comunidades criativas das geraes

Transcrição

comunidades criativas das geraes
1
Programa de Pós Graduação em Design (PPGD)
MESTRADO EM DESIGN
COMUNIDADES CRIATIVAS DAS GERAES:
UM CASO DE INOVAÇÃO SOCIAL NA PRODUÇÃO
ARTESANAL SOB A PERSPECTIVA DO DESIGN
Dissertação de Mestrado
DANIELA MENEZES MARTINS
Belo Horizonte
2013
2
DANIELA MENEZES MARTINS
COMUNIDADES CRIATIVAS DAS GERAES:
Um Caso de Inovação Social na Produção Artesanal
Sob a Perspectiva do Design
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em
Design da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG
como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Design
na
área
de
concentração
em
Design,
Inovação
e
Sustentabilidade.
Linha de Pesquisa: Design, Cultura e Sociedade.
Orientadora: Profª. Drª. Rita de Castro Engler
UEMG - Escola de Design
Belo Horizonte
2013
3
M386c
Martins, Daniela Menezes.
Comunidades Criativas Das Geraes: um caso de inovação social na produção
artesanal sob a perspectiva do design [manuscrito] / Daniela Menezes Martins.
– 2013.
203 f. il. color. grafs. maps. fots.; 31 cm.
Orientadora: Rita de Castro Engler
Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado de Minas Gerais. Programa de
Pós Graduação em Design.
Bibliografia: f. 141-147
Inclui catálogo Artesania Águas Claras
1. Desenho (Projeto) – Desenvolvimento Sustentável – Minas Gerais – Teses.
2. Artesanato – Turismo – Empreendedorismo – Minas Gerais – Teses. 3. Desenho
Industrial – Metodologia – Minas Gerais – Teses. 4. Inovações Tecnológicas –
Criatividade – Artesanato – Teses. I. Engler, Rita de Castro. II. Universidade do
Estado de Minas Gerais. Escola de Design. III. Título.
CDU: 7.05:745
Ficha Catalográfica: Cileia Gomes Faleiro Ferreira CRB 236/6
4
5
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha mãe Cida e a meu filho Lucca.
6
AGRADECIMENTOS
À Escola de Design e à UEMG por proporcionar qualidade de ensino ao longo de 8
anos da minha trajetória acadêmica.
Aos coordenadores, professores e funcionários do PPGD pelo comprometimento e
empenho com o meu desenvolvimento no mestrado.
À minha orientadora Rita Engler pelo estímulo, confiança, paciência e carinho com
meu trabalho.
Aos membros das bancas de qualificação e defesa pelas críticas e avaliações
sempre pertinentes e construtivas.
À CAPES, pelo apoio financeiro a esta pesquisa.
Aos colegas de trabalho do CEDTec, professores e alunos pelo apoio, amizade e
compreensão na difícil tarefa de convivência diária.
À todos os estagiários do Programa Comunidade Criativas das Geraes pela
confiança, amizade e momentos felizes compartilhados juntos.
Aos meus queridos assistentes de pesquisa pelo apoio e dedicação a esse trabalho.
Aos artesãos e produtores que participaram do Programa Comunidade Criativas das
Geraes pelo compromisso e confiança depositadas nesse trabalho.
A comunidade de São Sebastião das Águas Claras pelo apoio e carinho com que
nos receberam.
À Prefeitura Municipal de Nova Lima, através de seus funcionários que receberam e
apoiaram as demandas do projeto.
Enfim, a todos que de alguma maneira contribuiram para a realização desse trabalho
deixo o meu profundo agradeciemento!
7
“O planeta não precisa de mais ‘pessoas de sucesso’. O planeta
precisa desesperadamente de mais pacificadores, curadores,
restauradores, contadores de histórias e amantes de todo tipo.
Precisa de pessoas que vivam bem nos seus lugares. Precisa de
pessoas com coragem moral dispostas a aderir à luta para tornar o
mundo habitável e humano, e essas qualidades têm pouco a ver
com o sucesso tal como a nossa cultura o tem definido.”
(Dalai Lama)
8
RESUMO
MARTINS, D. M. Comunidades Criativas das Geraes: Um Caso de Inovação
Social na Produção Artesanal Sob a Perspectiva do Design. 2013. 206 f.
Dissertação (Mestrado) - Escola de Design, Programa de Pós-Graduação em Design
da Universidade do Estado de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2013.
As “Comunidades Criativas” são iniciativas locais que empregam os recursos
disponíveis no território com o intuito de resolver os problemas da vida cotidiana,
promovendo métodos criativos de interação social, de forma sustentável. É através
desses grupos de pessoas que acontece a mobilização local em torno de atividades
produtivas que possibilitam a inovação social trazendo melhorias em níveis
econômico, social, cultural e ambiental. O design pode colaborar com as
“Comunidades Criativas”, quando se tranforma em agente de mudança, contribuindo
para a viabilização de um programa de desenvolvimento local, comprometido com a
valorização do território, da identidade e da sustentabilidade. Para que o trabalho do
designer seja efetivo e proveitoso nessas iniciativas sociais é necessário uma
abordagem sistêmica demonstrando que essas formas de organização criativa
encontram-se cada vez mais emergentes, dentro de uma demanda social que busca
por um modelo de vida mais sustentável. A partir destes conceitos foi criado o
Programa Comunidades Criativas das Geraes, no intuito de integrar e beneficiar os
indivíduos em seu território por meio de experiências, trocas e dinâmicas culturais,
entendendo a criatividade como catalisadora do processo de desenvolvimento
sustentável de “Comunidades Criativas”. Este trabalho é resultado da pesquisa e
das atividades práticas para o desenvolvimento do Programa Comunidades Criativas
das Geraes em Macacos. Os resultados da pesquisa apontam que o design, quando
fomentador da inovação social, é um instrumento capaz de auxiliar o
desenvolvimento local. A partir da experiência dessa pesquisa, espera-se que o
design possa contribuir com as transformações de outras “Comunidades Criativas”
pelo mundo.
Palavras-chave: Comunidades Criativas, design, inovação social, produção
artesanal, desenvolvimento sustentável.
9
ABSTRACT
MARTINS, D. M. Geraes Creative Communities: A Case of Social Innovation in
Artisanal Production Under the Perspective of Design. 2013. 206 f. Master (MSc) School of Design, Graduate Program in Design at the University of Minas Gerais,
Belo Horizonte, 2013.
“Creative Communities" are local initiatives that employ the available resources in the
territory in order to solve the problems of everyday life, promoting creative methods
of social interaction in a sustainable manner. These groups of people are capable of
mobilizing local support around productive activities that enable social innovation
which brings improvements in economic, social, cultural and environmental levels.
Design can collaborate with the "Creative Communities", becoming an agent of
change, contributing to the viability of a local development program, committed to the
enhancement of the territory, identity and sustainability. In order to make designer's
work more effective and useful, these social initiatives need a systemic approach
demonstrating that these creative forms of organization are emerging increasingly,
and searching for a more sustainable model. Based on these concepts Geraes
Creative Communities Program was created, aiming to integrate and benefit
individuals in its territory through experiences, cultural exchanges and dynamics,
understanding creativity as a catalyst for the sustainable development process of
"Creative Communities". This work is the result of research and practical activities
developed by Geraes Creative Communities Program in Macacos. The program
results indicate that the design, when used as of social innovation promoter,
becomes a powerful tool to assist local development. We hope that this research can
contribute spread the use of design in other "Creative Communities" worldwide.
Keywords: Creative Communities, design, social innovation, artisanal production,
sustainable development.
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Mapa dos limites do Quadrilátero Ferrífero.....................................
55
Figura 2
Mapa dos limites da Mata do Jambreiro..........................................
56
Figura 3
Integrantes do Congado na Igreja de Nossa Senhora do Rosário..
57
Figura 4
Bicame, aqueduto construído pelos ingleses..................................
58
Figura 5
Tradicional queca novalimense.......................................................
59
Figura 6
Altar da Igreja Nossa Senhora do Pilar, esculpido por Aleijadinho.
60
Figura 7
Localização do Arraial de São Sebastião........................................
62
Figura 8
Capela de São Sebastião em Macacos no início do século XX......
63
Figura 9
Ecobags produzidas com materiais descartados............................
65
Figura 10
Grupo de artesãs e equipe da Oficina de Costura..........................
66
Figura 11
Desenvolvimento de chapéu durante Oficina de Papietagem.........
66
Figura 12
Grupo de jovens da Casa de Proteção PROREIS e equipe...........
67
Figura 13
Cartaz e faixa de divulgação do processo seletivo.........................
68
Figura 14
Cartaz de divulgação do seminário de sensibilização.....................
70
Figura 15
Instalações da Escola Municipal Rubem Costa Lima......................
70
Figura 16
Monitor apresenta aula sobre design e artesanato.........................
73
Figura 17
Artesãos debatem sobre a cultura material e imaterial...................
74
Figura 18
Monitora apresentando aula sobre turismo.....................................
75
Figura 19
Professora convidada apresentando seu trabalho..........................
76
Figura 20
Monitora apresentando aula sobre resíduos sólidos.......................
76
Figura 21
Processo criativo do artista plástico Vik Muniz...............................
78
Figura 22
Artesã trabalhando na personalização do seu caderno..................
80
Figura 23
Flor da Manhã emoldurada por uma artesã....................................
81
Figura 24
Artesã participando da construção do mapa iconográfico...............
82
Figura 25
Artesã apresentando seu “Caderno de Processos” para o grupo...
83
Figura 26
Banner da “Campanha Lixo Criativo”..............................................
84
Figura 27
Artesãs registrando elementos do artesanato mineiro....................
85
Figura 28
Artesãs observando imagens esculpidas em madeira....................
86
Figura 29
Artesãs observando os produtos artesanais expostos na loja........
87
Figura 30
Grupo de artesãs explorando uma obra interativa..........................
88
Figura 31
Vegetação típica de Cerrado na entrada do parque.......................
89
11
Figura 32
Artesãs observam a coloração azulada do manancial....................
90
Figura 33
Artesã apresenta seu produto para orientação coletiva..................
91
Figura 34
Quadro dos pensamentos divergente e convergente......................
92
Figura 35
Equipe de trabalho durante visita para orientação..........................
93
Figura 36
Cabaças em cerâmica antes da queima.........................................
94
Figura 37
Flor de papel feita com saco de cimento.........................................
94
Figura 38
Exposição de produtos em sala de aula..........................................
95
Figura 39
Convidados no evento de encerramento da oficina........................
96
Figura 40
Apresentação musical de uma artesã.............................................
97
Figura 41
Equipe de trabalho e artesãs com seus certificados.......................
97
Figura 42
Equipe de trabalho entrevistando produtora de doces....................
98
Figura 43
Técnico da EMATER apresenta a Feira da Terra para o grupo......
99
Figura 44
Monitor apresentando aula sobre design e marketing....................
100
Figura 45
Professor convidado discursa sobre embalagem............................
101
Figura 46
Monitora apresenta aula sobre Food Design..................................
102
Figura 47
Produtores assistem atentos à aula sobre turismo.........................
103
Figura 48
Participantes tiram dúvidas sobre finanças pessoais......................
104
Figura 49
Grupo visita lojas do Mercado Central de Belo Horizonte...............
105
Figura 50
Produtoras observam os produtos no supermercado.....................
106
Figura 51
Equipe de trabalho e produtores após o encerramento da oficina..
107
Figura 52
Monitor da equipe de trabalho entrevista produtora........................
108
Figura 53
Produtoras assistem a apresentação das propostas......................
109
Figura 54
Vista da estrada de acesso a São Sebastião das Águas Claras....
110
Figura 55
Vista do projeto arquitetônico do Mercure Hotel & Spa Macacos...
111
Figura 56
Vista da rua principal com bares e restaurantes.............................
112
Figura 57
Barraquinha de doces caseiros em Macacos..................................
112
Figura 58
Cachoeira do Marumbé em Macacos..............................................
113
Figura 59
Procissão de São Sebastião em Macacos......................................
114
Figura 60
Logotipo do grupo Artesania Águas Claras.....................................
126
Figura 61
Critérios de avaliação dos produtos artesanais...............................
128
Figura 62
Prato em cerâmica com forma orgânica de folha............................
128
Figura 63
Quadro em feltro com a Capela de São Sebastião.........................
129
Figura 64
Jogo americano feito com lacre de alumínio e crochê....................
129
12
Figura 65
Adorno de parede com resíduos vegetais e feltro...........................
127
Figura 66
Bandeja em bambu e mosaico de borboletas.................................
128
Figura 67
Capa do catálogo Artesania Águas Claras......................................
128
Figura 68
Logotipo Ateliê do Brigadeiro e aplicação no produto.....................
129
Figura 69
Logotipo e selo Chiquita Pimenta e aplicação no produto..............
129
Figura 70
Logotipo, etiqueta e aplicação no produto Zé do Mel......................
130
Figura 71
Logotipo Sorveteria Cheia de Graça e aplicação no carrinho.........
130
Figura 72
Expositor para biscoitos e bolinhos artesanais Zên........................
131
Figura 73
Capa do Guia dos Produtos Típicos Artesanais de Macacos.........
131
Figura 74
Cartaz da Campanha de Inverno em Macacos...............................
132
Figura 75
Grupo no lançamento da Campanha Lixo Criativo..........................
133
Figura 76
Artesãs em frente à loja de artesanato Chiquita Banana................
134
Figura 77
Artesã autografando o livro de poesia intitulado Macacos..............
134
Figura 78
Visão geral da Feira dos Produtores de Macacos...........................
135
Figura 79
Barracas da Feira dos Produtores de Macacos..............................
135
Figura 80
Banner de divulgação da Feira dos Produtores de Macacos..........
136
13
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1
Renda proveniente do artesanato.................................................
117
Gráfico 2
Outra atividade remunerada..........................................................
117
Gráfico 3
Tempo dedicado ao artesanato.....................................................
117
Gráfico 4
Opção pela atividade artesanal.....................................................
118
Gráfico 5
Participação em grupo ou associação...........................................
118
Gráfico 6
Escolaridade..................................................................................
120
Gráfico 7
População economicamente ativa.................................................
120
Gráfico 8
Período de estadia........................................................................
120
Gráfico 9
Motivo para escolha do destino.....................................................
121
Gráfico 10
Consumo de produtos artesanais..................................................
121
Gráfico 11
Tipo de produto adquirido..............................................................
122
Gráfico 12
Motivo para adquirir produto artesanal..........................................
122
Gráfico 13
Comparativo de renda proveniente do artesanato........................
124
Gráfico 14
Comparativo de canais de comercialização..................................
125
Gráfico 15
Comparativo de valor percebido do produto.................................
125
Gráfico 16
Comparativo de adesão a um grupo ou associação.....................
127
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
3 Rs
Reduzir, Reutilizar e Reciclar
a.C.
Antes de Cristo
ASCAP
Associação dos Catadores de Papel de Nova Lima
AMG 160
BR 040
Rodovia Estadual de Acesso Belo Horizonte - São Sebastião
das Águas Claras
Rodovia Radial Federal Rio de Janeiro - Brasília
CCG
Comunidades Criativas das Geraes
CEART
Centro de Artesanato Mineiro
CEDTec
Centro de Estudos em Design e Tecnologia
CEMIG
Companhia Energética de Minas Gerais
ED
Escola de Design
EMATER
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
FJP
Fundação João Pinheiro
GTO
Geraldo Teles de Oliveira
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICSID
International Council of Societies of Industrial Design
IEPHA-MG
IHGARV
Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de
Minas Gerais
Instituto Histórico e Geográfico Alto do Rio das Velhas
IPHAN
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
KM
Quilômetro
KM²
Quilômetro Quadrado
MEC
Ministério da Educação
MG
Minas Gerais
MTUR
Ministério do Turismo
MEC
Ministério da Educação
PET
Poli Tereftalato de Etila
PDV
Ponto de Venda
PMNL
Prefeitura Municipal de Nova Lima
PPGD
Programa de Pós Graduação em Design
PROEXT
Programa de Extensão Universitária
15
PROREIS
Projeto de Reintegração Social
PUC
Pontifícia Universidade Católica
QFE
Quadrilátero Ferrífero
R$
Real
RJ
Rio de Janeiro
RMBH
Região Metropolitana de Belo Horizonte
RPPN
Reserva Particular do Patrimônio Natural
SPA
Sanitas Per Aquam
SEBRAE
Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas
SWOT
Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats
UEMG
Universidade do Estado de Minas Gerais
UNESCO
United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
UNWTO
World Tourism Organization
USP
Universidade de São Paulo
WEFORUM
World Economic Forum
16
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO.................................................................................
19
1.1
Objetivos.........................................................................................
21
1.1.1
Objetivo Geral..................................................................................
21
1.1.2
Objetivos Específicos.......................................................................
21
1.2
Justificativa....................................................................................
22
2
REFERÊNCIAL TEÓRICO..............................................................
24
2.1
Comunidades Criativas no Âmbito da Inovação Social.............
24
2.2
Interface Design e Produção Artesanal.......................................
26
2.3
Origens e Definições do Artesanato............................................
28
2.4
Sistematização da Atividade Artesanal.......................................
30
2.4.1
2.4.2
2.4.3
Classificação por Função.................................................................
Classificação por Origem.................................................................
Classificação por Organização........................................................
30
31
33
2.4.4
Classificação por Tipologia..............................................................
34
2.5
Valor de Estima do Objeto Artesanal...........................................
35
2.6
Identidade Cultural no Contexto do Artesanato.........................
37
2.7
Inovação em Produção Artesanal................................................
38
2.8
Sustentabilidade da Produção Artesanal....................................
40
2.9
Produção Artesanal Associada ao Turismo................................
43
3
MÉTODOS E PROCEDIMENTOS..................................................
48
3.1
Abordagem da Pesquisa Qualitativa............................................
48
3.1.1
Métodos de Coleta de Dados Qualitativos.......................................
49
3.2
Objeto de Estudo...........................................................................
51
3.3
Metodologia de Pesquisa..............................................................
52
4
ESTUDO DE CASO.........................................................................
54
4.1
Contexto..........................................................................................
54
4.1.1
Município de Nova Lima...................................................................
54
4.1.2
Distrito de São Sebastião das Águas Claras...................................
61
17
4.2
Programa Comunidades Criativas das Geraes...........................
63
4.2.1
Antecedentes do Programa.............................................................
64
4.3
Oficina de Processos Criativos....................................................
67
4.3.1
Atividades Expositivas.....................................................................
72
4.3.1.1
Design e Artesanato.........................................................................
72
4.3.1.2
Cultura Material e Imaterial..............................................................
73
4.3.1.3
Turismo e Desenvolvimento Local...................................................
74
4.3.1.4
Sustentabilidade e Produção Artesanal...........................................
75
4.3.1.5
Resíduos Vegetais e Domésticos....................................................
77
4.3.1.6
Documentário Lixo Extraordinário....................................................
78
4.3.2
Atividades Práticas...........................................................................
79
4.3.2.1
Dinâmica de Grupo..........................................................................
79
4.3.2.2
Expedição Fotográfica.....................................................................
80
4.3.2.3
Mapa Iconográfico............................................................................
81
4.3.2.4
Caderno de Processos.....................................................................
82
4.3.2.5
Trilha da Coleta Seletiva..................................................................
83
4.3.3
Visitas Técnicas...............................................................................
85
4.3.3.1
Museu Memorial Minas Gerais Vale................................................
85
4.3.3.2
Centro de Arte Popular CEMIG........................................................
86
4.3.3.3
Centro de Artesanato Mineiro..........................................................
87
4.3.3.4
Centro de Arte Contemporânea Inhotim..........................................
88
4.3.3.5
Parque Estadual Serra do Rola Moça..............................................
89
4.3.4
Orientações Coletivas e Individuais.................................................
90
4.3.4.1
Apresentação dos Novos Produtos..................................................
94
4.3.5
Encerramento da Oficina de Processos Criativos............................
96
4.4
Oficina de Estratégias de Mercado..............................................
97
4.4.1
Atividades Expositivas.....................................................................
99
4.4.1.1
Design e Marketing..........................................................................
99
4.4.1.2
Embalagens e Ponto de Venda.......................................................
100
4.4.1.3
Inovação para Produtos Típicos......................................................
100
4.4.1.4
Turismo como Oportunidades de Negócios.....................................
102
4.4.1.5
Educação Financeira para Pequenos Empreendedores.................
103
4.4.2
Visitas Técnicas...............................................................................
104
18
4.4.2.1
Mercado Central de Belo Horizonte.................................................
104
4.4.2.2
Supermercado Verdemar Jardim Canadá.......................................
105
4.4.3
Encerramento da Oficina de Estratégias de Mercado.....................
106
4.4.4
Consultorias.....................................................................................
107
4.4.4.1
Apresentação das Propostas...........................................................
108
4.5
Resultados e Discussões..............................................................
109
4.5.1
Diagnóstico Participativo..................................................................
109
4.5.2
Perfil da Produção Artesanal...........................................................
115
4.5.3
Perfil do Turista em Macacos...........................................................
119
4.5.4
Análise das Oficinas de Capacitação...............................................
123
4.5.4.1
Resultados Quantitativos.................................................................
123
4.5.4.2
Grupo Artesania Águas Claras........................................................
126
4.5.4.3
Catálogo Artesania Águas Claras....................................................
127
4.5.4.4
Material Promocional para Produtos Típicos...................................
130
4.5.4.5
Campanhas de Mobilização Social..................................................
134
4.5.4.6
Iniciativas Empreendedoras na Comunidade..................................
135
5
CONCLUSÃO..................................................................................
139
REFERÊNCIAS...............................................................................
141
Bibliografia Complementar...........................................................
146
APÊNDICES
A
Questionário Inicial Oficina de Processos Criativos..................
148
B
Questionário Inicial Oficina de Estratégias de Mercado............
151
C
Questionário Pesquisa de Mercado sobre Turismo...................
154
D
Questionário Briefing para Produtos Típicos.............................
159
E
Questionário Avaliação Oficinas de Capacitação.......................
161
F
Catálogo Artesania Águas Claras................................................
163
19
INTRODUÇÃO
O mundo vem passando por mudanças radicais causadas pelo processo de
industrialização e uso indiscriminado dos recursos naturais. Os impactos ambientais,
econômicos e sociais são cada vez mais visíveis e requerem atitudes cada vez mais
criativas e inovadoras. Diante desse cenário global, esses fatores impactantes,
geram desigualdades por toda parte. A sociedade só poderá crescer e prosperar
quando prestar a devida atenção e encarar de forma consciente seus problemas.
Assim, para atender as necessidades de mudanças da sociedade surgem
iniciativas locais com o intuito de resolver os problemas do cotidiano, promovendo
métodos criativos de interação social, de forma sustentável. Essas iniciativas podem
ser consideradas exemplos de “Comunidades Criativas”, ou seja, grupos de pessoas
que realizam ações no intuito de resolver os problemas do dia-a-dia motivadas pelas
suas necessidades específicas. É através delas que acontece a mobilização local de
indivíduos em torno de atividades produtivas que possibilitam a inovação social,
trazendo melhorias em níveis econômico, ambiental, social e cultural como afirma
Cipolla (2012):
A definição de inovação social, consequentemente, indica também o
reconhecimento dos limites do modelo atual de produção e consumo,
considerando não somente termos ambientais, mas também questões
econômicas, sociais e institucionais. Apesar do fato de que inovações
sociais podem ser não planejadas ou acontecer espontaneamente, se
condições favoráveis forem criadas por meio do design, elas podem ser
encorajadas, empoderadas, reforçadas, ampliadas e integradas com
programas maiores para gerar mudanças sustentáveis (CIPOLLA, 2012, p.
65-66).
A proposta dessa pesquisa envolve o atendimento às demandas de
comunidades que buscam por soluções participativas e inovadoras para seus
problemas locais. Essas soluções são estabelecidas no contexto das contribuições
do design para produtos e serviços sustentáveis. Neste sentido, foi criado o
Programa Comunidades Criativas das Geraes (CCG) dentro das atividades do
Centro de Estudos em Design & Tecnologia (CEDTec) da Universidade do Estado
de Minas Gerais (UEMG), visando atender a estas comunidades e preparar seus
alunos e professores para atuação junto à comunidade, valorizando as pesquisas e
atividades práticas, materiais didáticos para a formação de novos profissionais,
20
coerentes com os recursos e conhecimentos de acordo com as diretrizes do
desenvolvimento sustentável.
A abordagem desenvolvida nesse trabalho procura associar o design, a
produção artesanal e o turismo por meio da cultura e dos valores territoriais
presentes na história e memória dessa comunidade, fazendo com que estes
elementos interajam na promoção do desenvolvimento sustentável da região de
forma criativa e inovadora. Através da aplicação das metodologias de design, buscase o desenvolvimento sustentável de iniciativas locais no âmbito da produção
artesanal associada ao turismo em São Sebastião das Águas Claras, também
conhecido como “Macacos”, distrito do município de Nova Lima, pertencente a
Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) em Minas Gerais.
Em 2011, o Brasil posicionou-se na 49º posição no âmbito global, e a RMBH
especificamente aparece como estratégica no estado e no país segundo o “Índice de
Competitividade em Viagens e Turismo”, Relatório Anual que mede a atratividade de
realização de investimentos ou desenvolvimento de negócios no setor de viagens e
turismo de um país publicado durante o World Economic Forum1 (WEFORUM). Já
em pesquisas realizadas em municípios da RMBH, o município de Nova Lima
destaca-se dentre as 65 regiões mais importantes no âmbito do turismo nacional,
apresentando um potencial crescente de investimentos e desenvolvimento de novos
negócios através do turismo, como aponta o “Índice de Competitividade do Turismo
Nacional” (BARBOSA, 2010). Assim, é possível perceber a importância do turismo
para o desenvolvimento de muitos municípios e regiões brasileiras.
Dentre os diversos produtos e serviços da cadeia produtiva do turismo,
destaca-se o artesanato como uma atividade de grande valor sociocultural e
econômico para o desenvolvimento de uma comunidade. Comunidades com
vocação natural e potencial turístico sustentam suas famílias e estimulam o
desenvolvimento local através da criação de produtos artesanais com técnicas
tradicionais de produções, que são passadas de geração em geração.
Atualmente, a valorização do artesanato cresce à medida que se busca nos
recursos transversais do design, o aprimoramento da produção artesanal através
dos domínios produtivos, tecnológicos e econômicos da atividade. Freitas (2011)
destaca que:
1
Em tradução para o português: Fórum Econômico Mundial.
21
Nos tempos atuais, o artesanato adquire novas dimensões que buscam
revitalizar a atividade. Ele é destacado como portador de elementos
culturais, simboliza a autenticidade e promove a educação. Do ponto de
vista econômico, é uma atividade que gera trabalho e renda, e adquire a
função social. Sob ambos os aspectos, é uma atividade que deveria
contribuir para a melhoria da qualidade de vida. O artesanato é um trabalho
que pode ser feito em qualquer lugar e em qualquer tempo (FREITAS, 2011,
p.38).
Dessa forma, identificou-se no artesanato uma oportunidade do designer
atuar no alinhamento entre o processo produtivo e o desenvolvimento local, a fim de
gerar novos negócios associados ao turismo, estimulando o artesão na criação de
produtos que valorizem o território, a identidade cultural e que tenham compromisso
com a ética, a sustentabilidade e a responsabilidade social.
O resgate da identidade e da cidadania em prol do desenvolvimento local,
seja através da criatividade ou de processos que priorizaram a inovação e a
sustentabilidade como solução para os problemas locais, apontam o design como
fator preponderante para a inovação social. Assim, percebe-se que as contribuições
do design envolvem aspectos que visam o ser humano ético, social, cultural e
ambiental, em um sistema de rede aprimorado por sua atuação.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo Geral
Verificar como o design pode facilitar o desenvolvimento sustentável de
iniciativas locais no âmbito da produção artesanal no distrito de São Sebastião das
Águas Claras (Macacos), Nova Lima/MG.
1.1.2 Objetivos Específicos

Mapear as relações sistêmicas entre comunidade, território e produção
artesanal.

Aplicar as metodologias de design na produção artesanal local.

Avaliar o papel do design como agente para o desenvolvimento
sustentável da produção artesanal de pequenos empreendedores locais.
22
1.2 Justificativa
O interesse em empreender uma pesquisa de mestrado surgiu a partir de
experiências acadêmicas adquiridas ao longo da graduação, através da participação
em projetos de pesquisa e extensão com interface design e artesanato. A saber,
Projeto Minas Raízes - Artesanato, Cultura e Design (2008 - 2011) e Programa
Comunidades Criativas das Geraes (2010 - 2013) pela Escola de Design e Projeto
Beira Linha - Artesanato e Renda (2009), realizado pela PUC Minas - São Gabriel.
Após a graduação, propostas profissionais de consultoria em design para projetos
relacionados a artesanato, e temáticas que envolviam empreendedorismo social e
sustentabilidade, motivaram a busca pela especialização em Gestão da Economia
Solidária e Desenvolvimento Sustentável em 2011.
Essas experiências bem sucedidas em pesquisas relacionadas ao design e
artesanato, realizadas em municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte
(RMBH), mais especificamente em Nova Lima, se fizeram oportunas para o
desenvolvimento de uma pesquisa aplicada que se configure instrumento capaz de
auxiliar a busca por soluções para os problemas da produção artesanal em
comunidades dentro de contextos específicos. Nesse sentido, o designer e consultor
Eduardo Barroso (1999) aponta que os problemas do artesanato brasileiro
abrangem desde os processos criativos, passando pelos processos produtivos até
gestão de mercado, comprometendo a sustentabilidade econômica, social e
ambiental da atividade produtiva.
Os
artesãos
brasileiros
devem
buscar
agregar
valor
e
diferenciar
qualitativamente seu trabalho (ou suas peças) para que consigam competir com o
artesanato proveniente de comunidades que possuem forte referencial cultural,
como os países asiáticos e africanos. Através da transferência de conhecimento
sobre metodologias de design, é possível agregar valores simbólicos ao produto
artesanal nacional e, consequentemente, obter um aumento expressivo de valor de
mercado, conferindo autonomia e sustentabilidade à atividade artesanal.
Existe uma tendência atual do mercado consumidor a valorizar produtos
únicos, com identidade cultural e comprometidos com a ética, a sustentabilidade e a
responsabilidade social. Acredita-se que a inserção destas características se
23
apresenta como oportunidade para a utilização do design como estratégia para o
desenvolvimento sustentável das iniciativas locais de cunho artesanal.
Em síntese, parte-se do pressuposto que o design pode contribuir de forma
inovadora para o fortalecimento de iniciativas locais que buscam o desenvolvimento
sustentável da atividade artesanal em sua comunidade. Espera-se assim, que esta
pesquisa possa contribuir para a ampliação do conhecimento no campo do design
em interface com artesanato, inovação social e desenvolvimento sustentável,
destacando sua interdisciplinaridade e transversalidade.
24
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo estabelece um referencial teórico que dará suporte ao leitor
quanto a definições e conceitos sobre design e suas relações transversais com
inovação social, produção artesanal, turismo e sustentabilidade sob o ponto de vista
de autores reconhecidos em suas áreas de atuação, destacando: Adélia Borges,
Eduardo Barroso, Ezio Manzini, Dijon Moraes, Octavio Paz e John Thackara entre
outros.
2.1 Comunidades Criativas no Âmbito da Inovação Social
A partir da definição do dicionário Houaiss (2009), comunidade é um grupo de
pessoas que vivem em conjunto estabelecendo ou não interesses comuns. Para o
sociólogo alemão Max Weber (1973), comunidade é um conceito abrangente que se
fundamenta nas relações afetivas, emotivas e tradicionais.
Comunidade só existe propriamente quando, sobre a base desse
sentimento (da situação comum), a ação está reciprocamente referida – não
bastando a ação de todos e de cada um deles frente à mesma circunstância
– e na medida em que esta referência traduz o sentimento de formar um
todo (WEBER, 1973, 142).
A criatividade é a capacidade funcional de gerar soluções novas através do
enfrentamento dos problemas com uma ótica diferente (HOUAISS, 2009). Nesse
sentido, o psicólogo norte americano Ellis Paul Torrance (1976), considerado um dos
maiores investigadores em criatividade, afirma:
A criatividade é o processo de tornar-se sensível a problemas, deficiências,
lacunas no conhecimento, desarmonia; identificar a dificuldade, buscar
soluções, formulando hipóteses a respeito das deficiências; testar e retestar
estas hipóteses; e, finalmente, comunicar os resultados (TORRANCE,
1976).
Ana Meroni (2007) cunhou a expressão “Comunidades Criativas2” e a define
como um grupo de pessoas que, de forma colaborativa, inventam, aprimoram e
gerenciam soluções inovadoras para novos modos de vida. Na tentativa de um estilo
2
Tradução do termo original em inglês Creative Communities.
25
de vida sustentável, as “Comunidades Criativas” são iniciativas locais que fazem
bom uso das fontes territoriais que promovem uma nova forma de interação social,
com o intuito de resolver os problemas da vida cotidiana contemporânea.
As “Comunidades Criativas” realizam ações no intuito de modificar os
modelos de pensar e fazer, atuando com novas propostas e melhorias (MANZINI,
2008). É através delas que acontecem as mobilizações locais de indivíduos em torno
de atividades produtivas que possibilitam a inovação social, trazendo melhorias nos
âmbitos econômico, social, ambiental e cultural. Assim, “Comunidades Criativas” se
configuram como exemplo de inovação social, conforme define Manzini (2008):
O termo inovação social refere-se a mudanças no modo como indivíduos ou
comunidades agem para resolver seus problemas ou criar novas
oportunidades. Tais inovações são guiadas mais por mudanças de
comportamento do que por mudanças tecnológicas ou de mercado,
geralmente emergindo através de processos organizacionais “de baixo para
cima” em vez de daqueles “de cima para baixo” (MANZINI, 2008, p.61).
Nesse contexto de mudanças e inovações, o design desenvolve um papel de
potencializador através do entendimento de suas formas criativas de organização
e/ou de produção, possibilitando o aprimoramento de conhecimentos, técnicas e
ferramentas. Para Manzini (2008), em muitos casos, a criatividade se expressa no
desenvolvimento de atividades que denominam-se “colaborativas”, como acontece
com algumas atividades de produção, fundamentadas nas aptidões e recursos de
um lugar específico.
As “Comunidades Criativas” são fortemente enraizadas em uma região e isso
faz com que esses grupos possam obter uma utilização e/ou reutilização das fontes
locais disponíveis. Os empreendimentos sociais, assim como as “Comunidades
Criativas”, por serem organizações sociais complexas, não podem ser planejadas de
maneira tradicional (MANZINI, 2008). Exigem um ambiente propício para que
floresçam e criem seus próprios produtos e serviços. Nesse sentido, John Thackara
(2008) afirma:
Entre os fatores de sucesso dos projetos de design para localidades, os
mais importantes são um contexto do mundo real; uma orientação para
serviços; um requisito de conectar os participantes em novas combinações
e explorar os efeitos da rede de relacionamentos; e, acima de tudo, uma
insistência em que o trabalho em equipe inclua pessoal local e garanta,
sempre que possível, que o conhecimento especializado desenvolvido seja
disponibilizado localmente após o fim do projeto (THACKARA, 2008, p.124).
26
Para que o trabalho do designer seja efetivo e proveitoso nesses
empreendimentos sociais, é necessária uma abordagem sistêmica demonstrando
que formas de organização social que valorizam iniciativas criativas encontram-se
cada vez mais apreciadas dentro de uma demanda social que busca por um modelo
de vida sustentável.
2.2 Interface Design e Produção Artesanal
As relações entre design e produção artesanal surgem a partir da
sistematização das categorias ou grupos de produção. O "fazer artesanal" é
precursor dos processos industriais, trazendo na sua essência a criação de objetos,
assim como o design, que atendessem as necessidades do dia-a-dia dos seus
usuários. Ao contrário das tendências high tech3, muito exploradas no design, o
artesanato segue uma linha low tech4, na qual se pode identificar a procedência da
matéria-prima, a qualidade dos insumos utilizados, a capacitação da mão de obra e
o emprego de novas tecnologias de baixo impacto.
O design, desde a sua origem, perpassou pelas manufaturas e contribuiu para
que os processos culminassem em linhas de produção. Na definição adotada pelo
International Council of Societies of Industrial Design5 (ICSID):
O design é uma atividade criativa cujo objetivo é estabelecer as
características multifacetadas de objetos, processos, serviços e seus
sistemas em ciclos de vida completos. Portanto, o design é fator central da
humanização inovadora das tecnologias e fator crucial do intercâmbio
cultural e econômico (ICSID, 2012).
Por muito tempo, o design foi percebido como atividade que contempla, com
seus esforços, apenas o desenho industrial, no contexto de um ambiente puramente
comercial que visa a melhoria estética e a qualidade técnica do produto, tendo como
foco principal o aumento das vendas e a geração de lucros para seus produtores. No
entanto, “o design rapidamente deixa de conceber apenas produtos de uso
doméstico e passa a incluir processos, sistemas e organizações” (NEUMIER, 2010
p.13).
3
High tech é uma expressão em inglês utilizada para designar tecnologia de alta performace.
Low tech é uma expressão em inglês utilizada para designar tecnologia de baixo impacto.
5
Em tradução para o português: Conselho Internacional de Sociedades de Design Industrial.
4
27
O design tem como uma de suas principais características a capacidade de
diálogo e mediação com outras áreas na busca por soluções para os problemas
complexos dos dias atuais. Para Barroso (1999) “o design deve ser entendido como
uma forma holística de solução de problemas tendo como objetivo principal de sua
intervenção compatibilizar interesses e necessidades daqueles que produzem com
aqueles que consomem” (BARROSO, 1999, p.6).
Atualmente a prática do design está relacionada ao desenvolvimento da
inovação e da sustentabilidade. Através da utilização do design, é possível
transformar necessidades e desejos humanos em produtos e sistemas criativos e
eficazes, adequados não somente do ponto de vista econômico, mas também social,
cultural e ambiental, como coloca Manzini (2008):
Nessa perspectiva, os designers podem ser parte da solução, justamente
por serem os atores sociais que, mais do que quaisquer outros, lidam com
as interações cotidianas dos seres humanos com seus artefatos. São
precisamente tais interações, junto com as expectativas de bem-estar a elas
associadas, que devem necessariamente mudar durante a transição rumo à
sustentabilidade (MANZINI, 2008, p.16).
E, num sentido mais abrangente, Barroso (2001a) destaca que:
O design pode, e deve, transcender sua dependência exclusiva do sistema
produtivo, transformando-se em agente de mudança, contribuindo para a
viabilização de uma agenda de desenvolvimento comprometida com o
resgate da dívida social (BARROSO, 2001a, p.1).
O sociólogo italiano Domenico de Masi (2005) apud Alves e Ferraz (2005),
aponta uma tendência mundial para inovação do artesanato através do investimento
em design. A união do design com o artesanato gera grandes possibilidades
mercadológicas, uma vez que o design dispõe de metodologias e ferramentas que
aperfeiçoam a produção artesanal como diferencial competitivo a qual agrega traços
da diversificada identidade cultural brasileira.
A gestação de objetos com clara identidade dos lugares em que são feitos
passa não apenas pela manutenção e desenvolvimento das técnicas e
materiais locais, mas também por sua linguagem – domínio em que o
design tem muito a oferecer. Essa demanda surge principalmente nos
lugares em que a prática é mais recente ou em que o artesanato se
encontra mais descaracterizado (BORGES, 2011, p. 97).
28
Direcionar o foco da prática do design para o resgate e a valorização da
cultura na produção artesanal é uma das possíveis maneiras de aplicação dos
princípios do design num contexto social. Barroso (1999) afirma que o designer deve
realizar pesquisas socioculturais e iconográficas e, assim, identificar os valores
regionais para o desenvolvimento de produtos com identidade própria e padrões de
qualidade mais elevados para serem vendidos em novos mercados sem, no entanto,
interferir nos aspectos tradicionais do processo artesanal.
Quando ocorre a parceria entre design e artesanato, o artesão deve ser
estimulado a pensar e a resolver seus problemas locais a partir de uma nova
perspectiva. O designer colabora com sua competência, seus valores e suas
ferramentas projetuais, atuando como articulador no setor produtivo artesanal. “O
papel do designer é adequar o produto, tendo em vista as possibilidades do
mercado” (BORGES, 2011, p.75).
2.3 Origens e Definições do Artesanato
O artesanato está ligado à história do homem e à sua necessidade de
produzir utensílios e adornos de uso cotidiano desde os tempos mais remotos.
Valendo-se da criatividade diversas soluções artesanais permitiram que o homem
avançasse na história expandindo suas habilidades artísticas e técnicas. Os mais
antigos indícios da existência do artesanato são datados de 6000 a.C. quando o
homem aprendeu polir a pedra, fabricar cerâmicas e tecer fibras de animais e
vegetais.
No Brasil, a atividade artesanal teve surgimento com as práticas indígenas.
Suas manifestações mais expressivas se davam na arte da pintura, utilizando
pigmentações naturais, cestaria, cerâmica e ornamentos usando penas e plumas de
aves. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006), das 16
atividades artísticas desenvolvidas no país, o artesanato está presente em 64,3%
dos municípios brasileiros. Das técnicas artesanais mais representativas no país, o
bordado é a mais recorrente (75,4%), seguida por atividades com madeira (39,7%),
barro (21,5%) e material reciclável (19,5%).
De acordo com o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de
Minas Gerais (IEPHA/MG, 2008), o artesanato é um bem cultural, uma vez que
29
representa o próprio processo de formação da cultura no território, vetor de valores
que podem se tornar legados à sociedade no futuro. O artesanato, portanto, pode
ser considerado uma das principais manifestações culturais no Brasil na atualidade.
O objeto artesanal é produzido à mão com ferramentas e equipamentos
rudimentares, utilizando técnicas transmitidas através de gerações, e matéria-prima
geralmente abundantes na região. Conforme definição adotada pela United Nations
Educational, Scientific and Cultural Organization6 (UNESCO), durante o “Simpósio
Internacional UNESCO”:
Produtos artesanais são aqueles confeccionados por artesãos, seja
totalmente a mão, com o uso de ferramentas ou até mesmo por meios
mecânicos, desde que a contribuição direta manual do artesão permaneça
como o componente mais substancial do produto acabado. Essas peças
são produzidas sem restrição em termos de quantidade e com uso de
matérias-primas de recursos sustentáveis. A natureza especial dos produtos
artesanais deriva de suas características distintas, que podem ser utilitárias,
estéticas, artísticas, criativas, de caráter cultural e simbólicas e significativas
do ponto de vista social (UNESCO, 1997).
Eduardo
Barroso
(2001b),
designer
responsável
pelas
primeiras
sistematizações da produção artesanal no Brasil, propôs a seguinte definição para o
artesanato durante o “Seminário Internacional Design sem Fronteiras” realizado na
cidade de Bogotá, na Colômbia, em 1996:
Podemos compreender como artesanato toda atividade produtiva de objetos
e artefatos realizados manualmente, ou com a utilização de meios
tradicionais ou rudimentares, com habilidade, destreza, apuro técnico,
engenho e arte (BARROSO, 2001b, p.3).
O escritor mexicano Octavio Paz (2006) afirma que “o artesanato está no
centro de uma balança que pesa a beleza e a utilidade, a arte e a tecnologia. O
artesanato pertence a um mundo anterior à distinção entre o útil e o belo” (PAZ,
2006, p.82). Entendido por uns como expressão artística e, por outros como,
atividade produtiva, o certo é que as manifestações artesanais traduzem a cultura e
a capacidade criativa do homem comum, estabelecendo ligação com sua
comunidade e seu lugar de origem.
6
Em tradução para o português: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura.
30
2.4 Sistematização da Atividade Artesanal
O artesanato apresenta uma infinidade de usos, materiais, técnicas e
processos, o que torna sua abordagem bastante extensa e complexa. Numa
tentativa de sistematizar a atividade artesanal, Barroso (2001b) definiu os termos
mais utilizados pelos profissionais do setor, que posteriormente foram adotados pelo
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) no
documento intitulado “Termo de Referência - Programa SEBRAE de Artesanato”. No
documento são expostos vários conceitos sobre artesanato, estabelecendo
categorias de classificação relacionadas a (a) função, (b) origem, (c) organização e
(d) tipologia (SEBRAE, 2004).
2.4.1 Classificação por Função
O artesanato pode ser classificado segundo seu modo de uso ou de acordo
com sua função. Na proposta apresentada pelo “Termo de Referência” (SEBRAE
2004, p.23) estas categorias são:

Adornos e Acessórios: quando as peças são desenvolvidas para uso
pessoal
tais
como:
bijuterias,
bolsas
e
cintos,
quase
sempre
acompanhando as tendências da moda.

Conceitual: quando o objeto expressa alguma ideia ou conceito de quem
o produziu. Geralmente, produzido por artistas plásticos ou designers.

Decorativo: quando o artefato é produzido com o intuito de embelezar
algum espaço ou ambiente. Nesta categoria, encontram-se as esculturas,
quadros, almofadas, etc.

Educativo: quando o objeto é destinado às práticas pedagógicas. Um bom
exemplo são os jogos de memorização que educam e divertem ao mesmo
tempo.

Litúrgico: quando o objeto é destinado a alguma atividade ritualística ou
para demonstração de crenças e da fé. São os castiçais, oratórios,
santos, etc.
31

Lúdico: quando a função principal do objeto é entreter crianças e adultos
ou
para
representação
do
imaginário
popular.
Nesta
categoria,
encontram-se carrinhos, bonecas, casinhas, etc.

Utilitário: quando o produto é desenvolvido para servir a alguma
necessidade doméstica. Potes, jarros, caixas e cestarias são exemplos
desta categoria.
2.4.2 Classificação por Origem
Também é possível classificar o artesanato segundo sua origem. Esta
categoria, de acordo com o “Termo de Referência” (SEBRAE, 2004, p.21) se
apresenta conforme sua procedência:

Arte Popular: a arte popular é a matriz cultural em que se forja o
artesanato tradicional. É fonte de inspiração e de referência para o
artesanato contemporâneo e para o design. Por essa razão, deve ser
preservada e promovida de modo diferenciado.

Artesanato Indígena: conjunto de objetos produzidos em uma comunidade
indígena por seus próprios membros. São, em sua maioria, feitos por um
grupo de pessoas coletivamente, e incorporados ao cotidiano da vida
tribal.

Artesanato Tradicional: conjunto de artefatos mais expressivos da cultura
de um determinado grupo social, representativo de suas tradições,
incorporados à sua vida cotidiana. Sua produção em geral é de origem
familiar ou realizada em pequenas oficinas. Sua importância e valor
cultural decorrem do fato de ser transmitido de geração em geração,
preservando técnicas, tradições, usos e costumes.

Artesanato Conceitual: objetos produzidos por pessoas com alguma
formação artística, de nível educacional e cultural mais elevado.
Geralmente de origem urbana, resultante de um projeto deliberado ou da
afirmação de um estilo de vida. A inovação é o elemento principal de
diferenciação das demais categorias de artesanato.
32

Artesanato de Referência Cultural: são produtos cuja característica é a
incorporação de elementos culturais tradicionais da região onde são
produzidos. São, em geral, resultantes de uma intervenção planejada de
designers, em parceria com os artesãos, com o objetivo de diversificar a
oferta artesanal, porém sem a perda de suas características essenciais.

Produtos Típicos: em geral, são produtos alimentícios processados
segundo métodos tradicionais, em pequena escala, muitas vezes em
família ou por um determinado grupo ligado às tradições culturais
direcionados principalmente para o turismo. Licores, geleias, compotas,
cachaças e doces cristalizados são exemplos de produtos típicos
brasileiros.

Artesanato Doméstico: são produtos que exigem destreza, habilidade e
paciência de quem os produz. Utilizam moldes e padrões pré-definidos,
resultando em produtos de estética pouco elaborada. Em geral, não
possui vínculo com a cultura local e não constitui a atividade principal
daqueles que produzem, sendo, em geral, uma ocupação para a
complementação da renda familiar, ou mesmo, um passatempo.

Artesanato Utilitário: objetos produzidos para satisfazer necessidades do
dia-a-dia, por falta de condições financeiras ou acesso ao produto
industrial. São produtos sem preocupações estéticas, geralmente com
formas simples, utilizando matéria-prima disponível na região. São
encontrados em feiras e mercados de cidades do interior, muitas vezes,
utilizados como moeda de troca por outras mercadorias.

Artesanato de Grande Escala: são produtos fabricados em série, porém
utilizando mão-de-obra artesanal, notadamente nas fases de acabamento,
permitindo assim que cada produto tenha suas características próprias
diferenciadas. Geralmente, são lembranças de viagem ou souvenires
religiosos destinados aos turistas de baixo poder aquisitivo, como por
exemplo, em viagens de cunho religioso.
33
2.4.3 Classificação por Organização
Ainda de acordo com o “Termo de Referência” (SEBRAE, 2004, p.26), os
artesãos ou grupos de artesãos são classificados segundo a forma de organização
do trabalho:

Mestre Artesão: indivíduo que se destaca em seu ofício, conquistando
admiração e respeito não somente de seus aprendizes e auxiliares
artesãos, como também dos clientes e consumidores. Sua maior
contribuição é repassar, para as novas gerações, técnicas artesanais e
experiências fundamentais de sua atividade.

Artesão: é o indivíduo que possui conhecimentos técnicos sobre os
materiais, ferramentas e processos de sua especialidade, dominando todo
o processo produtivo.

Aprendiz: é o auxiliar das oficinas de produção artesanal, encarregado de
elaborar partes do trabalho e que se encontra em processo de
capacitação.

Artista: desenvolve em seu trabalho uma coerência temática demonstrada
em seu compromisso de criar sempre coisas novas e ir além do já
conhecido.

Núcleo de Produção Familiar: a força de trabalho é constituída por
membros de uma mesma família, alguns com dedicação integral e outros
de forma parcial ou temporária. A coordenação dos trabalhos é exercida
pelo chefe de família, que organiza os trabalhos de filhos, sobrinhos e
outros parentes. Em geral, não existe um sistema de pagamentos préfixados,
sendo
as
pessoas
remuneradas
de
acordo
com
suas
necessidades e disponibilidade de um caixa único.

Grupos de Produção Artesanal: agrupamentos de artesãos que atuam no
mesmo segmento artesanal e que se valem de acordos informais, como
aquisição de matéria-prima, estratégias promocionais conjuntas e
produção coletiva.

Empresa Artesanal: são núcleos de produção que evoluíram para a forma
de micro ou pequenas empresas, com personalidade jurídica, regida por
34
um contrato social. Como qualquer empresa privada busca vantagens
comerciais para continuar a existir. Emprega artesãos e aprendizes
encarregados da produção remunerados, em geral, com um salário fixo
ou uma pequena comissão sobre as vendas.

Associação: é uma instituição de direito privado sem fins lucrativos,
constituída com o objetivo de defender e zelar pelos interesses de seus
associados. É regida também por estatutos sociais, com uma diretoria
eleita em assembleia para períodos regulares.

Cooperativa: são associações de pessoas, nunca inferior a 20
participantes, que se unem para alcançar benefícios comuns, em geral,
para organizar e normatizar atividades de interesse comum. O objetivo
essencial de uma cooperativa na área do artesanato é a busca por maior
eficiência na produção com ganho de qualidade e por competitividade em
virtude da redução de custos na aquisição de matéria-prima, no
beneficiamento, no transporte, na distribuição e venda dos produtos.
2.4.4 Classificação por Tipologia
O artesanato também pode ser classificado em função da matéria-prima
utilizada. Segundo o “Termo de Referência” (SEBRAE, 2004, p.24), “as matériasprimas podem ser de origem mineral, vegetal ou animal, podendo ser utilizadas em
seu estado natural, processadas ou serem decorrentes de processos de
reciclagem/reaproveitamento”. As principais matérias-primas utilizadas no Brasil são:

Barro: utilizado para a produção dos mais variados tipos de cerâmicas
(terracotas, porcelanas e faianças), tais como: louças, potes, vasos,
esculturas, etc.

Couro: de origem bovina, caprina, suína, réptil, entre outras utilizadas na
fabricação de produtos de uso rural como selas, gibões e chapéus; e
produtos urbanos como calçados, bolsas e acessórios de moda.

Fibra: as mais comuns são as fibras da taboa, buriti, côco, carnaúba,
babaçu, sisal, junco, juta, cipó, bambu, vime, palha de milho e folha de
bananeira, utilizadas na produção de cestarias, tapetes, móveis, etc.
35

Fio: os mais utilizados são a lã e o algodão, que podem ser empregados
na tecelagem de redes, mantas, colchas, tapetes ou na produção de
crochês, tricôs e peças bordadas.

Madeira: é um material amplamente utilizado na produção de móveis,
objetos decorativos, esculturas, brinquedos, instrumentos musicais e
construção de canoas e pequenas embarcações.

Metal: os mais utilizados são alumínio fundido, bronze, cobre, ferro e
prata, empregados na produção de facas, ferraduras, cabideiros,
castiçais, panelas, canecas, joias e bijuterias, entre outros.

Pedra: são as pedras semipreciosas, granitos, mármores, pedra-sabão,
sendo essa muito utilizada na produção de peças decorativas pela
facilidade de manuseio.

Vidro: é utilizado na fabricação de produtos utilitários, tais como: copos,
garrafas, jarras, vasos e em peças decorativas como luminárias, vitrais,
mosaicos e esculturas.

Outros: borrachas, papéis, ceras, parafinas, ossos, chifres, penas,
sementes e materiais industriais reciclados também são utilizados na
produção dos mais diversos objetos artesanais.
2.5 Valor de Estima do Objeto Artesanal
O valor de uso de um objeto é a sua capacidade de satisfazer necessidades
humanas referentes à sua funcionalidade prática. Segundo Marx (1980), a utilidade
de um objeto é que confere um valor de uso, e este só se concretiza com a
utilização ou o consumo. O valor de estima é detentor de qualidades mais
subjetivas, condicionadas à hermenêutica, a disciplina da interpretação, ou seja, à
semântica. De acordo com Krippendorff (1990):
Se o significado de um objeto não está claro para nós, nós podemos nos
sentir convidados a explorar ou brincar com ele até que tenhamos adquirido
uma compreensão prática sobre ele. Desta forma, o significado de algo não
reside na sua superfície. Ele emerge no uso, com a prática, a prática de
viver o ambiente e contextos específicos, toda vez que nós cognitivamente
conectamos nossas ações e percepções em uma perspectiva circular. Os
significados então construídos apoiam nosso modo de viver, penetrando a
superfície tão fundo quanto nosso conhecimento pode chegar, e envolvendo
36
nossa capacidade cognitiva
(KRIPPENDORFF, 1990).
quanto
mais
interagirmos
com
ele
Tanto a estima quanto a cognição são sistemas de processamento de
informações, que, no entanto possuem funções distintas. O sistema afetivo faz
julgamentos e rapidamente ajuda a determinar os objetos no ambiente que são
perigosos ou seguros, bons ou maus. O método cognitivo interpreta e explica o
sentido lógico do mundo. A emoção é a experiência consciente do afeto, completa
com a atribuição de sua causa e identificação de um objeto.
Para compreender o verdadeiro significado do consumo de determinado
produto, é preciso entender as motivações da compra de um objeto. Nesse contexto,
pode-se afirmar que além das necessidades funcionais de usabilidade, utilidade e
forma procuradas no objeto, outros valores também influenciam nessa escolha.
Como afirma Norman (2008), a emoção é um elemento necessário da vida, afetando
a maneira como nos sentimos, comportamos e pensamos. A emoção está sempre
fazendo juízos de valor, apresentando informações imediatas a respeito do mundo.
Os objetos em nossas vidas são mais que meros bens materiais. Tem-se
orgulho deles, não necessariamente porque estejamos exibindo nossa riqueza ou
status, mas por causa dos significados que eles trazem para nossas vidas. Um
objeto favorito é um símbolo, que induz a uma postura mental positiva, um lembrete
que nos traz boas recordações, ou por vezes uma expressão de nós mesmos. E
esse objeto tem uma história, uma lembrança e algo que nos liga pessoalmente
àquele objeto em particular, àquela coisa em particular (NORMAN, 2008, p.26).
Na sociedade contemporânea, o artesanato adquire novas funções além das
tradicionais, advindas da valorização dos consumidores de produtos portadores de
referências regionais, nacionais e étnicas. Octavio Paz (2006) afirma que “o objeto
feito à mão é um signo que expressa a sociedade humana de uma forma própria:
não como ferramenta (tecnologia), não como símbolo (arte, religião), mas como uma
forma de vida física e simbiótica” (PAZ, 2006, p.3).
Nesse contexto, cresce a valorização do artesanato como portador de novos
significados. O aspecto funcional do produto deixa de ser relevante à medida que
cresce seu valor no mercado. Um objeto artesanal carrega em si uma série de
significados atribuídos por seus consumidores. Estes significados surgem, quase
sempre, pela associação do artesanato aos valores culturais ligados ao seu
37
território. Segundo Moraes (2010), o produto artesanal, ao comunicar os elementos
culturais e sociais ligados a seu território, permite ao consumidor apreciar e valorizar
sua história de maneira correta.
No momento da compra de um produto artesanal, o consumidor é levado pela
emoção, pelo desejo, pelo impulso. As informações sobre a história do lugar, do
contexto da produção, da pessoa que fez aquele produto, podem ter um valor para
quem a adquire, o que gera um valor simbólico de estima muito grande por aquele
objeto, como reforça Moraes (2010):
Os produtos locais são manifestações culturais fortemente relacionados ao
território e a comunidade que os produziu. Esses produtos representam os
resultados de uma rede tecida ao longo do tempo, que envolve recursos da
biodiversidade, modos de fazer tradicionais, costumes e também hábitos de
consumo (MORAES, 2010, p. 39).
A escolha por determinado objeto acontece a partir de uma profusão de
valores que permeia as decisões do consumidor cotidianamente. Para Barroso
(1999, p.21), “o conteúdo simbólico do artesanato está intrinsecamente ligado ao
seu valor de uso, devendo, pois ser entendido, respeitado e valorizado”. A partir
disso, pode-se pensar que existe não uma, mas várias lógicas que orientam o
consumo do artesanato e que elas estão associadas aos mais diversos valores, tais
como: a tradição, a arte, o indivíduo, o regionalismo, o nacionalismo, entre outros.
2.6 Identidade Cultural no Contexto do Artesanato
O significado de identidade cultural está relacionado ao sentimento de
pertencimento a um grupo social, lugar ou território. Do ponto de vista antropológico,
a identidade cultural de um grupo social é constituída pelo seu espaço territorial e
por objetos, adornos, vestimentas, culinária, música, costumes, folclore, mitos, ritos,
religião, moral e ética capazes de distinguir um determinado grupo dos demais.
O sentimento de pertinência que cada ser humano experimenta não está
ligado apenas as suas origens e heranças, mas também as suas sucessivas
e deliberadas escolhas e aquisições. A partir de suas opções individuais
podemos então falar de identificação cultural que com o tempo pode vir a
configurar uma identidade própria (BARROSO, 1999, p.5).
38
Como o processo de globalização, a identidade cultural de um grupo se
tornou um processo vivo e dinâmico, de construção continuada. Barroso (1999)
afirma que “quanto maior esta dinâmica, maior será a capacidade de sobrevivência e
de renovação de uma nação” A identidade de um indivíduo não estaria ligada
apenas a um território, mas também a sua história, conforme afirma Octavio Paz
(2006).
Os artesãos não têm pátria: suas verdadeiras raízes estão nas suas vilas
nativas – ou mesmo em um único quarteirão, ou em suas famílias. Os
artesãos nos defendem da uniformidade artificial da tecnologia e da
improdutividade da geometria: ao preservar as diferenças, eles preservam a
fertilidade da história (PAZ, 2006, p.4).
Adélia Borges (2003) acredita que existe uma busca dos consumidores por
objetos que possuam identidade, diferenciação e referência cultural de seus
produtores. Para ela, o artesanato é a representação da identidade de uma
comunidade, impregnado de valor cultural.
O artesanato exprime um valioso patrimônio cultural acumulado por uma
comunidade ao lidar, através de técnicas transmitidas de pai para filho, com
materiais abundantes na região e dentro de valores que lhe são caros. Por
tudo isso, ele acaba se tornando um dos meios mais importantes de
representação da identidade de um povo (BORGES, 2003, p.63).
Em síntese, pode-se entender que o artesanato está intimamente ligado à
cultura de um grupo ou sociedade. O produto deve ter uma clara identificação com
sua origem, representando a cultura e o território da sua comunidade. Barroso, no
entanto, alerta que “um produto artesanal, por melhor que seja, deve vir
acompanhado de algo que o contextualize, que o localize no tempo e no espaço”
(BARROSO, 1999, p.21). A identidade cultural assim, pode se configurar como um
diferencial competitivo para o produto artesanal, viabilizando o desenvolvimento
sustentável do artesanato numa determinada região.
2.7 Inovação em Produção Artesanal
A palavra inovação é derivada do termo latino innovatio, e se refere a uma
ideia, método ou objeto que é criado e que não estabelece relação com padrões
anteriores. Segundo o dicionário Houaiss (2009), o sentido de inovação está
39
relacionado à concepção de algo novo ou a um modo de fazer diferente do que era
feito anteriormente. A inovação é a invenção que chega ao mercado, como afirma
Engler (2009):
A inovação é a invenção que deu certo, quer dizer, aquela que foi
produzida e aceita no mercado, vendeu, e, portanto, fez diferença,
influenciou ou facilitou a vida de alguém e gerou riqueza. Mas, hoje em
dia, para gerar riqueza é necessário que ela seja sustentável, que seja
capaz de reproduzir de forma social, ecológica e financeiramente correta
(ENGLER, 2009, p.66).
A inovação em produção artesanal está relacionada aos processos de
produção, design e sustentabilidade. Segundo o “Termo de Referência” (SEBRAE,
2004, p.35), a inovação da produção artesanal pode ocorrer:

Ao criar um novo produto ou uma coleção de produtos.

Ao substituir uma matéria-prima escassa por outra mais abundante na
região.

Ao trocar instrumentos de trabalho por outros mais eficazes.

Ao utilizar novas ferramentas que facilitem o trabalho.

Ao mudar as técnicas ou processos por outros mais produtivos.

Ao alterar a forma, a aparência e/ou a função.

Ao apresentar os produtos em uma nova abordagem.

Ao agregar valores da cultura material e imaterial.
Nesse sentido, os designers têm muito a contribuir, uma vez que sempre
estabeleceram conexões entre a sociedade e a tecnologia (MANZINI, 2008). O
designer pode cooperar para a valorização de produtos locais ao empregar
tecnologias muito utilizadas no design. Moraes (2010) destaca as competências
transversais que o design pode oferecer à produção artesanal:
Uma estratégia de comunicação efetiva pode contribuir para a valorização
de qualidades envolvidas na produção, na comercialização e no próprio
consumo. Em outras palavras, o designer pode contribuir para trazer
visibilidade ao produto e a seus elementos reduzindo a opacidade do
sistema de distribuição e comercialização e aproximando o produtor do
consumidor (MORAES, 2010, p.37).
40
Os processos de criação de um novo produto ou de inovação de um produto
já existente constituem-se em uma atividade complexa, que requer a colaboração de
designers totalmente comprometidos com a ética e a responsabilidade social. O
designer alemão Alexander Neumeister reforça essa ideia:
Torna-se necessária a formulação de uma nova proposta de ética
profissional para os designers embasada na conscientização do equilíbrio
precário de nosso planeta, das relações existentes entre os homens e seu
meio, entre presente e passado, entre tradição e inovação, entre identidade
cultural e perspectiva global (NEUMEISTER, 1999 apud BARROSO, 1999,
p.20).
Ao participar do desenvolvimento de um produto, os designers precisam
demonstrar sensibilidade e se “abster de expressar seu gosto pessoal ou suas
preferências estéticas. Do mesmo modo, um designer envolvido com a concepção
de produtos artesanais não deve projetar para o artesão” (SEBRAE, 2004, p.52). O
ideal é que estes atuem em parceria com os artesãos, respeitando sua imaginação,
sua cultura, seu local e origem de seus conhecimentos.
2.8 Sustentabilidade da Produção Artesanal
A definição de sustentabilidade parte do equilíbrio entre os aspectos
ambientais, econômicos e sociais, visto que são elementos intrínsecos a um mesmo
processo. Para Zylbersztajn e Lins (2010), os sistemas produtivos não funcionam
sem capital financeiro, capital natural e capital humano integrados e em doses
adequadas. Manzini (2008) questiona se realmente deve-se considerar sustentável
uma sociedade em que as necessidades mais básicas são atendidas sem
considerar os altos custos ambientais, econômicos e sociais. “A sustentabilidade
significa planejar ações para que as pessoas retomem o controle das situações, em
vez de substituí-las pela tecnologia” (THACKARA, 2008, p.34).
Ao longo das últimas décadas, o conceito de sustentabilidade vem
acompanhando a evolução da conscientização da população mundial, de acordo
com os progressos tecnológicos e os problemas decorrentes dos mesmos. A
definição
apresentada
pela
Comissão
Mundial
sobre
Meio
Ambiente
e
41
Desenvolvimento em 1987, durante a elaboração do “Relatório Brundtland7”,
conceituou, sustentabilidade como “o desenvolvimento capaz de suprir as
necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade de atender as
necessidades das futuras gerações” (BRUNDTLAND, 1991). Assim, pode-se
entender a estrutura de desenvolvimento sustentável como:
O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração
atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem
as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora
e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e
econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo,
um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os
habitats naturais (BRUNDTLAND, 1991).
O desenvolvimento sustentável se baseia no pilar ambiental, econômico e
social. Todos estão intrinsecamente relacionados, mas ainda assim, é possível
compreendê-los em si mesmos:

Sustentabilidade Ambiental: compreende a conservação dos elementos e
funções do ecossistema de modo sustentável, isto é, a capacidade que o
meio ambiente tem de manter as condições de vida para todos os outros
seres vivos.

Sustentabilidade Econômica: é a capacidade de produção, distribuição e
utilização equitativa das riquezas produzidas pelo homem, e num sentido
mais amplo, a base para a manutenção de uma sociedade mais justa,
estável e igualitária.

Sustentabilidade Social: está relacionada ao bem estar, ao respeito e aos
diretos dos seres humanos, ou ainda, à mudança de atitude, à quebra de
paradigmas e, principalmente, à busca de ações e soluções que possam
contribuir para o desenvolvimento humano.
Mais recentemente, a sustentabilidade cultural passou a ser discutida e
proposta por especialistas da área. Em 2001, o australiano Jon Hawkes lançou o
livro “Quarto Pilar da Sustentabilidade: O Papel Essencial da Cultura no
“Relatório Brundtland” é o nome extraoficial do relatório intitulado “Nosso Futuro Comum” devido ao
fato de ter sido conduzido pela líder internacional Gro Harlem Brundtland (política, diplomata e
médica norueguesa).
7
42
Planejamento Público”, e apesar de ainda não integrada oficialmente ao conceito de
desenvolvimento sustentável, a cultura é peça fundamental da sustentabilidade por
seu valor inestimável para avaliar o passado e planejar o futuro (REIS, 2008). A
cultura é um valor que pode promover o desenvolvimento local e revitalizar
territórios, gerando empregos e qualidade de vida para a população local.
Os valores são essenciais para a criação de riqueza – e também serão
centrais para a transição da sustentabilidade. Os relacionamentos humanos
e sociais são frequentemente ignorados, mas agora precisam ser postos em
evidência. Enquanto vários valores são compartilhados em culturas em todo
o mundo, a comunidade do desenvolvimento sustentável deve aprender a
reconhecer – e a trabalhar com – a diversidade vinculada aos valores
(ELKINGTON, 2012, p.203).
Para que ocorra a sustentabilidade da produção artesanal, é necessário que
ela seja economicamente viável, ambientalmente correta, socialmente justa e
culturalmente aceita. O “Artesanato Indígena” e o “Artesanato Utilitário” são
exemplos de produção sustentável, visto que são fabricados em regiões pouco
desenvolvidas, utilizam matéria-prima abundante na região, e valem-se de
tecnologias de baixo impacto e das tradições culturais da comunidade, conforme
relata Adélia Borges (2011):
[...] a produção artesanal está sintonizada com a noção contemporânea de
sustentabilidade, que compreende os conceitos de ambientalmente
responsável, economicamente inclusivo e socialmente justo, englobando
ainda o que alguns entendem como o quarto pilar do desenvolvimento
sustentável, que é a diversidade cultural (BORGES, 2011, p.217).
Ainda sob o ponto de vista da sustentabilidade, o artesanato produzido em
regiões com mais infraestrutura e atrativos naturais, encontram-se o “Artesanato
Tradicional” e o “Artesanato de Produtos Típicos”, que aproveitam da oferta turística
dessas regiões para se sustentarem. A identidade cultural, quando bem trabalhada,
é o elemento que confere a inovação e a sustentabilidade da produção artesanal,
como aponta o estudo do SEBRAE (2004):
A comercialização de produtos regionais em pontos “turísticos”, a
ambientação de hotéis e restaurantes, com produtos artesanais regionais
evidenciando a identidade cultural local, podem e devem ser trabalhados
para reforçar a sustentabilidade dos grupos de artesãos, criando novas
possibilidades de consolidação do artesanato enquanto setor econômico
viável (SEBRAE, 2004, p.14).
43
Nos
casos
em
que
o
artesanato
encontra-se
descaracterizado
e
desvalorizado, como nos grandes centros urbanos e suas Regiões Metropolitanas, o
design pode inspirar um modelo de produção artesanal que gere resultados
consistentes a longo prazo, por intermédio do equilíbrio e da coordenação das
dimensões econômica, ambiental e social. Manzini (2008) ainda destaca:
Neste sentido, os designers podem ter um papel muito especial e,
esperamos, importante: mesmo não tendo meios para impor sua própria
visão aos outros, possuem, porém, os instrumentos para operar sobre a
qualidade das coisas e sua aceitabilidade e, portanto, sobre a atração que
novos cenários de bem-estar possam porventura exercer. Seu papel
específico na transição que nos aguarda é oferecer novas soluções a
problemas, sejam velhos ou novos, e propor seus cenários como tema em
processos de discussão social, colaborando na construção de visões
compartilhadas sobre futuros possíveis e sustentáveis (MANZINI, 2008,
p.16).
Dessa forma, “o design procura identificar e avaliar relações estruturais,
organizacionais, funcionais, expressivas e econômicas” (VEZZOLI, 2010, p.38) que
podem
contextualizar
o
artesanato
em
novos
mercados,
conferindo
a
sustentabilidade da atividade artesanal.
2.9 Produção Artesanal Associada ao Turismo
Segundo a World Tourism Organization8 (UNWTO), o turismo compreende as
“atividades realizadas pelas pessoas durante suas viagens e estadas em lugares
diferentes do seu entorno habitual por um período consecutivo inferior a um ano, por
lazer, negócios ou outros” (WORLD TOURISM ORGANIZATION, 2012). Atualmente
o turismo, segmento que vem assumindo recentemente papel de dinamizador da
economia em âmbito global, tem se tornado objeto de estudo e alvo de pesquisas
sob o olhar de profissionais de diversas áreas.
O interesse de regiões e países em promover o incremento local, o
aquecimento da economia e a redistribuição de renda através do comércio de
produtos e serviços, abre espaço para o estímulo e investimento no turismo, que
torna-se assim uma atividade vital para o desenvolvimento sustentável. De acordo
com a World Tourism Organization (2012), o turismo é um campo estratégico que
possui competência de operar como atenuante sobre a pobreza em países em
8
Em tradução para o português: Organização Mundial do Turismo.
44
desenvolvimento através da geração de novas oportunidades de emprego e renda.
Para tanto, o turismo tece uma complexa rede de elementos em que a inter-relação
de seus participantes é de fundamental importância.
O turismo pode ser considerado um ambiente fluido, e através de uma análise
de sistema geográfico do turismo, que consiste na avaliação das tomadas de
decisões de um consumidor enquanto indivíduo ao longo de uma jornada de viagem,
pode-se traçar um perfil. De acordo com Cooper e Hall (2011), tal análise deve ser
segmentada em quatro quesitos:
1. Região geradora ou emissora: morada permanente do turista, destino de
partida e chegada.
2. Rota de deslocamento: percurso do turista até alcançar seu destino de
viagem.
3. Região de destino: região que construiu algum elemento central que se
tornou alvo de turismo e foi eleita para visitação.
4. O ambiente: tudo o que permeia e conecta os três elementos anteriores.
Através dessa abordagem, é possível mapear os fluxos que conectam
determinada região geradora a outra região de destino, identificando os pontos de
ligação. Em cada um dos estágios em que o turista se encontra, ele irá se deparar
com situações adversas que irão refletir e influenciar suas orientações e escolhas,
criando variações na qualidade e na natureza da experiência pela qual está
passando.
É justamente a existência de tantas oportunidades de ofertas operacionais
que possibilita o planejamento de viagens que atendam às expectativas e interesses
de cada consumidor de acordo com seu poder aquisitivo, atividades de lazer ou
trabalho que deseja desempenhar, meios de transporte que espera utilizar, dentre
outras variáveis.
Segundo Gilbert (2011, apud COOPER E HALL, 2011), o produto turístico é
“um amalgama de diferentes bens e serviços oferecidos ao turista como uma
experiência”. Pode-se então concluir que existe uma extensa gama de variáveis que
vão alterar seguidamente a experiência do consumidor e que qualquer ponto
45
conector existente entre o ponto emissor e o destino é uma oportunidade de oferta
de produto ou serviço dentro da cadeia produtiva do turismo.
O Ministério do Turismo (MTUR), através do Programa de Estruturação da
Produção Associada ao Turismo, vem trabalhando para aumentar o fluxo e o
período de permanência de turistas, através da diversificação da oferta turística por
meio da produção associada ao turismo. O “Manual para o Desenvolvimento e
Integração
de
Atividades
Turísticas
com
Foco
na
Produção
Associada”
(MINISTÉRIO DO TURISMO, 2011) adota a seguinte definição para a produção
associada ao turismo:
Qualquer produção artesanal, industrial ou agropecuária que detenha
atributos naturais e/ou culturais de uma determinada localidade ou região,
capazes de agregar valor ao produto turístico. São as riquezas, os valores e
os sabores brasileiros. É o design, o estilismo, a tecnologia: o moderno e o
tradicional. É ressaltar o diferencial do produto turístico para incrementar a
sua competitividade (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2011, p.13).
Os produtos associados ao turismo ainda podem ser identificados em três
diferentes categorias, segundo o “Guia de Produtos Associados ao Turismo Caminhos do Fazer” (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2010):

Unidades Produtivas: engloba a produção de artesanato, agropecuária e
agroindustrial típica de um destino turístico.

Manifestações e Grupos Culturais: envolve as mais importantes
manifestações de música, dança, teatro, artes plásticas, literatura e
folclore típicas dos destinos turísticos.

Culinária Típica Local: agrega os empreendimentos de alimentação que
utilizam ingredientes tipicamente locais e apresentam pratos da culinária
tradicional da região.
Barroso (2011) interpreta a produção associada ao turismo como a oferta de
produtos e serviços complementares ao turismo provenientes de pequenos
produtores autônomos, membros da economia local que interagem e cooperam
entre si, nas distintas fases da cadeia de produção e comercialização. “A produção
associada presume uma lógica semelhante a dos “arranjos produtivos locais” ou dos
46
“clusters”, com estímulo a constituição de cooperativas de produtores e um plano
estratégico comum” (BARROSO, 2011).
Considerando essas novas oportunidades de negócios, faz-se cada vez mais
necessária a profissionalização do setor. Projetos e programas têm sido implantados
em parcerias público/privado buscando diversificar e agregar valor à oferta turística,
já que uma gama maior de atrativos e possibilidades de compras, experiências e
entretenimento possibilita que o turista desfrute de maneira mais completa daquilo
que a cultura local tem a oferecer em todo o seu potencial, aumentando a
atratividade do destino.
Para mensurar a relação custo/benefício destes projetos, é necessário adotar
critérios que indicam a “agregação de valor nos produtos e serviços referenciados na
cultura local; a presença da inovação sem descaracterizar a tradição; o incremento
da produção e da renda dos produtores; a responsabilidade comercial, social e
ambiental” (BARROSO, 2010).
Ainda segundo Barroso (2011), o turista espera encontrar tais características
nos produtos artesanais, acrescido do fato que o produto deve ser parte ou
testemunho da experiência emocional que ele vivencia. Barroso (2011) identificou o
comportamento e agrupou os turistas em três grandes grupos:

Turista Acidental: aquele que tem como motivação compromissos
pessoais, profissionais, familiares ou religiosos, permanecendo em média
de 3 a 5 dias no destino. Geralmente, suas aquisições se limitam a
presentes compulsórios tais como: produtos típicos, lembranças e
souvenires.

Turista Tradicional: aquele que tem como motivo o lazer e o relaxamento.
Viaja em busca de serviços e produtos conhecidos, que não representem
surpresas. Hospeda-se em hotéis tradicionais e compra artesanato em
função de seu preço, quase sempre produtos de uso pessoal ou utilitário.

Turista Existencial: aquele que é motivado pela experiência cultural,
buscando vivenciar hábitos e costumes da comunidade de destino. Tende
a permanecer por maiores períodos de tempo e valoriza a gastronomia, a
música, a arte popular, o artesanato, os festejos e a vida do lugar. Adquire
47
em geral produtos decorativos com fortes referências culturais e estreitos
laços com o território.
Diante desse cenário tão diversificado de perfis, o designer, devido às suas
competências e experiências relacionadas a avaliação de público alvo, pesquisa e
aplicação de novos materiais, habilidade em desenvolver embalagens e material de
divulgação, capacidade de construir pontes entre necessidades e desejos,
apresenta-se como um o profissional adequado para estabelecer parceria com os
produtores e empreendedores locais. No entanto, deve-se atentar para o cuidado e
respeito mútuo entre seus atores, evitando que a produção e seus processos
produtivos sejam descaracterizados.
48
3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS
O presente capítulo tem como objetivo apresentar os métodos e
procedimentos empregados nesta pesquisa. A priori, pode-se dizer que do ponto de
vista de sua natureza, é uma pesquisa aplicada. Quanto à forma de abordagem do
problema, é uma pesquisa qualitativa fundamentada na metodologia da pesquisaação, havendo interpretação de fenômenos e atribuição de significados – elementos
básicos desse tipo de abordagem. Quanto aos objetivos, é uma pesquisa
exploratória, visto que busca proporcionar maior familiaridade com o problema
através de pesquisas de campo e entrevistas. O método de investigação é o estudo
de caso, utilizando-se a observação qualitativa, participativa e questionários abertos
e semiestruturados. Para uma melhor compreensão do tema, registram-se a seguir
algumas definições genéricas dos termos.
3.1 Abordagem da Pesquisa Qualitativa
A pesquisa qualitativa é descritiva, ou seja, os fatos são observados,
registrados, analisados, classificados e
interpretados sem interferência do
pesquisador; e faz uso de técnicas padronizadas de coleta de dados. As
informações obtidas não podem ser quantificáveis e os dados obtidos são
analisados indutivamente. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de
significados são básicas no processo da pesquisa qualitativa (RODRIGUES, 2007).
Neste sentido, Liebscher (2000 apud DIAS, 2000) também afirma que tais
métodos se justificam quando o contexto social e cultural é de fundamental
importância para a pesquisa:
Os métodos qualitativos são apropriados quando o fenômeno em estudo é
complexo, de natureza social e não tende à quantificação. Normalmente,
são usados quando o entendimento do contexto social e cultural é um
elemento importante para a pesquisa. Para aprender métodos qualitativos é
preciso aprender a observar, registrar e analisar interações reais entre
pessoas, e entre pessoas e sistemas (LIEBSCHER 2000 apud DIAS, 2000).
Na “Enciclopédia e Dicionário Porto” (2011), análise qualitativa é um conjunto
de técnicas de investigação interpretativa amplamente utilizada na Sociologia e
Antropologia, que:
49
[...] permite ajustar as expectativas que os investigadores têm sobre
determinado problema social à sua realidade, o que vulgarmente se designa
por corte com o senso comum, e apreender mais de perto determinadas
realidades sociais que outras técnicas de investigação não permitem
(ENCICLOPÉDIA E DICIONÁRIO PORTO, 2011).
Essa definição muito se assemelha ao pensamento da socióloga e professora
da Universidade de São Paulo (USP), Heloísa Helena Martins (2004) que diz:
A pesquisa qualitativa é definida como aquela que privilegia a análise de
microprocessos, através do estudo das ações sociais individuais e grupais,
realizando um exame intensivo dos dados, e caracterizado pela heterodoxia
no momento da análise (MARTINS, 2004).
3.1.1 Métodos de Coleta de Dados Qualitativos
Segundo Rodrigues (2007), a análise qualitativa está classificada de acordo
com sua forma de abordagem, quanto aos tipos de pesquisa, que podem ser
quantitativa e qualitativa. A abordagem qualitativa pode ser requerida em duas
situações (RODRIGUES, 2007):

Pesquisa de levantamento preliminar-piloto, base para a elaboração de
um questionário, ou ainda, como suporte necessário para explicar os
porquês das relações identificadas na pesquisa quantitativa.

Utilizada como único método, dependendo da natureza do problema de
pesquisa.
Os tipos de pesquisa que normalmente adotam uma abordagem qualitativa
são a pesquisa-ação, Grounded Theory9, estudos etnográficos e estudos de caso
(MYERS, 2000 apud DIAS, 2000). A pesquisa qualitativa trabalha sempre com
unidades sociais, privilegiando os estudos de caso - entendendo-se como caso, o
indivíduo, a comunidade, o grupo, a instituição (MARTINS, 2004).
A pesquisa qualitativa utiliza mais comumente em sua coleta de dados as
seguintes estratégias e ferramentas: análise documental, entrevista individual
aberta, entrevista individual estruturada, entrevista semiestruturada, grupo focal,
9
Grounded Theory é uma metodologia de pesquisa que usa a teoria indutiva baseada na análise
sistemática dos dados. No Brasil é conhecida como "Teoria Fundamentada em Dados",
50
observação direta e observação participante (DIAS, 2000; BONI E QUARESMA,
2005):

Análise Documental: método que conta com a etapa de observação e
análise de rigor científico do objeto de estudo, destacando seu
comportamento, desempenho, costumes e mentalidade; seguida da etapa
de documentação dos dados obtidos afim de que possam servir de fonte
de informações para outros pesquisadores. Tais documentos podem
possuir duas naturezas: (a) documento escrito: arquivos, relatórios,
reportagens de jornais, revistas, cartas; e (b) documento não escrito:
filmes, vídeos, slides, fotografias, mapas ou pôsteres.

Entrevista Individual Aberta: o entrevistado discursa livremente sobre o
tema levantado pelo agente realizador da pesquisa. Apresenta como
vantagem a exploração de casos individuais, especificidades culturais e
comparabilidades de forma mais ampla. Ainda em uma atmosfera
informal, o entrevistador pode esclarecer dúvidas e enganos do
entrevistado, e este pode fazer com que o entrevistador desperte para
detalhes
até
então
impensados
que
podem
simbolizar
grandes
diferenciais dentro da pesquisa.

Entrevista Individual Estruturada: modelo de entrevista que se vale de um
roteiro de perguntas previamente estruturado. O questionário em questão
deve ser respondido estritamente de acordo com as questões levantadas
visando que ao final de sua aplicação seja possível gerar gráficos e
tabelas. A chance de compatibilidade dos dados obtidos com a realidade
aumenta na medida em que o anonimato dos entrevistados confere a eles
mais liberdade.

Entrevista
Individual
Semiestruturada:
o
entrevistador
faz
questionamentos tanto de ordem objetiva quanto discursiva. Sempre
buscando conduzir a entrevista de modo que o entrevistado se sinta a
vontade, o entrevistador pode improvisar buscando obter um enfoque
mais direcionado para seus pontos de interesse a fim de controlar o
número de informações que pretende obter, conquistar a confiança do
51
entrevistado para a abordagem de temas mais polêmicos e pessoais e
extrair respostas mais espontâneas.

Grupo Focal: a partir da seleção de pessoas (conhecidas ou não) que
possuem opiniões, conhecimentos e pontos de vista que interessam ao
pesquisador, forma-se um grupo que é estimulado a debater sobre
assuntos relacionados à convergência de seus interesses. Geralmente, o
pesquisador intervém assumindo o papel de moderador para garantir que
as indagações caminhem na direção desejada.

Observação Direta: com a finalidade de explorar o campo a ser
pesquisado, essa ferramenta, que constitui uma das bases de uma
pesquisa científica, pode ser utilizada individualmente ou aliada a outras
técnicas. O pesquisador utiliza-se, a certa distância, de experiências
empíricas para apreender o objeto de estudo. “Não consiste apenas em
ver e ouvir, mas também examinar fatos ou fenômenos que se deseja
estudar” (LAKATOS E MARCONI, 1992).

Observação Participante: utilizando esta técnica, o pesquisador interage
diretamente com seu objeto de estudo: passa a fazer parte de seu meio,
se porta como ele e se confunde a ele. Infiltrando desta maneira, obtémse o conhecimento de determinada comunidade, grupo ou circunstância a
partir de uma perspectiva interna.
3.2 Objeto de Estudo
O objeto de estudo consistiu em: (a) identificar como a comunidade de
artesãos e produtores artesanais do distrito de São Sebastião das Águas Claras
(Macacos) se organiza, produz e comercializa seus produtos; (b) promover a cultura
do design e da inovação social nas iniciativas e empreendimentos locais; (c) verificar
como o design pode contribuir para a sustentabilidade da produção artesanal na
comunidade local.
52
3.3 Metodologia de Pesquisa
A metodologia de trabalho desta pesquisa foi fundamentada em três etapas:
(a) a primeira parte buscou atender ao conteúdo do referencial teórico; (b) a
segunda etapa consistiu em executar as pesquisas de campo e as atividades junto à
comunidade e (c) a última etapa compreendeu o registro dos resultados e conclusão
da pesquisa.
a) A primeira etapa consistiu na revisão bibliográfica abordando design,
artesanato, inovação social e sustentabilidade, além de pesquisa
documental no Instituto Histórico e Geográfico do Alto do Rio das Velhas
(IHGARV) e no Centro de Memória de Nova Lima, contemplando o
contexto histórico, cultural, social, econômico e ambiental do município de
Nova Lima e do distrito de São Sebastião das Águas Claras (Macacos)
abrangendo o período de formação histórica até os dias atuais.
b) A segunda etapa iniciou com a realização de um diagnóstico
compreendendo um grupo focal com membros da comunidade.
Simultaneamente, efetuou-se o levantamento iconográfico através de
registro fotográfico e entrevistas em campo com artesãos, através da
aplicação de um questionário semiestruturado (APÊNDICE A - B). Na
sequência, realizou-se a análise do perfil socioeconômico dos artesãos
cadastrados, além da sistematização de dados, visando estabelecer
indicadores, tais como: perfil socioeconômico dos artesãos, tipologias
artesanais, volumes de produção e vendas, entre outros. Foram
elaborados conteúdos e atividades das oficinas. Na sequência, foi
realizada nova pesquisa de campo, com a aplicação de questionário
semiestruturado (APÊNDICE C), a fim de levantar os hábitos de viagem e
consumo dos turistas que frequentam Macacos. Após a conclusão das
atividades das oficinas, foi feita a aplicação de um novo questionário
semiestruturado para auxiliar a equipe de trabalho no desenvolvimento de
produtos e serviços (APÊNDICE D) e, finalmente, após todas essas
etapas foi aplicado o questionário final semiestruturado (APÊNDICE E)
que permitiu análises dos resultados das ações de design.
53
c) A terceira etapa compreendeu a verificação da abordagem do design nos
diferentes níveis de sustentabilidade através da interpretação e do
registro das discussões dos resultados, para enfim elaborar a conclusão
da pesquisa.
54
4 ESTUDO DE CASO
O referente estudo de caso tem como base de análise a Oficina de Processos
Criativos e a Oficina de Estratégias de Mercado. A fim de dar início as análises,
torna-se necessário delimitar a área de estudo para compreender o contexto
geográfico e histórico do local onde as atividades das oficinas foram realizadas. As
descrições das atividades procuram oferecer ao leitor um panorama detalhado que
irá auxiliá-lo na compreensão das discussões e resultados apresentados ao final
deste capítulo.
4.1 Contexto
4.1.1 Município de Nova Lima
O município de Nova Lima - MG, foi escolhido para realização das atividades
do Programa Comunidades Criativas das Geraes por apresentar características
únicas, entre os 34 municípios que compõem a Região Metropolitana de Belo
Horizonte (RMBH). Nova Lima se destaca por ser o único município da RMBH que
recebeu imigrantes ingleses para explorar as minas de extração de ouro. A forte
ligação com a cultura inglesa confere atributos singulares a sua história, hábitos e
costumes. Estas particularidades, como serão expostas a seguir, configuraram um
ambiente propício para a implantação de um programa piloto fundamentado no
conceito de “Comunidades Criativas”.
Nova Lima está localizada em uma região montanhosa, dentro dos limites do
Quadrilátero Ferrífero10, conforme figura 1. Segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia (IBGE, 2010) a sede do município fica a 22km do centro da capital mineira
e sua extensão territorial compreende 429km2, apresentando como bioma
predominante a Mata Atlântica em transição para o Cerrado. O clima da região é
Tropical Semiúmido, possuindo duas estações climáticas bem definidas: verão
úmido e inverno seco.
10
Quadrilátero Ferrífero é a região compreendida entre Itabira, Mariana, Congonhas e Itaúna,
recebendo esse nome devido aos depósitos de minério de ferro que ocorrem nesta área. Localiza-se
na porção centro-sudeste do estado de Minas Gerais ocupando uma área aproximada de 7.000 km².
(GEOPARK QFE, 2012).
55
Figura 1 - Mapa dos limites do Quadrilátero Ferrífero.
Fonte: GEOPARK QFE, 2012.
Segundo o Censo de 2010, Nova Lima possui 80.998 habitantes, em sua
maioria distribuídos nas zonas urbanas (79.232 habitantes), sendo classificado como
um município de médio porte, de acordo com a tabela do IBGE. Na atualidade, além
da sede do município, suas fronteiras também incluem os povoados de Honório
Bicalho, Santa Rita, Rio do Peixe, São Sebastião das Águas Claras (Macacos) e
Jardim Canadá. A renda per capita é de R$ 1.653,47, sendo atualmente a maior do
estado de Minas Gerais, segundo dados da Fundação João Pinheiro (FJP, 2010).
Apesar de encontrar-se muito próxima a uma grande metrópole, e de sua população
estar concentrada em áreas urbanizadas, ainda hoje preserva modos, hábitos e
costumes típicos das pequenas cidades do interior mineiro.
A Prefeitura Municipal de Nova Lima (2012) destaca que o município possui a
maior área verde em metros quadrados por habitantes da RMBH, compondo belas
paisagens com suas montanhas, matas, rios e cachoeiras, além de espécies da
fauna e flora bastante diversificadas. A Mata do Jambreiro, Reserva Particular do
Patrimônio Natural (RPPN), é a mais importante área verde da RMBH, com 912
hectares preservados, conforme figura 2. Segundo Murta (2006), em 2005, a
UNESCO certificou essa área como a mais nova reserva da biosfera brasileira.
56
Figura 2 - Mapa dos limites da Mata do Jambreiro.
Fonte: MURTA, 2006.
O povoado surgiu por volta do ano de 1701 em função da exploração aurífera
às margens do Ribeirão dos Cristais, “quando o bandeirante paulista Domingos
Rodrigues da Fonseca Leme chegou e instalou-se no que constituíram o
povoamento dessa bela cidade" (MELO, 2008, p.21). O escritor e pesquisador inglês
Richard Burton (1976) descreve os aspectos geográficos da região como:
O belo local do estabelecimento é uma depressão, de formato irregular, com
cerca de três quartos de milha de comprimento e meia milha de largura. O
estreito vale termina a oeste em um beco sem saída (Voltaire nos proíbe de
chama-lo um ‘cul de sac’), formado por uma elevação; os morros que o
cercam se elevam de 230 a 300 metros acima do ribeirão. Esse ribeirão,
serpenteado para o rumo do nascente, arrasta uma corrente carregada de
pirita e lodo de arsênio, deve ter um efeito deletério. A terra em torno foi
levada pelo Rio das Velhas e o solo frequentemente bom foi muito
empobrecido (BURTON, 1976, p.193).
Segundo Villela (1998), devido ao fato das jazidas de ouro encontrarem-se
em diversas localidades do território, a ocupação populacional ocorreu de forma
desordenada. Com isso, o crescimento demográfico de Nova Lima não se
desenvolveu uniformemente, o que levou a fragmentação do seu território. O
historiador Ciro Flávio Bandeira de Melo (2008) relata que como consequência da
exploração mineral, Nova Lima atraiu uma grande diversidade de povos vindos de
várias partes do Brasil e do exterior à procura de metais preciosos. A população do
57
município se formou a partir das migrações internas e externas. Os imigrantes
europeus eram bastante numerosos, com destaque aos portugueses, espanhóis,
italianos, ingleses, árabes entre outros, cuas influências culturais estão presentes
até hoje, nos hábitos e costumes da população da região.
Os escravos vieram logo em seguida para trabalhar nas minas e trouxeram
consigo suas tradições e cultura. Seus descendentes conseguiram manter viva uma
parte desta cultura que trouxeram da África. O Congado, uma das manifestações
culturais de matriz africana mais popular, está presente até hoje em Nova Lima. A
preservação da memória coletiva dos escravos pode ser vista durante a coroação do
rei e da rainha do Congo, conforme figura 3, na época da Festa do Congado
realizada todos os anos na Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
Figura 3 - Integrantes do Congado na Igreja de Nossa Senhora do Rosário.
Fonte: Arquivo pessoal, 2008 (acervo Jandyr Matos).
A cultura inglesa, por sua vez, também deixou marcas únicas na história da
cidade. Melo (2008) afirma que a chegada da companhia inglesa Saint Jonh del’ Rey
Mining Company, para explorar a mina de ouro do Morro Velho, marcaria para
sempre a vida e o futuro da cidade. A influência inglesa na arquitetura e no
58
urbanismo pode ser vista até hoje no bairro das Quintas, local das residências dos
dirigentes da mineradora à época. As casas foram construídas no centro dos lotes,
que eram geralmente delimitadas por cerca viva (ÁVILA e GUERRA, 2000). Símbolo
da arquitetura inglesa, o aqueduto do Bicame foi construído pelos ingleses para
facilitar o transporte de água até a entrada da mina do Morro Velho, conforme figura
4.
Figura 4 - Bicame, aqueduto construído pelos ingleses.
Fonte: Arquivo pessoal, 2003 (acervo Jandyr Matos).
As referências da cultura britânica podem ser vistas “não apenas na
arquitetura e infraestruturas urbanas, mas também nos hábitos alimentares como no
tradicional chá com leite e queca, corruptela do inglês cake, que quer dizer bolo”
(MELO, 2008, p.75). As famosas quecas de Nova Lima são feitas tal qual o
tradicional bolo de Natal inglês, utilizando nozes, avelãs, castanhas, passas e frutas
cristalizadas, conforme figura 5. Em 2011, o Conselho Consultivo Municipal do
Patrimônio Histórico e Artístico de Nova Lima aprovou a salvaguarda do bem
imaterial “Modo de Fazer a Queca” como patrimônio cultural de Nova Lima.
59
Figura 5 - Tradicional queca novalimense.
Fonte: Arquivo pessoal, 2005 (acervo Jandyr Matos).
Vários sobrenomes ingleses ainda são assinados por famílias novalimense
descendentes dos antigos trabalhadores, tais como: Clark, Chalmers, Hodge,
Heslop, Gill, Sanders, Nicholls, Lloyd, Jones, Bichart, Morgan. A companhia Saint
Jonh Del’ Rey Mining Company11 doou o terreno para a construção do estádio de
futebol do primeiro time da cidade, fundado em 28 de junho de 1908, por operários e
mineradores ingleses. Os uniformes nas cores vermelho e branco e a mascote (o
Leão) fazem uma referência clara ao brasão e à bandeira inglesa. Os britânicos
também construíram a Igreja Anglicana e seu cemitério no bairro das Quintas,
ambos bem preservados e abertos à visitação. No entanto, a despeito da forte
influência nos costumes, no vocabulário e na culinária, não tiveram ascendência nas
crenças religiosas dos outros moradores da região.
A religiosidade, traço marcante da cultura mineira, também está presente na
cultura novalimense. O município possui inúmeras igrejas de vários estilos, em que
se destacam a Matriz de Nossa Senhora do Pilar das Congonhas, com altar
esculpido por Aleijadinho (1730-1814), conforme figura 6; a Igreja de Nossa Senhora
do Rosário, construída pelos escravos; a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, a
primeira a ser erguida na região; o Santuário Bom Jesus de Matozinhos, na região
de Honório Bicalho; a Capela São Sebastião, no distrito de São Sebastião das
Águas Claras, tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico de Nova Lima.
11
Em tradução para o português: Companhia Mineradora São João Del Rei.
60
Figura 6 - Altar da Igreja Nossa Senhora do Pilar, esculpido por Aleijadinho.
Fonte: Arquivo pessoal, 2005 (acervo Jandyr Matos).
Entre as atividades esportivas e culturais mais representativas da população
apresenta-se ainda hoje o futebol, destacando o Villa Nova Futebol Clube como o
quarto maior time de futebol de Minas Gerais, e o carnaval, sendo que este último
permanece como a tradição cultural mais expressiva entre os novalimense. Os
tradicionais blocos carnavalescos de Nova Lima foram formados por categorias
sociais diversas, o que contribuiu para a riqueza cultural da festa popular.
Atualmente, a principal atividade econômica desenvolvida na região ainda é
extração mineral, contudo o turismo tem se mostrado como uma vocação de grande
expressividade na região. Toda a extensão territorial de Nova Lima caracteriza-se
pela presença de uma vasta área verde. Detentora de riquezas naturais e
arquitetônicas, a região apresenta crescente aquecimento em sua economia
proveniente da consolidação de novos negócios com base em serviços e produtos,
como pousadas, restaurantes e atividades ecológicas conforme aponta Melo (2008):
61
A cidade é considerada perfeita para os novos negócios que priorizam
características como localização, qualidade de vida, atrativos e
desenvolvimento como sustentabilidade. [...] Nova Lima tem alcançado uma
rápida expansão urbana devido ao crescimento imobiliário, ao surgimento
de condomínios e à abertura de novas empresas. A cidade tem se
destacado no Estado de Minas Gerais e regiões como a de São Sebastião
das Águas Claras (Macacos), Jardim Canadá e Vale do Sol estão inseridas
nos roteiros culturais e gastronômicos do mapa turístico mineiro, em razão
das excelentes opções de eventos culturais, restaurantes e pousadas
(MELO, 2008, p.142).
4.1.2 Distrito de São Sebastião das Águas Claras
São Sebastião das Águas Claras, popularmente conhecida como Macacos,
possui um histórico de exploração semelhante à de outras tantas povoações
mineiras – baseado na mineração. O vilarejo foi um dos mais importantes povoados
surgidos na região entre o Rio das Velhas e o Rio Paraopeba, na primeira metade
do século XVIII, conforme relata Queiroz (2003) “na região em que se encontram o
Rio das Velhas e o Rio Paraopeba, existe uma ampla área de solo aurífero e grande
número de córregos e riachos, situação ideal para a atividade mineradora”
(QUEIROZ, 2003, p.27).
Em 1740, o arraial à época denominado Arraial de São Sebastião dos
Macacos, já fazia parte do censo populacional da Vila de Sabará (QUEIROZ, 2003).
O povoado teve seu crescimento ligado à exploração de ouro no chamado
Descoberto dos Macacos, situado às margens do Ribeirão dos Macacos, na região
compreendida entre os córregos das Taquaras, Fundo, Tamanduá e Marumbé,
conforme figura 7.
A formação do arraial ocorre a partir de uma parada obrigatória para os
usuários da Estrada Geral12, rota de uso frequente de mineradores e comerciantes
localizada entre vales e montanhas da região. As tropas que levavam mercadorias
necessitavam de um local de descanso e trato dos animais, com água e clima
ameno. Esses acampamentos acabavam por fazer surgir em seu entorno grupos de
pessoas que erguiam suas construções para moradia, plantavam com base na
agricultura de subsistência, criavam animais e mantinham contatos de negócios com
tropeiros e mineradores (QUEIROZ, 2003).
12
Estrada Geral é a denominação de qualquer via terrestre percorrida no processo de povoamento e
exploração econômica à época do Brasil Colônia.
62
Figura 7 - Localização do Arraial de São Sebastião.
Fonte: ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DO BRASIL, 2012.
Tudo isso fez com que o local obtivesse certo dinamismo, provocando o
nascimento de um pequeno foco urbano, início de comunidade muito comum em
Minas Gerais no século XVIII. O local tornou-se então habitado por grande número
de
mineradores
com
suas
necessidades
de
sobrevivência,
consumo
e
abastecimento, notadamente por volta de 1765.
Contudo, semelhante a outras regiões mineradoras, a atividade de extração
de ouro decaiu e provocou a estagnação econômica do local. Devido a este fato, o
povoado não desenvolveu-se, restando poucas construções arquitetônicas do
período colonial, entre elas destaca-se a Capela de São Sebastião, conforme figura
8. A capela foi erguida presumivelmente na segunda metade do século XVIII e
tombada pelo Conselho Consultivo Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de
Nova Lima em 2001.
A partir das últimas décadas do século XX, o arraial passa a ser explorado por
viajantes e aventureiros em busca de sossego e da beleza dos recursos naturais
(QUEIROZ, 2003). A proximidade com a capital mineira, aliada às variadas opções
de hospedagens e restaurantes oferecidos, faz com que o povoado venha
experimentando nos últimos anos, o crescimento do fluxo turístico na região.
63
Figura 8 - Capela de São Sebastião em Macacos no início do século XX.
Fonte: MELO, 2008.
Assim, São Sebastião das Águas Claras vai descobrindo sua vocação natural
para o ecoturismo, turismo de aventura e turismo gastronômico, com opções desde
a tradicional culinária mineira até pratos mais sofisticados com influência europeia.
Pousadas em diversos estilos completam o roteiro de viagem para quem deseja fugir
da rotina diária e descansar em um ambiente tranquilo.
4.2 Programa Comunidades Criativas das Geraes
O Programa Comunidades Criativas das Geraes (CCG) é uma ação
extensionista da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) em parceria com
a Prefeitura Municipal de Nova Lima (PMNL), que visa à aplicação de um conjunto
de ações baseadas no conceito de “Comunidades Criativas”, e tem como modelo
piloto comunidades do município de Nova Lima, em Minas Gerais.
Desenvolvido pela equipe interdisciplinar do Centro de Estudos em Design &
Tecnologia (CEDTec), da Escola de Design (ED), da UEMG, tem como intuito a
integração e o beneficiamento dos indivíduos em seu território por meio de
64
experiências, trocas e dinâmicas culturais, entendendo a criatividade como
catalisadora do processo de desenvolvimento sustentável de comunidades mineiras.
4.2.1 Antecedentes do Programa
O programa “Comunidades Criativas das Geraes” teve início em 2010,
quando foi contemplado nos editais n° 05/2010 e 04/2011 do Programa de Extensão
Universitária (PROEXT), do Ministério da Educação (MEC). As ações propostas
englobaram a utilização do design para o estímulo e apoio às iniciativas produtivas
locais através das metodologias do design, e a preparação dos estagiários para
atuação junto à comunidade, valorizando as trocas de conhecimentos acadêmicos e
populares.
Durante os meses de outubro, novembro e dezembro de 2010, foram
realizadas as primeiras atividades do “Programa Comunidades Criativas das
Geraes”. Com carga horária de 36 horas/aula, a “Oficina de Costura: Criação de
Ecobags13” proporcionou a criação e o desenvolvimento de Ecobags, utilizando
como matéria-prima resíduos industrializados descartados pela comunidade, tais
como retalhos, sacos de ráfia, sacos de cimento e banners14 conforme figura 9.
A Ecobag tem como função primária evitar a utilização de sacolas plásticas,
de modo a diminuir o impacto ambiental causado pelo descarte destas no meio
ambiente. A proposta de produção de sacolas ecológicas se embasou na
oportunidade de geração de novos negócios, quando passou a vigorar a Lei
Municipal 9.529/2008 (PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE, 2011),
que proíbe o uso de sacolas plásticas no comércio de Belo Horizonte.
A metodologia utilizada na oficina consistiu em: (a) aulas teóricas sobre
introdução dos conceitos de bolsas, sacolas e Ecobags; identificação e seleção de
materiais sustentáveis; avaliação de mercado, consumo e comportamento dos
consumidores; valorização das diretrizes de moda sustentável; (b) aulas práticas
constituídas de exercícios de criação e produção dos protótipos; e (c) visitas
técnicas a supermercados e lojas especializadas em aviamentos para costura.
13
Ecobags são sacolas ecológicas retornáveis, normalmente feitas de tecidos naturais, que
substituem as sacolas plásticas utilizadas para o transporte de compras.
14
Banners são materiais impressos em grandes formatos em materiais mais resistentes como lonas
para serem pendurados em paredes ou em suportes móveis. P ossuem em suas extremidades
superior e inferior um pequeno bastão de madeira que lhe confere firmeza.
65
Figura 9 - Ecobags produzidas com materiais descartados.
Fonte: Arquivo pessoal, 2010 (acervo CCG).
O público participante da “Oficina de Costura” constituiu-se, em sua grande
maioria, por membros da Associação de Artesãos de Nova Lima – Artes da Terra,
conforme figura 10. A oficina ofereceu uma oportunidade de geração de renda às
artesãs, além de proporcionar uma nova perspectiva de produção artesanal através
de ações de design aliadas às estratégias de valorização do produto.
66
Figura 10 - Grupo de artesãs e equipe da Oficina de Costura.
Fonte: Arquivo pessoal, 2010 (acervo CCG).
Em maio e junho de 2011, foi oferecida a “Oficina de Papietagem: Criação de
Chapéus”, com carga horária de 12 horas/aula. O objetivo desta atividade foi a
criação e o desenvolvimento de chapéus, conforme figura 11, através da técnica da
papietagem, utilizando resíduos de papéis, jornais e tecidos coletados pelos
catadores da Associação dos Catadores de Papel de Nova Lima (ASCAP).
Figura 11- Desenvolvimento de chapéu durante Oficina de Papietagem.
Fonte: Arquivo pessoal, 2011 (acervo CCG).
A proposta beneficiou, em sua grande maioria, jovens do sexo feminino
amparadas pelo Projeto de Reintegração Social (PROREIS), de Nova Lima,
67
conforme figura 12. Além da criação de chapéus, a oficina utilizou a metodologia de
design com um enfoque social, promovendo o resgate da cidadania e da autoestima,
proporcionando o afastamento do cotidiano sofrido de jovens em situação de risco,
oferecendo uma opção de lazer e conhecimento.
Figura 12 - Grupo de jovens da Casa de Proteção PROREIS e equipe.
Fonte: Arquivo pessoal, 2011 (acervo CCG).
4.3 Oficina de Processos Criativos
No início do segundo semestre de 2011, aconteceu o primeiro contato para a
atuação do “Programa Comunidades Criativas das Geraes” fora da sede do
município, na comunidade de São Sebastião das Águas Claras (Macacos). A
proposta para a atuação em Macacos partiu de uma demanda da própria
comunidade insatisfeita com a desarticulação da atividade artesanal. Ao tomarem
conhecimento das atividades do CCG em Nova Lima, artesãos e produtores locais
se mobilizaram para que pudessem ser contemplados com uma ação do Programa.
A partir desse contato inicial, surgiu a necessidade da realização de um
diagnóstico de forma a conhecer melhor o local, sua população, os turistas que
frequentam a comunidade e os produtos oferecidos, e assim fazer uma análise da
viabilidade da implantação de um projeto de geração de renda com foco na
sustentabilidade, específico para esta comunidade. O diagnóstico, elaborado de
forma participativa com a comunidade, apresentou um panorama da realidade local.
Com base nos resultados do diagnóstico, foi elaborada a proposta de uma Oficina
68
de Processos Criativos para os artesãos e outra de estratégias de mercado para
produtores de alimentos típicos.
A metodologia do diagnóstico foi dividida em três etapas que compreenderam
análise documental, observação direta e grupo focal. Primeiro, a equipe de trabalho
fez um levantamento dos dados disponíveis na literatura. Com esses dados em
mãos, a segunda etapa consistiu em visitas de campo para registro fotográfico e
videográfico, além de contatos com as Secretarias de Cultura, Meio Ambiente,
Turismo e Desenvolvimento Econômico de Nova Lima. Por último, foi realizado o
grupo focal com moradores e líderes locais com atuação nas áreas de educação,
psicologia, artesanato e comércio, através de entrevistas semiestruturadas.
A equipe de trabalho procurou formular uma proposta que permitisse a
inclusão da atividade produtiva artesanal como geradora de renda, e ações em prol
da melhoria da qualidade dos produtos, do fortalecimento da identidade cultural e da
valorização do território. Além disso, buscou-se consolidar o grupo de artesãos e
produtores locais como unidades produtivas, com a criação de produtos e serviços
sustentáveis a partir do desenvolvimento local com o crescimento do ecoturismo e
do turismo de negócios e eventos.
Em março de 2012, foi realizada a etapa do processo seletivo com aplicação
de questionário (APÊNDICE A) e sessão fotográfica dos produtos dos artesãos
interessados em participar da oficina. Foram feitas faixas e cartazes, conforme figura
13, distribuídos em locais de grande trânsito de pessoas para ampla divulgação do
processo seletivo.
Figura 13 - Cartaz e faixa de divulgação do processo seletivo.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
69
É importante salientar que o participante deveria ter o perfil proposto pelo
programa. No caso, ser artesão com domínio de técnicas artesanais e produção
expressiva, uma vez que não estava entre os objetivos do programa ensinar
técnicas artesanais aos participantes. Porém, há outros tipos de projetos em que,
de acordo com Rena e Pontes (2009), os integrantes recebem capacitações não só
em design como também em técnicas artesanais, ou seja, nesse tipo de projeto os
participantes passam por um processo de profissionalização durante as oficinas.
O conteúdo das entrevistas foi estruturado em questionários cujos temas
variaram desde dados pessoais a perguntas sobre a sustentabilidade da produção.
A seleção dos participantes foi feita a partir de questões mais substanciais, como as
relacionadas à tipologia do artesanato e técnicas artesanais e quanto à
disponibilidade e comprometimento com a produção artesanal. Nesta etapa, cada
artesão apresentou o produto desenvolvido, o que foi importante para verificar o
nível técnico do artesão.
Depois dessa etapa, houve a formação do grupo de trabalho, sendo 15
artesãos selecionados somados a equipe do Programa, composta por uma
coordenadora geral, uma coordenadora executiva e 10 alunos de graduação dos
cursos de Design de Produto, Design Gráfico, Design de Ambientes e Artes Visuais.
Para adequação do trabalho, foram desenvolvidas atividades de integração,
promovendo
uma
constante
troca
de
experiências
e
conhecimentos
que
contribuíram para o bom andamento das próximas etapas do trabalho.
Ainda em março de 2012, foi realizado um seminário de sensibilização
denominado “Diálogo entre Parceiros e Comunidade” com o objetivo de apresentar,
discutir e propor ações dentro “Programa Comunidades Criativas das Geraes” a fim
de aprimorar a proposta da “Oficina de Processo Criativo”. Foram convidados
representantes da Secretaria de Cultura, representantes da Associação de Artesãos
de Nova Lima – Artes da Terra, artesãos, produtores e comunidade em geral com
ampla divulgação para participação no seminário, conforme figura 14.
Em abril de 2012, tiveram início as atividades da “Oficina de Processos
Criativos”, na Escola Municipal Rubem Costa Lima, conforme figura 15, numa
parceria com a Secretaria de Educação, tendo em vista sua localização central, o
que possibilitou o fácil acesso de todos os participantes às atividades. A parceria
com diferentes secretarias da Prefeitura Municipal de Nova Lima foi estratégica para
70
dar apoio e continuidade as ações a médio e longo prazo, uma vez que o “Programa
Comunidades Criativas das Geraes” encerraria suas atividades em Macacos em
2013.
Figura 14 - Cartaz de divulgação do seminário de sensibilização.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Figura 15 - Instalações da Escola Municipal Rubem Costa Lima.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
71
A metodologia adotada na “Oficina de Processos Criativos” em Macacos foi
desenvolvida a partir da análise do perfil do grupo selecionado, considerando os
resultados obtidos pelo diagnóstico participativo realizado anteriormente. A equipe
de trabalho elaborou a proposta que melhor atenderia os anseios e as necessidades
do grupo selecionado, tendo como base a metodologia de pesquisa-ação, que parte
de análises sobre o contexto da realidade das comunidades envolvidas no projeto
(THIOLLENT, 1986). A metodologia de pesquisa-ação também pode ser entendida
como um processo cocriativo entre designers e artesãos, segundo a definição de
Freitas (2011):
Na pesquisa-ação o pesquisador tem o papel de agir com o grupo no
processo de desenvolvimento de produto, como parceiro do artesão. O
artesão tem o domínio técnico-produtivo e nele, na maioria das vezes,
prevalece o saber informal. O pesquisador tem a capacidade de
investigação, de identificar potencialidades, de planejar, prevalecendo o
saber formal. O estudo da metodologia auxilia o pesquisador neste percurso
(FREITAS, 2011).
Entre os objetivos propostos para esta ação, destacaram-se impulso para
mudanças na realidade socioeconômica e cultural por intermédio da criatividade e
da sustentabilidade; promoção do bem estar social de todos os envolvidos direta e
indiretamente nas atividades; estímulo às trocas e às dinâmicas culturais entre os
envolvidos no processo; incentivo à cultura do empreendedorismo, encorajando o
desenvolvimento e fortalecimento de associações, cooperativas e empreendimentos
de Economia Solidária; promoção das potencialidades e vantagens competitivas do
produto artesanal; e apoio a novos nichos de desenvolvimento econômico, social e
cultural. Com previsão de duração de quatro meses e carga horária de 57
horas/aula, as atividades para a realização da oficina foram:
a) Atividades expositivas sobre Design e Artesanato; Cultura Material e
Imaterial; Turismo e Desenvolvimento Local; Sustentabilidade e Produção Artesanal;
Resíduos Vegetais e Domésticos; e Sessão de Vídeo Comentada “Documentário
Lixo Extraordinário”, buscando fornecer embasamento teórico.
b) Atividades práticas compreendendo Dinâmica de Grupo; Expedição
Fotográfica; Mapa Iconográfico; Caderno de Processos; e Trilha da Coleta Seletiva
como exercícios para estimular a criatividade.
72
c) Visitas técnicas ao Museu Memorial Minas Gerais Vale; Centro de Arte
Popular CEMIG; Centro de Artesanato Mineiro; e Centro de Arte Contemporânea
Inhotim; Parque Estadual Serra do Rola Moça; Manancial Catarina, para ampliação
do referencial cultural.
d) Orientações coletivas e individuais nos locais de trabalho dos artesãos
auxiliar no processo de desenvolvimento de novos produtos sob a perspectiva da
metodologia do design.
4.3.1 Atividades Expositivas
As atividades expositivas têm como objetivo prover embasamento teórico aos
participantes das oficinas, a fim de ampliar o conhecimento em temas relacionados
ao desenvolvimento das atividades práticas. Segundo Rena e Pontes (2009), aulas
teóricas juntamente com exercícios práticos reforçam o conhecimento adquirido de
forma empírica.
4.3.1.1 Design e Artesanato
A aula “Design e Artesanato” foi elaborada pela equipe de monitores (alunos
de graduação) sob a supervisão da coordenação do Programa e apresentada pelos
mesmos. Essa primeira aula buscou apresentar as definições de design e artesanato
e suas relações, conforme figura 16. Na sequência, foram apresentadas as
diferentes categorias do artesanato segundo a classificação do “Termo de
Referência” do SEBRAE (2004), e alguns exemplos de intervenções de design em
parceria com grupos de produção artesanal em outros municípios de Minas Gerais.
Também foram exibidos alguns vídeos e disponibilizados livros e catálogos
sobre design e artesanato para consulta. Os artesãos se envolveram bastante e
fizeram diversas perguntas sobre o tema. Após o término da aula, foi proposto aos
artesãos que começassem a esboçar as primeiras ideias sobre um novo produto no
caderno de processos.
73
Figura 16 - Monitor apresenta aula sobre design e artesanato.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.3.1.2 Cultura Material e Imaterial
A aula “Cultura Material e Imaterial” foi ministrada por uma monitora que ficou
encarregada de pesquisar e elaborar o conteúdo apresentado. Os temas foram
abordados de forma que ao final da aula, os artesãos conseguissem identificar e
classificar os elementos da cultura local entre material e imaterial, conforme figura
17. A cultura material consiste em bens tangíveis, incluindo instrumentos, artefatos e
outros objetos frutos da criação humana e resultantes de determinada tecnologia.
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), os
patrimônios materiais que podem ser tombados, ou seja, considerado cultura
material são:
[...] arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das
artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis como os núcleos
urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos e bens individuais; e móveis
como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais,
bibliográficos, arquivísticas, videográficos, fotográficos e cinematográficos
(IPHAN).
A cultura imaterial refere-se a elementos não tangíveis, não palpáveis, que
não tem substância material, mas que podem ser traduzidos em formas, texturas e
cores. Ainda segundo o IPHAN, cultura imaterial pode ser entendida como:
74
O patrimônio imaterial é transmitido de geração em geração e
constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu
ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um
sentimento de identidade e continuidade, contribuindo assim para promover
o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana (IPHAN).
Figura 17 - Artesãos debatem sobre a cultura material e imaterial.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Depois que esses conceitos foram passados aos artesãos, exemplos da
cultura mineira foram transmitidos de maneira que aqueles que apresentavam
proximidade à realidade de Macacos assumissem papel de destaque. Com isso, foi
possível uma contextualização mais próxima à realidade, gerando uma melhor
compreensão da cultura local. Essa aula foi muito relevante para o processo de
criação, visto que a partir dela os artesãos começaram a identificar e diferenciar os
elementos recorrentes e representativos da sua cultura.
4.3.1.3 Turismo e Desenvolvimento Local
A aula sobre “Turismo e Desenvolvimento Local’ foi apresentada por uma
monitora, conforme figura 18, que explicou as categorias turísticas de acordo com o
Ministério do Turismo (2011): Ecoturismo; Turismo Cultural; Turismo de Aventura;
Turismo de Turismo de Esportes; Estudos e Intercâmbio; Turismo de Negócios e
Eventos; Turismo de Pesca; Turismo de Saúde; Turismo de Sol e Praia; Turismo
Náutico; e Turismo Rural e sua relação direta com o desenvolvimento de uma
comunidade.
75
A partir Das categorias apresentadas, o grupo identificou o perfil dos turistas
que frequentam Macacos. Segundo os artesãos, o turista típico é caracterizado por
casais jovens que apreciam passar os finais de semana e feriados em pousadas e
têm preferência por programas românticos. Também foi apontado que o distrito de
Macacos atrai muitos turistas em busca de contato com a natureza por se tratar de
uma região de belezas naturais e vegetação exuberante.
Figura 18 - Monitora apresentando a aula sobre turismo.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Compreender o tipo de turista que frequenta a região foi muito importante
para o grupo, visto que os turistas são os potenciais consumidores do artesanato
local. Logo, foi compreendido que os produtos deveriam ser desenvolvidos com foco
no público-alvo a fim de garantir e aumentar o volume de vendas. A monitora
encerrou a aula destacando os benefícios trazidos pelo desenvolvimento da
atividade turística para a comunidade como a geração de empregos e oportunidade
de negócios, desde que haja um crescimento planejado e que a paisagem local seja
mantida, sem agressões ao meio ambiente.
4.3.1.4 Sustentabilidade e Produção Artesanal
A aula sobre “Sustentabilidade e Produção Artesanal” foi apresentada por
uma professora da equipe de trabalho do CCG, que apresentou sua pesquisa sobre
76
a utilização dos resíduos vegetais na produção artesanal com a ajuda de um aluno
intercambista italiano, conforme figura 19.
Figura 19 - Professora convidada apresentando seu trabalho.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
A aula contemplou o conceito de design sistêmico e o desenvolvimento das
oficinas de produção artesanal realizada com artesãos do município de Chapada
Gaúcha, localizado na região norte de Minas Gerais. Esse projeto serviu para
exemplificar como a metodologia do design pode contribuir para o desenvolvimento
de um artesanato com características da identidade local, valorizando os recursos
disponíveis no território. Os artesãos aproveitaram o conteúdo apresentado para
questionar sobre as alternativas sustentáveis de produção artesanal com resíduos
vegetais.
No encontro também foi distribuído um formulário de avaliação parcial das
atividades para analisar o desempenho do trabalho realizado pela equipe do
“Programa Comunidades Criativas das Geraes” até aquele momento. Essa prática é
indicada na metodologia das oficinas para que possam ser corrigidos a tempo os
possíveis problemas apontados pelos artesãos.
77
4.3.1.5 Resíduos Vegetais e Domésticos
O objetivo da aula sobre “Resíduos Vegetais e Domésticos”, ministrada por
uma monitora, era ampliar os conhecimentos dos artesãos sobre resíduos sólidos,
conforme figura 20. Os tipos de resíduos foram divididos em: (a) origem vegetal como folhas, galhos, troncos e sementes; (b) origem industrial - como plásticos,
metais, vidros e papéis, encontrados no lixo doméstico. Após as observações a
respeito de cada categoria de resíduo, foram apresentados exemplos interessantes
de aplicação desse material em acessórios, móveis, objetos decorativos e utilitários.
Figura 20 - Monitora apresentando aula sobre resíduos sólidos.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Um assunto relevante levantado durante as discussões em sala de aula foi a
importância do acabamento para que o cliente possa se interessar pela peça mesmo
sabendo a origem de sua matéria prima. Na aula foram citados ainda três níveis de
design percebidos pelo usuário em um produto: o visceral, que é ligado à estética do
produto; o comportamental, referente a usabilidade do produto e o reflexivo, que
aborda os valores culturais agregados ao produto. A aula sobre resíduos foi
interessante para o grupo de artesãos, e atentou para a quantidade de resíduos
vegetais e domésticos que podem ser encontrados em Macacos, aumentando
assim, o interesse em utilizá-los na sua produção. A ideia despertou a consciência
78
ambiental para a questão do resíduo sólido e ampliou as possibilidades de criação
que podem se refletir em um processo produtivo mais sustentável.
4.3.1.6 Documentário Lixo Extraordinário
A partir dos questionamentos do grupo de artesãos sobre o descarte
inadequado dos resíduos nas ruas, rios e cachoeiras da região, foi proposta uma
sessão comentada do vídeo “Lixo Extraordinário”. O documentário relata a trajetória
do lixo dispensado no Jardim Gramacho, maior aterro sanitário da América Latina
localizado na periferia de Duque de Caxias - RJ, até ser transformado em arte pelas
mãos do artista plástico Vik Muniz e seguir para prestigiadas casas de leilões
internacionais. O vídeo registra todo o processo criativo do projeto contando com a
parceria dos catadores de resíduos sólidos para recriar obras famosas de artistas
consagrados, conforme figura 21.
Figura 21 - Processo criativo do artista plástico Vik Muniz.
Fonte: MUNIZ, 2010.
Exibir esse documentário foi extremamente inspirador para os artesãos, uma
vez que serviu para motiva-los a usarem os resíduos sólidos de forma criativa, tal
qual Vik Muniz propôs no documentário “Lixo Extraordinário”. Ao afirmar que “a
relação entre o homem e o mundo pode desenvolver-se por intermédio da
tecnologia, mas a arte é a tecnologia fora do dogmatismo”, Muniz (2010) reforça o
79
poder transformador da arte sobre a vida das pessoas em condições sub-humanas,
como a vivida pelos catadores.
4.3.2 Atividades Práticas
As atividades práticas servem para consolidar os conhecimentos adquiridos
durante as atividades teóricas. Configuram-se como subsídios na implementação de
propostas alternativas de aprendizado que privilegiam o enfoque experimental. São
momentos de interação entre os artesãos e a equipe de trabalho, contribuindo para
uma participação mais efetiva e produtiva nas oficinas.
4.3.2.1 Dinâmica de Grupo
A aproximação entre pessoas a partir de um primeiro contato nem sempre é
fácil, ainda mais se tratando de uma equipe de designers e artesãos. Segundo
Borges (2011) “no Brasil essas duas atividades sempre viveram em mundos
separados, situados em campos até mesmo opostos”. A Dinâmica de Grupo é uma
atividade prática utilizada nos primeiros encontros para aproximar e criar vínculos
entre os participantes de grupos distintos. A equipe de trabalho escolheu uma
dinâmica descrita a seguir para a apresentação dos participantes do projeto, já que
grande parte das pessoas não se conhecia.
Para dar início à dinâmica, a equipe e os artesãos se dividiram em duplas,
sendo que cada uma delas teve 20 minutos para conversar e compartilhar
informações sobre sua personalidade e experiências de vida. Em seguida cada
dupla apresentou seu respectivo parceiro e vice-versa, de acordo com seu ponto de
vista. A próxima etapa foi a entrega dos “cadernos de processos15” para que os
artesãos tivessem sua primeira atividade prática: a criação do seu perfil, utilizandose de papéis coloridos, recortes de revistas, canetas, lápis de cor, dentre outros
materiais. Ao final, os artesãos apresentaram para todos seus cadernos
personalizados, conforme figura 22.
“Caderno de Processos” é uma metodologia de processo criativo muito utilizada nos cursos de
design. Nesse caderno o aluno registra suas ideias, pesquisas de referências, esboços de protótipos
e desenhos que o auxiliam no processo de desenvolvimento de projetos.
15
80
Figura 22 - Artesã trabalhando na personalização do seu caderno.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.3.2.2 Expedição Fotográfica
A Expedição Fotográfica fez com que os artesãos identificassem elementos e
signos de maior relevância da cultura de Macacos através de registros fotográficos.
Segundo Niemeyer (2009), “só tem significado o que pode ser relacionado com algo
já conhecido”. Logo, foi possível identificar os elementos que estabelecem uma
relação de maior representatividade na cultura da região através do registro das
imagens. A atividade estimulou o artesão a perceber sua comunidade com um novo
olhar, observando detalhes que geralmente passam despercebidos no seu dia-a-dia.
De acordo com Rena (2009), esse reconhecimento territorial faz com que os
participantes descubram novas características ao seu redor com um olhar estético
mais apurado.
Os artesãos e os monitores foram divididos em três equipes e visitaram
lugares distintos. Durante a atividade, fizeram registros da vegetação, texturas,
arquitetura, pontos de referências e personagens, cada um percebendo as formas
sob sua perspectiva. Foram utilizadas molduras artesanais para que o artesão
pudesse enquadrar a imagem exatamente como desejava capturar. Cada artesão
teve o seu momento de fotografar o que considerasse relevante no vilarejo,
conforme figura 23. Durante o passeio, os artesãos foram apresentando os espaços
e contando histórias e causos curiosos para a equipe de trabalho. Esse tipo de
81
atividade influencia a criação à medida que desperta o reconhecimento da sua
identidade e território.
Figura 23 - Flor da Manhã emoldurada por uma artesã.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.3.2.3 Mapa Iconográfico
A construção do Mapa Iconográfico é uma atividade em que segundo Borges
(2011), os designers têm mais a aprender com os artesãos e os moradores locais do
que o contrário. Essa atividade consistiu em materializar as referências locais a partir
de imagens e objetos e assim, construir um mapa territorial do grupo. Dessa
intrínseca ligação, o território é entendido como espaço social que transforma a
sociedade e é transformado por ela. Duarte (2008 apud REYES, 2008) define o
território como:
Território aqui é entendido como uma porção de espaço codificada, onde os
símbolos e suas ordens tendem a imantar o espaço, organizando o regime
de forças que nele habitam ou que por ele passam não necessariamente
controlados apenas por um poder soberano, mas também por valores de
determinada sociedade (DUARTE, 2008 apud REYES, 2008).
82
Durante a atividade, foi solicitado aos artesãos que escrevessem palavras em
pequenas fichas que representem a região. Feito isso, cada um teve que justificar a
sua escolha e agrupar as palavras num grande painel sobre a mesa de acordo com
os significados e sentidos, conforme figura 24. Havia a orientação para que todos
tivessem a liberdade de alterar e reagrupar as palavras. Ao final, cada palavra foi
substituída por um objeto ou imagem formando um mapa simbólico que traduziu a
visão coletiva sobre a região. Essa atividade permitiu a criação de um painel
iconográfico, a partir do qual os artesãos foram estimulados a se apropriarem de seu
território e sua identidade.
Figura 24 - Artesã participando da construção do mapa iconográfico.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.3.2.4 Caderno de Processos
Logo, no início das atividades, foi introduzida a primeira ferramenta de design
- o “Caderno de Processos”, para os artesãos registrarem esboços, ideais,
curiosidades e tudo que achassem pertinente ao desenvolvimento do seu projeto.
83
Além disso, nele é possível a equipe de trabalho acompanhar o desenvolvimento
criativo, de pesquisas e ideias. Essa etapa consistiu em uma apresentação livre e
bastante dinâmica; onde os artesãos optaram por apresentar referências de seus
cotidianos e esboços de produtos que viriam a ser produzido por cada um, conforme
figura 25. Ao final dessa etapa, foi solicitado o preenchimento de cédulas
(previamente produzidas pela equipe a partir das palavras mais recorrentes na
atividade “Mapa Iconográfico”) para a eleição de conceitos que traduzissem a
essência de Macacos, a fim de orientar o desenvolvimento de novos produtos.
Figura 25 - Artesã apresentando seu “Caderno de Processos” para o grupo.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.3.2.5 Trilha da Coleta Seletiva
A Trilha da Coleta Seletiva teve como objetivo estimular a criatividade através
da transformação do “lixo” em arte. A atividade aconteceu no encontro seguinte a
exibição do documentário “Lixo Extraordinário” e consistia em realizar uma
caminhada até a Cachoeira do Marumbé para coletar resíduos descartados ao longo
do caminho. Durante o trajeto foram encontradas latas de bebidas, sacos plásticos,
garrafas PET16, além de muitos resíduos vegetais como folhas, flores e gravetos. Ao
retornarem à Escola Municipal Rubem Costa Lima, os artesãos foram orientados
16
PET é a sigla de Poli Tereftalato de Etila, polímero termoplástico ou plástico utilizado
principalmente na forma de fibras para tecelagem e de embalagens para bebidas.
84
pela equipe de trabalho a recriaram a imagem da Capela de São Sebastião com os
resíduos coletados, assim como no trabalho do artista plástico Vik Muniz.
A partir do belo trabalho produzido pelo grupo, surgiu a ideia de usar a
imagem da Capela de São Sebastião para ilustrar uma campanha de sensibilização
da comunidade para a questão do descarte inadequado dos resíduos nas ruas, rios
e cachoeiras de Macacos. O trabalho foi fotografado por uma monitora da equipe de
trabalho e a imagem foi utilizada na criação de um banner para ser exposto no pátio
da capela, conforme figura 26.
Após o término das atividades da “Oficina de
Processos Criativos”, foi realizado o lançamento da “Campanha Lixo Criativo”
envolvendo a comunidade local. A campanha também contribuiu para a visibilidade
das ações do programa para além do grupo de trabalho.
Figura 26 - Banner da “Campanha Lixo Criativo”.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
85
4.3.3 Visitas Técnicas
A realização de visitas técnicas é de extrema relevância para os participantes
das oficinas, visto que essas visitas têm como propósito a ampliação do repertório
cultural, estimulando o olhar crítico sobre a arte, cultura e meio ambiente,
proporcionando assim uma formação mais ampla ao artesão.
4.3.3.1 Museu Memorial Minas Gerais Vale
A visita técnica ao Museu Memorial Minas Gerais Vale, integrante do Circuito
Cultural da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, foi uma experiência rica em
história e cultura mineira. Além de um acervo permanente de grande escala, o
Museu oferece exposições, seminários e oficinas de arte; promove o contato com a
diversidade das linguagens técnicas e estéticas contemporâneas, contribuindo para
o desenvolvimento social e humano. O Museu apresenta peças da cultura mineira
de todas as épocas e lugares. É possível observar trabalhos de designers e artistas
mineiros, artesanato, maquetes e instalações artísticas, cabines de fotos e vídeos
com os quais os visitantes puderam interagir. Foi uma visita que encantou a equipe e
os artesãos, ampliando o conhecimento sobre a cultura e o artesanato do estado,
conforme figura 27.
Figura 27 - Artesãs registrando elementos do artesanato mineiro.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
86
4.3.3.2 Centro de Arte Popular CEMIG
A visita técnica ao Centro de Arte Popular CEMIG foi valiosa para o processo
criativo dos artesões, visto que o acervo do Museu possui muitos objetos artesanais
feitos a partir de diferentes técnicas como bordado, escultura em madeira,
modelagem em cerâmica, entre outras. As obras do acervo permanente foram
criadas por artistas populares em sua grande maioria anônimos. Esses objetos
artesanais muitas vezes servem como fonte de inspiração para os artesãos da sua
região, conduzindo o visitante ao imaginário de diferentes artistas. Outro atrativo do
Museu é uma pequena oficina de restauração, em que restauradores fazem parte do
processo de conservação das peças, como a higienização ou fixação de partes
descoladas.
Para que a visita transcorresse de modo organizado, o grupo de artesões foi
dividido em dois pequenos grupos. Os monitores orientaram a todos que
registrassem em seus cadernos as impressões sobre a visita. O primeiro grupo
começou a visita a partir da exposição temporária da Coleção Maria Zahle Penna,
no primeiro andar, com obras de caráter religioso tais como santos e oratórios, de
artistas em sua maioria desconhecidos, conforme figura 28.
Figura 28 - Artesãs observando imagens esculpidas em madeira.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
87
Os demais artesãos começaram a visita pelo último andar começando pela
sala Grandes Mestres. Neste espaço, estão reunidos grandes nomes da arte popular
mineira, como GTO, Artur Pereira, Zefa, Zezinha, Placedina, Ulisses Pereira, Isabel
Mendes e Noemiza. Por meio de suas obras, é possível compreender as origens,
histórias e crenças referentes à cultura mineira.
4.3.3.3 Centro de Artesanato Mineiro
Artesãos e equipe de trabalho visitaram o Centro de Artesanato Mineiro
(CEART), espaço nobre dentro das instalações do Palácio das Artes, dedicado a
comercialização do artesanato de diversos artesãos de Minas Gerais. Há uma
grande variedade de produtos que demonstram a diversidade do artesanato mineiro.
O CEART é visitado por turistas de todo o país e de diversas partes do mundo e
através da comercialização dos produtos, os artesãos conseguem visibilidade para
participar de feiras e exposições, possibilitando o escoamento da produção estocada
nas comunidades. Os artesãos tiveram oportunidade de conhecer novos materiais e
técnicas artesanais, comparar os preços dos produtos e entender a dinâmica do
mercado artesanal, conforme figura 29.
Figura 29 - Artesãs observando os produtos artesanais expostos na loja.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
88
Após a visita ao CEART, o grupo ainda pôde visitar a exposição “Segue-se
Ver o que Quisesse”, em exibição na galeria Alberto da Veiga Guignard. A exposição
abordava a vida cotidiana em Minas Gerais, por meio de registros fotográficos sob o
ponto de vista de diversos fotógrafos anônimos. Conhecer o Palácio das Artes, a loja
do CEART e uma exposição fotográfica foram experiências transformadoras para
muitos dos artesãos que nunca tinham tido a oportunidade de visitar o mais
tradicional espaço cultural do estado, demonstrando assim a importância da cultura
e da arte para a autoestima das pessoas.
4.3.3.4 Centro de Arte Contemporânea Inhotim
O grupo de artesãos e a equipe de trabalho visitaram o Centro de Arte
Contemporânea Inhotim, um museu ao ar livre que possui acervos culturais e
paisagísticos de grande relevância. O Inhotim é um espaço dedicado à arte
contemporânea idealizado na década de 1980 e que, ao longo dos anos, tornou-se
um ambiente singular, sendo hoje reconhecido como um dos principais destinos de
arte contemporânea no mundo. A visita ao Inhotim proporcionou novas experiências
aos artesãos e se prestou a quebra de alguns paradigmas sobre a arte, que não se
limita necessariamente a espaços formais, podendo adotar novas configurações
mais interativas, conforme figura 30.
Figura 30 - Grupo de artesãs explorando uma obra interativa.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
89
O grupo deu preferência às galerias icônicas como a Cildo Meireles, Adriana
Varejão, Cosmococa, dentre outras, já que a grande extensão do Inhotim inviabiliza
a visitação de todas as instalações em um único dia. A visita técnica contribuiu para
a ampliação do repertório cultural dos artesãos a partir das várias referências que o
local oferece.
4.3.3.5 Parque Estadual Serra do Rola Moça
A visita ao Parque Estadual Serra do Rola Moça foi planejada para aproximar
os artesãos do seu território. Conhecer a fauna e a flora local é uma fonte de
inspiração para a criação de novos produtos. O Parque tem a missão de proteger e
preservar os mananciais e campos ferruginosos da região, marcada por fragmentos
da Mata Atlântica, Cerrado e Campos Rupestres, entre outros tipos de cobertura,
conforme figura 31. São encontradas também vegetações invasoras, como o capim
gordura, que apesar de valorizar esteticamente a região com sua cor arroxeada,
contribui para a propagação de incêndios.
Figura 31 - Vegetação típica de Cerrado na entrada do parque.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
A fauna também é bem diversificada, sendo encontrados animais como micoestrela, coelho, esquilo, tatu-bola, carcará, perereca, jararaca e borboletas. Durante
o percurso da caminhada pelo Parque, os artesãos estabeleceram um olhar crítico,
90
já que a região oferece muitas referências para o desenvolvimento dos produtos,
desde o formato de uma planta à texturas e cores da pele de um animal. Além da
vegetação e dos animais servirem como inspiração para a criação de produtos, de
acordo com Borges (2011), o aproveitamento dos materiais encontrados na região
possui grande potencial, ou seja, podem ser usados como matéria-prima.
A região do Parque Estadual abriga seis importantes mananciais de água Taboões, Rola-Moça, Bálsamo, Barreiro, Mutuca e Catarina - declarados pelo
Governo Estadual como Áreas de Proteção Especial. Os mananciais garantem a
qualidade dos recursos hídricos que abastecem parte da população da Região
Metropolitana de Belo Horizonte. O Manancial Catarina, famoso por suas águas
cristalinas de coloração azulada, foi o escolhido para ser visitado pelo grupo,
conforme figura 32. O reservatório é um dos mais importantes de Minas, abrigando
grande diversidade da fauna e flora da região, predominantemente tomada pela
Mata Atlântica. A visita ao manancial também serviu para despertar nos artesãos a
conscientização para a preservação dos recursos hídricos.
Figura 32 - Artesãs observam a coloração azulada do manancial.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.3.4 Orientações Coletivas e Individuais
Através das orientações, foi possível aplicar importantes ferramentas
metodológicas
do
design,
que
possibilitaram
o
acompanhamento
do
91
desenvolvimento dos produtos. As orientações projetuais iniciaram já na segunda
aula (Design e Artesanato), quando os artesãos foram orientados a começar a
esboçar ideias para a criação de novos produtos nos “Cadernos de Processos”.
Após um mês de início das atividades, foram agendadas visitas aos locais de
produção para as primeiras orientações individuais, em que os artesãos foram
estimulados a criar produtos diferentes daqueles anteriormente desenvolvidos. Logo,
após esse ciclo de orientações, foi realizado um encontro para orientação coletiva.
Essa atividade teve como objetivo criar um ambiente propício para que os artesãos
pudessem opinar sobre o produto de seus colegas. Esta metodologia parte do
princípio que toda criação é uma cocriação, haja vista que toda ideia, salvo raras
exceções, surge a partir de outra ideia. Portanto, para Franco (2012), cocriação é
uma contínua adaptação, resultado de interação, de imitação e de colaboração.
Nesse encontro, os artesãos foram instruídos a colocar seus produtos numa
grande mesa no centro da sala de aula e, posteriormente, os apresentaram,
conforme figura 33.
Figura 33 - Artesã apresenta seu produto para orientação coletiva.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
92
A atividade promoveu o envolvimento do grupo a partir de um processo
colaborativo, através da troca de opiniões e sugestões entre os artesãos e equipe de
trabalho, a respeito dos produtos apresentados. Após a orientação coletiva, os
artesãos foram estimulados a criarem novas alternativas para os produtos
apresentados. A metodologia das orientações foi inspirada nos modelos de
pensamentos divergente e convergente. A primeira orientação individual pode ser
entendida como o período de divergência, quando o artesão é instigado a gerar
muitas opções de produtos, aumentado assim o leque de possibilidades, já a
orientação final é o momento de convergência, quando é feita a seleção dos
melhores produtos para finalização, conforme figura 34.
Figura 34 - Quadro dos pensamentos divergente e convergente.
Fonte: CRIATIVIDADE APLICADA, 2013.
Na primeira fase de orientações, a equipe de trabalho auxiliou os artesãos em
seu processo criativo, buscando contribuir com novas concepções. Além disso, a
equipe teve a oportunidade de conhecer local de trabalho, métodos de produção e
materiais e ferramentas disponíveis, conforme figura 35. Os artesões tiveram a
oportunidade de discutir sobre novas técnicas, dicas e soluções para aprimoramento
e acabamento dos produtos. Foram sugeridas novas composições e combinações
baseadas em uma paleta de cor desenvolvida pela equipe de monitores a partir das
cores mais recorrentes nas imagens registradas na atividade “Expedição
Fotográfica”.
93
Figura 35 - Equipe de trabalho durante visita para orientação.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
No final das atividades da “Oficina de Processos Criativos”, os artesãos
receberam a equipe de trabalho para as orientações finais. As visitas tiveram como
objetivo avaliar e selecionar os produtos com maior potencial mercadológico. Os
artesãos foram orientados a realizar modificações e aprimoramentos nos produtos e,
após essa etapa, tiveram duas semanas para finalizá-los, efetivando as mudanças
sugeridas. Ao final do ciclo de visitas, os artesãos foram instruídos a levar os
produtos acabados para o último encontro do curso.
Entre os novos produtos propostos, destacaram-se flores feitas com papel
reutilizado de sacos de cimento inspiradas nas flores do Cerrado, e uma coleção de
objetos em cerâmica, ainda inacabados, que faziam alusão às cuias e cabaças,
utilizadas pelos tropeiros que frequentaram a região de Macacos, na época do
surgimento do arraial, conforme figuras 36 e 37.
94
Figura 36 - Cabaças em cerâmica antes da queima.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Figura 37 - Flor de papel feita com saco de cimento.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.3.4.1 Apresentação dos Novos Produtos
A última atividade da “Oficina de Processos Criativos” foi marcada pela
apresentação dos novos produtos desenvolvidos ao longo do curso. Estes foram
expostos em uma única mesa central e todos puderam observar os resultados
alcançados por cada artesão, conforme figura 38. Foi possível identificar a presença
dos signos e elementos que constituem a iconografia da região de Macacos nos
novos produtos. Dentre os elementos, foram identificados a Capela de São
Sebastião, que além de representar um marco na formação do arraial, tem um valor
emocional de grande significância para a comunidade. Observou-se que a fauna e a
95
flora estão muito presentes na vida da comunidade, visto que é grande sua
representatividade nos produtos apresentados.
Figura 38 - Exposição de produtos em sala de aula.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
A flora da região é representada pela vegetação de Mata Atlântica e Cerrado.
Dentre essa vegetação exuberante, destacam-se muitas espécies de orquídeas,
flores nativas como Cipó de São João e Flor da Manhã, árvores como a Embaúba, o
Ipê e a Quaresmeira. Sutilmente, estes elementos apareceram nos novos produtos.
Por sua vez, o bambu, abundante na região, foi utilizado como matéria-prima para a
produção de alguns produtos. Entre as espécies da fauna, ressaltam-se os
pássaros, os micos e os insetos, com destaque especial para as borboletas, que
enfeitaram muitas peças.
96
4.3.5 Encerramento da Oficina de Processos Criativos
O encerramento da “Oficina de Processos Criativos” foi um evento para
apresentar a nova coleção de produtos do grupo e comemorar os resultados
alcançados. O evento, realizado no pátio da Escola Municipal Rubem Costa Lima, foi
aberto a toda a comunidade e contou com uma cerimônia para entrega dos
certificados de conclusão do curso aos artesãos que obtiveram 75% de frequência.
Uma exposição também foi montada pela equipe de trabalho com o intuito de exibir
os produtos para a comunidade e, assim, divulgar e promover o artesanato
produzido pelos participantes da oficina, conforme figura 39.
Figura 39 - Convidados no evento de encerramento da oficina.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Ao final do evento, houve uma nova seleção de produtos para serem
fotografados para um catálogo produzido por alunos da equipe de trabalho,
graduandos em Design Gráfico. O evento de encerramento serviu para consolidar os
resultados obtidos por todos e elevar a autoestima dos participantes. Foi o momento
de celebrar com parceiros, família e amigos todos os esforços para se alcançar os
objetivos propostos no decorrer do curso, conforme figuras 40 e 41.
97
Figura 40 - Apresentação musical de uma artesã.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Figura 41 - Equipe de trabalho e artesãs com seus certificados.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.4 Oficina de Estratégias de Mercado
Em setembro de 2012, iniciou-se no distrito de Macacos, o mapeamento dos
produtores locais. Para isso, foi realizada uma série de entrevistas através da
aplicação de questionário semiestruturado (APÊNDICE C) com os produtores de
alimentos típicos da região, conforme figura 42. A partir desse levantamento, a
98
equipe de trabalho elaborou as atividades da “Oficina de Estratégias de Mercado”
privilegiando a produção da agricultura familiar local, o resgate das tradições
culinárias e a melhoria da qualidade dos produtos típicos artesanais através do
fortalecimento da identidade cultural e valorização do território. A proposta do curso
buscou também atender as demandas do mercado turístico local, garantindo assim a
inclusão da atividade produtiva artesanal na cadeia de produção associada ao
turismo.
Figura 42 - Equipe de trabalho entrevistando produtora de doces.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
A metodologia de trabalho da oficina contemplou atividades expositivas sobre
“Design e Marketing”; “Embalagem e Ponto de Venda”; “Inovação para Produtos
Típicos”; “Turismo como Oportunidade de Negócios”; e “Educação Financeira para
Pequenos Empreendedores”, e visitas técnicas ao Mercado Central de Belo
Horizonte e Supermercado Verdemar, totalizando 16 horas/aula. Ainda estavam
previstas consultorias sobre posicionamento de mercado para os participantes que
obtivessem 100% de frequência no curso.
Em outubro, a equipe de trabalho deu início às atividades da “Oficina de
Estratégias de Mercado”. A coordenadora executiva apresentou os monitores e o
cronograma de atividades aos produtores locais. Nesse encontro, estavam
presentes uma funcionária da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Nova Lima
e um técnico extencionista da EMATER para apresentar a proposta da Feira da
99
Terra, uma iniciativa da EMATER em parceria com a Prefeitura Municipal de Nova
Lima, conforme figura 43.
Os funcionários públicos procuraram a equipe do “Programa Comunidades
Criativas das Geraes” para viabilizar a implantação da feira e dinamizar a economia
local, voltada para a valorização dos pequenos empreendedores do município de
Nova Lima. A proposta apresentada pelos parceiros tinha como objetivo criar
oportunidade de comercialização dos produtos locais com aumento da renda
familiar, proporcionando um espaço de encontros para a comunidade divulgar sua
produção.
Figura 43 - Técnico da EMATER apresenta a Feira da Terra para o grupo.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.4.1 Atividades Expositivas
4.4.1.1 Design e Marketing
Dois monitores iniciaram a aula “Design e Marketing” apresentando um vídeo
que questionava alunos do Ensino Médio, universitários e professores sobre a
definição de design. Num segundo momento, esse questionamento foi respondido
através de outro vídeo que demonstrou algumas das competências e possíveis
áreas de atuação dos designers.
A seguir, foi introduzida a importância do marketing e o cuidado que se deve
ter ao apresentar um produto ao mercado e com esse será percebido pelos
100
consumidores. Desencadeou-se um intenso discurso entre os produtores servindo
para enfatizar e integrar os conteúdos apresentados. Para finalizar, foram abordadas
a necessidade e a importância de realizar o desenvolvimento do produto e seu
marketing com ética, conforme figura 44.
Figura 44 - Monitor apresentando aula sobre design e marketing.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.4.1.2 Embalagens e Ponto de Venda
A aula “Embalagens e Ponto de Venda” foi ministrada por um professor
convidado da Escola de Design. Iniciando a aula, o professor explicou a diferença
entre os conceitos de preço, custo e valor utilizando a água e o ouro para fazer um
comparativo com os produtos típicos artesanais da região. Para que os produtores
pudessem ter uma visão mais abrangente, o palestrante apresentou os projetos
“Minas Artesanal” e “Cáritas” que apresentam similaridades com o projeto que
estava sendo desenvolvido em Macacos. Durante a apresentação, foi enfatizada a
importância da embalagem e dos pontos de venda de produtos artesanais não só
como um diferencial e indicativo de cuidado, mas também como uma valorização da
identidade e da cultura local, conforme figura 45.
Os produtores se mostraram bastante interessados ao longo da aula,
participando com perguntas, colocações e relatos sobre experiências pessoais em
relação ao assunto. Mais uma vez, os funcionários da Prefeitura Municipal de Nova
101
Lima e da EMATER participaram do encontro para reforçar a proposta de
implantação da Feira da Terra, recolheram sugestões e listaram os interessados em
participar, destacando que a Prefeitura ofereceria barracas e toda infraestrutura
necessária e auxílio para transporte de acordo com a necessidade de cada um.
Figura 45 - Professor convidado discursa sobre embalagem.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.4.1.3 Inovação para Produtos Típicos
A aula “Inovação para Produtos Típicos” foi preparada por dois monitores e
proporcionou aos produtores a oportunidade de conhecer as áreas em que o design
de alimentos ou Food Design17 pode atuar e, como essa disciplina pode agregar
valor ao produto, fidelizando consumidores, conforme figura 46.
17
Food Design é a aplicação do design na busca por soluções de problemas relacionados ao setor de
alimentação.
102
A aula foi bastante dinâmica desencadeando muitas ideias, questionamentos
e críticas por parte dos produtores, que perceberam no Food Design uma nova
perspectiva para a produção de alimentos típicos visando atender melhor ao público
que atualmente frequenta Macacos. A inovação para produtos alimentícios é uma
nova maneira de conceber o produto a partir do contexto em que está inserido,
segundo as necessidades dos consumidores e os problemas relacionados ao tema.
Figura 46 - Monitora apresenta aula sobre Food Design.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.4.1.4 Turismo como Oportunidades de Negócios
A aula “Turismo como Oportunidade de Negócios”, ministrada por um monitor,
definiu os tipos de turismo mais característicos da região e assim despertou nos
produtores a consciência para a oportunidade de alavancar os pequenos
empreendimentos a partir da cadeia produtiva do turismo, conforme figura 47.
Contudo, uma avaliação do cenário atual demonstrou que é necessário pensar e agir
de forma planejada para atender esse segmento.
Outro assunto colocado em pauta foram os eventos que o país sediará, a
saber, a Copa do Mundo em 2014 e os Jogos Olímpicos em 2016. Tais
acontecimentos trarão consigo turistas com perfil diferente do público atual,
acarretando a necessidade de oferecer produtos e serviços de qualidade para que o
103
turista possa desfrutar de uma experiência única. Alguns dos alunos dessa oficina
tinham participado de uma aula semelhante na “Oficina de Processos Criativos”.
Esses artesãos já haviam sido despertados da importância de aprimorar e inovar em
sua produção para agregar valor a seus produtos, o que enriqueceu a troca de
conhecimentos entre todos.
Figura 47 - Produtores assistem atentos a aula sobre turismo.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.4.1.5 Educação Financeira para Pequenos Empreendedores
A palestrante convidada para a aula “Educação Financeira para Pequenos
Empreendedores” optou por apresentar o tema dividindo-o em três tópicos: (a)
relevância do tema abordado; (b) reflexões sobre consumo; e (c) sustentabilidade e
inteligência financeira para família e negócios. Antes de apresentar o tema proposto,
foi importante contextualizá-lo dentro do cenário atual e da realidade dos produtores.
A explicação acerca da separação entre finanças da família e do empreendimento
foi essencial para que os produtores evitem que uma área interfira e, eventualmente,
prejudique a outra, descuido que tem se mostrado o principal problema de pequenos
empreendedores e iniciantes nessa área.
Os artesãos puderam aprender que ao iniciar todo e qualquer investimento, é
preciso que todos os lucros obtidos retornem em forma de aplicação para o próprio
negócio até que este atinja um estado de estabilidade e crescimento satisfatório.
104
Durante a aula, além das orientações sobre questões como o endividamento
(principalmente por cartão de crédito e cheque especial), foram apresentados
algumas dicas e exemplos possíveis de serem aplicados. As dúvidas dos produtores
em relação ao assunto foram ouvidas e sanadas pela palestrante convidada de
forma clara e didática, conforme figura 48.
Figura 48 - Participantes tiram dúvidas sobre finanças pessoais.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.4.2 Visitas Técnicas
4.4.2.1 Mercado Central de Belo Horizonte
Os produtores e a equipe de trabalho participaram de uma visita técnica ao
Mercado Central de Belo Horizonte com o intuito de exemplificar, na prática, os
conteúdos aprendidos durante a palestra “Embalagem e Ponto de Venda”. Foram
identificados vários produtos relacionados à produção típica mineira, embalagens,
forma de organização do espaço, forma de atendimento e apresentação do produto.
A última loja visitada no Mercado Central de Belo Horizonte demonstrou que um
produto com embalagens adequadas e bem trabalhadas interfere diretamente na
percepção de valor produto pelo consumidor e no ambiente em que se encontra,
conforme figura 49.
105
Após esta etapa, o grupo se encaminhou para a loja Maria Chocolate,
próxima ao Mercado Central de Belo Horizonte, onde foi possível observar
embalagens diferenciadas e vários insumos para a produção de doces e quitandas
como, formas, enfeites, ingredientes, acessórios, dentre outros. A visita técnica foi
enriquecedora e instigou os produtores a pensar no desenvolvimento dos seus
produtos sob uma nova perspectiva.
Figura 49 - Grupo visita lojas do Mercado Central de Belo Horizonte.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.4.2.2 Supermercado Verdemar Jardim Canadá
Entre os objetivos propostos na “Oficina de Estratégias de Mercado” estavam
previstos conhecer e entender o público alvo dos produtos típicos. Para tanto, foi
realizada uma visita técnica ao Supermercado Verdemar do Jardim Canadá a fim de
estabelecer um comparativo de público alvo, produtos e estratégias de venda
encontrados no ambiente do supermercado e o Mercado Central de Belo Horizonte,
conforme figura 50.
O Supermercado Verdemar é uma rede de supermercado gourmet de Belo
Horizonte especializada em carnes nobres, frutos do mar, vinhos e produtos
importados em geral. A loja do bairro Jardim Canadá em Nova Lima foi projetada
para ser um modelo de referência em sustentabilidade. Os produtores puderam
observar como uma empresa comercial com foco no consumo pode trabalhar com
106
os conceitos dos 3 Rs - Reduzir, Reutilizar e, Reciclar. A visita proporcionou acesso
a diferentes produtos nacionais e importados, o que contribuiu para uma análise
crítica dos produtores sobre seu ramo de atuação, gerando discussões em que foi
possível ouvir as impressões pessoais e as ideias que poderiam ser implantadas
pelos produtores.
Figura 50 - Produtoras observam os produtos no supermercado.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.4.3 Encerramento da Oficina de Estratégias de Mercado
O encerramento da “Oficina de Estratégias de Mercado”, acontecem no final
de novembro na Escola Municipal Rubem Costa Lima, onde foi entregue os
certificados de conclusão de curso aos produtores que obtiveram 75% de
frequência. A equipe de trabalho, produtores e convidados assistiram a cerimônia
conduzida pela coordenadora geral do programa. A importância do trabalho entre o
design e a produção artesanal de produtos típicos ficou evidente na satisfação e
empolgação do grupo, conforme figura 51. A perspectiva da realização da Feira da
Terra pela Prefeitura Municipal de Nova Lima foi um fator que também contribuiu
para que cinco produtores se empenhassem para serem contemplados com as
consultorias em design oferecidas pela equipe de trabalho ao final das atividades da
oficina.
107
Figura 51 - Equipe de trabalho e produtores após o encerramento da oficina.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.4.4 Consultorias
Após o término da “Oficina de Estratégias de Mercado”, a equipe de
monitores agendou vistas aos locais de trabalho dos produtores contemplados para
receber as consultorias. Esta atividade compreendia o desenvolvimento de logotipo,
embalagem, expositor ou qualquer outro material promocional que se fizesse
necessário para impulsionar ou adequar o produto ao mercado. Para dar início às
consultorias, foi preparado pela equipe de trabalho um briefing18 (APÊNDICE D), que
pode ser definido como um resumo ou uma série de referências contendo
informações sobre o produto ou objeto a ser trabalho, seus objetivos, público
consumidor e mercado. A realização do briefing com os produtores ajuda a sintetizar
as características que serão levadas em consideração para o desenvolvimento do
trabalho de consultoria.
A equipe composta pode alunos de graduação de Design de Produto e
Design Gráfico trabalhou com produtos completamente distintos, embora com o
mesmo objetivo que era atender de maneira mais objetiva aos desejos e anseios do
público consumidor, tendo como principal referência para o desenvolvimento dos
18
Briefing é um levantamento de dados em uma reunião ou encontro com o cliente. Ele proporciona a
criação de um roteiro de ações para o desenvolvimento de um trabalho.
108
produtos, a cultura local reforçando a identidade e o território. Após o recolhimento
dessas informações, a equipe de trabalho se reuniu para entender e definir as
estratégias de mercados para cada produto dentro da realidade econômica de cada
produtor, conforme figura 52.
Nesta etapa, foram desenvolvidas propostas para os seguintes produtos:
sorvete artesanal, biscoitos artesanais, pimentas em conserva, brigadeiros
gourmet19 e mel.
Figura 52 - Monitor da equipe de trabalho entrevista produtora.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.4.4.1 Apresentação das Propostas
Após o retorno das atividades acadêmicas, em fevereiro de 2013, foram
desenvolvidos os projetos a partir dos briefings realizados para compreender melhor
a necessidade de cada produtor. A equipe de trabalho desenvolveu os protótipos
para verificação e adequação projetual. Em março de 2013, foram apresentados os
seguintes serviços de design para os produtores, conforme figura 53, durante
encontro na Escola Municipal Rubem Costa Lima:
19
Gourmet é um produto de alta qualidade com produção limitada e características únicas do ponto
de vista sensorial. É um produto reservado a paladares mais avançados e a experiências
gastronômicas mais elaboradas.
109
1) Identidade visual compreendendo nome, logotipo e adesivação de
carrinho de sorvete.
2) Expositor para bolinhos e biscoitos artesanais a partir de materiais
sustentáveis.
3) Identidade visual abrangendo nome, logotipo e etiqueta para potes de
mel.
4) Identidade visual incluindo nome e logotipo para uma linha de brigadeiros
gourmet.
5) Identidade visual envolvendo nome, logotipo e rótulo para uma linha de
pimentas em conservas.
Figura 53 - Produtoras assistem a apresentação das propostas.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013 (acervo CCG).
4.5 Resultados e Discussões
4.5.1 Diagnóstico Participativo
Para analisar os dados levantados pelas pesquisas de campo e pelo grupo
focal, empregou-se a matriz SWOT20. A metodologia de análise SWOT é uma
ferramenta bastante utilizada para fazer diagnósticos de cenário ou ambiente, sendo
20
O termo SWOT é uma sigla oriunda do idioma inglês, e é um acrónimo de Strengths, Weaknesses,
Opportunities and Threats. Em português a sigla foi traduzida para FOFA - Força, Oportunidade,
Fraqueza e Ameaças.
110
usada
como
base
para
gestão
e
planejamento
estratégico
de
projetos
socioeconômicos, socioambientais, entre outros.
O distrito de São Sebastião das Águas Claras (Macacos) tem como acesso
principal a estrada AMG 160, ligada à rodovia federal BR 040, distante 20 km do
centro de Belo Horizonte - MG. A estrada é asfaltada e circundada por riachos,
lagos, montanhas e precipícios, o que a torna muito sinuosa e perigosa, e ainda
possui os agravantes de não possuir acostamento e a sinalização encontrar-se
encoberta pela vegetação. Outras vias de acesso a Macacos são a Estrada do
Jardim de Petrópolis, Estrada de Passárgada e Estrada do Engenho. Nos últimos
quilômetros da estrada, é possível avistar o vilarejo, conforme figura 54.
Figura 54 - Vista da estrada de acesso a São Sebastião das Águas Claras.
Fonte: Arquivo pessoal, 2011 (acervo CCG).
Macacos possui seis bairros - Centro, Capela Velha, Jardim Amanda, Mendes
(Santo Daime) e Engenho. Nos arredores, existem vários condomínios residenciais
de luxo - Passárgada, Morro do Chapéu, Arvoredo, entre outros. O distrito possui
uma boa infraestrutura turística, contando com pousadas, bares e restaurantes para
receber os visitantes. Atualmente, encontram-se em processo de construção dois
hotéis de grandes grupos internacionais voltados para o segmento de turismo de
negócios e eventos, conforme figura 55. O processo de ampliação da oferta turística
na região ocorre à medida que se aproximam os grandes eventos esportivos que
ocorrerão no Brasil - Copa do Mundo em 2014 e Jogos Olímpicos em 2016.
111
Figura 55 - Vista do projeto arquitetônico do Mercure Hotel & Spa Macacos.
Fonte: MERCURE, 2012.
A intensa atividade turística, atraída pela tranquilidade, belezas naturais e
proximidade da capital mineira provocou um intenso movimento no povoado. A
princípio, esse crescimento foi bastante benéfico à comunidade, gerando novas
opções de trabalho e desenvolvimento do comércio, porém, ao longo dos anos esse
crescimento se tornou um problema, pois não houve investimentos adequados por
parte do poder público em infraestrutura básica para comportar o crescente fluxo
turístico. O distrito não possui rede de esgoto: residências, pousadas e comércio
fazem uso de fossas sépticas. Também é comum acontecerem picos de energia e
falta d’água nos fins de semana e feriados devido ao aumento dos visitantes. O
atendimento médico é feito em um posto de saúde municipal que só funciona nos
dias úteis. O transporte público é precário, contando com duas linhas regulares e
pouquíssima oferta de horários.
As principais atividades econômicas desenvolvidas em Macacos são o
comércio e prestação de serviços ligados à cadeia produtiva do turismo, sendo elas
hospedagem, gastronomia e atividades ligadas ao lazer, esportes radicais e de
aventura, conforme figura 56. O Trail21, Trekking22, Montainbike23 e cavalgada, entre
outras atividades, são praticados nas diversas trilhas do distrito, porém tais práticas
esportivas têm contribuído muitas vezes para a degradação do meio ambiente,
deixando grandes veios no terreno, que acabam por gerar erosões nas montanhas.
21
Trail é uma atividade esportiva praticada com motocicleta em trilhas pouco acessíveis.
Trekking é uma atividade esportiva praticada a pé em trilhas pouco acessíveis.
23
Montainbike é uma atividade esportiva praticada com bicicleta em trilhas pouco acessíveis.
22
112
Figura 56 - Vista da rua principal com bares e restaurantes.
Fonte: Arquivo pessoal, 2011 (acervo CCG).
O vilarejo tem comércio pouco variado contando com depósitos de material de
construção; salões de beleza; SPA24; pet shop25, lan house26; locadora de filmes;
padarias; mercearias; lojas de produtos artesanais; e algumas barraquinhas de
doces caseiros, conforme figura 57.
Figura 57 - Barraquinha de doces caseiros em Macacos.
Fonte: Arquivo pessoal, 2011 (acervo CCG).
24
SPA é a designação genérica para um hotel, geralmente voltada a atividades relacionadas ao
turismo de saúde e bem-estar.
25
Pet shop é um estabelecimento comercial especializado em vender filhotes de animais, alimentos e
acessórios, além de oferecer serviços de embelezamento como banho, tosa e perfumaria.
26
Lan house é um loja ou local de entretenimento caracterizado por possuir computadores
conectados a internet permitindo a sua utilização para jogos e outros fins.
113
A mineração é ainda hoje a atividade econômica mais lucrativa da região e,
possivelmente, responsável por alguns dos principais problemas que a comunidade
enfrenta. A grande movimentação de caminhões das mineradoras deixa um rastro
de poeira de minério de ferro muito prejudicial à saúde e ao meio ambiente. Além
disso, essa atividade exploratória também contribui para a extinção de algumas
espécies da fauna e flora local. Os poucos projetos apoiados pelas empresas
mineradoras da região não são suficientes para neutralizar os efeitos nocivos da
exploração mineral.
O distrito possui grande diversidade de espécies da fauna e flora da Mata
Atlântica e do Cerrado, ambiente propício para a exploração de parques ou reservas
ecológicas abertas à visitação pública e atividades educativas. No entanto, isso
ainda não faz parte das opções de lazer. O clima é úmido e frio em boa parte do
ano. Esse cenário é um dos principais atrativos para os turistas que buscam um
clima mais ameno para descanso e lazer. As cachoeiras e represas, no entanto,
atraem um tipo de turismo predatório que não contribui para a preservação das
águas da região, conforme figura 58.
Figura 58 - Cachoeira do Marumbé em Macacos.
Fonte: Arquivo pessoal, 2011 (acervo CCG).
114
No município de Nova Lima acontece uma vez por ano o “Festival de
Gastronomia Rota dos Sabores”.
A “Rota Macacos” é uma das cinco rotas do
festival gastronômico, devido aos atrativos naturais e, principalmente, a oferta
variada de bares e restaurantes. A população local possui poucas opções de lazer,
não existem grupos folclóricos, sendo o carnaval de rua, as procissões religiosas, as
Festas Juninas e a Festa de São Sebastião - padroeiro de Macacos, conforme figura
59, as únicas manifestações culturais expressivas.
Figura 59 - Procissão de São Sebastião em Macacos.
Fonte: Arquivo pessoal, 2011 (acervo CCG).
Macacos tem população em torno de 3.000 habitantes27, em sua grande
maioria, em idade produtiva. Dentre esses moradores, muitos possuem capacidade
criativa, habilidades técnicas e artísticas propícias ao desenvolvimento de produtos e
serviços vinculados a cadeia produtiva do turismo. No entanto, falta estímulo para
que o empreendedorismo latente se torne um negócio viável e efetivamente
autossustentável na comunidade.
27
3.000 habitantes é um número aproximado de moradores tendo como base as informações
disponibilizadas pelo Tribunal Regional Eleitoral de Nova Lima, levando em consideração os números
de eleitores e justificativas constantes nos registros da 194ª zona eleitoral em 2012.
115
Ainda dentro dos resultados apontados pelo diagnóstico destacou-se que a
produção artesanal da região de Macacos necessita de aprimoramentos técnicos e
de valorização da cultura local, assim como noções de empreendedorismo. Devido
ao grande potencial turístico da região, são importantes treinamento e qualificação
dos artesãos de forma que possam valorizar seu território e cultura, empreender e
gerar renda usufruindo desse novo panorama que se apresenta.
O crescimento do fluxo turístico pode contribuir para a sustentabilidade dos
negócios a médio e longo prazo, a partir da comercialização dos produtos
resultantes das capacitações em design para um novo segmento de mercado. Pelas
oportunidades de novos negócios associados ao turismo, aliadas à uma população
receptiva a novos cenários e conscientes das suas necessidades, a comunidade de
artesãos e produtores de Macacos mostrou grande potencial para se tornar um
modelo de “Comunidade Criativa”.
4.5.2 Perfil da Produção Artesanal
Barroso (1999) afirma que ao se iniciar um trabalho com artesãos em uma
comunidade, o pesquisador “deve identificar e separar aqueles que têm o artesanato
como atividade principal e fundamental a sua sobrevivência daqueles que tem no
artesanato uma opção de renda complementar ou como terapia ocupacional”
(BARROSO, 1999, p.12). Assim, a partir da análise dos dados obtidos no
questionário (APÊNDICE A) aplicado a 22 artesãos de Macacos, foi traçado o perfil
da produção artesanal desse grupo.
Elaborar esse perfil é uma importante etapa do processo de capacitação, uma
vez que de acordo com Barroso (2001b), muitos consultores e instituições que lidam
com esse tipo de trabalho se equivocam colocando o artesanato sempre sobre a
mesma denominação, com isso produtos de diferentes origens são transformados
em pequenos souvenires semi-industrializados, perdendo sua expressão cultural.
Posto isto, os resultados da pesquisa realizada no início do projeto indicam
que o artesanato do grupo está inserido na categoria “Artesanato Doméstico28”,
segundo as classificações apresentadas pelo “Termo de Referência do Programa
SEBRAE do Artesanato” (2004). O Artesanato Doméstico tem como caráter o
28
As classificações apresentadas pelo "Termo de Referência do Programa SEBRAE do Artesanato"
encontram-se disponíveis no capítulo 2, na seção 2.4. Sistematização da Atividade Artesanal.
116
trabalho manual descomprometido com relação à renda, prazos de entrega, volume
de produção, ajuste à demanda de mercado entre outros (SEBRAE, 2004).
Ainda de acordo com Barroso (2001b) os produtos do “Artesanato Doméstico”
são, em geral, resultantes da utilização de tempo ocioso tanto como atividade
ocupacional como um complemento eventual de renda familiar. O desafio para o
design é promovê-lo à condição de Artesanato de Referência Cultural, agregando
valor simbólico ao produto e direcionando sua produção às demandas de mercado.
Este é um dos segmentos mais promissores para o incremento competitivo
do artesanato brasileiro, pois trata-se de produtos concebidos dentro de
uma lógica de mercado, orientados para a demanda, acompanhados por
designers, tendo como referência os elementos mais expressivos e
significativos da cultura regional (SEBRAE, 2004, p.59).
Foram analisados os dados obtidos através das seguintes perguntas: (a)
quanto da renda familiar provem do artesanato; (b) possui outra atividade
remunerada; (c) tempo dedicado ao artesanato; (d) pertence a algum grupo ou
associação; e (e) o que o levou a atividade artesanal.
Em relação à renda familiar proveniente do artesanato, 33% dos artesãos obtêm
menos da metade da renda familiar do artesanato, 11% responderam conseguir
metade da renda familiar com a venda de produtos artesanais, 45% não obtêm
renda familiar dessa atividade e apenas 11% possuem renda familiar proveniente do
trabalho artesanal, conforme gráfico 1. Com relação à possuir outra atividade
remunerada, 56% dos entrevistados declararam ter outra fonte de renda,
contrapondo à 44% que tem o artesanato como renda, conforme gráfico 2. Esses
indicadores demonstram que a renda obtida através da atividade artesanal ainda
não é suficiente para a sustentabilidade econômica do artesão.
117
Gráfico 1 - Renda proveniente do artesanato.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Gráfico 2 - Outra atividade remunerada.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Quanto ao tempo destinado à produção artesanal, 25% dos artesãos
dedicam-se até quatro dias por semana, 25% até dois dias na semana, 12% apenas
um dia na semana, 13% trabalham em tempo integral e outros 25% só trabalham
sob encomenda, conforme gráfico 3.
Gráfico 3 - Tempo dedicado ao artesanato.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
118
O motivo para 38% dos artesãos produzirem artesanato foi dar continuidade a
uma tradição familiar, outros 29% têm motivos diversos como prazer ou desafio,
21% buscaram no artesanato uma ocupação ou distração para o tempo ocioso, 8%
ingressaram na atividade por estarem desempregados, e somente 4% têm no
artesanato uma complementação de renda, conforme gráfico 4. Portanto, apenas
12% optaram por esta atividade por razões econômicas. Ao analisar esses
resultados, é possível perceber que o artesanato é encarado pela maioria como uma
atividade ocupacional, confirmando assim, o perfil de “Artesanato Doméstico”.
Gráfico 4 - Opção pela atividade artesanal.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Quando perguntados sobre pertencer a algum grupo produtivo ou associação,
somente 9% dos artesãos responderam que são associados a algum grupo ou
entidade
de
classe,
o
que
aponta
um
baixo
comprometimento
profissionalização da atividade artesanal, conforme gráfico 5.
Gráfico 5 - Participação em grupo ou associação.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
com
a
119
4.5.3 Perfil do Turista em Macacos
Gilbert (2011) apud Cooper e Hall (2011) afirmam que existe um conjunto de
fatores que influenciam a experiência do turista durante sua viagem. Entendê-los é
uma oportunidade para oferecer produtos mais adequados a esse público. Portanto,
conhecer o turista que frequenta Macacos, é fundamental para a compreensão da
dinâmica do mercado consumidor de produtos artesanais.
Uma vez que o turista representa o potencial público consumidor de
artesanato e produtos agroindustriais típicos de Macacos, entender quais são
desejos e expectativas, seu poder de compra, dentre outras características, foi de
grande valia para a equipe de trabalho elaborar as atividades das oficinas. Os perfis
do Turista Acidental29, Turista Tradicional30 e Turista Existencial31, compilados por
Barroso (2011), orientaram a equipe na elaboração de uma pesquisa de mercado.
A fim de identificar o perfil do turista em viagem a Macacos, foi realizada uma
pesquisa de campo durante dois fins de semana com 30 pessoas de ambos os
sexos e idade superior a 18 anos, abrangendo casais, grupos de amigos e famílias
abordadas em pontos turísticos e comerciais do distrito. O questionário
semiestruturado (APÊNDICE C) contemplou informações socioeconômicas, hábitos
de viagem e de consumo do viajante.
Quanto aos aspectos socioeconômicos do grupo entrevistado, 83% tem nível
superior, 14% nível médio e 6% Ensino Fundamental, conforme gráfico 6. Quanto à
faixa etária, 40% têm entre 25 a 34 anos, 23% possuem entre 35 a 44 anos, e outros
23% estão entre 45 a 59 anos, sendo que 97% do total pertencem a população
economicamente ativa, conforme gráfico 7.
“Turista Acidental” é aquele que tem como motivação compromissos pessoais, profissionais,
familiares ou religiosos, permanecendo em média de 3 a 5 dias no destino. Geralmente suas
aquisições se limitam a presentes compulsórios tais como produtos típicos, lembranças e souvenires
(BARROSO, 2011).
30
“Turista Tradicional” é aquele que tem como motivo o lazer e o relaxamento. Viaja em busca de
serviços e produtos conhecidos, que não representem surpresas. Compra artesanato em função de
seu preço, quase sempre produtos de uso pessoal ou utilitário (BARROSO, 2011).
31
“Turista Existencial” é aquele que busca a experiência cultural, procurando vivenciar os hábitos e
costumes da comunidade de destino. Tende a permanecer por maiores períodos de tempo e valoriza
a gastronomia, a música, a arte popular, o artesanato, os festejos e a vida do lugar (BARROSO,
2011).
29
120
Gráfico 6 - Escolaridade.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Gráfico 7 - População economicamente ativa.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Os dados referentes aos hábitos de viagem revelam que 44% dos turistas
permanecem entre 1 a 3 dias, 43% entre 4 a 7 dias, 10% entre 8 a 11 dias e apenas
3% entre 12 a 15 dias, conforme gráfico 8.
Gráfico 8 - Período de estadia.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
121
Normalmente, viajam para visitar família e amigos (35%), escolhem o destino
de viagem pela beleza natural do lugar (18%), viajam a trabalho (17%), procuram
lazer (9%) e descanso (7%), vão em busca da cultura local (7%) e da gastronomia
(4%) e somente 3% viajam para visitar museus e exposições, conforme gráfico 9.
Gráfico 9 - Motivo para escolha do destino.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
No que diz respeito aos hábitos de consumo, 67% dos visitantes costumam
adquirir produtos artesanais, conforme gráfico 10. Dentre estes, a venda de produtos
típicos representa 40%, lembranças e souvenir 35%, produtos utilitários 14%,
objetos com referência cultural 8%, artigos esotéricos 3%, conforme gráfico 11.
Gráfico 10 - Consumo de produtos artesanais.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
122
Gráfico 11 - Tipo de produto adquirido.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
As principais motivações apontadas foram presentear amigos (41%), ter uma
lembrança do local (35%), adquirir um objeto decorativo (17%) e preço acessível
(7%), conforme gráfico 12. Os turistas que não consomem nenhum tipo de
artesanato alegam não ter tempo para procurar, não tem interesse e/ou consideram
os produtos pouco inovadores.
Gráfico 12 - Motivo para adquirir produto artesanal.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
A partir dos dados expostos, tendo como referência os perfis elaborados por
Barroso (2011), pode-se concluir que com relação ao período de estadia e aos tipos
de produtos artesanais adquiridos (gráficos 8 e 11), o perfil mais próximo é o “Turista
Acidental”, já que compra em geral lembranças, souvenires e produtos típicos tais
como doces, compotas, licores e cachaças e pelo fato do período de estadia variar
entre 1 a 3 dias. Enquanto que os motivos da escolha do destino (gráfico 9) apontam
para o perfil do “Turista Tradicional” que busca a beleza natural e o lazer, os motivos
123
para adquirir artesanato (gráfico 12), confirmam ser o perfil do “Turista Acidental” o
mais adequado, visto que os motivos para compra de produtos artesanais são
presentear os parentes e amigos ou adquirir uma recordação da viagem.
4.5.4 Análise das Oficinas de Capacitação
4.5.4.1 Resultados Quantitativos
O “Programa Comunidades Criativas das Geraes” disponibilizou 15 vagas
para duas oficinas direcionadas aos artesãos e produtores de Macacos, totalizando
30 vagas. A “Oficina de Processos Criativos” teve todas as suas vagas preenchidas.
Considerando que três artesãos abandonaram o curso, observa-se um índice de
frequência de 80% apurado através da lista de presença. Na “Oficina de Estratégias
de Mercado” houve 14 inscrições e cinco desistências, com índice de frequência
equivalente a 64%. Avaliando esses dados, pode-se afirmar que a adesão e
participação nas atividades propostas foram bastante satisfatórias, visto que a
maioria dos artesãos e produtores mostrou-se interessada e estimulada, cumprindo
a carga horária proposta pelas oficinas até o final.
A sustentabilidade econômica do grupo de artesãos e produtores envolvidos
nas ações do programa pode ser verificada através da análise da evolução da renda
proveniente do artesanato, qualidade de canais de comercialização e valor
percebido do produto artesanal, realizada por meio de questionários aplicados no
início das oficinas (APÊNDICES A e B) e ao final das mesmas (APÊNDICE E).
A renda proveniente do artesanato é um indicador de mudanças na realidade
socioeconômica dos artesãos e produtores. Ao comparar a porcentagem de renda
obtida através da atividade artesanal, depara-se com um aumento em relação ao
primeiro questionário de 26% na opção ‘menos da metade’, 9% na alternativa
‘metade’ e outros 9% na opção ‘mais da metade’, conforme gráfico 13.
Proporcionalmente, houve uma diminuição de 34% na alternativa ‘nada’, o que
denota um ganho da renda com a atividade artesanal ainda tímida, porém
significativa, visto que confere aos participantes uma perspectiva de sustentabilidade
socioeconômica com o artesanato.
124
Gráfico 13 - Comparativo de renda proveniente do artesanato.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Em
relação
aos
meios
de
distribuição
e
venda
dos
produtos,
comparativamente, os índices apontam que os produtos passaram a ser
comercializados em ambientes mais formais, com um aumento de 28% na
comercialização em lojas, 4% em vendas sob encomenda e 2% por indicação ou
recomendação, conforme gráfico 14. A loja contribui para o sucesso da venda dos
produtos por transmitir ao consumidor o caráter de profissionalismo, enquanto os
produtos confeccionados por encomenda tem a garantia da venda antes mesmo de
sua produção. A indicação boca a boca reflete a experiência positiva do consumidor
ao recomendar aos amigos um produto que atende suas expectativas, confirmando
a evolução da qualidade dos canais de comercialização.
É importante informar que a redução em 18% na comercialização em feiras
regulares não foi levada em consideração nessa análise, visto que a pesquisa de
avaliação foi realizada antes da implantação da Feira dos Produtores de Macacos,
fato esse que altera os índices de comercialização em feiras fixas.
125
Gráfico 14 - Comparativo de canais de comercialização.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Após a exposição das análises relativas à renda proveniente da atividade
artesanal e aos canais de comercialização, é interessante ponderar sobre o valor
percebido pelo artesão quanto ao seu produto e à atividade que exerce. Quando
perguntados se achavam justo o valor cobrado por seus produtos antes das oficinas
de capacitação, 75% responderam ‘sim’, conforme gráfico 15.
Gráfico 15- Comparativo de valor percebido do produto.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Logo após o término das oficinas, esse percentual diminuiu para 63%, o que
indica que o conhecimento oferecido durante as atividades pode ter contribuído para
que os artesãos compreendam melhor todo o esforço envolvido no processo de
126
concepção e desenvolvimento do seu produto. O artesanato que antes era vendido
por um preço que atendia às suas expectativas, passou a ser entendido agora como
representativo da sua cultura e de suas crenças quando agregam valor ao produto.
O produto artesanal torna-se assim um objeto de desejo impregnado de valor
simbólico, conceito intangível percebido pelo público alvo disposto a pagar mais por
esses produtos (BARROSO, 1999).
4.5.4.2 Grupo Artesania Águas Claras
Entre as metas propostas pelo “Programa Comunidades Criativas das
Geraes” para as oficinas em Macacos estava prevista a consolidação do grupo como
uma unidade produtiva. Ao longo das atividades, foi trabalhada a ideia da formação
do grupo visando fortalecer o artesanato local. O estímulo às trocas e às dinâmicas
culturais entre os envolvidos no processo encorajam o desenvolvimento e o
fortalecimento do grupo.
Os artesãos compreenderam a importância do associativismo para a
sustentabilidade da atividade artesanal em Macacos e elegeram por meio de
votação o nome que melhor representasse a essência e a origem do grupo numa
clara referência ao nome de São Sebastião das Águas Claras. Uma monitora
graduanda em Design Gráfico da equipe de trabalho criou o logotipo do grupo
denominado “Artesania Águas Claras” a partir dos conceitos de Transparência, Vida
e Movimento, conforme figura 60
Figura 60 - Logotipo do grupo Artesania Águas Claras.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
127
Foi verificado através de análise comparativa que houve adesão de 91% dos
artesãos ao grupo “Artesania Águas Claras”, conforme gráfico 16. Considerando-se
que o grupo tem como objetivos promover, divulgar e apoiar a produção e
comercialização dos produtos locais, percebe-se o aumento do comprometimento
com a atividade, passando a encarar o artesanato como atividade produtiva e não
mais como um passatempo. Os artesãos começaram a entender que se organizar
em grupo contribui para representatividade do artesanato local, além de estimular
um ambiente de troca de informações em que tanto a produção quanto a
comercialização podem ser facilitadas, propiciando o desenvolvimento local quer
direta quer indiretamente.
Gráfico 16 - Comparativo de adesão a um grupo ou associação.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.5.4.3 Catálogo Artesania Águas Claras
Uma equipe de alunos composta por dois designers gráficos e uma fotógrafa
trabalhou no desenvolvimento do catálogo, peça gráfica para a promoção dos
produtos artesanais. Após a exposição realizada no encerramento da “Oficina de
Processos Criativos”, os produtos que melhor expressavam a produção artesanal do
grupo “Artesania Águas Claras” foram selecionados a partir da avaliação dos
seguintes critérios: inovação; estética; vínculo cultural; respeito ambiental; ganho
128
social; valor simbólico; acabamento; embalagem; preço; e segurança proposto por
Barroso (2012), conforme figura 61.
Figura 61 - Critérios de avaliação dos produtos artesanais.
Fonte: BARROSO, 2012.
Após a seleção, observou-se que 100% dos participantes mudaram seus
produtos após a oficina, utilizando novos materiais, melhorando o acabamento,
modificando as formas, empregando a iconografia local e o reaproveitando de
resíduos, conforme figuras 62, 63, 64, 65 e 66.
Figura 62 - Prato em cerâmica com forma orgânica de folha.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
129
Figura 63 - Quadro em feltro com a Capela de São Sebastião.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Figura 64 - Jogo americano feito com lacre de alumínio e crochê.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Figura 65 - Adorno de parede com resíduos vegetais e feltro.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
130
Figura 66 - Bandeja em bambu e mosaico de borboletas.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Com distribuição gratuita em pousadas e hotéis da região, espera-se que o
catálogo (figura 67) possa contribuir para a promoção das potencialidades e
vantagens competitivas do produto artesanal de Macacos visando atender o
crescimento do ecoturismo e do turismo de negócios e eventos na região.
Figura 67 - Capa do catálogo Artesania Águas Claras.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013 (acervo CCG).
4.5.4.4 Material Promocional para Produtos Típicos
Como estímulo ao desenvolvimento dos pequenos negócios de produtos
típicos, foi oferecido aos produtores que participaram de todas as atividades da
131
“Oficina de Estratégias de Mercado” uma consultoria em branding32. A equipe de
monitores, orientada pelo briefing realizado através de questionário (APÊNDICE D),
elaborou propostas com maior valor agregado através de posicionamento de
mercado, tais como naming33, marca, identidade visual, PDV34, e embalagem para
cinco produtores conforme figuras 68, 69, 70, 71 e 72. Entretanto, ainda não foi
possível mensurar os resultados palpáveis dessa ação devido à falta de iniciativa
dos produtores para executar as propostas apresentadas, não obstante ao
entusiasmo demostrado pelos mesmos durante a exposição do material pelos
monitores.
Figura 68 - Logotipo Ateliê do Brigadeiro e aplicação no produto.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013 (acervo CCG).
Figura 69 - Logotipo e selo Chiquita Pimenta e aplicação no produto.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013 (acervo CCG).
32
Branding pode ser traduzido para o português como o ato de administrar a imagem/marca de uma
empresa. Refere-se aos atributos descritivos verbais e símbolos concretos, como o nome, logotipo,
slogan e identidade visual que representam a essência de uma empresa, produto ou serviço.
33
Naming é uma série de técnicas e estudos de redação, linguística e tendências de consumo e
comportamento adotados para encontrar um nome adequado para a uma marca.
34
PDV acrónimo de “ponto de venda”, é um tipo de expositor utilizado para ambientar o produto
dentro de uma loja, destacando-o do restante do local, o que lhe oferece maior visibilidade e
possibilidade de facilitar a aquisição do produto.
132
Figura 70 - Logotipo, etiqueta e aplicação no produto Zé do Mel.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013 (acervo CCG).
Figura 71 - Logotipo Sorveteria Cheia de Graça e aplicação no carrinho.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013 (acervo CCG).
133
Figura 72 - Expositor para biscoitos e bolinhos artesanais Zên.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013 (acervo CCG).
Ainda como parte do material promocional criado para os produtos típicos,
uma aluna de graduação em Design Gráfico desenvolveu o folder35 “Guia dos
Produtos Típicos Artesanais de Macacos” para distribuição gratuita em pousadas e
hotéis para promoção e divulgação dos produtos e pontos de vendas em Macacos,
conforme figura 73. Espera-se, assim, estabelecer uma rede de apoio à
comercialização dos produtos artesanais atendendo as expectativas do mercado
local.
Figura 73 - Capa do Guia dos Produtos Típicos Artesanais de Macacos.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013 (acervo CCG).
35
Folder é um prospecto, um pequeno impresso em geral com ilustrações, e estampado em folha
única, às vezes dobrada em sanfona, no qual se anuncia ou faz propaganda de qualquer coisa,
134
4.5.4.5 Campanhas de Mobilização Social
Entre os objetivos específicos do programa também era esperado a promoção
do bem estar social dos envolvidos direta e indiretamente nas atividades. A
“Campanha de Inverno” e a “Campanha Lixo Criativo” foram iniciativas que
aconteceram no decorrer das atividades de forma espontânea entre os membros do
grupo de trabalho e envolveram outras pessoas da comunidade em Macacos.
Logo no início das atividades da “Oficina de Processos Criativos”, foi criada a
Campanha de Inverno em apoio a uma iniciativa da Sociedade São Vicente de Paula
- gestora local das ações da Capela de São Sebastião, que todos os anos no
período do inverno promove uma campanha de arrecadação de cobertores e
agasalhos para a população carente. Uma monitora da equipe de trabalho foi a
responsável por criar um cartaz (figura 74), distribuído nos principais pontos
comerciais de Macacos e na Escola de Design, envolvendo também a comunidade
acadêmica numa ação solidária.
Figura 74 - Cartaz da Campanha de Inverno em Macacos.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
135
A “Campanha Lixo Criativo” teve como objetivo de conscientização da
população e turistas sobre o descarte inadequado do lixo nas ruas, rios e cachoeiras
de Macacos. A ideia dessa iniciativa surgiu logo após a exibição do documentário
“Lixo Extraordinário”, quando o grupo se disse muito incomodado com a questão do
lixo na comunidade. Assim, foi proposta a criação de um banner de grandes
proporções com a técnica desenvolvida pelo artista plástico Vik Muniz, que foi
instalado no pátio da Capela de São Sebastião - local central de grande visibilidade
(figura 75). Esses dois resultados indicam que as ações do programa em Macacos
mobilizaram, e possivelmente, sensibilizaram a comunidade para temas atuais
envolvendo o meio ambiente e a pobreza. As constantes interações durante todo o
processo do programa permitiram que tanto os artesãos e produtores quanto a
equipe de trabalho construíssem e redefinissem a dinâmica do programa, de forma
colaborativa.
Figura 75 - Grupo no lançamento da Campanha Lixo Criativo.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
4.5.4.6 Iniciativas Empreendedoras na Comunidade
Ainda dentro dos objetivos de incentivo à cultura do empreendedorismo,
pode-se destacar a abertura da loja Chiquita Banana por três artesãs logo após o
término da “Oficina de Processos Criativos”. As mesmas se sentiram motivadas e
136
encorajadas para o desafio de abrir uma loja de produtos artesanais e assim suprir a
carência por pontos de venda de artesanato em Macacos, conforme figura 76.
Figura 76 - Artesãs em frente à loja de artesanato Chiquita Banana.
Fonte: Arquivo pessoal, 2012 (acervo CCG).
Outra artesã, em busca de apoio para publicar um livro de poesia
desenvolvido durante a oficina, procurou comerciantes da comunidade para
contribuírem com cotas de patrocínio e, assim, viabilizar a impressão de seu livro
intitulado “Macacos”. O lançamento do livro teve manhã de autógrafo no restaurante
de uma pousada e foi prestigiado pela comunidade, equipe de trabalho e colegas da
oficina, confirmando assim o potencial empreendedor dos artesãos em criar novas
oportunidades de negócios na comunidade, conforme figura 77.
Figura 77 - Artesã autografando o livro de poesia intitulado Macacos.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013 (acervo CCG).
137
A Feira da Terra, rebatizada Feira dos Produtores de Macacos foi uma
iniciativa da Secretaria Municipal de Trabalho e Renda de Nova Lima e da EMATER,
que com apoio do “Programa Comunidades Criativas das Geraes”, criou uma
oportunidade para os produtores e artesãos comercializarem seus produtos e
aumentarem a renda familiar, além de proporcionar um espaço de convivência para
a comunidade local. A feira começou a acontecer em maio de 2013 no espaço da
Creche Municipal de Macacos todos os sábados das 10 às 17 horas, conforme
figuras 78 e 79.
Figura 78 - Visão geral da Feira dos Produtores de Macacos.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013 (acervo CCG).
Figura 79 - Barracas da Feira dos Produtores de Macacos.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013 (acervo CCG).
138
Nas barracas, é possível encontrar produtos orgânicos da agricultura familiar,
plantas ornamentais e medicinais, quitandas e quitutes, como doces caseiros,
geleias, bolos e pães artesanais. Há uma grande variedade de artesanato, como
peças decorativas, produtos para casa, acessórios entre outros. Como continuidade
das ações do programa, a equipe de trabalho desenvolveu um banner para a
divulgação da iniciativa (figura 80). A adesão dos produtores e comunidade a esta
iniciativa aponta o fortalecimento do setor artesanal que começa a ser valorizado
não só pelos envolvidos mas também pelas instituições municipais que demonstram
maior apoio ao setor.
Figura 80 - Banner de divulgação da Feira dos Produtores de Macacos.
Fonte: Arquivo pessoal, 2013 (acervo CCG).
139
5 CONCLUSÃO
Ao longo de dois anos do “Programa Comunidades Criativas das Geraes”, foi
possível acompanhar e analisar como o design contribuiu para o desenvolvimento
sustentável de iniciativas locais no âmbito da produção artesanal em Macacos.
Nesse processo, foi possível compreender a atuação do designer no alinhamento
entre o processo produtivo e o desenvolvimento local, a fim de promover de forma
sustentável o artesanato e os produtos típicos. Assim, o design pode colaborar para
a sustentabilidade econômica, social, ambiental e cultural da produção artesanal,
quando se transforma em agente de mudança, contribuindo para a viabilização de
um programa de desenvolvimento sustentável, comprometido com novos modelos
de negócios mais éticos e solidários.
Ao considerar as relações entre comunidade, território e produção artesanal
de forma sistêmica, pode-se acreditar que é viável tornar um produto competitivo
não apenas pelos seus atributos estéticos e funcionais, mas também pelo seu valor
cultural, social e ambiental. Valorizando o cidadão e seu território, o design pode
contribuir de forma significativa para a transformação pessoal e profissional dos
indivíduos, além de fortalecer a cadeia produtiva do artesanato. A atuação do
designer nesse contexto mostrou-se de grande valia, pois reestruturou a produção já
existente, preparando-a para o mercado consumidor, sem que os produtores e seus
produtos perdessem sua identidade e autenticidade, valorizando o território e a
cultura local.
Destaca-se ainda a compreensão obtida por parte dos artesãos e produtores
quanto à importância da aplicação da metodologia de design no processo de
desenvolvimento de produtos artesanais. As constantes interações entre os atores
permitiram que tanto os artesãos e produtores quanto os designers construíssem e
redefinissem a dinâmica do programa, de forma colaborativa, adaptando
metodologias e processos produtivos em prol da sustentabilidade do mesmo.
Contudo, é relevante ressaltar que, além das transformações desenvolvidas no
processo produtivo, foi possível observar que o design estimulou os indivíduos com
vocação latente para o empreendedorismo a criarem novos negócios.
Ficou evidente que o turismo em Macacos é um forte aliado ao
desenvolvimento da atividade artesanal, já que através dele, a expectativa do
140
consumidor ao adquirir um produto artesanal se incorpora a experiência da viagem,
ampliando a cadeia de valor estabelecida com a localidade. Dessa forma, a vivência
no território é valorizada, uma vez que ela acontece durante a permanência na
região, e por meio do artesanato, pode prolongar-se para o local de origem do
visitante. Pode-se ainda afirmar que a adesão e o envolvimento da comunidade de
um modo geral com a Feira de Produtores de Macacos possibilitou que a produção
artesanal local se transformasse em um atrativo turístico a mais para o destino, visto
que tornou-se um evento fixo no calendário turístico do município.
A inovação social sob a perspectiva do design acontece quando o designer se
configura no agente de transformação social, destacando-se o impulso para
mudanças na realidade socioeconômica e cultural por intermédio da criatividade;
divulgação das potencialidades e vantagens competitivas do produto artesanal;
incentivo ao empreendedorismo e ao fortalecimento do associativismo; apoio ao
desenvolvimento de novos nichos de negócios; estímulo a trocas e dinâmicas
culturais entre os envolvidos no processo; e promoção do bem estar social dos
participantes direta e indiretamente nas atividades.
Este trabalho permitiu a aplicação da metodologia do design para transformar
a produção artesanal local em uma atividade comprometida, na qual a produção é
valorizada sobre aspectos mercadológicos, enquanto amplia o valor simbólico do
produto e torna-se agente de divulgação da cultura local. Durante todo o processo
projetual, a utilização dos recursos territoriais foi um dos pilares para tornar a
iniciativa sustentável. Sendo assim, o intuito é continuar a trabalhar com o design,
criando novas oportunidades de negócios, divulgando os valores locais, promovendo
o desenvolvimento sustentável e estimulando a inovação social. A partir da
experiência dessa pesquisa, espera-se que o design possa contribuir com as
transformações de outras “Comunidades Criativas” pelo mundo.
141
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148
APÊNDICE A
Questionário Inicial Oficina de Processos Criativos
QUESTIONÁRIO PROCESSO SELETIVO
OFICINA DE PROCESSOS CRIATIVOS
Dados Pessoais
Nome Completo:
Endereço:
Bairro:
Cidade:
Telefone residencial:
CEP:
Celular:
Identidade:
CPF:
Email:
Data de Nascimento:
Sexo: ( )Feminino
( )Masculino
Estado Civil: ( )Solteiro ( )Casado ( )Separado ( )Viúvo ( ) Outro, qual?
Escolaridade: ( )Fundamental ( )Médio ( )Superior
( )Pós graduado (
) Não possui
Você acha que é importante voltar a estudar? ( )Sim ( )Não
Se sim, o que o impede de retornar?
Se não, por qual motivo?
Tem filhos? ( )Sim ( )Não Quantos menores?
Quantos maiores?
Residência: ( )Própria ( )Aluguel ( )Cedida ( )Outro, qual?
Quantas pessoas moram em sua casa?
Quantos trabalham?
149
Quantas possuem renda formal?
Quantos possuem renda informal?
Renda familiar: ( )Até 01 salário ( )Entre 1 e 5
( )Entre 5 e 8
( )Acima de 8 salários
Você é o principal responsável pelo sustento da sua família? ( )Sim ( )Não
Quanto da sua renda provem do artesanato? ( )Nada ( )Menos da metade (
)Metade ( )Mais da metade ( )Tudo
Quais destes aparelhos você possui: ( )Computador ( )Notebook
( )Câmera fotográfica ( )Telefone fixo ( )Celular ( )Outros, quais?
Possui acesso a internet? ( ) Sim
( ) Não
Se sim, quais destas redes sociais você acessa:
( ) E-mail ( )You tube ( )Blog ( )Facebook ( )Twitter ( )Skype ( ) Orkut
Dados Profissionais
Tempo de atuação na atividade artesanal:
Tempo dedicado ao artesanato:
Possui outra atividade remunerada? ( ) Sim ( )Não
Se sim, qual atividade?
O que o levou a atividade artesanal? ( )Desemprego
( )Complementação de renda
( )Tradição familiar ( )Ter uma ocupação ou distração ( )Outra, qual?
O artesanato produzido faz parte de alguma tradição de família? ( )Sim ( )Não
Se sim, qual tradição?
Quais as técnicas artesanais que domina?
Possui ajudante ou parceiro de trabalho? ( ) Sim ( )Não Se sim, quantos?
Se não, qual o motivo?
Faz parte de algum grupo ou associaçãov? ( )Sim ( )Não
Se sim, qual (ais) o(s) grupo(s)?
Há quanto tempo?
O que o levou a participar deste grupo?
Tipo de grupo: ( ) Familiar ( ) Comunitário ( ) Outro, qual?
Caráter do grupo: ( ) Produção ( )Comercialização ( ) Outro, qual?
Dados do Produto
Local de produção: ( )Casa
( )Oficina ou ateliê
( )Cooperativa
( )Associação
Quais são os produtos que você desenvolve?
Os produtos desenvolvidos são: ( )Utilitários
( )Decorativos
(
( )Religiosos
( )Lúdicos
( )Conceituais ( )Outro, qual?
Quais são suas fontes de inspiração e referência?
)Educacionais
Quais as ferramentas, máquinas ou equipamentos utilizados na produção?
Quais são os principais materiais utilizados nos produtos?
Preocupa-se em reaproveitar materiais (sobras da produção)? ( )Sim ( )Não
O produto possui embalagem adequada para transporte? ( )Sim
Se não, qual o motivo?
( )Não
150
O produto possui embalagem para presente? ( )Sim ( )Não
Qual (descreva)?
Existem expectativas de mudança do produto? ( )Sim ( )Não
Se sim, quais as expectativas? ( )Acabamento ( )Embalagem ( )Novos materiais
( )Adequação ao mercado ( )Novo produto ( )Outro, qual?
Existe receio quanto à mudança ou forma de produção dos produtos? ( )Sim ( )Não
Quantidade de peças produzidas em média por mês:
Tempo médio de produção por peça:
Gasto médio com matéria-prima por peça:
Margem de lucro médio por peça:
Dados de Comercialização
Onde comercializa os produtos? ( )Feiras fixas ( )Indicação boca a boca
( )Bazares ( )Eventos sazonais ( )Lojas ( )Sob encomenda ( )Outro, qual?
Tem dificuldade quanto à comercialização dos produtos? ( )Sim ( )Não
Se sim, qual a dificuldade?
Quantidade de peças vendidas em média por mês:
Como você calcula o preço do seu produto?
Considera justo o valor de comercialização do seu produto? (
Se não, por quê?
) Sim
(
) Não
Dados de Sustentabilidade
Você considera que o meio ambiente está sendo preservado na sua comunidade?
( ) Sim ( ) Não Se não, porque?
Você utiliza práticas sustentáveis no seu dia-a-dia? ( )Sim
( )Não
Se sim, quais são? ( ) Coleta seletiva
( ) Reuso de água
( ) Energia Solar
( ) Compostagem
( ) Opção por transportes limpo ( ) Horta comunitária
( ) Consumo de produtos orgânicos ( ) Troca de produtos usados
( ) Nenhuma
Das práticas mencionadas acima, qual o motivo em praticá-las:
( ) necessidade
( ) opção pessoal
( ) ambos
( ) Outras, quais?
Há preocupação em trabalhar sem agredir o meio ambiente? ( )Sim ( )Não
Se sim, como?
Você usa matéria prima reciclável (pet, papelão, etc.) na produção? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quais?
Conhece as espécies vegetais do entorno de sua residência? ( ) Sim ( )Não
Se sim, Quais?
Você utiliza resíduos vegetais na produção? ( )Sim ( )Não
Se sim, quais? ( ) Folhas ( )Sementes ( )Troncos ( ) Outros, quais?
Informações da Capacitação
Possui interesse em participar da capacitação? ( )Sim
( )Não
Possui disponibilidade de tempo para participar da capacitação? (
Quais são suas expectativas com o curso de capacitação?
)Sim (
)Não
151
APÊNDICE B
Questionário Inicial Oficina de Estratégias de Mercado
QUESTIONÁRIO PROCESSO SELETIVO
OFICINA DE ESTRATÉGIAS DE MERCADO
Dados Pessoais
Nome Completo:
Endereço:
Bairro:
Cidade:
Telefone residencial:
CEP:
Celular:
Identidade:
CPF:
Email:
Data de Nascimento:
Sexo: ( ) Feminino
( ) Masculino
Estado Civil: ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Separado ( ) Viúvo ( ) Outro, qual?
Escolaridade: ( ) Fundamental ( ) Médio ( ) Superior
( ) Pós-graduado (
Você acha que é importante voltar a estudar? ( )Sim ( )Não
Se sim, o que o impede de retornar?
Se não, por qual motivo?
Tem filhos? ( ) Sim ( ) Não Quantos menores?
Quantos maiores?
) Não tem
152
Residência: ( ) Própria ( ) Aluguel ( ) Cedida ( ) Outro, qual?
Quantas pessoas moram em sua casa?
Quantos trabalham?
Quantas possuem renda formal?
Quantos possuem renda informal?
Renda familiar: ( ) Até 01 salário ( ) Entre 1 e 5 ( ) Entre 5 e 8 ( ) Acima de 8 salários
Você é o principal responsável pelo sustento da sua família? ( ) Sim ( ) Não
Quanto da sua renda familiar provém da sua produção?
( ) Nada ( ) Menos da metade ( ) Metade ( ) Mais da metade ( ) Tudo
Quais destes aparelhos você possui: ( ) Computador ( ) Notebook
( ) Câmera fotográfica ( ) Telefone fixo ( ) Celular ( ) Outros, quais?
Possui acesso a internet? ( ) Sim
( ) Não
Se sim, quais destas redes sociais você acessa:
( ) E-mail ( ) You tube ( ) Blog ( ) Facebook ( ) Twitter ( ) Skype ( ) Orkut
( ) Outra, qual?
Dados Profissionais
Tempo de atuação na produção artesanal:
Tempo dedicado à produção artesanal:
Possui outra atividade remunerada? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual atividade?
O que o levou a produção artesanal? ( ) Desemprego
( ) Complementação de renda
( ) Tradição familiar ( ) Ter uma ocupação ou distração ( ) Outra, qual?
O seu produto faz parte de alguma tradição de família? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual tradição?
Existe um produto que julga ser característico da sua cultura ou tradição familiar?
Possui ajudante ou parceiro de trabalho? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quantos?
Se não, qual o motivo?
Dados do Produto
Local de produção: ( ) Casa ( ) Cooperativa
( ) Associação
( ) Outro, qual?
Quais são os produtos que você desenvolve?
Qual a forma de aquisição de matéria prima?
Qual a frequência da sua produção?
Quais as ferramentas, máquinas ou equipamentos utilizados na produção?
Quais são as principais matérias primas utilizadas na produção?
Preocupa-se em reaproveitar as sobras da produção? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, como?
O produto possui embalagem adequada? ( ) Sim ( ) Não
Se não, qual o motivo?
O produto possui embalagem para presente? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual?
153
Existem expectativas de mudança do produto? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quais as expectativas? ( ) Mudança na forma de apresentação ( ) Novos sabores
( ) Embalagem ( ) Adequação ao mercado ( ) Novo produto ( ) Outro, qual?
Existe receio quanto à mudança nos produtos? ( ) Sim ( ) Não
Possui local de estocagem adequada para os produtos?
Tempo médio de produção:
Gasto médio com matéria-prima:
Volume mensal de vendas:
Dados de Comercialização
Onde comercializa os produtos artesanais? ( ) Em casa ( ) Feiras ( ) Sob encomenda
( ) Eventos sazonais ( ) Bazares ( ) Indicação boca a boca ( ) Loja ( ) Outro, qual?
Tem dificuldade quanto à comercialização dos produtos? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, qual a dificuldade?
Como é realizada a divulgação do produto?
Qual o período de maior venda?
Como você calcula o preço do seu produto?
Considera justo o valor do seu produto em relação aos outros produtos similares?
( ) Sim ( ) Não Se não, por quê?
Dados de Sustentabilidade
Você considera que o meio ambiente está sendo preservado na sua comunidade?
( ) Sim ( ) Não Se não, porque?
Você utiliza práticas sustentáveis no seu dia-a-dia? ( ) Sim
( ) Não
Se sim, quais são? ( ) Coleta seletiva
( ) Reuso de água
( ) Energia Solar
( ) Compostagem
( ) Opção por transportes limpo ( ) Horta comunitária
( ) Consumo de produtos orgânicos ( ) Troca de produtos usados
( ) Nenhuma
( ) Outras, quais?
Das práticas mencionadas acima, qual o motivo em praticá-las:
( ) necessidade
( ) opção pessoal
( ) ambos
( ) Outras, quais?
Há preocupação em descartar o lixo da sua produção sem agredir o meio ambiente?
( ) Sim ( ) Não Se sim, como?
Você usa matéria prima reciclável (pet, papelão, etc.) em embalagens/folhetos?
( ) Sim ( ) Não Se sim, quais?
Dados da Capacitação
Possui interesse em participar da capacitação? ( ) Sim
( ) Não
Possui disponibilidade de tempo para participar da capacitação? (
Quais são suas expectativas com a oficina de capacitação?
) Sim (
) Não
154
APÊNDICE C
Questionário Pesquisa de Mercado sobre Turismo
PESQUISA DE MERCADO
PERFIL DO TURISTA EM MACACOS
PERFIL DE ESTILO DE VIDA
1) Painel:
A ( ) Turista Acidental
B ( ) Turista Tadicional
C ( )Turista Existencial
HÁBITOS DE VIAGEM
1) Com que frequência viaja?
1-( ) Menos de um vez ao ano
2-( ) 1 vezes ao ano
3-( ) 2 vezes ao ano
4-( ) 3 ou mais vezes ao ano
2) Com quem viaja habitualmente? (marque mais de uma opção se necessário)
1-( ) Cônjuge e filhos
2-( ) Cônjuge
3-( ) Outros parentes
4-( ) Amigos
5-( ) Sozinho
6-( ) Excursão em grupo
155
3) Onde se hospeda normalmente? (marque mais de uma opção se necessário)
1-( ) Hotel
2-( ) Pousada
3-( ) Casa de amigos e parentes
4-( ) Casa ou apartamento alugado
5-( ) Camping
6-( ) Albergue/Hostel
5-( ) Outros_________________________________________________
4) Qual meio de transporte utiliza? (marque mais de uma opção se necessário)
1-( ) Automóvel/Carro
2-( ) Motocicleta
3-( ) Ônibus/Van
4-( ) Avião
5-( ) Barco
6-( ) Outro__________________________________________________
5) Qual a duração da estadia em média?
1-( ) 1 a 3 dias
2-( ) 4 a 7 dias
3-( ) 8 a 11 dias
4-( ) 12 a 15 dias
5-( ) 16 a 21 dias
6-( ) 22 a 30 dias
6) Qual principal motivo da escolha do destino? (marque mais de uma opção se necessário)
1-( ) Beleza natural
2-( ) Cultura local
3-( ) Festas populares
4-( ) Visitar familiares ou amigos
5-( ) Gastronomia
6-( ) História/Artes/Museus
156
7-( ) Diversão/Lazer em geral
8-( ) Descanso
9-( ) Outro__________________________________________________
7) Turismo para você é sinônimo de: (escolha até 3 opções)
1-( ) Descanso/Tranquilidade
2-( ) Diversão/Entretenimento
3-( ) Beleza natural/Lugares bonitos
4-( ) Cultura
5-( ) Felicidade
6-( ) Aprendizado/Conhecimento
7-( ) Novas experiências/Novas amizades
8-( ) Outro__________________________________________________
HÁBITOS DE CONSUMO DE PRODUTOS
1) Em suas viagens você adquiri produtos artesanais?
1-( ) Sim
2-( ) Não
2) Caso a resposta anterior seja sim, qual tipo de produto você compra? (marque mais de
uma opção se necessário)
1-( ) Utilitário (cestas, jogo americano, pano de prato, potes, bandejas)
2-( ) Produtos típicos (compotas, doces, geléias, mel, frutas desidratadas)
3-( ) Lembranças/Souvenir
4-( ) Referência cultural (arte e design)
5-( ) Étnico (produzido por tribos ou grupos tradicionais)
6-( ) Esotérico (mandala, porta incenso, critais)
3) Qual a sua motivação de compra para um produto artesanal?
1-( ) Presentear parentes e amigos
2-( ) Lembrança do local
3-( ) Objeto decorativo
157
4-( ) Objeto de uso ou consumo pessoal
5-( ) Outros_________________________________________________
4) Caso a resposta anterior seja não, qual o motivo?
1-( ) Não encontrou o produto desejado
2-( ) Baixa qualidade do produto
3-( ) A relação preço/ produto não compatível
4-( ) Produtos pouco inovadores
5-( ) Insatisfação com o atendimento
6-( ) Outro
5) Em Macacos, você já adquiriu algum produto artesanal ou produto típico?
1-( ) Sim
2-( ) Não
6) Caso a resposta anterior seja sim, qual o produto adquirido?
PERFIL SOCIOECONÔMICO
1) Sexo:
1-( )Masculino
2-( )Feminino
2) Idade:
1-( ) 18 a 24 anos
2-( ) 25 a 34 anos
3-( ) 35 a 44 anos
4-( ) 45 a 59 anos
5-( ) 60 anos ou mais
3) Estado Civil:
1-( ) Solteiro(a)
2-( ) Casado(a)
3-( ) Separado(a)
4-( ) Viúvo(a)
158
5-( ) Outro
4) Escolaridade:
1-( ) Ensino fundamental
2-( ) Ensino médio
3-( ) Ensino superior
4-( ) Não possui
5) Renda familiar:
1-( ) 1 a 3 Salários mínimos
2-( ) 3 a 5 Salários mínimos
3-( ) 5 a 10 Salários mínimos
4-( )10 a 20 Salários mínimos
5-( ) Mais de 20 Salários mínimos
6) Pertence ao grupo de População economicamente ativa?
1-( ) Sim
2-( ) Não
GOSTARIA DE RECEBER O RESULTADO DA PESQUISA?
1-( ) Sim. E-mail: ______________________________________________
2-( ) Não
159
APÊNDICE D
Questionário Briefing para Produtos Típicos
BRIEFING PARA PRODUTOS TÍPICOS
DADOS DO CLIENTE
Nome do produto/marca:
Responsável:
Telefone comercial/celular:
E-mail:
DADOS DO PRODUTO
1-
Qual o produto deseja desenvolver?
2-
Quais são os objetivos com o projeto a ser desenvolvido?
3-
Quais são os resultados esperados?
4-
Cite as características que melhor definem seu produto.
5-
Qual a principal mensagem que você quer comunicar através do produto?
6-
O que você não quer transmitir com seu produto? Por quê?
7-
Qual é a segmentação de mercado que você já atua ou deseja atuar?
160
8-
Qual é o público alvo? Defina e caracterize-o o mais claro possível. (sexo predominante,
faixa etária, classe social, hábitos culturais, nível de escolaridade, ocupação)
9-
Cite algum produto similar que você considere de sucesso?
10 - Indique e descreva seus concorrentes, caso houver.
11 - Existe preferência por algum material para aplicação no projeto? (papelão, caixa de madeira,
embalagem de vidro)
12 - Tem algo (estilo, imagem, música, etc.) em que você quer que o designer se baseie no
desenvolvimento do produto? Por quê?
13 - Há alguma observação em relação ao produto para o desenvolvimento do projeto?
14 - Qual é o valor de investimento disponível para o projeto?
_________________________________________________
Local e data
__________________________________________________
Assinatura do Cliente
161
APÊNDICE E
Questionário Avaliação Oficinas de Capacitação
QUESTIONÁRIO AVALIAÇÃO FINAL
OFICINAS DE CAPACITAÇÃO
Nome Completo:
Renda familiar: ( )Até 01 salário ( )Entre 1 e 5
( )Entre 5 e 8
( )Acima de 8 salários
Você é o principal responsável pelo sustento da sua família? ( )Sim ( )Não
Quanto da sua renda familiar provem do artesanato? (
( )Metade ( )Mais da metade ( )Tudo
Qual o tempo dedicado ao artesanato?
)Nada ( )Menos da metade
Possui ajudante ou parceiro de trabalho? ( ) Sim ( )Não Se sim, quantos?
Se não, qual o motivo?
Faz parte de algum grupo? ( )Sim ( )Não
Se sim, qual(ais) o(s) grupo(s)?
Há quanto tempo?
O que o levou a participar deste grupo?
Tipo de grupo: ( ) Familiar ( ) Comunitário ( ) Outro, qual?
Caráter do grupo: ( ) Produção ( )Comercialização ( ) Outro, qual?
Local de produção: ( )Casa
( )Oficina ou ateliê
( )Cooperativa
( )Associação
Quais são os produtos que você desenvolve atualmente?
Os produtos desenvolvidos são: ( )Utilitários
( )Decorativos
(
( )Religiosos
( )Lúdicos
( )Conceituais ( )Outro, qual?
)Educacionais
Quais são suas fontes de inspiração e referência atualmente?
Você utiliza resíduos vegetais na produção? ( )Sim
Se sim, quais? ( ) Folhas ( )Sementes ( )Troncos
( )Não
( ) Outros, quais?
162
Você usa matéria prima reciclável (pet, papelão, etc.) na produção? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quais?
Você se preocupa em reaproveitar materiais (sobras da produção)? ( )Sim ( )Não
Há preocupação em trabalhar sem agredir o meio ambiente? ( )Sim ( )Não
Se sim, como?
O produto possui embalagem adequada para transporte? ( )Sim
Se não, qual o motivo?
( )Não
O produto possui embalagem para presente? ( )Sim ( )Não
Qual? (descreva)
Voce mudou os principais materiais utilizados nos seus produtos? ( ) Sim ( )Não
Se sim, quais foram as principais mudanças?
Voce mudou os produtos depois do curso de capacitação? ( ) Sim ( ) Não
Se sim, quais foram as principais mudanças?
Voce mudou as ferramentas, máquinas ou equipamentos utilizados na produção?
( ) Sim
( )Não
Se sim, quais foram as principais mudanças?
Quantidade de peças produzidas em média por mês:
Tempo médio de produção por peça:
Gasto médio com matéria-prima por peça:
Margem de lucro médio por peça:
Onde comercializa os produtos? ( )Feiras fixas ( )Indicação boca a boca
( )Bazares ( )Eventos sazonais ( )Lojas ( )Sob encomenda ( )Outro, qual?
Tem dificuldade quanto à comercialização dos produtos? ( )Sim
Se sim, qual a dificuldade?
( )Não
Quantidade de peças vendidas em média por mês:
Considera justo o valor de comercialização do seu produto? (
Se não, por quê?
) Sim
(
) Não
Os consumidores percebem o valor agregado pelo design ao seu produto?
( )Sim
( )Não
Como você gerenciar a comunicação de seus produtos?
Quais são as vantagens e desvantagens que você identifica em seu processo de
produção?
Quais os serviços que você precisa, a fim de melhorar seu processo de produção nas
fases de concepção, produção, distribuição, comunicação?
O curso de capacitação correspondeu as suas expectativas? (
Se não, o que deixou a desejar?
)Sim
(
)Não
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APÊNDICE F
Catálogo Artesania Águas Clara
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