Internacionalização de negócios - Câmara Ítalo

Transcrição

Internacionalização de negócios - Câmara Ítalo
Hélio Morrone Cosentino
Francesco Paternò
(Organizadores)
Internacionalização de negócios: estratégia
de crescimento e desenvolvimento sustentável
de empresas italianas e brasileiras
Internazionalizzazione: strategia di crescita e
sviluppo sostenibile di imprese italiane e
brasiliane
1ª Edição
São Paulo
Câmara Ítalo - Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura de São Paulo
2012
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 1
Ficha de Catalogação
I 61
Internacionalização de negócios: estratégia de crescimento e
desenvolvimento sustentável de empresas italianas e
brasileiras=Internazionalizzazione: strategia di crescita e
sviluppo sostenibile di imprese italiane e brasiliane /
organização Hélio Morrone Cosentino, Francesco Paternò. –
São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2012.
Bibliografia
ISBN
1.Internacionalização de negócios 2. Desenvolvimento
sustentável 3. Empresas italianas 4. Empresas italianas I.
Cosentino, Helio Morrone II. Paternó, Francesco
CDD 338.88
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 2
ORGANIZAÇÃO
Hélio Morrone Cosentino
Francesco Paternò
AUTORES
Adiliana dos Santos Peres
Alan Duarte
Alexandre Nabil Gohbril
Álvaro Alves de Moura Jr
Anderson Freitas Silva
André Castilho Ferreira da Costa
Andresa Silva Neto Francischini
Bruno Elias Lozano
Daniela Coutinho
Daniele Vitorino
Fátima Guardani
Francesco Paternò
Hélio Morrone Cosentino
Joaquim C. Racy
Marcos Afonso
Mário Donato da Silva
Nelson Destro Fragoso
Paulo Rogério Scarano
Ricardo M. Gioia
Riyemi Mahmoud
Rodrigo Augusto Prando
Rodrigo de Oliveira
Saulo Soares Souza
REVISÃO TÉCNICA
Marcelo José Ranieri Cardoso
Yolanda Maria Guimarães Ranieri Cardoso
COLABORAÇÃO TÉCNICA E APOIO
Daniel Martinez Lima
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 3
Os capítulos são de responsabilidade legal de cada um de seus autores.
É permitida a reprodução total ou parcial deste livro desde que não possua fins
comerciais.
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Em memória de Alessandra Ghobril
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PREFAZIONE
In quest’anno 2012 il Brasile vive un momento molto speciale. Fatti e non
soltando promesse cominciano a rivelare un nuovo grado di maturità e sviluppo
sostenibile della società Brasiliana conquistati negli ultimi quindici anni.
Rimangono però profonde sfide nell’affrontare questioni nazionali e
mondiali cruciali per il consolidamento di questo processo.
In questo insieme di contrasti, tra opportunità e pericoli, sottostimare la
forte identità Brasile-Italia come strumento di sviluppo nel produrre affari,
certamente sarebbe una visione miope, senza precedenti per imprese e governi
da ambo le parti.
Il “Momento Italia-Brasile” 2011-2012 rappresenta una ricerca effettiva
per stringere le relazioni tra i due paesi, nella ricerca di una convergenza di
interessi finora poco sfruttati. Nel completare a marzo 2012 cento e dieci anni di
lavoro l’ITALCAM, certamente, è una delle organizzazioni più rilevanti nell’
effetuare e consolidare questi legami, in forma pragmatica, in quanto, ha
sviluppato lungo questo periodo competenze fondamentali per intermediazione
e facilitazione di azioni commerciali e culturali tra i due paesi.
Così più che un opera di ricerca accademica, questo libro rappresenta
una celebrazione effettiva della coniugazione-congiunzione degli sforzi dei suoi
autori e dell’ITALCAM per fotografare le relazioni Brasile-Italia con le diverse
sfaccettature. I capitoli certamente non esauriscono le varie tematiche, ma
permettono per mezzo delle informazioni ottenute con 400 interviste e 43
imprese una visione semplificata e didattica di questa realtà.
Servono inoltre come banco di dati e punto di partenza fondamentale per
nuovi studi e progetti di affari impresariali.
L’ITALCAM, cerca così di contribuire e promuovere una effettiva
partecipazione tra l’università e l’impresa per l’azione di giovani studenti, i loro
professori, orientatori, impresari e industriali nella realizzazione di conoscenze
applicate negli affari.
Edoardo Pollastri
Presidente ITALCAM
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SUMÁRIO
Introdução........................................................................................................... 07
Capítulo 1: Italianidade e negócios .....................................................................09
Capítulo 2: O processo de formação de estratégia na trajetória de internacionalização
das organizações: um estudo sobre a influência das formações de estratégia na
internacionalização das empresas ítalo-brasileiras.................................................20
Capítulo
3:
Internacionalização
de
negócios:
estratégia
de
crescimento
e
desenvolvimento sustentável de empresas italianas e brasileiras.........................77
Capítulo 4: O papel da inovação nas estratégias de internacionalização de empresas
italianas e brasileiras.............................................................................................91
Capítulo 5: A confiança do público jovem nos produtos de origem italiana...........109
Capítulo 6: Da Itália ao Brasil: biografia e sociedade na trajetória do empreendedor
Francisco Matarazzo..............................................................................................126
Capítulo 7: Empreendedorismo e o sistema de incubação no Brasil e na Itália......145
Capítulo 8: A influência do investimento estrangeiro direto italiano no Brasil
globalizado..............................................................................................................151
Capítulo 9: Considerações sobre a cooperação Brasil-Itália...................................169
Capítulo 10: O papel da Câmara Ítalo-brasileira de comércio de São Paulo nas
relações internacionais Itália-Brasil..........................................................................177
Capítulo 11: Câmara Ítalo - Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura de São
Paulo.........................................................................................................................181
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INTRODUÇÃO
Introdução
Este livro é fruto de um acordo de cooperação entre a ITALCAM –
Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura e a
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE com o objetivo de
estabelecer uma melhor compreensão das relações bilaterais de negócios
entre Itália e Brasil. Nasceu de uma percepção subjetiva de que as relações
comerciais, históricas e culturais entre os dois países é subaproveitada na
geração sustentada de novos negócios.
O Projeto teve início em agosto de 2009 e término em março de 2011,
tendo sido inicialmente dividido em três macros áreas (ver figura na página a
seguir), sofrendo incrementos conforme oportunidades que se apresentaram no
decorrer de sua execução.
Área 1 - ITALIANIDADE E NEGÓCIOS: aquela que investigou as
relações do jovem gestor e/ou estudante de Administração de Empresas e
Comércio Exterior, de ascendência italiana ou não, frente ao potencial
entrosamento com a cultura italiana e sua disposição para fazer negócios e
participar de empresas italianas.
Principais subdimensões consideradas: como o jovem gestor se aloca
na cultura italiana vigente no Brasil e seus meios de acesso a ela; sua potencial
intenção de entrosamento nessa cultura; a imagem percebida por ele das
empresas e negócios; sua disposição em fazer negócios com empresas
italianas.
Área 2 - ESTRATÉGIAS: foi a interface agregadora do projeto e,
possivelmente, a mais relevante. Aqui também foram incluídas as questões de
internacionalização e dada sua complexidade foi realizada em duas fases. Na
primeira fase (exploratória) procuramos obter um desenho da estrutura vigente
e, posteriormente, aprofundamos as questões, de forma a entender as relações
entre estratégias e o processo de internacionalização das empresas.
Consideraram-se as principais subdimensões: ciclo de vida do
produto/empresa e ambiente competitivo; oportunidades de negócios; processo
(trajetória) de internacionalização; estrutura organizacional das empresas na
internacionalização e processo de formação de estratégias na
internacionalização.
Área 3 - MARCA ITÁLIA: aquela que avaliou a visão e aceitação do
jovem consumidor frente a “marca país”. Muitas nuances foram consideradas
(marca construída, marca percebida, marca turismo, marca território, etc.).
Buscou-se observar o que o jovem consumidor entende e vê como um produto
italiano e sua disposição em aceitá-lo.
O projeto contou com a participação de todo o staff da ITALCAM e de
onze professores do CCSA – Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da
universidade e um professor convidado da FUNENSEG – Fundação Escola
Nacional de Seguros.
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Teve a participação de cerca de 400 alunos que participaram das
pesquisas envolvidas, 43 empresas, a maior parte por indicação da ITALCAM
dentre seus associados e 3 grupos (total 15 alunos) que trabalharam os temas
diretamente em seus trabalhos de graduação interdisciplinar (TGI) sob
orientação direta dos professores pesquisadores envolvidos.
O produto final, mais do que um simples relatório de resultados gerou
um livro que compilou os diversos aspectos relacionados ao projeto, além de
seus resultados.
Na constituição dos capítulos optou-se por permitir que os autores
usassem o formato e linguagem que julgassem mais conveniente ao
desenvolvimento de suas ideias, sempre mantendo rigor científico, porém livres
para simplificarem o texto e sua organização de forma a torna-lo agradável a
todos os tipos de leitores. Os autores são integralmente responsáveis pelos
capítulos que assinam.
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CAPÍTULO 1
ITALIANIDADE E NEGÓCIOS
Hélio Morrone Cosentino
André Castilho Ferreira da Costa
Saulo Soares Souza
INTRODUÇÃO
A percepção subjetiva de que as relações comerciais, históricas e
culturais entre Brasil e Itália são subaproveitadas na geração sustentada de
novos negócios é um sentimento bastante evidente no discurso do
empresariado, quer seja em fóruns, seminários ou grupos setoriais de
promoção comercial de ambos os países.
A proposta de entender a relação entre “italianidade e negócios” nasceu
da perspectiva de que a grande massa de ítalo-descendentes brasileiros
poderia ter influência estratégica nas relações bilaterais de negócios entre o
Brasil e a Itália.
Embora o termo italianidade possa ser definido como proposto por
Aulete (2010), Weiszflog (2010) e Houaiss (2010) como o caráter ou qualidade
peculiar do que ou de quem é italiano, ou mesmo pelo sentimento de afinidade
ou de amor pela Itália, ficam algumas lacunas no seu entendimento. A
sociologia e a antropologia buscam preencher tais espaços sem obter completo
sucesso, pois se prendem, sobretudo, às questões de identidade cultural entre
Brasil e Itália, abordando de maneira menos pragmática as questões
empresariais.
Este trabalho procura preencher tal lacuna e, assim, subsidiar políticas
públicas e o planejamento estratégico de empresas em nível local ou em seu
processo de internacionalização.
Neste contexto, buscou-se investigar as relações do jovem gestor e/ou
estudante de cursos de Administração de Empresas e Comércio Exterior, de
ascendência italiana ou não, frente ao potencial entrosamento com a cultura
italiana e sua disposição para fazer negócios e participar de empresas
italianas. A opção por escolher os jovens como amostra de estudo deu-se pela
suposição que, muito provavelmente, esta parcela populacional alcançará em
uma década posição de destaque no mercado de trabalho e poderá, portanto,
agir de forma estratégica na tomada de decisão em negócios.
Para tanto, procurou-se responder a duas questões essenciais:
•
Qual o grau de atratividade de jovens brasileiros (estudantes e
profissionais) de ascendência italiana ou não com a cultura e negócios com
empresas italianas?
•
Qual a influência estratégica da identidade cultural Brasil-Itália no
estabelecimento de negócios entre os dois países?
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Para uma melhor compreensão dos resultados deste estudo abordaramse inicialmente algumas questões relevantes à idéia e conceito de italianidade.
Embora propalado que este tema seja amplamente estudado e disponha de
farta literatura, tal fato não se revelou verdadeiro, pois boa parte do material
encontrado demonstra pouca materialidade científica, ou seja, encontra-se
baseado em opiniões romantizadas e em uma cultura mítica.
Dadalto (2008) aborda a questão competentemente em sua obra O
discurso da italianidade no Espírito Santo: realidade ou mito construído?
concluindo:
Contudo, não há dados objetivos suficientes que justifiquem afirmar que
o estado é constituído em mais de 60% por ítalo descendentes ou que a
identidade do capixaba seja fundada na italianidade. O Espírito Santo é
sabidamente território em que prospera a diversidade cultural. Porém, a
eficácia de uma prática discursiva, sustentada no entusiasmo ufanista da
derrota da adversidade, dá alento ao mito da italianidade na supremacia da
configuração da identidade capixaba (DADALTO, 2008).
Talvez as conclusões dessa autora possam ser estendidas a outras
situações e estados brasileiros, pois a revisão da literatura, baseada em termos
chaves como “italianidade, italianity ou italianitá” e suas variações, realizada
bibliograficamente e em mecanismos eletrônicos acadêmicos e empresariais
que acessam bases de dados tais como o PORTAL CAPES, EBSCO,
PROQUEST, etc., retorna um número pouco significativo de resultados,
especialmente associados ao ambiente empresarial. Apesar disso, pudemos
destacar aspectos interessantes que comumente são associados à idéia de
italianidade e que, portanto, permitiriam sua utilização de forma estratégica.
ITALIANIDADE
Bechelloni (2007) afirma que o termo “italianidade” não possui origem
certa, mas que teria sido criado ou utilizado mais formalmente a partir dos
estudos de Piero Basseti na década de 2.000.
Em um de seus estudos este último afirma:
A Italianidade não é italocêntrica. Para defini-la da melhor maneira
possível deve-se encará-la como uma manifestação que é global (o conjunto
das comunidades italianas no âmbito global) e, ao mesmo tempo, local (as
inúmeras ramificações ou subconjuntos de italianos itálicos, italianos suíços,
italianos da Dalmácia, ítalo-americanos, ítalo-argentinos etc., aos quais devem
acrescentar-se todos os que apreciam o modo de vida italiano, um estilo de
vida e uma cultura muito típicos e fáceis de se reconhecer). A italianidade está
presente em todo o mundo e ligada por fortes correntes compartilhadas. Os
itálicos se identificam, pelo seu modo de ser itálico, com uma cultura,
economia, divertimentos, moda e cozinha de origem itálica... (BASSETTI,
2005).
Curiosamente o autor não cita a comunidade ítalo-brasileira, apesar dos
25 milhões de ítalo-descendentes que existiriam no Brasil. Fato este que
parece mais freqüente que o normal também em diversos outros estudos, o
que eventualmente poderia sugerir um caráter de importância secundário, dado
à imigração italiana no Brasil e, portanto, a seus descendentes.
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Bechelloni (2007) ressalta ainda a importância da visão de Basseti sobre
a italianidade, uma vez que sua atuação como Presidente da Câmara de
Comércio de Milão, da União das Câmaras de Comércio Italianas e da União
das Câmaras de Comércio Italiana no mundo certamente contribuiu para uma
visão cosmopolita e pragmática do tema. Afirma ainda que a presença italiana
no mundo é tão ativa e está presente em diversos lugares e papéis, impelida
por seus empreendimentos e por outras qualidades e atributos culturais que
derivam do legado de milhares de anos de civilização itálica. Tais qualidades e
atributos seriam, por assim dizer, contagiosos, por serem adquiridos, no todo
ou em parte, por outras pessoas em todo o mundo que não são etnicamente
italianas, nem descendem de italianos.
Bao (2010) faz um resgate sócio-histórico da construção da italianidade
no Brasil procurando mostrar como a identidade italiana foi sendo
historicamente tecida no Brasil sob condições sociais singulares, mediada por
relações e interações sociais específicas que promoveram tal identificação.
Kanaan (2008) ressalta as peculiaridades de tal identificação, quando
afirma em seus estudos que um contexto aparentemente estruturado em
“italianos” e “brasileiros” comporta também poros de permeabilidade frente a
grupos de novos imigrantes e que as fronteiras simbólicas entre os grupos
mostraram-se fluídas e negociáveis. A autora afirma compreender italianidade
como referências simbólicas que referem a qualidades morais e que versam
sobre o “bom” trabalhador, o “bom” operário e a identidade de origem.
Gomes complementa as ideias anteriores quando afirma sobre a
imigração italiana ao Brasil que a importância deste grupo no movimento
migratório europeu que teve como destino o Brasil, é enorme por várias razões:
- Uma delas é de ordem quantitativa: entre 1870 e 1920, momento áureo
do largo período denominado como da "grande imigração", os italianos
corresponderam a 42% do total dos imigrantes entrados no Brasil, ou seja, em
3,3 milhões de pessoas, os italianos eram cerca de 1,4 milhões (GOMES
2000).
- Outras são de natureza qualitativa: o italiano reuniu as duas condições
de imigração mais valorizadas por autoridades públicas, por intelectuais e por
empresários privados. A proximidade de língua, religião e costumes, fez o
imigrante italiano mais facilmente assimilável por nossa sociedade do que os
alemães ou japoneses, por exemplo; além disto, correspondeu aos ideais de
branqueamento de nossa população, acreditado como desejável para que nos
tornássemos mais "civilizados" diante de nossos próprios olhos e aos olhos do
mundo (GOMES 2000).
Chama a atenção a questão da origem do imigrante italiano chegado ao
Brasil (Tabela 1), que predominantemente proveio do Norte da Itália (53,5%)
contra o restante vindo da região meridional (12,4%) e sul (33,2%), quando
usualmente afirma-se o inverso.
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Tabela 1 - Distribuição geográfica da imigração italiana ao Brasil (1876 a 1920)
1º VENETO
2º CAMPANIA
3º CALABRIA
4º LOMBARDIA
5º ABBRUZZO/MOLISE
6º TOSCANA
7º EMILIA - ROMAGNA
8º BASILICATA
9º SICILIA
10º PIEMONTE
11º PUGLIA
12º MARCHE
13º LAZIO
14º UMBRIA
15º LIGURIA
16º SARDEGNA
TOTAL:
365.710
166.080
113.155
105.973
93.020
81.056
59.877
52.888
44.390
40.336
34.833
25.074
15.982
11.818
9.328
6.113
1.225.633
29,4%
13,4%
9,1%
8,5%
7,5%
6,5%
4,8%
4,3%
3,6%
3,5%
2,8%
2,1%
1,3%
1%
0,8%
0,5%
100%
Fonte: Brasil 500 anos de povoamento. IBGE. Rio de Janeiro. 2000
As questões de caráter discriminatório entre os próprios italianos,
concernentes à origem regional dos grupos imigrantes, não podem deixar de
ser consideradas. No entanto, o próprio processo migratório de distribuição das
populações sobre o território brasileiro, ao longo do tempo, encarregou-se de
mitigar tais aspectos, dado o espalhamento e a miscigenação forçosa de tais
grupos, embora algumas regiões do sul do Brasil demonstrem até hoje alguns
clusters mais significativos. Ainda assim, os muitos universos italianos
disseminados extensivamente criaram características únicas de italianidade no
Brasil.
A visão de Zanini (2005) sobre italianidade revela uma visão
interessante sobre as questões da italianidade, contrariando o senso comum. O
autor afirma que a invocação da italo-brasilianidade é trabalhada positivamente
e pragmaticamente, uma vez que os descendentes, em sua maior parte, não
teriam desejo manifesto de viver na Itália. Cultivariam uma forma de se
distinguir que tem operacionalidade apenas aqui, no universo brasileiro.
Designar-se “italiano” faria mais sentido aqui, na medida em que se acionariam
positividades que se agregariam às suas identidades individuais e denotariam
determinado estilo de vida.
MÉTODOS
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Para responder às questões propostas nesse trabalho utilizou-se uma
pesquisa exploratória descritiva, atendendo aos preceitos de Richardson
(1999) que afirma que o procedimento exploratório deve ser utilizado quando
não se tem informação sobre determinado tema e se deseja conhecer o
fenômeno, e que o procedimento descritivo busca descrever as características
de tal fenômeno.
O estudo baseou-se em um instrumento de pesquisa que procurou
avaliar o constructo italianidade a partir de 40 questões objetivas divididas em 3
categorias previamente definidas pelos pesquisadores:
•
CULTURA ITALIANA - como o jovem e futuro gestor alocam-se
na cultura italiana vigente no Brasil;
•
NEGÓCIOS - a imagem percebida por ele das empresas e
negócios italianos e sua disposição em fazer negócios com empresas italianas;
•
ACESSIBILIDADE - seus meios de acesso à cultura italiana e sua
potencial intenção de entrosamento nela.
O referido instrumento foi aplicado a 324 estudantes de ambos os sexos
(50% de cada), em sua ampla maioria (91%) com idades entre 19 e 22 anos e
pertencentes às classes sociais A e B, todos os alunos de 3º a 5º semestre (de
um total 08 semestres) dos cursos de Administração de Empresas e de
Comércio Exterior da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo Capital / Brasil, sendo que metade deles (54%) já trabalhavam em algum nível
de atividade produtiva em sua área de formação.
Os resultados obtidos geraram um banco de dados que foi tratado
exclusivamente de forma descritiva em uma 1ª fase.
Em uma 2ª fase utilizou-se uma técnica estatística multivariada
denominada “Análise Fatorial Confirmatória” que permitiu selecionar e agrupar
as respostas relevantes em subdimensões operacionais (fatores). Em
sequência, a partir destes fatores, procurou-se obter um modelo matemático
que pudesse aferir o grau de relação de tais fatores à italianidade, fazendo-se
uso de outra técnica de estatística multivariada denominada “SEM – Structural
Equation Modeling” e tendo como auxílio o software “PLS - Partial Least
Squares Regression”.
Em uma 3ª e última fase, criaram-se índices que pudessem “medir” o
grau de italianidade no grupo de ítalo-descendentes versus
demais
respondentes, comparando-os. Para tanto, utilizamos técnicas comparativas de
populações a partir de amostras emparelhadas, tais como “Teste T” e “ANOVA
com medidas repetidas” tendo como auxílio o software estatístico IBM – SPSS
(18.0).
Em todos os tratamentos estatísticos atenderam-se aos pressupostos e
requisitos estatísticos recomendados por Maroco (2008), Moore (2006) e Hair
(2005).
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ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dado o objetivo do presente capítulo, optou-se por simplificar a
apresentação dos resultados, resumindo as ideias sempre que possível e
evitando a colocação dos outputs numéricos gerados pelos softwares.
1ª fase - Resultados Descritivos:
Dentre os resultados de cunho puramente descritivo destacam-se de
imediato a proporção de entrevistados que possuem ascendência italiana
(63%), sendo que a parcela mais representativa advém de seus bisavós.
A ampla maioria deles (88%) teve sua formação escolar prévia em
escolas particulares, o que constitui no Brasil, via de regra, um ensino de
melhor qualidade e denota um poder aquisitivo elevado (classe A e AB). Tal
fato é corroborado por estudarem agora na Universidade Presbiteriana
Mackenzie, cujos custos são bastante elevados frente às demais instituições de
ensino do mercado. Dessa parcela de alunos, a ampla maioria (72%) não
possuiu na fase escolar pré-universitária ligação com escolas vinculadas
culturalmente a países estrangeiros. Apenas 4% tiveram sua formação em
escolas ítalo-brasileiras e uma parcela mais considerável em escolas norteamericanas e inglesas (16%).
Os respondentes afirmam conhecer muito intensivamente a língua
portuguesa (98%), e quando questionados sobre o conhecimento de idiomas
estrangeiros, o inglês demonstra ser preponderante (51% possuem
conhecimento bastante intenso + 33% grau intermediário). Segue-se o idioma
espanhol em proporções mais modestas estando as demais línguas - italianas,
francesas, alemãs e línguas orientais - praticamente alinhadas, em patamares
insignificantes no grau de conhecimento dos entrevistados.
Pode-se afirmar que os jovens gestores reconhecem no idioma
estrangeiro um fator preponderante como diferencial em sua carreira, quando
afirmam que estudam línguas estrangeiras para “benefícios pessoais e
profissionais que possam ter no futuro (36%)”; afirmam ainda que “estudam
idiomas para conhecimento da cultura do país e potenciais benefícios
profissionais e pessoais advindos desse conhecimento (43%)”.
Quando estimulados a escolherem como uma “1º opção para uma
próxima língua estrangeira que desejam estudar” obtém-se em grau
decrescente de preferência: espanhol, francês/inglês, italiano (13%), alemão e
chinês.
Estimulados a escolherem um novo idioma para estudo, apenas por
“gosto pessoal” sem considerarem questões práticas ligadas a suas carreiras,
os jovens gestores escolhem o italiano em primeira posição (33%), seguido do
francês (29%), alemão (12%) e as demais línguas - inclusive inglês - em níveis
muito inferiores (de 3 a 8%).
Caso pudessem cursar uma parte de seus cursos de graduação em uma
universidade no exterior (intercâmbio), os jovens gestores selecionariam como
1ª opção os EUA/Inglaterra (65%), estando a Itália (6%) alinhada com os
demais países. Como uma 2ª opção de escolha Espanha e Itália (12%)
crescem moderadamente em relação a outros países.
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Para um aperfeiçoamento após a graduação (MBA, Mestrado,
Doutorado) a maior preferência é pelo USA/Inglaterra (83%) contra 2% da
Itália. Se pudessem fazer uma 2ª opção em suas escolhas, a Itália seria
elevada para um nível de 9%.
Para realizar um estágio profissional, durante ou após a graduação, os
respondentes preferem as empresas de origem norte-americanas (39%) e
brasileiras (29%) contra apenas 3% das italianas.
Quando em condições similares (cargo, salário e benefícios) os jovens
gestores escolhem como seu primeiro emprego trabalhar em empresas
brasileiras ou norte-americanas (em nível próximo a 34% para cada uma delas)
e somente 4% para as italianas.
Instados a mudarem sua opção em relação à questão acima, lembrandolhes a crise econômica que afetou o mundo no ano de 2008, os jovens
gestores preferem com ampla margem de vantagem empresas brasileira (42%)
frente às demais (norte-americanas 20% e italianas 5%).
Quando os jovens gestores são convidados a buscar um país
estrangeiro para “construírem sua carreira” a Itália e Japão ficam com apenas
3% das escolhas, o que poderia sugerir que o fluxo migratório Brasil – Itália (ou
Japão) não atrairia mais os estudantes brasileiros. Se os respondentes são
estimulados a “fazerem sua vida fora do Brasil, pensando principalmente em
seus gostos pessoais e sendo suas carreiras apenas um objetivo dentre
muitos” a escolha da Itália como destino cresce pouco (11%). Tal fato
corroboraria a afirmação anterior sobre a migração brasileira.
Dentre os entrevistados 78% afirmam conhecer e poder citar
nominalmente algumas empresas genuinamente italianas presentes em
território brasileiro. Porém, 53% deles são indiferentes quanto ao fato de
empresas italianas oferecerem-lhes oportunidades diferenciadas frente a
empresas brasileiras. Se as empresas italianas são comparadas com outras
empresas estrangeiras o quadro mantém-se mais evidente, quando os
respondentes afirmam não perceber diferenciais nas empresas italianas (63%).
No momento em que se afirma que “as empresas italianas são pouco
importantes no cenário internacional” uma parcela bastante significativa dos
entrevistados (69%) discorda. Quando a mesma situação é levada ao cenário
brasileiro, o valor tem leve decréscimo (61%), ou seja, em ambos os casos os
jovens gestores reconhecem a importância da empresa italiana no contexto
internacional.
Estimulados a optarem pela origem da empresa onde prefeririam
trabalhar (brasileira, norte-americana, japonesa, chinesa e européia), sempre
comparando com empresas italianas, não se observa, grosso modo, nenhum
comportamento notável, ou seja, as empresas italianas e as demais são
colocadas em patamares próximos. Apesar disso, os respondentes consideram
empresas brasileiras um pouco menos competitivas que empresas italianas;
julgam também que empresas italianas são tão competitivas como quaisquer
outras empresas de quaisquer países (há uma leve dissonância com o
resultado anterior, portanto).
Novamente estimulados a responderem se escolheriam trabalhar em
uma empresa italiana, agora “por gosto pessoal ou simpatia”, há uma leve
preponderância dos que respondem positivamente. Fato notável é que os
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avaliados não escolheriam trabalhar em empresas italianas por serem
descendentes de italianos (32% diriam preferir, contra 68% que são
indiferentes ou diriam não).
Consideram que trabalhar numa empresa italiana ajudaria o
desenvolvimento da carreira do jovem gestor (73%), mas eles não vêem suas
carreiras com boas chances de progresso ao permanecer durante muitos anos
nessas empresas (58%), exceto se trabalharem longo período em uma
empresa italiana que tenha se instalado no Brasil recentemente - o gestor e a
empresa começarem juntos - o que lhes ofereceria alguma atratividade (52%).
Os entrevistados não julgam que empresas italianas no exterior tratariam
seus funcionários (brasileiros) de forma discriminatória, e nem que seriam
impedidos de evoluírem em suas carreiras por sua nacionalidade.
A ampla maioria dos interessados (83%) afirmou que não daria
preferência por fazer negócios com empresas italianas ou comprar produtos
italianos havendo presença de similares.
Apenas uma pequena parcela dos entrevistados freqüenta associações
culturais, clubes e eventos ligados a algum país e sua cultura com maior
intensidade (25%), sem forte preponderância de qualquer nação (Itália – 9%).
Para eles, não há um motivo especial para fazê-lo, sendo lazer e cultura geral
os principais motivadores dos que freqüentam.
Apenas 25% dos entrevistados costumam frequentar mostras de
cinema, exposições, shows e eventos promovidos por algum país estrangeiro,
sendo que a ampla maioria não frequentou recentemente festivais
gastronômicos (82%), festas típicas (72%) ou festas religiosas (93%)
promovidas por tais países. Quando estimulados a indicar suas participações
especificamente no “Ano da França no Brasil” os resultados não foram
diferentes.
Quando questionados sobre os motivos para não freqüentarem
costumeiramente tais eventos, alegaram dois principais motivos: não haver
divulgação suficiente (69%) e que tais acontecimentos não atenderiam a seus
gostos pessoais (22%).
Dentre os respondentes, praticamente, a totalidade afirmou usar
intensamente a internet, porém para 88% dos entrevistados o uso da rede que
tenha qualquer vínculo com a Itália (cultura, emprego, negócios, lazer, músicas,
filmes, etc.) restringe-se a, no máximo, 05 a 10% desse tempo.
Em relação a filmes italianos (TV, cinema, vídeo) 20% entrevistados
afirmam ter assistido a 01 único filme italiano nos últimos 06 meses, contra
54% que não assistiram a nenhum.
Para “Festivais de cinema italiano”, nos últimos 02 anos, praticamente a
totalidade dos respondentes (96%) não frequentou nem mesmo parcialmente
tais eventos.
Festas típicas da cultura italiana em São Paulo (incluídas festas
religiosas) são pouco frequentadas pelos respondentes (63% nunca foram e
34% foram poucas vezes).
A ampla maioria dos respondentes (80%) nunca comprou qualquer
publicação impressa (livros, revistas, jornais e catálogos) que possuam ligação
explícita com a Itália ou sua cultura.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 17
Dentre os entrevistados 42% não saberiam citar o nome de qualquer
site, revista, canal de TV ou canal de comunicação italianos acessíveis no
Brasil.
Quando estimulados a responder se têm ou teriam interesse em ter
acesso aos canais de TV italianos RAI, 43% já têm acesso, mas não os
assistem, enquanto 10% não têm e nem desejam ter, contra 3% que assistem
com frequência. Todos os entrevistados que assistem aos canais italianos
disponíveis consideram-nos de baixa qualidade, frisando o excesso de
“programas de auditório” que teriam pouco ou nenhum conteúdo aproveitável.
Se os entrevistados pudessem receber via internet notícias,
entretenimento, acesso a informações de cursos e negócios, oportunidades de
emprego, bolsas de estudos, acesso a rádios e TV's italianos, fornecidas pelo
governo italiano, 53% teriam forte interesse em cadastrar-se em uma rede/site
de relacionamento Itália-Brasil. Outros 36% revelam que “talvez” tivessem
interesse.
2ª Fase – Resultados por Modelagem matemática
O modelo de equações estruturais (SEM) obtido procurou aferir a
capacidade estatística que os 3 fatores (CULTURA ITALIANA, NEGÓCIOS e
ACESSIBILIDADE) teriam para explicar o constructo italianidade.
O modelo obtido, no entanto, não foi considerado significativo, o que
sugere fortemente que o grupo de respondentes estudados possui pouco
vínculo com a Italianidade. Ou seja, por extensão do raciocínio, verifica-se a
baixa influência da identidade cultural Brasil-Itália na atratividade de jovens
brasileiros (de ascendência italiana ou não) com a cultura e negócios com
empresas italianas.
Os resultados obtidos nessa fase de tratamento dos dados possuem
perfeita sintonia com os resultados obtidos na fase anterior (1ª fase Resultados Descritivos).
A análise individualizada de cada um dos 3 fatores (grau de impacto
das variáveis no constructo) poderá proporcionar em trabalhos subsequentes
eventuais ações estratégicas que gerem efeitos desejados sobre a italianidade.
3ª Fase – Comparação do grau de italianidade do grupo de ítalodescendentes Versus demais respondentes
A presença de dois grupos com características distintas (ítalodescendentes e os demais respondentes) poderia influenciar decisivamente
nos resultados do estudo. Desta forma, optou-se por comparar os resultados
(médias) obtidos com cada grupo com relação aos 3 fatores (CULTURA
ITALIANA, NEGÓCIOS e ACESSIBILIDADE). Em um momento posterior
geramos os scores representados na Tabela 2, incluindo o constructo
italianidade que foi definido pelos pesquisadores como uma ponderação em
partes iguais das médias obtidas a partir dos 03 fatores.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 18
Tabela 2 - Scores comparativos entre os grupos estudados
Fator / Grupo
CULTURA ITALIANA
NEGÓCIOS
ACESSIBILIDADE
ITALIANIDADE
Legenda:
Italodescendentes
+++
++
+
++
+++++ = máximo score
Demais
respondentes
++
++
+
++
+ = mínimo score
Com exceção do fator CULTURA ITALIANA, que demonstrou leve
diferenciação para os ítalo-descendentes, os demais resultados demonstram
uma igualdade entre os grupos, o que permitiria inferir que a amostra objeto
deste estudo possui (novamente) baixa identidade com os valores
preconizados como italianidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo conduzido buscou entender o tema “Italianidade e Negócios”
sob uma abordagem exploratória e descritiva, o que imediatamente remete às
limitações inerentes a este método científico, ou seja, os procedimentos
utilizados não buscam esgotar o tema ou explicar causas versus
consequências, mas tão somente conhecer melhor e descrever as
características do fenômeno dentro das condições amostrais expostas.
Procurou responder a duas questões essenciais:
•
Qual o grau de atratividade de jovens brasileiros (estudantes e
profissionais) de ascendência italiana ou não com a cultura e negócios com
empresas italianas?
•
Qual a influência estratégica da identidade cultural Brasil-Itália no
estabelecimento de negócios entre os dois países?
No contexto dos resultados obtidos pôde-se observar que, embora a
cultura italiana possa estar presente na formação da sociedade brasileira a
partir de laços sanguíneos e demais elementos identitários, o grau de
atratividade dos jovens brasileiros pela cultura e negócios com empresas
italianas é baixo, indiferentemente para aqueles grupos que possuem
ascendência italiana ou não.
Partindo-se do pressuposto de que a identidade cultural seja elemento
estratégico de forte peso no estabelecimento de relacionamento empresarial
entre países, os resultados aqui obtidos demonstram haver uma baixa
influência desta identidade no caso Brasil-Itália, o que implica em um subaproveitamento de tais vínculos na potencial geração de negócios. A
similaridade entre os dois países, no que tange ao posicionamento de suas
economias frente ao mundo, poderia constituir elemento de importante sinergia
caso associado a uma forte identidade cultural, gerando complementaridade de
interesses.
Recomenda-se uma revisão das políticas públicas que possam fortalecer
os laços de identificação entre os dois países, especialmente nas questões de
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 19
acessibilidade aos jovens, sob a pena de tais laços extinguirem-se
permanentemente ou ficarem relegados a níveis inservíveis.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 20
CAPÍTULO 2
O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE ESTRATÉGIA NA
TRAJETÓRIA
DE
INTERNACIONALIZAÇÃO
DAS
ORGANIZAÇÕES: UM ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DAS
FORMAÇÕES DE ESTRATÉGIA NA INTERNACIONALIZAÇÃO
DAS EMPRESAS ÍTALO-BRASILEIRAS
Anderson Freitas Silva
Bruno Elias Lozano
Mário Donato da Silva
Rodrigo de Oliveira
Hélio Morrone Cosentino (Orientador)
1
INTRODUÇÃO
Comumente as organizações buscam novos mercados além de seus
limites locais, como parte da constante busca pelo aprimoramento e
crescimento de seus negócios. Em um primeiro momento a busca ocorre
geralmente dentro de seu próprio país e, posteriormente, a internacionalização
torna-se uma etapa natural de sua evolução.
Muitas permeiam as fronteiras de seus países e procuram evoluir no
cenário internacional de uma maneira equivocada. A internacionalização faz,
ou deveria fazer parte da trajetória do desenvolvimento que as organizações
passam ao longo do tempo, e não um simples recurso para saída de crises ou
fuga da concorrência.
Talvez, pior do que se internacionalizar por razões precipitadas, seja
fazê-lo sem um planejamento estratégico adequado. A formação de estratégia
na trajetória de internacionalização é ponto fundamental nesse processo, pois
com o planejamento adequado as empresas alcançam posicionamento
coerente no mercado e obtenção de melhores resultados, com menores custos
e, principalmente, menos riscos.
Esse trabalho é relevante, pois busca relacionar o processo de formação
de estratégia com a trajetória de internacionalização das organizações. Procura
identificar se as organizações partem para o mercado externo por meio de uma
estratégia deliberada, ou seja, planejada e alinhada previamente, ou se esse
processo de internacionalização se dá por meio de estratégias emergentes.
Tais aspectos serão abordados por meio do problema de pesquisa,
questionando: o processo de formação de estratégia influencia na trajetória de
internacionalização da empresa?
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 21
2
REFERENCIAL TEÓRICO
Para consecução deste estudo foi necessário levantar alguns conceitos.
2.1
Estratégia
No mercado competitivo em que as empresas estão inseridas as
estratégias que as organizações estabelecem são fatores-chave para a
obtenção de vantagem competitiva. Sua compreensão parte das definições e
teorias apresentadas a seguir.
2.1.1 Conceito de estratégia
Aurélio (2007) define estratégia como a arte militar de planejar e
executar movimentos e operações a favor de ações táticas, ou, como a arte de
aplicar os meios disponíveis ou explorar condições favoráveis com vista a
objetivos específicos.
Mintzberg e Quinn (2001) afirmam que o conceito de estratégia não é
tão simples de ser definido. Para os autores, estratégia é uma idéia de como a
empresa, no mercado ou prestes a mudar de mercado, pretende relacionar-se
com o público, sendo ele em geral seu cliente, fornecedor, acionista ou
stakeholder. As estratégias definidas ao longo do tempo acabam assim
espelhando a imagem da empresa.
Já na visão de Wright et al. (2000) estratégia refere-se aos planos da
alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os
objetivos gerais da organização. Identificam ainda a estratégia a partir de três
pontos de vantagem: a formulação ou desenvolvimento da estratégia, a
implantação da estratégia e o controle estratégico.
Segundo Porter (2003), a competição administrativa num determinado
setor encontra-se arraigada na sua economia subjacente e em algumas forças
competitivas que estão além dos combatentes nele estabelecidos. Os clientes,
os fornecedores, os entrantes em potencial e os produtos substitutos, todos
são concorrentes mais ou menos ostensivos ou ativos dependendo do setor.
A partir desta análise o autor propôs o modelo das “5 Forças”:
•
Poder de barganha dos fornecedores;
•
Ameaça de novos entrantes;
•
Ameaça de produtos substitutos;
•
Poder de barganha dos clientes;
•
Rivalidade entre concorrentes.
Na concepção do autor, após uma análise desse modelo para o
mercado, as empresas podem posicionar-se e estipular estratégias, para seu
desenvolvimento na obtenção de vantagem competitiva.
A estratégia é capaz de desenvolver um plano de ação que inclui
posicionamento da empresa, de modo que suas capacidades proporcionem a
melhor defesa contra as forças competitivas; e/ ou a influência no equilíbrio das
forças, através de manobras estratégicas, melhorando, dessa forma, a posição
da empresa; e/ou a antecipação de mudanças nos fatores subjacentes às
forças e da reação da empresa a essas alterações, na esperança de explorálas de modo favorável, através da escolha de uma estratégia adequada ao
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 22
novo equilíbrio competitivo antes de seu conhecimento pelos concorrentes.
(PORTER, 2003).
Thompson Jr. (2000) complementa a idéia sugerindo que a estratégia da
empresa consiste no conjunto de mudanças competitivas e abordagens
comerciais que os gerentes executam para atingir o melhor desempenho da
empresa. A estratégia, na verdade, é o planejamento do jogo de gerência para
reforçar a posição da organização no mercado, promover a satisfação dos
clientes e atingir os objetivos de desempenho.
2.1.2 Processo de formação de estratégia
O planejamento do jogo gerencial para dirigir uma empresa com sucesso
envolve todas as funções e departamentos principais – compras, produção,
financeiro, comercialização, recursos humanos e pesquisa & desenvolvimento
(P&D). Cada um tem seu papel na estratégia. O desafio da implementação da
estratégia é moldar todas as decisões e ações da empresa em um padrão
coeso (THOMPSON JR., 2000).
Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) afirmam que o planejamento
preconiza a formação da estratégia como um processo formal, que segue um
conjunto específico de etapas. Esses passos partem da análise da situação
atual da empresa até o desenvolvimento e a exploração de diferentes cenários
alternativos. O objetivo é a geração de um conjunto coordenado de planos, que
guie a organização até o alcance de seus objetivos. As principais etapas que
se encontram na maioria desses modelos são as seguintes: determinação de
objetivos e metas – elaboração e quantificação dos resultados que a
organização pretende alcançar ao longo do tempo, nas suas diversas áreas de
atividades.
Segundo Hax e Majluf (1991) a estratégia é resultado de três diferentes
processos que contribuem para a sua formação:
1. O processo cognitivo dos indivíduos onde o entendimento racional
do ambiente externo e capacidades internas da empresa residem;
2. Os processos sociais e organizacionais que contribuem para a
comunicação interna e o desenvolvimento de uma opinião
consensual;
3. Os processos políticos que tratam da criação, retenção e
transferência de poder dentro da organização.
Os autores sugerem que, dentro dessa perspectiva, o trabalho do CEO
(Chief Executive Officer) é visto como a gestão desses três processos. Isso
requer que os executivos desenvolvam uma visão ampla do que se quer atingir,
e gerenciem uma rede de forças organizacionais que conduzam para o
descobrimento, evolução e enriquecimento dessa visão.
Já para Certo e Peter (2005) a análise de questões críticas fornece a
estrutura necessária para o estudo atual da organização e propicia a
formulação de estratégias eficazes. Os autores sugerem que para a formulação
de tais estratégias é necessário responder a quatro questões básicas:
1. Quais são os propósitos e objetivos da organização?
2. Para onde a organização está indo no momento?
3. Que fatores ambientais críticos a organização
atualmente?
Momento Itália/Brasil 2011-2012
enfrenta
Página 23
4. O que pode ser feito para que os objetivos organizacionais sejam
alcançados de forma mais efetiva no futuro?
Sendo assim, Mintzberg e Quinn (2001) observam que a definição de
uma estratégia focada permite à empresa alcançar objetivos apontados ao
longo dos anos, muitas vezes difíceis de serem atingidos no curto prazo. E que
de certa forma as empresas também formam as suas estratégias com base na
vivência, como prezar pela qualidade dos produtos ou do atendimento aos
clientes.
2.1.3 Tipos de estratégia
Mintzberg e Quinn (2001) defendem a teoria de que a estratégia tem
sido usada de diversas maneiras. Assim sendo, cinco definições estratégicas
podem ser traçadas como os “5 Ps” da estratégia, sendo elas:
• Estratégia como Plano - um curso de ação consciente, seguindo
uma diretriz ou um conjunto de diretrizes;
• Estratégia como Pretexto - tem a finalidade de iludir ou enganar a
concorrência;
• Estratégia como Padrão - é um padrão conseqüente de um fluxo
de ações. Ou seja, a estratégia é consistência no comportamento
de determinadas ações;
• Estratégia como Posição - é a estratégia da organização de
acordo com o ambiente no qual a mesma esta inserida;
• Estratégia como Perspectiva - é a estratégia sob a perspectiva de
como a organização vê o mundo, onde as empresas constroem
sua ideologia em torno dessa visão.
Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) afirmam que com base na
definição dos “5 Ps” da estratégia as organizações desenvolvem planos para
seu futuro, que podem ser chamados de estratégia pretendida, e também
extraem padrões do passado que são chamados de estratégias realizadas.
Tais idéias sugerem que nem sempre as estratégias realizadas são fruto
de uma estratégia pretendida, mas sim de uma estratégia emergente, na qual
determinado padrão realizado não era expressamente pretendido.
A Figura 1 permite observar que as intenções realizadas podem ser
chamadas de estratégia deliberada. Ou seja, uma estratégia pretendida pode
ou não ser realizada, porém uma estratégia realizada nem sempre é fruto de
uma estratégia deliberada, sendo que pode ser realizada por meio de uma
estratégia emergente.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 24
Figura 1: Estratégias Deliberadas e Emergentes
Fonte: Mintzberg et al. (2000, p.19)
Já Wright et al. (2000) complementam a idéia ao afirmarem que o fato de
estratégias realizadas não haverem sido pretendidas dá-se pelos eventos
ambientais ou organizacionais que acontecem ao decorrer do tempo.
2.1.4 Estratégia versus Vantagem Competitiva
A vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que a
empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de
fabricação pela empresa. O valor é aquilo que os compradores estão dispostos
a pagar. (PORTER, 1989)
Ainda segundo Porter (1983), existem três tipos básicos de vantagem
competitiva:
•
•
•
Liderança em custos – É a estratégia mais clara das três a serem
apresentadas, pois nela a empresa tem como principio tornar-se o
produtor de baixo custo em sua indústria, obtendo assim uma margem
lucrativa maior do que seus concorrentes;
Diferenciação – Esta estratégia se caracteriza pela empresa ser a única
em produzir determinado bem, obtendo vantagem competitiva. A
diferenciação pode ser baseada no próprio produto, no sistema de
entrega pelo qual ele é vendido, no método de marketing e em uma
grande variedade de outros fatores. Lembrando que o objetivo central
dessa estratégia é se diferenciar dos concorrentes;
Enfoque – O enfoque se caracteriza em selecionar um segmento ou um
grupo de segmentos na indústria e adaptar sua estratégia para atendêlos, excluindo outros, com o intuito de otimizar sua estratégia, em
segmentos-alvo.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 25
Muitas vezes surgem oportunidades de negócios para as empresas além
de seu âmbito local, exigindo que elas se lancem no mercado externo.
2.2
Internacionalização
Fatores como a globalização e a busca por uma posição em um
mercado competitivo trazem como consequência questões de concorrência que
vêm se tornando cada vez mais intensas. Uma melhor compreensão do
processo de internacionalização é necessária para a adoção de meios que
permitam o crescimento sustentável do negócio.
2.2.1 Conceito de Internacionalização
Segundo Aurélio (2009), internacionalização é definida como o ato de
tornar-se internacional.
Costa e Lorga (2003), afirmam que o conceito de internacionalização
pode ser definido como a necessidade das empresas se manterem
competitivas em mercados alargados.
Soares (2004) acrescenta que as distâncias do comércio exterior
diferenciam a administração de uma empresa que se volta para o negócio
internacional da administração voltada somente para o mercado doméstico.
Internacionalizar uma empresa é introduzir no seu planejamento
estratégico (visão de longo prazo) o objetivo de buscar e manter negócios
internacionais, tanto em relação à importação quanto à exportação. (SOARES,
2004).
Honório (2006) cita conceitos de internacionalização sob o ponto
de vista de diversos autores, conforme Quadro 01.
Quadro 1: Conceitos de Internacionalização na visão de diversos autores
CONCEITO
A internacionalização refere-se a um
processo contínuo de evolução pelo qual a firma
amplia seu envolvimento internacional como uma
função do aumento do conhecimento e do
comprometimento com o mercado estrangeiro.
A internacionalização é um processo que
ocorre mediante a construção contínua de
relacionamentos de rede, uma vez que estratégias
isoladas dificilmente favorecem a obtenção de
informações e de recursos financeiros necessários
à exploração de novos mercados.
A internacionalização é definida como um
processo de conscientização da firma a respeito
das influências direta e indireta das transações
internacionais sobre o seu futuro e, em decorrência
disso, sobre o modo como estabelece e conduz
transações com outros países.
AUTORES
Johanson e WiedersheimPaul, 1975;
Johanson e Wahlne, 1977.
Coviello e Munro,
1997;Bridgewater, 1999;
Chetty
e
Holm,
2000;Sharmae Blomstermo,
2003;
Ritter e Gemunden, 2003.
Beamish et al. (1993)
Fonte: Adaptado a partir de Honório (2006).
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 26
A análise deste conjunto de conceitos permite inferir que a
internacionalização é moldada em cada situação de acordo com as influências
do mercado externo sobre a empresa.
Honório (2006) acrescenta ainda que os esforços para conceituar a
internacionalização são considerados inadequados, pois não valorizam as
interdependências existentes entre essas abordagens.
2.2.2 Teorias Clássicas de Internacionalização
Muitos
autores
escreveram
como
seria
o
processo
de
internacionalização, e estas teorias foram tomadas como únicas ou como
constatações da realidade durante um período de tempo, o que as tornou
clássicas:
Teoria de Poder de Mercado, Desenvolvida por Hymer (1960) –
Francischini (2009) afirma que o foco da teoria é entender quais as
circunstâncias que levam uma empresa a se instalar em outro país,
obtendo inclusive vantagens sobre as concorrentes lá estabelecidas.
Uma empresa nacional que apresenta vantagens em determinada
atividade no mercado nacional diversifica seus investimentos através do
estabelecimento de unidades de produção no exterior, com o objetivo de
controlar essas vantagens também no mercado internacional.
(FRANCISCHINI, 2009);
• Teoria do Ciclo de Vida do Produto, desenvolvida por Vernon (1966) –
Segundo Costa e Lorga (2003) o dinamismo da tecnologia faz com que
as vantagens comparativas dos países se alterem em cada uma das
quatro fases identificadas: Inicial, Desenvolvimento, Expansão e
Maturidade. Tal conceito foi centrado essencialmente na experiência das
multinacionais norte-americanas, onde o ciclo de vida é utilizado para
explicar porque é que algumas empresas tendem a se tornar
multinacionais num determinado estágio de desenvolvimento;
• Teoria da Internalização das Atividades, desenvolvida por Buckley e
Casson (1976) – Os postulados de partida dessa hipótese admitem que
as empresas maximizam seu lucro num mundo de mercados imperfeitos,
tendendo a torneá-los com a criação de mercados internos, isto é,
internalizando. Quando a internalização de mercados é feita além das
fronteiras nacionais surgem as empresas multinacionais. As
imperfeições criam portanto às empresas a oportunidade de, com a
internalização da transferência de factores, bens e serviços para além
das fronteiras nacionais, usufruir ganhos superiores aos usufruídos
através das transacções com outras empresas (COSTA e LORGA,
2003);
• Modelo de Uppsala – Desenvolvido por Johanson e Vahlne (1977), o
modelo também considera a presença da incerteza no desenvolvimento
de atividades de internacionalização. A partir da intensificação de
exportações para um determinado mercado, a empresa alcança a
redução da incerteza, pois adquire maior experiência em atuar no
mercado internacional. Como resultado, tem-se a intensificação no
emprego de recursos, o que pode evoluir para o estabelecimento de
•
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 27
•
uma unidade de produção no exterior. Outro ponto de convergência
importante entre a Teoria do Ciclo do Produto e o Modelo de Uppsala
refere-se ao desenvolvimento das atividades de internacionalização em
etapas. (FRANCISCHINI, 2009);
Teoria Eclética, desenvolvida por Dunning (1971) – Segundo Costa e
Lorga (2003), Dunnig integra as teorias de Hymer e Kindelberger, teoria
de ciclo de vida do produto de Vernon e teoria da internalização. O
objetivo central da Teoria Eclética é assegurar o acesso a mercados de
inputs e explorar tanto o potencial de mercado quanto uma vantagem
comparativa no processo produtivo;
Francischini (2009) acrescenta que na teoria eclética, Dunning considera
a classificação em grupos de propriedade, localização e internalização
para classificar as vantagens competitivas em mercados internacionais.
2.2.3 Teorias recentes da Internacionalização
Neste tópico serão apresentadas as teorias mais recentes de
internacionalização (itens 2.2.3.1, 2.2.3.2 e 2.2.3.3), segundo a ótica de
Francischini (2009) em sua Tese de Doutorado, com o intuito de descrever
seus conceitos e origens.
2.2.3.1 Internacionalização e Diversificação em Produtos e Mercados
Conforme Cantwell e Piscitello (1999), a internacionalização é uma
maneira de consolidar as capacitações de uma empresa. Isso ocorre através
de recursos para diversificação, seja de produtos ou de mercados.
Essa linha de pensamento é complementada por Penrose (2006)
quando afirma que a diversificação pode assumir três formas: o ingresso de
novos mercados com novos produtos, a partir de uma mesma área produtiva já
existente; uma expansão no mesmo mercado por meio de novos produtos
oriundos de outra área tecnológica; e o ingresso em novos mercados com
novos produtos baseados em outras áreas tecnológicas.
2.2.3.2 As Dimensões da Internacionalização e Mundialização
Chenais (1996), ao analisar o processo de internacionalização de
empresas, considera as seguintes dimensões: o intercâmbio comercial, o
investimento produtivo no exterior e os fluxos de capital monetário ou capital
financeiro. Mais adiante o autor destaca o surgimento de uma quarta dimensão,
baseada nos ativos intangíveis das empresas e no capital humano, que chama
de “internacionalização tecno-financeira”.
Com relação ao capitalismo mundial, Chenais (1996) destaca que os
investimentos diretos no exterior têm reforçado a posição dos Estados Unidos,
Europa e Japão. Por outro lado, os países que não fazem parte desse grupo
encontram-se desconectados dos fluxos de capital internacionalizado.
2.2.3.3 A Firma Born Global
Madsen e Servais (1997) afirmam que o termo Born Global cujo
significado seria “Nascer Global/Globalizada” é utilizado para definir empresas
que desde sua fundação ou logo depois de fundada, considera em suas
estratégias de desenvolvimento a atuação global.
Embora haja discordância sobre alguns aspectos conceituais,
Francischini (2009) apresenta itens de consenso entre os diversos autores
sobre a Born Global:
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 28
- a atuação internacional é considerada desde a fundação ou em pouco
tempo após, sem o desenvolvimento primário de vantagens monopolísticas no
mercado interno;
- essas firmas tendem a atuar em segmentos de mercado e apresentam
maior capacidade de adaptação de produtos para mercados específicos;
- o desenvolvimento das capacidades de inovação é fundamental para a
atuação em mercados internacionais;
- as novas tecnologias de produção e comunicação reduzem os custos
de transação e têm favorecido o surgimento dessa categoria de firmas;
- as firmas desenvolvem adaptações em seus produtos, o que torna os
mercados mais homogêneos;
- os fornecedores com competências complementares são também
selecionados a partir de acordos de colaboração;
- há o estabelecimento de parcerias para a distribuição dos produtos e
mercados internacionais.
2.2.4 Objetivos da Internacionalização
Lemaire (1997) sugere que os objetivos para as empresas
internacionalizarem-se são devidos a diversos fatores, desde a necessidade de
seguir o ciclo de vida internacional do produto até a busca por uma otimização
fiscal. Porém, apenas com os recentes progressos no domínio da estratégia é
que se encontrou uma forma que permite esclarecer o fenômeno da
internacionalização: a procura pela vantagem competitiva.
A entrada em mercados internacionais envolve incerteza, riscos e
complexidade. A incerteza resulta da necessidade de operar em mercados
bastante distintos do doméstico, isto é, em ambientes cujos sistemas político,
social e econômico e cujo marco legal podem ter características bastante
diferenciadas. (TANURE e DUARTE, 2006).
Com a globalização, as decisões de produção e comércio internacional
ficaram intimamente interligadas: a transnacionalização de empresas espalhouse pelo mundo e a maior parte dos novos produtos que chegam ao mercado é
transacionável internacionalmente (traded goods) ou dependem pesadamente
de componentes transacionáveis. (LIMA e VASCONCELLOS, 2006)
Tanure e Duarte (2006) complementam ao sugerirem que a entrada em
mercados de outros países tem seus custos compensados a partir dos
benefícios resultantes da expansão da empresa, da conquista de outros
mercados, da obtenção de economia de escala e também do fortalecimento de
uma posição competitiva, que gera um aumento da lucratividade e a redução
do risco de atuação em apenas um mercado.
2.2.5 Formas de Internacionalização
Com base nos conceitos de Tanure e Duarte (2006), identifica-se um
conjunto institucional que possibilita o ingresso de produtos, tecnologia ou
outros recursos de uma organização em um país estrangeiro de investimento.
Para essas expansões existem diversas escolhas que envolvem riscos e
propriedades diferentes. O quadro 2 ilustra as diversas maneiras de
internacionalização das empresas na visão dos autores:
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 29
Quadro 2: Classificação dos modos de entrada
POR
EXPORTAÇÃO
Indireta
Cooperativa
Direta
CONTRATUAL
Licenciamento
Franchising
Acordo Técnico
Contrato de serviços
Contrato de administração
Contrato de produção
Aliança contratual
POR
INVESTIMENTO
Investimento
Greenfield
Subsidiária de
controle integral
Subsidiária de
controle integral
Joint Venture
Fonte: TANURE e DUARTE (2006, p. 8)
Com base nessa classificação, os autores exploram as idéias envolvidas
nesses modos de entrada:
Entrada por exportação - forma de mais fácil acesso para as empresas
de menor porte, que por terem poucas alternativas viáveis de expandirse para o exterior, buscam esta maneira como expansão de sua
organização. Este é o modelo pelo qual os produtos finais ou
intermediários de uma empresa são fabricados fora do país de destino e
subseqüentemente transferidos para ele. Dentre os tipos de exportação,
a exportação indireta é utilizada por intermediários, geralmente agentes
ou distribuidores, que realizam a compra no país de origem da
organização que internacionalizou. Já no segmento de exportação
direta, os intermediários estão sediados no local de destino. Por último
temos a modalidade de exportação cooperativa a qual se situa entre os
dois tipos de exportação já mencionados, indiretos e diretos, que tanto
pode envolver acordos com um parceiro, para uso de sua rede de
distribuição no mercado de destino, como a formação de cooperativas e
consórcios.
• Entrada Contratual - caracteriza-se pela associação não-patrimonial, de
longo prazo, entre uma firma internacional e uma instituição em um país
estrangeiro. Envolve a transferência de tecnologia ou capacitação da
empresa para aquele país. Esse modo de entrada no exterior distinguese da exportação principalmente por se constituir em veículo para a
transferência de conhecimentos e competências. Para a entrada via
contratual, as três maneiras mais utilizadas pelas organizações são
licenciamento, franchising e contratos de produção.
• Entrada por Investimento - esta maneira de internacionalização das
organizações envolve a propriedade, por uma firma internacional, de
indústrias, unidades ou fábricas em um país estrangeiro. Esses termos
são caracterizados como subsidiárias, de maneira que podem ser
unidades de apenas complementação do processo fabril da organização
•
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 30
do país de origem, na qual depende inteiramente da importação de
produtos semi-produzidos da matriz (o que poderia ser considerado
como extensão do modo de entrada por exportação). Outro tipo de
subsidiárias são as unidades fabris responsáveis pela industrialização
total do produto. Com a procura de locais no mundo que sejam mais
eficientes na produção, distribuição e desenvolvimento de novas
tecnologias, as empresas passam a ter a necessidade de tornar mais
complexa sua atuação mundial. Ao investir em uma subsidiária no
mercado externo, a empresa pode optar por um negócio já existente
(aquisição) ou totalmente novo (investimento tipo greenfield).
Concluindo, as unidades de produção estrangeiras podem ser
classificadas como sole ventures, de controle e propriedade total da
organização matriz, ou joint ventures, com controle e propriedade
divididos entre a matriz e um ou mais parceiros locais.
A forma de levar os bens da empresa aos seus clientes é uma decisão
importante com reflexos em relação ao investimento necessário, do controle e
da flexibilidade conseguidos e do risco assumidos. Decisões erradas a este
nível poderão traduzir-se em resultados inesperados e até mesmo irreversíveis.
(COSTA e LORGA, 2003).
2.2.6 Impacto da internacionalização no desempenho das organizações
Segundo Hemais (2005), devido ao fato do desempenho empresarial ser
um conceito multidimensional, não há um consenso na literatura a respeito do
desempenho da empresa nas atividades no exterior. O autor cita Baldauf et al.
(2000) ao sugerir o desempenho nas internacionalizações como “os resultados
obtidos pela firma com as vendas internacionais”. Porém, ao citar Shoham
(1998), o autor observa a definição de exportações como sendo “as decisões e
atividades
internacionais
de
marketing
realizadas
pela
firma
internacionalmente” e desempenho como sendo “o resultado agregado das
vendas internacionais de uma firma”.
Um dos principais problemas enfrentados pelos pesquisadores na área
está relacionado à forma de operacionalização do desempenho exportador,
reconhecido desde muito cedo como um construto multidimensional. (HEMAIS,
2005).
Concluindo, Hemais (2005) cita Louter et al. (1991) ao afirmar que
embora medidas objetivas sejam as definições operacionais predominantes do
desempenho exportador, alguns autores têm defendido o uso conjunto de
medidas subjetivas e objetivas, uma vez que o sucesso nas exportações não é
definido da mesma maneira por todos os executivos de exportação.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 31
3
3.1
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Problema de Pesquisa
Segundo Kerlinger (1979), um problema é uma questão que mostra uma
situação que necessita de discussão, investigação, decisão ou solução. Para o
autor, a definição mais satisfatória é: “um problema é uma questão que
pergunta como as variáveis estão relacionadas”.
A pesquisa a ser realizada neste trabalho abordará a seguinte questão:
o processo de formação de estratégia influencia na trajetória de
internacionalização da empresa?
Desta forma, as variáveis envolvidas no estudo são:
• Variável independente - o processo de formação de estratégia.
• Variável dependente - trajetória de internacionalização da empresa.
3.2
Hipótese
Richardson (1999) define hipótese como uma resposta possível de ser
testada e fundamentada para uma pergunta feita relativa ao fenômeno
escolhido. O pesquisador deve examinar a literatura sobre o fenômeno e obter
a maior quantidade de conhecimento possível, para responder ao problema
formulado.
Logo, a hipótese do trabalho é de que o processo de formação de
estratégia influencia de fato na trajetória de internacionalização das
organizações.
3.3
Objetivo Geral
Para Richardson (1999) objetivos gerais definem, de certa forma,
o que se pretende alcançar com a realização da pesquisa. Sendo assim, temse como objetivo geral do trabalho: identificar a influência do processo de
formação de estratégia e seu impacto na trajetória de internacionalização
das organizações.
3.4
Objetivos Específicos
Ainda segundo Richardson (1999) os objetivos específicos
definem as etapas a serem cumpridas para alcançar o objetivo geral. Desta
forma, os objetivos específicos deste trabalho são:
• Analisar os processos de formação de estratégia existentes;
• Identificar como se dá a formação de estratégia em empresas que
se internacionalizam;
• Relacionar a trajetória de internacionalização das organizações
com o processo de formação de estratégia.
3.5
Tipo de pesquisa
Existem três tipos de plano de pesquisa que podem ser realizados em
um trabalho científico. O Quadro 3 apresenta tais tipos:
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 32
Quadro 3: Tipos de plano de pesquisa
TIPOS
Exploratória
Descritiva
Explicativa
DESCRIÇÃO
Quando
não
se
tem
informação sobre determinado
tema e se deseja conhecer o
fenômeno.
Quando
se
deseja
descrever as características de um
fenômeno.
Quando se deseja analisar
as causas ou conseqüências de
um fenômeno.
FONTE: Adaptado a partir de Richardson (1999, p. 66)
Adotando a visão deste quadro o tipo de pesquisa a ser realizado neste
trabalho será de caráter descritivo e explicativo, pois se busca analisar e
também relacionar as causas e conseqüências do processo de formação de
estratégias na trajetória de internacionalização das organizações.
3.6
Método de pesquisa
Método em pesquisa significa a escolha de procedimentos sistemáticos
para a descrição e explicação dos fenômenos. Isto significa delimitar um
problema de pesquisa, realizar observações e interpretá-las com base nas
relações encontradas, fundamentando-se nas teorias e conceitos existentes.
(RICHARDSON, 1999)
3.6.1 Método de pesquisa qualitativa
Segundo Sasterby-Smisth (1999), a entrevista qualitativa é
utilizada para:
• provocar a expressão e opinião do entrevistado sobre as questões
emanadas do objetivo geral e dos objetivos específicos da pesquisa;
• buscar as conexões conceituais entre o “mundo” do respondente e o
Referencial Teórico;
• Entender a lógica, passo a passo, de uma situação que não está clara.
(apud MANUAL DE TGI, 2007)
3.6.2 Método de pesquisa quantitativa
O Manual de TGI (2007) sugere que o método de pesquisa quantitativo
caracteriza-se pela quantificação da coleta de dados e o tratamento destes por
meio de técnicas estatísticas. Desta forma permite-se garantir a precisão dos
resultados, reduzir as distorções de análise e interpretação, possibilitando uma
margem de segurança mínima quanto às inferências.
3.6.3 Método aplicado e coleta de dados
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 33
Observando as características metodológicas deste estudo, para este
trabalho foi utilizado um misto entre o método qualitativo e quantitativo, pois se
buscava alcançar uma compreensão qualitativa das razões subjacentes ao
problema de pesquisa e também quantificar os dados e os resultados da
amostra para a população-alvo.
4
ANÁLISE DOS GRÁFICOS DE RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS
APLICADOS
O presente trabalho utilizou-se de um questionário composto por 62
questões objetivas divididas em 5 categorias: caracterização das empresas,
estratégia, ciclo de vida dos produtos, inovação e internacionalização. Cada
categoria com seu respectivo localizador: Carac, Estr, Ciclo, Inov e, Inter,
conforme anexo1 ao final deste capítulo. Foram entrevistadas 34 empresas a
partir de contatos fornecidos pela Câmara de Ítalo-Brasileira de Comércio
(ITALCAM), sendo que os respondentes eram os contatos oficiais das
empresas ou seus prepostos, sempre ligados à área de estratégia da empresa.
Os respondentes puderam manifestar e acrescentar novas idéias, detalhes e
opiniões enquanto respondiam as questões objetivas. Os resultados
ampliados podem ser observados no Anexo 2, também ao final do
capítulo, inclusive com os gráficos gerados por questão.
4.1
Caracterização das empresas
Este bloco de questões teve como objetivo entender as características
das empresas participantes da pesquisa, desde sua origem até o seu processo
de internacionalização.
O resultado da pesquisa permitiu observar que a maior parte das
empresas são relativamente recente (23% foram fundadas a partir do ano 2000
e 20% na década de 1990). A ampla maioria das empresas entrevistadas tem
origem jurídica brasileira, enquanto que as de origem italiana somam uma
parcela menor (32%).
A grande maioria dos respondentes (67%) afirma ter vínculos bilaterais
Brasil- Itália, sendo que 29% deste total são de origem italiana e 38% de
origem brasileira.
Pode-se observar que parcela significativa dos respondentes (52%)
afirmou que a empresa nasceu a partir de um produto que se desenvolveu para
uma especialidade e diversos produtos afins.
Relacionando a diversificação de produto, duas estratégias distintas
despontam nos resultados: 38% das empresas não migraram para outro tipo de
mercado e 38% adicionaram outro segmento de mercado visando a
diversificação.
Em relação ao mercado internacional, de acordo com as empresas
respondentes, 63% têm a América do Sul como a região com maior
importância para as exportações, mesmo que mais da metade destas não
produzam no exterior.
A maioria das empresas respondentes que apostaram na
internacionalização realizou a internacionalização em estágios, primeiro
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 34
ajustando a categoria comercial e depois a produtiva, sendo que 44% levaram
em média de 6 a 10 anos no processo.
Na caracterização das empresas respondentes, identifica-se que sua
maior parte é de origem brasileira com vínculos com a Itália. Tais organizações
são de diferentes segmentos de mercado e a maioria nasceu a partir de um
único produto que se desenvolveu para uma especialidade e diversos produtos
afins. Constata-se que a América do Sul é a região com maior importância para
as exportações. O processo de internacionalização destas organizações levou,
em média, de 6 a 10 anos.
4.2
Estratégia
Para este bloco foram consideradas as questões referentes à estratégia
das organizações em seus processos de internacionalização. Ressalta-se que
as questões Estr6 a Estr11 são correspondentes às empresas que utilizam os
serviços da Câmara de Comércio Brasil-Itália.
Conforme Tanure e Duarte (2006), a entrada em mercados
internacionais envolve incertezas, riscos e complexidade. Com base nos dados
levantados na pesquisa, é possível observar que as empresas utilizam-se das
mais variadas estratégias de internacionalização, desde alianças estratégicas a
aquisição de empresas no exterior ou contratos de produção. Isto se aplica ao
que os autores conceituam a respeito dos diferentes modos de
internacionalização. As escolhas dos modos como as empresas expandem
para os mercados externos envolvem riscos e propriedades diferentes,
aplicando-se às características e estratégias de tais organizações.
De acordo com a pesquisa, com relação à decisão das organizações
para produzir no exterior, foram destacados como aspectos a considerar a
proximidade cultural entre os países e o acesso a recursos de produção (12%
cada), seguidos dos aspectos de manutenção de unidades de produção no
exterior e o desenvolvimento de atividades de produção em regiões onde já
exercia uma forte presença exportadora (9% cada). O que reflete as
conceituações de formação de estratégia de Mintzberg e Quinn (2001), onde as
estratégias são traçadas de diversas maneiras e se enquadram, dentro das
definições dos “5Ps” da estratégia, de acordo com os processos de cada
organização.
Segundo Mintzberg et al (2000), as estratégias realizadas podem ser
frutos de formações estratégicas deliberadas ou de formações estratégicas
emergentes. Identifica-se na pesquisa que, no processo de formação de
estratégia na trajetória de internacionalização das organizações, há um
equilíbrio quanto ao tipo de formação estratégica adotado pelas empresas
pesquisadas, podendo ser estratégias deliberadas ou emergentes. Tais
aspectos demonstram que a formação de estratégia pode estar atrelada ao
modelo das “5 forças” de Porter (2003), onde na concepção do autor, após uma
análise desse modelo para o mercado, as empresas podem posicionar-se e
estipular estratégias, para seu desenvolvimento na obtenção de vantagem
competitiva.
A pesquisa aponta que grande parte das empresas que buscam o apoio
de entidades procura um misto de serviços de conotação relacional e
competências técnicas particulares. O que se aplica às conceituações de Hax e
Majluf (1991), onde os processos cognitivos dos indivíduos, além dos
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 35
processos sociais/organizacionais e os processos políticos são os processos
que auxiliam as organizações na formação de estratégia. Para as empresas
que utilizam, especificamente, os serviços da Câmara de Comércio Brasil-Itália,
identifica-se que, dos aspectos abordados, a competência técnica para
informar e orientar as empresas é a que mais se destaca.
Identifica-se ainda, com a pesquisa, que as empresas consideram o ciclo
de vida dos produtos exportados semelhante ao que ocorre no país de origem.
Sendo que grande parte dos respondentes possuem produtos exclusivos para
o mercado externo e afirmam que há a necessidade de adaptação dos
produtos para os mercados internacionais. Desta forma pode-se identificar uma
relação com as organizações que já nascem globais (Born Global) onde,
segundo Francischini (2009), uma das características dessas organizações é o
desenvolvimento de adaptações em seus novos produtos, o que torna os
mercados mais homogêneos.
4.3
Ciclo de vida do produto
Para este bloco foram consideradas as questões referentes ao ciclo de
vida dos produtos das organizações em seus processos de internacionalização
e quais foram as razões que levaram as empresas a estas decisões devido às
linhas atuais e originais de produtos.
De acordo com os resultados obtidos, 41,2% das empresas respondentes
concordam que os produtos originais ficaram defasados diante do mercado,
desde a fundação da empresa. Mais da metade das empresas discordam que
os produtos originais tornaram-se pouco competitivos em relação à
concorrência.
Observa-se que até 47% dos produtos destas empresas, sofreram uma
seleção natural ao longo do tempo com sua linha de produtos e que mais da
metade concordam que aumentaram sua categoria de produtos sob pena do
negócio extinguir-se.
A grande maioria das empresas (70,6%) concorda que sofreram uma
evolução natural de sua linha de produtos ao longo do tempo e
aproximadamente metade não teve ruptura entre produtos originais e
sucessores, sendo que 41,2% das empresas informaram que os produtos
originais sofreram adaptações leves.
Grande parte das empresas entrevistadas teve seus produtos originais
defasados ao longo do tempo. A pesquisa demonstra também que esses
produtos se mantiveram competitivos em relação à concorrência.
Demonstra-se também que, tiveram de aumentar suas categorias de
produtos, para não sofrer uma seleção natural referente ao mercado. Mas que,
para a grande maioria, a razão deste aumento foi devida ao risco do negócio
extinguir-se.
Dentre as adaptações dos produtos originais para o mercado atual,
aproximadamente metade delas sofreram adaptações leves em seus produtos,
a outra metade se divide entre grandes adaptações ou se mantiveram
indiferentes.
4.4
Inovação
Para este bloco foram consideradas as questões referentes à inovação das
organizações em seus processos de internacionalização.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 36
Diante da pesquisa realizada identifica-se que 35,3% da empresas, não
possuem laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento, e daquelas que
possuem, estes laboratórios localizam-se no país de origem da empresa.
Referente a incentivos à Inovação, a maioria das empresas entrevistadas
55,9% acreditam que os estímulos culturais e financeiros seriam os melhores
caminhos para sua obtenção. Sendo que 32,4% dos respondentes apostam em
estímulos culturais e 23,5% para financeiros.
Os respondentes demonstram também que 32,4% das empresas que
buscaram a internacionalização de seus negócios o fizeram por necessidades
mercadológicas. E que somente 23,6% definiram este objetivo na criação da
empresa.
De acordo com a pesquisa, a maior parte das empresas não possui
laboratório de pesquisa e desenvolvimento e nem de inovação. Como
metodologia de incentivo à inovação as empresas indicam que estímulos
culturais e financeiros são os grandes agentes responsáveis por incentivos.
A internacionalização, segundo as respostas das empresas, foi
realizada, em sua maioria, por necessidades mercadológicas, isto é, diante de
uma ameaça externa, concorrência e perda de participação de mercado.
4.5
Internacionalização
Esse bloco apresenta a análise dos dados obtidos com as questões
sobre o processo de internacionalização das empresas, influências internas e
externas do questionário aplicado.
De acordo com a pesquisa, a maior parte das empresas (29%) ainda
não se internacionalizou, mas pensam na possibilidade. Tanure e Duarte
(2006) afirmam que o modo de exportação direta é o mais fácil para empresas
de menor porte, o que é refletido nas respostas dos questionários quando se
apresenta maior quantidade de empresas internacionalizadas por esse modo
(41%).
Empresas que já se internacionalizaram assim o fizeram por visualizar
uma oportunidade no mercado externo, o que também se mostra como atrativo
para as empresas que ainda não se internacionalizaram.
Lemaire (1997) sugere que os objetivos para as empresas
internacionalizarem-se são devidos a diversos fatores, desde a necessidade de
seguir o ciclo de vida internacional do produto até a busca por uma otimização
fiscal. Os resultados da pesquisa demonstram que o fator incentivos fiscais no
país de destino foi de muita influência para a internacionalização, segundo 27%
das empresas, o que aponta concordância com a afirmação de Lemaire.
Fatores como acordos comerciais entre países envolvidos, proximidade
cultural, condição de financiamento de atividades, e potenciais fornecedores
em países de destino foram consideradas como de média influência para
internacionalização. Já a atuação das Câmaras de Comércio, a presença de
imigrantes no país de destino de investimentos, e condições geográficas foram
consideradas como fatores de pouca influência para a internacionalização.
As empresas encontram restrições para entrada de produtos,
principalmente nos países da América do Norte. Para iniciar ou obter
assistência para os negócios no exterior as empresas buscam, em sua maioria,
entidades de caráter não governamental. Dentre essas entidades as mais
procuradas pelas empresas são as Câmaras de Comércio.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 37
A satisfação das empresas em relação a entidades governamentais ou
não governamentais que auxiliam a entrada e manutenção no comércio
internacional é de insatisfação com o SEBRAE, pouca insatisfação com
Ministérios e seus Órgãos e com as Secretaria de Estado, indiferença com
relação a Bancos Oficiais de Financiamento, Bancos Privados de
Financiamento, Câmaras de Comércio, Institutos de Comércio e
Con/Federações de classe e pouca satisfação quanto a Consultorias Privadas.
5
CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação de estratégia é um ponto fundamental para o futuro e o sucesso
das organizações. O mundo corporativo é extremamente dinâmico, e é neste
ambiente altamente competitivo que as organizações buscam alternativas para
traçar o caminho para o sucesso. Para as empresas que procuram nos
mercados externos uma alternativa para o seu crescimento e desenvolvimento,
o caminho torna-se ainda mais difícil e o processo de formação de estratégia
na trajetória de internacionalização das organizações é o ponto de partida para
identificar se este processo dar-se-á de uma forma eficiente e adequada.
O objetivo geral deste trabalho era identificar a influência do processo de
formação de estratégia e seu impacto na trajetória de internacionalização das
organizações. Por meio da análise e estratificação dos objetivos específicos, foi
possível apontar alguns fatores que permitiram realizar uma abordagem
objetiva ao tema proposto.
De acordo com o referencial teórico, a estratégia e seus processos de
formação dão-se de várias formas diferentes.
Tais processos podem
caracterizar-se de acordo com a estrutura, histórico, stakeholders, objetivos e
outros aspectos das organizações. O fato da estratégia ser originada de forma
deliberada ou emergente depende justamente de todas essas características
que as organizações apresentam. Portanto, não existe um modelo padrão para
formação de estratégia, mas sim variâncias empresariais que caracterizam a
modelagem destes processos.
Dentro do cenário de formação de estratégia na trajetória de
internacionalização cabe destacar que os diferentes modelos, para iniciar este
processo, contribuem para as variações e tipos de formação de uma estratégia.
Primeiramente, há de se considerar a forma como a organização pretende se
internacionalizar. Os modos de entrada nos mercados externos apresentam
características diversas, seja por exportação, contratual ou por investimento, o
posicionamento nestes mercados demanda estratégias completamente
diferentes para atender a essa variedade de opções.
Com base na pesquisa realizada, é possível identificar que de fato a
internacionalização é uma etapa importante para as empresas que buscam um
desenvolvimento maior. A pesquisa permite inferir que, por visualizar as
oportunidades que a globalização e a expansão internacional proporcionam, as
organizações têm buscado alcançar esta etapa cada vez mais rápido e,
principalmente, com qualidade.
Fatores macro e micro-econômicos, variáveis ambientais, análises de riscos
e oportunidades, além das características das empresas, são questões
importantes que definem com que estratégia, como e quando a empresa deve
ou pode se internacionalizar. Portanto, diante dos fatos apresentados,
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 38
referencias teóricos e análises de pesquisa apontadas, é possível confirmar a
hipótese apresentada por este trabalho que, de fato, o processo de formação
de estratégia influencia na trajetória de internacionalização das organizações.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 39
ANEXO 1 – Questionário aplicado aos entrevistados
PESQUISA MACKENZIE - ITALCAM - 2010
1. Em que ano foi fundada a empresa?
2. Qual a origem (jurídica) de sua empresa?
a. Brasileira
b. Italiana
c. Outra:
3. Sua empresa possui laços ou vínculos culturais/ emocionais, formais ou
informais, com outro país? Não considerar questões comerciais.
a. Não possui
b. Não saberia dizer
c. Sim, a empresa é juridicamente brasileira, mas com laços com a
Itália
d. Sim, a empresa é juridicamente italiana, mas com laços com o
Brasil
e. Sim, com outros países
4. A empresa, na época de sua criação nasceu a partir de um produto em
especial? Escolher apenas uma.
a. Sim, nasceu a partir de um único produto e dedica-se
exclusivamente a ele até hoje (pouco ou nenhuma modificação foi
introduzida ao longo do tempo)
b. Sim, nasceu a partir de um único produto que desenvolveu-se
para uma especialidade e diversos produtos afins (o produto
inicial ganhou derivações e evoluções consistentes)
c. Não, nasceu a partir de muitos tipos de produtos e suas variações
5. A qual das categorias seguintes pertencem os produtos que remontam à
origem (fundação) da empresa? Escolher apenas um.
a. Alimentício
b. Maquinário
c. Tecidos
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 40
d. Design
e. Mobiliário
f.
Vestuário
g. Tecnologia e processos industriais
h. Farmacêutico
i.
Serviços diversos
j.
Finanças
k. Turismo
l.
Setor automotivo em geral
m. Cultural/editorial
n. Outros:
6. Com a evolução da empresa ao longo do tempo houve alteração dessa
categoria, ou seja, a empresa MIGROU para uma nova categoria de
produtos? Escolher apenas um.
a. Não se aplica a meu caso
b. Não, permanece estritamente na mesma categoria escolhida na
questão anterior
c. Sim, começou em uma categoria e ao longo do tempo avançou
em outras categorias, mas não abandonou sua origem, ou seja,
"adicionou" outras categorias à inicial
d. Sim, começou em uma categoria e ao longo do tempo modificou
sua categoria, ou seja, "trocou" a original por outra diferente
CICLO
VIDA
DO
PRODUTO/EMPRESA
E
AMBIENTE
COMPETITIVO. Avalie as afirmações a seguir, dando a cada uma delas
uma nota de 1 a 5 (5=Concordo totalmente, 4=Concordo parcialmente,
3=Sou Indiferente, 2=Discordo parcialmente, 1=Discordo totalmente.
7. Os produtos iniciais/originais da época da fundação da empresa
ficaram inadequados ou defasados frente às necessidades e
desejos mais atuais do mercado
8. Os custos dos produtos iniciais/originais tornaram-nos pouco
competitivos frente à concorrência externa
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 41
9. A empresa sofreu uma "seleção natural" ao longo do tempo em
sua linha de produtos, ou seja, produtos menos competitivos
foram substituídos/mortos por novos produtos.
10. O acréscimo ou troca de categoria na área de atuação da
empresa ocorreu por necessidades diversas, que tiveram que ser
atendidas sob pena do negócio extinguir-se.
11. A empresa teve uma evolução natural em sua linha de produtos
ao longo do tempo, ou seja, produtos menos adequados ao
mercado
sofreram
transformações,
incrementos
e
aperfeiçoamentos para adaptá-los às novas necessidades
12. Não houve uma ruptura entre a linha de produtos originais/iniciais
da empresa e seus sucessores até os dias de hoje
13. Os produtos originais/iniciais da empresa receberam ao longo do
tempo,
até
os
dias
de
hoje,
apenas
adaptações
leves
(embalagem, rótulos, campanhas publicitárias, etc)
14. Os produtos originais/iniciais da empresa receberam ao longo do
tempo, até os dias de hoje, adaptações bastante consistentes
(nova formulação, novos sabores, novos processos, novo público
alvo, etc.)
15. O chamado "processo de internacionalização" de uma empresa prevê
fases distintas, em uma sequência lógica, como a apresentada abaixo.
Identifique a fase em que sua empresa se encontra. Escolha apenas
uma.
a. Fase 0 - ainda não nos internacionalizamos, mas pensamos nesta
possibilidade
(não
há
nenhum
estudo,
ação
efetiva
ou
planejamento formal)
b. Fase 1 - ainda não nos internacionalizamos, mas este tema está
em andamento e faz parte de estudos, planejamento e ações
formais dos gestores da empresa
c. Fase 2- já nos internacionalizamos por meio de comércio de
exportação de nossos produtos para outros países
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 42
d. Fase 3 - já nos internacionalizamos pela exportação de produtos
e pelo estabelecimento de parceiros fracos nos países de destino
(distribuidores comerciais)
e. Fase 4- já nos internacionalizamos pela exportação de produtos,
estabelecimento de parceiros firmes nos países de destino (jointventures)
f.
Fase 5 - já nos internacionalizamos e buscamos sócios efetivos
para implantação de uma unidade de nossa empresa além de
nosso país de origem
g. Fase 6 - já nos internacionalizamos, completando todas as
etapas anteriores e já exportamos a partir desta nova base
"estrangeira" de nossa empresa
16. Identifique com maior precisão as estratégias atualmente utilizadas por
sua empresa nos mercados internacionais em que ela atua. (É permitido
marcar mais de uma opção)
a. Exportação, por meio de intermediários localizados no Brasil.
b. Exportação, por meio de intermediários localizados no exterior.
c. Exportação, por meio de distribuidores localizados no exterior.
d. Exportação, por meio de unidades próprias da empresa
localizadas no Brasil
e. Exportação por meio de unidades próprias da empresa
localizadas no exterior
f.
Contrato de produção de partes de um produto.
g. Contrato de produção de um produto inteiro.
h. Aquisição de uma empresa no exterior, com controle minoritário
pelo adquirente.
i.
Aquisição de uma empresa no exterior, com controle total pelo
adquirente.
j.
Franquia (franchising).
k. Acordos de licenciamento.
l.
Aliança estratégica.
m. Joint venture.
n. Planta de produção adquirida no exterior.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 43
o. Planta de produção no exterior iniciada “a partir do zero”
(greenfield).
17. Qual a porcentagem atual do faturamento da empresa que tem origem
nas atividades de exportação?
a. Não se aplica a meu caso
b. Nada
c. Menos que 10%.
d. De 11% a 25%.
e. De 26 a 50%.
f. Mais que 50%.
18. A atuação da empresa no exterior é atualmente realizada através de:
a. Não se aplica a meu caso
b. Exportação direta.
c. Exportação formalizada em escritórios comerciais localizados no
exterior.
d. Manutenção de unidades de produção no exterior responsáveis
apenas pela montagem final dos produtos.
e. Manutenção de unidades de produção no exterior, responsáveis
pela totalidade das atividades de produção, inclusive seleção de
fornecedores.
19. Qual das seguintes afirmações reflete melhor a escolha dos países para
os quais a empresa exporta? Escolher somente uma.
a. Não se aplica a meu caso.
b. A escolha dos países para os quais a empresa exporta ocorreu
naturalmente ou seja, não houve nenhuma estratégia para a
seleção de mercados,foram apenas oportunidades de negócios
que surgiram em dado momento.
c. A
empresa
buscou
primeiramente
atender
países
que
apresentassem "maior proximidade cultural" (o que reduziu a
necessidade de adaptação dos produtos e serviços já oferecidos).
20. A tabela a seguir traz as principais regiões geográficas onde estão
localizados os principais mercados para exportação. Em uma escala de 4
(muito importante) a 1 (pouca importância), classifique o grau de
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 44
importância dessas regiões para as exportações de sua empresa. Para
as regiões que a empresa não exporta seus produtos, assinale com a
coluna “Não Exp”.
a. América do Sul (Brasil em particular).
b. America do Sul ( inclusive outros países além do Brasil)
c. América Central (México em particular)
d. América Central (outros países além do México)
e. América do Norte (EUA em particular)
f. América do Norte (Canadá em particular)
g. Europa Central
h. Leste Europeu
i. Ásia (China e Japão)
j. Ásia (outros países além de China e Japão)
k. África
l. Oceania
21. (Apenas para empresas que desenvolveram a internacionalização em
estágios: primeiro a categoria comercial e depois a produtiva). O período
considerado
entre
o
desenvolvimento
das
exportações
e
o
estabelecimento de unidades de produção no exterior foi, em média, de:
a. Não se aplica a meu caso
b. De 1 a 5 anos.
c. De 6 a 10 anos.
d. De 11 a 15 anos.
e. Mais de 15 anos.
22. Quanto aos aspectos considerados pela empresa no processo de
decisão para produzir no exterior, é possível afirmar que (escolha
somente uma):
a. Não se aplica a meu caso
b. A empresa decidiu desenvolver atividades de produção em
regiões onde já exercia uma forte presença exportadora.
c. Um
dos
principais
aspectos
considerados
para
o
desenvolvimento das atividades de internacionalização (tanto a
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 45
categoria comercial quanto produtiva) foi a proximidade cultural
entre os países.
d. A escolha da localização das unidades de produção no exterior
considerou mais fortemente o acesso a recursos de produção
(matérias-primas e mão-de-obra, principalmente).
e. A escolha da localização das atividades de produção no exterior
foi influenciada pela existência de incentivos gerados por acordos
de comércio firmados entre os países.
f.
A manutenção de unidades de produção no exterior favorece o
estabelecimento de uma base de produção mais ampla, o que
facilita o acesso aos fornecedores no exterior.
23. Atividades de produção desenvolvidas no exterior são realizadas através
de:
a. A empresa não produz no exterior
b. Unidade de produção própria estabelecida para esse fim.
c. Formalização de acordos de licenciamento com empresas locais.
d. Unidade de produção estabelecida através da aquisição de
empresas locais.
e. Unidade de produção estabelecida através da formalização de
joint- ventures com empresas locais.
24. O processo de internacionalização de sua empresa teve como principal
tipo de estratégia:
a. A
chamada
estratégia
"emergente”,
ou
seja,
decisões
estratégicas adotadas em tempo real com os acontecimentos,
todas com alcance a curto prazo, muitas vezes com aspectos
corretivos e flexibilizadas caso a caso.
b. A chamada estratégia "deliberada", ou seja, decisões resultantes
de um planejamento estratégico de curto/médio/longo prazo,
muito mais focadas em um objetivo final.
c. Não se aplica a meu caso.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 46
Em uma escala de 1 a 5, em que (1) significa pouca ou nenhuma
influência e (5) muita influência, caracterize a importância dos aspectos a
seguir para o processo de internacionalização da sua empresa:
25. Incentivos Fiscais no país de destino dos investimentos
26. Formalização de Acordos Comerciais entre os países envolvidos
27. Atuação das Câmaras de Comércio
28. Presença de imigrantes no país de destino dos investimentos
29. Proximidade Cultural
30. Condições Geográficas
31. Condições de Financiamento de Atividades
32. Presença de Potenciais Fornecedores em países de destino dos
investimentos
33. Com relação à regulação dos produtos em mercados internacionais é
possível afirmar que:
a. Não se aplica a meu caso
b. A empresa enfrenta restrições similares para seus produtos em
diferentes regiões geográficas.
c. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos em
países da América do Sul.
d. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos em
países da América Central.
e. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos em
países da América do Norte.
f. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos em
países da Europa.
g. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos em
países Asiáticos.
h. A empresa encontra maiores restrições para seus produtos em
países africanos e da Oceania.
34. Sua empresa utiliza serviços de entidades/órgãos para criação ou
assistência de negócios no exterior? Escolher apenas uma.
a. Não se aplica a meu caso
b. Não usa
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 47
c. Sim, usa entidades de caráter governamental (Ministérios,
Secretarias, Bancos oficiais de financiamento)
d. Sim, usa entidades de caráter NÃO governamental (Câmaras de
Comércio, Institutos de Comércio Exterior, (Con)Federações de
classe, Consultorias, ONG’s, Bancos privados etc.)
e. Utiliza diversos tipos (um mix das opções/entidades acima)
35. Se sua empresa utiliza serviços de entidades/órgãos para criação ou
assistência de negócios no exterior, assinale quais são os que costuma
utilizar com maior frequência (VOCÊ PODE ASSINALAR QUANTAS
OPÇÕES DESEJAR)
a. Ministérios e seus órgãos
b. Secretarias de estado
c. Bancos oficiais de financiamento
d. Bancos privados
e. Câmaras de Comércio
f. Institutos de Comércio Exterior
g. (Con)Federações de classe
h. Consultorias privadas
i. SEBRAE
Qual seu nível de satisfação com estes órgãos/ entidades (5=Muito
satisfeito a 1=Pouco satisfeito).
36. Ministérios e seus órgãos
37. Secretarias de estado
38. Bancos oficiais de financiamento
39. Bancos privados
40. Câmaras de Comércio
41. Institutos de Comércio Exterior
42. (Con)Federações de classe
43. Consultorias privadas
44. Bancos Privados
45. SEBRAE
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 48
46. Quais os tipos de serviços que predominantemente você procura nessas
entidades? Escolher apenas uma.
a. Não se aplica a meu caso
b. Serviços de conotação relacional (encontros de negócios,
marketing, mostras no exterior, participação em feiras, contatos,
etc)
c. Serviços que exigem competências técnicas particulares (legal,
fiscal, aduaneira, barreiras de mercado, etc)
d. Um misto de ambos, em proporções equilibradas
Caso você use os serviços de “Câmaras de Comércio e Indústria”,
quais as competências que você espera encontrar nessa entidade? Numere
de 1 a 6, sendo o “1” para a competência que deverá aparecer em 1ª lugar
(a mais importante e desejável) e com “6” a que deverá aparecer em último
lugar.
47. Competência técnica para informar e orientar as empresas sobre
questões
fiscais,
aduaneira,
legais,
tarifas,
impostos,
documentação, etiquetagem do produto, etc.
48. Competência para organizar análises de mercado preliminares
que permitam às empresas entrar com maior segurança em novos
ambientes competitivos.
49. Competência para promover uma maior visibilidade e redes de
relacionamento para as empresas e seus produtos (feiras,
mostras, festivais, exposições)
50. Competências para promover missões empresariais e de
negócios focadas em determinado produto/segmento de mercado
ou tipo de cliente
51. Competência para agir como “brokers” para desenvolver
relacionamentos e procura de parceiros de confiança para cada
empresa, caso a caso.
52. Competência para suprir deficiências que as empresas possam
ter, caso a caso (uma empresa pequena, por exemplo, não possui
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 49
um departamento de comércio exterior que possa traduzir seus
catálogos, etc)
53. Com relação às atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é
possível afirmar que:
a. Não se aplica a meu caso
b. A empresa não mantém laboratórios de P&D.
c. Os laboratórios de P&D da empresa estão localizados no país de
origem.
d. A empresa mantém laboratórios de P&D no exterior em regiões
geográficas em que desenvolve atividades de produção.
e. A empresa mantém laboratórios de P&D no exterior em regiões
geográficas em que não desenvolve atividades de produção.
Avalie as afirmações a seguir, dando a cada uma delas uma nota de 0
a 5 ( 5=Concordo totalmente, 4=Concordo parcialmente, 3=Sou Indiferente ,
2=Discordo parcialmente, 1=Discordo totalmente).
54. O ciclo de vida dos produtos exportados é semelhante ao que
ocorre no seu país de origem
55. Há a necessidade de adaptação dos produtos para mercados
internacionais
56. Há produtos exclusivos para o mercado internacional
57. A empresa desenvolve parcerias em pesquisa no exterior
58. A questão da inovação é fortemente presente nas relações com o
país ao qual se exporta o produto
59. Se sua empresa ainda não iniciou seu processo de internacionalização,
ou seja, você está pensando em ter vínculos comerciais externos ao país
de origem, qual das fases abaixo poderia ser considerada como a maior
responsável pelo início futuro destas operações?
a. Não se aplica a meu caso
b. Quando sentir uma ameaça do mercado interno
c. Quando surgir uma oportunidade no mercado externo
d. Não saberia dizer
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 50
60. Se sua empresa já iniciou seu processo de internacionalização, ou seja,
já começou a ter vínculos comerciais externos ao país de origem, qual
das fases teria sido a mais responsável pelo início destas operações?
a. Não se aplica a meu caso
b. Sentia uma ameaça do mercado interno
c. Enxergava uma oportunidade no mercado externo
d. Não saberia dizer
61. Diante da cultura do mercado italiano, qual o meio mais eficaz de
incentivar a inovação dentro da organização?
a. Estímulo financeiro para geração de novas idéias
b. A inovação deve ser levada ao conhecimento de toda a empresa,
como forma de criar uma cultura de estímulo constante à
inovação.
c. Dar liberdade para que o trabalhador possa ser criativo, não só
executando tarefas que lhe são atribuídas
d. Tornar o trabalhador participativo em todos os processos da
empresa, para que ele esteja ciente da sua contribuição no todo e
nas partes do processo produtivo
62. Quando a inovação deve ser implementada em uma empresa que
pretende se internacionalizar?
a. Desde sua criação, onde a missão, visão e valores definem como
a empresa irá atuar no mercado
b. Quando o mercado sinaliza que a inovação deve ser implantada
c. Quando a empresa necessita obter vantagem competitiva
d. Na fase de definição das suas estratégias
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 51
ANEXO 2 - Gráficos de análise do questionário aplicado
1
1.1
Análise descritiva por categorias
Caracterização das empresas
Carac1: A pesquisa possui na sua maioria de respondentes (23%),
empresas com fundação a partir do ano 2000, seguida pela década de 90 com
20%.
Carac2: Das 34 empresas respondentes, a grande maioria é de origem
brasileira (65%). As de origem italiana somam-se em 32% e apenas 3% tem
como origem outros países.
Carac3: De acordo com a pesquisa, com 38% a maior parte dos
respondentes possui vínculos com a Itália. Sendo que 29% são de origem
italiana com vínculos com o Brasil.
Carac4: Com 52% da população, a maioria das empresas nasceu a partir
de um único produto que se desenvolveu para uma especialidade e diversos
produtos afins.
Carac5: Das empresas respondentes, 24% prestam serviços diversos,
seguido pela indústria alimentícia com 24% e um nivelamento entre as demais
indústrias.
Carac6: A pesquisa aponta um empate técnico entre as empresas que
não migraram para outro tipo de mercado com 38% e as empresas que
adicionaram outro segmento de mercado visando à diversificação.
Carac7: Segunda a pesquisa, 41% das empresas respondentes não
possuem faturamento oriundo de atividades no exterior.
Carac8: De acordo com a pesquisa, com 63% a América do Sul é a região
com maior importância para as exportações.
Carac9: Das empresas que desenvolveram a internacionalização em
estágios. Primeiro a categoria comercial e depois a produtiva, 44% levaram em
média de 6 a 10 anos.
Carac10: Das empresas respondentes, 64% não produz no exterior. Já
nas empresas que produzem, há um equilíbrio entre os diversos modos
atividades de produção.
1.2
Estratégia
Estr1: De acordo com a pesquisa, há um equilíbrio entre os diversos tipos
de estratégia de internacionalização que as empresas adotam. Destacam-se as
alianças estratégicas e as exportações por meio de intermediários localizados
no Brasil, com 16% e 14% respectivamente. Salienta-se que para esta questão
as empresas podiam selecionar mais de uma alternativa.
Estr2: Para 36% da população pesquisada, a escolha dos países para os
quais a empresa exporta ocorreu naturalmente, ou seja, sem nenhuma
estratégia para a seleção de mercados.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 52
Estr3: No processo de decisão para a produção no exterior, destaca-se
um nivelamento entre os aspectos apontados pelos entrevistados, sendo que
12% apontam a proximidade cultural, 12% o acesso a recursos de produção e
apenas 3% os incentivos gerados por acordos comerciais.
Estr4: Segundo a pesquisa, 47% dos respondentes não se
internacionalizaram ou não souberam responder quanto ao principal tipo de
estratégia adotada no processo de internacionalização. Destaca-se que entre
as organizações que utilizaram de uma decisão estratégica, 26% foram de
estratégia deliberada e 26% de emergente.
Estr5: Das empresas que procuram o apoio de entidades, destaca-se que
44% buscam, em proporções equilibradas, um misto de serviços de conotação
relacional e competências técnicas particulares, em proporções equilibradas.
Estr6: Para as empresas que utilizam os serviços da Câmara de
Comércio Brasil-Itália, 54% dos respondentes afirmam que a competência
técnica para informar e orientar as empresas está entre a 1º ou a 2ª colocação
no ranking de prioridades.
Estr7: No aspecto de gerar análises de novos mercados, a maioria dos
respondentes (32%) considera esta competência na 4ª colocação do ranking
de prioridades.
Estr8: Para 27% dos respondentes, a competência técnica para promover
uma maior visibilidade e redes de relacionamento para as empresas e seus
produtos está na 3ª colocação do ranking de prioridades.
Estr9: Para 27% dos respondentes, a competência técnica de promover
missões empresariais e de negócios está na 5ª colocação do ranking de
prioridades.
Estr10: Para 27% dos respondentes, a competência técnica de atuar
como “brokers” desenvolvendo relacionamentos e procurando parceiros para
cada empresa está na 2ª colocação do ranking de prioridades.
Estr11: Das empresas respondentes, 32% consideram a competência
técnica para suprir deficiências que as empresas possam ter como a menos
importante no ranking de prioridades.
Estr12: Dos respondentes, 38% concordam parcialmente que o ciclo de
vida dos produtos exportados é semelhante ao que ocorre no país de origem.
Estr13: A pesquisa aponta que a grande maioria das empresas
pesquisadas (73%) concorda que há a necessidade de adaptação dos produtos
para os mercados internacionais.
Estr14: A pesquisa aponta também que a grande maioria das empresas
pesquisadas (70%) possui produtos exclusivos para o mercado internacional.
Estr15: De acordo com a pesquisa, 51% das empresas não desenvolvem
nenhum tipo de parcerias em pesquisa no exterior. Já 36% desenvolvem ou já
desenvolveram algum tipo de parceria de pesquisa no mercado internacional.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 53
1.3
Ciclo de vida do produto
Ciclo1: De acordo com os resultados obtidos, 41,2% das empresas
concordam que os produtos originais ficaram defasados diante do mercado
desde a fundação da empresa.
Ciclo2: A grande maioria das empresas discorda parcial (35,3%) ou
totalmente (20,6%) que os produtos originais tornaram-se pouco competitivos
em relação à concorrência.
Ciclo3: A grande maioria das empresas concorda parcial (23,5%) ou
totalmente (23,5%) formando um total de 47% que sofreram uma seleção
natural ao longo do tempo com sua linha de produtos.
Ciclo4: Diante da pesquisa realizada 52,9% das empresas pesquisadas
concordam que aumentaram sua categoria de produtos sob a pena do negócio
extinguir-se.
Ciclo5: A grande maioria das empresas (70,6%) concorda que sofreram
uma evolução natural de sua linha de produtos ao longo do tempo.
Ciclo6: A pesquisa demonstra que 50% das empresas respondentes
concordam parcial ou totalmente em não ter tido ruptura entre produtos
originais e sucessores. Já 29,4% discordam parcial e totalmente.
Ciclo7: Na pesquisa realizada, 41,2% das empresas informaram que os
produtos originais sofreram adaptações leves.
Ciclo8: A maioria das empresas concorda parcialmente (29,4%) que os
produtos originais receberam adaptações e interessantemente 23,5% se
mantém indiferente a adaptações.
1.4
Inovação
Inov1: Diante da pesquisa realizada, identifica-se que 35,3% das
empresas não possuem laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento, e que
26,5% das empresas que possuem laboratórios localizam-se no país de origem
da empresa.
Inov2: A maioria (32,4%) das empresas entrevistadas acredita que o
estímulo cultural na organização seria o melhor caminho para o incentivo da
inovação. 23,5% acreditam que participação dos funcionários ou estímulos
financeiros seria os responsáveis motivacionais.
Inov3: A pesquisa demonstra que 32,4% das empresas que buscaram a
internacionalização de seus negócios o fizeram por necessidades
mercadológicas. E que somente 23,6% definiram este objetivo na criação da
empresa.
1.5
Internacionalização
Inter1: Segundo a pesquisa realizada, significativa maioria das empresas
(29%) ainda não se internacionalizou, mas pensam na possibilidade. Já 26% se
encontram no processo de internacionalização por exportação.
Inter2: Entre os tipos de atuação das empresas no comércio exterior, 41%
das empresas realizam exportação direta e 16% das empresas exportação
formalizada em escritórios comerciais localizados no exterior.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 54
Inter3: A análise do gráfico demonstra que incentivos fiscais no país de
destino foram de "Muita Influência" para a internacionalização da empresa
(27%) ou de "Média Influência" para a internacionalização da empresa (24%).
Inter4: Com relação a acordos comerciais entre países envolvidos, grande
maioria, 45% das empresas citaram que exerce "Média Influência" para a
internacionalização, já 18% das empresas citaram que exerce "Muita
Influência" para internacionalização.
Inter5: De acordo com a pesquisa, para grande parte das empresas
(39%), atuação das Câmaras de Comércio é um fator de "Pouca Influência"
para o processo de internacionalização. 18% das empresas citaram que a
atuação das Câmaras de Comércio tem "Muito Pouca ou Média Influência".
Inter6: Segundo a pesquisa 33% das empresas citam a presença de
imigrantes no país de destino dos investimentos como um fator de "Pouca
Influência" para internacionalização e 27% das empresas citam que é um fator
de "Muito Pouca Influência" para internacionalização.
Inter7: Grande parte das empresas citou que a Proximidade Cultural foi de
"Média Influência" para a internacionalização. Já 30% das empresas citaram
que foi de "Pouca Influência".
Inter8: De acordo com os resultados obtidos, 44% das empresas
questionadas citam que Condições Geográficas são de "Pouca Influência" para
a internacionalização, sendo que 19% das empresas citaram que Condições
Geográficas são de "Média Influência" para a internacionalização.
Inter9: Condições de Financiamento de Atividades foram escolhidas como
fator de "Média Influência" para 42% das empresas. Já 21% das empresas
escolheram Condições de Financiamento de Atividades como um fator de
"Muita Influência".
Inter10: Quanto a Potenciais Fornecedores em países de destino, 33%
das empresas citaram ser um fator de "Média Influência" e 24% citaram ser um
fator de "Muita Influência". Já 9% das empresas citaram ser um fator de "Muito
Pouca Influência".
Inter11: Com relação à regulação dos produtos em mercados
internacionais, as empresas encontram maiores restrições para seus produtos
em países da América do Norte (18% das empresas) e em países de diferentes
regiões geográficas (9% das empresas). 3% das empresas encontram maiores
restrições em países Africanos e da Oceania, ou Asiáticos ou da Europa.
Inter12: A maioria das empresas (41%) utiliza entidades de caráter não
governamental para criação ou assistência de negócios no exterior. Já 21%
das empresas utilizam um mix de entidades e órgãos.
Inter13: As entidades ou órgãos mais utilizados pelas empresas
respondentes para criação ou assistência de negócios no exterior são as
Câmaras de Comercio, utilizadas por 62% das empresas e Bancos Privados,
utilizados por 38% das empresas. É importante salientar que para esta questão
as empresas poderiam selecionar mais de uma alternativa.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 55
Inter14: Quanto ao nível de satisfação com relação aos Ministérios e seus
Órgãos, 43% das empresas respondentes apontaram a posição de "Parcial
Insatisfação" enquanto 35% apontaram a posição de "insatisfação".
Inter15: O nível de satisfação em relação s Secretarias de Estado é de
"Parcial Insatisfação" para 43% das empresas e de "Insatisfação" para 38%
das empresas.
Inter16: Para Bancos Oficiais de Financiamento, segundo o questionário
aplicado, 40% das empresas tem o nível de satisfação de "Indiferença". Já 24%
das empresas tem o nível de satisfação "Parcialmente Satisfeito".
Inter17: Segundo as empresas respondentes, o nível de satisfação com
Bancos Privados é de "Indiferença" 32% das empresas e "Parcial Satisfação"
28% das empresas.
Inter18: O nível de satisfação com as Câmaras de Comércio é de
"Indiferença" para 34% das empresas e de "Parcial Satisfação" para 28% das
empresas.
Inter19: O nível de satisfação com os Institutos de Comércio é de
"Indiferença" para 34% das empresas e de "Parcial Insatisfação" para 26% das
empresas.
Inter20: O nível de satisfação com as Con/Federações de classe é de
"Indiferença" para 41% das empresas e de "Insatisfação" para 27% das
empresas.
Inter21: O nível de satisfação com as Consultorias Privadas é de "Parcial
Satisfação" para 38% das empresas e de "Parcial Insatisfação" para 33% das
empresas.
Inter22: O nível de satisfação com o SEBRAE é de "Insatisfação" para
43% das empresas e de "Indiferença" para 22% das empresas.
Inter23: Segundo as empresas respondentes, 52% se internacionalizaram
ao visualizar uma oportunidade no mercado externo e 15% das empresas se
internacionalizou ao sentir uma ameaça no mercado interno.
Inter24: Das empresas que não começaram o processo de
internacionalização, 100% pretendem se internacionalizar quando surgir uma
oportunidade no mercado externo.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 56
Caracterização
Localizador:
Em que ano foi fundada a empresa?
Assunto:
Descrição
Carac1
1
# Questão:
Caract1 - Em que ano foi fundada a Empresa?
30%
25%
23%
20%
20%
17%
13%
15%
13%
10%
7%
5%
3%
3%
Década de 40
Década de 50
0%
A partir de 2.000
Assunto:
Descrição
Década de 90
Década de 80
Antes de 1940
Década de 60
Década de 70
Caracterização
Carac2
Localizador:
Qual a origem (jurídica) de sua empresa?
# Questão:
2
Caract2 - Qual a origem (jurídica) de sua empresa?
70%
65%
60%
50%
40%
32%
30%
20%
10%
3%
0%
Brasileira
Assunto:
Descrição
Italiana
Outros
Caracterização
Carac3
3
Localizador:
# Questão:
Sua empresa possui laços ou vínculos culturai/ emocionais, formais ou informais, com outro país?
Caract3 - Sua empresa possui laços ou vínculos culturai/ emocionais, formais ou
informais, com outro país?
45%
40%
38%
35%
29%
30%
26%
25%
20%
15%
10%
6%
5%
0%
Brasileira, mas com laços com a Itália
Italiana, mas com laços com o Brasil
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Não possui
Sim, com outros países
Página 57
Caracterização
Carac4
4
Localizador:
# Questão:
A empresa, na época de sua criação nasceu a partir de um produto em especial?
Assunto:
Descrição
Caract4 - A empresa, na época de sua criação nasceu a partir de um produto em especial?
60%
52%
50%
40%
26%
30%
23%
20%
10%
0%
Sim, um único produto que desenvolveu-se para uma especialidade e
diversos produtos afins
Sim, um único produto e dedica-se exclusivamente a ele até hoje
Não, nasceu a partir de muitos tipos de produtos e suas variações
Caracterização
Carac5
5
Localizador:
# Questão:
A qual das categorias seguintes pertencem os produtos que remontam à origem da empresa?
Assunto:
Descrição
Caract5 -A qual das categorias seguintes pertencem os produtos que remontam à
origem da empresa?
30%
25%
24%
18%
20%
15%
12%
9%
10%
6%
6%
5%
3%
3%
3%
3%
3%
cursos
Cultural /
Editorial
Papeleiro
Eletronico
Tecidos
3%
3%
3%
3%
0%
Serviços
diversos
Assunto:
Descrição
Alimentício Tecnologia e Mobiliário
processos
industriais
Finanças
Vestuário
Máquinas Farmacêutico Fomento
Industriais
Mercantil
Maquinário
Caracterização
Carac6
6
Localizador:
# Questão:
A empresa ao longo do tempo a empresa MIGROU para uma nova categoria de produtos?
Caract6 - A empresa ao longo do tempo a empresa MIGROU para uma nova
categoria de produtos?
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
38%
35%
21%
6%
Não, permanece na mesma categoria
Sim, começou em uma categoria e ao longo do
tempo "adicionou" outras categorias à inicial.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Não se aplica a meu caso
Sim, começou em uma categoria e ao longo do
tempo "trocou" a original por outra diferente
Página 58
Assunto:
Descrição
Ciclo de Vida
Ciclo1
7
Localizador:
# Questão:
Os produtos iniciais/originais da época da fundação da empresa ficaram defasados
Ciclo1 - Os produtos iniciais/originais da época da fundação da empresa ficaram defasados
35,0%
29,4%
30,0%
25,0%
20,6%
20,6%
17,6%
20,0%
15,0%
11,8%
10,0%
5,0%
0,0%
Concordo parcialmente
Assunto:
Descrição
Sou Indiferente
Discordo parcialmente
Discordo total
Concordo totalmente
Ciclo de Vida
Ciclo2
8
Localizador:
# Questão:
Os custos dos produtos originais tornaram-nos pouco competitivos frente à concorrência externa
Ciclo2 - Os custos dos produtos originais tornaram-nos pouco competitivos frente à
concorrência externa
40,0%
35,3%
35,0%
30,0%
23,5%
25,0%
20,6%
20,0%
15,0%
11,8%
8,8%
10,0%
5,0%
0,0%
Discordo parcialmente
Assunto:
Descrição
30,0%
Concordo parcialmente
Discordo total
Sou Indiferente
Concordo totalmente
Ciclo de Vida
Ciclo3
9
Localizador:
# Questão:
A empresa sofreu uma "seleção natural" ao longo do tempo em sua linha de produtos
Ciclo3 - A empresa sofreu uma "seleção natural" ao longo do tempo em sua linha de
produtos
26,5%
23,5%
25,0%
23,5%
20,0%
14,7%
15,0%
11,8%
10,0%
5,0%
0,0%
Discordo total
Concordo totalmente
Concordo parcialmente
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Discordo parcialmente
Sou Indiferente
Página 59
Assunto:
Descrição
Ciclo de Vida
Ciclo4
10
Localizador:
# Questão:
O acréscimo de categoria foram implementadas sob pena do negócio extinguir-se.
Ciclo4 - O acréscimo de categoria foram implementadas sob pena do negócio extinguir-se
35,0%
29,4%
30,0%
23,5%
25,0%
23,5%
17,6%
20,0%
15,0%
10,0%
5,9%
5,0%
0,0%
Concordo parcialmente
Assunto:
Descrição
Concordo totalmente
Discordo total
Discordo parcialmente
Sou Indiferente
Ciclo de Vida
Ciclo5
11
Localizador:
# Questão:
A empresa teve uma evolução natural em sua linha de produtos ao longo do tempo
Ciclo5 - A empresa teve uma evolução natural em sua linha de produtos ao longo do
tempo
47,1%
50,0%
40,0%
30,0%
23,5%
20,0%
14,7%
11,8%
10,0%
2,9%
0,0%
Concordo parcialmente
Assunto:
Descrição
Concordo totalmente
Discordo parcialmente
Discordo total
Sou Indiferente
Ciclo de Vida
Ciclo6
12
Localizador:
# Questão:
Não houve uma ruptura entre a linha de produtos originais da empresa e seus sucessores até hoje
Ciclo6 - Não houve uma ruptura entre a linha de produtos originais da empresa e
seus sucessores até hoje
40,0%
35,0%
32,4%
30,0%
25,0%
17,6%
20,0%
20,6%
20,6%
15,0%
8,8%
10,0%
5,0%
0,0%
Concordo totalmente
Concordo parcialmente
Sou Indiferente
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Discordo parcialmente
Discordo total
Página 60
Ciclo de Vida
Ciclo7
Localizador:
# Questão:
Os produtos originais/iniciais receberam apenas adaptações leves
Assunto:
Descrição
13
Caract7 - Os produtos originais/iniciais receberam apenas adaptações leves
45,0%
40,0%
35,0%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
41,2%
26,5%
14,7%
11,8%
5,9%
Discordo parcialmente
Sou Indiferente
Discordo total
Concordo parcialmente
Ciclo de Vida
Ciclo8
Localizador:
# Questão:
Os produtos originais/iniciais receberam adaptações bastante consistentes
Assunto:
Descrição
Concordo totalmente
14
Ciclo8 - Os produtos originais/iniciais receberam adaptações bastante consistentes
35,0%
29,4%
30,0%
23,5%
25,0%
20,6%
20,0%
14,7%
15,0%
11,8%
10,0%
5,0%
0,0%
Concordo parcialmente
Sou Indiferente
Discordo total
Discordo parcialmente
Concordo totalmente
Internacionalização
15
Localizador: Inter1
# Questão:
Identifique a fase em que sua empresa encontra-se no processo de internacionalização"
Assunto:
Descrição
Iter1 - Identifique a fase em que sua empresa encontra-se "processo de internacionalização"
35%
30%
29%
26%
25%
20%
15%
18%
12%
10%
9%
3%
5%
3%
0%
F0 - não nos
F2 - internacionalizamos por F6 - completamos todas as
F1 - não nos
F3 - internacionalizamos pela F4 - internacionalizamos pela F5 - internacionalizamos e
internacionalizamos,
meio de comércio de
etapas anteriores e já
internacionalizamos, mas esteexportação de produtos e pelo exportação de produtos e buscamos implantação de uma
pensamos nesta possibilidade
exportação
exportamos a partir desta nova tema está em andamento estabelecimento distribuidores estabelecimento de joint- unidade fora do país de origem
base "estrangeira"
comerciais
ventures
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 61
Estratégia
Estr1
16
Localizador:
# Questão:
Estratégias utilizadas por sua empresa nos mercados internacionais em que ela atua
Assunto:
Descrição
Estr1 - Estratégias utilizadas por sua empresa nos mercados internacionais em que
ela atua
20%
18%
16%
14%
12%
10%
8%
6%
4%
2%
0%
16%
14%
11%
11%
8%
8%
8%
5%
5%
3%
Aliança
estratégica
Exportação, Joint venture Exportação,
por meio de
por meio de
intermediários
distribuidores
localizados no
localizados no
Brasil
exterior
Planta de
produção
adquirida no
exterior
Greenfield
3%
41%
18%
18%
15%
9%
Menos que 10%.
De 26 a 50%.
Mais que 50%.
De 11% a 25%.
Internacionalização
Localizador: Inter2
# Questão:
A atuação da empresa no exterior é atualmente realizada através de:
18
Inter2 - A atuação da empresa no exterior é atualmente realizada através de:
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
3%
Contrato de Aquisição de
Planta de Exportação por
produção de uma empresa produção
meio de
um produto
no exterior,
adquirida no
unidades
inteiro
com controle
exterior
próprias da
total pelo
empresa
adquirente
localizadas no
exterior
Caract7 - Qual a porcentagem atual do faturamento da empresa tem origem nas atividades de
exportação?
Nada
Assunto:
Descrição
Franquia
3%
Caracterização
Carac7
17
Localizador:
# Questão:
Qual a porcentagem atual do faturamento da empresa tem origem nas atividades de exportação?
Assunto:
Descrição
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Exportação,
Acordos de
Exportação,
por meio de licenciamento por meio de
unidades
intermediários
próprias da
localizados no
empresa
exterior
localizadas no
Brasil
3%
44%
41%
16%
Exportação direta.
Exportação formalizada em escritórios comerciais localizados no
exterior.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Não se aplica a meu caso
Página 62
Estratégia
Estr2
Localizador:
# Questão:
Estratégia de escolha dos países para os quais a empresa exporta?
Assunto:
Descrição
19
Estr2 - Estratégia de escolha dos países para os quais a empresa exporta?
50%
45%
36%
40%
30%
18%
20%
10%
0%
Não se aplica ao meu caso.
A escolha dos países para os quais a empresa exporta ocorreu
A empresa buscou primeiramente atender países que apresentassem
naturalmente ou seja, não houve nenhuma estratégia para a seleção de
"maior proximidade cultural".
mercados.
Caracterização
Carac8
Localizador:
Grau de importância dessas regiões para as exportações
Assunto:
Descrição
# Questão:
20
Caract8 - Grau de importância dessas regiões para as exportações
45%
38%
40%
35%
30%
25%
25%
20%
13%
15%
13%
10%
6%
6%
América do Sul (Brasil em
particular).
Ásia (outros países).
5%
0%
América do Sul (Brasil).
Assunto:
Descrição
America do Sul (inclusive outros
países além do Brasil).
Ásia (China e Japão).
Europa Central.
Caracterização
Carac9
21
Localizador:
# Questão:
Desenvolvimento das exportações e o estabelecimento de unidades de produção no exterior
Caract9 - Desenvolvimento das exportações e o estabelecimento de unidades de produção no
exterior (Apenas para empresas que desenvolveram a internacionalização em estágios:
primeiro a categoria comercial e depois a produtiva)
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
44%
38%
13%
6%
De 6 a 10 anos.
De 1 a 5 anos.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
De 11 a 15 anos.
Mais de 15 anos.
Página 63
Estratégia
Estr3
22
Localizador:
# Questão:
Aspectos considerados pela empresa no processo de decisão para produzir no exterior
Assunto:
Descrição
Estr3 - Aspectos considerados pela empresa no processo de decisão para produzir
no exterior
55%
60%
50%
40%
30%
20%
12%
12%
9%
10%
9%
3%
0%
Não se aplica ao meu caso.
Assunto:
Descrição
Proximidade cultural entre os
países.
Acesso a recursos de produção
A manutenção de unidades de
(matérias-primas e mão-de-obra, produção no exterior favorece o
principalmente).
estabelecimento de uma base de
produção mais ampla.
Desenvolver atividades de
produção em regiões onde já
exercia uma forte presença
exportadora.
Caracterização
Carac10
Localizador:
# Questão:
Atividades de produção desenvolvidas no exterior são realizadas através de:
Incentivos gerados por acordos de
comércio firmados entre os países.
23
Caract10 - Atividades de produção desenvolvidas no exterior são realizadas através de:
70%
64%
60%
50%
40%
30%
15%
20%
10%
9%
6%
6%
0%
A empresa não produz no exterior
Assunto:
Descrição
Unidade de produção própria estabelecidaFormalização de acordos de licenciamentoUnidade de produção estabelecida através Unidade de produção estabelecida através
para esse fim.
com empresas locais.
da formalização de joint- ventures com
da aquisição de empresas locais.
empresas locais.
Estratégia
24
Localizador: Estr4
# Questão:
O processo de internacionalização de sua empresa teve como principal tipo de estratégia
Estr4 - O processo de internacionalização de sua empresa teve como principal tipo
de estratégia
47%
50%
40%
30%
26%
26%
A chamada estratégia "deliberada", ou seja, decisões resultantes de
um planejamento estratégico
A chamada estratégia "emergente" , ou seja, decisões estratégicas
adotadas em tempo real com os acontecimentos
20%
10%
0%
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Não se aplica a meu caso.
Página 64
Assunto:
Descrição
30%
Internacionalização
25
Localizador: Inter3
# Questão:
Incentivos Fiscais no país de destino dos investimento foram importantes para internacionalização
Inter3 -Incentivos Fiscais no país de destino dos investimento foram importantes para
internacionalização
27%
24%
25%
18%
20%
15%
15%
15%
Nenhuma Influência
Muito Pouca Influência
10%
5%
0%
Muita Influência
Assunto:
Descrição
Média Influência
Pouca Influência
Internacionalização
26
Localizador: Inter4
# Questão:
Acordos Comerciais entre os países envolvidos foram importantes para internacionalização
Inter4 - Acordos Comerciais entre os países envolvidos foram importantes para
internacionalização
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
45%
18%
Média Influência
Assunto:
Descrição
Muita Influência
15%
Nenhuma Influência
12%
Pouca Influência
9%
Muito Pouca Influência
Internacionalização
27
Localizador: Inter5
# Questão:
Atuação das Câmaras de Comércio foram importantes para processo de Internacionalização
Inter5 - Atuação das Câmaras de Comércio foram importantes para processo de
Internacionalização
45%
40%
39%
35%
30%
25%
18%
20%
18%
15%
15%
9%
10%
5%
0%
Pouca Influência
Muito Pouca Influência
Média Influência
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Muita Influência
Nenhuma Influência
Página 65
Assunto:
Descrição
40%
35%
Internacionalização
28
Localizador: Inter6
# Questão:
Presença de imigrantes no país de destino dos investimento foi importante para interancionalização
Inter6 - Presença de imigrantes no país de destino dos investimento foi importante para
interancionalização
33%
27%
30%
25%
18%
20%
15%
15%
10%
6%
5%
0%
Pouca Influência
Assunto:
Descrição
Muito Pouca Influência
Nenhuma Influência
Média Influência
Muita Influência
Internacionalização
Localizador: Inter7
# Questão:
Proximidade Cultural foi importante para internacionalização
29
Inter7 - Proximidade Cultural foi importante para internacionalização
45%
40%
39%
35%
30%
30%
25%
21%
20%
15%
10%
6%
3%
5%
0%
Média Influência
Assunto:
Descrição
Pouca Influência
Muito Pouca Influência
Muita Influência
Nenhuma Influência
Internacionalização
Localizador: Inter8
# Questão:
Condições Geográficas foram importantes para internacionalização
30
Inter8 - Condições Geográficas foram importantes para internacionalização
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
42%
21%
18%
15%
3%
Média Influência
Muita Influência
Pouca Influência
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Nenhuma Influência
Muito Pouca Influência
Página 66
Internacionalização
31
Localizador: Inter9
# Questão:
Condições de Financiamento de Atividades foram importante para Internacionalização
Assunto:
Descrição
Inter9 -Condições de Financiamento de Atividades foram importante para Internacionalização
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
42%
21%
18%
15%
3%
Média Influência
Muita Influência
Pouca Influência
Nenhuma Influência
Muito Pouca Influência
Internacionalização
32
Localizador: Inter10
# Questão:
Potenciais Fornecedores em países de destistino foi importante para internacionalização
Assunto:
Descrição
Inter10 - Potenciais Fornecedores em países de destistino foi importante para
internacionalização
40%
33%
35%
30%
24%
25%
18%
20%
15%
15%
9%
10%
5%
0%
Média Influência
Muita Influência
Nenhuma Influência
Pouca Influência
Muito Pouca Influência
Internacionalização
33
Localizador: Inter11
# Questão:
Com relação à regulação dos produtos em mercados internacionais, a empresa encontra
maiores restrições para seus produtos em que países?
Assunto:
Descrição
Inter11 - Com relação à regulação dos produtos em mercados internacionais, a
empresa encontra maiores restrições para seus produtos em que países?
70%
59%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
18%
9%
6%
3%
3%
3%
Países Africanos e da
Oceania.
Países Asiáticos.
Países da Europa.
0%
Países da América do Norte. Países de diferentes regiões Países da América do Sul.
geográficas.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Não se aplica a meu caso
Página 67
Internacionalização
34
Localizador: Inter12
# Questão:
Sua empresa utiliza serviços de entidades/órgãos para criação ou assistência de
negócios no exterior?
Assunto:
Descrição
Inter12 - Sua empresa utiliza serviços de entidades/órgãos para criação ou assistência de
negócios no exterior?
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
41%
21%
18%
18%
3%
Sim, usa entidades de caráter NÃO
governamental (Câmaras de Comércio,
Institutos de Comércio Exterior,
(Con)Federações de classe, Consultorias,
ONG’s, Bancos privados etc.)
Utiliza diversos tipos (um mix das
opções/entidades acima)
Não usa
Sim, usa entidades de caráter
governamental (Ministérios, Secretarias,
Bancos oficiais de financiamento)
Não se aplica a meu caso
Internacionalização
35
Localizador: Inter13
# Questão:
Serviços de entidades/órgãos utilizados para criação ou assistência de negócios no exterior
Assunto:
Descrição
Inter13 - Serviços de entidades/órgãos utilizados para criação ou assistência de
negócios no exterior
70%
62%
60%
50%
38%
40%
26%
30%
18%
20%
12%
12%
9%
10%
6%
0%
Câmaras de Comércio
Assunto:
Descrição
Bancos privados
Bancos oficiais de
financiamento
SEBRAE
Consultorias privadas
Institutos de Comércio Ministérios e seus órgãos
Exterior
Internacionalização
Localizador: Inter14
Nível de satisfação com Ministérios e seus Órgãos
# Questão:
(Con)Federações de
classe
36
Inter14 - Nível de satisfação com Ministérios e seus Órgãos
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
43%
35%
17%
4%
Parcialmente insatisfeito
Insatisfeito
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Indiferente
Satisfeito
Página 68
Assunto:
Descrição
Internacionalização
Localizador: Inter15
Nível de satisfação com Secretarias de estado
37
# Questão:
Inter15 - Nível de satisfação com Secretarias de estado
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
43%
38%
19%
Parcialmente insatisfeito
Assunto:
Descrição
Insatisfeito
Internacionalização
Localizador: Inter16
Nível de satisfação com Bancos oficiais de financiamento
Indiferente
# Questão:
38
Inter16 - Nível de satisfação com Bancos oficiais de financiamento
45%
40%
40%
35%
30%
24%
25%
20%
20%
12%
15%
10%
4%
5%
0%
Indiferente
Assunto:
Descrição
Parcialmente insatisfeito
Insatisfeito
Internacionalização
Localizador: Inter17
Nível de satisfação com Bancos privados
Parcialmente satisfeito
# Questão:
Satisfeito
39
Inter17 - Nível de satisfação com Bancos privados
40%
35%
32%
28%
30%
25%
20%
20%
12%
15%
8%
10%
5%
0%
Indiferente
Parcialmente satisfeito
Parcialmente insatisfeito
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Insatisfeito
Satisfeito
Página 69
Assunto:
Descrição
Internacionalização
Localizador: Inter18
Nível de satisfação com Câmaras de Comércio
# Questão:
40
Inter18 - Nível de satisfação com Câmaras de Comércio
40%
35%
34%
28%
30%
25%
17%
20%
14%
15%
7%
10%
5%
0%
Indiferente
Assunto:
Descrição
Parcialmente satisfeito
Parcialmente insatisfeito
Satisfeito
Internacionalização
Localizador: Inter19
Nível de satisfação com Institutos de Comércio Exterior
Insatisfeito
# Questão:
41
Inter19 - Nível de satisfação com Institutos de Comércio Exterior
45%
40%
37%
35%
30%
26%
22%
25%
20%
15%
11%
10%
4%
5%
0%
Indiferente
Assunto:
Descrição
Parcialmente insatisfeito
Parcialmente satisfeito
Insatisfeito
Internacionalização
Localizador: Inter20
Nível de satisfação com Con/Federações de classe
Satisfeito
# Questão:
42
Inter20 - Nível de satisfação com Con/Federações de classe
45%
40%
35%
41%
27%
30%
25%
27%
20%
15%
10%
5%
5%
0%
Indiferente
Insatisfeito
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Parcialmente insatisfeito
Parcialmente satisfeito
Página 70
Assunto:
Descrição
Internacionalização
Localizador: Inter21
Nível de satisfação com Consultorias privadas
# Questão:
43
Inter 21 - Nível de satisfação com Consultorias privadas
38%
40%
33%
35%
30%
25%
17%
20%
15%
8%
10%
4%
5%
0%
Parcialmente satisfeito
Assunto:
Descrição
Parcialmente insatisfeito
Insatisfeito
Satisfeito
Internacionalização
Localizador: Inter22
Nível de satisfação com SEBRAE
Indiferente
# Questão:
45
Inter22 - Nível de satisfação com SEBRAE
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
43%
22%
17%
13%
4%
Insatisfeito
Assunto:
Descrição
Indiferente
Satisfeito
Parcialmente satisfeito
Parcialmente insatisfeito
Estratégia
Estr5
46
Localizador:
# Questão:
Quais os tipos de serviços que predominantemente você procura de entidades?
Estr5 - Quais os tipos de serviços que predominantemente você procura de entidades?
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
44%
32%
Um misto de ambos, em proporções equilibradas
Serviços de conotação relacional
Momento Itália/Brasil 2011-2012
12%
12%
Não se aplica a meu caso
Serviços que exigem competências técnicas
particulares
Página 71
Estratégia
Estr6
47
Localizador:
# Questão:
Competência técnica para informar e orientar as empresas sobre questões fiscais, legais, etc
Assunto:
Descrição
Estr6 - Competência técnica para informar e orientar as empresas sobre questões
fiscais, legais, etc
30%
27%
27%
23%
25%
20%
14%
15%
9%
10%
5%
0%
1º Lugar
2º Lugar
6º Lugar
4º Lugar
5º Lugar
Estratégia
Estr7
48
Localizador:
# Questão:
Competência gerar análises de novos mercado permitindo sua penetração com maior segurança
Assunto:
Descrição
Estr7 - Competência gerar análises de novos mercado permitindo sua penetração
com maior segurança
40%
35%
32%
30%
23%
25%
20%
14%
15%
14%
10%
9%
9%
2º Lugar
5º Lugar
5%
0%
4º Lugar
30%
1º Lugar
3º Lugar
Estratégia
Estr8
49
Localizador:
# Questão:
Promove uma maior visibilidade e redes de relacionamento para as empresas e seus produtos
Assunto:
Descrição
35%
6º Lugar
Estr8 - Promove uma maior visibilidade e redes de relacionamento para as empresas e seus
produtos
27%
23%
25%
18%
20%
14%
15%
10%
9%
9%
4º Lugar
6º Lugar
5%
0%
3º Lugar
1º Lugar
2º Lugar
Momento Itália/Brasil 2011-2012
5º Lugar
Página 72
Estratégia
Estr9
50
Localizador:
# Questão:
Promover missões empresariais e de negócios focadas em produto/segmento de mercado/cliente
Assunto:
Descrição
Estr9 - Promover missões empresariais e de negócios focadas em produto/segmento
de mercado/cliente
30%
27%
27%
25%
20%
14%
15%
14%
14%
10%
5%
5%
0%
5º Lugar
3º Lugar
1º Lugar
6º Lugar
4º Lugar
2º Lugar
Estratégia
Estr10
51
Localizador:
# Questão:
Atuar como “brokers” desenvolvendo relacionamentos e procurando parceiros para cada empresa
Assunto:
Descrição
Estr10 - Atuar como “brokers” desenvolvendo relacionamentos e procurando
parceiros para cada empresa
40%
36%
35%
30%
23%
25%
18%
20%
14%
15%
9%
10%
5%
0%
2º Lugar
5º Lugar
3º Lugar
4º Lugar
1º Lugar
Estratégia
Estr11
Localizador:
# Questão:
Competência para suprir deficiências que as empresas possam ter
Assunto:
Descrição
52
Estr11 - Competência para suprir deficiências que as empresas possam ter
40%
35%
32%
30%
23%
25%
18%
20%
14%
15%
9%
10%
5%
5%
0%
6º Lugar
3º Lugar
4º Lugar
Momento Itália/Brasil 2011-2012
5º Lugar
1º Lugar
Página 73
2º Lugar
Assunto:
Descrição
Inovação
Inov1
Localizador:
# Questão:
Com relação às atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
53
Inov1 -Com relação às atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
45,0%
40,0%
38,2%
35,3%
35,0%
30,0%
26,5%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
Não possui P&D
Assunto:
Descrição
P&D no país de origem
Não se aplica
Estratégia
Estr12
Localizador:
# Questão:
O ciclo de vida dos produtos exportados é semelhante ao qu
54
Estr12 - O ciclo de vida dos produtos exportados é semelhante ao que ocorre no seu
país de origem
40%
38%
35%
30%
25%
19%
20%
19%
16%
15%
9%
10%
5%
0%
Concordam parcialmente
Assunto:
Descrição
São Indiferentes
Discordam parcialmente
Concordam totalmente
Estratégia
Estr13
Localizador:
# Questão:
Há a necessidade de adaptação dos produtos para mercados internacionais
Discordam totalmente
55
Estr13 - Há a necessidade de adaptação dos produtos para mercados internacionais
50%
45%
40%
27%
30%
20%
12%
12%
10%
3%
0%
Concordam parcialmente
Concordam totalmente
Discordam totalmente
Momento Itália/Brasil 2011-2012
São Indiferentes
Discordam parcialmente
Página 74
Assunto:
Descrição
Estratégia
Estr14
Localizador:
Há produtos exclusivos para o mercado internacional
# Questão:
56
Estr14 - Há produtos exclusivos para o mercado internacional
50%
45%
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
42%
27%
15%
9%
Concordam parcialmente
Assunto:
Descrição
Concordam totalmente
Discordam parcialmente
Estratégia
Estr15
Localizador:
A empresa desenvolve parcerias em pesquisa no exterior
6%
Discordam totalmente
São Indiferentes
# Questão:
57
Estr15 - A empresa desenvolve parcerias em pesquisa no exterior
40%
35%
35%
30%
26%
25%
20%
16%
15%
13%
10%
10%
5%
0%
Discordam totalmente
Assunto:
Descrição
Concordam parcialmente
Discordam parcialmente
São Indiferentes
Concordam totalmente
Estratégia
Inov2
58
Localizador:
# Questão:
A questão da inovação é fortemente presente nas relações com país que se exporta
Inov2 - A questão da inovação é fortemente presente nas relações com o país que se
exporta
35%
31%
30%
25%
22%
19%
20%
16%
13%
15%
10%
5%
0%
São Indiferentes
Discordam totalmente
Concordam parcialmente
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Discordam parcialmente
Concordam totalmente
Página 75
Assunto:
Descrição
Internacionalização
Localizador: Inter23
# Questão:
Fases responsável pelo início do processo de internacionalização
59
Inter23 - Fases responsável pelo início do processo de internacionalização
60%
52%
50%
40%
33%
30%
20%
15%
10%
0%
Enxergava uma oportunidade no mercado externo
Assunto:
Descrição
Sentia uma ameaça do mercado interno
Não se aplica a meu caso
Internacionalização
60
Localizador: Inter24
# Questão:
Fases atuais para empresdas não iniciaram seu processo de internacionalização
Inter24 - - Fase responsável por futuro processo de internacionalização
120%
100%
100%
80%
60%
40%
20%
0%
0%
Quando surgir uma oportunidade no mercado externo
Assunto:
Descrição
Quando surgir uma ameaça no mercado interno
Inovação
Inov3
Localizador:
# Questão:
Qual o meio mais eficaz de incentivar a inovação dentro da organização?
61
Inov3 - Qual o meio mais eficaz de incentivar a inovação dentro da organização?
40,0%
35,0%
32,4%
30,0%
23,5%
25,0%
23,5%
17,6%
20,0%
15,0%
10,0%
2,9%
5,0%
0,0%
Estimulo cultural
Contribuição participativa
Estimulo financeiro
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Incentivo à criatividade
Não se aplica
Página 76
Assunto:
Descrição
Inovação
Inov4
62
Localizador:
# Questão:
Quando a inovação deve ser implementada em uma empresa que pretende se internacionalizar?
Inov4 - Quando a inovação deve ser implementada em uma empresa que pretende se
internacionalizar?
40,0%
35,0%
30,0%
25,0%
32,4%
23,5%
20,6%
20,6%
20,0%
15,0%
10,0%
2,9%
5,0%
0,0%
Necessidade de Mercado Na criação da emprensa Definição das estratégias Vantagem competitiva
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Não se aplica
Página 77
CAPÍTULO 3
INTERNACIONALIZAÇÃO
DE
NEGÓCIOS:
ESTRATÉGIA
DE
CRESCIMENTO
E
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DE EMPRESAS
ITALIANAS E BRASILEIRAS
Anderson Freitas Silva
Andresa Silva Neto Francischini
Bruno Elias Lozano
Mário Donato da Silva
Rodrigo de Oliveira
Nota dos organizadores: este capítulo foi gerado a partir dos resultados do capítulo 2, tendo
utilizado o mesmo banco de dados obtidos na ocasião (ver anexos daquele capítulo). A similaridade em
algumas de suas seções iniciais foi mantida propositalmente, para que o leitor possa utilizá-lo
independentemente, sem necessidade de recorrer a consultas no texto anterior.
INTRODUÇÃO
As organizações têm buscado novos mercados no exterior a partir de
diferentes motivações. Esse processo pode envolver desde a busca por
mercados internacionais, a partir da saturação de oportunidades de
crescimento no mercado local, até a consideração de atuação internacional
desde a fase de fundação da empresa. Nesse contexto, a internacionalização
tem sido cada vez mais considerada entre as estratégias de crescimento e
desenvolvimento das empresas.
As teorias clássicas que tratam sobre a internacionalização de empresas
foram desenvolvidas a partir da análise de grandes empresas multinacionais
americanas e européias, em sua maioria, que já apresentavam forte presença
nos mercados nacionais. A literatura brasileira está direcionada para a análise
da internacionalização de empresas que já tinham conquistado vantagens
competitivas no mercado doméstico, antes da realização de investimentos
diretos no exterior. Esses investimentos tiveram como destino países da
América Latina, principalmente, em decorrência da forte presença exportadora.
Partindo dessas considerações, o objetivo desse capítulo é avaliar, entre
um conjunto de empresas, como o processo de formação de estratégia
influencia em suas trajetórias de internacionalização. Desta forma, os objetivos
específicos que guiaram o desenvolvimento desse estudo são:
(a) Identificar os processos de formação de estratégia considerados entre
as empresas estudadas.
(b) Relacionar as influências das estratégias com o processo de
internacionalização;
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 78
As conclusões apresentadas baseiam-se em entrevistas realizadas com 34
empresas indicadas pela Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio (ITALCAM),
sendo que os respondentes eram os contatos oficiais das empresas ou seus
prepostos, sempre ligados à área de estratégia da empresa. Os respondentes
puderam manifestar e acrescentar novas ideias, detalhes e opiniões enquanto
respondiam as questões objetivas.
Para tanto, foi considerado um questionário composto por 62 questões
objetivas divididas em 05 categorias: (1) Caracterização das empresas; (2)
estratégia; (3) Ciclo de vida dos produtos; (4) Inovação e (5)
Internacionalização. O questionário está no Anexo I desse capítulo.
O capítulo está dividido em três seções. A primeira seção trata do
referencial teórico, onde são apresentados os conceitos de estratégia e
vantagem competitiva. Essa seção traz também as principais teorias que
tratam do processo de internacionalização, considerando as abordagens
tradicionais e recentes para o tema bem como um conjunto de características
do processo de internacionalização de empresas brasileiras. Na segunda
seção tem-se a análise dos resultados e finalmente a conclusão do estudo.
1. REFERENCIAL TEÓRICO
1.1. Estratégia: Conceito e seu Processo de Formação.
No cenário atual em que prevalece a alta competitividade entre as
empresas, as estratégias definidas pelas organizações são fundamentais para
o alcance de vantagens competitivas. Assim, essa seção parte da
compreensão dos aspectos teóricos que definem o conceito de estratégia.
Mintzberg e Quinn (2001) afirmam que o conceito de estratégia não é
tão simples de ser definido. Para os autores, estratégia é uma idéia de como a
empresa pretende relacionar-se com o público no mercado em que já atua ou
pretende atuar. Vale destacar que como público entende-se seus clientes,
fornecedores, acionistas e stakeholders. Além disso, as estratégias definidas
ao longo do tempo influenciam a imagem da empresa.
Para Wright et al. (2000) o conceito de estratégia está relacionado com
os planos da alta administração para alcançar resultados consistentes,
destacando aqui a missão e os objetivos gerais da organização. Para os
mesmos autores, a definição de estratégia envolve três etapas: (1) a
formulação ou desenvolvimento da estratégia, (2) sua implantação e (3) o
controle estratégico.
Para Porter (2003), a competição administrativa em um determinado
setor encontra-se arraigada na sua economia subjacente e em algumas forças
competitivas. Nesse contexto, os clientes, os fornecedores, os entrantes em
potencial e os produtos substitutos podem ser considerados como
concorrentes, com níveis de influência diferenciados de acordo com o setor ou
atividade econômica. Partindo dessa análise, o autor desenvolveu o Modelo
das Cinco Forças: (1) Poder de barganha dos fornecedores; (2) Ameaça de
novos entrantes; (3) Ameaça de produtos substitutos; (4) Poder de barganha
dos clientes e (5) Rivalidade entre concorrentes.
Ainda segundo o mesmo autor, após a análise dessas forças, uma
empresa é capaz de definir seu posicionamento no mercado em que atua e
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 79
também estabelece suas estratégias, objetivando o seu desenvolvimento
baseado na obtenção de vantagens competitivas.
A estratégia é capaz de desenvolver um plano de ação que inclui
posicionamento da empresa, de modo que suas capacidades proporcionem a
melhor defesa contra as forças competitivas. Ainda, é importante avaliar sua
influência no equilíbrio das forças, através de manobras estratégicas,
melhorando, dessa forma, a posição da empresa. Esse processo pode envolver
a antecipação de mudanças nos fatores subjacentes às forças e da reação da
empresa a essas alterações, na esperança de explorá-las de modo favorável,
através da escolha de uma estratégia adequada ao novo equilíbrio competitivo
antes de seu conhecimento pelos concorrentes (PORTER, 2003).
Thompson Jr. (2000) complementa esse conceito, sugerindo que a
estratégia da empresa consiste no conjunto de mudanças competitivas e
abordagens comerciais que os gerentes executam para atingir o melhor
desempenho da empresa. A estratégia, na verdade, é o planejamento do jogo
de gerência para reforçar a posição da organização no mercado, promover a
satisfação dos clientes e atingir os objetivos de desempenho.
O planejamento do jogo gerencial para dirigir uma empresa com sucesso
envolve todas as funções e departamentos principais – compras, produção,
financeiro, comercialização, recursos humanos e pesquisa & desenvolvimento
(P&D). O desafio da implementação da estratégia é moldar todas as decisões e
ações da empresa em um padrão coeso. (THOMPSON JR., 2000).
Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) afirmam que o planejamento
preconiza a formação da estratégia como um processo formal, que segue um
conjunto específico de etapas. Esses passos partem da análise da situação
atual da empresa até o desenvolvimento e a exploração de diferentes cenários
alternativos. O objetivo é a geração de um conjunto coordenado de planos,
capaz de guiar a organização até o alcance de seus objetivos.
Para os autores, as principais etapas que se encontram na maioria
desses modelos são as seguintes: (a) determinação de objetivos e metas e (b)
elaboração e quantificação dos resultados que a organização pretende
alcançar ao longo do tempo, nas suas diversas áreas de atividades.
Segundo Hax e Majluf (1991) a estratégia é resultado de três diferentes
processos que contribuem para a sua formação:
(1) O processo cognitivo dos indivíduos onde o entendimento racional do
ambiente externo e capacidades internas da empresa residem;
(2) Os processos sociais e organizacionais que contribuem para a
comunicação interna e o desenvolvimento de uma opinião consensual;
(3) Os processos políticos que tratam da criação, retenção e
transferência de poder dentro da organização.
Os mesmos autores sugerem ainda que, dentro dessa perspectiva, o
trabalho do CEO (Chief Executive Officer) é visto como a gestão desses três
processos. Isso requer que os executivos desenvolvam uma visão ampla do
que se quer atingir, e gerenciem uma rede de forças organizacionais que
conduzam para o descobrimento, evolução e enriquecimento dessa visão.
Já para Certo e Peter (2005) a análise de questões críticas fornece a
estrutura necessária para o estudo atual da organização e propicia a
formulação de estratégias eficazes. Os autores sugerem que para a formulação
de tais estratégias é necessário responder a quatro questões básicas:
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 80
(1) Quais são os propósitos e objetivos da organização?
(2) Para onde a organização está indo no momento?
(3) Que fatores ambientais críticos a organização enfrenta atualmente?
(4) O que pode ser feito para que os objetivos organizacionais sejam
alcançados de forma mais efetiva no futuro?
Sendo assim, Mintzberg e Quinn (2001) observam que a definição de
uma estratégia focada permite à empresa alcançar objetivos apontados ao
longo dos anos, muitas vezes difíceis de serem atingidos no curto prazo. E que
de certa forma as empresas também formam as suas estratégias com base na
vivência, como prezar pela qualidade dos produtos ou do atendimento aos
clientes.
1.2. Tipos de Estratégia e Vantagem Competitiva.
Mintzberg e Quinn (2001) defendem a teoria de que a estratégia tem
sido usada de diversas maneiras. Assim sendo, cinco definições estratégicas
podem ser traçadas como os “5 Ps” da estratégia, sendo elas:
(1) Estratégia como Plano: envolve a definição de um curso de ação
consciente, seguindo uma diretriz ou um conjunto de diretrizes;
(2) Estratégia como Pretexto: tem a finalidade de iludir ou enganar a
concorrência;
(3) Estratégia como Padrão: é um padrão conseqüente de um fluxo de
ações, ou seja, a estratégia é consistência no comportamento de determinadas
ações;
(4) Estratégia como Posição: é a estratégia da organização de acordo
com o ambiente no qual a mesma esta inserida;
(5) Estratégia como Perspectiva: é a estratégia sob a perspectiva de
como a organização vê o mundo, onde as empresas constroem sua ideologia
em torno dessa visão.
Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) afirmam que com base na
definição dos “5 Ps” da estratégia as organizações desenvolvem seus planos
futuros. O conjunto desses planos pode ser definido como “estratégia
pretendida” e seu desenvolvimento considera também eventos passados,
definidos como “estratégias realizadas”. Esse conjunto de planos sugere que
nem sempre as estratégias realizadas são fruto de uma estratégia pretendida,
mas sim de uma estratégia emergente, na qual determinado padrão realizado
não era expressamente pretendido. De acordo com Wright et al. (2000), o fato
de estratégias realizadas não terem sido pretendidas pode ser explicado a
partir de eventos ambientais.
A Figura 1 permite observar que as intenções realizadas podem ser
chamadas de estratégia deliberada. Ou seja, uma estratégia pretendida pode
ou não ser realizada, porém uma estratégia realizada nem sempre é fruto de
uma estratégia deliberada, sendo que pode ser realizada por meio de uma
estratégia emergente.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 81
Figura 2: Estratégias Deliberadas e Emergentes
Fonte: Mintzberg et al. (2000, p.19)
Para Porter (1989), a vantagem competitiva surge fundamentalmente do
valor que a empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o
custo de fabricação pela empresa. O valor é aquilo que os compradores estão
dispostos a pagar. Ainda, o autor destaca três tipos básicos de vantagem
competitiva definidas na figura a seguir:
Figura 2: Tipos de Vantagens Competitivas
Tipos de Vantagens
Competitivas
(1) Liderança em custos
Descrição
A empresa tem como objetivo alcançar o
menor custo de produção no setor em que atua,
obtendo assim uma margem lucrativa maior do
que seus concorrentes;
(2) Diferenciação
A empresa tem como objetivo ser a única a
atuar na produção de um determinado bem,
obtendo assim vantagem competitiva e a
diferenciação frente seus concorrentes. A
diferenciação pode envolver o próprio produto, o
sistema de entrega, a definição das estratégias de
marketing, entre outros aspectos.
(3) Enfoque
O enfoque se caracteriza em selecionar um
segmento ou um grupo de segmentos na indústria
e adaptar sua estratégia para atendê-los,
excluindo os outros. O objetivo é otimizar a
estratégia para o alcance de segmentos-alvo.
.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 82
Fonte: Organizado pelos autores. Baseado em Porter (1989)
1.3. O Conceito de Internacionalização: Teorias Clássicas e
Abordagens Recentes.
Esta seção apresenta as principais teorias desenvolvidas para a análise
dos processos de internacionalização e desenvolvimento de empresas
internacionais, a partir da consideração dos principais autores que estudam o
tema. Primeiramente tem-se a apresentação das teorias clássicas,
desenvolvidas a partir de 1960 e, em seguida, são consideradas as
abordagens recentes para o tema.
Hymer (1960) foi um dos primeiros autores a pesquisar o processo de
internacionalização de empresas a partir da investigação das operações
internacionais formalizadas em diferentes países, desenvolvendo, assim, a
Teoria do Poder de Mercado. Ao analisar a influência do comércio
internacional no desenvolvimento das operações internacionais, Hymer (1960)
destaca que as empresas frequentemente desenvolvem operações
internacionais em países em que o comércio internacional é ou foi importante,
representando uma estratégia de substituir exportações ou de gerar
importações.
A partir da Teoria do Poder de Mercado, é possível afirmar que a
formalização de operações internacionais por parte de empresas nacionais é
uma maneira de explorar, no mercado internacional, vantagens já conquistadas
no mercado local. Inicialmente, a empresa introduz a inovação e o produto
exibe uma elevada taxa de crescimento, se é crescente o número de
consumidores que passam a usá-lo. A partir da saturação do mercado, a
rentabilidade começa a apresentar declínio e ao mesmo tempo outras
empresas entram no mercado e podem passar a dominar os custos de
produção. (HYMER, 1983).
Vernon (1966) desenvolveu a Teoria do Ciclo do Produto e suas
análises partem da hipótese de que todos os países desenvolvidos têm igual
acesso aos avanços da ciência e do conhecimento, ainda que afirme que essa
igualdade de acesso não garante a aplicação dos novos conhecimentos no
desenvolvimento de novos produtos de forma equânime. Vernon (1979)
ressalta que as inovações são desenvolvidas no mercado doméstico em que
está localizada a firma.
No entanto, o mesmo autor destaca que as inovações desenvolvidas em
mercados locais tendem a considerar as características destes mercados, o
que aumenta as chances de que as atividades de produção também sejam
desenvolvidas localmente, como forma de minimizar custos de transporte. Já
na fase de maturação do produto, novas firmas passam a atuar no mercado e
como resultado de maior concorrência surge a necessidade de diferenciação.
Ao término desse estágio, a demanda pelo novo produto tende a aumentar e a
empresa passa a considerar a possibilidade de padronização. Conforme a
empresa exporta seus produtos para outros países, os empresários passam a
avaliar a possibilidade de estabelecer atividades de produção no exterior
(VERNON, 1979).
Buckley
e
Casson
(1976)
desenvolveram
a
Teoria
da
Internacionalização das Atividades. O modelo proposto pelos autores traz
outras opções de entrada partindo de um conjunto de proposições.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 83
Inicialmente, ao avaliar o modo de entrada mais adequado, a empresa deve
diferenciar as atividades de produção e as atividades de distribuição, pois a
produção pode ser desenvolvida no país de origem enquanto a distribuição terá
de ser no exterior. Além disso, a função produção encontra-se relacionada às
tecnologias desenvolvidas pela empresa, enquanto a função distribuição, às
atividades de marketing.
Os autores também tratam dos custos que envolvem os modos de
entrada. A exportação dos produtos envolve custos, principalmente de
transporte e aqueles relacionados a tarifas, que não existirão se a empresa
optar pela produção internacional. Por outro lado, a produção no exterior leva
ao surgimento de custos provenientes da comunicação da tecnologia usada no
processo produtivo e do treinamento de funcionários no exterior, além das
possíveis perdas de economias de escala já alcançadas no país de origem.
Dunning (1980; 1993; 1997) analisa o processo de internacionalização
das empresas a partir do estabelecimento de unidades de produção no
exterior. O autor reforça que o objetivo das empresas é a transformação de
insumos em produtos de maior valor através de processos de produção.
A opção pela produção no exterior por parte de uma firma considera a
existência de três grupos de vantagens: Propriedade (Ownership), Localização
(Location) e Internalização (Internalization), que juntas compõem o Modelo OLI,
definido no “Paradigma Eclético da Produção Internacional” desenvolvido
por John Dunning. Em seus estudos mais recentes, Dunning (1997) passou a
considerar as consequências das mudanças que estão ocorrendo nos
mercados globais para o entendimento dos determinantes da criação de
empresas multinacionais e do Paradigma Eclético de Produção Internacional.
O Modelo de Uppsala tem como principal característica a análise dos
processos de internacionalização das empresas a partir de aspectos
organizacionais, no qual a firma é a unidade de análise. Diferentemente das
teorias vistas anteriormente, o foco da teoria não se constitui nos aspectos
macroecômicos relacionados ao comércio internacional. Johanson e Vahlne
(1977), seus proponentes, destacam que as firmas desenvolvem operações
internacionais em cada país em quatro etapas sucessivas: (1) Desenvolvimento
de exportações não regulares; (2) Desenvolvimento de exportações utilizandose de agentes de representação; (3) Estabelecimento de uma subsidiária
dedicada a vendas; e (4) Eventualmente, estabelecimento de uma unidade de
produção.
Inicialmente a empresa não possui qualquer conhecimento sobre o
mercado em que atua, desenvolvendo apenas atividades de exportação. Em
seguida, a firma passa a contar com informações superficiais sobre o mercado,
o que leva à contratação de representantes independentes. A partir do acesso
a informações que permitem o desenvolvimento de ampla e diversificada
experiência de mercado, a firma vai optar pelo estabelecimento de uma
subsidiária encarregada pelas vendas no exterior, o que pode, finalmente,
evoluir para o estabelecimento de unidades de produção no exterior.
Nos anos recentes, o surgimento de novos processos de
internacionalização levaram ao desenvolvimento das abordagens recentes para
o tema.
Chesnais (1996) analisa o processo de internacionalização de empresas
a partir da consideração de três dimensões: o intercâmbio comercial, o
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 84
investimento produtivo no exterior e os fluxos de capital monetário ou capital
financeiro. O autor considera que o desenvolvimento de atividades de
exportação é uma das dimensões do processo, definida como
“internacionalização comercial”. Outras dimensões possíveis são a
“internacionalização produtiva”, caracterizada pelo estabelecimento de
unidades de produção no exterior e a “internacionalização financeira”,
caracterizada pela intensificação de fluxos de capital financeiro entre os países.
Porém, a partir da evolução das atividades desenvolvidas pelas empresas
no exterior, Chesnais (1996) destaca o surgimento de outra dimensão para o
processo de internacionalização, baseada nos ativos intangíveis das empresas
e no capital humano, definida como “internacionalização tecno-financeira”.
Essa dimensão está baseada na criação de know-how e atividades de
pesquisa e desenvolvimento.
A definição da firma Born Global pode ser considerada uma abordagem
recente para o tema de internacionalização de empresas. O termo é utilizado
para definir uma firma que, desde a fundação ou após pouco tempo de
fundada, considera a atuação global em suas estratégias de desenvolvimento.
O conceito apresenta muitas diferenças quando comparado às teorias
tradicionais, que tratam a internacionalização como um processo a ser
desenvolvido em etapas, de maneira incremental, devido à falta de
conhecimento sobre os mercados internacionais e pela consideração da
incerteza em atuar no exterior (MADSEN e SERVAIS, 1997).
Knight e Cavusgil (2004) também definem uma firma “Born Global” como
aquela que adota a internacionalização em períodos curtos após a fundação.
Os autores destacam que a entrada em mercados internacionais é feita em um
período de até três anos. É possível afirmar que os autores considerados para
a análise do surgimento e caracterização de uma firma como “Born Global”
apresentam pontos convergentes em seus trabalhos, ainda que com ênfases
diferenciadas: (1) A atuação internacional é considerada desde a fundação ou
em pouco tempo após, sem o desenvolvimento primário de vantagens
monopolísticas no mercado interno; (2) essas firmas tendem a atuar em
segmentos de mercado e apresentam maior capacidade de adaptação de
produtos para mercados específicos; (3) O desenvolvimento da capacidade de
inovação é fundamental para a atuação em mercados internacionais; (4) as
novas tecnologias de produção e comunicação reduzem os custos de
transação e têm favorecido o surgimento dessa categoria de firmas; (5) as
firmas desenvolvem adaptações em seus produtos, o que torna os mercados
mais homogêneos; (6) os fornecedores com competências complementares
são também selecionados a partir de acordos de colaboração; (7) há o
estabelecimento de parcerias para a distribuição dos produtos em mercados
internacionais.
Finalmente, Francischini (2009) destaca que as novas abordagens para o
estudo da internacionalização de empresas representam um novo caminho
para a análise de casos em que as teorias clássicas não se mostram
adequadas ou não são capazes de explicar os fenômenos em sua totalidade,
principalmente quando empresas brasileiras e seus processos de
internacionalização estão sendo considerados.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 85
1.4. Internacionalização de Empresas Brasileiras
O debate brasileiro sobre a internacionalização de empresas nacionais
tem sido intensificado nos últimos anos a partir da análise do tema sob os
enfoques diferenciados. Essa seção traz as principais características da
internacionalização de empresas brasileiras, bem como as fases e as
motivações que envolveram o processo.
A adoção de estratégias de internacionalização por parte de empresas
brasileiras é um processo tardio, principalmente quando comparado com
outras, de países emergentes. Entre as décadas de 60 e 70, as atividades de
internacionalização estavam concentradas em exportações, enquanto no final
dos anos 70 e início dos 80 um pequeno número de empresas brasileiras havia
realizado investimentos diretos no exterior (BARRETO e ROCHA, 2003;
ROCHA, SILVA e CARNEIRO, 2007; FLEURY e FLEURY, 2007).
Quanto ao aspecto da internacionalização tardia, Ricupero e Barreto
(2007) destacam que o processo de internacionalização de empresas nacionais
foi iniciado em um cenário econômico marcado pelo baixo crescimento,
principalmente durante a década de 80. A realização de investimentos diretos
externos a partir da década de 90 pode ser entendida como um caminho para
manter o dinamismo alcançado internamente em períodos anteriores.
Os mesmos autores ressaltam a existência de uma estreita correlação
entre o estabelecimento de relações comerciais e a realização de
investimentos diretos no exterior por empresas nacionais. Assim, a
internacionalização é entendida como um caminho para o aumento da
competitividade da empresa bem como um meio de sobreviver em ambientes
mais competitivos.
A maioria das empresas brasileiras passou a desenvolver atividades de
produção no exterior através da realização de Investimentos Diretos Externos
(IDE) apenas a partir de 1990 (ROCHA et al., 2007). Esses investimentos têm
sido caracterizados pelo estabelecimento de unidades próprias no exterior,
aquisições de outras empresas e ainda por meio do estabelecimento de joint
ventures (FLEURY e FLEURY, 2007).
Outro aspecto importante para a caracterização da internacionalização de
empresas brasileiras refere-se à localização dos investimentos. De maneira
geral, os países desenvolvidos são considerados a melhor alternativa para
iniciar o processo de internacionalização. Porém, aspectos relacionados à
sofisticação dos mercados e à falta de conhecimento sobre tais mercados
podem representar barreiras à entrada para empresas brasileiras. Como
resultado, elas iniciam o processo de internacionalização em países mais
próximos geograficamente. (TANURE, CYRINO e PENIDO, 2007).
Considerando a importância da presença comercial para a localização
dos investimentos, Silva (2003) ressalta que as empresas buscam países que
já representam importantes mercados para seus produtos. Nesse sentido,
Rocha et al. (2007) destacam que muitos dos investimentos em
internacionalização desenvolvidos por empresas brasileiras têm como destino
países da América Latina.
A análise das motivações para a internacionalização de empresas
brasileiras permite afirmar que elas não podem ser generalizadas, já que há
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 86
particularidades importantes que devem ser estudadas em maior profundidade.
Ricupero e Barreto (2007) destacam que a adoção da internacionalização
como meio de ultrapassar barreiras comerciais é uma das motivações mais
antigas considerada pelas grandes empresas de manufatura européias e norteamericanas. Destacam, inclusive, que esta foi a motivação para o
estabelecimento de empresas no Brasil e em outros países da América Latina
no século XIX.
Entre as outras motivações possíveis já tratadas na literatura sobre o
tema, pode-se destacar também a busca pela liderança global. Partindo dessa
perspectiva, as empresas formalizaram investimentos no exterior e operações
de fusão e aquisição que possibilitaram o posicionamento das mesmas como
global players em seus setores (COUTINHO, HIRATUKA e SABBATINI, 2008).
Outra importante motivação para a internacionalização das atividades é a
busca pela manutenção do crescimento no mercado interno. Rocha et al.
(2007) consideram que há empresas que já dominam uma parcela importante
do mercado brasileiro e reconhecem na internacionalização um caminho para a
continuidade de crescimento. O acesso a recursos estratégicos também deve
ser considerado. A partir dessa motivação, as empresas buscam a
internacionalização como meio de garantir o acesso ao capital internacional,
matérias-primas, tecnologia e know how (ROCHA et al., 2007).
É importante reforçar que a análise das principais motivações para
internacionalização demonstra a possibilidade de uma empresa ter mais de
uma motivação para a internacionalização, as quais interagem
diferenciadamente. A classificação das empresas entre as categorias de
motivação não apresentam fronteiras claramente definidas. Como resultado,
uma mesma empresa aparece como exemplo em mais de uma categoria de
motivação.
2. ANÁLISE DOS RESULTADOS
2.1. Caracterização das Empresas e Internacionalização:
As questões que envolvem a caracterização das empresas foram
elaboradas com o objetivo de entender as características das empresas
participantes da pesquisa, desde sua origem até o seu processo de
internacionalização.
O resultado da pesquisa permitiu observar que a maior parte das
empresas foram fundadas recentemente (23% foram fundadas a partir do ano
2000 e 20% na década de 1990). A ampla maioria das empresas entrevistadas
tem origem jurídica brasileira, enquanto que as de origem italiana somam uma
parcela menor (32%). A grande maioria dos respondentes (67%) afirma ter
vínculos bilaterais Brasil- Itália, sendo que 29% deste total são de origem
italiana e 38% de origem brasileira.
Pode-se observar que parcela significativa dos respondentes (52%)
afirmou que a empresa nasceu a partir de um produto que se desenvolveu para
uma especialidade e diversos produtos afins. Dessa maneira, é possível
afirmar que as empresas estudadas apresentam aspectos teóricos
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 87
estabelecidos para uma empresa Born Global, ou seja, já foram criadas
visando também a atuação internacional.
Relacionando a diversificação de produto, duas estratégias distintas
despontam nos resultados: 38% das empresas não migraram para outro tipo de
mercado e 38% adicionaram outro segmento de mercado visando a
diversificação.
Em relação ao mercado internacional, de acordo com as empresas
respondentes, 63% têm a América do Sul como a região com maior
importância para as exportações, mesmo que mais da metade destas não
produzam no exterior. Essa característica é convergente com os principais
aspectos que caracterizam a internacionalização de empresas brasileiras:
iniciam a internacionalização em países mais próximos geograficamente e
também em regiões em que já alcançaram forte presença exportadora.
A maioria das empresas respondentes que apostaram na
internacionalização realizou o processo em estágios, primeiro ajustando a
categoria comercial e depois a produtiva, sendo que 44% levaram em média de
6 a 10 anos. O desenvolvimento da internacionalização em estágios é
referenciado no Modelo de Uppsala e o tempo para início da
internacionalização também é baixo, o que difere da maioria das empresas
brasileiras.
Na caracterização das empresas respondentes, identifica-se que sua
maior parte é de origem brasileira com vínculos com a Itália. Tais organizações
são de diferentes segmentos de mercado e a maioria nasceu a partir de um
único produto que se desenvolveu para uma especialidade e diversos produtos
afins.
Para a análise do processo de internacionalização das empresas
entrevistadas, foram desenvolvidas questões específicas. De acordo com a
pesquisa, cerca de 29% das empresas ainda não se internacionalizou, mas
pensam na possibilidade. Empresas que já se internacionalizaram assim o
fizeram por visualizar uma oportunidade no mercado externo, o que também se
mostra como atrativo para as empresas que ainda não se internacionalizaram.
Os resultados da pesquisa demonstram que o fator “incentivos fiscais” no país
de destino foi o que revelou muita influência para a internacionalização,
segundo 27% das empresas.
Fatores como acordos comerciais entre países envolvidos, proximidade
cultural, condição de financiamento de atividades, e potenciais fornecedores
em países de destino foram consideradas como de média influência para
internacionalização. Já a atuação das Câmaras de Comércio, a presença de
imigrantes no país de destino de investimentos, e condições geográficas foram
consideradas como fatores de pouca influência para a internacionalização.
As empresas encontram restrições para entrada de produtos,
principalmente nos países da América do Norte. Para iniciar ou obter
assistência para os negócios no exterior, as empresas buscam, em sua
maioria, entidades de caráter não governamental. Dentre essas entidades as
mais procuradas pelas empresas são as Câmaras de Comércio.
A satisfação das empresas em relação a entidades governamentais ou
não governamentais que auxiliam a entrada e manutenção no comércio
internacional é de insatisfação com o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas), pouca insatisfação com Ministérios e seus
Momento Itália/Brasil 2011-2012
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Órgãos e com as Secretaria de Estado, Indiferença com relação a Bancos
Oficiais de Financiamento, Bancos Privados de Financiamento, Câmaras de
Comércio, Institutos de Comércio e Con/Federações de classe e pouca
satisfação quanto a Consultorias Privadas.
2.2. Estratégia e Inovação:
Para a análise desses aspectos, foi considerado um conjunto de questões
que tratavam da estratégia das organizações em seus processos de
internacionalização e do desenvolvimento de inovações. Ressalta-se que as
questões Estr6 a Estr11 são correspondentes às empresas que utilizam os
serviços da Câmara de Comércio Brasil-Itália.
Com base nos dados levantados na pesquisa, é possível observar que as
empresas utilizam-se das mais variadas estratégias de internacionalização,
desde alianças estratégicas a aquisição de empresas no exterior ou contratos
de produção. Isto se aplica ao que os autores conceituam a respeito dos
diferentes modos de internacionalização. As escolhas dos modos como as
empresas expandem para os mercados externos envolvem riscos e
propriedades diferentes, aplicando-se às características e estratégias de tais
organizações.
Com relação à decisão das organizações para produzir no exterior, foram
destacados como aspectos a considerar a proximidade cultural entre os países
e o acesso a recursos de produção (12% cada), seguidos dos aspectos de
manutenção de unidades de produção no exterior e o desenvolvimento de
atividades de produção em regiões onde já exercia uma forte presença
exportadora (9% cada). O que reflete as conceituações de formação de
estratégia de Mintzberg e Quinn (2001), onde as estratégias são traçadas de
diversas maneiras e se enquadram, dentro das definições dos “5Ps” da
estratégia, de acordo com os processos de cada organização.
Segundo Mintzberg et al (2000), as estratégias realizadas podem ser
frutos de formações estratégicas deliberadas ou de formações estratégicas
emergentes. Identifica-se na pesquisa que, no processo de formação de
estratégia na trajetória de internacionalização das organizações, há um
equilíbrio quanto ao tipo de formação estratégica adotado pelas empresas
pesquisadas, podendo ser estratégias deliberadas ou emergentes. Tais
aspectos demonstram que a formação de estratégia pode estar atrelada ao
modelo das “5 forças” de Porter (2003), onde na concepção do autor, após uma
análise desse modelo para o mercado, as empresas podem posicionar-se e
estipular estratégias, para seu desenvolvimento na obtenção de vantagem
competitiva.
A pesquisa aponta que grande parte das empresas que buscam o apoio
de entidades procura um misto de serviços de conotação relacional e
competências técnicas particulares. O que se aplica às conceituações de Hax e
Majluf (1991), onde os processos cognitivos dos indivíduos, além dos
processos sociais/organizacionais e os processos políticos são os processos
que auxiliam as organizações na formação de estratégia. Para as empresas
que utilizam, especificamente, os serviços da Câmara de Comércio Brasil-Itália,
identifica-se que, dos aspectos abordados, a competência técnica para
informar e orientar as empresas é a que mais se destaca.
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Página 89
É possível afirmar ainda que as empresas consideram o ciclo de vida dos
produtos exportados semelhante ao que ocorre no país de origem. Sendo que
grande parte dos respondentes possuem produtos exclusivos para o mercado
externo e afirmam que há a necessidade de adaptação dos produtos para os
mercados internacionais. Desta forma pode-se identificar uma relação com as
organizações que já nascem globais (Born Global) onde, segundo Francischini
(2009), uma das características dessas organizações é o desenvolvimento de
adaptações em seus novos produtos, o que torna os mercados mais
homogêneos.
Especialmente quanto ao ciclo de vida dos produtos, de acordo com os
resultados obtidos, 41,2% das empresas respondentes concordam que os
produtos originais ficaram defasados diante do mercado, desde a fundação da
empresa. Mais da metade das empresas discordam que os produtos originais
tornaram-se pouco competitivos em relação à concorrência.
Observa-se que até 47% dos produtos destas empresas, sofreram uma
seleção natural ao longo do tempo com sua linha de produtos e que mais da
metade concordam que aumentaram sua categoria de produtos sob pena do
negócio extinguir-se.
A grande maioria das empresas (70,6%) concorda que sofreu uma
evolução natural de sua linha de produtos ao longo do tempo e
aproximadamente metade não teve ruptura entre produtos originais e
sucessores, sendo que 41,2% das empresas informaram que os produtos
originais sofreram adaptações leves.
Grande parte das empresas entrevistadas teve seus produtos originais
defasados ao longo do tempo. A pesquisa demonstra também que esses
produtos se mantiveram competitivos em relação à concorrência.
Ainda, é possível afirmar que as empresas tiveram que desenvolver
categorias de produtos, aumentar suas categorias de produtos com o objetivo
de evitarem a seleção natural. Porém, para a maioria das empresas, a razão
deste aumento foi devida ao risco de extinção do negócio.
Dentre as adaptações dos produtos originais para o mercado atual,
aproximadamente metade delas sofreram adaptações leves em seus produtos,
a outra metade se divide entre grandes adaptações ou se mantiveram
indiferentes.
Diante da pesquisa realizada identifica-se que 35,3% da empresas, não
possuem laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento, e daquelas que
possuem, estes laboratórios localizam-se no país de origem da empresa. Esse
aspecto demonstra que essas empresas não desenvolveram a categoria de
internacionalização definida por Chesnais (1996) como “tecno-científica”.
Referente a incentivos à Inovação, a maioria das empresas entrevistadas
(55,9%) acredita que os estímulos culturais e financeiros seriam os melhores
caminhos para sua obtenção. Ainda, 32,4% dos respondentes apostam em
estímulos culturais e 23,5% para financeiros.
Os respondentes demonstram também que 32,4% das empresas que
buscaram a internacionalização de seus negócios o fizeram por necessidades
mercadológicas. Somente 23,6% definiram este objetivo na criação da
empresa.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 90
3. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação de estratégia é um ponto fundamental para o futuro e o
sucesso das organizações. O mundo corporativo é extremamente dinâmico, e é
neste ambiente altamente competitivo que as organizações buscam
alternativas para traçar o caminho para o sucesso. Para as empresas que
procuram nos mercados externos uma alternativa para o seu crescimento e
desenvolvimento, o caminho torna-se ainda mais difícil e o processo de
formação de estratégia na trajetória de internacionalização das organizações é
o ponto de partida para identificar se este processo dar-se-á de uma forma
eficiente e adequada.
O objetivo geral deste trabalho era identificar a influência do processo de
formação de estratégia e seu impacto na trajetória de internacionalização das
organizações. Por meio da análise e estratificação dos objetivos específicos, foi
possível apontar alguns fatores que permitiram realizar uma abordagem
objetiva ao tema proposto.
De acordo com o referencial teórico, a estratégia e seus processos de
formação dão-se de várias formas diferentes.
Tais processos podem
caracterizar-se de acordo com a estrutura, histórico, stakeholders, objetivos e
outros aspectos das organizações. O fato da estratégia ser originada de forma
deliberada ou emergente depende justamente de todas essas características
que as organizações apresentam. Portanto, não existe um modelo padrão para
formação de estratégia, mas sim variâncias empresariais que caracterizam a
modelagem destes processos.
Dentro do cenário de formação de estratégia na trajetória de
internacionalização cabe destacar que os diferentes modelos, para iniciar este
processo, contribuem para as variações e tipos de formação de uma estratégia.
Primeiramente, há de se considerar a forma como a organização pretende se
internacionalizar. Os modos de entrada nos mercados externos apresentam
características diversas, seja por exportação, contratual ou por investimento, o
posicionamento nestes mercados demanda estratégias completamente
diferentes para atender a essa variedade de opções.
Com base na pesquisa realizada, é possível identificar que de fato a
internacionalização é uma etapa importante para as empresas que buscam um
desenvolvimento maior. A pesquisa permite inferir que, por visualizar as
oportunidades que a globalização e a expansão internacional proporcionam, as
organizações têm buscado alcançar esta etapa cada vez mais rápido e,
principalmente, com qualidade.
Fatores macro e micro-econômicos, variáveis ambientais, análises de
riscos e oportunidades, além das características das empresas, são questões
importantes que definem com que estratégia, como e quando a empresa deve
ou pode se internacionalizar. Portanto, diante dos fatos apresentados, das
referencias teóricas e análises de pesquisa apontadas, é possível confirmar a
hipótese apresentada por este trabalho que, de fato, o processo de formação
de estratégia influencia na trajetória de internacionalização das organizações.
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Página 91
CAPÍTULO 4
O PAPEL DA INOVAÇÃO NAS ESTRATÉGIAS
DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS
ITALIANAS E BRASILEIRAS
Alan Duarte
Daniela Coutinho
Daniele Vitorino
Marcos Afonso
Riyemi Mahmoud
André Castilho Ferreira da Costa (orientador)
1. INTRODUÇÃO
A internacionalização de empresas consiste na participação ativa nos
mercados externos. Ela é o caminho natural para algumas empresas se
manterem competitivas, pois devido ao elevado grau de concorrência do
mercado interno, algumas empresas acham necessário explorar novos
mercados para tornarem-se competitivas não apenas nacionalmente, como
também internacionalmente. Porém, é necessário considerar também as
dificuldades enfrentadas no processo de internacionalização devido aos
diversos idiomas, hábitos, culturas e leis presentes nos mercados externos.
Além disso, existe também a falta de informação e conhecimento “teórico”
sobre melhores estratégias a seguir e como iniciar o processo de
internacionalização. (LOUREIRO e SANTOS, 1991; PROENÇA 2004).
A participação no mercado internacional pode ser de modo ativo e
permanente ou de maneira eventual. Um importante fator que deve ser levado
em consideração é a globalização. Com o crescimento das economias
emergentes e a expansão das fronteiras entre países, a globalização facilita a
interação entre mercados que eram divergentes, possibilitando uma troca de
informação mais rápida e que pode levar a um desenvolvimento de técnicas e
estratégias mais eficazes de internacionalização. Com isso, mais
oportunidades surgem para organizações conseguirem colocar em prática
projetos e planejamentos sobre o início da inserção das empresas em um novo
mercado internacional. (LUDOVICO, 2009; LOUREIRO e SANTOS, 1991)
Neste projeto, pretende-se estabelecer uma ligação entre o
planejamento estratégico utilizado pelas empresas italianas no processo de
internacionalização com as possíveis práticas inovadoras desse processo.
Além disso, deseja-se delinear se a inovação leva vantagem competitiva para
empresa que pretende investir no mercado internacional.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 92
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.
ESTRATÉGIAS
O termo estratégia é muito utilizado para determinar os caminhos que
as empresas utilizam para obter vantagem competitiva. (KLUYVER, 2007,
p.1). Uma estratégia de qualidade é reconhecida como um fator importante
para uma empresa alcançar o sucesso (THOMPSON, 2008, p.452). Porém,
não existe um consenso entre os autores quando é discutida uma definição
exata para estratégia, ou ainda de uma estratégia bem-sucedida (BARNEY,
2007, p. 5). O que torna o conceito de estratégia aplicada em algumas
organizações muito abrangentes e difusas do real significado (THOMPSON,
2008).
Thompson (2008) define estratégia como um conjunto de etapas de
ações que devem ser realizadas para conduzir as operações das empresas,
determinando ainda objetivas a serem cumpridos pelos gestores para que a
empresa tenha um bom desempenho financeiro e de mercado.
A estratégia como prática destaca o comportamento na interação entre
os mercados, interno e externo, e relaciona também as rotinas do dia a dia que
possibilita a construção de estratégicas baseadas no quotidiano
(BERNARDES, 2008).
Durante muito tempo a ideia de alta participação no mercado era o
principal determinante de sucesso empresarial, medido através do retorno pelo
investimento. Hoje, o que se procura não é apenas aumentar a participação de
mercado, mas sim adquirir vantagem competitiva com a formulação de
estratégias sustentáveis. Melhor, o objetivo das empresas é adquirir uma
vantagem competitiva sustentável, ou seja, se diferenciar da concorrência com
produtos e/ou serviços difíceis de serem copiados por outros. A busca por
participação do mercado ocorre através de investimentos, sendo esses
destinados a novos produtos, melhorias ao composto de marketing e
crescimento de ativos operacionais. Porém, essas ações devem ser
sustentadas por estratégias que irão garantir um diferencial no mercado, com
potencial para se tornar uma vantagem competitiva. (LUCE, 1988)
Os direcionamentos das estratégias traçadas para o mercado, interno ou
externo, podem ocorrer através da análise de um ambiente geral em que as
empresas estão inseridas, caracterizadas por tendências apresentadas pelos
mercados. As mudanças e acontecimentos no mercado global que pode
influenciar as decisões no âmbito organizacional, como: “mudanças
tecnológicas; tendências demográficas; tendências culturais; clima econômico;
condições legais e políticas; e acontecimentos internacionais específicos”
(THOMPSON 2008).
Empresas que desejam se manter no mercado precisam estar aptas a
desenvolver estratégias a níveis crescentes de inovação. Os ciclos de vida dos
produtos estão cada vez mais curtos com a entrada de novos produtos cada
vez mais rápido. Por isso, cada vez mais empresas procuram adquirir novos
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 93
meios de conseguir um diferencial, e entrar em um mercado internacional pode
ser um meio de trazer esse melhor retorno esperado. (GONÇALVES 2008)
Desta forma, a capacidade que as empresas têm de diversificar perante
os imprevistos do mercado valorizam a organização e isso pode constituir a
chave do sucesso destes grupos que adquirem experiência e melhoram a
qualidade do produto ou serviço oferecido (MILAN, 2008).
No cenário atual, onde a competitividade é cada vez mais acirrada, as
empresas têm estabelecido um número crescente de alianças (TAUHATA,
2004). As alianças estratégicas se apresentam como uma forma de
maximização das atividades entre empresas, e ainda é um aspecto bastante
relevante no processo de internacionalização. (LIBONI e TAKAHASHI, 2007)
O processo de formação das alianças estratégicas ocorre, em muitos
casos, pelo fato da diminuição dos riscos e também sobre a questão de
complementar as competências entre empresas. As alianças estratégicas
geralmente ocorrem em mercado integrado, onde há diminuição das fronteiras
e as transações são mais simplificadas. (LIBONI e TAKAHASHI, 2007)
2.2. INTERNACIONALIZAÇÃO
Percebe-se a cada dia que a relação entre as economias está cada vez
mais internacionalizada, sendo necessária a participação de um grande
número de economias, inclusive o Brasil. O tema internacionalização é um
tema que chama atenção de vários agentes econômicos, devido ao rápido
processo de abertura das economias. É cada vez mais comum corporações
ulrapassarem as fronteiras para buscar aquisições estratégicas, ou ainda,
fusões para fortalecerem-se no mercado internacional. Após essa busca por
novos patamares de negócios internacionais, houve o aumento da
competitividade, que posteriormente gerou a necessidade de uma maior
coperação entre as organizações (LOUREIRO E SANTOS, 1991).
O acesso a novos mercados é facilitado com investimento e atividades
realizadas em outros países, porém as tarefas se tornam mais complexas
devido às novas normas de gestão; em contra partida, há uma grande
evolução no desenvolvimeto financeiro e na criação de emprego onde essas
empresas estão inseridas (LUDOVICO, 2009).
Assim como citado no início deste projeto, empresas interessadas em
obter vantagem competitiva devem formular estratégias eficientes e que seja
um diferencial no mercado. A internacionalização está presente cada vez mais
nas estratégias das grandes empresas, por isso deve ser tratada de forma
especial, devido a sua complexidade (LUDOVICO, 2009).
Países interessados em atuar no mercado externo devem formular
estratégias de médio e longo prazo para que consigam ter uma participação
competitiva no mercado, sendo assim será possível a inserção em outro país.
O direcionamento a outros mercados é uma meta para as empresas que
desejam se tornar líder no setor, pois a concorrência internacional é capaz de
transformar empresas mais eficientes e inovadoras. A liderança pode ser
conseguida no mercado nacional também, pois o know-how de realizar tarefas
e formular estratégias adquiridas no novo mercado, normalmente é trazido
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 94
para o país de origem, levando a uma evolução geral do negócio. (LOUREIRO
e SANTOS, 1991).
Loureiro e Santos (1991) conclui que o processo de construção de
estratégias de internacionalização passa por evoluções nas estratégias,
incluindo formas mais complexas, devido à presença no mercado externo. O
que pode ser observado é o resultado positivo, na maioria dos casos, que a
internacionalização traz para a organização tanto em termos quantitativos
como qualitativos.
Odebrecht (1992) afirma que a sustentação da organização no mercado
exterior é o potencial que a empresa poderá alcançar na inserção deste
mercado, pois a empresa deve se sustentar por si própria e não ficar na
dependência da empresa sede. Não existe uma estratégia padrão ou a mais
adequada para se internacionalizar. Cada situação determina qual é a melhor
estratégia a ser utilizada de acordo com os objetivos a serem seguidos, e é
comprovado que nenhuma estratégia costuma ser respeitada.
Segundo Ludovico (2009) se internacionalizar é participar ativamente do
mercado externo, eliminando barreiras protecionistas do mercado nacional.
Em todo e qualquer mercado a internacionalização se faz necessário para
manter a competitividade. Caso haja uma preocupação apenas em atender o
mercado interno, essas empresas sofrerão pressões externas de outras
organizações. O que muitas vezes determina a participação no mercado local
é o grau de modernização internacional que ela possui.
Para Amatucci (2009), a internacionalização de empresas é
caracterizada, na maioria dos casos, por empresas que decidem vender ou
prestar serviços fora de seu país de origem, a fim de obter vantagem
competitiva e aumento geográfico da criação de valor. A empresa investe
dinheiro em outro país com intuito de desempenhar finalidades produtivas. Ela
pode escolher em realizar a venda de produtos diretamente para o cliente ou
outra opção seria a fabricação dentro do país que deseja se internacionalizar.
Para a fabricação é necessário uma mobilidade do capital para desenvolver os
projetos estratégicos e alavancagem da competitividade das empresas.
Ainda de acordo com Amatucci (2009), são diversas as razões que as
organizações possuem para internacionalizar, destacando desde barreiras
tarifárias que são impostos que podem ser vencidos se as empresas se
tornarem um player local até ao contrário. O fato de a empresa optar em
investir em outros países são as barreiras tarifárias originadas pelo governo,
que são a garantia do acesso a uma matéria-prima em falta, podendo assim
competir no ambiente comprador como player local ao invés de importar.
Na análise de Kotabe e Helsen (2000), a cultura de um país é um fator
de grande importância no momento de se internacionalizar. Há alguns fatores
onde há uma complexidade como as preferências estéticas, na qual possui
traços culturais. Cada país possui tipos de políticas, como livre mercado ou
economia centralizada. Portanto, é preciso considerar as políticas existentes
nos países antes de se internacionalizar, pois assim é possível diminuir o risco
de proibição ou restrição do produto ou serviço.
Para Proença (2004), é necessário que uma empresa que se
internacionaliza seja uma organização globalizada como um todo, não
visualizando o processo de expansão somente como um único negócio
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 95
internacional. Para o sucesso da internacionalização, pode ser citado o caso
das empresas internacionais que se instalaram no Brasil, que apesar das
diferenças culturais existentes entre os países em que as mesmas atuam, elas
sabem cumprir os padrões estabelecidos pelo novo mercado de atuação. É
essencial que as empresas que pretendem se expandir para mercados
internacionais tenham a capacidade de investir e analisar previamente o
mercado do país em que a mesma pretende atuar. Existe uma necessidade de
se analisar o território pretendido, as leis vigentes, além das regras do governo
que podem interferir nos processos da empresa.
2.3.
INOVAÇÃO
O uso de um novo conhecimento oferecido para integrar um produto ou
serviço pode ser definido como inovação, que está integrada com o contexto
estratégico e competitivo da empresa. “Esse novo conhecimento pode ser
relacionado à tecnologia e ao mercado” AFUAH (2003, p. 13). A criação de
novas ideias que possam ajudar os processos administrativos e técnicos
também é considerada inovação. A diferença entre esses processos é que a
inovação técnica está relacionada à incrementação de produtos, serviços ou
processos, ou até mesmo a reformulação da forma de fazê-los. Por outro lado,
a inovação administrativa está relacionada a toda estrutura organizacional e
aos processos administrativos da empresa, podendo ou não afetar na inovação
técnica (AFUAH, 2003).
Na tentativa de um melhor entendimento da inovação, Afuah (2003)
explica os modelos de inovação levando em consideração produto e mercado.
A inovação se diz radical quando o conhecimento tecnológico é
completamente diferente do que já existe, ou seja, é a atividade criativa
associada à gestão de mudanças maiores. Por outro lado, a inovação
incremental é o complemento no conhecimento já existente, ou seja, menores
mudanças que surgem na acumulação de idéias ou experiências, assim como
melhoria nos produtos ou processos, que posteriormente podem ser
transformadas, ou não, em inovação radical.
Com relação à escolha de um modelo específico para a inovação, Brito
et. al. 2009, apud Besanko 2007, “complementa que a importância da
inovação para se obter vantagem competitiva provem da habilidade de uma
empresa explorar as oportunidades criadas pelo mercado”, ocorrendo de
diversas formas, por exemplo, na introdução de novos produtos e serviços.
Com relação a explorar as oportunidades que o mercado oferece, Neto
(1985) destaca que a velocidade da informação e as rápidas mudanças que o
mercado sofre atualmente, diminuindo cada vez mais o ciclo de vida de um
produto, demonstram que o conservadorismo e a cautela demasiada pode se
tornar um risco maior para as organizações. Atualmente, a demanda dos
consumidores faz com que as organizações inventem um número cada vez
maior de produtos que atendam suas necessidades. A velocidade com que
essas mudanças acontecem faz com que seja cada vez mais difícil atender às
expectativas e exigências de um consumidor sem mudar os conceitos e
objetivos da organização.
Segundo Neto (1985), novas propostas de produtos e serviços
constituem o modelo que podem revolucionar uma organização através da
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Página 96
criação de um novo modelo de negócio. A empresa deve procurar
continuamente conhecer quais a necessidades e desejos dos clientes não são
atendidos pelo mercado, e tentar atendê-los com estratégias de inovação.
Essa é a forma mais eficiente de se conseguir uma vantagem competitiva
sustentável para a empresa, conseguindo levar ao mercado produtos ou
serviços inovadores.
Quanto à criação de um novo produto, é citado pelos autores que existe
uma grande relação entre o desempenho obtido pela empresas e o grau de
investimento em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). A forma como a
inovação afeta a vantagem competitiva de uma empresa varia de acordo com
o investimento que a mesma faz em inovação, permitindo à empresa
inovadora a criação de um novo padrão de competição no mercado atuante
(TIDD, 2001).
Afuah (2003), afirma que se pode lucrar com a inovação a partir de um
modelo chamado Processo de Inovação Estratégico. Nesse processo, a
empresa possui missões e objetivos. Para alcançar esses objetivos, a
empresa explora o ambiente e os recursos da inovação dentro de qualquer
oportunidade ou ameaça. Em seguida, após explorar as oportunidades e
ameaças a empresa pode escolher em que ramo ela pode se especializar,
para em seguida formular a melhor estratégia para ser adquirida (baixo custo,
diferenciação de produto ou ambos). Essas estratégias podem ser
estabelecidas se forem considerados: missão e objetivo, ameaças e
oportunidades, capacidades, estratégia de negócios, de inovação e funcional,
globalização, estrutura organizacional, processos ou sistemas, pessoas, lucros
e suas proteções.
3.
METODOLOGIA
Para esta pesquisa foi utilizado o método quantitativo, que na visão de
Richardson (1999) é identificado pela possibilidade de tratar as informações de
forma numérica e também na captura das mesmas por meio de técnicas
estatísticas. Este método assegura a precisão dos resultados, prevenindo
distorções e interpretações das análises garantindo uma margem de segurança
em relação às interferências. Ele tem como características a seleção das idéias
de uma pesquisa, com objetivo de transformá-las em questões para pesquisa.
Por esse motivo, este método foi escolhido para quantificar esta pesquisa, pois
procura demonstrar a relação entre as variáveis, assim como na investigação
das causas entre os fenômenos. Sendo assim, este estudo tem como objetivo
o tratamento das informações por meio de técnicas estatísticas, de forma a
quantificar os dados apurados, e que os mesmos estabelecem o
comportamento das empresas no processo de internacionalização aplicada à
inovação.
A pesquisa deste projeto foi realizada através de um questionário
padronizado respondido por pessoas que têm algum interesse de se
internacionalizar, possuem algum vínculo com a Itália ou já iniciaram as
atividades no mercado internacional. Os dados obtidos com a aplicação do
questionário foram submetidos a um programa estatístico. O passo inicial da
análise desses dados foi a codificação das respostas e a preparação do banco
de dados para processamento no programa SPSS versão 17.0 (Statistical
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 97
Package for Social Sciences), onde então foram realizadas análises descritivas
e fatoriais. A partir daí foi possível obter uma análise completa da pesquisa
realizada de acordo com os respondentes.
4.
RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS
Através de uma parceria realizada entre a Universidade Presbiteriana
Mackenzie e a Câmara de Comércio Italiana (Italcam), foi iniciado o processo
de pesquisa sobre o papel da inovação nas estratégias de internacionalização
de empresas italianas e brasileiras.
Para a realização da pesquisa, partiu-se da criação de um questionário
elaborado pelos autores, com base no referencial teórico, o qual foi composto
de 35 questões divididas em três critérios: inovação, estratégia e
internacionalização. O questionário foi formulado e editado através do
aplicativo Google Docs e enviado para uma população de 194 associados,
conforme lista fornecida pela Italcam (Câmara de Comércio Italiana). Deste
total, 34 respostas foram obtidas das empresas em estudo e em seguida podese iniciar a elaboração das análises descritivas e análises fatoriais, conforme
metodologia aplicada.
A maioria das empresas pesquisadas tem sua origem jurídica no Brasil,
e uma percentagem de 32% delas tem sua origem na Itália. Os setores que
apresentam maior interesse em se internacionalizar ou já realizam alguma
atividade no mercado internacional são: serviços diversos, alimentício e
tecnologia e processos industriais, conforme mostra figura 1. Também foi
observado que as atividades de exportação ajudam significativamente no
faturamento das empresas, pois grande maioria das empresas que possuem
alguma atividade no mercado externo apresenta uma porcentagem de 26% a
50% ou mais de seu faturamento originado de atividades de exportação. Isso
significa que o mercado internacional, antes de qualquer coisa, pode ser
lucrativo.
Figura 1 - Categorias das empresas
Fonte: Elaborado pelos autores
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 98
4.1.
ESTRATÉGIAS
Segundo a pesquisa realizada, observou-se que 18% das empresas
pesquisadas utilizam alianças estratégicas como uma estratégia para se
inserir no mercado internacional. Porém, em sua maioria, as organizações
optam por atividades de exportação, sendo estas realizadas de diversas
maneiras: por meio de unidades próprias da empresa localizada no Brasil, por
meio de intermediários localizados no Brasil ou no exterior, por meio de
distribuidores localizados no exterior. As empresas escolhem suas estratégias
dependendo das facilidades encontradas ou de acordo com seus objetivos
traçados.
Observou-se também que as empresas que optam por ter vínculos
comerciais externos ao país de origem preferem atuar de uma forma
oportunista na escolha do país para o qual a empresa exporta (figura 2), ou
seja, para grande maioria das empresas, a escolha do país para o início de
suas atividades no novo mercado ocorreu de uma forma natural, não havendo
nenhuma estratégia pré-determinada para a seleção desses mercados. As
empresas simplesmente identificaram oportunidades que surgiram em um
determinado momento. Porém, existem algumas empresas que analisam a
proximidade cultural do país ao qual pretende explorar antes, pois dessa
maneira acredita-se que não há necessidade em fazer grandes adaptações em
seus produtos já existentes no país de origem.
Figura 2 - Estratégias para se inserir no mercado internacional
Fonte: Elaborado pelos autores
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 99
Quanto aos aspectos considerados pelas empresas no processo de
decisão para produzir no exterior, foi possível afirmar que as empresas
consideram quatro como principais pontos de decisão. São eles: o acesso aos
recursos de produção (matéria-prima, e mão-de-obra), uma base de produção
ampla que facilite acesso a fornecedores no exterior, regiões que possuem
forte presença exportadora e a proximidade cultural entre os países envolvidos.
Com relação às estratégias utilizadas pelas empresas no processo de
internacionalização (figura 3), observou-se que as organizações utilizam tanto a
estratégia deliberada, ou seja, as decisões resultantes de um planejamento
estratégico de curto/médio/longo prazo, muito mais focadas em um objetivo
final, como, também, a estratégia emergente, onde as decisões estratégicas
adotadas em tempo real com os acontecimentos em curto prazo estão muitas
vezes relacionadas aos aspectos corretivos e flexíveis, caso a caso.
Figura 3 - Principais estratégias utilizadas no processo de internacionalização
Fonte: Elaborado pelos autores
4.2.
INTERNACIONALIZAÇÃO
De acordo com a pesquisa realizada pode-se observar como o
chamado processo de internacionalização está inserido no ambiente interno
das empresas, ou seja, através da análise dos resultados obtidos podemos
identificar em que fase do processo de internacionalização as empresas se
encontram, como essas empresas atuam no mercado externo, quais são os
vínculos comerciais que as empresas consideram mais importantes nesse
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 100
processo e quais as estratégias adotadas pelas empresas que pretendem atuar
em mercados internacionais.
No que diz respeito ao processo de internacionalização, as empresas
que procuram atuar em outros mercados estão inseridas em níveis distintos
deste processo.
Figura 4 – Atuação da empresa no exterior
Fonte – Elaborado pelos autores
Destas, cerca de 60% ainda não exercem nenhum tipo de estudo, ação
efetiva ou planejamento formal com o intuito de atuar em mercados externos.
Sendo que as empresas que já atuam em mercados internacionais, o fazem
majoritariamente por meio de exportação de seus produtos/serviços para estes
países, como mostra na figura 4. Destaca-se ainda que uma parte significante
das empresas analisadas já se internacionalizou e atua nos mercados
estrangeiros não só por meio de exportação de seus produtos, mas também
através de filiais existentes nestes mercados em que as mesmas estão
presentes.
Apesar de observarmos que parte significante das empresas já atua em
mercados internacionais através de filiais, é importante salientar que a
exportação direta é a estratégia mais utilizada. Esta estratégia é adotada, pois
facilita o processo de atingir novos mercados, diminuindo os custos fixos que
as empresas teriam se mantivessem uma matriz em um determinado mercado
externo. Além disso, a empresa se beneficia dos créditos fiscais incidentes
sobre os insumos utilizados no processo produtivo. A não utilização de
intermediários no processo de introdução do produto no mercado-alvo permite
ainda que a empresa mantenha um maior controle sobre o processo de
exportação em toda a sua linha de expansão. Este tipo de estratégia para
inserção em um mercado internacional é adotada normalmente por
companhias de pequeno ou médio porte.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 101
No caso de empresas que já mantêm negociações com mercados
internacionais, observou-se que a exportação direta funciona como processo
inicial de inserção nesses mercados. As empresas que inicialmente só
realizavam relações comerciais através de exportações levam de 5 a 10 anos
para estabelecer unidades de produção no exterior (figura 5), o que permite
uma maior vantagem competitiva, pois as empresas passam a atuar mais de
perto, obtendo um maior controle e eficiência nos seus processos e operações.
Figura 5 - Período para estabelecer unidade de produção no exterior
Fonte - Elaborado pelos autores
Tanto para empresas que já atuam no mercado internacional como para
as que não iniciaram nenhum tipo de ação com esse intuito, o aspecto
responsável que leva as organizações que atuam apenas em mercados locais
a buscarem novos horizontes é a identificação neste novo mercado de uma
oportunidade como: menores barreiras tarifárias (impostos) e a oportunidade
das empresas se tornarem um player local, oferecendo um produto/serviço
pioneiro ou pouco ofertado neste mercado (figura 6). Além disso, outro aspecto
não menos importante são as ameaças que podem surgir no mercado interno
que consequentemente levam as empresas a buscarem novos horizontes em
mercados onde as ameaças externas possam ser controladas mais
eficientemente.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 102
Figura 6 - Fases responsáveis pelo início das operações
Fonte - Elaborada pelos autores
Assim, pode-se observar que grande parte das empresas que atuam no
exterior tem uma produção própria, quase sempre iniciada através de
exportação direta de seus produtos, tendo preferência por esse tipo de
estratégia ao invés de manterem parcerias ou alianças com empresas locais.
Uma possível explicação para esta escolha pode estar relacionado a manter
um maior controle do seu negócio, além de minimizar os riscos e ameaças que
a internacionalização possa inferir na organização.
4.2.1. ANÁLISE FATORIAL
Para obtenção de resultados mais precisos sobre a influência das
variáveis no processo de internacionalização, foi realizada uma análise fatorial.
Com este método de análise foi possível explicar o relacionamento entre um
grande número de variáveis sem perder a capacidade explicativa, em um
esforço para encontrar um conjunto de fatores que demonstrem o que as
variáveis originais partilham em comum.
Os fatores agrupados foram denominados como: ajudas monetárias,
incentivos governamentais e proximidade cultural como demonstrado nas
tabelas 2 e 3. A escala de análise refere-se à mensuração de influência das
variáveis em uma escala de 1 a 5, onde um significa pouca influência e cinco
muita influência.
Tabela 3 – Matriz de Rotação
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 103
Componentes
Variáveis
Monetário
Condições de Financiamento de Atividades
Presença de Potenciais Fornecedores em
países de destino dos investimentos
Condições Geográficas
Incentivos Fiscais no país de destino dos
investimentos
Governamental
Cultural
0,883
0,858
0,744
0,713
Atuação das Câmaras de Comércio
Formalização de Acordos Comerciais entre os
países envolvidos
Proximidade Cultural
0,854
0,785
0,847
Presença de imigrantes no país de destino dos
investimentos
0,732
Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.a. Rotation
converged in 7 iterations.
Fonte – Elaborado pelos autores
É necessário salientar a importância que as empresas dão aos aspectos
do processo de internacionalização. O aspecto considerado como mais
importante pelas empresas pesquisadas foi o monetário, onde condições de
financiamento de atividades, presença de potenciais fornecedores no país de
destino dos investimentos, incentivos fiscais e condições geográficas são mais
consideradas pelas empresas que pretendem iniciar alguma atividade no
mercado internacional. Dessa forma, observou-se que mesmo que uma
oportunidade boa surja, as empresas também levam em consideração se o
planejamento pode ser levado adiante principalmente observando as condições
monetárias em geral.
O segundo ponto a ser levado em consideração é a intervenção de
Câmaras de Comércio ou a formalização de acordos comerciais entre os
países envolvidos. Ou seja, as empresas tendem a levar em consideração
ajudas governamentais. Aliás, isso pode ser um ponto forte e decisivo na
tomada de decisão, pois o governo pode ajudar muito ou dificultar muito no
processo de internacionalização de uma empresa que pretende iniciar suas
atividades em um novo mercado externo. Por fim, as empresas pesquisadas
consideram a proximidade cultural e a presença de imigrantes do país de
destino como últimos fatores importantes quando se pretende iniciar o
processo de internacionalização.
4.3.
INOVAÇÃO
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 104
Diante dos países Brasil e Itália que conhecem a importância da
inserção de pesquisas e desenvolvimento voltados à inovação, observou-se
que a maioria das empresas pesquisadas não desenvolvem pesquisa e
desenvolvimento (P&D), devido ao fato de não possuírem uma cultura voltada
para inovação. Elas não possuem programas e laboratórios para o
desenvolvimento de novos produtos ou processos inovadores.
Pequena parte das empresas que possuem pesquisas e
desenvolvimento tem seus laboratórios localizados no país de origem, portanto
não obtendo uma relação com o outro país sobre as atividades desenvolvidas
em inovação. Isso resulta em uma grande dificuldade em inserir um produto no
país em que se mantém aliança, por falta de conhecimento de sua cultua,
costumes, etc.
Em sua maioria, as empresas que têm o programa de pesquisa e
desenvolvimento em plena atividade acreditam que para incentivar a
organização como um todo, em um projeto direcionado a inovação e tornar isso
um hábito, o trabalhador deve estar presente em todos os processos da
empresa e também ter um estímulo financeiro para a inovação. Dessa maneira,
pode-se trazer uma maior motivação assim como um maior incentivo aos
funcionários. De acordo com a pesquisa, percebe-se também que uma parcela
considerável das empresas leva o conhecimento da inovação para toda a
organização. Porém, observou-se que há uma pequena, porém considerável,
parcela de empresas que acreditam que devem dar liberdade ao trabalhador
para que se sintam a vontade em sugerir qualquer tipo de idéia.
Sendo assim, pode-se resumir que as empresas incentivam a
inovação dentro das organizações de diversas formas, não existindo, então,
uma estratégia única utilizada em geral pelas empresas.
Na pesquisa também foi observado que existem quatro formas da
inserção da inovação no processo de internacionalização. Algumas
organizações inovam quando o mercado sinaliza, outras empresas acreditam
que a inovação deve ser implantada quando a empresa necessita obter
vantagem competitiva ou durante a definição das estratégias. Já uma
porcentagem relativa das empresas define que a inovação deve ser introduzida
desde sua criação, quando a empresa está sendo inserida no mercado.
Entende-se, portanto que as empresas possuem várias formas de implantar a
inovação no processo de internacionalização, cada uma obtendo sua estratégia
única e diferenciada baseada em seus objetivos.
4.3.1. ANÁLISE FATORIAL
Foi realizada uma análise fatorial, com base nas mesmas definições
citadas anteriormente, sobre o ciclo de produtos da empresa e seu ambiente
competitivo que pode ser observado nas tabelas abaixo. Foi disponibilizado um
grau de classificação das variáveis de 1 a 5 (sendo 5 concordo totalmente e 1
discordo totalmente).
Para a realização da análise, foram consideradas oito variáveis. Porém a
variável custo dos produtos iniciais / originais pouco competitivos perante a
concorrência interna não apresentou um MSA satisfatório, ou seja, seu grau de
explicação foi inferior a 0,50. Isso significa que na análise fatorial não se
consegue descrever de maneira adequada as variações dos dados originais.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 105
Neste caso, o teste indicou um baixo poder de explicação entre fatores e
os indicadores. Portanto, esta variável foi retirada e um novo teste foi realizado
para obtenção de valores satisfatórios, ou seja, com o novo teste as variáveis
apresentaram resultados significativos para o tratamento dos dados. Em
seguida foram analisadas as seis variáveis, onde o programa SPSS agrupouas em dois fatores: inovação radical e inovação incremental.
Tabela 6 – Matriz de Rotação
Variáveis
Inovação
Incremental
Componente
Inovação
Radical
A empresa sofreu uma "seleção natural" ao longo do tempo
em sua linha de produtos, ou seja, produtos menos competitivos
0,822
foram substituídos/mortos por novos produtos.
O acréscimo ou troca de categoria na área de atuação da
empresa ocorreu por necessidades diversas, que tiveram que ser
0,785
atendidas sob pena do negócio extinguir-se.
Os produtos iniciais/originais da época da fundação da
empresa ficaram inadequados ou defasados frente às necessidades
0,772
e desejos mais atuais do mercado.
A empresa teve uma evolução natural em sua linha de
produtos ao longo do tempo, ou seja, produtos menos adequados
ao
mercado
sofreram
transformações,
incrementos
e
0,677
0,584
aperfeiçoamentos para adaptá-los às novas necessidades.
Os produtos originais / iniciais da empresa receberam ao
longo do tempo, até os dias de hoje, apenas adaptações leves
-0,881
(embalagem, rótulos, campanhas publicitárias, etc)
Os produtos originais / iniciais da empresa receberam ao
longo do tempo, até os dias de hoje, adaptações bastante
consistentes (nova formulação, novos sabores, novos processos,
0,715
novo público alvo, etc)
Extraction Method: Principal Component Analysis.
Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization.
a. Rotation converged in 3 iterations.
Fonte – Elaborado pelos autores
De acordo com a tabela anterior, no que diz respeito a produto, pode-se
observar a partir das empresas pesquisadas que a maioria busca se adaptar ao
mercado ao longo do tempo, fazendo apenas alterações leves em seus
produtos com o intuito de suprir as necessidades externas / internas. Algumas
empresas fazem essas adaptações em seus produtos para não se extinguirem
ou não perderem seu market-share já conquistado anteriormente. Outras
empresas fazem buscando atender as necessidades encontradas no mercado
e substituem seus produtos menos adequados em produtos mais adequados
para seus clientes, ou seja, utilizam apenas a inovação incremental.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 106
Por outro lado, há empresas que desde sua criação até hoje, fizeram
alterações consideráveis em seus produtos, chegando ao ponto de realizar
novas formulações, novos sabores, novo público-alvo, entre outros, como
mostra o gráfico a seguir. Apesar de essas empresas representarem uma
parcela menor, pois a inovação radical requer assumir riscos, elas devem ser
levadas em consideração para demonstrar que não existe uma estratégia de
inovação única considerada pelas empresas na hora de decidir se alterações
em seus produtos devem ser feitas ou não. Mesmo porque ainda existem
aquelas empresas que optam por não fazer nenhum tipo de alteração em seus
produtos desde a fase de criação da empresa até a atualidade, como também
é demonstrado na figura abaixo.
Figura 7 – Categorias ao longo do tempo
Fonte - Elaborado pelos autores
As variáveis que dizem respeito a adaptações feitas no produto para o
mercado internacional também foram submetidas a uma análise fatorial. Foram
realizadas escalas de 1 a 5 no que diz respeito a importância para cada
variável. Sendo assim as variáveis foram agrupadas em dois fatores:
adaptações nos processos e adaptações nos produtos.
Tabela 9 – Matriz de Rotação
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 107
Componentes
Variáveis
Adaptações nos
Adaptações no
processos
produto
A questão da inovação é fortemente presente nas
relações com o país ao qual se exporta o produto.
A empresa desenvolve parcerias em pesquisa no
exterior.
O ciclo de vida dos produtos exportados é
semelhante ao que ocorre no seu país de origem.
Há
produtos
exclusivos
para
o
mercado
internacional.
Há a necessidade de adaptação dos produtos
para mercados internacionais.
Extraction Method: Principal Component Analysis.
converged in 3 iterations.
0,828
0,787
0,612
0,918
0,901
Rotation Method: Varimax with Kaiser Normalization. a. Rotation
Fonte – Elabora pelos autores
Desta forma, a empresa que pretende inserir seus produtos no mercado
internacional deve analisar se uma mudança em seus produtos deve ser feita
com o objetivo de adaptá-los para um mercado diferente ao de origem.
Segundo a pesquisa realizada, as empresas discordam que a inovação deva
estar fortemente presente nas relações com o país ao qual se exporta o
produto. Assim como também discordam que estabelecer parcerias em
pesquisas no exterior seja importante no processo de internacionalização.
Em relação ao ciclo de vida dos produtos, as organizações determinam
que este seja diferente ao que ocorre no país de origem, ou seja, os produtos
desenvolvidos para a exportação têm sua introdução, crescimento,
amadurecimento e declínio diferentes dos produtos já existentes, pois as
peculiaridades do novo mercado são divergentes do país de origem.
Sendo assim, na introdução dos produtos no mercado internacional, as
empresas buscam inserir produtos exclusivos para este novo mercado,
produtos estes que não existem no mercado de origem. As organizações fazem
adaptações para inserir no exterior os produtos que sejam direcionados ao seu
público-alvo internacional.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 108
5. CONCLUSÃO / CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da pesquisa realizada com gestores de empresas que possuem
vínculo no mercado internacional, estão se iniciando no processo de
internacionalização ou apenas possuem intenções de iniciar atividades
internacionais, pode-se concluir que, em termos gerais, as empresas não
utilizam estratégias únicas ou fazem seu planejamento visando pontos
específicos. As organizações tomam suas decisões, em sua maioria, de
maneira natural sem determinar estratégias específicas para a seleção de
novos mercados ou até mesmo para fazer mudanças em seus produtos.
No geral, as empresas buscam identificar oportunidades que venham a
surgir com o tempo, e aproveitá-las em algum determinado momento. Isso
deve acontecer devido ao fato de as empresas analisadas realizarem suas
atividades em diferentes e mais variados setores. Sendo assim, utilizam
estratégias e fazem planejamentos diferentes por possuírem objetivos muito
divergentes. Esse pode ser o motivo para que as organizações enxerguem o
mercado de uma maneira tão diversificada.
No que diz respeito a inovação, as empresas também divergem bastante
os seus pontos de vista. Elas usam estratégias diversas para se inserir no
mercado internacional, e fazem a implantação da inovação em diferentes
estágios e de maneiras diferentes. Elas optam por implantar a inovação na
empresa quando o mercado sinaliza ou até mesmo quando a empresa
necessita obter vantagem competitiva.
Com relação à inovação no processo de internacionalização, as
empresas não utilizam estratégias inovadoras para iniciar suas atividades no
mercado externo. Elas preferem fazer uso de estratégias que já existem e que
são mais utilizadas. O que foi observado é que as empresas que realizam
atividades no mercado internacional, ou têm apenas a intenção, fazem
mudanças em seus produtos, podendo essas mudanças ser uma inovação
radical ou incremental. Assim como tem empresas que oferecem produtos para
o mercado internacional completamente diferente aos oferecidos no mercado
nacional. Isso acontece devido ao fato dos novos mercados apresentarem
necessidades e demandas diferentes aos do país de origem.
Sendo assim, pode-se concluir que, em sua grande maioria, as empresa
pesquisadas adotam oportunidades que surgem em determinado momento e
começam a agir por conta própria, e a partir deste novo momento, buscam
formas diferentes de implantar a inovação no processo de internacionalização
cada uma obtendo sua estratégia única e diferenciada baseando-se em seus
próprios objetivos.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 109
CAPÍTULO 5
A CONFIANÇA DO PÚBLICO JOVEM NOS
PRODUTOS DE ORIGEM ITALIANA
Fátima Guardani
Ricardo M. Gioia
INTRODUÇÃO
A relação dos brasileiros com a Itália tem sido crescente a partir a partir
da vinda dos primeiros imigrantes, no final do século XIX. A maioria desses
imigrantes se instalou nos estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde
prevalece atualmente a maior quantidade de ítalo-descendentes (BERTONHA,
2005). A vinda desses imigrantes provocou modificações na cultura local, por
meio, dentre outros aspectos, da utilização de produtos comuns a seus hábitos
originais de consumo.
No decorrer das últimas décadas, tem crescido o número de brasileiros
que viaja para a Itália, seja por motivos referentes a trabalho ou lazer. De
acordo com a Associação Brasileira de Agentes de Viagens, a Itália tem se
constituído como um dos principais destinos internacionais dos brasileiros.
Esse aspecto leva a um incremento no relacionamento entre brasileiros e
italianos, ao conhecimento dos hábitos de consumo italianos, bem como
provoca maior contato com empresas italianas e produtos de origem italiana.
A importação de produtos provenientes da Itália tem sido crescente, bem
como os investimentos de empresas italianas no Brasil. De acordo com a
Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura, a Itália ocupa a
sexta posição como país parceiro comercial do Brasil e a décima posição como
investidor (ITALCAM, 2011). Dessa forma, amplia-se o número de empresas de
origem italiana que vendem e produzem seus produtos no Brasil, bem como
cresce a presença e a diversificação de produtos de origem italiana no
mercado brasileiro.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 110
Para
o
crescimento
do
relacionamento
comercial
e
para
a
competitividade das empresas italianas, é importante identificar a confiança
que os brasileiros depositam nos produtos de origem italiana, uma vez que a
confiança dos consumidores pode influenciar o desempenho das empresas no
mercado, perante a concorrência. Este aspecto é salientado por Walter e Ritter
(2003), que também afirmam que a confiança dos clientes é um dos fatores
determinantes para que indiquem os produtos ou serviços a outros possíveis
clientes. Nesse sentido, a confiança dos brasileiros é primordial para o
desempenho dos produtos de origem italiana e para o crescimento dos
investimentos e expansão das empresas italianas no Brasil.
A confiança nos produtos e serviços, de acordo com Hernandez e
Mazzon (2005), envolve: a disposição do consumidor em confiar, fruto de suas
experiências anteriores (confiança disposicional); o cálculo que o consumidor
faz a respeito dos riscos assumidos ao confiar (confiança calculativa); a crença
nas instituições sociais que possam oferecer proteção ao consumidor no caso
das empresas não cumprirem suas promessas (confiança institucional); o
conhecimento proporcionado por experiências anteriores com os produtos e
serviços das empresas (confiança baseada em conhecimento); identificação de
características que façam com que os produtos e serviços pareçam confiáveis
(confiança baseada em características). Em um estudo posterior, Hernandez e
Santos (2007) acrescentaram a confiança baseada em identificação, a qual se
refere à percepção de similaridades no que tange a atitudes e valores comuns
entre os consumidores e os produtos.
Neste estudo, teve-se por objetivo identificar os aspectos relativos à
confiança dos consumidores em produtos de origem italiana, tomando-se por
base a Escala de Confiança desenvolvida por Hernandez e Mazzon (2005) e
complementada por Hernandez e Santos (2007). A pesquisa foi realizada junto
ao público jovem, para identificar a forma como aqueles que se constituem nos
consumidores do futuro têm depositado confiança nos produtos de origem
italiana e identificar ações que possam levar ao crescimento dessa confiança,
incrementando o desempenho dos produtos de origem italiana no mercado
brasileiro.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 111
Como questão subjacente à pesquisa encontra-se o conceito de marca.
De fato, consumidores somente podem confiar em produtos de determinada
origem caso possam diferenciá-los de produtos de outras origens. Não há
como diferenciar produtos de diferentes produtores caso não haja uma marca
estabelecida, conforme Keller (2006) – caso contrário, estaríamos no mundo
das “commodities”, produtos genéricos sem diferenciação perceptível aos
consumidores, e portanto sem possibilidade de gerar confiança em suas várias
categorias.
Dessa maneira, o capítulo apresenta-se dividido em: referencial teórico,
no qual são explicados os conceitos de marca e confiança; procedimentos
metodológicos, no qual são abordados o tipo de pesquisa, o método utilizado, a
amostragem e o tratamento dos dados; análise dos resultados, onde constam
os resultados da pesquisa; as conclusões; e as referências bibliográficas.
Marca
Antes de entrarmos nos detalhes da pesquisa, é necessário rever
algumas definições, de forma prática.
Segundo critérios da American Marketing Association (AMA) por marca
pode-se entender qualquer nome, símbolo visual ou fonético – ou uma
combinação desses elementos - que determine o fornecedor ou fabricante de
um produto específico num dado mercado, e o diferencie dos seus
concorrentes.
Assim, teríamos como exemplos de marcas conhecidas no Brasil:
- “Adria”, marca brasileira, porém de raízes italianas; a comunicação
visual de uma de suas embalagens é mostrada a seguir:
Figura 1.1. – Embalagem do macarrão “Adria”
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 112
- “Ferrari”, marca italiana, e seu símbolo, mostrado a seguir:
Figura 1.2 – Símbolo representativo da marca “Ferrari”.
Fato notável com relação às marcas é o fato delas permitirem ao
consumidor não somente distinguir os produtores uns dos outros, mas também
aprender a respeito delas, formando expectativas a respeito de sua qualidade e
desempenho. Dessa forma, um consumidor pode, por exemplo, experimentar o
macarrão Adria, gostar de sua textura ou sabor, e assim, da próxima vez que
for às compras, escolher essa tradicional marca como sua opção de massas
alimentícias.
As empresas, sabendo do poder que as marcas possuem sobre o
consumidor – que na realidade é o próprio poder de escolha do consumidor –
tem investido no fortalecimento de suas marcas, com a finalidade de acumular
mais “brand equity”, ou patrimônio de marca, ou ainda, valor de marca. Na
definição da Associação Americana de Marketing (AMA), brand equity é o
conjunto total de ativos tangíveis e intangíveis que dá à empresa uma
vantagem competitiva.
O patrimônio de marca é formado e gradativamente fortalecido em
função principalmente de associações mentais que os consumidores fazem
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 113
costumeiramente com a marca. Por exemplo, uma dada marca de automóveis
pode ser associada a “automóvel potente”, ou a “esportivo” ou ainda a “símbolo
de status social”.
Se uma marca consegue fixar todas essas associações
positivas junto aos seus consumidores, então terá uma posição privilegiada no
mercado, pois esses atributos, juntos, são de difícil ultrapassagem por seus
concorrentes. Tal é a situação atual da marca “Ferrari”: não sendo a maior
montadora do mundo – nem sua controladora, a FIAT -, no entanto, é admirada
e cobiçada por milhões de consumidores ao redor do mundo. Dado seu baixo
volume de produção, seu preço somente poderia ser altíssimo, tornando os
automóveis Ferrari verdadeiros “objetos de desejo”.
O exemplo da Ferrari pode ser comparado a outros setores e segmentos
de mercado. Assim, poderiam ser citadas outras marcas, de origem italiana,
que possuem forte “brand equity”:
 Bulgari – relógios;
 Gucci – roupas e acessórios;
 Fendi - roupas e acessórios;
 Ermenegildo Zegna – moda masculina;
 Giorgio Armani – moda masculina e feminina;
 Maserati – automóveis;
 Lamborghini – automóveis;
 Alfa Romeo – automóveis.
A lista acima é constituída, basicamente, por marcas que podem ser
classificadas dentro do “mercado do luxo” ou luxury brands, dado o alto preço
unitário que obtém no mercado, sendo ainda, freqüentemente, vítimas de
pirataria ou falsificação no mercado negro.
Mas a Itália não produz somente marcas de luxo: por exemplo, os
automóveis “FIAT” possuem grande apelo popular no Brasil e em alguns outros
países. Produtos diversos como as massas “Barilla”, ou ainda ternos italianos
de marcas relativamente desconhecidas, embora de alta qualidade, não podem
ser considerados itens de luxo. Produtos culturais, categorizados como
serviços, também têm ou tiveram grande impacto a seu tempo, como os
estúdios de design Pininfarina, as pinturas de Leonardo Da Vinci, os filmes de
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 114
Federico Fellini, a Comédia Del´Arte no teatro, a literatura de Dante Alighieri a
Lampedusa e Italo Calvino, a teoria política de Gramsci, entre outros exemplos.
Somando-se todos os casos listados acima, mais os omitidos, tanto com
associações positivas quanto com associações negativas – e essas podem
existir em qualquer mercado – pode-se obter um indicador no qual a
“procedência Itália” pode influir positiva ou negativamente em marcas já
existentes e, principalmente, em marcas novas interessadas em ingressar no
mercado brasileiro. A tal indicador chama-se, na literatura técnica, “efeito do
país de origem” ou EPO, conforme Cateora e Graham (2001).
Assim, a pergunta fundamental a ser respondida neste estudo é: a
etiqueta “Made in Italy” inspira confiança nos consumidores brasileiros ? Seria
possível associar a esses produtos características marcantes e positivas, tais
como beleza, elegância, tradição, luxo e qualidade de vida ? Segundo
Snaiderbaur (2009), - num estudo feito sobre a percepção que os
consumidores chineses tem a respeito de produtos “Made In Italy” -, a resposta
é que sim, o país de procedência interfere na percepção de qualidade do
produto consumido . Contudo, mais além do que o país de origem “Itália”
significa em termos de qualidade de seus produtos, tal estudo aponta para a
necessidade de outras associações, ligadas mais ao estilo de vida simbolizado
pelos produtos. Os chineses valorizam muito a necessidade de status como
fonte de realização pessoal, e os produtos italianos oferecem isso, em sua
percepção. Dessa forma, os esforços de comunicação – tais como propaganda
e publicidade - de produtos italianos na China deveriam valorizar sutilmente o
status e a afluência de seus consumidores.
Dado que a cultura italiana possui mais pontos de contato com a cultura
brasileira que a chinesa, infere-se que não seriam necessárias grandes
modificações da comunicação de produtos italianos no Brasil.
Apesar da existência de convergências culturais, um maior cuidado com
o desenvolvimento da imagem geral da Itália somente pode gerar efeitos
positivos no seu EPO, revigorando fortemente o valor das etiquetas “Made in
Italy”, ou seja, aumentando a confiança dos consumidores em produtos dessa
origem.
Confiança
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 115
A confiança dos consumidores nos produtos e serviços tem relação com
suas expectativas positivas, (ROUSSEAU et al, 1998) e com a disposição em
acreditar
que
tais
expectativas
serão
atingidas
(MAYER;
DAVIS;
SCHOORMAN, 1995; DONEY; CANON; MUELEN, 1998), tornando-se assim
vulnerável ao aceitar os riscos envolvidos (SHEPPARD; SHERMMAN, 1998).
Nesse sentido, confiar nos produtos implica em aceitar os riscos ao comprá-los
e consumi-los, acreditando que os mesmos cumprirão com as expectativas
neles depositadas no momento da decisão de compra.
De acordo com Rousseau et al (1998), a confiança tem sido estudada
tanto no nível individual, como em grupos, e na relação entre organizações e
setores da economia, uma vez que se configura como determinante inclusive
para o relacionamento comercial.
Yamagishi, Cook e Watabe (1998), por meio de um estudo comparativo
no qual simularam transações comerciais de compra e venda de produtos e
serviços, puderam identificar que, quanto maior a incerteza envolvida, menor é
a confiança dos consumidores e, como complementam Harisalo, Huttunen e
McInerney (2005) e
Cook e Luo (2003), a confiança está associada às
informações que os consumidores recebem quanto aos produtos e serviços.
As informações recebidas pelos consumidores impactam na confiança
que depositarão nos produtos ao comprá-los e consumi-los. Andamson, Chan e
Handford (2003) identificaram que o nível de confiança dos clientes sofre
influências das estratégias de comunicação das marcas. Nesse sentido, as
informações referentes à Itália, às empresas italianas e suas marcas, podem
influenciar a confiança dos consumidores nos produtos de origem italiana.
Mayer, Davis e Schoorman (1995) enfatizam que a propensão em
confiar varia conforme as características em termos de personalidade e cultura
de cada indivíduo, além de contextos específicos e situações específicas, bem
como das interpretações que os sujeitos fazem de tais situações. Com relação
às influências de características culturais na propensão a confiar, Doney,
Canon e Muelen (1998) defendem que as normas e os valores referentes a
cada cultura levam a que indivíduos de diferentes culturas apresentem distintas
propensões em confiar. Levando-se em consideração as conclusões desses
autores, pode-se supor que os fatores que levam à confiança nos produtos por
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 116
parte dos consumidores italianos não sejam necessariamente os mesmos que
influenciam os brasileiros, o que implica em uma análise da confiança que leve
em consideração os aspectos de cada cultura.
Morgan e Hunt (1994) concluíram que a confiança relaciona-se com o
comprometimento, sendo este definido como o desejo de manter o
relacionamento, refletindo-se assim na fidelidade a produtos e serviços.
Rousseau et al (1998) identificaram que a confiança pode resultar na formação
de vínculos afetivos. Nesse sentido, os consumidores podem desenvolver
vínculos com produtos e serviços de determinadas marcas às quais se tornarão
fiéis, provocando uma vantagem competitiva a essas empresas perante a
concorrência. Sendo assim, a confiança dos consumidores brasileiros nos
produtos de origem italiana pode levar a que os prefiram quando comparados a
produtos oriundos de outros locais e que desenvolvam um vínculo afetivo que
venha a se refletir em fidelidade a produtos de origem italiana.
Hernandez e Mazzon (2005) realizaram uma ampla revisão bibliográfica
junto aos autores de diferentes áreas que abordam o conceito de confiança e
concluíram que a confiança de um indivíduo pode resultar de cinco tipos de
confiança, por eles identificados na literatura: confiança disposicional disposição do indivíduo em confiar, baseada em suas experiências, de um
modo geral, com outros indivíduos e situações; confiança calculativa - cálculo
do indivíduo quanto aos riscos assumidos e às vantagens obtidas; confiança
institucional - crença do indivíduo de que as instituições sociais possam
protegê-lo no caso dos produtos e serviços não cumprirem com as promessas;
confiança baseada em conhecimento – fruto das experiências com os produtos
e
serviços;
confiança
baseada
em
características
-
percepção
de
características que tornam os produtos e serviços confiáveis.
Hernandez e Mazzon (2005) realizaram um estudo com o objetivo de
investigar a relevância desses cinco tipos de confiança junto a clientes de lojas
de comércio eletrônico e elaboraram uma primeira versão da Escala de Perfis
de Confiança. Num trabalho posterior, Hernandez e Santos (2007) realizaram
um estudo junto a clientes de uma distribuidora de produtos de informática, no
qual identificaram um sexto tipo de confiança: a confiança baseada em
identificação. Conforme os autores, a confiança baseada em identificação
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 117
refere-se à percepção de similaridades, bem como de valores comuns, o que
leva à estima e ao afeto por parte dos consumidores.
Tomando-se como base os tipos de confiança identificados por
Hernandez e Mazzon (2005) e Hernandez e Santos (2007), a confiança dos
consumidores brasileiros nos produtos de origem italiana constitui-se: na
disposição deles em confiar de acordo com suas experiências de um modo
geral; na relação que identificam em termos de riscos e vantagens ao confiar
nos produtos de origem italiana, na crença de que as instituições sociais
brasileiras possam oferecer proteção no caso das empresas italianas não
cumprirem com suas promessas; na experiência anterior com os produtos
italianos; na identificação de características que tornem os produtos italianos
confiáveis; na estima e no afeto associado aos produtos de origem italiana.
Sendo assim, para identificar a confiança dos consumidores brasileiros
pertencentes ao público jovem nos produtos de origem italiana, utilizou-se uma
adaptação da Escala da Perfis de Confiança de Hernandez e Mazzon (2005)
complementada por Hernandez e Santos (2007), de acordo com os
procedimentos metodológicos descritos a seguir.
PROCEDIMENTOS DE PESQUISA
O estudo realizado é de natureza descritiva, no sentido de que teve
como objetivo estabelecer relações entre as variáveis e buscou-se descrever
fenômenos a amostras selecionadas, por meio da aplicação de um questionário
junto a consumidores do público jovem.
Na elaboração do questionário a ser utilizado, procurou-se, de acordo
com o que recomendam Hair Jr. et al (2005), incluir as explicações sobre a
forma de preenchimento de seus itens, fornecendo aos respondentes as
devidas instruções relativas a cada uma das partes.
Com o objetivo de instruir os respondentes quanto ao processo de
preenchimento do questionário, apresentava-se, num primeiro parágrafo, uma
explicação acerca do que tratava o estudo. Em seguida, pedia-se aos
respondentes que indicassem alguns dos produtos de origem italiana por eles
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 118
consumidos, bem como a informação referente a viagens já realizadas à Itália e
à descendência italiana.
No que tange à confiança dos clientes nos produtos de origem italiana,
procedeu-se a uma adaptação da Escala de Perfis de Confiança de Hernandez
e Mazzon (2005), complementada por Hernandez e Santos (2007). Solicitou-se
aos respondentes que indicassem o quanto concordavam ou discordavam de
cada um dos itens do questionário relativos aos fatores de confiança, conforme
os seguintes critérios: “0 = Discordo totalmente”; “1 = Discordo muito”; “2 =
Discordo pouco”; “3 = Concordo pouco”; “4 = Concordo muito”; “5 = Concordo
totalmente”. Os itens apresentaram variabilidade dentre os respondentes e não
suscitaram dúvidas quanto ao conteúdo. O tempo de preenchimento variou de
5 a 12 minutos.
Seguindo-se as recomendações de Goode e Hatt (1979), optou-se por
incluir as questões referentes às informações pessoais dos respondentes na
parte final do instrumento de pesquisa. Dessa forma, ao final do questionário,
os respondentes preenchiam seus dados pessoais, incluindo faixa etária, sexo,
grau de instrução, estado civil e renda média familiar.
A amostra utilizada caracterizou-se como não probabilística. Os
questionários foram aplicados aos alunos de graduação do curso de
Administração, em uma universidade privada da Grande São Paulo, ao final de
2010. Foram aplicados 200 questionários e foi possível obter 180 questionários
preenchidos adequadamente, ou seja, sem respostas situadas apenas nos
extremos ou no meio termo e com todos os itens devidamente preenchidos
pelos respondentes. Para a definição do número de respondentes, procurou-se
observar as recomendações de Hair Jr. et al (2005), os quais indicam que o
número mínimo de respondentes deve ser equivalente a cinco vezes o número
de assertivas do questionário.
Os questionários preenchidos tiveram suas respostas digitadas no
software SPSS, versão 15.0. Após a digitação, iniciou-se o tratamento dos
dados. Primeiramente, foi realizada uma análise, buscando-se identificar, como
recomendam Hair Jr. et al (2005), a existência de observações atípicas, bem
como de dados faltantes que pudessem atrapalhar as análises posteriores.
Restaram então 167 questionários, que foram utilizados na análise.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 119
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Caracterização demográfica da amostra
Os respondentes dividiram-se de forma equilibrada entre ambos os
gêneros, sendo que a amostra foi composta por 52,0% de indivíduos do sexo
masculino e 48,0% do sexo feminino. Quanto ao estado civil, os respondentes
são todos solteiros e possuem grau de instrução superior incompleto. A maior
parte dos respondentes, 47,8%, encontra-se na faixa etária de 18 a 20 anos,
45,3% dos indivíduos entre 21 e 25 anos, e apenas 6,8% têm de 25 a 30 anos.
No que se refere à distribuição dos respondentes conforme as faixas de renda
familiar, os dados são apresentados na Tabela:
Tabela 1: Distribuição da amostra por renda familiar
Renda familiar
Menos de R$ 1.000,00
De RS 1.000,01 a R$ 2.000,00
De RS 2.000,01 a R$ 4.000,00
De RS 4.000,01 a R$ 6.000,00
De RS 6.000,01 a R$ 10.000,00
De RS 10.000,01 a R$ 20.000,00
Total
Fonte: dados da pesquisa
Porcentagem
2.6
8.3
16.0
17.3
17.9
19.9
100.0
Porcentagem
Acumulada
2.6
10.9
26.9
44.2
62,2
80.1
Todos os respondentes são moradores da Grande São Paulo e 47,8%
indicaram ter descendência italiana. Dentre os respondentes, apenas 10,2%
viajaram à Itália, sendo que, destes, 45,3% viajaram mais de uma vez.
Quanto aos tipos de produtos de origem italiana consumidos, os
respondentes citaram diversos tipos, os quais podem ser identificados na
Tabela:
Tabela 2: Tipos de produtos consumidos
Tipos de produtos
Porcentagem
Alimentos e bebidas
Vestuário
Calçados
Acessórios
65,7
43,2
26,4
8,2
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 120
Perfumes
7.5
Fonte: dados da pesquisa
Confiança nos produtos de origem italiana
A análise da confiança dos consumidores jovens nos produtos de origem
italiana foi realizada por meio de análise dos itens adaptados da Escala de
Perfis de Confiança de Hernandez e Mazzon (2005) complementada por
Hernandez e Santos (2007). Na Tabela a seguir, apresentam-se as
porcentagens dos itens relativos a cada um dos tipos de confiança.
Tabela 3: Confiança nos produtos de origem italiana
Confiança
institucional
DT
Os órgãos
de defesa protegem
os
consumidores
que
compram
produtos de origem
italiana
A
Justiça
brasileira protege os
consumidores que
têm problemas com
produtos de origem
italiana.
As
leis
brasileiras
são
suficientes
para
garantir a segurança
dos
consumidores
que
optam
por
comprar produtos de
origem italiana.
Confiança
calculativa
Os
preços
cobrados
pelos
produtos de origem
italiana são mais
baixos que os da
maioria dos outros
DM
DP
CP
CM
CT
3.0
8.5
20.7
48.8
9.8
9.1
9.9
8.1
22.4
40.4
12.4
6.8
10.2
8.9
25.5
36.9
13.4
5.1
DT
DM
21,1
12,0
DP
32,5
Momento Itália/Brasil 2011-2012
CP
28,9
CM
CT
4,2
Página 121
1,2
produtos.
As
condições
comerciais
oferecidas
na
compra de produtos
de origem italiana
são mais vantajosas
que a da maioria dos
outros produtos
A
relação
custos x benefícios
dos produtos de
origem italiana é
melhor que a dos
outros.
8.0
8.6
34.6
37.0
9.9
1.9
4.9
4.9
20.7
42.7
22.0
4.9
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 122
Confiança
disposicional
DT
A
maioria
das
empresas
italianas
se
preocupa com o
bem-estar
dos
outros, ao invés de
olhar apenas os
próprios interesses.
A
maior
parte das empresas
de origem italiana
costuma cumprir o
que promete.
A
maior
parte das empresas
italianas
é
competente naquilo
que faz.
Confiança
baseada
em
características
DT
DP
CP
CM
CT
6.4
7.6
26.8
41.4
12.1
5.7
2.6
3.2
19.9
40.4
26.9
7.1
2.6
3.2
17.4
38.7
29.0
9.0
DT
As
empresas italianas
protegem
os
consumidores
de
eventuais problemas
que possam ocorrer
com a utilização de
seus produtos.
As medidas
de segurança das
empresas italianas
tornam
seus
produtos
seguros
para o consumo..
De
uma
forma
geral,
as
empresas italianas
oferecem produtos
confiáveis.
Confiança
baseada
em
DM
DM
DP
CP
CM
CT
5.0
4.3
27.3
47.2
11.2
5.0
4.8
3.0
25.5
44.8
17.0
4.8
3.0
1.2
11.0
33.5
37.8
13.4
DM
DP
Momento Itália/Brasil 2011-2012
CP
CM
Página 123
CT
identificação
Eu
tenho
uma ligação afetiva
com produtos de
origem italiana.
Eu
tenho
uma grande estima
por produtos de
origem italiana..
Eu me sinto
bem
utilizando
produtos de origem
italiana.
Confiança
baseada
em
conhecimento
A
maioria
das
minhas
experiências
anteriores
com
produtos de origem
italiana foi positiva
Nas outras
vezes em que utilizei
produtos de origem
italiana, não tive
problemas.
Tive
boas
experiências
na
maioria das vezes
em
que
utilizei
produtos de origem
italiana.
9.6
6.4
21.8
30.1
21.2
10.9
7.5
8.1
18.1
24.4
28.1
13.8
3.1
1.9
8.0
33.3
34.6
19.1
DT
DM
DP
CP
CM
CT
3.7
3.1
9.3
24.2
39.1
20.5
0.0
4.9
10.5
24.7
29.0
30.9
4.3
1.8
8.5
26.8
32.3
26.2
Fonte: dados da pesquisa
Legenda : DT = Discordo totalmente; DM = Discordo muito; DP = Discordo pouco
CM = Concordo pouco; CM = Concordo muito; CT = Concordo totalmente
A confiança dos respondentes nos produtos de origem italiana parece
não estar baseada na crença de que as instituições brasileiras possam
protegê-las, uma vez que somente 18,9% concordam muito ou totalmente com
a afirmação de que os órgãos de defesa protegem os consumidores que
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 124
compram produtos de origem italiana, 19,2% com a ideia de que a Justiça
brasileira protege os consumidores que têm problemas com produtos de
origem italiana e 18,5% que as leis brasileiras são suficientes para garantir a
segurança dos consumidores que optam por comprar produtos de origem
italiana.
Analisando-se o grau de concordância dos respondentes nos itens que
expressam os diversos tipos de confiança nos produtos de origem italiana,
identifica-se que, no que se refere à confiança calculada, apenas uma pequena
parcela, 5,4%, concordam muito ou totalmente com a afirmação de que os
preços cobrados pelos produtos de origem italiana são mais baixos que os da
maioria dos outros produtos. Além disso, apenas 11,8% concordam muito ou
totalmente no que tange às condições comerciais oferecidas na compra de
produtos de origem italiana serem mais vantajosas que a da maioria dos outros
produtos. No entanto, essa soma corresponde a 26,9% no que se refere à
relação custos versus benefícios dos produtos de origem italiana. Dessa forma,
percebe-se que, no que tange à confiança calculada, os respondentes
identificaram os produtos de origem italiana como produtos de custos altos,
mas vantajosos em termos de benefícios.
No que tange à disposição em confiar, identifica-se que os respondentes
têm uma percepção positiva das empresas italianas, pois 38,0% concordam
muito ou totalmente com a afirmativa de que a maior parte das empresas
italianas é competente naquilo que faz e 37,0% com a ideia de que a maior
parte das empresas de origem italiana costuma cumprir o que promete. Porém,
somente 17,8% concordam muito ou totalmente com a ideia de que a maioria
das empresas italianas se preocupa com o bem-estar dos outros, ao invés de
olhar apenas os próprios interesses. Tal aspecto pode refletir uma pequena
divulgação da atuação das empresas italianas no que refere às suas ações de
natureza ética ou social.
Quanto à confiança baseada em características, os respondentes
parecem identificar positivamente as empresas italianas. Embora apenas 16,2
% dos respondentes concordem muito ou totalmente que as empresas italianas
protegem os consumidores de eventuais problemas que possam ocorrer com a
utilização de seus produtos, esse número aumenta para 21,8% quanto às
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 125
medidas de segurança das empresas italianas tornarem seus produtos seguros
para o consumo; e totaliza 51,2% quanto à afirmação de que, de uma forma
geral, as empresas italianas oferecem produtos confiáveis.
Os resultados associados à confiança baseada em identificação
mostram uma relação de afeto dos respondentes para com os produtos de
origem italiana. Dentre os respondentes, 53,7% concorda muito ou totalmente
que se sentem bem utilizando produtos de origem italiana. Quanto à afirmação
de que têm uma ligação afetiva com produtos de origem italiana, 32,1%
concordam muito ou totalmente e esse número sobe para 41,9% quanto a ter
uma grande estima por produtos de origem italiana.
Os níveis mais elevados de confiança estão associados à confiança
baseada em conhecimento. Dentre os respondentes, 59,6% concorda muito ou
totalmente com a afirmação de que a maioria das experiências anteriores com
produtos de origem italiana foi positiva. No que se refere à afirmação de que
nas outras vezes em que utilizou produtos de origem italiana, não houve
problemas, esse valor sobe para 59,9% e corresponde a 58,5% quanto a boas
experiências na maioria das vezes em que utilizou produtos de origem italiana.
Esses resultados podem refletir um elevado nível de satisfação para com os
produtos de origem italiana.
CONCLUSÕES
A análise dos resultados da pesquisa permitiu identificar que os
respondentes, consumidores predominantemente pertencentes à faixa etária
entre 18 e 25 anos, possuem uma relação de confiança com os produtos de
origem italiana. Essa confiança parece ser baseada principalmente em
conhecimento, ou seja, fruto de experiências anteriores positivas com os
produtos de origem italiana. No entanto, pode-se identificar que a confiança
baseada em identificação também se destaca, o que revela uma relação de
afeto e estima para com os produtos de origem italiana. Outros aspectos
positivos referem-se à confiança baseada em características, que apontam
para uma identificação de aspectos confiáveis nos produtos de origem italiana
e à confiança disposicional relativa às empresas italianas. Já a confiança
institucional parece não estar fortemente associada aos produtos de origem
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 126
italiana, ou seja, a confiança nos produtos de origem italiana não está baseada
na crença da proteção por parte da Justiça brasileira.
No que se refere à confiança calculativa, identifica-se que os
respondentes não associam os produtos de origem italiana a vantagens em
termos de preços mais baixos, mas sim à vantagens em termos de benefícios.
De um modo geral, os respondentes confiam nos produtos de origem
italiana, principalmente pela experiência positiva para com esses produtos, pela
identificação que se traduz em afeto aos produtos e pela percepção de
características que tornam os produtos confiáveis.
Os resultados são favoráveis ao incremento da parceria comercial entre
Brasil e Itália bem como ao crescimento dos investimentos provenientes da
Itália, uma vez que se trata de resultados relativos ao público jovem, que se
configura como o mercado consumidor do futuro próximo.
Este estudo apresenta limitações referentes à amostra utilizada, de
natureza não probabilística e formada somente pelo perfil de consumidores
jovens da Grande São Paulo, estudantes de ensino superior.
Propõem-se novos estudos, junto a outras amostras de consumidores,
com o objetivo de se traçar esses perfis de confiança em outros públicos. Da
mesma forma, cabe investigar a confiança dos italianos nos produtos de origem
brasileira, com o objetivo de se incrementar a parceria comercial Brasil - Itália.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 127
CAPÍTULO 6
DA ITÁLIA AO BRASIL: BIOGRAFIA E SOCIEDADE
NA TRAJETÓRIA DO EMPREENDEDOR FRANCISCO
MATARAZZO
Rodrigo Augusto Prando
INTRODUÇÃO
Busca-se, neste escrito, tratar da trajetória de vida de Francisco1
Matarazzo, bem como da tentativa de relacionar sua biografia com a sociedade
brasileira. Sabidamente, Matarazzo foi uma das maiores fortunas do Brasil –
quiçá do mundo – em sua época. Nos recentes estudos acerca da figura do
empreendedor, são inúmeras as características que a definem como uma
personalidade distinta das demais, como alguém visionário, sonhador,
planejador, que assume riscos e ultrapassa as dificuldades; enfim, nos dizeres
de Schumpeter (1982): um indivíduo sociologicamente distinto.
Francisco Matarazzo é, indubitavelmente, um empreendedor, indivíduo
sociologicamente distinto. Sua saída da Itália e sua chegada ao Brasil devem
ser compreendidas à luz da história, da imigração dos que vieram para “fazer a
América”. Milhares de italianos deslocaram-se para o Brasil, mas a grande
maioria inseriu-se na produção de café, assalariamento na indústria nascente
ou em pequenos negócios. Já Francisco Matarazzo constitui uma fortuna e
império econômico jamais visto nestas plagas. Sua ação empreendedora foi de
um sucesso que acabou por povoar a mentalidade nacional, estabelecendo,
muitas vezes, dificuldades em separar a realidade do mito, a história da estória.
Numa sociedade alicerçada sobre a produção de monocultura voltada à
exportação, trabalho escravo e grande propriedade privada, e num país que, de
seus mais que 500 anos, teve, praticamente, 400 anos de uma estrutura social
que imputava ao trabalho uma condição inferior, trabalhar era para o escravo.
Será com tal sociedade, com essa mentalidade e ideologia que Francisco
Matarazzo se encontrará e fará sua fortuna.
Caberia, assim, a pergunta: por que a biografia de Francisco Matarazzo?
A história, bem como os processos sociais, pode, com frequência, ser
ininteligíveis, demasiados abstratos. Ao lançar luzes sobre uma biografia, sobre
uma trajetória de vida, como, no caso, de Francisco Matarazzo, poder-se-á
melhor compreender os processos históricos, as ações e mentalidades de um
empreendedor. No atinente à importância da biografia para a compreensão dos
processos sociais, assim se posiciona José de Souza Martins, relembrando
pesquisas de Florestan Fernandes:
1
Chamarei de Francisco, pois é forma como o nome foi aportuguesado, quando o texto for de
minha autoria e Francesco quando for citação ipsis litteris de outros autores.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 128
Apesar das preocupações com as determinações que fazem com que a
história de cada um não seja mero produto do acaso, a concepção que o
professor Florestan tem das histórias pessoais não é uma concepção
determinista. Por isso mesmo, ao dirigir sua curiosidade científica (e afetiva)
para a biografia de determinadas pessoas, o que ele busca é descobrir, sem
dúvida, de um lado, as alternativas biográficas que a sociedade abre para os
seus membros (e também as alternativas que fecha) (MARTINS, 1996, p. 1516).
Tratando dos estudos de Florestan Fernandes sobre Tiago Marques
Aipobureu, Martins reflete a propósito do processo de análise do cientista
social, mormente, do sociólogo, que, ao examinar a biografia de um indivíduo,
busca
[...] encarar a biografia como uma espécie de sucedâneo da
experimentação científica. Uma vez que os cientistas sociais, a rigor, não
podem fazer experimentos, ao menos por razões éticas, o recurso do confronto
entre personalidade e sociedade, entre biografia e História, oferece uma
alternativa quase experimental para a verificação de como surgem e se
desenrolam os processos sociais. Esses casos têm maior e mais rica
densidade de evidências e de informações sobretudo para os estudos
sociológicos sobre mudança social (MARTINS, 1996, p. 16).
A minha intenção, portanto, é de trabalhar com a biografia de Francisco
Matarazzo e cotejar essa trajetória de vida com a sociedade brasileira com a
qual ele se defrontou ao chegar da Itália, bem como trazer à tona alguns
estudiosos do empreendedorismo e das características do empreendedor. No
que tange à biografia de Francisco Matarazzo, a referência principal será a
obra Matarazzo – vol. 1 e vol. 2 – A travessia e colosso brasileiro,
respectivamente. Além do estudo pioneiro de José de Souza Martins: Conde
Matarazzo – o empresário e a empresa.
O texto, assim, estrutura-se – além desta introdução – em: 1) Sociedade
– na qual trago à baila alguns autores, principalmente, os intelectuais da
Geração de 1930, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto
Freyre; 2) Empreendedorismo e Empreendedores – um breve e parcial
levantamento de teóricos que estudam a temática empreendedorismo e
empreendedores; 3) Francisco Matarazzo – reconstrução, ainda que
panorâmica, da trajetória de vida do empreendedor; e, à guisa de
considerações finais, 4) Biografia e Sociedade.
1. SOCIEDADE
Descrever o processo histórico de desenvolvimento da sociedade
brasileira implica, por parte do pesquisador, a articulação dos fenômenos
econômicos aos fenômenos sociais, políticos e culturais. No limite, a ocupação
e a expansão econômica no país são assentadas numa estrutura social dada;
portanto, a dinâmica desta sociedade deve ser compreendida à luz de um
método que valorize as relações entre o local e o global e, mais
especificamente, que apresente a formação do modo de produção capitalista
no Brasil. As relações entre capital e trabalho são, sem dúvida, elementos
importantes na visualização dos espaços geográficos. A contraposição campo
versus cidade, as configurações entre as classes sociais e a predominância do
capital acarretará não só a formação das cidades brasileiras, bem como de
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suas regiões metropolitanas (como será o caso da cidade de São Paulo – locus
da ação empreendedora de Matarazzo).
Não caberia desprezar o fato de que a formação social brasileira
alicerçou-se no seguinte tripé: 1) monocultura voltada para a exportação, 2)
trabalho escravo e 3) grande propriedade de terra. Assim, durante cerca de 500
anos de nossa história, o país viveu em torno de quatro séculos sob essa
estrutura social. A mudança estrutural de uma economia agrária exportadora,
baseada no campo e escravocrata, para uma sociedade urbano-industrial e de
trabalho livre e assalariado data da década de 30 do século passado. Dessa
forma, viver em cidades e, mais ainda, em metrópoles no Brasil, é
relativamente recente, se comparado à história europeia, por exemplo.
Do descobrimento, em 1500, passando pela chegada da família real
(1808), Independência (1822), libertação dos escravos (1888), a Proclamação
da República (1889) até ao cabo da Primeira República (1930), o país será
atravessado por inúmeras transformações sociais, política e econômicas.
Contudo, a década de 30 será um marco, seja do ponto de vista histórico ou do
ponto de vista intelectual. No campo da intelectualidade, foram Gilberto Freyre,
Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque de Holanda, os principais pensadores a se
debruçarem sobre as transformações da sociedade brasileira. São, portanto,
autores clássicos que nos oferecem, ainda hoje, instrumental analítico que nos
permite desnudar a realidade do processo histórico então em voga.
Uma base produtiva assentada na grande propriedade fundiária, no
trabalho escravo e nas fases econômicas monocultoras, gerou uma sociedade
em que as classes e grupos sociais eram extremamente desiguais. O Estado,
no Brasil, foi, praticamente, uma transferência dos aparatos burocráticos
portugueses, com sua ética patrimonialista (FAORO, 2008). A economia, em
suas diversas esferas, foi, quase sempre, negócios de poucos (os grandes
proprietários), pois os escravos e, posteriormente, os trabalhadores livres e
assalariados pouco participaram como empreendedores. Em suma, depreendese dos autores trabalhados (Prado Júnior, 2000; Fausto, 2003), que a
sociedade brasileira até o estabelecimento do trabalho livre e assalariado (com
a Abolição) foi incapaz de oferecer um ambiente propício ao desenvolvimento
das características dos agentes empreendedores. As relações entre o Estado e
a sociedade, bem como entre o Estado e a esfera econômica, traz,
preponderantemente, a ação do Estado como catalisador do progresso
econômico. As conquistas burguesas – liberdade, igualdade e fraternidade –
são, aqui, diferentes dos modelos clássicos de revoluções burguesas
(FERNANDES, 2006).
Na acepção de Prado Júnior:
Se vamos à essência da nossa formação, veremos que na realidade nos
constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde
ouro e diamantes; depois, algodão, e em seguida café, para o comércio
europeu. Nada mais que isto. E com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para
fora do país e sem atenção a considerações que não fossem o interesse
daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia brasileiras.
Tudo se disporá naquele sentido: a estrutura, bem como as atividades do país
(PRADO JÚNIOR, 2000, p. 20).
Nesse evoluir, o sentido da colonização brasileira prestou-se ao papel de
fornecedor de matéria-prima para a Europa. Sem exagero, os produtos
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tropicais contribuíram significativamente para a Revolução Burguesa europeia.
O centro decisório não está na colônia e sim na metrópole. O aparato
burocrático português é, aqui, introduzido de forma alienígena, moldando os
padrões de relacionamentos entre os grupos e classes sociais. Sem,
entretanto, perder de vista que a economia, assim como a sociedade, tenha
sido orientada para os interesses do comércio metropolitano.
Se em Prado Júnior os aspectos econômicos, portanto, o caráter
comercial de nossa formação econômica inicial é ressaltado, será Gilberto
Freyre que nos chamará a atenção para os aspectos da vida social com maior
ênfase. O complexo casa grande & senzala, tão bem estudado por Freyre,
apresentará o lócus da sociabilidade na constituição de uma sociedade agrária,
escravocrata e híbrida (FREYRE, 2001).
Há, em Casa grade & senzala, a valorização da colonização portuguesa,
vitoriosa na construção de uma civilização nos trópicos. A miscibilidade,
plasticidade, aclimatabilidade do português o predispôs à conquista de uma
colônia com as dimensões do Brasil. A ausência de orgulho de raça permitiu
que a miscigenação entre o branco português se processasse com índios e
negros, sem maiores problemas. Entretanto, o modelo de dominação
estabelecido garantia o poder masculino: a família patriarcal. O domínio
masculino, não raro gerontocrático, permitiu ao homem, ao senhor, dono do
engenho, poder ilimitado. A legitimidade de seu poder deriva de seu patrimônio
(por isso, poder patrimonialista) e de sua condição de patriarca (o homem mais
velho da família). A força do senhor, proprietário de terras, não conhece limites.
Todos são submetidos a seu mando, numa sociedade em que o Estado
inexiste ou é pouco presente. A força da casa grande espraia-se por toda a
sociedade, sociedade que, em fins de conta, terá feições autoritárias e
violentas. Nos dizeres de Joaquim Nabuco, a escravidão será uma nódoa que
nos marcará para sempre de forma indelével (NABUCO, 2000).
No que toca, ainda, à formação social, Buarque de Holanda apresentará
os tipos humanos que colonizaram a América: os aventureiros e os
trabalhadores. No entender do autor, a colonização brasileira teve a
predominância do tipo humano aventureiro. Neste caso, aproxima-se de
Freyre, ao destacar a plasticidade do povo português e a ausência de um
orgulho de raça. Há, no entanto, que destacar que as características do
aventureiro: ignora fronteiras, vive dos espaços ilimitados, dos projetos vastos,
dos horizontes distantes. O aventureiro, consequentemente, enaltece o ganho
fácil, sem esforço, sua visão é curto prazo. Obviamente, coaduna-se a essas
éticas comportamentais uma visão de cidade, a forma que o português irá
edificar suas cidades.
Segundo Buarque de Holanda:
Toda a estrutura de nossa sociedade colonial teve sua base fora dos
meios urbanos. É preciso considerar esse fato para se compreender
exatamente as condições que, por via direta e indireta, nos governam até muito
depois de proclamada nossa independência política e cujos reflexos não se
apagaram ainda hoje. [...] não foi a rigor uma civilização agrícola o que os
portugueses instauraram no Brasil, foi, sem dúvida, uma civilização de raízes
rurais. É efetivamente nas propriedades rústicas que toda a vida da colônia se
concentra durante os séculos iniciais da ocupação européia: as cidades são
virtualmente, se não de fato, simples dependência delas. Com pouco exagero
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pode dizer-se que tal situação não se modificou essencialmente até à Abolição.
1888 representa o marco divisório entre duas épocas; em nossa evolução
nacional, essa data assume significado singular e incomparável (BUARQUE
DE HOLANDA, 2006, p. 69).
A primazia da vida rural, da fazenda, no domínio português, se
distinguirá do domínio espanhol. Este é um “ladrilhador”, planeja suas cidades,
usa a lógica, a razão e os traçados retos para o plano urbano; aquele, ao
contrário, é um semeador, amoldando-se à natureza, sem preocupação ou
esforço racional de ocupar o espaço. Para Buarque de Holanda:
Essa primazia acentuada da vida rural concorda bem com o espírito da
dominação portuguesa, que renunciou a trazer normas imperativas e absolutas,
que cedeu todas as vezes em que as conveniências imediatas aconselharam a
ceder, que cuidou menos em construir, planejar ou plantar alicerces, do que em
feitorizar uma riqueza fácil e quase ao alcance da mão (BUARQUE DE
HOLANDA, 2006, p. 97).
E ainda:
A cidade que os portugueses construíram na América não é produto
mental, não chega a contradizer o quadro da natureza, e sua silhueta se enlaça
na linha da paisagem. Nenhum rigor, nenhum método, nenhuma previdência,
sempre esse significativo abandono que exprime a palavra “desleixo”
(BUARQUE DE HOLANDA, 1975, p. 115).
O processo colonizador português privilegiou a fazenda em detrimento
da cidade, e esta, quando construída, não o era de forma racional, planejada.
O ganho fácil, a visão de curto prazo, imprimiu um caráter litorâneo de
ocupação e dominação sobre a colônia. Apenas no terceiro século de
ocupação colonial, os portugueses adentram ao território, afastando-se da faixa
litorânea, na busca de ouro das Minas Gerais.
As relações entre o Estado e a sociedade, bem como entre o Estado e a
esfera econômica, trazem, preponderantemente, a ação do Estado como
catalisador do progresso econômico. As conquistas burguesas – liberdade,
igualdade e fraternidade – são, aqui, diferentes dos modelos clássicos de
revoluções burguesas (FERNANDES, 2006).
O burguês, nosso efetivo empreendedor, só aparecerá tardiamente no
Brasil e, ainda por cima, ligado aos proprietários rurais (os cafeicultores).
Destarte, essa classe social será moderna e empreendedora na visão
econômica e conservadora e retrógrada nos aspectos políticos e sociais
(FERNANDES, 2006).
Depreende-se, pois, dos autores indicados que a sociedade brasileira,
sua ocupação econômica e sua dimensão espacial, estão intrinsecamente
ligadas à estrutura social aqui estabelecida: grande propriedade agrária,
monocultura de exportação e trabalho escravo. Após a Abolição, a velocidade
das transformações sociais acelerou-se, e, por isso mesmo, a década de 1930
será um ponto de inflexão importante em nossa história. Haverá o declínio do
Nordeste, do complexo casa grande & senzala, do poder político patriarcal e da
escravidão, emergindo, no Sudeste, mormente na cidade de São Paulo, um
novo ethos, mais moderno, urbano e industrial. Se, até 1930, a população
brasileira fora preponderantemente rural, a partir dessa década e com duas ou
três décadas a mais, a população concentrar-se-á nas cidades e com
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centralidade para a economia paulista, que, após a economia cafeeira, reuniu
as condições econômicas, sociais, políticas e culturais para engendrar o
processo de industrialização, de formação do modo de produção capitalista.
2. EMPREENDEDORISMO E EMPREENDEDOR
No campo etimológico, Ferreira (1999) define empreendedorismo como
a palavra empreender, acrescida do sufixo “ismo”. O vocábulo empreender é
definida como “1. Deliberar-se a praticar, propor-se, tentar (empresa laborial e
difícil) 2. Pôr em execução (...)” (FERREIRA, 1999, p. 514). Assim: “O termo
empreendedorismo (entrepreneurship, em inglês) tem conotação prática, mas
também implica atitudes e idéias. Significa fazer coisas novas, ou desenvolver
maneiras novas e diferentes de fazer as coisas” (DOLABELA, 1999a, p. 16).
Segundo Dolabela (1999b), é interessante observar que cada ciência
analisa o empreendedorismo com um foco diferente, o que explica tamanha
diversidade de definições existentes. Nada obstante, há duas correntes
principais desenvolvidas sobre o tema: a dos economistas, que relacionavam o
empreendedor à inovação e a dos comportamentalistas, que ressaltavam as
características do empreendedor, como criatividade e intuição. O
empreendedor, ainda de conformidade com Dolabela (1999b), é aquele que
cria ou adquire uma empresa, mas que, principalmente, introduz inovações ao
negócio, assumindo os riscos oriundos a ele. Na verdade, essa seria a
condição sine qua non para diferenciar o verdadeiro empreendedor dos simples
proprietários de um negócio.
O teórico Drucker (2003) – reconhecido no campo da Administração assevera que o empreendedor é aquele que começa seu próprio, novo e
pequeno negócio, recriando a forma de fazer, agregando valor ao negócio,
criando um novo conceito ao produto ou serviço oferecido, assim: “Eles criam
algo novo, algo diferente, eles mudam ou transformam valores” (DRUCKER,
2003. p. 29).
Dolabela (1999a) define empreendedorismo como “um fenômeno
cultural, ou seja, é fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas”
(DOLABELA, 1999a, p.33). Complementa, indicando que a palavra
enterpreneurship é um termo “utilizado para designar os estudos relativos ao
empreendedor, seu perfil, suas origens, seu sistema de atividade, seu universo
de atuação” (DOLABELA, 1999b, p.43).
A crer em Dornelas (2001), o empreendedorismo requer a criação de
algo novo e de valor; a devoção e o comprometimento de tempo e esforço
necessários; e a ousadia para assumir riscos calculados e tomar decisões
críticas, sem desanimar com as falhas e os erros. Mais do que isso, o autor
indica que o fenômeno do empreendedorismo é complexo e sua compreensão
deve levar em conta: 1) Fatores Pessoais (assumir riscos, realização pessoal,
valores pessoais, liderança, etc.); 2) Fatores Sociológicos (networking, equipes,
influência dos pais, família, modelos de pessoas de sucesso, etc.); 3) Fatores
Organizacionais e 4) Ambiente. Nesse caso, o fenômeno só poderia ser
compreendido em sua totalidade levando-se em conta não apenas as
características individuais do empreendedor, mas, também, os fatores
sociológicos e históricos, isto é, a sociedade que facilita ou impede o
desenvolvimento das aptidões individuais. Para Dornelas (2001, p. 37): “O
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empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para
capitalizar sobre ela, assumindo os riscos necessários”. Com efeito, não
adiantaria ser empreendedor se não houvesse oportunidade e, neste caso, as
oportunidades são, histórica e socialmente, construídas.
No juízo de Dolabela (1999b), o significado da palavra é entendido de
acordo com o contexto histórico no qual se está inserido. No século XVII,
empreender significava a firme decisão de fazer alguma coisa. Já nos dias de
hoje, significa “a atividade de toda pessoa que está na base de uma empresa,
desde o franqueado, um dono de oficina mecânica, até aquele que criou e
desenvolveu uma multinacional” (DOLABELA, 1999b, p. 67).
Historicamente, portanto, ato de empreender é tão antigo quanto à
civilização (BOM ÂNGELO, 2003). Dessa forma, é razoável constatar que
fenômenos sociais, políticos e de poder são intrínsecos ao trabalho e ao
empreendedorismo desde as referências mais antigas da humanidade,
definindo os movimentos culturais e as mudanças de paradigmas que vêm
ocorrendo no mundo.
Ademais: “O empreendedor sempre está buscando a mudança, reage a
ela, e a explora como sendo uma oportunidade” (DRUCKER, 2003, p. 36), ou
seja, o empreendedor não provoca a mudança, mas a vê como algo sadio. Ele,
analisando o contexto, identifica a mudança e enxerga uma perspectiva por
meio de dela (projeção do futuro).
Na concepção de Dolabela (1999b, p.45), “O empreendedorismo deve
conduzir ao desenvolvimento econômico, gerando e distribuindo riquezas e
benefícios para a sociedade”. Se a ação empreendedora deve conduzir ao
desenvolvimento econômico tem-se, logicamente, que esta ação seja exitosa,
isto é, que o empreendedor obtenha sucesso em seu negócio. Ainda para
Dolabela (1999a), o empreendedor é um produto do meio em que vive, assim,
o lugar, o tempo, a época e a rede de relações de um indivíduo pode exercer
influência sobre suas decisões, motivações e valores.
Filion (1991) compreende que o fator que melhor explica a visão do
empreendedor é seu sistema de relações, uma vez que é a partir dessas
relações que se formam os valores do indivíduo, os quais constituem a base
para as suas experiências, visão de mundo e para a concepção de
responsabilidade e de dedicação, entre outras coisas. Desse ângulo, há três
níveis de relações: 1) Relações Primárias: familiares – ligações em torno de
mais de uma atividade; 2) Relações Secundárias: conhecidos – ligações em
torno de uma atividade bem determinada e, por fim, 3) Relações Terciárias:
Cursos, livros, viagens e exposições industriais (FILION, 1991, p. 68).
As relações primárias, segundo o autor, envolvem pessoas próximas ao
empreendedor, como membros da família com quem ele mantém vinculo ou
amigos íntimos. Por sinal, são essas relações as que mais influenciam seus
valores, atitudes e a visão de mundo do indivíduo. As relações secundárias e
terciárias são aquelas construídas ao longo da vida. As secundárias, de acordo
com o autor, podem vir a se desenvolver e se transformarem em primárias; já
as relações terciárias são escolhidas para satisfazerem necessidades
específicas.
Ainda para Filion (1991), a rede de relacionamentos é imprescindível
para tornar sua visão realidade; e, quanto mais ambiciosa for a visão, mais
qualificadas deverão ser as pessoas da sua rede de relacionamentos, ou seja,
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é a partir da definição da visão que a rede de relacionamentos deve ser
formada. Nessa ordem de considerações, são, principalmente, as relações que
contribuem para a formação dos valores, dos comportamentos e da percepção
do mundo e de si mesmos do indivíduo, entre outras coisas, que darão a base
para que ele desenvolva uma visão de futuro e que adquira as experiências
necessárias para formar o conhecimento necessário ao negócio.
Filion aduz que o empreendedor “terá que aprender a ser diferente, se
desejar ocupar e manter ocupado o nicho que tiver escolhido no mercado.
Terá, ainda, que adquirir conhecimento relacionado com o que ele deseja
realizar” (FILION, 1991, p. 64).
Alguns autores apresentam uma perspectiva distinta de análise dos
fatores encontrados nos empreendedores de sucesso: as habilidades.
Rabaglio (2006) conceitua as habilidades, ou o saber fazer, como a
experiência adquirida através dos conhecimentos técnicos colocados em
prática. Gramigna (2002) diz que as habilidades são utilizadas para obter
resultados positivos, agindo com talento capacidade e técnica. Ou, ainda:
Longe, portanto, de ser sempre o resultado de uma vocação natural dos
seus fundadores, a ideia da criação das empresas parece originar-se de um
longo processo de amadurecimento profissional e pessoal, pautados, de
preferência, na racionalidade e planejamento, do que no ímpeto da realização
das aspirações juvenis ou da visão inovadora de algum produto/serviço
(VERSIANI e GUIMARÃES, 2004, p. 9).
Tomando por base pesquisa realizada por Nassif et al (2004), o
empreendedor se apóia no ‘saber ser’ e no ‘saber fazer’ para ‘saber agir’,
estando sempre atento ao ambiente que o cerca e aos seus próprios valores. O
‘ser’ deve saber e saber fazer e agir, pois sem isso não se empreende e não se
torna um empreendedor.
Dornelas (2001) divide as habilidades em três áreas: técnicas, gerenciais
e características pessoais. A habilidade técnica diz respeito ao saber ouvir,
saber falar, captar informações, ser bom orador, organizado, saber trabalhar
em equipe e liderar e desenvolver now-how técnico na área de trabalho. A
habilidade gerencial envolve todos os fatores referentes à criação,
desenvolvimento e gerenciamento de uma nova empresa, em todas as áreas
envolvidas no negócio. Já as características pessoais envolvem ser
disciplinado, assumir riscos, ser inovador, ser orientado a mudança, ser
persistente e ser um líder visionário.
Essas pessoas que estão por trás do movimento empreendedor “são
pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular, apaixonadas pelo
que fazem, não se contentam em ser mais um na multidão, querem ser
reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado”
(DORNELAS, 2001. p. 19).
Para Rabaglio (2001) e Dolabela (1999a), há alguns comportamentos
que se destacam mais, quando analisada a competência Empreendedorismo: a
iniciativa faz do empreendedor um trabalhador incansável, sempre
questionando assuntos pertinentes ao seu negócio, tem facilidade para
solucionar conflitos, possui flexibilidade e dinamismo, procura sempre aprender
com experiência de terceiros ou com suas próprias experiências, utilizando-se
de sua boa observação e percepção, desenvolvendo a auto-aprendizagem.
Possui um método de organização, tendo sempre total integridade e
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perseverança naquilo que faz, não sendo apenas mais um aventureiro. A
habilidade de relacionamento interpessoal, de negociação, e a boa
comunicação e poder de persuasão fazem com que estabeleça parcerias
positivas com o foco nos resultados. A empatia, bom humor, entusiasmo,
otimismo, energia fazem com que o empreendedor consiga traduzir seus
pensamentos em ações. Pode ser considerado criativo e inovador, provocando
mudanças no sistema em que atua, possui autonomia, autoconfiança,
necessidade de realização, sabe trabalhar sozinho, acredita e sente paixão
pelo o que faz. Da perspectiva dos autores, os empreendedores conhecem o
ambiente e o ramo em que atuam, conseguindo, então, identificar
oportunidades e prevenir-se contra possíveis ameaças, além de ter visão do
futuro e, dessa maneira, manter o foco no resultado e nos objetivos definidos
com sua boa capacidade de síntese e atenção concentrada. Sabem manipular
recursos, tendo agilidade para assumir riscos calculados e manter um
planejamento estratégico. Os teóricos, de mais a mais, citam suas habilidades
para ouvir, seu espírito de equipe, lealdade, e comportamento ético.
Na concepção de Timmons (2004), todo empreendedor segue certos
princípios como sensibilidade, flexibilidade e adaptação a situações de novas
oportunidades com vistas a alcançar o sucesso, além de ter visão do negócio,
vontade de aprender e sempre investir em novas técnicas a fim de se tornar
paciente e desenvolver atitudes profissionais. É importante, nessa mesma
linha, gostar e ter interesse pelo negócio, a ponto de fazer deste um estilo de
vida.
O autor complementa dizendo que o sucesso do empreendedor não é
apenas uma questão de personalidade, mas sim das ações realizadas para
alcançar os objetivos almejados. Não basta ter inteligência e energia para se
tornar empreendedor, pois todo indivíduo pode desenvolver, praticar e refinar
certas atitudes, comportamentos e conhecimentos. O que fará do indivíduo um
empreendedor de sucesso é a motivação para crescer, a capacidade de
mudança e aprendizagem com as experiências, além da motivação e o
compromisso com o próprio negócio.
Com base em seus estudos, Timmons (1994) distribuiu em seis grandes
grupos as características que considera ser as mais relevantes dentre os
empreendedores de sucesso. A saber: 1) comprometimento e determinação, 2)
liderança, 3) busca por oportunidade, 4) tolerância de risco, ambiguidades e
incerteza, 5) criatividade, autoconfiança e habilidade de adaptação e 6)
motivação para crescer.
O especialista ainda ressalta, bem como Dolabela (1999b), entre outros,
que não existe um único conjunto de características que todo indivíduo deve ter
para alcançar o sucesso, uma vez que o resultado depende de quanto
promissor e compensador a oportunidade é para o indivíduo e de quanto
motivado ele está com o negócio.
Até hoje, não foi possível estabelecer cientificamente um perfil
psicológico do empreendedor, devido às inúmeras variáveis que concorrem na
sua formação. Diante disso, o perfil do empreendedor certamente será
diferente em função do tempo que está no mercado (empreendedores que
começaram há dois anos têm perfil diferente dos que atuam há vinte anos).
Também influem a experiência de trabalho, a região de origem, o nível de
educação, a religião, a cultura familiar (DOLABELA, 1999b, p.49).
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Busquei, acima, trabalhar alguns autores que se dedicaram ao estudo do
empreendedorismo, das características do empreendedor, de sua conduta,
enfim. Na próxima seção – a reconstrução panorâmica da trajetória de
Francisco Matarazzo – poder-se-á, indubitavelmente, relacionar as idéias e
conceitos oriundos deste tópico à história de vida de Matarazzo.
3.
FRANCISCO MATARAZZO
Conforme evidenciado alhures (Martins, 1973; Couto, 2004a; Marcovitch,
2006), a história de vida de Francesco Matarazzo ganhou uma dimensão
mítica, lendária, para além da própria realidade dos fatos. Sua origem,
ascensão e consolidação de seu império econômico foram tão singulares que,
ainda hoje, povoam a memória social.
Nascido em nove de março de 1854, na cidade de Castellabate –
província de Salerno – na região de Nápoles, Francisco Matarazzo foi o nono
filho (e o mais velho) do casal Costábile Matarazzo e Mariangêla Jovane.
Costábile Matarazzo era advogado e possuia, então, algumas propriedades.
A infância de Francisco Matarazzo não é bem conhecida; contudo, sabese que teria tido parte de seus estudos em Salerno, residindo na casa de um
tio. Lá aprendeu latim, matemática e catecismo no liceu local. Provavelmente,
tenha terminado o curso preparatório, mas não chegou a entrar na Escola de
Guerra. Sobre sua vida e negócios, Couto assevera que:
Nos negócios, como o pai, Francesco atua principalmente como
administrador, proprietário de terras e comerciante. Mas conhece a lavoura e a
criação de animais. Familiariza-se, por exemplo, com a preparação e a
comercialização de azeite de oliva, vinho e passa, trigo e farinha, queijos,
tomates e figos secos. Trabalha com suinocultura, inclusive produção e
comércio de banha (COUTO, 2004a, p. 98 – destaques nossos).
Em 1870, um fato deixará sua família em condições precárias: a morte
de seu pai, Costábile Matarazzo. Não só a morte, mas, semelhantemente, uma
crise que se instala na Europa, agravando-se em 1880. Embora Francisco
tenha tino para o comércio, seja rápido e inteligente na resolução dos
problemas que surgem, a crise é mais forte e acaba por atrapalhar,
desorganizar e mesmo comprometer os negócios dos Matarazzos.
Em 1881, Francisco Matarazzo, já casado e com dois filhos, decide sair
da Itália e vir para o Brasil. Sua decisão, segundo Couto (2004a), deu-se por
influência de um castellabatense que vivia no Brasil, na cidade de Sorocaba:
Grandino, que tinha se tornado um rico sapateiro e comerciante2,
possivelmente vereador. Num encontro em 1872 de Francisco Matarazzo com
Francisco Grandino, esse último questiona: E perchè non venite in Brasil?3 .
A crise que se abatera pela Europa, crise agrícola, dificuldades enormes
e emigração eram, para Francisco Matarazzo, a opção mais viável. Tendo, ao
chegar ao Brasil, um apoio, era, então, necessário preparar a viagem. Assim:
A certeza do apoio de Grandino é um trunfo importante. Não seria o
primeiro castellabatense em Sorocaba, mas um a mais da colônia italiana em
2
Em trabalho pioneiro, José de Souza Martins em Conde Matarazzo: o empresário e a empresa,
de 1973 (2ª Ed.), explica que, analisando o rol de vereadores da Câmara de Sorocaba, não identificou, à
época, nenhum nome italiano associado à profissão de sapateiro. No entanto, Ronaldo Costa Couto em
Matarazzo – a travessia, de 2004, identifica a personagem e a nomeia: Grandino.
3
Tradução: E por que não vêm para o Brasil?
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formação [...] Francesco sempre combinará audácia com prudência e
pragmatismo. Risco, sim; inconsequência nunca. A mudança foi pensada,
planejada, avaliada, medida (COUTOa, 2004, p. 101-102)
Não veio, contudo, ao Brasil desprovido de recursos; seus cálculos
envolveram dinheiro em espécie e “até o envio, em navio de carga, de banha
de porco, cara e facilmente comercializável no Brasil” (COUTOa, 2004, p. 102).
Chegou ao Rio de Janeiro, provavelmente, em dezembro de 1881, e, em
seguida, foi para Santos. A emigração nunca é, somente, o deslocamento
geográfico, ela traz, de maneira similar, um descolamento cultural, social.
Francisco Matarazzo não poderia ter sido denominado como um emigrante
comum, pois havia sua família na Itália (com linhagens nobres) e porque
aportou no país com certa quantidade de recursos, de capital. Tinha, ainda:
“escolaridade muito superior à média, cabeça empresarial, projeto profissional,
relacionamento prévio capaz de facilitar a inserção sócio-econômica em
Sorocaba (COUTOa, 2004, p. 114). Vê-se, claramente, que a crise econômica
e a morte do pai levaram-no à emigração, mas não, antes, de planejar e
colocar em prática seus conhecimentos em agricultura, comércio e
administração. Sua conduta, nesse caso, não foi de um mero sonhador. Sua
família – mãe viúva e mais oito irmãos – dependiam de seu sucesso no Brasil.
Muitos dos emigrantes vieram para “fazer a América”, no entanto, poucos,
raros mesmo, foram os que chegaram à condição de Francisco Matarazzo. Seu
objetivo era enriquecer, mas à custa de muito trabalho. Para pensarmos junto
com Sérgio Buarque de Holanda (2006), sua ação não era de um mero
aventureiro e sim pautada na ética do trabalho.
Ainda na chegada ao Brasil, Matarazzo sofre sua primeira dificuldade: a
banha de porco que seguia num navio naufraga na costa brasileira, na baía de
Guanabara. Assim, um dos seus principais trunfos – a banha de porco – vai,
literalmente, por água abaixo. Couto explica que Matarazzo, nesse momento:
Acusa o golpe, mas não desanima. Realista, sabe que a situação não é
irremediável. Assim, mantém a vontade e o projeto. Velho ditado alemão, muito
conhecido na Itália: “Perdita della volontà: danno completo; perdita di denaro e
di Beni: nessun male”. Perda da vontade: dano completo; perda de dinheiro e
de bens: nenhum mal (COUTOa, 2004, p. 119).
De Salerno segue para o Rio de Janeiro, do Rio vai para Santos e de
Santos chega em Sorocaba. Travessia do oceano e mais alguns milhares de
quilômetros até o interior de São Paulo. A década de 1880, no Brasil, assistirá
ao ocaso do regime escravocrata. Aqui, como destacado acima, a produção
estava, quase exclusivamente, sob o braço do escravo. O estado de São
Paulo, particularmente, teve importante papel na transição do trabalho escravo
para o trabalho livre e assalariado, das condições estamentais de sociabilidade
para a sociabilidade tipicamente capitalista. O desenvolvimento capitalista
pressupõe a existência do trabalhador livre. Cardoso, ao explicar esse quadro,
declara que:
A nova fazenda de café do Oeste Paulista, ao contrário, ganhou impulso
no período de declínio da escravatura, cujo golpe decisivo havia sido desferido
pela proibição do tráfico negreiro em 1850. [...] O fazendeiro paulista do “Oeste”
do Estado passou, então, a importar mão-de-obra livre e tornou-se até
abolicionista. Perdia sua condição de senhor, para tornar-se empresário
capitalista. Em vez de comprar escravos, alugava a força de trabalho de
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homens livres [...] o suprimento de escravos escasseava e o desenvolvimento
econômico e social do País, expresso na sua consciência jurídica, garantia que
o imigrante seria inapelavelmente força de trabalho disponível. Força de
trabalho que, ademais, era tecnicamente superior à escrava e mais barata
(CARDOSO, 1969, p. 190).
O cafeicultor, mormente o do oeste paulista, consciente da nova
realidade econômica e social, introduz um processo de racionalização
econômica, expressa na organização racional do trabalho e da produção
capitalista. O imigrante que chegou imbuído do desejo de “Fazer a América”
encontrou, aqui, uma estrutura social em processo de mudança. Ou seja, o
capitalismo necessita de mão de obra livre e liberdade para o escravo era não
trabalhar, já que livre era o seu senhor, que não trabalhava. No limite, a
liberdade que o capitalismo prega é dupla: livre tem que ser o trabalhador para,
juridicamente, estabelecer relações contratuais com o capitalista; livre,
também, porque é despossuído dos meios de produção. Coaduna-se, pois, o
desejo de trabalhar do imigrante com a nova sociabilidade capitalista que
necessitava desse tipo de trabalhador.
Se, sociologicamente, o país atravessava, na década de 1880,
profundas transformações em sua economia e, consequentemente, na
estrutura social, há, ainda, que se debruçar na ação empreendedora de
Francisco Matarazzo. Na sua ação empreendedora, é que se podem visualizar
as transformações macrossociais. Na cidade de Sorocaba, Matarazzo fica
durante nove anos (1881 até 1890). Naquela região (Sorocaba, Itapetininga,
Capão Bonito de Paranapanema e Apiaí), estabelece-se como comerciante,
tropeiro, que viajava no lombo de mulas. Trabalha em demasia e integra-se na
cultura local, já que tinha facilidades para construir laços de simpatia e
amizade.
Dessa fase da vida de Matarazzo, depreendem-se, das entrevistas
realizadas por Couto (2004a, p. 13-7), inúmeros adjetivos e substantivos que
definiam sua personalidade: “coragem para arriscar”, “determinação quase
obsessiva em enriquecer”, “não admitia ser empregado”, “inteligência”,
“poderoso”, “visão incrível para os negócios”, “tinha o dom de acreditar”, “visão
futurista”, “era amado e também temido”, “admirado”, “um líder” e “sua
ascensão vertiginosa”. Com todos esses qualificativos, Matarazzo pôs-se a
negociar, comprar e vender, de tudo, mas, sempre, com enormes ganhos,
quase nunca com prejuízos. Entretanto, o tropeirismo já mostrava
esgotamento; e, ali, em Sorocaba, uma nova oportunidade: era local de
passagem da ferrovia. Nas palavras de Couto:
Ele [Matarazzo] escolheu bem. Sorocaba efervescia, repleta de novas
iniciativas. Cidade de localização privilegiada, núcleo importante e dinâmico da
província, ponto de passagem da Estrada de Ferro Sorocabana, pólo de
atração de produtos e homens de negócios de vasta faixa do território
brasileiro, como Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais
(COUTOa, 2004, p. 140).
Com posição geográfica privilegiada, Sorocaba era rota comercial
importante: por lá passavam os que se deslocavam para o Rio de Janeiro, para
São Paulo e para as regiões de mineração. Os alimentos – farinha, milho, feijão
e trigo – somados ao gado e mercadorias diversas fizeram da cidade local de
florescimento do tropeirismo. A produção local também cresce na cidade, com
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uma agricultura diferenciada (já que não acompanhou os ciclos da cana-deaçucar e café), baseada numa policultura e, por exemplo, na produção de milho
e, com isso, de suínos – que será importante, fundamental, para Matarazzo.
Por sugestão de seu conterrâneo, Francisco Grandino, Matarazzo
passou a comercializar banha de porco. Comprava as barrigadas de porco e,
assim, tirava as tripas e fazia banha. Comprava a preços baixos a referida
barrigada, limpava, derretia e vendia. Vislumbrou, logo, a enorme oportunidade
de ganho, de muito, muito dinheiro. Veio para o Brasil com um pouco de
dinheiro, perdeu sua carga de banha no naufrágio, não desanimou e voltou à
banha, agora não só como comerciante, mas como produtor e vendedor da
mercadoria. Havia capital para começar o negócio? Interessante, nesse
sentido, é a colocação de Couto:
Seu capital principal era ele mesmo, A experiência, a cabeça privilegiada
para negócios, a simpatia e carisma, a saúde de ferro, a disposição para o
trabalho. Algum conhecimento, talento para identificar, criar, organizar,
administrar e empreender. Fibra, inteligência e sorte. “Para ter êxito é preciso
dispensar atenção a cada detalhe”, dizia. A força e a coragem valem menos
sem a prudência (COUTOa, 2004, p.158).
Como negociante, vendedor, Matarazzo tinha a exata noção do valor da
confiança. Numa sociabilidade tipicamente rural, não há contrato. O que há é o
trato pessoal, a palavra empenhada, a palavra de homem, o acordo no “fio do
bigode”. Como tinha talento para negociar, acabou por introduzir inovações em
seu empreendimento: instituiu um sistema inovador de compra e venda a
prazo, chegou, ainda, a introduzir cadernetas de compra a crédito. Por toda a
sua vida, considerou que o mais importante para o sucesso do negócio não era
a venda, mas sim uma boa compra. Comprar bem é, segundo sua opinião, o
segredo para um bom negócio. O tropeiro viajava, montou seu armazém,
depois um açougue. Vendia secos e molhados, banha de porco norteamericana, azeite europeu, bebidas importadas.
Em 1882, atento, como de costume, iniciará seu salto nos negócios: de
comerciante modesto passará a pequeno industrial. Abriu uma pequena fábrica
de banha de porco. Calcula tudo, não se esquece de nada. Coloca seu capital
consciente do risco, mas sabia do enorme potencial de ganho. De forma
bastante simples começou com um tacho e uma prensa. Simples foi o começo,
mas nada simples foi conseguir quem produzisse o tacho e mesmo a prensa de
madeira. Solução? Utilizou-se de seus conterrâneos que tinham domínio
técnico no trato com metais e madeira. Não nos esqueçamos de que o Brasil
era, ainda, preponderantemente rural.
A racionalidade de Matarazzo, a lógica de sua conduta é, ainda hoje,
impressionante. Seu espírito empreendedor, sua enorme capacidade de aliar
conhecimentos com identificação de oportunidades de negócio o permitiu
introduzir constantes inovações. Há, sem dúvida, que se destacar a inovação
que permitiu o salto de pequeno comerciante a grande industrial: a
comercialização da banha de porco em latas. Vejamos:
[Matarazzo] Primeiro, “inventou” a fabriqueta de banha e seus
equipamentos. Inclusive a feia, enorme, estranha e utilíssima prensa. Depois
teve um estalo “tecnológico” e comercial: vendê-la enlatada. Idéia simples e
prática, que revolucionou a comercialização, o transporte, o armazenamento,
todo o mercado. Barricas, adeus. Parece óbvio hoje, mas, na época, não era. E
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é sobretudo isso que distingue o grande empresário: a criatividade, a inovação,
a capacidade de medir os riscos e avançar com firmeza. Enlatar a banha foi um
toque de mestre. É marco luminoso da trajetória empresarial de Francesco
Matarazzo e do grupo (COUTOa, 2004, p. 181).
A barrica onde era transportada a banha era confeccionada com base
numa madeira que não se tinha no Brasil, além do mais, era pesada para
carregar e levava o comerciante a gastar muito dinheiro na sua aquisição e
enorme risco de perder o produto que ficava rançoso e impróprio para o
consumo. A inovação introduzida por Matarazzo será, em tudo, exitosa.
Enlatando o produto garante-se a sua conservação e a facilidade de transporte,
dessa forma, deixa de importar para produzir e comercializar sua própria
banha de porco (recordando: a banha junto com a barrigada era desprezada no
mercado).
Em 1888, Abolição dos Escravos; em 1889, Proclamação da República.
Fatos históricos importantes e o Estado de São Paulo estava em sintonia com
os novos tempos: “os paulistas entram muito fortes no regime federativo, liberal
e oligárquico, que favoreceu sobretudo a burguesia do café” (COUTOa, 2004,
p. 208-9). Em 1890, Sorocaba já parece pequena para a ambição de
Matarazzo que, como de costume, faz boa leitura da situação econômica e
social, decidindo mudar-se para a cidade de São Paulo. Ampliar e diversificar
os seus negócios, apostar na dinâmica social da cidade, buscará a
modernidade capitalista, racionalidade empresarial e, por tudo isso, expandir o
seu espírito empreendedor4. Como sempre, Matarazzo era um:
Observador, comerciante familiarizado com importações, vê que o
capitalismo em gestação está abrindo ótimas oportunidades. Percebe que deve
e pode entrar fundo em comércio exterior, atividade que, bem estruturada e
gerenciada, é mina de dinheiro. A experiência sorocabana, apesar de limitada,
abriria relacionamentos importantes e evidenciará hipóteses interessantes de
investimento (COUTOa, 2004, p.225).
Na Itália, trabalhando com o pai, adquire conhecimentos; em Sorocaba,
colocá-os em prática, obtém sucesso. Arguto observador, inovador nos
negócios, vislumbrou a cidade de São Paulo e as possibilidades de ganho no
comércio exterior, na importação e venda de mercadorias. Há, no entanto,
inteligência acima da média: usa a experiência sorocabana para fazer mais
dinheiro, muito mais dinheiro em São Paulo. Continua com sua premissa: o
importante é comprar bem.
Em sua primeira década (1890) na cidade de São Paulo, é guindado à
condição de comerciante de peso e pioneiro da indústria. É, por excelência, o
imigrante de sucesso. Sua trajetória, aqui, ultrapassará a realidade, será
mitificada por seus contemporâneos. Ninguém realizou mais que ele o sentido
de “fazer a América”. Na América, no Brasil, em Sorocaba, em São Paulo, não
só fez como se fez. A F. Matarazzo & Cia. Ltda. tem enorme sucesso no
comércio da cidade, importando trigo e algodão dos EUA. Atua, ainda, no
mercado de arroz, massas, banha, óleos, bacalhau e outros gêneros. Assim,
oito anos depois de sua primeira fábrica – em Sorocaba –, Matarazzo reúne as
4
Espírito empreendedor, aqui, não é por acaso. Vale relembrar das teses weberianas da
adequação do espírito do capitalismo em relação aos valores do protestantismo. Sabidamente, Matarazzo
era católico em sua religião, mas sua conduta racional, suas ações, são, na maior parte, muito próximas
daquelas preconizadas por Weber em seu clássico A ética protestante e o espírito do capitalismo.
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condições para dar um novo passo em sua vida, a constituição da sociedade
com seus irmãos (Giuseppe e Luigi) do Moinho, da fabricação de farinha.
A intuição de Matarazzo era, sempre, aliada à sua curiosidade e
constante busca de informações, o que pode ser apreendido num episódio
datado de 1898. O couraçado norte-americano Maine foi explodido, em
Havana, levando os EUA a entrarem em guerra contra a Coroa espanhola. Ao
tomar conhecimento da notícia, Matarazzo intuiu o aumento do preço da
farinha norte-americana, já que, no Brasil, a colônia italiana tinha, em sua dieta,
a necessidade de pães e massas. Rapidamente, fretou um navio na Argentina
e encheu os seus depósitos com farinha, tornando-se, por conseguinte, o único
importador com farinha em estoque no país. O castellabatense parece, no mais
das vezes, o homem certo no lugar certo. A sorte pode lhe sorrir; mas, sem
competência, não haveria êxito econômico.
Da ação de comerciante poderoso passará à de industrial. Nas palavras
de Marcovitch:
Além de sua relevância como negócio em si, multiplicando o capital
investido, o moinho teve uma importância capital no desenvolvimento das
indústrias Franscisco Matarazzo. As empresas seguintes foram nascendo para
suprir as necessidades em matérias-primas das já existentes ou para
aproveitar melhor seus produtos secundários, numa integração vertical que
hoje seria provavelmente desaconselhada pelos manuais de administração.
Dadas as condições da época, no entanto, muitos consideram que esse foi um
dos segredos do seu êxito espantoso (MARCOVITCH, 2006, p. 98 – destaques
nossos).
Numa precária síntese de sua expansão econômica, podemos destacar:
1) tropeiro em Sorocaba; 2) comerciante de banha em Sorocaba; 3) produzirá a
banha; 4) comércio de secos e molhados; 5) inovação: acondiciona a banha
em latas; 6) em São Paulo: comércio exterior, importação – principalmente de
farinha; 7) episódio do navio Maine: único com estoque de farinha de trigo no
país; 8) inaugura o moinho – torna-se, portanto, industrial; 9) fábrica tecidos – a
princípio para suprir a necessidade de sacaria da farinha de trigo; 10) refina o
óleo de algodão; 11) inaugura sua fábrica de sabão; 12) produz sabonetes
finos e perfumaria; 13) serrarias e fábricas de latas – início da metalurgia; 14)
fábrica de móveis e utensílios de alumínio; 15) frigorífico – que tinha sua
hidrelétrica particular; 16) indústria química – fábrica de rayon; 17) fábrica de
sulfuro de carbono; 18) fábrica de formicidas.
Os quadros seguintes permitem visualizar melhor o “império” econômico
de Matarazzo:
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QUADRO 1 - Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo em 1937
Estabelecimentos
Localidades
Moinhos
São Paulo, Antonina
“Mariangela” (fiação, tecelagem,
São Paulo
alvejamento, tinturaria)
Belenzinho (mercerização,
estamparia, acabamento,
São Paulo
100.000 fusos, 4.000 teares)
Seda Artificial “Visco-seda”
São Caetano do Sul
Curtume (sola, peles, correias)
São Caetano do Sul
Sulfureto de Carbono, Formicida
São Caetano do Sul
Destilação do Alcatrão
São Caetano do Sul
(naftalina, lisofenol, asfalto)
Amido (cerealina, glucose,
São Paulo
dextrina)
Feculas de Mandioca
Caçapava
Licores
São Paulo
Frigoríficos (carnes suínas)
Jaguariúna
Soda Caústica Granulada
São Paulo
Engenho de Arroz
São Paulo, Iguape
Moagem de Sal
São Paulo, Mauá, Antonina
Refinação de Sal
Água Branca
Refinação de Açucar
Água Branca
Refinação de Banha
Água Branca
Fonte: Adaptado de Marcovitch (2006a, p. 104)
Produção Anual
3 600 000 sacas farinha
50 000 000 m
400 t de fios
400 t de sola
400 t
2 000 t
2 000 t
160 000 caixas
5 000 t
50 000 caixas
450 000 sacos
12 000 t
12 000 t
375 000 sacos
4 800 sacos
QUADRO 1 - Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo em 1937 (Cont.)
Estabelecimentos
Localidades
Destilaria de Álcool e Aguardente
Água Branca
Velas
Água Branca
Glicerina
Água Branca
Oleína
Água Branca
Óleo de Caroço de Algodão
“Sol Levante”
Óleo de Linhaça (cru e cozido)
Água Branca
Óleo de Rícino (medicinal e
industrial)
Óleo de Coco (comestível e
industrial)
Tortas de Sementes
Água Branca
Sabões
Água Branca
Sabonetes
Água Branca
Perfumaria
Água Branca
K.I.D.(inseticida)
Água Branca
Serraria
Água Branca
Pregos
Água Branca
Fundição
Água Branca
Serralheria Artística, Oficinas
Mecânicas, Laboratório Químico,
Água Branca
Almoxarifado Geral
Fonte: Adaptado de Marcovitch (2006a, p. 104)
Produção Anual
8 200 000 l
300 000 caixas
500 t
2 000 t
16 000 t
42 000 t
20 000 t
500 000 dúzias
750 000 caixas
1 200 t
500 t
-
Para além de sua atividade econômica, havia, em Matarazzo, uma
dimensão política, interna e externa. No campo da política externa, Matarazzo
ausentou-se do Brasil no período de vigência da Primeira Guerra Mundial,
morando em Resina, próximo de Nápoles, na Itália. Ali, coordenou,
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voluntariamente, o abastecimento de alimentação para civis e para as tropas
italianas. Essa atitude é considerada, segundo Couto (2004a), o principal
motivo para a concessão do título de Conde a Francisco Matarazzo, por parte
de Vittorio Emanuele III, rei da Itália. Internamente, Matarazzo fundou e
presidiu o CIESP – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – em 1928 e
que, em 1931, se tornará FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo.
Na condução de suas indústrias, Matarazzo passou, sem maiores
problemas, pela Crise de 1929, bem como pela Segunda Guerra Mundial. Tão
bem que chegou, elegantemente, a recusar empréstimos oferecidos por
banqueiros ingleses. Afirma Couto (2004a, p. 248): “é quase unânime na
historiografia e nos testemunhos: Francesco Matarazzo tinha mesmo uma
visão empresarial privilegiada, forte capacidade gerencial e de organização,
extrema dedicação ao trabalho”. Em relação ao período histórico, aduz que:
Assim, não havia concorrência significativa e o país era um terreno
aberto e fértil para o crescimento. Era mesmo vez e hora dos grandes
empreendedores, dos construtores de impérios. A ambiência favorecia a
multiplicação de investimentos, a expansão multinegocial sem preocupação
com a concentração ou especialização. Diversidade, em vez de especialização.
Multiplicidade, em vez de foco (COUTOa, 2004a, p. 248).
Empreendedor e empreendedorismo, título de uma seção desse escrito
que antecede essa reconstrução – ainda que panorâmica – da trajetória de
Francisco Matarazzo. Empreendedor é, certamente, qualificativo correto para
definir Matarazzo. Em todas as referências acerca das características do
empreendedor e do processo de empreendedorismo, veremos, no italiano,
quase que um “tipo ideal”5, com conduta racional, planejador, arguto nos
negócios e nas relações interpessoais.
4.
BIOGRAFIA E SOCIEDADE
Embora este escrito não se destine, exclusivamente, a um público
acadêmico, torna-se difícil não usar do jargão e das regras de um texto
científico. Por isso, peço desculpas ao leitor que, até aqui, avançou na leitura
destas considerações acerca da trajetória de Francisco Matarazzo.
A intenção foi, aqui, de apresentar um rápido contexto da sociedade
brasileira, mormente, nos autores da Geração de 1930. Autores que, cada um
a seu modo, refletiram – em suas obras – as mudanças que se processam na
sociedade brasileira, na década de 1930. No limite, a década de 1930 pode ser
considerada o momento de transição, da construção do Brasil Moderno,
capitalista, de classes sociais, urbano e industrial.
Francisco Matarazzo, ao desembarcar neste país, encontrou-o nos
últimos respiros de uma sociedade escravocrata. A estrutura social – nunca é
demais relembrar – assentava-se na grande propriedade de terras com uma
monocultura voltada para a exportação e com o trabalho escravo. Trabalhar, no
Brasil, era condição daqueles considerados inferiores: os escravos. Corpos
fortes, torneados, bronzeados, eram sinais de necessidade de trabalhar,
portanto, de inferioridade e não de nobreza. O belo era, à época, uma pele
alva, bochechas rosadas e corpo rotundo. Uma sociedade patriarcal –
5
Tipo ideal, aqui, pensado no sentido weberiano. Cf. em: Weber, M. Ensaios de Sociologia. São
Paulo: LTC, 2002.
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patrimonialista e gerontocrática – poder quase ilimitado ao senhor, ao
fazendeiro, aos homens de escol. Aos negros, escravos ou libertos, e aos
homens pobres e livres: as margens da sociedade.
Na mudança social oriunda da abolição e do emprego do trabalho livre e
assalariado, as formas de sentir, pensar e agir começam a mudar. Quando a
base econômica de uma sociedade sofre radical transformação, suas
formações sociais, sua arte, sua cultura, suas ideias, enfim, mudam também.
São Paulo – o Estado e a cidade – congregam os elementos essenciais
para a constituição das forças produtivas capitalistas: mão de obra livre,
tecnologia, capital, racionalidade econômica. Mudança profunda na estrutura
da sociedade. Entram em cena novos atores: fazendeiros do café e sua
racionalidade, burgueses – comerciantes, industriais, financistas -, proletários e
imigrantes, milhares de imigrantes. Esses vêm para “Fazer a América”, saem
de uma Europa densamente populosa, fogem das crises, das guerras, das
doenças. Encontram, contudo, um país que, ainda, não havia se libertado de
sua face mais autoritária e cruel: a escravidão. Muitos imigrantes,
especialmente italianos, serão tratados como “escravos brancos” pelos
fazendeiros. A grande parte não logrou o êxito que esperavam. Trabalharam a
terra, mas não a compraram. Alguns constituíram pequenas propriedades.
Outros proletarizaram-se e outros, ademais, tornaram-se pequenos
comerciantes.
Parcela ínfima, pequena mesmo, é que conseguiu fazer a América ou,
mais especialmente, fazer o Brasil. Nessa categoria de vencedores, está o
italiano, castellabatense, Francisco Matarazzo. Saiu da Itália deixando mãe
viúva com numerosa prole. Cerca de 70 dias de travessia do Oceano Atlântico.
Escolheu o Brasil por sugestão de um conterrâneo seu. Chegará com um
pouco de dinheiro e com uma carga de banha de porco, que perderá num
naufrágio na costa brasileira.
Vai para Sorocaba, sem a banha, mas com determinação. Trabalhou
como tropeiro, comprava e vendia de tudo, hábil negociador, sabia cativar sua
clientela com seu carisma e valor da palavra empenhada. Soube, como
poucos, compreender as relações pessoais entre os brasileiros. Seus
conhecimentos trazidos de sua pátria serviram-lhe em seus negócios;
negócios, nunca ócio. Trabalhou, trabalhou e trabalhou. Diferença dos outros?
Sim, não só trabalhou como muitos fizeram, mas trabalhou na perspectiva de
enriquecer e de nunca ter um patrão.
Difícil eleger uma dentre suas várias qualidades de empreendedor. Se,
talvez, pudéssemos arriscar, escolheríamos três: inovador, planejador e senso
de oportunidade. Essas três características estão conjugadas em quase todas
as duas ações: desde a banha em lata até a construção de seu moinho na
cidade de São Paulo. A cidade de São Paulo, nessa linha, foi, para ele, a terra
de verdadeiras oportunidades. Sorocaba foi, nesse sentido, um preâmbulo, um
rascunho. Foi em São Paulo que se consagrou. Que virou mito. Aqui, conjugou
a condição de Conde, de empresário e de proletário número 1 de suas
indústrias. Gostava de chegar ao escritório de suas empresas antes dos
proletários, para que esses o vissem já trabalhando e, igualmente, ficava
depois que todos já haviam ido embora.
A sociedade brasileira foi quem permitiu a Matarazzo chegar aonde
chegou ou foi Matarazzo com sua inteligência empreendedora que mudou a
Momento Itália/Brasil 2011-2012
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sociedade brasileira? Ambos. O país sai de uma configuração social
constrangedora ao empreendedorismo (a escravidão); e havia, por isso, uma
ampla gama de possibilidades para aqueles que quisessem realizar os seus
negócios. No entanto, muitos quiserem e poucos lograram tamanho sucesso
como Matarazzo. Seu gênio inventivo, inquieto, certamente foi o diferencial
para a construção do grande império econômico que começou em Sorocaba,
no lombo de mulas.
Houve, sem dúvida, o encontro da biografia – da personalidade
empreendedora do indivíduo – com a sociedade, que, naquele contexto social,
valorizou o êxito obtido pelo trabalho, mas que, outrossim, mitificou e envolveu
de ideologia o ator social. Matarazzo, como sinalizou Martins (1973), transitou
muito bem entre os tempos históricos e suas personificaçõesconde, quando
necessário para se diferenciar de outros industriais italianos; empresário, ao
apresentar o seu sucesso econômico e proletário, ao se colocar na condição de
um trabalhador infatigável e objetivando obnubilar sua condição de burguês.
Enfim, conhecer a trajetória desse personagem é deveras importante,
seja ao pesquisador da temática empreendedorismo, seja aos que se dedicam
a estudar e conhecer a influência da cultura italiana no Brasil. A biografia de
Francisco Matarazzo sempre será uma das pontes que ligará o Brasil à Itália.
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CAPÍTULO 7
EMPREENDEDORISMO E O SISTEMA DE
INCUBAÇÃO NO BRASIL E NA ITÁLIA
Alexandre Nabil Ghobril
Nelson Destro Fragoso
Introdução
A Itália é um dos países mais importantes da Historia do Brasil.
Pacievitch (2011) diz que os primeiros imigrantes italianos chegaram ao Brasil
em 1870, estimulados pelo governo brasileiro que precisava de mão de obra
para substituir os escravos. Os italianos chegaram primeiramente na região sul
do Brasil e tinham como origem principalmente a região do Veneto. Muitos
desses imigrantes iniciais dedicaram-se à produção de vinhos.
Em virtude da expansão das fazendas de café em São Paulo, os
italianos passaram a migrar para essa região do país, onde hoje se encontra a
maior colônia italiana do Brasil. A imigração prosseguiu até a década de 20,
quando o controle de imigração passou a ser mais intenso.
São muitas as fontes de influências deste país na cultura brasileira. Na
gastronomia pode-se citar a pizza, o macarrão e o panetone. No vocabulário
nacional, diversas palavras italianas foram incorporadas como “tchau” e
“polenta”. A forte presença do catolicismo também pode ser destacada.
No Brasil vivem hoje cerca de 25 milhões de italianos e descendentes,
dos quais, 15 milhões no Estado de São Paulo. A Itália está em sexto lugar
entre os parceiros comerciais do Brasil e está em décimo lugar entre os países
que mais investem no Brasil.
Os negócios entre os dois países continuam se multiplicando, atingindo
5 bilhões de dólares no último ano. Destaque-se a crescente participação de
negócios entre empresas de pequeno e médio porte, com crescimento de 20%
neste mesmo período. Há grande diversidade de produtos negociados entre os
países, desde produtos alimentícios até bens com maior grau de inovação e
tecnologia como equipamentos e remédios.
1. O Empreendedorismo na Itália e no Brasil
Segundo Hisrich e Peters (2004), o tema empreendedorismo tem
despertado cada vez mais interesse na comunidade acadêmica. Apesar disso,
ainda não existe uma definição concisa e aceita internacionalmente.
Segundo Hashimoto (2006), o primeiro uso do termo empreendedorismo
foi apresentado por Richard Cantillon, em 1755, para identificar o ato de
comprar algo por um determinado preço e vendê-lo em um regime de
incerteza.
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Hisrich e Peters (2004) definem empreendedorismo como um processo
de criar algo inovador com valor, dedicando o tempo e os esforços necessários,
assumindo todos os tipos de riscos (financeiro, psíquico e social), recebendo
como recompensa a satisfação e independência econômica e pessoal. De uma
forma geral, está vinculado à compra e/ou desenvolvimento de projeto,
repassando o mesmo e recebendo uma recompensa pela venda.
1.1 Empreendedorismo na Itália
A Itália tinha sua base econômica no campo, na agricultura. Hoje se
tornou um país industrial, sendo classificada por entidades internacionalmente
respeitadas como a sexta economia mundial. A força econômica deste país
hoje está no processamento e na fabricação de bens e baseada principalmente
em pequenas e medias empresas
Outra característica importante desta economia é a informalidade,
estimada em 27% do PIB, ocasionando uma perda expressiva para o Governo
em termos de recolhimento de impostos.
O Empreendedorismo na Itália é caracterizado pelo intenso
desenvolvimento de distritos industriais. A especialização destas empresas é
concentrada em indústrias de baixa e media tecnologia.
Todavia, o investimento indireto na Itália ainda é baixo. Em 2005, o país
tinha o menor percentual de participação de investimentos estrangeiros dentre
os países desenvolvidos, fato motivado, dentre outros aspectos, pela
burocracia excessiva. Em 2011, os fundos europeus de Private Equity e
Venture Capital registraram apenas € 30 milhões em investimentos em
empresas sementes na Itália. Em termos comparativos, a Espanha obteve
investimentos de €183 milhões, a Alemanha € 500 milhões e França €1 bilhão
aproximadamente.
Ciente da necessidade de incentivar o empreendedorismo e reduzir os
entraves para os empreendedores, o governo italiano instituiu em 2006 o
decreto-lei 223, de modo a aumentar a competitividade das empresas no
campo de serviços. A lei aboliu taxas mínimas e fixas de serviços profissionais
e criou a possibilidade de se fazer publicidade destes serviços.
Outro dado relevante diz respeito à baixa escolaridade média dos
empreendedores italianos, que representam um terço dos trabalhadores
autônomos do país.
Outra característica do empreendedor italiano é que apenas 4,6% das
pessoas entre 18 e 64 anos se dedicam a começar um novo empreendimento
focado nessa ideia. Quanto ao gênero, os homens são muito mais ativos,
constituindo a grande maioria dos empreendedores. Declaram estar
principalmente preocupados com alcance de satisfação pessoal, desta forma
explicasse a concentração de empresas start up no segmento de alta
tecnologia, pois o risco é menor e a possibilidade de ganhos mais seguros.
Uma outra característica de âmbito social é o fato da população italiana
estar em declínio. Com a diminuição do número de jovens, a tendência é de
redução também do volume de novos empreendedores no país.
1.2 Empreendedorismo no Brasil
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 148
O Global Entrepreneurship Monitor é o maior estudo independente sobre
a atividade empreendedora no mundo. Em 2008, o Brasil ocupou a décima
terceira colocação dentre os países com maior TEA (Taxa de
empreendedorismo inicial), a proporção de pessoas na faixa etária entre 18 e 64 anos
envolvidas em atividades empreendedoras na condição de empreendedores de negócios
nascentes ou empreendedores à frente de negócios com menos de 42 meses de existência.
Na pesquisa de 2010, o Brasil ocupa o primeiro lugar em termos de TEA
quando comparado com os 17 países membros do G20 que participaram da
pesquisa. Nos países membros do BRIC o Brasil tem a população mais
empreendedora.. Isto indica uma característica e uma vocação inata
empreendedora do brasileiro.
Um dos aspectos que fazem do Brasil um país empreendedor é a fatia
significativa de imigrantes e seus descendentes na sua população. Diversas
pesquisas apontam que imigrantes tendem a empreender em taxas maiores
que indivíduos locais e que a cultura e o ambiente familiar favoráveis
aumentam a propensão à empreender.
O Brasil tem ainda uma característica marcante que é a de formar
empreendedores por oportunidade em número mais expressivo do que
empreendedores por necessidade. Isso ocorre desde 2003, tendo sido
acentuado nos últimos anos, crescendo de 1,4 por 1 em 2007 (1,4
empreendedores por oportunidade para cada empreendedor por necessidade),
para 2 por 1 em 2010. A pesquisa aponta que a estabilidade econômica do
país tem contribuído para esse quadro. Quanto mais estável a economia, com
geração de postos de trabalhos, menos empreendedores por necessidade
surgem. Todavia, sob o aspecto da inovação, seja de produto ou de processo,
o Brasil ainda deixa a desejar. A margem de participação de lançamentos de
novos produtos é uma das mais baixas dentre os países pesquisados.
No tocante à faixa etária dos empreendedores, a pesquisa mostra uma
crescente participação de jovens. Enquanto o porcentual de empreendedores
adultos tem diminuído ao longo do tempo, a participação de jovens entre 18 a
25 anos tem aumentado. O Brasil, quando comparado a outros 42 países
pesquisados pelo GEM, é o terceiro com mais jovens envolvidos no
empreendedorismo.
A pesquisa da GEM mostra também que a taxa de empreendedores
nascentes no Brasil gira em torno de 6%, a taxa de novos empreendedores
está em torno de 10% e a taxa de empreendedores em estágio inicial é de 15%
aproximadamente.
Quanto às características destes empreendedores, surpreende o fato da
forte presença feminina. As mulheres já representam 50% dos novos
empreendedores no Brasil, o que difere significativamente do mercado italiano,
onde há predominância de homens no comando dos negócios.
Outra diferença está relacionada principalmente às condições atuais da
economia dos dois países. Na conjuntura atual, nota-se uma ampliação do
empreendedorismo por oportunidade no Brasil, enquanto na Itália isso tem se
reduzido, em função da crise econômica que atinge toda a Europa e da falta de
opções no mercado de trabalho formal daí decorrente.
A comparação mostra também algumas características semelhantes
entre empreendedores dos dois países como, por exemplo, negócios com
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 149
baixa ênfase em tecnologia de ponta e atuando em mercados com
concorrência elevada.
2. O Sistema de incubação na Itália e no Brasil
De acordo com Guimarães (2007), as incubadoras de empresas
nasceram no mercado americano, oriundas da expansão de três diferentes
movimentos, o de condomínios de empresas, os programas de
empreendedorismo e o de investimento de novas empresas de base
tecnológica.
No final da década de 60 apareceu a primeira iniciativa nesse segmento.
Uma família americana utilizou o espaço de uma indústria que falira anos
anteriores e resolveu alugar para várias pequenas empresas que, numa forma
de condomínio, pudesse bancar as despesas do espaço num mecanismo
compartilhado. De acordo com Aranha et al (2002), este nome foi escolhido
pois uma das primeiras empresas a participar desta iniciativa foi um aviário.
Guimarães (2007) comenta que, no início da década de 70, as maiores
universidades americanas iniciaram programas de empreendedorismo e de
geração de inovação. Com estes dois braços formados, alguns investidores
perceberam que estas iniciativas diminuiriam o risco de investimentos nestes
negócios, pois eram programas em desenvolvimento com acompanhamento e
pesquisa. A autora comenta ainda que as incubadoras foram usadas no mundo
todo como estratégia de promoção de desenvolvimento regional. A partir de
uma iniciativa pioneira e inovadora que foi apoiada pela universidade e por
agentes financiadores, logo passou a ter o apoio de governos pelos resultados
sociais que proporcionavam.
2.1 Incubação na Itália
Na Itália, conforme Guimarães (2007), as incubadoras são percebidas
como instrumento de desenvolvimento para criação de novos negócios.
Também é um agente promotor do empreendedorismo que encoraja o
individuo a inovar e como conseqüência incrementa o surgimento de novos
postos de trabalho. As incubadoras de negócios estão principalmente
concentradas em áreas siderúrgicas e em regiões mais necessitadas no sul do
País.
A política governamental tem sido de apoiar o desenvolvimento e
evolução do empreendedorismo. A Agência Nacional Italiana para o
desenvolvimento da economia e promoção do empreendedorismo Sviluppo
Italia é responsável pela supervisão da maioria das quarenta e cinco
incubadoras existentes. Estas estão também em sua maioria localizadas nos
centros de inovação e negócios, que por sua vez estão vinculados a rede
européia para promoção de incubação.
Na Itália havia 45 incubadoras de empresas em 2001, conforme
Guimarães (2007), sendo o quinto pais da União Européia, perdendo para
Alemanha, França, Reino Unido e Áustria.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 150
2.2 Incubação no Brasil
No final da década de 80 no Brasil existiam apenas duas incubadoras,
sendo a primeira inaugurada em 1987, conforme Imasato (2006). No ano de
2000, a ANPROTEC (Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores), registrou a existência de 135 incubadoras em
operação, em diversas regiões do Brasil. Em 2004 este número chegava perto
de 300 incubadoras.
O fomento ao surgimento de novas empresas deve-se principalmente
pelo fato de que as pequenas empresas são responsáveis pela geração de
45% dos empregos no país e por 20% do Produto Interno Bruto. As
incubadoras então se justificam pela oportunidade destas empresas serem
acompanhadas na sua constituição e assim diminuindo o número de mortes,
que chegam a próximos 55% de empresas novas nos primeiros três anos de
vida, segundo SEBRAE (2004).
Uma característica marcante e que permanece até hoje, é a vinculação
de incubadoras com universidades. Do total registrado em 2000, 60% tinham
ligação com instituição universitária. Em 2007 estes números cresceram
substancialmente, sendo registrada a existência de 340 incubadoras, em sua
maioria de base tecnológica, ligada as áreas de TI, telecomunicação e
eletroeletrônicos.
O Ministério da Ciência e Tecnologia criou uma serie de mecanismos de
apoio no intuito de incentivar o desenvolvimento tecnológico de empresas
como suporte para a inovação e a competitividade.
No Brasil as incubadoras são divididas em três categorias principais:
tradicional, de tecnologia e mistas. Porém outros tipos existem na
categorização de incubadoras possíveis de serem mantidas: Incubadora
agroindustrial, incubadora cultural, incubadora de artes, incubadora de
cooperativa, incubadora setorial, incubadora social e incubadora virtual. Esta
ultima gera algumas controvérsias, pois não é caracterizada pelo tipo de
negócio e sim pelo vínculo com a incubadora. Neste caso a empresa não tem
um espaço físico na incubadora sede e sim um vinculo virtual. Desta forma esta
incubadora teria que ter uma denominação mais precisa, exemplo: incubadora
virtual de base tecnológica ou incubadora virtual de serviços. Dependendo o
tipo de empresa que abriga e que fornece suporte. Cada categoria dessas tem
suas características e promovem inovação de maneiras distintas.
Outro ponto a ser considerado neste campo é a distribuição de
incubadoras no País: as regiões com maior número de incubadoras são Sul e
Sudeste, muito a frente da terceira região atendida com essa iniciativa que é a
região nordeste.
Numa comparação da participação das incubadoras no desenvolvimento
do empreendedorismo nos dois países, algumas situações ficam muito claras,
como exemplo principal é a observação de uma necessidade de apoio ao
micro e pequeno empresário. A economia dos dois países se apoiam de
maneira intensa na geração de impostos e postos de trabalhos gerados por
estes segmentos. Desta forma fica evidente a necessidade dos órgãos
governamentais olhar com muito carinho para esse universo.
Outras comparações são possíveis, observando diferenças significativas
nos dois países. Enquanto no Brasil 75% das incubadoras estão concentradas
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 151
nas regiões sul e sudeste, as mais ricas do país, na Itália as incubadoras ficam
situadas principalmente no sul, considerada região mais carente. Também
podemos notar uma presença pouco significativa de empresas de inovação de
ponta, as empresas desenvolvem pesquisa mais focadas em mercado
tradicionais.
O número de incubadoras existentes é pouco representativo nos dois
países. Apesar das incubadoras italianas terem iniciado sua atuação há mais
tempo, nota-se um crescimento mais substancial desta prática de apoio a
empresas start-up no Brasil.
Não foram encontrados registros de parcerias nesta área entre os dois
países. Talvez alguma ação esporádica exista, mas que poderia tornar-se algo
a ser analisado e aperfeiçoado para atender a um número maior de
empresários. Também, esse tipo de ação, pode vir a ser um campo
interessante de parcerias entre empresas e seus centros de pesquisas com
universidades que tenham foco em inovação e empreendedorismo.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 152
CAPÍTULO 8
A INFLUÊNCIA DO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO
DIRETO ITALIANO NO BRASIL GLOBALIZADO
Álvaro Alves de Moura Jr
Paulo Rogério Scarano
INTRODUÇÃO
As empresas multinacionais estrangeiras estão no Brasil desde o seu
descobrimento, tendo sido essas as principais responsáveis pelo processo de
acumulação de capital por mais de três séculos e meio, condição que somente
foi revertida a partir do desenvolvimento da atividade cafeeira, que permitiu ao
país viabilizar um processo de acumulação oriundo dos próprios recursos.
Apesar dessa reversão, esse capital estrangeiro continuou exercendo
uma significativa influência sobre a sociedade brasileira, viabilizando, entre
outras coisas, boa parte dos investimentos que sustentaram o amplo processo
e industrialização no país, principalmente durante os governos Kubitscheck e
Geisel, período no qual importantes empresas italianas se estabeleceram no
Brasil, contribuindo para o rápido e intenso crescimento econômico baseado na
atividade manufatureira.
Mas, é a partir da década de 90 que o Brasil passa a registrar um
movimento sem precedentes da entrada de IED (Investimento Estrangeiro
Direto), fato que decorre da opção do país de se integrar de forma ainda mais
efetiva à economia mundial, tanto no que tange aos fluxos financeiros, do qual
cabe destacar os IED, quanto dos comerciais, sendo que tal contexto está
associado à adoção de um conjunto de medidas liberalizantes que inseriram o
país no terceiro estágio do processo de globalização6.
Neste sentido, buscar-se-á, inicialmente, fazer uma breve discussão
sobre o processo de globalização econômica, e a importância dos fluxos de
IED sobre ele. Em seguida, discutir-se-á como ocorreu a maior inserção do
Brasil na economia mundial, com destaque para os fluxos de IED. Por fim,
verificar-se-á a importância das relações econômicas entre o Brasil e a Itália,
destacando a relevância das empresas italianas para o atual estágio de
desenvolvimento da economia brasileira.
1. UMA BREVE AVALIAÇÃO DO ATUAL ESTÁGIO DA GLOBALIZAÇÃO
ECONÔMICA
O debate sobre a globalização econômica é considerado um tanto
quanto controverso, seja no que tange ao conceito em si, seja no que concerne
6
Essa classificação é feita pelo banco mundial, ao descrever que a primeira onda
ocorreu entre 1870-1914, período conhecido por Belle Époque; a segunda onda entre os anos
de 1945 e 1980; e, terceira onda a partir dos anos 80.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 153
à existência de um movimento realmente global. Ademais, sempre existe a
possibilidade de se incorrer em erros cronológicos quando se busca pontuar a
sua origem, uma vez que tal processo parece transpor o tempo de acordo com
as condições e/ou os modos de produção vigentes ao longo da história da
humanidade.
Apesar disso, a compreensão do sistema internacional tangencia alguns
assuntos específicos, tais como comércio, finanças, desenvolvimento social e
econômico, política interna e externa etc., de tal modo que se faz necessário
assumir alguns dos principais referenciais que visam compreender esse
movimento, bem como descrever como vem se processando o seu
desenvolvimento.
Apesar dessas considerações, vale ressaltar que não há grandes
divergências nas análises que tratam do crescimento dos fluxos econômicos.
Também há uma relativa convergência quanto ao uso das novas tecnologias
de informação, que tem permitido que as interações ocorram numa velocidade
e numa magnitude cada vez mais intensas, contribuindo para a redução dos
espaços, e afetando os diversos aspectos das relações econômicas
internacionais.
Considera-se que o forte crescimento das relações econômicas
internacionais, sobretudo a partir da década de 80, se deu a partir da adoção
de medidas liberalizantes no âmbito do comércio internacional, que se
operacionalizam por meio de três mecanismos/processos: a eliminação das
cotas de importações; a redução e/ou unificação de tarifas de importações; e, o
processo de integração dos mercados nacionais.
Este tem sido um dos principais fenômenos que caracterizam a atual
onda da globalização, que se concretizou a partir da década de 90, com a
efetiva atuação da Organização Mundial do Comércio (OMC).
A figura abaixo evidencia o intenso crescimento das relações comerciais,
fato que sofreu um pequeno revés em 2009 em função da crise
financeira que acometeu o mundo em 2008.
Figura 1 – Exportações mundiais de mercadorias e serviços – em
US$ trilhões e em proporção do PIB mundial (%)
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 154
30,0
18
16,10
1990
16
25,0
14
26,5
20,0
15,7
10
15,0
em %
em US$ trilhões
12
8
6
10,0
3,48
4
5,0
2
0,0
19
80
19
81
19
82
19
83
19
84
19
85
19
86
19
87
19
88
19
89
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
0
Exportações de Mercadorias e serviços
Exp/PIB
Fonte: Elaborado pelo autor a partir dos dados da WTO e IMF
A outra dimensão econômica da globalização, a financeira, é tida, por
muitos, como o seu elo central, bem como o principal determinante de boa
parte das ocorrências nas demais esferas do sistema econômico internacional,
inclusive na comercial.
A globalização financeira pode ser observada a partir do aumento da
liquidez internacional, sobretudo a partir da década de 90, o que ocasionou
uma expressiva ampliação nos investimentos em portfólio e os IED.
A figura abaixo mostra o volume mundial de investimentos em portifólio,
que passou de US$180 bilhões em 1990 para 2,8 trilhões em 2007, o que
representa uma variação, no período avaliado, de 1.212%.
Figura 2 - Investimento mundial em portifólio (carteiras) – em US$
milhões
3.000.000
2.827.324
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
180.354
0
1980
1985
1990
1995
2000
2005
Fonte: UNCTAD
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 155
Em concordância com Corazza (2005), considera-se que o braço
financeiro da globalização decorreu de três fatores interligados: o elevado nível
de acúmulo de riqueza monetária e financeira, que se expressam na forma de
ativos com distintos graus de liquidez e podem ser transacionados em
inúmeras moedas; o desenvolvimento dos recursos tecnológicos, que permitem
uma mobilidade extraordinária desses ativos; e, o atual regime de taxas de
câmbio flutuante.
Os fluxos de IED também apresentaram um significativo crescimento a
partir da década de 90, compondo um dos principais braços do processo de
globalização, fato que não deve ser avaliado apenas em função dos aspectos
quantitativos em si (os fluxos), mas também por conta das variantes
qualitativas ocasionadas pela atuação das empresas multinacionais em outros
países.
Figura 3 - Fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (por países de
origem) – em US$ milhões
2500
2.099,97
2000
1500
1.401,47
1000
500
154,01
0
1970
1973
1976
1979
1982
1985
1988
1991
1994
1997
2000
2003
2006
2009
Fonte: UNCTAD
De acordo com Dicken (1998), a diferenciação entre essas
determinações quantitativas e qualitativas ocorrem da seguinte maneira: o
processo de internacionalização, que caracteriza o processo quantitativo,
representa uma extensão da atividade econômica para além das fronteiras
nacionais; enquanto a globalização se baseia numa concepção qualitativa, que
envolve não apenas a extensão geográfica da atividade econômica, mas
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 156
também, e principalmente, a integração operacional de tais atividades que
estão cada vez mais dispersas internacionalmente7.
A cadeia de produção globalizada trouxe à tona a necessidade de
compreender dois importantes aspectos ligados a esse processo: a maneira
como essa é coordenada e regulada; e, a sua configuração geográfica.
De acordo com Dicken (2010), no que tange ao primeiro ponto, as
cadeias de produção dispostas pelas empresas multinacionais são
caracterizadas pelo seu poder de coordenar e controlar as operações em mais
de um país, desenvolvendo, para tanto, mecanismos cada vez mais
sofisticados de relações intra e inter-organizacionais, e moldando as condições
que são próprias da atual configuração do sistema econômico internacional.
Quanto ao segundo ponto, o que se verifica, apesar da concentração do
destino dos fluxos de IED nos países desenvolvidos, é a existência de um
esforço para criar mercados globais, no qual as empresas multinacionais
também têm procurado atuar de maneira intensa em alguns países em
desenvolvimento. Todavia, vale ressaltar que a destinação desses recursos
está restrita a um número reduzido desse grupo de países, dos quais se
destacam os Newly Industrialized Country (NICs)8.
A figura abaixo mostra o fluxo de IED a partir da origem dos recursos.
Na qual se observa que um grupo de 20 países detém 88,3% do estoque total
registrado em 2009. Cabe ressaltar que a Itália ocupa a 11ª posição neste
ranking, ao totalizar um estoque de IED estabelecido em países estrangeiros
de US$ 578,1 bilhões em 2009, o que representa uma participação de 3% do
montante total.
total
Figura 4 - Ranking estoque de IED (outward) – 2009 - em part.% no
7
Apesar dessa distinção, é importante realçar que os dois processos coexistem,
compondo um mundo complexo, interdependente e volúvel, o que tem implicado num cotidiano
social cada vez mais dependente desse conjunto de processos que operam em escala global.
8
Essa é uma classificação socioeconômica que inclui os seguintes países: África do
Sul, Brasil, China, Filipinas, Índia, Malásia, México, Tailândia e Turquia.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 157
Estados Unidos
22,7
Fr ança
9,1
R eino Unido
8,7
Alemanha
7,3
Holanda
4,5
Hong Kong
4,4
Suíça
4,2
Japão
3,9
Bélgica
3,5
Espanha
3,4
Itália
3,0
C anadá
3,0
Suécia
1,9
Austrália
1,8
F eder ação Russa
1,3
China
1,2
Ilhas Vir gens Britânicas
1,2
Dinamar ca
1,1
Cingapura
1,1
Irlanda
1,0
0
5
10
15
20
25
Fonte: UNCTAD
No que tange ao destino desses recursos, observa-se que 72,9% do
estoque de IED estavam estabelecidos, em 2009, em 20 países, dos quais seis
não são desenvolvidos. O Brasil e a Itália ocupam, respectivamente, a décima
segunda e décima terceira posição no ranking mundial de acolhimento de IED,
conforme mostra a figura 5.
total
Figura 5 - Ranking estoque de IED (inward) – 2009 - em part.% no
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 158
17,6
Estados Unidos
França
6,4
Reino Unido
6,3
5,1
Hong Kong
4,7
Bélgica
4,0
Alemanha
Espanha
3,8
3,4
Holanda
3,0
Canadá
2,7
China
Suíça
2,6
Brasil
2,3
2,2
Itália
Cingapura
1,9
Austrália
1,8
México
1,7
1,7
Suécia
Federação Russa
1,4
1,4
Hungria
Japão
1,1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Fonte: UNCTAD
Uma vez feitas essas avaliações introdutórias, a seguinte seção
buscará abordar o modelo de desenvolvimento vigente no Brasil a partir da
década de 90, que de acordo com o que foi discutido inicialmente está
associado à inserção do país à atual fase da globalização econômica, para que
em seguida possa ser avaliada a importância dos fluxos de IED italiano para a
economia brasileira.
2. A INSERÇÃO DO
GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA
BRASIL
AO
ATUAL
ESTÁGIO
DA
O processo de integração brasileira ao sistema econômico mundial foi,
em diversos momentos da sua história, considerado adverso em função das
condições vigentes no sistema internacional. Contraditoriamente, tal conjuntura
foi ainda mais evidente durante os períodos em que o país registrou as maiores
taxas de crescimento econômico.
Durante os períodos colonial e pós-independência, o país possuía uma
integração relativamente grande à economia mundial, cujos patamares jamais
foram alcançados, uma vez que a economia nacional estava baseada em
atividades agroexportadoras9.
A partir da década de 30, o país passa a reverter esta tendência, o que
representou uma ruptura com o modelo até então vigente. Dá-se início a um
período marcado por surtos de desenvolvimento industrial (SUZIGAN, 2000),
que responderam, em parte, aos problemas causados pelo interregno no
período entre Guerras e da Grande Depressão que comprometeram as
condições dos mercados internacionais.
Com o fim da II Guerra uma nova fase se inicia, e insere mais dois
importantes componentes às relações econômicas internacionais do Brasil. Um
9
Ver Furtado (1989).
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 159
deles se refere às alterações na ordem mundial que seguiram a agenda de
Bretton Woods; e, a divisão bipolar do sistema internacional a partir da Guerra
Fria.
O mundo passa a assistir a uma rápida elevação das relações de
comércio e dos fluxos de capital, que permitiram, inclusive aos países
periféricos, o acesso às novas tecnologias disseminadas pelas importações de
máquinas e equipamentos e pelos investimentos diretos realizados pelas
empresas multinacionais. É em meio a esse contexto que a política externa
brasileira do segundo governo Vargas reforça a importância de um projeto de
desenvolvimento nacional, para o qual as relações econômicas internacionais
seriam fundamentais.
Porém, é somente a partir do governo Juscelino Kubitschek que o Brasil
inicia uma etapa de intensa industrialização, a partir do Plano de Metas, que
trouxe à tona uma nova dinâmica econômica que não só acelerou o seu
crescimento econômico, mas também contribuiu para a diversificação do
parque industrial nacional.
Para tanto, essa nova fase contou com uma maior inserção
internacional, o que permitiu ampliar a entrada de capitais e de tecnologias
estrangeiras, sobretudo com o crescimento dos fluxos de IED, conforme mostra
a figura abaixo.
Figura 6 - Fluxo de IED no Brasil – 1951/1970 (em US$ milhões)
2.127.820
2.500.000
2.000.000
1.500.000
956.331
1.000.000
500.000
0
1951/1960
1961/1970
Fonte: UNCTAD
Com o agravamento da instabilidade política dos anos 60, que culminou
no regime militar a partir de 1964, o país passou a registrar uma reversão do
quadro acima, com a paralisação da entrada de capitais estrangeiros no país,
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 160
cuja retomada passou a ocorrer após a estabilização econômica e o
lançamento dos Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND) I e II10.
Particularmente, o II PND chamava a atenção para o imperativo de se
ampliar as indústrias de bens de produção, almejando, dessa forma, alcançar
uma infra-estrutura econômica necessária ao progresso do País.
Efetivamente, tem-se como resultado a entrada de importantes aportes
de financiamentos externos, com destaque para um maciço influxo de IED11,
conforme mostra a figura abaixo, que em conjunto com as empresas estatais
tornaram-se os principais protagonistas do processo de crescimento do País à
época.
Figura 7 - Fluxo de IED no Brasil – 1970/1989 (em US$ milhões)
3.500
3.115,2
3.000
2.407,8
2.500
2.000
1.500
1.180,7
1.129,9
1.000
500
391,7
0
1970
1973
1976
1979
1982
1985
1988
Fonte: UNCTAD
O segundo choque do petróleo e a crise financeira na América Latina,
inclusive no Brasil em 1982, reverteram tal quadro e comprometeram a
disponibilização de novos recursos externos para os países do então “terceiro
mundo”, fato que também é evidente em relação aos IED, conforme mostrou a
figura acima.
Dá-se início a um dos momentos mais críticos da economia brasileira,
que marca o fim de um ciclo de quinze anos de crescimento econômico, e
início de um período que ficou conhecido como a “década perdida”, que
posteriormente se associa ao esgotamento do modelo de desenvolvimento
econômico até então vigente, o PSI.12
10
No entanto, cabe lembrar que neste período, o mundo também assistiu a uma
reversão do ciclo de prosperidade econômica, com o fim do esgotamento do sistema de
Bretton Woods, e o primeiro choque do petróleo.
11
Para maiores detalhes ver Nonnermberg (2003).
12
Vale lembrar que é a partir da década de 80 que o país passa a viver um período de
grande descontrole inflacionário, cuja estabilidade (dos preços) somente foi alcançada em 1994
com a implementação do Plano Real.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 161
Neste ínterim, os fluxos de IED oscilaram bastante ao longo dos anos
80, retraindo a participação do Brasil no fluxo mundial, fato que mais uma vez
estava associado à crise da dívida, à retração do nível de atividade econômica,
às incertezas associadas aos diversos planos de estabilização adotados ao
longo da década, e à instabilidade do quadro político interno.
Com o alcance da estabilidade econômica e a reinserção do Brasil ao
sistema financeiro internacional13 a partir da década de 90, o PSI foi
efetivamente substituído por um novo modelo de desenvolvimento baseado na
inserção do país ao processo de globalização14. Entre outros resultados, o país
passa a registrar uma significativa entrada de investimentos externos, inclusive
de IED.
Para Laplane et alli (2000), os principais fatores determinantes para a
atração desses capitais para o Brasil, a partir da década de 1990, foram o
acesso ao mercado interno brasileiro, considerado grande e dinâmico; a
desregulamentação da economia nacional; a abertura comercial; e, as
privatizações.
Além desses fatores, Gonçalves (1999) também destaca a importância
da estabilidade econômica alcançada pelo país a partir do Plano Real, além do
potencial representado pela MERCOSUL.
Em termos de resultados, especificamente no que se concerne aos
fluxos de IED, o que se tem é um crescimento significativo da participação das
empresas estrangeiras no produto interno15, fato que contribuiu para a
ocorrência de importantes mudanças estruturais da economia nacional, a qual
passou a disseminar, entre outras coisas, os padrões tecnológicos vigentes nos
países desenvolvidos, bem como permitiu a ampliação da produtividade e da
competitividade em diversos segmentos16.
Figura 8 - Fluxo de IED no Brasil – 1990/2009 (em US$ milhões)
13
O marco do retorno do Brasil ao sistema financeiro foi com a assinatura do plano
Brady. Essa fase conturbada do Brasil com a comunidade financeira internacional perdurou até
1990, quando foi iniciada uma nova etapa inaugurada pelo então Ministro da Fazenda do
governo Collor, Marcílio Marques Moreira e consubstanciada pelo Ministro Fernando Henrique
Cardoso que designou o economista Pedro Malan como negociador da dívida externa
brasileira, buscando recuperar a respeitabilidade política brasileira no exterior.
14
Processo que segue a perspectiva discutida inicialmente, que foi denominada
terceira onda da globalização.
15
Tal estimativa pode ser feita a partir da proporção entre o estoque de IED e o
Produto Interno Bruto, que passou de 7,68% em 1980 para 26,19% em 2009. Ver
<www.unctad.org>.
16
Segundo a UNCTAD, a participação média do Brasil no fluxo global de IED nos anos
70 foi de 5%, enquanto que entre os anos de 2000 e 2009 tal proporção caiu para 2,1%.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 162
50000
45.058,2
45000
40000
35000
32.779,2
30000
25000
20000
15000
10000
5000
988,8
2.149,9
0
1990
1993
1996
1999
2002
2005
2008
Fonte: UNCTAD
Com relação aos países de origem desses recursos, o último censo do
capital estrangeiro, elaborado pelo Banco Central do Brasil, mostra que apenas
10 países detinham cerca de 80% do estoque total de IED, sendo que apenas
os Estados Unidos, a Holanda, a Espanha, o México e a França respondem
quase 60% do estoque de investimentos diretos estabelecidos no país. A Itália
possuía, à época, 2,57% do estoque total, o que representa um capital de
US$4,2 bilhões, conforme mostra tabela abaixo.
Tabela 1 - Estoque de IED por país de origem do capital – 2005
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 163
País Origem dos Recursos
Estados Unidos
Países Baixos
Espanha
México
França
Alemanha
Canadá
Ilhas Cayman
Ilhas Virgens (GB)
Itália
Reino Unido
Japão
Suíça
Luxemburgo
Portugal
Uruguai
Panamá
Suécia
Dinamarca
Barbados
Total
em US$ bilhões
27,097
27,012
17,589
15,051
12,238
7,251
6,690
6,149
4,811
4,181
3,491
3,261
2,844
2,399
2,237
1,890
1,343
0,802
0,792
0,736
162.807.274
part. %
16,64
16,59
10,80
9,24
7,52
4,45
4,11
3,78
2,96
2,57
2,14
2,00
1,75
1,47
1,37
1,16
0,82
0,49
0,49
0,45
100
Fonte: Censo do Capital Estrangeiro - BCB
Quanto aos setores de atividade, o Censo de 2005 indica que 3,62% dos
estoques estavam ligados às atividades de agricultura, pecuária e extração
mineral; 33,02% à indústria; e, 63,15% ao setor de serviços.
Individualmente, as atividades que se destacam no setor de serviços
são: correio e telecomunicações; serviços prestados a empresas;
intermediação financeira; comércio atacadista; e, eletricidade, gás e água
quente. Essas atividades compunham uma participação de 49,2% no estoque
total.
No segmento industrial, as principais atividades são: produtos químicos;
fabricação e montagem de veículos automotores; alimentos e bebidas; material
eletrônico e equipamentos de comunicação; e, máquinas e equipamentos, que
juntos totalizaram 24% do estoque total de capital estrangeiro no ano de 2005.
Na tabela abaixo é possível analisar individualmente os setores apreciados
pelo Censo do capital estrangeiro.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 164
Tabela 2 - Estoque de IED - Distribuição por Atividade Econômica
Principal (em US$ mil e part.%)
Atividade Econômica (CNAE)
em US$ mil
Correio e telecomunicações
32.834.304,3
Serviços prestados a empresas
15.674.959,3
Intermediação financeira
12.901.515,5
Fabr. de produtos químicos
12.127.612,0
Comércio p/atac. e intermed. do comércio 11.395.193,4
Fabr. mont. veícs. automs., rebs. e carrocerias11.241.309,9
Eletricidade, gás e água quente
7.358.503,9
Fabr. de produtos aliment. e bebidas
6.866.564,7
Comércio varej. e repar. de objetos
5.834.136,0
Fabr. mat. eletrôn. e equips. de comunic.
4.516.601,6
Fabr. máquinas e equipamentos
4.331.270,9
Ativs. aux., transp. e agências de viagem
3.276.624,9
Extração de petróleo e servs. relacs.
3.145.738,5
Fabr. artigos de borracha e plástico
2.354.691,7
Fabr. celul., papel e produtos de papel
2.275.289,7
Fabr. máquinas, apars. e mats. elétricos
2.156.832,0
Ativs. recreat., culturais e desportivas
2.110.434,3
Ativs. aux. da interm. financeira
1.726.328,9
Atividades imobiliárias
1.676.066,3
Metalurgia básica
1.611.868,1
Ativs. de informática e conexas
1.585.924,3
Extração de minerais metálicos
1.504.686,3
Construção
1.394.299,2
Seguros e previdência privada
1.377.016,6
Fabr. outros equips. de transporte
1.124.691,2
Pesquisa e desenvolvimento
1.062.742,2
Fabr. produtos minerais não-metálicos
1.034.051,6
Fabr. de produtos têxteis
784.719,2
part. % Atividade Econômica (CNAE)
20,2
Fabr. de produtos de metal
9,6
Agricult., pecuária e servs. relacs.
7,9
Edição, impressão e repr. de gravações
7,4
Fabr. de produtos de madeira
7,0
Aluguel de veícs., máqs. equips. e objetos
6,9
Alojamento e alimentação
4,5
Fabr. de produtos do fumo
4,2
Fabr. equips. méds., ótics., automação, relógs.
3,6
Extração de minerais não-metálicos
2,8
Comércio e rep. veícs., com. combustíveis
2,7
Captação, tratamento e distr. de água
2,0
Transporte terrestre
1,9
Serviços pessoais
1,4
Fabr. móveis e indústrias diversas
1,4
Fabr. máquinas p/escrit. e equips. inform.
1,3
Silvicult., expl. florestal e servs. relacs.
1,3
Saúde e serviços sociais
1,1
Conf. de arts. vestuário e acessórios
1,0
Transporte aquaviário
1,0
Limpeza urbana, esgoto e ativs. conexas
1,0
Prep. de couros, fabr. artefs. e calçados
0,9
Educação
0,9
Reciclagem
0,8
Atividades associativas
0,7
Fabr. coque, petról.,combs. nucls.,álcool
0,7
Pesca, aquicultura e servs. relacs.
0,6
Transporte aéreo
0,5
TOTAL
em US$ mil
710.610,1
686.285,0
561.373,0
520.941,7
442.809,5
429.837,8
421.484,3
392.293,4
362.396,9
360.359,5
312.591,2
303.600,8
235.928,1
230.501,7
175.147,1
169.778,9
130.193,3
125.193,8
119.750,2
118.345,7
116.232,6
106.541,4
50.725,6
45.566,4
33.046,9
21.781,4
4.898,4
162.807.274,1
Fonte: Censo do Capital Estrangeiro - BCB
Em contrapartida, a entrada de tais recursos tem contribuído para a
elevação do envio de rendas associadas aos IED, bem como de outros tipos de
despesas que indiretamente também podem estar relacionadas às empresas
estrangeiras, com destaque para as que realizam o pagamento de royalties e
licenças, cuja relação está, em grande medida, associada à transferência de
tecnologia por parte dessas companhias17.
Figura 9 - Renda de IED (despesas) e despesas com royalties e
licenças
17
O fluxo de IED é considerado um dos principais mecanismos de transferência
tecnológica entre países. Porém, existem outras formas tais como os contratos de licença e
transferência de know how entre organizações que não têm qualquer tipo de vínculo.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 165
part. %
0,4
0,4
0,3
0,3
0,3
0,3
0,3
0,2
0,2
0,2
0,2
0,2
0,1
0,1
0,1
0,1
0,1
0,1
0,1
0,1
0,1
0,1
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
100,0
35000
30000
25000
20000
15000
10000
5000
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Rendas de IED (despesas)
Pagamento de royalties e licenças
Fonte: BCB
As despesas de renda de investimento direto (lucros e dividendos, lucros
reinvestidos no Brasil e juros de empréstimo intercompanhia), totalizaram em
2010 US$ 26,6 bilhões, o que representa um crescimento de quase 1.300% do
volume de despesas pagas em comparação ao ano de 1990.
Já as despesas com royalties e licenças totalizaram, em 2010, US$ 2,85
bilhões, o que representou um crescimento de quase 3.000% em relação às
despesas realizadas com essa conta em 1990.
Tais dados corroboram a ocorrência de uma nova fase que passa a se
efetivar no Brasil, a partir da década de 90, para a qual os capitais relacionados
aos IED guardam uma forte correlação.
Na seção a seguir, serão avaliadas, especificamente, as relações
econômicas entre a Itália e o Brasil, a partir do acolhimento de empresas
multinacionais italianas.
3. RELAÇÕES BRASIL E ITÁLIA: UMA ANÁLISE A PARTIR DO
INFLUXO DE IED ITALIANO
Participando ativamente da onda da economia global, a Itália também
registrou um forte crescimento nas suas relações comerciais com o resto do
mundo, bem como ampliou significativamente as remessas de capitais para
outros países a partir do início da década de 90.
Particularmente, os afluxos de IED italianos apresentaram uma taxa de
crescimento média, entre 1990 e 2009, de 38,5% ao ano, perfazendo um
montante acumulando neste período de US$ 422,129 bilhões. O
comportamento desses fluxos pode ser avaliado na figura abaixo.
Figura 10. Fluxo italiano de IED remetido
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 166
6,0
100.000
90.000
5,0
80.000
70.000
4,0
60.000
3,0
50.000
40.000
2,0
30.000
20.000
1,0
10.000
part. %
20
08
20
06
20
04
20
02
20
00
19
98
19
96
19
94
19
92
19
90
19
88
19
86
19
84
19
82
19
80
19
78
19
76
19
74
0
19
72
19
70
0,0
em US$ milhões
Fonte: UNCTAD
Quanto à participação dos capitais italianos, verifica-se que o mesmo
apresentou uma média de 2,6% em relação ao fluxo total de IED, entre 1990 e
2009, o que lhes permitiu compor 3% do estoque total de IED em 2009,
conforme mostrou a figura 3.
De acordo com as estatísticas internacionais de IED, a Itália tem uma
participação que pode ser classificada “média-baixa” em relação ao fluxo
mundial de IED. Porém, vale lembrar que tal avaliação não leva em
consideração inúmeros investimentos que são realizados por empresas
italianas que possuem sede em outros países, tais como na Holanda, em
Luxemburgo e no Reino Unido.
Com relação aos IED italianos no Brasil, o que se pode verificar, de
acordo com o último Censo do Capital Estrangeiro realizado pelo Banco
Central do Brasil em 2005, é que a Itália possuía, nesta data, um estoque de
capital de US$ 4,2 bilhões, proporcionando-lhe a décima posição no ranking
geral, e a quarta entre os países da Europa.
Apesar da parcela de investimentos italianos no Brasil ser considerada,
quando comparada a outros países, relativamente modesta, a mesma não
deve ser avaliada apenas a partir dessa perspectiva, uma vez que sua
participação tem sido vital para o desenvolvimento dos principais segmentos da
economia brasileira.
Em termos de impacto sobre a economia nacional, vale ressaltar que
uma boa parcela das atividades produtivas desempenhadas pelas empresas
italianas no Brasil tem contribuído para ampliar as exportações brasileiras,
cabendo destacar, como se verificará mais a frente, o setor automotivo.
Ademais, diversas outras empresas italianas têm atuado em segmentos
considerados estratégicos para o país, com destaque para aquelas que fazem
parte dos setores de geração e distribuição de energia elétrica e telefonia.
Analisando os fluxos acumulados de IED oriundos da Itália entre os anos
de 2001 e 2009, cujo montante acumulado foi de US$ 2,9 bilhões, o que se
percebe é a presença desses capitais em diversos setores, que estão
vinculados: à agropecuária; ao setor de serviços, inclusive de utilidade pública;
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 167
às atividades de comércio (varejista e atacadista); à indústria de transformação;
entre outros como mostra a tabela abaixo.
Tabela 3 - IED italiano no Brasil
Setor/Atividade
Autoindústria
Atividades ligadas à constr.civil e empr.imob.
Energia Elétrica
Serviços (diversos)
Siderurgia e metalurgia
Comércio (varejo e atacado)
Bens de Capital
Fios e cabos
Alimentos (diversos)
Química e petroquímica
Fabr. Prod. Diversos
Plásticos borrachas
Têxtil e calçados
Telecomunicações
Álcool
Gás
Extração Mineral
Eletroeletrônicos
Papel e celulose
Total
em US$ milhões
684,34
448,28
355,10
318,24
231,06
207,47
172,73
116,60
67,03
62,95
58,53
54,04
37,40
35,85
35,46
14,53
13,51
4,25
1,51
2.905,60
part.%
23,55
15,43
12,22
10,95
7,95
7,14
5,94
4,01
2,31
2,17
2,01
1,86
1,29
1,23
1,22
0,50
0,46
0,15
0,05
100,00
Fonte: BCB
Individualmente, o setor automobilístico18 - que inclui as montadoras e
os fabricantes de componentes e autopeças – é o principal segmento
acolhedor de IED italiano, respondendo por cerca de um quarto do fluxo total,
para o período analisado. Neste ínterim, vale destacar a Fiat, há 50 anos no
Brasil, e a IVECO, que se estabeleceu em 1997, produzindo caminhões e
ônibus.
Ademais, vale ressaltar que a atuação da Fiat foi e tem sido responsável
pela entrada de importantes empresas produtoras de autopeças no país, com
destaque para: a Magneti Marelli, a CNH, a Teksid, a Comau, entre outras.
O setor industrial vinculado à produção siderúrgica e metalúrgica
também figura entre os principais setores acolhedores de IED italiano no Brasil.
Um dos destaques desse setor é a Maccaferri, que inaugurou sua primeira
unidade no Brasil em 1974, e vem intensificando sua atuação no mercado
brasileiro, investindo em inovações tecnológicas que têm contribuído,
sobremaneira, para as atividades de engenharia geotécnica, hidráulica e
proteção ambiental.
Os capitais italianos também se fazem presentes nas atividades ligadas
à geração e distribuição de energia elétrica. Para o mesmo período analisado,
18
Vale lembrar que o setor automobilístico é considerado uma das principais atividades
econômicas, em função do seu efeito multiplicador.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 168
verifica-se que cerca de 12% do fluxo de IED italiano no Brasil foram
destinados a este segmento. A ENEL, principal empresa de energia da Itália,
controla a ENDESA e a COELCE, cujo faturamento as coloca entre as maiores
empresas no Brasil, conforme mostra a tabela 4.
O setor de Telecomunicações também recebeu importantes aportes de
capitais originários da Itália, a partir da atuação da subsidiária da Telecom Italia
Mobile, a TIM, que hoje detém quase um quarto do segmento de telefonia
móvel no Brasil, além de ter sido a segunda maior empresa italiana em volume
vendas em 2009, conforme mostra a tabela 4.
A indústria química e petroquímica também conta com uma forte
presença de empresas italianas, com destaque para a M&G Polímeros, a
Petronas Lubrificantes e a Sipcam Isagro, que também figuram entre as
maiores empresas do país, conforme mostra a mesma tabela abaixo.
Os capitais italianos também estão presentes nos mais variados
segmentos relacionados às atividades de serviços, com destaque para as
atividades auxiliares aos transportes terrestres; hotelaria; assessoria e
consultoria empresarial; seguridade etc. Destaca-se, por sua importância
econômica e relação histórica com o Brasil, a Generali Brasil Seguros, que atua
no país desde 1925.
As diversas atividades ligadas à construção civil, aos empreendimentos
imobiliários e aos serviços vinculados à atividade imobiliária, igualmente
merecem proeminência, haja vista que em conjunto responderam por mais de
15% do fluxo total de IED no período analisado.
Outro setor que tem recebido importantes aportes de IED é o de
comércio, tanto atacadista quanto varejista, principalmente de: produtos
alimentícios; artigos de uso pessoal ou doméstico; máquinas e equipamentos
para uso industrial; madeira e material para construção, ferragens e
ferramentas; artigos de óptica etc.
Vale destacar, ainda, a contribuição das empresas de capital italiano
para a balança comercial brasileira, a partir de suas exportações.
Considerando apenas as empresas constantes da publicação Melhores e
Maiores19 de 2010, referente ao ano de 2009, verifica-se que apenas as
empresas FIAT, CNH, M&G, Magneti Mareli, Teksid e M&G Fibras foram
responsáveis, em conjunto, por um volume de vendas para o exterior de
US$1,52 bilhão, conforme mostra a tabela abaixo.
Tabela 4. Maiores empresas italianas no Brasil (em vendas)
19
Revista Exame – Melhores e Maiores – 2010.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 169
Empresas
Setor
Fiat Automóveis S/A
Autoindústria
Tim Celular S/A
Vendas Exportação Exportação
(em US$
(em US$
(part. %
milhões) Milhões)
vendas)
15.537,10
973,5
6,3
Telecomunicações
11.382,80
-
Energia
2.487,30
-
-
Case New Holland Latin América Ltda
Autoindústria
2.449,10
331,1
13,5
Pirelli Pneus Ltda.
Autoindústria
1.826,80
-
-
Energia
1.747,20
-
-
Autoindústria
742,5
-
-
Ampla Energia e Serviços S/A
Companhia Energética do Ceará (COELCE)
Magneti Marelli Sistemas Automotivos Ind. e Com. Ltda.
M&G Polímeros Brasil S/A
Magneti Marelli Cofap Cia. Fabricadora de Peças
Teksid do Brasil Ltda.
CGTF Central Geradora Termeletrica Fortaleza S.A.
Petronas Lubrificantes Brasil S/A
Comau do Brasil Indústria e Comércio Ltda.
-
Química e Petroquímica
661
77,6
11,7
Autoindústria
535,7
89,1
16,6
Siderurgia e Metalurgia
462,8
43,9
9,5
Energia
388,9
-
-
Química e Petroquímica
384,2
-
-
Bens de Capital
382,7
0
0
Cien * Companhia de Interconexão Energética (Endesa Cien)
Energia
191,4
-
-
Monte Tabor Centro Ítalo Brasileiro de Promoção Sanitária (Hospital São Raphael)
Serviços
184,7
-
-
Centrais Elétricas Cachoeira Dourada S/A (Endesa Cachoeira)
Energia
184,5
-
-
M&G Fibras Brasil S/A
Têxteis
174,5
4,5
2,6
Química e Petroquímica
128,6
-
-
Sipcam Isagro Brasil S.A.
Fonte: Revista Exame – Melhores e Maiores
Por fim, cabe ressaltar que várias outras empresas de capital italiano
merecem destaque na presente análise, que, independentemente do seu porte,
estão colaborando para a atual conjuntura da economia brasileira, seja
contribuindo para a expansão do produto interno, seja transferindo tecnologias
que são fundamentais para a melhoria da competitividade brasileira. Todavia,
tal espaço não permite tal contemplação, de tal modo que muitas dessas
empresas não tiveram a devida avaliação que o presente tema requer.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como se observou, o Brasil se inseriu, a partir da década de 90, de
forma efetiva ao processo de globalização econômica e, reproduzindo um dos
principais eventos do atual estágio do sistema econômico internacional,
viabilizou um amplo processo de abertura comercial e financeira que, entre
outras coisas, tornou o país um dos maiores receptores de Investimento
Estrangeiro Direto.
Os fluxos de IED são um dos principais responsáveis pelas recentes
mudanças estruturais da economia brasileira, atuando tanto nos segmentos
industriais – que se encontravam extremamente desatualizados
tecnologicamente – quanto nas atividades de serviço, incluindo os chamados
serviços de utilidade pública – que a partir de um amplo processo de
privatização transferiu diversas empresas públicas para o setor privado
nacional e estrangeiro.
A Itália, igualmente compôs tal movimento global, o que lhe permitiu não
apenas receber fluxos de IED, mas também exportar empresas italianas para o
resto do mundo.
Assim sendo, o Brasil se tornou um dos destinos desse capital, apesar
da presença do IED italiano no país ainda ser considerada relativamente
modesta. Não obstante tal posição, a avaliação empreendida ao longo deste
capítulo procurou mostrar que em termos absolutos a importância desses
capitais deve ser considerada de grande valia, haja vista que boa parte das
empresas italianas estabelecidas no país atua em importantes segmentos da
economia brasileira.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 170
Além disso, evidência a existência de um amplo espaço para o
crescimento dessas relações econômicas entre os dois países, sobretudo
porque as oportunidades de negócios existentes no Brasil estão em pleno
desenvolvimento, em função do momento pujante da economia brasileira, que
certamente demandará a abertura de novos negócios, bem como levará à
ampliação daqueles já existentes.
Por fim, vale realçar que os capitais italianos poderão encontrar no Brasil
algumas outras vantagens que estão associadas: ao mercado interno; aos
diversos programas de incentivos e benefícios governamentais oferecidos pela
União e pelos estados brasileiros; à existência de abundantes fontes de
matérias-primas; à estabilidade político-institucional; às boas relações
econômicas e políticas entre os dois países; e, à proximidade cultural, fato que
com certeza tem um grande peso quando avaliados os possíveis riscos
envolvendo o destino de um IED.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 171
CAPÍTULO 9
CONSIDERAÇÕES
SOBRE
A
COOPERAÇÃO
BRASIL-ITÁLIA
Joaquim C. Racy
INTRODUÇÃO
Esta breve apresentação tem por objetivo arrolar alguns elementos
fundamentais para uma avaliação mais detida sobre o complexo histórico da
cooperação entre Brasil e Itália. Nesse sentido, é preciso considerar antes de
qualquer análise que uma avaliação objetiva da cooperação entre países
remete à figura da cooperação internacional institucionalizada, isto é, a
cooperação técnica internacional, que teria início no Brasil na segunda metade
dos anos 60 do século passado. No que se refere especificamente à
cooperação com a Itália, o processo se iniciaria formalmente na década de 70,
muito embora relações intensas com o país nesse campo venham se
desenvolvendo desde o século XIX, ainda que por outras vias e muitas vezes
conturbadas, mas que, teoricamente, deveriam influenciar sobremaneira a
relação de cooperação contemporânea entre esses dois países.
Outra questão que merece destaque na avaliação da cooperação entre
países diz respeito ao fato de que esse campo das relações externas tem,
principalmente no caso brasileiro, importância crescente para o processo de
desenvolvimento, mesmo que relativo a aspectos específicos da realidade, e,
nessa medida, na orientação das políticas externas num sistema internacional
submetido a um processo de globalização. Dessa maneira, procurar entender a
cooperação Brasil-Itália significa compreender o papel que as parcerias entre
países exercem sobre as realidades nacionais, mas, também, sobre os
processos de integração regionais a que estes se encontram submetidos. Isto
significa, portanto, compreender a estratégia de inserção internacional dos
países e as possibilidades apresentadas pelos blocos regionais.
Naturalmente, dado o reduzido espaço para um desenvolvimento mais
abrangente desta apresentação, a exploração das questões colocadas se
encontra limitada e o texto procura somente indicar as questões que parecem
merecer mais urgente reflexão.
1. A COOPERAÇÃO INTERNACIONAL INSTITUCIONALIZADA
A criação da Organização das Nações Unidas (ONU) ao fim da II Grande
Guerra tinha como um dos principais propósitos a cooperação entre países e,
para tanto, inclusive, se desenvolveu todo um aparato institucional no sentido
de proporcionar uma maior interação entre nações ricas e pobres com o
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 172
objetivo da transferência de recursos para desenvolvimento. Dispõe sobre a
questão o capítulo IX, Artigo 55, da Carta das Nações Unidas20.
É fundamental ressaltar, como se pode observar no texto da Carta, que
a preocupação com a estabilidade e a segurança, figurando como os principais
motivos para a criação da O.N.U., incorporava uma nova visão dos problemas
internacionais, apontando como causa ou motivo para a insegurança e a
instabilidade, em boa medida, os desequilíbrios de desenvolvimento entre as
nações. É importante anotar, também, que a assimetria entre países após a II
Grande Guerra passava mesmo a motivar duas diferentes concepções de
sociedade, caracterizando um novo período de guerra com características
completamente distintas das anteriores.
Mas o importante é que, mais do que por uma questão de fato, o direito
internacional passou a ter novo status, ampliando-se o escopo da ação nessa
área de atuação. Com isso, evidentemente, se quer dizer que a partir da II
Grande Guerra começou a se desenvolver uma concepção ética das relações
internacionais que, ainda que não hegemônica, revelava uma nítida percepção
ou consciência dos problemas relativos à assimetria nos relacionamentos entre
os países componentes do sistema internacional. Essa, inclusive, foi a tônica
que engendrou a figura da cooperação internacional na Carta das Nações
Unidas, em seus artigos 55 e 56.
Contudo, segundo Cachapuz de Medeiros (1993), o que, de fato,
ensejou a institucionalização da cooperação técnica foi o processo de
descolonização, que dando corpo à idéia de Terceiro Mundo, permitiu ao grupo
de países que teoricamente o compunham se exprimirem mais enfaticamente
em relação à sua importância para a estabilidade do sistema internacional.
Assim, a cooperação técnica se desenvolveu de forma a incorporar
relações bilaterais e relações multilaterais, encontrando-se estas últimas no
marco das organizações internacionais, que se desenvolveram em profusão
tanto no âmbito da O.N.U., quanto fora dele. A participação da ONU nesse
processo, portanto, assume importância crucial e, nesse sentido, já em sua
fundação se constituiu o Conselho Econômico e Social – ECOSOC.
Além disso, como primeiras iniciativas reais por parte da ONU no sentido
da institucionalização da cooperação técnica têm-se a criação da Comissão
Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), em 1948, e, na
seqüência, a constituição do “Programa Ordinário de Assistência Técnica”, no
mesmo ano, resultante de uma resolução que permitia que o Secretário Geral
efetuasse operações técnicas com base no orçamento da Organização. Podese afirmar que o Brasil passaria imediatamente a ser parte interessada nesse
processo.
Em 1949, o “Programa Básico” seria ampliado, sendo criado o
“Programa Ampliado de Assistência Técnica” e o ECOSOC instituiria o Bureau
de Assistência Técnica que, tendo aumentada a demanda por seus serviços,
motivaria a criação de um Fundo Especial que viabilizaria o financiamento dos
investimentos necessários à operacionalização dos projetos da Organização.
Com o surgimento, em 1960, da Associação Internacional do
Desenvolvimento (AID) em 1960, visando à liberação de empréstimos em
20
Ver MAROTTA RANGEL, Vicente. Direito e Relações Internacionais. 2.ª edição. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 1981, p. 29.
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Página 173
condições vantajosas para os países em desenvolvimento, a discussão sobre o
desenvolvimento já assumia novos contornos e a Assembléia Geral da ONU,
em dezembro de 1961, aprovaria a resolução “Comércio Internacional: principal
instrumento do desenvolvimento econômico”, que viria a gerar a inclusão do
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) e da Conferência das Nações
Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) em seu sistema.
Em 1966 foram fundidos o Programa Ampliado de Assistência Técnica e
o Fundo Especial no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD), este último criado em novembro de 1965, dotando a Organização de
instrumento mais efetivo para a realização da cooperação técnica.
Em 1967, a ONU criou a Organização das Nações Unidas para o
Desenvolvimento Industrial (UNIDO), visando à cooperação para o
desenvolvimento da base industrial dos países.
Ao longo desse período, também, organismos constituintes da ONU tais
como Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação
(FAO), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Organização
Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, adotaram medidas no sentido de se
envolverem mais intensamente com a cooperação técnica. Assim, o sistema de
cooperação técnica internacional da ONU se tornou por demais complexo e
como resultado, por proposta do Conselho de Administração do PNUD, em
1972, o ECOSOC aprovou uma reforma que ampliou o esse Conselho,
compondo-o com representantes de Estados em vias de desenvolvimento e de
Estados desenvolvidos, o que afetaria diretamente o Brasil.
A importância dessa reforma residiu na programação da cooperação
que, até então organizada por projetos, passaria a ser organizada por país, a
partir da instalação de representantes-residentes nos países participantes do
sistema.
Contudo, conforme Cachapuz de Medeiros, 95% dos recursos do PNUD
advêm dos orçamentos de assistência dos países que compõem a
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e,
nesse sentido, as decisões quanto à cooperação no PNUD sofrem influências
políticas importantes.
O que é certo é que com o prenúncio do colapso da ordem estabelecida
no pós-guerra, o conceito de cooperação passaria a ser objeto de
reformulação, alcançando o significado de operação conjunta entre países ou
entre os diversos sujeitos do direito internacional.
2. A COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL DO BRASIL
Ainda que conservando a condição básica de uma relação de doação e
recepção de conhecimento, a cooperação internacional incorpora atualmente a
noção de reciprocidade. Da mesma forma, a concepção de conhecimento
passou por um processo de ampliação no campo da cooperação internacional,
estendendo-se às áreas da ciência e tecnologia. Na realidade, parte-se da
hipótese de que nenhuma atividade de cooperação pode ser situada num
quadro onde existem fornecedores ou recebedores exclusivos, pois o
conhecimento deve ser considerado o fruto de uma operação de construção
em parceria.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
Página 174
Na cooperação bilateral os principais organismos envolvidos são as
agências “nacionais” de cooperação, enquanto órgãos especializados dos
ministérios de relações exteriores no desenvolvimento desse tipo de operação,
e os governos ou suas representações diplomáticas.
O Brasil começou a organizar suas ações de cooperação técnica
criando um órgão para cooperação técnica recebida, dentro do Ministério das
Relações Exteriores, denominado CNAT – Comissão Nacional de Assistência
Técnica.
Em virtude das mudanças ocorridas na política internacional e no
sistema de cooperação técnica, o país reorganizou seu próprio sistema de
cooperação, criando em 1967 a SUBIN – Subsecretaria de Cooperação
Econômica e Técnica Internacional, vinculada ao Ministério do Planejamento e
Coordenação Geral. No entanto, a formulação da política de cooperação
passaria a caber, a partir de 1969, à Divisão de Cooperação Técnica do
Ministério das Relações Exteriores.
Ao mesmo tempo, o Brasil conta com uma agência de
cooperação, a Agência Brasileira de Cooperação – ABC, órgão responsável
pela operação da cooperação técnica, pertencente à Fundação Cabo Frio e,
portanto, somente indiretamente ligado ao Ministério das Relações Exteriores.
Estando estruturada em três setores: Cooperação Técnica
Recebida Bilateral; Cooperação Técnica Recebida Multilateral; e Cooperação
Técnica entre Países em Desenvolvimento, a ABC considera a cooperação
técnica como “um instrumento específico pelo qual países e/ou organismos
internacionais transferem conhecimentos e técnicas dentro de um processo
planejado de mudanças, associado às prioridades de desenvolvimento sócioeconômico e articulado com a política externa do País”21.
Assim, pode-se imaginar que a cooperação técnica assume um
papel fundamental na mobilização de recursos para a absorção de tecnologias
e ascensão do país na escala do desenvolvimento.
Segundo Plonski (1993), algumas das principais características da
cooperação técnica internacional no Brasil referem-se a: desenvolvimento da
infra-estrutura humana; geração de um fluxo de conhecimentos de forma a
aumentar o estoque preexistente; capacitação efetiva dos agentes
recipiendários; carreamento de recursos financeiros para desenvolvimento
desse processo.
Quanto à cooperação bilateral, as atividades mais intensas, segundo o
autor, estariam se desenvolvendo ao longo do tempo com os seguintes países:
Japão, Alemanha, França, Canadá, Grã-Bretanha. Atualmente se percebe uma
tendência de crescimento expressivo das relações de cooperação com Itália e
Espanha.
3. A COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL ENTRE BRASIL E
ITÁLIA
Criada pelo Acordo Básico de Cooperação Técnica de 1972,
complementado pelo Acordo-Quadro de Cooperação Econômica, Industrial,
21
WARWAR, Z. et alli. O papel da cooperação técnica internacional no desenvolvimento
brasileiro. In: ROGRAMA DE GESTÃO DA COOPERAÇÃO TÉCNICA INTERNACIONAL. São
Paulo: IEA/USP – MRE/PNUD, 1993. mimeo. p. 4.
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Científica-Tecnológica, Técnica e Cultural de 1989, e pelo Convênio Básico de
1971, substituído pelo Novo Convênio de 198925, a cooperação da Itália não
tem atingido maior expressão até recentemente, estando sempre marcada por
negociações que protelavam sua efetiva realização.
As sucessivas crises econômicas, os formalismos e certa
desorganização agiriam como elementos impeditivos do desenvolvimento de
atividades de maior relevo na área. Pode-se tomar como exemplo disso o caso
recente, de 2010, da assinatura de instrumento de parceria estratégica nas
áreas militar e espacial, de grande significado, que pode vir a ser prejudicada
ou protelada por conta da decisão brasileira relativa ao caso Battisti.
Assim, essa cooperação em seu período inicial efetivo (de 1989
até o primeiro governo FHC), revelando sua relevância e possibilidades para o
Brasil, além de crescente, esteve centrada em sua maior parte na área de
Saúde, seguida pelas áreas de Assistência Social e de Meio Ambiente,
conforme se observa na tabela abaixo.
COOPERAÇÃO BILATERAL RECEBIDA PELO BRASIL
Projetos em execução
ITÁLIA
Regiões %
Norte
Nordeste
Centro Oeste
Sudeste
Sul
Nacional
Áreas/Temas %
Planejamento
Indústria
Desenv. Regional
Saúde
Agricultura
Desenv. Urbano
Meio Ambiente
Assist. Social
Total
Total de Projetos
Valor da Cooperação
Obsv.:
1989
1994
27
20
40
ND*
13
1989
7
20
20
27
7
7
13
1989
ND*
ND*
1995
15
41
8
36
1996
1994
1995
1996
ND*
33,3
50
1994
38
ND*
100
33,3
33,3
50
1995
1996
3+39
2+56
ND*
ND*
39 por ONGs 56 por ONGs
Promessa:
US$ 4 mi
Fonte: Relatórios de atividades (1988/96) ABC
* ND = não disponível
A cooperação por parte da Itália, no entanto, teve início motivada, em
grande medida, pelo interesse em se criarem as condições para o
deslocamento de capital italiano para o Brasil. Nessa medida, ela vem
acontecendo em sua maior parte na modalidade interinstitucional (entre
instituições privadas, com participação de ONGs).
25
Relatório de Atividades ABC/CTRE - 1988.
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Página 176
Não é por acaso que, ainda conforme a tabela apresentada, os projetos
desenvolvidos tiveram inicialmente maior concentração na região Sudeste. A
participação da região Nordeste apresentaria crescimento significativo no
período imediatamente posterior, o que poderia significar a decisão por uma
cooperação mais centralizada, isto é, com maior envolvimento do Estado
Italiano e voltada para o processo de desenvolvimento social do Brasil.
Não que isso não tenha ocorrido, mas com a assinatura de ConvênioQuadro de Cooperação Econômica, Industrial e para o Desenvolvimento
(Econômico) em 1998, o processo de cooperação entre esses países manteria
as mesmas características anteriores: descentralizado e voltado para
atividades eminentemente econômicas mesmo que em áreas de maior alcance
como Meio Ambiente.
Somente em 2010 se observam uma intensificação dessa cooperação
com o desenvolvimento de projetos mais sensíveis como o caso citado das
áreas militar e espacial e da construção de navios.
Isto, contudo, fez mudar significativamente o papel da Itália na
cooperação recebida bilateral do Brasil. Assim, de uma posição de cooperador
sem expressão, a Itália passa a ocupar agora o terceiro lugar atrás somente de
Japão e Alemanha, os dois principais tradicionais cooperadores do Brasil, e a
frente da França, que tradicionalmente ocupava tal posição.
Mas essa posição se refere aos valores envolvidos, uma vez que, em
termos de quantidade de projetos, a Itália ainda se encontra atrás da
Alemanha, Japão, França e do próprio Canadá. Enquanto a Itália conta com 30
projetos em execução, aqueles países têm 70, 68, 34 e 196 projetos em
execução no país, respectivamente.
Confirmando essa situação, os dados da Agência Brasileira de
Cooperação – ABC, dão conta de que os projetos encontram-se centrados nas
áreas Social/Educação e de Meio Ambiente, e se concentram no Nordeste,
alcançando o Sudeste a terceira posição em termos regionais, o que se
coaduna perfeitamente com a atividade de cooperação desenvolvida pela Itália
junto ao Brasil.
É interessante notar, frente a esse quadro, que as relações negociais de
comércio entre os países revelam que nos 20 últimos anos o Brasil saiu de
uma posição superavitária para uma posição deficitária em relação à Itália.
Ainda que tal comércio, seguindo a tendência geral do comércio exterior
brasileiro, tenha crescido substantivamente ao longo do período, representa
somente um pouco mais de 1,5% do montante de comércio deste país.
Acresce a isso o fato de que esse comércio apresentou mudanças
qualitativas, tendo o Brasil passado de uma condição de exportador por
excelência de produtos manufaturados no início dos anos 90 do século
anterior, para um exportador de fundamentalmente de produtos básicos a partir
de meados dos anos 2000. Colocam-se como principais produtos de
exportação nos dois últimos anos Café não Torrado e Pasta Química de
Madeira e como importados Partes e Acessórios para Tratores e Automóveis e
Partes e Acessórios de Carrocerias para Veículos.
Todo esse quadro revela a importância da cooperação italiana na
política de cooperação desenvolvida pelo Brasil e, nesse sentido, no próprio
processo de desenvolvimento nacional. Embora a cooperação recebida pelo
Brasil tenha tido sua importância diminuída nos anos recentes e até por isso, a
Momento Itália/Brasil 2011-2012
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participação italiana nessa realidade assume papel de destaque podendo se
ampliar, bastando para isso que os tradicionais obstáculos a isso, típicos da
história das relações entre esses dois países, sejam superados por um
relacionamento mais próximo, racional e equilibrado.
4. CONSIDERAÇÕES
BRASIL-ITÁLIA
SOBRE
COOPERAÇÃO
E
RELAÇÕES
A despeito da cooperação institucionalizada, a cooperação entre Itália e
Brasil já é tradicional uma vez que vem se constituindo historicamente desde,
principalmente, a partir da década de 70 do século XIX. Cheia de altos e
baixos, e mesmo problemática, essa cooperação se iniciaria, portanto, com o
maciço processo de imigração vivido pelo Brasil.
À época, o Brasil tentava consolidar a transformação de sua economia,
como resultado da crise a que se submeteu após sua independência,
promovendo a implantação da economia cafeeira que, demandante intensiva
de mão-de-obra. Como essa demanda só se encontrava disponível
internamente pelo trabalho escravo e o Brasil sofria forte pressão,
particularmente por parte do Império vigente – a Inglaterra, pela abolição, o
recurso utilizado seria o da mão-de-obra livre imigrante oriunda de países em
situação de crise, sendo esse o caso da Itália.
Dada a tradição escravocrata em que nasceu a economia cafeeira,
muitos dos representantes dessa nova atividade econômica reivindicavam uma
mão-de-obra experiente na lavoura organizada e, nesse sentido, o trabalhador
europeu se apresentava com vantagens reveladas, mas também impunham
condições de trabalho para esse trabalhador, semelhantes às do trabalho
escravo.
Começavam aí os primeiros problemas no relacionamento entre Brasil e
Itália. Mas, nessa medida, pode-se dizer que se inicia a cooperação com as
características contemporâneas de formalização. Denunciado pelos imigrantes
e, mesmo, refutado por segmentos importantes de cafeicultores o
comportamento acima citado, o governo italiano se veria obrigado no início do
século XX a desenvolver uma política emigratória, no que seria acompanhado
pelo governo brasileiro no sentido de definir uma política imigratória. É assim
que, tendo continuidade a imigração pelo Brasil, o país constituiu uma das
maiores colônias de italianos fora da Itália.
Isto poderia ter dado o início a um processo aprofundado e amplo de
relacionamento entre os dois países. Contudo, como países “novos” e em
contextos bastante diferenciados, suas histórias trilhariam caminhos diversos.
Suas necessidades internas representadas, por exemplo, pela proclamação da
República e pelo movimento de 1930 no Brasil e a ascensão do Fascismo na
Itália, que poderiam vir a colocar os países nos mesmos campos, mas que por
razões específicas os colocariam exatamente opostos no segundo grande
conflito mundial, os manteriam em situação de afastamento durante longo
tempo.
Assim é que no pós-guerra, ainda por razões pertinentes às suas
especificidades históricas e geográficas, esses países, comprometidos com os
processos de desenvolvimento, com todas as suas grandes oscilações no caso
brasileiro, e de recuperação, no caso italiano, se mantiveram afastados até a
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estabilização econômica brasileira e a conclusão do processo de integração
europeu com a decisiva participação da Itália e sua ascensão à condição de
componente do G-7.
A partir, portanto, da década de 90 do século passado é que se
retomariam de forma mais efetiva as relações entre o Brasil e a Itália e, nessa
perspectiva, começaria a se desenvolver a cooperação institucionalizada entre
ambos.
Como se observou anteriormente, essa cooperação tem apresentado
resultados singelos, mas nem por isso sem importância. Sua tendência é
crescer e a história das relações entre Brasil e Itália só pode concorrer para o
sucesso de uma empreitada nesse sentido. Superando eventuais problemas
gerados pontualmente por necessidades políticas internas desses países ou
idiossincrasias de política externa, conforme os sinais emitidos pelo novo
governo brasileiro, essa tendência se verá confirmada. Cabe, portanto, aos
governos desses países, sem veleidades e com racionalidade e parcimônia
darem cabo desse processo cujas possibilidades são praticamente infinitas.
Momento Itália/Brasil 2011-2012
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CAPÍTULO 10
O papel da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio de
São Paulo nas relações internacionais Itália-Brasil
Francesco Paternò
As relações diplomáticas e políticas bilaterais entre o Brasil e a Itália
possuem raízes já bem longínquas. Na verdade, remontam desde o período da
proclamação do Reino da Itália, quando as condições socioeconômicas de
subdesenvolvimento de várias regiões italianas incitaram dezenas de milhares
de pessoas a saírem do país em busca de fortuna além do oceano, e o Brasil
tinha se tornando uma meta possível, graças aos acordos com o Governo
Brasileiro que precisava de uma nova mão-de-obra para substituir aquela dos
escravos.
Nas cidades onde o desenvolvimento das indústrias tinha favorecido
uma classe de empresários que, iniciando geralmente de atividades artesanais,
demonstraram desenvoltura e capacidade de organização, a indiscutível
habilidade dos imigrantes italianos teve a possibilidade de emergir e se afirmar.
E assim, na cidade de São Paulo, foi constituída a Câmara ÍtaloBrasileira de Comércio, Indústria e Agricultura (ITALCAM) que, há mais de um
século, contribui para o desenvolvimento das relações bilaterais entre os dois
países. Nasceu da iniciativa de um grupo de banqueiros, comerciantes e
industriais italianos após uma sessão preparatória realizada na sede da
Associação Comercial em março de 1902, na qual foi nomeada uma comissão
organizadora composta pelos representantes de algumas empresas italianas.
A ITALCAM surgiu com a adesão de oitenta e três empresários e, em 16
de maio do mesmo ano elegeu-se o primeiro Conselho Diretivo, o Presidente,
Sr. Giovanni Briccola e, como Presidente honorário, o Real Cônsul Geral da
Itália. A primeira sede foi no edifício da Rua do Comércio, n. 25, hoje antigo
centro da cidade de São Paulo.
Em 17 de maio de 1903, obteve o reconhecimento do Governo do Brasil
como Entidade Jurídica e sucessivamente aquele oficial do Governo Italiano.
Sua constituição atendeu a uma carência profundamente sentida pela
coletividade, o desenvolvimento industrial realmente estava no início e o
comércio de importação da Itália em plena atividade. Havia, portanto, a
necessidade de ter um organismo que fosse capaz de tutelar os interesses
comerciais italianos.
O desenvolvimento da indústria fez o consumo e o comércio de muitos
produtos de origem italiana crescer e, portanto, a função da Câmara também
mudou: de órgão associativo dos importadores locais transformou-se numa
assessoria de colaboração para fins político-econômicos do Governo Italiano.
Em seguida, participou da elaboração dos Tratados de Comércio entre o
Brasil e a Itália, assim como, das diversas ações realizadas em proteção dos
Momento Itália/Brasil 2011-2012
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colonos, da propaganda para a promoção do café brasileiro na Itália e da
participação às Exposições de 1906, em Milão, e de 1911, em Turim.
Em 1994, com a abertura das fronteiras do comércio internacional, o
intercâmbio Brasil-Itália aumentou significativamente. A ITALCAM também
passava pelo seu processo de transformação: em abril do mesmo ano foi eleito
como Presidente, Dr. Edoardo Pollastri, estimado empresário italiano que,
graças aos seus méritos, foi reeleito. Hoje é uma figura de destaque na
comunidade ítalo-brasileira ao desempenhar o papel de promotor das
atividades da Câmara e da integração bilateral. Além disso, também é
Conselheiro Diretivo da Assocamerestero (Associação das Câmaras Italianas
no Mundo) e Coordenador de Área das Câmaras de Comércio Italianas do
Mercosul.
Com reconhecida eficiência e prestígio a ITALCAM, em 2011, completa
109 anos em pleno desenvolvimento. Atualmente conta com quase 900
associados, e é a única Câmara de Comércio Italiana no Exterior (CCIE) com
mais de 70 Delegados na área de sua jurisdição. Dentro de sua estrutura
atuam “Desks” de Milão, de Turim, das Regiões do Veneto e da EmiliaRomagna, além da ENIT – Agência Nacional do Turismo Italiano.
Por isso, exerce uma função de grande centralidade como incentivadora
da intensificação do comércio bilateral. Seu papel característico, assim como,
seu enraizamento se manifestam, no Brasil, graças aos seus associados e, na
Itália, mediante a sua história. Tudo isso permite à Câmara ter uma alma dupla,
única entre as instituições no Brasil.
A Câmara realiza uma atividade que contempla um extenso raio de
ações: missões, feiras, intermediações de negócios, promoção do Made in Italy
e da Itália em geral, e todas aquelas atividades que tradicionalmente fazem
parte do programa de trabalho das CCIE, todas com o propósito de dar mais
visibilidade às empresas italianas no exterior e fornecer a elas um suporte
adequado para que possam atuar em um ambiente competitivo com
instrumentos e conhecimentos adequados.
As atividades que uma Câmara pode, ou melhor, deve com a graduação
necessária, ser capaz de desenvolver, se traduzem – transferindo-as para a
realidade quotidiana – naquelas que são suas funções específicas. Sua
enunciação serve, ao mesmo tempo, para definir suas conotações como
instituição prestadora de serviços. Em outras palavras, quaisquer que sejam as
atividades que realiza (das mais simples às mais articuladas, das mais
repetitivas às mais frequentes), a CCIE funciona como “fornecedora” ou como
“intermediadora” de serviços. Isso também explica a possibilidade de troca dos
termos, desde o momento que a descrição das “atividades” seja evocativa às
“funções” e, que ambas fluam no conceito de “serviços”.
Referindo-se, consequentemente, aos conteúdos das atividades de uma
CCIE, elas podem ser agrupadas conforme três modalidades diferentes, às
quais correspondem outras tantas “capacidades”: de “resposta”, de “iniciativa” e
de “proposta”.
A primeira, evidentemente, diz respeito à “demanda” de serviços e
baseia-se na capacidade de corresponder às expectativas de quem,
espontaneamente, procura a Câmara.
A segunda refere-se às iniciativas que uma CCIE pode assumir sem que
seus serviços sejam solicitados, criando, dessa forma, os pressupostos dos
Momento Itália/Brasil 2011-2012
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quais a “demanda” surge (entre as tantas, por exemplo, na difusão das
“oportunidades comerciais”).
Enfim, a terceira está relacionada à capacidade de se impor como ponto
de referência nos assuntos da “business community” e das instâncias públicas
(atividade de lobbying), mas também como “centro” elaborador e difusor de
análises, projetos e propostas, capaz de contribuir para o debate permanente
sobre os assuntos da economia e dos intercâmbios.
No atual cenário econômico, aqueles que possuem mais relevância e
pontos de contato com a atividade das CCIE e das empresas são, sem dúvida,
a Representação Diplomática, o Ministério para as Atividades Produtivas e as
Instituições Promocionais Italianas.
Ciente da necessidade de ter que crescer e diversificar ainda mais as
próprias áreas de atividade, cumprindo, portanto, todas as funções específicas
de uma CCIE, aquela de São Paulo, consequentemente, preparou um
programa ambicioso, cheio de iniciativas e novos projetos voltados a inovar as
metodologias de trabalho e a ocupar um espaço cada vez mais relevante no
contexto econômico, político, cultural e social no qual atua. Tais projetos
tendem a considerar a informação cultural como elemento propedêutico às
relações econômicas, comerciais e industriais.
Nos anos passados, a ITALCAM realizou projetos que determinaram o
estudo de setores modernos e o aprofundamento de novos conhecimentos. Um
deles, realizado em 2005, foi o “Integratec”, iniciativa focalizada no encontro
entre empresas e empresários com o intuito de facilitar a integração dos
negócios entre a Itália e o Brasil e de colocar em contato os B.I.C. (Business
Innovation Center) italianos com as “Incubadoras” brasileiras.
Outro projeto foi o “Carbontrade”, cuja missão era desenvolver uma full
immersion sobre as temáticas do mercado de crédito de carbono a nível
institucional e comercial.
Já a ação “Portos Italianos” tinha o objetivo de realizar um estudo sobre
o intercâmbio comercial entre as áreas da América do Sul e do Leste da
Europa, mediante o desenvolvimento de atividades promocionais a favor dos
portos italianos.
Algumas das atividades promovidas pela ITALCAM, como aquela da
Dieta Mediterrânea, realizada anualmente desde 2002, tiveram e até hoje têm
como finalidade a promoção de produtos agro-alimentares italianos, assim
como, de sua cultura gastronômica no Brasil, por meio da apresentação dos
hábitos culinários e do estilo de vida italiano.
Também vale destacar o projeto relativo ao “Cinema”, com a realização
de vários eventos para favorecer o intercâmbio cultural e comercial no setor
cinematográfico entre Brasil e Itália, graças a ações que incentivam futuras
coproduções e negócios a serem realizados em ambos os países.
Com o plano “Uma Âncora Italiana no Brasil”, a Câmara tem a intenção
de facilitar a internacionalização de PMEs italianas colocando à disposição um
Desk que tenha domiciliação, recursos, pesquisas preliminares de mercado
para avaliar as possibilidades reais de introdução de produtos ou serviços de
empresas italianas no Brasil, antes de enfrentar a burocracia e os custos da
criação de uma própria sucursal ou filial no exterior. O objetivo é propor à PME
italiana know-how, segurança e praticidade, oferecendo a colaboração e o
patrimônio de conhecimentos da ITALCAM. Na prática, “incubando” a empresa
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italiana até quando a mesma tenha conhecimentos suficientes para decidir se
quer começar com os próprios meios.
O projeto de rede “Franchising in America Latina”, realizado em 2010,
nasceu da dinamicidade do setor em forte crescimento em todos os países do
continente Sulamericano e, das possibilidades de inserção das redes italianas,
que também despertou o interesse da Assofranchising da Itália. O objetivo foi
desenvolver relações com associações nacionais e promover contatos para a
conclusão de acordos com empresas italianas para começar a atuar com
sucesso no mercado latino-americano.
Também se realizou uma ação ligada ao setor agroalimentar, com
atenção especial “à conservação, ao packaging e ao marketing de produtos
alimentícios”. Dada a excelência italiana no setor, tal iniciativa, também
realizada em rede, promoveu produtos italianos, especialmente em relação ao
segmento da embalagem, extremamente importante para a proteção e
conservação, o transporte e a difusão dos produtos mediante um design capaz
de atrair a atenção do consumidor. A finalidade era colocar em contato
produtores e possíveis buyer para incentivar a troca de tecnologia e know-how
entre Itália e a América Latina, considerando que o alto padrão qualitativo
italiano e a experiência maturada nesse campo atendem eficazmente às
crescentes exigências do mercado.
Grande atenção também é dada aos “serviços comerciais” que incluem
as atividades tradicionais de assistência aos interessados: missões da Itália e
para a Itália, participação em feiras italianas e brasileiras e atividades de apoio
de natureza variada aos empresários. O principal escopo é incentivar as PMEs
italianas a considerar o Brasil como destino privilegiado para a
internacionalização.
O projeto “Conheça a Itália sem sair de São Paulo”, que se realizará de
Outubro de 2011 até Junho de 2012, inclui a elaboração de roteiros turísticos
na cidade de São Paulo. Tais itinerários enfatizarão a presença italiana na arte,
na arquitetura e na gastronomia. Essa atividade divulga a cultura italiana por
meio do estímulo ao turismo na cidade de São Paulo.
O setor ambiental também é tema de profundo interesse da ITALCAM.
Graças ao projeto “Desenvolvimento Sustentável Bilateral”, se deseja favorecer
a difusão de uma cultura de Green Economy, isto é, de baixa intensidade de
carbono e altamente eficiente do ponto de vista do uso de recursos naturais.
Do mesmo modo, “a orientação ao trabalho para os jovens” foi abordada
pela Câmara que realizou uma ação voltada ao desenvolvimento do
conhecimento dos instrumentos a favor de jovens em busca do primeiro
emprego.
Portanto, a ITALCAM atua em muitas áreas, abrangendo problemáticas
e setores que passam por questões relativas ao meio ambiente, à tecnologia e
à esfera cultural. Não por acaso, a CCIE de São Paulo consta entre as mais
antigas do mundo e, do alto de seus 109 anos de vida, deseja continuar
estimulando as relações bilaterais e representando um exemplo da combinação
de tradição com modernidade.
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CAPÍTULO 11
Câmara Ítalo - Brasileira de Comércio,
Indústria e Agricultura de São Paulo
Nelson Destro Fragoso
Adiliana dos Santos Peres
Introdução
A câmara é uma associação sem fins lucrativos e está presente no Brasil
em oito estados, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Brasília, Goiás e Tocantins, chegando ao um total de setenta e
cinco delegações em todo território nacional.
Esta instituição é composta de mais de novecentos sócios, que são
compostos de empresas de pequeno, médio e grande porte, atuantes em todas
as áreas da economia, também há uma parcela de participação de pessoas
físicas.
As pequenas e médias empresas da Itália assim como no Brasil
encontram diversas dificuldades de entrada no mercado internacional, custos,
riscos, conhecimento de mercado, e muitas variáveis são causadoras destas
dificuldades.
Dentro desta realidade, que não é algo novo no mercado mundial, se
notou necessário a existência de uma instituição que ajudasse estas empresas
em seu desenvolvimento de negócios. Neste contexto ocorreu a fundação da
Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria em 1902 por iniciativa de um
grupo de banqueiros, comerciantes e industriais italianos, que perceberam a
necessidade de um estreitamento das relações comerciais entre as empresas
brasileiras e italianas.
Hoje esta câmara é considerada uma das dez mais importantes no
cenário mundial e oferece a seus associados uma assessoria de negócios,
visando proporcionar aos empresários italianos o apoio necessário para o
desenvolvimento de suas atividades no Brasil, também proporcionando aos
empresários brasileiros oportunidades de negócios com a Itália.
1. Missão
A Câmara Ítalo Brasileira tem como finalidade cooperar para o
desenvolvimento das relações econômicas e culturais entre Brasil e Itália. Para
o alcance dessa missão, se faz necessário o desenvolvimento de diversas
atividades, em três grandes eixos de atuação: Área comercial, cultural e de
consultoria:
a)
Área Comercial – Atua promovendo eventos, seminários, missões
comerciais, feiras, e propagandas que destacam os interesses comerciais da
indústria, do artesanato e da agricultura.
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b)
Área Cultural – Promove ações que ajudam na difusão e tutela de
produtos italianos, promove a cultura e os valores italianos, a criatividade.
Promovendo também publicação de revistas e boletins periódicos informativos,
palestras e eventos.
c)
Área de consultoria – Proporciona serviços de consultoria (legal,
estratégica, fiscal, etc), sobre todas as normas que regem a relação entre os
dois países, à disposição dos associados.
A Câmara também pode executar tarefas que lhes são solicitadas pelas
autoridades diplomáticas italianas, e para que isso possa acontecer permitindo
o desenvolvimento da comunidade italiana no Brasil colabora com entidades
italianas no Brasil.
1.1 Serviços oferecidos pela Câmara
1.1.1 Assessoria de negócios
Quando necessário os interessados solicitam à câmara e esta possibilita
o acesso de seus sócios a informações sobre leis e normas comerciais,
industriais e agrícolas, dados econômicos, financeiros, lista de associações de
categoria, entidades e operadores econômicos, divulgam oportunidades de
negócios nos dois países, calendário das principais feiras brasileiras e italianas,
guias catálogos, revistas e publicações diversas binacionais, o data-bank de
empresas de importação e exportação e faz uma analise da viabilidade
econômico-comercial dos negócios bilaterais.
1.1.2 Assessoria jurídica
A Câmara possui uma assessoria jurídica para atender seus associados
quanto às normativas que regulamentam o intercambio entre os dois países,
possuindo também uma relação de advogados e escritórios especializados que
operam tanto no Brasil como na Itália.
1.1.3 Assessoria em Marketing
Por meio intermédio do departamento de marketing, os associados da
câmara tem acesso a informações e podem divulgar suas empresas, serviços
e/ou produtos. Para isso há diversas publicações e meios de divulgação.
Dentre essas publicações é possível citar a Revista Affari que é uma
revista de negócios da Câmara, com edição trimestral e redação bilíngue, é
dirigida aos associados e as principais instituições dos dois países; desta forma
atingem uma grande parcela de interessados em negócios bilaterais. Outra
publicação que cabe mencionar é o Anuário, este é um catálogo de consulta
para quem têm interesse em realizar negócios bilaterais, nele há lista completa
dos associados e um panorama geral da economia italiana e brasileira.
A empresa associada tem direito a três inserções na Revista Affari em
formato - Boletim de Oportunidade, também tem sua ficha técnica publicada no
site da Câmara, e tem a publicação no boletim on-line de apresentação do
Desk/Empresa a todo mailing da Câmara.
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Também há a possibilidade de acesso a informações pelo site da
Câmara, por boletins diversos, entre eles o boletim de apresentação dos novos
associados, que como o nome já diz, tem o intuito de indicar quando novos
associados entram para a Câmara e assim apresentá-los para a comunidade já
presente. O mailing é outra ferramenta muito utilizada pelos associados para
aproximação com futuros parceiros de negócios.
A Câmara também proporciona eventos e serviços especiais para os
associados. Entre esses eventos cabe citar, missões comerciais e feiras,
seminários e conferencias, intercâmbio entre representantes dos dois
governos, das instituições e empresários e apoio e divulgação de eventos
artísticos e culturais dos dois países.
Entre os serviços especiais oferecidos pela Câmara, o apoio a
empresários dos dois países com informações detalhadas e o apoio e
assistência a programas de investimentos são muito procurados. Também há a
parceria com 102 Câmaras de comercio na Itália e setenta Câmaras italianas
espalhadas por países no mundo todo. Podemos citar ainda o meeting entre
empresários para o intercâmbio comercial e a cessão e aquisição de tecnologia
entre os países.
Pesquisas
de
mercado,
consultorias
estratégicas,
técnicas,
administrativas e de investimentos, mais difusão de ofertas de bens e serviços
e colaboração com tradução e intérpretes, são outros serviços oferecidos pela
Câmara aos seus associados.
Seguem algumas publicações disponibilizadas aos associados:
a)
Guias de
estrangeiros na Itália
Investimentos
–
Guia
aos
investimentos
O Guia de Investimentos é realizado em parceria com escritórios de
advocacia associados à Câmara de Comércio, Indústria e Agricoltura e está
acessível no link dedicado no site ITALCAM.
Guia
aos
Investimentos
Estrangeiros
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na
Itália
-
2010
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Guia aos Investimentos Estrangeiros na Itália - 2009
b)
ambiental
Manual de incentivos fiscais estaduais no Brasil do setore
Este manual é um facilitador para o associado italiano conseguir
entender os procedimentos fiscais no Brasil e assim conseguir usufruir as
benesses oferecidas e também para evitar transtornos em caso de algum
procedimento inadequado comercialmente falando.
1.1.4 Serviços de infra-estrutura
A Câmara oferece alguns serviços de infra-estrutura para seus
associados conduzirem seus negócios com maior praticidade. São diversos
serviços como um espaço na sede da Câmara, com telefone, arquivo e central
de fotocopias, material de escritório, computador, impressora, acesso a internet
e endereço com domínio da Câmara.
Além dessa estrutura de escritório completa, fornece um Assistente para
suporte e orientação geral. Disponibiliza ainda um auditório com infra-estrutura
completa para reuniões, palestras e coquetéis, com capacidade para 80
pessoas e equipamentos completos de multimídia. Também oferece uma
hospedagem e traslado para um representante de empresa italiana e quatro
dias em hotel quatro estrelas. Complementando esses serviços, há
possibilidade de conseguir ingressos para visitas nas principais feiras, com
vínculo ao setor de atuação da empresa.
A Câmara é composta por diversos comitês, segue uma lista deles, que
podem ser compostos por membros associados que tenham capacidade
técnica profissional de atuar nestas áreas:
Comitê Jurídico: poderão aderir todos os associados que exercem a
profissão de advogado e/ou escritórios de advocacia, como pessoa jurídica.
Comitê Logístico: poderão aderir todos os associados interessados nas
atividades econômicas ligados a esse setor.
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Comitê do Meio Ambiente: poderão aderir pessoas físicas e jurídicas
interessadas neste aspecto da vida social e empresarial.
Comitê de Desenvolvimento Econômico: poderão se associar
pessoas físicas e jurídicas interessadas no desenvolvimento econômico em
geral e, especialmente, nas atividades da Tecnologia de Informação (TI) e da
área de Agronegócios.
A adesão aos comitês é facultativa e podendo se associar em mais de
um Comitê, conforme interesse e disponibilidade dos sócios.
1.1.5 Câmara Junior
A Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria possui em sua
estrutura a Câmara Junior que busca abrir oportunidades profissionais para
universitários, jovens empresários e futuros empreendedores. Suas ações são
basicamente no sentido de desenvolver aperfeiçoamento cultural e profissional.
Uma de suas características mais importantes é o fortalecimento das
relações entre os estudantes/profissionais brasileiros e italianos, com a
realização de palestras, seminários e eventos.
A Câmara Júnior também tem como objetivo divulgar cursos de
formação que são fruto de acordos entre a Câmara Ítalo-Brasileira,
Universidades Italianas e Brasileiras e os Ministérios Italianos.
1.1.6 Centro Formativo da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio
Em São Paulo, o centro formativo é um setor chave para qualificação
profissional de pessoal e de empresas num momento chave na relação destes
dois países. Por meio deste centro a Câmara disponibiliza um conjunto de
serviços de assistência com intuito de ajudar no crescimento e na
competitividade, ajudando a dirimir problemas ligados a gestão de negócios.
Um dos objetivos do centro é descobrir oportunidades de mercado e
tornar conhecidos procedimentos de gestão, fornecendo, para isso, suporte e
serviços de tradução e intérprete e um banco de talentos.
1.2 Câmara de Arbitragem Empresarial
A SP ARBITRAL é uma Associação Civil sem fins econômicos, dotada
de personalidade jurídica própria e tem como associadas além da Câmara
Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura de São Paulo, as seguintes
entidades: Associação dos Peritos Judiciais do Estado de São Paulo, a
Federação dos Contabilistas do Estado de São Paulo e o Instituto Brasileiro de
Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo.
A Câmara de Arbitragem Empresarial de São Paulo é um órgão arbitral
institucional e sua principal função é administrar e monitorar procedimentos de
medição e arbitragem de questões empresariais.
A Câmara de Comercio Ítalo - Brasileira é um dos órgãos responsáveis
em manter viva a ligação familiar entre esses dois países. Incentivando os
negócios entre estes países a Câmara incentiva uma aliança seria e respeitosa
e um desenvolvimento com equilíbrio e parceria.
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