Manual de Normas e Rotinas – Centro Cirurgico e CME

Transcrição

Manual de Normas e Rotinas – Centro Cirurgico e CME
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE LAVRAS
MANUAL DE NORMAS E ROTINAS
CENTRO CIRÚRGICO
CENTRAL DE MATERIAL DE ESTERILIZAÇÃO
RAQUEL DE SOUZA
GISELE DE PAULA
ANA CAROLINA J. ALVARENGA
ALINE SAMPAIO
NATÁLIA PEREIRA
AMANDA LÚCIA
KÊNIA SILVA
LAVRAS – MG
2007
1
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 6
2 CENTRO CIRÚRGICO .............................................................................. 7
2.1 Objetivo do centro cirúrgico .................................................................... 7
2.2 Finalidade do centro cirúrgico ................................................................ 7
2.3 Área física do centro cirúrgico ................................................................ 7
2.3.1 Localização ......................................................................................... 7
2.3.2 Estrutura física..................................................................................... 8
2.3.2.1 Aspectos a considerar na Estrutura física ........................................ 11
3 RECURSOS HUMANOS: COMPETÊNCIA E ATRIBUIÇÕES
DA EQUIPE .............................................................................................. 14
3.1 Equipe de anestesia ............................................................................... 14
3.2 Equipe de cirurgia................................................................................... 14
3.2.1 Médico cirurgião .................................................................................. 14
3.2.2 Médico assistente ................................................................................ 15
3.2.3 Instrumentação cirúrgico ..................................................................... 15
3.3 Equipe de enfermagem .......................................................................... 15
3.3.1 Enfermeira ........................................................................................... 15
3.3.2 Técnico de enfermagem ...................................................................... 15
3.3.3 Circulante de sala ................................................................................ 16
3.3.4 Instrumentada cirúrgico ....................................................................... 16
3.3.5 Auxiliar de enfermagem....................................................................... 16
3.4 Montagem da sala cirúrgica ................................................................... 16
3.5 Atendimento durante o ato cirúrgico ....................................................... 17
3.6 Assistência durante a cirurgia contaminada ........................................... 20
3.7 Atendimento após a cirurgia ................................................................... 20
4 TRANSPORTE DO PACIENTE DO CENTRO CIRÚRGICO ..................... 22
5 O PACIENTE NA SALA CIRÚRGICA........................................................ 24
5.1 Recepção e preparo inicial ..................................................................... 24
6. NORMAS GERAIS PARA OS CUIDADOS NO PRÉ-OPERATÓRIO ....... 25
6.1 No setor de internação ........................................................................... 25
2
7 PRÉ-OPERATÓRIO IMEDIATO ................................................................ 26
8 PRÉ-OPERATÓRIO DE VÉSPERA .......................................................... 27
9 POSIÇÃO DO PACIENTE PARA A CIRURGIA ........................................ 30
9.1 Posição dorsal ou de decúbito dorsal ..................................................... 30
9.2 Posição ventral ou de decúbito ventral ................................................... 31
9.3 Posição lateral ou de decúbito lateral ..................................................... 31
9.4 Posição ginecológica .............................................................................. 32
9.5 Outras posições ..................................................................................... 32
10 PREPARO DO CAMPO OPERATÓRIO .................................................. 34
11 ANTISSEPSIA CIRÚRGICA .................................................................... 35
12 MEDIDAS DE CONTROLE PARA INFECÇÕES DO
SITIO CIRÚRGICO................................................................................. 36
12.1 Principais recomendações para prevenção do ISC .............................. 37
13 PROCEDIMENTOS NA PARAMENTAÇÃO PARA A CIRURGIA ........... 39
13.1 Degermação das mãos e antebraços ................................................... 39
13.2 Lavagem básica das mãos ................................................................... 39
13.2.1 Materiais e equipamentos necessários ............................................. 40
13.2.2 Técnica .............................................................................................. 40
13.3 Preparo das mãos e braços antes do ato cirúrgico .............................. 41
13.3.1 Soluções anti-sépticas com detergentes recomendados .................. 41
13.3.2 Materiais e equipamentos necessários ............................................. 41
13.3.3 Indicação ........................................................................................... 42
13.3.4 Técnica de escovação ....................................................................... 42
13.4 Paramentação cirúrgica e EPI’s ........................................................... 43
13.4.1 Paramentação com roupas estéreis .................................................. 44
14 EQUIPAMENTOS USADOS NO CENTRO CIRÚRGICO ........................ 47
14.1 Limpeza dos equipamentos .................................................................. 48
14.2 Cuidados com os equipamentos .......................................................... 48
15 MATERIAIS USADOS NO CENTRO CIRÚRGICO ................................. 50
15.1 Instrumental cirúrgico ........................................................................... 51
15.1.1 Grupo 1 - diérese cirúrgica ................................................................ 52
15.1.2 Grupo 2 - procedimentos de hemostasia ........................................... 52
15.1.3 Grupo 3 - exérese cirúrgica ............................................................... 53
3
15.1.4 Grupo 4 - exaurimento cirúrgico ........................................................ 54
15.1.15 Grupo 5 - Instrumentos para procedimentos especiais ................... 56
15.1.6 Grupo 6 - Instrumentos para fins diversos ......................................... 56
15.2 Cuidados e manuseio dos instrumentos ............................................... 57
15.2.1 Contagem dos instrumentos .............................................................. 59
15.2.2 Acondicionamento dos instrumentos ................................................. 59
16 CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS E O POTENCIAL
DE CONTAMINAÇÃO ............................................................................ 61
17 TERMINOLOGIA CIRÚRGICA ................................................................ 63
18 ANESTESIA E ANALGESIA .................................................................... 68
18.1 Principais objetivos do ato anestésico .................................................. 68
18.2 Anestesia propriamente dita ................................................................. 68
18.3 Etapa pós-anestésica imediata ............................................................ 69
19 ANTIBIÓTICOPROFILAXIA CIRÚRGICA ............................................... 70
20 SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA .................................... 71
20.1 Organização da sala de recuperação pós-anestésica .......................... 71
20.2 Recursos humanos............................................................................... 72
20.3 Transporte do paciente......................................................................... 73
20.3.1 Para a sala de recuperação pós-anestésica ..................................... 73
20.3.2 Alta da SRPA para unidade de internação ........................................ 75
20.4 Responsabilidade e assistência de enfermagem na SRPA .................. 75
20.4.1 Recepção do paciente ....................................................................... 76
20.5 Complicação observadas na SRPA com o paciente ............................ 78
21 FONTES DE CONTAMINAÇÕES EM CENTRO CIRÚRGICO................ 86
22 ESPÉCIMES E MEMBROS AMPUTADOS ............................................. 87
22.1 Espécimes ............................................................................................ 87
22.2 Membros amputados ............................................................................ 88
23 LIMPEZA E DESINFECÇÃO DA SALA CIRÚRGICA .............................. 90
23.1 Limpeza e desinfecção de áreas ......................................................... 90
23.1.1 Classificação das áreas pelo risco de contaminação ........................ 90
23.1.2 Método de limpeza e de desinfecção ................................................ 91
23.1.3 Produtos químicos para desinfecção de áreas e superfícies ............ 92
23.1.4 Métodos de desinfecção.................................................................... 92
4
24 PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS REALIZADAS EM UM
PACIENTE CIRÚRGICO .........................................................................94
24.1 Oxigenioterapia .....................................................................................94
24.1.1 Oxigenioterapia por cateter nasal ......................................................96
24.2 Cateterismo vesical ...............................................................................98
24.3 Punção venosa com agulha ou cateter .................................................100
24.4 Sondagem nasogástrica ........................................................................102
24.5 Lavagem intestinal com solução comercial ...........................................406
24.6 Curativo de incisão simples ...................................................................108
24.7 Curativo de incisão com pontos subtotais ou totais ...............................110
24.8 Curativo de incisão aberta .....................................................................112
25 CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO .............................................115
25.1 Planejamento ........................................................................................115
25.1.1 Estrutura física....................................................................................116
25.1.2 Localização ........................................................................................119
25.1.3 Equipamentos básicos de uma central de material ............................120
25.2 Recursos humanos................................................................................122
25.2.1 Competência do enfermeiro da CME .................................................122
25.2.2 Competências do técnico ou auxiliar de enfermagem da CME ..........123
25.3 Área de armazenamento e distribuição de artigos
médico-hospitalares ..............................................................................124
25.3.1 Acesso à área.....................................................................................125
25.3.2 Condições ambientais da área de armazenamento e distribuição .....125
25.3.3 Equipamentos da área de armazenamento e distribuição ..................125
25.3.4 Controle de artigos .............................................................................126
25.4 Monitorização dos processos ce esterilização ......................................127
25.5 Dinâmica da central de material esterilizado .........................................128
25.5.1 Fluxograma dos materiais ..................................................................128
25.5.1.1 Área de expurgo ..............................................................................128
25.5.1.2 Área de preparo de materiais e roupa limpa: sala de preparo
de luvas ..........................................................................................131
25.5.1.3 Área de esterilização .......................................................................141
25.6 Desinfecção e esterilização de artigos ..................................................150
5
25.6.1 Classificação dos artigos pelo risco de contaminação ..................... 151
25.6.2 Métodos de limpeza de desinfecção e de esterilização ..................... 152
25.6.2.1 Desinfecção .................................................................................... 152
25.6.2.2 Esterilização ................................................................................. 154
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 156
ANEXOS ...................................................................................................... 157
6
1 INTRODUÇÃO
Este manual é um instrumento que reúne de forma sistematizada
normas, rotinas e outras informações necessárias para o profissional que
trabalha em um Centro Cirúrgico e Central de Material de Esterilização.
O Centro Cirúrgico é um lugar especial dentro do hospital,
convenientemente preparado segundo um conjunto de requisitos que o torna
apto à prática da cirurgia. De uma forma mais técnica, conceitua-se Centro
Cirúrgico em um setor do hospital onde se realizam intervenções cirúrgicas
visando atender a resolução de intercorrências cirúrgicas, por meio da ação de
uma equipe integrada. Nele são realizadas técnicas estéreis para garantir a
segurança do cliente quanto ao controle de infecção. Por ser um local restrito, o
acesso ao público é limitado, ficando restrito a circulação dos profissionais que
lá atuam.
Já a Central de Material de Esterilização é a área responsável pela
limpeza e processamento de artigo e instrumentais médico hospitalares. É na
CME que se realiza o controle, o preparo, a esterilização e a distribuição dos
materiais hospitalares.
Tendo em vista o pressuposto, o presente material tem por objetivo
nortear e orientar os membros da equipe envolvidos nestes setores que se
tenha uma visão de conjunto, se conheça as atividades e finalidades dos
mesmos, bem como os procedimentos específicos e as responsabilidades de
cada um.
2 CENTRO CIRÚRGICO
7
2.1 Objetivo do centro cirúrgico
O principal objetivo da Unidade de Centro Cirúrgico é o de atender, da
melhor maneira possível, o paciente que será submetido a um procedimento
cirúrgico, seja ele eletivo, de urgência ou emergencial, propiciando à equipe
cirúrgica todas as condições de atendimento e ao paciente a certeza de um
atendimento seguro.
2.2 Finalidade do centro cirúrgico
As principais finalidades do Centro Cirúrgico são:
- realizar intervenções cirúrgicas e devolver o paciente à sua
unidade de origem na melhor condição possível de integridade;
- servir de campo de estágio para o aperfeiçoamento de recursos
humanos;
- servir de local de pesquisa e aprimoramento de novas técnicas
cirúrgicas e assépticas.
2.3 Área física do centro cirúrgico
2.3.1 Localização
- deve ocupar área independente da circulação geral, ficando,
assim, livre do trânsito de pessoas e materiais estranhos ao
serviço;
- possibilitar o aceso livre e fácil de pacientes provenientes das
Unidades de internação Cirúrgicas, Pronto Socorro e Terapia
Intensiva, bem como o encaminhamento dos mesmos às
Unidades de origem.
2.3.2 Estrutura física
8
•
Área de recepção do paciente - É a área reservada para
recepcionar e transferir pacientes da maca proveniente da Unidade de
internação para a do Centro Cirúrgico.
Assim, deve ter espaço suficiente para o recebimento de maca,
permitindo a circulação sem prejuízo do transporte ou risco para o paciente.
•
Sala de cirurgia ou operação - É a área destinada à realização de
intervenções cirúrgicas e endoscópicas.
Segundo o Ministério da Saúde, o número de salas de cirúrgicas para a
Unidade de Centro Cirúrgico é quantificado com base na capacidade de leitos
do hospital. Preconizam-se duas salas para cada 50 leitos não especializados
ou para cada 15 leitos cirúrgicos.
Deve ter suas dimensões adequadas de acordo com a quantidade de
equipamentos necessários aos tipos de intervenção cirúrgica e especialidade
cirúrgica.
A SO deve estar sob pressão positiva em relação aos corredores, o
que minimiza a entrada de ar desses locais para o interior da sala de operação.
O número de pessoas na sala de operação deve ser restrito ao
cirurgião e um ou dois auxiliares (de acordo com a complexidade do
procedimento do CC) anestesiologista e circulante de sala, considerando
sempre que, quanto maior o número de pessoas, maior a possibilidade de
disseminação de microrganismos no ambiente.
Convém evitar movimentação desnecessária de portas (que deverão
permanecer fechadas) conversas excessivas ou demais distrações.
• Sala de Recuperação Pós-anestésica
Local destinado à permanência do paciente após o ato anestésico cirúrgico. O número de leitos vai depender dos tipos de cirurgia previstos. De
um modo geral, estimam-se dois leitos por sala cirúrgica.
• Lavabos ou Área de Escovação
Local onde se realiza a escovação/degermação das mãos e antebraços
da equipe cirúrgica e anestésica. Recomenda-se, para até 2 salas, duas
torneiras para casa uma; para mais de duas salas, devem ser projetadas duas
9
torneiras para cada novo par de salas. O local de escovação deve ser próximo
às salas de cirurgias, a fim de reduzir o tempo de exposição da área escovada
ao meio ambiente. As torneiras devem ser acionadas por pedal ou com o
cotovelo, como também os recipientes para anti-sépticos.
Os tanques devem ser instalados numa altura de mais ou menos 90
cm, para favorecer a mecânica corporal no ato da escovação. Neste local
devem ser colocados os recipientes para escova e solução anti-séptica.
• Sala de Material Esterilizado
Local onde o material esterilizado (como
pacotes de roupa,
compressas, gazes, caixas de instrumentais etc.) é guardado até o momento
da sua distribuição para a sala de cirurgia.
A área física não deve permitir o cruzamento de material estéril com
material contaminado. Essa área deve ser fechada e possuir sistema de
renovação de ar. Sua temperatura ambiente deve ser mantida abaixo de 25ºC,
sendo o ideal até 21ºC, e a umidade relativa do ar entre 30% e 60%.
• Sala de guarda de equipamentos
Área para guardar e receber equipamentos que são necessários a
determinados procedimentos cirúrgicos, evitando o deposito de materiais e
equipamentos nos corredores, o que prejudicaria a circulação interna do Centro
Cirúrgico.
• Sala de depósito de cilindros de gazes
Este local está destinado pra guardar cilindros de oxigênio e óxido
nitroso mesmo que o sistema de distribuição seja centralizado.
• Sala de medicamentos e material médico-hospitalar
Área destinada à guarda de medicamentos e materiais de consumo
esterilizados para atender ao ato anestésico-cirúrgico.
• Sala de espera
É a área destinada aos familiares ou acompanhantes do paciente,
enquanto aguardam o termino da cirurgia e a alta deste da Sala de
Recuperação Pós-Anestésica (SRPA). Este ambiente deve ser provido de
poltronas confortáveis com assentos confortáveis e sanitários anexos.
• Sala administrativa
10
É
o
local
destinado
ao
controle
administrativo
da
Unidade,
concentrando a chefia de enfermagem e a secretaria.
• Sala de material de limpeza
Destinada à guarda de utensílios e equipamentos de limpeza, sendo
importante a presença de tanque com torneira, suporte de papel-toalha e lixeira
com tampa e pedal.
• Rouparia
É a área destinada a armazenar a roupa de uso na Unidade, tais como
lençóis de maca, de mesa cirúrgica, entre outros.
• Expurgo
Local destinado a eliminação de matéria orgânica proveniente das
salas de cirurgia como secreções e excreções do paciente.
• Área de transferência para macas
Essa área é importante para evitar a circulação interna de macas que
percorrem todo o hospital. As macas devem ser mantidas limpas e submetidas
à desinfecção após o uso, entre um paciente e outro.
• Sala ou laboratório de anatomia patológica
É a área que se destina à realização de exames anatomopatológicos
específicos e rápidos, como a biópsia de congelação. Esta sala pode ser
dispensada, quando o laboratório estiver situado nas proximidades do Centro
Cirúrgico.
• Laboratório para revelação de chapas
É a área utilizada para revelar radiografias, mas que também pode ser
dispensável quando a Unidade de Radiologia estiver situada próximo ao Centro
Cirúrgico.
• Corredores
Devem ser amplos e possuir protetores laterais nas paredes,
preferencialmente de madeira ou metal, a fim de evitar o impacto entre as
macas e as paredes.
• Vestiários
11
O Centro Cirúrgico deve ter dois vestiários, um feminino e um
masculino, com sanitários e chuveiros completos e armários individuais, e duas
portas, de modo que o fluxo externo de pessoas independa do fluxo interno.
Assim, devem estar localizados na entrada do Centro Cirúrgico, de
modo que os profissionais, e outras pessoas que venham da área de circulação
externa, só possam ter acesso ao setor após a troca de roupa em uso por
uniforme próprio e privativo para o local. Este consta de calça comprida, túnica,
gorro, propés e máscara.
Os vestiários são barreiras físicas, considerando que estas estão
definidas
como
“aqueles
ambientes
que
minimizam
a
entrada
de
microorganismos externos”.
• Copa
É importante pára evitar o fluxo e dispersão de pessoal no Centro
Cirúrgico. É o local próprio e restrito para alimentação, evitando o uso incorreto
de outros ambientes do Centro Cirúrgico.
2.3.2.1 Aspectos a considerar na Estrutura física
• Teto
Conforme a Portaria 1.884/94 do Ministério da Saúde, o teto do Centro
Cirúrgico deve ser continuo, sendo proibido o uso de forro falso removível
(BRASIL, 1994).
• Paredes
Deve ter as superfícies lisas e laváveis, de cor neutra, tinta fosca,
cantos arredondados sem rodapé, com acabamento côncavo, para reduzir a
deposição de microorganismos. As paredes devem ser mantidas em bom
estado de conservação.
• Portas
As portas devem ser do tipo vaivém, sem maçanetas e com visores,
para evitar o trânsito desnecessário dentro da sala de operação.
• Janelas
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Devem ser do tipo basculante, sem parapeitos, dentro e fora, com vidro
fosco, vedadas e teladas em malha fina, para evitar a passagem de insetos.
Deve permitir entrada de luz natural.
• Ventilação
O
objetivo
de
uma
ventilação
adequada
é
a
remoção
de
microorganismos, além de prevenir a sua entrada e promover a exaustão dos
gases anestésicos utilizados durante as cirurgias. A ventilação deve manter o
ambiente confortável e controlar a umidade diminuindo os riscos de produção
de fagulhas eletrostáticas.
A NBR 7256, citada na Portaria 1.884/94 do Ministério da Saúde,
regulamenta a ventilação da sala de operações nas seguintes condições
(BRASIL, 1994):
- condições físicas: temperatura mínima de 19ºC e máxima de
24ºC, com umidade relativa do ar correspondente a 45% a 60%.
- vazão pro minuto do ar exterior: 15m% (ml/h)
- troca do ar ambiental: 2 s/h
- insuflamento e exaustão do ar filtrado
- nível sonoro de instalação mínima
- pressão positiva em relação ao ambiente contíguo
- preconizam-se que as entradas de ar estejam localizadas o mais
alto possível, em relação ao nível do piso, devendo estar
afastadas das saídas, que são localizadas próximas ao piso.
Ambas as aberturas devem ser providas de filtros.
• Iluminação
A iluminação artificial deve ser de cor natural, para não altear a
coloração da pele e mucosas do paciente e não deixar sombras.
A iluminação do campo cirúrgico, em especial é realizada com os focos
central ou fixo, auxiliar e frontal. O foco tem por finalidade:
- oferecer luz semelhante à natural, de modo a não alterar a cor da
pele e mucosas do paciente.
- fornecer iluminação adequada ao campo cirúrgico, sem projeção
de sombras e emissão de reflexos.
13
- produzir o mínimo de calor possível no campo operatório.
• Instalações elétricas
Preconizam três conjuntos com quatro tomadas cada, em paredes
distintas, alimentadas por circuitos críticos e uma tomada para aparelho de
raios X.
Como medida de segurança as tomadas devem estar localizadas a 1,5
m do piso, devendo possuir sistema de aterramento para prevenir choque e
queimaduras no paciente e equipes.
14
3 RECURSOS HUMANOS: COMPETÊNCIA E ATRIBUIÇÕES DA
EQUIPE
3.1 Equipe de anestesia
A equipe de anestesia é formada por médicos anestesiologistas,
responsáveis por todo ato anestésico, com as atribuições iniciais de fazer a
avaliação pré-anestésica do paciente ainda em sua unidade de internação e
de fazer a prescrição da medicação pré-anestésica.
É também da responsabilidade dessa equipe planejar e executar a
anestesia, prevendo com antecedência todos os materiais, equipamentos e
medicamentos necessários, bem como preparar e administrar drogas e
controlar as condições clínicas e anestésicas do paciente durante a cirurgia.
Ao termino da cirurgia é da responsabilidade dessa equipe o envio do
paciente à Unidade de Recuperação Pós-Anestésica e seu controle até o
restabelecimento das condições do paciente, para que este possa retornar à
unidade de origem em segurança.
3.2 Equipe de cirurgia
A equipe de cirurgia é a responsável direta pelo procedimento cirúrgico
e compõe-se dos seguintes elementos:
3.2.1 Médico cirurgião
É o responsável pelo ato cirúrgico a ser desenvolvido. Cabe-lhe,
portanto, planejá-lo e executá-lo, comandando-o e mantendo a ordem no
campo operatório.
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3.2.2 Médico assistente
É o que auxilia na cirurgia. Dependendo do porte desta, pode ser
necessário mais de um. Ao primeiro assistente compete auxiliar diretamente o
médico cirurgião e substituí-lo caso haja necessidade.
3.2.3 Instrumentação cirúrgico
Parte integrante da equipe de cirurgia, é responsável pelo preparo da
mesa de instrumental, devendo prever e solicitar com antecedência todo o
material que julgar necessário. É ainda quem fornece os instrumentais ao
cirurgião e seus assistentes durante o ato cirúrgico, mantendo a mesa de
instrumental em ordem e ficando sempre atento para que nada falte. Este
profissional deverá se adequar à resolução do Conselho Federal de Medicina.
3.3 Equipe de enfermagem
A equipe de enfermagem que atua no Centro Cirúrgico é composta por
pessoas de vários níveis, com responsabilidades diferentes. A quantidade
desse pessoal varia conforme a complexidade e o volume de trabalho existente
na Unidade, mas em geral a equipe é composta de:
3.3.1 Enfermeira
Responsável pelo planejamento das ações de enfermagem que serão
desenvolvidas no decorrer do ato cirúrgico, bem como pelo gerenciamento
relativo aos materiais e equipamentos necessários.
3.3.2 Técnico de enfermagem
Auxiliar direto da enfermeira, são-lhe delegadas também tarefas
especiais, como: verificar o funcionamento, a conservação e a manutenção dos
16
equipamentos
necessários
ao
funcionamento
do
Centro
Cirúrgico;
responsabilizar-se pelo encaminhamento das peças cirúrgicas aos laboratórios
especializados e controlar o material esterilizado, verificando seus prazos de
validade. Pode também exercer as atividades de instrumentador cirúrgico ou de
circulante de sala.
3.3.3 Circulante de sala
Papel normalmente desempenhado pelo auxiliar de enfermagem, com
estas atribuições: atendimento direto das solicitações da equipe médica no
decorrer do ato cirúrgico, posicionamento adequado do paciente, verificação e
controle de todos os equipamentos exigidos pela cirurgia.
3.3.4 Instrumentada cirúrgico
Fornecedor dos instrumentais cirúrgicos à equipe médica no decorrer
da cirurgia esse papel deve ser desempenhado pelo auxiliar de enfermagem.
3.3.5 Auxiliar de enfermagem
É responsável pela montagem da sala cirúrgica, atividades durante o
ato cirúrgico e após.
3.4 Montagem da sala cirúrgica
Para a montagem da sala, o auxiliar de enfermagem deve tomar as
seguintes providencias:
- ler com atenção a marcação de cirurgia, observando a
solicitação de materiais, medicamentos, equipamentos e outros
itens essenciais ao ato cirúrgico;
- verificar a limpeza dos pisos e paredes;
- prover a sala dos equipamentos solicitados;
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- efetuar a limpeza e a desinfecção dos equipamentos e
mobiliário necessários ao ato cirúrgico, conforme rotina
estabelecida;
- testar o funcionamento de todos os equipamentos elétricos,
assim como dos pontos de gás e dos aspiradores;
- verificar se o lavabo está em ordem e lavar as mãos;
- equipar a sala com todo o material necessário para o
procedimento cirúrgico (material estéril,d e pronto uso e nãoestéril);
- providenciar as medicações necessárias para o procedimento
anestésico-cirúrgico, assim como o material para a anestesia;
- verificar se os impressos a serem utilizados no decorrer da
cirurgia estão em ordem e são suficientes;
- colocar o pacote de campos e aventais, as luvas e as caixas de
instrumentais necessárias ao ato cirúrgico em local acessível;
- conferir os envelopes de fios de sutura necessários ao ato
cirúrgico.
3.5 Atendimento durante o ato cirúrgico
No decorrer do ato cirúrgico, são atividades do auxiliar de enfermagem:
- receber o paciente na sala cirúrgica, conferindo seus dados
pessoais e sua identificação, e ficar ao lado dele enquanto
estiver consciente;
- igualar a altura da mesa cirúrgica à da maca, encostando uma
na outra, e transferir o paciente para a mesa cirúrgica, deixandoo coberto;
- verificar se o campo operatório está preparado e, caso não
esteja adequado, refazer seu preparo;
- providenciar o suporte de braço e estender sobre eles os braços
do paciente para evitar a hiperextensão;
18
- auxiliar o anestesista no que for necessário; se a anestesia for
feita por meio de bloqueio regional, colocar o paciente na
posição solicitada pelo anestesista;
- colocar a placa neutra do bisturi elétrico sob a panturrilha ou
outra região, de acordo com a cirurgia, tendo o cuidado de
verificar as condições da área em que será colocada;
- colocar os eletrodos do monitor cardíaco, seguindo as
orientações do anestesiologista;
- preparar o manguito do aparelho de pressão, bem como o
estetoscópio, para que fiquem acessíveis ao anestesiologista;
- auxiliar a equipe cirúrgica a se paramentar (vestir o avental,
amarrar os cadarços e apresentar as luvas cirúrgicas);
- abrir o pacote de campo de mesa cirúrgica para oferecê-lo ao
instrumentador;
- abrir a caixa de instrumental e oferecê-la ao instrumentador
cirúrgico;
- fornecer os materiais solicitados pelo instrumentador cirúrgico
(gazes, compressas cirúrgicas, fios de sutura, entre outros);
- auxiliar no posicionamento do paciente;
- ligar o foco central e focalizar o campo cirúrgico, caso o foco não
possua canoplas adaptáveis estéreis;
- descobrir a área operatória e oferecer o material para
antissepsia;
- colocar o arco de narcose e auxiliar o anestesiologista a prender
as pontas dos campos cirúrgicos no suporte de soro, assim
como no arco de narcose, formando a tenda de separação entre
o campo cirúrgico e o campo de ação do anestesiologista;
- aproximar o aparelho de bisturi elétrico e conectar os pólos
positivo e negativo, cobrindo-o com campo esterilizado, e
oferecer o pedal do bisturi ao cirurgião, colocando-o próximo de
seus pés;
19
- aproximar da equipe cirúrgica o hamper coberto com campo
estéril para receber o material utilizado;
- se necessário, ligar o aspirador e conectar a ponta estéril à
ponta não-estéril do computador;
- permanecer atento às solicitações da equipe cirúrgica (materiais
e instrumentais extras necessários, regulagem dos aparelhos,
entre outras);
- receber
e
identificar
a
peça
cirúrgica
conforme
rotina
estabelecida;
- zelar pela manutenção e ordem da sala cirúrgica, efetuando a
desinfecção
imediata
todas
as
vezes
em
que
houver
extravasamento de sangue e fluidos corpóreos no piso ou nas
paredes da sala cirúrgica, utilizando o desinfetante padronizado
pelo setor;
- ficar atento à contagem das compressas cirúrgicas, informando
à equipe cirúrgica qualquer diferença antes do fechamento da
incisão;
- se necessário, realizar a pesagem das compressas e das gazes
pra avaliar a perda de sangue e fluidos pelo paciente,
fornecendo os dados encontrados ao médico anestesiologista;
- fazer as anotações pertinentes, de acordo com as rotinas do
Centro Cirúrgico, referentes aos materiais, medicamentos e
equipamentos utilizados, assim como o início e térmico do atp
cirúrgico, de maneira clara e objetiva;
- anotar no relatório de enfermagem as intercorrências porventura
havidas durante o ato anestésico-cirúrgico;
- auxiliar o médico no curativo da incisão cirúrgica, ao término da
cirurgia, oferecendo as soluções anti-sépticas e os adesivos
necessários.
20
3.6 Assistência durante a cirurgia contaminada
Cirurgia contaminada refere-se à cirurgia em sítio densamente
colonizado com a flora humana normal ou quando ocorre intercorrência durante
a cirurgia a partir destes sítios, por exemplo ruptura acidental de alça intestinal.
As práticas e os cuidados na sala de operação são os mesmos que se
utilizam em cirurgias limpas, acrescidas dos seguintes itens:
- O saco plástico da lixeira deve ser trocado no mínimo duas
vezes durante a cirurgia;
- Deve haver barreira de proteção obrigatória entre o paciente e o
local da cirurgia;
- Todos os materiais fixos do bloco cirúrgico devem sofrer
desinfecção de alto nível após a cirurgia.
3.7 Atendimento após a cirurgia
Concluída a cirurgia, cabe ao auxiliar de enfermagem:
- auxiliar a equipe a retirar a paramentação cirúrgica;
- desligar o foco e os aparelhos elétricos e afastá-los da mesa
cirúrgica;
- remover as pinças e os fios de sutura com as respectivas
agulhas que estejam sobre os campos cirúrgicos, evitando os
acidentes com materiais perfurocortantes;
- remover os campos cirúrgicos que estão sobre o paciente;
- cobrir o paciente, mantendo-se aquecido;
- transferir o paciente da mesa cirúrgica para a maca, após a
liberação do médico anestesiologista, observando as infusões
endovenosas, o curativo cirúrgico, o funcionamento de sondas e
drenos;
- providenciar o transporte do paciente para a Unidade de
Recuperação Pós-Anestésica, se houver solicitação, ou à
unidade de origem e encaminhá-lo com toda a documentação
21
em ordem e o prontuário completo. Conduzindo a maca ou
cama-berço pela cabeceira, para facilitar a observação;
- separar a roupa utilizada na cirurgia, verificando se não existem
instrumentais misturados a ela, colocá-la em sacos adequados
e encaminhar estes ao local apropriado;
- separar todo o material perfurocortante, colocá-lo no recipiente
adequado e encaminhar este ao local apropriado;
- recolher todo o lixo, fechar o saco de coleta e encaminhá-lo ao
local adequado;
- recolher os instrumentais e materiais que terão de ser
desinfetados
e
esterilizados,
separando-os
por
tipo
e
encaminhando-os para reprocessamento;
- recolher o frasco de aspiração e suas extensões, desprezando
as secreções no expurgo do Centro Cirúrgico;
- encaminhar o frasco para limpeza e desinfecção e as extensões
com a tampa para reprocessamento;
- encaminhar os instrumentais e outros materiais ao setor
apropriado, conforme rotina do hospital.
22
4 TRANSPORTE DO PACIENTE DO CENTRO CIRÚRGICO
O transporte do paciente da unidade de internação para o Centro
Cirúrgico deve ser feito em maca, provida de colchonete confortável, grades
laterais e rodas em perfeitas condições de funcionamento. Pode ser, ainda
usada a cama berço, dependendo da idade e condições físicas do paciente.
Este procedimento difere de hospital para hospital. Em alguns, fica sob
responsabIlidade da Unidade de internação e em outros, da unidade de Centro
Cirúrgico.
Independente da unidade que se responsabiliza por transportar o
paciente da unidade de internação para o Centro Cirúrgico, é fundamental que
a pessoa determinada para esta atividade receba treinamento específico.
Ao transportá-lo alguns cuidados devem ser tornados:
- Preparar a maca ou cama berço com roupas limpas e do mesmo
modo como se prepara a cama de um operado, ou seja enrolar
juntos o lençol superior, o cobertor e a colcha no sentido
longitudinal, deixando-os de um dos lados da maca.
- Colocar a camisola aberta e a toca para proteger os cabelos do
paciente.
- Levar a maca a unidade de internação 40 min a 1 hora antes da
cirurgia, dependendo do tipo de cirurgia ou da rotina da equipe
cirúrgica.
- Verificar se o paciente recebeu os cuidados do período préoperatório imediato e se o prontuário está completo, inclusive com
as radiografias. Colocá-los a seguir, sob o colchão da maca.
- Conferir a identificação do paciente, a partir do “pedido de
cirurgia”, apresenta-se a ele como funcionário do Centro Cirúrgico
e responsável por transportá-lo para o referido setor;
- Verificar se foram retirados esmalte, adornos e próteses do
paciente, e se este já esvaziou a bexiga, caso não esteja com
sonda vesical.
- Transportar o paciente, diretamente para a sala cirúrgica. A
23
permanência deste no corredor, além de ser cansativa, propicia a
escuta de conversas paralelas que contribuem para aumentar o
medo e conseqüentemente, a insegurança.
24
5 O PACIENTE NA SALA CIRÚRGICA
Os procedimentos no Centro Cirúrgico devem estar sempre sob a
supervisão do enfermeiro, a começar pelo recebimento do paciente na unidade,
por ser este o profissional capacitado para avaliar-lhe o estado físico,
emocional e dar-lhe p devido atendimento.
5.1 Recepção e preparo inicial
O paciente deve ser cordialmente recebido
pelo pessoal
de
enfermagem, que confere seus dados pessoais e seu prontuário, certificandose de que todos os exames se encontram anexos. Nesse momento são
também verificadas as anotações pré-operatórias feitas na unidade de
internação: aplicação da medicação pré-anestésica, sinais vitais, retirada de
próteses e jóias, problemas alérgicos e condições físicas e emocionais do
paciente etc.
O paciente deve, então, ter os cabelos protegidos com um gorro
descartável e encaminhado a sala cirúrgica, aos cuidados do circulante de sala,
cuja função, nesse momento é a de manter uma conversação tranqüila com ele
e orientá-lo sobre os procedimentos que virão.
Na transferência do paciente da maca para a mesa cirúrgica, é preciso
igualar as alturas desses dois equipamentos e encostar um no outro, a fim de
facilitar a passagem.
Deve-se verificar se a área operatória está devidamente preparada,
realizando a tricotomia, se necessário, e manter o paciente aquecido e
protegido até a entrada da equipe cirúrgica. Atualmente a tricotomia no local
onde será realizada a incisão cirúrgica, deve ocorrer minutos antes da indução
anestésica, como medida preventiva de infecção.
25
6
NORMAS GERAIS
OPERATÓRIO
PARA
OS
CUIDADOS
NO
PRÉ-
6.1 No setor de internação
- A lavagem das mãos é, isoladamente a medida mais importante
na
prevenção
das
infecções
hospitalares,
devendo
ser
realizadas antes e após a manipulação de qualquer paciente.
- O banho pré-operatório tem como objetivo eliminar detritos
depositados sobre a pele e conseqüentemente reduzir a sua
colonização, porém ele não deve ser realizado muito próximo a
cirurgia pois a fricção e a água tépida removem as células
superficiais e aumentam a ascensão das bactérias dos
reservatórios mais profundos para a superfície.
- Realizar tricotomia apenas quando estritamente necessária
devendo restringi-la aos casos em que os pêlos impeçam a
visualização do campo ou dificultem a colocação de curativo;
realizá-la no máx 2h antes da cirurgia.
26
7 PRÉ-OPERATÓRIO IMEDIATO
Neste período do pré-operatório, assistência prestada pela equipe
interdisciplinar continua voltada ao preparo físico e emocional do paciente para
cirurgia.
Do ponto de vista emocional, sabe-se que a proximidade do ato
cirúrgico pode contribuir para aumentar a ansiedade do paciente.
Por esta causa, toda a equipe deve estar alerta para esclarecer-lhe um
ou outro aspecto que por ventura, não esteja claro, e detectar sinais e sintomas
de alterações físicas decorrentes. Entre estas podem-se citar: taquicardia,
hipertensão, hipertermia, sudorese e insônia. Este momento do pré-operatório
não é propício ao ensino, pois o paciente não está receptivo para tal.
Além da atuação na avaliação e preparo emocional, é a competência
do enfermeiro planejar, implementar e avaliar as ações de assistência para o
preparo físico do paciente de pré-operatório imediato.
Estas ações de assistência compreendem:
- esvaziamento intestinal
- modificação da dieta e jejum antes da cirurgia
- higiene corporal e oralesvaziamento da bexiga
- passagem da sonda nasogástrica
- controle de sinais vitais
- remoção de próteses dentarias e outros
- medicação pré-anestésica
- preparo da pele
27
8 PRÉ-OPERATÓRIO DE VÉSPERA
Até há pouco tempo atas, a função do enfermeiro da unidade do Centro
cirúrgico era dirigida mais para os aspectos gerenciais, o que, na maioria das
vezes, tornava-o distante do contato com o paciente.
A
evolução
técnica
e
científica
alcançada
pela
enfermagem,
especialmente no que diz respeito a sistematização de assistência, despertou
no enfermeiro do centro cirúrgico a necessidade de prestar assistência, mais
direta ao paciente, no período pré-operatório. Isso fez com que este procurasse
uma forma que tornasse possível viabilizar a sua necessidade. Para tanto,
utilizou como estratégia “a visita pré-operatória de enfermagem” que, além de
possibilitar-Ihe perceber o estado de apreensão apresentado pelo paciente
e/ou família frente a cirurgia, propicia Ihe maior número de informações
possíveis a respeitos destes, bem como facilita sua interação com o enfermeiro
da Unidade de internação.
Desta forma a visita pré-operatória ajuda a cerca de obter dados do
paciente, detecta problemas ou alterações relacionadas aos aspectos biopsicosócio-espirituais do paciente e planeja a assistência de enfermagem a ser
prestada no período preparatório.
Finalidades:
Diminuir ansiedade do paciente e família em relação ao procedimento
anestésico-cirúrgico e ambiente do centro cirúrgico;
Avaliar as condições físicas e emocionais do paciente para obter
subsídios necessários ao planejamento e implementação a assistência a ser
prestada durante a permanência do paciente na unidade do Centro Cirúrgico e
de recuperação pós-cirúrgica;
Proporcionar continuidade na assistência de enfermagem, de forma
individual e documentos e documentada, pré e pós-operatório.
Contribuir para a melhoria da qualidade de assistência de enfermagem
prestada no período perioperatório.
28
Procedimento:
Levantamento de dados, por intermédio do histórico e exame físico de
enfermagem, com finalidade de identificar problemas, que são a base para o
diagnóstico da situação;
Planejamento da assistência prestada;
Entrevista com o paciente e/ou família;
Consulta ao prontuário médico, a fim de pesquisar dados que fizerem
necessários;
Interação com a unidade de internação, para se notificar de alguma
recomendação especial;
Cirurgia Proposta:
Este item é importante não só para fornecer subsídios para a
orientação do paciente, mas também para direcionar a previsão e provisão de
materiais e equipamentos para a sala de cirurgia, e assistência de
enfermagem;
Posição Cirúrgica:
Está na dependência da cirurgia proposta, deve ser orientado quanto a
posição específica para a cirurgia e providenciar acessórios para auxiliar na
posição.
Horário Programado:
Este item serve de orientação ao paciente ou com família para se
organizarem em relação ao horário da cirurgia.
Experiência Cirúrgica Anterior:
Permite identificar as experiências cirúrgicas vivenciadas anteriormente
pelo paciente, e avaliar se estas são influenciadas no seu estado emocional.
Documentação de Autorização para Cirurgia:
• Este documento demonstra que o paciente está ciente do
29
tratamento a que vai ser submetido, o termo de responsabilidade
deve ter sido assinado pelo paciente e/ou família.
• Avaliação geral, que deve constar:
- Conhecimento do paciente sobre o ato anestésico-cirúrgico;
- Observação do estado emocional, preocupações e expectativas
quanto ao tratamento cirúrgico proposto;
• Avaliação
física
geral, incluindo
os
segmentos
corporais,
especialmente o local onde será feita a incisão cirúrgica. A visita
do enfermeiro é de fundamental alcance dos objetivos propostos,
assistência também é muito importante, pois, é um motivo a mais
para que este profissional que é designado a trabalhar neste local.
30
9 POSIÇÃO DO PACIENTE PARA A CIRURGIA
A posição do paciente é determinada tanto pelo anestesiologista,
dependendo do tipo de anestesia a ser aplicado no paciente, quanto pelo
cirurgião, de acordo com a cirurgia a ser realizada. Em geral, ambos ajudam a
colocar o paciente em posição a fim de que permaneça da maneira mais
adequada possível em termos do desenvolvimento do ato anestésico-cirúrgico
e de conforto.
A equipe de enfermagem deve sempre ter a mão materiais acessórios
que auxiliem no melhor posicionamento do paciente, como:
- perneiras metálicas acolchoadas;
- arcos de proteção;
- ombreiras metálicas acolchoadas:
- talas de madeira acolchoadas, com comprimento e largura
adequados;
- coxins;
- ataduras de crepom, gazes e esparadrapo;
- braçadeiras metálicas;
- outros.
Trataremos aqui somente das posições cirúrgicas propriamente ditas,
pois aquelas em que o paciente é colocado para o ato anestésico serão vistas
no capitulo 14. que aborda anestesia e analgesia.
A posição cirúrgica é aquela em que o paciente e colocado, depois de
anestesiado, para ser submetido a operação, levando em conta principalmente
a via de acesso cirúrgico.
São diversas as posições possíveis, cada qual dependendo do tipo de
cirurgia a ser executada. Abordaremos a seguir as principais delas.
9.1 Posição dorsal ou de decúbito dorsal
O paciente fica deitado sobre seu dorso, em posição horizontal, com as
pernas em sentido longitudinal ao corpo e os braços abertos, de preferência
31
apoiados sobre talas.
Trata-se da posição que se emprega em cirurgias abdominais supra e
infra-umbilicais, torácicas e vasculares, entre outras. É a posição cirúrgica mais
utilizada e a que traz o menor número de complicações respiratórias intra e
pós-operatórias.
9.2 Posição ventral ou de decúbito ventral
O paciente permanece deitado sobre seu abdome, em posição
horizontal, com os braços e as pernas em sentido longitudinal ao corpo. A
cabeça deve ser voltada para um dos lados, colocando-se coxins sob os
ombros e também sob a região infra-umbilical, com a finalidade de facilitar a
expansão pulmonar e evitar a compressão dos vasos do pescoço. Costuma-se
utilizar coxins também sob os tornozelos, que são assim posicionados
corretamente para evitar sua distensão e compressão.
Essa posição é usada nas cirurgias das regiões dorsal, lombar,
sacrococcígea e occipital. Vale lembrar que, nas cirurgias efetuadas na região
occipital, é necessária a colocação de um suporte para a fixação da fronte.
9.3 Posição lateral ou de decúbito lateral
O decúbito lateral pode ser tanto direito como esquerdo, dependendo
da via de acesso que o cirurgião vá utilizar. O paciente é colocado deitado
sobre um dos lados, com a perna superior em extensão e a inferior fletida, e
um coxim entre ambas para separá-las. Para manter o paciente nessa posição
é preciso restringi-lo com faixas largas de esparadrapo passadas sobre seu
quadril e presas a mesa cirúrgica. O braço superior normalmente e fixado ao
arco de proteção utilizado para separar o campo cirúrgico do anestésico. Nessa
fixação deve-se sempre lembrar de revestir o suporte metálico e o braço do
paciente com atadura de crepe, ou outro isolante qualquer, com a finalidade de
evitar queimaduras nesse local devido ao uso do bisturi elétrico.
Essa posição é utilizada em cirurgias de toracotomia ou lobotomia.
32
9.4 Posição ginecológica
Nesta posição, o paciente é colocado em decúbito dorsal, tendo os
membros inferiores elevados e colocados em suportes especiais, também
chamados perneiras, e fixados com correias. Deve-se ter o cuidado de
envolver-Ihe as pernas de tecido para Ihe proporcionar conforto e segurança.
Esta posição esta indicada para as cirurgias ginecológicas, proctológicas,
algumas urológicas e exames endoscópicos.
9.5 Outras posições
Além
dessas,
há
posições
específicas
para
determinados
procedimentos cirúrgicos, que precisam utilizar acessórios específicos, como
no caso das cirurgias neurológicas, otorrinolaringológicas e outras.
Ao posicionar-se o paciente para uma intervenção cirúrgica, deve-se
sempre lembrar de alguns cuidados que previnam problemas futuros para ele.
Os principais são:
- não comprimir terminações nervosas, evitando assim paralisias
que poderão ser irreversíveis;
- não forçar posições de braços ou pernas e protegê-los do
contato com superfícies metálicas;
- proteger as proeminências ósseas, principalmente em pacientes
obesos e idosos, para evitar a formação de escaras e trombos e
a compressão da circulação;
- cuidar para que os membros inferiores (pernas) e superiores
(braços) nunca fiquem pendentes da mesa de operação; sendo
impossível colocá-los ao longo do corpo, deve-se apoiá-los
sobre talas;
- evitar, sempre que possível, distensões musculares provocadas
por movimentos bruscos em qualquer parte do corpo.
- o possibilitar livre fluxo das infusões venosas e a adaptação dos
eletrodos para a perfeita avaliação intra-operatória.
33
Da mesma maneira, ao se retirar o paciente, da posição cirúrgica,
alguns pontos precisam se observados:
- manusear o paciente anestesiado com movimentos firmes e
lentos, pois a mudança repentina de posição pode levar a queda
de pressão arterial;
- ao retirar-se o paciente da posição ginecológica, deve-se ter o
cuidado de descer, alternadamente, as pernas, a fim de prevenir
o afluxo rápido de sangue para os membros inferiores, podendo
causar a mesma situação acima referida;
- manter a cabeça voltada para um dos lados, quando o paciente
permanecer em decúbito dorsal;
- observar o posicionamento correto das infusões e drenagens.
Nesta fase do perioperatório é que mais freqüentemente costuma
acontecer as quedas acidentais. Daí a necessidade de redobrar a vigilância,
não deixando o paciente sozinho em nenhum momento, até que seja
transportado para a recuperação pós-anestésica.
34
10 PREPARO DO CAMPO OPERATÓRIO
Ao ser colocado sobre a mesa cirúrgica, o paciente é cuidadosamente
examinado pelo circulante de sala, que verifica se o campo operatório está
devidamente preparado. Esse local deve estar rigorosamente limpo e, se
necessário, isento de pêlos.
As laterais do corpo do paciente devem ser protegidas com
compressas ou campos cirúrgicos, que não precisam ser estéreis, com a
finalidade precípua de absorver o excesso de produtos anti-sépticos. Com isso,
evitam-se reações químicas adversas, como queimaduras químicas, que
normalmente acontecem quando o paciente permanece por muito tempo na
mesa cirúrgica.
O campo operatório deve ser exposto ao cirurgião, que normalmente
faz a antissepsia, com produtos apropriados, já com técnica asséptica, ou seja,
devidamente paramentado.
Dependendo do porte da cirurgia, ou mesmo da rotina de algumas
equipes cirúrgicas, a área operatória é lavada com solução antisséptica
detergente, por meio de compressas cirúrgicas estéreis, o excesso é limpado
com água destilada estéril, que é secada com compressa cirúrgica estéril. Em
seguida é usado o antisseptico para o preparo do campo operatório.
35
11 ANTISSEPSIA CIRÚRGICA
Como já foi dito, o preparo do campo operatório e normalmente feito
pela equipe cirúrgica, após o posicionamento adequado do paciente. Em geral
são utilizados os seguintes produtos antissepticos:
- soluções de álcool iodado;
- soluções de iodóforos a 10%;
- soluções de clorohexidine a 0,5% alcoólico.
36
12 MEDIDAS DE CONTROLE PARA INFECÇÕES DO SITIO
CIRÚRGICO
São estas:
 Preparo do Paciente
• Higiene Corporal
- Realizar banho completo antes que este seja encaminhado ao centro
cirúrgico;
• Tricotomia;
- Remover os pelos com lâmina ou aparelho elétrico.
Obs.: Recomenda-se que a tricotomia seja realizada, apenas quando
os pêIos interferirem no procedimento operatório e, no máximo, duas horas
antes da cirurgia, usando o aparelho elétrico.
 Anti-sepsia e Anti-séptico
Anti-sepsia: aplicar um agente germicida de baixa causticidade,
hipoalergênico e possível de ser aplicado em tecido vivo.
Anti-sépticos: os produtos anti-sépticos devem constar na portaria nº
930 do Ministério da Saúde (BRASIL, 1992).
 Preparo da pele paciente:
Realizar fricção mecânica da pele com PVP-I ou clorhexedina
degermante, da aplicação das soluções alcoólicas dos mesmo tipos de antisépticos.
Aguardar (minuto para iniciar o procedimento).
 Campos Cirúrgicos
Usar campos de tecido impermeável e permeável.
 Antibiótico profilaxia
Recomenda-se a administração da primeira dose no período de
indução anestésica, para que a concentração tecidual seja adequada durante o
ato cirúrgica. O prolongamento da antibioticoterapia profilática por mais de 48
horas, apenas aumenta os riscos dos efeitos colaterais e da flora bacteriana.
Preparo da equipe
Degermaçao das mãos
Paramentação Cirúrgica
37
12.1 Principais recomendações para prevenção do ISC
- Minimizar o tempo de internação pré-operatório;
- Tratar as infecções existentes previamente ao ato cirúrgico:
- Realizar a tricotomia apenas quando o pelo prejudicar a técnica
cirúrgica. A tricotomia deve ser realizada, o mais próximo da
cirurgia, não ultrapassando o prazo de duas horas, antes da
mesma;
- Dar banho com água e sabão antes da cirurgia. Não há dados
que demonstrem a necessidade do uso do anti-séptico no
banho;
- Preparar o campo operatório, friccionando a região a ser
operada com solução degermante PVP-I ou clorhexedina,
seguindo-se a aplicação de solução anti-séptica alcoólica de
PVP-I ou clorhexedina. Utilizar campos cirúrgicos estéreis;
- Preparar a equipe com paramentação adequada, incluindo
gorro, máscara a avental estéril, o uso de protetor ocular está
indicado para proteção contra respingos em mucosa ocular;
- Lavar as mãos com solução anti-séptica degermante (PVP-I ou
clorhexedina) durante cinco minutos antes da primeira cirurgia e,
por dois a três minutos, entre cirurgias;
- Usar luvas estéreis durante o ato cirúrgico, trocando-as quando
perfuradas;
- Usar antibiótico profilático apenas quando indicado (cirurgias
potencialmente contaminadas, e limpas, quando há colação de
próteses), por via parenteral, com início no pré-operatório (até
duas horas antes da cirurgia), preferencialmente, no momento
da pré-anestesia e manutenção, no máximo de 24-48 horas
após a cirurgia;
- Usar
técnica
cirúrgica
adequada,
evitando
formação
de
hematomas e espaços vazios;
- Evitar muitas pessoas na sala cirúrgica e manter a porta
38
fechada;
- Fazer,
periodicamente,
manutenção
dos
filtros
dos
equipamentos de ar condicionado;
- Limpar as salas cirúrgicas, após cada cirurgia, sem necessidade
de mudança de rotina para cirurgias contaminadas ou com
infecção;
- Não colocar pano embebido em soluções desinfetantes na
entrada da sala cirúrgica;
- Esterilizar o material cirúrgico, observando os testes de
esterilidade;
- Lavar as mãos antes e após tocar a ferida cirúrgica;
- Usar avental para a proteção da equipe cirúrgica;
39
13 PROCEDIMENTOS NA PARAMENTAÇÃO PARA A CIRURGIA
A
paramentação
da
equipe
cirúrgica
exige
a
realização
de
procedimentos específicos, executados em passos padronizados e com
observação rigorosas dos princípios científicos. Estes procedimentos são:
degermação das mãos, vestir avental e roupa esterilizados, e calçar luvas
esterilizadas.
13.1 Degermação das mãos e antebraços
Este procedimento se justifica por que a pele, normalmente, é habitada
por duas populações bacterianas, ou seja, a flora residente e a transitória. A
flora residente é constituída pro microrganismos capazes de sobreviverem e se
multiplicarem na superfície cutânea e folículos pilosos, sendo portanto de difícil
remoção. Os estafilococos coagulase negativa, corynebactéria (difteróides e
corniformes), acinelobactéria e outros são microrganismos comumente
encontrados na flora residente. A transitória, também conhecida como flora de
contaminação, é composta por microrganismos diversos e de virulência
variadas. Estes microrganismos nem sempre estão presentes na superfície da
pele da maioria das pessoas e são removidos mais facilmente., algumas
bactérias Gram-negativas (como, por exemplo, E. coli) têm condições mínimas
de sobrevivência sobre a pele.
A degermação das mãos e antebraços da equipe cirúrgica deve
promover a eliminação da flora transitória e redução da flora residente e, ainda,
o retardamento da recolonização da flora residente pelo efeito residual. Sabese que, após a realização de tal procedimento, estes microrganismos
multiplicam-se.
13.2 Lavagem básica das mãos
É o simples ato de lavar as mãos com água e sabão, visando a
remoção de bactérias transitórias e algumas residentes, suor, oleosidade e
40
sujidade da pele. O objetivo da lavagem de mãos é reduzir a transmissão de
microrganismos pelas mãos, prevenindo infecções.
13.2.1 Materiais e equipamentos necessários
- Pias com pedal ou torneira
- Água
- Dispensadores de sabão líquido e anti-sépticos
- Porta papel toalha e papel toalha.
13.2.2 Técnica
Este procedimento deve tornar-se um hábito e ser realizado da
seguinte maneira:
- fique em posição confortável, sem tocar na pia: abra a torneira,
de preferência com a mão dominante ou com uso de papel;
- mantenha se possível, a água em temperatura agradável, já que
a água quente ou muito fria resseca a pele;
- use, de preferência 2ml de sabão líquido e ensaboe as mãos
por aproximadamente 15 segundos, em todas as suas faces,
espaços interdigitais, articulações, unhas e extremidades dos
dedos (seguindo os passos conforme a seqüência da Fig. 1);
- enxágüe as mãos, retirando totalmente a espuma e resíduos de
sabão;
- enxugue-as com papel-toalha;
- feche a torneira utilizando o papel-toalha descartável, sem
encostar na pia ou na torneira.
41
Figura 1 - Como ensaboar as mãos em todas as faces
13.3 Preparo das mãos e braços antes do ato cirúrgico
Antes de qualquer procedimento cirúrgico, o profissional deve remover
todas as jóias, inclusive alianças. As unhas devem ser aparadas, não devem
conter esmalte nem ser postiças, a fim de evitar o aumento de carga de
bactérias nas mãos, em especial as gram-positivas.
13.3.1 Soluções anti-sépticas com detergentes recomendados
• Solução detergente de PVP-I a 10% (1% de iodo ativo)
• Solução detergente de clorexidina a 2% ou 4% (alternativa para
pessoas alérgicas ao PVPI).
13.3.2 Materiais e equipamentos necessários
• Pias com pedal ou torneira acionada por pé ou cotovelo
• Água
• Escova esterilizada
• Solução anti-séptica em dispensadores
• Toalha ou compressa esterilizada
42
13.3.3 Indicação
Preparo das mãos e antebraços antes de qualquer procedimento
cirúrgico.
13.3.4 Técnica de escovação
A remoção mecânica dos detritos pode ser realizada por escovação ou
fricção:
•
as
escovas
devem
ser
macias
e
descartáveis
ou
convenientemente esterilizadas, e de uso individual;
•
molhar as mãos e antebraços com água corrente. A torneira deve
ser acionada por pé ou cotovelo, e não manualmente;
•
aplicar a solução anti-séptica sobre a palma da mão, espalhar
com movimentos de fricção ou escovação, iniciando pelas
extremidades dos dedos, com especial atenção sobre os leitos
subungueais e espaços interdigitais. O processo deve continuar
pelas faces das mãos e antebraços;
•
o processo todo deve durar rigorosamente cinco minutos para a
primeira cirurgia e três minutos entre dois procedimentos;
•
enxaguar em água corrente a partir das mãos par ao cotovelo. A
torneira deve ser fechada com o cotovelo ou por outro
profissional, mas não com as mãos;
•
durante todo o processo, as mãos devem estar sempre acima do
nível dos cotovelos;
•
enxugar com toalha ou compressa esterilizada, obedecendo à
direção
das
mãos
para
os
compressivos e não de esfregão.
cotovelos,
com
movimentos
43
13.4 Paramentação cirúrgica e EPI’s
A paramentação corresponde à troca das vestes rotineiras por
vestimentas adequadas antes do ato cirúrgico.
Indicação: todas as pessoas envolvidas no trabalho do centro cirúrgico,
principalmente dentro das salas de operação, devem usar roupas apropriadas.
A importância da paramentação é proteger a área a ser operada da
flora liberada pela equipe cirúrgica e esta da exposição às secreções dos
pacientes.
A troca de roupa (pelo pijama cirúrgico, gorro e propés) deverá ser feita
no vestiário, que corresponde à zona de proteção do Centro Cirúrgico, sendo
seguida da colocação do avental e das luvas estéreis após a escovação das
mãos e entrada na sala cirúrgica, propriamente dita.
• Uniforme privativo
O uso de uniforme privativo feito de tecido com porosidade de 7 a 10
e o fechamento das calças nos tornozelos pode reduzir a dispersão de
bactérias.
Tal uniforme nunca deve ser usado fora da área do Centro Cirúrgico.
• Aventais cirúrgicos
Os aventais convencionais devem ser confeccionados em material
resistente à penetração de líquidos e microrganismos e ao desgaste e à
deformação. Devem possuir uma única camada de tecido, geralmente algodão
ou brim. Os aventais devem se confeccionados em tamanhos adequados,
garantindo o fechamento completo, conforto e total cobertura a partir do
pescoço e membros. Na altura dos punhos, devem possuir tramas resistentes
ao desgaste. Periodicamente devem ser inspecionados à integridade e
durabilidade.
Aventais impermeáveis descartáveis representam outra opção.
A colocação do avental deve ser feita de maneira cuidadosa a fim de
evitar a contaminação do mesmo. Este deve ser segurado com ambas as
44
mãos, as quais serão introduzidas simultaneamente através das mangas. A
porção posterior do avental é, então, tracionada.
• Máscara cirúrgica
O uso correto da máscara cirúrgica evita ou reduz a eliminação de
microrganismos no ambiente e protege o profissional contra respingos de
secreções oriundas do paciente. Apresentam vida útil de 2 horas.
Deve ser usada por todos na sala de operação e cobrir boca e nariz e
estar junto a face.
São preferíveis as máscaras com dupla gaze de algodão ou de
polipropileno ou poliéster.
13.4.1 Paramentação com roupas estéreis
As roupas estéreis são utilizadas para prevenir a contaminação do
campo operatório mediante contato direto do corpo do cirurgião com o do
paciente. Todas as pessoas que entram em campo operatório, bem como
aquelas que manipulam os materiais e instrumentais estéreis - como é o caso
do instrumentador cirúrgico - devem usar aventais e luvas estéreis (Figura 2 e
3).
Figura 2 - A auxiliar, já paramentada, ajuda o cirurgião a vestir
seu avental. Note que os punhos de suas luvas estão colocados
sobre as dobras do punho do avental. Máscaras e gorros cobrem
o nariz,a boca e o máximo de região de cabelos.
45
Figura 3 - A auxiliar ajuda a desdobrar a lateral do avental,
mantendo as costas do cirurgião também estéreis.
O avental é geralmente amarrado atrás, na região da nuca e da cintura,
mas o mais recomendado é o tipo circular. Esse tipo de avental envolve o
corpo do cirurgião, mantendo-o estéril anterior e posteriormente, e é atado pelo
próprio usuário ou com a ajuda do auxiliar já paramentado (ver as figuras
abaixo)
46
Figura 4 - Paramentação ou vestimenta
completa de componentes da equipe
cirúrgica: gorro, mascara, avental e
luvas. Note as luvas sobre os punhos
ajustados ao avental.
Figura 5 - Método recomendado para
prevenir contaminação quando da
colocação das luvas estéreis pelo
cirurgião.
As luvas cirúrgicas, são a únicas adequadas para os procedimentos
cirúrgicos, devendo obrigatoriamente ser estéreis, idealmente devem cobrir
mãos e dedos, estendendo-se por sobre os punhos dos aventais, onde ficam
aderidas devido à pressão elástica do punho da própria luva.
Gorros, máscaras, aventais, calças, jalecos e propés devem ser
retirados imediatamente quando molhados ou sujos. Os aventais, os propés e
as luvas cirúrgicas devem ser tirados ainda na sala cirúrgica.
47
14 EQUIPAMENTOS USADOS NO CENTRO CIRÚRGICO
Os equipamentos básicos utilizados na sala de operação são
classificados em fixos e móveis.
A - Equipamentos fixos
São aqueles adaptados à estrutura física da sala cirúrgica.
Tais como:
• Foco central;
• Negatoscópio;
• Sistema de canalização de ar e gases;
• Prateleira (podendo estar ou não presente).
B - Equipamentos móveis
São aqueles que podem ser deslocados de uma para outra sala de
operação, a fim de atender o planejamento do ato cirúrgico de acordo com a
especificidade, ou mesmo serem acrescidos durante o desenvolvimento da
cirurgia. São estes:
• mesa cirúrgica e acessórios: colchonete de espuma, perneiras
metálicas, suporte de ombros e arco para narcose. Atualmente, já
estão no mercado mesas cirúrgicas totalmente automatizadas, o
que permite várias configurações, a partir da simples troca de
acessórios e módulos, e possibilita movimentos suaves e precisos
em todas as direções e em ângulo de quase 180º.
• aparelho de anestesia, contendo “kits” de cânulas endotraqueais
e
de
Guedel:
laringoscópios;
pinças
de
Magil
e
esfigmamanômetro;
• mesas auxiliares para instrumental cirúrgico, de Mayo e para
pacotes de roupas estéreis;
• bisturi elétrico ou termocautério;
• aspirador de secreções;
• foco auxiliar;
• banco giratório;
48
• balde inoxidável com rodízios;
• suportes: de braço, hamper, bacia e soro;
• escada de dois degraus;
• estrado;
• equipamentos utilizados para ajudar no posicionamento do
paciente, tais como: coxins de areia ou espuma de diferentes
tamanhos e talas;
• carro para materiais de consumo e soluções anti-sépticas (o qual
pode ser dispensado, quando houver local adequado para a
colocação destes materiais como, por exemplo, prateleiras);
• carro para materiais estéreis;
• aparelhos monitores;
• balança para pesar compressas e gazes.
São exemplos de equipamentos moveis que podem ser acrescentados
à sala cirúrgica: suporte de trépano, microscópio, máquina para circulação
extracorpórea e outros.
14.1 Limpeza dos equipamentos
A limpeza desses equipamentos deve ser feita após cada cirurgia, ou
pelo menos 1 vez ao dia, na ausência de cirurgias. O responsável pela limpeza
é o circulante da sala de operação e deve ser realizada com compressas
estéreis e solução de álcool à 70%.
14.2 Cuidados com os equipamentos
Os avanços tecnológicos que vêm ocorrendo nos equipamentos
hospitalares, especialmente no que se refere àqueles utilizados na Unidade de
Centro Cirúrgico, estão exigindo das Instituições de Saúde a aquisição de tais
recursos, de qualidade e em quantidade necessárias para prestar melhor
atendimento ao paciente, bem como a atualização contínua dos componentes
49
das equipes em relação ao manuseio e uso desses equipamentos,
imprescindíveis ao bom funcionamento do setor.
A qualidade é um fator importante a ser observado no planejamento de
equipamentos a serem utilizados na sala de cirurgia, pois está relacionada à
durabilidade destes e à segurança do paciente.
50
15 MATERIAIS USADOS NO CENTRO CIRÚRGICO
O planejamento de materiais para uso na sala de cirurgia deve incluir
aqueles considerados básicos ao atendimento de uma cirurgia geral, e os
específicos, de acordo com o tipo de cirurgia. Para efeito didático, estes
materiais serão grupados em: esterilizados, soluções anti-sépticas, impressos
mais comuns e medicamentos.
A - Material esterilizado
• pacote de aventais;
• pacote de “opa” (avental de abertura para frente);
• pacotes de campos duplos e/ou simples;
• pacotes de compressas grandes e pequenas;
• pacotes de gazes comuns e especiais;
• pacote de impermeável (para a mesa de instrumentador);
• caixa de instrumentos;
• pacote de material para anti-sepsia;
• pacotes de cúpulas grandes e pequenas;
• pacotes de cuba rim;
• pacote de bacia;
• pacotes de sondas e drenos diversos;
• pacotes de luvas de diferentes números;
• pacote de cabo com borracha para aspirador;
• caixas de fios de sutura de diferentes tipos e números;
• caixa ou pacote de cabo do bisturi elétrico;
• equipos de soro, seringas, agulhas e cateteres para punção
venosa, cateter para oxigênio, sondas e aspiração, nasogástrica e
vesical;
• estojo de material cortante contento tesouras retas, curvas, cabo
de bisturi e agulhas de sutura. Em algumas instituições, este
material é esterilizado dentro da caixa de instrumentais;
51
• bandejas
de
material
para
anestesia,
contendo
cânulas
endotraqueais com guia, de Guedel, laringoscópio e pinça de
Magil.
B - Soluções anti-sépticas
• iodines (álcool iodado com 1% a 2% de iodine e iodine potássio em
70% de álcool); iodóforos (iodine mais poilivinilpirrolidona);
• clorohexidina;
• álcoois (etanol, n-propil e isopropil);
C - Impressos
• sistematização de enfermagem;
• gráfico de anestesia;
• relação de gastos;
• receituário para medicamentos controlados;
• requisição de laboratório e banco de sangue.
D - Medicamentos
• soluções glicosadas, fisiológicas, Ringer, Manitol, bicarbonato de
sódio e Haemavel;
• medicamentos anestésicos, relaxantes musculares, neurolépticos,
tranqüilizantes,
analgésicos,
colinérgicos
e
anticolenérgicos,
eletrólitos, anticoagulantes, antibióticos e outros necessários à
assistência do paciente no período intraoperatório;
• pomadas: xilocaína geléia;
• adesivos para fixação de curativos e ataduras.
15.1 Instrumental cirúrgico
Iremos classificar os instrumentos cirúrgicos em seis grupos básicos,
sendo cada grupo representativo de uma determinada etapa da cirurgia.
52
15.1.1 Grupo 1 - Diérese Cirúrgica
Neste grupo temos os bisturis e as tesouras. Os bisturis são os
principais instrumentos de corte. O bisturi compõe-se por duas peças: o cabo e
a lâmina.
Tantos os cabos quanto as lâminas variam de formato e de tamanho,
de acordo com o tipo de cirurgia ou ato cirúrgico a ser realizado. Cada peça
tendo a sua respectiva aplicação. Os cabos mais curtos são próprios para os
atos cirúrgicos de superfície, ou seja, o seccionamento do tecido epitelial. Os
cabos mais longos destinam-se aos atos cirúrgicos em cavidades, ou seja, em
profundidade. Os bisturis elétricos facilitam muito o processo de coagulação,
diminuindo bastante os sangramentos em cirurgias.
As tesouras também variam de tamanho e de formato (curvas ou retas,
finas ou grossas) de acordo com a sua aplicação. As mais utilizadas, são a
tesoura do tipo “Metzenbaum” que por ser uma tesoura do tipo curva, é a mais
empregada pelo médico-cirurgião chefe e a tesoura do tipo “Mayo” que por ser
uma tesoura do tipo reta, é a mais utilizada pela instrumentadora cirúrgica e
pelos médicos cirurgiões assistentes. Muito útil no corte dos fios cirúrgicos.
15.1.2 Grupo 2 - Procedimentos de Hemostasia
Neste grupo temos as pinças onde existe uma grande variedade delas,
variando de tamanho (pequenas, médias e grandes) e de formato (retas ou
curvas, traumáticas ou não traumáticas).
Dentre as pinças hemostáticas mais empregadas, podemos destacar
as pinças do tipo “Kocher” que por ser uma pinça traumática, dotada de dentes
de rato, vem sendo empregada com sucesso para preensão da aponeurose
dos músculos. Temos também as pinças do tipo “Kelly” que podem ser
observadas na foto.
As pinças do tipo “HasItead” por serem pinças finas, são empregadas
com sucesso em cirurgias infantis. São conhecidas pelos apelidos de
“mosquitinho” ou “mosquito”, por serem pequenas. São bem mais delicadas do
53
que as pinças do tipo Kelly e aplicam-se a vasos de menor calibre.
Temos também as pinças do tipo “Pean”, as pinças do tipo “Mixter” que
são amplamente utilizadas em cirurgias pulmonar, hepática e renal e as pinças
do tipo “Satinsky” e que são muito utilizadas em cirurgias vasculares.
As pinças do tipo “Faure” podem ser observadas na foto, assim como
as pinças do tipo “Rochester”-“Pean” são pinças de maior resistência, próprias
ao pinçamento de tecidos não delicados ou sensíveis.
15.1.3 Grupo 3 - Exérese cirúrgica
Neste grupo temos os instrumentos para preensão e os de separação.
Instrumentos para Preensão
A finalidade destes instrumentos cirúrgicos, como o próprio nome já
diz, é a de segurar, erguer momentaneamente inclinar e/ou tracionar
determinados tecidos durante certo ato cirúrgico.
Podemos destacar como instrumentos para preensão as pinças do tipo
“Museux”, pinças do tipo “Allis” e pinças do tipo “Babcock” que é um tipo de
pinça preferida para tracionar as alças intestinais.
As pinças do tipo “Duval” também conhecidas como “triangular de
Duval”,
possuem
grande
aplicabilidade
em
cirurgias
pulmonares,
no
pinçamento dos lobos pulmonares.
As pinças do tipo “Collin” são também conhecidas como “Collin” oval.
As pinças do tipo “Foerster” que são um tipo de pinça longa, são também
empregadas em curativos profundos, segurando compressas de gaze.
As pinças anatômicas são instrumentos cirúrgicos empregados de
forma acessória em procedimentos de preensão. Dentre as mais usadas,
destacam-se as pinças do tipo “Adson” as do tipo “Potts Smith” e as pinças do
tipo “Nelson”.
Instrumentos para Separação
São também conhecidos como afastadores. Os instrumentos para
54
separação ou afastadores, são classificados em três diferentes tipos. Os
primeiros são os dinâmicos que são instrumentos que deverão ser
empunhados pelo médico-cirurgião, com a finalidade de expor a observação o
campo operatório desejado. Neste grupo, podemos destacar os do tipo
“Farabeuf”, o do tipo “Volkman” e os do tipo “Doyen”.
O outro tipo são os autostáticos que são os instrumentos que após
serem posicionados pelo médico-cirurgião, manterão o campo aberto, sem que
haja a necessidade de impunhadura permanente.
Os classificados como diversos são os de mais instrumentos de
separação ou afastadores que não se enquadram nas duas classes acima
descritas.
São espátulas, algumas rígidas e outras maleáveis, de acordo com o
propósito desejado.
15.1.4 Grupo 4 - Exaurimento Cirúrgico
Neste grupo incluímos as agulhas cirúrgicas, os porta-agulhas e os fios
cirúrgicos. As agulhas são instrumentos perfurantes que tem como objetivo,
associadamente aos fios cirúrgicos, a recomposição de tecidos lesionados,
sejam internos ou externos, por meio do procedimento denominado de sutura.
Existem um grande número de agulhas, variando de tamanho, calibre e
formato.
As agulhas cirúrgicas podem ser classifica das quanto ao formato em 4
tipos que são as retas, as curvas as do tipo lanceoladas e as cilíndricas.
1 - Agulhas do Tipo Reta
São destinadas a realização de procedimentos de sutura do tecido
epitelial, sem o emprego do porta-agulhas.
2 - Agulhas do Tipo Curva
As agulhas do tipo curva podem ser semi-retas que ao contrário das
agulhas retas, possuem uma leve curvatura.
55
As agulhas meio-círculo possuem uma curvatura bem maior do que as
agulhas semi-retas, e são eficazes na sutura de tecidos profundos.
3 - Agulhas do Tipo Lanceoladas
São agulhas de secção triangular. São utilizadas em tecidos mais
resistentes como a sutura da aponeurose dos músculos.
4 - Agulhas Cilíndricas
São agulhas de secção circular. Muito empregadas na sutura de
tecidos delicados e sensíveis, tais como a reconstituição de vasos sanguíneos
rompidos.
A classificação das agulhas pode ainda ser feita, quanto ao fio cirúrgico
que será utilizado na sutura, em 2 tipos que são: as com fio pré-passado e as
com fio a passar.
Nas agulhas com fio pré-passado, a agulha já vem de fábrica, montada
juntamente com o fio cirúrgico. A base da agulha é interligada com o início do
fio, não havendo nenhum desnível. Trata-se de agulha não traumática, por
possuir um calibre regular e uniforme na junção com o fio.
Nas agulhas com fio a passar, a agulha não vem montada de fábrica
com o fio. Será necessário montá-la, passando o fio cirúrgico desejado pelo
orifício da agulha.
Os porta-agulhas, como o próprio nome já diz, tem como finalidade
segurar a agulha durante os processos de sutura. Entre os mais empregados
destacam-se o porta-agulha do tipo “Mayo-Hegan” e o porta-agulha do tipo
“Mathieu”.
Os fios cirúrgicos podem ser classificados em dois grupos básicos: os
fios cirúrgicos absorvíveis e os fios cirúrgicos não-absorvíveis.
Fios Cirúrgicos do Tipo Absorvíveis
São fios que vão sendo gradativamente absorvidos pelo organismo, até
desaparecerem por completo. Nestes casos temos o fio Categute-simples que
são feitos de fibras de tripas de carneiro e os fios Categute-cromado. Aqui o fio
56
categute é tratado quimicamente com um banho de cromo. O objetivo desse fio
cromado e frear o tempo de absorção pelo organismo, mantendo-se a tensão
do fio por um período de tempo maior. Esse tipo de material é escolhido,
quando se deseja maior segurança quanto a durabilidade da sutura para que
as partes seccionadas possam se unir. Temos também o fio Dexon que é um
tipo de fio produzido com a substância ácido poliglicólico.
Fios Cirúrgicos do Tipo Não - Absorvíveis
Estes fios não são absorvidos pelo organismo. Caso não sejam
removidos posteriormente, irão ficar definitivamente na região suturada.
Dentre esses fios podemos relacionar o de Nylon, o de Algodão, o fio
de Seda, o de Aço e o fio de Mersilene que é composto de uma substância
sintática não absorvida pelo organismo.
15.1.15 Grupo 5 - Instrumentos para procedimentos especiais
São instrumentos que não compõem a mesa de instrumentação em
cirurgia geral. São instrumentos específicos para determinadas cirurgias ou
atos cirúrgicos. Existe uma gama
de instrumentos especiais. Como
exemplificação podem ser citados a pinça do tipo “Lambott” - “Farabeuf”, e o
Clamp de “Kocher” (Coprostase) que é empregado em cirurgias intestinais,
objetivando a oclusão da alça intestinal.
O Rugina é um instrumento que serve para descolar ou separar as
costelas dos tecidos musculares. Tendo grande aplicação nas cirurgias
torácicas.
A serra de “Gigli” é utilizada em neurocirurgias e em cirurgias
ortopédicas.
15.1.6 Grupo 6 - Instrumentos para fins diversos
1 - Campos Cirúrgicos
Os campos cirúrgicos são peças de pano que em geral medem 1,50 m
57
de comprimento por 1,50m de largura. Existem com o objetivo de isolar o
campo operatório que será alvo da cirurgia, das demais partes do corpo do
paciente. Os campos cirúrgicos são portanto, panos esterilizados. Desta forma,
não haverá riscos de membros da equipe cirúrgica tocarem demais partes da
pele do paciente e assim contaminarem suas roupas, luvas e instrumentos
cirúrgicos.
2 - Compressas Cirúrgicas
As compressas cirúrgicas são utilizadas por cima do campo cirúrgico,
ou seja, por cima da pele do paciente, de forma a criar uma barreira de
proteção nas bordas das incisões. São também empregadas no interior das
cavidades.
3 - Gazes
Podem ser utilizadas desde o procedimento pré-cirúrgico para antisepsia do paciente, onde a gaze com solução anti-séptica é segura pela pinça
do tipo “Cheron”, até o exaurimento cirúrgico, com a feitura de um curativo.
4 - Drenos
Os drenos são tubos de borracha ou plástico, que podem vir a ser
colocados em determinados pacientes, com o objetivo de fazer escoar para o
ambiente externo, fluidos corporais, pus, sangue e/ou secreções diversas.
5 - Seringas e Agulhas
Utilizadas para procedimentos anestésicos com infiltração.
15.2 Cuidados e manuseio dos instrumentos
O instrumento deve ser usado somente para a finalidade para a qual
ele foi feito. O uso correto e os cuidados razoáveis prolongam a sua vida útil e
protegem a sua qualidade. As tesouras e as pinças, que mais freqüentemente
são usadas abusivamente, podem sofrer desalinhamento, trincar, ou quebrar
58
quando usadas inadequadamente. As tesouras para tecidos não devem ser
usadas para cortar suturas ou gaze. As pinças hemostáticas não devem ser
usadas como prendedores de toalhas ou para pinçar tubos de sucção.
Obrigatoriamente
os
instrumentos
devem
ser
manejados
delicadamente. Deve-se evitar jogar violentamente, deixar cair e colocar
equipamento pesado sobre eles. Durante o procedimento, o instrumento usado
deve ser limpo com uma compressa úmida, ou colocado dentro de uma bacia
com água destilada estéril para evitar que o sangue seque sobre o instrumento.
O soro fisiológico nunca deve ser utilizado sobre os instrumentos, pois o seu
conteúdo de sal pode ser corrosivo, aumentando a ferrugem ou deterioração do
metal. No tempo previsto durante o procedimento, a instrumentadora deve
lavar e secar os instrumentos usados, e recolocá-los sobre a mesa de
instrumentos para facilitar o fechamento das contagens.
No fim do procedimento, os instrumentos não devem ser colocados
todos juntos num amontoado desordenado. Eles devem ser manejados
individualmente ou em pequenos grupos. Os instrumentos agudos ou delicados
devem ser dispostos separadamente para o manuseio e limpeza individuais,
para evitar dano e ferimento acidental. Os princípios das precauções universais
devem ser aplicados conforme ditados pela política institucional. Todos os
instrumentos destinados ao procedimento devem ser esterilizados na fase final
ou desinfetados antes da remontagem.
Obrigatoriamente, os instrumentos devem estar completamente limpos
para assegurar esterilização eficaz.
Todo instrumento deve ser inspecionado antes e após cada uso para
se detectar imperfeições. O instrumento deve funcionar adequadamente para
evitar colocar desnecessariamente em perigo a segurança do paciente e
aumentar o tempo cirúrgico por causa de falha instrumental.
Os
fórceps,
as
pinças
e
outros
instrumentos
articulados
obrigatoriamente devem ser inspecionados quanto ao alinhamento das garras e
dentes. As garras e os dentes dos instrumentos devem se apor perfeitamente,
de modo que seja ocluído o fluxo sangüíneo sem lesar a veia ou artéria. As
travas devem fechar perfeitamente mas soltar facilmente. As articulações dos
59
instrumentos devem funcionar suavemente.
As bordas das tesouras devem ser testadas quanto ao gume, cortandose suavemente quatro camadas de gaze. Todos os instrumentos devem ser
verificados quanto a pontos de desgaste, saliências, denteamento, rachaduras,
ou pontas agudas.
Os instrumentos danificados devem ser colocados de lado e enviados
para conserto ou substituição. O serviço de conserto de instrumentos deve ser
escolhido cuidadosamente e usado para a manutenção regular, como afiar e
realinhar.
15.2.1 Contagem dos instrumentos
A maior parte das instituições realiza contagem dos instrumentos como
prática
padronizada.
O
estabelecimento
de
conjuntos
instrumentais
padronizados com o número e tipos mínimos de instrumentos neles facilita a
sua contagem, bem como minimiza a quantidade de tempo e espaço
necessário para montar. As contagens iniciais devem ser feitas conjuntamente
pela circulante e pela instrumentadora, antes do procedimento. Os materiais
adicionados durante o procedimento devem ser contados e registrados. As
contagens subseqüentes devem ser feitas antes do fechamento de uma
cavidade ou de uma incisão grande e profunda, quando a instrumentadora ou a
circulante é substituída por outras pessoas, e ao término do procedimento. Os
instrumentos desmontados durante a cirurgia, como certos afastadores,
obrigatoriamente devem ser identificados no seu todo. Todas as contagens
devem ser registradas pela circulante num registro apropriado.
15.2.2 Acondicionamento dos instrumentos
Os instrumentos devem ser armazenados com segurança. As
prateleiras dos armários devem ser ajustáveis e espadas adequadamente para
o armazenamento dos vários tipos e tamanhos de instrumentos. Muitos
hospitais hoje em dia armazenam os instrumentos em bandejas ou utensílios
60
pré-esterilizados. Etiquetas e diagramas nos armários ajudam o pessoal. Um
inventário de todos os instrumentos deve ser feito periodicamente.
O enfermeiro do Centro Cirúrgico deve zelar para que os equipamentos
e materiais utilizados na sala cirúrgica sejam mantidos em perfeitas condições
de uso e repostos em quantidade suficiente para assistir adequadamente o
paciente, e facilitar a dinâmica de funcionamento da Unidade.
61
16 CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS E O POTENCIAL DE
CONTAMINAÇÃO
Segundo a (Portaria MS n. 930/92 - anexo III) - as infecções pósoperatórias devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação, ao
final do ato cirúrgico, entendido como o número de microrganismos presentes
no tecido a ser operado. As cirurgias são classificadas em: limpas,
potencialmente contaminadas, contaminadas e infectadas.
Operações limpas: realizadas em tecidos estéreis, na ausência de
processo infeccioso ou inflamatório local, cirurgias eletivas atraumaticas com
cicatrização por primeira intenção e sem drenagem.
Operações potencialmente
contaminadas: colonizadas por
flora
microbiana pouco numerosa, na ausência de infecção ou inflamação. Cirurgias
limpas com drenagem se enquadram. Ocorre penetração no trato digestivo,
respiratório ou urinário.
Operações contaminadas: em tecidos traumatizados recentemente e
abertos, colonizados por flora bacteriana abundante, na ausência de supuração
local. Há presença de inflamação aguda na incisão, e cicatrização por segunda
intenção, grande contaminação a partir do trato digestivo. Obstrução biliar ou
urinária.
Operações infectadas: realizadas em qualquer órgão ou tecido na
presença de processo infeccioso, necrose. Todas as cirurgias podem ser
infectadas. Dependendo do que vai se encontrar no local.
Alguns exemplos:
Limpos:
• Artoplastia do quadril
• Cirurgia cardíaca
• Herniorrafias
• Neurocirurgia
• Procedimentos ortopédicos (eletivos)
• Mastoplastia
• Mastectomias
62
Potencialmente contaminadas:
• Hiterectomia
• Cesária
• Cirurgia do intestino delgado (eletiva)
• Cirurgia das vias biliares sem estase ou obstrução
• Feridas traumáticas limpas (até 10h após)
• Colecistectomia
• Cirurgias cardíacas com circulação extra-corpórea
Contaminadas:
• Cirurgia de cólons
• Debricamento de queimaduras
• Cirurgia bucal, dental e da orofaringe
• Fraturas expostas (após 10 horas)
• Feridas traumáticas (após 10 horas)
• Cirurgia duodenal por obstrução
• Cirurgia intranasal
Infectadas:
• Cirurgia de reto e ânus com supuração
• Cirurgia abdominal em presença de conteúdo do colon
• Nefrectomia com infecção
• Presença de vísceras perfuras
• Colescitectomia com empiema
63
17 TERMINOLOGIA CIRÚRGICA
Os principais objetivos da terminologia cirúrgica são:
• Fornecer sob forma verbal ou escrita uma definição do termo
cirúrgico;
• Descrever os tipos de cirurgia;
• Preparar os instrumentais e equipamentos cirúrgicos apropriados
a cada tipo de cirurgia.
Na terminologia cirúrgica, os termos são formados por um prefixo, que
designa a parte do corpo relacionada com a cirurgia, e por um sufixo, que
indica o ato cirúrgico realizado.
Prefixos da terminologia cirúrgica e seius significados
Prefixo
Relativo a(o)
adeno
glândula
blefaro
pálpebra
cisto
bexiga
cole
vesícula
colo
cólon
colpo
vagina
entero
intestino delgado
gastro
estomago
histero
útero
nefro
rim
oftalmo
olho
ooforo
ovário
orqui
testículo
osteo
osso
oto
ouvido
proto
reto
rino
nariz
salpingo
trompa
traqueo
traquéia
Sufixos da terminologia cirúrgica e seus significados
Sufixo
Significado
ectomia
remoção parcial ou total
pexia
fixação de um órgão
plastia
alteração da forma e/ou função
rafia
sutura
64
scopia
(s)tomia
visualização do interior do corpo em
geral por meio de aparelhos com
lentes especiais
abertura de um órgão ou de uma nova
boca
Principais cirurgias com sufixo ectomia
Cirurgia
Para remoção de
apendicectomia
apêndice
cistectomia
bexiga
colecistectomia
vesícula biliar
colectomia
cólon
embolectomia
embolo
esofagectomia
esôfago
esplectomia
baço
fisctulectomia
fistula
gastrectomia
estomago
hemorroidectomia
hemorróidas
hepatectomia
parcial do fígado
hiterectomia
útero
lobectomia
lobo de um órgão
mastectomia
mama
miomectomia
mioma
ooforectomia
ovário
pancreatectomia
pâncreas
pneumectomia
pulmão
prostatectomia
próstata
retossigmoidectomia
reto-sigmóide
salpingectomia
trompa
segmentos selecionados do sistema
simpatectomia
nervoso simpático, produzindo
vasodilatação
tireodectomia
tireóide
Principais cirurgias com sufixo pexia
Cirurgia
cistopexia
histeropexia
nefropexia
retinopexia
orquipexia ou orquidopexia
Para fixação de
bexiga
útero à parede abdominal
rim á parede abdominal
retina
testículo em sua bolsa
65
Principais cirurgias com sufixo plastia
Cirurgia
Alterar a forma e/ou função
articulação, para testaurar movimento
artoplastia
e função
bleforoplastia
pálpebras
mamoplastia
mama
piloroplastia
piloro
queiloplastia
lábio
rinoplastia
nariz
ritidoplastia
rugas da face
salpingoplastia
trompa, para sua recanalização
toracoplastia
torax
Principais procedimentos com sufixo rafia
Procedimento
Sutura de
blefarorrafia
pálpebra
colporrafia
vagina
gastrorrafia
estomago
herniorrafia
hérnia
osteorrafia
ou colocação de fio metálico
palatorrafia
fenda palatina
perineorrafia
períneo
tenorrafia
tendão
Principais procedimentos com sufixo scopia
Procedimento
Visualização de
artroscopia
articulação
broncoscopia
brônquios
cistoscopia
bexiga
colonoscopia
cólons
colposcopia
vagina
duodenoscopia
duodeno
endoscopia
órgãos internos
esofagoscopia
esôfago
gastroscopia
estomago
laringoscopia
laringe
laparoscopia
cavidade abdominal
sigmoidoscopia
sigmóide
ureteroscopia
ureter
uretroscopia
uretra
ventriculoscopia
ventrículo cerebral
66
Principais aparelhos para visualização direta
Aparelho
Finalidade
artroscópio
artroscopia
broncoscópio
broncoscopia e laringoscopia
cistoscopia, ureteroscopia e
cistoscocópio
uretroscopia
colonoscópio
colposcopia
colposcópio
colonoscopia
esofagoscopia, gastroscopia e
endoscópio digestivo
duodenoscopia
laringoscópio
laringoscopia
laparoscópio
laparoscopia
sigmoidoscópio
sigmoidoscopia
Principais cirurgias com sufixo tomia ou stomia
Cirurgia
Para abertura de
artrotomia
articulação
broncotomia
brônquio
cardiotomia
cárdia
bexiga para drenagem da urina por
cistostomia
sonda
e colocação de dreno na vesícula
colecistostomia
biliar
coledocolitotomia
colédoco para retirada de calculo
coledocotomia
e exploração do coledoco
coledocostomia
e colocação de creno no coledoco
duodenotomia
duodeno
enterostomia
colon através da parede abdominal
flebotomia
dissecção de veia
e colocação de uma sonda no
gastrostomia
estomago através da parede
abdominal
hepatotomia
fígado
e colocação de sonda ou dreno no
ileostomia
íelo
e colocação de sonda no jejuno par
jejunostomia
alimentação
laparotomia
cavidade abdominal
nefrostomia
e colocação de sonda no rim
tenotomia
tendão
toracotomia
parede torácica
toracostomia
parede do tórax par drenagem
traqueostomia
traquéia para facilitar a entrada de ar
ureterolitotomia
ureter para retirada de calculo
67
Terminologias que não seguem as regras citadas
Cirurgia
Para abertura de
remoção de um membro ou de parte
amputação
necrosada do corpo
conexão e sutura de dois órgãos ou
anastomose
vasos
artodese
fixação cirúrgica de articulação
bartholinectomia
retirada de cisto de bartolin
remoção de um tecido vivo para fins
biópsia
diagnósticos
destruição de tecido por meio de
cauterização
agente caustico ou calor - bisturi
elétrico
retirada do feto por incisão através da
cesariana
parede abdominal
ressecção da pele do prepúcio que
circuncisão
cobre a glande
cistocele
queda da bexiga
raspagem e remoção do conteúdo
curetagem uterina
uterino
separação de bordos previamente
deiscencia
suturados e unidos
dissecção
corte, retalhamento
diverticulo
bolsa que sai da cavidade
enxerto
transplante de órgão ou tecido
incisão perineal destinada a evitar a
episiotomia
ruptura do períneo durante o parto
evisceração
saída de víscera de sua cavidade
orifício que põe em comunicação
parte de um órgão, cavidade ou foco
fistula
supurativo com a superfície cutânea
ou mucosa
goniotomia
cirurgia de glaucoma
onfalectomia
remoção do umbigo
operação de bursh
levantamento da bexiga
operação de hammsted
correção de estenose pilórica
operação de manchester
correção de prolapso de útero
punção cirúrgica da cavidade par
paracentese
retirada de liquido
ressecção
remoção cirúrgica de parte de órgão
retocele
protrusao de parte do reto
toracocentese
punção cirúrgica na cavidade torácica
varicocele
veias ditadas no escroto
corte de um segmento do canal
vasectomia
deferente (para controle da
natalidade)
68
18 ANESTESIA E ANALGESIA
A anestesia é caracterizada pela perda da sensibilidade dolorosa com
perda de consciência e certo grau de amnésia, ao passo que a analgesia se
caracteriza pela perda da sensibilidade dolorosa com preservação do estado
de consciência.
Os medicamentos anestésicos gerais, inalatórios ou endovenosos,
promovem a depressão dos neurônios no nível encefálico, enquanto os
anestésicos locais promovem o bloqueio da condução do impulso elétrico nos
nervos periféricos.
18.1 Principais objetivos do ato anestésico
• Suprir a sensibilidade dolorosa durante a cirurgia
• Propiciar condições idéias par a ação da equipe cirúrgica
Principais etapas do ato anestésico
• Pré-anestesia: consiste em uma visita pré-anestésica: antes do
procedimento cirúrgico, o anestesiologista faz uma anamnese
dirigida aos elementos relacionados com o procedimento
anestésico-cirúrgico.
18.2 Anestesia propriamente dita
O ato anestésico pode ser realizado de vários modos, sendo os
principais anestesia geral e a anestesia regional.
• Anestesia geral: caracteriza-se pela administração de anestésico
endovenoso e, posteriormente, pela manutenção com anestésicos
inalatórios.
• Anestesia regional: pode ser:
- Peridural: o anestésico é injetado no chamado espaço
peridural, não atravessando a dura, que reveste o espaço
raquidiano;
69
- Raquidiana:
o
anestésico
é
introduzido
no
espaço
raquidiano, com saída de líquor.
18.3 Etapa pós-anestésica imediata
Esta etapa é muito importante para o paciente que recebe anestesia
geral, pois, quando a equipe cirúrgica está terminando o procedimento
cirúrgico, o medido ansetesiologista inicia a fase de acordar o paciente,
administrando-lhe drogas antagônicas às administradas no decorrer do ato
cirúrgico.
70
19 ANTIBIÓTICOPROFILAXIA CIRÚRGICA
Antibioticoprofilaxia cirúrgica (APC) constitui-se na utilização de
agentes antimicrobianos (AAM) com o objetivo de evitar o aparecimento de
infecções do sitio cirúrgico (ISC), em pacientes que não apresentam evidencias
clínicas de infecção. A APC tem como objetivos reduzir a adversidade e
multiplicação bacteriana nos tecidos operados e diminuir o inoculo bacteriano
no momento em que as barreias anatômicas entre os tecidos colonizadores e
não-colonizadores são rompidos pelas incisões.
As cefalosporinas de primeira geração (cefazolina, defalotina) são as
drogas habitualmente empregadas na APC, mas outras drogas (ex.: cefoxitina)
vacomicina, gentamicina, metronidazol, clindamicina) podem ser empregadas
para ampliar ou direcionar o espectro de ação sobre bactérias resistentes às
cefalosporinas de primeira geração, considerando fatores relacionados com o
paciente, com o procedimento cirúrgico e com os prováveis microrganismos
envolvidos na ISC.
71
20 SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA
A Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) é a área que se
destina a permanência do paciente logo após o término do ato anestésicocirúrgico. Neste local, o paciente fica sob os cuidados das equipes de
enfermagem e médica, especialmente, o anestesista.
A Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) deve estar instalada
dentro da Unidade de Centro Cirúrgico ou nas suas proximidades, de modo a
favorecer o transporte fácil do paciente anestesiado para este local.
20.1 Organização da sala de recuperação pós-anestésica
A Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) deve ser provida de
equipamentos básicos, em perfeitas condições de uso para atender a qualquer
situação de emergência. Didaticamente, tais equipamentos e materiais de uma
Recuperação Pós-Anestésica podem ser divididos em:
• equipamentos básicos, geralmente, fixos a parede, acima da
cabeceira de cada leito:
- duas saídas de oxigênio com fluxômetros;
- uma saída de ar comprimido;
- uma fonte de aspiração a vácuo; .
- um foco de luz;
- tomadas elétricas de 110 e 220 watts;
- monitor cardíaco;
- oxímetro de pulso;
- esfigmomanômetro.
• equipamentos e materiais de suporte respiratório:
- ventiladores mecânicos;
- máscaras e cateteres para oxigênio (O2);
- sondas para aspiração;
- carrinho de emergência, com material completo para intubação
orotraqueal e ventilação manual.
72
• equipamentos e materiais de suporte cardiovascular:
- equipos de soro e transfusão, cateteres, seringas e agulhas;
- equipos para medida de pressão venosa central (PVC).
• outros materiais:
- bandeja de cateterismo vesical;
- sondas vesicais de demora;
- sistema de drenagem vesical;
- pacotes de curativos;
- bolsas coletoras para drenos e ostomias;
- gazes; chumaços e adesivos;
- termômetros;
- frascos e tubos esterilizados para coleta de sangue;
- fitas reagentes para dosagem de glicose no sangue e urina;
- caixa de pequena cirurgia;
- medicamentos e soros;
- soluções desinfetantes e anti sépticas;
- cilindros de O2 e ar comprimido e aspirador elétrico; ,
- travesseiros, almofadas, cobertores e talas.
É conveniente destacar que as camas para uso na Sala de
Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) devem ser do tipo cama-macaL,
providas de grades laterais de segurança, manivelas para dar posição de
proclive e trendelemburg, encaixes para adaptar suportes de soro e cabeceira
removível para facilitar o atendimento em situações de emergência.
20.2 Recursos humanos
A assistência ao paciente na SRPA esta sob a responsabilidade das
equipes de enfermagem e médica. A equipe de enfermagem compõe-se de
enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, e a médica, de médicos
anestesiologistas.
O enfermeiro, como líder da equipe de enfermagem, deve possuir
conhecimentos e habilidades para prestar assistência pós-anestésica e
73
operatória a pacientes submetidos a diferentes tipos de cirurgia e em uso de
aparelhos de ventilação mecânica e, ainda, atuar com presteza nas situações
emergenciais.
Para calculo do pessoal necessário a prestação de assistência neste
setor, estimam dois enfermeiros para cinco leitos;
20.3 Transporte do paciente
20.3.1 Para a sala de recuperação pós-anestésica
A transferência do paciente pós-operatório da sala de operação para a
unidade de recuperação pós-anestésica e responsabilidade do anestesiologista
ou anestesista. Durante o transporte da sala de operação para a SRPA, o
profissional de anestesia permanece a cabeceira da maca (para manter as vias
aéreas do paciente) e um membro da equipe cirúrgica permanece na outra
extremidade. O transporte do paciente compreende considerações especiais
sobre o local de incisão do paciente, as potenciais alterações vasculares e a
exposição. A incisão cirúrgica é observada a cada momento em que o paciente
no pós-operatório é mobilizado; muitas feridas são fechadas sob considerável
tensão, e todo esforço é feito para prevenir um maior tensionamento sobre a
incisão. O paciente é posicionado de modo que ele não deite sobre nem
obstrua drenos ou tubos de drenagem.
O paciente deve ser mobilizado lenta e cuidadosamente. Tão logo ele
seja colocado sobre a maca ou leito, a camisola suja é retirada e substituída
por uma seca. O paciente é coberto com cobertores leves e aquecidos. As
grades laterais são elevadas para proteger contra quedas.
A enfermeira que admite o paciente na GRPA revisa as seguintes
informações com o anestesiologista ou anestesista:
1. O diagnóstico médico e o tipo de cirurgia realizada
2. A idade do paciente e a condição geral, a permeabilidade das vias
aéreas, os sinais vitais
3. O anestésico e outros medicamentos utilizados (p. ex.. opióides e
74
outros analgésicos, relaxante muscular, antibiótico)
4. Quaisquer problemas ocorridos na sala de operação que possam
influenciar o cuidado pós-operatório (p. ex. hemorragia extensiva, choque,
parada cardíaca)
5. A patologia encontrada (malignidade, se o paciente ou a família foi
informada)
6. Líquido administrado, perda sangüínea estimada e reposição
7. Quaisquer tubos, drenos, cateteres ou outros dispositivos de apoio
8. Informação especifica sobre o que o cirurgião, anestesiologista ou
anestesista deseja que seja observado.
Antes de transportar o paciente da SO para a SRPA, a enfermeira
circulante deve chamar a SRPA e fazer um relato inicial das condições do
paciente.
Esse relato deve incluir:
• Procedimento cirurgião realizado.
• Tipo de anestesia feita.
• Informações especificas dos diagnósticos pré-operatório do
paciente.
• Resultado final com relação à intervenção intra-operatória.
Quando o paciente chegar à SRPA, o anestesista dará à enfermeira da
SRPA que recebe o paciente informações pertinentes
• Nome
• Idade
• Procedimento cirúrgico e complicação
• Tipo de anestesia
• Medicamentos pré-operatórios
• Drogas anestésicas
• Sinais vitais pré e pós-operatórios
• Perda estimada de sangue
• Ingestão e eliminação hídrica intra operatórias
• Alergias
75
• Prescrição de analgesia durante a recuperação
Todos os sedativos, analgésicos, ou outras drogas dadas na SRPA
geralmente são prescritos pelos anestesista.
20.3.2 Alta da SRPA para unidade de internação
O paciente geralmente recebe alta da SRPA que é dada pelo
anestesista, o qual pode estar presente e na oportunidade escrever a ordem de
alta. Alternativamente, um sistema de escore numérico aprovado pelo Serviço
de Anestesia pode ser usado para determinar se o paciente está pronto para a
alta. O sistema de escore mais comum em uso é o escore de Aldrete. Para
atividade, respiração, circulação, consciência, coloração são atribuídos
escores de 0 a 2. O escore total de 9 a 10 é aceitável geralmente para a alta da
SRPA, desde que não haja contra-indicação médica.
Um relato das condições do paciente é feito para a enfermeira que
assumirá os cuidados do paciente na enfermaria de cirurgia. Este relato pode
ser feito pelo telefone antes que o paciente deixe a URPA ou pessoa a pessoa,
depois que o paciente chega a enfermaria. O relato deve incluir a história préoperatória, informações pertinentes sobre a cirurgia e a recuperação do
paciente, medicações que foram administradas, ordens médicas e qualquer
outra informação importante.
Uma vez confirmada a alta, o enfermeiro da RPA deve comunicá-la ao
enfermeiro da Unidade de origem do paciente, informando-lhe as condições em
que este se encontra. Em seguida, transportá-lo, de forma segura, até o seu
leito, onde continuará a receber os cuidados de pós-operatório.
20.4 Responsabilidade e assistência de enfermagem na SRPA
O período de recuperação
pós-anestésica é considerado crítico. O
paciente necessita de vigilância continua das equipes médica e de enfermagem
que atuam no setor, pois, além de ter recebido drogas anestésicas, foi
submetido às agressões impostas pelo ato cirúrgico.
76
Devido ao fato de o paciente estar bastante Vulnerável neste período, a
atuação do enfermeiro é imprescindível na avaliação e controle constantes,
prevenção, detecção e tratamento imediato das complicações, até que este
possa retomar, de forma segura, a sua Unidade de origem.
20.4.1 Recepção do paciente
A recepção do paciente na RPA é feita pelo enfermeiro e anestesista
responsáveis por este setor. Estes recebem o paciente do anestesista e
circulante de sala de operação encarregados de transportá-lo até a RPA, e que
lhes passam as informações básicas sobre o paciente e o tratamento cirúrgico
a que foi submetido. Estas informações nortearão a assistência a ser prestada,
e devem incluir:
• dados de identificação;
• diagnóstico médico;
• intervenção cirúrgica executada, duração do procedimento;
• técnica anestésica, drogas utilizadas na pré-anestesia e na
anestesia;
• posição cirúrgica;
• uso do bisturi elétrico e local da placa dispersiva;
• perdas sangüíneas e reposição
• de líquidos no intra-operatório;
• intercorrências no período intra-operatório;
• antecedentes patológicos;
• alergia a drogas;
• estado geral do paciente ao deixar a sala de operações;
• presença de drenos, sondas,
cateteres e outros métodos
terapêuticos;
• recomendações especiais sobre o pós-operatório.
'
A equipe de enfermagem deve instalar a oxigenoterapia, se indicada,
oximetro de pulso, monitorização cardíaca, quando necessária, e proceder a
avaliação preliminar do paciente que, necessariamente, inclui: função
77
respiratória e permeabilidade das vias aéreas; sinais vitais; nível de
consciência; circulação periférica; coloração da pele; infusões venosas;
condições do curativo cirúrgico; posicionamento de sondas, drenos e cateteres;
função motora e sensitiva.
O decúbito lateral é a posição ideal em que o paciente deve ser
colocado no pós-operatório imediato, por facilitar a eliminação de secreções
acumuladas na orofaringe. Caso esta não seja possível, colocá-lo na posição
indicada, tomando-a funcional e confortável.
Históricos anteriores freqüentes sobre:
• a oxigenação do paciente
• volume e regularidade do pulso
• profundidade e natureza das respirações
• coloração da pele
• nível de consciência
• capacidade de responder aos comandos
A enfermeira realiza o histórico parâmetro seguido pela verificação:
• do local da cirurgia quanto à drenagem ou hemorragia
• conexão de todos os tubos de drenagem e linhas de monitorização
• sinais vitais e estado físico geral deve ser avaliado no mínimo a
cada 15 minutos
• verificar constantemente a permeabilidade das vias aéreas
• avaliar função respiratória
• avaliar a função cardiovascular
• avaliar a condição do local de cirurgia
• estar atento quanto aos sinais de complicações
• atentar para medidas de segurança para evitar contusões, queda
do leito, desconexões de sondas, cateteres ou drenos.
• Observar a coloração das extremidades para avaliar a perfusão
tissular
• Promover medidas visando o aquecimento e o conforto do paciente
• Controlar e registrar a quantidade de líquidos administrados e
eliminados através da urina, drenagens vômitos e outras perdas.
78
• Posicionar no alcance do paciente a campainha de chamada, as
lascas de gelo (se permitido), a comadre e o papagaio.
• Inspecionar e controlar o curativo cirúrgico quanto ao volume e
aspectos de secreções, presença de sangramento.
• Administrar medicamentos para promoção do alívio da dor, se
prescritos.
• Mudança de decúbito como medida de conforto
• Proporcionar informações para o paciente e família.
Durante o período de permanência do paciente nas SRPA, as
intervenções de enfermagem são estabelecidas a partir do conjunto de dados
levantados, e não da interpretação de dados isolados, tendo em vista a
recuperação do paciente e conseqüente alta do setor. As intervenções
implementadas e as respostas do paciente a estas deve ser registradas pelo
enfermeiro, permitindo a avaliação da assistência de enfermagem prestada.
20.5 Complicação observadas na SRPA com o paciente
- Náuseas e vômitos
Executante: enfermeira do SRPA
Náuseas ou vômitos geralmente são causados pela estimulação do
centro do vomito na medula por impulsos oriundos do trato gastrointestinal, de
outros centros cerebrais e decorrentes de drogas.
A enfermeira da URPA deve proteger as vias aéreas do paciente
inconsciente ou semi-consciente para prevenir a possibilidade de aspiração de
conteúdo gástrico. Fatores precipitantes devem ser eliminados, como evitar
conversações que poderiam suscitar náusea e vômito, prevenir o movimento
rápido e elevar a cabeça do paciente.
Terapia
antiemética
e
planejada
para
reduzir
os
sintomas
gastrointestinais (GI) sem supersedar o paciente. Uma droga usada
freqüentemente, especialmente nos serviços de cirurgia ambulatorial, é o
droperidol. Outras drogas usadas comumente são metoclopramida (Reglan,
Plasil), proclorperazina (Compazine) e prometazina (Fenergau). O agente
79
antiemético odansetron (Zofran) foi aprovado recentemente para a prevenção
da náusea e do vômito pós-operatório. Esta droga tornou-se popular devido a
sua ausência de efeitos colaterais como a sedação, hipotensão e tremores.
Outras medicações úteis incluem dimenidrinato.
- Dor
executante: enfermeiro da SRPA
A dor é uma experiência subjetiva e pode ou não ser verbalizada.
Intervenções não-farmacológicas que podem ser usadas incluem
posicionamento, confiança verbal, toque, aplicações de calor ou gelo.
massagem, e estimulação elétrica transcutânea do nervo. Se o paciente foi
ensinado no pré-operatório, outras técnicas que podem ser usadas são o
relaxamento, imagem auto-sugestiva, distração com musica.
Evidências tem indicado que a analgesia precoce reduz os problemas
pós-operatórios (Frost, 1992). Drogas antiinflamatórias não-esteróides (DAINE)
e opiaceos são os analgésicos de escolha. Uma dose intramuscular de 30mg
de cetorolac e equivalente a 100 mg de meperidina. DAINE e opiaceos são
usados geralmente em combinação na SRPA. O paciente pode receber uma
dose de cetorolac na sala de cirurgia ou imediatamente após a chegada na
SRPA. A dor é então tratada com um opiaceo por via intravenosa, como a
morfina, a meperidina e o fentanyl.
A analgesia controlada pelo paciente (ACP) permite que este controle a
administração analgésica. Dosagem, tempo entre as doses e a dosagem
máxima que pode ser administrada são prescritos pelo médico. A ACP pode
ser iniciada na SRPA ou imediatamente na chegada a sala do paciente. Outros
métodos de alívio da dor no pós-operatório incluem a colocação de opiáceo
espinhal e epidural e a colocação diretamente de anestésico local pelo
cirurgião.
- Hipotensão e choque
Executante: médico
A hipotensão tem sido definida como uma pressão arterial menor que
80
20% do nível basal ou que a pressão do pré-operatório. Podemos ser
resultante da perda de sangue, hipoventilação, mudança de posição, acumulo
de sangue nas extremidades, ou de efeitos colaterais dos medicamentos e
anestésicos.
Os sinais clínicos incluem:
- pulso rápido e filiforme
- desorientação
- sonolência
- oliguria
- pele fria e palida
O choque pode ser descrito como a oxigenação celular inadequada
acompanhada da incapacidade de excreção das escórias do metabolismo. O
choque hipovolemico é caracterizado por uma queda na pressão venosa,
elevação na resistência periférica e taquicardia. O choque neurogenico, causa
menos comum de choque no paciente cirúrgico, acontece como resultado da
diminuição da resistência arterial causada pela anestesia espinhal. E
caracterizado por uma queda na pressão arterial devido ao acúmulo de sangue
nos vasos capacitantes dilatados (aqueles que mudam a capacidade do
volume). O choque cardiogênico é improvável no paciente cirúrgico, exceto na
presença de uma grave doença cardíaca preexistente ou de enfarto do
miocárdio durante a cirurgia.
Os sinais clássicos do choque são os que se seguem:
- Palidez
- Pele fria e úmida
- Respiração rápida
- Cianose dos lábios, gengivas e língua
- Um pulso rápido, fraco e fino
- Diminuição na pressão do pulso
- Geralmente, pressão arterial baixa e urina concentrada
O
choque
hipovolêmico
pode
ser
evitado
grandemente
pela
administração regular de líquidos endovenosos, sangue e medicamentos que
elevam a pressão arterial. Outros fatores podem contribuir para a estabilidade
81
hemodinâmica, e a enfermeira da SRPA implementa múltiplas medidas para o
gerenciamento desses fatores. A dor é controlada fazendo o paciente ficar tão
confortável quanto possível e utilizando as opióides criteriosamente. O
desnudamento e evitado e a nomotermia é mantida para prevenir a
vasodilatação.
A reposição do volume é a prescrição básica. Uma infusão de solução
de lactato de Ringer ou uma terapia com componentes sangüíneos é iniciada.
O oxigênio é administrado por cânula nasal, máscara facial ou
ventilação
mecânica.
Os
cardiotônicos,
os
vasodilatadores
e
os
Corticosteróides podem ser administrados para melhorar a função cardíaca e
reduzir a resistência vascular periférica. O paciente é mantido aquecido;
todavia, o calor excessivo é evitado para prevenir que os vasos cutâneos se
dilatem e privem os órgãos vitais de sangue. O paciente é posicionado
horizontalmente no leito, com as pernas elevadas. A freqüência respiratória e
cardíaca, a pressão arterial, a concentração de O2 a débito urinário, o nível de
consciência, a pressão venosa central, a pressão da artéria pulmonar, a
pressão em cunha da artéria pulmonar e o débito cardíaco são monitorizados
para proporcionar informação sobre o estado respiratório cardiovascular do
paciente. Os sinais vitais são monitorizados continuamente até que a condição
do paciente esteja estabilizada.
- Hemorragias
Executante: médico
Quando a perda de sangue é extrema o paciente fica apreensivo,
inquieto e sedento; a pele e fria, úmida e pálida. A freqüência cardíaca
aumenta, a temperatura cai e as respirações são rápidas e profundas,
geralmente do tipo conhecido como “fome de ar”. Se a hemorragia progride
sem tratamento, o debito cardíaco diminui, a pressão venosa e arterial do
sangue e o nível da hemoglobina caem rapidamente, os lábios e as conjuntivas
tornam-se pálidas, manchas aparecem diante dos olhos, um tinido é ouvido nos
ouvidos e o paciente torna-se cada vez mais fraco, porém permanece
consciente até próximo à morte.
82
A administração da transfusão de sangue ou de hemoderivados é a
determinação da causa da hemorragia são as medidas terapêuticas iniciais. O
local e a incisão cirúrgica devem sempre ser inspecionados quanto ao
sangramento. Se o sangramento é evidente, um acolchoado de gaze estéril e
um curativo de pressão são aplicados, e o local do sangramento é elevado ao
nível do coração, se possível. O paciente é mantido na posição de choque
(deitado de costas na horizontal, com as pernas elevadas em um angulo de 20º
enquanto os joelhos são mantidos retos). Se a fonte do sangramento é
identificada, o paciente pode ser levado de volta a sala de operação para uma
exploração de emergência do local da cirurgia.
Quando os líquidos endovenosos são administrados nos casos de
hemorragia é importante lembrar que salvo se a hemorragia tiver sido
controlada, a administração de grandes quantidades ou muito rápido de
Ilíquidos endovenosos pode elevar a pressão arterial o bastante para iniciar o
sangramento novamente.
- Hipertensão e arritmia
Executante: médico
A hipertensão arterial sistêmica é geralmente definida como uma
pressão arterial maior que 20% do nível basal do paciente ou do pré-operatório.
Se novo, os sinais clínicos são os mais importantes indicadores da gravidade
da hipertensão. A cefaléia, alterações do estado mental e dor subesternal são
todos indicadores de danos a um órgão-fim.
A hipertensão pode ser devida ao volume pré-carga ou edema
pulmonar, que causa um aumento do débito cardíaco. Neste caso, dá-se
diurético ao paciente, faz-se restrição de líquidos e o paciente é monitorizado
hemodinamicamente.
Outras causas de hipertensão são dor e ansiedade, hipotermia,
hipoxemia, hiperearbia e distensão vesical, todos os quais causam aumento na
resistência vascular. Os pacientes com dor são medicados e os pacientes com
hipotermia são aquecidos. Os pacientes são bem oxigenados e ventilados, se
necessário, para melhorar a hipoxemia ou hipercarbia. Os pacientes são
83
estimulados a urinar ou são cateterizados para esvaziar toda a bexiga.
Drogas anti-hipertensivas são usadas, quando necessárias, para
controlar a pressão arterial. Os pacientes devem retomar os medicamentos
anti-hipertensivos prescritos no pré-operatório tão logo quanto possível após a
cirurgia. Aos pacientes de cirurgia ambulatorial, bem como aqueles internados,
deve ser permitido tomar seus anti-hipertensivos prescritos no dia da cirurgia.
Uma causa comum de disritmia posterior a cirurgia e a sinus
taquicardia (uma freqüência maior que 100 no adulto). Causas freqüentes
incluem dor, hipoxemia, hipovolemia, aumento da temperatura e ansiedade. A
causa subjacente e tratada. Propranolol, mesoprolol, ou esmolol podem ser
dados.
- Hipotermia
Executante: médico
A hipotermia pós-operatória, definida como uma temperatura menor
que 36°C ou 96,8° F.
A hipotermia pode prolongar o tempo de recuperação e contribuir para
a morbidade pós-operatória. O idoso e as crianças maiores de 2 anos de idade
são especialmente vulneráveis aos efeitos da hipotermia.
A prevenção da perda de calor com na sala de cirurgia, o paciente sob
anestesia geral não produz calor e é dependente da temperatura ambiental. A
prevenção pode incluir o aumento da temperatura ambiental na sala de cirurgia
e a cobertura do paciente na chegada para minimizar a exposição. Os
umidificadores de aquecimento e os aquecedores de líquidos adicionam calor.
O reaquecimento é uma prioridade nos cuidados imediatos do paciente
pós-operatório porque a normotermia reverte todos os efeitos da hipotermia.
Roupas e cobertores úmidos e frios devem ser retirados e aquecidos; roupas e
cobertores secos, aplicados a cabeça e ao corpo. Várias técnicas de
reaquecimento externo estão disponíveis. A aplicação de cobertores aquecidos
de tecido de algodão tem sido a tradição na URPA. Os cobertores aquecidos
são aplicados a cada 5 a 10 minutos até que o paciente fique normotérmico. Os
cobertores de tecido de algodão fazem aumentar a temperatura do paciente
84
gradualmente. Entretanto, eles não aquecem o paciente ativamente, e o
processo ainda pode ser lento. Os cobertores de circulação continua de
líquidos ou colchão d’água aquecidos tem se mostrado de pouco valor no
reaquecimento de pacientes devido ao tamanho da área de superfície em
contato com a fonte de calor. As lâmpadas de calor radiante dependem da
exposição de grandes áreas da superfície do corpo, o que limita o seu uso aos
pacientes adultos. Os aquecedores de líquidos e sangue são úteis para
grandes volumes de líquidos frios, mas não revertem a hipotermia.
- Hipertermia
Primeiramente identificada no final da década de 1960, a hipertermia
maligna (HM) é uma complicação rara e que coloca a vida do paciente em risco
e que pode ser deflagrada por droga comumente usadas na anestesia.
Anestésicos inalados e a succinilcolina são os agentes deflagradores mais
freqüentemente implicados. A hipertemia maligna quiçá também pode ser
acionada por traumatismo, exercícios intensos, ou estresse emocional. Tratase de uma afecção multifatorial e geneticamente transmitida da na forma de um
traço autossômico dominante com expressão variável nos indivíduos
acometidos.
A síndrome tem início com um distúrbio hipermetabólico nas células
musculares esqueléticas que envolvem mecanismos alterados da função do
cálcio a nível celular. As características da síndrome incluem hipermetabolismo
celular resultando em:
• Hipercarbia
• Taquipnéia
• Taquicardia
• Hipoxia
• Acidose metabólica e respiratória
• Disritmias cardíacas
• Elevação da temperatura corpórea a um ritmo de 1 a 2ºC a cada 5
minutos.
Esses sinais podem ocorrer durante a indução ou manutenção da
85
anestesia, embora a síndrome possa ocorrer no pós-operatório ou até mesmo
após repetidas exposições à anestesia.
Como a HM é um distúrbio que realmente coloca a vida em risco,
muitos anestesistas iniciarão o protocolo de tratamento quando alguns desses
sinais e sintomas iniciais ocorrerem não tendo outra explicação imediata.
É crucial o tempo quando diagnosticada a HM. Todo pessoal da SO e
da anestesia obrigatoriamente tem de estar familiarizado com o protocolo para
seu tratamento. No passado, a mortalidade variava de até 80%, mas a infusão
imediata de dantrolene além da conduta adequada reduziram a incidência das
fatalidades para cerca de 7%. O dantrolene (Dantrium) é um relaxante
muscular esquelético tipo hidantoína que também exerce seus efeitos sobre os
músculos cardíaco e vascular. Acredita-se que o dantrolene altere a
transferência de cálcio para dentro do reticulo sarcoplasmático.
Dantrolene, principais modalidades de tratamento:
• resfriamento do paciente com balsas de gelo e soluções IV frias
• administração de diuréticos
• tratamento das disritmias cardíacas
• correção dos desequilíbrios ácido-básico e eletrolítico
• monitorização da ingestão
• eliminações hídricas e temperatura corpórea
Muitos hospitais mantém um kit ou um carrinho de emergência para
HM que contém drogas, tubos laboratoriais, outros suprimentos, e instruções
sobre como tratar a HM na área da SO. A localização do soro fisiológico
congelado ou gelado e de outros equipamentos deve estar assinalada no kit de
emergência. O soro fisiológico resfriado muitas vezes e guardado na unidade
de refrigeração de sangue e seus derivados.
Pacientes sabidamente ou suspeitos de terem essa síndrome podem
ser anestesiados com risco mínimo se forem tomadas as precauções
apropriadas. Se se suspeitar da síndrome, deve ser feita uma biopsia muscular
para se fazer o diagnóstico antes do paciente ser anestesiado. Para a sua
própria segurança, os parentes de pessoas com HM devem ser avaliados e
testados para a presença da síndrome.
86
21 FONTES DE CONTAMINAÇÕES EM CENTRO CIRÚRGICO
Todo hospital e obrigado a fornecer um ambiente cirúrgico limpo e
seguro, tanto para o paciente quanto para a equipe de saúde que atua na
unidade.
Infelizmente, não existem dados concretos que garantam que um
ambiente limpo e seguro minimize as taxas de infecção nesse setor hospitalar.
No entanto, a limpeza e a desinfecção reduzem a flora microbiana das áreas
do Centro Cirúrgico, além de exercerem um efeito salutar nos pacientes e no
pessoal hospitalar, estimulando a higiene em seu sentido mais amplo.
De maneira geral, a maioria das infecções em feridas cirúrgicas e
provocada por microrganismos endógenos, ou seja, do próprio paciente, sendo,
portanto, muito importantes a técnica cirúrgica cuidadosa, a prevenção de erros
durante o ato cirúrgico e o uso racional dos antimicrobianos.
Entretanto, devemos nos lembrar de que microrganismos de fontes
exógenas, ou externas ao paciente, também tem importância etiológica.
Algumas áreas da sala cirúrgica podem se tomar contaminadas, a menos que
sejam apropriadamente limpas e desinfetadas.
As principais fontes exógenas encontradas em Centro Cirúrgico estão
no próprio pessoal, nos equipamentos anestésicos (quando não são limpados e
desinfetados adequadamente), nas superfícies das salas cirúrgicas, nos
materiais utilizados no ato cirúrgico e nas medicações administradas.
Numa sala cirúrgica bem gerenciada, a contaminação grosseira,
ocorrida por contato direto, deve ser muito incomum.
Nos dias de hoje, com a adoção das chamadas Precauções Padrão,
foram eliminadas as distinções entre sala contaminada e sala nãocontaminada, considerando-se contaminada toda sala em que haja presença
de sangue ou, fluidos corpóreos.
87
22 ESPÉCIMES E MEMBROS AMPUTADOS
Em toda cirurgia com retirada de uma peça, órgão ou parte de órgão, o
espécime deve ser encaminhado a exame anatomopatológico, por exigência
legal e também como comprovação de que foi realmente retirado do paciente.
22.1 Espécimes
O auxiliar de enfermagem que circula pela sala cirúrgica deve estar
seguro do que fazer com os espécimes e conhecer as rotinas do hospital.
Entre os procedimentos empregados em vários hospitais, os mais
simples e seguros são:
• Colocar o espécime em recipientes de vidro ou sacos apropriados
contendo solução de formol a 10%. Antes de se colocar o espécime
na solução de formol a 10%, perguntar ao cirurgião se ele ira fazer
fotos da peça cirúrgica. Caso isso ocorra, não colocar a peça em
formol, mas sim em solução fisiológica a 0,9%.
• Identificar o invólucro, colocando os seguintes itens: nome
completo do paciente e, seu número de registro hospitalar;
- número do quarto e leito - categoria do paciente;
- tipo de peça cirúrgica;
- nome do cirurgião;
- nome do hospital.
• Pedir ao cirurgião para preencher a requisição do exame
anatomopatológico, completando todos os seus itens.
• Fazer anotação no prontuário do paciente em relação a peça que
foi retirada e para que laboratório foi encaminhada.
• Encaminhar a peça e a requisição de exame para a enfermeira
responsável pelo Centro Cirúrgico ou para o serviço de anatomia
patológica.
• Fazer o registro do envio da peça em livro próprio.
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22.2 Membros amputados
Em toda cirurgia com retirada de membro ou parte de membro, esta
peça deve obrigatoriamente ser encaminhada para incineração ou enterro,
conforme exigência legal. Normalmente, antes de realizar a amputação de
membros, a equipe médica orienta o paciente e seus familiares, exigindo que
assinem uma declaração de que estão cientes do tipo de cirurgia a ser feita. O
auxiliar de enfermagem que circula pela sala cirúrgica deve estar seguro do
que fazer com a peça amputada e deve conhecer as rotinas do hospital. Entre
os procedimentos empregados em vários hospitais, os mais simples e seguros
são:
• Providenciar um saco plástico para colocar o membro amputado.
• Identificar o invólucro colocando os seguintes itens:
- nome completo do paciente e seu número de registro hospitalar;
- número do quarto e leito - categoria do paciente;
- tipo de peça cirúrgica;
- nome do cirurgião;
- nome do hospital.
• Verificar com a família se providenciará ou não o enterro da peça
cirúrgica.
Caso a família deseje enterrar o membro amputado, são estes os
procedimentos:
• solicitar do médico uma declaração em três vias, denominada
“atestado de óbito parcial”, em que o cirurgião declara o tipo de
cirurgia realizada e o motivo que o obrigou a fazer a amputação;
• anotar no prontuário do paciente a peça que foi retirada e o destino
que lhe foi dado;
• encaminhar a peça e o atestado de óbito parcial ao enfermeiro
responsável pelo Centro Cirúrgico, que chama a família e lhe
entrega uma das vias do “atestado de óbito parcial” para que
providencie o enterro do membro amputado;
• encaminhar a peça ao necrotério junto com uma das vias do
89
“atestado de óbito parcial”;
• anexar a última via do atestado de óbito parcial” ao prontuário do
paciente, fazendo as anotações pertinentes;
• fazer o registro do envio da peça em livro próprio.
Caso a família não queira enterrar a peça, preferindo que seja
incinerada, os procedimentos são:
• solicitar ao cirurgião uma “autorização de incineração” em três vias,
informando que tipo de membro foi amputado;
• anotar no prontuário do paciente a peça que foi retirada e o destino
que lhe foi dado;
• encaminhar a peça e a autorização para incineração ao enfermeiro
responsável pelo Centro Cirúrgico; encaminhar a peça junto com
duas vias da “autorização para incineração” ao necrotério, cujos
responsáveis, de posse da peça identificada e da autorização
citada, tomarão as devidas providências;
• anexar a última via da “autorização para incineração” ao prontuário
do paciente, fazendo as anotações pertinentes;
• fazer o registro do envio da peça em livro próprio.
O auxiliar de enfermagem deve estar consciente da responsabilidade
por tais ações, pois elas envolvem um problema legal importante. Se as
normas não forem cumpridas, o hospital ficara sujeito a sanções legais.
90
23 LIMPEZA E DESINFECÇÃO DA SALA CIRÚRGICA
Estas orientações destinam-se a estabelecer critérios para a seleção e
o uso adequados de processos físicos e químicos de limpeza e desinfecção em
estabelecimentos de saúde.
Os produtos existentes no comércio e que se destinam a limpeza e
desinfecção de áreas hospitalares devem ter certificado de registro expedidos
pela Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde e
obedecer ao que dispõe a Portaria n. 15, de 23 de agosto de 1988, do
Ministério da Saúde, em especial a classificação de desinfetantes hospitalares
para superfícies fixas, por serem produtos para uso exclusivo em hospitais e
estabelecimentos relacionados com o atendimento a saúde. A escolha dos
procedimentos está condicionada ao potencial de contaminação das áreas e
artigos e aos riscos inerentes de infecção hospitalar.
23.1 Limpeza e desinfecção de áreas
São poucas as referências bibliográficas conclusivas quanto a
importância da transmissão de infecções hospitalares por meio de grandes
superfícies contaminadas. No entanto, a limpeza e a desinfecção de pisos,
paredes, mobiliário e instalações sanitárias exercem um efeito salutar nos
pacientes e no pessoal hospitalar, estimulando a higiene em seu sentido mais
amplo.
23.1.1 Classificação das áreas pelo risco de contaminação
Os diferentes ambientes existentes nas instituições de saúde podem
ser classificados em áreas não-críticas, áreas semi-críticas, áreas críticas e
áreas contaminadas.
Áreas não-críticas
São todas as áreas hospitalares não ocupadas por pacientes, assim
91
como as idênticas as encontradas em qualquer edifício público (por exemplo:
escritórios, depósitos, sanitários etc.).
Áreas semi-críticas
São todas as áreas ocupadas por pacientes portadores de doenças
infecciosas de baixa transmissibilidade e de doenças não-infecciosas (por
exemplo: enfermarias e ambulatórios). Devem ser limpas.
Áreas críticas
São aquelas áreas em que se verifica a depressão da resistência
antiinfecciosa do paciente (por exemplo, sala de parto e de operação, unidade
de tratamento intensivo adulto, infantil e neonatal, sala de hemodiálise, entre
outras), ou o risco aumentado de transmissão de infecção (por exemplo:
laboratório de análises clínicas, banco de sangue, cozinha e lactário,
lavanderia). Devem ser limpas, mas podem sofrer processos de desinfecção.
Áreas contaminadas
São aquelas em que se verifica a presença de sangue, pus e
secreções ou excreções. Devem passar por processos de desinfecção com
remoção da matéria orgânica.
23.1.2 Método de limpeza e de desinfecção
Limpeza
É a operação realizada para a remoção física de sujidades, com a
finalidade de manter o asseio e a higiene do ambiente, sendo o núcleo de
todas as ações para os cuidados de higiene.
Método: água e sabão ou detergente.
Desinfecção
É o processo pelo qual são destruídos os microrganismos em sua
forma vegetativa, sendo utilizado no tratamento de áreas e superfícies críticas
92
e/ou contaminadas. Nesse processo são utilizados produtos químicos.
23.1.3 Produtos químicos para desinfecção de áreas e superfícies
Os desinfetantes hospitalares para superfícies fixas são os produtos
para uso específico em hospitais e estabelecimentos relacionados com o
atendimento a saúde, em pisos, paredes e mobiliário, e que atendam as
determinações da Portaria n. 15/88 - MS, entre as quais podem ser citadas:
Princípios ativos permitidos
• fenólicos;
• quaternários de amônio;
• compostos orgânicos e inorgânicos liberadores de cloro ativo;
• iodo e derivados;
• álcoois e glicóis;
• biguanidas;
• outros princípios ativos,
desde
que atendam a
legislação
específica.
Microrganismos testados para avaliação da ação antimicrobiana
• Staphylococcus aureus;
• Pseudomonas aeruginosa;
• Salmonella choleraesuis.
Tempo de contato
• 10 minutos.
23.1.4 Métodos de desinfecção
• Quando usado agente químico que contenha detergente:
- limpar a superfície com o produto químico para a retirada da
sujidade, utilizando inclusive a ação mecânica;
93
- passar novamente o produto, deixando-o em contato com a
superfície por dez minutos.
• Quando usado agente químico que não contenha detergente:
- limpar a superfície com água e sabão ou detergente para a
retirada da sujidade, utilizando inclusive a ação mecânica;
- enxaguar abundantemente;
- passar o produto químico, deixando-o em contato com a
superfície por dez minutos.
• Quando da desinfecção de áreas contaminadas:
- colocar o produto químico sobre a matéria orgânica;
- retirar a matéria orgânica envolvida no produto químico e
desprezar;
- limpar o local novamente com o produto químico e deixá-lo em
contato com a superfície por dez minutos.
• Cuidados a serem observados durante o processo:
- verificar incompatibilidade entre o sabão e o produto químico;
- verificar o tempo de contato do produto com a superfície que esta
sendo limpa - 10 minutos;
- verificar a correta diluição do produto seguindo as orientações
contidas no rótulo do produto;
- usar obrigatoriamente os equipamentos de proteção individual EPI, seguindo as orientações contidas no rótulo do produto.
94
24 PROCEDIMENTOS E TÉCNICAS REALIZADAS EM UM
PACIENTE CIRÚRGICO
24.1 Oxigenioterapia
O oxigênio e um gás inodoro, sem sabor e transparente, ligeiramente
mais pesado que o ar. É utilizado para tratar ou evitar os sintomas e
manifestações da hipoxia. Pode ser fornecido a partir de um cilindro, sistema
de tubulação, reservatório de oxigênio líquido ou concentrador de oxigênio,
podendo ser administrado por cateter nasal, cateter transtraqueal, cânula nasal
com aparelhos de reservatório ou vários tipos de mascara facial. Também pode
ser aplicado diretamente ao tubo endotraqueal ou traqueal por meio de um
respirador mecânico, peça em T ou AMBU de ressuscitação manual, o método
escolhido depende da concentração necessária de oxigênio, variabilidade
desejada
na
concentração
fornecida de oxigênio (nenhuma,
mínima,
moderada) e a assistência ventilatória necessária (respirador mecânico,
respiração espontânea).
1. Cateter nasal pinos nasais que liberam baixo fluxo de oxigênio.
a. Exige respiração nasal.
b. Não pode fornecer as concentrações de oxigênio superiores a 40%.
2. Máscara facial simples - máscara que libera fluxo de oxigênio
moderado para o nariz e a boca. Libera concentrações de oxigênio de 40% a
60%.
3. Máscara de Venturi - máscara com dispositivo que mistura ar e
oxigênio, para fornecer a concentração de oxigênio constante.
a. o fluxo total de gás no rosto do paciente deve satisfazer ou exceder
a taxa de fluxo inspiratório máximo. Quando outros débitos da máscara não
satisfazem a velocidade do fluxo inspiratório do paciente, o ar ambiente
(puxado pelos orifícios laterais da máscara) mistura-se com o gás fornecido
pela máscara facial, reduzindo a concentração de oxigênio inspirada.
b. A máscara de Venturi mistura um fluxo fixo de oxigênio com um fluxo
elevado, porém variável, de ar, para produzir concentração constante de
oxigênio. O oxigênio penetra por meio de um jato (abertura restrita) em uma
95
velocidade elevada. O ar ambiente também penetra e mistura-se ao oxigênio
neste local. Quanto maior for a velocidade (menor a abertura), maior
quantidade de ar ambiente e puxada para dentro da máscara.
c. O débito da máscara varia aproximadamente de 97 litros por minuto
(24%) até cerca de 33 litros por minuto (50%).
d. Praticamente elimina a reinspiração de dióxido de carbono o gás em
excesso sai através das aberturas na máscara, carregando com ele o dióxido
de carbono expirado.
4. A máscara de reinalação parcial apresenta um AMBU insuflável que
armazena oxigênio a 100%.
a. Na inspiração, o paciente inala da mascara e AMBU; na expiração, o
AMBU enche-se de oxigênio, e os gases expirados saem através das
perfurações em ambos os lados da máscara, e somente penetrando uma
pequena quantidade na bolsa
b. As concentrações elevadas de oxigênio (50 a 75%) podem ser
fornecidas.
5. A máscara sem reinalação
possui uma bolsa insuflável para
armazenar oxigênio a 100% e uma válvula unidirecional entre a bolsa e a
mascara, para impedir que o ar expirado penetre na bolsa.
a. Possui válvulas unidirecionais que cobrem uma ou ambas as portas
de expiração, para evitar a entrada de ar ambiente na inspiração.
b. Possui válvulas de mola ou palheta, para permitir a entrada do ar
ambiente, caso o suprimento de oxigênio falhe ou as necessidades do paciente
superem o fluxo de oxigênio disponível.
c. Em termos ideais, todo o volume inspiratório do paciente é fornecido
pela máscara/reservatório, permitindo o suprimento de oxigênio quase a 100%.
6. Cateter transtraqueal - realizado por meio de um pequeno cateter (n.
8) inserido entre a segunda e terceira cartilagens traqueais.
a. Não interfere com a conversação, ingestão de líquidos ou alimentos,
podendo ser escondido sob a camisa ou blusa.
b. O aporte de oxigênio e mais eficiente, porque todo o oxigênio entra
nos pulmões.
96
7. A máscara de pressão positiva continua na via aérea (PPCVA) é
usada para fornecer a pressão positiva inspiratória e expiratória na via aérea de
uma maneira similar a pressão terminoexpiratória positiva (PEEP) e sem
intubação endotraqueal.
a. Possui uma bolsa insuflável e faixa para a cabeça destinada a selar
firmemente a máscara contra o rosto.
b. Uma válvula de PEEP e incorporada dentro do orifício de expiração,
para manter a pressão positiva na expiração.
c. As altas taxas de fluxo inspiratório são necessárias para manter a
pressão positiva na inspiração.
8. A peça ou adaptador em T é usada para administrar oxigênio ao
paciente com tubo endotraqueal ou de traqueostomia que esteja respirando
espontaneamente.
a. Alta concentração de aerosol e oxigênio e liberada através de
circuito de tubo corrugado de grosso calibre.
b. Os gases expirados saem através do circuito do reservatório aberto.
9. A bolsa de reanimação manual (AMBU) fornece alta concentração
de oxigênio ao paciente com esforço inspiratório insuficiente.
a. Com a máscara, utiliza a via aérea superior, fornecendo oxigênio a
boca e nariz do paciente.
b. Sem máscara, o adaptador encaixa-se no tubo endotraqueal ou de
traqueostomia.
c. Geralmente utilizado na parada cardiorrespiratória, hiperinsuflação
durante a aspiração ou transporte de pacientes dependentes de respirador.
24.1.1 Oxigenioterapia por cateter nasal
Material/Equipamento
•
Fonte de oxigênio
•
Cateter nasal de plástico com circuito de conexão
•
Umidificador cheio de água destilada
•
Fluxômetro
97
•
Avisos de NÃO FUMAR
Procedimento
Ação de Enfermagem
Fase Preparatória
1. Verificar os sinais vitais e nível de consciência atuais bem como a
GA mais recente.
2. Avaliar o risco de retenção de CO2 com a administração de oxigênio.
Fase de Realização
1. Afixar avisos de NÃO FUMAR na porta e no campo visual do
paciente e das visitas.
2. Mostrar o cateter nasal para o paciente e explicar o procedimento.
3. Assegurar-se de que o umidificador esta cheio até a marca
apropriada.
4. Acoplar o circuito de conexão da cânula nasal a saída do
umidificador.
5. Estabelecer a velocidade do fluxo nos litros/minuto prescritos. Sentir
para verificar se o oxigênio está fluindo através dos pinos da cânula.
6. Colocar os pinos da cânula no nariz do paciente e ajustar as amarras
ao redor das orelhas, para adaptar confortável e seguramente.
Fase de Acompanhamento
1. Registrar a velocidade do fluxo usada e a resposta imediata do
paciente.
2. Avaliar a condição do paciente. GA ou SaO 2 e o funcionamento do
equipamento em intervalos regulares.
3. Verificar se o paciente em uso de oxigênio está confortável.
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24.2 Cateterismo vesical
Cateterismo
O cateterismo pode ser realizado para aliviar a retenção urinaria aguda
ou crônica, drenar a urina nos períodos pré e pós-operatório, determinar a
quantidade de urina residual depois de urinar, ou determinar a mensuração
exata da drenagem urinária em pacientes criticamente doentes.
Material
• Luvas estéreis
• Conjunto de sonda estéril descartável com lubrificante
• Solução anti-septica para a limpeza periuretral (estéril)
• Luvas, campos, esponjas
Seleção do tamanho da sonda
Usar a menor sonda capaz de fornecer a drenagem adequada.
Procedimento
Paciente do sexo feminino
Fase Preparatória
1. Posicionar a paciente confortavelmente.
2. Abrir a bandeja de cateterismo usando a técnica asséptica.
3. Colocar o recipiente para os resíduos em local acessível.
4. Colocar a paciente em posição de decúbito dorsal com os joelhos
flexionados, quadris flexionados e pés repousando sobre o leito, afastados em
0,6m. Cobrir o paciente.
5. Direcionar a luz para a visualização da área genital.
6. Posicionar o oleado sob as nádegas do paciente.
7. Lavar as mãos. Calçar as luvas estéreis.
Fase de realização
1. Separar os pequenos lábios, de modo que o meato uretral seja
99
visualizado; uma das mãos deve manter o afastamento dos lábios, até que o
cateterismo termine.
2. Limpar ao redor do meato uretral com uma solução de iodopovidona.
a. Manipular as compressas de limpeza com pinça, limpeza com
movimentos para baixo no sentido antero-posterior.
b. Descartar o chumaço de algodão após cada uso.
c. Quando o paciente e sensível ao iodo, empregam-se o cloreto de
benzalconio ou outro agente de limpeza.
3. Introduzir a sonda bem lubrificada por 5 a 7cm no meato uretral,
utilizando técnica asséptica estrita.
a. Evitar contaminar a superfície da sonda.
b. Garantir que a sonda não é muito grande ou fica muito apertada no
meato uretral.
4. Permitir que alguma urina flua através da sonda, antes de coletar
uma amostra.
Paciente do sexo masculino
1. Lubrificar bem a sonda com lubrificante ou anestésico tópico
prescrito.
2. Lavar a glande do pênis ao redor do meato urinário com uma
solução iodotora, usando a pinça para fixar as compressas limpas. Manter a
retração do prepúcio. Manter a esterilidade da mão dominante.
3. Segurar a diáfise do pênis (com a mão não-dominante) e elevá-lo.
Aplicar tração suave no pênis, enquanto a sonda e introduzida.
4. Usar as luvas estéreis, introduzir a sonda dentro da uretra; avançar a
sonda por 15 a 25cm, até que a urina flua.
5. Quando a resistência e sentida no esfíncter externo, aumentar
discretamente a tração do pênis e aplicar pressão suave e continua sobre a
sonda. Pedir que o paciente faça força (como se estivesse urinando), para
ajudar a relaxar o esfíncter.
6. Quando a urina começa a fluir, avançar o cateter por mais 2,5cm.
100
7. Recolocar (ou reposicionar) o prepúcio.
24.3 Punção venosa com agulha ou cateter
Material
• Garrote de látex
• Luvas descartáveis
• Swab anti-septico (álcool, iodo, iodo-povidona)
• Em caso de infusão continua:
- Solução IV
- Equipo
• Com dispositivo heparinizado:
- Extensor do equipo ou dispositivo intermediário
- Heparina ou solução fisiológica (1-2 ml) em seringa
esterilizada
• Esparadrapo
• Curativo transparente ou outro material para curativos
• Tala de braço revestida (quando necessário)
• Cateter /agulha desejada:
- Cateter (Teflon, Silastic, poliuretano ou
cloreto de
polivinila) no calibre escolhido (números 14-25)
- Scalp tipo borboleta
A lavagem completa das mãos é necessária, antes de manusear
materiais esterilizados e iniciar a punção venosa.
Procedimentos
Fase Preparatória
1. Explicar o procedimento ao paciente. Fazer com que o paciente deite
no leito. Determinar se o paciente e destro ou sinistro.
2. Retirar todo o ar do equipo; também do equipo do scalp (pode retirar
o ar com liquido a partir do equipo de infusão, prendendo a agulha nele ou
através da irrigação do scalp com solução fisiológica em seringa esterilizada).
101
3. Calçar as luvas.
4. Selecionar o local para a punção
5. Aplicar o garrote 5-10 em acima do local da punção desejado, e
verificar a distensão satisfatória da veia. Os pulsos distais devem permanecer
palpáveis.
6. Fazer com que o paciente abra e feche a mão várias vezes.
7. Retirar o garrote.
8. Limpar o local:
a. Fazer tricotomia, caso o local não esteja muito visível.
b. Limpar a pele com algodão com álcool.
c. Preparar a pele com iodo-povidona (um iodofor) durante 1 min,
começando a partir do centro do local proposto para a periferia, atá que tenha
sido desinfetado um circulo de 5-10 cm.
d. Permitir que a área seque ao ar livre.
9. Reaplicar o garrote.
Fase de Realização: inserção do cateter
1. Retirar a proteção da agulha.
2. Segurar o braço do paciente de modo que o polegar do enfermeiro
fique posicionado aproximadamente a 5 cm do local. Exercer tração sobre a
pele na direção da mão.
3. Introduzir a agulha, com o bisel voltado para cima, através da pele
em um ângulo. Utilizar um movimento lento e contínuo.
4. Quando o vaso é “bailarina”, pode haver a necessidade de penetrar
primeiramente na pele em um ângulo de 20° e, em seguida, empurrar a agulha
em paralelo a pele.
5. Sendo a veia penetrada, abaixar o cateter até o nível da pele.
6. Quando inserir, sempre segurar o cateter pela câmara plástica
transparente de refluxo, e não pelo manúbrio colorido.
7. Avançar o cateter aproximadamente por 0,6-1,3 cm para dentro da
veia.
8. Puxar a agulha para trás, a fim de separar a agulha do cateter em
102
0,6 cm, e avançar o cateter para dentro da veia.
9.
Quando
encontrar
resistência,
enquanto
tentar
avançar
o
cateter, parar, soltar o garrote e remover cuidadosamente a agulha e o cateter.
Tentar outra punção com um novo cateter.
10. Aplicar pressão sobre a veia, acima da extremidade do cateter com
o dedo mínimo ou anelar; soltar o garrote e remover lentamente a agulha,
enquanto mantém o manúbrio do cateter em posição.
11. Se for um equipo, acoplá-lo ao manúbrio do cateter e ajustar o fluxo
de infusão a velocidade prescrita.
12. Se for um dispositivo heparinizado, colocar a tampinha e o
extensor, tomando o cuidado de manter a esterilidade do equipo. Irrigar com
0,5 ml de solução fisiológica ou heparina.
13. Aplicar o curativo transparente no local ou usar o curativo de
acordo com o protocolo da instituição.
14. Fazer uma alça no equipo e fixar com esparadrapo ao curativo ou
ao braço.
15. Registrar no esparadrapo do curativo com uma seta indicando o
trajeto do cateter, tamanho do cateter, data, hora da inserção e as iniciais do
profissional. Registrar essa informação a cada troca de curativo.
24.4 Sondagem nasogástrica
A introdução de sonda nasogástrica (SNG) refere-se a inserção de
sonda através da nasofaringe dentro do estômago.
Material
• Sonda nasogástrica - geralmente de Levin com luz única ou
sonda coletora de Salem com dupla luz
• Lubrificante hidrossolúvel
• Aspirador, quando prescrito
• Clamp para a sonda
• Toalha, lenço de papel e cuba-rin
103
• Copo de água e canudo
• Tintura de benjoin
• Esparadrapo hipoalergênico: 1,5 cm e 2,5 cm
• Curativo transparente
• Aparelho de irrigação com seringa de 20ml ou uma seringa de 50
ml com extremidade à sonda
• Estetoscópio
• Abaixador de língua
• Lanterna
• Luvas descartáveis
• Soro fisiológico
Fase Preparatória
1. Perguntar ao paciente se ele já se submeteu a alguma cirurgia nasal,
sofreu trauma, desvio de septo ou distúrbio hemorrágico.
2. Explicar o procedimento ao paciente e dizer como a respiração pela
boca o engolir pode ajudar na passagem da sonda.
3. Colocar o paciente em posição sentada ou de Fowler alta; por toalha
sobre o tórax.
4. Determinar com o paciente que sinal ele pode usar, como levantar o
dedo indicador, a fim de indicar para “aguardar por alguns momentos” por
causa do engasgo ou desconforto.
5. Remover as dentaduras; colocar a cuba-rim e os lenços de papel no
alcance do paciente.
6. Inspecionar a sonda para defeitos; observar para orifícios
parcialmente fechados ou bordas ásperas.
7. Colocar a sonda de borracha em água gelada durante alguns
minutos, para tomar a sonda mais rígida. A sonda de plástico já pode estar
suficientemente firme; quando muito rígida, mergulhar em água morna.
8. Determinar o comprimento do tuba necessário para alcançar o
estômago.
104
9. Fazer com que o paciente assoe o nariz, para limpar as narinas.
10. Inspecionar as narinas com um lanterna, observando para qualquer
obstrução. Ocluir cada narina e pedir que o paciente respire, o que ajuda a
determinar qual narina está mais permeavel.
11. Lavar suas mãos, calçar as luvas descartáveis.
12. Medir a distância entre o nariz, lóbulo da orelha e o apêndice
xifóide do paciente, e marcar corretamente na sonda. Algumas sondas podem
ser pré-marcadas, para indicar o comprimento, mas isso pode não se
correlacionar exatamente com a mensuração obtida.
a. A distância do nariz ao lóbulo da orelha é a primeira marca na
sonda. Esta medição representa a distância até a nasofaringe.
b. Quando a sonda alcança o processo xifóide (extremidade do
esterno), é feita uma segunda marca. Esta medição constitui o comprimento
necessário para alcançar o estômago.
Fase de Realização
1. Enrolar os primeiros 7 a 10 cm da sonda ao redor dos seus dedos.
2. Lubrificar a porção enrolada da sonda com a lubrificante
hidrossolúvel. Evitar ocluir as orifícios da sonda com o lubrificante.
3. Inclinar a cabeça do paciento para trás, antes de introduzir a sonda
na narina, e enfiar suavemente a sonda dentro da nasofaringe posterior,
direcionando para baixo e para trás no sentido da orelha.
4. Quando a sonda alcança a faringe, o paciente pode engasgar;
permitir que ele descanse por alguns momentos.
5. Fazer com que o paciente incline a cabeça um pouco para diante.
Oferecer vários goles de água através de um canudo ou permitir que o paciente
chupe lascas de gelo, exceto quando contra-indicado. Avançar a sonda, à
medida que o paciente engole.
6. Rodar suavemente a sonda em 180º para redirecionar a curvatura.
7. Continuar a avançar a sonda gentilmente a cada vez que o paciente
engole.
8. Quando surge obstrução para impedir a passagem da sonda, não
105
empregar força. A rotação suave da sonda pode ajudar. Não obtendo sucesso,
remover a sonda e tentar a outra narina.
9. Quando existirem sinais de angústia, como dispnéia, tosse ou
cianose, remover imediatamente a sonda.
10. Continuar a avançar a sonda, quando o paciente deglute, até que a
marca alcance a narina do paciente.
11. Para verificar se a sonda está no estômago:
a. Pedir que o paciente fale;
b. Usar o abaixador de língua e a lanterna, para examinar a boca do
paciente - principalmente no paciente inconsciente.
c. Prender a seringa na extremidade da SNG. Colocar o estetoscópio
sobre o quadrante superior esquerdo do abdome e injetar 10 a 20 ml de ar,
enquanto ausculta o abdome.
d. Aspirar o conteúdo do estômago com uma seringa de 50 ml. Quando
o conteúdo gástrico não pode ser aspirado, colocar o paciente em decúbito
lateral esquerdo e avançar a sonda por 2,5 a 5 cm e tentar novamente.
e. Radiografia pode ser realizada, para confirmar a posição da sonda.
12. Depois que a sonda e introduzida e a colocação correta
confirmada, prender a sonda a aspiração ou clampear a sonda.
13. Aplicar tintura de benjoim na área onde o esparadrapo e colocado.
14. Fixar a sonda com:
a. Esparadrapo antialérgico; dividi-lo em seu comprimento apenas até a
metade, prender a extremidade integra do esparadrapo no nariz e cruzar as
extremidades separadas ao redor da sonda. Aplicar outro pedaço de
esparadrapo ate a crista nasal.
b. Colocar um curativo biooclusivo transparente na saída da narina.
15. Fixar a sonda na roupa do paciente. Usar uma faixa de borracha,
para fazer um nó corrediço, de modo a fixar a sonda na roupa do paciente.
Fixar a faixa de borracha na roupa do paciente usando alfinete de segurança.
16. Clampear a sonda, ate que a finalidade da inserção da sonda
aconteça.
17. Fixar a luz maior da sonda de Salem ao aspirador, quando
106
prescrito. A aspiração continua baixa ou a aspiração alta intermitente podem
ser utilizadas com a sonda de Salem. Quando se emprega a sonda de Levin,
recomenda-se a aspiração intermitente baixa.
24.5 Lavagem intestinal com solução comercial
Material
- solução comercial
- forro
- vaselina ou xilocaína geléia
- papel higiênico
- comadre
- biombos
- sonda retal
- gaze
- equipo de soro
- luvas
Procedimento
1 - Lavar as mãos.
2 - Reunir e preparar o material e levá-lo próximo ao leito do paciente.
3 - Explicar o procedimento e sua finalidade ao paciente.
4 - Colocar biombos em volta do leite.
5 - Abaixar a cabeceira do leito.
6 - Colocar o suporte de soro junto ao paciente.
7 - Colocar a comadre sobre o leito.
8 - Aquecer a solução e levar o material para junto do paciente e
colocá-lo sobre a mesa-de-cabeceira.
9 - Colocar o paciente em decúbito lateral esquerdo, deixando-o
coberto.
10 - Colocar o forro sob as nádegas do paciente, para proteger o leito.
11 - Colocar o Frasco de solução conectado ao equipo no suporte,
107
mais ou menos 45 cm acima do nível do leito. Adaptar a sonda, deixar correr
um pouco da solução na comadre, para retirar o ar do intermediário.
12 - Calçar luvas.
13 - Lubrificar a ponta da sonda retal.
14 - Dobrar o lençol e, com a mão esquerda, afastar a prega
interglútea, expondo a região anal.
15 - Introduzir a sonda no reto, cerca de 8 a 10 cm, com cuidado e
vagarosamente, em direção a cicatriz umbilical. Pedir ao paciente para respirar
profundamente.
16 - Abrir a pinça do equipo e deixar o líquido correr lentamente.
17 - Quando a solução estiver acabando, fechar a pinça e retirar a
sonda.
18 - Desprezar a sonda, envolvendo-a em papel higiênico, colocando-a
no lixo do banheiro.
19 - Aconselhar o paciente a reter a solução.
20 - Colocar o paciente em decúbito dorsal e levantar a cabeceira do
leito.
21 - Colocar o paciente na comadre ou levá-lo ao banheiro deixando o
papel higiênico a mão.
22 - Retirar a comadre e levar ao banheiro, desprezando o cometido e
lavando-a.
23 - Retirar as luvas.
24 - Oferecer material para lavagem das mãos do paciente, se
necessário.
25 - Deixar o paciente confortável e a unidade em ordem.
26 - Lavar as mãos.
27 - Anotar: horário, quantidade da solução usada, descrição do
conteúdo de retorno e a reação do paciente.
Observações:
- Diminuir ou interromper momentaneamente o fluxo do líquido, se o
paciente acusar dor.
- Não deixar entrar ar no intestino.
108
24.6 Curativo de incisão simples
Material:
- bandeja contendo:
1 pacote de curativo
solução antisséptica (P.V.P.I. tópico)
gazes
esparadrapo
soro fisiológico
1 saco plástico pequeno
éter e/ou solução de benjoim
- luvas
- seringa de 20ml
- biombo, se necessário
Procedimento
1 - Lavar as mãos.
2 - Reunir o material e levá-lo próximo ao leito do paciente.
3 - Explicar ao paciente o que será feito.
4 - Fechar a porta.
5 - Proteger o paciente com biombos, se necessário.
6 - Colocar o paciente em posição adequada, expondo apenas a área a
ser tratada.
7 - Abrir o pacote de curativo com técnica asséptica.
8 - Colocar as pinças com os cabos voltados para a borda do campo.
9 - Colocar gazes em quantidade suficiente sobre o campo estéril.
10 - Remover o curativo com a pinça dente de rato, desprezando-a na
borda do campo.
11 - Montar a pinça Kelly com gaze, auxiliada pela pinça anatômica e
umedecê-la com soro fisiológico.
12 - Fazer a limpeza da incisão, com movimentos semicirculares, de
dentro para fora, de cima para baixo, utilizando as duas:faces da
109
gaze, sem voltar ao início da incisão.
13 - Limpar as regiões laterais da incisão cirúrgica após ter feito a
limpeza da incisão principal.
14 - Secar a incisão de cima para baixo, nunca voltando a gaze onde já
passou
15 - Secar as laterais da incisão, de cima para baixo.
16 - Aplicar solução antisséptica e/ou medicamentos na incisão, de
cima para baixo, nunca voltando a gaze onde já passou.
17 - Retirar o excesso de solução antisséptica, da incisão com gaze
seca, de cima para baixo.
18 - Passar éter e/ou solução de benjoim, ao redor da incisão.
Obs.: Manter o curativo ocluído ou aberto, quando houver
indicação.
19 - Colocar o nome, data e horário sobre o curativo:
20 - Deixar o paciente confortável e a unidade em ordem.
21 - Lavar as mãos.
22 - Anotar.
Observações:
- Manter o carro de curativo da unidade, fora do quarto do paciente,
utilizando sempre uma mesa ou bandeja auxiliar, para apoio do material.
- Proceder a desinfecção da bandeja ou da mesa auxiliar após a
execução de cada curativo.
- Encaminhar o material de curativo usado, após cada curativo feito, ao
expurgo da unidade.
- Solução anti-séptica: trata-se da polivinilpirrolidona iodo a 1%
(P.V.P.I. tópico)
-
Remover
curativos
úmidos,
sempre
que
necessário,
não
ultrapassando o período de seis horas (campo provável da multiplicação das
bactérias); o mesmo deverá ser adotado para a roupa de cama suja de
secreção.
- Lavar as mãos antes e depois da realização dos curativos, e após ter
110
retirado o curativo antigo ou sujo.
- Não falar próximo à ferida, e orientar o paciente para que faça o
mesmo.
- Nunca desprezar curativos sujos e dejetos no lixo do quarto e sim
num saco plástico individual.
- Não abrir curativos para encaminhar o paciente para o banho;
protegê-los sempre com plástico.
- Não usar faixas ou ataduras que comprimam os tecidos, prejudicando
a circulação.
- Não utilizar soluções detergentes nos curativos, pois agravam o
trauma tissular e retardam a cicatrização. Portanto, utilizar soluções antisépticas aquosas.
24.7 Curativo de incisão com pontos subtotais ou totais
Material:
- bandeja contendo:
1 pacote de curativo
solução antisséptica (P.V.P.I. tópico)
gazes
esparadrapo
medicamentos específicos
soro fisiológico
1 saco plástico pequeno
éter e/ou solução de benjoim
- luvas
- seringa de 20ml
- biombo, se necessário
Procedimento
1 - Lavar as mãos.
2 - Reunir o material e levá-lo próximo ao leito do paciente.
111
3 - Explicar ao paciente o que será feito.
4 - Fechar a porta.
5 - Proteger o paciente com biombos, se necessário.
6 - Colocar o paciente em posição adequada, expondo apenas a área a
ser tratada.
7 - Proteger a roupa de cama com impermeável ou forro sob o local do
curativo.
8 - Abrir o pacote de curativo com técnica asséptica.
9 - Colocar as pinças com os cabos voltados para a borda do campo.
10 - Colocar gazes em quantidade suficiente sobre o campo estéril.
11 - Remover o curativo com a pinça dente de rato, desprezando-a na
borda do campo.
12 - Calçar luvas.
13 – Introduzir soro fisiológico, com auxílio de uma seringa, no interior
dos pontos subtotais.
14 - Montar a pinça Kelly com gaze, auxiliada pela pinça anatômica e
umedecê-la com soro fisiológico.
15 - Fazer a limpeza da incisão, com movimentos semicirculares, de
dentro para fora, de cima para baixo, utilizando as duas:faces da
gaze, sem voltar ao início da incisão, incluindo os pontos totais ou
subtotais.
16 - Limpar as regiões laterais da incisão cirúrgica após ter feito a
limpeza da incisão principal e do primeiro ponto total ou subtotal.
17 - Continuar a limpeza da incisão central, dos pontos totais ou
subtotais e das laterais, conforme descrito nos itens 14 e 15, até
chegar ao final da incisão e do último ponto total ou subtotal.
18 - Secar a incisão principal desde o início, acompanhada dos pontos
totais ou subtotais e das laterais.
19 - Aplicar solução antisséptica na incisão principal e nos pontos totais
ou
subtotais, seguindo a mesma direção anterior, nunca
voltando a gaze onde já passou.
20 - Retirar o excesso de solução antisséptica, com auxílio de gaze
112
seca, de cima para baixo, do mesmo modo já descrito
anteriormente.
21 - Passar éter e/ou solução de benjoim, ao redor da incisão, para
melhor aderência do esparadrapo/micropore.
22 - Proteger a área principal (incisão central e pontos totais e
subtotais) com gaze
seca em quantidade suficiente para
cobrir a área.
Obs.: Manter o curativo ocluído ou aberto, quando houver
indicação.
23 - Colocar o nome, data e horário sobre o curativo:
24 - Deixar o paciente confortável e a unidade em ordem.
25 - Lavar as mãos.
26 - Anotar.
Observações: - 1 - Ponto subtotal: é aquele feito com fio de sutura, tipo
"prolene", recoberto com equipo, e não passa pelo
peritônio.
2 - Ponto total: é feito com equipo de soro e passa pelo
peritônio. Geralmente e feito quando a incisão será,
provavelmente, aberta outra vez.
24.8 Curativo de incisão aberta
Material:
- bandeja contendo:
1 pacote de curativo
solução antisséptica (P.V.P.I. tópico)
gazes
esparadrapo
medicamentos específicos
soro fisiológico
1 saco plástico pequeno
113
éter e/ou solução de benjoim
- Acrescentar, se necessário:
gaze vaselinada estéril
1 lamina de bisturi
1 bacia estéril
ataduras de crepe
chumaço de algodão estéril
compressa estéril
máscara
aspirador de secreções
sacarose
- luvas
- biombo, se necessário
Procedimento
1 - Lavar as mãos.
2 - Reunir o material e levá-lo próximo ao leito do paciente.
3 - Explicar ao paciente o que será feito.
4 - Fechar a porta.
5 - Proteger o paciente com biombos, se necessário.
6 - Colocar o paciente em posição adequada, expondo apenas a área a
ser tratada.
7 - Proteger a roupa de cama com impermeável ou forro sob o local do
curativo.
8 - Abrir o pacote de curativo com técnica asséptica.
9 - Colocar as pinças com os cabos voltados para a borda do campo.
10 - Colocar gazes em quantidade suficiente sobre o campo estéril.
11 - Colocar a mascara e calçar luvas.
12 - Retirar ataduras com auxílio da lâmina de bisturi.
13 - Remover o curativo com a pinça dente de rato, desprezando-a na
borda do campo.
14 - Montar a pinça Kelly com gaze, auxiliada pela pinça anatômica e
114
umedecê-la com soro fisiológico.
15 - Fazer a limpeza da incisão aberta, iniciado de fora para dentro,
utilizando as duas:faces da gaze.
16 - Secar a região de fora da incisão.
17 - Fazer a limpeza da parte de dentro da incisão (região da
deiscência) utilizando soro fisiológico e as duas faces da gaze, de
cima para baixo.
18 - Repetir o item 17 quantas vezes forem necessárias.
19 - Secar a região dentro da incisão (deiscência).
20 - Colocar solução antisséptica e/ou medicamentos no interior da
incisão.
21 - Retirar o excesso de solução antisséptica, com auxílio de uma
gaze seca.
22 - Passar éter e/ou solução de benjoim, ao redor da incisão.
23 - Cobrir a incisão aberta com gaze seca, chumaço ou vaselina
estéril, se houver indicação. Fazer ponto de aproximação de
bordos de deiscência com espátulas.
24 - Retirar as luvas e a mascara.
25 - Colocar o nome, data e horário sobre o curativo:
26 - Deixar o paciente confortável e a unidade em ordem.
27 - Lavar as mãos.
28 - Anotar.
Observações: - Os curativos de incisão aberta, independentemente do
seu aspecto, serão sempre realizados conforme a
técnica de curativo contaminado, ou seja, de fora para
dentro.
- Para curativos contaminados com muita secreção,
especialmente tratando-se de membros inferiores ou
superiores, colocar uma bacia sob a área a ser tratada,
lavando-a com soro fisiológico.
115
25 CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO
25.1 Planejamento
A Central de Material Esterilizado é o conjunto de elementos
destinados a recepção e expurgo, preparo e esterilização, guarda e distribuição
do material para as unidades do estabelecimento de saúde.
Considerando, então, as finalidades a que esta Unidade se destina,
pode-se avaliar a sua importância: à equipe de saúde oferece infra-estrutura
material indispensável ao seu desempenho técnico-científico; ao paciente
proporciona segurança e eficácia no atendimento e a Instituição contribui para
a qualidade da assistência prestada.
O planejamento desta Unidade é de suma importância, considerandose as diferentes etapas do processamento dos materiais, até a sua distribuição
às Unidades do hospital. Por isso, tal planejamento deve ser executado por
uma equipe multiprofissional, cuja atenção deve estar voltada para a dinâmica
de funcionamento do setor.
Quanto a esta dinâmica classifica-se três tipos de Central de Material,
quais sejam:
descentralizada - Cada Unidade ou conjunto de unidades do
hospital é responsável por preparar e esterilizar os materiais que
utiliza;
semi-centralizada - Cada Unidade prepara os seus materiais,
mas os encaminha a Central de Material para serem
esterilizados;
centralizada - Os materiais de uso em todas as Unidades do
hospital são totalmente processados na Central de Material.
Do ponto de vista administrativo, o sistema de centralização visa:
padronizar as técnicas de limpeza, preparo e empacotamento, a
fim de assegurar economia de pessoal, material e tempo;
manter a reserva de material, a fim de atender prontamente às
necessidades das Unidades do hospital;
116
facilitar o controle do consumo, da qualidade do material e das
técnicas de esterilização, aumentando a segurança no uso;
concentrar o material esterilizado ou não-esterilizado, como é o
caso de alguns aparelhos, tornando mais fácil o controle, a
conservação e a manutenção dos mesmos;
desenvolver as atividades específicas com pessoal treinado para
tal, permitindo obter maior produtividade;
favorecer o ensino e o desenvolvimento de pesquisas.
25.1.1 Estrutura física
São elementos essenciais à dinâmica de funcionamento da Unidade:
- Área para recepção, desinfecção e separação de materiais - É o local
destinado a receber, desinfetar e separar os materiais provenientes
dos diferentes setores do hospital.
- Área para lavagem de materiais - É a área onde são lavados os
materiais manualmente ou por meio de máquinas lavadoras
especiais.
- Sala para lavagem e preparo de luvas (entalcamento) – É a sala
destinada a lavagem, secagem, teste, entalcamento, preparo e
empacotamento das luvas cirúrgicas. Esta área deve ser constituída
num ambiente separado dos demais e provido de máquinas próprias
para o reprocessamento das luvas.
- Área para recepção de roupas limpas – É o local destinado a receber
as roupas limpas provenientes da lavanderia, para posterior
empacotamento e esterilização.
- Área de preparo de materiais e roupas - Esta área se destina a
preparar e empacotar ou acondicionar os diferentes tipos de materiais
e roupas para serem esterilizados.
- Área para esterilização - É a área destinada a esterilização dos
materiais e roupas, pelos diferentes métodos:
área para esterilização física (esterilização pelos métodos
117
físicos: calor úmido, calor seco e ionização);
área para esterilização química íiquida;
área para esterilização química gasosa. Esta área deve ser
provida de antecâmara, sala de esterilização, depósito de
armazenamento de cilindros e sala de aeração, a fim de permitir
a aeração dos materiais esterilizados pelo óxido de etileno. O
uso deste produto e regulamentado pela Portaria nº 4, de
31/07/91.
- Sala para armazenagem e distribuição de materiais e roupas
esterilizadas - É a área que se destina a armazenar os materiais e roupas
esterilizadas para distribuí-los às Unidades do hospital. Para isso, podem ser
usados armários, prateleiras e, mais modernamente, cestos de aço inoxidável,
do tipo "gaiola".
- Área para armazenagem e distribuição de materiais descartáveis Esta área destina-se a armazenar e distribuir os materiais descartáveis.
Destaca-se que as atividades de recepção, desinfecção e separação
de materiais são consideradas "sujas", devendo, portanto, ser realizadas em
local exclusivo, apropriado e exigindo que o funcionário utilize paramentação
adequada.
Alem destes, são necessários ambientes de apoio, como:
- Sala administrativa - É a área que se destina ao controle
administrativo da Central de Material.
- Sanitários com vestiário para funcionários.
- Deposito de material de limpeza.
- Almoxarifado - É o estoque de materiais para uso na Central de
Material e demais setores do hospital.
Ainda no planejamento desta Unidade, algumas considerações devem
ser feitas em relação a:
A. Forma
Modernamente, não se questiona a forma da planta física da Central de
Material Esterilizado. Independente da forma, e importante que permita a
118
observação de alguns princípios básicos na dinâmica de funcionamento,
visando:
permitir o fluxo progressivo do material, em linha reta, desde a
área de recepção até a de distribuição, no sentido de evitar
cruzamento do material limpo com o contaminado;
Os materiais tem de, obrigatoriamente, percorrer determinado
fluxo e, portanto, o ambiente desta tem de se adequar a este
fluxo";
permitir maior produção com menor gasto de energia, tempo e
movimento;
facilitar ao enfermeiro a visão da Unidade e a supervisão do
pessoal.
B. Tamanho ou dimensão
A determinação do tamanho ou da área mínima, em m 2 da Central de
Material Esterilizado é calculada com base no número de leitos do hospital.
Recomenda-se que a área destinada a esta Unidade corresponda a
0,80 m2 por leito nos hospitais de 25 a 150 leitos, e de 0,70 m2 naqueles com
número de leitos superior a 150. Da área total, 7,0% destinam-se ao preparo de
luvas; 15,0%, à área de esterilização; 10,0%, à de armazenamento de material
estéril; 15,0%, ao arsenal e os 53,0% restantes, às áreas de preparo de
materiais, chefia de enfermagem, recepção e distribuição de materiais, e
circulação de pessoal.
A área total construída para a Central de Material Esterilizado em
hospital de: até 99 leitos deve ser de 1,00 m2 por leito; até 149 leitos, de 0,90
m2/leito; até 199 leitos, de 0,85 m2/leito; até 249 leitos, de 0,80 m2/leito; até 299
leitos, de 0,75 m2/leito; e acima de 300 leitos, de 0,70 m2/leito.
De acordo com o Ministerio da Saúde as áreas da Central de Material
devem ter as seguintes dimensões:
área para recepção, desinfecção e separação de materiais 0,08 m2 por leito - área mínima - 8,0 m2;
sala para lavagem e preparo de luvas -7,0 m2;
119
área para recepção de roupa limpa - 4,0 m2;
área para preparo de materiais e roupas limpas - 0,25 m2 por
leito com área mínima de 12,0 m2;
área de esterilização física - depende do tipo de equipamento
usado; manter distância mínima de 0,60 m entre as autoclaves;
área para esterilização química líquida - 4,0 m2;
área para esterilização química gasosa: antecâmara - 2,0 m2;
sala de esterilização - 5,0 m2; deposito - 0,5 m2; sala de aeração
- 6,0 m2;
sala de armazenagem e distribuição de material e roupa
esterilizada - 0,2 m2 por leito com o mínimo de 10,0 m2;
área de armazenagem de material descartável - 25,0% da área
de armazenagem de material esterilizado.
C. Paredes e Piso
Estes devem ser de cor clara e de fácil limpeza.
D. Janelas
Devem ser amplas e fechadas, se a ventilação for feita pelo sistema de
ar condicionado,
E. Iluminação
Deve ser suficiente para facilitar o trabalho. Assim, além da luz natural,
a artificial deve proporcionar luminosidade mais próxima da natural, sendo
indicado, portanto, o uso de lâmpadas fluorescentes.
É recomendado que a Central de Material Esterilizado seja provida de
um sistema de música ambiente, para tornar as atividades aí desenvolvidas
mais agradáveis.
25.1.2 Localização
Qualquer que seja a localização da Central de Material Esterilizado na
120
Instituição de saúde, é fundamental que haja transporte e comunicação fácil
com as Unidades de Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico, Pronto-Socorro,
Terapia Intensiva e outras. Se localizada em andar superior ou inferior ao
Centro Cirúrgico, o transporte de materiais pode ser feito por monta-cargas.
25.1.3 Equipamentos básicos de uma central de material
A Central de Material Esterilizado deve possuir, em cada área, os
equipamentos necessários à dinâmica de funcionamento. São estes:
máquina lavadora e esterilizadora de instrumental;
máquina reprocessadora de luvas;
máquina seladora de embalagens;
autoclaves;
estufa elétrica (Forno de Pasteur);
destilador de água;
carros para carregamento de autoclave;
carros para transportar materiais;
suporte e cestos para a guarda de materiais;
mesas e balcões de trabalho;
cadeiras anatômicas;
baldes;
bacias e respectivos suportes;
recipientes para lixo e/ou suportes para sacos de lixo.
A aquisição de equipamentos deve ser feita por equipe multidisciplinar,
na qual o enfermeiro deve ter presença marcante. É fundamental o
planejamento da quantidade exigida, bem como a observação da qualidade
dos equipamentos previstos ao bom funcionamento desta Unidade a serem
adquiridos. A quantidade está na dependência do número de leitos e do tipo de
hospital, e a quantidade, como se trata de equipamentos caros, a equipe de
enfermagem deve receber treinamento especial para o manuseio e
conservação dos mesmos. Tanto as máquinas quanto os aparelhos devem
estar sob manutenção constante de técnicos especializados e todos os
121
equipamentos mantidos em perfeito estado de conservação, a fim de que não
haja interrupção de continuidade na dinâmica de trabalho da Unidade. O
enfermeiro deve se preocupar com a manutenção periódica dos mesmos, a fim
de evitar danos temporários ou irreparáveis. Alguns desses equipamentos
estão se tornando dispensáveis, em virtude do uso, cada vez maior, de
materiais descartáveis.
- Previsão de materiais – Compete ao enfermeiro da Central de
Material Esterilizado, juntamente com o supervisor, prever a
quantidade de materiais em movimento no período de 24 horas, a
partir de dados estatísticos encaminhados pelos enfermeiros
responsáveis
das
Unidades
do
hospital.
Esta
previsão
e
imprescindível, considerando que a sua não realização pode ser
responsável pela falta de materiais disponíveis para uso imediato,
ocasionando prejuízos na assistência prestada ao paciente.
O método para calcular a quantidade de material em movimento na
Central de Material Esterilizado baseia-se na quantidade máxima de material,
que é consumido em 24 horas, em determinada Unidade do hospital, e
multiplicando-a por quatro.
Para exemplificar, a previsão de aventais cirúrgicos tem como base o
número de componentes da equipe cirúrgica que farão uso de avental e de
cirurgias programadas para o período. Partindo da premissa de que são
utilizados quatro aventais em cada cirurgia e de que são realizadas, em media.
10 cirurgias no período de 24 horas, serão utilizados 40 aventais por dia. Assim
sendo, o movimento de aventais cirúrgicos, na Central de Material, em 24
horas, deve ser de 160 unidades. Destas, uma porção esta sendo usada, uma
sendo lavada, outra preparada e a outra esterilizada, pronta para uso. A esse
total, recomenda-se manter uma determinada quantia em reserva, para
substituir aqueles que foram danificados ou atender ás necessidades
emergenciais decorrentes de problemas relacionados aos sistemas de lavagem
e esterilização. É importante ressaltar que nos hospitais-escola, o cálculo de
aventais cirúrgicos deve considerar a média de freqüência de alunos na sala
cirúrgica, nas 24 horas. Consideram que o total de roupa cirúrgica, previsto
122
para uso nas 24 horas, deve ser multiplicado por cinco.
25.2 Recursos humanos
Do ponto de vista da organização, a equipe de enfermagem desta
Unidade deve ser composta por enfermeiro, técnico e auxiliares de
enfermagem. É da competência do enfermeiro a responsabilidade pela chefia.
25.2.1 Competência do enfermeiro da CME
supervisionar e controlar as atividades desenvolvidas em cada
uma das áreas da Central de Material Esterilizado, para
assegurar o bom funcionamento da Unidade, o que reverterá em
segurança na assistência ao paciente;
prover a Unidade de recursos humanos e materiais, levando em
conta a quantidade e a qualidade, de modo a atender à
demanda de atividades realizadas;
planejar e executar programas de treinamento e educação
continuada;
realizar reuniões periódicas com a equipe de enfermagem para
passar informes gerais e específicos da Unidade, estimulando
maior interação entre os seus componentes;
emitir parecer técnico na compra de equipamentos e outros
materiais;
estabelecer um sistema de controle dos equipamentos e
materiais de que dispõe a Unidade;
fazer levantamento mensal dos materiais solicitados pelos
diferentes setores do hospital, a fim de planejar o suprimento da
Unidade para atendê-los;
manter-se atualizado em relação aos novos tipos de materiais e
equipamentos disponíveis no mercado;
manter relacionamento efetivo com a Diretoria de Enfermagem e
123
outros serviços,como:
lavanderia,
almoxarifado,
setor
de
compras, engenharia e demais Unidades da Instituição;
elaborar o regimento interno e o manual operacional da
Unidade, mantendo-os sempre atualizados;
fazer parte da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar
(CClH), Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e
outras afins ao funcionamento da Unidade;
efetuar regularmente testes bacteriológicos nos aparelhos de
esterilização, avaliar e divulgar os resultados obtidos;
prevenir a incidência de riscos ocupacionais, notificar à CIPA a
ocorrência de acidentes (se houver) e avaliar a dinâmica de
funcionamento da Unidade para intensificar as medidas de
prevenção;
fazer a estatística mensal da produção e o relatório anual das
atividades desenvolvidas na Unidade, encaminhando-os a
Diretoria de Enfermagem.
25.2.2 Competências do técnico ou auxiliar de enfermagem da CME
 Participar das passagens de plantão.
 Executar as etapas de processamento do artigo (recebimento,
preparo, esterilização e distribuição) no Centro de Material e
Esterilização.
 Comunicar ao enfermeiro qualquer anormalidade com os artigos
e equipamentos.
 Participar de reuniões no setor conforme a programação.
 Auxiliar na elaboração de rotina e novas técnicas.
 Auxiliar no acompanhamento de estágios.
 Participar e auxiliar no treinamento de funcionários novos.
 Participar de treinamento e desenvolvimento.
 Participar da implantação de novas técnicas.
 Realizar atividades de acordo com as rotinas técnicas sob a
124
supervisão de um enfermeiro.
 Realizar o preparo do artigo de acordo com a rotina específica.
 Identificar os pacotes conforme padronizado.
Algumas recomendações para operacionalizar melhor a dinâmica das
atividades neste setor:
a concentração de pessoal deve ser maior no período que tenha
mais atividades a serem desenvolvidas;
o rodízio do pessoal auxiliar nas diferentes áreas é uma medida
importante e necessária a ser tomada, com o objetivo de
permitir que todos adquiram conhecimentos e habilidades
referentes às diversas atividades executadas na Central de
Material Esterilizado. Isto também torna favorável a dinâmica do
funcionamento, quando houver necessidade de substituir a
ausência de pessoal, em qualquer uma das áreas, sem causar
insatisfações e menor rendimento de trabalho;
o treinamento e educação continuada, além de visar o
desenvolvimento de conhecimentos e habilidades nas atividades
das diferentes áreas, objetiva a diminuição de gastos de tempo
e movimentos desnecessários, o que contribui para simplificar e
dinamizar o trabalho, dispendendo o mínimo de energia
possível. Desta maneira, uma série de vantagens pode advir,
como:
a) promover maiôs satisfação no trabalho;
b) aumentar a produção quantitativa e qualitativa do material;
c) contribuir para a qualidade da assistência ao paciente;
d) reverter em economia para o hospital.
25.3 Área de armazenamento e distribuição de artigos médico-hospitalares
Essa área tem por finalidade centralizar todos os artigos processados e
esterilizados
para
serem
distribuídos
às
unidades
consumidoras.
A
preservação da esterilidade dos artigos e o objetivo principal dessa área. Eles
125
devem ser armazenados em armários fechados e identificados de modo que o
funcionário possa suprir as requisições de forma imediata e qualificada.
Manusear os pacotes somente quando estiverem completamente frios
antes de serem estocados ou removidos do carro do esterilizador.
A área deve ser projetada de tal forma que não permita, no momento
da distribuição, o cruzamento de artigo estéril com artigo não-estéril.
25.3.1 Acesso à área
O acesso a área deve ser privativo às pessoas escaladas para o
serviço; a circulação deve ser restrita aos artigos estéreis e permitir o
atendimento dos funcionários das unidades consumidoras, que vêm buscar os
artigos. A comunicação com o exterior pode ser por guichê, monta-carga,
elevadores exclusivos que, além de dificultar a entrada de pessoas estranhas,
impedem o cruzamento do material estéril com o material sujo.
É imprescindível que exista uma pia próxima a porta de entrada dessa
área para que o funcionário lave as mãos antes de entrar no recinto.
A utilização de uniforme ou avental privativo é fundamental para evitar
que ocorra o contato do pacote estéril com a roupa do funcionário, que ao final
de cada plantão deve ser encaminhada à lavanderia.
25.3.2 Condições ambientais da área de armazenamento e distribuição
Essa área deve ser fechada e possuir sistema de renovação de ar. A
temperatura ambiente deve ser mantida entre 18 e 22°C e a umidade relativa
entre 35 a 70%.
25.3.3 Equipamentos da área de armazenamento e distribuição
Além de armários fechados para a guarda de artigos, deve haver nessa
área escada e cestos aramados para auxiliar na disposição dos artigos
provenientes da esterilização, facilitando a supervisão, controle e limpeza.
126
Possuir também mesas e estantes de superfícies não-metálicas, para evitar
que o vapor residual se condense nos pontos de contato, pela diferença de
temperatura, fenômeno denominado de "choque térmico", tornando o artigo
úmido e possibilitando a contaminação.
25.3.4 Controle de artigos
O controle de artigos exige muita atenção e responsabilidade do
funcionário, devendo manter organizado o estoque de cada unidade e propiciar
a previsão e provisão adequadas dos artigos. Algumas instituições hospitalares
contam com sistema informatizado para melhor controle dos artigos
requisitados, bem como das entradas e saídas, de acordo com o estoque
determinado a cada unidade.
O prazo de validade do artigo esterilizado é determinado de acordo
com as características da instituição, o método de esterilização, tipo e
configuração dos artigos, o tipo de embalagem empregado, método de
selagem, local onde o artigo será guardado em cada unidade e quantidade de
vezes que o pacote é manuseado antes do uso.
Recomenda-se realizar inspeção periódica dos artigos estocados para
verificação de qualquer degradação visível e se os artigos ainda continuam sob
garantia dos seus prazos de validade. Considerar como contaminados pacotes
caídos no chão, comprimidos, torcidos ou úmidos.
A codificação do material tornará possível a implantação de programa
de informatização, o que contribuirá significativamente para a organização da
área, possibilitando agilizar o controle e distribuição do artigo.
O volume de artigo descartável estéril, utilizado pelas instituições de
saúde, vem crescendo significativamente. Portanto, se a distribuição do artigo
for realizada pelo CME, é necessário reservar um local para acondicionamento
e posterior distribuição; entretanto, não se deve misturar artigos esterilizados
no CME com artigos provenientes do almoxarifado.
127
25.4 Monitorização dos processos de esterilização
Consiste no registro de dados relacionados ao funcionamento dos
aparelhos e validação dos processos de esterilização para comprovar o
controle de qualidade do material esterilizado.
Esta compreende:
A. Controle dos aparelhos
O funcionamento adequado dos aparelhos e essencial para a eficiência
do processo de esterilização. Por isso, e necessário observar o gráfico de
tempo e temperatura, bem como o manômetro, manovacuômetro, lâmpada
piloto, válvula de segurança e outros. Deve ser feita a revisão preventiva
semanal e a corretiva, sempre que necessária, por técnicos especializados.
B. Validação dos processos de esterilização .
É feita por meio de:
testes biológicos - Estes teste devem ser realizados, no mínimo,
uma vez por semana, de preferência na primeira carga do dia e
após as manutenções preventivas e corretivas. A validação do
processo é feita com o usa de "Bacillus Stearothermophylus",
para a autoclave a vapor, e com "Bacillus Subtillis", para a estufa
ou Forno de Pasteur e autoclave a óxido de etileno. Os
indicadores biológicos são colocados em pacotes, em diferentes
locais da câmara interna dos aparelhos; a fim de que se possa
checar estes pontos após a leitura dos resultados;
reagentes químicos – São substâncias que sofrem alteração na
cor, quando submetidas ao processo de esterilização. A fita
adesiva termosensível, utilizada para identificação visual do
pacote, comprova que o pacote passou pelo calor; por isso,
deve ser colocada em todos os tipos de pacote. Este indicador
não comprova a eficiência do processo de esterilização.
A validade da solução ativada de glutaraldeído em uso, deve ser feita,
128
também, por meio de fitas-testes, "kit" líquido ou similares, utilizando-se um
teste específico para cada formulação. Sendo impossível a aplicação destes,
observa-se a solução quanto a alteração da coloração e presença de
depósitos. Na presença destas alterações, mesmo dentro do prazo de validade
estipulado pelo fabricante, a solução deve ser desprezada. Para o formaldeído,
não existe no mercado teste biológico ou químico.
Quanto ao tempo de validade de esterilização dos pacotes, existem
controvérsias, mas o tipo de invólucro utilizado, o local de guarda do material e
as condições ambientais da sala de armazenagem são fatores a serem
considerados. Assim, os materiais embalados em papel grau cirúrgico e
selados mecanicamente mantêm validade de esterilização por duas ou três
semanas, se os invólucros permanecerem íntegros, o mesmo sendo válido
para aqueles embalados em campos de algodão.
25.5 Dinâmica da central de material esterilizado
Compreende todas as fases do processamento dos diversos tipos de
materiais nas diferentes áreas da Central de Material Esterilizado.
25.5.1 Fluxograma dos materiais
A Central de Material deve ser funcionalmente dividida em áreas, as
quais devem garantir a qualidade do trabalho no processamento dos diferentes
materiais.
25.5.1.1 Área de Expurgo
Estas áreas são destinadas a receber, fazer a descontaminação prévia
e executar a limpeza do material utilizado no hospital, sendo assim, necessitam
ser promovidas de equipamentos básicos e aparelhos para favorecer a
realização dessas atividades.
129
- os métodos utilizados na descontaminação são o físico, que consiste
na exposição do artigo à água fervente por 30 minutos, e o químico, na imersão
em produto químico apropriado por 30 minutos.
- a descontaminação prévia dos artigos pode ser feita por métodos:
mecânicos (fricção com o uso de escovas ou esponjas, embebidas em solução
desinfetante); químicos (imersão completa do artigo em solução desinfetante);
físicos (uso de máquinas lavadoras por 15 minutos ou autoclavagem do
material contaminado, sem o ciclo de secagem ou imersão do material na água
em ebulição por 30 minutos).
- a limpeza do material pode ser feita por dois processos: manual e
mecânico.
 O processo manual consiste em lavar o material com água e
sabão, após o processo de descontaminação, com o uso de
escovas ou outro dispositivo que possibilite a remoção de
sujidades, enxaguando-o, a seguir, em água corrente.
 O mecânico consiste em lavar o material por meio de máquinas
de limpeza com jatos de água e/ou detergentes ou ultra-som. Os
materiais devem ser enxugados (secagem) com tecido limpo e
macio, ou máquina secadora, ou ar comprimido.
 A utilização correta e mais econômica dos processos de
limpeza, desinfecção e esterilização dos materiais é norteada
pela classificação dos materiais, segundo o risco potencial de
infecção para o paciente.
Os artigos (instrumentos, objetos de natureza diversa, utensílios e
acessórios de equipamento) são classificados como críticos, semicríticos e
não-críticos.
- artigos críticos: são aqueles utilizados nos procedimentos invasivos
da pele, mucosa, tecido subepiteliais e no sistema vascular, bem como aqueles
materiais que estejam conectados com este sistema. Devem ser esterilizados;
- artigos semicríticos: são aqueles que entra, com contato com a
mucosa íntegra ou pele não-íntegra. Necessitam ser submetidos ao processo
de desinfecção ou esterilização;
130
- artigos não-críticos: são aqueles que se destinam ao contato com a
pele íntegra do paciente, exigem limpeza ou desinfecção, caso haja suspeita
ou confirmação de contaminação por agentes infecciosos.
É importante ressaltar que, para ser desinfectado, o material deve estar
completamente limpo e seco.
Para a esterilização, além de limpos, os materiais devem ser
acondicionados em envoltórios próprios.
Para o processamento dos materiais na área de expurgo, é
fundamental a existência de pias de aço inoxidável, simples ou duplas, para a
lavagem dos materiais, e balcão ou mesa, de superfície lavável. Para colocar e
separar os materiais limpos.
Procedimentos usados na limpeza de alguns materiais
A – Limpeza de material de borracha
- colocá-los em recipiente com água e substância desinfetante ou
enzimática;
- passar um jato desta solução no interior de cada material. Nas
cânulas endotraqueais, deve-se passar, ainda, uma gaze com auxílio de um
condutor, no sentido de certificar-se da eficiência da limpeza na luz das
mesmas;
- enxaguá-los interna e externamente, em água corrente;
- colocá-los sobre a mesa, secá-las e encaminhá-las à área de preparo.
B – Limpeza do material de vidro
- colocá-los em um recipiente com água e substancia desinfetante ou
enzimática;
- lavá-los com água corrente e escova, enxaguá-las e colocá-las para
escorrer sobre o balcão forrado com um campo. Podem, também, ser lavadas
pelo processo mecânico;
- encaminhá-los à área de preparo.
131
C – Limpeza de material inoxidável
São colocados em solução desinfetante, lavados em água corrente,
enxugados e encaminhados à área de preparo.
D – Limpeza de instrumentais
- imergir completamente, em solução desinfetante ou enzimática;
- escovar as ranhuras, articulações e cremalheiras de cada uma das
pinças, separadamente;
- enxaguá-las em água quente, para remover qualquer resquício de
substancia detergente e, secá-las peça por peça. Ideal é o enxágüe feito em
água destilada ou desmineralizada;
- separá-las por espécie e encaminhá-las à área de preparo.
O tipo de solução desinfetante e enzimática e o tempo de exposição.
Devem seguir as recomendações dos fabricantes e as normas traçadas pela
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.
O processo mecânico de limpeza dos instrumentos é efetuada por meio
de máquinas lavadoras especiais. As pinças devem ser colocadas abertas em
recipientes próprios.
Observação: é fundamental a adoção de medidas de precauções
universais para garantir a segurança das pessoas que manuseiam o material
sujo, exigindo o uso de equipamentos de proteção individual, como gorro e
máscaras
descartáveis,
luvas
de
borracha
antiderrapantes,
avental
impermeável de manga e óculos de acrílico. Na área de esterilização, as luvas
indicadas são as de amianto de cano longo, para proteger do calor. Cabe
ressaltar que o enfermeiro deve manter vigilância quanto ao uso de
equipamentos de proteção individual pelo pessoal auxiliar, tanto na recepção
quanto na limpeza dos materiais contaminados, na área de preparo e
esterilização.
25.5.1.2 Área de preparo de materiais e roupa limpa; sala de preparo de luvas
132
Nesta área, as atividades realizadas objetivam inspecionar, selecionar,
acondicionar e identificar os materiais para serem esterilizados. A inspeção
consiste em verificar a limpeza, as condições de conservação de todos os
materiais e, em específico, a funcionalidade dos instrumentos; na seleção, fazse a separação destes materiais, encaminhando aqueles danificados ao setor
de reparos ou desprezando-os, repondo-os por novos. Nesta área, todo
material a ser preparado para a esterilização, deve ser minuciosamente
revisado e selecionado.
Funcionalmente, a área de preparo é setorizada de acordo com os
tipos de materiais processados.
Características dos envoltórios
Os envoltórios são os recursos utilizados para embalar ou acondicionar
os materiais a serem esterilizados a protegê-los até o momento do uso. Os
mais utilizados são: o campo de algodão, o papel grau cirúrgico, o filme
poliamida, as caixas de aço inoxidável ou alumínio e os tubos de vidro. Cada
tipo de envoltório é provido de características próprias que devem ser
analisadas frente ao material a ser empacotado e o método de esterilização a
ser utilizado.
A – Campo de algodão
O algodão cru é o tecido mais usado na confecção do campo de
algodão, pois possui como características principais:
- ser permeável ao vapor;
- ser de fácil conservação;
- ser resistente e durável;
- ser econômico, pela aquisição a baixo custo;
- ser de fácil manuseio.
O tamanho do campo varia de acordo com o volume do material a ser
acondicionado,
sendo
que
pode
ser
padronizado
correspondentes às medidas lineares de seus lados.
por
números,
133
O campo de algodão deve ser usado duplo, a fim de aumentar a
proteção ao material esterilizado. Recomenda-se utilizar dois campos simples
superpostos, em vez de costurados, para que não haja decomposição de
poeira ou resíduos entre as folhas dos compôs duplos, que não podem ser
removidos, mesmo com a lavagem.
B – Papel grau cirúrgico
O papel grau cirúrgico é fabricado de celulose alvejada (100%) e
contém pequena quantidade de amido (1,5% a máxima permitida). É
representado na cor branca. O envelope apresenta na face anterior, uma
lamina de filme sintético transparente e, na parte posterior, papel grau cirúrgico.
C – Filme poliamida
Este envoltório apresenta como características:
- ter entre 50 e 100 micras de espessura;
- ser provido de microesporos que se dilatam a se fecham de acordo
com as fases do processo de esterilização;
- ser transparente, possibilitando a visualização do material.
D – Caixas de aço inoxidável
Estas caixas são encontradas em diversos tamanhos e apresentam
como característica: ter as paredes finas e a superfície perfurada, se usada
para acondicionar material para esterilização em autoclave a vapor saturado.
E – Tubos de vidros
Este tipo de envoltório apresenta como características:
- permitir a visualização do material;
necessitar de tampa de material permeável ao vapor;
exigir cuidado especial no manuseio por ser frágil.
Características dos pacotes
134
- o pacote deve ser feito de tal forma que os materiais contidos no seu
interior não sejam apertados nem frouxos demais;
- o tamanho do pacote não deve ultrapassar os diâmetros de 50x30x30
cm e o peso de 5 quilos;
- o fechamento deve ser feito com o uso de fita adesiva, identificando o
tipo e a quantidade de materiais que o pacote contém e a assinatura do
responsável pelo seu fechamento. De preferência, deve ser utilizada a fita
adesiva especial, que mostra listras escuras, em sentido diagonal, quando
submetida à ação do calor, se, contudo, garantir a eficiência do processo de
esterilização. O material deve ser carimbado com a data da esterilização.
Considera-se contaminado o pacote mal confeccionado, ou seja, que
não atenda as características acima, e aquele cujo período de validae de
esterilização esteja vencido.
Procedimentos no preparo de alguns materiais
Os procedimentos de preparo dos materiais são realizados em setores
determinados, segundo técnicas de acondicionamento ou empacotamento
padronizadas, utilizando envoltórios adequados ao tipo de material e ao
método de esterilização.
A – Preparo do material de borracha
Os materiais de borracha, como sondas, cânulas e extensões de
borracha, estragam-se facilmente quando submetidos á ação do calor. Para
prevenir danos, alguns cuidados devem ser observados no preparo destes
materiais:
- selecioná-los, por espécie, após verificação rigorosa da limpeza e
integridade de cada um;
- nas cânulas endotraqueais, deve-se testar o “cuff”, acondicioná-las
uma a uma em envelope de papel grau cirúrgico e poliamida, e encaminhá-las
à esterilização na autoclave de oxido de etileno;
- a extensão da borracha, algumas vezes é acondicionado junto com
outro material, como, por exemplo, o cabo do aspirador ou o irrigador. Na
135
primeira situação, proceder do seguinte modo: enrolar a extensão de borracha
e prendê-la, levemente, com uma tira de gaze; adaptar, em uma das
extremidades, um intermediário de vidro ou plástico; na outra, adaptar o cabo
do
aspirador,
envolvendo-o
em uma
compressa
cirúrgica;
a
seguir,
acondicionar o conjunto em campo de algodão. Na segunda, proceder
igualmente no preparo da extensão de borracha e envolvê-la em uma
compressa cirúrgica; acondicioná-la, juntamente com o irrigador, em campo de
algodão; encaminhar à esterilização em autoclave a vapor saturado.
O preparo e o acondicionamento das luvas deve ser feito em ambiente
separado, requerendo um sistema de exaustão de ar próprio, por causa da
utilização do talco.
O preparo das luvas consiste em:
- secá-las, de ambos os lados, pelo processo mecânico ou manual;
- testá-las, uma a uma, e passá-las para a maquina de entalcar;
- a seguir, dobrar os punhos para fora, de cada uma das luvas, e
introduzir uma gaze dobrada, no sentido longitudinal, da prega da dobra ao
interior da luva, a fim de possibilitar a circulação do vapor;
- selecioná-las aos pares, pelo número, preparando-as, de modo que a
palma da mão fique voltado para cima e os polegares para as laterais;
- colocá-las, uma de cada lado, em envelopes especiais de tecido de
algodão ou em campos próprios, dando-lhes o formato de envelopes. A seguir,
colocar a gaze contendo aproximadamente 3 gramas de talco, o equivalente a
uma colher rasa de café (CUNHA; FONSECA, 1995) entre as partes do
envelope, que devem estar sobrepostas;
- acondicionar o envelope em campo de algodão e especificar o
número das luvas na identificação do pacote; encaminhá-las à área de
esterilização em autoclave a vapor saturada.
136
Figura 5 - Técnica de empacotamento de material
B – Preparo do material de vidro
O preparo de seringas de vidro exige alguns cuidados especiais:
- verificar cuidadosamente o bico das seringas e o encaixe perfeito
entre o êmbolo e o corpo;
- colocar o êmbolo na parte central do campo de algodão ou papel grau
cirúrgico, dobrar sobre este a ponte inferior do envoltório e depositar sobre esta
dobra o corpo da seringa, dobrando o envoltório mais uma vez e completando
o pacote; encaminhá-las à área de esterilização.
137
C – Preparo de agulhas metálicas
- inspecionar o bisel de cada uma das agulhas e selecioná-las por
número;
- acondicioná-las em tubos de vidro, tampando-os com uma “bola” de
algodão, e encaminhá-las à área de esterilização. Deve-se introduzir uma
“bola” de algodão no fundo do tubo de ensaio para proteger a ponta da agulha,
ao preparar agulhas de punção raquiana.
D – Preparo do material inoxidável
Deste tipo de material, as bacias, bandejas, cúpulas e cubasrins podem
ser acondicionadas em unidades ou utilizadas para acondicionar outros
materiais. Exemplo: as bandejas acondicionam instrumentos complementares
para cirurgias, material para intubação e outros; a cuba-rim, material para
cateterismo
vesical.
Após
o
acondicionamento,
estes
materiais
são
encaminhados à área de esterilização por vapor saturado.
E – Preparo de roupas
Os aventais, campos e compressas cirúrgicas são recebidos da
lavanderia e encaminhados diretamente ao setor de preparo.
As roupas devem ser acondicionadas em campos de algodão e os
pacotes, encaminhados à esterilização na autoclave a vapor saturado.
A dobradura doa aventais, campos e compressas cirúrgicas segue uma
técnica padronizada que objetiva facilitar o manuseio no momento de uso:
- Avental cirúrgico
 Abrir o avental, segurando-o pelas pontas superiores, tendo o
lado direito para fora;
 Dobrá-lo ao meio, no sentido longitudinal, de modo que a
abertura fique voltada para o lado esquerdo;
 Introduzir a mão esquerda na cava, fazendo a superposição dos
ombros, e dobrar, pela segunda vez, em sentido longitudinal;
138
 A seguir, fazer correr a mão direita pelo avental e segurá-lo pelas
duas extremidades;
 Estendê-lo sobre a mesa, tendo o decote voltado para o lado
esquerdo e a abertura para o operador; dobrar mais uma vez em
sentido longitudinal;
 Colocar a manga e os amarrilhos ao longo do avental;
 Dobrá-lo na metade, da direita para a esquerda e, a seguir, fazer
uma segunda dobra da esquerda para a direita, mantendo as
aberturas sempre para o lado do executante;
 Fazer girar o avental de modo que as aberturas fiquem para o
lado direito e dobrar, em diagonal, as extremidades superiores,
cuidando para que o amarrilho do decote fique sob a dobra;
 Colocar uma compressa dobrada em quatro, com a abertura para
a direita, sobre o avental.
- Campo cirúrgico duplo
 Segurar o campo aberto com o lado direito para fora e dobrá-lo
ao meio, pela aproximação das mãos, segurando as duas
pontas com a mão esquerda;
 Segurar a extremidade da dobra com a mão direita e dobrá-lo
,mais uma vez, de modo que a abertura fique voltado para o
lado esquerdo;
 Dobrar mais uma vez, como anteriormente;
 Colocar na mesa o campo, com as aberturas voltadas para o
executante;
 Dobrá-lo, agora, ao meio, da direita para a esquerda;
 Fazer girar o campo, colocando, então, as aberturas para a
direita e dobrar a ponta dupla, em sentido diagonal;
 Redobrar o campo, agora, da direita para a esquerda, e dobrar a
segunda ponta dupla, também em sentido diagonal.
139
- Campo cirúrgico simples
 Abrir o campo, segurando-o pelas extremidades; com o direito
voltado para o executante, dobrar ao meio pela aproximação das
mãos, segurando as duas pontas com a mão esquerda;
 Repetir a dobradura, por mais duas vezes, e colocá-lo sobre a
mesa com as aberturas voltadas para o executante;
 Dobrá-lo, ao meio, da direita para a esquerda;
 Girá-lo de modo que as aberturas fiquem voltadas para a direta;
 Dobrar, em sentido diagonal, a primeira ponta e redobrar o
campo da direita para a esquerda, e dobrar, no mesmo sentido,
a outra ponta.
- Campo fenestrado
 Abrir o campo fenestrado sobre a mesa, tendo o lado direito para
cima;
 Dobrá-lo, duas vezes, ao meio, de modo que as aberturas fiquem
voltadas para o lado oposto ao do executante;
 Dobrá-lo, a seguir, ao meio, da esquerda para a direita e, depois,
da direita para a esquerda;
 Fazer uma dobra, em sentido diagonal, na ponta superior;
 Acondicioná-lo ou empacotá-lo por unidade, mantendo a dobra
voltada para cima.
Ao se acondicionarem os compôs, deve-se ter cuidado de colocá-los
com as aberturas voltadas para o lado oposto ao do executante e as dobras
para cima.
Atualmente, a maioria dos materiais e roupas cirúrgicas, tais como
máscaras, gorros, toucas, aventais, propés ou sapatilhas, campos e outras,
está sendo substituída pelos materiais descartáveis. O seu uso contribui na
limpeza, higiene e prevenção de infecção hospitalar.
O material descartável apresenta como vantagens:
- encontra-se pronto para o uso;
- proporciona maior segurança e conforto ao paciente;
140
- oferecer maior proteção aos profissionais da saúde, tornando as
atividades assistenciais mais práticas e funcionais;
- contribuir para a melhoria da qualidade da assistência.
F – Preparo de instrumentos
No preparo dos instrumentais para a esterilização, alguns cuidados
merecem destaque:
- fazer a revisão e a seleção dos instrumentais, observando a limpeza e
o estado de conservação destes;
- dispor os instrumentais sobre a mesa ou balcão, grupando-os e
prendendo-os em alfinetes próprios, acondicioná-los para a esterilização em
caixas metálicas perfuradas ou bandejas de aço inoxidável e campo de
algodão. O acondicionamento deve obedecer à seguinte ordem:
 As pinças de dissecção, os afastadores, as válvulas, as
espátulas, os cabos de bisturi e as tesouras são colocados na
primeira camada ou fundo da caixa. O fio da tesoura deve ser
protegido com gaze.
 As pinças hemostáticas e as especiais, presas com alfinetes
próprios, são dispostas numa segunda camada.
 As agulhas, os porta-agulhas, as pinças de campo e a pinça para
antisepsia ocupam a terceira camada ou parte superior da caixa.
As agulhas são selecionadas segundo o tipo e a curvatura, e
ordenadas numa gaze
Atualmente, o método mais indicado para a esterilização dos
instrumentos é o vapor saturado sob pressão – a autoclave. Esta é a razão
pela qual as caixas metálicas devem ser perfuradas nas laterais e tampa, a fim
de permitir a circulação livre do vapor em seu interior, e empacotadas em capo
de algodão.
141
25.5.1.3 Área de esterilização
Esta área destina-se à instalação de equipamentos utilizados para a
esterilização de diferentes tipos de materiais por métodos físicos, químicos e
físico-químicos.
Esterilização é o processo de destruição de todas as formas de vida
microbiana (bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus),
mediante a aplicação de agentes físicos e químicos.
Qualquer que seja o método de esterilização utilizado, deve dar como
garantia a esterilização do material. Também, não é suficiente que o método
eleito seja capaz de esterilizar; é necessário que o enfermeiro e sua equipe
tenham conhecimentos a respeito do mesmo e saibam como utilizá-lo.
A esterilização pelo vapor saturado sob pressão
A esterilização pelo vapor saturado sob pressão é processada na
autoclave, cuja fabricação pode apresentar forma e tamanho diferentes, mas o
principio de funcionamento é o mesmo. A construção do aparelho é baseada
no princípio da marmita de Papin, ou seja, “que a água aquecida em ambiente
fechado, onde o vapor fica retido sob pressão, pode atingir temperaturas muito
elevadas sem ferver”.
O vapor saturado sob pressão constitui um método eficiente de
esterilização, porque destrói todas as formas de microorganismos. Em estado
de saturação, o vapor tem volume constante e, com base na Lei de Charles,
quando o volume é constante, a pressão e a temperatura são diretamente
proporcionais.
A esterilização pelo vapor saturado está relacionada ao calor latente e
ao contato direto com o vapor e a umidade. Entende-se por calor latente “o
calor necessário para converter uma unidade de água em vapor na mesma
temperatura”.
O vapor saturado sob pressão é um método de esterilização eficaz pelo
seu alto poder de penetração, levando consigo o calor. Quando o vapor entra
em contato com o material a ser esterilizado, há a condensação e liberação do
142
calor latente, ocorrendo a termocoagulação das proteínas bacterianas. Depois
da condensação do vapor, a água que se formou retornará ao estado gasoso,
em virtude do contato com a temperatura alta e vapor, e o calor latente volta a
ser absorvido, possibilitando a repetição do ciclo. Isto constitui a base da
esterilização.
Os tipos de ciclos de esterilização são:
esterilização por gravidade – neste tipo, o vapor é introduzido na
câmara interna do aparelho, forçando a saída do ar aí existente. MOURA
(1994) cita como etapas deste processo: carga de vapor e evacuação de ar da
câmara; tempo de exposição ao vapor; exaustão até a capacidade de vácuo e
sua manutenção até secagem dos pacotes; retorno à pressão atmosférica com
ar filtrado;
esterilização com alto vácuo com ciclo pulsátil – este processo
consiste na pulsação por vácuos e entradas de vapor, o que propicia a subida
da temperatura para o início da esterilização, gerando maior segurança neste
processo, uma vez que todo o ar contido no material e na câmara do aparelho
é eliminado pela sucção da bomba de vácuo. As etapas deste ciclo de
esterilização, segundo MOURA (1994) são: evacuação e purgação da câmara
com vapor; nova evacuação e purgação da câmara; carga de vapor saturado;
tempo de esterilização; exaustão até a pressão atmosférica; “hidrovac” para
evacuação e entrada do ar filtrado.
Na esterilização por vapor saturado, alguns critérios devem ser
observados:
- temperatura – varia de 121º a 132º;
- pressão – entre 1 a 1,80 atmosferas (SILVA et. al. 1992)
- tempo de exposição – está na dependência do tipo de material, ou
seja, material de superfície e densidade. O material de superfície é
representado pr aqueles materiais que não exigem a penetração do vapor, tais
como: instrumentais, vidros, cápsulas, cubas, bacias e outros. O material de
densidade é representado por roupas, campos e compressas cirúrgicas,
143
exigindo que o vapor saturado sob pressão penetre entre as camadas de sua
espessura;
- prazo de validade (ver monitoração dos processos de esterilização) –
segundo o Ministério da Saúde, o tempo de exposição, bem como a
temperatura e pressão das autoclaves devem ser programados, seguindo a
orientação dos fabricantes, uma vez que estas possuem ciclos diferentes para
esterilização a vapor.
O pessoal auxiliar, que desenvolve atividades na área de esterilização,
deve ter conhecimentos sobre o funcionamento das autoclaves, cuidados com
o material antes e após a esterilização, e das medidas preventivas contra
acidentes relacionados ao manuseio dos equipamentos.
Em relação aos materiais, alguns cuidados básicos devem ser
observados:
- carregar a autoclave com o mesmo tipo de material, dispondo-os de
modo a facilitar a penetração e circulação do vapor, e a eliminação do ar;
- utilizar 80% da capacidade do aparelho, com o objetivo de facilitar a
circulação do vapor no interior da câmara;
- observar a realização do ciclo da esterilização, segundo as instruções
de funcionamento da autoclave;
- não colocar os pacotes, ainda quentes, sobre superfície fria;
- datar os pacotes e encaminhá-los á sala de armazenamento.
Após a última esterilização do dia, promover a limpeza da câmara
interna da autoclave, com pano umedecido em água e enxugar, em seguida,
procedendo da mesma maneira com a superfície externa.
A esterilização por vapor saturado sob pressão está indicada para
todos os artigos críticos e semicríticos termo-resistentes, e de líquido, sendo
que, para estes, deve-se interromper a fase de secagem. É impróprio para a
esterilização de óleos, pós e graxas.
Esterilização pelo calor seco: Estufa – a esterilização do material
pelo calor seco se processa na estufa, nome comercial do Forno Pasteur. A
destruição bacteriana se dá pela oxidação celular e, para que isto ocorra, tornase necessário que o material a ser esterilizado seja submetido a um tempo de
144
exposição maior e a temperatura mais elevada do que o método do vapor
saturado.
O aquecimento da câmara da estufa se faz por convecção, que é a
transferência do calor pela circulação do ar conseqüente ao aumento da
temperatura. O aquecimento do material se dá por condução, que é a
transferência direta do calor da parte mais aquecida para a menos aquecida de
um corpo ou de um para outro corpo.
O material a ser esterilizado através do calor seco deve ser
acondicionado em caixas metálicas de paredes finas e em recipientes de vidro
refratário. Após ligar o aparelho, deve-se controlar a temperatura e marcar o
tempo de exposição, a partir do momento em que o termômetro atingir a
temperatura adequada ao tipo de material a ser esterilizado.
É importante observar que os pós, acondicionados em recipiente
contendo 100 gramas, devem ser esterilizados numa temperatura de 160ºC,
durante a 120 minutos. Para esterilizar substancias oleosas, também, a
temperatura deve ser de 160ºC e a duração do tempo 120 minutos.
O manuseio e a limpeza do aparelho devem ser feitos segundo a
orientação do fabricante, e a manutenção preventiva programada, no mínimo
uma vez ao mês.
Esterilização por radiação: este método destina-se especialmente,
à esterilização de materiais descartáveis, produzidos em larga escala, sendo
utilizado pelas industrias. O agente físico utilizado é o raio gama cobalto 60,
cuja ação destruidora dos microorganismos se processa através da alteração
na composição molecular das células, as quais sofrem perda ou adição de
cargas elétricas (ionização), ficando carregadas positiva ou negativamente.
Esterilização pelo óxido de etileno: o óxido de etileno foi
descoberto, como agente esterilizante, após a II Guerra Mundial, pelos
cientistas da Army Chemical Corps. Segundo SILVA et. al. (1992), o óxido de
etileno é um gás incolor à temperatura ambiente, cujo ponto de congelamento é
- (menos) 111,3ºC e de ebulição é 10,7ºC. Possui odor semelhante ao éter. É
um composto de resina, comumente conhecido como o mais simples álcool
145
etílico, cuja fórmula é C2H4O. Por esta razão, quando puro, é usado com a
associação de dióxido de carbono (90%) ou freon (80%).
O esterilizador a óxido de etileno é formado por um conjunto de três
unidades:
- a autoclave combinada a gás e a vapor;
- o cilindro de mistura de gases conectado ao painel de controle;
- o aparelho aerador, pelo qual o material, obrigatoriamente, tem que
passar após a esterilização.
Ao esterilizar o material em óxido de etileno, devem-se observar
algumas condições que são:
- o tempo de exposição: o tempo de exposição do material ao agente
esterilizante é de 3 a 5 horas;
- temperatura: nas câmaras maiores é de 50 a 60ºC;
- umidade relativa: é de 20 a 40%;
- concentração do gás: é de 450 mg/l.
O óxido de etileno apresenta como vantagens:
- esterilizar em temperatura relativamente baixa;
-
promover
a
esterilização
de
artigos termo-sensíveis,
como:
marcapassos, próteses e intrumentais de hemodinâmina, acessórios de
respiradores e materiais com fibras óticas.
Ao lado das vantagens, a esterilização pelo óxido de etileno apresenta
desvantagens:
- ser um método de esterilização dispendioso;
- ter o gás efeito tóxico, necessitando passar o material pelo aerador, o
que torna o processo demorado.
O material a ser esterilizado no óxido de etileno deve estar limpo e
seco, e acondicionado em invólucro permeável à penetração do gás. No
carregamento da autoclave, não pode haver sobrecarga e, entre os pacotes,
deve ser mantido um espaço, a fim de que o gás entre em contato com toda a
superfície do material. Para se remover o material da autoclave, o pessoal
auxiliar precisa estar usando, além do avental e gorro, máscaras e luvas de
proteção. Após a esterilização, o material é obrigatoriamente submetido ao
146
processo de aeração, que consiste na circulação de ar filtrado, que passa por
todo o material, promovendo a remoção dos resíduos de gás retidos no
mesmo. A troca de ar no interior da câmara é realizado, a cada minuto, pelo
sistema de aeração, numa tempestade mantida entre 45,5ºC e 54,4ºC.
O tempo que o material permanece no aerador é ajustado, através de
um dispositivo, para 1 a 16 horas, sendo que o comum é regulá-lo para 12
horas, à temperatura de 50ºC. a manutenção preventiva da autoclave deve ser
feita quinzenalmente.
O óxido de etileno, pelas suas características físicas, químicas e de
inflamabilidade, deve ser considerado como fator de risco, e as unidades
hospitalares não possuem estruturas adequadas, nem recursos humanos
tecnicamente preparados para a administração deste setor de esterilização.
O uso deste método de esterilização está regulamentado pela portaria
Interministerial nº 4, de 31 de julho de 1991, que estabelece regras para
instalação, manuseio, segurança ambiental e de pessoal nas áreas para
esterilização de materiais com o uso de óxido de etileno. Atualmente, a
tendência é terceirizar a esterilização de materiais por este método,
considerando os riscos ambientais e ocupacionais que representa ao pessoal
auxiliar, que manuseia os equipamentos.
Esterilização pelo plasma de peróxido de hidrogênio. O plasma de
peróxido de hidrogênio vinha senso empregado como agente esterilizante de
filtros de tubulação nas industrias alimentícias desde o início deste século.
Porém, a partir da década de 90, os hospitais americanos e as industrias de
equipamentos hospitalares estudaram a viabilidade de seu uso na esterilização
de artigos hospitalares. O plasma é definido como o quarto estado da matéria,
distinto do sólido, líquido e gasoso, e pode ser produzido pela ação de
temperaturas elevadas e um campo magnético forte. Quando produzido, é
composto por nuvens de elétrons, íons e moléculas neutras; porém, a
composição exata está na dependência das condições de criação. Pode ser
obtido de diferentes fontes, sendo emissoras de radiofreqüência os mais
adotados e as fontes emissoras de microondas, em menor escala.
147
A – Mecanismo de ação
O plasma formado do peróxido de hidrogênio é composto de radicais
livres derivados das hidroxinas (OH) e outras formas químicas, como água
(H2O), oxigênio nascente (O) e de prótons livres (H), com alto poder de reação,
que
interagem
com
as
membranas
celulares
dos
microorganismos,
desestruturando-os. Tem ação bactericida, esporicida, fungicida e virucida
comprovada por testes aceitos internacionalmente, para a validação de
agentes químicos desinfetantes e esterilizantes.
O equipamento para a esterilização de material pelo pasma de
peróxido de hidrogênio realiza o processo em cinco fases consecutivas: vácuo,
injeção, difusão, plasma e exaustão. A operação do sistema requer uma
solução concentrada (58%) de peróxido de hidrogênio, que é apresentada em
cassete, evitando o contato com o operador. Este é introduzido no aparelho,
que fará o seu funcionamento automático e a injeção do agente precursor do
plasma. Terminada a esterilização, o cassete é descartado automaticamente
em recipiente próprio. Cada uma das fases do ciclo de esterilização é
acompanhada por um mostrador de cristal líquido e por uma impressora
embutida no sistema.
B – Vantagens
- O tempo total do processo de esterilização é de uma hora, sendo
acompanhado por controle computadorizado;
- Não apresenta resíduos tóxicos, gerando apenas água;
- O processo de esterilização é feito a baixa temperatura e a pressão
inferior à atmosférica, o que diminui a possibilidade de vazamento;
- É de fácil instalação, ocupando uma área de 3x3 metros,
necessitando apenas uma tomada elétrica trifásica;
- Tem compatibilidade com metais, vidros, acrílicos, borrachas e
plásticos.
C – Desvantagens
- É um equipamento de alto custo;
148
- Exige embalagem isenta de compostos de celulose;
- Não serve para esterilizar pós.
Esterilização por agentes químicos líquidos: o uso de produtos
químicos para a esterilização de artigos e instrumentos deve ser feito quando
estes não puderem ser esterilizados pelos métodos físicos. Ao fazer a escolha
de um determinado produto químico, deve-se observar que este tenha as
seguintes propriedades:
- destruir os microorganismos em todas as suas formas (vegetativas e
esporuladas), em temperatura ambiente;
- ser estável, quando em solução por tempo prolongado;
- não ser irritante e tóxico para os tecidos humanos;
- não ser corrosivo para os materiais e não alterar materiais de
borracha e plástico.
Ao lado das propriedades acima mencionadas, são imprescindíveis
algumas condições para a eficácia da esterilização de desinfecção por agentes
químicos, como:
- limpeza e secagem prévia dos materiais ou artigos a serem
submetidos ao processo de esterilização ou desinfecção por agentes químicos;
- submersão total dos artigos na solução – estes devem estar
totalmente imersos na solução química e, para que isto ocorra, deve-se ter
cuidado de selecionar um recipiente adequado á quantidade de material a ser
colocado em solução. Deve-se observar, ainda, que o agente químico
preencha o espaço luminar e reentrâncias dos materiais, evitando a formação
de bolhas de ar. É fundamental que este recipiente seja mantido tampado
durante o tempo exigido para o processamento dos materiais e a validade do
produto;
- o tempo de contato ou exposição do artigo à solução – deve-se
observar e respeitar o tempo indicado. De acordo com a Portaria nº 196, de
junho de 1983, o tempo de permanência do material em solução para
esterilização é de 18 horas e, na Portaria nº 15, de agosto de 1988, os artigos
semicríticos devem ter um contato de 30 minutos para serem desinfetados
149
(BRASIL, 1983; 1988). É importante rotular devidamente o recipiente com a
data e o horário de início e término do tempo de exposição do material ao
agente químico;
- substituição da solução química de acordo com a validade,
embasando-se nas orientações oferecidas pelo fabricante;
- temperatura ambiente – os recipientes com as soluções químicas
devem ser mantidos á temperatura ambiente e em local bem ventilado.
A retirada dos materiais da solução deve ser feita com técnica
asséptica, após o que devem ser realizados vários enxágües com soro
fisiológico a 0,9%, ou água esterilizada, para remover os resíduos do produto
químico. Enxugá-los, usando compressas esterilizadas e acondicioná-los em
invólucros estéreis, encaminhando-os ao uso imediato.
Os princípios ativos permitidos são:
- aldeídos;
- fenólicos e seus derivados;
- quaternários de amônia;
- compostos inorgânicos de cloro ativo;
- iodo e derivados;
- álcoois e glicóis;
- biguanidas;
- outros.
Os aldeídos são os princípios ativos que possuem ação esporicida,
garantindo a esterilização dos artigos. São: glutaraldeído e formaldeído.
A – Glutaraldeído
O glutaraldeído é um dialdeído saturado, cujo mecanismo de ação se
dá pela reticulação das proteínas celulares, alterando suas funções essenciais.
A atividade do glutaraldeído é influenciada por alguns fatores, quais
sejam: tempo de contato, concentração, pH e temperatura. Quanto à
concentração, é apresentado em solução aquosa a 2%. Esta solução possui
pH ácido e necessita ser ativada para tornar-se alcalina (pH de 7,5 a 8,5), o
150
que é responsável pela sua atividade biocida. Após a ativação, a validade da
solução é de 14 a 28 dias.
A ação desinfetante ou esterilizante deste agente químico depende do
tempo de contato com o material. Para a esterilização, o tempo de exposição é
de 10 horas.
Este agente esterilizante apresenta uma série de vantagens, tais como:
agir na presença de matéria orgânica, não corroer o material, não alterar os
equipamentos de borracha e plásticos, e não danificar lentes de equipamentos.
Porém, é um produto irritante para os olhos e vias respiratórias na
concentração acima de 0,2 ppm no ambiente. É, também, irritante da mucosa e
pele, podendo até provocar queimadura química. Por isso, todo material que
entra em contato direto com a pele e mucosa deve ser exaustivamente
enxaguado.
B – Formaldeído
O formadeído tem ação desinfetante e/ou esterilizante na sua forma
líquida e gasosa, e age inativando os microorganismos, através da
alcalinização dos grupos amino e sulfídricos das proteínas e dos anéis dos
átomos de hidrogênio das bases purínicas destes.
Quanto á concentração, é o concentrado em solução aquosa a 10% e
alcoólica a 8%, associado com quaternários de amônio. O tempo mínimo para
contato ou exposição dos materiais para a esterilização é de 18 horas, tanto
para a solução aquosa a 10% quanto para a alcoólica a 8%.
No que diz respeito à toxidade, o uso deste agente químico nos
estabelecimentos de saúde é limitado pelo odor forte e desagradável, vapores
irritantes e potencial carcinogênico comprovado.
25.6 Desinfecção e esterilização de artigos
Todos os artigos hospitalares devem passar pro limpeza escrupulosa
antes de qualquer outro tipo de procedimento.
151
25.6.1 Classificação dos artigos pelo risco de contaminação
Os diferentes artigos existentes nas instituições de saúde podem ser
classificados em:
Não- críticos
São todos aqueles que entram em contato com a pele integra do
paciente, ou aqueles que não entram em contato com o mesmo, devendo
sofrer processos de limpeza ou desinfecção dependendo do uso a que se
destinam ou do último uso realizado.
Semicríticos
São aqueles que entram em contato com a pele não-integra ou com as
mucosas do paciente (por exemplo: acessórios de equipamentos de
assistência ventilatória e anestesia gasosa, endoscópios semicríticos). Esses
artigos requerem desinfecção de médio ou de alto nível ou, então,
esterilização, dependendo
do
uso.
Se os artigos semicríticos forem
termorresistentes, poderão ser submetidos a processos de esterilização por
autoclave, por facilidades posteriores no armazenamento, e mesmo por
redução de custos e não-manuseio de produtos químicos agressivos.
Críticos
São aqueles que penetram na pele e nas mucosas do paciente,
atingindo os tecidos subepiteliais, no sistema vascular, bem como todos que
estejam diretamente conectados com ele (por exemplo: instrumentos de corte e
de ponta, endoscópios críticos). Esses artigos deverão obrigatoriamente sofrer
processos de esterilização.
O manuseio dos artigos requer o uso de equipamentos de proteção
individual, levando-se em conta a natureza do risco ocupacional ao qual os
profissionais do Centro de Material e Esterilização estão expostos, sendo que
os riscos estão relacionados ao material biológico, ao uso dos produtos
152
químicos, ao ruído das máquinas ultra-sônicas e ao calor emanados das
autoclaves.
Contaminados
São os que entram em contato com sangue, excreções e secreções.
Devem ser desinfectados previamente.
25.6.2 Métodos de limpeza de desinfecção e de esterilização
Limpeza
É a operação para a remoção física de sujidades, com a finalidade de
manter limpos os artigos, pois a presença de matéria orgânica dificulta a ação
dos produtos químicos nos processos de desinfecção e esterilização.
Método de limpeza
O método usual de limpeza de artigos é a lavagem com água e
detergente comum, ou detergente desincrustante ou detergente enzimático. O
ideal, porém, é que a limpeza seja realizada através de métodos mecânicos –
máquina ultra-sônica ou máquina lavadora desinfetora.
25.6.2.1 Desinfecção
É o processo pelo qual são destruídos os microorganismos em sua
forma vegetativa, utilizado no tratamento de artigos semicríticos e de artigos
contaminados. Nesse processo são utilizados dois tipos de agente: os físicos e
os químicos.
Agentes físicos: a desinfecção por agentes físicos pode ser feita pela
imersão dos artigos em ebulição por 30 minutos. Podem ser utilizados sistemas
automáticos de lavagem que associem calor, ação mecânica e detergente,
desde que o processo seja validado tanto pelo fabricante quanto pelo usuário,
por meio do SCIH.
153
Agentes químicos: a desinfecção por agentes químicos é indicada para
os artigos sensíveis ao calor.
Métodos de desinfecção
Todos os artigos sujeitos a processo de desinfecção devem estar
escrupulosamente limpos e secos para depois ser submerso no produto
químico. Como este age por contato, os artigos devem ser colocados em uma
cuba que o contenha e permanecer imersos nele por um tempo nunca inferior a
30 minutos. Se o artigo tiver cavidades, o produto químico deve preenchê-las.
Após o tempo de exposição ao produto químico, os artigos devem ser
retirados da cuba e abundantemente enxaguados para a retirada de resíduos
do produto em que ficaram imersos.
Produtos químicos para desinfecção de artigos
Os desinfetantes hospitalares para artigos são os produtos para uso
específico em hospitais e outros estabelecimentos de atendimento à saúde que
estejam de acordo com as exigências da Portaria nº 15/88 – MS, entre as quais
podem ser citadas:
Princípios ativos permitidos:
- aldeídos;
- fenólicos;
- quaternários de amônio;
- compostos orgânicos liberadores de cloro ativo;
- compostos inorgânicos liberadores de cloro ativo;
- iodo e derivados;
- álcool e glicóis;
- biguanidas;
- outros princípios ativos, desde que atendam à legislação específica.
Microorganismos testados para avaliação da ação antimicrobiana:
- Staphylococcus aureus;
- Pseudomonas aeruginosa;
- Salmonella choleraesuis;
154
- Tricophyton mentagrophytes;
- Mycobacterium smegamatis;
- Mycobacterium bovis.
Tempo de contato
- 30 minutos
25.6.2.2 Esterilização
É o processo pelo qual são destruídos os microorganismos em sua
forma tanto vegetativa quanto esporulada, utilizado no tratamento dos artigos
críticos. Nos processos de esterilização são empregados métodos tanto físicos
quanto químicos.
Métodos de esterilização
Os agentes físicos mais utilizados são o vapor saturado sob pressão e
o calor seco. Entre os agentes químicos temos o glutaraldeído, o formoldeído e
o óxido de etileno. O processo de esterilização que oferece maior segurança é
o vapor saturado sob pressão em autoclave. A escolha do processo depende
da natureza do artigo a ser esterilizado.
Produtos químicos para esterilização de artigos
Os esterilizantes químicos são produtos para uso específico em
hospitais e estabelecimentos de saúde para artigos críticos que não podem ser
esterilizados pelo calor seco ou úmido. Devem ser capazes de destruir todas as
formas microbianas (esporos, bactérias, microbactérias, fungos e vírus) em
temperatura ambiente.
Princípios ativos permitidos:
- aldeídos
- outros princípios ativos, desde que atendam à legislação específica.
Microorganismos testados para avaliação da ação antimicrobiana:
- Bacillus subtilis (esporos)
155
- Clostridium esporogenes (esporos)
Tempo de contato:
- não superior a 18 horas
Os artigos a serem esterilizados por esses produtos devem ser lavados
e secados e depois imersos na solução em recipiente fechado durante todo o
processo. Essas soluções podem ser utilizadas também para desinfecção de
artigos e materiais críticos, em concentração igual, no tempo de exposição de
30 minutos.
156
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Instrumentação Cirúrgica. 1 ed. Olinda: Grupo Universo, 2003. 144 p.
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Unidade de Centro Cirúrgico. 2 ed. São Paulo: EPU, 1997, 249 p.
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Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
NETTINA, S. M. Prática de enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2003.
ALEXANDRE, N. M. C.; BRITO, E. de. Procedimentos básicos de
enfermagem. São Paulo: Atheneu, 2000. 122 p.
157
ANEXOS
158
FORMULÁRIO INDIVIDUAL DE CONTROLE OPERATÓRIO
USADO NO COMPONENTE CIRÚRGICO
159
FORMULÁRIO INDIVIDUAL DE CONTROLE DE PACIENTE
EGRESSO CIRÚRGICO, USADO NO COMPONENTE CIRÚRGICO
160

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