Quaresma 2015 - MSPTM - Misioneros Siervos de los Pobres del

Transcrição

Quaresma 2015 - MSPTM - Misioneros Siervos de los Pobres del
Quaresma 2015
“Não basta amar quem nos ama. Jesus diz que os pagãos o fazem.
Não é suficiente fazer o bem a quem pratica connosco o bem. Para
mudar o mundo para melhor é preciso fazer bem a quem não é capaz
de retribuir, como fez o Pai connosco, dando-nos Jesus.”
Papa Francisco, Catequese na Audiência Geral, 10 de Setembro de 2014
Artigos
3
“Desconfio da esmola que não custa nem dói” (Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma de 2014)
Mensagem do P. Giovanni Salerno msp
9 “A grande Semana Santa nas nossas Casas”
Irmãs Missionárias Servas dos Pobres TM
13
São João Paulo II
20
A casa da Karoll
24 A vida do Movimento
Crónica
30
Desde o Mundo
AVISO IMPORTANTE
Nunca vos canseis de rezar pelos sacerdotes, especialmente nestes momentos em
que parece que se desencadearam sobre a Igreja todas as forças do mal, enfurecendo-se de maneira particular contra os ministros sagrados do Senhor. Rezai para que
permaneçam fiéis à sua vocação, para sejam Santos, para que sejam, em definitivo,
nada mais e nada menos que aquilo que devem ser: “Alter Christus”. Acompanhai
com a vossa oração os Sacerdotes e diáconos Missionários Servos dos Pobres do
Terceiro Mundo!
Com autorização eclesiástica “pode imprimir-se” (Vigário Geral da Arquidiocese de Cuzco).
Não é permitido a reprodução parcial ou total dos artigos contidos nesta revista, sem prévia autorização.
Mensagem
“Desconfio da esmola que não custa nem dói”
(Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma de 2014)
Padre Giovanni Salerno, msp
Caros amigos,
Laudetur Iesus Christus!
Encontramo-nos no tempo da Quaresma,
um tempo que teria que nos ajudar a levantar os olhos ao céu e pensar na nossa
condição de peregrinos a caminho da pátria eterna. Teria que ser um longo período de reflexão, de aproximação a Deus,
permitindo-nos reconhecer o rosto de
Cristo nos que sofrem: “Sempre que fizeste
isto a um destes meus irmãos mais pequenos a mim mesmo o fizeste” (Mt 25, 40).
Na realidade, estamos tão metidos
no materialismo e no hedonismo, que a
Quaresma, para a maioria, incluídos os
que se dizem católicos, não tem nenhum
significado. O nosso coração endureceu-se a tal ponto que nos esquecemos de
Deus, de que existe e de que nos julgará.
A nossa contínua procura de comodidades faz-nos esquecer que somos
mortais e pensamos construir o nosso
paraíso na terra, sem dar importância
aos que sofrem e, pior ainda, chegamos
até a explorá-los e espezinhá-los. Diz o
Papa: “Quando se fala de novos direitos,
o faminto está ali, na esquina da rua, e
pede o direito de cidadania, pede para
ser considerado na sua condição, para
receber uma alimentação básica sadia.
Pede-nos dignidade, não esmola” (Papa
Francisco, Discurso na visita à FAO por
ocasião da II Conferência Internacional
sobre a Alimentação, Roma quinta-feira
20 de Novembro de 2014).
Não nos podemos dizer verdadeiros
católicos se na Quaresma nos limitamos
a dar esmolas que não afetam para nada
os nossos luxos e o nosso bem-estar: “Não
esqueçamos que a verdadeira pobreza
dói” (Papa Francisco, Mensagem para a
Quaresma de 2014), e que o próprio Jesus
disse a respeito: “Se queres ser perfeito, vai,
vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres
e terás um tesouro no Céu; depois, vem e
segue-me” (Mt 19, 21).
Eu não compreendo como muitas
pessoas que se dizem católicas podem
ter a consciência tranquila quando dão
esmolas, porém, continuam a viver na
abundância, com grandes comodidades,
sabendo que ao redor de si existem muitos pobres, nossos irmãos, que não têm o
indispensável: pobres sem um teto, sem
comida; casais que não podem dar uma
educação adequada aos seus filhos. Continuam a ser bastante atuais as palavras
de Santo Ambrósio: “A beleza das rique3
zas não consiste em estar guardadas nas
arcas dos ricos, mas em ser empregadas
para alimentar os pobres. Onde mais brilham é nos doentes e necessitados”.
Dou graças a Deus porque no início
da minha vida missionária conheci em
Bogotá uns católicos latino-americanos
ricos que tinham a santa missa todos os
dias na sua capela privada e eram muito
estimados pela Igreja colombiana, a tal
ponto que receberam na sua casa a visita do Papa Paulo VI. Porém, um dia eles
deram-se conta de que o seu catolicismo não tinha raízes profundas porque,
ainda que dessem esmolas, aumentavam de dia para dia a sua riqueza e não
a colocavam ao serviço dos mais pobres,
tal como nos ensina a Doutrina Social da
Igreja remontando-se ao que já afirmava Santo Agostinho de Hipona: “Os bens
que são supérfluos para ti a outros são
necessários. Os bens supérfluos dos ricos são necessários aos pobres. Possuis
o alheio quando possuis o supérfluo”.
Eles depois deram graças a Deus por
ter recebido a luz do Espírito Santo e
terem-se assim convertido de verdade,
dando todos os seus bens aos pobres,
fazendo caso das palavras dos Santos
Padres da Igreja: “Colocai um limite às
necessidades da vossa vida. Não seja
tudo vosso, haja também uma parte
para os pobres e amigos de Deus. A verdade é que tudo é de Deus, Pai universal. E nós, como de uma só linhagem,
somos irmãos. Agora bem, os irmãos,
no melhor caso e mais justo, devem entrar por partes iguais na herança” (São
Gregório de Nisa).
4
Naqueles inícios da minha vida missionária, eu estava preocupado de como
poder ajudar a tantos pobres. Então pedi
conselho a um membro de um Movimento eclesial, que me sugeriu construir colégios para as crianças e clínicas para os
doentes, fazendo-os pagar, com a finalidade de ter lucros. Não me convenceu.
Ao contrário, como foi doloroso para mim
constatar que tantos colégios e tantas clínicas, fundadas por santos que queriam
servir os mais pobres, por desgraça foram
fechando as portas aos doentes necessitados e às crianças pobres, e hoje continuam a aumentar o seu capital, enquanto ao seu redor há inúmeros pobres que
morrem por não serem assistidos.
O Papa Francisco é um grande dom
para a Igreja porque, tal como o Senhor,
As crianças dos Andes Peruanos
As Irmãs Missionárias Servas dos Pobres TM nas povoações andinas estão perto das pessoas pobres
fala claramente ao mundo pagão e também ao novo povo de Israel, à Igreja. Não
se cansa de convidar os ricos a abrir as
portas aos mais necessitados, que são a
maior parte dos habitantes deste globo
terráqueo: “São os pobres que pagam
sempre o preço da corrupção. De todas
as corrupções: a dos políticos e empresários, mas também a dos eclesiásticos
que não cumprem o próprio ‘dever pastoral’ para cultivar o ‘poder’” (“Os pobres
pagam o preço da corrupção”, Meditações matutinas em Santa Marta, 16 de
Junho de 2014).
Para mim é doloroso dizer isto, porque também as nossas crianças órfãs,
abandonadas e doentes, às vezes necessitadas de uma educação e de tratamentos especializados, que nós ainda não
lhes podemos oferecer, viram fechar-se-lhes as portas mais de uma vez em determinadas escolas católicas, alegando
que não as podiam matricular por simples problemas burocráticos e exigindo
altas mensalidades, ainda que soubessem que eram pobres.
Todas estas experiências abriram-nos
os olhos e, assim, sem demora, acolhemos
nas nossas casas o menino R. P. de seis
anos, órfão de pai e cuja mãe muito pobre
está na prisão em Quencoro (Cuzco), condenada por ter assassinado o próprio marido e ter que cumprir uma pena de treze
anos, sem nenhum tipo de liberdade.
Acolhemos a N., uma criança doente
que ingressou apenas cumpridos os dois
anos. O seu pai fugiu para outro lugar e
a sua mãe é alcoólica. O álcool ingerido
5
pela sua mãe durante a gravidez provocou no organismo da filha danos irreversíveis: uma lesão cerebral com pequenas
convulsões muito frequentes, ansiedade e
muita irritabilidade. O diagnóstico médico
fala de “síndrome por abstinência de bebidas alcoólicas”, isto é, o seu organismo,
acostumado ao álcool quando estava no
ventre materno, agora, ao não o receber,
responde com irritabilidade, pequenas
convulsões, ansiedade e falta de apetite.
Compreendo que também os ricos
precisam de receber uma boa educação
e atenção sanitária, porém, isto não tem
que levar a que se fechem as portas aos
necessitados, investindo apenas para
os filhos dos ricos enormes quantias de
dinheiro em obras que muitas vezes escandalizam os pobres e os não cristãos.
É por isso que muitos ricos não podem ser felizes com a sua riqueza, por-
que “Só há uma verdadeira miséria: é
não viver como filhos de Deus e irmãos
de Cristo” (Papa Francisco, Mensagem
para a Quaresma de 2014).
O Papa Francisco não teme denunciar os escândalos das pessoas da Igreja quando afirma: “E quem paga ‘pela
corrupção de um prelado? Pagam-na as
crianças que não aprenderam a fazer o
sinal da cruz, não conhecem a catequese, não são cuidadas; os doentes que
não são visitados; os presos que não
recebem atenção espiritual’. Enfim, são
sempre os pobres que pagam pela corrupção: os ‘pobres materiais’ e os ‘pobres
espirituais’” (“Os pobres pagam o preço
da corrupção”, Meditações matutinas em
Santa Marta, 16 de Junho de 2014).
Frente a esta situação, o Papa continua a dizer que “o único caminho para
sair da corrupção, o único caminho para
Os camponeses dos Andes Peruanos subsistem apenas com o cultivo da terra
6
As crianças pobres da Alta Cordilheira não têm uma mesa, nem uma cadeira onde se possam sentar e comer as refeições.
vencer a tentação, o pecado da corrupção, é o serviço. Porque a corrupção
vem do orgulho, da soberba e o serviço
humilha-te: é precisamente a caridade
humilde que ajuda os outros” (“Os pobres pagam o preço da corrupção”, Meditações matutinas em Santa Marta, 16
de Junho de 2014).
Nesta santa Quaresma, nós, os Missionários Servos dos Pobres TM, não
pedimos ajuda material, conscientes
de que “Quem dá aos pobres empresta a
Deus” e Deus sabe onde estamos, sabe
o que fazemos e sabe chegar. E até agora chegou, sem que tenhamos colégios
e clínicas com pagamento. Chegou e
continua a chegar em silêncio e com
grande amor com a sua presença, com a
sua providência, e abre as portas a muitas crianças pobres. Chegou às nossas
casas e aos nossos dispensários, e abre
as portas a muitos doentes necessita-
dos, no Peru e em todos os países onde
estamos presentes.
Ele é o Senhor e para os que acreditam n’Ele é, verdadeiramente, o Grande
Senhor. Se tenho que vos pedir algo importante nesta Quaresma é que rezem
para que nós, os Missionários Servos
dos Pobres TM, possamos ser sempre
fiéis ao nosso carisma: saibamos reconhecer em cada momento o rosto de
Cristo nos que sofrem.
O mesmo vos desejo de todo o coração a cada um de vós, para que, ao terminar a Quaresma, se celebre em cada
um de vós a Páscoa da Ressurreição.
Feliz Páscoa da Ressurreição! Aleluia!
Aleluia!
O vosso pequeno irmão missionário,
7
Bem-vindos à Casa de Formação
Sacerdotal “Santa Maria Mãe dos Pobres”
A Casa de Formação “Santa Maria Mãe
dos Pobres” é um lar para os jovens que
desejam ser sacerdotes Missionários
Servos dos Pobres do Terceiro Mundo.
Aqui há um lugar
também para ti!
“Cada vocação é para a missão, e
a missão dos ministros ordenados
consiste na evangelização, em
cada uma das suas formas”.
Papa Francisco, Discurso à Plenária da
Congregação para o Clero, 3 de Outubro
de 2014.
Se és um jovem rapaz entre os 18
e os 30 anos, e queres preparar-te
connosco para as próximas JMJ2016 em Cracóvia, esperamos-te
no próximo mês de Agosto de 2015
no nosso Seminário de Ajofrín (Toledo – Espanha) para participar no
“CAMPUS INTERNACIONAL MISSIONÁRIO 2015”.
Contata-nos:
[email protected]
8
A nossa morada:
Seminário “Santa Maria Mãe dos Pobres”
Ctra. Mazarambroz, s/n
45110 Ajofrín (Toledo) Espanha
Tel. 0034-925-390066 Fax 0034-925-390005
E-mail: [email protected]
A grande semana Santa
nas nossas casas
Irmãs Missionárias Servas dos Pobres TM
Este ano sentimo-nos especialmente
ditosas, porque todas as nossas comunidades de Irmãs contaram com a presença de algum dos nossos sacerdotes para
viver o maior mistério do ano litúrgico:
a paixão, morte e ressurreição do Nosso
Senhor Jesus Cristo durante o Domingo
de Ramos e o Tríduo Pascal.
Na nossa Casa Mãe de Cuzco, reúne-se
todos os domingos uma grande quantidade de fiéis para participar na Santa Missa:
todos os membros da nossa comunidade
de Irmãs, as crianças do Lar, os vizinhos e
também as alunas do colégio Santa Maria
Goretti com os seus familiares.
Neste Domingo de Ramos foi grandioso reviver, na nossa capela a abarrotar de pessoas, a entrada solene de Jesus em Jerusalém. Cada pessoa levava
nas suas mãos um ramo de oliveira e de
romeiro aromático, com um raminho de
palmeira atado em forma de cruz. Os fiéis levantavam bem alto os ramos e cantavam em voz alta, formando todos juntos um potente coro, a antífona: “Hosana
ao Filho de David!”.
Nas aldeias da nossa missão de Cusibamba e de Punacancha, onde trabalham as nossas Irmãs, para a procissão
do Domingo de Ramos nunca falta um
Os nossos Irmãos das Altas Cordilheiras participam com entusiasmo nos ofícios da liturgia da Semana Santa celebrada
pelos Sacerdotes Missionários Servos dos Pobres TM
9
burrinho que tem a honra de ser tapado
com uma manta típica e levar montado
o sacerdote vestido com os ornamentos
sacerdotais, que representa Jesus no
momento da sua entrada triunfal em
Jerusalém. Também nestas povoações
são muitas as pessoas que vêm para
acompanhar a procissão abanando os
tradicionais ramos, e sobretudo não faltam as crianças, previamente instruídas
pelas Irmãs sobre a grandiosidade e a
importância dos mistérios destes dias da
Semana Santa.
Este ano foram favorecidas igualmente as nossas Irmãs estudantes de Lima,
pois, pela primeira vez, gozaram da presença de um sacerdote do Movimento
que necessitava permanecer uns dias na
capital peruana. Assim, as Irmãs de Lima
e o grupo das crianças que são assistidas
na casa, devido a permanecerem em
Lima para cuidados médicos mais especializados ou para fazer alguma operação cirúrgica, viveram estes dias com
muita alegria e com grande intensidade
e recolhimento, sem que tivessem que
sair de casa para ir à igreja onde celebravam estes santos mistérios.
Todas nós, nestes dias do Tríduo
Pascal, acompanhámos o Senhor, com
pequenos sacrifícios e procurámos aumentar sobretudo a caridade, tal como
nos ensinou Jesus com o exemplo e com
estas palavras: “não há amor maior do
que dar a vida pelos amigos” (Jo 15, 13).
Em casa temos a graça de assistir, diariamente e com plena entrega, as nossas
criancinhas doentes nas quais vemos e
tocamos Cristo sofredor.
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A Via Sacra realizada pelas Irmãs Missionárias Servas
dos Pobres TM na povoação de Cusibamba
Muitas das pessoas da aldeia andina de Cusibamba
chegam ao cimo da montanha com muito
recolhimento por terem acompanhado Jesus no
caminho da cruz
Nestes dias do Tríduo Pascal ressalta
a Sexta-feira Santa. Neste dia santo, os
habitantes de Cusibamba reúnem-se
muito cedo para subir ao cimo do serro mais alto da zona, rezando a Via Sacra. Não existe caminho para chegar ao
cimo, onde, a mais de 4000 metros sobre
o nível do mar, se ergue uma Cruz que
domina toda a região, e há que caminhar
três ou quatro horas por matorrais e espinhos sobre um terreno escarpado. É
uma verdadeira peregrinação que todos
os habitantes da aldeia têm o costume
de realizar neste dia com as Irmãs, desde
que elas vivem nesta aldeia.
Quando chegam ao cimo, todos se
confessam como preparação para a
Páscoa. O pobre sacerdote, que preside
a peregrinação, com a cara queimada
pelo sol, que nestas altitudes brilha intensamente, regressa exausto, mas feliz
por ter aproximado de Deus um numeroso rebanho.
O Sábado Santo é vivido com muita
intensidade na aldeia de Punacancha.
Nesta povoação levanta-se uma pequena capela muito bonita e muito antiga,
uma das primeiras construídas durante
o tempo do vice-reino do Peru, dedicada
a Nossa Senhora do Santo Rosário e com
um magnífico quadro da Virgem Maria.
Por isso, neste dia de silêncio, dia de
Nossa Senhora que esperava ansiosa a
Ressurreição do seu Filho, os habitantes
da aldeia animados pelas Irmãs acompanham a Mãe de Jesus com cânticos e
com a reza do Terço, e assim se preparam
para a celebração da Vigília Pascal.
Na noite do Sábado de Glória ressalta
o rito da bênção da água. Ultimamente,
está a crescer o desejo dos sacramentos,
as pessoas começam a vê-los como um
auxílio do Senhor e por isso todos nesta noite de Páscoa trazem garrafas, garrafões, baldes ou bidões para os levar
cheios de água benta, depois de terminar a Santa Missa, para as suas casas.
Em Cuzco, depois da Vigília Pascal, as
Irmãs ficam a cantar no pátio da igreja,
exprimindo assim a alegria de estar com
Cristo ressuscitado. E as pessoas, apesar ser já muito tarde, querem partilhar
este momento desfrutando também de
algum delicioso pão fabricado na nossa
padaria e de um chocolate quente, para
suportar o frio intenso da noite.
Depois de termos acompanhado o
Senhor na instituição da eucaristia, nas
dores da sua agonia e da sua paixão até
à morte na cruz, chega o Domingo da
Ressurreição, que culmina com a Santa
Missa muito solene, com cânticos, incenso e altares decorados com muitas flores.
Ao terminar a celebração, oferecemos
aos presentes uma deliciosa refeição,
preparada pelas Irmãs, para alegrar a todos depois dos dias de penitência.
Recentemente nas povoações da Alta
Cordilheira as pessoas começam a conhecer e entender o que é o Tríduo Pascal e a grandiosidade dos mistérios da
nossa Redenção, pelo fato de que nestes
últimos anos puderam vivê-los graças
à presença de um sacerdote entre eles.
Antes não tinham ideia do que se celebrava nestes dias nem sabiam que estávamos na Semana Santa.
Feliz Páscoa de Ressurreição!
Que a contemplação de Jesus Ressuscitado nos encha da verdadeira alegria
dos filhos de Deus! Aleluia!
Os Sacerdotes Missionários Servos dos Pobres TM
realizam os ofícios litúrgicos da Semana Santa nas
aldeias dos Andes Peruanos
11
IRMÃS MISSIONÁRIAS
Servas dos Pobres do Terceiro Mundo
Se és uma jovem e desejas viver
connosco uma experiência de
serviço, de convívio e de encontro
com os pobres convidamoste a participar no CAMPUS
MISSIONÁRIO 2015, que se
realizará na nossa Casa Mãe e
nas nossas missões do Peru, no
próximo mês de Agosto.
Esperamos por ti, contata-nos:
[email protected]
O véu tradicional que usam
as nossas Irmãs é sinal da sua
total consagração a Cristo e
de reparação pelos pecados do
mundo.
Se desejas mais informações, preenche a
ficha da pág. 16
12
São João Paulo II
P. Pierfilippo Giovanetti msp (italiano)
Karol Wojtyla nasceu em Wadowice a 18 de
Maio de 1920. Foi ordenado sacerdote em
1946 e em 1958 foi nomeado bispo auxiliar
de Cracóvia e posteriormente arcebispo desta cidade polaca. Em 1978, depois da morte
imprevista do Papa Luciani ou João Paulo I,
foi eleito papa com o nome de João Paulo II.
Teve um papel muito importante durante
o Concílio Vaticano II. Com efeito, sendo ainda um jovem bispo, Wojtyla “desde o primeiro
anúncio, não escondeu o seu entusiasmo pela
iniciativa de João XXIII” (Estanislau Dziwisz,
Uma vida com Karol). Consciente da importância de ter e encontrar autênticos modelos
de fé, para os cristãos de todo o mundo, João
Paulo II converteu-se num Papa peregrino,
com 104 viagens pastorais ao estrangeiro e
133 países visitados, e é o Papa que canonizou
mais santos que todos os seus predecessores
juntos, 482 canonizações e 1338 beatificações.
Com a sua forte personalidade guiou a
Igreja até cruzar o Terceiro Milénio, em tempos muito difíceis tanto fora da Igreja (era
um mundo literalmente dividido em “dois
blocos” até à queda do Muro de Berlim, que
significou o fim de toda uma época), como
dentro da Igreja: durante o seu pontificado
consumou-se o cisma de Marcel Lefebvre.
João Paulo II foi um evangelizador incansável e deixou à Igreja o primeiro Catecismo,
depois de cinco séculos, um novo Código de
Direito Canónico, 14 encíclicas e muitos outros documentos.
O seu lema Totus tuus exprimia claramente
desde o começo do seu pontificado a profunda devoção mariana que sempre o caracte-
rizou. E quando, a 13 de maio de 1981, com
a idade de 61 anos, sofreu na Praça de São
Pedro o terrível atentado que comoveu e fez
chorar o mundo inteiro, ele próprio reconheceu que foi Nossa Senhora de Fátima que lhe
salvou a vida, prodigiosamente.
De fato, não só sobreviveu ao atentado,
mas também protagonizou um dos pontificados mais longos da história (1978-2005).
Além disso, durante os últimos anos da sua
vida, deu exemplo de como se pode levar
o sofrimento com grande dignidade, transformando-o num autêntico instrumento de
apostolado, para o bem dos homens e para
glória de Deus. Uma mensagem dada com o
seu exemplo, uma mensagem especialmente importante na sociedade atual, onde os
doentes e os idosos são considerados quase
como um estorvo.
O Padre Giovanni Salerno foi recebido no
Vaticano pelo Papa João Paulo II no dia 5 de
novembro de 1986. Depois de concelebrar
a Missa com o Santo Padre, o P. Giovanni foi
recebido em privado e surpreendeu-se ao
saber que ele já conhecia muitas das coisas
sobre o Movimento. “E, ao elogiá-lo, disseme: ‘É realmente Opus Christi Salvatoris Mundi!’. Desde aquele dia começámos a chamar
o nosso Movimento dos Servos dos Pobres
do Terceiro Mundo com este nome de ‘Opus
Christi Salvatoris Mundi’ (Obra de Cristo Redentor do Mundo). E este será o nome oficial
do nosso Movimento e ficará para sempre,
porque saiu dos lábios do próprio Santo
Padre” (Padre Giovanni Salerno, Missão nos
Andes com Deus).
13
“Oremus”
A comunhão espiritual
A comunhão espiritual é um desejo ardente de participar realmente no banquete do Corpo e Sangue de Jesus Cristo quando, por algum motivo, se está impedido
de comungar sacramentalmente. Não opera a graça santificante, porém, é uma útil
extensão do sacramento da Eucaristia que produz e aumenta a graça segundo as
disposições e os graus de fervor e de caridade dos nossos desejos.
É uma louvável e antiga prática, autorizada pelos Santos Padres e pelo Concilio
de Trento.
“Jesus meu,
“Ó Jesus meu, creio que estás presente no Santíssimo Sacramento,
amo-te sobre todas as coisas e desejo receber-Te em minha alma.
Já que agora não Te posso receber sacramentalmente,
vem ao menos espiritualmente ao meu coração.
(Pausa de recolhimento)
Como já vieste, abraço-te e uno-me todo a Ti;
não permitas, Senhor, que volte jamais a abandonar-Te.
Jesus, meu Bem, doce Amor,
fere e incendeia este meu coração,
de maneira que arda sempre por Ti.
Adoro-Te em cada momento,
ó Pão vivo do Céu, grande Sacramento.
Coração de Jesus, Coração de Maria:
peço-vos que abençoeis a minha alma.
A Ti, dou o meu coração,
Santíssimo Jesus, meu Salvador.
Ámen”.
14
A VIDA CONTEMPLATIVA
Queres unir-te a nós, Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo, que dedicam a maior parte do seu dia à oração
e à Adoração Eucarística e reservam alguma horas de trabalho
manual para ajudar os mais pobres?
Escolheste viver, ou melhor, Cristo escolheu-vos para que vivais com Ele o seu mistério pascal, através do tempo e do espaço. Tudo o que sois, tudo aquilo que fazeis cada dia, seja o Oficio salmodiado ou cantando, os trabalhos a sós ou em equipas
fraternas, o respeito à clausura ou ao silêncio, as mortificações
voluntárias ou impostas pela Regra, tudo é assumido por Cristo
para a redenção do mundo.
Como Santa Teresinha de Jesus,
tu podes também oferecer a tua vida a Deus,
para bem dos mais necessitados.
Envia-nos o teu pedido de informação:
Nome
Mosteiro
Morada
Localidade
Código Postal
-
Envio-vos o meu compromisso de viver a obediência e pobreza da minha entrega a Deus no meu mosteiro,
pelo Movimento dos Servos dos Pobres do Terceiro Mundo, para que o Reino de Deus chegue aos mais
pobres.
Assinatura
Data
-
15
Se palpita em ti uma chama
missionária, não deixes que se apague,
estás chamado/a a alimentá-la.
As nossas comunidades missionárias de sacerdotes e de seminaristas, de contemplativos a tempo inteiro, de jovens leigos, de religiosas e de casais propõem-se
ajudar-te neste caminho.
Se és um/a jovem em atitude de busca interior que, durante um ano de experiência no Terceiro Mundo,
com o coração aberto e à escuta do Senhor, queres discernir qual é a missão a que Deus te chama...
...os pobres esperam-te.
Se és um jovem interessado em viver um fim-de-semana ou alguns dias de silêncio e de oração num ambiente missionário na nossa Casa de Formação de Ajofrín (Toledo – Espanha)
...esperamos-te.
Se sois um casal, que com os vossos filhos, estais decididos a vir ao Terceiro Mundo para abrir a vossa família aos mais pobres, como uma pequena igreja doméstica,
...os pobres esperam-vos.
Se te sentes chamado/a a entregar-te em favor dos mais pobres, contagiando com o teu amor missionário a realidade na qual vives, por meio da formação e animação de um grupo de apoio dos Missionários
Servos dos Pobres TM
...põe-te em contacto connosco.
Escreve para:
Nome
Morada
Localidade
Telefone
Idade
Código Postal
-
Mail
Estado Civil
Profissão
Habilitações literárias
Queres colaborar connosco?
Contemplativo a tempo inteiro
Seminarista
Sacerdote
Irmão/Irmã
Jovem à procura
Casal consagrado
Oblato
Sócio ou colaborador
16
ENVIAR PARA ESTA MORADA:
Seminário “Santa Maria Mãe dos Pobres”
Ctra. Mazarambroz, s/n
45110 Ajofrín (Toledo)Espanha
Tel. 0034-925-390066
Fax 0034-925-390005
E-mail: [email protected]
A AJUDA MAIS IMPORTANTE
PARA OS MISSIONÁRIOS
Leigos
Eu,___________________________________________________________________________
para agradecer a Deus o novo Carisma dos Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo, comprometo-me a permanecer unido a vós pela oração, conforme o
modo assinalado:
Morada
Localidade
Código Postal
Telefone
Mail
Assinatura
Acção
-
Data
-
-
Frequência
Diária
Semanal
Quinzenal
Mensal
Outra
Eucaristia
Adoração Eucarística
Terço
“Jesus escondido nestas chagas. Precisam de ser ouvidas! Talvez
não tanto nos jornais, como notícias; ali são ouvidos um, dois, três
dias, depois ouve-se outra coisa, outra pessoa... Devem ser ouvidas
por aqueles que se dizem cristãos. O cristão (...) sabe reconhecer as
chagas de Jesus. E hoje, todos nós, aqui, temos a necessidade de dizer:
«Estas chagas devem ser ouvidas!»”.
Papa Francisco, Discurso no encontro com as crianças com deficiências e os
doentes do Instituto Seráfico, Assis, 4 de Outubro de 2013.
Todos este boletins de colaboração espiritual durante o ano 2015 poderão ser enviados para a nossa morada de Cuzco. Serão colocados aos pés da Virgem
Maria, no altar da Capela do nosso Centro naquela cidade peruana.
17
Novos Leitores
Envia-nos os nomes de novos amigos aos quais possa agradar receber a nossa
Revista. Na primeira secção, anota a tua própria direcção.
Nome
Morada
Localidade
Código Postal
-
Envio-lhes as moradas de algumas pessoas que considero que podem estar interessadas em receber a Revista Periódica do Movimento Servos dos Pobres do Terceiro Mundo.
Nome
Morada
Localidade
Código Postal
-
Nome
Morada
Localidade
Código Postal
-
Nome
Morada
Localidade
18
Código Postal
-
AVISOS IMPORTANTES
Casais missionários
Livrinho que
apresenta a
Fraternidade de
casais missionários
Servos dos Pobres
TM. Casais que, com
os seus filhos, estão
ao serviço dos mais
pobres.
DVD
Em 55 minutos
apresenta o carisma
e as diferentes
comunidades que
caracterizam os
Missionários Servos
dos Pobres TM.
“Missão nos
Andes... com Deus!”
Livro pleno de
historias anedóticas
e pensamentos,
onde o Padre
Giovanni Salerno
conta os seus anos
de missão.
“Imitação de Cristo”
Nova tradução,
subdividida por
dias, do livro
que representa
o guia espiritual
dos Missionários
Servos dos Pobres
TM (disponível em
italiano e espanhol).
PARA PEDIR, GRATUITAMENTE, ESTE MATERIAL PÕE-TE EM CONTACTO CONNOSCO:
Peru
“Missionários Servos dos Pobres
do Terceiro Mundo”
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Cuzco
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Seminário “Santa Maria Mãe dos Pobres”
Ctra. Mazarambroz, s/n
45110 Ajofrín (Toledo)Espanha
Tel. 0034-925-390066
Fax 0034-925-390005
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19
A casa da Karoll
A Karoll é uma das alunas do nosso colégio gratuito Santa Maria Goretti. Tem
oito anos e vive com a sua mãe e com
a sua irmã mais velha, que tem quinze
anos. O seu pai abandonou-as há muitos
anos e nunca as apoiou economicamente. No ano passado, a mãe veio pedir-nos ajuda e assim a Karoll foi recebida
no nosso centro de educação.
Rapidamente demo-nos conta de
que a sua mãe não lhe dava um bom
trato, pois golpeava-a com frequência.
Além disso, deixava-a sozinha com a sua
irmã e ausentava-se de casa durante vá-
rios dias para ir comprar roupa e poder
vendê-la durante os dias de semana e
ganhar assim um pouco a vida.
Depois de falar com a mãe das duas
jovens, percebemos que ela também
tinha carecido de muito afeto na infância. Porém, ela prometeu-nos que não
as espancaria mais, coisa que conseguiu cumprir.
A casa da Karoll é uma das mais necessitadas que conhecemos. Quando a
fomos visitar, comoveu-nos muito constatar o estado em que se encontrava: as
paredes de adobe, o telhado de telhas
A casa da Karoll no momento em que se realizavam as obras no telhado, ainda sem portas nem janelas
20
A casa da Karoll terminada com o telhado, as portas e as janelas
de zinco e ainda por terminar, o chão
de terra, dois quartos juntos com duas
aberturas exteriores sem portas, duas
janelas sem vidros, uma cama e um colchão estendido diretamente no chão, e a
roupa debaixo de plásticos para que não
se enchesse demasiado de pó.
A mãe das duas jovens quis-se instalar neste pobre pedaço de terra de uns
poucos metros quadrados e que tinha
comprado há já alguns anos e construiu
ela própria a sua “casa”. Porém, depois
faltou-lhe o dinheiro para a terminar.
Esta “casa” está situada no cimo do morro, não muito longe do nosso colégio,
mas torna-se quase inalcançável quando chove, porque fica separada do nosso
bairro por uma cova muito profunda. É
um lugar onde atualmente muitas pessoas compram um terreno e constroem
com meios muito limitados. Carece de
água, de luz elétrica e de árvores e está
exposto aos fortes ventos.
Numa noite de Outubro, quando aqui
os ventos são muito fortes, o telhado
de telhas de zinco da casa da Karoll levantou-se nos ares e quase que voou. A
mãe conta-nos que a sua filha, tomada
pelo desespero, agarrou-se à única corda que apertava o telhado e ficou como
que suspensa no ar, sem a querer soltar,
apesar do perigo.
Quando a fomos visitar na sua casa,
verificámos que aquela família efetivamente tinha um gravíssimo problema, pois estava a começar a época das
grandes chuvas e, quando chove, chove
torrencialmente. O telhado estava a desabar e tinha buracos por todas as partes. No lugar dos pregos tinha buracos.
O chão estava todo molhado, a pequena
cozinha estava arruinada e os colchões
21
já estavam humedecidos. Tínhamos que
atuar o mais rápido possível antes que as
chuvas tudo piorassem.
No dia seguinte, comprámos telhas
de zinco novas e levámos uns troncos
pesados para reconstruir totalmente o
telhado. Por isso, alguns dos homens que
trabalham no nosso colégio disponibilizaram-se e com muito entusiasmo colaboraram dois dias inteiros nesta obra.
Depois de termos examinado tudo isto
entre nós, decidimos instalar também na
casa as portas dos dois quartos, que se
fabricaram na nossa carpintaria do colégio Francisco e Jacinta Marto. Também
se colocaram os vidros nas duas janelas.
Nunca vimos a Karoll tão feliz. Agora,
finalmente, chega mais cedo ao colégio.
A sua mãe pode com toda a segurança
sair de casa para ir vender as suas gulo-
seimas na rua. E a irmã mais velha pode
retomar os estudos, porque já não precisa de ficar a cuidar da casa. É isto o que
esperamos, pois a jovem há já dois anos
que não vai à escola.
Esta experiência da Karoll foi para nós
um grande motivo de reflexão sobre o
nosso labor no Movimento. Não podemos oferecer Deus às pessoas se não
lhes damos também o apoio material de
que necessitam. Esta pobre mãe prometeu-nos que iria batizar a Karoll. Esta foi
a sua resposta à ajuda que lhe acabávamos de dar.
Efetivamente, a mãe da Karoll batizou-a no final do mês de novembro
de 2013 e no dia 8 de dezembro, uma
semana depois, a Karoll fez a Primeira
Comunhão com as suas companheiras
do colégio.
A Karoll ao lado da sua mãe, feliz porque tem um lugar protegido e seguro para poder viver com tranquilidade
22
SOS AOS JOVENS!!!
Nos missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo tu podes realizar este ideal,
com uma vida de profunda oração e de generosa entrega ao serviço de muitos irmãos que sofrem todo tipo de marginalização.
“Se verdadeiramente fizerdes emergir as aspirações mais
profundas do vosso coração, dar-vos-eis conta de que, em vós,
há um desejo inextinguível de felicidade, e isto permitir-vos-á
desmascarar e rejeitar as numerosas ofertas «a baixo preço» que
encontrais ao vosso redor”.
Papa Francisco, Mensagem para a XXIX Jornada Mundial da Juventude, 2014
23
A vida do movimento
Cidade dos Rapazes
Para além das missões que realizam nas
povoações da Alta Cordilheira, as nossas
Irmãs e a nossa comunidade de Padres e
Irmãos, algumas vezes também os nossos
rapazes, tornam-se “missionários”, graças
às missões que realiza o nosso colégio
Francisco e Jacinta Marto.
Os alunos das distintas turmas do colégio
saem acompanhados pelos seus professores
ou mestres e alguns Irmãos e depois de uma,
mais ou menos, longa caminhada, chegam
a outros centros de educação nos quais realizam diversas atividades catequéticas.
Apresentamos aqui o testemunho do Irmão Leonardo Castillo Luna, jovem mexicano que chegou a Cuzco no mês de Julho
de 2014 e está a fazer um ano de experiência missionária connosco.
<<Laudetur Iesus Christus! (Louvado
seja Jesus Cristo!)
Há pouco tempo atrás, os alunos do
nosso colégio Beatos Francisco e Jacinta
Marto saíram por grupos e em diferentes dias, para realizar missões nas aldeias
mais próximas, oferecendo o seu grãozinho de areia à grande missão da “Obra
de Cristo Redentor do mundo”.
Tive a graça de acompanhar as turmas
da quarta e da quinta classe da Primária,
constituídas por um total de 26 alunos e
por dois mestres, a uma aldeia da Cordilheira que está a duas horas de caminho
desde a Cidade dos Rapazes.
Os alunos do colégio Francisco e Jacinta Marto com o Sacerdote Missionário Servo dos Pobres TM, a caminho da
missão a uma aldeia da Alta Cordilheira dos Andes
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Os alunos mais pequenos do colégio Francisco e Jacinta Marto dos Missionários Servos dos Pobres TM partilham um
dia com os meninos de outra escola na Alta Cordilheira dos Andes
A experiência foi muito enriquecedora, pois pude ver de mais perto a pobreza
material e espiritual destas povoações. A
sua pobre escola, que era o destino da
nossa missão, está a cair, é de adobes e
muito velha, não tem luz elétrica e a água
é muito escassa. Os nossos rapazes representaram uma peça de teatro sobre o que
é o batismo e a sua importância. Pude ver
que a maior parte das crianças da aldeia
ignorava completamente as coisas mais
importantes da nossa fé. Um dos nossos
alunos perguntou-lhes: “Quem de vocês
está batizado?”. Ninguém respondeu. Porém, pensava que não tinham entendido
a pergunta, insistiu novamente, explicando-se melhor, e ainda assim não obteve
respostas afirmativas.
Graças a esta experiência, pude dar-me conta da importância e da necessidade da missão naquelas povoações
mais longínquas da sociedade hodierna,
pude perceber a transcendência que
tem levar o Evangelho de Cristo àquelas
pessoas que ainda não o conhecem.
Nós estamos a fazer o que podemos,
segundo os meios humanos que estão
ao nosso alcance. A ti também te corresponde fazer a tua parte, a qual consiste em rezar muito pelos Missionários
Servos dos Pobres TM, para que se dê
um aumento das vocações missionárias
e o nosso Movimento continue a crescer e possa continuar a ajudar os mais
necessitados.
25
Comunidade das nossas Irmãs
A nossa Irmã Fátima msp dá-nos o seu
testemunho sobre um dos últimos doentes
que faleceu depois de ter recebido durante muitos anos a assistência das nossas
Irmãs. Dele já dissemos algo no anterior
número da nossa revista.
A Sala São Rafael II do nosso Lar
Santa Teresa de Jesus é mais conhecida como “comunidade sofredora do
Movimento”. Ali acolhemos as crianças
e os adolescentes doentes com problemas mais graves, porque necessitam
de maior atenção. A maior parte delas
sofre de paralisia cerebral, epilepsia,
cegueira, surdez, microcefalia e outras
doenças congénitas e quase nenhuma
delas pode falar. Têm entre os 10 e 23
anos e à medida que vão crescendo necessitam de mais cuidados.
Um dos membros da “Comunidade
sofredora” era o Luís Manuel, que sofria
de microcefalia. Entrou no Lar quando
era muito pequenino e acompanhounos até aos 23 anos, quando Deus lhe
A sala das crianças doentes do Lar Santa Teresa de Jesus
assistidas pelas Irmãs Missionárias Servas dos Pobres TM
26
permitiu ir descansar em paz depois de
ter cumprido a sua intensa e grande missão entre nós.
O Luís Manuel recebia todas as intenções de orações que se lhe confiava e
apresentava-as ao Senhor com muita entrega e devoção. A sua vida foi pura graça
de Deus e manteve-se forte até ao fim.
Devido à sua doença, o Luís Manuel
não podia falar, nem andar, nem comer
sozinho. Com o passar dos anos, o seu
corpo encolheu-se cada vez mais e tinha que ficar na cama. Levava os seus
sofrimentos com alegria e, se alguém
necessitava da sua ajuda (espiritual), ele
ouvia-o e apresentava tudo ao Senhor,
e sorria como que se dissesse: “Tudo vai
terminar, abraça-te à cruz e não a soltes”.
Para mim, o Luís Manuel foi uma ajuda muito grande. Era como se Cristo me
ouvisse. Consolava-me sempre que me
aproximava dele e pedia-lhe as suas
orações.
O Luís Manuel passou a sua vida
prostrado numa cama. Não se podia
levantar nem dizer o que queria ou necessitava. Encontrava-se mal de saúde,
levava injeções em todas as partes do
corpo e vivia meses seguidos com soros, porém, sempre sorria. A sua paz vinha do profundo do seu coração e era
muito contagiosa. Gostava muito que
as crianças mais pequeninas de 2 ou
4 anos fossem para perto da sua cama
para lhe cantar alguma canção. Sorria
e com este sorriso manifestava o seu
agrado e o seu agradecimento.
Durante todos estes anos de doença
e de sofrimento pensámos várias vezes
que o Luís Manuel ia deixar esta terra
para ir descansar na pátria celeste, porém, não foi assim. Ele queria continuar
a lutar neste vale de lágrimas. Pouco antes de partir para o Céu, o Luís Manuel
sofreu muito, tinha dores muito fortes,
febres altas, tosse e expetorações que
não o abandonavam, porém, permanecia com lágrimas de felicidade nos olhos.
Agora estamos seguras de que desde o
Céu continua a ser um grande protetor e
intercessor das crianças e dos jovens que
ainda estão connosco e unem os seus
sofrimentos aos de Cristo.
Importante: Caríssimos amigos, estamos
conscientes de que com muita frequência,
infelizmente, as notícias que publicamos na
crónica sobre “A Vida do Movimento” não
são muito atuais. Os tempos necessários
para recompilar os dados, escrever a Crónica, traduzi-la nas várias línguas, enviá-la
à tipografia e finalmente distribuí-la, como
bem podeis imaginar, são muito longos e
fazem com que este problema seja difícil de
solucionar. Para que tenhais informações
mais atuais, sugerimo-vos que consulteis a
Crónica da Newsletter mensal, que podeis
encontrar no nosso site: www.msptm.com
As Irmãs Missionárias Servas dos Pobres TM encontram na oração a força suficiente para cuidar e assistir as crianças
doentes do Lar Santa Teresa de Jesus
27
Obrigado
pela sua
ajuda...
Com a tua colaboração
uma criança mais
se alimentará nas nossas
casas de Cuzco, Perú
Cristo espera-te
entre os mais pobres
Se te sentes chamado a entregar-te
em favor dos mais pobres:
Põe-te em contacto connosco!
MISSIONÁRIOS SERVOS DOS POBRES DO TERCEIRO MUNDO
P.O.Box 907
Cuzco-Perú
email: [email protected]
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29
Desde o Mundo
América – As populações
indígenas continuam sendo
as mais pobres da América
Latina
Sucre (Agência Fides) – Segundo um recente
estudo elaborado pelo Banco Mundial, uma
criança nascida numa localidade indígena da
América Latina tem probabilidades dobradas de viver na pobreza e triplicadas de viver
em estado de indigência, em relação a seus
coetâneos. Não obstante hoje seja menor o
número de índios que vivem em condições
de pobreza, o abismo que existe entre eles
e o resto dos latino-americanos aumentou.
Trata-se de um claro exemplo do facto de
que os progressos sociais e econômicos da
última década não alcançaram todos os grupos sociais. Dentre os 37 milhões de latino-americanos, 7% são indígenas e encontram-se em todos os países, especialmente Bolívia
e Guatemala (41%), Peru (15,7%), México
(15%), Panamá (12,2%). Todavia, nos últimos
anos foram feitos progressos para inseri-los
na sociedade e, hoje, alguns desempenham
cargos políticos importantes (AP) (25/9/2014
Agência Fides)
América/Peru – A “febre
do ouro” aumenta o tráfico
de seres humanos e a
exploração sexual
Lima (Agência Fides) – “A infância é um tesouro que vale muito mais do que quilates de
ouro” é o título da campanha promovida pela
ONG Anesvad para denunciar a realidade em
30
que vive a população da região peruana de
Madre de Dios, explorada ilegalmente pelas
organizações criminosas que nesta região
envolvem mais de 25% das crianças e adolescentes de 14 a 17 anos na exploração profissional e sexual. Muitas pessoas emigraram
para esta região, atraídas pelas rendas económicas, para a extração de minérios que, na
última década, cujos preços aumentaram devido ao enorme incremento das vendas nos
mercados internacionais, desencadeando-se
a “febre do ouro”.
Segundo a ONG, envolvida em projetos de
cooperação para o desenvolvimento em 18
países dos três continentes mais pobres do
planeta (África, América Latina e Ásia), o fenómeno da extração ilegal provocou caos na
região mineira e fez aumentar os índices de
exploração do trabalho, prostituição, doenças sexualmente transmissíveis e alcoolismo.
Sem falar do aumento da poluição e da desflorestação da região da floresta amazónica
do Peru, onde se estima que já tenham sido
abatidos mais de 40 mil hectares. Nos últimos anos, a população de Madre de Dios
aumentou em 400%. A campanha e a o site
web www.dinoalatrata.org, denunciam a
contínua violação dos direitos humanos e
promovem a coleta de fundos para favorecer programas de prevenção e assistência
humanitária às vítimas. O tráfico de seres humanos gera lucros de cerca de 32 milhões de
dólares por ano e é a terceira atividade ilegal
mais lucrativa no mundo depois da venda
de armas e do narcotráfico (AP) (23/9/2014
Agência Fides).
Os amigos escrevem-nos...
Carta para São José
À entrada da Cidade dos Rapazes em Andahuaylillas, perto da portaria, há uma estátua de São José com uma caixa de correio. Há já algum tempo, apareceu ali uma
carta que, embora anónima, deduzimos que é de algum dos nossos empregados-colaboradores, que de forma muito simples escreveu a São José. A simplicidade da
carta permite-nos ver a grande fé com que foi escrita e anima-nos a continuar o labor
missionário, sobretudo, com o exemplo da nossa vida.
“Com muito carinho, para São José.
Sinceramente estou muito agradecido a você e ao Movimento com tudo o que me
aconteceu.
Quero ser breve. Eu cheguei à Cidade dos Rapazes com uma moral baixa por tudo
aquilo que se passou comigo. Agora sou feliz e graças aos tios1, que me ajudaram, vivo
feliz, talvez com alguns pequenos tropeços. Também tenho que olhar em frente. Aqui
aprendi a rezar, a respeitar o próximo, a amar os meus filhos, a ser fiel à minha esposa e a
amar a Deus sobre todas as coisas.
Ajude-me, por favor, a cumprir de acordo com todos os meus sonhos. Prometo não me
esquecer de si”.
1 Para os que leem pela primeira vez uma das nossas Revistas, na Cidade dos Rapazes de Andahuaylillas
chamamos “tios” aos esposos dos casais que formam a Fraternidade dos Casais Missionários do Movimento, para os distinguir assim dos Padres e Irmãos. E, de igual modo, chamamos “tias” às suas esposas, para as distinguir das “madres” ou “Irmãs” do Movimento.
31
“Missionários Servos dos Pobres do Terceiro
Mundo”
São as diferentes realidades missionárias (sacerdotes
e irmãos consagrados, religiosas, casais missionários,
sacerdotes e irmãos especialmente dedicados à vida
de oração e contemplação, sócios, oblatos, colaboradores, Grupos de Apoio) que partilham o mesmo
carisma e fundadas pelo mesmo fundador.
“Opus Christi Salvatoris Mundi”
Formado pelos membros do Movimento dos Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo,
comprometidos num caminho de consagração mais
profunda com as características da vida comunitária
e da profissão dos conselhos evangélicos segundo a
sua condição.
“Grupos de Apoio do Movimento”
Comprometidos no aprofundamento e difusão do
nosso carisma, trabalhando para conversão de todos
e de cada um dos membros, graças à organização de
encontros periódicos.
Oblatos
Doentes ou presos que oferecem os seus sofrimentos pelos pobres do Terceiro Mundo e, também, por
todos os que aceitaram viver segundo o carisma dos
Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo.
Colaboradores
Todos os homens de boa vontade que se queiram
enamorar cada vez mais dos pobres.
MISSIONÁRIOS
SERVOS DOS POBRES
DO TERCEIRO MUNDO
PARA INFORMAÇÕES E OUTROS CONTACTOS:
Peru
“Missionários Servos dos Pobres
do Terceiro Mundo”
P.O. Box 907
Cuzco
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4795-309 Roriz Sts.

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