Energias Renováveis

Transcrição

Energias Renováveis
PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE
O SETOR ELÉTRICO
RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA:
RENOVÁVEIS
SETEMBRO DE 2012
Nivalde J. de Castro
Maria Saboia
ÍNDICE
Sumário Executivo.............................................................................................................................................3
1- Energia a partir da Biomassa.........................................................................................................................4
2-Energia Eólica.................................................................................................................................................4
3-Energia Solar..................................................................................................................................................7
4-Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s)........................................................................................................9
5-Questões Gerais...........................................................................................................................................10
2
Sumário Executivo
Este relatório tem como objetivo apresentar os principais fatos, dados, informações e ações
sobre energias renováveis do Setor elétrico brasileiro do mês de Setembro de 2012.
A estrutura do relatório está dividida em 5 partes: energia a partir de Biomassa, energia eólica,
energia solar, Pequenas Centrais Hidrelétricas e questões gerais sobre energias renováveis.
Uma das principais notícias sobre energia a partir da Biomassa é acerca da afirmação do
presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, que informou que a previsão de produção de etanol
para 2020 deve cair de 73 bilhões de litros por ano para 63 bilhões de litros por ano, devido a
vários problemas climáticos importantes que atrapalharam o desenvolvimento do setor.
Já no setor de energia eólica, de acordo com o PDE 2021, a participação da fonte eólica na
matriz brasileira chegará a 9% em 2021, com 16 GW. Em 2011, a participação era de 1% com
1 GW.
Em relação à energia solar, uma preocupação que é em relação ao impacto da MP 579 em
alguns projetos de energia solar fotovoltaica. Isso porque, no cenário atual, a geração
fotovoltaica só seria competitiva economicamente no Brasil em algumas áreas de concessão,
nas quais valor final do MWh ultrapassa os R$400.
Por fim, quanto a questões gerais, um estudo produzido pelo instituto TNS Gallup,
denominado Global Consumer Wind Study 2012, revelou que a maior parte dos consumidores
brasileiros prefere que o país continue no caminho da ampliação das fontes renováveis para a
geração de energia, bem como o seu maior uso pelas empresas.
3
1- Energia a partir da Biomassa
Em meados do mês de setembro, o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, afirmou que a
previsão de produção de etanol para 2020 deve cair de 73 bilhões de litros por ano para 63
bilhões de litros por ano. Segundo ele, a indústria de cana brasileira passou por vários
problemas climáticos importantes que atrapalharam o desenvolvimento do setor. O
presidente da EPE destacou que as plantações de cana-de-açúcar sofreram com seca, chuva e
geada.
Ainda sobre o etanol, o secretário de Petróleo e Gás do MME, Marco Antonio Martins avaliou
que para aumentar a competitividade do combustível em relação à gasolina, poderia haver
uma desoneração de impostos que incidem em parte da cadeia produtiva – como o PIS e a
Cofins – aliada ao aumento de produtividade do setor. Na visão do secretário do ministério,
mesmo que uma desoneração ocorra, ela por si só não vai gerar grande impacto no preço do
combustível para o consumidor final. Para ele, é preciso aumentar a produtividade das
lavouras de cana a fim de promover a redução no preço do etanol.
No final do mês de setembro, foi posto em consulta pública o Plano Decenal 2021 realizado
pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Quanto à biomassa, o PDE 2021 aponta que as
questões relacionadas ao processo de licenciamento ambiental apresentam complicadores à
viabilização dos projetos da fonte. O potencial técnico de produção para o SIN identificado
pelo PDE 2021, considerando apenas o bagaço da cana, deve superar os 10 GW médios até
2021, dos quais cerca de 1,2 GW médio já estão contratados e com início de suprimento até
2016.
A produção de energia a partir da biomassa será impactada pelas medidas de redução do
preço da energia elétrica. Segundo o presidente interino da União da Indústria de Cana-deaçúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, com os atuais preços da energia os investimentos
em biomassa já não são viáveis. Assim como energia eólica e de térmicas movidas a gás e
diesel, o preço da energia de biomassa é mais caro do que a hidrelétrica. Os investimentos em
coogeração de biomassa apenas são viáveis se feitos em conjunto com a produção de etanol,
em novas usinas greenfield (projetos criados a partir do zero).
2-Energia Eólica
A geração eólica é a fonte que mais cresceu no país em participação nos leilões desde 2009. As
contratações dos últimos anos demonstraram que as eólicas atingiram preços bastante
competitivos e impulsionaram a instalação de uma indústria nacional de equipamentos para
4
atendimento a esse mercado. O PDE 2021 confirma essa tendência e prevê que a participação
somente da fonte na matriz chegará a 9% em 2021, com 16 GW. Em 2011, a participação era
de 1% com 1 GW.
De acordo com dados divulgados pelo Informativo Preliminar Diário da Operação (IPDO), do
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) no início do mês a energia eólica gerou acima do
esperado em praticamente todos os dias do mês de agosto. O resultado é fruto das condições
de vento nessa época do ano. Segundo o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, na média anual,
a geração eólica está dentro do previsto.
Em relação ao Finame, a WEG defende condições de financiamento melhores para os
fabricantes de aerogeradores que conseguirem ir além dos 60% de índice de nacionalização
estipulados pelo fundo de financiamento do BNDES. De acordo com João Paulo Silva, gerente
comercial da empresa, a medida estimularia empresas a não ficarem apenas na cota mínima
obrigatória. Projetando vender 130 turbinas por ano, a WEG negocia com empreendedores
que participarão dos próximos leilões de energia. Para esses futuros clientes, a fabricante está
comercializando uma nova turbina, de 1,3 MW com rotor de 120 metros. Segundo Silva, a
máquina vai ter acima de 80% de conteúdo nacional e está encontrando uma boa
receptividade no mercado.
Ainda sobre o Fundo do BNDES, o diretor de vendas da Vestas, Marcelo Anton Pegler
Hutschinski, afirmou que a fabricante de equipamentos eólicos já está apta a retornar ao
Finame. A companhia foi suspensa pelo banco da lista de credenciados de fundo de
financiamento após o banco constatar, por meio de auditoria, que ela não apresentava o grau
de manufatura exigido pela instituição financeira.
O grau de nacionalização da manufatura exigido pelo BNDES para que empresas possam ter
acesso a linha de financiamento do BNDES foi criticado pelo Global Wind Energy Council
(GWEC). O secretário-geral da entidade, Steve Sawyer, afirmou que o GWEC é contra apoiar
tecnologia 100% local, pois deixa a fonte mais cara. Segundo o executivo, caso o país tenha
mercado, ele terá uma indústria local de qualquer jeito, porque é mais barato produzir no país.
A fala do especialista, porém, vai na contramão da Abeeólica e dos próprios investidores.
Já a proposta de restringir, em leilões A-3, a participação de parques eólicos que não tenham
conexão já definida, teve reação de diversas entidades do setor. O presidente do Conselho da
Abeeólica, Otávio Silveira, lembrou que o próprio Tolmasquim, presidente da EPE, instituição
que está analisando a proposta, admitiu que “talvez essa não seja a melhor solução”. Segundo
5
ele, a melhor alternativa contra os atrasos de linhas de transmissão que têm atrapalhado os
projetos eólicos seria aprofundar os estudos e construir linhas com alguma folga nas regiões
com maior potencial de vento, de forma a garantir que haverá capacidade para escoar a
geração de futuras usinas. A presidente-executiva da Abeeólica, Elbia Melo, disse que o
comentário do presidente da EPE “mostra que é preciso rediscutir a rede” de transmissão.
Por fim, a Enersud desenvolveu um modelo de turbina eólica de eixo vertical apropriado para
o uso em ambientes urbanos. O equipamento deve ser lançado no segundo semestre de 2013.
Segundo o engenheiro Luiz Cezar Pereira, diretor da Enersud, a turbina tem condições de
abastecer mais da metade da demanda de uma pequena residência. De acordo com a Enersud,
a estimativa é de que o lançamento do novo modelo leve a um crescimento de 30% nos
negócios. Para a Enersud, o mercado brasileiro pode absorver aproximadamente mil turbinas
eólicas de pequeno porte por ano.
6
3-Energia Solar
Em relação à energia solar, uma pesquisa da IMS Research apontou que o mercado
fotovoltaico nas Américas mais que dobrou, ao apresentar um incremento de 120% no
primeiro semestre de 2012, chegando a casa dos 1,7 GW instalados, na comparação com os
750 MW, do mesmo período do ano anterior. Ainda segundo o levantamento, essa capacidade
pode chegar ao patamar de 3GW até o final do ano. O denominado “PV Demand Report”,
também revelou que globalmente, as instalações fotovoltaicas excederam os 13 GW na
primeira metade do ano, com Alemanha e as Américas liderando o crescimento do setor.
O Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) já está atento ao crescimento da fonte e
espera começar a financiar projetos fotovoltaicos no País em breve. A chefe do departamento
de Energia Elétrica do banco de fomento, Márcia Souza Leal, afirmou que o BNDES tem se
reunido com empresas do segmento e acresceu que a atuação do banco no setor seguirá a
mesma trilha do que ocorre com outras fontes renováveis.
Contudo, o momento da energia solar no Brasil ainda vai demorar um pouco segundo o PDE
2021, ele menciona que apesar do grande potencial, os custos atuais desta fonte são muito
elevados e ainda não permitem sua utilização em volume significativo, principalmente, no que
se refere às centrais solares fotovoltaicas. Para a geração distribuída, o custo já alcançou a
paridade com as tarifas na rede de distribuição em algumas áreas de concessão.
Nessa mesma linha, a Medida Provisória 579, que vem provocando grande confusão no setor
elétrico atualmente, pode ser responsável por adiar ainda mais os planos da energia solar
fotovoltaica no País. Já que, com a queda nas tarifas a partir de 2013, a energia solar vai ser
menos competitiva do que já era.
Durante o mês a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE) reclamou
em relação às exigências para licitações solares, que segundo a instituição são
desproporcionais. Apesar do entusiasmo em torno da implantação da tecnologia solar
fotovoltaica nos estádios que sediaram partidas da Copa do Mundo de futebol de 2014,
entraves na licitação desses empreendimentos estão se tornando uma dor de cabeça para os
investidores brasileiros. O diretor do grupo setorial de energia fotovoltaica da Abinee,
Leônidas Andrade, acredita que, dos 12 estádios que poderiam se tornar usinas fotovoltaicas,
apenas quatro ou cinco devem sair do papel devido ao nível das exigências. Atualmente, dois
projetos em estádios estão em andamento: um no Maracanã (RJ), e outro no Mineirão (MG).
7
Por fim, a Cemig inaugurou no dia 26 de setembro uma estação solarimétrica para medição da
radiação solar direta e outras grandezas meteorológicas, no campus da Universidade Federal
dos Vales dos Jequitinhonha e Mucuri em Diamantina (MG). A companhia está avaliando o
potencial de geração de energia solar na região do Vale do Jequitinhonha. A nova estação vai
se juntar a outras quatro já instaladas pela empresa em Minas Gerais, em regiões selecionadas
durante a primeira parte das pesquisas, que resultou no primeiro volume do Atlas
Solarimétrico de Minas Gerais. O estudo será divulgado em breve pela Cemig.
8
4-Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH’s)
Em relação a Pequenas Centrais Hidrelétricas, o Plano Decenal 2021 da EPE apontou que a
participação das PCH’s na matriz elétrica brasileira será de 4%, com 7 GW instalados. Ainda
segundo o plano, as PCH’s observaram trajetória decrescente de competitividade nos leilões
desde 2009. Sendo uma tecnologia bastante madura, não se manteve competitiva diante das
significativas reduções do preço da energia eólica. De acordo com Charles Lenzi, presidente da
Abragel, as PCH’s só não são competitivas em relação às outras fontes renováveis, se for
analisado apenas o lado da construção do empreendimento, pois se levado em consideração o
custo global do sistema, as PCH’s por terem uma característica de se localizarem muito
próximas ao centro de consumo, não demandam investimentos adicionais, por exemplo, em
redes de transmissão.
9
5-Questões Gerais
Por fim, no mês de setembro foi posto em consulta pública o PDE 2021. De acordo com ele, as
fontes alternativas receberão investimentos de R$ 82,1 bilhões entre 2011 e 2021. O montante
responde por 38% de todo o investimento a ser feito na expansão da geração, que totaliza R$
213 bilhões. O plano mostra ainda que os investimentos em usinas de fontes alternativas já
contratadas e autorizadas somam R$ 33,3 bilhões, enquanto os R$ 48,8 bilhões restantes serão
aportados em usinas planejadas. O PDE 2021 aponta que as eólicas, biomassa e PCH’s sairão
de uma capacidade instalada de 13.713 MW (11,8%) em 2011 para 36.115 MW (19,8%) em
2021, perdendo apenas para as hidrelétricas, que terão 116.837 MW (64,1%). Dessa expansão,
já foram contratados 9.152 MW, enquanto 13.250 MW correspondem à expansão planejada. A
expansão média anual dessas fontes é de 10%, com destaque para as usinas eólicas.
Ainda no mês de setembro, foi divulgado um estudo produzido pelo instituto TNS Gallup,
denominado Global Consumer Wind Study 2012, segundo ele, a maior parte dos consumidores
brasileiros prefere que o país continue no caminho da ampliação das fontes renováveis para a
geração de energia, bem como o seu maior uso pelas empresas. Apoiado pela Vestas,
fabricante de equipamentos eólicos, a pesquisa coloca que 63% dos entrevistados no Brasil
estão dispostos a pagar até 10% a mais para ter eletricidade limpa. Por outro lado, 28% dos
abordados não concordam com o pagamento de um valor adicional. Sobre a escolha de um
produto mais caro, mas com um selo que ateste o emprego de energia renovável em sua
fabricação, o resultado foi ainda maior. Segundo a pesquisa, 73% das pessoas pagariam até 9%
a mais em um item de consumo nesta condição, enquanto 16% não desembolsariam valor
adicional por isso.
Outro estudo sobre energias renováveis realizado a pedido da Agência Brasileira de
Desenvolvimento da Indústria aponta as principais tecnologias que o setor de energia
renovável espera que sejam desenvolvidas nos próximos 15 anos no País. O objetivo do
documento é de subsidiar iniciativas na indústria nacional. A pesquisa relacionou
equipamentos ligados à geração de energia eólica, solar térmica e fotovoltaica, usinas a
biomassa e PCHs. A partir de questionário realizado junto à indústria e à academia, foi traçado
um mapeamento das principais tendências e elaborada uma lista de tecnologias emergentes.
Na pesquisa, foram identificadas dez tecnologias classificadas como "prioritárias" em energia
solar, com alto potencial de produção no Brasil. Em eólica foram 15 e, em biomassa, seis. Na
área de PCHs foram elencadas 18 tecnologias possíveis de serem desenvolvidas nos próximos
10
anos. Além disso, o estudo fez um mapeamento da situação produtiva dos equipamentos no
mundo e das oportunidades mais concretas em cada fonte.
Entre as tecnologias indicadas pelo estudo para a fonte solar está o processo de purificação do
silício para produção de células fotovoltaicas e o desenvolvimento de inversores para a
conexão à rede elétrica. Já em eólica, foi citada a criação de navios especiais para transporte e
instalação de aerogeradores, assim como sistemas de controle inteligente em grandes parques
para a conexão à rede, conversores de potência, entre muitas outras tecnologias. Por fim, em
PCH, os segmentos que demandam mais aprimoramentos tecnológicos foram os de sistemas
eletromecânicos e eletrônicos.
11

Documentos relacionados