Filhos para todos
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Filhos para todos
R$ 8,50 ano 5 número 38 Janeiro 2011 Filhos para todos Reprodução assistida tem novas regras no Brasil. Agora, mais casais, incluindo homossexuais, e até pessoas solteiras terão acesso à gravidez “induzida” Especial Pesquisa indica os acidentes como o maior inimigo da vida no país Política Dilma assume o país com dívida de R$ 137 bilhões deixada por Lula Editorial Falta vontade, eis a questão Os últimos acontecimentos causados pelas chuvas em algumas regiões brasileiras, principalmente na região serrana do Rio de Janeiro, foram a repetição de “tragédias anunciadas”. Só para citar algumas, no próprio estado do Rio de Janeiro, por exemplo, o ano passado foi marcado por grandes tragédias provocadas pelas chuvas: na madrugada do 1º de janeiro, logo após as festas de réveillon, a pousada Sankay e mais sete casas próximas foram soterradas na Praia do Bananal, em Angra dos Reis. Na mesma noite, outras 20 casas também foram atingidas no Morro da Carioca. O saldo da noite foi de 53 mortos. Depois, no dia 7 de abril, o acúmulo de água provocou um grande deslizamento de terra no Morro do Bumba, em Niterói, e em toda região metropolitana da capital. Por causa disso, dezenas de casas que haviam sido construídas em cima de um antigo lixão - no Morro do Bumba - foram soterradas, o que ocasionou 47 vítimas e deixou centenas de desabrigados. No total, 150 mortos foram contabilizados no Rio e em mu- nicípios vizinhos. O mesmo Morro do Bumba, onde a maioria das casas está em área de risco, fora antes, em 17 de dezembro de 1961, cenário de um incêndio que causou a morte de 500 pessoas (70% delas crianças). Saindo do Rio de Janeiro, em 2008, o estado de Santa Catarina foi vítima da força das águas. A tragédia começou a se desenhar em 22 de novembro e, ao final, 137 pessoas perderam a vida, mais de 60 cidades foram atingidas e cerca de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas, terminando com 25 comunidades riscadas do mapa. Da mesma forma, em São Paulo, entra ano e sai ano, notícias de alagamentos, mortes e desabrigados pelas chuvas encabeçam as principais manchetes nos jornais. E isso não é de hoje. Em 1967, o estado viveu uma das maiores tragédias naturais da história do Brasil, quando fortes chuvas provocaram grandes deslizamentos na Serra de Caraguatatuba, no litoral norte paulista, que mataram 436 pessoas e soterraram centenas de casas. Cerca de 30% da população ficou desabrigada e muitos desaparecidos nunca foram encontrados. É certo que tragédias naturais ocorrem em todo o mundo. A natureza é indomável, mas também não pode ser condenada. Chuva, incêndio, independente do fato causador da tragédia, o que se percebe é que a maioria dos desastres acontece por falta de planejamento urbano e de negligência de autoridades. Depois do que aconteceu em Angra dos Reis, em 2010, mais recentemente, é impossível aceitar que nenhuma autoridade pública tenha tomado qualquer providência para que a tragédia não se repetisse, infelizmente, como agora na região serrana do Rio, onde o número de mortos ultrapassa com folga a 800 pessoas. Novamente, o brasileiro é forçado a assistir, inerte, uma tragédia repetida sem que qualquer providência de alerta ou prevenção tivesse sido tomada. Não há como negar a parcela de culpa de certas pessoas que invadem e constroem casas em áreas de risco, como margens de córregos e rios e em encostas de morros, só que para isso contam com a conivência das autoridades. Mas na maioria dos casos falta é mesmo um tal Planejamento Urbano, até porque investimentos em infraestrutura não rendem votos obras de infraestrutura normalmente ficam escondidas abaixo do solo - e, portanto, não são tão atrativas assim para os nossos políticos. Mas é melhor ser chato e cobrar das autoridades mais seriedade e comprometimento quando o assunto envolve questões de Planejamento Urbano. Nesse sentido, tirar moradores das áreas de risco é apenas o primeiro passo para evitar a tragédia das enchentes e, depois, é preciso adotar medidas preventivas. Basta lembrar que na Austrália milhares de vidas foram salvas em Brisbane, uma das maiores cidades do país, graças a um plano de emergência eficiente. Nos mesmos dias, enquanto aqui no Brasil, na região serrana do Rio, os mortos eram contados às centenas, a cidade australiana viveu a maior chuva dos últimos cem anos de sua história. Mas lá, o desastre não matou mais que 20 pessoas. Um dos motivos foi um plano eficaz de emergência. Isso não existe no Brasil. E olha que em alguns estados, como o Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina as tempestades ocorrem quase todos os anos e quase sempre entre dezembro e março. Assim, se os nossos governantes dedicassem mais tempo e investimento ao planejamento urbano muitas das tragédias que aqui ocorrem poderiam ser evitadas. Ah! Quem puder que tire um tempinho e acesse o site do Ministério das Cidades do governo federal. Lá, entre os objetivos desse ministério, está escrito: “combater as desigualdades sociais, transformando as cidades em espaços mais humanizados, ampliando o acesso da população à moradia, ao saneamento e ao transporte. Tratar da política de desenvolvimento urbano e das políticas setoriais de habitação, saneamento ambiental, transporte urbano e trânsito. Assegurar o direito à cidade - garantindo que cada moradia receba água tratada, coleta de esgoto e de lixo, que cada habitação tenha em seus arredores escolas, comércio, praças e acesso ao transporte público”. Pena que tudo é pura enganação! Evaldo Pighini Editor Índice Janeiro 2011 30Capa Conselho Federal de Medicina anuncia novas regras para a reprodução assistida no Brasil. Agora, mais casais, incluindo homossexuais e até pessoas solteiras, terão acesso à técnica, porém, sob normas mais rígidas 12Entrevista 36Política 44Especial Como vai o mercado de trabalho e o exercício da profissão para o advogado nos dias de hoje? Quem responde estas entre outras questões é o advogado Marcus Reis, sócio do escritório Reis Advogados, com 43 anos de fundação Nunca antes na história deste país foi deixada uma conta tão grande, de um ano para outro, como a que o ex-presidente Lula deixou para a sua sucessora, Dilma Roussef. O valor chega a R$ 137,5 bilhões no orçamento da União Vítimas acidentadas representaram 90% dos atendimentos em urgências e emergências no Brasil. Quedas e acidentes de trânsito são as principais causas, sendo a ingestão de álcool um dos principais fatores 38 52Em Foco O empresário do setor farmacêutico e atual presidente da Fecomércio Minas, Lázaro Luiz Gonzaga, é o novo presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-MG. Ele vai comandar a instituição mineira de 2011 a 2014 56Turismo As ilhas de San Blas, no litoral atlântico do Panamá, canalizam a um raro e quase desconhecido destino. O arquipélago prova que o estado panamenho é mais do que o Canal e outras ondas caribenhas 66Veículos Os carros híbridos já são realidade em vários países do mundo. No Brasil, a história está apenas começando. Conheça uma das novidades: o Fusion Hybrid, que vem recheado de novas tecnologias verdes Canal Livre 6 Artigo 8 Conversa 10 Franchising 18 Investimentos 20 Comunicação 22 Educação 24 Indústria 34 Saúde 40 Cidadania 50 54 Alimentação 72 Bazar 76 Dica de Leitura 78 Literatura 80 Profissões em filme 82 Sustentabilidade 84 Ponto de vista 86 Causos empresariais 88 Geral canal livre Causos Empresariais Quero agradecer a todos da Revista Mercado. Sou o Rodrigo, o personagem citado pelo Nege Calil, na edição 36, na coluna Causos Empresariais. Fiquei muito emocionado e feliz com a publicação. Obrigado, Nege, e parabéns pela excelente redação. Rodrigo Corrêa Leite HR Management UFU AIDS Parabéns pela reportagem sobre a UFU. O conteúdo só aumenta em mim, e acredito que nos demais uberlandenses, o sentimento de orgulho por termos em nossa cidade esse grande patrimônio chamado Universidade Federal de Uberlândia. Excelente a matéria publicada na última edição alertando sobre o descaso da população com relação à AIDS. Sinto que as pessoas deixaram de se preocupar com essa doença ao longo dos anos e, consequentemente, também deixaram de lado os cuidados de proteção contra o HIV. Num país como o nosso, em pleno século 21, é inadmissível quase 260 mil pessoas terem o vírus da doença e não tomarem consciência disso. Falta o quê? Vincent Castro Rodrigues Estilista/Uberaba-MG Turismo Sou leitora assídua do caderno de Turismo desta revista. Ainda assim, sempre me surpreendo com a qualidade das matérias publicadas. Com a última edição não foi diferente e, ainda mais, pelo fato de eu já ter tido o prazer de visitar Punta del Este. Deu uma saudade danada. Parabéns por mais essa bela matéria! Neusa Gaudêncio Silva Bancária Uberabinha Gostaria de pedir às autoridades de Uberlândia maior fiscalização em torno das margens do nosso querido rio Uberabinha. Tenho que reconhecer que o trabalho feito abaixo da ponte do Praia Clube ficou muito bom. Mas é precisa mais, principalmente punição às pessoas que estão avançando - e as que já avançaram - construções sobre as áreas de proteção das margens do rio. Fica aí minha reclamação. Alfredo Rodrigues Neto Estudante Mercado Janeiro 2011 ∞ 6 Francisco Ribeiro Protético __________________________________________________ Estudei na UFU na década de 1970. Confesso que desde então, após terminar o curso de Veterinária e me mudar para Goiás, nunca mais voltei à universidade, nem quando vou a Uberlândia. Agora, numa de minhas visitas, tive o prazer de ler a matéria publicada por esta revista a respeito da universidade e foi aí que tomei conhecimento do quanto ela cresceu... E como cresceu. Por isso é que escrevo para elogiar a reportagem. Acredito que outros que ser formaram aí, assim como eu, não deveriam nunca deixar de dar uma passadinha pela universidade, principalmente, no charmoso Campus Umuarama. Cláudio Augusto Fonseca Veterinário Dica de Leitura Sou aficcionado por livros. Por isso, quero dizer aos responsáveis pela edição da Mercado que a revista ganhou muito a partir do momento da inclusão da coluna Dica de Leitura. Pelo conteúdo da revista dá para notar que os responsáveis também se preocupam com cultura, e é disso que o nosso país precisa, ou seja, valorizar mais a cultura, sendo que o incentivo à leitura é um dos caminhos para isso. Júlio Romano Ferreira Aposentado MArtigo Felicidade Interna Bruta (FIB) versus PIB POR Célio Pezza* O que é mais importante em sua vida: ser feliz ou ser rico? Foi baseado nessa premissa que o Butão, pequeno país budista vizinho ao Himalaia, instituiu o FIB (Felicidade Interna Bruta). Em 1972, seu novo rei, Jigme Singye, declarou durante sua posse que a Felicidade Interna Bruta é mais importante que o PIB (Produto Interno Bruto). A partir daí, baseou todo o seu governo em quatro premissas: desenvolvimento econômico sustentável e equitativo, preservação da cultura, conservação do meio ambiente e boa governança. Essa política virou realidade e o Butão, hoje, mostra ao mundo que o nosso conceito de avaliação de países está errado. Veja o exemplo dos EUA, onde o PIB é considerado alto e ao mesmo tempo aumentam os índices de criminalidade, divórcios, guerras, neuroses e toda sorte de infelicidade. O problema é que o PIB só se preocupa com o crescimento material e não leva em conta se a riqueza foi gerada a partir de destruição de lares ou do meio ambiente. Os “especialistas” impuseram ao mundo o conceito de que o crescimento econômico é a base e o objetivo das sociedades e isso está nos levando ao desastre. Esse modelo de produção e consumo seguido de mais produção e mais consumo desestabilizou o ser humano e o planeta. Uma nova empresa que se instala em uma região traz, sem dúvida, um aumento do PIB desta região, mas se for acompanhada de uma degradação ambiental, da saúde e do bem-estar da comunidade, o resultado final será uma perda de qualidade de vida, mesmo com crescimento econômico. Uma civilização focada no FIB é preocupada em fazer o bem e não em acumular lucros, pois, aci- ma de certa quantidade, o dinheiro não vale nada em termos de felicidade. É uma tremenda virada nos conceitos atuais, mas que pode salvar o ser humano de um futuro desastroso. O primeiro-ministro do Butão explicou na ONU que é responsabilidade do Estado criar um ambiente que permita ao cidadão aumentar sua felicidade e é enfático ao afirmar que o sucesso de uma nação deve ser avaliado pela sua qualidade de vida e felicidade de seu povo, e não pela sua habilidade de produzir e consumir. Os conceitos da FIB do Butão estão correndo pelo mundo todo e despertando a curiosidade de muita gente interessada na promoção de um novo modelo de civilização, mais feliz e menos preocupada com o consumo. O ocidente já adicionou mais cinco itens aos quatro pilares do Butão: boa saúde, educação de qualidade, vitalidade comunitária, gestão equilibrada do tempo (trabalho e lazer) e bem-estar psicológico. O modelo econômico atual tem que ser modificado drasticamente e devemos nos empenhar na busca e concretização de outros modelos mais favoráveis à vida e à felicidade no planeta Terra. É hora de lembrarmos as palavras do ex-senador Robert Kennedy quando, durante um de seus últimos discursos, em março de 1968, criticou o crescimento econômico a qualquer custo e disse, entre outras coisas, que “não encontraremos nem um propósito nacional nem satisfação pessoal numa mera continuação do progresso econômico. Não podemos medir a realização nacional pelo PIB, pois ele cresce com a produção de napalm, mísseis e ogivas nucleares. Ele mede tudo, menos o que torna a vida digna de ser vivida”. Robert Kennedy foi assassinado logo depois, em junho de 1968, aos 42 anos de idade. B *Célio Pezza é escritor (www.celiopezza.com), mas tem sua formação acadêmica em Química e Administração de Empresas Mercado Janeiro 2011 ∞ 8 CONVERSA DEMERCADO Caros leitores, O marketing esportivo traz resultados garantidos para todos os envolvidos. Alguém duvida disso? Tenho o privilégio de ser um dos pioneiros do marketing esportivo no Brasil. Minha carreira no marketing soma já 52 anos, dos quais mais de 40 com marketing esportivo. Já militei como profissional, como cliente/patrocinador, como produtor de eventos, como dirigente esportivo e como profissional de agência de marketing esportivo. Essa experiência toda me permite tecer alguns comentários e propor ações de forma fundamentada e profissional. Durante todo esse tempo, minha maior preocupação, além da profissionalização do segmento, foi com a disseminação das vantagens em participar da indústria do esporte como pessoa física e/ou jurídica. A indústria do esporte vai muito além do futebol e de alguns esportes profissionalizados - que são a ponta do iceberg -, ela movimenta no Brasil algo em torno de 3,3% do PIB, segundo a Fundação Getúlio Vargas em estudo de 2002. Hoje esse percentual representa algo como 100 bilhões de reais. Uma das indústrias que mais crescem no mundo é a do entretenimento. Quanto maior a capacidade ociosa das pessoas, mais entretenimento consomem. E em Mercado Janeiro 2011 ∞ 10 se tratando de entretenimento, o mais importante é o esporte. A indústria do esporte é uma das mais importantes para uma nação: ela atende a praticamente todos os segmentos da sociedade: indústria, comércio e serviços; patrocinadores e anunciantes; atletas, técnicos e dirigentes; população; governo; mídia; clubes, federações, confederações e ligas desportivas. E, ainda, tem muito a crescer no Brasil comparativamente a outros países. Segundo estudo recente da consultoria Ernst&Young, entre 2010 e 2014, somente as atividades da Copa de 2014 vão injetar adicionalmente no mercado R$ 142 bilhões, R$ 63 bilhões de renda para a população e 3,63 milhões de empregos por ano. Embora já muito altos, esses valores podem ser potencializados e crescer de maneira mais rápida e consistente. A falta de informação das empresas potenciais patrocinadoras, das entidades esportivas, dos atletas e dos clubes não dá vazão a todas as oportunidades que estes poderiam ter na indústria do esporte. Os clubes mais importantes, as federações mais profissionalizadas e os patrocinadores melhor administrados na área de marketing exemplificam bem a mostra do excelente retorno na correta aplicação e utilização do marketing esportivo. O mercado está repleto de exemplos de pequenas, médias e grandes empresas que têm suas marcas divulgadas e obtêm um consequente aumento das suas vendas por um valor muito menor do que os alcançados com outras atividades ortodoxas de marketing. Temos também inúmeros exemplos de clubes menores que se esmeram para ter uma imagem preferencial entre os potenciais patrocinadores e conquistam expressivos patrocínios. Esse é o ponto: se o mercado é imenso e crescente, se existem milhares de potenciais patrocinadores, se há o grande interesse da mídia, qual a razão de muitos clubes Outro ponto é a mística que existe no mercado de que pequenas ou médias empresas não têm cacife para patrocínios. Para contrapor, é só verificar os inúmeros exemplos de pequenas empresas que cresceram sobremaneira ao investirem em patrocínio ou entrarem na indústria do esporte como fabricantes de material esportivo e prestadoras de serviços, com todas as oportunidades que isso traz. O marketing esportivo é a atividade de marketing que mais propicia a segmentação de mercado. Desde o patrocínio de um único atleta até o patrocínio de grandes clubes e seleções. O segredo é a profissionalização. A Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 já estão aí e milhares de oportunidades se oferecem para o mercado. Mas não adianta bola pingando na área sem goleiro, se o chute for para fora. E quem estiver mais preparado terá grandes chances de marcar belos e inesquecíveis gols. E conseguir excelentes vitórias. B não conseguirem patrocínio? A resposta é clara, simples e contundente: é porque eles não se apresentam ao mercado como valorosos, competentes, com credibilidade, enfim, como um bom produto. Antes do patrocínio deve existir o produto, senão o clube não estará vendendo o direito do patrocinador de utilizar suas camisas, seus clubes e seus atletas. Estará pedindo favor ao patrocinador para dar uns trocados em forma de colaboração para manter a equipe. Além de não ser profissional, essa atitude desvaloriza totalmente o valor de mercado do clube e não atrai patrocinadores. Todo patrocinador tem interesse em dar visibilidade à sua marca. Mas antes disso vem a necessidade de aliar essa marca a outra marca (no caso, o clube ou atleta) que agregue vantagens. José Estevão Cocco ([email protected]) é diretor-presidente da J.Cocco Sportainment Strategy; presidente da Academia Brasileira de Marketing Esportivo (Abraesporte), conselheiro da Associação de Marketing Promocional (Ampro) e membro da Academia Brasileira de Marketing (ABM). Tem no seu portfólio cases de sucesso para grandes clientes como Panasonic, Grupo Accor, Ticket, Citroën, Grupo Pão de Açúcar, Unibanco, TV Cultura, Claro, Boheringer Ingelheim e Universidade São Judas; além de grandes sacadas de marketing esportivo, como Programa Mulheres Que Fazem o Brasil Brilhar - da Bombril -, Extra Bike Brasil, SuperCopa CompreBem e Sendas, Copa Coca-Cola, Fórmula Renault do Brasil, Copa Clio do Brasil, Basquete Colegial Caixa, SPVôlei (Federação Paulista de Volleyball), entre inúmeros outros. MEntrevista Advogado: profissão e mercado de trabalho O diretor regional da Business Partners Consulting - empresa de consultoria estruturada em duas áreas de negócio: Consulting Services e Recruitment Services -, Carlos Contar, afirmou recentemente que hoje em dia qualquer profissão requisita profissionais com diversas habilidades. Disse ainda que os profissionais de agora devem ter perfis estratégicos, proativos e com pleno entendimento dos negócios das organizações em que atuam. A área de advocacia é um exemplo disso, até por causa do aumento do número de advogados no mercado, onde não há demanda para isso. Com mais de 713 mil inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) federal, o país está em terceiro lugar no ranking das nações que mais formam advogados no mundo. Enfim, o mercado de trabalho para advogados, se ainda não se encontra saturado, está perto de estar, pelo grande número de profissionais formados. Nesse cenário, muitas empresas eliminaram a área jurídica de suas organizações e passaram a contratar escritórios externos para tratar desses assuntos. Entre os objetivos, a intenção de reduzir custos fixos e o tamanho da estrutura organizacional. Assim, como alternativa, hoje em dia um advogado pode ter sua própria banca, pode trabalhar associado em algum escritório de nome ou pode, aleatoriamente, conseguir um emprego de advogado em uma empresa não jurídica. Diante disso tudo cabe, porém, salientar que o advogado desempenha um papel especial na sociedade, afirmação fundamentada na Carta Constitucional, promulgada há mais de 20 anos, que em seu artigo 133 determina ser o advogado indispensável à administração da justiça. Assim sendo, para falar mais sobre como está o exercício da profissão no dias de hoje e também como anda o mercado de trabalho para os formandos em Direito, entre outras questões, o advogado Marcus Vinícius de Carvalho Rezende Reis concedeu entrevista à MERCADO. Formado há 17 anos, pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil, Marcus Reis é também sóciofundador do escritório Reis Advogados em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. Fundado em 1967, na cidade de São Paulo, pelo advogado Morival Reis - pai de Marcus, essa empresa de advocacia tem, portanto, 43 anos de serviços prestados na administração da justiça em áreas como Direito do Agronegócio e Direito Bancário, entre outras, prestando assessoria jurídica a grandes empresas do país. Marcus Reis é sócio-fundador do Escritório Reis Advogados em Uberlândia, empresa paulista com 43 anos de atuação em assessoria jurídica Mercado: O senhor concorda que o atual mercado de trabalho para o advogado no país está mais competitivo e escasso? Concordo plenamente. Essa é uma preocupação inclusive da Ordem dos Advogados do Brasil. O problema está na quantidade e qualidade de novos cursos de Direito à disposição em todo o país. Houve uma época em que para se formar em Direito o estudante tinha que se mudar para os grandes centros, normalmente as capitais dos estados. Hoje em dia, os cursos de Direito estão pulverizados, na região sudeste, para todas as cidades com mais de 30 mil habitantes. Esse fator implica no incremento de milhares de bacharéis a cada ano, oriundos de centros de formação com qualidade duvidosa, tornando o mercado para esses profissionais cada vez mais competitivo e escasso. Mercado: A que o senhor atribui essa grande procura pelo curso de Direito no Brasil? É um curso de fácil acesso, presente na esmagadora maioria das universidades do país, adicionado ao enorme leque de opções de carreira que aproveitam a formação de um bacharel em Direito. Exemplo disso é a quantidade de concursos públicos que exigem conhecimento específico na área do Direito. Mercado: Como o senhor vê o Direito hoje? Ele já foi diferente do atual? O que mudou? O Direito hoje está massificado. Enquanto hoje o “Dr. Google” e afins disponíveis na rede mundial se tornaram ferramentas facilitadoras, em outros tempos, a exemplo da época de meu pai, Dr. Morival Reis, formado na década de 60, e ainda em plena atividade, o advogado, na solução dos problemas de seus clientes, tinha que lançar mão de enorme quantidade de livros e tempo de pesquisa para a formatação de suas teses. A pesquisa à moda antiga aguçava o raciocínio jurídico, ao passo que nos dias atuais, a utilização exclusiva da internet tende a limitar o profissional, que passa a adaptar teses previamente elaboradas. Mercado: Como o senhor avalia o relacionamento da tríade advogado, Justiça e leis no Brasil? As três partes são interdependentes. Na realidade, o Direito deve acompanhar a evolução da sociedade, e nunca o inverso. Assim, o advogado, a Justiça e as leis devem interagir de forma harmônica e equilibrada em prol da sociedade. Infelizmente, avalio que as leis são, em grande parte, mal elaboradas e dissonantes da realidade social, o que torna hercúleo o trabalho dos advogados e órgãos judiciais no afã de aplicá-las aos casos concretos. Aliado a isso, a sociedade cresce em velocidade desproporcional ao Poder Judiciário que, sempre zeloso pela qualidade de formação de seus representantes, sofre com a avalanche de novas demandas que a cada dia aportam em nossos fóruns. Mercado: Baseado em sua experiência de mercado, e falando diretamente a quem deseja fazer o curso de Direito, em quais áreas ou segmentos o bacharel em Direito pode atuar? Quais são as mais concorridas? Atualmente, cerca de 90% dos estudantes de Direito ingressam no curso almejando a aprovação em concurso público, sendo que boa parte deles visa estabilidade e os bons salários pagos pelo estado. A mínima parte desses bacharéis tem se interessado pelo exercício da advocacia, sobremaneira pelas dificuldades da profissão, tais como a grande concorrência, questões salariais e exigências adicionais que o mercado impõe ao profissional do ramo privado. Como se vê, a diferença é gritante. O concurso público é muito procurado, em especial para as carreiras da Magistratura e do Ministério Público, as mais desejadas e, portanto, as mais concorridas; já entre os advogados, temos nas áreas cível e trabalhista a maior incidência de profissionais atuantes. Mercado: Em se falando do Direito Empresarial, sua grande expertise, como o senhor vê a área de advocacia empresarial no Brasil? Onde ainda há possibilidades de crescimento? Há bem mais de uma década, identifiquei que a advocacia empresarial no Brasil tendia ao modelo das firmas norte-americanas, nas quais os profissionais do Direito se apresentam organizados em grandes sociedades de advogados. Dessa forma, como gestor do escritório Reis Advogados, passei a me preocupar e a direcionar o modelo administrativo de nossa organização para se tornar uma autêntica empresa de prestação de serviços, apta ao atendimento de outras empresas, formatação essa que se tornou, mais que uma tendência, verdadeira exigência do mercado empresarial. O empresário de hoje quer advogados que falem a sua língua, que o entendam e apresentem soluções personalizadas à sua realidade. As maiores possibilidades de crescimento se encontram no interior do país, onde os investimentos em agronegócio, energia, recursos naturais, meio ambiente e infraestrutura estão presentes. As indústrias estão deixando as capitais e migrando para o interior. Esse foi o maior motivo de nossa vinda à Uberlândia, segunda maior cidade do interior brasileiro, um dos centros mais promissores do país. Mercado: Na sua visão, existe alguma premissa básica para o relacionamento advogado/cliente? Por mais moderno que tenha se tornado o exercício da advocacia, confiança, segurança e honestidade nunca deixarão de ocupar o cerne do relacionamento advogado/cliente. Mercado: Como avalia a afirmação: “É impossível atender o cliente sem ser um bom técnico. E é também impossível ser um bom técnico sem entender do negócio do cliente”? Como já disse, a maioria dos estudantes de Direito prefere a carreira pública à advocacia, em razão, dentre A 13 ∞ Mercado Janeiro 2011 MEntrevista outras, das dificuldades impostas ao advogado. As faculdades de Direito transmitem o conhecimento simplesmente, não preparam os futuros advogados para todos os desafios do mercado de trabalho, em especial para as particularidades dos negócios de seus clientes, nem para a forma de se relacionar com estes. O advogado, além de deter conhecimento jurídico, deve vivenciar o cotidiano de seu cliente, a fim de que possa aplicar as melhores soluções aos anseios deste. O Direito tende a seguir o exemplo da Medicina, em que o profissional, após receber o conhecimento geral de formação, passa pela chamada “residência” para, depois então, especializar-se no ramo médico de sua preferência. Mercado: Nestes anos de profissão, houve algum momento crítico em que foi preciso superar barreiras? A superação deve ser meta pessoal de todo ser humano. Evolução é meta universal. A vida do advogado é uma sequência de momentos críticos. É bom estar preparado a cada dia. Mercado: O que o senhor espera da nova conjuntura política e como isso pode motivar negócios no nosso país? Desde a era FHC, nosso país passou a trilhar os caminhos do desenvolvimento. Lula soube dar boa continuidade a essa marcha. Assim, como dito pelo economistachefe do Bradesco, Dr. Octávio de Barros, em relação ao novo governo, “para se chegar à vitória, bastará seguir à risca a lição de casa. Sem estripulias”. Mercado: Mudando um pouco o foco do assunto, e agora falando mais diretamente aos novos advogados, que lições o senhor tem tirado do exercício do Direito? Creio que o homem deve acreditar em seus sonhos, persistir neles e, como acredito que a dignidade pessoal deva sempre preceder à profissional, àquele que quer se tornar um grande advogado diria para olhar primeiro para dentro de si próprio e fazer uma auto-análise. Se gostar do que viu, por certo terá sucesso em sua carreira profissional. Mercado: Na sua opinião, a criação dos juizados especiais contribuiu para o acesso à Justiça? Seria essa a melhor alternativa para aproximar a Justiça dos socialmente excluídos? Sem dúvida os juizados especiais representam uma grande evolução no tocante ao acesso à Justiça. Porém, o crescimento vertiginoso de demandas nesses juizados chama atenção à necessidade, contínua e constante, da melhoria de estrutura e capacidade de atendimento da Justiça. Mercado: Qual ou quais perspectivas o senhor vislumbra para os futuros profissionais da área? Quais os requisitos básicos para quem deseja entrar neste setor? Que conselhos daria a essas pessoas? Segundo os especialistas, o Brasil será, em alguns anos, a quarta economia do planeta. A melhoria das condições de vida da população é fato notório. A consequência disso para o Direito é o aumento de demanda em todas as esferas. Conhecimento de mercado e estudo direcionado são os requisitos básicos para quem deseja entrar neste setor. Mercado: Por que resolveram investir em Uberlândia e região? Como já disse, cremos que a força do crescimento de nosso país está no interior. Grandes centros, tais como São Paulo, estão se tornando um grande polo prestador de serviços; as indústrias estão migrando para regiões como a nossa, potencial logístico da região, com elevado índice de desenvolvimento humano - IDH, localização geográfica privilegiada, boas condições de acesso, aeroporto com boa oferta de voos para as principais regiões de nosso país, dentre outros foram elementos que foram cruciais à escolha. Mercado: Qual a importância da boa gestão em uma banca competitiva? Não é questão de importância, mas de sobrevivência! Quando um escritório passa ao status de banca de advocacia, a gestão passa a ter papel preponderante no sucesso ou fracasso desta. Os grandes escritórios estão cada vez mais profissionalizados. Arrisca-se a ban-A “O Direito tende a seguir o exemplo da Medicina, em que o profissional, após receber o conhecimento geral de formação, passa pela chamada “residência” para, depois então, especializar-se no ramo médico de sua preferência” MEntrevista ca que ainda utiliza seus sócios com formação apenas em Direito como gestores. A competitividade e o alto grau de exigência dos clientes exige respostas personalizadas e profissionais. Quem busca hoje os serviços de uma banca de advocacia empresarial avalia primeiro questões relacionadas à gestão do escritório, para somente depois avaliar o grau de conhecimento de seus componentes. Mercado: Em sua opinião, quais os pré-requisitos para que se contratem estagiários e advogados? Como o seu escritório faz a seleção? Os pré-requisitos variam muito conforme a vaga a ser preenchida; poderia enumerar alguns mais comumente analisados em nossos processos seletivos: perfil para trabalho em equipe, comportamento em situações de estresse e pressão, proatividade, dentre outros. Nosso escritório contrata por competência, de maneira personalizada. Isso significa que um bom currículo pode não completar os requisitos para uma dada vaga específica. Em razão da departamentalização, os mais variados perfis, juntos, são capazes de formar uma equipe de excelência. Mercado: Por que em qualquer lugar do país, mesmo com 713.000 advogados, está tão complicado encontrar bons advogados para contratar para as bancas? E quais as medidas que os sócios da banca devem tomar? Esse é um problema recorrente em todas as profissões atualmente no Brasil. Falta mão de obra qualificada. Nunca em nossa história fomos tão carentes de mão de obra qualificada como agora. Não basta ser advogado, não basta ter um currículo razoável, o candidato à vaga de uma banca de advocacia precisa demonstrar habilidades outras que não se encontram na grade curricular de uma boa escola de Direito. Sustentabilidade, globalização, informática, línguas, ações sociais, tão em moda atualmente, bem representam essas necessidades. Os sócios das bancas atuais devem valorizar o material humano. A maior riqueza de uma empresa são seus funcionários. Mercado: Pautado nos mais de 40 anos que a Reis Advogados tem de mercado, quais as diferenças mais significativas que o senhor pontua comparando a advocacia da década de 70 com os modelos atuais de gestão de escritórios? Pude vivenciar esse verdadeiro choque de gerações no simples relacionamento com os advogados antigos da família. Mas em linhas gerais, posso dizer que a advocacia da década de setenta não existia dissociada da pessoa do advogado. Hoje em dia, com bancas gigantescas, verdadeiras empresas de grande porte, essa despersonalização se faz cada vez mais presente. Em grandes centros, já não mais se contrata o advogado, mas o escritório. Mercado: Por uma necessidade de mercado e de planejamento administrativo, muitos escritórios de advocacia estão sendo compelidos a lançar mão de um novo personagem dentro da banca, o administrador legal. Como avalia isso? Esse é um caminho que, a exemplo do marketing jurídico, vem ganhando cada vez mais força. Nosso escritório já conta com esse tipo de profissional. Nossas áreas administrativa e financeira são controladas por colaboradores com formação em administração e finanças. Avalio também essa nova figura como necessária e irreversível. “Não basta ser advogado, não basta ter um currículo razoável, o candidato à vaga de uma banca de advocacia precisa demonstrar habilidades outras que não se encontram na grade curricular de uma boa escola de Direito” Mercado: Qual a sua opinião sobre a entrada de bancas estrangeiras no país? Isto significa algum tipo de ameaça à advocacia ou serve como estímulo ainda maior ao aperfeiçoamento da administração legal? Não creio que seja uma ameaça, mesmo porque essas bancas estrangeiras, que cada vez mais aportarão no país, precisam de advogados brasileiros para subsistir. Além disso, o judiciário brasileiro assusta essas bancas ao representar um emaranhado de leis e interpretações que nos torna praticamente impenetráveis às bancas estrangeiras. Mercado: Para finalizar, que dicas o senhor daria para quem planeja fazer parte de uma banca de longa duração? Cuide de sua formação com muita atenção. Vá além do direito, especialize-se, comece a se interessar pelo mercado, esteja conectado, antecipe tendências e seja autêntico; diferencie-se. B MFranchising&Negócios A economia da experiência “... até que você não se tenha exposto ao conhecimento e à experiência não pode ser chamado de vendedor” Og Mandino, o maior vendedor do mundo POR Carlos Ruben Pinto* Nos dias atuais, a qualidade dos produtos e serviços tende, cada vez mais, a se tornar igual. Os preços, em economias de baixa inflação, já não apresentam grandes diferenças, assim, resta ao cliente buscar o menor preço, e somente o menor preço. Será que essa comoditização de produtos e serviços conduzirá os negócios ao crescimento e à lucratividade? Muitas empresas, entendendo que era preciso desenvolver mecanismos que permitissem a elas ultrapassar as barreiras impostas pela comoditização, viram oportunidades de crescimento no desenvolvimento de negócios que exploram as sensações. Nasceu assim o que B. Joseph Pine II e James H. Gilmore, de Minnesota e Ohio, respectivamente, chamam de economia da experiência. Eles estudaram negócios em que os clientes atribuíram um valor mais elevado às sensações, e com isto se tornaram bem-sucedidos. Ou seja, há algumas empresas que fazem das sensações uma importante atividade econômica e, consequentemente, um diferencial competitivo que as conduz ao crescimento econômico. “As sensações precisam ser “férteis e atraentes” e, sobretudo, renovadas, caso contrário os clientes se afastam” Na economia da experiência, cada cliente é envolvido de forma pessoal, dedicando seu tempo a desfrutar de uma série de sensações, e são a elas que eles atribuem valor. Isso exige que cada empresa supere as suas funções, que crie e encene experiências memoráveis, transformando seus produtos e serviços em sensações inesquecíveis. Entrar nessa nova economia não é para toda e qualquer empresa, é uma decisão estratégica que afasta a comoditização e permite o desenvolvimento da diferenciação, o que reflete positivamente nos preços dos produtos e serviços. As sensações precisam ser “férteis e atraentes” e, so- bretudo, renovadas, caso contrário os clientes se afastam. Quando reflito sobre essa tendência do varejo, volto minhas preocupações para o sistema de franchising. Será que os franqueadores estão preparados para atuar nessa nova economia? Sabem como treinar seus franqueados para causar as sensações certas nos clientes da marca? Como está hoje o atendimento dispensado aos clientes por cada vendedor da rede? “A nova economia exige um atendimento novo, uma vontade enorme de encantar o cliente, de surpreendê-lo, de superar suas expectativas” A marca, os produtos e serviços de cada franquia estão nas mãos dos franqueados e sua equipe de atendimento. Transferir para eles os princípios da nova economia é um gigantesco desafio, e quem quiser crescer não tem como fugir dela. Será necessário treinar muita gente e trabalhar muito as sensações. Contar só com tecnologia não basta, as sensações não são automatizáveis, a emoção sempre depende de gente. Muito terá que ser feito para unir os interesses da franqueadora, empresa franqueada e equipe de atendimento. As vantagens decorrentes dessas mudanças são muito grandes, a primeira, e mais importante, é o próprio cliente fazendo a publicidade da marca, e levando mais clientes para cada loja da rede. O prêmio está no valor do produto, que deixa de ter uma relação com o mercado e a concorrência. A nova economia exige um atendimento novo, uma vontade enorme de encantar o cliente, de surpreendê-lo, de superar suas expectativas. A loja passa a ser o palco, o cenário onde o cliente interage com os produtos e serviços, onde encenar é diferenciar, interagir, experimentar, desenvolver atividades inovadoras que ampliam o tempo do cliente na loja, com lazer e alegria, e que permitem conquistar o seu coração. B * Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas, consultor de varejo e franquias [email protected] - www.guiadofranchising.com.br/mds Mercado Janeiro 2011 ∞ 18 MInvestimentos&etc. Ibovespa. O que é? POR João Rodrigues Carneiro Neto D iariamente temos contato com uma enxurrada de notícias e informações. Isso ocorre nos mais distintos momentos, quando, por exemplo, andamos nas ruas, navegamos na internet, assistimos a jornais televisivos, e ainda de outras maneiras. Muitas dessas notícias, informações e comentários que ouvimos por aí estão atrelados aos mais diversos assuntos, que perpassam por religião, futebol, política, culinária, economia e outros. Focando em economia, nos deparamos frequentemente com comentários sobre o Ibovespa. E você? Sabe o que significa o Ibovespa, que é tão falado em todos os noticiários na televisão? Para se entender o que é o Ibovespa, é necessário que inicialmente entendamos o que é a Bovespa. A Bovespa é a Bolsa de Valores brasileira, cuja sigla significa Bolsa de Valores do Estado de São Paulo. Até o dia 30 de setembro de 2005, a Bovespa realizava o “pregão viva-voz”, que era o sistema em que as negociações ocorriam de maneira presencial no espaço destinado a elas, e que era conhecido como “pregão”. Após essa data, todas as negociações viva-voz foram suspensas e o modelo que passou a vigorar foi o de negociações via internet, sendo realizadas online em sua totalidade, tal como é hoje. Por sua vez, o Índice Bovespa é o indicador mais importante do desempenho médio das cotações do mercaMercado Janeiro 2011 ∞ 20 do brasileiro. O Ibovespa mostra o desempenho das principais ações negociadas na BM&FBOVESPA, além de sua solidez, pois não sofreu nenhuma alteração metodológica desde sua implantação, em 1968. O comportamento e as oscilações do índice Bovespa são visualizados através da quantidade de pontos em que o índice está no momento em que o consultamos, pois ele sofre variações em todos os dias úteis. O índice Bovespa é o valor atual, em moeda, de uma carteira teórica de ações criada em 2 de janeiro de 1968 - que tinha valor base 100 pontos - a partir de uma aplicação hipotética. Desde então, considera-se que não houve nenhuma aplicação adicional de recursos, além da hipotética, e o índice vem evoluindo e aumentando seus pontos, estando atualmente por volta de 71.000 pontos. A criação do índice está para completar 43 anos, e nesse tempo ele não caminhou somente dos 100 pontos Empresa Vale Petrobras OGX Petróleo Itaú Unibanco BMFBovespa Gerdau Usiminas Bradesco Banco do Brasil PDG do qual partiu para em torno dos 71.000 em que se encontra nos dias de hoje. A título de uma visualização mais simplificada, o índice já sofreu 10 divisões ao longo de sua existência, sendo que em nenhuma dessas foi alterada a sua metodologia de cálculo, não prejudicando em nada as informações que o seu desempenho nos mostra. Com o passar do tempo, as empresas vão distribuindo proventos aos seus acionistas, então o índice não reflete apenas a variação do preço dos ativos dele, como também o impacto da distribuição de proventos, sendo assim um indicador que consegue avaliar o retorno total das ações que fazem parte de sua composição. O índice conta atualmente com 69 ativos em sua composição - revista e atualizada a cada quatro meses -, sendo que os 10 ativos principais e sua participação relativa na composição do índice podem ser visualizados na tabela a seguir: Ação/Tipo Vale PNA Petrobras PN OGX Petróleo ON ITAUUNIBANCO PN BMFBovespa ON Gerdau PN Usiminas PNA Bradesco PN Brasil ON PDG Realt ON Participação Relativa (%) 11,357 10,258 4,709 3,734 3,418 3,102 2,882 2,853 2,695 2,445 As negociações dos ativos que compõem o Índice Bovespa representam mais de 90% do volume financeiro e negociações movimentadas diariamente. Mesmo com o risco que existe nas negociações em mercados de Bolsa, quando se pensa no longo prazo, indiscutivelmente é a melhor opção. Conclusão essa que se torna verídica ao fazermoa a comparação do investimento em bolsa de valores com ou- tros segmentos, como renda fixa. É possível visualizar no gráfico abaixo como existe uma evolução do índice de Bolsa no longo prazo, sendo que o período do gráfico é de 15 anos. B * Colaboração: Ápis Investimentos | Afiliada XP-Uberlândia www.apisinvestimentos.com - 34 3221-8606 MComunicação Tarifa interurbana deixará de ser cobrada em 560 municípios DA Agência Brasil Fim da tarifa interurbana em 42 regiões brasileiras vai beneficiar quase 70 milhões de pessoas; ligações passarão a ter tratamento tarifário de chamada local E m breve, os moradores de 39 regiões metropolitanas e de três regiões economicamente integradas deixarão de pagar tarifas de ligações interurbanas para se co- Mercado Janeiro 2011 ∞ 22 municar com municípios vizinhos identificados pelo mesmo código nacional de área (DDD). Essas ligações passarão a ter tratamento tarifário de chamada local. O Conselho Diretor da Agência Nacional de Tele- comunicações (Anatel) aprovou no dia 21 a revisão do regulamento que trata do serviço de telefonia fixa em áreas locais, ampliando o conceito de áreas metropolitanas e de Regiões Integradas de Desenvolvimento (Ride). Segundo a agência reguladora, a mudança irá beneficiar, direta ou indiretamente, até 68 milhões de pessoas em cerca de 560 municípios de todo o país. Para se adequar à nova prática, as operadoras de telefonia terão até 120 dias, a partir da data da publicação do regulamento que, segundo a assessoria da Anatel, ainda não tem data certa para ocorrer. Além disso, novas situações que se encaixem na definição de áreas com continuidade urbana (surgidas da fusão de duas ou mais localidades ou que constituam uma única área urbanizada) ou em decorrência de solicitação fundamentada por parte da concessionária de telefonia fixa na modalidade do serviço local serão revistas anualmente, junto com as revisões quinquenais dos contratos de concessão. As regiões metropolitanas e Rides contempladas são: Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Londrina (PR), Marin- gá (PR), Baixada Santista (SP), Campinas (SP), Belo Horizonte (MG), Vale do Aço (MG), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Distrito Federal e entorno (DF/GO/MG), Goiânia (GO), Vale do Rio Cuiabá (MT), Salvador (BA), polo Petrolina-Juazeiro (PE/BA), Aracaju (SE), Maceió (AL), Agreste (AL), Campina Grande (PB), João Pessoa (PB), Recife (PE) e Natal (RN). Também integram a relação Cariri (CE), Fortaleza (CE), sudoeste maranhense (MA), Grande Teresina (PI/ MA), Belém (PA), Macapá (AP), Manaus (AM), Roraima capital, Roraima região central, Roraima sul, Florianópolis (SC), Chapecó (SC), Vale do Itajaí (SC), norte/nordeste catarinense (SC), Lages (SC), região carbonífera (SC) e Tubarão (SC). Quanto às regiões de Foz do Rio Itajaí (SC), Grande São Luís (MA) e São Paulo (SP), todos os municípios já são considerados integrantes de uma mesma área de tarifação local. Triângulo Mineiro de fora Do estado de Minas Gerais, apenas três regiões serão beneficiadas com a decisão da Anatel: Belo Horizonte (MG), Vale do Aço (MG) e cidades que fazem parte da Ride Distrito Federal e entorno (DF/GO/ MG). No caso de Uberlândia e demais cidades da região do Triângulo Mineiro, além de não se enquadrarem nem como Região Metropolitana (RM) nem como Região Integrada de Desenvolvimento (Ride), também não serão favorecidas com a não mais cobrança de tarifas interurbanas. Lembrando que Uberlândia e outras cerca de 40 cidades fazem parte da área de cobertura pelo DDD 34 (veja lista), da CTBC, e que não estão contempladas pela decisão da Agência Nacional de Telecomunicações. Tire dúvidas sobre as novas regras para DDD O que muda? Com a aprovação do regulamento, será possível fazer chamadas telefônicas a custo de ligação local entre todos os municípios de uma mesma região metropolitana ou de uma região integrada de desenvolvimento que contenham continuidade geográfica e o mesmo código nacional de área - o DDD. O que são regiões metropolitanas? Região Metropolitana (RM) é o agrupamento de municípios limítrofes, instituída legalmente, que tem como finalidade integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. Um exemplo de RM abrangido por esta decisão é o de Belo Horizonte - neste caso, moradores de cidades como Betim, Contagem, Lagoa Santa, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Sabará, Vespasiano, entre outras, poderão fazer chamadas telefônicas entre si ao custo de ligação local. O que são regiões integradas de desenvolvimento? Região Integrada de Desenvolvimento (Ride) é o complexo geoeconômico e social, instituído legalmente, que tem o objetivo de articular a ação administrativa da União visando ao seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais. No caso da decisão da Anatel, uma das três rides beneficiadas é a do Distrito Federal e entorno, no qual entram Ceilândia, Paranoá, Guará, Gama, entre outros. Quem será beneficiado? O novo regulamento contempla 39 regiões metropolitanas e 3 regiões integradas de desenvolvimento, beneficiando, direta ou indiretamente, até 68 milhões de pessoas em todo o Brasil, em cerca de 560 municípios. A partir de quando passa a valer a decisão? O prazo de adequação à revisão é de até 120 (cento e vinte) dias, contados a partir da data da publicação do regulamento. B 23 ∞ Mercado Janeiro 2011 MEducação A lousa digital permite uma aula muito mais dinâmica e arrojada: são as inovações invadindo as salas de aula Os diferentes métodos de ensino POR Anderson Silva Escolas criam novas formas de ensino para manter os alunos motivados. Mas como fazer a diferença e ainda manter a qualidade? E m tempos de mudanças no sistema de aprendizagem, que está em constante transformação, o que se espera dos alunos é a vontade de aprender para mudar a realidade em que vivem. Mas na prática isso não anda acontecendo. Uma das queixas dos educadores é a falta de interesse dos alu- Mercado Janeiro Dezembro 2011 2010 ∞ 24 ∞ 24 nos, a falta de vontade de aprender, que a cada dia está mais patente, dificultando o trabalho dos profissionais na área e ainda atrapalhando a aprendizagem de quem realmente está interessado. No entanto, com a introdução das novas tecnologias e as diversas técnicas e inovações, principalmente na área educacional, as escolas conquistaram novos alia- dos para instigar a vontade dos seus alunos de aprender. Na opinião de especialistas, a educação propõe um repensar do conhecimento, por ser muito mais que o desenvolvimento da capacidade de aprender. É a escola que redefine o papel da sociedade, atribuindo novos objetivos e aprofundando as novas habilidades cognitivas do aluno. Dessa forma, educar requer participação ativa deste. Educar é ouvir, falar, ler, discutir, escrever, raciocinar, trocar ideias, debater, crescer com os erros e acertos uns dos outros. Com o surgimento de novas ferramentas voltadas ao ensino/aprendizagem, passando pelo conceito básico da educação, muitas instituições que atuam com educação estão se mobilizando para não perderem o trem da modernidade. Em Uberlândia, um dos exemplos está na escola de idiomas CCAA, que desenvolveu programas interativos que auxiliam o aprendizado. “Todas as nossas aulas são interativas, nelas o professor incentiva os alunos a interagirem entre si durante todos os passos da aula. Essa interação comunicativa visa à construção do conhecimento de forma cooperativista, em que o professor exerce o papel de facilitador e mediador do saber”, comenta a coordenadora de ensino da escola, Taciana Fonseca. Segundo a coordenadora, o professor deve usar tudo que estiver ao seu alcance para propiciar ao aluno um aprendizado completo. Atualmente existem várias ferramentas e técnicas que facilitam e estimulam o interesse do estudante, como: cursos online, práticas extracurriculares e aulas divertidas e dinâmicas. “Em nossa escola, desenvolvemos várias atividades lúdicas com a proposta de tornar as tarefas mais prazerosas e motivadoras. Algumas delas são: role play ou jogo de interação de personagens, jogos de dominó para estimular a memória, jogos com balões, bolas, bambolês, músicas e outros. Também temos aulas temáticas, como a Italian Class (aula italiana) e o Breakfast Class, quando os alunos comem e aprendem a fazer a culinária típica de cada país”, explica Taciana. Outra forma de aperfeiçoar o novo idioma é levar a atividade para fora da sala de aula. “Levamos quatro unidades para o English Camp (Acampamento Inglês), evento que proporciona a prática alegre e efetiva de uso real da língua estrangeira”, garante. Sesi faz uso de HQs Quando ainda crianças ou até mesmo adultas, muitas pessoas são adeptas da leitura de histórias em quadrinhos (HQs). Assim, por que não aproveitar este recurso na educação de alunos? Na Rede Sesi de Educação, a instituição lança mão do personagem infantil Sesinho - protagonista de histórias em quadrinhos e desenhos animados - para repassar aos seus alunos muitos dos valores humanos e culturais. Criado em 1947 para ser o principal porta-voz das ações da entidade junto ao público de 4 a 14 anos, o Sesinho é hoje um recurso pedagógico que extrapola as fronteiras das escolas. Mensalmente, são distribuídos um milhão de exemplares dos gibis entre todas as unidades de ensino do Sesi espalhadas pelo país e mais para outros 12 mil endereços, entre empresas, ONGs e universidades brasileiras. Após a leitura e discussão em sala de aula, os alunos podem levar a revistinha para casa e dividir o conteúdo delas com suas famílias. Quem tem computador conectado à internet pode, ainda, fazer download gratuito das edições, inclusive das anteriores. “Em 2000, o Sesi desenvolveu o programa de multimídia interativo Sesinho. Esse programa está voltado para o trabalho com as crianças de 4 a 6 anos. Os temas são os quatro elementos da natureza: ar, água, fogo e terra. A continuidade do programa trabalhou com o Brasil 500 na História, na arte e na música”, explica Veridiana Lemos, pedagoga do Sesi em Uberlândia. Diversão e aprendizado também caminham juntos na TV. O desenho animado Sesinho “É Tempo de Aprender” é distribuído em DVD para todas as unidades de educação da instituição e, ainda, transmitido pelo canal Futura de televisão. B O gibi do Sesinho é uma importante e bem aceita ferramenta de ensino/aprendizagem na Rede Sesi de Educação 25 ∞ Mercado Janeiro 2011 MEducação A apostila na educação infantil Apesar de não ser unanimidade entre os educadores, o uso de apostilas vem crescendo nas escolas do Ensino Infantil R esponsável por exercitar as faculdades motoras, incitar a experimentação e as descobertas e preparar as crianças para a alfabetização, a Educação Infantil atende meninos e meninas de zero a seis anos de idade. Neste período, segundo orientações do Ministério da Educação (MEC), as crianças devem ser estimuladas por meio de brincadeiras, atividades lúdicas e jogos, deixando as cobranças e obrigações para as séries seguintes. De certo que pular corda, jogar amarelinha, brincar de ciranda, entre tantas outras brincadeiras, ajuda na socialização e no desenvolvimento da criatividade, mas não seria necessário o uso de apostilas para nortear o trabalho do professor junto a crianças dessa idade? A utilização de apostilas no ensino infantil gera polêmica entre os educadores. Boa parte deles teme que nessa fase, em que a criança precisa de uma Mercado Janeiro Dezembro 2011 2010 ∞ 26 ∞ 26 grande diversidade de estímulos para conhecer e aprender, as aulas fiquem presas às atividades propostas pelas apostilas, o que pode restringir o professor e a criatividade dos pequenos. Apesar das divergências, uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) comprova que, de 2008 para 2009, o número de municípios do estado de São Paulo que adota material apostilado subiu de 24 para 32. O trabalho mostra ainda que dez anos antes apenas quatro cidades do estado utilizavam apostilas nessa etapa educacional. Segundo a diretora do Ensino Infantil do Colégio Nacional de Uberlândia, Maria Amélia Castro, não é o material que faz a criatividade da criança. “Não utilizamos material apostilado nem livro didático. Todo o material é construído pela nossa equipe pedagógica de acordo com o planejamento e os projetos desenvolvidos. Só usamos livros de literatura Foto: Reprodução POR Isabella Peixoto (Ares) infantil. Preferimos que o material seja preparado aqui, porque ele pode ser contextualizado de acordo com a vivência da turma e também porque ele se encaixa melhor nas habilidades e competências que se quer desenvolver em cada projeto ou conteúdo a ser trabalhado. Mas não é o material que torna o aluno mais ou menos criativo. Um livro pode ser muito bom nesse quesito. Depende da forma como ele é explorado”, afirma. Para Maria Amélia, estrutura, professores e projeto pedagógico sólido são mais importantes para o desenvolvimento cognitivo e criativo da criança do que o material didático. Qualquer material pode ser prejudicial se o professor ficar preso unicamente às atividades propostas por ele, mas pode também ser excelente se utilizado junto a outras atividades e brincadeiras. “A escola determina o material, mas é o educador que movimenta e impulsiona a turma para o crescimento”, informa. B MCapa Ano novo, vida nova: reprodução assistida fica mais acessível POR Evaldo Pighini com Agência Brasil O Conselho Federal de Medicina anunciou novas regras para a reprodução assistida no Brasil. Agora, mais casais, incluindo homossexuais e até pessoas solteiras, terão acesso à técnica, porém, os especialistas deverão seguir normas mais rígidas N o Brasil, o número de casais que procuram clínicas especializadas em Reprodução Assistida (R.A.) vem aumentando consideravelmente. Espera-se que um aumento ainda mais significativo ocorra em cidades que ofereçam gratuitamente, em hospitais públicos, esse tipo de tratamento, como é o caso de São Paulo. Em Uberlândia, esse procedimento é oferecido apenas por clínicas particulares. A reprodução assistida é um conjunto de técnicas, utilizadas por médicos especializados, que tem Mercado Janeiro 2011 ∞ 28 como principal objetivo tentar viabilizar a gestação em mulheres com dificuldades de engravidar. Muitas vezes essas dificuldades, até mesmo a infertilidade do casal ou um de seus membros, podem inclusive trazer sérios prejuízos ao relacionamento conjugal, problemas esses que parecem ter chegado ao fim com a decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM) de atualizar as regras para quem precisa ou quer recorrer a esse tipo de procedimento. As novas regras para reprodução assistida no Brasil foram publicadas no Diário Oficial da União do dia 6 de janeiro. Na reprodução assistida, o óvulo da mulher é coletado e fertilizado pelo espermatozóide em laboratório. Os embriões gerados são, então, transferidos para o útero da mulher As mudanças aprovadas refletem a preocupação do CFM com os avanços da ciência e o comportamento social. Elas incluem a permissão para a realização de procedimentos com material biológico criopreservado (conservado sob condições de baixíssimas temperaturas) após a morte, desde que haja autorização prévia. A norma autoriza também que pessoas solteiras e casais homossexuais tenham acesso ao procedimento. Traz ainda regras mais claras sobre o uso de embriões quando um dos pais morre ou quando o casal se divorcia. O CFM também estabeleceu um número máximo de embriões a serem implantados nas pacientes. Mulheres até 35 anos podem implantar no máximo dois embriões; de 36 a 39 anos, até três; e acima de 40 anos, quatro. Em casos de gravidez múltipla, continua proibido o uso de procedimentos que visem à redução embrionária. Permanecem também em vigor diretrizes éticas, como a proibição de que as técnicas de reprodução sejam aplicadas com a intenção de selecio- nar sexo ou qualquer característica biológica do futuro bebê. A A criopreservação dos óvulos e dos espermatozóides em nitrogênio líquido é feita à temperatura de -196ºC. Nesse ambiente, essas células ficam preservadas, vivas, com seu metabolismo totalmente suspenso por longos períodos, podendo alcançar décadas 29 ∞ Mercado Janeiro 2011 MCapa Mudanças atendem à demanda da sociedade moderna O presidente do CFM, Roberto D’Avila, afirmou, por meio de nota, que as alterações nas regras de reprodução assistida representam avanço e atendem a uma demanda da sociedade moderna. “A medicina não tem preconceitos e deve respeitar todos de maneira igual”, disse D’Avila. Sobre a decisão de limitar o número de embriões a serem transferidos, o presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida, Adelino Amaral, explicou, também por meio de nota, que a ideia é prevenir a gravidez múltipla, que aumenta as chances de aborto e de nascimento de bebês prematuros. “O médico não pode interferir na questão biológica, definida pela natureza”, ressaltou, na mesma nota, o presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana, Waldemar Amaral. O texto, que substitui uma resolução de 92, estabelece, por exemplo, que a reprodução as- sistida somente pode ser usada depois de o paciente ser devidamente informado sobre os riscos e as taxas de sucesso da técnica. “Vimos que algumas clínicas asseguravam que 90% dos casos eram bem-sucedidos. Algo que está muito longe da realidade: cerca de 40%”, afirmou o relator do texto, o médico José Hiran Gallo. O texto também proíbe a escolha do sexo dos embriões. “Há relatos de casos de pacientes que eram abordados se queriam meninos ou meninas. Em caso de meninos, o preço era maior”, completou Gallo, completando a explicação da nota expedita por Waldemar Amaral. Roberto D’Avilla, presidente do CFM: “A medicina não tem preconceitos e deve respeitar todos de maneira igual” Resolução abre caminhos para casais gays A resolução do CFM também abre caminho para que casais gays possam ter filhos por meio da reprodução assistida. Na nova regra está previsto que “todas as pessoas, independentemente do estado civil, podem fazer uso da técnica, desde que sejam civilmente capazes”. A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) comemora a alteração nas regras de reprodução assistida em laboratório. O diretor da ABGLT e integrante do Conselho Nacional de Saúde, Léo Mendes, afirma que a decisão representa uma grande vitória para os casais homossexuais de todo o país. É que pelas novas regras do CFM fica também permitido que casais homossexuais possam ter filhos por meio da técnica de fertilização de embriões. Relator da medida do CFM, o conselheiro José Hiran Gallo é a favor do uso da reprodução assistida, mas somente depois de o paciente ser devidamente informado sobre os riscos e as taxas de sucesso da técnica, que ainda está muito aquém dos 90% de casos bem-sucedidos assegurados pelas clínicas atualmente Pela nova regra “todas as pessoas, independentemente do estado civil, podem fazer uso da técnica, desde que sejam civilmente capazes”, o que inclui casais gays e até pessoas solteiras O diretor da ABGLT diz que essa é uma demanda antiga da associação, mas que o desafio continua. “Agora, nossa luta vai ser no sentido de que o CFM insira o serviço de reprodução assistida no Sistema Único de Saúde (SUS). O conselho reconheceu o que a Justiça já tinha reconhecido: que os casais homossexuais devem ter os mesmos direitos dos heterossexuais”, acrescenta. Segundo Léo Mendes, a permissão para casais homossexuais fazerem reprodução assistida exi- Em Uberlândia, o casal homossexual Tânia Martins, de 52 anos, e Andrea Santana, 32, vê mais próximo a realização de um sonho que é poder ‘cuidar e formar um outro ser humano desde os primeiros anos de vida ge mais mudanças na legislação. “Quando esses casais tiverem seus filhos, começará outra luta na Justiça para registrar a criança. Hoje, a legislação não permite que dois pais ou duas mães tenham seus nomes no registro de nascimento do filho. Mas as mudanças ocorrerão, essa decisão do CFM já é um grande progresso”, afirma. Com a decisão do CFM, o casal homossexual Tânia Martins, de 52 anos, e Andrea Santana, 32, vê mais próximo a realização de um sonho que é poder “cuidar e formar um outro ser humano desde os primeiros anos de vida”, como descreve a própria Tânia. Ela conta que as duas se conheceram e moram juntas em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, há cinco anos. “Ser mãe é um desejo que Andrea alimenta há muito tempo e que agora está mais fácil realizar”, diz. Tânia é jornalista e Andrea, estudante de Administração. As duas se consideram em perfeitas condições para terem um filho(a). “Sabemos da responsabilidade e essa nossa decisão só foi concluída após muito diálogo”, ressalta Tânia. Porém, ela tem a consciência de que ainda existem barreiras a serem vencidas, tais como, o registro da criança em nome do casal e também a união legal entre ambas, que passa pelo casamento, o que, segundo afirma, se já existisse no Brasil, talvez nem haveria a necessidade de o CFM tomar uma atitude como esta de agora. Para finalizar, ela lamenta a negligência do Congresso Nacional em não dar ao assunto a atenção devida. “Se o direito de união entre casais homossexuais já fosse legal no Brasil, por consequência, todos os demais direitos já nos seriam garantidos”, lamenta Tânia, recordando o Projeto de Lei 1.151/1995, da ex-Deputada Marta Suplicy, que trata da “Parceria Civil Registrada”, ou seja, visa regulamentar a união entre homossexuais. “É um projeto que tramita há mais de 15 anos no Congresso, mas os nossos políticos não lhe conferem a atenção devida”, lamenta. A 31 ∞ Mercado Janeiro 2011 MCapa Especialista comemora decisão do CFM O especialista em Reprodução Assistida, Vinicius Medina Lopes, do Instituto Verhum, de Brasília, considera um avanço a decisão do CFM e dá ênfase principalmente à determinação de estipular um número máximo de embriões a serem transferidos para o útero da mulher - medida que visa evitar casos de gestação múltipla e suas complicações para mãe e para os fetos. Nestes casos, para as mães, existe o perigo do aumento na incidência de diabetes gestacional e a pré-eclâmpsia; já para os fetos, o risco é de prematuridade, que está associada a um aumento na mortalidade e possibilidade de ter sequelas irreversíveis. “Agora, com esta nova regra, as mulheres de até 35 anos podem ter implantados até dois embriões; as de 36 a 39 anos, até três; e as que estão na faixa acima dos 40 anos podem ter a implantação de 4 embriões”, relaciona o médico. O número de embriões a serem implantados já era uma preocupação antiga do Verhum. Acostumado a investir em tecnologia e em estudos científicos, o instituto utiliza o Super-ICSI, um microscópio equipado com um sistema de alto poder de resolução, onde é possível se obter aumento de 6000 a 8000 vezes, o que melhora a escolha dos espermatozoides. “Utilizando esse tipo de tecnologia, podemos avaliar, com precisão, as características da cabeça, do pescoço e da cauda dos espermatozóides, o que permite a seleção daquele com morfologia perfeita, um aumento nas taxas de gestação e uma diminuição no número de abortos, em determinadas situações. Com a limitação no número de embriões a serem transferidos, teremos que produzir e selecionar os embriões com excelente qualidade para manter a mesma taxa de gestação”, afirma o especialista. Para o médico, é uma pena que a resolução do CFM não especifique o número a ser transferido quando se tem apenas embriões de má qualidade ou quando os mesmos estavam Mercado Janeiro 2011 ∞ 32 Vinicius Medina Lopes é especialista em Reprodução Assistida congelados antes da transferência. “Nestas situações, o número adequado de embriões a ser implantado no útero seria de três a quatro, independentemente da idade. Transferindo um número menor, com certeza, algumas mulheres terão menores chances de engravidar após pagarem um tratamento caro para nossa realidade”, declara Vinicius. Mesmo sem essa informação específica, o médico acredita que a resolução chega para reafirmar o caminho que fazem as clínicas sérias. “Trabalhamos com a preocupação de realizar o desejo dos pacientes com qualidade e segurança. É mais comum do que se pensa que clínicas prometam resultados eficazes e com baixo custo para os casais que estão ansiosos para terem filhos. Para que essas clínicas consigam sucesso na fertilização, acabam por transferir um número muito grande de embriões, o que aumenta o risco da gestação múltipla”, alerta. Dados do Registro Latino-Americano de Reproducción Asistida revelam que, no Brasil, 42% das gestações por FIV (Fertilização In Vitro) resultam em gêmeos, trigêmeos, quadrigêmeos e quíntuplos. “O desafio hoje para a reprodução humana é manter bons índices de gravidez, sem aumentar a incidência de gestação múltipla, aprimorando sempre as condições ideais de transferência, sobrevivência e implantação do embrião. Assim, evitamos, ainda, as diversas complicações para a mãe e para o bebê, que pode ter sequelas definitivas pela gemelaridade”, ressalta o médico. Veja as novas regras POST MORTEM Será permitido uso de sêmen, óvulo ou embriões em caso de morte do parceiro, casa haja autorização prévia em cartório. HOMOSSEXUAIS Poderão ser usados sêmen de um homem ou óvulo de uma mulher do casal gay. A inseminação poderá ser feita em uma das mulheres ou em uma parente de um dos envolvidos. SOLTEIROS Poderão usar as técnicas, assim como casais estáveis. EMBRIÕES Haverá número máximo de embriões a serem implantados no útero, de acordo com a idade da mulher. BARRIGA DE ALUGUEL A mulher deve ser parente de até 2º grau de um dos envolvidos na reprodução. Não é permitido receber dinheiro para “emprestar” o útero. COMO É A FERTILIZAÇÃO Óvulo é retirado da mãe (ou doadora), e, junto com o sêmen, fertilizado em laboratório. Depois de 3 meses, um ou mais embriões são implantados no útero e a gestação segue normalmente. B 33 ∞ Mercado Janeiro 2011 MIndústria Valorizar para crescer POR Michele Borges (Ciclo) Foto: Douglas Luzz Empregado, funcionário ou colaborador? Chefe ou gestor? Recursos Humanos ou Gestão de Pessoas? A diferença, que pode parecer uma simples questão semântica, é na verdade algo mais sério e que pode afetar diversos interesses Trabalho com prazer: colaboradores da PDCA Engenharia de Uberlândia, empresa classificada em 1º lugar no PSQT estadual, na categoria Gestão de Pessoas M uito se fala da necessidade de se buscar novos paradigmas de gestão humana, podendo até se afirmar que gerir pessoas não é mais o fator de uma visão mecanicista, sistemática, metódica ou mesmo sinônimo de controle, tarefa e obediência. É preciso, agora, discutir e entender o disparate entre as técnicas tidas como obsoletas e tradicionais e as modernas, empreendendo uma gestão participativa e de conhecimento. Mas o que isso significa? Encarar a área de Recursos Humanos não mais como um mero departamento Mercado Janeiro 2011 ∞ 34 de pessoal, mas como o personagem principal de transformação dentro da uma empresa. Significa compreender o Capital Humano como o grande diferencial competitivo no mercado atual. Wanderson Tavares Alves é analista financeiro da PDCA - empresa de engenharia de Uberlândia - há seis anos e nem passa por sua cabeça deixar esse emprego tão cedo. Isso porque, há quase dois anos a empresa deu início à implementação de novos conceitos de gestão de pessoas. “Antigamente, havia salários diferentes para cargos iguais. Agora não. Contamos com um plano de cargos e salários, cartão alimentação, auxílio combustível e até bolsa educação, benefício este que quero aproveitar para fazer uma pós-graduação em Controladoria em Finanças, o que irá me dar ainda mais perspectiva de crescimento”, afirma Wanderson. Na contramão do analista, a professora M.L.P, que trabalha em um colégio particular da cidade e que não quer se identificar por medo de sofrer retaliações, lamenta o fato de não trabalhar numa empresa que não dá nenhum sinal de avanços no sentido de valorizar mais a sua força de trabalho. “Ficaria mais satisfeita se tivesse alguns benefícios, pois não é só o dinheiro que conta. Quero também bem-estar, qualidade de vida e possibilidade de crescimento no mínimo proporcional à minha dedicação ao que faço”, diz. Investir em pessoas vale a pena Mas o que mais chama a atenção é que muitos administradores de empresas ainda não perceberam que investir em talentos humanos só traz resultados positivos para a organização e não são poucos. No caso da PDCA, onde trabalha o “satisfeito” Wanderson, a empresa acaba de conquistar o 1º lugar - entre 245 empresas mineiras - na categoria Gestão de Pessoas na Etapa Estadual do PSQT 2010 - Prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho. Segundo o gestor administrativo da PDCA, Oberdan Veras Tostes, muitos foram os avanços nas últimas décadas, como a introdução Prêmio Sesi de Qualidade no Trabalho O PSQT existe desde 1996, e tem como objetivo estimular as empresas brasileiras a incorporarem a responsabilidade social como parte integrante de suas estratégias mediante o reconhecimento e a difusão de boas práticas. Em Uberlândia, além da PDCA, a empresa Bom Jesus Extração Mineral também conquistou o prêmio, ficando em 2º lugar na categoria Educação e Desenvolvimento no PSQT 2010. A Bom Jesus tem 85 funcionários e está no mercado desde 1967. Foto: Douglas Luzz Foto: Douglas Luzz Wanderson Tavares é exemplo do empregado satisfeito: ele nem pensa em deixar o trabalho na PDCA, onde está há seis anos de novas técnicas orçamentárias, a descentralização administrativa de alguns setores, a redução das hierarquias e a implementação de programas de desempenho, mas ainda há muito por fazer. “Não podemos jamais esquecer que a mão de obra são os seres humanos e não simplesmente objetos de mais valia. São as pessoas que fazem as empresas se desenvolverem, que as dinamizam e impulsionam. Um dos grandes obstáculos para o crescimento corporativo é a falta de pessoas eficientes, a perda de entusiasmo, a falta de motivação, o que, ao meu ver, pode ser solucionado com pequenas ações, como, por exemplo, bonificações por resultado alcançado”, afirma. Oberdan Veras Tostes, gestor administrativo da PDCA: “São as pessoas que fazem as empresas se desenvolverem, que as dinamizam e impulsionam” Para José de Assis, gestor administrativo da empresa, hoje não tem como crescer sem valorizar o trabalhador. “Já possuíamos uma política de desenvolvimento de oportunidades para nossos colaboradores, mas intensificamos isso em 2010, com capacitações, círculo de palestras e coparticipação no financiamento da formação continuada. A boa colocação no PSQT para nós é muito importante e serve de incentivo”, diz José de Assis. Com relação ao PSQT, agora os primeiros colocados nas diversas categorias avaliadas em cada estado do Brasil seguem para a disputa na etapa nacional, que acontece de 25 de fevereiro a 25 de março de 2011, quando Uberlândia será representada pela PDCA Engenharia. B MPolítica Se vira!!! Dilma herda R$ 137 bilhões de contas a pagar DO Contas Abertas Abraço de Judas: Lula entrega cargo a Dilma e junto dívidas como herança de mais de R$ 137 bilhões para pagar N unca antes na história deste país foi deixada para o ano seguinte uma conta tão grande, teria dito o expresidente Luiz Inácio Lula da Silva se ainda quisesse anunciar algo sobre a sua gestão. Isso porque o estoque de restos a pagar (compromissos assumidos em anos anteriores rolados para os exercícios seguintes) acu- Mercado Janeiro 2011 ∞ 36 mula R$ 137,5 bilhões no Orçamento Geral da União. Caso nenhuma dessas despesas seja cancelada, o valor representará o dobro de tudo o que o governo pretende gastar com investimentos neste ano - R$ 64 bilhões - ou o triplo do previsto para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) - R$ 40 bilhões. O montante computa a estimativa de restos a pagar para serem inscri- tos em despesas correntes (R$ 63,8 bilhões), investimentos (R$ 57 bilhões), inversões financeiras (R$ 12,9 bilhões), gastos com pessoal (R$ 2,1 bilhões), dentre outros grupos de despesa (Veja tabela). Não estão incluídos nos cálculos os dispêndios das empresas estatais, dos estados e municípios e da iniciativa privada, que não são contabilizados no sistema de receitas e despesas da União, o Siafi. ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO ESTIMATIVA DE RESTOS A PAGAR PARA SEREM INSCRITOS EM 2011 Grupo de Despesa Valores em R$ PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS 2.139.272.999,24 JUROS E ENCARGOS DA DÍVIDA 432.147.824,63 OUTRAS DESPESAS CORRENTES 63.835.088.499,84 INVESTIMENTOS 57.074.856.425,96 INVERSÕES FINANCEIRAS 12.921.864.298,81 AMORTIZAÇÃO/REFINANCIAMENTO DA DÍVIDA 758.920.954,48 RESERVA DE CONTINGÊNCIA 0,00 TOTAL 137.162.151.002,96 Fonte: Siafi - Consulta em 03/01/2011 Em 2010, a União pagou R$ 61,8 bilhões de contas pendentes que foram comprometidas ao longo dos últimos anos. Esse valor é 40% superior ao valor aplicado em obras e compra de materiais ao longo do ano passado - R$ 44,6 bilhões. De acordo com a assessora de Política Fiscal e Orçamentária do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), Eliana Graça, o que rege o orçamento são primordialmente os compromissos com os credores da dívida pública e, por isso, “todo o restante do orçamento fica ao belprazer dos humores do mercado”. “Depois de equacionar a dívida e de garantir o superávit primário (economia de recursos para pagar os juros da dívida pública), pensa-se em como gastar os recursos destinados às políticas públicas. Quando houver a decisão política de inverter essas prioridades, aí poderemos ter um orçamento planejado e os compromissos honrados. E a maioria da população com seus direitos atendidos”, diz Eliana. Entre as contas pendentes, há uma divisão. Uma quantia diz respeito aos projetos de infraestrutura que o governo já reconheceu como prontos, mas ainda não liberou o dinheiro para quitar o serviço prestado. Essa despesa emplaca na ru- brica “restos a pagar processados”. A outra se refere às ações não finalizadas, isto é, que não tiveram a vistoria de técnicos do governo federal de que o produto foi entregue ou o serviço prestado. Essa é conhecida no jargão econômico como “restos a pagar não processados”. Vale ressaltar que parte dos empenhos efetuados até o fim do ano passado ainda pode ser cancelada, já que a equipe econômica do governo ainda não efetuou o balanço final das contas de 2010, o que poderia reduzir o montante total da conta a pagar. Orçamento paralelo A utilização dos restos a pagar é uma forma legal de executar os gastos públicos. No entanto, já em 2007, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Ubiratan Aguiar, criticou o alto volume de contas pendentes verificado entre 2006 e 2007. Segundo o ministro, que foi relator das contas do governo de 2006, o crescimento dos débitos acontece porque o governo não disponibiliza recursos suficientes para arcar com os compromissos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA). Esse crescimento, na avaliação de Ubiratan, configura um “orçamento paralelo”. O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Ubiratan Aguiar, criticou o alto volume de contas pendentes De acordo com o tribunal, o crescimento do volume de restos a pagar inscritos entre 2005 e 2009 foi da ordem de 195%, “o que equivale a dizer que o A 37 ∞ Mercado Janeiro 2011 MPolítica montante de restos a pagar quase triplicou nos últimos cinco anos”. Caso os empenhos realizados no ano passado não sejam cancelados, o estoque de restos a pagar transferidos para 2011 representarão um crescimento de quase 252% em relação às contas de 2005 (em valores correntes). Caso os gestores não empenhem os recursos autorizados para o ano, eles perdem a dotação. Por isso, em dezembro do ano passado, o governo se esforçou e conseguiu garantir 77% do orçamento para obras ou compra de materiais relacionados à infraestrutura nacional. Até novem- VOU EMBORA E NÃO DEIXAREI NENHUMA HERANÇA MALDITA! PIADISTA! bro, pouco mais de R$ 40,2 bilhões haviam sido comprometidos com a programação de investimentos. Em dezembro, as reservas de recursos saltaram para quase R$ 53,4 bilhões. De acordo com a assessora do Inesc, os restos a pagar são um efeito colateral da política econômica dos últimos dez anos. Para a especialista, a necessidade de empurrar os gastos para o ano seguinte produz ainda um efeito negativo para a transparência das contas públicas. “No médio prazo, passamos a ter dois orçamentos com um recurso só. Na prática, temos uma contabilidade pública oficial e outra contabilidade paralela. É um orçamento que ninguém tem controle sobre ele, a não ser os donos do cofre”, critica Eliana Graça. “Essa política de grandes volumes de restos a pagar é um problema de gestão e claramente uma decisão de não deixar transparente para a sociedade quanto se gasta ou quanto se pretende gastar”, lamenta Eliana. Ela explica que, quando o governo anuncia o orçamento previsto para o ano, ele “já sabe que será executado junto com outro, de anos anteriores”. “O mesmo recurso servirá para os dois. E aí o processo se repete no ano seguinte”, afirma. B MSaúde Burnout: estresse no trabalho em alto grau POR Alitéia Milagre (Serifa) Estima-se que mais de 600 milhões de trabalhadores, ou 22% da força de trabalho mundial, passem mais de 48 horas semanais no trabalho J ornalistas, publicitários, corretores da bolsa de valores, professores, executivos, motoristas de ônibus, controladores de voos, pilotos, profissionais da saúde, operadores de telemarketing, bancários, e acreditem, freiras e padres são apontados por especialistas como sendo profissões das mais estressantes. Esses profissionais estão entre aqueles mais propensos a Mercado Janeiro 2011 ∞ 40 desenvolver a chamada Síndrome de Burnout, um distúrbio psíquico caracterizado por estresse agudo relacionado ao trabalho. Ou seja, trabalhar por longos períodos sem descanso e recreação pode causar frustração e resultar em graves problemas de saúde. Vez por outra é comum encontrarmos pessoas explosivas ou desmotivadas ao extremo, com sintomas de esgotamento físico, mental e emocional. Segundo o reumatologista Carmo de Freitas, a sobrecarga crônica de trabalho tem sido associada à obesidade, alcoolismo, doenças cardíacas, acidentes de trabalho, ansiedade, fadiga, depressão, entre outros problemas. “É o corpo reclamando, dando sinais de que é preciso avaliar até que ponto o trabalho é mais importante que a saúde. Esse conjunto de sintomas pode ser burnout”, afirma Carmo. Estima-se que mais de 600 milhões de trabalhadores, ou 22% da força de trabalho mundial, gastem mais de 48 horas semanais trabalhando. De acordo com as últimas pesquisas, 70% dos brasileiros apresentam algum grau de estresse, sendo que 30% desse total manifestam “Burnout”, o que as deixa incapacitadas para o trabalho. O reumatologista Carmo de Freitas, sobre a Síndrome de Burnout,: “O cotidiano, que antes era prazeroso, se torna uma carga insuportável, e a sensação de cansaço além do habitual, sem relação causa/efeito, se torna constante” E não para por aí. Os sintomas incluem diminuição do rendimento, irritabilidade, intolerância, reclamações, indecisão, perda de controle, insônia, sono agitado, falta de concentração e memória. “O cotidiano, que antes era prazeroso, se torna uma carga insuportável, e a sensação de cansaço além do habitual, sem relação causa/efeito, se torna constante. A pessoa sofre alterações digestivas, queda da resistência orgânica e por isso tem maior predisposição a doenças banais, como gripe e herpes. Também está acometida por alterações de pressão arterial (alta ou baixa), dores de cabeça, vertigens, bruxismo, redução do desejo sexual, libido e impotência”, acrescenta o reumatologista. Pesquisadores colocam o Brasil como o segundo país mais estressado do mundo. Só perdemos para o Japão. O estresse profissional afeta 69% da população brasileira. passaram a investir em programas que auxiliam os colaboradores a desenvolverem sua resiliência, ou seja, sua capacidade de lidar com esse novo cenário, comum a toda população, composto por metas de curto prazo, concorrência e pressão por resultados. As pessoas precisarão aprender a lidar com suas angústias, com seus medos, “70% dos brasileiros apresentam algum grau de estresse, sendo que 30% desse total manifestam Burnout” Outro dado alarmante é do Ministério da Previdência. Segundo o órgão, mais de 90% dos auxílios-doença concedidos no ano passado referiam-se à categoria “Transtornos Mentais e Comportamentais” ligados ao estresse. Para a mestre em administração de empresas, Vianei Guimarães, essas estatísticas preocupam as empresas que perdem muito em produtividade, sem considerar os prejuízos sociais que também refletem em seus resultados. Cálculos de institutos de pesquisa sérios e renomados atestam que esse cenário causa um prejuízo de aproximadamente 4,5% no PIB nacional. “Com o objetivo de reverter esse quadro, (as empresas) organizando melhor suas vidas”, diz Vianei, que também é diretora da Inthegra, empresa especializada em Talentos Humanos. Terapia Para ajudar os funcionários a lidar com as pressões diárias, muitas empresas adotaram algumas práticas internas de ginástica laboral, incentivos à prática de exercícios em casa ou em academias, programas específicos de relaxamento e estímulo a leituras que provocam pensamentos mais otimistas. “São alguns programas que as empresas disponibilizam como forma de auxiliar seus colaboradores a encontrarem o equilíbrio”, acrescenta Vianei. A 41 ∞ Mercado Janeiro 2011 MSaúde Vianei Guimarães: “Investir em cursos de capacitação de líderes, gestão de processos e relacionamentos interpessoais, como forma de aprimoramento de competências comportamentais, ajuda a organizar melhor o trabalho, a focar no que realmente deve ser feito” Vianei explica ainda que investir em cursos de capacitação de líderes, gestão de processos e relacionamentos interpessoais, como forma de aprimoramento de competências comportamentais, ajuda a organizar melhor o trabalho, a focar no que realmente deve ser feito. “Consequentemente, essas horas de estudo e aplicação de novos conhecimentos na administração de recursos e na gestão de pessoas Mercado Janeiro 2011 ∞ 42 trarão mais horas livres para que os profissionais possam dedicar à qualidade de vida”, informa. Em se tratando de qualidade de vida, o Serviço Social da Indústria (Sesi) é uma referência em saúde e bem-estar de trabalhadores por causa da assistência dada às empresas associadas, incluindo os próprios colaboradores. Além das “famosas” paradas para a ginástica laboral em horários de expediente, os funcioná- rios do Sesi e da FIEMG realizaram recentemente o Diagnóstico de Saúde e Estilo de Vida, em que foram medidas taxa de glicemia, a circunferência abdominal e feita aferição da pressão arterial dos colaboradores. “Nossa função foi conscientizá-los com relação às atividades e orientá-los a como proceder para atingir o peso ideal de acordo com o Índice de Massa Corporal, ou seja, relação peso e altura de cada um”, diz a técnica de Lazer da Vila Olímpica do Sesi de Uberlândia, Petuccia Fagundes Brunelli . Para finalizar, o reumatologista Carmo Gonzaga afirma que o equilíbrio entre trabalho e diversão é o aconselhável para que a pessoa não chegue a um determinado grau de estresse que possa acabar em Burnout. “Todos nós precisamos trabalhar, porém deve existir um equilíbrio com relação às atividades diárias. É preciso ter tempo para o trabalho, repouso, atividade física e lazer. Também é primordial ter uma boa convivência dentro e fora de casa e evitar a rotina”, recomenda o médico. B MEspecial Acidente é o maior inimigo da vida DA Evaldo Pighini | Editor / Min. da Saúde/Cepa Vítimas acidentadas representaram 90% dos atendimentos em urgências e emergências. Quedas e acidentes de trânsito são as principais causas, sendo a ingestão de álcool antes da ocorrência relatada por 8,1% dos pacientes Os acidentes de trânsito são uma das principais causas de atendimentos em urgências e emergências A s vítimas de acidentes somaram 35.646 atendimentos do total de 39.665 registros de pessoas acolhidas em serviços sentinelas de Mercado Janeiro 2011 ∞ 44 urgência e emergência no Brasil. Isso representou 89,9% dos atendimentos identificados pelo Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) do Ministério da Saúde. Divulgadas em dezembro, as informações coletadas constam de levantamento feito junto a 74 serviços de saúde de 23 capitais e Distrito Federal (quadro abaixo) entre setembro e novembro de 2009. Capitais com serviços sentinela para acidentes e violências: Palmas, Porto Velho, Boa Vista, Macapá, Rio Branco, Goiânia, Campos Grande, Brasília, Maceió, Fortaleza, Natal, Recife, Aracaju, Salvador, Teresina, São Luís, João Pessoa, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Vitória, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre Os homens foram os que mais necessitaram de atendimento por conta de acidentes, com 23.082 registros (64,8% do total). Para o sexo feminino, o número e a proporção caíram quase pela metade - 12.515 (35,2%). Não houve registro do sexo de quarenta e nove pessoas (0,1%). Entre os homens, as duas principais causas de acidentes foram as quedas (31,8%) e os acidentes de transporte (29,6%). Essas causas se repetem na mesma ordem para o sexo feminino, com 45% e 20,5%, respectivamente. Pessoas de 20 a 29 anos foram as que mais procuraram atendimento, sendo 22,9% do total de vítimas de acidentes. Entre os homens, as duas principais causas de acidentes foram as quedas (31,8%) e os acidentes de transporte (29,6%) Tipos de acidentes - A análise dos dados mostra que as principais causas de acidentes identificadas pelo VIVA foram as quedas (36,5%) e os acidentes de trânsito (26,4%). Também entraram no levantamento os ferimentos com objetos que cortam ou perfuram (7,2%), choque contra pessoa ou objeto (6,5%), lesões ou torções (4,7%), além de acidentes envolvendo penetração, ingestão ou inalação de corpo estranho (4,5%). Houve, ainda, registros de acidentes com objetos que caíram em cima da vítima (3,7%), acidentes com animais (3,2%) e queimaduras (2,2%). Atendimentos de emergência provocados por sufocação, afogamento, envenenamento, acidentes com arma de fogo e situações não especificadas foram incluídas na categoria “outros” e representaram apenas 3,6% do total de pessoas atendidas e participantes da pesquisa. Do total de atendimentos por acidentes, 23,5% foram relacionados ao trabalho, sendo 14,2% em mulheres e 28,7% em homens. De acordo com a coordenadora da área de Vigilância e Prevenção de Acidentes e Violências do Departamento de Análise de Situação de Saúde (Dasis), Marta Silva, as quedas podem ser evitadas com cuidados que variam conforme o grupo etário. “As crianças, por exemplo, devem ficar sob a supervisão dos adultos, sejam os pais ou responsáveis. Nas residências, deve haver proteção de móveis, telas em janelas e varandas, uso de tapetes antidesli- zantes, cercadinhos e demais mecanismos de segurança”, explica. Bebida alcoólica - Realizada desde 2006, esta edição do VIVA também apurou se os indivíduos que procuraram atendimento haviam ingerido bebida alcoólica - um hábito mais frequente em homens e um importante fator de risco para acidentes, especialmente os acidentes de trânsito e as violências. Pela primeira vez, o questionamento foi feito diretamente aos pacientes. Antes, era anotada somente a suspeita do entrevistador de que a pessoa atendida apresentava indícios de ingestão de bebida alcoólica, tais como o hálito forte e dificuldade para articular palavras. Em 8,1% dos casos as pessoas estavam alcoolizadas e em 6,7% houve suspeita de terem bebido. Entre os homens, o percentual sobe para 10,6% entre os que declararam ter bebido antes do acidente e 8,9% foram classificados como suspeitos. Para as mulheres, os percentuais caem para 2,7% e 3,7%, respectivamente. A Quanto aos idosos, também vulneráveis às quedas, a recomendação é adaptar banheiros, retirar tapetes, usar assentos adaptados para banho, etc. 45 ∞ Mercado Janeiro 2011 MEspecial Período - De acordo com o VIVA, os acidentes foram mais frequentes durante o dia. No entanto, há variações, como o aumento de registros a partir das 6h, com pico por volta das 12h. No período da tarde, verifica-se redução, mas com aumento gradual e pico por volta das 18h, coincidindo com o retorno do trabalho para casa. Do total dos atendimentos, 26% foram realizados pela manhã, 36% à tarde e 38% à noite. Local do acidente - O local mais comum do acidente foi a residência (37,7%). Em seguida, vieram as vias públicas, como ruas e praças (35,5%). Entre as mulheres, 51% dos acidentes ocorreram na própria casa e 31,4% em vias públicas. Entre os homens, a situação se inverte: 37,7% dos acidentes ocorreram nas ruas e 30,3% no ambiente doméstico. Quanto ao tipo de lesão sofrida, no geral as principais foram corte ou laceração (28,4%), torções ou luxação (19,5%) e contusão (18,1%). Maioria dos acidentes pode ser evitada Se os números do VIVA que destacam a quantidade de vítimas de acidentes atendidas nos serviços sentinelas de urgência e emergência no Brasil por si só chamam a atenção, o maior alerta, entretanto, é que a grande maioria dos acidentes poderia ser evitada, o que não é segredo para ninguém. No caso dos acidentes de trânsito, por exemplo, cerca de 90% deles simplesmente não aconteceriam com conscientização e mudança de atitude, tendo em vista esse percentual ter como causa as falhas humanas, portanto, poderiam ser evitados com mudanças comportamentais. Entre as principais causas estão negligência (desatenção ou falta de cuidado ao realizar um ato), imprudência (má-fé: velocidade excessiva, dirigir sob efeito de álcool, falar ao celular, desrespeitar sinalização, etc.) e imperícia (falta de técnica ou de conhecimento para realizar uma ação de forma segura e adequada). Mercado Janeiro 2011 ∞ 46 O desrespeito à sinalização, atitude que poderia ser evitada, é uma negligência comum que resulta em muitos acidentes A velocidade pode ser tanto um fator agravante quanto a causa determinante de um acidente de trânsito, pois quando um carro colide com um obstáculo, na realidade ocorrem três colisões: do carro, dos passageiros com o interior do carro e dos órgãos internos do ocupante contra a estrutura do seu corpo (esqueleto). Com isso, quanto maior a velocidade, maior o impacto, mais graves as consequências da colisão e maior a possibilidade de morte. Além disso, a velocidade também aumenta a distância percorrida durante o tempo de percepção e rea- ção, a distância de frenagem e de parada total do veículo, o que provoca a redução das chances de o condutor evitar a colisão. Quando um veículo se envolve em um acidente, a velocidade excessiva também pode aumentar a deformação na estrutura do carro, reduzir o espaço interno da célula de sobrevivência, aumentar o contato do corpo dos ocupantes com as estruturas rígidas do veículo e entre os ocupantes. Confira no quadro a seguir como a velocidade pode interferir na distância necessária para parar totalmente um carro: Quando um veículo se envolve em um acidente, a velocidade excessiva também pode aumentar a deformação na estrutura do carro Velocidade Distância total de parada sobre pista de asfalto Piso seco Piso molhado 50 km/h 51 m 62 m 60 km/h 65 m 83 m 100 km/h 140 m 201 m 120 km/h 188 m 279 m Obs: Note que, ao dobrar a velocidade de circulação, a distância total de parada do veículo quase triplica. “Ainda existe no Brasil uma crença incorreta e generalizada de que o acidente de trânsito acontece porque ‘Deus assim quis’, ou seja, o acidente é uma fatalidade e nada pode ser feito para evitá-lo. Porém, como vimos anteriormente, isso não é verdade. A grande maioria dos acidentes de trânsito pode ser evitada. Uma vez consciente de sua responsabilidade, o condutor pode e deve praticar uma condução segura e preventiva a fim de evitar os riscos presentes no trânsito”, diz Dennys Riper. Velocidade e atropelamento A gravidade dos atropelamentos mantém direta relação com as características físicas e com a dinâmica dos corpos em conflito. O fato de o impacto aumentar em proporção muito maior do que a velocidade confere aos atropelamentos consequências particularmente severas em decorrência da vulnerabilidade de um corpo frente a um veículo. O Departament for Transport britânico* realizou um estudo que comprova a relação entre a velocidade do veículo no impacto e a gravidade das lesões: •A 32km/h, 5% dos pedestres atingidos morrem, 65% sofrem lesões e 30% sobrevivem ilesos; •A 48km/h, 45% morrem, 50% sofrem lesões e 5% sobrevivem ilesos; •A 64km/h, 85% morrem e os 15% restantes sofrem algum tipo de lesão. *Fonte: UK Department of Transport Traffic Advisory Leaflet 7/93 (TAU, 1993) 37,7%, ocorre dentro de casa e da mesma forma que os acidentes no trânsito, grande parte poderia ser evitada. Há muito tempo que os acidentes domésticos (dentro de casa) são alvo de pesquisas e discussões. Nesse ambiente, excluindo adultos e tomando como exemplo as crianças, todo cuidado é pouco. Isso porque boa parte do risco a que as crianças estão expostas está dentro de casa, nos brinquedos e pequenos objetos, além do manuseio de líquidos quentes e produtos tóxicos, principalmente os utilizados na limpeza doméstica. Só para se ter uma ideia, as quedas são responsáveis por 74,6% das internações de menores de 15 anos em hospitais. Em seguida estão atropelamentos (8,4%) e queimaduras (5,8%). Os casos fatais são provocados por afogamento (27,7%), atropelamento (25,7%) e acidentes com transporte (18,6%). Já a sufocação é a principal causa de óbito por acidente em menores de um ano. Esses dados foram extraídos de pesquisa feita pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de São Paulo. A Acidentes domésticos Outra constatação do VIVA que também é bastante preocupante tem a ver com o local mais comum onde os acidentes acontecem. A maioria, A 32km/h, 5% dos pedestres atingidos morrem, 65% sofrem lesões e 30% sobrevivem ilesos 47 ∞ Mercado Janeiro 2011 MEspecial Outro perigo que existe dentro de casa é o tanque de lavar roupas. Os tanques de concreto pesam de 50 a 90 quilos e o acidente acontece porque os pés de apoio anteriores costumam ser retos, concentrando o centro da gravidade nas laterais. As crianças se penduram Terraço/Varanda Colocar telas de proteção no parapeito para evitar quedas Colocar grades de proteção até mesmo nas janelas das casas Garagem Ao chegar ou sair com o veículo, verificar se não há crianças por perto para evitar atropelamentos Manter as chaves do automóvel bem guardadas e longe das crianças Não deixar as crianças manipularem controles de portão automático ou outros dispositivos eletrônicos Muro Deve ter mais de 1,5 m de altura Cercas elétricas e objetos perfurantes devem estar longe do alcance das crianças Preferir superfícies lisas que dificultem a escalada Área de serviço Baldes e bacias devem ser guardados de boca para baixo Caixa d’água e cisternas devem estar bem vedadas Produtos de limpeza devem ser guardados fora do alcance de crianças e nas embalagens originais Produtos em garrafas PET, por exemplo, podem ser atrativos para as crianças Mercado Janeiro 2011 ∞ 48 e se apoiam no tanque e, caso ele não esteja bem preso à parede, acaba tombando em cima da criança. A queda do tanque pode acarretar sérias lesões ou ainda levar à morte. Além do tanque, lavatórios de louça e vasos sanitários também Quarto Brinquedos devem estar guardados e não espalhados. Também devem ser adequados à idade da criança e ter selo Inmetro Evitar encher o berço de brinquedos e travesseiros. O ideal é que seja livre e confortável, com 5cm entre as grades de proteção Vigiar o sono da criança. Nem sempre o silêncio é sinal de que está tudo bem Proteger as tomadas elétricas com protetores. O mesmo vale para o resto da casa Jardim Cuidado com as plantas. Algumas são tóxicas e põem em risco a saúde da criança Piscinas devem ser cercadas por grades com, no mínimo 1,5 m de altura. Cobertura com telas não servem, porque podem não suportar peso Piscinas infantis devem ser esvaziadas após o uso e guardadas longe do alcance dos pequenos Quintal Nunca deixar que as crianças brinquem na laje. Quedas nesse local costumam ser fatais Pipas devem ser empinadas em locais abertos, longe de fios elétricos são alvo de acidentes, por isso todo cuidado é pouco. É necessário checar as condições de segurança desses materiais, se estão instalados adequadamente, fixos ou ainda chumbados na parede, para evitar qualquer tipo de acidente. B Banheiro Nunca deixar a criança sozinha na banheira Até os 8 anos de idade, nunca deixar o pequeno sozinho no box Testar a temperatura da água para evitar queimaduras Guardar medicamentos trancados em armário de difícil acesso Colocar piso antiderrapante no Box Manter o piso do banheiro sempre seco Vaso sanitário deve estar sempre tampado Recolher o lixo sempre, principalmente se tiver com produto perigoso Sala Quinas afiadas de móveis devem ser emborrachadas ou arredondadas Evitar colocar móveis perto de janelas e cortinas. A criança tanto pode subir nos móveis e cair quanto brincar com o cordão da cortina e se enforcar Evitar objetos de vidro no chão e sobre móveis Não colocar bebidas alcoolicas à mostra. A criança pode derrubar alguma garrafa e se machucar ou mesmo ingerir a bebida sem saber o que está fazendo Recolher brinquedos espalhados para evitar quedas Cozinha (Essa é a área mais perigosa da casa) Usar preferencialmente as bocas de trás do fogão Virar o cabo da panela para dentro do fogão Manter fósforos, isqueiros e álcool longe das crianças Evitar dar comidas e bebidas quentes à criança Ter cuidado com vidros, cerâmicas e facas Deixar sacos plásticos longe das crianças para evitar sufocamentos Fonte: Ana Beatriiz Bontorim, ONG Criança Segura MCidadania Nova identidade civil dos brasileiros vigora já em 2011 DA Redação O s primeiros cartões do novo Registro de Identidade Civil (RIC), documento que gradativamente substituirá as atuais cédulas do RG, serão expedidos em 2011 pela Casa da Moeda do Brasil. Com investimentos de cerca de R$ 90 milhões, o RIC é um dos mais modernos documentos de identificação do mundo. Segundo o Ministério da Justiça, o documento é mais seguro e mais prático, uma vez que incorpora em um só documento diversos itens de segurança. A nova identidade integrará o CPF e o título de eleitor, entre outros documentos. A incorporação de novas tecnologias ampliará a segurança do cidadão em diversos processos hoje re- Mercado Janeiro 2011 ∞ 50 alizados, como abertura de contas, operações bancárias e concessão de créditos, reduzindo a possibilidade de fraudes e prejuízos. Com o RIC, cada cidadão brasileiro passa a ser identificado por um único número em nível nacional, vinculado diretamente às impressões digitais e registrado num chip presente no cartão do RIC. Isso evita que uma mesma pessoa seja identificada por mais de um número de registro em diferentes estados da federação ou que o cidadão seja confundido com uma pessoa do mesmo nome. A vinculação do número do RIC às impressões digitais também impede que uma pessoa se passe por outra para cometer crimes, solicitar crédito ou cometer abusos. O chip contido no RIC reunirá também informações como gênero, nacionalidade, data de nascimento, foto, filiação, naturalidade, assinatura, órgão emissor, local de expedição, data de expedição e data de validade do cartão, além de informações referentes a outros documentos, como título de eleitor, CPF, etc. Ao longo de 2011 serão produzidos dois milhões de cartões RIC. As primeiras cidades a participar do projeto-piloto serão Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Hidrolândia (GO), Ilha de Itamaracá (PE), Nísia Floresta (RN) e Rio Sono (TO). A perspectiva é que a troca de todos os atuais documentos de identidade pelo cartão RIC seja feita num prazo de 10 anos. B MEm Foco Da esquerda para a direita, o ex presidente do Sebrae-MG, Roberto Simões; o presidente eleito do Sebrae-MG, Lázaro Gonzaga; e o governador de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastasia Sebrae-MG tem novo presidente DA Redação O coromandelense Lázaro Luiz Gonzaga irá comandar a instituição nos próximos quatro anos O empresário do setor farmacêutico e atual presidente da Fecomércio Minas, Lázaro Luiz Gonzaga, é o novo presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-MG. Lázaro Gonzaga vai comandar o SebraeMG de 2011 a 2014. O Conselho Deliberativo manteve a composição atual do Conselho Fiscal e da Diretoria Executiva do Sebrae-MG. Mercado Janeiro 2011 ∞ 52 O novo presidente vai suceder Roberto Simões, que dirigiu o SebraeMG de 2007 a 2010 e é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais. A solenidade de posse do novo presidente, realizada em dezembro, contou com a presença do governador do estado de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastasia, entre outras autoridades. Lázaro Gonzaga, de 58 anos, é natural de Coromandel, no Triângulo Mineiro. Ele é presidente do Sistema Fecomércio Minas, SESC, SENAC Minas e ainda presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Minas Gerais (Sincofarma). A eleição do presidente e dos diretores do Sebrae-MG é realizada por representantes das 15 instituições que compõem o Conselho Deliberativo Estadual (veja quadro). Foto: Evandro Fiuza Conselho Deliberativo do Sebrae-MG Banco do Brasil S/A (BB) Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S/A (BDMG) Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) Caixa Econômica Federal (CEF) Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec) Centro Industrial e Empresarial de Minas Gerais (Ciemg) Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) Federação das Associações Comerciais, Industriais, Agropecuárias e de Serviços do Estado de Minas Gerais (Federaminas) Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais (Indi) Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (Ocemg) Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Sede) A instituição Gerais. A instituição existe há 38 anos e integra o Sistema Sebrae. O Sebrae-MG é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que tem como missão promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável das micro e pequenas empresas e fomentar o empreendedorismo em Minas Formas de atuação Para realizar sua missão, o Sebrae-MG desenvolve projetos e oferece produtos e serviços que atendem ao empreendedor nos Sebrae-MG em números 52 Pontos de atendimento 282 Projetos em carteira 342.174 Clientes atendidos em 2010 (até novembro) 254 Soluções educacionais, entre programas de gestão, cursos, palestras, oficinas, seminários, prêmios, telessalas e jogos empresariais R$ 129 milhões Orçamento da entidade em 2010 diferentes estágios de desenvolvimento do negócio. A instituição presta completa orientação a quem deseja abrir, diversificar ou ampliar um empreendimento; oferece cursos, palestras, consultorias e programas de atualização para possibilitar o aprimoramento das habilidades e técnicas de gestão empresarial; orienta o acesso ao crédito e à expansão dos negócios das micro e pequenas empresas; desenvolve projetos que incentivam a formalização dos negócios e o crescimento dos mais variados setores da economia; apoia a disseminação de políticas públicas que favorecem o crescimento dos pequenos negócios; e ajuda a aumentar os níveis de organização, qualidade, inovação, produtividade e lucratividade das micro e pequenas empresas, para que estejam aptas a acompanhar o dinamismo do mercado. B 53 ∞ Mercado Janeiro 2011 MAlimentação Alimentos que contribuem para a saciedade POR Ive Andrade Quer manter a dieta sem passar fome? Aposte em ingredientes que contribuem para a sensação de saciedade, evitando assim exagerar nas porções A lguns truques, como prolongar o tempo de mastigação, evitar jejuns prolongados e prestar atenção ao que se está comendo - evitando distrações como TV ou leitura na hora das refeições - contribuem para uma menor ingestão de alimentos e, consequentemente, de calorias. Porém, alguns ingredientes podem dar uma força a mais para quem deseja perder peso ou mantê-lo. “Fibras, grãos integrais, proteínas e gorduras - desde que sejam do tipo ‘boas’ para o coração, como as poli-insaturadas e monoinsaturadas -, pois possuem poder saciante quando ingeridas em quantidade adequada e contribuem com uma dieta equilibrada e saudável, com baixo teor calórico”, explica o endocrinologista Alfredo Halpern, autor do livro “A nova dieta dos pontos”. Sobre essa questão, Alfredo Halpern dá algumas dicas sobre os alimentos com grande poder de saciedade e, depois, duas receitas que te ajudam a seguir firme na dieta. Grãos integrais ou refinados? Os grãos integrais são aliados da dieta, pois necessitam de maior tempo de mastigação e retardam a sensação de fome, fornecendo energia por mais tempo, diferentemente dos grãos refinados. “Os carboidratos presentes na farinha branca, o arroz branco e o macarrão tradicional oferecem um pico de energia alto, mas por pouco tempo, fazendo com que o organismo precise de reposição. Carboidratos integrais devem ser priorizados na dieta”, explica Alfredo Halpern. Gorduras: saiba a escolher a certa Todas as gorduras influenciam no processo de saciedade, uma vez que retardam o esvaziamento gástrico, e ainda dão sabor aos alimentos. No entanto, o médico recomenda dar prefeFilé de peixe com molho de abóbora e espinafre Rendimento: 4 porções Tempo de preparo: 15 minutos Tempo de forno: 25 minutos Tempo total: 40 minutos Ingredientes: 1 colher (sopa) de óleo 1/2 cebola pequena picada 250g de abóbora cortada em cubos cozida e amassada 1/2 maço de espinafre ( só as folhas) cozido, escorrido e picado 1/2 xícara (chá) de maionese 500g de filé de peixe 1 pitada de sal 2 colheres (sopa) de suco de limão Para untar: margarina Hambúrguer com molho de nozes e picles Rendimento: 6 unidades Tempo de preparo: 20 minutos Ingredientes: 1 colher (sopa) de azeite 6 hambúrgueres 1/2 xícara (chá) de maionese 3 colheres (sopa) de creme de leite 2 colheres (sopa) de nozes picadas 3 colheres (sopa) de picles picado 2 colheres (sopa) de uva-passa sem semente rência àquelas de origem vegetal - do tipo poli-insaturada ou monoinsaturada - em detrimento das gorduras saturadas, geralmente encontradas em alimentos de origem animal. Esse tipo de nutriente pode ser encontrado no abacate, nas nozes, castanhas e nos óleos vegetais e derivados, como azeite, maionese e creme vegetal. “Mergulhar legumes em um ‘dip’ à base de maionese, por exemplo, pode ser uma opção de entrada para enganar a fome, evitando chegar ao prato principal com muita voracidade”, orienta o endocrinologista. Verduras e legumes: escolhas certeiras “É possível abusar na quantidade de legumes e verduras, já que são uma alternativa saudável, com poucas calorias, ricos em fibras e água - que também contribuem para diminuir a vontade de comer”, sugere Alfredo. Para polvilhar: queijo ralado Modo de preparo: 1- Preaqueça o forno em temperatura média (180ºC). 2- Unte e enfarinhe um refratário retangular pequeno ( 26 x 16 cm). Reserve. 3- Em uma panela média, aqueça o óleo em fogo médio. Doure a cebola. E junte a abóbora e o espinafre. Refogue por 2 minutos. Acrescente meia xícara (chá) de maionese, misture e reserve. 4- Em uma tigela média, junte os filés de peixe, o sal e o suco de limão. 5- No refratário reservado alterne camadas de peixe e o molho reservado. Polvilhe o queijo ralado e leve ao forno por 25 minutos ou até dourar. Cardápio da saciedade: •Comece o dia com um café da ma- nhã reforçado com pão ou torrada integral, café ou sucos e frutas. •Tenha sempre à mão nozes ou castanhas. São fáceis de carregar, saudáveis e enganam o desejo por guloseimas entre as refeições; •Frutas para todos os momentos, escolha as suas preferidas e varie na forma. Ficam ainda mais potentes quando consumidas com cereais, combinadas com outras frutas ou com iogurte. •Dê preferência aos alimentos fontes de gorduras boas para acompanhar os lanches ou refeições, eles ajudarão a manter a sensação de saciedade por mais tempo. A seguir, as sugestões de receitas preparadas com ingredientes que contribuem para a saciedade. Sirva em seguida. Variação: Se preferir, substitua o queijo ralado por ricota ralada. Dica: Prefira filé de caçonete, merluza ou pescada branca. 1 colher (sopa) de salsinha picada Curry a gosto Modo de preparo: Em uma frigideira grande, aqueça o azeite e frite os hambúrgueres em fogo médio, até que fiquem com os dois lados dourados. Retire e reserve em local aquecido. Em uma tigela coloque a maionese, o creme de leite, as nozes, o picles, a uva-passa, a salsinha, o curry e misture até ficar homogêneo. Coloque sobre os hambúrgueres reservados e sirva a seguir. B 55 ∞ Mercado Janeiro 2011 MTurismo San Blas, a aven POR Heitor e Silvia Reali (Scritta) Localizado no litoral atlântico do Panamá, o arquipélago convida a uma viagem de descoberta e aventura Mercado Janeiro 2011 ∞ 56 tura de ser livre As ilhas de San Blas, litoral atlântico do Panamá, canalizam a um raro e quase desconhecido destino. O arquipélago prova que o Panamá é mais do que o Canal e outras ondas caribenhas. Mas não se trata aqui de comparar regiões, belezas são incomparáveis. As novidades nas ilhas não estão mapeadas. Nada é determinado. Afinal, viagens que incorporam o espírito da liberdade são sagradas demais para serem desperdiçadas com obrigações. Ali se inventa aventura a cada instante. As decisões de onde nadar, velejar, praticar mergulho autônomo ou snorkelling são do visitante. Cada um escolhe em qual ilha aportar para lavar a alma. A MTurismo O arquipélago de San Blas São 360 ilhas, das quais somente 56 habitadas algumas não maiores que uma quadra de tênis -, e outras cujo cenário é digno de cartunista: um montinho de areia rodeado por uma palmeira. As ilhas são envolvidas pelo mar cristalino que, de tão claro, nos confunde quanto à sua real profun- As ilhas são envolvidas pelo mar cristalino que, de tão claro, nos confunde quanto à sua real profundidade didade. E basta uma escala em algumas dessas ilhazinhas desertas, frequentadas sobretudo por pelicanos e golfinhos, para interagir com o mundo que os cerca. Todas despertam a impressão de reviver por algumas horas um pouco da aventura “robinsoniana”. Apesar de os homens governarem as aldeias, a sociedade é matriarcal e são as mulheres que mandam no pedaço. O arquipélago de San Blas é pátria dos kuna, etnia que venera as mulheres e cultua as cores. Ali todas as festas são para elas: quando nascem, quando atingem a puberdade, quando têm o primeiro filho e por aí vai... Mas não é uma nova versão das amazonas ou de fábula recém-descoberta dos irmãos Grimm. Esse arquipélago existe mesmo. O acesso se faz por via aérea, e antes mesmo de o pequeno avião atingir seu teto máximo, já começa a descer. São trinta minutos de voo saindo da Cidade do Panamá, mas a distância para as aldeias não pode ser medida em horas, e sim em séculos. Elas têm uma quietude histórica que faz com que pareçam cristalizadas no tempo. Em uma viagem a este território, é impossível dissociar a sensação de beleza da história de seu povo. A San Blas é a pátria dos Kuna, etnia que venera as mulheres e cultua as cores Vista aérea de San Blas MTurismo É mais fácil uma Sexta-feira Santa cair num domingo do que influenciar a cultura kuna. De sanha brava, lutaram por quase 500 anos para sobreviver e não per- mitir a aculturação. Essa luta só terminou em 1925, quando o governo do Panamá reconheceu o arquipélago de San Blas como território dos kuna, o Kuna Yala. O arquipélago de San Blas é território dos Kuna Paraíso étnico A simples visão da pista de aterrissagem em El Porvenir, uma ilha que remete a uma passadeira estendida no mar, assegura a sensação de que se verá um belo espetáculo feito de paisagens únicas. Navegar entre as ilhas onde o sol brilha 350 dias, para não dizer o ano todo, faz brotar o sentimento de que não se desejaria estar em nenhum outro lugar do mundo. Aeroporto de El Porvenir, uma das ilhas de San Blas Mercado Janeiro 2011 ∞ 60 Durante o trajeto, os viajantes vão se familiarizando com essas ilhas que ainda pertencem à natureza. O povoado de Nalunega é um emaranhado de casas que chegam até as bordas do mar. Uma das pousadas ali tem o mesmo look das casas: telhado de sapé, paredes de bambu que deixam passar sons e nuances de luz, e o chão de areia onde uma onda mais afoita pode lavar o quarto. São as evidências das palavras dos kuna, “se a maneira como vivemos desperta a curiosidade de nos conhecerem, é justo que provem nosso modo de viver. Não temos grandes hotéis, pois não permitimos que estrangeiros comprem nossas terras. Esta é uma das formas de não sermos envolvidos por outras culturas”. Índias Kuna e a arte de suas vestes que espelham devoção e respeito pela Mãe-Terra As kuna complementam a roupa com um lenço escarlate, anéis, brincos e as wini - pulseiras e caneleiras feitas de miçangas e vidrilhos. O ol-osu, uma argola de ouro símbolo do sol, é colocado entre as narinas para afastar os espíritos malignos. A beleza do nariz é realçada ainda mais por um traço negro delineado em todo seu perfil e, como último detalhe, um amplo lenço, geralmente em tons laranja ou fúcsia, para proteger do forte sol caribenho. As meninas “coroam” literalmente o traje com um periquito verde na cabeça. Nas aldeias sempre se veem mulheres tecendo o mola em frente às suas casas, e ali mesmo os viajantes podem adquirir uma peça de qualidade por cerca de R$ 50. Essa atividade é a que oferece a melhor remuneração familiar, pois a pesca e a agricultura são apenas de subsistência. Nalunega, San Blas Mas não foram essas ilhas paradisíacas que colocaram San Blas no mapa da arte mundial. Foram suas mulheres, ao conceber seu vestuário que espelha a devoção e respeito que cultivam pela Mãe-Terra, e que resultou num dos mais belos trajes tradicionais. Compõe-se de um pareô com desenhos geométricos e de uma blusa estampada onde, abaixo do seio, é costurado um sobretecido - o mola. Este é feito de diversas camadas de panos coloridos e recortados, e para conseguir mais textura, aplicam sutaches, sinhaninhas e entremeios. Seus desenhos labirínticos, cujas cores, formas e motivos são retirados da natureza, reproduzem peixes, aves, folhas, e criam mandalas que buscam reproduzir a harmonia com o mundo. Afinal, não é este o princípio da mandala? Pescadores Kuna - atividade apenas para subsistência As mulheres sabem da importância da preservação de suas tradições. E vão além ao criar um tecido diferenciado, que ajuda a projetar os kuna no cenário da arte mundial e mantém sua etnia viva economicamente. A 61 ∞ Mercado Janeiro 2011 MTurismo Cidade do Panamá Cidade do Panamá Para quem escolhe San Blas como destino turístico, não custa nada dar uma paradinha no Panamá, aliás, quem fizer isso só tem a ganhar. Considerado Patrimônio da Humanidade pela Unesco, o centro histórico da Cidade do Panamá há mais de um século é endereço de galerias de arte e lojas que expõem o renomado artesanato regional. A dica é iniciar o passeio na Calle Primera, entrar em cada lojinha, comparar preços e variedades. Plaza de la Cadetral A que oferece amplo mostruário de produtos nos mais diferentes materiais fica no n° 844. Nela estão expostas peças esculpidas em taguá, conhecido como marfim vegetal, máscaras utilizadas em rituais e cestas da cultura indígena Emberá. Estas, de tão perfeitas, mais parecem cerâmica. Nas ruas vizinhas, vale incluir uma visita às tiendas El Farol, La Ronda e Arte Quetzal. Na sequência, perto da Plaza de Francia, nas Bóvedas, sob um longo caramanchão com primaveras floridas, as índias da etnia Kuna expõem suas mola - tecido feito com tirinhas de pano colorido. No final desse prazeroso roteiro, além de encontrar os melhores produtos, o viajante terá aprendido muito sobre a rica arte popular panamenha. Canal do Panamá O projeto francês previa sua construção nos moldes do Canal de Suez, inaugurado em 1869, ou seja, uma grande escavação que uniria os oceanos no mesmo nível. Em 1882, a Cia. Francesa iniciou a obra que dez anos mais tarde renderia à França notáveis recordes de fracasso. Os americanos compraram dos franceses os direitos para a construção do Canal em 1901 e iniciaram a obra dois anos mais tarde. Primeiro corrigiram a rota e, depois, prevendo a impossibilidade de transpor a Cordilheira Continental, optaram por alagar grandes áreas e utilizar um sistema de eclusas. A Os panamenhos consideram o Canal do Panamá a “Oitava Maravilha do Mundo”. Como obra de engenharia ele realmente impressiona. Ali os franceses entraram em cena primeiro. O sucesso comercial e financeiro da estrada de ferro construída no istmo do Panamá em 1853, unindo os dois oceanos, levou Ferdinand de Lesseps, construtor do Canal de Suez, a obter da Colômbia (nessa época o Panamá era território deste país), a autorização para construção de um canal marítimo com o mesmo objetivo. A inauguração, em agosto de 1914 O Canal do Panamá MTurismo A travessia do cargueiro Anton, em agosto de 1914, após 10 anos de construção, inaugurou a passagem marítima entre Atlântico e Pacífico, não sem antes tirar a vida de mais de 6 mil trabalhadores. As características físicas dessa via interoceânica impressionam pelos números. Desde 15 de agosto de 1914, mais de 760 mil embarcações cruzaram o Canal. O trajeto para percorrer seus 80 km e três eclusas demora em “O trajeto para percorrer seus 80 km e três eclusas demora em média nove horas média nove horas. Estradas vicinais permitem observar todo o canal, os lagos artificiais e as gigantescas comportas das eclusas. Pela história e pela geologia, um dos pontos mais interessantes é o Corte Culebra, atual Corte Gaillard, na Cordilheira Continental. Essa parte tem 12 quilômetros de extensão em rocha sólida. A permanência dos americanos como administradores do Canal terminou em 31 de dezembro de 1999. Agenda de viagem Como chegar: A viagem para o arquipélago passa invariavelmente pela Cidade do Panamá. A Copa Airlines (tel. 11/3549-2672 ou 0800-771-2672 - www.copaair.com) mantém 35 voos semanais a partir do Brasil: três diários partindo de São Paulo (Guarulhos), um diário do Rio de Janeiro (Galeão), além de quatro frequências semanais de Belo Horizonte e três de Manaus. Os voos do Brasil ao Panamá duram em média sete horas. Da capital panamenha, a rota para San Blas é operada por companhias aéreas regionais e dura em média 30 minutos. Quem leva: A Flot Operadora Turística oferece pacotes para a Cidade do Panamá a partir de US$ 1.375 por pessoa em apartamento duplo. A tarifa inclui passagens aéreas de ida e volta, cinco noites de hospedagem em hotel de categoria turística (Country Inn Dorado ou similar), café da manhã, traslados, city tour e visita ao Canal do Panamá, além de cartão de assistência (seguro viagem). O preço é válido de 1º de janeiro a 31 de março de 2011. Onde ficar: Em San Blas, Hotel San Blas (507629-0613/ 280-6528), na ilha Nalunega, um dos mais tradicionais do arquipélago, Kwadule Eco Resort (507-269-6313), na ilha Kwadule, com cabanas confortáveis construídas sobre palafitas. Ilha Kwadule Da capital panamenha para San Blas, os voos duram em média apenas 30 minutos Os voos são mais confortáveis e menos burocráticos. Os passageiros não passam pela alfândega nem pela imigração. Além disso, os passageiros podem fazer compras no duty free mais barato do mundo, situado no próprio Hub das Américas, no Aeroporto Internacional de Tocumen. As tarifas custam a partir de US$ 893. As rotas são operadas com modernos Boeing 737-700, com capacidade para 124 passageiros - 12 na classe executiva e 112 na econômica - e um sistema de entretenimento com 12 canais de áudio e vídeo. Dicas: Na gastronomia, o prato típico dos kuna é o tulemasi: peixe cozido no leite de coco, acompanhado de arroz vermelho e mandioca. No artesanato local, as mola são produtos de excelente qualidade e bom preço. Importante: as kuna não gostam de ser fotografadas, mas por US$ 1, abrem exceção. As moedas oficiais do Panamá são o dólar americano e o balboa. O setor de Cartí é o mais atrativo para visitantes por abrigar diversas pequenas ilhas e corais. Visitar o museu local também é interessante para conhecer um pouco mais sobre a cultura Kuna e comprar o artesanato local. San Blas: turismo o ano inteiro Aeroporto Internacional de Tocumen Melhor época: as ilhas podem ser visitadas o ano todo, especialmente nos períodos de janeiro a julho e outubro a dezembro. B 65 ∞ Mercado Janeiro 2011 MVeículos O preço da sustentabilidade POR Jorge Alexandre Araújo | Editor O Fusion Hybrid é recheado de novas tecnologias verdes, mas o preço é elevado frente às versões convencionais Nos Estados Unidos, o Fusion Hybrid é o líder de vendas no segmento, com mais de 18 mil unidades comercializadas em 2010 Mercado Janeiro 2011 ∞ 66 O s carros híbridos são realidade em vários países do mundo. No Brasil, a história está apenas começando. Até o fim do ano passado, o Mercedes-Benz S400 era o único híbrido no Brasil. Agora a Ford traz ao país o Fusion Hybrid. Fabricado no México, o sedan chega ao Brasil sem imposto de importação, já que existe um acordo bilateral entre os dois países. Custa R$ 133.900. Se comparado a outras versões vendidas no Brasil, o Hybrid não fica mais tão atraente. A versão ecológica custa R$ 58.000 a mais do que o modelo de entrada, oferecido por R$ 75 mil em concessionárias do Triângulo Mineiro. E é R$ 38 mil mais cara que a versão V6, que tem embarcada um pacote de itens de série e conforto similares ao modelo ecológico. A diferença para ter um veículo híbrido é elevada. Com esses números é possível comprar um outro veículo da montadora, como um Fiesta. Desde 2003, a montadora fabrica modelos híbridos nos Estados Unidos. No mercado ianque, o Fusion Hybrid é o líder de vendas no segmento, com mais de 18 mil unidades comercializadas em 2010. Lá o preço parte de US$ 28.825, cerca de R$ 50 mil. O motor 2.5 da versão híbrida é similar ao que equipa a versão V6, a gasolina. A potência gerada é um pouco inferior: 158 cavalos contra os 173 cv do outro modelo. O torque também é menor, gerando 18,04 kgfm contra 22,9 kgfm. Mas com o uso combinado com o propulsor elétrico o carro pode atingir 193 cv de potência. Como funciona O motor a gasolina Duratec do Fusion Hybrid faz parte de uma nova geração de veículos prevista para os próximos anos. Seu princípio básico de funcionamento é o uso do motor elétrico nas situações de anda e para ou em velocidades inferiores a 75 km/h. Quando precisa recarregar a bateria automaticamente, ou em condições de velocidades maiores, o motor a gasolina entra em operação. O motor 2.5 da versão híbrida é similar ao que equipa a versão V6, a gasolina Existem três tipos de propulsão híbrida no mercado: micro, mild e full. O Fusion é híbrido full (total), ou seja, um veículo no qual o sistema de tração consegue operar no modo puramente elétrico até a velocidade de 75 km/h. A bateria de níquel-metal é recarregável pela própria ação energética do veículo, sem a necessidade de ligações externas. O sistema de freios é regenerativo e recupera até 94% da energia que normalmente seria perdida por atrito. Essa energia recarrega a bateria. A transmissão automática é continuamente variável (tipo e-CVT), com engrenagens planetárias, o que torna as trocas do motor elétrico para o de combustão praticamente imperceptíveis. O sistema elétrico do Ford Fusion Hybrid funciona em alta tensão, de 275 V, com ligações protegidas por isolamento e sinalização. Um conversor transforma essa energia em 12 V para alimentação dos faróis, vidros e outros equipamentos. A tecnologia de segunda geração aplicada ao veículo permite uma eficiência acima de 90% nessa conversão. A bateria de níquel-metal - coração do sistema - foi desenvolvida em parceria com a Sanyo, com tecnologia avançada para proporcionar efi- ciência e grande durabilidade. Isso é atestado pela garantia de 8 anos oferecida para o equipamento. Na prática, obtém-se um consumo médio de 12,18km/l na cidade e estrada, de acordo com dados da própria montadora, praticamente o mesmo que um carro popular 1.0 básico, sem direção hidráulica e arcondicionado. Equipamentos de série O Ford Fusion Hybrid é disponível em versão única, completa. Ele vem com: 7 air bags; transmissão continuamente variável e-CVT; partida silenciosa; tomada de 110 V; teto solar elétrico; abertura das portas por teclas; acendimento automático dos faróis; controle eletrônico de estabilidade AdvanceTrac; direção elétrica; espelhos retrovisores elétricos, aquecidos e com luz de aproximação; sistema de segurança “Personal Safety System”; piloto automático; sistema SYNC multimídia com som Premium da Sony e 12 alto-falantes; sensor de pressão dos pneus; banco do motorista elétrico com 10 direções; chave configurável MyKey; sistema de monitoramento de pontos cegos e tráfego cruzado; câmera de ré e sensor de chuva. A 67 ∞ Mercado Janeiro 2011 MVeículos Direção elétrica; acendimento automático dos faróis; controle eletrônico de estabilidade AdvanceTrac; espelhos retrovisores elétricos, aquecidos e com luz de aproximação e 7 air bags estão entre o itens de série do Fusion Hybrid Detalhes do Fusion Hybrid •O ar-condicionado elétrico, ao contrário dos sistemas comuns, não depende do motor a gasolina para acionar o compressor, por isso não tira potência da tração, proporcionando menor consumo de combustível. •O sistema sofisticado de engrenagens permite uma variação infinita na relação de marchas de acordo com o sentido de rotação dos motores elétricos, que muda para tracionar as rodas ou para alimentar a bateria. •Quando se tira o pé do acelerador e a velocidade do veículo é reduzida pelo freio-motor, essa força também é aproveitada para mover o gerador de eletricidade. •O motor Duratec 2.5 de alumínio tem 16 válvulas com comando variável e usa o ciclo Atkinson, que mantém a válvula de admissão aberta por mais tempo, reduzindo o volume de ar no pistão. •Os pneus de baixa resistência ao rolamento contribuem para aumentar a eficiência energética do Fusion Hybrid. •Ao ligar a chave, não se ouve nenhum barulho: apenas uma luz verde no painel indica que ele está pronto para partir. B Mercado Janeiro 2011 ∞ 68 MVeículos O híbrido Prius Plug-in, que chega ao mercado no início de 2012 Toyota pretende lançar 11 novos modelos híbridos Marca apresentou durante o Salão de Detroit duas variações do Prius e anunciou início das vendas do Prius Plug-in para o 1º semestre de 2012 B ob Carter, vice-presidente da Toyota Division (Toyota-EUA), anunciou durante apresentação no Salão Internacional de Detroit (EUA) - que acontece de 15 a 23 de janeiro - que a Toyota lançará 11 novos veículos híbridos em um prazo de 23 meses, sendo que, desse total, sete modelos serão totalmente inéditos. Carter também lembrou que há 21 anos, quando a Toyota introduziu o Prius no mercado dos Estados Unidos, com o preço da gasolina em baixa, alguns críticos chegaram a afirmar que a introdução da tecnologia híbrida seria um “golpe de marketing” da marca. “Com quase um milhão de unidades vendidas na América do Norte nos últimos 10 anos, temos a consciência de que somos a maior marca de veículos híbridos. O Prius se tornou para os veMercado Janeiro 2011 ∞ 70 ículos híbridos o que a Levi’s é para os jeans. Desde que o Prius estreou, 13 marcas de automóveis juntaram-se ao mercado de híbridos, oferecendo uma variedade de 30 modelos”, afirmou o executivo em seu discurso. Durante a coletiva de imprensa da Toyota em Detroit, foi anunciada a introdução comercial do Prius Plug-in para o primeiro semestre de 2012. O veículo foi exibido como carro-con- ceito no último Salão do Automóvel de São Paulo. Outra novidade foi a apresentação de duas derivações do Prius, ainda como conceitos: O Prius C, um compacto urbano com design futurista, e o Prius V, uma versão minivan do híbrido mais vendido do mundo, que possui espaço para carga 60% superior em comparação com o Prius hatchback. B O Prius V é a versão minivan do híbrido da Toyota MBazar Biomarine lança máscara para cílios A Biomarine - grife de dermocosméticos que traz o glamour do caviar em seus produtos - está lançando a Effect Double Mask, máscara para cílios que alia alongamento e volume dos pelos ao seu tratamento. Effect Double Mask® alonga e proporciona volume aos cílios, deixandoos extensos e definidos. Sua escova tem dois lados: um que proporciona volume e outro que alonga. O produto contém Follicusan, um bioativo que atua diretamente no folículo piloso, normalizando e fortalecendo o crescimento dos cílios. Disponível na cor preta, a máscara é diferenciada porque sua escova espalha uniformemente os cílios e distribui a quantidade exata do produto, sem borrar ou deixar resíduos. Proporciona cor intensa e efeito maquiagem imediato e duradouro, principalmente no uso diário. Com caviar e Follicusan em sua fórmula, a Effect Double Mask normaliza e fortalece o crescimento dos pelos Os produtos da linha make-up Biomarine são especiais porque têm funções que vão além da coloração. Todos eles trazem princípios ativos em suas composições que têm funções variadas, como a de tratar, hidratar, combater radicais livres, preparar a pele para receber maquiagem, reduzir linhas e marcas de expressão e disfarçar imperfeições. Boa parte dos produtos da linha make-up conta com o glamour do caviar, um princípio ativo reconhecidamente hidratante, com alto poder de emoliência e utilizado em grifes internacionais. A Effect Double Mask é vendida em todo o Brasil, nas melhores redes de drogarias e perfumarias, ou pelo televendas: (11) 4196-1500. O preço sugerido do produto é de R$51,45. Johnson cria linha Matrix Livestrong de bicicletas Indoor A bicicleta S-Series LS apresenta o primeiro guidão “drop” do mercado, com design exclusivo e único que simula todas as técnicas de ciclismo ao ar livre em um ambiente indoor Mercado Janeiro 2011 ∞ 72 A Johnson Health Tech lança a linha profissional de bicicleta Indoor Matrix Livestrong. Os equipamentos são endossados pelo vencedor do Tour de France por sete vezes, Lance Armstrong. “A parceria entre a JHT e a Livestrong nos permitiu chamar atenção para a ideia de que todos podem fazer a diferença na luta contra o câncer, levando um estilo de vida mais ativo”, declara Kent Stevens, vice-presidente executivo de vendas da Matrix Fitness. Inspiradas pelo super atleta e vencedor da luta contra o câncer Lance Armstrong, as bicicletas indoor E-series LS e S-Series LS oferecem desempenho de alta qualidade. Os equipamentos contam com pedais duplos SPD, selim esportivo confortável e roda de inércia de 18 kg precisamente balanceada para um desempenho suave. A bicicleta S-Series LS apresenta o primeiro guidão “drop” do mercado, com design exclusivo e único que simula todas as técnicas de ciclismo ao ar livre em um ambiente indoor. Ela também possui um computador de bordo que eleva os treinos para um nível superior e um suporte duplo para garrafas que mantém água em local de fácil alcance. O modelo E-Series LS combina desempenho profissional e durabilidade com um preço excelente. Ele também oferece ajustes simples que agradam usuários de todas as idades e níveis de experiência. “Estamos orgulhosos de oferecer as ferramentas fundamentais para promover a saúde e o fitness e ao mesmo tempo apoiar um movimento tão significante - cada compra de equipamento Matrix Livestrong ajuda a garantir que o mínimo de US $ 4 milhões irá para a Livestrong e a luta contra o câncer”, completa Stevens. Brastemp lança linha retrô No primeiro lançamento da marca em 2011, destaque para refrigeradores e fogões com inovações do século 21 e todo o charme dos anos 50 Agora, o consumidor Brastemp, que está cada vez mais interessado em imprimir sua personalidade em produtos que ofereçam inovação e estilo, encontra mais uma opção para deixar a casa com a sua personalidade: a família Brastemp Retrô, que até então possuía o Frigobar, conta agora com Refrigerador e Fogão. Refrigerador Numa mistura de traços clássicos e modernos, o novo refrigerador Brastemp Retrô resgata verdadeiros ícones da história da marca: o simpático esquimó da Brastemp no grafismo do painel; o alinhamento vintage, tanto interno quanto externo com linhas mais curvas; os puxadores em liga de alumínio cromado; e o logo utilizado pela Brastemp nos anos 50. Além do design inspirador, o produto oferece a comodidade e a tecnologia do século 21, como, por exemplo, o controle eletrônico externo que facilita a escolha da temperatura e evita a abertura da porta para fazer os ajustes, economizando energia elétrica. Dentro de seus 352L de capacidade, o compartimento ‘extra-frio’ guarda espaço específico para um resfriamento mais rápido e o de ‘congelados especiais’ reserva um lugar para os produtos que precisam de um armazenamento específico. Preço sugerido: R$ 7.999. cksplash (complemento decorativo do fogão), grafismos e abas laterais, que remetem à década de 50. O alinhamento do fogão 4 bocas segue o mesmo estilo vintage do refrigerador, inclusive com os detalhes cromados e a figura do tradicional esquimó.Entre as facilidades estão a mega-chama (potência de 3,4 kw) e a função grill (potência 1.600w), que auxiliam na preparação de pratos. Já o timer digital avisa quando o tempo de preparo chegou ao fim e as trempes de ferro fundido esmaltadas e individuais facilitam a limpeza do aparelho. Além disso, o fogão também é classe A quando o assunto é consumo de energia. Preço sugerido: R$ 3.999. Fogão A família Retrô Brastemp também ganha outro membro: o Fogão Brastemp Retrô. O design traz a cara do passado com a modernidade do presente com elementos como o ba- Minigeladeira Dynasty Pode ser utilizada no carro, barco, iate, praia, picnic ou pescarias A minigeladeira Dynasty pode ser utilizada tanto na função refrigerar como na função aquecer. Tem a vantagem de não poluir, ser de pequeno volume, ser leve, ser portátil, ter vida útil longa e consumir pouca energia. Pode ser utilizada em diferentes lugares e ocasiões. Em casa, pode ser colocada no quarto, na sala de jantar, na área de lazer ou no bar. E nas férias, quando as viagens se intensificam, ela pode ser utilizada no carro, em barcos e iates, idas a praias, picnics ou pescarias. A minigeladeira Dynasty tem capacidade para 4,5 litros e pode ser encontrada nas cores prata e branca. O preço sugerido é de R$ 259. Mais informações (11) 2894-2222. 73 ∞ Mercado Janeiro 2011 MBazar LG Optimus Black: o Smartphone mais fino do mundo Entrando na onda de lançamentos de celulares Android, a LG apresentou em seu stand, na CES 2011, em Las Vegas, o novo LG Optimus Black. Carregado com a versão 2.2 do sistema operacional da Google (Froyo), o smartphone da sul-coreana trás o display NOVA, de 4 polegadas. Mas o seu grande destaque é a espessura de sua carcaça: apenas 9,2 milímetros. A tal tela NOVA do LG Optimus Black é uma das mais brilhantes do mercado, oferecendo uma boa visibilidade até ao ar livre, em um dia bem ensolarado. Comparado às telas LCDs usadas nos smartphones touchscreen, como a do iPhone, a tela da LG chega a economizar até 50% de energia no consumo da bateria. Apesar de portar a plataforma Android 2.2, a LG garante que o hardware do Optimus Black é capaz de suportar o upgrade para a versão 2.3, também conhecida como Gingerbread. Tanto que, pensando nesta atualização, a sul-coreana embutiu uma câmera frontal de 2 Megapixels - ao contrário da usual câmera VGA - e que após o upgrade dará aos usuários a capacidade de realizar video chamadas com mais qualidade. O Optimus Black vem com uma bateria de 1500 mAh acoplada à carcaça preta com design ultrafino de apenas 9,2 mm de espessura; garantindo seu título de celular mais fino do mundo. Além do hardware, o smartphone possui um conjunto de funções inteligentes em sua interface - o Optimus 2.0 -, tal como a recémlançada tecnologia Wi-Fi Direct para transferências de dados entre dispositivos móveis mais rápida ainda que a disponibilizada pela função Wi-Fi spot do Android 2.2. O LG Optimus Black será lançado O novo LG Optimus Black Integra a Revolucionária Tecnologia de Display NOVA globalmente no primeiro semestre de 2011. Para mais informações e imagens do produto, acesse o kit de imprensa on-line da LG no www.lgnewsroom.com/CES2011. Chega ao Brasil linha italiana de porcelanato Mirage Ligada às tendências do mercado internacional, a Revix acaba de trazer para o Brasil os produtos da terceira maior empresa de produção de porcelanatos da Itália, a Mirage. A sofisticada linha é exclusiva e pode ser encontrada na Composé Revestimentos, Acabamentos e Planejados. Com grande aprovação na área do design e da construção civil, o porcelanato vendido pela Revix é referência mundial. O diferencial é que cada peça é única, já que, através de dosagens específicas, elas podem ser produzidas com texturas não repetitivas, superando as limitações tradicionais da cerâmica decorada. Toda série Mirage é confeccionada nos mínimos detalhes. Para garantir a Mercado Janeiro 2011 ∞ 74 economia do material e a responsabilidade com o meio ambiente, o porcelanato possui uma espessura mínima de 4,8 mm, muito abaixo dos valores produzidos no mercado. Ainda tomando cuidado com a natureza, os produtos não emitem gases poluentes, nem quando expostos à chama. Outro benefício da linha é sua forte resistência aos agentes externos, que permite a longa duração e fácil manutenção do material. Ela oferece ainda aos clientes uma grande variedade de cores, texturas, tamanhos e acabamentos. Apropriado para ser cortado, perfurado e personalizado, atende a qualquer projeto. O formato 90 x 90 cm custa entre R$ 199 e R$ 390 o metro quadrado. B O porcelanato Mirage é produzido em textura única, não repetitiva MDica de Leitura A ameaça da Terceira Guerra Mundial POR Barbara Ataide Adrenalina do início ao fim, “À beira do apocalipse”, de Tim LaHaye e Craig Parshall, reacende os temores de um conflito nuclear T rilhando o mesmo caminho de sucesso da série de livros “Deixados para trás” - que vendeu mais de 70 milhões de exemplares e foi publicada em mais de trinta idiomas, além de ter sido transformada numa trilogia para o cinema -, Tim LaHaye lança “À beira do apocalipse”, primeiro livro de uma nova série, publicado no Brasil pela Thomas Nelson. Neste novo thriller internacional, Tim Lahaye e Craig Parshall criaram uma trama carregada de suspense e ação, tendo como pano de fundo a crise econômica e política dos Estados Unidos e, consequentemente, de todo o planeta. Mercado Janeiro 2011 ∞ 76 Na história, o designer de armas e ex-espião norte-americano Joshua Jordan desenvolve o mais poderoso equipamento de defesa que o mundo já viu: o Retorno ao Remetente, ou RTS. Por meio dessa arma ainda experimental, os norte-americanos serão capazes de “devolver” um míssil lançado por seu inimigo. Em paralelo aos testes com a nova arma, a Coreia do Norte aponta e lança um míssil para Nova York, e Jordan tem pouco tempo para acionar seu experimento e salvar o país. Mas a crise política e econômica em que se vê o governo norte-americano cria diversos obstáculos para que o espião tenha êxito em sua missão. A corrupção e o endividamento causado pela escassez do mais importante recurso natural do mundo, o petróleo, faz com que o governo se empenhe em apoderar-se do RTS, o qual pode ser usado como barganha para resolver os problemas econômicos. Lutando contra inimigos globais e nacionais, Jordan ainda cruza com a ameaça do fim dos tempos, previsto na Bíblia no livro do Apocalipse, e com ataques terroristas que ecoam por todo o país. Assim, Jordan arrisca sua vida em situações incríveis em nome de sua pátria. Num futuro bastante próximo da realidade atual, em que os Estados Unidos enfrentam uma crise política e econômica e a Coreia do Norte ameaça iniciar uma guerra, o perso- nagem principal do livro tenta retomar a estabilidade do país, tendo ainda de lidar com a possibilidade bíblica do fim dos tempos. “À beira do apocalipse” é um livro para os fãs de thrillers políticos e histórias épicas: não falta adrenalina e emoção, suspense e ação. Publicada pela Thomas Nelson Brasil, é uma obra atual, repleta de personagens e questões que invadem o cotidiano, trazendo à tona a realidade de uma nação que vem perdendo sua hegemonia no mundo. Os autores Escritor, orador e pastor, Tim LaHaye escreveu mais de sessenta livros, incluindo a série “Deixados para trás”, que esteve entre os mais vendidos da lista do jornal The New York Times, representando até hoje um grande fenômeno editorial. É autor ainda de Jesus, publicado pela Thomas Nelson Brasil. Craig Parshall é vice-presidente sênior e conselheiro geral da National Religious Broadcasters e autor de sete romances de suspense campeões de venda. Título: À beira do apocalipse Autor (es): Tim LaHaye e Craig Parshall Editora: Thomas Nelson Brasil ISBN: 9788578601393 Formato: 16 x 23 cm Páginas: 424 Preço: 39,90 B MColunaLiteratura Das dificuldades de se escrever uma boa crônica POR Kenia Maria C aros leitores, como escrever é coisa difícil! Tinha razão Carlos Drummond de Andrade quando dizia que “Lutar com palavras é a luta mais vã/ entanto lutamos mal /rompe a manhã”. A página está aqui, em branco, absurda, lisa, deserta. O cronista deve salpicá-la com letras pretas. Mas não é um desenho aleatório. Não adianta jogar e semear palavras como num poema dadaísta. O cronista tem que ter assunto, escrever com coerência, humor, leveza, graça. O bom cronista precisa cativar, seduzir, narrar, hipnotizar. Escrever é saber contar uma boa história ou refletir sobre algo banal do cotidiano. Creio que todos que escrevem crônicas já se desesperaram no dia em que se viram totalmente sem assunto, sem história nenhuma, sem ideias para transformá-las em palavras. Mas, ironicamente, não ter nada para contar é também um tema bom para prosear. Lembrei-me agora de uma interessante crônica de Drummond em que ele dizia assim: “Chega um dia de falta de assunto. Ou, mais propriamente, de falta de apetite para os milhares de assuntos. Escrever é triste. Impede a conjugação de tanMercado Janeiro 2011 ∞ 78 tos outros verbos.” Curiosamente, ao relatar a angústia da falta do que escrever, Drummond elabora um de seus textos mais melancólicos e poéticos, afinal, diz ele, enquanto tentamos dolorosamente fixar o verbo no papel, deixamos de gozar grande parte da vida, pois “lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha”. Clarice Lispector Clarice Lispector é também autora que nos emociona ao tocar no assunto da dificuldade de lutar com as metáforas. No polêmico romance “A hora da estrela”, travestida de narrador masculino, ela nos surpreende com frases como esta: “Não, não é fácil escrever. É duro como quebrar rochas”. Igualmente, para a desafiadora poeta Hilda Hilst, escrever é também trabalho penoso, intricado, já que nos dizeres desta autora “literatura não é distração, entretenimen- Hilda Hilst to. É uma coisa séria, que você vai adquirindo. É dificílimo”. Mas, talvez, mais difícil que escrever, reescrever e cortar palavras, complicado mesmo seja adquirir o poder de observação do mundo. O bom cronista deve estar munido de uma lupa que o fará enxergar pequenos detalhes da alma humana que quase sempre escapam ao olhar apressado e não poético do cotidiano. E quem melhor traduz essa lição da sensibilidade para enxergar poesia no mundo é o admirável Fernando Sabino, que em um dado momento de seu belo texto “A última crônica”, resume, de forma lúcida, os difíceis embates entre a emoção de ver e a razão ao escrever: Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: ‘assim eu queria o meu último poema’. Não sou um poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica Escrever é também um jogo, uma brincadeira de gente grande, muitos plantam verbos e colhem liberdades. Mesmo encarando a escritura como objeto lúdico, cabe ao autor escolher as peças e desmontar esse afortunado Fernando Sabino passatempo da escrita, como se pode ver em Manoel de Barros, quando ele anuncia prazeroso: Não gosto de palavra acostumada. Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria Há ainda outra questão que incomoda o cronista. Por que escrevemos? Com qual finalidade? Qual Carlos Drummond de Andrade seria o motivo que moveria o artista da palavra a gastar preciosas horas a conjugar verbos, escolher substantivos, cortar adjetivos, entremear vírgulas? Novamente é Clarice Lispector quem vem em nosso socorro, tentando dar uma resposta plausível à nossa angústia: “escrevo por não ter nada a fazer no mundo: sobrei e não há lugar no mundo para mim na terra dos homens. Escrevo porque sou um desesperado e estou cansado, não suporto mais a rotina de me ver ser e se não fosse a sempre novidade que é escrever, eu me morreria simbolicamente todos os dias”. Assim, tal qual Clarice e Xerazade, para não morrermos todos os dias, continuamos a inventar histórias, a recontar o cotidiano, a fazer rir e a fazer chorar. Inventamos personagens, causos, tragédias e comédias. Também rimamos e damos o tom. Brincamos e sofremos. Emprestamos ritmos e música às palavras sonolentas do cotidiano cinza. Deve ser por isso que é cada dia mais difícil, mas também prazeroso, fazer uma crônica. Amigo leitor, desconfio de que, finalmente, mais uma vez escrevi uma crônica. Kenia Maria de Almeida Pereira - doutora em Literatura Manoel de Barros Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora colaboradora do Mestrado em Teoria Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros sobre literatura brasileira, dentre eles, Machado de Assis: outras faces, publicado pela editora Aspecttus ([email protected]) 79 ∞ Mercado Janeiro 2011 MProfissões em Filme A rede social POR Kelson Venâncio Este mês a nossa coluna de cinema é direcionada a pessoas ligadas na internet, especificamente nas redes de relacionamentos virtuais que existem por aí. E claro, aos curiosos que sempre ouviram falar que é possível fazer amizades, namorar e até se casar com alguém em consequência do uso de um computador. E para isso nada melhor que um bom filme, ainda mais se for baseado em uma história verídica. É exatamente o que acontece em “A rede social”, produção que conta o que aconteceu com os criadores da maior rede de relacionamentos do mundo, o Facebook. E o melhor é que mesmo estando acostumados com tantos sites assim, inclusive o que é a base para o longa, milhares de pessoas ao redor do mundo não sabiam que uma simples página na web se tornaria o motivo de muitas brigas judiciais, de acordos milionários e deixaria bilionário um jovem nerd de Harvard. Mercado Janeiro 2011 ∞ 80 O filme não é especificamente sobre o Facebook, e sim sobre os fatos e consequências causados pela sua criação e sucesso. Logo no início da projeção, nossos cérebros são bombardeados pelos primeiros minutos de fala do personagem principal. Sentado em um bar com sua namorada, Mark Zuckerberg só sabe falar de assuntos relacionados a pessoas com QIs mais avançados, de forma tão rápida que se torna difícil até mesmo acompanhar as legendas do filme. Não se assuste com isso, pois até mesmo a namorada do rapaz se perde em meio a tanta informação em um curto espaço de tempo. E o filme começa a nos conquistar exatamente aí, nos minutos iniciais, pois de cara somos apresentados a um jovem gênio que tem muita inteligência, mas não sabe se relacionar bem com as pessoas. Napster e empresário que se aproveita de jovens nerds como Mark Zuckerberg. A direção de David Fincher (de “O curioso caso de Benjamin Button”, “Seven”, “Clube da luta” e “Zodíaco”) é fantástica e pode ser considerada até aqui, mesmo com tantos ótimos filmes já feitos, talvez a melhor de sua carreira, já que ele consegue amarrar o ótimo roteiro às sequências bem produzidas. E por falar em roteiro, esse é o ponto forte da produção e que nos leva a uma viagem em torno de um simples e famoso site de relacionamentos que por traz esconde uma grande história. E o roteiro tem um desfecho interessantíssimo que não vou revelar, mas dou a dica: quem é que nunca ficou apertando a tecla F5 em um site de relacionamentos esperando algo? Mas o mais interessante é parar e imaginar, após assistir ao filme, como é que a vida de uma pessoa pode mu- Ficha Técnica E neste comecinho de filme já dá para perceber que o jovem ator Jesse Eisenberg fará deste o melhor papel de sua carreira até agora. Sem sombra de dúvida esse jovem garoto deveria concorrer ao prêmio de melhor ator no Oscar 2011 por essa sua interpretação memorável em “A rede social”. Mas não é só ele que se destaca, Andrew Garfield (o novo Homem-Aranha) já mostra por que foi o novo eleito para interpretar os próximos filmes do herói aracnídeo nas telonas. O ator faz de Eduardo Severin, melhor amigo (ou pior inimigo se preferir) de Mark, um ótimo complemento do criador do Facebook. Se Mark não se dá bem com as mulheres ou com os negócios, Severin faz as coisas acontecerem nesse sentido. E para completar o elenco, que conta com essas jovens feras, tem o cantor Justin Timberlake, com mais uma ótima participação em filmes, e que nesta produção interpreta Sean Parker, o jovem ambicioso criador da dar a partir do nada. Pense bem, um jovem que não se dá bem em seus relacionamentos tem a ideia de criar um site de relacionamentos virtuais e de “zé ninguém” passa a ser o jovem mais rico do mundo. Mark Zuckerberg parece que descontou a raiva de ter levado um fora da namorada criando um site que hoje é usado por 500 milhões de pessoas em todo o mundo. Por causa disso, hoje sua fortuna é estimada em 40 bilhões de dólares. E olha que o rapaz está apenas com 26 anos! O filme “A rede social” foi o grande vencedor do Globo de Ouro 2011. O longa, que conta a história da origem do site Facebook, ganhou os prêmios de filme dramático, diretor (David Fincher), roteiro (Aaron Sorkin) e trilha sonora (Atticus Ross e Trent Reznor, líder da banda Nine Inch Nails). E com isso passa a ser um dos fortes candidatos ao Oscar 2011, que acontece no dia 27 de fevereiro. B Filme: A rede social Título original: The social network Duração: 190 minutos (3 horas e 10 minutos) Gênero: drama Direção: David Fincher Ano: 2010/EUA Elenco: Jesse Eisenberg (Mark Zuckerberg), Andrew Garfield (Eduardo Saverin), Brenda Song (Christy Lee), Justin Timberlake (Sean Parker), Rooney Mara (Erica), Joseph Mazzello (Dustin Moskovitz), Malese Jow (Alice), Shelby Young (K.C.) Nota 10 Kelson Venâncio - jornalista e diretor do Cinema e Vídeo www.cinemaevideo.com.br 81 ∞ Mercado Janeiro 2011 MSustentabilidade Em busca de um mundo melhor POR Amanda Célio (Ares) Marketing verde: empresas e agências de publicidade se unem pela sustentabilidade S ustentabilidade, meio ambiente e ecologia. Essas palavras remetem a conceitos importantíssimos, que devem nortear a conduta das pessoas de agora para que as próximas gerações tenham a chance de, como as de hoje, suprir suas necessidades básicas e viver com tranquilidade no planeta Terra. Diante disso, discutir problemas ambientais, buscar soluções realistas e, principalmente, agir são atualmente questões de necessidade. Esse é o pensamento da mestra em Ecologia Neiva Antunes, para quem é imprescindível mudar a forma como as pessoas se comportam atualmente. “Sustentabilidade não pode ser só uma palavra ‘da moda’, tem que ser uma atitude, uma mudança de comportamento. As pessoas se preocupam muito com o reciclar, reutilizar, reinventar e se esquecem da palavra mais importante: reduzir. Precisamos reduzir o consumo para que tenhamos menos a reciclar, menos a reutilizar, a reinventar”, reforça a ecóloga uberlandense. Como uma luz no fim do túnel, está surgindo em todas as áreas de atuação a preocupação com esse futuro incerto. As empresas apostam todas as suas cartas no marketing verde de diversas formas, e os publicitários usam a criatividade e abusam dela para criar campanhas que despertem a atenção e conscientizem a população de que é preciso preservar as riquezas naturais do Mercado Janeiro 2011 ∞ 82 planeta e se elas tiverem que ser usadas, que seja de forma racional. É nesse sentido que o marketing verde se tornou uma importante ferramenta, capaz de projetar e sustentar a imagem de uma empresa e de atingir um grande público com mensagens de conscientização e responsabilidade ambiental. Na opinião de Thales Schmidt, diretor de atendimento e planejamento de uma agência publicitária de Uberlândia, mais do que demandar peças de comunicação que atendam a diretrizes da sustentabilidade, os anunciantes mais conscientes vão exigir em pouco tempo que as próprias agências adotem um processo de gestão sustentável, em seu sentido mais amplo. “O que preocupa é que poucos empresários do nosso ramo têm pensado nisso. O que hoje ainda é um diferencial, amanhã será requisito básico”, afirma o empresário do meio publicitário. Mas já existem agências publici- tárias de Uberlândia preocupadas com o meio ambiente, umas inclusive já estão literalmente apoiando e incentivando ações de conscientização relativas à sustentabilidade. A redatora de uma dessas agências, Daniela Borges, que tem em seu portfólio clientes que trabalham diretamente com a exploração da terra e outros com o setor educacional, dá a sua explicação: “Em datas especiais fazemos questão de dar a nossa colaboração com peças de incentivo e procuramos também ter atitudes sustentáveis em nosso ambiente de trabalho. Acreditamos que se cada um fizer a sua parte teremos muito mais futuro pela frente, e com qualidade de vida”. Entre os clientes da agência onde trabalha Daniela Borges está o Colégio Nacional, que desenvolve o projeto Educação para a Sustentabilidade, que visa a contribuir para que o aluno seja capaz de problematizar e transformar seu espaço e a realidade socioambiental do sistema do qual faz parte. Segundo a coordenadora de projetos especiais Sandra Nunes, em 25 anos de fundação, o colégio sempre se preocupou com questões ligadas ao meio ambiente. “A nossa instituição trabalha há mais de duas décadas ligada à sustentabilidade, formando verdadeiros cidadãos que tenham o máximo de conhecimento sobre o tema e que estejam prontos para usá-lo em seu cotidiano, visando a ajudar a sociedade e o mundo em que vivem”, explica. Enfim, diante dessas opiniões e exemplos, seja reduzindo, reciclando, reutilizando, reinventando ou simplesmente conscientizando, cada um deve se engajar na batalha por um mundo melhor. O importante é tomar atitudes para que as próximas gerações tenham, se possível, um planeta ainda mais bonito, preservado e justo do que este que encontramos hoje. B Abigraf vai premiar empresas sustentáveis Estão abertas as inscrições para o 2º Prêmio Abigraf de Responsabilidade Socioambiental A premiação, instituída em 2009 pela Abigraf Nacional (Associação Brasileira da Indústria Gráfica), contempla as categorias de “Responsabilidade Ambiental”, que reconhece o mérito de ações ou conjunto de iniciativas a partir do uso de tecnologias, métodos ou processos na área ambiental; e “Responsabilidade Social”, que premia intervenções externas, isoladas ou conjuntas das empresas gráficas nos campos educacional, cultural e esportivo, na inclusão social, na iniciação profissional ou nas campanhas em prol da melhoria das comunidades. Podem inscrever-se para o prêmio empresas gráficas instaladas em território brasileiro, associadas às Abigraf´s regionais e que estejam em dia com todas as suas obrigações com a entidade. Cada empresa poderá inscrever apenas um trabalho em cada categoria. O regulamento do 2º Prêmio Abigraf de Responsabilidade Socioambiental está disponível no site www.premiosocioambiental.org.br As inscrições vão até o dia 18 de abril. A cerimônia de entrega do prêmio aos vencedores será realizada na Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo, em 7 de junho de 2011, na Semana do Meio Ambiente. Mais informações pelo e-mail [email protected] ou telefone (11) 3232-4500. B Este espaço se reserva a notícias e/ou projetos socioambientais. O conteúdo aqui publicado é de responsabilidade do CINTAP, através do Eco Instituto INDERC, mas está aberto também para outras pessoas, empresas ou instituições que queiram divulgar assuntos pertinentes ao seu propósito. Informações com Daniela Dias, gerente de Projetos do Eco Instituto INDERC, através do telefone 34 3230 5200 ou do e-mail [email protected]. Acesse: www.inderc.org.br e siga: www.twitter.com/cintap2010 - www.twitter.com/ecoinstituto MPonto de Vista Risco de desindustrialização O deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB/ES) deu o alerta sobre a possibilidade de o Brasil enfrentar uma crise em suas contas externas nos próximos anos, devido ao processo de desindustrialização instalado no país. Para o parlamentar, que também é economista, medidas estruturais precisam ser adotadas o quanto antes para frear o ritmo de desaceleração da indústria no país. No ano passado, o setor amargou o pior rombo da sua história nas trocas com o exterior. O déficit da indústria da transformação (que converte as matérias-primas em insumos e produtos acabados) atingiu o recorde de US$ 37 bilhões, 125% acima do saldo negativo obtido em 2009, segundo cálculo da Secretaria de Desenvolvimento da Produção, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Se forem excluídos itens com pouco grau de transformação como aço, açúcar ou celulose e considerados apenas os produtos manufaturados, a queda foi de US$ 70,9 bilhões em 2010. Para Vellozo Lucas, esse é um fenômeno novo, no qual a indústria passa a ter menos participação no Produto Interno Bruto (PIB) e as commodities se tornam responsáveis pelo equilíbrio das contas externas. “Essa situação de déficit no setor de produtos industrializados crescente dessa maneira é algo absolutamente insustentável e levará o Brasil a uma crise na balança de pagamentos e de confiança dos mercados na economia brasileira”, avisou o parlamentar/economista. Por conta dessa situação, o questionamento aos membros do G7 para a edição de janeiro da Mercado é o seguinte: quais são os principais vilões que levaram o país a essa situação e qual ou quais as soluções plausíveis de serem adotadas para evitar esse “caos” na economia brasileira? Com a palavra, o G7... (*) A ONG G7 - Grupo dos Sete - é formada por sete das mais representativas instituições sociais ativas na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. São elas: ACIUB - Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia, Conselho de Veneráveis do Triângulo, FIEMG Regional Vale do Paranaíba/CINTAP - Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo, OAB/MG 13ª Subseccional de Uberlândia, SRU - Sindicato Rural de Uberlândia e SMU - Sociedade Médica de Uberlândia. Estudos realizados em torno do setor industrial brasileiro mostram que o país vive um evidente processo de desindustrialização, sendo vários os fatores que culminaram nesta realidade. Entre os principais, destaco a falta de incentivo à inovação e pesquisa, a não desoneração dos custos e dos impostos em investiMercado Janeiro 2011 ∞ 84 mentos e em novos produtos, maquinários e plantas industriais. Somamse a isso os juros altos, o câmbio valorizado e os encargos sociais na folha de pagamento. Enfim, o governo brasileiro precisa perceber que estamos caminhando para uma situação de paralisia, motivada tanto pela crise cambial como pela ausência de reformas que, caso não sejam adotadas, farão com que as nossas indústrias percam cada vez mais mercado, ocasionando demissão em massa, incluindo mão de obra qualificada e, logicamente, o fechamento de diversos setores estratégicos para a economia do país, como ocorreu no passado com os setores naval, farmacêutico, dentre outros. Porém, há de se manter a fé no governo Dilma, que tem como ministro de Desenvolvimento Econômico o mineiro Fernando Pimentel, um economista e empresário que tem condições de tornar evidente essa realidade e reunir todas as forças necessárias do governo para tentar salvar a Indústria Nacional, livrando-nos dessa “pecha” de que somos um país de terceiro mundo. Continuação No final do ano passado, até mesmo autoridades do Ministério da Fazenda admitiram a possibilidade de o Governo ter que enfrentar um processo de desindustrialização no país. Os primeiros sinais da desindustrialização ocorreram em um levantamento feito pelo IBGE, segundo o qual o percentual de matérias-primas importadas na fabricação de eletroeletrônicos na Zona Franca de Manaus subiu de 74% para 80%. As indústrias desse setor no Brasil sofreram com a queda nas exportações, em parte motivada pela valorização do real. As indústrias brasileiras continuaram a exportar para a Argentina, México, Colômbia, mas perderam parte do mercado na União Européia e nos Estados Unidos. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior chegou a admitir que havia indícios de que o Brasil passava por um processo de desindustrialização. A maior preocupação do governo foi que a substituição da produção local pelos importados desequilibrasse as contas externas do país. Alguns setores da indústria nacional aumentaram muito as importações, com destaque para a indústria siderúrgica. No campo dos manufaturados, as exportações nacionais perderam competitividade, segundo o IBGE. A diferencia cambial tem desestimulado drasticamente a indústria, não apenas a nacional, a de vários países do mundo, e feito com que grande parte dos empresários do setor deixem de reinvestir no seu parque fabril, que poderá acabar sucateado. Curiosamente, as empresas industriais nacionais se veem diante de uma oportunidade única para comprar produtos direto de países como a China, por preço inferior ao da própria produção. Assim, num amanhã muito próximo, quando já estivermos com nossa economia embasada nas importações, com nossas fábricas todas desativadas, quem garante que os fabricantes estrangeiros manterão os preços baixos como estão? E quem estará coordenando os preços mundiais? Assim, temos que ter a consciência dos efeitos reversos que as taxas cambiais podem nos proporcionar num futuro muito próximo. Estamos vivenciando de forma bastante acelerada a desindustrialização no Brasil. Diante de tantos desafios/oportunidades, o Governo Federal, assim como os governos estaduais, têm estado ausentes, observando como meros espectadores o enfraquecimento da indústria nacional. Implementar ações que objetivem o aproveitamento destes desafios, dentre outros, é o principal papel das instituições governamen- tais, principalmente por ser o Brasil um dos países emergentes que mais cresce no mundo globalizado. Na medida em que a economia nacional corre sérios riscos em não oportunizar a industrialização, aproveitando os manufaturados de maior valor agregado, fortalece a concorrência externa, o que passa a representar risco de redução dos empregos e consequentemente da renda da família brasileira, que tem sido a grande alavanca do consumo interno no Brasil. Portanto, é necessário que o Estado ajude a indústria brasileira a se inserir em um outro patamar de competitividade, alinhada com as instituições empresariais, venha a debater se o fenômeno em curso é um resultado natural do estágio de desenvolvimento da economia ou se é a consequência das políticas macroeconômicas adotadas nos últimos anos. Uma nação que se conforma com a posição de simplesmente ser produtor de commodities e deixa de aproveitar o mercado interno que tem para fortalecer sua indústria está legando às gerações futuras mais problemas que soluções. Esta situação é o reflexo de uma política de concessões que foi adotada pelo governo Lula nos dois mandatos que, para fortalecer sua imagem pessoal e de grande estadista, ofereceu benefícios em acordos comerciais firmados com outros países, que resultaram em prejuízos inestimáveis para a nossa indústria bem como para o setor agropecuário brasileiro. Enquanto lá fora a matéria prima que fornecemos é usada para fortalecer a indústria e gerar empregos e renda agregados, nós nos vemos com este saldo negativo na nossa indústria de transformação, que hoje atinge a casa dos 125%. Esta situação seria ainda muito pior, não fosse a participação do segmento agropecuário, que hoje responde por 1/3 do PIB brasileiro e contribui de forma decisiva para o equilíbrio e até mesmo o superávit da nossa balança de pagamentos, o que nos permitiu zerar a nossa inflação, prática considerada impossível até mesmo pelo Banco Mundial. Mas tudo isso só foi possível graças ao setor produtivo agropecuário, uma vez que o item alimentação é o que mais pesa na composição da inflação. Hoje o alimento tem uma importância estratégica, maior até que os grandes arsenais bélicos dos países industrializados, pois nenhum governo consegue administrar crises se seu povo estiver passando fome. B Obs: Até o fechamento desta edição, os responsáveis pelas demais instituições que congregam o G7, ou suas respectivas assessorias de imprensa, não haviam enviado cada um a sua resposta. 85 ∞ Mercado Janeiro 2011 MCausosEmpesariais Ana e o Rei (A Arte de Liderar I) POR Nege Calil* L iderar é a capacidade de inspirar pessoas, trabalhar em equipe e encorajar atitudes éticas e focadas nos objetivos organizacionais. Fácil no conceito, difícil na prática; todavia, factível. Trata-se de uma atividade perene, que passa pela arte e pela ciência de conduzir pessoas a bons resultados e à realização profissional, educando constantemente cada indivíduo e, concomitantemente, o grupo. Basta que um elemento saia ou entre e a dinâmica se torna outra. Afinal, seres humanos são assim: diante do mesmo ambiente e dos mesmos estímulos é perfeitamente possível nos depararmos com respostas diferentes. E cabe ao líder ser o ponto de equilíbrio desta seara! Isso me lembra o “causo” de Ana e Henrique. Conheci ambos no início dos anos 90, quando ainda trabalhavam numa grande multinacional em São Paulo. Ele, extremamente defensor dos interesses da empresa, focado em resultados a qualquer custo. Rapaz novo, com pouca experiência, trazia consigo a mensagem verbal e comportamental de total desconhecimento sobre como gente funciona. Ela, também muito competenMercado Janeiro 2011 ∞ 86 te, costumava rir de seus próprios problemas, ironizando suas aflições como forma de atenuá-las. Bonita em sua juventude, exibia com orgulho as fotos de quando foi miss em sua cidade natal, no interior de Minas. Vinte anos mais velha renderam-lhe vinte quilos a mais, que segundo a versão dela, tornaram-na uma “miss tura”. Por trás desse comportamento bonachão, reinava um poço de insegurança. Excelente profissional, era querida por muitos na empresa, fossem de seu departamento ou não. Seu líder anterior a Henrique sabia ler com precisão seu mecanismo funcional: eficaz nos resultados, leve nas relações, tinha necessidade constante de ser reconhecida para manter-se equilibrada. E com o apoio dele, ela progrediu muito na carreira. Esse líder se aposentou no mesmo mês em que seu marido a abandonou. Tão logo Henrique assumiu a equipe, oriundo de outra filial, a mudança de cultura foi percebida como uma bomba. Dos quinze membros da equipe, apenas dois se identificaram rapidamente com o estilo dele. Três não se adaptaram e pediram demissão. Os demais lutaram bravamente para entender o novo contexto e manterem o emprego numa época de economia difícil. Ana estava entre esses últimos e, curiosamente, seu comportamento mudou muito. Com nenhum feedback sobre seu trabalho, sua insegurança transbordou em atitudes tensas e, por vezes, arredias. Angustiada por mostrar resultados, e com dificuldade de encarar seus problemas pessoais reforçados com a separação, tornou-se workaholic. Chegou a virar noites no escritório, defendendo a busca por uma perfeição imaginária. Sua salvação veio através de uma situação inusitada. Esgotada fisicamente, ao entrar no banheiro para urinar, sentou-se no vaso sanitário, recostou a cabeça em uma das paredes laterais do reservado e adormeceu. Aos poucos foi deslizando para frente e ficou com a cabeça no canto entre a porta e a lateral. O sono se tornou pesado e seu ronco se misturou a gemidos agudos e intensos que assustaram algumas colegas de trabalho. As mais afoitas arrombaram a porta, convictas de que precisavam socorrê-la. Surpreendida pelo barulho, pela invasão e pela pancada na cabeça, aceitou de imediato a tese de que passara mal, a fim de diminuir o vexame que sentira. Feitos os primeiros socorros no ambulatório da empresa, sem qualquer indício de um mal estar físico, o médico foi taxativo: estresse. Ana foi afastada por alguns dias e a notícia foi o estopim das mudanças necessárias à liderança de Henrique. Ele mostrou-se surpreso com o afastamento de Ana. Ao conversar com a analista de RH, elogiou o desempenho dela, afirmou categoricamente que ela estava entre os melhores profissionais com os quais trabalhou. A pergunta da analista deixou Henrique reflexivo por dias: - Quantas vezes você disse isso a ela? Henrique acreditava que isso era desnecessário. Seus dois únicos líderes lhe ensinaram que cada um deve buscar sua motivação e aperfeiçoamento e que o papel do líder é cobrar resultados. Correto este pensamento, mas muito incompleto! Pessoas são de fato responsáveis por suas carreiras, mas precisam de feedbacks que reforcem os bons desempenhos e orientem nas decisões erradas. Necessitam de ser tratadas conforme sua personalidade; alguns precisam de desafios, outros, de ordens, e Ana, de elogios. O líder é aquele que deve entender qual o melhor estímulo para cada profissional de sua equipe, consciente de que o resultado é consequência dessa sua atitude. É o que ensina, mostra, acompanha, encaminha para estudos e treinos e vibra com os desempenhos. Precisa entender de gente, saber como funcionam as pessoas com as quais trabalha, compreender seus diferentes momentos e fases da vida. Para sorte de Ana, Henrique se dispôs a aprender a liderar. Inteligente, percebeu que sua estratégia não iria gerar frutos por muito tempo. Ana foi o “primeiro parafuso que espanou” e, naturalmente, outros apresentariam problemas semelhantes cedo ou tarde. Com o apoio da analista de RH, descobriu que seu apelido era “Henrique VIII”, numa alusão ao monarca inglês conhecido por seus atos absolutistas. Era percebido como um jovem mimado, que não se importava com ninguém, só com os números. Curiosamente, seu time começara a se moldar a esse formato. Descobriu que desde a sua vinda, sua equipe passou a ser percebida por outros setores como antipática, sisuda, contrariando os valores da empresa. O alto escalão já mostrava sinais de preocupação: os resultados estavam bons, mas a que preço? Erroneamente, muitos líderes ainda se pautam na ideia de que o grupo deve se adaptar aos seus estilos. Quando isso não acontece, o primeiro impulso é trocar as pessoas, esquecendo-se de que demissão é caro para a empresa, tanto economica quanto emocionalmente. Muitas organizações perdem rios de dinheiro ao disponibilizarem seus talentos ao mercado por não saberem conduzi-los adequadamente. Desligamentos devem ser a última opção. B Nege Calil é consultor e especialista em gestão de pessoas [email protected] 87 ∞ Mercado Janeiro 2011 MGeral CNA estima crescimento para o agronegócio A estimativa da instituição é que o PIB do setor cresça entre 3,5% e 4% em 2011 DA Redação O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deve crescer entre 3,5% e 4% em 2011, previsão que, se confirmada, consolida a recuperação da atividade após queda de 5,51% do PIB em 2009, quando o resultado foi influenciado pela crise financeira internacional. Em 2010, as projeções indicam crescimento de 7% do PIB do setor, previsão que considera o resultado acumulado até outubro, que mostra crescimento de 4,67%. Mercado Janeiro 2011 ∞ 88 Em outubro, o crescimento do PIB do agronegócio foi de 0,79%, de acordo com estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP). A superintendente técnica da CNA, Rosemeire Cristina dos Santos, ressalta, no entanto, que a confirmação da previsão de crescimento do PIB em 2011 depende do tamanho da safra 2010/2011, cuja colheita já começou no Estado do Mato Grosso. A CNA estima que a produção nacional será de 151 milhões de toneladas, volume superior ao colhido em 2010, de 149,25 milhões de toneladas. A confirmação da estimativa para esta safra vai depender das condições climáticas durante o período de colheita. “O clima é, neste momento, a grande preocupação dos produtores rurais. Por enquanto, as chuvas estão concentradas em algumas regiões, mas a situação pode mudar até o final do período de colheita da safra de verão, no mês de maio”, explica a superintendente. O estudo elaborado pela CNA e pelo Cepea mostra que a produção em alta e a recuperação dos preços melhoraram a rentabilidade dos segmentos em 2010, com ênfase para o básico (produção na propriedade rural), que acumulou, até outubro, expansão de 4,22%. A indústria se manteve na dianteira e, até outubro, acumulou crescimento de 6,55%. O segmento de insumos seguiu se recuperando, mas ainda registrou perdas no acumulado de 2010. De acordo com dados da Superintendência Técnica da CNA, os custos de produção caíram em 2010, o que favoreceu o resultado positivo do segmento básico. Na média, o custo caiu para R$ 950,00 por hectare em 2010, contra R$ 1.150,00 por hectare em 2009, redução que garantiu uma renda um pouco melhor para os agricultores. A íntegra do estudo da CNA/Cepea se encontra no Canal do Produtor – www.canaldoprodutor.com.br. Governo pode rever limites para antenas de rádios comunitárias Atualmente, a potência das rádios é limitada em 25 watts e a antena não pode superar 30 metros de altura DA Agência Brasil O secretário executivo do Ministério das Comunicações, Cézar Alvarez, esteve reunido no dia 22 de janeiro com representantes da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço) para discutir reivindicações do setor. Alvarez tomou conhecimento das principais questões levantadas no 7º Congresso Nacional da Abraço, que ocorreu na mesma semana em Brasília. Entre as reivindicações, pedidos de ampliação da potência e mais altura das antenas para as rádios comunitárias. Foi a primeira vez em 14 anos que o governo federal estabeleceu um canal de diálogo com a associação e o tom foi de conciliação. “Há uma determinação expressa da presidenta Dilma Rousseff ao ministro - do Planejamento - Paulo Bernardo no sentido de trabalhar a relação com rádios comunitárias - com a Abraço em particular como uma das maiores (entidades representativas) do setor - dentro de uma qualificação da radiodifusão como um todo”, disse Alvarez. O secretário garantiu que as rádios comunitárias terão espaço no Ministério das Comunicações, mas não definiu nada sobre a criação de uma subsecretaria para atender o setor. A proposta de criação de uma subsecretaria foi aprovada na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), em dezembro de 2009. Apesar da indefinição quanto à subsecretaria, Alvarez garantiu que os radiodifusores comunitários terão espaço na elaboração do marco regulatório da comunicação. “Ele ainda está em fase de estudo no Executivo e ainda tem muitas etapas de debate com a sociedade e com o Legislativo antes de ser implementado”. Uma das principais reivindicações que surgiram durante a reunião é o tratamento diferenciado da potência e da altura das antenas das rádios comunitárias, atendendo a variações urbanísticas e de relevo das cidades. Segundo a Lei da Radiodifusão Comunitária, a potência das rádios é limitada em 25 watts e a antena não pode superar 30 metros de altura. A Abraço pede uma potência dez vezes maior. Alvarez admitiu que a questão pode ser discutida. “Temos que trabalhar com essa questão da diversidade social e regional do Brasil”, afirmou. O secretário executivo do Ministério das Comunicações, Cézar Alvarez, confirmou a intenção do governo de rever a relação com as rádios comunitárias Os representantes da Abraço também cobraram medidas para que a verba de publicidade do governo também seja distribuída às rádios. O representante do ministério disse não ter uma posição sobre o assunto, mas prometeu estudá-lo. Entre as reivindicações estão ainda a discriminalização das rádios comunitárias, o fim das ações de agentes de fiscalização e policiais nas emissoras e anistia de multas e, também, para quem foi condenado por botar no ar uma rádio sem amparo legal. “No Rio de Janeiro, é preciso deixar de tratar as rádios comunitárias em favelas como se estivessem a serviço dos traficantes”, disse o delegado fluminense Adel Moura. O secretário executivo do ministério pediu que as denúncias sejam relatadas com documentação completa para averiguação de responsabilidades. Uma nova reunião com os radiodifusores comunitários deve acontecer em 30 dias. MGeral Especialista alerta sobre peso da mochila escolar Nesta época ou em qualquer outra do ano, ela deve ser alvo de preocupação entre pais e professores POR Anderson Silva (Serifa) O peso excessivo das mochilas escolares com material desnecessário, assim como o reaproveitamento das “do ano passado”, que inclui o preenchimento das alças com espuma, entre outras coisas, pode se tornar uma verdadeira dor de cabeça para os pais em relação aos filhos em idade escolar, segundo o ortopedista pediátrico do Hospital Orthomed Center, Celso Santos. Segundo ele, o excesso de peso ou a mochila inadequada podem provocar dores na região lombar, baixo rendimento durante as aulas e irritabilidade no período escolar. “São os principais sintomas que devem ser observados. No mais são inúmeras as doenças que podem afetar uma criança ou jovem que utiliza a mochila inadequadamente ou acima do peso”, diz o ortopedista. Com relação ao tipo adequado de mochila, a Academia Americana de Pediatria fala que o modelo deve ter tiras largas e acolchoadas, contar com duas alças, possuir acolchoamento posterior e ser confeccionada com material o mais leve possível. Além disso, de acordo com Celso Santos, o assessório deve ser proporcional ao tamanho da criança para que possa permitir o seu ajuste perfeito à coluna, sem folga. “Vale lembrar que quando a mochila não está presa ao corpo, requer que o tronco vá para trás e força os músculos da criança, fazendo com que ela curve os ombros para facilitar o equilíbrio”, ressalta. Já as mochilas de rodinhas pedem cuidado com o comprimento do puxador. Segundo o ortopedista, a criança tem que ficar com a coluna retinha e não curvada para alcançá-la, porque uma alça mal regulada sobrecarrega os joelhos e o quadril, o que pode causar inflamações e muitas dores no período de crescimento. Peso ideal - Segundo o médico, o peso da mochila deve estar entre 10 e 20% do peso corporal da criança. Celso Eduardo também ressalta que organizar a mochila - utilizando todos os seus compartimentos de modo que os objetos mais pesados se encontrem no centro dela e mais próximos das costas - é uma forma de prevenir problemas futuros. “Se a criança tem 40 quilos, a mochila deve ter no máximo cinco quilos. Mas o que realmente vale é a conscientização”, enfatiza. Mercado Janeiro 2011 ∞ 90 Crianças já afetadas - No caso de lesões causadas por mochilas pesadas, segundo o ortopedista, a solução é fisioterapia, RPG, natação, alongamentos musculares, exercícios físicos e orientações posturais. O médico alerta para que os pais fiquem atentos, já que cada caso tem um cuidado diferente. “Os pais devem levar os filhos a um ortopedista o quanto antes. Só ele poderá indicar o melhor tratamento. Cuidando do peso da mochila de seu filho, você estará garantindo a saúde dele hoje e no futuro. Adotando regras simples podemos evitar dores nas costas na fase adulta”, adverte. Pelé Club ganha franquia em Uberlândia Segunda unidade da academia em Minas Gerais vai funcionar no Center Shopping POR Flávia Ferraz (GA) A Pelé Club, academia que leva o nome do maior ícone do futebol brasileiro e é sinônimo de sucesso em franquias do gênero, prepara-se para abrir a quarta unidade da rede e a segunda no estado de Minas, dessa vez em Uberlândia. Em abril de 2010, o empresário Lucas de Oliveira Moreira adquiriu direito exclusivo da franquia da rede em Belo Horizonte. A primeira loja funciona no bairro Sion, região sul da capital. Moreira agora comanda a construção da unidade de Uberlândia, localizada na área de expansão do Center Shopping (piso E3). O local terá 1.030 m², divididos em salão de musculação, com 400 m²; sala de ginástica, com 85 m²; estúdio de pilates; sala bike para 30 bicicletas e amplos vestiários, podendo receber até 1.200 alunos. O investimento para a abertura dessa unidade deve girar em torno de R$ 4 milhões, a serem recuperados em cerca de 36 meses. “É um mercado que dá retorno de até 30% ao ano, mas depende de bons profissionais, suporte técnico, tecnologia e gestão”, afirma o empreendedor que deve inaugurar a Pelé Club Uberlândia com a presença de Pelé, em março de 2011. O Negócio - A Pelé Club nasceu no ano de 2005, em São Paulo, onde está localizada sua primeira unidade instalada. Com investimento inicial alto e a forte parceria com o atleta do século, a Pelé Club marcou o início das atividades de expansão da empresa em Gustavo Bicalho) legenda: Maquete eletrônica: vista parcial da Pelé Club em Uberlândia 2010, inaugurando uma unidade em Belo Horizonte e outra em Belém (PA). Na capital paraense, o resultado superou as expectativas, com quase mil alunos matriculados antes do primeiro dia de funcionamento. Segundo o CEO da Pelé Club, Augusto Anzelotti, a meta da rede para os próximos cinco anos é chegar a 15 unidades no Brasil, e cinco no exterior. “Mudamos o plano de negócios que existia antes e desde então, em apenas 15 meses, conseguimos vender três franquias. Esse é um número excelente, pois temos de levar em conta que o investimento do franqueado é de, aproximadamente, R$ 3 milhões”, diz Anzelotti. MGeral “Caixa preta” com dinheiro público Foto: Geraldo Magela POR Marcos Côrtes e Artur Filho Alvaro Dias cobrará do governo explicações sobre aumento dos gastos com cartões corporativos O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), apresentará em fevereiro, na volta do recesso parlamentar, requerimentos a todos os ministérios e à Presidência da República com o objetivo de obter informações detalhadas sobre os gastos do governo Lula com cartões corporativos. O tucano quer saber, por exemplo, por que aumentou o uso deste tipo de pagamento no governo federal em 2010, ano eleitoral. Segundo o senador, essa “caixa preta” com dinheiro público é um desrespeito com o povo brasileiro. Dados pesquisados no Portal da Transparência do governo federal revelam que os gastos totais com cartões cresceram 28,8% entre 2008 e 2010. No período, as despesas passaram de R$ 55,2 milhões para R$ 71,1 milhões. Somente em 2009, foram torrados R$ 64,5 milhões. Para o tucano, os gastos com os cartões no Palácio do Planalto foram exagerados no ano passado. O Ministério do Planejamento liderou o ranking de despesas, com R$ 17,2 milhões. Quase todos esses recursos foram usados pelo IBGE, que realizou o Censo em 2010. Logo depois aparece justamente a Presidência da República, com R$ 15,9 milhões. Do montante, R$ 9,7 milhões foram gastos pela Abin. Todas essas despesas do órgão de inteligência estão protegidas pelo sigilo para suposta “garantia da segurança da sociedade e do Estado”. Dentro da Secretaria de Administração da Presidência de República, outros R$ 5,6 milhões também estão protegidos. Das poucas informações disponíveis, aparecem pequenas compras em lojas de material de construção, manutenção de piscinas, eletroeletrônicos, entre outras. “Queremos informações, especialmente sobre os gastos da Presidência da República. Estes foram fantásticos, expressivos e não são revelados. É ridícula a alegação de que o sigilo é por interesse da segurança nacional”, criticou. Mercado Janeiro 2011 ∞ 92 No portal do governo é possível verificar, por exemplo, que em 2010 uma servidora do IBGE do Amazonas gastou R$ 200 mil no cartão corporativo, sendo que os saques em dinheiro correspondem à maioria esmagadora dos recursos usados. No mesmo órgão, outro funcionário despendeu R$ 193 mil. Vários servidores do IBGE-AM também aparecem na relação dos que mais gastaram com este instrumento no ano passado. Para o tucano, caso aconteça novamente uma “operação abafa”, como nas investigações da CPI dos Cartões Corporativos, isto mostrará que algo está errado. “Eventual rejeição do pedido significa tentativa de esconder o malfeito, a corrupção e o desvio de dinheiro público. É nosso dever cumprir o papel de minoria e usar os instrumentos possíveis para fiscalizar o governo”, destacou. 28,8% Foi o aumento dos gastos com cartões corporativos entre 2008 e 2010. No período, as despesas passaram de R$ 55,2 milhões para R$ 71,1 milhões Planalto bancou relatório de CPI que não pediu indiciamentos; oposição fez voto em separado •Em janeiro de 2008, o Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF) abriu investigação interna para apurar o uso irregular de cartões do governo federal pelos ministros. Em março do mesmo ano, o Congresso instalou uma CPI com a participação de deputados e senadores para investigar o caso. O Palácio do Planalto agiu para prejudicar a conclusão dos trabalhos. Depois de três meses, o colegiado aprovou o relatório do então deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), atual ministro das Relações Institucionais do governo Dilma, sem nenhum pedido de indiciamento dos envolvidos em gastos ilegais. •No entanto, foi feito um voto em separado apresentado pelos partidos de oposição (PSDB, DEM, PSOL e PPS) que nem chegou a ser votado. O documento pedia ao Ministério Público Federal o indiciamento de 473 servidores suspeitos. Desse total, o relatório também pediu a abertura de processo na Comissão de Ética Pública contra 37 desses servidores e autoridades. •Entre eles, estava a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e seus subordinados diretos, como Erenice Guerra, que assumiu a pasta com a candidatura da atual presidente no ano passado e caiu do cargo após se envolver em escândalo de tráfico de influência junto com seus filhos. Na época, Dilma e Erenice produziram um dossiê com gastos da ex-primeira dama Ruth Cardoso para tentar calar os parlamentares da oposição. Quando foram questionadas pela comissão, ambas disseram que se tratava apenas de um “banco de dados”. MGeral Balneário de Nova ponte é reestruturado A Prefeitura Municipal de Nova Ponte já deu início às obras para reestruturação do Balneário Social da cidade. O prédio onde funcionará a administração já está sendo levantado e os novos sanitários também começaram a ser construídos. O balneário abriga diversos eventos durante todo o ano, como o Carnaval e shows, e atrai muitos expediente turistas, além da população novapontense. O objetivo da construção do prédio administrativo é criar um espaço adequado para a Secretaria de Turismo funcionar dentro do Balneário Social e ficar mais próxima dos eventos. O local também vai servir de apoio para os artistas. Quanto aos sanitários, os atuais serão retirados e, no local deles, será instalado o palco. Dessa forma, as pessoas terão um espaço maior para assistirem aos shows. O projeto de reestruturação também prevê a ampliação de três dos quatro bares existentes e a realocação do outro. O secretário municipal de Planejamento e Política Urbana, Maurício Messias Barbosa, afirma que essa mudança é para atender uma reivindicação bastante antiga dos comerciantes, já que a atual cozinha onde se preparam os pratos é pequena, limitando as opções do cardápio. “Agora, eles vão ter melhores condições de preparar pratos melhores e oferecer mais opções aos visitantes”, disse. Reportagens Evaldo Pighini, Isabella Peixoto, Margareth Castro, Fabiana Barcelos, Laura Pimenta, Rosiane Magalhães, Talita Nakamuta, Alitéia Milagre, Renata Tavares, Núbia Mota Programa de Aprimoramento Profissional Natália Nascimento Revisão Lúcia Amaral Fotografia Mauro Marques (exceto as creditadas) Colaboradora Márcia Amaral Diretor Comercial Fernando Martini - comercial@ revistamercado.com.br Departamento de Vendas Maurício Ribeiro - comercial08@revistamercado. com.br e Cristiane Magalhães - [email protected] Secretaria Kárita Barbosa dos Santos - [email protected] Consultoria Jurídica Thiago Alves - OAB 107.533 Diretor Projeto Gráfico RedHouse Comunicação Ltda. 34 3235-6021 Capa, Direção de Arte e Finalização Humpormil Pré-impressão Registro Digital Impressão Para anúncios e assinaturas Eduardo J. L. 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Maradei Carneiro Editor Chefe e Jornalista Responsável Evaldo Pighini - MG 06320 JP [email protected] Mercado Janeiro 2011 ∞ 94 A Revista Mercado é uma publicação mensal do Grupo de Mídia Brasil Central (GMBC). Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião desta revista, assim como declarações emitidas por entrevistados. É autorizada a reprodução total ou parcial das matérias, desde que citada a fonte. Tiragem desta edição: 5.000 mil exemplares. Copyright © 2008 - Grupo GMBC - Todos os direitos reservados. Revista Mercado Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sala 14 - Bairro Aparecida CEP: 38.400-610 - Uberlândia/MG Tel/Fax: (34) 3236-6112 - www.revistamercado.com.br