A REVISÃO ATUALIZADA DE UM GRANDE SUCESSO UM

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A REVISÃO ATUALIZADA DE UM GRANDE SUCESSO UM
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PRÉ-AMPLIFICADOR BURMESTER
REFERENCE 077
um sucesso de
crítica e público
CD PLAYER MBL CORONA C31
AUDIO VIDEO MAGAZINE . setembro 2014 . # 204. ANO 19
E MAIS
Testes de áudio
AMPLIFICADOR INTEGRADO
VALVULADO CAV T-50
PRÉ DE PHONO TOM EVANS AUDIO
THE GROOVE+
FONE DE OUVIDO AUDEZE LCD-3
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espaço aberto
nesta edição
ótima relação
custo-performance
UM VINHO ‘HI-END’
grupo Pau brasil
SAMSUNG UN55HU8500G 3D LED UHD 4K 2.160P
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Arte em reprodução eletrônica
a revisão atualizada
de um grande sucesso
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clubedoaudioevideo.com.br
204
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setembro 2014
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PRÉ-AMPLIFICADOR BURMESTER REFERENCE 077, CD PLAYER MBL CORONA C31, AMPLIFICADOR INTEGRADO VALVULADO CAV T-50 e tv SAMSUNG UN55HU8500G 3D LED UHD 4K 2.160P
Ano 19
teste áudio 3
AMPLIFICADOR INTEGRADO
VALVULADO CAV T-50
Christian Pruks
[email protected]
Muitos ainda torcem o nariz para os produtos chineses. A reali-
O T-50 é um amplificador integrado totalmente valvulado tipo
dade é que hoje a China é a manufatura do mundo atual e todos,
push-pull, com 40 W de potência, entradas de linha e uma entra-
inclusive os detratores da qualidade do produto chinês, possuem,
da de phono MM. Extremamente bem construído e bem acabado,
usam e manipulam produtos chineses de altíssima qualidade dia-
tem um gabinete tão bem feito que para ser fabricado no Brasil,
riamente. É fato que eles fazem produtos para todos os níveis de
por exemplo, custaria caríssimo. Usando válvulas da marca Electron
custo e qualidade. Nesse cenário apareceu a CAV Audio, cuja gran-
Tube, de fabricação chinesa, tipo EL156 na saída e 12AU7 no pré, o
de, moderníssima e muito bem implementada fábrica fica sediada
T-50 permite facilmente um upgrade de válvulas, devido à disponibi-
na cidade de Cantão, a noroeste de Hong Kong, às margens do
lidade desses mesmos modelos em forma NOS (New Old Stock) de,
Rio Pérola. Cantão é um porto comercial, uma central de distribui-
entre outras, marcas consagradas como Siemens e Telefunken. Falo
ção e é a terceira maior cidade da China, sendo o primeiro porto
isso porque até hoje não peguei um aparelho valvulado que não se
aberto pelos portugueses no país, no início do século XVI, pouco
beneficiasse de um upgrade sobre as válvulas que vem ‘de fábrica’ -
antes deles criarem a colônia de Macau. Até onde consegui apurar,
principalmente se for para usar uma boa válvula europeia. E o T-50
a CAV tem uma extensa linha de eletrônicos de áudio, composta de
não é exceção. Parece-me quase certo que ele pode ter a maior
systems, prés, amplificadores, home theaters, caixas, racks e muito
parte de suas idiossincrasias corrigidas com o uso de válvulas top.
mais, e uma enorme rede de revendas na Ásia, mas só agora está
O T-50 vem bem embalado, em caixa de papelão dupla, e é uma
começando a por os pés no resto do mundo, como é exemplo a
hérnia para se tirar da caixa e por na prateleira - um conhecido as-
recém-estabelecida distribuição no Brasil através da Maison de La
pecto dos valvulados, graças ao peso de seus transformadores de
Musique. Prova disso é que não se encontra reviews de seus produ-
saída e, no caso do amplificador, graças também à grossa chapa
tos que não sejam escritos em ideogramas, ou seja, que não sejam
de alumínio dobrado que enfeita sua frente. O amaciamento foi uma
de revistas e sites de áudio asiáticos.
brisa - mesmo porque o T-50 não esquenta muito. Não para um
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AMPLIFICADOR INTEGRADO VALVULADO CAV T-50
valvulado. A grade que existe em cima das válvulas é parafusada por
amplificador. Uma coisa é clara com o T-50: é necessário trabalhar
dentro dela mesma. Como devido a transportes e chacoalhos, eu
bastante no setup, na combinação de cabos e no casamento de
sempre verifico se as válvulas estão bem encaixadas, tive que tirar a
componentes para se tirar o bom som do CAV T-50, para domá-lo.
tal grade, a qual foi projetada por alguém que achava que ninguém
E eu estava usando caixas reveladoras, com cabos muito detalha-
nunca na história da humanidade iria sequer cogitar a possibilidade
dos e uma fonte digital que não esconde nada - ou seja, o T-50
de tirá-la. E, se alguém quisesse fazer isso, provavelmente jamais
não aguentou a gostosura toda: ficou irritante e artificial. Acho que
colocaria a grade de volta - pois mesmo com chave Philips iman-
esse é o ponto mais importante de todos quando for lidar com esse
tada foi bem difícil acertar os parafusos de volta em seus lugares e
amplificador. Optei por um cabo mais tranquilo de caixa, da Sunrise
recolocar a tampa. Enfim, isso me parece uma dificuldade desne-
Lab, e acabei passando também por um cabo de força Reference
cessária, e me lembra outros aparelhos com os quais tive contato ao
da mesma marca. O melhor resultado, porém, acabei conseguindo
longo dos anos que tinham dificuldades desnecessárias na sua con-
com um cabo de força Transparent MM1. Olha, se eu tivesse um sis-
figuração ou mesmo operação. Se tivesse um T-50, certamente iria
tema de entrada, o cabo ideal de força, o arredondador de bordas,
deixá-lo permanentemente sem a grade de proteção das válvulas -
seria mesmo um MM1, um cabo de corpos harmônicos luxuriantes
mas eu não tenho crianças ou animais em casa, então isso fica a
e uma maciez geral raramente encontrada. Fazendo de novo uma
critério de cada um. Agora, do ponto de vista puramente estético,
analogia com comida - que não poderia faltar nos meus textos -
em vez do prático, gosto bastante de ficar olhando as válvulas ace-
lembrei-me de meu amigo Eduardo, que costuma dizer que maio-
sas - é algo que exerce uma fascinação em mim, como em muitos
nese ‘acerta’ qualquer comida salgada, e leite condensado ‘acerta’
audiófilos. Ligado, amaciado, aquecido e verificado, o T-50 entrou na
qualquer comida doce. Ou seja, tornam as coisas mais arredonda-
fase de testes. Outros percalços? Não, na verdade não. Apenas a
das e palatáveis. O Transparent MM1 de força foi a maionese e o
ausência do controle remoto incomoda um pouco, mas é facilmente
leite condensado do T-50.
contornada assim que se encontra o volume bom para aquele específico disco, e o mesmo roda até o final. Porque não sou daqueles
audiófilos que roda 30 segundos de cada uma entre três ou quatro
dezenas de faixas cada vez que vai ouvir música. Sempre preferi por
e ouvir o disco inteiro, um hábito adquirido pelo uso do vinil e por
me ater à música que realmente me agrada - algo diferente de uma
época em que se consumiam discos por causa de uma ou duas
faixas apenas.
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Feito o ajuste de cabos, descobri outra coisa interessante quanto ao T-50. Como acontece com a maioria dos valvulados, existem
saídas dedicadas de caixas para diferentes impedâncias. No caso
do T-50, o mesmo tem saídas para caixas de 4 e 8 Ohms. Todas as
caixas nas quais cheguei a plugar o T-50 eram de 4 ou de 6 Ohms e todas elas tocaram melhor ligadas na saída de 8 Ohms! Lembrei-me
do recém-analisado integrado valvulado CS-600 da Leben, o qual
tocou melhor todas as caixas de 4 Ohms quando ligadas na saída
Por estar usando o revelador e excelente cabo de caixa Kubala-
de 6 Ohms. Obviamente isso vai variar um pouco de caixa para cai-
Sosna Elation tanto no amplificador V8 quanto no darTZeel, ele
xa, e muito de amplificador para amplificador. Os ganhos de usar
foi minha primeira tentativa no T-50 - mas o resultado não foi para
minhas caixas na saída de 8 Ohms do T-50 foram maior corpo,
o lado que eu queria. O Kubala é muito revelador (não confundir
melhor equilíbrio tonal, palco mais arejado e profundo e uma maior
com analítico), e com a característica de som mais aberto do T-50
energia sonora geral. O T-50 vem equipado com um pré de phono
a combinação resultou irritante - o cabo mostrou as deficiências do
interno para cápsulas MM que eu achei, quando comparado com
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o resto do som do aparelho, ligeiramente deficitário em matéria de
fator. Ao fazê-lo, inclusive, obtém-se uma boa melhora no timbre
extensão de graves, limpeza de médios e timbre. Isso não chega a
também - e nesse quesito específico, o T-50 foi ‘obrigado’ a receber
preocupar, pois a instalação de um pré de phono externo mais capaz
sinal de um player de alta qualidade, que não segura ou esconde
em alguma das entradas de linha do T-50 é algo que não chega a
nada em benefício do amplificador, que é o Luxman D-06, e ainda
ser oneroso e é plenamente válido para os fãs mais ferrenhos do
passar por uma das mais exigentes faixas de teste que eu conheço,
áudio analógico.
que é a ‘If You Go’, do CD ‘You Won’t Forget Me’ da cantora de
Após o período inicial de umas 100 horas de amaciamento (o ma-
jazz norte-americana Shirley Horn, lançado em 1991 pelo selo Verve.
nual do fabricante diz que 50 horas são suficientes), começaram os
Essa faixa é um ‘tour de force’, podendo ser usada para avaliar uma
testes do CAV T-50. Achei, entretanto, que o amplificador ‘acordou’
longa série de quesitos, desde o equilíbrio tonal até texturas, corpos,
mesmo perto de 150 horas. Durante os testes foram usados vários
articulações, decaimentos e recortes. Neste caso, ela deixou claro
toca-discos de vinil, como o Technics SP-25 com braço Jelco, o Air
mesmo o que o T-50 não gosta de tocar: pratos de bateria.
Tight Acoustic Masterpiece T-01 e um Thorens TD-125 MkII com
Outro ponto alto do T-50 são os transientes, muito bons, bem
braço Rega RB300, equipados com cápsulas Ortofon SPU Meister
definidos, sem sensação de perda de velocidade - típicos de apare-
Silver, 2M Bronze e 2M Blue, entre outras. Como referência foram
lhos mais caros. O T-50 nada tem de letárgico, muito pelo contrário:
usados os amplificadores integrados darTZeel CTH-8550 e Sunrise
ele é bem vivo, pulsante e rítmico. Dependendo do tipo de música,
Lab V8 MkIII. Demais equipamentos utilizados: caixas acústicas:
depois de um tempo, facilmente o ouvinte está mexendo a cabeça
Evolution Acoustics MMMicroOne; prés de phono: Sunrise Lab
ou batendo o pé no chão. Aqui foi divertido ouvir a faixa ‘Company’,
The PhonoStage II Special Edition, Tom Evans Groove+ e o pré de
do CD ‘Modern Cool’ da cantora e pianista de forte personalidade
phono interno do integrado darTZeel; e cabos de força, de intercone-
Patricia Barber. A bateria dessa música é a minha preferida dentre
xão, de phono e de caixa: Sunrise Lab linha Reference, Transparent
PowerLink MM1 e MM2 e Kubala-Sosna Elation. O T-50, em condições de audição boas, sem exageros de volume, em salas de tamanho normal, empurrou muito bem as caixas bookshelf Evolution
MMMicroOne, que têm 87 dB de sensibilidade e impedância de
6 Ohms. Testei brevemente com caixas de 4 Ohms, e todas as vezes o melhor resultado sonoro foi usando as saídas de 8 Ohms do
amplificador, em vez das denominadas de 4 Ohms.
as gravações de jazz, sendo altamente energética, inspirada e bem
tocada - e bem gravada! Em qualquer aparelho com deficiências de
velocidade, a sensação é que alguém trocou o baterista por outro
menos competente e/ou com um grande mau humor. Aqui ela ficou
muito boa! O T-50 possui muita ‘força’, tocando caixas mais difíceis apesar dele claramente preferir ouvintes menos entusiasmados com
o botão de volume, já que tem uma leve tendência à dureza em
volumes mais altos, principalmente em fontes de programa e tipos
COMO TOCA
de música mais intensos e agressivos - aí a tendência ao irritante
O equilíbrio tonal do T-50 é mezzo ‘difícil’. Ele precisa muito de
fica latente. Parte disso se dá pela natureza mais aberta de sua so-
cabos, e tem tendência ao aberto nos médios-agudos e agudos,
noridade, e parte se dá porque é um amplificador com declarados
com menos extensão nos graves e menos puxados para os gra-
40 W, e as caixas de hoje falam facilmente de valores na casa dos
ves - apesar destes terem uma boa energia. O recorte dos graves,
100 a 200 W. Ou seja, para se ter folga, o assunto ‘caixas acústicas’
em percussões e contrabaixos é muito interessante e prazeroso de
tem que ser muito bem tratado, principalmente de acordo com o
ouvir, e a ambiência é bem legal, mas se o setup proporcionar um
ambiente e os gostos musicais que você tiver. No quesito de corpo
som com mais corpo e ‘gordura’ nos graves, a ambiência também
harmônico, o T-50 tem corpos tendendo a menores, principalmente
ficará bem melhor. A ilusão de palco é o ponto mais alto do T-50.
O palco é excelente, muito amplo e arejado, com um foco muito
acima da média e bem aberto para os lados das caixas, bem profundo. Tudo no palco é separado. Falta um pouco de recorte em cada
instrumento no palco, principalmente nos médios-agudos, mas isso
poderia melhorar com o uso de cabos melhores, o que, porém,
poderia acarretar em mais ênfase nas frequências altas, perdendo
um pouco de equilíbrio e musicalidade geral. Gravações de música
orquestral e coral, assim como de grandes conjuntos de jazz, têm
um efeito de palco muito bacana através do T-50. As texturas são
ligeiramente apagadas e, por vezes, um pouco artificiais e agressivas
nas médias-altas e altas. Ao fazer o setup e combinar cabos e equipamentos, é preciso levar isso em conta e equilibrar, amansar esse
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AMPLIFICADOR INTEGRADO VALVULADO CAV T-50
‘Needful Things’, do compositor inglês Patrick Doyle - e curti muito
detalhes e timbres que passam batido quando você assiste o filme e
essa excelente música faz apenas ‘pano de fundo’. Gravações menos brilhantes, mais ‘fechadas’, tocam muito bem através do T-50.
A organicidade e a musicalidade do T-50 são amplamente dependentes do casamento de aparelhos e do setup - muito mais que em
vários outros amplificadores que conheço.
CONCLUSÃO
É preciso apreciar o gosto dos chineses pelos aparelhos valvulados: o T-50 é muito bonito, bem construído e acabado. Dentre
seus recursos estão às boas conexões, três entradas de linha e um
pré de phono interno - para cápsulas MM e que também aceita MC
de saída alta - que tem uma qualidade decente. Falta-lhe, porém,
controle remoto de volume, mas aí já estamos entrando no campo
nos médios-agudos - que eu considero ser um dos pontos mais
baixos do aparelho, e que leva muitas vezes a se aumentar o volume
para se trazer mais ‘presença’, e aí dando ênfase em outros proble-
das idiossincrasias. Bem casado com caixas e cabos que valorizem
seus melhores aspectos, o T-50 toca bonito, com velocidade e cheio
de energia!
mas citados acima. Apesar disso, cordas de todos os gêneros soam
bonitas, e o piano, instrumento mais difícil de todos, soa suficientemente correto. Tive um grande prazer em ouvir vários CDs que
tenho de trilhas mais obscuras do selo Varese Sarabande - como
AMPLIFICADOR INTEGRADO VALVULADO CAV T-50
Tipo
Amplificador integrado
valvulado push-pull
Válvulas
4x EL156 / 2x 6SN7 /
2x 12AU7 / 1x 12AX7
Saída
Resposta de
Distorção harmônica
Soundstage10,5
Textura10,0
Transientes10,0
Dinâmica9,75
40 W / canal (4 Ohms /
Corpo Harmônico 9,0
8 Ohms selecionável)
Organicidade10,0
15 Hz - 35 kHz
frequência
Relação sinal / ruído
Equilíbrio Tonal 9,0
≥80 dB
≤2% (1 kHz)
total
Musicalidade10,0
Total
VOCAL
ROCK . POP
JAZZ . BLUES
MÚSICA DE CÂMARA
Entradas
- 3x de linha (AUX / CD / DVD)
SINFÔNICA
- 1x de phono (somente MM Moving Magnet)
Consumo
350 W
Dimensões (L x A x P)
430 x 220 x 395 mm
Peso
34 kg
Maison de La Musique
(11) 2117.7005
R$ 16.900
recomendado
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