Programa - Cendrev

Transcrição

Programa - Cendrev
Para o Nada, a Não-Existência, caminhamos
Das ideias erradas o fermento
produziu nova série de infortúnios:
fomos Francos [franceses], Hibérios [ingleses], só não fomos
sensatos portugueses.
Ah, se não renascer com a Pátria a glória,
se a Ciência [o uso recto da razão], a justiça ainda dormitam,
se a Moral não desperta, a Industria [o espírito, o engenho] acorda,
- Ao Nada caminhamos!
D. Leonor de Almeida, Marquesa de Alorna,
Ode, 8 de Outubro de 1824
“O Teatro não se pode documentar nem explicar. A tarefa
para nós, gente de teatro, é esta: falar aos demais com a
palavra dos outros. Para a não deixar morrer.”
Giorgio Strehler
O Cendrev, ao longo destes mais de trinta anos de existência e criação
teatral, sempre procurou mostrar ao seu público um conjunto de dramaturgos cuja escrita, próxima ou chegada de remotos tempos, convidasse
a uma reflexão sobre a nossa época e a nossa sociedade.
Temos a idade da nossa democracia e continuamos a acreditar na responsabilidade de cidadania e de serviço público que assiste a um projecto artístico como o nosso.
Acreditamos, ainda, que a consolidação e desenvolvimento dos públicos de teatro se constrói a partir da concepção de um repertório diversificado capaz de estabelecer a cada momento uma teia de cumplicidades
com os espectadores.
As opções de programação para este novo ano foram encontradas entre a dramaturgia universal, a dramaturgia do século xx que revolucionou o pensamento teatral do nosso tempo e ainda numa crescente atenção às novas dramaturgias nacionais e estrangeiras.
O programa de trabalho para 2010 prevê a realização de quatro novos
espectáculos, dos quais destacamos duas co-produções; a primeira com
o Teatro Municipal da Guarda, um ciclo de trabalho em torno da dramaturgia de Thomas Bernard a iniciar este ano, a outra com o Teatro de los
Astilleros, Madrid, uma aposta resultante das dinâmicas criadas em torno
dos Encontros de Teatro Ibérico que organizamos em Évora desde 2003.
2010 é também o ano em que se assinala o primeiro centenário da
implantação da República em Portugal. Momento vital no processo de
transformação de uma sociedade, das suas instituições e da cultura de
um povo que, através de uma nova forma de relacionamento do Estado
com os cidadãos, afirma “em novas condições, os valores da dignidade
da pessoa humana, da liberdade, da igualdade e da justiça”.
“ O Fim – História dramática em dois quadros “ de António Patrício,
obra composta e publicada em 1909, ficciona, com um ano de antecedência, a queda do regime monárquico. A sua estreia cénica só aconteceu em Abril de 1971 na Casa da Comédia, em Lisboa, numa encenação
de Jorge Listopad, nas vésperas da queda de um outro regime...
A paixão de dizer, a construção verbal única de António Patrício, o carácter premonitório de um texto que “pressente” as transformações sociais, políticas e culturais que varreram o século XX, são algumas das razões que nos levaram até a ”O Fim“ de António Patrício.
Que seja um bom começo!
Bendito seja por tudo o que não sei
Gozo tudo isto como quem sabe que há sol.
Fernando Pessoa
O FIM DE ANTÓNIO PATRÍCIO
É um grande texto dum grande autor português, integrado num movimento estético, o Simbolismo, que surge nos finais do século XIX em
oposição ao Naturalismo e que irá provocar uma viragem nas concepções artísticas e estéticas, no campo das artes.
Esta escrita simbolista, permitiu-nos a liberdade de propor às diversas
“artes” envolvidas na construção do espectáculo, (cenografia, figurinos,
música, luz) uma intervenção estética própria, numa linguagem de descontinuidade, de contrastes, onde as imagens poéticas assumam dimensão teatral, para que, com “a força” sugestiva do símbolo, convidarmos o
espectador a entrar no imaginário da convenção teatral.
Publicado há precisamente 100 anos, o texto efabula o Portugal nos
idos 1909, premonitório da queda da Monarquia que ocorreria um ano
mais tarde, fala-nos das nossas grandezas e misérias, da nossa dependência de países estrangeiros da incapacidade de nos governarmos, da
decadência de um regime, de crise, de fome, num mundo de loucura
propício ao aparecimento de pequenos oportunistas “salvadores da pátria”… ”um Portugal que caminha para a Morte, tomando definitiva consciência da sua vida histórica passada, aceitando morrer colectivamente, epopeicamente, desafiando para sempre a vida futura,…”
É curioso olharmo-nos, 100 anos depois, e percebermos como está diferente (?) o nosso fado.
Chegados ao fim de mais uma aventura, cumpre-me enaltecer o trabalho empenhado desta equipa, (artistas, técnicos e administrativos), que
comigo trabalhou não poupando esforços para construir o espectáculo
que agora colocamos à vossa apreciação, e que esperamos seja do vosso agrado.
Victor Zambujo
O VAZIO COMO PRINCÍPIO EM “O FIM”
QUADRO PRIMEIRO
Paço Velho numa das sete colinas da cidade. (...). Ao fundo quatro janelas, com cortinados
de veludo, dum vermelho puído, já sem brilho. (...) À esquerda e ao fundo, uma porta dando para o exterior. (...) À direita e ao centro, dando para o interior, uma porta larga e baixa, com um reposteiro armoriado de cores mortas. No primeiro plano, à direita, uma mesa escura com duas
cadeiras conventuais de espaldares de couro. Sobre a mesa uma serpentina de prata. Pelas janelas abertas vêem-se cimos de árvores de jardim, perspectivas confusas de casaria, descendo
a colina até ao rio, animado de milhares de mastros, com a outra margem mal distinta na luz
dúbia. O tecto é de carvalho, tendo ao centro um escudo de armas colorido. No chão um tapete
com grandes flores fanadas. Entardecer.
QUADRO SEGUNDO
Mesma sala de recepção. As paredes, ao fundo e à direita, estão fendidas em várias direcções. Os vidros das janelas partidos. Há cal pelo tapete. Pelas janelas abertas – uma perspectiva
de escombros fumegantes. Não se vê o rio. (…)
CENOGRAFIA
Um espaço despojado confina a sala de recepção (...), onde, paredes,
vazias, têm grandes manchas de humidade (...), um praticável lívido, como
que de cal. Sob a exactidão, agora impossível, de uma geometria sem nexo, habitam três personagens que, no paradoxo das suas mentes perturbadas, percorrem o espaço, vindas de um dentro longínquo, ao fundo.
(…) Ainda do mesmo lado, perto da cena, o trono. Tem um dossel com armas reais, tão complexas de signos heráldicos, que é impossível, mesmo a um erudito, decifrá-las. As armas estão cobertas de crepes. (…) Como uma nebulosa mórbida, informe e quase volátil, que
desmente as ‘’correspondências’’ simbolistas entre o visível e o invisível.
(…) Sob o dossel, um estrado, uma cadeira teatral cujo espaldar remata numa coroa. (...)
Tanto a coroa como a cruz pretendendo assumir-se na poética de uma
narrativa não-realista, rematam o espaldar do trono. Condensando numa cadeira solitária já, de si própria, símbolo de poder, a expressão de
um trono onde resquícios patéticos nos oferecem, numa outra heráldica,
o clímax do drama.
Uma sombra da coroa dourada, que a Rainha teima ostentar sob a sua
face cadavérica.
Uma cruz fúnebre e severa, para sempre sinal de um fim irremediável,
na dor da paixão materna.
(…) O fumo limita muito o horizonte. Entram criados. Falam baixo. Andam lentamente: dirse-ia que morreu Alguém...
FIGURINOS
A expressão de uma certa estridência na distorção, subtil, dos paradigmas da verosimilhança social e hierárquica.
Os três habitantes do paço:
• um Duque que consegue manter imaculadas as ceroulas como se de
um uniforme de gala se tratasse. (…) Veste uma sobrecasaca preta, fora
de moda; (…)
• uma Aia na vertigem do desequilíbrio. (…) Veste de escuro: sem jóias.
(…)
• uma Rainha velha que, desesperadamente, tenta anular o entre do
seu luto visceral, no avesso de um cerimonioso vestido negro. (…) Traz
um vestido de cauda, enodoado, negro. (…)
Os que entram no passo:
• um Ministro, como que em mestre de cerimónias, controlando o circo
das aparências. (…) Veste com correcção. (…)
• um Desconhecido, o mesmo que esconde, sob uma capa que acabou
de passar o tumulto, um outro desconhecido.
O que apresentando se apresenta:
• António Patrício, um homem culto, elegante, seguro de si.
O Desconhecido fixa-a um instante. Sai precipitadamente. Duque, Aia, Criados, entreolham-se vazios.
FIM
Na sequência da proposta de encenação, tanto o espaço de representação como o guarda-roupa, procuraram uma leitura de resistência.
Um desafio partilhado na negação de uma interpretação literal, quer
na poética das palavras desta história dramática, quer na sua didascália
circunstancial — as formas procuraram a sua força no essencial.
Manuela Bronze, Dezembro de 2009
Nota: Texto em itálico retirado da didascália de PATRÍCIO, António, O FIM / PEDRO O CRÚ,
Lisboa, Assírio e Alvim, 1990
LÁGRIMA AZUL
Sinopse da Orgânica Sonora para O Fim
A música criada e adaptada ao espectáculo O Fim de António Patrício veste-se no papel de Orgânica Sonora, conceito criado e desenvolvido para a relação da música com outras formas de expressão artística. No
Teatro, e na criação específica desta peça, desenvolvemos a música como um actor que contracena em palco, recebendo e evocando estímulos, contribuindo para a composição harmónica dos vários vectores que,
em conjunto, transmitem uma mensagem ao espectador.
No vocabulário da Orgânica Sonora aqui apresentada procurou-se
mais a criação de uma estética de timbres e registos sonoros directamente relacionados com as intenções e emoções de cada cena e não tanto
um conjunto de sons ilustrativos das acções em palco. Acordes e melodias perfeitas em som de caixinha de música psicadélica, em contraste
com sintetizadores debitando frequências sub-graves tenebrosas, são
exemplos de contrastes sonoros que viajam pela cena com os actores, a
cenografia, a luz, contribuindo para a estética global procurada pela encenação. Ao conjunto de músicas e registos sonoros de O Fim, foi dado o
nome “Lágrima Azul”.
David Martins
HISTÓRIA DRAMÁTICA EM DOIS QUADROS
O Fim – História Dramática em dois quadros, de António Patrício (18781930), é um clássico da Literatura Portuguesa Dramática do séc. XX, publicado em 1909, um ano antes da queda da monarquia. Nesta obra fortemente marcada pelos movimentos estéticos do Simbolismo e do Expressionismo, o autor constrói a fábula teatral a partir de dados oriundos
da conturbada situação histórica e política do país, no quadro da Europa de então, criando uma fascinante galeria de personagens, de onde se
destaca a enlouquecida Rainha Velha, inspirada na Rainha-Avó Maria Pia,
que perdeu a razão depois do regicídio de 1908, onde morreram o filho
(o rei D. Carlos) e o neto (o príncipe Luís Filipe).
Trata-se de um poderoso retrato poético das angústias e utopias do
Portugal de há cem anos, escrito por um grande estilista da nossa língua,
dez anos mais velho do que Fernando Pessoa, e cuja obra este muito admirava.
O Fim é uma espécie de laboratório teatral no qual o dramaturgo António Patrício prenuncia não só a extinção do regime monárquico em
Portugal, de que assinalamos agora o centenário, mas também toda uma
atmosfera de tragédia colectiva que parece ser premonitória dos conflitos bélicos que devastaram o mundo ao longo do século passado.
Revisitar O Fim permite-nos por isso viajar para um tempo que nos antecedeu e compreender melhor, graças às potencialidades de sentido
que são próprias do teatro, os rumos colectivos que nos trouxeram até
aos dias de hoje, do ponto de vista nacional e global.
NOTA BIOBIBLIOGRÁFICA
ANTÓNIO PATRÍCIO (Porto, 1878 - Macau, 1930) estudou Matemática e
frequentou em Lisboa a Escola Naval, mas viria a licenciar-se em Medicina na Universidade do Porto, com a tese Assistência aos Alienados Criminosos (1908). Nunca exerceu a profissão de médico porque, com o advento da 1ª República, ingressou na carreira diplomática, desempenhando
funções, sucessivamente, em Macau, Manaus, Bremen, Atenas, Constantinopla, Londres e Caracas. Poeta, dramaturgo e contista, é o mais extraordinário expoente da estética simbolista na dramaturgia de língua portuguesa. Fernando Pessoa considerava o único volume de prosa ficcional
de Patrício, Serão Inquieto (1910), o livro de contos mais perfeito que alguma vez se havia escrito em Portugal. Publicou em livro as peças de teatro:
O Fim - História dramática em dois quadros (1909); Pedro o Cru - Drama em
quatro actos (1918), Dinis e Isabel - Um conto de Primavera (1919); e D. João
e a Máscara - Uma fábula trágica, editado conjuntamente com o dramatículo Judas (1924). Deixou inacabadas as peças: A Paixão de Mestre Afonso Domingues; O Rei de Sempre - Tragédia nossa; Teodora ou o Sonho duma
Noite de Bizâncio; o Projecto para uma Tragédia Egípcia; bem como ainda o diálogo filosófico-dramático Diálogo na Alhambra. São duas as recolhas de poemas seus: Oceano (1905), o seu livro de estreia, e Poesias, uma
edição póstuma (1942).
UMA CARTA APÓCRIFA por Armando Nascimento Rosa
Meu querido amigo Manuel Teixeira Gomes
Regressei a este país do nosso descontentamento. Gostava eu um
dia de poder fazer o mesmo que tu, partir para uma costa solarenga e
escrever, escrever apenas junto ao mar, escutando a sinfonia do oceano. Regressei à capital e a tristeza é minha conselheira. A Alice dá comigo em silêncio tantas vezes a sonhar com o impossível. Cada dia
me sinto mais e mais longe de toda esta pequenez a que também pertenço, para mal dos meus fados. Tenho saudades do Novo Mundo. Estou doente, Manuel, muito doente. O meu coração já não é o mesmo
de outrora, quando em voz alta eu lia, de olhos rasos, as minhas passagens favoritas d’ O Nascimento da Tragédia, noite alta na boémia de
Lisboa… Lembras-te? Tudo isso parece que foi há tantos séculos. Portugal é também a minha, a nossa doença. Não era isto que sonhámos
para a República que tu chegaste a presidir até ao desencanto. Vejo
hoje toda a gente a acobardar-se diante deste beato das Finanças que
veio de Santa Comba Dão. Por trás daquela voz aguda de viscosa homilia, pulsa a vontade em controlar tudo em seu torno, para que nos
tornemos todos no espelho colectivo da sua mesquinhez. (...) O tipo
detesta-me porque sabe como eu o desprezo fundamente. Começou
a perseguir-me os passos. Como tu sabes, extinguiu a Legação em Caracas para me obrigar a retornar aos corredores do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Mas eu falo sem temperança o que me vai no espírito e o Estado a que chamaram Novo não tolera gente como eu. Salazar acaba de dar-me um presente envenenado. Nomeou-me para
dirigir o consulado de Portugal em Pequim. Vou tomar posse daqui a
breves meses. A Alice não queria que eu aceitasse, por me ver assim
doente. Mas que posso eu fazer? Se recusar o cargo, serei irradiado
da carreira diplomática e eu não posso voltar a depender das explicações da Alice para podermos sobreviver, como aconteceu no tempo
do Sidónio Pais. (...) Vou cumprir esta missão. Talvez seja a última. Partirei para Pequim, mesmo que o meu fim aconteça antes de eu avistar a grande muralha. E repara tu como Pequim rima com fim. É uma
ironia da língua que me está endereçada só a mim… Tem a sua gra-
ça. Faz cerca de vinte anos que publiquei a minha peça com esse nome: O Fim. Que belo nome para uma primeira peça! E tu gostaste tanto de a ler, Manuel. Foste o primeiro a elogiá-la como ninguém. Nunca
o esquecerei. Numa carta tua, dizias que havia nela uma «louca rajada
shakespeareana». Chorei de orgulho ao ler as tuas palavras. E hoje sinto-me tão distante da loucura inflamada desse conto dramático. Mas
pergunto-me ainda: que coisas podemos nós ler na sua demência de
guerra e de ruína? Portugal vive com o fantasma do declínio desde Alcácer Quibir. E eu não soube nunca fugir dessa neurose, como Hamlet
não conseguiu contrariar o pedido do pai morto. Mas caiu a monarquia e lá continuámos no xadrez das nações. E agora temos plantado
no altar do poder um Oliveira que não nos vai deixar tão cedo. E daqui
a cem anos, Manuel, o que irão pensar as pessoas se lerem a minha peça desvairada? Será que O Fim subirá finalmente ao palco dos teatros?
E este nosso Portugal, ainda existirá como país dentro de um século?
Gostava tanto de lá estar, Manuel, disfarçado de actor, escondido numa das minhas personagens, para poder ver de perto o que farão esses artistas com O Fim que eu um dia escrevi para todos eles, sem os
conhecer. Quero imaginar as suas feições, os seus gestos, os seus figurinos, espiar o interesse ou o tédio com que o público verá as suas criações, de que fui o primeiro culpado. Sou do teatro, Manuel, não
há remédio. Vou embarcar para Pequim um dia destes, mas o que eu
queria era habitar no corpo das actrizes e dos actores desconhecidos
do futuro. Este coração que trago baterá neles com mais força do que
na angina do meu peito. Só de os imaginar em cena invade-me uma
divina folia que nem a morte nem a vida me poderão roubar jamais.
A carta vai longa. Termino aqui por hoje, Manuel. Um abraço forte deste amigo que nunca te esquece.
António Patrício
Lisboa, 3 de Dezembro de 1929
FICHA TÉCNICA
Versão dramatúrgica: Armando Nascimento Rosa / Victor Zambujo
Encenação: Victor Zambujo
Cenografia: Acácio Carvalho
Figurinos: Manuela Bronze
Orgânica Sonora: David Martins
Desenho de Luz: António Rebocho
Interpretação:
Narrador: Rui Nuno
Duque: Jorge Baião
Aia: Maria Marrafa
Ministro: Rui Nuno
Rainha: Rosário Gonzaga
Desconhecido: Álvaro Corte Real
Assistente de Encenação: Margarida Rita
(no âmbito do estágio de Licenciatura de Teatro da Universidade de Évora)
Assistente de Figurinos: Leonor Pereira
Operação de Luz: António Rebocho
Operação de Som: Pedro Bilou
Construção: Tomé Baixinho, Tomé Antas, Paulo Carocho
Secretariado: Marlene Charneca, Ana Dominguinhos
Design Gráfico: Milideias, Comunicação Visual Ldª

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