Palestra: Agnaldo Paviani

26° Simpósio Espírita
Instituição Beneficente “A Luz Divina”
Evolução Segundo o Espiritismo
Que Jesus, Mestre amantíssimo, ampare a todos nós e nos dê a sua paz.
Diz o Espírito Emmanuel, com muita elevação, no livro A Caminho da
Luz, referindo-se ao Verbo na criação terrestre:
“A ciência do mundo não lhe viu as mãos augustas e sábias na intimidade
das energias que vitalizam o organismo do Globo. Substituíram-lhe a
providência com a palavra "natureza", em todos os seus estudos e análises da
existência, mas o seu amor foi o Verbo da criação do princípio, como é e será a
coroa gloriosa dos seres terrestres na imortalidade sem-fim.
E quando serenaram os elementos do mundo nascente, quando a luz do
Sol beijava, em silêncio, a beleza melancólica dos continentes e dos mares
primitivos, Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento.
Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma
nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em
repouso.
Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos
oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que cobria toda
a Terra.
Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada. Com
essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus
à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens”.
Essa fase relatada por Emmanuel se compararmos com o livro A Gênese,
de Allan Kardec, nós sabemos que no livro “A Gênese” ele dividiu a formação
do planeta em seis períodos geológicos, então já havia passado o primeiro
período astronômico, já havia passado o período de transição, porque mostra o
modo como houve a delegação de partículas cósmicas, que formou a grande
esfera incandescente que era a Terra na ocasião, no período de transição que era
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exatamente este período relatado por Emmanuel que entrou um pouquinho no
período primário. Depois, veio o período secundário, quando apareceram os
répteis, os crustáceos e aqueles primeiros seres unicelulares quando a vegetação
era muito grande e existia muito ácido carbônico da atmosfera e esse ácido
carbônico fez com que no processo de fotossíntese fosse então filtrada a
atmosfera terrestre. Depois, surgiu a era dos grandes dinossauros, animais
gigantescos que desapareceram da Terra devido a cataclismas de grandes
dimensões. É quando entramos, então, no período quaternário, onde se dá o
surgimento do homem.
Hoje, vamos falar a respeito da evolução do homem segundo o
Espiritismo.
De um braço mais evoluído dos primatas surgiram homens primitivos com
crânio muito pequeno, com poucas funções cerebrais, mais voltados à vida
“mímica”, à alimentação, à reprodução. Mas aquele ser que estava surgindo era
um ser que estava fadado a crescer, porque diferentemente dos animais que não
têm um pensamento contínuo, aquele ser que surgia estava fadado a evoluir e
com o passar dos milênios, devido ao seu próprio impulso evolutivo, ele foi
transformando seu corpo. Sabemos daquele famoso intermediário que existe que
é o perispírito, corpo espiritual intermediário entre o corpo físico e o espírito. O
perispírito por si só não evolui, ele obedece às matrizes evolutivas do próprio
espírito e, à medida que esse espírito foi evoluindo e se transformando, foi tendo
necessidades. O homem primitivo desceu das árvores e isso foi modificando
também o seu perispírito. Os grandes engenheiros siderais, espíritos iluminados
trazidos por Jesus, foram fazendo experiências biológicas até surgir o homem
que somos hoje, com físico mais avantajado. Depois da descoberta do fogo, o
homem precisava de mais proteínas, necessitava da proteína animal, portanto da
caça e como ele tinha que rasgar a carne das caças com os dentes, ele veio com
os dentes caninos mais afiados e foi se modificando de acordo com suas
necessidades. O homem começou a ter o sentido de clã. Começou a entender que
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em grupo ele poderia caçar mais no sentido de reprodução. Mais adiante, ele
percebeu que com a descoberta de instrumentos, estes prolongavam os seus
braços e ele poderia caçar mais e à distância, e vencer as caças que eram velozes.
Ele foi evoluindo, aumentando as possibilidades do cérebro físico, instrumento
do espírito, quando se transformou então no homo-sapiens que é a base do
homem que somos hoje. Esta evolução se deu há milhares de anos atrás.
Várias teorias foram lançadas à respeito da evolução, como por exemplo, a
teoria de Darwin, em que os mais fortes sobrevivem aos mais fracos. Charles
Robert Darwin, naturalista britânico, pesquisou e escreveu sobre a evolução das
espécies (1809-1882). Alexander (Aleksandr) Ivanovich Oparin, cientista russo
(1894-1980), falou das substâncias que desciam do espaço sideral para povoar a
Terra. Hugo De Vries, holandês, fisiologista e vegetal e geneticista (1848-1935)
falou sobre a teoria da mutação genética dos seres que estavam transmitindo para
seus herdeiros esta modificação.
A Doutrina Espírita consegue reunir quase todas essas teorias em uma só e
consegue explicar inclusive a grande lacuna que existe entre o homem primitivo
e o homem atual, coisa que a ciência ainda não consegue explicar pelas
descobertas paleontológicas.
A Doutrina Espírita nos fala da migração de espíritos vindos de outras
esferas para reencarnar na Terra e aqui, em meio à selvageria, eles trouxeram
algo a mais. Estamos falando dos grandes povos do Egito, dos hindus, da Grécia
da antiguidade, dos Astecas, dos Maias, dos povos da Mesopotâmia, povos que
tinham avançado intelectualmente, mas não moralmente, e que migraram para a
Terra para trazer o progresso para um povo que ainda estava sem possibilidades.
A Mesopotâmia, por exemplo, era um povo que sabia fazer uma
agricultura irrigada, conhecia fundamentos da astronomia, da medicina. Foi o
povo que deu o primeiro código social da humanidade, o Código de Hamurabi.
Hoje, a Mesopotâmia é o Iraque.
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Os egípcios, os Astecas fizeram grandes previsões astronômicas e
arquiteturas maravilhosas, cujo conhecimento veio de outras esferas espirituais,
conforme está relatado no livro já citado A Caminho da Luz.
Mas a evolução se processa lentamente e iremos falar da evolução sobre
variados aspectos do ser humano, que sequer imaginamos. Como, por exemplo,
a evolução social que está acontecendo de uma maneira muito interessante,
porque antigamente, na Idade Média, a vida valia muito pouco e a expectativa de
vida era de trinta e cinco anos. Hoje já estamos socialmente um pouco melhores
no que se refere à expectativa de vida.
No Brasil, nos últimos oitenta anos, os métodos terapêuticos, os métodos
sociais melhoraram sensivelmente. Isso caracteriza uma época de transição pela
qual estamos passando e nos leva realmente a refletir que o mundo está
mudando.
A transição planetária já começou há uns cento e cinquenta anos e
continuará ainda por uns trezentos a quatrocentos anos. Por enquanto, estamos
vivendo em um mundo de provas e expiação, mas não é para desanimar, não,
porque quatrocentos anos não representam muito tempo, espiritualmente
falando, e nós chegaremos lá. Observamos que a evolução social de cento e
cinqüenta anos para cá foi muito grande.
Na época de Kardec, por exemplo, não existia muita coisa. Usavam-se
charretes, lamparinas, etc. Mas, de cento e cinquenta anos para cá a população
do mundo sextuplicou, devido à descoberta do antibiótico que tornou as pessoas
mais resistentes. Antigamente, a pessoa pegava um resfriado mais forte e
desencarnava. Na sociedade, antigamente, não existiam os direitos humanos e as
torturas eram comuns. Os castigos públicos, na época da Roma Antiga, nas
arenas e nas ruas, crucificando milhares de pessoas que eram chicoteadas e
arrastadas por cavalos para serem destroçadas nas ruas.
Hoje em dia, temos uma noção um pouco melhor dos direitos humanos.
Ainda falta muito por fazer, porque sabemos que os sistemas penitenciários estão
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muito longe do ideal. O sistema penitenciário não reeduca o cidadão, o que seria
a sua função. Hoje, alguns países já estão entendendo que as Guerras custam
muito dinheiro e estão recuando, um pouco, na ganância de vencer pelas guerras.
Por exemplo, nas guerras do Irã e do Afeganistão, quatro trilhões de dólares
foram gastos e que hoje estão faltando na sociedade, que está observando a crise
mundial que é uma manifestação muito clara da fraqueza do materialismo.
Estamos vendo uma grande mudança no sentido social da humanidade.
As ciências também estão mudando bastante porque antigamente não se
podiam contestar os dogmas estabelecidos. Os cientistas eram considerados,
praticamente, alquimistas. Mesmo que eles constatassem algo não podiam dizer
nada contra os dogmas estabelecidos, na época.
Lembramo-nos de Giordano Bruno que falava a respeito da teoria do
heliocentrismo, ou seja, o Sol era o centro do Universo, não a Terra. E ele foi
condenado a morrer na fogueira. Já falamos sobre ele, aqui uma vez. Giordano
Bruno era um sério candidato à fogueira porque ele era reencarnacionista; ele
tinha a ousadia de contestar o geocentrismo e falava que as estrelas que estão nos
céus são Sóis envoltos em seus planetas. Essa declaração, é claro, fez com que
ele fosse para a fogueira. Sua língua foi transpassada por um prego, preso a uma
haste de ferro, para ele não pronunciar nenhuma blasfêmia.
Aconteceu também isso com Galileu Galilei, que quase foi condenado a
morrer na fogueira. As suas teorias, seus estudos científicos, suas experiências
não eram aceitas. A ciência não era aceita pela igreja. Por isso, até hoje, a
ciência briga com as religiões porque os cientistas falam de um Deus que é um
Deus humanizado. As religiões falam de um Deus, até um pouco vingativo. A
teoria da evolução, por exemplo, o criacionismo de Adão e Eva que foram os
primeiros seres criados; a criação da luz, do Sol e da Lua: é uma contradição da
vida que existe.
A Bíblia é um livro muito importante. Ela foi formada através de vários
livros. No Antigo Testamento há muita contradição sobre a história de Adão e
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Eva. Sabemos que Caim matou Abel e fugiu para uma cidade chamada Nod
casou-se e teve muitos filhos. Então, eles não eram os únicos? Ele se casou e
teve muitos filhos? Ele não casou com uma árvore, ele se casou com uma
pessoa! Existiam lá algumas pessoas! Existia uma cidade e formou uma grande
descendência! Então aquelas histórias que existem na Bíblia são pequenas
histórias mais suaves, repletas de simbolismos para que nós não nos
assustássemos muito. É como se contasse a história para uma criança e para falar
a uma criança não contamos a história nua e crua, contamos apenas uma
“historieta” até ela amadurecer. Quando ela amadurece, então, contamos a
história real.
A Bíblia contém também a parte do Novo Testamento, com os quatro
Evangelhos, o livro Atos dos Apóstolos, as Epístolas de Paulo de Tarso e as
Epístolas dos Apóstolos Pedro, Tiago, João e Judas, e encerrando, o Apocalipse.
Mas o homem não surgiu há quatro mil anos, o homem surgiu há dois ou
três milhões de anos atrás, conforme a escala evolutiva que já citamos. Hoje, o
homem percorre outros caminhos para sua evolução, porque o ser humano é
muito complexo e existem vários tipos de inteligências: a inteligência espiritual,
as inteligências lúdicas, as inteligências exatas, as inteligências intelectuais e
vários tipos que a mente humana consegue abordar, de acordo o seu
compromisso aqui na Terra e sua bagagem espiritual.
Sabemos que a ciência continua evoluindo, contudo, através da Doutrina
Espírita temos a seguinte informação. No livro “Mundo Maior”, que nos foi
trazido pelo Espírito André Luiz, através da psicografia de Chico Xavier, em
1947, encontramos a explicação sobre a nossa Casa Mental, no terceiro capítulo.
Quem explica o assunto para André Luiz é o Assistente Calderaro que o leva
para assistir uma preleção do Instrutor Euzébio.
Calderaro explica que a mente humana “se divide em três regiões
distintas, como se fora um castelo de três andares: no primeiro situamos a
“residência de nossos impulsos automáticos”, é o andar inferior onde se encontra
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o automatismo, simbolizando o sumário vivo dos serviços realizados; no
segundo localizamos o “domicílio das conquistas atuais”, é o andar
intermediário onde se erguem e se consolidam as qualidades nobres que estamos
edificando; no terceiro, no andar superior, temos a “casa nas noções superiores”,
indicando as eminências que nos cumpre atingir.” O homem ainda não
conseguiu, devido a sua pouca evolução, mas com o tempo ele alcançará.
Fica mais ou menos na região do córtex cerebral e isso foi observado,
inclusive, pela ciência. Os neurocientistas também observaram mais ou menos a
mesma coisa. Eles falavam que nos gânglios de base estava o automatismo que
Calderaro disse a André Luiz; na parte intermediária, os cientistas falam também
que faz parte da consciência; na parte superior eles falam que existe aquilo que
não foi conquistado. Os cientistas ficaram mais surpresos quando Sigmund
Freud (1835-1930), o pai da psicanálise, falou mais ou menos a mesma coisa.
Freud disse que o “id” é a parte do inconsciente e a parte superior é aquela que
não conseguimos alcançar.
Dr. Mark Sanz, neurocientista muito famoso, disse que ficou assustado
porque um psiquiatra e um fisiologista também falaram a mesma coisa que ele;
Dr. Sanz criou a neuropsiquiatria porque percebeu realmente que existe uma
ligação que já citamos. Suas publicações estão editadas na Revista Scientific
American, que é uma revista onde se publicam todas as teorias científicas de
vários cientistas, inclusive, Dr. Eric Richard Kandel, Nobel de Fisiologia e
Medicina, em 2000, que concordou com isso tudo.
Hoje em dia, a Ciência consegue observar e entender que existem, além da
matéria, outras coisas na Física. A teoria da Relatividade e a teoria Quântica que
são ainda para a Ciência teorias, os cientistas sabem que existe uma conexão que
eles não conseguem ainda entender.
Será que a Doutrina Espírita não achou esta conexão quando ela fala dos
vários mundos que se sucedem na evolução espiritual? Porque quando
evoluímos não seria isso um salto quântico em nosso espírito? Será que nosso
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espírito não está dando um salto de qualidade energética com a possibilidade de
ir para outras esferas? A Doutrina Espírita que é a doutrina que estuda a
natureza, a origem, o destino dos espíritos e as relações existentes entre o mundo
corporal e o mundo espiritual acompanha a ciência lado a lado.
Porém o Espiritismo lida com as causas e não com os efeitos. Allan
Kardec foi muito claro: “Se a Ciência descobrir algo que contesta o que nós
falamos nós mudamos naquele ponto e seguimos com a Ciência”. Até hoje isso
não aconteceu. Até hoje, a Doutrina Espírita, através da Espiritualidade, está
antecipada em muitas coisas que foram comprovadas pela Ciência atual.
Os espíritos informaram, muito antes, que a Teoria da Relatividade foi
escrita por Nicolas Camille Flammarion, astrônomo francês (1842-1925), que
recebeu através do Espírito Galileu Galilei, aquele mesmo que contestava a
Igreja no passado, então ele, bastante observador, falou através da psicografia de
Camille Flammarion sobre a Teoria da Relatividade, cinquenta anos antes de
Albert Einstein. Está no livro “A Gênese”, de Allan Kardec.
Vejam que coisa interessante, a Ciência está evoluindo para o espírito
porque o espírito é tudo. O mundo espiritual é a verdadeira existência, é a
verdadeira vida.
Estamos aqui, na Terra, em um mundo de efeitos. O mundo das causas é o
mundo espiritual. Observarmos que muita gente contesta a vida na Terra, que
não é a verdadeira vida, a vida aqui é provisória, é uma vida efêmera. Em nossa
família terrena verificamos que há muito mais gente do lado de lá do que aqui.
Se fizermos uma listinha de parentes desencarnados, vai parecer a “Lista de
Schindler”.
Oskar Schindler (1908-1974), empresário alemão que salvou 1.200 judeus
do Holocausto, na Segunda Guerra Mundial.
O ser humano, em sua caminhada, tem de imaginar que os seus atos são
muito importantes e que vão ficar marcados em sua existência. Quando
caminhamos com dificuldade, a realização das coisas encontra muitas
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vicissitudes que nos desestimulam. Temos que lembrar que a Doutrina Espírita
nos proporciona o conhecimento da vida futura. Sabemos que hoje somos
resultado do nosso ontem e amanhã seremos o resultado do nosso hoje. Então, as
atitudes presentes se tornam muito melhores e mais responsáveis. Antes de
cometermos alguns atos, devemos raciocinar muito, porque a Doutrina Espírita é
uma doutrina de fé raciocinada.
Diante disso, poderei dizer que a fé está evoluindo, graças a Deus!
Antes, tínhamos um Deus ameaçador, um Deus que punia, um Deus que
castigava com o fogo eterno e hoje sabemos, através da Doutrina Espírita, que é
a terceira revelação, que é o Consolador prometido por Jesus, que ninguém fica
condenado eternamente, que o destino do ser humano é a felicidade, o destino de
todos nós é a paz.
Então, a fé está evoluindo porque é uma fé com obras, uma fé realizadora
e não é só contemplativa, é uma fé que não dá medo porque Deus é amor e Ele
quer o melhor para nós.
Temos de fazer a nossa parte. “Ajuda-te que o céu te ajudará”. “Nenhuma
das minhas ovelhas se perderá”, disse Jesus.
A finalidade do ser humano é a felicidade. É claro que a verdadeira
felicidade não é deste mundo, como disse o Mestre, porque não podemos ter
uma felicidade completa com tantas pessoas passando dificuldades ao nosso
redor.
No Brasil tem quase oito milhões de crianças abandonadas e tantas
pessoas com tantas dificuldades que não podemos ter paz e felicidade completas
ainda. Porém, podemos ter momentos de paz quando tomamos a decisão de fazer
a nossa parte, quando nos colocamos nos caminhos de quem serve.
Na posição de quem serve, não só pede, porque Deus sabe o que nós
precisamos para a nossa existência. Quando a fé é realizadora, ela se torna muito
mais real em nossa vida, porque muita gente vive a vida material e quando tem
uma dificuldade vai correndo para a sua Igreja pedir e sabemos que não é bem
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assim. Para conseguirmos determinadas coisas, temos de conquistar outras. Os
resgates de nossa existência são aquisições que adquirimos graças aos nossos
débitos do passado e eles não são punitivos, são educativos.
Gosto sempre de lembrar do capítulo 5:5 do Evangelho de Mateus: “Bem
aventurados os aflitos, porque serão consolados”. O Evangelho Segundo o
Espiritismo, item 10, faz um comentário, uma parte belíssima que diz uma coisa
muito interessante: “Os Espíritos não podem aspirar à perfeita felicidade,
enquanto não estão puros: toda mancha lhes impede a entrada nos mundos
felizes. Assim acontece com os passageiros de um navio tomado pela peste, aos
quais fica impedida a entrada numa cidade, até que estejam purificados”.
Somente conseguiremos aportar na cidade da felicidade quando
estivermos limpos da nossa peste, mas estamos trabalhando diariamente para
isso. As nossas vicissitudes, mesmo físicas ou outros tipos de resgate são
remédios necessários para a nossa vida e necessitamos deles, porque quanto
maiores forem os nossos débitos, o remédio tem que ser mais forte.
Mas somente temos as vicissitudes que temos condição de enfrentar.
Nunca temos dificuldades além das nossas possibilidades. É aí que está a
misericórdia de Deus. Tudo o que nos é reservado podemos vencer se tivermos
em mente pensamentos sem revolta, pensamentos com resignação, mas não com
apatia. É dessa forma que conseguiremos quitar os nossos débitos.
Há uns dias passados, uma amiga espiritual chamada Rúbia deu-nos uma
mensagem que falava assim: “Se você acha que os seus problemas, as suas
vicissitudes, são por demais pesadas, além das suas forças, deve ser porque nas
anteriores você conseguiu vencer com revolta, revolta essa que provavelmente
ainda habita o seu coração”.
Então, não conseguimos ainda entender os resgates de agora como eles
devem ser entendidos, como professores autênticos. Aquela fé realizadora que
nos modifica, que continua evoluindo e evoluirá sempre.
Perguntamos: e a família evoluiu? Sem dúvida!
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O chefe da família, alguns anos atrás, era um general. Só ele falava e era
um verdadeiro déspota. Muitas famílias passaram por isso. Hoje, a família
convive em parceria, porque todos evoluíram. Se os membros da família não se
unissem, não conseguiriam passar pelas dificuldades materiais da vida. A união
familiar foi necessária e viram que isto foi bom para todos. Então, hoje o filho
fala com os pais, o filho trabalha e ajuda em casa. O aposentado idoso que era
jogado no asilo, agora ajuda em casa. No caso do chefe da família que fica
desempregado, mas a esposa trabalha, ela se torna o sustento da família e isso
não é vergonha nenhuma.
Vejamos a Lei do Trabalho, em O Livro dos Espíritos. Lá diz que
qualquer ocupação útil é trabalho. Hoje em dia, muitos homens exercem o
trabalho como “donos de casa”, não é verdade? Então, falamos: vamos fazer
uma terapia e ele vai para a pia lavar louça. A terapia é para ele. A família está
evoluindo e é necessário que a mesma coisa aconteça com a Humanidade.
Hoje nós somos sete bilhões de pessoas. Até 2019 ou 2020 ou 2025
seremos nove bilhões de pessoas. Perguntamos: Haverá comida para todos?
Haverá alimentação, água potável? Porque a água potável do planeta é 2% (dois
por cento). Haverá condições sociais para todos? Haverá trabalho para todos?
O homem será obrigado a ser fraterno com seu semelhante, assim como os
membros das famílias foram obrigados a serem fraternos uns com os outros.
Senão, não sobrevive. Estou falando da família de um modo geral.
Todas as relações na Terra são relações de provas porque vivemos em um
mundo de provas e expiações. Aquelas figuras que estão próximas de nós, na
figura de pai, de mãe, de cônjuge, de irmãos, de sogra e essa é a mais conhecida,
são pessoas que estão perto de nós, não por acaso, são pessoas que estão
reencarnadas perto de nós porque são necessárias à nossa evolução.
Ao longo das vidas sucessivas nos comprometemos com essas pessoas e
estamos de novo reunidos. Essas pessoas não são necessariamente a nossa
família espiritual, mas é a família carnal que, na maioria das vezes, reúne
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espíritos de variados graus evolutivos. Assim, as pessoas aprendem umas com as
outras, porque aprendem com as diferenças.
Estamos aprendendo a viver com aquelas pessoas que não vêem e nem
agem como nós, porque exercitam em nós sentimentos nobres, tais como, a
tolerância, o perdão, a resignação, que são sentimentos construtores de uma vida
mais feliz.
Pensando dessa forma, vamos reconhecer que o homem caminha
realmente para a evolução e essa evolução não é necessariamente a evolução
intelectual. Muitas pessoas estão percebendo o valor da simplicidade, até as
pessoas mais abastadas, com bastante dinheiro. As pessoas nos procuram e
dizem assim: “Eu tenho tudo que o dinheiro pode comprar. Tenho um bom
emprego, uma boa casa, vários carros, meus filhos estudam no Exterior, mas eu
sinto um vazio que eu não sei o que é”. “Esse vazio” é o nosso espírito clamando
por servir.
Quando reencarnamos, vimos com a proposta de que devemos sair, um
pouco, dos nossos interesses imediatos e olhar em torno de nós, porque as
pessoas que estão à nossa volta são mensagens vivas. Necessitamos sempre uns
dos outros. Se prejudicarmos uma pessoa nesta vida seremos o algoz daquela
pessoa e estamos nos vinculando a ela negativamente. Dizemos que tudo é
positivo, até as negatividades são positivas, mas nos vinculamos a ela de uma
maneira mais dolorosa. Se fizermos um benefício seremos considerados um
bem-feitor, porque tudo se encadeia na vida. A vida não é uma ciência exata,
mas uma ciência lógica, uma ciência que faz com que o ser humano perceba, aos
poucos, o valor da simplicidade e o valor de outras coisas que a vida dá, porque
luta-se muito pela vida material, mas Jesus nos recomendou: “Não ajunteis em
celeiros; olhai as aves do céu: não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em
celeiros”; ele quis dizer o seguinte: “não andeis preocupados”.
Não que nós não devemos trabalhar e estudar, mas Jesus quis dizer que
nós não devemos nos preocupar excessivamente com isso, porque embora faça
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parte da nossa evolução, temos de confiar em Deus. Ele não desampara
ninguém.
O mundo material nos dá uma ideia muito obtusa da realidade e da
existência que é bem outra. O homem está tão materializado que quando entra
em uma idade madura, começa a entender que a coisa não é bem por aí.
Muitas pessoas acabam por entender que toda aquela luta, aquele
sentimento de posse, aquela ganância não serviram para muita coisa. Eu me
espanto, às vezes, quando vejo pessoas com ganância exagerada! Para que?
Podemos desencarnar amanhã, não sabemos. Tomara que não. Somos
espíritas, mas não temos pressa.
O dinheiro é o sangue da sociedade. Quando existe a ganância, a avareza,
forma-se uma embolia social e é isso que está acontecendo na nossa sociedade.
Vemos pessoas com tanta riqueza e outras com tão pouco, justamente por causa
da ganância.
Nada contra a riqueza, vivemos em um mundo material, precisamos da
matéria, precisamos realmente trabalhar, estudar e isto faz parte do progresso
social, conforme está na Lei do Progresso, em O Livro dos Espíritos, mas não
devemos ter, unicamente, o pensamento materialista, porque a matéria não dá
respostas. Ela é fria e inacessível ao pensamento.
Quando o individuo coloca a matéria como o seu deus, sofre muito porque
não tem respostas. No entanto, quando a pessoa se volta para Deus, ela começa
realmente a sentir uma paz interior. Na verdade, a prece e a elevação do
pensamento são coisas que a matéria não dá, ela pode dar um pouco de alegria,
mas, uma alegria superficial, no momento, e no momento seguinte, queremos
mais coisas materiais. Somente conseguimos a paz dando paz aos outros. Não
possuímos ainda a felicidade plena aqui na terra e é por isso que os Espíritos
recomendam a prática da caridade, o perdão, a resignação, porque esses pontos
de vista fazem com que o ser humano comece realmente a enxergar a realidade
da existência.
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Percebo que no mundo espiritual não tem realmente importância se o
individuo seguiu essa ou aquela religião, o importante é o que a pessoa trás no
coração, isso é que é importante e vai nos situar na sociedade do espírito. Muda
o clichê, mas o chefe é o mesmo. É Deus, nosso Pai.
Quando pensamos nisso, verificamos que os tipos de evolução são
variados. Falamos da evolução social, evolução da ciência, evolução da família,
mas também existem outros tipos de evolução, como por exemplo, a evolução
das relações entre as pessoas.
Referindo-nos ao machismo, vemos que tem muito machista reencarnado
como mulher para ver como é bom ter jornada tripla, parir, ser mãe, trabalhar,
não é fácil, não!
Allan Kardec em O Livro dos Espíritos foi eminentemente feminista, no
capítulo da Lei de Igualdade, quando se refere a “Igualdade dos direitos do
homem e da mulher”. Hoje posso reencarnar homem ou mulher e posso voltar a
ser homem. Hoje sou branco, amanhã posso ser negro ou ser oriental. A
condição de reencarne depende da tarefa que a pessoa tem que desempenhar aqui
na Terra. Isso é uma evolução muito grande que a Doutrina Espírita nos permite
saber, porque faz com que as relações entre as pessoas se modifiquem.
Hoje existe um fator desencadeante de muito desequilíbrio da sociedade
que é o sexo. O sexo, realmente, é um apelo muito grande e está cada vez mais
desenfreado. Mas temos que entender que não há nada de errado com o sexo. Ele
é também um instrumento de realização do ser humano, é um auxiliar importante
na relação entre duas pessoas, no equilíbrio emocional, no equilíbrio hormonal,
no equilíbrio de auto-estima. Agora, o que não pode ter é o sexo desvirtuado,
desvalorizado, que desrespeita o sentimento do outro, porque temos que entender
que todos nós estamos aqui como irmãos. Quando você prejudica o sentimento
de alguém, causa realmente um remorso muito grande, porque a sua felicidade
vai depender do que você realizou. Se você causador da infelicidade do outro,
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essa atitude vai ser um fator de infelicidade na sua própria vida, vai ser uma
marca no seu espírito. O sexo tem de estar sempre vinculado ao amor.
As esferas inferiores estão incentivando muito a humanidade aos
desequilíbrios e, por conta disso, gera a violência que é um fator muito difícil
que estamos vendo acontecer. Mas o que causa a violência é a insegurança. A
pessoa violenta, agressiva, no fundo se sente muito insegura. Como ela não sabe
se manifestar de outra maneira, manifesta-se através da violência para se fazer
notar. E sabemos que isso causa dor em nós mesmos.
Porém, chegará o dia em que vamos compreender tudo isso. Olharemos a
vida com tanta prudência e entenderemos a verdadeira finalidade da existência,
que é evoluir. Às vezes, temos medo de evoluir. Quando a pessoa se espiritualiza
fica um pouco preocupada. O que meus familiares vão pensar? Vão achar que
estou me tornando um santo? Os colegas de trabalho convidam: “Vamos lá
tomar uma cerveja ou alguma coisa?” E eu respondo: “Não bebo”. Você vai
parecer um extraterrestre, mas não tem problema, o que é importante é a nossa
personalidade espiritual. Não devemos nos deixar levar pelos convites errôneos
da sociedade que não é perfeita.
Temos que correr individualmente atrás da nossa perfeição, atrás da nossa
evolução que é um processo individual e não um processo coletivo. Se fosse
coletivo seria até mais simples. Cada um de nós é um universo e temos várias
facetas em nossa existência, por isso que eu gostaria de encerrar, lembrando de
uma prece, tão linda, de José Silvério Horta, psicografada por Francisco Cândido
Xavier que diz assim:
Pai Nosso, que estás nos Céus,
Na luz dos sóis infinitos,
Pai de todos os aflitos,
Deste mundo de escarcéus.
Santificado, Senhor,
Seja o Teu nome sublime,
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Que em todo o Universo exprime
Concórdia, ternura e amor.
Venha ao nosso coração,
O Teu reino de bondade,
De paz e de claridade
Na estrada de redenção.
Cumpra-se Teu mandamento
Que não vacila nem erra,
Nos Céus, como em toda Terra
De luta e de sofrimento.
Evita-nos todo o mal,
Dá-nos o pão do caminho
Feito da luz, no carinho
Do pão espiritual.
Perdoa-nos, meu Senhor,
De iniqüidade e de dor
Os débitos tenebrosos,
De passados escabrosos,
Auxilia-nos também,
Nos sentimentos cristãos,
A amar nossos irmãos
Que vivem longe do bem.
Com a proteção de Jesus,
Livra a nossa alma do erro,
Sobre o mundo de desterro
Distante da vossa luz.
Que vossa ideal igreja
Seja o altar da Caridade
Onde se faça a vontade
De vosso amor... Assim seja.
Marco Antônio Maiuri Miranda
Palestra proferida em 21 de abril de 2012,
na Instituição Beneficente “A Luz Divina”.
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Bibliografia:
Livro “A Caminho da Luz”, pelo Espírito Emmanuel/Francisco Cândido Xavier.
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.
Livro “À Luz da Oração” (pg.72), Francisco Cândido Xavier.
Instituição Beneficente “A Luz Divina”
26º Simpósio Espírita – de 02 a 28/04/2012
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