oportunidades por lá

Transcrição

oportunidades por lá
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Novembro · 2014
C Á E N TRE N ÓS
Tempo de espera
Setor vive a expectativa
da resposta do clima
P
or fim, as chuvas chegaram no interior paulista e a marcha do plantio foi
intensificada no campo. A correria é
grande para tentar recuperar o tempo perdido pela estiagem prolongada. A janela das
chuvas, normalmente, acontece de outubro
a março, mas o tempo anda mudado. “Perdemos outubro e parte de novembro, pois
não houve chuva. Vamos ver como o clima se comportará nos próximos meses”, diz
Paulinho Rodrigues, produtor rural e filho
do ex-ministro Roberto Rodrigues.
Segundo dados do Instituto Agronômico (IAC), a média anual de chuvas na região de Ribeirão Preto é de 1.470 milímetros, mas em 2014 até meados de novembro,
choveu cerca de 500 milímetros. Não é à toa
que a cana cortada em junho parece que foi
colhida há 15 dias, porque não se desenvolveu. Sem falar na socaria que não brotou. “O
que se vê é um canavial com cana pequena e cheio de falhas. A impressão que dá é
que não terá cana disponível para começar
a safra em abril”, observa Paulinho. Mas ele é
homem da terra, sabe do poder de recuperação da natureza, por isso, prefere dar um
tempo para que ela dê a resposta.
No entanto, Paulinho sabe que o campo tem memória. “A seca deste ano não repercutirá apenas na safra 2015/16, comprometerá também a safra 2016/17”, salienta. É
que além do atraso no plantio, pouco desenvolvimento da cana e falhas de brotação,
os incêndios durante a estiagem afetaram
muitos viveiros de cana, reduzindo a oferta
de mudas. Com isso, a tendência é que o setor recorrerá novamente à prática de utilizar
cana comercial como muda, correndo o risco de levar pragas e doenças, resultando em
canavial menos produtivo.
Não é só na agrícola que o tempo é
de expectativa. O lado político também. O
setor aguarda a definição do governo em
relação ao aumento da mistura da adição do
etanol à gasolina, de 25 para 27,5% e também o retorno da incidência da Cide sobre à
gasolina. Para o setor são medidas urgentes
e não há mais tempo a perder. Mas o tempo
do governo é outro, muitas vezes é só perda
de tempo. Por isso, que grande parte do setor faz a hora e não espera acontecer.
Luciana Paiva
[email protected]
Clivonei Roberto
[email protected]
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ÍN D I C E
Capa
Moendo usinas
Economia
-Safra mais curta deve trazer
dificuldades ao setor em 2015
Herbishow
-Daninha de alta complexidade
Mecanização
-Novas técnicas
na busca por
produtividade
Tecnologia Agrícola
-É importante que
o Brasil aumente
a presença em
feiras internacionais
Soluções Integradas
-Muito além do controle de doenças
Tendências
-O Agro no Sul:
oportunidades por lá
Coluna Datagro
-Índia enfrenta dificuldades
para iniciar a safra 2014/15
Cana Substantivo Feminino
-IV Cana Substantivo Feminino
Caderno Relax
Pesquisa & Desenvolvimento
-Gerar e fomentar
ideias e tecnologias
Batendo Perna
-Não faltam motivos
para ir a Goiás
Tecnologia
-Integração Energética
Editores:
Luciana Paiva
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Aproveite melhor sua
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Adair Sobczack
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digital da Paiva& Baldin Editora
E CON OMIA
Nesta safra,
as colhedoras
descansam
mais cedo
Safra mais curta deve
trazer dificuldades
ao setor em 2015
COM PERDA DE MATÉRIA-PRIMA NO CENTRO-SUL, ESPERA-SE QUE SEJAM
MOÍDAS 40 MILHÕES DE TONELADAS A MENOS QUE A PREVISÃO INICIAL,
TOTALIZANDO ALGO ENTRE 545 E 550 MILHÕES DE TONELADAS
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A
safra canavieira deste ano termi-
Espera-se que, com a perda de maté-
nará mais cedo, estendendo à en-
ria-prima no Centro-Sul, sejam moídas 40
tressafra as consequências não só
milhões de toneladas a menos que a pre-
da crise que atinge o setor, mas de uma
visão inicial, totalizando algo entre 545 e
combinação de fatores exacerbados pelo
550 milhões de toneladas.
momento político.
A seca e a falta de reforma dos cana-
Segundo o diretor executivo da MBF
viais - devido à crise financeira vivida pelo
Agribusiness, Jair Pires, “no ano que vem
setor – são responsáveis pela falta de ca-
teremos uma safra ainda mais curta do
na-de-açúcar. Os canaviais estão velhos
que a deste ano”. Ele afirma que nenhum
e fracos. Ressalta-se que, segundo a Uni-
dos problemas, isoladamente, é responsá-
ca (União da Indústria da Cana-de-Açú-
vel por essa situação, mas que a combina-
car), as usinas do país devem encerrar a
ção deles está sendo desastrosa.
safra 2014/2015 devendo 110% de seu
A expectativa dos canavieiros é de
faturamento.
que, nesta safra (2014/15), o final da tem-
De acordo com Pires, a situação deve
porada chegue 30 dias antes do habitu-
piorar graças ao fato de que a safra come-
al. Em 2013, a safra acabou em novembro
çará mais cedo e terminará novamente an-
e, neste ano, diversas unidades já estavam
tes do prazo de costume.
paradas em outubro.
Os números da safra também serão
Entressafra longa: mais tempo para manutenção
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E CON OMIA
bem menores, pois houve um otimismo
ternamente, enquanto o período ideal
exagerado nas previsões, causados pelos
para o plantio de cana vai de fevereiro a
anúncios de linhas de crédito subsidiadas
abril, exigindo alto volume de capital.
para a lavoura canavieira. Porém, a buro-
“O momento atual vai exigir uma
cracia e exigências cadastrais para acessar
união entre usinas, fornecedores e presta-
tais recurso têm filtrado e diminuído o nú-
dores de serviço de manutenção, juntan-
mero de tomadores.
do seus limites de crédito para financiar a
Para Pires, a entressafra, que se es-
entressafra”, comenta Jair Pires.
tenderá por um período mais longo (até
Quanto à crise que atinge o setor su-
abril de 2015), será para o setor sucroener-
croenergético, o endividamento e a perda
gético especialmente traumática. E alguns
da competitividade diante da gasolina, as-
fatores agravarão o período: baixa produ-
sociados a problemas climáticos mostram
ção deste ano, os preços depreciados, o
que esta situação pode estar longe do fim,
custo de manutenção da indústria, da fro-
com os ativos depreciados e o endivida-
ta e dos canaviais, a dificuldade de possí-
mento alto.
veis créditos entre fornecedores e usinas.
Porém, mesmo assim o setor já está
O ideal é que, no final da safra, já
atraindo investidores, que poderão trazer
aconteça a reforma da usina, reforma das
credibilidade, dar fôlego ao pagamento
máquinas e equipamentos agrícolas, com
das dívidas e colocar capital para realizar
boa parte da manutenção sendo feita in-
melhorias nas lavouras.
A estiagem prejudicou a socaria
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DIVULGAÇÃO FMC
H E R B I SHOW
No Brasil, a grama-seda
está presente em culturas
anuais e perenes, além de
aparecer também em beiras de
estradas e terrenos baldios
Daninha de alta
complexidade
DE DIFÍCIL ERRADICAÇÃO, A GRAMA-SEDA PODE CAUSAR SIGNIFICATIVOS
PREJUÍZOS À PRODUTIVIDADE DA CANA. ESPECIALISTAS AFIRMAM QUE A
FORMA MAIS EFICIENTE DE CONTROLE É POR MEIO DA REFORMA DO CANAVIAL
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ARQUIVO CANAONLINE
H E R B I SHOW
Weber Geraldo Valério: “Os prejuízos
causados por essa daninha são
altíssimos, devido à competividade
com a cana-de-açúcar, principalmente
por espaço, água e nutrientes”
Leonardo Ruiz
D
dos processos de mecanização da colhei-
brasileiras, de norte a sul, a gra-
ta. Originária da África tropical e Eurásia, é
ma-seda vem ganhando cada
uma das plantas daninhas mais encontra-
vez mais espaço no setor sucroenergéti-
das no planeta, chegando a ser registrada
co, principalmente devido à intensificação
em mais de 100 países. No Brasil, está pre-
DIVULGAÇÃO AGRO ANALÍTICA
istribuída em todas as regiões
Um canavial infestado e com
três cortes, cujo potencial era
de 80 ton/ha, irá produzir
apenas 45 ton/ha, ou seja,
uma redução de 35 ton/ha
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H E R B I SHOW
sente em culturas anuais e perenes, além
de aparecer, também, em beiras de estradas e terrenos baldios.
Por seu uma planta daninha de alta
complexidade, altamente competitiva e de
difícil controle, as perdas relacionadas à
grama-seda podem dizimar os lucros dos
produtores canavieiros. Segundo Weber
ARQUIVO PESSOAL
Geraldo Valério, consultor e sócio-diretor
da Agro Analítica e Consult Agro, os prejuízos causados por essa daninha são altíssimos, devido à competividade com a cana-de-açúcar, principalmente por espaço,
água e nutrientes.
“Um canavial infestado e com três
cortes, cujo potencial era de 80 ton/ha, irá
produzir apenas 45 ton/ha, ou seja, uma
Lima: “Para áreas de soqueira, onde há
infestações importantes, é recomendável
que implementos agrícolas sejam
lavados antes de direcioná-los para as
zonas onde não há grama-seda”
redução de 35 ton/ha. Além disso, há também um aumento de impurezas minerais
planta daninha nas áreas sem infestação,
e vegetais na indústria”. O consultor res-
por meio da assepsia de equipamentos,
salta, ainda, que a grama-seda age como
principalmente das colhedoras”. O con-
hospedeira de nematóides, dos gêneros
sultor ressalta que esse controle preven-
Meloidogyne e Pratylenchus, os mais da-
tivo precisa ser resgatado, já que, nos dias
nosos à cultura da cana-de-açúcar.
de hoje, não se dá a devida importância a
Valério afirma que a principal for-
essa ferramenta.
ma de disseminação da grama-seda é por
meio das operações mecânicas, como sis-
100 mil hectares
tematização, preparo de solo (subsolado-
Esse é, aproximadamente, o tamanho
res, sulcadores, operações de nivelamen-
da área infestada por grama-seda no Gru-
to), cortes mecânicos de mudas, cortes
po Raízen. As infestações, em níveis im-
manuais de muda por meio de carrega-
portantes, se localizam nas unidades das
mentos, tratos de soqueira (cultivadores),
regiões paulistas de Piracicaba, Araraqua-
além da colheita mecanizada.
ra e Jaú. Segundo o diretor de produção
“Dessa forma, a prevenção consis-
agrícola, Antonio Fernando Pinto de Lima,
te, basicamente, em evitar a entrada dessa
os prejuízos ocasionados por essa daninha
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devem-se, principalmente, à sua alta capa-
que permitam que esses locais sejam tra-
cidade de propagação, o que acaba “aba-
tados quimicamente com os herbicidas
fando” a cana e provocando falhas na la-
mais eficientes. “Para áreas de soqueira,
voura. “Normalmente, numa reboleira de
onde há infestações importantes, é reco-
grama-seda, a cana praticamente desapa-
mendável que implementos agrícolas se-
rece. Algumas referências bibliográficas
jam lavados antes de direcioná-los para as
citam que uma única planta de grama-se-
zonas onde não há grama-seda”, comple-
da pode vir a formar uma reboleira de 25
ta Lima.
metros de diâmetro em apenas dois anos
e meio”.
Controle
Para evitar que essa daninha se espa-
Caso a grama-seda já tenha se insta-
lhe, o foco do trabalho da empresa inicia-
lado no canavial, é importante que o pro-
se no momento do planejamento. Áreas
dutor inicie o manejo o mais breve pos-
com alta infestação tem seu planejamen-
sível. O consultor Weber Valério frisa que
to de plantio definido para épocas do ano
a única forma de controlar de forma efi-
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DIVULGAÇÃO AGRO ANALÍTICA
O consultor Weber Valério
recomenda que o controle da
desinfestação da grama-seda seja
feito com Glifosato + Imazapyr
DIVULGAÇÃO AGRO ANALÍTICA
H E R B I SHOW
Área plantada (18 meses) isenta de grama-seda
ciente essa daninha é por meio da refor-
damental uma gradeação visando o
ma do canavial. “Além disso, os plantios
fracionamento dos rizomas, aumen-
devem ser realizados de 18 meses (ano e
tando a exposição do produto, me-
meio), ou seja, da 2ª quinzena de janeiro
lhorando a absorção e translocação.
até abril, ou meados de maio, se ainda ti-
“Essa operação é decisiva”, afirma;
ver umidade.”
3.
é recomendável adicionar matéria
Valério destaca, ainda, os principais
orgânica nas áreas que necessitam
pontos de um programa de desinfestação
ser sistematizadas (remoção de solo);
de grama-seda:
1.
É obrigatório se atentar ao tem-
após a última colheita (no máximo
po entre a aplicação e o plantio, ou
até setembro), com a cultura e a gra-
seja, de 100 a 120 dias, com no mí-
ma-seda brotada, aplica-se Glifosa-
nimo 100 mm de precipitação nes-
to + Imazapyr, sendo que a dose do
se período;
Imazapyr dependerá da textura do
2.
4.
5.
controle potencializado: normalmen-
solo, teor de matéria orgânica etc.
te atingiu-se de 85% a 95% de con-
Já o Glifosato, de 70 a 90% da dose
trole com essa 1ª intervenção. No en-
recomendada;
tanto, a incorporação de Clomazone
após 20 a 25 dias da aplicação, é fun-
(800) nas dosagens de 1,3 a 1,5 (apli-
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cação complementar) uma semana
jam tratadas quimicamente no momento
antes do plantio tem proporciona-
correto, potencializando, portanto, a efi-
do controles próximos a 100%, mini-
cácia dos produtos disponíveis no merca-
mizando drasticamente intervenções
do”, afirma Lima.
manuais antes do nivelamento.
Ele aponta ainda que a grama-seda é
uma planta extremamente agressiva em termos de desenvolvimento vegetativo, alia-
Nas unidades da Raízen, a forma de
do ao fato de não haver produtos com boa
controle encontrada é o “manejo”. Esse
performance e seletividade para manejá-la
trabalho, segundo o diretor de produção
em cana soca. Isto faz com que as ações
agrícola, tem início no correto mapeamen-
de manejo se concentrem no momento do
to das áreas infestadas, seja por matolo-
preparo de solo para a renovação do cana-
gias instaladas nos talhões ou, até mes-
vial. “O controle químico no momento da
mo, pelo uso de VANTs (Veículos Aéreos
renovação do canavial tem uma eficiência
Não Tripulados) sobrevoando as lavouras.
boa. Porém, requer uma série de cuidados
“Com as áreas mapeadas, é possível traba-
em termos de monitoramento das rebolei-
lhar no planejamento para que essas se-
ras e possíveis catações pontuais”, finaliza.
DIVULGAÇÃO AGRO ANALÍTICA
Manejo
Fracionamento de rizomas, potencializando o controle químico, através de gradeações
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ME C A NIZ AÇÃO
Novas técnicas na busca
por produtividade
CANTEIRIZAÇÃO E PREPARO PROFUNDO DE SOLO SÃO
ALIADOS DOS PRODUTORES NA BUSCA POR REDUÇÃO
DE CUSTOS E AUMENTO DE PRODUTIVIDADE
Leonardo Ruiz
A
intensa mecanização da colhei-
nação microbiana e da inversão de sacaro-
ta da cana-de-açúcar trouxe di-
se, material orgânico devolvido para a la-
versos benefícios para os pro-
voura, além do aproveitamento da palha.
dutores, como a redução do tempo de
Porém, existem também os pontos nega-
entrega de cana na indústria, da contami-
tivos, como aumento de impurezas vege-
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DIVULGAÇÃO PHDCANA
Um dos efeitos negativos da
mecanização da colheita é a
compactação do solo. Preparo
profundo e canteirização
são técnicas que podem
ser utilizadas visando a
diminuição desse problema
tais, redução da densidade de carga e da
pesquisadora da Agência Paulista de Tec-
extração do caldo, aumento da umidade
nologia dos Agronegócios (APTA), da Se-
do bagaço, redução da capacidade de mo-
cretaria de Agricultura e Abastecimento
agem, incrustação dos evaporadores, pio-
do Estado de São Paulo, Raffaella Rossetto,
ra na cor do açúcar e maior compactação
os produtores devem ficar atentos a cer-
do solo.
tos fatores que indicam a necessidade da
A compactação, inclusive, impac-
realização do preparo de solo, como áre-
ta negativamente o crescimento das raí-
as compactadas e a constatação de pragas
zes, fazendo com que a produtividade caia
de solos e de químicos, como alumínio ou
drasticamente. Além disso, alta compacta-
manganês. “Um bom diagnóstico da com-
ção implica em baixa infiltração e armaze-
pactação com penetrômetro, trincheiras,
namento de água e maior suscetibilidade
ou retirada de amostras de solo em anéis,
à erosão.
além de amostragem do solo para fins de
É nessa hora que surge a necessida-
fertilidade, são importantes ferramentas
de da realização do preparo de solo, ati-
para a recomendação de qual preparo do
vidade essencial para obtenção de altas
solo é indicada para a área em questão”.
produtividades no canavial. Segundo a
Ela aponta ainda que, para a densidade
ARQUIVO CANAONLINE
do solo, verificam-se restrições visíveis no
crescimento radicular, em densidades acima de 1,35 g.cm³.
Portanto, se o que o produtor deseja é alavancar sua produtividade e reduzir
os custos, é vital que ele se muna de ferramentas que diminuam a compactação do
solo e que melhorem o preparo do mesmo. Dentre as inovações que podem ser
utilizadas, destacamos a canteirização e o
preparo profundo, técnicas que vêm ganhando cada vez mais espaço dentro do
setor canavieiro.
Canteirização
Segundo Raffaella Rossetto, existem
diferentes tipos de solo, sendo que, antes da
realização do preparo profundo, é necessário
conhecê-los a fundo, pois cada um irá reagir
diferentemente a esse tipo de preparo
Na canteirização, o caminho das rodas dos tratores e implementos é deixado
eternamente como rota e prepara-se ape-
17
ME C A NIZ AÇÃO
nas o solo dos canteiros. Esse sistema faz
vidades e longevidades das socas. Porém,
com que as rodas permaneçam sempre
é possível, também, haver maior tomba-
sem pisotear a linha de cana, que é plan-
mento e aumento de impurezas. Além
tada como uma grande horta, em cantei-
disso, se não houver critério na colheita,
ros. Embora não seja uma técnica relativa-
há maior possibilidade de arranquio de
mente nova, já que teve seu início há cerca
soqueiras.
de 10 anos, a canteirização tem sido mais
Pesquisadores relatam, ainda, que
adotada nos últimos anos devido à popu-
certas variedades responder melhor à can-
larização da agricultura de precisão.
teirização do que outras. A RB867515 e a
RB855156 registraram melhores germina-
dutor pode obter maior altura e diâme-
ções. A RB835054 tem sua longevidade
tro de colmos, além de maiores produti-
impulsionada. Além disso, com esse proDIVULGAÇÃO MAFES
Com a adoção dessa técnica, o pro-
cesso, há melhoria do ambiente de produção e maior oportunidade de plantio de variedades mais exigentes, como a
RB966928.
Preparo profundo
Esta técnica é indicada quando existem camadas compactadas de solo em
profundidade maior que aquela atingida
pelo preparo convencional ou quando se
deseja incorporar os corretivos em profundidade maior que 25 cm.
Raffaella Rossetto conta que, nesse sistema, o subsolador alado de 80 cm
de profundidade, combinado com uma
enxada rotativa de 40 cm de profundidade por 1,2m de largura, permite a introdução em subsuperfície de corretivos que
possam vir a corrigir o solo em profundidade maior que a alcançada pelo preparo
No preparo profundo, existe um
volume de raízes muito maior, mais
robusto e desenvolvido em relação
ao preparo convencional
18
convencional, aplicando qualquer produto na profundidade de 60-80 cm e de 4060 cm. “Além disto, o equipamento permi-
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ME C A NIZ AÇÃO
te a incorporação com enxada rotativa de
corretivos ou fertilizantes à profundidade
de até 40 cm, dando a segurança de que a
mistura solo x corretivo será eficaz”, completa. O preparo profundo pode ser feito
em até 100 cm com implementos adequados para o processo.
Segundo a pesquisadora, existem diferentes tipos de solo, sendo que, antes da
realização do preparo profundo, é necesreage diferentemente a esse tipo de preparo. “Latossolos distróficos, mesoálicos,
álicos e ácricos podem apresentar ganhos
na produtividade, pois apresentam limi-
DIVULGAÇÃO GRUPO SANTA TEREZINHA
tações químicas abaixo da camada ará-
DIVULGAÇÃO PHDCANA
sário conhecê-los a fundo, pois cada um
Na canteirização,
o caminho das
rodas dos tratores
e implementos é
deixado eternamente
como rota e preparase apenas o solo
dos canteiros
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Novembro · 2014
boio/munck também é reduzida. “Existe
também economia na aplicação dos corretivos, pois somente é feita a aplicação
nas faixas preparadas pelo Penta, bem
como de óleo diesel. E essa economia depende do número de operações que cada
unidade produtora suprimir.”
Crisóstomo conta que o incremento
na produtividade pode ser maior ou menor dependendo das condições do solo,
das fertilizações empregadas e outras técO preparo profundo canteirizado
busca mesclar os dois conceitos
apresentados e consiste em romper
as camadas compactadas e incorporar
o corretivo a 60 cm ou 80 cm ou em
ambas as profundidades. Neste caso,
as entrelinhas permanecem intactas
nicas cabíveis no processo. “Pelo que temos observado, pode-se afirmar que temos obtido um ganho de 10% a 12% em
relação ao preparo convencional nos testes acompanhados que estão em terceiro
corte.”
vel, com teores baixos ou muito baixos de
Com relação ao desenvolvimento ra-
cálcio e, consequentemente, com altos ou
dicular, o consultor conta que foram rea-
muito altos teores de alumínio trocável, o
lizadas no Grupo, no período de 2012 a
que limita o enraizamento em profundi-
2014, inúmeras trincheiras para avaliar o
dade.” A presença de bases e a correção
comportamento desse sistema radicu-
da acidez favorecem o desenvolvimento
lar, comparando o preparo de solo con-
do sistema radicular. “Já em solos que não
vencional em relação ao preparo profun-
apresentam impedimento físico ou quími-
do, sendo que o resultado tem sido muito
co, esse tipo de operação pode não pro-
animador. Onde foi realizado o preparo
porcionar resultados positivos”, completa.
profundo existe um volume de raízes mui-
Para o consultor do Grupo Santa Te-
to maior, mais robusto e desenvolvido em
rezinha, João Crisóstomo Simões Rodri-
relação ao preparo convencional, sendo
gues, o principal benefício dessas técnicas
que as raízes estão concentradas na fai-
é a diminuição de custos, que surge atra-
xa dos 90 cm, atingindo a profundidade
vés da redução do número de máquinas
de 80-100 cm, enquanto no preparo con-
utilizadas no preparo de solo. Além disso,
vencional dificilmente ultrapassam a 40-
com menor movimentação das mesmas,
45 cm. “Dessa forma, acreditamos que te-
a utilização de caminhões prancha/com-
mos uma planta com maior capacidade de
21
absorção de água e nutrientes em função
ARQUIVO CANAONLINE
ME C A NIZ AÇÃO
de maior exploração do sistema radicular”.
As práticas de preparo profundo e
canteirização foram introduzidas no Grupo Santa Terezinha há quatro anos. Atualmente, oito das dez unidades da empresa
contam com esses processos.
Preparo profundo
canteirizado
Chamada de preparo profundo canteirizado, essa prática busca mesclar os
dois conceitos apresentados. Ela consiste
em romper as camadas compactadas e incorporar o corretivo a 60 cm ou 80 cm ou
em ambas as profundidades. Nesse caso,
as entrelinhas permanecem intactas. “É um
João Crisóstomo: “O principal benefício
dessas técnicas é a redução de custos, que
surge através da redução do número de
máquinas utilizadas no preparo de solo”
sistema que não movimenta a totalidade
do solo da área de plantio, porém, realiza
tações dessas técnicas. “O primeiro pré
um preparo profundo, com movimentação
-requisito é a utilização do espaçamen-
de camadas de solo para a execução dos
to combinado (1,5 x 0,90; 1,6 0x 0,90 ou
canteiros”, afirma a pesquisadora.
1,5 x 0,6m). Após isso, a implantação deve
ser gradual, pois os equipamentos de apli-
Implantação
cação dos insumos devem ser adaptados
O consultor do Grupo Santa Terezi-
para trabalhar aplicando em duas ou três
nha, João Crisóstomo Simões Rodrigues,
explica como devem ser feitas as implan-
faixas ou canteiros”.
Ele afirma, também, que o trabalho
ARQUIVO CANAONLINE
O primeiro pré-requisito para a
implantação da canteirização é a
utilização do espaçamento combinado
(1,5 x 0,90; 1,6 0x 0,90 ou 1,5 x 0,6m)
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de preparo de solo profundo/canteiriza-
da PHDCana, empresa sediada em Len-
ção é planejado para ser totalmente geor-
çóis Paulista e que cultiva 7.200 hectares
referenciado do plantio à colheita, sendo
de cana, cuja produção varia de 450 mil a
que os tratores devem ser equipados com
500 mil toneladas, Hamilton Cesar Pavan
GPS, o que permite a perfeita aplicação de
Rossetto, conta que eles se assemelham
calcário, gesso, matéria orgânica (torta de
às convencionais, embora exijam imple-
filtro) e fósforo nas faixas, sendo feita sua
mentos e máquinas de maior valor. “Po-
incorporação pela enxada rotativa. Além
rém, ocorre diminuição das operações de
disso, é recomendável que o trator pos-
preparo, além da otimização dos insumos
sua, ao menos, 240cv de potência.
nos canteiros”.
É importante ressaltar que o plan-
A empresa implantou esses proces-
tio nesses sistemas não sofre diferenças e
sos há cerca de três anos. Rossetto conta
deve ser feito manualmente ou com plan-
que a adoção se deveu à busca de ganhos
tadoras adaptadas para o plantio combi-
de produtividade, por meio da descom-
nado. A colheita também deve ser feita
pactação do solo, tráfego controlado, cor-
por colhedoras de duas linhas.
reção e incorporação de matéria orgânica
(palha, restos de cultura, torta de filtro etc)
Custos
em profundidade, maior infiltração e con-
Com relação aos custos de implan-
servação da água, melhora do perfil micro
biológico e oxigenação do solo.
DIVULGAÇÃO MAFES
tação e manutenção, o sócio proprietário
Penta é um dos implementos preparos para a realização do preparo profundo de solo
23
TE C NOLOGIA AGRÍCOL A
É importante que o Brasil aumente
a presença em feiras internacionais
AUSÊNCIA DE POLÍTICA COMERCIAL REDUZ PARTICIPAÇÃO
DE EMPRESAS BRASILEIRAS E PRODUTORES EM FEIRAS
INTERNACIONAIS, COMO A EIMA INTERNACIONAL, NA ITÁLIA
Adair Sobczack
V
isitar a Exposição Internacional de
fundamental para alavancar a produção
Máquinas para Agricultura e Jardi-
mundial de alimentos e, ao mesmo tem-
nagem, Eima Internacional, reali-
po, proteger os recursos naturais.
zada a cada dois anos em Bologna, Itália, é
A 41ª edição da Eima Internacional
uma experiência que remete os visitantes
aconteceu entre os dias 12 e 16 de no-
ao futuro, possibilitando um breve con-
vembro, recebeu 235.614 visitantes pro-
tato com as tendências tecnológicas em
venientes de mais de 120 países e 1.800
máquinas e implementos que terão papel
expositores, sendo dois brasileiros: a ca-
A Eima recebeu 235.614 visitantes provenientes de mais de 120 países e 1.800 expositores
24
Novembro · 2014
Empresas apresentam alta tecnologia em tratores
tarinense Metisa, com estande próprio e a
equipamentos direcionados ao setor, po-
Semeato, do Rio Grande do Sul, por meio
rém faltam políticas públicas de apoio à
de representante europeu.
produção e exportação. “A política indus-
“A participação em feiras como a
trial do Brasil está ruim! Perdemos parcei-
Eima é muito importante, pois possibili-
ros e competitividade”, aponta, destacan-
ta o contato direto com o setor e é onde
do que o Brasil necessita das exportações.
podemos ter uma visão global, o que nos
“A Metisa é uma das empresas que de-
permite sentir o que está acontecendo. É
mandam por mercados externos, pois eles
o melhor marketing que existe”, destaca
representam cerca de 30% de nosso fatu-
Ademar Willrich, gerente de exportação
ramento”, revela Willrich. A Metisa expor-
da Metisa, empresa de Timbó, SC, com 72
ta para cerca de 40 países, sendo os Es-
anos de atuação no mercado e líder nacio-
tados Unidos o principal mercado, além
nal na fabricação de discos.
de países da Europa e Ásia e, recentemen-
Segundo o empresário, o Brasil não
te, a Rússia. A conquista desses mercados,
é referência apenas em produção de ali-
deve-se principalmente à participação da
mentos, mas, também, na fabricação de
Metisa em feiras do setor, como a Eima.
25
TE C NOLOGIA AGRÍCOL A
Semeato, empresa gaúcha expõe seus equipamentos na Eima International
“São as feiras que movimentam as nego-
ao mercado requer tempo, investimentos
ciações. Elas são o maior estímulo às em-
e a necessidade de colaboradores aptos a
presas e o Brasil precisa se atentar a esta
estes desafios. Por isso, aponta Werlang,
questão”, aponta Willrich.
é muito importante para a Semeato participar da Eima, pois possibilita mostrar a
O desafio de conquistar
o mercado europeu
marca para o mundo, trocar experiências
Visão esta também compartilhada
ceiros comerciais e contatar fornecedores
pela gaúcha Semeato, especializada no
de tecnologias. “Realmente, para a Seme-
desenvolvimento, produção e comerciali-
ato, todos os esforços empregados resul-
zação de plantadoras e semeadoras para
taram na satisfação, embora seja desafia-
o plantio direto, cujo objetivo da partici-
dor!”, diz.
e conhecimento, receber os clientes, par-
pação na Eima Internacional é despertar o
Evandro Secco, gerente de expor-
interesse dos agricultores em experimen-
tação da Semeato para a America Latina,
tar uma nova tecnologia.
revela que o maior desafio para as fabri-
Segundo Pedro Werlang, gerente de
cantes brasileiras é vencer as barreiras im-
exportação da Semeato para Europa, tra-
postas pelas políticas públicas. “O Brasil
balhar o mercado para a utilização de no-
precisa de mais incentivos para as exporta-
vas práticas agrícolas, desenvolver parcei-
ções. Participamos com o mesmo percen-
ros comerciais e ter um produto adequado
tual no comércio mundial que tínhamos
26
Novembro · 2014
há 20 anos. Estamos estagnados”, criti-
os mesmos altamente ‘caros’ compara-
ca o gerente. “Estamos voltando no tem-
dos com similares produzidos em outras
po e nos transformando em exportadores
partes do mundo. “Conquistar e manter
de commodities de baixo valor agregado”,
clientes no exterior de produtos industria-
complementa.
lizados no Brasil é uma tarefa das mais de-
Na opinião de Secco, a estagnação
safiadoras e só é possível com o ofereci-
do crescimento econômico e a falta de
mento de pacotes tecnológicos que não
políticas de incentivo à indústria nacional
tenham similares e que englobam produ-
que, aliadas ao alto custo-Brasil, decorren-
tos, serviços e transferência de tecnolo-
te da falta de desenvolvimento da infraes-
gia”, aponta.
trutura e da alta carga tributária que carregam os produtos aqui fabricados, tornam
Equipamentos
com valor agregado
Secco comenta que a Semeato tem
conseguindo se destacar no segmento em
que atua e conquistar mercados ‘além das
fronteiras’ justamente porque vem oferecendo aos clientes ao redor do mundo
muito mais que simples produtos manufaturados. “Levamos produtos com uma alta
carga de valor pela função que desempenharão e pelo retorno em termos econômicos e ecológicos que proporcionam
pela mínima agressão ao ambiente e ainda assim gerando valor”, comenta.
Em relação ao comportamento cambial, Secco explica que a simples variação
positiva ou negativa de paridade da moeda nacional com as internacionais não é
suficiente para estabelecer maior ou menor competitividade do Brasil, que precisa urgentemente de mudanças, ou logo o
“A Itália tem máquinas, implementos
ou mesmo componentes especiais
para cada segmento do agronegócio
brasileiro”, destaca Massimo Goldoni
país terá ainda menor participação no comercio mundial de produtos industrializados. “Uma indústria brasileira carente e
27
TE C NOLOGIA AGRÍCOL A
fragilizada pela alta carga tributaria e falta
tais e de construção. “A situação brasileira
de políticas de incentivo fica muito vulne-
não está muito boa, pois faltam recursos,
rável e com baixa competitividade. Desta
principalmente no Finame PSI – que foram
forma, nada mais resta que ter a proteção
direcionados para o futebol”, aponta Gior-
de barreiras tarifárias na importação de
gio Zonta, diretor da Rima, empresa que,
equipamentos agrícolas para o Brasil, para
no Brasil, comercializa seus produtos dire-
no mínimo proteger o mercado domésti-
tamente em feiras e empresas fabricantes
co”, destaca.
de equipamentos.
“As vendas para o Brasil estão cal-
O mercado brasileiro
para as empresas italianas
mas”, diz o diretor. Isto, segundo ele, por-
Para as fabricantes italianas, o Brasil é
rece as negociações. “Também, há muitos
um importante mercado para equipamen-
impostos, o que eleva o custo do produto
tos e componentes. No entanto, a atual
em até 45%, tendo por base o lucro presu-
conjuntura econômica tem preocupado as
mido”, destaca o dirigente.
que a política cambial brasileira não favo-
empresas que negociam seus produtos no
Mesmo assim, Zonta destaca que o
mercado interno, como a Rima, fabrican-
mercado brasileiro é muito promissor e
te de componentes especiais para máqui-
não pode ser abandonado. “Mas é funda-
nas e implementos agropecuários, flores-
mental que mude a política de importa-
Estande da Ferrari: empresa já tem transplantadora de mudas
em teste no Brasil para uso de mudas de cana pré-brotadas
28
Novembro · 2014
Estande da Arag, líder mundial em componentes para pulverização
ção”, observa o dirigente, revelando que
tem máquinas, implementos ou mesmo
a empresa estuda a possibilidade de im-
componentes especiais para cada seg-
plantar uma fábrica no Brasil, como es-
mento do agronegócio brasileiro”, desta-
tratégia para minimizar os altos custos da
ca Goldoni.
política comercial.
“O Brasil é muito importante para a
Produção sustentável
Itália, assim como outros países da Améri-
A adoção de tecnologia nos proces-
ca Latina”, destaca Massimo Goldoni, em-
sos produtivos, segundo o presidente da
presário italiano e presidente da Federa-
FederUnacoma e da Eima Internacional
ção Italiana dos Fabricantes de Máquinas
2014, é uma tendência irreversível, pois é
Agrícolas, FederUnacoma, que organiza a
graças a ela que os países, como os que
Eima.
formam o BRICS, poderão andar nos mesEntre as peculiaridades brasileiras
mos trilhos da nova filosofa dos mercados
que atraem as fabricantes italianas está o
consumidores, cujo destino é a produção
potencial de expansão da produção agro-
sustentável. “O desenvolvimento agro sus-
pecuária. “As características do Brasil exi-
tentável está ligado à adoção de alta tec-
gem equipamentos específicos para aten-
nologia em equipamentos, que tragam se-
der à demanda dos produtores e a Itália
gurança e eficiência”, aponta Goldoni.
29
TE C NOLOGIA AGRÍCOL A
Entretanto, para que os países pos-
tecnologia na produção agropecuária, é
sam adotar os conceitos de uma produ-
um fator que não depende unicamente
ção aliada à sustentabilidade, segundo o
das empresas fabricantes, e sim, das po-
dirigente, é fundamental que haja políti-
líticas públicas implantadas pelos países
cas públicas de apoio aos produtores, para
em desenvolvimento. “O mercado brasi-
que estes tenham acesso a novas tecno-
leiro é de extrema importância para as fa-
logias, e isso passa pelos governos e pelo
bricantes europeias”, destaca o empresá-
apoio de órgãos mundiais, como a FAO.
rio italiano Giovanni Montorsi, presidente
“Nosso objetivo não é vender máquinas,
da Arag, líder mundial em componentes
e sim, tecnologias que possibilitem o au-
para pulverização e que, no Brasil, fornece
mento de produção de maneira susten-
sua tecnologia para praticamente todas as
tável e o Brasil, ao contrário de países da
fabricantes de pulverizadores, um merca-
Europa, tem um enorme potencial para
do na ordem de US$ 12 milhões.
expandi a oferta. Em contrapartida, tere-
“O problema no Brasil são as linhas
mos matérias-primas a custos mais acessí-
de crédito, como o Finame PSI, que é uma
veis”, observa Goldoni.
questão política! Se o Banco Central libe-
No entanto, a universalização de alta
ra os recursos, as empresas vendem, caso
contrário, não”, observa Montorsi.
Na opinião do empresário, mesmo
com alguns entraves de ordem política, o
Brasil revela um cenário confiante e para
aumentar as vendas, a Arag investe na fabricação de componentes de alta tecnologia, indispensáveis para aumentar a eficiência produtiva das lavouras e preservar o
meio ambiente. “Com isso, a expectativa é
dobrar o faturamento no mercado brasileiro nos próximos três anos”, destaca o empresário, comentando que entre as estratégias para ampliara as vendas ao Brasil e
neutralizar parte dos custos da política brasileira de importação, está a construção de
“O mercado brasileiro é de extrema
importância para as fabricantes
europeias”, destaca o empresário
italiano Giovanni Montorsi
30
uma fábrica na Argentina. “Optamos pelo
país vizinho porque já temos lá uma equipe preparada e qualificada”, diz Montorsi.
Novembro · 2014
Missão brasileira na Eima, a
CanaOnline estava presente
Delegação brasileira na Eima
Clivonei Roberto
P
ara estimular o intercâmbio tecno-
o Instituto Italiano para o Comércio Exte-
lógico entre empresas brasileiras e
rior, ICE, instituição do Governo Italiano li-
europeias, principalmente italianas,
gada ao Ministério do Comércio Interna-
31
TE C NOLOGIA AGRÍCOL A
Os jornalistas da Cana Online: Clivonei Roberto e Adair Sobczack
cional com escritório na capital paulista,
da delegação verde-e-amarela ficou por
realiza um trabalho bastante interessante:
conta de Emílio Pelizzon, analista de negó-
convida algumas empresas de implemen-
cios do ICE e um velho conhecido dos em-
tos e jornalistas especializados para visita-
presários brasileiros e italianos. É que ele
rem a Eima. Na imprensa brasileira, ape-
é um dos responsáveis pela organização,
nas duas publicações foram convidadas,
anual, do Pavilhão Italiano na Agrishow,
uma delas foi a CanaOnline. Nossos jorna-
em Ribeirão Preto.
listas Clivonei Roberto e Adair Sobczak, e
Segundo ele, o objetivo com a vinda
mais Mario Candido, da Revista Agrimotor,
das empresas italianas à Agrishow e a ida de
representaram o jornalismo brasileiro es-
empresários e jornalistas brasileiros a even-
pecializado em agricultura.
tos na Itália, como a EIMA, é fortalecer os
A responsabilidade pela articulação
32
acordos de cooperação entre os dois países.
Novembro · 2014
“Na área dos maquinários agrícolas,
a Itália é líder mundial pela diversidade de
ofertas de itens fabricados para todo tipo
de terreno e cultivo. Por isso, a importância do intercâmbio entre os mercados italiano e brasileiro. Na EIMA International,
Veja entrevista
com diretores
da FCN para a
CanaOnline
as empresas do mundo todo encontram
uma infinidade de soluções, componentes e parceiros. Não é à toa que é uma das
maiores do mundo nesta área. O visitante
encontra na feira todas as peças e compo-
la Hudson Martins, diretor operacional da
nentes necessários para montar qualquer
empresa.
tipo de equipamento.”
Duas empresas focadas no segmen-
A Herder Implementos e Máqui-
to sucroenergético também participaram
nas Agrícolas, localizada em Matão, SP, foi
da expedição brasileira à Eima, uma delas
uma das empresas que participaram da
é a Herbicat, de Catanduva, SP. O diretor
Eima Internacional a convite do ICE. “Nos-
da empresa, Luis César Pio, já é um fre-
sa participação na Eima foi extremamen-
quentador assíduo da feira, participa des-
te importante e necessária, especialmen-
de 2001 para ficar por dentro das novas
te no que diz respeito a sair do ‘quadrado’
tecnologias.
em que vivemos, onde pudemos reser-
A outra empresa especializada no
var um tempo para abrir a mente às novas
segmento cana foi a FCN Tecnologia, de
oportunidades, ideias e tecnologias”, reve-
Piracicaba, SP, que levou seus diretores,
Félix de Castro e Cássio de Castro. Segundo eles, foi muito positiva a participação
Veja entrevista
que o diretor
da Herbicat
concedeu à
CanaOnline
na feira. Félix já conhecia o evento, mas
foi muito válido participar da edição deste
ano porque permitiu fazer vários contatos
e conhecer possíveis novos fornecedores.
Principalmente na área de componentes,
uma vez que a FCN está desenvolvendo
novas tecnologias, inclusive fora do setor
sucroenergético.
33
TE C NOLOGIA AGRÍCOL A
Eima 2014 trouxe um trator
especialmente para elas
Adair Sobczack
D
e micro cultivadores a tratores
Giuseppina Sicurelo e seu mari-
com até 692 cv, a Eima Inter-
do, Franco Milioto, da região da Sicília,
nacional é o local ideal para
na Itália, não resistiram e deram uma
agradar todos os gostos e bolsos. Du-
parada para algumas fotos ao lado da
rante as edições da feira, os pavilhões
máquina rosa. “É um trator muito bo-
com equipamentos de alta potên-
nito”, diz Giuseppina. Segundo ela, é
cia estão entre os mais visitados, uma
importante que a mulher do campo
verdadeira disputa para chegar à cabi-
tenha um trator de sua cor. “Minha fa-
ne e, ao menos por alguns segundos,
mília vive na fazenda e sei o quanto
ter a sensação de dirigir o que há de
significa ter um trator que destaca a
mais moderno no mercado.
trabalhadora rural e seu papel na pro-
Entretanto, na edição deste ano,
dução de alimentos”, afirma. “Achei
em meio a vários tratores, um em es-
muito legal a iniciativa da Valtra em
pecial chamava a atenção pela cor
homenagear as mulheres, elas mere-
rosa. “Gostei do trator porque é dife-
cem”, diz o marido, Milioto.
rente dos demais. É rosa, a cor das mu-
“Se meu marido deixasse e eu ti-
lheres”, comenta Kathrin Reuter, uma
vesse uma fazenda, com certeza com-
alemã que saiu de seu estande por al-
praria um trator rosa”, diz Giuseppina.
guns minutos para ver de perto
o modelo N123 H5, da Valtra.
“A cor é linda, um diferencial,
embora a tecnologia seja mais
importante. Se eu fosse fazendeira, compraria um trator desses para mim”, destaca Reuter.
Homenagem da Valtra para
as mulheres do campo
34
Novembro · 2014
Os europeus estão de olho nas
oportunidades da bioenergia
Conferência sobre bioenergia na Eima 2014
Clivonei Roberto
B
ioenergia não é tema apenas em
bles, líder global em biocombustíveis de
países tropicais, como o Brasil. A
segunda geração e parte do Grupo Mos-
Europa também está muito preocu-
si & Ghisolfi, e da maior produtora mun-
pada em encontrar novas fontes energéti-
dial de enzimas industriais, a dinamarque-
cas, que possam principalmente substituir
sa Novozymes. A usina foi instalada na
as fontes fósseis, mais poluentes e finitas.
cidade de Crescentino, no norte da Itália.
No Velho Continente há vários proje-
A estrutura, com capacidade para produ-
tos voltados à produção de energia a par-
zir 75 milhões de litros de etanol celulósi-
tir de matérias-primas renováveis e limpas.
co por ano, utiliza como matéria-prima a
Na Itália, especificamente, foi inaugura-
palha de trigo, palha de arroz e uma espé-
da no final de 2013 a primeira planta co-
cie de cana gigante conhecida como cana-
mercial de etanol de segunda geração do
do-reino. Mais de US$ 200 milhões foram
mundo. A iniciativa é da Beta Renewa-
investidos no projeto desde 2011, espe-
35
TE C NOLOGIA AGRÍCOL A
Pignatelli, durante conferência:
“a Europa busca alternativas renováveis
para as fontes fósseis de energia”
cialmente para desenvolver a tecnologia
utilizada para tornar possível a produção
de etanol celulósico.
Na 41ª. Eima International, em Bologna, a bioenergia virou até área temática da feira. A Eima Energy reuniu várias
empresas com tecnologias voltadas à biomassa, principalmente para processamento e transporte de madeira. Na cerimônia
de abertura do evento, Massimo Goldoni,
presidente da entidade organizadora da
Eima, disse que um dos grandes desafios
Conferência mostra dados da evolução da
bioenergia na Itália e apresenta ao público
as características desta tecnologia
da feira não é apenas apresentar sistemas
e tecnologias agrícolas voltadas a garantir
professor Vito Pignatelli, presidente da ITA-
alimento para a população mundial, mas
BIA (Associação Italiana de Biomassa), des-
também oferecer “energia para a vida”.
tacou a preocupação crescente do con-
Durante a feira, também ocorreu uma
tinente europeu, e da Itália inclusive, em
conferência reunindo diferentes especialis-
alavancar a bioenergia e o aproveitamen-
tas europeus em bioenergia e biomassa. O
to de biomassas de origem agrícola para a
36
Novembro · 2014
geração energética. Para ele, a instalação
País: não confrontar a agricultura de ali-
da usina do Grupo Mossi & Ghisolfi está
mentos com a bioenergia. Indagado por
em sintonia com este movimento.
CanaOnline se no Brasil também deve-se
Pignatelli destacou no evento a am-
ter esta preocupação com o dilema entre
pla gama de produtos possíveis a partir da
“Alimentos e Biocombustíveis”, ele foi en-
química verde, que é renovável e substitu-
fático: “com a quantidade de terras agri-
ta do carbono fóssil. Para ele, a energia da
cultáveis que vocês têm, esta não deve ser
biomassa e o etanol de segunda geração
uma preocupação”.
são vanguarda e tendem a trazer muitas
oportunidades ao País.
A CanaOnline garimpou na feira algumas empresas que estão de olho no
Na conferência, ele falou ainda so-
mercado da bioenergia nos países tropi-
bre a concretização de políticas públicas
cais, especialmente no Brasil. Uma delas
na Itália voltadas ao estímulo à bioenergia
é a Costruzioni Meccaniche Ferrari, da pe-
por parte do Ministério de Política Agríco-
quena cidade de Guidizzolo, situada na re-
la, especialmente utilizando resíduos da
gião da Lombardia. É uma empresa tradi-
produção agrícola e lixo (biometano). No
cional no fornecimento de máquinas para
entanto, ele destacou que há um cuida-
plantio de tomate, hortaliças, frutas, taba-
do no desenvolvimento da bioenergia no
co, berinjela, repolho. É líder na Itália no
A utililzação da biomassa para a produção de energia ganha espaço nos países europeus
37
TE C NOLOGIA AGRÍCOL A
Transplantadora
da Ferrari,
em exposição
na Eima
plantada.
Além
disso, ele destaca que a empresa
oferece uma máquina com alta capacidade de transplantio por dia de
mercado de equipamentos para trans-
trabalho (atua simultaneamente com vá-
plantio de mudas.
rios robôs na operação de plantio) e auto-
Já com seu mercado consolidado
matizada, reduzindo de seis para dois tra-
na Europa, a Ferrari está enxergando uma
balhadores na operação, o que significa
oportunidade e tanto no Brasil, com o sur-
menores custos.
gimento da tecnologia de plantio de ca-
No Brasil, a transplantadora da Fer-
na-de-açúcar por mudas – a MPB (Mudas
rari já está em fase de testes em parceria
Pré-brotadas). Segundo Riccardo Preti,
com uma empresa de Goiânia, GO, mas,
gerente de área e especializado em tecno-
segundo Preti, a companhia está dialo-
logia de transplantio da empresa, o con-
gando com diferentes players do mercado
ceito do equipamento para operar nos ca-
brasileiro de mudas de cana.
naviais é o mesmo,
bastando algumas
adaptações, como
no
tamanho
da
muda a ser trans-
Lúcia Cisando
e Ricardo Preti,
no estande
da Ferrari, em
Bologna: máquina
automatizada e com
alta capacidade
de transplantio
38
Novembro · 2014
SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS
A integração de
soluções proporciona
canaviais mais
verdes, saudáveis,
com alta
concentração de
biomassa, mais
produtividade e
açúcar por hectare
Muito além do
controle de doenças
O SETOR SUCROENERGÉTICO JÁ PODE CONTAR COM INOVAÇÕES
QUE PROPORCIONAM MUITO MAIS QUE PROTEÇÃO DE CULTIVOS
Luciana Paiva
E
m 2012, aproximadamente 30% dos
basicamente as folhas da planta. A cana-
36 mil hectares com cana da região
de-açúcar é atacada por duas espécies de
de Campo Florido, em Minas Ge-
Puccinia: a Puccinia kuehnii, causadora da
rais, ganharam um tom laranja. Era a fer-
ferrugem alaranjada, e a Puccinia melano-
rugem alaranjada, uma doença causada
cephala, causadora da ferrugem marrom.
pelo fungo Puccinia kuehnii, que atinge
A ferrugem marrom se encontra nos
39
SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS
canaviais brasileiros desde 1986, enquan-
mento da Usina Coruripe, unidade Campo
to a alaranjada foi notificada oficialmente
Florido, hoje, responde por 70%, produ-
no Brasil em dezembro de 2009, pela ocor-
ção de cerca de 2,4 milhões de toneladas.
rência do primeiro foco da doença na re-
São 62 fornecedores de cana e quase 200
gião de Araraquara, SP. Segundo o Centro
arrendatários.
de Tecnologia Canavieira (CTC), a ferrugem
A área afetada pela ferrugem alaran-
alaranjada pode causar entre 20% a 40%
jada, segundo Rodrigo, era ocupada pela
de perdas em tonelada de cana por hecta-
variedade SP81-3250 - suscetível à doença
re (TCH). Além disso, reduz o teor de saca-
e a mais plantada na região com 30%, se-
rose nos colmos em torno de 15% a 20%.
guida pela RB86-7515, com 21%. Quando
A ferrugem alaranjada pode causar entre 20% a 40% perdas em TCH,
Além de reduzir o teor de sacarose nos colmos em torno de 15 a 20%
Rodrigo de Carvalho Nogueira, co-
a explosão laranja encobriu o verde dos
ordenador agrícola da CanaCampo (As-
canaviais em Campo Florido, a situação foi
sociação dos Fornecedores de Cana da
alarmante, pois provocou altas perdas de
Região de Campo Florido), conta que os
produção. “Tinha fornecedor que mesmo
primeiros focos da doença nos canaviais
com canavial bem tratado, com contro-
dos associados surgiram em 2011, mas no
le de broca e cigarrinha, a ferrugem der-
ano seguinte a doença explodiu. A Cana-
rubou fortemente a produção. Canavial
Campo foi fundada em 2000, em seu iní-
de 3º corte apresentou 38 toneladas por
cio era responsável 100% pelo abasteci-
hectare.”
40
Novembro · 2014
41
SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS
Parceria para controlar
a ferrugem alaranjada
tas ao laboratório e esperar para obter o
A saída adotada pela CanaCampo
da possível praga ou doença, compará-la
foi firmar parcerias em busca de soluções.
com as informações do banco de dados e
“A BASF nos atendeu prontamente. A em-
obter uma resposta precisa.
diagnóstico. Basta capturar uma imagem
presa disponibilizou sua ferramenta Digi-
A empresa também colocou à dispo-
lab que agilizou muito a identificação do
sição da CanaCampo consultores especia-
problema e nos abasteceu com importan-
lizados em ferrugem alaranjada para es-
tes informações para darmos sequência
tudarem a melhor forma de controle da
ao trabalho”, diz Rodrigo. O Digilab é um
doença. “Os consultores e os profissionais
serviço diferenciado de assistência técnica
da BASF foram para o campo com nos-
que alia uma lupa eletrônica com aumen-
sa equipe técnica. O aprendizado foi mui-
to de até 200x a um software, com infor-
to grande sobre o manejo de controle da
mações sobre diversas culturas e oferece
doença. E o parecer dos especialistas nos
uma biblioteca agrícola para consultas e
aliviou, ao nos informarem que não seria
comparações. Com esse serviço, o produ-
necessário erradicar a área afetada com a
tor não precisa enviar amostras de plan-
ferrugem alaranjada, mas sim aplicar fun-
Escala visual que classifica a infestação de ferrugem alaranjada na cana
42
Novembro · 2014
DIVULGAÇÃO BASF
Segundo o pesquisador Modesto, controle químico da ferrugem alaranjada por meio
de fungicidas tem sido muito eficiente. Na foto, cana que recebeu o fungicida Opera®
gicida”, conta Rodrigo.
é preciso distribuir melhor os 100% entre
as opções”, ressalta.
Uso de fungicida no controle
da ferrugem alaranjada
tência da cana é horizontal, ou seja, o fun-
Um desses especialistas no assun-
go não a quebra. No entanto, essa resis-
to é o Dr. Modesto Barreto. Segundo ele,
tência é reduzida se houver mudança de
para avaliação da severidade da doença
ambiente. Assim, variedades resistentes à
deve-se utilizar escala visual, que classifica
ferrugem alaranjada também estão apre-
as variedades em suscetíveis, intermediá-
sentando a doença. Mas Modesto tranqui-
rias e resistentes, com a utilização da folha
liza o produtor ao informar que o controle
+3 para efetuar as leituras (veja imagem).
químico da ferrugem alaranjada por meio
Para o pesquisador, a principal forma de
de fungicidas tem sido muito eficiente.
O pesquisador observa que a resis-
prevenção da doença, de modo geral e
A recomendação da BASF é aplicar o
com melhores retornos à produtividade,
fungicida de forma preventiva, antes que
é, sem dúvida, a preventiva, dando prio-
a doença se instale. Para Modesto, se no
ridade para as variedades de cana menos
ano anterior a área teve ferrugem, é por-
suscetíveis às doenças e pragas. Modesto
que o ambiente é favorável. Por isso, no
orienta a plantar variedades adaptadas à
ano seguinte deve-se aplicar o mais cedo
cada região e diversificar as variedades de
possível, não importa o tamanho da cana.
cana. “Mas não adianta ter 20 variedades
O certo são três aplicações, normalmente
se apenas duas concentram 90% da área,
em dezembro, janeiro e fevereiro.
43
SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS
A aplicação correta do fungicida faz
mento e pré-colheita. “Assustamos com a
a diferença. “Praga anda, doença não. O
grande incidência e agressividade da fer-
que significa que uma aplicação mal fei-
rugem alaranjada, mas depois do mane-
ta para praga ainda pode apresentar re-
jo correto, temos a doença controlada. O
sultado, pois, como ela anda, uma hora
Opera® apresentou alto desempenho e re-
vai na parte que tem o defensivo, mas no
sidual em torno de 42 dias em área de fer-
caso da doença não. Se molhar só a par-
rugem. E além de controlar a doença, lim-
te de cima, só essa área estará protegida”,
pa as folhas da cana, promove um efeito
diz. Por isso, segundo Modesto, a aplica-
verde e proporciona mais toneladas de
ção com trator é a mais indicada, porque
cana e açúcar por hectare”, diz Rodrigo.
Mauro Cottas, da área de Desenvol-
DIVULGAÇÃO BASF
pega o pé por completo.
À esquerda, folha da testemunha; à direita, folha de cana que recebeu o fungicida Opera®
vimento de Mercados da Unidade de Pro-
Com Opera®:
ferrugem sob controle e
ganho de produtividade
teção de Cultivos da BASF, explica que
A equipe técnica da CanaCampo dis-
cos e benefícios AgCelence®, uma marca
seminou esses conceitos para seus asso-
internacional da empresa que se traduz
ciados e o uso de fungicidas foi adotado.
em maior ganho de produtividade com
No caso da BASF, o produto indicado foi o
melhor qualidade, mesmo na ausência
Opera® que atua no controle de doenças
de patógenos. “Na presença da doença, o
fúngicas, como ferrugem marrom e fer-
Opera® age como fungicida. Se não tiver
rugem alaranjada na fase de desenvolvi-
a doença, o produto possibilita o aumen-
44
esse diferencial acontece porque o Opera® é um fungicida com efeitos fisiológi-
Novembro · 2014
to de produtividade por meio dos efeitos
AgroDetecta não é somente uma estação
fisiológicos positivos, já que favorece a
meteorológica, e sim uma ferramenta de
produção de biomassa da planta, ou seja,
gestão que permite, por exemplo, saber
maior rendimento proporcionando mais
sobre a chegada da ferrugem e seu grau
açúcar, etanol e energia.”
de infestação. No momento, a ferramen-
Com a doença controlada, os produ-
ta está em experimento em sete clientes
tores da CanaCampo puderam usufruir do
da BASF. O modelo está sendo validado
grande diferencial do Opera®. “Já tem for-
por pesquisadores e usuários e, assim que
necedor aplicando o produto em outras
aprovado, será disponibilizado aos clien-
variedades de cana que não apresentam
tes que utilizam o Opera® como mais uma
a doença, apenas para aproveitar o efei-
importante solução BASF.
to AgCelence, obtendo ganho em média
A CanaCampo é um desses sete
de 8 a 10 toneladas de TCH”, informa Ro-
clientes. Rodrigo informa que, segundo a
drigo. Segundo ele, a CanaCampo não vê
parceria, duas bases do AgroDetecta se-
mais a ferrugem como problema, porém,
rão instaladas em locais pré-determinados
não relaxa no seu controle. “Mas acredi-
para abranger toda a área de cana atendi-
tamos que ficaremos mais tranquilos em
da pela associação. “Com essa ferramen-
relação à tomada de decisão sobre apli-
ta teremos controle sobre as informações
cação quando pudermos utilizar a nova
do clima, com estatísticas precisas com 10
ferramenta da BASF, o AgroDetecta, que
dias de antecedência. Será uma ferramen-
vai monitorar o clima e o manejo das do-
ta muito importante para a tomada das
enças e dar o suporte para posicionamen-
decisões”, salienta.
to sobre o momento ideal de aplicação do
rente de Marketing de
Na Bunge:
controle da ferrugem e
ganho de produtividade
Cana, Citros e Amendoim
Na área de cana, a Bunge conta com
da Unidade de Proteção
oito unidades produtoras, sendo três no
de Cultivos da BASF para
estado de São Paulo, três em Minas Gerais,
o Brasil, explica que o
uma em Mato Grosso do Sul e outra em
fungicida”, diz.
Carulina Oliveira, ge-
“Além de controlar a doença, o Opera® limpa as folhas
da cana, promove um efeito verde e proporciona mais
toneladas de cana e açúcar por hectare”, diz Rodrigo
45
SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS
Tocantins. Apresenta capacidade combi-
trole da doença e ganhos de produtivi-
nada de aproximadamente 21 milhões de
dade em soja e milho, acreditamos que o
toneladas de cana por ano, produzidas em
mesmo poderia acontecer com cana, en-
300 mil hectares. A cana própria responde
tão desenvolvemos 12 campos de estudos
por 70% da cana moída e o canavial apre-
em áreas comerciais para chegar ao ma-
senta bons números: longevidade média
nejo ideal”, conta.
de cinco cortes e produtividade acima de
100 toneladas por hectare.
Foram testados todos os fungicidas do mercado, entre eles o Opera®. Carlos Daniel salienta que no controle da fer-
responsável pela área de P&D da Bun-
rugem o desempenho dos fungicidas foi
ge, a ferrugem alaranjada ganhou dimen-
bem similar, mas no quesito aumento de
são nos canaviais da empresa no início de
produtividade, o Opera® foi muito melhor,
2014. “Como tínhamos conhecimento da
colocando quase 10 toneladas de cana a
eficiência do uso de fungicidas para con-
mais do que o segundo colocado.
DIVULGAÇÃO BASF
Segundo Carlos Daniel Berro Filho,
A cana da esquerda e a do meio não receberam o fungicida Opera®.
A cana da direita sim. Opera® com os benefícios AgCelence® possibilita
o aumento de produtividade por meio dos efeitos fisiológicos
46
Novembro · 2014
“Nos 12 campos, o Opera® obteve
áreas até o terceiro corte com variedade
resultado superior. Em Tocantins, em uma
suscetível. Pretendemos realizar duas apli-
área sem ferrugem, com a variedade SP81-
cações preventivas e ver se os resultados
3250, tivemos um ganho de 20 toneladas
permitem não fazer a terceira aplicação.
de cana por hectare com o uso de Ope-
Para manter as folhas verdes, livres de do-
ra®, com outro fungicida o ganho foi en-
ença, o controle deve ser preventivo. Mas
tre cinco e seis toneladas”, relata. Em áre-
não se pode tomar decisões sem base, no
as de ferrugem, o profissional da Bunge
escuro, por isso ferramentas de previsibili-
conta que é visível o efeito de limpeza das
dade como o AgroDectata são fundamen-
folhas realizado pelo Opera®, eliminando
tais”, diz Carlos Daniel.
o tom laranja e recuperando o vigor da
A Bunge também está entre os par-
planta. “Isso se repetiu em todos os cam-
ceiros da BASF que testam a tecnologia. É
pos. Na Santa Juliana, em Minas Gerais, tí-
que a empresa quer muito mais na área de
nhamos uma área com a 3250 em terceiro
cana. “Acreditamos que com a continui-
corte que a ferrugem estava judiando. En-
dade dos estudos, visando aproveitar ao
tramos com o Opera®, ele controlou a fer-
máximo a ferramenta fungicida, teremos
rugem e propiciou ganho de 9 a 10 tone-
incrementos ainda maiores nas produtivi-
ladas por hectare.”
dades da cana-de-açúcar, como ocorrido
O resultado positivo do Opera®, re-
com a soja e milho.”
petido continuamente nos 12 estudos, não
deixou dúvidas para a Bunge de que se trata do melhor fungicida do mercado, principalmente por oferecer os benefícios AgCelence®, que estimulam a produtividade.
“Achamos que variedades de alto
potencial não devem ser abandonadas
por causa da ferrugem, mas ser tratadas
com fungicidas. A prioridade é aplicar nas
“Opera® é o melhor
fungicida do mercado,
principalmente por
oferecer os benefícios
AgCelence® que estimulam
a produtividade”,
afirma Carlos Daniel
47
SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS
DIVULGAÇÃO BASF
Onde nascem as tecnologias
Estação Experimental da BASF em Santo Antônio de Posse, SP,
responde por 45% das pesquisas da empresa geradas no Brasil
A
s inovações tecnológicas e as
terrâneos de irrigação. Segundo Luiz
novas moléculas, antes de che-
Antonio José, gerente da Estação Expe-
garem ao campo, passam anos
rimental de Santo Antônio de Posse, a
em desenvolvimento e testes. Grande
estação responde por 45% das pesqui-
parte das soluções BASF nasce na Esta-
sas da BASF geradas no Brasil. A previ-
ção Experimental de Santo Antônio de
são de pesquisas para 2015 é de 1.070.
Posse, no interior paulista, a primeira da
Foi nessa estação da BASF que
empresa no Hemisfério Sul, e a maior
nasceu o sistema AgMusa™ de muda
unidade de pesquisa da BASF do mun-
de cana sadia. Cássio Teixeira, gerente
do. Fundada em 1980, conta com uma
de Marketing AgMusa™ da Unidade de
área de 110 hectares, com cerca de 11
Proteção de Cultivos da BASF, conta que
mil metros quadrados em área de pes-
foram quatro anos de desenvolvimento
quisa e laboratório, casas de vegetação
da tecnologia, para depois ser levada ao
que somam perto de 7 mil metros qua-
campo adequadamente. Cássio observa
drados e 5, 5 quilômetros de tubos sub-
que o AgMusa™ não se resume à muda,
48
Novembro · 2014
mas é um sistema de formação de vivei-
naldo Mariani Jr, da área de Desenvolvi-
ros e canaviais comerciais com o plan-
mento de Mercado da Unidade de Pro-
tio de mudas sadias com alta qualidade,
teção de Cultivos da BASF, explica que
envolvendo assistência técnica, acom-
essa revolução tem o objetivo de aju-
panhamento em tempo integral dos
dar o setor sucroenergético a retomar
profissionais da BASF na orientação aos
a competitividade, oferecendo soluções
clientes, a máquina de plantio, a muda,
integradas que possibilitem ao canavial
e os produtos certos para pegamento e
maior longevidade, produtividade e re-
enraizamento da muda.
dução na complexidade das operações.
Com o AgMusa™, salienta Edinal-
de cana é: “A revolução começou”. Edi-
do, a revolução começa pela operação
DIVULGAÇÃO BASF
O atual slogan da BASF para a área
O Sistema AgMusa™ começa com a coleta do material nos berçários existentes
área de dois hectares destinados ao AgMusa na Estação Experimental
49
SOLU Ç ÕE S IN TE GRADAS
Biofábrica móvel AgMusa já é realidade em algumas unidades sucroenergéticas
de plantio, justamente a mais comple-
começa com a coleta do material nos
xa e onerosa. “O AgMusa™ reduz a com-
berçários existentes nessa área. Vivei-
plexidade, a utilização de matéria-prima
ros com variedades dos principais cen-
e de mão de obra do sistema conven-
tros de melhoramento genético de cana
cional de plantio de cana, além de in-
do Brasil. O material vai para industriali-
troduzir em menor tempo novas varie-
zação na biofábrica, local com total sa-
dades mais produtivas”, diz. O sistema
nidade, garantia BASF e certificação de
tem três posicionamentos: correção de
origem. Depois segue para a casa de ve-
falhas resultante do plantio convencio-
getação. “Nossas estufas apresentam a
nal (que apresenta cerca de 20% de fa-
mais alta tecnologia do Brasil, com rígi-
lhas); propagação por meiosi em rota-
do controle de sanidade. E nosso siste-
ção com amendoim, por exemplo, e
ma garante homogeneidade das mudas
menor tempo para a formação de vivei-
que seguem para o campo. As mudas
ros com sanidade.
chegam ao canavial por meio de um ca-
Uma área de dois hectares na Esta-
minhão modelo toco baú com material
ção da BASF, em Santo Antonio de Posse,
suficiente para o plantio de cinco hec-
é destinada ao Sistema AgMusa™. Tudo
tares. Para essa área, o plantio conven-
50
Novembro · 2014
cional utiliza um caminhão bi-trem com
matéria-prima vai para a indústria se
100 toneladas de mudas. O plantio é
transformar em açúcar, etanol e energia.
feito pela máquina desenvolvida espe-
A biofábrica móvel, segundo Edi-
cialmente para o plantio das mudas Ag-
naldo, apresenta alta tecnologia, é autô-
Musa™, que já está na oitava versão de
noma, oferece rentabilidade e otimiza-
aperfeiçoamento. A máquina aplica fun-
ção dos custos, uma vez que possibilita o
gicida e inseticida no sulco de plantio
aproveitamento da biomassa. Essa nova
e atende todas as exigências das Nor-
solução BASF já é realidade em algumas
mas Regulamentadoras de Segurança
unidades sucroenergéticas.
do Trabalho.
Edinaldo
salienta
que a revolução começou
e não para mais, pois a
BASF apresenta mais um
lançamento: a biofábrica móvel AgMusa™, que
vai até a lavoura do cliente, compartilhando o processo produtivo. No canavial, a biofábrica móvel
recebe a cana que acabou
de ser cortada. Lá são extraídas as partes com as
gemas da cana (que seguem para industrialização da muda na biofábrica fixa). O restante da
51
DIVULGAÇÃO BASF
Na biofábrica móvel é
cortada a parte da cana que
tem a gema; o restante da
cana segue para a indústria
e vai se transformar em
açúcar, etanol e energia
ADAIR SOBCZACK
TE N D ÊN CIAS
Colheita de trigo
no sul do Brasil
O Agro no Sul:
oportunidades por lá
O AGRONEGÓCIO DO SUL CRESCE NA EXTENSÃO VERTICAL, COM
EMPRESAS AUMENTANDO A SUA ATUAÇÃO NA CADEIA DE VALOR,
TANTO PARA “ANTES DA PORTEIRA” COMO “DEPOIS DA PORTEIRA”
Ana Malvestio1 e Luiz Barbosa2
N
os dias de hoje, quando se trata
estrutura, quanto a concorrência são logo
do tema oportunidades no agro-
identificadas como questões estratégicas
negócio, logo são mencionadas
que impactam na tomada de decisão so-
as regiões Centro-Oeste e, principalmen-
bre o investimento. De fato, as oportuni-
te, o Mapitoba (Maranhão, Piauí, Tocantins
dades nessas regiões são promissoras aos
e Bahia). São áreas consideradas frontei-
olhos de investidores, sejam eles empre-
ras agrícolas e tanto a carência de infra-
sas ou produtores rurais. No entanto, ou-
52
Novembro · 2014
tras regiões do país com grande potencial
Aumento de produtividade
agrícola despontam no cenário de oportu-
Do lado da agricultura, a maior par-
nidades no agro. É o caso do Sul do Brasil
te das terras com aptidão agrícola já es-
que, apesar de apresentar um agronegó-
tão, quase que na sua totalidade, ocupa-
cio já consolidado, apresenta significativas
das por atividades agropecuárias ou zonas
oportunidades de mercado.
urbanas, o que eleva consideravelmente o
Diferentemente do Mapitoba, as pos-
preço das terras. Portanto, expandir a pro-
sibilidades de investimento em áreas agrí-
dução pelo aumento da área pode não
colas já consolidadas são mais voltadas
ser a estratégia mais economicamente in-
para a melhoria da gestão, produtividade,
teressante. O foco deve ser em ganho de
fusões e aquisições, redução de custos, in-
produtividade.
cremento da receita, entre outras. São inú-
tecnologia é conhecido por elevar a pro-
ADAIR SOBCZACK
meras as possibilidades de investimento:
Na agricultura, o investimento em
Cerca de 80% da produção de arroz vem dos estados do Sul do Brasil
53
TE N D ÊN CIAS
dutividade e, muitas vezes, reduzir per-
em termos de qualidade, têm forte apelo
das no campo. Empresas de biotecnolo-
neste mercado que oferece boas oportu-
gia, agricultura de precisão, máquinas e
nidades para empresas processadoras de
implementos agrícolas, encontram espaço
alimentos, como, por exemplo, frigorífi-
no mercado do Sul.
cos, laticínios e cerealistas.
Produtos com
alto valor agregado
Gestão
Identificar o tipo de financiamento
O Sul é reconhecido por apresen-
mais adequado, gestão das dívidas, au-
tar um elevado nível de renda per capita e
ditoria, mensuração dos custos e formas
possuir um grande mercado consumidor.
de reduzi-los, são estratégias que podem
Produtos premium, isto é, diferenciados
melhorar a rentabilidade das empresas em
qualquer segmento do agro e em qual-
Linha de montagens
de máquinas agrícolas
da John Deere, em
Horizontina, RS
54
quer região. Muitas empresas do Sul já exploram essas possibilidades e, a tendência, com o crescimento do agronegócio,
Novembro · 2014
Além disso, o agronegócio do Sul
cresce na extensão vertical, com empresas
aumentando a sua atuação na cadeia de
valor tanto para “antes da porteira” (produção de insumos), como para “depois da
porteira” (estocagem, processamento e
comercialização). Isso mostra que as possibilidades de investimentos, visando expansão da produção e conquista de novos
mercados, são inúmeras.
É evidente que muitas outras oportunidades podem ser exploradas em uma
região que, segundo o Ministério da Agricultura, é responsável por 28% do Produto Interno Bruto da agropecuária brasileira
e é líder na produção de diversos produtos agrícolas, tais como trigo, arroz, fumo,
maçã, uva, cebola, além de aves e suínos.
A região Sul é líder na produção
de uvas viníferas e de mesa
O imenso potencial agropecuário do
Sul faz com que essa região mantenha a
sua capacidade de atrair investimentos e
representa um aumento significativo des-
lidere um agronegócio diferenciado que
ses investimentos nos próximos anos.
caminha para uma alta eficiência operacional e financeira, oferecendo produtos
Fusões e aquisições
de qualidade.
No Sul, estão presentes grandes empresas do agronegócio, tanto nacionais
como multinacionais, bem como um grande número de empresas de médio porte.
Neste cenário propício para a ocorrência
de fusões e aquisições, grandes empresas desejam ganhar mercado por meio
de aquisições, enquanto muitas de médio
porte se fundem para ganhar escala e expandir suas operações.
Ana Malvestio,
Sócia da PwC
Brasil e líder de
Agribusiness para o
Brasil e Américas
1
Luiz Barbosa,
Gerente do
Centro PwC de
Inteligência em
Agribusiness
2
55
C A PA
Moendo usinas
ESTIMATIVAS PREVIAM QUE, EM 2015, O SETOR ESTARIA COM CERCA DE
460 UNIDADES MOENDO MAIS DE 800 MILHÕES DE TONELADAS DE CANA
Luciana Paiva
E
m 2006, o dia não tinha fim em Ser-
assim, conquistar uma fatia do projetado
tãozinho. Essa cidade paulista, por
fantástico mercado de etanol, que pare-
ser o maior polo de tecnologia su-
cia estar logo ali. Afinal, Lula, o presidente
croenergética do mundo, tinha a missão
do Brasil, era o “Embaixador do Etanol”, o
de saciar a ânsia de brasileiros e estrangei-
Garoto-propaganda dos combustíveis ver-
ros de fazer brotar novas usinas de cana e,
des, o caixeiro-viajante do setor. Ele era o
56
Novembro · 2014
Cia Albertina, em Sertãozinho, fundada em 1922,
encerrou as atividades em 2012 e dispensou 1.200
funcionários. Uma das 66 usinas ‘moídas’ pela crise
“Cara” e dizia: “O Etanol é nosso! O mun-
sa nova fase do setor. Outra exigência era:
do vai se render ao etanol da Cana. Basta
“preciso para ontem”, era importante bo-
produzir.”
tar para moer o greenfield - termo inglês
Encantados pelo canto da sereia, ou
melhor do Lula, tradicionais integrantes
para novo projeto que se tornou moda na
época.
do setor e investidores entrantes não pen-
Então, Sertãozinho, com suas mais de
saram duas vezes e o desejo passou a ser
700 empresas de produtos e serviços, das
um só: “Queremos, usinas. Queremos Usi-
quais 85% voltadas para o setor sucroe-
nas!”. As encomendas por equipamentos e
nergético, não dormia. As indústrias traba-
até usinas chave-na-mão (indústria com-
lhavam dia e noite. Para isso, contratavam
pleta) choviam em Sertãozinho. Os pedi-
um exército de trabalhadores, tanto que,
dos eram por tecnologias mais avançadas
em 2006, a cidade foi líder na geração de
e processos mais eficientes, principalmen-
empregos no setor industrial paulista. Se-
te para a produção de etanol e energia, os
gundo dados do Centro das Indústrias do
dois produtos da cana privilegiados nes-
Estado de São Paulo (Ciesp), somente no
57
C A PA
Durante o boom do etanol, as empresas de Sertãozinho
trabalhavam em três turnos para atender a demanda
primeiro semestre daquele ano, a variação
tados pelo Brasil, com uma elevação de
positiva foi de 20,4%, com a contratação
109,6% em relação ao ano anterior. As ven-
de 6.300 trabalhadores.
das chegaram a 1,6 bilhão de dólares e o
Brasil exportou 3,4 bilhões de litros de ál-
Estimativas de um
futuro promissor
cool, cerca de 18% da sua produção total.
O sucesso do carro flex - lançado no
mantido o ritmo da época, as exportações
Brasil em 24 de março de 2003 - e o des-
brasileiras de etanol, em volume, deveriam
pertar dos Estados Unidos e outros países
mais que dobrar até 2010. E que, a par-
para o desenvolvimento de fontes renová-
tir daí, as vendas externas dobrariam no-
veis de energia, reforçavam o cenário de
vamente, até chegarem próximo a 16 bi-
que o etanol iria se transformar em uma
lhões de litros, em 2020. O setor vivia em
commodity internacional. Em 2006, o pro-
ebulição, 90 unidades produtoras estavam
duto registrou o maior índice de cresci-
em construção, espalhando tecnologia de
mento entre os 50 produtos mais expor-
ponta nas novas fronteiras, mas se as es-
58
As estimativas evidenciavam que,
Novembro · 2014
DIVULGAÇÃO COSAN
Presidente Lula na inauguração da Usina Termelétrica
Barra Bioenergia, no interior paulista, em 2010
timativas sobre a demanda de etanol para
sil na safra 2006/07 foi de 6,3 milhões de
2020 se confirmassem, seriam necessárias
hectares. Em 2007, estimativas da União
mais 120 usinas e expansão dos canaviais.
da Indústria Canavieira (Unica) sobre a ex-
A área cultivada com cana no Bra-
pansão da produção indicavam que ha-
Previsão em 2006
apontava que a produção
de cana, em 2015/16,
seria de 829 milhões. Mas
deverá registrar pouco
mais de 600 milhões
59
C A PA
Colheita em canavial que sofreu geada, um dos sérios
problemas climáticos ocorridos nos últimos anos
veria em 2015/16 uma área total cultiva-
88 usinas. “O etanol produzido a partir da
da de 11,4 milhões de hectares (hoje são
cana-de-açúcar assume uma importância
9,2 milhões), e em 2020/21, seriam 13,9
crescente na economia brasileira, geran-
milhões.
do empregos, abrindo novos mercados e
Com relação à produção de cana,
trazendo grandes ganhos ambientais para
as estimativas da Unica apontavam 829
a sociedade”, destacou Antonio de Padua
milhões de toneladas na safra 2015/16
Rodrigues, diretor-técnico da Unica, no
e 1.038 milhões de toneladas na safra
início de 2008.
2020/21. Já as estimativas para a produção
Brasil atingiria 41 milhões de toneladas (a
O cenário começa
a mudar em 2008
previsão da consultoria Datagro para esta
Mas o setor entrou 2008 já dando si-
de açúcar para 2015/16 indicavam que o
safra é de 35,1 milhões de toneladas).
nais de ressaca, os excessos da corrida de-
Era o boom do etanol! De 2005 a
senfreada da expansão mostravam que
2008, 84 novas usinas entraram em produ-
tormentas iriam turvar o céu de brigadeiro
ção na região Centro-Sul do País. Mas ain-
do boom do etanol. Mas não se imagina-
da era pouco. Só o estado de Goiás, que
va que era o prenúncio de uma crise sem
em 2006 contava com 35 unidades produ-
precedentes no setor.
toras, estimava que em 2015 estaria com
60
A intensa demanda por equipamen-
Novembro · 2014
tos, insumos, áreas de expansão e mão de
outras mudaram de mão. A crise global
obra especializada provocaram uma ex-
também enfraqueceu os investimentos in-
plosão inflacionária no setor. Enquanto os
ternacionais no setor, reduziu o consumo
custos de produção disparavam, a produ-
de petróleo (com isso, o seu valor) e enfra-
tividade decaia, em decorrência de vários
queceu o discurso em defesa de energias
fatores como: expansão da mecanização,
renováveis.
variedades de cana alocadas em regiões
Outro ponto negativo foi que a cri-
com condições edafoclimáticas adversas,
se global gerou inflação dos alimentos.
novos canaviais formados por cana sem
Muitos alegaram que isso ocorria por-
sanidade.
que havia uma competição entre energia
Já enfraquecido, o setor sentiu mui-
e alimentos por área de plantio. O lobby
to o golpe da crise financeira mundial
contra o etanol ganhou força, a ponto de
anunciada no segundo semestre de 2008.
o presidente Lula, durante conferência da
A elevação repentina do dólar nocauteou
FAO, em Roma (em 03/06/2008), defender
as usinas que tinham dívidas na moeda
o etanol e culpar petróleo e subsídios pela
americana. Algumas ainda se levantaram,
crise dos alimentos. “Dedos que apontam
Lula: mãos sujas de petróleo
61
C A PA
contra biocombustíveis estão sujos de
óleo e carvão”, disse ele.
O pré-sal em 2009
O setor entra 2009 cambaleante e
outro golpe o leva às cordas: era o anúncio do pré-sal. Mas para acalmar o setor,
o presidente Lula disse: “a exploração das
reservas de petróleo da camada pré-sal
nos próximos anos não diminui a importância dos investimentos em biocombustíveis no Brasil.” A declaração foi feita durante o programa semanal de rádio “Café
com o Presidente”, transmitido na manhã
de 04/05/2009, três dias após o início de
testes pela Petrobras no Campo de Tupi,
na Bacia de Santos, considerado a maior
descoberta de petróleo do hemisfério ocidental dos últimos 30 anos.
Lula afirmou considerar extrema-
Unidades desativadas viram sucatas
mente importante a consciência de que,
quanto mais petróleo, melhor, mas acres-
sucroenergético possui papel chave nes-
centou que isso não significa que o país
ta participação, uma vez que somente os
vai deixar de investir no biodiesel e no eta-
produtos da cana-de-açúcar são respon-
nol: “são duas fontes energéticas extraor-
sáveis por 15,7% de toda a oferta de ener-
dinárias para despoluir o planeta e para
gia do país. Este valor ultrapassava o for-
que possam ser gerados milhões de em-
necido pelas usinas hidroelétricas.
pregos no país”.
Enquanto o aumento do uso de
energia renovável no Brasil era um fato a
Mais etanol que gasolina
comemorar, no campo, problemas climáti-
Em 2010, o uso do etanol substituiu
cos, como uma grande seca, geada e o au-
mais da metade do uso da gasolina. O Bra-
mento de pragas e doenças minguavam a
sil é destaque mundial no uso de energias
produção, reduzindo ainda mais a compe-
renováveis, que representam mais de 44%
titividade do setor. Além disso, o mercado
da matriz energética brasileira. O setor
externo de etanol não se abria, e, assim,
62
Novembro · 2014
63
C A PA
Fuzi-Tec, em Sertãozinho, dispensou 150 funcionários neste mês de outubro
projetos iam sendo abortados e unidades
peração judicial, segundo a MBF Agribu-
deixavam de moer.
siness Assessoria Empresarial. De acordo
com dados do Itaú-BBA, o rombo pro-
Golpe fatal
vocado pelo endividamento das empre-
Com a chegada de Dilma Rousseff
sas do setor é de R$ 70 bilhões. Enquanto
ao poder, em 2011, o setor sucroenergéti-
que, de 2005 a 2008, o país registrou um
co foi ao chão. Medidas adotadas por seu
aumento de 25% no número de unidades
governo tirou a competitividade do etanol
sucroalcooleiras instaladas, de 2008 para
por meio do controle do preço da gasoli-
2014, 66 unidades deixaram de moer.
na. Como forma de compensar o reajuste
nos preços da gasolina e do diesel e evitar
Insônia em Sertãozinho
que a alta fosse sentida pelo consumidor,
Se em 2006, Sertãozinho não dormia
o governo zerou a Cide (Contribuições de
por excesso de trabalho, nos últimos tem-
Intervenção no Domínio Econômico), que
pos quem tira o sono da cidade é a ociosi-
incidia até 2012 sobre a importação e a
dade de suas empresas. Pedidos por equi-
comercialização de petróleo e derivados,
pamentos para usinas despencaram e até
gás natural e álcool etílico combustível.
serviços, como o de manutenção, sumi-
O setor finaliza 2014 com previsão
ram. “Nessa época do ano, as indústrias da
de moagem no país de 607 milhões de to-
cidade deveriam iniciar o trabalho de ma-
neladas, menor que safra 2013/14, quan-
nutenção das usinas, mas não há contra-
do foram moídas 658,8 milhões de to-
tação de serviço. Além disso, como a en-
neladas de cana. Eram 390 unidades em
tressafra será maior, a experiência nos leva
operação, sendo que 67 estavam em recu-
a crer que as usinas irão utilizar seu pes-
64
Novembro · 2014
soal para realizar a manutenção, não con-
feitura da cidade promoveu reunião com
tratando o serviço das indústrias”, diz Car-
17 entidades de classe sertanezinas, en-
los Roberto Liboni, secretário de Indústria,
tre elas o Centro Nacional das Indústrias
Comércio, Abastecimento, Agricultura e
do Setor Sucroenergético e Biocombustí-
Relações do Trabalho de Sertãozinho.
veis (CEISE Br), OAB, Sindicato dos Meta-
Segundo Liboni, o desemprego em
lúrgicos e a Associação Comercial. Segun-
Sertãozinho, em 2014, atingiu 6,29%, hou-
do Liboni, o objetivo principal da reunião
ve 2.800 demissões, só em outubro fo-
foi tentar desenvolver um plano emergen-
ram 503, sendo duas demissões em mas-
cial para amenizar o agravamento da cri-
sa – Fuzi-Tec, metalúrgica com 24 anos de
se econômica com a chegada da entressa-
atuação e especializada na fabricação de
fra canavieira.
caldeiras, dispensou 150 funcionários. A
O Plano Emergencial visa criar um
Simisa, outra tradicional empresa do se-
pacto social na cidade, tendo a tolerância
tor, demitiu 175 funcionários. “A emprega-
como única saída. “Sabemos que haverá
bilidade no Estado de São Paulo está 0,3%
atrasos de pagamento e aumento de ina-
positiva, mas Sertãozinho está negativa,
dimplência, então, pediremos aos credo-
ou seja, não há contratação, apenas de-
res, principalmente bancos, paciência para
missão”, salienta Liboni.
passarmos os meses de novembro e dezembro”, salienta Liboni. Mas o Secretário
Plano emergencial
sabe que essa situação está insuportável e
A crise começa na cana mas impac-
que já passou da hora de um movimento
ta toda a economia de Sertãozinho. Por
maior para reverter a crise sucroenergética.
isso, nos dias 19 e 20 de novembro a Pre-
A crise se estende pelos
municípios canavieros
Por ser o maior polo sucroenergético do mundo, Sertãozinho sente mais forte o golpe, mas o munícipio não é o único
a sofrer. O setor foi responsável por quase um terço das demissões na área industrial em São Paulo durante o mês passado.
As demissões no setor de açúcar e álcool
influenciaram a queda do índice da Federação e o Centro das Indústrias do Estado
Liboni: situação insuportável
de São Paulo (Fiesp e Ciesp) para o mês.
65
C A PA
Simisa: empresa com 28 anos de
atuação sofre com a crise do setor
e dispensa 175 funcionários
Em outubro, o segmento foi responsável
região, há a queda do PIB (Produto Interno
por 4.054 de vagas fechadas, enquanto o
Bruto) da cidade.
restante da indústria demitiu 8.446. De ja-
Segundo o Prefeito, no repasse do
neiro a outubro, a indústria sucroalcoolei-
ICMS (Imposto Sobre Circulação de mer-
ra criou 8.407 vagas, com uma participa-
cadorias e Serviços), transferidos pelo Es-
ção de 7,7% no total de empregos. Essa
tado mensalmente, o grupo Aralco repre-
fatia foi de 14% durante o mesmo perío-
senta cerca de 30%. “O percentual é muito
do em 2013, de 26,2% em 2012 e chegou
grande. A indústria e as empresas que par-
a 40,3% em 2009, ano da crise.
ticipam desta cadeia produtiva no muni-
Somente no Estado de São Paulo, res-
cípio estavam sinalizando aumentos, fru-
ponsável por cerca de 60% da produção
to de um trabalho forte na área, mas, com
nacional de cana-de-açúcar, dos 645 mu-
a paralisação, a situação fica complicada.”
nicípios, mais de 450 cultivam cana e de-
A região de Dourados, Mato Grosso
zenas deles têm unidades instaladas. Em
do Sul, foi a que mais recebeu novas usinas
alguns deles a unidade deixou de funcio-
no estado. Em 10 anos, foram 16 unidades.
nar: é o caso de Santo Antonio de Aracan-
Mas, além de usinas, Dourados quer atrair
guá, no Oeste do estado. Lá, a paralisação
empresas fornecedoras de equipamentos
foi da Usina Aralco. O prefeito Luiz Carlos
para o setor, fortalecendo seu polo me-
dos Reis Nonato, o Luizão (PT), diz que o
tal-mecânico. Por isso, a prefeitura oferece
prejuízo é grande para a cidade, pois além
benefícios fiscais e promove eventos para
das demissões e transferências de funcio-
atrair as empresas. Wladimir Santos da Sil-
nários para outras unidades do grupo na
va, secretário de Desenvolvimento Econô-
66
Novembro · 2014
mico Sustentável, diz que estão aliviados
lhões, bem inferior às 829 milhões de to-
por nenhuma das unidades terem encer-
neladas previstas pela Unica em 2006.
rado a atividade na região. Mesmo assim,
A estiagem comprometeu a cana
já sentiram os impactos da crise. A feira
de primeiro corte, o que deve reduzir a
Agrometal deste ano, realizada pela pre-
produtividade. Os danos também foram
feitura, encolheu. Em 2013, gerou negó-
grandes nas soqueiras, com muitas fa-
cios da ordem de R$ 128 milhões, mas em
lhas na brotação. Além de grande incidên-
2014 a cifra caiu para R$ 90 milhões.
cia de incêndios criminosos ou acidentais
nos canaviais. A previsão é que não haverá
O setor em 2015
cana no ponto ideal para iniciar a safra em
A grande seca de 2014, principal-
abril e nem muda de cana suficiente para
mente em São Paulo, derrubou a safra
a renovação dos canaviais. Mas a quanti-
2014/15 e continuará causando estragos.
dade de chuva nos próximos meses ain-
A previsão é que a produção de 2015/16
da pesa muito para a definição do cenário.
repita a atual safra, em torno de 607 mi-
Para Elizabeth Farina, presidente da
A cana chega na região de
Dourados, MS: 16 unidades
instaladas em 10 anos
67
C A PA
Unica, apesar do atual quadro de penúria
da cana somam US$ 3,5 bilhões.
de uma parte significativa de usinas, o se-
“É preciso não se esquecer de que o
tor sucroenergético é um modelo vence-
setor sucroenergético gera riqueza”, diz
dor de negócio. E assim deve ser encara-
Elizabeth. “Perde o País se ele não voltar
do. De acordo com dados da Unica, entre
a crescer.” Na safra 2013/2014, o Produto
2004 e 2010, enquanto parte das usinas
Interno Bruto (PIB) dessa cadeia produtiva
fechava por desacertos provocados pelo
foi de US$ 43 bilhões, o equivalente a cer-
mercado, ou por má gestão, outras 100
ca de 2% do PIB nacional de 2013.
usinas entravam em operação. Nesse pe-
Para 2015, o que o setor mais espe-
ríodo, as empresas investiram US$ 30 bi-
ra é esse reconhecimento por parte do go-
lhões para ampliar a produção, dos quais
verno e, com isso, a adoção de políticas
US$ 5 bilhões foram gastos na mecani-
para a retomada do segmento. Se isso não
zação da colheita da cana e US$ 1,5 bi-
acontecer, a tendência é que continue mo-
lhão desembolsado em infraestrutura. Até
endo usinas, e não cana, como disse a se-
2017, os investimentos previstos em du-
cretária da Agricultura e Abastecimento do
tos e hidrovias para melhorar a logística
Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi.
A estiagem aumentou a incidência de incêndios nos canaviais
que não estavam no ponto de corte ou áreas de viveiros de cana
68
Novembro · 2014
A equipe de jornalismo campeã
do setor sucroenergético
Luciana Paiva e Clivonei Roberto
recebem de Mário Campos, presidente
do Siamig, o Prêmio TOP Etanol
Clivonei Roberto e Luciana Paiva recebem
de Roberto Cestari, diretor da Coplana,
o prêmio de ABAG/RP de jornalismo
Leonardo Ruiz recebe de Mônika
Bergamaschi, secretaria da Agricultura
do Estado de São Paulo, o prêmio ANDEF
E
m 2014, a equipe da CanaOnline conquistou três importantes prêmios de jornalismo. Os jornalistas Luciana Paiva e Clivonei Roberto ganharam os prêmios TOP Etanol e ABAG/RP – José Hamilton Ribeiro. E o jornalista Leonardo Ruiz o conquistou
prêmio ANDEF.
Para a CanaOnline, jornalismo é a principal ferramenta de uma empresa de comunicação. Por isso, investe em qualidade e experiência. Luciana Paiva e Clivonei Roberto
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Além de prêmios, o resultado pode ser medido em números: a CanaOnline é a publicação que mais cresce, mesmo em tempo de crise;
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69
RAPHAEL MARÇAL
CO LU NA DATAGRO
Colheita de cana na Índia
Índia enfrenta dificuldades
para iniciar a safra 2014/15
PROBLEMAS CLIMÁTICOS, O IMPASSE COM OS FORNECEDORES SOBRE
O PREÇO DA CANA E RESISTÊNCIA DOS BANCOS EM CONCEDER
EMPRÉSTIMOS PARA O CAPITAL DE GIRO MARCAM A SAFRA INDIANA
A
Índia tem enfrentado dificuldades
tado produtor de cana e o segundo maior
para iniciar a safra 2014/15 a ple-
produtor de açúcar do país. Além das con-
no vapor, especialmente no esta-
dições climáticas menos favoráveis, com
do de Uttar Pradesh, que é o principal es-
chuvas abaixo do esperado na última tem-
70
Novembro · 2014
porada de monções, alguns dos principais
fossem resolvidos hoje, as usinas levariam
grupos produtores decidiram postergar
pelo menos 45 dias para finalizar a manu-
por tempo indeterminando o início da sa-
tenção das máquinas. Isso significa que a
fra, uma vez que a questão sobre o preço
safra 2014/15 não começará antes de de-
mínimo da cana-de-açúcar ainda não foi
zembro para essas usinas.
definida.
O atraso para o início da safra pode
Entre os principais grupos produto-
prejudicar as projeções mais otimistas so-
res estão a Bajaj Hindusthan, a Balrampur
bre a produção de açúcar na Índia em
Chini, a Simbhaoli Sugars e Dwarikesh Su-
2014/15, a despeito do aumento do plan-
gar. No total de 95 usinas situadas em Ut-
tio. Em 2013/14, Uttar Pradesh produziu
tar Pradesh, 66 unidades não chegaram ao
6,5 milhões de toneladas ou 26,8% de um
menos a realizar o processo de manuten-
total de 24,3 milhões de toneladas produ-
ção das fábricas que seria necessário para
zidas em todo o país.
Não bastassem os problemas climá-
sáveis por 75% da produção de açúcar em
ticos e o impasse com os fornecedores so-
Uttar Pradesh. Supondo que todos os pro-
bre o preço da cana, as usinas também
blemas sobre a política de preço da cana
enfrentam dificuldades para iniciar a sa-
RAPHAEL MARÇAL
iniciar a safra. Essas 66 usinas são respon-
Transporte de
cana na Índia
71
CO LU NA DATAGRO
fra 2014/15 em dia, dada a maior resistência dos bancos em conceder empréstimos
para o capital de giro.
A maior resistência dos bancos partiu da decisão da Suprema Corte da Índia,
tomada no último dia 05 de setembro, ao
obrigar as usinas a dar prioridade ao pagamento das dívidas com fornecedores de
cana, sobre os débitos existentes com os
demais credores, entre eles, os bancos. Em
Uttar Pradesh, os principais bancos financiadores da indústria de açúcar são a Punjab National Bank, HDFC Banck, Axis Bank
e a State Bank of India.
Os bancos geralmente emprestam
até 85% do valor dos estoques das usinas.
Esse valor, por sua vez, é direcionado para
o pagamento da cana, salários dos funcionários da fábrica, gastos com reparos e
Usina na Índia
manutenção das máquinas, além da aquisição de insumos.
nas foi a última gota d´água no processo
As usinas celebram acordos de fi-
que desencadeou a atual crise na conces-
nanciamento com os bancos a partir de
são de empréstimos. As operações de fi-
meados de novembro, quando são apre-
nanciamento já estavam se tornando mais
sentadas as projeções de capital de giro
arriscadas diante da atual política de fixa-
baseadas na quantidade de cana a ser mo-
ção de preço mínimo da cana pelo Estado.
ída, no rendimento industrial e nos preços.
Estas circunstâncias indicam a possi-
Dessa vez, com os bancos mais apreensi-
bilidade de que, com o comprometimen-
vos devido à decisão da Corte, tem havido
to de parte do financiamento de capital
atrasos na renovação de contratos de em-
de giro das usinas, e consequentemente
préstimo, o que tem forçado também as
maiores dificuldades para o pagamento a
usinas a adiar o início das atividades.
fornecedores, na safra 14/15 uma propor-
Para muitos bancos, a decisão da
ção maior do que a usual de cana-de-açú-
Justiça em privilegiar os fornecedores de
car seja direcionada à produção de jag-
cana no pagamento das dívidas das usi-
gery (gur e kandhasar).
72
Novembro · 2014
RAPHAEL MARÇAL
RAPHAEL MARÇAL
Na Índia, as pontas da cana alimentam o gado
73
P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO
Complexo busca
maximizar o
desenvolvimento
de soluções e
formulações
químicas e biológicas
com tecnologias
mais inovadoras,
contribuindo para
uma agricultura
mais produtiva
e sustentável
74
Novembro · 2014
Gerar e fomentar
ideias e tecnologias
ESSE É O LEMA DO RECÉM-INAUGURADO LATIN AMERICA
INNOVATION CENTER, PRIMEIRO CENTRO DE INOVAÇÃO DA
FMC AGRICULTURAL SOLUTIONS PARA A AMÉRICA LATINA
Texto: Leonardo Ruiz
Fotos: Divulgação FMC
C
om uma estrutura compatível com
a América Latina. Batizado de Latin Ame-
os grandes centros de inovação
rica Innovation Center, o complexo, locali-
do mundo, a FMC Agricultural So-
zado no Technopark de Campinas, SP, ma-
lutions inaugurou, no final de outubro, seu
ximizará o desenvolvimento de soluções
primeiro centro de inovação voltado para
e formulações químicas e biológicas com
O Latin America Innovation Center conta com cerca de 1.300 m²,
sendo que apenas os laboratórios ocupam 700 m² dessa área
75
P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO
tecnologias mais inovadoras, contribuin-
produtos, mas sim um local que visa dis-
do para uma agricultura mais produtiva e
cutir, gerar e desenvolver ideias e tecno-
sustentável.
logias. Nós iremos fazer desse centro um
Para o presidente da FMC Corporation para América Latina, Antonio Carlos
ponto de intersecção entre a pesquisa privada e a governamental”.
Zem, essa inauguração marca o início de
Com relação à implantação na Amé-
uma trajetória vitoriosa para a empresa.
rica Latina, Zem ressalta que essa região
Segundo ele, a ideia da construção de um
representa a localidade de maior geração
Yemel Ortega afirma que a FMC está investindo no país por acreditar na agricultura brasileira
local que viabilizasse o desenvolvimen-
de receitas e crescimento da FMC Agricul-
to de tecnologias baseadas em novos in-
tural Solutions. “Os investimentos realiza-
gredientes ativos químicos e biológicos
dos confirmam o compromisso da empre-
para atender as necessidades dos produ-
sa com o Agronegócio”.
tores do Brasil e da América Latina nasceu
Já o diretor de inovação e tecnologia
há dois anos e meio. De lá pra cá, inúme-
da FMC Brasil, Yemel Ortega, afirma que a
ras pessoas se mobilizaram para concre-
empresa está investindo no país por acre-
tizar esse desejo. “Esse centro não é pu-
ditar na agricultura brasileira. “Além dis-
ramente para trabalhar com melhoria de
so, nós confiamos inteiramente na capaci-
76
Novembro · 2014
O projeto visa a integração de diferentes componentes e laboratórios, permitindo, assim,
evoluir projetos desde suas fases iniciais, passando pela geração de ideias e colaboração
com clientes e outros centro de pesquisa, até o lançamento final desses produtos
dade de inovação do Brasil, não somente
jetos desde suas fases iniciais, passan-
para atingir as necessidades internas, mas
do pela geração de ideias e colaboração
também para exportar essas tecnologias
com clientes e outros centros de pesqui-
para outras partes do mundo”.
sa, até o lançamento final desses produtos. O objetivo, segundo ele, será alcan-
Estrutura
çar o escopo integral de desenvolvimento
O Latin America Innovation Cen-
de produtos e tecnologias que potencia-
ter conta com cerca de 1.300 m², sendo
lizarão a produção agrícola de forma sus-
que apenas os laboratórios ocupam 700
tentável. “Posteriormente, serão realizados
m² dessa área. Ortega conta que o local
monitoramentos em campo para avaliar
foi desenhado de uma forma modular, vi-
o desempenho dessas tecnologias, a fim
sando à integração de diferentes com-
de verificar o quanto estão agregando às
ponentes e laboratórios, de forma que o
produtividades agrícolas”.
Innovation Center permitirá evoluir pro-
O primeiro módulo, já em operação,
77
P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO
O primeiro módulo do complexo inclui laboratórios de desenvolvimento
de formulações de defensivos agrícolas e contempla plantas pilotos para
as principais tecnologias de formulação comercialmente existentes
inclui laboratórios de desenvolvimento
permitir o desenvolvimento simultâneo
de formulações de defensivos agrícolas e
de diferentes tecnologias de formulação,
contempla plantas pilotos para as princi-
buscando sempre o equilíbrio entre cus-
pais tecnologias de formulação comercialmente existentes. O próximo passo será
um laboratório de microbiologia, além
de um módulo contendo câmaras climatizadas para realização de experimentos
para avaliação preliminar in loco da eficácia das tecnologias desenvolvidas. A finalização do projeto está prevista para o início de 2016.
Confira as características dos laboratórios do Latin America Innovation Center:
Laboratório de formulações líquidas: O laboratório foi projetado para
78
Novembro · 2014
to e performance. Além das formulações
de menor capacidade ou resolução, possi-
usuais de mercado como EC (concentrado
bilitando a observação de pequenas mu-
emulsionável), SC (suspensão concentra-
danças determinantes para a funcionali-
da), SL (concentrado solúvel) e ME (micro-
dade dos produtos.
emulsão), a estrutura permitirá o desen-
Laboratório analítico: O local prevê
volvimento de formulações líquidas mais
a certificação BPL (Boas Práticas de Labo-
complexas e com um perfil toxicológico
ratório) que, além de garantir um alto nível
mais favorável.
de qualidade, permitirá fornecer o pacote
Laboratório de formulações sóli-
de estudos físico-químicos oficiais, reque-
das: O objetivo aqui é o desenvolvimento
ridos pelos órgãos regulatórios para ob-
de formulações que vão desde os pós-so-
tenção de registros dos novos produtos.
lúveis e molháveis, aos grânulos dispersíveis e solúveis.
Laboratório de formulações de
produtos biológicos: Essa estrutura fa-
Laboratório de análise óptica e re-
cilitará o desenvolvimento de produtos à
ológica: Com um microscópio eletrônico
base de micro-organismos, semiquímicos
de alta resolução, esse laboratório permi-
e extratos botânicos.
te visualizar e analisar imagens e otimizar
Câmara de crescimento para ava-
o desenvolvimento das mais diversas for-
liação de eficácia: O objetivo aqui é rati-
mulações. Dessa forma, é possível analisar
ficar a bioeficácia das soluções que serão
partículas infinitesimais que não poderiam
desenvolvidas no laboratório e a confir-
ser visualizadas com instrumentos ópticos
mação e otimização das formulações de
produtos já comerciais.
Contribuindo com o setor
O presidente da FMC Corporation
para a América Latina, Antonio Carlos
Zem, entende que o setor sucroenergético
tem passado por momentos difíceis desde agosto de 2012. Agora, segundo ele,
é hora de alinhar forças e atuar no sen-
A finalização do projeto
completo do Innovation
Center está prevista
para o início de 2016
79
P E S Q U ISA & D E SE N VOLV IMENTO
Para Zem, é hora de o setor alinhar forças e atuar no sentido
de ajudar os produtores brasileiros a superar essa difícil fase
tido de ajudar os produtores brasileiros a
cultura da cana-de-açúcar e sua continua
superar essa fase. “Nós sabemos que es-
competitividade”.
sas dificuldades serão passageiras. Os pre-
Outro ponto que deve ganhar desta-
ços do açúcar já começaram a acenar uma
que no centro de inovação é relacionado
recuperação, a princípio um pouco lenta,
a raiz da cana. O presidente conta que as
mas que deve se acelerar a partir de julho
novas tecnologias, principalmente aque-
de 2015. Portanto, não há nenhuma razão
las ligadas à colheita mecânica, tendem a
para termos exacerbado pessimismo. De-
arrancar as plantas parcialmente, reduzin-
vemos continuar investimento e apoiando
do o estande e, consequentemente, a pro-
os clientes mais do que nunca”.
dutividade. “Portanto, ter uma planta com
E são nesses pilares, inclusive, que o
ancoragem melhor e com um sistema ra-
Innovation Center deve se apoiar. Segun-
dicular mais forte e resistente vai permi-
do Zem, o complexo irá investir para criar
tir que ela tenha uma maior resistência a
tecnologias que visem, acima de tudo, au-
esses processos. Além disso, é importan-
mentar a produtividade da cana, chegan-
te que se tenha produtos que protejam a
do a tão sonhada cana de três dígitos.
raiz contra ação de pragas e doenças, aju-
“Nós esperamos trazer tecnologias que
dando num melhor balanço nutricional da
irão provocar um salto econômico no se-
planta e, consequentemente, num melhor
tor, que é fundamental para o sucesso da
desenvolvimento radicular”, afirma Zem.
80
Novembro · 2014
81
REUNION ENGENHARIA
TE C NOLOGIA
Integração Energética
A INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA É UMA PRÁTICA EXTREMAMENTE
COMUM NAS USINAS DE AÇÚCAR E ETANOL
*Tercio Dalla Vecchia, CEO da Reunion Engenharia
U
ma usina antiga, sem exporta-
te, outras entregavam bagaço gratuito ou
ção de energia, usava um sistema
até pagavam para o bagaço ser retirado.
simples de integração energética,
A caldeira gerava vapor de média
mesmo porque energia era um bem bara-
pressão (21 kgf/cm2) a 270/300ºC. Este va-
to (bagaço) e com disponibilidade maior
por alimentava as turbinas do Turbo Gera-
do que as necessidades. O bagaço era al-
dor, do preparo de cana e das moendas.
gumas vezes um grande problema para as
O vapor de escape era utilizado extensi-
usinas. Algumas colocavam água fria nas
vamente em todos os processos de aque-
caldeiras para consumir o bagaço exceden-
cimento da usina, ou seja, aquecimentos,
82
Novembro · 2014
evaporação, fábrica de açúcar, destilação
te do ponto de vista energético, ainda é
e desidratação. O gerador era suficien-
muito utilizado em usinas que não se mo-
te para gerar a energia elétrica suficien-
dernizaram. Aliás, algumas com retorno fi-
te para a usina. Algumas até compravam
nanceiro bem melhor do que usinas que
energia da rede para complementar suas
acreditaram nos planos do governo, cujos
necessidades.
investimentos provaram não serem rentá-
As correntes quentes eliminadas pela
veis e que sofrem amargurados sobre lin-
usina eram os condensados excedentes
das caldeiras cobertas por brilhantes cama-
(que não voltavam para a caldeira), o vapor
das de alumínio!
do multijato que era absorvido pela água
O bagaço era tão barato em relação
de resfriamento, a vinhaça e, eventualmen-
ao óleo combustível que houve uma febre,
Bagaço: subproduto muito valorizado
te, excesso de vapor de escape ou vegetal!!!
principalmente de processadoras de laran-
O excesso de vapor era comum, principal-
ja para transformar suas caldeiras em cal-
mente em destilarias autônomas, devido a
deiras de bagaço. As que fizeram, ganha-
baixíssima eficiência das turbinas em geral.
ram bom dinheiro durante algum tempo.
Com isso, uma usina consumia 550
Com a valorização do bagaço como
até 600 kg/vapor de processo. Se a fibra da
combustível e, provavelmente, como maté-
cana estava baixa e não havia bagaço su-
ria-prima para uma “bagaço química”, bus-
ficiente, colocava-se uma dezena de tra-
ca-se a máxima produção de energia ex-
balhadores alimentando, manualmente, as
portável ou a máxima sobra de bagaço.
fornalhas das caldeiras com lenha.
Apesar desse esquema ser ineficien-
Com o uso da tecnologia Pinch, que
demonstra qual é o menor consumo de
83
TE C NOLOGIA
energia aproveitando-se o calor de todas
A integração dos processos visando o
as “correntes quentes” no aquecimento das
mínimo consumo energético é um dos mais
chamadas “correntes frias”, pode-se chegar
belos exercícios da engenharia. A inteligên-
a um consumo mínimo de cerca de 200 a
cia aplicada ao sistema térmico em usinas
220 kg de vapor/tonelada de cana proces-
permite dezenas de variações e aperfeiçoar
sada para uma usina com destilaria anexa,
estas variações deve ser uma especialidade
mix 50/50.
e nós somos especialistas nisso.
Claro que este número poderá ser
O primeiro passo é estabelecer os ob-
alterado em função de novas tecnologias
jetivos do estudo da integração energética:
energeticamente mais eficientes.
Aumentar a exportação de energia?
TABELA 1
CORRENTES FRIAS (necessitam receber calor)
QEN
Temp.
(C)
Cana (quando se usa difusor)
alta
30 a 60
Caldo misto que precisa ser aquecido e passar pelos processos de
purificação no tratamento do caldo.
alta
35 a 107
Caldo clarificado açúcar que precisa ser aquecido até a temperatura de ebulição (o aquecimento pode ser feito externamente ao
pré-evaporador ou internamente ao mesmo)
baixa
97 a 117
Caldo em evaporação que precisa ser concentrado no evaporador
de múltiplos efeitos.
muito
alta
117 ~60
(1)
baixa
55 a 70
alta
65 ~75
(1)
Vinho que deve ser aquecido para entrar na coluna de destilação
principal
alta
30 a 92
Misturas hidroalcoólicas que devem ser mantidas em ebulição durante todo o processo de destilação (Aquecimento colunas A e B)
muito
alta
112 ~
107 (1)
Etanol hidratado que deverá ser aquecido, vaporizado e superaquecido para entrar nas peneiras moleculares de desidratação.
baixa
30(80) a
125
Água de alimentação da caldeira (do condensador da turbina de
condensador, condensados e água de reposição.
média
25, 45 e
100 até
120
Xarope que precisará ser aquecido até a temperatura de ebulição dentro dos cozedores de massa (realizado dentro do próprio
cozedor).
Massa em cozimento que deve receber calor para evaporar a agúa
para que seja mantida a saturação da sacarose e sua consequente cristalização.
Nota (1) durante estes processos há mudança de fase sem mudança de temperatura
QEN - Quantidade de energia necessária
84
Novembro · 2014
TABELA 2
CORRENTES QUENTES
(que podem ou precisam ceder calor)
Vapor de alta pressão
QED
CTC
altíssima altíssima
Vapor de escape
alta
Vapores vegetais (V1, V2, V3....)
alta
Vapor do último efeito do evaporador (para o multijato)
alta
Vapores gerados nos cozedores de massa
alta
Vapor da turbina de condensação
alta
alta
de alta a
baixa
baixíssima
baixíssima
baixíssima
Temp.
(C)
300 a
520
127
117~80
55
55
45~55
Vapor de flash
baixa
média
98
Caldo clarificado para etanol
média
média
95
Condensados dos vapores de escape
baixa
média
120
Condensados dos vapores vegetais
baixa
Vapor de água perdido para o ar nas torres de
resfriamento
Águas de purgas de caldeiras
alta
média a
baixa
inaproveitável
110~80
30
baixa
alta
260
média
baixíssima a
inaproveitável
34 (2)
baixíssima
baixa
80 a 30
Vinhaça
média
média
112 a 60
~40 (3)
Vapores hidroalcoólicos das colunas A e B
muito
alta
média a
baixa
80
Vapores de etanol anidro na saída da peneira molecular
média
média
125 a 35
(4)
Gás da caldeira que precisa ser lavado para atender o
limite de emissão de particulado
alta
alta
180
baixa
inaproveitável
50 a 35
Vinho em fermentação (calor gerado pela reação precisa ser retirado)
Etanol que precisa ser resfriado
Açúcar que precisa ser secado e resfriado
Nota (2) durante este processo há liberação de calor de reação
Nota (3) sem valor definido para a temperatura final
Nota (4) Inclui resfriamento, condensação e subresfriamento
QED - Quantidade de energia disponível
CTC - Capacidade de troca de calor
85
TE C NOLOGIA
Sobrar mais bagaço?
Novos elementos estão entrando na
Aumentar a produção sem precisar
investir em novas caldeiras?
equação como concentração de vinhaça,
álcool 2G, produção intensiva de leveduras,
Etc.
biorrefinaria etc. Isto vai aumentar muito a
Quais são as correntes quentes e frias
necessidade energética da planta e, por-
no nosso processo de produção de açúcar,
etanol e energia elétrica?
tanto, mais otimizada a mesma deve ser.
Outro elemento que estará presen-
O truque agora é verificar quais as
te em todas as discussões é a escassez de
correntes frias que podem aproveitar o ca-
água!!! Está faltando até para beber, imagi-
lor e de quais correntes quentes.
nem para processos industriais.
Vários destes aproveitamentos já são
realizados tradicionalmente:
Vale lembrar que a usina de açúcar e
etanol é a única indústria que pode ser im-
•Vinho sendo aquecido com vapores
plantada num deserto, pois toda energia e
hidroalcoólicas da coluna B (condensador
água necessárias para o processo vêm com
E) e vinhaça (trocador K);
a própria cana!!! Pena que cana não dá no
•Regeneradores caldo clarificado álcool X caldo misto;
deserto!!!
Paralelamente, deve ocorrer junto à
•Vapores Vegetais (V1) no cozimento
otimização dos processos em si, tais como
•Vapores vegetais (V1) na destilação
destilação a vácuo, maior número de efei-
(colunas A, B, C e P)
tos na evaporação, redução do consumo
Outros usados mais recentemente:
•Regeneradores vinhaça X caldo
de eletricidade nas máquinas e bombas.
É hora de planejar 2020!!!
misto
•Regeneradores usando condensados
•Uso
do
vapor
de
flash
para
aquecimento
•Uso de vapores de pressão mais baixa para aquecimentos (VG2, VG3, VG4....)
•Etc.
Existem usinas de beterraba na Europa que tem a evaporação com sete efeitos,
sendo que o último efeito trabalha a pressão atmosférica e seu vapor é usado para
o cozimento A. O vapor do cozimento A é
utilizado para o cozimento B. Beleza, não?
86
*Tercio Dalla Vecchia,
CEO da Reunion Engenharia
Novembro · 2014
C AN A SU BSTAN TIVO FE MI NI NO
IV Cana Substantivo Feminino
O ENCONTRO ACONTECE 12 DE MARÇO NO CENTRO CANA
DO IAC, EM RIBEIRÃO PRETO, REUNINDO EXECUTIVAS E
EXECUTIVOS DO SETOR SUCROENERGÉTICO NACIONAL
Network também faz parte do Cana Substantivo Feminino
O
ano nem terminou, mas já se-
realizadas antecipadamente pelo site –
guem em ritmo acelerado as
www.canasubstantivofeminino.com.br
inscrições para o IV Encontro
Dos quatros painéis do IV Encontro,
Cana Substantivo Feminino. O evento é
dois debaterão a participação das mu-
gratuito, mas as inscrições deverão ser
lheres no mercado de trabalho. Em um
87
Profissionais debatem o espaço para as mulheres no setor sucroenergético
deles, importantes CEOS de grandes em-
As mulheres ocupam uma pequena
presas falarão sobre as mulheres nas fun-
extensão nesse universo canavieiro, me-
ções de liderança e a participação femi-
nos de 15%, mas o quadro está mudan-
nina em suas empresas. Em um outro
do. Há 10 anos, a presença feminina na
painel o debate será sobre a atuação e
agroindústria canavieira se dava princi-
as oportunidades para as mulheres no
palmente nas áreas de assistência social,
agronegócio.
laboratórios ou na agrícola, com as cor-
A cadeia da agroindústria canaviei-
tadoras de cana.
ra gera aproximadamente 4 milhões de
Com a mecanização dos canaviais,
empregos diretos e indiretos. O Relató-
a indústria automatizada e as práticas de
rio de Sustentabilidade da União da In-
produção mais sustentáveis, há uma evo-
dústria da Cana-de-Açúcar, Unica, apon-
lução e as portas das usinas vão se abrin-
ta que uma usina padrão tem, em média,
do para as mulheres. Elas trocaram o po-
403 cargos, que vai desde trabalhos ma-
dão pelo joystick das colhedoras de cana,
nuais até funções altamente qualificadas.
pilotam rodotrens, dão o start na indús-
88
Novembro · 2014
tria, cuidam das finanças da empresa,
Thornton Brasil, mais de 55% das brasi-
analisam o mercado, desenvolvem pes-
leiras possuem qualificação. De acordo
quisas e coordenam a gestão da usina.
com dados do IBGE, em 2011, entre a Po-
A necessidade do setor por mão de
pulação Economicamente Ativa (PEA) a
obra especializada é um motivo a mais
presença feminina com nível superior ul-
para a contratação de mulheres, pois
trapassou a masculina e atingiu 53,6%.
elas estão se qualificando mais que os
Não perca o debate sobre esses im-
homens. Segundo estudo realizado pela
portantes temas. Participe do IV Encon-
International Business Center da Grant
tro Cana Substantivo feminino.
No Cana Substantivo Feminino, os amigos se encontram: a secretaria da Agricultura do Estado de
São Paulo, Mônika Bergamaschi, Pedro Mizutani, vice-presidente da Raízen, e sua esposa Eunice
INSCRIÇÕES GRÁTIS
CLIQUE AQUI!
89
C AN A SU BSTAN TIVO FE MI NI NO
PRÉ-PROGRAMAÇÃO IV ENCONTRO
CANA SUBSTANTIVO FEMININO
IV ENCONTRO CANA SUBSTANTIVO FEMININO
12 DE MARÇO DE 2015, NO CENTRO CANA DO IAC, EM RIBEIRÃO PRETO
8h00 às 8h45 - entrega do material
- Luis Carlos Veguin, diretor de Recursos
8h45 - abertura
Humanos para o segmento de Energia,
9h00 às 10h30 – Cuidando de gente
Açúcar e Etanol da Raízen (Confirmado)
A trajetória do social à sustentabilidade –
- Márcia Cubas, diretora de Recursos Hu-
e seus reflexos: agrega valor à marca; é di-
manos e Sustentabilidade do Grupo São
ferencial na comercialização dos produ-
Martinho (Confirmada)
tos; empresa desejada pelos profissionais;
- Carla Pires, diretora de sustentabilidade
imagem valorizada pela comunidade
da Odebrecht Agroindustrial (Confirmada)
Mediadora – Maria Luiza Barbosa, di-
10h30 - Café
retora da Ecológica ID e consultora
10h50 às 12h50 – A cana pode mais
de Responsabilidade Social da UNICA
As mulheres falam sobre práticas corretas,
(Confirmada)
inovações, profissionalismo e criatividade
Debatedores:
- da pesquisa ao mercado -, para aumen-
- Sueli Aguiar, gerente de Serviço Social
tar a competitividade do setor
e Comunicação da Pedra Agroindustrial;
Mediadora – Luciana Paiva, editora da
(Confirmada)
revista CanaOnline
90
Novembro · 2014
Debatedoras:
Etanol e Energia da Raízen (Confirmado)
- Cristiane Pigatto, gerente Financeira do
- Rui Chammas, diretor-presidente da Bio-
Grupo São Martinho; confirmada
sev (Confirmado)
- Maria do Carmo Ferrante, chefe do setor
- Otávio Lage de Siqueira Filho, dire-
de açúcar do Rabobank para as Américas;
tor-presidente da Usina Jalles Machado
confirmada
(Confirmado)
- Monalisa Sampaio, doutora em Genéti-
- Antonio Carlos Zem, presidente da FMC
ca e Melhoramento de Plantas e vice-co-
Corporation para América Latina;
ordenadora da pós-graduação em Produ-
15h30 – Café
ção Vegetal e Bioprocessos Associados da
15h50 às 17h30 – A atuação e as
UFSCar; confirmada
oportunidades para as mulheres no
- Raffaella Rossetto, doutora em Solos e
agronegócio
Nutrição de Plantas, diretora Técnica da
Apenas no Brasil, mais de 3,5 milhões de
Divisão APTA - Agência Paulista de Tecno-
mulheres atuam no agronegócio. Mas esse
logia dos Agronegócios (confirmada)
principal segmento econômico do país
- Patrícia Fontoura, supervisora de Planeja-
tem muito mais espaço para a participa-
mento e Desenvolvimento agrícola da SJC
ção feminina
Bioenergia, Quirinópolis, GO (confirmada)
Mediadora
- Renata Morelli, gerente de tecnolo-
agrônoma e Secretaria da Agricultura e
gia agrícola e inovação da Coplana
Abastecimento do Estado de São Paulo
(confirmada)
Debatedores:
- Tereza Peixoto, diretora Agrícola da Bio-
- Ismael Perina, presidente da Câmara Se-
sev (confirmada)
torial da Cadeia Produtiva do Açúcar e do
12h50 às 13h50 – Brunch
Álcool (Confirmado)
13h50 às 15h30 – Grandes executivos
- Celso Torquato Junqueira Franco, presi-
falam sobre as mulheres em funções de
dente da UDOP (Confirmado)
liderança e a participação feminina em
- Karoline Fernandes Rodrigues, gestora
suas empresas
de Planejamento, Pesquisa e Desenvolvi-
As mulheres já são 40% da força do traba-
mento na Jalles Machado S/A – Goianésia,
lho no mundo, mas apenas 24% delas che-
GO;
garam à liderança
- Maria Dolores Figols y Costa, coordena-
Mediadora – Ana Paula Malvestio, sócia
dora do departamento de comunicação e
da PwC (Confirmada)
marketing da Coopercitrus (Confirmada)
Debatedores:
17h30 – Pedro Mizutani canta em ho-
- Pedro Mizutani, vice-presidente de Açúcar,
menagem às mulheres
–
Mônika
Bergamaschi,
91
C AN A SU BSTAN TIVO FE MI NI NO
www.facebook.com/cana.substantivo.feminino
Debatedores que já confirmaram presença
Ana Paula Malvestio,
Líder Global de
Agronegócio e
Sócia da PwC
Celso Torquato
Junqueira Franco,
presidente da UDOP
Cristiane Pigatto,
gerente Financeira do
Grupo São Martinho
Ismael Perina, produtor
rural e presidente da
Câmara Setorial da
Cadeia Produtiva do
Açúcar e do Álcool
Maria Luiza Barbosa,
diretora da Ecológica
ID e consultora de
Responsabilidade
Social da UNICA
Márcia Cubas, diretora
de Recursos Humanos
e Sustentabilidade do
Grupo São Martinho
Monalisa Sampaio, vicecoordenadora da pósgraduação em Produção
Vegetal e Bioprocessos
Associados da UFSCar
Patrícia Fontoura,
supervisora de
Planejamento e
Desenvolvimento agrícola
da SJC Bioenergia,
Quirinópolis, GO
Raffaella Rossetto,
doutora em Solos e
Nutrição de Plantas,
diretora Técnica da
Divisão APTA
Pedro Mizutani, vicepresidente executivo
de Etanol, Açúcar e
Bioenergia da Raízen
Rui Chammas,
diretor-presidente
da Biosev
Tereza Cristina
Teixeira, diretoraagrícola da Biosev
Luis Carlos Veguin,
diretor de Recursos
Humanos para o
segmento de Energia,
Açúcar e Etanol da Raízen
Sueli Aguiar, gerente
de Serviço Social
e Comunicação da
Pedra Agroindustrial
Maria do Carmo
Ferrante, chefe do setor
de açúcar do Rabobank
para as Américas
Maria Dolores Figols
y Costa, coordenadora
do departamento de
comunicação e marketing
da Coopercitrus
Otávio Lage de Siqueira
Filho, diretor-presidente
da Usina Jalles Machado
Renata Morelli, gerente
de tecnologia agrícola
e inovação da Coplana
Carla Pires, diretora
de sustentabilidade da
Odebrecht Agroindustrial
92
FIQUE POR DENTRO
Notícias sobre o Encontro Cana Substantivo Feminino
www.canasubstantivofeminino.com.br
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B AT E ND O P E RN A
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Novembro · 2014
Não faltam motivos
para ir a Goiás
SEGUNDO MAIOR PRODUTOR DE CANA, GOIÁS SE APRESENTA COMO
UMA GRANDE POTÊNCIA DO AGRONEGÓCIO. MAS OS ATRATIVOS
GOIANOS NÃO SÃO APENAS PARA QUEM DESEJA INVESTIR E
TRABALHAR, É TAMBÉM PARA QUEM QUER CURTIR A VIDA
Caldas
Novas
95
B AT E ND O P E RN A
Luciana Paiva e Daniela Rodrigues
O
Estado de Goiás, com uma su-
tura: clima, solo fértil e os investimentos na
perfície de 340 mil km2, tem o
reconstrução de estradas e na estruturação
agronegócio como principal ati-
dos incentivos para a implantação de no-
vidade. O segmento responde por cer-
vas indústrias no estado. Resultado: Goiás é
ca de 65% do Produto Interno Bruto (PIB),
o segundo maior produtor de cana do Bra-
sendo também responsável por 75,0% das
sil (só perde para São Paulo), com previsão
exportações goianas. Para o engenhei-
para essa safra de 60,5 milhões de tonela-
ro agrônomo Luiz Antonio Pinazza, pes-
das e área plantada de 878,27 mil hectares.
quisador e professor da Fundação Getúlio
oferece as maiores oportunidades de cres-
Os atrativos goianos para
quem deseja curtir a vida
cimento no País, porque o lugar onde o
Mas os goianos salientam que o es-
agronegócio vai continuar crescendo é o
tado é rico em atrativos não só para quem
Centro-Oeste e Goiás é a porta de entra-
deseja investir e trabalhar, mas também
da”, diz o professor.
para quem quer curtir a vida. A jornalista
Vargas (FGV), “Goiás é hoje o Estado que
Goiás é um dos estados onde a cul-
Daniela Rodrigues, responsável pela área
tura da cana-de-açúcar mais se desenvol-
de comunicação da Usina Jalles Machado,
veu nos últimos anos, especialmente na úl-
de Goianésia, SP, preparou especialmente
tima década. Isso aconteceu por conta de
para os leitores da CanaOnline uma lista
estímulos recebidos pelas indústrias, pe-
desses atrativos. Confira:
los produtores e também pelas características que favorecem a produção dessa cul-
Goiânia
Goiânia é a capital brasileira mais arborizada do país, sendo este o motivo de
já ter recebido o título de “Capital verde
do Brasil” e de melhor qualidade de vida.
A cidade possui muitos bares, shoppings
e boates. O sertanejo é o ritmo dominante na noite.
“Não faltam coisas boas
em Goiás”, diz Daniela
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Novembro · 2014
Caldas Novas
mundo (com ondas). Você pode conhe-
Localização: 171 km de Goiânia. Cal-
cer mais sobre o resort em http://www.rio-
das Novas é conhecida por ser a maior es-
quenteresorts.com.br
tância hidrotermal do mundo, possuindo
Caldas Novas também é sede de vá-
águas que brotam do chão em tempera-
rios eventos nacionais, como o Festival
turas que variam de 33° a 60°. A cidade
Caldas Country, o maior festival de música
é repleta de clubes e hotéis. No municí-
sertaneja do mundo, que acontece em no-
pio vizinho de Rio Quente (é bem perti-
vembro. Veja mais: http://www.caldascou-
nho de Caldas) fica o complexo Rio Quen-
ntryshow.com.br/
te Resorts, onde está o Hot Park, um dos
maiores parques aquáticos do Brasil e to-
Pirenópolis
das as piscinas são de água quente natu-
Localização: 107 Km de Goiânia. É
ral. Lá também fica a Praia do Cerrado, a
uma cidadezinha histórica, fundada em
maior praia artificial de água quente do
1731. Hoje, o turismo é a principal fonte
97
B AT E ND O P E RN A
Pirenópolis: tombada como patrimônio histórico, o centro da
cidade mantém ainda os casarões do século XVIII, igrejas e museus
de renda. Tombado como patrimônio his-
ná e de outro a do Tocantins. As formações
tórico, o centro da cidade mantém ainda
rochosas desta serra são todas quartizíti-
os casarões do século XVIII, igrejas e mu-
cas, o que confere às suas águas uma co-
seus, as ruas de pedras e a ponte sobre o
loração límpida de baixa salinidade. Águas
Rio das Almas. A Rua do Lazer é o princi-
que brotam nos terrenos rochosos ricos
pal atrativo dos turistas e é onde se con-
em quartzo puro e cristalino.
centram os bares da Cidade para agradar
a todos os gostos do turista.
Pirenópolis foi o cenário da novela Estrela Guia, de 2001, que tinha Sandy
A cidade é cercada pela Serra dos Pi-
como protagonista. A cidade ainda man-
reneus, que formam o Parque dos Pireneus,
tém manifestações folclóricas, como a fes-
onde se pode fazer trilhas, caminhadas, ver
ta do Divino, com as famosas cavalhadas.
o por do sol, e contemplar belíssimas pai-
Para saber mais: http://www.pireno-
sagens do cerrado e inúmeras cachoeiras.
polis.tur.br/turismo/atrativos/atrativos-
A Serra dos Pireneus é um divisor de águas
naturais/cachoeiras - http://www.pireno-
continentais: de um lado a Bacia do Para-
polis.tur.br/
98
Novembro · 2014
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B AT E ND O P E RN A
Em Pirenópolis - festa do Divino, com as famosas cavalhadas
Rio Araguaia
rada, os municípios por onde o Rio passa
Em Goiás não tem mar, mas tem as
lotam de turistas que acampam nas praias.
praias de água doce formadas ao longo do
Os mais atrativos são Aruanã e Luis Alves.
. Fio Araguaia. Em julho, época da tempo-
Veja mais em: http://globotv.globo.com/tv
Quem disse que
Goiás não tem
praia? Olha só
o rio Araguaia
100
Novembro · 2014
-anhanguera-go/ja-1a-edicao/v/confira-
lhe deu o nome de Arraial de Sant’Anna, e
como-e-a-temporada-de-ferias-no-rio-a-
posteriormente foi elevado à vila adminis-
raguaia/3518615/
trativa, com o nome Vila Boa de Goiás, a
cidade foi próspera enquanto havia rique-
Cidade de Goiás
za na época do ciclo do ouro. Foi a capi-
Localização: 140 Km de Goiânia. A
tal do Estado até meados de 1930, quando
Cidade de Goiás é patrimônio histórico
a capital foi transferida para Goiânia. De
da Humanidade. Foi a primeira capital de
certa forma, foi essa decisão que preser-
Goiás e conserva mais de 90% de sua ar-
vou a singular e exclusiva arquitetura co-
quitetura barroco-colonial original do Sé-
lonial da Cidade de Goiás. A transferência
culo XVIII. Cercada pela Serra Dourada,
foi coordenada pelo então interventor do
terra da poetisa goiana Cora Coralina e da
Estado, Pedro Ludovico Teixeira e na épo-
artista plástica Goiandira do Couto, que
ca, a Cidade de Goiás não queria perder o
fazia seus quadros com as areias coloridas
prestígio de capital. Então, Pedro Ludovico
da Serra Dourada.
decretou que uma vez ao ano, no dia 25
Fundada em 1727, pelo bandeiran-
de julho, dia do aniversário, a cidade vol-
te Bartolomeu Bueno da Silva Filho, que
taria a ser a capital do Estado por três dias.
A Cidade de Goiás é patrimônio histórico da Humanidade
101
B AT E ND O P E RN A
Procissão do Fogaréu na cidade de Goiás
Assim, é feito todos os anos, e nesse perí-
Além disso, ao lado da Ponte, está lo-
odo, a cidade volta a ser sede dos poderes
calizada a Casa de Cora Coralina, um mu-
Legislativo, Executivo e Judiciário do Esta-
seu onde se pode conhecer seus poemas e
do de Goiás.
a sua história. Na praça central, está o co-
O centro histórico é composto por
reto e o turista não pode deixar de expe-
inúmeras igrejas, monumentos históricos,
rimentar o tradicional empadão goiano. É
como a Cruz do Anhanguera, o chafariz de
uma cidade muito charmosa, que preserva
Calda, e vários museus. No Palácio Conde
a cultura, a história e as tradições do povo
dos Arcos, primeira sede do governo de
goiano. Em junho, sedia o Festival Interna-
Goiás, é possível conhecer toda a história
cional de Cinema e Vídeo Ambiental, que
da formação do Estado e do Povo Goiano.
reúne pessoas de todo o mundo.
No Museu da Boa Morte, o turista pode
Na Semana Santa, acontece uma das
ver várias esculturas sacras do artista plás-
mais belas manifestações religiosas: a Pro-
tico Veiga Valle, que para muitos historia-
cissão do Fogaréu. A celebração, que dá
dores, significa para Goiás o que Aleijadi-
continuidade a uma tradição de pouco
nho significa para MG.
mais de 200 anos, consiste em encenar as
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Novembro · 2014
103
B AT E ND O P E RN A
principais passagens bíblicas que antecedem à crucificação de Jesus pelas ruas de
Goiás, da qual a Procissão do Fogaréu faz
parte. Nela, os farricosos, homens encapuzados com vestes coloridas, carregam tochas acesas entre as ruas escuras, representando o caminho dos romanos até o
momento da prisão de Cristo. Recentemente, a Cidade de Goiás foi cenário da
primeira fase da novela Em Família da rede
Globo.
Para saber mais: http://globotv.globo.
com/rede-globo/bom-dia-brasil/v/quinta-feira-santa-tem-demonstracoes-do-fogareu-na-cidade-de-goias-go/3287136/ http://www.cidadedegoias.com.br/
Chapada dos Veadeiros
O Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros é um patrimônio mundial natural da Unesco, localizado nos municípios
de Cavalcante e Alto Paraíso. O povoado
de São Jorge é porta de entrada do Parque, uma antiga vila de garimpeiros do
início do século XX que hoje tem como
atividade principal o ecoturismo, uma al-
Belezas da Chapada
dos Veadeiros
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Novembro · 2014
Pôr-do-sol no lago
Serra da Mesa
ternativa ecológica e sustentável para os
Lago Serra da Mesa
moradores da região. É um lugar com lin-
Localização: 400 km de Goiânia. Área
das paisagens e cachoeiras magníficas.
inundada que atrai pessoas para mergu-
Para saber mais: http://g1.globo.
lho, lazer e pesca predatória. Veja mais:
com/globo-reporter/noticia/2014/03/
http://globotv.globo.com/tv-anhangue-
confira-incriveis-imagens-da-chapa-
ra-go/ja-1a-edicao/v/viajantes-podem-
da-dos-veadeiros-vista-de-cima.html
mergulhar-no-lago-serra-da-mesa-em-
http://www.chapadadosveadeiros.com/
-
goias/3576218/
105