Parceria para Mudança: Christian Aid na América Latina

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Parceria para Mudança: Christian Aid na América Latina
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Parceria para
Mudança
Christian Aid na
América Latina
e Caribe
1 Parceria para Mudança: Christian Aid na América Latina e Caribe
Quem somos, o que fazemos
A Christian Aid é uma organização internacional que
persevera na crença de que o mundo pode e deve ser
mudado e tornar-se um lugar onde todos possam viver
uma vida plena, livre da pobreza e da desigualdade.
Desenvolvemos um trabalho global em prol de uma
mudança profunda, capaz de erradicar as causas da
pobreza, na luta pela igualdade, dignidade e liberdade
para todos, independentemente de fé ou nacionalidade.
Somos parte de um movimento mais amplo por justiça
social.
Prestamos assistência efetiva, prática e de urgência aos
mais necessitados, cuidando dos efeitos da pobreza
assim como de suas raízes.
Por meio de uma abordagem integrada de erradicação
da pobreza, trabalhamos em todo o mundo para o
desenvolvimento de longo prazo, no socorro humanitário
e nas questões e campanhas específicas de incidência.
Expomos o escândalo representado pela pobreza,
desafiando e mudando sistemas e instituições que
favorecem os ricos e poderosos em detrimento dos
pobres e marginalizados.
1. Poder de mudar as instituições
Queremos que todos tenham poder para influenciar
as instituições, de modo que as decisões que
afetam suas vidas sejam tomadas de modo justo e
responsável.
2. Direito a serviços essenciais
Queremos que todos possam gozar do direito de
acesso a serviços essenciais de saúde e segurança.
3. Participação justa de um mundo limitado
Queremos que todos possam usufruir de parte justa
e sustentável dos recursos do mundo.
4. Igualdade para todos
Queremos um mundo mais inclusivo, em que a
identidade – gênero, etnia, casta, religião, classe
e orientação sexual – deixem de impedir o
tratamento igualitário.
5. Enfrentamento da violência e construção da paz
Queremos que as pessoas vulneráveis sejam
protegidas da violência e que possam viver em paz.
Do Afeganistão ao Zimbábue, a Christian Aid opera junto
a algumas das comunidades mais pobres do mundo,
apoiando projetos, com base em necessidades, não em
religião, etnia, gênero ou nacionalidade.
‘Acreditamos que o mundo
pode mudar’
Em 2012/13, a Christian Aid garantiu financiamento a 814
organizações parceiras na África, Ásia e Oriente Médio,
América Latina e Caribe. Nossa receita total foi de £95,4
milhões ($153,7 milhões), incluindo £39,8 milhões ($64,1
milhões) em fundos de governos e outras instituições.
Garantimos o financiamento de cerca de £8,3 milhões
($13,7 milhões) a 109 parceiros na América Latina e
Caribe.
A nova estratégia global
Acreditamos que as causas subjacentes da pobreza e
das desigualdades são consequência de ações humanas,
e que quando as pessoas trabalham em conjunto, o
mundo pode mudar. Este pensamento é a base de nossa
estratégia global, a Parceria para Mudança.
A falta de poder está na raiz da pobreza: o poder de
manifestar-se e ser ouvido, o conhecimento de seus
direitos e a capacidade de exigir que sejam cumpridos.
Para nós está claro que só poderemos erradicar a pobreza
se ajudarmos as pessoas a conquistarem o poder de se
ajudarem a si mesmas. Identificamos cinco aéreas de
foco de nosso trabalho:
Após o terremoto no Haiti, em 2010, muitas famílias se mudaram
para estruturas improvisadas no campo. Nossa parceira, a Haiti
Survie, está construindo casas resistentes a terremotos.
2
Prontidão contra enchentes
A líder comunitária Concepción Moratalla (na foto
com sua neta Catarina) é trabalhadora rural em
Bajo Lemos, El Salvador, há mais de trinta anos.
Durante as enchentes de 2011, ela passou doze
dias em um abrigo de emergência. Ela nos diz:
‘Sempre houve enchentes [no passado], mas não
como agora.’
‘Antes, não sabíamos direito como
enfrentar as enchentes’
Concepción vem trabalhando com a Acudesbal,
parceira da Christian Aid, ajudando sua
comunidade na prontidão e enfrentamento
das enchentes.
Christian Aid na América Latina
e Caribe
Antecedentes
Trabalhamos na América Latina e Caribe há mais de
30 anos, apoiando nossos parceiros no enfrentamento
da injustiça, das violações dos direitos humanos e
desigualdades. Acreditamos que as desigualdades vão
muito além da renda, compreendendo ainda gênero,
etnia, propriedade da terra, acesso a serviços básicos,
impostos e justiça climática. Nosso trabalho focaliza
grupos afetados de modo desproporcional pelas
desigualdades, pobreza, violência e exclusão social –
incluindo os povos indígenas, os afrodescendentes e as
mulheres.
‘Tenho um rádio. Assim, quando vêm as
enchentes, posso manter contacto com a
Acudesbal e a comunidade.’
‘Antes, não sabíamos direito como enfrentar
as enchentes.’
‘Atualmente temos líderes em cada uma das áreas
da comunidade, e todos conhecem o processo de
evacuação.’
Dado o elevado nível das enchentes, o baixo
número de mortes atesta o trabalho de redução
de risco de desastre realizado pelos parceiros da
Christian Aid.
A região vem progredindo. Na última década, pudemos
testemunhar a queda geral dos níveis de pobreza, e
alguma redução das disparidades de renda.1 Mas ainda há
desigualdades dramáticas e insustentáveis entre grupos
sociais e territórios. É fundamental para nosso trabalho
que esses extremos e disparidades dentro e entre países
sejam expostos, assim como o severo impacto dessas
desigualdades sobre grupos particulares.
Desafios atuais
São necessárias mudanças nas estruturas e sistemas,
para que haja promoção da igualdade e garantia
de crescimento econômico benéfico para todos.
Acreditamos que sem uma tentativa séria de
mudança nas relações de poder, e da revisão das
3 Parceria para Mudança: Christian Aid na América Latina e Caribe
estruturas econômicas, será impossível alcançar um
desenvolvimento sustentável e contínuo.
mulher, em particular, é um imenso problema e precisa
ser considerado seriamente.
Atualmente, a maioria dos pobres no mundo vive nos
chamados países de renda média. É preocupação
fundamental o fato de que muitos desses países falham
na tradução de seu alto crescimento econômico em
melhoria das vidas dos cidadãos mais pobres. Decisões
sobre ajuda estrangeira se baseiam geralmente em níveis
de renda média do país que recebe a ajuda, sem maiores
questionamentos sobre as disparidades mais profundas e
o número real de pobres e marginalizados.
Os direitos de grupos marginalizados, particularmente
as mulheres, povos indígenas, e afrodescendentes, são
habitualmente violados, ou não reconhecidos por aqueles
que detêm o poder. É vital que esses grupos tenham voz
e sejam capazes de moldar seu futuro e o da sua região.
O direito à terra é também uma questão primordial, uma
vez que as comunidades continuam a lutar pelo direito
legal à terra em que vivem, e por oportunidades de
produzir e comercializar seus produtos agrícolas.
Na América Latina e no Caribe, os níveis de violência e
criminalidade continuam a crescer. A violência contra a
O futuro das crianças e a floresta
Deivite (à esquerda) e Dielem celebram um final
de dia escolar no Brasil, com um banho de rio
em um tributário do rio Amazonas. As crianças
são membros da comunidade quilombola, cujos
ancestrais eram escravos fugidos das antigas
fazendas brasileiras, que se refugiaram na floresta
tropical, onde vivem até hoje.
‘Nossa parceira CPI ajuda o povo
quilombola a conquistar o título
coletivo de suas terras’
Porém, a terra da qual depende a comunidade de
Deivite e Dielem está ameaçada pelos grandes
empreendimentos e infraestrutura de larga escala.
O futuro da comunidade quilombola na Amazônia
depende de sua capacidade de proteger as terras e
tirar da floresta um meio de vida sustentável.
A CPI (Comissão Pró-Índio de São Paulo), nossa
parceira, vem ajudando o povo quilombola a
obter o título coletivo de suas terras, a enfrentar
ameaças, e a tornar a colheita da castanha do Pará
uma fonte confiável de renda, que proteja o futuro
de crianças como Deivite e Dielem, e a própria
floresta.
4
A região já sofre os efeitos das mudanças climáticas,
sendo mais atingidas as comunidades indígenas,
afrodescendentes e camponesas de lugares como Andes
e florestas tropicais da Amazônia.
A localização geográfica da América Central, entre os
continentes Norte e Sul Americanos, aumenta sua
vulnerabilidade climática, e a deixa sujeita a terremotos
e erupções vulcânicas, além de furacões decorrentes
de sua proximidade dos Oceanos Pacífico e Atlântico.
O Caribe também experimenta, cada vez mais,
padrões severos de clima relacionados ao aumento das
temperaturas do oceano, que provocam terremotos mais
ameaçadores e períodos de enchentes e secas mais
intensos. Esses eventos, assim como deslizamentos
de terra e enchentes graves na América do Sul, afetam
principalmente as áreas urbanas e comunidades rurais
pobres devido às circunstâncias vulneráveis em que
vivem essas populações: casas frágeis, facilmente
avariadas ou destruídas pelos fenômenos adversos;
árvores e plantas (para alimento e fogo), que poderiam
ajudar a absorver e conter a água, são arrancadas da
terra; há ainda o desmatamento e o uso exploratório da
terra para agricultura e empreendimentos que tornam
o solo mais sujeito a deslizamentos em face de chuvas
pesadas.
No setor de desenvolvimento, estão em curso discussões
sobre o que irá substituir as Metas de Desenvolvimento
do Milênio. Como mencionado na agenda pós-2015,
essas discussões constituem importante oportunidade
para compartilharmos com nossos parceiros nossa visão
das desigualdades e de desenvolvimento sustentável, e
garantirmos que seja parte integrante das metas globais
futuras, orientando políticas públicas em diferentes níveis.
A questão dos tributos vem se tornando, cada vez
mais, parte da agenda de desenvolvimento. Junto a
nossos parceiros locais, temos vantagens comparativas
no trabalho pela justiça fiscal e nos próximos anos
continuaremos a aprofundar nossa atenção.
Acreditamos que este seja um modo pelo qual sistemas
e estruturas podem ser mudados em prol da redução das
desigualdades.
Nosso alcance
A Christian Aid tem cinco programas na América Latina e
no Caribe.
Bolívia
Nosso programa promove os direitos das comunidades
da floresta e de outros povos vulneráveis da região
amazônica. Ajudamos o fortalecimento das organizações
de base para que as pessoas pobres sejam efetivamente
o foco do processo de mudança e possam se tornar
comunidades prósperas e resilientes.
No Brasil, nosso parceiro MST (Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra) promove a produção agrícola por meio de
mais de 400 cooperativas e incidências por escolas rurais, saúde,
estradas e acesso a mercados.
Brasil
Trabalhamos com parcerias em nível local, nacional e
internacional em prol da redução das desigualdades
de gênero e de etnia; da promoção da capacidade das
comunidades de vender seus produtos no mercado
nacional e global, assegurando que os projetos levem
em conta os impactos ambientais e o uso sustentável
da energia, além do aperfeiçoamento do trabalho de
incidências que promovem políticas de inclusão, nos
âmbitos nacional e internacional.
América Central
Operamos em quatro países da América Central – El
Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua – em prol
da subsistência resiliente, da justiça fiscal, da prevenção
da violência e de mercados inclusivos. Operamos junto
a trinta parceiros, de grupos de comunidades de base a
maiores organizações que operam dentro e fora da região.
Colômbia
Nosso foco são questões relacionadas à violência, à terra
e territórios, à impunidade, comunidades vulneráveis e
direitos humanos. Trabalhamos com parceiros em prol
do fortalecimento da resiliência das comunidades e de
sua capacidade de demandar seus direitos, fazendo com
que o estado dialogue e se responsabilize mais perante a
sociedade civil.
Haiti e República Dominicana
Nosso trabalho no Haiti e na República Dominicana está
centrado em fortalecimento e resiliência. Queremos
fortalecer os cidadãos para que possam responsabilizar
seus estados, desafiar e modificar os sistemas e
estruturas econômicas e políticas, além de criar uma
sociedade mais justa, mais transparente, trabalhando em
prol da diminuição dos abusos dos direitos humanos por
instituições mais fortes, e pela redução das desigualdades
dos mais vulneráveis.
5 Parceria para Mudança: Christian Aid na América Latina e Caribe
Nossos parceiros
A fé em ação
Operamos junto a e por meio de parceiros dentro e fora
das regiões, incluindo organizações da sociedade civil
– igrejas e organizações baseadas na fé, movimentos
sociais, organizações não governamentais e instituições
de pesquisas – assim como governos, setor privado e
outras organizações com experiência técnica, que possam
nos apoiar a produzir mudanças.
Nossas ligações com redes ecumênicas, igrejas, e
organizações baseadas na fé se fortaleceram por meio
de crescente colaboração com a Aliança ACT (Ação das
Igrejas Unidas) e parceiros regionais fundamentais.
Buscamos maximizar nosso alcance global
compartilhando nossas experiências e aprendizados entre
outras regiões em que operamos – África, Ásia e Oriente
Médio – amplificando as vozes de nossos parceiros nos
cenários nacional, regional e internacional.
Construindo sobre fundações
firmes
Desde 2011, fizemos grandes avanços em relação a
nossa visão de desafiar os inaceitáveis altos níveis de
desigualdade e de pobreza das regiões da América Latina
e Caribe. Revisamos nosso trabalho entre 2011 e 2013, e
nossa estratégia pretende embasar nosso novo trabalho
em ganhos passados, focando e cobrindo as falhas que
restam. Algumas das principais conclusões resultantes da
revisão incluem:
Incidência
Aprofundamos e expandimos nosso trabalho em justiça
tributária e mudança climática. Os parceiros participaram
de fóruns globais, e desempenharam papel fundamental
no desafio aos abusos dos direitos humanos e na garantia
dos direitos à terra.
Subsistência resiliente
Nossos programas buscaram dar conta da pobreza que
afeta as pessoas como resultado de fatores econômicos,
sociais e ambientais, e de conflito. Atuamos em prol da
redução de risco de desastres nacionais e de programas
de prontidão, incrementando nosso trabalho de modo a
garantir também que as comunidades pobres tenham
acesso a mercados locais e globais.
Desigualdade de gênero
Este é um compromisso transversal, embora ainda
tenhamos de incluir gênero como questão chave em
todas as parcerias. A prevenção da violência baseada
em gênero é atualmente uma parte importante de nosso
trabalho relacionado a gênero.
‘Fizemos grandes avanços em
relação a nossa visão de desafiar
os inaceitáveis altos níveis de
desigualdade e de pobreza’
Mudanças fundamentais
Nossos programas na Jamaica e no Peru estão sendo
desativados. Apesar do bom trabalho desenvolvido
nos dois países, decidimos centralizar os recursos em
um número menor de localidades, onde podemos
proporcionar maior evidência de impacto.
Desempenho
Alguns dos programas começaram a avaliação de
seu trabalho por meio de medições de impacto e de
trocas de aprendizagens. A prestação de contas aos
beneficiários também melhorou dramaticamente,
principalmente devido à implementação das normas de
HAP (Humanitarian Accountability Partnership – Parceria
Humanitária de Responsabilização).2
Nossa estratégia para a América
Latina e Caribe
Nosso trabalho na América Latina e Caribe contribui para
quatro dos cinco objetivos de mudança estratégica global
da Christian Aid.
1. Poder de mudar as instituições
Por meio de incidências de raiz, diretamente baseadas
nas experiências de nossos parceiros, promovemos
o fortalecimento de organizações e indivíduos chaves
na região em favor de mudança das instituições, dos
sistemas e leis que perpetuam as desigualdades.
Fortalecemos a participação de parceiros e de
comunidades em processos de decisão, no âmbito
local e nacional, e no monitoramento da adoção de
políticas públicas de inclusão.
As incidências na região, na Europa e nos Estados
Unidos continuam a desempenhar papel importante
em nossa estratégia com vistas a garantir que os
estados continuem a prestar contas a seus cidadãos.
2. Participação justa de um mundo limitado
O desenvolvimento de um Mercado inclusivo; a
construção da resiliência das comunidades urbanas
e rurais para um melhor enfrentamento dos riscos
ambientais e não ambientais, inclusive violência,
conflitos e impactos decorrentes da mineração
em larga escala, de projetos de agronegócio e de
infraestrutura são componentes importantes de
nosso trabalho de promoção de participação justa, e
do reconhecimento de que todos nós vivemos em
um mundo limitado.3
6
Enfrentamento da violência e construção da paz
O medo se tornou parte da vida de Liliana
Turbequia, quando ela tinha nove anos: seu pai foi
morto e sua família deslocada durante o conflito
armado que ainda segue na Colômbia.
‘Eu quero que todos possamos viver
em paz’
A Inter-Church Commission for Justice and
Peace (Comissão Interigrejas por Justiça e Paz),
parceira da Christian Aid, ajudou a comunidade
de Liliana a retornar, a reconstruir e estabelecer
3. Igualdade para todos
A Christian Aid se utiliza de análises e práticas
baseadas na aprendizagem e experiência para lidar
com as causas de disparidade entre diferentes partes
da sociedade – rural e urbana, branca e afro-indígena,
mulher e homem, velhos e jovens – na América
Latina e no Caribe, buscando contribuir para a
igualdade de todos, em uma região que permanece a
mais desigual em todo o mundo.
4. Enfrentamento da violência e construção da paz
Trabalhamos através de parceiros locais em prol da
construção da paz por meio do fortalecimento da
capacidade das comunidades e dos setores afetados
pela violência e conflito, visando acabar com os
preconceitos de todos os tipos.
uma zona humanitária segura, onde armas não
são permitidas. A zona foi reconhecida nacional e
internacionalmente, e abriga atualmente quarenta
famílias, em sua maioria de afro-colômbianos e
camponeses.
Liliana (na foto com sua filha) e sua família vivem
aí em segurança há quatro anos.
‘Eu quero que todos nós possamos viver em paz,’
afirma Liliana.
Trabalho com outras organizações
Continuamos a trabalhar com a InspirAction (Christian
Aid da Espanha) em iniciativas conjuntas de incidência e
de comunicação com foco em nosso trabalho na região.
Nossa participação ativa da ACT Alliance nos permite
falar a uma só voz ecumênica em toda a região, ao
mesmo tempo em que ainda mantemos laços estreitos
com a agência irmã Church World Service (Serviço
mundial da Igreja) nos Estados Unidos e outras agência
ecumênicas na Europa para os trabalhos chaves de
incidência e questões de capacitação.
A qualidade do trabalho da Christian Aid e de seus
parceiros é reconhecida pelo apoio contínuo que recebe
de doadores institucionais como a União Europeia, as
Nações Unidas, e o Departamento do Governo do Reino
7 Parceria para Mudança: Christian Aid na América Latina e Caribe
Unido para o Desenvolvimento Internacional (DFID), assim
como de fundos e fundações internacionais, britânicas e
irlandesas. Essa colaboração vai além do financiamento,
incluindo construção de capacidade e incidência.
Modelo para o futuro
Como nossos programas estão localizados em países
altamente vulneráveis a riscos naturais, a Christian
Aid continua a apoiar o trabalho de prontidão para
emergências e estará sempre disponível para responder
com apoio humanitário, nos casos de necessidade.
Justiça Climática
Fundamentadas na Parceria para Mudança, há sete áreas
chaves que modelam nosso novo trabalho na América
Latina e no Caribe.
Nosso programa visa apoiar as comunidades no
desenvolvimento de subsistência resiliente às mudanças
climáticas e aos desastres. Um aumento dos desastres
naturais é geralmente atribuído às mudanças climáticas,
e tais emergências causam perdas significativas para os
mais vulneráveis nos países em que operamos.
Uma indústria sustentável e viável
Fernando Temo Nalema vive na floresta tropical
da Bolívia. ‘Eu amo a floresta,’ diz ele. ‘Quando
crescer, quero ser fazendeiro como meu pai.’
‘O CIPCA vem ajudando todas as
famílias daqui’
Graças ao CIPCA (Centro de Pesquisa e
treinamento de Camponeses), parceiro da Christian
Aid, isso poderá se tornar realidade.
O CIPCA vem apoiando famílias indígenas no
desenvolvimento do manejo florestal de cacau
nativo na região de Beni. Atualmente, uma fábrica
local foi construída para o processamento do
cacau em chocolate, para o mercado nacional.
O cacau vem se tornando uma indústria viável,
sustentável, e ambiental em Beni, permitindo que
as comunidades tenham uma renda segura, e seus
jovens tenham perspectivas e não precisem deixar
suas casas na floresta. Fernando diz: ‘O CIPCA vem
ajudando todas as famílias daqui.’
Ibremia Semo Yuco, membro da comunidade,
acrescenta: ‘Sentimo-nos felizes porque temos a
garantia de venda de nosso chocolate a preços que
nos beneficiam.’
8
Nosso trabalho inclui: incidências locais, regionais,
nacionais e internacionais, adaptação às mudanças
climáticas, redução de risco de desastres (inclusive uso
de conhecimento tradicional para lidar com o impacto das
mudanças climáticas), investigações científicas, gestão
da água, gestão da floresta e modelos alternativos de
energia baseados em energia de baixo carbono.
Nossos programas irão trabalhar em prol do crescimento
da renda das mulheres e de sua autonomia econômica
nas áreas rurais e urbanas. Iremos promover um modelo
novo de masculinidade que torne os homens conscientes
dos efeitos das desigualdades de gênero, buscando
prevenir a violência contra a mulher, e a violência em
geral.
A fé em ação
O direito à terra
O ecumenismo é um elemento significativo no quadro
religioso da região. Como somos uma organização cristã,
as organizações baseadas na fé são para nós parcerias
importantes. As organizações baseadas na fé vêm tendo
sucesso em suas campanhas em prol de questões como
direitos humanos, paz, desenvolvimento sustentável,
prevenção de violência com base em gênero e justiça
climática.
A terra e os territórios estão intimamente ligados à
subsistência e identidade das comunidades rurais.
Apoiaremos os sem terra, os camponeses, povos
indígenas, afrodescendentes, inclusive as comunidades
quilombolas no Brasil, visando garantir seus direitos
constitucionais e ancestrais à terra, e reforçar suas
organizações comunitárias em face das ameaças
relacionadas aos direitos à terra da parte de projetos de
infraestrutura de larga escala, como represas, rodovias,
projetos extrativistas, agronegócios, e dos conflitos
armados.
Acreditamos no papel fortalecedor da fé em ações de
combate às desigualdades, na promoção de mudanças de
comportamento e na formação de iniciativas de incidência
baseadas nas experiências das pessoas que vivem em
pobreza.
Comprometemos-nos à reflexão teológica e de contexto
bíblico sobre desigualdades, sustentabilidade, tributação
e moralidade, violência baseada em gênero, conflitos e
violência, a agenda pós-2015, poder e inclusão, assim
como à troca de nossas experiências com as igrejas do
Reino Unido e da Irlanda.
Justiça de gênero
Acreditamos que a falta de justiça de gênero é uma
das causas estruturais da pobreza e das desigualdades.
Na América Latina e no Caribe, apesar de haver leis de
igualdade de gênero, em geral não há nem orçamento
nem vontade política para que essas leis sejam
totalmente aplicadas.
Desigualdade de gênero é ainda pior em relação às
mulheres indígenas e às afrodescendentes. A violência
doméstica, o abuso e assédio sexual são prevalentes,
embora essas questões sejam quase que completamente
excluídas dos debates oficiais sobre a insegurança
pública.
Apoiaremos o desenvolvimento de programas sensíveis
a gênero mais eficazes na região e buscaremos envolver
igrejas e organizações baseadas na fé nesses esforços,
por meio de ação (treinamento e denúncia), e reflexões
contextuais teológicas e bíblicas.
Iremos expor as violações dos direitos das mulheres
em projetos do governo, promover políticas públicas
que tratem dessa questão, e encorajar a participação
de mulheres dos movimentos sociais e dos espaços
políticos.
Apoiaremos trabalhos relacionados a políticas e
campanhas de incidência que modelem esses direitos,
inclusive a Convenção 169 da Organização Internacional
do Trabalho, que outorga aos povos indígenas e tribais
o direito de consulta e consentimento em todas as
questões implementadas em suas terras.
Mercados inclusivos
Apoiaremos as pessoas marginalizadas para que
aproveitem as oportunidades do mercado de geração de
riqueza e prosperidade, produzindo mudança sustentável
e duradoura.
Nosso trabalho de desenvolvimento de mercados
inclusivos na América Latina e no Caribe focaliza
principalmente o acesso ao mercado, por meio de apoio
a pequenos negócios pertencentes e administrados por
pessoas pobres (como as associações cooperativas e de
produtores), nas áreas rurais e urbanas.
Nossos programas na Bolívia, Brasil e América Central
utilizam ferramentas (mapas e estudos de mercado,
estudos de viabilidade, planos de negócios, projeções
financeiras e de fluxo de caixa) para o desenvolvimento de
projetos de qualidade e o aperfeiçoamento das cadeias de
valores. Vimos engajando cada vez mais o setor privado,
inclusive associações cooperativas, processadores,
compradores e exportadores.
Enfrentamento da violência, construção
da paz
Os altos níveis de pobreza e desigualdades na America
Latina e no Caribe, particularmente de grupos étnicos,
estão intimamente relacionados a altos níveis de violência.
Acreditamos que a violência tem origem na incapacidade
por parte dos sistemas políticos de solucionar conflitos,
9 Parceria para Mudança: Christian Aid na América Latina e Caribe
Sucesso de justiça fiscal
O Centro Bonó, parceiro da Christian Aid, esteve à
frente de um dos maiores movimentos públicos da
história da República Dominicana, que exigia que
os impostos pagos pelo povo fossem usados para a
melhoria de vida para todos.
‘Conseguimos dobrar o investimento em educação.’
‘A campanha conseguiu que o
governo concordasse em investir na
educação das próximas gerações’
de modo a satisfazer os grupos mais vulneráveis e os
excluídos. Nossos programas buscarão fortalecer a
capacidade dos cidadãos de enfrentar desequilíbrios de
poder, clamar por seus direitos e transformar os conflitos.
Justiça fiscal
O desafio a sistemas tributários injustos e agressivos,
assim como aos gastos públicos injustificados, é uma
possibilidade de trabalho com vistas à ampliação da
igualdade. Sistemas tributários mais justos nos âmbitos
regional, nacional e global podem oferecer uma solução
realmente sustentável para sistemas que demonstram
que a riqueza ainda permanece nas mãos de uma minoria
A falta de fundos resultava em muitas crianças
sem uma educação decente. Em 2010, a Christian
Aid doou £10,000 para ajudar a criação de uma
campanha de pressão para que o governo da
República Dominicana gastasse 4% do produto
interno bruto do país em escolas. A campanha foi
apoiada por milhões e conseguiu que o governo
concordasse em investir em educação para as
próximas gerações.
Mario Serrano, o antigo diretor do Centro Bonó, diz:
‘Conseguimos dobrar o investimento em educação.
Isto irá melhorar e aumentar o número de escolas.’
privilegiada enquanto os mais pobres pagam uma
parte injusta.
Acreditamos na possibilidade de realização de campanhas
visando à mudança desses sistemas em nível nacional
e global. Iremos trabalhar a questão fiscal por meio de
diferentes abordagens: educação sobre a importância dos
impostos e de que modo a justiça fiscal pode mudar as
vidas dos mais pobres, formando a opinião pública para
que desafie sistemas tributários injustos e regressivos e
promovam alternativas, expondo as práticas injustas como
evasão de capital, e monitorando orçamentos nacionais e
gastos públicos.
10
Nossos objetivos
Nosso principal objetivo é apoiar mudanças profundas
que erradiquem as causas da pobreza, no esforço de
alcançar igualdade, dignidade e liberdade para todos,
independentemente de fé, gênero ou nacionalidade, nos
países em que atuamos na América Latina e no Caribe.
Temos dois objetivos principais a partir de 2013, que
definem o modo como nosso trabalho de parcerias
na América Latina e no Caribe irá contribuir para
alcançarmos as mudanças que queremos ver no mundo.
Objetivo 1
Objetivo 2
Fortalecer as comunidades para que façam com que
os tomadores de decisão prestem contas e sejam
mais sensíveis à sociedade civil, desafiando-os a
mudar os sistemas e estruturas, visando à redução da
pobreza e das desigualdades.
Garantia de que mulheres e homens das comunidades
urbanas e rurais onde operamos na América Latina
e no Caribe, e que são afetadas pela pobreza e
desigualdades, sejam mais resilientes a riscos,
choques e ameaças que afetam suas subsistências e
recursos.
Nossas metas:
•
•
•
•
Pobres e vulneráveis, inclusive os povos indígenas,
as mulheres e os afrodescendentes com voz ativa
nos sistemas de tomada de decisões.
Estados que respondam às demandas das
comunidades por políticas públicas mais justas, o
reconhecimento dos direitos humanos e à terra, e
redução de conflitos.
Parceiros da América Latina e do Caribe que
exerçam influência sobre sistemas tributários
nacionais e internacionais mais justos.
Leis implementadas e monitoradas visando à
prevenção de violência com base em gênero.
Nossas metas:
•
Comunidades pobres e marginalizadas das
áreas rurais e urbanas com acesso crescente a
mercados para seus produtos.
•
Comunidades pobres e marginalizadas das
áreas rurais e urbanas com melhor prontidão
para enfrentamento de riscos ambientais e não
ambientais, incluindo maior resiliência a riscos
decorrentes de violência e conflitos.
•
Parceiros na América Latina e no Caribe com
influência crescente presentes às negociações de
mudanças climáticas regionais, nacionais e globais.
Notas finais
1
Luis Lopez Calva e Nora Lustig, Declining Latin America Inequality: Market Forces or State Action, 6 de Junho de 2010.
HAP Internacional é o primeiro corpo autorregulador do setor humanitário. Os membros da HAP se comprometem a atingir os mais altos padrões
de prestação de contas e gestão de qualidade.
2 Christian Aid, The Scandal of Inequality in Latin America and the Caribbean, Abril de 2012
christianaid.org.uk/images/scandal-of-inequality-in-latin-america-and-the-caribbean.pdf
3
Fotos: Christian Aid/Hannah Richards (capa), Christian Aid/Prospery Raymond (page 1), Christian Aid/Susan Barry, (pg. 2), Christian Aid/Tabitha Ross (pg. 3), Christian Aid (pg. 4),
Christian Aid/M Gonzalez-Noda (pg. 6), Christian Aid/Rachel Stevens (pg. 7) e Christian Aid/Susan Barry (pg. 9).

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