oportunidades por lá
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1 2 Novembro · 2014 C Á E N TRE N ÓS Tempo de espera Setor vive a expectativa da resposta do clima P or fim, as chuvas chegaram no interior paulista e a marcha do plantio foi intensificada no campo. A correria é grande para tentar recuperar o tempo perdido pela estiagem prolongada. A janela das chuvas, normalmente, acontece de outubro a março, mas o tempo anda mudado. “Perdemos outubro e parte de novembro, pois não houve chuva. Vamos ver como o clima se comportará nos próximos meses”, diz Paulinho Rodrigues, produtor rural e filho do ex-ministro Roberto Rodrigues. Segundo dados do Instituto Agronômico (IAC), a média anual de chuvas na região de Ribeirão Preto é de 1.470 milímetros, mas em 2014 até meados de novembro, choveu cerca de 500 milímetros. Não é à toa que a cana cortada em junho parece que foi colhida há 15 dias, porque não se desenvolveu. Sem falar na socaria que não brotou. “O que se vê é um canavial com cana pequena e cheio de falhas. A impressão que dá é que não terá cana disponível para começar a safra em abril”, observa Paulinho. Mas ele é homem da terra, sabe do poder de recuperação da natureza, por isso, prefere dar um tempo para que ela dê a resposta. No entanto, Paulinho sabe que o campo tem memória. “A seca deste ano não repercutirá apenas na safra 2015/16, comprometerá também a safra 2016/17”, salienta. É que além do atraso no plantio, pouco desenvolvimento da cana e falhas de brotação, os incêndios durante a estiagem afetaram muitos viveiros de cana, reduzindo a oferta de mudas. Com isso, a tendência é que o setor recorrerá novamente à prática de utilizar cana comercial como muda, correndo o risco de levar pragas e doenças, resultando em canavial menos produtivo. Não é só na agrícola que o tempo é de expectativa. O lado político também. O setor aguarda a definição do governo em relação ao aumento da mistura da adição do etanol à gasolina, de 25 para 27,5% e também o retorno da incidência da Cide sobre à gasolina. Para o setor são medidas urgentes e não há mais tempo a perder. Mas o tempo do governo é outro, muitas vezes é só perda de tempo. Por isso, que grande parte do setor faz a hora e não espera acontecer. Luciana Paiva [email protected] Clivonei Roberto [email protected] 3 ÍN D I C E Capa Moendo usinas Economia -Safra mais curta deve trazer dificuldades ao setor em 2015 Herbishow -Daninha de alta complexidade Mecanização -Novas técnicas na busca por produtividade Tecnologia Agrícola -É importante que o Brasil aumente a presença em feiras internacionais Soluções Integradas -Muito além do controle de doenças Tendências -O Agro no Sul: oportunidades por lá Coluna Datagro -Índia enfrenta dificuldades para iniciar a safra 2014/15 Cana Substantivo Feminino -IV Cana Substantivo Feminino Caderno Relax Pesquisa & Desenvolvimento -Gerar e fomentar ideias e tecnologias Batendo Perna -Não faltam motivos para ir a Goiás Tecnologia -Integração Energética Editores: Luciana Paiva [email protected] Aproveite melhor sua navegação clicando em: Vídeo Fotos Áudio Link Clivonei Roberto [email protected] Redação: Adair Sobczack Jornalista [email protected] Leonardo Ruiz Estagiário de jornalismo [email protected] Marketing Regina Baldin Comercial Anderson Siqueira [email protected] Editor gráfico Thiago Gallo Entre em contato: Opiniões, dúvidas e sugestões sobre a revista CanaOnline serão muito bem-vindas: Redação: Rua João Pasqualin, 248, cj 22 Cep 14090-420 – Ribeirão Preto, SP Telefones: (16) 36274502 – 34219074 Email: [email protected] www.canaonline.com.br CanaOnline é uma publicação digital da Paiva& Baldin Editora E CON OMIA Nesta safra, as colhedoras descansam mais cedo Safra mais curta deve trazer dificuldades ao setor em 2015 COM PERDA DE MATÉRIA-PRIMA NO CENTRO-SUL, ESPERA-SE QUE SEJAM MOÍDAS 40 MILHÕES DE TONELADAS A MENOS QUE A PREVISÃO INICIAL, TOTALIZANDO ALGO ENTRE 545 E 550 MILHÕES DE TONELADAS 6 Novembro · 2014 A safra canavieira deste ano termi- Espera-se que, com a perda de maté- nará mais cedo, estendendo à en- ria-prima no Centro-Sul, sejam moídas 40 tressafra as consequências não só milhões de toneladas a menos que a pre- da crise que atinge o setor, mas de uma visão inicial, totalizando algo entre 545 e combinação de fatores exacerbados pelo 550 milhões de toneladas. momento político. A seca e a falta de reforma dos cana- Segundo o diretor executivo da MBF viais - devido à crise financeira vivida pelo Agribusiness, Jair Pires, “no ano que vem setor – são responsáveis pela falta de ca- teremos uma safra ainda mais curta do na-de-açúcar. Os canaviais estão velhos que a deste ano”. Ele afirma que nenhum e fracos. Ressalta-se que, segundo a Uni- dos problemas, isoladamente, é responsá- ca (União da Indústria da Cana-de-Açú- vel por essa situação, mas que a combina- car), as usinas do país devem encerrar a ção deles está sendo desastrosa. safra 2014/2015 devendo 110% de seu A expectativa dos canavieiros é de faturamento. que, nesta safra (2014/15), o final da tem- De acordo com Pires, a situação deve porada chegue 30 dias antes do habitu- piorar graças ao fato de que a safra come- al. Em 2013, a safra acabou em novembro çará mais cedo e terminará novamente an- e, neste ano, diversas unidades já estavam tes do prazo de costume. paradas em outubro. Os números da safra também serão Entressafra longa: mais tempo para manutenção 7 E CON OMIA bem menores, pois houve um otimismo ternamente, enquanto o período ideal exagerado nas previsões, causados pelos para o plantio de cana vai de fevereiro a anúncios de linhas de crédito subsidiadas abril, exigindo alto volume de capital. para a lavoura canavieira. Porém, a buro- “O momento atual vai exigir uma cracia e exigências cadastrais para acessar união entre usinas, fornecedores e presta- tais recurso têm filtrado e diminuído o nú- dores de serviço de manutenção, juntan- mero de tomadores. do seus limites de crédito para financiar a Para Pires, a entressafra, que se es- entressafra”, comenta Jair Pires. tenderá por um período mais longo (até Quanto à crise que atinge o setor su- abril de 2015), será para o setor sucroener- croenergético, o endividamento e a perda gético especialmente traumática. E alguns da competitividade diante da gasolina, as- fatores agravarão o período: baixa produ- sociados a problemas climáticos mostram ção deste ano, os preços depreciados, o que esta situação pode estar longe do fim, custo de manutenção da indústria, da fro- com os ativos depreciados e o endivida- ta e dos canaviais, a dificuldade de possí- mento alto. veis créditos entre fornecedores e usinas. Porém, mesmo assim o setor já está O ideal é que, no final da safra, já atraindo investidores, que poderão trazer aconteça a reforma da usina, reforma das credibilidade, dar fôlego ao pagamento máquinas e equipamentos agrícolas, com das dívidas e colocar capital para realizar boa parte da manutenção sendo feita in- melhorias nas lavouras. A estiagem prejudicou a socaria 8 Novembro · 2014 DIVULGAÇÃO FMC H E R B I SHOW No Brasil, a grama-seda está presente em culturas anuais e perenes, além de aparecer também em beiras de estradas e terrenos baldios Daninha de alta complexidade DE DIFÍCIL ERRADICAÇÃO, A GRAMA-SEDA PODE CAUSAR SIGNIFICATIVOS PREJUÍZOS À PRODUTIVIDADE DA CANA. ESPECIALISTAS AFIRMAM QUE A FORMA MAIS EFICIENTE DE CONTROLE É POR MEIO DA REFORMA DO CANAVIAL 9 ARQUIVO CANAONLINE H E R B I SHOW Weber Geraldo Valério: “Os prejuízos causados por essa daninha são altíssimos, devido à competividade com a cana-de-açúcar, principalmente por espaço, água e nutrientes” Leonardo Ruiz D dos processos de mecanização da colhei- brasileiras, de norte a sul, a gra- ta. Originária da África tropical e Eurásia, é ma-seda vem ganhando cada uma das plantas daninhas mais encontra- vez mais espaço no setor sucroenergéti- das no planeta, chegando a ser registrada co, principalmente devido à intensificação em mais de 100 países. No Brasil, está pre- DIVULGAÇÃO AGRO ANALÍTICA istribuída em todas as regiões Um canavial infestado e com três cortes, cujo potencial era de 80 ton/ha, irá produzir apenas 45 ton/ha, ou seja, uma redução de 35 ton/ha 10 Novembro · 2014 11 H E R B I SHOW sente em culturas anuais e perenes, além de aparecer, também, em beiras de estradas e terrenos baldios. Por seu uma planta daninha de alta complexidade, altamente competitiva e de difícil controle, as perdas relacionadas à grama-seda podem dizimar os lucros dos produtores canavieiros. Segundo Weber ARQUIVO PESSOAL Geraldo Valério, consultor e sócio-diretor da Agro Analítica e Consult Agro, os prejuízos causados por essa daninha são altíssimos, devido à competividade com a cana-de-açúcar, principalmente por espaço, água e nutrientes. “Um canavial infestado e com três cortes, cujo potencial era de 80 ton/ha, irá produzir apenas 45 ton/ha, ou seja, uma Lima: “Para áreas de soqueira, onde há infestações importantes, é recomendável que implementos agrícolas sejam lavados antes de direcioná-los para as zonas onde não há grama-seda” redução de 35 ton/ha. Além disso, há também um aumento de impurezas minerais planta daninha nas áreas sem infestação, e vegetais na indústria”. O consultor res- por meio da assepsia de equipamentos, salta, ainda, que a grama-seda age como principalmente das colhedoras”. O con- hospedeira de nematóides, dos gêneros sultor ressalta que esse controle preven- Meloidogyne e Pratylenchus, os mais da- tivo precisa ser resgatado, já que, nos dias nosos à cultura da cana-de-açúcar. de hoje, não se dá a devida importância a Valério afirma que a principal for- essa ferramenta. ma de disseminação da grama-seda é por meio das operações mecânicas, como sis- 100 mil hectares tematização, preparo de solo (subsolado- Esse é, aproximadamente, o tamanho res, sulcadores, operações de nivelamen- da área infestada por grama-seda no Gru- to), cortes mecânicos de mudas, cortes po Raízen. As infestações, em níveis im- manuais de muda por meio de carrega- portantes, se localizam nas unidades das mentos, tratos de soqueira (cultivadores), regiões paulistas de Piracicaba, Araraqua- além da colheita mecanizada. ra e Jaú. Segundo o diretor de produção “Dessa forma, a prevenção consis- agrícola, Antonio Fernando Pinto de Lima, te, basicamente, em evitar a entrada dessa os prejuízos ocasionados por essa daninha 12 Novembro · 2014 devem-se, principalmente, à sua alta capa- que permitam que esses locais sejam tra- cidade de propagação, o que acaba “aba- tados quimicamente com os herbicidas fando” a cana e provocando falhas na la- mais eficientes. “Para áreas de soqueira, voura. “Normalmente, numa reboleira de onde há infestações importantes, é reco- grama-seda, a cana praticamente desapa- mendável que implementos agrícolas se- rece. Algumas referências bibliográficas jam lavados antes de direcioná-los para as citam que uma única planta de grama-se- zonas onde não há grama-seda”, comple- da pode vir a formar uma reboleira de 25 ta Lima. metros de diâmetro em apenas dois anos e meio”. Controle Para evitar que essa daninha se espa- Caso a grama-seda já tenha se insta- lhe, o foco do trabalho da empresa inicia- lado no canavial, é importante que o pro- se no momento do planejamento. Áreas dutor inicie o manejo o mais breve pos- com alta infestação tem seu planejamen- sível. O consultor Weber Valério frisa que to de plantio definido para épocas do ano a única forma de controlar de forma efi- 13 DIVULGAÇÃO AGRO ANALÍTICA O consultor Weber Valério recomenda que o controle da desinfestação da grama-seda seja feito com Glifosato + Imazapyr DIVULGAÇÃO AGRO ANALÍTICA H E R B I SHOW Área plantada (18 meses) isenta de grama-seda ciente essa daninha é por meio da refor- damental uma gradeação visando o ma do canavial. “Além disso, os plantios fracionamento dos rizomas, aumen- devem ser realizados de 18 meses (ano e tando a exposição do produto, me- meio), ou seja, da 2ª quinzena de janeiro lhorando a absorção e translocação. até abril, ou meados de maio, se ainda ti- “Essa operação é decisiva”, afirma; ver umidade.” 3. é recomendável adicionar matéria Valério destaca, ainda, os principais orgânica nas áreas que necessitam pontos de um programa de desinfestação ser sistematizadas (remoção de solo); de grama-seda: 1. É obrigatório se atentar ao tem- após a última colheita (no máximo po entre a aplicação e o plantio, ou até setembro), com a cultura e a gra- seja, de 100 a 120 dias, com no mí- ma-seda brotada, aplica-se Glifosa- nimo 100 mm de precipitação nes- to + Imazapyr, sendo que a dose do se período; Imazapyr dependerá da textura do 2. 4. 5. controle potencializado: normalmen- solo, teor de matéria orgânica etc. te atingiu-se de 85% a 95% de con- Já o Glifosato, de 70 a 90% da dose trole com essa 1ª intervenção. No en- recomendada; tanto, a incorporação de Clomazone após 20 a 25 dias da aplicação, é fun- (800) nas dosagens de 1,3 a 1,5 (apli- 14 Novembro · 2014 cação complementar) uma semana jam tratadas quimicamente no momento antes do plantio tem proporciona- correto, potencializando, portanto, a efi- do controles próximos a 100%, mini- cácia dos produtos disponíveis no merca- mizando drasticamente intervenções do”, afirma Lima. manuais antes do nivelamento. Ele aponta ainda que a grama-seda é uma planta extremamente agressiva em termos de desenvolvimento vegetativo, alia- Nas unidades da Raízen, a forma de do ao fato de não haver produtos com boa controle encontrada é o “manejo”. Esse performance e seletividade para manejá-la trabalho, segundo o diretor de produção em cana soca. Isto faz com que as ações agrícola, tem início no correto mapeamen- de manejo se concentrem no momento do to das áreas infestadas, seja por matolo- preparo de solo para a renovação do cana- gias instaladas nos talhões ou, até mes- vial. “O controle químico no momento da mo, pelo uso de VANTs (Veículos Aéreos renovação do canavial tem uma eficiência Não Tripulados) sobrevoando as lavouras. boa. Porém, requer uma série de cuidados “Com as áreas mapeadas, é possível traba- em termos de monitoramento das rebolei- lhar no planejamento para que essas se- ras e possíveis catações pontuais”, finaliza. DIVULGAÇÃO AGRO ANALÍTICA Manejo Fracionamento de rizomas, potencializando o controle químico, através de gradeações 15 ME C A NIZ AÇÃO Novas técnicas na busca por produtividade CANTEIRIZAÇÃO E PREPARO PROFUNDO DE SOLO SÃO ALIADOS DOS PRODUTORES NA BUSCA POR REDUÇÃO DE CUSTOS E AUMENTO DE PRODUTIVIDADE Leonardo Ruiz A intensa mecanização da colhei- nação microbiana e da inversão de sacaro- ta da cana-de-açúcar trouxe di- se, material orgânico devolvido para a la- versos benefícios para os pro- voura, além do aproveitamento da palha. dutores, como a redução do tempo de Porém, existem também os pontos nega- entrega de cana na indústria, da contami- tivos, como aumento de impurezas vege- 16 Novembro · 2014 DIVULGAÇÃO PHDCANA Um dos efeitos negativos da mecanização da colheita é a compactação do solo. Preparo profundo e canteirização são técnicas que podem ser utilizadas visando a diminuição desse problema tais, redução da densidade de carga e da pesquisadora da Agência Paulista de Tec- extração do caldo, aumento da umidade nologia dos Agronegócios (APTA), da Se- do bagaço, redução da capacidade de mo- cretaria de Agricultura e Abastecimento agem, incrustação dos evaporadores, pio- do Estado de São Paulo, Raffaella Rossetto, ra na cor do açúcar e maior compactação os produtores devem ficar atentos a cer- do solo. tos fatores que indicam a necessidade da A compactação, inclusive, impac- realização do preparo de solo, como áre- ta negativamente o crescimento das raí- as compactadas e a constatação de pragas zes, fazendo com que a produtividade caia de solos e de químicos, como alumínio ou drasticamente. Além disso, alta compacta- manganês. “Um bom diagnóstico da com- ção implica em baixa infiltração e armaze- pactação com penetrômetro, trincheiras, namento de água e maior suscetibilidade ou retirada de amostras de solo em anéis, à erosão. além de amostragem do solo para fins de É nessa hora que surge a necessida- fertilidade, são importantes ferramentas de da realização do preparo de solo, ati- para a recomendação de qual preparo do vidade essencial para obtenção de altas solo é indicada para a área em questão”. produtividades no canavial. Segundo a Ela aponta ainda que, para a densidade ARQUIVO CANAONLINE do solo, verificam-se restrições visíveis no crescimento radicular, em densidades acima de 1,35 g.cm³. Portanto, se o que o produtor deseja é alavancar sua produtividade e reduzir os custos, é vital que ele se muna de ferramentas que diminuam a compactação do solo e que melhorem o preparo do mesmo. Dentre as inovações que podem ser utilizadas, destacamos a canteirização e o preparo profundo, técnicas que vêm ganhando cada vez mais espaço dentro do setor canavieiro. Canteirização Segundo Raffaella Rossetto, existem diferentes tipos de solo, sendo que, antes da realização do preparo profundo, é necessário conhecê-los a fundo, pois cada um irá reagir diferentemente a esse tipo de preparo Na canteirização, o caminho das rodas dos tratores e implementos é deixado eternamente como rota e prepara-se ape- 17 ME C A NIZ AÇÃO nas o solo dos canteiros. Esse sistema faz vidades e longevidades das socas. Porém, com que as rodas permaneçam sempre é possível, também, haver maior tomba- sem pisotear a linha de cana, que é plan- mento e aumento de impurezas. Além tada como uma grande horta, em cantei- disso, se não houver critério na colheita, ros. Embora não seja uma técnica relativa- há maior possibilidade de arranquio de mente nova, já que teve seu início há cerca soqueiras. de 10 anos, a canteirização tem sido mais Pesquisadores relatam, ainda, que adotada nos últimos anos devido à popu- certas variedades responder melhor à can- larização da agricultura de precisão. teirização do que outras. A RB867515 e a RB855156 registraram melhores germina- dutor pode obter maior altura e diâme- ções. A RB835054 tem sua longevidade tro de colmos, além de maiores produti- impulsionada. Além disso, com esse proDIVULGAÇÃO MAFES Com a adoção dessa técnica, o pro- cesso, há melhoria do ambiente de produção e maior oportunidade de plantio de variedades mais exigentes, como a RB966928. Preparo profundo Esta técnica é indicada quando existem camadas compactadas de solo em profundidade maior que aquela atingida pelo preparo convencional ou quando se deseja incorporar os corretivos em profundidade maior que 25 cm. Raffaella Rossetto conta que, nesse sistema, o subsolador alado de 80 cm de profundidade, combinado com uma enxada rotativa de 40 cm de profundidade por 1,2m de largura, permite a introdução em subsuperfície de corretivos que possam vir a corrigir o solo em profundidade maior que a alcançada pelo preparo No preparo profundo, existe um volume de raízes muito maior, mais robusto e desenvolvido em relação ao preparo convencional 18 convencional, aplicando qualquer produto na profundidade de 60-80 cm e de 4060 cm. “Além disto, o equipamento permi- Novembro · 2014 19 ME C A NIZ AÇÃO te a incorporação com enxada rotativa de corretivos ou fertilizantes à profundidade de até 40 cm, dando a segurança de que a mistura solo x corretivo será eficaz”, completa. O preparo profundo pode ser feito em até 100 cm com implementos adequados para o processo. Segundo a pesquisadora, existem diferentes tipos de solo, sendo que, antes da realização do preparo profundo, é necesreage diferentemente a esse tipo de preparo. “Latossolos distróficos, mesoálicos, álicos e ácricos podem apresentar ganhos na produtividade, pois apresentam limi- DIVULGAÇÃO GRUPO SANTA TEREZINHA tações químicas abaixo da camada ará- DIVULGAÇÃO PHDCANA sário conhecê-los a fundo, pois cada um Na canteirização, o caminho das rodas dos tratores e implementos é deixado eternamente como rota e preparase apenas o solo dos canteiros 20 Novembro · 2014 boio/munck também é reduzida. “Existe também economia na aplicação dos corretivos, pois somente é feita a aplicação nas faixas preparadas pelo Penta, bem como de óleo diesel. E essa economia depende do número de operações que cada unidade produtora suprimir.” Crisóstomo conta que o incremento na produtividade pode ser maior ou menor dependendo das condições do solo, das fertilizações empregadas e outras técO preparo profundo canteirizado busca mesclar os dois conceitos apresentados e consiste em romper as camadas compactadas e incorporar o corretivo a 60 cm ou 80 cm ou em ambas as profundidades. Neste caso, as entrelinhas permanecem intactas nicas cabíveis no processo. “Pelo que temos observado, pode-se afirmar que temos obtido um ganho de 10% a 12% em relação ao preparo convencional nos testes acompanhados que estão em terceiro corte.” vel, com teores baixos ou muito baixos de Com relação ao desenvolvimento ra- cálcio e, consequentemente, com altos ou dicular, o consultor conta que foram rea- muito altos teores de alumínio trocável, o lizadas no Grupo, no período de 2012 a que limita o enraizamento em profundi- 2014, inúmeras trincheiras para avaliar o dade.” A presença de bases e a correção comportamento desse sistema radicu- da acidez favorecem o desenvolvimento lar, comparando o preparo de solo con- do sistema radicular. “Já em solos que não vencional em relação ao preparo profun- apresentam impedimento físico ou quími- do, sendo que o resultado tem sido muito co, esse tipo de operação pode não pro- animador. Onde foi realizado o preparo porcionar resultados positivos”, completa. profundo existe um volume de raízes mui- Para o consultor do Grupo Santa Te- to maior, mais robusto e desenvolvido em rezinha, João Crisóstomo Simões Rodri- relação ao preparo convencional, sendo gues, o principal benefício dessas técnicas que as raízes estão concentradas na fai- é a diminuição de custos, que surge atra- xa dos 90 cm, atingindo a profundidade vés da redução do número de máquinas de 80-100 cm, enquanto no preparo con- utilizadas no preparo de solo. Além disso, vencional dificilmente ultrapassam a 40- com menor movimentação das mesmas, 45 cm. “Dessa forma, acreditamos que te- a utilização de caminhões prancha/com- mos uma planta com maior capacidade de 21 absorção de água e nutrientes em função ARQUIVO CANAONLINE ME C A NIZ AÇÃO de maior exploração do sistema radicular”. As práticas de preparo profundo e canteirização foram introduzidas no Grupo Santa Terezinha há quatro anos. Atualmente, oito das dez unidades da empresa contam com esses processos. Preparo profundo canteirizado Chamada de preparo profundo canteirizado, essa prática busca mesclar os dois conceitos apresentados. Ela consiste em romper as camadas compactadas e incorporar o corretivo a 60 cm ou 80 cm ou em ambas as profundidades. Nesse caso, as entrelinhas permanecem intactas. “É um João Crisóstomo: “O principal benefício dessas técnicas é a redução de custos, que surge através da redução do número de máquinas utilizadas no preparo de solo” sistema que não movimenta a totalidade do solo da área de plantio, porém, realiza tações dessas técnicas. “O primeiro pré um preparo profundo, com movimentação -requisito é a utilização do espaçamen- de camadas de solo para a execução dos to combinado (1,5 x 0,90; 1,6 0x 0,90 ou canteiros”, afirma a pesquisadora. 1,5 x 0,6m). Após isso, a implantação deve ser gradual, pois os equipamentos de apli- Implantação cação dos insumos devem ser adaptados O consultor do Grupo Santa Terezi- para trabalhar aplicando em duas ou três nha, João Crisóstomo Simões Rodrigues, explica como devem ser feitas as implan- faixas ou canteiros”. Ele afirma, também, que o trabalho ARQUIVO CANAONLINE O primeiro pré-requisito para a implantação da canteirização é a utilização do espaçamento combinado (1,5 x 0,90; 1,6 0x 0,90 ou 1,5 x 0,6m) 22 Novembro · 2014 de preparo de solo profundo/canteiriza- da PHDCana, empresa sediada em Len- ção é planejado para ser totalmente geor- çóis Paulista e que cultiva 7.200 hectares referenciado do plantio à colheita, sendo de cana, cuja produção varia de 450 mil a que os tratores devem ser equipados com 500 mil toneladas, Hamilton Cesar Pavan GPS, o que permite a perfeita aplicação de Rossetto, conta que eles se assemelham calcário, gesso, matéria orgânica (torta de às convencionais, embora exijam imple- filtro) e fósforo nas faixas, sendo feita sua mentos e máquinas de maior valor. “Po- incorporação pela enxada rotativa. Além rém, ocorre diminuição das operações de disso, é recomendável que o trator pos- preparo, além da otimização dos insumos sua, ao menos, 240cv de potência. nos canteiros”. É importante ressaltar que o plan- A empresa implantou esses proces- tio nesses sistemas não sofre diferenças e sos há cerca de três anos. Rossetto conta deve ser feito manualmente ou com plan- que a adoção se deveu à busca de ganhos tadoras adaptadas para o plantio combi- de produtividade, por meio da descom- nado. A colheita também deve ser feita pactação do solo, tráfego controlado, cor- por colhedoras de duas linhas. reção e incorporação de matéria orgânica (palha, restos de cultura, torta de filtro etc) Custos em profundidade, maior infiltração e con- Com relação aos custos de implan- servação da água, melhora do perfil micro biológico e oxigenação do solo. DIVULGAÇÃO MAFES tação e manutenção, o sócio proprietário Penta é um dos implementos preparos para a realização do preparo profundo de solo 23 TE C NOLOGIA AGRÍCOL A É importante que o Brasil aumente a presença em feiras internacionais AUSÊNCIA DE POLÍTICA COMERCIAL REDUZ PARTICIPAÇÃO DE EMPRESAS BRASILEIRAS E PRODUTORES EM FEIRAS INTERNACIONAIS, COMO A EIMA INTERNACIONAL, NA ITÁLIA Adair Sobczack V isitar a Exposição Internacional de fundamental para alavancar a produção Máquinas para Agricultura e Jardi- mundial de alimentos e, ao mesmo tem- nagem, Eima Internacional, reali- po, proteger os recursos naturais. zada a cada dois anos em Bologna, Itália, é A 41ª edição da Eima Internacional uma experiência que remete os visitantes aconteceu entre os dias 12 e 16 de no- ao futuro, possibilitando um breve con- vembro, recebeu 235.614 visitantes pro- tato com as tendências tecnológicas em venientes de mais de 120 países e 1.800 máquinas e implementos que terão papel expositores, sendo dois brasileiros: a ca- A Eima recebeu 235.614 visitantes provenientes de mais de 120 países e 1.800 expositores 24 Novembro · 2014 Empresas apresentam alta tecnologia em tratores tarinense Metisa, com estande próprio e a equipamentos direcionados ao setor, po- Semeato, do Rio Grande do Sul, por meio rém faltam políticas públicas de apoio à de representante europeu. produção e exportação. “A política indus- “A participação em feiras como a trial do Brasil está ruim! Perdemos parcei- Eima é muito importante, pois possibili- ros e competitividade”, aponta, destacan- ta o contato direto com o setor e é onde do que o Brasil necessita das exportações. podemos ter uma visão global, o que nos “A Metisa é uma das empresas que de- permite sentir o que está acontecendo. É mandam por mercados externos, pois eles o melhor marketing que existe”, destaca representam cerca de 30% de nosso fatu- Ademar Willrich, gerente de exportação ramento”, revela Willrich. A Metisa expor- da Metisa, empresa de Timbó, SC, com 72 ta para cerca de 40 países, sendo os Es- anos de atuação no mercado e líder nacio- tados Unidos o principal mercado, além nal na fabricação de discos. de países da Europa e Ásia e, recentemen- Segundo o empresário, o Brasil não te, a Rússia. A conquista desses mercados, é referência apenas em produção de ali- deve-se principalmente à participação da mentos, mas, também, na fabricação de Metisa em feiras do setor, como a Eima. 25 TE C NOLOGIA AGRÍCOL A Semeato, empresa gaúcha expõe seus equipamentos na Eima International “São as feiras que movimentam as nego- ao mercado requer tempo, investimentos ciações. Elas são o maior estímulo às em- e a necessidade de colaboradores aptos a presas e o Brasil precisa se atentar a esta estes desafios. Por isso, aponta Werlang, questão”, aponta Willrich. é muito importante para a Semeato participar da Eima, pois possibilita mostrar a O desafio de conquistar o mercado europeu marca para o mundo, trocar experiências Visão esta também compartilhada ceiros comerciais e contatar fornecedores pela gaúcha Semeato, especializada no de tecnologias. “Realmente, para a Seme- desenvolvimento, produção e comerciali- ato, todos os esforços empregados resul- zação de plantadoras e semeadoras para taram na satisfação, embora seja desafia- o plantio direto, cujo objetivo da partici- dor!”, diz. e conhecimento, receber os clientes, par- pação na Eima Internacional é despertar o Evandro Secco, gerente de expor- interesse dos agricultores em experimen- tação da Semeato para a America Latina, tar uma nova tecnologia. revela que o maior desafio para as fabri- Segundo Pedro Werlang, gerente de cantes brasileiras é vencer as barreiras im- exportação da Semeato para Europa, tra- postas pelas políticas públicas. “O Brasil balhar o mercado para a utilização de no- precisa de mais incentivos para as exporta- vas práticas agrícolas, desenvolver parcei- ções. Participamos com o mesmo percen- ros comerciais e ter um produto adequado tual no comércio mundial que tínhamos 26 Novembro · 2014 há 20 anos. Estamos estagnados”, criti- os mesmos altamente ‘caros’ compara- ca o gerente. “Estamos voltando no tem- dos com similares produzidos em outras po e nos transformando em exportadores partes do mundo. “Conquistar e manter de commodities de baixo valor agregado”, clientes no exterior de produtos industria- complementa. lizados no Brasil é uma tarefa das mais de- Na opinião de Secco, a estagnação safiadoras e só é possível com o ofereci- do crescimento econômico e a falta de mento de pacotes tecnológicos que não políticas de incentivo à indústria nacional tenham similares e que englobam produ- que, aliadas ao alto custo-Brasil, decorren- tos, serviços e transferência de tecnolo- te da falta de desenvolvimento da infraes- gia”, aponta. trutura e da alta carga tributária que carregam os produtos aqui fabricados, tornam Equipamentos com valor agregado Secco comenta que a Semeato tem conseguindo se destacar no segmento em que atua e conquistar mercados ‘além das fronteiras’ justamente porque vem oferecendo aos clientes ao redor do mundo muito mais que simples produtos manufaturados. “Levamos produtos com uma alta carga de valor pela função que desempenharão e pelo retorno em termos econômicos e ecológicos que proporcionam pela mínima agressão ao ambiente e ainda assim gerando valor”, comenta. Em relação ao comportamento cambial, Secco explica que a simples variação positiva ou negativa de paridade da moeda nacional com as internacionais não é suficiente para estabelecer maior ou menor competitividade do Brasil, que precisa urgentemente de mudanças, ou logo o “A Itália tem máquinas, implementos ou mesmo componentes especiais para cada segmento do agronegócio brasileiro”, destaca Massimo Goldoni país terá ainda menor participação no comercio mundial de produtos industrializados. “Uma indústria brasileira carente e 27 TE C NOLOGIA AGRÍCOL A fragilizada pela alta carga tributaria e falta tais e de construção. “A situação brasileira de políticas de incentivo fica muito vulne- não está muito boa, pois faltam recursos, rável e com baixa competitividade. Desta principalmente no Finame PSI – que foram forma, nada mais resta que ter a proteção direcionados para o futebol”, aponta Gior- de barreiras tarifárias na importação de gio Zonta, diretor da Rima, empresa que, equipamentos agrícolas para o Brasil, para no Brasil, comercializa seus produtos dire- no mínimo proteger o mercado domésti- tamente em feiras e empresas fabricantes co”, destaca. de equipamentos. “As vendas para o Brasil estão cal- O mercado brasileiro para as empresas italianas mas”, diz o diretor. Isto, segundo ele, por- Para as fabricantes italianas, o Brasil é rece as negociações. “Também, há muitos um importante mercado para equipamen- impostos, o que eleva o custo do produto tos e componentes. No entanto, a atual em até 45%, tendo por base o lucro presu- conjuntura econômica tem preocupado as mido”, destaca o dirigente. que a política cambial brasileira não favo- empresas que negociam seus produtos no Mesmo assim, Zonta destaca que o mercado interno, como a Rima, fabrican- mercado brasileiro é muito promissor e te de componentes especiais para máqui- não pode ser abandonado. “Mas é funda- nas e implementos agropecuários, flores- mental que mude a política de importa- Estande da Ferrari: empresa já tem transplantadora de mudas em teste no Brasil para uso de mudas de cana pré-brotadas 28 Novembro · 2014 Estande da Arag, líder mundial em componentes para pulverização ção”, observa o dirigente, revelando que tem máquinas, implementos ou mesmo a empresa estuda a possibilidade de im- componentes especiais para cada seg- plantar uma fábrica no Brasil, como es- mento do agronegócio brasileiro”, desta- tratégia para minimizar os altos custos da ca Goldoni. política comercial. “O Brasil é muito importante para a Produção sustentável Itália, assim como outros países da Améri- A adoção de tecnologia nos proces- ca Latina”, destaca Massimo Goldoni, em- sos produtivos, segundo o presidente da presário italiano e presidente da Federa- FederUnacoma e da Eima Internacional ção Italiana dos Fabricantes de Máquinas 2014, é uma tendência irreversível, pois é Agrícolas, FederUnacoma, que organiza a graças a ela que os países, como os que Eima. formam o BRICS, poderão andar nos mesEntre as peculiaridades brasileiras mos trilhos da nova filosofa dos mercados que atraem as fabricantes italianas está o consumidores, cujo destino é a produção potencial de expansão da produção agro- sustentável. “O desenvolvimento agro sus- pecuária. “As características do Brasil exi- tentável está ligado à adoção de alta tec- gem equipamentos específicos para aten- nologia em equipamentos, que tragam se- der à demanda dos produtores e a Itália gurança e eficiência”, aponta Goldoni. 29 TE C NOLOGIA AGRÍCOL A Entretanto, para que os países pos- tecnologia na produção agropecuária, é sam adotar os conceitos de uma produ- um fator que não depende unicamente ção aliada à sustentabilidade, segundo o das empresas fabricantes, e sim, das po- dirigente, é fundamental que haja políti- líticas públicas implantadas pelos países cas públicas de apoio aos produtores, para em desenvolvimento. “O mercado brasi- que estes tenham acesso a novas tecno- leiro é de extrema importância para as fa- logias, e isso passa pelos governos e pelo bricantes europeias”, destaca o empresá- apoio de órgãos mundiais, como a FAO. rio italiano Giovanni Montorsi, presidente “Nosso objetivo não é vender máquinas, da Arag, líder mundial em componentes e sim, tecnologias que possibilitem o au- para pulverização e que, no Brasil, fornece mento de produção de maneira susten- sua tecnologia para praticamente todas as tável e o Brasil, ao contrário de países da fabricantes de pulverizadores, um merca- Europa, tem um enorme potencial para do na ordem de US$ 12 milhões. expandi a oferta. Em contrapartida, tere- “O problema no Brasil são as linhas mos matérias-primas a custos mais acessí- de crédito, como o Finame PSI, que é uma veis”, observa Goldoni. questão política! Se o Banco Central libe- No entanto, a universalização de alta ra os recursos, as empresas vendem, caso contrário, não”, observa Montorsi. Na opinião do empresário, mesmo com alguns entraves de ordem política, o Brasil revela um cenário confiante e para aumentar as vendas, a Arag investe na fabricação de componentes de alta tecnologia, indispensáveis para aumentar a eficiência produtiva das lavouras e preservar o meio ambiente. “Com isso, a expectativa é dobrar o faturamento no mercado brasileiro nos próximos três anos”, destaca o empresário, comentando que entre as estratégias para ampliara as vendas ao Brasil e neutralizar parte dos custos da política brasileira de importação, está a construção de “O mercado brasileiro é de extrema importância para as fabricantes europeias”, destaca o empresário italiano Giovanni Montorsi 30 uma fábrica na Argentina. “Optamos pelo país vizinho porque já temos lá uma equipe preparada e qualificada”, diz Montorsi. Novembro · 2014 Missão brasileira na Eima, a CanaOnline estava presente Delegação brasileira na Eima Clivonei Roberto P ara estimular o intercâmbio tecno- o Instituto Italiano para o Comércio Exte- lógico entre empresas brasileiras e rior, ICE, instituição do Governo Italiano li- europeias, principalmente italianas, gada ao Ministério do Comércio Interna- 31 TE C NOLOGIA AGRÍCOL A Os jornalistas da Cana Online: Clivonei Roberto e Adair Sobczack cional com escritório na capital paulista, da delegação verde-e-amarela ficou por realiza um trabalho bastante interessante: conta de Emílio Pelizzon, analista de negó- convida algumas empresas de implemen- cios do ICE e um velho conhecido dos em- tos e jornalistas especializados para visita- presários brasileiros e italianos. É que ele rem a Eima. Na imprensa brasileira, ape- é um dos responsáveis pela organização, nas duas publicações foram convidadas, anual, do Pavilhão Italiano na Agrishow, uma delas foi a CanaOnline. Nossos jorna- em Ribeirão Preto. listas Clivonei Roberto e Adair Sobczak, e Segundo ele, o objetivo com a vinda mais Mario Candido, da Revista Agrimotor, das empresas italianas à Agrishow e a ida de representaram o jornalismo brasileiro es- empresários e jornalistas brasileiros a even- pecializado em agricultura. tos na Itália, como a EIMA, é fortalecer os A responsabilidade pela articulação 32 acordos de cooperação entre os dois países. Novembro · 2014 “Na área dos maquinários agrícolas, a Itália é líder mundial pela diversidade de ofertas de itens fabricados para todo tipo de terreno e cultivo. Por isso, a importância do intercâmbio entre os mercados italiano e brasileiro. Na EIMA International, Veja entrevista com diretores da FCN para a CanaOnline as empresas do mundo todo encontram uma infinidade de soluções, componentes e parceiros. Não é à toa que é uma das maiores do mundo nesta área. O visitante encontra na feira todas as peças e compo- la Hudson Martins, diretor operacional da nentes necessários para montar qualquer empresa. tipo de equipamento.” Duas empresas focadas no segmen- A Herder Implementos e Máqui- to sucroenergético também participaram nas Agrícolas, localizada em Matão, SP, foi da expedição brasileira à Eima, uma delas uma das empresas que participaram da é a Herbicat, de Catanduva, SP. O diretor Eima Internacional a convite do ICE. “Nos- da empresa, Luis César Pio, já é um fre- sa participação na Eima foi extremamen- quentador assíduo da feira, participa des- te importante e necessária, especialmen- de 2001 para ficar por dentro das novas te no que diz respeito a sair do ‘quadrado’ tecnologias. em que vivemos, onde pudemos reser- A outra empresa especializada no var um tempo para abrir a mente às novas segmento cana foi a FCN Tecnologia, de oportunidades, ideias e tecnologias”, reve- Piracicaba, SP, que levou seus diretores, Félix de Castro e Cássio de Castro. Segundo eles, foi muito positiva a participação Veja entrevista que o diretor da Herbicat concedeu à CanaOnline na feira. Félix já conhecia o evento, mas foi muito válido participar da edição deste ano porque permitiu fazer vários contatos e conhecer possíveis novos fornecedores. Principalmente na área de componentes, uma vez que a FCN está desenvolvendo novas tecnologias, inclusive fora do setor sucroenergético. 33 TE C NOLOGIA AGRÍCOL A Eima 2014 trouxe um trator especialmente para elas Adair Sobczack D e micro cultivadores a tratores Giuseppina Sicurelo e seu mari- com até 692 cv, a Eima Inter- do, Franco Milioto, da região da Sicília, nacional é o local ideal para na Itália, não resistiram e deram uma agradar todos os gostos e bolsos. Du- parada para algumas fotos ao lado da rante as edições da feira, os pavilhões máquina rosa. “É um trator muito bo- com equipamentos de alta potên- nito”, diz Giuseppina. Segundo ela, é cia estão entre os mais visitados, uma importante que a mulher do campo verdadeira disputa para chegar à cabi- tenha um trator de sua cor. “Minha fa- ne e, ao menos por alguns segundos, mília vive na fazenda e sei o quanto ter a sensação de dirigir o que há de significa ter um trator que destaca a mais moderno no mercado. trabalhadora rural e seu papel na pro- Entretanto, na edição deste ano, dução de alimentos”, afirma. “Achei em meio a vários tratores, um em es- muito legal a iniciativa da Valtra em pecial chamava a atenção pela cor homenagear as mulheres, elas mere- rosa. “Gostei do trator porque é dife- cem”, diz o marido, Milioto. rente dos demais. É rosa, a cor das mu- “Se meu marido deixasse e eu ti- lheres”, comenta Kathrin Reuter, uma vesse uma fazenda, com certeza com- alemã que saiu de seu estande por al- praria um trator rosa”, diz Giuseppina. guns minutos para ver de perto o modelo N123 H5, da Valtra. “A cor é linda, um diferencial, embora a tecnologia seja mais importante. Se eu fosse fazendeira, compraria um trator desses para mim”, destaca Reuter. Homenagem da Valtra para as mulheres do campo 34 Novembro · 2014 Os europeus estão de olho nas oportunidades da bioenergia Conferência sobre bioenergia na Eima 2014 Clivonei Roberto B ioenergia não é tema apenas em bles, líder global em biocombustíveis de países tropicais, como o Brasil. A segunda geração e parte do Grupo Mos- Europa também está muito preocu- si & Ghisolfi, e da maior produtora mun- pada em encontrar novas fontes energéti- dial de enzimas industriais, a dinamarque- cas, que possam principalmente substituir sa Novozymes. A usina foi instalada na as fontes fósseis, mais poluentes e finitas. cidade de Crescentino, no norte da Itália. No Velho Continente há vários proje- A estrutura, com capacidade para produ- tos voltados à produção de energia a par- zir 75 milhões de litros de etanol celulósi- tir de matérias-primas renováveis e limpas. co por ano, utiliza como matéria-prima a Na Itália, especificamente, foi inaugura- palha de trigo, palha de arroz e uma espé- da no final de 2013 a primeira planta co- cie de cana gigante conhecida como cana- mercial de etanol de segunda geração do do-reino. Mais de US$ 200 milhões foram mundo. A iniciativa é da Beta Renewa- investidos no projeto desde 2011, espe- 35 TE C NOLOGIA AGRÍCOL A Pignatelli, durante conferência: “a Europa busca alternativas renováveis para as fontes fósseis de energia” cialmente para desenvolver a tecnologia utilizada para tornar possível a produção de etanol celulósico. Na 41ª. Eima International, em Bologna, a bioenergia virou até área temática da feira. A Eima Energy reuniu várias empresas com tecnologias voltadas à biomassa, principalmente para processamento e transporte de madeira. Na cerimônia de abertura do evento, Massimo Goldoni, presidente da entidade organizadora da Eima, disse que um dos grandes desafios Conferência mostra dados da evolução da bioenergia na Itália e apresenta ao público as características desta tecnologia da feira não é apenas apresentar sistemas e tecnologias agrícolas voltadas a garantir professor Vito Pignatelli, presidente da ITA- alimento para a população mundial, mas BIA (Associação Italiana de Biomassa), des- também oferecer “energia para a vida”. tacou a preocupação crescente do con- Durante a feira, também ocorreu uma tinente europeu, e da Itália inclusive, em conferência reunindo diferentes especialis- alavancar a bioenergia e o aproveitamen- tas europeus em bioenergia e biomassa. O to de biomassas de origem agrícola para a 36 Novembro · 2014 geração energética. Para ele, a instalação País: não confrontar a agricultura de ali- da usina do Grupo Mossi & Ghisolfi está mentos com a bioenergia. Indagado por em sintonia com este movimento. CanaOnline se no Brasil também deve-se Pignatelli destacou no evento a am- ter esta preocupação com o dilema entre pla gama de produtos possíveis a partir da “Alimentos e Biocombustíveis”, ele foi en- química verde, que é renovável e substitu- fático: “com a quantidade de terras agri- ta do carbono fóssil. Para ele, a energia da cultáveis que vocês têm, esta não deve ser biomassa e o etanol de segunda geração uma preocupação”. são vanguarda e tendem a trazer muitas oportunidades ao País. A CanaOnline garimpou na feira algumas empresas que estão de olho no Na conferência, ele falou ainda so- mercado da bioenergia nos países tropi- bre a concretização de políticas públicas cais, especialmente no Brasil. Uma delas na Itália voltadas ao estímulo à bioenergia é a Costruzioni Meccaniche Ferrari, da pe- por parte do Ministério de Política Agríco- quena cidade de Guidizzolo, situada na re- la, especialmente utilizando resíduos da gião da Lombardia. É uma empresa tradi- produção agrícola e lixo (biometano). No cional no fornecimento de máquinas para entanto, ele destacou que há um cuida- plantio de tomate, hortaliças, frutas, taba- do no desenvolvimento da bioenergia no co, berinjela, repolho. É líder na Itália no A utililzação da biomassa para a produção de energia ganha espaço nos países europeus 37 TE C NOLOGIA AGRÍCOL A Transplantadora da Ferrari, em exposição na Eima plantada. Além disso, ele destaca que a empresa oferece uma máquina com alta capacidade de transplantio por dia de mercado de equipamentos para trans- trabalho (atua simultaneamente com vá- plantio de mudas. rios robôs na operação de plantio) e auto- Já com seu mercado consolidado matizada, reduzindo de seis para dois tra- na Europa, a Ferrari está enxergando uma balhadores na operação, o que significa oportunidade e tanto no Brasil, com o sur- menores custos. gimento da tecnologia de plantio de ca- No Brasil, a transplantadora da Fer- na-de-açúcar por mudas – a MPB (Mudas rari já está em fase de testes em parceria Pré-brotadas). Segundo Riccardo Preti, com uma empresa de Goiânia, GO, mas, gerente de área e especializado em tecno- segundo Preti, a companhia está dialo- logia de transplantio da empresa, o con- gando com diferentes players do mercado ceito do equipamento para operar nos ca- brasileiro de mudas de cana. naviais é o mesmo, bastando algumas adaptações, como no tamanho da muda a ser trans- Lúcia Cisando e Ricardo Preti, no estande da Ferrari, em Bologna: máquina automatizada e com alta capacidade de transplantio 38 Novembro · 2014 SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS A integração de soluções proporciona canaviais mais verdes, saudáveis, com alta concentração de biomassa, mais produtividade e açúcar por hectare Muito além do controle de doenças O SETOR SUCROENERGÉTICO JÁ PODE CONTAR COM INOVAÇÕES QUE PROPORCIONAM MUITO MAIS QUE PROTEÇÃO DE CULTIVOS Luciana Paiva E m 2012, aproximadamente 30% dos basicamente as folhas da planta. A cana- 36 mil hectares com cana da região de-açúcar é atacada por duas espécies de de Campo Florido, em Minas Ge- Puccinia: a Puccinia kuehnii, causadora da rais, ganharam um tom laranja. Era a fer- ferrugem alaranjada, e a Puccinia melano- rugem alaranjada, uma doença causada cephala, causadora da ferrugem marrom. pelo fungo Puccinia kuehnii, que atinge A ferrugem marrom se encontra nos 39 SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS canaviais brasileiros desde 1986, enquan- mento da Usina Coruripe, unidade Campo to a alaranjada foi notificada oficialmente Florido, hoje, responde por 70%, produ- no Brasil em dezembro de 2009, pela ocor- ção de cerca de 2,4 milhões de toneladas. rência do primeiro foco da doença na re- São 62 fornecedores de cana e quase 200 gião de Araraquara, SP. Segundo o Centro arrendatários. de Tecnologia Canavieira (CTC), a ferrugem A área afetada pela ferrugem alaran- alaranjada pode causar entre 20% a 40% jada, segundo Rodrigo, era ocupada pela de perdas em tonelada de cana por hecta- variedade SP81-3250 - suscetível à doença re (TCH). Além disso, reduz o teor de saca- e a mais plantada na região com 30%, se- rose nos colmos em torno de 15% a 20%. guida pela RB86-7515, com 21%. Quando A ferrugem alaranjada pode causar entre 20% a 40% perdas em TCH, Além de reduzir o teor de sacarose nos colmos em torno de 15 a 20% Rodrigo de Carvalho Nogueira, co- a explosão laranja encobriu o verde dos ordenador agrícola da CanaCampo (As- canaviais em Campo Florido, a situação foi sociação dos Fornecedores de Cana da alarmante, pois provocou altas perdas de Região de Campo Florido), conta que os produção. “Tinha fornecedor que mesmo primeiros focos da doença nos canaviais com canavial bem tratado, com contro- dos associados surgiram em 2011, mas no le de broca e cigarrinha, a ferrugem der- ano seguinte a doença explodiu. A Cana- rubou fortemente a produção. Canavial Campo foi fundada em 2000, em seu iní- de 3º corte apresentou 38 toneladas por cio era responsável 100% pelo abasteci- hectare.” 40 Novembro · 2014 41 SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS Parceria para controlar a ferrugem alaranjada tas ao laboratório e esperar para obter o A saída adotada pela CanaCampo da possível praga ou doença, compará-la foi firmar parcerias em busca de soluções. com as informações do banco de dados e “A BASF nos atendeu prontamente. A em- obter uma resposta precisa. diagnóstico. Basta capturar uma imagem presa disponibilizou sua ferramenta Digi- A empresa também colocou à dispo- lab que agilizou muito a identificação do sição da CanaCampo consultores especia- problema e nos abasteceu com importan- lizados em ferrugem alaranjada para es- tes informações para darmos sequência tudarem a melhor forma de controle da ao trabalho”, diz Rodrigo. O Digilab é um doença. “Os consultores e os profissionais serviço diferenciado de assistência técnica da BASF foram para o campo com nos- que alia uma lupa eletrônica com aumen- sa equipe técnica. O aprendizado foi mui- to de até 200x a um software, com infor- to grande sobre o manejo de controle da mações sobre diversas culturas e oferece doença. E o parecer dos especialistas nos uma biblioteca agrícola para consultas e aliviou, ao nos informarem que não seria comparações. Com esse serviço, o produ- necessário erradicar a área afetada com a tor não precisa enviar amostras de plan- ferrugem alaranjada, mas sim aplicar fun- Escala visual que classifica a infestação de ferrugem alaranjada na cana 42 Novembro · 2014 DIVULGAÇÃO BASF Segundo o pesquisador Modesto, controle químico da ferrugem alaranjada por meio de fungicidas tem sido muito eficiente. Na foto, cana que recebeu o fungicida Opera® gicida”, conta Rodrigo. é preciso distribuir melhor os 100% entre as opções”, ressalta. Uso de fungicida no controle da ferrugem alaranjada tência da cana é horizontal, ou seja, o fun- Um desses especialistas no assun- go não a quebra. No entanto, essa resis- to é o Dr. Modesto Barreto. Segundo ele, tência é reduzida se houver mudança de para avaliação da severidade da doença ambiente. Assim, variedades resistentes à deve-se utilizar escala visual, que classifica ferrugem alaranjada também estão apre- as variedades em suscetíveis, intermediá- sentando a doença. Mas Modesto tranqui- rias e resistentes, com a utilização da folha liza o produtor ao informar que o controle +3 para efetuar as leituras (veja imagem). químico da ferrugem alaranjada por meio Para o pesquisador, a principal forma de de fungicidas tem sido muito eficiente. O pesquisador observa que a resis- prevenção da doença, de modo geral e A recomendação da BASF é aplicar o com melhores retornos à produtividade, fungicida de forma preventiva, antes que é, sem dúvida, a preventiva, dando prio- a doença se instale. Para Modesto, se no ridade para as variedades de cana menos ano anterior a área teve ferrugem, é por- suscetíveis às doenças e pragas. Modesto que o ambiente é favorável. Por isso, no orienta a plantar variedades adaptadas à ano seguinte deve-se aplicar o mais cedo cada região e diversificar as variedades de possível, não importa o tamanho da cana. cana. “Mas não adianta ter 20 variedades O certo são três aplicações, normalmente se apenas duas concentram 90% da área, em dezembro, janeiro e fevereiro. 43 SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS A aplicação correta do fungicida faz mento e pré-colheita. “Assustamos com a a diferença. “Praga anda, doença não. O grande incidência e agressividade da fer- que significa que uma aplicação mal fei- rugem alaranjada, mas depois do mane- ta para praga ainda pode apresentar re- jo correto, temos a doença controlada. O sultado, pois, como ela anda, uma hora Opera® apresentou alto desempenho e re- vai na parte que tem o defensivo, mas no sidual em torno de 42 dias em área de fer- caso da doença não. Se molhar só a par- rugem. E além de controlar a doença, lim- te de cima, só essa área estará protegida”, pa as folhas da cana, promove um efeito diz. Por isso, segundo Modesto, a aplica- verde e proporciona mais toneladas de ção com trator é a mais indicada, porque cana e açúcar por hectare”, diz Rodrigo. Mauro Cottas, da área de Desenvol- DIVULGAÇÃO BASF pega o pé por completo. À esquerda, folha da testemunha; à direita, folha de cana que recebeu o fungicida Opera® vimento de Mercados da Unidade de Pro- Com Opera®: ferrugem sob controle e ganho de produtividade teção de Cultivos da BASF, explica que A equipe técnica da CanaCampo dis- cos e benefícios AgCelence®, uma marca seminou esses conceitos para seus asso- internacional da empresa que se traduz ciados e o uso de fungicidas foi adotado. em maior ganho de produtividade com No caso da BASF, o produto indicado foi o melhor qualidade, mesmo na ausência Opera® que atua no controle de doenças de patógenos. “Na presença da doença, o fúngicas, como ferrugem marrom e fer- Opera® age como fungicida. Se não tiver rugem alaranjada na fase de desenvolvi- a doença, o produto possibilita o aumen- 44 esse diferencial acontece porque o Opera® é um fungicida com efeitos fisiológi- Novembro · 2014 to de produtividade por meio dos efeitos AgroDetecta não é somente uma estação fisiológicos positivos, já que favorece a meteorológica, e sim uma ferramenta de produção de biomassa da planta, ou seja, gestão que permite, por exemplo, saber maior rendimento proporcionando mais sobre a chegada da ferrugem e seu grau açúcar, etanol e energia.” de infestação. No momento, a ferramen- Com a doença controlada, os produ- ta está em experimento em sete clientes tores da CanaCampo puderam usufruir do da BASF. O modelo está sendo validado grande diferencial do Opera®. “Já tem for- por pesquisadores e usuários e, assim que necedor aplicando o produto em outras aprovado, será disponibilizado aos clien- variedades de cana que não apresentam tes que utilizam o Opera® como mais uma a doença, apenas para aproveitar o efei- importante solução BASF. to AgCelence, obtendo ganho em média A CanaCampo é um desses sete de 8 a 10 toneladas de TCH”, informa Ro- clientes. Rodrigo informa que, segundo a drigo. Segundo ele, a CanaCampo não vê parceria, duas bases do AgroDetecta se- mais a ferrugem como problema, porém, rão instaladas em locais pré-determinados não relaxa no seu controle. “Mas acredi- para abranger toda a área de cana atendi- tamos que ficaremos mais tranquilos em da pela associação. “Com essa ferramen- relação à tomada de decisão sobre apli- ta teremos controle sobre as informações cação quando pudermos utilizar a nova do clima, com estatísticas precisas com 10 ferramenta da BASF, o AgroDetecta, que dias de antecedência. Será uma ferramen- vai monitorar o clima e o manejo das do- ta muito importante para a tomada das enças e dar o suporte para posicionamen- decisões”, salienta. to sobre o momento ideal de aplicação do rente de Marketing de Na Bunge: controle da ferrugem e ganho de produtividade Cana, Citros e Amendoim Na área de cana, a Bunge conta com da Unidade de Proteção oito unidades produtoras, sendo três no de Cultivos da BASF para estado de São Paulo, três em Minas Gerais, o Brasil, explica que o uma em Mato Grosso do Sul e outra em fungicida”, diz. Carulina Oliveira, ge- “Além de controlar a doença, o Opera® limpa as folhas da cana, promove um efeito verde e proporciona mais toneladas de cana e açúcar por hectare”, diz Rodrigo 45 SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS Tocantins. Apresenta capacidade combi- trole da doença e ganhos de produtivi- nada de aproximadamente 21 milhões de dade em soja e milho, acreditamos que o toneladas de cana por ano, produzidas em mesmo poderia acontecer com cana, en- 300 mil hectares. A cana própria responde tão desenvolvemos 12 campos de estudos por 70% da cana moída e o canavial apre- em áreas comerciais para chegar ao ma- senta bons números: longevidade média nejo ideal”, conta. de cinco cortes e produtividade acima de 100 toneladas por hectare. Foram testados todos os fungicidas do mercado, entre eles o Opera®. Carlos Daniel salienta que no controle da fer- responsável pela área de P&D da Bun- rugem o desempenho dos fungicidas foi ge, a ferrugem alaranjada ganhou dimen- bem similar, mas no quesito aumento de são nos canaviais da empresa no início de produtividade, o Opera® foi muito melhor, 2014. “Como tínhamos conhecimento da colocando quase 10 toneladas de cana a eficiência do uso de fungicidas para con- mais do que o segundo colocado. DIVULGAÇÃO BASF Segundo Carlos Daniel Berro Filho, A cana da esquerda e a do meio não receberam o fungicida Opera®. A cana da direita sim. Opera® com os benefícios AgCelence® possibilita o aumento de produtividade por meio dos efeitos fisiológicos 46 Novembro · 2014 “Nos 12 campos, o Opera® obteve áreas até o terceiro corte com variedade resultado superior. Em Tocantins, em uma suscetível. Pretendemos realizar duas apli- área sem ferrugem, com a variedade SP81- cações preventivas e ver se os resultados 3250, tivemos um ganho de 20 toneladas permitem não fazer a terceira aplicação. de cana por hectare com o uso de Ope- Para manter as folhas verdes, livres de do- ra®, com outro fungicida o ganho foi en- ença, o controle deve ser preventivo. Mas tre cinco e seis toneladas”, relata. Em áre- não se pode tomar decisões sem base, no as de ferrugem, o profissional da Bunge escuro, por isso ferramentas de previsibili- conta que é visível o efeito de limpeza das dade como o AgroDectata são fundamen- folhas realizado pelo Opera®, eliminando tais”, diz Carlos Daniel. o tom laranja e recuperando o vigor da A Bunge também está entre os par- planta. “Isso se repetiu em todos os cam- ceiros da BASF que testam a tecnologia. É pos. Na Santa Juliana, em Minas Gerais, tí- que a empresa quer muito mais na área de nhamos uma área com a 3250 em terceiro cana. “Acreditamos que com a continui- corte que a ferrugem estava judiando. En- dade dos estudos, visando aproveitar ao tramos com o Opera®, ele controlou a fer- máximo a ferramenta fungicida, teremos rugem e propiciou ganho de 9 a 10 tone- incrementos ainda maiores nas produtivi- ladas por hectare.” dades da cana-de-açúcar, como ocorrido O resultado positivo do Opera®, re- com a soja e milho.” petido continuamente nos 12 estudos, não deixou dúvidas para a Bunge de que se trata do melhor fungicida do mercado, principalmente por oferecer os benefícios AgCelence®, que estimulam a produtividade. “Achamos que variedades de alto potencial não devem ser abandonadas por causa da ferrugem, mas ser tratadas com fungicidas. A prioridade é aplicar nas “Opera® é o melhor fungicida do mercado, principalmente por oferecer os benefícios AgCelence® que estimulam a produtividade”, afirma Carlos Daniel 47 SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS DIVULGAÇÃO BASF Onde nascem as tecnologias Estação Experimental da BASF em Santo Antônio de Posse, SP, responde por 45% das pesquisas da empresa geradas no Brasil A s inovações tecnológicas e as terrâneos de irrigação. Segundo Luiz novas moléculas, antes de che- Antonio José, gerente da Estação Expe- garem ao campo, passam anos rimental de Santo Antônio de Posse, a em desenvolvimento e testes. Grande estação responde por 45% das pesqui- parte das soluções BASF nasce na Esta- sas da BASF geradas no Brasil. A previ- ção Experimental de Santo Antônio de são de pesquisas para 2015 é de 1.070. Posse, no interior paulista, a primeira da Foi nessa estação da BASF que empresa no Hemisfério Sul, e a maior nasceu o sistema AgMusa™ de muda unidade de pesquisa da BASF do mun- de cana sadia. Cássio Teixeira, gerente do. Fundada em 1980, conta com uma de Marketing AgMusa™ da Unidade de área de 110 hectares, com cerca de 11 Proteção de Cultivos da BASF, conta que mil metros quadrados em área de pes- foram quatro anos de desenvolvimento quisa e laboratório, casas de vegetação da tecnologia, para depois ser levada ao que somam perto de 7 mil metros qua- campo adequadamente. Cássio observa drados e 5, 5 quilômetros de tubos sub- que o AgMusa™ não se resume à muda, 48 Novembro · 2014 mas é um sistema de formação de vivei- naldo Mariani Jr, da área de Desenvolvi- ros e canaviais comerciais com o plan- mento de Mercado da Unidade de Pro- tio de mudas sadias com alta qualidade, teção de Cultivos da BASF, explica que envolvendo assistência técnica, acom- essa revolução tem o objetivo de aju- panhamento em tempo integral dos dar o setor sucroenergético a retomar profissionais da BASF na orientação aos a competitividade, oferecendo soluções clientes, a máquina de plantio, a muda, integradas que possibilitem ao canavial e os produtos certos para pegamento e maior longevidade, produtividade e re- enraizamento da muda. dução na complexidade das operações. Com o AgMusa™, salienta Edinal- de cana é: “A revolução começou”. Edi- do, a revolução começa pela operação DIVULGAÇÃO BASF O atual slogan da BASF para a área O Sistema AgMusa™ começa com a coleta do material nos berçários existentes área de dois hectares destinados ao AgMusa na Estação Experimental 49 SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS Biofábrica móvel AgMusa já é realidade em algumas unidades sucroenergéticas de plantio, justamente a mais comple- começa com a coleta do material nos xa e onerosa. “O AgMusa™ reduz a com- berçários existentes nessa área. Vivei- plexidade, a utilização de matéria-prima ros com variedades dos principais cen- e de mão de obra do sistema conven- tros de melhoramento genético de cana cional de plantio de cana, além de in- do Brasil. O material vai para industriali- troduzir em menor tempo novas varie- zação na biofábrica, local com total sa- dades mais produtivas”, diz. O sistema nidade, garantia BASF e certificação de tem três posicionamentos: correção de origem. Depois segue para a casa de ve- falhas resultante do plantio convencio- getação. “Nossas estufas apresentam a nal (que apresenta cerca de 20% de fa- mais alta tecnologia do Brasil, com rígi- lhas); propagação por meiosi em rota- do controle de sanidade. E nosso siste- ção com amendoim, por exemplo, e ma garante homogeneidade das mudas menor tempo para a formação de vivei- que seguem para o campo. As mudas ros com sanidade. chegam ao canavial por meio de um ca- Uma área de dois hectares na Esta- minhão modelo toco baú com material ção da BASF, em Santo Antonio de Posse, suficiente para o plantio de cinco hec- é destinada ao Sistema AgMusa™. Tudo tares. Para essa área, o plantio conven- 50 Novembro · 2014 cional utiliza um caminhão bi-trem com matéria-prima vai para a indústria se 100 toneladas de mudas. O plantio é transformar em açúcar, etanol e energia. feito pela máquina desenvolvida espe- A biofábrica móvel, segundo Edi- cialmente para o plantio das mudas Ag- naldo, apresenta alta tecnologia, é autô- Musa™, que já está na oitava versão de noma, oferece rentabilidade e otimiza- aperfeiçoamento. A máquina aplica fun- ção dos custos, uma vez que possibilita o gicida e inseticida no sulco de plantio aproveitamento da biomassa. Essa nova e atende todas as exigências das Nor- solução BASF já é realidade em algumas mas Regulamentadoras de Segurança unidades sucroenergéticas. do Trabalho. Edinaldo salienta que a revolução começou e não para mais, pois a BASF apresenta mais um lançamento: a biofábrica móvel AgMusa™, que vai até a lavoura do cliente, compartilhando o processo produtivo. No canavial, a biofábrica móvel recebe a cana que acabou de ser cortada. Lá são extraídas as partes com as gemas da cana (que seguem para industrialização da muda na biofábrica fixa). O restante da 51 DIVULGAÇÃO BASF Na biofábrica móvel é cortada a parte da cana que tem a gema; o restante da cana segue para a indústria e vai se transformar em açúcar, etanol e energia ADAIR SOBCZACK TE N D ÊN CIAS Colheita de trigo no sul do Brasil O Agro no Sul: oportunidades por lá O AGRONEGÓCIO DO SUL CRESCE NA EXTENSÃO VERTICAL, COM EMPRESAS AUMENTANDO A SUA ATUAÇÃO NA CADEIA DE VALOR, TANTO PARA “ANTES DA PORTEIRA” COMO “DEPOIS DA PORTEIRA” Ana Malvestio1 e Luiz Barbosa2 N os dias de hoje, quando se trata estrutura, quanto a concorrência são logo do tema oportunidades no agro- identificadas como questões estratégicas negócio, logo são mencionadas que impactam na tomada de decisão so- as regiões Centro-Oeste e, principalmen- bre o investimento. De fato, as oportuni- te, o Mapitoba (Maranhão, Piauí, Tocantins dades nessas regiões são promissoras aos e Bahia). São áreas consideradas frontei- olhos de investidores, sejam eles empre- ras agrícolas e tanto a carência de infra- sas ou produtores rurais. No entanto, ou- 52 Novembro · 2014 tras regiões do país com grande potencial Aumento de produtividade agrícola despontam no cenário de oportu- Do lado da agricultura, a maior par- nidades no agro. É o caso do Sul do Brasil te das terras com aptidão agrícola já es- que, apesar de apresentar um agronegó- tão, quase que na sua totalidade, ocupa- cio já consolidado, apresenta significativas das por atividades agropecuárias ou zonas oportunidades de mercado. urbanas, o que eleva consideravelmente o Diferentemente do Mapitoba, as pos- preço das terras. Portanto, expandir a pro- sibilidades de investimento em áreas agrí- dução pelo aumento da área pode não colas já consolidadas são mais voltadas ser a estratégia mais economicamente in- para a melhoria da gestão, produtividade, teressante. O foco deve ser em ganho de fusões e aquisições, redução de custos, in- produtividade. cremento da receita, entre outras. São inú- tecnologia é conhecido por elevar a pro- ADAIR SOBCZACK meras as possibilidades de investimento: Na agricultura, o investimento em Cerca de 80% da produção de arroz vem dos estados do Sul do Brasil 53 TE N D ÊN CIAS dutividade e, muitas vezes, reduzir per- em termos de qualidade, têm forte apelo das no campo. Empresas de biotecnolo- neste mercado que oferece boas oportu- gia, agricultura de precisão, máquinas e nidades para empresas processadoras de implementos agrícolas, encontram espaço alimentos, como, por exemplo, frigorífi- no mercado do Sul. cos, laticínios e cerealistas. Produtos com alto valor agregado Gestão Identificar o tipo de financiamento O Sul é reconhecido por apresen- mais adequado, gestão das dívidas, au- tar um elevado nível de renda per capita e ditoria, mensuração dos custos e formas possuir um grande mercado consumidor. de reduzi-los, são estratégias que podem Produtos premium, isto é, diferenciados melhorar a rentabilidade das empresas em qualquer segmento do agro e em qual- Linha de montagens de máquinas agrícolas da John Deere, em Horizontina, RS 54 quer região. Muitas empresas do Sul já exploram essas possibilidades e, a tendência, com o crescimento do agronegócio, Novembro · 2014 Além disso, o agronegócio do Sul cresce na extensão vertical, com empresas aumentando a sua atuação na cadeia de valor tanto para “antes da porteira” (produção de insumos), como para “depois da porteira” (estocagem, processamento e comercialização). Isso mostra que as possibilidades de investimentos, visando expansão da produção e conquista de novos mercados, são inúmeras. É evidente que muitas outras oportunidades podem ser exploradas em uma região que, segundo o Ministério da Agricultura, é responsável por 28% do Produto Interno Bruto da agropecuária brasileira e é líder na produção de diversos produtos agrícolas, tais como trigo, arroz, fumo, maçã, uva, cebola, além de aves e suínos. A região Sul é líder na produção de uvas viníferas e de mesa O imenso potencial agropecuário do Sul faz com que essa região mantenha a sua capacidade de atrair investimentos e representa um aumento significativo des- lidere um agronegócio diferenciado que ses investimentos nos próximos anos. caminha para uma alta eficiência operacional e financeira, oferecendo produtos Fusões e aquisições de qualidade. No Sul, estão presentes grandes empresas do agronegócio, tanto nacionais como multinacionais, bem como um grande número de empresas de médio porte. Neste cenário propício para a ocorrência de fusões e aquisições, grandes empresas desejam ganhar mercado por meio de aquisições, enquanto muitas de médio porte se fundem para ganhar escala e expandir suas operações. Ana Malvestio, Sócia da PwC Brasil e líder de Agribusiness para o Brasil e Américas 1 Luiz Barbosa, Gerente do Centro PwC de Inteligência em Agribusiness 2 55 C A PA Moendo usinas ESTIMATIVAS PREVIAM QUE, EM 2015, O SETOR ESTARIA COM CERCA DE 460 UNIDADES MOENDO MAIS DE 800 MILHÕES DE TONELADAS DE CANA Luciana Paiva E m 2006, o dia não tinha fim em Ser- assim, conquistar uma fatia do projetado tãozinho. Essa cidade paulista, por fantástico mercado de etanol, que pare- ser o maior polo de tecnologia su- cia estar logo ali. Afinal, Lula, o presidente croenergética do mundo, tinha a missão do Brasil, era o “Embaixador do Etanol”, o de saciar a ânsia de brasileiros e estrangei- Garoto-propaganda dos combustíveis ver- ros de fazer brotar novas usinas de cana e, des, o caixeiro-viajante do setor. Ele era o 56 Novembro · 2014 Cia Albertina, em Sertãozinho, fundada em 1922, encerrou as atividades em 2012 e dispensou 1.200 funcionários. Uma das 66 usinas ‘moídas’ pela crise “Cara” e dizia: “O Etanol é nosso! O mun- sa nova fase do setor. Outra exigência era: do vai se render ao etanol da Cana. Basta “preciso para ontem”, era importante bo- produzir.” tar para moer o greenfield - termo inglês Encantados pelo canto da sereia, ou melhor do Lula, tradicionais integrantes para novo projeto que se tornou moda na época. do setor e investidores entrantes não pen- Então, Sertãozinho, com suas mais de saram duas vezes e o desejo passou a ser 700 empresas de produtos e serviços, das um só: “Queremos, usinas. Queremos Usi- quais 85% voltadas para o setor sucroe- nas!”. As encomendas por equipamentos e nergético, não dormia. As indústrias traba- até usinas chave-na-mão (indústria com- lhavam dia e noite. Para isso, contratavam pleta) choviam em Sertãozinho. Os pedi- um exército de trabalhadores, tanto que, dos eram por tecnologias mais avançadas em 2006, a cidade foi líder na geração de e processos mais eficientes, principalmen- empregos no setor industrial paulista. Se- te para a produção de etanol e energia, os gundo dados do Centro das Indústrias do dois produtos da cana privilegiados nes- Estado de São Paulo (Ciesp), somente no 57 C A PA Durante o boom do etanol, as empresas de Sertãozinho trabalhavam em três turnos para atender a demanda primeiro semestre daquele ano, a variação tados pelo Brasil, com uma elevação de positiva foi de 20,4%, com a contratação 109,6% em relação ao ano anterior. As ven- de 6.300 trabalhadores. das chegaram a 1,6 bilhão de dólares e o Brasil exportou 3,4 bilhões de litros de ál- Estimativas de um futuro promissor cool, cerca de 18% da sua produção total. O sucesso do carro flex - lançado no mantido o ritmo da época, as exportações Brasil em 24 de março de 2003 - e o des- brasileiras de etanol, em volume, deveriam pertar dos Estados Unidos e outros países mais que dobrar até 2010. E que, a par- para o desenvolvimento de fontes renová- tir daí, as vendas externas dobrariam no- veis de energia, reforçavam o cenário de vamente, até chegarem próximo a 16 bi- que o etanol iria se transformar em uma lhões de litros, em 2020. O setor vivia em commodity internacional. Em 2006, o pro- ebulição, 90 unidades produtoras estavam duto registrou o maior índice de cresci- em construção, espalhando tecnologia de mento entre os 50 produtos mais expor- ponta nas novas fronteiras, mas se as es- 58 As estimativas evidenciavam que, Novembro · 2014 DIVULGAÇÃO COSAN Presidente Lula na inauguração da Usina Termelétrica Barra Bioenergia, no interior paulista, em 2010 timativas sobre a demanda de etanol para sil na safra 2006/07 foi de 6,3 milhões de 2020 se confirmassem, seriam necessárias hectares. Em 2007, estimativas da União mais 120 usinas e expansão dos canaviais. da Indústria Canavieira (Unica) sobre a ex- A área cultivada com cana no Bra- pansão da produção indicavam que ha- Previsão em 2006 apontava que a produção de cana, em 2015/16, seria de 829 milhões. Mas deverá registrar pouco mais de 600 milhões 59 C A PA Colheita em canavial que sofreu geada, um dos sérios problemas climáticos ocorridos nos últimos anos veria em 2015/16 uma área total cultiva- 88 usinas. “O etanol produzido a partir da da de 11,4 milhões de hectares (hoje são cana-de-açúcar assume uma importância 9,2 milhões), e em 2020/21, seriam 13,9 crescente na economia brasileira, geran- milhões. do empregos, abrindo novos mercados e Com relação à produção de cana, trazendo grandes ganhos ambientais para as estimativas da Unica apontavam 829 a sociedade”, destacou Antonio de Padua milhões de toneladas na safra 2015/16 Rodrigues, diretor-técnico da Unica, no e 1.038 milhões de toneladas na safra início de 2008. 2020/21. Já as estimativas para a produção Brasil atingiria 41 milhões de toneladas (a O cenário começa a mudar em 2008 previsão da consultoria Datagro para esta Mas o setor entrou 2008 já dando si- de açúcar para 2015/16 indicavam que o safra é de 35,1 milhões de toneladas). nais de ressaca, os excessos da corrida de- Era o boom do etanol! De 2005 a senfreada da expansão mostravam que 2008, 84 novas usinas entraram em produ- tormentas iriam turvar o céu de brigadeiro ção na região Centro-Sul do País. Mas ain- do boom do etanol. Mas não se imagina- da era pouco. Só o estado de Goiás, que va que era o prenúncio de uma crise sem em 2006 contava com 35 unidades produ- precedentes no setor. toras, estimava que em 2015 estaria com 60 A intensa demanda por equipamen- Novembro · 2014 tos, insumos, áreas de expansão e mão de outras mudaram de mão. A crise global obra especializada provocaram uma ex- também enfraqueceu os investimentos in- plosão inflacionária no setor. Enquanto os ternacionais no setor, reduziu o consumo custos de produção disparavam, a produ- de petróleo (com isso, o seu valor) e enfra- tividade decaia, em decorrência de vários queceu o discurso em defesa de energias fatores como: expansão da mecanização, renováveis. variedades de cana alocadas em regiões Outro ponto negativo foi que a cri- com condições edafoclimáticas adversas, se global gerou inflação dos alimentos. novos canaviais formados por cana sem Muitos alegaram que isso ocorria por- sanidade. que havia uma competição entre energia Já enfraquecido, o setor sentiu mui- e alimentos por área de plantio. O lobby to o golpe da crise financeira mundial contra o etanol ganhou força, a ponto de anunciada no segundo semestre de 2008. o presidente Lula, durante conferência da A elevação repentina do dólar nocauteou FAO, em Roma (em 03/06/2008), defender as usinas que tinham dívidas na moeda o etanol e culpar petróleo e subsídios pela americana. Algumas ainda se levantaram, crise dos alimentos. “Dedos que apontam Lula: mãos sujas de petróleo 61 C A PA contra biocombustíveis estão sujos de óleo e carvão”, disse ele. O pré-sal em 2009 O setor entra 2009 cambaleante e outro golpe o leva às cordas: era o anúncio do pré-sal. Mas para acalmar o setor, o presidente Lula disse: “a exploração das reservas de petróleo da camada pré-sal nos próximos anos não diminui a importância dos investimentos em biocombustíveis no Brasil.” A declaração foi feita durante o programa semanal de rádio “Café com o Presidente”, transmitido na manhã de 04/05/2009, três dias após o início de testes pela Petrobras no Campo de Tupi, na Bacia de Santos, considerado a maior descoberta de petróleo do hemisfério ocidental dos últimos 30 anos. Lula afirmou considerar extrema- Unidades desativadas viram sucatas mente importante a consciência de que, quanto mais petróleo, melhor, mas acres- sucroenergético possui papel chave nes- centou que isso não significa que o país ta participação, uma vez que somente os vai deixar de investir no biodiesel e no eta- produtos da cana-de-açúcar são respon- nol: “são duas fontes energéticas extraor- sáveis por 15,7% de toda a oferta de ener- dinárias para despoluir o planeta e para gia do país. Este valor ultrapassava o for- que possam ser gerados milhões de em- necido pelas usinas hidroelétricas. pregos no país”. Enquanto o aumento do uso de energia renovável no Brasil era um fato a Mais etanol que gasolina comemorar, no campo, problemas climáti- Em 2010, o uso do etanol substituiu cos, como uma grande seca, geada e o au- mais da metade do uso da gasolina. O Bra- mento de pragas e doenças minguavam a sil é destaque mundial no uso de energias produção, reduzindo ainda mais a compe- renováveis, que representam mais de 44% titividade do setor. Além disso, o mercado da matriz energética brasileira. O setor externo de etanol não se abria, e, assim, 62 Novembro · 2014 63 C A PA Fuzi-Tec, em Sertãozinho, dispensou 150 funcionários neste mês de outubro projetos iam sendo abortados e unidades peração judicial, segundo a MBF Agribu- deixavam de moer. siness Assessoria Empresarial. De acordo com dados do Itaú-BBA, o rombo pro- Golpe fatal vocado pelo endividamento das empre- Com a chegada de Dilma Rousseff sas do setor é de R$ 70 bilhões. Enquanto ao poder, em 2011, o setor sucroenergéti- que, de 2005 a 2008, o país registrou um co foi ao chão. Medidas adotadas por seu aumento de 25% no número de unidades governo tirou a competitividade do etanol sucroalcooleiras instaladas, de 2008 para por meio do controle do preço da gasoli- 2014, 66 unidades deixaram de moer. na. Como forma de compensar o reajuste nos preços da gasolina e do diesel e evitar Insônia em Sertãozinho que a alta fosse sentida pelo consumidor, Se em 2006, Sertãozinho não dormia o governo zerou a Cide (Contribuições de por excesso de trabalho, nos últimos tem- Intervenção no Domínio Econômico), que pos quem tira o sono da cidade é a ociosi- incidia até 2012 sobre a importação e a dade de suas empresas. Pedidos por equi- comercialização de petróleo e derivados, pamentos para usinas despencaram e até gás natural e álcool etílico combustível. serviços, como o de manutenção, sumi- O setor finaliza 2014 com previsão ram. “Nessa época do ano, as indústrias da de moagem no país de 607 milhões de to- cidade deveriam iniciar o trabalho de ma- neladas, menor que safra 2013/14, quan- nutenção das usinas, mas não há contra- do foram moídas 658,8 milhões de to- tação de serviço. Além disso, como a en- neladas de cana. Eram 390 unidades em tressafra será maior, a experiência nos leva operação, sendo que 67 estavam em recu- a crer que as usinas irão utilizar seu pes- 64 Novembro · 2014 soal para realizar a manutenção, não con- feitura da cidade promoveu reunião com tratando o serviço das indústrias”, diz Car- 17 entidades de classe sertanezinas, en- los Roberto Liboni, secretário de Indústria, tre elas o Centro Nacional das Indústrias Comércio, Abastecimento, Agricultura e do Setor Sucroenergético e Biocombustí- Relações do Trabalho de Sertãozinho. veis (CEISE Br), OAB, Sindicato dos Meta- Segundo Liboni, o desemprego em lúrgicos e a Associação Comercial. Segun- Sertãozinho, em 2014, atingiu 6,29%, hou- do Liboni, o objetivo principal da reunião ve 2.800 demissões, só em outubro fo- foi tentar desenvolver um plano emergen- ram 503, sendo duas demissões em mas- cial para amenizar o agravamento da cri- sa – Fuzi-Tec, metalúrgica com 24 anos de se econômica com a chegada da entressa- atuação e especializada na fabricação de fra canavieira. caldeiras, dispensou 150 funcionários. A O Plano Emergencial visa criar um Simisa, outra tradicional empresa do se- pacto social na cidade, tendo a tolerância tor, demitiu 175 funcionários. “A emprega- como única saída. “Sabemos que haverá bilidade no Estado de São Paulo está 0,3% atrasos de pagamento e aumento de ina- positiva, mas Sertãozinho está negativa, dimplência, então, pediremos aos credo- ou seja, não há contratação, apenas de- res, principalmente bancos, paciência para missão”, salienta Liboni. passarmos os meses de novembro e dezembro”, salienta Liboni. Mas o Secretário Plano emergencial sabe que essa situação está insuportável e A crise começa na cana mas impac- que já passou da hora de um movimento ta toda a economia de Sertãozinho. Por maior para reverter a crise sucroenergética. isso, nos dias 19 e 20 de novembro a Pre- A crise se estende pelos municípios canavieros Por ser o maior polo sucroenergético do mundo, Sertãozinho sente mais forte o golpe, mas o munícipio não é o único a sofrer. O setor foi responsável por quase um terço das demissões na área industrial em São Paulo durante o mês passado. As demissões no setor de açúcar e álcool influenciaram a queda do índice da Federação e o Centro das Indústrias do Estado Liboni: situação insuportável de São Paulo (Fiesp e Ciesp) para o mês. 65 C A PA Simisa: empresa com 28 anos de atuação sofre com a crise do setor e dispensa 175 funcionários Em outubro, o segmento foi responsável região, há a queda do PIB (Produto Interno por 4.054 de vagas fechadas, enquanto o Bruto) da cidade. restante da indústria demitiu 8.446. De ja- Segundo o Prefeito, no repasse do neiro a outubro, a indústria sucroalcoolei- ICMS (Imposto Sobre Circulação de mer- ra criou 8.407 vagas, com uma participa- cadorias e Serviços), transferidos pelo Es- ção de 7,7% no total de empregos. Essa tado mensalmente, o grupo Aralco repre- fatia foi de 14% durante o mesmo perío- senta cerca de 30%. “O percentual é muito do em 2013, de 26,2% em 2012 e chegou grande. A indústria e as empresas que par- a 40,3% em 2009, ano da crise. ticipam desta cadeia produtiva no muni- Somente no Estado de São Paulo, res- cípio estavam sinalizando aumentos, fru- ponsável por cerca de 60% da produção to de um trabalho forte na área, mas, com nacional de cana-de-açúcar, dos 645 mu- a paralisação, a situação fica complicada.” nicípios, mais de 450 cultivam cana e de- A região de Dourados, Mato Grosso zenas deles têm unidades instaladas. Em do Sul, foi a que mais recebeu novas usinas alguns deles a unidade deixou de funcio- no estado. Em 10 anos, foram 16 unidades. nar: é o caso de Santo Antonio de Aracan- Mas, além de usinas, Dourados quer atrair guá, no Oeste do estado. Lá, a paralisação empresas fornecedoras de equipamentos foi da Usina Aralco. O prefeito Luiz Carlos para o setor, fortalecendo seu polo me- dos Reis Nonato, o Luizão (PT), diz que o tal-mecânico. Por isso, a prefeitura oferece prejuízo é grande para a cidade, pois além benefícios fiscais e promove eventos para das demissões e transferências de funcio- atrair as empresas. Wladimir Santos da Sil- nários para outras unidades do grupo na va, secretário de Desenvolvimento Econô- 66 Novembro · 2014 mico Sustentável, diz que estão aliviados lhões, bem inferior às 829 milhões de to- por nenhuma das unidades terem encer- neladas previstas pela Unica em 2006. rado a atividade na região. Mesmo assim, A estiagem comprometeu a cana já sentiram os impactos da crise. A feira de primeiro corte, o que deve reduzir a Agrometal deste ano, realizada pela pre- produtividade. Os danos também foram feitura, encolheu. Em 2013, gerou negó- grandes nas soqueiras, com muitas fa- cios da ordem de R$ 128 milhões, mas em lhas na brotação. Além de grande incidên- 2014 a cifra caiu para R$ 90 milhões. cia de incêndios criminosos ou acidentais nos canaviais. A previsão é que não haverá O setor em 2015 cana no ponto ideal para iniciar a safra em A grande seca de 2014, principal- abril e nem muda de cana suficiente para mente em São Paulo, derrubou a safra a renovação dos canaviais. Mas a quanti- 2014/15 e continuará causando estragos. dade de chuva nos próximos meses ain- A previsão é que a produção de 2015/16 da pesa muito para a definição do cenário. repita a atual safra, em torno de 607 mi- Para Elizabeth Farina, presidente da A cana chega na região de Dourados, MS: 16 unidades instaladas em 10 anos 67 C A PA Unica, apesar do atual quadro de penúria da cana somam US$ 3,5 bilhões. de uma parte significativa de usinas, o se- “É preciso não se esquecer de que o tor sucroenergético é um modelo vence- setor sucroenergético gera riqueza”, diz dor de negócio. E assim deve ser encara- Elizabeth. “Perde o País se ele não voltar do. De acordo com dados da Unica, entre a crescer.” Na safra 2013/2014, o Produto 2004 e 2010, enquanto parte das usinas Interno Bruto (PIB) dessa cadeia produtiva fechava por desacertos provocados pelo foi de US$ 43 bilhões, o equivalente a cer- mercado, ou por má gestão, outras 100 ca de 2% do PIB nacional de 2013. usinas entravam em operação. Nesse pe- Para 2015, o que o setor mais espe- ríodo, as empresas investiram US$ 30 bi- ra é esse reconhecimento por parte do go- lhões para ampliar a produção, dos quais verno e, com isso, a adoção de políticas US$ 5 bilhões foram gastos na mecani- para a retomada do segmento. Se isso não zação da colheita da cana e US$ 1,5 bi- acontecer, a tendência é que continue mo- lhão desembolsado em infraestrutura. Até endo usinas, e não cana, como disse a se- 2017, os investimentos previstos em du- cretária da Agricultura e Abastecimento do tos e hidrovias para melhorar a logística Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi. A estiagem aumentou a incidência de incêndios nos canaviais que não estavam no ponto de corte ou áreas de viveiros de cana 68 Novembro · 2014 A equipe de jornalismo campeã do setor sucroenergético Luciana Paiva e Clivonei Roberto recebem de Mário Campos, presidente do Siamig, o Prêmio TOP Etanol Clivonei Roberto e Luciana Paiva recebem de Roberto Cestari, diretor da Coplana, o prêmio de ABAG/RP de jornalismo Leonardo Ruiz recebe de Mônika Bergamaschi, secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, o prêmio ANDEF E m 2014, a equipe da CanaOnline conquistou três importantes prêmios de jornalismo. Os jornalistas Luciana Paiva e Clivonei Roberto ganharam os prêmios TOP Etanol e ABAG/RP – José Hamilton Ribeiro. E o jornalista Leonardo Ruiz o conquistou prêmio ANDEF. Para a CanaOnline, jornalismo é a principal ferramenta de uma empresa de comunicação. Por isso, investe em qualidade e experiência. Luciana Paiva e Clivonei Roberto são os jornalistas que mais dominam os temas sucroenergéticos e juntos somam 11 prêmios de jornalismo. Além de prêmios, o resultado pode ser medido em números: a CanaOnline é a publicação que mais cresce, mesmo em tempo de crise; - com apenas 15 edições, mais de 4.500 profissionais já baixaram grátis o aplicativo para receber a CanaOnline nos smartphones; - o facebook da CanaOnline é a maior comunidade on-line sucroenergética do mundo, com quase 13 mil fãs e visualização mensal superior a 250 mil. Com a CanaOnline não tem crise, só prêmios! www.canaonline.com.br www.facebook.com/canaonline.com.br 69 RAPHAEL MARÇAL CO LU NA DATAGRO Colheita de cana na Índia Índia enfrenta dificuldades para iniciar a safra 2014/15 PROBLEMAS CLIMÁTICOS, O IMPASSE COM OS FORNECEDORES SOBRE O PREÇO DA CANA E RESISTÊNCIA DOS BANCOS EM CONCEDER EMPRÉSTIMOS PARA O CAPITAL DE GIRO MARCAM A SAFRA INDIANA A Índia tem enfrentado dificuldades tado produtor de cana e o segundo maior para iniciar a safra 2014/15 a ple- produtor de açúcar do país. Além das con- no vapor, especialmente no esta- dições climáticas menos favoráveis, com do de Uttar Pradesh, que é o principal es- chuvas abaixo do esperado na última tem- 70 Novembro · 2014 porada de monções, alguns dos principais fossem resolvidos hoje, as usinas levariam grupos produtores decidiram postergar pelo menos 45 dias para finalizar a manu- por tempo indeterminando o início da sa- tenção das máquinas. Isso significa que a fra, uma vez que a questão sobre o preço safra 2014/15 não começará antes de de- mínimo da cana-de-açúcar ainda não foi zembro para essas usinas. definida. O atraso para o início da safra pode Entre os principais grupos produto- prejudicar as projeções mais otimistas so- res estão a Bajaj Hindusthan, a Balrampur bre a produção de açúcar na Índia em Chini, a Simbhaoli Sugars e Dwarikesh Su- 2014/15, a despeito do aumento do plan- gar. No total de 95 usinas situadas em Ut- tio. Em 2013/14, Uttar Pradesh produziu tar Pradesh, 66 unidades não chegaram ao 6,5 milhões de toneladas ou 26,8% de um menos a realizar o processo de manuten- total de 24,3 milhões de toneladas produ- ção das fábricas que seria necessário para zidas em todo o país. Não bastassem os problemas climá- sáveis por 75% da produção de açúcar em ticos e o impasse com os fornecedores so- Uttar Pradesh. Supondo que todos os pro- bre o preço da cana, as usinas também blemas sobre a política de preço da cana enfrentam dificuldades para iniciar a sa- RAPHAEL MARÇAL iniciar a safra. Essas 66 usinas são respon- Transporte de cana na Índia 71 CO LU NA DATAGRO fra 2014/15 em dia, dada a maior resistência dos bancos em conceder empréstimos para o capital de giro. A maior resistência dos bancos partiu da decisão da Suprema Corte da Índia, tomada no último dia 05 de setembro, ao obrigar as usinas a dar prioridade ao pagamento das dívidas com fornecedores de cana, sobre os débitos existentes com os demais credores, entre eles, os bancos. Em Uttar Pradesh, os principais bancos financiadores da indústria de açúcar são a Punjab National Bank, HDFC Banck, Axis Bank e a State Bank of India. Os bancos geralmente emprestam até 85% do valor dos estoques das usinas. Esse valor, por sua vez, é direcionado para o pagamento da cana, salários dos funcionários da fábrica, gastos com reparos e Usina na Índia manutenção das máquinas, além da aquisição de insumos. nas foi a última gota d´água no processo As usinas celebram acordos de fi- que desencadeou a atual crise na conces- nanciamento com os bancos a partir de são de empréstimos. As operações de fi- meados de novembro, quando são apre- nanciamento já estavam se tornando mais sentadas as projeções de capital de giro arriscadas diante da atual política de fixa- baseadas na quantidade de cana a ser mo- ção de preço mínimo da cana pelo Estado. ída, no rendimento industrial e nos preços. Estas circunstâncias indicam a possi- Dessa vez, com os bancos mais apreensi- bilidade de que, com o comprometimen- vos devido à decisão da Corte, tem havido to de parte do financiamento de capital atrasos na renovação de contratos de em- de giro das usinas, e consequentemente préstimo, o que tem forçado também as maiores dificuldades para o pagamento a usinas a adiar o início das atividades. fornecedores, na safra 14/15 uma propor- Para muitos bancos, a decisão da ção maior do que a usual de cana-de-açú- Justiça em privilegiar os fornecedores de car seja direcionada à produção de jag- cana no pagamento das dívidas das usi- gery (gur e kandhasar). 72 Novembro · 2014 RAPHAEL MARÇAL RAPHAEL MARÇAL Na Índia, as pontas da cana alimentam o gado 73 P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO Complexo busca maximizar o desenvolvimento de soluções e formulações químicas e biológicas com tecnologias mais inovadoras, contribuindo para uma agricultura mais produtiva e sustentável 74 Novembro · 2014 Gerar e fomentar ideias e tecnologias ESSE É O LEMA DO RECÉM-INAUGURADO LATIN AMERICA INNOVATION CENTER, PRIMEIRO CENTRO DE INOVAÇÃO DA FMC AGRICULTURAL SOLUTIONS PARA A AMÉRICA LATINA Texto: Leonardo Ruiz Fotos: Divulgação FMC C om uma estrutura compatível com a América Latina. Batizado de Latin Ame- os grandes centros de inovação rica Innovation Center, o complexo, locali- do mundo, a FMC Agricultural So- zado no Technopark de Campinas, SP, ma- lutions inaugurou, no final de outubro, seu ximizará o desenvolvimento de soluções primeiro centro de inovação voltado para e formulações químicas e biológicas com O Latin America Innovation Center conta com cerca de 1.300 m², sendo que apenas os laboratórios ocupam 700 m² dessa área 75 P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO tecnologias mais inovadoras, contribuin- produtos, mas sim um local que visa dis- do para uma agricultura mais produtiva e cutir, gerar e desenvolver ideias e tecno- sustentável. logias. Nós iremos fazer desse centro um Para o presidente da FMC Corporation para América Latina, Antonio Carlos ponto de intersecção entre a pesquisa privada e a governamental”. Zem, essa inauguração marca o início de Com relação à implantação na Amé- uma trajetória vitoriosa para a empresa. rica Latina, Zem ressalta que essa região Segundo ele, a ideia da construção de um representa a localidade de maior geração Yemel Ortega afirma que a FMC está investindo no país por acreditar na agricultura brasileira local que viabilizasse o desenvolvimen- de receitas e crescimento da FMC Agricul- to de tecnologias baseadas em novos in- tural Solutions. “Os investimentos realiza- gredientes ativos químicos e biológicos dos confirmam o compromisso da empre- para atender as necessidades dos produ- sa com o Agronegócio”. tores do Brasil e da América Latina nasceu Já o diretor de inovação e tecnologia há dois anos e meio. De lá pra cá, inúme- da FMC Brasil, Yemel Ortega, afirma que a ras pessoas se mobilizaram para concre- empresa está investindo no país por acre- tizar esse desejo. “Esse centro não é pu- ditar na agricultura brasileira. “Além dis- ramente para trabalhar com melhoria de so, nós confiamos inteiramente na capaci- 76 Novembro · 2014 O projeto visa a integração de diferentes componentes e laboratórios, permitindo, assim, evoluir projetos desde suas fases iniciais, passando pela geração de ideias e colaboração com clientes e outros centro de pesquisa, até o lançamento final desses produtos dade de inovação do Brasil, não somente jetos desde suas fases iniciais, passan- para atingir as necessidades internas, mas do pela geração de ideias e colaboração também para exportar essas tecnologias com clientes e outros centros de pesqui- para outras partes do mundo”. sa, até o lançamento final desses produtos. O objetivo, segundo ele, será alcan- Estrutura çar o escopo integral de desenvolvimento O Latin America Innovation Cen- de produtos e tecnologias que potencia- ter conta com cerca de 1.300 m², sendo lizarão a produção agrícola de forma sus- que apenas os laboratórios ocupam 700 tentável. “Posteriormente, serão realizados m² dessa área. Ortega conta que o local monitoramentos em campo para avaliar foi desenhado de uma forma modular, vi- o desempenho dessas tecnologias, a fim sando à integração de diferentes com- de verificar o quanto estão agregando às ponentes e laboratórios, de forma que o produtividades agrícolas”. Innovation Center permitirá evoluir pro- O primeiro módulo, já em operação, 77 P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO O primeiro módulo do complexo inclui laboratórios de desenvolvimento de formulações de defensivos agrícolas e contempla plantas pilotos para as principais tecnologias de formulação comercialmente existentes inclui laboratórios de desenvolvimento permitir o desenvolvimento simultâneo de formulações de defensivos agrícolas e de diferentes tecnologias de formulação, contempla plantas pilotos para as princi- buscando sempre o equilíbrio entre cus- pais tecnologias de formulação comercialmente existentes. O próximo passo será um laboratório de microbiologia, além de um módulo contendo câmaras climatizadas para realização de experimentos para avaliação preliminar in loco da eficácia das tecnologias desenvolvidas. A finalização do projeto está prevista para o início de 2016. Confira as características dos laboratórios do Latin America Innovation Center: Laboratório de formulações líquidas: O laboratório foi projetado para 78 Novembro · 2014 to e performance. Além das formulações de menor capacidade ou resolução, possi- usuais de mercado como EC (concentrado bilitando a observação de pequenas mu- emulsionável), SC (suspensão concentra- danças determinantes para a funcionali- da), SL (concentrado solúvel) e ME (micro- dade dos produtos. emulsão), a estrutura permitirá o desen- Laboratório analítico: O local prevê volvimento de formulações líquidas mais a certificação BPL (Boas Práticas de Labo- complexas e com um perfil toxicológico ratório) que, além de garantir um alto nível mais favorável. de qualidade, permitirá fornecer o pacote Laboratório de formulações sóli- de estudos físico-químicos oficiais, reque- das: O objetivo aqui é o desenvolvimento ridos pelos órgãos regulatórios para ob- de formulações que vão desde os pós-so- tenção de registros dos novos produtos. lúveis e molháveis, aos grânulos dispersíveis e solúveis. Laboratório de formulações de produtos biológicos: Essa estrutura fa- Laboratório de análise óptica e re- cilitará o desenvolvimento de produtos à ológica: Com um microscópio eletrônico base de micro-organismos, semiquímicos de alta resolução, esse laboratório permi- e extratos botânicos. te visualizar e analisar imagens e otimizar Câmara de crescimento para ava- o desenvolvimento das mais diversas for- liação de eficácia: O objetivo aqui é rati- mulações. Dessa forma, é possível analisar ficar a bioeficácia das soluções que serão partículas infinitesimais que não poderiam desenvolvidas no laboratório e a confir- ser visualizadas com instrumentos ópticos mação e otimização das formulações de produtos já comerciais. Contribuindo com o setor O presidente da FMC Corporation para a América Latina, Antonio Carlos Zem, entende que o setor sucroenergético tem passado por momentos difíceis desde agosto de 2012. Agora, segundo ele, é hora de alinhar forças e atuar no sen- A finalização do projeto completo do Innovation Center está prevista para o início de 2016 79 P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO Para Zem, é hora de o setor alinhar forças e atuar no sentido de ajudar os produtores brasileiros a superar essa difícil fase tido de ajudar os produtores brasileiros a cultura da cana-de-açúcar e sua continua superar essa fase. “Nós sabemos que es- competitividade”. sas dificuldades serão passageiras. Os pre- Outro ponto que deve ganhar desta- ços do açúcar já começaram a acenar uma que no centro de inovação é relacionado recuperação, a princípio um pouco lenta, a raiz da cana. O presidente conta que as mas que deve se acelerar a partir de julho novas tecnologias, principalmente aque- de 2015. Portanto, não há nenhuma razão las ligadas à colheita mecânica, tendem a para termos exacerbado pessimismo. De- arrancar as plantas parcialmente, reduzin- vemos continuar investimento e apoiando do o estande e, consequentemente, a pro- os clientes mais do que nunca”. dutividade. “Portanto, ter uma planta com E são nesses pilares, inclusive, que o ancoragem melhor e com um sistema ra- Innovation Center deve se apoiar. Segun- dicular mais forte e resistente vai permi- do Zem, o complexo irá investir para criar tir que ela tenha uma maior resistência a tecnologias que visem, acima de tudo, au- esses processos. Além disso, é importan- mentar a produtividade da cana, chegan- te que se tenha produtos que protejam a do a tão sonhada cana de três dígitos. raiz contra ação de pragas e doenças, aju- “Nós esperamos trazer tecnologias que dando num melhor balanço nutricional da irão provocar um salto econômico no se- planta e, consequentemente, num melhor tor, que é fundamental para o sucesso da desenvolvimento radicular”, afirma Zem. 80 Novembro · 2014 81 REUNION ENGENHARIA TE C NOLOGIA Integração Energética A INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA É UMA PRÁTICA EXTREMAMENTE COMUM NAS USINAS DE AÇÚCAR E ETANOL *Tercio Dalla Vecchia, CEO da Reunion Engenharia U ma usina antiga, sem exporta- te, outras entregavam bagaço gratuito ou ção de energia, usava um sistema até pagavam para o bagaço ser retirado. simples de integração energética, A caldeira gerava vapor de média mesmo porque energia era um bem bara- pressão (21 kgf/cm2) a 270/300ºC. Este va- to (bagaço) e com disponibilidade maior por alimentava as turbinas do Turbo Gera- do que as necessidades. O bagaço era al- dor, do preparo de cana e das moendas. gumas vezes um grande problema para as O vapor de escape era utilizado extensi- usinas. Algumas colocavam água fria nas vamente em todos os processos de aque- caldeiras para consumir o bagaço exceden- cimento da usina, ou seja, aquecimentos, 82 Novembro · 2014 evaporação, fábrica de açúcar, destilação te do ponto de vista energético, ainda é e desidratação. O gerador era suficien- muito utilizado em usinas que não se mo- te para gerar a energia elétrica suficien- dernizaram. Aliás, algumas com retorno fi- te para a usina. Algumas até compravam nanceiro bem melhor do que usinas que energia da rede para complementar suas acreditaram nos planos do governo, cujos necessidades. investimentos provaram não serem rentá- As correntes quentes eliminadas pela veis e que sofrem amargurados sobre lin- usina eram os condensados excedentes das caldeiras cobertas por brilhantes cama- (que não voltavam para a caldeira), o vapor das de alumínio! do multijato que era absorvido pela água O bagaço era tão barato em relação de resfriamento, a vinhaça e, eventualmen- ao óleo combustível que houve uma febre, Bagaço: subproduto muito valorizado te, excesso de vapor de escape ou vegetal!!! principalmente de processadoras de laran- O excesso de vapor era comum, principal- ja para transformar suas caldeiras em cal- mente em destilarias autônomas, devido a deiras de bagaço. As que fizeram, ganha- baixíssima eficiência das turbinas em geral. ram bom dinheiro durante algum tempo. Com isso, uma usina consumia 550 Com a valorização do bagaço como até 600 kg/vapor de processo. Se a fibra da combustível e, provavelmente, como maté- cana estava baixa e não havia bagaço su- ria-prima para uma “bagaço química”, bus- ficiente, colocava-se uma dezena de tra- ca-se a máxima produção de energia ex- balhadores alimentando, manualmente, as portável ou a máxima sobra de bagaço. fornalhas das caldeiras com lenha. Apesar desse esquema ser ineficien- Com o uso da tecnologia Pinch, que demonstra qual é o menor consumo de 83 TE C NOLOGIA energia aproveitando-se o calor de todas A integração dos processos visando o as “correntes quentes” no aquecimento das mínimo consumo energético é um dos mais chamadas “correntes frias”, pode-se chegar belos exercícios da engenharia. A inteligên- a um consumo mínimo de cerca de 200 a cia aplicada ao sistema térmico em usinas 220 kg de vapor/tonelada de cana proces- permite dezenas de variações e aperfeiçoar sada para uma usina com destilaria anexa, estas variações deve ser uma especialidade mix 50/50. e nós somos especialistas nisso. Claro que este número poderá ser O primeiro passo é estabelecer os ob- alterado em função de novas tecnologias jetivos do estudo da integração energética: energeticamente mais eficientes. Aumentar a exportação de energia? TABELA 1 CORRENTES FRIAS (necessitam receber calor) QEN Temp. (C) Cana (quando se usa difusor) alta 30 a 60 Caldo misto que precisa ser aquecido e passar pelos processos de purificação no tratamento do caldo. alta 35 a 107 Caldo clarificado açúcar que precisa ser aquecido até a temperatura de ebulição (o aquecimento pode ser feito externamente ao pré-evaporador ou internamente ao mesmo) baixa 97 a 117 Caldo em evaporação que precisa ser concentrado no evaporador de múltiplos efeitos. muito alta 117 ~60 (1) baixa 55 a 70 alta 65 ~75 (1) Vinho que deve ser aquecido para entrar na coluna de destilação principal alta 30 a 92 Misturas hidroalcoólicas que devem ser mantidas em ebulição durante todo o processo de destilação (Aquecimento colunas A e B) muito alta 112 ~ 107 (1) Etanol hidratado que deverá ser aquecido, vaporizado e superaquecido para entrar nas peneiras moleculares de desidratação. baixa 30(80) a 125 Água de alimentação da caldeira (do condensador da turbina de condensador, condensados e água de reposição. média 25, 45 e 100 até 120 Xarope que precisará ser aquecido até a temperatura de ebulição dentro dos cozedores de massa (realizado dentro do próprio cozedor). Massa em cozimento que deve receber calor para evaporar a agúa para que seja mantida a saturação da sacarose e sua consequente cristalização. Nota (1) durante estes processos há mudança de fase sem mudança de temperatura QEN - Quantidade de energia necessária 84 Novembro · 2014 TABELA 2 CORRENTES QUENTES (que podem ou precisam ceder calor) Vapor de alta pressão QED CTC altíssima altíssima Vapor de escape alta Vapores vegetais (V1, V2, V3....) alta Vapor do último efeito do evaporador (para o multijato) alta Vapores gerados nos cozedores de massa alta Vapor da turbina de condensação alta alta de alta a baixa baixíssima baixíssima baixíssima Temp. (C) 300 a 520 127 117~80 55 55 45~55 Vapor de flash baixa média 98 Caldo clarificado para etanol média média 95 Condensados dos vapores de escape baixa média 120 Condensados dos vapores vegetais baixa Vapor de água perdido para o ar nas torres de resfriamento Águas de purgas de caldeiras alta média a baixa inaproveitável 110~80 30 baixa alta 260 média baixíssima a inaproveitável 34 (2) baixíssima baixa 80 a 30 Vinhaça média média 112 a 60 ~40 (3) Vapores hidroalcoólicos das colunas A e B muito alta média a baixa 80 Vapores de etanol anidro na saída da peneira molecular média média 125 a 35 (4) Gás da caldeira que precisa ser lavado para atender o limite de emissão de particulado alta alta 180 baixa inaproveitável 50 a 35 Vinho em fermentação (calor gerado pela reação precisa ser retirado) Etanol que precisa ser resfriado Açúcar que precisa ser secado e resfriado Nota (2) durante este processo há liberação de calor de reação Nota (3) sem valor definido para a temperatura final Nota (4) Inclui resfriamento, condensação e subresfriamento QED - Quantidade de energia disponível CTC - Capacidade de troca de calor 85 TE C NOLOGIA Sobrar mais bagaço? Novos elementos estão entrando na Aumentar a produção sem precisar investir em novas caldeiras? equação como concentração de vinhaça, álcool 2G, produção intensiva de leveduras, Etc. biorrefinaria etc. Isto vai aumentar muito a Quais são as correntes quentes e frias necessidade energética da planta e, por- no nosso processo de produção de açúcar, etanol e energia elétrica? tanto, mais otimizada a mesma deve ser. Outro elemento que estará presen- O truque agora é verificar quais as te em todas as discussões é a escassez de correntes frias que podem aproveitar o ca- água!!! Está faltando até para beber, imagi- lor e de quais correntes quentes. nem para processos industriais. Vários destes aproveitamentos já são realizados tradicionalmente: Vale lembrar que a usina de açúcar e etanol é a única indústria que pode ser im- •Vinho sendo aquecido com vapores plantada num deserto, pois toda energia e hidroalcoólicas da coluna B (condensador água necessárias para o processo vêm com E) e vinhaça (trocador K); a própria cana!!! Pena que cana não dá no •Regeneradores caldo clarificado álcool X caldo misto; deserto!!! Paralelamente, deve ocorrer junto à •Vapores Vegetais (V1) no cozimento otimização dos processos em si, tais como •Vapores vegetais (V1) na destilação destilação a vácuo, maior número de efei- (colunas A, B, C e P) tos na evaporação, redução do consumo Outros usados mais recentemente: •Regeneradores vinhaça X caldo de eletricidade nas máquinas e bombas. É hora de planejar 2020!!! misto •Regeneradores usando condensados •Uso do vapor de flash para aquecimento •Uso de vapores de pressão mais baixa para aquecimentos (VG2, VG3, VG4....) •Etc. Existem usinas de beterraba na Europa que tem a evaporação com sete efeitos, sendo que o último efeito trabalha a pressão atmosférica e seu vapor é usado para o cozimento A. O vapor do cozimento A é utilizado para o cozimento B. Beleza, não? 86 *Tercio Dalla Vecchia, CEO da Reunion Engenharia Novembro · 2014 C AN A SU BSTAN TIVO FE MI NI NO IV Cana Substantivo Feminino O ENCONTRO ACONTECE 12 DE MARÇO NO CENTRO CANA DO IAC, EM RIBEIRÃO PRETO, REUNINDO EXECUTIVAS E EXECUTIVOS DO SETOR SUCROENERGÉTICO NACIONAL Network também faz parte do Cana Substantivo Feminino O ano nem terminou, mas já se- realizadas antecipadamente pelo site – guem em ritmo acelerado as www.canasubstantivofeminino.com.br inscrições para o IV Encontro Dos quatros painéis do IV Encontro, Cana Substantivo Feminino. O evento é dois debaterão a participação das mu- gratuito, mas as inscrições deverão ser lheres no mercado de trabalho. Em um 87 Profissionais debatem o espaço para as mulheres no setor sucroenergético deles, importantes CEOS de grandes em- As mulheres ocupam uma pequena presas falarão sobre as mulheres nas fun- extensão nesse universo canavieiro, me- ções de liderança e a participação femi- nos de 15%, mas o quadro está mudan- nina em suas empresas. Em um outro do. Há 10 anos, a presença feminina na painel o debate será sobre a atuação e agroindústria canavieira se dava princi- as oportunidades para as mulheres no palmente nas áreas de assistência social, agronegócio. laboratórios ou na agrícola, com as cor- A cadeia da agroindústria canaviei- tadoras de cana. ra gera aproximadamente 4 milhões de Com a mecanização dos canaviais, empregos diretos e indiretos. O Relató- a indústria automatizada e as práticas de rio de Sustentabilidade da União da In- produção mais sustentáveis, há uma evo- dústria da Cana-de-Açúcar, Unica, apon- lução e as portas das usinas vão se abrin- ta que uma usina padrão tem, em média, do para as mulheres. Elas trocaram o po- 403 cargos, que vai desde trabalhos ma- dão pelo joystick das colhedoras de cana, nuais até funções altamente qualificadas. pilotam rodotrens, dão o start na indús- 88 Novembro · 2014 tria, cuidam das finanças da empresa, Thornton Brasil, mais de 55% das brasi- analisam o mercado, desenvolvem pes- leiras possuem qualificação. De acordo quisas e coordenam a gestão da usina. com dados do IBGE, em 2011, entre a Po- A necessidade do setor por mão de pulação Economicamente Ativa (PEA) a obra especializada é um motivo a mais presença feminina com nível superior ul- para a contratação de mulheres, pois trapassou a masculina e atingiu 53,6%. elas estão se qualificando mais que os Não perca o debate sobre esses im- homens. Segundo estudo realizado pela portantes temas. Participe do IV Encon- International Business Center da Grant tro Cana Substantivo feminino. No Cana Substantivo Feminino, os amigos se encontram: a secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi, Pedro Mizutani, vice-presidente da Raízen, e sua esposa Eunice INSCRIÇÕES GRÁTIS CLIQUE AQUI! 89 C AN A SU BSTAN TIVO FE MI NI NO PRÉ-PROGRAMAÇÃO IV ENCONTRO CANA SUBSTANTIVO FEMININO IV ENCONTRO CANA SUBSTANTIVO FEMININO 12 DE MARÇO DE 2015, NO CENTRO CANA DO IAC, EM RIBEIRÃO PRETO 8h00 às 8h45 - entrega do material - Luis Carlos Veguin, diretor de Recursos 8h45 - abertura Humanos para o segmento de Energia, 9h00 às 10h30 – Cuidando de gente Açúcar e Etanol da Raízen (Confirmado) A trajetória do social à sustentabilidade – - Márcia Cubas, diretora de Recursos Hu- e seus reflexos: agrega valor à marca; é di- manos e Sustentabilidade do Grupo São ferencial na comercialização dos produ- Martinho (Confirmada) tos; empresa desejada pelos profissionais; - Carla Pires, diretora de sustentabilidade imagem valorizada pela comunidade da Odebrecht Agroindustrial (Confirmada) Mediadora – Maria Luiza Barbosa, di- 10h30 - Café retora da Ecológica ID e consultora 10h50 às 12h50 – A cana pode mais de Responsabilidade Social da UNICA As mulheres falam sobre práticas corretas, (Confirmada) inovações, profissionalismo e criatividade Debatedores: - da pesquisa ao mercado -, para aumen- - Sueli Aguiar, gerente de Serviço Social tar a competitividade do setor e Comunicação da Pedra Agroindustrial; Mediadora – Luciana Paiva, editora da (Confirmada) revista CanaOnline 90 Novembro · 2014 Debatedoras: Etanol e Energia da Raízen (Confirmado) - Cristiane Pigatto, gerente Financeira do - Rui Chammas, diretor-presidente da Bio- Grupo São Martinho; confirmada sev (Confirmado) - Maria do Carmo Ferrante, chefe do setor - Otávio Lage de Siqueira Filho, dire- de açúcar do Rabobank para as Américas; tor-presidente da Usina Jalles Machado confirmada (Confirmado) - Monalisa Sampaio, doutora em Genéti- - Antonio Carlos Zem, presidente da FMC ca e Melhoramento de Plantas e vice-co- Corporation para América Latina; ordenadora da pós-graduação em Produ- 15h30 – Café ção Vegetal e Bioprocessos Associados da 15h50 às 17h30 – A atuação e as UFSCar; confirmada oportunidades para as mulheres no - Raffaella Rossetto, doutora em Solos e agronegócio Nutrição de Plantas, diretora Técnica da Apenas no Brasil, mais de 3,5 milhões de Divisão APTA - Agência Paulista de Tecno- mulheres atuam no agronegócio. Mas esse logia dos Agronegócios (confirmada) principal segmento econômico do país - Patrícia Fontoura, supervisora de Planeja- tem muito mais espaço para a participa- mento e Desenvolvimento agrícola da SJC ção feminina Bioenergia, Quirinópolis, GO (confirmada) Mediadora - Renata Morelli, gerente de tecnolo- agrônoma e Secretaria da Agricultura e gia agrícola e inovação da Coplana Abastecimento do Estado de São Paulo (confirmada) Debatedores: - Tereza Peixoto, diretora Agrícola da Bio- - Ismael Perina, presidente da Câmara Se- sev (confirmada) torial da Cadeia Produtiva do Açúcar e do 12h50 às 13h50 – Brunch Álcool (Confirmado) 13h50 às 15h30 – Grandes executivos - Celso Torquato Junqueira Franco, presi- falam sobre as mulheres em funções de dente da UDOP (Confirmado) liderança e a participação feminina em - Karoline Fernandes Rodrigues, gestora suas empresas de Planejamento, Pesquisa e Desenvolvi- As mulheres já são 40% da força do traba- mento na Jalles Machado S/A – Goianésia, lho no mundo, mas apenas 24% delas che- GO; garam à liderança - Maria Dolores Figols y Costa, coordena- Mediadora – Ana Paula Malvestio, sócia dora do departamento de comunicação e da PwC (Confirmada) marketing da Coopercitrus (Confirmada) Debatedores: 17h30 – Pedro Mizutani canta em ho- - Pedro Mizutani, vice-presidente de Açúcar, menagem às mulheres – Mônika Bergamaschi, 91 C AN A SU BSTAN TIVO FE MI NI NO www.facebook.com/cana.substantivo.feminino Debatedores que já confirmaram presença Ana Paula Malvestio, Líder Global de Agronegócio e Sócia da PwC Celso Torquato Junqueira Franco, presidente da UDOP Cristiane Pigatto, gerente Financeira do Grupo São Martinho Ismael Perina, produtor rural e presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e do Álcool Maria Luiza Barbosa, diretora da Ecológica ID e consultora de Responsabilidade Social da UNICA Márcia Cubas, diretora de Recursos Humanos e Sustentabilidade do Grupo São Martinho Monalisa Sampaio, vicecoordenadora da pósgraduação em Produção Vegetal e Bioprocessos Associados da UFSCar Patrícia Fontoura, supervisora de Planejamento e Desenvolvimento agrícola da SJC Bioenergia, Quirinópolis, GO Raffaella Rossetto, doutora em Solos e Nutrição de Plantas, diretora Técnica da Divisão APTA Pedro Mizutani, vicepresidente executivo de Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen Rui Chammas, diretor-presidente da Biosev Tereza Cristina Teixeira, diretoraagrícola da Biosev Luis Carlos Veguin, diretor de Recursos Humanos para o segmento de Energia, Açúcar e Etanol da Raízen Sueli Aguiar, gerente de Serviço Social e Comunicação da Pedra Agroindustrial Maria do Carmo Ferrante, chefe do setor de açúcar do Rabobank para as Américas Maria Dolores Figols y Costa, coordenadora do departamento de comunicação e marketing da Coopercitrus Otávio Lage de Siqueira Filho, diretor-presidente da Usina Jalles Machado Renata Morelli, gerente de tecnologia agrícola e inovação da Coplana Carla Pires, diretora de sustentabilidade da Odebrecht Agroindustrial 92 FIQUE POR DENTRO Notícias sobre o Encontro Cana Substantivo Feminino www.canasubstantivofeminino.com.br Novembro · 2014 93 B AT E ND O P E RN A 94 Novembro · 2014 Não faltam motivos para ir a Goiás SEGUNDO MAIOR PRODUTOR DE CANA, GOIÁS SE APRESENTA COMO UMA GRANDE POTÊNCIA DO AGRONEGÓCIO. MAS OS ATRATIVOS GOIANOS NÃO SÃO APENAS PARA QUEM DESEJA INVESTIR E TRABALHAR, É TAMBÉM PARA QUEM QUER CURTIR A VIDA Caldas Novas 95 B AT E ND O P E RN A Luciana Paiva e Daniela Rodrigues O Estado de Goiás, com uma su- tura: clima, solo fértil e os investimentos na perfície de 340 mil km2, tem o reconstrução de estradas e na estruturação agronegócio como principal ati- dos incentivos para a implantação de no- vidade. O segmento responde por cer- vas indústrias no estado. Resultado: Goiás é ca de 65% do Produto Interno Bruto (PIB), o segundo maior produtor de cana do Bra- sendo também responsável por 75,0% das sil (só perde para São Paulo), com previsão exportações goianas. Para o engenhei- para essa safra de 60,5 milhões de tonela- ro agrônomo Luiz Antonio Pinazza, pes- das e área plantada de 878,27 mil hectares. quisador e professor da Fundação Getúlio oferece as maiores oportunidades de cres- Os atrativos goianos para quem deseja curtir a vida cimento no País, porque o lugar onde o Mas os goianos salientam que o es- agronegócio vai continuar crescendo é o tado é rico em atrativos não só para quem Centro-Oeste e Goiás é a porta de entra- deseja investir e trabalhar, mas também da”, diz o professor. para quem quer curtir a vida. A jornalista Vargas (FGV), “Goiás é hoje o Estado que Goiás é um dos estados onde a cul- Daniela Rodrigues, responsável pela área tura da cana-de-açúcar mais se desenvol- de comunicação da Usina Jalles Machado, veu nos últimos anos, especialmente na úl- de Goianésia, SP, preparou especialmente tima década. Isso aconteceu por conta de para os leitores da CanaOnline uma lista estímulos recebidos pelas indústrias, pe- desses atrativos. Confira: los produtores e também pelas características que favorecem a produção dessa cul- Goiânia Goiânia é a capital brasileira mais arborizada do país, sendo este o motivo de já ter recebido o título de “Capital verde do Brasil” e de melhor qualidade de vida. A cidade possui muitos bares, shoppings e boates. O sertanejo é o ritmo dominante na noite. “Não faltam coisas boas em Goiás”, diz Daniela 96 Novembro · 2014 Caldas Novas mundo (com ondas). Você pode conhe- Localização: 171 km de Goiânia. Cal- cer mais sobre o resort em http://www.rio- das Novas é conhecida por ser a maior es- quenteresorts.com.br tância hidrotermal do mundo, possuindo Caldas Novas também é sede de vá- águas que brotam do chão em tempera- rios eventos nacionais, como o Festival turas que variam de 33° a 60°. A cidade Caldas Country, o maior festival de música é repleta de clubes e hotéis. No municí- sertaneja do mundo, que acontece em no- pio vizinho de Rio Quente (é bem perti- vembro. Veja mais: http://www.caldascou- nho de Caldas) fica o complexo Rio Quen- ntryshow.com.br/ te Resorts, onde está o Hot Park, um dos maiores parques aquáticos do Brasil e to- Pirenópolis das as piscinas são de água quente natu- Localização: 107 Km de Goiânia. É ral. Lá também fica a Praia do Cerrado, a uma cidadezinha histórica, fundada em maior praia artificial de água quente do 1731. Hoje, o turismo é a principal fonte 97 B AT E ND O P E RN A Pirenópolis: tombada como patrimônio histórico, o centro da cidade mantém ainda os casarões do século XVIII, igrejas e museus de renda. Tombado como patrimônio his- ná e de outro a do Tocantins. As formações tórico, o centro da cidade mantém ainda rochosas desta serra são todas quartizíti- os casarões do século XVIII, igrejas e mu- cas, o que confere às suas águas uma co- seus, as ruas de pedras e a ponte sobre o loração límpida de baixa salinidade. Águas Rio das Almas. A Rua do Lazer é o princi- que brotam nos terrenos rochosos ricos pal atrativo dos turistas e é onde se con- em quartzo puro e cristalino. centram os bares da Cidade para agradar a todos os gostos do turista. Pirenópolis foi o cenário da novela Estrela Guia, de 2001, que tinha Sandy A cidade é cercada pela Serra dos Pi- como protagonista. A cidade ainda man- reneus, que formam o Parque dos Pireneus, tém manifestações folclóricas, como a fes- onde se pode fazer trilhas, caminhadas, ver ta do Divino, com as famosas cavalhadas. o por do sol, e contemplar belíssimas pai- Para saber mais: http://www.pireno- sagens do cerrado e inúmeras cachoeiras. polis.tur.br/turismo/atrativos/atrativos- A Serra dos Pireneus é um divisor de águas naturais/cachoeiras - http://www.pireno- continentais: de um lado a Bacia do Para- polis.tur.br/ 98 Novembro · 2014 99 B AT E ND O P E RN A Em Pirenópolis - festa do Divino, com as famosas cavalhadas Rio Araguaia rada, os municípios por onde o Rio passa Em Goiás não tem mar, mas tem as lotam de turistas que acampam nas praias. praias de água doce formadas ao longo do Os mais atrativos são Aruanã e Luis Alves. . Fio Araguaia. Em julho, época da tempo- Veja mais em: http://globotv.globo.com/tv Quem disse que Goiás não tem praia? Olha só o rio Araguaia 100 Novembro · 2014 -anhanguera-go/ja-1a-edicao/v/confira- lhe deu o nome de Arraial de Sant’Anna, e como-e-a-temporada-de-ferias-no-rio-a- posteriormente foi elevado à vila adminis- raguaia/3518615/ trativa, com o nome Vila Boa de Goiás, a cidade foi próspera enquanto havia rique- Cidade de Goiás za na época do ciclo do ouro. Foi a capi- Localização: 140 Km de Goiânia. A tal do Estado até meados de 1930, quando Cidade de Goiás é patrimônio histórico a capital foi transferida para Goiânia. De da Humanidade. Foi a primeira capital de certa forma, foi essa decisão que preser- Goiás e conserva mais de 90% de sua ar- vou a singular e exclusiva arquitetura co- quitetura barroco-colonial original do Sé- lonial da Cidade de Goiás. A transferência culo XVIII. Cercada pela Serra Dourada, foi coordenada pelo então interventor do terra da poetisa goiana Cora Coralina e da Estado, Pedro Ludovico Teixeira e na épo- artista plástica Goiandira do Couto, que ca, a Cidade de Goiás não queria perder o fazia seus quadros com as areias coloridas prestígio de capital. Então, Pedro Ludovico da Serra Dourada. decretou que uma vez ao ano, no dia 25 Fundada em 1727, pelo bandeiran- de julho, dia do aniversário, a cidade vol- te Bartolomeu Bueno da Silva Filho, que taria a ser a capital do Estado por três dias. A Cidade de Goiás é patrimônio histórico da Humanidade 101 B AT E ND O P E RN A Procissão do Fogaréu na cidade de Goiás Assim, é feito todos os anos, e nesse perí- Além disso, ao lado da Ponte, está lo- odo, a cidade volta a ser sede dos poderes calizada a Casa de Cora Coralina, um mu- Legislativo, Executivo e Judiciário do Esta- seu onde se pode conhecer seus poemas e do de Goiás. a sua história. Na praça central, está o co- O centro histórico é composto por reto e o turista não pode deixar de expe- inúmeras igrejas, monumentos históricos, rimentar o tradicional empadão goiano. É como a Cruz do Anhanguera, o chafariz de uma cidade muito charmosa, que preserva Calda, e vários museus. No Palácio Conde a cultura, a história e as tradições do povo dos Arcos, primeira sede do governo de goiano. Em junho, sedia o Festival Interna- Goiás, é possível conhecer toda a história cional de Cinema e Vídeo Ambiental, que da formação do Estado e do Povo Goiano. reúne pessoas de todo o mundo. No Museu da Boa Morte, o turista pode Na Semana Santa, acontece uma das ver várias esculturas sacras do artista plás- mais belas manifestações religiosas: a Pro- tico Veiga Valle, que para muitos historia- cissão do Fogaréu. A celebração, que dá dores, significa para Goiás o que Aleijadi- continuidade a uma tradição de pouco nho significa para MG. mais de 200 anos, consiste em encenar as 102 Novembro · 2014 103 B AT E ND O P E RN A principais passagens bíblicas que antecedem à crucificação de Jesus pelas ruas de Goiás, da qual a Procissão do Fogaréu faz parte. Nela, os farricosos, homens encapuzados com vestes coloridas, carregam tochas acesas entre as ruas escuras, representando o caminho dos romanos até o momento da prisão de Cristo. Recentemente, a Cidade de Goiás foi cenário da primeira fase da novela Em Família da rede Globo. Para saber mais: http://globotv.globo. com/rede-globo/bom-dia-brasil/v/quinta-feira-santa-tem-demonstracoes-do-fogareu-na-cidade-de-goias-go/3287136/ http://www.cidadedegoias.com.br/ Chapada dos Veadeiros O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros é um patrimônio mundial natural da Unesco, localizado nos municípios de Cavalcante e Alto Paraíso. O povoado de São Jorge é porta de entrada do Parque, uma antiga vila de garimpeiros do início do século XX que hoje tem como atividade principal o ecoturismo, uma al- Belezas da Chapada dos Veadeiros 104 Novembro · 2014 Pôr-do-sol no lago Serra da Mesa ternativa ecológica e sustentável para os Lago Serra da Mesa moradores da região. É um lugar com lin- Localização: 400 km de Goiânia. Área das paisagens e cachoeiras magníficas. inundada que atrai pessoas para mergu- Para saber mais: http://g1.globo. lho, lazer e pesca predatória. Veja mais: com/globo-reporter/noticia/2014/03/ http://globotv.globo.com/tv-anhangue- confira-incriveis-imagens-da-chapa- ra-go/ja-1a-edicao/v/viajantes-podem- da-dos-veadeiros-vista-de-cima.html mergulhar-no-lago-serra-da-mesa-em- http://www.chapadadosveadeiros.com/ - goias/3576218/ 105