Sam Zell reduz fatia na BR Malls. E agora?

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Sam Zell reduz fatia na BR Malls. E agora?
 Sam Zell reduz fatia na BR Malls. E agora?
Alessandra Bellotto
16/07/2010
Quando tudo parecia que ia terminar do mesmo jeito, um leilão de ações da empresa de shopping center BR Malls
mudou a cara do pregão ontem, elevando o giro financeiro da bolsa em meio bilhão de reais, para R$ 5,1 bilhões. Por
trás do negócio, intermediado pela corretora do Credit Suisse, está o megainvestidor americano Sam Zell, que
embolsou cerca de R$ 436,8 milhões (ou US$ 245 milhões) no leilão.
A empresa da qual Zell é sócio, a Equity International (EI), vendeu 18,2 milhões de
ações ordinárias (ON, com voto) da BR Malls, o equivalente a uma participação de
cerca de 9% no capital social. A oferta inicial compreendia 8,5 milhões de ações, ou
4,18% do capital, a um preço de R$ 22,00 por papel. Mas, com a forte demanda, a
empresa acabou se desfazendo de uma fatia de 9%, a um preço maior, de R$ 24,00.
O leilão acabou puxando os negócios com a própria ação, que cravou o segundo
maior giro do pregão, de R$ 528,8 milhões, atrás apenas das preferenciais (PN, sem
voto) classe A da Vale, com R$ 587,7 milhões. No fechamento da bolsa, os papéis
subiram mais um pouquinho, sendo cotados a R$ 24,10, uma valorização de 5,93%.
Mesmo com o leilão de parte importante da empresa, a Equity International
continua acionista da BR Malls, com 6% do capital.
"Nós continuamos com o mesmo forte entusiasmo em relação à BR Malls e ao setor
de shopping centers no Brasil, assim como permanecemos como ávidos investidores
na companhia, no setor e no país", escreveu Gary Garrabrant, principal executivo
da Equity International. Ainda segundo ele, "a venda simplesmente reflete a filosofia do grupo de ter disciplina e
embolsar o retorno dos investimentos".
O grupo ajudou a criar em 2006 a empresa, junto com a GP Investimentos, quando da aquisição antiga Ecisa. Três anos
atrás, a Equity fez novo investimento na empresa. Neste ano, as ações da BR Malls acumulam ganho de 13,31%. Em 12
meses, a alta supera os 48%.
Na visão de um analista que acompanha a BR Malls, a venda de parte do capital pela Equity International não muda
nada. "A empresa continua sólida", diz. A BR Malls tem participação em 35 shopping centers e, conforme destaca a
Equity International, além de ser a maior, é a mais diversificada empresa do setor em termos geográficos, com mais de
1 milhão de metros quadrados em área, 6 mil lojas e 430 milhões de visitantes anualmente.
A real percepção do mercado sobre o negócio só vai ser conhecida hoje, uma vez que o nome do vendedor no leilão foi
confirmado após o fechamento da bolsa. Em meados de maio, Zell também causou alvoroço no mercado brasileiro ao
anunciar a redução de participação na construtora Gafisa, outra empresa que faz parte de seu portfólio desde 2005.
A leitura dos investidores na ocasião foi de que, se um tradicional investidor do setor estava saindo, não havia motivos
para ficar na companhia, a confiança foi abalada e o setor despencou na bolsa. Uma semana depois disso, a Equity
International comunicou que a venda de fatia na Gafisa tinha como objetivo de diversificar os investimentos em outras
construtoras. Pronto! Foi o suficiente para puxar, desta vez para cima, o setor na bolsa.
A BR Malls está entre as recomendações de corretoras para este mês, sob o argumento de que ela tem caixa elevado
para novas aquisições. A Fator trabalha com preço-alvo de R$ 30,00 para a ação, um potencial de 24,5% de alta.
O Ibovespa ontem passou o dia em baixa, liderada pelas "blue chips", mas acabou fechando no zero a zero, a 63.489
pontos.
Alessandra Bellotto é repórter de Investimentos. A titular da coluna, Daniele Camba, está de licença.

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