A Arte de Holy Avenger.p65

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A Arte de Holy Avenger.p65
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Existe algo divertido a respeito de histórias em quadrinhos. E é justamente o fato de
serem divertidas.
Sem menosprezar os incríveis trabalhos europeus e de outras regiões, dois estilos
dominam o mundo dos quadrinhos. Os comics norte-americanos e o mangá japonês.
Estados Unidos e Japão são os dois países mais intensamente industrializados no
mundo. Ao mesmo tempo, são também os países com a maior produção — e consumo
— de entretenimento no mundo. Não apenas comics e mangá, mas também música,
cinema, animação, jogos, espetáculos, videogames e tudo o mais. São mercados que
movimentam fortunas inimagináveis. Fortunas que, se fossem destinadas à pesquisa
científica ou programas espaciais, certamente já teriam levado o Homem às estrelas.
Por que, em vez de investir no crescimento de suas respectivas nações — ou mesmo da
própria Terra —, Estados Unidos e Japão empregam tanto de seu tempo, dinheiro e
energia para produzir diversão? Apenas porque eles podem?
Na verdade, o provável é que fazem isso porque PRECISAM. Porque, cada uma a seu
modo, são nações que exigem muito de seus cidadãos. Exigem uma vida de estudo e
trabalho. Exigem dedicação e competição. No capitalismo prosperam mais aqueles que
são mais aptos e esforçados. A riqueza tem seu preço.
Em uma sociedade industrial o lazer é uma necessidade ainda maior — pois somos
humanos, não formigas. Não somos movidos pela simples sobrevivência, mas por nossa
busca pela felicidade. Todos temos missões, todos temos deveres e obrigações, é
verdade. Mas também somos uma espécie movida por sonhos, desejos e fantasias.
Sem essas coisas, morremos. Ou nem mesmo existimos.
Não é sem motivo que, no mundo de Arton, a Deusa da Humanidade é também a Deusa
da Ambição. Ser humano é querer mais, desejar, conquistar e evoluir. Sem isso, ainda
estaríamos vivendo em cavernas.
Às vezes sou criticado por afirmar que quadrinhos, ou jogos de RPG, são divertidos — e
não precisam ser nada além disso. Como se diversão não fosse importante. Como se a
vida humana fosse possível sem ela. No entanto, uma vida sem diversão é coisa que
mesmo o mais esforçado de nós não pode tolerar.
Histórias em quadrinhos são uma forma de arte? Certamente. Podem ser usadas para
transmitir mensagens poderosas? Sem dúvida. Podem ser empregadas para alfabetizar,
orientar, educar e uma série de outras finalidades “mais nobres” que o simples lazer?
Claro que sim.
Mas histórias em quadrinhos são, acima de tudo, uma das mídias mais divertidas que
existem. Contada em quadrinhos, qualquer história fica mais agradável. HQs DEVEM ser
divertidas. Sem isso, perdem seu propósito.
Divertidas não apenas para quem as lê, mas TAMBÉM para quem as produz.
Este livro existe para que possamos contar um outro lado de Holy Avenger, um lado tão
divertido quanto a história principal. Para que vocês conheçam um pouco mais sobre
Erica Awano, Denise Akemi, Petra Leão, Fran Elles Briggs, Lydia Megumi, André Vazzios,
Ricardo Riamonde, Jae Woo, Rod Reis e Edu Francisco (que, infelizmente, não estava
disponível para participar deste álbum com comentários). Para que estes artistas
tenham o reconhecimento que merecem. Para que todos — nós e vocês — possamos
nos divertir um pouco mais com um trabalho bem feito.
Holy Avenger terminou. Foi necessário. Antes encerrá-la que deixá-la degenerar e morrer.
Mas a diversão não precisa terminar.
Então divirtam-se. Tanto quanto nós.
— Marcelo Cassaro
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Edição & Diagramação: Marcelo Cassaro
Textos: Denise Akemi, Erica Awano, Fran Elles Briggs, Petra Leão,
Lydia Megumi, Marcelo Cassaro, Rodrigo Reis, Ricardo Riamonde,
Jae Woo, André Vazzios
Ilustrações e Cores: Denise Akemi (pags. 16, 17, 65), Erica Awano
(4-13, 15, 18-21, 23, 25-29, 32-33, 35-36, 38-43, 47-49, 52-59, 61-65,
67-69, 73, 75-77, 79-81, 87-88, 90-96), Fran Elles Briggs (51), Petra Leão
(36), Lydia Megumi (22-23, 36, 50-51, 53, 67-68, 89), Lúcia Nóbrega
(88), Nani Yasha (51), Marcelo Cassaro (7, 13-15, 18-19, 24, 31-32, 47,
54, 56, 62, 70-71, 86), Eduardo Francisco (25, 37, 44-45, 73, 76, 79, 90),
Evandro Gregorio (80-81), Rodrigo Reis (4, 14, 19, 24, 26, 28, 32, 36, 39,
41, 43-45, 47, 53, 56-57, 62, 64-65, 67-69, 73, 75-76, 79, 88, 95),
Ricardo Riamonde (90-91), Jae Woo (60-61), André Vazzios (3, 6, 8-9, 12,
21, 25, 27, 30, 33, 37, 40, 42-43, 46, 48-49, 52, 54-55, 58-59, 62-63, 6667, 69, 72, 74, 77-79, 81, 83-85, 87-89, 91-96), Carlos Vinicius (11, 29)
Capa: Erica Awano & André Vazzios
Arton, Tormenta e Holy Avenger criados por Marcelo Cassaro,
Rogerio Saladino & J.M.Trevisan
Bravado, Anne e James K. criados por Erica Awano
Puck, Domi, Klaus e Kabof criados por Petra Leão & Fran Elles Briggs
Arkam Braço Metálico criado por Flávio L.R. Ribeiro
Expediente
Diretor: Ruy Pereira
Editor Executivo: Marcelo Cassaro “Paladino”
Produtor Gráfico: Roberto Avelino
Assistentes de Produção: Mauricélio F. Paiva, Patrícia P. Santos
Diagramadores: Dawis Roos, Márcia M. S. Braga
Scanners: Edilson Gedo, Wagner F. Nunes
Contato: Lourdes Maurício
A ARTE DE HOLY AVENGER é uma publicação da Editora Talismã Ltda.
Números Anteriores, Venda Direta, Venda Avulsa: Luzia Begalli, Noemia
de Lima, Teresa Melo. Fones: (11) 3051-5826/3051-3295 (Fax). E-mail:
[email protected] Caixa Postal 27022 • CEP 04007-990 • SP/SP
Redação, Administração e Depto. Comercial: (11) 3052 2288
Circulação: Antonio Marcos
Distribuição exclusiva para todo o Brasil: Fernando Chinaglia S/A,
Rua Teodoro da Silva, 907 - Grajaú - CEP: 20563-900 - RJ/RJ,
fone (21) 3879-7766
Impressão e Acabamento: Parma
Atenção: DRAGÃO BRASIL, TORMENTA e HOLY AVENGER não têm representantes
autorizados em nenhum lugar do país
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Quando fiquei sabendo da novidade (uma história em
quadrinhos sobre RPG, feita no estilo de mangá, sobre
um mundo de aventuras que ainda estava engatinhando
chamado Tormenta), pensei: “Parece maluquice, só
mesmo o Cassaro pra bolar um troço desses... mas tem
tudo pra dar certo!”
Dito e feito. Holy Avenger foi uma das coisas mais
bacanas que o Marcelo Paladino já produziu. Os
desenhos da Erica não devem nada aos originais
japoneses, os personagens são carismáticos e bem
desenvolvidos, a narrativa é ágil e envolvente e a trama
adquiriu traços bastante particulares que acabaram
prendendo a atenção dos leitores por quarenta números
— um recorde sem precedentes para uma revista de
quadrinhos alternativa escrita, produzida e desenhada
por brasileiros.
Holy Avenger é, sem dúvida nenhuma, uma grande
vitória para todos nós, Otakus e RPGistas.
— Marcelo Del Debbio, autor dos jogos
de RPG Arkanun e Trevas
A última lembrança que eu tenho de antes de começar
a Holy é ter me questionado se seria ou não capaz de
cumprir prazos... Pensando nisso agora, puxa vida,
quanta ingenuidade!
— Awano
Me sinto muito orgulhoso por participar desta equipe,
pois quando a revista saiu, eu fazia estágio na
Fábrica de Quadrinhos e nem tinha idéia de que um
dia trabalharia numa revista mensal.
Aproximadamente um ano depois, o Cassaro me
chamou. Foi um dia e tanto...
— Riamonde
Holy Avenger foi uma conquista para a maturidade da
produção dos quadrinhos genuinamente nacionais ao
custo de uma enorme persistência. Uma vitória sob o
rótulo de “independente”, quando a ironia fica por
conta da total ausência de pares: quadrinhos
produzidos por autores nacionais periodicamente.
Esse dado nos leva então à pergunta: somos
independentes de “quê”?
— Vazzios
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Aiaiai... mas como o desenho da Erica mudou!
Eu lembro de quando Cassaro defendia com
unhas e dentes que a Lisandra NÃO foi criada
pelos lobos. Bom, lendo a primeira edição é isso
que parece. Não é mesmo?
— Jae
Meu caso amoroso com Holy Avenger
foi a caminho do meu curso de
desenho. Parei na banca pra folhear
algumas revistas, quando me chamou
a atenção a Holy número um. Era um
tipo de humor que eu não costumava
ver nas HQs freqüentemente. “Ok,
não tenho dinheiro para levar essas
duas revistas.” Resultado, deixei a
primeira que apanhei e carreguei
Holy comigo, para me esborrachar de
rir no ônibus de volta pra casa. ^^
É engraçado olhar agora e perceber
que entrei no mundo de Holy como fã e saí
como uma “pseudo-co-autora”. Acho que
poucos fãs tiveram o privilégio de poder
participar da criação que admiram — metendo
até a colherzinha torta, de vez em quando —
como eu e a Fran tivemos….
— Petra
— Fran
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Olhando para trás, acho que a personagem
de Holy que desenhei mais vezes foi Lisandra,
por causa de suas armas e armadura vegetais.
Gosto muito de desenhar formas orgânicas, monstros
e tudo o mais; e também não sou muito bom
desenhando roupas normais.
— Cassaro
A primeira vez que vi os esboços da
Lisandra, simpatizei com a personagem.
Adorei sua ligação com a natureza e
como ela a usufrui.
— Akemi
Me lembro da primeira vez que vi os
personagens da Holy Avenger, no
princípio era uma aventura para a revista
Dragão Brasil antes de virar uma série de
quadrinhos regular. Achei bem bacana
participar da criação inicial
dos personagens, ajudando
a definir suas cores.
— Reis
A Lisandra foi uma personagem que gostei de
trabalhar na Holy Especial. Ela, apesar de suas
complexidades psicológicas, passa uma imagem de
simplicidade e inocência. É como desenhar uma
criança — a gente acaba se divertindo bastante!
— Megumi
Acho que minha colaboração efetiva na série
começou mesmo na nona edição, onde finalmente
encontraria o caminho como colorista. Aquelas eram
as primeiras artes de edição 9 algo aconteceu. O
clima de imersão, a delicadeza no semblante de
Lisandra, tudo conspirava num clima perfeito pra
inspirar uma de minhas capas preferidas.
— Vazzios
O primeiro problema foi o design dos personagens...
A Lisandra por exemplo, conforme ela ia evoluindo
e a armadura ia ficando maior, na minha cabeça,
o conceito foi tomando proporções cômicas, até
chegar à imagem dela em forma de árvore
ameaçando os outros com frutas...
— Awano
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Eu nunca entendi porque
um ladrão deveria usar
aquelas coisas nos ombros
e pendurado ao lado dos
quadris, parecia ser pouco
prático — por outro lado,
era bem a cara de um
ladrão sem noção como o
Sandro Galtran.
— Awano
Meu contato com o
Cassaro se deu através
do Edu. Ele me disse
que precisavam de um
colorista, fiz um teste
e pronto. Lá estava eu, belo
e contente, ingressando
profissionalmente no
fantástico mundo da
colorização.
— Riamonde
Lembro que a primeira impressão que tive
de Holy Avenger foi a de que “Galtran”
parecia nome de vilão do Space Ghost...
no entanto, após uma certa insistência
do Cassaro, continuei comprando a
revista. Não deu outra: quando o Tork
apareceu na terceira edição, me
apaixonei pra sempre!
— Petra
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Awano é uma uma artista
pra lá de enigmática. Sua natureza
questionadora, a atitude criativa equilibrada e a
inesgotável energia positiva talvez revelem um
pouco da receita de sua consagração como
quadrinista. Nossa colaboração mútua sempre
foi muito divertida. Ela reclamava dos
personagens que desenvolvi, todos
graciosamente interpretados por sua mão
habilidosa. Para se vingar ela compõe capas
duplas que levo uma semana pra pintar, com
dezenas de figuras vibrantes, pulsando em vida
e contando elas mesmas cada qual sua
história. Acho que ninguém ligaria se
continuássemos “brigando” assim.
— Vazzios
A tia (Erica) é uma
pessoa brilhante.
Precisa dizer
mais?
— Jae
Erica
Awano
Escritor: só um??? Sacanagem! Escolhe um
aí... José Saramago, Guimarães Rosa, Machado
de Assis, James Joyce, Goeth, William
Shakespeare, Baudelaire... ^_^
Data de Nascimento: segundo a Dona Laura,
mãe da Erica, a filha nasceu no dia 12/12/??,
mas há sérias controvérsias sobre o assunto.
Filme: A Vida de Bryan
Ocupação: desenhista em período integral
(integral mesmo). Dona Laura diz que a filha
nasceu uma criança normal, cresceu (também
há controvérsias sobre esse ponto) num
ambiente normal, tendo desenvolvido o hábito
de dormir durante o dia ou simplesmente não
dormir, se alimentar praticamente sob ameaça e
passar o dia todo desenhando, dizendo que
está trabalhando. Isso começou em 1999,
quando começou a ilustrar Holy Avenger.
Música: Stay (Faraway, so Close!) e The Fly,
ambas do U2 ^_^
Antecedentes: apareceu pela primeira vez em
1996 na revista Megaman, mas a carreira
profissional só começou mesmo com a revista
Street Fighter Zero 3 da Editora Trama. Além
disso é colaboradora da revista Anime Ex, onde
faz a sessão “Manga ka”. Já fez trabalho
semelhante na Animax, assumindo a sessão
“Como desenhar mangᔠa partir do número 19
(? preciso conferir isso). Também foi a criadora
do character design da primeira mascote da
revista Anime-do da Editora Escala. Dona Laura
acrescenta: “A Erica também é Bacharel em
Letras e Literatura pela Universidade de São
Paulo. E só não escreveu este perfil porque
está novamente enfiada naquele quarto
‘trabalhando’!”
Base de Operações: algum lugar
do Ipiranga, em casa
Roteirista: Neil Gaiman
Desenhista: John J. Muth
Livro: O Fausto
Passatempos: estes ERAM meus passatempos
— Internet, leitura, música... Atualmente passo
meu tempo desenhando, quando não estou
fazendo isso, estou dormindo e em algum
momento entre isto e aquilo, me alimento...
Gosta de: dormir, lasanha, laguinhos ou
riozinhos de águas claras onde se podem ver
peixinhos nadando, passear no sítio do meu
tio... ah, e desenhar, é claro!
Não gosta de: política, advogados, Windows,
mosquitos, injeções, banana, a própria
comida... hummm, queijo gorgonzola.
Personagens Favoritos: Dark Schneider
(Bastard!), Totoro (Tonari no Totoro), Iori Yagami
(King of Fighters), Saeba Ryo (City Hunter), Tora
(Ushio to Tora).
Personagem que mais gosta em HA: Sandro
Galtran
Personagem que menos gosta em HA: o
Paladino
Manias Estranhas: eu não tenho manias
estranhas, sou uma pessoa saudável, de
hábitos saudáveis e mente sã! Derrubar
morcegos com vara de bambu, jogar taturana
em braseiro, arremessar besouros com raquete
de badminton, jogar vinagre nas costas dos
sapos eu fazia quando era criança! Agora sou
uma pessoa adulta, não faço mais isso...
Meus parabéns à
Erica por ter conseguido
escapar ilesa dos
40 números da revista.
Imagino o que deva ser
desenhar quadrinhos no Brasil.
Awano não virou uma
personagem de Holy de carne
e osso, mas é uma heroína
com certeza!! :)
— Fran
A Erica, como uma
irmã mais velha, me mostrou
os caminhos, deu conselhos,
encorajou e me advertiu sobre
os obstáculos nesse mundo
tão incerto que é o trabalho
com quadrinhos...
Devo muito a ela!
— Megumi
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