Pinball Brasil Entrevista: José Batalha Rodrigues

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Pinball Brasil Entrevista: José Batalha Rodrigues
Pinball Brasil
Pinball Brasil Entrevista: José Batalha Rodrigues
Autoria de KOBE
02 de dezembro de 2005
Última Atualização 03 de março de 2013
Atendendo aos pedidos dos amantes do fliperama, em especial dos flippers Taito, o portal Pinball Brasil está
programando um especial em várias partes com o objetivo de registrar a memória do Pinball Brasileiro pelos
profissionais que fizeram a história desse magnífico hobby.
Iniciamos esse primeiro especial apresentando José Batalha Rodrigues, que trabalhou na Taito durante muitos anos e
é considerado uma autoridade no assunto. Nessas perguntas você poderá conhecer um pouco mais do trabalho
desse grande profissional nos tempos da Taito do Brasil, as suas atividades atuais de restauração de máquinas, no
qual participa toda a família e muitas curiosidades sobre o assunto.
(Batalha, começa “se apresentando”...)
Batalha – Meu nome é José Batalha Rodrigues, eu nasci em volta redonda, em 1951, cidade do rio de janeiro.
Vim para São Paulo em abril de 75, trabalhei aproximadamente um ano, uns 8 meses numa firma de gravação de tapes,
de gravação de som aqui na Vila Olímpia, depois no final de 75 eu consegui um emprego na TAITO DO BRASIL. Era uma
época em que eles trabalhavam com videogames (arcades) e maquinas eletromecânicas, e já iniciando com os
videogames preto e branco.
José Batalha realizando a manutenção de um Pinball eletromecânico
PB - e as eletromecânicas?
Batalha - naquela época a gente fazia manutenção de OxO, Dealers Choice, Hot Shot, Champ, hoje máquinas
clássicas e muito raras.
PB – o fundador da TAITO do brasil ainda era vivo...
Batalha- era vivo. Raramente a gente via ele por aqui
PB – qual era o nome dele?
Batalha – Mr. ABBA como a gente chamava ele, o gigante. Acho que ele era judeu. “O homem do
charuto”, sempre sério, muito competente, andando de lá para cá com um charuto na boca...
PB- quando você ingressou na TAITO foi como técnico, foi fazer curso, serviço administrativo?
Batalha - quando eu cheguei na TAITO, eu já sai da empresa que eu trabalhava como auxiliar de eletrônica. Vim do
Rio de Janeiro pra desenvolver minha técnica. E a TAITO estava precisando de técnico. Então larguei tudo, arrisquei,
fui fazer uns testes. Por sorte, naquela época a demanda era grande e eles pegavam muitos técnicos em inicio de
carreira. Eu fiz um teste e passei, começamos a aprender técnica digital, conserto de placas. Demorei uns 6 meses me
adaptando, a turma lá era muito boa, e naquela época a tecnologia estava bem avançada, estavam começando a
mexer com microprocessadores, na época era o máximo. Naquela época que inventaram o processador
PB – Você começou a trabalhar com placa ou com chicote das maquinas?
Batalha – naquela época eu comecei na manutenção de placa. Naquela época só fabricavam videogames,
estavam inciando. As placas vinham do Japão, a gente revisava as placas aqui no brasil, montava as caixas e botava
na rua, aqueles vídeos preto e branco. Até então, os games que tinham na rua eram mecânico: você olhava o visor, as
montanhas, o carrinho, era tudo mecânico. Estava começando e eu passei um bom período de adaptação. Tinha um
camarada, o engenheiro chefe, Sr. , camarada nota 10, um dos melhores caras que eu encontrei até hoje, nessas
minhas andanças por esse mundo. Ele era americano, cara muito cabeça, pra mim, foi o cara que carregou a TAITO nas
costas, até o final do tempo dela... o cara desenvolvia tudo e comandava a parte técnica
PB - era a cabeça administrativa da parte técnica...?
Batalha - é, ele criava tudo, ele apoiava até a administração. No finalzinho, acho que o cara tombou e a TAITO também
tombou junto. Pra mim, ele era o braço direito do homem lá fora.
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PB – na TAITO você chegou a fazer o chicote de algum protótipo?
Batalha – quando a TAITO começou mesmo a fazer no pinball, foi já em 80,enraizou mesmo, pois ele
começaram em 76, 77.
PB – eram aqueles da TTL?
Batalha – eram os da TTL que eles copiaram: Cheque Mate, Criterium, Roman Victory.
PB – Pode falar sobre isso ai?
Batalha - Sem problemas: na verdade eles copiaram da espanhola RECEL mas não tiveram muito sucesso, o sistema
era problemático, fazia muito ruído, e a manutenção da TAITO não estava adaptada porque a maior parte do pessoal da
manutenção de rua não tinha conhecimento de eletrônica.
PB – Porque eram técnicos que acostumaram a trabalhar com eletromecânicas?
Batalha - só trabalhavam com eletromecânicas, então quando surgia problema da eletrônica não tinham nenhuma
experiência. Até a TAITO tomar a iniciativa de mudar o quadro de técnicos, foi problemático. Teve muitos problemas
na rua, ai caiu muito.
PB – esse, você chegou a trabalhar na reserva disso? Essas maquinas foram compradas da Espanha?
Batalha – essas maquinas foi comprada acho que só o direito de produzir a maquina, o restante foi feito tudo
aqui, desenvolvimento de chicote, de placa, de produção de CI, de circuito impresso, eles xerocavam tudo aqui, mas
feito na unha..
PB – o componente vinha raspado?
(silêncio seguido de risos)
Batalha – os componentes das placas vieram raspados, mas o brasileiro dá um jeito (risos), ainda mais
naquela época, eram noites em claro em que eu e outros ficávamos fazendo a engenharia reversa daquilo tudo.....
quando descobríamos algo, era uma festa... Foi assim até desvendarmos todo o sistema das máquinas, mas como já
falei, isto não deu os resultados esperados, em grande parte pelo quadro de técnicos de rua que não sabiam trabalhar
com este tipo de aparelho.
PB – o projeto que vem depois, aquele da Oba Oba, Shock, Hot Ball, já é um projeto nacional?
Batalha – esse projeto da segunda fase da TAITO, dos modelos como Shock e Oba Oba foi desenvolvido lá
mesmo, pelo seu VIGO, que era o chefe da engenharia, ele que desenvolveu tudo Depois disso vieram poucas
mudanças, um aprimoramento de som, CPU, interface, pouca coisa
PB – da primeira a ultima TAITO a maquina é a mesma?
Batalha – o projeto original é o mesmo, o cara não mudou praticamente nada.
PB – trabalhava muita gente na linha de produção da TAITO?
Batalha - olha, posso falar do meu tempo, muita gente, saia 50, 60 maquinas, chegou a sair 100 maquinas por mês
ali. Era uma turma boa. Na montagem tinha em torno de 80 pessoas só montando playfield. Tinha muitos departamentos
paralelos, de ferramentaria, de produção de plásticos, marcenaria
PB – a TAITO fazia isso ou comprava de terceiros?
Batalha - tudo produzido lá, a parte de marcenaria, ferragem, tudo lá mesmo
PB – depois da TAITO que você foi fazer?
Batalha – uma certa altura do campeonato, quando eu estava na produção de protótipo, eu ficava especificamente
produzindo protótipo, fazendo adaptação de playfields novos, de chicotes, listagem de material, nesse setor de preparação
da maquina para linha de montagem, para a produção. Nessa época, eu fiquei um pouco mais conhecido por
operadores de rua que queriam produzir maquinas, recebi vários convites para sair para outras empresas para
produzir maquinas lá fora, que eu era uma das pessoas da engenharia que tinha conhecimento em varias áreas lá
dentro, não era muito especifico meu trabalho. Até que o convite foi recusado, apesar de que naquela época a TAITO
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era muito monopolista, o pessoal dela era dela, não fornecia pra ninguém, e não permitia que os fregueses, os
compradores de maquina retirassem ninguém de la, técnicos ou muito menos pessoal la de dentro, era muito restrita.
Mas, chegou uma certa ocasião que eu cheguei no topo da escala de crescimento como técnico, e eu recebi um
convite e resolvi... pedi demissão, fui trabalhar em outra empresa. Nessa ocasião, eu fui pra Vila Formosa, trabalhar
numa empresa chamada Flipperbol, os caras queriam produzir fliperamas, videogames, e sabiam da desenvoltura
dentro da TAITO e me convidaram. Isso foi em 82, acho. Foi em 82 que eu recebi meu convite pra sair da TAITO. Fui
pra essa empresa, e ai começamos a desenvolver. Pegamos uma eletromecânica, a Bronco, e por determinação da direção,
iríamos construi-la eletromecânica. Depois, no decorrer do desenvolvimento, tentaram faze-la digital, tivemos que fazer
desenvolvimento de placa, programas, tudo digital. Por conta destas indas e vindas, no final das contas, ela saiu uma
parte mecânica e uma parte digital. Ela funcionava toda com relês, parte de funcionamento dela, e o display era todo
digital. Não foi uma maquina que fez muito sucesso, tecnicamente ela deu alguns problemas, de mecânica ou parte
material. Mas eletronicamente funcionava. Tanto que foram produzidas 200 maquinas desse modelo, ela saiu, ficou um
bom tempo na rua. E na seqüência, os empresários decidiram produzir maquinas digitais, então optaram por trazer
dos estados unidos placas e produzimos as maquinas: componentes, playfields... fizemos a Buck Rogers, uma serie
grande dessa maquina. E nesse intervalo, montamos videogames: Popeye, outro chamado Route 16, e outro que eu
não lembro o nome... tivemos 3 modelos de videogame. E depois eu decidi sair, como eu tinha relação com o mercado
externo, e como o comercio, a locação das maquinas, era mais atrativo que o o trabalho da empresa em si. Então eu abri
uma firma, comecei a trabalhar com manutenção externa e locação de maquinas, daquela época até os dias de hoje,
desde 87 até os dias de hoje, estou na rua... trabalhando com locação de maquinas, parti para o videogame, abri um
laboratório de restauração de maquinas. A minha caminhada, essa história curta, e nesse intermédio, tiveram vários
acontecimentos, problemas de má realização, por exemplo: fliperama, do ponto de vista das autoridades, sempre foi
marginalizado.. tanto que até hoje você entra numa loja de videogames e fala “cadê o fliperama?”...
então a palavra foi marginalizada... o pai correto não deixava o filho ir no fliperama, porque era tido como um lugar de
vagabundos, maconheiros...
PB - pra você ter uma idéia, perto da minha casa, quando eu era criança, tinha uns 6, 7 anos, lembro que perto da
minha casa tinha uma Charlie’s Angels, sempre quis jogar, mas eu lembro que meu avô, um italiano
conservador, não deixava e dizia “não, não pode, jogo é proibido...”
Batalha – realmente, a criançada naquela época era praticamente proibida de passar na porta do fliperama, ali
dentro era mais vagabundo, viciados... se bem que a molecada driblava, ia nas lojas jogar. E tinha outra: as
autoridades marginalizavam muito, o juizado de menores exercia um rígido controle. Embora o fliperama fosse uma
casa de diversão, não era vista nesses termos, surgindo sempre conflitos com as autoridades.... Assim, por estes
motivos, esta. foi uma área que eu atuei mas não gostei muito...
PB - você participou do desenvolvimento de todos os modelos depois das eletromecânicas?
Batalha - eu participei mais das maquinas TTL, que foram a Roman Victor, Criterium 78, Apache, os modelos TTL. E no
inicio das maquinas “microprocessadas”, podemos dizer, que foi um modelo ou dois que eu estava
envolvido. Depois disso saí fora da TAITO, e foi aí que eles começaram a produzir em massa essas maquinas no sistema
microprocessado... mas no tempo que eu estive lá, eu trabalhei no desenvolvimento, pesquisa, como funcionava, o
“ABC” inicial, como fazer uma placa... por exemplo, o seu “vigo” tinha uma mentalidade
voltada pra manutenção. Tudo que ele fazia, cada pino, cada prego que era colocado lá era visando uma manutenção
mais fácil amanha... então conexões, sistema de encaixe de rack e montagem, tudo pra facilitar uma manutenção e
substituição mais rápida. E a gente trabalhou muito na rua no sentido de tirar defeitos da maquina: tirar muito ruído, dava
credito, não dava credito, os caras tinham magiclick (risos), todos os sistemas de adaptação foram feitos no inicio, a
gente trabalhou muito nisso, no sentido de eliminar os problemas crônicos da maquina...
PB – inicialmente era feita uma serie reduzida, colocada para testes..?
Batalha – normalmente era feito isso. principalmente quando estava lançando um sistema, era feita uma serie,
dava uns problemas, tentava resolver. E quando saiam os modelos era já no inicio da produção da TAITO, quando eles
começaram a fazer maquinas como aquela espanhola “xeque mate”, que tentaram fazer mecânica, fizeram
uma “martelada” de máquinas com problemas, tiveram que desmontar e jogar fora. Nas futuras, nas
eletrônicas, tiveram mais cautela, colocavam na rua, testavam jogabilidade, aceitação, pra então depois produzir os
modelos. Se bem que compravam os direitos de modelos já consagrados lá fora. Muitos projetos também foram
iniciados e abandonados, como o xadrez eletrônico da Taito, alguns vídeo games, não foi pouca coisa que foi pro lixo
sem ter sido usada nas ruas nem uma vez.
PB - esses modelos eram, no caso da zarza, que era a xenon...?
Batalha - acho que eles não foram muito felizes em produzir um modelo nacional, tentaram várias vezes, mas não
tiveram sucesso. Inclusive, uma maquina que saiu com o nome de “futebol”, não sei se era porque era em
português, a molecada não gostava muito...se fosse em inglês, que o cara não entendia muito era mais aceito... hoje
já é assim... tanto que a Oba Oba não fez muito sucesso, porque era copia da Playboy, não foi tão aceita quanto a
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original. Porque apesar de não parecer, a engenharia de desenvolvimento do playfield era complicada. Os caras tinham
muita técnica. a TAITO não conseguiu assimilar, então optaram por jogos já consagrados lá fora...
PB – Como assim?
Batalha – Se você analisar, é muito difícil projetar um playfield: a bola não pode ficar muito tempo da metade
para cima da máquina, porque o jogador fica entediado esperando ela voltar.... Se a bola ficar muito da metade para
baixo, ele fica “flipando” o tempo todo, e isto dá um cansaço rápido, o cara joga duas, três fichas, e já
vai embora, satisfeito ou até cansado. Por isto, fazer um playfield com várias opções de jogo e que consiga fazer a
distribuição da bola entre as duas metades não é nada fácil, é coisa de louco projetar ...
PB - que a maior parte das maquinas de fato tem um correspondente lá fora... só a shark que a gente não conseguiu
identificar nenhuma maquina. A desconfiança que a gente tem é q, uma das pessoas do clube viu um playfield parecido
numa eletromecânica mas ninguém sabe de fato de onde veio.
Batalha - quase todas foram negociados os direitos... o nome mudava, mas quase sempre o playfield eram igual, o som
era igual ao da original... eles negociaram, compraram os direitos.
PB – quer dizer que o pessoal fica preocupado com pecas e manutenção das máquinas?
Batalha –atualmente o comprador fica preocupado com o futuro da maquina dele. Se vai ter pecas, se vai ter
manutenção... e com o “acréscimo” dos usuários atualmente adquirindo maquinas, a tendência é
aumentar a procura de pecas, maquinas, vidros...
Na oficina um novo caixote é fabricado e pintado para a Cavaleiro Negro
PB - você esta trabalhando em algum projeto especial neste momento, como recuperação de vidros?
Batalha – exato, estamos trabalhando com desenvolvimento de backglass, desenvolvendo digitalmente agora,
vamos produzir jogos de plásticos para o maior numero de maquinas possível... eu acho que a tendência é que a
oferta aumente nesse mercado... Particularmente, eu não recomendo que um leigo compre uma maquina americana,
importada, principalmente os modelos eletrônicos da década de 80, porque tem problemas de manutenção... tem que ser
um cara habilidoso, que goste, que saiba o que está comprando, senão amanha estará com a maquina somente
como decoração na casa dele...
Processo de restauração de um caixote, com pintura posterior.
Na empresa de José Batalha, todo o mundo participa dos trabalhos de restauração,
tendo a família toda envolvida no processo de recuperação dos pinballs.
PB – em termos de eletrônica, de funcionamento, você vê diferenças entre a maquina TAITO e as mais
modernas?
Batalha – olha, a técnica de jogo, o desenvolvimento de jogo, não mudou praticamente nada, em termos de
processamento, de velocidade de jogo. O que foi acrescido nas maquinas da década de 80 pra ca foi a
“mostragem” do jogo pelo display, que é um circuito a parte, com velocidade maior e o som que também
mudou. Mas o sistema de funcionamento, de operação, de técnica de jogo, de construção da maquina não mudou muito.
Inclusive os componentes mecânicos são praticamente os mesmos.
PB – alguma mudança de posicionamento de placas..?
Batalha – basicamente o que mudou foi o display e o som. Isto na parte eletrônica. Para o consumidor final, o
jogador, o visual do playfield e a velocidade da bola...
PB - você tem alguma idéia de quantas maquinas você restaurou em todos esses anos??
Batalha – é segredo de estado (risos)... eu tenho isso tudo catalogado, foram algumas centenas de maquinas
nestes últimos 3 anos...
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PB – E consertadas?
Batalha – (segue uma exclamação, seguida de risos)..... Perdi até a conta, milhares e milhares. Meu desafio hoje
não é mais o conserto ou a parte eletrônica. Hoje, as máquinas têm mais de 25 anos de uso, tomando Sol, às vezes
guardadas “no tempo”, levando pontapés e outras barbaridades... elas chegam bem detonadas, sujas,
algumas não dá nem para ver a cor dos fios. Então passei a desenvolver e pesquisar técnicas de restauração, já
estamos produzindo caixotes, tenho tela de Silk com o logo TAITO, e recentemente comecei a produzir também
reproduções de backglasses, pois os vidros estão acabando por aí.
PB – E quais máquinas são as mais procuradas pelos colecionadores?
Batalha – a maquina TAITO é a mais procurada. Começando pela Cavaleiro Negro, a mais procurada e menos
vendida (risos). Mas a campeã de vendas lá é a Sure Shot. Na seqüência vem Vortex, Hawkman, Zarza, Fire Action...
mas tem comprador para todo modelo, porque muitas vezes o sujeito adquire uma máquina que traz uma forte
lembrança da vida dele, de algum momento especial ou feliz, e ele passa a gostar desta máquina, por isto vendemos
“de tudo”.
PB – Você trabalhou e hoje restaura e vende também máquinas eletromecânicas... existe um publico fã dessas
maquinas?
Batalha - olha, existe sim um pessoal, embora muito entusiasmado este grupo é menor. A grande maioria é mesmo fã
das TAITO... apesar disto eu posso dizer que a maquina eletromecânica, em termos de manutenção, é melhor do que a
maquina eletrônica. A eletromecânica americana bem ajustada, mesmo velha, dura tranqüilamente um ou dois anos sem
dar problemas. E há quem procure estas máquinas mais pelo aspecto decorativo do que pelo funcional, ou seja, o
sujeito compra para colocar na sala, como um objeto antigo, um enfeite...
PB – Qual a diferença entre aquela época e a atual?
Batalha – As coisas mudam não é (risos).......Mas o que me vem a cabeça às vezes é lembrar das máquinas
novinhas, tudo brilhando, saindo da fábrica sem uma poeira...Quando quebrava, a gente ia lá e trocava o bank
inteiro, a peça toda. Hoje em dia eu pego cada máquina para restaurar, algumas estão tão sujas que não dá para ver a
cor dos fios do chicote, precisa lavar muito para descobrir!! Então eu trabalho para tentar fazer com que as máquinas
fiquem o mais próximo possível daquelas que eu trago na memória, daquelas que saíam da fábrica para as lojas.
PB – Qual a sua máquina preferida?
Batalha – Isto ninguém entende, mas eu não gosto muito de jogar pinball, eu gosto mesmo é de arrumar as
máquinas, minha vocação é eletrônica. Eu passo muitas horas por dia dentro de máquinas, já fazem uns trinta anos
que é assim, então na hora de folga eu não penso em jogar fliperama, é como o cozinheiro que não gosta de comer a
própria comida. Gosto mesmo é de “mato”, adoro sítio, chácara, tenho um sítio onde também produzo
hortifrutis para venda. Construí um galpão no sítio onde trabalho nas máquinas com minha família e funcionários.
Todo o trabalho é recompensado. Depois de sofrer durante anos nos fliperamas,
o pinball está novamente novo, como se tivesse saído da fábrica e pronto para
realizar o sonho de alguém que cuidará dele como se deve!
Esperamos que todos tenham gostado da matéria. Aguardem as próximas entrevistas com ex-funcionários da Taito e
outros profissionais que fizeram e vivem a história do pinball brasileiro.
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