Untitled - Oceania Boats

Transcrição

Untitled - Oceania Boats
TESTE
Oceania 22 C
Por Marcio Dottori
Fotos Rodrigo
Zorzi e Fernando
Monteiro
À prova d’água
A Oceania 22 C, da Sailor, é
uma excelente plataforma para
o pescador em dias de chuva,
sol forte ou até mar agitado
F
aça chuva, faça sol, pescarias a bordo da
importada Oceania 22 C significam, antes
de tudo, muito conforto para piloto e passageiros. Com uma pequena cabine totalmente
fechada para quatro pessoas sentadas, esta
lancha de 22 pés, equipada de fábrica com
vaso sanitário elétrico e tanque de esgoto de 40 litros – o
único barco deste porte com tais itens de série à venda
no Brasil – ignora solenemente as intempéries. É o tipo
de lancha que nos faz esquecer de consultar a previsão
do tempo: ventos frios, respingos de água doce ou salgada e mesmo aquele sol escaldante do verão não incomodam quem está na cabine. Tudo isso foi comprovado
em dois dias de pescaria nas imediações de Bertioga, no
litoral central paulista.
68 pesca esportiva
sinais vitais
Velocidade máxima: 37,2 nós (a 5 450 rpm)
Velocidade de cruzeiro: 24,6 nós (a 4 000 rpm)
Autonomia: 95 milhas (a 4 000 rpm)
Número de pescadores: 4
Boa para: pescarias em águas costeiras
Preço básico (sem e com motor): R$ 84 000 / 130 000
Obs: performance e preço obtidos com um motor de popa
Evinrude E-Tec de 200 hp
pesca esportiva 69
TESTE
Oceania 22 C
Fernando Monteiro
Pesca e passeio
A cabine, com quase 1,9 m
na entrada, é bem ventilada.
O vaso sanitário fica na parte
inferior, atrás do painel
70 pesca esportiva
O desempenho do casco da Oceania 22 C em mar
aberto foi aprovado. Com ventos de 8 nós e ondas de
até um metro de altura – relativamente altas para uma
lancha de 22 pés – mantivemos 20 nós sem sustos e
tampouco tivemos batidas duras do alto casco contra as
vagas, que é a pior situação (a favor das ondas, a navegação é sempre mais tranquila). Para isso arriamos os
flapes, fazendo a proa baixar e quebrar as ondas, usando
a parte mais acentuada do “V” do casco, que, como todo
barco, fica na frente. Uma lancha com “V” mais acentuado (a Oceania 22 C tem 16 graus na popa) provavelmente navegaria mais rápido, mas barcos cabinados não
podem ter esse ângulo muito acentuado na popa para
não comprometer a estabilidade. Esta, aliás, sempre uma
incógnita em lanchas cabinadas deste porte, é muito boa
na Oceania 22, a ponto do posicionamento dos tripulantes não ter sido uma grande preocupação durante a
pescaria, mesmo com cinco a bordo. Construção e acabamento
Examinando o barco em detalhes, o primeiro item que
chama a atenção é a qualidade da laminação, impecável
tanto no costado quanto na cabine. A robustez geral
da construção que é maciça, inclusive no convés e na
superestrutura, também merece elogios. O único senão
é o rangido ocasional na base do banco do piloto, item
fácil de resolver, nada pareceu frágil no barco da Sailor.
O cockpit, com bons 3,3 m2 de área, é estanque, item de
Pontos altos
Degraus e corrimões
facilitam a circulação
no convés
• Cabine fechada e bem ventilada
• Construção de primeira
• Boa para pesca e passeio
(*) Considerando
um motor de
200 hp
• Caixa para peixes não é de série
• Bancos no cockpit são opcionais
• Tanque de combustível é pequeno (*)
Pontos baixos
Quem faz
A Oceania 22 C é construída na China e vendida na Europa,
Oceania e América. Recentemente ganhou uma irmã maior, de
30 pés, também com cabine fechada. Para saber mais, acesse
www.sailor.com.br.
BORDO A BORDO
Fernando Monteiro
Cabine fresca
Na primeira saída, com mar calmo e céu azul, exploramos os arredores da ilha do Guará, a mais próxima da
barra de Bertioga no sentido oeste e que tem uma boa
pedraria ao seu redor. Tivemos algumas ações e pegamos
e soltamos alguns peixes pequenos, entre badejos-mira
e outras espécies da região. Nesse primeiro contato,
verificamos o quanto a lancha é confortável. Ao conduzir o barco da cabine, constatamos, surpresos, que esta
permaneceu ventilada e agradável, mesmo ao meio-dia.
O segredo está no isolamento térmico do teto, nas duas
janelas laterais e na gaiuta superior, que, juntos, proporcionam boa aeração ao habitáculo, dispensando o
ar-condicionado, item não disponível para o modelo. A
visibilidade, tanto dos instrumentos do painel, que tem
lugar para um GPS/chartplotter e sonda de 10 polegadas,
quanto para o exterior, é muito boa.
Na segunda saída, não tivemos tanta sorte com o
tempo; na verdade, foi exatamente o oposto. No lugar de
sol e calor, o cenário foi de frio e mar agitado, revirando
o fundo e sujando a água. A pescaria não foi boa, mas o
tempo ruim formou o cenário perfeito para completar
o teste. E mais uma vez a cabine mostrou a que veio:
quem ficou dentro dela não tomou uma gota de água.
É aí que se percebe a diferença desse barco para lanchas
de console central de proa aberta, que são verdadeiras
máquinas de pesca, mas nada confortáveis em dias como
aquele.
Rodrigo Zorzi
Espaço de sobra
Duas plataformas de popa e
cockpit com 33m2 garantem a
movimentação dos pescadores
A Oceania 22 C não tem concorrentes diretos no mercado
brasileiro. As lanchas que mais chegam perto dela são a
Fishing 23 WA e a Brazilian Boat 230 Fishing. A Fishing 23 WA
é produzida por um estaleiro bem conhecido em nossas águas,
mas não tem cabine fechada. Já a segunda lancha tem cabine
fechada, mas menor que a da Oceania 22 C.
pesca esportiva 71
TESTE
Caixa para peixes
Capota
Teca artificial no cockpit
Gaveteiro para iscas
Chuveiro de água salgada e doce
Porta-varas
Tábua para cortar iscas
Viveiro para iscas vivas
Borda-livre acolchoada na popa
Escada de popa
Item de série
Item não disponível
Item Opcional
FICHA TÉCNICA
Comprimento: 6,90 m
Boca: 2,30 m
Calado com
Borda-livre proa/popa: 1,20/0,83
propulsão: 0,75 m
“V” na popa: 16 graus
Peso sem motor: 1 350
m
Combustível/água: 150/60 litros
Capacidade: 8
kg
Motorização popa: 1 de 115 a 200 hp
Preço
pessoas
sem motor: R$ 84 000
A relação de equipamentos de fábrica e opcionais está no site www.sailor.
com.br. Preços pesquisados em janeiro de 2 012
Performance
rpm
Vel. (nós)
Cons.
(litro/h)
Rendimento
(milha/ litros)
Rendimento
(litros/milha)
Autonomia
(milhas)
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5450
7,2
7,7
20,2
24,6
29,9
35,1
37,2
17,6
24,5
31
34,9
43,4
60,5
67
0,41
0,31
0,65
0,70
0,69
0,58
0,56
2,44
3,18
1,53
1,42
1,45
1,72
1,80
55
42
88
95
93
78
75
CONDIÇÕES DO TESTE
Onde: Bertioga, SP
Condições: ondas de 1 metro e ventos
de 8 nós A bordo: cinco pessoas e 100 litros de gasolina
Motorização: um motor Evinrude E-Tec 200, V6, dois tempos,
com injeção direta de combustível, seis cilindros em linha,
2,589 litros, com relação de transmissão de 1,79:1 e hélices de
aço inox, de três pás, modelo SST, de 14,75” x 17”.
72 pesca esportiva
Desempenho
Nossas medições foram feitas nas calmas águas do
Rio Itapanhaú. Vale saber que o motor de popa de 200
hp é o mais potente disponibilizado pela Sailor, mas na
Europa, onde a Oceania 22 também é comercializada
(lá, este tipo de barco faz sucesso e é conhecido como
“péche-promenade”, ou “pesca e passeio”), a motorização
padrão é um motor de popa de 115 hp, capaz de levar
a lancha a mais de 30 nós. Com o Evinrude 200 hp, a
lancha chegou a 37,2 nós na média de várias medições.
A velocidade econômica, na qual é possível navegar a
maior distância com os 150 litros de gasolina do tanque,
foi obtida a 4 000 rpm no conjunto testado, com o GPS
marcando 24,6 nós e o medidor de consumo acusando
34,9 litros por hora. Nesse regime, com mar calmo, é
possível navegar 95 milhas com o tanque cheio, mantendo uma pequena margem de segurança. A velocidade
de cruzeiro é bem alta, mas com o motor de 200 hp a
lancha apresentou tendência a caturrar (cavalgar) acima
de 4 600 rpm. O problema foi facilmente resolvido
baixando um pouco os flapes. Acreditamos que com um
motor de popa de 130 hp (para nosso uso, julgamos que
um motor de 115 hp fique no limite para o casco), tal
característica deva diminuir. Com o 115 hp, o preço do
barco pronto para navegar começa em R$ 117 mil. Um
motor de menor potência também melhoraria a autonomia, que no caso do E-Tec 200 não é grande.
Nosso veredito sobre a Oceania 22 C é que o mercado de barcos de pesca brasileiro ganhou com a oferta
desta boa lancha. Robusta, bem construída e muito bem
equipada de fábrica, não é barata – e nem poderia ser,
pela qualidade da construção e a quantidade dos equipamentos de série – mas vale o quanto custa. Projetada
na Europa e construída na China, com componentes
da Coreia do Sul (ferragens), Austrália (para-brisa de
vidro laminado) e EUA (motor), a Oceania 22 C é um
produto de primeira, assim como vários outros feitos
no gigante asiático, como os iPhones. Por sinal, o maior
parceiro comercial do Brasil acabou de mostrar seu
futuro porta-aviões, um catamarã gigante. Alguém ainda
acha que a China não faz produtos de ponta?
Casco e cockpit
Com 46 graus de “V“ na
proa (acima), a Oceania 22C
corta bem as marolas. Paióis
e tampas de acesso facilitam
a vida dos tripulantes
Fernando Monteiro
TEM OU NÃO TEM?
segurança importante e desejável em qualquer barco.
A Oceania 22 C não é uma lancha rica em detalhes de
acabamento, característica natural em barcos de pesca,
cuja prioridade é a praticidade. Mesmo assim, estofamentos (incluindo a poltrona do piloto, com regulagem
nas três direções) e instalações elétricas e hidráulicas são
muito bem feitos. Um detalhe que dá charme ao barco
são as placas de madeira teca, onde ficam os porta-varas
laterais, com lugar para dois caniços em cada bordo.
Gostamos bastante do padrão do aço inox usado
(especificação 316 L), o único realmente aprovado para
uso náutico, que não corrói e não marca a fibra com as
indesejadas “línguas” amarelas de ferrugem. A cabine,
com 1,88m de pé-direio na entrada, além da poltrona
do piloto, tem um sofá em “L” para três pessoas na parte superior. Já na parte inferior há um colchão em “V”
que, se tiver fechamento, possibilita o pernoite de um
casal. Mas para isso é necessário ter uma peça em forma
de placa (ainda não disponível) que possibilite fechar o
centro da cama para aumentar o espaço. Não é um item
difícil de ser resolvido.
Na parte inferior da cabine fica o vaso sanitário, mas
falta uma cortina para isolar a parte inferior da cabine da
superior, já que não há porta separando os dois ambientes. Vale lembrar que o pacote de itens de série do estaleiro é bem generoso. Além do vaso sanitário elétrico,
a Oceania 22 C vem com bússola, direção hidráulica,
sistema de pressurização de água doce e salgada, duas
gaiutas, luzes de navegação, quadro elétrico, limpador de
para-brisa, buzina elétrica e bomba de porão (manual e
elétrica). Na promoção de janeiro deste ano, vinha até
com flapes hiráulicos, além de vários outros itens descritos no site da Sailor.
Fernando Monteiro
Oceania 22 C

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