL ................................................................................................................................................... 3 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS, DROGAS VEGETAIS E FITOTERÁPICOS .......................................... 4 FITOQUÍMICA E FARMACOLOGIA APLICADA ................................................................................................................... 5 FARMACOTÉCNICA.......................................................................................................................................................... 17 FITOTERAPIA E MEDICINA CIENTÍFICA ........................................................................................................................ 24 PROTOCOLO MÉDICO DE FITOTERAPIA ........................................................................................................... 26 TRANSTORNOS DE ANSIEDADE ...................................................................................................................................... 27 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................. 27 DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO ..................................................................................................................................... 27 TRATAMENTO ................................................................................................................................................................. 31 PRESCRIÇÃO.................................................................................................................................................................... 32 CAMOMILA ...................................................................................................................................................................... 33 MARACUJÁ ...................................................................................................................................................................... 35 VALERIANA ..................................................................................................................................................................... 37 ERVA-CIDREIRA .............................................................................................................................................................. 39 CAPIM LIMÃO .................................................................................................................................................................. 41 TRANSTORNOS DEPRESSIVOS .............................................................................................................................. 43 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................. 44 PREVALÊNCIA ................................................................................................................................................................. 46 EVOLUÇÃO/PROGNÓSTICO ............................................................................................................................................ 46 DIAGNÓSTICO ................................................................................................................................................................. 46 SINTOMAS ASSOCIADOS QUE ESTÃO FREQUENTEMENTE PRESENTES: ........................................................................ 47 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À GRAVIDADE DOS EPISÓDIOS DEPRESSIVOS .................................................................... 47 CO-MORBIDADES ........................................................................................................................................................... 47 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL .......................................................................................................................................... 48 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO E FITOTERÁPICO .................................................................................................... 48 ERVA DE SÃO JOÃO ......................................................................................................................................................... 50 GINSENG BRASILEIRO ..................................................................................................................................................... 52 ALECRIM ......................................................................................................................................................................... 54 DIABETES MELITO TIPO 2 ..................................................................................................................................... 56 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................. 57 PATA-DE-VACA ............................................................................................................................................................... 62 CARQUEJA ....................................................................................................................................................................... 64 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA ............................................................................................................... 66 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................................. 67 ALHO ............................................................................................................................................................................... 74 ALCACHOFRA .................................................................................................................................................................. 76 ALECRIM ......................................................................................................................................................................... 79 EMBAÚBA ........................................................................................................................................................................ 81 UVA.................................................................................................................................................................................. 83 CAVALINHA ..................................................................................................................................................................... 85 CAPIM LIMÃO .................................................................................................................................................................. 87 OUTRAS MONOGRAFIAS ......................................................................................................................................... 89 LARANJA AMARGA .......................................................................................................................................................... 90 ESPINHEIRA SANTA ........................................................................................................................................................ 93 2 ANGÉLICA ........................................................................................................................................................................ 95 HORTELÃ-PIMENTA ....................................................................................................................................................... 97 ALFAVACA ....................................................................................................................................................................... 99 CANELA ........................................................................................................................................................................ 101 ALCAÇUZ ...................................................................................................................................................................... 103 PROTOCOLO ODONTOLÓGICO DE FITOTERAPIA ....................................................................................... 105 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 106 SAÚDE BUCAL............................................................................................................................................................... 107 PRINCIPAIS LESÕES BUCAIS ....................................................................................................................................... 108 PÚBLICO-ALVO ............................................................................................................................................................ 111 POSOLOGIA .................................................................................................................................................................. 111 LISTA DE ESPÉCIES DE INTERESSE NA ODONTOLOGIA ............................................................................................... 113 ESPINHEIRA SANTA ..................................................................................................................................................... 113 TANSAGEM ................................................................................................................................................................... 116 HORTELÃ-PIMENTA .................................................................................................................................................... 118 ERVA-CIDREIRA .......................................................................................................................................................... 120 PROTOCOLO NUTRICIONAL DE FITOTERAPIA ............................................................................................ 122 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 123 PÚBLICO-ALVO ............................................................................................................................................................ 124 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ............................................................................................................................................ 124 POSOLOGIA .................................................................................................................................................................. 124 LISTA DE ESPÉCIES DE INTERESSE NA NUTRIÇÃO ...................................................................................................... 125 ESPINHEIRA SANTA ..................................................................................................................................................... 125 TANSAGEM ................................................................................................................................................................... 128 HORTELÃ-PIMENTA .................................................................................................................................................... 130 ERVA-CIDREIRA ........................................................................................................................................................... 132 CARQUEJA .................................................................................................................................................................... 134 CAPIM LIMÃO ............................................................................................................................................................... 136 ALECRIM ...................................................................................................................................................................... 138 ALFAVACA .................................................................................................................................................................... 140 CAMOMILA ................................................................................................................................................................... 142 MARACUJÁ ................................................................................................................................................................... 144 ALCACHOFRA ............................................................................................................................................................... 146 PROTOCOLO DE FITOTERAPIA EM ENFERMAGEM .................................................................................... 149 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 150 PÚBLICO-ALVO ............................................................................................................................................................ 150 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ............................................................................................................................................ 151 POSOLOGIA .................................................................................................................................................................. 151 LISTA DE ESPÉCIES DE INTERESSE POTENCIAL NA ENFERMAGEM ............................................................................ 152 ESPINHEIRA SANTA ..................................................................................................................................................... 152 TANSAGEM ................................................................................................................................................................... 155 HORTELÃ-PIMENTA .................................................................................................................................................... 157 ERVA-CIDREIRA ........................................................................................................................................................... 159 PATA-DE-VACA ............................................................................................................................................................ 161 CARQUEJA .................................................................................................................................................................... 163 CAPIM LIMÃO ............................................................................................................................................................... 165 ALECRIM ...................................................................................................................................................................... 167 ALFAVACA .................................................................................................................................................................... 169 CAMOMILA ................................................................................................................................................................... 171 MARACUJÁ ................................................................................................................................................................... 173 EMBAÚBA ..................................................................................................................................................................... 175 3 PROTOCOLO FARMACÊUTICO DE FITOTERAPIA ........................................................................................ 177 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 178 PÚBLICO-ALVO ............................................................................................................................................................ 179 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ............................................................................................................................................ 179 POSOLOGIA .................................................................................................................................................................. 180 LISTA DE ESPÉCIES DE INTERESSE POTENCIAL AO FARMACÊUTICO ......................................................................... 181 ESPINHEIRA SANTA ..................................................................................................................................................... 181 TANSAGEM ................................................................................................................................................................... 184 HORTELÃ-PIMENTA .................................................................................................................................................... 186 ERVA-CIDREIRA ........................................................................................................................................................... 188 PATA-DE-VACA ............................................................................................................................................................ 190 CARQUEJA .................................................................................................................................................................... 192 CAPIM LIMÃO ............................................................................................................................................................... 194 ALECRIM ...................................................................................................................................................................... 196 ALFAVACA .................................................................................................................................................................... 198 CAMOMILA ................................................................................................................................................................... 200 MARACUJÁ ................................................................................................................................................................... 202 EMBAÚBA ..................................................................................................................................................................... 204 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................... 206 PROTOCOLO GERAL 4 Critérios de seleção de plantas medicinais, drogas vegetais e fitoterápicos Os critérios utilizados para a seleção dos medicamentos foram: Eficácia comprovada, segurança, estabilidade e custo do produto; Capacidade de tratar a maioria dos transtornos mentais, quadros hipertensivos leve a moderados e diabetes, considerando os níveis de complexidade das Unidades de Saúde; Escolha preferencial dos medicamentos essenciais constante na lista da Organização Mundial de Saúde – OMS Ter preferencialmente mais de um laboratório produtor. Haverá revisão periódica, sempre que necessário, da relação das espécies vegetais do Programa, podendo ser incluído e/ou excluídos um ou mais itens, após avaliação da equipe multidisciplinar em saúde de Foz do Iguaçu. 5 Fitoquímica e Farmacologia aplicada 1. Introdução A palavra fitoterapia é derivada do grego phitos, que significa plantas, e terapia, que quer dizer tratamento. A fitoterapia é o recurso de prevenção e tratamento de doenças através das plantas medicinais, e a forma mais antiga e fundamental de medicina da Terra. Para alcançar a ação terapêutica desejada, o profissional de saúde deve conhecer desde os princípios básicos a cerca de plantas medicinais até a dispensação de plantas/produtos/medicamentos fitoterápicos, de tal forma que se obtenham a resposta desejada. Desta forma, alguns conceitos são importantes durante este processo, como veremos abaixo: a. Droga: o conceito geral de droga refere-se à substâncias ilícitas. O anglo-saxão inclui substâncias com propriedades terapêuticas. Outra definição trata droga como todo material de origem natural seja em estado bruto (folhas rasuradas), ou obtidos por operações simples (extratos brutos) que possuam os princípios ativos para aplicação direta ou empregados como forma farmacêutica intermediária (substância ou matéria-prima que tenha a finalidade medicamentosa ou sanitária – Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA). b. Droga vegetal: parte da planta que contém o Princípio Ativo (P.A.): planta medicinal ou suas partes, após processos de coleta, estabilização e secagem, podendo ser íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada (ANVISA). Farmacógeno. c. Medicamentos Fitoterápicos: são aqueles produtos que contém exclusivamente droga vegetal ou uma preparação desta. A droga vegetal ou sua preparação é, em sua totalidade, considerada com ingrediente ativo. d. Fitocomplexo: conjunto de todas as substâncias, originadas do metabolismo primário ou secundário, responsáveis, em conjunto, pelos efeitos biológicos de uma planta medicinal ou de seus derivados. e. Marcador: substância ou classe de substâncias (ex.: alcaloides, flavonoides, ácidos graxos, etc.) utilizada como referência no controle da qualidade da matériaprima vegetal e do fitoterápico, preferencialmente tendo correlação com o efeito terapêutico. O marcador pode ser do tipo ativo, quando relacionado com a 6 atividade terapêutica do fitocomplexo, ou analítico, quando não demonstrada, até o momento, sua relação com a atividade terapêutica do fitocomplexo. f. Fitofármaco: - . O conceito de fitoterapia envolve o estudo e aplicação dos efeitos terapêuticos de drogas vegetais e derivados, dentro de um contexto holístico. Ainda pode ser conhecida “ ê ” -se da ciência que estuda a utilização dos produtos de origem vegetal com finalidade terapêutica para se prevenir, atenuar ou curar um estado patológico; por fim, é possível evidenciar a fitoterapia como uma prática terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal. Nesse sentido, surgem novos conceitos que devem ser abordados, como: a. Medicamentos Fitoterápicos: medicamentos cujos princípios ativos são exclusivamente derivados de drogas vegetais (produtos de extração: extrato, tintura, óleos, sucos e outros). Não é objeto de registro planta medicinal ou suas partes, depois de processos de coleta, estabilização e secagem, e pode ser íntegra, triturada ou pulverizada. Se aplica a produtos industrializados que se enquadram nas categorias de medicamentos fitoterápicos e produtos tradicionais fitoterápicos. Trata-se de um medicamento obtido empregando exclusivamente matérias primas ativas vegetais. Cuja segurança e eficácia sejam baseadas em evidências clínicas e que sejam caracterizados pela constância de sua qualidade. b. Medicamento Fitoterápico Tradicional: É aquele elaborado a partir de planta medicinal, de uso alicerçado na tradição popular, sem evidências, conhecidas ou informadas, de risco à saúde do usuário, cuja eficácia é validada através de levantamentos etnofarmacológicos e de utilização, de documentações tecnicocientíficas ou publicações indexadas. c. Medicamento Fitoterápico Novo: Aquele cuja eficácia, segurança e qualidade, sejam comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro, podendo servir de referência para o registro de similares. 7 d. Medicamento Fitoterápico Similar: Aquele que contém as mesmas matériasprimas vegetais, na mesma concentração de princípio ativo ou marcadores, utilizando a mesma via de administração, forma farmacêutica, posologia e indicação terapêutica de um medicamento fitoterápico considerado como referência. 8 2. Sinergismo: Esclarecendo a Farmacologia dos Fitoterápicos Em uma mesma espécie vegetal é possível encontrar diversos grupos de metabólitos, sejam eles componentes ativos ou não, e dessa forma um ou mais podem apresentar a ação terapêutica. Quando isolado, este metabólito/marcador pode apresentar uma ação diferente daquela apresentada quando em conjunto com outros metabólitos. Nesse caso, o conjunto de metabólitos presente em uma droga vegetal possibilita as interações sinérgicas e, desse modo, podem ou não apresentar melhor efeito terapêutico quando comparado com os componentes isolados (PELT, 1979). U x “ h ” algumas substâncias que não possuem efeito terapêutico isoladamente, porém quando em conjunto com os demais constituintes da espécie aumentam o efeito, promovendo a ação terapêutica desejada (PELT, 1979). Alguns extratos/derivados vegetais possuem como constituintes saponinas e alguns polifenois que não apresentam atividade terapêutica relatada, mas que mesmo assim podem influenciar na absorção do verdadeiro princípio ativo, propiciando aumento de sua biodisponibilidade (BONATI, 1980). Um exemplo deste caso é Hypericum perforatum, onde a espécie apresenta compostos que a princípio não possuem efeito terapêutico, o efeito antidepressivo com frações enriquecidas é superior em relação a outras frações, e dessa forma, o sinergismo pode ser atribuído a substâncias que aumentam a biodisponibilidade das hipericinas (BUTTERWECK et al., 1997). O efeito analgésico da espécie Croton urucurana, planta popularmente utilizada no tratamento da dor e inflamação, se deve a presença de catequinas e galocatequinas no extrato desta planta, entretanto, quando testadas isoladamente apresentaram menor efeito do que a fração enriquecida. O efeito analgésico se deve a uma associação de β-sitosterol, catequina, β-sitosterol. Outro fitoterápico, Ginkgo biloba, tem cerca de 20 substâncias ativas que respondem juntas pelo efeito terapêutico, sem a totalidade simultânea das quais, o mesmo efeito não se alcança na plenitude. 9 3. Biossíntese dos Princípios Ativos nas Plantas Entende-se por biossíntese como o fenômeno em que são produzidos compostos químicos, como proteínas e ácidos nucleicos a partir de reações. A biossíntese também pode ser conhecida como metabolismo, é trata-se de um processo extremamente organizado e complexo, de reações catalisadas e reguladas por enzimas. Existem dois tipos de metabolismo, o primário que trata da biossíntese de aminoácidos, nucleotídeos, lipídios e carboidratos, essencial para o crescimento e desenvolvimento do indivíduo, é universal (ocorre em todos os organismos), uniforme (é fundamentalmente o mesmo para todos os organismos) e conservativo (não está sujeito à evolução); e, o metabolismo secundário, que envolve complexas interações entre biossíntese, transporte, estocagem e degradação. Este último trata das relações entre o indivíduo e o ambiente, apresentando como características: singularidade (único para cada organismo), múltiplo (existem diferentes rotas para a produção da mesma molécula), adaptativo (está sujeito à evolução) e essencial para a sobrevivência e continuidade da espécie dentro do ecossistema. O esquema abaixo evidencia as principais rotas de biossíntese dos princípios ativos das plantas: 10 Dessa forma, os principais precursores dos metabólitos são: • Acetato: poliacetilenos, prostaglandinas, polifenóis, antibióticos macrocíclicos; • Ácido mevalônico e desoxi-xilulose 5P: terpenóides e esteróides • Ácido chiquímico: muitos compostos aromáticos: aminoácidos aromáticos, alcalóides aromáticos, ácidos cinâmicos e certos polifenóis; • Aminoácidos alinfáticos: alcalóides, antibióticos peptídicos; • Ácido chiquímico e uma(s) unidade(s) de acetato: antraquinonas, flavonóides e taninos condensáveis. As reações de biossíntese podem ser do tipo enzimáticas, onde os catalisadores biológicos aceleram as reações, são catalisadores específicos de uma reação, e químicas, onde são catalisadas por moléculas de grande complexidade, e pode ser de vários tipos. O resumo de toda a biossíntese que pode ocorrer está no esquema abaixo: 11 12 4. Relação dos principais grupos fitoquímicos e suas características biológicas ou químicas Como citado anteriormente, em uma mesma espécie vegetal é possível encontrar diversos grupos de metabólitos, sejam eles componentes ativos ou não. Em se tratando de um produto de origem vegetal (planta medicinal/droga vegetal/derivado vegetal/medicamento fitoterápico), fazendo correlação com os medicamentos sintéticos, é necessário que a espécie apresente propriedade medicinal. Dessa forma, são essenciais em sua composição química a presença de uma substância ou conjunto delas que promovam o efeito terapêutico desejado. Algumas destas substâncias podem ser utilizadas de maneira isolada, como por exemplo, a morfina, cocaína, entre outros, na forma de extrato bruto (como os taninos, grupo de substância que por apresentarem a característica de se complexarem com proteínas, podem ser utilizados para curtimento de couro), ou ainda, na forma de extrato padronizado, como é o caso do extrato de Ginkgo biloba (que apresenta ginkgolídeos). Os constituintes presentes nas espécies vegetais, podem ser agrupados de acordo com sua estrutura química, suas propriedades farmacológicas e também de acordo com suas características físico-químicas. Em resumo, os principais grupos de princípios ativos e suas principais ações são: • Alcalóides: elevada atividade farmacológica e também toxicidade. São substâncias orgânicas, nitrogenadas, não protéicas e que apresentam potente efeito farmacológico. A maioria deles apresentam um nitrogênio aminado que dá origem as propriedades básicas. As principais fontes de alcalóides estão nas famílias Apocinaceae, Papaveraceae, Rubiaceae, Solanaceae, Liliaceae. Entre as espécies que apresentam estes componentes podem-se ser citadas: Symphytum officinale (confrei), Punica granatum (romã), Cephaelis ipecacuanha (ipecacuanha). • Flavonóides: ações diversas, principalmente sobre os capilares, distúrbios cardiocirculatórios e antioxidantes. Compreendem uma das classes de metabólitos mais abundante e largamente distribuída entre as espécies vegetais. Apresentam diversas categorias, exibindo propriedades farmacológicas e físicas ligeiramente diferenciadas. Podem atuar sobre 13 os capilares sanguíneos promovendo ação protetora (rutina), em distúrbios circulatórios (ginkgolídeos), antioxidante. • Óleos essenciais: voláteis, antissépticos, expectorantes, diuréticos e antiinflamatórios. São as principais fontes de odor em diversas partes das plantas. Podem ser classificados em voláteis, etéreos ou essenciais. Como exemplo de espécies que possuem óleos em sua composição temos: Canela do Ceilão, Mentha sp., Rosas, Alecrim pimenta, Hortelã, etc. • Quinonas: ação laxativa. Apresentam ação catártica, e dessa forma exerce ação no tônus do intestino, estimulando a secreção de água e eletrólitos pelo intestino. Alguns exemplos de drogas com quinonas são: Cáscara sagrada, Aloe (babosa), Ruibarbo, Sene. • Saponinas: mucolíticos, diuréticos e depurativos – ação irritante sobre mucosas em altas doses. Apresentam a propriedade de forma espuma abundante, além de poder hemolítico e esternutatório. São bastante utilizadas como precursor de hormônios esteróides. A principal utilização se dá como emulsificante, detergente. Dentre as principais espécies estão: juá, glicirriza e ginseng. • Taninos: ações adstringentes, antissépticos e antidiarreicos. Grande grupo de substâncias que se distribuem amplamente no reino vegetal. Possuem como principal propriedade formar precipitados com proteínas, e dessa forma, quando aplicados ao tecido vivo, reage com estas promovendo adstringência. Algumas espécies ricas nesses compostos são: Aroeira do sertão, Hamamelis e Cajazeira. 14 5. Em que as drogas vegetais diferem dos fármacos sintéticos? O medicamento fitoterápico, apesar de ser elaborado a partir de espécies vegetais, trata-se de um medicamento alopático, possuindo em sua composição compostos que podem interagir com outros medicamentos. Entre os medicamentos considerados alopáticos, o medicamento sintético é aquele que é sintetizado em laboratório, em sua maioria são compostos por moléculas que não são naturais, mas que são/foram desenvolvidas de maneira artificial. Além disso, esses remédios isolam o princípio ativo para ministrá-lo de modo mais concentrado. Dessa forma, os medicamentos sintéticos são considerados misturas de substâncias produzidas através de meios químicos, cujos principais componentes ativos da formulação não são encontrados na natureza. Em relação aos medicamentos fitoterápicos, estes devem passar pelos mesmos critérios estabelecidos pelo órgão sanitário, como os controles de eficácia e de qualidade de um medicamento sintético. Assim, a principal diferença entre os medicamentos sintéticos e os naturais é que estes são extraídos da natureza, aparentemente acarretando em menor efeito colateral. 15 6. Existem vantagens em administrar um extrato vegetal? Devido a menor incidência e gravidade dos efeitos colaterais e reações adversas já relatados para produtos vegetais, a sua utilização é mais tolerada pelo paciente. Assim, a prática da fitoterapia é bastante recomendada para o tratamento de doenças crônicas, devido ao longo tempo de tratamento, por se tratar de uma alternativa menos agressiva. Em geral, os medicamentos à base de plantas apresentam ação mais lenta e menos agressiva. Nos fitoterápicos, os princípios ativos podem ou não se apresentarem de forma isolada. Alguns fitoterápicos possuem efeito mais rápido, como é o caso dos laxantes à base de cáscara sagrada e Sene. Quanto à eficácia, assim como os medicamentos químicos sintéticos, os fitoterápicos também devem ter sua eficácia comprovada, segundo critérios da Anvisa. Para conseguir registrá-los como medicamentos é necessário provar a sua qualidade, a concentração do princípio ativo presente na planta e os efeitos terapêuticos aos quais se propõe. Outra importante vantagem de se utilizar um extrato de origem vegetal é que tornase possível associar diversos mecanismos que estarão sendo realizados por constituintes atuando em alvos diferentes, como por exemplo a espécie Serenoa repensno tratamento da hiperplasia benigna de próstata. A espécie apresenta compostos que agem inibindo a 5α-redutase, impedindo a formação da Diidrotestosterona, além disso, apresenta também compostos que agem possivelmente inibindo a ciclooxigenase ou lipoxigenase, reduzindo o processo inflamatório e também compostos que agem como antagonistas de receptores na suprarrenal e bloqueadores de cálcio que, possivelmente explicariam o efeito benéfico sobre o trato urinário permitindo uma micção mais livre. Considerando que os compostos ativos se apresentam em concentrações reduzidas nas plantas, são muito menores os riscos de efeitos secundários não desejáveis (a depender da planta). 16 7. Farmacologia dos principais constituintes ativos O estudo farmacológico das espécies vegetais, seja a planta inteira, suas partes ou seus derivados torna possível a construção de um campo extenso de novos conhecimentos científicos e que podem também acarretar na contribuição do aprimoramento da medicina tradicional. O desenvolvimento de pesquisas farmacológicas, clínico-farmacológicas e a atenção destinada a utilização da prática da fitoterapia, baseando-se na medicina tradicional apresentam como vantagens o crescimento de comunidades, devido ao maior alcance social proporcionado, uma vez que as informações podem retornar a população com a utilização de folhetos educacionais, que relatem a identificação da espécie, melhor época de colheita, parte empregada e modo de preparo. Além disso, mesmo sem a devida identificação do princípio ativo, mas com a segurança e a eficácia asseguradas, a espécie poderia ser comercializada na forma de “in natura” tradicionalmente conhecidas. h h õ 17 Farmacotécnica A produção de fitoterápicos pressupõe que estudos de desenvolvimento tenham sido realizados anteriormente. Cumprindo esse quesito, a obtenção de produtos fitoterápicos, quer seja em escala oficinal ou industrial, requer conhecimentos e habilidades específicas do processo produtivo de medicamentos. Tais conhecimentos e habilidades devem apresentar correlação objetivando a produção de produtos adequados, de acordo com os conceitos de qualidade (nível de satisfação do produtor e usuário do medicamento, cumprimento de requisitos que conduzam à sua adequabilidade de acordo com a finalidade pretendida). A transformação do material vegetal para um produto elaborado, seja intermediário ou produto acabado, implica na utilização de operações de transformação tecnológica. A complexidade do processo e o número de operações envolvidas estão determinados pelo grau de transformação tecnológica que se requer, que pode ser mínimo (pós e drogas rasuradas destinados à preparação de chás) ou maior (frações purificadas ou sólidos revestidos). Para cada uma das etapas do processo tecnológico, a escolha de uma operação específica é determinada pelas características físicas e físico-químicas do produto a ser obtido, pela natureza da matéria-prima a ser transformada e pelo volume de produção. A garantia de qualidade do material vegetal a ser processado é fundamental na preparação de fitoterápicos, devendo considerar-se aspectos botânicos, químicos, farmacológicos e de pureza. Cuidados importantes antes da utilização de plantas medicinais A “in natura” x /medicamentos é necessário verificar a procedência e o estado em que se encontra o farmacógeno. Em seguida, observar os seguintes aspectos: As flores e folhas devem ser colocadas para secar à sombra, em local ventilado e espalhadas sob superfície limpa; As cascas e raízes depois de lavadas devem ser colocadas para secar também à sombra; As sementes devem ser limpas por peneiração ou lavadas e secas ao sol; Após secagem, os farmacógenos devem passar pelo processo de moagem para redução à pequenos pedaços; 18 O armazenamento deve ser realizado em frasco limpo, seco, com tampa ao abrigo da luz e devidamente etiquetado com o nome da planta, parte utilizada, dia e local da coleta e quem coletou. Utilização Podemos utilizar os fitoterápicos das seguintes formas: Formas de obtenção Produtos Tratamentos mecânicos P Ação do calor Óleos essenciais Ação de solventes Tinturas, alcoolaturas “in natura” Xaropes Concentração Extratos fluidos, moles e secos De maneira geral, é possível orientar a população para obter preparações caseiras utilizando plantas medicinais, de acordo com as técnicas citadas abaixo: Os chás podem ser obtidos por três processos de extração: Infusão Usada para folhas, flores e frutos moles; A planta fresca deve ser lavada em água corrente, rasurada e colocada em um recipiente (vidro ou plástico), adicionar água quente (40 ºC) e tampar o recipiente durante 05 a 15 minutos e coar a seguir; Usar preferencialmente na hora do preparo ou no mesmo dia (pode ser guardado em geladeira). Decocção É usada para galhos, raízes, frutos e cascas; Seguindo as mesmas orientações anteriores, devendo a planta, porém, ser cozida durante um tempo variável (10 a 20 minutos), dependendo da sua consistência e do efeito desejado, deixar em repouso de 10 a 15 minutos, coar e armazenar da mesma forma acima. 19 Maceração É usado para vegetais de princípio ativo sensível ao calor. Colocar a planta amassada e picada de molho em água fria, deixando em repouso por minutos a horas. Exemplo: Chá de colônia (obtenção por infusão). Lavar as folhas de colônia, cortar em pequenos pedaços e colocar sobre elas a água fervente. Cobrir e deixar esfriar. Indicação: atividade anti-hipertensiva e tranqüilizante. Modo de usar: o litro de chá deve ser tomado por dia como se fosse água. Conservar em geladeira e renovar a cada dia. Outros Sucos: utilizados principalmente quando se quer extrair vitaminas, sais minerais e pectina. Pode ser obtido espremendo o fruto ou triturando-se o fruto/folhas em liquidificador. Deve ser preparado no momento do consumo. Exemplo: Suco de acerola. Aumenta a resistência a infecções, favorece a recuperação da saúde. A dose mínima é de três frutas ao dia para ser correspondente a quantidade de vitamina C necessária em adultos. Banhos, compressas e bochechos: devem ser usadas as mesmas formas de preparo descritas anteriormente. Normalmente se utilizam concentrações maiores para o uso externo. 20 Exemplo: Gargarejo - Chá de romã (cozimento) 10 g de casca de romã (aproximadamente meia casca do fruto) e um copo de água. Tratamento de dores de garganta, rouquidão e inflamação da boca. Inalação: colocar a água fervente sobre porções de plantas aromáticas dentro de um recipiente. Aspirar pelo nariz o vapor, utilizando um funil de papel e cobrindo a cabeça com um lençol. Exemplo: Chá de eucalipto (infusão) Um punhado de folhas e um litro de água fervente. Antigripal, balsâmico e adstringente. Cataplasmas: papa de vegetais higienizada, usada entre dois panos ou misturada a substâncias carreadoras (fubá) e aplicada sobre a área desejada. Exemplo: Chá de mostarda Utilizar sementes de mostarda e pirão de farinha. Utilizado para dores nas costas, estados congestivos do pulmão e dores nas articulações. Tinturas - alcoolaturas: a planta inteira ou rasurada deve ser conservada em álcool comum – etílico (utilizada para uso externo) ou álcool de cereais (para uso interno). 21 Exemplo: Tintura caseira de alecrim pimenta Meio vidro de folhas de alecrim pimenta lavadas e cortadas em pequenos pedaços; meio vidro de água fervida e filtrada e meio vidro de álcool. Adicionar as folhas num frasco até a metade, cobrir com álcool e completar o volume com a água. Deixar em contato por 5 dias. Coar e guardar em vidro limpo e escaldado. Antisséptico de uso externo. Xaropes e melitos: preparado da planta com calda de açúcar (xarope) ou mel (melito). Não deve ser aquecido, pois pode acarretar em diminuição da atividade terapêutica. Formas Farmacêuticas Dentre as necessidades de adequar-se a forma farmacêutica à via de administração desejando maior e mais efetiva biodisponibilidade, tem-se as formas sólidas: Pós destinados a preparações extemporâneas: são constituídos por drogas vegetais pulverizadas empregadas na obtenção de preparações medicinais aquosas, normalmente por infusão, ou preparações medicinais alcóolicas. Extratos brutos/secos: preparações obtidas pela eliminação de quase toda a fase líquida, por meio de operação de secagem em pressão atmosférica ou reduzida, por liofilização (brutos) ou, ainda, pela incorporação de solução extrativa em matriz sólida, com posterior secagem (spray dryer). Granulados: aglomeração de matérias-primas em forma de pó e de outros adjuvantes farmacêuticos utilizando normalmente agentes aglutinantes. São destinados a preparações extemporâneas (soluções ou suspensões), ou utilizados como produto intermediário para obtenção de comprimidos. Cápsulas: representam grande parte das formulações comercializadas em farmácias de manipulação. Apresentam grande aceitabilidade pela população em geral. 22 Comprimidos: caracterizados por conter a dose de componentes ativos individualizada na própria forma, são obtidos pela compactação de matérias-primas sólidas. Extratos espessos: são preparações viscosas a temperatura ambiente, obtidas por meio do esgotamento e concentração de soluções extrativas. Pomadas ou cremes: são destinados à aplicação sobre a pele. Podem ser utilizados como matérias-primas vegetais extratos secos e pós, líquidos/soluções extrativas para incorporar nesta forma farmacêutica. Emulsões: podem conter extratos e óleos vegetais por técnicas de emulsificação, da dissolução ou suspensão de extratos líquidos, concentrados ou secos na fase mais adequada (aquosa ou oleosa). Supositórios: podem ser preparados pela incorporação, dissolução, emulsionamento ou suspensão de extratos líquidos, concentrados ou secos na massa de base. Suspensões: obtidas pela moagem fina de plantas frescas congeladas a -50ºC, suspensas em etanol, em concentrações de droga variáveis. Destinadas à administração oral ou cutânea, geralmente após diluição em água. Além disso, existem as formas líquidas, que podem apresentar-se líquidos, moles, espessos ou secos. Os aquosos devem ser preparados para uso imediato, em virtude de rapidez de degradação e contaminação microbiana, inerente à presença de água. Alcoolaturas: preparadas de plantas frescas, excepcionalmente de plantas secas ou de drogas, por maceração em temperatura ambiente com etanol. Os alcoolatos são obtidos por destilação da matéria-prima fresca em etanol. Tinturas, soluções extrativas alcoólicas ou hidroalcoólicas: são preparadas com base em drogas vegetais utilizando etanol, misturas hidroalcoólicas em várias concentrações. É utilizada uma parte da droga é extraída com 10 partes de líquido extrator. Extratos fluidos: preparações líquidas, mais concentradas que as tinturas. Geralmente são misturas hidroetanólicas em que 1 parte de droga é extraída com 1 parte de líquido extrator. 23 Elixires: são preparações que apresentam teor alcoólico na faixa de 20 a 50%, obtidos por dissolução ou diluição simples de extratos secos ou concentrados. Xaropes: preparações medicinais aquosas açucaradas, com alto teor de sacarose. 24 Fitoterapia e Medicina Científica A Fitoterapia é uma prática terapêutica que, num paradigma mais contemporâneo, pode ser enquadrada como uma ramificação da farmacologia, uma vez que as substâncias bioativas encontradas nas plantas atuam modificando processos biológicos celulares, e com isso, modificando a função do sistema fisiológico em questão. Com base nisso, faz-se fundamental a compreensão dos aspectos referente à qualidade, eficácia e segurança, elementos que compõem o conceito de uso racional de medicamentos. A qualidade é são os aspectos do medicamento que o torna apto para uso. O processo de produção do fitoterápico deve levar em conta a garantia da qualidade física, química e microbiológica, pois uma vez que a composição do produto não atenda aos critérios de qualidade estabelecidos, dois eventos podem ocorrer durante a terapêutica, comprometendo-a: ineficácia e/ou reações adversas. A eficácia representa a capacidade de um fitoterápico atender às expectativas terapêuticas. Isso depende dos aspectos fisiopatológicos e psicológicos do indivíduo, mas tão importante quanto são os aspectos de qualidade do produto. Um dos elementos mais importantes é a padronização do marcador no derivado da droga vegetal, o que vai garantir que haja precisão no esquema de dosagem. Isto dará condições para a obtenção da melhor relação dose-resposta. Decorrente do fato das substâncias bioativas circularem pelo corpo, quando administradas por via sistêmica, é possível que estas interajam com outros receptores biológicos (proteínas) que fazem parte de outros sistemas corporais, não é rara a observação de outros efeitos no organismo do paciente, indesejadas quase que na maioria dos casos. Estes efeitos são chamados de reações adversas, que compreendem os efeitos colaterais do fitoterápico, bem como a capacidade de interação com outros fitoterápicos e com medicamentos, potencializando ou reduzindo os efeitos destes, além de poder interagir com alimentos, gerando alterações na biodisponibilidade de nutrientes e das substâncias bioativas dos fitoterápicos. A fitoterapia praticada na medicina científica, também conhecida como fitoterapia científica ocidental, trouxe uma abordagem mais criteriosa para o uso de plantas, pois é o estudo integrado do emprego clínico de plantas medicinais e fitoterápicos para finalidades terapêuticas ou diagnósticas, com base em dados e evidências científicas (por meio de estudos clínicos), mesmo que se partindo inicialmente de conhecimentos populares e tradicionais. 25 A legislação brasileira em fitoterapia é considerada mundialmente avançada ao regular o registro de fitoterápicos e as boas práticas em geral (cultivo, manipulação, fabricação, comercialização etc.), e enfatiza este tripé qualidade – eficácia – segurança como pilar para a construção destas normas legais. PROTOCOLO MÉDICO DE FITOTERAPIA 27 Transtornos de ansiedade Introdução No transtorno de ansiedade generalizada, as manifestações de ansiedade oscilam ao longo do tempo, mas não ocorrem na forma de ataques, nem se relacionam com situações determinadas. Estão presentes na maioria dos dias e por longos períodos, de muitos meses ou anos. O sintoma principal é a expectativa apreensiva ou preocupação exagerada, mórbida. A pessoa está a maior parte do tempo preocupada em excesso. Além disso, sofre de sintomas como inquietude, cansaço, dificuldade de concentração, irritabilidade, tensão muscular, insônia e sudorese. O início do transtorno de ansiedade O ge “ “ ” ” A Os transtornos de ansiedade são transtornos psiquiátricos comuns. Apesar das altas taxas de prevalência desses transtornos de ansiedade, estes são muitas vezes problemas clínicos menos apreciados e subtratados. Diagnóstico e Prognóstico Os transtornos de ansiedade podem ser estruturados em três grupos (DSM-5): Transtorno de ansiedade Transtorno do pânico Transtorno de ansiedade generalizada Transtorno de ansiedade social Agorafobia Fobia específica Transtorno de ansiedade de separação Mutismo seletivo Transtorno de ansiedade induzida por substâncias químicas/medicamentos Transtorno de ansiedade secundário a outra condição médica 28 Transtorno obsessivo-compulsivo e outros transtornos relacionados Transtorno obsessivo-compulsivo Transtorno dismórfico corporal Transtorno da acumulação Tricotilomania Escoriação Transtorno obsessivo-compulsivo induzido por substâncias químicas/medicamentos Traumatologia e perturbações relacionadas com a estressores Transtorno de estresse pós-traumático Transtorno de estresse agudo Transtorno de ajustamento Transtorno de apego reativo Desordem do engajamento social desinibido Antes do tratamento medicamento, devem ser considerado testes para abuso de drogas, gestação e testes de triagem para diabetes mellitus. Os transtornos de ansiedade têm uma das mais longas listas de diagnóstico diferencial de todos os transtornos psiquiátricos. A ansiedade é uma síndrome não específica e pode ser decorrente de uma variedade de síndromas médicos ou psiquiátricos. Além disso, uma variedade de sintomas de ansiedade, como o pânico, preocupação, ruminação, e obsessões, pode apresentar em uma variedade de doenças psiquiátricas, incluindo transtornos de humor, transtornos psicóticos, transtornos de personalidade, transtornos somatoformes, e distúrbios de diminuição cognitiva (por exemplo, o delírio) . A ansiedade também pode ser observada como parte de um efeito de abstinência de drogas ou intoxicação por drogas. Outras causas importantes do diferencial incluem ansiedade induzida por medicamentos (ou seja, devido a epinefrina ou outros simpaticomiméticos, teofilina ou outros broncodilatadores neurostimulantes, analgésicos que contenham cafeína, corticosteróides, antivirais, outros); enxaqueca, desordens de apreensão, ou outros distúrbios do sistema nervoso central; e distúrbios do sono, como a síndrome de pernas inquietas, apneia do sono e movimentos periódicos dos membros. O uso de heroína e cocaína também deve ser considerado nos diferenciais. 29 Diagnóstico diferencial: Abuso de maconha Alcoolismo Alucinógenos Anafilaxia Angina instável Anorexia Nervosa Apneia do sono Asma Bócio Bócio difuso tóxico Bulimia Cetoacidose diabética Choque cardiogênico Crise adrenal Deficiência de ácido fólico Delírio Delirium tremens Depressão Diabetes mellitus tipo 1 Distúrbios do sono Distúrbios psiquiátricos relacionados a anfetamina Distúrbios psiquiátricos relacionados a cafeína Distúrbios psiquiátricos relacionados a inalantes Doença de Addison Doença de Lyme Encefalopatia hepática Encefalopatia hipertensiva Encefalopatia por diálise Encefalopatia urêmica Epilepsia por cirurgias Espasmo esofágico Esquizofrenia Estimulantes 30 Excesso de andrógenos Fibrilação atrial Fibromialgia Gastrite aguda Gastrite crônica Hiperaldosteronismo primário Hipercalcemia Hiperparatireoidismo Hiperprolactinemia Hipersonia primária Hipertireoxinemia eutireoidea Insônia Insônia primária Intoxicação gastrintestinal Meningite Psicose relacionada a álcool Reações de hipersensibilidade imediata Reações de hipersensibilidade lenta Síndrome da angústia respiratória aguda Síndrome da secreção inadequada de hormônio antidiurético Síndrome de Tourette Síndrome do cólon irritável Taquicardia atrial Taquicardia atrial multifocal Tireoidite subaguda Toxicidade por digitálicos Transtorno delirante Transtorno disfórico pré-menstrual Transtorno dismórfico corporal Transtorno distímico Transtorno do sono geriátrico Transtorno esquizoafetivo Transtorno factício Transtorno psicótico breve Transtorno psicótico compartilhado 31 Transtornos da motilidade esofágica Transtornos da personalidade Transtornos de conversão Transtornos dissociativos Transtornos fóbicos Transtornos somatoformes Uso de drogas injetáveis Tratamento O tratamento normalmente consiste da associação da farmacoterapia e psicoterapia. Agentes antidepressivos são os fármacos de escolha no tratamento de distúrbios de ansiedade, particularmente os novos agentes, que têm um perfil mais seguro efeito adverso e maior facilidade de usar do que os antidepressivos mais antigos tricíclicos, tais como os inibidores da recaptação da serotonina (ISRS). Antidepressivos mais antigos, tais como antidepressivos tricíclicos e inibidores da monoamina oxidase, também são eficazes no tratamento de algumas desordens de ansiedade. Benzodiazepínicos agem rapidamente, mas carregam a responsabilidade de dependência fisiológica e psicológica. Podem ser utilizados como adjuvantes iniciais enquanto que os ISRS são titulados para uma dose eficaz, e que pode então ser reduzida ao longo de 4 a 12 semanas, enquanto que o tratamento com ISRS é continuado. Esta abordagem pode melhorar a tolerabilidade de curto prazo, embora possa aumentar o risco de sedação e requer avisos para não operar com veículos a motor depois de tomar benzodiazepínicos ou se sentindo sedado. O uso de benzodiazepínicos de longo prazo para os transtornos de ansiedade crônica deve ser evitado, pois podem conseguir o controle a longo prazo, mas deve ser reservado para pacientes com transtorno de pânico refratário e deve gerar uma referência psiquiátrica para avaliação tratamento farmacológico e, potencialmente, um psicoterapeuta para todas as opções de tratamento não-medicamentoso adicionais. 32 Prescrição Existe uma grande oferta de plantas medicinais e fitoterápicos avaliados em transtornos de ansiedade. Os calmantes/ansiolíticos atuam basicamente modulando receptores gabaérgicos, promovendo uma hiperpolarização nervosa e, assim, reduzindo a excitabilidade nervosa, gerando um estado de tranquilidade. Algumas das espécies mais utilizadas no Brasil com este fim são a valeriana (Valeriana officinalis), kava-kava (Piper methysticum), camomila (Matricaria recutita) e maracujá (Passiflora incarnata). Plantas com ação serotoninérgica também podem ser utilizadas, como a erva-desão-joão (Hypericum perforatum) e a grifônia (Griffonia simplicifolia), com boa resposta sobre a modulação do humor e comportamento. Os pacientes selecionados que serão tratados com plantas medicinais e fitoterápicos são aqueles portadores de Ansiedade, e que não tenham patologias psiquiátricas concomitantes (esquizofrenia, entre outras). Realizarão também exames laboratoriais específicos para controle clínico no início do tratamento e depois a cada 2,4 e 6 meses. São eles: Hemograma completo, glicemia de jejum, uréia, creatinina, provas de função hepática, dosagem de sódio e potássio. A importância destes exames seria no sentido de precaução de alguma ação tóxica inesperada com prejuízo do organismo durante o acompanhamento deste paciente. 33 Camomila Nome botânico: Matricaria recutita Uma das plantas medicinais sedativas mais conhecidas e utilizadas, a camomila tem ainda a vantagem de aliviar perturbações digestivas. Para assegurar uma noite bem dormida. Constituintes químicos Óleos essenciais (alfa-bisabolol, camazuleno), matricina, flavonóides (apigenina e quercitina), cumarinas, dioxicumarina, umbeliferona e herniarina), resinas, taninos, princípios amargos, mucilagens, polissacarídeos, éteres bicíclicos, ácidos orgânicos, vitamina C, terpenos, sais minerais e aminoácidos. Propriedades Farmacológicas Possui marcada atividade antiinflamatória, antibacteriana, antimicótica e protetora de mucosas, devida principalmente ao camazuleno, ao alfa-bisabolol (óleo essencial), a matricina e as mucilagens. Inflamações de mucosa oral de diversas etiologias: gengivites, estomatites, glossites; efeito antiespasmódico, digestivo, antisséptica, antialérgica, antiinflamatória, ansiolítico, calmante, carminativa, cicatrizante, emoliente, refrescante. Posologia Pomada em orobase: Aplicar sobre a área afetada sempre que necessário (até 8x/dia). Droga vegetal: Infusão: 1 colher (rasa) das de sopa em 250 ml de água. Uso externo: Chá (infusão) 10 a 50 g/L para banhos e compressas. Extrato fluido – 0,5 ml em 250 ml de água. Xampus, sabonetes, cremes, loções, géis, pomadas em orobase. 34 Uso interno: Chá (infusão) 10 a 50 g/L – 3 xícaras/dia. Pó: 02 a 08 g em água, dividido em 3 tomadas diárias. Extrato seco: 300a 1.000 mg/dia. Interações Medicamentosas Pode interferir com a absorção de ferro, em tratamentos prolongados. Pode ser associado a outras plantas de efeito sinérgico. Efeitos Colaterais Dermatites de contato ou fotodermatites em pessoas sensíveis Contraindicações Não há restrições ao seu uso tópico na literatura. Contra indicado apenas em pessoas alérgicas a plantas da família das compostas. Gravidez e Lactação Uso interno contra indicado em gestantes. Evitar o uso tópico em excesso, pela possibilidade de absorção pela mucosa oral. Sem contra indicações na lactação. 35 Maracujá Nome botânico: Passiflora incarnata Constituintes químicos Contém 0,82% de glicosídeos de luteolina e apigenina, vitexina, isovitexina e seus Cglicosídeos, kaempferol, quercetina e rutina; alcalóides (0,09%), principalmente harmana, harmalina, harmina; derivados da cumarina; glicosídeos cianogênicos (ginocardina); ácidos graxos (linoléico e linolênico); goma; maltol; fitoesteróis (estigmasterol); açúcares (sacarose); e traços de óleo volátil. Propriedades Farmacológicas Sedativo, ansiolítico e antiespasmódico. Posologia Droga vegetal: 2 g, três a quatro vezes diárias. Infusão: 2 g em 150 ml de água, com três a quatro vezes por dia. Extrato fluido 1:1 (g / ml): 2 ml, três a quatro vezes diárias. Tintura de 1:5 (g / ml): 10 ml, três a quatro vezes diárias. Extrato seco: 0,3-0,4 g, três a quatro vezes por dia. Interações Medicamentosas A potenciação da eficácia é possível em substâncias que atuam sobre o sistema nervoso central, tais como álcool, barbitúricos e agentes psicofarmacológicos. 36 Efeitos Colaterais Desconhecidos. Contraindicações Desconhecidos. Gravidez e Lactação Desconhecidos. 37 Valeriana Nome botânico: Valeriana officinalis Constituintes químicos Os constituintes incluem valtratos, didrovaltratos e isovaltratos. Outros constituintes incluem (0,4-1,4%) monoterpenos e sesquiterpenos, ácido caféico, ácido gamaaminobutírico (GABA), ácidos clorogênicos, beta-sitosterol, metilo, 2-pirrolcetona, colina, taninos, goma, alcalóides, e resina. Propriedades Farmacológicas Sedativo e indutor do sono. Posologia Tintura 1:2: 1 colher de chá (1-3 ml), uma a várias vezes por dia. Extratos: quantidade equivalente a 2-3 g de preparação, uma a três vezes por dia. Uso externo: 100 g para um banho completo; preparações equivalentes. Infusão (raiz): 2-3 g em 150 ml de água. Interações Medicamentosas A potenciação da eficácia é possível em substâncias que atuam sobre o sistema nervoso central, tais como álcool, barbitúricos e agentes psicofarmacológicos. Efeitos Colaterais Desconhecidos. 38 Contraindicações Desconhecidos. Gravidez e Lactação Desconhecidos. 39 Erva-cidreira Nome botânico: Melissa officinalis Constituintes químicos Flavonóides (quercitrina, ramnocitrina, e os glicosídeos de apigenina, kaempferol, quercetina e luteolina); ácidos fenólicos e taninos, ácido rosmarínico principalmente (até 4%), e caféico glicosilado e ácidos clorogênicos; triterpenos (ursólico, ácido oleanólico); óleos voláteis (0,375%): citronelal monoterpenóide, geranial (citral a) e neral (citral b) e sesquiterpenos (beta-cariofileno, germacreno D). Propriedades Farmacológicas Sedativo e carminativo. Posologia Infusão: 1,5-4,5 g em 150 ml de água. Extrato fluido 1:1 (g / ml): 1,5-4,5 ml. Extrato seco 5 - 6:1 (água / água): 0,3-0,9 g. Interações Medicamentosas A potenciação da eficácia é possível em substâncias que atuam sobre o sistema nervoso central, tais como álcool, barbitúricos e agentes psicofarmacológicos. Efeitos Colaterais Desconhecidos. 40 Contraindicações Desconhecidos. Gravidez e Lactação Desconhecidos. 41 Capim limão Nome botânico: Cymbopogon citratus Constituintes químicos Óleo volátil: citral, geranial e neral, geraniol, ácido gerânico e ácido nerólico, mirceno diterpenos, metil heptenona, citronelol, linalol, farnesol; outros alcoois aldeídos, terpineol, homoorientina, ácido clorogênico, ácido cafeico, p-cumárico, frutose, sacarina, octasanol, flavonoides, luteolina e 6-C-glucosídeo. Propriedades Farmacológicas Excitante gástrico, miorelaxante, hipotensor, carminativo, emenagogo, analgésico, antitérmico, antibacteriano de uso tópico. Cefaleia de origem tensional, ansiedade, nervosismo, insônia, flatulência, e como relaxante muscular (mialgias, tensões musculares de etiologia diversa, hipertensão arterial). Determina uma diminuição da atividade motora, aumentando o tempo de sono, é um regulador vago-simpático. O citral tem efeito antiespasmódico, tanto no tecido uterino como no intestinal. É analgésico e combate o histerismo e outras afecções nervosas, propriedade devida ao mirceno. A atividade antibacteriana está associada também ao citral. Posologia 4 g de folhas frescas ou 2 g de folhas secas (1 colher de sopa para xícara de água) em infuso ou decocto em uso interno 2 a 3 vezes ao dia ou a tintura em doses de 10 a 20 ml/dia divididas em 2 ou 3 tomadas diluídas em água. O rizoma pode ser usado como tempero e alimento. Infusão a 02% (05 g/250 ml de água ou 1 colher (rasa) das de sopa). 250 ml à noite para insônia. Até 1.000 ml ao dia para ansiedade, nervosismo ou outras indicações. 42 Interações Medicamentosas Nenhuma interação foi identificada. Efeitos Colaterais A aplicação tópica do capim limão raramente conduz a uma reação alérgica. Nenhuma anomalia foi detectada em exames laboratoriais após ingestão do chá. Hipotensão arterial. Contraindicações Contraindicado para casos de dor abdominal de causa desconhecida ou gastrite. Toxicologia Não existem relatos suficientes. Gravidez e Lactação Não deve ser usado durante a gravidez pois estimula o útero e o sangramento menstrual. TRANSTORNOS DEPRESSIVOS 44 Transtornos depressivos Introdução Caracteriza-se sintomatologicamente por humor deprimido, perda de interesse e prazer, energia reduzida, levando a uma fatigabilidade aumentada e atividade diminuída. Ainda, cansaço marcante com esforço físico (leve). Outros sintomas: - concentração e atenção diminuídas; - autoestima e autoconfiança reduzidas; - ideias de culpa e inutilidade (mesmo em um episódio de depressão leve); - visão desolada e pessimista da vida, do passado e do futuro; - sono perturbado; - apetite (alimentar e sexual) diminuído. Alguns dos sintomas, acima pode ser mais marcantes e ter uma significação h “ ”: - perda do interesse por ambiente e fatos que normalmente dariam prazer a seu portador; - acordar algumas horas antes do horário habitual; - lentidão psicomotora; - tristeza ou depressão maior pela manhã; - perda marcante de apetite, de peso e do libido; - na depressão ansiosa pode haver polifagia com aumento ponderado. Tipos de Depressão Apesar de os sintomas enumerados acima poderem estar presentes em qualquer tipo de depressão ou tristeza, é fundamental se distinguir o tipo, a etiologia ou a natureza da depressão para melhor se conduzir o tratamento, priorizando-se entre o psicoterápico e o medicamentoso. Em resumo, há três tipos de depressão ou tristeza: 1. Estado depressivo ou tristeza natural, que faz parte da vida de todas as pessoas, para o qual se arranjam sempre meios espontâneos de se resolver. 45 2. Transtornos depressivos, cujos fatores são psicossociais, mas que os sintomas podem durar até seis meses, com prejuízo das atividades sociais e do trabalho e que demandarão sempre um cuidado técnico. Esse transtorno é responsável por aproximadamente 2/3 das depressões. Deverá, neste caso, ser dada prioridade ao cuidado psicoterápico. A diferença do tipo seguinte é que o fator psicossocial deflagrador está sempre presente na sintomatologia referida. 3. Transtorno depressivo de etiologia genético/biológico/constitucional (depressão endógena). Diferente do tipo anterior não há fatores psicossociais deflagradores. Admite quatro subtipos: a. Depressão recorrente - que poderá ser sempre isolada ou vir acompanhada com episódios de excitação/mania/hipomania. Neste caso deverá ser diagnosticada e tratada como transtorno bipolar do humor e poderá atingir até estados de intensidade psicótica com delírios e alucinações. A prioridade deve ser dada ao tratamento medicamentoso. b. Ciclotimia – transtorno persistente caracterizado pela instabilidade do humor, com períodos de depressão e excitação leve. Aparece no início da vida adulta, tem um curso crônico e pode ter períodos de normalidade que dura alguns meses. Como os graus das alterações são leves, os episódios de hipomania são até desagradáveis, o diagnóstico carece de melhor observação da história do usuário. A prioridade deve ser dada ao tratamento medicamentoso. c. Distimia - também um transtorno persistente do humor, de gravidade leve a moderada. Há períodos em que os pacientes se acham bem, mas descrevem outros períodos de duração de meses, onde se referem cansados e deprimidos. De modo geral mantém suas atividades, com um rendimento menor e uma qualidade de vida que poderia ser melhor. Seu início é precoce e o curso crônico. Os tratamentos medicamentosos e psicoterápicos são igualmente prioritários. d. Transtornos depressivos transitórios por disfunção fisiológica (pré-menstruais, de puerpério, de meno e andropausa e por outros hormônios e substâncias endógenas ou 46 exógenas. A prioridade deve ser dada ao tratamento medicamentoso, quer de clínica geral, quer de psiquiatria, a depender do caso. Prevalência A prevalência anual é estimada em 2,6%, predominando em mulheres. Estima-se que a prevalência da depressão na população geral em qualquer época da vida, é de cerca de 5% e cerca de 1/3 das pessoas em qualquer momento das suas vidas, virá a sofrer um ou mais episódios depressivos. Evolução/Prognóstico A depressão pode se manifestar apenas como um episódio depressivo ao longo da vida e remitir espontaneamente. Entretanto, a recorrência dos episódios depressivos costuma ser a regra: o risco de um segundo episódio é de aproximadamente 50% e ode um quarto episódio chega a 90%. A depressão crônica representa de 12% a 35% dos transtornos depressivos. Vários estudos revelam que mais de 50% dos casos de depressão em clínica geral não são diagnosticados, e dos casos identificados, cerca de 50% estão submedicados. As taxas de recaída (descontinuação precoce de terapêutica antidepressiva) e de recorrência (após tratamento do episódio agudo) são elevados, atingindo 75% nos 5 anos. Diagnóstico A depressão pode ser diagnosticada como um episódio ou como um transtorno recorrente. Existem graus diferentes de depressão: leve, moderado ou grave. Em episódios depressivos mais graves, podem existir sintomas psicóticos. Os delírios costumam ter conteúdo de ruína, culpa ou doenças físicas, embora nem sempre congruentes com o humor deprimido. As alucinações são geralmente vozes de acusação ou odor de matéria apodrecida. O diagnóstico dos pacientes com depressão passa pela identificação dos sintomas-chave. Os doentes com este sintomas responderão, em larga percentagem, de modo efetivo ao tratamento antidepressivos. 47 O termo depressão abrange desde uma pequena alteração do humor que é comum e afeta, de vez em quando, quase todas as pessoas, até um distúrbio grave. Sintomas fundamentais - Humor deprimido (que nos casos mais graves podem ser acompanhados de crises de choro e sentimentos profundos de tristeza); - Perda do interesse ou do prazer nas atividades habituais; - Fatigabilidade. Sintomas associados que estão frequentemente presentes: - perturbação do sono (insônia ou Hipersonia); - sentimento de desvalorização ou de culpa excessiva; - fadiga ou diminuição da energia; - dificuldade de concentração ou indecisão; - perturbação do apetite (aumento ou diminuição do apetite ou do peso); - pensamentos recorrentes de morte ou de suicídio; - lentidão ou agitação psicomotora; - sintomas de ansiedade ou nervosismo frequentemente presentes. Classificação Quanto à Gravidade dos Episódios Depressivos - Episódio Leve – dois sintomas fundamentais + dois sintomas associados; - Episódio Moderado – dois sintomas fundamentais + três a quatro associados; - Episódio Grave – três sintomas fundamentais + cinco associados ou mais. Co-Morbidades - Abuso de substâncias; - Demências; - Luto; - Déficit de atenção e hiperatividade; - Outras doenças clínicas. 48 Diagnóstico Diferencial Episódios depressivos devem ser diferenciados de transtornos de humor secundários a doenças não-psiquiátricas ou induzidos pelo uso de drogas, transtorno bipolar misto, outros transtornos depressivos, demência, reações de luto e de ajustamento. Tratamento Medicamentoso e Fitoterápico No cuidado de saúde primário, muitos doentes deprimidos fazem uso de doses subterapêuticas de antidepressivos, quer porque os médicos assim o prescrevem, ou porque os próprios pacientes não cumprem as doses corretas. São vários os estudos que mostram que 52% dos médicos e 16% dos psiquiatras administram doses subterapêuticas aos seus doentes com depressão. O tratamento com antidepressivos durante vários meses após remissão do episódio depressivo reduz significativamente a recaída e a recorrência. Estudos prospectivos sobre a evolução da depressão, realizados durante 5 anos, demosntram que 28% dos doentes tiveram recorrência dos sintomas no espaço de um ano, e 62% a75% em 5 anos. O potencial de recaídas deverá ser minimizado através da manutenção do tratamento por 4 a 6 meses, poiso risco de futuros episódios depressivos com a descontinuação precoce do tratamento, aumenta na proporção dos episódios passados. Os episódios costumam responder bem ao tratamento medicamentoso, psicoterapêutico ou à combinação de ambos, com o objetivo de remissão completa dos sintomas. São necessárias de 2 a 3 semanas para o antidepressivo, em dose terapêutica, começar a atuar, e o efeito completo pode demorar até 6 semanas. Qualquer que seja o medicamento escolhido, após a remissão completa dos sintomas, o tratamento deverá ser mantido por um período de 6 meses a um ano. A partir do terceiro episódio depressivo, recomenda-se a manutenção do tratamento por tempo indeterminado. No tratamento da Depressão com Plantas Medicinais e Fitoterápicos usamos como critério de inclusão, pacientes portadores de Depressão Leve e Moderada, e que não tenham patologias psiquiátricas concomitantes (esquizofrenia, entre outras). Realizarão também exames laboratoriais específicos para controle clínico no início do tratamento e depois a cada 2,4 e 6 meses: Hemograma completo, glicemia de jejum, uréia, creatinina, provas de função hepática, dosagem de sódio e potássio. A importância destes exames 49 seria no sentido de precaução de alguma ação tóxica inesperada com prejuízo do organismo durante o acompanhamento deste paciente. 50 Erva de São João Nome botânico: Hypericum perforatum Amplamente utilizada no tratamento da depressão e da ansiedade, esta planta medicinal é considerada um antidepressivo e um sedativo, com propriedades terapêuticas positivas e amplamente comprovadas. Sem os efeitos secundários indesejados das suas congéneres químicas, a Erva de São João pode ser utilizada para tratar ambas estas condições, em conjunto ou separadamente. Constituintes Óleo essencial; taninos; resinas; pectinas; glicosídeos antraquinônicos (entre eles a hipericina); flavonóides (hiperosídeo, quercitina, rutina); catequinas; beta-sitosterol; saponinas; princípios amargos; carotenos; vitamina C. Farmacologia Antidepressivo, calmante, sedativo, adstringente, digestivo, antiinflamatório, cicatrizante para uso externo. O conjunto de seus componentes, principalmente os princípios amargos e a pectina, asseguram sua ação digestiva. Os taninos têm ação adstringente. As saponinas estimulam a circulação sanguínea. A hipericina tem ação inibidora da MAO e COMT (catecol-o-metil transferase), exercendo ação calmante e antidepressiva, aliviando inclusive os sintomas neurovegetativos associados. Outra ação relatada em trabalhos foi uma modulação na produção de citocinas, com uma supressão da liberação de interleucina 6 e uma modulação aparente dos receptores de serotonina, inibindo sua recaptação e também da dopamina e da norepinefrina, efeitos estes, não encontrados em 51 nenhum outro antidepressivo (ação nas 03 vias de recaptação), creditados ao extrato com todos os seus componentes, e não apenas a hipericina. É indicado na Depressão leve a moderada; Insônia; Nervosismo; Má digestão; Tratamento tópico de úlceras e queimaduras. Contraindicações Diabetes, gravidez, aleitamento, crianças menores de 12 anos e hipersensibilidade aos componentes da fórmula. Efeitos colaterais Raros, mesmo em idosos; usualmente, não causa sedação. Reações alérgicas cutâneas, fotossensibilidade em pessoas de pele clara e sensível, irritação gastrointestinal em pessoas sensíveis, elevação dos níveis pressóricos. Gravidez e Lactação Contraindicado durante a gravidez e lactação. Interações Não há interação do hipérico com álcool. Pode ser associada a valeriana, passiflora e ao lúpulo para a insônia. Pode diminuir os efeitos da ciclosporina, digoxina, anticoncepcionais e anticoagulantes. Pode potencializar os efeitos de outros inibidores de MAO e inibidores da recaptação da serotonina, podendo levar a síndrome serotoninérgica. Posologia Início da ação após 03 a 04 semanas de tratamento. Cápsulas de 300 mg com extrato seco padronizado para conter 0,3% de hipericina. Uma ou duas cápsulas à noite para insônia. Uma a três cápsulas ao dia para depressão (às refeições). 06 meses a 02 anos. Superdosagem Irritação cutânea e fotossensibilidade, em altas doses e no uso prolongado. 52 Ginseng brasileiro Nome botânico: Pfaffia paniculata. Constituintes químicos Alantoína, beta-ecdisterona, beta-sitosterol, ß-sitosterol-ß-D-glucosideo, daucosterol, ecdisteroides glucosídicos, nortriterpenos, polypodine B, ptersterona, sitosterol, stigmasterol, stigmasterol-3-o-beta-d-glucosideo, , vitamina A, vitamina B1, vitamina B2, vitamina E, vitamina K, zinco. Propriedades Farmacológicas Adaptógeno; Antitumor; Antiviral; Quimiopreventivo; Imunoestimulante; Antidiabético. Posologia Droga vegetal (pó): 500 a1000 mg, 2 a 3x ao dia. Interações Medicamentosas A interação com analgésicos, antibióticos, anti-inflamatórios, antilipêmicos, e quimioterápicos podem aumentar seu efeito. Efeitos Colaterais O uso prolongado em altas doses pode causar hipertensão arterial, insônia, euforia, nervosismo, diarréia e erupção cutânea. Contraindicações Dores no peito, alterações no ciclo menstrual, dores epigástricas e náuseas. 53 Toxicologia Não existem relatos a cerca da toxicologia. Gravidez e Lactação Não é recomendado o uso durante a gestação e durante a amamentação, até que maiores estudos sejam efetuados. 54 Alecrim Nome botânico: Rosmarinus officinalis L O Alecrim é uma planta medicinal, também conhecida como Alecrim de cheiro, Alecrineiro, Alecrinzeiro ou Rosmaninho, muito utilizada no tratamento de problemas digestivos ou dor de cabeça, por exemplo. Composição química Derivados do ácido caféico (Ácido rosmarínico), diterpenos. Farmacologia Ativador da circulação periférica e antiinflamatório. Alterações de pressão, dispepsias, perda de apetite e reumatismo (Comissão E/BfarmM). Relacionado ao aumento de potássio (K+) livre e a potencial antioxidante, que pode ser correlacionado a estabilização das membranas dos eritrócitos e inibição da produção de superóxido dismutase (SOD) e da peroxidação lipídica. Uso de extrato aquoso, por 6 dias, em animais, provocou aumentos na excreção urinária de sódio e cloreto e de potássio. Efeitos adversos Os efeitos colaterais do Alecrim incluem reações alérgicas, quando consumido em excesso. Cefaléias, Convulsões, espasmos. Gastrenterites. Lesão renal. Abortivo em doses elevadas. Topicamente produz rubefação dérmica. 55 Contraindicação Gravidez, alergias, Distúrbios gastrointestinais e renais. Diuréticos. Laxantes. Hipotensores. Posologia As partes usadas do alecrim são suas folhas e flores para fazer chá e banhos. Chá de Alecrim para problemas digestivos e inflamação da garganta: colocar 4 g de folhas numa xícara de água fervente e deixar repousar por 10 minutos. Depois coar e beber 3 xícaras por dia, após as refeições; Banho de Alecrim para reumatismo: colocar 50 g de Alecrim em 1 litro de água fervente, tampar, deixar repousar por 30 minutos e coar. Depois utilizar esta água durante o banho. DIABETES MELITO TIPO 2 57 DIABETES Introdução O h õ õ ê , especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos de ê secreção x ê , entre outros. ê . Os tipos de diabetes mais frequentes são o diabetes tipo 1, anteriormente conhecido como diabetes juvenil, que compreende cerca de 10% do total de casos, e o diabetes tipo 2, anteriormente conhecido como diabetes do adulto, que compreende cerca de 90% do total de casos. Outro tipo de diabetes encontrado com maior frequência e cuja etiologia ainda não - -natal. O frequentes podem resultar de defeitos genéticos da função , defeitos genéticos exócrino, endocrinopatias, efeito colateral de medicamentos, infecções e outras síndromes genéticas associadas ao diabetes. Cerca de 80% dos casos de diabetes tipo 2 podem ser atendidos predominantemente na atenção básica, enquanto que os casos de diabetes tipo 1 requerem maior colaboração com especialistas em função da complexidade de seu acompanhamento. Em ambos os casos, a coordenação do cuidado dentro e fora do sistema de saúde atenção básica. Anamnese Cerca de 50% da população com diabetes não sabe que são portadores da algumas vezes permanecendo não , 58 õ . Por isso, testes de rastreamento assintomáticos que apresentem maior risco da são indicados em indivíduos , apesar de não h beneficio resultante e a relação custo-efetividade ser questionável. Resultados de exames relacionados ao diagnóstico de diabetes ou do controle metabólico. Sintomas de diabetes (apresentação inicial, evolução, estado atual). Frequência, gravidade e causa de cetose e cetoacidose. História ponderal, padrões alimentares, estado nutricional atual; em criança e adolescente, crescimento e desenvolvimento. Tratamentos prévios, incluindo dieta e automedicação, e tratamento atual. História familiar de diabetes (pais, irmãos). Infecções prévias e atuais; atenção especial à pele, pés, dentes e trato urinário. Uso de medicamentos que alteram a glicemia. História de atividade física. Fatores de risco para aterosclerose. Estilo de vida e outros aspectos que podem afetar o manejo do diabetes. História obstétrica. Presença de complicações crônicas do diabetes. Indivíduos de alto risco requerem investigação diagnostica laboratorial com glicemia de jejum e/ou teste de tolerância , como discutido na próxima secado. Alguns casos serão confirmados como portadores de diabetes, outros apresentarão alteração na regulação glicêmica (tolerância diminuída ou glicemia de jejum alterada), o que confere maior risco de desenvolver diabetes. A caracterização do grau de risco não . Para merecer avaliação laboratorial e colocar um paciente assintomático sob suspeita, alguns sugerem a presença . A tendência escore de fatores de risco, semelhante aos empregados na avaliação provável que no próximo manual esteja definido qual o escore a ser adotado. Casos em que a investigação laboratorial for normal deverão ser investigados a cada 3-7 anos, dependendo do grau de suspeita clinica. 59 Exame físico - Peso, altura e cintura. - Maturação sexual (diabetes tipo 1). - Pressão arterial. - Fundo de olho (diabetes tipo 2). - Tireoide. - Coração. - Pulsos periféricos. - Pés (tipo 2). - Pele (acantose nigricans). Os sintomas clássicos de diabetes são: poliúria, polidíssima, polifagia e perda “4 P ” involuntária O am a suspeita clinica são: fadiga, fraqueza, letargia, prurido cutâneo e vulvar, balanopostite e infecções A õ neuropatia, retinopatia ou cardiovascular at Entretanto, como . assintomático significativa dos casos, a suspeita clinica o diabetes. Exames complementares Resumidamente, os testes laboratoriais mais comumente utilizados para suspeita de diabetes ou regulação glicêmica alterada são: - : Teste oral de tolerância sanguínea 8 a 12 horas. (TTG-75g): O paciente recebe uma carga de 75 g ; - Hemoglobina glicada: teor de hemoglobina Pessoas cuja glicemia de jejum situa-se entre 100 e 125 mg/dl (glicemia de jejum alterada), por apresentarem alta probabilidade de ter diabetes, podem requerer avaliação por TTG-75g em 2h. Mesmo quando a glicemia de jejum for normal (< 100 mg/dl), pacientes com alto risco para diabetes ou doença cardiovascular podem merecer avaliação por TTG 60 Diagnóstico e Prognóstico Os critérios de diagnóstico para o diabetes tipo 2 seguem os estabelecidos pela Academia Americana de Diabetes, organizados da seguinte forma: - ≥ - 6 ml (7,0 mmol/L) ≥ 200 mg / dl (11,1 mmol/L) após 2h do teste de tolerância à glicose oral de 75 g - ≥ dl (11,1 mmol/L) colhida aleatoriamente em pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia ou com crise hiperglicêmica - ≥ 6 5% Indicação de diabetes assintomática em adultos inclui o seguinte: - Pressão arterial sistêmica > 135/80 mmHg - Sobrepeso e um ou mais fatores de risco para diabetes (histórico de diabetes em familiares de primeiro grau, pressão arterial > 140/90 mmHg, e HDL < 35 mmHg e/ou triglicerídeos > 250 mg/dl) - A Academia Americana de Diabetes recomenda a investigação em pessoas com mais de 45 anos e sem ambos os pontos acima referidos. O prognóstico em pacientes com diabetes mellitus é fortemente influenciada pelo grau de controle de sua doença. A hiperglicemia crônica está associada a um maior risco de complicações microvasculares. A reversão para a regulação normal de glicose durante as tentativas de impedir a progressão da pré-diabetes para diabetes é um bom indicador para retardar a progressão da doença e está associada a um melhor prognóstico. Tratamento O plano terapêutico do diabetes tipo 2 consiste é manter as glicemias ao longo do dia entre os limites da normalidade, evitando ao máximo a ampla variabilidade glicêmica e na prevenir complicações crônicas. 61 Prescrição A maioria das plantas que são utilizadas como antidiabéticas, quando avaliadas em relação à farmacologia apresentaram atividade hipoglicemiante e a presença de constituintes químicos que podem ser utilizados como modelos para novos agentes hipoglicemiantes. Além disso, existe grande variedade de mecanismos de ação que podem levar ao efeito hipoglicemiante, entretanto nem todos são úteis na terapêutica. No Brasil existe um grande número de plantas medicinais usadas popularmente para o tratamento do Diabetes, dentre elas: pau-pereira (Aspidosperma parvifolium A. DC), Quina (Cinchona officinalis), Pau-ferro (Caesalpinia ferrea), Assa-peixe (Vernonia Polyanthes, Vernonia ferruginea Less), Caju (Anacardium occidentale), Guandu (Cajanus cajan), Pata de vaca (Bauhinia fortificata), Tioiô (Ocimum basilicum) e ginema (Gymnema sylvestre). O uso de plantas medicinais e fitoterápicos no diabetes tipo 2 deve levar em consideração o histórico do consumo de medicamentoso dos pacientes, uma vez que se utilizados concomitantemente, podem gerar risco para interações farmacocinéticas ou farmacodinâmicas entre substâncias bioativas e os fármacos. Os pacientes selecionados que serão tratados com plantas medicinais e fitoterápicos são aqueles portadores de Diabetes tipo I, e que não tenham complicações clínicas concomitantes (pacientes com vasculopatia grave, amputação de membros, nefropatia,entre outras ). Realizarão também exames laboratoriais específicos para controle clínico no início do tratamento e depois a cada 2,4 e 6 meses. São eles: Hemograma completo, glicemia de jejum, uréia, creatinina, provas de função hepática, dosagem de sódio e potássio. A importância destes exames seria no sentido de precaução de alguma ação tóxica inesperada com prejuízo do organismo durante o acompanhamento deste paciente. 62 Pata-de-vaca Nome botânico: Bauhinia forficata É uma árvore perene que se adapta a todo plantio do solo, necessitando de iluminação plena. O plantio é feito através de sementes, em sementeira. Especialmente as folhas são consideradas antidiabéticas, sendo aplicadas na prática da medicina caseira em outras doenças. Composição química Flavonoides, alcalóides, saponinas, ácidos orgânicos e saponinas. Indicações Hipoglicemiante (antidiabético), purgativo, diurético e antioxidante. Uso na gestação e amamentação Não há informações da sua farmacocinética ou seu uso nestas condições. Contraindicações Não existem relatos. Interações medicamentosas Com medicamentos antidiabéticos e drogas compostas por insulina. Precauções Evitar uso em pacientes com distúrbios da coagulação sanguínea. 63 Farmacologia Tem a capacidade de diminuir o açúcar de sangue, triglicerídeos também foram reduzidos, colesterol total e níveis de HDL. Posologia Como hipoglicêmica: dose de 3g/dia de folhas, por 56 dias. Infusão ou decocção sob forma de banhos: elefantíase e mordidas de cobra. Infusão de 2 xícaras das de cafezinho da folha picada em ½ litro de água ou 1 folha picada por xícaras de chá. Tomar 4 a 6 xícaras de chá ao dia (diabetes); Decocção de 1 colher das de sopa do pó da casca e folhas secas em 1 xícara de água. Tomar ½ a 1 xícara de chá ao dia; - decocção: ferver 1 a 2 colheres das de chá de folhas em 1 xícara das de chá de água. Tomar 3 a 4 xícaras ao dia - infusão a 2%: até 6 xícaras de chá ao dia; - infusão de 2 colheres de sopa de folhas (e ou flores picadas) para 1 litro de água fervente. Tomar 3 a 4 xícaras do chá morno por dia; ½cálice de água, 3 vezes ao dia. 64 Carqueja Nome botânico: Baccharis trimera Constituintes químicos Alfa e beta-pineno, álcoois sesquiterpênicos, ésteres terpênicos, flavonas, flavanonas, saponinas, flavonóides, fenólicos, lactonas sesquiterpênicas e tricotecenos, alcalóides. Compostos específicos: apigenina, dilactonas A, B e C, diterpeno do tipo eupatorina, germacreno-D, hispidulina, luteolina, nepetina e quercetina. O óleo essencial contém monoterpenos (nopineno, carquejol e acetato de carquejilo). Segundo a BIONATUS: flavonóides (apigenina, cirsiliol, cirsimantina, eriodictiol, eupatrina e genkawanina), sesquiterpenos, diterpenos, lignanos, alfa e beta pinenos, canfeno, carquejol, acetato de carquejila, ledol, alcóois sesquiterpênicos, sesquiterpenos bi e tricíclicos, calameno, elemol, eudesmol, palustrol, nerotidol, hispidulina, campferol, quercetina e esqualeno. Propriedades Farmacológicas Os óleos essenciais atuam sobre o hepatócito, aumentando a produção da bile e protegendo contra peroxidação lipídica. Os princípios amargos atuam sobre as papilas gustativas. Os flavonoides aumentam o débito urinário. Sua farmacologia ainda é pouco estudada. Posologia Adultos: 10 a 20 ml de tintura divididos em 2 ou 3 doses diárias diluídos em água. 2 g de droga seca (1 colher de sopa para cada xícara de água) em infuso até 3 vezes ao dia. Crianças de 2 a 5 anos: 2 a 3 ml 3 vezes ao dia, às refeições. Crianças de 5 a 8 anos: 3 ml 3 vezes ao dia, às refeições. 65 Crianças de 8 a 12 anos: 4 ml 3 vezes ao dia, às refeições. Interações Medicamentosas Pode interferir na absorção da glicose, aumentando o trânsito intestinal, pode reduzir a absorção de outros medicamentos, tais como alguns antibióticos. Efeitos Colaterais Não há relatos. Contraindicações Na gravidez; na lactação (deixa o leite amargo); doses excessivas podem baixar a pressão; na diarréia crônica; pode gerar interação medicamentosa por interferir na absorção da glicose aumentando o trânsito intestinal e assim, podendo reduzir a absorção de outros medicamentos. Usar com cuidado em pacientes com insulinoma ou episódios de hipoglicemia. Uso prolongado pode causar disfunções digestivas agredindo a mucosa gástrica. Deve ser evitada por pessoas com problemas graves de fígado. Deve-se evitar o uso da erva fresca. Evitar em problemas graves do fígado e na presença de cálculos biliares, pois seu uso pode provocar vômitos. Toxicologia Em doses terapêuticas não apresenta toxicidade. Gravidez e Lactação Não recomendado o uso neste período. HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA 67 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA Introdução A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença crônico-degenerativa, multifatorial, na maioria das vezes assintomática, de evolução lenta e progressiva que prejudica a função de diversos órgãos. Compromete o equilíbrio dos sistemas vasodilatadores e vasoconstritores, aumentando a pressão no interior dos vasos sanguíneos, podendo ocasionar lesões em órgãos nobres como o coração, cérebro, rins e olhos. Considerando- “ ” ressão arterial, sobre a qual se pode ter superposta curva de mortalidade cardiovascular, pode-se observar valores crescentes do percentual de mortalidade relacionados aos aumentos da pressão diastólica. Ocorrência semelhante pode ser verificada com a pressão diastólica. Nessas curvas também se constata a importância da mortalidade, mesmo para níveis tensionais pouco elevados que, aliás, são os mais prevalentes nas populações. Anamnese A anamnese do portador de hipertensão deve ser orientada para os seguintes pontos: - Hábito de fumar, uso exagerado de álcool, ingestão excessiva de sal, aumento de peso, sedentarismo, estresse, antecedentes pessoais de diabetes, gota, doença renal, doença cardiovascular e cerebrovascular; - Utilização de corticosteróides, hormonais, estrógenos, descongestionantes nasais, anorexígenos (fórmulas para emagrecimento), ciclosporina, eritropoetina, cocaína, antidepressivo tricíclico e inibidores da monoaminoxidase; - Sinais ou sintomas sugestivos de lesão em órgãos-alvo e/ou causas secundárias de hipertensão arterial; - Tratamento medicamentoso anteriormente realizado, seguimento efetuado e reação às drogas utilizadas; - História familiar de hipertensão arterial, doenças cárdio e cerebro-vasculares, morte súbita, dislipidemia, diabetes e doença renal. Além disso, deve-se estar atento para algumas possibilidades de causa secundária de hipertensão arterial – para as quais um exame clínico bem conduzido pode ser decisivo. Como por exemplo: 68 - Pacientes com relato de hipertensão arterial de difícil controle e apresentando picos tensionais graves e frequentes, acompanhados de rubor facial, cefaléia intensa e taquicardia, devem ser encaminhados à unidade de referência secundária, para pesquisa de feocromocitoma; - Pacientes nos quais a hipertensão arterial surge antes dos 30 anos ou de aparecimento súbito após os 50 anos, sem história familiar para hipertensão arterial, também devem ser encaminhados para unidade de referência secundária, para investigação das causas, principalmente renovasculares. Exame físico O exame físico do portador de HAS deve avaliar: - Os pulsos carotídeos (inclusive com ausculta) e o pulso dos 4 membros; - A pressão arterial - PA em ambos os membros superiores, com o paciente deitado, sentado e em pé (ocorrência de doença arterial oclusiva e de hipotensão postural); - O peso (atual, habitual e ideal) e a altura, com estabelecimento do IMC – Índice de Massa Corporal; - Fácies, que podem sugerir doença renal ou disfunção glandular (tireóide, supra-renal, hipófise) – lembrar o uso de corti- costeróides; - O pescoço, para pesquisa de sopro em carótidas, turgor de jugulares e aumento da tireóide; - O pericárdio, anotando-se o ictus (o que pode sugerir aumento do ventrículo esquerdo) e possível presença de arritmias, 3a ou 4a bulhas e sopro em foco mitral e/ ou aórtico; - O abdômen, pela palpação (rins policísticos, hidronefrose, tumores) e ausculta (sopro sugestivo de doença renovascular); - O estado neurológico e do fundo-de-olho. Ao examinar uma criança ou adolescente com hipertensão arterial, deve-se sempre verificar os pulsos nos membros inferiores, que quando não presentes orientam o diagnóstico para coarctação da aorta. Exames complementares Os objetivos da investigação laboratorial do portador de hipertensão arterial são: a) confirmar a elevação da pressão arterial; b) avaliar lesões em órgãos-alvo (LOA); c) identificar fatores de risco para doença cardiovascular e co-morbidades; 69 d) diagnosticar a etiologia da hipertensão. Quando possível, conforme o III Consenso Brasileiro de HAS, a avaliação mínima do portador de HAS deve constar dos seguintes exames: - Exame de urina (bioquímica e sedimento); - Creatinina sérica; - Potássio sérico; - Glicemia sérica; - Colesterol total; - Eletrocardiograma de repouso. Diagnóstico e Prognóstico A A concomitantes, tais como diabetes, l - a renal e cardiovascular. Deve- . 1, ê -morbidades ou fatores de risco associados, conforme citados a seguir: Grupo de risco baixo: Incluem homens com idade menor de 55 anos e mulheres com idade abaixo de 65 anos h x 15%. : Incluem portadores de HAS grau I ou II, com um ou doi A x h x 10 anos, situa-se entre 15 e 20%. Grupo de risco alto: 70 A ê h , sem fatores de risco. Nesses, a probabilidade de um evento cardiovascular, em 10 anos, situa-se entre 20 e 30%. Grupo de risco muito alto: A .Ap % P ê . Tratamento Tratamento não farmacológico (mudanças no estilo de vida): Para o tratamento da hipertensão arterial é necessário inicialmente estratificar o risco, definir os objetivos do tratamento, as metas e as condições, tendo em vista manter a qualidade de vida. A redução do peso é indicada em todas as condições em que a massa corpórea estiver acima dos valores normais, podendo promover a diminuição da pressão arterial e diminuir o risco de diabetes mellitus e de dislipidemia. Diminuição do etilismo: é aceito que o álcool possa causar aumento da resistência periférica e, por isso, elevar a pressão arterial e até torná-la refratária. A elevação pressórica é constatada com a ingestão, pelos homens, de mais de 21 unidades de bebidas alcoólicas no transcorrer de uma semana (equivalente a 21 copos de cerveja, 21 taças pequenas de vinho ou de 21 doses de destilados) e de 14 unidades pelas mulheres. Dessa forma, a ingestão deve ser reduzida a, no máximo, 30 mL de etanol ao dia, o que corresponde a 720 mL de cerveja, 300 mL de vinho ou 60 mL de bebidas destiladas. Por diferenças de capacidade enzimática, as mulheres toleram menores quantidades de álcool, sendo recomendável não excederem a 15 mL de etanol ao dia. Atividades físicas: atividades físicas aeróbicas são recomendadas, contribuindo de modo inegável para redução da mortalidade. A prática de atividade física por 30 a 45 minutos diários contribui para a redução do peso corpóreo e o controle das dislipidemias (36,37). Ingesta de sal: a diminuição e moderação do sódio determina inegável melhora da hipertensão e melhor resposta aos anti-hipertensivos. 71 Tratamento farmacológico (convencional) Quando as modificações do estilo de vida não forem suficientes para o controle pressórico, deve ser associado o tratamento farmacológico e, para estratégia, considerar os riscos e as metas pressóricas. Como regra devem ser ministradas doses menores, aumentadas, acrescentadas ou substituídas, de acordo com as respostas clínicas. A escolha do medicamento para o tratamento da hipertensão arterial é considerada de fundamental importância e se baseia na experiência acumulada nos estudos de longa duração, sem que dispense as novas conquistas representadas pelos avanços nessa área, notadamente nos últimos anos. Qualquer medicamento dos grupos de antihipertensivos, com exceção dos vasodilatadores de ação direta, pode ser utilizado para o controle da pressão arterial em monoterapia inicial, especialmente para pacientes com hipertensão arterial em estágio 1 que não responderam as medidas não medicamentosas. Para pacientes em estágios 2 e 3 se pode considerar o uso de associações de medicamentos anti-hipertensivos como terapia inicial. Os inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA), bloqueadores do receptor da angiotensina II, alfa-bloqueadores, alfa e beta-bloqueadores e antagonistas do cálcio tem indicações especiais. A gravidade da hipertensão arterial não é determinada exclusivamente pelos níveis pressóricos. A maioria dos portadores de HA primária não complicada apresenta valores pressóricos em estágio I ou II. Quando não apresentam acometimento de órgãos-alvo, nem se acompanham de expressivos fatores de risco são qualificados de baixo risco, permitindo o tratamento por monoterapia. Nestes casos, a terapêutica farmacológica deve ser baseada nas características de cada paciente e nos possíveis mecanismos fisiopatológicos para selecionar os medicamentos dentre os considerados de primeira escolha: diuréticos, bloqueadores dos canais de cálcio, inibidores da ECA e bloqueadores dos receptores da angiotensina II. Deve-se ressalvar que importante meta-análise sugere que os fármacos pertencentes ao grupo dos beta-bloqueadores apresentam menor potencial de proteção cardiovascular que os demais anti-hipertensivos e, por isso, os desqualificaram para a recomendação de primeira escolha a não ser nas condições de indicação compulsória, ou seja, para os 72 pacientes portadores de insuficiência coronária, taquiarritmias ou casos em que as metas não foram atingidas por outros anti-hipertensivos. Da mesma forma, os vasodilatadores diretos, como a hidralazina e o minoxidil, são contraindicados como monoterapia por promoverem taquicardia e retenção hídrica, requerendo a associação com diuréticos e simpatolíticos. O alisquireno é o único representante da classe dos inibidores diretos da renina atualmente disponível para uso clínico. Promove uma inibição direta da ação da renina com consequente diminuição da formação de angiotensina II. Há ainda especulação sobre outras ações, como redução da atividade plasmática de renina, bloqueiode um receptor celular próprio de renina/pró-renina e diminuição da síntese intracelular de angiotensina II. São aguardados os resultados de estudos de desfecho com avaliação do impacto deste medicamento na mortalidade e morbidade cardiovascular e renal. Apre õ :“ h” diarreia (especialmente com doses elevadas, acima de 300 mg/dia), aumento de CPK e tosse. Estes são os eventos mais frequentes, porém com incidência inferior a 1%. Destacada é a contraindicação na gravidez. Alisquireno pode ser considerado uma opção para o tratamento inicial em monoterapia dos pacientes com hipertensão em estágio 1, com risco cardiovascular baixo a moderado, ressalvando-se que até o presente momento não estão disponíveis estudos que demonstrem redução de mortalidade cardiovascular com o seu uso. Quanto ao medicamento de escolha, deve ser ministrado em pequenas doses. No caso em que a pressão arterial não atinja os valores desejados, a dose deve ser elevada até a dose máxima, buscando as metas predeterminadas. Quando, mesmo assim, não se obtiverem valores desejados, os medicamentos de primeira escolha (classes diferentes) deverão ser associados entre si em doses crescentes para atingir níveis inferiores a 140/90 mmHg. Para os pacientes cuja estratificação de risco seja alta ou muito alta, o tratamento deve ser iniciado com a combinação de medicamentos, visto que as metas serão reduzir as pressões a valores inferiores a 130/85 ou 130/80 mmHg para os riscos alto e muito alto, respectivamente. Ainda mais, a meta indicada poderá constituir-se de valores pressóricos inferiores a 120/75 mmHg para portadores de nefropatia e proteinúria acima de 1 g em 24 horas. 73 Devem-se buscar tais metas pressóricas, iniciando-se com menores doses de cada medicamento, visando, assim, diminuir os efeitos colaterais que ocorrem mais provavelmente com doses plenas de cada um deles. O tratamento pela combinação de medicamentos também cabe aos portadores de hipertensão arterial de estágio II e/ou III, porque a experiência demonstra que a maioria dos pacientes em estágio II e a quase totalidade daqueles em estágio III não logram atingir as metas preestabelecidas. Ademais, a grande maioria desses pacientes apresenta estratificação de alto ou muito alto risco e, portanto, com metas de pressões inferiores a 130/85 ou 130/80 mmHg. É oportuno relembrar a frequente aplicação dos diuréticos tiazídicos, como monoterapia, ou em combinações, muito valiosas para o controle da hipertensão arterial e muitas vezes até indispensáveis no tratamento da insuficiência cardíaca, mas cujos efeitos adversos podem estar presentes e atuar negativamente por conta da elevação de glicemia. Prescrição O uso de plantas medicinais e fitoterápicos na hipertensão arterial sistêmica deve levar em consideração o histórico do consumo de medicamentoso dos pacientes, uma vez que se utilizados concomitantemente, podem gerar risco para interações farmacocinéticas ou farmacodinâmicas entre substâncias bioativas e os fármacos. As espécies que apresentam estudos clínicos na hipertensão arterial são o alho (Allium sativum) e o cratego (Crataegus oxyacantha), psyllium (Plantago ovata). Os pacientes selecionados que serão tratados com plantas medicinais e fitoterápicos são aqueles portadores de Hipertensão Leve e Moderada, e que não tenham complicações clínicas concomitantes (paciente com IAM recente, nefropatia, ICC entre outras.). Realizarão também exames laboratoriais específicos para controle clínico no início do tratamento e depois a cada 2,4 e 6 meses. São eles: Hemograma completo, glicemia de jejum, uréia, creatinina, provas de função hepática, dosagem de sódio e potássio. A importância destes exames seria no sentido de precaução de alguma ação tóxica inesperada com prejuízo do organismo durante o acompanhamento deste paciente. 74 Alho Nome botânico Allium sativum L Nomes populares Alho Constituintes químicos Enzimas: alinase, peroxidades, mirosinase e outras (catalase, superóxido dismutase, arginase, lipase). Óleos Voláteis: (0,1–0,36%). Enxofre contendo compostos incluindo alliina, compostos produzidos enzimaticamente a partir alliina incluindo alicina alilpropil dissulfeto, dialil dissulfeto, dialil trisulfito; ajoene e vinyldithiines (produtos secundários de alliin produzidos não enzimaticamente a partir de alicina); alilmercaptocisteína S- (ASSC) e S-metilmercaptocisteína (MSSC). Terpenos: citral, geraniol, linalool, a- e b- felandreno. Parte utilizada Bulbo Uso popular Alho possui efeito expectorante, antispasmódico, anti-séptico, bacteriostático, antiviral, hipotensor e propriedades anti-helmínticas. Tradicionalmente, tem sido usado para tratar a bronquite crônica, catarro respiratório, resfriados recorrentes, tosse, asma brônquica, gripe e bronquite crônica. O uso moderno de alho e suas preparações está focada em 75 anti-hipertensivo, anti-aterogênico, antitrombótico, antimicrobiana, fibrinolítico, efeitos preventivos do câncer e hipolipemiantes. Dosagem Bulbos secos: 2-4 g três vezes ao dia; Frescos: 4 g diariamente; Tintura: 2–4 mL (1:5 em alcool 45%) três vezes diariamente; Pó: 0,5 a 1,0 g (equivalente a 3 – 5 mg de alicina). Farmacocinética A adição de alicina fresca em sangue resulta na conversão de alicina de alilo-mercaptano e outros compostos produzidos a partir de alicina, tais como dialil trissulfureto e ajoene, também foram capazes de formar mercaptano alilo no sangue. Compostos contendo enxofre, tal como dissulfureto de dialilo, o sulfureto de dialilo, sulfureto de dimetilo e ácidos mercaptúricos, foram isolados e identificados na urina humana após a ingestão de alho. Um estudo subsequente detectou N-acetil-S-alil-L-cisteína (ácido alilmercaptúrico) na urina de voluntários (n = 6) que haviam ingerido comprimidos de alho contendo dois extratos de alho 100mg. A média (desvio padrão) de semivida de ácido alilmercaptúrico foi estimado em 6 horas. Tem sido relatado que o sabor do leite materno é alterado quando as lactantes consumem alimentos que contenham enxofre, como alho. Além disso, a ingestão de alho por mulheres grávidas altera significativamente o odor do seu líquido amniótico. Segurança Os efeitos adversos incluem: sudorese; tonturas; boca, esôfago, estômago e irritação; náuseas; e vômitos. As reações alérgicas são raras. Doses maiores do que para o uso culinário podem aumentar o risco de hemorragia se forem ingeridas com anticoagulantes ou antiplaquetários. 76 Alcachofra Nome botânico Cynara scolymus É uma planta medicinal, também conhecida como Cachofra, Alcachofra-hortense ou Alcachofra comum, muito utilizada para emagrecer ou para complementar tratamentos, tais como: baixar o colesterol, combater a anemia, regular os níveis de açúcar no sangue e combater os gases, por exemplo. Composição química Derivados do ácido cafeoilquínico (ácido clorogênico). Alcoois ácidos: glicérico, málico, cítrico, glicólico, lático, e succínico, metil-acrílico; Lactonas sesquiterpênicas a-iargas: geosheimina, cinaratriol, cinaropicrina, cinarolidina, dihidrocinaropicrina, rossheimina, grosulfeimina e outros guaianolideos reacionados; Flavonóides: glicosídeos da flavona apigenina, luteolina, cinarosideo, escolimosideo, cosmosideo, quercetina, isoramnetina, maritimeina; Compostos fenólicos; óleos voláteis: 13-selineno, cariofileno, eugenol, fenilacetaldeido e óleo decanal; Ácidos graxos poliinsaturados essenciais: ácido esteárico, palmítico, oleico e linoleico; sais minerais: cálcio, fósforo, potássio, Vitaminas vitamina C; Aminoácidos: niacina, tiamina, fenilalanina, tirosina histidina, alanina e pigmentos antocianicos. Indicações Problemas hepáticos e renais: Apesar dos novos usos, a alcachofra continua a ser essencial para fortalecer o funcionamento do fígado e dos rins, favorecendo a desintoxicação em problemas crônicos como a artrite, a gota e a doença hepática. 77 Colesterol alto: Testes clínicos ao longo dos últimos 30 anos descobriram que a folha da alcachofra reduz os níveis de colesterol e de triglicerídeos, enquanto os níveis de lipoproteínas de alta densidade (HDL) tendem a aumentar. Os níveis de colesterol melhoraram de 5 a 45 por cento, com uma dose diária equivalente a 7g de folha seca. Deve ser tomada durante alguns meses para melhores resultados. Os pacientes também referiram o alívio de sintomas como enjôos, vômitos, dores abdominais, flatulência e obstipação. Por consequência, é agora comum tomar alcachofra para a síndrome do cólon irritável e os sintomas a ela associados, tais como inchaço, distensão abdominal e alternância entre diarreia e obstipação. Outros Usos: Ácido úrico, obesidade, diabetes; debilidade geral, convalescença, dispepsia; hipertensão, hipertireoidismo, toxemia; afecções reumáticas. Incremento na secreção intraduodenal biliar; Aumento da eliminação de potássio. Uso na gestação e amamentação Por causa da falta de dados sobre a toxicidade da alcachofra, sugere-se que seu uso seja limitado durante a gravidez. A caropicrina e a cinarase promovem a coagulação do leite, portanto a planta está contra indicada para lactantes. Contraindicações Alergia as plantas da família Asteraceae e qualquer obstrução do duto biliar. Pacientes propensos a fermentação intestinal. Interações medicamentosas Diuréticos. Medicamentos que interferem na coagulação sanguínea (Aspirina) e anticoagulantes cumarínicos. Precauções O contato frequente com alcachofra ou outras plantas da família Asteraceae, causou reações alérgicas em indivíduos sensíveis à dermatite de contato e urticária com contato ocupacional com alcachofra, os componentes responsáveis são a cinaropicrina e outras lactonas sesquiterpênicas. Farmacologia 78 Hipotensora. Ação coletérica, diurética, Hepatoprotetora, Hipocolesterolemiante. Redução dos níveis de triglicérides. Posologia Tintura:5 a 25 mL, divididos em até 3 doses diárias, com intervalos menores que 12 horas. Vinho medicinal:2 cálices antes das principais refeições flores como alimento e medicinal. Infuso ou Decocto:2g de folhas frescas ou 1g de folhas secas (1 colher de sobremesa para cada xícara de água) em infuso ou decocto. Extrato líquido:0,5 a 1 g/dia. Extrato seco:100 a 150mg até 3 vezes ao dia. 79 Alecrim Nome botânico: Rosmarinus officinalis L O Alecrim é uma planta medicinal, também conhecida como Alecrim de cheiro, Alecrineiro, Alecrinzeiro ou Rosmaninho, muito utilizada no tratamento de problemas digestivos ou dor de cabeça, por exemplo. Composição química Derivados do ácido caféico (Ácido rosmarínico), diterpenos. Farmacologia Ativador da circulação periférica e antiinflamatório. Alterações de pressão, dispepsias, perda de apetite e reumatismo (Comissão E/BfarmM). Relacionado ao aumento de potássio (K+) livre e a potencial antioxidante, que pode ser correlacionado a estabilização das membranas dos eritrócitos e inibição da produção de superóxido dismutase (SOD) e da peroxidação lipídica. Uso de extrato aquoso, por 6 dias, em animais, provocou aumentos na excreção urinária de sódio e cloreto e de potássio. Efeitos adversos Os efeitos colaterais do Alecrim incluem reações alérgicas, quando consumido em excesso. Cefaléias, Convulsões, espasmos. Gastrenterites. Lesão renal. Abortivo em doses elevadas. Topicamente produz rubefação dérmica. 80 Contraindicação: Gravidez, alergias, Distúrbios gastrointestinais e renais. Diuréticos. Laxantes. Hipotensores. Posologia As partes usadas do alecrim são suas folhas e flores para fazer chá e banhos. Chá de Alecrim para problemas digestivos e inflamação da garganta:colocar 4 g de folhas numa xícara de água fervente e deixar repousar por 10 minutos. Depois coar e beber 3 xícaras por dia, após as refeições; Banho de Alecrim para reumatismo: Colocar 50 g de Alecrim em 1 litro de água fervente, tampar, deixar repousar por 30 minutos e coar. Depois utilizar esta água durante o banho. 81 Embaúba Nome botânico: Cecropia sp. Planta medicinal, também conhecida como ambaia-tinga, árvore-da-preguiça e imbaíba, utilizada em medicina para combater a pressão alta. O seu nome científico é Cecropia peltata e pode ser comprada em farmácias de manipulação e em algumas lojas de produtos naturais. Constituintes químicos Açúcares (polissacarídeos), polifenois, cumarinas, taninos, flavonoides (iso-orientina, leucocianidina), alcalóides (cecropina), glicosídeos (ambaína); triterpenos, esteróides, lipídeos, resinas. Propriedades Farmacológicas As propriedades da Embaúba incluem sua ação cardiotônica, diurética, anti-hemorrágica, adstringente, antiasmática, analgésica, anti-séptica, cicatrizante, expectorante e hipotensora. Existem relatos a cerca do uso da embaina (glicosídeo) e da cecropina (alcaloide) como sendo os princípios ativos responsáveis pelos efeitos cardiotônicos e diuréticos. Pesquisas demonstram o efeito de flavonoides e proantocianidias como inibidora da ECA. Posologia Pode ser utilizada toda a planta da Embaúba pra fazer chás, infusões, sucos e pomadas. Suco: O suco das folhas de embaúba é utilizado para tosse e problemas respiratórios. 82 Pomada: Ferver galhos de embaúba triturados com banha. Esse modo pode ser utilizado como pomadas anti-hemorroidal. Chá: Adicionar os componentes de embaúba em água fervente. Beber uma xícara de chá, 3 vezes ao dia. Adultos: 7,5 mL de tintura divididos em 3 doses diárias, diluídos em água; 2 g de planta seca ou 4 g de planta fresca (1 colher de sopa para cada xícara de água) de folhas em decocto ou infuso até 3 vezes ao dia com intervalos de até 12 horas; 2 a 3 g de pós das folhas sob a forma de cápsula ou tablete tomados 2 vezes ao dia; O infuso de 30 g da planta frasca – folhas ou cascas - pode ser utilizado para lavagens, assentos e compressa em feridas. Preparações da raiz são indicadas para afecções hepáticas e o fruto como laxativo. Crianças: tomam de 1/3 a ½ de dose, de acordo com a idade. Interações Medicamentosas Possível descrição de interação que pode potencializar o efeito de cardiotônicos, como os digitálicos; assim como antihipertensivos e inibidores da ECA. Pode ainda potencializar antidiabéticos e insulina. Efeitos Colaterais Não estão descritos efeitos colaterais para a Embaúba. Contraindicações A Embaúba está contraindicada para mulheres grávidas. Toxicologia Sem toxicidade nas doses recomendadas. Gravidez e Lactação A Embaúba não deve ser utilizada durante este período. É tradicionalmente usada para facilitar o trabalho de parto e promover menstruação. Não afeta a lactação. 83 Uva Nome botânico: Vitis vinifera L. Constituintes químicos Flavonoides (rutoosideo, quercitrosideo, isoquercitroosideo, kenferol, luteolol), taninos, antocianoosideos (3-glucosilmalvidina), leucoantocianoosideos, proantocianidinas ou taninos condensados (proantocianidina B1, B2, B3, B4 e C1), resveratrol. Propriedades Farmacológicas Alimentão humana, diminuição da agregação plaquetária, aumentos de lipoproteinna HDL, inibior da síntese de tromboxano em plaquetas e leucotrienos em neutrófilos, estímulo da produção de óxido nítrico no endotélio vascular, vasotônico, vasoprotetor, adistringente e diurético. Posologia Infusão: 5 a 10g/250 mL, 2 vezes ao dia. Extrato padronizado em 90 a 95% de proantocianidinas totais: 200 a 400 mg ao dia. Extrato seco (5:1): 300 mg, a cada 1 a 4x ao dia Extrato fluido (1:1): 50 a 100 gotas, 1 a 3x ao dia Interações Medicamentosas Medicamentos antidiabéticos (risco de potemcialização de efeitos). Anticoagulantes e antiagregantes plaquetários. Medicamentos metabolizados pelas isoenzimas do citocromo P450 (cetoconazol, sildenafil). Anti-hipertensivos. Efeitos Colaterais 84 Desconfortos gastrintestinais. Contraindicações Hipersensibilidade a algum componente da fórmula. Toxicologia Nenhum caso de sobredose registrado. Gravidez e Lactação Não estabelecida para este púbico. 85 Cavalinha Nome botânico: Equisetum arvense Constituintes químicos Os constituintes incluem 1,02% de minerais, dos quais mais de 66% são ácido silícico e silicatos, além de potássio, alumínio e manganês; 0,31% de glicosídeos de flavonóides, principalmente a quercetina (quercetina 3-glicosídeo e seus ésteres malonil); ácidos fenólicos, incluindo até 0,008% di-E-cafeoil-meso-ácido tartárico, ésteres metílicos de ácidos caféico e protocatecuico; alcalóides de nicotina (vestígios); ácidos poliênicos e ácidos carboxílicos; e fitosteróis. Propriedades Farmacológicas Diurético, hemostático e cicatrizante. Posologia Decocção: 150 ml de água fervente para 2 g da droga vegetal e continuar a ferver durante 5 minutos, em seguida, deixar em repouso por mais 10 a 15 minutos; tomar três vezes ao dia. Infusão: Manter 2 g de erva em 150 ml de água fervida por 10 a 15 minutos; tomar três vezes ao dia. [Nota: 34% dos flavonóides potencialmente disponíveis são rendidos no chá após 5 minutos de maceração e 40% são liberados após 10 minutos] 86 Maceração: Manter 2 g de erva em 150 ml de água fria por 10 a 12 horas; tomar três vezes ao dia. Extrato fluido 1:1 (g / ml): 2 ml, três vezes ao dia. Tintura de 1:5 (g / ml): 10 ml, três vezes ao dia. Interações Medicamentosas Não conhecidas. Efeitos Colaterais Não conhecidos. Contraindicações Não conhecidas. Toxicologia Nenhum caso de sobredose registrado. Gravidez e Lactação Não estabelecida para este público. 87 Capim limão Nome botânico: Cymbopogon citratus Constituintes químicos Óleo volátil: citral, geranial e neral, geraniol, ácido gerânico e ácido nerólico, mirceno diterpenos, metil heptenona, citronelol, linalol, farnesol; outros alcoois aldeídos, terpineol, homoorientina, ácido clorogênico, ácido cafeico, p-cumárico, frutose, sacarina, octasanol, flavonoides, luteolina e 6-C-glucosídeo. Propriedades Farmacológicas Excitante gástrico, miorelaxante, hipotensor, carminativo, emenagogo, analgésico, antitérmico, antibacteriano de uso tópico. Cefaléia de origem tensional, ansiedade, nervosismo, insônia, flatulência, e como relaxante muscular (mialgias, tensões musculares de etiologiadiversa, hipertensão arterial). Determina uma diminuição da atividade motora, aumentando o tempo de sono, é um regulador vago-simpático. O citral tem efeito antiespasmódico, tanto no tecido uterino como no intestinal. É analgésico e combate o histerismo e outras afecções nervosas, propriedade devida ao mirceno. A atividade antibacteriana está associada também ao citral. Posologia 4 g de folhas frescas ou 2 g de folhas secas (1 colher de sopa para xícara de água) em infuso ou decocto em uso interno 2 a 3 vezes ao dia ou a tintura em doses de 10 a 20 ml/dia divididas em 2 ou 3 tomadas diluídas em água. O rizoma pode ser usado como tempero e alimento. Infusão a 02% (05 g/250 ml de água ou 1 colher (rasa) das de sopa). 250 ml à noite para insônia. Até 1.000 ml ao dia para ansiedade, nervosismo ou outras indicações. 88 Interações Medicamentosas Nenhuma interação foi identificada. Efeitos Colaterais A aplicação tópica do capim limão raramente conduz a uma reação alérgica. Nenhuma anomalia foi detectada em exames laboratoriais após ingestão do chá. Hipotensão arterial. Contraindicações Contraindicado para casos de dor abdominal de causa desconhecida ou gastrite. Toxicologia Não existem relatos suficientes. Gravidez e Lactação Não deve ser usado durante a gravidez pois estimula o útero e o sangramento menstrual. OUTRAS MONOGRAFIAS 90 Laranja amarga Nome Científico: Citrus aurantium L. Planta medicinal cujas partes utilizadas são principalmente o fruto verde, folhas e óleo essencial. Apresenta sabor ácido, amargo e refrescante. Constituintes Químicos Acetato de linalina, acetado de geraniol, acetado de geranilo, ácido ascórbico (vitamina C), ácido cítrico, ácidos graxos, alcanos, borneol, bioflavonóides, carboidratos, caroteno, cirantina, citral, derivados cumáricos, escopuletina, fitosteróis, geraniol, hesperidina, limoneno, linalol, lipídios, metil-anthranilato, naringina, nobeletina, nerol, pectinas, pineno, proteínas, roifolina, rutinose, sais (potássio, cálcio, sódio, fósforo, magnésio, enxofre, cloro, ferro, silício), saponina, sinefrina, substâncias amargas, tangeritina e as aminas: synefrina, N-metiltyramina, hordenina, octopamina e tyramina, vitamina A (retinol), vitamina B (tiamina), vitamina B2 (riboflavina), niacina. Propriedades Farmacológicas Uitilizando pela população como: tônica; carminativa; aperitiva; hipertensora; expectorante; laxativa; cardiotônica; anti-histamínica; sedativa (O.E); tranqüilizante; antiinflamatória; antibacteriana; fungicida; anticancerígena; emoliente; hipocolesterolêmica; eupéptica; colagoga; anticonvulsiva; antiespasmódica; alcalinizante; antiartrítica; antidepressiva; antiescorbútica; antisséptica; antiulcerogênica; diurética; depurativa; sudorífica; febrífuga; vermífuga; vitaminizante desidratante; rejuvenescedora; relaxante; desintoxicante. Em um estudo 11 voluntários saudáveis tomaram 30mg de dextrometorfan com 200 ml de suco de laranja-amarga. Comparado com água, o suco aumento a disponibilidade biológica 91 do dextrometorfan de 0,1 a 0,46. Em um estudo cruzado e randonizado 10 voluntários saudáveis ingeriram tabletes de liberação prolongada de 10mg de felodipina com 240 ml de suco de laranja amarga. O consumo do suco junto com o medicamento aumentou a área em baixo da curva de concentraçãoplasmática máxima do felodipine em 61% quando tomado com água para 76% quando tomado com o suco. Em estudo cruzado para analisar outros usos do indinavir, 13 voluntários saudáveis receberam 800mg como dose única na manhã seguinte com 240 ml da água ou suco de laranja amarga. Comparado com água, ingestão do indinavir com suco prolongou o tempo necessário para atingir 50% do pico de concentração plasmática do indinavir (1,25 a 1,87 horas). Acredita-se que esta mudança não deve ser clinicamente importante. Uso Interno Depressão; Em dietas para perda de peso; Energético na prática de exercícios físicos; Acelera o metabolismo; Ação moderadora do apetite; Digestivo; Diurético. Uso Externo Utiliza-se o óleo essencial diluído externamente para tratar problemas de pele como acne, eczema, seborréia, herpes e psoríase; cabelos secos; ressecamento das mãos e pés; dores musculares. Pediátricas As mesmas indicações para adultos. Posologia A quantidade de sinefrina em produtos de laranja amarga é variável. A dose diária recomendada é de 32 mg. Toxicidade Não há relatos nas fontes de pesquisa consultadas. Contraindicações Em casos de diarréia aguda ou intensa. Usar com cuidado na gravidez e preferencialmente evitar. Vários artigos indicam que o uso do extrato de C. aurantium acarretou o desenvolvimento de problemas cardíacos. Houve relato de caso de isquemia após ingestão de extrato de cápsulas da erva (não se sabe em que dosagem e nem por quanto tempo). 92 Produto contra-indicado para: pacientes hipertensos, lactantes, diabéticos e pessoas em tratamento com inibidores da MAO. Causa contrações uterinas em gestantes. Interações medicamentosas Pode interagir com várias drogas, pois inibe a enzima CYP3A4 e o processo de eliminação intestinal (pela g-glicoproteína) no intestino delgado. O Citrus aurantium não é recomendado em associação com Ephedra sp, podem ocorrer reações adversas, sugerimos que consulte seu médico para uma melhor orientação. 93 Espinheira Santa Nome botânico: Maytenus ilicifolia Planta medicinal utilizada pelos índios brasileiros e paraguaios como remédio antitumor, e na Argentina como antiasmático e antisséptico. É conhecida desde 1922. Constituintes químicos Terpenos (maytesina); taninos; flavonóides; mucilagens; antocianos; açúcares livres. Propriedades Farmacológicas Tonificante, antiúlcera, carminativo, cicatrizante, antisséptico, diurético e laxativo leve. Normalizador das funções gastrointestinais, especialmente como protetor de mucosa (efeito antiúlcera), gastrites, gastralgias inespecíficas, dispepsias, hipotonias intestinais. Os taninos presentes em sua formulação levam a um aumento do volume e do pH gástrico, tendo ainda poder cicatrizante sobre a lesão; Apresenta ação antisséptica, diminuindo as fermentações intestinais patológicas; Trata as gastralgias, não diminuindo a sensibilidade do órgão, mas corrigindo a função desviada. Posologia Uma a duas cápsulas de extrato seco padronizado para conter 3,5% de taninos (500 mg) duas ou três vezes ao dia. A tintura deve ser tomada de 10 a 20 ml dividido em 2 a 3 doses, diluídos em água. 2 g de droga seca (1 colher de sopa para cada xícara de água) em infusão até 3 vezes ao dia. Interações Medicamentosas 94 Pode interferir na absorção de ferro Efeitos Colaterais As pesquisas realizadas até agora, não demonstraram efeitos colaterais significativos. Contraindicações Não deve ser administrado a gestantes, crianças e nutrizes (redução da secreção láctea). Toxicologia Os resultados obtidos até o momento não destacaram toxicologia na dose recomendada. Gravidez e Lactação Não deve ser usada nos 3 primeiros meses de gravidez pois não existem estudos de teratogenicidade nem maiores informações sobre sua farmacodinâmica. Durante o aleitamento é contraindicado pois diminui a secreção do leite. 95 Angélica Nome botânico: Angelica archangelica Angélica é uma planta medicinal, também conhecida como arcangélica, erva-de-espiritosanto e Jacinto-da-índia, muito utilizada no tratamento de problemas digestivos e estomacais. Após manipular a angélica, os indivíduos devem evitar a exposição ao sol. Constituintes químicos Óleos essenciais, angelicina e ácidos orgânicos. Óleos voláteis da folha: mirceno, p-cimeno, limoneno, cis e trans-ocimeno, 13-felandreno, R-felandreno, a-pineno; Óleos voláteis do fruto: fi-felandreno, a-pineno, bornêol, canfeno, R-bisaboleno, R-cariofileno, 15- oxipentadecenlactona; Óleos voláteis da raiz: 6-felandreno, B-felandreno, a-pineno, penta e hepta-decanolideo; Furocumarinas: angelicina, bergapteno, imperatorina, oxipeucedanina, xantoltoxina; Óleo graxo; Fitosteróis: beta-sistosterol, sigmasterol; Flavonóides; Derivados do ácido caféico. Também ácido angélico; Farmacologia: As furocumarinas do fruto são citostáticas e fotosensibilizadoras. A estrutura aromática responde por seus efeitos antiespasmódico, colagogo e estimulante do sistema digestivo; Os óleos essenciais e furocumarinas encontrados na folha têm efeito irritante sobre a pele e Mucosas. Propriedades Farmacológicas A angélica serve para tratar problemas digestivos, anorexia, ansiedade, asma, cólicas, convulsão, dor de cabeça, dor de costas, gases e pressão alta. As propriedades da angélica incluem a sua ação antisséptica, antiácida, anti-inflamatória, antitóxica, aperiente, aromática, carminativa, depurativa, digestiva, diurética, estimulante, sudorífera, tônica e anti-fúngica. 96 Posologia Chá depurativo e diurético: Adicionar 20 g da raiz de angélica em 800 ml de água fervente, coar e beber o chá 3 vezes ao dia. 10 a 20ml de tintura divididos em 2 ou 3 doses diárias, diluídos em água. 2g de erva seca (1 colher de sopa para cada xícara de água) em infuso ou decocto, conforme a parte usada, ate 3 vezes ao dia, com intervalos menores que 1 2hs; Banhos infuso concentrado. Crianças: Tomam de 1/6 até 1/2 da dose. Interações Medicamentosas As cumarinas podem potencializar o efeito de anticoagulantes e também de heparinas de baixo peso molecular de agentes trombolíticos. Efeitos Colaterais O efeito colateral da angélica é dermatite de contato quando a planta é manipulada sem luvas. Contraindicações A angélica está contraindicada para diabéticos. Os óleos essenciais e furocumarinas encontrados na folha têm efeito irritante sobre a pele e Mucosas. Toxicologia Sem toxicidade relatada nas doses recomendadas. Gravidez e Lactação Não deve ser usado durante a gravidez. Não há relato que afeta o período de lactação. 97 Hortelã-pimenta Nome botânico: Mentha x piperita. Constituintes químicos Luteolina, hesperidina e rutina; ácidos cafeico, clorogênicos e rosmarínico, taninos; colina; alfa e beta-caroteno; goma; minerais; resina; tocoferóis; alfa-amirina e triterpenos esqualeno; óleo volátil (1,2-3%) composto principalmente de monoterpenos (29-55%) de mentol, mentona (10-40%), cineole (2-13%), pulegona (1-11%), de acetato de mentila (110%), mentofurano (0-10%), e de limoneno (0,2-6%). Propriedades Farmacológicas Ação antiespasmódica direta sobre a musculatura lisa do trato digestivo, assim como a atividade colerética e carminativo. Posologia Infusão: 2 g em 150 ml de água, duas a três vezes diariamente. Extrato fluido 1:1 (g / ml): 2 ml, duas ou três vezes diárias. Tintura de 1:5 (g / ml): 10 ml, duas ou três vezes diárias. Extrato seco 3,5-4,5: 1 (w / w): 0,44-0,57 g, 2-3 vezes ao dia. Interações Medicamentosas Não conhecidas. 98 Efeitos Colaterais Não conhecidos. Contraindicações Litíase vesicular. Toxicologia Não existem relatos a cerca da toxicologia. Gravidez e Lactação Não é recomendado o uso durante a gestação e durante a amamentação, até que maiores estudos sejam efetuados. 99 Alfavaca Nome botânico: Ocimum tenuiflorum Constituintes químicos Acetato de cinamila, eugenol, e beta-elemeno. Flavonóides, incluindo orientina e vicenina. Cirsilineol, cirsimaritina, isotimusina, isotimonina, apigenina, ácido rosmarínico, e quantidades apreciáveis de eugenol. Também inclui traços de zinco e outros minerais, ácido ursolóico, e pelo menos cinco ácidos graxos (esteárico, palmítico, oléico, linoléico e linolênico). Polissacáridos também foram encontrados. Propriedades Farmacológicas Anti-helmíntico, antiartrítico, antibiótico, hipoglicemiante, anti-inflamatório, antilipidêmico, antioxidante, antipirético, antiulcerogênico, ansiolítico, Imunomodulador, neuroprotetor, radioprotetor. Posologia Infusão: 2g da droga vegetal em uma 150 mL de água. Suco: 10 a 20mL (folhas frescas) Extrato seco: 300 a 1.200mg ao dia Interações Medicamentosas Anticoagulantes e barbitúricos. 100 Efeitos Colaterais Hipoglicemia e dificuldades de coagulação. Contraindicações Não conhecidas. Toxicologia Não existem relatos a cerca da toxicologia. Gravidez e Lactação Não é recomendado o uso durante a gestação e durante a amamentação, até que maiores estudos sejam efetuados. 101 Canela Nome botânico: Cinnamomum verum Constituintes químicos Óleos voláteis (1-4%), compostos por cinamaldeído (60-80%), eugenol (até 10%) e ácido tras-cinâmico (5-10%); compostos fenólicos (4-10%), taninos condensados, catequinas e proantocianidinas; monoterpenos e sesquiterpenos (pineno); cálcio-monoterpenos oxalato; goma; mucilagem; resina, amido, açúcares, e vestígios de cumarina. Propriedades Farmacológicas Propriedades antibacterianas e fungistáticas, bem como a promoção da motilidade intestinal. Posologia Infusão ou decocção: 0,7 - 1,3 g em 150 ml de água, três vezes ao dia. Extrato fluido 1:1 (g / ml): 0,7-1,3 ml, três vezes por dia. Tintura de 1:5 (g / ml): 3,3-6,7 ml, três vezes por dia. Óleo essencial: 0,05 - 2 ml. Interações Medicamentosas Não conhecidas. 102 Efeitos Colaterais Reações alérgicas de pele e na mucosa. Contraindicações Alergia conhecida à canela e bálsamo-do-Peru. Toxicologia Não existem relatos a cerca da toxicologia. Gravidez e Lactação Não recomendado. 103 Alcaçuz Nome botânico: Glycyrrhiza glabra Constituintes químicos Saponinas triterpenóides (4-24%), principalmente glicirrizina, uma mistura dos sais de potássio e de cálcio do ácido glicirrízico; flavonóides (1%), principalmente as flavanonas liquiritina e liquiritigenina, chalconas de isoliquiritina, isoliquiritigenina e isoflavonóides (formononetin); aminas (1-2%) asparagina, betaína, e colina; aminoácidos; 3-15% de glicose e sacarose; amido (2-30%); polissacáridos (arabinogalactanos); esteróis (bsitosterol); cumarinas (glicerina); resina; e óleos voláteis (0,047%). Propriedades Farmacológicas Antiulcerogênico, anti-inflamatório, espasmolítico, expectorante, demulcente, adrenocorticotrópico. Posologia Suco: 0,5-1,0 ml para catarro do trato respiratório superior, 1,5-3,0 ml para as úlceras gástricas ou duodenais. Infusão ou decocção: 2-4 g em 150 ml de água, após as refeições, três vezes ao dia. Extrato fluido 1:1 (g / ml): 2-4 ml, após as refeições, três vezes ao dia. 104 Extrato seco 5 a 6:1 (w / w): 0,33-0,8 g, após as refeições, três vezes ao dia. Duração da administração: Não mais do que quatro a seis semanas sem orientação médica. Não há nenhuma objeção ao uso de raiz de alcaçuz como agente aromatizante até uma dose diária máxima equivalente a 100 mg glicirrizina. Interações Medicamentosas Perda de potássio devido a outras drogas, por exemplo, diuréticos de tiazida, pode ser aumentada. Com a perda de potássio, a sensibilidade aos digitálicos aumenta. Efeitos Colaterais Em uso prolongado e com doses mais elevadas, retenção de água e de sódio e perda de potássio pode ocorrer, acompanhado de hipertensão, edema, hipocalemia, e, em casos raros, mioglobinuria. Contraindicações Doenças hepáticas colestáticas, cirrose hepática, hipertonia, hipocalemia, insuficiência renal grave. Toxicologia Não existem relatos a cerca da toxicologia. Gravidez e Lactação Não recomendado. PROTOCOLO ODONTOLÓGICO DE FITOTERAPIA 106 PROTOCOLO ODONTOLÓGICO DE FITOTERAPIA Introdução Em 25 de setembro de 2008, de acordo com a RESOLUÇÃO CFO-82/2008 o Conselho Federal de Odontologia reconheceu e regulamentou o uso pelo cirurgiãodentista de práticas integrativas e complementares à saúde bucal. Considerando o reconhecimento, pela Organização Mundial de Saúde, das práticas integrativas e complementares considerando que o avanço das políticas públicas de incremento às práticas integrativas e complementares nas ciências da saúde cria novas perspectivas de mercado de trabalho para o cirurgião-dentista. Abaixo estão os artigos da resolução supracitada que estabelecem a delimitação de atuação da fitoterapia pelo cirurgião-dentista: Art. 1. Reconhecer o exercício pelo cirurgião-dentista das seguintes práticas integrativas e complementares à saúde bucal: Acupuntura, Fitoterapia, Terapia Floral, Hipnose, Homeopatia e Laserterapia. Art. 7. A Fitoterapia em Odontologia se destina aos estudos dos princípios científicos da Fitoterapia e plantas medicinais embasados na multidisciplinaridade inseridos na prática profissional, no resgate do saber popular e no uso e aplicabilidade desta terapêutica na Odontologia. Respeitando o limite de atuação do campo profissional do cirurgião-dentista. Art. 9º. O cirurgião-dentista, que na data da publicação desta Resolução, comprovar vir utilizando Fitoterapia, há cinco anos dentro dos últimos dez anos, poderá requerer habilitação, juntando a documentação para a devida análise pelo Conselho Federal de Odontologia. 107 Saúde bucal Em 25 de outubro de 2000, o Ministério da Saúde anunciou a inclusão do cirurgião dentista no Programa de Saúde da família com atribuições como: transmitir informações sobre a cavidade bucal, sua forma e funções; métodos de prevenção de doenças bucais, higienização e autocuidado, promoção da educação em saúde bucal entre outros. A razão para o uso de substâncias químicas no controle do biofilme tem justificativa dupla. A primeira é que tanto a cárie como as doenças dos tecidos moles são de origem bacteriana e, deste modo, substâncias antibacterianas poderiam ser utilizadas para combatê-las. A segunda é a dificuldade de se conseguir que os indivíduos mantenham um adequado controle mecânico do biofilme. A importância da adequação do meio bucal, evitando doenças infecciosas e comportamentais sugere a criação de meios alternativos que possam agir de forma coadjuvante à escovação. O crescimento mundial da fitoterapia entre os programas preventivos e curativos tem estimulado a avaliação dos extratos de plantas para o uso na odontologia como controle do biofilme dental e outras afecções bucais. Sendo assim, a odontologia é beneficiada pela riqueza em recursos naturais oferecidos pela flora brasileira, pois os produtos naturais estão cada vez mais presentes nos consultórios médicos e odontológicos, apesar de a fitoterapia ser pouco difundida fora do meio acadêmico. A utilização de medicamentos obtidos de extratos vegetais é uma prática que deve ser utilizada em benefício da população e incorporada a programas de promoção, prevenção e assistência à saúde. Todos os procedimentos que façam parte de um programa educativo e preventivo para o controle do biofilme e manutenção da saúde bucal devem ser incentivados. O doutor em Cariologia pela Universidade de Oslo (Noruega), Fábio Correia F “A da mucosa bucal serão muito beneficiadas pelo fato de existir fitoterápicos de uso dermatológico e que são seguros para o uso na cavidade oral. Os fitoterápicos cicatrizantes, que podem combater a mucosite, queilite actínia, úlceras, e os antimicrobianos serão cada vez mais comuns. O interessante é que por parte dos 108 pacientes, o uso mais frequente ” UFPB e pós-doutorado pela Universidade Técnica da Dinamarca (DTU). Embora muitos trabalhos demonstrem a eficácia dos fitoterápicos na odontologia, o uso dos mesmos deve ser feito sob conhecimento e responsabilidade do cirurgião dentista, pois se trata de um contrassenso o uso indiscriminado de produtos naturais sem a consciência. Por isso, alguns profissionais acreditam que há a necessidade da inserção da fitoterapia como matéria básica na graduação do curso de Odontologia. A Fitoterapia, apesar do seu uso milenar, ainda é discriminada por grande parte dos profissionais de saúde. Tal fato pode ser atribuído ao pequeno incentivo dado à pesquisa nesta área, tanto pelo setor público, quanto pelo privado, além do preconceito e falta de conhecimento, dentre outros fatores. Esta situação não é diferente na área odontológica, na qual a fitoterapia pode agregar benefícios ao controle de formação do biofilme dental e tratamento de afecções bucais, além de outras vantagens como seu baixo custo e grande efetividade. Com a implantação da PNPIC no SUS, surge a esperança de um maior investimento em pesquisas envolvendo a biodiversidade de plantas brasileiras, valorizando o conhecimento popular e motivando a industrialização de produtos naturais. Estes fatores ressaltam a importância do estudo da fitoterapia nos cursos de graduação na formação dos profissionais da saúde. Principais Lesões Bucais Cárie dentária Uma das doenças orais mais comuns, a cárie é de etiologia multifatorial e pode desencadear a uma destruição localizada nas estruturas dentais. A fermentação dos carboidratos na boca por micro-organismos provoca uma queda acentuada no pH de 7.0 para menos de 5.5, ocorrendo dismineralização da superfície do esmalte. A produção e liberação de endotoxinas e ativação de monócitos e macrófagos, resultantes da destruição do tecido periodontal, provoca a liberação de fatores inflamatórios que levam a reabsorção do osso alveolar e destrói o tecido conectivo. 109 Diversos fitoterápicos possuem efeitos terapêuticos sobre a atividade antimicrobiana documentadas. A indústria odontológica passou a utilizá-los em cremes dentais com bons resultados no controle das doenças orais, principalmente a cárie. Diversos cremes dentais no mercado compostos por fitoterápicos como aloe vera, gengibre, chá verde, própolis, mirra, alecrim, entre outros, uma vez que podem atuar na redução da inflamação de gengiva e apresentar efeitos antimicrobianos, antifúngicos e antiulcerogênicos na mucosa oral, bem como ser estimulante de cicatrização da mucosa. Gengivite A gengivite, inflamação dos tecidos gengivais, pode ocorrer em forma aguda, subaguda ou crônica. A gravidade da gengivite depende da intensidade, duração e frequência da irrigação local, e da resistência dos tecidos bucais (SHAFER, HINE, LEVY, 1987). Esta pode aparecer devido a fatores locais, tais como a presença de microorganismos e impactação de alimentos ou devido a fatores sistêmicos como distúrbios de nutrição e características hereditárias. Além disso, a gengivite pode preceder e evoluir para a periodontite de maior gravidade, que envolve não só a gengiva, mas também o osso alveolar, o cemento e o ligamento periodontal, levando a perda de dentes. As doenças das estruturas periodontais são conhecidas desde a antiguidade. O homem sofre muito mais de alterações periodontais do que os animais inferiores. As doenças do periodonto são comuns e causam perda de mais dentes em adultos que qualquer outra doença. Abalo dental Trata-se da mobilidade dental patológica é o movimento anormal do dente no seu alvéolo, quando o mesmo é submetido a ação de uma força, toque digital ou com instrumento metálico. É uma característica tardia da doença periodontal comum. É o resultado de uma alteração dos tecidos do suporte do dente e, portanto indica certa severidade do problema, tanto mais grave quanto for devida a perda óssea. Halitose 110 Em condições normais, o hálito humano é inodoro ou ligeiramente perceptível aos circundantes, variando de aprazível a desagradável, dependendo da sensibilidade do observador. A halitose ou mau hálito é uma anormalidade presente em aproximadamente 60% da população mundial não sendo considerada uma doença. É errôneo crer que todo hálito desagradável seja indicativo de alterações orgânicas. Apresenta etiologia multifatorial, podendo ser encontrado mais de um fator causal em um mesmo indivíduo, como distúrbios respiratórios, gastrointestinais, orgânicos, psíquicos e principalmente fatores buco-dentários. A halitose representa um verdadeiro obstáculo biopsicossocial, influenciando diretamante na vida familiar, trabalho, ambiente social e/ou na vida sexual dos pacientes. O diagnóstico é unitemporal e específico, exigindo em determinadas ocasiões tratamento multidisciplinar. Câncer de boca São feridas que não cicatrizam nos lábios e na boca; · ulcerações superficiais com menos de 2 cm de diâmetro e indolores, podendo sangrar ou não; · manchas brancas ou avermelhadas nas gengivas, língua ou mucosa oral; · dor ou desconforto à mastigação e deglutição; · dificuldade na fala; · emagrecimento acentuado; · dor e presença de linfadenomegalia cervical. A prevenção do câncer da boca deve basear-se no aconselhamento para a cessação do ato de fumar e para consumir bebidas alcoólicas com moderação, além da adoção de uma alimentação saudável. As atuais evidências científicas indicam que o rastreamento populacional para o câncer de boca por meio do autoexame ou do exame clínico não reduz a mortalidade por este câncer. Entretanto deve-se estimular a higiene oral e a visita regular ao dentista como medidas de prevenção. O exame clínico da boca cuidadoso deve ser realizado em todas as consultas, mesmo que a queixa principal não se concentre nesta topografia. Nos indivíduos de maior risco (fumantes e consumidores de bebidas alcoólicas) o exame clínico da boca deve ser sistemático e indivíduos com lesões suspeitas devem ser imediatamente encaminhados à consulta especializada em centros de referência para realização dos procedimentos diagnósticos necessários. O câncer da boca, aqui incluídas as patologias malignas do lábio, língua, gengiva, assoalho da boca, pálato, glândula salivares, amígdala e orofaringe, está entre as principais causas de óbito por neoplasias e representa uma causa importante de 111 morbimortalidade, uma vez que mais de 50% dos casos são diagnosticados em estádios avançados da doença. Tende a acometer o sexo masculino de forma mais intensa e 70% dos casos são diagnosticados em indivíduos com idade superior a 50 anos. Localiza-se, preferencialmente, no assoalho da boca e na língua e o tipo histológico mais frequente é o carcinoma de células escamosas (carcinoma epidermóide). Os dois principais fatores de risco relacionados ao câncer da boca são o hábito de fumar e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Juntos apresentam efeito sinérgico e sua relação com o câncer da boca é dose dependente, sendo maior o risco quanto maior for o número de doses de bebidas e cigarros consumidos. Outros fatores de risco relacionados ao desenvolvimento do câncer da boca são: · alguns agentes biológicos, como o papiloma vírus humano (HPV); · higiene bucal precária; · história pregressa de neoplasia do trato aerodigestivo; · exposição excessiva à luz ultravioleta (câncer do lábio). SINAIS E SINTOMAS As principais queixas relacionadas ao câncer da boca são: Público-alvo O ambulatório de fitoterapia na área odontológica visa a inclusão de atendimento dos seguintes grupos de usuários: Crianças: de 5 até 12 anos Adultos Critérios de exclusão: gestantes, nutrizes e crianças abaixo de 5 anos. Posologia 2,5 g para 200 ml (1 colher de chá para 01 xícara de água em infusão) 01 colher de sopa cheia (da planta seca) para 01 litro de água Obs.: o colutório para bochecho é dobro da mesma medida do chá. 112 Obs.: No momento, os profissionais odontólogos se enquadram na categoria de prescritores, podendo prescrever exclusivamente drogas vegetais, para uso local (bochechos). 113 Lista de espécies de interesse na odontologia Espinheira Santa Nome botânico: Maytenus ilicifolia Planta medicinal utilizada pelos índios brasileiros e paraguaios como remédio antitumor, e na Argentina como antiasmático e antisséptico. É conhecida desde 1922. Originária da mata atlântica brasileira, da família Celastracea, a espinheira santa (folhas) é usada tradicionalmente como analgésica, anti-inflamatória e antiulcerogênica. Estudos em ratos relatam efeito protetor contra lesões gástricas e ação reparadora quando ratos eram submetidos ao estresse. As substâncias mais relacionadas a esses efeitos da planta são: os triterpenos, flavonoides – catequinas, epicatequinas, e taninos condensados e polissacarídeos (metabólitos primários). Acredita-se que sua atividade antiulcerosa e anti-inflamatória está relacionada ao conteúdo de polissacarídeos (arabinogalactanos), liberados durante a infusão e à presença de compostos fenólicos, como os taninos, flavonoides e triterpenos. Estudos mostraram que o uso oral da espinheira santa exerce atividade citoprotetora por ter capacidade de se ligar a superfície da mucosa funcionando como uma camada de proteção por aumentar a síntese de muco e combater radicais livres. A presença de taninos e sua ação antioxidante protegem as células contra a oxidação celular, incluindo a peroxidação lipídica e conferem à Espinheira Santa seus efeitos 114 anticarcinogênicos e mutagênicos. Os tipos de câncer em que melhor se conhecem os benefícios preventivos são o melanoma, carcinoma, adenocarcinoma, linfoma e leucemia. Os principais responsáveis pelo efeito gastroprotetor das folhas de espinheira santa são os flavonoides tri e tetra glicosídeos 1 e 3. Estes constituintes fenólicos são os responsáveis pela interrupção da secreção ácida por inibir a bomba NA-K-ATPase e modulação da produção de óxido nítrico (NO) pelos seus constituintes. Tmbém tem ação inibitória sobre o crescimento bacteriano de extratos vegetais aquosos e hidroalcoólicos, caule de cancerosa. Constituintes químicos Terpenos (maytesina); taninos; flavonóides; mucilagens; antocianos; açúcares livres. Propriedades Farmacológicas Tonificante, antiúlcera, carminativo, cicatrizante, antisséptico, diurético e laxativo leve. Normalizador das funções gastrointestinais, especialmente como protetor de mucosa (efeito antiúlcera), gastrites, gastralgias inespecíficas, dispepsias, hipotonias intestinais. Os taninos presentes em sua formulação levam a um aumento do volume e do pH gástrico, tendo ainda poder cicatrizante sobre a lesão; Apresenta ação antisséptica, diminuindo as fermentações intestinais patológicas; Trata as gastralgias, não diminuindo a sensibilidade do órgão, mas corrigindo a função desviada. Uso odontológico: Ação bactericida contra o Streptococos mutans Anticariogênico Pulpites agudas Abscessos agudos e crônicos Periodontites, gengivites Aftas e úlceras bucais Dores em erupção dentária 115 Posologia Uma a duas cápsulas de extrato seco padronizado para conter 3,5% de taninos (500 mg) duas ou três vezes ao dia. A tintura deve ser tomada de 10 a 20 ml dividido em 2 a 3 doses, diluídos em água. 2 g de droga seca (1 colher de sopa para cada xícara de água) em infusão até 3 vezes ao dia. Via tópica (uso externo): bochecho 3 x ao dia com chá de morno a frio. Interações Medicamentosas Pode interferir na absorção de ferro Efeitos Colaterais As pesquisas realizadas até agora, não demonstraram efeitos colaterais significativos. Contra indicações Não deve ser administrado a gestantes, crianças e nutrizes (redução da secreção láctea). Não fazer bochechos após exodontias. Toxicologia Os resultados obtidos até o momento não destacaram toxicologia na dose recomendada. Gravidez e Lactação Não deve ser usada nos 3 primeiros meses de gravidez pois não existem estudos de teratogenicidade nem maiores informações sobre sua farmacodinâmica. Durante o aleitamento é contraindicado pois diminui a secreção do leite. 116 Tansagem Nome botânico: Plantago major Uma pesquisa demonstrou atividade antiinflamatória da espécie Plantago major em lesões com processo inflamatório, como líquen plano erosivo, ulcerações aftosas recorrentes e queilite actínica. Foram observados resultados benéficos no tratamento dessas patologias como, por exemplo, a substituição do tradicional tratamento medicamentoso com corticóides tópicos e/ou sistêmicos por uma opção fitoterápica que seja mais acessível para a população e com menos efeitos colaterais quando da necessidade do uso prolongado de corticóides sistêmicos. Constituintes químicos Iridoideos glicosídeos (asperulósido, aucubina, catalpol), mucilagens (arabinogalactana, ramnogalacturonana, glucomanano, pectina), taninos, ácido clorogênico, ácido gentísico, ácido p-hidroxibenzóico, ácido protocatecuico, ácido cafeico, flavonóides (apigenol, luteolósido), cumarinas (esculetina ), verbascoside, plantamajósido, zinco e potássio. Propriedades Farmacológicas Antimicrobiano. Antiviral. Atividade antiinflamatória e analgésica. Atividade ulcerogênica. Atividade imunomoduladora. Atividade antitumoral Uso odontológico: Ação bactericida contra o Streptococos mutans 117 Anticariogênico Pulpites agudas Abscessos agudos Periodontites e gengivites Herpes Aftas Erupções cutâneas (dermatoses) Posologia Via oral: Extrato seco (5:1): 300 a 1.000 mg/dia Extrato fluido (1:1): 30 a 50 gotas, a cada 8 a 12h Tintura (1:5): 50 a 100 gotas, a cada 8 a 24h Via tópica: Bochecho, 3 x ao dia com chá de morno a frio (folhas). Interações Medicamentosas Desconhecidas. Efeitos Colaterais As pesquisas realizadas até agora, não demonstraram efeitos colaterais significativos. Contra indicações Desconhecidas. Toxicologia Os resultados obtidos até o momento não destacaram toxicologia na dose recomendada. Gravidez e Lactação Por falta de estudos de segurança, não deve ser administrado em gestantes e lactantes. 118 Hortelã-pimenta Nome botânico: Mentha x piperita. A hortelã da folha graúda, que devido às suas propriedades terapêuticas, possui uso bastante difundido dentro da medicina popular no tratamento de diversas afecções bucais. Constituintes químicos Luteolina, hesperidina e rutina; ácidos cafeico, clorogênicos e rosmarínico, taninos; colina; alfa e beta-caroteno; goma; minerais; resina; tocoferóis; alfa-amirina e triterpenos esqualeno; óleo volátil (1,2-3%) composto principalmente de monoterpenos (29-55%) de mentol, mentona (10-40%), cineole (2-13%), pulegona (1-11%), de acetato de mentila (110%), mentofurano (0-10%), e de limoneno (0,2-6%). Propriedades Farmacológicas Ação antiespasmódica direta sobre a musculatura lisa do trato digestivo, assim como a atividade colerética e carminativo. Antimicrobiana e antifúngica: atividade inibitória frente Candida sp. Antiviral: Anti-HIV1 in vitro com atividade inibitória da transcriptase reversa do vírus. Analgésica: atua nos nervos sensoriais, diminuindo a sensação de dor. Antinflamatória: ácidos fenólicos. Utilizada em patologias dentária: dores, inflamações etc. (bochechos). Uso odontológico: Ação bactericida contra Streptococos mutans Anticariogênico Periodontites e gengivites 119 Abscessos Aftas Mau hálito, principalmente fumantes Candidíase Posologia Infusão: 2 g em 150 ml de água, duas a três vezes diariamente. Extrato fluido 1:1 (g / ml): 2 ml, duas ou três vezes diárias. Tintura de 1:5 (g / ml): 10 ml, duas ou três vezes diárias. Extrato seco 3,5-4,5: 1 (w / w): 0,44-0,57 g, 2-3 vezes ao dia. Via tópica (uso externo): bochecho 3 x ao dia (folhas). Interações Medicamentosas Não conhecidas. Efeitos Colaterais Não conhecidos. Contraindicações Litíase vesicular. Toxicologia Não existem relatos a cerca da toxicologia. Gravidez e Lactação Não é recomendado o uso durante a gestação e durante a amamentação, até que maiores estudos sejam efetuados. 120 Erva-Cidreira Nome botânico: Melissa officinalis A Melissa officinalis é uma planta da família Lamiacea que possui, entre as várias atividades farmacológicas conhecidas, a atividade antiviral contra o vírus do herpes simples. Essa atividade é atribuída aos constituintes químicos derivados de ácidos fenólicos, como o ácido caféico, acido clorogênico e, principalmente, o ácido rosmarínico, os quais agem na inibição da replicação do DNA e RNA viral. Constituintes químicos Flavonóides (quercitrina, ramnocitrina, e os glicosídeos de apigenina, kaempferol, quercetina e luteolina); ácidos fenólicos e taninos, ácido rosmarínico principalmente (até 4%), e caféico glicosilado e ácidos clorogênicos; triterpenos (ursólico, ácido oleanólico); óleos voláteis (0,375%): citronelal monoterpenóide, geranial (citral a) e neral (citral b) e sesquiterpenos (beta-cariofileno, germacreno D). Propriedades Farmacológicas Sedativo e carminativo. Uso odontológico: Anticariogênico Lesões herpéticas 121 Posologia Via oral: Infusão: 1,5-4,5 g em 150 ml de água. Extrato fluido 1:1 (g / ml): 1,5-4,5 ml. Extrato seco 5 - 6:1 (água / água): 0,3-0,9 g. Via tópica (uso externo): Bochecho 3 x ao dia (folhas) Interações Medicamentosas A potenciação da eficácia é possível em substâncias que atuam sobre o sistema nervoso central, tais como álcool, barbitúricos e agentes psicofarmacológicos. Efeitos Colaterais Desconhecidos. Contraindicações Desconhecidos. Gravidez e Lactação Desconhecidos. PROTOCOLO NUTRICIONAL DE FITOTERAPIA 123 PROTOCOLO NUTRICIONAL DE FITOTERAPIA Introdução Em 19 de maio de 2013, de acordo com a RESOLUÇÃO nº 525/2013, o Conselho Federal de Nutricionistas reconheceu e regulamentou o uso pelo nutricionista da prática da fitoterapia pelo nutricionista, atribuindo-lhe competência para, nas modalidades que especifica prescrever plantas medicinais, drogas vegetais e fitoterápicos como complemento da prescrição dietética. Considerando o reconhecimento, pela Organização Mundial de Saúde, das práticas integrativas e complementares considerando que o avanço das políticas públicas de incremento às práticas integrativas e complementares nas ciências da saúde cria novas perspectivas de mercado de trabalho para o nutricionista. Em resumo, a resolução supracitada estabelece as regras para a prescrição, que deve obedecer aos seguintes pontos: O produto deve estar relacionado ao campo de atuação do nutricionista Deve estar baseado em evidências científicas ou no uso tradicional reconhecido Deve ser destinado exclusivamente por via oral Não pode estar associado a nutrientes e substâncias bioativas, mesmo que de origem vegetal Ser isento de prescrição médica perante a legislação sanitária vigente A mesma resolução estabelece que a prescrição de plantas medicinais e drogas vegetais, para o preparo de chás, pode ser feito por qualquer nutricionista, enquanto que a prescrição dos fitoterápicos, mesmo isentos de prescrição médica - derivados de droga vegetal (extratos, sucos, ceras, tinturas, alcoolaturas etc.), normalmente veiculados em formas farmacêuticas - deverão ser feitas apenas pelo nutricionista portador de título de especialista ou pós-graduado em um curso reconhecido pelo Ministério da Educação e Cultura. Esta exigência passa a entrar em vigor no dia 20 de maio de 2016. 124 Público-alvo O ambulatório de fitoterapia em nutrição visa a inclusão de atendimento dos seguintes grupos de usuários: Crianças de 5 até 12 anos Adultos Idosos Critérios de exclusão Nutrizes; Hipertensos e diabéticos graves, com complicações clínicas advindas da patologia como IAM, AVC, amputações, problemas vasculares graves (tromboses ou isquemias), hepatopatias ou nefropatias; Diabéticos insulinodependentes; Pacientes apresentando diagnóstico de neoplasias em tratamento (radioterapia ou quimioterapia); Pacientes do Ambulatório de Saúde Mental, com uso de vários medicamentos psicotrópicos que podem levar a interações e efeitos adversos com os fitoterápicos. Posologia Para a prescrição de drogas vegetais, o preparo de chás deve estar harmonizado com as recomendações vigentes da ANVISA: No momento, os profissionais nutricionistas se enquadram na categoria de prescritores, podendo prescrever exclusivamente drogas vegetais, por via oral. 125 Lista de espécies de interesse na nutrição Espinheira Santa Nome botânico: Maytenus ilicifolia Planta medicinal utilizada pelos índios brasileiros e paraguaios como remédio antitumor, e na Argentina como antiasmático e antisséptico. É conhecida desde 1922. Originária da mata atlântica brasileira, da família Celastracea, a espinheira santa (folhas) é usada tradicionalmente como analgésica, anti-inflamatória e antiulcerogênica. Estudos em ratos relatam efeito protetor contra lesões gástricas e ação reparadora quando ratos eram submetidos ao estresse. As substâncias mais relacionadas a esses efeitos da planta são: os triterpenos, flavonoides – catequinas, epicatequinas, e taninos condensados e polissacarídeos (metabólitos primários). Acredita-se que sua atividade antiulcerosa e anti-inflamatória está relacionada ao conteúdo de polissacarídeos (arabinogalactanos), liberados durante a infusão e à presença de compostos fenólicos, como os taninos, flavonoides e triterpenos. Estudos mostraram que o uso oral da espinheira santa exerce atividade citoprotetora por ter capacidade de se ligar a superfície da mucosa funcionando como uma camada de proteção por aumentar a síntese de muco e combater radicais livres. 126 A presença de taninos e sua ação antioxidante protegem as células contra a oxidação celular, incluindo a peroxidação lipídica e conferem à Espinheira Santa seus efeitos anticarcinogênicos e mutagênicos. Os tipos de câncer em que melhor se conhecem os benefícios preventivos são o melanoma, carcinoma, adenocarcinoma, linfoma e leucemia. Os principais responsáveis pelo efeito gastroprotetor das folhas de espinheira santa são os flavonoides tri e tetra glicosídeos 1 e 3. Estes constituintes fenólicos são os responsáveis pela interrupção da secreção ácida por inibir a bomba NA-K-ATPase e modulação da produção de óxido nítrico (NO) pelos seus constituintes. Tmbém tem ação inibitória sobre o crescimento bacteriano de extratos vegetais aquosos e hidroalcoólicos, caule de cancerosa. Constituintes químicos Terpenos (maytesina); taninos; flavonóides; mucilagens; antocianos; açúcares livres. Propriedades Farmacológicas Tonificante, antiúlcera, carminativo, cicatrizante, antisséptico, diurético e laxativo leve. Normalizador das funções gastrointestinais, especialmente como protetor de mucosa (efeito antiúlcera), gastrites, gastralgias inespecíficas, dispepsias, hipotonias intestinais. Os taninos presentes em sua formulação levam a um aumento do volume e do pH gástrico, tendo ainda poder cicatrizante sobre a lesão; Apresenta ação antisséptica, diminuindo as fermentações intestinais patológicas; Trata as gastralgias, não diminuindo a sensibilidade do órgão, mas corrigindo a função desviada. Uso odontológico: Ação bactericida contra o Streptococos mutans Anticariogênico Pulpites agudas Abscessos agudos e crônicos Periodontites, gengivites Aftas e úlceras bucais Dores em erupção dentária 127 Posologia 2 g de droga seca (1 colher de sopa para cada xícara de água) em infusão até 3 vezes ao dia. Interações Medicamentosas Pode interferir na absorção de ferro Efeitos Colaterais As pesquisas realizadas até agora, não demonstraram efeitos colaterais significativos. Contra indicações Não deve ser administrado a gestantes, crianças e nutrizes (redução da secreção láctea). Não fazer bochechos após exodontias. Toxicologia Os resultados obtidos até o momento não destacaram toxicologia na dose recomendada. Gravidez e Lactação Não deve ser usada nos 3 primeiros meses de gravidez pois não existem estudos de teratogenicidade nem maiores informações sobre sua farmacodinâmica. Durante o aleitamento é contraindicado pois diminui a secreção do leite. 128 Tansagem Nome botânico: Plantago major Uma pesquisa demonstrou atividade antiinflamatória da espécie Plantago major em lesões com processo inflamatório, como líquen plano erosivo, ulcerações aftosas recorrentes e queilite actínica. Foram observados resultados benéficos no tratamento dessas patologias como, por exemplo, a substituição do tradicional tratamento medicamentoso com corticóides tópicos e/ou sistêmicos por uma opção fitoterápica que seja mais acessível para a população e com menos efeitos colaterais quando da necessidade do uso prolongado de corticóides sistêmicos. Constituintes químicos Iridoideos glicosídeos (asperulósido, aucubina, catalpol), mucilagens (arabinogalactana, ramnogalacturonana, glucomanano, pectina), taninos, ácido clorogênico, ácido gentísico, ácido p-hidroxibenzóico, ácido protocatecuico, ácido cafeico, flavonóides (apigenol, luteolósido), cumarinas (esculetina ), verbascoside, plantamajósido, zinco e potássio. Propriedades Farmacológicas Antimicrobiano. Antiviral. Atividade antiinflamatória e analgésica. Atividade ulcerogênica. Atividade imunomoduladora. Atividade antitumoral. 129 Posologia Via oral: Infusão (folhas): 1 colher de sopa / xícara. Tomar 3 a 4 xícaras / dia. A dose diária máxima é de 3-6 gramas / droga vegetal. Interações Medicamentosas Desconhecidas. Efeitos Colaterais As pesquisas realizadas até agora, não demonstraram efeitos colaterais significativos. Contra indicações Desconhecidas. Toxicologia Os resultados obtidos até o momento não destacaram toxicologia na dose recomendada. Gravidez e Lactação Por falta de estudos de segurança, não deve ser administrado em gestantes e lactantes. 130 Hortelã-pimenta Nome botânico: Mentha x piperita. A hortelã da folha graúda, que devido às suas propriedades terapêuticas, possui uso bastante difundido dentro da medicina popular no tratamento de diversas afecções bucais. Constituintes químicos Luteolina, hesperidina e rutina; ácidos cafeico, clorogênicos e rosmarínico, taninos; colina; alfa e beta-caroteno; goma; minerais; resina; tocoferóis; alfa-amirina e triterpenos esqualeno; óleo volátil (1,2-3%) composto principalmente de monoterpenos (29-55%) de mentol, mentona (10-40%), cineole (2-13%), pulegona (1-11%), de acetato de mentila (110%), mentofurano (0-10%), e de limoneno (0,2-6%). Propriedades Farmacológicas Ação antiespasmódica direta sobre a musculatura lisa do trato digestivo, assim como a atividade colerética e carminativo. Antimicrobiana e antifúngica: atividade inibitória frente Candida sp. Antiviral: Anti-HIV1 in vitro com atividade inibitória da transcriptase reversa do vírus. Analgésica: atua nos nervos sensoriais, diminuindo a sensação de dor. Antinflamatória: ácidos fenólicos. Utilizada em patologias dentária: dores, inflamações etc. (bochechos). Posologia Infusão (folhas): 2 g em 150 ml de água, duas a três vezes diariamente. Interações Medicamentosas Não conhecidas. 131 Efeitos Colaterais Não conhecidos. Contra indicações Litíase vesicular. Toxicologia Não existem relatos a cerca da toxicologia. Gravidez e Lactação Não é recomendado o uso durante a gestação e durante a amamentação, até que maiores estudos sejam efetuados. 132 Erva-cidreira Nome botânico: Melissa officinalis A Melissa officinalis é uma planta da família Lamiacea que possui, entre as várias atividades farmacológicas conhecidas, a atividade antiviral contra o vírus do herpes simples. Essa atividade é atribuída aos constituintes químicos derivados de ácidos fenólicos, como o ácido caféico, acido clorogênico e, principalmente, o ácido rosmarínico, os quais agem na inibição da replicação do DNA e RNA viral. Constituintes químicos Flavonóides (quercitrina, ramnocitrina, e os glicosídeos de apigenina, kaempferol, quercetina e luteolina); ácidos fenólicos e taninos, ácido rosmarínico principalmente (até 4%), e caféico glicosilado e ácidos clorogênicos; triterpenos (ursólico, ácido oleanólico); óleos voláteis (0,375%): citronelal monoterpenóide, geranial (citral a) e neral (citral b) e sesquiterpenos (beta-cariofileno, germacreno D). Propriedades Farmacológicas Sedativo e carminativo. Posologia Via oral: Infusão (folhas): 1,5 a 4,5 g em 150 ml de água. Interações Medicamentosas 133 A potenciação da eficácia é possível em substâncias que atuam sobre o sistema nervoso central, tais como álcool, barbitúricos e agentes psicofarmacológicos. Efeitos Colaterais Desconhecidos. Contra indicações Desconhecidos. Gravidez e Lactação Desconhecidos. 134 Carqueja Nome botânico: Baccharis trimera Constituintes químicos Alfa e beta-pineno, álcoois sesquiterpênicos, ésteres terpênicos, flavonas, flavanonas, saponinas, flavonóides, fenólicos, lactonas sesquiterpênicas e tricotecenos, alcalóides. Compostos específicos: apigenina, dilactonas A, B e C, diterpeno do tipo eupatorina, germacreno-D, hispidulina, luteolina, nepetina e quercetina. O óleo essencial contém monoterpenos (nopineno, carquejol e acetato de carquejilo). Segundo a BIONATUS: flavonóides (apigenina, cirsiliol, cirsimantina, eriodictiol, eupatrina e genkawanina), sesquiterpenos, diterpenos, lignanos, alfa e beta pinenos, canfeno, carquejol, acetato de carquejila, ledol, alcóois sesquiterpênicos, sesquiterpenos bi e tricíclicos, calameno, elemol, eudesmol, palustrol, nerotidol, hispidulina, campferol, quercetina e esqualeno. Propriedades Farmacológicas Os óleos essenciais atuam sobre o hepatócito, aumentando a produção da bile e protegendo contra peroxidação lipídica. Os princípios amargos atuam sobre as papilas gustativas. Os flavonoides aumentam o débito urinário. Sua farmacologia ainda é pouco estudada. Posologia 2 g de droga seca (1 colher de sopa para cada xícara de água) em infuso até 3 vezes ao dia. Interações Medicamentosas 135 Pode interferir na absorção da glicose, aumentando o trânsito intestinal, pode reduzir a absorção de outros medicamentos, tais como alguns antibióticos. Efeitos Colaterais Não há relatos. Contra indicações Na gravidez; na lactação (deixa o leite amargo); doses excessivas podem baixar a pressão; na diarréia crônica; pode gerar interação medicamentosa por interferir na absorção da glicose aumentando o trânsito intestinal e assim, podendo reduzir a absorção de outros medicamentos. Usar com cuidado em pacientes com insulinoma ou episódios de hipoglicemia. Uso prolongado pode causar disfunções digestivas agredindo a mucosa gástrica. Deve ser evitada por pessoas com problemas graves de fígado. Deve-se evitar o uso da erva fresca. Evitar em problemas graves do fígado e na presença de cálculos biliares, pois seu uso pode provocar vômitos. Toxicologia Em doses terapêuticas não apresenta toxicidade. Gravidez e Lactação Não recomendado o uso neste período. 136 Capim limão Nome botânico: Cymbopogon citratus Constituintes químicos Óleo volátil: citral, geranial e neral, geraniol, ácido gerânico e ácido nerólico, mirceno diterpenos, metil heptenona, citronelol, linalol, farnesol; outros alcoois aldeídos, terpineol, homoorientina, ácido clorogênico, ácido cafeico, p-cumárico, frutose, sacarina, octasanol, flavonoides, luteolina e 6-C-glucosídeo. Propriedades Farmacológicas Excitante gástrico, miorelaxante, hipotensor, carminativo, emenagogo, analgésico, antitérmico, antibacteriano de uso tópico. Cefaléia de origem tensional, ansiedade, nervosismo, insônia, flatulência, e como relaxante muscular (mialgias, tensões musculares de etiologiadiversa, hipertensão arterial). Determina uma diminuição da atividade motora, aumentando o tempo de sono, é um regulador vago-simpático. O citral tem efeito antiespasmódico, tanto no tecido uterino como no intestinal. É analgésico e combate o histerismo e outras afecções nervosas, propriedade devida ao mirceno. A atividade antibacteriana está associada também ao citral. Posologia 4 g de folhas frescas ou 2 g de folhas secas (1 colher de sopa para xícara de água) em infuso ou decocto em uso interno 2 a 3 vezes ao dia ou a tintura em doses de 10 a 20 ml/dia divididas em 2 ou 3 tomadas diluídas em água. O rizoma pode ser usado como tempero e alimento. Infusão a 2% (0,5 g/250 ml de água ou 1 colher (rasa) das de sopa). 250 ml à noite para insônia. Até 1.000 ml ao dia para ansiedade, nervosismo ou outras indicações. Interações Medicamentosas 137 Nenhuma interação foi identificada. Efeitos Colaterais A aplicação tópica do capim limão raramente conduz a uma reação alérgica. Nenhuma anomalia foi detectada em exames laboratoriais após ingestão do chá. Hipotensão arterial. Contra indicações Contraindicado para casos de dor abdominal de causa desconhecida ou gastrite. Toxicologia Não existem relatos suficientes. Gravidez e Lactação Não deve ser usado durante a gravidez pois estimula o útero e o sangramento menstrual. 138 Alecrim Nome botânico: Rosmarinus officinalis L O Alecrim é uma planta medicinal, também conhecida como Alecrim de cheiro, Alecrineiro, Alecrinzeiro ou Rosmaninho, muito utilizada no tratamento de problemas digestivos ou dor de cabeça, por exemplo. Composição química Derivados do ácido caféico (Ácido rosmarínico), diterpenos. Farmacologia Ativador da circulação periférica e antiinflamatório. Alterações de pressão, dispepsias, perda de apetite e reumatismo (Comissão E/BfarmM). Relacionado ao aumento de potássio (K+) livre e a potencial antioxidante, que pode ser correlacionado a estabilização das membranas dos eritrócitos e inibição da produção de superóxido dismutase (SOD) e da peroxidação lipídica. Uso de extrato aquoso, por 6 dias, em animais, provocou aumentos na excreção urinária de sódio e cloreto e de potássio. Efeitos adversos Os efeitos colaterais do Alecrim incluem reações alérgicas, quando consumido em excesso. Cefaléias, Convulsões, espasmos. Gastrenterites. Lesão renal. Abortivo em doses elevadas. Topicamente produz rubefação dérmica. 139 Contra-indicação Gravidez, alergias, Distúrbios gastrointestinais e renais. Diuréticos. Laxantes. Hipotensores. Posologia As partes usadas do alecrim são suas folhas e flores para fazer chá e banhos. Chá de Alecrim para problemas digestivos e inflamação da garganta :colocar 4 g de folhas numa xícara de água fervente e deixar repousar por 10 minutos. Depois coar e beber 3 xícaras por dia, após as refeições; 140 Alfavaca Nome botânico: Ocimum tenuiflorum Constituintes químicos Acetato de cinamila, eugenol, e beta-elemeno. Flavonóides, incluindo orientina e vicenina. Cirsilineol, cirsimaritina, isotimusina, isotimonina, apigenina, ácido rosmarínico, e quantidades apreciáveis de eugenol. Também inclui traços de zinco e outros minerais, ácido ursolóico, e pelo menos cinco ácidos graxos (esteárico, palmítico, oléico, linoléico e linolênico). Polissacáridos também foram encontrados. Propriedades Farmacológicas Anti-helmíntico, antiartrítico, antibiótico, hipoglicemiante, anti-inflamatório, antilipidêmico, antioxidante, antipirético, antiulcerogênico, ansiolítico, Imunomodulador, neuroprotetor, radioprotetor. Posologia Infusão: 2g da droga vegetal em uma 150 mL de água. Suco: 10 a 20mL (folhas frescas) Interações Medicamentosas Anticoagulantes e barbitúricos. Efeitos Colaterais Hipoglicemia e dificuldades de coagulação. 141 Contra indicações Não conhecidas. Toxicologia Não existem relatos a cerca da toxicologia. Gravidez e Lactação Não é recomendado o uso durante a gestação e durante a amamentação, até que maiores estudos sejam efetuados. 142 Camomila Nome botânico: Matricaria recutita Uma das plantas medicinais sedativas mais conhecidas e utilizadas, a camomila tem ainda a vantagem de aliviar perturbações digestivas. Para assegurar uma noite bem dormida. Constituintes químicos Óleos essenciais (alfa-bisabolol, camazuleno), matricina, flavonóides (apigenina e quercitina), cumarinas, dioxicumarina, umbeliferona e herniarina), resinas, taninos, princípios amargos, mucilagens, polissacarídeos, éteres bicíclicos, ácidos orgânicos, vitamina C, terpenos, sais minerais e aminoácidos. Propriedades Farmacológicas Possui marcada atividade antiinflamatória, antibacteriana, antimicótica e protetora de mucosas, devida principalmente ao camazuleno, ao alfa-bisabolol (óleo essencial), a matricina e as mucilagens. Inflamações de mucosa oral de diversas etiologias: gengivites, estomatites, glossites; efeito antiespasmódico, digestivo, antiséptica, antialérgica, antiinflamatória, ansiolítico, calmante, carminativa, cicatrizante, emoliente, refrescante. Posologia Uso interno: Chá (infusão) 10 a 50 g/L – 3 xícaras/dia. Interações Medicamentosas Pode interferir com a absorção de ferro, em tratamentos prolongados. Pode ser associado a outras plantas de efeito sinérgico. 143 Efeitos Colaterais Dermatites de contato ou fotodermatites em pessoassensíveis Contra indicações Não há restrições ao seu uso tópico na literatura. Contra indicado apenas em pessoas alérgicas a plantas da família das compostas. Gravidez e Lactação Uso interno contra indicado em gestantes. Evitar o uso tópico em excesso, pela possibilidade de absorção pela mucosa oral. Sem contra indicações na lactação. 144 Maracujá Nome botânico: Passiflora incarnata Constituintes químicos Contém 0,82% de glicosídeos de luteolina e apigenina, vitexina, isovitexina e seus Cglicosídeos, kaempferol, quercetina e rutina; alcalóides (0,09%), principalmente harmana, harmalina, harmina; derivados da cumarina; glicosídeos cianogênicos (ginocardina); ácidos graxos (linoléico e linolênico); goma; maltol; fitoesteróis (estigmasterol); açúcares (sacarose); e traços de óleo volátil. Propriedades Farmacológicas Sedativo, ansiolítico e antiespasmódico. Posologia Droga vegetal: 2 g, três a quatro vezes diárias. Infusão: 2 g em 150 ml de água, com três a quatro vezes por dia. Interações Medicamentosas A potenciação da eficácia é possível em substâncias que atuam sobre o sistema nervoso central, tais como álcool, barbitúricos e agentes psicofarmacológicos. Efeitos Colaterais Desconhecidos. 145 Contra indicações Desconhecidos. Gravidez e Lactação Desconhecidos. 146 Alcachofra Nome botânico Cynara scolymus É uma planta medicinal, também conhecida como Cachofra, Alcachofra-hortense ou Alcachofra comum, muito utilizada para emagrecer ou para complementar tratamentos, tais como: baixar o colesterol, combater a anemia, regular os níveis de açúcar no sangue e combater os gases, por exemplo. Composição química Derivados do ácido cafeoilquínico (ácido clorogênico). Alcoois ácidos: glicérico, málico, cítrico, glicólico, lático, e succínico, metil-acrílico; Lactonas sesquiterpênicas a-iargas: geosheimina, cinaratriol, cinaropicrina, cinarolidina, dihidrocinaropicrina, rossheimina, grosulfeimina e outros guaianolideos reacionados; Flavonóides: glicosídeos da flavona apigenina, luteolina, cinarosideo, escolimosideo, cosmosideo, quercetina, isoramnetina, maritimeina; Compostos fenólicos; óleos voláteis: 13-selineno, cariofileno, eugenol, fenilacetaldeido e óleo decanal; Ácidos graxos poliinsaturados essenciais: ácido esteárico, palmítico, oleico e linoleico; sais minerais: cálcio, fósforo, potássio, Vitaminas vitamina C; Aminoácidos: niacina, tiamina, fenilalanina, tirosina histidina, alanina e pigmentos antocianicos. Indicações Problemas hepáticos e renais: Apesar dos novos usos, a alcachofra continua a ser essencial para fortalecer o funcionamento do fígado e dos rins, favorecendo a desintoxicação em problemas crônicos como a artrite, a gota e a doença hepática. 147 Colesterol alto: Testes clínicos ao longo dos últimos 30 anos descobriram que a folha da alcachofra reduz os níveis de colesterol e de triglicerídeos, enquanto os níveis de lipoproteínas de alta densidade (HDL) tendem a aumentar. Os níveis de colesterol melhoraram de 5 a 45 por cento, com uma dose diária equivalente a 7g de folha seca. Deve ser tomada durante alguns meses para melhores resultados. Os pacientes também referiram o alívio de sintomas como enjôos, vômitos, dores abdominais, flatulência e obstipação. Por consequência, é agora comum tomar alcachofra para a síndrome do cólon irritável e os sintomas a ela associados, tais como inchaço, distensão abdominal e alternância entre diarreia e obstipação. Outros Usos: Ácido úrico, obesidade, diabetes; debilidade geral, convalescença, dispepsia; hipertensão, hipertireoidismo, toxemia; afecções reumáticas. Incremento na secreção intraduodenal biliar; Aumento da eliminação de potássio. Uso na gestação e amamentação Por causa da falta de dados sobre a toxicidade da alcachofra, sugere-se que seu uso seja limitado durante a gravidez. A caropicrina e a cinarase promovem a coagulação do leite, portanto a planta está contra indicada para lactantes. Contra indicações Alergia as plantas da família Asteraceae e qualquer obstrução do duto biliar. Pacientes propensos a fermentação intestinal. Interações medicamentosas Diuréticos. Medicamentos que interferem na coagulação sanguínea (Aspirina) e anticoagulantes cumarínicos. Precauções O contato frequente com alcachofra ou outras plantas da família Asteraceae, causou reações alérgicas em indivíduos sensíveis à dermatite de contato e urticária com contato ocupacional com alcachofra, os componentes responsáveis são a cinaropicrina e outras lactonas sesquiterpênicas. Farmacologia 148 Hipotensora. Ação coletérica, diurética, Hepatoprotetora, Hipocolesterolemiante. Redução dos níveis de triglicérides. Posologia Tintura:5 a 25 mL, divididos em até 3 doses diárias, com intervalos menores que 12 horas. Vinho medicinal:2 cálices antes das principais refeições flores como alimento e medicinal. Infuso ou Decocto:2g de folhas frescas ou 1g de folhas secas (1 colher de sobremesa para cada xícara de água) em infuso ou decocto. Extrato líquido:0,5 a 1 g/dia. Extrato seco:100 a 150mg até 3 vezes ao dia. PROTOCOLO DE FITOTERAPIA EM ENFERMAGEM 150 PROTOCOLO DE FITOTERAPIA EM ENFERMAGEM Introdução Em 19 de março de 1997, de acordo com a RESOLUÇÃO nº 197/1997, o Conselho Federal de Enfermagem reconheceu e regulamentou as terapias alternativas (termo sinônimo das práticas integrativas e complementares), como especialidade e/ou qualificação do profissional de enfermagem, tendo como exemplo a acupuntura, a fitoterapia, iridologia, reflexologia, quiropraxia, massoterapia, dentre outras. Estas práticas têm como premissa que são oriundas, em sua maioria, de culturas orientais, onde são exercidas ou executadas por práticos treinados sistematicamente e repassados de geração em geração, não estando vinculados a qualquer categoria profissional. Esta resolução está, portanto, harmonizada com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e com a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Não existe até o momento, regras ou orientações técnicas para a utilização de plantas medicinais e fitoterápicos por enfermeiros, porém é exigido que para este exercício, o profissional deve ter concluído um curso de especialização reconhecido por instituição de ensino ou entidade congênere, com carga horária mínima de 360 horas. A abordagem fitoterápica do profissional de enfermagem consiste de promover ações de prevenção e promoção à saúde, com base em orientações sobre o uso correto de plantas medicinais e fitoterápicos pela população e recuperação à saúde, a partir de terapêuticas preventivas, profiláticas e curativas. Público-alvo O ambulatório de fitoterapia em enfermagem visa a inclusão de atendimento dos seguintes grupos de usuários: 151 Crianças: de 5 até 12 anos Adultos Idosos Critérios de exclusão Gestantes; Nutrizes; Hipertensos e diabéticos graves, com complicações clínicas advindas da patologia como IAM, AVC, amputações, problemas vasculares graves (tromboses ou isquemias), hepatopatias ou nefropatias; Diabéticos insulinodependentes; Pacientes apresentando diagnóstico de neoplasias em tratamento (radioterapia ou quimioterapia); Pacientes do Ambulatório de Saúde Mental, com uso de vários medicamentos psicotrópicos que podem levar a interações e efeitos adversos com os fitoterápicos. Posologia Para a prescrição de drogas vegetais, o preparo de chás deve estar harmonizado com as recomendações vigentes da ANVISA: Obs.: No momento, os profissionais de enfermagem não se enquadram na categoria de prescritores. 152 Lista de espécies de interesse potencial na enfermagem Espinheira Santa Nome botânico: Maytenus ilicifolia Planta medicinal utilizada pelos índios brasileiros e paraguaios como remédio antitumor, e na Argentina como antiasmático e antisséptico. É conhecida desde 1922. Originária da mata atlântica brasileira, da família Celastracea, a espinheira santa (folhas) é usada tradicionalmente como analgésica, anti-inflamatória e antiulcerogênica. Estudos em ratos relatam efeito protetor contra lesões gástricas e ação reparadora quando ratos eram submetidos ao estresse. As substâncias mais relacionadas a esses efeitos da planta são: os triterpenos, flavonoides – catequinas, epicatequinas, e taninos condensados e polissacarídeos (metabólitos primários). Acredita-se que sua atividade antiulcerosa e anti-inflamatória está relacionada ao conteúdo de polissacarídeos (arabinogalactanos), liberados durante a infusão e à presença de compostos fenólicos, como os taninos, flavonoides e triterpenos. Estudos mostraram que o uso oral da espinheira santa exerce atividade citoprotetora por ter capacidade de se ligar a superfície da mucosa funcionando como uma camada de proteção por aumentar a síntese de muco e combater radicais livres. 153 A presença de taninos e sua ação antioxidante protegem as células contra a oxidação celular, incluindo a peroxidação lipídica e conferem à Espinheira Santa seus efeitos anticarcinogênicos e mutagênicos. Os tipos de câncer em que melhor se conhecem os benefícios preventivos são o melanoma, carcinoma, adenocarcinoma, linfoma e leucemia. Os principais responsáveis pelo efeito gastroprotetor das folhas de espinheira santa são os flavonoides tri e tetra glicosídeos 1 e 3. Estes constituintes fenólicos são os responsáveis pela interrupção da secreção ácida por inibir a bomba NA-K-ATPase e modulação da produção de óxido nítrico (NO) pelos seus constituintes. Tmbém tem ação inibitória sobre o crescimento bacteriano de extratos vegetais aquosos e hidroalcoólicos, caule de cancerosa. Constituintes químicos Terpenos (maytesina); taninos; flavonóides; mucilagens; antocianos; açúcares livres. Propriedades Farmacológicas Tonificante, antiúlcera, carminativo, cicatrizante, antisséptico, diurético e laxativo leve. Normalizador das funções gastrointestinais, especialmente como protetor de mucosa (efeito antiúlcera), gastrites, gastralgias inespecíficas, dispepsias, hipotonias intestinais. Os taninos presentes em sua formulação levam a um aumento do volume e do pH gástrico, tendo ainda poder cicatrizante sobre a lesão; Apresenta ação antisséptica, diminuindo as fermentações intestinais patológicas; Trata as gastralgias, não diminuindo a sensibilidade do órgão, mas corrigindo a função desviada. Uso odontológico: Ação bactericida contra o Streptococos mutans Anticariogênico Pulpites agudas Abscessos agudos e crônicos Periodontites, gengivites Aftas e úlceras bucais Dores em erupção dentária 154 Posologia 2 g de droga seca (1 colher de sopa para cada xícara de água) em infusão até 3 vezes ao dia. Interações Medicamentosas Pode interferir na absorção de ferro Efeitos Colaterais As pesquisas realizadas até agora, não demonstraram efeitos colaterais significativos. Contraindicações Não deve ser administrado a gestantes, crianças e nutrizes (redução da secreção láctea). Não fazer bochechos após exodontias. Toxicologia Os resultados obtidos até o momento não destacaram toxicologia na dose recomendada. Gravidez e Lactação Não deve ser usada nos 3 primeiros meses de gravidez pois não existem estudos de teratogenicidade nem maiores informações sobre sua farmacodinâmica. Durante o aleitamento é contraindicado pois diminui a secreção do leite. 155 Tansagem Nome botânico: Plantago major Uma pesquisa demonstrou atividade antiinflamatória da espécie Plantago major em lesões com processo inflamatório, como líquen plano erosivo, ulcerações aftosas recorrentes e queilite actínica. Foram observados resultados benéficos no tratamento dessas patologias como, por exemplo, a substituição do tradicional tratamento medicamentoso com corticóides tópicos e/ou sistêmicos por uma opção fitoterápica que seja mais acessível para a população e com menos efeitos colaterais quando da necessidade do uso prolongado de corticóides sistêmicos. Constituintes químicos Iridoideos glicosídeos (asperulósido, aucubina, catalpol), mucilagens (arabinogalactana, ramnogalacturonana, glucomanano, pectina), taninos, ácido clorogênico, ácido gentísico, ácido p-hidroxibenzóico, ácido protocatecuico, ácido cafeico, flavonóides (apigenol, luteolósido), cumarinas (esculetina ), verbascoside, plantamajósido, zinco e potássio. Propriedades Farmacológicas Antimicrobiano. Antiviral. Atividade antiinflamatória e analgésica. Atividade ulcerogênica. Atividade imunomoduladora. Atividade antitumoral 156 Posologia Via oral: Infusão (folhas): 1 colher de sopa / xícara. Tomar 3 a 4 xícaras / dia. A dose diária máxima é de 3-6 gramas / droga vegetal. Interações Medicamentosas Desconhecidas. Efeitos Colaterais As pesquisas realizadas até agora, não demonstraram efeitos colaterais significativos. Contraindicações Desconhecidas. Toxicologia Os resultados obtidos até o momento não destacaram toxicologia na dose recomendada. Gravidez e Lactação Por falta de estudos de segurança, não deve ser administrado em gestantes e lactantes. 157 Hortelã-pimenta Nome botânico: Mentha x piperita. A hortelã da folha graúda, que devido às suas propriedades terapêuticas, possui uso bastante difundido dentro da medicina popular no tratamento de diversas afecções bucais. Constituintes químicos Luteolina, hesperidina e rutina; ácidos cafeico, clorogênicos e rosmarínico, taninos; colina; alfa e beta-caroteno; goma; minerais; resina; tocoferóis; alfa-amirina e triterpenos esqualeno; óleo volátil (1,2-3%) composto principalmente de monoterpenos (29-55%) de mentol, mentona (10-40%), cineole (2-13%), pulegona (1-11%), de acetato de mentila (110%), mentofurano (0-10%), e de limoneno (0,2-6%). Propriedades Farmacológicas Ação antiespasmódica direta sobre a musculatura lisa do trato digestivo, assim como a atividade colerética e carminativo. Antimicrobiana e antifúngica: atividade inibitória frente Candida sp. Antiviral: Anti-HIV1 in vitro com atividade inibitória da transcriptase reversa do vírus. Analgésica: atua nos nervos sensoriais, diminuindo a sensação de dor. Antinflamatória: ácidos fenólicos. Utilizada em patologias dentária: dores, inflamações etc. (bochechos). Posologia Infusão (folhas): 2 g em 150 ml de água, duas a três vezes diariamente. Interações Medicamentosas 158 Não conhecidas. Efeitos Colaterais Não conhecidos. Contraindicações Litíase vesicular. Toxicologia Não existem relatos a cerca da toxicologia. Gravidez e Lactação Não é recomendado o uso durante a gestação e durante a amamentação, até que maiores estudos sejam efetuados. 159 Erva-cidreira Nome botânico: Melissa officinalis A Melissa officinalis é uma planta da família Lamiacea que possui, entre as várias atividades farmacológicas conhecidas, a atividade antiviral contra o vírus do herpes simples. Essa atividade é atribuída aos constituintes químicos derivados de ácidos fenólicos, como o ácido caféico, acido clorogênico e, principalmente, o ácido rosmarínico, os quais agem na inibição da replicação do DNA e RNA viral. Constituintes químicos Flavonóides (quercitrina, ramnocitrina, e os glicosídeos de apigenina, kaempferol, quercetina e luteolina); ácidos fenólicos e taninos, ácido rosmarínico principalmente (até 4%), e caféico glicosilado e ácidos clorogênicos; triterpenos (ursólico, ácido oleanólico); óleos voláteis (0,375%): citronelal monoterpenóide, geranial (citral a) e neral (citral b) e sesquiterpenos (beta-cariofileno, germacreno D). Propriedades Farmacológicas Sedativo e carminativo. Posologia Via oral: Infusão (folhas): 1,5 a 4,5 g em 150 ml de água. Interações Medicamentosas 160 A potenciação da eficácia é possível em substâncias que atuam sobre o sistema nervoso central, tais como álcool, barbitúricos e agentes psicofarmacológicos. Efeitos Colaterais Desconhecidos. Contraindicações Desconhecidos. Gravidez e Lactação Desconhecidos. 161 Pata-de-vaca Nome botânico: Bauhinia forficata É uma árvore perene que se adapta a todo plantio do solo, necessitando de iluminação plena. O plantio é feito através de sementes, em sementeira. Especialmente as folhas são consideradas antidiabéticas, sendo aplicadas na prática da medicina caseira em outras doenças Composição química Flavonoides, alcalóides, saponinas, ácidos orgânicos e saponinas. Indicações Hipoglicemiante (antidiabético), purgativo, diurético e antioxidante. Uso na gestação e amamentação Não há informações da sua farmacocinética ou seu uso nestas condições. Contraindicações Não existem relatos. Interações medicamentosas Com medicamentos antidiabéticos e drogas compostas por insulina. Precauções Evitar uso em pacientes com distúrbios da coagulação sanguínea. 162 Farmacologia Tem a capacidade de diminuir o açúcar de sangue, triglicerídeos também foram reduzidos, colesterol total e níveis de HDL. Posologia Como hipoglicêmica: dose de 3g/dia de folhas, por 56 dias. Infusão ou decocção sob forma de banhos: elefantíase e mordidas de cobra. Infusão de 2 xícaras das de cafezinho da folha picada em ½ litro de água ou 1 folha picada por xícaras de chá. Tomar 4 a 6 xícaras de chá ao dia (diabetes); Decocção de 1 colher das de sopa do pó da casca e folhas secas em 1 xícara de água. Tomar ½ a 1 xícara de chá ao dia; - decocção: ferver 1 a 2 colheres das de chá de folhas em 1 xícara das de chá de água. Tomar 3 a 4 xícaras ao dia - infusão a 2%: até 6 xícaras de chá ao dia; - infusão de 2 colheres de sopa de folhas (e ou flores picadas) para 1 litro de água fervente. Tomar 3 a 4 xícaras do chá morno por dia; ½cálice de água, 3 vezes ao dia. 163 Carqueja Nome botânico: Baccharis trimera Constituintes químicos Alfa e beta-pineno, álcoois sesquiterpênicos, ésteres terpênicos, flavonas, flavanonas, saponinas, flavonóides, fenólicos, lactonas sesquiterpênicas e tricotecenos, alcalóides. Compostos específicos: apigenina, dilactonas A, B e C, diterpeno do tipo eupatorina, germacreno-D, hispidulina, luteolina, nepetina e quercetina. O óleo essencial contém monoterpenos (nopineno, carquejol e acetato de carquejilo). Segundo a BIONATUS: flavonóides (apigenina, cirsiliol, cirsimantina, eriodictiol, eupatrina e genkawanina), sesquiterpenos, diterpenos, lignanos, alfa e beta pinenos, canfeno, carquejol, acetato de carquejila, ledol, alcóois sesquiterpênicos, sesquiterpenos bi e tricíclicos, calameno, elemol, eudesmol, palustrol, nerotidol, hispidulina, campferol, quercetina e esqualeno. Propriedades Farmacológicas Os óleos essenciais atuam sobre o hepatócito, aumentando a produção da bile e protegendo contra peroxidação lipídica. Os princípios amargos atuam sobre as papilas gustativas. Os flavonoides aumentam o débito urinário. Sua farmacologia ainda é pouco estudada. Posologia 2 g de droga seca (1 colher de sopa para cada xícara de água) em infuso até 3 vezes ao dia. Interações Medicamentosas 164 Pode interferir na absorção da glicose, aumentando o trânsito intestinal, pode reduzir a absorção de outros medicamentos, tais como alguns antibióticos. Efeitos Colaterais Não há relatos. Contraindicações Na gravidez; na lactação (deixa o leite amargo); doses excessivas podem baixar a pressão; na diarréia crônica; pode gerar interação medicamentosa por interferir na absorção da glicose aumentando o trânsito intestinal e assim, podendo reduzir a absorção de outros medicamentos. Usar com cuidado em pacientes com insulinoma ou episódios de hipoglicemia. Uso prolongado pode causar disfunções digestivas agredindo a mucosa gástrica. Deve ser evitada por pessoas com problemas graves de fígado. Deve-se evitar o uso da erva fresca. Evitar em problemas graves do fígado e na presença de cálculos biliares, pois seu uso pode provocar vômitos. Toxicologia Em doses terapêuticas não apresenta toxicidade. Gravidez e Lactação Não recomendado o uso neste período. 165 Capim limão Nome botânico: Cymbopogon citratus Constituintes químicos Óleo volátil: citral, geranial e neral, geraniol, ácido gerânico e ácido nerólico, mirceno diterpenos, metil heptenona, citronelol, linalol, farnesol; outros alcoois aldeídos, terpineol, homoorientina, ácido clorogênico, ácido cafeico, p-cumárico, frutose, sacarina, octasanol, flavonoides, luteolina e 6-C-glucosídeo. Propriedades Farmacológicas Excitante gástrico, miorelaxante, hipotensor, carminativo, emenagogo, analgésico, antitérmico, antibacteriano de uso tópico. Cefaléia de origem tensional, ansiedade, nervosismo, insônia, flatulência, e como relaxante muscular (mialgias, tensões musculares de etiologiadiversa, hipertensão arterial). Determina uma diminuição da atividade motora, aumentando o tempo de sono, é um regulador vago-simpático. O citral tem efeito antiespasmódico, tanto no tecido uterino como no intestinal. É analgésico e combate o histerismo e outras afecções nervosas, propriedade devida ao mirceno. A atividade antibacteriana está associada também ao citral. Posologia 4 g de folhas frescas ou 2 g de folhas secas (1 colher de sopa para xícara de água) em infuso ou decocto em uso interno 2 a 3 vezes ao dia ou a tintura em doses de 10 a 20 ml/dia divididas em 2 ou 3 tomadas diluídas em água. O rizoma pode ser usado como tempero e alimento. Infusão a 2% (0,5 g/250 ml de água ou 1 colher (rasa) das de sopa). 250 ml à noite para insônia. Até 1.000 ml ao dia para ansiedade, nervosismo ou outras indicações. 166 Interações Medicamentosas Nenhuma interação foi identificada. Efeitos Colaterais A aplicação tópica do capim limão raramente conduz a uma reação alérgica. Nenhuma anomalia foi detectada em exames laboratoriais após ingestão do chá. Hipotensão arterial. Contraindicações Contraindicado para casos de dor abdominal de causa desconhecida ou gastrite. Toxicologia Não existem relatos suficientes. Gravidez e Lactação Não deve ser usado durante a gravidez pois estimula o útero e o sangramento menstrual. 167 Alecrim Nome botânico: Rosmarinus officinalis L O Alecrim é uma planta medicinal, também conhecida como Alecrim de cheiro, Alecrineiro, Alecrinzeiro ou Rosmaninho, muito utilizada no tratamento de problemas digestivos ou dor de cabeça, por exemplo. Composição química Derivados do ácido caféico (Ácido rosmarínico), diterpenos. Farmacologia Ativador da circulação periférica e antiinflamatório. Alterações de pressão, dispepsias, perda de apetite e reumatismo (Comissão E/BfarmM). Relacionado ao aumento de potássio (K+) livre e a potencial antioxidante, que pode ser correlacionado a estabilização das membranas dos eritrócitos e inibição da produção de superóxido dismutase (SOD) e da peroxidação lipídica. Uso de extrato aquoso, por 6 dias, em animais, provocou aumentos na excreção urinária de sódio e cloreto e de potássio. Efeitos adversos Os efeitos colaterais do Alecrim incluem reações alérgicas, quando consumido em excesso. Cefaléias, Convulsões, espasmos. Gastrenterites. Lesão renal. Abortivo em doses elevadas. Topicamente produz rubefação dérmica. 168 Contraindicação Gravidez, alergias, Distúrbios gastrointestinais e renais. Diuréticos. Laxantes. Hipotensores. Posologia As partes usadas do alecrim são suas folhas e flores para fazer chá e banhos. Chá de Alecrim para problemas digestivos e inflamação da garganta :colocar 4 g de folhas numa xícara de água fervente e deixar repousar por 10 minutos. Depois coar e beber 3 xícaras por dia, após as refeições; 169 Alfavaca Nome botânico: Ocimum tenuiflorum Constituintes químicos Acetato de cinamila, eugenol, e beta-elemeno. Flavonóides, incluindo orientina e vicenina. Cirsilineol, cirsimaritina, isotimusina, isotimonina, apigenina, ácido rosmarínico, e quantidades apreciáveis de eugenol. Também inclui traços de zinco e outros minerais, ácido ursolóico, e pelo menos cinco ácidos graxos (esteárico, palmítico, oléico, linoléico e linolênico). Polissacáridos também foram encontrados. Propriedades Farmacológicas Anti-helmíntico, antiartrítico, antibiótico, hipoglicemiante, anti-inflamatório, antilipidêmico, antioxidante, antipirético, antiulcerogênico, ansiolítico, Imunomodulador, neuroprotetor, radioprotetor. Posologia Infusão: 2g da droga vegetal em uma 150 mL de água. Suco: 10 a 20mL (folhas frescas) Interações Medicamentosas Anticoagulantes e barbitúricos. Efeitos Colaterais Hipoglicemia e dificuldades de coagulação. 170 Contraindicações Não conhecidas. Toxicologia Não existem relatos a cerca da toxicologia. Gravidez e Lactação Não é recomendado o uso durante a gestação e durante a amamentação, até que maiores estudos sejam efetuados. 171 Camomila Nome botânico: Matricaria recutita Uma das plantas medicinais sedativas mais conhecidas e utilizadas, a camomila tem ainda a vantagem de aliviar perturbações digestivas. Para assegurar uma noite bem dormida. Constituintes químicos Óleos essenciais (alfa-bisabolol, camazuleno), matricina, flavonóides (apigenina e quercitina), cumarinas, dioxicumarina, umbeliferona e herniarina), resinas, taninos, princípios amargos, mucilagens, polissacarídeos, éteres bicíclicos, ácidos orgânicos, vitamina C, terpenos, sais minerais e aminoácidos. Propriedades Farmacológicas Possui marcada atividade antiinflamatória, antibacteriana, antimicótica e protetora de mucosas, devida principalmente ao camazuleno, ao alfa-bisabolol (óleo essencial), a matricina e as mucilagens. Inflamações de mucosa oral de diversas etiologias: gengivites, estomatites, glossites; efeito antiespasmódico, digestivo, antiséptica, antialérgica, antiinflamatória, ansiolítico, calmante, carminativa, cicatrizante, emoliente, refrescante. Posologia Uso interno: Chá (infusão) 10 a 50 g/L – 3 xícaras/dia. Interações Medicamentosas Pode interferir com a absorção de ferro, em tratamentos prolongados. Pode ser associado a outras plantas de efeito sinérgico. 172 Efeitos Colaterais Dermatites de contato ou fotodermatites em pessoassensíveis Contraindicações Não há restrições ao seu uso tópico na literatura. Contra indicado apenas em pessoas alérgicas a plantas da família das compostas. Gravidez e Lactação Uso interno contra indicado em gestantes. Evitar o uso tópico em excesso, pela possibilidade de absorção pela mucosa oral. Sem contra indicações na lactação. 173 Maracujá Nome botânico: Passiflora incarnata Constituintes químicos Contém 0,82% de glicosídeos de luteolina e apigenina, vitexina, isovitexina e seus Cglicosídeos, kaempferol, quercetina e rutina; alcalóides (0,09%), principalmente harmana, harmalina, harmina; derivados da cumarina; glicosídeos cianogênicos (ginocardina); ácidos graxos (linoléico e linolênico); goma; maltol; fitoesteróis (estigmasterol); açúcares (sacarose); e traços de óleo volátil. Propriedades Farmacológicas Sedativo, ansiolítico e antiespasmódico. Posologia Droga vegetal: 2 g, três a quatro vezes diárias. Infusão: 2 g em 150 ml de água, com três a quatro vezes por dia. Interações Medicamentosas A potenciação da eficácia é possível em substâncias que atuam sobre o sistema nervoso central, tais como álcool, barbitúricos e agentes psicofarmacológicos. Efeitos Colaterais Desconhecidos. 174 Contraindicações Desconhecidos. Gravidez e Lactação Desconhecidos. 175 Embaúba Nome botânico: Cecropia sp. Planta medicinal, também conhecida como ambaia-tinga, árvore-da-preguiça e imbaíba, utilizada em medicina para combater a pressão alta. O seu nome científico é Cecropia peltata e pode ser comprada em farmácias de manipulação e em algumas lojas de produtos naturais. Constituintes químicos Açúcares (polissacarídeos), polifenois, cumarinas, taninos, flavonoides (iso-orientina, leucocianidina), alcalóides (cecropina), glicosídeos (ambaína); triterpenos, esteróides, lipídeos, resinas. Propriedades Farmacológicas As propriedades da Embaúba incluem sua ação cardiotônica, diurética, anti-hemorrágica, adstringente, antiasmática, analgésica, anti-séptica, cicatrizante, expectorante e hipotensora. Existem relatos a cerca do uso da embaina (glicosídeo) e da cecropina (alcaloide) como sendo os princípios ativos responsáveis pelos efeitos cardiotônicos e diuréticos. Pesquisas demonstram o efeito de flavonoides e proantocianidias como inibidora da ECA. Posologia Pode ser utilizada toda a planta da Embaúba pra fazer chás, infusões, sucos e pomadas. Suco: O suco das folhas de embaúba é utilizado para tosse e problemas respiratórios. 176 Chá: Adicionar os componentes de embaúba em água fervente. Beber uma xícara de chá, 3 vezes ao dia. Adultos: 7,5 mL de tintura divididos em 3 doses diárias, diluídos em água; 2 g de planta seca ou 4 g de planta fresca (1 colher de sopa para cada xícara de água) de folhas em decocto ou infuso até 3 vezes ao dia com intervalos de até 12 horas; 2 a 3 g de pós das folhas sob a forma de cápsula ou tablete tomados 2 vezes ao dia; O infuso de 30 g da planta frasca – folhas ou cascas - pode ser utilizado para lavagens, assentos e compressa em feridas. Preparações da raiz são indicadas para afecções hepáticas e o fruto como laxativo. Crianças: tomam de 1/3 a ½ de dose, de acordo com a idade. Interações Medicamentosas Possível descrição de interação que pode potencializar o efeito de cardiotônicos, como os digitálicos; assim como antihipertensivos e inibidores da ECA. Pode ainda potencializar antidiabéticos e insulina. Efeitos Colaterais Não estão descritos efeitos colaterais para a Embaúba. Contraindicações A Embaúba está contraindicada para mulheres grávidas. Toxicologia Sem toxicidade nas doses recomendadas. Gravidez e Lactação A Embaúba não deve ser utilizada durante este período. É tradicionalmente usada para facilitar o trabalho de parto e promover menstruação. Não afeta a lactação PROTOCOLO FARMACÊUTICO DE FITOTERAPIA 178 PROTOCOLO FARMACÊUTICO DE FITOTERAPIA Introdução Em 29 de agosto de 2013, o Conselho Federal de Farmácia passou a regulamentar a prescrição farmacêutica no Brasil (RE 586/2013), prática esta integrada às atribuições clínicas do farmacêutico (RE 585/2013) e que é definida como o ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e de outros problemas de saúde. Dentre estas terapias farmacológicas encontra-se a fitoterapia, da qual o profissional farmacêutico também possui regulamentação específica, conforme resolução nº 546/2011, de 21 de julho de 2011, que regulamenta a indicação farmacêutica no Brasil de plantas medicinais e fitoterápicos isentos de prescrição médica. Este ato, conforme esta resolução, deve ser praticado em área específica do estabelecimento farmacêutico, registrado e documentado, fundamentado na informação e educação ao paciente/usuário sobre o uso correto e racional de plantas medicinais e fitoterápicos, que possibilite o êxito da terapêutica, induza a mudanças nos hábitos de vida e proporcione melhores condições de saúde à população. Este ato tem como objetivos : I. Prevenir potenciais problemas relacionados ao uso, informando os benefícios e riscos de sua utilização; II. Comprometer o paciente na adesão ao tratamento, assegurando-lhe o direito de conhecer a razão do uso; III. Monitorar e avaliar a resposta terapêutica; IV. Aproximar o farmacêutico da comunidade. A prescrição farmacêutica poderá ocorrer em diferentes estabelecimentos farmacêuticos, consultórios, serviços e níveis de atenção à saúde, desde que respeitado o princípio da confidencialidade e a privacidade do paciente no atendimento. 179 É permito ao farmacêutico a prescrição de medicamentos e outros produtos com finalidade terapêutica, cuja dispensação não exija prescrição médica, o que inclui medicamentos industrializados e preparações magistrais - alopáticos ou dinamizados -, plantas medicinais, drogas vegetais e outras categorias ou relações de medicamentos que venham a ser aprovadas pelo órgão sanitário federal para prescrição do farmacêutico. Porém, é permitido também ao farmacêutico a prescrição de medicamentos sob prescrição médica, quando condicionado a programas, diretrizes, protocolos ou normas técnicas aprovados para uso no âmbito de instituições de saúde ou quando da formalização de acordos de colaboração com outros prescritores ou instituições de saúde, mas que para isto, é necessário o reconhecimento do título de especialista na área clínica, com competências formadas dentro do campo de conhecimento de boas práticas de prescrição, fisiopatologia, semiologia, comunicação interpessoal, farmacologia clínica e terapêutica. A resolução 586/2011 cita que o ato da prescrição de medicamentos dinamizados e de terapias relacionadas às práticas integrativas e complementares (incluindo a fitoterapia), deverá estar fundamentado em conhecimentos e habilidades relacionados a estas práticas. Este ato deve contemplar o tratamento de doenças de baixa gravidade e de evolução benina. Esta resolução está, portanto, harmonizada com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e com a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Público-alvo O ambulatório de fitoterapia em farmácia visa a inclusão de atendimento dos seguintes grupos de usuários: Crianças: de 5 até 12 anos Adultos Idosos Critérios de exclusão 180 Gestantes; Nutrizes; Hipertensos e diabéticos graves, com complicações clínicas advindas da patologia como IAM, AVC, amputações, problemas vasculares graves (tromboses ou isquemias), hepatopatias ou nefropatias; Diabéticos insulinodependentes; Pacientes apresentando diagnóstico de neoplasias em tratamento (radioterapia ou quimioterapia); Pacientes do Ambulatório de Saúde Mental, com uso de vários medicamentos psicotrópicos que podem levar a interações e efeitos adversos com os fitoterápicos. Posologia Para a prescrição de drogas vegetais, o preparo de chás deve estar harmonizado com as recomendações vigentes da ANVISA: Obs: No momento, os profissionais farmacêuticos não se enquadram na categoria de prescritores. 181 Lista de espécies de interesse potencial ao farmacêutico Espinheira Santa Nome botânico: Maytenus ilicifolia Planta medicinal utilizada pelos índios brasileiros e paraguaios como remédio antitumor, e na Argentina como antiasmático e antisséptico. É conhecida desde 1922. Originária da mata atlântica brasileira, da família Celastracea, a espinheira santa (folhas) é usada tradicionalmente como analgésica, anti-inflamatória e antiulcerogênica. Estudos em ratos relatam efeito protetor contra lesões gástricas e ação reparadora quando ratos eram submetidos ao estresse. As substâncias mais relacionadas a esses efeitos da planta são: os triterpenos, flavonoides – catequinas, epicatequinas, e taninos condensados e polissacarídeos (metabólitos primários). Acredita-se que sua atividade antiulcerosa e anti-inflamatória está relacionada ao conteúdo de polissacarídeos (arabinogalactanos), liberados durante a infusão e à presença de compostos fenólicos, como os taninos, flavonoides e triterpenos. Estudos mostraram que o uso oral da espinheira santa exerce atividade citoprotetora por ter capacidade de se ligar a superfície da mucosa funcionando como uma camada de proteção por aumentar a síntese de muco e combater radicais livres. A presença de taninos e sua ação antioxidante protegem as células contra a oxidação celular, incluindo a peroxidação lipídica e conferem à Espinheira Santa seus efeitos 182 anticarcinogênicos e mutagênicos. Os tipos de câncer em que melhor se conhecem os benefícios preventivos são o melanoma, carcinoma, adenocarcinoma, linfoma e leucemia. Os principais responsáveis pelo efeito gastroprotetor das folhas de espinheira santa são os flavonoides tri e tetra glicosídeos 1 e 3. Estes constituintes fenólicos são os responsáveis pela interrupção da secreção ácida por inibir a bomba NA-K-ATPase e modulação da produção de óxido nítrico (NO) pelos seus constituintes. Tmbém tem ação inibitória sobre o crescimento bacteriano de extratos vegetais aquosos e hidroalcoólicos, caule de cancerosa. Constituintes químicos Terpenos (maytesina); taninos; flavonóides; mucilagens; antocianos; açúcares livres. Propriedades Farmacológicas Tonificante, antiúlcera, carminativo, cicatrizante, antisséptico, diurético e laxativo leve. Normalizador das funções gastrointestinais, especialmente como protetor de mucosa (efeito antiúlcera), gastrites, gastralgias inespecíficas, dispepsias, hipotonias intestinais. Os taninos presentes em sua formulação levam a um aumento do volume e do pH gástrico, tendo ainda poder cicatrizante sobre a lesão; Apresenta ação antisséptica, diminuindo as fermentações intestinais patológicas; Trata as gastralgias, não diminuindo a sensibilidade do órgão, mas corrigindo a função desviada. Posologia 2 g de droga seca (1 colher de sopa para cada xícara de água) em infusão até 3 vezes ao dia. Interações Medicamentosas Pode interferir na absorção de ferro Efeitos Colaterais As pesquisas realizadas até agora, não demonstraram efeitos colaterais significativos. Contraindicações 183 Não deve ser administrado a gestantes, crianças e nutrizes (redução da secreção láctea). Não fazer bochechos após exodontias. Toxicologia Os resultados obtidos até o momento não destacaram toxicologia na dose recomendada. Gravidez e Lactação Não deve ser usada nos 3 primeiros meses de gravidez pois não existem estudos de teratogenicidade nem maiores informações sobre sua farmacodinâmica. Durante o aleitamento é contraindicado pois diminui a secreção do leite. 184 Tansagem Nome botânico: Plantago major Uma pesquisa demonstrou atividade antiinflamatória da espécie Plantago major em lesões com processo inflamatório, como líquen plano erosivo, ulcerações aftosas recorrentes e queilite actínica. Foram observados resultados benéficos no tratamento dessas patologias como, por exemplo, a substituição do tradicional tratamento medicamentoso com corticóides tópicos e/ou sistêmicos por uma opção fitoterápica que seja mais acessível para a população e com menos efeitos colaterais quando da necessidade do uso prolongado de corticóides sistêmicos. Constituintes químicos Iridoideos glicosídeos (asperulósido, aucubina, catalpol), mucilagens (arabinogalactana, ramnogalacturonana, glucomanano, pectina), taninos, ácido clorogênico, ácido gentísico, ácido p-hidroxibenzóico, ácido protocatecuico, ácido cafeico, flavonóides (apigenol, luteolósido), cumarinas (esculetina ), verbascoside, plantamajósido, zinco e potássio. Propriedades Farmacológicas Antimicrobiano. Antiviral. Atividade antiinflamatória e analgésica. Atividade ulcerogênica. Atividade imunomoduladora. Atividade antitumoral 185 Posologia Via oral: Infusão (folhas): 1 colher de sopa / xícara. Tomar 3 a 4 xícaras / dia. A dose diária máxima é de 3-6 gramas / droga vegetal. Interações Medicamentosas Desconhecidas. Efeitos Colaterais As pesquisas realizadas até agora, não demonstraram efeitos colaterais significativos. Contraindicações Desconhecidas. Toxicologia Os resultados obtidos até o momento não destacaram toxicologia na dose recomendada. Gravidez e Lactação Por falta de estudos de segurança, não deve ser administrado em gestantes e lactantes. 186 Hortelã-pimenta Nome botânico: Mentha x piperita. A hortelã da folha graúda, que devido às suas propriedades terapêuticas, possui uso bastante difundido dentro da medicina popular no tratamento de diversas afecções bucais. Constituintes químicos Luteolina, hesperidina e rutina; ácidos cafeico, clorogênicos e rosmarínico, taninos; colina; alfa e beta-caroteno; goma; minerais; resina; tocoferóis; alfa-amirina e triterpenos esqualeno; óleo volátil (1,2-3%) composto principalmente de monoterpenos (29-55%) de mentol, mentona (10-40%), cineole (2-13%), pulegona (1-11%), de acetato de mentila (110%), mentofurano (0-10%), e de limoneno (0,2-6%). Propriedades Farmacológicas Ação antiespasmódica direta sobre a musculatura lisa do trato digestivo, assim como a atividade colerética e carminativo. Antimicrobiana e antifúngica: atividade inibitória frente Candida sp. Antiviral: Anti-HIV1 in vitro com atividade inibitória da transcriptase reversa do vírus. Analgésica: atua nos nervos sensoriais, diminuindo a sensação de dor. Antinflamatória: ácidos fenólicos. Utilizada em patologias dentária: dores, inflamações etc. (bochechos). Posologia Infusão (folhas): 2 g em 150 ml de água, duas a três vezes diariamente. Interações Medicamentosas 187 Não conhecidas. Efeitos Colaterais Não conhecidos. Contraindicações Litíase vesicular. Toxicologia Não existem relatos a cerca da toxicologia. Gravidez e Lactação Não é recomendado o uso durante a gestação e durante a amamentação, até que maiores estudos sejam efetuados. 188 Erva-cidreira Nome botânico: Melissa officinalis A Melissa officinalis é uma planta da família Lamiacea que possui, entre as várias atividades farmacológicas conhecidas, a atividade antiviral contra o vírus do herpes simples. Essa atividade é atribuída aos constituintes químicos derivados de ácidos fenólicos, como o ácido caféico, acido clorogênico e, principalmente, o ácido rosmarínico, os quais agem na inibição da replicação do DNA e RNA viral. Constituintes químicos Flavonóides (quercitrina, ramnocitrina, e os glicosídeos de apigenina, kaempferol, quercetina e luteolina); ácidos fenólicos e taninos, ácido rosmarínico principalmente (até 4%), e caféico glicosilado e ácidos clorogênicos; triterpenos (ursólico, ácido oleanólico); óleos voláteis (0,375%): citronelal monoterpenóide, geranial (citral a) e neral (citral b) e sesquiterpenos (beta-cariofileno, germacreno D). Propriedades Farmacológicas Sedativo e carminativo. Posologia Via oral: Infusão (folhas): 1,5 a 4,5 g em 150 ml de água. Interações Medicamentosas 189 A potenciação da eficácia é possível em substâncias que atuam sobre o sistema nervoso central, tais como álcool, barbitúricos e agentes psicofarmacológicos. Efeitos Colaterais Desconhecidos. Contra indicações Desconhecidos. Gravidez e Lactação Desconhecidos. 190 Pata-de-vaca Nome botânico: Bauhinia forficata É uma árvore perene que se adapta a todo plantio do solo, necessitando de iluminação plena. O plantio é feito através de sementes, em sementeira. Especialmente as folhas são consideradas antidiabéticas, sendo aplicadas na prática da medicina caseira em outras doenças Composição química Flavonoides, alcalóides, saponinas, ácidos orgânicos e saponinas. Indicações Hipoglicemiante (antidiabético), purgativo, diurético e antioxidante. Uso na gestação e amamentação Não há informações da sua farmacocinética ou seu uso nestas condições. Contraindicações Não existem relatos. Interações medicamentosas Com medicamentos antidiabéticos e drogas compostas por insulina. Precauções Evitar uso em pacientes com distúrbios da coagulação sanguínea. 191 Farmacologia Tem a capacidade de diminuir o açúcar de sangue, triglicerídeos também foram reduzidos, colesterol total e níveis de HDL. Posologia Como hipoglicêmica: dose de 3g/dia de folhas, por 56 dias. Infusão ou decocção sob forma de banhos: elefantíase e mordidas de cobra. Infusão de 2 xícaras das de cafezinho da folha picada em ½ litro de água ou 1 folha picada por xícaras de chá. Tomar 4 a 6 xícaras de chá ao dia (diabetes); Decocção de 1 colher das de sopa do pó da casca e folhas secas em 1 xícara de água. Tomar ½ a 1 xícara de chá ao dia; - decocção: ferver 1 a 2 colheres das de chá de folhas em 1 xícara das de chá de água. Tomar 3 a 4 xícaras ao dia - infusão a 2%: até 6 xícaras de chá ao dia; - infusão de 2 colheres de sopa de folhas (e ou flores picadas) para 1 litro de água fervente. Tomar 3 a 4 xícaras do chá morno por dia; ½cálice de água, 3 vezes ao dia. 192 Carqueja Nome botânico: Baccharis trimera Constituintes químicos Alfa e beta-pineno, álcoois sesquiterpênicos, ésteres terpênicos, flavonas, flavanonas, saponinas, flavonóides, fenólicos, lactonas sesquiterpênicas e tricotecenos, alcalóides. Compostos específicos: apigenina, dilactonas A, B e C, diterpeno do tipo eupatorina, germacreno-D, hispidulina, luteolina, nepetina e quercetina. O óleo essencial contém monoterpenos (nopineno, carquejol e acetato de carquejilo). Segundo a BIONATUS: flavonóides (apigenina, cirsiliol, cirsimantina, eriodictiol, eupatrina e genkawanina), sesquiterpenos, diterpenos, lignanos, alfa e beta pinenos, canfeno, carquejol, acetato de carquejila, ledol, alcóois sesquiterpênicos, sesquiterpenos bi e tricíclicos, calameno, elemol, eudesmol, palustrol, nerotidol, hispidulina, campferol, quercetina e esqualeno. Propriedades Farmacológicas Os óleos essenciais atuam sobre o hepatócito, aumentando a produção da bile e protegendo contra peroxidação lipídica. Os princípios amargos atuam sobre as papilas gustativas. Os flavonoides aumentam o débito urinário. Sua farmacologia ainda é pouco estudada. Posologia 2 g de droga seca (1 colher de sopa para cada xícara de água) em infuso até 3 vezes ao dia. Interações Medicamentosas 193 Pode interferir na absorção da glicose, aumentando o trânsito intestinal, pode reduzir a absorção de outros medicamentos, tais como alguns antibióticos. Efeitos Colaterais Não há relatos. Contraindicações Na gravidez; na lactação (deixa o leite amargo); doses excessivas podem baixar a pressão; na diarréia crônica; pode gerar interação medicamentosa por interferir na absorção da glicose aumentando o trânsito intestinal e assim, podendo reduzir a absorção de outros medicamentos. Usar com cuidado em pacientes com insulinoma ou episódios de hipoglicemia. Uso prolongado pode causar disfunções digestivas agredindo a mucosa gástrica. Deve ser evitada por pessoas com problemas graves de fígado. Deve-se evitar o uso da erva fresca. Evitar em problemas graves do fígado e na presença de cálculos biliares, pois seu uso pode provocar vômitos. Toxicologia Em doses terapêuticas não apresenta toxicidade. Gravidez e Lactação Não recomendado o uso neste período. 194 Capim limão Nome botânico: Cymbopogon citratus Constituintes químicos Óleo volátil: citral, geranial e neral, geraniol, ácido gerânico e ácido nerólico, mirceno diterpenos, metil heptenona, citronelol, linalol, farnesol; outros alcoois aldeídos, terpineol, homoorientina, ácido clorogênico, ácido cafeico, p-cumárico, frutose, sacarina, octasanol, flavonoides, luteolina e 6-C-glucosídeo. Propriedades Farmacológicas Excitante gástrico, miorelaxante, hipotensor, carminativo, emenagogo, analgésico, antitérmico, antibacteriano de uso tópico. Cefaléia de origem tensional, ansiedade, nervosismo, insônia, flatulência, e como relaxante muscular (mialgias, tensões musculares de etiologiadiversa, hipertensão arterial). Determina uma diminuição da atividade motora, aumentando o tempo de sono, é um regulador vago-simpático. O citral tem efeito antiespasmódico, tanto no tecido uterino como no intestinal. É analgésico e combate o histerismo e outras afecções nervosas, propriedade devida ao mirceno. A atividade antibacteriana está associada também ao citral. Posologia 4 g de folhas frescas ou 2 g de folhas secas (1 colher de sopa para xícara de água) em infuso ou decocto em uso interno 2 a 3 vezes ao dia ou a tintura em doses de 10 a 20 ml/dia divididas em 2 ou 3 tomadas diluídas em água. O rizoma pode ser usado como tempero e alimento. Infusão a 2% (0,5 g/250 ml de água ou 1 colher (rasa) das de sopa). 250 ml à noite para insônia. Até 1.000 ml ao dia para ansiedade, nervosismo ou outras indicações. 195 Interações Medicamentosas Nenhuma interação foi identificada. Efeitos Colaterais A aplicação tópica do capim limão raramente conduz a uma reação alérgica. Nenhuma anomalia foi detectada em exames laboratoriais após ingestão do chá. Hipotensão arterial. Contraindicações Contraindicado para casos de dor abdominal de causa desconhecida ou gastrite. Toxicologia Não existem relatos suficientes. Gravidez e Lactação Não deve ser usado durante a gravidez pois estimula o útero e o sangramento menstrual. 196 Alecrim Nome botânico: Rosmarinus officinalis L O Alecrim é uma planta medicinal, também conhecida como Alecrim de cheiro, Alecrineiro, Alecrinzeiro ou Rosmaninho, muito utilizada no tratamento de problemas digestivos ou dor de cabeça, por exemplo. Composição química Derivados do ácido caféico (Ácido rosmarínico), diterpenos. Farmacologia Ativador da circulação periférica e antiinflamatório. Alterações de pressão, dispepsias, perda de apetite e reumatismo (Comissão E/BfarmM). Relacionado ao aumento de potássio (K+) livre e a potencial antioxidante, que pode ser correlacionado a estabilização das membranas dos eritrócitos e inibição da produção de superóxido dismutase (SOD) e da peroxidação lipídica. Uso de extrato aquoso, por 6 dias, em animais, provocou aumentos na excreção urinária de sódio e cloreto e de potássio. Efeitos adversos Os efeitos colaterais do Alecrim incluem reações alérgicas, quando consumido em excesso. Cefaléias, Convulsões, espasmos. Gastrenterites. Lesão renal. Abortivo em doses elevadas. Topicamente produz rubefação dérmica. 197 Contraindicação Gravidez, alergias, Distúrbios gastrointestinais e renais. Diuréticos. Laxantes. Hipotensores. Posologia As partes usadas do alecrim são suas folhas e flores para fazer chá e banhos. Chá de Alecrim para problemas digestivos e inflamação da garganta :colocar 4 g de folhas numa xícara de água fervente e deixar repousar por 10 minutos. Depois coar e beber 3 xícaras por dia, após as refeições; 198 Alfavaca Nome botânico: Ocimum tenuiflorum Constituintes químicos Acetato de cinamila, eugenol, e beta-elemeno. Flavonóides, incluindo orientina e vicenina. Cirsilineol, cirsimaritina, isotimusina, isotimonina, apigenina, ácido rosmarínico, e quantidades apreciáveis de eugenol. Também inclui traços de zinco e outros minerais, ácido ursolóico, e pelo menos cinco ácidos graxos (esteárico, palmítico, oléico, linoléico e linolênico). Polissacáridos também foram encontrados. Propriedades Farmacológicas Anti-helmíntico, antiartrítico, antibiótico, hipoglicemiante, anti-inflamatório, antilipidêmico, antioxidante, antipirético, antiulcerogênico, ansiolítico, Imunomodulador, neuroprotetor, radioprotetor. Posologia Infusão: 2g da droga vegetal em uma 150 mL de água. Suco: 10 a 20mL (folhas frescas) Interações Medicamentosas Anticoagulantes e barbitúricos. Efeitos Colaterais Hipoglicemia e dificuldades de coagulação. 199 Contraindicações Não conhecidas. Toxicologia Não existem relatos a cerca da toxicologia. Gravidez e Lactação Não é recomendado o uso durante a gestação e durante a amamentação, até que maiores estudos sejam efetuados. 200 Camomila Nome botânico: Matricaria recutita Uma das plantas medicinais sedativas mais conhecidas e utilizadas, a camomila tem ainda a vantagem de aliviar perturbações digestivas. Para assegurar uma noite bem dormida. Constituintes químicos Óleos essenciais (alfa-bisabolol, camazuleno), matricina, flavonóides (apigenina e quercitina), cumarinas, dioxicumarina, umbeliferona e herniarina), resinas, taninos, princípios amargos, mucilagens, polissacarídeos, éteres bicíclicos, ácidos orgânicos, vitamina C, terpenos, sais minerais e aminoácidos. Propriedades Farmacológicas Possui marcada atividade antiinflamatória, antibacteriana, antimicótica e protetora de mucosas, devida principalmente ao camazuleno, ao alfa-bisabolol (óleo essencial), a matricina e as mucilagens. Inflamações de mucosa oral de diversas etiologias: gengivites, estomatites, glossites; efeito antiespasmódico, digestivo, antiséptica, antialérgica, antiinflamatória, ansiolítico, calmante, carminativa, cicatrizante, emoliente, refrescante. Posologia Uso interno: Chá (infusão) 10 a 50 g/L – 3 xícaras/dia. Interações Medicamentosas Pode interferir com a absorção de ferro, em tratamentos prolongados. Pode ser associado a outras plantas de efeito sinérgico. 201 Efeitos Colaterais Dermatites de contato ou fotodermatites em pessoassensíveis Contraindicações Não há restrições ao seu uso tópico na literatura. Contra indicado apenas em pessoas alérgicas a plantas da família das compostas. Gravidez e Lactação Uso interno contra indicado em gestantes. Evitar o uso tópico em excesso, pela possibilidade de absorção pela mucosa oral. Sem contra indicações na lactação. 202 Maracujá Nome botânico: Passiflora incarnata Constituintes químicos Contém 0,82% de glicosídeos de luteolina e apigenina, vitexina, isovitexina e seus Cglicosídeos, kaempferol, quercetina e rutina; alcalóides (0,09%), principalmente harmana, harmalina, harmina; derivados da cumarina; glicosídeos cianogênicos (ginocardina); ácidos graxos (linoléico e linolênico); goma; maltol; fitoesteróis (estigmasterol); açúcares (sacarose); e traços de óleo volátil. Propriedades Farmacológicas Sedativo, ansiolítico e antiespasmódico. Posologia Droga vegetal: 2 g, três a quatro vezes diárias. Infusão: 2 g em 150 ml de água, com três a quatro vezes por dia. Interações Medicamentosas A potenciação da eficácia é possível em substâncias que atuam sobre o sistema nervoso central, tais como álcool, barbitúricos e agentes psicofarmacológicos. Efeitos Colaterais Desconhecidos. Contraindicações 203 Desconhecidos. Gravidez e Lactação Desconhecidos. 204 Embaúba Nome botânico: Cecropia sp. Planta medicinal, também conhecida como ambaia-tinga, árvore-da-preguiça e imbaíba, utilizada em medicina para combater a pressão alta. O seu nome científico é Cecropia peltata e pode ser comprada em farmácias de manipulação e em algumas lojas de produtos naturais. Constituintes químicos Açúcares (polissacarídeos), polifenois, cumarinas, taninos, flavonoides (iso-orientina, leucocianidina), alcalóides (cecropina), glicosídeos (ambaína); triterpenos, esteróides, lipídeos, resinas. Propriedades Farmacológicas As propriedades da Embaúba incluem sua ação cardiotônica, diurética, anti-hemorrágica, adstringente, antiasmática, analgésica, anti-séptica, cicatrizante, expectorante e hipotensora. Existem relatos a cerca do uso da embaina (glicosídeo) e da cecropina (alcaloide) como sendo os princípios ativos responsáveis pelos efeitos cardiotônicos e diuréticos. Pesquisas demonstram o efeito de flavonoides e proantocianidias como inibidora da ECA. Posologia Pode ser utilizada toda a planta da Embaúba pra fazer chás, infusões, sucos e pomadas. Suco: O suco das folhas de embaúba é utilizado para tosse e problemas respiratórios. 205 Chá: Adicionar os componentes de embaúba em água fervente. Beber uma xícara de chá, 3 vezes ao dia. Adultos: 7,5 mL de tintura divididos em 3 doses diárias, diluídos em água; 2 g de planta seca ou 4 g de planta fresca (1 colher de sopa para cada xícara de água) de folhas em decocto ou infuso até 3 vezes ao dia com intervalos de até 12 horas; 2 a 3 g de pós das folhas sob a forma de cápsula ou tablete tomados 2 vezes ao dia; O infuso de 30 g da planta frasca – folhas ou cascas - pode ser utilizado para lavagens, assentos e compressa em feridas. Preparações da raiz são indicadas para afecções hepáticas e o fruto como laxativo. Crianças: tomam de 1/3 a ½ de dose, de acordo com a idade. Interações Medicamentosas Possível descrição de interação que pode potencializar o efeito de cardiotônicos, como os digitálicos; assim como antihipertensivos e inibidores da ECA. Pode ainda potencializar antidiabéticos e insulina. Efeitos Colaterais Não estão descritos efeitos colaterais para a Embaúba. Contraindicações A Embaúba está contraindicada para mulheres grávidas. Toxicologia Sem toxicidade nas doses recomendadas. Gravidez e Lactação A Embaúba não deve ser utilizada durante este período. É tradicionalmente usada para facilitar o trabalho de parto e promover menstruação. Não afeta a lactação 206 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALONSO, JR. Tratado de fitomedicina. Bases clínicas e farmacológicas. ISIS Ed. Argentina. 1998. 2. ALONSO, JR, Tratado de fitofármacos y nutraceuticos. Ed. Corpus. 2004. 3. BARBOSA, WLR et al. Etnofarmácia. Fitoterapia popular e ciência farmacêutica. Belém: NUMA/UFPA. 2009. 4. BLUMENTHAL, M.; GOLDBERG, A.; BRINCKMANN, J. 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