Um som consensual

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Um som consensual
TESTE
Jorge Gonçalves
A Wilson Benesch é um fabricante
muito reputado e que sempre tem
primado pela incorporação de materiais e tecnologias inovadoras nos
seus produtos. Muitos audiófilos
amantes do vinilo certamente terão
bem presentes o gira-discos Circle e o
braço A.C.T. e, num outro campo, o
lançamento do subwoofer Torus causou indubitavelmente grande agitação no mercado em face do radicalismo da sua concepção e dos avanços
tecnológicos nele integrados.
O final do ano passado/início de 2007
viu aparecer no mercado uma linha
integralmente nova lançada pela
Wilson. Trata-se da gama Square,
consolidada em torno de três modelos: as Square One, umas minimonitoras de alto gabarito, a Square Two,
um modelo de chão, com radiador
passivo, e as Square Centre, uma
coluna central, evidentemente virada
para aplicações de cinema em casa.
São colunas de preço relativamente
acessível em face do resto da gama
da Wilson Benesch e têm criado
muito boas opiniões no mercado
tendo, por exemplo, as Square Two
sido consideradas colunas do ano
2007 pela What Hi-Fi.
Descrição técnica
E é exactamente da Square Two que
vou falar neste teste, depois de as ter
tido em minha casa durante um muito
razoável período de tempo, já lá vão
para aí dois meses. A minha vida de
correrias permitiu-me reservar-lhes
bastante tempo de convívio, só a escrita final do teste é que levou algum
tempo mais. E isto não porque elas
não me tenham agradado de sobremaneira, mas coloquemos as primeiras
coisas em primeiro lugar e vamos
então saber um pouco mais sobre a
estrutura destas interessantes colunas.
Wilson
Benesch Square Two
Um som consensual
2 AUDIO&CINEMA EM CASA
Dezembro 2007 n.° 206
Sendo um modelo de chão, como foi
dito atrás, as Square Two ostentam
uma volumetria muito agradável no
que se refere a imponência, encaixando facilmente num ambiente caseiro,
até porque, como é apanágio na
Wilson, existe uma vasta gama de
acabamentos que satisfarão seguramente todos os gostos. As dimensões
são: altura – 975 mm, largura – 200
mm, profundidade – 255 mm, e por
aqui é fácil perceber de onde vem o
nome Square (quadrado). É que a
secção transversal das colunas tem
dimensões quase idênticas na largura
e na profundidade, ou seja, é quase
quadrada.
Nas Two são utilizados dois altifalantes: um tweeter de cúpula macia
(seda pintada à mão) de 25 mm,
colocado numa câmara selada independente, e um altifalante de gravesmédios de 170 mm de diâmetro,
sendo a radiação dos graves reforçada pelo radiador passivo e porta sintonizada situados na parte inferior da
coluna. A frequência de cruzamento
entre os dois altifalantes foi definida
aos 5 kHz, sendo a topologia do crossover de segunda ordem. No exterior
da coluna temos dois pares de terminais de cobre banhado por ródio, que
permitem a biamplificação ou bicablagem, e os componentes utilizados
são de alta qualidade: condensadores
seleccionados de polipropileno, bobinas de núcleo de ar, cablagem multifilar com fio de cobre prateado e isolamento PTFE, ligações exclusivamente por soldadura e circuito impresso
de percurso minimizado. Os tipos de
acabamento incluem o lacado de
piano, o mogno brilhante e o ácer
acetinado.
A impedância das colunas tem um
valor normalizado de 8 Ohm, podendo descer até um mínimo de 4 Ohm,
sendo a resposta em frequência de 60
Hz a 25 kHz, -3dB, ou ainda de 50 Hz
a 30 kHz, -6 dB. A potência máxima
suportada é de 200 W e a sensibilidade de 88 dB (W) m. (valor de pico).
Wilson Benesch, levou-mas até casa,
como no que tem a ver com a sua adequação aos equipamentos com que
acabaram por tocar: primeiro o meu
amplificador Mark Levinson N.º 27.5,
ligado ao prévio de construção pessoal
que uso há vários anos, e ao leitor de
CD’s Marantz CD12; mais tarde, para
que não me apelidassem de elitista,
aos dois equipamentos Unison
Research que na altura foram igualmente alvo de teste – o amplificador
integrado Unico P e o leitor de CD’s
Unico CD. Os cabos de coluna utilizados foram os Kimber Select KS-3035.
Como disse, não foi nada difícil
encaixar as Square Two na minha sala
de cerca de 17 m2, tendo apenas
sido necessários alguns ajustes na distância em relação à parede traseira,
pois uma proximidade inferior a 70...
80 cm pode provocar algum empolamento no grave. Acabaram por ficar
a cerca de 1,1 metros da parede traseira, o que produziu resultados
muito equilibrados.
Ensaio prático
Foi muito fácil inserir as Square Two no
meu sistema, não só no que se refere a
transporte, pois o António Almeida, da
Ajasom, distribuidor para Portugal da
Aquilo que as Square fazem muito
bem é fácil de descrever: temos uma
imagem quase holográfica, um som
de gama média solto e sem colora-
ções, um grave bonito e controlado,
desde que se tenham os cuidados de
posicionamento acima indicados, que
não deixam de ser os habituais na
maioria das colunas. O agudo é
mesmo muito extenso, claro e sem
qualquer sinal de agressividade,
tendo mesmo alguma semelhança
com o agudo das minhas fiéis Quad
ELS 63, o que é um grande elogio.
Outro aspecto em que as Square Two
se distinguem é na reprodução da
imagem espacial ou palco sonoro,
resultado, sem dívida, do cuidado
colocado pela Wilson Benesch em termos da colocação em fase do som
emitido por cada um dos altifalantes.
Voltei a ouvir um dos meus discos
favoritos, a banda sonora do filme
Tous les Matins du Monde, com Jordi
Saval como maestro e que contém trechos de uma musicalidade e ambiência raras, como a Marcha para a
Cerimónia dos Turcos e fiquei sinceramente entusiasmado com o modo
como as Square me apresentavam
uma imagem espacial de uma verosimilhança notável, com um arejamento
e uma precisão marcantes, com a
música a espraiar-se livremente por
toda a sala, como que feliz por enconAUDIO&CINEMA EM CASA 3
TESTE Wilson Benesch Square Two
trar cada um dos recantos desta, e os
timbres dos instrumentos antigos a
assumirem um realismo que me transportava alguns séculos para trás, quer
no caso dos metais, que emitem sons
fundamentalmente na gama média,
quer no que toca aos sons mais agudos, que se apresentaram sempre plenos de vivacidade e finura. Os graves
acompanham perfeitamente todas
estas qualidades, soando fortes e bem
presentes, tendo sempre em consideração a volumetria das colunas, com
um timing muito certo e a convidar a
bater o pé.
E é de ter em conta que quase tudo
isto se verificou, embora em gradações ligeiramente diferentes, como
será normal, em face da grande disparidade de preços entre as duas propostas, quer com o amplificador integrado Unico P, quer com o conjunto
Mark Levinson 27.5/prévio, o que
demonstra que, embora as Square
apreciem as boas companhias, o que
só demonstra que têm bom gosto,
não exigem ser acompanhadas apenas pelos melhores e podem perfeitamente funcionar como pilar central
de um excelente sistema de áudio
que encantará quem as compre.
Conclusão
Dignas herdeiras das suas reputadas
irmãs mais velhas, as Square Two não
têm problemas em ombrear com
colunas de grande gabarito. Não
excessivamente exigentes em termos
de amplificação, possuem um grande
rigor tímbrico e uma forte capacidade
de reprodução espacial.
Respondendo perfeitamente à electrónica que as acompanha, conseguem encher uma sala de boas
dimensões com um som bonito e arejado e uma imagem espacial que
encanta quem as ouve. Esteticamente
são igualmente muito bem proporcionadas e a gama de acabamentos disponível tem soluções para praticamente todos os gostos. Que mais se
pode pedir a um bom par de colunas?
Preço par: 3.500,00 e
Representante: Ajasom
Tel.: 21 474 87 09
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