self - necpar
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self - necpar
Pinceladas sobre o Self, Mindfulness e Intimidade na FAP Fátima C. Conte Murilo N. Ramos 2011 A EXPERIÊNCIA DO SELF Uma história social particular é necessária para um homem aprender a ver que ele vê e que ele a si mesmo. Um senso de self é aprendido. Depende das particularidades da história de aprendizagem de cada um. SELF – um contínuo 1) Num extremo : uma experiência ideal de continuidade e uniformidade do self , de “algo central”. 2) No outro extremo: um senso de self vazio e instável, que correspondente às experiências de clientes que afirmam, “Eu não sei quem sou”, ou reportam múltiplos „selfs‟. A análise funcional de experiência do self focaliza então, os estímulos discriminativos, “Sd”, aos quais alguém está respondendo. Importante a distinção do EU OBSERVADOR do SELF COMO CONTEXTO onde as experiências ocorrem, permitindo ao cliente entrar em contato com elas, sem confundir-se com as mesmas. Pode-se ver o comportamento sem agregar-se à ele. Segundo esta visão a experiência de self consiste em „algo central‟ que é experienciado, mais o processo de „estar ciente de‟ ou reconhecer este „algo central‟. O Self seria um “eu observador e unificador”, sob controle de um estímulo pessoal complexo. A estimulação que tem maior força de controle, é estimulação privada . Provavelmente envolve processos sensoriais complexos e sensíveis, além dos verbais. O SELF O self não tem propriedades de agente. Self não é causa. É ver-se vendo. É processo . É comportamento. Exercício. O DESENVOLVIMENTO DO SENSO DE SELF A habilidade de ver privadas é aprendida. ou relatar imagens A mesma complexidade está presente sempre que somos ensinados a tatear ou identificar qualquer evento privado como sentimentos de fome, tristeza, alegria ou raiva. Aprendendo.... Estágio I (0 à 2 anos) Estou com calor Estou com fome Estou aqui Estágio II Estágio III (2 em diante) Estou Me sinto triste Me sinto mal Me sinto feliz Sinto Quero sorvete Quero suco Quero mamãe Quero Vejo carro Vejo mamãe Vejo peixe Vejo Eu X coelho Eu X giz de cera Eu X bebê Eu X EU Os 3 estágios de desenvolvimento do comportamento verbal que resultam na emergência do “eu” como uma unidade funcional pequena. No estágio I a criança aprende unidades maiores independentes que são a base para unidades abstratas de tamanho intermediário do estágio II. Então, o “eu” do estágio III emerge dessas unidades intermediárias do estágio II. Durante o estágio II, unidades funcionais menores emergem, como “eu tenho”, “eu quero” e “eu vejo”, que podem ser então combinadas com alguns objetos. Durante o estágio III, uma unidade ainda menor e única do “Eu” emerge, e ao mesmo tempo, a experiência do “Eu”. “Eu”, por outro lado, está sob o controle de um estímulo pessoal complexo e parece ser aprendido à partir e através da aquisição destas unidades maiores. O DESENVOLVIMENTO DO SENSO DE SELF De uma maneira ideal, o self vem a ser experienciado como algo imutável, localizado centralmente, contínuo. Neste caso, um senso de interioridade se desenvolveu. Ideal: Um amplo grau de controle da resposta „eu‟ por um estímulo privado (dentro da pele). Pode ser problemático: controle da resposta „eu‟ por um estímulo público. Uma história de invalidação que leva ao controle público do senso de self é um fator primordial no desenvolvimento de desordens do self . SER E ESTAR -DIFERENCIAÇÃO Permite a diferenciação entre a pessoa que se comporta e o comportamento .( Ser a ansiedade/ o ansioso e estar se comportando ansiosamente e entre ser os pensamentos e pensar pensamentos). Permite a mudança de comportamento. (muito interessante para tratar comportamento agressivo e anti social, auto conceito negativo, etc ) 10 Exercícios (usados na ACT e na FAP) para ajudar a identificar e fortalecer o Self: 1. Brincando com seus pensamentos. “veja seu pensamento sendo... Fazendo... Se alterando... Reescrevendo... Veja você vendo .... 2. Metáfora dos “Óculos”. 3. O Computador. 4. Jogo de Xadrez. Comportamentos de clientes em sessão, que dão pistas aos terapeuta de que eles podem ter problemas quanto ao self : ( prováveis CRB1s, e indicam uma falta de controle da experiência do self pelo estímulo privado). Podem iniciar a terapia mostrando-se, na sessão, cuidadosos, excessivamente atentos e preocupados com a opinião do terapeuta sobre eles. Podem apresentar dificultades ou esquivas para descrever confidencialmente , seus sentimentos, crenças, vontades, gostos e desgostos ao terapeuta. Se o tratamento é bem sucedido, seus comportamentos dentro da sessão deveriam tornar-se mais fidedignos e confiáveis, com descrições livres de pensamento, sentimentos, vontades e crenças. (Possíveis CRBs2). O TERAPEUTA FAP E O SELF Um terapeuta acolhedor, responsivo e que encoraja a expressão dos sentimentos pode naturalmente disponibilizar as contingências para o fortalecimento do controle privado. Este tipo de ambiente psicoterápico “ é o antídoto contra o ambiente anterior do cliente, que falhou em reforçar o respostas sob controle de estímulos privados. O TERAPEUTA FAP – ALGUMAS ORIENTAÇÕES ESPECIFICAS PARA DESENVOLVIMENTO DO SELF CONTEXTO E PROCESSO Reforce Falas sobre eventos privados, sob controle destes; Fortaleça a fala na ausência de sinais públicos específicos. Esteja atento plenamente , ouça sem julgamento. Atenção plena. Incentive a associação livre – (modelar muitas vezes é necessário). ...... ALGUMAS ORIENTAÇÕES ESPECIFICAS DO SELF CONTEXTO E PROCESSO PARA DESENVOLVIMENTO Cuide dos silêncios do terapeuta (observar e não gerar ansiedade excessiva sem pistas externas). Evite a ausência de feedback por muito tempo. Fazer a retirada gradual das pistas externas, a medida que as internas vão assumindo controle. Modele a expressão de sentimentos (respeito ao repertorio inicial – ex. dar listas de sentimentos, alternativas , etc. ). Fortaleça a diferenciação entre comportamento e eu , como conteúdo. Eu me comporto de forma irritada e não , eu sou um ser irritado. Mindfulness Mindfulness – O termo não foi traduzido para o português pela dificuldade de encontrar uma palavra única que pudesse traduzi-la. Compreendemos que mindfulness é estar atento ao momento presente. Estar presente no aqui agora, discriminando tanto os estímulos internos quanto os externos. Para o behaviorismo radical, o mindfulness deve ser definido funcionalmente e não por possuir uma topografia específica. MINDFULNESS TERAPÊUTICO o o o o Recentemente, Witkiewitz and Marlatt (2005) definiu mindfulness como: um estado de atenção não julgadora focado na experiência direta momento a momento Nesta concepção, a atenção está focada na respiração como a base da consciência. MINDFULNESS TERAPÊUTICO o o o Definimos funcionalmente terapêutico como: mindfulness um tipo de autoconsciência que ajuda o cliente a permanecer na presença de Sds de interesse, que importam (mesmo que aversivos, como pensamentos negativos, sentimentos e situações) que evocam repertórios de esquiva. Na seqüência, isso disponibiliza uma oportunidade para a emergência e reforçamento de comportamentos novos e mais adaptativos. IMPLICAÇÕES CLÍNICAS E TÉCNICA PARA INDUZIR MINDFULNESS Auto-Observação ou ‘Está Ciente de Que Está Vendo’ A auto-observação de um evento está sob controle de um Sd diferente do Sd do evento em si. Ex. „Estar ciente de que esta vendo sua mão‟ se refere a consciência ou auto-observação. Ex. Se o cliente está ansioso, o Sd aversivo que evoca aquela ansiedade (o estado corporal) é diferente do Sd que controla a auto-observação da ansiedade. AUTO-OBSERVAÇÃO OU ‘ESTÁ CIENTE DO QUE ESTÁ VENDO’ o o Enquanto a ansiedade motiva fugas e esquivas problemáticas, a auto-observação da ansiedade que envolve „notar sensações corporais como um fenômeno sensorial‟ reduz seu controle sob a esquiva em então permite respostas mais produtivas. É uma troca de controle de estímulos que oferece a oportunidade para a emergência de um novo comportamento sob controle de contingências atuais. COMO O TERAPEUTA PODE AJUDAR? Um treino progressivo de relaxamento muscular ou exame corporal fortalece a habilidade; Pedir aos clientes que notem e descrevam as qualidades de estímulos tácteis e visuais produz uma mudança no controle de estímulo que pode ajudar o cliente a se tornar presente e experienciar o estímulo aversivo que evoca a esquiva ou manter-se em foco em uma estimulação desejada. Nesse caso, estaria sendo fortalecido o controle de estimulo, por estimulação suplementar. MINDFULLNESS RECONHECENDO-SE: Exercicio Sentar-se confortavelmente e sentir cada parte do corpo , passo à passo, em sua tensão, pressão, temperatura, lugar que ocupa, formato, lembrar sua utilidade. Alternância de foco em várias partes do corpo, externas ou internas ; Focar pensamentos - Ver seus pensamentos ; Ver-se vendo seus pensamentos desagradáveis. Sentir seu desconforto sem fugir, julgar, tentar fugir. Apenas sentir as sensações – comportamento verbal mínimo possível. MINDFULLNESS OLHANDO PARA DENTRO Sentar-se em silencio, colocar a atenção para o ambiente interno ( sentimentos, sensações, pensamentos ) . Observar os sentimentos e sensações que ocorrem e variam ao longo do tempo... Observe pressão, liberdade, dor, machucado, leve, pesado, contraído, relaxado, confortável, aflito, quente , frio.... Observar uma coisa de cada vez. Diga o que é, dê um nome ao que está sentindo. Rotule, sem julgar. Não avalie e , ao mesmo tempo, toque na parte do corpo em que sente. Esteja em contato com a sua dor , sem fugir , agindo... T e C juntos “podemos conviver com a dor”. E quando é o T que foge? CONCLUSÃO Estar atento envolve estar consciente da atividade privada envolvida nos comportamentos de ver, sentir, pensar e ouvir Altera o controle de estímulo daqueles eventos que evocam comportamentos disfuncionais e criam oportunidades para o desenvolvimento de respostas mais produtivas. Na FAP, a atenção plena dos clientes são fomentados e modelados no contexto da relação terapeuta-cliente. Necessidade do terapeuta em atenção plena. FAP E INTIMIDADE Cordova e Scott (2001- processo que ocorre em dois passos. Primeiro, um indivíduo emite um comportamento vulnerável a uma punição interpessoal. Segundo, a outra pessoa responde de maneira tal que o comportamento interpessoal vulnerável (da primeira pessoa), é reforçado. Cada expressão de intimidade é caracterizada pelo risco, ou seja, a possibilidade de censura ou punição do comportamento pelo outro. Vulnerabilidade interpessoal ocorre quando uma pessoa age em um caminho que no passado foi punido, e mesmo assim continua a emitir o comportamento punido previamente. Assim, quando a vulnerabilidade comportamental é reforçada, esses eventos recíprocos se tornam os processos centrais para o estabelecimento de intimidade. FAP implica na emissão de comportamentos vulneráveis e prepara para a intimidade.