Horizonte Mercedario
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Horizonte Mercedario
Horizonte Mercedario Fé e Compromisso Missionário –Horizonte Mercedário (1922-2012) P. Fr. Lisaneos Prates, O.de M. 8 de octubre de 2012 Numa perspectiva teológica ampla fé e missão são dois termos inseparáveis para se compreender a ação do Espírito Santo na dinâmica histórico-salvífico-libertadora. A experiência da fé em Deus leva o sujeito crente ao compromisso missionário, vale dizer, a missão resulta da consciência adquirida na mediação da fé de ser enviado. A identidade da Igreja Missionária na qual todo cristão é membro efetivo e afetivo traz já na sua gênese a marca do envio missionário: “’Como o Pai me enviou, também eu vos envio’. Dizendo isso, soprou sobre eles e disse: ‘Recebei o Espírito Santo’” (Jo 20,21b22). Nascida dentro da Igreja e a serviço da Igreja e do mundo, a Ordem das Mercês ao longo de quase Oitocentos Anos de sua Fundação tem participado ativamente desta missão recebida pela Igreja na sua origem. Evidentemente, que a missão mercedária acontece sob a inspiração do carisma-espiritualidade que o Espírito Santo prodigalizou a são Pedro Nolasco nos idos do século XIII nas cercanias de Barcelona. Esta experiência carismático-espiritual chegou ao Brasil no século XVII e, após, um período de retirada, somente retorna no século XX, exatamente no ano de 1922. Sendo assim, neste ano de 2012 estamos celebrando Noventa Anos da Segunda Vinda dos Mercedários ao Brasil, tendo como lugar de referência histórica as cidades de São Raimundo Nonato e Bom Jesus no Piauí. Nesta Segunda Vinda dos Mercedários ao Brasil constatamos um profundo vínculo entre fé e missão, já que, naquele contexto histórico de 1922 o Piauí era uma terra necessitada de uma ação missionária a serviço da fé. É a presença dos mercedários em tal contexto que traduziu a vinculação teológica inarredável entre fé e missão. Tendo como referência São Raimundo Nonato e Bom Jesus, os mercedários são exímios missionários, os quais, sob a inspiração do carismaespiritualidade das mercês fazem da fé a fonte alimentadora de sua ação missionária. O horizonte mercedário da fé, então, torna-se uma realidade viva na vida missionária de cada mercedário que assumiu naquele contexto o significado profundo da ação missionária. Por não serem brasileiros, estes missionários mercedários fizeram uma belíssima experiência fundamental daquilo que se convencionou denominar no jargão da teologia de inculturação da fé. Vale asseverar: tudo aquilo que temos e somos como mercedários no Brasil de hoje tem como fundamento a semeadura feita por estes nossos irmãos do ano de 1922. Por isso, celebramos Noventa Anos de uma presença, eficaz, profícua, fecunda capaz de gerar a primeira província mercedária da Ordem no Brasil, criada no ano de 2007. O vínculo fé-missão implica no exercício da peregrinação, isto é, o missionário movido pela fé é um peregrino a serviço do Evangelho do Reino de Deus. É um caminhante que não encontra o caminho palmilhado, mas, o desafio de sempre abrir caminhos novos à luz da fé. Para os mercedários dos anos 1922 a Virgem das Mercês é a estrela que conduz os seus passos na direção do compromisso missionário. Ela que ao tomar conhecimento que carregava no seu ventre o “descendente” salvífico-libertador enviado da parte de Deus-Pai, torna-se peregrina e servidora indo ao encontro de sua prima Isabel. Sendo a peregrina que inaugurou o caminho missionário como compromisso com o serviço a quem mais necessita, a Virgem é cognominada por Isabel como sendo feliz por ter acreditado na promessa de Deus e no Deus da promessa. Eis a afirmação evangélica lapidar elaborada pelo evangelista Lucas, tendo Isabel como locutora: “Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lc 1,45). Por contarem com a intercessão da Virgem das Mercês, aqueles mercedários de 1922 também fizeram a experiência de serem felizes por terem sido enviados e acreditarem na promessa do Deus que sempre visita e liberta o seu povo. Ser a visita do Deus Libertador a serviço da vida dos cativos foi o júbilo deste grupo de mercedários missionários. Esta missão mercedária protagonizada pelo Espírito Santo na mediação da disponibilidade generosa dos mercedários de 1922 expressa que eles souberam assimilar a herança legada por são Pedro Nolasco, o santo que soube ler o cativeiro de sua época como contra-sinal do Reino de Deus. O santo que sob a inspiração redentora da Virgem das Mercês foi, mistagogicamente, conduzido à contemplação do Cristo Redentor no sofrimento dos cativos. Por isso, à sua obra redentora não outorga derivações do seu nome como era o costume da época. Mas, sua ação libertadora em favor dos cativos, deriva da inspiração que lhe propiciou a Mãe das Mercês, a qual é Mãe dos cativos e Mãe dos redentores (COM 6; 7). Indubitavelmente, que a missão dos mercedários de 1922 numa linha evangelizadora com uma marca notadamente catequético-sacramental acaba por marcar a história dos mercedários no Brasil de forma determinante. A tão conhecida ação missionária na forma das “desobrigas” – modo típico daquela época de visitar as comunidades mais longínquas – nas quais o missionário levava os rudimentos da fé cristã na mediação da Palavra de Deus, dos sacramentos, da celebração eucarística e da piedade cristã, expressa a genuinidade de um profícuo paradigma missionário que marcou dito contexto. Sem sombra de dúvida que estes Noventa Anos da Segunda Vinda dos Mercedários ao Brasil é uma linda referência de ação de graças ao Mistério do Deus TriUno, cuja origem não é a solidão, mas, a beleza e plenitude da comunhão oferecida como dom ao ser humano. Por ser a fonte da missão mercedária em última instância assimilada num formato plasmado no prólogo das Constituições da Ordem das Mercês já em 1272, todo louvor, toda glória sejam dadas à Trindade Santa: Pai, Filho, Espírito Santo. Amém!!!.
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